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SEMINÁRIO
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"Na hipótese de transferência interestadual de mercadorias entre estabelecimentos do mesmo
titular, é legítima a glosa da parcela dos créditos de ICMS relativa a benefícios fiscais concedidos
irregularmente pelo Estado de origem, sem prévia autorização do CONFAZ, consoante o
disposto no artigo 155, §2º, inciso XII, alínea "g", da Constituição Federal, bem como no §3º, do
artigo 36, da Lei nº 6.374/89."
mercadorias entre estabelecimentos do mesmo titular, pois, entendeu aquele
tribunal, que não havia a mudança de titularidade sobre o bem, ou seja, não se
materializa a hipótese tributária (fato jurídico tributário).
Ocorre, todavia, que tal precedente do STJ foi fixado para transferências entre
estabelecimentos do mesmo titular quando estes estiverem no território do
mesmo ente fee, ou seja, o STJ tratou de operações internas em sede de recurso
repetitivo.
Logo, apesar de que a questão relativa a incidência de ICMS sobre
transferências internas devesse ser pacífica em função da obrigatoriedade de
obediência ao precedente do STJ supramencionado, a verdade é que, quanto
às transferências interestaduais, a questão não está de nenhuma forma
pacificada, tanto na instância judicial, tampouco na administrativa.
A ressalva não é prescindível. A doutrina de escol, como Roque Antônio
Carrazza, sustenta que o ICMS é cabível “quanto a transferência de mercadorias
dá-se entre estabelecimentos da mesma empresa, mas localizados em territórios
de pessoas políticas diferentes” (CARRAZZA, Roque Antônio. ICM, p. 70).
Por todo exposto, nos parece que, não havendo qualquer definitividade na
discussão sobre incidência de ICMS sobre transferências interestaduais,
porquanto não definida pelo Judiciário em definitivo, poderia o E.TIT editar a
Súmula 11 e manifestar seu entendimento pela glosa de benefícios fiscais
concedidos à inércia do CONFAZ em caso de transferências interestaduais de
estabelecimentos do mesmo titular, desde que recolham o ICMS na operação
interestadual, por óbvio.
VIII- O vigente Código de Processo Civil estabelece em seu artigo 927: Art.
927. Os juízes e os tribunais observarão: I - as decisões do Supremo
Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade; II -
os enunciados de súmula vinculante; III - os acórdãos em incidente de
assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e
em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos; IV - os
enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria
constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria
infraconstitucional; V2 - a orientação do plenário ou do órgão especial
aos quais estiverem vinculados.
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§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1o, quando
decidirem com fundamento neste artigo. § 2o A alteração de tese jurídica adotada em enunciado
de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas
e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da
tese. § 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e
dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver
modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica. § 4º A
modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em
julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e
específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da
isonomia.
constitucionalidade, dada a finalidade do processo administrativo, no qual se
busca um controle de legalidade do ato administrativo, i.e., uma revisão do ato
administrativo pela própria autoridade administrativa, fato é que a taxatividade
de e restritiva de aplicação de entendimentos jurisprudenciais é bastante
prejudicial.
O alargamento das hipóteses de vinculação de precedente judicial seria uma
medida importante, que renovaria a importância do processo administrativo para
evitar um passivo judicial para os cofres públicos.