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O produtor rural e a Universidade Pública.

Por Cleiton Evandro dos Santos

É triste ver gente que nunca chegou perto de uma universidade pública repostando
fakes bizarras em apoio à imbecilidade de um ministro que justifica uma balbúrdia
para cortar um terço dos recursos do ensino superior. E o faz como se ele,
cidadão, soubesse alguma coisa a respeito do funcionamento de uma federal onde
nunca esteve, de uma comunidade com a qual nunca conviveu e sobre a qual
nunca se interessou em saber mais e identificar seus gargalos e suas fortalezas ou
virtudes.
Isso de modo geral.
Para mim, o mais triste hoje foi ver as redes sociais de um produtor de alimentos
que vi num dia de campo da UFSM buscar tecnologias para suas lavouras,
desenvolvidas no sentido de reduzir seus custos de produção, ampliar sua
produtividade, gerar plantas sadias, produtivas e renda, integrar arroz, soja e
pecuária, defendendo o corte no orçamento das universidades públicas. Razão?
Exclusivamente por seus ranços ideológicos ou partidários, provincianos e
aldeanos, ou umbilicais, não sei.
Acreditei que era exceção. Não era. Vieram outro, outro, outro e mais outros...
Foi triste ver industriais, produtores, funcionários de lavouras que dependem de
trabalhos de referência como o do LabGrãos, da UFPel, dizendo que o corte de
recursos - mais um dentre tantos - é o certo a se fazer porque as universidades
formam defensores de determinada ideologia e porque num protesto no Rio ou
São Paulo há não sei quantos anos havia três ou quatro caras pelados.
É triste ver pecuarista que depende dos estudos de pesquisadores da UFRGS, da
Unipampa, da UFSM, da UFPel - alguns egressos destas - defendendo cortes de
recursos nestas instituições que estudam o bioma Pampa, as pastagens nativas,
genética, a produtividade, as soluções para uma pecuária rentável e sustentável
em nossas condições climáticas, etc...
Frequento estes ambientes há mais de 30 anos e nunca vi alguém pelado, sem
roupa. Vejo muitos estudantes e professores pelados de dinheiro, alunos pelados
de bolsas de estudo, salas e laboratórios pelados de materiais, de equipamentos,
de estrutura e mesmo assim vejo lá gente trabalhando com afinco pra dar à
sociedade as respostas que ela jamais encontrará se não pagar royalties - e caros
- para algumas multinacionais ou instituições privadas.
Frequento estes ambientes há mais de 30 anos, e sempre vi gente que sai dessas
faculdades e universidades para dedicar a vida a pesquisar, ensinar, traduzir e
difundir os conhecimentos da academia para o campo, para o produtor, buscar
respostas que a iniciativa privada não busca, contestar os "pacotes" de
agroquímicos que já chegam engessados - e em doses que nem sempre são as
recomendadas. E vejo produtor lá formado produzindo alimentos. Nem todos
esquecem o que aprenderam ou a importância da universidade.
Se o produtor de alimentos, que goza destes recursos, não parar para pensar
sobre essa realidade, sobre o quanto o corte do básico para abrir as portas - que é
isso que a Universidade recebe atualmente - muitos deles agrônomos,
veterinários, zootecnistas, administradores oriundos dessas instituições, antes de
sair por aí propagando esse tipo de fake news e imbecilidades, fica claro que
estamos indo ladeira abaixo muito mais rápido do que se imaginava. E que
estamos lutando contra nós próprios, nos boicotando e boicotando uma sociedade
regional que paga - e caro - tributos para garantir que a estrutura do Estado dê
retorno.
Tenho visto coisas na rede social que não dá pra acreditar.
Hoje vi um cidadão formado em universidade pública, que há quatro meses estava
deitado no chão, ao meu lado, numa área experimental de universidade pública
filmando as profundidades de sulcadores e discos para descompactar o solo de
sua lavoura e o nível de desenvolvimento das raízes de plantas em estudos de
acadêmicos, pós-graduando, mestrandos, doutorandos, pesquisadores,
professores, dizendo que a universidade pública "não é prioridade e é lugar de
maconheiro esquerdopata e nudismo".
Fico imaginando quantos maconheiros ele viu naquele lugar e quantos estavam
pelados?
Eu vi meninos e meninas que serão grandes cientistas, extensionistas,
pesquisadores, professores, profissionais do Agro de pés descalços e bota de
goma, com as unhas cheias de terra, ainda sem almoço, comendo uma melancia
quente, sob uma temperatura de 40 graus, às 18h.
Ali estavam preparando áreas experimentais, vitrines tecnológicas, o resultado de
suas pesquisas, abrindo trincheiras a pá e enxadão para que esse mesmo cidadão
que critica pudesse filmar no outro dia e concluir qual o melhor equipamento para
usar em sua produção, como ampliar o potencial das tecnologias aplicadas, buscar
renda, introduzir nova cultura em suas terras, melhorar a entrada da nova cultura,
adotar rotação, etc...
Eu vi um professor que se dedica há mais de 40 anos a ensinar e pesquisar e
resolver os grandes nós da lavoura de arroz e soja comprando material e pagando
do próprio bolso para melhor identificar para esse mesmo produtor que hoje critica
a universidade federal, a profundidade de penetração do implemento no solo.
Para que serve um cérebro pra uma pessoa dessas, se ela não consegue
perceber que sua opinião contradiz suas ações e sua realidade? Que suas
opiniões equivocadas condenam o que ele é, foi e será? Que cospe na mão que
direta ou indiretamente o ajuda a se alimentar?
Não tenho a resposta.
O que eu sei é que a produção agropecuária gaúcha e a universidade pública, no
Rio Grande do Sul, são indissociáveis.
E que lá, da academia, tem vindo muitas respostas que as instituições de pesquisa
controladas pela política, os ranços e a cacicagem de alguns desses que hoje
criticam as universidades federal, já não conseguem dar ao campo e à sociedade.
Desculpem o desabafo, mas tem horas que a gente precisa reagir à imbecilidade.

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