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JOSÉ MELO
Governador do Estado do Amazonas

KAMILA BOTELHO DO AMARAL


Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas – SDS

ROMILDA ARAÚJO CUMARU


Secretária Executiva de Gestão – SDS

ANTONIO LUIZ MENEZES DE ANDRADE


Secretário Executivo Adjunto de Compensação Ambiental – SEACA

ROCIO CHACHI RUIZ


Secretária Executiva Adjunta de Florestas e Extrativismo – SEAFE

JOSÉ ADAILTON ALVES


Secretário Executivo Adjunto de Gestão Ambiental – SEAGA

LUIS HENRIQUE PIVA


Coordenador Geral da Unidade Gestora do Centro Estadual de Mudanças Climáticas e do Centro
Estadual de Unidades de Conservação – UGMUC

ANTÔNIO CARLOS WITKOSKI


Coordenador do Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas – CEUC

HAMILTON CASARA
Coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas – CECLIMA

ANTONIO ADEMIR STROSKI


Presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM

MIBERWAL FERREIRA JUCÁ


Presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável – ADS

VALDENOR PONTES CARDOSO


Secretáriode Estado da ProduçãoRural– SEPROR

EDIMAR VIZZOLI
Diretor Presidente do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do
Estado do Amazonas– IDAM

Av. Mário Ypiranga Monteiro, 3280, Parque Dez de Novembro, Manaus/AM


– CEP 69050-030 - Fone/fax.: 3642-4607 http://www.ceuc.sds.am.gov.br/

ii
Série Técnica Planos de Gestão

PLANO DE GESTÃO DO PARQUE


ESTADUAL DO MATUPIRI

Volume I – Diagnóstico

BORBA,
JULHODE 2014

iii
APRESENTAÇÃO DA SDS
O Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável e do Centro Estadual de Unidades de Conservação
apresenta o resultado de um trabalho participativo desenvolvido ao longo de cinco anos
e que consolida a estratégia de conservação dos recursos naturais da maior parcela de
floresta tropical presente em um estado subnacional do mundo.
Através de uma política pública que alia equilíbrio entre conservação ambiental e
desenvolvimento econômico e social,o Amazonas chegou ao patamar de Estado com os
menores índices de desmatamento da Amazônia Brasileira. Com 42 Unidades de
Conservação Estaduais, sendo a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Puranga-
Conquista a mais recente, criada em março de 2014, incrementam o sem 160% as áreas
protegidas.
Os planos de gestão são instrumentos legais que norteiam as áreas protegidas no
processo de conservação e recuperação da biodiversidade, das funções ecológicas, da
qualidade ambiental e da paisagem natural, além de ser um instrumento fundamental
para a realização de pesquisas científicas, visitação pública, recreação, atividades de
educação ambiental e, sobretudo, de geração de emprego e renda e os sete Planos de
Gestão das Unidades de Conservação Estaduais da área de influência da Rodovia
BR-319 somam-se aos vinte e dois planos existentes e são ferramentas valiosas de
implementação, consolidação e manutenção de uma região estratégica por definição.
A responsabilidade institucional em manter os serviços ambientais prestados
pelas florestas do Amazonas e, ao mesmo tempo, valorizar o trabalho realizado pelas
populações residentes nas 33 Unidades de Conservação de Uso Sustentável (do total de
42 UC estaduais) é enorme: significa conservar aproximadamente 19 milhões de ha, ou
12% do território do Estado, além da manutenção de 200 milhões toneladas de carbono
equivalente.
Através de um amplo trabalho de coleta de dados de campo com uma equipe com
trinta e cinco pesquisadores, foram realizados os levantamentos de dados primários e
secundários visando subsidiar os diagnósticos dos meios físico, biológico,
socioeconômico, ambiental e fundiário da RDS do Matupiri, RDS Igapó-Açu, RDS do Rio
Madeira, PAREST do Matupiri, RESEX Canutama, FLORESTA Canutama e a FLORESTA
Tapauá.
Foram realizadas consultas públicas nos municípios de Careiro, Canutama, Borba,
Novo Aripuanã e Tapauá, com a presença de 500 pessoas no total, permitindo contribuir
para a definição das regras de uso para as Unidades de Conservação, com a manifestação
expressa das populações locais. A elas nosso respeito e agradecimento por contribuir
com a conservação do nosso patrimônio natural e etnocultural.
A publicação destes planos é um passo importante na implementação e garantia
da conservação da biodiversidade e geração de renda, atitude que o povo do Amazonas
aprova. Parabenizamos a equipe envolvida pela iniciativa, e esperamos que a presente
publicação contribua como uma ferramenta de trabalho para os profissionais da área
ambiental, agentes públicos, empresários, ambientalistas, professores, estudantes e as
populações tradicionais das Unidades de Conservação.

KAMILA BOTELHO DO AMARAL


Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.

iv
APRESENTAÇÃO DO CEUC
O século XX foi marcado por grandes transformações nas mais diferentes dimensões da
vida socioeconômica e político/cultural. As grandes metamorfoses do século XX continuam a nos
influenciar e, certamente, delinearão o destino do século XXI muito mais do que ousamos
imaginar. Uma das transformações mais significativas da vida socioeconômica e político/cultural
ocorrem entre os homens e suas formas de apropriação e uso dos recursos naturais. Nenhuma
forma de organização social anterior a que vivemos apropriou-se de modo tão profundo e, na
grande maioria das vezes, de forma tão irracional, como o atual processo civilizatório.
A civilização na qual estamos inevitavelmente inseridos lembra-nos que precisamos
urgentemente superar a perspectiva do Contrato Social, tal como elaborado por Jean-Jacques
Rousseau (1999), por outra perspectiva substantivamente nova – a de Michel Serres (2004), tal
como contida em o Contrato Natural. O presente processo civilizatório exige, na verdade, que o
contrato natural entre os homens e a natureza estabeleça relações simbiônticas para que todos
(todos!) possam usufruir de modo justo dos frutos da Terra.
As 42Unidades de Conservação estaduais (UC), criadas no Amazonas a partir de 1989 (a
primeira foi o PAREST Nhamundá), são partes constitutivas desse novo contrato natural exigido
pelo nosso tempo. Essa exigência, aliás, torna-nos inevitavelmente contemporâneos das tarefas
históricas das quais não podemos fugir. Nesse momento, as Unidades de Conservação (UC)
podem ser compreendidas com territórios de biodiversidade e sociodiversidade – com marco
regulatório próprio – que carregam em seus princípios fundamentais a preservação e/ou
conservação, dependendo obviamente do tipo de UC a que nos referimos. Entendemos, assim,
que as Unidades de Conservação (UC), como áreas protegidas, podem/devem induzir a outras
formas de desenvolvimento, noutras palavras, ao desenvolvimento sustentável. Como noção
normativa, mais do que conceito científico, a sustentabilidade desse novo modo de
desenvolvimento precisa levar necessariamente em consideração a diversidade da vida biológica
e as populações tradicionais que moram, trabalham e vivem de geração em geração nas UC –
territórios de novas formas de vida – e as futuras gerações.
Por fim, manifesto a imensa satisfação, como Coordenador do Centro Estadual de
Unidades de Conservação (CEUC), organismo gestor das UC no âmbito da Secretaria de Estado
de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), em concluir e entregar publicamente
os sete Planos de Gestão – Reserva de Desenvolvimento Sustentável Igapó-Açu, Reserva
Extrativista Canutama, Floresta Estadual Canutama, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do
Matupiri, Parque Estadual do Matupiri, Floresta Estadual Tapauá e Reserva de Desenvolvimento
Sustentáveldo Rio Madeira – assim como comunicar à sociedade a criação de seis Conselhos
Gestores das respectivas UC, com a exceção da RDS do Rio Madeira que já o possuía. Não
precisamos reafirmar aqui que os Conselhos Gestores das UC são ferramentas fundamentais
para consolidar, através da vontade coletiva organizada, de modo contínuo, as Unidades de
Conservação (UC). Contudo, sua efetiva consolidação – transformando-as em celeiros de
recursos naturais renováveis e ancoradas na perspectiva de serem economicamente viáveis,
politicamente equilibradas e socialmente justas (BENCHIMOL, 2002) – depende ao mesmo tempo
do respeito ao modo de vida das populações tradicionais e sua participação política, da SDS, do
CEUC, do compromisso sociopolítico Chefe da UC, mas, também, e de modo compartilhado, das
parcerias institucionais que colaboram com a tarefa social de reinventar do mundo – onde, aliás,
o Amazonas ocupa lugar estratégico central face suas singularidades socioambientais e suas
inerentes conexões como a sociedade global.

ANTÔNIO CARLOS WITKOSKI


Coordenador do Centro Estadual de Unidades de Conservação – CEUC.

v
Equipe Técnica do Plano de Gestão do Parque
Estadual do Matupiri
Coordenação Geral
Henrique dos Santos Pereira, Eng. Agrônomo, MSc. em Biologia, Dr. em Ecologia (UFAM)

Sistematização e Redação do Documento


-Volume I – Diagnóstico
Mônica Suani Barbosa da Costa, Eng. Florestal, Esp. em Desenvolvimento Sustentável na Amazônia com
Ênfase em Educação Ambiental (NUSEC/UFAM)
Daniela Neves Garcia, Bióloga, MSc. em Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade (NUSEC/UFAM)

-Volume II - Planejamento
Josinaldo Aleixo de Sousa, Dr. em Sociologia (CONSULTOR DO ARPA)

Equipe Técnica de Planejamento


Ana Claudia da Costa Leitão, Licenciada em Letras (CEUC/SDS)
Albejamere Pereira de Castro, Eng. Agrônoma, MSc. e Dra. em Agronomia Tropical (UFAM)
Henrique dos Santos Pereira, Eng. Agrônomo, MSc. em Biologia, Dr. em Ecologia (UFAM)
Jozane Lima Santiago, Eng.Agrônoma, Mestre em Agronomia Tropical (NUSEC/UFAM)
Sergio Sakagawa, Biólogo (Chefe da UC - CEUC/SDS)
Suzy Cristina Pedroza da Silva, Eng. Florestal, MSc. em Agricultura e Sustentabilidade naAmazônia
(NUSEC/UFAM)
Therezinha de Jesus Pinto Fraxe, Eng. Agrônoma, MSc. e Dra. em Sociologia (NUSEC/UFAM)

Equipe Técnica de Revisão


Abraham Lincoln Benayon Moreira, Eng. Florestal (CEUC/SDS)
Ana Claudia da Costa Leitão, Licenciada em Letras (CEUC/SDS)
Flávio Ruben, Eng. Pesca (CEUC/SDS)
Jéssica Cancelli Faria Gontijo, Bióloga, MSc. em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade(CEUC/SDS)
Jozane Lima Santiago,Eng. Agrônoma, Mestre em Agronomia Tropical (NUSEC/UFAM)
Maria do Carmo Gomes Pereira, Eng. Florestal, MSc. em Ciências Agrárias (CEUC-SDS)
Sergio Sakagawa, Biólogo (CEUC/SDS)
Therezinha de Jesus Pinto Fraxe, Eng. Agrônoma, MSc. e Dra. em Sociologia (NUSEC/UFAM)
Valéria Regina Gomes da Silva, Economista Doméstico, Especialista em Políticas Governamentais,
Desenvolvimento Sustentável e Populações Tradicionais na Amazônia, Graduanda em Direito (CEUC/SDS)

Equipe Técnica do Diagnóstico Socioeconômico, Fundiário e Ambiental


Ademar Roberto Martins de Vasconcelos, Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental (NUSEC/UFAM)
Álvaro Carvalho de Lima, Eng. de Pesca e MSc. em Biologia (UFAM)
Amanda Nina Ramos, Cientista Social (NUSEC/UFAM)
Amazonino Lemos de Castro, Eng. Ambiental, MSc. em Ciências Florestais e Ambientais (NUSEC/UFAM)
Ana Claudia da Costa Leitão, Licenciada em Letras (CEUC/SDS)
Caroline Yoshida Kawakami Turismóloga, MSc. em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade (NUSEC
/UFAM)
Daniela Neves Garcia, Bióloga, MSc. em Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade (NUSEC/UFAM)
Eliana Aparecida Noda, Eng. Agrônoma, MSc. em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade (NUSEC/UFAM)
Heloiza Jussara de Vasconcelos Aguiar, Zootecnista (NUSEC/UFAM)
Jolemia Cristina N. das Chagas, Licenciada em Ciências Agrárias, MSc. em Agronomia Tropical
(NUSEC/UFAM)
Juliana Araújo Alves, Geógrafa, MSc. em Geógrafia (UFAM)
Kirk RenatoMoraes Soares, Eng. Agrônomo (NUSEC/UFAM)
Maria do Carmo Gomes Pereira, Eng. Florestal, MSc. emCiências Agrárias (CEUC/SDS)
Maria Eliene Gomes da Cruz, Bióloga, MSc. em Ciências Florestais e Ambientais (NUSEC/UFAM)
Marina Cobra Lacorte, Eng. Agrônoma, MSc. em Ecologia Aplicada Interunidades (CEUC/SDS)
Marinete da Silva Vasques, Eng. Agrônoma, MSc. em Agronomia Tropical (NUSEC/UFAM)

vi
Michel Fabiano Catarino, Biólogo, MSc. em Ecologia Tropical e Recursos Naturais (UFAM)
Michelle Andreza Pedroza da Silva, Bióloga, Esp. em Etnodesenvolvimento, MSc. em Ciências do Ambiente
e Sustententabilidade (NUSEC/UFAM)
Mônica Suani Barbosa da Costa, Eng. Florestal, Esp. em Desenvolvimento Sustentável na Amazônia com
Ênfase em Educação Ambiental (NUSEC/UFAM)
Roberto Franklin Perella Gonçalves, Biólogo, MSc. em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade
(CEUC/SDS)
Sâmia Feitosa Miguez, Cientista Social, MSc. em Sociologia (NUSEC/UFAM)
Samya Fraxe Neves, Cientista Social, MSc. em Antropologia (NUSEC/UFAM)
Sergio Sakagawa, Biólogo(Chefe da UC - CEUC/SDS)
Sissi Mikaella de Araújo, Administradora, Esp. em Marketing Empresarial (NUSEC/UFAM)
Suzy Cristina Pedroza da Silva, Eng. Florestal, MSc. em Agricultura e Sustentabilidade na Amazônia
(NUSEC/UFAM)

Levantamento e Caracterização dos Sítios Arqueológicos


Carlos Augusto da Silva, Cientista Social, MSc.em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade (UFAM)

Equipe Técnica do Diagnóstico Biológico


- Flora
Marisângela dos Anjos Vizcarra, Técnica em Agropecuária (UFAM)
Tony Vizcarra Bentos, Eng.Agrônomo, MSc. e Dr. em Biologia (INPA)

- Ictiofauna
Andreza dos Santos Oliveira, Biólogo, MSc.em Biologia de Água Doce e Pesca (INPA)
Gabriel Gazzana Barros, Biólogo, MSc. Ciências Biológicas (INPA)
Jansen Alfredo Sampaio Zuanon, Biólogo, MSc. em Biologia de Água Doce e Pesca Interior, Dr. Ecologia
(INPA)
Thiago Belisário D'Araújo Couto, Biólogo, MSc. em Ecologia (INPA)
Wellington Silva Pedroza, Biólogo, MSc. em Biologia de Água Doce e Pesca (INPA)

- Herpetofauna (Anfíbios, Lagartos e Serpentes)


Alexandre Pinheiro de Almeida, Biólogo, MSc. em Diversidade Biológica (UFAM)
Marcelo Gordo, Biólogo, MSc. em Biologia, Dr. Zoologia (UFAM)
Rafael de Fraga, Biólogo, MSc. emEcologia (INPA)
Vinicius Tadeu de Carvalho, Biólogo (UFAM)

- Herpetofauna (Quelônios e Crocodilianos)


Antônio Cilionei Oliveira do Nascimento, Zootecnista (UFAM)
Carlos Dias de Almeida Júnior, Eng. Florestal (UFAM)
João Alfredo da Mota Duarte, Eng. Florestal (UFAM)
Paulo Cesar Machado Andrade, Eng.Agrônomo, MSc. em Ciência Animal e Pastagens (UFAM)
Sandra Helena Silva Azevedo, Eng. Agrônoma, MSc. em Agronomia Tropical (UFAM)

- Avifauna
Cristina Dreves, Assistente de campo
Dante Buzzetti, Biólogo (IPUMA)
Ricardo Almeida, Biólogo (UFAM)
Sérgio Henrique Borges, Biólogo, MSc. em Biologia, Dr. em Zoologia (FVA )

- Mastofauna
Adriane Morais, Bióloga, MSc. emEcologia (INPA)
Fabio Rohe, Ecólogo, MSc. em Ecologia (WCS )
Jefferson Oliveira, Mestrando (INPA)

Equipe Técnica de Mapeamento Participativo e Zoneamento


Ana Claudia da Costa Leitão, Licenciada em Letras (CEUC-SDS)
Daniela Neves Garcia, Bióloga, MSc. em Desenvolvimento Econômico e Sustentabilidade (NUSEC/UFAM)
Heloiza Jussara de Vasconcelos Aguiar, Zootecnista (NUSEC/UFAM)
Maria Eliene Gomes da Cruz, Bióloga, MSc.em Ciências Florestais e Ambientais (NUSEC/UFAM)
vii
Mônica Suani Barbosa da Costa, Eng. Florestal, Esp. em Desenvolvimento Sustentável na Amazônia com
Ênfase em Educação Ambiental (NUSEC/UFAM)
Sergio Sakagawa, Biólogo(CEUC/SDS)

Equipe Técnica da Oficina de Planejamento Participativo


Ademar Roberto Martins de Vasconcelos, Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental (NUSEC/UFAM)
Ana Claudia da Costa Leitão, Licenciada em Letras (CEUC/SDS)
Geise de Góes Canalez, Eng. Florestal, MSc. em Ciências de Florestas Tropicais (NUSEC/UFAM)
Henrique dos Santos Pereira, Eng. Agrônomo, MSc. em Biologia, Dr. em Ecologia (UFAM)
Michelle Andreza Pedroza da Silva, Bióloga, Esp. em Etnodesenvolvimento, MSc. em Ciências do Ambiente
e Sustentabilidade (NUSEC/UFAM)
Maria Eliene Cruz, Bióloga, MSc. em Ciências Florestais e Ambientais (NUSEC/UFAM)
Mônica Suani Barbosa da Costa, Eng. Florestal, Esp. em Desenvimento Sustentável na Amazônia com
Ênfase em Educação Ambiental (NUSEC/UFAM)
Sergio Sakagawa, Biólogo (CEUC/SDS)
Sissi Mikaella de Araújo, Administradora, Esp. em Marketing Empresarial (NUSEC/UFAM)

Equipe Administrativa
Ademar Roberto Martins de Vasconcelos, Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental (NUSEC/UFAM)
Michelle Andreza Pedroza da Silva, Bióloga, Esp. em Etnodesenvolvimento, MSc. em Ciências do Ambiente
e Sustentabilidade (NUSEC/UFAM)
Sissi Mikaella de Araújo, Administradora, Esp. em Marketing Empresarial (NUSEC/UFAM)

Cooperação Técnica
Fundação de Apoio Institucional Rio Solimões – UNISOL
Núcleo de Socioconomia da Universidade Federal do Amazonas (NUSEC/UFAM)

Apoio Financeiro
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte – DNIT
Programa Áreas Protegidas da Amazônia do Ministério do Meio Ambiente – ARPA/MMA

viii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Localização do Parque Estadual do Matupiri. ....................................................................................... 6
Figura 2. Mapa Fundiário do Parque Estadual do Matupiri. ............................................................................ 20
Figura 3. Fitofisionomia e Caracterização da Paisagem – PAREST do Matupiri ....................................... 29
Figura 4. Mapa geomorfológico do Parque Estadual do Matupiri. ................................................................ 31
Figura 5. Mapa geomorfológico do Parque Estadual do Matupiri. ................................................................ 33
Figura 6. Mapa pedológico do Parque Estadual do Matupiri. .......................................................................... 36
Figura 7. Mapa de hidrografia do Parque Estadual do Matupiri. ................................................................... 39
Figura 8. Vegetação do Interflúvio Purus-Madeira, ressaltando as fitofisionomias vegetais da
PAREST do Matupiri. ...................................................................................................................................................... 43
Figura 9. Desenho esquemático para análise da constância. .......................................................................... 49
Figura 10. Trechos de amostragem por meio de coleta padronizada da ictiofauna no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. .................................................................................... 51
Figura 11. Localização dos pontos de amostragem no PAREST do Matupiri. ............................................ 52
Figura 12. Abundância relativa das famílias de peixes encontradas em área de
campina/campinarana no PAREST do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas......... 54
Figura 13. Abundância das espécies encontradas em área de campina/campinarana no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. .................................................................................... 55
Figura 14. Riqueza e densidade total (abundância) da ictiofauna nos trechos de amostragem no
PAREST do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. ............................................................. 56
Figura 15. Dendrograma e matriz de similaridade (Índice de Bray-Curtis) dos pontos de
amostragem da ictiofauna no PAREST do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. . 56
Figura 16. Espécies de peixe encontradas em área de campina/campinarana no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. .................................................................................... 58
Figura 17. Gráfico de diversidade e equitabilidade dos pontos amostrais do PAREST do Matupiri,
municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. ........................................................................................................ 59
Figura 18. Métodos de Amostragens. ....................................................................................................................... 61
Figura 19. Diversidade de Herpetofauna no Parque Estadual do Matupiri. .............................................. 62
Figura 20. Curva de acumulação de espécies por tempo de amostragem para os grupos de anfíbios
e répteis............................................................................................................................................................................... 63
Figura 21. Mapa da região do Parque Estadual do Matupiri, cortado pelo rio Matupiri, mostrando
os locais onde foram amostradas as aves por Ricardo Almeida e Dante Buzzetti. ................................. 68
Figura 22. Curvas cumulativas de diversidade de aves observadas e estimadas a partir do esforço
empregado nos censos................................................................................................................................................... 72
Figura 23. Agrupamento dos ambientes amostrados a partir da similaridade na composição de
espécies de aves co complexo campina/campinarana no Parque Estadual do Matupiri. .................... 72
Figura 24. Mapa das trilhas amostradas em uma área de campina e campinarana do PAREST do
Matupiri pela equipe de mastofauna entre novembro e dezembro de 2012. ........................................... 79

ix
Figura 25. Armadilha de interceptação e queda, com balde enterrado e cerca guia. ............................ 80
Figura 26. Armadilha fotográfica sendo instalada. ............................................................................................. 81
Figura 27. Mapa dos pontos amostrados através de armadilhamento fotográfico em uma área de
campina e campinarana do PAREST do Matupiri pela equipe de mastofauna entre novembro e
dezembro de 2012........................................................................................................................................................... 82
Figura 28. Religiões praticadas pela população no entorno do PAREST do Matupiri, de acordo com
diagnóstico socioeconômico de campo. .................................................................................................................. 99
Figura 29. Casal de idosos........................................................................................................................................... 101
Figura 30. Homem realizando suas atividades diárias fora de casa. .......................................................... 102
Figura 31. Preparo da farinha. .................................................................................................................................. 104
Figura 32. Maior interesse do turismo para as aldeias. .................................................................................. 107
Figura 33. Mapa de reconhecimento arqueológico PAREST do Matupiri, área de entorno. .............. 111
Figura 34. Fragmentos cerâmicos e circunferência de recipiente; parte da borda exposta. ............ 114
Figura 35. Parte de circunferência de urna funerária exposta. ................................................................... 114
Figura 36. No solo acinzentado, circunferência de recipiente cerâmico utilizado em ritual pelas
sociedades pré-colombianas. .................................................................................................................................... 116
Figura 37. Terra preta, associada a vestígios cerâmicos no terreiro da Aldeia Sapucaia. ................. 116
Figura 38. Fragmento cerâmico decorado sendo escavado pelas águas pluviais; e o solo argiloso-
arenoso, próximo do centro social. ......................................................................................................................... 118
Figura 39. Estilo de arquitetura da Aldeia Tapagem; e, ao fundo, a vegetação de palmeiras. .......... 118
Figura 40. Reunião. ....................................................................................................................................................... 126
Figura 41. Aldeia Piranha. .......................................................................................................................................... 127
Figura 42. Aldeia Sapucaia. ........................................................................................................................................ 128
Figura 43. Aldeia Sapucainha .................................................................................................................................... 129
Figura 44.Aldeia Tapagem. ........................................................................................................................................ 129
Figura 45. Localidade Correia. .................................................................................................................................. 130
Figura 46. Braço grande. ............................................................................................................................................. 131
Figura 47. Santa Maria do Poção. ............................................................................................................................. 132
Figura 48. Democracia. ................................................................................................................................................ 133
Figura 49. Jatuarana. .................................................................................................................................................... 133
Figura 50. Fotos de residências comumente encontradas na região de entorno do PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 136
Figura 51. Materiais utilizados para cobertura das residências da T.I. Cunhã Sapucaia. ................... 137
Figura 52. Distribuição da população segundo o número de cômodos nas residências. .................... 137
Figura 53. Distribuição da população segundo o numero de dormitórios na residência. ................. 138
Figura 54. Fontes de energia das residências. .................................................................................................... 138
Figura 55. Eletrodomésticos presentes nas residências. ................................................................................ 139
Figura 56. Frequência de doenças entre os usuários do PAREST do Matupiri. ...................................... 143
Figura 57. Frequência de doenças entre as crianças, PAREST do Matupiri. ............................................ 143

x
Figura 58. Fonte de água utilizada pelos moradores do entorno da Unidade de Conservação
PAREST do Matupiri em diferentes períodos sazonais. .................................................................................. 145
Figura 59. Tratamento da água realizado por usuários da Unidade de Conservação PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 146
Figura 60. Espacialização das comunidades, localidades e aldeias que utilizam o PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 150
Figura 61. Pirâmide etária do Parque Estadual do Matupiri......................................................................... 152
Figura 62. Documentos que a população do entorno do PAREST do Matupiri possui. ........................ 153
Figura 63. Estado civil no Parque Estadual do Matupiri. ................................................................................ 154
Figura 64. Organizações comunitárias presentes no entorno do PAREST do Matupiri. ..................... 157
Figura 65. Moradia na Aldeia Piranha com quintal agroflorestal ao redor, PAREST do Matupiri. . 159
Figura 66. Produção familiar de farinha de mandioca na Aldeia Piranha, PAREST do Matupiri. .... 161
Figura 67.Culturas permanentes cultivadas nos quintais agroflorestais e roças, PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 162
Figura 68. Culturas temporárias cultivadas nos quintais agroflorestais e roças, PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 163
Figura 69. Panorama da criação animal desenvolvida pelos usuários do PAREST do Matupiri
residentes no município de Borba (%). ................................................................................................................ 165
Figura 70. Panorama da criação animal desenvolvida pelas localidades indicadas como usuárias do
PAREST do Matupiri residentes no município de Manicoré/AM (%). ....................................................... 166
Figura 71. Animais silvestres criados na comunidade Jatuarana, Manicoré-AM, para as finalidades
de consumo (esquerda) e de estimação (direita). ............................................................................................. 166
Figura 72. Manejo adotado na criação de animais no entorno do PAREST do Matupiri (%). ........... 167
Figura 73. Principais produtos não madeireiros utilizados pelos moradores do Parque Estadual do
Matupiri/AM. ................................................................................................................................................................... 170
Figura 74. Principais produtos não madeireiros mais utilizados pelos moradores do Parque
Estadual do Matupiri/AM. .......................................................................................................................................... 170
Figura 75. Limites do Parque Estadual do Matupiri e as áreas de pesca dentro e no entorno da UC.
.............................................................................................................................................................................................. 178
Figura 76. Principais ambientes de pesca na área do PAREST do Matupiri. ........................................... 183
Figura 77. Apetrechos de pesca utilizados pelos comunitários que pescam no Parque Estadual do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 185
Figura 78. Lista dos principais peixes explorados pesca de subsistência e comercial ribeirinha no
Parque Estadual do Matupiri. ................................................................................................................................... 185
Figura 79. Origem das embarcações que compram pescado das comunidades que exploram a
região. ................................................................................................................................................................................ 187
Figura 80. Locais afirmados pelos usuários de onde realizam as caçadas. .............................................. 189
Figura 81. Animais mais caçados no PAREST do Matupiri e Entorno. ....................................................... 190

xi
Figura 82. Animais mais caçados pelos moradores do entorno do PAREST do Matupiri com acesso
por Manicoré/AM. ......................................................................................................................................................... 191
Figura 83. Queixadas (Tayassu pecari) criadas na comunidade Jatuarana-Manicoré-AM, para as
finalidades de consumo (esquerda) e de estimação (direita). ..................................................................... 192
Figura 84. Porcentagem de áreas especiais da ALAP BR319. ........................................................................ 218
Figura 85. Áreas prioritárias para conservação Estado do Amazonas e localização de Unidades de
Conservação Estaduais na área de influência da BR-319. .............................................................................. 219

LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Descrição das fitofisionomias do PAREST do Matupiri. ................................................................. 26
Tabela 2. Tamanho e Porcentagem de Área do PAREST do Matupiri........................................................... 27
Tabela 3. Áreas em hectares das unidades geológicas presentes no Parque Estadual do Matupiri. 30
Tabela 4. Unidades geológicas presentes no Parque Estadual do Matupiri. ............................................. 32
Tabela 5. Modelados presentes na Planície Amazônica. ................................................................................... 34
Tabela 6. Modelados presentes na Depressão Ituxi-Jari. .................................................................................. 34
Tabela 7. Descrição das classes de solo do Parque Estadual do Matupiri. ................................................. 37
Tabela 8. Descrição das fitofisionomias vegetais para PAREST do Matupiri em função das
descrições realizadas pelo RADAMBRASIL (Brasil 1978) e complementados com dados primários
da RDS Igapó-Açu e IPUMA. .......................................................................................................................................... 41
Tabela 9. Localização e caracterização dos pontos amostrados da coleta padronizada no PAREST
do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. .............................................................................. 49
Tabela 10. Caracterização limnológica e estrutural dos trechos amostrados no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas. .................................................................................... 50
Tabela 11. Número de espécies registradas em diferentes estudos realizados na região do
interflúvio Purus-Madeira. .......................................................................................................................................... 65
Tabela 12. Principais festas religiosas de Borba. ................................................................................................ 99
Tabela 13. Festas religiosas do entorno do PAREST mais citadas pela população. .............................. 100
Tabela 14. Reconhecimento de Potencial arqueológico do Rio Igapó-Açu (Parque Estadual do
Matupiri). .......................................................................................................................................................................... 112
Tabela 15. Áreas das Aldeias com ausência de vestígio arqueológico nos Rios Igapó-Açu e do
Matupiri (PAREST). ....................................................................................................................................................... 120
Tabela 16. Área de potencial arqueológico não conferida (PAREST do Matupiri)................................ 120
Tabela 17. Descrição dos lugares onde foi feito o levantamento dos dados socioeconômicos na
região do entorno do PAREST do Matupiri. ......................................................................................................... 124
Tabela 18. Infraestrutura disponível nas comunidades, localidades e aldeia do entorno PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 135
Tabela 19. Oferecimento do serviço “educação” segundo aldeia/comunidade. .................................... 140
Tabela 20. Oferecimento do serviço “educação” segundo comunidade. ................................................... 141
xii
Tabela 21. Destino dos resíduos sólidos pelos moradores do entorno da Unidade de Conservação
PAREST do Matupiri. .................................................................................................................................................... 147
Tabela 22. Localidades e aldeias que utilizam os recursos naturais no PAREST do Matupiri. ......... 149
Tabela 23. Panorama social, político e econômico do entorno do PAREST do Matupiri. ................... 151
Tabela 24. Dados dos produtos não madeireiros no município de Borba/AM, em 2012. .................. 168
Tabela 25. Dados dos produtos vegetais não madeireiros no município de Borba/AM. .................... 169
Tabela 26. Calendário de produção anual das atividades no extrativismo não madeireiro no
Parque Estadual do Matupiri/AM. ........................................................................................................................... 172
Tabela 27. Plano de Manejo Florestal em Pequena Escala (área até 500 ha) existente no Município
de Borba/Am. .................................................................................................................................................................. 173
Tabela 28. Principais produtos madeireiros utilizados pelos moradores do Parque Estadual do
Matupiri/AM. ................................................................................................................................................................... 174
Tabela 29. Extração de madeira (m³) nos municípios que compõem a região do Madeira. .............. 176
Tabela 30. Extrativismo madeireiro do município de Borba/AM, em 2008 a 2011. ............................ 176
Tabela 31. Unidades de Conservação (UCs) e área ocupada no Município de Borba/AM. ................. 177
Tabela 32. Distribuição do número de moradores entrevistados por comunidade. ........................... 178
Tabela 33. Áreas utilizadas para a exploração dos recursos pesqueiros dentro do Parque Estadual
do Matupiri. ..................................................................................................................................................................... 179
Tabela 34.Áreas utilizadas para a exploração dos recursos pesqueiros no entorno do Parque
Estadual do Matupiri. ................................................................................................................................................... 180
Tabela 35. Finalidade da atividade pesqueira pelos comunitários. ........................................................... 183
Tabela 36. Número de pescadores por comunidade, épocas em que praticam a atividade pesqueira
e forma de envolvimento com instituição de classe. ........................................................................................ 183
Tabela 37. Peixes explorados pela pesca de subsistência e comercial ribeirinha, época de captura e
tipos de apetrechos utilizados. ................................................................................................................................. 184
Tabela 38. Opinião das comunidades sobre a prática da pesca esportiva. .............................................. 186
Tabela 39. Conflitos identificados entre as aldeias e comunidades que fazem uso do Parque do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 188
Tabela 40. Produtos agrícolas vendidos (V) pelos moradores ao entorno do PAREST do Matupiri
por Núcleo (Borba e Manicoré). ............................................................................................................................... 194
Tabela 41. Produtos não madeireiros comercializados pelos moradores do entorno do PAREST do
Matupiri por Núcleo (Borba e Manicoré). ............................................................................................................ 195
Tabela 42. Dados da comercialização da produção de Castanha pelos moradores do entorno do
PAREST do Matupiri (Núcleo de Borba). ............................................................................................................... 196
Tabela 43. Dados da comercialização da produção dos Óleos Vegetais pelos moradores do entorno
do PAREST do Matupiri (Núcleo de Borba). ......................................................................................................... 197
Tabela 44. Dados da comercialização da produção dos óleos vegetais pelos moradores do entorno
do PAREST de Matupiri (Núcleo de Borba). ......................................................................................................... 198

xiii
Tabela 45. Produtos Madeireiros comercializados pelos moradores ao entorno do PAREST do
Matupiri/Núcleo de Borba. ........................................................................................................................................ 199
Tabela 46. Produtos pesqueiros comercializados pelos moradores ao entorno do PARQUE do
Matupiri por Núcleo (Borba e Manicoré). ............................................................................................................ 200
Tabela 47. Criação de animais domésticos comercializados pelos moradores ao entorno do PAREST
do Matupiri por Núcleo (Borba e Manicoré). ...................................................................................................... 201
Tabela 48. Fortalezas do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica
participativas. ................................................................................................................................................................. 213
Tabela 49. Fraquezas do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica
participativas. ................................................................................................................................................................. 214
Tabela 50. Ameaças do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica
participativas. ................................................................................................................................................................. 215
Tabela 51. Oportunidades do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação
estratégica participativas. .......................................................................................................................................... 216

LISTA DE ANEXOS
Anexo I. Decreto de Criação do Parque Estadual do Matupiri. .................................................................... 240
Anexo II. Áreas Protegidas no Estado do Amazonas. ....................................................................................... 242
Anexo III. Lista detalhada do material botânico coletado na PAREST do Matupiri. ............................ 243
Anexo IV. Lista taxonômica das espécies de peixes coletadas no PAREST do Matupiri, municípios
de Borba e Manicoré, Amazonas. ............................................................................................................................. 245
Anexo V. A Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas no Parque Estadual do Matupiri. 247
Anexo VI. Lista preliminar de espécies de aves registradas no Parque Estadual do Matupiri. ....... 250
Anexo VII. Lista Lista de espécies de mamíferos que ocorrem nas áreas de Campinas/Campinaras,
no PAREST do Matupiri e Entorno. .......................................................................................................................... 255

LISTA DE APÊNDICE
Apêndice I. Pranchas de Fotos de Anfíbiose Répteis no PAREST do Matupiri. ....................................... 259
Apêndice II. Vista aérea e terrestre dos ambientes amostrados no PAREST do Matupiri. ................ 264
Apêndice III. Algumas espécies de aves amostradas durante os trabalhos de campo no PAREST do
Matupiri............................................................................................................................................................................. 268

xiv
SIGLAS
ATER Serviço de Assistência Técnica e Extensão Rural
SDS/AM Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do
Amazonas
SEUC Sistema Estadual de Unidades de Conservação
CECLIMA Centro Estadual de Mudanças Climáticas
CEUC Centro Estadual de Unidades de Conservação
COIAB-AM Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira
DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente
FEPI-AM Fundação Estadual dos Povos Indígenas
FLONA Floresta Nacional
FUNAI Fundação Nacional do Índio
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDAM Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do
Estado do Amazonas
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
MMA Ministério do Meio Ambiente
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
MPE Ministério Público Estadual
NUSEC Núcleo de Socioeconomia da Universidade Federal do Amazonas
PPBio Programa de Pesquisa em Biodiversidade
PAREST Parque Estadual
REBIO Reserva Biológica
UFAM Universidade Federal do Amazonas
SISBIO Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade
GIZ Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit
WWF World Wide Fund for Nature
UGMUC Unidade Gestora do Centro Estadual de Mudanças Climáticas e do Centro
Estadual de Unidades de Conservação

xv
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................... 1
2. LOCALIZAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ................................................................................................. 4
3. HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO .............................................................................................................................. 7
4. CONTEXTO ATUAL DO SISTEMA DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO AMAZONAS ..............................12
5. INFORMAÇÕES GERAIS ...............................................................................................................................................15
5.1. FICHA TÉCNICA........................................................................................................................................................................... 16
5.2. ACESSO À UNIDADE DE CONSERVAÇÃO .......................................................................................................................... 17
5.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ANTECEDENTES LEGAIS................................................................................................. 18
5.4. ORIGEM DO NOME ..................................................................................................................................................................... 18
5.5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA ............................................................................................................................................................ 19
5.6. HISTÓRICO DE IMPLEMENTAÇÃO DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO ................................................................ 22
6. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL ..............................................................................................................................25
6.1. CARACTERIZAÇÃO DAS PAISAGENS E FITOFISIONOMIAS ..................................................................................... 26
6.2. FATORES ABIÓTICOS ............................................................................................................................................................... 30
6.2.1. Aspectos Geológicos............................................................................................................................................................. 30
6.2.2. Geomorfologia ....................................................................................................................................................................... 32
6.2.3. Solos........................................................................................................................................................................................... 35
6.2.4. Clima e Hidrologia ............................................................................................................................................................... 37
6.3. FATORES BIÓTICOS .................................................................................................................................................................. 40
6.3.1. Vegetação ................................................................................................................................................................................ 40
6.3.2. Fauna ........................................................................................................................................................................................ 46
6.3.2.1 Ictiofauna ...................................................................................................................................................................... 46
6.3.2.2 Herptofauna................................................................................................................................................................. 60
6.3.2.3 Avifauna ........................................................................................................................................................................ 67
6.3.2.4 Mastofauna................................................................................................................................................................... 77
6.4. SERVIÇOS AMBIENTAIS .......................................................................................................................................................... 89
6.5. POTENCIALIDADES DE USO DOS RECURSOS NATURAIS ......................................................................................... 96
7. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA DA POPULAÇÃO USUÁRIA .............................................................97
7.1. ASPECTOS CULTURAIS ............................................................................................................................................................ 98
7.1.1. Religião .................................................................................................................................................................................... 99
7.1.2. Gênero..................................................................................................................................................................................... 101
7.1.3. Alimentação ......................................................................................................................................................................... 103
7.1.4. Potencial Turístico ............................................................................................................................................................. 104
7.2. ASPECTOS ARQUEOLÓGICO ............................................................................................................................................... 108
7.3. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO ............................................................................................................................... 124
7.3.1. Descrição das Comunidades do Entorno da Unidade de Conservação e da Zona de Amortecimento124
7.2.2. Educação ............................................................................................................................................................................... 139
7.3.3. Saúde ....................................................................................................................................................................................... 142
7.3.4. Saneamento Básico ........................................................................................................................................................... 144
7.4. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E DEMOGRAFIA ................................................................................................................. 148
7.4.1. Espacialização das Comunidades do Entorno da Unidade de Conservação e da Zona de
Amortecimento ............................................................................................................................................................................... 148
7.4.2. Caracterização da População e Demografia........................................................................................................... 151
7.4.3. Registro Civil dos Moradores ......................................................................................................................................... 153
7.4.4. População Ativa e Renda ................................................................................................................................................ 154
7.5. ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA......................................................................................................................................... 157
xvi
7.6. PADRÃO DE USO DOS RECURSOS NATURAIS ............................................................................................................. 158
7.6.1. Atividades Agropecuárias ............................................................................................................................................... 158
7.6.1.1 Culturas Temporárias .......................................................................................................................................... 160
7.6.1.2 Culturas Permanentes.......................................................................................................................................... 161
7.6.1.3 Criação de Animais ................................................................................................................................................ 164
7.6.2. Atividades Extrativistas ................................................................................................................................................... 168
7.6.2.1 Atividades Extrativistas Não Madeireira ..................................................................................................... 168
7.6.2.2 Atividades Extrativistas Madeireira .............................................................................................................. 173
7.6.3. Atividades de Pesca ........................................................................................................................................................... 177
7.5.4. Uso da Fauna ....................................................................................................................................................................... 188
7.6.5. Comercialização dos Produtos ..................................................................................................................................... 192
7.7. PERCEPÇÃO DOS MORADORES SOBRE A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO DO PARQUE DO MATUPIRI202
8. ASPECTOS INSTITUCIONAIS .................................................................................................................................. 206
8.1. RECURSOS HUMANOS E INFRAESTRUTURA .............................................................................................................. 207
8.2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL ...................................................................................................................................... 208
9. ANÁLISE E AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA............................................................................................................... 209
10. DECLARAÇÃO DE SIGNIFICÂNCIA...................................................................................................................... 218
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................................................ 221
12. ANEXOS ....................................................................................................................................................................... 239

xvii
1. INTRODUÇÃO

1
O Plano de Gestão é uma das principais ferramentas de gestão da Unidade de
Conservação (UC), uma vez que está prevista legalmente no Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC) e Sistema Estadual de Unidades de Conservação
(SEUC). Além do Plano de Gestão, outra ferramenta que compõe esse conjunto é o
conselho gestor da UC.
Este Plano de Gestão do Parque Estadual do Matupiri foi elaborado em
atendimento ao artigo 33 do SEUC (Lei complementar nº 53, 2007, Amazonas). Trata-se
de um documento técnico e gerencial, fundamentado nos objetivos do PAREST enquanto
UC de Proteção Integral, tendo como base os preceitos legais e os interesses da proteção
de espécimes que fundamentaram a sua criação.
O Plano serve de base técnica e de apoio ao desenvolvimento e à gestão dessa
Unidade, subsidiando as ações da equipe do Centro Estadual de Unidades de
Conservação (CEUC) e do Conselho Consultivo, das instituições parceiras do Governo do
Estado e demais instituições que apoiam a UC.
O Plano de Gestão das UCs deve caracterizar o ambiente natural, a sociedade que
nela habita e sua usuária, definir o zoneamento, as regras de uso dos recursos naturais e
de convivência, as possibilidades de geração sustentável de renda, bem como sua
conservação, indicando os programas e subprogramas de manejo para o
desenvolvimento da UC.
No caso deste Plano do PAREST do Matupiri, apesar de ser uma UC de Proteção
Integral, existem populações indígenas no entorno do Parque que fazem uso do Parque
de forma tradicional; assim, o Plano de Gestão traz diretrizes para a reflexão dessa
relação entre a proteção dos recursos e o uso tradicional das populações.
O Plano de Gestão é, portanto, a ferramenta norteadora das ações e programas a
serem implementados na UC, e deve representar uma “fotografia” do que é a UC nos seus
mais diferentes aspectos: ambientais, socioculturais, econômicos, fauna e flora, etc.
Este volume I do PAREST do Matupiri é fruto de estudos (diagnósticos)
realizados por várias equipes de pesquisadores de áreas diversas que demonstram um
panorama da UC, e que serve de base principal para nortear o volume 2 que define os
programas, subprogramas e zoneamento da UC.
Este volume I traz uma caracterização do contexto geográfico em que está
localizada a UC, bem como uma caracterização da própria UC, quanto aos aspectos

2
ambientais, socioculturais e de socioeconomia da UC, que serve de base para o
desenvolvimento de quaisquer projetos e programas de gestão da UC.
Este Plano de Gestão se baseia em um modelo de gestão ambiente que envolve a
participação social na implementação das áreas protegidas, bem como estabelece o
compromisso de relacionar conservação, desenvolvimento sustentável e melhoria da
qualidade de vida das comunidades que habitam essas áreas protegidas ou que delas
dependem diretamente.

3
2. LOCALIZAÇÃO DA
UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO

4
O Parque Estadual do Matupiri (PAREST do Matupiri) criada pelo Decreto
Estadual N. 28.424 de 27 de março de 2009, com uma área de aproximadamente de
513.747,469 ha está localizada entre o interflúvio Rio Purus - Rio Madeira nos
municípios de Borba e Manicoré, pertencente à Mesorregião do Sul Amazonense e
Microrregião do Madeira no Estado do Amazonas.
O PAREST do Matupiri localiza-se no trecho do Km 161 ao Km 365 da BR-319, na
margem esquerda no sentido Manaus Porto-Velho. Na porção sul limita-se com o
assentamento PAE Jenipapo, é delimitada pela rodovia AM-464 e a RDS do Rio Amapá,
RDS do Matupiri. Na porção central é cortada pelo rio Matupiri (Figura 1). O PAREST do
Matupiri faz limite com a Terra Indígena Cunhã Sapucaia e RDS Igapó-Açu.

5
Figura 1. Localização do Parque Estadual do Matupiri.

6
3. HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO

7
3.1 REUNIÕES TÉCNICAS DE PLANEJAMENTO
Após a assinatura do convênio para a Implementação das Unidades de
Conservação Estaduais do Amazonas na área de Influência da BR-319 houve reuniões de
coordenação e equipe técnica para delineamento e afinamento de atividades, a saber:
 Reunião de planejamento – 02/01/2013. Pontos de destaque: definição
de contratações; formalização das equipes dos Agentes Ambientais
Voluntários, Brigadistas, Fundiário; e planejamento da logística;
 Reunião de esclarecimentos das metas – 11/01/2013. Pontos de
destaque: complementação de volumes e redimensionamentos das áreas
atendidas no convênio;
 Reunião de apresentação e discussão do formulário socioeconômico
– 23/01/2013. Pontos de destaque: alterações, correções e detalhamento
de itens presente no formulário;
 Reunião planejamento técnico da coordenação – 24/01/2013. Pontos
de destaque: estipulação de data de entrega dos planos de trabalho
individuais, previsão de pessoas nas viagens, definição de data para o
treinamento de aplicação de formulários;
 Reunião planejamento técnico da coordenação – 30/01/2013. Pontos
de destaque: informes da UNISOL, cronograma de viagens e entendimento
sobre os processos de solicitação de autorização de pesquisa e entrada nas
UCs;
 Reunião de discussão logística sobre as viagens – 31/01/2013. Pontos
de destaque: logística das viagens; determinação de setores e pontos de
apoio;
 Reunião de alinhamento do programa de Implementação das UC’s da
BR-319 – 07/02/2013. Pontos de destaque: apresentação das equipes
(NUSEC/CEUC), nivelamento de informações, articulação de
coordenadores temáticos, roteiros de ações de campo e documentos
validados do CEUC;
 Reunião de definição metodológica do Mapeamento Participativo dos
Usos dos Recursos Naturais – 20/02/2013. Pontos de destaque:
definições dos temas, método de mapeamento e aquisição da informação e
composição do relatório final;
 Reunião de fluxo de informação – 25/02/2013. Pontos de destaque:
solicitação de mapas, check list do kit para entrevista, impressão dos
formulários e definições sobre o treinamento dos formulários;
 Reunião de Plano de Ação para Próximas Viagens– 20/03/2013.
Pontos de destaque: recrutamento e seleção do cadastro reserva dos
pesquisadores temporários para as próximas viagens, treinamento e
nivelamento dos novos pesquisadores temporários para aplicação dos
8
formulários socioeconômicos, Licitações de transporte fluvial para as
expedições de RDS e PAREST do Matupiri. Solicitação do novo Edital do
Perfil VIII-Equipe da Fauna, finalização dos TDR’S de Pessoa Física novo
Edital do Perfil IV – Agente Ambiental Voluntário e Designer;
 Reunião de articulação de atividades conjugadas – 09/04/2013.
Pontos de destaque: proposta metodológica das equipes Agentes
Ambientais Voluntários, Conselho Gestor e Mapeamento participativo e
orçamento da viagem;
 Reunião Levantamentos de dados e identificação de lacunas -
09/04/2013. Pontos de Destaque: Análise dos dados coletados em campo
e conclusão do Volume I, Definição dos pontos focais dos dados, Definição
dos pesquisadores que farão sistematização dos demais Planos de Gestão;
 Reunião de Planejamento de Viagem das Equipes de Agente Ambiental
Voluntário, Conselho Gestor e Mapeamento Participativo - 11/04/2013.
Pontos de Destaque: Ações necessárias para RDS e PAREST do Matupiri;
 Reunião de Estratégias para Pesquisa de Campo PAREST e RDS do
Matupiri - 17/04/2013. Pontos de Destaque: Apresentação das equipes e
coordenações; Abordagem da pesquisa e instrumentos de coleta de dados;
Mobilização nas aldeias, comunidades e localidades; Roteiro de Viagem;
Divisões de Tarefas, Orientação às atividades que deverão ser executadas
durante toda a viagem; Preparação do material de campo;
 Reunião Geral sobre a RDS e PAREST do Matupiri - 06/05/2013.
Pontos de Destaque: levantamento parcial sobre a primeira expedição RDS
e PAREST do Matupiri; desenvolvimento do novo Formulário Focal e
treinamento dos pesquisadores; Reavaliação da estratégia de trabalho na
T.I – Terra Indígena e Planejamento para Segunda Expedição no PAREST
do Matupiri;
 Reunião de Avaliação de Viagem da RDS e PAREST do Matupiri –
10/05/2013. Pontos de Destaque: apresentação da equipe envolvida,
recomendações da Coordenação Técnica e Aplicação da Análise
SWOT/FOFA;
 Reunião sobre Pendências de Relatórios/Produtos com a
Coordenação de Equipes -18/06/2013. Pontos de Destaque:
Apresentação dos Coordenadores das Equipes do Conselho Gestor, Agente
Ambiental Voluntário e Fauna/Flora; Encaminhamento da Coordenação
sobre a Nota Técnica desenvolvida pelo o Gestor da PAREST do Matupiri;
 Reunião de Planejamento da Logística para Próximas Expedições -
01/07/2013. Pontos de Destaque: Apresentação do responsável pela
logística das expedições executadas e a executar; previsão de datas;
fechamento do financiamento e atividades que serão desenvolvidas pelo
PIUC 319 e ARPA em RDS e PAREST do Matupiri;

9
 Planejamento de Expedições das Equipes: Conselho Gestor,
Mapeamento Participativo e Agente Ambiental Voluntário –
04/07/2013. Pontos de Destaque: fechamentos das datas para expedições
nas atividades pendentes no PAREST do Matupiri, RDS do Matupiri e
Floresta Estadual Tapauá; pesquisadores disponíveis para desenvolver as
atividades; logística de campo; mobilização nas UC’s pelos Gestores.

Expedições realizadas

 Diagnóstico socioeconômico: Período de 20 de abril a 01 de maio de 2013.


 Oficina de mapeamento participativo: Período de 20 a 29 de maio de 2013.
 Oficina de formação do conselho gestor: Período de 20 a 29 de maio de
2013.
 Oficina de formação do conselho gestor: Período de 09 a 14 de maio de
2013.
 Oficina de sensibilização do agente ambiental voluntário: Período 09 a 14
de maio de 2013.
 Oficina de Planejamento Participativo realizado pelo ARPA: Período de
setembro a outubro de 2013.
 Consulta Pública para aprovação do Plano de Gestão: Período de 11 de
março de 2014.
 Reunião do Conselho Gestor para deliberação do Plano de Gestão: Período
de 13

Protocolos SDS/CEUC

Em abril de 2013 foram realizadas as excursões de campo para a realização do


diagnóstico socioeconômico da RDS e PAREST do Matupiri, para a realização dessa
atividade procedeu-se de acordo com os Tramites para Autorização de Pesquisa em
Unidades de Conservação Estaduais do Amazonas do Centro Estadual de Unidades de
Conservação - CEUC.
Foi realizado um pedido de autorização para entrada da equipe executora nas
Unidades de Conservação junto ao CEUC/SDS no dia 08 de março de 2013.
Compondo o processo constam os seguintes documentos:

 Termo de responsabilidade
 Atestado de ciência do termo de responsabilidade
 Autorização de entrada na UC

Os documentos protocolados no CEUC estão em anexo a esse documento.

10
Termo de Coleta ICMBio/IBAMA(SISBIO)

O diagnóstico biológico do PAREST do Matupiri não faz parte das atividades do


Plano de Trabalho da UNISOL. Dessa forma, o CEUC deve solicitar da organização
responsável o referido documento.

Termo PPBio
Não houve necessidade de autorização devido às áreas não fazerem parte do
diagnóstico biológico.

Formalizações dos projetos de pesquisa


As autorizações necessárias para o desenvolvimento das atividades de
Diagnóstico Socioeconomia e Biológico seguiram os procedimentos do CEUC/SDS, com
os documentos Protocolados na SDS sob ofício nº 92/2013 e 139/2013, que para as
entradas e coletas necessárias foram obtidos autorização Nº 23 (vinte e três) licenças de
coletas emitidas pelo SISBIO complementadas por termo de anuência do CEUC.

11
4. CONTEXTO ATUAL DO SISTEMA
DE UNIDADE DE CONSERVAÇÃO NO
AMAZONAS

12
A partir da criação do Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), por
meio da Lei Federal nº. 9.985, de 18 de junho de 2000, o Brasil vem passando por um
processo evolutivo significativo no âmbito ambiental, mais especificamente no âmbito
das áreas protegidas, tanto em relação aos marcos regulatórios, como na ampliação de
unidades de conservação. As unidades de conservação criadas no Estado do Amazonas,
por exemplo, entre 2003 e 2009 representam cerca 11 % do total de áreas protegidas
criadas no mundo nesse período (CEUC/SDS, 2010a).
Atualmente a política ambiental do Amazonas é executada pela Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável – SDS, que integrou a
estrutura administrativa do Poder Executivo do Governo do Estado, como órgão da
Administração Direta, por meio da Lei n.º 2.783 de 31 de janeiro de 2003. A supervisão
dessa política é feita pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Amazonas
– CEMAAM, previsto no art. 220 da Constituição Estadual de 1989, e instituído pela Lei n.
2.985 de 18 de outubro de 2005 (CEUC, 2010e).
As legislações estaduais alinham-se aos mesmos princípios do sistema nacional,
ajustando a regra geral às peculiaridades locais, muitas vezes funcionando como um
complemento. Dessa forma, em 05 de junho de 2007 a Assembleia Legislativa do Estado
do Amazonas promulgou a Lei Complementar Nº 53, que instituiu o Sistema Estadual de
Unidades de Conservação (SEUC), o qual estabelece normas e critérios para criação,
implantação e gestão das unidades de conservação estaduais, incluindo infrações e
penalidades nessas áreas (CEUC, 2010b).
À realidade local que abriga diversas populações tradicionais no interior da
floresta. Esta categoria atualmente é a mais representada no Sistema Estadual,
refletindo uma política voltada à conservação e ao desenvolvimento de forma conciliada,
já que as RDS abrigam comunidades tradicionais, cuja subsistência baseia-se em
sistemas mais sustentáveis de utilização dos recursos naturais. Tais comunidades
podem desempenhar um papel fundamental na conservação da natureza por serem seus
usuários diretos. Atualmente, entre as 42 UC, nove são de proteção integral e 32 de uso
sustentável (CEUC, 2010a).
Além das Reservas de Desenvolvimento Sustentável, o SEUC também prevê a
consolidação de mosaicos de Unidades de Conservação, que constituem conjuntos de UC
em uma mesma região e que podem incluir ambas as modalidades (proteção integral e
uso sustentável), tanto da esfera Federal quanto da Estadual. A gestão de um mosaico de
13
Unidades de Conservação é feita de forma integrada e participativa, considerando os
objetivos e contextos distintos de cada UC (CEUC, 2010a). As Unidades de Conservação
do Entorno da rodovia BR-319, por exemplo, se enquadram no contexto de um mosaico.
Para operacionalizar o SEUC, além da necessidade de estrutura adequada e
instrumentos jurídicos necessários, são publicados pelo Governo do Estado do
Amazonas, quando necessário, portarias, decretos e instruções normativas. Dentro deste
arcabouço, foi instituído pela Lei Nº 3.244, de 04 de abril de 2008, o Centro Estadual de
Unidades de Conservação - CEUC, juntamente com o Centro Estadual de Mudanças
Climáticas (CECLIMA), ambos como parte da Unidade Gestora do Centro Estadual de
Mudanças Climáticas e do Centro Estadual de Unidades de Conservação (UGMUC),
vinculada à SDS (CEUC, 2010c).
Por serem inúmeros e complexos os desafios enfrentados nessa temática, o órgão
conta ainda com parcerias com as organizações sociais que representam os moradores
das unidades de conservação, organizações não governamentais e instituições públicas e
privadas, nas esferas municipal, estadual, federal e internacional (CEUC/SDS, 2010).
Entre diversas outras fontes de recursos financeiros do CEUC, atualmente, as principais
são provenientes do Ministério de Transportes (DNIT), para a implementação de UCs
situadas na área da influência da BR 319, da Petrobras, referente à compensação
ambiental das obras do Gasoduto Coari-Manaus e do Programa Áreas protegidas da
Amazônia – ARPA, vinculado ao Ministério de Meio Ambiente (CEUC, 2010c).
De acordo com CEUC (2010 d), o histórico de crescimento do SEUC é recente e
desde 2003 o número de unidades de conservação aumentou de 12 para 41, sendo que
existem mais projetos de criação em estudo e em andamento. O Estado do Amazonas
tem hoje, 49,14% de seu território protegido e, apesar da existência de algumas
sobreposições de terra, o Sistema Estadual de UCs é responsável por 19.007.032,62
milhões de ha (Anexo).

14
5. INFORMAÇÕES GERAIS

15

NUSEC/UFAM (2013)
5.1. FICHA TÉCNICA
Nome PAREST do Matupiri
Área 513.747,469 ha
Municípios abrangidos Borba e Manicoré

Unidade Gestora CEUC/ SDS - Governo do Estado do Amazonas

Rua Recife 3280, Parque 10 de Novembro, CEP 69050-


Endereço da sede Manaus e contato 030, Manaus – AM.
(92)3236-3070; (92)3642-4607

São aproximadamente 66 famílias usuárias na área do


População entorno da UC, em sua maioria da Terra Indígena Cunhã
Sapucaia, totalizando 309 pessoas.

Entidades representativas da TI Cunhã-Sapucaia, PAE Jenipapo, RDS Rio Amapá e o


população Conselho Gestor do Parque Matupiri.
Ponto 1: -60°54'23''WGr -04°44'54''S
Ponto 2: -60°49'14''WGr -04°53'18''S
Ponto 3: -60°52'18''WGr -04°56'18''S
Ponto 4: -61°02'31''WGr -04°58'32''S
Ponto 5: -60°54'44''WGr -05°06'45''S
Ponto 6: -60°43'13''WGr -05°06'42''S
Ponto 7: -60°59'59''WGr -05°24'26''S
Ponto 8: -61°14'33''WGr -05°28'04''S
Ponto 9: -61°20'26''WGr -05°23'53''S
Ponto 10: -61°22'28''WGr -05°25'26''S
Ponto 11: -61°26'59''WGr -05°25'31''S
Ponto 12: -61°28'52''WGr -05°26'25''S
Ponto 13: -61°30'43''WGr -05°28'58''S
Ponto 14: -61°31'13''WGr -05°29'16''S
Ponto 15: -61°34'09''WGr -05°29'48''S
Ponto 16: -61°34'57''WGr -05°28'55''S
Ponto 17: -61°34'57''WGr -05°27'55''S
Ponto 18: -61°46'21''WGr -05°15'21''S
Coordenadas geográficas dos
Ponto 19: -61°45'05''WGr -05°10'07''S
vértices poligonais da área
Ponto 20: -61°42'57''WGr -05°07'56''S
Ponto 21: -61°40'05''WGr -05°07'07''S
Ponto 22: -61°34'26''WGr -05°04'21''S
Ponto 23: -61°30'27''WGr -05°03'24''S
Ponto 24: -61°25'37''WGr -05°03'44''S
Ponto 25: -61°21'59''WGr -05°00'55''S
Ponto 26: -61°21'21''WGr -04°57'20''S
Ponto 27: -61°20'15''WGr -04°56'56''S
Ponto 28: -61°19'59''WGr -04°55'22''S
Ponto 29: -61°16'54''WGr -04°53'19''S
Ponto 30: -61°12'15''WGr -04°50'45''S
Ponto 31: -61°10'06''WGr -04°52'10''S
Ponto 32: -61°07'08''WGr -04°50'37''S
Ponto 33: -61°06'42''WGr -04°49'54''S
Ponto 34: -61°04'44''WGr -04°48'55''S
Ponto 35: -61°01'40''WGr -04°48'00''S
Ponto 36: -60°59'39''WGr -04°47'21''S
Ponto 37: -60°57'46''WGr -04°46'49''S

16
Decreto Decreto Estadual nº 28.424 de 27 de março de 2009
Ao norte: a área é delimitada pela RDS Igapó Açu
Ao sul: a área é delimitada pelo Igarapé Matupiri.
Limites A leste: o PAREST está delimitado pela RDS do Rio
Amapá
A oeste: o PAREST está delimitado pela RDS do Matupiri
Bioma Floresta Amazônica

Floresta Ombrófila Densa Aluvial Dossel Emergente,


Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas Dossel
Emergente, Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com
Tipologias Vegetacionais
Palmeiras, Floresta Ombrófila Aberta Terras Baixas com
Palmeiras, Savana Gramíneo-Lenhosa sem floresta-de-
galeria

Ausente – A UC não está inserida no território do


Corredor Central da Amazônia, mas no seu entorno
Corredor Ecológico
direto existem outras áreas protegidas estaduais e
federais.

Atividades em desenvolvimento Pesca esportiva e subsistência; extrativismo

Atividades potenciais Ecoturismo

Pesca esportiva ilegal; Extração ilegal de madeira; caça


Atividades conflitantes
ilegal

Atividades de uso público Ausente

Não há população residente na UC. Borba área urbana


Zona populacional e densidade
equivale a 3,15 km², com uma população de 35.919
demográfica
(IBGE, 2012) e densidade demográfica de 0,81 hab./km².

5.2. ACESSO À UNIDADE DE CONSERVAÇÃO


O acesso principal ao PAREST do Matupiri é por via fluvial pelo Rio Madeira. Há
barcos semanais descendo o Rio Amazonas e subindo o Rio Madeira que fazem escalas
nas sedes dos municípios: Nova Olinda, Borba, Novo Aripuanã e Manicoré, que é o
principal ponto de partida e chegada ao PAREST do Matupiri. O trajeto de lancha
Manaus-Borba dura cerca de 6 (seis) horas. Para chegar até ao PARQUE leva em torno de
(7 a 12 horas) é preciso alugar barco com motor de popa 40 HP (“voadeira”).
A partir de Borba até Autazes pode-se também ir via fluvial até a estrada do
Rosarinho, onde existe um serviço diário de lanchas rápidas (“jato”), depois pega um
ônibus até o município Careiro da Várzea. É possível chegar ainda, por via área com
aviões de pequeno porte no município de Borba (observação todos os dias tem voo).

17
5.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ANTECEDENTES LEGAIS
Através iniciativa do Governo Federal, a BR-319 se encontrava em processo de
revitalização. Esta proposta tem o intuito de reativar o corredor viário que liga a região
norte do Brasil com o resto do país. Porém, visando à manutenção dos ecossistemas
amazônicos, a reativação desta estrutura viária, pode se tornar uma grande porta de
entrada para o aumento das atividades agropecuárias e consequentemente a degradação
do meio ambiente e, em especial, o avanço do arco do desmatamento que, atualmente,
atinge as regiões do sul do Amazonas (FEARNSIDE, 2003).
Visando minimizar estes impactos, em 2009, o Governo do Estado do Amazonas
criou, através de decretos estaduais, seis novas UC no interflúvio Purus-Madeira, onde
está inserida a BR-319; a RDS do Matupiri, RDS Igapó-açú, FLORESTA Canutama, RESEX
Canutama, FLORESTA Tapauá e, finalmente, o PAREST do Matupiri.
O Parque Estadual do Matupiri (PAREST do Matupiri), Unidade de Conservação
de proteção integral, foi criado através do Decreto Estadual nº. 28.424, de 27 de março
de 2009(Amazonas, 2009), localizado nos municípios de Borba e Manicoré, nas bacias
do Rio Matupiri, tem como objetivo proteger áreas de extrema importância para a
biodiversidade dos ecossistemas amazônicos, deste interflúvio, além de blindar as áreas
do contexto de BR-319, contra os avanços das atividades de desmatamento que
acompanharão a revitalização e ocupação das áreas de entorno desta rodovia,
possibilitando a realização de pesquisas científicas, desenvolvimento de atividades de
educação ambiental e recreação em contato com a natureza ecológica.
É uma área relativamente isolada, onde seu principal acesso é através da AM-464
que atualmente se encontra desativa e intransitável, um ramal da BR-319 que liga o rio
Madeira à BR-319.

5.4. ORIGEM DO NOME


A origem do nome da UC deu-se por conta do Rio Matupiri. Uma vez que o nome
tem origem Tetragonopterus Chalceus (Spix x Agassiz), conhecido popularmente como
Matupiri, é um peixe teleósteo da família dos caracídeos. É nativo da Amazônia. Possui
coloração prateada, com dorso escuro e abdômen branco. Alimenta-se de invertebrados
aquáticos, sementes e restos de animais. Este peixe é bastante usado para isca
(tucunaré). A etimologia “Matupiri” originou-se do Tupi Matupiri.
18
5.5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA
O Parque Estadual do Matupiri está localizado em dois municípios do Estado do
Amazonas, sendo que grande parte do seu território está localizado no município de
Manicoré (90,05%) e no município de Borba (9,05%). O Parque Estadual do Matupiri
possui uma área de 513.747,469 ha, divididos, predominantemente, em áreas de terras
não matriculadas pertencentes ao Governo do Estado do Amazonas (509.591,40ha);
áreas de terras com título definitivo Parque Estadual do Matupiri (121.632,87ha)
(Figura 2).

19
Figura 2. Mapa Fundiário do Parque Estadual do Matupiri.

Fonte: ITEAM, 2013.

20
O Parque Estadual de Matupiri não possui áreas de ocupação humana, está
entrecortado por igarapé e rios, são 16 igarapés (Caniço, Castanhal-Piriá, Cururu, Terra
Nova, Vila, Pavão, Pedras, Açu, Invira, Praia Grande, Maçangana, Praia Alta, Arara, Água
Vermelha, Matupiri e Bom Futuro) e dois rios (Amapá e Matupiri); faz divisa com as
terras indígenas Cunhã - Sapucaia e com as reservas de uso Estaduais RDS do Rio Amapá
e RDS do Rio Madeira e PAE Jenipapo, formando com estas o mosaico de unidades de
conservação do centro-sul do Amazonas.
O Parque Estadual de Matupiri está limitado do ao norte por grande parte da
extensão da rodovia BR 319. Ao sul há uma infinidade de áreas particulares, cabe
ressaltar que estas áreas particulares estão localizadas dentro da Terra Indígena
Pinatuba, havendo sobreposição de terras particulares. A gleba nas quais estão
localizadas estas áreas particulares e terras indígenas pertence ao Estado do Amazonas.
No entorno do parque existem 26 comunidades com cerca de 480 famílias que
utilizam a agricultura, caça e pesca como principais atividades de subsistência. O parque
tem implicações socioeconômicas por representar a conservação de uma grande área de
floresta de várzea do médio rio Madeira, essencial a manutenção dos estoques
pesqueiros da região. O parque também tem um forte potencial para ecoturismo, em
especial o turismo ornitológico. A cidade de Borba, sede de um dos municípios do
parque possui um roteiro turístico estabelecido, Festa de Santo Antônio de Borba, que
ocorre no início de junho sendo considerada uma das maiores festas religiosas do
estado.
Dentro da delimitação territorial do Parque Estadual do Matupiri não há projetos
de assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. No
entanto, há quantidade significativa de projetos de assentamentos localizados nos
municípios de Borba e Manicoré. Em Borba há 09 projetos de assentamentos (PA
Puxurizal, PA Piaba, PAE Abacaxis, PAE Trocanã, PAE Tupana Igapó-Açu, PAE Maripiti,
PAE Anumaã, RDS Canumã e PDS Axinim) e em Manicoré há também 09 projetos de
assentamentos (PA Matupi, PAE Matupiri, PAE Jenipapos, Resex do Lago Capanã Grande,
RDS Amapá, PAE Onças, PAE Lago do Acará, PAE Baetas e PAE Fortaleza).

21
5.6. HISTÓRICO DE IMPLEMENTAÇÃO DA UNIDADE DE
CONSERVAÇÃO
2004 – O Ministério de Meio Ambiente e o Ministério dos Transportes criam a
Portaria Interministerial Nº 273, que cria e estabelece diretrizes para o Programa
Nacional de Regularização Ambiental das Rodovias Federais.
2005 – O Governo Federal define recuperação do pavimento da Rodovia BR-319,
que liga Manaus/AM a Porto Velho/RO.
2006 – Com base no Artigo 22-A (SNUC), o MMA decreta Área de Limitação
Administrativa Provisória (ALAP) no entorno da BR-319 com o objetivo de realizar
estudos voltados à criação de unidades de conservação.
Por meio do Decreto s/n, de 2 de janeiro de 2006, o Governo Federal submeteu o
entorno da rodovia BR-319 (uma área de aproximadamente 15 milhões e 400 mil
hectares), à limitação administrativa provisória (ALAP) com o objetivo de evitar que
atividades e empreendimentos efetiva ou potencialmente causadores de degradação
ambiental pudessem prejudicar o estado dos recursos naturais ali existentes, enquanto
os órgãos competentes realizavam estudos para a criação de unidades de conservação.
Os estudos e consultas públicas em toda a região da ALAP, além de intensas
negociações, tanto internas ao governo federal como junto ao Governo do Amazonas,
produziram a proposta de um “mosaico” de unidades de conservação, já resguardadas
áreas de possível interesse de povos indígenas. A proposta de mosaico de áreas
protegidas, então chamado ALAP da BR-319, é composta por 13 UCs, abrangendo uma
área de 9.414.486 ha, sendo 29% de proteção integral e 71% de uso sustentável.
2008–Portaria № 295 do MMA instituiu o Grupo de Trabalho - GT BR-319, com a
finalidade de elaborar diretrizes e acompanhar o processo de Licenciamento Ambiental
da Rodovia BR-319.
Foi instituído também o subgrupo de Proteção e Implementação das UC da
BR-319, composto pelo ICMBio, SDS/AM, SEDAM/RO e Conservation Strategy Fund
(CSF), elaborou o Plano de Proteção e Implementação das UC da BR-319, que propõem o
planejamento regionalizado e integrado.
Posteriormente, após as reuniões do GT-BR-319, o DNIT repassou recursos para
o Governo do AM e ICMBio, para implementação do Plano de Proteção e
Implementação das UC da BR-319.
22
O estudo promovido pela Conservação Estratégica (2009) avaliou a eficiência
econômica da recuperação de seu principal segmento (aprox. 400 km) no Estado do
Amazonas, e concluiu que o projeto geraria prejuízos para os cofres públicos de 316
milhões de reais (em “análise convencional”) e 785 milhões de reais (em “análise
integrada”). Seria necessário que benefícios brutos do projeto fossem três vezes maior
segundo a “análise convencional”, e, cinco vezes maior, segundo a “análise integrada”,
para que o projeto atingisse viabilidade econômica.
Entre 2006 e 2009 o Governo do Amazonas com base no SEUC 1criou

2.603.778,31 hectares em unidades de conservação estaduais na região do interflúvio


Purus-Madeira, ocupando partes dos municípios de Canutama, Borba, Manicoré, Beruri,
Novo Aripuanã e Tapauá. Entre as unidades de conservação estaduais que foram criadas
no interflúvio Purus-Madeira está a RDS do Matupiri.
2010 – PAREST do Matupiri tem como marco inicial a contratação do chefe da
UC.
Junho de 2010
 Início dos trabalhos - apresentação da Fundação Djalma responsável pela
elaboração do Plano de Gestão das nove UCs da BR-319 (IPUMA);
 Realização de Oficina em Manaus para nivelamento e Planejamento das
atividades com IPUMA;
 Apresentação do CEUC/SDS e dos Chefes de UC para as lideranças locais e
comunitárias;
Julho de 2011
 Realizada a sinalização ao longo das cinco Ucs da BR -319;
Setembro de 2011
 Reunião com ex moradores do Rio Matupiri, sobre a possibilidade de retorno das
famílias que residiam anteriormente na região, antes da criação das UCs;
Maio de 2012
 Realizada reunião com ex-moradores do Rio Matupiri, que atualmente residem
na Terra Indígena Cunhã Sapucaia para tratar sobre assunto relacionados a

1
O SEUC (Lei Complementar nº 53, de 05 de junho de 2007) é a legislação vigente que estabelece as diretrizes
de criação, implementação e gestão de Unidades de Conservação no Estado do Amazonas.
23
gestão da RDS e PAREST do Matupiri, abordando o seguinte tema atividade de
turismo na Terra Indígena Cunha Sapucaia;
Julho de 2012
 Primeira reunião do Chefe da UC PAREST do Matupiri com os moradores da
Terra Indígena Cunhã Sapucai, com objetivo de explicar o objetivo do CEUC e
como atua;
Abril de 2013
 Realizada primeira atividade de levantamento do diagnóstico socioeconômico da
RDS e PAREST do Matupiri nos rios Autaz Mirim, Igapó-Açu e Matupiri pelos
chefes da UC Ana Claudia Leitão e Sergio Sakagawa;
Maio de 2013
 Sensibilização para com os moradores da área do entorno da RDS do Matupiri
para retomada na Elaboração do Plano de Gestão;
Janeiro de 2014
 Reunião junto ao órgão gestor para fechar calendário da Consulta Pública;
Março de 2014
 Consulta Pública realizada em Borba no dia 11/03/2014;
 Reunião do Conselho Gestor para deliberação do Plano de Gestão no dia
13/03/2014.

24
6. CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

25

NUSEC/UFAM (2013)
6.1. CARACTERIZAÇÃO DAS PAISAGENS E
FITOFISIONOMIAS
De acordo com a classificação do Projeto RADAMBRASIL, 1977 (Base Cartográfica
do IBGE, na escala 1:250.000, de 2007) o PAREST do Matupiri possui cinco
fitofisionomias principais: Floresta Ombrófila Densa Aluvial com Dossel Emergente
(Dae), Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas com Dossel Emergente (Dbe), Floresta
Ombrófila Aberta de Terras Baixas com Palmeiras (Abp), Floresta Ombrófila Aberta
Aluvial com palmeiras (Aap), e Savana - Gramíneo-Lenhosa, sem floresta-de-galeria
(Sgs)(Figura 3 e Tabela 1).

Tabela 1. Descrição das fitofisionomias do PAREST do Matupiri.

Vegetação Classes Descrição

A Floresta Ombrófila Densa Aluvial é a formação ribeirinha ou


“floresta ciliar” que ocorre ao longo dos cursos de água, ocupando os
terraços antigos das planícies quaternárias. Esta formação é
constituída por macro, meso e microfanerófitos de rápido
crescimento, em geral de casca lisa, tronco cônico, por vezes com a
forma característica de botija e raízes tabulares. Apresenta com
frequência um dossel emergente uniforme, porém, devido à
Floresta Floresta exploração madeireira, a sua fisionomia torna-se bastante aberta. É
Ombrófila Ombrófila uma formação com muitas palmeiras no estrato dominado e na
Densa Aluvial Densa Aluvial submata, e nesta ocorrem nanofanerófitos e alguns caméfitos no meio
com Dossel (Floresta de plântulas da densa reconstituição natural do estrato dominante.
Emergente Tropical Em contrapartida, a formação apresenta muitas lianas lenhosas e
(Dae) Pluvial) herbáceas, além de grande número de epífitas e poucos parasitas. As
ochlospecies que ocorrem ao longo do Rio Amazonas são as mesmas
que existem nas margens dos seus afluentes, tanto os da margem
direita como os da esquerda, ao passo que as espécies que existem nos
rios das serras costeiras do território extra-amazônico apresentam
uma variação conforme a latitude em que ocorrem. As principais
ochlospecies que ocorrem na Floresta Ombrófila Densa Aluvial são:
Ceiba pentandra (L.) Gaertn, Virola surinamensis (Rol. ex Rottb.) Warb.,
e Tapirira guianensis Aubl. Os gêneros Mauri tia e Euterpe ocorrem
com suas espécies bem marcadas.

Floresta É uma formação que em geral ocupa as planícies costeiras, capeadas


Ombrófila por tabuleiros pliopleistocênicos do Grupo Barreiras. Ocorre desde a
Densa de Floresta Amazônia, estendendo-se por toda a Região Nordeste até
Terras Baixas Ombrófila proximidades do Rio São João, no Estado do Rio de Janeiro. Tais
com Dossel Densa de tabuleiros apresentam uma florística bastante típica, caracterizada
Emergente Terras Baixas por ecótipos dos gêneros Ficus, Alchornea, Handroanthus e pela
(Dbe) ochlospecie Tapirira guianensis Aubl.

26
Floresta Esta formação, compreendida entre 4o de latitude Norte e 16 o de
Ombrófila latitude Sul, em altitudes que variam de 5 até 100 m, apresenta
Aberta de Floresta predominância da faciação com palmeiras. É também encontrada em
Terras Baixas Ombrófila estado natural, mas, no caso, em associação com outras angiospermae,
com Aberta de em comunidades isoladas dos Estados do Maranhão e do Pará, sempre
Palmeiras Terras Baixas situadas abaixo de 100 m de altitude.
(Abp)

Floresta Formação estabelecida ao longo dos cursos de água ocupa as planícies


Ombrófila e terraços periodicamente ou permanentemente inundados, que na
Aberta Floresta Amazônia constituem fisionomias de matas-de-várzea ou matas-de-
Aluvial com Ombrófila igapó, respectivamente. Tem composição florística e características
palmeiras Aberta ecológicas predominantes, semelhantes às da Floresta Ombrófila
(Aap) Aluvial Densa Aluvial, apenas na fisionomia destaca-se por apresentar um
grande número de palmeiras de grande porte que, não raro, formam
gregarismos. Às vezes destaca-se, também, pela dominância de lianas
lenhosas e herbáceas, cobrindo um rarefeito estrato de árvores.

Gramíneo- Prevalecem nesta fisionomia, quando natural, os gramados


Lenhosa, sem entremeados por plantas lenhosas raquíticas, que ocupam extensas
floresta-de- Savana áreas dominadas por hemicriptófitos e que, aos poucos, quando
galeria manejados através do fogo ou pastoreio, vão sendo substituídos por
geófitos que se distinguem por apresentar colmos subterrâneos,
(Sgs) portanto mais resistentes ao pisoteio do gado e ao fogo. Destacam-se
também muitas nanofanerófitas raquíticas das famílias Asteraceae,
Compositae, Myrtaceae, Melastomataceae, Malvaceae e outras de
menor expressão fisionômica.

Fonte: IBGE, 2012.

Das cinco fitofisionomias abrangentes no PAREST do Matupiri, destaca-se a


Floresta Ombrófila Densa de Terras Baixas com Dossel Emergente com 91% do total da
Unidade (Tabela2).

Tabela 2. Tamanho e Porcentagem de Área do PAREST do Matupiri.

Tipo de Vegetação Tamanho da Área em Percentual de


hectare (Ha) Área (%)

Dbe Floresta Ombrófila Densa de Terras 467.142,49 91%


Baixas com Dossel Emergente

Sgs Savana Gramíneo-Lenhosa, sem 33.410,82 7%


floresta-de-galeria

Aap Floresta Ombrófila Aberta Aluvial 3.866,83 1%

27
com palmeiras

Abp Floresta Ombrófila Aberta de Terras 964,76 0%


Baixas com Palmeiras

Dae Floresta Ombrófila Densa Aluvial 510,30 0%


com Dossel Emergente

S/Inf. Áreas sem informação 7.852,27 2%

Total da Área UC 513.747,47 ------

28
Figura 3. Fitofisionomia e Caracterização da Paisagem – PAREST do Matupiri

29
6.2. FATORES ABIÓTICOS
O presente item traz informações sobre a Unidade no que diz respeito às
características do meio abiótico. Foram caracterizados os seguintes aspectos: clima,
geologia, geomorfologia, solos e hidrografia/hidrologia.

6.2.1. Aspectos Geológicos


A Amazônia está inserida no contexto regional de duas grandes unidades: o
Cráton Amazônico e a Bacia do Amazonas (ALMEIDA et al., 1981) a qual divide o Cráton
Amazônico em duas porções distintas: uma a norte e outra a sul da Bacia Amazônica. A
maior entidade tectônica está representada pelo Cráton Amazônico e corresponde a
duas principais áreas pré-cambrianas: o Escudo das Guianas ao norte da bacia
amazônica e o Escudo Brasil – Central a sul daquela bacia. No âmbito do estado, parte do
cráton encontra-se recoberto pelas bacias Solimões e Amazonas (CPRM, 2006).
O Parque Estadual do Matupiri compreende três unidades geológicas - Cobertura
Dedrito Laterítica, Formação Iça, e Aluviões Holocenicos (Figura4). Em maior
concentração consta a Cobertura Detrico Laterítica e a Formação Iça (
Tabela 3). Os Aluviões Holocênicos estão presentes em pequenas porções as
margens do Rio Matupiri e no Igarapé Açú e parte do rio Amapá.

Tabela 3. Áreas em hectares das unidades geológicas presentes no Parque Estadual do Matupiri.

Unidade geológica Área (ha) (%)

Cobertura Dedrito Laterítica 250.869,10 49,60%

Formação Iça 249.613,42 49,35%

Aluviões Holocenicos 5.308,61 1,05%

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

30
Figura 4. Mapa geomorfológico do Parque Estadual do Matupiri.

31
Na tabela 4 são descritas as unidades geológicas presente na área de estudo. A
descrição teve como referência o trabalho desenvolvido pela Geologia e Recursos
Minerais do Estado do Amazonas, na escala 1:1.000.000 (CPRM, 2006).

Tabela 4. Unidades geológicas presentes no Parque Estadual do Matupiri.


Unidade
Descrição
geológica

As lateritas são rochas formadas ou em fase de formação, originados durante o


processo de intemperismo sobre a rocha já existente, ricas em ferro e
alumínio, mas pobres em sílica, potássio, magnésio sódio e cálcio. Destaca-se
no Estado do Amazonas sob forma de platôs desenvolvido sob variado
substrato rochoso. Seguem horizontes argilosos mosqueados cuja espessura
Cobertura
pode registrar dezenas de metros. Horizontes amarelos gradam para níveis
Detrito-
concrecionários onde em determinadas situações, aparecem linhas de pedra
Laterítica
com espessura centimétrica. Neste horizonte é comum a presença de cascalho,
que por sua vez, evolui para horizontes de crosta laterítica ferruginosa a
aluminosa e com variada espessura. Alguns perfis apresentam-se incompletos
ou truncados por coberturas detríticas, encontrando-se recobertas por
Latossolo.

Localizada em áreas de menor altitude, essa formação reúne arenitos amarelo


avermelhados, finos a conglomeráticos, friáveis, com siltitos subordinados e
argilitos de características eminentemente continentais e depositados sob
condições fluviais. A seção inferior da formação é constituída por siltitos e/ou
Formação Iça
argilitos maciços a finamente laminados, lenticulares, intercalados com
arenitos estratificados. A seção superior está representada por arenitos
conglomeráticos. Estratos cruzados acanalados de porte variado são comuns
no seu interior.

São depósitos relacionados à rede de drenagem Amazônica atual, sobreposto a


Formação Solimões. Desenvolvidos por materiais recentes inconsolidados, e
Aluviões apresentam em composição argilas, siltes e areias predominantemente finas.
Holocênicos Os Aluviões são visíveis na vazante, quando formam barrancas com pouco
mais de 15 m de altura acima do nível da água ou sobreposta sobre litologias
mais antigas.

Fonte: CPRM (2006)

6.2.2. Geomorfologia
O Parque Estadual do Matupiri está inserido em duas unidades geomorfológicas a
Planície Amazônica e Depressão do Madeira-Purus (Figura 5).
As descrições das unidades morfológicas e dos modelados seguiram o manual de
geomorfologia desenvolvido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,
2009).

32
Figura 5. Mapa geomorfológico do Parque Estadual do Matupiri.

33
Planície Amazônica

A planície amazônica ocupa 1,06% da área do Parque, correspondem a terrenos


aplainados, áreas de depósitos fluviais situados ao longo das calhas dos rios Amazonas,
Solimões, Purus e Madeira e de seus principais afluentes (FEARNSIDE, 2009). Essa
unidade geomorfológica esta representada dentro do PAREST do Matupiri pelo
modelado de relevo Acumulação em planícies fluviais (Tabela 5).

Tabela 5. Modelados presentes na Planície Amazônica.

Modelado Descrição

Caracterizados por áreas planas resultantes de acumulação fluvial, sujeitas a


Af: acumulação em inundações periódicas, incluindo as várzeas atuais, podendo conter lagos de
planícies fluviais. meandros, furos e diques aluviais paralelos ao leito atual do rio. Ocorrem nos
vales com preenchimento aluvial.

Fonte: IBGE (2009)

Depressão do Madeira-Purus

Esta unidade geomorfológica se estende amplamente pelo Parque, ocupando


98,94% da área. Apresenta altimetria variando entre 50-150m e morfogênese
essencialmente química. Formado por depósitos de topo da sedimentação neogênica que
foram nivelados por processos de pediplanação. Ocorrem contatos com ressaltos
eventualmente abruptos com as planícies e terraços fluviais. Alterações espessas de
arenitos, avermelhadas e ferruginosas, originaram Argissolos Vermelho-Amarelos e
Latossolos Vermelho-Amarelos. Plintossolos ocorrem nas áreas interfluviais. A unidade
apresenta, na área em evidência, duas categorias distintas (Tabela 6).
Tabela 6. Modelados presentes na Depressão Ituxi-Jari.

Modelado Descrição

Área abaciada resultante de planos convergentes, arenosa e/ou argilosa, sujeita


ou não a inundações periódicas, podendo apresentar arreísmo e/ou comportar
Ai- Plano de lagoas fechadas ou precariamente incorporadas à rede de drenagem. Gera formas
Inundação. de relevo de topos convexos, esculpidas em variadas litologias, às vezes
denotando controle estrutural, definidas por vales pouco profundos, vertentes de
declividade suave, entalhadas por sulcos e canais de primeira ordem.

Gera formas de relevo de topos tabulares, conformando feições de rampas


Dt - Dissecação suavemente inclinadas e lombas esculpidas em coberturas sedimentares

34
tabular. inconsolidadas, denotando eventual controle estrutural.

Superfície de aplanamento elaborada durante fases sucessivas de retomada de


Pri - Pediplano erosão, sem, no entanto, perder suas características de aplanamento, cujos
Retocado processos geram sistemas de planos inclinados, às vezes levemente côncavos.
Inumado. Apresentam cobertura detrítica e/ou encouraçamentos com mais de um metro de
espessura, indicando remanejamentos sucessivos.

Fonte: IBGE (2009)

6.2.3. Solos
Solos são resultantes de cinco variáveis interdependentes, denominados fatores
deformação do solo, a saber: organismos, clima, material de origem, relevo e tempo. Esse
conceito indica o quanto o elemento solo possui relações com os demais elementos que
explicam e modelam a paisagem.
No Parque Estadual do Matupiri foi identificado quatro classes de solos: Latossolo
Amarelo, Argissolo Vermelho Amarelo, Planossolo e Gleissolo (Figura 6).
O solo em maior representatividade é Argissolo Vermelho-Amarelo com
78,06%%, seguido pelo Latossolo Amarelo com 13,24%, essas duas classes de solo são
característicos de ambientes de terra firme.
O Planossolo representa 8,30% da área, e corresponde as áreas de campos
naturais de terra firme presentes no Parque Estadual do Matupiri, denotando feições
associadas com umidade, apresentando problemas de encharcamento durante o período
chuvoso e ressecamento e fendilhamento durante a época seca.
Em menor proporção consta o Gleissolo com 0,40% da área, esta classe
compreende pequenas porções próximas às margens do Rio do Matupiri.

35
Figura 6. Mapa pedológico do Parque Estadual do Matupiri.

36
A descrição das classes de solos (Tabela 7) seguiram a conceituação e o modelo
de classificação proposto pelo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos da Embrapa
(SiBCS), publicado em 1999 e atualizado em 2006.

Tabela 7. Descrição das classes de solo do Parque Estadual do Matupiri.

Classes Descrição

Solos constituídos por material mineral, que têm como


características diferenciais a presença de horizonte B textural de
argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por
bases baixa ou caráter alítico. O horizonte B textural (Bt)
Argissolo Vermelho-Amarelo
encontra-se imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte
superficial, exceto o hístico, sem apresentar, contudo, os
requisitos estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos
Luvissolos, Planossolos, Plintossolos ou Gleissolos.

Solos profundos, de coloração amarelada, perfis muito


homogêneos, com boa drenagem e baixa fertilidade natural em
sua maioria. Possui baixos teores de Fe+3 e é tipicamente
Latossolo Amarelo caolinítico e goethítico. A cor predominantemente amarelada é
decorrente da alta concentração do mineral goethita. Possui alta
saturação em alumínio. Ocupam grandes extensões de terras no
Baixo e Médio Amazonas

Solos desenvolvidos com encharcamento superficial estacional,


são imperfeitamente ou mal drenados, com horizonte superficial
Planossolo ou subsuperficial eluvial, de textura mais leve que contrasta
abruptamente com o horizonte B imediatamente subjacente,
adensado e geralmente com acentuada concentração de argila.

São solos hidromórficos, constituídos por material mineral, que


apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 50 cm de
profundidade. Os Gleissolos normalmente desenvolvem-se a
partir de sedimentos recentes nas proximidades dos cursos
Gleissolo
d’água e em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições de
hidromorfia, podendo formar-se também em áreas de relevo
plano de terraços fluviais. São solos formados sob vegetação
hidrófila, arbustiva ou arbórea.

Fonte: EMBRAPA (2006).

6.2.4. Clima e Hidrologia


De acordo com a classificação de Koeppen, o clima predominante na região
pertence ao grupo A, Clima Tropical, abrange os tipos climáticos Am e Af, característicos
de áreas úmidas. Nessas áreas tanto a temperatura como as chuvas sofrem um mínimo

37
de variação anual. A temperatura média anual varia de 25 a 27º C, com máximo de 36,8º
C e mínima 23,0º C. A umidade relativa do ar (URA)gira em torno de 85% e a
precipitação média anual é de 2.400mm anuais.
Quanto à hidrografia, o Parque Estadual do Matupiri é drenado em sua totalidade
pela bacia do Madeira. É á principal bacia do Sudoeste da Amazônia, todos os rios
deságuam direta ou indiretamente no rio Madeira. A bacia do madeira apresenta uma
densa rede hidrográfica de características dentrítica ou arborescentes (Christofoletti,
1980). A Unidade de Conservação é banhada pelos rios Matupiri e Amapá (Figura 7).

38
Figura 7. Mapa de hidrografia do Parque Estadual do Matupiri.

39
6.3. FATORES BIÓTICOS
6.3.1. Vegetação
A Pesquisa em Modelagem Ambiental da Amazônia (Projeto GEOMA 2002,
http://www.lncc.br/~geoma) e o Programa de Pesquisa em Biodiversidade (PPBio
2002, http://ppbio.inpa.gov.br), estão buscando, através da pesquisa cientifica,
aprofundar o conhecimento sobre esta região. Exemplo disso, a região em que se localiza
a área objeto deste estudo, é caracterizada por apresentar grande variedade de
formações vegetais, incluindo áreas de campina que anteriormente eram conhecidas
como Savanas, além da floresta densa (Terra Firme e Aluvial) e floresta aberta (Terra
Firme e Aluvial) como as mais importantes (RADAMBRASIL 1978).
Ocorrem nas áreas de clima quente e úmido e solos arenosos encharcados ou não,
ocupando uma área aproximada de 180.000 km² no território brasileiro (IBGE, 2000) e
estando amplamente distribuídas na Amazônia e em diversas outras regiões tropicais
(FERREIRA, 2009). Essa ampla distribuição propiciou uma gama de denominações que
tem dificultado uma conceituação precisa e suficientemente abrangente para esses
ambientes. A utilização do termo Campinarana coube primariamente a Ducke (1938) e a
Sampaio (1940, 1944), que o empregaram para a região do Alto Rio Negro, embora
também tenham se referido ao mesmo tipo de vegetação com a designação “Caatinga do
Rio Negro”. Egler (1960) foi o primeiro fitogeógrafo a empregar corretamente o termo
Campinarana para a Amazônia. Takeuchi (1960) usou a denominação Campina, após
Ducke (1938) e Sampaio (1940 - 1944). No entanto, o conhecimento da composição
florística destes ambientes ainda são escassos.
Com a finalidade de auxiliar a coleta de dados primários, dados secundários
foram obtidos a partir dos principais registros de coletas botânicas incluídas em
herbários (INPA, NYBG e MOBOT), visto que a existência de testemunhos destes
materiais para consulta torna estes dados teoricamente mais seguros e confiáveis do
ponto de vista taxonômico. Assim, os dados de registros de ocorrência das espécies
foram obtidos através do banco de dados dos Herbários do Instituto Nacional de
Pesquisas da Amazônia (INPA), New York Botanical Garden (NYBR) e Missouri Botanical
Garden (MOBOT).

40
O levantamento vegetacional foi realizado com 16 dias de campo sendo 12 de
coletas (ARPA/2012) e 4 dias de campo e aproximadamente 2 de coleta (IPUMA/2010).
As expedições foram em 2 campinas diferentes da UC.
O levantamento florístico foi feito por meio da procura aleatória por plantas em
estágio reprodutivo nos arredores da trilha. No entanto, a caracterização estrutural da
vegetação foi realizada em pontos representativos, distribuídos ao longo das trilhas, e
que foram selecionados e analisados de acordo com a variação e representatividade
ambiental.

Fitofisionomias vegetais
De acordo com as classificações do RADAMBRASIL (Brasil, 1978) e trabalhos
recentes realizadas na RDS Igapó-Açu (UC próxima da área de estudo) e dados coletados
pelo IPUMA, as formações vegetais predominantes apara a PAREST do Matupiri (Tabela
8), onde nota-se a predominância de Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas
(91.84%), porém ocorrendo também áreas de Campina/Campinarana, anteriormente
denominada de Savana, além de Floresta Ombrófila Aluvial (Figura 8).

Tabela 8. Descrição das fitofisionomias vegetais para PAREST do Matupiri em função das
descrições realizadas pelo RADAMBRASIL (Brasil 1978) e complementados com dados primários
da RDS Igapó-Açu e IPUMA.

Vegetação Descrição

A Várzea alta são áreas inundáveis pelas cheias sazonais, ecologicamente


adaptadas às intensas variações do nível da água e beneficiada pela renovação
Floresta Ombrófila
Aluvial (Densa e regular do solo decorrente das enchentes periódicas. A sumaúma (Ceiba
Aberta), comumente pentandra) é a representante mais expressiva neste grupo de formação. No
conhecida como entanto, a Várzea baixa é uma formação arbórea com palmeiras que ocupa
Floresta de Várzea
(Alta e Baixa) principalmente as planícies e terraços dos rios, portanto, mais frequentemente
sujeitas às cheias sazonais. Este tipo Florestal (Várzea Alta e Baixa) abrange
0.85% da área total da PAREST do Matupiri (Figura 8).

41
Formação que apresenta agrupamentos de árvores emergentes nas elevações
mais pronunciadas dos interflúvios, como o angelim-da-mata (Hymenolobium
Florestas Ombrófilas de petraeum), angelim-pedra (Dinizia excelsa), tauari (Couratari spp.), castanha-
Terras Baixas (Densa e do-pará (Bertholletia excelsa) entre outras. É significativa a presença de
Aberta), comumente palmeiras que competem por luz no estrato arbóreo superior: babaçu
conhecida como (Orbygnia spp.), patauá (Oenocarpus bataua), açaí (Euterpe spp.), ocorrendo
Floresta de Terra firme preferencialmente nos locais mais úmidos. Geralmente são considerados solos
ácidos e pobres em nutrientes. A Floresta de Terra Firme ocupa 91. 84% da
área total da PAREST do Matupiri (Figura 8).

São formações com características fisionômicas mais típicas, com arbustos


esparsos de no máximo 7 m de altura, em meio a estrato rasteiro denso,
Campina/Campinarana dominando por gramíneas. O solo altamente arenoso é típico desta
fitofisionomia vegetal. A Campina e Campinarana ocupam 6.56% da área total
da PAREST do Matupiri (Figura 8).

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

42
Figura 8. Vegetação do Interflúvio Purus-Madeira, ressaltando as fitofisionomias vegetais da PAREST do Matupiri.

43
Caracterização da vegetação
Nas formações do PAREST do Matupiri as fisionomias visitadas foram
principalmente de Campinarana Gramíneo lenhosa em solo hidromórfico Essa região do
Parque representa ainda um grande vazio de coleta devido ao difícil acesso, uma vez que
em quilômetros não há estradas ou qualquer rio navegável. Nas manchas de Campina a
vegetação é caracterizada por apresentar uma cobertura de ervas das famílias
Cyperaceae, Orchidaceae, Poaceae, Xyridaceae e algumas Pteridófitas, todas de
dispersão pantropical. Entre as lenhosas mais representativas da paisagem tem
destaque os gêneros Macairea, Chaunochiton e Himatanthus tendo destaque também a
grande densidade de Bactris campestris Poepp. ex Mart. No entanto, durante as
incursões em campo foi possível identificar dois ambientes predominantes:
Campina/Campinarana e Floresta Ombrófila (Terra Firme).
De modo geral, as campinas aberta são densamente cobertas por gramíneas e
arvoretas esparsas com altura de aproximadamente 1.5 – 2 m de altura. Em alguns
pontos, os indivíduos arbustivos encontram-se agrupados formando pequenos capões
com altura máxima de 5 m. No interior desses capões o estrato herbáceo é mais escasso.
O estrato herbáceo é caracterizado pela grande abundância de Abolboda macrosthacya,
Duckeacyperaceoidea, Lagenocarpus glomerulatus, Monotrema xyridoides e
Xyrisstenocephala. O estrato arbustivo é composto por espécimes de Bactriscampestris,
Chaunochiton loranthoides, Humiria balsamifera e Rhodognaphalopsisfaroensis.
Por outro lado, as áreas de transição entre a Campina e a Floresta Ombrófila são
caracterizadas por Campinarana Arbustiva/Florestada, onde há uma concentração de
indivíduos arborescentes formando um dossel de aproximadamente 2 m de altura que
aumenta gradativamente à medida que se aproximada da vegetação florestada. O
diâmetro do tronco na altura do peito (DAP) desses indivíduos não ultrapassa os 15cm.
Em alguns pontos essa transição é abrupta.
Quanto à composição florística, durante a execução do método de levantamento
rápido da vegetação foram feitos 1180 registros de indivíduos de plantas vasculares,
sendo identificadas 104 espécies subordinadas a 81 gêneros e 44 famílias. A lista de
espécies coletadas na área de Campina/Campinarana (Anexo - material botânico
coletado na PAREST do Matupiri).

44
As florestas de Terra Firme, fitofisionomia predominante nesta Unidade de
Conservação, é uma da formação vegetais mais bem estudada, portanto, as
características estruturais e de composição florística podem ser relacionadas aos
encontradas nas outras Unidades de Conservação localizadas próximas da área de
estudo, como a RDS Igapó-Açu e RDS do Rio Madeira.
Todas as espécies de planta encontradas no PAREST do Matupiri possuem grande
importância para conservação das comunidades vegetais presentes em ilhas de campina
da Amazônia como um todo. A maioria das espécies é exclusiva desse tipo de ambiente,
portanto, qualquer intervenção que modifique a estrutura dessas ilhas pode
comprometer a manutenção dessas assembleias ou até mesmo extinguir algumas
espécies. Essas espécies possuem adaptações que lhes permitem colonizar e manter
populações viáveis nesses tipos de ambientes pobres em nutrientes e com elevado stress
hídrico. Dessa forma, a conservação dessas ilhas de campina é de extrema importância
para a manutenção da diversidade vegetal presente do PREST Matupiri.
Por outro lado, mesmo apresentando baixa diversidade beta, essas ilhas formam
um ecossistema único na paisagem que difere muito das formações florestais.
Provavelmente essa ampla diferença provocará um grande aumento na diversidade
beta, pois em ambientes próximos com diferenças edáficas tão distintas a substituição
de espécies esperada tende a ser elevada. Porém, para uma maior clareza na
compreensão desse fato exige estudos mais aprofundados tanto nas campinaranas
quanto nas Florestas de Terra Firme.
Além disso, não foram encontradas espécies de interesse econômico. A maioria
das espécies de interesse econômico é destinada a indústria madeireira, e nas áreas de
campina as espécies não atingem o tamanho e a circunferência desejada para tal
finalidade. No entanto, potencialmente valoradas comercialmente são as espécies com
beleza ornamental, como orquídeas, bromélias e eriocauláceas (sempre-vivas).
As espécies encontradas na área de estudo não apresentaram histórico de
exploração. Possivelmente presente no entorno estão as espécies exploradas para
extração do leite da sova (Couma SP.), balata (Micropholi sp. ou Chrysophyllum sp.) e
coquirana (Chrysophyllum sp.), que são espécies arbóreas e que já foram muito
exploradas economicamente na região para uso do látex. Porém, essas espécies não
foram encontradas nesse trabalho. A presença dessas espécies foi relatada pelos

45
mateiros, que são moradores do entorno do parque. A extração da sova, balata e
coquirana já foi uma atividade de geração de renda realizada pelos seus pais e avós.
Muitas Campinas são áreas de trabalho e uso dos antigos moradores, e hoje em dia as
trilhas da sova e balata que chegam até as campinas são utilizadas somente para a caça
de subsistência, pois o comércio da sova, balata e coquirana não tem mais mercado.
Atualmente as ameaças sobre a vegetação das campinas no interior do PAREST
do Matupiri é baixa por estas se encontrarem inseridas numa densa floresta. Porém, com
a reativação da BR-319 essa situação pode se alterar. A facilidade de acesso pode causar
uma entrada de agentes externos como espécies exóticas passíveis de provocar
distúrbios no equilíbrio dinâmico da comunidade vegetal das campinas.

6.3.2. Fauna
6.3.2.1 Ictiofauna
O Parque Estadual do Matupiri é uma Unidade de Conservação (UC) do grupo de
Unidades de Proteção Integral, criada através do Decreto Estadual nº 28.424 de 27 de
março de 2009. Possui uma área total de aproximadamente 513.747,469 ha, situada no
Interflúvio Purus-Madeira, na margem esquerda da BR-319 no sentido Manaus – Porto
Velho e com suas áreas pertencentes aos municípios de Borba e Manicoré. A criação da
UC está ligada ao decreto do governo federal de 02 de janeiro de 2006 que cria a Área de
Limitação Administrativa Provisória (ALAP) ao longo da Rodovia Federal BR-319, com o
intuito de evitar o processo de ocupação desordenada e o aumento dos desmatamentos
nessa região, em razão da retomada do asfaltamento da rodovia (TDR). A vegetação da
área amostrada compreende áreas de campina, com solo argiloso. O diagnóstico
biológico da ictiofauna é representativo de parte da área do PAREST do Matupiri que
engloba áreas de campina e campinarana.
Foram estabelecidos oito (08) trechos amostrais (MAT01 a MAT08), abrangendo
igarapés, alagado em campinarana e capão de mata na campina, seguindo critérios
estritamente logísticos, já que o acampamento-base da expedição foi montado em um
local desconhecido, em função de um erro de localização do ponto anteriormente
selecionado. Tal fato acabou forçando a equipe de ictiofauna a abrir suas próprias trilhas
e buscar ambientes para a coleta. Dos trechos amostrados, somente em MAT01, MAT02,
MAT03 e MAT04 foi possível aplicar a metodologia inicialmente proposta (vide texto a
46
seguir), já que os demais corpos d’água disponíveis para amostragem eram nascentes ou
alagados, sem um leito definido. Nessas áreas foram realizadas coletas não
padronizadas, e os resultados foram utilizados apenas para o inventário ictiofaunístico.

Amostragem e Levantamentos Fisiográficos

As amostragens foram realizadas entre os dias 29/11 e 07/12/2012, durante o


dia, e seguiram a metodologia geral utilizada por Mendonça et al. (2005), com
adaptações. Assim, foram estabelecidos trechos amostrais com 50 metros de extensão.
Cada trecho amostral foi bloqueado em três pontos (0 m, 25 m e 50 m) com redes de
malha de 5 mm, uma em cada extremidade e uma no meio do trecho (Figura 1). Em cada
ponto de bloqueio de rede foram tomadas medidas de características estruturais dos
riachos (largura, profundidade do canal e velocidade da água, além de levantados o tipo
de substrato e porcentagem de cobertura vegetal no dossel sobre o canal), o que
permitiu realizar uma avaliação comparativa entre os pontos amostrais.
A velocidade média da água (m/s) foi estimada medindo o tempo em que um
objeto flutuante percorria a distância de um metro no centro do canal do igarapé, e foi
realizada nove vezes em cada trecho amostral, sendo três vezes em cada ponto de
bloqueio de rede (0 m, 25 m e 50 m). O valor apresentado diz respeito à média das nove
medidas. Já a largura média do canal foi estimada a partir de três medidas, uma em cada
ponto de bloqueio de rede do trecho amostral. A profundidade média foi obtida por meio
de dez medidas na seção transversal do igarapé correspondente à largura em cada ponto
de bloqueio de rede. Nos mesmos pontos de medida de profundidade foi levantado o
tipo de substrato cobrindo o leito do curso d’água. A cobertura vegetal sobre o canal do
igarapé foi avaliada por meio de fotografias digitais do dossel da floresta sobre o leito do
corpo d’água nos três pontos de bloqueio de rede.
A coleta de peixes foi realizada no sentido foz-cabeceira, com rapichés (=puçás),
rede de arrasto e tarrafa, por dois coletores durante um período de uma hora. Um
ajudante acompanhou os coletores com um recipiente com água contendo uma dose
letal de anestésico Eugenol. Após a coleta os peixes foram fixados em formol 10%,
triados no acampamento e acondicionados em recipientes plásticos para transporte.
A identificação das espécies foi realizada mediante consultas às descrições
originais e bibliografia especializada (GÉRY, 1977; BURGESS, 1989; BUCKUP, 1993;
47
MAGO-LECCIA, 1994; KULLANDER & NIJSSEN, 1989; GLASERet al., 1996; FERREIRAet
al., 1998; REIS et al., 2003; BUCKUPet al., 2007; FERRARIS, 2007) e, quando necessário,
com o auxílio de especialistas de diferentes grupos taxonômicos.

Tratamento de Dados

A assembleia de peixes (um recorte taxonômico da comunidade biológica)


coletada em cada trecho amostral foi tratada estatisticamente, conforme mostrado a
seguir, a fim de possibilitar comparações e avaliações.

Análises de Diversidade e Similaridade

Para a determinação das variações espaciais na composição específica foram


utilizados os componentes da diversidade alfa. Para cada amostra, a diversidade alfa foi
estimada pelo índice de Shannon (H’) (Pielou, 1975) para o número de indivíduos, de
acordo com a fórmula H’ = – ∑ (pi).(log10.pi), onde pi é a razão entre o número de
exemplares da espécie i e o número total de exemplares capturados.
A composição de espécies nos trechos de amostragem também foi comparada por
meio de uma análise de similaridade, utilizando os valores de abundância das espécies,
com uso do índice de Bray-Curtis.

Equitabilidade

Revela a uniformidade da distribuição de abundâncias das espécies. Foi calculada


através da equitabilidade de Shannon, pela equação E = H’/log10.S, onde H’ é a
diversidade alfa e S é o número total de espécies encontradas (MAGURRAN,2004).

Abundância

É a soma dos exemplares de uma espécie coletados em um dado trecho de


amostragem.

Análise de constância

48
A constância de ocorrência das espécies foi determinada utilizando-se a relação
entre o número de coletas contendo a espécie em questão (p) e o número total de
coletas realizadas (P), expressa em porcentagem por C = p x 100/P. A espécie foi
considerada constante se C ≥ 50%, acessória se 25% ≤ C < 50% ou acidental se C < 25%
(Figura 9).

Figura 9. Desenho esquemático para análise da constância.

B Largura

105NIKON

Nota: A) trecho amostral de igarapé e B) secção transversal de igarapé para a tomada de


medidas de profundidade e de informações sobre o substrato. Adaptado de Mendonça
(2002) e Barros (2008), respectivamente.

Caracterização dos Trechos Amostrais

A seguir é apresentada uma caracterização dos trechos amostrais baseada nos


dados levantados em campo (Tabela 9 e Tabela 10). Os trechos de amostragem
abrangem ambientes de igarapé, alagado em campinarana e capão de mata em área de
campina, fortemente influenciados pelas águas das chuvas e, portanto, a caracterização é
válida somente para o momento da coleta dos dados (Figura 10).

Tabela 9. Localização e caracterização dos pontos amostrados da coleta padronizada no PAREST


do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

Trecho
Local. Ambiente Coordenada Coleta padronizada C.A. C.V.
amostral
MAT01 Ig. do Jeju Ig. S 04o 50' 00.1'' SIM Preta 70%

49
W 61o 01' 01.5''
S 04o 50' 08.6'' Preta 75%
MAT02 Ig. do Jeju Ig. SIM
W 61 o 00' 56.9''
S 04o 50' 14.6'' Preta 85%
MAT03 Ig. do Jeju Ig. SIM
W 61o 00' 55.6''
S 04o 49' 53.6'' Preta 75%
MAT04 Ig. do Jeju Ig. SIM
W 61o 01' 04.5''
S 04o 49' 51.8'' Preta 80%
MAT05 Ig. do Joel Ig. NÃO
W 61o 01' 14.6''
Capão de S 04o 49' 44.4'' Clara 85%
MAT06 Vala NÃO
Mata W 61o 00' 26.1''
Ig. do S 04o49' 57.7'' Clara 15%
MAT07 Alagado NÃO
Cauxi W 60o 59' 22.3''
Ig. do S 04o49' 54.6'' Clara 15%
MAT08 Alagado NÃO
Cauxi W 60o 59' 24.0''
Nota:Local. = Localidade; Ig. = igarapé; C.A. = Cor da água; C.V. = Cobertura vegetal.
Tabela 10. Caracterização limnológica e estrutural dos trechos amostrados no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

Trecho amostral L. M. P. M. V. M. V. Substrato F.

MAT01 2,2 0,21 0,11 0,05 F/G Terra firme

MAT02 2,5 0,48 0,21 0,22 A/F/G Terra firme

MAT03 2,1 0,65 0,25 0,34 A/F Terra firme

MAT04 1,5 0,30 0,3 0,14 A/R/F Terra firme

Nota:L. M. = largura média (m); V. M. = velocidade média (m/s); P. M. = profundidade média (cm); V. =
vazão (m3/s); A. F. = ambiente fitofisionômico; A = areia; F = folhiço; G = galho; R = raiz.

50
Figura 10. Trechos de amostragem por meio de coleta padronizada da ictiofauna no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

A B

C D

Nota: A)Trecho MAT01; B)Trecho MAT02; C) Trecho MAT03; D) Trecho MAT04.

A maioria dos trechos amostrais (MAT01 a MAT05) apresentava fluxo de água


corrente, com coloração que pode ser classificada como água preta(cf. Sioli, 1975), sendo
as águas pretas caracterizadas pela presença de ácidos húmicos e fúlvicos originários da
decomposição de material vegetal da floresta e que conferem tal coloração à água
(Tabela 9;Figura 11). Todos os trechos de água preta amostrados se encontram em área
de floresta, com densa cobertura de dossel e com substrato composto
predominantemente de serrapilheira (folhiço, galhos, etc), que além de contribuir para a
coloração da água, proporcionam, o surgimento de micro-habitats para a fauna aquática
(VANNOTE et al., 1980;HENDERSON & WALKER, 1986; WALKER, 1995). O
sombreamento provocado pela floresta também inibe a produção primária autóctone
dos igarapés, resultando em sistemas aquáticos oligotróficos. É importante salientar que
51
o trecho MAT04, localizado a montante do ponto MAT01, se apresentava seco nos
primeiros dias de amostragem, só se tornando um ambiente explorável para a ictiofauna
após uma sequência de fortes chuvas. Já no trecho MAT06, localizado em um capão de
mata no meio da campina, o pequeno curso d'água de corrente lenta, resulta do sistema
de drenagem superficial da campina, que possui substrato argiloso e de difícil
percolação da água. Assim, com a precipitação da chuva, a água se acumula e alaga o
ambiente, sendo drenada para as partes mais baixas e alimentando dois outros cursos
d’água, o “Igarapé do Jeju” e o “Igarapé do Joel”. Tal situação (conexão entre campina e
igarapé) propicia a entrada na campina de peixes vindos dos igarapés, como observado
no trecho MAT06.

Figura 11. Localização dos pontos de amostragem no PAREST do Matupiri.

Assim, toda a área de campina é uma importante captadora de água para os


corpos d'água adjacentes (igarapés de cabeceira e alagados), que abastecem a drenagem
do rio principal e, portanto, são importantes para a manutenção não só da ictiofauna
local, como da ictiofauna da bacia como um todo. Além disso, a campina é
potencialmente explorada pela ictiofauna dos pequenos igarapés, quando estes se

52
conectam durante o período chuvoso, fornecendo energia alóctone através de pequenos
invertebrados e material vegetal. Portanto, as áreas de campina e campinarana não
deveriam ser alvos de qualquer tipo de intervenção antrópica, seja na vegetação
(fornecedora direta e indireta de energia para o sistema), seja no solo/substrato, que
permite a retenção temporária da água no ambiente enquanto é drenada para as partes
mais baixas – igarapés e alagados.
Os trechos MAT07 e MAT08 são extensos alagados, com velocidade da água
bastante reduzida (ambientes quase lênticos), sem margens definidas, com capins no
leito e que chega a invadir área de campinarana adjacente. Apesar de constituir um
ambiente em potencial para a ictiofauna, não foram capturados nem observados peixes
nesses locais.

Diversidade de Ictiofauna no PAREST do Matupiri

O conjunto de trabalhos disponíveis na literatura sobre a ictiofauna da bacia do


rio Madeira contempla alguns de seus importantes formadores, como os rios Jamari
(SANTOS, 1991), Guaporé e Mamoré (LAUZZANE & LOUBENS, 1985) e Guariba
(PEDROZA et al., 2012). Entretanto, na bacia do rio Matupiri, que drena a maior parte da
unidade de conservação estudada, não há registro de trabalhos com coletas
padronizadas que possam descrever de forma consistente a ictiofauna local, sendo este,
portanto, um trabalho pioneiro na UC. Recentemente, Barros et al. (2011) realizaram um
amplo trabalho, com 22 igarapés de primeira a terceira ordem amostrados no interflúvio
Purus-Madeira, nas proximidades da BR-319. Na ocasião, foram coletados 5578
exemplares de peixes, distribuídos em 78 espécies, pertencentes a 22 famílias e cinco
ordens. Desse total, 34 espécies coletadas foram exclusivas da bacia do rio Madeira.
Entretanto, Barros et al. (2011) não definem com clareza a localização dos pontos de
amostragem, o que não permite uma análise da eventual sobreposição de bacias
hidrográficas amostradas nos dois estudos.
No presente trabalho foi capturado um total de 472 exemplares de peixes,
distribuídos em 23 espécies, pertencentes a 14 famílias e cinco ordens (ANEXO - Lista
taxonômica das espécies de peixes coletadas no PAREST do Matupiri). A ordem
Characiformes foi a mais bem representada com um total de 13 espécies (56,5% do
total) seguido das ordens Siluriformes (5 espécies - 21,7% do total), Gymnotiformes (3
53
espécies – 13% do total) e Cyprinodontiformes e Perciformes (ambas com 1 espécie –
4,3% do total cada). A predominância de representantes das ordens Characiformes e
Siluriformes corrobora outros trabalhos realizados em igarapés na bacia amazônica (e.g.
Bührnheim & Cox-Fernandes, 2001; Mortati, 2004).
Como observado na Figura 12, a família Characidae foi a mais representativa,
tanto em riqueza quanto em abundância. Entretanto, por se tratar, possivelmente, de um
grupo não natural (cf. WEITZMAN & MALABARBA, 1998), a participação dessa família
pode estar sendo superdimensionada. Já a segunda família mais bem representada em
número de espécies foi Erythrinidae, que segundo Val e Almeida-Val (1999), é formada
por espécies com respiração aérea facultativa. Assim, esses peixes possuem uma
importante característica para enfrentar a sazonalidade de igarapés de cabeceira, que
muitas vezes secam total ou parcialmente, restando apenas poças como refúgio durante
grande parte do ano.

Figura 12. Abundância relativa das famílias de peixes encontradas em área de


campina/campinarana no PAREST do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

Nota: A figura foi dividida em duas partes apenas para facilitar a visualização, em função
da grande diferença de abundância entre as famílias.

A baixa quantidade de espécies e de exemplares obtidos neste trabalho (Figura


13) pode ser considerada normal para ambientes de igarapés de cabeceira, com poucos
micro-habitats disponíveis e com forte variação no nível da água em curto espaço de
tempo, influenciado, principalmente, pelo regime local de chuvas. De acordo com Junk et
al. (1989), em cursos d'água de pequena ordem ocorrem eventos de inundação
54
imprevisíveis, frequentes e de curta duração. Dessa forma, um forte impacto ocorre
sobre toda a comunidade aquática, inclusive em invertebrados potencialmente
utilizados pelos peixes como alimento (e.g.REZENDE, 2007), além do impacto direto
sobre a própria ictiofauna. Além disso, como observado por Lowe-McConnell (1999), a
diversidade de espécies diminui em direção às cabeceiras dos igarapés, devido a
limitações relacionadas à velocidade do fluxo d´água, a fatores físico-químicos, e
disponibilidade de refúgios durante a estação seca (Figura 14).

Figura 13. Abundância das espécies encontradas em área de campina/campinarana no PAREST do


Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

Nota: A figura foi dividida em duas partes apenas para facilitar a visualização,
em função da grande diferença de abundância entre as famílias.

55
Figura 14. Riqueza e densidade total (abundância) da ictiofauna nos trechos de amostragem no
PAREST do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

Os altos índices de similaridade (Figura 15) observados entre os trechos


amostrados ocorrem eram esperados, pois os trechos analisados foram localizados em
um mesmo corpo d’água, com características hidrológicas e ambientais bastante
similares ao longo de seu curso, e a uma distância relativamente curta entre os mesmos,
representando, assim, uma mesma assembleia de peixes. Devido a um erro de
localização no momento da chegada à área de campina/campinarana do PAREST do
Matupiri, só foi possível localizar um curso d'água (igarapé). A pequena distância entre
os pontos amostrais se justifica pelo fato da equipe de ictiofauna ter que abrir novas
trilhas diariamente entre os pontos amostrais, e a necessidade de sair da área florestada
no máximo até as 16h30min, devido à diminuição da incidência de luz nesses locais, o
que dificultava as coletas.

Figura 15. Dendrograma e matriz de similaridade (Índice de Bray-Curtis) dos pontos de


amostragem da ictiofauna no PAREST do Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

56
Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

MATRIZ DE SIMILARIDADE (%)

MAT01 MAT02 MAT03 MAT04

MAT01 * 50 61, 5385 60,8696

MAT02 * * 66,6667 76,1905

MAT03 * * * 69,5652

MAT04 * * * *

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Não foi registrada a presença de espécies novas; entretanto, um refinamento na


identificação dos exemplares por especialistas dos grupos pode reverter esse quadro.
Um exemplo é a suspeita de que o cangati Tatiasp. (Figura 16, G) e a piaba
Hyphessobrycon gr. heterorhabdus (Figura 16B) possivelmente sejam espécies novas.
Além disso, o registro da piaba Moenkhausia diktyota (Figura 16, E) nesta área do
PAREST do Matupiri é, aparentemente, o primeiro registro da espécie fora da bacia do
rio Negro. Já a presença do bagre-folha Helogenes gouldingi somente é conhecida para a
bacia do rio Madeira.
Dentre as espécies registradas neste estudo, não foram encontradas espécies
exóticas ou invasoras e, também não foram identificados impactos antrópicos de
qualquer tipo sobre a ictiofauna local. Entretanto, como os trechos amostrais estão
localizados em habitats bastante sensíveis, como cabeceiras de igarapés e áreas de
campina e campinarana, recomenda-se que haja uma forte restrição a qualquer forma de
uso antrópico da área, o que já é formalmente assegurado pela categoria da UC.
Entretanto, o baixo número de locais de amostragem e sua restrição a uma única
microbacia, bem como a baixa riqueza e abundância de peixes registrados, não
permitem uma análise adequada da real diversidade da ictiofauna presente no PAREST
do Matupiri. Assim, um incremento nas amostragens de ambientes aquáticos do PAREST
do Matupiri, certamente aumentará a lista de espécies registradas para a UC, com
importante contribuição para o conhecimento da ictiofauna amazônica.
57
Figura 16. Espécies de peixe encontradas em área de campina/campinarana no PAREST do
Matupiri, municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

A B

C D

E F

G H

Nota: B) piaba, Hyphessobrycon gr. Heterorhabdus; C) peixe-borboleta, Carnegiella strigata; D) peixe-


lápis, Pyrrhulina brevis; E)piaba, Moenkhausia diktyota; F) piabão, Iguanodectes aff.variatus;G)cangati,
Tatia sp.; H)sarapó, Hypopygus lepturus; I) poraquê, Electrophorus electricus.Barra = 1cm.

Com exceção do trecho MAT04, os trechos amostrais apresentaram-se bastante


similares quando se trata de diversidade e equitabilidade (Figura 17), o que certamente
decorre do fato dos locais de amostragem serem próximos entre si e pertencentes a um
mesmo corpo d’água principal. Já o ponto MAT04, estava totalmente seco enquanto a
equipe de ictiofauna amostrava os trechos MAT01 a MAT03, assim, a ictiofauna local
aparentemente ainda colonizava o trecho amostral no momento da coleta, o que explica
os menores valores de diversidade. É provável que as espécies presentes representem
aquelas formas pioneiras, que ocupam novos habitats assim que são disponibilizados, o
que implica em uma menor riqueza (reduzindo a diversidade) e maior abundância

58
proporcional (reduzindo a equitabilidade) dessas espécies. Entretanto, esses ambientes
aquáticos do PAREST do Matupiri durante a expedição a campo.

Figura 17. Gráfico de diversidade e equitabilidade dos pontos amostrais do PAREST do Matupiri,
municípios de Borba e Manicoré, Amazonas.

H' (diversidade) J' (equitabilidade)


1,0 0,80
0,70
H' Shannon-Wiener

0,8 0,60

J' Pielou
0,6 0,50
0,40
0,4 0,30
0,2 0,20
0,10
0,0 0,00
MAT01 MAT02 MAT03 MAT04
Trechos amostrais

A realização das amostragens em trechos localizados em um mesmo igarapé e


próximos uns aos outros, constitui pseudo-réplicas, limitando grandemente as
discussões sobre a composição da ictiofauna local. Entretanto, de uma forma geral,
pode-se dizer que a área amostrada (campina/campinarana) do PAREST do Matupiri é
bastante sensível sob o ponto de vista ambiental, pois a área de campina/campinarana
éocupada pela ictiofauna na estação chuvosa, além de a área ser um importante
provedor de água para os igarapés adjacentes e, por consequência, para a bacia de
drenagem em que o Parque está inserido.

Conflitos e Demandas Identificados

Apesar de o diagnóstico ter sido concentrado em igarapés e alagados de áreas de


campina/campinarana em decorrência de limitações logísticas, é pertinente assumir que
outros ambientes aquáticos (Rios, áreas que alagam e igarapés de outras bacias) da
PAREST do Matupiri comportam uma ictiofauna completamente distinta em termos de
composição de espécies. Portanto, o diagnóstico da ictiofauna que habita outros
ambientes na PAREST é uma demanda para subsidiar medidas de manejo da fauna de
peixes.Do ponto de vista do conhecimento acerca da biodiversidade contida no PAREST
do Matupiri, o estudo ictiofaunístico desenvolvido durante a expedição a campo foi
59
bastante prejudicado pelas condições logísticas gerais, que não permitiram a realização
de um inventário abrangente da fauna de peixes. Neste sentido, recomenda-se
fortemente a realização de inventários ictiofaunísticos complementares, de forma a
contemplar a diversidade paisagística contida na UC, e privilegiando a realização de
amostragens nos diferentes tipos de ambientes aquáticos disponíveis.
No tocante à conservação ambiental, recomenda-se proteção especial aos corpos
d’água localizados em áreas de campina e campinarana, tanto pelo seu valor como
contribuintes para a heterogeneidade geral da paisagem, mas principalmente pela
fragilidade inerente a esse tipo de ambiente, que apresenta baixa capacidade de
resiliência após impactos ambientais.

6.3.2.2 Herptofauna
Embora pouco representativo, em número de espécies, os quelônios são o grupo
mais ameaçado, tanto mundialmente quanto regionalmente. Existem aproximadamente
300 espécies e 460 taxa (incluindo-se todas as subespécies reconhecidas) de tartarugas
de água doce no mundo. Atualmente, mais de 200 espécies estão listadas como
ameaçadas na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN de 2000 (TURTLE
CONSERVATION FUND, 2002). A Amazônia brasileira está representada por 17 espécies
de quelônios, sendo 15 espécies de água-doce e duas espécies de quelônios terrestres
(VOGT et al., 2007).
Padrões de diversidade biológica podem ser definidos a partir de parâmetros
ecológicos como riqueza e composição de espécies. Estes parâmetros têm sido
frequentemente subestimados na Amazônia, como resultado da existência de extensas
áreas não amostradas para diversos grupos taxonômicos, sobretudo, áreas de difícil
acesso. Para répteis e anfíbios, embora existam boas estimativas de distribuição de
espécies em escalas grandes, lacunas de amostragem dificultam a determinação de
padrões regionais de diversidade. Aparentemente, escalas regionais são mais adequadas
para orientar tomadas de decisões na gestão de áreas protegidas. Portanto, espera-se
aprimoramento de capacidades gestoras, na medida em que lacunas de amostragem são
preenchidas.
O Parque Estadual do Matupiri está inserido no interflúvio entre os rios Madeira
e Purus, nos municípios de Castanho e Manicoré, Estado do Amazonas. Os dados
primários foram concentrados em amostragens realizadas entre os dias 27 de novembro
60
e 11 de dezembro de 2012, dentro e nos arredores de manchas de campina e
campinarana.
Foram utilizados quatro métodos de registro de espécimes, dos quais dois foram
padronizados em relação ao esforço amostral: 1) Procura visual limitada por tempo
37,2% (n=16) e armadilhas pitfall 46,5% (n=20) (Figura 18) das espécies foram
registradas por estes métodos, e três geraram registros adicionais (encontros
ocasionais, registros auditivos e colaboração de terceiros). Para os métodos
padronizados, o esforço de amostragem foi aproximadamente igual entre três categorias
de hábitats preliminarmente definidas por diferenças estruturais: campina,
campinarana e margens de igarapés (Anexo – Ambiente amostrado). Foi usada procura
visual limitada por tempo (CRUMP & SCOTT, 1994), com esforço amostral de 80,01
horas/observador. Instalamos duas linhas de armadilhas de interceptação e queda
“Pitfall” (CECHIN & MARTINS, 2000), com 10 baldes de 60 litros em cada linha, e
distância de 10 m entre baldes vizinhos. O esforço amostral usando este método foi de
200 armadilhas/noite. Foram feitos registros auditivos de vocalizações de anfíbios
anuros, e gravações das espécies que estavam no início de sua atividade reprodutiva.

Figura 18. Métodos de Amostragens.

61
Nota: 1) Vista da cerca-guia; 2) Detalhe do balde “pitfall” enterrado no solo; 3) Pesquisadores realizando
procura visual limitada por tempo na campina.
Fonte: Vinícius T. de Carvalho.

Todo material coletado foi preparado utilizando técnicas de rotina (FRANCO &
SALOMÃO, 2002; CALLEFO, 2002). Os anfíbios e répteis foram sacrificados utilizando
anestésico odontológico Benzotop (Benzocaína) e fixados através de solução de formol a
10% e após 24 horas preservados em álcool 70%. O material testemunho foi coletado
por meio de autorização MMA/ICMBio/SISBIO (Nº 37073-1) e encontra-se depositado
na Coleção de Anfíbios e Répteis do INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
Foram registradas 43 espécies entre anfíbios e répteis, sendo 22 espécies de
anfíbios anuros (13 gêneros e sete famílias), 12 de lagartos (12 gêneros e seis famílias) e
nove de serpentes (nove gêneros e quatro famílias) (Figura 19). A Lista das espécies de
anfíbios e répteis registradas no Parque Estadual do Matupiri. A Lista das espécies de
anfíbios e répteis registradas no Parque Estadual do Matupiri encontra-seem anexo.

Figura 19. Diversidade de Herpetofauna no Parque Estadual do Matupiri.

Nota: A) Representatividade das espécies da Herpetofauna registradas por grupo taxonômico, B) Número
de espécies de anfíbios anuros registrada e suas respectivas famílias, C) Número de espécies de serpentes

62
registradas e suas respectivas famílias, D) Número de espécies de lagartos registradas e suas respectivas
famílias.

Não foi observada uma estabilização da curva de acumulação de espécies durante


os 15 dias de amostragem para nenhum dos grupos amostrados: anfíbios, lagartos e
serpentes (Figura 20).

Figura 20. Curva de acumulação de espécies por tempo de amostragem para os grupos de anfíbios
e répteis.

Anfíbios
Número acumulado de

Lagartos
Serpentes
espécies

Dias

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Foi encontrada distribuição diferenciada de registros de espécies entre as


categorias de hábitats, com 70% das espécies registradas em apenas uma categoria, 18%
das espécies compartilhadas entre duas categorias, e 12% das espécies com ocorrência
registrada nas três categorias definidas. Dentre as espécies que ocorreram
exclusivamente em uma categoria de hábitat, 54% foram registradas em ambientes de
campinarana, 31% em campina e 15% nas margens de igarapés.
Nesse caso, padrões de distribuição de espécies em relação aos tipos de hábitats
podem aparecer como artefato de amostragem, e não devem ser necessariamente
interpretados como especialidade no uso de hábitats. Por outro lado, citamos a presença
de espécies mais específicas no uso de hábitats, como as pererecas-de-vidro
Hyalinobathrachium sp. (Centrolenidae), cujos sítios reprodutivos se concentram na
vegetação ripária, às margens de igarapés. As zonas ripárias são importantes ambientes
na manutenção da diversidade, pois abrigam espécies de distribuição restrita a estes
ambientes, funcionando como corredores para dispersão para as mesmas (FRAGA et al.
2011; MENIN et al., 2011; ROJAS-AHUMADA et al.; 2012).

63
A proteção da vegetação ripária (mata ciliar) corresponde a uma das principais
estratégias de conservação (MARCZAK et al.,2010). No Brasil o Código Florestal
Brasileiro determina que nas margens de córregos de até 10 metros de largura, a área
mínima de florestas deve ser de 30 metros de mata preservada, categorizando-as como
áreas de proteção permanente (APPs). No entanto estudos recentes com diversos
grupos taxonômicos (DRUCKER et al., 2008, FRAGA et al., 2011; BUENO et al.,2012)
mostram que a área sob influência das zonas ripárias é muito maior que os 30 m
determinados pelo código, sendo estas muito pequenas para proteger as espécies que
ocorrem nestes tipos de ambiente.
Em todas as categorias de ambiente foram encontrados sítios de vocalização.
Ambientes como as campinaranas ocorrem formação de poças provenientes das chuvas,
nas quais as espécies que ali ocorrem (e g. Leptodactylus discodactylus, Leptodactylus
rhodomystax, Hypsiboas aff. cineracens, Syncope bassleri, Allobates caeruleodactylus)
utilizam de forma direta ou indiretamente para reproduzir. Outro ambiente que forma
sítios para reprodução são as campinas, que quando estão alagadas devido as chuvas da
região, formam um grande emaranhado de poças onde diversas espécies se reproduzem.
No entanto no presente estudo a estação chuvosa e o inicio do período reprodutivo das
espécies ainda estavam iniciando, fazendo com que o numero de espécies encontradas
tenha sido subestimada.
Ambientes de campina são muito importantes, pois estes são ambientes que se
encontram isolados e de difícil acesso, devido a essas dificuldades existe uma escassez
de conhecimento a respeito da herpetofauna que ocorre em tais fisionomias vegetais.
Além dessas dificuldades, esses tipos de ambientes por possuírem uma vegetação muito
superficial, e por possuírem solo bastante arenoso, são suscetíveis a incêndios naturais
em períodos secos, tornando as espécies que ali ocorrem vulneráveis a esse evento
natural.
Outro aspecto que torna as campinas um importante componente da paisagem, é
que pelo fato das mesmas encontrarem-se isoladas, há uma provável ocorrência de
espécies típicas de ambiente aberto, além de espécies endêmicas. No presente estudo foi
constada a presença de duas espécies de “pererecas” (Hypsiboas cf. Lanciformis e H. aff.
cinerascens) que faz parte de um complexo de espécies. As espécies encontradas no
PAREST do Matupiri provavelmente podem tratar-se de duas espécies novas. Os

64
espécimes estão sendo investigados e o manuscrito de descrição está em fase de
preparação.
Diferenças em parâmetros ecológicos como riqueza e composição de espécies
podem ser esperadas como resposta à variação natural em fatores ambientais ao longo
da paisagem (e.g. GORDO, 2003; FRAGA et al., 2011). No entanto, a maioria das espécies
registradas exclusivamente em uma categoria de hábitat, geralmente ocorre em grande
variedade de ambientes, tanto para os répteis como anfíbios.
Quando comparamos os dados pretéritos provenientes de estudos próximos da
região do Parque Estadual do Matupiri no interflúvio Purus-Madeira aos resultados do
presente estudo observamos uma similaridade na riqueza de espécies para algumas
localidades (Tabela 11).

Tabela 11. Número de espécies registradas em diferentes estudos realizados na região do


interflúvio Purus-Madeira.

LOCALIDADES ANFÍBIOS RÉPTEIS ESTUDOS

RDS Piagaçu - Purus 38 14 Gordo (2003)

Região de Humaitá 19 22 Mesquita (2003)

Região do Rio Purus 47 20 Batistella et al. 2004

RDS Piagaçu - Purus 57 67 Waldez et al. 2006

Igapó Açú/Matupiri (GEOMA) 17 20 Souza & Waldez, 2007

Médio Rio Madeira 43 37 Vogt et al. 2007

Puciari/Humaitá 17 26 Souza & Waldez, 2008

EIA/RIMA BR-319 66 59 UFAM (2009)

UCs Purus - Madeira/IPUMA 40 48 Bernarde & Machado, 2011

Baixo Rio Purus 75 85 Waldez et al. 2013

PAREST do Matupiri 22 21 Presente estudo

Foi registrada uma espécie de “sapo” da família Bufonidae, Amazophrynella vote


(ÁVILA et al. 2012) que recentemente foi descrita na região da Amazônia brasileira e
parátipos desta nova espécie foram designados para o Parque Estadual do Matupiri, e
que também faz parte de um grande complexo taxonômico mas atualmente vem sendo
fracionada em novas espécies.Outra espécie importante de anfíbio anuro registrada na
65
região do Parque Estadual do Matupiri foi Allobates caeruleodactylus (LIMA
&CALDWELL, 2001), este anuro foi descrito no município do Castanho e sua distribuição
geográfica é pouco conhecida no Estado do Amazonas.
Preliminarmente, pudemos constatar um padrão de distribuição de espécies de
répteis e anfíbios em relação aos diferentes tipos de hábitats amostrados no Parque
Estadual do Matupiri. No entanto, atualmente não sabemos se esse resultado é um
padrão regional de diversidade, devido à influência de fatores ambientais na presença
ou ausência de espécies em determinadas categorias de hábitats, ou se reflete um
artefato de amostragem, com distribuição ao acaso de espécies entre os tipos de
hábitats. Análises mais aprofundadas, incremento de dados e definição mais refinada de
categorias de hábitats poderão otimizar a interpretação dos padrões encontrados nas
próximas fases do estudo.

Espécies ameaçadas, raras ou novas para a ciência.

Não foram registradas espécies ameaçadas, tanto pelos critérios da IUCN quanto
IBAMA, nem endêmica. No entanto, pudemos constatar a presença de espécies não
formalmente descritas, pertencentes a complexos taxonômicos confusos. É o caso dos
sapos-folha do complexo Rhinella gr. margaritifera, que apresenta espécies bastante
distintas em relação à morfologia e estrutura do canto, já documentadas para o
interflúvio Madeira-Purus (Lima, com. pess.). Outro anfíbio com problemas taxonômicos
e que recentemente um estudo demonstrou tratar-se de uma espécie críptica é o anuro
Phyzelaphryne miriamae que abriga em seu complexo de espécies táxons ainda não
descritos (e.g. FOUQUET et al., 2012). Entretanto uma espécie do gênero Hypsiboas, nova
para a ciência, foi descoberta nas campinas do Parque e está sendo descrita por nossa
equipe.

Recomendações para a conservação


As áreas de campina/campinarana que ocorrem no interflúvio Purus-Madeira são
virgens abrigam espécies ainda não descritas e provavelmente endêmicas para diversos
grupos (aves e anfíbios). Uma espécie de ave foi descoberta para as áreas de
campina/campinarana e sua descrição vem sendo preparada por pesquisadores do
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
66
6.3.2.3 Avifauna
As aves são um grupo importante, pois constituem uma alta proporção da
comunidade de vertebrados e participam da dinâmica ecológica dos ecossistemas
atuando como predadoras, polinizadoras e dispersoras de sementes. As aves também
formam um grupo taxonômico com alto potencial como indicador de degradação
ambiental. Além disso, as aves podem ser utilizadas como indicadoras da diversidade
ambiental da Amazônia, uma vez que muitas delas selecionam tipos diferentes de
hábitats como matas alagadas, matas de terra firme, campinas ou cerrados.
O PAREST do Matupiri está localizado no interflúvio Madeira/Purus e as
avifaunas das regiões associadas a estes rios foram amostradas inicialmente através dos
trabalhos clássicos de Helmayr (1910) e Gyldenstolpe (1951). Mais recentemente, a
região vendo sendo explorada ornitologicamente por pesquisadores do INPA, o que tem
resultado em inúmeras descobertas importantes, incluindo o registro de espécies novas
de aves para a ciência (COHN-HAFT et al., 2007).
As amostragens da avifauna do PAREST do Matupiri realizadas por Ricardo
Almeida se concentraram em um complexo de campinas, campinaranas e matas de terra
firme localizado no interior do Parque (Anexos: Tema – Avifauna). Nesta região foram
definidos 19 sítios de amostragem, sendo dez em áreas de campina, quatro sítios de
capão, três em campinarana e dois sítios em terra firme. Em cada sítio de amostragem, a
avifauna foi amostrada através de transectos lineares (censos qualitativos) onde o
observador permaneceu pelo menos uma hora em cada área estudada e/ou com a
utilização de redes de captura. A documentação das espécies de aves foi realizada
através de fotografias e gravação das vocalizações das aves (Figura 21).
Nas amostragens em transectos foram utilizadas trilhas de um quilômetro de
comprimento que foram percorridas em uma hora, sendo re-amostrado a cada hora.
Cada quilômetro percorrido foi considerado um censo de amostragem. Os trabalhos de
transecção começaram pela manhã das 04h 30min às 09h 30min e à tarde das
16h00min às 18h00min, perfazendo um total de sete horas de amostragens por dia. Os
transectos ficaram distantes em média por dois quilômetros para garantir uma
independência das áreas amostradas. A disposição dos transectos foi definida de modo a
abranger a maior heterogeneidade ambiental encontrada nas campinas (e.g. campos
abertos, capões, vegetação de capim) e/ou campinaranas.

67
Figura 21. Mapa da região do Parque Estadual do Matupiri, cortado pelo rio Matupiri, mostrando os locais onde foram amostradas as aves por Ricardo
Almeida e Dante Buzzetti.

Nota: As manchas cor-de-rosa indicam a localização de campinas arbustiva. O mapa menor mostra os micro-ambientes amostrados por Ricardo Almeida.

68
Durante os censos foram compiladas listas de espécies registradas a cada cinco
minutos, para se ter um controle temporal dos censos. Para cada espécie detectada (por
observação ou vocalização) foram tomadas as seguintes informações em uma caderneta de
campo: nome da espécie, número de indivíduos, ambiente, micro-ambiente, estrato vertical
de ocorrência da espécie no ambiente (chão, sub-bosque, estrato médio, sub-dossel, dossel,
aéreo), forma de registro (observação ou vocalização), comportamento (pousado,
forrageando, leque, sobrevôo), alimento (quando possível) e sociabilidade (par, pequeno
grupo e grande grupo).
Complementando as amostragens nos transectos, um total de dezesseis redes de
neblina foi utilizado. Para cada transecto foram montadas duas linhas de oito redes cada
(10x2m malhas de 36 mm). As redes ficaram abertas das 05h 30min às 11h. A partir das 11
horas a taxa de captura é quase nula e a temperatura e a exposição direta ao sol poderiam
aumentar a taxa de mortalidade das aves capturadas. As linhas de redes ficaram montadas
por dois dias consecutivos em cada sítio de amostragem/transecto. Para cada espécie de
ave capturada foram tomadas as seguintes informações: 1) identificação; 2) foto, 3)
anotações de dados biológicos (e.g. idade, sexo, mudas de asa, cauda, peso e corpo, placa,
gordura e peso) e 4) anotações de dados morfológicos (e.g. asa, cauda e culmem).
Alguns exemplares foram coletados (Reg. de licença: 2401152) ou tirado apenas
amostras de sangue e tombados na coleção de aves do Instituto Nacional de Pesquisas da
Amazônia (INPA). Os trabalhos de campo foram conduzidos no período de 28 de novembro
a 10 de dezembro de 2012. No total foram acumuladas 47 horas de observação nos
transectos e 735 horas/redes no uso de redes de neblina.
Além dos dados coletados por Ricardo Almeida, este relatório inclui informações
levantadas pelo ornitólogo Dante Buzetti que visitou o PAREST do Matupiri. Infelizmente,
no relatório que tivemos acesso, não são informados maiores detalhes das amostragens
conduzidas por este pesquisador como período amostragem, locais específicos ou esforço
de campo. As espécies de aves registradas por Dante no PAREST do Matupiri constam da
listagem apresentada neste estudo.

69
A diversidade de aves no PARET do Matupiri

Considerando os inventários realizados por Ricardo Almeida e Dante Buzetti foram


registradas 140 espécies de aves dentro dos limites do PAREST do Matupiri (Anexo -
Avifauna: espécies de aves amostradas durante os trabalhos de campo no PAREST do
Matupiri). Estima-se que pelo menos 700 espécies ocorram no interflúvio Purus/Madeira
(COHN-HAFT et al., 2007;RIDGELY & TUDOR,2009;PERLO,2009), portanto, o número de
espécies de aves registradas até o momento deve ser considerado como uma subestimativa
da diversidade de aves encontrada na região.
Algumas explicações plausíveis para esta estimativa ainda muito preliminar da
diversidade de aves para uma região tão extensa quanto o PAREST do Matupiri podem ser
destacadas. O esforço de amostragem foi restrito e não foi bem distribuído entre os
ambientes encontrados no Parque. O maior esforço de amostragem foi direcionado para as
campinas e campinaranas, que são ambientes caracterizados pela baixa diversidade de
espécies de aves (BORGES, 2004).
Os ambientes de matas de terra firme e matas alagadas das margens dos rios não
foram adequadamente amostrados. As matas de terra firme da Amazônia podem hospedar
até 250 espécies de aves residentes (COHN-HAFT et al., 1997, BORGES & ALMEIDA,2012).
Estimativas locais de diversidade de aves de ambientes sazonalmente alagáveis não são
muito comuns na literatura científica, mas acreditamos que entre 150 e 250 espécies de
aves devem se utilizar regularmente deste hábitat com uma parte significativa delas sendo
restrita a estes ambientes sazonalmente alagáveis.
Se considerarmos os números citados como referências válidas da diversidade de
aves, estima-se que pelos menos 400 espécies de aves devem ocorrer no PAREST do
Matupiri. Uma vez que os esforços de amostragens de aves do PAREST do Matupiri foram
direcionados para as campinas e campinaranas análises mais detalhadas desta avifauna são
apresentadas aqui.

Aves do complexo campina-campinarana: diversidade e composição de espécies

As campinas e campinaranas formam um complexo mosaico de vegetações que


cresce sobre solos arenosos e pobres em nutrientes localizados em enclaves de vegetação
70
isolada por outros tipos de florestas (ANDERSON,1981). Tais características proporcionam
condições ecológicas bastante restritivas levando a uma baixa diversidade de espécies, mas
um alto nível de especialização e endemismo (BORGESet al., 2013).
No complexo de vegetação sobre solos arenoso no PAREST do Matupiri foram
registradas 64 espécies de aves distribuídas entre as campinas (31 espécies), campinaranas
(31 espécies) e capões (36 espécies). A diversidade de aves nas matas de terra firme (66
espécies) foi quase o dobro da encontrada nos ambientes sobre solos arenosos, mesmo
considerando que o esforço de amostragem direcionado para as matas de terra firme foi
muito menor. Estes números destacam uma característica importante das
campinas/campinaranas que é sua baixa diversidade de espécies de aves (BORGES, 2004).
Considerados os três habitats que crescem sobre solos arenosos em conjunto
(campinas, campinaranas e capões), o esforço de amostragem parece ter sido suficiente
para uma boa caracterização deste componente da avifauna do Parque (Figura 22).
Estimativas estatísticas mostram que o número médio de espécies esperado para este
ambiente é de 82 com intervalo de confiança variando de 70 a 114 espécies. Assim, o
inventário da avifauna foi capaz de detectar em média 78% da avifauna esperada para estes
habitats. Comparações entre as campinas do PAREST do Matupiri e outras campinas
amazônicas devem levar em conta aspectos como área ocupada por esta tipo de ambiente,
região geográfica, esforço amostral entre outros aspectos. Entretanto, o número de espécies
de campina registradas no PAREST do Matupiri está dentro da diversidade esperada para
este hábitat encontrada em outros estudos (BORGES 2004, OREN 1981).

71
Figura 22. Curvas cumulativas de diversidade de aves observadas e estimadas a partir do esforço
empregado nos censos.

90
80 Curva_observada
Curva_estimada
70

No de espécies
60
50
40
30

20
10
0
1 51 101 151 201 251

Unidades amostrais

Nota: As unidades amostrais se referem a listas compiladas em censos de cinco minutos. A curva estimada foi
calculada usando o estimador Chao 1.

A composição local de espécies de aves da mata de terra firme foi bastante distinta
da encontrada nos ambientes que crescem sobre solos arenosos (Figura 23). A avifauna das
campinas e dos capões foi bastante similar, enquanto que a campinarana apresentou uma
avifauna mais misturada incluindo elementos da mata de terra firme adjacente. Nota-se que
as matas de terra firme e as campinas/campões ocupam os extremos de um gradiente na
composição de espécies de aves.

Figura 23. Agrupamento dos ambientes amostrados a partir da similaridade na composição de


espécies de aves co complexo campina/campinarana no Parque Estadual do Matupiri.

Nota: A linha pontilhada indica 50% de similaridade.


72
PAREST do Matupiri e as áreas de endemismo amazônicas

Nas terras baixas da Amazônia, foram identificadas nove áreas de endemismo com
base na distribuição restrita de espécies de aves (HAFFER, 1978; CRACRAFT, 1985; SILVA
et al., 2005;BORGES E SILVA,2012). O PAREST do Matupiri está inserido na área de
endemismo Inambari (interflúvio Madeira/Purus), na margem esquerda do médio Rio
Madeira onde foram registradas 56 espécies de aves endêmicas (HAFFER, 1990;
CRACRAFT,1985).
Das 140 espécies registradas no PAREST do Matupiri, ao menos seis espécies são de
ocorrência limitada à área de endemismo Inambari, o que corresponde a 5% da avifauna
conhecida para essa área de endemismo (CRACRAFT, 1985). Ressaltamos que a proporção
de espécies endêmicas do Inambari registradas no PAREST do Matupiri deve aumentar
significativamente com a intensificação dos inventários de aves na região. Além desses
relevantes registros, foram identificadas em campo pelo menos duas de aves recentemente
descritas, reforçando ainda mais a distinção biogeográfica do Inambari (COHN-HAFT et al.,
2013a,b).
Até 2005, apenas 5% da área de endemismo Inambari estava comprometida pelo
desmatamento (SILVA et al., 2005) e apenas 7% encontrava-se em áreas protegidas, sendo
que apenas 1,7% correspondem a áreas de proteção integral (SILVA et al., 2005). Assim, o
PAREST do Matupiri representa uma área protegida de grande relevância no contexto da
proteção de um importante componente biogeográfico da Amazônia.

Espécies de destaque

Das espécies registradas no PAREST do Matupiri até o momento, nenhuma foi


apontada em categorias de ameaça segundo a IUCN (IUCN 2012) ou consta no Livro
vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (2008). Em geral, poucas espécies de
aves formalmente reconhecidas como ameaçadas ocorrem na Amazônia, devido a relativa
integridade deste bioma. Esta situação, entretanto, tem se modificado já que a expansão do
desmatamento tem colocado em risco espécies endêmicas de setores da Amazônia como a
área de endemismo Belém (SILVA ET al, 2005).

73
Nos inventários preliminares da avifauna do PAREST do Matupiri foram registradas
várias espécies de aves relevantes do ponto de vista biogeográfico e espécies pouco
conhecidas na natureza. Os grupos de espécies ou espécies individuais mais relevantes
registradas nos inventários são destacados abaixo.
Espécies endêmicas do Inambari (prancha 2): Pyrrhura snethlageae (Tiriba-do-
madeira), Phaethornis philippii (Rabo-branco-amarelo), Selenidera reinwardtii (Saripoca-de-
coleira), Pteroglossus beauharnaesii (Araçari-mulato), Cercomacra serva (Chororó-preto) e
Gymnopithys salvini (Mãe-de-taoca-de-cauda-barrada).
Espécies típicas das campinas amazônicas(prancha 2):Polytmus theresiae (Beija-flor-
verde), Schistochlamys melanopis (Sanhaçu-de-coleira), Tachyphonus phoenicius (Tem-tem-
de-dragona-vermelha), Emberizoides herbicola, Formicivora grisea (Papa-formiga-pardo),
Xenopipo atronitens (Pretinho) e Elaenia ruficeps (Guaracava-de-topete-vermelho)
Dolospingus fringiloides (Papa-capim-de-coleira). Espécie registrada oito vezes,
sendo cinco vezes na campina e três vezes em pequenos capões de mata em frequente
atividade vocal. Os registros mais próximos dessa espécie foram no cerrado do Parque
Estadual do Guariba (R. Almeida obs. pes.). Este é o segundo registro desta espécie ao sul do
rio Amazonas. Esse novo registro amplia sua distribuição original já que era considerada
uma espécies endêmica do noroeste da Amazônia na área de endemismo Imeri
(CRACRAFT,1985;BORGESet al. 2001;BORGES & ALMEIDA, 2012).
Herpsilochmus praedictus (Chorozinho-esperado). Espécie comum de pequeno porte
da família Thamnophilidae. Ocorre em ambientes de mata de terra firme, campinarana e
campina. Em apenas uma ocasião observei dois indivíduos, possivelmente um casal, no
subbosque, na borda de um capão. Essa espécie havia sido considerada como sendo
Hersilochmus sellowi (PACHECO & OLMOS, 2005), espécie endêmica do Nordeste brasileiro,
entretanto, os registros vocais indicam que se trata na verdade de uma espécie distinta e
recentemente descrita (COHN-HAFTet al.,2013a).
Cyanocorax hafferi(Cancão-da-campina). Espécie da família Corvidae de porte médio
(172 g) recentemente descrita (COHN-HAFT et al., 2013).Comum no interior dos pequenos
capões e nas bordas dos capões maiores. Estes capões estão inseridos nas extensas
vegetações de campina no PAREST do Matupiri. O cancão-da-campina foi observado em três

74
ocasiões em pequenos grupos 3 a5 indivíduos ou em casal. A ocorrência de Cyanocorax
hafferiera conhecida até então apenas para a região de Manicoré e Novo Aripuanã, na
margem esquerda do rio Madeira, compreendendo apenas o interflúvio Madeira-Purus
(COHN-HAFT, 2013b), entretanto, novos registros dessa espécie foram realizados por Dante
Buzzetti na Resex de Canutama, na margem esquerda do Rio Purus (COHN-HAFT,2013b),
ampliando ainda mais sua distribuição. Devido a sua pequena área de ocupação de somente
1090 km2 esta espécie está sendo considerada como vulnerável pelos critérios da IUCN
(COHN-HAFT et al., 2013b). Além disso, o hábitat preferencial da espécie é bastante
susceptível a perturbações como incêndios e uso inadequado do solo.
Os inventários apresentado neste diagnóstico representam ainda uma estimativa
limitada da diversidade de aves do PAREST do Matupiri. Não obstante estes inventários,
ainda que preliminares, permitiram avaliar o potencial do PAREST do Matupiri para a
proteção de uma avifauna bastante distinta no contexto amazônico, além de terem sido
registradas várias espécies raras e pouco conhecidas na natureza.
Em termos de proteção, a região do PAREST do Matupiri encontra-se em áreas de
relativo difícil acesso, o que favorece a sua conservação. Não foi encontrado nenhum
vestígio da presença humana no local e a região se apresenta em alto grau de conservação.
Entretanto, é importante ressaltar que o PAREST do Matupiri no seu limite leste está
adjacente a BR - 319 e no limite sul e sudoeste a AM - 464. Tais estradas podem, a médio e
longo prazo, impactar essa UC através da facilitação do acesso ao seu interior.

Continuidade dos inventários de aves

Os futuros inventários devem considerar a diversidade de ambientes protegidos na


unidade. Nestes inventários preliminares não foi possível obter amostras representativas
das matas de terra firme e das matas alagadas que margeiam os rios. Estes tipos de
vegetação possuem espécies de aves peculiares e amostragens mais eficientes dos mesmos
ampliarão o conhecimento da diversidade de aves do PAREST do Matupiri. Para a
continuidade dos inventários de aves recomendamos o uso integrado de várias
metodologias quantitativas e qualitativas incluindo contagens por pontos, capturas em
redes e inventários qualitativos.
75
O estabelecimento de acampamentos provisórios ou fixos em regiões previamente
definidas e que permitam o acesso e permanência em campo são fundamentais para dar
suporte aos inventários. Uma sugestão seria definir no zoneamento da UC, uma região
extensa (talvez 10% da área do parque) que incorpore boa parte da diversidade ambiental
em larga escala da unidade. Nesta região poderiam se concentrar os estudos de maior prazo
sobre a biodiversidade da região. O restante da UC poderia ser visitado de forma mais
esporádica complementando os inventários. Um abordagem interessante para estudos de
biodiversidade em UCs da Amazônia é o projeto Janelas para a Biodiversidade
implementada com sucesso no Parque Nacional do Jaú (BORGESet al., 2004).

Monitoramento de aves

O monitoramento de biodiversidade tem sido apontado como uma das prioridades


para pesquisa para a Amazônia. Uma série de critérios deve ser aplicada na seleção de
grupos biológicos a serem monitorados incluindo relevância biológica, facilidades de
identificação, facilidades de amostragem e susceptibilidade a perturbações antropogênicas
(NIEMELA, 2000). Aves são excelentes elementos para o monitoramento, mas algumas
considerações são relevantes para a definição de um programa eficiente de monitoramento.
Apesar de ser um grupo bastante conspícuo na natureza, o monitoramento de uma avifauna
em toda a sua diversidade demanda profissionais com alto nível de capacitação. Por outro
lado, o monitoramento de grupos de espécies com características similares como aves de
sub-bosque ou aves frugívoras se conformam em subgrupos de menor diversidade de
espécies que podem ser monitoradas sem exigência de profissionais altamente capacitados.
É importante salientar que mesmo para o monitoramento destes componentes mais
limitados da avifauna, é necessário que a equipe responsável pelo monitoramento passe por
um treinamento em técnicas de amostragem e identificação de espécies. Os locais e hábitats
a serem monitorados devem ser visitados regularmente e critérios para sua definição
devem levar em conta a acessibilidade, a logística de permanência em campo, composição
da equipe de monitores e as demandas da equipe gestora da UC. Regiões específicas para o
monitoramento de aves e outros elementos da biodiversidade devem ser identificadas no
zoneamento da UC.
76
Amostragem quantitativa da avifauna do complexo campina/campinarana

OPAREST do Matupiri protege em seus limites uma extensão de áreas considerável


dos ecossistemas que crescem sobre a areia. De fato, o PAREST do Matupiri talvez seja uma
das UCs mais estratégicas para a proteção destes ecossistemas e sua biodiversidade
associada. Este estudo apresentou uma boa amostragem da avifauna destes tipos de
vegetação, mas é necessário ampliar as metodologias para incluir dados quantitativos mais
refinados desta avifauna peculiar. O uso de redes de captura em conjunto com contagens
por ponto são as metodologias quantitativas mais eficientes para se estudar a avifauna
deste ambiente.
Também seria relevante obter dados da população do cancão-da-campina
(Cyanocorax hafferi) já que esta espécie tem uma distribuição muito restrita e, apesar de
sua população total na natureza ainda não ser conhecida, algumas estimativas apontam
para um número inferior a 30.000 indivíduos (SANTOS JR., 2008). O mapeamento dos
indivíduos, contagem de ninhos e censo de indivíduos desta espécie deve ser considerado
com uma demanda importante de pesquisa, já que o PAREST do Matupiri pode ser uma
região estratégica para a proteção desta espécie.

6.3.2.4 Mastofauna
Entre os países ocidentais, o Brasil figura com a maior diversidade de mamíferos
(FONSECA et al.,1996). A Região Amazônica apresenta cerca de 70% das espécies que
ocorrem no Brasil, com 59% de supostos endemismos.
O grupo dos mamíferos se tornou de particular interesse, devido às interações
envolvendo sítios diversos em suas áreas de distribuição e variabilidade de hábitos
alimentares, integrando nichos relevantes na dinâmica biológica dos sistemas florestais.
Desta forma, os trabalhos de campo foram concentrados de forma a levantar as
espécies de mamíferos de médio e grande porte que ocorrem em áreas de
Campina/Campinarana localizadas no Parque Estadual do Matupiri, complementando as
informações a respeito da fauna de mamíferos, através de lista de espécies, destacando
espécies consideradas endêmicas, espécies raras e espécies ameaçadas de extinção, e
diagnosticar o status de conservação destas espécies.
Para obtenção dos dados, os métodos utilizados foram:
77
1 – Procura Ativa (Transecção Linear) e Observações Indiretas (registro de pegadas,
fezes, tocas e vocalização).
2 – Coletas de espécimes através de armadilhas de queda (pitfall).
3 – Armadilhamento fotográfico e inclusão de relatos de avistamentos de espécies
por pesquisadores de outras equipes que conduziam seus trabalhos na área.
Procura ativa (Transecção linear) e Observações indiretas.
O método é realizado em transecto linear e tem como objetivo principal obter dados
sobre a composição e a abundância relativa de primatas diurnos que ocorrem na região e de
algumas outras espécies de mamíferos diurnos amostradas pelo método (ex. Mazama spp.,
Pecari tajacu, Eira barbara, Tamandua tetradactyla, Dasyprocta sp).
O protocolo utilizado foi baseado no National Research Council (1981) e consiste em
caminhadas com velocidade constante ao longo de trilhas retilíneas (transectos) e registros
dos animais avistados e identificados bem como registros indiretos: fezes e pegadas.
Foram abertas três trilhas retilíneas e uma trilha ao longo do curso do igarapé
principal totalizando 3.700 km de extensão (Figura 24). As coletas dos dados iniciaram-se
no ponto 00 de cada trilha, diariamente, alternando-se as trilhas amostradas. Foi realizado
um total de 120 km e 432 horas de esforço amostral, com amostragens diurnas e noturnas.

78
Figura 24. Mapa das trilhas amostradas em uma área de campina e campinarana do PAREST do Matupiri pela equipe de mastofauna entre
novembro e dezembro de 2012.

79
Coleta de espécimes através do método de pitfall
As coletas de espécimes através de pitfall (Figura 25) seguiram o método de
interceptação e queda (CECHIN & MARTINS, 2000), onde foram instalados dois conjuntos
de baldes com capacidade de 60 litros dispostos em “linha” contendo 10 baldes em cada um
dos conjuntos, com distância de 10 metros entre si. Instalados pela equipe de herpetofauna
em uma área de transição entre uma formação de campina/campinarana e mata ciliar.

Figura 25. Armadilha de interceptação e queda, com balde enterrado e cerca guia.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Os indivíduos capturados em armadilhas de queda foram fixados em álcool 95%, e os


dados referentes às coletas devidamente registrados. Para cada espécime coletado, foi
retirada uma pequena amostra tecidual (fígado, músculos) para fixação em tubos
criogênicos em álcool 95%. Os espécimes e tecidos foram depositados na coleção de
mastozoologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, cuja curadora responsável é
a Dr. Maria Nazareth Ferreira da Silva.
Considerando a dificuldade em observar mamíferos de hábitos noturnos em censos
diurnos, bem como mamíferos raros e de baixa abundancia, se faz necessária à utilização de
outros métodos. O armadilhamento fotográfico (Figura 26) consiste em uma adaptação do
método de marcação-recaptura em que a recaptura dos indivíduos é baseada em fotografias
(e.g. KARANTHet al.,2004).
80
Figura 26. Armadilha fotográfica sendo instalada.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Foram utilizadas nove unidades de armadilhas fotográficas, dispostas fora das trilhas
utilizadas para amostragem do censo (Figura 27).

81
Figura 27. Mapa dos pontos amostrados através de armadilhamento fotográfico em uma área de campina e campinarana do PAREST do
Matupiri pela equipe de mastofauna entre novembro e dezembro de 2012.

82
As armadilhas foram ajustadas para amostragem continua (24 horas) e disparos
(registros de imagem) com intervalos mínimos de 10 segundos. A sensibilidade do sensor
foi ajustada em campo. As armadilhas foram fixadas nos pontos de amostragens em troncos
a uma altura de 25 cm perpendicularmente do chão. Para reduzir a elevada umidade e
constantes formações de chuva na região amazônica, utilizou-se absorvente interno
feminino (e.g. O.B.) em cada armadilha fotográfica.
Os sítios de amostragem foram registrados anotando-se: Numero da armadilha,
localização (coordenadas geográficas) e o tipo de habitat. Hora de inicio e termino do
período de amostragem.
Os critérios de escolha dos pontos de instalação das câmeras se estabeleceram em
locais que apresentavam sinais de uso do local por mamíferos (toca, vestígios, pegadas e
rastros). As armadilhas foram posicionadas em distancias do transecto variado de 0,5m até
10m, evitando assim o disparo das mesmas quando o pesquisador utilizava o transecto no
método de Procura Ativa.
Foi realizado esforço amostral de 1440 horas em ambientes de campinarana. Não
foram utilizadas armadilhas fotográficas em áreas de campina, pois estas não devem ser
colocadas em ambientes abertos devido s sensibilidade do sensor de movimento.

Observações Indiretas (registro de pegadas, fezes, tocas e vocalização).


Além de observações indiretas feitas em transecto linear (vide método de transecção
linear), consideraram-se também registros de pegadas, fezes, tocas ou vocalizações
encontradas fora destes. Foram incluídos também os relatos de avistamentos de espécies
por pesquisadores de outras equipes que conduziam seus trabalhos na área.
Os resultando mostram uma boa representatividade do grupo dos carnívoros. A
ordem apresentou o maior numero de espécies no presente estudo com 15 taxa. A presença
dessas espécies é um indicio de qualidade ambiental (CULLEN JR. &VALLADARES-
PÁDUA,1999) que pode estar associada à baixa pressão antrópica na região amostrada,
visto sua dificuldade de acesso e isolamento. Porém, este levantamento deve ser
considerado preliminar, já que consistiu do primeiro levantamento da mastofauna da
região.

83
Foram registradas 60 espécies de mamíferos de pequeno, médio e grandes portes
pertencentes a sete Ordens (ANEXO - Lista de espécies de mamíferos que ocorrem nas áreas
de Campinas/Campinaras), sendo as mais comuns, ou avistadas: Lagothrix cana e Cebus
macrocephalus. Essa não é uma listagem definitiva das espécies de mamíferos de maior
porte que ocorrem na região e pode ser ampliada na medida em que forem realizados
outros trabalhos.
Em decorrência do reduzido esforço amostral ocasionado principalmente pelo
período chuvoso, torna-se pouco prudente apresentar dados de abundância das espécies,
no entanto cabe ressaltar a elevada frequência de registros (diretos e indiretos) de espécies
extensivamente caçadas em regiões habitadas, como a anta (T. terrestres), queixada
(Tayassu pecari), caititu (P. tajacu), veados (Mazama sp) e macaco-barrigudo (Lagothrix
cana). A frequência observada para essas espécies amostradas na região do PAREST do
Matupiri podem refletir à ausência de pressão de caça nessa região, dada ausência de
populações humanas.
Os diferentes e reduzidos esforços de amostragem aplicados por ponto de coleta
(ANEXO - Lista de espécies de mamíferos que ocorrem nas áreas de
Campinas/Campinaras), impossibilitam qualquer conclusão comparativa entre a riqueza e
abundância das espécies de mamíferos.
A região possui difícil acesso e ainda não teve sua biodiversidade bem amostrada.
Pelo fato de ser difícil de acessar esta área do Parque por enquanto não sofre ameaça. No
entanto é válido ressaltar que a revitalização da BR-319 poderá permitir o acesso a esses
locais. Caso haja acesso e alteração destas áreas, a duração e a intensidade dessas atividades
de retirada da cobertura florestal aliada à alteração da composição das suas espécies
fatalmente irá reduzir significativamente a abundância de indivíduos da mastofauna.
Um problema amostral, encontrado em estudos rápidos com a mastofauna
amazônica, repete-se neste. Trata-se de um reduzido esforço de campo destinado a
registrar, inclusive, algumas espécies de hábitos muito discretos, de difícil detecção até
mesmo por vestígios em ambientes de floresta (ex: Speothos venaticus, Atelocynus microtis).
Outra ordem que merece destaque é a dos Primatas, com 11 espécies. Esse grupo foi
o único que apresentou endemismos para o interflúvio Purus-Madeira, representados por

84
Lagothrix cana, Saguinus labiatus rufiventer,Saguinus fuscicollis mura e Callicebus caligatus,
o interflúvio também apresenta mais duas espécies endêmicas do gênero Callicebus, porém
com distribuição não contemplada pela região do PAREST do Matupiri. Tal fato ressalta a
importância de ações de preservação destinadas à conservação dessas espécies no Parque e
no interflúvio.
Considerando os primatas como “espécies guarda-chuva” (ROBERGE & ANGELSTAM,
2004) para a conservação de habitats, grandes porções de áreas protegidas para cada
espécie endêmica do gênero Saguinus e Calicebus pode abranger extensa parte da
diversidade de hábitats no interflúvio, sendo um bom critério para a manutenção de grande
porção da biodiversidade desta região.
No interflúvio Purus-Madeira buscando conhecimento da diversidade desse grupo,
visando à construção de estratégias de conservação. As Campinas do Parque Estadual do
Matupiri deve ganhar destaque nesse sentido, e pode ser pioneira na construção dessas
estratégias.

Espécies Ameaçadas

Neste inventário cinco espécies são consideradas ameaçadas de extinção pela IUCN
(2012.2 versão 3.1), registradas através da coleta de dados e dos relatos apresentados pelos
moradores da região (P. maximus, M. tridactyla, S. venaticus, L. wiedii, P. onca).

Fitofisionomias

Dentre os ambientes amostrados foram registrados o maior número de espécies (17)


nas florestas de campinarana. Nas campinas foram encontradas quatro espécies, por ser um
ambiente de deslocamento de animais de grande porte (ANEXO - Lista de espécies de
mamíferos que ocorrem nas áreas de Campinas/Campinaras).

85
Atividade de Caça

Durante o período de amostragem não encontramos em momento algum vestígio de


caça ou caçadores muito provavelmente não ocorrem atividades de caça na região devido à
distância de comunidades ou localidades habitadas por populações humanas.
Na Amazônia existe um padrão recorrente relacionado à intensidade da atividade de
caça, com regiões denominadas áreas de caça persistente (áreas de fácil acesso, quase
sempre muito próximas às populações humanas), áreas de caça moderada (áreas de difícil
acesso principalmente durante o período de seca, mas que são frequentadas durante o
período de cheia na Amazônia) e áreas sem caça (BODMER, 1999). Na região de Campinas
do Parque Estadual do Matupiri notavelmente podemos classificar essa área como áreas
sem caça e sugerimos a importância na demarcação destas áreas a serem preservadas, pois
se trata de uma área denominada fonte de espécie dentro do modelo de fonte-sumidouro
(BODMER, 1999). Neste caso, a área de Campina amostrada, representa uma mancha de
habitat de alta qualidade de recursos e suporte para a mastofauna da região.

Recomendações para conservação dos mamíferos de maior porte


A rica biodiversidade das florestas amazônicas é um dos principais norteadores para
conduzir esforços para reduzir a destruição do bioma e a integridade da biodiversidade em
florestas amazônicas sofre ameaças que incluem desmatamento, exploração madeireira,
queimadas, fragmentação de habitats, extinção local da fauna entre outros (FEARNSIDE,
1989). Todas estas atividades proporcionam a fragmentação das florestas, que pode
conduzir à redução da biodiversidade por uma variedade de mecanismos (LAURANCE &
BIERREGAARD,1997). Para evitar que toda a representatividade desta biodiversidade
desapareça, se faz necessário que decisões sejam tomadas priorizando a conservação de
áreas que possuam importantes representatividades da diversidade de fauna e flora. A
necessidade de tomada de ação é urgente já que a proteção da biodiversidade compete com
a legitimidade das alternativas de uso dos recursos biológicos (MARGULES et al.,2002).
Os mamíferos de médio e grande porte são animais que merecem especial atenção
na implementação e gestão de Unidades de Conservação. Animais de grande porte são
bastante prejudicados com a fragmentação florestal. A redução da cobertura florestal e a

86
possibilidade de extinção local de espécies vegetais podem acarretar o isolamento, e
prováveis alterações nas densidades populacionais e na estrutura de comunidades animais
(ZIMMERMAN & BIERREGAARD, 1986). As comunidades locais de mastofauna são
profundamente influenciadas pelos processos históricos e regionais, e a redução ou
fragmentação dos habitats desencadeia um processo de diminuição das diversidades locais
e regionais, a partir do qual não haverá retorno (RICKLEFS, 1946).
Esta área estudada não sofreu nenhuma alteração e não é utilizada por caçadores,
portanto vale a pena decretá-la área-chave para manutenção das espécies.
Não foi registrada nenhuma nova espécie ou espécie não esperada para a região e
algumas das espécies esperadas para a região não foram registradas. Poucas observações
diretas das espécies foram obtidas na área estudada e praticamente todas as conclusões
foram tomadas com base na informação obtida na literatura, fato que pode trazer alguns
equívocos, já que as populações animais não são distribuídas uniformemente pela
paisagem.
A constatação da alta diversidade, prevista para a área, de diferentes grupos
taxonômicos como primatas e da existência de espécies ameaçadas e de restrita
distribuição geográfica são alguns dos pontos que demonstram a relevância da área para a
conservação. Por outro lado com o esforço amostral realizado, não foi possível obter uma
boa caracterização da mastofauna dentro dos limites do PAREST do Matupiri, tornando
pertinente a extrapolação de dados de estudos anteriores (SAMPAIO et al., 2010;ROHE
2007;ROHE et al., 2008; ROHE et al., 2009; ROHE et al., 2012) na ausência de informações
primarias de melhor qualidade obtidas dentro dos limites da reserva. Para que se possam
embasar diretrizes de manejo apropriadas para a área, abaixo algumas recomendações:
- Realizar levantamentos mais abrangentes e duradouros visando obter informações
sobre a representatividade fitofisionomica (adequada para fins de manejo) para as
populações de mamíferos presentes.
- Efetuar um levantamento da fauna de pequenos mamíferos com a utilização de
diferentes métodos amostrais;

87
- Diagnosticar a atividade de caça nas áreas adjacentes ao Parque para determinar de
maneira clara as áreas de fonte e de sumidouro. Já determinando esta área utilizada no
estudo como área fonte de animais.
O conjunto de campinas e campinaranas no Parque Estadual do Matupiri deve
receber atenção especial, tanto pela alta probabilidade de abrigar espécies endêmicas como
pela sua fragilidade como ecossistema. Os solos arenosos conferem um sistema delicado
para o estabelecimento da vegetação, que se for removida ou impactada, pode haver danos
irreparáveis. O fato de serem fitofisionomias mais abertas propiciam baixas umidades em
certas épocas do ano, facilitando a propagação de fogo, assim como já foi observado em
campinas no Parque Nacional do Jaú. Portanto, merecem cuidados no planejamento de
atividades em suas proximidades ou interior, de forma a afastar ações antrópicas que
poderiam gerar incêndios ou aumentar o potencial de desastres desse tipo, como a retirada
de madeira em áreas vizinhas ao Parque ou mesmo o plantio de roças.
Um programa de estudos para entender a relevância e similaridade dessas manchas
de campinas quanto à biodiversidade é importante, não só dentro do Parque, mas também
incluindo paisagens desse tipo em todo o interflúvio. Pois só assim saberemos o papel do
Parque na conservação das espécies associadas a esta paisagem e a relação com as demais
manchas fora desta UC.
Apesar dos estudos preliminares não terem sido direcionados para a verificação da
possível pressão exercida sobre a biodiversidade, podemos apontar a região oeste do
Parque, próxima à BR-319, e a região ao longo do rio Matupiri, principalmente ao leste do
Parque, como sendo as áreas mais preocupantes, principalmente no que se refere à caça e
potencial exploração madeireira. As estradas são reconhecidamente facilitadoras para a
entrada de caçadores e madeireiros em toda a Amazônia e o rio Matupiri é a entrada usada
por ribeirinhos moradores do entorno e indígenas para caçar e pescar. Provavelmente a
intensidade da pressão é diferenciada desde os limites e entorno da UC até o seu interior,
mas é relevante estabelecer programas de fiscalização e monitoramento do uso desses
recursos para um planejamento adequado de conservação da biodiversidade.
Por ser uma UC de proteção integral envolto por áreas protegidas que incluem UCs
de uso sustentável e Terra Indígena, o Parque Estadual do Matupiri tem grande

88
possibilidade de estar funcionando como “fonte” de recursos naturais para as áreas
adjacentes. Entretanto é preciso a implantação de programas integrados de monitoramento
da biodiversidade em sintonia com as Áreas Protegidas ao redor e dentro do possível, um
planejamento de zoneamento do mosaico como um todo, de forma a otimizar as áreas de
uso restrito das UCs no entorno localizando-as em contato direto com o Parque.

6.4. SERVIÇOS AMBIENTAIS


“Serviços ecossistêmicos são os benefícios que as pessoas obtêm dos ecossistemas.
Entre eles se incluem serviços de provisões como, por exemplo, alimentos e água,
serviços de regulação como controle enchentes e pragas, serviço de suporte como
ciclo de nutrientes que mantém as condições para a vida na Terra, e serviços
culturais como espirituais, recreativos e benefícios culturais”. (Nações Unidas,
Avaliação Ecossistêmica do Milênio, 2005).

Segundo Santilli (2009), povos e comunidades tradicionais, que historicamente


preservaram o meio ambiente e usaram de modo consciente e sustentável seus recursos e
serviços, são também responsáveis pelo fornecimento de serviços ambientais, são os
chamados provedores de serviços ambientais.
O Amazonas é um estado pioneiro em termos de políticas públicas direcionadas ao
bem estar da população, vinculadas à conservação da floresta amazônica. Os principais
marcos são: a Política Estadual de mudanças climáticas, Conservação Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Lei 3.135/2007) e o próprio Sistema Estadual
de Unidades de Conservação - SEUC.
Na Política Estadual de Mudanças Climáticas, foram criados os Programas; Educação
sobre Mudanças Climáticas, Programa Bolsa Floresta, Programa Estadual de
Monitoramento Ambiental, Programa Estadual de Proteção Ambiental Programa Estadual
de Intercâmbio de Tecnologias Limpas e Ambientalmente Responsáveis; Programa Estadual
de Capacitação de Organismos Públicos e Instituições Privadas, Programa Estadual de
Incentivo à Utilização de Energias Alternativas Limpas e Redutoras da Emissão de Gases de
Efeito Estufa (Artigo 5°).
Para implementação dos Programas, fica o Poder Executivo Estadual autorizado a
participar de uma única Fundação Privada, sem fins lucrativos, cuja finalidade e objeto se

89
destinem ao desenvolvimento e administração dos Programas e Projetos de Mudanças
Climáticas, Conservação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, conforme previstos na
Lei n.º 3.135, de 05 de junho de 2007, e na Lei Complementar n.º 53, de 05 de junho de
2007, bem como gerenciar serviços e produtos ambientais, definidos nesta Lei.
No SEUC, se fosse possível reordenar os objetivos previstos no Artigo 4, teríamos
que o sistema objetiva-se em contribuir para a manutenção da diversidade biológica e dos
recursos genéticos do Estado do Amazonas, considerados o seu território e as águas
jurisdicionais, de forma a valorizar, econômica e socialmente os serviços ambientais e os
produtos florestais, visando a promoção do desenvolvimento sustentável e a melhoria da
qualidade de vida das populações locais, regionais e globais.
Ainda em 2007, a Fundação Amazonas Sustentável foi instituída, como resultado
desta política estadual tendo como seus fundadores o Governo do Amazonas e o Banco
Bradesco. A partir de 2008, foi destinado à Fundação os direitos de gestão dos produtos e
serviços ambientais das UCs do Estado e a incumbência de gerenciar e implementar o
Programa Bolsa Floresta, um pioneiro mecanismo de pagamento por serviços ambientais
no Brasil, anteriormente administrado pelo Governo do Amazonas.
O PBF tem quatro componentes: Bolsa Renda, que incentiva a inserção das
populações locais nas cadeias produtivas florestais sustentáveis (óleo, castanha, madeira de
manejo, pesca e turismo de base comunitária), Bolsa Social, para a melhoria da educação,
saúde, comunicação e transporte; Bolsa Associação, destinado ao fortalecimento das
associações dos moradores das UC’s para a organização, empoderamento e o controle social
do PBF; e Bolsa Familiar, recompensa mensal de R$ 50, às mães de famílias moradoras das
UC’s que assumirem o compromisso com o desmatamento zero e o desenvolvimento
sustentável. O Programa abrange as seguintes UCs: Floresta Maués, RDS Amanã, RDS
Canumã, RDS Cujubim, RDS Juma, RDS Mamirauá, RDS Piagaçu Purus, RDS Rio Amapá, RDS
do Rio Madeira, APA Rio Negro, RDS Rio Negro, RDS Uacari, RDS Uatumã, RESEX Catuá
Ipixuna e Resex Rio Gregório.
No ano de 2012, foram investidos nas UC’s atendidas pelo Programa Bolsa Floresta o
valor aproximado de 9 milhões de reais. É a primeira experiência de compensação por
Serviços Ambientais do Brasil, que executa ações em uma área de 10 milhões de hectares,

90
beneficiando 7.989 famílias que vivem na floresta e que se comprometem com a redução do
desmatamento (AMAZONAS, 2013).
Entretanto, de acordo com a legislação vigente, mesmo sendo competência da FAS a
gestão dos serviços ambientais das UCs Estaduais, a fundação não vem executando estudos
e projetos para captação de recurso e não há previsão para inserção de novas UCs no
Programa Bolsa Floresta.
Neste caso, por ser uma unidade de Proteção Integral, os beneficiários do Programa
deveriam ser os usuários da unidade, como apresentado neste Plano.
O Governo do Amazonas, através do Fórum Amazonense de Mudanças Climáticas,
Biodiversidade, Serviços Ambientais e Energia (FAMC), iniciou em 2010 a discussão da
Política Estadual de Valorização dos Serviços Ambientais. O principal objetivo da
Política de Serviços Ambientais do Amazonas é garantir a manutenção da integridade dos
ecossistemas e dos serviços ambientais do estado, valorizando os atores e as atividades
responsáveis pela conservação ambiental e dos serviços ambientais.
Segundo o projeto de Lei, são destacados os serviços ambientais, como beleza cênica,
carbono (sequestro e estoque), conservação e uso do solo, conservação e valorização da
biodiversidade, regulação do clima e serviços hídricos.
Segundo o CECLIMA, a proposta da Política de Serviços Ambientais do Amazonas,
está atualmente em análise pela Casa Civil e busca estabelecer segurança jurídica para as
populações inseridas nos programas de serviços ambientais. A proposta da Política
Estadual de Gestão dos Serviços Ambientais é reconhecer o papel das populações na
manutenção das florestas e, consequentemente, dos serviços ambientais providos
(CECLIMA, 2012).

Caminhos para sustentabilidade

O estudo realizado pelo Ministério do Meio Ambiente, sobre o papel das UCs na
economia nacional, que por meio da análise econômica da relação entre um grupo
selecionado de bens e serviços ambientais e de atividades econômicas associadas às
unidades de conservação, demonstrou que a contribuição decorrente da manutenção
desses serviços é expressiva, embora ainda não conte com suficiente reconhecimento da
91
sociedade. “As unidades de conservação constituem peças-chaves para promover a
conservação e a provisão de serviços ambientais que contribuem para o crescimento de
uma série de cadeias econômicas”.
Desta forma, seguem algumas experiências para que se possa vislumbrar atividades
a serem discutidas e planejadas na elaboração e implementação dos Planos de Gestão.

ICMS Ecológico

Não necessariamente como uma ação, ou uma atividade a ser executada dentro da
gestão da própria UC, mas importante levantar a bandeira no Estado do Amazonas em
relação ás experiências que ocorrem nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro,
através do ICMS Ecológico.
Considerado um incentivo fiscal intergovernamental baseado no princípio do
“protetor-recebedor”, o ICMS Ecológico é um mecanismo que introduz critérios ambientais
no cálculo da parcela de 25% de repasse a que fazem jus os municípios, constituindo um
mecanismo de incentivo aos municípios que investem na conservação de seus recursos
naturais visando diminuir pressões decorrentes da urbanização e de processos de produção
agrícola e industrial.
O município de Canutama, por exemplo, possui a extensão territorial de 29.819,71
quilômetros quadrados, sendo que 20.178,58 destes são protegidos por unidades de
conservação, o que totaliza um total de 67,67% (SDS, 2013, Atlas – Análise do
Desmatamento Consolidado nos Municípios do Amazonas).

Biodiversidade

Segundo Pereira (2002), a vasta biblioteca planetária de formas de vida e de


comunidades biológicas fornece também serviços gratuitos de reciclagem de materiais, de
purificação de ar e da água e de controle de pragas.
A convenção da Diversidade Biológica, acordo internacional assinado em 1992 que o
Brasil internalizou através do Decreto 2519 de 1998, estabelece que a parte contratante
deva desenvolver planos ou programas para a conservação e a utilização da diversidade

92
biológica e reconhece a estreita e tradicional dependência de recursos biológicos de muita
comunidades locais e populações indígenas com estilos de vida tradicional.
O desenvolvimento dos planos para a conservação da biodiversidade devem abordar
diferentes formas de reconhecimento e uso do conhecimento tradicional e sua importância
em relação ao alcance dos objetivos propostos. No SEUC, está previsto que o órgão gestor
deve se articular com a comunidade científica com o propósito de incentivar o
desenvolvimento de pesquisas sobre a fauna, a flora, e a ecologia das UCs e sobre as formas
de uso sustentável dos recursos naturais, valorizando-se o conhecimento das comunidades
tradicionais (Artigo 45, SEUC).
Segundo Noda (2002), as formas de produção tradicional constituem um importante
repositório da variabilidade genética de muitas espécies cultivadas e, em alguns casos, tem
assegurado a conservação de espécie cultivadas não convencionais. Para Pereira (2002), a
segurança alimentar, renda e nutrição, emprego e energia e o bem estar em geral de mais de
300 milhões de pessoas que vivem nas florestas e dependem da conservação destes biomas.
Lembra ainda, que a importância dos produtos naturais, também se dá através do
conhecimento e uso de uma infinidade de plantas e que na indústria farmacêutica, cerca de
um quarto de todas as drogas usadas na medicina são fabricadas diretamente de plantas ou
são versões modificadas de substâncias encontradas na natureza.
Segundo Freitas (2002), o universo aquático amazônico é um imenso mosaico, com
uma grande variedade de ambientes e habitados por uma diversidade de espécies de peixes
superior à de qualquer outro lugar do mundo, sendo a pesca é uma atividade tradicional na
bacia amazônica e a pressão sobre os estoques naturais variou de intensidade ao longo do
tempo (FREITAS, p.225).
Em relação á importância da carne de caça para os povos da floresta, Neto (2009),
aponta que é estimado para os povos da Amazônia brasileira um consumo diário de 75,5
toneladas de carne de animais silvestre por dia, atendendo 149.000 caçadores de
subsistência, suprindo em média 506 g por dia por família de caçador. Estes números
mostram a importância da carne de caça para os povos da floresta (NETO, 2009).
Tendo em vista esta correlação entre biodiversidade e uso tradicional dos recursos
naturais, o CEUC desenvolveu o Programa de Monitoramento da Biodiversidade e do Uso

93
dos Recursos Naturais – ProBUC. O programa visa á implantação de um sistema pioneiro de
monitoramento na Amazônia tendo com premissa o envolvimento de comunitários
residentes das UCs, como forma de evidenciar para as populações tradicionais a
importância e responsabilidade de sua atuação na manutenção da integridade dos
ecossistemas para a manutenção de seus próprios meio de vida.
O ProBUC é um programa participativo, no qual o envolvimento dos comunitários vai
além da capacitação para coleta de dados sobre a biodiversidade e o uso de recursos
naturais, sendo envolvidos e estimulados a participar em todos os processos, desde o
planejamento à avaliação dos resultados. Com o foco nas ameaças, o monitoramento
realizado pelo programa busca compreender o status da biodiversidade e uso de recursos
das comunidades da UC para planejar medidas mitigadoras e preventivas que subsidiem as
ações previstas no Plano de Gestão, visando assegurar a conservação e integridade das UCs.
Sistemas AgroFlorestais

Segundo Wandelli (2010), sistemas agroflorestais estabelecidos tendem a


desempenhar funções ecológicas aproximadas de uma floresta em estado adiantado de
sucessão, como: proteção do solo e dos recursos hídricos, manutenção dos ciclos
biogeoquímicos, conservação da cadeia produtiva da fauna silvestre e o microclima. Aponta
ainda, que os sistemas possuem o potencial para fixar o homem no campo, aumentar a
capacidade produtiva da terra, permitir o uso contínuo do solo e recuperar áreas
degradadas, a adoção de sistemas agroflorestais pelos produtores possivelmente provocará
uma diminuição da taxa de desmatamento e da frequência de queimadas de novas áreas de
florestas.
Um exemplo de experiência que ocorre aqui no Amazonas, é o trabalho desenvolvo
pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (IDESAM),
denominado Programa Carbono Neutro IDESAM (PCN). Lançado em 2010, o programa que
visa compensar emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) de empresas, eventos, shows,
pessoas físicas, etc, através da implantação de Sistemas Agroflorestais (SAFs) em áreas
degradadas na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Uatumã (RDS do Uatumã). O
principal objetivo do Programa é perenizar a produção agrícola e florestal local através de

94
um modelo de desenvolvimento social de baixo carbono, de forma a gerar “créditos” para
compensar a emissão de GEE de parceiros interessados.

Produtos Florestais

Quando realizada de maneira sustentável, segundo MMA (2011), a exploração


florestal contribui para promover a conservação dos recursos naturais explorados. Com a
aprovação da Lei de Gestão de Florestas Públicas (Lei 11.284) em 2006, o país está
experimentando a implantação de um modelo de exploração sustentável de produtos
florestais madeireiros na Amazônia que inclui as unidades de conservação compatíveis com
a atividade. A valorização do extrativismo florestal nessas unidades de conservação pode
conferir maior efetividade ao seu papel social e ecológico, integrando as comunidades ao
processo produtivo, incrementando a renda familiar e reduzindo a extração ilegal de
recursos naturais e a degradação da biodiversidade presentes nessas áreas.

Projetos de REED +

O papel desempenhado pelas unidades de conservação para evitar o desmatamento


em florestas tropicais é objeto de crescente reconhecimento internacional. Esse
reconhecimento poderá se transformar em apoio concreto à conservação por meio de
projetos de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD, na
sigla em inglês), ou projetos de “desmatamento evitado”.
De acordo com Cenamo et al. (2010), existe uma grande expectativa por parte de
governos e atores subnacionais (prefeituras, proprietários de terras privadas, associações
indígenas, ONGs, etc.) quanto ao potencial de um mecanismo de REDD+ que possa
promover e viabilizar a conservação de florestas e o desenvolvimento de comunidades.
O REDD parte do principio que países dispostos e em condições de reduzir suas
emissões por desmatamento deveriam ser recompensados financeiramente por fazê-lo,
sendo um mecanismo para combate do desmatamento. Também, está em discussão o REDD
Plus, que é um mecanismo para financiar também a conservação e o manejo florestal, que
podem e devem fortalecer as áreas protegidas.

95
6.5. POTENCIALIDADES DE USO DOS RECURSOS
NATURAIS
Por trata-se de uma unidade de conservação de proteção integral, não possui
moradores dentro de seus limites e nem títulos definitivos dentro da unidade.
Tais informações e deliberações serão tratadas neste Plano de Gestão, onde serão
caracterizados os moradores residentes da zona de amortecimento, atividades econômicas
exercidas, áreas oficinas de planejamento participativo, é o momento onde se planejam as
atividades com os atores envolvidos, sendo levantadas as expectativas de gestão sobre a
unidade e os projetos a serem executados nestes cinco anos. de uso, além do próprio
zoneamento e regras de uso, apresentados no Volume 2.
No Parque Estadual do Matupiri algumas aldeias e comunidades praticam o
extrativismo vegetal para fins medicinais, alimentícios e econômicos.
Tais potencialidades, como o extrativismo vegetal não madeireiro (castanha, açaí,
copaíba, andiroba), já são usadas pelos usuários, e devem ser inseridos ao planejamento,
para realização do ordenamento do uso, e melhoria na cadeia produtiva. Quanto ao recurso
madeireiro, também deve ser objeto de manejo, sendo descrito na caracterização que é uma
importante fonte de renda para os moradores do entorno, entretanto, sendo feito fora dos
limites da unidade. Importante ressaltar, que a atividade é realizada no momento de forma
ilegal, sendo necessário criar alternativas para sua continuidade de forma sustentável, e
com agregação de valor através de sua certificação.
Outro dado que será apresentado sobre os moradores do entorno, é sua dependência
da unidade em relação ao uso dos recursos para subsistência, sendo usado carne de caça e
os peixes para complemento protéico. No item sobre o mapeamento, podem ser observadas
as áreas e espécies usadas, devendo propor ações para monitoramento e uso de forma
sustentada. O recurso pesqueiro em específico deve-se levar em consideração o uso das
populações residentes, a pressão por agentes externos, e avaliar as potencialidades e
consequências do turismo que envolve a pesca esportiva.

96
7. CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA
DA POPULAÇÃO USUÁRIA

97
7.1. ASPECTOS CULTURAIS
Os municípios que estão nas margens esquerda e direita rio Madeira são: Nova
Olinda do Norte, Borba, Manicoré, Novo Aripuanã e Humaitá. O Parque Estadual do
Matupiri abrange os municípios de Borba e Manicoré. A denominação de “Borba” deve-se ao
fato do então governador da província do Grão-Pará da qual fazia parte a região que hoje
compreende o Estado do Amazonas, Mendonça Furtado, determinar que as vilas da
província devessem ter nome de cidades portuguesas. Já o nome “Manicoré” origina-se de
“Anicoré”, tribo indígena que habitava a região e que deu nome ao rio Manicoré, afluente do
rio Madeira (IBGE, 20130).Deste modo, os aspectos culturais em Borba e Manicoré – área
de abrangência municipal do PAREST do Matupiri - e das populações que vivem no entorno
da UC estão conectados com a cultura dos povos indígenas e dos brancos.
No município de Borba, por exemplo, a tradição indígena é bem presente, pois as
festas culturais pintam cenários na cidade; e nas áreas rurais são realizadas festividades
durante quase o ano todo. Já quanto à fé, boa parte dos borbenses presta homenagem ao
padroeiro do município, Santo Antônio, pois, na frente da cidade, há uma estátua deste, com
13m, e o festejo em sua homenagem conduz multidões que vêm de várias partes do rio
Madeira e adjacências e também da capital do Amazonas. As atividades ocorrem de1 a 14
de junho de cada ano. É a festa mais famosa da região, atraindo inúmero fieis.
Em Manicoré destaca-se a Festa da Melancia, com fins de divulgar a maior produção
de melancia do Amazonas. Ainda encontramos a Festa do Açaí na comunidade do Estirão,
no rio Manicoré. O Festival das Quadrilhas também é festa importante, envolvendo todos os
bairros da cidade, onde cada um deles apresenta uma quadrilha.
As festas das sedes municipais são citadas aqui pelo alcance que tem junto às
comunidades do entorno do PAREST do Matupiri, que costumam prestigiar os festejos em
seus momentos de folga, onde também aproveitam para visitar parentes que moram na
sede dos municípios. Da mesma forma, entende-se que há uma continuidade entre a área
urbana e a rural, entre a cidade e o campo, em uma relação de interdependência. Como por
exemplo, a festa da Melancia que ocorre na área urbana de Manicoré, depende dos
trabalhadores do campo responsáveis pela produção das melancias e de parte dos
alimentos que vão à mesa daqueles que vivem em áreas urbanizadas.
98
7.1.1. Religião

A religiosidade do PAREST do Matupiri divide-se entre cristãos católicos e


protestantes, onde estes se dividem entre protestantes da Assembleia de Deus e da Igreja
Batista (Figura 28). Conforme pode ser observado, os católicos predominam (82%).

Figura 28. Religiões praticadas pela população no entorno do PAREST do Matupiri, de acordo com
diagnóstico socioeconômico de campo.

4%
14%

Assembleia
Batista
Católica

82%

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

A predominância da religião católica em Borba pode ser observada tanto pelos dados
obtidos em campo, quanto pelo aspecto cultural-religioso em um município cujas principais
festas, que atraem visitantes de diversos lugares, são de origem católica. Borba tem em seu
calendário seis festas católicas (Tabela 12). Dentre os principais festejos católicos, o
principal e um dos mais famosos do Estado do Amazonas é a festa de Santo Antônio, no mês
de junho, padroeiro do município de Borba e que atrai os moradores do entorno do
PAREST, bem como os moradores de outras localidades interioranas.

Tabela 12. Principais festas religiosas de Borba.

Festa Período de realização

Festa de São Sebastião 20 de janeiro

Festa de Santo Antônio de Pádua 01 a 13 de junho

99
Festa de Nª Srª das Dores Outubro

Festa de Santa Luiza Novembro

Festa de Cristo Rei 14 a 29 de novembro

Festa de São Benedito 26 de dezembro

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Em Manicoré, a igreja Católica também se faz fortemente presente. Uma das festas
oficiais no calendário é a da padroeira do município, Nª Srª das Dores, em 15 de setembro.
As comunidades do entorno do PAREST do Matupiri ainda comemoram outros santos
importantes no imaginário de seus habitantes (Tabela 13).

Tabela 13. Festas religiosas do entorno do PAREST mais citadas pela população.

Festa Período de realização Comunidades de ocorrência

Santa Luzia Dezembro Braço Grande

São Marcos 23 a 26 de abril Braço Grande

Nª Srª do Rosário Outubro Jatuarana

Sagrado Coração de Jesus Maio Jatuarana, Democracia

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).
Apesar das festas católicas realizadas em algumas localidades, isto não significa a
ausência de evangélicos que sejam moradores desses lugares. Não existem comunidades
apenas de evangélicos ou apenas de católicos. Observa-se, sim, a convivência destas duas
crenças. Da mesma forma, não há como precisar a localização de igrejas por comunidades
visto que nem sempre se encontram templos edificados para as práticas religiosas, podendo
estas ocorrer em residências ou em centros comunitários, até mesmo na escola. O padre ou
o pastor, conforme o caso, também não são presenças constantes, ambos fazem visitas
periódicas a estes locais.

100
7.1.2. Gênero
A população na área do entorno da PAREST do Matupiri, através dos dados do
formulário familiar, referentes ao período de maio de 2013, foi contabilizada em 53% de
população masculina contra 47% de população feminina (Figura 29).

Figura 29. Casal de idosos.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

As informações coletadas em campo sobre a vida em comunidades demonstram que


as relações familiares e a natural divisão do trabalho entre os sexos são fundamentais para
a organização econômica. Existem trabalhos considerados “leves” e trabalhos considerados
“pesados” pelas famílias habitantes do entorno, e isto determina quais atividades a serem
exercidas por cada sexo.
Às mulheres cabem as tarefas consideradas leves, isto é, as tarefas privadas do
mundo doméstico, como cozinhar, lavar e passar a roupa, faxinar a casa, lavar a louça,
cuidar dos animais de pequeno porte e dos filhos, assim como buscar água no rio para a
residência e juntar o lixo para queimar. Contudo, a elas também cabe parte do trabalho no
espaço público, exterior à casa, isto é, no roçado, limpando-o, plantando, capinando e
colhendo a mandioca. Além disso, o plantio de temperos e ervas medicinais como alfavaca,
arruda, capim-santo, cebolinha, coentro, mangarataia, etc. é de responsabilidade exclusiva
do gênero feminino. Seu esforço, porém, é visto como auxílio ao marido. Como bem
colocado anteriormente, as tarefas femininas podem ser “consideradas mais leves”, por se
101
restringirem, na maior parte das vezes, ao universo doméstico e à cozinha. Porém,
conforme exposto, elas também acompanham os maridos no roçado e trabalham tanto
quanto eles no sentido de esforço. A jornada de trabalho da mulher, em algumas épocas do
ano, pode ser considerada pesada por ser dupla, tanto dentro de casa como fora de casa. À
elas ainda cabem cuidar das crianças, caracterizando então uma tripla jornada de trabalho,
costumeiramente pormenorizada por uma sociedade com traços patriarcais. As crianças
também costumam contribuir no trabalho da unidade familiar de produção. Este trabalho,
assim como o das mulheres, é considerado “ajuda”, mas são de fundamental importância
para o funcionamento da propriedade.
Os homens, portanto, seriam considerados os grandes responsáveis pelo sustento da
casa. Derrubam a mata para plantar a roça, fazem a queima, o encoivaramento, o plantio, a
desbrota – em alguns casos, aplicam agrotóxicos, mas no caso do PAREST do Matupiri, esta
prática não é difundida - fazem a capina, colheita e beneficiamento também. Como se pode
observar, o homem participa de todas as etapas do trabalho no roçado. Os homens também
são os maiores responsáveis pela pesca, enquanto que a mulher aguarda o peixe para tratá-
lo e cozinhá-lo (Figura 30).

Figura 30. Homem realizando suas atividades diárias fora de casa.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

102
Os homens transportam os produtos que a família comercializa no mercado,
constroem casas, constroem canoas e barcos, consertam objetos, caçam – ou seja, realizam
os trabalhos que exigem mais força física e que são externos à casa. Estes ofícios são
ensinados aos filhos homens, que quando se tornam mais velhos, na ausência do pai, são os
responsáveis pela família. Os homens também possuem o controle de toda a produção
familiar, sobre o quanto venderam, o quanto consumiram e o tamanho da área de uso.

7.1.3. Alimentação
Os principais aspectos acerca dos hábitos alimentares dos moradores do entorno do
PAREST podem ser descobertos através de uma observação atenta no momento da visita às
suas casas. Deste modo, as informações aqui reveladas foram obtidas primordialmente no
campo da pesquisa. Em torno de uma casa ribeirinha, pode-se encontrar uma rica variedade
de plantações como ingá, pupunha, abacate, bacaba, jenipapo e outras frutas. É comum
encontrar também jiraus de cebolinhas, chicória, arruda, sabugueiros, etc. Esses frutos e
plantas são perfeitamente utilizados na dieta alimentar ou como remédios caseiros,
oriundos da medicina popular. O jirau por vezes é montado com uma canoa com aspecto
antigo, cheia de plantas.
A farinha é o alimento mais popular e de maior valor simbólico para essa população,
por ser o principal acompanhamento do peixe, presente todos os dias nas mesas das
famílias locais. Da farinha de mandioca fazem também a tapioca e o beijú, consumidos no
café da manhã ou no lanche da tarde, acompanhados de café. Apesar de a farinha ser um
alimento pobre em nutrientes, os moradores do entorno do PAREST complementam sua
alimentação através do consumo das proteínas presentes nos peixes da região (Figura 31).
Os peixes mais apreciados e abundantes ali são o tucunaré, jaraqui, traíra, piranha e cará.

103
Figura 31. Preparo da farinha.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).
Assim como a farinha de mandioca, outro alimento popular e bastante consumido
entre eles, que também é proveniente da roça, é o cará um tubérculo com alto valor
nutricional. O cará costuma ser consumido cozido. São encontradas várias espécies de cará,
sendo o cará roxo a mais apreciada. Pela abundância de árvores frutíferas em seus quintais,
as frutas das temporadas são consumidas, sobretudo em forma de suco. Pode-se encontrar
uma variedade delas, como buriti, jambo, banana, laranja, maracujá, cupuaçu, pequi, caju,
graviola, etc. As carnes de caça são outro tipo de iguaria bastante apreciada entre eles.
Consomem carne de tatu, paca, quexada, cutia, jacaré, macaco, capivara e bichos de casco.
Nas sedes municipais de Borba e Manicoré, os moradores do entorno vão em busca
de alimentos que complementem sua alimentação através de gêneros alimentícios não
produzidos na UC, como arroz, feijão, macarrão, bolacha e leite. O café é um item
indispensável na maioria dos ranchos, por sempre estar presente no café-da-manhã e nos
lanches da tarde. Temperos como sal, óleo, manteiga e açúcar também entram no rol de
compras do mercado. Todo o resto dos alimentos consumidos pelos moradores do entorno
do PAREST do Matupiri provém de sua relação com a natureza.

7.1.4. Potencial Turístico


O Parque Estadual do Matupiri tem em seu entorno a Reserva de Desenvolvimento
Sustentável do Matupiri, que por sua vez encontra em seu entorno a Terra Indígena Cunhã
Sapucaia, sendo esta formada por diversas aldeias, da etnia Mura. Os indígenas desta TI
104
historicamente utilizavam estas duas unidades de conservação para diversos fins, no
entanto, a criação destas unidades gerou desconforto para as populações residentes em seu
entorno, pois os indígenas alegam que estas áreas deveriam pertencer à terra indígena.
Ainda de acordo com estes, a área do Parque é a que possui mais recursos naturais e que
possui a paisagem menos impactada.
A prática da pesca esportiva se tornou uma constante na região desde meados da
década de 1990, sendo esta realizada pela Liga de Ecopousadas, considerada parceira dos
indígenas. A empresa Liga de Ecopousadas pagava a estes um valor de aproximadamente
110 mil reais, que passou a diminuir posteriormente para 70 mil reais, o qual era e é
dividido por todas as famílias, de 11 aldeias, cabendo a cada uma um valor percentual deste
montante, que varia de acordo com o tamanho das aldeias e das famílias. Para além, a
empresa paga por meio de diárias alguns moradores das aldeias para auxiliar no trabalho,
no entanto, este percentual representa um número muito baixo se comparado ao montante.
No entanto, a Liga de Ecopousadas teve que abandonar a atividade de pesca
esportiva na área que corresponde ao Parque Estadual do Matupiri, devido a esta ser uma
área de proteção integral, não permitindo assim seu uso direto. Por este motivo, o valor
recebido pelas aldeias sofreu diminuição, acentuando o conflito existente na área. A média
de visitação realizada pela empresa gira em torno de 20 grupos com 8 pessoas cada, no
período de setembro a novembro. No entanto, a Liga fornece toda a estrutura aos turistas,
desde acomodações até embarcações, o que resulta em poucas pessoas das aldeias
indígenas obtendo renda diretamente do seu trabalho com a atividade turística. Entretanto,
para os moradores das aldeias a empresa é importante fonte de recursos financeiros.
Um dos aspectos positivos encontrados está na aldeia Piranha, a maior existente na
Terra Indígena Cunhã Sapucaia, é que esta conta com acesso a internet e possui escola que
atende até o ensino médio escolar. Outro ponto positivo se refere à organização social
existente entre os indígenas, o que fortalece a proteção histórica da unidade, tendo no
senhor Pedro Tcheré, da aldeia Piranha e o senhor Simão, da aldeia Sapucaia, como
referências da área.
Dentre os aspectos negativos encontrados está na categoria restritiva do Parque
Estadual do Matupiri e por este ter sido criado sem consulta pública dos indígenas, que

105
também constitui a população residente no entorno, o que na visão destes acaba sendo
injusta, uma vez que conflitos ocorridos no passado demonstram que foram principalmente
os indígenas que protegeram a área pertencente ao Parque. Este conflito também acontece
devido ao parque ser a área que contém maior abundância de recursos naturais.
De acordo com pesquisa realizada com os moradores da Terra Indígena, 33%
afirmaram desconhecer a atividade de turismo na região e entre os 67% que conhecem a
prática, 56% apontaram a pesca esportiva como o principal segmento turístico praticado.
Para além, 31% afirmaram ocorrer passeios nos rios pela exuberância dos locais e 13 %
devido à fauna existente na região.
Dentre os potenciais turísticos encontrados na região, os moradores do entorno
elencam o modo de vida como o principal, representando 33% dos entrevistados, em
seguida está à pesca com 31%, as casas dos moradores perfazendo 22% do total e 14%
colocaram as comidas de cunho regional.
Uma das alternativas viáveis para progressivamente diminuir o uso da pesca
esportiva até, se possível, sua extinção, seria desenvolver o ecoturismo na área da unidade,
com a possibilidade de abertura de trilhas, passeios de barco e banhos pelos rios e igarapés
que cortam a região, sendo este um processo de educação ambiental para os turistas, na
busca por outro tipo de valorização perante a unidade. Para além, o município de Borba é
um dos principais destinos do turismo religioso no Amazonas, no qual os visitantes são
atraídos pela festa de Santo Antônio de Borba, realizada no período de 01 a 13 de junho,
nessa época vários barcos partem de Manaus para os arraiais de Borba realizando a
romaria. Este é um festejo consolidado e que também mobiliza turistas de outros estados do
Brasil, configurando-se, portanto, em grande potencial de divulgação da unidade.

106
Figura 32. Maior interesse do turismo para as aldeias.

Diversificação da renda
24%

Diversificação de lazer para a


comunidade
Geração de Emprego
14% 59%
Preservação da Natureza

3%

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

O maior interesse das aldeias com a atividade turística está na possibilidade de


diversificação de renda, citada por 59% (Figura 32). Isto significa que não gostariam de se
dedicar exclusivamente a esta prática, mas é uma forma de obter renda extra, sem
abandonar suas atividades costumeiras como de agricultores familiares, extrativistas e
pescadores. Contraditoriamente à diversificação da renda, apenas 13% citaram a geração
de emprego em decorrência da atividade turística. Já a preservação da natureza, ganha
destaque, sendo representada por 27% dos entrevistados e isto se deve pela valorização do
ambiente estar ligada a prática turística.
No entanto, de acordo com moradores, há invasores que visitam a área com o intuito
de pescar e caçar, levando os recursos naturais da região de forma indiscriminada. De
acordo com dados secundários de relatórios passados, também existem problemas internos
referentes às atividades turísticas, entre os pescadores comerciais filiados à Colônia e os
que trabalham como guias da pesca esportiva. Esses conflitos foram corroborados com a
pesquisa socioeconômica realizada no local. A mortalidade de peixes na pesca esportiva
também fora relatado, pois em alguns casos fora dito que os peixes são mutilados após a
retirada do anzol, outros ficam com o currico preso na boca. Os pescadores da região,
preocupados, observam um decréscimo no número de peixes nos rios, lagos e igarapés.

107
As informações dos questionários, as conversas informais e as observações in loco a
serem analisadas sobre o potencial turístico da UC é um grande desafio aos gestores,
população local e parceiros para buscarem conjuntamente a solução para os problemas. A
atividade turística já é uma realidade presente no local, no entanto, deve-se trabalhar para
que estes possam criar autonomia na execução desta, de forma paulatina a fim de evitar
consequências negativas para as populações. Há também populações residindo no entorno
da parte sul do Parque, no entanto, esta parte não trabalha e tampouco recebe visitação de
turistas, sendo necessário, portanto, que o ordenamento seja realizado primeiramente com
os moradores indígenas do entorno, pois estes já possuem experiência na atividade
turística, para que depois seja ampliado a estes moradores.

7.2. ASPECTOS ARQUEOLÓGICO


O presente levantamento de potencial arqueológico foi realizado em dois trechos dos
rios Igapó-Açu e Matupiri, os quais são iminentemente de águas pretas. Estudo
arqueológico nos últimos 20 anos na Amazônia vem caracterizando que rios de águas
pretas são passivos de predominância de assentamentos pré-coloniais, conforme Neves
(2006, p. 54).
O levantamento no rio Igapó-Açu foi a partir da “Aldeia Piranha”, “Sapucaia”,
“Sapucainha” e até a Aldeia “Tapagem”. No rio Matupiri foi somente na “Aldeia Correia”. No
entanto, no sentido de buscar elemento secundário, caminhou-se na literatura disponível,
isto é, em publicações, em documentos e no banco de dados do órgão responsável pelo
Patrimônio Arqueológico Brasileiro.
Nesse sentido, nas aldeias em que foram realizados os caminhamentos e as
entrevistas, foi utilizado o questionário semiestruturado do grupo de socioeconomia
NUSEC/UFAM, que buscava junto às pessoas residentes nos lugares informações que
versavam sobre a presença de vestígio (de cerâmica, de terra preta2 e de lítico) no entorno
das aldeias e também em áreas adjacentes.

2
O solo de terra preta é característico de ocupações humanas há milhares de ano. Possui alto teor de fertilidade, por
isso é utilizado em práticas de agricultura familiar na Amazônia Central.
108
E dados copilados de levantamentos secundários e de campo encontram-se
pontuados no mapa na figura 33 e nas tabelas de números 14 a 16. Informa-se que a
abordagem metodológica de campo pautou-se unicamente em observação e em registros
fotográficos dos locais nos quais havia vestígios nos terreiros das aldeias, sem nenhuma
intervenção.

Procedimento de abordagem

O procedimento adotado no sentido de levantar dados sobre o potencial


arqueológico dos rios Igapó-Açu e Madeira foi pautado em dois blocos. Na primeira fase,
houve consultas em livros, em artigos, em relatórios e na Internet, na tentativa de reunir
informações sobre registros arqueológicos desses lugares; posteriormente, no segundo
momento, houve o reconhecimento do potencial arqueológico dos rios Igapó-Açu e
Matupiri, no entanto as aldeias indígenas foram previamente selecionadas pelo gestor do
Parque Estadual do Matupiri (PAREST), em virtude de elas estarem próximas da Unidade.

Levantamento secundário

A região do baixo e médio Rio Madeira, por ser composta de áreas de terra firme e de
várzea, pode ter contribuído para os assentamentos humanos pré-colombianos. A pesquisa
arqueológica na Amazônia, em verdade, pode ter iniciado a partir de quando houve a
necessidade de identificar o potencial econômico da Região.
As primeiras expedições que desceram e subiram o Rio Amazonas demonstraram em
seus registros que a Região tinha grande potencial econômico. Foi por meio da economia
que houve os primeiros registros de ocupações humanas extensas, às margens dos rios
amazônicos.
As primeiras notícias que se tem hoje da região do Rio Madeira sobre a história
indígena pretérita vêm de estudos de arqueologia dessa área por Curt Nimuendajú, 2004;
Simões, 1978-82; Miller, 1979; Moraes & Neves, 2012.
E, nesse sentido, o pioneirismo em identificar essa história coube ao etnólogo alemão
Nimuendajú, que, por meio de expedições financiadas por instituições da Europa e do

109
Brasil, ou por conta própria, reuniu coleções etnográficas e arqueológicas da área do baixo
Rio Madeira-AM e de áreas adjacentes para serem comercializadas em museus do Brasil e
da Europa. E, diga-se de passagem, Curt Nimuendajú também pode ter sido o primeiro a
comercializar peças arqueológicas do Estado do Amazonas nos mercados negros da Europa,
apregoa FAULHABER (2011, p. 20).
Portanto, a partir de levantamento junto a artigos, livros, além de relatórios de
pesquisas arqueológicas e do site do IPHAN (www.iphan.gov.br), foram identificados 23
sítios arqueológicos (CNSA) no Cadastro Nacional de Sítios Arqueólogos.
E, no mapa, elaborado pelo arqueólogo Claide de Paula Moraes, apontam-se 378
sítios arqueológicos na Amazônia Central; desse total, 100 sítios estão distribuídos na calha
do rio Madeira, no Estado do Amazonas, nos municípios de Nova Olinda do Norte, Borba,
Manicoré e Humaitá.
Inicialmente, em cada aldeia foi realizada reunião no sentido de informar o objetivo
do trabalho junto à comunidade. E, durante a reunião, por meio do gestor da Unidade de
Conservação, o Tuxaua direcionava um líder para responder às questões do questionário
semiestruturado do NUSEC/UFAM, ou o próprio líder o fazia.
Ao fim da reunião, com a devida autorização, realizava-se o procedimento de
caminhamento em torno da aldeia, nos caminhos das roças, da casa de farinha ou no acesso
à aldeia. Nos locais onde foram identificados vestígios pré-colombianos foram feitos os
registros na caderneta de campo, os registros fotográficos e a retirada de captura de
coordenadas geográficas.
Nas áreas adjacentes às aldeias, o método que se adotou foi a obtenção de
informações dos agentes que realizavam atividades de caça, de pesca, além de plantadores
de roçados em áreas do centro (distantes) das aldeias, na extração de frutos e de madeiras.
As informações colhidas junto às aldeias sintetizaram-se no mapa figura 33, nas
tabelas 14, 15 e 16. Na tabela 14, encontram-se informações de áreas de potencial
arqueológico; na tabela 15, descreveram-se as áreas das aldeias em que não foi identificada
presença de vestígios arqueológicos; e, na última tabela, há informações colhidas junto aos
agentes que realizavam atividades adjacentes às aldeias, com os dados de registros
arqueológicos.

110
Figura 33. Mapa de reconhecimento arqueológico PAREST do Matupiri, área de entorno.

111
Tabela 14. Reconhecimento de Potencial arqueológico do Rio Igapó-Açu (Parque Estadual do
Matupiri).

Coordenada geográfica*
Potencial Unidade de
N. Localidade Característica
Arqueológico Conservação Longitude
Latitude (S)
(W)

À margem direita
Sítio cerâmico a
Aldeia do rio Igapó-Açu.
01 céu aberto, de PAREST -04,518945 -60,238203
Piranha Em torno do
médio potencial.
Parque.

Sítio cerâmico À margem direita


Aldeia associado a solo -04,490545 do rio Igapó-Açu.
02 PAREST -60,351560
Sapucaia escuro, de Em torno do
médio potencial. Parque.

À margem
Sítio cerâmico -04,506445
Aldeia esquerda do rio
03 de baixo PAREST -60,414902
Tapagem Igapó-Açu. Em
potencial
torno do Parque.

* DATUM – South American ´69 - Dados de campo, abr., 2013.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Reconhecimento Arqueológico

Até pouco tempo, achava-se que as zonas de altos rios de águas pretas eram
pobres, ou seja, a ausência de peixes e de caças era evidente, logo eram divisores de
baixa densidade de população humana. A arqueologia, em pouco mais de cem anos de
pesquisa na Amazônia, vem demonstrando que isso de certa forma é incorreto.
Rios de águas pretas têm grandes potenciais de exemplares de peixes de forma
quase igual aos de águas brancas. Ademais, quase todos os rios de águas pretas são
tributários de rios de águas brancas.
O Paraná do Madeirinha, tributário do rio Madeira, da margem esquerda, tem boa
parte de suas águas modificadas uma vez por ano, isto é, no período da subida do rio; as
águas do Rio Madeira adentram o Paraná do Madeirinha, tornando-se de água branca. Já
no período da seca, a água do Paraná se torna preta.
Os rios que deságuam do Madeirinha, como os rios Autaz-mirim, Igapó-Açu e
Matupiri, têm águas pretas, entretanto, conforme as informações das populações

112
indígenas e não indígenas, as piracemas ocorrem de janeiro a dezembro, de forma que,
em alguns meses (cheia dos rios), há menos peixes, devido à grande área de igapó; e,
com isso, os peixes se espalham nessas áreas; na seca, há grande quantidade de peixes.
Os registros arqueológicos vêm confirmando que rios de águas pretas foram
também densamente habitados, haja vista que os grandes castanhais da região, em sua
maioria, estão em áreas de rios de águas pretas, cujos solos, às vezes, são de terra preta
de índio. Esse solo está associado a assentamentos de ocupações humanas há milênios. O
arqueólogo Eduardo Neves, em seu livro “A arqueologia da Amazônia”, descreve que, na
bacia do alto Rio Madeira, incluindo o rio Jamari, tributário da margem direita do
Madeira, estudos arqueológicos identificaram sítios arqueológicos de terra preta de 4
mil anos Neves (2006, p. 53).
No terreno da “Aldeia do Piranha”, a coordenada é: S 04º. 518.945– W 60º.
238.203. O solo apresentava-se com coloração avermelhada; entre as casas foram
observados vários fragmentos cerâmicos associados a pequenas manchas de solo
escuro, o qual alguns autores vêm classificando como “terra mulata” (STEINER et al.,
2010,p. 300).
Trata-se de uma nomenclatura utilizada na tentativa de diferenciar as periferias
de sítios arqueológicos com densidade de solo de terras pretas. A aldeia Piranha tem
aproximadamente 200mx100m, com 44 casas, todas de pernas de paus, isto é, de
assoalho de madeiras e cobertura de palmeiras; há duas casas de reuniões sociais, as
quais são de alvenaria; em quase toda a extensão, observamos fragmentos cerâmicos.
Próximo ao centro social e em frente à casa do tuxaua há vários fragmentos
cerâmicos simples; alguns com pinturas; e duas circunferências de recipientes
cerâmicos, sendo a primeira com aproximadamente 25 cm; e a segunda com 40 cm de
diâmetro (Figuras 34 e 35). Esses registros podem estar associados a sítios-cemitérios,
onde os artefatos podem conter fragmentos de ossadas humanas, às vezes associadas a
oferendas.
Por ser uma vistoria de reconhecimento arqueológico, fizeram-se apenas
discretos registros fotográficos com o fito de não atrair crianças que viessem danificá-los
nem que, por curiosidade, fizessem intervenções, isto é, escavassem e logo levassem a
perturbações irreversíveis.

113
Figura 34. Fragmentos cerâmicos e circunferência de recipiente; parte da borda exposta.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Figura 35. Parte de circunferência de urna funerária exposta.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).
Esse registro engendra, em verdade, as interrogações que há sobre a imensa área
da região; o que pouco se sabe em relação a como era conviver em ambientes
exuberantes ou em um “inferno verde” (RANGEL, 2008, p.38). Os artefatos são a história
do modo de vida das populações humanas que utilizaram os imensos rios de águas
pretas para, em suas margens, depositar sua história: a tinta do jenipapo (Genipa
americana L), possivelmente, coloria a cerâmica e o corpo dos indígenas; e, com os

114
resíduos materiais ou orgânicos, transformavam o solo de cor avermelhado em terras
pretas, altamente férteis, que hoje são utilizadas para a produção de hortaliças em várias
áreas da região. A isso, AB’SÁBER (2003, p. 10) chama de “heranças depositadasnos
enigmas de cada pensamento do gênero humano contemporâneo”.
A“Aldeia Sapucaia” está localizada à margem direita do rio Igapó-Açu; a
coordenada é: S 04°49058 - 60°35166. Há vinte e sete casas, das quais duas são o centro
social e a escola. Elas estão distribuídas por 120mx60m, em duas fileiras.
A primeira fileira é onde está a escola e o centro social, além de sete casas; na
outra fileira, numa espécie de rua, estão as demais casas, as quais se encontram
perfiladas, com espaçamento de 2m a 3m entre elas.
O solo é de cor acinzentada; nas áreas em que não havia capim, as crianças
utilizavam o terreiro para divertir-se e para fazer brincadeira de pular corda, jogo da
velha e de macaca. No setor (W), havia um intervalo entre duas casas.
Nesse espaço, devido à chuva que caiu à noite, expuseram-se vários fragmentos
cerâmicos. Próximo da antepenúltima casa do setor (W) havia duas metades de
circunferências de recipientes; pelas características, podem estar associadas a ritual de
sepultamento. Em torno do campo de futebol, debaixo de duas árvores de ingazeiras,
havia uma pequena mancha de terra preta.
Entre o centro social, a escola e uma casa da segunda fileira, a chuva que caiu pela
madrugada expôs uma circunferência de recipiente de 20 cm de diâmetro; no fim do
setor (E), próximo da casa do tuxaua, vários fragmentos cerâmicos estavam em
superfície.
Por fim, os vestígios de mancha de terra preta, além dos recipientes cerâmicos em
circunferência, que afloram entre as casas por intervenção antrópica ou pelas águas
pluviais, expõem diversos fragmentos importantes, que podem contribuir para a
elucidação do modo de vida das populações pré-colombianas que ao longo dos milênios
manejaram os ambientes, deixando sua história encravada nas margens do baixo Rio
Igapó-Açu.
A aldeia Sapucaia encontra-se assentada sobre um sítio arqueológico. E, nos
últimos milênios, pela distribuição dos vestígios em superfície e pela paisagem, aponta-
se que a aldeia pré-colombiana era bem maior que atualmente; agora, conforme a
informação do agente de saúde da aldeia Sapucaia reside 111 (cento e onze) pessoas.

115
Esse número, no passado pré-colonial, poderia ser multiplicado por mil, ou seja,
havia mais gente vivendo naquela época do que hoje. E deixaram um patrimônio
fundamental como são as formações de terras pretas e os castanhais, os quais hoje são
uma das fontes de renda do povo Mura.
Nas Figuras 36 e 37, constam vestígios arqueológicos que testemunham os manejos nos
ecossistemas de várzeas e de terra firme de sociedades que elaboraram modos de vida
que são heranças ancestrais, as quais são mantidas por jovens e adultos, atualmente na
aldeia.

Figura 36. No solo acinzentado, circunferência de recipiente cerâmico utilizado em ritual pelas
sociedades pré-colombianas.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Figura 37. Terra preta, associada a vestígios cerâmicos no terreiro da Aldeia Sapucaia.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

116
A “Aldeia Tapagem” está localizada à margem esquerda do Rio Igapó-Açu, numa
planície na qual os setores (E-W) se estendem para áreas de várzeas. As casas, com
exceção da escola, são todas de pernas compridas; em algumas localidades do Estado do
Amazonas, os moradores falam que são casas esperando a enchente do rio, por isso as
bases são altas; no fundo há algo de razoável nisso, pois as subidas dos rios nos últimos
anos têm atingido níveis desproporcionais, levando as casas de pernas compridas a
ficarem submersas.
Na aldeia, a subida das águas estava distante das casas em torno de 10m. No
passado pré-colonial, registros arqueológicos vêm demonstrando que as áreas próximas
à foz de rios, lagos ou igarapés eram alvos de assentamentos duradouros; em alguns
deles, tem-se identificado sítios arqueológicos com perfis de terra preta de até 2m de
profundidade.
Na área da aldeia, durante o caminhamento, observaram-se alguns fragmentos
em superfície. Próximo do campo de futebol, numa área onde as crianças brincavam
jogando bolinha de gude havia alguns fragmentos de cerâmica decorada. Próximo do
terreiro da escola, outros fragmentos ficaram expostos pelas águas pluviais.
O solo de coloração avermelhada é argiloso-arenoso. Pela distribuição de
fragmentos por quase toda a aldeia, isso leva a supor que, no passado pré-colonial, o
assentamento pode ter sido maior que a atual aldeia; conforme as figuras 38 e 39
observam-se fragmentos cerâmicos sendo escavados pelas águas pluviais.
A área de extensão da Aldeia é de 110mx30m; atrás das casas, a vegetação é
composta de diversas palmeiras; em algumas partes, percebeu-se a intervenção no solo
pelos porcos, de forma que se expuseram vestígios. Ademais, em torno das casas, havia
excrementos de porcos e caprinos, pois esses animais fazem parte da dieta alimentar da
Aldeia, em dias de festa. Os excrementos são saturados e despejados nas plantações de
canteiros suspensos existentes na Aldeia.

117
Figura 38. Fragmento cerâmico decorado sendo escavado pelas águas pluviais; e o solo argiloso-
arenoso, próximo do centro social.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Figura 39. Estilo de arquitetura da Aldeia Tapagem; e, ao fundo, a vegetação de palmeiras.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

118
Possivelmente, as práticas de canteiros suspensos, as atividades agrícolas, a pesca
e a caça seguem padrões, herdados de tradições ancestrais, conforme os informes
capturados durante a realização de entrevista.
O consultor realizou entrevista junto a um morador da aldeia sobre os sistemas
agrícolas e a captação de recursos no sentido de manter a existência da sociedade. Ao
longo da entrevista, a pessoa foi esmiuçando que o sistema de pescaria é bem artesanal,
pois é realizada com pequenos utensílios de pesca, tais como caniço, pequeno espinhel,
armadilhas e flechas.
Os peixes capturados são destinados ao consumo da Aldeia. As pescarias são
realizadas nos lagos e nos igarapés próximos à área, entretanto, quando há necessidade
de maior quantidade de pescado ou de caça, quando são realizados mutirões para
limpezas das roças ou para novos roçados, os pescadores e os caçadores se deslocam
para as áreas das unidades de conservação; assim, são usuários contínuos dos estoques
de peixes e de caças; quanto à extração de castanhas, alguns membros da aldeia ainda
praticam essa atividade, ficando toda a temporada residindo nos grandes castanhais, a
que eles chamam de “nativos”, os quais estão localizados ao longo dos rios Matupiri,
Igapó-Açu e seus tributários.
Na aldeia, há dez casas, das quais numa funciona a escola, além de um escombro
que estava apenas entabuado, sem cobertura. As casas ficam numa plataforma de
madeira; no porto de uma delas, havia alguns jiraus com cebolinhas, cheiros-verdes,
chicórias e tomates, que se somam à mesa das famílias da Aldeia.
Nas tabelas 15 e 16, áreas onde foram realizadas entrevistas socioeconômicas e
antropológicas, nas aldeias “Sapucainha” e “Correia”; a primeira está localizada à
margem direita do Rio Igapó-Açu. Conforme informação dos indígenas Mura, o
assentamento tem pouco mais de cinco anos; a aldeia tem 50mx20m, com dez casas,
sendo duas para eventos sociais (igreja e escola) e duas plataformas flutuantes que
estavam na porção (N) da aldeia, além de uma área de campo para prática de futebol. A
segunda aldeia está localizada à margem esquerda do Rio Matupiri, a 6,5km da foz; e há
nove casas; nelas em apenas uma há família residindo; as demais estavam nos
castanhais ou para a cidade de Autazes, conforme informou o tuxaua.
Nas incursões entre as residências das aldeias, no campo de futebol e nas
plantações de roças de macaxeiras, foi observada a ausência de vestígio arqueológico,
conforme está listado na tabela 15. Mas os moradores, por meio das entrevistas ou de
119
conversas informais, durante a estada dos consultores, informaram que há áreas de solo
de terras pretas quase que em todos os igarapés e no rio.
Tanto no rio Igapó-Açu quanto no Matupiri, as terras pretas, em sua maioria, são de
grandes castanhais. Um dos informantes relatou que o “Castanhal Pina”, o qual se
encontra numa região de terra firme “alta”, contém uma significativa área de terra preta.
No entanto essas áreas estão distantes das aldeias; e assim não houve qualquer
possibilidade de realizar visitas às áreas informadas. Destarte, apenas foram registradas
as informações na tabela 16.

Tabela 15. Áreas das Aldeias com ausência de vestígio arqueológico nos Rios Igapó-Açu e do
Matupiri (PAREST).

N. Localidade Potencial Unidade de Coordenada geográfica* Característica


Arqueológico Conservação Latitude (S) Longitude
(W)

05 Aldeia Ausência de PAREST 04º. 495.340 60º. 395.758 Aldeia situada à


Sapucainha vestígios margem direita do
Rio Igapó-Açu.
Área em torno do
Parque.
06 Aldeia Ausência de PAREST 04°59534 60°465116 Aldeia situada à
Correia vestígios margem esquerda
do Rio Matupiri, a
6,5km da foz.

* DATUM – South American ´69 - Dados de campo, abr., 2013.

Tabela 16. Área de potencial arqueológico não conferida (PAREST do Matupiri).


N. Nome da Informante Unidade de Tipo de Vestígios Rio/Lago
localidade Conservaçã
o

Incidência de terra
Indígena Aldeia preta e área de Igarapé do
01 Piquiá PAREST
Sapucainha castanhais; água Piquiá/Igapó-Açu.
preta.

Igarapé
Indígena Aldeia Área de castanhais
02 Massagana PAREST Massagana/ Igapó-
Sapucainha com terra preta
Açu.

Áreas de castanhais, Igarapé do


03 Sucuriju Indígena Tapagem PAREST com incidência de Sucuriju/Rio
terra preta. Igapó-Açu.

120
Indígena Aldeia Rio Amapá/Rio
04 Amapá PAREST Áreas de terra preta
Sapucainha Matupiri.

Igarapé
Castanhal Indígena Aldeia Terra firme e áreas
05 PAREST Mutum/Rio
Pino Sapucainha de terra preta.
Matupiri

Igarapé
Santo Indígena Aldeia
06 PAREST Área de terra preta. Mutum/Rio
Antônio Sapucainha
Matupiri.

Mutum Igarapé do
Indígena Aldeia Áreas de terras
07 grande e PAREST Mutum/Rio
Sapucainha pretas.
pequeno Matupiri.

Igarapé dos
Igarapé dos Indígena Aldeia
08 PAREST Áreas de terra preta. Botos/Rio
Botos Sapucainha
Matupiri.

Tributário da
margem esquerda do
Indígena Aldeia Tributário do rio
09 Tapagem PAREST Rio Igapó-Açu; áreas
Tapagem Igapó-Açu
de castanhais e com
terra preta.

Tributário da
margem direita do
Igarapé da Indígena Aldeia Tributário do rio
10 PAREST rio Igapó-Açu; poucas
Onça Tapagem Igapó-Açu
manchas de terra
preta.

Tributário da
margem esquerda do
Indígena Aldeia Tributário do rio
11 Terra Nova PAREST rio Igapó-Açu;
Tapagem Igapó-Açu
incidência de terra
preta.

Tributário da
margem esquerda;
Indígena Aldeia poucas manchas de Tributário do rio
12 Santa Joana PAREST
Tapagem terra preta com Igapó-Açu
cerâmica em
superfície.

Localidade de terra
Pontas de preta; castanhal com
Indígena Aldeia Tributário do rio
13 Castanheira PAREST terra preta; margem
Tapagem Igapó-Açu
s direita do rio Igapó-
Açu.

121
Tributário da
margem esquerda do
Tributário do rio
14 Paca Indígena Aldeia Correia PAREST rio Igapó-Açu;
Igapó-Açu
incidência de terra
preta.

15 Prefeitura Indígena Aldeia Correia PAREST Terra Preta Matupiri

Porto Terra Preta e


16 Indígena Aldeia Correia PAREST Matupiri
Alegre cerâmica

Terra Preta Terra Preta e


17 Indígena Aldeia Coreia PAREST Matupiri
do Bebé cerâmica

18 Piquiá Indígena Aldeia Correia PAREST Terra Preta Matupiri

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Em suma, as entrevistas foram realizadas nas aldeias Piranha, Sapucaia,


Sapucainha, Tapagem, localizadas no Rio Igapó-Açu, além da Aldeia Correia, localizada
no Rio Matupiri.
Essas comunidades estão na área do entorno do Parque Estadual PAREST, assim
como os rios Igapó-Açu e Matupiri, cujas águas são pretas. Segundo a informação dos
indígenas, ainda há abundância de peixes e caças nas áreas da Reserva Indígena “Cunhã
Sapucaia” e na Unidade de Conservação; e os estoques da biodiversidade são de uso das
aldeias.
Das cinco aldeias visitadas, em três foi percebido potencial arqueológico, nas
áreas entre as casas e nas de eventos sociais; nas outras duas, não foram identificados
vestígios; talvez pelo baixo impacto existente nas aldeias.
A informação dada pelos indígenas é de que há 18 áreas de potencial
arqueológico; segundo eles, a maioria delas está em regiões de castanhais. Quanto aos
sítios arqueológicos de categoria média, há evidências de que, no passado pré-colonial,
as áreas dos rios tiveram adensamento populacional, talvez bem dinâmico; e os
assentamentos eram bem maiores do que hoje, numa extensão de 276,4km da foz do rio
Igapó-Açu até o último morador no sentido da BR/319. Há pouco mais de 15 localidades;
em algumas delas, os moradores as abandonaram ou residem na Comunidade de São
Sebastião do Igapó-Açu, ou na cidade do Castanho.

122
No Rio Matupiri, só há uma aldeia, e uma família atualmente lá reside. A
incidência de sítios arqueológicos e as informações de potencial nos dois rios podem
justificar que rios de águas pretas sejam ricos em proteínas; e, assim, podem ter sido as
grandes âncoras para que, em momentos tardios, as populações mantivessem grandes
mobilidades, porém em áreas fixas, pois os três sítios arqueológicos estão associados a
extratos de solo de terra preta, a qual, na acepção de Neves (2006, p. 54), constitui uma
espécie de divisor de sendentarismo. Na Aldeia Sapucai, conforme informações do
agente de saúde, há cento e onze pessoas, entre jovens e adultos, num espaço de
7.200m².
No passado pré-colonial, esse número poderia ser multiplicado por mil, pois a
alteração na paisagem sugere que o assentamento era de proporções elevadas; assim
deveria haver um mecanismo no sentido de produzir alimentos para uma população
bem densa.
Por conseguinte os castanhais, os açaizais e outras espécies podem ser uma das
respostas para a sobrevivência e o contato dessas populações; os castanhais centrais que
há hoje nos igarapés e nas margens dos rios da região são, em verdade, resultantes das
ações de populações que mantinham certa sintonia com os ecossistemas, pois, no Rio
Igapó-Açu, a sua cabeceira o interliga ao Rio Purus; assim, as populações do rio Madeira
mantinham contatos anualmente, no período da subida do rio.
Portanto a troca pode ter sido uma das providências para que rios de águas
pretas centrais mantivessem comunicação com os de águas brancas. Ademais, a
tecnologia cerâmica e as ferramentas de pedras podem ter sido uma das explicações
para o adensamento dessas populações ameríndias pré-coloniais.
E, por fim, estudos arqueológicos futuros juntamente com as populações
indígenas podem contribuir para o entendimento de como as populações pré-
colombianas manejavam os ecossistemas das áreas do parque e da terra indígena há
milhares de anos. Mas, por outro lado, o que o levantamento preliminar aponta é que há
um patrimônio importante para ser estudado por vários ramos da ciência.

123
7.3. CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO
7.3.1. Descrição das Comunidades do Entorno da Unidade de
Conservação e da Zona de Amortecimento

Do dia 20 de abril ao dia 01 de março em Borba e do dia 20 a 29 de maio em


Manicoré do corrente ano, foi realizada a coleta de dados socioeconômico, pesqueiro e
arqueológico, além da coleta de registros audiovisuais, nas comunidades do entorno do
Parque Estadual do Matupiri.
Atualmente não há moradores no interior do PAREST, no entanto, essa realidade
nem sempre foi assim. Das 34 famílias entrevistadas, apenas 2 dessas famílias
afirmaram já terem residido dentro da área correspondente ao PAREST. Uma dessas
famílias é atual morador do entorno que corresponde ao município de Borba, e a outra
ao município de Manicoré. Foram visitados 12 lugares, dentre eles havia localidades (um
núcleo familiar), aldeia (no caso especifico do PAREST do Matupiri, indígenas da etnia
Mura e Munduruku) e assentamento do INCRA, no PAE Jenipapo.
As entrevistas foram realizadas com os moradores que estavam presentes nas
localidades. Nas aldeias, as lideranças escolhiam quem seriam entrevistados e no PAE
Jenipapo, houve a fusão entre o formulário familiar com o formulário focal, sendo este
direcionado a aplicar apenas com a liderança local.Esses usuários estão localizados no
rio Igapó Açu, Matupiri, Madeira, lago do Jenipapo, lago do Jatuarana e lago do Matupiri,
e estão há uma distancia entre 47, 59km (a mais próxima) e 105,12 km (mais distante)
do PAREST do Matupiri em linha reta (Tabela 17).

Tabela 17. Descrição dos lugares onde foi feito o levantamento dos dados socioeconômicos na
região do entorno do PAREST do Matupiri.

Nome do Lugar Tipo Lugar Município


Piranha Aldeia T.I. Cunhã Sapucaia Borba
Sapucaia Aldeia T.I. Cunhã Sapucaia Borba
Sapucainha Aldeia T.I. Cunhã Sapucaia Borba
Tapagem Aldeia T.I. Cunhã Sapucaia Borba
Correa Localidade T.I. Cunhã Sapucaia Borba
Braço Grande Assentamento PAE Jenipapo Manicoré
Bracinho Assentamento PAE Jenipapo Manicoré
Santa Maria do Poção Assentamento PAE Jenipapo Manicoré
Democracia Assentamento PAE Jenipapo Manicoré
Jatuarana Assentamento PAE Jenipapo Manicoré
Fonte: NUSEC/UFAM (2013).
124
Cunha Sapucaia - Borba

A T.I Cunhã Sapucaia homologada em 2006, possui uma área de 471.450 ha com
mais de 587 indígenas predominantemente da etnia Mura e Munduruku em minoria.
Atualmente o Brasil conta com uma população Mura de aproximadamente 15.713
pessoas. Registros históricos relatam que desde o sec. XVII percebe-se a presença dos
Mura na região dos rios Madeira, Japurá, Solimões, Negro e Trombetas. Esse grupo
étnico era conhecido por seu exímio conhecimento e habilidade em navegar pelos rios,
lagos e igarapés.
Durante o processo de contato, como de praxe, houve muitos conflitos que
resultaram em massacres e estigmas. Em todo encontro de culturas, os ícones ou
elementos dos grupos envolvidos sofrem alterações e ressignificações. A língua
comumente falada pelos Mura,por exemplo, abriu espaço para o português, que hoje é o
seu principal idioma, contudo, de acordo com Amoroso (2013) os Mura falam português,
mas em uma “linguagem própria” que eles chamam de “nossa linguagem”.
A religiosidade passou a versar sobre o cristianismo, no entanto, é facilmente
notada à presença de personagens míticos como o Juma, ser muito importante que
compõe imaginário dos habitantes desta região. É comum ouvir relatos da aparição de
um homem alto, peludo que porta um porrete na mão, além dos relatos de encante do
boto, nesse caso é comum recorrerem aos dons dos caboclos (como os Mura se referem
ao pajé), recorrem a este também com frequência em casos de doenças, para tomar os
“remédios da terra” como eles chamam.
As aldeias costumam promover festejos em devoção aos santos. A aldeia Deus é
pai, por exemplo, promove todo ano uma festa para o Divino Espírito Santo, que teve
inicio com uma promessa que a matriarca da aldeia fez para alcançar a cura para o seu
esposo, que havia sido mordido por uma cobra. Nas festas religiosas que acontecem nas
aldeias, contam com missa celebrada por um padre do município de Borba. As festas
também são regadas por muita musica, dança e brincadeiras (derrubada do mastro), há
um tom de disputa entre as aldeias em relação a quem promove a melhor festa, disputa
aqui está relacionada com prestigio, onde só faz sentido existir um em pelo outro, e não
em um sentido de conflito. Essas festas religiosas vão além de um ato de fé, uma vez que
elas promovem a socialização entre as aldeias, e também possuem um papel importante
nas articulações políticas.

125
A forma habitacional dos Mura, é composta por casas com paredes de madeira ou
palha, piso de assoalho de madeira, ou terra batida, e cobertura de palha ou telha. As
casas estão posicionadas preferencialmente em frente aos lagos e rios, fazendo menção a
estima ao rio, que além de uma fonte de abastecimento de água e meio de subsistência é
também muito apreciado por ser também um lugar onde é possível exercer o seu
fascínio pela navegação, era muito comum esse povo passar um longo espaço de tempo
sobre as águas em suas canoas (PEQUENO, 2006).
Esse grupo étnico se reconhece como habitantes da “beira” fazendo referencia as
peculiaridades de morar em área de várzea, como indica Amoroso (2013).
A relação estabelecida entre as aldeias Mura baseiam em afinidades e
articulações políticas. Essas articulações na maioria das vezes envolvem acordos,
definições de regras para o uso dos recursos naturais de áreas específicas. Esses acordos
são estabelecidos através de reuniões entre as aldeias que podem levar dias, segundo o
tuxaua da aldeia Piranha, “o povo mura é um povo palestrante gostamos de falar, é só
assim que chegamos a um acordo”. As negociações não devem ter pressa, pois para
estes, quem negocia deve ter tempo e paciência para tal (Figura 40).

Figura 40. Reunião.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

As redes de relações Mura vão além da sua esfera territorial, o que implica em
dizer que nesse caso em especifico, essas relações se estendem desde as aldeias vizinhas
até aos municípios próximos onde moram alguns parentes e parceiros políticos que
também fazem parte da OPMTICS (Organização do povo Mura da Terra Indígena Cunhã
– Sapucaia). A relação com a população não indígena geralmente é restrita a uma política
de boa vizinhança, e os conflitos acontecem pelo fato dos não indígenas acreditarem que
uma vez que os indígenas possui uma terra delimitada estes, deveriam utilizar
126
unicamente a área determinada para a T.I. As aldeias que fazem uso direto do PAREST
do Matupiri são: aldeia Piranha, aldeia Sapucaia, aldeia Sapucainha, aldeia Tapagem e a
localidade Correia.

Aldeias

Aldeia Piranha

Aldeia Piranha (Figura 41) esta localizada à margem direita do rio Igapó Açu em
área de terra firme. É a maior, e a mais estruturada aldeia da T.I Cunhã Sapucaia. Essa
aldeia possui 45 famílias com indígenas da etnia Mura e Munduruku. A infraestrutura da
aldeia conta com 2escolas, uma com ensino fundamental e a outra com ensino médio a
distancia, via internet, que vai até o 1 ano, além do ensino de Jovens e Adultos (EJA).
Possui um centro social, igreja, polo base de saúde,motor de luz, casa de farinha e campo
de futebol. Os moradores estão divididos entre a religião católica e evangélica. Essa
aldeia fica 2h30min de distancia de Borba em um motor 40 PT. Seu sistema econômico
consiste na pesca, agricultura, caça, e também na extração da madeira, além de
atividades relacionada com pesca esportiva onde trabalham como guia.

Figura 41. Aldeia Piranha.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

127
Aldeia Sapucaia

Localizada em área de terra firme no rio Igapó Açu, a aldeia Sapucaia abriga 18
famílias totalizando 111 pessoas. Possui escola, centro comunitário, igreja, campo de
futebol, poço, motor de luz e casa de farinha. Os indígenas da etnia Mura tem sua
economia baseada na agricultura, pesca, extrativismo e pesca esportiva. Os moradores
dessa aldeia fazem parte da Organização do Povo Mura da Terra Indígena Cunhã
Sapucaia (OPMTICS) (Figura 42).

Figura 42. Aldeia Sapucaia.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Aldeia Sapucainha

Na aldeia Sapucainha residem 5 (cinco) famílias em área de terra firme à margem


direita do rio Igapó Açu. Essa aldeia não possui edificações de escola e centro
comunitário, as aulas e reuniões acontecem na área destinada à construção da igreja
católica que já esta em andamento. A economia dessa aldeia, assim como as demais, está
baseada no extrativismo, caça e pesca (Figura 43).

128
Figura 43. Aldeia Sapucainha

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Aldeia Tapagem

Aldeia Tapagem está localizada em uma área de terra firme a margem esquerda
do Rio Igapó-Açu. Juntos totalizam 7 (sete) famílias e 37 indígenas da etnia Mura, dentre
eles católicos e evangélicos. As atividades de extração, agricultura e pesca, além da
pratica da pesca esportiva fazem parte do sistema econômico da aldeia, exercidos
principalmente para subsistência. Tapagem conta com a infraestrutura de escola,centro
comunitário, barco, motor de luz, campo e casa de farinha. A aldeia está
aproximadamente 2h00 do município de Borba no motor 40 Hp (Figura 44).

Figura 44.Aldeia Tapagem.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).
129
Localidade

Correa

Essas localidades estão no rio Matupiri e Igapó Açu respectivamente, ambas


localizadas em ecossistema de terra firme. Com apenas uma família em cada localidade,
as atividades exercidas por esses moradores do entorno envolve a pesca, extrativismo e
agricultura são direcionados para própria subsistência (Figura 45).

Figura 45. Localidade Correia.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Comunidades do PAE Jenipapo - Manicoré

É um Projeto de Assentamento Extrativista realizado pelo INCRA responsável por


regularizar a terra para populações tradicionais, extrativistas que habitam e sobrevivem
da floresta. O PAE Jenipapo beneficiou 457 famílias. As comunidades que mencionaram
o uso do PAREST do Matupiri, principalmente pelos moradores mais antigos são: Braço
Grande, Bracinho, Santa Maria do Poção, Democracia e Jatuarana.

Braço Grande

Localizada no lago do Jenipapo em área de terra firme a comunidade Braço


Grande possui 32 famílias com 164 pessoas no total. Sua economia é baseada
principalmente na agricultura, os moradores também contam com o auxilio de bolsa
floresta, bolsa verde e bolsa escola (Figura 46). Essa comunidade possui uma estrutura
relativamente boa, com escola, motor de luz, casa de farinha, campo de futebol, centro
130
comunitário, igreja, bomba d’água, poço, telefone e radiofonia. Esses moradores
costumam se reunir para os cultos religiosos, reuniões comunitárias e mutirões
conhecidos como puxirum.

Figura 46. Braço grande.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Bracinho

Bracinho está localizado em área de terra firme também no lago Jenipapo. Nessa
comunidade moram 24 famílias, cuja atividade econômica é baseada na agricultura,
extrativismo e pesca voltada principalmente para subsistência. Recebem bolsa família,
bolsa floresta e bolsa verde, que contribui para renda dos moradores. Essa comunidade
conta com a infraestrutura de escola do 1 e 2 grau e Ensino de Jovens e Adulto (EJA) ,
motor de luz, a estrutura do posto de saúde, mas atualmente está desativado, casa de
farinha, campo de futebol, centro comunitário, igreja, poço que atualmente não está
funcionando, telefone e radiofonia.

Santa Maria do poção

Localizada em ecossistema de terra firme no lago do Matupiri, em Santa Maria do


Poção moram 23 família, sendo 3 dessas família usuários do PAREST do Matupiri e 20
assentados pelo INCRA. A atividade econômica é basicamente agricultura, extrativismo e
pesca, principalmente para subsistência. Os moradores dessa comunidade ainda contam
com auxilio que recebem do bolsa família e bolsa verde. Essa comunidade possui

131
infraestrutura com escola, motor de luz, casa de farinha, campo de futebol, igreja e
telefone (Figura 47).

Figura 47. Santa Maria do Poção.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Democracia

Dentre as comunidades mencionadas a cima esta é a mais próxima do município


de Manicoré, ficam aproximadamente 30 min de distância. Em ecossistema de terra
firme no rio Madeira, na comunidade Democracia mora 48 famílias, totalizando 182
pessoas. A atividade econômica é a agricultura, extrativismo, pesca e criação de animal,
principalmente para subsistência. Recebem bolsa família e bolsa floresta que contribui
pra aumentar renda. Essa comunidade possui uma boa estrutura, com escola, barco e
motor, motor de luz, poço, centro comunitário, casa de farinha, campo de futebol, igreja
e telefone. Os moradores geralmente se reúnem para os cultos religiosos, reuniões
comunitárias, mutirões (Figura 48).

132
Figura 48. Democracia.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).
Jatuarana

Jatuarana está localizada em área de terra firme no lago Jatuarana, com 42


famílias e 217 pessoas. As principais atividades econômicas são agricultura,
extrativismo, pesca e criação de animal, voltados principalmente para subsistência
(Figura 49). Os moradores recebem bolsa família, bolsa floresta que apontam ser um
bom beneficio que contribui para a renda dos moradores de Jatuarana. Essa comunidade
possui uma escola, motor de luz, centro comunitário, bomba d’água, casa de farinha,
campo de futebol, igreja e telefone.

Figura 49. Jatuarana.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).
133
Infraestrutura e Comunicação das Comunidades usuárias

O entorno do PAREST do Matupiri conta com infraestrutura de meios de


comunicação, transporte, fornecimento de energia, abastecimento de água, escola, e
posto de saúde. Os usuários entrevistados do PAREST afirmaram que o principal meio
de comunicação se dá através de bilhetes e recados chegando a uma porcentagem de
60%, e 40% possui em sua comunidade telefone publico. Também90% dos usuários
entrevistados apontaram a TV e o rádio como uma ferramenta indispensável para se
manterem informados e somente 10% possui acesso à internet.
Os meios de transporte mais utilizado pelos moradores do entorno do PAREST
tanto para trabalho, como saúde e lazer, são em 90% as embarcações do tipo rebeta. A
maioria das comunidades e aldeias visitadas não possuem embarcações de uso coletivo,
que atenda aos moradores, apenas a comunidade Democracia do PAE possui um barco
que transporta os alunos das comunidades próximas até a escola na própria comunidade
Democracia. As aldeias maiores e comunidades do PAE possuem motor de luz que
funciona pela parte da noite geralmente entre as 19h até no máximo às 22h, que
corresponde a 80% dos usuários entrevistados. Quanto ao abastecimento de água,
apenas 2 aldeias e 1 comunidade do PAE possuem poço artesiano, as demais aldeias,
comunidades e localidades buscam água nos rios e igarapés próximos, utilizam métodos
de tratamento da água aplicando cloro, coando e filtrando.
As escolas estão presentes em 60% das aldeias e comunidades, contudo, atendem
somente até o ensino fundamental, salvo a aldeia Piranha e a comunidade Bracinho e
Democracia do PAE Jenipapo, que contam com ensino fundamental e médio, além do EJA
na aldeia e na comunidade Bracinho. Em relação à assistência médica, os usuários
indígenas costumam se deslocar até o município mais próximo, Borba, e os moradores
do PAE a Manicoré, pois a única aldeia que possui um polo base de saúde é a aldeia
Piranha e a comunidade Bracinho do PAE, no entanto, não possui profissionais para
atender os moradores. Outros aspectos importantes da infraestrutura são as edificações
como as igrejas/capelas que estão presentes em 55% das aldeias e comunidades do PAE
Jenipapo usuárias do PAREST.Os centros comunitários/sede também alcançam 55% e o
campo de futebol que abrange 60% das comunidades (Tabela 18). Vale ressaltar que
mesmo nas comunidades e aldeias que possui o mínimo de infraestrutura, ainda assim, é

134
insuficiente para atender a demanda do coletivo, pois o serviço público oferecido não
corresponde a necessidade dos moradores.
Tabela 18. Infraestrutura disponível nas comunidades, localidades e aldeia do entorno PAREST do
Matupiri.

Comunidades/ Escola Posto Sede/ Campo Motor Transporte Igreja


localidades/ de centro de luz coletivo
aldeias saúde comunitário
Piranha Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim
Sapucaia Sim Não Sim Sim Sim Não Sim

Sapucainha Não Não Não Não Sim Não Em


construção
Tapagem Sim Não Sim Sim Sim Não Não
Correa Não Não Não Não Não Não Não

Braço Grande Sim Não Sim Sim Sim Não Sim


Bracinho Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim

Santa Maria Sim Não Não Sim Sim Não Sim


do poção
Democracia Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim
Jatuarana Sim Não Sim Sim Sim Não Sim

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Aspectos Habitacionais

Na região do Parque Estadual do Matupiri, tanto na região de Borba, como em


Manicoré, o tipo principal de habitação encontrado é a chamada palafita. As palafitas são
casas simples, feitas em madeira ou palha e erguidas sobre estacas. Na região de Borba,
como descrito em itens anteriores, seu ambiente é de terra firme (Figura 50).

135
Figura 50. Fotos de residências comumente encontradas na região de entorno do PAREST do
Matupiri.

Nota: A) Palafitas mais sofisticadas construídas com paredes de madeira e cobertura de zinco/alumínio.
Aldeia Piranha, mai/2013 B) Palafita mais simples construída de madeira e coberta com palha. Aldeia
Sapucaia, Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Na região da Terra Indígena Cunhã Sapucaia, 90% das casas possuem parede de
madeira. Já na região de Manicoré, as paredes das residências são feitas, principalmente,
em madeira e há também registros de casa de alvenaria.
Quanto à cobertura, o principal material utilizado, no caso da T.I. é a palha, tendo,
ainda, a presença de cobertura de zinco/alumínio entre outros materiais (Figura 51).

136
Figura 51. Materiais utilizados para cobertura das residências da T.I. Cunhã Sapucaia.

80%
70%

Frequência Relativa
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Alumínio/Zinco Palha outros
Material

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

As residências em Manicoré possuem uma cobertura, em sua maioria, telha de


barro, além de palha ou zinco/alumínio. Quanto à presença de sanitário na residência,
apenas 10% da população do núcleo de Borba possui a estrutura. As residências do
entorno do PAREST do Matupiri, no município de Borba, possuem, em sua maioria, 3
cômodos e 1 dormitório (Figuras 52 e 53 ).

Figura 52. Distribuição da população segundo o número de cômodos nas residências.

60%

50%
Frequencia Relativa

40%

30%

20%

10%

0%
1 2 3 4 5
Número de Cômodos

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

137
Figura 53. Distribuição da população segundo o numero de dormitórios na residência.

80%
70%

Frequência Relativa
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
1 Número de2Dormitórios 3

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

A fonte principal de energia no núcleo de Borba é através do gerador


comunitário. Além dessa fonte, uma pequena parcela da população tem gerador
particular e outros, ainda, não tem acesso a esse recurso (Figura 54).

Figura 54. Fontes de energia das residências.

80%
70%
Frequência Relativa

60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Gerador Comunitário Gerador Particular Não há energia
Fonte energética

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Os eletrodomésticos que os moradores priorizam na hora da compra são,


primeiramente, o fogão e, em segundo, a TV (Figura 55).

138
Figura 55. Eletrodomésticos presentes nas residências.

100%
90%
80%
Frequência Relativa

70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Fogão TV Parabólica Outros Aparelho de Geladeira Rádio
som
Eletrodomésticos

NOTA: Dentro do item “outros” foram citados os seguintes eletrodomésticos: Freezer, DVD, caixa
amplificadora, maquina de lavar, ventilador.
Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

7.2.2. Educação
Segundo a Constituição Brasileira de 1988 (art. 205), a educação é um direito de
todos e dever do Estado e da família. Assim deve visar o pleno desenvolvimento da
pessoa humana, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho, que é também, uma dentre as várias dimensões da cidadania.
A escola é um espaço sociocultural regido por um conjunto de normas e regras
educacionais, que buscam unificar e delimitara ação dos seus sujeitos, através de sua
complexa trama de relações sociais entre os sujeitos, que incluem alianças, conflitos,
imposição de normas e estratégias individuais ou coletivas, de transgressão ou de
acordos que dão forma à vida escolar. Fruto da ação recíproca entre o sujeito e a
instituição, esse processo, como tal é heterogêneo (EZPELETA & ROCKWELL, 1986).

Educação na Terra Indígena Cunhã-Sapucaia

A população local, em sua maioria, estudou apenas até o Ensino Fundamental 1,


que corresponde ao período de 1º a 5º ano. Há, ainda, uma boa parte da população que
concluiu parte do Ensino Fundamental 2, que corresponde ao período de 6º a 9º ano. Já
o Ensino Médio, apenas uma mínima quantidade de pessoas que o cursou. O motivo
139
destes dados é, em parte, devido ao oferecimento da educação na região estudada
(Tabela 19).
Como visto na tabela, a maioria das Aldeias/Comunidades possui apenas até o 5º
ano. O fato dificulta, então, a continuidade desses estudos por parte da população, já que
a distância da Aldeia Piranha, que teria o oferecimento de um maior número de séries, se
torna um fator decisivo. Os moradores ressaltam a distância, o gasto com gasolina, os
problemas com os dias de chuva forte e explicam que diante dessas dificuldades muitas
pessoas desistem de estudar.

Tabela 19. Oferecimento do serviço “educação” segundo aldeia/comunidade.

Aldeia/ Comunidade Série oferecida

Aldeia Piranha 1o a 9o ano + EJA

Aldeia Tapagem 1o a 5o ano

Aldeia Pacovão 1o a 5o ano

Aldeia Sapucaia 1o a 5o ano

Aldeia Sapucainha 1o a 5o ano

Aldeia Correia 1o a 5o ano

Vila Nova Não possui escola

Fonte: dados de campo/SEMED de Borba, 2013.

Além da distância, têm-se como principais motivos para o abandono escolar a


falta de interesse nos estudos e a necessidade de se dedicar às atividades produtivas, já
que as principais são: a agricultura, a pesca e o extrativismo, que exigem uma dedicação
diária para a produção e o sustento familiar.
Se os habitantes da região possuem interesse em continuar seus estudos, se veem
obrigados, então, a migrar para maiores centros urbanos, onde o ensino médio é
oferecido.
Mesmo nas Aldeias/Comunidades onde existem escolas, elas ainda não são ideais.
Os principais problemas apontados são a infraestrutura (ou a ausência dela), além da
ausência de professores e a merenda, que muitas vezes é insuficiente ou de má
qualidade.

140
Como exemplo dos problemas relacionados à infraestrutura, nas aldeias Sapucaia
e Piranha o espaço não comporta os alunos, enquanto na aldeia Sapucainha a escola é
apenas um pequeno cômodo improvisado e recoberto de palha.
O principal meio utilizado pelos estudantes para chegar às escolas é a caminhada.
Já na época da cheia e/ou quando é necessário se locomover à outra Aldeia/Comunidade
para ir à escola, alguns estudantes optam pela utilização de barcos para se locomoverem.
As falas e também o número de moradores que usou a digital para assinar em vários
momentos das atividades em campo evidenciam o alto índice de analfabetismo.
Em teoria, por se tratar de população indígena, a legislação (art. 210 da CF e LDB)
indica a necessidade de educação diferenciada. Porém, isso não é respeitado de maneira
integral. No que toca às escolas das aldeias Sapucaia, Piranha e Sapucainha é
interessante perceber que, com exceção da escola da aldeia Piranha, que oferece aos
alunos aulas da língua Mura, segundo declaração dos professores não há qualquer
especificidade no ensino oferecido.

Educação no núcleo de Manicoré

Já no núcleo de Manicoré há um oferecimento maior de educação, permitindo que


a população local permaneça mais anos no âmbito escolar, avançando, assim, seus
estudos (Tabela 20).

Tabela 20. Oferecimento do serviço “educação” segundo comunidade.

Série O professor
Tem No de
Comunidade Quantos? mora na
disponibilizada professor alunos
comunidade?

Braço Aprox.
1o a 5o ano do E. F. Sim 2 Sim
Grande 30

Bracinho 1o ano do E. F. ao 3o ano do E.M. Sim 3 Sim 84

Santa Maria 1o a 5o ano do E. F. Sim 1 Não 10

Democracia 1o ano do E. F. ao 3o ano do E.M. Sim 9 Sim** 200*

Jatuarana 1o a 9o ano do E. F. Sim dois Sim 37

*Alunos advindos de mais de 5 comunidades.


** Apenas 1 mora em Manicoré.
Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

141
Todas as comunidades possuem escola e, das cinco comunidades estudadas, duas
delas oferecem o Ensino Médio. Isso não significa, porém, que o ensino é de qualidade e
que as condições são as melhores possíveis. Os principais problemas apontados foram à
infraestrutura e a distância.
Para chegar à escola, os alunos vão principalmente de barco. Porém, em algumas
comunidades, durante a seca, o percurso é feito caminhando. E, as vezes, essas distancias
são significativas, o que dificulta a ida destes alunos à escola.

7.3.3. Saúde
Para os usuários do Parque Estadual do Matupiri, o fator Saúde, apresenta as
seguintes características: Em caso de doenças graves, os moradores deslocam-se até os
municípios mais próximos de suas comunidades, como Manicoré e Borba. Para o
deslocamento (até estes municípios) os moradores utilizam rabetas, voadeiras e
recreios. O tempo de viagem dura em torno de 1 a 7 horas. Há visitas de Agentes de
Saúde, apenas no Parque Estadual que abrange o município de Manicoré. As mulheres
fazem o preventivo e o pré-natal também quando há possibilidade.
A doença de maior prevalência entre os adultos é a malária. Segundo Tauil (2009)
a malária no Brasil continua sendo um grande problema de saúde pública. Embora
muitos progressos tivessem sido obtidos na luta contra a doença nos últimos 60 anos, o
número de casos registrados anualmente ainda é muito elevado, assim como de outras
doenças causadas por mosquitos.
Segundo o Ministério da Saúde (2010) no município de Borba (que abrange esta
UC), entre 2001 e 2011, houve 565 casos de doenças transmitidas por mosquitos, dentre
os quais a malária, febre amarela, leishmaniose e dengue. Contudo, a SEPLAN (2011),
demonstra que houve em 2010, 1.808 casos de malária neste município.
Já o município de Manicoré (em que o Parque também está localizado), entre os
anos de 2001 a 2011, houve 815 casos de doenças transmitidas por mosquitos (Figura
56). Neste município, a SEPLAN (2011) aponta que houve 2.083 casos de malária.

142
Figura 56. Frequência de doenças entre os usuários do PAREST do Matupiri.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Entre as crianças, as doenças que se destacam, são a diarréia e a gripe, seguidas


de outras enfermidades que ocorrem em menor porcentagem (Figura 57). A
SEPLAN(2011) afirma que o município de Borba no ano de 2010, teve 1.840 casos de
Doenças Diarreicas, tanto em adultos como em crianças. No município de Manicoré o
resultado para a esta doença é alto, onde 2.132 pessoas foram acometidas por este tipo
de doença.

Figura 57. Frequência de doenças entre as crianças, PAREST do Matupiri.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

143
Para o tratamento das doenças, os usuários do PAREST, utilizam plantas
medicinais cultivadas nos quintais agroflorestais e roças, além de produtos extrativistas.
As plantas usadas são as seguintes: Boldo, jambú, mangarataia, unha de gavião, sucúba,
copaíba, marapoãm, cidreira, abacate, cipó-tiitica, chá de alho, andiroba, mel de abelha,
folha de laranjeira, leite de banana prata e casca de azeitona. Além do tratamento
fitoterápico, os moradores utilizam outras formas de tratamento, através de consultas
médicas e com agentes de saúde.
Entre os moradores há a presença de pessoas com necessidades especiais, tais
como: deficiência auditiva, visual e mental. Dentre os problemas sociais, está o
alcoolismo e o uso de drogas ilícitas.

7.3.4. Saneamento Básico


Segundo a OMS, saneamento é o controle de todos os fatores do meio físico do
homem que podem exercer efeito deletério sobre o seu bem-estar físico, mental ou
social.
O saneamento básico é considerado uma das mais importantes Metas do Milênio,
porém, inexiste para uma parcela significativa da população mundial. Do total de
habitantes do planeta 40% não têm acesso à rede de coleta de tratamento de esgoto, o
que equivale a 200 milhões de toneladas de dejetos humanos lançados anualmente em
nossos rios e lagos.
Na Unidade de Conservação PAREST do Matupiri os moradores do entorno assim
como grande parte das comunidades localizadas ema área rural Amazonas, não possuem
água encanada, tratamento de esgoto e da água e dos resíduos produzidos pelos
habitantes desta área.
No que se refere ao fornecimento de água, (Figura 58) os moradores do entorno
da UC dependem do rio para realizar suas atividades de locomoção, bem como, as
necessidades básicas e tarefas domésticas do cotidiano como, preparo dos alimentos,
limpeza de roupas e louças. O rio também é o local onde as famílias se banham e opção
de lazer para as crianças.

144
Figura 58. Fonte de água utilizada pelos moradores do entorno da Unidade de Conservação
PAREST do Matupiri em diferentes períodos sazonais.

80%
Frequência de informantes (%)

70%

60%

50%
Cheia
40%
Seca
30%

20%

10%

0%
Rio Poço artesiano Igarapé Cacimba

Locais de coleta

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Os informantes obtém água de fontes como o rio, poço artesiano, igarapé e


cacimba. No verão e inverno a principal fonte de água dos comunitários é o rio, sendo
que, na seca esse número aumenta.
A utilização do rio como fonte de água pelos moradores de comunidades
amazônicas é comum, porém, desgastante, já que, a distância entre a fonte de água mais
utilizada (rio) e as residências dos moradores do entorno da UC varia nos diferentes
períodos sazonais entre 30 a 400 metros de distância. Esta variação ocorre devido à
formação de grandes praias na parte frontal das comunidades.
A falta de saneamento básico pode acarretar a contaminação da água por
diversos fatores como o lixo despejado nos rios e igarapés. A contaminação também
pode ocorrer pelo arraste de produtos tóxicos como defensivos ou metais pesados
liberados por garimpo ao longo do rio Madeira que banha as comunidades de Braço
Grande, Bracinho, Santa Maria do Poção do Lago do Matupiri Grande, Democracia e
Jatuarana.
Segundo a OMS a falta de tratamento da água é responsável por 65% das
internações hospitalares no país devido a doenças transmitidas pela água, como por
exemplo, disenteria, hepatite, meningite, ascaridíase, tracoma, esquistossomose e

145
outras. Mais de cinco milhões de pessoas morrem por ano no mundo devido às doenças
transmitidas pela água.
Na tentativa de minimizar a contaminação pela água os moradores do entorno da
UC PAREST do Matupiri realizam como medidas preventivas o coamento da água
seguida de aplicação de Hipoclorito, a fervura foi citada com menor frequência pelos
entrevistados (Figura 59).

Figura 59. Tratamento da água realizado por usuários da Unidade de Conservação PAREST do
Matupiri.

9%
46%

45%

Côa Aplicação de hipoclorito Ferve

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Segundo a Organização Mundial de Saúde até 2011, um bilhão de pessoas ainda


realizam suas necessidades básicas em campo aberto, sendo que, 90% ocorrem em áreas
rurais.
A população usuária da UC PAREST do Matupiri, dispõe de instalações sanitárias
mínimas. Dos entrevistados 56% lançam os dejetos diretamente no ambientes em locais
como em fundos de quintais e rios. Apenas 44% possuem privadas conhecidas como
fossa rústica que são construídas de madeira e coberta com alumínio ou palha,
geralmente encontrada nos quintais.
O lançamento dos dejetos pelos moradores do entorno da UC no ambiente pode
contaminar rios e o lençol freático através do arraste dos resíduos pela água da chuva. A
ingestão direta da água contaminada pode causar doenças diarréias agudas como: Febre
tifóide, Paratifóide, Desinterias bacilar ou amebiana, Hepatite infecciosa, Poliomelite,
Enteroinfecções e cólera. Já a Esquistossomose, Infecções nos olhos, ouvidos, nariz,
garganta e pele são doenças causadas por contato da água contaminada com a pele e
mucosas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998).

146
Segundo Jardim e Wells (1995) o lixo é tudo resíduo da atividade humana, e
considerada inutilizável, indesejáveis ou descartáveis. Pode ser composto por
substâncias putrescível, combustíveis e incombustíveis, quando descartado de forma
incorreta, acarreta problemas ambientais e sanitários.
Nas comunidades rurais usuárias da UC PAREST do Matupiri o problema
referente à geração de resíduos está relacionada ao aumento do consumo de produtos
industrializados pelos comunitários. As embalagens são descartadas de forma
inadequada no meio ambiente como, sacos plásticos e metal que levam mais de 100 anos
para se decompor.
Dentre os tipos de resíduos que são lançados no rio, buracos, incinerados ou
vendidos pelos usuários UC estão, pilhas, embalagens plásticas, folhas secas e latas
(Tabela 21). As garrafas pet e de vidro muita das vezes são reaproveitadas para
armazenar água ou sementes de culturas de ciclo curto. Já os restos de alimentos são
destinados para complementar a alimentação dos animais.

Tabela 21. Destino dos resíduos sólidos pelos moradores do entorno da Unidade de Conservação
PAREST do Matupiri.

Destino do lixo Plástico Tóxicos Vidro Alumínio Orgânico

Queima 73% - - 7% 50%

Descarta no rio - 20% - - -

Descarta em buracos - 60% 60% 33% -

Reaproveita 27% - 20% 13% -

Outros - 20% 20% 13% -

Comercializa - - - 33% -

Destina aos animais - - - - 50%

Total 100% 100% 100% 100% 100%

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

A falta de informação sobre seleção e descarte das embalagens é evidente nos


informantes, que na maioria das vezes não sabem o que fazer com os resíduos sólidos e

147
acabam dando o mesmo destino para diferentes categorias de resíduos, uma vez que, os
comunitários desconhecem a coleta seletiva.
A falta de tratamento dos resíduos e seu acúmulo podem atrair insetos e animais
vetores de doenças como: febre amarela, leptospirose transmitida pela urina do rato e
tétano causado por materiais cortantes descartados no lixo, além disso, animais
peçonhentos podem se alojar nos entulhos.
Dentre as alternativas para tentar fornecer conhecimento sobre saneamento
básico é implantar nas escolas pertencentes às comunidades do entorno da UC PAREST
do Matupiri, projetos de educação ambiental, visando criar uma conscientização
ambiental nos envolvidos, bem como, contribuir para a qualidade de vida das pessoas
que vivem nestas áreas.

7.4. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E DEMOGRAFIA


7.4.1. Espacialização das Comunidades do Entorno da Unidade de
Conservação e da Zona de Amortecimento

O Parque Estadual do Matupiri tem como objetivo básico a preservação de


ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo
ecológico, é de posse de domínio público e não permite a moradia de pessoas (Lei
Complementar n. 53, de 05 de junho de 2007; AMAZONAS, 2007).
Os mapas de espacialização foram elaborados a partir da localização das
comunidades in loco nas excursões de campo. Assim foram mapeadas algumas
comunidades, localidades e aldeias que utilizam o PAREST do Matupiri que foram
encontradas no entorno da UC.
A zona de amortecimento foi inicialmente definida por uma faixa de 10 km (dez
quilômetros), a partir do perímetro da Unidade, conforme recomendação do Sistema
Estadual de Unidade de Conservação (SEUC, 2007). A zona de amortecimento é de
especial importância para a conservação in situ, onde as atividades humanas estão
sujeitas a normas e restrições específicas, com o propósito de minimizar os impactos
negativos sobre a Unidade (AMAZONAS, 2007).

148
As comunidades, localidades e aldeias localizadas no entorno do Parque
contabilizam 07 comunidades, 04aldeias e 01 localidade que utilizam os recursos
naturais da RDS do Matupiri (Figura 60 e Tabela 22).

Tabela 22. Localidades e aldeias que utilizam os recursos naturais no PAREST do Matupiri.

Coordenadas Geográficas
(Decimal)
Localidades e Aldeias
Lat. Long.

Aldeia Sapucaínha -4,495117 -60,396020

Aldeia Tapagem -4,506721 -60,414835

Aleia Sapucaia -4,490449 -60,350602

Aldeia Piranha -4,517273 -60,237368

Localidade Sr. Pires (São Tomé) -4,828006 -60,632847

Comunidade Braço Grande -5,539508 -61,037509

Comunidade Bracinho -5,532944 -61,013841

Comunidade Sta. Maria do Poção -5,548539 -61,259597

Comunidade Democracia -5,798270 -61,429696

Comunidade Jatuarana -5,778928 -61,420682

Comunidade Barreirinha do Matupiri -5,579036 -61,037141

Comunidade Santa Eva -5,805820 -61,445470

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

149
Figura 60. Espacialização das comunidades, localidades e aldeias que utilizam o PAREST do Matupiri.

150
7.4.2. Caracterização da População e Demografia

Das 34 famílias usuárias que foram entrevistadas no entorno do Parque Estadual


do Matupiri, 75% são indígenas da etnia Mura e Munduruku da T.I Cunhã Sapucaia, e
25% assentados do INCRA no PAE Jenipapo distribuídos entre as comunidades no rio
Madeira, lago Jenipapo, lago do Jatuarana, e lago do Matupiri. As principais atividades
econômicas exercidas por esses moradores são extração de madeira, coleta de castanha,
agricultura, agropecuária, caça, pesca e pesca esportiva (Tabela 23).
Os moradores do entorno, principalmente os indígenas afirmam fazer uso
significativo da área do Parque Estadual do Matupiri, sobretudo quando tem interesse
em obter variedade e quantidade dos recursos de madeira, caça e pesca. Alegam que
esta área é de uso tradicional desse povo, uma vez que cresceram entre idas e vindas ao
PAREST. Também expressam indignação da criação desta UC sem que estes usuários
tivessem sido consultados, pois, se consideram como os “cuidadores” da área de
proteção integral. E ainda, mencionaram o desejo de ampliar T.I envolvendo a área do
PAREST do Matupiri, sob a argumentação, que o povo Mura e Mundurucu da T.I Cunhã
Sapucaia está crescendo e necessitam expandir sua área e recursos. O Parque Estadual
do Matupiri, segundo esses indígenas, apresenta tanto condições de trabalho como de
lazer que atende a necessidades dos mesmos. Já no caso do PAE Jenipapo os moradores
considerados usuários, afirmaram terem trabalhado na área do Parque Estadual do
Matupiri durante sua juventude na extração de sorva e balata, mas atualmente o
deslocamento até tal área, é esporádico devido a distancia e pela idade avançada.
Tabela 23. Panorama social, político e econômico do entorno do PAREST do Matupiri.

Comunidades/Localidades Localização N. de Religião Economia


aldeia Famílias
Agricultura/
Católica/
Piranha Igapó- Açu 35 pesca/Extrativismo/
evangélica
pesca esportiva
Agricultura/
Católica/
Sapucaia Igapó- Açu 18 pesca/Extrativismo/
evangélica
pesca esportiva
Agricultura/
Sapucainha Igapó- Açu 5 Católica pesca/Extrativismo/
pesca esportiva
Agricultura/
Católica/
Tapagem Igapó- Açu 7 pesca/Extrativismo/
evangélica
pesca esportiva
Correa Igapó- Açu 1 Evangélica Agricultura/ pesca
Lago do Católica/ Agricultura
Braço Grande 32
Jenipapo Evangélica
151
Lago do Agricultura
Bracinho 24 Católica
Jenipapo
Lago do Católica/ Agricultura/ pesca/
Santa Maria do poção 23
Matupiri Evangélica extrativismo
Agricultura/ Criação
Democracia Madeira 48 Católica
de animais
Lago do Agricultura/
Jatuarana 42 Católica
Jatuarana extrativismo
Total: 12 - 237 - -

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

No tocante a distribuição demográfica dos usuários entrevistados do entorno do


PAREST por sexo e faixa etária, demonstra que há um numero maior de homens entre as
idades de 2 a 4, 10 a 14 e 30 a 34. Já no caso das mulheres a predominância está entre as
idades de 5 a 9, 15 a 19 e 25 a 29. Nas demais faixas etárias não há uma variação
significativa entre os gêneros como pode ser observado na Figura 61.

Figura 61. Pirâmide etária do Parque Estadual do Matupiri.

95-99
90-94
85-89
80-84
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
Faixa Etária

50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20- 24
15-19
10-14
5-9
2-4
0-1
20 15 10 5 0 5 10 15 20
Frequência Relativa

F M

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

152
7.4.3. Registro Civil dos Moradores

Os dados socioeconômicos levantados no Parque Estadual do Matupiri mostram


que 93% dos seus moradores/usuários possuem o Registro de Nascimento (RN), o que
representa um cenário positivo no panorama geral da Unidade de Conservação, uma vez
que o acesso aos órgãos públicos ainda é um dos principais entraves para as populações
que habitam distante dos centros urbanos no Estado do Amazonas.
Já em relação ao Registro Geral (RG) este número cai para 57% dos
moradores/usuários. Outro importante documento de registro é o Cadastro de Pessoa
Física (CPF), sendo que entre os moradores/usuários do Parque Estadual Matupiri 45%
possuem tal documentação.
O titulo eleitor (TE) é documento para 58% dos moradores do PAREST do
Matupiri, significando um elevado índice para esta população, uma vez que este só é
permitido no país para aqueles que possuem mais de dezesseis anos. Ainda assim, entre
os 42% que não possuem título de eleitor, 83% são maiores de idade, enquanto que o
restante, 17% ainda não atingiu a idade para obter o documento. Em relação à conta
corrente (CC) em banco, 22% afirmaram serem clientes (Figura 62).

Figura 62. Documentos que a população do entorno do PAREST do Matupiri possui.


100%
90%
80%
Frequëncia Relativa

70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
RN RG CPF TE CC
Documento

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Algumas hipóteses podem ser colocadas em relação aos documentos que estes
moradores/usuários possuem, uma seria que a maioria das crianças tem nascido no
hospital, sendo este um ponto favorável ao registro de nascimento destas. Além disso,
153
para ter direito aos auxílios fornecidos pelo Estado, alguns desses documentos se fazem
necessários.

Figura 63. Estado civil no Parque Estadual do Matupiri.

4%
4%

Casado
Solteiro
46%
União Consensual
42% Viúvo
Separado

4%

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

No caso do estado civil apresentado pelos moradores da Floresta, a maior parte


dos entrevistados tem parceiros, no entanto, para 46% deles esta é uma união
consensual, ou seja, não possuem documentos que atestem tal ligação e entre estes a
média de idade apresentada é de 39 anos. Já os que afirmaram ser casados
representaram uma média de 42 % do total de entrevistados, com uma média de 41
anos de idade. Além disso, uma margem de 4% encontra-se solteira, 4% são viúvos e 4%
alegaram ser separados (Figura 63).

7.4.4. População Ativa e Renda

De forma geral, o Parque é pouco utilizado por estas pessoas, o que não anula a
importância dos recursos da UC para alguns, em especial para os povos indígenas que
habitam a T.I. Cunhã-Sapucaia das etnias Mura e Mundukuru, os quais possuem modos
próprios de organização social e política, bem como uma dinâmica de tempo
diferenciada. Este grupo em especial enfatizou seu uso histórico dos recursos no
passado e a importância da área que hoje corresponde ao Parque Estadual do Matupiri.
Apesar dos moradores destas comunidades fazerem uso dos recursos do Parque
em diferentes freqüências e intensidades, na maioria dos casos, suas economias não se

154
baseiam ou não têm forte relação com o uso de tais recursos, sendo que é difícil
determinar essa proporção de uso. Dessa forma, no que se refere aos aspectos de renda,
foi feita uma breve descrição qualitativa dos grupos de usuários em relação a suas
atividades econômicas.
a) Caracterização do núcleo de Borba (T.I. Cunhã Sapucaia) quanto às atividades
econômicas em relação ao Parque Estadual do Matupiri

A população indígena que reside no entorno do Parque no município de Borba,


distribuída ao longo dos rios Madeirinha, Igapó-Açu e Matupiri (tendo sido essa área
denominada como “núcleo de Borba”), declara-se usuária do Parque Estadual do
Matupiri, porém de forma esporádica e pouco freqüente, desde a criação da UC. Estes
indígenas reivindicam o aumento do tamanho da T.I. Cunhã-sapucaia de forma a garantir
a inclusão da área do Parque, por conta de seu histórico de uso anterior. Nesse sentido,
mesmo que a área desta UC esteja bastante distante das comunidades e a intensidade de
uso não seja tão alta, ela foi declarada como importante fonte de recursos para a
população em questão.
No Núcleo de Borba, a agricultura e o extrativismo foram apontados como as
principais atividades geradoras de renda. A agricultura está relacionada essencialmente
ao cultivo da mandioca para produção de farinha e o extrativismo, entre outros
produtos, está associado à extração de madeira, geralmente transformada em artigos
para venda, como canoas. A extração de madeira, no entanto, segundo os entrevistados
não ocorre necessariamente no Parque.
Além dessas atividades produtivas, a pesca esportiva (turismo) também consiste
numa importante atividade que contribui para composição da renda das famílias da T.I.
Cunhã-Sapucaia. Segundo os entrevistados, esta atividade atualmente ocorre apenas
dentro da T.I. (nos rios Igapó-Açu, Tupana e Matupiri), e os mesmos ressaltaram que, em
função da criação do Parque, houve uma redução significativa da renda obtida com esta
atividade, já que tiveram que diminuir sua área de atuação. Segundo eles, a renda gerada
atualmente equivale praticamente à metade da renda gerada antes à criação do Parque.
A realização da pesca esportiva ocorre por meio de uma parceria entre uma
empresa privada e os habitantes da T.I., sendo que a atribuição dos indígenas consiste
basicamente na atuação como guias e práticos (piloteiros). Ao final da temporada toda a
renda obtida na atividade é dividida entre as comunidades.

155
No que se refere aos benefícios sociais, parte das famílias sé beneficiária do
programa Bolsa Família, contudo, poucas pessoas recebem aposentadoria devidamente,
como deveriam ao menos em função da idade3. No caso de aposentadoria por tempo de
serviço, esta varia em função das condições de trabalho do indígena, mas sabe-se que a
maioria deles, tradicionalmente, inicia o trabalho no campo bastante jovem, algo que
sugere que muitos deles já poderiam receber o benefício.

(b) Caracterização do Núcleo de Manicoré (PAE Jenipapo) quanto às atividades


econômicas em relação ao Parque Estadual do Matupiri

O grupo que reside na região de entorno do Parque, em sua porção sul, no


município de Manicoré (denominados como núcleo de Manicoré), não se declara usuário
de fato do Parque, ou seja, o uso por este setor é ainda menos intenso quando
comparado com a população do outro núcleo. Segundo a população local, estes já foram
usuários da área no passado, em função principalmente da extração de sova, balata e
copaíba. No entanto, atualmente, uma parte da população não utiliza os recursos da UC
há três anos e a outra parte vai no máximo uma vez ao ano somente para atividades
pontuais e esporádicas, como a caça e a extração de algumas espécies de madeira.
Estes usuários esporádicos alegam não usar o Parque com maior freqüência em
função da distância, mas ressaltam sua diversidade e abundância de recursos, mais
especificamente em relação à caça e à extração de madeira. Afirmaram ainda que essas
atividades realizadas sejam apenas para subsistência, o que indica que a economia deste
grupo não está estritamente relacionada aos recursos do Parque.
A principal fonte de renda da população deste setor também é a agricultura,
relacionada principalmente ao cultivo da mandioca para produção de farinha. Além
disto, a pesca e o extrativismo também consistem em atividades relevantes na
composição da renda deste grupo. Entre os produtos do extrativismo mais
representativo na renda dos moradores, destaca-se a madeira que, no entanto, não
necessariamente é oriunda do Parque.
A maioria das comunidades deste núcleo está inserida no Projeto de
Assentamento Agroextrativista - PAE Jenipapo, criado em 2004. Dessa forma,
possivelmente por fazerem parte deste PAE, no que se refere aos benefícios sociais as

3 Nesse caso segue-se o padrão dos trabalhadores rurais, em que a aposentadoria deve ser concedida aos homens
a partir de 60 anos e às mulheres a partir de 55 anos.
156
comunidades aparentemente são melhor assistidas quando comparadas aos outros
setores, já que há um número considerável de pessoas que recebem o Bolsa Família,
aposentadoria e até mesmo o bolsa verde.

7.5. ORGANIZAÇÃO COMUNITÁRIA


O levantamento feito nas comunidades do entorno do PAREST do Matupiri
aponta que 56% dos pesquisados participam de alguma organização comunitária. Como
existem aldeias indígenas, a principal organização se dá em torno das organizações
indígenas, seguida das associações de pescadores.

Figura 64. Organizações comunitárias presentes no entorno do PAREST do Matupiri.

6%

18%
OIPMTICS
47% Associação de Pescadores
Igreja
Clube de Jovens

29%

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

A organização mais atuante na área do entorno do PAREST é a Organização


Indígena do Povo Mura da Terra Indígena Cunhã-Sapucaia (OIPMTICS), sediada em
Borba (Figura 64). A Igreja, ao contrário do que se poderia imaginar, não possui maiores
influências sobre a vida política comunitária, limitando-se às atividades religiosas. O
Clube de Jovens situa-se dentro das unidades religiosas, mas com pouca expressividade.
Ainda foram lembras algumas instituições governamentais que dão algum tipo de
assistência na área, sobretudo na porção que pertence à Manicoré, como o Centro
Estadual de Unidades de Conservação (CEUC) e o Instituto de Desenvolvimento
Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (IDAM).
157
7.6. PADRÃO DE USO DOS RECURSOS NATURAIS
7.6.1. Atividades Agropecuárias
A agricultura é uma das principais práticas de uso do solo dos usuários do
PAREST do Matupiri. Neste sentido, sabendo-se que a produção agrícola é sempre, em
maior ou menor grau, assegurada pela exploração familiar e que o produtor familiar não
possui único padrão cultural, social e econômico, mas difere entre si intensamente, faz-
se necessário estudá-lo em suas várias formas. A capacidade (ou incapacidade) de
sustentação e reprodução deste agricultor com a prática agrícola que exerce e no
contexto sócio-econômico a que ele está inserido poderá mostrar um caminho a ser
seguido por políticas públicas e uma base para futuros estudos acerca do produtor, da
produção familiar e seu posicionamento quanto à agricultura sustentável (GOMES,
2004).
A agricultura é realizada em dois tipos de ecossistemas, a várzea e a terra-firme,
sendo a terra firme o principal local de uso. Andrioli (2008) discorre que a agricultura
familiar é dependente de alguns fatores de produção. O primeiro fator citado pelo autor
é a terra, sendo ela um recurso limitado e que não pode ser reproduzido.
Na região que abrange o PAREST, além do fator terra, os agricultores manejam
também a floresta e o rio, sendo estes espaços, os locais de trabalho de onde tiram o
sustento familiar. Assim o sustento familiar é oriundo principalmente da agricultura,
essa constatação foi verificada pelas características das áreas de uso e exploração na
PAREST, caracterizando os moradores locais, como agricultores de acordo com a Lei
11.326/2006. Chaves et al., (2009) descreve para este contexto que uma das principais
características dos ribeirinhos amazônicos é a sua modalidade de ocupação do
território, em geral localizada em áreas de terras firmes (porções de terras altas que não
alagam no período da enchente do rio) ou em terras de várzeas,as margens de rios e
lagos, onde buscam se estabilizarem, formando, assim, agrupamentos comunitários
constituídos de várias famílias, denominados comunidades.
Na região amazônica, dentre os vários subsistemas desenvolvidos pelas ações
antrópicas e que se adaptaram as condições do meio amazônico, está o quintal
agroflorestal, também chamado de horto caseiro ou pomar caseiro. Este tipo de
subsistema produtivo consiste na associação de espécies florestais, agrícolas,
158
medicinais, ornamentais e animais, ao redor da residência, com o objetivo de fornecer
várias formas de bens e serviços. Esses quintais são muito comuns nas pequenas
propriedades rurais da Amazônia e as frutíferas apresentam papel fundamental na sua
composição, destacando-se como um dos principais componentes (LUNZ, 2007).
No entorno do PAREST do Matupiri, como por exemplo, na Aldeia Piranha, as
famílias costumam cultivar e manter diversas culturas ao redor da moradia (Figura 65).
Neste sentido, os sistemas tradicionais de cultivo encontrados nessas populações são
caracterizados por muitos aspectos em comum, resultantes de longos processos
evolutivos, sócio-ecológicos e culturais. Esta caracterização ocorre em função de
aspectos relacionados com área e com o ciclo de produção reduzida de culturas,
realização da queimada como prática de preparo da área, consórcios de espécies
agrícolas e animais, rotatividade na utilização das áreas, divisão do trabalho por grupos
com afinidades especializadas e pela agricultura de subsistência complementada com a
prática extrativista.

Figura 65. Moradia na Aldeia Piranha com quintal agroflorestal ao redor, PAREST do Matupiri.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

No entorno do PAREST do Matupiri as práticas agrícolas nos quintais


agroflorestais e roças são executadas essencialmente pela mão de obra familiar. Assim
em comunidades rurais a agricultura familiar se afirma como uma categoria expressiva
no meio rural brasileiro. Na busca de sua reprodução e sobrevivência tem apresentado
características como o trabalho em tempo parcial, em face de diminuição da jornada de
trabalho favorecida pela incorporação de tecnologias de produção, e a liberação de

159
membros da família para exercerem outras atividades, agrícolas e não agrícolas,
complementando a renda familiar, fenômeno esse denominado de pluriatividade
(MARAFON & RIBEIRO, 2006). Esse fenômeno no PAREST é desencadeado e
caracterizado nas atividades e práticas na agricultura, na pesca, na criação animal,
extrativismo vegetal e animal.
Os usuários do PAREST costumam cultivar diversas culturas agrícolas em
diferentes agroecossistemas, como por exemplo, nas roças e os quintais agroflorestais,
entremeados aos Sistemas agroflorestais (SAFs). Os quintais agroflorestais, segundo
Schimitt (2003), são áreas de produção, localizadas perto da casa, onde se cultiva uma
variedade de espécies agrícolas, florestais, medicinais e ornamentais e a criação de
pequenos animais com o objetivo de fornecer várias formas de bens e serviços como:
alimentos, ervas medicinais, fibras e outros produtos de uso na propriedade durante
todo o ano. A configuração multi-estratificada e a alta.

7.6.1.1 Culturas Temporárias


No contexto da realidade amazônica, os quintais agroflorestais permitem que as
populações locais obtenham fontes importantes de nutrientes para sua segurança
alimentar, principalmente a partir dos alimentos ricos em proteínas, vitaminas e sais
minerais, para complementar os de poder calórico produzidos na roça como a mandioca
(Manihot esculenta), a Aldeia Piranha (Figura 66), assim como a maioria das
comunidades e aldeias, tem na cultura da mandioca, sua principal base da dieta
alimentar das famílias.
Para Cardoso (2008) a roça pode ser definida como um espaço agrícola aberto e
cultivado geralmente por um período menor do que o que será deixado para descanso
(CONKLIN, 1957 apud CARDOSO, 2008). Insere-se em um sistema agrícola espaço-
temporalmente cíclico que envolve a limpeza do terreno, geralmente com uso do fogo, e
a integração entre períodos de cultivo e de descanso até a reconstituição da vegetação
através da sucessão ecológica (THRUPP et al., 1997 apud CARDOSO, 2008). Atualmente é
visto como uma estratégia de manejo dos processos ecológicos (WARNER, 1991) e, os
roçados, podem ser percebidos não apenas pelo seu aspecto produtivo e ecológico, mas
também como um espaço construído através de significados culturais (EMPERAIRE,
2006 apud CARDOSO, 2008).

160
Figura 66. Produção familiar de farinha de mandioca na Aldeia Piranha, PAREST do Matupiri.

Fonte: NUSEC/UFAM(2013).

Nestes espaços antropicos, estas culturas apresentam diferentes ciclos


vegetativos, permitindo o manejo e a colheita em diferentes épocas do ano,
diversificando assim a sua produção. A aquisição de sementes, mudas e propágulos
utilizados nos agroecossistemas do PAREST, ocorre através das seguintes práticas:
compra troca ou fazem armazenamento, estas estratégias praticadas pelos agricultores
familiares locais, contribuem para a manutenção e preservação da agrobiodiversidade
nos sistemas produtivos.
Dentre os diferentes tipos de espécies de plantas cultivadas nos quintais e roças
pelos agricultores familiares, há as culturas temporárias e permanentes. As culturas
permanentes ou perenes representam o grupo das espécies de plantas com um longo
ciclo vegetativo, que ocupam a terra durante vários anos, fornecendo sucessivas
colheitas aos agricultores familiares.

7.6.1.2 Culturas Permanentes


As culturas permanentes são representadas na figura 67. Estas espécies são
cultivadas pelos moradores, em dois distintos subsistemas: os quintais agroflorestais e
as roças. A banana é a cultura permanente que apresenta maior expressividade entre as
comunidades do PAREST do Matupiri. Este resultado assemelha-se aos do Censo do
IBGE (2011), o qual aponta a banana como a cultura permanente de maior destaque,

161
com 1000 ha de áreas cultivadas no município de Manicoré (município em o PAREST
está localizado).

Figura 67.Culturas permanentes cultivadas nos quintais agroflorestais e roças, PAREST do


Matupiri.

30%

24%
Frequencia relativa

18%

12%

6%

0%

Culturas permanentes

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Além das culturas permanentes, os usuários do PAREST do Matupiri cultivam


também nos subsistemas agrícolas, as culturas temporárias ou anuais. Estas possuem
um ciclo vegetativo que varia de curto a médio, que após a colheita, há necessidade de se
executar um novo plantio.
As culturas temporárias de maior destaque entre os usuários da PAREST, são os
tubérculos: mandioca e macaxeira (Figura 68). Os quais são cultivados
predominanentemente nas roças. Outras culturas temporárias, também são cultivadas
nos subsistemas agrícolas locais, como as hortaliças, para este contexto, é importante
salientar a importância nutricional que estas plantas possuem para dieta dos moradores
locais, pois a má qualidade da água e a dieta simples e homogênea de peixe e farinha são
fatores importantes nos problemas de saúde das populações amazônicas . Assim as
hortaliças por constituírem um grupo de plantas rico em substâncias nutritivas variadas,
podem contribuir decisivamente para amenizar o desequilíbrio nutricional dessas
populações (CARDOSO,1997).

162
Figura 68. Culturas temporárias cultivadas nos quintais agroflorestais e roças, PAREST do
Matupiri.

24%
Frequecnia relativa
18%

12%

6%

0%

Culturas temporárias

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

No município de Manicoré segundo o IDAM (2008)a cultura da mandioca


constitui a principal atividade desenvolvida pelo pequeno produtor rural, realizada em
moldes rudimentares, predominando a diversidade de cultivares e/ou variedades
plantadas de forma aleatória. A maioria dos produtores realiza o plantio em áreas
arrendadas e em menor escala em áreas próprias. Além da mandioca, Manicoré é o
maior produtor de melancia do Estado, cultivada principalmente nas áreas de
várzea(IDAM, 2008).
Estes resultados são semelhantes ao Censo realizado no município, o qual
demonstra que as culturas predominantes na região são a mandioca, banana, melancia,
milho e feijão (IBGE, 2011; CENAMOet al.,2011). Nos quintais, as culturas temporárias
mais comuns são as hortaliças, as quais são plantadas em canteiros, próximos às
moradias.
Nas unidades produtivas os agricultores costumam organizam-se em mutirão,
quando há necessidade de se executar trabalhos, que exigem um número maior de
pessoas. Para a manutenção dos subsistemas agrícolas, os agricultores fazem práticas
que causam baixos impactos ao meio ambiente, como por exemplo, capinas e roçagens
utilizando-se pequenos implementos como o terçado e a enxada. Segundo Simonetti
(2004) as comunidades amazônicas instituíram formas de convívio com a floresta
163
tropical úmida, enfrentando as condições que lhes foram impostas pelo ambiente e
compatibilizando a exploração dos recursos locais com sua conservação. Contudo, a
formação dessas comunidades, embora tenha ocorrido em tempos diferenciados, foi
impulsionada por diversos ciclos de ocupação e modelos econômicos implantados, o que
fez surgir uma sociedade singular que interage de forma diferenciada com seu meio
No PAREST do Matupiri a produção agrícola, tanto nas roças como quintais
agroflorestais possuem duas finalidades: o consumo pelo núcleo familiar e a
comercialização do excedente. As culturas mais comercializadas pelos moradores são:
banana, mandioca e melancia. A comercialização dos produtos ocorre nos municípios de
Manicoré, Borba e Autazes. Conforme Cenamo et al., (2011) a mandioca, melancia e
banana atendem ao mercado consumidor que está concentrado nos centros urbanos de
Manaus e Porto Velho.
Para este contexto, refletimos com a argumentação, de Chayanov não nega o
interesse da família agricultora de obter lucro com sua atividade produtiva, mas enfatiza
que tal interesse está necessariamente subordinado à satisfação da família. E isso ocorre
por não haver a separação entre gestão e trabalho, estando ambos sob a
responsabilidade do produtor e sua família. E mesmo quando há a necessidade de
contratar mão de obra, ela ocorre de forma a complementar a força de trabalho da
família.

7.6.1.3 Criação de Animais


Todas as localidades, comunidades e/ou aldeias indicadas como usuárias do
Parque Estadual do Matupiri, situam-se no entorno desta unidade de conservação (UC),
localizadas no município de Borba e no município de Manicoré. Desta forma, todas as
atividades de criação de animais mencionadas neste levantamento consistem em
atividades praticadas fora da UC.
A criação animal é desenvolvida por 72% dos moradores identificados como
usuários ou ex-usuários do parque no município de Borba e em todas as localidades do
entorno situadas em Manicoré. Nestas, porém, não foram identificados usuários do
parque, no entanto, são as localidades mais próximas em relação ao acesso via Manicoré.
No entorno do PAREST do Matupiri, referente à Borba, 26% dos moradores que
criam animais, os utilizam para a finalidade de venda, portanto, a grande maioria das
pessoas que criam animais (74%) o faz apenas para consumo, cuja comercialização será

164
possível apenas quando houver interessados visitando a localidade. No entorno
referente à Manicoré, 50% dos criadores de animais, comercializam-nos.
As criações de bovinos (bois), de caprinos (carneiros) e de suínos (porco), foram
identificadas nestas localidades e estão diretamente relacionadas à capacidade de se
obter um dinheiro rápido quando houver alguma necessidade imediata. Desta forma, os
criadores possuem plantéis compostos por pequenos números de animais variando de 1
a 15 animais, exceto os carneiros, os quais foram observados apenas nas localidades em
Borba e foram vistos sempre 2 ou 3 animais por criador.
A criação de suíno se mostrou bastante expressiva, nas áreas referentes à Borba
(Figura 69), havendo criadores que já chegaram a possuir 100 animais para comporem o
plantel. Estes animais são vendidos pelo valor aproximado de R$ 100,00/uni e os
carneiros vendidos por R$ 180,00/uni, sendo tais normalmente vendidos na sede
municipal de Borba e em alguns casos a comercialização é feita também na própria
localidade, comunidade e/ou aldeia.
A maior parte destes criadores possuem criações de aves domésticas como
galinhas e patos (65%), havendo grande habilidade desenvolvida de manejo pelos seus
criadores, que possuem em média 17 aves, criadas para finalidade de consumo (Figura
69). Os moradores que comercializam chegam a ter planteis compostos por
aproximadamente 30 aves podendo chegar a 80 animais para a formação do plantel.

Figura 69. Panorama da criação animal desenvolvida pelos usuários do PAREST do Matupiri
residentes no município de Borba (%).

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Em Manicoré, a realidade é bem parecida em todas as localidades apontadas


como usuárias do PAREST do Matupiri. Todas as localidades possuem criações de aves
165
domésticas, galinhas e/ou pato, sendo esta uma atividade desenvolvida por quase todas
as famílias, variando nestas localidades de 87% a 100%. Há diversificação na criação
animal em 60% das localidades (Figura 70), com a presença de outras criações como a
de suínos e bovinos, no entanto estas são desenvolvidas por poucas famílias, 1 a 3
famílias, dependendo da localidade/comunidade.

Figura 70. Panorama da criação animal desenvolvida pelas localidades indicadas como usuárias do
PAREST do Matupiri residentes no município de Manicoré/AM (%).

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Em uma das comunidades, Comunidade Jatuarana, também foi registrada a


presença de duas famílias que criam queixadas (Tayassu pecari), uma delas para a
finalidade de consumo e a outra como animal de estimação (Figura 71). Ambas possuem
apenas um animal e uma das famílias pretende viabilizar a reprodução em cativeiro.

Figura 71. Animais silvestres criados na comunidade Jatuarana, Manicoré-AM, para as finalidades
de consumo (esquerda) e de estimação (direita).

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

166
O manejo de criação mais utilizado é o extensivo, metodologia adotada por 78%
dos criadores, que criam os animais soltos e sem delimitação de área. No entanto,
podem-se encontrar também criações animais em sistema semi-intensivo, em sistema
intensivo (Figura 72). O sistema intensivo é menos utilizado, pois demandaria maiores
recursos quanto: instalações, alimentação e mão-de-obra. Tal sistema é caracterizado
pela criação dos animais presos, totalmente dependente do seu criador.

Figura 72. Manejo adotado na criação de animais no entorno do PAREST do Matupiri (%).

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Os animais costumam ser um componente importante do sistema de produção


familiar, pois estes representam uma alternativa na obtenção de proteína, e estão
também, diretamente relacionadas à sua capacidade de satisfazerem necessidades
imediatas do agricultor rural, através da venda ou troca (Noda, 2007), sendo esta, a
principal representatividade da criação de animais de maior porte nas comunidades
tradicionais no Amazonas.
Aparentemente, quando há maior uso e comercialização da produção da
comunidade, há também uma menor dependência e necessidade de uso de alguns
recursos de extração oriundos da natureza. Neste caso, as localidades situadas em
Manicoré, que realizam maior comercialização dos animais criados, são as localidades
que menos utilizam a área do Parque Estadual do Matupiri. Entretanto, outras questões
devem ser levadas em questão, como a distancia e a assistência que estas localidades
recebem.
A realização de capacitações sobre a criação animal é indicada e favorecerá a uma
menor dependência de uso dos recursos do PAREST do Matupiri, favorecendo possíveis

167
acordos relacionados ao plano de gestão da UC em questão. As parcerias com outras
instituições que atuam nesta vertente, como o IDAM e a SEPROR devem ser estudadas
para viabilizar tais atividades.
Desta forma, correspondemos às necessidades das comunidades existentes no
entorno da UC, e cumprimos com a meta da categoria, de manutenção e conservação da
biodiversidade.

7.6.2. Atividades Extrativistas


7.6.2.1 Atividades Extrativistas Não Madeireira

As atividades econômicas realizadas pelos agricultores familiares da região que


se localiza o Parque Estadual do Matupiri, concentram-se ao longo do rio Madeira. São
atividades importantes na reprodução das famílias sendo necessários para suprir as
necessidades internas da unidade de produção no que tange aos recursos,
principalmente os usados como materiais para construção, remédios, alimentos, fonte
energética, fonte de renda pela comercialização de produtos agrícolas no mercado
regional ou para os atravessadores.
Dentre as atividades econômicas de relevância nessa Unidade destacam-se a
pesca e o extrativismo não madeireiro.
No município de Borba encontram-se diversas comunidades produtoras de
borracha e outros produtos agrícolas, entre estas, as comunidades participantes da
APRUEX - Associação dos Produtores Rurais de Borba que estão localizadas
principalmente ao longo do Rio Madeira, passando ainda pelos Rios Carunã e Mapiá. A
comunidade fica cerca de 36 horas via fluvial, da sede do município, sendo o transporte
fluvial o único acesso a estas localidades(Tabela 24).

Tabela 24. Dados dos produtos não madeireiros no município de Borba/AM, em 2012.

PRODUTOS N.º Extrativistas Associação Unid Quant. Preço Unitário


R$

Açaí 120 Diversos cachos 7.200 60,00

Andiroba 12 APRUEX toneladas 0,2 20,00

168
Borracha 154 APRUEX toneladas 45 3,50

Castanha 80 APRUEX hectolitro 260 45,00

Total → 366

Fonte: Unidade Local do IDAM, 2012.

No município de Borba encontramos os dados de quantidade significativa da


extração do açaí e da castanha no ano de 2011 (Tabela 25). Foram os produtos mais
coletados com diversas finalidades, principalmente para a alimentação e a
comercialização.

Tabela 25. Dados dos produtos vegetais não madeireiros no município de Borba/AM.

Tipo de Produto Quantidade produzida Unidade Valor de produção (R$)


Produto

Alimentícios Açaí 1.782 toneladas 1.782,00

Alimentícios Castanha 24 toneladas 52.000,00

Madeira Carvão Vegetal 1 Toneladas 2.000,00

Madeira Lenha 15.700 m3 79.000,00

Madeira Tora 854 m3 29.000,00

Oleaginosas Copaíba 1 Tonelada 11.000,00

Oleaginosas Outros 1 toneladas 1.000,00

Valor total 175.782,00

Fonte:IBGE,2011.

No Parque Estadual do Matupiri algumas aldeias e comunidades praticam o


extrativismo vegetal para fins medicinais, alimentícios e econômicos. A partir de dados
coletados diretamente com os moradores, através de questionários aplicados no período
de 20/04 a 01/05/13 e dando continuidade na aplicação desses questionários no
período de 20 a 29 de maio de 2013, pode-se afirmar que tais aldeias e comunidades
têm no extrativismo não madeireiro como fonte de renda, como recursos para
alimentação e para utilização como fármacos. Os principais recursos não madeireiros de
origem vegetais utilizados pelos indígenas e comunitários do entorno do Parque

169
Estadual do Matupiri (Figura 73). A castanha, andiroba, açaí e copaíba são as quatro
espécies mais utilizadas pelos moradores dessa Unidade de Conservação (Figura 74). Os
dados fazem parte da pesquisa de campo realizada pela equipe do NUSEC (2013).

Figura 73. Principais produtos não madeireiros utilizados pelos moradores do Parque Estadual do
Matupiri/AM.

72%
64%
56%
Frequência relativa

48%
40%
32%
24%
16%
8%
0%

Produtos Não Madeireiros


Fonte:
NUSEC/UFAM (2013).

Figura 74. Principais produtos não madeireiros mais utilizados pelos moradores do Parque
Estadual do Matupiri/AM.

75%

60%
Frequência relativa

45%

30%

15%

0%
Castanha Andiroba Açaí Copaíba

Produtos mais utilizadas pelos moradores

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

170
Castanha (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl)

É uma espécie nativa da Amazônia, arbórea e de grande porte. Considerada um


dos gigantes amazônicos, ultrapassa cinquenta metros de altura, é símbolo do
ecossistema. A espécie cresce em florestas de terra-firme e está distribuída
irregularmente pela região Amazônica (SHANLEY; MEDINA, 2005). Como muitas outras
espécies de importância econômica, a castanheira ocorre em povoamentos adensados
formando um tipo de paisagem bastante típica - os castanhais. Nestes locais, a densidade
de árvores é suficientemente alta para tornar a coleta de sementes economicamente
viável. A amêndoa da espécie (castanha) é o principal produto extrativo não lenhoso
junto com o látex da região Amazônica e tem sido um dos principais produtos
complementares à renda das comunidades extrativistas. A atividade de coleta dos frutos
nos castanhais inicia-se nas primeiras semanas de dezembro, sendo mais intensa até o
final de janeiro, prolongando-se até o mês de maio, podendo algumas vezes se estender
até o mês de junho, conforme informações colhidas em campo.

Andiroba (Carapa guianensis)

No Estado do Amazonas, o nome andiroba é atribuído a duas espécies: Carapa


guianensis Aubl, com ocorrência em toda a bacia Amazônica, preferencialmente em
ambiente de várzea e Carapa procera D.C. espécie mais restrita a algumas áreas na
Amazônia, porém, ocorre também no continente africano (FERRAZ et al., 2002). A
andiroba é de uso múltiplo: a madeira utilizada para fabricação de móveis, construção
civil, lâminas e compensado e as sementes para extração de óleo. Ao longo da história do
Amazonas o óleo de andiroba teve uma importante participação na economia regional e
continua sendo muito apreciado, principalmente, na medicina popular.

Açaí (Euterpe precatória Mart.)

O açaí é nativo do oeste da Amazônia brasileira, típico de florestas maduras, e


ocorre tanto nas áreas de várzea como na terra firme (SHANLEY; MEDINA, 2005). A
safra do açaí tem início entre os meses de dezembro e janeiro, com pico nos meses de
março e abril. O fruto do açaí é um ingrediente importante na alimentação dos
moradores, tem uma produção bastante significativa e contribui principalmente para o
consumo alimentar das famílias da unidade.
171
Copaíba (Copaifera langsdorfii Desf.)

O óleo copaíba, árvore da família Caesalpinaceae, frondosa, atinge 13 m de altura


ou pouco mais, embora alcance apenas 2 m quando vegeta no campo ou cerrado.
Fornece madeira avermelhada, raramente amarelada, muito rajada, às vezes porosa e de
tecido frouxo, utilizada para a construção naval, carroçaria, torno e marcenaria.
Perfurando-se o caule conforme a época do ano, obtém-se maior ou menor quantidade
de “óleo copaíba” um dos melhores desse gênero botânico e também dos mais reputados
na terapêutica universal, específico energético contra numerosas enfermidades. São
consideradas padrão de terra de qualidade inferior, salvo quando vegetam na mata
virgem (PIO CORRÊA, 1931).
O calendário da produção extrativista das aldeias e comunidades do entorno do
Parque Estadual do Matupiri segundo dados coletados está distribuído ao longo de todo
o ano, com os produtos (cipó titica, cipó ambé, cipó timbó, Amapá, Copaíba e Sucuuba),
segundo declaração dos moradores esses espécies são coletadas o ano todo (Tabela 26).
A castanha um dos produtos listados no calendário de produção é determinada pela
safra entre os meses de novembro a maio. Sendo como uma importante fonte de renda
pela comercialização.

Tabela 26. Calendário de produção anual das atividades no extrativismo não madeireiro no
Parque Estadual do Matupiri/AM.

Produtos Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Cipó Titica X X X X X X X X X X X X
Cipó Ambé X X X X X X X X X X X X
Cipó Timbó X X X X X X X X X X X X
Amapá X X X X X X X X X X X X
Copaíba X X X X X X X X X X X X
Sucuuba X X X X X X X X X X X X
Açaí X X X X X X X
Bacaba X X X X X X X
Castanha X X X X X X X
Piquiá X X X
Uxi Liso X X X
Uxi Coroa X X X
Uxi X X X

172
Balata X X X
Patauá X X X X
Borracha X X X
Tucumã X X
Abiu X X
Buriti X
Mel X
Andiroba X
Sova X
Palha X

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

7.6.2.2 Atividades Extrativistas Madeireira


O extrativismo madeireiro da Microrregião do Madeira é caracterizado
principalmente pela extração de madeira nativa, despontam como grande potencial
comercial.
Os produtos madeireiros extraídos são utilizados para construção de casas (para
moradia e casa-de-farinha), tabuleiros ou balcões suspensos (para os cultivos de
hortaliças condimentares e plantas medicinais), confecções dos instrumentos de
trabalho (canoas, remos e apetrechos).
As atividades florestais vêm se desenvolvendo no município, fazendo com que os
extrativistas madeireiros e moveleiros procurem trabalhar de forma legalizada, com
suas respectivas licenças de operações. Ressalta-se que, dos 70 (setenta) planos de
manejo florestal elaborados há 06 anos pela AFLORAM, 40 (quarenta) deles foram feito
o cancelamento, devido que os períodos de elaboração já encontravam fora dos padrões
atuais e 30 (trinta), estão em tramites de regularização junto ao IPAAM, sendo que 7
(Sete) deles já estão licenciados (Tabela 27).As espécies que fazem parte do plano de
manejo florestal em pequena escala são Anoirá (Licaniamacrophylla), angelim
(HymenoloblumsericeumDucke),punã (Licaniamacrophylla) e acapu (Minquartiasp).

Tabela 27. Plano de Manejo Florestal em Pequena Escala (área até 500 ha) existente no Município
de Borba/Am.
Ecossistema
Planos Área
Propriedades
total
Nº de Pós- Principais Volume
dos
Extrativistas Nº de Novo
Exploratório Planos
Terra Firme espécies total (m³)
PMFSPE POA (ha)
(Nº) (ha)

173
( Nº )

Anoirá,
Angelim,
Punã,
30 30 3 5 5.700 5.700 1.680
acapú

PMFSPE - Plano de Manejo Florestal Sustentável de Pequena Escala / POA - Plano Operacional Anual
Fonte: IDAM, 2012.

O serviço da Assistência Técnica e Extensão Rural na área florestal tem


incentivado a cadeia produtiva da madeira trabalhada em áreas de manejo florestal e em
pequena escala por agricultores que tem propriedades de até 500 ha, apoiando seu
fortalecimento, por meio da organização do setor, capacitação de técnicos,
colaboradores e beneficiários, bem como, nas ações para a regularização ambiental dos
empreendimentos (IDAM, 2012).
O extrativismo de produtos madeireiros realizada pelas aldeias e comunidades
pesquisadas, no ano de 2013 (Tabela 28), apresenta como finalidade principal o
consumo próprio e uma pequena porcentagem é voltada para comercialização. Quanto à
utilização da madeira, de acordo com dados do IBGE 2011 (Tabela 24), sobre sai o uso
para lenha aliado ao uso como material de construção e na fabricação de utensílios
domésticos em geral.
As principais espécies (Tabela 28) mais utilizadas no Parque Estadual do
Matupiri de acordo com análise da frequência relativo (%). Na utilização para
construção de suas moradias e reforma de barcos, os indígenas e comunitários do
entorno do Parque Estadual do Matupiri utilizam espécies como itaúba (Ocotea
megafhylla (Meisn) Mez.), marupá (Simarouba amara Aubl.), louro cedro (Ocotea rubra),
angelim (Hymenoloblum sericeum Ducke) e entre outras.

Tabela 28. Principais produtos madeireiros utilizados pelos moradores do Parque Estadual do
Matupiri/AM.
N° Espécies Frequência Relativa
(%)

1 Itaúba 88

2 Marupá 48

3 Louro Cedro 48

4 Angelim 28

174
5 Acariquara 24

6 Louro 20

7 Cedrinho 20

8 Louro Itaúba 20

9 Envira Cutia 16

10 Laranjinha 16

11 Louro Paxiúba 12

12 Louro Rosa 12

13 Tintarana 12

14 Louro Capoeira 12

15 Piquiá 12

16 Piranheira 8

17 Itaúba Preta 8

18 Copaíba 8

19 Itaúba Surubim 8

20 Maparajuba 8

Ananizeiro, Angelim Fava,


Angelim Pedra, Angelim
Preto, Bacuri, Envira,
Envira Surucucu, Itaúba
Amarela, Louro Pimenta,
Louro Abacate, Louro
21 Bosta, Miratauá, 4*
Mucuracaá, Cedro,
Seringueira, Preciosa,
Tento, Maçaranduba,
Tachizeiro, Castanheira,
Louro Preto, Pau-rosa,
Tenturana

Nota: *Cada uma destas madeiras foi citada por 4% da população.


Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

No período de 2008 a 2011 ocorreu à extração de madeira em tora (m³) nesta


região (Tabela 29) de acordo com dados do IBGE 2011.

175
Tabela 29. Extração de madeira (m³) nos municípios que compõem a região do Madeira.

Extração de madeira Extração de madeira Extração de Extração de


Município em tora (m³) 2008 em tora (m³) 2009 madeira em tora madeira em tora
(m³) 2010 (m³) 2011
Apuí - 12.684 2.400 8.000
Borba 32.250 32.572 25.250 854
Humaitá 10.802 10.910 10.000 33.909
Manicoré 108.065 109.146 69.010 62.062
Novo Aripuanã 31.320 31.633 40.000 24.829
Fonte: IBGE (Produção da Extração Vegetal e Silvicultura – 2008 a 2011)

O extrativismo madeireiro está voltado predominantemente para a produção de


lenha, carvão vegetal e comercialização da madeira. A utilização como lenha se torna
essencial para a comunidade devido à falta de outros meios energéticos na região
(Tabela 30).

Tabela 30. Extrativismo madeireiro do município de Borba/AM, em 2008 a 2011.

Extrativismo Quantidade Quantidade Quantidade Quantidade


2011
Madeireiro 2008 2009 2010

Madeiras – lenha (m³) 49.940 50.440 40.200 15.700

Madeiras - madeira em
tora (m³)
32.250 32.572 25.250 854

Madeiras - carvão vegetal


(tonelada)
4 4 1 1

Fonte: IBGE, Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura 2008 a 2011.

No município de Borba o extrativismo madeireiro padece ainda da não


legalização e da falta de infraestrutura. Faltam serrarias de pequeno porte sendo que os
produtores trabalham com motosserra. Existe a Associação dos Moveleiros Borbenses-
ASMOSBOR que forneceu 2.000 carteiras escolares para a SEDUC – Secretaria de
Educação do Amazonas, no ano de 2012 (IDAM, 2012).
Conforme dados do censo agropecuário IBGE de 2006, o município apresentava
627 propriedades agropecuárias na forma individual, o que representa 29.681 ha. As
áreas destinadas à preservação e conservação dos recursos naturais são constituídas por
176
parques, reservas extrativistas, florestas e áreas de preservação permanente. As áreas
de preservação permanente (APPs) identificadas no censo agropecuário de 2006
constavam 6.670 hectares de matas e/ou florestas naturais destinadas à preservação ou
reserva (IBGE, 2006).
Além das APPs (Áreas de Preservação Permanentes) no município de Borba
existem as unidades de conservação estaduais com diferentes categorias de
manejo(Tabela 31).

Tabela 31. Unidades de Conservação (UCs) e área ocupada no Município de Borba/AM.

UCs Borba (ha)

Parque Estadual do Matupiri (PAREST) 513.747,47

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Matupiri (RDS) 179.083,45

Total 692.830

Fonte: CEUC, 2011

7.6.3. Atividades de Pesca


Pesca é todo ato tendente a capturar animais ou vegetais que têm no ambiente
aquático seu principal habitat. Pesca comercial é toda a pesca que envolve a troca do
pescado por dinheiro ou bem, seja o pescado vendido, vivo, resfriado ou processado (p.
ex pesca ornamental, pesca de espécies comestíveis conservadas em gelo ou sal), ou
como um serviço, no caso da pesca esportiva. A pesca de subsistência, por sua vez é
entendida de diferentes formas na literatura, fundamentalmente é caracterizada pela
finalidade de auto-sustento do pescador e sua família. Entretanto não raro existe venda
do pescado excedente, assim a distinção entre pesca de subsistência e pesca comercial
não é claramente definida. Para efeito de elaboração de plano de gestão, aqui se propõe
uma classificação da pesca em cinco categorias: 1-Pesca de subsistência (feita e
consumida por residentes em comunidades/localidades na UC e seu entorno); 2-Pesca
comercial ribeirinha (pesca feita na UC ou entorno, por pessoa residente em
comunidade ou localidade na UC ou entorno, destinada ao comércio), 3-Pesca comercial
profissional (feita na UC ou entorno, por pessoa não residente na UC, destinada ao
comércio, 4- Pesca ornamental, 5- Pesca esportiva).
A pesca de subsistência, de todas as categorias propostas, é a única pescaria não
comercial. O pescador comercial profissional para efeitos deste diagnóstico não exclui
177
aqueles que compram pescado dos pescadores comerciais ribeirinhos e inclui aqueles
que possuem relações sociais de parentesco com famílias atualmente residentes na UC.
As informações aqui apresentadas são referentes a cinco comunidades usuárias
do PAREST do Matupiri (Tabela 32) e do assentamento situado no município de
Manicoré – o PAE Jenipapo.

Tabela 32. Distribuição do número de moradores entrevistados por comunidade.

Aldeia/Comunidade Número
participantes
Piranha (Indígena) 5
Sapucaínha (Indígena) 7
Tapagem (Indígena) 4
Sapucaia (Indígena) 3
Correia (Indígena) 1

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Áreas de pesca

Foram identificas 18 áreas de pesca localizadas dentro dos limites do PAREST do


Matupiri, nas quais a pesca de subsistência ocorre em quase 90 % delas, sendo o
restante direcionado à pesca comercial (44 %) e à pesca esportiva (33 %) (Figura 75,
Tabela 33 e Tabela 34). As comunidades assentadas no município de Manicoré utilizam
ao menos outras quatro áreas (Rio Matupiri, Rio Novo, Lago Vista Alegre e lago
Jatuarana).

Figura 75. Limites do Parque Estadual do Matupiri e as áreas de pesca dentro e no entorno da UC.

178
Fonte: NUSEC/UFAM (2013).
Tabela 33. Áreas utilizadas para a exploração dos recursos pesqueiros dentro do Parque Estadual
do Matupiri.
Igarapé/Rio Coordenadas geográficas PS PC PE

Pedras 5°13'33.75"S 61°27'3.31"O 1 0 0

Rio Amapá 5°14'58.42"S 61°26'11.53"O 1 1 0

Rio 5°14'24.99"S 61°17'8.33"O 1 0 0


Genipapo

Castanhal 5° 6'45.29"S 60°54'46.76"O 1 1 1


Pino

Água 5° 7'46.50"S 60°54'9.52"O 1 1 1


Vermelha

Batelão 5° 8'17.34"S 60°55'8.66"O 1 0 0

Filadélfia 5° 6'6.48"S 60°58'0.07"O 0 0 0

Pavão 5° 5'38.68"S 60°59'0.77"O 0 0 0

Nezinho 5° 6'25.77"S 61° 0'45.17"O 1 0 0

Tiririca 5° 7'52.51"S 61° 1'13.81"O 1 0 0

179
Cózima 5° 7'8.59"S 61° 2'58.18"O 1 1 1

Sucuriju 5° 8'3.18"S 61° 3'9.83"O 1 0 0

Praia Alta 5° 7'59.29"S 61° 4'36.28"O 1 1 1

Massangana 5° 7'58.12"S 61° 5'30.45"O 1 0 0

Piquiá 5° 8'45.49"S 61° 4'39.97"O 1 1 1

Foz do Rio 5°14'24.99"S 61°17'8.33"O 1 1 0


Genipapo

Foz do Rio 5°14'58.42"S 61°26'11.53"O 1 1 1


Amapá

Pedras 5°13'33.75"S 61°27'3.31"O 1 0 0

Nota: PS = Pesca de subsistência, PC = pesca comercial e PE = pesca esportiva.


Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Tabela 34.Áreas utilizadas para a exploração dos recursos pesqueiros no entorno do


Parque Estadual do Matupiri.

Igarapé/Rio Coordenadas geográficas PS PC PE

Antônio 4°34'2.27"S 60°27'14.37"O 1 0 0


Brasil

Sombrinha 4°33'34.34"S 60°26'41.76"O 1 0 1

Foz do Rio 4°32'30.15"S 60°28'14.41"O 1 1 1


Matupiri

Mura Pereira 4°32'20.93"S 60°41'16.74"O 1 0 0

Joaquina 4°31'11.44"S 60°39'51.34"O 0 0 0

Pacas 4°27'13.36"S 60°39'26.10"O 1 0 0

Maniarã 4°29'58.23"S 60°33'44.28"O 1 0 0

Concicí 4°28'31.62"S 60°31'42.40"O 1 1 1

Tacíua 4°31'26.74"S 60°30'12.78"O 1 0 1

Santa Joana 4°30'19.18"S 60°29'12.03"O 1 0 1

180
Mário 4°32'2.62"S 60°27'40.74"O 1 1 1

Terra Nova 4°31'3.56"S 60°27'8.40"O 1 0 1

Onça 4°31'8.27"S 60°25'55.26"O 1 0 1

Tapagem 4°30'19.95"S 60°25'30.86"O 1 1 1

Cabeção 4°30'56.38"S 60°24'14.16"O 1 0 0

Cabecinha 4°30'44.29"S 60°23'44.99"O 1 0 0

Boto 4°30'21.91"S 60°23'53.06"O 0 0 0

Cacaia 4°29'40.71"S 60°24'1.39"O 1 1 1

Visagem 4°28'43.59"S 60°24'11.10"O 1 1 1

Pêra 4°28'15.03"S 60°23'53.32"O 1 0 0

Grande 4°28'25.54"S 60°23'7.28"O 1 0 1

Maracazinho 4°28'35.91"S 60°22'24.90"O 1 0 0

Maracá 4°28'39.16"S 60°22'9.27"O 1 1 1

Chapeu 4°29'7.25"S 60°22'12.52"O 1 1 0

Demarcação 4°29'25.59"S 60°21'24.68"O 1 1 0

Campina 4°28'43.13"S 60°20'2.46"O 1 1 0

Antoniazinha 4°29'34.22"S 60°19'40.30"O 1 1 1

Patauá 4°29'7.61"S 60°17'45.49"O 1 1 0

Amapá 4°28'44.30"S 60°17'19.39"O 1 0 0

Gaguinho 4°28'50.52"S 60°16'26.12"O 1 1 0

Cunhã 4°30'46.81"S 60°17'9.43"O 1 1 0

Xirura 4°31'13.01"S 60°14'30.75"O 1 0 0

Piranha 4°31'30.30"S 60°13'59.86"O 1 0 0

Socozal 4°32'2.45"S 60°13'38.66"O 1 0 0

Encantado 4°30'22.89"S 60°14'4.35"O 1 0 0

Coló 4°30'50.78"S 60°13'33.30"O 1 0 0

181
Cacaia 4°30'43.76"S 60°13'16.88"O 1 0 0

Panela 4°29'28.50"S 60°12'36.21"O 1 0 0

Barata 4°29'56.66"S 60°11'49.02"O 1 0 0

Anta 4°29'57.87"S 60°11'0.15"O 1 0 0

Jutaízinho 4°29'25.69"S 60°10'14.09"O 1 1 0

Feio 4°28'43.88"S 60° 9'56.55"O 1 1 0

Forno 4°27'53.82"S 60°10'21.94"O 1 0 0

Pacovam 4°26'32.40"S 60° 6'56.80"O 1 1 1

Foz do Rio 4°24'25.78"S 60° 5'11.18"O 1 1 1


Tupana

Foz do Rio 4°23'39.99"S 59°58'16.42"O 1 1 1


Igapó-Açu

Foz do Rio 4°24'52.97"S 59°56'20.21"O 1 1 0


Autaz-mirim

Ferro 4°26'22.27"S 59°57'35.45"O 1 1 1

Onça 4°26'12.69"S 59°56'21.03"O 1 1 0


Vermelha

Jurará 4°27'34.88"S 59°57'51.19"O 1 1 0

Panelão 4°29'0.91"S 59°56'51.67"O 1 1 0

Foz do Rio 4°25'20.64"S 59°48'32.48"O 1 1 1


Madeirinha

Pedras 5°13'33.75"S 61°27'3.31"O 1 0 0

Nota: PS = Pesca de subsistência, PC = pesca comercial e PE = pesca esportiva.


Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Os rios e os igarapés são os principais ambientes de pesca, seguidos por lagos


(Figura 76). Os rios Igapó Açú, Matupiri, Tupana, Autaz mirim e Açú são os mais
visitados, já que os igarapés normalmente ficam distante das comunidades, sendo os
mesmos utilizados em época de escassez de peixes nos rios.

182
Figura 76. Principais ambientes de pesca na área do PAREST do Matupiri.

100

Frequência (%)
80
60
40
20
0
Igapó Lago Paraná Poço Rio /
igarapés
Ambientes de pesca

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Pesca de subsistência e comercial


A pesca de subsistência e comercial ribeirinha são as principais modalidades
praticadas, tanto dentro da UC como em seu entorno, com predomínio para a pesca de
subsistência (Tabela 35). O número de pescadores nas comunidades varia entre 9 e 150,
sendo que a maioria não associados a qualquer instituição de classe (Tabela 36).
Algumas comunidades pescam e comercializam o pescado durante todo o ano, enquanto
outras só em períodos específicos.

Tabela 35. Finalidade da atividade pesqueira pelos comunitários.

Finalidades %

Subsistência 74,1

Comercial 25,9

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Tabela 36. Número de pescadores por comunidade, épocas em que praticam a atividade pesqueira
e forma de envolvimento com instituição de classe.

Comunidades N Épocas A NA

Piranha 150 Setembro a dezembro 13 137

Sapucaínha 27 Abril a dezembro 2 25

Tapagem 9 Ano todo 0 0

183
Sapucaia 100 Ano todo 5 95

Correia 11 Ano todo 1 10

Nota: n = número de pescadores na comunidade, A = associados a alguma instituição de


classe e NA = não associados

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Um agrupamento de 21 tipos diferentes de peixes, provavelmente


correspondentes a um número maior de espécies, são mais frequentemente exploradas.
Alguns peixes são capturados durante todo o ano, enquanto outros em períodos
específicos (Tabela 37). A captura ocorre através do uso de pelo menos dez apetrechos
de pesca, sendo a malhadeira e o anzol os mais frequentes (Figura 77). Vale destacar que
a pesca do peixe boi também ocorre nessa área, assim como a pesca de quelônios e a
captura de seus ovos, conforme declara do por alguns entrevistados das comunidades
Braço Grande, Santa Maria e Jatuarana, situadas no município de Manicoré.

Tabela 37. Peixes explorados pela pesca de subsistência e comercial ribeirinha, época de captura e
tipos de apetrechos utilizados.

Peixes Mês de captura Apetrecho


Aracu Ano todo Malhadeira e anzol
Bararuá julho a dezembro Flexa
Capararí julho a dezembro Linha comprida
Cará Branco agosto a dezembro Malhadeira e zagaia
Charuto Ano todo Malhadeira e anzol
Curimatã Malhadeira
Filhote julho a dezembro Linha comprida
Jacundá julho a dezembro Linha comprida
Jandiá julho a dezembro Linha comprida
Jaraquí janeiro a maio Malhadeira, anzol e flexa
Jatuarana Abril a maio Malhadeira e arrastão
Matrinchã Abril a maio Malhadeira e arrastão
Pacú
Pescada julho a dezembro Malhadeira
Piraíba julho a dezembro Linha comprida
Piranha Ano todo Caniço e linha comprida
Pirarara julho a dezembro Linha comprida e anzol
Pirarucu Agosto a dezembro Arpão

184
Surubim julho a dezembro Linha comprida e malhadeira
Traíra Abril a julho Malhadeira, linha comprida
Tucunaré agosto a dezembro Malhadeira, linha comprida
Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Figura 77. Apetrechos de pesca utilizados pelos comunitários que pescam no Parque Estadual do
Matupiri.
25
Frequência (%)

20
15
10
5
0

Apetrechos de pesca

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).


O tucunaré (Cichla spp.), os jaraquis (Semaprochilodus spp.), a traíra (Hoplias sp.),
suribim (Pseudoplatystoma sp.), a piranha (Serrasalmidae) e a matrinchã (Brycon sp.)
são os principais peixes explorados (Figura 78).

Figura 78. Lista dos principais peixes explorados pesca de subsistência e comercial ribeirinha no
Parque Estadual do Matupiri.

16
14
12
Frequência (%)

10
8
6
4
2
0
Tucunaré Jaraquí Traíra Surubim Piranha Matrinchã

Peixes

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

185
Pesca esportiva
Realizada nos períodos de seca, representa uma atividade economicamente muito
importante para as comunidades locais que exploram o PAREST do Matupiri,
principalmente as indígenas. Nesse período, muitos estrangeiros oriundos de outros
países, como os Estados Unidos, França e Espanha, são levados por empresários do ramo
para pescarem o tucunaré (Cichla spp.). Uma das empresas que atuam na região é “Liga
de Ecopousadas da Amazônia Brasileira”. Essa empresa apoia a fiscalização das áreas de
pesca dentro da RDS do Matupiri, e, antes da criação do parque, dentro da área do
Parque Matupiri, assim como a FUNAI.
Como contrapartida, as comunidades indígenas recebem uma compensação em
dinheiro que pode chegar a 120 mil Reais pela permanência dos pescadores esportivos
por 60 dias na área da RDS e Parque Matupiri. Entretanto a prática da atividade não é
bem vista por algumas comunidades (Tabela 38). Esse tipo de pescaria também foi
citado para a área do Parque mais próxima ao município de Manicoré. Nessa região, a
comunidade Jatuarana apoia a prática.

Tabela 38. Opinião das comunidades sobre a prática da pesca esportiva.

Comunidades Locais de atuação Opinião sobre

Piranha Igapó-Açu, Matupiri e Tem que continuar, pois é uma coisa muito boa para a
Tupana aldeia.

Sapucaínha Igapó-Açu Acham bons, mas a compensação é muito pequena.

Tapagem Boca do Matupiri, Igapó Açú Para os indígenas não é uma coisa tão boa, pois o valor
pago pela compensação é muito pequeno.

Sapucaia Igarapé-açu, Matupiri e Ajuda pra vivência das aldeias por meio das
Tupana compensações

Correia Rio Matupiri e Igapó Açú Não é uma prática muito boa, pois prejudica os peixes
sofrem.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Pesca profissional
Os pescadores de fora atuam de duas maneiras no PAREST do Matupiri. Parte das
embarcações que adentram a UC sem conhecimento e autorização dos moradores do
entorno provenientes dos municípios de Manaus, Manacapuru, Borba e Autazes, visitam
as comunidades para comprar o pescado (Figura 79).
186
Figura 79. Origem das embarcações que compram pescado das comunidades que exploram a
região.
40
35
30
Frequência (%) 25
20
15
10
5
0
Manaus Borba Manacapuru Outras Autazes
regiões
Origem das embarcações

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Outros pescadores que entram sem avisar ou pedir permissão, acessam os rios
Matupiri e Igapó-Açu pela rodovia BR -319 na época de verão, evitando assim o contato
com as comunidades. Os pescadores de fora exploram principalmente o tucunaré, o
tambaqui, alguns carás, peixe liso, pirapitinga, Matrinchã e jaraqui.

Pesca de peixes ornamentais


A pesca ornamental é inexistente na região, mas moradores da Aldeia Piranha
salientaram o potencial de alguns peixes, como o Bereré, o Acará-disco, o Acará-galo e o
Matupiri.
Percepção dos moradores sobre a diminuição dos recursos pesqueiros
Os moradores relataram que algumas espécies como jaraqui, tucunaré e
matrinchã têm diminuído na área em função da pesca realizada por invasores.

Conflitos
Somente uma comunidade entrevistada alegou não haver qualquer tipo de
conflito como outros grupos usuários. Todas as outras informaram a ocorrência do
evento e relacionaram com a entrada de pescadores de fora, fato que pode acontecer
com ou sem a permissão das comunidades (Tabela 39).

187
Tabela 39. Conflitos identificados entre as aldeias e comunidades que fazem uso do Parque do
Matupiri.
Comunidades Acordos Conflitos Quais?

Piranha Não Sim Invasores vindo de várias localidades.

Os pescadores de fora dão preferência apenas algumas


Sapucaínha Não Sim
espécies.

Só há conflitos quando entram pescadores. Porém, só


Tapagem Não Sim
entram pescadores se houver acordo entre as aldeias.

Sapucaia Não Não -

Correia Não Não -

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

O Parque Estadual do Matupiri está localizado no lado esquerdo no sentido MAO-


Porto Velho da Rodovia BR-319 e à margem esquerda do Rio Madeira, no município de
Borba e Manicoré. Faz limite com a RDS Igapó-Açu, PAE Jenipapo e RDS do Rio Amapá,
formando um mosaico de áreas protegidas.
A pesca profissional ocorre na área por meio da atuação de pescadores de fora
que invadem a UC ou são conduzidos pelos próprios comunitários. Outra maneira de
atuação de pescadores de fora é pela BR-319, por onde os mesmos entram sem serem
notados pelas comunidades. A atuação desse grupo tem sido relacionada com o principal
fator que tem levado à diminuição de alguns peixes.
A pesca esportiva se configura em uma importante modalidade praticada pelos
moradores, principalmente pelas comunidades indígenas da TI Cunhã Sapucaia.
Outro problema frequentemente relatado é a falta de fiscalização. Essa prática
ocorre esporadicamente, apoiada pelos empresários da pesca esportiva e pela FUNAI.
Diante deste contexto sugerimos a elaboração de um plano de manejo dos
recursos pesqueiro que contemple todos os grupos sociais que utilizam essa UC. Esses
grupos devem ser reunidos para que discutam e construam um plano que mantenha a
atuação dos mesmos e ao mesmo tempo garanta a recuperação ou manutenção dos
estoques naturais de peixes.

7.5.4. Uso da Fauna


No entorno do Parque Estadual do Matupiri, com acesso pelo município de Borba,
identificou-se que os usuários consideram-se indígenas (100%), os quais em sua maioria

188
utilizam a fauna silvestre através da caça, que é realizada ao longo dos rios, estradas, nas
roças e dentro dos castanhais, com a captura e o abate de animais, ocasionalmente
encontrados (caça oportunista). No entanto, quando estes se direcionam a área do
PAREST do Matupiri é prioritariamente para realizar a extração de produtos, seja de
origem vegetal, seja de origem animal. Neste segundo, a caça realizada é classificada
como caça premeditada a qual pode se dá com o uso de cachorros (Canis lupus
familiaris), com a utilização de armadilhas (caça de espera), e na modalidade varrido, o
qual consiste em formar um grupo de caçadores para procura do(s) animal(is)
silvestre(s) desejado(s), sendo a caça de espera a mais utilizada pelos entrevistados na
referida unidade de conservação.
O uso de cães, usados para a finalidade de caça, também foi relatada como uma
prática comum, usada principalmente para “acoar” cutias e outros roedores silvestres.
Esses animais são importantes, pois atuam também mantendo onças e outros animais
silvestres afastados dos domicílios. No entorno da UC, com acesso pelo município de
Manicoré, pouco foram os relatos referentes ao uso do PAREST do Matupiri. No entanto,
estes moradores afirmaram conhecer a área e possuírem uso histórico, apesar de não
utilizarem-na com frequência. Tal área foi utilizada no passado para e conforme o
mapeamento realizado tais moradores chegavam apenas até o entorno a coleta de sorva,
balata e coquirana do Parque em função da distância e logística para trazer o que foi
extraído. A necessidade de caçar na região do Parque foi diagnosticada, a qual se chegou
a números expressivos. Dos animais extraídos (caçados), 38% são retirados de dentro
do PAREST do Matupiri, e os usuários afirmaram ainda, conhecer bem a área da UC e
utilizar outras áreas da proximidade, esses dados foram obtidos na TI, área de maior
influência antrópica no Parque (Figura 80).

Figura 80. Locais afirmados pelos usuários de onde realizam as caçadas.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).


189
Grande parte dos moradores, indagaram a necessidade que possuem em
utilizarem a caça, pois muitos se deslocam à sede do município, apenas uma vez por mês,
sendo a caça indispensável para que haja variabilidade alimentar. Dos usuários, 98%
afirmaram utilizar a caça apenas para consumo e foi indicado que já houve, há muitos
anos, a comercialização e que tinha como destino a sede municipal de Borba e a cidade
de Janauacá 2% comercializam esporadicamente, no próprio núcleo familiar.
Os animais apontados como mais caçados para consumo foram os animais de
grande e médio porte: os porcos-do-mato (97%), como queixadas (Tayassu pecari) e
caititu (Tayassutajacu); juntamente comas aves em geral (97%), mutum (Crax sp), jacu,
pato-do-mato, nambu ou inambu, jacamim e arara, sendo os três últimos menos citados;
a paca (66%) e macacos (66%), sendo citados os macacos barrigudo, macaco prego,
macaco velho e o guariba (Figura 3). Alguns animais foram menos citados em função da
dificuldade de caça, como os felinos, onça (Panthera onça) (6%) e gato maracajá (3%) e
o jacaré (3%), os quais são abatidos apenas quando há encontro ocasional destes
animais. No entanto, outros animais foram pouco citados, em função da redução do
aparecimento destes nesta área, como a capivara (Hydrochoerus hydrochoeris) (3%) a
qual foi relatada como espécie que raramente é vista (Figura 81). No entanto, foi
afirmado que há na área do parque um ambiente de campos naturais que serve como um
criadouro de capivaras, onde são encontradas muitas capivaras (H. hydrochoeris).

Figura 81. Animais mais caçados no PAREST do Matupiri e Entorno.


Frequência dos animais caçados (%)

100%

80%

60%

40%

20%

0%

Animais caçados

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

190
As localidades identificadas pelo diagnóstico socioeconômico, que realizam a
atividade de caça no Parque Estadual do Matupiri foram às comunidades/localidades
indígenas: Aldeia Sapucaia, Aldeia Tapagem, Aldeia Correia, Aldeia Pacovão, Aldeia
Piranha, Aldeia Sapucainha Localidade Pires e Comunidade Vila Nova. Em relação às
localidades do entorno com acesso por Manicoré, os animais apontados como mais
caçados para consumo foram à paca (80%), os animais de grande e médio porte: os
porcos-do-mato como queixadas (Tayassu pecari) e caititu (Tayassutajacu); juntamente
coma cutia, macaco barrigudo e os cervídeos (veados) (Figura 82).

Figura 82. Animais mais caçados pelos moradores do entorno do PAREST do Matupiri com acesso
por Manicoré/AM.
Frequência dos animais caçados

80%

60%

40%
(%)

20%

0%

Animais caçados

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).


No entanto a caça, para os moradores do entorno situados no município de
Manicoré/AM, é realizada prioritariamente nas áreas próximas as localidades onde
moram, não chegando a adentrar a área da UC.
Alguns animais silvestres foram vistos sendo criados por moradores da
comunidade Jatuarana, localizada no município de Manicoré, os quais se tratam de
filhotes que foram pegos pelos caçadores no momento em que suas mães foram mortas
durante a caçada, sendo tais, criados sob duas perspectivas, um como animal de
estimação por pessoas da família do caçador e outra como animal criado para futuro
abate e consumo (Figura 83).

191
Figura 83. Queixadas (Tayassu pecari) criadas na comunidade Jatuarana-Manicoré-AM, para as
finalidades de consumo (esquerda) e de estimação (direita).

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).


A atividade de caça pode ser apontada como uma das principais causas do
declínio populacional de espécies da fauna silvestre, tais como a capivara (H.
hydrochoeris). Diante desta realidade indica-se que seja realizado um levantamento de
fauna, para estimar a capacidade de suporte de pressão da fauna local e com isto
delimitar e instruir os moradores sobre o não uso deste recurso, e sua importância
quanto mantenedor dos mesmos.
A simples proibição do uso destes recursos poderá reduzir o uso, mas poderá não
ser eficiente para impedi-los de executar está retirada. Pois, as localidades, comunidades
e/ou aldeias, localizadas no município de Borba, são, historicamente, usuárias dos
recursos desta UC, sendo indicado que se reveja a categoria adotada e se estabeleça
acordos e calendários de caça, pautados na sustentabilidade e conservação dos recursos
faunísticos.

7.6.5. Comercialização dos Produtos


Na área do entorno do Parque Estadual de Matupiri residem populações
indígenas que desenvolvem atividades econômicas tais como, agricultura, extrativismo e
criação de animais. Estas atividades são importantes na reprodução de suas famílias
para suprir, primeiramente, as necessidades internas da unidade de produção, como
materiais para construção, remédios, alimentos, fonte energética e fonte de renda por
meio da comercialização de produtos agrícolas no mercado regional ou para os
atravessadores.

192
Considerando este contexto, objetivou-se descrever a comercialização dos
produtos agroextrativistas e pecuários produzidos pelos agricultores familiares
indígenas moradores da região de entorno do PARQUE. É importante destacar que as
atividades do extrativismo praticadas pelos moradores são desenvolvidas dentro do
PARQUE, há mais de cinco décadas. Nesta época não havia sido criada, oficialmente, área
de proteção integral4 na categoria de PARQUE.
Esses moradores do entorno da UC, dos núcleos de Borba e de Manicoré
respectivamente, afirmaram ser a agricultura (58,6% e 41,7%), o extrativismo (27,6% e
16,7%), a pesca (6,9% e 8,3%) e a criação de animais domésticos (6,9% e 33%) as
principais atividades produtivas, por ordem de importância econômica. Portanto, a
agricultura é, para a maioria das comunidades, a atividade mais importante para
obtenção de renda durante a maior parte do ano.

Principais produtos comercializados


Produtos agrícolas

Dentro das atividades agrícolas, os principais produtos produzidos e


comercializados, por ambos os núcleos (Borba e Manicoré), são: a mandioca, a banana e
a macaxeira (Tabela 40).
É importante ressaltar que a farinha de mandioca impera como o principal
produto e seu preço varia entre R$ 180,00 a R$ 250,00 por saca, que tem medida de 75
litros. O segundo produto é a banana e seu preço varia de R$3,00 a R$ 4,00 por cacho. E
o terceiro é a macaxeira com preço de R$ 200,00 por saca de 75 litros. A comercialização
desses produtos agrícolas é realizada por meio de barcos próprios, recreios regulares
e/ou atravessadores que levam a produção às cidades de Borba e Altas.

4Área de Proteção Integral: § 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é


preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais,
com exceção dos casos previstos na LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000.

193
Tabela 40. Produtos agrícolas vendidos (V) pelos moradores ao entorno do PAREST do Matupiri
por Núcleo (Borba e Manicoré).

Produtos Agrícolas N° de ocorrências Frequência (%)

Geral V Geral V

Núcleo de Borba

Mandioca 19 8 90,5 38,1

Banana 17 1 81,0 4,8

Macaxeira 16 1 76,2 4,8

Total 52 10 247,6 47,6

Núcleo de Manicoré

Mandioca 5 5 100 100

Macaxeira 4 3 80 60

Banana 5 2 100 40

Milho 3 2 60 40

Melancia 3 1 60 20

Gerimum 2 1 40 20

Abacate 2 1 40 20

Cupuaçu 1 1 20 20

Abacaxi 1 1 20 20

Feijão 1 1 20 20

Maxixe 1 1 20 20

Total 28 19 560 380

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

194
Produtos Extrativistas Não Madeireiras

Há 50 anos, os principais produtos extraídos e comercializados da área de dentro


do PARQUE, eram a Sorva e a Balata, porém os moradores do entorno do PARQUE, não
extraem mais estes recursos. Sendo assim, serão analisados os atuais produtos
extraídos e comercializados, na região da UC de Matupiri.
O diagnóstico socioeconômico revelou que a atividade extrativista não
madeireira é exercida por seis aldeias indígenas (Piranha, Tapagem, Pacovão, Vila Nova,
Sapucainha e Sapucaia/Núcleo de Borba), duas localidades indígenas (Pires e
Correia/Núcleo de Borba) e uma comunidade indígena (Braço Grande/Núcleo de
Manicoré). Sendo que dessas, somente quatro aldeias (Piranha, Tapagem, Sapucaia e
Sapucainha) extraem e comercializam produtos agrícolas oriundos do PARQUE (Tabela
41).
Tabela 41. Produtos não madeireiros comercializados pelos moradores do entorno do PAREST do
Matupiri por Núcleo (Borba e Manicoré).

N° de ocorrências Frequência (%)


Produtos Não Madeireiros

Geral V Geral V
Núcleo de Borba
Castanha 14 10 66,7 47,6
Cipó 10 5 47,6 23,8
Copaíba 10 4 47,6 19
Andiroba 9 4 42,9 19
Açaí 9 3 42,9 14,3
Buriti 3 3 14,3 14,3
Bacaba 7 2 33,3 9,5
Patauá 7 2 33,3 9,5
Mel de Abelha 4 2 19,0 9,5
Total 73 35 161,9 90,5
Núcleo de Manicoré
Castanha 4 1 80 20
Açaí 3 1 60 20
Andiroba 2 1 40 20
Seringa 1 1 20 20
Total 12 5 240 100

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

195
Atualmente, a castanha é um dos principais produtos comercializado pelos
moradores, pertencentes ao núcleo de Borba. A castanha é extraída pelos moradores e
vendida para os atravessadores (agentes de comercialização), que levam a produção das
comunidades em troca de dinheiro. A maioria da produção é comercializada na região
com destino para o município de Borba e Estado do Pará. O preço pago aos extrativistas
pela castanha varia entre R$ 35,00 e R$ 100,00 por saca, que tem 50 kg e o período da
safra vai de novembro a abril (Tabela 42).

Tabela 42. Dados da comercialização da produção de Castanha pelos moradores do entorno do


PAREST do Matupiri (Núcleo de Borba).

Quantidade
Comunidades PARQUE Extraída Valor (R$) Destino

Indígenas Entorno Dentro Saca (50 kg) Saca Arrecadado Produção

4,2 75,00 315,00 Região


Aldeia
1 — X
Sapucainha
30 90,00 2700,00 Pará

— 0,4 100,00 40,00 Atravessador

Aldeia
2 — 4 35,00 140,00 Atravessador/Borba
Tapagem
X
20 90,00 1800,00

— 2 40,00 80,00 Região


Aldeia
3 —
Sapucaia
X 200 65,00 13000,00

4 Aldeia Correia X *NR *NR 10,00 Atravessador



5 Vila Nova — 3 100,00 300,00 Região

*NR = Não soube informar


Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Em relação às principais produções extrativistas de fibras vegetais correspondem


aos cipós (ambé, titica). E foram constatados que os cipós são utilizados para
comercialização por meio do artesanato.
O artesanato é uma atividade bastante difundida aproveitando-se produtos
florestais não madeireiros na região do Rio Matupiri, sendo praticada principalmente
pela população indígena. É uma atividade bastante atraente por aproveitar pedaços de
madeira, sementes (tento, seringa, tucumã), cipós (titica, timbó, jacitara, tururi, arumã) e
196
tinturas (tariri preto, tariri marrom, olho do açaí, açafroa, cumatê) para geração de renda
e trabalho. É uma atividade que mostra uma leve tendência de aumentar, porém não há
plano de manejo de uso múltiplo para conservação das espécies utilizadas no PARQUE.
Outros produtos que merecem destaque, são os óleos vegetais, no caso, a
andiroba e copaíba. Eles são extraídos e vendidos para os atravessadores, que levam a
produção das comunidades em troca de dinheiro. A maioria da produção é
comercializada na região com destino para o município de Borba. O preço pago aos
extrativistas varia entre R$ 10,00 e R$ 15,00 por litro, e o período da safra vai de
dezembro a maio (Tabela 43).
Tabela 43. Dados da comercialização da produção dos Óleos Vegetais pelos moradores do entorno
do PAREST do Matupiri (Núcleo de Borba).

Quantida
de Destin
N° Comunidades Produtos PARQUE Terra Extraída Valor (R$) o
Arrecadad Produç
Indígenas Extraídos Entorno Dentro Indígena Litros Litro o ão
Andiroba 10 13,00 130,00
Aldeia
1 — X — Região
Tapagem
Copaíba 50 14,00 700,00

Andiroba 30 10,00 300,00


Aldeia
2 — X — Borba
Sapucainha
Copaíba 100 15,00 1500,00

Andiroba
Aldeia Atraves
3 — X — *NR 10,00 *NR
Sapucaia sador
Copaíba

Andiroba
4 Aldeia Piranha — — X *NR *NR *NR Região
Copaíba

*NR = Não soube informar


Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

A coleta dos frutos do açaí, bacaba, buriti e patauá realizada pelos moradores, é
uma pratica tradicional, e bastante comum dentro do PARQUE (Tabela 44). Essas
espécies frutíferas são usadas principalmente como fonte de alimento pelas famílias
locais. Porém, esses moradores conseguem extrair uma quantidade significativa, o que
acarreta a comercialização do excedente destes recursos, principalmente, para o
mercado regional de Borba e atravessadores.

197
Tabela 44. Dados da comercialização da produção dos óleos vegetais pelos moradores do entorno
do PAREST de Matupiri (Núcleo de Borba).

Quant.
Comunidades Produtos PARQUE Terra Extraída Destino

Indígenas Extraídos Entorno Dentro Indígena Litros/ Produção
Sacas
Aldeia
Região
1 Piranha Açaí x X X 30 l

Região e
Açaí — X — 3s Borba

Aldeia Bacaba — X — 2s Região/A


2
Sapucainha travessad
Pataúa — X — 1s or

Buriti — X — 1s

Açaí — X — 10 s

Aldeia Bacaba — X — 3s Região


3
Tapagem Buriti — X — 5s

Pataúa — X — 5s

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Produtos Extrativistas Madeireiros

Os moradores da área de entorno do PARQUE, que fazem parte do núcleo de


Borba, utilizam madeira principalmente para construção e manutenção de suas
moradias. Além disso, também comercializam a madeira na própria região, para
municípios amazonenses (Borba, Janauacá, Autazes)e capital de Manaus. Entre as
espécies madeireiras comercializadas com maior número de ocorrência são: a itaúba, o
louro, o angelim e o marupá (Tabela 45).
Quanto aos moradores que fazem parte do núcleo de Manicoré, há 50 anos
comercializavam madeiras das espécies pau-rosa e itaúba. Entretanto, atualmente,
extraem madeira somente para consumo.

198
Tabela 45. Produtos Madeireiros comercializados pelos moradores ao entorno do PAREST do
Matupiri/Núcleo de Borba.

Comunidades Produtos PARQUE RDS Destino



Indígenas Extraídos Entorno Dentro Produção

1 Pires Louro — — — Região

Angelim — — —
Borba, Janaucá e
2 Aldeia Piranha Louro — X —
Autazes
Miratauá — X —

3 Vila Nova Itaúba X X —


Região
Angelim — X X

Acariquara — X — Manaus
Aldeia
4 Itaúba — X X
Tapagem
Louro — X X Região

Marupá — X X

Itaúba — — X

Angelim — — X
Aldeia
5 Marupá — — X Borba e Janaucá
Sapucainha
Cedrinho — — X

Louro — — X

Itaúba — X X

Marupá X X —

Louro X X X

Envira X — —
Aldeia
6 Região
Sapucaia
Tintarana X X —

Marajupá — X —

Angelim — X X

Acariquara — X X

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).


Os produtos madeireiros extraídos são comercializados nas seguintes medidas: em toras (árvores), palmo
(um palmo de mão = 20 cm) ou pranchas (tábuas).

199
Produtos Extrativistas Animal (pescado)

A pesca, seja ela a de subsistência ou para fins comerciais, é de fato uma atividade
muito importante nesta região durante todo o ano. Foram identificadas algumas
espécies de peixes que são comercializadas pelos moradores da área de entorno do
PARQUE, são: jaraqui, tucunaré e matrixã. A maior parte dos pescadores moradores do
entorno da UC comercializam seu pescado na sede do município de Borba-AM (Tabela
46).

Tabela 46. Produtos pesqueiros comercializados pelos moradores ao entorno do PARQUE do


Matupiri por Núcleo (Borba e Manicoré).

Produtos Pesqueiros Frequência (%) Parque/Borba Unidade

Valor (R$)

Geral V Menor Maior

Núcleo de Borba

Jaraqui 65,4 15,4 3,00 7,00 kg

Tucunaré 65,4 11,5 3,00 5,00 kg

Matrixã 46,2 11,5 6,00 10,00 kg

Piranha 57,7 3,8 3,00 3,00 kg

Cara 42,3 3,8 3,00 3,00 kg

Carauaçu 3,8 3,8 2,50 2,50 kg

Surubim 15,4 3,8 5,00 5,00 kg

Filhote 3,8 3,8 5,00 5,00 kg

Total 300 57,4

Núcleo de Manicoré

Jaraqui 1 20,0 — — —

Curimatã 1 20,0 — — —

Total

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

200
Criação de Animais de Pequeno/Grande Porte

A criação de pequenos animais, como galinhas, patos e porcos ocorre nos quintais
e sítios familiares ao entorno do PAREST do Matupiri. Os animais de pequeno porte que
têm a maior representatividade na comercialização são: as aves e suínos. Ao contrário, a
criação de grande porte (bovinos) apresenta menor representatividade na
comercialização (Tabela 47).

Tabela 47. Criação de animais domésticos comercializados pelos moradores ao entorno do PAREST
do Matupiri por Núcleo (Borba e Manicoré).

Criação de Animais N° de ocorrências Frequência (%)

Geral V Geral V

Núcleo de Borba

Suíno 4 1 19,0 4,8

Caprino 1 1 4,8 4,8

Total 5 2 23,8 9,5

Núcleo de Manicoré

Ave 5 2 100 40

Suíno 3 1 60 20

Bovino 3 1 60 20

Total 11 4 220 80

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

Os animais são comercializados nas próprias comunidades, para outros


moradores e há, ainda, poucos casos de pessoas que vendem seus animais para
atravessadores, e estes levam o produto para a sede do município de Borba.
Corroborando com Noda (2007), a pecuária de animais de pequeno porte tem
dupla significância. Os agricultores familiares lançam mão dessa atividade como
complementação alimentar e de renda eventual.

201
Contudo, o diagnóstico mostrou que, apesar de ser um PARQUE, há de se pensar
em um Plano de Uso para essa região, pois existem pessoas que já exploram e
comercializam os recursos há mais de 50 anos. De acordo com DIEGUES (2004), as
florestas tropicais abrigam populações indígenas, ribeirinhas, extrativistas, pescadores,
que possuem seus próprios mitos e relações com a natureza. A legislação brasileira que
cria parques, muitas vezes retira essas populações destas áreas, causando problemas de
caráter ético, social, econômico, político e cultural. As populações tradicionais
desenvolvem modos de vida particulares que envolvem grande dependência dos ciclos
naturais.

7.7. PERCEPÇÃO DOS MORADORES SOBRE A UNIDADE


DE CONSERVAÇÃO DO PARQUE DO MATUPIRI
Na questão acerca da percepção acerca do Parque Estadual do Matupiri residem
alguns elementos que são reflexo da conjuntura na qual esta UC foi criada. Um aspecto
transversal nesse processo diz respeito ao histórico de uso da área. De forma
diferenciada, considerando os diferentes grupos que foram abordados para a pesquisa, a
questão do uso se relaciona com outras dimensões que vão compondo um mosaico de
percepções em relação à UC que apresenta elementos importantes para se pensar sua
gestão.
Este item será sistematizado a partir de uma perspectiva que envolve a
sistematização da percepção dos diversos grupos em relação à UC considerando sua
condição espacial e histórica. Serão descritas a percepção e seus elementos por área de
entorno (TI Cunhã Sapucaia, PAE Jenipapo e Ramal de Manicoré) e resgatados os
elementos históricos, principalmente relacionados ao uso, mas não se limitando
somente a este.
Na parte de Borba, o acesso ao Parque tem passagem obrigatória pela TI Cunhã
Sapucaia, via rio Igapó-Açu, onde não se entra sem autorização expressa da Funai ou dos
próprios indígenas. Esta representa a principal via de acesso à UC e isso é um fator que
oferece aos indígenas a condição de controle da área caracterizando um dos aspectos da
percepção destes sobre o Parque, o que foi confrontado com o fato da área passar a ser
de responsabilidade do governo estadual. Esse aspecto é evidente quando se verifica a

202
reclamação da queda na receita dos indígenas oriundas do turismo de pesca pela
exclusão da área do parque no roteiro.
Todavia, o aspecto mais relevante na percepção dos indígenas é a questão da
criação de uma unidade de conservação de proteção integral numa área de uso histórico
deles sem a devida consulta. Este aspecto é o vetor que povoa os discursos sobre a
criação da UC em tom de lamento e indignação.
“Nós plantamos, cuidamos e na hora de colher não podemos...”
(Pedro Tcheré, tuxaua da Aldeia Piranha).

“O parque é como se fosse uma filha que nós criamos bem,


alimentamos, mas que vamos ter que entregar para outro
homem” (Pedro Tcheré, tuxaua da Aldeia Piranha).

Os depoimentos dão conta de ilustrar o uso histórico dos recursos com um


“manejo tradicional” de forma que em muito tempo isso não representou nenhuma
ameaça. Em verdade, estes avançam no sentido de relatar a defesa da área com a
exposição da própria vida contra invasores que os ameaçavam, inclusive, com armas.
Isso acentua mais ainda a indignação acerca da impossibilidade de desfrutar dos
recursos.
Outro fator agravante dessa perspectiva consiste na visita do Governador
Eduardo Braga à TI Cunhã Sapucaia – e todos os “benefícios” que este trouxe em forma
de bens materiais – havia sido entendida como uma atenção especial a área. Contudo,
com a criação do Parque, os indígenas se demonstraram decepcionados e se sentiram
traídos pelo então governador, que havia contrariado todo o simbolismo que sua visita
havia representado para eles. A partir desse aspecto, foi perceptível que várias reflexões
foram feitas pelos indígenas, entre si e a partir dos diálogos com o Chefe do Parque,
Sérgio Sakagawa. Uma síntese que está presente nos discursos e caracteriza a percepção
atual sobre o Parque é que este é um meio de manutenção da área até que esta volte
para eles como terra indígena.
“O parque é semelhante um homem que está com a roupa
molhada e não pode guardar o dinheiro e dá para o outro que
está com roupa seca guardar enquanto a roupa dele seca. Nós
somos o homem com a roupa molhada e o governo está com a
roupa seca guardando o parque enquanto nossa roupa seca”
(Simão, tuxaua da Aldeia Sapucaia).

203
Esse entendimento, de certa forma, serviu como atenuante para a questão da
exclusão deles na consulta pública quando da criação do Parque. Isso foi resultado de
um diálogo lento e gradual, iniciado pela Chefia da UC, e que somente agora colhe frutos
ilustrados na recepção mais aberta destes para com as equipes de pesquisa. Essa relação
foi ilustrativa quando alguns depoimentos indicaram que já houve viagem à passeio para
o Parque, descaracterizando o uso exclusivo para trabalho, e que havia intenção de que
a área seja conservada no sentido de deixá-la como herança para as novas gerações.
Outro aspecto da percepção desse povo com a UC é a relação de afinidade com o
lugar. Havia alguns deles que moravam mais próximo e tinha a área do Parque em seu
raio de uso cotidiano. Embora tenham saído antes da criação, estes mantiveram o uso
dos recursos e demonstram perplexidade por não terem direito sobre algo que sempre
fez parte do seu cotidiano. Todavia, estes também parecem estar incorporando o
discurso do “empréstimo” da para o governo estadual, uma vez que as condições de
defesa deles em relação à área são bem mais limitadas.
Nas áreas de entorno que compreendem o município de Manicoré, Ramal de
Manicoré e PAE Jenipapo, a perspectiva é diferenciada.
No Ramal de Manicoré existem indígenas e ribeirinhos. Embora os ribeirinhos já
tenham ouvido falar no Parque, estes não são usuários frequentes e tem uma relação
pequena com a área tendo uma percepção positiva voltada para a BR319 e, em certo
nível, indiferente em relação ao Parque. O fato de haver uma associação mãe da RDS Rio
Amapá, faz que as atenções sejam voltadas a esta relegando à segundo plano questões
relacionadas ao Parque.
Também localizada no Ramal de Manicoré, a Aldeia Camaioá, com etnia Mura e
Munduruku, possui uma percepção sobre o Parque é diferenciada daquela verificada na
TI Cunhã Sapucaia. Primeiramente, estes não residem numa TI demarcada, mas existe
um pedido em trâmite junto à FUNAI de uma área que contempla uma porção do Parque.
E em segundo, afirmaram que estavam sabendo da existência do Parque na
oportunidade de pesquisa e indicaram uso de recursos da área deste. Em terceiro, eles
têm um solicitação de demarcação de suas terras que contemplam a área do parque.
A visita a essa aldeia foi bastante ilustrativa para traçar a percepção destes em
relação ao Parque. Após, tomarem ciência de que a área que eles reivindicam está
contida no Parque, eles e recusaram a participar da pesquisa alegando que ao aceitarem
participar, estariam legitimando o Parque e enfraquecendo o pleito deles de demarcação
204
da terra. Isso representa a forma como eles veem a UC enquanto território dado pelo
estado, que passa a ser diferenciado considerando que, outrora, consistia numa área de
uso tradicional.
No PAE, o acesso à área do parque se dá pelos caminhos que restaram da época
da extração de sova e balata e é feita somente pelos mais antigos. A distância e o difícil
acesso são determinantes para a percepção destes sobre o Parque que se restringe à
memória dos mais antigos acerca de um território de trabalho aonde pouco se vai e
apenas constitui a lembrança de um lugar bonito pela biodiversidade. Todos os
entrevistados responderam ter ciência da existência de um Parque, e alguns dos
moradores da comunidade Santa Maria do Poção afirmara ir uma vez por ano para lazer.
Em relação à restrição uso, na comunidade Braço Grande foi afirmado que é bom que
seja divulgado para que não acabem os recursos.
Em síntese, a percepção sobre o Parque Estadual do Matupiri compreende
apreensões diferenciadas que estão relacionadas com o referencial de relação com a
área que compreende a UC e informações sobre a área enquanto uma unidade de
conservação de proteção integral. Algo transversal nesse mosaico refere-se ao uso
histórico que, embora seja verificado de forma diferenciada entre os grupos, encontra-se
no cerne da percepção deles enquanto experiência empírica com a área. Tais acúmulos
de vivências se metamorfoseiam a uma territorialidade institucional que, ao não
dialogar adequadamente com os modos de vida tradicionais, se torna estranha ao
cotidiano resultando em grande dificuldade na implementação das UCs e, por vezes,
resistência a esta.

205
8. ASPECTOS INSTITUCIONAIS

206
8.1. RECURSOS HUMANOS E INFRAESTRUTURA
O Parque Estadual do Matupiri conta atualmente com um gestor, que reside na
sede do município de Careiro Castanho. Até o fim de 2012, o gestor da UC estava alocado
em uma sala cedida pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente, porém o espaço foi
solicitado pelo ex prefeito, o que deixa o gestor atualmente sem local no município.
Utiliza, então, sua residência como escritório para articular e realizar suas demandas.
Para chegar às mediações do parque, o gestor da unidade tarda 2 dias, e ainda,
como não há moradores no interior, suas ações são voltadas às comunidades do entorno,
relacionadas com a utilização do parque. O gestor vai ao local seguindo alguma
denúncia, quando a população solicita sua presença em alguma reunião, ou então para
acompanhar alguma atividade planejada, como monitoramento da área e averiguação
dos equipamentos que ficam em campo.
Os chefes de UC contam com o apoio e suporte técnico de equipes do CEUC/SDS
situados em Manaus. No caso do Parque Estadual do Matupiri, o gestor conta com o
apoio de parceiros em Borba: o IDAM, que auxilia com infraestrutura para ação no local,
já que os pertences da unidade ficam no município de Careiro Castanho, e a FUNAI, que
auxilia nas ações com a população indígena do local; e em Manicoré: através do líder do
PAE Jenipapo, que acompanha as atividades, além de mobilizar a população quando
necessário. Em Manicoré, possui também parceria com a presidência da Associação Mãe
da RDS do Rio Amapá, onde o presidente o auxilia em suas idas nas comunidades do
Ramal de Manicoré.
Quanto à infraestrutura, a UC adquiriu uma serie de equipamentos necessários
para a gestão e fiscalização que ficam lotados no município de Careiro Castanho. São
eles: laptop, impressora, GPS, máquina de foto, no break, caminhonete e gerador. Por não
ter base, todos estes materiais ficam na residência do Gestor. Os comunitários, quando
procuram o Gestor, vêm na casa do mesmo.
Além destes equipamentos, o gestor conta também com uma voadeira que fica na
RDS do Igapó Açú e o Gestor mantêm um acordo verbal com um morador para vigiá-la.
O morador é pago com recurso particular do Gestor (rancho e gasolina), pois o CEUC não
tem recurso para manutenção de terceiros.

207
8.2. ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
De acordo com o Art. 6.o do SEUC, a gestão é feita pelos seguintes órgãos, com
suas respectivas funções:
-Órgão Central: SDS (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável, com a função de estabelecer normas de gestão e coordenar o processo de
criação, implantação e reclassificação das UCs estaduais.
-Órgão Supervisor: CEMAAM (Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do
Amazonas), com a função de avaliar a implementação do SEUC.
-Órgãos Gestores: CEUC (Centro Estadual de Unidades de Conservação), com a
função de estabelecer políticas e programas de gestão das UCs estaduais.
-Órgãos Fiscalizadores: IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Estado do
Amazonas) e as Secretarias Municipais de Meio Ambiente são os órgãos com a função de
licenciar e fiscalizar atividades potencial ou efetivamente poluidoras ou degradadoras,
inclusive nas Unidades de Conservação e sua Zona de Amortecimento, aplicando as
correspondentes sanções administrativas.
Além desses órgãos governamentais, o SEUC prevê a criação de um conselho
consultivo, no caso dos Parques Estaduais, para auxiliar na tomada de decisão sobre a
gestão da área, o qual deve ser presidido pelo representante do Órgão Gestor (CEUC) e
constituído de representantes de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil,
das comunidades tradicionais e população usuária da área. O processo para a criação do
Conselho Gestor do Parque Estadual do Matupiri na época da pesquisa de campo ainda
estava tramitando, com sua composição prevista para agosto.
Quanto à organização social atual, a população indígena conta com uma
associação, a Organização Indígena do Povo Mura da Terra Indígena Cunha Sapucaia
(OIPMTCS) para organizar as suas tomadas de decisão. A população residente no PAE
Jenipapo está organizado, formando a “Associação dos moradores agroextrativistas da
Comunidade de Braço Grande do PAE Jenipapo”, e os moradores da região da RDS Rio
Amapá se organizam na associação “Central das Associações Agroextrativistas
Democracia”

208
9. ANÁLISE E AVALIAÇÃO ESTRATÉGICA

209
Para a análise e avaliação estratégica para consolidação do Plano de Gestão do
Parque Estadual do Matupiri foram conduzidas oficinas com públicos alvo diferenciados,
utilizando-se a ferramenta matriz SWOT (Strenghts, Weaknesses, Opportunities e
Threats) ou Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças (F. O. F. A.).
O principal objetivo da construção participativa da matriz SWOT foi permitir um
olhar valorativo das forças que compõem a UC, possibilitando uma avaliação estratégia a
partir de definições de questões-chave identificadas pelos stakeholders5; no caso, os
usuários da UC e os pesquisadores e analistas ambientais que elaboraram o diagnóstico
da unidade. Esses atores foram envolvidos por entender-se que, de alguma forma, eles
podem contribuir ou ser envolvidos nas ações preconizadas no Plano, nas suas
diferentes vertentes. Assim, os stakeholders identificados são elementos essenciais ao
planejamento estratégico do Plano de Gestão (FUSCALDI e MARCELINO, 2008).
A primeira série de oficinas foi realizada nas campanhas de campo com a
participação da população residente e usuários do entorno da Unidade de Conservação,
por ocasião do mapeamento das áreas de uso. A segunda série de oficinas foi realizada
em Manaus e envolveu todos os pesquisadores, coordenadores de áreas e coordenação
geral do Programa de Implementação das Unidades de Conservação Estaduais do
Amazonas na área de Influência da BR-319 (PIUC).
Os resultados das oficinas geraram matrizes para cada ordem de fatores:
Fortaleza (+), Fraquezas (-), Oportunidades (+) e Ameaças (-). Fortalezas e Fraquezas
foram consideradas como sendo fatores internos da Unidade de Conservação e do órgão
gestor, bem como do próprio sistema que regulamenta as Ucs do Estado do Amazonas
(SEUC). São fatores que atualmente estariam impedindo ou dificultando que os objetivos
das UCs sejam alcançados, ainda que tais fatores estejam sob o controle dos atores
sociais locais (moradores e gestores). As Ameaças foram consideradas como sendo os
fatores externos que, no presente, estariam influenciando o processo de implementação
das Unidades de Conservação em questão, sem, no entanto, estarem sob a
governabilidade dos gestores da UC ou dos seus moradores. As oportunidades são
fatores externos e internos que representam potenciais que devem ser almejados e por
tanto se referem a um estado futuro desejável. As Oportunidades são atitudes e

5
Stakeholder (em português, parte interessada ou interveniente), é um termo usado referente às partes
interessadas que devem estar de acordo com as práticas de governança de determinadas organizações.
210
iniciativas que viabilizam defesas contras as Ameaças, superação das Fraquezas e
aproveitamento ótimo das Fortalezas.
Após análise de conteúdo dos resultados das oficinas, os fatores apontados foram
analisados quanto à sua relevância e em seguida agrupados e analisados segundo sua
dimensão de origem ou interferência. Os fatores internos positivos (i.e., Fortalezas) e
negativos (i.e., Fraquezas) apontados pelos avaliadores foram analisados segundo
quatro dimensões de origem: sociopolítica, institucional, ambiental e cultural (Tabelas
48 e 49). Os fatores externos negativos (i.e., Ameaças) e positivos (i.e., Oportunidades)
foram analisados segundo três dimensões afetadas: da Conservação, Econômica e do
Desenvolvimento social (Tabelas 50 e 51).
Entre as Fortalezas identificadas, grande parte está associada à presença das
comunidades indígenas do entorno, principalmente aquelas da TI Cunhã Sapucaia. Estas
populações são responsáveis pelo atual estado de conservação do Parque uma vez que
historicamente vêm controlando o acesso e o uso dos recursos na área. São grupos
sociais com elevado grau de organização sociopolítica o que permite um diálogo mais
qualitativo, uma vez estabelecidas parcerias para a gestão local integrada. Sendo a única
unidade de proteção integral no setor norte do interflúvio, seu excelente estado de
conservação e a ocorrência de ecótonos (manchas de campinas) representa alta
probabilidade para ocorrência de endemismos e de descoberta de novas espécies para a
ciência.
Entre os fatores que constituem fragilidades foram mencionadas questões afetas
à dispersão dos moradores do entorno e à exclusão dos indígenas da TI Cunhã Sapucaia
das discussões para a criação do Parque. Do ponto de vista geográfico (ambiental), o
isolamento, a multiplicidade de vias de acesso e a logística desses acessos dificultam as
ações de gestão. Outros fatores destacados se referem à diversidade sociocultural dos
segmentos sociais que ocupam o entorno do Parque, o que pode vir a dificultar o diálogo
entre esses segmentos. As análises também apontam para o potencial de conflito
territorial em razão dos objetivos da unidade de conservação (proteção integral) e o uso
atual de seus recursos naturais pelas populações do entorno.
Entre os fatores considerados como Ameaças foram destacados aqueles
associados com a invasão de barcos pesqueiros e a exploração de outros recursos
naturais por invasores cuja pressão deverá aumentar em decorrência da revitalização da
BR-319 e AM-464: risco de aumento do desmatamento e alto nível de pressão sobre a
211
área do parque que é próxima a BR e tem como seu limite a AM-464. Do ponto de vista
das atividades econômicas, merece destaque a problemática do turismo empresarial de
pesca esportiva que ocorre na região. Na atualidade, a atividade representa uma fonte de
renda para os indígenas mediante acordo com empresa que explora o serviço, que pode
vir a ser questionado judicialmente. Temas como a erosão do conhecimento tradicional e
o conflito intergeracional também foram apontados como ameaças às comunidades
indígenas do entorno.
Entre as oportunidades, foram indicadas a elaboração de uma proposta para o
sistema de fiscalização integrada e o desenvolvimento de instrumentos jurídicos que
contemple o uso histórico dos recursos naturais do parque e também para a
regulamentação do turismo na TI. Atendendo à vocação da UC, há ainda a oportunidade
para o desenvolvimento do plano de uso público da área e programa de pesquisa
científica.

212
Tabela 48. Fortalezas do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica participativas.

DIMENSÕES

SOCIOPOLÍTICA INSTITUCIONAL AMBIENTAL CULTURAL

Existência de segmentos sociais Atitude proativa de gestão do parque Única unidade de proteção integral Uso e manejo tradicional histórico dos
organizados no entorno do parque (TI que estabeleceu o diálogo com as que compondo um mosaico de áreas recursos pelos indígenas que foi
Cunhã Sapucaia) que podem dar comunidades indígenas do entorno, protegidas na porção norte da responsável pela atual estado de
suporte à vigilância. Destaque para a como efeitos positivos do tratamento interflúvio Purus-Madeira. O que pode conservação da área.
TI Cunhã Sapucaia que consiste na de potenciais conflitos territoriais. ser aproveitado no processo de
principal entrada para o Parque. governança socioambiental.
Lideranças locais muito bem Participação das organizações CAAD – Abundância dos Recursos Naturais, Educação formal indígena que
articuladas e informadas: a formação RDS do Rio Madeira e Comissão do tais como a fauna e riqueza de promove a afirmação da identidade
política das lideranças permite um PAE Jenipapo no Conselho Gestor. ambientes com a presença de cultural das comunidades e com
diálogo e facilita o processo de boa Representam o entorno sul do Parque fragmentos de campinas desdobramentos na gestão do Parque.
governança. e são estratégicas para apoiar as ações
da gestão.
Interesse dos indígenas em Existência da OIMPITCS: que atua Isolamento atual da área do Parque - O Ricos repertórios de conhecimentos e
desenvolver turismo de bases politicamente como representação fato deste se localizar numa área práticas tradicionais das comunidades
comunitárias intercultural formal dos indígenas remota facilita a conservação no locais sobre o manejo e o uso de
moradores do entorno. sentido da dificuldade de acesso para recursos naturais que devem ser
exploração ilegal de recursos. considerados na gestão da área.
Apoio dos indígenas na preservação do Potencial de endemismo e novos
Parque como proteção da Terra registros biológicos.
Indígena.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

213
Tabela 49. Fraquezas do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica participativas.

DIMENSÕES

SOCIOPOLÍTICA INSTITUCIONAL AMBIENTAL CULTURAL


Dispersão dos moradores do entorno: Ausência das instituições responsáveis Dificuldade de acesso à área (gestão): Diversidade sociocultural: Três
tal fato não permite um diálogo pelos serviços públicos, o isolamento geográfico do Parque segmentos sociais distintos compõem
continuado para troca de informações principalmente aqueles de vigilância dificulta as ações de fiscalização. o entorno do Parque: indígenas,
e ações conjuntas. como o IPAAM. assentados da reforma agrária e
ribeirinhos, com diferenças de
percepção sobre conservação da área
do Parque.
A exclusão das comunidades indígenas Falta de estrutura adequada que Logística de acesso complicada: 5 Desconfiança (lideranças – nem
da TI Cunhã Sapucaia do processo de possibilite o desempenho das equipes acessos diferentes de logística: todas): algumas lideranças não estão
criação da UC dificultou o do CEUC e da equipe local nas ações de Manicoré, BR-319, AM-464, Borba, totalmente abertas para colaborar com
estabelecimento do diálogo para a gestão da UC. Igapó-Açu. o trabalho, mesmo por questões de
implantação da UC. desconhecimento.
Recusa da Aldeia Camaioá Falta de instrumentos legais que Vazios demográficos – acessos e Potencial conflito territorial devido ao
(Munduruku) – AM-464 a participar reconheçam e garantam o direito do limites da UC sem a presença humana uso atual dos recursos naturais da UC
das ações de gestão da UC por uso histórico dos recursos naturais inviabiliza o estabelecimento de ações pelos indígenas.
reivindicar demarcação de área do pelos protetores históricos da área da de cogestão como o envolvimento de
Parque como parte da TI. UC. Agentes ambientais voluntários.

Inexistência de Programas de uso


público nas UCs Estaduais.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

214
Tabela 50. Ameaças do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica participativas.

DIMENSÕES

CONVERSÃO DA BIODIVERSIDADE ECONÔMICA DESENVOLVIMENTO LOCAL

Invasão de barcos pesqueiros prejudicando os Pesca esportiva ilegal: acordo informal entre Ausência institucional de todas as esferas: a ausência
moradores: os depoimentos, principalmente dos empresa e lideranças indígenas da TI Cunhã dos serviços públicos para as populações do entorno
indígenas, evidenciam que existe invasão da área do Sapucaia gerando renda para estes pode sofrer compromete a permanência destas ali resultando na
Parque para pesca comercial. intervenções de ordem judicial acarretando em diminuição de pessoas para a “vigilância” da área.
conflitos com os indígenas, que defendem a atuação
da empresa por ser a única fonte de renda fixa.
Revitalização da BR-319 e AM-464: risco de aumento Falta de estrutura para o desenvolvimento do uso Erosão do conhecimento tradicional: implica em
do desmatamento e alto nível de pressão sobre a público: não existem iniciativas de promover o uso perdas irreparáveis de conhecimentos milenares
área do parque que é próxima a BR e tem como seu público da área. sobre a natureza e a forma de etnoconservação
limite a AM-464. responsável pela configuração atual da floresta.
Caça ilegal de coleta de ovos (quelônios) – invasores: Conflito intergeracional: as diferentes percepções
invasão para exploração dos ovos de quelônios. das novas gerações incorre em perdas no
conhecimento tradicional e num déficit de sucessão
de lideranças entre os indígenas, principalmente.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

215
Tabela 51. Oportunidades do PAREST do Matupiri identificadas nas oficinas de avaliação estratégica participativas.

DIMENSÕES

CONVERSÃO DA BIODIVERSIDADE ECONÔMICA DESENVOLVIMENTO LOCAL

Implementar sistema de fiscalização: proposta de Desenvolvimento da cadeia produtiva do Artesanato Dialogo interinstitucional para a governança: o
um sistema de fiscalização que contemple a indígena, como estratégia de geração de renda, com diálogo interinstitucional é imprescindível para se
complexa geografia do Parque. base em princípios da sustentabilidade ambiental e pensar em alternativas sociais, econômicas e de
cultural; conservação para o Parque.

Garantia de uso histórico dos recursos naturais do Aproveitamento do Potencial turístico do Parque. A Divulgação ampla do Parque para população local e
parque (termo de compromisso) através da criação presença dos indígenas da TI Cunhã Sapucaia no escolas do município para a divulgação do
de um instrumento jurídico (p.ex., termo de entorno do parque pode ser um atrativo para a conhecimento acerca das áreas protegidas
compromisso) que permita a concessão de uso promoção de um turismo. esclarecendo a visão sobre estas.
específico da área.
Regular atividade de pesca esportiva no entorno da Serviços ambientais: acompanhar as discussões no Ações de incentivo ao resgate e valorização do
UC: a regulamentação da atividade de pesca âmbito do Estado do Amazonas para acompanhar o conhecimento tradicional, integradas com as
esportiva no entorno pode concorrer para a baixa na seu avanço e verificar a possibilidade de inserir o universidades para inclusão dos saberes locais nas
pressão de uso do parque para esse fim. Parque no contexto. ações de conservação.
Desenvolver coleções biológicas da UC com A atuação das agências de desenvolvimento (p. ex., Formação de lideranças em todos os segmentos
estrutura para visitação: como alternativa de IDAM) junto às populações do entorno promovendo sociais do entorno como forma de fortalecer a
conservação no Parque e geração de renda para as a extensão rural visando a geração de renda baseada participação comunitária no conselho e demais
populações. na agricultura familiar, diminuindo a pressão sobre espaços de discussão sobre a questão ambiental
os recursos do Parque. (Conselhos Municipais, etc.).
Pesquisa – articulação de recursos via FAPEAM: em Desenvolvimento de estrutura para o uso público do Ampliar o diálogo com a Aldeia Camaioá do Ramal
atenção ao artigo 45 do SEUC, é possível articular um Parque como espaço de visitação da população para de Manicoré (AM-464): promover a aproximação
edital conjunto entre SDS, SECTI e FAPEAM com o desfrute de suas amenidades a atrativos naturais. com a aldeia Camaioá para maiores esclarecimentos
objeto específico que seria a pesquisas nas UCs da sobre o contexto do Parque de forma a contar com
área de influência da BR-319. A FAPEAM pode estes no processo de governança da área.
dispor os recursos necessários para a ação.

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).

216
217
O Parque Estadual do Matupiri é parte de um conjunto de áreas protegidas
extremamente importante no ordenamento da área de influencia da BR319. Com o
anúncio de pavimentação do trecho entre Manaus-Porto Velho, provocou grandes
especulações e ocupações desordenadas, com isso a região de entorno da BR319 foi
decretada como Área sob Limitação Administrativa Provisória – ALAP, que teve como
objetivo suspender a concessão de novas licenças ambientais e propor a criação de
unidades de conservação ao final do processo. A ALAPBR-319 possuía uma área total de
8.266.235,00 ha. Após a conclusão dos processos de criação de áreas protegidas, ficaram
constituídas 53 áreas Especiais (antigas e novas) que incluemTerras Indígenas,
Unidades de Conservação Federais e Estaduais (Figura 84).

Figura 84. Porcentagem de áreas especiais da ALAP BR319.

Áreas Livres
9% Terras indigenas
Assentamentos
17% 8%

UCs Estaduais
23%

Outra
24%

UCs Federais
42%

Parque Matupiri
1%

Fonte: NUSEC/UFAM (2013).


O Parque Estadual do Matupiri corresponde a 1% da área da ALAP e está
localizada entre os rios Purus e o Madeira, nos municípios de Borba e Manicoré ambos
pertencente à Mesorregião do Sul Amazonense.
A unidade de conservação abrange uma área de Alta prioridade para a
preservação da biodiversidade (Figura 85) conforme o mapa de Áreas Prioritárias para
Preservação da Biodiversidade (Ministério do Meio Ambiente, 2007). As áreas
prioritárias refletem preocupações com a biodiversidade, a sustentabilidade social, o
desenvolvimento econômico e a manutenção dos serviços ambientais (MMA, 2007).

218
Figura 85. Áreas prioritárias para conservação Estado do Amazonas e localização de Unidades de Conservação Estaduais na área de influência da BR-
319.

219
Através do diagnóstico biológico, foi possível observar que o Parque Estadual do
Matupiri é um importante componente do grande sistema da Floresta Amazônica, pois
além de se encontrar em ótimo estado de conservação, apresenta grande diversidade, o
que aponta a importância da Unidade dentro do bioma tropical.
A unidade é representada em 91% de sua extensão territorial pela Floresta

Ombrófila Densa de Terras Baixas com Dossel Emergente, em 7% pela Savana


Gramíneo-Lenhosa, e em 1% pela Floresta Ombrófila Aberta Aluvial com palmeiras,
ambas caracterizadas por diversidades de espécies florística e faunística, com ênfase
para as manchas de savana, que ainda apresentam espécies endêmicas.
Do ponto de vista socioeconômico, a área é caracterizada pela presença de
populações tradicionais e indígenas. O Parque não possui moradores dentro de seus
limites, apenas no entorno, agrupadas em 5 comunidades e 6 aldeias que juntas somam
aproximadamente 706 famílias. Esses moradores têm como local de origem
principalmente os município de Borba e Manicoré. A população possui o modo de vida
agroextrativista, partir da reprodução de diferentes atividades produtivas, garantindo a
sobrevivência através do extrativismo madeireiro e não madeireiro. No entanto a
principal fonte de renda desta população é agricultura, relacionada principalmente ao
cultivo da mandioca para produção de farinha. Além disso, realizam a pesca esportiva,
esta é uma atividade que vem crescendo nos últimos anos na RDS, e é realizada em áreas
próximas à comunidade e dentro dos limites da unidade.
O Parque Estadual do Matupiri passa a exercer um papel primordial para a
conservação da biodiversidade como área protegida representativa dos ecossistemas da
região de influência da BR-319. Do ponto de vista social, representa, principalmente,
uma oportunidade para a proteção do modo de vida e para o desenvolvimento da
população do seu entorno que dela dependem direta e imediatamente para a
sobrevivência.

220
11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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238
12. ANEXOS

239
Anexo I. Decreto de Criação do Parque Estadual do Matupiri.

240
241
Anexo II. Áreas Protegidas no Estado do Amazonas.

242
Anexo III. Lista detalhada do material botânico coletado na PAREST do Matupiri.

Hábito

Família Gênero espécie

Arbóreo

Myrtaceae Eugenia biflora

Arbusto

Annonaceae Bocageopsis canescens

Apocynaceae Himatanthus semilunatus

Burseraceae Trattinickia burserifolia

Chrysobalanaceae Hirtella bullata

Licania sp.2

Clusiaceae Clusia columnaris

Euphorbiaceae Richeria grandis

Lauraceae Ocotea esmeraldana

Melastomataceae Macairea thyrsiflora

Maieta sp.

Meriania urceolata

Miconia sp.1

Tococa guianensis

Tococa nitens

Nyctaginaceae Neea ovalifolia

Ochnaceae Ouratea schomburkii

Polygalaceae Bredemeyera myrtifolia

Polygonaceae Coccoloba paraensis

Rubiaceae Pagamea coriacea

Palicourea nitidella

Remijia firmula

Retiniphyllum chloranthum

Vochysiaceae Erisma sp.

243
Árvore

Vochysiaceae Vochysia vismifolia

Arvoreta

Clusiaceae Calophyllum sp.

Fabaceae Parkia ulei

Malvaceae Pachira duckei

Melastomataceae Macairea theresidae

Rubiaceae Remijia sp.

Epífita

Gesneriaceae Codonanthopsis huebneri

Erva terrestre

Cyperaceae

Becquerelia cymosa

Lagenocarpus rigidus

Lagenocarpus sp.

Mapania sp.

Eriocaulacaeae Syngonanthus nitens

Humiriaceae Humiria wurdackii

Melastomataceae Clidemia ostentata

Miconia ciliata

Pachyloma huberioides

Tibouchina sp.2

Orchidaceae Duckeella adolphii

Epistephium parviflorum

Poaceae Dichanthelium sp.

Rapateaceae Spathanthus bicolor

Rubiaceae

Palicourea nitidella

Psychotria amplectens

244
Sipanea pratensis

Xyridaceae Abolboda macrostachya

Xyris savanensis

Xyris sp.

Xyris stenocephala

Hemi-parasita

Loranthaceae Phthirusa stelis

Liana herbácea

Apocynaceae Ditassa franciscoi

Dilleniaceae Davilla nitida

Euphorbiaceae Mabea sp.

Palmeira

Arecaceae Bactris campestris

Anexo IV. Lista taxonômica das espécies de peixes coletadas no PAREST do Matupiri, municípios
de Borba e Manicoré, Amazonas.

Nome Trecho F.O.


Ordem/Família/Espécie popular (MAT) n (%)

CHARACIFORMES

CHARACIDAE

Characidae 1 Piaba 1;2;3;4 2+70+47+1 100%

Hyphessobrycon aff.. agulha Piaba 1;2;3;4;6 19+2+2+1+4 100%

Hyphessobrycon gr. heterorhabdus Piaba 1;2;3;4;5 51+4+3+11+4 100%

Iguanodectes variatus Piaba 1;3 1+5 50%

Moenkhausia comma Eigenmann, 1908 Piaba 1 1 25%

Moenkhausia diktyota Lima & Toledo-


Piza, 2001 Piaba 1 26 25%

CRENUCHIDAE

Microcharacidium aff. weitzmani Mocinha 1;2;3;4 2+40+28+64 100%

ERYTHRINIDAE

245
Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz,
1829) Jeju 2 1 25%

Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) Traíra 1 1 25%

Erythrinus erythrinus (Bloch


&Schneider, 1801) Jeju 1;3;4;5 16+2+3+4 100%

GASTEROPELECIDAE

Peixe-
Carnegiella strigata (Günther, 1864) Borboleta 2;3;4 1+1+1 75%

LEBIASINIDAE

Copella nigrofasciata (Meinken, 1952) Lápis 1;2;3;4;5 21+5+7+10+2 100%

Pyrrhulina brevis Steindachner, 1876 Lápis 1;3 11+1 50%

SILURIFORMES

ASPREDINIDAE

Bunocephalus coracoideus (Cope,


1874) Banjo 2;3 5+2 50%

AUCHENIPTERIDAE

Tatia sp. Cangati 2 1 25%

CETOPSIDAE

Helogenes gouldingi Vari & Ortega,


1986 Mandi 1;3 4+1 50%

HEPTAPTERIDAE

Rhamdia sp. Mandi 1 1 25%

TRICHOMYCTERIDAE

Trichomycterus hasemani (Eigenmann,


1914) Candiru 2;3 1+1 50%

GYMNOTIFORMES

HYPOPOMIDAE

Microsternarchus sp. Sarapó 1;2;4 1+9+3 75%

Hypopygus lepturus Hoedeman, 1962 Sarapó 2;4 5+1 50%

GYMNOTIDAE

Electrophorus electricus Poraquê 1 x

CYPRINODONTIFORMES

246
RIVULIDAE

Rivulus sp. x 3;4;5 1+2+2 50%

PERCIFORMES

CICHLIDAE

Aequidens tetramerus (Heckel, 1840) Acará 1;2 2+2 50%

Anexo V. A Lista das espécies de anfíbios e répteis registradas no Parque Estadual do Matupiri.

Ambientes
Categoria Taxonômica Nome Comum Métodos
CAM CAP IGA

Ordem Anura (Sapos, Pererecas,


Rãs e Jias)

Família Aromobatidae

Allobates caeruleodactylus (Lima


1. & Caldwell, 2001) Rã X X PV

Família Bufonidae

Amazophrynella vote (Ávila,


Carvalho, Gordo, Kawashita & PT, PV, VO,
2. Morais, 2012) Sapo X X X EO, CT

Rhinella aff. margaritifera PT, PV, VO,


3. (Laurenti, 1768) Sapo-folha X X EO, CT

Rhinella aff. proboscidea (Spix, PT, PV, VO,


4. 1824) Sapo-folha X X EO, CT

5. Rhinella marina (Linnaeus, 1758) Sapo-cururu X PT

Família Centrolenidae

Perereca-de-
6. Hyalinobathrachium sp. vidro X PV

Família Eleutherodactylidae

Phyzelaphryne miriamae Heyer,


7. 1977 Sapo X PV, VO

Família Hylidae

Dendropsophus marmoratus
8. (Laurenti, 1768) Perereca X

9. Perereca X
Dendropsophus parviceps
247
(Boulenger, 1882)

Hypsiboas aff. cinerascens (Spix, Perereca-


10. 1824) verde X X X PV, VO

Hypsiboas aff. lanciformis(Cope,


11. 1871) Perereca X X PA, VO

Osteocephalus buckleyi
12. (Boulenger, 1882) Perereca X PV

Osteocephalus cf. taurinus


13. Steindachner, 1862 Perereca X X X PV, VO

Phyllomedusa vaillantii Perereca-


14. Boulenger, 1882 verde X PV, VO

Família Leptodactylidae

Edalorhina perezi Jiménez de la


15. Espada, 1870 Rã X PT

Leptodactylus andreae (Müller, PT, PV, VO,


16. 1923) Rã X X X EO, CT

Leptodactylus discodactylus
17. (Boulenger, 1884) Rã X X X PV

Leptodactylus hylaedactylus PV, VO, EO,


18. (Cope, 1868) Rã X X CT

Leptodactylus pentadactylus
19. (Laurenti, 1768) Rã X X PV

Leptodactylus rhodomystax
20. Boulenger, 1884 Rã X X X PV, VO

Família Microhylidae

Ctenophryne geayi Mocquard,


PT
21. 1904 Rã X

22. Syncope bassleri (Dunn, 1949) Rã X X PT, VO

Ordem Squamata (Lagartos)

Família Dactyloidae

Norops fuscoaratus (D'Orbigny,


23. 1837) Papa-vento X PV

Família Sphaerodactylidae

Chatogekko amazonicus
24. (Andersson, 1918) Osga X PT, EO

248
25. Gonatodes hasemani Griffin, 1917 Osga X PT

Família Gymnophthalmidae

Alopoglossus atriventris
26. (Duellman, 1973) Calango

Arthrosaura reticulata
27. (O'Shaughnessy, 1881) Calango X PT

28. Cercosaura ocellata Wagler, 1830 Calango X PT

29. Iphisa elegans (Gray, 1851) Calango X PT

30. Leposoma sp. Calango X X PT

Família Mabuyidae

Copeoglossum nigropunctatum Calango-


31. (Spix, 1825) cobra PT, EO

Família Tropiduridae

Uranoscodon superciliosus
32. (Linnaeus, 1758) Tamacuaré X PV

Família Teiidae

33. Kentropyx calcarata Spix, 1825 Calango X PT, PV

34. Kentropyx pelviceps Cope, 1868 Calango X PT, PV

Ordem Squamata (Serpentes)

Família Typhlopidae

Cobra-de-
PT
35. Typhlops sp. duas- cabeças

Família Boidae

Corallus hortulanus (Linnaeus,


36. 1758) Jibóia-branca X PV

Família Dipsadidae

Atractus torquatus (Duméril,


37. Bibron & Duméril, 1854) Cobra

Drepanoides anomalus (Jan,


38. 1863) Falsa-coral PT

39. Umbrivaga pygmea (Cope, 1868) Cobra X PV, PT

Oxyrhopus melanogenys
40. (Tschudi, 1845) Falsa-coral X PV

249
41. Taeniophallus sp. Cobra-cipó PT

Xenopholis scalaris (Wucherer,


Cobra PT
42. 1861)

Família Viperidae

43. Bothrops atrox (Linnaeus, 1758) Jararaca X CT

Nota: Ambientes: CAM = Campina; CAP = Campinarana; IGA = Igarapé; Métodos: PV = Procura Visual; PT =
Pitfall; VO = Vocalização; EO = Encontro ocasional; CT = Colaboração de terceiros.

Anexo VI. Lista preliminar de espécies de aves registradas no Parque Estadual do Matupiri.

Famílias Espécies Nome popular Registrada


por

TINAMIDAE Tinamus tao azulona R

Tinamus guttatus inhambu-galinha D, R

Crypturellus cinereus inhambu-preto R

Crypturellus soui tururim D, R

Crypturellus variegatus inhambu-anhangá D, R

CRACIDAE Penelope jacquacu jacu-de-spix D, R

ODONTOPHORIDAE Odontophorus gujanensis uru-corcovado D

CATHARTIDAE Cathartes aura urubu-de-cabeça-vermelha D

ACCIPITRIDAE Accipiter bicolor gavião-bombachinha-grande D

Ictinia plumbea sovi D

Rupornis magnirostris gavião-carijó R

FALCONIDAE Micrastur ruficollis falcão-caburé R

RALLIDAE Laterallus viridis sanã-castanha D, R

Porzana albicollis sanã-carijó D

COLUMBIDAE Patagioenas speciosa pomba-trocal R

Patagioenas cayennensis pomba-galega D

Patagioenas plumbea pomba-amargosa R

Geotrygon montana pariri R

250
PSITTACIDAE Orthopsittaca manilata maracanã-do-buriti D, R

Aratinga pertinax periquito-de-bochecha-parda D, R

Pyrrhura snethlageae tiriba-do-madeira D

Brotogeris chrysoptera periquito-de-asa-dourada D, R

Brotogeris sanctithomae periquito-testinha D

Touit huetii apuim-de-asa-vermelha R

Pionites leucogaster marianinha-de-cabeça-amarela D

Pyrilia barrabandi curica-de-bochecha-laranja D, R

Pionus menstruus maitaca-de-cabeça-azul D

Amazona festiva papagaio-da-várzea D

Amazona kawalli papagaio-dos-garbes D

Amazona farinosa papagaio-moleiro R

CUCULIDAE Piaya melanogaster chincoã-de-bico-vermelho R

Crotophaga ani anu-preto R

STRIGIDAE Megascops choliba corujinha-do-mato R

Megascops watsonii corujinha-orelhuda R

Megascops usta corujinha-relógio D

Pulsatrix perspicillata murucututu R

Strix huhula coruja-preta R

Glaucidium hardyi caburé-da-amazônia D

NYCTIBIIDAE Nyctibius griseus mãe-da-lua R

CAPRIMULGIDAE Lurocalis semitorquatus tuju R

Hydropsalis nigrescens bacurau-de-lajeado R

Hydropsalis albicollis bacurau D

Chordeiles pusillus bacurauzinho R

Chordeiles acutipennis bacurau-de-asa-fina D(?)

APODIDAE Chaetura viridipennis andorinhão-da-amazônia D

Tachornis squamata andorinhão-do-buriti D

TROCHILIDAE Phaethornis ruber rabo-branco-rubro D

251
Phaethornis philippii rabo-branco-amarelo D, R

Campylopterus largipennis asa-de-sabre-cinza D

Polytmus theresiae beija-flor-verde D, R

Trogon melanurus surucuá-de-cauda-preta R

Trogon viridis surucuá-grande-de-barriga- D, R


amarela

Trogon curucui surucuá-de-barriga-vermelha D, R

Trogon rufus surucuá-de-barriga-amarela R

GALBULIDAE Galbula cyanicollis ariramba-da-mata R

BUCCONIDAE Bucco capensis rapazinho-de-colar R

Malacoptila rufa barbudo-de-pescoço-ferrugem D

Chelidoptera tenebrosa urubuzinho D

CAPITONIDAE Capito auratus capitão-de-fronte-dourada R

RAMPHASTIDAE Ramphastos tucanus tucano-grande-de-papo-branco D, R

Ramphastos vitellinus tucano-de-bico-preto D, R

Selenidera reinwardtii saripoca-de-coleira R

Pteroglossus inscriptus araçari-miudinho-de-bico- D


riscado

Pteroglossus beauharnaesii araçari-mulato D

PICIDAE Veniliornis affinis picapauzinho-avermelhado D

Celeus grammicus picapauzinho-chocolate R

Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca D

Campephilus rubricollis pica-pau-de-barriga-vermelha R

THAMNOPHILIDAE Epinecrophylla haematonota choquinha-de-garganta-carijó D

Myrmotherula axillaris choquinha-de-flanco-branco D, R

Myrmotherula longipennis choquinha-de-asa-comprida D

Formicivora grisea papa-formiga-pardo D, R

Thamnomanes caesius ipecuá D, R

Megastictus margaritatus choca-pintada D

Herpsilochmus praecictus D,R

252
Thamnophilus murinus choca-murina D, R

Cymbilaimus lineatus papa-formiga-barrado R

Myrmoborus myotherinus formigueiro-de-cara-preta D, R

Cercomacra serva chororó-preto D

Hypocnemis hypoxantha cantador-amarelo R

Willisornis poecilinotus rendadinho D, R

Gymnopithys salvini mãe-de-taoca-de-cauda- D, R


barrada

FORMICARIIDAE Formicarius colma galinha-do-mato D

SCLERURIDAE Sclerurus mexicanus vira-folha-de-peito-vermelho R

DENDROCOLAPTIDAE Dendrocincla fuliginosa arapaçu-pardo D, R

Dendrocincla merula arapaçu-da-taoca R

Sittasomus griseicapillus arapaçu-verde D, R

Xiphorhynchus elegans arapaçu-elegante D

Xiphorhynchus spixii arapaçu-de-spix R

Dendroplex picus arapaçu-de-bico-branco R

Dendrexetastes rufigula arapaçu-galinha D

Dendrocolaptes picumnus arapaçu-meio-barrado R

Xiphocolaptes arapaçu-vermelho R
promeropirhynchus

FURNARIIDAE Automolus ochrolaemus barranqueiro-camurça D

PIPRIDAE Tyranneutes stolzmanni uirapuruzinho D, R

Pipra rubrocapilla cabeça-encarnada R

Heterocercus linteatus coroa-de-fogo D

Dixiphia pipra cabeça-branca D, R

Xenopipo atronitens pretinho D, R

TITYRIDAE Schiffornis turdina flautim-marrom D

COTINGIDAE Lipaugus vociferans cricrió D, R

Xipholena punicea anambé-pompadora D(?), R

Incertae Sedis Piprites chloris papinho-amarelo R

253
(Tyrannoidea)

RHYNCHOCYCLIDAE Mionectes oleagineus abre-asa D

Hemitriccus griseipectus maria-de-barriga-branca D

Hemitriccus minimus maria-mirim D, R

TYRANNIDAE Ornithion inerme poiaeiro-de-sobrancelha R

Elaenia pelzelni guaracava-do-rio D

Elaenia cristata guaracava-de-topete-uniforme R

Elaenia chiriquensis chibum R

Elaenia ruficeps guaracava-de-topete-vermelho R

Tyrannulus elatus maria-te-viu R

Attila citriniventris tinguaçu-de-barriga-amarela R

Ramphotrigon ruficauda bico-chato-de-rabo-vermelho D, R

Myiarchus tuberculifer maria-cavaleira-pequena R

Myiarchus swainsoni irré R

Rhytipterna simplex vissiá D

Rhytipterna immunda vissiá-cantor D, R

Tyrannopsis sulphurea suiriri-de-garganta-rajada R

Tyrannus melancholicus suiriri D, R

Conopias parvus bem-te-vi-da-copa R

Cnemotriccus fuscatus guaracavuçu R

CORVIDAE Cyanocorax hafferi D, R

TROGLODYTIDAE Microcerculus marginatus uirapuru-veado R

TURDIDAE Turdus cf. ignobilis caraxué-de-bico-preto R

THRAUPIDAE Lamprospiza melanoleuca pipira-de-bico-vermelho R

Tachyphonus phoenicius tem-tem-de-dragona-vermelha D, R

Ramphocelus carbo pipira-vermelha D

Tangara episcopus sanhaçu-da-amazônia D

Tangara cayana saíra-amarela R

Schistochlamys melanopis sanhaçu-de-coleira R

254
Dacnis cayana saí-azul R

Cyanerpes caeruleus saí-de-perna-amarela D

EMBERIZIDAE Emberizoides herbicola canário-do-campo D, R

Sporophila sp. R

Dolospingus fringilloides papa-capim-de-coleira R

CARDINALIDE Cyanoloxia cyanoides azulão-da-amazônia R

ICTERIDAE Psarocolius angustifrons japu-pardo R

Cacicus haemorrhous guaxe D

FRINGILLIDAE Euphonia cayennensis gaturamo-preto R

Nota: A sequência dos nomes científicos e os nomes populares seguem a recomendação do CBRO (2011).
Os registros referem-se a Ricardo Almeida (R) e Dante Buzzetti (D).

Anexo VII. Lista Lista de espécies de mamíferos que ocorrem nas áreas de Campinas/Campinaras,
no PAREST do Matupiri e Entorno.

Nome Científico Nome Registro Ambiente IUCN Distribuição


Popular

Xernathra

Dasypus Tatu- Rohe et al LC¹ Américas


novemcinctus galinha 2012

Dasypus kappleri Tatu-de- Rohe et al LC Amazônia


quinze- 2012
quilos

Priodontes Tatu- Rohe et al VU² América do


maximus canastra 2012 sul

Cabassous sp. tatu-de- Rohe et al LC América do


rabo-mole 2012 sul

Tamandua Tamandua- Rohe et al LC América do


tetradactyla mirim 2012 sul

Myrmecophaga tamandua- Visual Capão VU Américas


tridactyla bandeira

Cyclopes tamanduaí Referencia LC Américas


didactylus bibliográfica

Bradypus preguiça- Rohe 2007 LC Américas


variegatus bentinho

255
Choloepus preguiça- Referencia LC Amazônia
didactylus real bibliográfica

Primates

Cebuella pygmaea Rohe 2007 LC Amazônia


niveiventris

Saguinus labiatus soim, Visual Campinarana/Mata LC Interflúvio


ssp. rufiventer sauim, ciliar Purus-
sagui Madeira

Saguinus soim, Rohe et al Interflúvio


fuscicollis mura sauim, 2012, 2009 Purus-
sagui Madeira

Aotus nigriceps macaco-da- Rohe et al LC Amazônia


noite 2008

Callicebus cf. zogue- Vocalização Campinarana LC Interflúvio


caligatus zogue Purus-
Madeira

Alouatta sp. guariba Vocalização Mata ciliar LC Amazônia


Rohe et al
2012

Pithecia irrorata parauacu Visual Campinarana LC Amazônia

Cebus macaco- Visual Campinarana/Mata LC Amazônia


macrocephalus prego ciliar

Lagothrix cana macaco- Visual Campinarana/Mata EN Amazônia


barrigudo ciliar

Saimiri ustus mico-de- Rohe et al NT 4 Amazônia


cheiro 2012

Carnivora

Panthera onca onça- Rastro Campinarana/Mata NT Américas


pintada ciliar

Puma concolor sussuarana Rohe et al LC Américas


2012

Puma gato- Rohe et al LC Américas


yagouaroundi mourisco 2012

256
Leopardus jaguatirica Rohe et al LC Américas
pardalis 2012

Leopardus wieddi gato- Rohe et al NT Américas


maracajá 2012

Speothos cachorro- Rohe et al NT América do


venaticus vinagre 2012 sul

Atelocynus cachorro- Rohe et al NT Amazônia


microtis do-mato 2012

Eira barbara irara Visual Mata ciliar LC Américas

Lontra lontra Rohe et al DD5 Américas


longicaudis 2012

Pteronura ariranha Rohe et al EN América do


brasiliensis 2008 sul

Galictis vittata furão Rohe et al LC Américas


2012

Nasua nasua quati Rohe et al LC América do


2012 sul

Procyon mão-pelada Rohe et al LC Américas


cancrivorus 2012

Bassaricyon alleni Sampaio ET América do


AL 2010 sul

Potos flavus jupará Rohe ET AL LC Américas


2008

Artiodactyla

Pecari tajacu cateto Visual Campinarana LC Américas

Tayassu pecari queixada Rastro Campinarana LC Américas

Mazama veado- Rastro/Visual Capão/Campinarana DD América do


americana mateiro sul

Mazama veado- Visual Mata ciliar LC América do


nemorivaga fuboca sul

Perissodactyla

Tapirus terristris anta Rastro todos ambientes VU América do


sul

Rodentia

Sciurus spadiceus Visual Campinarana LC América do

257
sul

Cuniculus paca paca Rastro Campinarana LC Américas

Dasyprocta cutia Visual Campina/Campinarana


fuliginosa

Myoprocta pratti cotiara Rohe et al LC América do


2012 su

Hydrochoerus capivara Rohe et al LC América do


hydrochaeris 2012 su

Coendou ouriço Rohe 2007 LC América do


prehensilis su

Didelphimorphia

Marmosops sp cuíca Coleta Campinarana América do


sul

Proechimys sp Coleta Campinarana América do


sul

Marmosa sp cuíca Coleta Campinarana América do


sul

Monodelphis sp mucura Coleta Campinarana América do


sul

¹ Menos preocupante; 2 Vulnerável; ³ Ameaçado; 4 Quase ameaçado; 5 Dados


Insuficientes.

258
APÊNDICE
Apêndice I. Pranchas de Fotos de Anfíbiose Répteis no PAREST do Matupiri.

Prancha 1 – Anfíbios: 1) Allobates caeruleodactylus; 2) A. caeruleodactylus (ventre); 3) Amazophrynella


vote; 4) A. vote (ventre); 5) Rhinella aff. proboscidea; 6) R. aff. proboscidea (ventre); 7) Rhinella marina;
8) Hypsiboas aff. cinerascens. Fotos: Vinícius T. de Carvalho.

259
Prancha 2 – Anfíbios: 9) Phyzelaphryne miriamae; 10) P. miriamae (ventre); 11) Hypsiboas aff.
Lanciformis (sp nova); 12) H. aff. lanciformis (ventre); 13) Osteocephalus buckleyi; 14) Osteocephalus
taurinus; 15) Edalorhina perezi; 16) E. perezi. Fotos: Vinícius T. de Carvalho.

260
Prancha 3 – Anfíbios: 17) Leptodactylus hylaedactylus; 18) Leptodactylus andreae; 19) Leptodactylus
discodactylus; 20) L. discodactylus (ventre); 21) Leptodactylus rhodomystax; 22) Leptodactylus
pentadactylus; 23) Syncope bassleri; 24) Ctenophryne geayi. Fotos: Vinícius T. de Carvalho.

261
Prancha 4 – Lagartos: 1) Gonatodes hasemani; 2) Arthrosaura reticulata; 3) Cercosaura ocellata (fêmea);
4) C. ocellata (macho); 5) Kentropyx calcarata; 6) Iphisa elegans; 7) Norops fuscoauratus; 8) N.
fuscoauratus (detalhe da região gular - papo). Fotos: Vinícius T. de Carvalho.

262
Prancha 5 – Serpentes: 1) Typhlops sp.; 2) Typhlops sp. (detalhe da cabeça); 3) Corallus hortulanus; 4)
Drepanoides anomalus; 5) Taeniophallus sp.; 6) Erythrolamprus pygmaeus; 7) Xenopholis scalaris; 8)
Bothrops atrox. Fotos: Vinícius T. de Carvalho.

263
Apêndice II. Vista aérea e terrestre dos ambientes amostrados no PAREST do Matupiri.

A B

C D

PRANCHA 1 - A e B) visão geral da terra firme, campinarana e campina formando um gradiente, C e D)


vegetações de capões e campina. Fotos: Ocírio Pereira.

264
1) Vista aérea da campina, 2 e 3) Detalhe da vegetação rasteira e dos capões. Fotos: Vinícius T. de
Carvalho.

265
1) Vista aérea da Área de campinarana, 2) Detalhe de uma palmeira Buriti e 3) Detalhe da folha de Buriti.
Fotos: Vinícius T. de Carvalho.

266
1) Vista do Igarapé de primeira ordem, 2) Detalhe da profundidade neste trecho do rio e
colaração da água, 3) Detalhe da altura do barranco na margem direita do igarapé. Fotos:
Vinícius T. de Carva

267
Apêndice III. Algumas espécies de aves amostradas durante os trabalhos de campo no PAREST do
Matupiri.

B
A

D
C

PRANCHA 2 - A) Dolospingus fringiloides, B) Elaenia ruficeps (espécies típica das campinas amazônicas),
C) Gymnopithys salvini, fêmea e D) macho (espécie endêmica da área de endemismo Inambari).

268

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