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Facções, guerrilha comunista, Golpe Militar falência do

sistema prisional, desigualdades sociais e seletividade


penal. O Brasil e sua violência secular
sergiohenriquepereira.jusbrasil.com.br/artigos/417882328/faccoes-guerrilha-comunista-golpe-militar-
falencia-do-sistema-prisional-desigualdades-sociais-e-seletividade-penal-o-brasil-e-sua-violencia-secular

jusbrasil.com.br

12 de Maio de 2019
Publicado por Sérgio Henrique da Silva Pereira
há 2 anos
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História, ela liberta. Grandes movimentos sociais sempre foram repudiados por grupos
hegemônicos que controlavam poucos. Temos, por exemplo, na Grécia Antiga (Sócrates
morto por desafiar os costumes da época), Roma Antiga (cristãos mortos por pregarem
ideologia subversiva aos consumes do Império Romano), Idade Média (perseguições
católicas aos judeus, as ‘Fogueiras Santas para queimar os hereges), Primeira e Segundas
Guerras Mundiais (controle econômico, extermínio de grupos considerados "escórias da
humanidade", como no Holocausto), Guerra Fria (deflagrações de guerras utilitaristas em
defesa do “melhor” sistema político).

Visibilidade e chancelamento do que seja crime. A sociedade brasileira contemporânea,


principalmente os justiceiros democrático, pede justiça para os que cometeram crimes.
Porém, o que é crime e o quem deve ser condenado?

Os constantes assaltos nas vias públicas têm causado verdadeira histeria coletiva.
Compreensível, já que ninguém, muito menos eu, gosta de ser violentado, subjugado
por qualquer ação de terceiros. Há o dizer que "Conquistei com meu suor e ninguém tem
o direito de tomar o que é meu". Invocam até a Lei Natural de que cada qual é dono de
si, do que tem e ninguém pode tomar pela força.

Há falatórios de que os bandidos fazem o que bem quiserem e quando quiserem. As


mortes ocorridas em Amazonas e em Roraima chocaram os brasileiros e estrangeiros.
Alguns brasileiros consideraram — é só fazer pesquisas na internet nas caixas de
comentários, ou mesmo nas vias públicas — que as rebeliões e as mortes servem como
"limpeza", ou seja, só assim se diminui a quantidade de crimes e criminosos. Outros,
porém, consideram as prisões verdadeiros centros de aperfeiçoamento da
criminalidade, da banalização da vida dos presidiários e uma seletividade penal (só
cidadão de classes baixas vai parar atrás das grades).

A SOCIEDADE E SEUS VALORES SOBRE CRIMES E CRIMINOSOS

Leio muito:

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"Estuprador é preso e ainda tem regalias nos presídios".

"Traficante foi preso e tem regalias nos presídios".

"Não adiante prender, pois o juiz acaba soltando".

"Os defensores dos direitos humanos (dos bandidos) não surgem quando um chefe de família é
morto por um adolescente drogado e com ficha criminal maior que rolo de papel".

O GRITO DOS MAUS E O SILÊNCIO DOS BONS

"O que me espanta e surpreende não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons." (Martin
Luther King)

Já li muito a frase acima sobre criminalidade (grito dos maus) e bons cidadãos (silencio
dos bons). Usarei para desenvolvimento deste texto.

De 1500 até 1988, quem eram os bons e os maus cidadãos? Depende dos momentos
históricos e dos tipos de utilitarismos. Vejamos os "gritos dos maus e o silêncio dos
bons":

Samba e capoeira, no século XVIII, eram considerados demonstrações culturais de


"vagabundos" e "desordeiros";
Escravidão e religião. Justificada, atenuada, mas pratica;
Ordenações Filipinas e Antigo Testamento — adúltera deveria morrer em nome da
honra do marido;
Capoeira era crime (Capítulo XIII — DOS VADIOS E CAPOEIRAS. Decreto n. 847 – de
11 de outubro de 1890);
Luís Gonzaga Pinto da Gama. Defensor dos "perversos" e "desalmados" escravos
os quais matavam em legítima defesa os seus senhores;
O Manicômio de Barbacena e o seu Holocausto (seletividade).

Continuando na esteira desumana. Os "bons cidadãos" dizem que "Na minha época não
tinha violência como agora". Violência sempre existiu, o problema está na perspectiva
utilitarista do que seja crime. Se nas vias públicas não existiam tantos assaltos e
homicídios, como há contemporaneamente, dentro dos lares existiam:

Estupros masculino pelo "direito matrimonial";


Espancamento das proles pelos genitores como forma de educação aos moldes de
Esparta;
Estupros dentro das Igrejas;
Açoites aos teimosos escravos;
Violência doméstica de homens às suas mulheres;
A prostituta poderia saciar a libido dos nobres cavalheiros, mas àquelas jamais
pensarem que poderiam ser mulheres ilibadas — e as mulheres casadas sabiam
das saidinhas de seus maridos; os crimes de colarinho branco sem punição
análoga aos "inferiores" seres humanos das classes baixas;
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As universidades não faziam seletividade étnica;
Os operadores de Direito, de 1891 até 1998 jamais condenaram pelos utilitarismos
"Trabalho ou chicote no lombo" (escravidão), "Abertura das pernas para o senhor
do lar” (estupro da mulher pelo marido),"Mercador de Veneza"(o credor pode tudo,
até tirar o único bem de família — morar na rua seria o novo lar para o devedor);
Filha grávida antes do casamento — deixar no cilindro giratório da Igreja o filho
bastardo ou ser expulsa do"lar doce lar"pelos"bons genitores". Geralmente, o
destino da filha pecadora era o suicídio ou a prostituição;
Pedofilia — pais, mães, tios etc.
Pais que escoliam para suas filhas os pretendentes abastados para que estes
pudessem dar um bom lar (filhos, segurança, casa, comida, roupa e colchão).
Depois do casamento, a filha não poderia reclamar dos tapas do marido. Ele é rei.

Enfim, tive que colocar minha mão esquerda sobre o peito esquerdo, olhar fixamente
para a bandeira brasileira, ajoelhar e chorar, convulsivamente. Que majestoso país era o
Brasil antes de 1988.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Quanto à violência, pelo ângulo dos direitos humanos, não há diferença entre os crimes
praticados pelas facções criminosas e os crimes praticados em defesa de filosofias
utilitaristas embasadas em costumes bárbaros (antidireitos humanos). Leio comentários
diversos em vários sites e blogues sobre as atrocidades cometidas pelo Estado Islâmico.
Comparando as violações aos direitos humanos durante as colonizações, nas teorias
darwinismo sociais e eugenia negativa, nas Cruzadas, na Guerra Fria, qual a diferença
entre os atos praticados pelas facções criminosas e o Estado Islâmico? Depende da
visibilidade, da seletividade quanto o que seja crime, assim interpretado pelos grupos
humanos.

Nos países democráticos, em pleno século XXI, crimes contra os direitos humanos são
praticados por corporações, políticos, servidores públicos e cidadãos comuns. Racismo,
discriminação e preconceito racial, homofobia, xenofobia, e tantas outras fobias
utilitaristas ganham, a cada dia, forças estruturais: o neonazismo entre os jovens
alemães; a Ku Klux Klan no Canadá, o antifeminismo" machismo de cueca ou calcinha ", já
que existem mulheres machistas; o estupro justificado à mulher que andar quase
pelada; o espancamento de gays para serem" curados "; as desavenças e guerras entre
religiosos para garantir" A verdade de Deus ". A democracia não utilitarista tem sido
repudiada, o multiculturalismo é uma" perversão "aos bons costumes, ou serve como
meio para imputar a" melhor cultura ", como proibição de burquíni na França. As
desigualdades sociais servem para os diversos tipos de tráficos (drogas ilícitas, humano
etc.). Quanto maior a desigualdade social (complexo de inferioridade), maiores os
conflitos sociais em todas as estratificações. Os problemas das desigualdades sociais,
pelo ângulo de" pessoas superioras e pessoas inferioras "causam obesidade,
dependência química, gravidez precoce, e tantos outros problemas ao Homo Sapiens. (1)

Transcrevo valorosos e oportunos pensamentos sobre a vida humana:


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"Como observou Jacques Attali em La voie humaine, metade do comércio mundial e mais de
metade do investimento global beneficiam apenas 22 países que abrigam só 14% da população
mundial, enquanto os 49 países mais pobres, habitados por 11% da população, recebem apenas
metade de 1% do produto global - quase o mesmo que a renda combinada dos três homens mais
ricos do planeta. Permitam-me acrescentar que a Tanzânia, por exemplo, um dos países mais
pobres, gera 2,2 bilhões de dólares por ano para 25 milhões de habitantes, enquanto a firma
bancária Goldman Sachs produz uma renda de 2,6 bilhões de dólares divididos entre 161
acionistas. Para completar o quadro: no momento em que escrevo estas palavras, não há quebra-
mares à vista capazes de deter a maré global de polarização da renda.

O aumento da desigualdade não é um efeito colateral acidental e desprezado, mas em princípio


retificável, de certas realizações indesejadas, iniciadas de maneira irresponsável e
insuficientemente monitoradas, nem tampouco resultado do mau funcionamento, lamentável,
mas reparável, de um sistema essencialmente em bom estado. É antes parte integrante de uma
concepção de felicidade humana e de vida confortável, assim como da estratégia ditada por essa
concepção. Estas concepção e estratégia podem ser contempladas e usufruídas apenas como
privilégios, e é praticamente impossível ampliar seu alcance - muito menos universalizá-lo o
suficiente para que sejam compartilhadas pelo conjunto da humanidade. Para serem
generalizadas, exigiriam os recursos de três planetas, não apenas um. Simplesmente não há
recursos suficientes no mundo para sustentar as promessas de China, índia e Brasil (para não
mencionar apostas semelhantes que em breve poderão ser feitas por populações atualmente na
retaguarda) de copiar ou imitar as formas pelas quais os confortos da vida foram até agora
almejados e são hoje usufruídos nos Estados Unidos, Canadá, Europa ocidental e Austrália (...).
"(BAUMAN, 2008, p. 98)

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"Conforme já se disse acima, a prisionização, inerente à própria natureza da vida carcerária, é
praticam ente inevitável. Daí ser ela um grande problema para o cárcere. No entanto, isso não
justifica nenhuma atitude de acomodação. Há que se lutar por minorar os seus efeitos.

Ora, uma das características básicas, essenciais da pena de prisão e o infligir ao condenado o
isolamento, a segregação em relação à sociedade. Vale lembrar aqui o aspecto dramático do
caráter perverso da pena de prisão, ressaltado no início: por meio dela, o Estado explicita,
formaliza e consagra uma relação de antagonismo entre o condenado e a sociedade. Entre as
consequências drásticas desse caráter perverso, situa-se o processo de prisionização. Portanto, a
prisionização assenta suas bases, suas raízes exatamente no processo de segregação social.
Consequentemente, não há como minorar seus efeitos e melhor preparar o preso para sua
reintegração social, a não ser com a participação efetiva da própria sociedade. Daí que a
prisionização, além de um dilema para o cárcere, é um grande desafio para a sociedade.

Alessandro Baratta, em seu trabalho Ressocialização ou controle social, apresentado no Fórum


Internacional de Criminologia Crítica (Belém, 1990), aborda com muita propriedade essa
questão da segregação social do preso. Ele já sofrerá anteriormente, ao longo de sua vida, a
marginalização que Baratta chama de primária. Quando preso passou a sofrer a marginalização
secundária. Cabe à sociedade preocupar-se diretamente em minorar os efeitos da marginalização
secundária e em evitar o retorno do ex-presidiário à marginalização primária, pois, caso
contrário, a marginalização secundária facilitará o retorno à primária, daí à prática de novos
crimes e, por fim, o retorno ao cárcere. "(SÁ, 2007, p. 116)

A cultura brasileira foi construída por dois tipos de guetos: classes alta e média; classe
baixa (párias). Dessa formação cultural, a exploração de mão de obra, a perseguição aos"
inferiores ", os encarceramentos seletivos, as obras públicas de urbanização como meio
de separação de classes sociais, entre muitos outros modelos apartheid brasileiro.

Agora, as facções criminosas no Brasil. Ouço muito que as facções são crias dos
comunistas presos durante os Anos de Chumbo.

EUA e URSS lutavam pelas suas ideologias, os dois países possuíam capacidades bélicas
para dizimar a vida na Terra. Em 1962, a humanidade se viu diante da ameaça de
extermínio global: A Crise dos Mísseis Nucleares em Cuba. Depois do acontecimento
quase apocalíptico, surgiu na América Latina a Operação Condor, cujo propósito foi
evitar a proliferação do comunismo na América Latina.

Não é difícil entender o porquê da mobilização na América Latina para impedir a entrada
e consolidação do comunismo no Brasil. Os EUA eram o inimigo número um dos
soviéticos, pois com a derrocada dos EUA não existiria mais o capitalismo. Por sua vez,
os EUA defendiam a democracia, onde os cidadãos – indiferentemente de religião, de
etnia, de posição social — deveriam ditar a forma em que o Estado deveria conduzir as
vidas dos cidadãos. Lembrando, os EUA, apesar dos pensamentos de seus fundadores,
sempre violaram os direitos naturais. Bons exemplos são: a Guerra da Secessão, os
movimentos sociais a partir da década de 1950 (direitos dos gays, das mulheres, dos
negros etc.).
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Tanto a colonização dos EUA quanto a sua independência teviram forte influência
iluminista: “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”. O capitalismo pregava liberdade total
nas relações humanas, assim como na livre inciativa, enquanto o socialismo e o
comunismo — alguns autores afirmam que não há diferença entre socialismo e
comunismo — viam nessa “liberdade” a perpetuação da escravidão entre classes sociais.
Um dos mais famosos documentos políticos sobre as lutas de classe [exploração] é O
Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels. As lutas de classes seriam a luta
dos oprimidos contra os opressores. Opressores que detinham total controle do Estado
para conseguirem riquezas e dominações. A Revolução Russa de 1917 e a Revolução
Francesa foram duelos entre classes dominantes e classes dominadas.

Feito um breve resumo, no Brasil, os párias conseguiram se insurgir contra o Estado e a


sociedade cleptocrata (oligárquica ou aristocrática). Mas como foi possível a ascensão
dos párias já que não tinham forças suficientes para enfrentar seus opressores?

Simples, os comunistas radicais, que agiram durante o Golpe Militar (1964 a 1985),
ensinaram aos párias técnicas de guerrilhas para enfrentar o Estado e, assim,
conseguirem os mesmo direitos sociopolíticos dos elitizados (cleptogracia). Para isso, os
presos comuns precisavam cativar e conseguir o apoio dos moradores das favelas e
periferias. Nascia, assim, o Comando Vermelho, uma das primeiras facções criminosas
do Brasil, nas dependências do Instituto Penal Cândido Mendes, mais conhecido como o
presídio de Ilha Grande. Já em liberdade, os presos comuns retornaram para as suas
respectivas localidades (favela ou periferia) com conhecimentos sobre táticas de
guerrilha.

Abaixo, alguns trechos da esclarecedora pesquisa de Ariane Bastos de Mendonça Maia


sobre criminalidade no Brasil:

[...] Quando os presos políticos se beneficiaram da anistia que marcou o fim do Estado Novo,
deixaram na cadeia presos comuns politizados, questionadores das causas da delinquência e
conhecedores dos ideais do socialismo. Essas pessoas, por sua vez, de alguma forma
permaneceram estudando e passando suas informações adiantes [...] Repercutiam fortemente
na prisão os movimentos de massa contra ditadura, e chegavam notícias da preparação da luta
armada. Agora Che Guevara e Régis Debray eram lidos. Não tardaria contato com grupos
guerrilheiros em vias de criação. (WILLIAN, 1991 apud AMORIM, 2004, p. 95)

Ele me disse na ocasião que os presos comuns, quando reunidos aos presos políticos, “viviam
uma experiência educadora”. “Passavam a entender o mundo e a luta de classes”, explicou,
“compreendendo as razões que produzem o crime e a violência”. O mais importante da
conversa com o velho comunista se resume num comentário: - A influência dos prisioneiros
políticos se dava basicamente pela força do exemplo, pelo idealismo e altruísmo, pelo fato de
que, mesmo encarcerados, continuávamos mantendo organização e a disciplina
revolucionárias. (AMORIM, 2004, p.64)

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Os presos comuns passaram a ler livros onde aprenderam técnicas sobre guerrilha e sobre o
marxismo, tais como: A guerrilha vista por dentro, Guerra de guerrilha (Che Guevara), O
Manifesto do Partido Comunista (Karl Marx e Friedrich Engels), A Concepção Materialista da
História (Afanassiev), A História da Riqueza do Homem (Leo Hubberman) e Conceitos
Elementares de Filosofia (Martha Hannecker) (AMORIM, 2004, P. 95).

Assim, doações de remédios, de dinheiro etc. Foram proporcionadas aos moradores das
favelas cariocas e paulista, já que o Estado (aristocrático e oligárquico) era omisso.
Nascia a política da “boa vizinhança” – nós ajudamos (chefes dos morros), e vocês
(moradores) nos ajudam.

A classe alta, principalmente nas décadas de 1960 a 1970, abasteceram os cofres dos
narcotraficantes com a compra de cocaína, já a antiga classe média abastecia os cofres
dos narcotraficantes através da compra de maconha. O conhecimento (táticas de
guerrilha abordam: administração de material bélico; de controle de dinheiro, como
lucro, pagamentos aos fornecedores etc.), adquirido com os presos políticos (comunistas
radicais), mais o poder bélico, conseguido com o lucro advindo da venda de cocaína e
maconha — e participações de policiais inescrupulosos; recomendo assistir Lúcio Flávio, o
passageiro da agonia —, deram poderes aos narcotraficantes dignos de guerrilheiros
profissionais. Sim, a elite e a antiga classe média — existe, contemporaneamente, a Nova
Classe Média — brasileira proporcionaram poderes aos narcotraficantes,
respectivamente, com a compra de cocaína e maconha. Maconha não era cara e não
dava os mesmo lucros que a cocaína, mas ainda assim era consumida, largamente, pela
antiga classe média. Contudo, foram os presos políticos (comunistas radicais), durante o
Golpe Militar, através de suas ideologias [dente por dente e olho por olho], contra os
Estado militar, que criaram grupos ideológicos agressivos — a busca dos direitos
humanos (sociais) pela guerra, por atentados terroristas —, e não pela ideologia
universalista de direitos através da paz, como faziam os comunistas não radicais.

Como o Estado deixou de ser segregador — as Constituições democráticas anteriores


normatizavam a igualdade formal, mas a realidade era bem diferente: desigualdades ao
extremo —, com a promulgação da Constituição Federal de 1988, os larápios de
colarinho branco se aproveitaram das condições miseráveis dos párias para cometerem
seus crimes nefastos. O povo, por sua vez, queria melhorias em suas vidas; não se
importava em reeleger políticos do tipo" Roubou, mas fez ". O Brasil pós-militar (1964 a
1985) garantiu direitos humanos, que foram violados durante antes e durante o Golpe
de 1964, contudo esses direitos não foram extensíveis a todos os cidadãos brasileiros. O
Brasil ainda está entre os piores em desigualdades sociais e violações aos direitos
humanos.

Destarte, temos as desigualdades sociais criadas pelas políticas segregacionistas do


Estado (1891 a 1988), também temos as facções criminosas atuais graças aos comunistas
radicais durante os Anos de Chumbo. Todavia, se os comunistas radicais criaram as
facções — com a liberdade de expressão novos materiais surgirão —, os narizes e as
bocas das classes média e alta proporcionaram crescimento e fortalecimento do

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narcotráfico. E na seletividade penal, somente os moradores das favelas eram e, ainda,
são presos. Ou será que os moradores das favelas tinham dinheiro para comprar
drogas? Como esses brasileiros não possuem condições financeiras para bancarem seus
vícios, os furtos e os roubos nas vias públicas são comuns e visíveis à sociedade. Aos
cidadãos os quais possuem condições econômicas e financeiras para bancarem seus
vícios, não aparecem nas manchetes de jornais roubando ou furtando os usuários de
vias terrestres.

Num país de analfabetos funcionais (leitura e escrita) e analfabetos tecnológicos, e a


exigente proficiência ao mercado globalizado, este cidadão ficam desempregados. Se for
verdade que o trabalho informal dá condições de vida digna, todos teriam planos de
saúde privada, morariam em bairros com infraestruturas, estudariam em instituições
conceituadas etc. Logo, o trabalho informal não representa autonomia financeira e
econômica para uma vida digna. A vida é uma" corrida dos ratos ".

Importante mencionar que as drogas ilícitas, assim tipificadas pelos ordenamentos


jurídicos de vários países, não eram consideradas substâncias proibidas. Transcrevo
parte de uma apostila antiga sobre Política criminal de drogas. Faz tempo que a tenho e
foi gentilmente enviada para minha caixa de e-mail. Como é antiga, não tenho mais o e-
mail do remetente.

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" Os índios da Amazônia usam plantas alucinógenas há mais de 4 mil anos como a ayahuasca e a
jurema, as quais atraíram muitos turistas estrangeiros para experimentá-la até 1960, sendo que
ainda hoje temos o Santo Daime, substância entorpecente não ilícita usada em cultos religiosos.

Antes do descobrimento das Américas, as folhas de coca já eram muito usadas e posteriormente
conquistaram a Europa, sendo usada, inclusive, para fazer vinhos, como o Mariani, preferido do
papa Leão XIII em 1863, período em que foi isolado o cloridrato de cocaína por Albert Nieman,
criando a droga conhecida hoje que, vale lembrar, foi muito usada e receitada por Freud,
considerado o pai da psicanálise. Após a 1ª guerra mundial, a cocaína vira moda no Rio de
Janeiro e em São Paulo, sendo encontrada nas farmácias até 1924 com o nome de ‘fubá
mimoso’.

A maconha entrou no Brasil com os escravos trazida da África enquanto que na Europa era
usada para fazer roupas, papel, óleo para luminárias e remédios, sendo também conhecida como
cânhamo. O maior livro de medicina do Brasil do século XIX (Pedro Luis N. Chernovitz) a
indicava para bronquite, tuberculose e cólicas (tendo sido usada até pela Rainha Vitória da
Inglaterra). Em 1905, havia até um cigarro de marca Índio com maconha e tabaco que dizia na
embalagem: “bom para combater asma, insônia e catarro”. Porém, já no início do século XX,
por ser muito barata, fica vinculada aos negros e mulatos, à sua degeneração moral e quando
começa a ser usada pelos filhos da burguesia, passa a ser uma vingança inconsciente dos negros
que a trouxeram da África para escravizar os brancos.

A partir do século XX as drogas começam a sofrer algumas formas de controle, o qual sempre
foi legitimado por determinados discursos, tais como: médico, onde o usuário é considerado um
doente, cujo aumento na sociedade se transforma numa epidemia; o discurso cultural, onde o
jovem usuário é visto como aquele que se opõe ao consenso, que age contrariamente aos valores
dos homens de bem; o moral, que define a droga como o veneno da alma e o usuário como
ocioso, improdutivo e o político criminal, onde a droga é relacionada a outros crimes. "

No documentário A história da Maconha Nunca antes contada, da National Geographic, a


criminalização da maconha aconteceu durante o governo de Richard Nixon durante a
Guerra Fria. Nixon dizia que a maconha era uma tentativa dos comunistas
enfraquecerem os cidadãos norte-americanos, já que a dependência química deixaria
todos como" retardados ". Assim começou a política de repressão às drogas (2)

Contemporaneamente se discute sobre a total liberação da maconha seja para uso lazer
ou tratamento médico. Em nenhum lugar do mundo a maconha é totalmente liberada.
Há legislações para o plantio e venda. Discute-se que o narcotráfico existe pela Guerra
às drogas. Somente com a legalização total das drogas é que o narcotráfico
desaparecerá. Surgiria, então, um mercado, que já existia muito antes da Guerra às
drogas, que geraria lucros e benefícios aos fornecedores e consumidores e,
consequentemente, o fim do narcotráfico. Porém, por analogia, antes das políticas
antitabagistas, a comercialização dos cigarros feitos com tabaco rendia dinheiro para os
fornecedores e liberdade para os usuários. Mesmo assim, existiam roubos aos
automotores das empresas de cigarros de tabaco.

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Continuo trilando os estudos de Richard Wilkinson e Kate Pickett sobre os efeitos
negativos das desigualdades sociais (discriminações e desigualdades econômicas entre
classes sociais). Quando há discriminações fomentadas por ideologias de superioridade
e inferioridade (religião, etnia, sexualidade, morfologia), a sociedade é extremamente
apática. As desigualdades econômicas, perpetradas por corrupções e utilitarismos que
impossibilitem a mobilidade social de alguns, geram apatias e revoltas dos que estão
fora do sistema. Gera-se e perpetua-se a Máquina Antropofágica: quem está no sistema
mói quem não está; quem não está no sistema tenta alcança o topo e poder segurar na
manivela para moer. É o barbarismo. O verniz civilizatório se encontra diluidíssimo.

REFERÊNCIAS:

ASSIS, Luana Rambo; WERMUTH, Maiquel Ângelo Dezordi. A seletividade punitiva no


contexto da biopolítica e a produção da vida nua (homo sacer) no sistema carcerário
brasileiro: a relevância de políticas públicas comprometidas com a qualidade de vida e a
dignidade humana do apenado. Disponível em:
https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidspp/article/viewFile/13137/2242

BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido – sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de
Janeiro: ZAHAR, 2004.

BAUMAN, Zygmunt, 1925- B341s A sociedade individualizada: vidas contadas e histórias


vividas / Zygmund Bauman; tradução José Gradei. – Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008.

BAUMAN, Zygmunt. 1925- 8341 m O mal-estar da pós-modernidade I Zygmunt Bauman,


tradução Mauro Gama. Cláudia Martinelli Gama: revisão técnica Luis Carlos Fridman —
Rio de Janeiro: Zahar Ed.,

BAUMAN, Zygmunt, 1925- Medo líquido / Zygmunt tradução, Carlos Alberto Medeiros. —
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2008

CAFÉ HISTÓRIA. A escravidão justificada: Os Jesuítas e os fundamentos de uma ideologia


escravista. Disponível em: http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/a-escravidao-
justificada-os

Cidadania, direitos humanos e equidade / organização Gilmar Antonio Bedin. — Ijuí: Ed.
Unijuí, 2012.—472 p. — (Coleção direito, política e cidadania, 27)

COSTA, Ricardo da. A Igreja Católica e a escravidão. Disponível em:


http://www.ricardocosta.com/artigo/igreja-catolicaeescravidao

FREYRE, Gilberto. O escravo nos anúncios de jornais brasileiros do século XIX. 1ª edição
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FREYRE, Gilberto, 1900-1987. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o
regime da economia patriarcal / Gilberto Freyre; apresentação de Fenando Henrique
Cardoso. — 48 ed. Rev. — São Paulo: Global, 2003. — (Introdução à história da sociedade

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patriarcal no Brasil; I).

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http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff2204200119.htm

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https://professorlfg.jusbrasil.com.br/artigos/116627160/matou-quatro-pessoasefoi-
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técnica de Mônica Baumgarten de Bolle. Editora Intrínseca Ltda. Edição digital: 2015

RIBEIRO, Darcy. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo. Ed.
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prefácio Carlos Vico Manas. - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2 007.

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http://www12.senado.leg.br/jornal/edicoes/especiais/2013/07/04/na-epoca-do-brasil-
colonial-lei-permitia-que-marido-assassinasseapropria-mulher

SENADO FEDERAL. Federal Secretaria de Informação Legislativa. Decreto n. 847 – de 11


de outubro de 1890. Disponível em:
http://legis.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=66049

SOUZA, Jaime Luiz Cunha de; BRITO, Daniel Chaves de; BARP, Wilson José. Violência
doméstica: reflexos das Ordenações Filipinas na cultura das relações conjugais no Brasil.
Disponível em:
http://www.teoriaepesquisa.ufscar.br/index.php/tp/article/viewFile/161/137

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http://pre.univesp.br/sistema-prisional

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http://www.corteidh.or.cr/tablas/r30640.pdf

(1) — WILKINSON, Richard; PICKETT, Kate. O Espírito da Igualdade – Por que razão
sociedades mais igualitárias funcionam quase sempre melhor. Coleção: Sociedade
Global. Nº na Coleção: 40. Data 1ª Edição: 20/04/2010. Nº de Edição: 1ª. Editora Presença.

(2) — YouTube. A História da Maconha — Dublado Completo. Documentário da National


Geographic. Disponível em:
https://youtu.be/YoZiy1duzU4

Disponível em:

http:https://sergiohenriquepereira.jusbrasil.com.br/artigos/417882328/faccoes-
guerrilha-comunista-golpe-militar-falencia-do-sistema-prisional-desigualdades-sociais-e-
seletividade-penal-o-brasil-e-sua-violencia-secular

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