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Raízes do Brasil

Ficha técnica:

Autor: Sérgio Buarque de Holanda

Edição:26-1995

Editora: Schwarcz

Fronteiras da Europa

‘É significativa, em primeiro lugar, a circunstancia de termos recebido a


herança através de uma nação hibérica. A Espanha e Portugal são, com a Rússia e
os países balcânicos (e em certo sentido também a Inglaterra), um dos territórios-
ponte pelos quais a Europa se comunica com os outros mundos. Assim, eles
constituem uma zona fronteiriça, de transição menos carregada (...). (Pagina:31)

‘A falta de coesão em nossa vida social não representa, assim, um fenômeno


moderno. E é por isso que erram profundamente aqueles que imaginam na volta a
tradição, acerta tradição, a única defesa possível contra nossa desordem. Os
mandamentos e ordenações que elaboraram esses eruditos são, em verdade,
criações engenhosas do espírito, destacadas do mundo e contrárias a ele. Nossa
anarquia, nossa incapacidade de organização sólida não representam, a seu ver,
mais do que uma ausência da única ordem que lhes parece necessária e eficaz. Se
a considerarmos bem, a hierarquia que exaltam é que precisa de tal anarquia para
se justificar e ganhar prestígio. (Pagina:33)

‘A vontade de mandar e a disposição para cumprir ordens são-lhes


igualmente peculiares. As ditaduras e o santo ofício parecem constituir formas tão
típicas de seu caráter como a inclinação a anarquia e a desordem. Não existe, a seu
ver, outra sorte de disciplina perfeitamente concebível, além da de que se funde na
excessiva centralização do poder e da obediência. (Pagina:39)

O semeador e o ladrilhador
‘ Com efeito, a habitação em cidades é essencialmente antinatural, associa-se
a manifestações do espírito e da vontade na medida em que se opõe a natureza.
(pág.95)’

‘No Brasil, a exploração litorânea praticada pelos portugueses encontrou mais


uma facilidade no fato de se achar a costa habitada de uma única família de
indígenas, que de norte a sul falava o mesmo idioma (...). (Pagina:105)

‘Mesmo em seus melhores momentos, a obra realizada no Brasil pelos


portugueses teve um caráter mais acentuado de feitorização do que de colonização
(...). (Pagina:107)

‘A cidade que o português construíra na América não é produto mental, não


chega a contradizer o quadro da natureza, e sua silhueta se enlaça na linha da
paisagem (Pagina:110)

‘Atraindo periodicamente para o sertão distante parte considerável da


população masculina da capitania, o bandeirismo terá sido uma das causas indiretas
do sistema quase matriarcal a qual ficavam sujeitas muitas vezes as crianças antes
da idade da doutrina e mesmo depois. Na rigorosa reclusão caseira, entre mulheres
e serviçais, uns e outros igualmente ignorantes do idioma adventício, era o da terra
que teria de constituir para elas o meio natural e mais ordinário de comunicação.
(Pagina:124).

‘Acredito mesmo que, na capacidade para amoldar-se a todos os meios, em


prejuízo, muitas vezes, de suas próprias características raciais e culturais, revelou o
português melhores aptidões de colonizador do que os demais povos. (Pagina:132)

‘Em realidade não é pela maior temperança no gosto das riquezas que
se separam espanhóis ou portugueses de outros povos, entre os quais viria a
florescer essa criação tipicamente burguesa que é a chamada mentalidade
capitalista. Não o é sequer por sua menor parvificência, pecado que os
moralistas medievais apresentavam como uma das modalidades mais
funestas da avareza. O que principalmente os distingue é, isto sim, certa
incapacidade, que se diria congênita, de fazer prevalecer qualquer forma de
ordenação impessoal e mecânica sobre as relações de caráter orgânico e
comunal, como o são as que se fundam de parentesco, na vizinhança e na
amizade. (Pagina:137)

O homem cordial

‘Foi o moderno sistema industrial que, separando os empregadores e


empregados nos processos de manufatura e diferenciando cada vez mais
suas funções, suprimiu a atmosfera de intimidade que reinava entre uns e
outros e estimulou os antagonismos de classe. O novo regime tornava mais
fácil, além disso, ao capitalista, explorar o trabalho de seus empregados, a
troco de salários ínfimos. (Pagina:142)

‘ Nossa forma ordinária de convívio social, é no fundo, justamente o


contrário da polidez. Ela pode iludir na aparência – e isso se explica pelo fato
de a atitude polida consistir precisamente em uma espécie de mímica
deliberada de manifestações que são espontâneas no ‘’homem cordial ’’: é a
forma natural e viva que se converteu em fórmula. (Pagina:147)

‘No homem cordial ’, a vida em sociedade é, de certo modo, uma


verdadeira libertação do pavor que ele sente em viver consigo mesmo, em
apoiar-se sobre si próprio em todas as circunstancias da existência.
(Pagina:147)

‘A exaltação dos valores cordiais e das formas concretas e sensíveis


da religião, que no catolicismo tridentino parecem representar uma exigência
do esforço de reconquista espiritual e da propaganda da fé perante a ofensiva
da reforma, encontraram entre nós um terreno de eleição e acomodaram-se
bem a outros aspectos típicos de nosso comportamento social. (Pagina:151)

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