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A vertente do feminismo que o Blog Germinal apoia é a marxista (ou

classista), mas reconhecemos a legitimidade de todas as vertentes na


luta contra o machismo e o sexismo.

FEMINISMO MARXISTA
Por Feminismo Marxista

Em meio a tantos feminismos, surgem muitas dúvidas sobre as vertentes


e suas ideologias. Não seria diferente com o Feminismo Marxista, que
não se trata apenas de uma vertente, mas parte de uma única ideologia,
o marxismo. O movimento feminino proletário surgiu após Lenin e Clara
Zetkin observarem a necessidade de organização das mulheres dentro
do comunismo, ao contrário do que dizem algumas seitas comunistas,
Lenin e Marx nunca afirmarem que não havia necessidade de uma
organização específica de mulheres “O camarada Lênin falou-me várias
vezes sobre a questão feminina, à qual atribuía grande importância, uma
vez que o movimento feminino era para ele parte integrante e, em certas
ocasiões, parte decisiva do movimento de massas. É desnecessário dizer
que ele considerava a plena igualdade social da mulher” Lenin e o
movimento feminino, da Clara Zetkin.

Em 1920 já existiam grupos feministas, que por origem eram de


ideologia burguesa, mulheres se organizavam para a luta pelo sufrágio
universal, igualdade salarial, direito ao divórcio e a herança, seus
interesses se resumiam em ser iguais, iguais aos seus maridos
burgueses, suas pautas, embora fossem legítimas, não incluíam as
pautas das mulheres proletárias, pois no modo de vida burguesa, inclui-
se a exploração de força de trabalho. Então surge aqui uma separação
das pautas liberais e marxistas.

Mas as leitoras podem se perguntar, se o feminismo é de origem


burguesa, porque usar esse termo? Explico. É fácil encontrar críticas de
teóricas marxistas ao feminismo, porque até então só existia um
feminismo que não se aprofundava nas questões de classe nem de raça,
com a reivindicação da diversidade das mulheres, novos movimentos
femininos surgiram, e qual é mesmo a diferença de Movimento
Feminino para Feminismo? Diversos movimentos sociais nasceram no
seio burguês, o primeiro filósofo a usar o termo socialismo, foi Conde de
Saint-Simon, que teve como inspiração Adam Smith, pai do liberalismo.
Esse apego a termos em sua origem é uma problematização infantil que
trás segregação entre mulheres marxistas e não acrescenta na luta
contra o capitalismo nem contra o patriarcado.
Fazendo uma síntese para tornar mais compreensível, o feminismo
marxista é o movimento de mulheres dentro do marxismo, que traz a
importância das questões de gênero dentro da analise classista. Como o
peso da classe recorre sobre o gênero feminino. Usando o materialismo
dialético, autoras como Helleieth Saffioti, Angela Davis, Evelyn Reed,
Ana Montenegro, Danièle Kergoat entre tantas outras, fazem essa
relação das questões do sistema capitalista e seus reflexos nas opressões
de gênero, mostrando que o combate feminista deve ser focado de forma
estrutural e não individual ou contra o gênero oposto, entendendo que
o machismo esta impregnado na sociedade refletido em homens e
mulheres, por isso deve ser analisado de forma profunda e séria.

O Feminismo Marxista convida todas as mulheres para a luta,


contemplando as mulheres cis e trans, sem excluir nenhuma mulher
marginalizada das nossas pautas.

ENTENDA OS DIFERENTES FEMINISMOS


Por Mariana Nóbrega para Pandora Livre

Loucas, histéricas, mal-amadas, destruidoras da família, filhas de Satã.


Esses são alguns dos adjetivos não tão simpáticos proferidos contra as
feministas. Não dá para revolucionar séculos de desigualdade e opressão
contra as mulheres passando assim despercebidas, sem incomodar
ninguém. Houve e há resistência e, apesar disso, pode-se afirmar que o
feminismo foi um dos movimentos sociais mais bem-sucedidos do
século XX, mudando drasticamente as relações humanas dentro do
espaço público e privado.

Foi um dos filhos (indesejados) da Revolução Francesa, surgindo como


movimento organizado apenas no final do século XVIII. De qualquer
maneira, é possível afirmar que sempre que alguém reivindicou a
igualdade de mulheres perante os homens, exigindo a superação da
condição de subordinação feminina ao longo da história, houve uma
manifestação feminista. No entanto, você já deve ter ouvido falar (ou
deveria) que o feminismo não é um movimento de pensamento unívoco;
existem várias manifestações e diversas correntes. Quais seriam
exatamente essas diferenças? O Pandora Livre explica.

As correntes de pensamento feminista se diferenciam especificamente


porque apontam uma diferente raiz para o problema da opressão
feminina e uma diferente forma de combater essa questão. Para
entender um pouco sobre essa diversidade, escolhemos três correntes de
relevo que dão origem a uma outra infinidade delas: o feminismo liberal,
o feminismo marxista e o feminismo radical. Ao fim, pincelaremos
algumas das principais manifestações atuais. Vamos dar um breve
mergulho em todas elas.

O FEMINISMO LIBERAL
Como mencionado há pouco, o feminismo é uma ovelha desgarrada da
Revolução Francesa. O Iluminismo, que fundamentou filosoficamente
esse momento paradigmático da história do ocidente, pregava belas
ideias de liberdade, igualdade entre todas pessoas. Mas, peraí! Essa
igualdade não incluía metade da população: as mulheres. Tomada a
Bastilha, sacanearam com aquelas que ajudaram a construir a
Revolução. Estabelecida a nova ordem, ainda se continuou a relegar às
mulheres a condição de cidadãs de segunda classe, sem qualquer poder
de decisão sobre os destinos da nova sociedade que se formava.

Na foto, as famosas suffragettes, feministas liberais conhecidas pela luta pelo direito ao
sufrágio . As reivindicações do feminismo dessa época foram muito relevantes, o que
permitiu que, na primeira metade do século XX, diversas delas fossem formalmente
atendidas, como o direito de votar e ser votada, ingresso nas instituições escolares e
participação no mercado de trabalho. Lentamente também se observou uma mudança
nos códigos civis, que passaram a proclamar a igualdade de direitos entre os cônjuges.
Alguma atrevida começou a se pronunciar, solicitando a radicalização
do conceito de igualdade que tanto pregavam, incluindo realmente toda
a população. Essa moçoila foi a célebre Olympe de Gouges. Olympe quis
reescrever o documento principiológico da Revolução Francesa,
a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que não
mencionava as mulheres, redigindo a Declaração dos Direitos da
Mulher e da Cidadã. No novo documento, proclamava que as mulheres
também possuíam direitos inalienáveis, tais como a liberdade, a
propriedade e o direito à resistência contra a opressão. Se as mulheres
podem subir ao cadafalso e ser punidas por suas condutas e opiniões,
também podem subir na tribuna e participar das decisões políticas.

Por esses motivos, e por ser uma crítica ferrenha dos procedimentos
jacobinos, como o uso disseminado da pena de morte, uma de nossas
pioneiras foi condenada e morta na guilhotina.

Na Inglaterra, Mary Wollstonecraft escreve A Vindication of the Rights


of Woman(1792), em que questiona a disseminada tese de que as
mulheres eram naturalmente inferiores aos homens. Wollstonecraft
defendia que homens e mulheres tinham iguais capacidades, no entanto,
a falta de educação igualitária evitava que as mulheres pudessem
desenvolvê-las completamente.

As feministas desse momento, então, tentavam radicalizar o projeto


igualitário Iluminista, de forma que este pudesse ser coerente,
reivindicando a inclusão das mulheres nessa nova ordem social que
superava o absolutismo monárquico. Negavam a existência de uma
natureza que definiria a capacidade dos sexos e acreditavam que as
diferenças entre homens e mulheres eram fruto da falta de educação
igualitária e de direitos civis e políticos. O capitalismo, dessa forma,
apenas precisaria ser aperfeiçoado com algumas reformas que
beneficiariam as mulheres, como educação igualitária e inserção na vida
pública, política. Com o fim da discriminação e a mudança de
mentalidades as mulheres finalmente alcançariam a sua emancipação.

O FEMINISMO MARXISTA
Com o desenvolvimento do capitalismo e a sedimentação da Revolução
Industrial, novos problemas passam a se pôr nessa nova forma de
sociedade, e a classe proletária emerge como principal crítica às
mudanças desse período, já que foi o grupo que se viu em maiores
desvantagens.
Na foto, Alexandra Kollontai, uma
das principais representantes do feminismo marxista. Ela acreditava que apenas com o
socialismo as mulheres poderiam exercer seu trabalho plenamente, pois lhes seria de
direito a socialização do trabalho doméstico, a assistência infantil, a licença-
maternidade, dentre outros direitos econômicos e sociais.
Influenciado pela análise econômica marxista e pela valorização dos
direitos relacionados ao trabalho, o feminismo marxista entendia que a
causa da subordinação feminina adviria da própria organização da
economia e do mundo do trabalho. Sendo assim, a libertação das
mulheres se daria com a abolição da propriedade privada e com a
transformação da divisão sexual do trabalho.Tinha-se o proletariado
excluído da riqueza por ele produzida na indústria, e as mulheres, que
sequer gozavam dos direitos civis e políticos básicos, quando
pertencentes à classe trabalhadora, tinham potencializada sua situação
de degradação e miséria. Surge, então, o movimento socialista marxista,
inspirado na crítica de Karl Marx ao capitalismo, que vem também a
influenciar o surgimento de uma nova concepção de feminismo,
denominada feminismo marxista.

Tal concepção tem forte influência da obra de Engels, A origem da


Família, da Propriedade e do Estado. Esta explica que a origem da
opressão histórica às mulheres se localizaria no momento da aparição
da propriedade privada e da sociedade dividida em classes. A
necessidade dos homens de transmitir a propriedade por herança e, para
isso, ter certeza de sua descendência, fez com que fosse necessária a
instituição do casamento monogâmico. Dessa maneira, as mulheres
foram colocadas sob o controle de seus maridos, dentro da esfera
privada da família e fora da produção social.
O FEMINISMO RADICAL
O feminismo radical ganha relevância em torno dos anos 1970. Sua
nomenclatura não denota alguma espécie particular de extremismo, mas
tem razão de ser porque as fundadoras de tal vertente acreditaram
encontrar a “raiz” da dominação masculina, que seria o patriarcado.

Na foto, Simone de Beauvoir. Houve um gap entre a emergência


do feminismo marxista e do feminismo radical e Beauvoir foi
uma voz solitária nesse período de transição. Na sua obra de
1949, O Segundo Sexo, ela dá as bases para a configuração do
conceito de gênero, usado nos feminismos posteriores. Ela
afirma que não há uma natureza feminina, frágil e imperfeita,
mas papeis socialmente construídos e atribuídos às mulheres que
lhes dariam essa condição de inferioridade. O gênero seria,
então, a construção social do que seria feminino e masculino.

O patriarcado é uma ideologia que organiza e divide o mundo em


princípios e valores duais, tais como razão/emoção, objetivo/subjetivo,
público/privado. Esses aspectos, todavia, não são considerados de igual
importância. Os primeiros, como no exemplo, seriam considerados
socialmente superiores e ao sexo masculino seriam atribuídas suas
características. Em contrapartida, os atributos considerados frágeis e
imperfeitos seriam pertencentes às mulheres. O patriarcado se
fundamentaria, portanto, atribuindo uma natureza inferior e imutável
às mulheres, o que legitimaria sua condição de subalternidade.

Essa ideologia se manifestaria no controle dos corpos femininos,


especialmente pelo controle da maternidade e da sexualidade das
mulheres. Primeiramente, teria manifestação no espaço da família e no
que fosse relacionado à reprodução, e, posteriormente, alcançaria os
níveis político, econômico e jurídico.

Assim, para essa corrente, não seria o sistema econômico que oprimiria
as mulheres, mas o sistema de dominação social do sexo. Diferiria tanto
do feminismo liberal quanto do marxista no campo do pensamento e no
de ação. Para elas, o reformismo liberal possuía uma análise muito
superficial da discriminação das mulheres e o marxismo seria um tanto
reducionista e machista. Este essencialmente por reduzir o problema à
questão de classes e por negar, inicialmente, uma luta autônoma das
mulheres.

O papel do feminismo seria o de expor o funcionamento do patriarcado


e as experiências de opressão em comum vividas pelas mulheres. A
partir desse momento, iniciar-se-ia um processo de conscientização em
que se perceberia que a opressão vivida não acontecia de forma
individual e isolada, mas era uma manifestação opressiva que atingia a
todas coletivamente. Socializando o conhecimento de que todas eram
oprimidas, seria possível construir ferramentas de transformação do
mundo, as quais permitiriam que todas as mulheres fossem livres.

***
Na foto, em destaque, Andrea
Dworkin, uma das principais vozes do feminismo radical. Com o slogan “o pessoal é
político”, as feministas radicais pretendiam não só ganhar o espaço público, mas
também revolucionar o espaço privado. Questionavam a separação entre espaço público
e privado, que até então encobria a dominação patriarcal e a opressão que aconteciam
em âmbito doméstico. Um dos grandes feitos dessa corrente foi expor o problema da
violência doméstica, questão até então negligenciada pelos grupos anteriores.
Apesar de emergirem em diferentes momentos históricos, ainda hoje se
pode encontrar manifestações inspiradas em todas as vertentes citadas.

É preciso esclarecer que a classificação feita dessa forma é uma opção. É


possível encontrar diferenciações por critérios diversos e por meio de
outras nomenclaturas. Também é importante frisar que as
manifestações desses feminismos poucas vezes se apresentam de forma
pura. Na maioria das vezes, seus elementos se misturam, pois cada uma
das estratégias, de alguma forma, tende a contribuir em maior ou menor
grau na luta das mulheres.

Por último, em relação às últimas décadas, destaco duas correntes de


relevo que atualmente têm bastante espaço na luta política e na
academia: o feminismo interseccional e o feminismo queer.
O feminismo interseccional acredita que as mulheres não são um grupo
homogêneo e, por isso, são oprimidas em diferentes graus de
intensidade. Surge da crítica das feministas negras, que acusavam as
primeiras manifestações de simplificarem excessivamente a condição
das mulheres, como se todas tivessem as mesmas vivências e o mesmo
histórico social e econômico. Na escala de opressão, eram as mulheres
pobres e negras as mais oprimidas, e o feminismo anterior parecia não
prestar atenção nessas especificidades. Um exemplo de feminismo
interseccional é o feminismo socialista, que acredita que a opressão das
mulheres sofre influências principalmente de três sistemas de
dominação-exploração: o capitalismo, o patriarcado e o racismo. Sendo
assim, a forma de combate à desigualdade deveria combater essas
diferentes instituições.

O feminismo queer aponta que a categoria “mulheres” é produzida e


reprimida pelas mesmas estruturas de poder por meio das quais se
busca emancipação. Ela expõe que a aceitação de um sistema binário de
gêneros (masculino e feminino) implicitamente indica a relação com um
sexo, o que ignoraria drag queens, travestis e transexuais, por exemplo,
assim como todas as categorias que fugiriam dessa relação. A categoria
gênero, por essa razão, seria opressiva por querer refletir apenas o sexo
ou por ele ser restrita, e excluiria identidades que não se identificam com
a dualidade apresentada. Seu foco de lutas é a subversão e o rompimento
com as normas socialmente prescritas de comportamento sexual e/ou
amoroso.

Viram? Não tem como não ser feminista. No final das contas o que se
quer é a emancipação de todas/os. Independentemente da
fundamentação escolhida, ser feminista é uma luta pela dignidade, pela
liberdade, pela igualdade. Saia do armário e manifeste-se!

O QUE É O FEMINISMO?
Por Márcia Tiburi para Revista Cult
Ato de mulheres pela democracia em Santiago durante o governo
militar de Pinochet (Kena Lorenzini/Wikimedia Commons)
Uma conversa sobre o feminismo enquanto tal, uma conversa que
procure lançar luz sobre sua definição, me parece necessária diante da
multiplicidade de vozes feministas, bem como do desentendimento
bastante visível na esfera pública, quanto ao que é feminismo. Pairam
preconceitos misóginos sobre o próprio termo e fica prejudicada, neste
sentido, a proposta geral do feminismo. Daí a necessidade de uma
conversa conceitual que possa abrir nossas mentes e percepções para a
questão. Abaixo lanço algumas ideias sobre as quais pretendo escrever
nos próximos tempos.

O que o feminismo não é


Na intenção de definir o feminismo em seu sentido mais conceitual,
podemos começar tendo em vista o que o feminismo não é e, assim,
limpar o terreno dos vícios que tem prejudicado não apenas a
compreensão mais ampla, mas a própria ação feminista, bem como a
ampliação do que podemos chamar de projeto feminista na cultura como
um todo.

Tendo isso em vista, podemos começar por afirmar que o feminismo não
é uma ideologia no sentido positivo – e a-crítico – de conjunto de ideias,
muito menos é uma ideologia no sentido negativo de “falsa consciência”
que serviria para acobertar a disputa de poder entre homens e mulheres,
quando buscar-se-ia uma supremacia de gênero – no caso o feminino
contra o masculino – e uma mera inversão de jogo no sistema da
dominação masculina. O feminismo não é uma inversão ideológica. Não
é uma inversão do poder. Uma inversão pressuporia sua manutenção.
Em outras palavras, o feminismo não é uma manutenção do poder
patriarcal com roupagem nova ou invertida que se alcança por uma
ideologia de puro oposicionismo.

Se não é ideologia, o feminismo também não é uma forma de ver o


mundo. Ele não é uma cosmovisão que se cria de modo estanque em
relação à sociedade e que propõe mudanças idiossincráticas em
abstrato. O feminismo não pode ser confundido com algo que surge
abstratamente como uma pura estética ou metafísica em que a atuação
das mulheres – sujeitos do feminismo clássico – seria suficiente para
mudar o cenário ético e político da dominação masculina.

O feminismo é o contrário disso tudo. Vejamos o que ele pode ser.

Dialética negativa
Podemos dizer que o feminismo é uma teoria prática que surge das
condições concretas das relações humanas, enquanto essas relações são
baseadas em relações de linguagem que são relações de poder. Um poder
constituído com base no que se pode chamar de paradigma masculinista.
O feminismo é uma crítica concreta da sociedade que tem base em uma
ação teórica inicial e que é constitutiva da prática enquanto crítica da
dominação masculina. Feminista é alguém que pensa criticamente,
enquanto essa crítica se dá na direção de uma releitura do mundo que
tira os véus desse mesmo mundo organizado pela dominação masculina.
Mas a dominação masculina não é apenas atitude dos homens, embora
seja fácil para os homens, sujeitos concretos que autorizam a si mesmos
como agentes da dominação masculina. A dominação masculina é
estrutura de poder ao nível dos dispositivos do poder. Engana-se quem
pensa que o “machismo”, nome vulgar da dominação masculina, será
desmanchado apenas por meio de uma dominação feminina que seria,
aliás, um erro capaz de destruir o feminismo.

O feminismo é, por isso, uma proposição dialética, não uma nova


dominação, em que a alteridade preservada e defendida – alteridade que
evita toda dominação – faz parte do processo de constituição da teoria e
da prática.

Ao mesmo tempo, o feminismo é um projeto filosófico que visa mudar o


mundo. Ele relê a história a contrapelo, analisa a história pelo espelho
retrovisor buscando a tradição das mulheres, esquecidas e oprimidas,
como uma história que tem algo a nos ensinar. Neste sentido, se pode
dizer que o feminismo é a filosofia que tem como base um impulso ético
e um efeito político.

Quando dizemos que o feminismo é uma teoria prática, definimos seu


caráter concreto, mas é preciso saber que a especificidade dessa teoria
prática é reflexiva, no sentido de crítica e autocrítica e, portanto,
filosófica. Por ser uma teoria prática que parte de uma reflexão crítica o
feminismo constitui uma ação crítica.

Por ser necessariamente reflexivo, o feminismo é uma filosofia em seu


sentido específico de crítica da linguagem e da crítica ontológica e, a
partir daí, da crítica social. O feminismo é, por definição, crítica da
linguagem enquanto discurso do preconceito masculinista, crítica das
teorias da linguagem baseadas na dominação masculina, crítica da
filosofia clássica e de todas as teorias científicas e religiosas que
sustentaram a dominação masculina. O feminismo é crítica do discurso
masculinista, de suas práticas, de seu sistema. Mas também é
autocrítica, inclusive no sentido de evitar imitar o que ele mesmo nega.
O feminismo é, neste sentido, uma dialética negativa.

Pluralidade
Feminismo é, sob qualquer aspecto, um termo que se deve usar tendo
em vista seu caráter plural. A pluralidade do feminismo não se refere
apenas aos múltiplos coletivos, grupos e movimentos que se definem
como feministas ou aos diversos modos pelos quais pessoas se definem
como feministas. No caso do feminismo, não se trata de falar da
pluralidade das tendências apenas, mas de perceber que a pluralidade é
própria ao conceito de feminismo, enquanto a pluralidade implica a
singularidade que se relaciona com o seu outro.

Em que sentido a pluralidade é inerente ao feminismo?

Poderíamos sugerir o feminismo como universalismo, mas neste caso,


teríamos que falar em algo como um universalismo verdadeiro. Pois o
universalismo é uma posição na qual todas as singularidades precisam
ser assumidas, mas não na interioridade de um universal em sentido
masculinista, patriarcal, capitalista, branco, europeu, de classes sociais
e culturais favorecidas. O universalismo pode ser precário diante do
feminismo se ele não levar em conta o caráter rebelde, sublevado e
inadequado do feminismo quando se trata de pensa-lo como aspecto do
sistema patriarcal/capitalista. O feminismo é um projeto que não se
transforma na totalização que ele mesmo combate. Todo feminismo
pode ser democracia, mas, certamente, seu impulso é anárquico no
sentido de ser contrário ao poder. O que pode um poder que não
combina com o poder?

Eis o espírito do feminismo.

Por isso, podemos dizer que só há sentido em falar em feminismo se


transbordamos o seu sentido. Só há sentido em falar em feminismo se
nos deixarmos desmanchar nas margens, se expandimos as margens do
feminismo na direção de uma eliminação do sistema baseado na
identidade. Refiro-me ao sistema patriarcal/capitalista que precisa ser
modificado em atos teórico-práticos.

Marginalizar o feminismo: tirá-lo do clima puramente acadêmico, do


clima de qualquer pureza, branca, de classe média ou alta, de corpos
autorizados, de crenças em identidades estanques e propostas como
naturais pelo sistema da razão que administra a não-identidade
evitando que ela floresça.

Manchar o feminismo, sujar o feminismo, intensificando a sua


capacidade de transformação social e política na contramão das
opressões de sexualidade, gênero, raça, crença e classe social.

O que o feminismo pode é transformar a sociedade em bases abertas e


ao mesmo tempo revolucionárias na direção de um mundo de direitos
assegurados, de respeito à diferença e à singularidade.

Esse poder do feminismo é o próprio feminismo.

9 MENTIRAS QUE PRECISAMOS PARAR DE


CONTAR SOBRE AS FEMINISTAS
Por Marcela de Mingo para Superela

As discussões sobre o feminismo são muitas e sobre as feministas,


então, nem se fala. A internet é prova de que as pessoas ainda não
entenderam muito bem o que é ser feminista e porque isso está tão
presente nesse momento da história. A gente entende: tudo o que é
diferente causa um certo estranhamento no começo, e é preciso um
tempo de pesquisa e estudo para entender a verdade dos fatos.

Mas, entender o feminismo e as feministas demanda algumas coisas. A


primeira é interesse: enquanto a gente não se interessar pelo próximo ao
ponto de querer entender como essa pessoa pensa e porque ela pensa
como pensa, nada muda. A segunda é que a falta de informação é a maior
inimiga de qualquer causa, seja política ou social. Ela gera confusão,
desentendimento, brigas e pré-conceitos que bloqueiam essa via de
interesse. E, no fim das contas, ninguém se entende.

Para ajudar, juntamos 9 mentiras sobre as feministas que você precisa


parar de acreditar.

1. Elas odeiam os homens


Não, gente. Uma mulher feminista não odeia os homens. Tudo o que ela
quer é que homens e mulheres sejam vistos e tratados como iguais pela
sociedade. Para as mulheres terem sucesso nessa causa, não significa
que os homens precisam ‘falhar’ ou ‘perder o jogo’. Pelo contrário. A
gente só vai alcançar essa meta se os dois trabalharem juntos.

2. Elas são briguentas e agressivas


Esse é um dos estereótipos mais conhecidos sobre as feministas. Não à
toa algumas pessoas se referem à essas mulheres como ‘feminazis’. A
verdade é que as mulheres que assumem o seu feminismo são
opinativas, afinal, elas vão rebater opiniões e comentários que vão
contra o que elas acreditam. É óbvio que as pessoas são diferentes e que
algumas podem parecer mais assertivas do que outras, mas isso não
significa que toda feminista é briguenta e mega agressiva e vai brigar
com você toda vez que você abrir a boca.

3. Elas odeiam gentilezas (entenda: cavalheirismo)


A questão é a seguinte, o cavalheirismo como o conhecemos não passa
de um reforço de comportamentos machistas. O homem precisa abrir a
porta para a mulher, pagar a conta do jantar, etc., porque é a função dele,
porque ele é um cavalheiro e a mulher ‘não pode’ fazer essas coisas, ela
é ‘mais fraca’. Porém, a definição de ‘cavalheirismo’ é “qualidade de
quem demonstra gentileza, cortesia ou civilidade”. Ou seja, qualquer ato
verdadeiramente gentil é um ato de cavalheirismo. Feministas não
odeiam cavalheirismo. E elas vão aceitar que um homem segure a porta
para elas, se elas puderem fazer o mesmo por eles sem serem julgadas
ou vistas como ‘erradas’. É só pensar no seguinte: se o ato que você vai
fazer (como segurar a porta) é algo que você faria por qualquer outra
pessoa, então está liberado. O que não vale é fazer qualquer coisa só
porque a outra pessoa é uma mulher e você espera algo dela
(especialmente sexo).

4. Elas odeiam tudo que é feminino


Mentira, gente. Ser feminista não significa que as mulheres vão sair por
aí destruindo lojas de maquiagem e queimando saias e vestidos em praça
pública. Existem mulheres feministas de todos os tipos, das que gostam
de um visual totalmente masculinizado, às que são super mulherzinhas,
amam um batom e um salto alto. Não tem nada a ver com feminilidade,
mas sim com a visão das mulheres perante a sociedade.

5. Elas não se depilam


De onde isso surgiu, a gente nunca vai saber. A questão da
depilação pode ser confusa para quem não quer entender, mas é
simples: as mulheres querem se sentir livres para escolher se querem ou
não se depilar, e não porque um padrão de beleza definiu que mulheres
depiladas são ‘mais bonitas’. Dito isso, existem feministas que se
depilam, que não se depilam e aquelas que não depilam a perna no
inverno por preguiça. Mulher nenhuma é obrigada a não se depilar só
porque se descobriu feminista.

6. Feministas são contra o sexo e querem ficar solteiras


Oi? É claro que não! O feminismo não tem nada relacionado com o
status civil de uma pessoa. Se uma mulher é feminista e quer casar, ela
é livre para fazer isso! Ela também é livre para ficar solteira, para transar
com quantos homens quiser, para ter um namoro longo… Enfim, para
fazer o que ela bem entender! Ser feminista não é igual a assinar um
termo de celibato pela causa.

7. Toda feminista é lésbica


De novo: oi? Feminismo é a luta por igualdade de direitos e tratamento
perante o sexo oposto e não assumir a homossexualidade. Mulheres
feministas podem ser bissexuais, heterossexuais, homossexuais ou
transexuais.

8. Elas são contra ter filhos


Correção: elas são a favor de escolher entre ter filhos ou não. Existem
feministas que são mães e feministas que não são mães – e nem querem
ser. O feminismo não impede mulher nenhuma de ter filhos e construir
uma família.

9. Elas acham que só mulheres podem ser feministas


E os homens são proibidos no movimento. Não, não. O movimento
feminista só vai ser bem-sucedido quando TODOS, homens e mulheres,
assumirem o compromisso de se verem e tratarem como iguais, e darem
a mesma importância para ambos gêneros. Enquanto um se achar
melhor do que o outro, a coisa continua igual. E nós só vamos conseguir
alcançar esse ponto se os homens também entrarem na jogada. O
objetivo é a igualdade de gêneros e não as mulheres passarem a ser
melhores que os homens.

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