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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

Apresentação de artigo para a


disciplina de Teoria Social – Modernidade, Pós-Modernidade e Globalização.

Professora: Flávia Braga

Alunos: Klaus Gomes Silva e Raissa Helena de Azevedo Silva


Curso: Ciências Sociais – 3º Período

2014
Resumo:

O presente artigo procura elucidar e refletir acerca de um fenômeno cada vez mais
presente em nossa sociedade: o aumento do número de brechós e a valorização de
vestimentas e acessórios de décadas passadas. Esta tendência, denominada vintage, irá
nos ajudar a compreender não somente o porquê de antigas tendências ganharem
novamente destaque, mas também como corrobora na criação de identidade dos
indivíduos. A moda expressa não somente as escolhas de vestimentas de determinadas
pessoas, mas como observa Simmel carrega com ela toda uma esfera simbólica, cria
distinção de classes e, ao mesmo tempo, que distingue o indivíduo dos demais o faz
pertencer a determinado grupo.

Desenvolvimento:

A modernidade se caracteriza como a fruição do tempo e o aceleramento dos


acontecimentos. Nela o espaço-tempo é comprimido na máxima capitalista de que
“tempo é dinheiro”. Através disso, os indivíduos são impulsionados a viverem
acreditando que “a civilização se mova para uma direção entendida como benévola[...],
numa interpretação da história que enxerga a humanidade avançando lenta e
indefinidamente em uma direção desejável.” 1 Ou seja, a globalização, fruto da expansão
do capital e da busca incessante do lucro, embaralha as categorias mentais modernas,
forçando os indivíduos a pensarem em escala global e sempre almejando um futuro
utópico, no qual os avanços tecnológicos são tidos como as ferramentas necessárias para
esse avanço.

A capacidade fluida da modernidade faz com que tudo seja transitório e as novidades se
esgotam quase ao mesmo tempo em que são lançadas. Como observa Leopoldo
Waizbort, remetendo ao pensamento de Baudelaire, “Como essa modernidade é múltipla
e renova-se ininterruptamente, Baudelaire afirma que a modernidade é o transitório e
contingente. Essa modernidade fugidia contrapõe-se, portanto, não a um passado
propriamente determinado, mas ao eterno, ao que não é transitório, fugidio e
contingente.”2

Com essa aceleração do tempo e dos acontecimentos, os indivíduos encontram maneiras


de se agruparem e criarem características comuns, mas ao mesmo tempo cada um busca
1
Dupas, p. 30
2
Waizbort, 2008, p. 8
exprimir sua individualidade. A moda vem, nesse sentido, para possibilitar esse caráter
dual, no qual cria distinções, mas universaliza os indivíduos. “Nesse contexto, o
fenômeno da imitação desempenha um papel de destaque. Ela opera uma espécie de
‘passagem da vida do grupo na vida individual’, facultando ao indivíduo assimilar-se
em meio ao grupo, como parte dele, como um ‘recipiente de conteúdos sociais’. O
princípio de imitação representa assim um lado do dualismo, cuja outra face é dada pela
diferenciação individual, pela negação do inventar – imitar.”3

A vida na cidade grande, urbana e moderna, nervosa e atribulada, faz com que as
pessoas, desvinculadas de seus laços tradicionais, tradicional esse num sentido anti-
moderno, procurem maneiras de se diferenciarem e se portarem frente aos seus
semelhantes; portanto “a moda encontra um contexto sociohistórico e cultural que lhe é
afim.”4

Com as semanas de moda de Milão, Paris, São Paulo e Nova York, as novidades ao
mesmo tempo em que chegam ao mercado, já visam as próximas tendências. Seus
profissionais são treinados a trabalharem com a incessante rapidez das alterações e com
isso mal os produtos chegam à loja, já estão fora de “moda”.

A moda cria um sentido ditatorial ao usarem suas tendências como parâmetro que os
indivíduos devem seguir para serem aceitos e vistos como partidários da modernidade.
A influência de estilistas renomados determina o compromisso dos adeptos que são
impelidos a compartilhar de marcas e nomes como forma de expressarem sua riqueza. É
nesse sentido que Simmel observa que a moda reflete a diferença de classes. As marcas
emblemáticas, por possuírem o selo de alto padrão, não possibilitam o acesso de todos a
esses produtos. Assim, frente a mercantilização de tudo, os adeptos procuram um objeto
único, “não-copiado”.

Pelo fato da moda servir como reflexo da dominação, o vintage surge como possível
negação da imposição da indústria da moda. Esse estilo retrô, que encontram seu maior
nicho em brechós, surge, portanto, tanto como um resgate cultural de décadas passadas,
como possibilita o acesso a marcas famosas pela parcela da população que não possui
condições de adquirirem estes produtos novos. É interessante a cisão observada por
Lígia Helena em sua pesquisa etnográfica feita em brechós. Para ela, eles são divididos

3
Waizbort, 2008, p. 9
4
Waizbort, 2008, p. 10
levando-se em conta o público alvo e o que procuram. Assim ela analisa que alguns são
constituídos por “roupas baratas, usadas por pessoas que compram por necessidade, e
por isso buscam os lugares onde as roupas têm preços mais baixos[...]”, outros “[...]
usado por pessoas que não tem condições de comprar a roupa original na loja devido ao
preço mas que valorizam a marca que a roupa possui como forma de status e [...]”, e por
último “[...]roupas de época, usadas por pessoas com um estilo de vida que vai muito
além do uso de roupas antigas.”5

Essas vestimentas que possivelmente estão fora de moda, ganham nova roupagem e
mudam seu status de ultrapassadas, para modernas e úteis. Como observado por Lígia
Helena em sua pesquisa etnográfica feita em brechós, a justificativa para os
consumidores dessas lojas são variadas, “que o uso e o consumo desse tipo de vestuário
são motivados por fatores diferentes, ligados a questão como necessidade, status,
individualismo e memória.”6

A pós-modernidade possibilita o acesso a informação como nunca vira outrora e a


obtenção de conhecimento sobre décadas passadas é difundida para todos. A internet
vem colaborar com isso, podendo ser interpretada como um estoque quase inesgotável
dessas informações. Já não se faz necessário a consulta a livros, enciclopédias ou
mesmo pessoas que vivenciaram a época, tudo isso pode ser encontrado na Internet. Ou
seja, “O pós-modernismo declarava que o final do século XX é uma época de valores
relativos mais do que absolutos. Suas culturas sabem mais sobre outras culturas,
passado e presente, do que jamais fora possível no passado[...]”7

As características “importadas” do passado não são trazidas à tona como foram


concebidas, mas todo um processo de reconstrução é feito para aplicá-las nos dias
atuais. A criatividade, que atualmente é centro de debate pela sua possível crise, ganha
novos contornos ao se prender a algo já criado, mas com a possibilidade de um toque
artístico individual. Essas “novas” peças propiciam, portanto, uma releitura de algo já
criado.

O que essa nova tendência aponta é para um resgate cultural de um tempo visto como
bom, a uma tendência individual nostálgica de querer ter vivenciado àquele tempo e
principalmente, de acreditarem que determinada década continha características
5
Ricardo, p. 8
6
Ricardo, p. 1
7
Dormer, apud. Steindorf, Baêta, 2004, p. 5
verdadeiras e alinhadas com a sua personalidade. Cria-se uma idealização do passado
romântico no intuito de experimentar através da moda, música, literatura e/ou cinema
uma nostalgia de um tempo não vivido. Como analisado por Johanna e Luísa, “quando
o passado é retirado do contexto, cria-se uma espécie de projeção sentimentalista, um
sonho romântico do passado, cujo resultado é nostalgia explícita.” 8 Um exemplo
cinematográfico atual é o filme “Meia-Noite em Paris” (Midnight in Paris, Woody
Allen. 2011). Nele o personagem principal Gil, retrata toda uma geração que enxerga o
passado como um período idílico e perfeito. Gil enxerga na década de 1920 uma década
que propiciou uma abertura à criatividade imensa e as obras feitas na época, seja a
literatura de Hemingway, o jazz de Cole Porter ou as pinturas de Salvador Dalí como o
supra-sumo da arte. Ao retornar à essa década e conviver com seus “fantasmas”,
percebe que não só ele se sente insatisfeito com o período a que pertence, mas toda a
geração de 20 enxerga na Belle Époque o que ele vivencia ao conviver com na sua
“década perfeita”. Retorna-se ao passado como uma tendência de negação à velocidade
e generalização da modernidade.

É notável que uma década particular recebe maior atenção dos adeptos do vintage. A
década de 1960, com sua contracultura, seus movimentos anti-sistêmicos, a conquista de
liberdade pelos jovens e a quebra de inúmeros valores tradicionais, fez com que os
jovens de hoje percebessem naqueles de outros tempos, a fonte a ser seguida na
conquista de espaço e na criação de uma identidade. No que tange a moda, é perceptível
o resgate do xadrez e do listrado, saias de cintura alta, suspensórios, óculos wayfarer,
tênis All Star, as roupas “largadas” dos hippies, etc.

8
Steindorf, Baêta, 2004, p. 5
Algumas imagens servem para ilustrar essa influência nos dias de hoje:

Conclusão:

Levando-se em conta as análises


apresentadas, percebemos que o ser
humano necessita criar uma identidade
imagética, seja para se diferenciar ou
para se integrar a um grupo. Frente à
modernidade que parece nos forçar a
aceitar sempre o novo como sendo o
melhor, inferimos que parte da
população jovem adota não o presente
ou o futuro como base, mas prefere
retornar ao passado e dar uma nova
aparência ao que já foi construído. A
necessidade de consumo exacerbado
regido pelo neoliberalismo faz com
que a moda e seus produtos se tornem
obsoletos muito rapidamente e isso
propicia a construção de uma
necessidade em fazer com que
determinada roupa ou acessório tenha
uma identidade em si, não levando-se
em conta o tempo de fluidez do tempo moderno. Adicionado à isso, as diferenças de
classes no qual uma parcela da população compre por modismo, e a outra recorre aos
brechós como forma de obter esses mesmos produtos. A moda vintage se estrutura então
como, primeiramente uma forma de expressão visual de construção da identidade, e
também, como forma de se integrar ao grupo.

Referências bibliográficas:

Steindorf, Johanna e Baêta, Luísa.”Design Retrô – O Passado fora de seu contexto”,


2004. Disponível em:
http://www.fattostampa.com.br/boasnoticias/fattoonline/2007/layout2007/novoonline/R
etro_-_Luisa%2520Baeta_e_Johanna_Steindorf.pdf Acesso em: 02/02/2014

Waizbort, Leopoldo. "GEORG SIMMEL SOBRE A MODA–UMA AULA1.", 2008.


Disponível em: http://scholar.googleusercontent.com/scholar?
q=cache:_KD0ubISJBYJ:scholar.google.com/
+GEORG+SIMMEL+SOBRE+A+MODA+%E2%80%93+UMA+AULA&hl=pt-
BR&as_sdt=0,5 Acesso em: 02/02/2014

Ricardo, Lígia Helena Krás. "O Passado Presente: Um estudo sobre o consumo e uso de
roupas de brechó em Porto Alegre (RS)”, Disponível em:
http://coloquiomoda.hospedagemdesites.ws/anais/anais/4-Coloquio-de-
Moda_2008/42379.pdf Acesso em: 04/02/2014

Dupas, Gilberto. “O Mito do Progresso ou progresso como ideologia”, 2006. 1ª edição.


UNESP

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