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CENTRO UNIVERSITÁRIO CARIOCA

ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

TEXTO 3 – A PARTE QUE NOS TOCA


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A parte que nos toca

Quando olhamos para esse Congresso que os mais experientes observadores


consideram dos piores de nossa história, nos espantamos e tendemos a perguntar
como nós, tão éticos, honestos e íntegros, fomos capazes de elegê-lo? Consideramos
imensa a distância moral que separa a sociedade dos que a representam.
Decididamente, nos achamos muito melhores do que os vereadores, deputados e
senadores em quem votamos. Se estivéssemos em seus lugares, o país estaria muito
melhor, evidentemente. Será? Será que na realidade não temos os políticos que
merecemos?
Numa pesquisa recente para saber se o eleitor é “vítima ou cúmplice” da corrupção
política, o Ibope respondeu de alguma maneira aquelas questões, e as respostas
não são nada animadoras. No fundo, a maioria agiria do mesmo modo. Diante da
relação de 13 atos ilícitos do dia-a-dia — tais como, por exemplo, dar gorjeta para se
livrar de multa, sonegar impostos, comprar produtos piratas, apresentar atestados
médicos falsos no trabalho ou na escola, entre outros — 69% dos entrevistados
admitiram já ter praticado pelo menos uma dessas bandalhas.
Tolerantes em relação às próprias transgressões, eles não esconderam que, se
tivessem oportunidade, praticariam também as irregularidades que condenam nos
parlamentares e governantes. Assim, 75% dos entrevistados cometeriam uma das
infrações morais propostas em uma outra lista contendo 13 atos ligados à política e
ao poder, como trocar de partido por dinheiro, contratar sem licitação, escolher
parentes para cargos de confiança, aproveitar viagem oficial para lazer, aceitar
gratificação, usar caixa 2 em campanha, superfaturar obras públicas e desviar o
dinheiro para o patrimônio pessoal, contratar funcionários fantasmas, votar a favor do
governo em troca de cargo. A ambiguidade e o relativismo ético se manifestam com
mais frequência quando as ações envolvem familiares e amigos, confirmando o
princípio de que “para os amigos tudo, para os inimigos a lei”. Achando legítima a
nomeação de parentes para cargos de confiança, 69% aceitam, portanto, como
natural o nepotismo, enquanto 43% admitem aproveitar viagens oficiais para lazer
próprio e da família.
Ao realizar essa pesquisa inédita, o Ibope quis propor uma reflexão sobre até que
ponto os nossos problemas éticos “estão de fato concentrados nas elites e lideranças
ou se trata de uma conduta social presente em todas as camadas e grupos de nossa
sociedade”. É mesmo uma boa hora para autocrítica e reflexão, principalmente sobre
a parte que nos toca a nós, cidadãos e eleitores. Não dá para tirar o corpo fora.

ZUENIR VENTURA
OPINIÃO/ O GLOBO
5 de abril de 2006

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