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BIBLIOTHECA DO EXERCITO

Casa do Barão de Loreto


— 1881 —
Fundada pelo Decreto no 8.336, de 17 de dezembro de 1881,
por FRANKLIN AMÉRICO DE MENEZES DÓRIA, Barão de Loreto,
Ministro da Guerra, e reorganizada pelo
General de Divisão VALENTIM BENÍCIO DA SILVA,
pelo Decreto no 1.748, de 26 de junho de 1937.
Comandante do Exército
General de Exército Enzo Martins Peri
Departamento de Educação e Cultura do Exército
General de Exército Rui Monarca da Silveira
Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército
General de Brigada Juarez Aparecido de Paula Cunha
Diretor da Biblioteca do Exército
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Benemérito
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Membros Efetivos
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Augusto Tasso Fragoso

HISTÓRIA DA GUERRA
ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA
E O PARAGUAI
A história dessa campanha oferece vasto repositório de fatos
que encerram as mais proveitosas lições para uma educa-
ção militar. Mas, para que assim aconteça, é indispensável
que sejam esses fatos analisados criteriosamente e sem pre-
venções de qualquer natureza, o que está ainda por fazer.

Coronel Jeronimo de Morais Jardim


Discurso pronunciado no Círculo Militar,
em 14 de maio de 1899

Biblioteca do Exército Editora


Rio de Janeiro
2009
BIBLIOTECA DO EXÉRCITO EDITORA Publicação 819
Coleção General Benício Volume 453

Copyright © 2009 by Biblioteca do Exército Editora

Capa
MURILLO MACHADO

Revisão
ELLIS PINHEIRO, FABIANE MONTEIRO,
MARCIO COSTA E SUZANA DE FRANÇA

F811 Fragosso, Augusto Tasso, 1867-1945


História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai / Augusto
Tasso Fragoso. – Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 2009.
5 v.: il.; 23 cm – (Biblioteca do Exército; 819. Coleção General
Benício; v. 453)

ISBN 978-85-7011-430-3

1. Paraguai, Guerra do, 1864-1870. I. Título. II. Série.

CDD 981.04492

Impresso no Brasil Printed in Brazil


APRESENTAÇÃO

Em seu livro Síntese de três séculos de literatura militar brasileira, Francisco de


Paula Cidade comentou que os maiores historiadores brasileiros da Guerra
do Paraguai foram Rio Branco, Jourdan, Bormann e Tasso Fragoso. Passadas
algumas décadas sobre a primeira edição daquela obra, poder-se-iam acres-
centar outros trabalhos, de conjunto ou com recortes específicos, entre os quais
se destaca o livro de Francisco Doratioto, Maldita guerra, publicado em 2002.
O tema já pede, aliás, um estudo historiográfico aprofundado, pois en-
volve autores de quatro historiografias nacionais diretamente envolvidas no
conjunto — Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai —, além de historiadores e
depoentes de outras nacionalidades. Ademais, não é apenas a equação nacional
que deve ser levada em conta, mas o uso ideológico da guerra, como ocorreu
com a construção do mito lopista no Paraguai ou a interpretação que demoni-
zava a Inglaterra, percebendo os aliados como marionetes lutadores contra um
Paraguai que escapava ao jugo britânico. Finalmente, precisa também ser leva-
da em conta uma historiografia que procurou transcender aos bias de ideolo-
gias em conflito, analisando a guerra com a profundidade que um aconteci-
mento dessa dimensão merece, sem deixar-se envolver por maniqueísmos como
fracos versus fortes, barbárie versus civilização, explorados versus exploradores,
autonomistas versus imperialistas, enfim... bons versus maus.
O livro de Tasso Fragoso merece receber destaque especial em uma obra
sobre a historiografia da guerra, por diferentes motivos que procuraremos
esboçar brevemente.
A História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai foi publicada
pela primeira vez em 1934, em cinco volumes. O autor vinha de longa carrei-
ra militar, cujo episódio mais conhecido acabou sendo a participação na
6 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Junta que depôs Washington Luís Pereira de Sousa, em 1930, passando o


poder logo em seguida ao chefe do movimento vitorioso, Getulio Vargas.
Entretanto, também já publicara outros trabalhos de natureza histórica,
como A batalha do Passo do Rosário, de 1922.
A segunda edição, também com cinco volumes, foi publicada entre 1956
e 1960. Seu organizador, Francisco Ruas Santos, foi encarregado pelo Estado-
Maior do Exército de elaborar uma edição, na sua expressão, “melhorada”.
Sem interferir no conteúdo, mas apenas na forma, procurou-se corrigir as
falhas apontadas na primeira edição, como a ausência de índice onomástico
e de assuntos e a falta de uniformidade e relação entre o texto e os mapas. Em
uma obra com as características desta História, realmente a ausência de in-
dexação nominal e de assuntos dificulta em muito a leitura, pois esta se as-
sume, via de regra, como consulta específica e não como a inteira narrativa.
O mesmo organizador daquela edição acrescentou ao final de cada vo-
lume notas que completam o texto original e que se referem a pessoas, eventos,
obras, lugares, tipos de armas e de navios.
A terceira edição baseia-se, assim, na anterior.
O objetivo da obra, segundo Tasso Fragoso, foi o de fazer uma história
“sem prevenções de qualquer natureza”, conforme a epígrafe que escolheu para
a folha de rosto do livro. A afirmação constava de um discurso feito em 1899
no Círculo Militar, no qual o Coronel Jerônimo de Morais Jardim afirmava
a necessidade dessa atitude, acrescentando que isso estava “ainda por fazer”.
O próprio autor, no prólogo, explica ao leitor a estrutura do livro, a
partir do assunto de cada volume, dos antecedentes históricos sobre as inter-
venções na região platina, que remonta a 1828, até a fase final da guerra com a
derrota e morte de López. Ao último volume também agregou um “Resumo
sintético da história do Brasil no século XIX até a guerra do Paraguai”.
A bibliografia e as fontes publicadas que compulsou estão relacionadas
ao final do volume V, muitas delas com comentários sobre a sua utilidade para
o trabalho realizado, o que nos permite conhecer a opinião sobre diversas
obras e o valor por ele atribuído.
Assim, a Guerra do Paraguai, de Emilio Jourdan, que sabemos por Paula
Cidade ter sido muito importante para uma primeira versão do manuscrito,
foi considerada “narrativa de pouco mérito, quer pelo texto reduzido e
criticável, quer pelo estilo”, embora reconhecesse valor ao Atlas histórico da
guerra, do mesmo autor. A explicação para a mudança de opinião está no
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO I 7

trabalho com fontes documentais, notadamente do Arquivo Nacional, que


Tasso Fragoso empreendeu logo depois.
A Guerra do Paraguai de George Thompson, publicada pela primeira
vez em 1869, antes, portanto, do final da guerra, por um militar que atuou
muito próximo a López, embora “francamente hostil aos brasileiros, que ele se
compraz em deprimir (...) não se pode deixar de levá-lo em conta, com as
devidas cautelas, quando se estudam certos episódios sobre que ele devia estar
mais bem informado do que ninguém”.
A edição argentina de Thompson, por sua vez, foi anotada por Lewis e
Estrada, cujas observações, como corretamente observa o autor, “são escritas
com visível intenção de enaltecer Mitre e os argentinos”.
Já a obra do também argentino Juan Beverina, embora dele discorde
em alguns pontos, seria “a mais completa história da guerra do Paraguai nesse
primeiro período, especialmente quanto às operações em território argenti-
no. É trabalho meticuloso, feito com espírito moderno e por um oficial sabedor
da profissão”.
Para o quadro histórico geral, o principal ponto de apoio de Tasso
Fragoso foi Um estadista do Império, de Joaquim Nabuco, justamente conside-
rado um clássico não apenas da biografia, mas da história política do Impé-
rio. O comentário do autor certamente seria subscrito por qualquer historia-
dor contemporâneo: “É uma obra magnífica pela profundeza dos conceitos,
serenidade das apreciações e visão segura dos acontecimentos... trata com
bastante desenvolvimento da intervenção brasileira no Uruguai em 1864 e da
guerra do Paraguai, que ele examina e julga sob o aspecto político e social,
emitindo sentenças, a meu ver, imparciais e definitivas.”
Muitas outras opiniões fornecem um quadro interessante para situar o
pensamento de um autor que conheceu tão bem a guerra do Paraguai, tanto
nas diferentes versões conflitantes quanto nas próprias fontes documentais.
Quanto a estas, Tasso Fragoso utilizou-se de documentos do Arquivo
Nacional, do arquivo do Itamaraty e da Biblioteca Nacional, além do mate-
rial já publicado em sua época, o que lhe permitiu enorme intimidade com o
tema e grande segurança na sua abordagem.

* * *
Vários são os aspectos que podem ser assinalados na História da guerra
entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, segundo a ótica do autor. Sem nenhum
8 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

intuito exaustivo, podemos lembrar alguns que bem a exemplificam. A pró-


pria estrutura da obra revela a interpretação militar da guerra. Dos cinco
volumes, dois, o terceiro e o quarto, tratam daquilo que considerava o cerne
do conflito: a conquista ou neutralização da fortaleza de Humaitá e a con-
quista de Assunção, isto é, o domínio da principal força militar do adversá-
rio e seu cérebro político e estratégico. Os volumes iniciais, referidos a Mato
Grosso e às operações na Argentina e no Rio Grande do Sul, são o introito
para a ação principal. O último volume é apenas o apêndice que trata do
rescaldo da guerra, em que ainda sobra espaço para a síntese sobre a história
do Brasil oitocentista.
Tasso Fragoso baseou-se, para esse encaminhamento, não em uma per-
cepção externa ao conflito, mas no estudo dos planos de operações da guerra,
que sempre apontavam como objetivos Humaitá e Assunção. Aliás, chamou a
atenção para o fato de que tais planos fluíram de um protótipo, o plano de
operações apresentado pelo Marquês de Caxias em 25 de janeiro de 1865, do
qual nem este nem os demais comandantes se afastaram.
Outros destaques do autor são a constatação da liderança de Osorio e
de Caxias na tropa, os únicos a efetivamente superarem os conflitos entre os
diferentes oficiais, a avaliação das ideias estratégicas de Caxias e de Mitre, a
conquista de Humaitá, a marcha de flanco e a Dezembrada.
Tão significativos das intenções do autor quanto a esses destaques são
as ausências. Não aparece no livro a Retirada da Laguna, justificada por Tasso
Fragoso ainda no prólogo, como não tendo tido “nenhuma influência... no
desenlace da guerra travada no teatro principal. É episódio secundário na tra-
ma das operações, embora de grande relevo sentimental para os brasileiros”.
Também não aparecem os aspectos internacionais da guerra, que Tas-
so Fragoso denomina “incidentes diplomáticos”, cuja ausência corresponderia
a apenas “pequena lacuna”. As referências internacionais estão apenas no
esboço que fez sobre os “antecedentes históricos da invasão de Mato Grosso”,
na primeira parte do livro, em que analisa a atuação brasileira no Prata e a
influência dos conflitos platinos na Revolução Farroupilha.
Embora tal juízo deva sofrer revisão com as diferentes questões dessa
natureza, apontadas pela historiografia posterior, como os interesses ingle-
ses e a solidariedade ao Paraguai demonstrada por vários países hispano-
americanos, é emblemático do pensamento do autor, que desejou fazer efe-
tivamente uma história militar do conflito, conforme esta se entendia à épo-
APRESENTAÇÃO
CAPÍTULO I 9

ca: uma análise estratégica e tática — frequentemente mais tática que estra-
tégica — do conflito, à luz do desenvolvimento quotidiano das operações.
Mérito da obra é também a preocupação de assinalar o que hoje cha-
maríamos, no âmbito da pesquisa das ciências sociais, de “questões em aber-
to”, apontando para futuras investigações.

* * *
A História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Brasil é livro denso, que
parte da seguinte proposta:
“Procurei inspirar-me em documentos dignos de fé e apreciar os acon-
tecimentos com a mais absoluta serenidade. Pus o máximo empenho em
explanar esses acontecimentos nas suas grandes linhas, de modo que certas
questões estratégicas e táticas ganhassem o merecido relevo.”
Dificilmente poder-se-á dizer que a primeira sentença não teve seus
objetivos atingidos. A documentação compulsada é extensa e relevante, e a
apreciação das situações foi realizada com critério e isenção, mesmo no caso
de juízos sobre os quais possam pairar dúvidas, o que faz parte de qualquer
interpretação no campo dos estudos históricos.
No segundo aspecto, tem sido discutido não o empenho, mas o resulta-
do. Por vezes as grandes linhas se esmaecem no caudal dos acontecimentos,
soterrados de pormenores que, se satisfazem a consciência erudita de qual-
quer autor, podem, entretanto, prejudicar a visão de conjunto do leitor, mes-
mo especializado. Talvez a avaliação da Dezembrada, em seu pleno sentido
estratégico, tenha sofrido pela adoção desse enfoque.
Várias vezes, ao percorrermos as páginas desta História, sentimo-nos como
Funes, “el memorioso”, de Jorge Luis Borges: um homem inteiramente absorvi-
do pelos detalhes da memória. Em uma escala quase 1:1, os acontecimentos
obscurecem as grandes linhas, se não temos um fio condutor que os sustente.
Diga-se que com muitos historiadores, de sua geração ou não, empolga-
dos pela colossal massa documental que compulsaram, ocorreu o mesmo.
Lembremos de outro grande historiador, Afonso Taunay, seu contemporâneo
sete anos mais moço, que escreveu duas alentadas histórias, uma do café no
Brasil, outra das bandeiras paulistas, sobre as quais pode fazer-se idêntico juízo.
Não há dúvida de que Paula Cidade tinha razão em cobrar de Tasso
Fragoso mais concisão e menos detalhes. Contudo, esse reparo, embora subs-
tantivo, não retira o caráter monumental da obra e sua singular contribuição
10 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

para o conhecimento da Guerra do Paraguai. Por essa razão, aliás, no âmbito


do Conselho Editorial da Biblioteca do Exército, chegou-se a cogitar de uma
edição reduzida. Todavia, tal solução obviamente mutilaria o texto, por me-
lhores que fossem intenções e critérios. Certamente a melhor opção foi
publicá-la na íntegra, com os ajustes já feitos na segunda edição.
Por último, vale lembrar que a História de Tasso Fragoso assinala tam-
bém um importante aspecto que interessa à história intelectual do Brasil e à
história do Exército.
Tasso Fragoso, nos primeiros anos de sua vida militar, foi influenciado
pelo positivismo e pela visão deste sobre a guerra. Para Comte e seus discípu-
los, a guerra corresponderia ao estado teológico da humanidade e à sua transi-
ção “metafísica” para a era positiva. Nesta, porém, não haveria lugar para con-
flitos, os exércitos desapareceriam e permaneceriam apenas organismos poli-
ciais, gendarmeries para a manutenção da ordem pública.
No Brasil, essa perspectiva foi aplicada ortodoxamente pelo Apostolado
Positivista do Rio de Janeiro por toda a República Velha, resultando em uma copiosa
obra de condenação da política imperial no Prata e à Guerra do Paraguai, culmi-
nando em uma campanha pela devolução dos troféus conquistados àquele país.
Tasso Fragoso, em sua fase positivista, defendeu essa posição: “Fui discí-
pulo de Benjamim Constant... alistei-me sem hesitação entre os que aplaudi-
ram a devolução dos troféus, redigi de meu próprio punho um dos manifestos
em que se propugnava essa medida como testemunho da ausência de qualquer
rancor e do desejo de concórdia americana.”
Em que contexto? Diz Tasso Fragoso: “houve um período em que ser
veterano da guerra com López equivalia para alguns críticos a ter cometido
uma verdadeira ignomínia. Os velhos guerreiros andavam escondidos, teme-
rosos desse conceito.”
Seu livro A batalha do Passo do Rosário ainda reflete esse ponto de vista. Mais
tarde, o retorno ao catolicismo e à própria carreira militar fizeram-no avaliar de
outro modo a política brasileira no Prata e a Guerra do Paraguai.
A História da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai, de certa forma,
é a monumental obra dessa conversão, como remissão e como ato de justiça.

Arno Wehling
Presidente do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro
Membro do Conselho Editorial da Bibliex
À memória do Marechal Floriano Peixoto,
soldado glorioso da Guerra da Tríplice Aliança e meu
inolvidável e generoso amigo.
12 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

O leitor estimará decerto conhecer, no limiar deste trabalho e sem lhe con-
sultar o respectivo índice, como os assuntos foram nele concatenados, pois
dessa forma adquirirá de relance uma visão de conjunto, que servirá de
orientá-lo na penosa tarefa a que se vai entregar.
O autor compraz-se em dizer-lhe em poucas linhas.
Esta História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai consta de
cinco volumes.
No primeiro, estudam-se os antecedentes históricos, inclusive a nossa
intervenção no Uruguai em 1864, e depois a invasão paraguaia na Província
de Mato Grosso, levada a cabo por López quando o Brasil ainda não havia
terminado aquela intervenção. Recordam-se particularmente os fatos capitais
da história do Uruguai, da Argentina, do Paraguai e do Brasil, que tenham
influído no conflito armado entre esses países ou que possam esclarecê-lo.
No segundo, descrevem-se as operações na mesopotâmia argentina e
no Rio Grande do Sul. Inicia-se nele o estudo da guerra propriamente dita,
isto é, dos sucessos no teatro principal. Explica-se a formação da Tríplice Ali-
ança e seu plano de operações, cotejam-se as forças em presença, lança-se rápi-
da mirada ao terreno, relata-se a invasão paraguaia às Províncias de Corrientes
e do Rio Grande do Sul, e todas as operações dos aliados para bater os invaso-
res e obrigá-los a voltar a seu país, repassando-lhe a fronteira fluvial. Descre-
ve-se a seguir a travessia do Paraná pelas tropas da Aliança, ato preparatório
da invasão do território inimigo, e depois a marcha delas contra Humaitá.
O terceiro ocupa-se com as operações realizadas em torno de Hu-
maitá para a conquista da extensa e forte posição defensiva que os paraguaios
ali haviam organizado e termina com a queda de tal defensiva.
O quarto explica como os aliados marcharam de Humaitá para As-
sunção, ao longo do Rio Paraguai, recalcando em sua frente as tropas de
CAPÍTULO I 13

López, e como, depois de batê-las em Itororó e em Avaí, e de aniquilar em


Lomas Valentinas o que delas restava, mercê de uma elegante manobra con-
cebida e executada por Caxias, entraram vitoriosos na capital do Paraguai.
Versa também sobre a campanha da Cordilheira. Mostra como López, embo-
ra houvesse fugido de Lomas Valentinas com poucos companheiros, logo
que percebeu estar o seu exército aniquilado e ele próprio em perigo iminen-
te de ser prisioneiro, foi mobilizar novo exército na Cordilheira e, como
desse modo, obrigou os aliados a marcharem novamente contra ele, por-
tanto, a subir a dita Cordilheira com o intuito de colhê-lo nas antenas de
uma manobra bem arquitetada. Depois de relatar a dupla batalha de Cam-
po Grande (Caáguijuru), conta a perseguição às poucas tropas adversas que
tiveram a sorte de escapar para o norte com o ditador, por não haverem
participado nessa batalha, até que os aliados perdem o contato com elas à
beira do Arroio Hondo, em consequência de dificuldades criadas pelo ter-
reno ao trânsito das tropas e aos aprovisionamentos, e que não lhes seria
possível superar sem demora.
O quinto descreve as operações finais da guerra. Tendo López ido em-
brenhar-se na região nordeste de seu país, onde a míngua de povoações e de
estradas e a abundância de vegetação opunham grandes embaraços aos in-
vasores, tornou-se necessário fazer novos grupamentos de forças e adotar
nova tática para alcançar o último pugilo de paraguaios que López ainda
capitaneava. Referem-se executadas pormenorizadamente às operações exe-
cutadas para aferá-lo e prendê-lo, até a última manobra de Cerro-Corá, em
que ele sucumbe e com que a guerra chega ao seu termo.
Juntaram-se à obra alguns capítulos ou notas complementares, desti-
nados a proporcionar certas informações úteis ao leitor.
Explica-se que tropas de ocupação foram deixadas no Paraguai de-
pois da guerra.
Informa-se, mediante um gráfico, sobre o destino dado às unidades de
infantaria e cavalaria na última fase da guerra.
Conta-se como o Exército Brasileiro foi repatriado.
Ministram-se alguns dados sobre o esforço do Brasil durante as operações.
Relata-se com certa minúcia o modo por que foi organizado o novo go-
verno do Paraguai. Reproduz-se a organização e distribuição do Exército Brasileiro
em dezembro de 1867, que figura no Diário de Caxias, a fim de que o leitor possa
formar ideia segura de uma ordem de batalha nossa nesse período da guerra.
14 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Pelo que acabo de referir, vê-se que me não ocupei nem da retirada da
Laguna nem dos incidentes diplomáticos ocorridos durante a guerra entre os
aliados e outros povos, sobretudo da América do Sul.
A invasão do Paraguai por um pequeno destacamento brasileiro, que
avançou até Laguna e de lá retirou, voltando novamente ao território mato-
grossense, de onde havia partido, nenhuma influência exerceu no desenlace
da guerra travada no teatro principal. É episódio secundário na trama das
operações, embora de grande relevo sentimental para os brasileiros. Já foi
perfeitamente narrado pelo Visconde de Taunay em seu belo livro A Retirada
da Laguna, a que o leitor poderá recorrer. Embora fosse meu propósito
ocupar-me do assunto no fim desta obra, acabei renunciando a ele.
Quanto aos incidentes diplomáticos, deixei-os de lado. Se os interpolas-
se na narrativa dos eventos militares, interromperia a continuidade dessa
narrativa e teria de me estender ainda mais. Não faltará no Exército ou no
corpo diplomático quem se proponha, dentro em pouco, a preencher tão
pequena lacuna (I).
Cumpre-me agora fazer uma confissão ao leitor:
Ia depor a pena, quando me lembrei de que, na parte relativa aos ante-
cedentes históricos, não havia dito com respeito ao Brasil tudo quanto dese-
jara, tomado de receio de ser prolixo. Passei ao largo de alguns assuntos e
outros apenas tangenciei.
No entanto, perguntei a mim mesmo se não haveria proveito para os
jovens camaradas, notadamente para os que frequentam as escolas militares,
em lhes proporcionar uma notícia célere sobre a história do Brasil desde a sua
independência até a guerra com o Paraguai. Lembrei-me das dificuldades com
as quais me deparei quando, ainda jovem oficial, precisei conhecer o nosso
passado. Quantos — disse entre mim — não se encontrarão hoje em idênticas
condições! Mas, por outro lado, refleti que isso avolumaria ainda mais a minha
modesta narrativa histórica da guerra. Ademais disso, restava saber onde fica-
ria mais bem colocada essa notícia histórica, se no começo ou no fim do livro.
Declaro, sem acanhamento, que me conservei indeciso durante largo
período de tempo.
Afinal, resolvi juntar a esta obra, como seu complemento, um Resumo
sintético da história do Brasil no século XIX até a Guerra do Paraguai.
É óbvio que se trata de estudo superficial e, provavelmente, com múl-
tiplos defeitos. Senti-me, todavia, arrebatado pela ideia de sobrevoar o as-
CAPÍTULO I 15

sunto, servindo de piloto a camaradas mais moços e inexperientes do que eu.


Veremos juntos o panorama dos acontecimentos deslizando em teto elevado
ou em uma grande altitude, de modo que sobressaiam de preferência os
fatos capitais, únicos suscetíveis de facultar uma interpretação positiva des-
ses mesmos acontecimentos. Sem embargo algumas vezes teremos de baixar
o voo para examinar melhor certas particularidades.
Oxalá! Haja logrado o meu objetivo, apesar de minhas imperfeições.
Janeiro de 1934.

Tasso Fragoso
General de Divisão
16 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

EXPLICAÇÃO PRÉVIA

A Convenção Preliminar de Paz, firmada em 27 de agosto de 1828 pelos re-


presentantes de D. Pedro I, Imperador do Brasil, e pelos das Províncias Uni-
das do Rio da Prata, e logo depois ratificada por esses dois países, pôs termo
à guerra que se havia desencadeado no extremo meridional em consequência
da anexação ao Império Brasileiro do território do Uruguai, também deno-
minado Província Cisplatina.
Graças a esse desenlace de um conflito secular, a República Oriental
do Uruguai alcançava definitivamente a sua independência e podia entre-
gar-se de modo sereno e confiante a uma vida laboriosa.
Estava livre das ambições tanto do Brasil como da Argentina; nem
àquele seria lícito pensar em prendê-la de novo à constelação das suas pro-
víncias, nem a esta encontrar qualquer motivo justificado para reviver o
sonho da reconstituição do antigo Vice-Reinado do Rio da Prata, senão que,
ao revés disso, ambos assumiam na referida Convenção o compromisso for-
mal de “defender a independência e a integridade da Província de Montevi-
déu, pelo tempo e pelo modo que se ajustem no Tratado definitivo de paz”.
Infelizmente nos anos subsequentes, desenrolaram-se acontecimen-
tos contrários às aspirações de quantos se haviam assim empenhado, com
ardor e na melhor boa-fé, pela vitória definitiva da paz no amplo estuário
do Prata.
Não nos devemos maravilhar ante esse desmentido incontrastável às
previsões humanas na ordem social, pois que a história já nos habituou a tão
amargas decepções. Por outro lado, cumpre reconhecer que os três países
interessados no assunto, a saber: a Argentina, o Uruguai e o Brasil — nota-
damente os dois primeiros, encontravam-se por essa época na fase prelimi-
EXPLICAÇÃO
CAPÍTULO
PRÉVIAI 17

nar de sua constituição em Estados independentes e lutavam por achar a


fórmula política definitiva, suscetível de amalgamar as suas populações, de
fundi-las em um todo homogêneo e pacífico e de lhes orientar a marcha
evolutiva. Essas dificuldades intrínsecas explicam, como demonstrarei, qua-
se todas as perturbações sobrevindas depois da paz de 1828 e realçam a
vantagem de que gozou o Brasil, graças à sabedoria política de alguns dos
seus homens, aproveitando o ardor e a ambição de um príncipe lusitano para
ensaiar os seus primeiros passos na vida autônoma.
A Guerra da Tríplice Aliança contra o Governo do Paraguai prende-
se naturalmente a essa fase da história sul-americana e seria incompreensível
a quem lhe desconhecesse os antecedentes. Para bem penetrar-lhe os funda-
mentos e a significação, há mister volver ao passado e perscrutar ao menos a
história recente dos povos do Sul. Sem o conhecimento, ainda que nas suas
linhas gerais, da vida dos quatro países — Argentina, Brasil, Uruguai e Pa-
raguai —, máxime depois da paz tão oportuna e tão promissora de 1828,
não se podem apreender com clareza os acontecimentos sangrentos de 1865
a 1870 e formular sobre eles juízo sereno e decisivo.
Inspirado por essa convicção, preludiarei a narrativa dos aconteci-
mentos militares, com uma exposição sucinta dos fatos de mais realce da
história dos povos platinos, sobretudo daqueles eventos cujo conhecimento
mais interesse ao meu objetivo. Não me atemorizo diante da complexidade
do problema, pois não alimento a pretensão de historiador exaustivo, po-
rém simplesmente a de modesto compilador. Os que estão afeitos a versar a
matéria sabem de experiência própria quão difícil e intrincada é a história
dos povos sul-americanos no decorrer do século XIX e quão notável a sua
recíproca influência. A documentação respectiva sobeja, há numerosos por-
menores esmiuçados com clareza e depoimentos pessoais que não podem ser
olvidados, mas nem todo esse riquíssimo e instrutivo material encontra-se
ao alcance dos que buscam compulsá-los longe do Prata. Nada obstante,
conto transmitir ao leitor uma impressão de conjunto que o habilite a en-
tender o sentido geral dos acontecimentos precursores da Guerra da Tríplice
Aliança e que porventura o estimule a fazer por si mesmo obra mais aperfei-
çoada e mais proveitosa.
Na parte da guerra propriamente dita, procurei inspirar-me em do-
cumentos dignos de fé e apreciar os acontecimentos com a mais absoluta
serenidade. Pus o máximo empenho em explanar esses acontecimentos nas
18 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

suas grandes linhas, de modo que certas questões estratégicas e táticas ga-
nhassem o merecido relevo. Como o meu trabalho destina-se particular-
mente aos camaradas, eles dirão se logrei alcançar o meu objetivo, o qual é
afinal o mesmo que me propus quando escrevi a Batalha do Passo do Rosário.
Junto, como apêndice, a enumeração de todas as fontes a que recorri
e por onde será fácil verificar as minhas citações.
Devo, porém, declarar desde já que me utilizei, com imenso proveito,
da documentação existente no Arquivo Nacional.
CAPÍTULO I 19

PRIMEIRA PARTE
OS ANTECEDENTES HISTÓRICOS E A INVASÃO
DE MATO GROSSO PELOS PARAGUAIOS
20 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CAPÍTULO I

A evolução política do Uruguai depois da sua independência — A evolução políti-


ca da Argentina depois da guerra com o Brasil — O governo de Rosas — A Repú-
blica de Piratini — Reação da França contra Rosas — Reações militares contra
Rosas — Segunda presidência de Rivera no Uruguai — Intervenção de Rosas por
intermédio de Oribe — Resistência heroica da capital do Uruguai — A interven-
ção europeia nos negócios do Prata —Reações dos acontecimentos da República
Oriental e da Argentina sobre o Rio Grande do Sul e vice-versa — A intervenção
do Brasil em prol do Uruguai e contra Rosas — Os tratados do Brasil com o
Uruguai — A evolução política, do Uruguai depois da derrota de Oribe e da queda
de Rosas — Apreciação sintética — Rápida mirada à história do Paraguai depois
de 1810 — A atitude do Brasil em face do Paraguai — Esforços do Brasil para a
celebração de tratados com o Paraguai — Governo de Giró no Uruguai — Inter-
venção do Brasil — Governo de Gabriel Pereira no Uruguai — Tentativa de
organização da Argentina depois de Rosas — Cepeda e Pavón — Vitória definitiva
de Buenos Aires — Ainda as relações do Brasil com o Paraguai — Novos esforços
para a obtenção de tratados, notadamente de limites — Missão do Chefe de Esqua-
dra Pedro de Oliveira — Negociações de Berges e Paranhos — Missão Rio Branco
ao Paraguai — Ascensão de Francisco Solano López — Síntese da história esboçada

A evolução política do Uruguai depois


da sua independência

A paz de 1828 encheu de júbilo os corações dos verdadeiros patriotas


uruguaios. Era a justa e merecida recompensa dos sacrifícios que eles haviam
CAPÍTULO I 21

praticado pela libertação da terra encantadora e fecunda que lhes fora ber-
ço. O sonho de Artigas cristalizara em realidade; o herói imortal das coxilhas,
mesmo de longe, podia experimentar os frêmitos da alegria provocada pelo
renascimento da Pátria, de cujo âmbito a cobiça da dinastia portuguesa o
havia banido, mas que ele impulsionara para a liberdade pela persistência
de seus ideais e pela energia do seu braço.
O Exército argentino-uruguaio, que havia lutado contra o Brasil, es-
tava na fronteira sob o comando de Lavalleja, quando o espectro da guerra
estrangeira desaparecia dos lares uruguaios. Montevidéu continuava sob o
poder das tropas do Brasil, a quem havia sido entregue pelo Síndico Bianchi,
no dia 20 de fevereiro de 1817, isto é, há cerca de 11 anos e meio, mas o tratado
marcava o prazo em que elas deveriam abandoná-la.
Era de suma importância e gravidade o problema que se antojava aos
patriotas uruguaios. Urgia organizar o país, dar-lhe uma constituição polí-
tica e normalizar-lhe a administração.
Quem deveria guiá-lo nesses primeiros passos. Quem disporia de bas-
tante prestígio para ampará-la nesse lance?
Lavalleja cuidou logo de providenciar para a reunião de uma Assem-
bleia Constituinte, dando assim mostras de desejar submeter-se a um poder
superior legalmente organizado. A Assembleia escolheu José Rondeau para
governador provisório do Uruguai. A sua entrada em Montevidéu efetuou-
se em 1o de maio de 1829, ou poucos dias depois de se haverem retirado dessa
cidade as últimas tropas estrangeiras. Em 10 de setembro desse mesmo ano,
aprovava-se a Constituição e era mandada aos governos do Brasil e da Ar-
gentina, a fim de que estes verificassem, conforme preceituava o art. 7o da
Convenção Preliminar, se nela se continha “artigo ou artigos que se opuses-
sem à segurança de seus respectivos Estados”. No dia 18 de julho de 1830, era
jurada solenemente.
Tudo parecia disposto para que se colhessem os benefícios indiscutí-
veis de uma organização política elaborada com absoluta liberdade e inspi-
rada em salutar patriotismo. Mas a vaidade e ambição dos homens tentam,
por vezes, contrapor-se à marcha fatal dos acontecimentos. Lavalleja nutria
aspirações de mando e atribuía-se direitos oriundos do papel que lhe havia
tocado na repulsa da invasão estrangeira. Fructuoso Rivera, seu êmulo, ins-
pirava-se nos mesmos sentimentos. Não pelejara no Exército argentino-uru-
guaio, mas organizara por seu livre alvedrio a invasão de parte do Rio Grande
22 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

e pretendia ter forçado D. Pedro I a desistir do prosseguimento da guerra


para a conservação do Uruguai. As rivalidades desses dois guerreiros da
Independência ameaçavam perturbar, e de fato veremos que perturbaram
por mais de um decênio a vida da nascente república uruguaia. A eles vem
juntar-se um terceiro chefe militar — o General Manuel Oribe, que intro-
duz, como representante do tirano argentino D. Juan Manuel de Rosas, um
novo elemento dissolvente na vida dos nossos vizinhos.
Depois de jurada a nova Constituição, escolheu-se o primeiro presi-
dente constitucional da República. A sorte designou Fructuoso Rivera, que
assumiu o poder em novembro de 1830.
Era indispensável haver paz a fim de que se cuidasse com eficácia de
reparar os desastres da guerra antecedente; não seria possível uma admi-
nistração regular se os espíritos não houvessem recobrado a sua primitiva
serenidade. E que não a haviam recuperado prova-o o fato de Lavalleja logo
se alçar em armas contra Rivera, em julho de 1832. Porém, Rivera bate-o e
obriga-o a refugiar-se no Brasil, cuja fronteira ele transpõe em Jaguarão;
dirige-se primeiro a Porto Alegre e passa depois a Buenos Aires. Em março
de 1834, renova a tentativa e cruza o Uruguai (a 5km de Higueritas, Depar-
tamento de Colônia), à testa de um grupo revolucionário. É destroçado
novamente e obrigado a fugir para o norte e a alojar-se mais uma vez em
nosso território. Depois disso, ainda tenta pequenas correrias, mas é sem-
pre repelido.
Em 1834, expira o período governamental de Rivera, cuja duração
era de quatro anos. Carlos Anaya, presidente do Senado, empunha as
rédeas do governo até a nova eleição, marcada para 1o de março de 1835.
Manuel Oribe, general que pelejara contra nós no Passo do Rosário, sai
vitorioso das urnas eleitorais e assume a presidência. Foi recebido com
simpatia; desabrochava com ele nova e sedutora esperança, que os aconte-
cimentos, infelizmente, logo depois desmentiam. Veremos que, com Oribe,
a luta recresce, atinge caráter agudíssimo e provoca uma verdadeira guer-
ra internacional.
Dentro de pouco tempo, Rivera, a quem ele privara do cargo de Co-
mandante-Geral da Campanha, toma atitude hostil e afinal rebela-se con-
tra o seu camarada (julho de 1836). Oribe revida o ataque e bate o adversá-
rio em Carpintería, em 19 de setembro de 1836. Rivera e muitos dos seus
comandados transpõem a raia e buscam asilo seguro no Rio Grande do Sul.
CAPÍTULO I 23

Em outubro de 1837, ele renova a tentativa e avança até o Arapey. Dias


depois de iniciada a invasão, bate a Oribe em Yucutujá. O adversário, porém,
que ainda dispõe de um agrupamento de forças nas margens do Yí, pôs-se à
frente delas, retorna à peleja e sai vitorioso nas imediações de Durazno. Ape-
sar disso, Rivera não desanima, pois sente que o desenlace da contenda não foi
definitivo; retira, grupa novos elementos e passa à guerra de recursos. Em fins
de 1837, já lhe é dado atacar Paysandu. Em janeiro de 1838, surge em frente de
Montevidéu, mas logo recua para escapar ao exército de Oribe, que regressa
de Paysandu aonde fora na intenção de acometê-lo. Finalmente, em 15 de
junho de 1838, os dois rivais enfrentaram-se no Palomar (II). Oribe é derrota-
do e destarte constrangido a encerrar-se em Montevidéu. Rivera fica senhor
incontrastável da situação em quase toda a campanha, pois que só Paysandu
lhe opõe resistência.
Oribe estava indubitavelmente ferido de morte. De quem poderia rece-
ber auxílio? Somente de Rosas, que o mirava com simpatia e já lhe havia
prestado pequena ajuda no Rio Uruguai. Infelizmente para ele, o ditador
argentino, por motivo que breve recordarei, encontrava-se nessa sazão em
luta aberta com a França, cuja esquadra lhe bloqueava os portos, tornando
quase impossível a remessa de auxílios por via fluvial.
Sitiado em Montevidéu, lembrou-se Oribe de nomear o Almirante
Brown (III), que estava a serviço de Rosas, comandante da esquadrilha de
guerra uruguaia, medida que os franceses não podiam ver com simpatia, pois
redundava em proporcionar a Rosas novos recursos navais; daí a oposição
que lhe fizeram.
Rivera aproveita todas essas circunstâncias e cerca-se dos franceses.
Como estes receassem que Brown fosse armar a Ilha de Martín García (IV)
para lhes fazer frente, Rivera concilia-se com eles para arrebatá-la das mãos
de Rosas, plano que é levado a cabo com feliz êxito.
Em vista disso, achou Oribe que só lhe restava renunciar e fê-lo me-
diante um convênio com o seu rival, em 21 de outubro de 1838.1
Faltavam-lhe cerca de quatro meses para terminar o mandato de que
fora investido. Escudado nisso, em Oribe reclamaria de longe, de Buenos Aires
para aonde logo se retirou e aonde se vai pôr ao serviço incondicional de
Rosas, o que ele pretendia ser o seu direito postergado.
Senhor do poder, Rivera convoca o país a eleições e reúne o Corpo
Legislativo. Em 1o de março de 1839, é escolhido pela segunda vez Presidente
24 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

da República. Em seguida, em 10 de março, declara guerra a Juan Manuel de


Rosas, tirano argentino que se achava à testa da Província de Buenos Aires.
Desde dezembro do ano anterior, 1838, que se havia comprometido para
esta interpresa com o governo de Corrientes.2
“Invocando os testemunhos mais sagrados” — dizia ele na sua decla-
ração de guerra —, “o povo oriental proclama aqui que não luta contra o be-
nemérito povo argentino, seu glorioso irmão, seu aliado natural, seu antigo
companheiro de armas, e cuja nação é inviolável e santa ante seus olhos. Em
seu espírito jamais se abrigará a ideia de que o povo que o auxiliou a conquis-
tar a independência de que goza possa alimentar o desígnio de lhe arrebatar
um bem que espontaneamente o ajudou a grangear. É, por conseguinte, ao
tirano do povo imortal da América do Sul e que hoje intenta sê-lo de nossa
Pátria que nossas armas buscam e se dirigem.”
Rivera acercou-se do Rio Uruguai com o seu exército a fim de executar
o plano de operações contra Rosas, combinado com Berón de Astrada.
Depois de haver terminado a reunião de suas tropas no acampa-
mento de Avalos, Berón avançou para Entre Ríos, em 4 de março de 1839.
Echagüe, governador dessa província e adito a Rosas, não perde tem-
po: arremete contra ele e derrota-o em Pago Largo, em 31 de março de 1839,
antes que Rivera entre francamente em ação e se lhe possa reunir.
Os derrotados são perseguidos e os prisioneiros tratados com im-
perdoável crueldade; 800 perecem decapitados. Berón de Astrada morre
em combate.
Echagüe penetra então em Corrientes e, logo que o governo dessa Pro-
víncia fica em mão de rosistas, volta a Entre Ríos para se atirar contra Rivera
e castigá-lo em nome de Rosas.
Ainda não estava, pois, bem acalmada a situação no Uruguai e já Rivera
se lançava a uma guerra externa. À primeira vista, essa sua deliberação talvez
pareça extravagância injustificável, mas a verdade é que o perigo para ele não
consistia somente no oriental Oribe, mas, sobretudo, no argentino Rosas,
que o amparava de longe e era incontestavelmente naquele momento o mais
temível e poderoso dos adversários. A vitória de Rivera não seria, portanto,
francamente estável, enquanto ele se sentisse sob a ameaça premente do tirano
do outro lado do rio. Romper contra esse bárbaro equivalia, por conseguinte,
a lutar pela própria vida.
Voltemos, pois, o olhar para o ditador argentino.
CAPÍTULO I 25

A evolução política da Argentina depois


da guerra com o Brasil

A Argentina ainda não se encontrava constituída politicamente de modo


definitivo, quando Lavalleja iniciou a rebelião dos orientais contra o domínio
do Brasil no Uruguai, em 19 de abril de 1825. O espírito localista das provínci-
as do antigo Vice-Reinado do Prata, caracterizado pelos respectivos caudi-
lhos, criava óbices extraordinários ao seu indispensável agrupamento sob a
direção de um único governo. O Congresso de Tucumán firmara a indepen-
dência relativamente ao domínio espanhol, em 9 de julho de 1816, mas isso
fora apenas um dos dois aspectos do problema que lhe cabia resolver; restava
o outro, isto é, a formulação do código político ou a definição dos laços da
união que a todos deveria congraçar. É aí que nasciam as divergências. Buenos
Aires representava incontestavelmente o foco primordial da civilização ar-
gentina; nela se concentrava o máximo de suas forças espirituais; dela devia,
por conseguinte, irradiar toda ação diretora. As províncias — mais longín-
quas, mais atrasadas e mais incultas — tinham de gravitar como satélites em
torno desse astro central. Entretanto, os caudilhos provinciais, satisfeitos na
posição de comando que desfrutavam, de nenhum modo queriam reconhecer
essa dependência decorrente de fatalidades históricas e geográficas, ou me-
lhor, de nenhuma maneira desejavam ser despojados das vantagens que usu-
fruíam. Ao unitarismo contrapunham o federalismo, sem ter quase nunca cons-
ciência bastante nítida do significado desses vocábulos. A luta entre as duas
correntes enche lustros da história argentina e patenteia uma guerra civil la-
mentável, não raras vezes manchada de excessivas crueldades.
A última tentativa de organização datava de 1824. Las Heras convo-
cara um Congresso Constituinte, cujas sessões se abriram em Buenos Aires,
no dia 16 de dezembro desse ano. Votou-se primeiro uma espécie de pacto de
união, também chamada lei fundamental, em janeiro de 1825, em que se
anunciava a constituição definitiva e se confiava, provisoriamente, ao go-
verno de Buenos Aires “o desempenho do poder executivo”. Declarava-se ao
mesmo tempo ser da alçada exclusiva do Congresso tudo quanto se referisse
à independência, integridade, segurança, defesa e prosperidade nacional.
Em vista da discórdia reinante e ante a iminência de uma guerra com
o Brasil, era esse o único recurso para se constituir sem detença um governo
capaz de representar no exterior os interesses coletivos. Como Las Heras era o
26 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

governador de Buenos Aires, tocou-lhe a honra de simbolizar o governo naci-


onal. Em 1826, em 16 de janeiro, o mesmo Congresso criava o poder executivo
nacional permanente. Para seu chefe, foi eleito Bernardino Rivadavia, com o
título de Presidente das Províncias Unidas do Rio da Prata.
“Alegava-se para a adoção dessa medida” — pondera Vicente Fidel
López (VI) — “que era necessário então, mais do que nunca, tivesse a Repú-
blica um único centro de ação e uma única cabeça. Advertiu-se debalde que,
não existindo ainda constituição política, não poderia haver presidente e
que, sendo o Congresso uma assembleia-constituinte, não poderia eleger o
presidente de uma república ainda por organizar. Mas o referido Congresso
passou por cima de todos os obstáculos e de todos os argumentos.”3
“A ilegalidade desse ato do parlamento” — reflete Mariano Pelliza —
“não podia ser mais evidente, e as consequências de tão prematura eleição
deviam ter infundido temores nos próprios representantes.”4
A declaração de rebeldia do Estado Oriental, feita por Lavalleja em
Florida, em 25 de agosto de 1825, e de sua união às demais províncias argen-
tinas, foi levada ao conhecimento do Congresso por Las Heras. É sabido
como essa instituição homologou tudo, em 25 de outubro de 1825, decla-
rando o Uruguai reincorporado às Províncias Unidas do Rio da Prata, “a
que por direito pertenceu e deseja pertencer”.
Em 10 de dezembro de 1825, o Brasil respondeu dois meses depois com
a sua declaração de guerra às Províncias Unidas. Nessa situação política instá-
vel e precária da Argentina foi que guerreamos contra ela e contra o Uruguai
até a Convenção Preliminar de Paz. Ocorreram nesse período mudanças im-
portantes em Buenos Aires; a Las Heras sucedeu Rivadavia, como já se disse.
Alçado ao pináculo do governo, o famoso portenho não mais hesitou
na realização de suas opiniões unitaristas; apresentou ao Congresso a lei cha-
mada de Capitalização de Buenos Aires ou da transformação dessa cidade em
capital da Argentina, lei que o mesmo Congresso sancionou em março de
1826. O resto da Província de Buenos Aires formaria província nova sob a
dependência do poder executivo nacional. A medida equivalia à supressão da
autonomia da primeira das províncias argentinas e à sua decapitação. Levan-
tou, como era natural, oposição violenta da parte dos federalistas chefiados
por Manuel Dorrego.
O Congresso prosseguiu nos seus trabalhos e votou uma constituição,
em 19 de julho de 1826, de caráter unitário, segundo certas províncias, e que
CAPÍTULO I 27

elas repeliram. Na verdade, em seu art. 132, dizia-se que cada governador de
província seria nomeado pelo presidente e escolhido em uma lista tríplice,
apresentada pelo conselho de administração.
Era, pois, completo o malogro da tentativa reconstrutora. Em junho
de 1827, Rivadavia renuncia à cadeira presidencial, sobretudo em consequência
da paz que seu enviado, Manuel Garcia, assentara no Rio com o Imperador e
pela qual se manteria na dependência do Império a Província Cisplatina. Bue-
nos Aires reconquistou logo a sua autonomia e escolheu Dorrego para seu go-
vernador. Ficaram assim anulados os atos de Rivadavia, mas assentou-se que
ao governador de Buenos Aires caberia a função de delegado nacional para
tratar de assuntos exteriores e de guerra. Assim, foi com esse general que o Brasil
teve de concertar as suas primeiras negociações para o restabelecimento da paz.
Apesar do seu mau êxito, o partido unitário não desanimou. Logo que
Lavalle, um de seus poderosos aderentes, desembarcou em Buenos Aires com
as primeiras tropas argentinas que se recolhiam do Uruguai depois da guerra
contra o Brasil, utilizou-se de seus comandados para derrubar Dorrego. A
sublevação militar irrompeu em Buenos Aires, em 1o de dezembro de 1828.
Estava associado a esse levante o General Paz, companheiro de Lavalle na
guerra contra o Brasil, e cuja missão seria operar no interior.
Baldo de forças para resistir na capital, Dorrego abandona furtivamente
a casa do governo e vai ao encontro de Juan Manuel Rosas, comandante-
geral da campanha, com o intuito de organizar com ele a reconquista do seu
posto. Ambos reúnem cerca de 2.000 homens. Alcançados por Lavalle, que
lhes sai em perseguição, são batidos em Navarro. Os escapos da peleja fogem
para o norte. Rosas separa-se de Dorrego e encaminha-se a Santa Fé, em
busca da ajuda de Estanislao López (VII). Dorrego é entregue a Lavalle por
traição. Recebendo o seu desventurado camarada, Lavalle não hesita sequer
um instante: previne-o de que o fuzilará dentro de duas horas e pratica de fato
essa crueldade. Porém, Rosas e López volvem sobre ele e derrotam-no (com-
bate de Puente de Márquez). Lavalle confessa-se batido e entrega o campo
aos contendores. A legislatura elege então Rosas governador de Buenos Aires.

O governo de Rosas

Tal foi o modo por que esse inqualificável ditador ascendeu ao posto
que tanto deslustrou. Governou primeiro três anos (dezembro de 1829 a
28 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

dezembro de 1832), provido de faculdades extraordinárias que reclamou da


legislatura e que ela lhe conferiu. Ao terminar o seu primeiro período, é
novamente eleito, mas já sem as ditas faculdades; por isso recusa a honra que
lhe fazem. Renova-se a eleição por mais duas vezes; em ambas sai a indicação
do seu nome, mas ele persiste na renúncia primitiva. Elege-se então Balcarce.
Rosas põe-se à frente de uma expedição militar à região do sul (zona da
Pampa) para afastar os índios que cada vez se avizinhavam mais da capital.
Recolhe certo prestígio dessa excursão policial e conquista o apelido de He-
rói do Deserto.
Apesar de haver feito bom governo, Balcarce é apeado do poder por
um levante popular, em virtude, sem dúvida, dos manejos de Rosas e seus
sequazes. Sucede-lhe Viamonte, que também não pode manter-se e por isso
renuncia. Segue-se Manuel Vicente Maza, que após algum tempo de governo
procede como os seus antecessores. Ocorre então um fato inaudito: a Câma-
ra aceita a renúncia e resolve que se proceda à eleição de um governador
dotado de toda a soma do poder público, “a fim de que possa dispor da força
e da ação sem travas, necessárias para salvar a Pátria dos horrorosos perigos
que a ameaçam” (março de 1835).
Essa lei — observa Vicente Fidel López — viera forjada e completa de
casa de Rosas. O artigo primeiro marcava o prazo presidencial de cinco
anos; o terceiro declarava que o exercício desse poder extraordinário, assim
conferido, duraria o tempo que o governador eleito reputasse necessário.
Não se havia tido a coragem de confessar que se emprestava a esse governo
monstruoso o caráter de vitaliciedade.
Embora eleito pela assembleia, Rosas levou a dissimulação a ponto de
exigir que a sua escolha fosse sancionada por um plebíscito.
E destarte ascendeu de novo ao poder que cobiçava e nele se manteve
até fevereiro de 1852, isto é, até o momento em que argentinos, brasileiros e
uruguaios o derrotaram na Batalha de Caseros e o obrigaram a refugiar-se
na Inglaterra, onde faleceu em maio de 1877.
Os 20 anos da tirania de Rosas foram, sem contestação, um estorvo ao
progresso da República Argentina. Os primeiros entusiasmos despertados
pela sua ação enérgica contra os assassinos de Dorrego logo arrefeceram,
pois se tornavam evidentes as manifestações do seu instinto egoísta e
dominador. Ele estimulou e aplaudiu todas as violências contra os seus ad-
versários indefesos; obrigou os argentinos dignos e independentes, como
CAPÍTULO I 29

Mitre, Sarmiento, Alberdi, Mármol (VIII) e inúmeros outros, a emigrarem


para os países vizinhos a fim de escaparem à perseguição; rejubilou com as
façanhas da sociedade chamada Mazorca (IX), que nada respeitava e diante
de nada se detinha; acoroçoou e recebeu boamente quantas humilhações os
seus partidários imaginaram para o bajular; negou liberdade e justiça aos
inimigos, sobretudo aos unitários. Encabeçava os documentos oficiais com
estas frases, que lhe desenham a estrutura moral como governante: “Viva a
Confederação Argentina! Morram os selvagens unitários!”
Destarte, precisamente no momento em que a Argentina mais carecia
de paz interna, bem como da boa vontade e saber de seus filhos para a solu-
ção imediata do problema irrevogável de sua organização política, é que ela
se via entregue aos desvarios de um gaúcho inteligente, mas sanguinário,
que a retinha prisioneira, dificultando-lhe a expansão natural.
Que a reação contra esse bárbaro tinha de produzir-se, para honra e
tranquilidade do povo que ele espezinhava, era, sem dúvida, fácil de prever.
Desencadeava-se em todos os terrenos e assumiu quase sempre caráter de
violência. Como fosse difícil ao tirano resistir sozinho, firmou com Santa Fé,
Corrientes e Entre Ríos o pacto chamado do litoral (janeiro de 1831), em que
se estabeleceu entre as quatro províncias uma aliança ofensiva e defensiva
contra “toda agressão ou preparação da parte de qualquer das demais provín-
cias da República (o que Deus não permita), que ameace a integridade e a
independência das contratantes”. Esse ato equivalia ainda a uma resposta
à liga denominada do interior e formada sob os auspícios do General Paz.
É evidente que a reação armada contra Rosas, surgida, sobretudo, nas
províncias argentinas que demoram a leste do Rio Paraná, tinha fatalmente de
repercutir nos Estados vizinhos, isto é, no Uruguai, no Brasil e na Argentina.
Também não é de admirar que houvesse suscitado graves incidentes com paí-
ses europeus. Tal foi o caso dos sobrevindos com a França e com a Inglaterra.
Rosas, porém, nunca desanimou diante desses contratempos. Quanto aos seus
inimigos, perseguia-os mesmo de longe e recorrendo a processos indiretos.
A sua obstinação em se atirar contra o Uruguai é explicada por Pelliza
desta maneira:

Nas questões orientais, Rosas chegou a ponto de fazê-las argentinas; apaixo-


nou-se pelo Presidente Oribe e declarou-se inimigo do General Fructuoso Rivera.
Se buscarmos a origem destes sentimentos, a encontraremos no fato de que
30 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Rivera dispensava proteção ao General Lavalle e a outros oficiais emigrados que


tinham posto as suas espadas a serviço do Partido Colorado, ao passo que
Oribe, sugestionado pelo Coronel Correa Morales, agente confidencial de Ro-
sas, não amparava os emigrados e os hostilizava a fim de que não publicassem
pela imprensa ataques à ditadura que Rosas exercia.5

Perseguidos no seu país, era natural que os argentinos buscassem asilo


nos territórios vizinhos. O Uruguai era o refúgio mais próximo. Uma vez ali,
haviam necessariamente de empenhar todo o esforço na reivindicação da
liberdade de sua Pátria.
Quanto ao Brasil, é fácil compreender que os antecedentes históricos,
e a circunstância de ser monárquico o seu regime político o afastavam dos
chefes turbulentos das regiões do Prata e o faziam propender para os gover-
nos revestidos, pelo menos, de uma aparência de legalidade. Os múltiplos
dissabores que já havia sofrido tornavam-no hesitante e desconfiado sempre
que se via na contingência de ter de atuar nas questões pendentes, em suas
fronteiras meridionais.

A República de Piratini

Durante a tirania de Rosas, essa situação agravou-se com a Revolução


da Província do Rio Grande do Sul. Em 20 de setembro de 1835, estourou a
rebelião chamada dos farrapos, que, embora parecesse em princípio mera
sedição no regime constitucional, logo depois se transformou em tentativa
de constituição de um novo Estado republicano, desmembrado do resto do
Brasil monárquico, e a que se deu o nome de República de Piratini. O movi-
mento insurrecional não logrou dominar completamente a província, de
que parte sempre esteve em poder do governo central, mas prolongou-se
por vários anos e tentou estender-se até Santa Catarina, o que conseguiu, se
bem que de modo efêmero, com a conquista de Laguna. Só em 28 de feve-
reiro de 1845, ou depois de uma luta de cerca de 10 anos, pôde o governo
central, auxiliado pela capacidade militar e pela sabedoria política de Caxias,
obter a submissão dos rebeldes e a sua reintegração na pátria comum. (X)
Os revolucionários acabaram por compreender que a união dos bra-
sileiros se impunha naquele momento, diante das conflagrações do Prata
e dos perigos que entranhavam a supremacia de Rosas.
CAPÍTULO I 31

Por isso, disse David Canabarro, então general em chefe do exército


revolucionário, na proclamação com que anunciou a paz, do seu acampa-
mento em Ponche Verde (XI): “A cadeia dos sucessos por que passam todas as
revoluções tem transviado o fim político a que nos dirigimos e hoje a conti-
nuação de uma guerra tal seria o ultimato de destruição e do aniquilamento
da nossa terra. Um poder estranho ameaça a integridade do Império e tão
estólida ousadia jamais deixaria de ecoar em nossos corações. O Rio Grande
não será o teatro de suas iniquidades, e nós partilharemos a glória de sacri-
ficar os ressentimentos criados no furor das partidas ao bem geral do Brasil.”

Reação da França contra Rosas

A reação europeia contra Rosas começou pela França. Por intermé-


dio do seu representante consular em Buenos Aires, correu esse país em
auxílio de seus filhos, que reputava vítimas de prepotências. O tirano argen-
tino obrigava os estrangeiros residentes no país há mais de dois anos a alista-
rem-se na guarda nacional, firmando-se, ao que dizia, em uma lei promul-
gada em 1821. A França contestava-lhe esse direito. Além disso, protesta-
va contra a prisão de um artista litógrafo, por nome Bacle, que Rosas acusa-
va de haver comunicado ao estrangeiro planos que interessavam à defesa
do país. (XII)
A nenhuma dessas reclamações deu satisfação o governo de Buenos
Aires, em vista do que o Vice-Almirante Leblanc, chefe da estação naval
francesa na América do Sul, dirigiu-lhe um ultimato e, como não fosse aten-
dido, em 28 de março de 1838, declarou bloqueados os portos da Repúbli-
ca Argentina.
Nessa ocasião estava Oribe à frente do Uruguai, como seu presidente
legal, e enfrentava a rebelião de Rivera. Conforme as explicações anteriores,
não lhe convinha apoiar os franceses, pois seria ir contra o seu protetor.
Com Rivera, porém, dava-se o inverso. Daí a aproximação, mais tarde trans-
formada em verdadeira aliança, desse chefe oriental com os representantes
navais do Governo francês. É assim que franceses e riveristas vão juntos
apoderar-se da Ilha de Martín García, em outubro de 1838. Com a ascensão
de Rivera ao poder, a aliança tácita consolida-se e é até confessada publica-
mente. Apesar disso, concebe Rivera o plano de firmar um tratado com a
França e a Inglaterra para regularizar a ação comum contra Rosas e assegurar
32 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

a independência do Estado Oriental. Propunha-se a dar-lhe, como compen-


sação, certas vantagens econômicas sob a forma de um convênio comercial.
Com esse intuito mandou em missão à Europa José Ellauri, seu Ministro das
Relações Exteriores.
“Tratava-se” — lê-se na Historia del Uruguay, de Eduardo Acevedo — “de
um plano de defesa contra os signatários da Convenção de Paz de 1828, da
mesma Convenção de Paz que obrigara o Brasil e a Argentina a defenderem
a independência e a integridade da Província de Montevidéu. E deve-se apre-
goar que esse plano estava sobejamente justificado pelas incessantes revolu-
ções em que havia vivido o país desde a declaração da sua independência e
pelas novas e gravíssimas ameaças de absorção que surgiam do lado da fron-
teira argentina.”
Não obstante os seus esforços, nada obteve Ellauri. Tanto a Inglaterra
como a França tinham no íntimo o justificado desejo de fugir o mais possível
às contaminações do incêndio que lavrava no sul da América.
Em fins de 1840, a França manda ao Rio da Prata o Vice-Almirante
Armand de Mackau, como seu representante diplomático, o qual firma, em
outubro desse ano, um tratado de paz com Rosas, em que este declara aten-
der as reclamações antes repelidas, e os franceses prometem levantar o blo-
queio e restituir a Ilha de Martín García e os navios aprisionados.
E assim se fez, apesar dos protestos do Uruguai.
Martín García foi de fato evacuada pela guarnição francesa, quatro
dias depois de informado ao Governo uruguaio o referido tratado e, como
não se tornou possível nesse brevíssimo lapso de tempo nem organizar-lhe a
defesa nem enviar-lhe tropas, Rosas ocupou-a com gente de Acevedo.6
Era, pois, o abandono simples e formal de Rivera pelos franceses.
Rosas encheu-se de júbilo com o afastamento dessa colaboração que
tantos males podia causar-lhe e organizou logo uma esquadra para bloquear
Montevidéu, cujo comando confiou a Brown.

Reações militares contra Rosas

As reações militares contra Rosas foram resumidas e apresentadas con-


catenadamente pelo Tenente-Coronel Beverina. Esse ilustre oficial argenti-
no distingue nove exércitos, a que chama libertadores, mantendo, por conse-
guinte, uma denominação já empregada por outros autores desde aquela época.
CAPÍTULO I 33

“O primeiro exército” — diz ele — “foi organizado em fins de 1838


pela Província de Corrientes, aliada ao Estado Oriental, cujos destinos eram
então regidos pelo General Fructuoso Rivera.
“Estava sob as ordens do governador dessa Província — Berón de As-
trada; foi aniquilado em Pago Largo, em 31 de março de 1839, pelo exército
federal entrerriano (que obedeceu a Rosas) mandado pelo governador de
Entre Ríos, General Pascual Echagüe.
O segundo constituiu-se tendo como base a Legião Libertadora, or-
ganizada em Montevidéu (1839) pela Comissão Argentina e aumentada em
Martín García pelo General Lavalle. Esse núcleo primitivo foi reforçado con-
sideravelmente em Corrientes com elementos da Província.
Conduzido pelo General Lavalle, realizou em 1840 a invasão de Entre
Ríos, onde obteve a vitória de Don Cristóbal sobre as forças do Governador
Echagüe; mas, três meses depois, era derrotado em Sauce Grande. Com a
maior parte desse exército, passou Lavalle a operar na Província de Buenos
Aires, que resolveu logo depois evacuar sem combate, a fim de se retirar para
Santa Fé e Córdoba. Alcançado, todavia, em Quebracho Herrado, em 28 de
novembro de 1840, pelo exército federal às ordens de Manuel Oribe, cessou de
existir por causa da completa derrota que padeceu nessa ação decisiva.
O terceiro formou-se em fins de 1839, no sul da província de Buenos
Aires, em consequência do movimento revolucionário contra Rosas provo-
cado pelo pronunciamento de Dolores.
Depois do combate de Chascomús, em 7 de novembro de 1839, dissol-
veu-se completamente; a vitória coube às forças federais comandadas por
Prudencio Rosas (XIII).
O quarto foi constituído pelas províncias que se agruparam, em 1840,
sob o nome de Coligação do Norte. A ele se incorporou Lavalle com os restos
do segundo exército libertador que pôde salvar depois do desastre de Que-
bracho Herrado. Os diferentes grupos em que se fracionou, apesar de alguns
êxitos parciais que alcançaram, foram totalmente aniquilados, em Famaillá
e Rodeo del Médio, em 19 e 24 de setembro de 1841, pelas forças federais capi-
taneadas pelos generais Pacheco e Oribe (XIV).
O quinto teve como base o corpo de reserva formado em Corrientes,
quando o General Lavalle invadiu a Província de Entre Ríos com o segundo
exército libertador. General Paz (1841) organizou-o e com ele obteve a vitória
memorável de Caáguazú, em 28 de novembro de 1841, sobre o exército federal
34 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

entrerriano às ordens de Echagüe. O sexto resultou, em 1842, dos contingentes


proporcionados pelo Estado Oriental e pelas províncias de Corrientes e Santa
Fé. O seu comando coube ao General Fructuoso Rivera, em vista de seu duplo
caráter de presidente do Estado Oriental e de diretor da guerra contra Rosas.
Dissolveu-se em consequência da derrota que lhe infligiu em Arroyo Grande,
em 6 de dezembro de 1842, o exército federal às ordens de Manuel Oribe.
O sétimo preparou-o, em Corrientes, General Paz (1845), com elemen-
tos dessa província e com uma divisão paraguaia de quatro mil homens das
três armas. Dissolveu-se em 1846, não em consequência de qualquer ação
tática desfavorável (pois que o General Urquiza tinha resolvido não atacar
a posição libertadora de Ubajay e retroceder à sua província), mas em virtu-
de da desorganização e indisciplina que nele haviam ocasionado os hábeis
manejos políticos do General Urquiza.
O oitavo foi constituído e comandado pelo Governador da Província
de Corrientes, Joaquín Madariaga (1847). Atacado pelo exército federal às
ordens de Urquiza, foi exterminado em Vences, em 27 de novembro de 1847.”
A todas essas investidas logrou Rosas encarar com vantagem. Só à
nona sucumbiu, como veremos. O Brasil gloria-se de haver participado no
nono exército libertador, ao lado das tropas argentinas e uruguaias. Consti-
tui para ele motivo de eterno júbilo o ter corrido pressuroso à borda do Rio
da Prata, com seu numeroso exército e a sua eficaz esquadra, para ajudar os
irmãos de aquém e de além-rio a libertarem-se definitivamente de um tirano
que havia cerca de 20 anos os subjugava.
Depois dessas explicações, ao parecer desordenadas, mas indispensá-
veis em vista da complexidade do assunto, convém retomar o fio da narrativa.

Segunda presidência de Rivera no Uruguai — intervenção


de Rosas por intermédio de Oribe

Deixamos Rivera no momento em que ascendia pela segunda vez à


Presidência da República Oriental, e declarava guerra ao tirano de Buenos
Aires. Já sabemos que desvairados acontecimentos se estavam desenrolando
na Argentina em torno desse mesmo tirano e qual a razão por que Oribe se
transformara em seu maleável instrumento.
Depois de Echagüe ter derrotado Berón de Astrada, em Pago Largo,
em março de 1839, voltou-se contra Rivera. Em fins de julho de 1839, cruzou
CAPÍTULO I 35

o Rio Uruguai na altura do Salto, levando consigo, entre outros chefes,


Urquiza, Lavalleja e Oribe, e avançou para o interior. Oribe apresentava-se
apoiado em tropas de Rosas para reivindicar o seu posto de presidente legal
do Uruguai e vencer “os pérfidos franceses e selvagens e assassinos unitários”.
Rivera saiu ao encontro de Echagüe e teve a suprema ventura de o
derrotar na Batalha de Cagancha, em 29 de dezembro de 1839, ao fim de
alguns meses de movimentos bem combinados. Os escapos do confronto,
parte retirou com Urquiza e Echagüe para Entre Ríos, repassando o Uru-
guai; parte, com Lavalleja, buscou asilo, na fronteira do Brasil.
Em consequência da vitória de Cagancha, houve em terras uruguaias
um breve período de repouso. No mar, porém, a situação agravou-se em
vista da paz concertada entre Rosas e os franceses (Tratado de Mackau), que
já tive ocasião de mencionar. Brown, à testa da esquadra de Rosas, opera
contra os orientais; estes, embora com uma flotilha reduzida, sob a direção
de Cohe e, depois, de Garibaldi, enfrentam-no sem desanimar.
Em 1842 sobrevém, todavia, um revés funestíssimo para o Uruguai
que imprime à guerra nova orientação e a torna mais prolongada.
Rivera, guiando o sexto exército libertador, também denominado Exér-
cito da Liga, abre operações contra as forças de Rosas ao mando de Oribe.
Concentra seus elementos na margem direita do Uruguai, entre Concordia
e Paysandu, e avança contra os adversários, animado pela esperança de que
a vitória de novo o estimule como na jornada decisiva de Cagancha. Infeliz-
mente a deusa nem sempre é constante nos seus afetos. Os inimigos defron-
tam-se no Arroyo Grande, em 6 de dezembro de 1842, e batem-se com ousa-
dia. Rivera padece completa derrota. Deixa nas mãos do vencedor artilha-
ria, bandeiras, parque, bagagens e grande número de animais. Muitos ofi-
ciais e sargentos prisioneiros são degolados. Seguido de poucas tropas, o
mal-aventurado chefe oriental regressa à pátria, pelo Salto.
Nessa conjuntura todo o Uruguai sente a iminência do grande perigo
que lhe ameaça a liberdade.
Se todos os recursos de Rosas se acumularem contra ele, se Oribe passar
o Rio Uruguai, inundar a República com as suas tropas e nada puder resistir-
lhe na campanha, como obstar à sua aproximação de Montevidéu?
Dias depois na Batalha de Arroyo Grande, Joaquín Suárez, presidente do
Senado e que se encontra à testa do poder executivo, dirige ao povo um apelo,
angustiado. Crê que só a decisão e a constância de todos salvarão a República.
36 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Oribe executa pontualmente o que se esperava: em 22 de dezembro de


1842 transpõe o Uruguai com o seu exército vitorioso, cruza o território
oriental e ao cabo de quase dois meses (16 de fevereiro de 1843) apresenta-se
em frente à cidade de Montevidéu para conquistá-la. Como não possa con-
segui-lo, inicia o assédio, que se tornou famoso e durou cerca de nove anos e
meio (de 16 de fevereiro de 1843 a 8 de outubro de 1851).

Resistência heroica da capital do Uruguai

Montevidéu assume a resolução inquebrantável de se não entregar ao


invasor audacioso, de esgotar as suas energias para que o pavilhão sangui-
nário de Rosas não flutue vitorioso no seu recinto.
Prepara-se tudo para o sítio prolongado: cavam-se trincheiras, arro-
lam-se e exercitam-se defensores e aproveitam-se todas as armas, até os velhos
canhões já fincados como postes ou como adorno. Confia-se ao General Paz
a organização da defesa militar. Cerca de 30.000 habitantes, dos quais dois
terços talvez sejam estrangeiros, estão na firme resolução de salvar a civiliza-
ção do Rio da Prata, não deixando que sobre ela tripudie o tirano insaciável
de Palermo.
Oribe, sempre convicto de que é o presidente legal, instala o seu gover-
no na Villa de la Unión e faz do Buceo o seu porto.
Em 1o de março de 1843, termina o mandato de Rivera. Como ante a
situação do país não seria possível proceder-se à eleição, Joaquín Suárez fica
desempenhando durante o sítio as funções de presidente do Uruguai.
Cumpre confessar que a situação do Rio da Prata, criada pelo sítio de
Montevidéu, era uma das mais singulares e inquietadoras que se possam ima-
ginar. Rosas parecia um triunfador irresistível; dominava em toda a parte por
intermédio dos seus locotenentes submissos e desumanos. Depois de come-
çado o sítio da capital uruguaia, houve ainda, conforme disse, dois exércitos
libertadores que tentaram derrubá-lo, a saber o 7o e o 8o, isto é, Paz e Mada-
riaga, mas ambos desaparecem sem colher os louros da vitória.
Entretanto, Rivera não desanima na campanha, na qual reúne gente
para a defesa da pátria. Se de fato dispusesse de tropas em quantidade sufici-
ente e as manejasse com arte, nada mais fácil que atacar Oribe pela retaguar-
da e obrigá-lo a não cercar a capital. Os seus efetivos, porém, são relativa-
mente diminutos, por isso sua ação limita-se afinal a correrias. Por outro
CAPÍTULO I 37

lado, a guarnição da praça só tem meios de executar sortidas insignificantes


que não acarreiam resultados decisivos. Mas ainda assim, como a cavalaria
de Rivera inquieta a campanha e perturba as comunicações dos sitiados,
Oribe recorre a Rosas, que decide aniquilar Rivera de modo definitivo. Com
esse intuito manda contra ele Urquiza, que o desbarata em India Muerta (27
de março de 1845) e o obriga a refugiar-se em nosso território.
Embora Rivera regresse depois (abril de 1846) e retome as armas,
nunca mais a vitória o ampara com decisão. Executa operações felizes ao
longo do Uruguai em 1846, auxiliado por uma esquadrilha francesa, mas é
batido afinal no Cerro de las Animas (janeiro de 1847) (XV). Nesse mesmo
ano, o governo da defesa resolve desterrá-lo suspeitando do seu procedimento
ao entabolar negociações, por iniciativa própria, com subordinados de Oribe.
Rosas, repito, parecia um triunfador irresistível. Todos se lhe subme-
tiam ao jugo. A Argentina em peso estava a seus pés, ao menos na aparência.
Julgava dominar o estuário do Prata com a esquadra de Brown. O fato de as
províncias de Entre Ríos e Corrientes se encontrarem ao seu lado, e de Oribe
assolar a campanha oriental, dava-lhe o caráter de senhor quase absoluto
da navegação do Uruguai e do Paraná. Continha o Paraguai com as suas
ameaças. Sempre fascinado pelos sonhos de reviver o antigo Vice-Reinado,
desejava incorporar a República de López às Províncias Unidas, sobretudo
depois que ele ousara pactuar uma aliança ofensiva e defensiva com Corrientes
(11 de novembro de 1845) e auxiliar o General Paz a derrubar Rosas do
poder (sétimo exército libertador). Foi ainda com essa ideia de reconstituição
do antigo Vice-Reinado que a Sala dos Representantes de Buenos Aires res-
pondeu tempos depois ao projeto de um tratado de comércio, que o mesmo
Paraguai propusera ao governador perpétuo de Buenos Aires.
O domínio do tirano estendia-se sobre uma grande superfície de ter-
ras e sobre as águas dos rios principais. Contra todo esse poderio, ao parecer
indestrutível, só se levantava a resistência de um ponto: Montevidéu. A capi-
tal do Uruguai, entregue aos seus próprios recursos, semelhava a um posto
civilizado em terras incultas, contra o qual se atiravam inimigos rancorosos
e insaciáveis.
Quem ousará correr em seu auxílio nessa agonia comovente e salvar,
dessa maneira, a civilização na América do Sul?
Tal é a preocupação dos homens de pensamento que lhe orientam a
resistência. Conta-se sem dúvida muito com a valentia dos defensores, com
38 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

as legiões estrangeiras que se organizam, sobretudo de franceses, italianos,


espanhóis e emigrados argentinos. Mas chegará isso para demover Oribe a
que se retire e repasse o Uruguai deixando livres as coxilhas orientais? Parece
que não. A fé na obtenção desse resultado diminui à proporção que os tem-
pos decorrem e os sacrifícios se acentuam.
A própria circunstância de ser uma cidade o núcleo de resistência
gerava dificuldades. De onde retirar os meios de subsistência? Como obter
as rendas necessárias às despesas anormais ocasionadas pela guerra?
Vê-se, pois, embora de relance, quão delicado era o problema econô-
mico, correlato do militar, que a defesa tinha de resolver.
A prática havia demonstrado que as dificuldades se aplanavam sem-
pre que o estuário do Prata estivesse livre da ação de Rosas, pois dessa forma
Montevidéu se tornava o verdadeiro porto de entrada e de saída de todo o
comércio com o exterior e tinha-se assim uma porta aberta com segurança
para o resto do mundo civilizado. Breve reconheceremos que tal foi o caso
durante o período em que a intervenção das esquadras de França e de Ingla-
terra pôs freio às prepotências de Rosas.
Nada obstante, a pertinácia do tirano buenairense reclamava solução
tão pronta quanto possível a essa guerra ao parecer interminável. As espe-
ranças dos sitiados voltavam-se, como é natural, para os outros países, para
as nações europeias poderosas, que eles reputavam na necessidade de ampa-
rar os seus patrícios, envolvidos no conflito e, sobretudo, para o Brasil em
vista da sua proximidade, dos seus justos interesses como lindeiro e dos seus
compromissos solenemente assumidos na Convenção de 1828.
A intervenção europeia fez-se de fato sentir, como vou mostrar, mas a
única intervenção verdadeiramente eficaz foi a do Brasil e dos patriotas argen-
tinos e uruguaios que Urquiza capitaneou em 1851. Foi a ação da esquadra
brasileira no Rio da Prata e das tropas de Urquiza e do Brasil na campanha
oriental, portanto, na retaguarda de Oribe, que produziu a submissão desse
caudilho e, por conseguinte, preludiou o desbarato de Rosas, seu protetor.

A intervenção europeia nos negócios do Prata

Depois de perder o apoio dos franceses em vista do Tratado de Mackau,


Rivera apela para a Inglaterra (1841), a qual toma algumas medidas no sen-
tido de pacificação, mas nada consegue em vista da resistência de Rosas, exi-
CAPÍTULO I 39

gindo que seu representante, General Oribe, se restabeleça no poder. Em 1842,


dias depois da Batalha de Arroyo Grande, a França e a Inglaterra intervêm
por intermédio dos seus ministros no Prata, os quais enviam a Rosas um ulti-
mato para que cessem as hostilidades, e, dessa forma, termine a guerra. Entre-
tanto, Rosas, que não se intimida com puras ameaças, fecha os ouvidos. Oribe
avança e vai pôr sítio a Montevidéu. Foi nesse período que Rosas julgou pruden-
te acercar-se do Império e o humilhou com o tratado de 24 de março de 1843.
Nos primeiros dias de janeiro desse ano, a esquadrilha de Rosas, sob o
comando de Brown, apresenta-se em Montevidéu para bombardeá-la e as-
sim favorecer as marchas que Oribe vinha fazendo para se acercar da mesma
cidade. Os chefes das estações navais da Inglaterra e da França no Rio da
Prata opõem-se às operações, e Brown submete-se.
Começado o sítio, em 16 de fevereiro de 1843, os residentes franceses e
ingleses dirigem um apelo aos chefes das esquadras dos seus respectivos paí-
ses para que os amparem materialmente naquela conjuntura. Em uma pala-
vra solicitam a intervenção. Por seu lado o governo da defesa envia à Europa
o Dr. Florencio Varela, em fins de 1843, como agente especial para pleitear o
mesmo resultado. Varela acerca-se do Governo inglês, porém nada obtém.
Embora ainda estivesse envolvido com a revolução do Rio Grande, que
só terminou em 1845, cuidou o Império um ano antes de promover por seu
lado a intervenção da Inglaterra e da França nas questões do Prata. Seu inte-
resse estava precisamente na terminação da luta que mantinha em contínuo
sobressalto a sua fronteira meridional e no afastamento de Rosas, cuja astúcia
e prepotência já eram de sobejo conhecidas. Foi com esse objetivo que enviou
à Europa, em missão especial, o Visconde de Abrantes, em 1844 (XVI). Seu ar-
gumento junto às potências estribava na necessidade de ser cumprido pontu-
almente o estipulado na Convenção Preliminar de 1828. Ao mesmo tempo,
encaminhou Sinimbu (XVII) para Montevidéu, a fim de trocar ideias sobre
um tratado de aliança que pretendia celebrar com o governo da defesa.
Noticioso desses acontecimentos, Rosas protestou no Rio de Janeiro
por intermédio do seu representante, o General Guido (XVIII), que afinal
pediu os passaportes e se retirou (agosto de 1845).
França e Inglaterra decidem-se por fim a intervir conjuntamente, le-
vadas de intuitos generosos, e mandam com esse intento ao Rio da Prata a
Missão Ouseley-Deffaudis. Excluem, pois, injustamente o Brasil da opera-
ção que ele havia sugerido, e isso a pretexto de que a mediação armada se
40 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

apresentava mais a salvo de qualquer acusação, de insinceridade e parcialida-


de, se nela não figurasse nenhum vizinho diretamente interessado na questão.
O programa dos interventores era, em síntese, obter a paz e assegurar a
independência do Estado Oriental. As tropas argentinas tinham, por conse-
quência, de abandonar o território uruguaio, e o bloqueio de Rosas devia cessar.
Não queriam as potências europeias ingerir-se de nenhum modo na política
interna. Tomavam o compromisso de não colher como recompensa da inter-
venção qualquer vantagem territorial, mas exigiam a aplicação aos rios que
vêm da fronteira do Brasil e do Paraguai desembocar no Prata, dos princípios
estabelecidos pelo Congresso de Viena sobre a livre navegação fluvial.
Se não fossem ouvidos, poderiam recorrer a medidas compulsivas,
como o bloqueio e a ocupação dos rios.
Rosas não aceitou essas propostas. Exigiu que as negociações fossem
entaboladas com Oribe, único presidente do Uruguai que ele considerava
legal, e o respeito ao bloqueio de Brown a Montevidéu.
Os interventores preveniram-no de que, se antes de terminado o mês
de julho de 1845 não ordenasse o recolhimento das tropas argentinas que se
encontravam no Uruguai ao serviço de Oribe e da esquadrilha em que Brown
se esforçava por bloquear Montevidéu, eles deixariam Buenos Aires.7
Rosas não deu resposta. Em vista disso, resolvem os interventores exer-
cer pressão indireta contra o ditador. Desembarcam contingentes para refor-
çar a defesa de Montevidéu, apoderam-se da esquadrilha bloqueadora de
Brown e bloqueiam por seu lado o porto de Oribe (o Buceo). A Ilha de Martín
García foi logo retomada. Como Rosas havia fechado o Rio Paraná no ponto
denominado Vuelta de Obligado, mediante grossa cadeia apoiada em 24 bar-
cos e defendida por baterias terrestres, os anglo-franceses vão destruir com-
pletamente esse entrave ao comércio e à navegação e conseguem-no de modo
completo, em 18 de novembro de 1845. Dessa maneira, fica desimpedido o
trânsito pelo Paraná para Corrientes e o Paraguai.
Vê-se, pois, que a Missão Ouseley-Deffaudis não conseguiu obter a
paz nem sequer a suspensão das hostilidades.
Em julho de 1846, a Inglaterra envia ao Rio da Prata outro interventor,
Samuel Hood, amigo pessoal de Rosas e de Oribe, na esperança de facilitar as
negociações. Esse medianeiro também nada alcança. Todos se haviam mani-
festado de acordo com as bases propostas, salvo quanto ao momento em
que se deveria levantar o bloqueio contra Rosas. Os interventores desejavam
CAPÍTULO I 41

que isso ocorresse depois da retirada das tropas argentinas e do desarma-


mento das legiões estrangeiras de Montevidéu; Rosas e Oribe queriam, po-
rém, que fosse simultâneo com suspensão das hostilidades.
Em maio de 1847, começam novas negociações por intermédio do
Ministro inglês Howden e do ministro francês Waleski, a quem acompanha
o Almirante LePredour (XIX).
Pactam primeiro uma suspensão de hostilidades entre Oribe e o go-
verno de Montevidéu. Depois dirigem-se a Rosas, com quem não conseguem
chegar a acordo. Voltam-se então para Oribe e procuram organizar com ele
um armistício de alguns meses. Durante esse tempo os beligerantes conserva-
riam as suas posições, reabastecer-se-iam a praça de Montevidéu, abrir-se-
iam as comunicações entre essa praça e a campanha e cessariam o bloqueio
franco-inglês. O governo de Montevidéu rechaçou, porém, essas combina-
ções, escudado na necessidade de evitar os graves prejuízos materiais que a
suspensão do bloqueio iria causar-lhe.
Em razão disso, Howden declara levantado o bloqueio inglês, em ju-
lho de 1847, e retira-se.
Fica a França sozinha para manter o bloqueio de todos os portos do
Prata, ocupados pelo ditador de Buenos Aires.
Em 1848 chegam novos interventores: Robert Gore, pela Inglaterra, e
o Barão Gros, pela França.
Oribe aceita as propostas formuladas (suspensão das hostilidades, reti-
rada das tropas argentinas e desarmamento das legiões estrangeiras de Mon-
tevidéu); mas Rosas, que os negociadores tinham posto de lado, obriga-o a
retirar a sua palavra, provocando, com essa humilhação que lhe inflige, o
malogro dos ajustes.
Dessa sorte a quarta intervenção também não surte efeito.
Logo depois a esquadra francesa levantava o bloqueio, em junho de 1848.
Felizmente para os sitiados, a França tomou a resolução generosa de lhes em-
prestar mensalmente 40.000 pesos, para suprir a penúria a que tinham chegado.
Inglaterra e França ainda renovaram isoladamente os seus esforços
para uma mediação, aquela por intermédio de um Ministro especial Henry
Southern, e esta do Almirante Le-Predour.
Southern combinou com Rosas um tratado, em 24 de novembro de
1849, que a Inglaterra ratificou, no qual dava ao tirano argentino todas as
satisfações; devolvia os navios mercantes capturados durante o bloqueio e a
42 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Ilha de Martín García; declarava o Paraná rio interior da Argentina, com


menosprezo dos direitos do Paraguai e do Brasil, e o Rio Uruguai, rio interior
da Argentina e do Estado Oriental, com descaso dos direitos do Brasil. As
tropas argentinas só abandonariam o território uruguaio quando a França
obtivesse o desarmamento das legiões estrangeiras e dos estrangeiros em ar-
mas na cidade de Montevidéu e celebrasse um convênio de paz. Oribe era
tratado como presidente legal do Uruguai.
É óbvio que os orientais não podiam conformar-se com essas decisões
que equivaliam à vitória de Rosas.
Quanto ao Almirante Le-Predour, ajustou um tratado com Rosas e
outro com Oribe, em maio de 1849. Depois os levou ao conhecimento do
governo de Montevidéu, para que fizesse sobre ele as suas observações, e
propôs-lhe um armistício. Por esse tratado — escreve Eduardo Acevedo —
entraria Oribe em Montevidéu como presidente e dirigiria nesse caráter a
eleição dos representantes do povo. Sobreveio logo o que era fatal: o gover-
no de Montevidéu aceitou o armistício, mas repeliu os tratados. Fez mais:
enviou à França o General Pacheco y Obes para lhes impedir a aprovação,
advogando os interesses de Montevidéu, e apresentar novas bases.
Graças a esse esforço e aos debates havidos no Parlamento francês, os
tratados não receberam aprovação. A França decidiu retomar as negociações.
Em vista disso, Le-Predour reata as gestões com Rosas e Oribe e chega,
mais ou menos, ao mesmo resultado que da primeira vez. Concerta novo trata-
do e remete-o para a Europa, sem nada comunicar ao governo de Montevidéu.
Felizmente para os patriotas uruguaios e argentinos, essas últimas
negociações ficam sem objeto, mercê de intervenção decisiva do Brasil e do
Governo uruguaio.
Antes de relatar essa última, convém fazer breve interrupção para pôr
em relevo e tornar compreensíveis as reações dos acontecimentos militares e
políticos do Estado Oriental sobre o Rio Grande do Sul e, reciprocamente,
os dessa Província sobre os daquela República.

Reações dos acontecimentos da República Oriental e da


Argentina sobre o Rio Grande do Sul e vice-versa

É óbvio que as perturbações no território oriental não podiam deixar


de exercer influência, pelo menos indireta, no extremo meridional do Brasil,
CAPÍTULO I 43

e vice-versa. Entre vários chefes militares e caudilhos uruguaios e seus cole-


gas brasileiros existiam relações contraídas nas lutas anteriores para a con-
quista e conservação da Província Cisplatina; alguns entretinham relações
de amizade e trocavam cartas, por vezes referentes a assuntos políticos.
Proclamada a República de Piratini, a aproximação tornou-se maior,
porque a ideia republicana foi logo explorada para a obtenção de solidarie-
dade política e cooperação militar.
Releva, todavia, advertir que essas relações variaram consoante os
indivíduos e as oportunidades e seguiram o ritmo dos sucessos políticos e
militares. Embora em linhas gerais não seja possível compreendê-las sem se
levar em conta esses fatores.
Assim, por exemplo, quando Lavalleja se revolta contra Rivera, então
presidente do Uruguai (1832 e 1834), é em nosso território que ele se refugia
depois de batido; aí encontra simpatias em Bento Gonçalves e outros com-
patriotas nossos. Apesar disso, busca atrair ainda mais os rio-grandenses
prometendo-lhes vantagens materiais no Uruguai e acenando-lhe com o
projeto da união de sua pátria ao Rio Grande do Sul e até com a formação de
um novo Estado constituído por esses dois países e mais pelas províncias
argentinas de Entre Ríos e Corrientes. A Bento Manuel Ribeiro (XX) dirige
um apelo franco e amistoso para que o coadjuve no seu tentame.
Em junho de 1834, o Comandante das Armas do Rio Grande do
Sul, General Sebastião Barreto Pereira Pinto, escrevendo ao Presidente
da mesma Província, desembargador Antônio Rodrigues Fernandes
Braga, dizia-lhe:
“Os emissários de Lavalleja percorrem toda a Província procurando
em suas promessas fascinar os nossos comprovincianos e, secundados por
protetores que gozam de reputação, não deixam de adquirir-lhe partidários
e fazem já aparecer na Província uma rivalidade entre os cidadãos, que deve
produzir funestíssimas consequências.”8
Meses antes, em abril de 1833, já Manuel Antônio Galvão, antecessor
de Fernandes Braga, havia manifestado a Antero José Ferreira de Brito
(XXI) a sua inquietação diante do estado em que se encontrava a fron-
teira oriental. Temia que muitos dos nossos fizessem causa comum com
Lavalleja, a quem já protegiam abertamente, e se lançassem contra Rivera
(XXII). Bento Gonçalves não lhe inspirava confiança. Muito receio — di-
zia Galvão — “que ele antecipe algumas medidas e precipite os negócios”.9
44 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Eram os sintomas precursores da revolução rio-grandense, que se de-


nunciavam aos observadores perspicazes.
Rivera, como é natural, reclama contra a atitude das autoridades do
Rio Grande, a quem culpa de parcialidade na luta que sustenta contra o seu
adversário. Mas é evidente que nem o Governo do Brasil nem o do Rio
Grande tinham qualquer interesse em se intrometer na contenda entre os
dois rivais. Os atos praticados em sentido contrário por certas autoridades
subordinadas, ou por brasileiros, nunca encontraram apoio no presidente
da Província ou no comandante das Armas. A correspondência desse com o
presidente e com Rivera é decisiva a esse respeito.
Depois que Oribe ascende à suprema magistratura do Uruguai (1835),
e Rivera abre luta contra ele (1836–37), é claro que esse caudilho muda logo
de ponto de vista. Agora o território do Rio Grande parece-lhe guarida exce-
lente para acobertar-se dos seus desastres e o apelo aos nossos compatrio-
tas dessa Província um meio eficaz de obter ajuda para as suas arremetidas
contra o adversário.
Então é Oribe quem reclama contra a intromissão indébita do Brasil.
Nessa época já uma parte do Rio Grande se encontra rebelada contra
o Império; há nele um grupo governista e outro revolucionário. Enquanto
Rivera, como é natural, se acerca deste, aquele ou, melhor, o Império esfor-
ça-se em manter com Oribe, presidente legal do Uruguai, relações de perfei-
ta cordialidade.
As coisas decorrem assim até que Rivera logra vencer Oribe e apossar-
se do Governo do Estado Oriental. Em virtude dessa mudança, passa a revo-
lução rio-grandense a contar com um amigo à testa do Uruguai. A solução
da contenda fora para ela a melhor possível.
Rivera logo compreende toda a vantagem de cultivar e apertar esses laços
de amizade que o ajudariam a manter-se no poder e a investir contra Rosas.
Em 28 de dezembro de 1841, Domingos José de Almeida, ministro do
Interior e da Fazenda da República rio-grandense, e José Luís Bustamante,
secretário de Rivera, firmam uma convenção de auxílios, que Bento Gonçal-
ves, presidente daquela República, ratifica no mesmo dia.
No art. 1o, Bento Gonçalves prometia a Rivera um auxílio de 500 ho-
mens de infantaria e 200 de cavalaria, “todos de linha, para invadirem e
ocuparem a Província de Entre Ríos, depondo a sua atual ominosa adminis-
tração”. Esse contingente obedeceria às ordens de Rivera. No artigo 2o dizia-
CAPÍTULO I 45

se que, concluídas as operações, o referido contingente regressaria ao Rio


Grande; no 3o, que Rivera auxiliaria Bento Gonçalves com 2.000 cavalos; no
4o, que os artigos da convenção ficariam secretos como aquelas de 5 de julho,
e no 5o, que Rivera proveria o contingente brasileiro, durante a campanha e
até o regresso, “de vestuário, equipo, armamento e cavalgaduras”.
Em carta a Rivera, datada em 13 de janeiro de 1842, Bento Gonçalves
previne-o da próxima partida do General Antônio Neto (XXIII), à testa da
divisão auxiliadora. “Ninguém melhor do que V.Exa.” — diz ele — “pode
avaliar o quilate do sacrifício por mim feito atualmente com a ida dessa
divisão, no instante em que o Governo imperial esgota todos os recursos de
que pode lançar mão para suplantar esta recente República e que vai tomar
a ofensiva sobre a campanha, saindo uma divisão para São Gonçalo, e o
exército do campo que ora ocupa, movimento que vai ser já desenvolvido,
segundo todas as probabilidades e notícias enviadas do Rio Grande”. 10
Pede a Rivera que mande regressar a Divisão o mais cedo possível.
Exprime o seu grande desejo de ver o Estado de Entre Ríos, arrancado do poder
do tirano Juan Manuel Rosas, e nele estabelecido um governo permanente-
mente livre, conforme aos nossos interesses e às luzes do século. Lembra a Rivera
que aumente o efetivo da divisão ordenando sejam recrutados os brasileiros
vagos e desertores que se têm evadido para esse estado, obséquio pelo qual lhe
será eternamente grato. Pede-lhe que obste a ida de cavalos para os pontos
ocupados pelos imperiais.
De seu quartel-general em Canguçu, expede Bento Gonçalves instru-
ções a Neto, comandante da divisão auxiliadora, em 3 de março de 1842. Vê-
se por elas que o contingente brasileiro não deveria passar além de Entre Ríos.
Quando, após estes eventos, Oribe invade o Estado Oriental à frente
de tropas de Rosas, em dezembro de 1842, opera-se uma mutação no cenário
uruguaio. Rivera perde o domínio da campanha, na qual passa a lutar para
vencer as forças de Oribe, mas essa mesma circunstância torna ainda mais
preciosa para ele a proximidade da fronteira do Brasil e a amizade dos revo-
lucionários rio-grandenses.
Rosas, cujos planos Oribe executa, percebe logo a grande vantagem
de aproximar-se do Império. Este, por seu lado, compreende que se lhe de-
para no ditador argentino um auxiliar inestimável para apagar o incêndio
que lavra no Rio Grande. Nessa conjuntura, Rosas apela sem dúvida para
a Convenção Preliminar de Paz, isto é, para as obrigações contraídas pelo
46 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Brasil e pela Argentina com relação ao Uruguai, mas o faz só na aparência;


seu intento real é aproveitar-se da situação do Império, a braços com a Re-
volução do Rio Grande, para afastá-lo cada vez mais dos seus adversários,
quer dizer dos que se opunham à tirania argentina.
Tal é a gênese do tratado de 1843, que ele logrou negociar com o Brasil,
a fim de expulsar Rivera do território uruguaio mediante o auxílio da esqua-
dra e do Exército brasileiros. O Governo imperial ratificou-o, porém Rosas,
que nessa ocasião já via o seu locotenente Oribe sitiando Montevidéu e afas-
tado o perigo de intervenção estrangeira, negou-se a fazer o mesmo, com o
pretexto de que se havia prescindido do referido Oribe, presidente legal da
República do Uruguai. Só então reconheceu o Império o ludíbrio a que se
tinha submetido.
Quando Rivera, durante o sítio de Montevidéu, reúne novos elemen-
tos e desenvolve na campanha esforços desesperados contra as tropas de
Rosas, é, portanto, no Brasil que as suas hostes se refugiam para escapar,
depois dos desastres, à perseguição do inimigo, fiando, como é natural, da
solidariedade política dos revolucionários rio-grandenses. Estes, por sua
vez, procedem de modo análogo quando se sentem a pique de sucumbir
diante das tropas imperiais.
A intimidade entre os dois grupos culmina no lance final, quando
Rivera se dirige a Caxias, em 30 de setembro de 1844, convenientemente au-
torizado pelo Governo da República de Piratini, para ajustar a paz dos re-
volucionários com o Governo imperial e lhe solicita um armistício de 30 dias.
É claro que Caxias repele, de forma cortês, o interventor, além do
mais, porque possuía prova da sua deslealdade para com o Império. Tinha
ordem expressa do Governo imperial — dizia ele em sua resposta — “para
não aceitar nenhuma proposição dos rebeldes que não tivesse por base a depo-
sição das armas”. Não concordava com a suspensão das hostilidades. Se os
constituintes de Rivera “pretendiam diretamente representar a S.M. o Impe-
rador por intermédio de alguns dos seus chefes, desde já certificava o livre
trânsito até a Corte. Entretanto, “poderiam os rebeldes rio-grandenses passar
ao outro lado da fronteira e ali, no Estado Oriental, esperar a volta do seu
comissionado com a última decisão de S.M. o Imperador, ficando, porém,
certos de que continuaria a perseguir os que armados passassem à Província.” 11
Mas não se contentou Caxias com essa explicação escrita: mandou um
emissário a Rivera para lhe expressar verbalmente a sua recusa. Coube a
CAPÍTULO I 47

Osorio essa missão, que desempenhou cabalmente. Na conferência com


Rivera, ele encontrou-se com o Major Antônio Vicente da Fontoura, minis-
tro da República, e que havia comparecido para saber a decisão de Caxias.
Foi fácil a Osorio convencer particularmente Fontoura de que a pacificação
se faria rapidamente sem aquele intermediário indesejável.
E de fato assim se fez. O Major Foutoura foi ao Rio de Janeiro enten-
der-se diretamente com o Governo imperial.
No documento que o habilitava para essa tarefa, assinado no acam-
pamento dos Porongos, em 13 de novembro de 1844, pelo Presidente da
República rio-grandense, José Gomes de Vasconcelos Jardim, pelo Coman-
dante em chefe do Exército republicano, David Canabarro, e por dois gene-
rais comandantes de divisão, João Antônio da Silveira e Antônio Neto, diz-
se que o propósito era “obter do Governo imperial a paz, porém uma paz
que, não manchando de ignomínia essa distinta porção da Grande Família
Brasileira, nem o Sábio Governo de Sua Majestade Imperial e Constitucio-
nal, imponha um dique formidável ao estrangeiro audaz que pretende
fulminar a ruína desta terra e do Brasil inteiro.”12
Fontoura regressou com as condições a que anuía o Governo impe-
rial e que foram aceitas pelos revolucionários. Em vista disso, em 28 de feve-
reiro de 1845, firmava-se a paz. Voltaram os díscolos à pátria comum sob os
aplausos e no meio do júbilo de todos os brasileiros.

A intervenção do Brasil em prol


do Uruguai e contra Rosas

Examinemos agora a atitude do Império em face do Uruguai.


Já fizemos menção do seu esforço para promover a mediação europeia
em 1845, e a sua injusta e inoportuna exclusão dessa empresa. Se nela tivesse
participado, é provável se houvesse abreviado a luta. As suas disposições
eram as melhores, e todo o exército de Caxias, que acabava de alcançar a paz
do Rio Grande, estava disponível para qualquer ação decisiva do outro lado
da nossa fronteira.
Seus propósitos ressaltam claramente deste trecho das instruções ao
Visconde de Abrantes:
“O Governo imperial pensa que a humanidade, cuja causa deve ser
advogada pelos governos cristãos, não somente no velho, como no novo
48 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

mundo, e que os interesses comerciais que estão ligados ao progresso da


civilização e aos benefícios da paz exigem imperiosamente que se fixe um
termo à guerra encarniçada que se agita sobre o território e sobre as águas
do Estado Oriental”. (agosto de 1844)
Em nota de abril de 1847, o Império declarou abertamente ao repre-
sentante de Rosas no Rio de Janeiro que não reconhecia Oribe como presi-
dente do Uruguai e só acatava o Governo de Montevidéu. Era uma manifes-
tação que redundava em prestígio dos lutadores da heroica cidade. Ajun-
tava ainda:
“O Governo imperial está convencido de que seus deveres capitais
exigem que ele não continue nessa neutralidade inativa, que o torna mero
espectador da Guerra do Prata; que o obriga, sem recorrer a hostilidades, a
porfiar na pacificação do Prata empregando os meios que as leis das nações
e a sua prática oferecem com tanta vantagem aos povos cultos.”
Os acontecimentos iam-se, portanto, precipitando e obrigariam afi-
nal o Brasil a uma intervenção, que ele por todos os modos buscar a evitar.
Os estadistas do Império nutriam a firme convicção, baseada na observação
serena dos fatos, de que convinha ao Brasil não se envolver nas lutas das
antigas colônias hispano-americanas da América do Sul, pois, por mais de-
cisivas e terminantes que fossem as manifestações de sua desambição, sempre
se levantariam vozes para desvirtuar os sentimentos inspiradores do seu
procedimento.
No entanto, a situação de Montevidéu era premente: urgia uma solu-
ção rápida, e só a colaboração material e moral do Brasil a poderia facultar.
Daí o empenho com que o governo da defesa de Montevidéu atuou no Rio,
sobretudo nos últimos tempos e por intermédio do seu Ministro Andrés
Lamas, a fim de que o Governo imperial abandonasse a atitude previdente
de neutralidade. Idênticas gestões faziam junto a Urquiza, compreendendo
que a cooperação de Entre Ríos e Corrientes com o Brasil criava uma força
de ataque envolvente irresistível, de que Rosas não lograria escapar. Urquiza
sentia cada vez mais as desvantagens da submissão incondicional a Rosas,
criadora de peias ao desenvolvimento econômico da sua província. As im-
portações e exportações dos produtos das indústrias pecuárias entrerrianas
faziam-se pelos portos que Rosas entendia e afinal somente pelo de Buenos
Aires. Sem embargo, Urquiza hesitava ante as incertezas do lance a que dese-
javam arrastá-lo. Creio, porém, que no fundo o seu maior desejo consistia
CAPÍTULO I 49

em se libertar do jugo de Rosas. Quem sabe, por outro lado, se lhe não repug-
nava, como parece, a aliança com os brasileiros! Um historiador argentino,
Ricardo Levene, escreve: “Talvez Urquiza demorasse algum tempo o pro-
nunciamento ante o fato de ter de unir-se ao Brasil para derrubar o tirano.”
Não estavam, pois, mortas as prevenções contra nós nos espíritos dos
chefes portenhos que mais de perto deviam conhecer-nos.
Em fim de 1849, ocorre um fato que abala o Império e o impele de
novo para o lado do Prata. Oribe dominava a campanha do Estado Oriental
e não hesitava diante de quaisquer violências para alimentar a guerra a que
presidia. Nessas condições não é de estranhar que gente sua assolasse as es-
tâncias de brasileiros sitas na campanha oriental, nem que transpusesse a
nossa fronteira do Rio Grande para praticar depredações em nosso próprio
território. A fim de castigar esses assaltos, o Coronel Francisco Pedro de Abreu,
Barão de Jacuí, passa o Quaraí em dezembro de 1849, à testa de um grupo de
brasileiros. O Barão explicou o seu procedimento em uma proclamação que
dirigiu aos seus compatriotas e na qual exclamava (XXVI):
“Brasileiros! É tempo de correr às armas e despertar do letargo em
que jazeis. Uma série não interrompida de fatos horrorosos que têm cometi-
do esses selvagens invasores no Estado limítrofe para com os nossos patrícios
e propriedades não vos são ocultos; e reconhecendo o vosso valor e patrio-
tismo, o chefe que firma vos convida a reunir-vos no ponto marcado e destarte
salvarmos a honra nacional e as nossas propriedades extorquidas; e creio
que não sereis indiferentes a este sagrado dever.
“Brasileiros! Marchemos em socorro de nossos irmãos, ali mostra-
remos que somos dignos das benções da Pátria” (26 de dezembro de 1849).
Oribe mandou o Coronel Lamas contra o Barão de Jacuí, que foi obriga-
do a repassar a fronteira para dentro do Brasil. Os representantes do gover-
no no Rio Grande do Sul esforçaram-se por manter a neutralidade. O Barão
foi detido por forças do governo, mas logo depois liberto pelos seus partidá-
rios; pôde assim executar novas incursões no território vizinho.
Ao governo central preocupava-o a ideia de patentear a sua neutrali-
dade. Com esse intuito, nomeou Pimenta Bueno (XXVII) Presidente da Pro-
víncia e o General Caldwell (XXVIII) Comandante das Armas. As provi-
dências tomadas por eles produziram resultado decisivo: em maio de 1850,
o Barão de Jacuí chegava a Porto Alegre, e cessavam de vez as suas correrias.
Ficava, todavia, o fermento da cooperação indireta aos sitiados de Montevidéu.
50 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Rosas deu-se pressa em ordenar ao seu representante no Rio, General


Guido, que reclamasse do Império a sua parcialidade, “em tolerar que seus
súditos do Rio Grande, de combinação com os selvagens unitários, hos-
tilizassem e estivessem em guerra iníqua contra os governos aliados do Prata”.
Não recebendo a resposta que almejava, ordenou que o General Guido pedis-
se os seus passaportes e se retirasse para a Argentina, o que ele fez sem dilação.
Chegando ao Prata, em 13 de outubro de 1850, buscou o ministro de Rosas
justificar pessoalmente a sua conduta, mas o tirano recusou-se a recebê-lo.
“Comunicando este incidente a um dos seus íntimos” — diz Pelliza —,
“o General Guido terminou com estas palavras: Desgraçado país que tem à
frente do seu governo um louco!”
Como em julho de 1850 o Governo francês houvesse baixado de 40.000
pesos para 32.000 o subsídio que subministrava mensalmente a Montevi-
déu, recorreu o Governo oriental à boa vontade do Brasil. Este atendeu ao
pedido; combinou por intermédio do comerciante brasileiro Irineu Evan-
gelista de Sousa, Visconde de Mauá, em 6 de setembro de 1850, um emprés-
timo mensal de 18.000 pesos fortes, durante 13 meses, a contar do dia 1o de
julho de 1850, e ao juro de 6%. Em dezembro do mesmo ano, decidia suprir
os defensores com mais 4.000 pesos mensais para compensar nova redução
do subsídio francês.
Entretanto, Lamas continuava no Rio o seu trabalho patriótico e
perseverante de arrastar o Império a intervir na contenda de modo franco
e definitivo.
Em 16 de março de 1851, dava o nosso país o primeiro passo decisivo:
o Ministro Paulino de Sousa anunciava ao representante da República do
Uruguai que o Brasil tomara a resolução de defender o Governo de Monte-
vidéu contra o exército do General Oribe.
“Não convindo” — dizia textualmente o referido ministro — “que o
General Oribe se fortaleça mais e se apodere da praça de Montevidéu, não só
porque isso dificultaria mais aquela solução, como porque, no estado a que
as coisas têm chegado, poria em perigo a independência da República Orien-
tal, que o Brasil tem obrigação de manter, está o mesmo Governo imperial
resolvido a coadjuvar a defesa daquela praça e a embaraçar a sua tomada
pelo General Oribe.”
Os trabalhos dos orientais em torno de Urquiza para decidi-lo pros-
seguiam com animação. Em 3 de abril de 1851, esse general dirigia-se aos
CAPÍTULO I 51

governadores das províncias, dizendo ser chegado o momento de pôr termo


à ditadura odiosa do governador de Buenos Aires. Virasoro, governador de
Corrientes, fazia o mesmo em 30 de abril. No 1o de maio, Urquiza declara-
va “ser vontade do povo entrerriano reassumir o exercício das faculdades
inerentes à sua soberania, delegados na pessoa do Exmo. Governador e Ca-
pitão-General da Província de Buenos Aires, para cultivar as relações exte-
riores e para a direção dos negócios de paz e guerra da Confederação Argen-
tina, em virtude do tratado quadrilátero das províncias litorâneas de 4 de
janeiro de 1831.”
Era evidentemente um golpe mortal no prestígio de Rosas.
Dias depois, em 25 de maio, o mesmo Urquiza lançava uma procla-
mação aos argentinos, verdadeira declaração de guerra ao tirano de Buenos
Aires, na qual reclamava com ardor e entusiasmo “Liberdade, organização e
guerra ao despotismo”.
Finalmente no dia 29 de maio de 1851, Silva Pontes, como represen-
tante do Brasil, Herrera y Obes, como representante do Uruguai, e Antonio
Cuyás y Sampere, como representante de Entre Ríos, firmavam o “Convênio
para uma aliança ofensiva e defensiva, a fim de manter a independência e de
pacificar o território da República do Uruguai”.
Era a coligação contra Oribe para expulsá-lo do território uruguaio;
mas previa-se a reação de Rosas e por isso concordava o esforço comum de
todos contra ele. O Exército Brasileiro entraria em ação quando fosse neces-
sário, e a esquadra iniciaria logo as hostilidades contra Oribe.
Para comandar o exército aliado no território oriental designava-se o
chefe do exército desse país,13 salvo se o total das forças de cada aliado sobre-
pujasse o dos orientais, ou se o Exército do Brasil ou o de Entre Ríos passasse
todo para o território uruguaio. “No primeiro caso” — rezava o tratado, de
modo aliás muito confuso — “as forças brasileiras ou aliadas serão coman-
dadas por um chefe de sua respectiva nação, e no segundo pelos seus respecti-
vos generais em chefe; mas em qualquer hipótese o chefe aliado deverá pôr-se
de acordo com o general do exército oriental para o que respeita à direção das
operações de guerra e para tudo quanto possa contribuir ao seu bom êxito.”
Postas as coisas neste pé, convinha não perder tempo e operar com a
máxima energia.
Era preciso mobilizar um exército, concentrá-lo em um ponto ou
pontos adequados da fronteira e providenciar para que a nossa esquadra
52 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

nos auxiliasse nas águas do Prata. A nossa força de linha no Rio Grande
numerava, nessa ocasião, apenas 5.136 praças; a maior parte do exército
nacional havia sido deslocada para a pacificação de Pernambuco. Urgia,
portanto, improvisar um exército no sul. O governo teve a feliz ideia de
nomear Caxias para comandá-lo. Em 20 de junho de 1851, ele partia para o
Rio Grande do Sul, a fim de meter ombros à delicada empresa, de que se saiu
de modo brilhante. Para comandante da nossa esquadra no Prata designou
o governo o Almirante Greenfell (XXIX), que, em abril de 1851, já se punha
a caminho, levando consigo uma fragata, duas corvetas, um brigue e dois
vapores, para reforçar a divisão que ali se encontrava, composta de duas
corvetas, um brigue, um brigue-escuna e um vapor.
Caxias desenvolveu nessa conjuntura as qualidades de organizador e
de chefe que tanto o singularizavam. Atendeu com tal critério a todos os
assuntos, reuniu com tanta energia e prontidão os elementos aproveitáveis
(homens e material) e expediu ordens tão oportunas, que ao cabo de dois
meses, isto é, em 4 de setembro de 1851, dispunha de 16.200 homens prontos
a operar (6.500 de infantaria, 8.900 de cavalaria, 800 de artilharia e 23 bocas
de fogo) e iniciava a sua marcha na direção do inimigo.
O seu exército compunha-se de quatro divisões subdivididas em briga-
das. Avançou em duas colunas: uma, formando o grosso, irrompeu das vizi-
nhanças de Santana do Livramento; a outra, reduzida à 3a Divisão e constitu-
indo uma flancoguarda, saiu de Jaguarão. A marcha das duas foi convergente
e na direção geral de Montevidéu; a reunião de todo o Exército Brasileiro
efetuou-se em 22 de outubro de 1851, no Passo do Cuello (Rio Santa Lucía).
Urquiza reuniu as suas tropas em dois grupos: um devia operar contra
Oribe sob seu comando imediato; outro (exército de reserva: 7.500 homens),
sob o comando de Virasoro, tinha por missão ficar em Corrientes (Diaman-
te) para lhe garantir a retaguarda e enfrentar qualquer ataque de Rosas no
período em que o primeiro estivesse em campanha.
Com esse primeiro grupo, enfrentou Urquiza o Rio Uruguai e o trans-
pôs em três pontos diferentes (Paysandu-Passo Hervidero-Passo del Hijo).
No dia 20 de julho, estava na margem esquerda do rio, em pleno território
da República Oriental. Sempre recebendo adesões e trânsfugas das forças
de Oribe, marchou para leste e até o Arroio Malo, afluente do Rio Negro.
Foram insignificantes as resistências que se lhe depararam. O exército de
Caxias ainda não havia abalado. Urquiza não quis esperá-lo; avançou para
CAPÍTULO I 53

o sul na direção de Montevidéu, em 27 de agosto de 1851. No dia 2 de outu-


bro, atravessava o Arroio Las Piedras. Os elementos de Oribe iam sempre
cedendo terreno. No dia 4 de outubro, as duas hostes — atacantes e sitia-
dores — defrontavam-se. Nessa ocasião, o exército de Caxias estava efetuan-
do a passagem do Rio Negro.
Desanimado em face da crise que não podia superar, Oribe firmou
com Urquiza um convênio da capitulação, em 10 de outubro de 1851, no
qual se assentou não haver vencidos, nem vencedores.
E assim terminou a campanha pela dissolução completa do exército
de Oribe.
Urquiza positivamente não desejou a nossa presença nos ajustes de
paz. Desculpou-se oficialmente dessa desatenção com a premência da situa-
ção tática. Os seus admiradores acusam-nos de demora injustificável em
nossa marcha estratégica, o que é evidente injustiça se atentarmos, sobretu-
do: 1o) no fato de que as tropas de Urquiza eram compostas unicamente de
cavalaria, ao passo que conduzíamos um exército regular de todas as armas
e com cerca de 6.500 infantes; 2o) que a nossa marcha média diária era acei-
tável em vista das dificuldades que tivemos de vencer, notadamente na pas-
sagem dos rios, que efetuamos sem material apropriado.
Domingo Sarmiento, argentino de espírito superior, mais tarde chefe
supremo da sua Pátria e, além disso, testemunha presencial, pois formava ao
lado de Urquiza, revelou a verdadeira razão da atitude desse general, quan-
do escreveu os seguintes conceitos imparciais:
“Tinham estipulado com o Exército Brasileiro, como era natural, a
ordem das marchas recíprocas até se operar a reunião das forças aqui coliga-
das. Os brasileiros estavam mais expostos à demora do que a avanço com
relação ao tempo indicado, pois tinham um exército de 16.000 homens, com
trens pesados e bagagens de um exército de linha e empreendiam uma campa-
nha séria. Urquiza aproveitou-se dessa circunstância e forçou as suas marchas,
para se apresentar diante de Oribe quatro dias antes da chegada dos brasilei-
ros. Assim procedendo nada arriscava; seus cavaleiros poderiam retrair-se
para o lado dos mesmos brasileiros, se acaso fossem atacados; o próprio Oribe
renunciaria a qualquer tentativa inútil desse gênero, porque as tropas da pra-
ça estavam à retaguarda, e os brasileiros se apresentariam dentro de três a
quatro dias. Urquiza dizia, pois, a Oribe: Capitule comigo, antes que venham
os brasileiros. Nós nos entenderemos.” Acrescente ainda Sarmiento ter ouvido
54 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Urquiza dizer esta frase: “Como iria eu consentir que eles (os brasileiros)
tomassem parte na rendição de orientais e argentinos?!”14
Em livro recente sobre a história argentina, lê-se o seguinte:
“Inspirado em um sentimento previsor de egoísmo nacional argenti-
no e fiel, por outro lado, a seu pensamento primitivo, Urquiza prescinde,
para obter a pacificação da República Oriental, do concurso militar imedia-
to dos brasileiros. E assim o tratado celebrado entre os orientais e conhecido
por pacto de 8 de outubro de 1851, que se efetuou sob a mediação fraternal-
mente e amistosa do governador de Entre Ríos, põe fim à guerra grande.”15
Logo que Rosas percebeu que o Brasil intervinha francamente contra
Oribe de colaboração com Urquiza, extravasou a sua ira lançando contra
ambos os qualificativos mais deprimentes e menos protocolares. Em respos-
ta ao ministro inglês, que lhe lembrava certas cláusulas da Convenção de
1828 e se oferecia como mediador, declarou, em 18 de agosto de 1851, que a
nossa atitude, acometendo Oribe, tornava inevitável a guerra e avisou que
ia apelar para as armas. Em 20 de setembro do mesmo ano, a Sala dos Repre-
sentantes de Buenos Aires sancionava de modo explícito a sua decisão, pois
lhe dava os recursos materiais para a submissão do louco, traidor e selvagem
unitário Urquiza e aplaudia a guerra que Rosas energicamente havia declara-
do ao Brasil pelas notas de 18 de agosto.
Verificava-se, por conseguinte, a previsão contida no artigo 15 da Con-
venção de 29 de agosto de 1851(XXX). Restava consubstanciar em disposi-
ções claras e terminantes a ação conjunta do Brasil, do Uruguai, de Entre
Ríos e de Corrientes contra o governador de Buenos Aires. O Brasil mandou
sem detença ao Rio da Prata o Conselheiro de Estado Honório Hermeto
Carneiro Leão, em outubro de 1851, para representá-lo e encaminhar con-
venientemente as negociações (XXXI).
Dessa forma, firmou-se em Montevidéu, no dia 21 de novembro de
1851, o convênio especial de aliança entre os Estados já referidos, contra o
tirano que os ameaçava. Estipulava-se nele que o objeto da ação material era
libertar o povo argentino da opressão do referido tirano e auxiliá-lo para que
se organizasse livre e solidamente. Urquiza tomaria a direção da campanha. O
Brasil proporcionaria um contingente de 3.000 homens, um regimento de
cavalaria e duas baterias de artilharia. A sua esquadra colaboraria nas opera-
ções a juízo de seu respectivo chefe. O grosso do seu exército permaneceria em
ponto conveniente da costa do Uruguai, mas poderia passar para o teatro de
CAPÍTULO I 55

operações, se os sucessos da guerra assim o exigissem. O Brasil ministraria ain-


da, como empréstimo, aos Estados de Entre Ríos e Corrientes, a quantia de
100.000 patacões durante o prazo de quatro meses. Forneceria duas mil espa-
das e proporcionaria os suprimentos de armas e munições de guerra que lhe fossem
requisitados. Urquiza, por seu lado, devia fornecer os cavalos necessários aos
corpos de cavalaria do contingente imperial. O Estado Oriental concorreria
com uma força de 2.000 homens e uma bateria de seis bocas de fogo. O artigo
14 assentava a combinação dos esforços para a obtenção da livre navegação
do Paraná e dos demais afluentes do Prata, em proveito de todos os ribeirinhos.
Depois de chegar até a margem do Santa Lucía, nas proximidades de
Montevidéu, o Exército Brasileiro rumou para oeste e foi estacionar com o
seu grosso na Colônia de Sacramento. Caxias designou a 1a Divisão, sob o
comando do Brigadeiro Manuel Marques de Sousa, Barão de Porto Alegre,
e forte de 3.889 combatentes para representar o Brasil na nova campanha
que se abriria sob a direção de Urquiza (XXXII).
O ponto escolhido por este para a sua concentração inicial e para a
passagem do Rio Paraná foi Diamante. Daí ele projetava avançar para o sul,
pela margem direita do Paraná, na direção de Buenos Aires.
O plano foi executado à risca. A nossa esquadra coube tarefa importan-
te: transportar a Divisão Porto Alegre, as tropas uruguaias e a infantaria e a
artilharia de Urquiza, o que tudo ela efetuou de modo irrepreensível.
Como Rosas havia tentado fechar o Paraná no lugar denominado To-
nelero, artilhando a sua margem direita, Greenfell teve que forçar a passa-
gem com as suas divisões, em 17 de dezembro de 1851.
Na segunda quinzena desse mês, todo o exército de Urquiza estava
reunido na zona de concentração. No dia 23 desse mês, deu-se princípio à
travessia do Paraná. Embora o inimigo não a perturbasse, exigiu esforços
extraordinários. Tratava-se de levar para a margem direita do rio uma mas-
sa de cerca de 28.000 combatentes e um material abundante, sem que se
pudesse recorrer a nenhuma equipagem de pontes. A superfície líquida a
vencer devia ter na baixante uns 1.200m de largura. Reuniram-se todos os
meios de fortuna. Os vapores da esquadra rebocaram sem cessar as embar-
cações disponíveis (canoas, lanchas etc.); os cavalos passaram a nado. A
travessia durou 16 dias. Devia ter sido um espetáculo imponente.
Depois disso, marchou Urquiza para o sul, através das Províncias de
Santa Fé e Buenos Aires, guiando o que se chamou na Argentina o Ejército
56 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Grande de la América del Sur. O grosso avançou em coluna de divisões justa-


postas, em uma frente de vários quilômetros; a divisão brasileira formava a
terceira coluna a contar da direita.
O choque decisivo dos dois adversários ocorreu no dia 3 de fevereiro
de 1852. Rosas ocupava boa posição defensiva à margem do Arroio Morón.
Urquiza atacou-o com decisão e aniquilou-o de modo completo. A divisão
brasileira coube brilhante papel no ataque ao ponto mais forte da frente
inimiga. Rosas desertou espavorido do campo de batalha e foi abrigar-se
sob a bandeira inglesa, renunciando, em caminho e em papel escrito a
lápis, o cargo que não havia sabido exercer com elevação. As expressões de
que usou nesse documento traduzem a sua depressão moral naquele transe
e formam palpitante contraste com os seus assomos anteriores de energia
e de altivez.16
Urquiza penetrou triunfante em Buenos Aires, no dia 18 de fevereiro
de 1552, à frente do exército com que havia restabelecido a liberdade na sua
pátria. Acompanhou-o a divisão brasileira, apesar das manobras do Gene-
ral Mansilla (XXXIII), cunhado de Rosas, para amesquinhar, conforme o
revelou depois Domingo Sarmiento. Marques de Sousa e seus comandados
foram aplaudidos com entusiasmo. O povo, na expansão do seu júbilo, sen-
tia que ali tínhamos ida de boa-fé, unicamente inspirado em um sentimento
incontrastável de fraternidade internacional.
“O entusiasmo da população ia aumentando de hora em hora. Muito
grande pelo general, muitíssimo maior pelo uniforme dos orientais e ainda
maior pelos brasileiros, seus dignos hóspedes.”17
Dias depois, em 1o de março, a divisão brasileira começava a embar-
car para a viagem de regresso; no dia 7 desse mesmo mês, estava toda em
Montevidéu.
Antes que ela abandonasse o território argentino, Urquiza publicou
este documento, que será para nós testemunho imorredouro da nossa leal e
proveitosa colaboração:

A Divisão auxiliar do Brasil.


Brasileiros! A Justiça, a Liberdade e a Glória vos chamaram ao Rio da Prata, e
cooperastes para a salvação das duas Repúblicas e aniquilamento de seus tira-
nos. Graças, e imortal honra a vós e a vossos filhos.Veteranos do Império! O
amor, admiração e gratidão destes países se associam hoje à vossa terna despe-
CAPÍTULO I 57

dida. Preenchestes o sagrado compromisso dos aliados, granjeastes as simpa-


tias do mundo, e tendes assegurado o porvir e a dignidade de vossa Pátria.
Firmes colunas da majestade imperial, sobre vossos ombros será ela perdurá-
vel e se honrará sempre em assim proclamá-lo o vosso leal amigo companheiro
de armas — Justo Urquiza.
Palermo de San Benito, 24 de fevereiro de 1852.

E assim ficou terminada a luta tremenda contra a tirania de Rosas.


A derrubada do ditador abriu novos horizontes ao Uruguai e à Ar-
gentina e libertou o Brasil de graves preocupações com respeito à sua pro-
víncia mais meridional.
Nos últimos tempos, e à medida que as novas gerações ficam mais
afastadas daquele período sanguinário, fazem-se esforços para expli-
car o aparecimento do tirano e a sua conservação no governo durante
anos consecutivos, não como fenômeno sociológico anormal, senão
como consequência inevitável do ambiente e do momento histórico da
evolução argentina. Sobrepondo-se à anarquia advinda após a liberta-
ção do jugo da metrópole e dominando-a, coube-lhe a glória — enten-
dem esses sociólogos — de manter a unidade do país e de prepará-lo para
novos destinos.
A esse respeito, escreve Carlos Ibarguren:18
“A tirania exercida por Juan Manuel de Rosas — prevista anos antes
pelo General San Martin, sem imaginar quem seria o tirano — foi o resulta-
do necessário da anarquia produzida pela Revolução de Maio. As
consequências da Revolução de 1810 fermentaram com muito mais virulên-
cia entre os gaúchos da campanha, na qual não existia disciplina social, do
que entre os habitantes da cidade. Os campesinos alçados por seus caudi-
lhos, e proclamando a defesa da religião e da república, da federação e do
americanismo, rebelaram-se contra a cidade, em que se encerrava a mino-
ria culta, o grupo universitário, centralista e liberal, o patriciado aristocrá-
tico e a influência europeia. A campanha triunfou sobre a cidade; os caudi-
lhos federais, condutores das massas autóctones, bárbaras e militarizadas,
deslocaram no predomínio político o núcleo seleto dos unitários euro-
peizados. Rosas interpretou e dirigiu, como chefe supremo, esse grande
movimento; por isso a sua tirania foi transcendental, e durante esse longo
período, em que se manteve com firmeza a unidade e a independência do
58 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

país, puderam amadurecer os elementos, que depois de sua queda forjaram


a organização constitucional.”

Os tratados do Brasil com o Uruguai

Ainda no período da ação conjunta contra Oribe, firmou o Brasil


cinco tratados com a República do Uruguai, em 12 de outubro de 1851, a
saber (XXXIV):
1) de limites; 2) de aliança; 3) de prestação de socorros; 4) de comér-
cio e navegação; 5) de entrega recíproca de criminosos e desertores e de
devolução de escravos.
Esses cinco tratados têm servido de base aos maiores e mais persisten-
tes ataques ao procedimento do Império nos acontecimentos que trouxe-
ram como desenlace a queda de Rosas e de Oribe. São numerosos os escrito-
res do Rio da Prata que se comprazem em lançar-nos no rosto os sacrifícios
feitos pelo Uruguai para conseguir o apoio do Brasil. Quem os lê, desconhe-
cendo a história verídica dos acontecimentos, adquire a impressão de que
cobramos a importância do nosso concurso e fizemo-lo aproveitando desu-
manamente o estado de fraqueza da nossa vítima, que se rendeu imbele à
nossa ambição.
Ora, a verdade não é positivamente o que ressalta desses conceitos
injustos. O Brasil hesitou largo tempo, pelas razões poderosas que já foram
referidas e são todas fáceis de compreender. Tendo-se lançado no conflito,
pareceu-lhe justo assentar logo bases para a solução de questões ainda pen-
dentes e que poderiam acarretar mais tarde novas desavenças. Daí a ideia de
combinar, sobretudo, a linha de fronteiras e a livre navegação dos rios. A
sabedoria e previdência dos homens do Império ressaltam aqui a toda luz.
Os limites combinados não são evidentemente os dos tratados hispano-
portugueses, mas o são do uti possidetis, em que o Brasil sempre se firmou.
A injustiça então praticada — a falta de condomínio das águas já desapa-
receu com aplausos de todo o Brasil, graças ao espírito elevado do Barão do
Rio Branco.
Só uma coisa realmente nos entristece: as providências para a perse-
guição aos infelizes africanos e seus descendentes escapos ao domínio dos
respectivos senhores. Isso, convém confessá-lo, é uma página triste, como é,
aliás, toda a escravidão moderna dos chamados povos incultos; mas era
CAPÍTULO I 59

infelizmente o ponto de vista naquela época. De qualquer modo, porém,


lamentamos sem a mínima hesitação que ainda se não houvesse proclamado
no Brasil a lei que a Princesa Imperial sancionou com o máximo desprendi-
mento, em 13 de maio de 1888.
Quanto ao mais, nada há de que devamos nos correr. Fomos ao Rio
da Prata levando para a obra comum da expulsão dos tiranos todos os ele-
mentos materiais de que dispúnhamos na ocasião e proporcionamos à em-
presa as somas que nos foram solicitadas. Por que seria humilhante para nós
aproveitar aquela sazão e fixar os nossos limites?
Em nota de 18 de agosto de 1851, o Ministro oriental no Rio, Andrés
Lamas, dizia ao Governo brasileiro ter recebido ordem para manifestar-lhe
que o Uruguai estava pronto a negociar e concluir todos os ajustes previstos
no tratado de aliança (art. 21) e conducentes à manutenção das boas rela-
ções internacionais entre os interessados.
“Os tratados de 12 de outubro de 1851” — escrevia em seu relatório o
Ministro dos Estrangeiros Paulino de Sousa — “não foram, portanto, im-
postos como condição do nosso auxílio; foram muito espontaneamente so-
licitados e muito livremente aceitos.”
Sem embargo, há nas repúblicas platinas vários espíritos equânimes
que nos apreciam com mais imparcialidade. Sarmiento, por exemplo, escreve:
“Porque o Brasil fez alarde nessa questão de um desinteresse e de uma
justificação que o honram e devem ser proclamados bem alto, porque nem
sempre agem os governos com tanto desprendimento. Oxalá! Proceda sem-
pre o jovem Imperador com os objetivos elevados e os sãos propósitos que
ostentou na queda de Rosas!”19
Pedro Lamas, filho de Andrés Lamas, isto é, do negociador dos trata-
dos por parte da República do Uruguai, escreve no seu livro Etapas de una
gran politica (p. 190):
“E o Brasil se retirava sem mais proveito, sem mais recompensa por
sua intervenção, do que haver afiançado a paz em suas fronteiras, contraído
solidariedade com uma grande política, política de ponderação, desprendi-
mento e boa-fé internacional, cujos frutos corresponderiam certamente,
com o correr do tempo, às previsões de sua concepção; entre esses países
imperaria a desejada harmonia, e eles cooperariam, solícita e reciprocamente,
para o engrandecimento comum.”
Creio que essa é a sentença imparcial que o futuro sancionará.
60 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

A evolução política do Uruguai depois da derrota


de Oribe e da queda de Rosas

Derrotado Oribe, a República do Uruguai entrou em um período de


funcionamento normal.
No dia 15 de fevereiro de 1852, abriram-se solenemente as sessões or-
dinárias do Corpo Legislativo. Joaquín Suárez, que durante todo o sítio
havia exercido o poder supremo, passou o seu cargo ao Presidente do Sena-
do, Bernardo Berro. Convocaram-se logo eleições para a presidência. Foi
eleito Juan Francisco Giró, partidário de Oribe. A elevação ao poder de um
indivíduo que não pertencia à mesma facção política dos que se tinham
batido quase um decênio pela liberdade da pátria entranhava indubitável
perigo para a manutenção da paz no seio da família uruguaia. O Brasil
sentiu logo os efeitos dessa eleição. Giró levantou dúvidas sobre os tratados
de outubro do ano anterior. Parecia-lhe indispensável que fossem submeti-
dos previamente à consideração do poder legislativo. O Brasil protestava
contra esse ponto de vista, declarando que os referidos tratados haviam sido
ratificados pelos dois países, que algumas de suas cláusulas já haviam recebi-
do começo de execução e que, portanto, eram fato consumado.

O novo governo uruguaio — dizia o Ministro do Exterior do Brasil no seu


relatório de 1852 — tem posto dúvidas à validade dos tratados de 12 de outu-
bro de 1851, com fundamento de que não haviam sido aprovados pela
assembleia legislativa.
No instrumento de ratificação desses tratados, declara-se que o Governo orien-
tal os aceita, confirma e ratifica, em virtude das faculdades de que se acha in-
vestido pelas circunstâncias extraordinárias em que está a República. Com efei-
to durante o sítio da praça, não havia e nem podia haver outro poder senão o
executivo, terminando o mandato da assembleia com a expiração do prazo
pelo qual fora conferido e estando todo o território que elegia a grande maioria
da representação nacional em poder de Oribe, com a única exceção de Monte-
vidéu. Obrigado o governo da praça a salvar a República, não a podia salvar
sem o socorro externo, e para o haver era indispensável tratar. A suprema
necessidade de salvação tinha-o, portanto, investido de poderes amplíssimos,
os quais nunca foram postos em dúvida, por todos aqueles que com ele trata-
ram. E quando o Governo oriental não tivesse poderes e deles abusasse, seria
CAPÍTULO I 61

esse procedimento uma questão interna de responsabilidade, a qual não podia


afetar uma nação estrangeira, a qual havia tratado — bona fide — com um
governo que reconhecia, que se dizia habilitado para negociar e estava armado
com faculdades extraordinárias, que efetivamente exercera por largo tempo.

Depois de tanto esforço da parte do Brasil para a entrada definitiva


do Uruguai no caminho da paz, abrolhavam dúvidas inesperadas e ressurgi-
am as antigas prevenções entre os dois povos vizinhos.
As nossas relações com o Uruguai atravessaram, nesse momento, uma
crise agudíssima. O Brasil manifestou decisão e firmeza na sua atitude; sus-
pendeu logo o subsídio pecuniário que estava fornecendo ao Governo uru-
guaio. Urquiza, para quem apelaram os dois contendores, interveio no de-
bate de modo amistoso, a fim de harmonizá-los. Em duas notas ao governo
de Giro, de 17 de abril e de 9 de maio de 1852, o plenipotenciário brasileiro
Conselheiro Hermeto Carneiro Leão (Visconde de Paraná) mostrava a in-
conveniência das protelações e insistia pela solução do incidente dentro de
curto prazo. Felizmente Giró acabou cedendo.
Dirigindo-se a Carneiro Leão, dizia-lhe o ministro dos Estrangeiros
do Governo oriental, em nota de 13 de maio de 1852:
“Em consequência, o infraescrito foi encarregado de manifestar ao Sr.
Carneiro Leão que o Governo oriental, havendo encontrado os ditos tratados
ratificados pelo governo provisório, trocadas as ratificações, e levados à exe-
cução em sua maior parte, os considera fatos consumados, cujo respeito lhe
interessa suster, como continuação da política do governo constitucional.”

Apreciação sintética

Em vista da rápida exposição que acabo de fazer, embora deixando de


lado certos pormenores para só salientar os fatos capitais, verifica-se que,
durante os vários lustros que decorreram desde a Convenção Preliminar de
paz (1828) até a Batalha de Caseros (1852), lavrou a discórdia entre os
povos do Rio da Prata. O Uruguai, a despeito de seus desejos, não logrou
calma nesse período, nem pôde entrar em regime constitucional de plena
normalidade. As ambições dos caudilhos militares privaram-no do repouso
de que necessitava. As preocupações políticas de Lavalleja, Oribe, Rivera e
outros de menos importância transformaram o país em verdadeiro campo
62 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de batalha para a obtenção do mando supremo. A Argentina não foi mais


feliz. Antes que houvesse efetuado a conjugação de todas as suas províncias
em uma nacionalidade homogênea, caía exangue nas mãos sanguinárias de
Rosas. De posse de Buenos Aires, esse feroz ditador pôs todo o empenho em
avassalar as outras circunscrições territoriais do país. O seu processo resu-
miu-se na submissão pela força, contra a qual se revoltaram os sentimentos
naturais de independência local e todos os grandes espíritos ilustrados e
liberais, quer no domínio civil, quer no militar, desde Sarmiento e Mitre até
os generais Paz e Lavalle.
A capitulação de Oribe, às portas de Montevidéu, e a derrota de Ro-
sas, perto de Buenos Aires, inauguraram nova quadra para a justa expansão
das duas nacionalidades. Mais uma vez tinha-se visto o Brasil na necessidade
de ser parte na contenda. Agora, porém, com orientação bem diferente da
que lhe havia imposto a velha política lusitana e a do seu primeiro impera-
dor. Já estavam desvanecidas as ideias portuguesas de conquista no extremo
sul ou de expansão até a beira do Prata. Consciente da sua força intrínseca,
sentindo os impulsos incoercíveis que o solicitavam para diante, o nosso
país só se preocupava de viver tranquilo no interior de seus lindes, de guar-
dar com os vizinhos as relações mais fraternas e de evitar que as dissensões
que porventura irrompessem no seio deles se propagassem ao seu território.
Cumpre confessar que o modo por que ele se havia emancipado da
metrópole, isto é, a circunstância de não termos ferido grandes batalhas
contra exércitos ou esquadras portuguesas, e a invulnerabilidade relativa
nessa ocasião de nossa raia terrestre, que apenas nos extremava de hispano-
americanos, não permitiram o surto de caudilhos militares aureolados pe-
las glórias de lutas contra os opressores. A nossa situação foi assaz diferente,
por exemplo, da situação da Argentina, a qual não pôde esquivar-se de lutar
a ferro e fogo contra as forças espanholas, que, em um movimento centrípeto,
a ameaçavam de completa submissão.
Enquanto, pois, o Brasil passava naturalmente e sem grande abalo da
escravidão para a independência, sob a inspiração e guia mais de seus políti-
cos do que de seus chefes militares, e sob a direção de um membro da casa
reinante da metrópole, a Argentina via-se na necessidade de conquistar pela
violência a sua merecida libertação e de submeter-se à prova cruel de esbo-
çar uma organização política — trabalho que requer espíritos sabedores e
serenos e uma atmosfera de tranquilidade — quando ainda não estavam
CAPÍTULO I 63

amortecidos os ódios de múltiplos combates, nem embainhadas as espadas


dos generais que haviam conduzido as inúmeras pelejas. A fórmula política
que o Brasil adotara, embora transitoriamente, teve a vantagem incontestá-
vel de enfeixar em um todo resistente e inabalável as diferentes partes de que
ele se compunha. Evitaram-se destarte as intermináveis discussões e hesita-
ções ocorridas em outros países na busca da estrutura política mais
convinhável, e não houve oportunidade para a intervenção de caudilhos
militares. A todas as perturbações locais, e algumas delas se justificam, pois
tendiam para a fórmula republicana definitiva, o Império resistiu com ga-
lhardia. Foi graças a isso que o Brasil apareceu forte e impôs respeito no
Prata, que o nosso progresso decorreu sem grandes comoções e que se for-
mou e apareceu essa plêiade de homens, ilustres nos ramos de atividade,
honestos e patriotas, que provocaram no exterior a admiração pela nossa
cultura e cuja memória devemos venerar.
As forças militares também não se revoltaram contra o regime, mas
serviram-no tocadas do desejo de abalar a paz interna de que tanto necessi-
távamos não contribuir para criar as mesmas desordens que se lhe patente-
avam na vida de certos vizinhos. Livre uma de Rosas e livre o outro de Oribe,
estavam a Argentina e o Uruguai prontos para reentrar na senda perdida.
Teremos ainda de ver os novos óbices que se lhes deparam.
Antes, porém, digamos alguma coisa com respeito ao Paraguai, fator
cuja importância vai agora crescer com os novos acontecimentos.

Rápida mirada à história do Paraguai depois de 1810

Em 25 de maio de 1810, rebentou em Buenos Aires a Revolução que


deveria constituir o ponto de partida para a emancipação completa dos
povos platenses. A junta nacional formada para dirigir os destinos coleti-
vos, em substituição ao representante da velha Espanha, considerou como
um dos seus deveres primordiais irradiar pelo Vice-Reinado a ideia revoluci-
onária. Com esse intuito organizou expedições militares ao interior. Pare-
cia-lhe fácil realizar por meio delas eficaz propaganda libertadora, e até se
lhe afigurava indispensável correr em auxílio dos focos emancipadores lon-
gínquos que espontaneamente se constituíssem ou submeter os que se insu-
bordinassem contra a libertação do jugo da metrópole. Ao Paraguai foi
enviada uma expedição ao mando de Manuel Belgrano. Depois de atravessar
64 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

as províncias de Entre Ríos e Corrientes, transpôs Belgrano o Paraná e avan-


çou para Assunção. Os paraguaios, porém, resolveram resistir-lhe e derro-
taram-no em Paraguarí, em 19 de janeiro de 1810, obrigando-o a uma reti-
rada. Nada obstante a centelha emancipadora também irrompia no Paraguai;
desde os primeiros instantes já alguns homens, como o Doutor José Gaspar
de Francia, haviam assentado a ideia da independência absoluta. Não admi-
ra, por conseguinte, que, em 14 de maio de 1811, estalasse em Assunção um
levante para depor Velazco, governador espanhol, o que de fato se conseguiu
de modo definitivo no dia 9 do mês seguinte. Ficou o governo entregue a
dois indivíduos, um dos quais era o já referido Doutor Francia. Convocou-
se logo um congresso para deliberar sobre a situação. Assentou-se nele rom-
per com a Espanha até a decisão do congresso de Buenos Aires, mandar um
representante a esse congresso e criar uma junta de governo. Esta, porém,
não obedeceu às resoluções tomadas, pois não enviou o dito representante;
em vez dele, mandou à junta de Buenos Aires uma espécie de nota em que,
embora salientando as vantagens de o Paraguai se confederar com as outras
províncias argentinas, declarou peremptoriamente que ele se havia “consti-
tuído em liberdade e no pleno gozo de seus direitos” e que o entregar-se a
poder estranho equivaleria a “trocar uma cadeia por outra e a mudar de
amo”. Buenos Aires ainda desenvolveu esforços para reter os dissidentes; en-
viou duas missões a Assunção; confiou a primeira a Belgrano e Echevarría
(XXXV) e a segunda a Herrera. Só a primeira teve êxito aparente, pois conse-
guiu um tratado em que se assinalavam os benefícios de uma federação e alian-
ça, na verdade mais de palavras que de fatos. Dessas atitudes decisivas do
Paraguai, parece ter sido Francia o verdadeiro inspirador. Em 1813, reuniu-se
um congresso, que confirmou a declaração da independência, anulou a alian-
ça com Buenos Aires, criou uma junta governativa com um consulado de dois
membros e trocou a denominação de Província do Paraguai pela de República
do Paraguai. Os cônsules deveriam exercer as suas funções alternadamente
durante quatro meses. Em outubro do ano imediato (1814), conseguiu Francia
do congresso a supressão do consulado e a criação do governo unipessoal por
cinco anos, em que ele mesmo foi investido com título expressivo de “Dita-
dor do Paraguai”. Em 1817, esse mesmo congresso lhe conferia, por maioria
considerável, a denominação de “Ditador Perpétuo do Paraguai”.
Francia era indivíduo de certa cultura, pois havia estudado na Uni-
versidade de Córdoba, mas dotado de caráter desumano: descendia de bra-
CAPÍTULO I 65

sileiros. Em vista do atraso em que se encontrava o Paraguai, não lhe foi


difícil adquirir um rápido ascendente sobre os seus compatriotas. Propugnou
com valentia e firmeza a independência do seu país. O único meio que se lhe
deparou para dominá-lo e ao mesmo tempo evitar-lhe o contágio das per-
turbações da Argentina e do Uruguai foi isolá-lo totalmente de contatos
com o exterior; por isso o seu programa de governo reduziu-se a manter um
Paraguai fechado, fora do convívio da civilização, a fiscalizar as entradas e
saídas, tanto de homens como de mercadorias, e a castigar sem piedade
quantos se alçassem para lhe contestar o despotismo.
Não queria conflitos com os vizinhos; evitava esses últimos e tratava-
os com sobranceria. Depois de batido pelos brasileiros, Artigas refugia-se
no seu território, à testa de algumas centenas de companheiros, e pede-lhe
auxílio para prosseguir na luta e assegurar a independência do próprio Pa-
raguai. Francia evita-o entre temeroso e desconfiado, e afinal desterra-o
para Curuguaty, pequeno povoado do interior, no seio da mata tropical.
Retém prisioneiro, por largo tempo, o naturalista Aimé Bompland (XXXV),
depois de mandar destruir pela sua tropa a colônia que ele havia fundado
em Candelaria. A Simón Bolívar, que lhe escreve vitorioso do sul do Peru
concitando-o a unir-se com os demais países sul-americanos para a resistên-
cia aos espanhóis, responde desabridamente, dizendo que os desejos da Co-
lômbia, com os de outros países, só têm como resultado “confirmar o regime
que libertou o Paraguai da rapina e de outros males”, regime que persistirá até
que volte ao Novo Mundo a tranquilidade, que ele desfrutava antes que “apa-
recessem apóstolos revolucionários, que cobrem com o ramo de oliveira o
pérfido punhal para regar com sangue a liberdade que os ambiciosos preco-
nizam” (agosto de 1825). Fica surdo ao apelo que Rivera, parece, dirigiu-lhe
quando lutava contra o seu rival Oribe. Guarda atentamente as suas fron-
teiras e fecha o trânsito dos rios quando isso lhe parece oportuno. Trata
ferozmente os conspiradores; submete-os ao suplício do azorrague no que se
chamava o Quarto da Justiça e fuzila muitos sem hesitação. Nunca consti-
tuiu família; viveu isolado como um solitário no meio de poucos criados. Na
madrugada do dia 20 de setembro de 1840, entrou em agonia; contava mais de
82 anos de idade. Espalhou-se a inesperada notícia, mas ninguém ousava dar-
lhe crédito, até que, diz um historiador, “no dia 21 içava-se a bandeira a meia
haste e os sinos da Catedral anunciavam a morte del Supremo”. Puseram-lhe o
corpo — ajunta o mesmo autor — na sala de sua residência, aonde os menos
66 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

temerosos acudiram para vê-lo.20 Meses depois de sepultado, verificou-se


que a sepultura havia sido aberta e o corpo retirado do lugar. Nada se pôde
apurar com respeito ao crime e ao paradeiro dos restos mortais. Apenas se
descobriram rastros que se dirigiam para a margem do Rio Paraguai e nela
se perdiam. Provavelmente os descendentes de alguma das suas vítimas, de-
sejando vingá-la, resolveram evitar que os suportes materiais daquela alma
egoística poluíssem o seio da terra abençoada que ele havia submetido aos
seus caprichos.
No entanto, essa ditadura tem encontrado mais de um glorificador,
até no Brasil.
Alberdi, argentino de talento e um dos inimigos mais rancorosos da
nossa terra e da nossa gente, ousa desculpá-lo com estas palavras:
“O Dr. Francia proclamou a independência do Paraguai com relação
à Espanha e salvou-o até dos seus vizinhos pelo isolamento e pelo despotismo;
dois meios terríveis que a necessidade lhe impôs em proveito de um fim bom.”
Morto Francia, voltou o Paraguai por algum tempo ao regime dos dois
cônsules, um dos quais foi Carlos Antonio López. Em 1844, logrou este do
congresso, imitando o seu predecessor, lhe fosse outorgada a magistratura
unipessoal e o título de Presidente da República do Paraguai. Em consequência
disso, o seu governo findou com a sua morte em 10 de setembro de 1862.
Enquanto exerceu o mando supremo, Carlos López procedeu de modo
inteiramente diverso do Dr. Francia; em vez da reclusão deste, preferiu uma
atitude ativa e por isso se intrometeu nos negócios do Rio da Prata. Como
Rosas não havia reconhecido francamente a independência do Paraguai,
Carlos López não hesitou em associar-se aos que o hostilizavam por todos os
meios. É assim que firma a convenção de aliança ofensiva e defensiva com
Corrientes, em 11 de novembro de 1845, a que já me referi, e em virtude dela
declara guerra a Rosas no dia 4 de dezembro do mesmo ano. A sua colabora-
ção para o 7o Exército libertador traduziu-se pelo envio de uma força de
cerca de 4.000 paraguaios, ao mando de seu filho Francisco Solapo López,
então um jovem de 18 anos. Esse grupo desembarcou em Corrientes, nas
vizinhanças de Goya, a fim de colocar-se sob as ordens do General Paz,
contra o qual lançou Rosas o General Urquiza. Acossado por este, Paz avan-
ça para o norte, levando consigo os auxiliares paraguaios, e chega até Ubajay,
à beira do Alto Paraná. Urquiza bate-lhe a retaguarda a mando de Juan Ma-
dariaga (XXXVIII), a quem faz prisioneiro, mas evita a batalha decisiva
CAPÍTULO I 67

com o grosso dos adversários. Apelando para a manobra política, entra em


confabulação com esse mesmo Juan Madariaga, irmão de Joaquín Mada-
riaga, governador de Corrientes, e retira-se para o sul. Afinal pactua com
Corrientes o convênio de Alcaraz. Paz fica desamparado; os seus compa-
nheiros o abandonam pouco a pouco, até que o seu exército se dissolve em
Villanueva. As tropas paraguaias regressam então ao seu país sem haverem
colhido o mínimo proveito dessa expedição malograda. A vida militar de
Francisco Solapo López desabrochava por um insucesso, que só lhe oferecia
a oportunidade de cruzar, de sul para norte, a vizinha Província de Corrientes,
por onde mais tarde mandará os seus exércitos para nos agredir.

A atitude do Brasil em face do Paraguai

Desde os primeiros tempos, olhou o Império com simpatia para o


Paraguai. Era um país vizinho com que ainda não havia assentado as suas
raias e que, além disso, dominava o curso inferior dos rios Paraná e Paraguai,
cuja navegação lhe era imprescindível para garantir uma rápida saída até o
mar à sua Província de Mato Grosso. Convinha-lhe, pois, tê-lo a seu lado de
preferência a vê-lo associado às demais repúblicas turbulentas da foz do
Prata. Apressou-se por isso em reconhecer-lhe a Independência (1824) e em
advogar a causa de sua liberdade junto de outros países.
O Brasil trabalhou em Viena, por intermédio do seu Ministro ali acre-
ditado, Conselheiro Sérgio de Macedo, para que a Áustria tivesse idêntico
procedimento (XXXIX).
Buscou relações diplomáticas com a nova República. Em 1841, no-
meou o Capitão de Fragata Leverger (XL) seu cônsul no Paraguai. Em 14
de setembro de 1844, ratificou em Assunção o reconhecimento da inde-
pendência paraguaia.
Quando, em nota de 20 de fevereiro de 1845, Tomás Guido, repre-
sentante da Argentina no Rio de Janeiro, protestou contra esse ato, o Con-
selheiro Limpo de Abreu (XLI), então Ministro dos Estrangeiros do Impé-
rio, replicou-lhe, em 29 de julho desse mesmo ano, com outra nota que
assim terminava:
“De tudo quanto o abaixo assinado tem exposto resulta o firme pro-
pósito em que está o Governo imperial de sustentar, como sustenta, com
todas as suas consequências, o ato de reconhecimento da Independência do
68 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Paraguai, contra o qual protestou em nome do seu governo o Ministro Ple-


nipotenciário da Confederação Argentina, em sua nota de 20 de fevereiro
do corrente ano, dirigida ao antecessor do abaixo assinado, considerando o
Governo imperial, como considera, dito protesto de nenhum efeito para o
governo do Brasil.”

Esforços do Brasil para a celebração de


tratados com o Paraguai

Em 1843, mandou o nosso país a Assunção, em missão especial, o Con-


selheiro José Antônio Pimenta Bueno.
Esse brasileiro ilustre firmou com Carlos López um tratado de aliança,
comércio e limites, em 17 de outubro de 1844, que o Imperador não ratificou.
Nele se declarava livre para os contratantes a navegação dos rios Paraná
e Paraguai21 e se combinava o seguinte sobre os limites:
“As altas partes contratantes também se comprometem a nomear co-
missários que examinem e reconheçam os limites indicados pelo Tratado de
Santo Ildefonso, de 1o de outubro de 1777, para que se estabeleçam os limites
definitivos de ambos os Estados (artigo 25).”
A aliança era consignada no art. 3o:
“Caso a República do Paraguai seja ameaçada de um ataque hostil,
Sua Majestade, o Imperador do Brasil empregará todos os esforços não só
para prevenir as hostilidades, senão também para que a República obtenha
justa e completa satisfação das ofensas recebidas.”
“O Governo imperial” — disse o Visconde do Rio Branco no Senado,
em 1856 — “entendeu que o artigo de limites (do tratado) retificando (LXII)
a linha de 1777 devia ser explícito quanto à dúvida que apareceu na demar-
cação de 1752, mas não deixava por isso de aceitar o tratado. Não o aceitou
porque as estipulações da aliança não eram suficientemente definidas e se
tornavam muito impolíticas em vista das circunstâncias supervenientes, a
que o Governo imperial devia atender quando o tratado foi submetido à
sanção de Sua Majestade, o Imperador.”
Carlos López insistiu nas negociações com o Brasil. Em 1847, fez par-
tir para o Rio de Janeiro a Missão Gelly, a fim de gestionar um auxílio contra
Rosas e uma regularização definitiva de limites.
O Império, porém, não esteve pelas soluções oferecidas.
CAPÍTULO I 69

López propôs esses limites (art. 5o): “Desde a barra do Iguaçu no Paraná
até o Salto Grande desse rio, a linha divisória entre o Império do Brasil e a
República do Paraguai será o leito ou canal do mesmo Paraná. Do Salto Gran-
de seguirá a dita linha até dar com o cume da Serra do Amambaí, que se encon-
tra à margem direita do Paraná; continuará pelo referido cume, bem como
pelo da Serra de Maracaju, até as vertentes do Rio Branco, e depois pelo curso
desse rio até a sua confluência no Paraguai, a qual fica à margem esquerda
desse rio, a 20o e minutos de latitude, e um pouco mais abaixo do Forte Olimpo,
antigamente Bourbon.
Do lado do Chaco, o limite seria o Arroio ou Rio Negro, que deságua
no Paraguai um pouco mais acima do Forte Olimpo.”
Queria López que se neutralizasse o terreno entre o Apa e o Branco.
Nele não seria permitido aos dois países erigir fortalezas, postos militares ou
estabelecimentos permanentes, de modo que os brasileiros não levassem os seus
estabelecimentos a mais de duas léguas da margem esquerda do Branco e os
paraguaios os seus a igual distância da margem direita do Apa. Sem embar-
go, brasileiros e paraguaios poderiam ter licença, em certas condições, para
explorar na zona neutra bosques de palmeiras, madeiras de lei e pedreiras.
As disposições mais interessantes da proposta paraguaia eram as
do art. 3o:
“Em vista do convencionado nos artigos anteriores, e como entre os
rios Uruguai e Paraná (desde as vertentes ou cabeceiras do Arroio Aguapey,
onde deve terminar a linha que, tirada de Tranquera de Loreto, forma o
limite entre a República do Paraguai e a Província Argentina de Corrientes)
existe um campo despovoado e deserto, que só serve de receptáculo e abrigo a
alguns vagabundos e malfeitores de todos os países vizinhos, ambas as altas
partes concordam em que das sobreditas vertentes ou cabeceiras do Arroio
Aguapey se tirará uma linha pelo mais alto do terreno que se encontre entre
o Paraná e o Uruguai, até a foz do Iguaçu nesse último rio, ficando perten-
cendo ao Império do Brasil todas as vertentes que descem para o Uruguai e
à República do Paraguai todas as que se dirigem ao Paraná.”
López, como vê o leitor, pretendia dividir fraternalmente entre o Brasil
e o Paraguai o que é hoje o território argentino de Missões.
É claro que o Império não poderia firmar um tratado desse teor.
Um escritor paraguaio22 afirma que essa atitude do Brasil induziu
Carlos López a fazer propostas de aliança com Rosas (outubro de 1849), às
70 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

quais o governador de Buenos Aires respondeu com um decreto de sua


Assembleia, já por mim referido e em que se dizia:
“O Exmo. Sr. Governador e Capitão-General da Província, Brigadei-
ro D. Juan Manuel de Rosas, fica autorizado a dispor, sem nenhum limite, de
todos os fundos, rendas e recursos da Província até que se torne efetiva a
reincorporação da Província do Paraguai à Confederação Argentina.”
Era uma advertência ameaçadora a Carlos López, e diante da qual
não lhe seria possível manter-se indiferente. Repelindo-o dessa maneira in-
sólita e cruel, Rosas atirava-o para o lado dos seus inimigos, dele Rosas, e por
conseguinte, para o lado do Brasil.
Assim tornou-se possível uma nova aproximação entre o Império e o
Paraguai, que logo se patenteou no tratado de aliança defensiva de 25 de
dezembro de 1850. Nesse documento, o Brasil comprometia-se a continuar
promovendo o reconhecimento da independência paraguaia. Caso a Ar-
gentina ou o Uruguai atacassem qualquer dos contratantes, o outro o
coadjuvaria com tropas, armas e munição. Ambos se auxiliariam reciproca-
mente “a fim de que a navegação do Rio Paraná até o Prata fosse livre para os
súditos de ambas as nações”, bem como para que se mantivessem a indepen-
dência da República Oriental do Uruguai. O tratado deveria durar seis anos
a partir da troca das ratificações.23
Como se vê, o Império procedia com acerto atraindo para junto de si
a República do Paraguai precisamente no momento em que se via ameaçado
de empenhar uma luta armada contra o governador de Buenos Aires.
Pouco depois, ajustando o convênio em 29 de maio de 1851, de aliança
com Entre Ríos e o Uruguai, para a pacificação do território desse último
país, não se esqueceu do Paraguai. No art. 23 desse documento ficou estatuído
que “o governo do Paraguai seria convidado a entrar na aliança enviando-
lhe um exemplar do mencionado convênio”, e que se assim o fizesse, concor-
dando nas disposições exaradas no dito convênio, “tomaria a parte que lhe
correspondesse na operação a fim de gozar também das vantagens mutua-
mente concedidas aos governos aliados”.
Essa mesma cláusula foi reproduzida integralmente no convênio de 10
de dezembro de 1851, que regularizou a ação militar comum do Brasil, Entre
Ríos, Corrientes e Uruguai contra o dominador de Buenos Aires. Cumpre
ainda advertir que o Império também não olvidou a pátria de López no trata-
do de aliança com o Uruguai, firmado em 12 de outubro de 1851, pois nele
CAPÍTULO I 71

estabeleceu (art. XVI) a obrigação para o Uruguai de ajudá-lo a “conservar e


defender a independência da República do Paraguai”.
Carlos López aplaudiu a intervenção para a derrota de Oribe e a guer-
ra contra Rosas, mas não prestou nenhum auxílio a essas operações, que
restabeleceram a paz no seio dos vizinhos e que o libertaram de um inimigo
rancoroso. Nada obstante, a Argentina, já sob o domínio de Urquiza, reco-
nheceu a independência do Paraguai, em 17 de julho de 1852, com grande
júbilo do Brasil, que sempre a havia propugnado.
Retornemos aos acontecimentos do Uruguai.

Governo de Giró no Uruguai


Intervenção do Brasil

A eleição de Giró para presidente da República não conseguiu con-


solidar a paz entre os orientais, antes fez renascer os ódios dos antigos par-
tidos. Os colorados não se podiam resignar à ideia de terem lutado com
tanta constância e resignação para obter como recompensa a entrega do
mando supremo a um dos seus adversários. Era fatal que os caudilhos
militares, associados aos políticos civis, tentassem destruir pela violência
essa anomalia, para eles injustificável. A paz com Oribe fizera-se sob a
afirmação de não haver vencidos nem vencedores, mas tudo denunciava
que os verdadeiros vencedores eram os que tinham sido derrotados na pug-
na campal. Em uma palavra: a família uruguaia continuou dividida em
dois bandos políticos — blancos e colorados — que se miravam como inimi-
gos irreconciliáveis.
Em 18 de julho de 1853 rebenta um motim militar em Montevidéu, de
que resulta substituir Giró dois de seus ministros. Ao Coronel Venancio
Flores, cujo papel será notável nos acontecimentos subsequentes, é confiada
a pasta da Guerra e a Manuel Herrera y Obes, a da Fazenda. Mas com essa
mudança no gabinete não se altera a orientação política do governo, apesar
dos esforços dos novos ministros nesse sentido; por isso a reação continua.
Giró abandona afinal o palácio do governo, alegando ter a sua vida ameaçada
e vai asilar-se na legação de França, em 25 de setembro de 1853.
Constitui-se então um triunvirato para dirigir o país. Formaram-no
o Coronel Venancio Flores, Lavalleja e Rivera. Era, por conseguinte, um triun-
virato exclusivamente militar. Um mês depois morria o General Lavalleja
72 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

(XLIII) e cerca de dois meses e meio mais tarde o General Rivera. Venancio
Flores ficava sozinho. Os seus adversários não permanecem todavia descui-
dados e logo se alçam em armas contra ele. Flores sai a campo para enfrentá-
los e logra batê-los. Convoca uma assembleia e é eleito para completar o
tempo de Giró.
Alguns escritores platenses acusam o Brasil de ter sido conivente na
revolução que derrubou o Presidente Giró, e de assim haver procedido leva-
do pelo desejo de vingar-se da sua oposição aos tratados de outubro de 1851.
A meditação severa dos sucessos patenteia, ao revés disso, que o Império fez
quanto em si coube para que os uruguaios decidissem por si mesmos as suas
questões internas e não almejou outra coisa além da rápida e duradoura
harmonia entre eles.
Sempre que se viu ameaçado pela oposição, dirigiu-se Giró ao repre-
sentante do Brasil para lhe solicitar o apoio prometido no tratado de alian-
ça em 12 de outubro de 1851.24
Sobre o assunto dizia o tratado:
Art. 5o – Para fortificar a nacionalidade oriental por meio da paz
interior e dos hábitos constitucionais, o governo de Sua Majestade, o Impe-
rador do Brasil se compromete a prestar eficaz apoio ao que tem de eleger-se
constitucionalmente na República Oriental pelos quatro anos de sua dura-
ção legal.
Art. 6o – Este auxílio será prestado pelas forças de mar e terra do
Império, à requisição do mesmo governo constitucional da República Ori-
ental, nos casos seguintes:
1o) No de qualquer movimento armado contra sua existência ou au-
toridade, seja qual for o pretexto dos sublevados.
2o) No da deposição do Presidente por meios inconstitucionais.
Art. 7o – O Governo imperial não poderá, sob nenhum pretexto, recu-
sar o seu auxílio em qualquer dos casos do artigo precedente.
Os compromissos eram, sem dúvida, formais; haviam sido tomados
boamente, em um momento de grandes esperanças, mas dentro em pouco
renasciam os conflitos e as rivalidades políticas no seio da família oriental.
Seria proveitoso intervir neles? Ou essa intervenção serviria apenas para
dificultar a concórdia tão ambicionada?
Hoje que podemos refletir com serenidade sobre esse período histórico,
compreendemos perfeitamente as inquietações do Governo imperial e os seus
CAPÍTULO I 73

justos temores. Apoiando-se sobretudo nos documentos oficiais, escreveu o


Barão do Rio Branco, com a clareza que o singularizava, esta ligeira síntese:

No ano de 1853, o Estado Oriental passou por duas crises...


O Presidente Giró, ancião respeitável, mas espírito fraco, era inteiramente domi-
nado por alguns políticos exaltados que formavam a maioria do Congresso.
Paranhos não cessou de pedir-lhe que seguisse uma política reparadora, de mo-
deração e de justiça, única que a ponderação e os interesses do país aconselhavam
após a desgraça de uma guerra fratricida que durara quase 10 anos. A demissão
do Ministro Castellanos permitiu que o Dr. Bernardo Berro, que fazia parte do
gabinete e mais influência tinha no ânimo de Giró, se lançasse em uma política
cada vez mais reativa. O Partido Colorado irritou-se e reclamou a entrada para o
ministério de dois homens capazes de contrabalançar a influência de Berro. Apro-
ximava-se a festa do juramento, da constituição, em 18 de julho, e receava-se uma
explosão. O Ministro do Brasil aconselhou ao Presidente que suspendesse as
ordens para a reunião de força naquele dia, ou, ao menos, que evitasse o contato
da tropa de linha e da guarda nacional. O Presidente não quis anuir e só na noite
de 17 reconheceu o perigo da situação. Recorreu então à Legação Imperial, requi-
sitando o auxílio da força armada para manter a ordem pública, depois de ter
recusado os amigáveis e prudentes conselhos que ela tinha dado com antecipa-
ção. Paranhos respondeu que as forças brasileiras desembarcariam quando fosse
preciso, não para tomar parte na luta civil, mas unicamente para defender a
segurança pública e as pessoas e propriedades dos brasileiros.
Não obstante a gravidade da situação, no dia 18 a tropa de linha formou na
Praça da Matriz. Apenas apareceu a guarda nacional, houve o conflito que se
previa. O Presidente ficou desde logo sem meios de conter a revolução. O único
corpo de linha com que contava deixou de obedecer às suas ordens. Nessas
circunstâncias teve Giró de ceder à exigência do Partido Colorado e escolher
neste partido o Coronel Flores para Ministro da Guerra e o Dr. Herrera y Obes
para Ministro da Fazenda.
Tinha-se dado um passo no caminho da conciliação e a paz poderia firmar-se
por este meio, mas os dois ministros colorados não puderam alcançar do
Presidente e dos outros membros do gabinete as providências que esperavam.
Resultou daí nova crise. No dia 23 de setembro, foi o representante do Brasil
convidado para assistir a uma conferência de ministros e, sendo interpelado
sobre o auxílio que poderia prestar ao governo, respondeu que apenas podia
74 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

oferecer-lhe o seu concurso amigável para obter-se um desenlace pacífico da


crise por meio de algumas concessões. Giró aceitou o oferecimento e pediu a
Paranhos que oferecesse em seu nome certas concessões aos descontentes. Estes
aceitaram as concessões propostas, mas antes de ter conhecimento da aceita-
ção, Giró abandonou no dia 24 o seu posto e refugiou-se na Legação da França,
passando-se depois para bordo da fragata francesa Andromède. Flores, à vista
disso, declarou aos ministros estrangeiros que Giró deixara de ser presidente, e
no dia 25 ficou instalado um governo provisório composto dos generais
Lavalleja e Fructuoso Rivera, e do Coronel Flores.
Giró pretendeu então que o Ministro do Brasil interviesse fazendo desembarcar
forças para restabelecer sua autoridade e que obtivesse para o mesmo fim a
intervenção armada dos ministros estrangeiros que tinham navios no porto. A
isso respondeu Paranhos que deplorava terem sido contrariados os esforços
que empregava, com autorização dele, Giró, para obter um desenlace pacífico;
que já se havia explicado sobre o auxílio de força, que lhe faleciam direito e
instruções para solicitar dos representantes das nações que tinham estações
navais em Montevidéu o desembarque de tropas e que ia submeter aquela nota
ao conhecimento do Governo imperial. Quanto ao seu procedimento, declara-
va que se manteria em absoluta abstenção, competindo ao Governo imperial
resolver sobre a posição que devia tomar.
Em nota de 30 de outubro, anunciou Paranhos o pensamento do Governo
imperial, segundo as instruções que recebera. O governo provisório estava
reconhecido por todos e Giró havia desembarcado e vivia em Montevidéu como
simples particular. Algum tempo depois apareceram desordens em certos de-
partamentos, mas foram prontamente sufocadas. Giró refugiou-se na Legação
Brasileira, onde se conservou por espaço de um mês e transferiu-se depois para
a corveta D. Francisca (XLIV).
Como sempre sucede no Rio da Prata, os vencidos lançam sobre o ministro do
Brasil a responsabilidade da queda de Giró.”25

Em sua nota, de 30 de outubro, dizia Paranhos a Giró, em nome do


Governo imperial, que da combinação dos artigos 5o e 6o do tratado de alian-
ça resultava que o apoio prometido pelo Brasil “não constava unicamente
do auxílio de forças de terra e mar”, senão também “de conselhos e bons
ofícios que podem concorrer para dispensar aquele recurso extremo”. Infe-
lizmente — ajunta — o representante do Brasil não foi ouvido. Hoje preten-
CAPÍTULO I 75

de-se cortar com a espada as dificuldades que antes seria fácil desatar. Apesar
de tudo informa que o Governo do Brasil já mandara concentrar uma divi-
são de 5.000 praças de todas as armas na fronteira de Bagé e aumentar a
estação naval com mais um vapor de guerra. “Recebi ordem” — afirma Pa-
ranhos — “para declarar a V.Exa. que pode confiar no apoio das forças
navais brasileiras e das de terra que devem marchar para a fronteira, assim
como na disposição em que se acha o mesmo governo de cumprir religiosa-
mente o tratado de aliança empregando todos os esforços a fim de que
restabelecida seja a autoridade constitucional de V.Exa.”
Mas é óbvio que o momento oportuno já havia passado; além disso, o
governo provisório ganhava terreno, e Giró sentia-se sem o necessário apoio
da maioria de seus concidadãos.
Nada obstante, tomou o Império as providências necessárias para sa-
tisfazer os compromissos contraídos; em circular dirigida ao corpo diplo-
mático do Rio de Janeiro, em 19 de janeiro de 1854, expendeu as razões do
seu procedimento.
Mandou ao Rio da Prata o Dr. José Maria do Amaral, para substituir a
Paranhos, que se havia recolhido ao Rio de Janeiro com licença (XLV).
A situação política de Montevidéu sofreu entrementes grande mudança.
O Império percebeu que teria de impor Giró com as armas do Brasil e
recuou diante dessa violência, pois compreendeu que dessa forma embara-
çaria ainda mais a solução definitiva do problema político. Fê-lo, porém,
com absoluta lealdade. Em 30 de janeiro de 1854, dirigiu Amaral uma nota
a Giró em que se lê este trecho:
“O Governo imperial, portanto, induzido por tão graves considera-
ções, reconhecendo que a obrigação contida nos artigos 5o e 6o do tratado de
aliança não foi estipulada para destruir a independência do país e subjulgá-lo
e vendo que é isso o que aconteceria se o Governo imperial se propusesse
impor a República por meio das armas um governo que ela repelia, resolveu
entender-se com o governo que se acha estabelecido na capital e declarar a V.Exa.
que, à vista da nova situação, não se julga mais no dever de prestar a Vossa
Excelência o auxílio a que se referem os citados artigos do tratado de aliança.”
Cerca de três meses depois, em 28 de abril de 1854, dizia ainda Limpo
de Abreu em ofício a Amaral:
“O estabelecimento da autoridade do Sr. Giró não seria possível sem
que o Brasil levasse a guerra ao território da República Oriental. Não é por
76 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

meio da guerra que o tratado de aliança quer que se firme a paz e se fortifi-
quem os hábitos constitucionais no Estado Oriental. Uma política seme-
lhante, além de absurda, já havia sido condenada pela guerra de nove anos
que acabou com a tirania do General Oribe e deu esplêndido triunfo à causa
da liberdade e civilização que se pelejava dentro dos muros da heroica cidade
de Montevidéu.”
A situação oriental era ainda, porém, tão instável que muitos ansia-
vam pela intervenção do Brasil para garantir a ordem pública. Flores era o
primeiro a pensar assim e por isso pediu ao Ministro Amaral que uma divi-
são brasileira penetrasse em território uruguaio no dia 30 de março de 1854.26
Amaral respondeu em 9 de fevereiro desse ano, prometendo satisfa-
zer-lhe os desejos.
Em 20 de março, o Senado e a Câmara uruguaios aprovavam a entra-
da no território nacional de uma divisão brasileira de 4.000 homens.
Atendendo ao pedido, fez o Brasil partir de Piraí Grande, porto de Bagé,
um destacamento denominado exército auxiliar (cinco batalhões de infan-
taria, oito bocas de fogo, três regimentos de cavalaria de guardas nacionais),
sob comando do Brigadeiro Francisco Félix da Fonseca Pereira Pinto (XLVI).
Em fins de março, ela cruzava a fronteira oriental e um mês depois
chegava ao seu destino, tendo atravessado o Rio Negro no Passo do Valente.
Ao iniciar as suas marchas, proclamava em ordem do dia o general
brasileiro:
“Não temos inimigos que combater, nem desfraldamos a bandeira de
nenhum partido; vamos, sim, prestar o nosso auxílio aos homens honrados
de todos os partidos que dele necessitam.”
A expedição de Pereira Pinto constitui outro capítulo predileto de
acusação ao Brasil. No entanto, pode-se ler em um compêndio de História
Uruguaia o seguinte juízo espontâneo e insuspeito:
“Esse procedimento do governo (pedindo o auxílio militar do Bra-
sil), justo é reconhecê-lo, foi prestigiado por elementos de significação social
e política dentro e fora da coletividade dominante, pois se acreditava que a
intervenção armada nos daria as garantias necessárias para tornar efetiva a
paz, a ordem e o império das instituições.”27
A presença de tropas brasileiras em Montevidéu justamente no mo-
mento em que os ódios platinos renasciam entranhava um perigo para o Im-
pério e punha à prova a sabedoria política e a prudência de seus estadistas.
CAPÍTULO I 77

Um incidente ao parecer somenos poderia envolver-nos no dissídio em que


se debatiam os nossos vizinhos.
Flores sentiu no governo a gravidade do momento; a desarmonia
crescia e dificultava a administração. Do seio do seu próprio partido havia-
se destacado um grupo de opositores e formado o partido conservador. A
oposição recrudescera, sobretudo depois de um decreto com que ele havia
restringido a liberdade da imprensa. Em 28 de agosto de 1855, patenteou-se
violentamente em nova revolução na capital, dirigida pelos conservadores.
Reproduzindo o procedimento de outros caudilhos, Flores sai para a
campanha em busca de elementos de resistência, enquanto os revolucionários,
aproveitando-lhe a ausência, organizam um governo provisório. Reconhe-
cendo afinal não lhe ser possível vencer, acaba renunciando ao cargo que exer-
cia. Substituiu-o interinamente o Presidente do Senado, Manuel Bustamante.
Quando no poder, quis Flores, como Giró, que as nossas tropas inter-
viessem na luta política desencadeada ao seu redor, mas o Ministro Amaral,
como Paranhos, não se conformou com esse ponto de vista. Ao explodir a
revolução de agosto, exigiu a cooperação da força brasileira para resistir aos
sublevados e, como não fosse atendido, rompeu relações com Amaral e or-
denou ao seu representante no Rio solicitasse a terminação da intervenção
armada e a retirada do ministro brasileiro.
A subida de Bustamante, simpático a Flores, foi vista pelos conserva-
dores como a continuação do governo deste. Por isso praticaram outro
motim em 25 de novembro de 1855. A cidade de Montevidéu ficou então
dividida entre os dois grupos contendores. Oribe e Flores, que haviam fir-
mado um pacto de concórdia (Pacto de la Unión) e de renúncia a aspirações
políticas em bem da pátria, prestigiaram o governo constitucional. Os revo-
lucionários acabaram derrotados.
Poucos dias antes desse último movimento, isto é, em 14 de novembro
de 1855, a divisão brasileira tinha iniciado o seu regresso ao Brasil e, em 19
de dezembro, transpunha a fronteira e penetrava no Rio Grande do Sul.
Havia permanecido no Uruguai perto de dois anos.
Em nota ao Visconde de Abaeté — que o Governo imperial manda-
ra em missão ao Rio da Prata depois dos sucessos de agosto — dizia o Gover-
no oriental:
“Em vista das exatas e ponderosas considerações que determinaram
aquela resolução imperial, o governo crê que só lhe cabe cumprir o dever de
78 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

manifestar a S.Exa. o Sr. Visconde de Abaeté que adere a uma determinação


que é a mais completa prova do elevado desinteresse que preside à política
do Governo imperial em suas relações com a República. Mas esse dever não
ficaria preenchido de uma maneira correspondente à honra da República e
ao que exigem a justiça mais notória e os sentimentos nobres e generosos que
fazem a fisionomia do caráter nacional, se, ao convir na execução da referida
cláusula, não reconhecesse a disciplina, moderação e moralidade que a divi-
são imperial nunca desmentiu durante sua longa permanência no território
oriental, do que cada um dos seus habitantes dará sempre testemunho, sem
que nisso faça mais do que pagar um tributo de invejável justiça e de mereci-
da admiração por tão relevantes virtudes.”
Restabelecida a ordem, cumpria fazer-se nova eleição presidencial.
Os candidatos foram Gabriel Pereira e o General César Díaz. Esse úl-
timo era um militar distinto e tivera a honra de comandar o contingente
oriental na Batalha de Caseros. Estava exercendo o cargo de ministro uru-
guaio na Argentina e de lá passara a Montevidéu a fim de tomar parte na
campanha eleitoral. As duas correntes políticas defrontavam-se por meio de
dois homens: de um lado Pereira, patrocinado por Flores e Oribe e tendo
consigo os elementos oficiais; do outro César Díaz, defendido sobretudo
pelos conservadores.

Governo de Gabriel Pereira no Uruguai

Em março de 1856, procede-se à eleição; a sorte favorece Pereira, que


é investido no cargo de presidente.
À testa do governo, busca Pereira encaminhar o progresso do país e
libertar-se da tutela dos militares que o haviam apadrinhado. Suprime o
comando das armas, que o General Flores exercia, embora mais tarde o
restabeleça para entregá-lo ao General Manuel Freire. Tendo descoberto
uma conspiração que figura César Díaz, prende e desterra este general e
alguns dos seus companheiros para Buenos Aires. O ambiente político entra
de novo em ebulição. Começa-se a verificar mais uma vez que a vitória de
um novo presidente não importa a serenidade dos espíritos e o término das
competições eleitorais, senão que estimula as ambições e desencadeia outros
conflitos. Flores solicita permissão para sair do país. “Com este sacrifício
doloroso, afirma ele, creio prestar um novo serviço à minha querida pátria.”
CAPÍTULO I 79

Essa situação, já de si inquietadora, ainda mais se agrava com uma


propaganda insólita e inoportuna de anexação do Uruguai à Argentina,
para o ressurgimento das Províncias Unidas do Rio da Prata. Dirige-a o Dr.
Juan Carlos Gómez (XLVII). As correntes políticas entrechocam-se, tendem
a caracterizar-se em torno de certos homens e a definir novas direções. Como
era de esperar, o governo reage, lançando mão da força de que dispõe. Em
novembro de 1857, a morte elimina um dos chefes militares que lhe fazem
oposição, a saber Manuel Oribe. Em dezembro desse mesmo ano, anuncia-
se nova tempestade revolucionária. Os adversários políticos intentam der-
rubar pelas armas o presidente constitucional. O Coronel Brígido Silveira,
chefe político de Minas, põe-se à frente de uma coluna de rebeldes e encami-
nha-se a Montevidéu. César Díaz vem de Buenos Aires, cruzando o Prata
com outros contingentes de revolucionários e o mesmo objetivo. Assume a
direção das operações, mas não tem força para se apoderar da capital. O
governo não desanima, enfrenta a insurreição, baixa decretos em que refor-
ma Díaz e vários de seus adeptos e determina a sua prisão e julgamento.
Dirige um apelo à Argentina e ao Brasil para que o amparem materialmente,
conforme preceitua o tratado de 1828.
Tendo sido infeliz no ataque a Montevidéu, César Díaz renova a es-
tratégia dos seus pares: abandona os subúrbios da capital e encaminha-se
para o interior. Na ocasião em que busca transpor o Rio Negro no Passo de
Quinteros, é alcançado pelas forças governistas do General Anacleto
Medina, em 28 de janeiro de 1858. Reduzido a pouca gente e cercado por
numerosos adversários, decide entregar-se. Noticiando oficialmente a vi-
tória, escreve Medina: “Triunfamos completamente... O General César
Díaz, Freire, o Coronel Tajes e mais 14 chefes estão prisioneiros em nosso
poder” (XLVIII e XLIX).
Infelizmente o governo de Pereira, ao que se verifica de documentos
vindos a lume,28 teve a crueldade inaudita de mandar fuzilar esses seus
infelizes compatriotas, alguns dos quais haviam sido obreiros eficientes da
independência da pátria comum. Essa sangueira inútil e contraprodu-
cente é conhecida na história dos nossos vizinhos pelo nome de Hecatombe
de Quinteros.
Assim fortalecido, pôde Pereira chegar ao fim do seu governo e passá-
lo ao seu sucessor, Bernardo Berro (1860). Era, todavia, muito fácil de pre-
ver que novos abalos viriam comover o povo uruguaio. As vítimas de
80 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Quinteros achariam com certeza os seus vingadores. Na verdade, é sob esse


fundamento que o General Flores invade o Uruguai, em 19 de abril de 1863,
à testa do que se denominou a Cruzada Libertadora. É precisamente nesse
período que o Brasil se vê na contingência de intervir na vida dos nossos
vizinhos e afinal de defender-se contra o Paraguai.
Antes, porém, de enfrentar esses sucessos, voltemos por instantes o
olhar para a Argentina, que será nossa futura companheira na resistência à
agressão inominável de Francisco Solano López.

Tentativa de organização da Argentina depois de Rosas — Cepeda e


Pavon — Vitória definitiva de Buenos Aires

A queda de Rosas fazia ressurgir o antigo problema, ainda não resol-


vido, da organização política da Argentina. Tudo parecia auspiciar uma
quadra de serenidade, em que os espíritos superiores deveriam entender-se e
chegar finalmente a um rápido acordo. Aparentemente estavam os unitários
triunfantes dos federalistas; na verdade, porém, Buenos Aires perdera com
Rosas a supremacia de que havia gozado e que julgava competir-lhe. Por isso
vai desencadear-se nova luta, encabeçada por certos chefes portenhos, a fim
de que todo o país gravite em torno da sua capital, que é sem debate o seu
centro pensante, o seu foco principal de orientação e de propulsão.
Por outro lado, apesar da sua atitude e das vitórias que havia conse-
guido, Urquiza era visto com suspeição por muitos dos unitários que o ti-
nham acompanhado. Receavam que a sua conversão política não fosse defi-
nitiva e que lhe predominassem no espírito os mesmos princípios que havi-
am feito dele um dos auxiliares mais eficazes do tirano deposto.
Urquiza designou sem demora o Dr. Vicente López y Planes (L), autor
do Hino Nacional argentino, para governador provisório da Província de
Buenos Aires, que ficara sem direção com o desaparecimento de Rosas. Em
1o de maio de 1852, estava constituída, por eleição, a câmara dos representan-
tes da referida província, a qual no dia 13 do referido mês sancionava a escolha
feita pelo vencedor de Caseros.
A fim de enfrentar o grave problema político argentino, resolveu
Urquiza convidar todos os governadores de província para uma conferên-
cia em que se assentasse a melhor maneira de convocar um congresso consti-
tuinte. A reunião efetuou-se na cidade de S. Nicolás de los Arroyos e gerou o
CAPÍTULO I 81

chamado acordo de S. Nicolás (31 de maio de 1852). Decidiu-se eleger um


congresso geral constituinte, ao qual tocaria elaborar a constituição, e de-
pois proceder a escolha presidencial. Entrementes ficaria o General Urquiza
como diretor provisório da Confederação Argentina e chefe de todas as
forças militares.
A Assembleia de Buenos Aires não acolheu com simpatia as delibe-
rações de S. Nicolás; muitos dos seus membros assumiram logo atitude hos-
til; a oposição foi violenta. Mitre salientou-se como um dos denodados
impugnadores do sobredito acordo. López, desanimado, renunciou, mas
Urquiza, noticioso desses debates, interveio, dissolveu a assembleia e repôs
Vicente López no seu lugar. Os derrotados prepararam então uma revolu-
ção, sob a chefia de Valentín Alsina, a qual explodiu em 11 de setembro de
1852 e ficou vitoriosa na capital. O General Galán, que se encontrava em
Buenos Aires como representante de Urquiza, retirou com as suas forças, a
fim de subtraí-las ao contágio revolucionário.
A situação engravecia. “O grande exército aliado tinha sido dissolvi-
do. Regressando às suas pátrias, os brasileiros e orientais haviam deixado o
General Urquiza com os soldados de Santa Fé, Entre Ríos e Corrientes. As
tropas argentinas que tinham permanecido em Buenos Aires haviam ade-
rido à revolução. Uma divisão entrerriana também se havia bandeado; as
forças das cidades e da campanha tinham-se declarado pelo Governo de
Buenos Aires.”29
Sem embargo, Urquiza arremete contra Buenos Aires, aproveitando
todos os elementos que o prestigiam. Tenta um acordo, mas não obtém coisa
alguma. Põe sítio à cidade, utilizando-se inclusive de uma esquadra ao man-
do de Cohe, que os sitiados acabam subornando e trazendo para seu lado.
Em julho de 1853, resolve retirar-se. Buenos Aires respira e trata de organi-
zar-se por si mesma.
Entretanto o congresso constituinte reunido em Santa Fé prossegue
na sua tarefa e acaba formulando uma constituição, que Urquiza promulga
no dia 25 de maio de 1852. Todas as províncias a aceitam, exceto a de Buenos
Aires. Feitas as eleições, saem vitoriosos Urquiza, como presidente, e Salva-
dor del Carril, como vice-presidente, em 5 de março de 1854. A cidade de
Paraná é designada para a sede do governo da Confederação.
Dessa forma, fica a Argentina dividida em duas frações: de um lado
a Província de Buenos Aires, reacionária e isolada; do outro as demais
82 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

províncias sob um governo comum e uma mesma constituição. Situação tão


anormal não poderia durar largo tempo; os conflitos seriam inevitáveis,
principalmente quando se reflete que a localização de Buenos Aires, na en-
trada do rio, lhe conferia posição vantajosa para todo o comércio de im-
portação e de exportação e causava grande prejuízo às rendas da Confedera-
ção, cujo porto (Rosario) se encontrava muito mais retirado para o interior.
Enquanto, pois, uma prosperasse, sentiria a outra, cada vez mais niti-
damente, a sua posição secundária. A ideia de reparar essa desigualdade pela
criação dos chamados direitos diferenciais, que a Confederação adotou em
detrimento da sua rival, exacerbou ainda mais os ânimos dos adversários,
que afinal apelaram para as armas. O exército da Confederação, ao mando
de Urquiza, e o de Buenos Aires, sob a direção de Mitre, chocaram-se em
Cepeda, em 23 de outubro de 1859. Mitre não pôde vencer o exército mais
numeroso e mais bem organizado do seu contendor: foi derrotado e retirou.
Cumpre salientar que servia nessa ocasião sob as suas ordens o general ori-
ental Venancio Flores, já nosso conhecido.
“A presença no exército de operações desse general estrangeiro e de
outros oficiais da mesma nacionalidade não era aceita sem protesto pelos
chefes e oficiais buenairenses” — escreveu Pelliza.
Depois de Cepeda, Urquiza prosseguiu na direção de Buenos Aires,
enquanto Mitre se encerrava dentro da capital e tomava medidas para resis-
tir. Compreendendo bem a sua situação preponderante, o general da Confe-
deração formula exigências severas; faz compreender que não entrará em
nenhuma negociação de paz enquanto Alsina permanecer à frente do Go-
verno da Província de Buenos Aires.
Premido pelos acontecimentos, Alsina renuncia, e a Assembleia aca-
ta-lhe a deliberação.
No dia 10 de novembro de 1859, firma-se afinal, em S. José de Flores,
um convênio de paz entre os beligerantes. Facilitara-lhe a realização servin-
do de mediador o Presidente do Paraguai, Carlos López, representado por
seu filho o General Francisco Solano López, que na ocasião exercia o cargo
de Ministro da Guerra e da Marinha do seu progenitor.30
Pelo Convênio de União, como foi denominado, a Província de Buenos
Aires declarava-se parte integrante da Confederação Argentina e prometia
aceitar e jurar a Constituição Nacional já então em vigor. Com esse objeti-
vo, convocaria uma assembleia para examiná-la; se ela a aceitasse, seria ju-
CAPÍTULO I 83

rada; se, porém, julgasse conveniente modificá-la, apresentaria as emendas


que seriam levadas ao conhecimento do Congresso Nacional.
Em janeiro de 1860, a assembleia provincial reuniu-se e aprovou a
constituição de maio de 1853 com leves modificações, que a Convenção Na-
cional de Santa Fé homologou. Voltou assim a ovelha tresmalhada ao reba-
nho de que se desgarrara.
Por ocasião do juramento solene da Constituição Nacional em Buenos
Aires, disse Mitre, governador da Província, rememorando o ciclo percorrido:
“Só agora, depois de tantos dias de provações e conflitos, podemos
dizer com o júbilo na alma e o coração desbordante de esperanças: esta é a
constituição das Províncias Unidas do Rio da Prata, cuja independência foi
proclamada há 44 anos em Tucumán, isto é, a 9 de julho de 1816; esta é a
constituição da República Argentina, cujo voto foi formulado há 35 anos no
congresso unitário de 1825, quer dizer, a constituição do Congresso Federal
de Santa Fé, completada e aperfeiçoada pela revolução de setembro, em que
Buenos Aires reivindicou os seus direitos; esta é, portanto, a constituição
definitiva, verdadeiro símbolo de união perpétua dos filhos da grande famí-
lia argentina...”
A intervenção do Paraguai no conflito que acabo de resumir deman-
da uma explicação.
Em junho de 1859, resolveu Urquiza aceitar o oferecimento de auxílio
que lhe fizera Carlos López para o caso de ele, Urquiza, procurar obter pela
violência a volta da Província de Buenos Aires ao seio da Confederação
Argentina. Com esse intuito, mandou em junho desse ano uma missão ao
Paraguai chefiada pelo Dr. Luis de La Peña, tendo como secretário o Sr. Julio
Victorica.31 López recebeu-a afetuosamente e mostrou-se disposto a realizar
o que havia prometido. Consubstanciaram-se as ideias em um documento
escrito e assinado por ele e por Luis Pena (LII). O auxílio do Paraguai se resu-
mia na cessão momentânea de quatro vapores para transporte de tropa e
armamento “que fosse necessário nas operações contra Buenos Aires.”
Certo dia, porém, López declara, com surpresa dos negociadores, ter
sabido que Urquiza estava perdido, que os seus planos tinham falhado e,
por conseguinte, que resolvera não mais lhe entregar os sobreditos vapores.
Havia um fundo de verdade na alegação de López, salienta Victorica;
a situação de Urquiza piorara, e o presidente do Paraguai tivera disso conhe-
cimento pelo seu serviço de informações, serviço que, conforme ele próprio
84 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

referia, lhe custava muito ouro e muita erva. Em vista desse desenlace, a Mis-
são Peña deixou Assunção, salvando en lo possible las formas oficiales, confor-
me escreveu o seu secretário.
Narrando os acontecimentos ocorridos durante as gestões, Victorica
ministra alguns pormenores dignos de reprodução, pois servem para carac-
terizar o Paraguai daquela época e o seu dominador. Este informe, por exem-
plo, não deve ser esquecido:
“Muito teria que dizer sobre a vida naquela cidade ao tempo de Carlos
López. Limitar-me-ei a recordar o célebre decreto, então vigente, que proi-
bia transitar sem lanterna, de modo que todos saíam à noite com o seu
respectivo farol; e, como em cada esquina havia uma sentinela armada que
ordenava alto, era preciso responder às perguntas de quem vive e quem é,
com estas respostas: República e republicano. E isso reproduzia-se à entrada
de cada rua.
Os que passavam pela quadra do palácio presidencial deviam cami-
nhar pelo meio da rua e de chapéu na mão. Sem embargo, os paraguaios
pareciam contentes e divertiam-se muito: com pouca coisa satisfaziam as
suas necessidades.”32
A disposição simpática de López com respeito a Urquiza provinha de
um fato anterior, que convém lembrar sem demora.
Nos primeiros dias de 1859, chegava ao Rio da Prata uma esquadra
americana de 18 navios, com 191 canhões, 257 oficiais e 2.400 soldados, ao
mando do Comodoro William Schubrick, para exigir de López satisfação pe-
los desaires que havia inflingido aos Estados Unidos da América do Norte.
López era acusado sobretudo, e com razão, de haver desrespeitado os direitos
de uma empresa americana estabelecida com o seu apoio aparente, de haver
maltratado súditos americanos e de ter repelido à bala o navio de guerra
Water Witch, quando avançava pelo Paraná e enfrentava Itapiru.
Nessa conjuntura, a sua situação era evidentemente crítica, embora
ele dissesse mais tarde que nada temera, pois dispunha de muito mais gente
do que os seus adversários.
Urquiza, naquele momento presidente da Confederação Argentina, pro-
curou orientar-se sobre o assunto e, com esse fim, entrou logo em contato com
os americanos por intermédio do General Guido. Inspirado em sentimentos
dignos de aplausos, ofereceu-se aos recém-vindos como mediador. Vendo acei-
tos os seus serviços, partiu em 12 de janeiro de 1859 para Assunção, levando
CAPÍTULO I 85

consigo um grupo de auxiliares de sua confiança. Os americanos por seu lado


mandaram com o mesmo destino um navio, o Fulton, e a bordo dele os seus
representantes. Depois de algum trabalho e de irritações contra López, que
no último instante quisera desfazer o que já tinha combinado, conseguiu Ur-
quiza harmonizar os dois contendores e, por conseguinte, evitar uma guerra
entre o Paraguai e os Estados Unidos. No dia 3 de fevereiro de 1859, chegava de
regresso a Corrientes, a bordo do vapor Tacuarí.
Era esse grande serviço de verdadeira concórdia internacional que
López pretendia retribuir nas negociações com Peña e cujo resultado foi
negativo. Como, porém, a dívida ficava de pé, compreende-se que em setem-
bro desse mesmo ano (1859), ao rebentar a guerra entre Buenos Aires e a
Confederação, ele buscasse acercar-se de Urquiza e oferecer-se por sua vez
como apaziguador dos dois grupos argentinos que se hostilizavam. Tal é a
razão por que vimos seu filho, Francisco Solano López, intervir depois de
Cepeda no tratado de união de 10 de novembro de 1859.
Bem consideradas as coisas, López nada arriscara no lance e tudo
conseguira. Não auxiliara materialmente a Urquiza, como havia prometi-
do, embora tivesse lucrado com a mediação desse último junto aos america-
nos; também não o auxiliara materialmente na jornada de Cepeda, mas
lucrara ver o seu nome associado às negociações, que não podiam deixar de
ser vantajosas para o mesmo Urquiza.
Este terminou o seu mandato como presidente da Confederação Ar-
gentina em 5 de março de 1860. Sucedeu-lhe, por escolha eleitoral, o Dr.
Santiago Derqui. Os seus anos de governo foram proveitosos ao desenvolvi-
mento da Confederação Argentina. Cuidou-se seriamente das relações exte-
riores; firmaram-se tratados com a Inglaterra, a França e os Estados Unidos,
relativamente à livre navegação dos rios Paraná e Uruguai; ajustou-se com o
Brasil o tratado de amizade, comércio e navegação de 7 de março de 1856.33
Nesse documento havia cláusulas de maior importância. Pelo artigo II, as
duas partes contratantes comprometiam-se a não apoiar direta, nem in-
diretamente, a segregação de qualquer parcela do território da outra: pelo
XIV, as embarcações brasileiras e argentinas, tanto mercantes como de guer-
ra, “poderiam navegar os rios Paraná, Uruguai e Paraguai, na parte em que
estes rios pertencessem ao Brasil e à Confederação Argentina, com sujeição uni-
camente aos regulamentos fiscais e de polícia; pelo artigo XIX, as partes con-
tratantes tomavam o compromisso, caso rebentasse a guerra entre qualquer
86 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

dos Estados do Rio da Prata, “de manter a livre navegação dos rios Paraná,
Uruguai e Paraguai, na parte que lhes pertencessem”; finalmente pelo XX
assentavam convidar o Paraguai a aderir a todas as estipulações feitas.
A mais ligeira reflexão logo mostra que as combinações do tratado de
1856 tinham importância capital, tanto para o Brasil como para a Argenti-
na, e levavam em consideração os acontecimentos que porventura se pudes-
sem desdobrar no Prata. Providenciando sobre a integridade dos territórios
e a navegabilidade dos grandes rios mesmo em um caso de guerra, revela-
vam os dois governos contratantes visão larga e sabiamente previsora de um
futuro não muito remoto.
Embora a Província de Buenos Aires se houvesse de novo reunido às
suas irmãs, qualquer espírito conhecedor da situação e dos seus antecedentes
estaria habilitado a afirmar com segurança que a harmonia momentanea-
mente conseguida não poderia durar largo tempo. De fato, como lhe seria
possível admitir fosse outra cidade que não a sua metrópole a sede do governo
da Confederação? Não só razões históricas, senão também econômicas, pa-
tenteavam caber-lhe essa honra, e contra essa fatalidade teriam de ser inefica-
zes todas as medidas de caráter político. A própria questão partidária não esta-
va terminada; a sujeição de Buenos Aires pela força das armas ao conjunto da
Confederação aparecia aos unitários como um derradeiro resquício de derrota.
Em fins de 1860, rebenta o esperado conflito.
Como Virasoro, governador da província de S. Juan, fora assassinado,
o Governo nacional resolveu nomear o Coronel Juan Saa interventor na mes-
ma província. Quando ele se apresentou à frente de tropas, que em caminho
havia reunido, os detentores do poder na província conflagrada não quise-
ram entregar-lhe; foi mister apelar para as armas; feriu-se então a Batalha de
Pocito, em 11 de janeiro de 1861, em que o referido interventor ficou vitorioso
e aprisionou o Dr. Aberastain, governador recalcitrante (LIV). Infelizmente,
no dia seguinte, era este último fuzilado, por ordem do Coronel Clarevo, a
quem estava entregue. Mitre, e com ele todo o país, protestou contra a tão des-
necessária iniquidade (LV).
Era a primeira fagulha.
A segunda gerou-se do não reconhecimento dos deputados de Buenos
Aires ao Congresso Nacional do Paraná sob o fundamento de haverem sido
eleitos pela lei provincial e não pela da Confederação. Mitre achou que a
exigência importava humilhação e por isso negou-se a respeitá-la. Começa-
CAPÍTULO I 87

ram logo os preparativos para a guerra. Buenos Aires suspendeu o subsídio


de um milhão e meio de pesos papel, que por acordo anterior ministrava ao
Governo do Paraná.
Mitre e Urquiza enfrentam-se de novo em batalha campal. Em 17 de
setembro de 1861, trava-se a peleja em Pavón (Província de Santa Fé). Uma
vez terminada, ambos se gabavam vencedores nos documentos oficiais. Po-
rém, enquanto Urquiza, ao parecer desanimado, se retira para Entre Ríos,
com muitos dos seus soldados que não haviam combatido, Mitre avança até
Rosário. O Presidente Derqui, por seu lado, sentindo-se sem elementos ma-
teriais de resistência, abandona o seu posto e expatria-se voluntariamente
dirigindo-se a Montevidéu.
Mitre e, portanto, Buenos Aires ficam senhores absolutos da situa-
ção. Cabia-lhe sem dúvida fazer o que fez, isto é, assumir provisoriamente a
direção de toda a República Argentina.
Em 25 de maio de 1862, reuniu-se um congresso eleito por todo o país.
Nele se determinou, como era de esperar, que as autoridades nacionais teri-
am por assento, embora provisoriamente, a cidade de Buenos Aires.
Era a conquista do último objetivo.
Logo depois as urnas eleitorais designavam para presidente da Re-
pública o mesmo Mitre e para vice-presidente Marcos Paz. Em 12 de outu-
bro de 1862, ambos entravam no exercício de seus novos cargos.
Tal é a razão por que encontraremos Mitre à frente da Argentina
quando iniciarmos a guerra contra o Governo do Paraguai.

Ainda as relações do Brasil com o Paraguai — novos esforços para a


obtenção de tratados, notadamente de limites

Já mostrei quais os esforços feitos pelo Império para conservar as me-


lhores relações de amizade com a República do Paraguai. Em todas as nego-
ciações entabuladas por ele no Rio da Prata, jamais se olvidou de tomar em
consideração a sua vizinha, notadamente nas combinações levadas a efeito
para a ação comum contra Rosas.
É difícil dizer quais os sentimentos reais quer de Francia, quer de Carlos
López, relativamente ao Brasil. Tudo induz a acreditar que variaram conso-
ante os diversos acontecimentos, embora sempre entranhassem um fundo
permanente de hostilidade. Quaisquer que fossem, porém, é fora de toda a
88 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

dúvida que teriam de manifestar-se claramente logo que o Império buscasse


resolver de modo definitivo as duas questões capitais que pretendiam o Bra-
sil e o Paraguai, a saber: a questão da linha de limites e a da navegação do Rio
Paraguai e do Paraná.
Já mencionei o tratado de limites, comércio e navegação, pactuado por
Pimenta Bueno, em 17 de outubro de 1844, e que o Império não sancionou.
Logo depois a Missão Gelly (1847) propunha como linde, conforme
vimos, o Rio Paraná até o Salto Grande e daí uma linha até o cume da Serra
Amambaí, linha que seguiria pelo cume da Serra Maracaju até as vertentes
do Rio Branco (artigo 5o).
Como nada disso foi aceito, permaneceram as coisas no mesmo pé de
indeterminação.
Em 1850, mandou o presidente de Mato Grosso ocupar o Fecho dos
Morros, ou Pão de Açúcar, e levantar nele uma fortificação, em 29 de junho.
Não se conformando com isso, o Governo do Paraguai ordenou a
expulsão dos que considerava intrusos. No dia 14 de outubro de 1850, uma
expedição paraguaia de 800 homens atacava cerca de 25 brasileiros que guar-
davam a posição e dela os expulsava (LVI). Antes disso, porém, já o Gover-
no imperial, desejoso de evitar conflito naquele grave momento de suas
relações internacionais, tinha ordenado ao Presidente de Mato Grosso a
retirada do minúsculo destacamento brasileiro. Havia uma negociação pen-
dente entre os dois países e ia começar a luta contra Rosas. O Brasil tinha,
pois, todo o interesse em evitar desavenças.
Relativamente a esse assunto, escreveu Rio Branco:
“A intitulada vitória do Pão de Açúcar foi alcançada por 800 para-
guaios contra uma guarda brasileira de 25 homens, que se retirou comba-
tendo, em 14 de outubro de 1850. Perdemos um oficial e oito soldados. O
Governo imperial contentou-se com a explicação dadas por Carlos López,
que então era nosso aliado. Em sua retirada, o pequeno destacamento, co-
mandado pelo Alferes F. Bueno da Silva, foi protegido pelos índios guaicurus,
dirigidos pelos capitães Lixagota e Lapagate, e pouco depois os mesmos
índios, incorporados à guarda que saía do Pão de Açúcar, apoderaram-se
por surpresa do forte paraguaio denominado Olimpo ou Bourbon.
Enquanto estes índios — diz Ferreira Moutinho na sua Notícia sobre a
Província de Mato Grosso (S. Paulo, 1869, 1o volume) —, às ordens do Capi-
tão J. J. de Carvalho (LVII), vingavam a afronta feita ao destacamento bra-
CAPÍTULO I 89

sileiro (a mais brilhante ação da Província de Mato Grosso, pelo resistência


tenaz que opuseram 25 homens contra mais de 400), um cacique da mesma
tribo, o Capitão Quidanani, invadia por Miranda o Paraguai e no Apa toma-
va aos agressores gados, cavalos etc. Esses fatos deram lugar a que o governo
descansasse e os cuiabanos se julgassem garantidos, por acreditarem que os
guaicurus sós poderiam repelir qualquer ataque do Paraguai.”
Rio Branco continua:
“No protocolo da conferência de 12 de março de 1856 (anexo ao relató-
rio do Ministro de Negócios Estrangeiros de 1856) entre os plenipotenciários
Visconde do Rio Branco e Berges, encontram-se os seguintes trechos relativos
ao incidente do Pão de Açúcar: O presidente de Mato Grosso não entendeu
bem as recomendações da Legação Imperial e julgou que, reduzida aquela
guarnição a 25 homens, satisfazia ao Governo da República. Este duvidou
sempre, segundo se deve crer, que o pedido da legação fosse atendido pelo
presidente e mandou a expedição que teve o conflito com a guarda brasileira.
Eis, pois, como se deu o fato. Procedeu de um ato do presidente de Mato
Grosso, fundado sim em uma ordem do Governo imperial, mas ordem anti-
ga, que não tinha sido renovada, nem era intenção do mesmo Governo impe-
rial levar a efeito em tais circunstâncias. Então achava-se pendente uma ne-
gociação entre os dois governos, a qual compreendia o reconhecimento dos
respectivos limites, e ia abrir-se a luta contra o General Rosas, cuja causa ganha-
ria com a divisão e rompimento entre seus adversários. Se não fossem essas
circunstâncias, acrescenta o Sr. Visconde do Rio Branco, o Governo imperial
não toleraria, como tolerou, o ato de força do Governo da República, e o represen-
tante do Império na Assunção, dando os passos conciliatórios que deu, não deixou
de ressalvar o direito do Império àquele ponto e ao território que lhe é contíguo.”
Em seu livro intitulado Apontamentos para o Direito Internacional,
ministra Antônio Pereira Pinto outros informes que merecem ser conheci-
dos do leitor.
“Como o Paraguai” — diz ele — “quis posteriormente tirar argumento
dessa agressão no Pão de Açúcar a favor de suas pretensões ao território além
do Apa, inculcando que o Brasil nem reagiria contra ele, nem deixaria por isso
de celebrar o tratado posterior de dezembro de 1850, no qual não se faz re-
ferência ao dito fato, é urgente ponderar que, pela nota de 27 de fevereiro de
1850, o ministro do Brasil em Assunção, Conselheiro Pedro de Alcântara
Bellegarde, assim se expressava (LVIII): O abaixo assinado etc., desde que teve
90 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

notícia de que este governo armava uma expedição com o fim de atacar o novo
forte que se diz estarem construindo os brasileiros no lugar denominado Fe-
cho dos Morros, tem buscado dissuadir o Governo da República de um ato que,
além de hostil, compromete e dificulta grandemente um arranjo definitivo das
questões que se agitam nesta parte do mundo.” Propunha em seguida que o Gover-
no do Paraguai adiasse qualquer hostilidade antes de entender-se o ministro
com o presidente de Mato Grosso para a desocupação do porto, e que obtida ela
as forças paraguaias da expedição, voltassem aos seus antigos destinos. Responden-
do aquele presidente pela negativa, estribado na ordem anterior do Ministério
da Guerra e a despeito dos conselhos da Legação Brasileira em Assunção para
que se aguardasse a tal respeito uma solução do gabinete imperial, o Paraguai
ordenou o conflito. O chefe daquela legação queixou-se ao presidente da Re-
pública pela realização de tal atentado, e não querendo provocar um rompi-
mento dos dois países em circunstâncias tão críticas, resolveu fazer uma via-
gem à Província de São Pedro do Sul para aguardar as ordens de seu governo.
“Aí recebeu as Instruções que o incumbiam de celebrar o tratado de
1850, bem como a ordem para a evacuação do Pão de Açúcar expedida anteri-
ormente à notícia da citada agressão. Voltando a seu posto e comunicando ao
Governo do Paraguai, por nota confidencial de 26 de dezembro de 1850, aque-
la desocupação até que se decidissem as dúvidas que ocorriam sobre limites ao
norte da República com a província de Mato Grosso, acrescentava: “E convencido
o abaixo assinado de que esta ordem, sem prejudicar em nada os direitos do
Brasil, concorra poderosamente para manter a boa inteligência e harmonia
entre os dois países, amigos e ligados por tantos interesses recíprocos, passa a
remeter a referida ordem a Cuiabá e a participar ao Governo imperial o pací-
fico desfecho daquela passageira desinteligência”.”
Em 1852, o Paraguai renova propostas ao Rio, por intermédio do seu
Cônsul Manuel Moreira de Castro (LIX). Sugere sempre a ideia da neutrali-
zação da zona entre o Apa e o Branco, e este último rio como parte da raia
setentrional. O Império resiste; continua firme nas suas ideias; deseja esta li-
nha: Iguatemi, Serra de Maracaju e Apa, e disso faz sabedor o Governo pa-
raguaio por intermédio do agente diplomático em Assunção, Filipe José Perei-
ra Leal. O seu desejo era aproveitar a vigência do art. 15 do tratado de 25 de
dezembro de 1850, em que se previa a nomeação de plenipotenciários para
finalizar as duas graves questões pendentes. Mas López protelava o desenlace.
Compreendendo quanto urgia para nós a livre navegação dos rios, única
CAPÍTULO I 91

saída para Mato Grosso, jogava com essa circunstância declarando nada com-
binar sobre limites sem acordo prévio no tocante ao livre trânsito fluvial. E,
quando convidado para resolver o primeiro ponto, formulava sobre ele exi-
gências a que não podíamos submeter.
“O Governo imperial” — dizia o Ministro dos Estrangeiros Limpo de
Abreu, no seu relatório à Assembleia-Geral, em 1855 — “facilitou a aceita-
ção deste último ajuste (de limites), fazendo ao da República as mais amplas
propostas e fundando o seu direito em títulos que não podiam ser contesta-
dos; mas não pôde chegar a um acordo nessa questão, de cuja solução fazia
dependente o Governo da República quaisquer outros ajustes, em vista das
pretensões absolutamente inadmissíveis do mesmo governo.”
Em 1853, sobreveio um grave incidente entre Carlos López e o encar-
regado de negócios do Império em Assunção, Filipe José Pereira Leal (LX).
No decorrer de uma entrevista dos dois, López, traindo a linha de um chefe
de governo e sobretudo de homem bem educado, tratou desatenciosamente
o representante brasileiro. Em nota de 10 de agosto de 1853, imputou-lhe
fatos inverídicos e acusou-o de dedicar-se a intrigas e a imposturas por ódio
ao supremo Governo do Estado. Rematou todas essas agressões intempestivas
e injustificáveis mandando-lhe os seus passaportes.
“Quando o encarregado de negócios Filipe José Pereira Leal” — refere
Limpo de Abreu no já citado relatório — “instava pelo cumprimento das
obrigações expressas e solenemente contraídas pelo Governo do Paraguai,
mandou-lhe este os seus passaportes por um modo violento e insólito, pre-
textando ofensas e agravos que não existiam, e nunca poderiam justificar se-
melhante procedimento e seus efeitos. Assim é que os ajustes sobre comércio,
navegação e limites ficaram adiados indefinidamente e trancados os rios da
República à navegação brasileira.”
É óbvio que o Império não podia tragar sem protesto semelhante afron-
ta. Daí a sua resolução, que pôs em obra sem demora, de mandar ao Paraguai
um novo representante, mas amparado em força militar para se impor ao
respeito de Carlos López.

Missão do Chefe de Esquadra Pedro de Oliveira

No dia 10 de dezembro de 1854, zarpou, com esse objetivo, do Rio de


Janeiro para o sul uma expedição naval, sob o comando do Chefe de Esquadra
92 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Pedro Ferreira de Oliveira. A fragata Amazonas servia-lhe de navio-chefe; as


embarcações restantes eram: a fragata Jequitinhonha, as corvetas Magé,
Viamão, Beberibe, Berenice e Imperial Marinheiro e os vapores e escunas
Ipiranga, Camaquã, Tonelero, Tibagi e Maracanã (LXI). Ia também um ba-
talhão do exército sob o comando do Tenente-Coronel Francisco Vítor de
Melo e Albuquerque (LXII).
“A missão de Ferreira de Oliveira” — declarou o Visconde do Rio Bran-
co da tribuna do Senado, em julho de 1862 — “era obter satisfação da ofensa
feita ao Império na pessoa do seu representante e o reconhecimento do nosso
direito à livre navegação, ao simples trânsito pelo Rio Paraguai, quando não
fosse possível chegar imediatamente a um ajuste satisfatório, tanto a respeito
da navegação e comércio recíproco como a respeito da questão de limites.”
“Logo que o Presidente Carlos Antonio López” — narra Gregorio
Benites — “teve conhecimento de que a esquadra brasileira já se encontrava
em Corrientes com direção ao Paraguai, ordenou a evacuação imediata do
acampamento militar do Passo da Pátria e sua mudança para Humaitá. O
exército, forte de 6.000 homens das três armas, moveu-se do seu antigo acam-
pamento às 8h da manhã de 4 de fevereiro e chegou a seu destino ao meio-
dia (LXIII).
“Humaitá era então uma simples guarda fluvial, em que um oficial e
20 homens ficavam destacados cada semana. Logo que o exército chegou ao
seu novo acampamento, o Chefe do Estado-Maior Coronel Venceslau Robles,
mais tarde general, ordenou a derrubada do mato (?) e a limpeza de toda a
localidade, a fim de nela estabelecer os quartéis do exército.
“Poucos dias depois chegava de Assunção o General em Chefe do Exér-
cito, Francisco Solano López. Sem perda de tempo e com a ajuda do Coronel
Wisner, procedeu à demarcação de todas as baterias, que se construíram
rapidamente na barranca do rio. O exército trabalhou nessas obras de dia e de
noite, revezando-se os corpos das diversas armas até que as baterias ficaram
prontas para entrar em ação. Todas tinham grelhas subterrâneas (parrillas)
com balas caldeadas, à espera da esquadra imperial, que era então de madei-
ra e já havia lançado âncoras nas Três Bocas.”
Vê-se, portanto, que López não se descuidava de precatar-se na medi-
da dos seus recursos.
O Chefe de Esquadra Pedro de Oliveira chegou a Montevidéu em 15 de
dezembro de 1854, em 22 de janeiro de 1855 deixou essa cidade e seguiu para
CAPÍTULO I 93

Buenos Aires, no dia 25 zarpou de Buenos Aires, em 12 de fevereiro aportou


à capital de Corrientes e em 18 continuou para as Três Bocas, que alcançou
às 11h e meia da manhã de 20.
Ao aproximar-se de Cerrito, recebeu um ofício do Comandante da
Polícia do Rio Paraguai, em que este lhe declarava “que não haveria inconve-
niente algum em sua subida até Assunção, uma vez que se dirigisse em missão
pacífica e diplomática, e neste caso convidava-o a que fizesse conhecer, por
uma nota ao ministro das Relações Exteriores da República, o seu caráter
político, como era de estilo em tais casos.”34
O chefe da força brasileira dirigiu-se por escrito ao ministro das Rela-
ções Exteriores, comunicando-lhe a natureza da sua missão e mais que “se
findo o prazo de seis dias, não obtivesse resposta, seguiria para Assunção”.
O Ministro José Falcón respondeu estranhando o aparato belicoso
com que se apresentava o representante do Império.
“Semelhante forma de missão diplomática” — disse ele — “quando lhe
não procede reclamação alguma a que o Paraguai tivesse desatendido, é
insólita, injuriosa, ofensiva e humilhante sem necessidade.”
Mas ajuntava depois:
“Suposto que com o simples apresto e armamento se fazem já ao Go-
verno paraguaio e à República uma injúria e ofensa gravíssima, S.Exa. o Sr.
Presidente da República, cedendo aos desejos que o animam de conservar
relações amigáveis benévolas com o Brasil, se esquece dessa injúria e está
pronto a receber V.Exa. e a entrar em uma discussão em negociação pacífica,
se V.Exa. quiser mandar sair para fora das águas da República a esquadra do
seu comando e subir a Assunção no navio que o conduz, na inteligência de
que esta concessão se faz em favor de V.Exa. por considerações particulares
para com o Império.”
Pedro de Oliveira submeteu-se, “para dar prova dos sentimentos pací-
ficos e conciliatórios que o animavam”.
No dia 14 de março, chegava a Assunção e dava início à missão de que
estava encarregado.
Tratou primeiro de liquidar o incidente ocorrido com o encarregado
de negócios do Brasil Filipe José Pereira Leal.
Trocou ideias com o ministro dos Estrangeiros da República. Não se
satisfez, porém, com as explicações dadas por ele “de que estava longe do
pensamento do presidente querer ofender no menor ponto a alta dignidade
94 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

e decoro de Sua Majestade o Imperador, nem romper ou alterar as relações


amigáveis entre os dois governos”.
Afinal concordou em que essas mesmas explicações seriam aceitas, mas
completadas com uma salva de 21 tiros dados à bandeira brasileira arvorada
em terra e com a publicação, em um dos jornais do país, “da maneira honro-
sa e amigável para ambos os governos pela qual se punha termo à desin-
teligência procedente da despedida do encarregado de negócios do Brasil.
E assim se fez. O Governo paraguaio deu a salva de 21 tiros ao pa-
vilhão brasileiro; mas, afirma Benites, arvorado em terra ao lado do pavi-
lhão paraguaio.
Terminada essa fase preliminar, Pedro de Oliveira começou as negoci-
ações para a formulação de um tratado.
Durante esse período, o plenipotenciário do Governo da República,
General Francisco Solano López, usou da tática já conhecida de subordi-
nar a questão do livre trânsito fluvial à de limites e manteve-se reservado
quanto a esta.
Pedro de Oliveira opinou que se tomasse por base o uti possidetis e
propôs esta linha divisória:
“O território do Império do Brasil divide-se do da República do Para-
guai pelo Rio Paraná, desde onde começam as possessões do Brasil, e por ele
acima até a foz do Iguatemi, seguindo por esse rio acima e pelo seu galho princi-
pal (deixando ao norte o seu confluente o Escopil) até as suas mais altas
vertentes e daí pela linha mais curta a procurar o alto da Serra de Maracaju,
que divide as águas do Paraná das do Paraguai.
Segue pelos cumes da dita serra, sendo as vertentes deste do Brasil e as
de oeste do Paraguai, até chegar às primeiras vertentes do Apa; desce por esse
rio até a sua confluência com o Paraguai, desde onde a margem esquerda ou
oriental pertence ao Brasil e a direita ou ocidental à República do Paraguai.
Da confluência do Apa segue pelo Paraguai acima até a Baía Negra,
onde as possessões do Brasil ocupam ambas as margens do Paraguai.35
O plenipotenciário paraguaio aceitou a base do uti possidetis e expôs o
seu ponto de vista sobre o mesmo, porém de modo que dava a entender não
estar de acordo com a raia proposta.
Em nota de 18 de abril de 1855, disse-lhe Pedro de Oliveira:
A inteligência do uti possidetis está definida, é precisa, é inalterável,
à vista da descrição da linha proposta pelo Governo do Brasil.
CAPÍTULO I 95

Entretanto, S.Exa., não aceitando, ao que se vê, a linha do projeto, ofe-


rece para o uti possidetis uma inteligência que o abaixo assinado não pode
admitir, porque ela não resolveria as questões e, pelo contrário, faria reviver
as que outrora se deram entre Espanha e Portugal, e outras de natureza seme-
lhante. Entendendo, portanto, o abaixo assinado que a linha de limites pro-
posta pelo Governo imperial não é aceita pelo Sr. Plenipotenciário do Gover-
no do Paraguai, certifica a S.Exa. de que não pode admitir outra, porque
acredita que o Governo do Brasil, como o tem declarado, propondo essa
linha dá provas de que tem o sincero desejo de resolver uma questão, cuja
solução não pode ser adiada por mais tempo sem prejuízo de graves interesses.
Nessa inteligência o abaixo assinado julga dever dar por concluída a questão
sobre o tratado de limites, sem negar-se, todavia, a prosseguir nela verbal-
mente, se porventura V.Exa. anuir a que a linha divisória seja aquela que está
descrita no projeto. No caso, porém, de não anuir S.Exa. à adoção da linha
proposta, o que o abaixo assinado espera saber na primeira conferência que
tiver com S.Exa., levará esse fato ao conhecimento do Governo imperial. E,
como o adiamento dessa questão não deve prejudicar a discussão e a adoção
do tratado de comércio e navegação, o abaixo assinado espera que S.Exa. se
prestará ao convite que já teve a honra de fazer-lhe, a fim de que ao menos
nesse ponto fiquem resolvidas as questões pendentes.”
Francisco Solano López recusou a linha proposta pelo Brasil, mas con-
sentiu em abordar o estudo do trânsito fluvial.
Em 27 de abril de 1855, ambos os plenipotenciários assinaram um tra-
tado de amizade, comércio e navegação.
Se tudo ficasse nisso, teria o Império alcançado pelo menos uma vitória
parcial; mas além desse tratado os plenipotenciários firmaram, no mesmo
dia, uma convenção adicional em que se encontram estes artigos:
Art. 1o– A questão de demarcação dos limites entre o Império do Brasil e
a República do Paraguai fica aprazada para o termo de um ano, dentro do qual
ou antes, se possível for, se ajustará e concluirá o mencionado tratado de limites.
Art. 2o – O tratado de limites aprazado no artigo antecedente para o
termo de um ano será ratificado e sua ratificação será tomada ao mesmo tempo
que a do tratado de amizade, comércio e navegação desta data, de modo que não
poderá ratificar-se e fazer-se a troca das ratificações de um sem a do outro.
A convenção adicional era um freio anulador do que se havia consegui-
do. López aparentava ceder, mas tomara as providências necessárias para
96 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

fazer mais tarde o que lhe aprouvesse. Em nota de 8 de julho de 1855, José
Maria da Silva Paranhos, então Ministro das Relações Exteriores, comuni-
cou a José Falcón, seu colega paraguaio, que o Imperador não ratificava o
tratado de 27 de abril.
Nesse documento, assim se expressou Paranhos:
“O tratado de amizade, comércio e navegação, assinado na capital da
República pelos respectivos plenipotenciários, em 27 de abril do corrente
ano, seria aceito e ratificado por Sua Majestade o Imperador se pela cláusula
do art. 21 e pela convenção adicional da mesma data não ficasse dependente,
para a sua validade e efeitos, da solução das questões de limites.
Essa questão continua pendente, e o Governo da República nem se-
quer adiantou um só passo para a sua solução.
O Governo imperial espera e solicita que o da República envie quanto
antes um plenipotenciário à Corte do Rio de Janeiro, com as instruções con-
venientes para chegar a um acordo que ponha termo à questão de limites já tão
demorada, e que pode ser causa de desagradáveis dissenções entre os dois países.”
Ainda que pese ao patriotismo brasileiro, cumpre confessar ter sido um
desastre a missão de Pedro de Oliveira. Não quisemos, e a meu ver com razão,
recorrer a medidas de violência. Mas então por que nos apresentarmos na
boca do Rio Paraguai com aquela ostentação de força? López compreendeu
sem detença os verdadeiros sentimentos pacíficos que nos inspiravam e por
isso divertiu-se à nossa custa.
Buenos Aires e a Confederação Argentina levantaram dúvidas sobre
o trânsito da expedição Pedro de Oliveira sem licença prévia. Fácil, porém,
foi ao Império demonstrar que os tratados de 1851 não se opunham ao
referido trânsito, antes o facultavam.

Negociações de Berges e Paranhos

Acedendo a uma sugestão do Brasil, mandou Carlos López ao Rio de


Janeiro o seu Ministro das Relações Exteriores, José Berges, para se ocupar
das mesmas questões junto ao Governo imperial.
Em março de 1856, estava o representante do Paraguai na capital do
Império. Começaram as negociações, nas quais foi o Brasil representado
pelo Visconde do Rio Branco. Depois de largo debate, concluiu-se e assi-
nou-se no dia 6 de abril um tratado de amizade, navegação e comércio e uma
CAPÍTULO I 97

convenção, pela qual se estipulou a nomeação, dentro do prazo desse tra-


tado, “de novos plenipotenciários que examinassem e conhecessem definiti-
vamente a linha divisória dos dois países”.36 (LXIV)
“Sente o Governo imperial” — escreveu o Conselheiro José Maria da
Silva Paranhos — “que o ajuste de limites não fosse definitivo e o resultado
lógico e irrecusável da discussão que o precedeu. Não dependeu, porém,
esse justo acordo de alguma concessão razoável e possível que de nossa
parte se recusasse. Até onde a moderação, a equidade, todas as considera-
ções que nos deve merecer a República permitiram chegar, chegou o pleni-
potenciário brasileiro para decidir de uma vez essas seculares e tão desa-
gradáveis questões.”
O Governo imperial ofereceu a mesma proposta que iniciara em 1853
e reiterara em 1854 e 1855.37 Demonstrou até à evidência que essa proposta
era a maior concessão que podia fazer à República, a prova mais assinalada
dos desejos que tem constantemente manifestado de estabelecer sobre base
sólida, e de um modo justo e honroso, as relações de amizade e a reciproci-
dade dos interesses dos dois países.”38
Com o tratado de 6 de abril, o Império parecia vitorioso. Abria-se a
navegação do Paraná e do Paraguai, que apenas ficava restringida para o
navio de guerra (o máximo dois, juntos ou separados). López, porém, con-
seguiu desenhar essa fenda, por onde depois romperia tudo, como rompeu:
“Art. 6o – Fica entendido que cada uma das duas altas partes contra-
tantes se reservam o direito de adotar, por meio de regulamentos fiscais e
policiais, as medidas convenientes para evitar o contrabando e prover a sua
segurança, obrigando-se ambas a sustentar como base de tais regulamentos
as que forem mais favoráveis ao melhor e mais amplo desenvolvimento da
navegação para a qual for estabelecidos.”
Escudado nesse artigo, López baixou, sem perder tempo, regulamentos
especiais para a navegação fluvial, visando claramente o Brasil. O primeiro
(15 de julho) impunha práticos paraguaios recebidos em Assunção quando
remontássemos o rio para Mato Grosso. O segundo (10 de agosto) obrigava-
nos a tocar nos postos militares de Cerro Ocidental e Forte Olimpo e a sofrer
uma inspeção demorada. O terceiro formulava providências sanitárias.
“As medidas adotadas pela República” — declarava Rio Branco — “sem
que precedesse acordo algum com o Governo imperial não contrariam só a
letra e espírito do tratado de navegação e comércio, ofendem igualmente a
98 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

convenção preliminar de limites, visto como pressupõem um direito que


não tem a República, de exclusiva jurisdição nas águas do Rio Paraguai que
correm entre o Forte Olimpo e o Apa.”
O Império protestou logo em nota diplomática (26 de janeiro de 1857)
e confiou ao Ministro brasileiro junto à Confederação Argentina, José Ma-
ria do Amaral, a apresentação das justas reclamações contra o Governo do
Paraguai. Como esse operoso brasileiro nada conseguisse em Assunção, re-
solveu mandar em missão especial ao Paraguai o Visconde do Rio Branco,
negociador brasileiro do tratado de 6 de abril de 1856.

Missão Rio Branco ao Paraguai

As disposições do Império eram as mais pacíficas possíveis. Desejava


remover as dificuldades, fazer compreender a López a injustiça das suas me-
didas, sofismadoras do Tratado Berges-Rio Branco e nenhum fundamento
de suas suspeitas quanto a quaisquer agressões do Brasil; mas afastava por
todos os meios a ideia da guerra.
“Não é duvidoso para o Governo imperial” — dizia nas instruções a
Rio Branco — “o triunfo de nossas armas em uma luta com o Paraguai, atentas
as forças de que podemos dispor; a guerra, sem embargo, deve ser o último
recurso entre povos civilizados. É esta a política que o Governo imperial
seguirá sempre em todas as questões internacionais. Proceder de outro modo
para com o Paraguai seria não só uma aberração inexplicável dessa política,
senão também uma prova de vacilação já nos princípios que determinaram
o Governo imperial a promover a independência deste Estado, já na aprecia-
ção dos interesses comuns que existem entre ele e o Brasil.”
Em caminho para o Paraguai, deteve-se o Visconde do Rio Branco na
cidade do Paraná, capital da Confederação Argentina, e aí assentou com
essa última (20 de novembro de 1857) uma convenção sobre navegação
fluvial, que completava as estipulações do tratado de 7 de março do ano
anterior (1856). O artigo primeiro desse documento assegurava a livre na-
vegação dos rios Uruguai, Paraná e Paraguai.
Em 14 de dezembro de 1857, também se firmou na cidade do Paraná
um tratado de limites entre o Brasil e a Confederação.
O Visconde do Rio Branco chegou a Assunção nos primeiros dias de
janeiro de 1858; em 13 desse mês foi recebido oficialmente. Achou López
CAPÍTULO I 99

prevenidíssimo contra o Brasil e contra a Confederação Argentina. Ao con-


vite do representante dessa última para aderir à convenção de novembro de
1857, retrucou López “não lhe ser possível subscrever estipulações que legis-
lam acerca do território fluvial da República, sem que esta fosse convidada,
nem consultada.”
Hoje sabemos quase com absoluta certeza os fundamentos dessa atitu-
de. López estava na firme convicção de que o Brasil e a Confederação Argen-
tina se haviam secretamente associado para agredir a República do Paraguai.
O Sr. Mariano Olleros, talentoso escritor paraguaio, teve a feliz ideia
de publicar (1905), no seu livro intitulado Alberdi, várias cartas de Francis-
co Solano López, extraídas de um copiador deste, que um amigo lhe propor-
cionou. São documentos íntimos e por isso mesmo de inestimável valor;
põem a descoberto os mais recônditos recessos da alma desse verdugo do
povo paraguaio. Nelas refere Francisco Solano a recente chegada de Rio
Branco, a repulsa do Paraguai à Convenção de novembro do ano preceden-
te e a sua crença em uma “aliança de armas entre a Confederação e o Brasil”.
Rio Branco não era, todavia, homem que se atemorizasse no cumpri-
mento dos seus deveres; meteu ombros à tarefa e levou-a a termo nas melho-
res condições que o tempo e o meio lhe facultavam. Em 12 de fevereiro de
1858, firmava a convenção sobre a verdadeira inteligência e prática do tratado
de amizade, navegação e comércio de 6 de abril de 1856 (LXV).
Nele se declara a liberdade de navegação dos rios Paraguai e Paraná
para o comércio de todas as nações até os portos já abertos ou que se abrissem,
e a mesma liberdade para os navios de guerra do Paraguai e do Brasil, sendo
que no Rio Paraguai só três navios de guerra (a vela ou a vapor, juntos ou
separados) poderiam transitar nas águas de cada Estado.
A questão de limites ficou adiada.
Historiando essas negociações, disse o mesmo visconde no Senado
(sessão de 11 de julho de 1862):
“Quando cheguei a Assunção, Senhor Presidente, todas as disposições
do Governo paraguaio eram bélicas. À minha aproximação tinha havido
um grande exercício militar no acampamento de Humaitá; pouco depois da
minha chegada houve um exercício de fogo entre as tropas da guarnição
da cidade. Não me deixei, porém, impressionar por essas aparências; mos-
trei-me superior a tais demonstrações; mantive-me com prudência, mas com
firmeza e dignidade do meu posto e sustentação dos direitos do Império.
100 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

À primeira entrevista que tive com o chefe da República do Paraguai e


com os seus ministros, ouvi que não era provável um acordo amigável, aten-
tas as minhas declarações; todavia retirei-me, não persuadido de que o acordo
era possível, mas sem desesperar de que chegássemos a esse resultado.
Apresentando um projeto de convenção fluvial, análogo ao que tínha-
mos celebrado com a Confederação Argentina, o Governo paraguaio, pelo
órgão do seu plenipotenciário, formulou um contraprojeto. Seguiu-se uma
larga discussão, de que os protocolos dão apenas uma ideia sucinta.
Dei conhecimento muito minucioso ao Governo imperial de toda
essa discussão e seus incidentes, e pelo que é notório, e algum dia melhor se
verá nos documentos, a que aludo, a dignidade e interesse do Governo do
Império foram mantidos com toda a prudência e moderação, sim, mas
sem que sofressem a mais ligeira ofensa. Cheguei à convenção de 12 de feve-
reiro de 1858.
O que é a convenção de 12 de fevereiro de 1858? O nosso fim era obter
de fato a livre navegação do Rio Paraguai; por outros termos, conseguir a
revisão dos regulamentos paraguaios, e sua substituição por medidas que
garantissem aquele direito, prevenindo iguais desinteligências. A conven-
ção de 12 de fevereiro os revogou e substituiu completa e satisfatoriamente.
Os regulamentos paraguaios impunham ônus pecuniários aos nossos
navios, obrigavam-nos a uma escala forçada, tocando em diversos portos
do litoral da República, a várias formalidades, todas elas vexatórias; tudo
isso desapareceu pela convenção de 12 de fevereiro.
Como dizia, Sr. Presidente, fiz aberturas para resolver a questão de
limites; não foi possível, porém, apesar dos esforços que empreguei, entabolar
uma negociação formal (nem era este, repito, o objeto essencial da minha
missão; este estava conseguido); vi que nenhum resultado obtinha, e o Go-
verno paraguaio terminou dizendo: a questão está adiada; respeitemos o
nosso acordo de adiamento.”
É nessa situação de lindes ainda não bem determinados que a Guerra
da Tríplice Aliança nos vai surpreender anos depois.

Ascensão de Francisco Solano López

No dia 10 de setembro de 1862, Carlos López falecia, após um gover-


no, ou melhor, um reinado absoluto de cerca de 20 anos. Substituiu-o inte-
CAPÍTULO I 101

rinamente seu filho Francisco Solano López, que ele próprio havia desig-
nado de antemão, em testamento, para seu sucessor. Logo depois, o Con-
gresso confirmava por eleição a previdente escolha paterna. Daí o conceito
de Alberdi:
“O atual presidente do Paraguai recebeu o poder por testamento pa-
terno. A vontade livre e uniforme do Paraguai, consultada mais tarde, man-
teve o referido poder nas mãos em que o finado presidente a tinha deixado
em sua última vontade e em que se encontrava quando o voto a confirmou.”
Mariano Olleros escreve:
“Na noite de 10 de setembro de 1862, Carlos Antonio mandou cha-
mar por um ajudante do General López, o presbítero Fidel Maiz, que se
encontrava no Seminário Conciliar. Carlos Antonio havia-se confessado
com o Deão da Catedral, Deodoro Escobar, mas desejou que o Padre Maiz
lhe prestasse os últimos auxílios espirituais.
Quando o sacerdote concluiu a sua missão, o enfermo mostrou-se
tranquilo e, dirigindo-se a seu filho Francisco, ali presente, disse-lhe:
Há muitas questões pendentes a ventilar; não trate, porém, de resolvê-
las com a espada, senão com a pena, principalmente com o Brasil.”39
O Padre Maiz estava ainda vivo quando Olleros referiu este pormenor
(1905) e deu-se pressa em confirmar a frase final atribuída a Carlos López.
Ajuntou ainda: “O general guardou efetivamente silêncio, nada res-
pondeu ao pai, que, depois de falar, também não tornou a pronunciar
palavra. Momentos depois fez movimentos levemente convulsivos, pre-
cursores imediatos do desenlace fatal da vida. Não tardou em exalar o
último suspiro.”
Cecilio Báez — historiador paraguaio — afirma que durante o tem-
po do seu governo Carlos López exerceu o poder onímodo, sem limitação de
nenhuma espécie, e despótico como o do seu antecessor Francia. Opina ain-
da que era homem de caráter áspero, intratável e arisco; tão zeloso de sua
autoridade que não permitia se lhe fizesse nenhum desacato. “Irritava-se
pela coisa mais leve e nesse estado tratava mal a toda a gente, até aos diplo-
matas, agentes estrangeiros que se encontravam nessa época no Paraguai.
Por isso indispôs-se com o Brasil e os Estados Unidos.”
“López” — escreve ainda Báez — “não era amigo da ilustração. Ele
próprio era homem atrasado e com ninguém se aconselhava. Não havia
parlamento no Paraguai, nem opinião pública nem imprensa que a ilustras-
102 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

se; tampouco existiam instituições superiores em que a juventude adquirisse


os conhecimentos necessários à vida pública.”
Das referências precedentes deduz-se que o Paraguai, quando morreu
Carlos López, era um país atrasado e pobre, sem ilustração, sem indústrias e
sem comércio internacional ativo. Essa última afirmação comprova-se com os
manifestos de carga dos vapores, publicados no El Semanário e com os quadros
do Registro Estatístico de Buenos Aires.”40

Síntese da história esboçada

Chegados a este ponto, podemos deter-nos um instante e lançar o olhar


para trás, a fim de melhor enfeixar em rápida síntese a evolução dos povos
platenses a partir de 1828.
Depois de lutas internas e numerosas, toda a República Argentina con-
seguiu grupar-se em um todo homogêneo e adquirir a estrutura política de
uma verdadeira nacionalidade. Os unitários haviam triunfado, pois que
Buenos Aires atraíra para junto de si todas as demais províncias e passara a
alojar em seu seio o conjunto do governo central. O despotismo de Rosas
mergulhara no esquecimento. As forças vivas da nação buscavam expandir-
se e elaborar os fundamentos de uma vasta agremiação política. Sem dúvida
irromperão ainda pequenas perturbações, mas que serão impotentes para
reviver o período da caudilhagem desenfreada. A erupção vulcânica tinha
passado: os insignificantes abalos posteriores servirão de lhe confirmar o
desaparecimento, como tremores em volta da cratera recendam as lavas que
já saíram. Mitre e uma plêiade de grandes patriotas cobrir-se-ão de glória
encaminhando a Argentina aos seus venturosos destinos.
A República do Uruguai não fruiu a mesma vantagem. As espadas
salvadoras dos seus guerreiros não lhe permitiram entrar no caminho sere-
no da prosperidade. Nesse período de que me ocupei, um dos maiores elemen-
tos perturbadores da sua vida foi a pressão de Rosas e a sua estulta pretensão
de encadeá-la de novo às Províncias Unidas do Rio da Prata. O sentimento de
altivez e independência dos uruguaios contrapôs-se à fúria absorvente do
ditador. A luta dos primeiros tempos da independência renasce com mais
vigor e perseverança. Artigas já não existe para empunhar o lábaro da liber-
dade, mas a sua alma inquebrantável como que palpita nos peitos varonis
dos que defendem a Nova Tróia. O Brasil olha com simpatia a Banda Orien-
CAPÍTULO I 103

tal, ardendo na ânsia de vê-la próspera e tranquila. Está definitivamente mor-


ta a ideia de conquista da terra vizinha, por isso Andrés Lamas proclamava
em um assomo de justiça não haver no Brasil ninguém que alimentasse tão
injustificável projeto.
Infelizmente a luta partidária entre blancos e colorados vai de novo
arrastar-nos às coxilhas orientais, e múltiplos levantes se sucederão antes
que o verdadeiro espírito civil impere sem discrepância na vida política e
administrativa dos nossos vizinhos meridionais.
O Paraguai é uma esfinge. Só Francisco Solano López lhe guarda o se-
gredo. Como esse último desconfia de nós e da Argentina e acaricia o sonho
fantástico de desempenhar função tutelar dos povos platenses, não só se
recusa a fixar conosco as fronteiras comuns e a facilitar pelas suas artérias
fluviais o trânsito do nosso comércio, senão que prepara em silêncio, e com
absoluta dissimulação, clava formidável com que tentará derrubar-nos.
Dos três povos platenses de origem espanhola, o Paraguai é, sem ne-
nhuma dúvida, o mais atrasado. A reclusão em que foi mantido por largos
anos pelos seus dominadores libertou-o das lutas internas que dilaceravam
os vizinhos do sul, mas em compensação estorvou-lhe o progresso e freou-lhe
as energias. Sem comércio, sem indústria, sem imigração e quase sem cultura,
o heroico povo está fatalmente destinado a ser instrumento dócil e quase in-
consciente nas mãos, de um tirano, até que recobre a sua merecida liberdade
e se emparelhe com os seus irmãos do mesmo continente.
O Brasil segue sereno o seu caminho, enquadrado na fórmula monár-
quica, mas fomentando o seu progresso e dilatando a sua cultura espiritual.
104 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CAPÍTULO II

Invasão do Uruguai por Venancio Flores à testa da cruzada libertadora — Difi-


culdades com a Argentina a quem o Uruguai acusa de parcialidade — Situação
das relações entre o Uruguai e o Brasil — A Missão Saraiva —Tentativa de pacifi-
cação — Ultimato de Saraiva — O Brasil providencia sobre as represálias — Rom-
pimento do Uruguai com o Império — Retirada de Saraiva e suas sugestões
quanto às represálias — O Exército do Sul — Operações de Flores — Instruções
do governo a Tamandaré e Mena Barreto — A aliança com Flores — Tropas
brasileiras invadem o Uruguai — Operações de Tamandaré e Flores contra o
Salto e Paysandu —Marchas de Mena Barreto no Estado Oriental — Segundo
ataque a Paysandu com a colaboração de Mena Barreto — Marcha dos brasileiros
e de Flores contra Montevidéu — A Missão Rio Branco

Invasão do Uruguai por Venancio Flores


à testa da cruzada libertadora

Voltemos novamente aos acontecimentos do Uruguai. Deixamo-los no


momento em que o General Venancio Flores se dispunha a invadir a sua pátria.
Flores havia sido um dos grandes e leais colaboradores de Mitre na
obra de reivindicação da hegemonia de Buenos Aires. Fora, com outros
orientais, um dos esforçados batalhadores nas jornadas de Cepeda e de Pavón.
As suas relações com Mitre e seus partidários eram as mais afetuosas.
Terminada a campanha, desliga-se do Exército argentino (3 de março
de 1862) e empreende a sua cruzada libertadora. Nela se repete mais uma
vez, em suas grandes linhas, a história das libertações uruguaias vindas do
CAPÍTULO II 105

exterior. No dia 18 de abril de 1863, cerca de um ano e meio depois de Pavón,


Flores desembarca no Rincón de las Gallinas, na foz do Arroio Caracoles,
com quatro companheiros e investe no dia seguinte para o interior, a fim de
reunir os seus correligionários e empreender as operações militares.
Que sentimentos o impulsionavam?
É difícil dizê-lo sem hesitação. Vinha vingar a hecatombe de Quinteros,
cujo quinto aniversário o governo não permitira se celebrasse; vinha protes-
tar contra o ostracismo de muitos dos seus compatriotas; vinha pelejar pela
supremacia do seu partido político; vinha finalmente para satisfazer as am-
bições supremas de mando tão naturais nos grandes condutores políticos e
sobretudo nos caudilhos militares.
Foi sempre voz corrente que Flores teve apoio moral e material da par-
te de Mitre. Afirmam que deixou Buenos Aires a bordo do vapor Caáguazú,
da armada argentina, e só dele se trasladou para o Tanchão que o levou à costa
do Rio Uruguai. Mitre sempre protestou contra tais acusações, embora fizesse
timbre em testemunhar a amizade que o prendia ao chefe revolucionário.
Adentrando-se no seu país, Flores avança primeiro na direção geral do
norte, mais ou menos paralelamente ao Rio Uruguai, e chega até as imediações
do Rio Quaraí (alguns afirmam que atravessa a nossa fronteira), no intuito de
receber contingentes que se lhe buscavam reunir e vindos de Corrientes e até
do Brasil, ao que asseveram certos autores.
O seu plano é simples e ele vai executá-lo rigorosamente: ganhar tempo
para reforçar as suas tropas; percorrer todo o território para fomentar o
espírito de revolta; esquivar-se à derrota, quando iminente, por meio de mo-
vimentos largos e rápidos entre os destacamentos governistas que o persi-
gam e atacar no domínio tático sempre que houver probabilidade de vitória.
O governo, por seu lado, organiza colunas ou destacamentos volan-
tes, para lhe limitar o campo de ação, tolhê-lo na sua atividade e por fim
prendê-lo em um círculo de ferro.
A estratégia dos contendores é, por conseguinte, a de todos os tempos
e a ainda utilizada hoje pelos elementos governistas que se esforçam na cons-
tituição das malhas de um cerco e pelos revolucionários que buscam rompê-
las e fatigar os seus perseguidores. É óbvio que nessas condições a mobili-
dade assume importância excepcional; na América do Sul e em terrenos
como o do Uruguai, o fator cavalo domina e caracteriza as operações. Sob
esse aspecto parece que Flores estava em posição mais vantajosa do que os
106 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

governistas. Em todo o caso vê-lo-emos executar mais de um largo movimen-


to circular no interior do território uruguaio.
Diante da gravidade da situação, o Governo de Berro declarou o esta-
do de sítio e mobilizou a guarda nacional. Com todas as forças do país, orga-
nizou quatro corpos: um ao norte do Rio Negro (sob o comando do General
Diego Lamas), dois ao sul desse rio (General Anacleto Medina e Coronel
Lucas Moreno) e um na capital (General Antonio Díaz).
No decorrer da campanha os destacamentos variam e mudam-se al-
guns comandantes, mas a ideia estratégica geral dos governistas permane-
ce inalterável.
Do norte, Flores retrograda para o sul iludindo alguns dos seus perse-
guidores e esboçando de passagem um ataque a Salto e a Paysandu. No dia 1o
de junho de 1863, choca-se em Coquimbo (Departamento de Soriano) com
a vanguarda de Lamas e a derrota. No dia 7 do mesmo mês, apresenta-se na
vila de Florida, abandonada pelos defensores. Daí segue para Rocha, cru-
zando para leste ao norte da capital. De Rocha prossegue para nordeste, na
direção do Cebollati; daí continua para noroeste, para a margem direita do
Rio Negro e vai surgir em San Fructuoso, de onde ruma para Salto, tendo
fechado o seu primeiro circuito. No dia 25 de junho de 1863, derrota Lamas
em Las Cañas (Salto). Lamas foge com poucos dos seus para Constitución
(10 léguas ao norte de Salto). Atacado aí, escapa para o sul, cruzando pela
província argentina de Entre Ríos.
Flores empreende nova marcha para o sul e passa impunemente o Rio
Negro; avança para o Santa Lucía e depois para Montevidéu.
No dia 16 de setembro de 1863, fere-se o combate de Las Piedras. Era
uma ação de extrema importância, porque seria capaz de desembaraçar o
caminho do chefe revolucionário até Montevidéu. Parece, todavia, que fica
indecisa. O que é positivo é que os revolucionários, em vez de avançar para o
sul, retraem-se para o norte, restituindo destarte a calma ao governo Berro.
Nesse período o nosso ilustre patrício Barão de Mauá, banqueiro em
Montevidéu, toma a louvável iniciativa de intervir para tentar estabelecer a
harmonia entre os orientais. Põe-se em relações diretas com Berro e, por
intermédio de José Mundell, com o General Flores. Este formula as suas
condições de paz. Irritado pela sua atitude ameaçadora contra a capital,
Berro fica intratável e só depois do combate de Las Piedras lê uma carta que
Flores lhes havia endereçado. Tendo visto falhar o seu golpe sobre Montevi-
CAPÍTULO II 107

déu, Flores repassa o Rio Negro para o norte e avança na direção de Paysandu.
Medina segue-lhe no encalço.
Nesse instante, recebe reforços de correntinos (Coronel Waldino
Urquiza), que invadem pelo Passo de Hervidero; um grupo de brasileiros
(Coronel Fidélis Pais da Silva) opera em seu proveito no Departamento
de Tacuarembó.
Sem nada intentar de sério contra Paysandu, Flores retorna ao sul (1o
de novembro de 1863), iniciando outro circuito. Evita um choque decisivo
com Medina e orienta-se outra vez para o norte. Medina persegue-o; pouco
depois é substituído pelo General Servando Gómez.
Flores inicia o primeiro sítio a Paysandu (janeiro de 1864), cuja defesa
está confiada ao Coronel Leandro Gómez. À aproximação do grosso do exér-
cito governista, levanta prudentemente o sítio (18 de janeiro de 1864) e livra-
se mais uma vez dos seus inimigos. Depois de várias jornadas, e já refeito de
cavalos, circunda as pontas do Daymán, vadeia o Rio Negro no Passo dos
Touros e, nos primeiros dias de fevereiro de 1864, encontra-se no Departa-
mento de S. José. Em princípios de março está acampado nas costas do Santa
Lucía, onde se detivera para aguardar a mudança do Governo da República.
De fato no dia 1o de março de 1864, havia Berro terminado o seu mandato e,
como não tinha sido possível proceder-se à eleição, em vista do estado de
desordem em que se encontrava quase todo o país, passou a desempenhar o
cargo de presidente da República o Presidente do Senado Atanasio Cruz Aguirre.

Dificuldades com a Argentina a quem o Uruguai


acusa de parcialidade

Cumpre salientar que a invasão de Flores era esperada no Estado Ori-


ental muito antes do seu início. O Governo uruguaio tivera dela denúncias
oportunas e tomara medidas para evitá-la. Um dos seus primeiros cuidados
foi apelar para a Argentina e solicitar-lhe o respeito absoluto da neutralidade
em que devia manter-se. As conversações havidas entre o governo de Mitre e
vários representantes do Uruguai (Mariano Espina — Castellanos — Octavio
Lapido e Andrés Lamas), nos anos de 1862 e 1863, versaram afinal sobre este
delicado assunto.
Mitre não se cansou de afirmar a nenhuma coparticipação de seu go-
verno nos preparativos da rebelião. Nada obstante, a invasão operou-se, e o
108 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Presidente Berro manteve-se firme na crença de que ela contava com a pro-
teção eficaz do Governo da República Argentina. O mesmo ocorreu depois
com o Presidente Aguirre.
Respondendo a Lamas (13 de maio de 1862), então agente confiden-
cial do Uruguai em Buenos Aires, dizia Rufino Elizalde, Ministro das Rela-
ções Exteriores de Mitre:
“Assegura o Sr. comissionado ter o General Venancio Flores — que
servia no Exército de Buenos Aires como general argentino e cujos planos
haviam sido levados ao conhecimento do meu governo — saído daqui acom-
panhado de vários indivíduos armados e conduzindo armamento, deixan-
do assim burladas as seguranças dadas pelo Governo argentino e em que
descansava a República.
A saída do General Venancio Flores desta cidade, ocultamente em
uma baleeira, com dois ou três homens, únicos que o acompanharam, é fato
evidente e notório, e que o Sr. Lamas não pode ignorar. E tal fato não falou
mais eloquentemente ao Sr. agente confidencial do que quanto raciocínio se
pudesse fazer sobre o caso?
O General Flores havia prestado à República os mais distintos ser-
viços, que o colocavam à altura do mais notável dos seus concidadãos;
saindo do país como saiu, demonstrou ter levado a sua delicadeza ao ex-
tremo de não lançar sobre a República a mínima responsabilidade dos
seus atos.
Ele não precisava abandonar o país a ocultas. Mais do que ninguém,
podia sair não só livremente, como cercado das considerações que a Repú-
blica lhe devia e que o governo se houvera honrado em tributar-lhe. Se ao
deixar o país tinha a intenção de ir à República Oriental, não cabia ao gover-
no nem indagá-lo nem impedi-lo.”
A Argentina não poderia, portanto, garantir — declarava Elizalde —
que Flores não deixaria o seu território; ao revés disso, nunca se prestou a
tomar medidas contra a pessoa dele.
Em maio de 1863, irrompeu grave incidente entre os dois países.
Em 31 desse mês chegou a Fray Bentos o vapor mercante argentino
Salto e atracou ao vapor de guerra oriental Villa del Salto, para lhe entre-
gar 30 toneladas de carvão que lhe enviara o Governo uruguaio. Tendo o
comandante do segundo desses vapores recebido denúncia de que o Salto
trazia armamento e munição para os rebeldes, resolveu apossar-se do
CAPÍTULO II 109

contrabando e por fim deter o vapor. Mitre protestou contra a violência,


pedindo reparação solene e pronta para vindicar o ultraje.
Abriu-se logo uma crise nas relações das duas Repúblicas. Andrés La-
mas entrou em ação para justificar o procedimento do seu país. A Argentina
manteve-se firme. Exigiu 1o) a condenação pública pelo Governo oriental
da violência feita ao vapor Salto; 2o) a destituição do comandante do Villa
del Salto e a sua submissão a processo; 3o) a entrega a bordo do Salto dos
quatro caixões de petrechos de guerra do Governo argentino; 4o) a sauda-
ção ao pavilhão argentino com uma salva de 21 tiros dada pelo Villa del
Salto e que seria correspondida por um vaso de guerra argentino; 5o) a devo-
lução aos particulares das coisas tomadas a bordo do Salto, a liberdade dos
que foram retirados desse vapor e se encontravam presos e o pagamento dos
danos e prejuízos a que tivessem direito.
As negociações estavam em andamento quando sobrevem novo inci-
dente: um navio de guerra argentino aprisiona o navio de guerra oriental
General Artigas, nas proximidades da foz do Uruguai.
Em vista disso, o Governo de Berro rompe relações com o de Mitre
(23 de junho de 1863). Em Montevidéu desencadeia-se grande explosão pa-
triótica contra a Argentina. O consulado desse país é atacado a pedradas e o
cônsul obrigado a retirar o escudo da fechada do edifício.
Felizmente dentro em pouco (29 de junho), e após explicações recí-
procas, firmava-se um protocolo entre Lamas e Elizalde para o reatamento
das relações amistosas. O Governo uruguaio comprometeu-se a pagar as
indenizações, a submeter a juízo o comandante do Villa del Salto e a castigar
as violências ao consulado. Tanto a Argentina como o Uruguai saudaram
reciprocamente os dois pavilhões em Fray Bentos ou em Martín García. Em
13 de julho, o governo derrogou o seu ato de 23 do mês anterior.
Continuaram, todavia, as queixas contra a parcialidade argentina.
Grupos de rebeldes que desembarcavam na costa uruguaia eram denuncia-
dos de ter recebido facilidades de transporte e de armamento das autorida-
des argentinas. No meado de agosto (de 1863), desembarca em Fray Bentos
um grupo de rebeldes dirigidos pelos comandantes Atanagildo Saldaña e
Frederico Varas. Viera, segundo dizia Herrera a Andrés Lamas, no vapor de
guerra argentino Pampero e detivera-se alguns dias em Martín García.
Noticioso do fato, manda o Governo argentino proceder a inquéri-
to, do que resulta, ao que ele afirma, a inculpabilidade do comandante do
110 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Pampero; mas tempos depois (novembro), o Governo oriental apossa-se de


cartas do referido comandante ao General Francisco Caraballo em que há
indícios de sua colaboração no movimento revolucionário. Cada vez mais
irritado contra a Argentina, o Governo oriental ordena a Lamas, por in-
termédio de Herrera (22 de setembro de 1863), que reclame do governo de
Mitre “pela série ininterrupta de atos de hostilidade que estão ocorrendo con-
tra seu governo, partidos da cidade de Buenos Aires, desde abril até esta data”.
Lamas sobressalta-se com essa deliberação, de que receia possa provir imedia-
to rompimento; mas Herrera não lhe ouve as ponderações e reitera a ordem.
Entretanto, a situação com a Argentina ia-se complicando em conse-
quência da intervenção que López começava a exercer por instigação da
República Oriental e que dentro em breve terei de referir.
Felizmente dá-se uma mudança ministerial no Governo uruguaio.
Lamas logo a aproveita para fazer dominar o seu ponto de vista de prudên-
cia e de concórdia com a Argentina. Concerta com Elizalde um protocolo
(20 de outubro de 1863) para apertar os vínculos de amizade e providenciar
antecipadamente sobre futuras desinteligências.
Trocavam-se nesse documento novas explicações sobre a neutralida-
de e prometia-se o emprego de todos os meios legais “a fim de que os emigra-
dos políticos se conservassem inteiramente tranquilos e inofensivos no país
que os asilasse”. Apesar disso, se surgissem divergências sobre as medidas que
se deviam tomar contra atos dos cidadãos e dos habitantes de um país que
violassem ou tentassem violar a neutralidade, o Governo argentino e o ori-
ental convinham em submeter a decisão do caso ao arbitramento de Sua
Majestade o Imperador do Brasil.
O Governo uruguaio mostrou-se de acordo com essa iniciativa de La-
mas, mas propôs que se designasse como árbitro, juntamente com o Impe-
rador, o Presidente do Paraguai. Baseava esse procedimento — escreve Au-
reliano Berro — no compromisso contraído com o Governo do Paraguai
pelo Dr. Octavio Lapido, de dar ao presidente deste país, nas questões interna-
cionais, “a parte mais honrosa e respeitável em relação aos demais governos”.
Mitre não aceitou a alteração lembrada, provocando assim o fracasso
da combinação. Sabedor das gestões que Lapido estava fazendo em Assun-
ção, para obter a aliança do Paraguai com o Uruguai contra a Argentina, é
claro que não podia ver com bons olhos a intervenção oficial de López nas
suas desavenças com a República Oriental. Escrevendo a Berro (10 de no-
CAPÍTULO II 111

vembro de 1863), explicava ele o seu procedimento dizendo ter sido Lamas,
e não o Governo argentino, quem propusera o nome do Imperador. Seu
governo achava preferível assentar o arbitramento, sem mencionar nome
de árbitro, porém cedeu. Constava-lhe que o Uruguai já havia anunciado a
escolha do Imperador à Legação do Brasil. Como se poderia agora voltar
atrás? Isso seria falta de decoro ao Imperador. Poder-se-ia fazer nova combi-
nação com a supressão de nomes, mas, em vista do que já ocorrera, a Argen-
tina, em caso de necessidade, só aceitaria um árbitro: o Imperador do Brasil.
Berro respondeu alegando que a escolha nominal do árbitro fora obra
exclusiva de Lamas, que sobre ela não consultara previamente o Governo
oriental. Em vista do exposto, compreende-se que a situação tinha de conti-
nuar inalterada. O Uruguai, sempre irritado contra a Argentina, insistia em
reclamar-lhe neutralidade na luta interna que o afligia; a Argentina, embo-
ra afirmando essa neutralidade, mostrava-se cada vez mais ciosa das suas
prerrogativas como nação independente e desconfiada dos manejos do Go-
verno oriental junto aos paraguaios.
Eis, porém, que rebenta novo incidente: O Coronel Rebollo, à frente de
uma expedição revolucionária, aproxima-se da margem esquerda do Uru-
guai para desembarcar. Percebido por embarcações orientais que policia-
vam o rio, busca refúgio em uma das ilhas do Uruguai, de jurisdição argen-
tina. O General oriental Moreno vai até lá, captura vários expedicionários e
apodera-se do armamento e da munição que lhes deviam servir.
Em nota de 15 de novembro de 1863, Herrera comunicou o fato ao
Governo argentino.
Depois de se referir nessa nota — escreve Eduardo Acevedo — “às ex-
pedições armadas saídas de Buenos Aires com o fito de engrossar os bandos
do caudilho que partira em abril dessa mesma cidade para trazer a guerra a
este país amigo da República Argentina”, dizia o nosso chanceler que as au-
toridades orientais, ao receber aviso da expedição Rebollo, haviam toma-
do todas as medidas para impedi-la; que os expedicionários desembarca-
ram na Ilha Mini, de jurisdição argentina, e atravessaram para a costa orien-
tal, mas que, advertidos da proximidade do vapor Artigas, regressaram ao
ponto de partida, subindo então alguns deles a bordo do barco perseguidor.
“A nota da nossa chancelaria cruzou-se com outra em que o Dr. Elizalde
protestava contra a violação do território argentino, acusando as forças do
General Moreno de mortes, prisões e captura de embarcações, e pedia a
112 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

devolução das pessoas e coisas tomadas, o reconhecimento dos danos causa-


dos e as devidas reparações ao povo e ao Governo argentino.
Tinha havido, sem dúvida, violação do território, mas tratava-se de
uma expedição de guerra, saída de terra argentina e que, ante a iminência do
risco, voltara a essa mesma terra. Se em algum momento a suscetibilidade
nacional devia emudecer, era precisamente em que se fazia a perseguição de
grupos revolucionários que as autoridades argentinas protegiam ou a que,
na melhor hipótese, não podiam pôr obstáculos...”1
A Argentina protestou sem detença.
Em sua nota de 15 de novembro de 1863, declarou Elizalde que o
Governo argentino, no dever de vindicar a honra e a soberania da República
que representava, via-se obrigado a pedir justa reparação, com que o Go-
verno oriental evitasse as consequências que um ato dessa natureza pode-
riam produzir. E concluía pedindo resposta breve, para que a demora não
fosse interpretada como negativa.
Herrera respondeu-lhe (20 de novembro) recordando os fatos que
delatavam a colaboração indébita da Argentina na revolução de Flores.
Buenos Aires era o centro principal da conspiração. Aí funcionava livre-
mente uma comissão desse general encarregada de obter armas e elementos
para hostilizar o Governo uruguaio. A imprensa local insultava diariamen-
te esse governo. O comitê revolucionário transformara os paquetes argenti-
nos do litoral em transportes de homens e material bélico para a revolução.
Isso provocara maior vigilância da parte do Uruguai e foi assim que Moreno
lograra deitar a mão sobre os revolucionários que se refugiaram na ilha.
Mitre teve procedimento idêntico em 1856, quando, em perseguição às for-
ças revolucionárias do General José Maria Flores, transpôs a fronteira de
Santa Fé para subjugar o general rebelde. Depois de recordados todos esses
antecedentes, esperava o ministro oriental que o Governo argentino, estu-
dando melhor o assunto, reconhecesse ser humanitário, inevitável e justís-
simo o procedimento da República do Uruguai.
No dia seguinte (21 de novembro), Herrera voltou à carga. O Gover-
no oriental — diz ele — considera ofensa e ataque à República a impunidade
em que vivem em Buenos Aires e no litoral argentino as comissões revolucio-
nárias. A falta de medidas da parte do governo de Mitre obriga a República
Oriental a chamar a atenção da sua vizinha e amiga, “pedindo-lhe que não
prolongue indefinidamente a sua tolerância contra a autoridade e a paz do
CAPÍTULO II 113

Uruguai”. Essa tolerância, “levada ao extremo a que chegou, não encontra


fácil desculpa nem na liberdade das leis nem na do Governo argentino”.
No intuito de liquidar o incidente, Mitre manda José Mármol ao Uru-
guai em missão confidencial. As suas instruções prescrevem-lhe sucessiva-
mente: aplanar a dificuldade sobrevinda com os acontecimentos da ilha,
retomar a negociação malograda do protocolo e combinar um tratado ge-
ral que consolide no futuro as boas relações recíprocas entre os dois países.
Chegando a Montevidéu, entrou Mármol em conversações com
Herrera (30 de novembro).
Julgando-se ofendida com a nota de 20 desse mês, queria a Argentina
que ela fosse retirada. Herrera estava por isso, caso a Argentina retirasse a sua
de 15, a que aquela respondia. Não foi possível chegar a um acordo. Mármol
declarou a Herrera (3 de dezembro) ter recebido ordem do seu governo para
devolver as notas de 20 e 21 de novembro. E terminava assim: “V.Exa. apreci-
ará toda a importância deste ato no melhor sentido dos interesses destes
países, pois que a devolução dessas notas importa a solução de uma dificul-
dade que oferecia sérias e desagradáveis consequências.”
Herrera responde no dia 6. Declara em nome do Governo oriental
que o Governo uruguaio reputa ofensa grave o procedimento da Argentina;
não aceita a devolução das notas e continua a considerá-las insubsistentes.
Mas acrescenta que, se o Governo argentino nutre sentimentos pacíficos, ele
propõe se resolva o incidente por arbitramento de uma nação amiga, que a
própria Argentina escolherá.
Mitre deixou sem resposta a sugestão e fez constar que ia tomar medi-
das coercitivas. Em 6 de dezembro, anunciou Mármol ao Governo uruguaio
que a sua missão estava terminada e pediu-lhe os passaportes. Herrera res-
pondeu no dia seguinte, insistindo pela arbitragem. Em 14 de dezembro, o
cônsul argentino em Montevidéu participou-lhe ter recebido ordem do seu
governo, no dia 10, de interromper as relações com o Governo uruguaio e
de retirar, em vista disso, o escudo e a bandeira do consulado.
Mitre deu ordem para a captura das embarcações de guerra orien-
tais que passassem por Martín García. Nessa conjuntura, lembrou-se o Sr.
Thornton, representante da Inglaterra na República Argentina, de oferecer
os seus bons ofícios para o restabelecimento da harmonia entre os vizinhos
desavindos. Oficiou-lhes em 22 de dezembro de 1863. Ambos aceitaram.
Infelizmente nada conseguiu o interventor. O Uruguai estabelecia como
114 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

condição preliminar para o início das negociações a supressão das medidas


coercitivas que a Argentina estava exercendo ao impedir a passagem dos
seus navios de guerra pelo canal de Martín García. A Argentina não quis
ceder. Em 26 de janeiro de 1864, Thornton anunciou oficialmente ao Gover-
no uruguaio o fracasso da tentativa.
Continuaram, portanto, fracassadas as relações entre os dois países e
assim se conservarão largo tempo.

Situação das relações entre o Brasil e o Uruguai

As relações com o Brasil também não se encontravam em condições


auspiciosas.
Desde a terminação da guerra ao tirano de Buenos Aires, vinha o
governo do Império reclamando contra violências e arbitrariedades de que
eram vítimas os seus súditos no território do Estado Oriental, e praticadas
quer por particulares quer por agentes da autoridade.
A importância do fator brasileiro nesse período de paz instável deve
parecer-nos hoje naturalíssima se ponderarmos que a circunstância de ser
aberta a nossa fronteira meridional e de haver muitos brasileiros possuido-
res de grandes propriedades, especialmente na zona norte da República,
criavam uma interpenetração das duas populações, e, por conseguinte, uma
influência e um interesse direto de numerosos brasileiros nos acontecimen-
tos políticos da nossa vizinha.
Os relatórios dos ministros dos Estrangeiros do Império, a partir de
1852, apresentam referências pormenorizadas a essas reclamações, e seu nú-
mero vai aumentando com o tempo até 1863. O tom do Governo brasileiro,
sempre calmo, revela crescente preocupação do assunto em vista do aumen-
to dos casos de arbitrariedades injustificáveis; nos primeiros tempos, o Im-
pério faz justiça aos bons desejos do Governo da República do Uruguai; mas
acaba, como veremos, retirando-lhe essa confiança.
Em 1859, dizia o Ministro Visconde do Rio Branco:
“A despeito de incessantes diligências e reiteradas reclamações da Le-
gação Imperial, estão ainda impunes vários assassinatos de súditos brasileiros
cometidos no Estado Oriental.”
Em 1860, o Ministro dos Estrangeiros Sinimbu escrevia:
“Continuam os assassinatos de súditos brasileiros no Estado Oriental.”
CAPÍTULO II 115

A seguir mencionava assaltos a propriedades brasileiras, violências


contra súditos do Império e passagem de partidas orientais para dentro do
nosso território, a fim de nele praticarem abusos inadmissíveis contra pesso-
as e contra bens.
O relatório de 1861 persiste no mesmo assunto. O de 1862 menciona
algumas medidas oficiais tomadas para dar satisfação ao Império, como seja
a demissão de certos chefes políticos delinquentes, mas confessa que nada
disso põe termo à questão; os homicídios e depredações continuavam; cita,
por exemplo, o arrebatamento do escudo de armas do vice-cônsul brasileiro
em Tacuarembó e o assalto à casa de uma senhora em Cuñapirú.
Em 1863, o relatório do Marquês de Abrantes fere a mesma nota. Tra-
tando dos abusos ocorridos no Departamento de Tacuarembó, durante a
administração do chefe político Tristão de Azambuja, declara:
“Os fatos levados ao conhecimento do Governo da República eram de
natureza que, reconhecendo não ser possível a continuação de um tal estado
de coisas sem grave comprometimento das relações entre os dois países,
resolveu o mesmo governo, por Decreto de 12 de junho último, demitir o
chefe político, que, em vez de os prevenir, os acoroçoava com seu espírito de
hostilidade ao Império.”
Referindo as medidas tomadas pelo Governo oriental, confessa que
algum resultado tinham produzido. Porém ajunta: “Mais satisfatório seria
esse resultado se não continuassem ainda impunes alguns comissários e agen-
tes de polícia envolvidos em atentados semelhantes. A demissão ou suspen-
são de tais funcionários é um princípio de satisfação pelas arbitrariedades e
violências de que são acusados; mas não poderá ser completa enquanto se
acharem a coberto da vindita pública, pelo único fato de estarem revestidos
de alguma autoridade.”
Ocupa-se, depois, da invasão de Flores e afirma a resolução inabalá-
vel do governo de conservar-se neutro, mantendo a mais perfeita cordiali-
dade com a República vizinha.
“Animado, entretanto” — diz o ministro —, “dos sentimentos mais
generosos e amigáveis e de conformidade com os seus precedentes, recomen-
dou o Governo imperial, em termos precisos e explícitos, a linha de conduta
que deviam ter, em semelhante conjuntura, as autoridades da Província de
S. Pedro do Rio Grande do Sul. Nenhuma proteção e auxílio deviam pres-
tar-se à causa da rebelião. As forças rebeldes que se asilassem na província
116 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

deviam ser colocadas em uma posição inteiramente inofensiva. As autorida-


des que se deslizassem de seus deveres, não guardando ou não fazendo res-
peitar a mais perfeita e absoluta neutralidade por parte do Império, deviam
ser severamente punidas.”
Na sessão parlamentar de 1864, abre-se largo debate relativamente às
questões do Prata. Ferreira da Veiga dirige um apelo ao governo para que
ampare os seus súditos martirizados no estrangeiro.
“É fora de dúvida” — dizia ele — “que cerca de dois mil brasileiros se
acham em armas no Estado Oriental, sob o comando do General Flores; não
pense, porém, V.Exa., Sr. Presidente, que eles foram levados a esse ato de
desespero, ou de coragem, porque o Partido Colorado seja aquele que me-
nos hostil se mostra para com o Império; não, como já disse, foi a necessida-
de de defender as vidas, a honra e a propriedade que levou esses nossos conci-
dadãos a esse ato extremo. Eles foram arrastados a tomar tão audaz e arrisca-
da deliberação, porque, com razão, pouco ou nada deviam esperar das recla-
mações feitas por intermédio dos nossos agentes diplomáticos, as quais têm
sido sem nenhum resultado até hoje, e, pois, resolveram apelar para o cam-
po de batalha, preferindo morrer ali a serem assassinados em suas próprias
casas, depois de roubados, depois de profanada a honra de suas famílias.”
João Pedro Dias Vieira saiu a campo em defesa do governo. “O Governo
imperial” — disse ele no decorrer do seu discurso — “decerto não deixará de
ter em consideração o avultado número de brasileiros que ali residem e a
importância de suas propriedades; mas é também preciso que esses brasilei-
ros se convençam de que não é o melhor meio de obter a segurança e tranqui-
lidade que desejam envolvendo-se nas lutas intestinas da República” (LXVI).
O Deputado Barros Pimentel historiou as nossas relações com os po-
vos do Prata, taxou-os de ingratos e reclamou medidas enérgicas. “E pois” —
concluiu — “entendo que com o Governo de Montevidéu não podemos ter a
mesma política que com as nações civilizadas. Para ali ação enérgica da diplo-
macia e força para nos fazermos ouvir.”
Os debates travados no parlamento em abril de 1864 representavam
um eco solene da opinião pública, agitada pelos acontecimentos da República
Oriental, e por sua vez reagiam sobre ela exacerbando-lhe o estado de indig-
nação patriótica.
Agravava a situação a presença do Brigadeiro Honorário do Exército
Antônio de Sousa Neto, antigo batalhador da República de Piratini, chegado
CAPÍTULO II 117

havia pouco do sul para o fim expresso de solicitar do Governo imperial o seu
auxílio a 40.000 de seus súditos que lá viviam padecendo vexames e perseguições.
“Só a partir do ano de 1852” — disse o Visconde de Ouro Preto, no seu
livro A Marinha de Outrora — “tinham sido cometidos contra súditos do Bra-
sil nada menos de 63 homicídios, sequestros, roubos e outros atentados, al-
guns revestidos de circunstâncias horrorosas, série de fatos fora do comum,
reveladores da propositada e sistemática perseguição por parte das próprias
autoridades, não raro autores e réus em tais crimes.
Não houve em todo o Brasil opinião discorde — ajunta ainda o mes-
mo ilustre brasileiro. A indignação foi geral; a tribuna e a imprensa unâni-
mes clamaram pelas mais enérgicas e decisivas medidas, que nenhum governo
digno desse nome deixaria de adotar, diante de tão anormal e odioso estado
de coisas.
Inspirando-se no sentimento público e compartindo seus nobilíssimos
estímulos, o gabinete de S. Cristóvão, a cuja frente se achava o ilustre Zacarias
de Góis e Vasconcelos, resolveu enviar ao Estado Oriental uma missão extra-
ordinária para obter reparação de tamanhos agravos.”
A escolha do governo recaiu acertadamente no Conselheiro José An-
tônio Saraiva.
Com este primeiro passo decisivo, vamos dar novos pretextos a López
para realizar as suas ambições.

A Missão Saraiva

Saraiva partiu do Rio de Janeiro para o Prata, no dia 27 de abril de 1864,


a bordo da fragata a vapor Amazonas. Acompanhou-o como secretário o Dr.
Aureliano Cândido Tavares Bastos, deputado por Alagoas. No dia 6 de maio
chegava a Montevidéu, dias depois, no dia 12, era recebido pelo Presidente
Aguirre e apresentava-lhe as suas credenciais.
No discurso que pronunciou nessa cerimônia, disse o nosso enviado
extraordinário:
“Conseguir que, por meio de uma política previdente e com perseverança
executada, sejam garantidos os direitos e os interesses legítimos dos meus
concidadãos domiciliados no interior da República, tal é, Sr. Presidente, o
objeto especial da minha missão, e o vivo desejo do governo de sua Majestade.”
Aguirre replicou de modo vago, mas expressou desejos de paz.
118 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

No dia 16 de maio, recebeu Saraiva uma nota de Herrera em que se


pediam explicações sobre a presença de um exército brasileiro na fronteira
da República e a sua provável passagem por essa mesma fronteira para o
interior da República Oriental. Herrera reputava essa última circunstância
caso grave.
No dia 18 de maio de 1864, iniciou Saraiva as suas gestões mediante
extensa nota em que consubstanciou todas as queixas do Império contra
o Uruguai.
“E para que de futuro” — escreveu ele nesse documento — “se não
reproduzam os atentados de que têm sido vítimas os cidadãos brasileiros,
julga ainda o Governo imperial indispensável:
Que o da República expeça, dando-lhes toda a publicidade, as con-
venientes ordens e instruções aos diversos agentes de autoridade, nas quais,
condenando solenemente os aludidos escândalos e atentados, recomen-
de a maior solicitude e desvelo na execução das leis da própria República,
cominando as penas por essas mesmas leis impostas aos transgressores, de
modo a tornar efetivas as garantias nelas prometidas aos habitantes do
seu território;
Que expeça do mesmo modo as ordens e instruções precisas para que
seja fielmente cumprido o acordo celebrado entre o Governo imperial e o da
República, pelas notas reversais de 28 de novembro e 3 de dezembro de
1857, no sentido de serem reciprocamente respeitados os certificados de
nacionalidade passados pelos competentes agentes dos dois governos aos
seus respectivos concidadãos;
Que, por último, empregue o Governo da República os meios preci-
sos, a fim de que os agentes consulares brasileiros nela residentes sejam trata-
dos com a consideração e deferência devidas ao lugar que ocupem, respei-
tando-se as atribuições e regalias que lhes são próprias, já pelos estilos con-
sagrados entre nações civilizadas, já pelo direito convencionado entre o
Império e a República.”
Terminava informando o seguinte:
“O abaixo assinado tem igualmente ordem do seu governo para pre-
venir o da República de que, no intuito de fazer respeitar o território do Impé-
rio e melhor impedir a passagem de contingentes pela fronteira da Província
do Rio Grande do Sul para o General Flores, o governo de Sua Majestade
o Imperador resolveu aumentar a força estacionada na mesma fronteira.”
CAPÍTULO II 119

A essa nota juntou Saraiva um quadro incompleto, dizia ele, das vio-
lências sofridas pelos brasileiros.
Abriu-se assim grave e solene discussão sobre as reclamações brasileiras.
Herrera replicou afirmando sem rebuço que a invasão de Flores tinha
sido meditada, organizada e armada no território argentino e no brasileiro,
e que até aquele momento nenhuma autoridade desses territórios lhe havi-
am posto paradeiro. Lícito seria, pois, ao Governo oriental fechar ouvidos
até que fossem completamente desagravadas a justiça, a nação e o direito da
República. Mas não o fará; prestará atenção a toda queixa justificada, contanto
que o não coloquem, por ameaças ou desconhecimento de seu direito, em
situação desesperada. É inexato que muitas das reclamações do Brasil hou-
vessem sido desatendidas, que outras não tivessem alcançado solução e que
as demais estejam pendentes. Em muitos casos não se chegou à certeza dos
fatos articulados, e a Legação calou-se; a múltiplos outros deu-se solução.
As reclamações do Império contrapõe as que a República pode articular. É
certo de que Saraiva atribui o procedimento dos brasileiros a vexames que
as autoridades uruguaias lhes infligiram anteriormente à invasão. Mas, ain-
da que isso fosse verdade, não justificaria o levante do estrangeiro contra as
leis e as autoridades supremas do país. Antes da revolução, a população
brasileira, laboriosa e pacífica, gozava da proteção das leis e da autoridade
no mesmo pé de igualdade que os nacionais. O brasileiro, como qualquer
outro estrangeiro que se hospede na República, aceita ipso facto a situação
em que as leis e as autoridades colocam todos os habitantes. Se, portanto, a
vida lhe parece aí intolerável, o que lhe cumpre fazer é abandoná-la, nunca,
porém, arrogar-se o direito de se rebelar e atentar contra esse estado de
coisas, a que ninguém o obrigava e que livre e espontaneamente escolheu. É
possível que alguma vez os dependentes da autoridade governamental ha-
jam faltado aos seus deveres com relação aos brasileiros. Mas isso, que pode
ocorrer em qualquer país, terá sido uma exceção. Saraiva fala de 12 anos de
perseguições, vexames e crimes contra milhares de brasileiros. Admito seja
isso verdade, por que se tolerou até agora essa situação? Por que mais de uma
vez concorreu o Governo do Brasil, por atos internacionais reveladores de
harmonia e amizade, para a conservação dessa autoridade?
A acusação é falsa, di-lo, com o Governo oriental, o procedimento
observado para com este, durante 12 anos, pelo Governo do Brasil. Compu-
ta-se em 40.000 almas a população brasileira existente na República. Em 12
120 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

anos deu azo a 63 reclamações, isto é, a cinco por ano, que justificariam uma
invasão e um levantamento. Que deveria ter acontecido no Império, no qual
algumas centenas de orientais que nele vivem provocaram, em período mui-
to menor, 48 reclamações? Flores também tem argentinos a seu lado. E, no
entanto, nem a Argentina nem a ninguém lembrou desculpar a atitude deles
como consequência dos abusos das autoridades orientais. A população la-
boriosa, tanto argentina como brasileira, domiciliada na República, é estra-
nha à revolução. A invasão argentino-brasileira de 1863 não teve outra ra-
zão de ser senão a perspectiva de roubos no território da República. O cau-
dilho oriental invasor, de índole perversa, e as influências argentino-brasi-
leiras que o coadjuvaram recorreram ao mau elemento da fronteira para
satisfazer a sua ambição pessoal. O vínculo que liga o mau elemento da fron-
teira argentina e brasileira explica-se pela identidade de índole, comunidade
de instintos e cumplicidade no crime. São elementos de barbárie sempre
prontos a qualquer atentado; hoje no território oriental, amanhã talvez no
vizinho. A República vivia pacífica e entregue ao trabalho. No entanto, o
caudilho Flores saiu de Buenos Aires, pisou-lhe o solo e dirigiu-se às frontei-
ras do Brasil com a Argentina e o Uruguai em busca da preparada coopera-
ção. Canabarro e Cáceres (LXVII) já ali o esperavam. Para quê? Para as ca-
lifórnias no Estado Oriental. O vocábulo califórnia tudo explica. Sabedores
das consequências que esse movimento entranhava, alguns proprietários
brasileiros domiciliados na República denunciaram-no com muita antece-
dência. Baseado nesse aviso, o Governo oriental tomou as medidas necessá-
rias e pediu à Legação do Brasil que lhe auxiliasse a ação em território brasi-
leiro, ponto de reunião e de conluio dos que preparavam a partida. O Go-
verno oriental não foi acreditado. Depois do exposto, pergunta Herrera:
Como aceitar o Governo da República a proposta da Missão Especial, na
qual se dá a entender que, para poder desarmar os brasileiros em armas com
Venancio Flores contra a autoridade e as leis do país, é preciso desaparece-
rem as causas que produziram, por atos da autoridade, na população brasi-
leira laboriosa e pacífica, a determinação de armar-se? O que se pede seria a
imolação do princípio de ordem e de autoridade, e o Governo da República
há de salvá-lo ou se há de perder atido a esse princípio salvador da naciona-
lidade que representa. O que se pretende estabeleceria o mais funesto prece-
dente. Equivaleria a dizer que o Governo oriental foi o culpado, que lhe cabe
dar satisfações e que, só depois destas, poderia e deveria o governo do Brasil
CAPÍTULO II 121

fazer cessar os atentados de seus súditos contra as instituições da República.


A população brasileira laboriosa e pacífica, em cujo nome se fala, não se
sublevou; os brasileiros que estão com Flores não são representantes dela,
não simbolizam a defesa de seus legítimos interesses. Que responderá Fidelis,
chefe de milícias imperiais, quando se lhes disser que deponha as armas por-
que será respeitada a propriedade legítima de seus compatriotas? É impos-
sível que aceite conselho tão prejudicial. Leia Saraiva o processo do anexo no 2
e verá que os brasileiros são acusadores de Fidelis. O General Neto, conspi-
rador conhecido e de ambição ainda não saciada, desistiria porventura dos
seus propósitos se o Governo oriental adotasse, por solicitação do Império,
medidas favoráveis aos brasileiros? É erro acreditá-lo. Mas, acima de tudo
isso, está para o Governo da República o dever do respeito a si mesmo e o
amor aos princípios em que se baseiam as instituições contra que se lança a
rebelião urdida no estrangeiro. “O meio mais eficaz de bem servir o interesse
do Brasil e da República, que é o mesmo sob mais de um aspecto, político e
econômico, é inaugurar-se de uma e de outra parte, sincera, leal e energica-
mente, a prática do direito nos confins de um e outro território, reprimin-
do-se todo elemento de perturbação que conspire, de um e de outro lado da
linha divisória, contra as altas e duradouras conveniências de ambas as par-
tes e de ambos os governos.”
Saraiva respondeu, em nota de 4 de junho, rebatendo a argumentação
de Herrera.
Começa recordando e sintetizando os argumentos e as reflexões apre-
sentadas por esse ministro. Entra depois em matéria.
Em 31 de março de 1863, o Governo oriental denunciou ao brasileiro
a reunião, em Alegrete, de grupos formados para vir reforçar o General Flo-
res. O Governo imperial providenciou logo verificando o infundado da de-
núncia e V.Exa. Sr. Ministro — diz Saraiva — agradeceu os louváveis sen-
timentos de amizade e boa vizinhança. Em de 8 de maio, ocorreu reclamação
semelhante e V.Exa. fez justiça à honradez e lealdade da política do Brasil. O
Governo imperial mandou proceder rigoroso inquérito no Rio Grande para
responsabilizar e punir os que cooperassem na guerra civil da República.
V.Exa. soube das providências militares tomadas para policiar a fronteira.
O que ocorreu com as forças revoltosas de Salvatilha e Algañaraz, logo de-
sarmadas e internadas, por ordem do General Canabarro, patenteia as
intenções retas do meu governo. V.Exa. agradeceu por escrito essa medida.
122 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Tenho conhecimento de haver o Marquês de Abrantes, ex-ministro das Rela-


ções Exteriores, reiterado as ordens dadas ao presidente do Rio Grande do
Sul para evitar que os brasileiros interviessem na luta, V.Exa. respondeu em
31 de dezembro proclamando a cordialidade do Governo imperial. Infere-
se daí “que o Governo oriental sempre reconheceu a honradez, sinceridade e
zelo com que o Governo imperial observava e compelia os seus súditos a
observar a política da mais escrupulosa abstenção nas lutas intestinais do
Uruguai. Esses fatos e diversos documentos oficiais demonstram ser incon-
testável o seguinte: 1o) que o Governo imperial não esqueceu nunca o dever
de opor-se a toda intervenção de seus súditos na luta intestina da República;
2o) que separou a causa dos brasileiros irrefletidos que, a despeito da neutra-
lidade do Império, foram aliar-se ao General Flores, da causa dos brasileiros
pacíficos que não olvidaram o seu dever, nem os conselhos do seu governo, e
têm suportado com resignação as violências de todo o gênero e as atrocida-
des perpetradas, não já por cidadãos, mas pelas próprias autoridades do
Estado Oriental, ao abrigo de uma impunidade, por assim dizer, sistemáti-
ca; 3o) que os brasileiros que figuram no exército de Flores, seja qual for o
motivo da sua deliberação, a isto se resolveram sem aprovação e contra or-
dens muito positivas do seu governo; 4o) que a passagem pela fronteira de
gente e artigos bélicos, efetuada apesar dos esforços das autoridades brasilei-
ras e das dispendiosas guarnições militares ali mantidas e aumentadas pelo
Governo imperial, não pode tornar responsável o mesmo governo, ou os
seus delegados, pelo auxílio à causa do General Flores, do mesmo modo que
não se poderiam acusar os funcionários orientais do departamento em cujas
águas se verificou o desembarque do mesmo general e dos seus companhei-
ros, nem os que exercem a autoridade pública nas mesmas povoações onde
os revoltosos encontram recursos de toda sorte; 5o) que V.Exa. aceitava e até
aplaudia a qualificação de rebelião dada pelo meu governo à presente luta
intestina do Estado Oriental e chamava apenas anarquistas, e nunca saltea-
dores àqueles que se achavam comprometidos na referida rebelião.” É inexa-
to, declara Saraiva, que a recente invasão houvesse sido tramada ou organi-
zada em território brasileiro. Para afirmá-lo, é preciso esquecer o que nin-
guém ignora e as próprias declarações contidas nos documentos do Gover-
no oriental. Só agora V.Exa. lhe chama invasão brasileiro-argentina; antes
de o Brasil tomar a atitude presente, que tanto incomoda o Governo orien-
tal, nem a guerra era invasão nem a sua sede estava no Brasil. As verdadeiras
CAPÍTULO II 123

causas desse movimento promanam para os homens sensatos dos erros co-
metidos desde há muitos anos na gerência dos negócios internos da Repúbli-
ca. Tais erros são provações fatais das instituições livres, mas pela sua gravi-
dade e reincidência criaram para o Estado Oriental, o Brasil e a República
Argentina a deplorável situação presente, cuja responsabilidade V.Exa. quer
atirar sobre os vizinhos. O presidente da República Argentina indicou-os
em sua última mensagem ao Congresso. O exclusivismo ardente e a intole-
rância política são as causas da guerra civil. Nessas condições — continua
Saraiva — cumpre-me, em nome do Governo imperial, insistir pelas provi-
dências reclamadas para defender os brasileiros, não já das calamidades
inerentes às comoções políticas, mas das violências e crimes, que com esse
pretexto, ou sem ele, foram e continuam a ser praticados pelos próprios
agentes do Governo da República. O Governo imperial viu-se na necessi-
dade de alterar a sua política e pedir com energia providências prontas e
eficazes, que oferecessem aos seus súditos a segurança e as garantias sempre
prometidas e nunca realizadas. A demissão e efetiva responsabilidade dos
agentes do governo, que abusaram da sua autoridade, era certamente medi-
da eloquente para indicar a todos que o Governo oriental se acha no propó-
sito de não consentir a continuação dos abusos e o castigo dos criminosos de
data mais ou menos recente, o que poderia conter e reprimir as violências
desenvolvidas com a guerra civil e que ainda não puderam ser trazidas à
consideração do Governo oriental. A satisfação, se não de todas, ao menos
da maior parte das reclamações antigas e modernas, melhoraria considera-
velmente a sorte dos brasileiros e teria por certo um valor de atualidade e de
futuro, que não escapará seguramente a todos os que compreendem a im-
portância do exemplo e os benefícios da ação enérgica dos governos em
relação aos desmandos dos seus propósitos. Que outro procedimento pode-
ria ter o Governo imperial? Entrar em ajustes que modificassem as conven-
ções internacionais, o direito privado dos dois países, com o fim de dar
seguranças futuras aos brasileiros, como V.Exa. pareceu indicar? Mas isso não
cabe em um presente cheio de incertezas. Continuar na política de longa-
nimidade e expectativa, que até aqui não deu resultado proveitoso? Seria,
porém, abandonar a própria sorte dos brasileiros, que protestavam contra a
condescendência do seu governo e a confiança em promessas que não se cum-
priam e em castigos que eram sempre iludidos. Aguardar o termo da guerra?
Mas fora o mesmo que pedir remédio para os males que nos afligem depois de
124 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

haverem produzido todas as suas funestas consequências. “O Governo im-


perial, portanto, procedeu pelo único meio acertado e que lhe aconselhava
a situação deplorável dos seus súditos.” O Governo oriental opõe ao Brasil as
suas reclamações. Que fatos as originaram? Três ou quatro assassinatos, de
que tomaram conhecimento os tribunais brasileiros, conforme as leis do
Império; o assassino do mais grave deles foi condenado. Furto de gado na
fronteira, que só por uma lei recente pertence à ação ex-officio da autoridade
pública; assentamento de praça no Exército imperial de alguns cidadãos
orientais; questões de redução ao cativeiro de pessoas de cor nascidas na
República ou trazidas do Império para o seu território. Essa última classe de
reclamações enche o quadro dos agravos do Governo oriental, que por in-
termédio de seus cônsules no Brasil poderia obter a devida reparação, auto-
rizando aqueles agentes a proporem em juízo as respectivas ações, que são
decididas sempre pelos tribunais brasileiros do modo mais favorável à liber-
dade impugnada. Só encontro nesse quadro — diz Saraiva — um abuso de
autoridade brasileira: O de prisão arbitrária, cujos motivos aliás ainda não
foram verificados. Nas reclamações orientais o abuso da autoridade brasi-
leira é quase nenhum; dá-se o inverso nas do Brasil e é contra ele que o nosso
país reclama com energia. “Havemos de conseguir, Sr. Ministro” — exclama
Saraiva — “que o brasileiro na República seja tão protegido e garantido
como é o oriental no Império. O tempo e os nossos esforços perseverantes
hão de produzir o duplo resultado de induzir os nossos compatriotas a
serem absolutamente neutrais na política deste Estado e o Governo oriental
a satisfazer às nossas justas reclamações.” O exército de Flores não se com-
põe só de brasileiros e argentinos, como diz Herrera, para fazer acreditar que
a causa desse general é a dos estrangeiros contra o Governo da República.
“A longanimidade” — escreve Saraiva — “com que o Governo impe-
rial tem procedido para com o da República, a benevolência e notória mode-
ração que sempre o inspiraram, o desejo de não atuar fortemente sobre o
governo de um país amigo que cuidava de organizar-se não podem ser in-
vocados contra ele, agora que uma longa série de acontecimentos o consti-
tuíram na necessidade de reclamar com energia, a bem dos seus concidadãos,
a execução sincera das leis da República. O Governo imperial até há pouco
mantinha-se na resolução de esperar que este país, mais bem administrado,
proporcionasse aos residentes brasileiros as garantias que ele em vão tem
solicitado no decurso de 12 anos. Mas não está por isso inibido de proceder
CAPÍTULO II 125

de outro modo, tendo chegado ao termo de suas ilusões e crendo, como crê,
que a sua política de condescendência tem sido interpretada como fraqueza
e irresolução, a cujo favor pode o Governo oriental liquidar as questões
pendentes com todos os que lhe opõem embaraços sérios, menos com o
Brasil, Estado vizinho e que considera dever sagrado respeitar a indepen-
dência e integridade do território da República.” Salienta não haver nunca a
população gozado da proteção das leis no grau que o ministro afirma. O
simulacro de poder judiciário concentrado na capital deixa incertos os di-
reitos do estrangeiro nos departamentos. Diz ter sido informado naquele
momento de que o General Neto estava sendo processado e cita o assassínio
em Durazno de um brasileiro e sua filha de 16 anos. Se o governo não punir
os criminosos, então a sua situação é extrema. “Em tais condições o Governo
imperial deve e pode cuidar de garantir por si mesmo, e pelos meios que o
direito das gentes lhe permite, aos seus concidadãos.” E termina deste modo:
“Respondida por esta forma a nota de V.Exa., dou-me por inteirado de não
poder e de não estar disposto o Governo oriental nas atuais circunstâncias a
satisfazer as solicitações amigáveis que o Governo imperial lhe fez por meu
intermédio. E não me deixando a nota de V.Exa. esperança de conseguir
aquilo de que o meu governo não pode prescindir sem faltar aos mais sa-
grados deveres, tenho por conseguinte de levar todo o ocorrido à presença
de S. M. o Imperador e aguardar as suas ordens.”
As coisas chegavam assim a um ponto crítico em que se tornava ine-
vitável e imediato o rompimento entre os dos países. Um acontecimento
promissor veio, todavia, demorá-lo.

Tentativa de pacificação

O Ministro inglês Eduardo Thornton tinha-se oferecido, em 22 de de-


zembro de 1863, para mediador das questões surgidas entre a Argentina e o
Uruguai. Apesar dos seus esforços, nada conseguira porque o Governo ar-
gentino não quisera suspender previamente as medidas coercitivas que ha-
via tomado contra o Uruguai. Em 26 de janeiro, confessava Thornton ao
Governo oriental o insucesso de sua tentativa. Nada obstante propõe-se a
fazer novos esforços em junho de 1864.
No dia 6 desse mês, apresenta-se em Montevidéu em companhia de Rufino
de Elizalde, ministro das Relações Exteriores de Mitre. Ambos se acercam então
126 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de Saraiva e trocam ideias sobre a situação. Ficaram concordes em que o


restabelecimento da paz na República Oriental se impunha como condição
preliminar das questões pendentes entre o Uruguai, o Brasil e a Argentina.2
Saraiva e Elizalde solicitaram uma entrevista ao Presidente Aguirre, que os
recebeu no dia 7 de junho. Ambos lhe fizeram sentir a necessidade urgente de
concórdia no seio da família oriental. Aguirre prometeu estudar o assunto
com os seus ministros. No dia seguinte, Saraiva, Elizalde, Thornton e Lapido3
reuniam-se em casa do ministro dos negócios estrangeiros, Juan José de
Herrera. Este declarou aos três primeiros que o Governo oriental estava
disposto a tratar da paz e aceitava o concurso dos ministros estrangeiros
presentes, mas que havia uma questão prévia a liquidar: Que fariam o Brasil
e a Argentina se Flores não aderisse à paz ou a malograsse?
Elizalde disse só lhe ser dado responder em termos gerais. Se as condi-
ções de Flores fossem absurdas, ele podia afiançar ao Governo oriental o
concurso moral e até material da Argentina. Se ocorresse o inverso, se fos-
sem repelidas pelo Governo do Estado Oriental, nada poderia fazer por esse
governo, visto que o causador da continuação da guerra já não seria Flores.
Saraiva ponderou, por sua vez, que Herrera deslocara a questão, por-
quanto só lhe assitiria o direito de perguntar a ele e a Elizalde qual seria a
atitude de seus respectivos governos, no caso de Flores rejeitar as bases ofere-
cidas pelo Governo oriental, se porventura eles dois interviessem e assentas-
sem as condições; não seria possível obrigá-los a coisa alguma sem que lhes
dessem a conhecer as concessões que o Governo oriental estava deliberado a
fazer a Flores. Herrera e Lapido acharam, sem dúvida, sensatas e oportunas
essas reflexões e propuseram estas bases: Anistia plena para todos os que se
houvessem envolvido na guerra civil; reconhecimento dos postos que ante-
riormente haviam tido no exército da República e dos que o General Flores
houvesse concedido, se isso fosse uma condição sine qua non da paz, o que
aliás o Governo oriental faria com muita repugnância; concessão de uma
quantia que se arbitrasse, com que o General Flores remisse as dívidas con-
traídas para a guerra e indenizasse os indivíduos de quem recebera gado e
cavalhada; liberdade plena de eleição, a qual, observou Herrera, era dever
do governo garantir.
Depois disso, Herrera insistiu na sua primeira pergunta. Elizalde res-
pondeu acreditar que Flores aceitaria essas condições e, se o não fizesse, ele,
Elizalde, ofereceria o concurso moral e material da Argentina. Saraiva de-
CAPÍTULO II 127

clarou que achava aceitáveis as ditas condições e que, se Flores insistisse por
outras inaceitáveis, considerá-lo-ia causador do prolongamento da guerra
e daria ao governo o apoio moral possível.
Aguirre manifestou-se de acordo com as gestões de paz.
Dessa forma, tudo corria bem. Faltava só abordar o General Flores e
ouvi-lo. Os mediadores e mais os dois representantes do Governo oriental
(Andrés Lamas e Florentino Castellanos) marcharam ao encontro do gene-
ral revolucionário, que os esperava em Puntas del Rosario. Aí os mediadores
lograram chegar a um acordo com ele (18 de junho de 1864). Todos os orien-
tais readquiririam a plenitude dos seus direitos civis e políticos quaisquer
que fossem as suas opiniões anteriores. O desarmamento far-se-ia de acordo
com Flores. Ficariam confirmados os postos militares. Seriam reconhecidas
como dívida nacional as despesas de revolução até 500.000 pesos. Conside-
rar-se-iam como tendo entrado para o tesouro público as contribuições
cobradas pelos revolucionários.
Tudo isso foi aceito ad referendum pelos representantes do governo.
No dia 23 de junho, Aguirre recebeu os mediadores, que lhe fizeram
entrega de uma carta do general revolucionário. Comunicou-lhes que acei-
tava com leve modificação as bases convencionadas. No dia 25 visitou Sarai-
va, em cuja companhia estavam Thornton e Elizalde, e a todos patenteou a
sua gratidão. Nesse mesmo dia, fez pública aos seus concidadãos a notícia do
convênio de paz.
Sem embargo, dentro de poucos dias, tudo isso se malograva. Por
quê? Porque Aguirre não quis cumprir pontualmente o que havia sido com-
binado. Moveu-o provavelmente a isso a intransigência dos seus correligio-
nários, e quiçá a esperança de uma intervenção do Paraguai, que a República
Oriental havia muito solicitava, como adiante se verá.
Além das bases de pacificação combinadas, havia uma carta de Flo-
res dirigida a Aguirre — parte essencial do convênio — e na qual dizia aque-
le general:
“Depois de haver dado por minha parte as provas mas positivas do
meu ardente anelo pela pacificação do meu país, aceitando as condições que
me foram apresentadas pelos senhores ministros da República Argentina,
do Brasil e da Inglaterra, creio de meu dever fazer presente a V.Exa. que con-
senti nessas condições, convencido de que V.Exa. em seu patriotismo com-
preenderia que elas seriam estéreis e dariam lugar a novas discórdias se não
128 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

prevalecesse no ânimo de V.Exa. a ideia de que necessitam, como garantia do


seu fiel cumprimento, da organização de um ministério que, secundando a
política da paz que iniciamos, aquiete os espíritos e prepare o caminho para
chegar à livre organização dos poderes públicos que devem reger o país
segundo a nossa Constituição. Nessa confiança e segurança, em que fui con-
firmado pelos Exmos. Srs. Ministros que cooperavam para a pacificação do
país, é que aceitei com todo o patriotismo essa condição, com o pensamento
de regular previamente com V.Exa. essa garantia, e para isso estou pronto a
comparecer no lugar e hora que V.Exa. designar.”
Aguirre acusou a Flores o recebimento da sua carta, que lhe foi entre-
gue por Elizalde, mas limitou-se a coisas gerais, sem ferir a questão capital.
No dia 2 de julho, tiveram os mediadores novas conferências com ele.
Mostraram-lhe que, sem ser atendida a carta de Flores, tornar-se-ia inexe-
quível a pacificacão. O presidente revelou o seu aborrecimento; confessou
nunca se haver persuadido de que o objeto dessa carta fosse condição sine
qua non da pacificação; estava resolvido a mudar o ministério, mas não
antes de tranquilizada a República.
No dia 5 de julho, Lamas e Castellanos comunicaram aos mediadores,
da parte de Aguirre, que ele prometia reorganizar o ministério depois do
desarmamento simultâneo de Flores e de Moreno (comandante da força
governista). Era patente a obstinação do chefe do governo em desatender ao
que se tinha combinado. Em vista disso, Saraiva protestou e disse a Lamas e
Castellanos que Aguirre devia resolver logo a questão de modo decisivo e
pronto ou “desembaraçá-los da negociação com Flores, pondo-lhe termo,
ficando nós” — ajuntou Saraiva — “desimpedidos para obrar como nos pare-
cer mais conveniente.” Thornton e Elizalde aplaudiram essa deliberação do
representante brasileiro, que foi levada ao conhecimento de Aguirre. No dia
7 de julho, este recebeu novamente os mediadores e anunciou-lhes o seu
propósito de substituir os ministros; apontou os nomes de alguns dos seus
futuros colaboradores. Ouvindo-os, não puderam os ministros estrangei-
ros conter o espanto; esses indivíduos caracterizariam ainda mais a política
extremada do partido dominante. Havia, sem embargo, nesse partido, ho-
mens que inspiravam confiança (Castellanos, Villalba, Andrés Lamas,
Martínez, Herrera y Obes etc.) e que foram lembrados na ocasião. Mas
Aguirre não cedeu. “Nós então” — escreve Saraiva — “lhe declaramos que a
nossa missão de mediadores oficiais se achava terminada; que acreditáva-
CAPÍTULO II 129

mos inútil todo esforço para que Flores se desarmasse, pois que se lhe faltava
com a promessa sob a qual tinha tratado, a saber: que o Sr. Aguirre seria o
chefe de todos os orientais e não de um partido, e que por meio de um
ministério moderado e sincero iniciaria a política da paz ou, antes, da ga-
rantia para todos.
“O seu fim iniciando uma negociação de paz” — comenta Saraiva —
“não foi outra senão obstar, mediante enganadoras promessas, ao desarma-
mento de Flores, e depois volver à sua política fatal, a de extermínio de todos
os adversários.”
Nesse mesmo dia (7 de julho), Thornton e Elizalde regressaram a
Buenos Aires; Saraiva oficiou a Herrera comunicando ter cessado a media-
ção. No dia 8, embarcou para Buenos Aires.
Na manhã de 4 de julho, recebeu Flores comunicação, enviada pelos
mediadores, do malogro das negociações de paz. Oficiou logo ao General
Lucas Moreno avisando-o de que, dentro de 48 horas, isto é, às 10h30min da
noite de 6 de julho, iriam recomeçar as hostilidades, suspensas desde o dia 9
do mês anterior.
Todos devemos hoje lamentar sinceramente que o Presidente Aguirre
houvesse desprezado aquela oportunidade para restabelecer a harmonia
entre os seus compatriotas.
“A necessidade de tomar conselhos” — observou Saraiva — “com ho-
mens presos à situação por suas malversações ou cego espírito de partido é o
que faz do Sr. Aguirre o homem mais indeciso e fraco que a desgraça desta
República colocou na cadeira da presidência.”4
Uma vez em Buenos Aires, buscou Saraiva pôr-se em contato com
Mitre. Trocaram ideias sobre a situação (11 de julho). Achava Mitre que a
pacificação da República Oriental era o único meio de vencer as dificuldades
da situação. Poder-se-ia conseguir isso direta ou indiretamente. Diretamen-
te pela ação conjunta do Brasil e da Argentina para combater o partido
hostil à paz e promover a formação de novo governo. Indiretamente prosse-
guindo o Brasil na exigência de satisfação pelos agravos recebidos, o que
obrigaria o Governo oriental a entrar resolutamente no caminho da paz. O
primeiro meio encontrava embaraços nas convenções internacionais e teria
consideráveis dificuldades práticas, sendo uma delas acarretar aos dois go-
vernos interventores a responsabilidade dos erros cometidos pela nova ad-
ministração e das reações inevitáveis em tais circunstâncias. O meio indireto
130 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

afigurava-lhe o melhor e o único adaptável no momento. A Argentina prome-


tia o seu apoio moral ao Império, pois não via no procedimento desses desíg-
nios que não fossem justos e compatíveis com as convenções asseguradoras
da independência e integridade da República Oriental.
Saraiva ponderou que, sendo limitado o alcance dos meios indiretos,
não se tornava possível prever o termo do estado anormal da República do
Uruguai. Apesar das desvantagens dos meios diretos, talvez o Brasil e a Ar-
gentina fossem compelidos mais tarde a atuar conjuntamente. A esse res-
peito não sabia a opinião do Governo brasileiro; falava por conta própria.
Mitre patenteou a sua fé em que a paz decorresse da atitude do Brasil
nas questões pendentes. Se a guerra houvesse de perpetuar-se na República
Oriental, os dois governos vizinhos, obrando de conformidade com as exi-
gências supremas da situação, justificariam plenamente todo procedimen-
to que tivesse por fim pacificar um Estado cujas perturbações agitam os
países confinantes.
Saraiva perguntou-lhe quais os meios indiretos de que cogitava. Mitre
respondeu-lhe que eram a guerra, as represálias e a entrada de força pela
fronteira para apoiar as reclamações do Brasil e garantir os seus nacionais.
Saraiva achou oportuno dizer-lhe que, em sua opinião individual, já por
vezes emitida ao seu governo, cumpria no emprego da força não ir além das
necessidades de defender os nossos compatriotas e salvar das devastações da
guerra as suas grandes propriedades, pois tudo quanto excedesse isso da-
ria o caráter de intervenção clara e direta nos negócios da República, inter-
venção que, como Mitre, ele só julgava justificável em casos supremos e que
nunca deveria ser tentada pelo Império isoladamente, pois ocasionaria
novos desvios da opinião pública no tocante às intenções do Governo brasi-
leiro, sempre fiéis aos tratados e hoje tão nobremente reconhecidas pela
República Argentina.
Mitre replicou que, ainda quando o Brasil obrasse sozinho, a sua po-
lítica seria julgada com justiça por todos, desde que, feito o benefício, tives-
se, como não era lícito duvidar, a nobreza de contentar-se com a glória de
concorrer para a prosperidade de uma nação, como o fizera em 1851 com a
Argentina, fato de que ela sempre guardaria preciosa recordação.
Malograda a mediação de que Thornton tivera a iniciativa, voltava a
questão ao seu estado anterior. Saraiva encontrava-se de novo face a face
com o intrincado problema que lhe cumpria resolver. Compreendia ser de-
CAPÍTULO II 131

ver seu declarar ao Governo oriental a última palavra do Império, isto é, que
o Brasil iria proceder a represálias e que o nosso exército penetraria no Estado
Oriental para castigar quaisquer atos atentatórios da vida e propriedade
dos brasileiros.5 “Não tenho, porém” — escrevia ele ao ministro dos Estran-
geiros, em 13 de julho —, “a segurança de achar-se o nosso exército organi-
zado e bem distribuído na fronteira, pois que, segundo as últimas notícias, o
Sr. Presidente do Rio Grande do Sul se acha empenhado em constituí-lo e
colocá-lo nos pontos mais convenientes. E, pois, sem essa segurança não
devo tomar uma deliberação grave, que, a não ser com mais ou menos bre-
vidade acompanhada de atos de execução, não pode influir eficazmente no
ânimo do Governo oriental. Parece-me indispensável que seja o governo
quem delibere clara e positivamente acerca do emprego das represálias, que
dê as ordens para as autoridades do Rio Grande do Sul e escolha as pessoas
que devem desempenhar tais ordens. É ainda necessário que, quando eu
significar ao Estado Oriental a deliberação do Governo imperial a esse res-
peito, já tenham sido expedidas para aquela Província as instruções relati-
vas ao assunto. A nossa esquadra pouco pode fazer no Rio da Prata sem ferir
os interesses estrangeiros e despertar reclamações contra os nossos atos. Co-
municando, porém, ao Governo oriental o nosso propósito de proceder a
represálias nos termos e pelo modo que V.Exa. deliberar, colocaremos as
canhoneiras no Uruguai e imporemos por meio delas às autoridades de
Paysandu e Salto o respeito devido aos brasileiros, ficando no porto de Mon-
tevidéu os nossos navios maiores para garantirem os nossos compatriotas
que habitam esta cidade e suas imediações.”
Saraiva participava ter oficiado na mesma ocasião o Presidente do
Rio Grande do Sul, dizendo-lhe como imaginava que as forças da fronteira
deveriam proceder a represálias. A ocupação do território oriental tinha
para ele grandes inconvenientes e só seria justificável por uma declaração de
guerra. E isso não devemos fazer — acrescentava —, pois a guerra atual ao
Uruguai seria a guerra ao nosso comércio e a nós mesmos e traria maiores
complicações, salvo se quiséssemos apoiar-nos em um partido e elevá-lo ao
poder, o que seria também grave mal para os nossos interesses futuros.6
“A V.Exa.” — dizia ainda Saraiva — “compete examinar se os recursos
de que dispomos habilitam o Governo imperial para o emprego de meios
mais enérgicos do que aqueles que constituem simples represálias e se deve-
mos aventurar-nos em uma política mais forte e de mais coação para com o
132 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Estado vizinho. O meu parecer, porém, é que, ainda quando possamos dis-
por de tais recursos, devemos principiar de modo menos violento e ir gra-
dualmente procedendo com mais energia e decisão, se for necessário.”
Noticioso dos acontecimentos, oficiou o ministro dos Estrangeiros a
Saraiva nestes termos (21 de julho de 1864):
“De tudo inteirado, cabe-me, em resposta, dizer a V.Exa. que visto
terem-se malogrado inteiramente os esforços empregados para a paz, medi-
ante a qual, restituindo o sossego à República Oriental, podíamos melhor
conseguir do seu governo as satisfações e reparações a que temos direito
pelas ofensas ali praticadas contra súditos brasileiros, entende o Governo
imperial que, estando, como está o Governo da República Argentina, certo
das nossas boas intenções, nada mais resta fazer que regressar V.Exa. a Mon-
tevidéu, e aí, reatando a negociação que encetara, e na qual, por amor das
esperanças de paz, sobresteve, marcar ao Governo da República um prazo
mais ou menos breve, segundo as circunstâncias aconselharem, dentro do
qual o mesmo governo possa dar as satisfações exigidas na forma das instru-
ções de que foi V. Exa. munido, sob a cominação nele estabelecida de passar-
mos a fazer pelas nossas próprias mãos a justiça que nos é negada, visto não
termos outro recurso e não ser possível o Governo imperial tolerar por mais
tempo os vexames e perseguições feitas aos súditos de sua nação.”
Dizia ainda julgar o Governo imperial ser conveniente que o Almirante
Tamandaré tomasse logo posição no Uruguai, e que nessa conformidade ele
iria receber as precisas instruções do Ministério da Marinha (LXVIII). De-
terminava também que a Legação Brasileira permanecesse em Montevi-
déu, “mesmo no caso de rompimento das represálias”, pois que “não signifi-
cam necessariamente a guerra”. Comunicava já ter dado ordens ao presidente do
Rio Grande do Sul para que as tropas da fronteira estivessem prontas a operar.

Ultimato de Saraiva

Cumprindo as determinações do Governo imperial, Saraiva apre-


sentou, no dia 6 de agosto de 1864, o seu ultimato ao Governo do Uruguai.
Nele marcou o prazo de seis dias para a satisfação das exigências formuladas.
“As represálias e as providências para garantia dos meus concidadãos
acima indicados” — dizia ele — “não são, como V.Exa. sabe, atos de guerra;
e eu espero que o governo desta República evite aumentar a gravidade da-
CAPÍTULO II 133

quelas medidas impedindo sucessos lamentáveis, cuja responsabilidade


pesará exclusivamente sobre o mesmo governo.”
O ultimato de Saraiva provocou, como era natural, grande irritação
no Governo uruguaio, que logo protestou por escrito contra os termos
empregados e contra a cominação, que reputou inaceitável.
“Penosa” — escreveu Herrera — “foi a impressão recebida por S.Exa.
o Sr. Presidente da República ao tomar conhecimento da nota de S.Exa. o Sr.
Conselheiro Saraiva.
Em seu conceito não são aceitáveis os termos que se permitiu V.Exa.
empregar ao dirigir-se ao Governo da República, nem é aceitável a cominação.
Para o Governo da República é sempre a mesma razão e justiça, e
tanto as respeitará e sustentará na discussão como ante a força e a ameaça.
Atendendo a isso, recebi ordem de S.Exa. e Sr. Presidente da República
de devolver a V.Exa., por inaceitável, a nota ultimato que dirigiu ao governo.
Ela não pode permanecer nos arquivos orientais.
Todavia, depois dessa desatenção para com o Brasil, caía em si, prova-
velmente impressionado pela visão dos acontecimentos que se iriam desdo-
brar, e propunha no mesmo papel fossem as questões pendentes sujeitas ao
arbitramento de uma ou mais potências das representadas em Montevidéu,
a saber: Espanha, Itália, Portugal, França, Prússia e Inglaterra.
Saraiva respondeu em 10 de agosto, recusando a lembrança do arbi-
tramento, porque iludia a questão e adiava a dificuldade, quando urgia, ao
revés, providenciar em prol da segurança da vida e propriedade dos brasilei-
ros. Anunciava que iam ser expedidas instruções ao Almirante Tamandaré e
ao comandante dos corpos de exército estacionados na fronteira para pro-
cederem a represálias e empregarem as medidas mais convenientes em or-
dem a tornar efetiva a proteção a que tinham direito os súditos brasileiros e
que o Governo oriental não lhes podia assegurar.
Deu ciência do seu ultimato a todo o corpo diplomático de Montevidéu.
No dia 11 de agosto, deixava esta cidade a bordo da corveta Niterói e
seguia para Buenos Aires (LXIX).
Antes de partir, oficiou ao Almirante Tamandaré salientando a van-
tagem de haver navios de guerra brasileiros em Salto, Paysandu e Colônia e
de eles não permitirem que os dois navios de guerra orientais, ou quaisquer
outros, fossem empregados no transporte de tropas para esses pontos, en-
quanto Tamandaré não julgasse preciso apressar a execução de represálias
134 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ou dar outro destino a esses navios. É natural que a disputa entre o Brasil e o
Uruguai preocupasse seriamente a atenção da República Argentina, em-
bora estivessem fracassadas as suas relações com o vizinho do outro lado do
Prata. As prevenções históricas contra o Império, sempre acusado de alimen-
tar projetos de conquista, e as estipulações da Convenção de 1828 levaram-
na a interessar-se pelos acontecimentos, seguindo-os com solicitude em
seus pormenores.
Já vimos os esforços que ela desenvolveu, por intermédio do Ministro
Elizalde e juntamente com Thornton e Saraiva, para restaurar a paz na Re-
pública Oriental, apesar da situação delicada em que se encontrava em face
do governo deste país.
O Brasil, porém, tinha todo o interesse em deixar bem clara a lisura
do seu procedimento e a ausência de qualquer preocupação de apossar-se de
terras que não lhe pertenciam ou de exercer sobre elas um protetorado de
que nenhum benefício poderia colher. Já referi os fatos capitais da conversa
de Saraiva com Mitre depois do insucesso da pacificação.
Após a entrega do ultimato, há nova permuta de ideias com o Gover-
no da Argentina, as quais são afinal protocoladas no dia 22 de agosto de
1864. Em documento oficial, assinado por Saraiva e Rufino de Elizalde, de-
claravam os dois países, de comum acordo, que a paz da República do Uru-
guai era condição indispensável para a solução das suas questões interna-
cionais, e que qualquer deles poderia proceder com essa República, nos ca-
sos de desinteligência, recorrendo aos meios que o direito das gentes reputa
lícitos, só com a limitação de serem sempre respeitados os tratados garanti-
dores da sua independência, integridade territorial e soberania.

O Brasil providencia sobre as represálias

Com o ultimato de Saraiva abria-se uma quadra nova e cheia de sur-


presas para a ação do Império na República Oriental. Tínhamos, é certo,
dado ordens para a reunião de forças na fronteira do Rio Grande do Sul e
dispúnhamos de uma esquadra na embocadura do Prata, sob o comando do
Almirante Tamandaré. Veremos, porém, dentro em pouco que em agosto,
isto é, precisamente no momento do ultimato, as forças terrestres, sob o
comando do Marechal de Campo João Propício Mena Barreto, depois Ba-
rão de S. Gabriel (LXX), não se achavam concentradas e prontas para a
CAPÍTULO II 135

ação, tanto que só em 1o de dezembro desse mesmo ano, isto é, meses depois,
cruzaram a nossa fronteira internando-se no território uruguaio. Nessas
condições só podíamos lançar mão da esquadra de Tamandaré e dos corpos
que se encontravam mais vizinhos da fronteira terrestre para a execução
imediata das represálias anunciadas.
De que natureza, porém, seriam estas?
Não era fácil prevê-lo. As represálias não comportam por si mesmas
nenhuma definição precisa, de modo que teríamos de ser, até certo ponto,
orientados passivamente pelos sucessos posteriores. Em todo o caso, ne-
nhum espírito sensato teve dúvida de que nos encontrávamos a dois passos
de uma guerra, e de que a nossa ação coercitiva, como disse, no Senado, o
Visconde do Rio Branco, se traduziria, malgrado os desejos do Governo
imperial, como auxílio à revolução de Flores. Este, que até então não tinha
logrado vencer, logo divisou na intervenção do Brasil o único concurso
material e moral capaz de lhe permitir lançar por terra o governo de Aguirre
e entrar triunfante na capital do país. O Brasil tinha de vê-lo com a simpa-
tia que sempre despertam reciprocamente os que se batem contra um mes-
mo adversário. Sem dúvida não era a guerra a sua intenção. Mas ser-lhe-ia
possível evitá-la?
Apesar de tudo isso, procurou o Governo do Brasil orientar os ele-
mentos navais e terrestres chamados a atuar naquele momento. No mesmo
dia (21 de julho) em que ordenou a Saraiva a entrega do ultimato, expediu
instruções a Tamandaré e por intermédio do presidente do Rio Grande do
Sul às forças estacionadas na fronteira dessa província.
A estas dizia o ministro da Guerra: “1o) a divisão situada em Bagé
deverá estar sempre pronta para expedir forças em todas as direções de nos-
sa fronteira e preparada para marchar para a República Oriental, se suceder
que alguma força considerável da mesma República ameace algum ponto de
nossa fronteira; 2o) a fronteira de Quaraí e Santana do Livramento continu-
ará guarnecida do melhor modo que for possível, e as forças que nela estaci-
onarem se conservarão sempre em perfeito estado de mobilidade, de sorte
que possam operar juntamente. O mesmo se procurará observar a respeito
das forças que guarnecem a fronteira do Jaguarão. A fronteira do Chuí
convém que seja bem guarnecida e comandada por um oficial de inteira
confiança, a quem se prescreverá toda a vigilância e cuidado de sua defesa, a
qual não deverá ser confiada somente à guarda de forças de cavalaria, atenta
136 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

a sua posição topográfica em relação à cidade do Rio Grande; 3o) os coman-


dantes parciais dessas fronteiras deverão ter as necessárias ordens para obrar
repentinamente, como o caso exigir, nas seguintes hipóteses: a) policiar a
fronteira; b) repelir qualquer invasão do nosso território; c) executar repre-
sálias; 4o) na polícia das fronteiras empregarão todos os meios para manter
a tranquilidade e ordem, apreendendo os criminosos e desertores, e pessoas
suspeitas que pretendam entrar ou sair pela fronteira, não consentindo na
reunião de indivíduos que intentem passar para a República Oriental com o
fim de intrometer-se nas questões intestinas daquele país; 5o) na defesa con-
tra qualquer invasão do nosso território, o Governo imperial conta que os
bravos soldados do Império empenharão todo o seu costumado valor e
lealdade na defesa dos direitos de nossa soberania territorial, quer defen-
dendo por si mesmos os pontos que forem invadidos, quer auxiliando-se
reciprocamente as forças destacadas umas das outras, conforme as circuns-
tâncias exigirem; 6o) as represálias deverão consistir: a) na apreensão dos
indivíduos reconhecidos como criminosos contra as pessoas ou proprieda-
des dos brasileiros, quer sejam autoridades ou comandantes de forças, quer
permaneçam sob a sua proteção; b) na perseguição e captura daqueles que
cometerem atentados contra as pessoas e propriedades dos brasileiros, se-
jam autores desses fatos autoridades locais, comandantes de forças ou parti-
culares; c) consumada a represália, as partidas ou forças que as fizerem se
recolherão imediatamente ao território brasileiro; d) os indivíduos que fo-
rem presos em virtude das represálias serão remetidos para as prisões das
guarnições mais próximas e ficarão sujeitos às ordens do Comandante das
Armas; e) a esfera das evoluções necessárias para se realizarem as represálias
deverá ser os departamentos da fronteira terrestre da República Oriental,
não só porque é neles que avultam os interesses brasileiros, como porque
não convém estender a muito longe a ação de pequenas forças isoladas; 7o) o
Presidente do Rio Grande do Sul, de acordo com o comandante das Armas,
poderá, conforme as circunstâncias que ocorrerem, mandar realizar quais-
quer outras providências que se não acharem contidas nas presentes instru-
ções, mas forem necessárias para fiel execução do pensamento do Governo
imperial em relação à guarda e defesa da nossa fronteira, e apoio e proteção
às pessoas e propriedades dos cidadãos brasileiros.”
As instruções a Tamandaré foram expedidas pelo ministro da Ma-
rinha e rezavam deste teor: “Ao comandante em chefe das forças navais in-
CAPÍTULO II 137

cumbe: 1o) dar proteção aos brasileiros, defendendo-os até mesmo com força,
contra as perseguições que lhe forem feitas, e auxiliando, com os recursos à sua
disposição, as requisições que lhe dirigirem os nossos agentes diplomáticos e
consulares; 2o) fazer estacionar no Salto, em Paysandu, em Maldonado, ou em
qualquer outro ponto, as canhoneiras que forem necessárias, em ordem a
prestar o mais eficaz amparo e proteção aos súditos do Império e apoiar a
ação das forças, incumbidas de represálias pela fronteira do Chuí e do Quaraí.”
Aos respectivos comandantes incumbe: “1o) velar pela guarda das pes-
soas dos brasileiros residentes nessas localidades e prestar todo o auxílio que
lhes for possível; 2o) empregar a força que for compatível com os meios de
sua ação, para repelir as agressões feitas a súditos brasileiros, capturando
aqueles que forem autores desses atentados, ou sejam autoridades, ou sim-
ples cidadãos da República Oriental.”
De posse de suas instruções, Tamandaré tratou de cumpri-las. Exigiu
que o Governo oriental reduzisse a completa imobilidade o vapor de guerra
General Artigas, o que ele fez, e mandou que a sua terceira divisão fosse ope-
rar no Rio Uruguai. Nomeou para comandar o seu chefe de estado-maior, o
Capitão de Mar e Guerra Francisco Pereira Pinto. Esse oficial deveria sair de
Montevidéu com a Jequitinhonha e a Araguari (LXXI) e juntar-se no Uruguai
à Belmonte (LXXII), que se encontrava em Paysandu. Esse porto — dizia
Tamandaré em 22 de agosto — deverá ser o centro de sua estação; daí expe-
dirá um ou mais navios, ou toda a força, para operar nas localidades em que
for reclamado o seu auxílio.
Cumpria-lhe, e aos comandantes dos navios, o seguinte:
1o) Velar na guarda das pessoas dos brasileiros residentes nessas loca-
lidades, prestando todo o apoio que lhes for devido;
2o) Empregar a força que for compatível com os meios especiais de sua
ação, para repelir as agressões que forem feitas a súditos brasileiros, captu-
rando os autores desses atentados quer sejam autoridades, quer simples ci-
dadãos da República Oriental;
3o) Prestar toda a coadjuvação aos cônsules e vice-cônsules brasileiros.
Tinham também direito à nossa proteção os estrangeiros que por
qualquer motivo se apresentassem a bordo dos navios solicitando-a.
Pereira Pinto deveria pôr-se em contato com os comandantes milita-
res e as autoridades civis das povoações do Rio Uruguai e exigir delas a pro-
messa de respeito e proteção aos brasileiros, bem como a imobilização e o
138 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

desarmamento do vapor de guerra Villa del Salto e das embarcações menores


do governo que ali se encontravam.
Previa-se também o caso de entrarem forças brasileiras pela fronteira
terrestre e explicava-se o modo de se estabelecer contato com as mesmas.
Pereira Pinto zarpou de Montevidéu na noite de 24 de agosto, a fim de
desempenhar a sua missão. Penetrou no Rio Uruguai levando consigo o
Jequitinhonha e a canhoneira Araguari.
Nas proximidades da foz do Rio Negro, viu às 11h20min da noite o Villa
del Salto aproximar-se e descer o rio velozmente, passando por ele. Inti-
mou-o a parar e seguir-lhe no encalço. O vapor uruguaio não obedeceu; virou
águas acima e procurou fugir. Pereira Pinto disparou um tiro de canhão sem
avisá-lo, para intimidá-lo, mas ele desapareceu célere em uma volta do rio. No
dia seguinte avançou em busca do fugitivo. Soube em caminho por um vapor
argentino que descia ter ele seguido até ao Porto de Concordia.

Rompimento do Uruguai com o Império

Em 30 de agosto de 1864, Herrera passava uma nota ao ministro bra-


sileiro em Montevidéu, na qual se encontrava este trecho:
“Desse atentado (ataque ao Villa del Salto), Senhor Ministro, resultou
que o vapor que levava aos defensores de Mercedes os elementos necessários
à resistência não pôde chegar ao seu destino por lhe impedirem os canhões
da Marinha Imperial do Brasil; e resultou também que à bandeira brasilei-
ra, posta com toda a eficácia e na devida oportunidade ao serviço da invasão
a cuja frente se acha Venancio Flores, deve esse desgraçado caudilho ter se
apoderado do povoado de Mercedes no dia 27 do corrente, passando no dia
28 para o norte do Rio Negro com a intenção de atacar Paysandu, em cujo
porto o esperavam três canhoneiras do Império.
A vista desses fatos, e tendo o Governo do Brasil disparado o primeiro
tiro no Prata, S.Exa. o Senhor Ministro Residente junto ao Governo da Re-
pública compreenderá que é inútil a sua permanência diplomática no terri-
tório nacional.
Por conseguinte, S.Exa. se servirá fazer uso, dentro de 24 horas, conta-
das do momento em que recaber esta, dos passaportes que S.Exa. o Presidente
da República me ordena passe às suas mãos.”
Era o rompimento formal com o Império!
CAPÍTULO II 139

No dia 31 de agosto, toda a Legação Brasileira embarcava na corveta


Niterói, a fim de recolher-se a Buenos Aires.
Em 3 de setembro, o Governo oriental completava a sua obra cassan-
do o exequatur aos agentes consulares do Brasil.
A situação ia-se, pois, agravando todos os dias. Enquanto o governo
de Aguirre nos repelia, nós tendíamos a acercar-nos de Venancio Flores, a
quem prestávamos auxílio indireto. Tamandaré, por seu lado, transforma-
ra as suas represálias em verdadeiros atos de guerra.
A vigilância que passou a exercer no Rio Uruguai importava dano
considerável às operações governamentais, pois, sendo algumas povoações
ribeirinhas, sobretudo Salto e Paysandu, centros capitais da resistência de
Aguirre, a posse da livre navegação do rio era o melhor meio de elas se comu-
nicarem fácil e reciprocamente entre si e com Montevidéu e de serem aprovi-
sionadas, caso fosse possível ao mesmo Aguirre contar com as embarcações
que os brasileiros buscavam deter.
Entrementes, Flores permanecia vigilante. Em 4 de agosto de 1864,
isto é, precisamente no dia em que Saraiva entregava o seu ultimato, ele ataca-
va a vila de Florida e dela se apoderava. Infelizmente o vingador da hecatombe
de Quinteros não se pejou de mandar fuzilar o chefe da praça, Major Jacinto
Párraga, e mais seis de seus oficiais. Ainda nesse mesmo mês conquistou as vilas
de Durazno e de Porongos. Receoso de um revés, os governistas evacuaram
Fray Bentos e retraíram-se para Mercedes.

Retirada de Saraiva e suas sugestões quanto às represálias

Estando finda a sua missão, resolveu Saraiva regressar ao Brasil. No


dia da partida (7 de setembro) dirigiu ao Presidente do Rio Grande do Sul
um ofício em que o inteirava dos acontecimentos. Dizia-lhe nesse documen-
to parecer-lhe necessário e urgente, como medidas indispensáveis à seguran-
ça dos nossos compatriotas:
“1o) Que o Exército Brasileiro entre no território da República para o
fim de expelir de Cerro Largo, Paysandu e Salto as forças do Governo de
Montevidéu que nesses pontos existem e ameaçam exercer represálias contra
os nossos concidadãos.
2o) Que a divisão que houver de efetuar operações militares contra
Paysandu e Salto deve ter a gente e o material necessários para sitiar e tomar
140 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

à viva força, se for necessário, a cidade de Paysandu, onde há hoje uma


guarnição pouco inferior a mil praças, e mais de 20 peças de campanha
bem colocadas.
3o) Que convém atacar primeiro o Salto, que tem menor guarnição,
para depois seguir com toda a força para Paysandu.
4o) Que os comandantes das divisões devem entender-se com os da
esquadra, que há de conservar-se em frente de Paysandú e Salto a fim de
verificar-se, por meio de um sítio regular, e interceptadas todas as comuni-
cações por terra e pelo rio, a capitulação daqueles dois pontos sem der-
ramamento de sangue, o que se poderá conseguir adotadas as providên-
cias convenientes.
5o) Que a divisão que se dirigir ao Cerro Largo deve procurar incor-
porar-se à força do Major Fidélis, que, seguramente, nas nossas circunstân-
cias atuais não deixará de auxiliar o exército do seu país.
6o) Que, se não dispomos agora de bastante força para operações
militares em diversos pontos, devemos tentar somente o ataque do Salto e
Paysandu, deixando para depois o da vila do Cerro Largo.
7o) Que os comandantes militares devem receber ordem para não
ofenderem, nem hostilizarem de qualquer modo força alguma pertencente
às do General Flores, o qual não nos tem agravado e antes procura garantir
aos brasileiros, tanto quanto lhe é possível, nos lugares por ele ocupados.
8o) Que, tomada qualquer das posições indicadas, e desarmadas as
respectivas guarnições, logo que nelas forem constituídas novas autoridades
nomeadas pelo General Flores, e dando este a segurança de proteger os bra-
sileiros ali residentes enquanto não se organizar o governo legal da Repúbli-
ca, devem as nossas forças sair dos pontos indicados, e mesmo do território
da República, se não receberam do Governo imperial ordem para marchar
até Montevidéu.
9o) Que as operações militares devem limitar-se, até novas ordens do
Governo imperial, aos pontos designados (Salto, Paysandu e Cerro Largo),
e de maneira que as nossas forças obrem coadjuvadas e auxiliadas pela es-
quadra, a qual deverá receber, por Uruguaiana ou Santa Rosa, as comunica-
ções necessárias.
10o) Que não se devem impor contribuições de guerra, e pelo contrá-
rio se deve pagar logo tudo quanto se tomar para o suprimento do exército,
cumprindo que todos os chefes militares procedam com muita atenção à
CAPÍTULO II 141

seguinte recomendação: Que não fazemos nem queremos fazer mal à Re-
pública Oriental e só hostilizamos o atual Governo de Montevidéu e seus
agentes, únicos responsáveis da desgraçada situação em que se acham os
seus conterrâneos e os estrangeiros pacíficos residentes no país.”
Saraiva ajunta ainda ser dever nosso não demorar as operações indi-
cadas; o Governo imperial teria tempo de desenvolver as medidas que ele
aponta antes de completamente realizadas.
Previne que Flores passou para o norte do Rio Negro e vai atacar Salto.
Não poderá, porém, tomar Paysandu por falta de material. Convém andar
depressa para não perder a oportunidade de castigar em Paysandu os chefes
e agentes do Governo de Montevidéu.
Como vê o leitor, Saraiva quer a ofensiva imediata, e para isso esboça
um ligeiro plano de operações: O Exército Brasileiro penetrará no território
uruguaio e atacará Salto, Paysandu e Cerro Largo, auxiliado pela esquadra
onde isso for exequível.
No mês de outubro, os acontecimentos precipitam-se e definem-se
com precisão as nossas relações com Venancio Flores. Até aí as represálias
haviam sido feitas por intermédio da esquadra; nesse mês começa a entrar
em cena parte do exército do Rio Grande do Sul. Convém, portanto, minis-
trar alguns informes sobre a sua organização.

O exército do sul

Era natural que o Império, prevendo o futuro, cuidasse de ter forças


na fronteira entre Rio Grande e a República do Uruguai, sobretudo depois
que mandara ao Prata o Conselheiro Saraiva em missão especial.
O efetivo do Exército Brasileiro em 1864 era reduzido; orçava em
18.000 homens, disseminados em todo o país. Como não havia serviço
militar obrigatório, também não havia reservas regulares; tudo se fazia
pelo voluntariado e pelo recrutamento. A existência, todavia, da Guarda
Nacional proporcionava, notadamente no Rio Grande do Sul, um con-
tingente precioso de combatentes, embora sem quase nenhuma prepara-
ção militar. 7
Em março de 1864, estavam no Rio Grande estas unidades do exército: 1o
Regimento de Artilharia, quatro regimentos de Cavalaria (2o, 3o, 4o e 5o) e três
batalhões de Infantaria (3o, 6o e 13o), tudo com efetivo total de 2.503 homens.8
142 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

É com esse núcleo que se vai constituir o Exército do Sul ou a Divisão


de Observação na fronteira do Uruguai.9 O Presidente da Província, João
Marcelino de Sousa Gonzaga, desenvolveu toda a atividade possível para a
realização desse objetivo.
Eis como ele próprio descreveu a nossa situação militar e as medidas
que tomou:
“Assumindo a administração da Província no dia 2 de maio do ano
próximo passado (1864), poucos dias depois recebi comunicação do chefe
da missão especial de haver feito a sua apresentação oficial ao Governo da
República Oriental do Uruguai.
Fazendo-me esta comunicação, o Sr. Conselheiro Saraiva recomen-
dava-me pronta organização e distribuição dos corpos do exército nas
fronteiras da Província, em ordem a inspirar confiança aos nossos con-
cidadãos e respeito aos estrangeiros, pois que disso dependia, no en-
tender de S.Exa., o desenvolvimento e o êxito da missão que lhe havia
sido confiada.
As instruções do Governo imperial, pela Secretaria de Estado dos
Negócios Estrangeiros, recomendavam-me expressamente o mútuo acor-
do entre a presidência e o chefe da missão especial; não hesitei, portanto,
em mandar organizar uma divisão de observação para acampar no ponto
estratégico das fronteiras que mais julgasse conveniente o ilustre general
que comandava as armas da Província.
Dando comunicação dessa minha deliberação ao Ministério da Guer-
ra, por ofícios de 26 e 30 de maio e 1o de junho, procurei justificá-la, ponde-
rando entretanto as dificuldades com que eu tinha de lutar para organizar
e acampar a divisão. Poucas eram as forças de linha de guarnição na Pro-
víncia, e estas mal armadas e disseminadas em diversos pontos longín-
quos. O arsenal e os depósitos bélicos estavam desprovidos de material; os
regimentos não tinham cavalhada e a estação invernosa aproximava-se.
Havia na Província cinco regimentos de linha, um de artilharia a cavalo e
quatro de cavalaria ligeira, com 1.319 praças; três batalhões de Infantaria,
com 1.184 praças. O Governo imperial tinha dado ordem para virem para
a Província dois batalhões, o 4o, com 703 praças, e o 12o, com 511. Dedu-
zindo-se as praças incapazes do serviço de guerra, podia-se apenas contar
com cerca de 3.200 praças de linha das três armas. Foi preciso, portanto,
destacar a Guarda Nacional, para organizar-se a divisão, que eu entendi
CAPÍTULO II 143

não dever ser menor de 4.000 homens. A lei de fixação de forças que vigora-
va autorizava o governo a destacar até 5.000 praças da Guarda Nacional
em circunstâncias extraordinárias.
Nesta Província já estavam destacadas 1.134 praças em serviço de guar-
nição e fronteiras, e eu sabia que não era pouca a que estava destacada nas
províncias do norte, apesar de todos os esforços do Governo imperial para
dispensar a Guarda Nacional do serviço de destacamento.
Pequena, por consequência, era a margem que podia haver e por
isso julguei que devia limitar-me a destacar 1.624, formando quatro corpos
provisórios por contingentes distribuídos por seis comandos superiores.
Posteriormente, comunicando-me a missão especial o malogro das
negociações para a paz na República Oriental e qual era o estado das rela-
ções diplomáticas com o governo daquele país, deliberei chamar a destaca-
mento mais 2.418 praças da Guarda Nacional, formando seis corpos provi-
sórios, dos quais um mandei que reforçasse a guarnição da fronteira de
Missões e os cinco, formando duas brigadas, mandei incorporar à Divisão
de Observação.”
Tal era o estado de preparação militar em que nos encontrávamos
quando nos apresentamos no Prata para apoiar pela força as nossas recla-
mações. Faltava-nos tudo e tivemos de improvisar no meio da agitação
que lances como esse em que nos víamos empenhados sempre ocasionam.
Na realidade colhíamos outra vez, como em 1851, os frutos do nosso
descuido pela defesa nacional.
Conforme acabamos de vez, a providência capital tomada no Rio
Grande consistiu na organização perto da fronteira (em Piraí Grande, não
longe de Bagé) de um núcleo de forças, capaz de operar depois, em qualquer
direção, no interior do território vizinho.
É óbvio que isso teria de ser obra lenta, em vista da míngua de recur-
sos disponíveis. O acampamento de Piraí Grande não foi, por conseguin-
te, uma simples zona de concentração, senão que serviu para tudo: con-
centração, organização e instrução. Compreende-se assim facilmente por
que só em 1o de dezembro de 1864 pôde o General João Propício Mena
Barreto, comandante do chamado Exército do Sul, transpor a fronteira
para secundar as operações a que Tamandaré já nos havia associado,
conforme dentro em breve demonstrarei. Em julho de 1864, tínhamos na
zona da fronteira da República Oriental estas unidades de linha:
144 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

{
ARTILHARIA { 1o REGIMENTO

EM BAGÉ
CAVALARIA { 3o REGIMENTO
5o REGIMENTO

{
4o BATALHÃO
INFANTARIA 6o BATALHÃO
12o BATALHÃO

{ 4o REGIMENTO
{
CAVALARIA
EM JAGUARÃO
INFANTARIA { DESTACAMENTO DO 3o BATALHÃO
13o BATALHÃO

EM SANTANA DO LIVRAMENTO 2 REGIMENTOS DE CAVALARIA


TOTAL: 3.498 HOMENS

Havia ainda, na mesma época, estes elementos da Guarda Nacional:


Em Bagé — Quatro corpos provisórios de cavalaria.
Em Quaraí — Um corpo provisório de cavalaria, em um total de
2.149 homens.
Existiam, portanto, na fronteira oriental 5.647 homens.10
As unidades já reunidas em Bagé denotam o estado de preparação do
exército do sul. Gonzaga e Mena Barreto não pouparam trabalhos para que
tudo corresse com a precisa celeridade. Oficiando ao Ministro de Estrangei-
ros, em 26 de julho de 1864, dizia aquele:
“Tenho feito seguir para Bagé, por Pelotas, o fardamento, equipa-
mento e munições de guerra que há aqui disponível para os corpos de linha
e da Guarda Nacional. Além dos vapores de guerra, foi-me preciso fretar
dois iates para conduzir esses volumes. Os corpos de cavalaria estão monta-
dos; têm a cavalhada suficiente para o serviço que por enquanto têm de
fazer, e, sem haver necessidade, não convém comprar agora um maior nú-
mero de cavalos. Autorizei o comandante das armas para contratar em Bagé
o fornecimento dos corpos que devem acampar. Tudo o que respeita a enfer-
marias e hospitais, que é preciso criar em Bagé, está providenciado. Há de
ser preciso criar ali uma Pagadoria Militar provisória, porque me parece
não ser conveniente remover a Pagadoria Central de S. Gabriel, por causa
das forças estacionadas nas fronteiras de Quaraí e Uruguaiana, cujo paga-
CAPÍTULO II 145

mento se tornará muito difícil, precisando recorrer a Bagé. A Pagadoria em


Bagé tem a vantagem de ser ali mais fácil fazer saques sobre a Alfândega do
Rio Grande e Mesa de Rendas de Pelotas, evitando-se por esta forma o pesado
e arriscado transporte de avultadas quantias.”
O exército do General João Propício Mena Barreto levantou afinal
acampamento do Piraí Grande nos últimos dias de novembro de 1864 e no
dia 1o do mês seguinte (dezembro) transpôs a fronteira oriental.
Era assim constituído (LXXIII):

{
2a REGIMENTO DE CAVALARIA
TENENTE-CORONEL
JOSÉ FERREIRA DA SILVA JÚNIOR
3a REGIMENTO DE CAVALARIA

{
a
1 BRIGADA DE CAVALARIA CORONEL VITORINO
CORONEL CÂNDIDO JOSÉ CARNEIRO MONTEIRO
JOSÉ SANCHES DA SILVA 4a REGIMENTO DE CAVALARIA
BRANDÃO CORONEL GRADUADO AUGUSTO
FREDERICO PACHECO
5a REGIMENTO DE CAVALARIA
MAJOR AUGUSTO CÉSAR
DE ARAÚJO BASTOS
1a DIVISÃO

{
DE INFANTARIA 3a BATALHÃO DE INFANTARIA
BRIGADEIRO TENENTE-CORONEL ANDRÉ ALVES
2a BRIGADA DE INFANTARIA
MANOEL LUIZ LEITE DE OLIVEIRA BELO
TENENTE-CORONEL
OSORIO 13a BATALHÃO DE INFANTARIA
CARLOS RESIN
MAJOR JOAQUIM JOÃO
DE MENESES DÓRIA

{
4a BATALHÃO DE INFANTARIA
TENENTE-CORONEL SALUSTIANO
JERÔNIMO DOS REIS
3a BRIGADA DE INFANTARIA
CORONEL ANTÔNIO 6a BATALHÃO DE INFANTARIA
MAJOR ANTÔNIO
DE SAMPAIO
DA SILVA PARANHOS

13a BATALHÃO DE INFANTARIA


CORONEL LUÍS ANTÔNIO FERRAZ
146 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

{
5a CORPO CORPO PROVISÓRIO
DE GUARDAS NACIONAIS

{
3a BRIGADA DE CAVALARIA TENENTE-CORONEL VICENTE DE
BRIGADEIRO HONORÁRIO SIQUEIRA LEITÃO
JOSÉ JOAQUIM 6a CORPO PROVISÓRIO DE
DE ANDRADE NEVES GUARDAS NACIONAIS
2a DIVISÃO TENENTE-CORONEL FIDÉLIS DE
DE INFANTARIA ABREU E SILVA
BRIGADEIRO
BRIGADA DE CAVALARIA
JOSÉ LUÍS
MENA BARRETO
BRIGADEIRO HONORÁRIO
JOSÉ GOMES PORTINHO
{ TRÊS CORPOS PROVISÓRIOS DE
GUARDAS NACIONAIS

BRIGADA DE CAVALARIA
CORONEL JOSÉ
ALVES VALENÇA { TRÊS CORPOS PROVISÓRIOS DE
GUARDAS NACIONAIS

Um regimento de artilharia a cavalo: Tenente-Coronel Emílio Luís Mallet.11


Numeravam:

As duas brigadas de infantaria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2.200


As brigadas de cavalaria de linha . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 900
As brigadas de guardas nacionais do Rio Grande . . . . . . . . . . . . 2.750
A artilharia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
Uma companhia de transporte . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

Total . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6.00012

A esse número deve juntar-se a Brigada de Voluntários Rio-Grandenses


organizada e comandada pelo General Antônio de Sousa Neto — sem despesa
alguma para o Estado, salienta o Dr. Fernando Osorio — e cujo efetivo não
chegou, segundo Rio Branco, a 1.300 cavaleiros.13 Excluindo esse pessoal, vê-se
que o exército de Mena Barreto contava duas divisões e um regimento de arti-
lharia. Cada divisão se fracionava em três brigadas. A primeira dispunha de
uma brigada de cavalaria e duas de infantaria; a segunda de três de cavalaria.
A primeira divisão era toda de tropa de linha e a segunda de guardas nacionais.
CAPÍTULO II 147

Operações de Flores — Instruções do Governo


a Tamandaré e Mena Barreto

Depois de ligeiramente explicado o modo por que se constituiu o exér-


cito do sul, voltemos um pouco atrás para acompanhar de novo a atividade
de Flores e Tamandaré.
Já vimos que o general revolucionário conquistou Durazno e Porongos
e provocou a retirada dos governistas de Fray Bentos para Mercedes.
“Esses êxitos revolucionários” — escreve Eduardo Acevedo — “favo-
recidos pelo desamparo em que haviam ficado as pequenas guarnições des-
povoadas determinaram uma série de medidas, entre as quais figurava: a
utilização dos serviços do General argentino D. Juan Saa, a quem se confiou
o comando das forças dos departamentos de Montevidéu e Canelones, cujo
efetivo somava cerca de 1.000 homens de cavalaria e 500 de infantaria, sem
falar na guarnição da praça, composta de 2.500 soldados, segundo as cifras
publicadas pela Reforma Pacífica; o fechamento de todos os portões das
trincheiras, com exceção do sito na Rua 18 de Julho, que ficava reservado à
saída para a campanha e à entrada na cidade; e a inclusão na Guarda Nacional
de todos os cidadãos de 16 a 60 anos de idade.”14
Flores resolve sitiar Paysandu. Quando, porém, tropas governistas sob
o comando do General Leandro Gómez correm em auxílio dos sitiados, Flo-
res dirige-se velozmente para Montevidéu (meados de outubro) com 1.000
cavaleiros, 500 infantes e três peças de artilharia e vai acampar em Cerrito,
de onde saúda a capital com 21 tiros. Poucos dias depois retira e interna-se
novamente pela campanha.
Quanto a Tamandaré, já vimos qual a atitude que Saraiva preconizou,
em 7 de setembro, para a esquadra do seu comando. Convém agora referir o
que sobre o mesmo assunto mandou dizer-lhe o ministro dos Estrangeiros
em ofício de 21 desse mês.
“Passando, pois, a dar” — escreve ele —, “como o permite a estreiteza do
tempo, resposta ao primeiro citado ofício de V.Exa., cabe-me significar-lhe
que o Governo de S. Majestade o Imperador, coerente com as razões que o
determinaram a mandar o Conselheiro Saraiva em missão especial a Montevi-
déu, aprova completamente a resolução que tomou o mesmo Conselheiro de
que fossem ocupadas por nossas forças as cidades de Paysandu, Salto e Cerro
Largo, entendendo que deve essa operação verificar-se sem perda de tempo.
148 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Como S.Exa. sabe, nenhuma intenção ou pretensão abriga o Governo


imperial contrária à independência do Estado vizinho, e nem mesmo dá prefe-
rência a este ou aquele dos partidos em que aí se divide a opinião. Absoluta-
mente neutral, e de propósito deliberado a não intervir nas questões e nas
lutas que se travem, o Governo imperial tão-somente exige da República, qual-
quer que seja a opinião política a que pertença, a solução de suas justas recla-
mações e as garantias precisas à vida, honra e prosperidade do cidadão brasi-
leiro que aí reside.
Assim que as forças do General Flores vierem ocupar os departamentos
mencionados, desde que elas, embora como governo de fato, oferecerem as
desejadas seguranças à vida, honra e propriedade dos brasileiros, cumprirá
que as forças imperiais se retraiam, pois, como já disse, não tem o governo do
Imperador o intento de favorecer uma ou outra parcialidade, mas conseguir
de qualquer delas que efetivamente exerça o poder as garantias devidas, e que a
própria Constituição da República afiança aos que habitam o seu território.”
O Ministro da Guerra, General Henrique de Beaurepaire Rohan, jul-
gou conveniente oficiar reservadamente ao General João Propício Mena
Barreto (26 de setembro de 1864) para fazê-lo ciente do texto do ofício do
ministro dos Estrangeiros de 21 deste mês, em que se continha, como acaba-
mos de ver, as últimas deliberações do Governo brasileiro. Nada tendo con-
seguido pelos meios pacíficos, ia esse governo recorrer a represálias. “E sen-
do na atualidade” — escreve Beaurepaire Rohan (LXXV) — “o objetivo dessas
represálias a ocupação das cidades de Paysandu, Salto e Cerro Largo, tem o
governo determinado que o nosso exército marche com destino a esses pontos e
deles se apodere, operando de combinação com as nossas forças marítimas
estacionadas no Uruguai. E tendo sido V.Exa., por decreto de 22 do corrente,
elevado à categoria de comandante em chefe do Exército em operações nessa
província, não posso deixar de felicitá-lo por mais essa prova de confiança
com que acaba de honrar o governo de Sua Majestade o Imperador. Pela
leitura refletida da cópia a que aludo, reconhecerá V.Exa. que o Governo
imperial não se considera em estado de guerra com nenhum dos partidos
que disputam o poder na República Oriental; seu único fim é obter garantias
em favor dos nossos concidadãos, pondo termo a esses atos selvagens de que
têm eles sido constantemente vítimas. E se, como corre, as forças do General
D. Venancio Flores ocuparem esse departamento e oferecerem as necessárias
garantias aos súditos brasileiros, deverá S.Exa. imediatamente retirar-se para
CAPÍTULO II 149

o nosso território, comunicando ao Governo imperial todas as ocorrências


que o puderem interessar em relação ao objeto da expedição. Em todo o
caso, convém muito à honra do nosso Exército que ele não sofra o menor
revés, ainda que parcial, pelo que deverá V.Exa. evitar o mais possível disse-
minação das nossas forças de sorte que não possam ser batidas em detalhe.”
Maravilham-nos hoje essas ideias expressas pelo Governo do Brasil no
mês de setembro de 1864. No pé em que libravam as coisas, era quase impossí-
vel manter essa linha de absoluta neutralidade ou deixar de favorecer a Flores.
Tínhamos uma esquadra vigilante nas costas uruguaias, um exército
preparando-se para irromper de Piraí Grande e ainda pensávamos em ser
neutros em face de Flores!!
O caudilho oriental não podia deixar de ter a certeza do nosso concur-
so, cada vez mais decisivo e eficaz à medida que os dias corressem, por isso que
visávamos um objetivo comum. Sua partida estava definitivamente ganha.
Restava-lhe apenas conjugar sistematicamente os seus esforços com os nossos.
Tamandaré, por seu lado, via em Flores um auxiliar inestimável para o
bom êxito da sua missão. Não trepidou, portanto, em ajustar com ele uma alian-
ça, quando o Império ainda não o havia sequer reconhecido como beligerante.
Tal foi o pacto de 20 de outubro de 1864.

A aliança com Flores

Nessa data Flores dirige uma carta, do seu quartel-general na barra do


Santa Lucía, ao almirante brasileiro que se achava na mesma barra a bordo da
corveta Recife (LXXVI). Nela faz presente a necessidade de se combinarem os
seus esforços e os do Império e promete que a revolução, a cuja frente se encon-
tra, atenderá às reclamações do Governo imperial formuladas pelo Conselheiro
Saraiva e lhes dará condigna reparação em tudo o que for justo e equitativo, e
esteja em harmonia com a dignidade nacional.
“Ao fazer esta manifestação a V.Exa.” — dizia por fim — “julgo ser eco da
opinião do meu país, em cujo nome contraio este compromisso, que será exe-
cutado assim que for obtido o completo triunfo da causa que representamos.”
Tamandaré respondeu na mesma data aceitando inteiramente a com-
binação e prometendo ajudá-lo. Esboçou este plano:
“Para tornar uma realidade esta cooperação, a divisão do Exército
Imperial que penetra na República Oriental, com o concurso da esquadra
150 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

do meu comando, apoderar-se-á de Salto e Paysandu, como represália, e


imediatamente subordinará estas provocações à jurisdição de V.Exa., visto o
compromisso de reparação que V.Exa. contraiu, entregando-as às autorida-
des legais que V.Exa. designar para tomar conta delas, e só conservará aí a
força que V.Exa. requisitar para garanti-las de que não tornem a cair em
poder do Governo de Montevidéu. Não descuidarei também de operar com
o apoio das forças dependentes de V.Exa. que se acham em Mercedes e ao
norte do Rio Negro, para não só impedir que o General Leandro Gómez
passe para o sul desse rio com o exército que comanda, como para obrigá-lo
a largar as armas.”
Ficava assim selada uma aliança.
Tamandaré rematava com esta declaração leal:
“Creio que V.Exa. avaliará o quanto eficaz é o apoio que lhe garanto
debaixo de minha responsabilidade, o qual se traduzirá imediatamente em
fatos, que reconhecerá nele mais uma prova da simpatia do Brasil pela Re-
pública Oriental, a cujos males estimaria pôr termo, concorrendo para cons-
tituir o governo que a maioria da nação deseja e que só encontra oposição
em um reduzido número de cidadãos.”
Quando um brasileiro de espírito sereno medita hoje nesses aconteci-
mentos, não pode deixar de aplaudir a frase tão incisiva como verdadeira,
com que pouco tempo depois o Visconde do Rio Branco os apreciava da
tribuna do Senado:
Confessemos, senhores, que tais fatos não são regulares...
Antes de se aliar secretamente a Flores, havia Tamandaré oficiado aos
representantes estrangeiros em Montevidéu (11 de outubro), avisando-os
de ter o Governo imperial determinado que o nosso exército se apoderasse
das forças que dependessem do Governo de Montevidéu e ainda ocupassem
o território ao norte do Rio Negro e que as conservasse como represálias até
que obtivéssemos as garantias e satisfações que em vão tínhamos até aquele
instante reclamado com manifesto desprezo da justiça. Pedia-lhes não con-
sentissem que navios de suas bandeiras transportassem tropas e munições de
guerra para o governo de Aguirre nas costas do Prata e do Uruguai.
Os agentes diplomáticos recusaram satisfazer essa exigência, pela ra-
zão simples e incontestável de não haver naquele momento guerra declara-
da entre o Brasil e a República Oriental. O representante da Inglaterra escre-
veu: “Não há beligerantes na luta que se está dando, nem o chefe militar que
CAPÍTULO II 151

julgou dever levantar o estandarte da revolta contra o governo do seu país


pode ser por mim considerado como tendo o caráter de beligerante. Ele é
simplesmente um rebelde. Não havendo, pois, beligerantes, não há neutros.”
Depois do convênio com Flores, Tamandaré anunciou aos mesmos re-
presentantes (26 de outubro de 1864) que passava a bloquear os portos de
Salto e Paysandu, “sobre os quais tinha de operar de apoio com o Exército
Imperial”. Nesse sentido expediu as necessárias instruções.

Tropas brasileiras invadem o Uruguai

Foi ainda nesse mês de outubro (no dia 12) que uma brigada brasilei-
ra destacada das forças do Marechal João Propício Mena Barreto penetrou
na República Oriental em direção à vila de Melo, capital do departamento
desse nome, a fim de aí garantir os interesses brasileiros e fazer represálias.
Compunha-se de um batalhão de infantaria e dois corpos de cavalaria
e estava sob o comando do Brigadeiro José Luís Mena Barreto.
Em 14 de outubro chegava a destino e expulsava os defensores gover-
nistas, dirigidos pelo Coronel Angel Moniz (LXXVII). Terminada a diversão,
voltava a reunir-se às tropas do Piraí Grande.
Aguirre indignou-se com essa profanação do solo pátrio e publicou
um manifesto incitando a ira popular contra o Império.
Militarmente nada ganhamos com essa incursão, porque logo desem-
paramos a nossa presa e regressamos ao ponto de partida.

Operações de Tamandaré e Flores contra Salto e Paysandu

Passando à execução do que haviam concertado, Flores e Tamandaré


começaram pelo ataque a Salto, cuja posição à beira do rio se prestava a
uma ação conjunta e facultava excelente base de partida para a conquista
posterior de Paysandu.
Pereira Pinto destacou da sua divisão (a terceira), que se encontrava
em frente a Paysandu, duas canhoneiras — a Itaguaí e a Mearim — para
operar contra Salto; mais tarde (19 de outubro) reforçou-as, com a Mara-
canã (LXXVIII).
No dia 28 de novembro de 1864 estava a vila sitiada por terra pelos
elementos de Flores e o porto bloqueado pelas referidas canhoneiras.
152 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

O Coronel Palomeque, defensor da praça, capitulou à tarde e entregou-a


aos atacantes.
No dia 30, Flores marchava por terra para o outro objetivo — Paysan-
du —, enquanto a infantaria e parte da artilharia seguiam por via fluvial. A
fim de que Salto não ficasse abandonada, um contingente de marinheiros
brasileiros nele ainda se conservaram por alguns dias.
O exército de Aguirre tinha-se retirado para o sul do Rio Negro. Esta-
va sob o comando do General argentino Juan Saa, famoso pelas suas cruel-
dades nas províncias andinas e cognominado o Lança Seca (LXXIX).
No dia 3 de dezembro, começaram as operações de Flores e Tamandaré
contra Paysandu, que só um mês depois, em 2 de janeiro de 1865, cairia nas
mãos dos assaltantes.
Em 4 de dezembro, o almirante desembarcava, para reforçar as tro-
pas de Flores, um contingente de 400 praças tiradas do Recife, Belmonte,
Parnaíba, Araguari e Ivaí, e mais uma bateria de três peças de campanha de
calibre 12 e uma estativa de foguetes. Flores dispunha de 800 infantes e sete
bocas de fogo (LXXX).
Fez-se intimação à praça para que se rendesse e deu-se aviso às famílias
de que, dentro de 48 horas, começaria o ataque. O Coronel Leandro Gómez,
defensor da posição inimiga, repeliu a tiro o parlamentário. Tinha ao seu
dispor 1.274 homens e 15 peças de artilharia de calibres 12 e 18.
Na madrugada do dia 6 de dezembro, as tropas acercaram-se para
tomar contato com os postos avançados dos defensores. Procedeu-se ao
primeiro bombardeio; o fogo rompeu às 7h08min da manhã da Araguari, da
Belmonte, da Parnaíba e da Ivaí. Atirou-se contra os edifícios de que o inimi-
go se havia utilizado para a defesa. Às 2h da tarde, ele estava reduzido ao
recinto da praça, mas os atacantes sentiam-se extenuados e não dispunham
de reservas.
No dia 7, Tamandaré fez desembarcar mais artilharia (duas peças de
calibre 12 e uma de 68) e colocou-as no Alto da Boa Vista, que domina a vila
pelo lado do norte. Na manhã de 8 abria fogo.
Apesar do resultado obtido com o ataque da artilharia, decidiu-se
acertadamente aguardar a chegada do exército de Propício Mena Barreto
para proceder ao assalto. Destarte também haveria tempo para providen-
ciar quanto ao remuniciamento, que tinha de vir de Montevidéu. Manda-
vam-se todos os dias emissários a Mena Barreto, bem como ao General
CAPÍTULO II 153

Neto, para que acelerassem as marchas. No dia 14 de dezembro, chegou ao


campo dos sitiadores, como agente de ligação de Mena Barreto, o Major do
2o Regimento de Cavalaria José Antônio Correia da Câmara, que forneceu
esclarecimentos sobre a marcha do Exército Brasileiro (LXXXI). No dia
imediato, apresentou-se o General Neto, com a sua cavalaria de voluntários
(1.200 homens) e foi estacionar ao norte de Paysandu, ao lado do Rio S.
Francisco. Tamandaré entregou ao Major Câmara o comando das forças
desembarcadas. O inimigo mantinha-se na defensiva, sem tentar nenhuma
sortida. Soube-se então que o General Saa (à testa de 3.000 homens e quatro
peças) havia passado o Rio Negro para vir em socorro da praça. Flores e
Tamandaré resolveram levantar o sítio e marchar contra ele. A Marinha reem-
barcou toda a sua artilharia pesada.
Flores avançou até o Rabón (20 de dezembro), onde se deteve por
haver sabido ali que o General Saa, mudando de resolução, tinha repassado
o Rio Negro. De lá voltou para renovar o sítio.
No dia 29 de dezembro, o Marechal Mena Barreto acampava com o
seu grosso, às 7h, nas imediações de Paysandu, tendo deixado a cavalaria
com Osorio, légua e meia para trás, na margem do S. Francisco. Gastara
quase um mês para vencer a distância entre Piraí Grande e Paysandu e não
chegava convenientemente aparelhado para a sua missão. Cada peça leva-
ra apenas 70 tiros, as carretas de munições tinham sido deixadas no acam-
pamento, o armamento era ruim e deficiente, e a cavalhada não estava em
boas condições.
Abramos aqui ligeiro parêntese para ministrar alguns dados a respeito
da sua marcha.15

Marchas de Mena Barreto no Estado Oriental

Em 25 de novembro de 1864, parte do exército do sul rompeu a mar-


cha do Piraí Grande, sob o comando de Osorio. Esse primeiro escalão cons-
tava da 1a Brigada de Cavalaria de Linha, da 2a Brigada de Infantaria e de
artilharia, em um total de 1.153 praças.16 Caminhou duas léguas e acampou
na margem direito do Piraí, onde permaneceu nos dias 26 e 27. Em 28 deslo-
cou-se para o Passo do Viola, meia légua adiante, e aí esperou o Marechal
Propício Mena Barreto, que chegou com o segundo escalão (2a Divisão,
enfermaria, fornecedores) e foi bivacar meia légua acima do acampamento
154 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de Osorio e aí permaneceu até o dia 30. Às 4h da manhã de 1o de dezembro,


o exército do sul rompeu a marcha e às 10 transpunha a fronteira da Repú-
blica Oriental pelas Ilhas de São Luís. Aí o General José Luís Mena Barreto,
que se encontrava do outro lado, assumiu o comando da 2a Divisão. Às
10h30min bivacou-se e leu-se aos corpos a proclamação escrita pelo Gene-
ral Propício. No dia 2 o exército acampou na margem do Arroio Hospital.
Não se moveu no dia 3; chegaram o Brigadeiro Andrade Neves e o Coronel
Valença com as respectivas brigadas (de cavalaria). Do Hospital dirigiu-se
o exército para Cerros Blancos “acompanhado de cerca de 200 carretas de
pesado transporte de bagagens, víveres e comércio”. Marchava na van-
guarda, distante, a Brigada de Voluntários Rio-Grandenses, de cavalaria,
ao mando do General Antônio de Sousa Neto. Na retaguarda ia a brigada
do Coronel Valença. As jornadas, sempre vagarosas, não excediam três
léguas. Em marcha era que os soldados iam recebendo instrução. O pouco
armamento era mau, “o soldado que levava carabina não tinha outra arma;
o que tinha espada ou lança estava no mesmo caso”. Cada peça de artilha-
ria dispunha somente de 70 tiros. A maior parte dos cavalos dos regimen-
tos era chucro. Só bons cavaleiros podiam montá-los”. Prevenido da ur-
gência de sua chegada, João Propício Mena Barreto acelerou as marchas.
Saiu de Cerros Blancos, em 11 de dezembro, e, em 29, estava em S. Francisco,
légua e meia distante de Paysandu. Aí deixou a cavalaria com Osorio e
seguiu com as duas brigadas de infantaria e a artilharia para a frente. Às 7h
da manhã de 29, estava acampado nas imediações de Paysandu.17

Segundo ataque à Paysandu com a


colaboração de Mena Barreto

Uma vez chegado a Paysandu, o General João Propício Mena Barreto


pôs-se logo em contato com Flores e Tamandaré.
Combinaram o plano de ação e o momento do seu início. Mena
Barreto empregou o dia 30 no reconhecimento do terreno para coloca-
ção da artilharia, que à sombra da noite desse mesmo dia foi ocupar as
suas posições.
Às 2h da madrugada de 31, o inimigo empreendeu um golpe de mão
contra as nossas baterias, mas foi repelido pelos atiradores que as prote-
giam. Às 4h20min da manhã romperam os sitiados o bombardeio. Às 9h,
CAPÍTULO II 155

Mena Barreto desencadeava o ataque. As duas brigadas de infantaria (Carlos


Resin e Antônio de Sampaio) avançaram justapostas.
“As poucas forças do General Flores deviam atacar pelo flanco esquer-
do, entrando as nossas pela direita e frente da povoação.”18
A luta foi intensa e acabou desenrolando-se nas ruas da vila. Os sitia-
dos defendiam-se com pertinácia das trincheiras com que interceptavam
algumas dessas ruas, de dentro das casas e de cima das açoteias.
“Derramado o inimigo em área tão extensa, servindo-lhe cada soteia
de bem defendido forte, era necessário conquistar-lhe palmo a palmo as
posições guarnecidas e tomar-lhe as principais, obrigando-o a reunir-se nas
suas últimas obras para, sobre elas, convergir os fogos de artilharia e os
esforços dos nossos batalhões.”19
Ao meio-dia, já algumas das suas posições estavam em nosso poder.
Sobreveio a noite sem desenlace. Obedecendo às ordens superiores, nin-
guém arredou pé. O fogo continuou na obscuridade. “A aurora do dia 1o
de janeiro de 1865” — escreveu Mena Barreto em sua parte — “encontrou
ainda os nossos bravos nas mesmas posições conquistadas na véspera com
tanto sacrifício.”
Na manhã do dia 1o, recebeu Tamandaré um pedido do General Lean-
dro Gómez para suspensão das hostilidades durante oito horas, a fim de se
enterrarem os mortos e tratarem os feridos. Tamandaré recusou-a sob o
fundamento de que isso daria ao general inimigo tempo de reparar os estra-
gos sofridos e até porque “dentro de oito horas estariam os atacantes senho-
res da posição”.
Entretanto, continuou o fogo, e os atacantes lograram chegar vitori-
osos ao interior da posição e por fim aprisionaram o próprio General Lean-
dro Gómez. O denodado defensor de Paysandu foi preso pelo Coronel bra-
sileiro Oliveira Belo, “que o entregou ao Coronel oriental Goyo Suárez” —
relata Tamandaré em sua parte — “em virtude de este o reclamar em nome
do general em chefe, e preferir aquele segui-lo”.
“Daí a poucos momentos éramos informados” — continua Tamanda-
ré — “de que o General Leandro Gómez com dois ou três oficiais tinham sido
fuzilados. Não pude conter a indignação que se apoderou de mim por ver
manchar assim uma tão esplêndida vitória. Grande era a afronta que tínha-
mos a vingar, imensos os insultos que o Brasil e os brasileiros sofreram desse
homem. Contudo eu queria que a sua vida fosse respeitada, como havia
156 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

positivamente recomendado com uma solicitude que não disfarçava, para


mostrar a nossa religião e os princípios de civilização moderna. Mas a fata-
lidade o impeliu a seu destino, fazendo-o deixar pelo seu orgulho a proteção
da bandeira brasileira, sem se recordar de que os ódios políticos são sempre
mais cruéis que os nacionais. Cumpro um ato de rigorosa justiça registrando
que o nosso distinto aliado, o General Flores, se mostrou igualmente muito
sentido por esse desagradável fato e tratou de proceder a um inquérito sobre
ele...”
Logo que Flores e Tamandaré souberam do fuzilamento de Leandro
Gómez, puseram em liberdade todos os prisioneiros sem nenhuma condi-
ção, embora, segundo se afirma, tivessem antes prometido soltá-los sob o
compromisso de não servirem mais contra o Brasil naquele conflito.
O ministro de Estrangeiros do Brasil manifestou ao Visconde do Rio
Branco, em 22 de janeiro de 1865, a opinião do Governo imperial sobre o
fuzilamento de Leandro Gómez, nestes termos:
“Acuso a recepção do ofício reservado de V.Exa. de 7 de corrente, sob
n 15, em aditamento ao ostensivo que me dirigiu na mesma data sob no 15,
o

relatando o triunfo que, com a tomada da praça de Paysandu no dia 2,


alcançamos contra o governo de Montevidéu e seus defensores; e inteirado
de tudo quanto refere V.Exa. a respeito do fuzilamento do General Leandro
Gómez e outros chefes do mesmo lado, depois de prisioneiros, e das reflexões
que lhe suscitou tão reprovado procedimento, tenho em resposta a comuni-
car-lhe que o Governo imperial julga conveniente que V.Exa. solicite do Gene-
ral Flores a punição de Goyo Suárez e dos outros subordinados do mesmo gene-
ral, que concorreram para ser levado a efeito semelhante atentado, que tanto
deslustra a vitória que obtivemos em Paysandu.”
Discursando no Senado no ano seguinte, disse o Visconde do Rio Branco:
“Leandro Gómez não devera ser fuzilado daquele modo, se o foi; mas,
pelo que fez em Paysandu, podia ser executado por sentença de um conselho
de guerra; tratou cruelmente os prisioneiros, sobre as trincheiras de Paysandu,
mostrou as cabeças ainda quentes dos soldados brasileiros, a quem manda-
ra degolar; de seus maus precedentes originou-se o grande ódio que lhe
votava o Coronel Goyo Suárez, cuja família fora vítima das crueldades da-
quele chefe blanco.”
Tomamos em Paysandu sete peças de artilharia, grande quantidade
de munição, várias bandeiras, 700 prisioneiros, dos quais 97 oficiais, e mais
CAPÍTULO II 157

de 2.000 fuzis. Encontramos na praça uns 400 mortos e feridos. A perda do


Exército Brasileiro alcançou a quatro oficiais e 75 soldados mortos e 13
oficiais e 163 soldados feridos; a da Marinha um oficial e 10 marinheiros
e soldados mortos, e um oficial e 30 marinheiros e soldados feridos. De
onde a perda total para o Brasil de 91 mortos (cinco oficiais) e 207 feridos
(14 oficiais).
“A artilharia, armamento e munição que caíram em nosso poder” —
informa o Barão do Rio Branco — “foram entregues ao General Flores. Das
bandeiras tomadas, uma foi depositada no Museu Militar do Rio de Janeiro,
mas o Ministro oriental Dr. Andrés Lamas reclamou-a algum tempo depois,
e o Governo imperial ordenou que fosse devolvida.”20
Revoltado com o bombardeio de Paysandu, o governo de Aguirre
publicou um decreto (14 de dezembro de 1864), em que declarou “rotos,
nulos e cancelados os tratados de 12 de outubro de 1851 e suas modificações
de 15 de maio de 1852, arrancados violentamente à República pelo Império
do Brasil”.
Em 18 de dezembro de 1864, eram esses mesmos tratados queimados
na praça pública, no meio de uma solenidade original, assim descrita em um
periódico blanco de Montevidéu (A Reforma Pacífica):
“A Praça da Independência era estreita domingo para conter o povo
que corria a presenciar a augusta cerimônia. No centro tinha-se levantado
uma plataforma quadrangular, perfeitamente dourada, ostentando no meio
a coluna da independência. Em cima de uma mesa estava a caixa que continha
os tratados com o Brasil, e junto dela, sobre um alto pedestal, ardia o vaso que
devia consumi-los à vista e na presença do povo. Suntuosos sofás e poltronas
ornavam a plataforma, em cujos ângulos esvoaçavam as bandeiras de Artigas,
dos Trinta e Três e a Nacional em um dos cantos. Tinha-se designado meio-
dia para a solene cerimônia, porque se queria que ela se fizesse em plena luz.
No momento marcado, formadas as tropas, o presidente, seguido dos seus
ministros, dos generais da República e dos membros da comissão extraordi-
nária administrativa, subiu os degraus da plataforma, e, depois que todos
tomaram assento, o escrivão do governo fez a leitura dos decretos de 13 e 14
do corrente, que declaram nulos os tratados com o Brasil e mandou extingui-
los pelo fogo. Concluída esta leitura, tomou a palavra o presidente e, em
patriótico discurso, expôs as repetidas queixas e os irritantes ultrajes que nos
estava fazendo sem motivo o Brasil e que davam justíssimo direito à República
158 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

para obrar como fazia. Depois do discurso do presidente, o escrivão descoseu


as folhas dos tratados, que foi passando ao homem encarregado de reduzi-
las a cinza, e reservou as capas e os selos para enviar ao museu, como estava
ordenado. Consumidos pelo fogo, os iníquos tratados, S.Exa. o Sr. presi-
dente, os seus ministros, os generais da República e o presidente da junta
assinaram um auto de estar consumado o ato, e S.Exa. desceu da plataforma
com o seu séquito.”21

Marcha dos brasileiros e de Flores contra Montevidéu

Com a tomada de Salto e Paysandu, ficaram as tropas brasileiras senho-


ras de uma grande região ao norte do Rio Negro e de pontos importantes da
margem esquerda do Uruguai, de onde lhes seria fácil marchar rapidamente
para Montevidéu utilizando a linha fluvial, além dos caminhos terrestres,
para desferir sobre o inimigo um golpe decisivo.
Conta Mena Barreto em ofício ao ministro da Guerra (22 de janeiro
de 1865), que ele e Tamandaré acharam conveniente terem ambos uma con-
ferência com Flores e Paranhos sobre as novas operações. Com esse intuito
foi Tamandaré a Buenos Aires em busca de Paranhos. Quando vinham, en-
contraram-se em Fray Bentos com Flores e entenderam-se com ele. Em 13 de
janeiro, chegaram à barra do Arroio Negro, em cuja margem estava Mena
Barreto acampado com o seu exército.
Tamandaré, Flores e Paranhos tinham combinado um avanço imedi-
ato contra a capital uruguaia; os dois últimos escreveram a Mena Barreto
nesse sentido.
Em carta de 15 de janeiro, escrita do porto da estância do Chaim,
dizia-lhe Tamandaré que ele deveria marchar celeremente contra Montevi-
déu. Avisava-o de que havia dois vapores (Oiapoque e Cruzeiro do Sul) fun-
deados no Chaim e prontos para transportar a infantaria, a artilharia e as
bagagens. Seu projeto era desembarcar tudo isso na margem esquerda do
Rio Santa Lucía.
“Se V.Exa.” — dizia o almirante — “não encontrar algum obstáculo
que, por prejudicial ao serviço, se oponha a este plano de movimento de
forças, peço que dê as suas ordens para que se efetue com a possível brevi-
dade o embarque das forças de infantaria nos vapores a que acima me refiro,
bem como que as expeça ao general-comandante da cavalaria, que deve
CAPÍTULO II 159

marchar por terra a fazer junção com V.Exa. no ponto acima indicado.”
Mena Barreto submeteu-se ao plano assentado — escreveu ele — para não
criar dificuldades.
No dia 17 de janeiro, partiu por via fluvial para a barra do Santa
Lucía, depois de ordenar a Osorio que ali se lhe fosse juntar. Em 22, estava
em frente à Colônia do Sacramento, de onde oficiava ao ministro da Guer-
ra dizendo dispor de 3.200 a 3.300 homens de infantaria. “Esta declaração
basta” — aduz Mena Barreto — “para V.Exa. conhecer a insuficiência desta
força para atacar uma praça que devemos contar defendida pelo menos
com 5.000.”
Em Colônia do Sacramento deixou um contingente de 50 praças para
providenciar sobre fornecimento, saber dos movimentos de Saa e de Fernando
Gomes e buscar notícias de Flores (LXXXIV).
A esquadra desembarcou os infantes nas costas do Rio Santa Lucía,
para onde também Osorio se encaminhou.22 Daí avançaram todos sobre
Montevidéu. Em fins de janeiro iniciavam o sítio pelo lado de terra, de combi-
nação com as forças do General Flores. Este estabelecera o seu quartel-
general em Cerrito e Mena Barreto na Villa de la Unión. Nos primeiros
dias de fevereiro fechavam o sítio pelo lado do mar, mediante o bloqueio
da esquadra de Tamandaré.

A Missão Rio Branco

Vem de molde recordar agora outros eventos de grande repercussão


nesse período.
O primeiro deles é a missão do Visconde do Rio Branco ao Rio da Prata.
Depois do ultimato de Saraiva, a direção das nossas operações milita-
res no Sul ficara nas mãos do Almirante Tamandaré. Como, porém, os acon-
tecimentos se complicassem todos os dias e fosse urgente regularizar a nossa
situação no ponto de vista diplomático, resolveu o governo apelar mais
uma vez, em novembro de 1864, para o saber e patriotismo do Conselheiro
José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco.
“O pensamento cardial das minhas instruções” — declarou ele da Tri-
buna do Senado — “era obter a aliança do Governo argentino ou a interven-
ção coletiva dos dois governos, tomando-se por base o elemento oriental
representado pelo General Flores; se essa aliança não fosse possível, em todo
160 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

o caso a aliança com o General Flores, para pacificar a República e resolver


questões pendentes.”
“ ... A aliança com Flores era ainda necessária para legitimar o proce-
dimento que tivemos em Santa Lucía, e de que dão provas as duas notas de
20 de outubro.”
Em 2 de dezembro de 1864 chegava Paranhos a Buenos Aires e, em 7,
era recebido oficialmente pelo Presidente Mitre. Não lhe foi possível obter o
concurso da Argentina. Mitre ficou inabalável. Protestou mais uma vez nunca
ter apoiado Flores, nem com um cartucho, apesar da consideração que lhe
tributava, e reafirmou o seu desejo de conservar-se neutro...
“Não sendo possível a aliança do Governo argentino” — disse Para-
nhos — “estando o Império já empenhado no ataque a Paysandú, tendo-se
concluído esta operação pelo nosso triunfo, não hesitei, de acordo com o
pensamento de minhas instruções, em reconhecer Flores como beligerante e
declarar a intervenção armada do Brasil, de combinação com esse general,
para pacificar a Banda Oriental. Esta solução não nascia do arbítrio que o
governo me havia conferido, já estava escrita nos fatos, era um dos pontos
capitais das minhas instruções.”
Depois de se entender pessoalmente com Flores em Fray Bentos, de
obter deste a segurança de que reconheceria a justiça de nossas reclamações
e de ouvir-lhe declarar que seria para ele dever sagrado a aliança da Repúbli-
ca com o Brasil contra o Paraguai, declaração que depois confirmou por
escrito em nota de 28 de janeiro de 1865, regularizou Paranhos a nossa atitu-
de militar no Prata mediante notas, que passou ao Governo da Argentina e
ao corpo diplomático residente em Buenos Aires (19 de janeiro de 1865).
Nelas pôs todo o empenho em justificar o declive por onde havíamos rolado
desde o ultimato de Saraiva até a guerra de Tamandaré.
“A história e o direito das gentes” — discorre Paranhos — “nos ensi-
nam que, quando as contendas internacionais chegam à emergência de um
ultimato, e a este seguem-se o rompimento das relações diplomáticas e o
emprego recíproco de represálias, a consequência imediata, prevista e inevi-
tável é a guerra. A guerra era, portanto, o estado em que se achava o Brasil com
o governo de Montevidéu, posto que atenuado em seus efeitos legais pela ex-
trema moderação do Governo imperial...”
A Argentina respondeu (30 de janeiro de 1865) reafirmando a sua
neutralidade no conflito e expressando a confiança no respeito, por parte do
CAPÍTULO II 161

Brasil, à soberania e independência da República Oriental. Logo que a Repú-


blica Oriental se sentiu ameaçada pela revolução de Flores, cuidou de reunir
todos os elementos que lhe permitissem fazer-lhe frente com esperanças de
bom êxito. A circunstância de vir o caudilho revolucionário do seio da Argen-
tina, a cujo governo havia prestado os mais relevantes serviços, como general
do seu exército e ainda mais as relações delicadas entre os dois países deixavam
entrever que nenhum auxílio decisivo poderia encontrar o Governo oriental
da parte de Mitre e seus correligionários. Com o Brasil a situação era ainda
pior. As reclamações do Império não tinham termo e cada vez mais se avo-
lumavam; a fronteira do Rio Grande ardia em agitação; de um momento para
outro poderia desencadear-se de lá uma verdadeira tormenta sobre as coxilhas
orientais, o que ocasionaria dificuldades extraordinárias ao governo de Mon-
tevidéu. A existência da esquadra do Brasil equivalia a uma ameaça latente e
constante à livre comunicação da República com o exterior. No entanto,
nessa ocasião, mais do que nunca, carecia o Governo uruguaio do auxílio
dos povos convizinhos. O apoio de qualquer deles não só o fortaleceria
moralmente, como talvez lhe proporcionasse elementos materiais para de-
belar a desordem reinante no seu território.
Sentindo-se ameaçado de uma invasão e não confiando nem na Argenti-
na nem no Brasil, teve Berro o pensamento, depois imitado por Aguirre, de
recorrer ao presidente do Paraguai para associá-lo ao seu destino, incutindo-lhe
a falsa crença de que a República do Uruguai estava ameaçada na sua integridade e
explorando em proveito próprio as suas desconfianças com respeito à Argentina e ao
Brasil, países com os quais ainda não havia liquidado a sua contenda de limites.
162 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CAPÍTULO III

A intriga diplomática junto ao presidente do Paraguai contra o Brasil e a Argen-


tina — A nota ameaçadora de López — Continuação da intriga diplomática

A intriga diplomática junto ao presidente do Paraguai


contra o Brasil e a Argentina

Em vista das explicações que já ministrei, logo se verifica quão pro-


pício era o terreno em que se ia lançar essa indesculpável intriga interna-
cional, de que havia mais tarde de desabrochar a guerra cognominada da
Tríplice Aliança.
A fim de que o leitor possa julgar com retidão os acontecimentos,
vejamos como foi urdida.
Em fevereiro de 1862, o Presidente do Uruguai, Bernardo Berro, re-
solveu ter um representante diplomático no Paraguai e nomeou, para de-
sempenhar essa função, o Dr. Juan José de Herrera. Nas instruções que lhe
entregou, datadas de 25 de fevereiro de 1862 e firmadas pelo Ministro de
Estrangeiros Henrique de Arrascaeta, incumbia-o de chamar seriamente a
atenção do Governo paraguaio para o perigo que ameaçava toda a Amé-
rica, em vista do estado revolucionário em que ainda viviam as respectivas
repúblicas. Depois de descrever a situação presente dos Estados vizinhos,
devia Herrera salientar particularmente estes dois perigos reais: a tentativa de
absorção das repúblicas — sendo de notar que “predominavam na Confederação
Argentina os políticos que tal pretendiam”, e uma invasão da demagogia tur-
bulenta — “que não cessava de trabalhar para introduzir a desordem nas
CAPÍTULO III 163

duas Repúblicas” e que, como se tem visto no Uruguai, busca apoio no es-
trangeiro para triunfar, pouco se lhe dando de que com isso facilite a
prepotência da Confederação e do Brasil. Cabia-lhe ainda fazer sentir a
preponderância que a Espanha ia tomando e a possibilidade de entrar com o
resto da Europa em combinações perigosas para estas repúblicas. Finalmente
conviria que se esforçasse para melhorar a situação comercial do Uruguai
com o Paraguai, de modo que a importação uruguaia fosse direta, assim como
a exportação paraguaia também o fosse para os portos do Uruguai e não por
intermédio de Buenos Aires.
Chegando a Assunção, Herrera pôs-se logo em contato com o Gene-
ral Francisco Solano López, então Ministro da Guerra, e a seguir com Carlos
Antonio López, seu progenitor e Presidente da República. A conversação
com este último é cheia de interesse porque nos pinta a sua mentalidade
estreita e a perene desconfiança que reinava no Paraguai quer contra nós,
quer contra a Argentina. Herrera abordou com o presidente o tema da
demagogia americana. López declarou que a “necessidade primordial destes
países assim ameaçados era trabalhar sem descanso e em recíproca coadju-
vação para solidificar o governo da ordem”; que sem ordem interna forte e
respeitável nada seria possível. Lamentava não terem os homens públicos da
Confederação Argentina esses propósitos. Lembrou a tentativa da Costa
Rica para assegurar os Estados americanos de origem espanhola mediante
uma combinação hispano-americana. Ao Paraguai — disse ele — não lhe é
possível descuidar-se um só momento dos perigos imediatos que o rodeiam
nas suas fronteiras. De um lado tem os mais incorrigíveis anarquistas e do
outro, os macacos, sempre traiçoeiros e simuladores.1 As forças do Paraguai
estavam sempre reunidas para fazer frente a um dos dois, ou a ambos juntos.
Os anarquistas eram os homens mais falsos e mais corrompidos; nunca aban-
donaram a ideia de absorver o Paraguai; mas ele, López, os esperava. O pro-
cedimento de Urquiza havia sido infame. Mitre era o chefe dos anarquistas.
Os macacos eram os inimigos mais tenazes, porém ao mesmo tempo os mais
covardes. Estava preparado para recebê-los, ainda que fizessem aliança com
os anarquistas. Flores havia de invadir o Estado Oriental com o apoio de
Mitre, embora este simulasse o contrário.
Tais foram os tópicos capitais dessa conversação, que desenha com
absoluta nitidez o sentimento de ódio e de prevenção contra o Brasil e con-
tra a Argentina, de que então se achava imbuído o Governo do Paraguai.
164 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Herrera teve segunda conferência com Carlos Antonio López, mas


nada adiantou. O astuto presidente não quis se comprometer nem na ques-
tão política nem na comercial. Quanto à primeira, manifestou-se de modo
vago, sem cogitar de nenhuma entente com a República do Uruguai. Quanto
à segunda, opinou por um tratado de comércio e navegação, mas conside-
rou o seu ajuste inoportuno naquele momento.
Sem embargo compreendeu Herrera que a situação de espírito de
Carlos López era em princípio favorável aos projetos do Governo uruguaio.
Escrevendo a este, em 15 de abril de 1862, dizia Herrera: “O presidente do
Paraguai” — parece fora de toda dúvida — “manifesta-se preocupado com
os mesmos temores que hoje agitam o espírito dos governos americanos e
também muito se inquieta com os perigos que ameaçam este país, proveni-
entes da República Argentina e do Império brasileiro. Uns e outros temores,
bem como uns e outros perigos, requerem, em sua opinião, remédio pronto
e eficaz; contra todos é necessário precaver-se. O presidente do Paraguai
está, pois, de perfeito acordo, ou manifesta está-lo, com o presidente da Repú-
blica Oriental do Uruguai.”
Em vista disso, pede Herrera instruções que precisem as ideias quanto
ao modo de prosseguir nas gestões iniciadas. Não esconde, porém, os emba-
raços que terá de defrontar para vencer as resistências do espírito de localismo.
Confessa com lealdade não confiar cegamente em que o governo de López se
ponha de acordo para a realização de um pensamento que, embora simpá-
tico a ele, apresenta dificuldades, sendo uma delas ter o Paraguai de abando-
nar a sua política tradicional. O governo de López tende instintivamente a
fugir de compromissos que o obriguem a prestar uma cooperação, ao pare-
cer não suscetível de ser retribuída no estado em que se encontram os países
do Prata. Nada obstante, pensa Herrera ser oportuno tentar-se uma entente
com o Paraguai ou chegar a conclusões práticas de reciprocidade, “que a opi-
nião pública oriental e a paraguaia consideram de indubitável conveniên-
cia”. Quando mais não fosse — acrescenta — isso poderia servir-nos, no que
concerne aos interesses orientais, para nos deparar um associado com que
afrontar conflitos futuros.
Herrera apresentou ao seu governo informação minuciosa (maio de
1862) sobre o estado das relações entre o Paraguai e o Brasil. Chegou à conclu-
são de que não havia entre eles a boa inteligência recíproca, nem a completa
harmonia desejável quando se vive em vizinhança cordial. A seu ver, a questão
CAPÍTULO III 165

de limites pendentes entre os dois ainda se encontrava longe de solução. O


melhor seria talvez que ambos mantivessem o statu quo. “Verdade é” — acres-
centava — “que mesmo isso poderia trazer qualquer dia um conflito, aber-
tos como se achavam os olhos previdentes do Paraguai. Ao que lhe constava,
o governo deste país deplorá-lo-ia embora não o tema, conforme o demonstram
os seus atos de enérgica resistência no próprio terreno da disputa.”
Cerca de um ano depois, mandou a República Oriental ao Paraguai o
Dr. Octavio Lapido, para continuar as gestões do Dr. Juan José de Herrera.
Este já exercia, nessa ocasião, o cargo de ministro dos Estrangeiros do gover-
no de Berro.
Nas instruções que Herrera entregou a Lapido (3 de março de 1863),
explanou longamente as relações de caráter político e as de caráter econômico
entre os dois países. É preciso, diz ele, firmar em base sólida e duradoura,
isto é, no interesse recíproco, a política que se tem de desenvolver entre o Paraguai
e o Uruguai.
Tocando o ponto das relações políticas, busca Herrera demonstrar, com
a recordação do passado, a semelhança que existe entre a situação desses dois
povos. O Paraguai lutou contra a Argentina pela sua independência e ainda
está pleiteando com ela a fixação dos seus lindes. A Argentina quer que o
Paraguai lhe ceda território no Alto Paraná e o seu pavilhão tremule na
margem direita do Rio Paraguai quase em frente à capital da República. Essa
disputa de limites pode a qualquer momento ameaçar a paz do continente.
O Brasil, por seu lado, trata com o Paraguai inspirando-se em sua política
tradicional, sigilosamente absorvente. Mantém forças em território que sabe
não lhe pertencer, alimentando protestos permanentes em Assunção. O seu
proceder é considerado como ameaça perene de inimizade e de rompimento.
A integridade do Paraguai tem, pois, dois perigos latentes: a Repúbli-
ca Argentina e o Brasil.
O passado da República Oriental e a sua situação presente oferecem
perfeita analogia com o passado e o presente do Paraguai. Também ela lutou
contra as pretensões dominadoras da Argentina, que preferiu deixá-la ser
presa de Portugal e do Brasil a vê-la independente. Mais tarde, quando bata-
lhou de novo pela sua liberdade, teve, sem dúvida, de aceitar o auxílio de
Buenos Aires, para não expirar às mãos do invasor, isto é, teve de submeter-
se à condição de ser argentina, condição que Buenos Aires lhe impunha como
preço do seu concurso e da sua ajuda. Os que participaram na assembleia de
166 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Florida protestavam silenciosamente quando concordavam com essa condi-


ção pouco nobre e escolhiam o menor dos males, contando, ter f orças algum
dia e esgotá-las na supressão dessa condição.
Os inimigos da República Oriental são, portanto, os do Paraguai. O
isolamento, porém, deste facilitou-lhe a sua organização e protegeu-o da
contaminação da demagogia. Com o Uruguai não se deu o mesmo: foi cam-
po de intrigas, em que repercutiram as rivalidades do Brasil e da Argentina,
até que volveu a paz depois da guerra de nove anos, “não sem haver antes o
Brasil, de acordo com o poder argentino, ficado gananciosamente com gran-
de parte do nosso território”. Todas as suas desgraças promanam “da política
que a seu respeito tem seguido a República Argentina e o Império do Brasil,
com a cumplicidade não pequena de caudilhos, homens políticos e frações
orientais, cujas ambições eram comuns com as dos vizinhos”.
O perigo é comum e comuns devem ser os esforços para conjurá-lo.
Qual esse meio? Herrera define-o assim:
“O interesse bem entendido de ambos exige o acordo e o concurso
recíproco, pelo menos no transcendental, da política a seguir. Essa política,
toda ela por fundar-se, deve tender para o estabelecimento de um equilíbrio,
que a todos proteja, neste trecho agitado da América do Sul, e de uma dis-
creta defensiva comum a cujo abrigo possam os nossos povos entregar-se à
definitiva organização, tendo por base a confraternidade e o repúdio de
todo espírito de absorção de um pelo outro.”
Como vê o leitor, Herrera deseja a aliança defensiva para a conserva-
ção do equilíbrio.
O sistema de equilíbrio conserva a paz porque inspira o ‘temor da
guerra...’ O Uruguai e o Paraguai devem buscá-lo. Se não se pudesse agora
obter uma combinação perfeita, poder-se-ia pelo menos assentar desde logo
uma liga moral, que demonstrasse aos vizinhos a união íntima dos dois paí-
ses e o seu acordo, transformável em cooperação prática quando soasse a
hora da defesa comum. Talvez se pudesse atrair o Brasil e a Argentina a essa
obra sensata de pacificação e progresso. A separação dos territórios respec-
tivos do Uruguai e do Paraguai estorva sem dúvida a união íntima de sua
ação e o estabelecimento de uma associação de poder tão compacta e tão uni-
forme como se requer.
Ao Paraguai e ao Uruguai, ligados pela uniformidade de vistas e pela
ação coletiva, talvez esteja reservado papel importante no porvir do Rio da
CAPÍTULO III 167

Prata e até na correção previdente da sua geografia política. Essa liga moral
encontraria ocasião, no decurso dos sucessos argentinos, de obter a adesão
de alguns dos Estados da grande Confederação vizinha e de aumentar deste
lado do Paraná os seus elementos de unidade, poder e influência.
É palpável a alusão aqui feita a Entre Ríos e Corrientes.
“Repito a V.Exa.” — escreve Herrera — “que estamos dispostos à aber-
tura do debate amplo e amistoso, sobre essa questão tão transcendental.
Diga isso ao governante amigo, a quem V.Exa. vai apertar a mão. Mas se, por
causa da direção política que rege no Paraguai, dos métodos de diplomacia
ali em uso ou por outra qualquer razão, não se julgasse oportuno iniciarem
ambos os países unidos, franca e decididamente, ante o Brasil e a República
Argentina, a combinação de um equilíbrio que produz forças e influências
em garantia de autonomia recíproca, sempre será o caso de buscar-se preli-
minarmente o acordo sobre esse propósito e também com o fim especial
sobre algumas eventualidades ou emergências que a história do passado e as
paixões do dia não nos revelam como possíveis.
Herrera formula esta pergunta:
Se sobreviesse, da parte de Buenos Aires ou do Brasil, ou de ambos em
aliança, um ataque à independência, integridade ou soberania de uma das
duas repúblicas, qual deveria ser a atitude da outra? O Uruguai veria em um
ataque à independência do Paraguai por intromissão estranha no seu gover-
no interno uma ameaça à sua própria independência e às suas próprias prer-
rogativas soberanas. Protestaria firmemente contra isso e não trepidaria em
se pôr de acordo com a nação amiga ameaçada para anular a pretensão e
resistir ao ataque.
E o Paraguai faria o mesmo, caso sobreviesse tal eventualidade à Re-
pública Oriental?
Quais os meios a adotar para a cooperação recíproca? Herrera men-
ciona dois: um tratado de aliança ofensiva-defensiva ou só defensiva e uma
convenção referente a tal ou qual ponto de política internacional assente
em bases gerais discutidas e combinadas sob a forma de notas reversais. É
possível que o Paraguai prefira a segunda solução. O Governo oriental
reputa bastante por enquanto o acordo sobre o princípio; dele se derivari-
am, à medida que as circunstâncias o reclamassem, as alianças e ligas ulte-
riores. Esse acordo, pedestal do equilíbrio a fundar, seria de resultado
eficaz, sem comprometer a política externa de cada contratante. Investiria
168 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

o Paraguai e o Uruguai de autoridade para irem pesando na balança dos


destinos do Rio da Prata.
Lapido deve, pois, propor ao Governo paraguaio que se preste fazer
juntamente com o Governo oriental uma manifestação franca de ideias e
princípios sobre os interesses que ambos os países se propõem a resguardar.
Para isso oferece a diplomacia fórmulas diversas: um protocolo, uma ata,
uma troca de reversais. A questão de fórmulas é secundária.
O Uruguai não tem em mente senão a paz. A Argentina conta em seu
seio germes de anarquia e fracionamento. Buenos Aires é um vulcão. O seu
governo já declarou que o fim da República Argentina é “a reconstrução do
seu antigo poder pela reincorporação dos territórios insensatamente desprendi-
dos e que hoje formam nacionalidades independentes”. O aviso está dado. Po-
dem-se prever várias hipóteses. Herrera assinala a da separação de Corrientes
e Entre Ríos da Confederação Argentina para formarem Estado indepen-
dente e a procura por parte desse Estado de uma aliança defensiva com o
Uruguai e o Paraguai.
Que devemos pensar — pergunta — se, mantendo-se as coisas no
atual estado, se propõe a aliança defensiva para certos casos entre a República
Oriental e a Paraguai, com acordos separados daquelas duas províncias ou
de uma delas, a fim de chegar-se depois a uma combinação final no sentido
de uma das hipóteses anteriormente assentadas?
Tais são os propósitos políticos com que Herrera busca a cooperação
do Paraguai.
Quanto às relações econômicas, o objeto é o mesmo que já o inspirou
quando ele esteve em Assunção como representante da República Oriental.
Insiste na necessidade vital para o Paraguai da liberdade da navegação do
Prata e seus afluentes. “A Ilha de Martín García” — declara Herrera — “é um
perigo positivo, dominada e armada, como se encontra, pelo governo de
Buenos Aires sem título válido de domínio. Basta esta pergunta: Pode Buenos
Aires, sem perigo para a navegação do Prata e seus tributários, possuir ar-
tilhada e ameaçadora a Ilha de Martín García, chave dessa navegação e que
é o do domínio comum? Quer dizer: Pode Buenos Aires permitir ou proibir
da ilha, e a seu alvedrio, a liberdade dessa navegação, que interessa tanto a
da Marinha paraguaia como a de todas as nações comerciais, das quais umas
têm direito natural e outras convencional a tal liberdade? Formular a ques-
tão é resolvê-la. Não podemos permitir tal supremacia, ainda que Martín
CAPÍTULO III 169

García não fosse propriedade usurpada por quem nela faz tremular a ban-
deira argentina. Foi essa a razão por que a República Oriental, adiando a
questão do domínio, se preocupou há anos em neutralizá-la, já que pode-
ria converter-se em obstáculo à livre navegação.”
Embora as suas instruções datassem de 3 de março de 1863, Lapido
só partiu para Assunção em 1o de julho desse mesmo ano e ali desembar-
cou no dia 9. Nesse intervalo de tempo haviam-se agravado as relações
entre o Uruguai e a Argentina por causa dos sucessos sobrevindos: Flores
invadira aquela República; dera-se a detenção do vapor argentino Salto
pelos uruguaios e a do General Artigas pelos argentinos. As coisas iam,
pois, tomando caráter mais grave e reclamando combinações mais deci-
sivas. Lapido vai escudar-se nesses incidentes para pleitear a cooperação
do Paraguai.
A sua primeira entrevista com o Marechal Francisco Solano López
ocorreu em 14 de julho de 1863.2 Lapido expôs-lhe a situação delicada em
que se debatia o Uruguai em face da República Argentina. López concordou
com ele de tal forma que o induziu a acreditar na aceitação pelo Paraguai
de um acordo recíproco dos dois países para a segurança da sua indepen-
dência e soberania e o desenvolvimento dos seus interesses econômicos.
Dias depois (dia 18) conversou com Berges, Ministro de Estrangeiros de
López, a quem fez francamente esta pergunta: Se a Argentina declarasse a
guerra ou continuasse as hostilidades contra a República Oriental, estaria o Go-
verno do Paraguai disposto a cooperar de qualquer maneira para a sua defesa?
Diante dessa interpelação tão franca e decisiva, Berges achou necessário
ouvir previamente o presidente e por isso prometeu a resposta para depois.
Em 20 de julho deu-a, de fato, a Lapido, que, nesse mesmo dia, oficiou
a Herrera comunicando-lhe. O Presidente López encarregara-o de lhe dizer
que “enquanto não soubesse a atitude assumida pelo Governo argentino
depois do ajuste projetado com o oriental, cujo resultado todavia ignorava,
não dispunha dos elementos necessários para fazer a declaração que se lhe pe-
dia. Que só com esses elementos poderia saber se era ou não chegado o caso
de o Governo do Paraguai pedir explicações ao da Argentina, de protestar,
de oferecer a sua mediação, ou de ir mais adiante, se as circunstâncias o
exigissem. Que nessa mesma ocasião Mitre protestava ao Governo do
Paraguai a sua resolução de guardar a mais absoluta neutralidade nas ques-
tões da República Oriental, e que o Governo do Paraguai não podia fazer
170 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

declarações ou praticar atos hostis ao Governo argentino sem o conhecimento


perfeito da falta de lealdade e de cumprimento a essas seguranças”.
Depois de mostrar a conveniência de se esperar a chegada de novas
comunicações, ajuntou: “Que com isso não se devia acreditar que o espíri-
to do governo era esquivar-se a assumir posição clara e definida; que se os
sucessos dessem lugar a ela, o Paraguai a assumiria, porém que não consi-
derava prudente empenhar-se em declarações verbais ou escritas sobre uma
nova hipótese.”
Restabelecida a harmonia entre a Argentina e o Uruguai depois dos
incidentes do Salto e do General Artigas, que o leitor já conhece, deu Herrera
essa agradável notícia a Lapido em ofício de 29 de julho de 1863, mas acres-
centou que, embora houvesse passado o perigo imediato, convinha não es-
quecer as outras dificuldades previstas. Cumpria-lhe, portanto, prosseguir
nas negociações de que fora encarregado.
Lapido responde em 5 de agosto. Está procurando executar as deter-
minações de Herrera. Parece-lhe, todavia, que a circunstância de haver de-
saparecido o perigo iminente de uma opressão da República Argentina e,
principalmente, a proximidade das eleições que devem dar à República do
Uruguai novo presidente e nova legislatura podem levar o Paraguai a diferir
para depois de inaugurada a nova administração o ajuste de um tratado
de comércio.3 Nada obstante, Lapido continua acreditando que o Paraguai
mantém as mesmas opiniões que o Uruguai com respeito às tendências polí-
ticas dos vizinhos e se preocupa com os meios mais eficazes de contê-las e
tornar úteis as relações entre o Uruguai e o Paraguai.
Em 17 de agosto, Herrera expede-lhe duas notas.
Na primeira insiste para que ele consiga pronta inteligência com o
Governo paraguaio.
Ficam aprovados os pontos de que ele vai tratar, se chegar a um con-
vênio, a saber:
1o) Compromisso recíproco de garantia da independência de ambos
os países.
2o) Neutralização de Martín García.
3o) Uniformidade da doutrina quanto à nacionalidade de filhos de
estrangeiros.
Na segunda nota envia-lhe cópia da que o Governo oriental dirigiu
ao corpo diplomático estrangeiro e ao ministro residente do Brasil. O Go-
CAPÍTULO III 171

verno uruguaio tem motivos sérios para acreditar que a revolução de Flores
envolve a intenção decidida, por parte do Governo argentino, de atentar
contra a independência da República, e levará à prática o projeto já conhecido
da incorporação.
Cumpre, pois, a Lapido, sem perda de tempo, chamar para o fato a
atenção do Governo paraguaio e convidá-lo a prestar ao Uruguai a sua
cooperação para estorvar o projeto de Mitre. Insistia nisso — ajunta Herrera.
No pé em que libram as coisas, o concurso do Paraguai, franco e sinceramen-
te manifestado, seria decisivo para remediar os males destes países. Está ou
não está o Paraguai interessado em que a Argentina não desenvolva os seus
planos de usurpação? Se o está, não deve repugnar-lhe fazer uma aliança
para se opor a eles. Mas, mesmo sem aliança, poderia o Paraguai dar à Repú-
blica o seu apoio moral decisivo, patenteando-se à Argentina como nação
disposta a não tolerar certas subversões políticas no Rio da Prata. Quererá
ele, o mais interessado, guardar silêncio e não assumir a posição com que
pode e deve pesar nos destinos desta parte do continente? Não enviará ao
menos um representante para dizer ao Governo argentino que o seu proce-
dimento internacional inspira receios e que o Paraguai não consentirá que se
levem a cabo projetos de anexaçao e sujeição? Não mandará uma esquadra
às águas do Prata a fim de que a sua palavra seja ouvida como deve sê-lo?
Empenhe-se V.Exa. nisso, continua Herrera.
Lapido escreve a Herrera em 20 de agosto. Já iniciou as negociações de
acordo internacional com Berges. Fá-lo primeiro em caráter privado; de-
pois entrará em negociações oficiais. Redigiu umas bases que entregou a
Berges. Foi além do apoio moral; foi até à aliança, até à cooperação material
de todas as forças.
Nesse mesmo dia remete oficialmente a Herrera as ditas bases.
Herrera responde-lhe em 31 de agosto. Faz diversas reflexões sobre
essas bases e propõe leves alterações. Acha que conviria mencionar a nature-
za da cooperação paraguaia; deveria ser moral e material, por meios maríti-
mos e terrestres. Quanto à Ilha de Martín García, deveria ser pelo menos
neutralizada em tempo de guerra no Prata.
A situação — pondera Herrera — torna-se cada vez mais assustado-
ra. O Governo argentino parece decidido a fazer-se beligerante e a sua van-
guarda, capitaneada por Flores, vai receber a qualquer momento reforço
considerável. Em que disposição deverá Buenos Aires encontrar o Paraguai?
172 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

O governo deste país está destinado, para glória sua, a levar o Paraguai à
posição que lhe corresponde pela sua força, pelo seu direito e pela ilustração de
sua política previsora. Agora não basta estabelecer doutrina, é necessária
outra atitude. Pelas bases de Lapido, que Herrera acredita sejam aceitas do
Paraguai, estabelece-se que o governo deste combinará, em convênio poste-
rior, o emprego dos meios práticos para a defesa da mútua independência.
Proponha — diz Herrera a Lapido — que essa combinação seja imediata, ou
no mínimo simultânea com o tratado. Convém ainda que se intercale no texto,
como causa determinante de ação comum das duas repúblicas, esta cláusula:
“Quando uma nação estrangeira pretender por si só, ou aliando-se a
outra ou auxiliando uma revolução intervir, mudar a forma de governo da
República Oriental do Uruguai ou da do Paraguai, ou pôr obstáculos ao
pleno exercício dos seus poderes constitucionais, absolutamente soberanos
como são.”
O que Herrera afinal deseja é a imediata colaboração material.
Se — reflete ele — Lapido achar que o Paraguai resiste a intervir desde
logo para defender a independência do Uruguai ameaçada, pois destarte causa-
ria um agravo prematuro à Argentina, deve fazer sentir ao Governo para-
guaio que a ocupação da Ilha de Martín García pode justificar-se plenamente
pelo fato notório de que dessa ilha, e contra cláusulas expressas dos tratados
vigentes entre o Brasil, o Prata e as potências europeias, se põem em perigo
os direitos do Paraguai à livre navegação dos rios. Faça saber — continua
Herrera — que o Governo uruguaio, parte contratante nos aludidos con-
vênios, acharia e declararia justificada a ocupação eventual dessa parte do
seu território.
Não contente com essas explicações, Herrera mandou a Lapido no
mesmo dia (31 de agosto) um ofício reservadíssimo para lhe significar as
últimas decisões do Governo oriental.
O Governo da República — escreve o ministro de Berro — está de-
cidido a resistir a toda imposição do Governo argentino e a resolver pelas
armas qualquer novo conflito que se lhe prepare. A luta será a de um povo
pela sua independência. Tem o apoio imediato da diplomacia europeia, que
se traduzirá em cooperação prática quando a contenda assumir caráter in-
ternacional. O Brasil especialmente terá de tomar parte ativa nele, se conser-
var fidelidade aos tratados. O Governo do Uruguai convida o do Paraguai a
que também coopere. Para que essa cooperação lhe proporcione desde logo
CAPÍTULO III 173

e ao Uruguai uma posição de supremacia inabalável, deve consistir na ocupa-


ção imediata da ilha e das águas de Martín García, por forças navais e terres-
tres, paraguaias e orientais, bem como na captura da esquadrilha argentina
para assegurar o domínio do rio. Enquanto esses fatos ocorram, Entre Ríos
e Corrientes, já de inteligência com o Estado Oriental, pronunciar-se-ão em
favor de uma liga defensiva e ofensiva, pondo em ação seus meios já prepara-
dos com o devido sigilo.
O Paraguai será dono dos rios e alcançará o triunfo com sacrifício
pouco considerável. Bastar-lhe-ia a sua esquadra e 500 homens de linha de
desembarque. O Uruguai faria o mesmo, ocupando em comum Martín
García, que ficaria logo neutralizada para quem não fosse beligerante hostil
à liga. Esta operação — pondera Herrera — deve realizar-se o mais breve
possível. Decide das outras e precipita imediatamente as províncias ao lito-
ral do Uruguai.
Dê a saber a López — ordena Herrera — o pensameno do Governo orien-
tal e exponha-lhe bem o caráter decisivo do movimento geral logo que o Paraguai
assuma a atitude que se lhe indica. Se ele abandonar o Uruguai, este irá sozi-
nho à luta, porém não se permitirá recriminação no dia em que, depois de
vencido o Paraguai, chegue a hora dos povos fadados a igual destino, se não
despertarem em tempo do letargo mortal.
Lapido deve mandar-lhe, pelo primeiro vapor, uma resposta franca e
sem rodeios do Governo paraguaio.
Como vê o leitor, Herrera faz apelo decisivo e angustiado a Solano
López. Não quer perder tempo. Deseja que o Paraguai se lance sem de-
mora na contenda, assuma a ofensiva e se aposse de Martín García e da esqua-
dra argentina.
Em 2 de setembro de 1863, dirige Lapido uma nota ao Governo para-
guaio sobre a situação do Uruguai e envia-lhe cópia das circulares passadas
pelo seu governo ao corpo diplomático sobre a guerra em que está empe-
nhado o país e que ameaça envolver em conflagração geral todos os povos
do Prata. O Governo oriental tem motivos para crer — afirma ele — que essa
agressão busca não só derrocar o Governo constitucional estabelecido, como
atentar contra a independência da nacionalidade oriental. O Governo ar-
gentino, ao contrário do que ele afirma, não cumpriu o dever que lhe impõe
a lei das nações. Todos os dias é a República invadida por forças armadas,
equipadas e apetrechadas no território argentino, com o assentimento e até
174 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

com a cooperação das autoridades argentinas. Apesar de ter levado a mode-


ração e a prudência até ao extremo, o Governo oriental não foi atendido; ao
contrário disso, a invasão é cada vez mais protegida. Nessas condições, e na
previsão de maiores males, chama-se a atenção do Paraguai e do Brasil como
vizinhos limítrofes. O perigo que hoje ameaça a República Oriental deve ser
motivo de alarme para o Paraguai; os ataques dirigidos contra a indepen-
dência de qualquer deles não lhes podem ser indiferentes. Espera, pois, o
Governo oriental que a voz e a valiosa cooperação do Governo do Paraguai se
farão sentir para conter os desmandos da política opressora. De qualquer
modo, porém, o Governo oriental não recuará diante de nenhum sacrifício
para defender a dignidade e os direitos do povo que lhe confiou a direção
dos seus destinos.
Que fará López, com o espírito já tão prevenido contra a Argentina e
o Brasil e depois de trabalho tão persistente?
Vamos sabê-lo. Para isso, convém todavia voltar um pouco atrás e
recordar o estado das relações de Solano López com Bartolomeu Mitre.
No começo de 1863, eram cordiais, ao menos na aparência. Os dois
presidentes trocavam cartas para combinar o modo prático de dirimir a
questão de limites ainda subsistente entre os dois países. Em 16 de julho de
1863, dizia Mitre a López, falando dos sucessos da República do Uruguai,
que havia assentado ser neles completamente neutro, embora pudesse surgir
algumas complicações de governo a governo.
E acrescentava: “Julguei dever dar a V.Exa. esta explicação amistosa a fim
de que pudesse bem compreender o meu pensamento, embora não duvide de
que V.Exa. já o havia alcançado perfeitamente com o seu espírito penetrante.”
Combinaram a nomeação de plenipotenciários para a questão de frontei-
ras. Faltava apenas decidir se o ponto de reunião seria Assunção ou Buenos Aires.
Eis, porém, que as intrigas diplomáticas uruguaias atingem o ponto
culminante que o leitor acaba de perceber. López julga então oportuno dar
o primeiro passo em prol da República Oriental.
Em 6 de setembro de 1863, Berges envia a Lapido importante ofício.
Acusa recebida a nota dele de 2 desse mês e as cópias das notas que o Governo
oriental dirigiu aos representantes dos países amigos em Montevidéu. Levou
tudo ao conhecimento de López, o qual lhe ordenou dizer o seguinte:
“O Governo da República tomou conhecimento, com vivo pesar, da
grave situação em que se acha a República Oriental do Uruguai e seu gover-
CAPÍTULO III 175

no, em consequência da invasão do General Flores. Não pode ser indiferente


a tal estado de coisas, que interessando a tranquilidade e prosperidade de
uma república irmã e amiga, não pode deixar de influir funestamente nos
interesses gerais que o governo da República propende a desenvolver entre
os dois países.
Apreciando devidamente as consequências que, segundo prevê o Go-
verno oriental, podem chegar a exercer aqueles acontecimentos sobre o equi-
líbrio, a segurança e a paz dos Estados do Prata, o abaixo assinado dirige-se
nesta data em nota ao Governo da República Argentina (de que remete
cópia a V.Exa.) para obter explicações sobre os sucessos que motivam esta
correspondência.
O Governo paraguaio espera que a retidão do Governo argentino e a
consideração dos seus interesses permanentes lhe farão adotar medidas que
impossibilitem perturbar a tranquilidade de um Estado amigo, ameçando-
lhe a independência, e que, sendo o Governo argentino um dos garantido-
res da independência da República Oriental, também quererá considerá-la
em certa ocasião condição de sua própria segurança e interesses políticos.”
A nota a que se refere esse ofício a Lapido leva a data de 6 de setembro
de 1863; foi dirigida a Rufino de Elizalde e assinada por Berges.
Nela começa o ministro de López dizendo haver recebido ordem do
presidente para tratar com Elizalde de um assunto que reclama toda a soli-
citude do Governo paraguaio. Os sucessos da República do Uruguai só eram
conhecidos deste governo pela voz pública e pelos diários de Buenos Aires.
Ele confiava em que o equilíbrio desses países não seria perturbado. Mas já
não pode pensar assim em face da nota que lhe dirigiu no dia 2 do corrente o
Governo uruguaio e na qual o referido governo lhe comunica a invasão de
Flores. Com a sobredita nota vieram simultaneamente cópias das que o
mesmo Governo uruguaio endereçou ao decano do Corpo Diplomático e
ao ministro brasileiro residente em Montevidéu.4 “O Governo paraguaio,
que reputa elevada e sábia a política do Governo argentino, confia que ele
apreciará justamente os efeitos que produziria ao ânimo de todos os go-
vernos que fixam a sua atenção no Rio da Prata a coparticipação, embora
indireta, da Argentina nos negócios internos da República Oriental do
Uruguai, cuja independência ela garantiu por um tratado solene, e cuja
existência política é condição do equilíbrio e da paz que protegem os inte-
resses de todos no Rio da Prata. Considera também não ser impossível que
176 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

o Governo oriental, impressionado pelos fatos lamentáveis e pela opinião


pública de Buenos Aires, que parece simpatizar com esses acontecimentos,
atribua à participação suposta, embora indireta, do Governo argentino a
perturbação da paz e segurança, que, ameaçando os seus princípios políti-
cos, põem em perigo a sua existência. “O abaixo assinado, continua Berges,
recebeu ordem de S.Exa. o Sr. presidente para solicitar do governo de V.Exa. as
amistosas explicações a que visa esta nota e nutre a confiança de que serão tão
amplas que colocarão o do Paraguai em situação de dissipar qualquer im-
pressão desfavorável que preocupe o Governo oriental, facilitando-lhe assim
a sua cooperação oficiosa para a conservação da paz e da boa inteligência
entre as duas repúblicas, Argentina e Uruguai.”5
Lapido mandou esses documentos a Herrera por intermédio do seu
secretário, o Sr. Brito del Pino.
Herrera rejubilou. Ainda não era o que ele desejava, mas dava-se, sem
dúvida, um passo nesse sentido.
Em 22 de setembro, responde a Lapido. Está contente, mas lamenta
que a nota de 6 de setembro não houvesse sido escrita em mais alto tom e
com mais severidade. Vai mandar uma nota enérgica a Buenos Aires recla-
mando contra os agravos sofridos. Daí poderá surgir o conflito; aventado o
perigo, talvez o Governo argentino rompa em hostilidades antes que a ali-
ança o torne impotente. Para prevenir isso, seria indispensável que o Gover-
no paraguaio, quando enviasse o seu despacho de 6 de setembro, mandasse
logo, simultaneamente, a sua esquadra situar-se em Martín García, para to-
mar posse da ilha, ou pelo menos garantir o Uruguai e o Paraná das agres-
sões navais, partidas de Buenos Aires. A nota paraguaia é débil na forma e
pouco explícita. Se o Governo argentino protestar boas intenções, o de As-
sunção terá de dar-se por satisfeito. Qual seria então a situação da República
Oriental, cujos planos teriam sido relevados, com a remessa para Buenos
Aires das cópias de seus ofícios? A situação não comporta meios termos —
diz Herrera. O Paraguai deve saber até onde o Uruguai se propõe a chegar e
vice-versa. O pedido de explicações sem o emprego simultâneo de meios
práticos expõe-nos a malogro e deixará mais comprometido o interesse ori-
ental e também o da liga defensiva que projetamos fazer neste lado do Paraná!
López parece indicar a conveniência de um pronunciamento de Entre Ríos.
Herrera entende que é o Paraguai quem deve tomar a iniciativa, por ser o
mais forte. O Governo oriental fará o que puder; reclamará e, se for desa-
CAPÍTULO III 177

tendido, protestará energicamente e romperá relações oficiais com o Go-


verno argentino, acercando-se de um casus belli. Nessa atitude, persistirá,
se o Paraguai o acompanha, que se dê a conhecer ao argentino cópia dos
seus despachos, os quais são tão graves que podem atear a guerra. Faça isso
o Paraguai e simultaneamente ocupe conosco Martín García e mande a sua
esquadra ao Prata. Então, com a nossa iniciativa, Entre Ríos e Corrientes
lançar-se-ão por sua vez. O momento é propício.
Herrera ocupa-se, a seguir, da atitude do Brasil. Reputa de primeira
importância a sua colaboração. Diz que o Ministro Loureiro vai partir
nesse mesmo dia para Buenos Aires a fim de fazer sentir, em nome de seu
governo, o desgosto que a este causa a proteção dada a Flores e a decisão
em que ele está de cumprir os seus compromissos no tocante à paz e indepen-
dência do Uruguai. “Como o Brasil” — ajunta Herrera — “deve ser por
enquanto estranho ao que se passa entre o gabinete paraguaio e o oriental,
limito-me a incitar o ministro do Brasil ao pronto cumprimento das ordens
que recebeu.”
Vê-se do exposto que a resolução tomada pelo Paraguai não satisfez
completamente o Uruguai e que sobretudo a este de nenhum modo agradou
mandar aquele país ao governo de Mitre cópia da nota oriental de 2 de
setembro e da circular do Corpo Diplomático, pois naturalmente compre-
endeu que tudo isso poderia desvendar em Buenos Aires a intriga sorrateira
que ele vinha urdindo com pertinácia.6
A nota paraguaia de 6 de setembro causou espanto ao Governo ar-
gentino e serviu para adverti-lo das intenções do Uruguai e do Paraguai a
seu respeito.
Escrevendo a López, em 3 de outubro de 1863, sobre a combinação
que estavam fazendo da nomeação de plenipotenciários para ajustar a ques-
tão de limites, dizia-lhe Mitre que duas coisas obstavam à pronta abertura
das negociações: 1o) A explicação amistosa pedida pelo Governo paraguaio
sobre os sucessos da Banda Oriental. 2o) A coordenação dos documentos
que lhe deviam servir de base e ponto de partida. E acrescenta: Quanto ao
primeiro ponto, já dei antes a V.Exa., de modo confidencial, explicações
espontâneas sobre a política que me propunha seguir com respeito à Repú-
blica Oriental e a maneira prudente como resolvi a questão incidental moti-
vada pela detenção do vapor Salto. Embora V.Exa. tenha aceitado essas ex-
plicações da maneira mais franca e cordial, é de regra que, estando pendente
178 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

o pedido de explicações a que respondo por este vapor, suspendamos por


nossa parte todo procedimento ulterior concernente ao início de novas ne-
gociações até recebermos a resposta definitiva desse governo.”
Por fim dizia: “Ao determinar esta carta, devo manifestar a V.Exa.,
com a respeitosa franqueza sempre usada por mim em nossa correspondên-
cia, que recebi pelo último vapor a nota desse governo sobre a questão da
República Oriental, mas que desde alguns dias já estava ao corrente dela,
visto como, antes da vinda do referido vapor, já circulavam cópias da mes-
ma, em mãos de várias pessoas, em Buenos Aires, Entre Ríos e Montevidéu,
fato que não me posso explicar e que julguei dever comunicar-lhe.”
López respondeu em 21 de outubro, afirmando que a sua chancelaria
de relações exteriores era extranha à indiscrição apontada, mas que apesar
disso ele a tomaria em consideração.
Conforme Mitre lhe dissera em carta, a Argentina respondeu no dia 2
de outubro de 1863 à nota paraguaia de 6 de setembro. Na resposta, assinala
Elizalde que só em 28 de setembro a referida nota lhe chegou às mãos:7 “Seu
governo viu nesse documento mais uma prova de amizade e benevolência do
Exmo. Sr. presidente do Paraguai e a aprecia tanto mais quanto, além de lhe
ser agradável verificar a correspondência sincera dos sentimentos de estima
que lhe professa, ela lhe proporciona ocasião de dissipar as negras nuvens que
os elementos da desordem se empenham em levantar e que desgraçadamente
não estão de todo extirpadas no Rio da Prata.” O Governo argentino deseja
a paz para si e para todos os seus vizinhos. Fez tudo para evitar a guerra que
aflige a República Oriental e guardou diante dela a mais estrita neutralida-
de. Não pode, pois, aceitar “as acusações injustas e atentatórias à sua digni-
dade, que conselhos mal inspirados induziram o Governo oriental a dirigir-
lhe”. Tem em alto apreço o juízo reto e ilustrado do presidente do Paraguai e
do seu governo e por isso deseja esclarecer os fatos que possam trazer suspensa
a opinião dos amigos da Argentina. O presidente desta ordenou-lhe de-
clarasse que o Governo argentino nega com firmeza quanto lhe impute o
Governo oriental e dará com prazer ao Governo paraguaio todas as expli-
cações que julgue necessárias sobre qualquer fato que o Governo oriental,
com danado intento, lhe tenha dito haver sido praticado pela Argentina e
que envolva violação de neutralidade ou miras de anexação.
López não se deu por satisfeito com a linguagem de Elizalde. Em
21 de outubro, Berges responde à nota argentina do dia 2 do mesmo mês.
CAPÍTULO III 179

“O governo de V.Exa.” — diz ele dirigindo-se a Elizalde — “limita-se a


negar totalmente quanto lhe foi atribuído, sem se ter dignado de tomar em
consideração os atos constantes naqueles documentos (cópias das notas uru-
guaias que acompanharam a nota paraguaia de 6 de setembro), e se oferece
para dar as explicações que o Governo paraguaio possa desejar, na persua-
são de que elas hão de produzir benéficos frutos.”
Lamenta que Elizalde não haja ministrado as explicações pedidas so-
bre os fatos precisados, a saber: falta de cumprimento dos deveres de neutro;
invasão da República Oriental por chefes e oficiais do Exército argentino,
com forças armadas e equipadas em território argentino e até com a coope-
ração de suas autoridades, como a expedição de Atanagildo Saldaña; exis-
tência pública em Buenos Aires de uma comissão diretora da revolução, que
ela auxilia com tropas e toda a espécie de elementos. Esta comissão é aten-
tatória à dignidade do Governo argentino e ameaçadora da paz e tranqui-
lidade em todos os Estados do Prata.
“Não tendo, pois, o meu governo achado” — concluiu Berges — “na
nota a que esta responde as explicações amistosas que solicitara do Governo
argentino e não podendo prescindir delas em face de tão graves complica-
ções, por serem imperiosamente reclamadas pela conservação da paz e da
independência absoluta dos Estados do Prata, recebi ordem de S.Exa., o Sr.
presidente para reclamar de novo sobre os fatos e casos acima enumerados,
e alimento a esperança de que as explicações serão de tal natureza que, satis-
fazendo aos amistosos sentimentos que o animam, farão desaparecer o atual
estado de coisas no Rio da Prata.”
Em vez de responder logo, Elizalde guardou silêncio por algum tem-
po. A Argentina, que estava nessa época negociando com Lamas um proto-
colo para a solução de suas dúvidas com o Uruguai (20 de outubro) defron-
tava-se de repente com a intervenção de López por instigação deste país.
Compreende-se agora facilmente porque na escolha do árbitro ela resistiu
com fundamento à inclusão do nome de López.
Em 31 de outubro, Herrera informava Lapido do estado em que se
encontravam as negociações com a Argentina, a fim de que o Governo do
Paraguai ficasse ao corrente do que se passava. Apesar dessas perspectivas
de paz, ele insiste nos seus projetos: quer a aliança do Uruguai com o Pa-
raguai. “As forças destas nações e a sua diplomacia” — declara o ministro de
Berro — “devem ser doravante reciprocamente tutelares, não permitindo
180 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

desequilíbrio nas nacionalidades fundadas nestas latitudes.” Há dois meios de


conseguir isso: a diplomacia coligada e a força coligada, isto é, a paz ou a
guerra. Como o Governo paraguaio, ao contrário do oriental, não vê che-
gado o momento oportuno para justificar a contenda armada, o Uruguai
recorre ao primeiro desses meios.
Como vê o leitor, Herrera explica as negociações de Lamas pelo fato
de López se recusar a iniciar a luta armada.
Não tendo resposta de Elizalde, López resolveu dirigir uma nota ao
Corpo Diplomático acreditado em Assunção, dando-lhe notícia de suas ges-
tões perante o Governo argentino e enviando-lhe cópias de alguns do-
cumentos relativos ao assunto (nota oriental de 2 de setembro resposta do
Governo paraguaio e as três notas trocadas até então com o Governo argentino).
Dizia-lhes: “Que o Governo do Paraguai considerava a independência per-
feita e absoluta da República Oriental condição do equilíbrio destes países.
Que, embora a invasão de Flores desde o começo lhe houvesse chamado a
atenção, só teve notícia oficial dos sucessos da República Oriental pela nota
uruguaia e se decidiu então a dar o passo que comunica ao Corpo Diplomá-
tico. Que empregará todos os esforços ao seu alcence para pôr termo à funes-
ta situação que aquela invasão criou e para restabelecer a paz e tranquilidade
no Rio da Prata.”
“Como viu V.Exa.” — pondera Lapido a Herrera — “a razão principal
desta nota está no desejo do General López de chamar a atenção do Mundo.”
Em 15 de novembro, Herrera participa a Lapido não ter a Argentina
acedido à ideia de figurar López como árbitro ao lado do Imperador do
Brasil. A revelação de nossos despachos à Argentina — diz ele —, feita pelo
Paraguai, levou Mitre a escrever uma circular ao Corpo Diplomático estran-
geiro para justificar a atitude hostil que, em vista de nossas acusações nos
referidos despachos, estava resolvido a assumir para vindicar a dignidade e os
direitos argentinos. Verificou-se, portanto, o que o Governo oriental havia
previsto — continua Herrera — quando teve conhecimento dessa revela-
ção. Tudo isso encontrou o Uruguai desamparado, “por ter o Paraguai resis-
tido à adoção de medidas de cooperação prática”.
Sobrevém, então, o incidente do Pampero, e depois a Missão Mármol,
que se malogra.
Em 4 de dezembro, Herrera leva ao conhecimento de Brito del Pino
esse insucesso.8 Manda-lhe cópia da última nota uruguaia à Argentina com
CAPÍTULO III 181

um apelo ao arbitramento. Seu objetivo foi lançar sobre ela “a maior soma
de responsabilidade pelos atos” hostis que sem dúvida já terá hoje posto em
prática no Rio “Uruguai sob o nome de medidas coercitivas”. A verdadeira
significação do que está ocorrendo encontra-se — afirma Herrera — nessa
condensação alarmante de ameaças e perigos, não é outra senão isto: a guer-
ra está em pé, o concurso do Paraguai hoje torna-se oportuníssimo. Del Pino
recebe ordem de comunicar tudo a Berges.
Dias depois (16 de dezembro), Herrera oficia a Berges acusando
recebida a nota deste do dia 6 e as cópias dos documentos que ele remeteu
por intermédio de Del Pino. Ocupa-se novamente do insucesso das nego-
ciações uruguaio-argentinas. Como Berges o informa de que López não
aceitaria a função de árbitro, prevista no protocolo Elizalde–Lamas, aliás
já malogrado, diz que o Governo oriental respeita os sentimentos nobres
que ditaram essa decisão. “O Governo uruguaio tem em alto valor a decla-
ração que encerra o ofício de Berges de 6 do corrente, de que a República
do Paraguai inspirando-se no interesse comum continuará velando com
solícita atenção pelos acontecimentos internacionais que surjam no Rio
da Prata, assim como de que considera a conservação e independência da
Nação Oriental como condição de equilíbrio para os Estados desta parte
do continente.” Tratando das exigências de Mármol, diz que o resultado
que se buscava era “um rompimento de relações, que em qualquer mo-
mento poderia ser convertido em situação de guerra”. Ao mesmo tempo
em que a Argentina mandava a Montevidéu um agente confidencial “com
propósitos pacíficos aparentes, fortificava a Ilha de Martín García, reunia
tropas em Buenos Aires, armava navios” e punha termo à negociação “sem
responder sequer à proposta do Governo oriental para que as divergên-
cias existentes fossem resolvidas por qualquer dos governos amigos ou de
seus representantes do Rio da Prata, à escolha do próprio Governo argen-
tino”. Em vista dessa situação, espera o Governo uruguaio, sem fraquear,
que as gestões do Paraguai tomarão o caráter que os graves sucessos estão
reclamando e que Berges dará a conhecer a atitude que o Governo paraguaio
esteja resolvido a assumir.
A Argentina continuava silenciosa em face do Paraguai.
López escreve a Mitre, em 5 de dezembro, estranhando esse silêncio,
cuja causa, qualquer que seja, espera “não debilitará as relações de since-
ra amizade e consideração entre os dois governos”. Mitre responde-lhe no
182 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

dia 15. Acha que o melhor caminho, sem prejuízo da resposta oficial às notas
paraguaias, é a ida a Assunção de um agente confidencial, que se entenda
verbalmente com o governo de López sobre a questão e aplane as dificulda-
des. Já pensou em confirmar essa missão ao Dr. Lorenzo Torres.
Em 6 de dezembro, Berges faz nova investida contra a Argentina. Diz
a Elizalde que lhe enviou uma nota em 21 de outubro, em resposta à do dia
2 desse mês, mas que até agora não logrou resposta. Recebeu novos informes
do governo de Montevidéu, que comprovavam a conivência do comandan-
te do Pampero na revolução de Flores. De Buenos Aires saiu a expedição do
Coronel Juan P. Rebollo e a do Coronel Gregorio Conde. A primeira embar-
cou em 28 de outubro e a segunda em 3 de novembro, e foram capturadas
por navios de guerra orientais. “Sucessos tão desagradáveis” — comenta
Berges — “não puderam deixar de chamar a atenção do governo do abaixo
assinado e, se forem verídicos, ficam muito particularmente agravados pelas
datas que se invocam. O governo desta República nutre a confiança que o de
V.Exa. se apressará em lhe dar as explicações do caso e repete aqui a sua
esperança de que tais explicações serão de molde a desvanecer a impressão
que os aludidos sucessos têm produzidos em seus ânimos.”
Francamente irritada com o procedimento do Governo uruguaio jun-
to a López, resolve a Argentina esclarecer a situação,
Em 16 de dezembro, Elizalde oficia a Berges dizendo que seria agradá-
vel ao seu governo ter oportunidade de dar ao Paraguai explicações amisto-
sas sobre a sua política na questão interna da República Oriental, mas que,
quando se preparava para isso, chegou-lhe ao conhecimento ter o Governo
do Uruguai buscado criar-lhe junto ao do Paraguai as mais sérias complica-
ções. Confiava que a ilustração e retidão desse governo o fariam recusar-se a
praticar qualquer ato comprometedor das relações de amizade entre os dois
países. Todavia, ante a política do Governo oriental, tinha de colocar-se em
situação que não comprometesse sequer de longe nem a dignidade nem a
soberania da República. Por isso o Presidente Mitre lhe havia ordenado se
dirigisse a Berges expressando-lhe que, para responder convenientemente às
suas notas de 21 de outubro e 6 de dezembro, desejaria que o instruíssem do
que o Governo oriental solicitou do Paraguai relativamente à sua política para
com a Argentina.
Conforme ressalta da linguagem desta nota, é agora a Argentina quem
deseja explicações prévias do Paraguai, para saber quais os verdadeiros sen-
CAPÍTULO III 183

timentos que inspiram esse país e qual a influência que no assunto em debate
está exercendo sobre ele a República Oriental.
López responde no dia 20 de dezembro à carta de Mitre do dia 5 desse
mês. Salienta a tradicional política paraguaia de neutralidade e abstenção
nas questões internas dos vizinhos, mas observa que isso não é absoluto,
máxime em vista da situação geográfica do Paraguai. Em todo o caso ainda não
chegou o momento de abrir exceção por causa dos negócios orientais. Ao
contrário disso, o pedido de explicações feito ao Governo argentino é teste-
munho de amizade para com esse governo, sem esquecer o direito que assiste
ao Governo oriental de comunicar ao do Paraguai os embaraços de sua
posição, nem o dever deste de receber a comunicação como provinha de
governo amigo. “Não vejo dificuldade na resposta” — ajunta López — “ou a
necessidade de uma missão para dar as explicações solicitadas, sob a con-
dição de considerar-se como não expedida a nota de 21 de outubro.” Sem
embargo receberá a missão que vier. Passa depois a tratar da recusa do seu
nome como árbitro e formula as suas queixas contra Mitre, defendendo a
dignidade do seu governo. E termina deste feitio: “Informado de que V.Exa.
estava mandando fortificar a Ilha de Martín García e deslocando para o
litoral as forças de linha das províncias interiores, este governo vai dirigir
uma nota a V.Exa. manifestando a confiança que me assiste de que tais
disposições não terão penosa influência nos negócios internacionais com a
República Oriental.”
Esse aviso de López cumpre-se logo no dia seguinte. Em 21 de dezem-
bro, Berges oficia a Elizalde. Declara não ter ainda recebido resposta da nota
de 21 de outubro e já haver endereçado outra no dia 6 do corrente (de-
zembro). Depois disso chegaram notícias pouco satisfatórias da paz. “Entre-
tanto” — prossegue Berges — “o meu governo está informado de que o de
V.Exa. mandou fortificar a Ilha de Martín García e de que o Exército ar-
gentino, que se encontrava nas províncias interiores, recebeu ordens de se
acercar do litoral. O meu governo confia que medidas tão significativas,
que não podiam deixar de chamar-lhe a atenção, não terão sido ditadas
senão pela disponibilidade em que lhe parece terão ficado aquelas forças
com a morte do General Peñaloza, a quem combatiam e que a presença
delas no litoral, junto com os aprestos bélicos que se fazem na Ilha de Martín
García, não influirá na terminação pacífica das questões que subsistem
entre essa República e a do Uruguai e que em nada comprometerá a mais
184 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

lata independência de nenhum Estado do Prata, deslocando o equilíbrio,


condição da existência de todos.”
Herrera é logo inteirado dessa nova investida do Paraguai contra a
Argentina e apressa-se em agradecê-la. Por seu lado também participa o
insucesso da intervenção de Thornton.
Elizalde responde a Berges em 31 de dezembro de 1863. Alude à atitu-
de tomada pela Argentina no tocante a explicações em vista do que supunha
estar sendo feito pelo Uruguai, mas que depois “teve motivos para conhecer
e apreciar, como nunca deixou de fazê-lo, a nobre e elevada política do
Governo paraguaio”. Diz que novos incidentes agravaram as relações da
Argentina e do Uruguai e obrigaram aquela a tomar medidas de precaução,
mas que em nada afetam ou podem alterar as boas relações com o Paraguai.
Vê-se, pois, que a Argentina se mostrou logo menos prevenida do que
parecia em 16 de dezembro. Que motivara essa transformação? Pode-se sabê-
lo pela carta de Mitre a López, de 2 de janeiro de 1864.
Nela alude o presidente da Argentina à missiva de López de 20 de
dezembro. Alegra-se com as explicações do presidente paraguaio e com as de
caráter oficioso que lhe forem ministradas pelo Sr. Lorenzo Torres. Houve
de fato arrefecimento nas relações diplomáticas dos dois países. Apesar dos
esclarecimentos que deu na sua carta e que López aceitou, chegou a acreditar
que o Governo paraguaio, mal informado acerca da política da Argentina
ou duvidoso quanto a deste país com relação ao Paraguai, se houvesse con-
vencido de não serem sempre as mesmas as suas intenções; mas não perdeu a
confiança no Governo paraguaio, pois contava que com o tempo, a verdade
e a boa-fé haviam de triunfar, como felizmente sucedeu. Explica por que o
nome de López não foi aceito para árbitro. No pé em que estavam as nego-
ciações, isso equivaleria a um descrédito ao Imperador do Brasil. Diz adian-
te: “Por este vapor receberá V.Exa. a resposta à última nota em que esse go-
verno pede algumas explicações amistosas acerca dos armamentos que se
fazem nesta República.”
A nota em questão é, sem dúvida, a de Elizalde de 1o de dezembro de
1863, isto é, de dois dias antes.
López recebeu-a, porém não se conformou com o seu respectivo tex-
to. Pareceu-lhe que a Argentina de novo se esquivava à pressão que ele pro-
curava exercer sobre ela. Ordenou por isso a remessa de outra nota e tomou
disposições que redundavam em forçar indiretamente o governo de Mitre a
CAPÍTULO III 185

responder-lhe com a máxima brevidade. É assim que Berges expede a Elizalde


a nota de 6 de janeiro de 1864. Acusa o recebimento da de 16 de dezembro do
ano anterior, na qual o Governo argentino manifesta as suas apreensões
sobre a atitude do Uruguai junto ao Governo paraguaio e pede a este o
inteire do que aquele lhe solicitou ou propôs relativamente à política pa-
raguaia para com a Argentina. Berges declara que estranha esse fato, cuja
origem e mérito ignora. O Governo paraguaio, confiado nas relações amis-
tosas e na lealdade e franqueza que sempre teve para com a Argentina, certa-
mente não esperava a nota a que responde. “Sem entrar” — escreve Berges —
“nas considerações que desperta a solicitação de V.Exa. quanto ao que hou-
vesse podido existir entre este governo e o oriental, direi somente que o meu
governo não pode deixar de considerar tais assuntos como privativos entre
ele e a República Oriental.” Não compreende por que se torna necessário
esclarecer isso antes de o Governo argentino dar as explicações que lhe fo-
ram pedidas, apoiadas em documentos políticos. Depois de formular a sua
recusa, Berges a atenua dizendo que, apesar de tudo, o Governo paraguaio,
para dar mostra de amizade e deferência, manda declarar que o Governo
oriental, depois das primeiras denúncias contra a suposta intervenção da
Argentina na luta interna da República Oriental, ou pelo menos, contra a
sua tolerância para com as comissões revolucionárias, solicitou a mediação
amistosa do Governo paraguaio, o que ele aceitou. Sucessos posteriores, e
principalmente o repúdio do nome de López feito pela Argentina, para árbi-
tro juntamente com o Imperador do Brasil, suspenderam os bons ofícios do
Governo paraguaio.
O leitor, que está agora bem a par do assunto, avalia perfeitamente
quando Berges dissimula a realidade.
Depois disso, ele insiste nas explicações que solicitou e termina deste
modo: “Em consequência e sendo tal a importância que o meu governo
atribui às explicações pedidas ao de V.Exa., dão-se as ordens necessárias para
que um dos navios nacionais no Rio da Prata, que não esteja empenhado na
linha de paquetes a vapor, venha imediatamente com a resposta que V.Exa.
se digne dar a esta nota e a qual rogo seja entregue ao Sr. Félix Egusquiza.” 9
Berges levou ao conhecimento de Herrera, no mesmo dia 6, esta sua
nova pressão sobre a Argentina, declarando que, fosse qual fosse o curso
dos acontecimentos, o Governo paraguaio não cessaria de interessar-se
seriamente pela paz do Rio da Prata e pela soberania e independência da
186 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

República Oriental, que considerava ligadas aos interesses de todos os gover-


nos. Herrera agradeceu (13 de janeiro), mas, firme no seu propósito, tor-
nou a chamar a atenção de Berges para o fato de os meios práticos postos em
ação pela Argentina não terem achado corretivo nas gestões diplomáticas. O
Uruguai declara por seu intermédio — diz ele — estar pronto a combinar
com o Paraguai os meios práticos de resistência e repressão.
López esquivou-se de modo interessante a esta tentativa de coação.
Declarou por intermédio de Berges que reconhecia poder estar próxima a
oportunidade de se combinarem os meios práticos, mas que a grande distân-
cia entre os dois governos tornava infrutuosa a discussão direta dos dois
gabinetes, única via diplomática possível, visto estar acéfala a Legação Orien-
tal no Paraguai.10 Ao mesmo passo que fugia a qualquer combinação de
caráter prático, infligia uma censura ao Governo oriental. Este, como era de
prever, prometeu mandar sem detença novo ministro para Assunção.
Apesar dos esforços diplomáticos do presidente paraguaio para levar
Mitre a dar-lhe as explicações que desejava, era patente a esquivança do
presidente argentino. López resolve por isso romper com ele oficialmente no
dia 6 de fevereiro de 1864, embora nesse mesmo dia lhe escreva uma carta
particular em termos francamente amistosos.
Vejamos os dois documentos.
Na carta particular, refere-se López às explicações que deu na sua
missiva de 21 de dezembro. Mitre havia notado esfriamento nas relações do
Paraguai com a República Argentina. Tal esfriamento nunca existiu, porque
no pedido de explicações o Governo paraguaio jamais apresentou como
convicção sua as acusações do Governo oriental contra a neutralidade ar-
gentina. “O Governo do Paraguai” — escreve textualmente López — “nun-
ca buscou nem recebeu informes sobre a política de V.Exa. no que con-
cerne à República Oriental, tendo sido suficiente para mim o que V.Exa. me
manifestou a respeito na citada carta de 16 de junho. Porém isso, que se
passava de maneira confidencial entre nós, não podia dispensar o meu gover-
no de comunicar oficialmente ao de V.Exa. as queixas do oriental, apoiado
nos anexos que V.Exa. conhece, sem faltar ao seu dever para com aquele
governo e até para com o de V.Exa., e não havendo motivo, nem antece-
dente, nunca abrigou dúvidas sobre a política argentina para como Pa-
raguai. V.Exa. vê, pois, por esta explicação franca que não existe motivo
para esfriamento das relações oficiais entre o Governo paraguaio e o argentino.”
CAPÍTULO III 187

Anuncia que seu governo vai responder à nota de 16 de janeiro (1864),


da qual estranha com franqueza certas afirmações. Então verá Mitre a apre-
ciação que lhe mereceu a situação respectiva do Governo oriental e do ar-
gentino, e a impressão que lhe causou a ocupação da Ilha de Martín García
e o estorvo posto aos navios de guerra orientais para navegarem em suas
próprias águas. Lamenta essa nova complicação, que vem dificultar o res-
tabelecimento da harmonia no Prata tentado pelo Sr. Thornton, mas fia nas
eminentes qualidades de Mitre.
Em nota oficial a linguagem é outra. Berges começa resumindo o con-
teúdo das notas argentinas de 31 de dezembro (1863) e 16 de janeiro (1864),
e depois o das notas paraguaias de 21 de outubro e 6 de dezembro (1863),
documentos todos que já conhecemos. Como até 21 de dezembro não rece-
besse o Governo paraguaio nenhuma resposta, dirigiu-se nessa data a Elizalde
assinalando a falta e patenteando a esperança de que as recentes fortificações
de Martín García não afetariam a mais lata independência dos Estados do
Prata deslocando o equilíbrio da existência de todos. Pela nota de 16 de dezem-
bro pretendeu a Argentina conhecer as gestões do Uruguai junto ao Paraguai,
no tocante à política deste país para com a primeira daquelas repúblicas, e,
pelas de 31 de dezembro e 6 de janeiro, estabeleceu como condição prelimi-
nar para a resposta de sua parte o estabelecimento da harmonia que o Mi-
nistro Thornton estava buscando conseguir com a República Oriental. “Em
resumo” — comenta Berges — “o resultado do pedido de explicações feito
por este governo, apesar da promessa de que tais explicações seriam muito
amplas sobre qualquer dos fatos alegados pelo Governo oriental, foi um
silêncio absoluto de 10 semanas, a exigência estranha de que o Governo
paraguaio manifeste o que haja tratado com o Governo oriental relativa-
mente ao Governo argentino e a postergação das explicações amistosas, pri-
meiro, para depois da conclusão de um ajuste, que não se verificou; em
seguida, para depois de concluir o que V.Exa. disse ficar pendente, com a
condição estranha e inteiramente incompreensível para este governo de que
a resposta a certos pontos das notas deste ministério de 21 de dezembro e 6
de Janeiro, em que se repete a solicitação de explicações, poderia criar obstá-
culos e dificuldades à negociação pendente.” Nenhuma relação tem com esta
os pontos a que se refere a nota paraguaia de 6 de janeiro, nem nesta época
sabia o Governo paraguaio da referida negociação. Na nota de 31 de dezem-
bro —continua Berges — disse eu estar o Governo paraguaio informado de
188 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

que o argentino havia mandado fortificar a Ilha de Martín García e dado


ordem ao exército que se encontrava nas províncias interiores para se acer-
car do litoral, mas confiava que essas medidas não comprometeriam a mais
lata independência de nenhum Estado do Prata, deslocando o equilíbrio, con-
dição da existência de todos.
Elizalde respondeu de modo menos direto, na sua nota de 31 de dezem-
bro, contando que novos incidentes tinham vindo agravar a situação do
Governo argentino e oriental, obrigando aquele a tomar as medidas de pre-
caução a que aludia o Governo paraguaio, porém que elas em nada altera-
vam, nem podiam alterar, as boas e cordiais relações que felizmente mantém
com o Governo do Paraguai. Esta explicação — pondera Berges — não cor-
responde à esperança manifestada por meu governo de que a fortificação de
Martín García em nada comprometeria a mais lata independência de ne-
nhum dos Estados do Prata. Ao revés disso, consta a este governo que, sem
consideração às negociações pendentes, está interdita à República Oriental,
pelas fortificações de Martín García e a reunião ali dos navios de guerra
argentinos, a navegação em suas próprias águas dos três navios de guerra
orientais, sem declaração de hostilidades, “coarctando-se assim a sua indepen-
dência e soberania e tornando-se impossível interceptar os recursos que o
General Flores recebe publicamente de Buenos Aires”. O Governo paraguaio
não contesta ao argentino o direito de vindicar os seus agravos com a Repú-
blica Oriental da maneira mais conveniente à sua honra e à graveza da ofen-
sa, “toda vez que se não comprometa a soberania daquele Estado”, mas não
pode deixar de declarar francamente que desejaria que ela houvesse preferi-
do outro meio qualquer, exibindo assim mais uma prova da moderação de
que V.Exa. diz ter usado em seus dissídios com a República Oriental, evitan-
do assim dar pábulo à opinião pública, que atribui ao Governo argentino a
preferência dos meios que empregou ao desejo de proporcionar desta ma-
neira melhor proteção ao General Flores. “O Governo paraguaio lamenta
não poder reconhecer no argentino a moderação que, em vista dos seus re-
cursos superiores aos da República Oriental, bem poderia ter-lhe cabido em
uma questão suscetível, a meu juízo, de ser resolvida por meios diferentes.”
Depois disso, formula Berges a conclusão final, a que evidentemente
se propunha chegar com as reflexões anteriores:
“Em tal circunstância, cumpro o penoso dever de declarar aqui que,
colocado o meu governo na necessidade de prescindir das explicações amis-
CAPÍTULO III 189

tosas solicitadas ao de V.Exa., só atenderá daqui por diante às suas próprias


inspirações sobre o alcance dos fatos que podem comprometer a independência e
a soberania da República Oriental, a cuja sorte não pode ser indiferente nem
por dignidade nacional nem pelos seus próprios interesses no Rio da Prata.”
Assim, enquanto López procurava guardar contato amistoso com Mitre
por intermédio de sua correspondência privada com ele, mandava que
Berges lhe dissesse o que acabamos de ler e que, sendo uma desconsideração
à Argentina, traria fatalmente o afastamento dos dois países.
Mitre tinha indubitavelmente que revidar o ataque. Fê-lo com altivez
e serenidade, em carta ao presidente paraguaio (29 de fevereiro de 1864).
Deu-lhe — diz ele — as explicações mais amplas e satisfatórias e que lhe
foram retribuídas, pois López lhe mostrou qual a política do Governo orien-
tal junto ao do Paraguai no tocante aos interesses argentinos.
“Se a política do Governo argentino” — escreve Mitre — “foi, é e será
a neutralidade no assunto da Banda Oriental, é porque essa política é a que
convém e a que em seus conselhos decidiu observar no interesse do seu bem
e no da paz do Rio da Prata. Porém, ao decidir-se por ela, fê-lo por ato de sua
livre e espontânea vontade, pois, como nação soberana, poderia ter seguido
outra diametralmente oposta, sem ter de prestar contas a ninguém do seu
procedimento, sobretudo se o direito da legítima defesa o houvesse arrasta-
do a essa extremidade. Assim é que, apesar da nossa firme resolução de nos
não ingerirmos nos assuntos da República Oriental e de lhe não levarmos a
guerra, nem direta nem indiretamente, nada obstante os motivos que algu-
ma vez houvessem tido para isso, sempre procuramos salvar o perfeito direi-
to que nos assiste como nação soberana, para lhe fazer essa guerra se assim
mais conviesse. Isso mesmo dissemos ao Império do Brasil, quando parecia
querer coarctar a nossa livre ação em tal sentido, expressando-lhe nos ter-
mos mais categóricos que, se bem quiséssemos a paz e não desejássemos a
guerra, não lhe reconheceríamos a faculdade de se interpor entre o nosso
direito e a República Oriental se em algum caso nos conviesse entrar em
guerra com este. E o Brasil, pelo órgão do seu ministro plenipotenciário,
reconheceu isso mesmo, declarando que a República Oriental se equivocava
que ele o acompanharia na guerra para se opor ao livre exercício da nossa
soberania como nação.” E assim afirma Mitre ter respondido a todos os
ministros europeus, até devolvendo-lhes as notas, sempre que lhe pediram
oficialmente explicações sobre a neutralidade argentina, embora desse essas
190 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

mesmas explicações quando solicitadas em caráter privado. “Quanto ao ar-


mamento de Martín García” — continua Mitre — “e aos movimentos mili-
tares a que o Governo paraguaio se referiu oficialmente, ninguém nos pediu
explicações, e se alguém intentou fazê-lo, restringimos o assunto ao direito
dos neutros à livre navegação dos rios, e só em relação às potenciais signatárias
do tratado que consagrou essa livre navegação e fez respeitar Martín García,
pois, quanto ao nosso perfeito direito para armar ou não a dita ilha, essas
potências reconheceram, apesar das gestões em contrário da República Ori-
ental; nem podia ser de outra forma, visto que a Ilha de Martín García é
território argentino, em que o país pode exercer a mais completa soberania,
fortificando-a como achar conveniente, sem isso envolver ameaça aos de-
mais; a seu respeito militam as mesmas circunstâncias que a respeito das
fortificações de Humaitá ou de outra qualquer que se ache nas mesmas con-
dições. Nada obstante, por espírito de cordialidade e para corresponder à
explicação amistosa que se pedia, demo-la ao Governo paraguaio garantin-
do-lhe que nenhuma tendência havia contra o Paraguai. Quanto ao que
concerne à República Oriental, V.Exa. sabia perfeitamente, depois do que
houve e das amistosas explicações que se serviu dar-me, que essa medida em
nada ameaçava a independência daquele Estado e que, longe disso, era um
ato de prudência para prevenir de nosso lado até a tentação da guerra, além
de que, conforme já referi a V.Exa. ainda como medida de guerra, em nada
feria aos direitos ou interesses dos vizinhos o dos neutros.” Do exposto verá
López — reflete Mitre — que a Argentina abundou em explicações singulares
e amistosas, dadas privada e oficialmente, e estava ainda em disposição confi-
ante e amistosa quando propunha a ida ao Paraguai de um agente confiden-
cial que aplanasse essas pequenas dificuldades. Termina deplorando a reso-
lução que López tomara, mas confiava nas altas qualidades dele para que
tudo corresse bem. Nesse sentido haviam de influir o tempo e os sucessos na
República Oriental, pois demonstrariam a López os princípios sãos da polí-
tica da Argentina e a sincera moderação dos seus propósitos.
Em vista dessa troca de ideias, é claro que as relações diplomáticas
entre a Argentina e o Paraguai tinham de entrar em franco período de res-
sentimento e desconfiança. López pretendia chamar a contas o governo de
Mitre pelo seu procedimento com a República Oriental. Mitre, porém, em-
bora reafirmando a sua neutralidade, resistia com altivez e decisão à fiscali-
zação indébita que o presidente paraguaio se julgava no direito de exercer
CAPÍTULO III 191

sobre a República Argentina. Dessa forma, ficaram estremecidas as relações


entre os dois vizinhos.
Antes de prosseguir, convém fazer referências a um apelo do Uruguai
ao Brasil com respeito à Ilha de Martín García.
Quando o Governo argentino rompe com o da República Oriental e
se torna vigilante na Ilha de Martín García, organizando-a para a defesa e
fiscalizando a navegação fluvial, o Governo uruguaio resolve dirigir-se ao
do Brasil denunciando tais fatos, na esperança de que ele os faria cessar.
Em 23 de dezembro de 1863, dizia Herrera ao nosso ministro em Mon-
tevidéu que a República Argentina armara a ilha, violando os tratados, e
assim criara um estorvo à navegação. As estipulações do tratado de 1851,
confirmadas em 1856, pactaram “a neutralidade da ilha que as duas repúbli-
cas do Prata, uma dona e outra usurpadora, se comprometeram a cumprir”.
Em 1851, concordou-se em que não seria fortificada, a fim de não empecer a
navegação de todos os países, principalmente da República Oriental e do
Império do Brasil. “Martín García” — escreve Herrera — “é hoje uma forta-
leza ao serviço da invasão de Flores e a esquadrilha argentina força naval à
sua disposição para policiar o Uruguai contra os navios do governo legal da
República. O ataque, pois, que sofre neste momento a soberania nacional é
tanto mais grave e deve tanto mais chamar a atenção do representante do
Brasil em Montevidéu quanto se exerce em auxílio direto à rebelião contra o
governo legal da República e, portanto, com violação das seguranças de
neutralidade dadas ao mesmo Senhor Loureiro,11 e tão pública e escandalo-
samente burladas.”
Queria, portanto, Herrera que o Império, cumprindo os pactos in-
ternacionais existentes e como parte interessada, se dirigisse ao Governo
argentino advertindo-o da violação cometida.
Poderia o Brasil ter esse procedimento?
Eis o que a tal respeito escreveu o nosso ministro de Relações Exterio-
res12 no seu relatório de 1865.
“A reclamação fundava-se nas disposições do art. 18 dos tratados de
12 de outubro de 1851 e 7 de março de 1856, celebrados entre os três Estados.
Reconheceram as altas partes contratantes no primeiro daqueles tra-
tados que a Ilha de Martín García podia pôr embaraços e impedir a livre
navegação dos afluentes do Rio da Prata, em que são interessados todos os
ribeirinhos, e a conveniência da neutralidade de tal ilha em tempo de guerra,
192 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

quer entre os Estados do Prata, quer entre um deles e qualquer outra potên-
cia, em utilidade comum e como garantia da navegação dos referidos rios.
A mesma garantia tornou-se extensiva, pelos tratados de S. José de
Flores, de 10 de julho de 1853, à França, Inglaterra e Estados Unidos.
As estipulações a que acabo de aludir tiveram por fim, sem prejulgar
a questão do domínio e soberania, que tinha de ser resolvida exclusivamente
entre os Estados do Rio da Prata, assegurar, quanto fosse possível, a
neutralização da Ilha de Martín García e prevenir que fosse ela ocupada por
qualquer deles, estorvando a navegação daquele rio e de seus confluentes
declarados livres por tratados os mais solenes.
Não se impediu, nem se permitiu o seu armamento: houve apenas um
voto e um acordo entre as partes contratantes para obter daquele que esti-
vesse de posse da ilha o consentir na sua neutralização em tempo de guerra.
Discutiu-se este assunto, pela primeira vez formalmente, em 1859,
quando a Província de Buenos Aires, em desinteligência com a Confedera-
ção e a República Oriental, armou e fortificou a Ilha de Martín García com
a intenção manifesta de fazer dela a base de suas operações militares.
Dando os governos da Confederação e Estado Oriental a este fato um
alcance internacional que não tinha, exigiram do Governo imperial que
interviesse para o desarmamento da ilha e empregasse mesmo a força, se a
sua intimação não fosse atendida.
Conquanto o Governo imperial não se julgasse autorizado por virtu-
des dos tratados existentes a empregar meios coercitivos para obrigar Buenos
Aires a desarmar e desocupar Martín García, pois que a tanto não se eleva-
ram os efeitos dos compromissos contraídos por esses atos internacionais,
todavia, apreciando devidamente o seu alcance e reconhecendo que o arma-
mento poderia atrair para ali hostilidades que prejudicassem a navegação e
o comércio dos neutros, procurou por todos os meios convencer o Governo
de Buenos Aires das vantagens de neutralizá-la.
Nenhum resultado, porém, teve esta negociação. Sobreveio a conven-
ção de paz de 11 de novembro de 1859; reorganizou-se a República Argenti-
na e manteve esta o direito de ocupar e armar a ilha, sem nenhum outro
corretivo mais do que torná-la inteiramente inofensiva à livre navegação
dos rios Uruguai e Paraná.
No conceito do ministro das Relações Exteriores do Estado Oriental,
a posição que ali tomou ultimamente o Governo argentino constitui uma
CAPÍTULO III 193

ameaça permanente contra a República, tendo por natural efeito debilitar o


governo legal para comprimir a revolução e prestar indiretamente a este
poderoso auxílio em prejuízo de sua soberania e independência.
Considerando o Governo imperial a reclamação dirigida por aquele
ministro à Legação Imperial em Montevidéu, não duvidou comprazer ain-
da uma vez com os desejos do governo oriental, solicitando explicações do
Governo da República Argentina a semelhante respeito.
Não exigiu, nem poderia exigir deste governo o desarmamento da
ilha, cujas condições tinham ainda de ser reguladas de comum acordo, entre
os Estados ribeirinhos e as potências signatárias dos tratados de 10 de julho
de 1853.”
De fato, em 5 de fevereiro de 1864, o nosso Ministro em Buenos Aires,
Dr. Felipe José Pereira Leal, dirigiu-se a Elizalde em nome do Brasil, declaran-
do que, “embora o seu governo conservasse sobre o assunto a sua opinião de
1859, isto é, não se julgasse autorizado pelos compromissos internacionais a
exigir da Argentina o desarmamento da ilha, em todo o caso ponderava-lhe os
graves inconvenientes e complicações que daí podiam resultar, a despeito da
melhor vontade do Governo argentino para cumprir as suas declarações de
respeitar os ajustes internacionais existentes e a vantagem de ficar a ilha na
posição definida pelo parágrafo 2o do art. 18 do tratado de 7 de março de
1856, a fim de não ser teatro de hostilidades prejudiciais ao comércio e livre
navegação dos rios pelos súditos do Império.
“O objeto da intervenção oficiosa do governo de S. M. o Imperador
neste incidente” — escreve Dias Vieira — “parece ter sido conseguido com a
segurança dada pelo ministro das Relações Exteriores da Argentina, nas con-
ferências que com S.Exa. teve o ministro brasileiro em Buenos Aires, de que não
era intenção de seu governo atentar contra a soberania e independência do Estado
vizinho, nem impedir a livre navegação e comércio estrangeiro com as me-
didas coercitivas que havia preparado para obter daquele Estado reparação
dos agravos à nação argentina, ainda dependente de uma solução amigável.”

* * *
No dia 1o de março de 1864, Atanasio Cruz Aguirre assumiu, como
vimos, a Presidência do Estado Oriental em substituição a Berro. A política
internacional da República não sofreu, porém, nenhuma alteração. As rela-
ções com a Argentina continuaram inamistosas e as com o Império do Brasil
194 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

foram-se complicando em vista das reclamações deste país em prol dos bra-
sileiros que habitavam o territorio oriental.
Logo que Aguirre teve notícia da próxima vinda de Saraiva em missão
especial, compreendeu que a situação poderia tornar-se grave de um momen-
to para o outro e, portanto, que lhe convinha fazer novo apelo ao governo de
López para acudir naquela emergência à República Oriental.
Resolveu por isso mandar ao Paraguai como seu representante diplomá-
tico o Dr. José Vásquez Sagastume, para prosseguir nas negociações de Lapido.13
Em 1o de maio de 1864, deu-lhe Herrera as necessárias instruções.
V.Exa. — diz ele — parte em um momento grave, em que se presagiam
perigos para a paz do continente sul-americano. Deve com urgência convidar
o governo de López a pensar nisso e a entrar em combinações. “Há um ano que
se debate no território oriental uma questão entre a autoridade nacional e
Flores, a qual, bem estudada, devemos considerar não como simples questão
de distúrbios intestinos ou de guerra civil, mas como questão argentino-ori-
ental, em que o Brasil também é parte.” A luta atual apresenta o mesmo caráter
das anteriores, suscitadas ora na República Argentina, ora no Brasil. “A Repúbli-
ca do Paraguai inscreveu em seu direito político e deu-o a conhecer à República
Argentina, ao Brasil e à Europa que a independência do Estado Oriental é condi-
ção de existência própria, porque é condição necessária ao equilíbrio político do
continente em que está situada.” Essa declaração foi ato espontâneo seu. Os
perigos que a determinaram provinham então da Argentina, mas o que ocor-
re atualmente no Prata não só com esse país, senão também com o Brasil, deve
convencer o Paraguai da necessidade “de adiantar e acentuar as suas manifesta-
ções e de empregar meios práticos para fazê-las valer”. O Brasil alimenta os ban-
dos de Flores e, ao mesmo tempo que dá vigor às suas gestões diplomáticas
ante o Governo oriental, manda uma frota às águas da República e um exérci-
to às suas fronteiras. Sagastume deve solicitar o seguinte do governo de López:
1o) Uma gestão diplomática paraguaia ante o Brasil, análoga à que se
fez ante o Governo argentino, para dar a conhecer àquele país que, toda vez
que se atente contra a independência e soberania do Estado Oriental, o Paraguai
reputará de seu dever e interesse empregar meios de resistência, pois considera
tal ataque contrário ao equilíbrio das nacionalidades do continente de que ele
Paraguai forma parte.
2o) O envio às águas do Uruguai e do Prata de alguns navios de guerra
que correspondam ao aparato bélico brasileiro em águas orientais.
CAPÍTULO III 195

3o) O envio de uma força de uns dois mil homens de infantaria e arti-
lharia, que deverá desembarcar na margem oriental do Uruguai e será utili-
zada para guarnecer os povos dessas margens, visto ter o Governo uruguaio
de lançar mão das guarnições daí para formar o exército de observação da
fronteira do Brasil, cuja missão será opor-se, em qualquer hipótese, ao exér-
cito que o Governo brasileiro está organizando em seu território e na mes-
ma fronteira. Não pode assegurar se será pacífico o resultado da missão
brasileira. Assim, porém, como o Brasil a envia com grande aparato de
força, também convém ao Governo oriental e ao paraguaio dar a impressão
de resistência armada, que muito pesará no ânimo do Governo imperial,
tanto mais precavido e pusilâmine quanto neste caso procede com complacên-
cia timoratas para com os politiqueiros e caudilhos do Rio Grande do Sul. Se a
solução for a guerra, estaremos preparados para a devida resistência; se for
a paz, o desenvolvimento de forças do Paraguai, além de haver influído
para o seu desenlace, firmará um precedente e a resolução da República
irmã de não se deixar excluir doravante do concerto dos interesses políticos
do Prata. “É de crer que o Paraguai perceba ser de seu interesse, sob mais de
um aspecto, assumir a posição para que o convidamos.” Sagastume deve ser
sóbrio na escrita e evitar por enquanto prender a República com pactos, que
nem são oportunos pela urgência dos sucessos nem convêm à República,
depois de tanto tempo perdido em pourpalers. Sem embargo, se o Governo
paraguaio atender às solicitações orientais, pode Sagastume dirigir reserva-
damente as notas convenientes, participando com toda a discrição os temo-
res do Governo oriental.
Herrera continua partidário decidido de uma ação imediata do
Paraguai; quer agora que a sua esquadra venha ao Prata e cerca de 2.000 de
seus soldados sejam mandados para a beira do Uruguai.
Já prevenido contra as indiscrições de López a Mitre, suscetíveis de
comprometerem o Governo oriental, ordena a Sagastume que economize
manifestações escritas e dê às suas notas o caráter de reservadas.
Chegando a Assunção, teve Sagastume de liquidar preliminarmente o
incidente havido com o vapor de guerra paraguaio Paraguarí.
Em 3 de junho de 1864, deu as explicações necessárias a Berges, que
respondeu no dia seguinte conformando-se com as mesmas em nome do
seu governo.14 Em 13 de junho de 1864, dirigiu-se Sagastume ao Ministro
Berges e pediu-lhe a mediação do Paraguai nas questões de que viera tratar
196 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

diretamente em Montevidéu o Conselheiro Saraiva. Obrava exclusivamente


por si ou em consequência de instruções de Herrera? Provavelmente por or-
dem deste. É natural que o Governo oriental, sentindo-se coagido pelas recla-
mações do representante brasileiro, a que não desejava ceder, mas temeroso
do desenlace desagradável, achasse que o aparecimento de López como me-
diador teria a vantagem de lançar sem mais detença a República do Paraguai
no conflito que se estava esboçando e para o qual reputava indispensável ter
a seu lado todo o poder material dessa República.
Berges responde no dia 17: O Paraguai aceita o convite; manda a
Sagastume cópia dos ofícios que dirige nessa data ao ministro de Estrangei-
ros do Império e ao seu enviado em missão especial.
No primeiro documento, conta Berges que o Uruguai solicitou do
Paraguai a sua mediação amistosa e acrescenta:
“Sensível à manifestação de confiança que o Governo oriental deposi-
ta em sua retidão e justiça e vendo com pesar tudo quanto pode destruir a
harmonia entre dois povos vizinhos e amigos, o governo do abaixo assinado
acedeu ao pedido da Legação Oriental, aceitando o cargo de mediador que
lhe oferece o seu governo.”
No segundo faz idêntica participação a Saraiva. Este lhe responde sete
dias depois (24 de junho de 1864), neste termos:
“Aguardando, como me cumpre, as ordens do meu governo, corre-
me, entretanto, o dever de declarar a V.Exa. que, nutrindo as mais fundadas
esperanças de obter amigavelmente do Governo oriental a solução das men-
cionadas questões, parece-me, por enquanto, sem objeto a mediação do
Governo paraguaio, sempre apreciado pelo governo de Sua Majestade.”
Por seu lado, Dias Vieira, Ministro de Estrangeiros do Brasil, oficiava
em 7 de julho de 1864 ao Governo paraguaio, agradecendo o oferecimento,
porém declarando-se de pleno acordo com a resposta de Saraiva.
Pode-se facilmente imaginar o despeito que a recusa do Império gerou
na alma prepotente e vaidosa do ditador paraguaio. Ele é, na minha opi-
nião, um dos fatores determinantes do seu procedimento ulterior. Desde
esse instante ficou definitivamente assentada no seu espírito a resolução de
vingar-se na primeira oportunidade do descaso de que se julgava vítima.
Com a intervenção de Thornton, Elizalde e Saraiva (junho de 1864)
para o restabelecimento da harmonia entre Flores e Aguirre, os horizontes
desanuviam-se; parece próximo um acordo entre o general rebelado e o
CAPÍTULO III 197

governo legal da República, condição preliminar para a liquidação pacífica


das dúvidas existentes entre esse governo e o Brasil.
Herrera apressa-se em levar o fato ao conhecimento de Sagastume e a
ordenar-lhe que se dirija ao Governo paraguaio e o cientifique de que, ten-
do-se mudado a situação e o caráter dos negócios pendentes entre o Uruguai
e o Brasil, não se fará uso por enquanto da mediação, e de que a República
Oriental agradece a prova de amizade do Paraguai.
Já sabemos que essa tentativa de pacificação infelizmente logo se ma-
logra por culpa de Aguirre. Em 7 de julho, os interventores davam por finda
a sua missão. Elizalde e Thornton embarcavam para Buenos Aires, e, no dia
seguinte, Saraiva fazia o mesmo.
A luta ia, pois, continuar e, provavelmente, com maior violência.
Sentindo-se cada vez mais isolado e por isso mesmo mais carente do
apoio do López, compreendeu Aguirre quanto urgia de novo a cooperação
imediata do Paraguai para salvá-lo da crise que o assoberbava. Que espera-
va López para se decidir? Por que hesitava no momento oportuno? Era pre-
ciso empregar sem demora os últimos argumentos capazes de demovê-lo.
Lembrou-se então Aguirre de mandar novo emissário a Assunção e
escolheu para essa missão delicada o Dr. Antonio de las Carreras, cujas rela-
ções pessoais com López lhe pareceram asseguradoras de bom êxito.
Em ofício de 15 de julho de 1864, Herrera comunica a Sagastume a par-
tida de Antonio de las Carreras. Diz-lhe serem estes os objetos de sua missão:
1o) Dar notícia exata ao presidente do Paraguai dos sucessos ultima-
mente ocorridos e do caráter da situação que esses sucessos lhe criaram e
ameaçam criar à República Oriental com relação ao Brasil e à Argentina. Só
enviando pessoa caracterizada e conhecedora dos acontecimentos políticos
pode o governo explicar bem o que sucedeu.
2o) Trabalhar ao lado de Sagastume, aproveitando para isso as rela-
ções de recíproca simpatia que existem entre ele, Carreras e López, segundo
afirma o mesmo Carreras, a fim de que o presidente do Paraguai se incline
em favor do Uruguai, que definitivamente e com urgência necessita saber se
pode ou não esperar a cooperação real.
Como esta cooperação pode ser de várias espécies, Carreras solicitará:
1o) Auxílio pecuniário sob forma de empréstimo.
2o) Auxílio diplomático, que poderá consistir, por ora e sem prejuízo
da proposta de mediação anunciada ao Governo do Brasil, na notificação
198 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

aos governos argentino e brasileiro da resolução em que está o Paraguai de


tomar parte ativa na luta que se teme, logo que lhe chegue a notícia de se ter
produzido ataque contra o Uruguai, já diretamente com a invasão do seu
território, já indiretamente pela permissão do aumento das forças da invasão
argentino-brasileira nas fronteiras.
3o) Auxílio imediato de forças para vencer prontamente a invasão
no interior da República, mais ou menos na forma prevista nas instruções
de Sagastume.
4o) Compromisso com o Governo oriental de o Paraguai acudir em
sua ajuda uma vez produzido o atentado a que alude acima o parágrafo 2o,
maneira que desde já possa o Governo oriental basear com segurança o seu
procedimento e não se comprometer precipitando perigos, que não teria ele-
mentos para vencer sozinho, se acaso surgissem.
Antes de partir, recebeu Carreras instruções escritas de Herrera, da-
tadas de 15 de julho.
O inesperado desenlace — observava Herrera nesse documento — dos
trabalhos de pacificação a que o governo da República se entregou criaram
uma situação de perigo imediato, suscetível de gerar no Prata uma conflagra-
ção capaz de causar dano aos interesses políticos paraguaios. A Argentina e
o Brasil buscam pôr-se de acordo contra o Estado Oriental. Em vista dessa
situação de extrema gravidade, “precisa o Governo oriental saber definiti-
vamente — para não basear o seu procedimento em suposições e esperanças,
por mais lisonjeiras que sejam, expondo os interesses nacionais — qual o
gênero de apoio que deve esperar imediatamente do Governo do Paraguai e
qual o auxílio que, chegado o momento de ação, estaria ele resolvido a
prestar-lhe”. Até aqui o Paraguai tem-se mostrado meticuloso e esquivo,
quando pudera pesar com decisão nos negócios que trazem o Uruguai em
luta armada e sob ameaças. Convém que ele se pronuncie francamente, aban-
donando indecisões, que lhe poderão ser fatais bem como ao Uruguai. Ele
pode ajudar-nos — afirma Herrera — e não deve alimentar dúvidas sobre um
acordo possível, se não existente, entre o Brasil e a Argentina. Espera o auxí-
lio pecuniário. Quanto aos de outra ordem, poderiam consistir por enquanto
em uma ação diplomática mais decisiva e vigorosa; em declarar o Paraguai
aos governos argentino e brasileiro, de modo categórico, que se assumissem
atitude hostil, direta ou indireta, para com o Governo oriental, ele tomaria
parte ativa e se transformaria em sustentáculo deste governo e em defensor
CAPÍTULO III 199

da soberania e independência da República. Uma declaração nesse sentido


teria grande importância, tanto mais que, relativamente ao Brasil, já está
interposta a mediação paraguaia, de que se utilizará em todo o caso o Gover-
no oriental. “O nosso desejo” — escreve mais adiante Herrera — “seria que,
produzido o ataque, o Paraguai operasse logo, sem mais demora, nos territó-
rios limítrofes da Argentina e do Brasil, e enviasse simultaneamente uma força
ao Prata que pudesse atuar de acordo e de concerto com os orientais.” Car-
reras tem o encargo especial de empregar todo o seu esforço inteligente para
que, se o Uruguai for vítima de um atentado, tome o Paraguai decididamente
a ofensiva. “Ele deve estar atualmente persuadido de que a aliança que opri-
me o Uruguai há de ir golpeá-lo nas fronteiras em ofensiva tanto mais vigorosa
quanto já nessa ocasião estaremos vencidos, porque fomos abandonados sem
que nossos propósitos de aliança em defesa dos interesses comuns saíssem do
campo das simples questões teóricas.”
No intuito de fugir a responsabilidades iniludíveis, o Brasil e a Argenti-
na poderão preferir hostilizar indiretamente o Uruguai, fomentando, por
exemplo, a passagem de reforço revolucionário pelas suas fronteiras. Não se
prestaria o Paraguai a concorrer com 3 a 4 mil homens e alguma força marí-
tima para o triunfo do Governo oriental?
Uma vez em Assunção, pôs-se logo Carreras em contato com Berges e
com López. Entregou a este a carta de Aguirre que o acreditava como agente
confidencial e privado.
Obedecendo a uma indicação do presidente paraguaio, redigiu e en-
tregou um extenso memorando.
Nesse documento, explana Carreras os acontecimentos e a situação a
que chegou o Uruguai, no intuito de levar o Presidente López a intervir
imediatamente no conflito.
Já não é mistério para os homens observadores — começa ele — que
o Governo da Argentina e o do Brasil têm interesse em dar à questão orien-
tal solução favorável ao General Flores. O rompimento de relações feito
pela Argentina, as suas medidas coercitivas, os esforços para emprestar a
Flores o caráter de beligerante e o plano, desvendado pelo Presidente Aguirre,
de uma intervenção diplomática para conferir a vitória ao mesmo Flores
são fatos que delatam a participação do Governo argentino na rebelião. Eles
revocam à memória o pensamento de Mitre, aceito pelos maus uruguaios
que seguem a bandeira do caudilho oriental, de reconstituir o Vice-Reinado
200 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de Buenos Aires. Não é um sentimento de simpatia o que inspira o Brasil e a


Argentina quando procuram favorecer Flores, nem a ideia de recompensar-
lhe antigos serviços. O que Mitre deseja é estender os limites da Argentina até
a Bolívia e o Brasil; a base fundamental e estratégica desse plano é a anexação
do Estado Oriental, se não ostensivamente, pelo menos com a existência nele
de um governo que colabore nesse sentido. Mitre quer anular a influência de
Urquiza em Entre Ríos e Corrientes e para isso seria obstáculo a neutralida-
de impecável do Estado Oriental. Tal, porém, não aconteceria se ele domi-
nasse no Uruguai e assim tivesse um flanco garantido. A Argentina também
ambiciona absorver o Paraguai. O perigo que ameaça o Uruguai ameaça,
por conseguinte, este país e agora cresce, porque o Brasil, valendo-se da
ocasião propícia e pretextando reclamações infundadas ou exorbitantes,
quer obrigar o Governo oriental a ceder o campo à rebelião, que lhe permi-
tiria avançar as suas fronteiras até as margens do Rio Negro. O Império
deseja fazer de novo o que já fez em 1851. “Agora bastar-lhe-ia chegar com a
sua raia até a margem do Rio Negro, pelo lado do oeste, e pelo de leste até o
Olimar, traçando entre ambos os rios uma linha para regularizar a faixa que
lhe tocasse. A República Argentina, ou o seu atual governo, contentar-se-ia
com a anexação do resto do território oriental ou com estabelecer a sua influ-
ência direta sobre o governo que ali se formasse.” Saraiva foi concertar isso
em Buenos Aires com Mitre. O resultado da agressão ao Uruguai não será
duvidoso se o deixarem abandonado. O Governo argentino e o brasileiro
virão depois ao Paraguai satisfazer as suas pretensões. O perigo é, portanto,
comum ao Uruguai e ao Paraguai e estará de pé enquanto Buenos Aires
ocupar uma posição de domínio sobre as demais províncias, porque assim
poderá atentar contra o equilíbrio estabelecido no Rio da Prata. A sua pros-
peridade ameaça esse equilíbrio. É necessário, pois, procurar aniquilar esse
poder maléfico, o que só será exequível pela segregação daquela província,
deixando que as demais se constituam em corpo separado.
“Entre Ríos e Corrientes seriam as primeiras a dar o grito de indepen-
dência. Uma liga do Paraguai com essas duas províncias e com as demais que
aderissem à ideia regeneradora teria todo o prestígio da opinião e ofereceria
um conjunto de elementos de poder nunca visto no Rio da Prata.” A pacifica-
ção do Estado Oriental verificar-se-ia imediatamente, “com a só notícia des-
sa combinação”. No ano passado, o Governo oriental preocupou-se com
essas mesmas ideias e ordenou gestões nesse sentido ao seu representante em
CAPÍTULO III 201

Assunção, mas elas “cruzaram-se com as intrigas do agente confidencial uru-


guaio em Buenos Aires, D. Andrés Lamas, que, traindo os seus deveres e
servindo unicamente aos interesses argentinos, obstou aos trabalhos da Mis-
são Lapido no Paraguai”. Correspondendo aos votos de Entre Ríos e Cor-
rientes, Urquiza “aplaudiu o pensamento e mostrou-se disposto a concorrer
para a sua realização”. Tudo estaria terminado “sem a traição de Lamas, que
encontrou, é triste dizê-lo, vasto campo de ação na política vacilante e meti-
culosa do Governo oriental daquela época”. Hoje a situação mudou. Aguirre
está energicamente decidido a pôr em obra o referido plano e é por isso que
enviou uma missão confidencial a López. Infelizmente é má a situação finan-
ceira do Uruguai; as fontes de riqueza pública irão minguando. Isso, porém,
não poderá durar mais do que 6 a 8 meses, se o Paraguai tomar atitude enérgi-
ca. O Uruguai necessita de um subsídio mensal, que “será reembolsado logo
que ele saia das presentes dificuldades e enquanto não conclua as operações de
crédito iniciadas na Europa”. A situação é premente em vista das declarações
feitas por Saraiva. “Chegou o momento de o Governo paraguaio traduzir em
fatos as suas repetidas declarações amistosas ao Governo da República.” O
Governo uruguaio precisa saber qual a natureza, alcance e oportunidade do
apoio que pode esperar do General López, para não comprometer a sua con-
duta com suposições e esperanças e para prescindir do apoio de outros gover-
nos, igualmente interessados na independência e integridade territorial da
República, apoio este a que ela só recorreria se lhe faltasse o do Paraguai. Poder-
se-ia conjurar desde já o perigo iminente, se o Governo do Paraguai declarasse
oficialmente aos governos argentino e brasileiro que ele tomaria parte ativa
nos sucessos e se constituiria em sustentáculo do direito do Uruguai e defensor
de sua soberania e independência, logo que eles assumissem uma atitude hostil
ao mesmo Uruguai. Quanto ao Brasil, isso seria a confirmação de declarações
anteriores, visto que o Governo paraguaio já se lhe ofereceu como mediador.
Se a declaração fosse acompanhada da aproximação de um exército poderoso na
direção das antigas Missões da margem esquerda do Paraná e do envio simul-
tâneo de forças ao Prata para operar de acordo com as orientais, não resta
dúvida que ficaria anteparado o primeiro golpe.
Conforme o leitor acaba de ver, Carreras expõe com absoluta clare-
za o pensamento do Governo uruguaio e precisa a trama das intrigas a que
esse mesmo governo não se peja de recorrer para alcançar a aliança militar
do Paraguai. A Argentina e o Brasil são apresentados como sedentos de
202 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

conquista territorial; este aspira a chegar com os seus lindes até o Rio Negro
e aquela a apossar-se do restante das terras uruguaias. E tudo isso não repre-
sentaria mais do que o primeiro passo para a absorção posterior da Repú-
blica do Paraguai. O meio de resistir a tal plano é a cooperação imediata de
López. Um poderoso exército paraguaio deveria atravessar as antigas Mis-
sões e marchar contra a fronteira brasileira definida pelo Rio Paraná. Outro
exército viria ao Prata obrar de acordo com os orientais. Acenava-se a López
com a pronta adesão de Entre Ríos e Corrientes. À testa de todos esses ele-
mentos, o presidente paraguaio ficaria senhor da situação no Prata e isolava
Buenos Aires.
Em uma palavra: Aliança do Paraguai, do Uruguai e de algumas provín-
cias argentinas, para resistir ao Império, dissociar a Confederação, anular Buenos
Aires e investir López da função tutelar de supremo árbitro das coisas do Prata.
Tal era o plano diabólico.
Berges acusou a Carreras o recebimento do seu memorando (4 de
agosto de 1864). Achou que ele solicitava resoluções graves, mais próprias
de negociações oficiais do que de uma missão confidencial e privada. “Em tal
situação” — escreveu o representante de López — “é indispensável a este
ministério saber até que ponto deve atribuir caráter oficial a esses atos e à
Legação Oriental, a fim de que o meu governo possa tomar em consideração
o memorando e seus objetos.”
Carreras respondeu no dia imediato, dizendo que escrevera o memo-
rando a pedido de López. Praticara um ato privado, mas sendo sua missão
preparar o terreno para as negociações, não lhe era possível deixar de tocar
nos meios mais conducentes a salvar as atuais dificuldades e garantir o por-
vir. Declara que o ministro do Uruguai em Assunção estava plenamente
autorizado a abrir negociações no sentido das ideias do memorando, logo
que López o desejasse.
* * *
Entrementes, os acontecimentos no Uruguai iam-se desenvolvendo
conforme já referi. Em 4 de agosto de 1864, Saraiva apresentava o seu ulti-
mato ao governo de Aguirre. Em 25 desse mês, Sagastume entregava a Berges
uma cópia desse documento.
É então que López se decide a fazer o mínimo de quanto lhe solicitava
de há muito, com verdadeira ansiedade, o Governo da República Oriental;
CAPÍTULO III 203

fá-lo, porém, revelando na mesma ocasião todos os antecedentes das gestões


desse governo e usando de termos que sobremodo lhe abalavam o prestígio.

A nota ameaçadora de López

Em 30 de agosto de 1864, Berges enviou ao Ministro do Brasil no Para-


guai, Cesar Sauvan Viana de Lima, uma nota de ameaça ao Governo imperial.
Diz haver recebido informação oficial, por intermédio de Sagastume,
do ultimato de Saraiva. O Paraguai contava com a moderação e a previdên-
cia do Governo brasileiro e esperava uma solução amigável do dissídio como
Estado Oriental, máxime depois de haver sido declinado o seu oferecimento
de mediação. Respeita o direito de todos os governos para o ajuste de suas
reclamações, quando se lhes negue justiça, mas também não prescinde do
direito de apreciar por si o modo de afetuá-la ou “o alcance que pode exercer
sobre os destinos de todos os que têm interesses legítimos nos seus resul-
tados”. E isso ocorre precisamente nas exigências de Saraiva. Terminava
afinal desse modo:
“O Governo do Paraguai deplora profundamente que o de V.Exa. haja
julgado oportuno afastar-se nesta ocasião da política de moderação, em que
devia confiar agora mais do que nunca, depois da sua adesão às estipulações
do Congresso de Paris. Não pode, porém, ver com indiferença, e menos con-
sentir que, em execução da alternativa do ultimato imperial, as forças bra-
sileiras, quer sejam navais, quer terrestres, ocupem parte do território da
República Oriental do Uruguai, nem temporária nem permanentemente. Sua
Excelência o Sr. Presidente da República ordenou ao abaixo assinado declare
a V.Exa., como representante de S. M. o Imperador do Brasil, que o Governo
da República do Paraguai considerará qualquer ocupação do território ori-
ental por forças imperiais, pelos motivos consignados no ultimato de 4 do
corrente, intimado ao Governo oriental pelo ministro plenipotenciário do
Imperador em missão especial junto daquele governo, como atentatória do
equilíbrio dos Estados do Prata, que interessa à República do Paraguai como
garantia de sua segurança, paz e prosperidade, e que protesta da maneira
mais solene contra tal ato, desonerando-se desde já de toda responsabilidade
pelas consequências da presente declaração.”
Estava assim dado o primeiro passo decisivo para a guerra da trí-
plice aliança. López, sempre preocupado com a ideia de exercer influência
204 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

preponderante nos sucessos do Prata e ferido além disso em sua inco-


mensurável vaidade, acabara cedendo às intrigas diplomáticas do Gover-
no do Uruguai.
Viana de Lima respondeu em 1o de setembro de 1864. Procurou justi-
ficar o procedimento do Império.
“O Governo imperial” — diz ele — “tem repetidas vezes explicado em
vários documentos, que estão hoje no domínio do público, os justos funda-
mentos de suas queixas contra o Governo oriental; comprovado com o tes-
temunho irrecusável dos fatos o seu respeito pela independência e autono-
mia daquele Estado e dado exuberantes provas de longanimidade e mode-
ração; mas, vendo frustrados todos os seus esforços ultimamente emprega-
dos para chegar a um acordo amigável, recorre aos meios coercitivos que o
direito das gentes autoriza, a fim de conseguir aquilo que não pode obter
por meios suasórios, isto é, que justiça seja feita às suas reclamações. Decer-
to, nenhuma consideração o fará sobrestar no desempenho da sagrada mis-
são que lhe incumbe de proteger a vida, honra e propriedade dos súditos de
S. M. o Imperador.
Ultimarei a presente comunicação assegurando a V.Exa. que vou dar
conhecimento ao Governo imperial da nota a que respondo.”
Berges replicou em 3 de setembro. Procura esclarecer o oferecimento
de mediação feito pelo Paraguai, o qual nenhuma relação teria com a me-
diação tentada pelo Brasil, pela Argentina e pela Grã-Bretanha. E con-
clui assim:
“Não alterando em coisa alguma a nota de Vossa Excelência a situação
do governo do abaixo assinado, fica este notificado de que decerto nenhuma
consideração fará o governo de V.Exa. sobrestar no emprego dos meios co-
ercitivos que havia resolvido pôr em prática; e, corroborando o protesto que
dirigiu a Vossa Excelência na citada data de 30 de agosto último, terá o pesar de
fazê-lo efetivo, sempre que os fatos ali mencionados venham confirmar a segu-
rança que V.Exa. acaba de dar em sua nota, a que esta responde.”
Em sua História da Guerra do Paraguai, refere George Thompson que,
por ocasião da ameaça dirigida ao Brasil, se fizeram grandes demonstrações
populares de aplausos à política de López, naturalmente, acrescenta, por
ordem deste. Uma comissão de notáveis foi ao palácio e apresentou um
manifesto dirigido ao presidente com muitas assinaturas, no qual se oferecia
o concurso de bens e pessoas para sustentar a luta que a República ia travar.
CAPÍTULO III 205

Em sua resposta não escondeu López a mágoa pela repulsa de sua media-
ção. “O Paraguai” — disse ele — “não deve aceitar por mais tempo a presci-
dência que se tem feito do seu concurso quando se agitam no Estado vizinho
questões internacionais que têm influído, mais ou menos diretamente, para
o menoscabo de seus mais caros direitos... Vossa união e patriotismo e o
virtuoso exército da República hão de sustentar-me em todas as emergências
para que eu proceda de modo adequado a uma nação zelosa de seus direitos
e cheia do seu grandioso porvir. Foi no desempenho de meus deveres que
chamei a atenção do Imperador do Brasil para a sua política no Rio da Prata
e quero todavia esperar que, apreciando a nova prova de moderação e ami-
zade que lhe professo, escute a minha voz. Mas se, desgraçadamente, isso não
se der e falharem as minhas esperanças, apelarei para o vosso concurso,
certo de que a decisão patriótica de que estais animado não há de faltar-me
para o triunfo da causa nacional...”
Formou-se depois dessa cerimônia uma procissão cívica, que mar-
chou do palácio à praça principal, onde se arvorou a bandeira paraguaia ao
estampido de 21 tiros. Seguiram-se festas e bailes públicos.

Continuação das intrigas diplomáticas

Na mesma data em que Berges se dirigia a Viana de Lima (30 de agosto


de 1864), oficiava a Sagastume para acusar o recebimento de sua nota de 25
e infligir certas censuras ao Governo oriental.
Começa historiando os esforços do Uruguai para envolver o Paraguai
nas suas desavenças com a Argentina e com o Brasil. Trata primeiro da Mis-
são Lapido. Propôs esse ministro um tratado de aliança ofensiva e defensi-
va, que não foi aceito e cujos artigos Berges reproduz. Aceder a esse tratado
equivalia — pondera ele — a declarar-se guerra à República Argentina, país
com que estávamos em amistosas relações. A neutralidade da Ilha de Martín
García, prevista no art. 4o, acarretaria a guerra imediata. Por esse tempo a
situação acalmou-se; os incidentes do Salto e do General Artigas tiveram so-
lução amistosa; Lapido pôs de lado o seu projeto ou tratado e propôs ver-
balmente que o Paraguai fizesse ouvir a sua voz ao Governo argentino, para
refrear os desmandos de sua política, tendente ao domínio de outras nacio-
nalidades e à reconstituição do Vice-Reinado do Prata. O Governo paraguaio
replicou que tinha motivos para acreditar na neutralidade de Mitre e não
206 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

podia aventurar nenhuma declaração baseado em meras hipóteses. Porém


assegurava as suas simpatias e o seu desejo de contribuir para a felicidade e
engrandecimento do Estado Oriental. Veio depois a nota de Lapido de 2 de
setembro de 1863 e a resposta paraguaia de 6 desse mês. Berges recorda as
dúvidas havidas com Lapido no tocante à remessa da nota do Paraguai ao
Governo argentino, datada de 6 de setembro de 1863. “A pretensão” — escre-
ve ele — “de deter a nota ao Governo argentino não podia ser indefinida,
nem o Governo paraguaio por decoro e dignidade podia ficar dependente do
modo de pensar do Governo oriental, tanto mais quanto podiam os aconte-
cimentos precipitar-se no Rio da Prata e cruzar os bons ofícios deste gover-
no.” Por essas razões de previsão e dignidade, a nota argentina partiu para
Buenos Aires no paquete de 21 de setembro.
Apesar desse incidente desagradável, o Governo paraguaio continuou
dando todas as facilidades à Legação Oriental para o desempenho da sua
missão. Lapido apresentou uma carta confidencial do presidente do Uru-
guai e aventou a ideia de a esquadra paraguaia se apossar de Martín García,
de combinação com a oriental, o que não se pôde aceitar por motivos que
saltam à vista. Em 21 de outubro, deu-lhe conhecimento da resposta do minis-
tério argentino ao pedido de explicações formulado pelo Paraguai. Lapido
agradeceu. Entretanto, o Governo oriental negociava em Buenos Aires um
acordo por intermédio de Lamas (protocolo de 20 de outubro), sem se impor-
tar em participar tal ato ao Governo paraguaio, “que havia comprometido
as suas boas relações com o argentino para sustentar os princípios de autori-
dade e de ordem interna do Estado Oriental do Uruguai”. Só em 12 de novem-
bro essa participação foi feita, quando o acordo já se havia malogrado. Sem
embargo, continuou o Governo paraguaio trabalhando pelo Uruguai e diri-
gindo notas à Argentina sobre as expedições que saíam de Buenos Aires, sobre
a aglomeração de tropas no litoral argentino e sobre o artilhamento e forti-
ficação da Ilha de Martín García, esperando que nada disso comprometesse a
mais lata independência de qualquer Estado do Prata.
Berges julga dever salientar e agradecer incidentemente a condição
posta pelo Governo do Uruguai ao acordo acima referido, de ter nele o
Governo do Paraguai a participação que lhe devia caber, e de que seu gover-
no teve conhecimento pela nota de 12 de setembro do ministro oriental. O
Paraguai dirigiu-se novamente à Argentina em 6 de dezembro, em vista dos
documentos que lhe proporcionou o Uruguai referentes à expedição de
CAPÍTULO III 207

Rebollo e Conde. Herrera comunicou-lhe o insucesso da Missão Mármol


quando estava terminada e o rompimento da Argentina. Nessa ocasião,
perguntou ao Paraguai que atitude estava resolvido a assumir. Respondeu-
se em 6 de fevereiro. Em 21 de dezembro seguiu outra nota paraguaia para a
Argentina. Veio às mãos do Governo paraguaio a correspondência trocada
entre o Uruguai e os ministros do Brasil e da Grã-Bretanha. Pediu-se cópia
da resposta do Brasil sobre Martín García. Depois recorda Berges a sua nota
a Elizalde de 6 de fevereiro de 1864. Em 13 de janeiro de 1864, recebeu-se a
nota do secretário da Legação Oriental em que ele declarava ser-lhe necessá-
rio saber qual a atitude que o Governo paraguaio estava decidido a assumir,
e, declarando-se pronto, a combinar com o Paraguai os meios práticos de
resistência e repressão. O Governo paraguaio alegou a distância e acefalia da
Legação Oriental. Em 6 de dezembro de 1863, o Paraguai dirigiu-se ao Cor-
po Diplomático estrangeiro dando-lhe a conhecer as suas gestões perante a
Argentina em prol da paz. A seguir alude Berges ao incidente do Paraguarí,
pondo em relevo a indiferença do Estado Oriental em face desse aconteci-
mento. O Governo paraguaio não quis prolongar indefinidamente esse silên-
cio e, em 6 de abril, solicitou reparação por tão estranho proceder. Ocupa-se da
vinda de Sagastume e do restabelecimento da harmonia entre os dois gover-
nos. Em 13 de junho, Sagastume solicitou a mediação do Paraguai. Foi atendi-
do, porém a mediação não foi aceita pelo Brasil. Em 4 de julho, o mesmo
Sagastume participava que o Governo oriental não faria uso por enquanto
dessa mediação. Pelo último paquete soube o Governo paraguaio que estava
em andamento nova mediação por parte do Sr. Barbolani, Ministro da Itá-
lia. “É lamentável” — escreve Berges — “que o governo de Montevidéu e os
estadistas orientais não tenham podido compreender toda a pureza e sãs inten-
ções com que, desde o princípio da administração de S.Exa. o Sr. General
López, o governo abaixo firmado amparou os interesses orientais. Prova
mortificante disso é o segredo que se guardou para com o Governo paraguaio
de todas as negociações do Governo oriental, desde a que iniciou o Sr. Lamas
em Buenos Aires, até a de que se está ocupando o Senhor Barbolani, Ministro
da Itália.” Dessa forma, neutralizou o Governo uruguaio a ação do Paraguai
nos ajustes amistosos das questões orientais com o Governo argentino e ulti-
mamente com o Brasil; os seus esforços pela paz tiveram resultado negativo.
“Porém, se tão desgraçado concurso de circunstâncias só serviu para aumen-
tar as dificuldades e sacrifícios do Governo oriental, em vista da ameaça à sua
208 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

existência e à soberania do povo uruguaio, não é menos penosa a atitude


que resulta da situação vacilante das suas relações com o Governo paraguaio.
“Essa exposição leal e franca da situação em que se encontram os dois
governos não visa a nenhuma recriminação.” Berges respeita o patriotismo e
as luzes do Governo oriental.
Depois dessa severa reprimenda a esse governo, conclui o ministro
de López:
“Em consequência, o abaixo assinado recebeu ordem de S.Exa. o Sr.
Presidente da República para dizer a V.Exa. que, apesar das dificuldades
criadas pelos motivos expostos, não minguaram no ânimo de seu governo
nem os sentimentos do mais amistoso interesse nem os desejos de contribuir
para a prosperidade do povo oriental e a conservação de sua soberania e
integridade territorial, e que, por tais razões e no interesse desses mesmos
fatos, não julga oportuno que seu governo intervenha por enquanto, como
V.Exa. solicita em sua nota de 25 deste mês, nas dificuldades surgidas da
política do Governo imperial com o de V.Exa., mediante a reunião de forças
navais e terrestres, nas águas e fronteiras da República Oriental do Uruguai,
para procurar de comum com o governo de V.Exa. os meios de salvar os
direitos e a soberania do povo oriental; porém que, sendo essas qualidades
condição necessária ao equilíbrio do Rio da Prata, se reserva a faculdade de
alcançar esse resultado com a sua ação independente. Agradece ao governo
de V.Exa. a honrosa confiança que deposita no seu sentimento de amizade
para com o povo oriental.”
A irritação de López é palpável. Ele vai intervir, acaba até de praticar
o primeiro ato decisivo para isso, mas não se furta ao prazer de censurar o
procedimento do Governo oriental, a cujos desejos imediatos não satisfaz.
Percebe-se o júbilo com que pompeia o seu orgulho e o seu poder
quando declara que irá atuar sozinho e despreza implicitamente o concurso
dos orientais. Quer que eles sintam desde logo a sua ação de chefe, e por isso
os relega a segundo plano e os trata com menosprezo.
Sagastume ficou atônito diante desse desabafo inesperado. Respon-
deu em 1o de setembro lamentando não estar habilitado para dar explicações
satisfatórias; só lhe cumpria, portanto, fazer chegar ao conhecimento do seu
governo as referências contidas na nota de Berges.
Logo que López soube pela Legação Oriental em Assunção (12 de
setembro de 1864) da perseguição feita ao Villa del Salto pelos navios de
CAPÍTULO III 209

Pereira Pinto, mandou que Berges escrevesse uma nota a Viana de Lima
sobre o incidente (14 de setembro).
Berges relata-o salientando que desse atentado resultou não poder
chegar ao seu destino o Villa del Salto, que levava os “elementos necessários
aos defensores de Mercedes”, razão por que lograra Flores apoderar-se desse
ponto em 27 de agosto e passar em 28 para o norte do Rio Negro, “com a
intenção de alcançar a povoação de Paysandu, a cujo porto também tinham
chegado as canhoneiras brasileiras”.
“Fatos tão significativos como os que a Legação Oriental denun-
ciou” — rematava Berges — “consumados em apoio de uma rebelião com
olvido dos princípios de legalidade, base dos direitos de dinastia dos gover-
nos monárquicos, impressionaram profundamente o governo do abaixo
assinado, que não pode deixar de corroborar por esta comunicação as suas de-
clarações de 30 de agosto e de 3 do corrente.”
Apesar dessas disposições belicosas de López e da inconveniência de
que havia sofrido, continuou o Uruguai a sua propaganda junto dele para
atiçar a discórdia. Um dos documentos comprobatórios dessa verdade é o
memorando confidencial que Sagastume endereçou a Berges, em 28 de outu-
bro de 1864.15
Nele o plenipotenciário uruguaio em Assunção repete a história, já
sabida, da crise que infelicita o Estado Oriental, reedita as velhas intrigas e
giza um plano de cooperação material dos dois países. É o derradeiro apelo
do governo de Aguirre para salvar-se da morte que o aguarda.
Impossibilitada a República Oriental — escreve Sagastume — de do-
minar o território e de poder, nas suas fronteiras, dar a mão ao Paraguai,
tem de concentrar os seus elementos de defesa em um ponto, em que “impere
a bandeira de sua nacionalidade e a legitimidade do seu governo”.
“Cabe, pois, ao Paraguai, a glória invejável de levar seu poder e suas
armas ao próprio teatro dos acontecimentos, para libertar o grande princí-
pio da independência e o futuro destes povos.
Como se garantirá o resultado da empresa, justificando ao mesmo tem-
po diante do mundo o bom direito do que procede a República do Paraguai?”
Esse direito foi estabelecido “pela sã doutrina do equilíbrio ‘político
do Prata’ e não contraria a conservação das nacionalidades ali existentes”. As
primeiras explicações pedidas à Argentina pelo Paraguai por causa dos auxí-
lios a Flores foram respondidas, ficando dessa forma reconhecido o direito
210 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

desse país a solicitá-las. A nota-protesto de 30 de agosto revelou a decisão do


Governo paraguaio de fazer valer o seu direito sempre que a política brasi-
leira atacasse, sob qualquer forma e pretexto, a independência e soberania
do Estado Oriental. O Brasil não atendeu à admoestação e “entrou no ter-
reno dos fatos”. Se deu resposta ao Paraguai, está demonstrado praticamen-
te que prescinde dele, pois nem sequer discutiu o ponto controvertido antes
de consumar o atentado. Se não respondeu, a situação é mais grave; ao
descaso “junta-se a descortesia de não explicar atos internacionais”, de gran-
des consequências. De qualquer modo ficaria robustecido o direito do
Paraguai “de tornar efetivos os efeitos do seu solene protesto de 30 de agosto”.
Esse direito, porém, se fortificará se for exercido com o consentimento ex-
presso e combinado do soberano do território em que se deverão desenvolver
as operações. O Governo oriental pode patentear esse acordo de dois mo-
dos: pedindo a intervenção armada do Paraguai na luta contra o Brasil ou
celebrando com ele um tratado de aliança ofensiva e defensiva “para garan-
tir a independência e integridade de ambas as repúblicas, de qualquer perigo
que as ameace, no presente ou no porvir”.
Sagastume passa a justificar esses dois meios pela jurisprudência in-
ternacional. Depois examina as probabilidades de bom êxito para a ida ao
território oriental de uma expedição paraguaia contra o Brasil. Escreve en-
tão conceitos que merecem ser registrados integralmente:
“O Brasil, por seu modo de ser político e social, pelas suas leis funda-
mentais e orgânicas, pelo caráter nacional e pelos diversos elementos e inte-
resses que abriga no seu seio, não pode estabelecer a homogeneidade de pensa-
mento e a centralização de poder necessárias para fazer uma política de guer-
ra com resultados vantajosos.
Há no Império, e no próprio Parlamento, influências mais ou menos
poderosas que fazem forte oposição à guerra e que necessariamente devem
debilitar as medidas governamentais para empreendê-la e mantê-la.
Essa oposição tornar-se-á mais consistente quando vir a República do
Paraguai ligar-se à Oriental para resistir às agressões do Brasil; porque
então terá em sua frente um poder capaz de ameaçar a própria estabilidade
do Império.”
A seguir, passa revista aos recursos deste.
“O Brasil formará na fronteira para invadir o território oriental 8.000
homens aproximadamente e, embora com grandes sacrifícios, ser-lhe-á muito
CAPÍTULO III 211

difícil aumentar de outro tanto o Exército, que também deve guardar e


defender a província do Rio Grande do Sul.
Os poucos elementos belicosos do Império possuem em seu seio o
germe da desavença, que por mais de uma vez produziu revoltas.
O governo do Imperador tem tido necessidade constante de dispor
nas suas províncias de tropas de linha para mantê-las no respeito ao regime.
Seria perigoso para ele desguarnecê-la e trazer para a guerra contra a
República Oriental essas forças, que são a garantia da ordem e da obediência.
Utilizando embora esse recurso, aumentado com os estrangeiros que
possa engajar e os contingentes de recrutas provinciais, o que já foi ensaiado
uma vez sem bom êxito, não conseguirá levar ao teatro da guerra um exérci-
to superior ao que pode mobilizar facilmente o Paraguai.
Há, além disso, no Rio Grande e em outras províncias do Império um
elemento poderoso que pode fazer-se valer em seu prejuízo. A escravatura
liberta sob a proteção das armas republicanas deve ser naturalmente um auxiliar
da boa causa, convertendo-se naturalmente em inimiga dos seus opressores.
Na luta da República do Paraguai e a do Uruguai contra o Império do
Brasil, este não pode ter a colaboração de nenhum povo americano.
Qualquer que seja a natureza dos compromissos assumidos pelo go-
verno de Buenos Aires com o Brasil, o General Mitre não contará com poder
suficiente para conduzir as armas argentinas a fraternizar com o Império em
face do sistema republicano.
As simpatias do povo da Confederação Argentina não são favoráveis
ao Brasil, e dado ainda o caso de querer o governo de Buenos Aires fazer
grande questão da violação do território para o trânsito inocente que realizarem
as forças paraguaias, através da província de Corrientes para chegar ao Brasil,
a opinião pública, já formada e bem manifesta, deterá qualquer reclamação
ou disposição governamental tendente a favorecer de qualquer modo os
interesses do Império. Além de que o pretexto para essas reclamações desa-
pareceria com o assentimento do governador da Província de Corrientes
para o trânsito inocente do Exércio paraguaio.
Em qualquer caso é claro que a República Argentina, com ou sem a
vontade do seu governo, não fará nunca causa comum com o Império quan-
do este lute em armas contra as repúblicas irmãs.
As suas tradições e interesses e, mais do que tudo, a força das coisas,
que tem grande poder no destino dos povos, garantem eficazmente essa
212 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

afirmativa. Essas reflexões são aplicáveis à situação mais desvantajosa em


que se podia encontrar a prática da alta política manifestada pelo Exmo.
Governo do Paraguai.
O mais provável e mais lógico é supor que, iniciadas as operações mi-
litares e próximo de resolver-se o problema da sorte futura desses países, as
próprias conveniências unifiquem o esforço de todos para combater um
perigo comum, satisfazendo de uma vez a uma exigência nacional antipática
por essência ao caráter e tendências do Império do Brasil.
O General Urquiza, que está chamado pelos seus antecedentes e inte-
resses a cooperar na empresa, pode ficar nesse momento indeciso diante de
uma resolução grave que decida seu futuro.
O flanco que abre a Entre Ríos o domínio do Uruguai e do Baixo
Paraná pelos navios brasileiros de combinação com Buenos Aires, se aquela
província se pronunciar em primeiro lugar contra a política que segue o
Governo argentino, poderá ser uma razão que detenha o General Urquiza,
porque aparentemente constitui verdadeiro perigo.
Mas quando esse general se compenetrar da verdade das coisas e vir os
irresistíveis elementos que o Paraguai põe em ação e se convencer da impotên-
cia do Brasil e de Buenos Aires para invadir a Província de Entre Ríos, por
ter as suas forças comprometidas na questão oriental, não há dúvida de que,
verificando as probabilidades de triunfo para a boa causa, se ainda não se
tiver pronunciado em seu favor, se apressará em fazê-lo a fim de não perder
a importante posição que os sucessos poderiam dar-lhe.
De qualquer modo, com o General Urquiza ou sem ele, as vantagens
que na arte da guerra podem constituir fundadas probabilidades de triunfo
estão com o Paraguai assim como estão com ele a honra e a glória e estará o
apreço do povo e o aplauso da história.”
Expende depois estas reflexões sobre a repartição e emprego das forças:
“A campanha que tão nobremente abre o Paraguai para ajudar a sal-
var a liberdade e as instituições de um povo irmão e amigo pode ser de
resultados mais próximos ou demorados, conforme sejam mais ou menos
eficazes e importantes os esforços que conjuntamente desenvolver a Repú-
blica Oriental.
Se esta conserva em pé os elementos que ainda contam para a sua
defesa, e que reunidos bastam para conter e até bater os 6 a 8 mil brasileiros
que devem invadi-la, as operações do Exército paraguaio serão de decisão
CAPÍTULO III 213

mais rápida. Porém, essas forças disseminadas nada podem. As praças de


Salto e Paysandu, abandonadas aos seus próprios recursos, não resistirão à
ofensiva do Brasil; serão atacadas simultaneamente por mar e por terra.
Persistir em mantê-las na certeza de perdê-las seria derramar inutilmente o
sangue precioso dos seus defensores e diminuir o número de valentes que
devem guarnecer a capital. As forças invasoras tomarão posse de todo o
norte do Rio Negro e ao sul operará Flores com o maior auxílio que possam
dar-lhe os invasores.
Se a divisão do Departamento de Cerro Largo e as guarnições de Salto
e Paysandu tivessem de retirar-se, por lhes não ser possível sustentar os pon-
tos que guarnecem, e se incorporassem, juntamente com o exército de ope-
rações, às forças da capital, teria o Governo oriental reunidos 8.000 ho-
mens, soldados feitos e de comprovada fidelidade.
Caso este governo recebesse do Paraguai um auxilio de 2 a 4 mil ho-
mens, que se encarregassem da conservação e guarda de Montevidéu, aque-
les 8.000 homens poderiam manobrar com vantagem contra Flores ao sul do
Rio Negro e aproveitariam qualquer oportunidade para bater as forças de
linha do Império.
Serviriam também para hostilizar a retaguarda do Brasil (sic) quan-
do esse país tivesse de enfrentar o Exército paraguaio e assim prestariam
serviços de grande importância.”
Seria possível a vinda por via fluvial, em navios paraguaios, desse
destacamento das tropas de López, apesar da travessia forçada pelo territó-
rio argentino e da vigilância da esquadra brasileira?
Sagastume acha que sim e raciocina deste feitio:
“É possível que o Brasil e até mesmo Buenos Aires, receando que o
Paraguai entre em ação para fazer valer desde já a sua influência e o seu
poder no decurso dos acontecimentos, vigiem o passo de Martín García e até
pretendam observar e desconhecer o direito com que a bandeira do Paraguai
vai ao porto de Montevidéu.
Mas, além de que tal ato seria um atentado contra o direito das gen-
tes, eles não conseguiriam deter a expedição, porque qualquer que fosse a
sua disposição de espírito, não haveriam de travar um combate naval com o
Paraguai só para visitar navios da Marinha desse país, sem saber positiva-
mente a missão que levavam, tanto mais quanto é provável que o Corpo
Diplomático estrangeiro em Montevidéu já tenha notificado ao Almirante
214 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

brasileiro no Prata, respondendo à sua circular, que não reconhece o direito


de visita à bandeira neutra que navegue os rios do Prata, Paraná e Uruguai,
pois que esse direito só se adquire satisfazendo previamente às formalidades
prescritas nas leis das nações livres, leis a que o Brasil até o presente desaten-
deu em seus ataques à República Oriental.”
Se os transportes paraguaios não pudessem depois regressar a seu país,
queria Sagastume que ficassem no Uruguai como auxílio naval ou que esse
país os adquirisse de qualquer forma. Assim escreve:
“Se, depois desses navios paraguaios haverem desembarcado as tro-
pas no porto de Montevidéu, tendo quiçá passado o estreito de Martín García
sem serem pressentidos a tempo, houvesse perigo na sua volta ao Paraguai,
em vista da superioridade da força marítima com que conta o Brasil, poder-
se-ia deixá-los naquele porto, seja como parte do auxílio que o Governo
oriental tivesse de receber, seja por entrega a este governo mediante indeni-
zação, arrendamento ou outro meio legal.”
Ocupa-se, depois, da situação financeira.
O Uruguai espera obter um empréstimo na Europa, mas nunca antes
de cinco a seis meses. Como as necessidades são prementes, “um subsídio
reembolsável de 80 a 100.000 pesos mensais, durante esse tempo, não só o
desembaraçaria de muitas dificuldades, senão que facilitaria e aumentaria
os elementos de sua resistência e poder”.
Prevendo os perigos da vinda de um contingente do Exército para-
guaio, talvez o Brasil se adiante e precipite a sua ação. O Uruguai procurará
resistir. Se for subjugado, maiores serão as dificuldades para o Paraguai. É
mister proceder com a presteza dos sucessos. “A mobilização neste momento
das forças paraguaias contra o Brasil seria talvez um golpe de morte para o
Império. Dentro de um mês, só Deus sabe a natureza dos acontecimentos
que poderão surgir!”
Para rematar, faz Sagastume estas reflexões a López, para que chamo
a atenção do leitor:
“Uma declaração de guerra ao Brasil antes das operações poderia levar
este país a precipitar a sua ação tomando uma defensiva vantajosa e ganhan-
do assim posição.
O Governo do Paraguai estaria no seu direito se invadisse o Brasil em
silêncio. Já o anunciou em seu protesto e na resposta à nota da Legação Bra-
sileira. Um manifesto ao mundo, simultaneamente com o primeiro golpe
CAPÍTULO III 215

contra o Império, justificaria o seu direito. O General López libertaria assim


a República Oriental, garantindo o futuro da sua própria Pátria e cobriria a
fronte de gloriosos lauréis; a história desses países tributaria a seu nome
dignos e merecidos aplausos.”
López, que já havia definido a sua posição na nota a Viana de Lima e
provavelmente laborado o plano estratégico e depois executou de invadir
primeiro Mato Grosso, recusou enviar ao Prata o destacamento do Exército
paraguaio e o subsídio tão solicitado pelos orientais.
Já sabemos hoje das razões que o inspiraram pelas observações que
mandou a Berges (4 de novembro de 1864) e deveriam servir para ampliar e
precisar os conceitos da resposta a Sagastume.16
“Definida a posição do Paraguai” — diz López — “pelo seu protesto
de 30 de agosto ao Governo imperial e pela sua nota da mesma data à Lega-
ção Oriental, nada ainda ocorreu de novo que lhe aconselhe ou permita
alterar as convicções que se impôs para sua coparticipação efetiva na luta
que assola aquela República, ameaçando-lhe a independência e a soberania,
sem incorrer na falha de precipitação ou inconveniência. Necessita para isso
da participação oficial do Governo uruguaio de que as forças brasileiras inva-
diram o território oriental. A esse governo não podem faltar os meios de fazer
tal participação sem demora e por vias independentes dos paquetes nacio-
nais que se empregam regularmente na carreira do Prata.”
Dito isto, examina os meios de cooperação lembrados por Sagastume:
“Embora sobrevenham as condições de que o Governo paraguaio se
impôs para a sua ação efetiva, os meios indicados nas referidas considera-
ções17 não podem merecer-lhe a aprovação na parte que lhe toca.
O envio de 2 a 4 mil homens para a ocupação e defesa da cidade de Mon-
tevidéu, de modo que todas as forças orientais ficassem disponíveis para
combater a revolução de Flores e a invasão do Brasil, não é conveniente, pois
que não só essas forças serão insuficientes para essa dupla missão, como
também se deve considerar praticamente impossível a chegada de 4 mil ho-
mens por água a Montevidéu. Para isso seriam necessários 20 vapores ou
transportes regulares, o que o predomínio das forças navais do Brasil no Rio
da Prata torna impossível, pois nesse caso não se poderia considerar neutra
a bandeira paraguaia.
Por outro lado, não é acreditável que 20 navios com 4 mil homens de
desembarque talvez pudessem passar despercebidos no estreito de Martín
216 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

García, conforme se diz nas considerações. Apesar de se admitir, nessas mes-


mas considerações, como incerto o regresso desses vapores em vista da pre-
ponderância marítima do Brasil, aponta-se o único expediente de encerrar
essas forças navais no porto de Montevidéu, ou, no caso mais favorável, de
aliená-las ou fretá-las ao Governo oriental, falta de toda espécie de recursos.
Essa combinação não pode admitir consideração séria de espécie alguma,
como logo se vê. O Paraguai privar-se-ia de sua Marinha de Guerra para seus
meios de defesa e movimentos fluviais, inabilitando-se para toda ação efeti-
va contra o Brasil, e deixaria aberto o seu litoral aos insultos do inimigo.”
Liquidada a questão militar, passa López à financeira:
“Tampouco é admissível, nem oferece bases de discussão, a ideia de
um subsídio mensal de 80 a 100 mil pesos.
A posição topográfica do Paraguai produz a estagnação inevitável de
todas as suas rendas logo no início da guerra que pode surgir com o Brasil e
até, ao mesmo tempo, com a Argentina.
O Governo paraguaio não pode desfazer-se dos seus recursos pecu-
niários em uma luta cujo fim não lhe é dado prever e para cujo bom êxito o
Governo oriental, em vista da sua posição interna, pouco pode contribuir.
Os recursos pecuniários que acaso possuamos (fruto de uma administração
econômica) não podem ser distraídos, visto que se tem de prover aos gastos de
um exército numeroso e de uma administração interna.
Recorrer a empréstimos no estrangeiro para os fins indicados não é
óbvio, nem há tempo para isso, ainda que se quisesse lançar mão desse re-
curso (contrário às tradições do sistema de fazenda paraguaio) no início
da guerra, circunstância que não recomendaria a realização de tal projeto.
Ao contrário disso, tendo o Governo oriental assegurada a renda
geral pelo porto de Montevidéu, franco o seu contato com o mundo por
intermédio dos neutros e já em curso as negociações de um empréstimo na
Europa, conforme se diz, achará facilmente no patriotismo e nos recursos
da rica praça de Montevidéu o subsídio para cinco meses, lembrado nas
considerações.”
Para terminar, lança López estes últimos dados contra o Uruguai:
“A posição isolada do Paraguai na questão oriental não é obra do seu
governo, e suas causas foram francamente denunciadas ao Sr. Sagastume, em
nota de 30 de agosto. Não lhe cabe, portanto, nenhuma responsabilidade se a
situação do Estado Oriental piora com a invasão brasileira, que se diz já ter
CAPÍTULO III 217

sido realizada e de que já estaria informada a Legação Oriental pelo estafeta


(chasque) paraguaio que acaba de chegar.”18
Depois de recusar o auxílio decisivo que lhe fora sugerido, isto é, ho-
mens, navios e dinheiro, ousa López dizer ao Governo uruguaio que pense
em outros meios para a sua intervenção armada.
“O Governo paraguaio” — escreve ele — “continua no programa de sua
política e nas consequências de seu protesto de 30 de agosto, com a lealdade,
energia e firmeza, que constituem a base de sua administração pública. Cabe
ao Governo oriental julgar se lhe convém manifestar o seu assentimento explícito
e o seu acordo, como soberano territorial, à solicitação de uma intervenção
armada por outros meios que a sua sabedoria lhe aconselhe.”
Tudo isso reflete o orgulho do presidente paraguaio e o seu desprezo
íntimo pelo governo de Aguirré.
Diante de suas afirmações categóricas de 30 de agosto e de 3 e 14 de
setembro, devia o Brasil estar de sobreaviso e não alimentar a mais leve ilusão
quanto aos acontecimentos que teriam de surgir. Em vez disso, porém, man-
teve-se confiante na conservação da paz com o Paraguai, acreditando com a
mais inexplicável ingenuidade que López não ousaria pôr em obra as suas
ameaças. Só assim se explica ainda haver consentido que um navio brasileiro,
o Marquês de Olinda, subisse o Paraguai levando a bordo o Coronel Frederico
Carneiros de Campos, presidente nomeado para a Província de Mato Grosso.
218 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CAPÍTULO IV

A invasão de Mato Grosso pelos paraguaios

López rompe em guerra contra o Brasil — López manda invadir Mato


Grosso — A expedição fluvial — A expedição terrestre

López rompe em guerra contra o Brasil

No dia 10 de novembro de 1864, chegava o Marquês de Olinda a As-


sunção e no dia imediato, às 2h da tarde, prosseguia a viagem rio acima. Já
havia deixado o porto, quando López tomou a resolução de mandá-lo per-
seguir pelo Tacuarí, que era então o mais veloz dos navios que sulcavam
aquelas águas. O Tacuarí alcançou-o algumas léguas a jusante de Concepción
e trouxe-o escoltado à capital, onde López o deteve como boa presa, apos-
sando-se dele e de toda a sua carga. Depois de fazer desembarcar o Coronel
Carneiro de Campos, os passageiros restantes e toda a guarnição, tratou-os
a todos como prisioneiros (LXXXVI).
E foi por esse ato de violência, mas que devíamos esperar, que López abriu
a guerra contra nós.
O General paraguaio Juan Crisostomo Centurión afirma, nas suas
Reminiscencias Historicas, ter sido Sagastume quem sugeriu a López a toma-
da do Marquês de Olinda. López estava, naquele momento, em Cerro Léon,
e dizem que hesitou em adotar o alvitre.1 (LXXXVII)
“Ele tinha a ideia” — escreveu Thompson — “de que só uma guerra
poderia tornar conhecido o Paraguai. Sua ambição pessoal impelia-o à luta,
pois sabia que poderia chamar às armas imediatamente todos os paraguaios e
formar um numeroso exército, ao passo que os brasileiros precisariam de
CAPÍTULO IV 219

muito tempo para reforçar o seu; julgava ainda que eles não estariam dispostos
a sustentar uma guerra prolongada. Dizia de si para si que, se não se aproveitasse
daquela conjuntura para apresentar guerra ao Brasil, este poderia fazer-lhe em
ocasião mais desfavorável para o Paraguai. Mandou por conseguinte, em loco-
motiva expressa, um dos seus ajudantes a Assunção com ordem para que o
Tacuarí (o vapor mais rápido do Rio da Prata) alcançasse o Marquês de Olinda,
que havia seguido viagem, e o trouxesse a Assunção.”2
No dia 13 de novembro, soube o ministro brasileiro da captura do
Marquês de Olinda e pediu ao Governo da República as devidas explicações.
Recebeu então uma nota, datada do dia anterior, na qual o Governo para-
guaio salientava a desatenção às suas declarações de agosto e setembro, pois
que o Exército imperial tinha invadido o Uruguai e ocupado a vila de Melo, no
dia 16 de outubro, e concluía:
“Em consequência de uma provocação tão direta, devo declarar à
V.Exa. que ficam rotas as relações entre este governo e o de S.M. o Imperador,
impedida a navegação das águas da República para a bandeira de guerra e
mercante do Império do Brasil, sob qualquer pretexto ou denominação que
seja, e permitida a navegação do Rio Paraguai, para o comércio da Província
de Mato Grosso, à bandeira mercante de todas as nações amigas, com as
reservas autorizadas pelo direito das gentes.”
Era a declaração de guerra.
Afinal triunfava a política internacional de Berro e de Aguirre, mas só
na aparência, como veremos. O auxílio que eles tanto ambicionavam, e que
não se cansaram de solicitar, chegava tardiamente e em nada lhes aproveitaria.
Viana de Lima protestou, em nota de 14 de novembro de 1864, contra a
violência injustificável do Governo paraguaio e pediu logo os seus passapor-
tes. Só em 29 de novembro conseguiu deixar Assunção, em um vapor paraguaio,
graças à intervenção amistosa do Ministro dos Estados Unidos, Washburn.
De Buenos Aires comunicou ao seu governo os acontecimentos excepcionais
ocorridos no Paraguai e lançou esta profecia, que o futuro havia de justificar:
“Tenho a firme convicção de que o Brasil inteiro se erguerá para lavar esta afronta.”

López manda invadir Mato Grosso

López, que já se tinha preparado cautelosa e secretamente para nos


fazer a guerra, não perdeu tempo em começar as operações militares. Cerca
220 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de mês e meio depois do rompimento, isto é, em 23 de dezembro de 1864, pôs


em movimento contra nós, na direção de Mato Grosso, duas expedições:
uma fluvial e outra terrestre.
“O Paraguai” — escreveu Thompson — “começou a preparar-se ativa-
mente para a guerra em princípios de 1864; em março desse ano, López estabe-
leceu um acampamento militar em Cerro León, no qual adestrava para a
guerra um exército de 30.000 homens de 16 a 50 anos de idade. Ao mesmo
tempo exercitava 17.000 recrutas em Encarnación, 10.000 em Humaitá, 4.000
em Assunção e 3.000 em Concepción. O total dos homens preparados mili-
tarmente nos seis meses de março a agosto de 1864 eleva-se a 64.000, sem
contar uns 6.000 que morreram nesse período. Antes de dar princípio a esses
preparativos, o exército contava 28.000 veteranos e um só general: López.”
A rapidez com que o tirano paraguaio preludiou os seus atos de guerra
confirmam essa preparação e demonstra que o seu plano estava bem assentado.
Surpreende à primeira vista se houvesse voltado preliminarmente para
a Província de Mato Grosso. Os orientais clamavam com insistência pelo seu
auxílio e viam nele a sua única salvação; nós estávamos com a nossa força
dentro do território uruguaio, e de Mato Grosso não lhe poderia vir nenhu-
ma ameaça de gravidade, atento o estado de abandono em que se encontra-
va a sua defesa e o seu afastamento considerável da capital do Império. Pode-
se dizer que havia segurança na fronteira setentrional do Paraguai; bastava
que fosse vigiada. López sabe de tudo isso, sabe que, quando muito, apenas
logrará conservar por algum tempo parte da província brasileira e que isso
não imporá o desenlace da guerra. Nada obstante, é por aí que preludia a
luta com o Brasil. Por quê? Por uma razão simples: Porque deseja apossar-se
dos territórios em litígio, isto é, porque uma das suas principais fontes de
inspiração guerreira é precisamente a que ele empresta com absoluta injus-
tiça aos seus adversários. Essa conquista territorial fascina-o de tal maneira
que não se preocupa em distrair nela uma parte de suas forças, a qual seria
evidentemente mais útil na operação fundamental que iria empreender de-
pois no rumo oposto, a saber, a invasão de Corrientes e do Rio Grande do
Sul. Os seus propósitos ficaram registrados de modo indelével nos seus pri-
meiros movimentos estratégicos.
Sem embargo, o General Centurión ousa dizer que “não lhe consta
houvesse entrado na política de López a ideia de ficar com Mato Grosso,
caso o triunfo tivesse coroado a causa do Paraguai”. Mas acrescenta que, se
CAPÍTULO IV 221

ela houvesse entrado, teria sido patriótica e justificável. Falando da partida


da expedição de Mato Grosso e do gentio numeroso que foi contemplá-la,
salienta a alegria de todos — civis e soldados — só com o pensamento do
próximo domínio do Paraguai sobre Mato Grosso, com o qual “se corrigiria
o erro que cometeram seus antepassados, permitindo que os portugueses se
estabelecessem naquela rica província, de que Espanha era a dona legítima e
a possuidora quando da conquista da América do Sul”.

A expedição fluvial (LXXXVIII)

No dia 24 de dezembro de 1864, a expedição fluvial que López tinha


resolvido mandar a Mato Grosso está pronta para zarpar do porto de As-
sunção. Na véspera, o ditador havia passado revista às tropas, antes do seu
embarque, e dirigido às mesmas algumas palavras. Constavam de 4 bata-
lhões de infantaria (6o, 7o, 10o, 13o), com 3.200 homens, e de 12 peças raiadas
e foguetes à Congreve (LXXXIX). Ao passar a esquadrilha em Concepción,
recebeu a bordo mais uns mil homens da cavalaria.3
Os navios que formavam a expedição eram estes: vapores Tacuarí,
Paraguarí, Igurey, Rio Blanco e Yporá, escunas Independência e Aquidaban,
patacho Rosario, lanchões Humaitá e Cerro León. Mais tarde se lhes junta-
ram ainda o Salto del Guairá, o Rio Apa e o Marquês de Olinda.
O comandante da esquadrilha era o Capitão de Fragata Meza, o mes-
mo que veremos depois figurar na Batalha de Riachuelo. Como comandan-
te em chefe da expedição ia o Coronel de Infantaria Vicente Barrios.
A expedição terrestre ou a Divisão do Norte partiu de Concepción dias
depois (29 de dezembro de 1864) sob o comando do Coronel de Cavalaria Isidoro
Resquín, tendo como subchefe o Capitão da mesma arma Martin Urbieta.
Dispunha, segundo Thompson, de 2.500 homens de cavalaria e um batalhão
de infantaria, e segundo Centurión, de 3.500 homens, na maioria cavaleiros.
Há quem afirme que o plano assentado era que as duas expedições
marchassem no rumo geral do norte e depois convergissem para um ataque
a Cuiabá, capital da Província de Mato Grosso.
O exame ponderado das operações tanto de Vicente Barrios como de
Isidoro Resquín não deixa a mínima sombra de dúvida de que López só am-
bicionava pôr a mão sobre os terrenos limítrofes em litígio na sua fronteira
setentrional. Ambas as colunas iam facilmente alcançar os seus objetivos.
222 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

A Província de Mato Grosso estava completamente aberta e desapercebida


para a resistência. López tinha absoluta certeza de que Mato Grosso não
poderia ser socorrido com rapidez; as suas comunicações com a capital do
Império eram dificílimas naquela época, em que ainda não existia a nossa
atual estrada de ferro que vai terminar em Porto Esperança. O Barão do Rio
Branco conta que a notícia da invasão paraguaia foi trazida ao Rio pelo Barão
de Vila Maria e que, apesar de ter feito uma viagem excepcional, o barão só se
apresentou no Rio em 22 de fevereiro de 1865, depois de 47 dias de viagem, dos
quais 29 de marcha e 18 de falha, e mais ainda que o correio vindo de Cuiabá
só alcançou o seu destino no dia 17 de março desse mesmo ano.
Presidia a Província o General Alexandre Manuel Albino de Carva-
lho e exercia nela o cargo de comandante das armas o Coronel Carlos Augusto
de Oliveira (XC).
O relatório do ministro da Guerra de 1865 mostra que estavam ali esta-
cionadas estas unidades do exércio ativo: um batalhão de caçadores, um cor-
po de cavalaria, o 2o Batalhão de Artilharia de Mato Grosso e uma companhia
de artífices. Tudo isso numerava 851 homens, inclusive 81 oficiais. Rio Bran-
co publicou o seguinte mapa das forças da Província, em 14 de agosto de 1864:
SENTENCIADOS
EMPREGADOS

AUSENTES DA
DESTACADOS
PRONTOS E

PROVÍNCIA
PRESOS E
DOENTES

TOTAL
CORPOS

ESTADO-MAIOR 2 1 0 0 0 3
ENGENHEIROS 0 1 0 0 0 1
CORPO DE SAÚDE 7 1 0 0 0 7
REPARTIÇÃO ECLESIÁSTICA 4 1 0 0 0 4
2O BATALHÃO DE ARTILHARIA A PÉ 76 29 42 38 22 205
ARTILHARIA CORPO DE ARTILHARIA DE
74 9 82 18 2 185
MATO GROSSO
COMPANHIA DE ARTÍFICES 4 6 6 6 2 28
CORPO DE CAVALARIA DE
CAVALARIA 79 36 2 2 16 128
MATO GROSSO
BATALHÃO DE CAÇADORES
INFANTARIA 196 68 18 30 2 314
DEMATO GROSSO
SOMA 442 148 150 94 41 875
CAPÍTULO IV 223

Vê-se, portanto, quão insuficiente era a tropa disponível para a defesa


de tão vasta província.
Contavam-se nela cinco distritos militares, cujas guarnições tinham
estes efetivos:4
Distrito Militar da Cidade de Cuiabá (destacamento em Cuiabá, Santana
do Paranaíba, Chapada, Piqueri de Barreiros, S. Lourenço, Delamare, Estiva,
Sangradouro Grande, Rio Grande, Porto Nacional, Poconé, Diamantina,
Fábrica de Pólvora e partidas volantes):

ESTADO-MAIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
CORPO DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
REPARTIÇÃO ECLESIÁSTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
2O BATALHÃO DE ARTILHARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 143

Distrito Militar da Cidade de Mato Grosso (destacamento em Mato


Grosso, Forte do Príncipe da Beira, Casalvasco, Campo de S. Xavier, Arraial
de S. Vicente, Santa Inês, Lavrinhas, Estiva e partidas volantes):

CORPO DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
REPARTIÇÃO ECLESIÁSTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
COMPANHIA DE ARTÍFICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74

Distrito Militar de Vila Maria (destacamento em Vila Maria, Escalvado,


Corixa, Lajes, Pederneiras, Onças, Jauru e Fazenda Caiçara):

CORPO DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
REPARTIÇÃO ECLESIÁSTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
COMPANHIA DE ARTÍFICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
224 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Distrito Militar do Baixo Paraguai

CORPO DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2o DE ARTILHARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
CORUMBÁ
CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
5
ESTADO-MAIOR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
CORPO DE ARTILHARIA DE MATO GROSSO . . . . . . . . . . . . 43
NOVA-COIMBRA
COMPANHIA DE ARTÍFICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
46
ALBUQUERQUE CORPO DE ARTILHARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
TAQUARI CORPO DE ARTILHARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Distrito militar da Vila de Miranda

CORPO DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
NIOAQUE REPARTIÇÃO ECLESIÁSTICA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
CORPO DE ARTILHARIA DE MATO GROSSO . . . . . . . . . . . . . 2
4
2o DE ARTILHARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
COLÔNIA DE
CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
DOURADOS
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
18
CORPO DE SAÚDE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
VILA MIRANDA 2o DE ARTILHARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
41
FAZENDA BETIONE CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
CAVALHADA CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

COMPANHIA DE ARTÍFICES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
COLÔNIA DE MIRANDA CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
BATALHÃO DE CAÇADORES . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
11
POSTO SANTA ROSA CORPO DE CAVALARIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
CAPÍTULO IV 225

Os poucos elementos combatentes estavam assim disseminados por


toda a parte.
Rio Branco chama a atenção para o fato de só haver, em agosto de 1864,
81 homens no Baixo Paraguai, e 84 no Distrito Militar da Vila de Miranda.
A Força Naval, sob o comando do Capitão de Fragata F. C. de Castro
Meneses, compunha-se destas unidades: Anhambaí, Cuiabá, Corumbá, Alfa,
Jauru e Paraná.5 (XCI)
O seu poder ofensivo era quase nulo; valia mais como um conjunto de
transporte do que como um grupamento de verdadeiras unidades de combate.
Quanto a obras de defesa, só havia na região meridional o Forte de
Coimbra, à margem direita do Rio Paraguai.
Em 10 de outubro de 1864, chegou a Cuiabá o comandante do vapor
Corumbá, mandado pelo comandante da flotilha com as últimas notícias vin-
das pelo paquete da companhia de navegação do Alto Paraguai, que havia
saído de Montevidéu em 20 de setembro e não trouxera as malas do correio do
Rio de Janeiro. Vieram por ele ofícios reservados de Tamandaré e Viana de
Lima, nosso ministro em Assunção, para o presidente da província, nos quais
essas autoridades o preveniam das ameaças feitas por López e salientavam a
necessidade de se tomarem medidas contra qualquer surpresa.6
“Para a defesa deste vastíssimo território” — escreveu o General Albino
de Carvalho — “limítrofe com duas nações pretensiosas, cujas linhas fron-
teiras têm um desenvolvimento de mais de 400 léguas, havia apenas uma
guarnição de quatro corpos de linha, com pouco mais de mil homens disse-
minados por muitos e importantes pontos, como consta dos mapas existen-
tes no Arquivo do Comando das Armas, e como auxiliar a flotilha composta
dos vapores Anhambaí, Jauru, Corumbá, Alfa, Cuiabá e Paraná (em conser-
to), vapores que V.Exa. conhece perfeitamente.
Isto quer dizer que a província estava desarmada ou indefesa, sendo certo
que esse estado e suas consequências não podem atribuir-se à falta de previsão e
energia do governo local, porque muitos atos oficiais arquivados na Secretaria da
Presidência, de mais de uma administração, provam o contrário.”7
Apesar disso, o general-presidente tomou logo algumas providên-
cias. Fez o Comandante das Armas, Coronel Carlos Augusto de Oliveira,
embarcar imediatamente para a fronteira do Baixo Paraguai (13 de outu-
bro de 1864), “com a pouca força de linha existente na capital que então
pode acompanhá-lo”, seguida “dentro de três dias pela restante”. Ordenou
226 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

que os vapores da flotilha Jauru e Corumbá e o novo Cuiabá fossem armados


do melhor modo possível e “seguissem a estacionar próximo do Forte de
Coimbra, para auxiliar a defesa deste e cobrir as povoações de Albuquerque
e Corumbá”. Convocou 231 guardas nacionais para fazer o serviço de guar-
nição da capital e de vários pontos da Província, em vista “da ausência da
força de linha.”
“Esta força, apesar de todos os sacrifícios” — escreve o Presidente —
“não pôde elevar-se a 600 praças de todas as armas nas fronteiras do Baixo
Paraguai e Miranda, não obstante deixar de enviar para ali somente os des-
tacamentos das fronteiras de Vila Maria e Mato Grosso, aliás bem pequenos,
e os de Santana do Paranaíba, Rio Grande, Sangradouro, Estiva, S. Louren-
ço e Taquari, também muito pequenos, por entender que semelhante retira-
da traria inconvenientes de grande alcance.”
De tudo isso deu Albino de Carvalho notícia imediata ao ministro da
Guerra por intermédio de um próprio, o alferes do Batalhão de Caçadores
Manuel Estêvão de Andrade Vasconcelos, que só em 21 de dezembro de 1864
chegou ao Rio de Janeiro. Nessa ocasião, também solicitou recursos mone-
tários, visto encontrar-se nos maiores apuros “por falta de dinheiro nos
cofres da Tesouraria, nos quais apenas havia pouco mais de 7 contos de réis,
sujeitos a dívidas que montavam a muito mais”.
Em consequência das ordens recebidas, o comandante das Armas des-
ceu para o Baixo Paraguai e colocou no Forte de “Coimbra quase todo o
Corpo de Artilharia da província. Antes havia nela uma guarnição formada
de um capitão de Estado-Maior, dois subalternos e 40 praças do dito corpo.
Deixou em Corumbá o 2o Batalhão de artilharia e foi à Vila de Miranda,
para onde encaminhou o casco do Batalhão de Caçadores, “a fim de servir
de apoio ao 7o da Guarda Nacional, que deveria por-se em atividade”.
Chamou a essa vila o Tenente-Coronel José Dias da Silva, comandante do
Corpo de Cavalaria e da Fronteira de Miranda, e conferenciou com ele.
Depois regressou a Corumbá, onde fixou o seu quartel-general e “se colocou
em observação”.
Todas essas providências estavam tomadas em fins de dezembro de 1864.
Resumindo, podemos dizer que era este, em linhas gerais, o nosso
dispositivo:
a) No Forte de Coimbra: o grosso do Batalhão de Artilharia da Província.
b) Em Corumbá: o grosso do 2o Batalhão de Artilharia.
CAPÍTULO IV 227

c) Em Vila de Miranda: o casco do Batalhão de Caçadores.


d) Em Nioaque: o grosso do Corpo de Cavalaria.
A expedição fluvial de Barrios subiu o Rio Paraguai em direção ao seu
primeiro objetivo: o Forte de Coimbra. O comandante deste era antes o
Capitão Benedito de Faria, mas logo que ali se apresentou o Tenente-Coro-
nel Pôrto Carrero, comandante do Batalhão de Artilharia de Mato Grosso,
assumiu ele o comando da posição. A guarnição militar do forte contava,
além de Pôrto Carrero e de Faria (XCII), 10 oficiais, 1 cirurgião, 9 sargentos
e 93 cabos e soldados, ou ao todo 115 homens.8
Pôrto Carrero havia estado alguns anos antes no Paraguai como ins-
trutor do exército de López.9
O Forte de Coimbra foi construído no sopé de uma montanha que
avança até o lado do rio e ainda hoje não tem nenhum valor como obra
defensiva. O seu perfil é de tal natureza que quase todo o seu interior fica
exposto às vistas e aos tiros diretos do inimigo. (XCVI)
Rio Branco descreve-o com perfeita exação nestas linhas:
“Coimbra é dominada por duas eminências a cavaleiro, uma à mar-
gem direita, pela retaguarda das fortificações, e outra à margem esquerda,
pela sua frente. Esta última é conhecida pela denominação de Morro Gran-
de ou da Marinha, e havia sido fortificada ligeiramente pelo Chefe da Esqua-
dra Leverger quando em 1855 estivemos a ponto de romper com o Paraguai.
O forte, que era de figura irregular, estava assentado na base da íngre-
me montanha da direita, de sorte que apenas as baterias que davam sobre o
rio tinham a conveniente altura, e esta ia diminuindo à proporção que a
muralha se afastava da margem. Como o terreno se eleva consideravelmen-
te, construíra-se no fundo do forte uma simples muralha ou parapeito aber-
to em seteiras, com uns cinco pés de altura, o qual subia pela montanha e
fechava, entre a plataforma do forte e o cimo do cerro, um espaço não pe-
queno de ladeira. Para se chegar das baterias à extremidade superior desse
parapeito, que ficava em nível muito mais alto que as baterias, abriram-se
em muitos lugares degraus no solo.”
Na manhã de 26 de dezembro de 1864, conta Barrios em sua parte
que fundeou ao sul do forte e mandou desembarcar imediatamente parte
de suas forças na margem esquerda do rio, para proceder a um reconheci-
mento, “ocupando as posições estratégicas mais importantes que deveriam
servir de ponto de operações à divisão expedicionária e de onde poderiam
228 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

bombardear com vantagem”. Às 5h da manhã de 27 de dezembro, depois de


dissipada a forte cerração reinante, as sentinelas do forte avistaram vapores
fundeados a uma légua a jusante dele.
Pôrto Carrero ordenou que fossem ocupados os postos de combate.
A sua limitada guarnição deu apenas para guarnecer 5 bocas de fogo com 35
homens, 6 banquetas com 40 e as seteiras da 2a bateria com 80.10
Às 8h30min da manhã, chegou em um escaler um oficial parlamentário,
com uma intimação escrita de Barrios para a rendição dentro de uma hora.
Pôrto Carrero recusou submeter-se dizendo que, a não ser por ordem
superior, só entregaria o forte pela sorte das armas.
Pareceu-lhe indispensável levar, sem detença, ao conhecimento do Co-
mandante das Armas da Província o que estava ocorrendo e por isso expe-
diu logo o Jauru para Corumbá. Remeteu a intimação do chefe paraguaio e
uma cópia da sua resposta.
“Depois disso” — escreve ele em sua parte — “o inimigo desembarcou
tropas nas duas margens do rio e começou a bombardear o forte com os seus
vapores e baterias flutuantes tão de longe, que seus projetis apenas alcança-
ram a meia distância.11
O forte conservou-se à vista disso calado, como lhe cumpria, até que o
inimigo se aproximasse.”
A força paraguaia que havia posto pé em terra na margem esquerda
do rio avançou, encobrindo-se com o mato, e foi tomar posição na fralda do
morro da Marinha. Constava, segundo Rio Branco, de infantaria e de duas
baterias de artilharia (12 peças).
Antes de iniciado o bombardeio paraguaio, a Anhambaí desceu o rio,
passou por diante do forte e foi metralhar o inimigo, que estava em marcha
de aproximação pelas margens.
Às 2h da tarde, o forte abriu fogo, tanto de artilharia como de infantaria.12
O inimigo já se havia aproximado da orla de mato que o circunda e
atirava dai, naturalmente para preparar o assalto.
A luta durou ininterruptamente até as 7h30min da noite sem que os
atacantes lograssem o seu intento, pois foram sempre repelidos.
Barrios reembarcou à noite o pessoal, que havia desembarcado na
margem direita.
Pôrto Carrero só dispunha de 12.000 cartuchos embalados: no fim do
primeiro dia de combate, apenas lhe restavam 2.500. Na noite de 27 para 28,
CAPÍTULO IV 229

empregou todas as mulheres homiziadas no forte, em número de 70, na


fabricação de cartuchame. No dia seguinte, dispunha de 6.000 e tantos cartu-
chos. Foi necessário transformar, comprimindo-as com pedras, as balas de
alarme 17 a fim de poderem servir nas espingardas Minié. (XCVII)
No dia 28 o inimigo voltou à carga. Fez novo desembarque na mar-
gem direita e renovou o bombardeio, tentando abrir brecha para o assalto.
Lutou-se assim pelo fogo das 7h da manhã às 2h da tarde.3 A esta hora,
as tropas atacantes avançaram “por quatro sendas diferentes abertas sob o
fogo do forte” e tentaram várias vezes o assalto, mas foram sempre rechaçadas.
Apenas oito paraguaios lograram transpor o parapeito, porém todos pere-
ceram, salvo um que ficou prisioneiro.
“O inimigo vinha a cada momento ao parapeito” — lê-se na parte de
Pôrto Carrero — “e era repelido com valor provocado pelos vivas e gritos
desordenados de — rendam-se — os quais eram correspondidos pelos nos-
sos soldados com vivas ao Imperador, ao Brasil e ao Corpo de Artilharia de
Mato Grosso.”14
Às 7h da noite, Pôrto Carrero mandou sair duas partidas que explo-
raram o terreno vizinho e recolheram armas e feridos do inimigo; uma foi
dirigida pelo Capitão Antônio José Augusto Conrado (XCVIII) e outra pelo
2o Tenente João de Oliveira Melo. Foram assim trazidos para o interior, e
convenientemente tratados, 18 feridos e arrecadadas 85 armas. O número
de mortos no exterior parecia superar a 100.
Como houvesse gasto nesse dia 5.000 tiros e só lhe restassem 1.000,
reuniu Pôrto Carrero um conselho de oficiais, a que também compareceu o
comandante do Anhambaí, para deliberar sobre a situação. Decidiu-se aban-
donar o forte em vista da falta de munição de infantaria.
Nessa mesma noite, toda a guarnição embarcou no Anhambaí e se
dirigiu para Corumbá. Ficaram no forte os 18 feridos paraguaios.
Na manhã de 29, os atacantes perceberam que a posição estava aban-
donada e nela se instalaram.
Os brasileiros não tiveram um só ferido nos dias 27 e 28. Os paraguaios
confessaram pelo jornal Semanario ter perdido 42 mortos, 164 feridos e um
prisioneiro (207 homens). Thompson declara que perda deles foi de 200
homens, mortos e feridos.
Entre estes contava-se o Sargento-mor González, comandante do 6o
batalhão, que dirigiu o assalto.15
230 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

O ataque do Forte de Coimbra pelo Coronel Vicente Barrios dá teste-


munho desfavorável de sua capacidade militar. Compreende-se que não
houvesse conseguido apoderar-se do forte nos dias 27 e 28, mas não há justi-
ficação para a sua inércia diante do Anhambaí. Não lhe acudiu à mente a
ideia oportuna de atacá-lo com os seus navios e de colocar ao menos alguns
deles à montante do forte para cortar a retirada dos defensores.
Quando subia o rio, o Anhambaí encontrou a 13 léguas de Coimbra o
Jauru e o Corumbá, que vinham de Corumbá, sob a direção do comandante
da flotilha, com um reforço, já agora inútil, de dois oficiais e 50 artilheiros,
expedido pelo comandante das Armas logo depois de receber a notícia leva-
da pelo Jauru do próximo ataque dos paraguaios. Os três vapores dirigi-
ram-se a Corumbá, deixando, porém, o Anhambaí na povoação de Albu-
querque,16 parte da força que transportava.17
A notícia do primeiro ataque dos paraguaios em Mato Grosso causou
pânico. O Coronel Carlos Augusto de Oliveira, Comandante das Armas,
que se encontrava, como sabemos, em Corumbá, resolveu abandonar esse
ponto. Em 2 de janeiro de 1865, ou justamente no dia em que tomávamos
Paysandu de combinação com Flores, ele embarcou toda a tropa de que
dispunha no Anhambaí no Jauru, na escuna argentina Jacobina e em várias
lanchas e avançou pelo rio acima na direção de Cuiabá. Com os militares
seguiram também muitos dos habitantes de Corumbá.
Depois de se apossar do Forte de Coimbra, Barrios prosseguiu para
o norte pelo rio. Na manhã do dia 1o de janeiro de 1865, aportou a Albu-
querque, que encontrou abandonada. Mandou o Rio Apa reconhecer a foz
do Miranda (Mbotetey), onde nada se achou de anormal. Às 5h30min da
tarde de 2 de janeiro continuou a viagem, tendo antes deixado em Albu-
querque uma pequena guarnição sob o comando do 2o Tenente Félix Vera.
Na tarde do dia seguinte, efetuou um desembarque a menos de duas léguas
de Corumbá. Na manhã do dia 4, lançou para a frente quatro companhias
sob o comando do Capitão Fleitas, as quais chegaram sem dificuldade a
Corumbá, já evacuada pela tropa brasileira, e dela se apossaram.
Sabendo da subida das embarcações que levaram os brasileiros, man-
dou Barrios persegui-las pelo Yporá e Apa, sob o comando do 1o Tenente
da Marinha André Herreros. Receoso de que pudesse haver grande resis-
tência em Dourados, reforçou-os depois com o Tacuarí e o Marquês de
Olinda. O grosso da tropa que abandonara Corumbá era formado dos
CAPÍTULO IV 231

dois corpos de artilharia (2o Batalhão de Artilharia a pé e Corpo de Arti-


lharia de Mato Grosso). Aquele ia quase todo no Anhambaí e este na escu-
na Jacobina.18
Como era natural, o Anhambaí e o Jauru procuraram avançar rapi-
damente. Ao chegarem ao porto do Sará, na margem direita de S. Louren-
ço, desembarcaram o Tenente-Coronel Carlos Augusto de Oliveira, Co-
mandante das Armas, o Coronel Camisão, Comandante do 2o de Artilha-
ria, a maior parte deste corpo, guardas nacionais, empregados da Alfân-
dega de Corumbá, famílias (cerca de 500 pessoas). O Jauru continuou a
viagem em direção a Cuiabá, e o Anhambaí voltou águas abaixo para ir
auxiliar a Jacobina e diversas canoas em que vinham os demais fugitivos.
A Jacobina conduzia, como vimos, grande parte da antiga guarnição
do Forte de Coimbra. Do Anhambaí, passou para ela pouco depois da par-
tida de Corumbá e a pedido dos seus comandados o 2o Tenente João de
Oliveira Melo e mais o 2o Tenente Antônio Paulo Correia e o Sargento Quar-
tel-Mestre Antônio Batista da Cunha. O 2o Tenente Oliveira Melo assumiu
logo o comando desse grupo. A Jacobina estava encostada à margem direita
do rio; Melo mandou carnear; embarcou em um escaler e voltou a Corumbá
para tomar certas providências. Às 5h30min da tarde, regressou e empreen-
deu viagem rio acima. Toda a noite de 2 para 3 puxou a embarcação pela
espia. Continuou assim no dia seguinte até as 3h da tarde e depois até as 5h,
com auxílio do vento. Às 5h45min da tarde o vigia do mastro da proa anun-
ciou que um vapor paraguaio subira o rio e fundeara em Corumbá; às 6h,
que outro vapor fazia o mesmo. Como não houvesse vento, resolveu Melo
desembarcar às 7h30min da noite na margem esquerda do rio. Rodou a
escuna e os escaleres. Às 5h da manhã do dia 4, pôs-se em marcha pelos
pantanais de Corumbá. Às 10h da manhã, viu passar dois vapores para-
guaios, evidentemente os enviados por Barrios sob o comando de Herreros.
Continuou a marcha. No dia 13 chegou à fazenda do Mangabal e aí perma-
neceu até o dia 17.
Os navios paraguaios passaram pela Jacobina já abandonada.19 Her-
reros — diz Barrios em sua parte — mandou guarnecê-la por gente sua e fê-
la descer o rio para Corumbá.
Prosseguindo a viagem, o mesmo Herreros teve vista do Anhambaí
na foz do São Lourenço (6 de janeiro de 1864). Deu-lhe caça. O Yporá
tomou a dianteira na perseguição, que se estendeu por seis léguas.20
232 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

“O Anhambaí” — escreve Castro Menezes em sua parte — “limitou-se


a fazer o fogo que era possível em retirada, mas o único rodízio que algum
dano fazia ao inimigo ao décimo-terceiro tiro desmontou-se, e assim, sendo
abordado por um dos vapores que de mais perto o seguia, em uma das voltas
mais estreitas do rio, e também impelido pela correnteza das águas, foi sobre
a barranca e nessa ocasião saltou em terra quase toda a guarnição, sendo a
maior parte de menores do corpo de imperiais, o que era de esperar a vista
da força do inimigo que os atacava.”
Morreram nessa ocasião o comandante do navio, Piloto José Israel
Alves Guimarães, o Comissário Fiuza e o Dr. Albuquerque.21 Os paraguaios
afirmam só haver perdido o 2o Tenente de Marinha Gregorio Benitez.
A captura do Anhambaí deu-se às 2h30min da tarde de 6 de janeiro,
perto do Morro do Caracará.22
Herreros avançou com a sua presa até o porto do Sará, no Rio S. Lou-
renço, sem dúvida na esperança de encontrar aí a gente que tinha desembar-
cado com o comandante das Armas; mas, lá chegando, verificou que toda
ela já se havia retirado para uma fazenda do interior.
Mandou o Apa explorar até o S. Bento. Vendo que lhe faltava água para
ir mais longe, retrocedeu com o Anhambaí e o Apa até o porto de Dourados,23
onde encontrou o Tacuarí e o Marquês de Olinda.24
Providenciou para pôr a bordo tudo quanto lhe pudesse ser útil. Esta-
va empenhado nessa tarefa, quando foi vítima de uma explosão de pólvora,
que por descuido no transporte havia sido em parte derramada pelo chão
(10 de janeiro de 1865).
Barrios mandou postar uma guarda na foz do Miranda, naturalmen-
te porque foi informado de que as comunicações do sul e de uma parte de
leste da província vinham para a vila de Miranda, daí desciam pelo rio desse
nome e alcançavam afinal Cuiabá ou Corumbá pelo Rio Paraguai.25

* * *
Antes de passar a outro teatro, convém referir a peregrinação dos dois
grupos de tropas que desembarcaram respectivamente em Sará e nas ime-
diações da fazenda do Mangabal, aquele sob a direção do comandante das
Armas e este do 2o Tenente Oliveira Melo.
O primeiro alcançou Cuiabá no dia 6 de março de 1865, depois de ter
atravessado em canoas os pantanais do Rio S. Lourenço e Cuiabá. Constava
CAPÍTULO IV 233

de 162 praças do 2o Batalhão de Artilharia a pé e de outros corpos da provín-


cia. Em fins de abril, chegou um subgrupo (57 praças do mesmo batalhão)
dirigido pelo 2o Tenente Luciano Pereira de Sousa.26
Vejamos agora as peripécias do segundo grupo, conduzido pelo 2o
Tenente Melo.
Deixamo-lo, no dia 17 de janeiro de 1865, acampado na fazenda do
Mangabal. Daí deslocou-se para uma légua adiante. Em 24 afastou-se da
força para ir à fazenda de Salvador Correia da Costa, onde esperava obter
gêneros. Tinha ainda em mente saber se seria possível alcançar o porto de
Dourados para conseguir cartuchame, pois lhe constava que esse porto já
fora abandonado pelos paraguaios. “Dessa diligência” — escreveu ele — “ne-
nhum resultado colhi, pois que nessa ocasião o referido porto já se achava
novamente ocupado.” Ao aproximar-se no dia 25 da fazenda do Mangabal,
soube que estava ocupada por um destacamento de 300 paraguaios, ao man-
do de um capitão. Entretanto, sua gente havia debandado diante dessa ame-
aça. Começou a reuni-la de novo; no dia 13 de fevereiro, tinha-a conseguido
com o extravio apenas de quatro homens. No dia 14, continuou a retirada
subindo o Rio Taquari em um batelão e duas montarias. Seu grupo numera-
va então 479 pessoas (soldados, mulheres e crianças). No dia 26, chegava à
fazenda Bracinho, na margem esquerda do Paraguai, onde se reabastecia.
Continuou por terra. Passou em S. Bento, Gonçalves, Piquiri, Santa Luzia,
Corrente, Santo Antônio do Paraíso, Itiquira, Peixe do Couro, S. Lourenço,
Tamandaré, Rebojo Itacolomi, Aricá de Vila Mendes, Aricá e Coxipó (CI).
No dia 30 de abril de 1865, entrava em Cuiabá. Trazia consigo, além dos
paisanos, 230 praças de todos os corpos de guarnição na província, 4 presos
de justiça, 2 guardas da alfândega e 1 amanuense de polícia.
Além desses, dois grupos de retirantes, houve ainda um terceiro, diri-
gido pelo Capitão Antônio Maria Coelho, constituído de gente que evacuou
Albuquerque (CII).
Vimos que, segundo confirma Rio Branco, o Anhambaí desembarcou
nesse porto uma parte da força que levava.
Qual o seu número? Não pude sabê-lo.
Quando Barrios saiu de Coimbra para Corumbá, verificou que
Albuquerque estava abandonada e mandou ocupá-la pelo Alferes Félix Veras,
naturalmente com um contingente cujo efetivo não menciona. Em parte
dirigida ao comandante das Armas (3 de março de 1865), diz o Capitão
234 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Maria Coelho que se apresentou a essa autoridade, em Corumbá, no dia 2 de


janeiro de 1865, e saiu dali para Albuquerque, a fim de cumprir o que ela lhe
havia ordenado, no mesmo instante em que o Anhambaí zarpava para
Cuiabá. Em caminho, encontrou o pequeno destacamento daquela Fregue-
sia e fê-lo voltar.
Que missão era a sua? Não o explica. Talvez a de encaminhar a fração
de tropa deixada atrás pelo Anhambaí.
Chegando à missão do Bom Conselho, teve notícia de que o povo
estava reunido no lugar denominado Morro Grande. Para lá se dirigiu.
Encontrou quase todo esse povo e índios da Freguesia. Informaram-no de
terem os paraguaios incendiado a Freguesia e Aldeia dos Guanás. Como a
pouca distância ficavam vários estabelecimentos particulares, abasteceu-se
neles. Mandou vigiar diariamente os paraguaios e preparava-se para lhes
dar uma assaltada em ocasião oportuna. Na manhã de 11 de janeiro, soube,
porém, que os referidos estabelecimentos tinham sido varejados e ocupados
pelos paraguaios, e, na noite desse mesmo dia, que o Anhambaí fora captu-
rado. A vista disso levantou acampamento com o objetivo de alcançar o
núcleo colonial do Taquari (Coxim). Sua comitiva compunha-se de cerca de
300 almas. Atravessou o Paraguai na noite de 12 para 13, em duas pequenas
canoas. Concluiu essa tarefa ao romper do dia 13, no momento em que
desciam o rio dois vapores paraguaios. Em 24 de janeiro, chegou ao lugar
denominado Rio Negro, onde encontrou famílias que vinham da vila de
Miranda, e por elas soube do que se havia passado em Miranda e Nioaque e da
ocupação desses dois portos pelos paraguaios. Em 28 de fevereiro chegava ao
núcleo colonial do Taquari; em 12 de maio, já se encontrava em Cuiabá (CIII).

A expedição terrestre

Cumpre agora relatar o que se passou com a coluna de Resquín, que


invadiu pela fronteira terrestre.27
A Divisão do Norte saiu de Concepción, à beira do rio Paraguai, cami-
nhou no rumo geral de nordeste e penetrou em Mato Grosso atravessando o
Apa em Bela Vista. Enquanto o grosso se dirigia assim à fronteira, uma
flancoguarda, sob o comando do Capitão Martín Urbieta (cerca de 200 ho-
mens de cavalaria, segundo Caballero), avançava pela direita, passava em
Cerro Corá e encaminhava-se pelo Chiriguelo à colônia militar de Dourados.
CAPÍTULO IV 235

Alcançou o território matogrossense em Ponta Porã, cerca de 12 léguas ao sul


dessa colônia, que estava então guarnecida por um pequeno destacamento de 15
homens, sob o comando do Tenente de Cavalaria Antônio João Ribeiro (CV).
No dia 28 de dezembro de 1864, teve esse oficial notícia da aproxima-
ção dos paraguaios; em vista disso ordenou que os poucos habitantes da
colônia, velhos, mulheres e crianças, a abandonassem, declarando-lhes que
ali ficava para morrer no seu posto. Enviou a notícia da invasão ao coman-
dante da Colônia de Miranda e ao Tenente-Coronel Dias da Silva, que se en-
contrava em Nioaque com o seu corpo de cavalaria. A este último escreveu a
lápis o seguinte bilhete:
“Sei que morro, mas o meu sangue, e o de meus companheiros, servirá de
protesto solene contra a invasão do solo de minha pátria.”28
No dia 29 de dezembro, Urbieta aproximou-se de Dourados, ao que ele
afirma sem ser pressentido. Logo que o foi, ouviu “um curto toque de chama-
da”; o Comandante, Tenente Antônio João, “adiantou-se com alguns homens”,
todos armados, prontos a resistir. O Tenente Manuel Martínez, incumbido de
levar o ataque, intimou-o a render-se, porém, o comandante brasileiro res-
pondeu que, se lhe apresentassem ordem do Governo imperial, se renderia,
mas sem ela não o faria de modo algum. Com essa resposta travou-se logo o
combate, sendo mortos aos primeiros tiros o Comandante de Dourados,
Tenente Antônio João Ribeiro, e mais dois indivíduos. Os restantes fugiram
para o mato do arroio, de onde foram retirados 12, inclusive um cabo e um
soldado feridos; os demais da guarnição escaparam com o 2o comandante.29
Nesse mesmo dia 29 de dezembro, Resquín transpunha, ao pôr do sol, o
Rio Miranda e entrava na colônia desse nome, que achou deserta.
No dia 31 prosseguiu para Nioaque, levando uma vanguarda sob o
comando do Capitão Blas Rojas. Três léguas adiante de Miranda — conta
ele em sua parte — esse capitão participou-lhe estar à vista uma coluna de
cavalaria de 200 a 300 homens.
Deu-lhe ordem que acelerasse a marcha e fosse batê-la. Era o corpo de
cavalaria do Tenente-Coronel Dias da Silva que os paraguaios defrontavam.
Sabemos que o comandante da fronteira de Miranda se encontrava
em Nioaque com a sua unidade. No dia 30 de dezembro, chegou-lhe a no-
tícia de que na véspera duas grandes forças paraguaias haviam tomado
respectivamente as colônias de Dourados e Miranda. Lançou para a frente
uma descoberta (um alferes e seis praças) e preparou-se para marchar com o
236 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

seu regimento na direção do sul. Fê-lo quatro horas depois. Logo que trans-
pôs o Rio Nioaque, mandou avançar a vanguarda (1 alferes e 20 praças), sob
o comando do Capitão Pedro José Rufino (CVI). O seu efetivo total não
excedia de 130 praças, inclusive alguns paisanos. Às 8h da manhã de 31,
chegou com o grosso ao Rio Desbarrancado. A vanguarda detivera-se na
margem oposta do Rio Feio, meia légua adiante do Desbarrancado. Soube
por ela que o inimigo estava do outro lado do Feio. Reuniu-se à vanguarda.
Aí recebeu “um recado do comandante da força inimiga, em que ele lhe fazia
conhecer o desejo de falar-lhe sobre negócios de paz”. Transpôs o Feio e
aguardou do outro lado o referido comandante. Como este não viesse, man-
dou-lhe um bilhete a lápis, cientificando-o de que “nutria iguais desejos, a
fim de explicar-lhe as instruções que tinha do seu governo sobre o fato de
que se ocupavam”. Recebeu esta resposta escrita de Resquín:

Sr. comandante da força brasileira.


Será inútil a sua entrevista comigo, e devo intimar-lhe a rendição, com
toda a sua força, dentro de meia hora, do contrário será perseguido com os
rigores da guerra.
Sou de V. S. S. S.
Francisco I. R.

Dias da Silva respondeu, também por escrito, nestes termos:

Illmo. Sr. Cmt. das Forças Paraguaias.


Recebi a sua contestação sobre a minha proposição; não me posso render
na meia hora precisa, como deseja, porque também tenho força para defender-
me; e quanto à sua entrada no território brasileiro, protesto contra ela, do que
tudo vou levar ao conhecimento do meu governo.
Aproveito esta ocasião para manifestar-lhe a minha consideração.
Rio Feio, 13 de dezembro de 1864.
José Antônio Dias da Silva
Tenente-coronel comandante.

Entrementes, tinha Resquín mandado abrir picadas no mato em dire-


ção ao passo. Depois da recusa de Dias da Silva, iniciou o ataque com um
tiro de canhão. Alguns dos seus esquadrões atiraram-se contra o passo e
CAPÍTULO IV 237

transpuseram-no. Os brasileiros retraíram-se, combatendo, para detrás do


Rio Santo Antônio. Sabendo, porém, que os paraguaios, vadeando esse rio
pela sua esquerda, procuravam passar o Desbarrancado para lhe cortar a
retaguarda, Dias da Silva recuou daquela posição para o dito Desbarran-
cado, que transpôs e cuja ponte em seguida inutilizou sob o fogo do inimigo.
Foi nesse último lance que ele percebeu ter diante de si, segundo afirma, uma
força invasora de uns 2.000 homens, composta das três armas combatentes.
Resquín diz em sua parte ter cessado a perseguição no Desbarrancado,
por causa da destruição da ponte e “para não fatigar inutilmente os cavalos.
Também afirma que, além do grupo brasileiro que retirou pela ponte do
Desbarrancado, houve outro que seguiu direção diferente e foi perseguido
(por dois oficiais e 65 praças) e acometido, deixando no campo 57 mortos e
um oficial, bem como 13 prisioneiros, 31 cavalos e 8 mulas. Dos seus só teve
Resquín um soldado morto e dois feridos”.
Dias da Silva escreve em sua parte:
“Tenho apenas a lamentar a morte de dois cabos, dois soldados e um
paisano no ato do fogo, porém o mau estado da cavalhada, magra e cansada
da viagem forçada que acabava de fazer, ocasionou o extravio de maior parte
da força, da qual poucos se têm reunido ao corpo posteriormente.”30
Terminada a refrega, Resquín foi acampar a légua e meia, provavelmente,
do local em que ela se deu. No dia seguinte (1o de janeiro de 1865), avançou
quatro e meia léguas e deteve-se para estacionar à margem do Arroio Pequeno.
No outro dia (2), caminhou três léguas, passou o Arroio Ponte e, andando mais
duas léguas, alcançou o Arroio Miranda. Transposto esse arroio, fez avançar o
Capitão Rojas com dois esquadrões e com essa força tomou conta de Nioaque,
que estava abandonada. Ele próprio foi acampar com o grosso em frente à vila.
Os habitantes haviam fugido, uns para a vila de Miranda, descendo o
rio desse nome, e outros para cima do planalto de modo a ganhar os campos
do Brilhante e da Vacaria.
Do Desbarrancado o Tenente-Coronel Dias da Silva retraiu-se para
Nioaque e daí para a vila de Miranda. Sabendo que Resquín lhe vinha no
encalço, adiantou-se até essa vila, deixando atrás a pouca força de que dispu-
nha com o Capitão Pedro José Rufino, “para vir retirando com o vagar que
permitiam os cavalos”.
Em Miranda tomou as providências necessárias para a próxima eva-
cuação da localidade. Estava ali, como sabemos, o casco do Batalhão de
238 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Caçadores, sob o comando do Capitão Manuel Alves Pereira da Mota (CVII).


Dias da Silva resolveu que as duas unidades (o seu corpo e o batalhão de
caçadores) seguissem com os respectivos arquivos para o lugar denominado
Salobra, três léguas à jusante da vila de Miranda. Ali ficariam “a salvo de
qualquer perseguição do inimigo e poderiam esperar socorros de Corumbá”.
No dia 14 de janeiro, saiu de Miranda, naturalmente descendo o rio
desse nome, para ir conferenciar com o comandante das Armas, então em
Corumbá, e providenciar sobre a retirada de toda a sua força para Albu-
querque. Deixou em Miranda para substituí-lo, com as devidas instruções,
o Major do batalhão da Guarda Nacional Caetano da Silva Albuquerque.31
Às 4h da manhã de 5 de janeiro, encontrou-se com uma parada32 que
trazia um ofício do comandante das Armas, datado de 28 de dezembro, no
qual essa autoridade lhe comunicava o ataque ao Forte de Coimbra pelos
paraguaios e lhe fazia recomendações sobre a defesa da fronteira. Por outro
lado, o encarregado da parada, o Cabo de Cavalaria Marciano de Oliveira,
contou-lhe que, quase ao chegar à foz do Aquidauna, fora chamado a bordo
do Anhambaí, que subia o Paraguai com a guarnição do Forte de Coimbra,
e ali informado do abandono do forte. Embora tivessem procurado dissua-
di-lo de continuar a avançar pelo rio, em vista do perigo a que se expunha de
ser alcançado pelos vapores paraguaios, resolvera prosseguir a viagem com
as duas praças que o acompanhavam na parada, a fim de cumprir pontual-
mente a sua missão.
Dessa forma, compreendeu logo Dias da Silva que já não tinha o ca-
minho livre para uma retirada que o pusesse em contato com o comandante
das Armas, nem mesmo para se avistar com esse comandante. Decidiu por
isso retroceder para a vila de Miranda e dar nova direção ao recuo de sua
força. Chegou ali às 6h da manhã do dia 5.
A situação, porém, tornava-se cada vez mais premente; constava que
os paraguaios se achavam em marcha para a vila e distantes apenas poucas
léguas. O corpo de cavalaria, bem como as bagagens e o arquivo do bata-
lhão de caçadores já haviam seguido para Salobra. Dias da Silva ordenou a
retirada imediata desse batalhão para o passo do Aquidauna e mandou
ordens ao corpo de cavalaria em Salobra, para retirar de lá e se lhe juntar na
estrada desse passo, o que fez quase todo. “Da força do corpo” — escreve Dias
da Silva — “seguiram por estrada diversa, seduzidos pelo 1o Sargento Elias
Leite de Alexandre, 40 e tantas praças, que me consta haverem tomado a
CAPÍTULO IV 239

direção de Coxim; assim como foram desviados em marcha, tomando estra-


da diferente, o sargento ajudante, 16 praças do batalhão de caçadores, que
suponho haverem tomado a estrada do Daboco (Taboco?), por onde se
assoalhou a nossa retirada.”
Do passo do Aquidauna, Dias da Silva dirigiu-se, com o que pode reu-
nir dos dois corpos, para Santana do Paranaíba. No dia 31 de janeiro de 1865,
encontrava-se acampado em Camaquã, em 17 de fevereiro chegava à fazen-
da Campo Alegre, a oeste de Santana do Paranaíba.33 As suas unidades esta-
vam convertidas em esqueletos; o corpo de cavalaria contava 10 oficiais e 27
praças e o batalhão de caçadores, 12 oficiais e 51 praças. Ao todo 100 homens!
De Nioaque avançou Resquín para a vila de Miranda. Em caminho se
lhe reuniu Urbieta (9 de janeiro), “depois de ter percorrido, sem encontrar
obstáculo, os campos regados pelos afluentes dos rios Dourados e Brilhante
aprisionando e afugentando os seus moradores.34 No dia 12 de janeiro, acam-
pou a uma légua da vila, junto ao Arroio Vilasboa, depois de sete e meio dias
de marcha”.
Miranda estava abandonada.35 Com a notícia da próxima chegada
dos paraguaios, a população fugiu espavorida, escondendo-se no mato ou
dirigindo-se a Salobra.
“Deste ponto” — conta Taunay — “muitas famílias tomaram a pé,
cortando campos, rumo à Serra de Maracaju, distante 20 léguas; outras
alcançaram, em canoas e barcaças, descendo o Rio Miranda, a embocadura
do Aquidauna e por este subiram até umas 10 léguas daquela serra, cujas
anfractuosidades e espaçosa chapada se tornaram o lugar de seguro refúgio
de quase todos.
Foram os kinikinaus” — escreve ainda o mesmo autor — “os primeiros
que subiram a Serra de Maracaju, pelo lado aliás mais íngreme, e se estabele-
ceram na belíssima chapada que coroa aquela serra de grés vermelho (CVIII).
A esse planalto, por caminhos diversos, foram chegando outros fugi-
tivos; entretanto, como ele era coberto, em quase toda a superfície, de mato
vigoroso, esplêndida floresta virgem, cortada aqui e ali de limitados des-
campados, vários núcleos se formavam sem que comunicassem logo uns
com os outros”... “Também não tardou que toda a colônia foragida e ali
localizada, de mistura com os índios, gozasse de bastantes recursos para
considerar de ânimo mais calmo as desgraças do presente e poder, com paci-
ência, esperar dias melhores”... “Nos múltiplos pontos da Serra de Maracaju,
240 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

em que havia moradores mais ou menos aglomerados, e que tomaram nome


de acampamentos, constituíram-se ranchos vastos e cômodos, e pouco a
pouco regularizou-se o modo de viver”... “Entretanto, a nomeada da fartura
alcançada nos morros fora para lá atraindo todos os fugidos do distrito de
Miranda, de maneira que, em fins de 1865, estavam eles na quase totalidade
reunidos naquela fértil e salvadora chapada.”36
Depois de abandonada pelos brasileiros a vila de Miranda, os índios
da vizinhança nela penetraram e a saquearam, apoderando-se do arma-
mento que puderam encontrar. Parece que seu primeiro pensamento tinha
sido colaborar na defesa, mas verificando que todos se haviam retirado,
mudaram de resolução e passaram ao saque.37
De Miranda lançou Resquín um destacamento para o norte, contra
Coxim; segundo ele declarou, em obediência a uma ordem de López. Com-
punha-se de 300 homens de cavalaria, sob o comando do Capitão Juan
Bautista Agüero.
No dia 24 de abril de 1865, esse oficial alcançou Coxim, também co-
nhecido pela denominação de Núcleo Colonial do Taquari.
“Só tínhamos aí sete praças” — escreve Rio Branco — “que se retira-
ram, aos primeiros tiros, com o diretor da colônia, Capitão reformado
Antônio Pedro dos Santos. No dia 30, os paraguaios abandonaram esse
porto, depois de terem caminhado umas sete léguas para diante pelo cami-
nho do Piquiri a Cuiabá.”38
Pela narrativa que acabo de fazer, vê-se que os dois corpos de artilharia
que se encontravam à beira do Paraguai (em Coimbra e Corumbá) retraíram-
se pelo rio e afinal recolheram-se a Cuiabá pelo pantanal, e que dois outros
corpos da província (batalhão de caçadores e corpo de cavalaria), respecti-
vamente estacionados em vila de Miranda e Nioaque, retiraram-se por sua
vez na direção de leste, ou mais precisamente para Santana do Paranaíba.
Destarte ficou desemparada toda a região meridional da província e
não é, portanto, de admirar que Resquín avançasse até Coxim sem encon-
trar a mínima resistência, perturbando por algum tempo as comunicações
de Cuiabá com o Rio de Janeiro.39

* * *
Resta-me explicar qual a repercussão desses acontecimentos na capi-
tal da província. No dia 6 de janeiro de 1865, soube-se em Cuiabá da evacua-
CAPÍTULO IV 241

ção do Forte de Coimbra. O Jauru, chegado no dia 9, deu notícia, colhida


dos índios, de que os campos de Miranda tinham sido talados e a vila desse
nome e a povoação de Nioaque incendidas.
A inquietação foi geral. Temeu-se logo pela sorte que talvez aguardas-
se a sede do governo.
Receoso de que os paraguaios continuassem livremente pelo rio aci-
ma, o General Albino de Carvalho chamou a serviço os lo, 2o e 3o batalhões
da Guarda Nacional e criou, sob a denominação de Voluntários Cuiabanos,
um batalhão de quatro companhias. Como estava presente o Tenente-Co-
ronel Pôrto Carrero, ex-comandante do Forte de Coimbra, que viera res-
ponder a conselho, nomeou-o comandante da Guarda Nacional e encarre-
gado da defesa da capital.
À medida que os dias corriam, chegavam notícias cada vez mais assus-
tadoras. É assim que se soube do desembarque dos dois corpos de artilharia
na margem do rio, para escapar à perseguição paraguaia.
Nessa emergência, lembrou-se o General Albino de Carvalho de criar
uma posição de barragem nas colinas de Melgaço, sitas à margem do Rio
Cuiabá e 20 léguas à jusante da capital. Segundo Leverger, elas formam o
primeiro ponto sobranceiro à inundação que se encontra, subindo o rio, desde o
pôrto dos Dourados no Rio Paraguai.
A força, porém, que foi prepará-la, logo retirou sem motivo justificá-
vel. Apesar dessa contrariedade, Albino de Carvalho insistiu no seu projeto
e teve a feliz ideia de aceitar o oferecimento que lhe fez dos seus serviços o
chefe de esquadra graduado e reformado Augusto Leverger. Nomeou-o Co-
mandante Superior da Guarda Nacional da província e comandante das
forças terrestres e fluviais incumbidas da defesa da capital.40
Em 20 de janeiro de 1865, Leverger seguiu para ocupar novamente a
posição de Melgaço.
“Ali” — escreveu esse ilustre chefe — “sob a proteção dos nossos pe-
quenos vapores ligeiramente armados e de fortificações passageiras, levan-
tadas à pressa, onde se colocou a pouca artilharia que tínhamos disponível,
estabeleceram-se o 3o Batalhão, destacamento do 1o e 2o da Guarda Nacio-
nal, a Companhia de Artífices e um diminuto contingente de voluntários e
praças de linha, inclusive alguns dos presos de que acima falei.
Não obstante as intempéries da estação e as moléstias que foram apa-
recendo, todos rivalizaram de zelo e dedicação ao serviço durante quatro
242 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

meses que ali estiveram, até que, baixando as águas, se desvanecesse de todo
a probabilidade de ataque pela via fluvial.”
A fim de inspecionar a posição de Melgaço, Albino de Carvalho visi-
tou-a em 3 de fevereiro.
“Havia ali nessa época, como tropa: 500 homens; do 3o da Guarda
Nacional, 98 praças de linha e a Companhia de Artífices (67 praças) guarne-
cendo seis peças de calibre 6 e dois obuses de calibe 4½ polegadas; e como
elemento naval: os pequenos vapores Cuiabá, Corumbá e Jauru, cada um
com dois rodízios; o Alfa e o pequeno Cuiabá da Companhia de Navegação
do Alto Paraguai, sem artilharia.” (CX)
Em 28 de fevereiro, já havia em Cuiabá 970 guardas nacionais e em
Melgaço, 653, afora outros pequenos contingentes em Poconé e na fronteira
de Vila Maria.
Em 12 de maio, já estavam em armas e aquartelados os batalhões da
Guarda Nacional números 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 8.41
Logo que Albino de Carvalho soube da ocupação de Coxim, tratou
de precatar-se desse lado; organizou uma divisão de operações de 2.000
homens, composta de duas brigadas, uma da força de linha disponível e
outra da Guarda Nacional e mandou-a ocupar um ponto do Rio Aricá “a
fim de opor-se ao inimigo quando este tentasse vir pela estrada de Piquiri
a Cuiabá”.
“Mandou mais em seguida” — conta Leverger — “ocupar por um
forte destacamento a difícil passagem do Rio S. Lourenço e estabelecer
comunicação fluvial com este, importante ponto por meio dos nossos pe-
quenos vapores, que, pela Baía de S. Félix, podiam chegar até não grande
distância da referida passagem.”
Infere-se do que acabei de referir que os paraguaios se assenhorearam
do Sul de Mato Grosso, onde implantaram o terror e arrebanharam tudo
quanto lhes poderia ser de proveito. As duas expedições, a fluvial e a terres-
tre, isto é, Barrios e Resquín, não conseguiram chegar a Cuiabá, se é que
tinham essa intenção; não lograram sequer juntar-se na marcha para o nor-
te. A expedição fluvial esbarrou pouco acima do Sará e a terrestre nos pan-
tanais do Piquiri. Em todo o caso, estava realizado o sonho de López; o
terreno que ele pretendia ser paraguaio ficava, embora momentaneamente,
sob o seu incontestável domínio. Suas tropas ocupavam, no Rio Paraguai, o
Forte de Coimbra, Albuquerque, Corumbá e Dourados e, na região entre o
CAPÍTULO IV 243

Apa, a Serra do Amambaí e o Taquari, as colônias de Miranda e Dourados,


e as vilas de Nioaque e Miranda.
Depois de poucos meses, López reduziu o seu exército de ocupação,42
naturalmente porque sabia as dificuldades que os brasileiros teriam de ven-
cer para expulsá-lo e também porque precisava de tropas para as suas ope-
rações do sul. Centurión diz que Resquín estabeleceu o seu quartel-general
em Nioaque.
“O país” — escreve Taunay — “desde os pantanais do Coxim até a
fronteira do Apa, de um lado e de outro, isto é, de oeste a este, desde o Paraguai
até os campos de Camapuã e Vacaria, ficara entregue aos paraguaios, que
rondavam sobretudo a área compreendida entre o povo de Sousa, onde cons-
truíram forte escalada com elevado mangrulho ao lado, Espenidio (CXII),
Forquilha, na confluência dos rios Nioaque e Miranda, Ariranha e Desbar-
rancado, e nesses lugares todos mantiveram, até agosto de 1866, importan-
tes destacamentos de força.
“Por entre as rondas passavam, à noite, os índios, quando desciam da
serra para virem laçar reses na planície e ajoujá-las com mais mansas, tan-
gendo-as assim para o alto dos acampamentos.”
Os paraguaios declararam pelo Semanário ter levado de Mato Grosso
66 peças, a saber: de Nova Coimbra, 37, de Corumbá, 23, do porto de Doura-
dos, 2, e de Miranda, 4. “Como o Anhambaí, tomado pelo inimigo” — ponde-
ra Rio Branco — “montava 2 bocas de fogo, a nossa perda em artilharia foi
de 66 peças. Cumpre, porém, notar” — continua o mesmo autor — “que
muitas delas eram antiquíssimas e pouco serviço poderiam prestar. Em
Coimbra, segundo nos informou o Coronel Pôrto Carrero, não havia 37
peças, mas 31. Destas, apenas 11 estavam montadas em seus reparos e asses-
tadas em bateria (4 peças colubrinas de bronze calibre 24, 5 ditas de ferro de
calibre 30 e 2 ditas de dito calibre 18). Estavam armazenadas e encanteiradas,
por não terem reparos, 8 peças colubrinas de bronze, calibre 32, e dadas em
consumo por inservíveis, e quase todas sem reparos, 12 peças de diversos
calibres, sendo todas de campanha.”
Pelos documentos que pôde haver à mão, calcula Rio Branco que as
nossas perdas na invasão paraguaia (Forte de Coimbra, Colônia de Doura-
dos, porto de Dourados, combate entre o Feio e o Desbarrancado, perda do
Anhambaí) foram de 3 oficiais e 30 soldados ou marinheiros, e 23 soldados
ou marinheiros feridos. Pelo Semanario, os paraguaios tiveram 44 mortes e
244 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

168 feridos, quase todos no ataque ao Forte de Coimbra. A invasão de Mato


Grosso despertou geral clamor no Brasil. Ficou patente o erro de se deixar
em completo isolamento, sem comunicações seguras pelo interior e sem ele-
mentos de defesa, uma província de fronteiras tão extensas e acessíveis. O
Governo imperial esforçou-se em corrigir a sua falta organizando elemen-
tos para expulsar os intrusos. Com esse intuito, ordenou a convocação de
12.000 homens da Guarda Nacional de Minas, São Paulo e Goiás. No dia 1o
de abril de 1865, deram-se os primeiros passos para a constituição do que
se chamou a Coluna Expedicionária de Mato Grosso. Só dois anos depois da
invasão (janeiro de 1867), conforme veremos oportunamente, ela estava
em Nioaque, contando em vez dos 12.000 homens projetados apenas 1.300.
Foi com esse efetivo mesquinho que ela atingiu a linha do Apa e penetrou
ligeiramente no território paraguaio, de onde retirou sem nada haver con-
seguido de frutuoso e apenas escrevendo uma página imorredoura de priva-
ções e de sofrimentos.43
Entrementes, e no intuito de cooperar com ela, partia de Cuiabá, por
via fluvial, outra expedição para libertar Corumbá (junho de 1867). Logrou o
seu intento com brilhante êxito, mas depois de rápida permanência em
Corumbá (de 13 a 24 de junho de 1867), abandonou-a, de novo em vista da
epidemia de varíola que ameaçava dizimá-la e do insucesso da outra coluna
brasileira na fronteira do Apa.
Com o malogro das duas colunas brasileiras votadas à reconquista
dos territórios invadidos, continuou López a dominá-los. Somente depois
que a nossa esquadra forçou a passagem de Humaitá (19 de fevereiro de
1868), subiu até Assunção e ficou, dessa forma, senhora absoluta do Rio
Paraguai, ordenou López às suas forças navais e terrestres de Mato Grosso
que se recolhessem ao território da República. Corumbá foi por elas de-
finitivamente abandonada no dia 3 de abril de 1868. Na descida do rio,
juntou-se aos retirantes o contingente que ocupava Coimbra desde 1864.44
CAPÍTULO V 245

CAPÍTULO V

Desenlace dos acontecimentos na República do Uruguai — A demissão de Rio


Branco —Juízo sobre a nossa intervenção no Uruguai — O comando em chefe
brasileiro durante a nossa intervenção no Uruguai

Desenlace dos acontecimentos na República do Uruguai

Irritado contra o Império pela sua colaboração com Flores, resolveu


Aguirre organizar em Florida uma coluna para ir efetuar um verdadeiro raid
à Província do Rio Grande do Sul. Cuidava que desse modo afrouxaria o
concurso brasileiro aos rebeldes e poderia obrigar pelo menos parte das forças
imperiais a deixar o território uruguaio para correr em defesa do seu país.
Confiou esse raid ao General Basílio Muñoz, sob cujas ordens pôs
cerca de 1.500 homens. Poucos dias depois da tomada de Paysandu, Muñoz
proclamou aos seus soldados:
“Vamos” — disse ele — “pisar o território que o Império do Brasil nos
usurpou. É necessário que, com o nosso valor e patriotismo, reconquiste-
mos o seu domínio, fazendo tremular nele a nossa bandeira e dar liberdade
aos desgraçados homens de cor que gemem debaixo do jugo da escravidão,
o que a humanidade reprova.”
Muñoz avançou na direção de Jaguarão, levando como comandante
de vanguarda o Coronel Timoteo Aparicio. No dia 26 de janeiro de 1865,
deixava Cerro Largo e, no dia seguinte, cruzava no passo da Armada, a
fronteira definida pelo Rio Jaguarão.
“As pequenas guardas nacionais brasileiras que guarneciam esse passo
e outros vadiáveis, do Rio Jaguarão, fugiram comunicando a notícia ao
246 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

comandante dessa fronteira, Coronel Manuel Pereira Vargas. Fora da cidade


de Jaguarão estavam de observação 500 guardas nacionais de cavalaria, os
quais quase surpreendidos, todavia, tiveram tempo de recolher-se à cidade,
tiroteando com o inimigo, que os veio trazendo de marcha batida, até as
10h30min do dia, em que parou às portas da cidade. Dentro desta existiam
apenas 90 infantes de guardas nacionais, e no porto, dois vapores — Apa e
Cachoeira (CXIV) — e um lanchão, da Mesa de Rendas, com uma peça cada
um. O terror das famílias foi enorme. Espavoridas abandonaram as casas e
aglomeraram-se dentro de nove pequenos iates que se achavam também no
porto. Às 11h começou o assalto. Uma divisão oriental ao mando de Timo-
teo Aparicio e Muñoz atacou por três ruas ao mesmo tempo. Recebida ga-
lhardamente pelas forças populares colocadas nas trincheiras e açoteias das
casas, foi rechaçada em desordem. Duas outras divisões, ao mando de Juan
Blaz e Angelo Muniz, que deviam atacar pelos flancos da cidade, não o pude-
ram fazer por causa das balas dos vapores Apa e Cachoeira. Então o inimigo
conteve-se e estabeleceu o sítio à cidade.”1
Muñoz intimou a Vargas a rendição, dando-lhe um prazo até as 2h da
tarde desse mesmo dia. Vargas replicou afirmando que a sua guarnição ja-
mais se renderia.
Sobreveio a noite.
“No outro dia, os atacantes tinham desaparecido, como uma horda
de vândalos, saqueando, incendiando casas, destruíndo tudo o que não po-
diam levar, violentando moças, arrebatando escravos e arrebanhando 309
reses de corte, 270 ovelhas, 2.560 cavalos, 34 mulas, 41 potros, 105 éguas,
prejuízo calculado em 251:631$555, segundo informações dadas à comissão
nomeada pelo comandante da fronteira.2
“A missão de Muñoz” — escreveu um historiador uruguaio — “assi-
nalou-se por atos vandálicos e sangrentos e não teve resultado algum. Muñoz
viu-se forçado a recolher-se ao território nacional.”3

* * *
Enquanto se passavam esses acontecimentos no Estado Oriental, já
sabemos que López rompia brutalmente conosco e invadia a nossa Pro-
víncia de Mato Grosso. Urgia que o Brasil revelasse às nações civilizadas
essa agressão e anunciasse o procedimento que diante dela seria obrigado
a ter dentro em curto prazo. No dia 26 de janeiro de 1865, o Visconde do Rio
CAPÍTULO V 247

Branco enviou uma nota-manifesto ao Governo argentino e ao Corpo Di-


plomático de Buenos Aires, na qual historiava em nome do Governo brasi-
leiro as relações do Império com o Paraguai, os seus esforços para uma solu-
ção amigável da questão de limites e de navegação dos rios comuns e o rom-
pimento iniciado pelo aprisionamento do Marquês de Olinda e a invasão de
Mato Grosso.
“A entrada de um exército brasileiro no território da República do
Uruguai” — lê-se no manifesto — “sem que este praticasse ato algum de
ocupação, serviu, não obstante, de fundamento para que o presidente da
República do Paraguai rompesse as suas relações de paz com o Brasil. A
ameaça de 30 de agosto último foi alegada como prévia e solene declaração
de guerra, para justificar um abuso inqualificável da boa-fé internacional,
com que esse governo encetou as suas hostilidades de guerra contra o Brasil.”
Rematando o mesmo documento, dizia o Visconde do Rio Branco:
“À vista de tantos e tais atos de provocação, a responsabilidade da guer-
ra sobrevinda entre o Brasil e a República do Paraguai pesará exclusivamente
sobre o governo de Assunção. O governo de S. Majestade repelirá pela força o seu
agressor; mas, ressalvando com a dignidade do Império os seus legítimos
direitos, não confundirá a nação paraguaia com o governo que assim o expõe
aos azares de uma guerra injusta e saberá manter-se como beligerante den-
tro dos limites que lhe marcam a sua própria civilização e os seus compromis-
sos internacionais.”
Tais foram os termos com que o Brasil deu conhecimento ao mundo
civilizado do seu estado de guerra com o Governo do Paraguai.

* * *
Deixamos o Exército Brasileiro no momento em que procurava insta-
lar-se nas imediações de Montevidéu, para começar o sítio desta cidade, de
acordo com as tropas de Flores.
A situação cada dia piorava para Aguirre; dentro de pouco tempo é
óbvio que ele ficaria isolado na capital; as tropas de Flores e Mena Barreto
por terra e a esquadra de Tamandaré por mar preparavam-lhe um cerco de
que certamente não lograria escapar. López não vinha socorrê-lo; preferira
invadir Mato Grosso.
Premido pelas circunstâncias, Aguirre apela para o Corpo Diplomá-
tico acreditado junto ao seu governo (11 de janeiro) solicitando-lhe uma
248 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

declaração terminante sobre a atitude que assumiriam as forças navais estran-


geiras diante de uma agressão dos brasileiros à Capital como a que haviam
feito a Paysandu.
Que concurso lhe poderiam prestar os agentes de outras nações dian-
te do estado de guerra em que o Uruguai se encontrava com o Brasil?
O único admissível e praticável naquele momento seria uma interven-
ção amistosa entre os beligerantes.
De fato esses diplomatas, representados pelo Senhor Rafael Ulysses
Barbolani, Ministro do Rei da Itália em Montevidéu, iniciaram negociações
tendentes a facilitar a paz.
No dia 29 de janeiro de 1865, Barbolani dirigiu uma carta a Paranhos,
em que, lembrando a circunstância de o mandato presidencial de Aguirre
terminar dentro de poucos dias (em 15 de fevereiro) e a possibilidade com
um novo governo se chegar a uma solução amistosa do conflito, sugeria a
ideia de uma suspensão de hostilidades, por mar e por terra, até essa data.
Na mesma ocasião remeteu cópia de sua nota a Tamandaré, que se achava na
barra do Santa Lucía. O Almirante brasileiro respondeu não estar autorizado
a tomar a grave responsabilidade dessa medida, porém que iria conferenciar
sobre o caso, em Montevidéu, com o enviado extraordinário do Brasil, a fim
de ouvir os conselhos de suas luzes e experiência.
Paranhos respondeu negativamente no dia 31 de janeiro, fundando-
se sobretudo no fato de ser impossível no próximo dia 15 de fevereiro cons-
tituir-se, em Montevidéu, um governo eleito de acordo com a constituição
da República.
“Onde estão as condições legais” — exclamava ele — “desse novo go-
verno, sendo certo que expirou o mandato dos que deviam elegê-lo, e não se
pode proceder à nova eleição de representantes e senadores enquanto durar
a guerra civil?”
Antes dessas gestões de Barbolani, quando o nosso exército marchava
de Paysandu, já tinha Mitre sondado Paranhos quanto a uma mediação da
Argentina, pela qual muitos trabalhavam, principalmente Andrés Lamas.
Paranhos buscou afastá-la discretamente, em vista, segundo ele próprio se
expressou, de não ser mais possível ao Brasil naquele período nenhuma aco-
modação com o governo de Aguirre.
Tamandaré notificou o bloqueio de Montevidéu em circular de 2 de
fevereiro de 1865. Prevenia que ia iniciá-lo nessa data e marcava o prazo de
CAPÍTULO V 249

sete dias para que os navios se retirassem do ancoradouro interior e se pusessem


em franquia, a fim de não embaraçar as operações.
As hostilidades deveriam começar, portanto, no dia 9 de fevereiro,
mas a pedido dos chefes das esquadras estrangeiras foram adiadas.
O Governo imperial desejava apossar-se da capital, a fim de derrubar
o governo e colocar nele o General Flores. Para consegui-lo, caso ela não se
rendesse imediatamente, só havia um destes meios: sitiá-la ou atacá-la. Tan-
to o Brasil como Flores buscavam evitar a solução violenta, para não provo-
car nova efusão de sangue. Em 22 de janeiro, mandava o ministro dos Es-
trangeiros do Brasil dizer a Paranhos: “Não julgo ocioso ponderar que o
bombardeamento de uma praça de guerra como a de Montevidéu, e onde a
propriedade e os interesses estrangeiros são mais valiosos que os nacionais,
só devemos empregar em caso de absoluta necessidade...”
Furtado escrevera a Paranhos: “Como V. Exa., penso que se deve
poupar o sangue dos nossos soldados, porque as batalhas que não servem
para conseguir o fim que legitima a guerra são meros assassinatos.” (Carta
de 22 de janeiro)
Em meados de fevereiro, Montevidéu dispunha para a sua defesa de
4.000 homens e 40 peças de artilharia (de calibre 6 a 46); o Exército Brasilei-
ro orçava em 8.000 combatentes. O efetivo dos sitiantes superava de muito o
da guarnição da praça, se levarmos em conta as tropas de Flores.
Tínhamos, por conseguinte, poderosos elementos para proceder ao
ataque, embora precisássemos de artilharia mais numerosa.
Em todo o caso, Paranhos, sempre atilado e vigilante, ansiava por
outra solução que não importasse o bombardeamento da cidade, pensa-
mento que, como acabo de provar, era o do próprio governo do Brasil. Por
outro lado, se recorrêssemos ao sítio e aguardássemos a rendição pelo esgo-
tamento dos recursos dos defensores, teríamos de esperar largo tempo. Ora,
o Império ardia pela conclusão da guerra no Uruguai, visto como só assim
ficaria livre para se opor aos avanços de López. Havia, pois, desvantagens
evidentes em qualquer dessas duas soluções. O desenlace operou-se de outra
maneira, como veremos.
Antes convém referir um incidente que muito magoou o patriotis-
mo brasileiro:
No dia 9 de fevereiro de 1865, um bando de exaltados percorreu as ruas
da capital expondo ao ridículo uma bandeira nossa, que se dizia conquistada
250 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

por Muñoz no ataque a Jaguarão, linhas atrás mencionado. A República


Pacífica descreveu deste modo o insulto de que fomos vítima:
“O troféu que nos enviou do teatro das façanhas o invicto General Muñoz
passeou ontem por nossas ruas humilhado ante o sol de nosso estandarte e
precedido de uma banda de música, capitaneada pelo ministro do Guerra. A
bandeira brasileira percorreu todos os pontos da linha e as casas de nossos
principais chefes, sendo arrastada à vista da esquadra inimiga, que teve ocasião
de apreciar a resolução do povo e a maneira com que está disposto a responder
à sua agressão. Na residência do General Lamas, deteve-se a comitiva, e a reu-
nião pediu que ele pisasse aquela bandeira de ignomínia, ludíbrio do mundo
culto e insígnia de uma corte de piratas. O General Lamas pisou a bandeira,
selando com esse ato solene sua consagração à causa da pátria, e a firmeza e a
têmpera de sua alma. Em casa do General Díaz, o patriota ministro da Guerra
deu um caloroso viva à independência, concluindo com estas expressões: Guerra
até à morte aos agressores da independência! Guerra sem tréguas até triunfar.”
Aproximava-se felizmente o dia 15 de fevereiro de 1865, em que Aguirre
teria de deixar a cadeira presidencial em vista da terminacão do seu manda-
to. Dois grupos disputavam a sucessão: um, de partidários da guerra, dese-
java para novo presidente Juan Caravia e outro, de favoráveis à paz, propug-
nava a ascensão de Tomás Villalba.
Apesar da resistência do elemento militar, Villalba foi eleito Presiden-
te do Senado e, no dia 15, assumiu as funções de Presidente da República. O seu
primeiro cuidado foi entrar em negociações para o restabelecimento da paz.
No dia 16, estava Paranhos no acampamento do Exército Brasileiro, ao
lado de Flores, Tamandaré e Mena Barreto, quando lhe chegou às mãos uma
carta do Ministro Barbolani. Nela o representante da Itália anunciava-lhe ter
comunicações importantes a fazer-lhe e pedia-lhe que suspendesse qualquer
ato de hostilidade. Participava ainda que o novo presidente ordenara não se
desse um só tiro de fuzil e se abrisse a todos a cidade e o porto. Paranhos respon-
deu aceitando uma entrevista na sua residência na Villa de la Unión. Em 17 de
fevereiro, Barbolani replicou explicando a Paranhos que iria tratar em nome
do Presidente Villalba e dos seus colegas do Corpo Diplomático e que aceitava
a entrevista no lugar designado.
E assim começaram as negociações para a terminação da guerra.
Barbolani deu a entender que Villalba desejava fazer a paz mantendo-
se no poder, o que os sitiantes não podiam admitir. No pé em que estavam os
CAPÍTULO V 251

acontecimentos, o Brasil só poderia aceitar a solução que tivesse como pon-


to de partida a entrega do Governo do Uruguai ao seu aliado, o General
Flores. Villalba afinal reconheceu ser impossível permanecer na presidência
e resignou-se à ideia de transmiti-la ao chefe revolucionário. Para fechar as
negociações, fez-se representar no fim das mesmas pelo Dr. Manuel Herrera
y Obes, Senador da República.
No dia 20 de fevereiro de 1865 — aniversário da Batalha do Passo do
Rosário — assinou-se o Convênio de Paz entre Villalba e os beligerantes
aliados. Firmaram-no Flores, Paranhos e Herrera.
Pelo art. 1o ficava restabelecida a paz e a harmonia entre todos os
membros da família oriental; entrava por conseguinte em vigor a igualdade
política e civil entre todos os orientais e todos eles ficavam no gozo das
garantias individuais e direitos políticos que lhes concedia a Constituição da
República. O artigo 2o, porém, excetuava dessa declaração os crimes e delitos
comuns, como os políticos, que pudessem estar sujeitos à jurisdição dos tribu-
nais de justiça por seu caráter especial. O 3o entregava o governo provisoria-
mente ao General Flores. O 4o providenciava sobre as futuras eleições. O 5o
reconhecia os postos e empregos militares já concedidos.
Durante as negociações do convênio, ocorreu um incidente entre
Paranhos e Tamandaré. Tinha aquele reunido os generais brasileiros para se
aconselhar com eles e manifestar o pé em que se achavam as referidas nego-
ciações, quando Tamandaré lhe declarou que não o julgava competente
para as mesmas; que na sua opinião era ele, Tamandaré, o competente para
essa tarefa. Reputava-se assim o almirante revestido das atribuições de
chefe supremo não só das questões militares como das diplomáticas. “Dis-
cutimos” — contou Paranhos no Senado — “referi-me às instruções que
tinha recebido do Governo imperial e de que este havia remetido cópia ao
almirante; às comunicações em que o nobre ex-ministro dos Estrangeiros,
segundo me declarou em mais de um despacho, fez sentir ao mesmo Sr.
almirante que a direção política da guerra me competia exclusivamente; e,
por fim, apelei para os meus plenos poderes. Desde que aleguei estar habi-
litado com poderes firmados por S.M. o Imperador, o Sr. Visconde de Ta-
mandaré desistiu da sua reclamação; declarou que já não se queixava de mim,
mas sim do Governo imperial; teve até a delicadeza de dispensar a exibição da
minha carta de plenos poderes... O conflito foi-me desagradável, pela estima
que eu votava ao Sr. Visconde de Tamandaré, e porque nos achávamos em
252 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

presença do estrangeiro; mas eu estive tão longe de causar o menor pesar ao


nosso almirante, que cheguei a dizer-lhe: Se V.Exa declara não estar pelo que
eu fizer, entrego-lhe a negociação, porque neste caso a minha responsabili-
dade ficará salva’.”
Recordando esse incidente na biografia do seu digno pai, escreve o
Barão do Rio Branco:
“Os plenos poderes tinham a data de 7 de janeiro e diziam: Hei por
bem nomeá-lo meu plenipotenciário para negociar e celebrar quaisquer
ajustes concernentes ao estado de guerra em que o Brasil se acha com o
Governo de Montevidéu.
Remetendo esses plenos poderes, disse a Paranhos, o ministro dos ne-
gócios exteriores em despacho reservado da mesma data: ‘de conformidade
com o pensamento de V.Exa, desenvolvida em sua carta de 28 do mês passa-
do e desejando habilitá-lo com as instruções e autorizações precisas para
bem desempenhar a sua missão nas difíceis circunstâncias da luta em que
estamos empenhados com o Governo de Montevidéu e a República do Paraguai,
apresso-me a remeter-lhe os plenos poderes de que desejava achar-se muni-
do para quaisquer emergências que sobrevenham, com o fim de que tenham um
desfecho satisfatório, as questões que devem causar aquela luta. Os plenos pode-
res são redigidos como sugere V.Exa. para que não seja tolhido nos seus meios de
ação pelo que respeita à República Oriental...”
Em confidencial da mesma data, dizia ainda a Paranhos: “No meu
despacho reservado desta data, já emiti o juízo sobre o desacordo a que V.Exa.
alude, e agora apenas acrescentarei que pelo paquete anterior, em carta
particular, expressando-me nos termos mais convenientes, fiz sentir ao Ba-
rão de Tamandaré que a direção política da guerra competia exclusivamente a
V.Exa., que não deixaria por isso de ouvir tanto a ele, barão, como ao chefe
das nossas forças de terra, sobre os meios e o melhor modo de levar a efeito
as nossas operações militares. Como V.Exa. sabe, enviei ao vice-almirante
cópia das instruções dadas a V.Exa., o que era bastante para que ficasse ele na
inteligência de que havia cessado a Missão Diplomática de que fora encarregado
na ausência do Conselheiro Saraiva, tanto mais quanto estava já prevenido
de que não devia tomar deliberação alguma sobre o ataque a Montevidéu
sem nova e expressa ordem do Governo imperial. No entanto, convencido
da lealdade e outras qualidades eminentes que distinguem o Barão de Ta-
mandaré, para não desgostá-lo, preferi, mal soube dos primeiros sintomas de
CAPÍTULO V 253

antagonismo, dirigir-me a ele particularmente. Conto que a esta hora terão


completamente desaparecido os justos motivos da parte de V.Exa. de receio
de desacordos com o vice-almirante, não obstante o que, ainda por este
paquete, me dirigirei a ele sobre o assunto...”4
Em uma das suas notas a Schneider, disse ainda o Barão do Rio Bran-
co, filho do negociador:
“Tamandaré cedeu às razões apresentadas pelo nosso plenipotenciá-
rio, que foram apoiadas pelos generais Flores e Mena Barreto. Nenhuma
objeção opôs às condições do convênio e apenas pediu que fossem punidos
os que nas ruas de Montevidéu arrastaram a bandeira brasileira. Com efei-
to, em protocolo adicional e reservado, estipulou-se que os autores dessa
bacanal fossem obrigados a deixar o país que, como satisfação, se desse uma
salva de 21 tiros à bandeira brasileira. Este protocolo não foi publicado no
relatório do ministro dos Estrangeiros, nem lido pelos autores do decreto de
3 de março senão depois de publicado etc.”
O trecho do protocolo adicional ao convênio de 20 de fevereiro de
1865, a que alude o Barão do Rio Branco, tem esta redação:
“S.Exa. o Sr. Ministro do Brasil, atendendo às considerações de S.Exa.
o Sr. D. Manuel Herrera y Obes, e para condescender também com outras
próprias dos sentimentos conciliadores e S.Exa. o Senhor Brigadeiro-Gene-
ral D. Venâncio Flores, conveio em que ficasse convencionado que os mais
comprometidos no referido desacato à bandeira brasileira seriam obriga-
dos a sair temporariamente da República, se o não fizessem espontaneamen-
te ao tempo de proclamar-se a paz.”
Antes de entregar o governo ao seu sucessor, Villalba suprimiu a Lega-
ção Oriental no Paraguai.
No dia 21 de fevereiro, entraram em Montevidéu as primeiras forças
de Flores. Nesse mesmo dia, o Forte de S. José içou a bandeira brasileira e
salvou com 21 tiros; respondeu-lhe a corveta Baiana com a bandeira orien-
tal no mastro grande. No dia 22, penetrou na capital a 5a Brigada brasileira
do General Sampaio, formada pelos 4o, 6o e 12o batalhões, e, no dia seguinte,
efetuou Flores a sua entrada solene (CXV).
Na sua proclamação aos companheiros de luta, havia esta referência
com respeito ao Brasil:
“Honra a todos os que contribuíram com o seu esforço para a obra
da paz; porém, sobretudo honra ao bravo exército e à armada imperial,
254 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

que, confundindo o seu sangue com o dos orientais, soube afastar justos
ressentimentos para ajudar-nos a cimentar o triunfo das instituições sem
nova efusão de sangue.”
Escrevendo ao Imperador, assim se exprimiu:
“Os orientais reconhecem que a paz de que hoje começa a gozar a Re-
pública e as esperanças de prosperidade de ordem que renasce com a nova
situação política são em grande parte obra da aliança que Vossa Majestade
Imperial se dignou mais uma vez conceder-nos.
“Em nome dos orientais, Senhor, agradecemos ao Brasil e ao seu
excelso Monarca tão grande, benéfico e honroso concurso, protestando
igualmente que a nossa gratidão será sem limites.”

A demissão de Rio Branco

A notícia da entrega de Montevidéu e da inauguração do governo de


Flores chegou ao Rio de Janeiro no dia 3 de março de 1865, trazida pelo
vapor de guerra Recife.
Foram gerais as manifestações de alegria; bandas de música percor-
reram as ruas à frente do povo, vitoriando o Brasil e os defensores da sua
honra. O Imperador tinha ido visitar o Hospital Militar e descia a ladeira do
Castelo quando populares lhe foram ao encontro para felicitá-lo. Seguiu
logo para o Arsenal de Marinha, sempre cercado da multidão em júbilo, e
embarcou na galeota a vapor que ali o aguardava. A bordo recebeu a comis-
são de oficiais de Marinha encarregada de lhe participar a rendição de Mon-
tevidéu e de lhe entregar uma bandeira oriental.
Nesse mesmo dia (3 de março), com surpresa para os patriotas e evi-
dente precipitação, publicou o governo o decreto de demissão de Paranhos.
Dizia nele o Imperador:
“Hei por bem dispensar o Conselheiro José Maria Paranhos da missão
especial de que foi encarregado no caráter de enviado extraordinário e mi-
nistro plenipotenciário junto à República Argentina, por Decreto de 9 de
novembro do ano próximo passado.”
Qual a razão por que o Governo imperial infligia esse castigo ao nosso
representante, precisamente no momento em que ele havia prestado inesti-
máveis serviços a seu país, pondo termo à guerra do sul sem mais efusão de
sangue e com a brevidade que era necessária para nos podermos voltar contra
CAPÍTULO V 255

o tirano do Paraguai? Eis a que ele deu no seu ofício a Paranhos, datado em
7 de março de 1865:
“A deficiência do convênio, de 20 de fevereiro em relação aos ultrajes
cometidos contra a dignidade do Império pelo Governo de Montevidéu, no
último período da administração Aguirre, foi parte para que o mesmo con-
vênio não merecesse do Governo imperial plena aprovação. Nas circuns-
tâncias graves do nosso país, cumpria o Governo imperial manifestar com
franqueza, e desde logo, o seu pensamento sobre tão importante aconteci-
mento, daí a necessidade para o serviço público da desoneração de V.Exa.”
As acusações do governo não tinham a mínima justificação; a de-
missão de Paranhos equivalia a uma injustiça inqualificável. Pouco tempo
depois, o ilustre brasileiro defendia-se brilhantemente da tribuna do Sena-
do em três notáveis discursos (sessões de 5, 26 e 28 de junho de 1865). Me-
recem ser lidos, pois caracterizam a elevação, saber e serenidade dos ho-
mens eminentes que serviram aos interesses reais do Brasil durante o regi-
me monárquico.
Passado o primeiro momento de dúvida e hesitações, recebeu Paranhos
as provas mais inequívocas dos aplausos de todo o país pela sua atuação
irrepreensível na guerra do Estado Oriental.
O ilustre negociador logrou provar exuberantemente que os atenta-
dos de Muñoz e Aparicio estavam compreendidos no convênio e que até já se
havia providenciado sobre eles, conforme ressaltava do ofício do ministro
de Estrangeiros do Uruguai, de 12 de Março de 1865, que os insultos à ban-
deira haviam sido reparados pelo acordo reservado de 20 de fevereiro e que
a falta de punição aos defensores de Paysandu, que haviam dado a sua pala-
vra de não empunharem de novo armas contra o Brasil e depois a violaram,
também não tinha fundamento, visto como tal compromisso nunca fora
tomado por esses defensores.
Paranhos pulverizou assim todas as acusações levantadas contra si e
abateu os seus detratores, alguns dos quais se inspiraram na inveja da glória
que com justiça ele havia alcançado em um dos lances mais graves da histó-
ria do Brasil. O sentimento de partidarismo político exerceu sem dúvida
influência nessa questão, como em todas as que se agitaram no tempo do
Império. Paranhos era conservador e fora desempenhar uma missão da mais
elevada confiança com um gabinete liberal. Quem lê hoje os debates do Sena-
do naquelas sessões memoráveis tem a percepção nítida do vulto gigantesco
256 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

do grande brasileiro, pairando acima de acusadores que murmuravam com


timidez as suas fracas objeções.
Apesar da sua atitude com respeito a Paranhos, o Governo imperial
aceitou inteiramente o convênio de 20 de fevereiro. Em documento reserva-
do, de 8 de março de 1865, ao nosso cônsul-geral em Montevidéu, manifes-
tou-se deste modo:
“O Governo imperial resolveu dispensar o Senhor Conselheiro
Paranhos da missão diplomática de que o havia encarregado junto às repú-
blicas do Prata. Esse ato foi determinado pela circunstância de não haverem
sido atendidas, tanto quanto cumpria, no convênio de 20 de fevereiro, algu-
mas considerações a que o governo devia ligar maior importância, pois que
se tratava de não deixar sem a mais completa satisfação as graves ofensas
contra a dignidade do Império, praticadas pelo governo de Montevidéu, no
último período da administração Aguirre.
“No entanto, o Governo imperial não deixa de reconhecer o benéfico
influxo de um acordo que pôs fim à guerra, tanto civil como estrangeira,
abrindo-nos as portas de Montevidéu sem derramamento de sangue, e en-
tregou o governo provisório da República ao nosso aliado e amigo, o Sr.
General Flores, ao qual se acha o Brasil ligado por solenes compromissos de
recíproca utilidade e conveniência. Assim que o Governo imperial apesar da
deficiência indicada, manterá com toda a lealdade e boa-fé o acordo ajustado.
“A exoneração do Sr. Conselheiro Paranhos em nada influi sobre a fiel
execução do referido convênio, nem sobre a política seguida pelo Governo
imperial no Rio da Prata, que continuará como anteriormente.”

Juízo sobre a nossa intervenção no Uruguai

A nossa intervenção no Uruguai, apreciada hoje por um espírito equâ-


nime e inspirado no verdadeiro patriotismo, não pode deixar de ser lamenta-
da. Houve, sem dúvida, precipitação do Governo imperial na enviatura da
Missão Saraiva com o encargo final que lhe foi previsto. A desordem interna
não deixava liberdade de ação ao presidente do Uruguai para atender como
devia às nossas reclamações. Por outro lado, uma experiência longa e doloro-
sa para nós havia demonstrado de modo exuberante que devíamos evitar
entremeter-nos na vida interna dos nossos vizinhos. Eram grandes as preven-
ções contra os brasileiros; quase todas as agremiações políticas nos votavam
CAPÍTULO V 257

ódio injusto e irrepremível. A nossa ingerência no conflito interno só poderia


acirrar esse ódio e reviver as desconfianças e rivalidades ateadas desde os pri-
meiros anos do povoamento dos nossos territórios. Melhor fora guardarmos
como energia a nossa fronteira, criando nela um forte cordão de isolamento,
para que a agitação revolucionária se não comunicasse às nossas coxilhas. Em
vez disso, preferiu o Governo imperial ceder a certas explosões de patriotis-
mo desmesurado, nas quais se reclamava o apoio aos brasileiros existentes no
território oriental, esquecendo que lhes cabia contar com as reações do governo
de Montevidéu sempre que se juntassem aos que tentavam lançá-lo por terra.
Joaquim Nabuco — patriota excelso e pensador profundo — emitiu
sobre esse ato do Império um juízo que me parece definitivo:
“A Missão Saraiva nasceu do arrastamento e arrebatamento da opinião
no começo de 1864, quando veio ao Rio de Janeiro o velho Brigadeiro Neto,
no papel de régulo da campanha oriental, a concitar o nosso governo contra
o Uruguai, desdobrando o sudário das violências praticadas de longa data
contra os brasileiros. Acabávamos de sofrer a humilhação das represálias in-
glesas à barra do Rio de Janeiro, e a própria democracia, com Teófilo Otoni à
frente, estava desde então de humor tão belicoso como se dizia estar o Impera-
dor. A presença do General Neto inflamou logo os espíritos preparados para
atos de imprudência e insensatez. Na Câmara dos Deputados, o partido con-
servador tomou a iniciativa das interpelações sobre o estado da campanha. A
guerra, salvo uma obtemperação completa do governo blanco a todas as exi-
gências e reivindicações dos brasileiros alistados sob as bandeiras de Flores,
era o que resultava dessa atitude, chamada patriótica, da oposição e da maio-
ria, na sessão de 5 de abril. Seria impossível investigar hoje se eram fundadas
ou não as nossas queixas. Os residentes brasileiros do Uruguai deviam ou
correr à sorte dos próprios orientais, ou abster-se de tomar partido entre as
facções que sempre assolaram a Campanha. O Governo brasileiro tinha de
levar em conta o desgoverno tradicional na República. O Estado Oriental só
poderia gozar de ordem, paz, tranquilidade, se o Brasil e a República Argen-
tina se unissem para sustentar por longos anos o governo da melhor gente
daquele país. Desde que o não queriam ou não podiam fazer, perdiam o di-
reito de responsabilizar o Governo oriental, qualquer que fosse, por proce-
dimentos quase sempre resultantes do estado de anarquia das fronteiras.
Não é preciso entrar no exame de cada reclamação e de cada queixa para dizer
que foi um erro ter cedido o Ministério de 15 de janeiro de 1864 ao primeiro
258 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

impulso, ter-se deixado atordoar pelo alarido dos partidários de Flores,


exigindo a intervenção imediata em Montevidéu.”
Depois de dado o primeiro passo, os acontecimentos foram-nos arras-
tando, e destarte ultrapassamos quase insensivelmente a meta que nos havía-
mos proposto.
Em princípio, só pensávamos em represálias, mas depois que o nosso
ultimato é devolvido, Saraiva lembra a Tamandaré a imobilização dos navios
uruguaios, o que ele logo executa. Quando Aguirre, em vista disso, rompe defi-
nitivamente conosco entregando ao nosso ministro em Montevidéu os seus pas-
saportes (30 de agosto de 1864), Saraiva esboça o plano da entrada do Exército
Brasileiro no território oriental e o ataque de Salto, Paysandu e Cerro Largo,
com o auxílio da esquadra pelo Rio Uruguai. O Governo imperial aprova a ideia
da ocupação desses três pontos e acha que ela deve realizar-se sem perda de
tempo. Dão-se as ordens necessárias ao General João Propício Mena Barreto.
Tamandaré, que já se encontra no teatro dos acontecimentos e dispõe de inteira
liberdade para mover-se, entende que o melhor meio de realizar esse plano sem
demora é firmar uma aliança com Flores, para o que, aliás, não estava autoriza-
do. Fá-lo, porém, sem hesitar, sob a sua responsabilidade (20 de outubro de
1864). O Governo imperial acaba aprovando-lhe a deliberação. Estava assim
iniciada a nossa guerra contra o Governo uruguaio de parceria com as hostes
de Flores, situação que a agressão inopinada de López ainda mais consolidou.

O comando em chefe brasileiro durante a


nossa intervenção no Uruguai

Quem exerceu o comando supremo das nossas forças terrestres e


navais durante a nossa intervenção no Uruguai? Evidentemente o Almiran-
te Tamandaré.
Nos primeiros tempos, quando a sua esquadra era a única força de
que dispúnhamos no Prata, nada mais natural que assim fosse. Porém, de-
pois o Governo do Brasil cometeu-lhe esse encargo.
Em 7 de setembro de 1864, o Ministro dos Estrangeiros, Dias Vieira, di-
rigiu-se ao General Beaurepaire Rohan, Ministro da Guerra, chamando-lhe
a atenção para a necessidade de os dois chefes das forças do Império no sul —
Tamandaré e Mena Barreto — marcharem de acordo, consultando tão-somente
os interesses do serviço público. Embora convencido de que isso havia de aconte-
CAPÍTULO V 259

cer, pedia que Rohan enviasse instruções ao chefe do exército, a fim de “se enten-
desse e conformasse com o pensamento do almirante que comanda as forças de mar
sobre os movimentos que deveriam ter as de terra, quer fosse para ocupar, quer para
evacuar o território oriental, quando se julgasse necessário”. E acrescentava: “Além
de que é o Barão de Tamandaré mais graduado na hierarquia militar, acresce que
se acha encarregado da parte da questão e mais próximo da capital, onde os acon-
tecimentos poderão aconselhar-lhe resoluções que aliás a distância não per-
mitiria que fossem pelo comandantes em chefe das forças terrestres.” (CXVI)
Beaurepaire Rohan oficiou no mesmo dia a João Propício Mena Barreto
nestes termos:
“De ordem de S.M. o Imperador, declaro a V.S. para seu conhecimento
e execução que, no caso em que as nossas forcas de terra e mar tenham de operar
de combinação, deverá V.S. cumprir as ordens do Almirante Barão de Tamandaré,
atenta à superioridade de sua patente...”
Depois do Convênio de 20 de fevereiro, dizia Tamandaré ao ministro
da Marinha, em ofício de 3 de março de 1865:
“Encarregado pelo Governo imperial da espinhosa missão de exercer
represálias contra o Governo oriental desde que se retirou do Rio da Prata, o
Sr. Conselheiro Saraiva e incumbido depois disso de dirigir a guerra contra o
mesmo governo, cumpre-me comunicar a V.Exa, agora que se acha terminada
essa campanha que muito valiosa me foi desde o princípio a cooperação
ilustrada e ativa do nosso ministro residente em Buenos Aires, Sr. Felipe José
Pereira Leal, a quem, fazendo plena justiça, posso atribuir em grande parte o
brilhante êxito da missão que desempenhei nestas águas e que Sua Majestade o
Imperador aprouve recompensar.”
Não há, pois, a mínima dúvida de que até a chegada de Paranhos estava
Tamandaré encarregado da direção militar e política da guerra.
Embora ressalvando os seus serviços e o seu inquebrantável patriotis-
mo, somos obrigados a reconhecer que ele agravou a atitude belicosa do Im-
pério. Mas, por outro lado, devemos confessar que, se não fosse a sua iniciativa
de aliar-nos francamente com Flores, talvez não alcançássemos tão rapida-
mente o desenlace que nos proporcionou o convênio Paranhos.

* * *
As perturbações militares do Prata poderiam ter ficado aí, mas a ambi-
ção incoercível e o orgulho desmesurado de Francisco Solano López, ditador da
260 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

República do Paraguai, obrigaram o povo brasileiro a cruzar armas com os seus


dignos irmãos paraguaios, cruentando sem necessidade uma extensão consi-
derável da América do Sul. Contra as hostes com que esse bárbaro invadiu o
solo da Argentina e do Brasil, desrespeitando a soberania desses países, saque-
ando-os e depredando-os, vão levantar-se em massa brasileiros, argentinos e
orientais em justo movimento de legítima defesa. O Brasil lutará contra os
seus bravos vizinhos do Paraguai em uma guerra que não desejou, que não
provocou e ainda hoje lamenta, mas que não pôde evitar por lhe ter sido impos-
ta por um adversário que o veio acometer no âmbito das próprias fronteiras.
NOTAS 261

NOTAS

Capítulo I

1
Foi durante a rebelião de Rivera que apareceram as divisas brancas e vermelhas (colora-
das), nomes com que depois passaram a ser conhecidos os partidos políticos uruguaios.
2
Em 31 de dezembro de 1838, D. Santiago Vasquez, ministro de Rivera, e o Coronel
Olazábal, representante de Berón de Astrada, Governador de Corrientes, assinavam
um tratado de aliança ofensiva e defensiva contra Rosas. O Uruguai tomava o com-
promisso de pôr em campo um exército de 2.000 homens e a Confederação outro de
4.000. (V)
3
Manual de la Historia Argentina, p. 396.
4
História Argentina, v. II, p. 8.
5
História Argentina, v. II, p.170
6
Eduardo Acevedo.
7
ACEVEDO, Eduardo. Historia del Uruguay.
8
PÔRTO, Aurélio. Influência do caudilhismo uruguaio no Rio Grande do Sul.
9
Idem.
10
ARARIPE, Tristão de Alencar. Guerra Civil no Rio Grande do Sul.
11
Documento do Arquivo Público, citado pelo Dr. Fernando Osorio na Vida do General
Osorio (XXIV)
12
Documento do Arquivo Público, citado pelo Dr. Fernando Osorio na Vida do General
Osorio. (XXV).
13
O artigo 19 dizia: “O Governo oriental nomeará o General D. Engenio Garzón a Gene-
ral em chefe do Exército da República, assim que o dito general tenha reconhecido no
Governo de Montevidéu o governo da República.”
14
SARMIENTO. Obras. Tomo XIV, p. 113–114.
15
LEVENE, Ricardo. Lecciones de Historia Argentina, 2o v., p. 376–377.
262 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

16
Rosas passou da legação inglesa para bordo do Ceutaur e deste para o Conflict, ambos
navios de guerra da Marinha da Inglaterra. Partiu no segundo para a Europa e foi residir
em Southampton, onde faleceu, em março de 1877, aos 84 anos de idade.
17
SARMIENTO. Obras. Tomo XIV, p. 270.
18
IBARGUREM, Carlos. Juan Manuel de Rosas. Su vida, Su tiempo, Su drama. Buenos
Aires, 1930.
19
SARMIENTO, Obras. Tomo XIV. p. 286.
20
El Dictador del Paraguay José Gaspar Francia, Concordia, 1923. (XXXVII)
21
Art. 12 — “Fica garantida para as duas potências, seus súditos a navegação dos rios
Paraná e Paraguai, em toda a extensão dos dois Estados e domínios.”
22
Cecilio Báez, no seu livro Resumen de Ia Historia del Paraguay, que me proporcionou
numerosas informações.
23
Findaria, portanto, em 26 de abril de 1857, pois que a troca das ratificações se operou
em Assunção, no dia 26 de abril de 1851.
24
Tinha sido firmado no Rio de Janeiro, por Honório Hermeto Carneiro Leão e Antônio
Paulino Limpo de Abreu, como representantes do Brasil. Pouco tempo depois (23 de
outubro de 1851), partia Carneiro Leão para o Rio da Prata, no caráter de enviado
extraordinário e Ministro Plenipotenciário, levando como secretário o Dr. José Maria
da Silva Paranhos, futuro Visconde do Rio Branco. Quando, meses depois, ele deixou
esse cargo, foi Paranhos nomeado para substituí-lo (9 de abril de 1852) e assim per-
maneceu no Rio da Prata até dezembro de 1853. Era, portanto, Paranhos o represen-
tante do Brasil em Montevidéu quando sobrevieram os levantes que acabaram apean-
do Giró do poder, e foi por isso a ele que o mesmo Giró encaminhou os seus apelos.
25
Biografia de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do Rio Branco, em Revista Ame-
ricana, v. XIV.
26
Durante o seu governo, Flores também solicitou do Brasil um auxílio pecuniário,
que ele prestou mediante a entrega de 60.000 patacões mensais. A Lei no 723, de 30 de
setembro de 1853, autorizara o Governo imperial a fazer esse empréstimo durante
um ano; a sua prorrogação exigiria nova autorização legislativa. A primeira mensa-
lidade foi paga em dezembro de 1853 e a última em dezembro de 1854.
27
Juliano Miranda, p. 121.
28
Veja-se a Historia del Uruguay, de Eduardo Acevedo, IV tomo.
29
PELLIZA, Mariano. Historia Argentina. Tomo II, p. 438.
30
Solano López deixou Assunção a bordo do vapor de guerra Tacuarí, investido do
cargo de enviado extraordinário e ministro plenipotenciário. Acompanhou-o um pes-
soal de legação numeroso. Levou como adidos militares Isidoro Resquín, Antonio
Estigarribia, José E. Díaz e outros. De passagem em Rosario entreteve-se com Urquiza.
NOTAS 263

Em 12 de outubro, estava em Buenos Aires e dava logo começo à sua tarefa. Houve
várias conferências, mas afinal a renúncia de Alsina aplanou as dificuldades. Em 29 de
novembro de 1859, tornou a embarcar no Tacuarí para regressar a Assunção. Logo
que esse vapor levantou âncora, passaram-lhe pela proa as duas canhoneiras inglesas
Buzzard e Grappler com demonstrações hostis (LI). Afirmam que López deu ordens
para que se resistisse; diante, porém, das reflexões do comandante, que era inglês, bem
como das dos maquinistas, que também o eram, resolveu desistir do intento e desem-
barcar. Dias depois seguiu por terra até Paraná e de lá por via fluvial, a bordo do Igurey,
até Assunção. O procedimento inamistoso dos ingleses provinha do fato de estarem
estremecidas naquela época as relações entre o Paraguai e a Inglaterra, em vista da
prisão, como conspirador, de um indivíduo chamado Santiago Canstatt. O cônsul
inglês em Assunção protestou contra esse ato, correndo em auxílio de um cidadão que
ele considerava súdito inglês, embora o Paraguai lhe contestasse essa nacionalidade.
López não admitiu a intervenção e declarou que iria tratar diretamente com o governo
de sua majestade britânica. O cônsul replicou dizendo-se autorizado para a nego-
ciação direta e formulando certas exigências. López repeliu-as e entregou-lhe os
passaportes. As boas relações entre os dois países só foram restabelecidas pela conven-
ção de 14 de setembro de 1862, firmada por Francisco Sánchez, Ministro de Estrangei-
ros do Paraguai, e Thornton, Ministro inglês enviado em missão especial a este país.
31
Consulte-se o livro desse último, denominado Urquiza e Mitre.
32
Victorica — Obra citada.
33
Foi ratificado na cidade do Paraná, em 14 de junho de 1856, por Joaquim Tomás do
Amaral, representante do Brasil, e Juan Maria Gutiérrez, da Confederação (LIII).
34
Relatório do ministro das Relações Exteriores do Brasil.
35
Nota de 14 de abril de 1855.
36
Relatório do Visconde do Rio Branco.
37
Raia pelo Paraná à foz do Iguatemi, depois por este e o galho principal (deixando o
Escopil ao norte), pela Serra de Maracaju, pelo Apa e pelo Rio Paraguai.
38
Relatório do Ministério das Relações Exteriores de 1857.
39
ALBERDI, Olleros. p. 294–295.
40
Resumen de la Historia del Paraguay, p. 118 e 119 — 1910.

Capítulo II
1
História del Uruguay.
2
Em ofício de 14 de maio, Saraiva já havia dito ao ministro dos Estrangeiros do Brasil: “Es-
tou persuadido, Sr. Conselheiro, que, se por qualquer modo e por uma ação combinada
264 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

com a República Argentina, dermos a paz a este Estado, a nossa tarefa facilitar-se-ia,
o Brasil teria muito que ganhar e nada que perder.”
3
Ministro do Interior de Aguirre.
4
Anos depois (1894), rebatendo da Bahia acusações injustas articuladas contra ele
pelo Dr. Vásquez Sagastume, escreveu Saraiva: “Resigne-se, portanto, V.Exa., a car-
regar sozinho com a responsabilidade que assumiu indo ao Paraguai, em 1864,
como enviado do Presidente Aguirre, intrigar o Brasil com López e convencê-lo da
existência de um tratado secreto do Império com a Confederação Argentina. Não é,
porém, essa a menor falta do Sr. Sagastume, como chefe da facção mais exaltada do
Partido Blanco. Os meetings numerosos, que lhe valeram a denominação temporá-
ria da cidade de Montevidéu e constrangeram o Sr. Presidente Aguirre a romper o
acordo com Flores, constituem a sua maior responsabilidade para com a sua pátria,
para com o seu partido e para com o Brasil, de cujas intenções, então como hoje, não
podia duvidar”.
5
Em ofício de 7 de julho, escrevia-lhe o ministro dos Estrangeiros: “Se os meios pací-
ficos e diplomáticos não medrarem, se o Governo oriental persistir em sua recusa
procrastinando ou iludindo o nosso último apelo amigável, será forçoso e impres-
cindível prosseguir para diante, fazendo-nos justiça por nossas mãos, sejam quais
forem as consequências.”
6
Mais tarde (26 de julho) pronunciava-se deste teor em ofício ao ministro dos Es-
trangeiros. “O que sobretudo convém é organizar o nosso exército e preparar-nos
para qualquer eventualidade. De um dia para outro, quando menos se espere, pode
dar-se o caso de ser indispensável precipitar os acontecimentos e evitar complicações
mais graves e embaraços que depois não seja possível superar. V.Exa. compreende
também quanto importa que a ação do desforço individual na fronteira não venha
a preceder e substituir a do governo. Vale mais certamente que entre o Exército
imperial no território do Estado vizinho, com o fim de pacificar o país, do que
consentir que os brasileiros o façam por sua própria conta. O primeiro expediente
dará resultados prontos; o segundo, desvirtuando as nossas intervenções e signifi-
cando que o Governo do Brasil não exerce sobre os seus súditos a influência que
merece por sua regularidade e organização.”
7
Pela revisão feita em 1862, a força da Guarda Nacional qualificada no Rio Grande do
Sul era: Do serviço ativo: Cavalaria (24.878), Infantaria (2.274), Artilharia (344); Do
serviço de reserva: Infantaria (11.309). Total do efetivo: 38.805 homens. (Relatório
do Presidente da Província — 1o de março de 1863).
8
Relatório do ministro da Guerra e relatório do presidente da província.
9
Em outros documentos também aparece a denominação Exército do Rio Grande do Sul.
NOTAS 265

10
Mapa enviado pelo presidente da província ao ministro das Relações Exteriores e
datado de 27 de julho de 1864.
11
Doze peças: La Hitte, calibre 4, e Paixhans, calibre 6. (LXXIV)
12
Informes dados por Homem de Melo na biografia do Barão do Triunfo.
13
O Dr. Fernando Osorio informa que o efetivo era, em princípio, de 800 homens e afinal
alcançou 1.500. Formavam-no brasileiros que residiam na República Oriental.
14
Historia del Uruguai.
15
Devemo-los ao Dr. Fernando Osorio (História do General Osorio); são reproduzidas
quase textualmente. (LXXXII)
16
Informações do Dr. Fernando Osorio.
17
Seria interessante traçar com precisão o itinerário dos brasileiros. Quando o Major
Francisco Gil Castelo Branco exercia o cargo de adido militar à legação do Brasil em
Montevidéu, pedi-lhe que estudasse esse problema (LXXXIII).
O major foi a Paysandu e Salto e percorreu parte da região, buscando informações
locais. Soube que Félix Vergara e o Capitão Claro, ambos já mortos, serviram de
vaqueanos ao exército invasor. Um neto de Vergara, com quem ele pôde conversar,
transmitiu-lhe os informes orais que múltiplas vezes ouvira ao avô. Resumem-se
nisto: “Os brasileiros partiram do Piraí e procuraram a Coxilha de Santana, por
cima da qual vieram até chegar a Guarda de Graviju, onde atualmente existe um
marco de linha divisória. Desse sítio penetraram no território oriental e cruzaram o
Departamento de Rivera (que naquele tempo fazia parte do Tacuarembó) até cingi-
rem a Coxilha do Haedo, na parte compreendida entre os Cerros de Lunarejo e de
Inbernillo. Nessa cruzada através de Rivera deixaram S. Fructuoso (hoje Tacua-
rembó), à esquerda (sul). Não vieram diretamente da fronteira de Bagé (Arroio S.
Luís) a S. Fructuoso porque o caminho direto a essa povoação era mau e o solo
muito pedregoso em todo o percurso. Atingida a Coxilha do Haedo, continuaram
para o sul, por cima desse divisor de águas. Como apareceu na tropa uma epidemia
de tifo, o general brasileiro procurou encurtar o caminho e evitar a grande volta que
faz a Coxilha do Haedo antes de tomar o rumo de oeste (Paysandu). Abandonou,
por isso, a Coxilha do Haedo, demandando o Cerro do Arbolito e seguiu depois
pelo divisor que separa as águas do Queguay Chico das do Arroio Corrales. Cruza-
ram o Rio Queguay Grande pelo Passo de Andrés Peres e encontraram novamente a
Coxilha do Haedo, que acompanharam até a Coxilha del Rabón, por cima da qual
chegaram a Paysandu.” Depois de registar estes informes de Gonçalves, pondera o
Major Castelo Branco que uma carta de Mena Barreto a Flores, de 24 de dezembro,
foi escrita do acampamento brasileiro, “nas pontas do Arroio Tres Arboles”, o que
parece indicar que o General Propício acompanhou a Coxilha do Haedo em todo o
266 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

seu percurso, contrariamente ao que afirma Gonçalves. “Com efeito” — escreve o Major
Castelo — “segundo Gonçalves, a coluna cruzou o Queguay pelo Passo de Andrés Peres
e retomou, portanto, a Coxilha do Haedo muito mais a oeste do acampamento que
ocupou o General João Propício em 24 de dezembro. Talvez o desvio Arbolito-Passo de
Andrés Peres fosse o percorrido por alguma flanco-guarda, mandada prudente-
mente pelo General Mena Barreto. O nosso general em chefe só deveria ter sabido da
derrota de Saa ao chegar às pontas do Arroio Tres Arboles (como o prova a sua resposta
a Flores) e tudo aconselhava o chefe brasileiro a cobrir a sua direita, pois uma das
missões dadas a Lança Seca poderia bem ser a de inquietar a marcha dos invasores.”
Pelas cartas de Mena Barreto a Tamandaré, o autor deste livro verificou que o Exército
do Sul estava:
Em 8 de dezembro, na costa do Arroio Hospital;
Em 13 de dezembro, no Arroio Seival;
Em 19 de dezembro, nas pontas do Clara;
Em 21 de dezembro, no Arroio da Quebrada;
Em 22 de dezembro, nas pontas do Salsipuedes.
18
Parte do General João Propício Mena Barreto.
19
Parte do General João Propício Mena Barreto.
20
No cálculo das perdas vali-me das relações mandadas ao governo pelo General João
Propício e das informações de Rio Branco.
21
Copiado de uma nota do Barão do Rio Branco à obra de Schneider.
22
Em Fray Bentos recebeu Mena Barreto um reforço de três batalhões de infantaria
com 1.700 homens, enviados do Rio de Janeiro.

Capítulo III
1
Diz Herrera na sua nota ao Governo uruguaio (16 de março de 1862) de que extraio
estes informes e dada a lume na obra La Diplomacia Oriental en el Paraguay, de Luís
Alberto Herrera, que López nunca pronunciou os vocábulos argentinos ou portenhos
e brasileiros, e sempre se referia a esses povos chamando-lhes respectivamente anar-
quistas e macacos.
2
Cumpre advertir que Carlos Antonio López morrera no dia 10 de setembro de 1862 e
fora substituído na magistratura suprema do país por seu filho Francisco Solano López.
3
O leitor há de lembrar-se, como já lhe mostrei, de que o governo de Berro devia terminar
em 1o de março de 1864.
4
Berges junta cópia de todos esses documentos à sua nota.
5
Logo que Lapido soube o teor da nota de 6 de setembro e que o Paraguai também ia
NOTAS 267

mandar à Argentina cópias das notas que a República Oriental lhe havia dirigido,
ficou receoso de que essa denúncia das gestões do Uruguai junto a López acarretasse
novas complicações para o seu país. Esforçou-se, por isso, com Berges para demovê-
lo de juntá-las, mas Berges a nada cedeu. Pediu-lhe sobrestivesse na expedição da sua
nota, naturalmente para ter tempo de consultar Herrera. Berges esperou alguns
dias, porém em 13 de setembro declarou-lhe que a referida nota seguiria no paquete
de 21, como de fato seguiu.
6
Em 1o de outubro de 1863, dizia Herrera a Lapido que o Governo oriental estranhara
houvesse o Paraguai enviado as cópias para Buenos Aires sem esperar a resposta da
consulta que ele, Lapido, havia feito ao seu governo. Informa-o de que foi preciso
habilitar o ministro oriental em Buenos Aires para salvar o dito governo “da acusação
que forçosamente lhe faria o ministro do Brasil, ao saber que o Governo argentino
conhecera por uma revelação paraguaia o despacho do Governo uruguaio dirigido a
Loureiro, comunicação que este diplomata tinha o direito de considerar desconhecida
de todos, estando pendentes, como estavam, as gestões a que deu lugar”. A inconveni-
ência do procedimento do Governo paraguaio obrigou-me —prossegue Herrera — a
munir o Sr. Lamas dos dados necessários para desvirtuar a acusação de indiscrição
que poderia recair sobre a chancelaria do Governo da República.
7
Já sabemos como explicar a demora. Berges só a expediu em 21 de setembro, por
haver cedido em parte ao pedido de adiamento de Lapido.
8
Lapido havia-se ausentado de Assunção e deixara Del Pino, seu secretário, substi-
tuindo-o.
9
A Egusquiza determinou que o Tacuarí fosse para Buenos Aires logo que o Igurey
chegasse a Montevidéu. Quando aquele aportasse à capital argentina, Egusquiza
devia oficiar a Elizalde avisando-o disso para receber a resposta. Se dentro de oito
dias não viesse, oficiaria outra vez, declarando que o Tacuarí não poderia esperar
mais tempo. Caso lhe fosse pedida prorrogação, só deveria conceder três dias. López
cuidava provavelmente que destarte forçaria a Argentina a manifestar-se.
10
Já sabemos que Lapido se havia retirado, porém estava ali o encarregado de negócios.
11
Ministro brasileiro em Montevidéu.
12
João Pedro Dias Vieira.
13
Tendo Lapido passado a ministro de Estado, foi dispensado do cargo que exercia em
Assunção. Herrera notificou isso a López em ofício de 14 de março de 1864.
14
Resume-se este incidente no seguinte: O Paraguarí chegou a Montevidéu em 27 de
fevereiro de 1864, levando como passageiros três orientais desterrados. Logo depois
entrou a bordo um comissário de polícia oriental, mandou que todas as pessoas
estranhas ao navio desembarcassem imediatamente e proibiu que os três orientais se
268 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

comunicassem com a terra. Ao mesmo tempo o vapor de guerra oriental Treinta y


Tres vinha postar-se ao lado do Paraguarí. O imediato deste navio entendeu-se com
o ministro da Guerra e expôs-lhe a violência. O ministro declarou que houvera mal-
entendido, mas que os três orientais, sendo desterrados políticos, não se podiam
comunicar com ninguém e nesse sentido ia enviar uma nota. Tal nota não foi recebida.
Veio, porém, uma ordem do capitão do porto (às 4h da tarde) para que os dester-
rados deixassem as águas orientais dentro de 12 horas. O comandante do Paraguarí
pediu que eles ficassem a bordo até o dia marcado para a sua partida, dia 29, com-
prometendo-se, sob a sua palavra, a levá-los a outra margem. Não foi atendido. O
Governo uruguaio ordenou-lhe que saísse, visto que os três orientais se recusavam
a ir para Buenos Aires com auxílio dos meios que a Capitania punha à sua disposi-
ção. O Paraguarí zarpou imediatamente. Tão estranho proceder — escreveu Berges
a Herrera — atinge gravemente a honra da República do Paraguai e reclama justa e
ampla reparação. Tive ordem para solicitá-la do Governo da República do Uruguai.
15
Publicado na imprensa do Rio pelo Dr. Ronald de Carvalho.
16
Vieram a lume na revista Crítica, do Sr. Alberto Palomeque, Buenos Aires, setembro
de 1928.(LXXXV)
17
Isto é: no memorando de Sagastume
18
Infere-se dessa frase que em 4 de novembro já se sabia, em Assunção, da entrada em
12 de outubro de uma brigada brasileira.

Capítulo IV
1
Anos depois (1894), estava Sagastume no Rio de Janeiro quando o Jornal do Commercio
publicou um artigo sobre o Forte de Coimbra em que havia este trecho:
“O Sr. Barão do Rio Branco pensa que Solano López não se tinha armado com o fim
de fazer a guerra ao Brasil nem mesmo com o pensamento de alargar seus domínios
para o sul, e que talvez se armasse somente para ganhar fama militar e influência nas
questões do Prata, mas, levado pelas sugestões do Ministro oriental Vásquez Sagastume,
que conseguiu fazê-lo acreditar na existência de um tratado secreto entre o Brasil e a
República Argentina, lançou-se na guerra contra nós.”
Para rebater essas afirmações, escreveu Sagastume uma carta a Quintino Bocaiúva
(19 de junho de 1894), que a publicou em O Paiz.
“É uma apreciação histórica” — diz nela Sagastume — “que devo retificar para libertar
o meu nome da responsabilidade que se pretende impor-lhe...” “O Barão do Rio
Branco foi mal informado. Nunca sugeri ao Marechal Solano López a ideia do tratado
secreto a que alude. O modo desusado, impertinente e violento com que o Conselheiro
NOTAS 269

José Antônio Saraiva iniciou a sua missão diplomática em Montevidéu no ano de 1864,
despertou sérios temores sobre a autonomia do Estado Oriental. Acreditou-se geral-
mente que a sua independência estava ameaçada, e esta crença, confirmada pela nega-
tiva do Sr. Saraiva a todo e qualquer acordo amigável e justo, além disso a pretensão de
se ingerir no governo interno do país, sublevou a opinião de muitos dos melhores
amigos do Brasil. O Paraguai, julgando também que corria perigo o equilíbrio político
do Prata, que era de vital importância para os seus interesses e relações internacionais,
ofereceu a sua mediação. A repulsa dessa mediação deu lugar ao protesto de 30 de
agosto, no qual declarou que a invasão do território oriental por forças do Exército
Brasileiro seria considerada pelo Paraguai casus beli. Esse protesto foi desatendido, a
invasão do território oriental efetivou-se e dái resultou a guerra.
Esta é a história.
Foi uma desgraçada escolha a do Sr. Saraiva. Qualquer outro teria evitado a guerra,
procedendo com menos vaidade e mais acerto. A César o que é de César. O leitor
dispõe agora das peças do processo e pode sentenciar que essa não é a história. Depois
das instruções que recebeu de Herrera em 1o de maio de 1864 e do memorando que
dirigiu a Berges em 28 de outubro, ninguém poderia imaginar que Sagastume tivesse o
ousio, abusando da ignorância habitual do público quanto a minúcias da política
internacional, de vir desculpar-se diante dos brasileiros da grave falta, senão do crime
que havia cometido atiçando com inverdades a guerra contra nós e contra a Argentina,
nem que se aproveitasse da oportunidade para agredir o nosso plenipotenciário na
questão oriental. Felizmente Saraiva ainda vivia quando ele teve esse desplante e, da
Bahia, onde se encontrava, revidou-lhe com a altivez e a energia que merecia o agressor.
No folheto que então deu a lume, e de que extraio esses informes (*), diz Saraiva:
“Em 1880, era eu Presidente do Conselho e tive a honra de receber a visita do Sr. Sagas-
tume, ministro oriental. Antes de tomar assento na cadeira que lhe ofereci, perfi-
lou-se diante de mim e proferiu as seguintes palavras: Senhor ministro — Tem V.Exa.
diante de si o homem que foi em 1864 o maior inimigo do Brasil e que hoje é o seu mais
sincero e dedicado amigo.” A primeira afirmação é positivamente verdadeira como o
leitor acaba de verificar. Quanto à segunda, não duvido se houvesse ele arrependido
das injustiças revoltantes que praticara contra o Brasil. O esforço com que tentou
dissimular a verdade em 1894 parece sintoma característico de que se sentia realmen-
te envergonhado das intrigas que urdira em Assunção.
(*) Resposta do Conselheiro José Antônio Saraiva ao Dr. Vásquez Sagastume, Bahia, 1894.
2
THOMPSON, George. A Guerra do Paraguai.
3
Os batalhões 6o e 7o tinham estado empregados durante muitos anos na preparação
do leito da única linha férrea que então possuía o Paraguai. “Eram os dois melhores
270 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

batalhões do exército e compunham-se de velhos soldados, todos mulatos, apelidados


orelhas pequenas.” (Thompson).
4
Rio Branco, a quem devemos essa informação, declara que a força registada era a
força pronta.
5
Pelo relatório do Ministério da Marinha de 1864, vê-se que só o Anhambaí tinha duas
bocas de fogo; todos os demais figuram sem artilharia. Lê-se ainda nesse documen-
to: “Estes vasos não se podem considerar perfeitos navios de guerra.” O Paraná estava
desarmado e em conserto, conforme veremos declarar o Presidente da Província.
6
Relatório com que o General Albino de Carvalho passou a Presidência da Província
ao Chefe de Esquadra Augusto Leverger, no dia 30 de agosto de 1865.
7
Ver nota 6.
8
Rio Branco diz ter colhido esse número em um ofício de 22 de setembro do presidente ao
ministro da Guerra e em uma informacão dessa mesma data do Tenente-Coronel Pôrto
Carrero. Ajunta o seguinte: “Este coronel diz, em sua parte oficial de 30 de dezembro, que
essa guarnição foi coadjuvada por 10 índios cadiuéos da tribo do Capitão Lixagota, por
quatro vigias da Alfândega, por três ou quatro paisanos de Albuquerque e por 17 presos.
Ao todo 150 homens. Na informação de 22 de setembro, porém, diz que foi coadjuvado
por cinco guardas nacionais de Albuquerque, cinco guardas da Alfândega de Corumbá,
um paisano, um operário contratado, um sargento e nove cabos e soldados presos,
além de oito presos de justiça. São, pois, 30 homens. Com os 10 índios do Capitão
Lixagota, são 40 auxiliares, o que eleva a 155 o número dos defensores do forte.” (XCIII)
9
Em um trabalho sobre o Forte de Coimbra (Revista do Instituto Histórico de 1906),
informa o General Francisco Rafael de Melo Rego que em 1851 obteve o Paraguai que o
Brasil lhe cedesse quatro oficiais para instrutores do seu exército e da sua marinha.
Foram mandados o Capitão Pôrto Carrero e o 1o Tenente Vilagran Cabrita para o
Exército, e os 1o Tenentes da Armada Soares Pinto e Caminada para a Marinha. Soares
Pinto morreu mais tarde no Javari (10 de outubro de 1865) assassinado pelos índios,
quando explorava o Rio Jaquirana como membro da comissão demarcadora dos limi-
tes com o Peru. A respeito dos dois oficiais do Exército Brasileiro, diz Gregorio Benites,
em seu livro Primeras batallas contra la Triple Alianza:
“O autor destas linhas encontrava-se no Exército da República estabelecido no Passo da
Pátria, aí pelo ano de 1851, e viu, de fato, dois oficiais brasileiros, o Capitão Pôrto Carrero
e o 1o Tenente Cabrita, como instrutores do regimento de artilharia do comando do
Capitão Vallovera, mais tarde coronel e morto na guerra. Não viu nenhum outro oficial
brasileiro no Exército, nem na Marinha paraguaia, seja nessa época, seja posteriormente,
como instrutor ou em outro caráter”. (XCIV) Convém ainda reproduzir este trecho de
Rio Branco: “O General Pôrto Carrero, sendo capitão, estivera no Paraguai como ins-
NOTAS 271

trutor de artilharia do Exército dessa República, por ocasião das desinteligências com
Rosas. O próprio Solano López foi seu discípulo e lhe chamava mi maestro. O Tenente
Vilagran Cabrita, morto por uma bala paraguaia em 10 de abril de 1866, na Ilha de
Redenção, em frente a Itapiru, foi também instrutor do Exército paraguaio e era
ajudante de Pôrto Carrero. Na mesma época, tínhamos no Paraguai como encarrega-
do de negócios do Brasil um outro engenheiro distinto, o General Pedro de Alcântara
Bellegarde.”(XCV)
10
No dia 25 havia Pôrto Carrero efetuado um exercício de tiro para treinar a guarni-
ção, o qual não passou despercebido aos atacantes na sua marcha fluvial de aproxi-
mação. “A expedição de Barrios” — escreve Rio Branco — “havia ancorado no dia 25
a curta distância do forte, para dar lugar a que se lhe juntassem os navios mais atrasa-
dos, e do sítio que então ocupavam, ouviram os invasores um fogo bem sustentado de
artilharia e fuzilaria. Barrios ordenou que um dos seus vapores se adiantasse para
reconhecer o forte, e os exploradores voltaram com a notícia de que a guarnição fazia
exercícios e atirava ao alvo. Com efeito, apesar de não acreditar no rompimento do
Paraguai, o Coronel Pôrto Carrero quis preparar para a defesa os seus soldados, que,
perfeitos no manejo das armas de infantaria, pela maior parte deixavam muito a
desejar como artilheiros, e no dia 25 fez um exercício geral, simulando-se que o forte
era atacado, tomando toda a guarnição seus postos de combate e atirando-se à bala
sobre alvos colocados na margem fronteira e em vários pontos da margem direita.”
11
Barrios informa que mandou romper o fogo às 11h30min da manhã.
12
Estavam montadas em seu interior 11 peças, mas só cinco laboraram, porque só
havia 35 artilheiros disponíveis (Rio Branco).
13
Não consegui apurar se os paraguaios desembarcaram artilharia na margem direita.
Um trecho da parte de Pôrto Carrero dá a entender que sim. Em todo o caso, a prepa-
ração de artilharia foi feita pelos navios, pelas baterias flutuantes ou chatas e pelas peças
das baterias levadas para a base do morro da Marinha. Sobre a ação destas, escreve o
General Melo Rêgo: “Nem com a artilharia que para ali levaram colheram os paraguaios
vantagem de tão boa posição. As suas balas, quando não feriam os seus, passavam por
cima do forte para se perderem na encosta do morro.”
14
Pela parte de Barrios parece que as tropas que desembarcaram no dia 28 e tentaram o
assalto do forte pertenciam aos batalhões 6o e 7o. Rio Branco, talvez repetindo Thompson,
diz que eram do 6o batalhão, forte de 750 homens.
15
“Barrios em sua parte oficial diz que a guarnição abandonou a bandeira que flutuava
no forte e a do Corpo de Artilharia de Mato Grosso. Inteiramente inexato. A bandeira
do forte foi levada para Cuiabá pelo Coronel Pôrto Carrero, e a do Corpo de Arti-
lharia chegou à mesma capital no dia 31 de abril, quando ali entrou o 2o Tenente
272 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Oliveira Melo. A única bandeira tomada pelos paraguaios em Mato Grosso foi a do
vapor Anhambaí. Barrios só enviou de Coimbra pedaços de uma bandeira velha,
que por esquecimento não foram inutilizados.” (Rio Branco).
16
“A 14 léguas acima de Coimbra está situada a povoação de Albuquerque, que em 1810
era apenas uma fazenda de gado da Nação, foi-se tornando em povoação até 1833,
elevando-se depois a freguesia. Aí conservava o governo sempre algumas praças
aguarteladas, como sinal de que reconhecia que esse ponto devia ser o centro das forças da
Província, prontas a acudir ao primeiro reclamo do Forte de Coimbra ou do de Miranda.
Infelizmente, na ocasião precisa em Albuquerque, não exista mais que meia dúzia de
praças.” (Notícia da Província de Mato Grosso, de Joaquim Ferreira Moutinho) (XCIX)
17
Fê-lo, segundo afirma Schneider, porque ia muito carregado. Rio Branco confirma
esse desembarque, que me parece inexplicável, em vista da presença do Jauru e do
Corumbá. Não encontrei as partes referentes ao caso.
18
Vinham mais na Jacobina 51 praças do 2o Batalhão de Artilharia a Pé, sete da Companhia
de Artífices, guardas da Alfândega, diversos paisanos e grande número de mulheres e
crianças de ambos os sexos. (Parte do 2o Tenente João de Oliveira Melo).
19
Segundo Barrios, mais ou menos seis léguas acima de Corumbá.
20
Parte de Barrios.
21
Rio Branco.
22
Parte de Barrios.
23
Ficava no Rio Paraguai, 30 léguas acima de Corumbá e não muito longe da foz do S.
Lourenço. Aí tinha o governo alguns armazéns com artigos de marinha. Era também
conhecido pelo denominação de Estaleiro dos Dourados. O 2o Tenente da Marinha
Durocher, três praças e o escrivão, que nele se encontravam, retiraram-se para Corumbá
logo que souberam da invasão dos paraguaios. (Ferreira Moutinho, na sua Notícia
sobre a Província de Mato Grosso, e Rio Branco). (C)
24
O Yporá fora a Corumbá levar a notícia do aprisionamento do Anhambaí.
25
Na tarde de 6 de Janeiro, conta Barrios, chegaram a Corumbá um cabo e dois solda-
dos, que vinham da vila de Miranda, em canoa, com correspondência. Traziam comu-
nicações sobre o que os paraguaios já haviam praticado na Colônia de Miranda e na
de Dourados. Tinham saído daquela vila no dia 1o e cruzado em caminho com outro
correio que levava notícia sobre os sucessos de Coimbra e Albuquerque.
26
O 2o Tenente Luciano fora deixado na fazenda do Bananal, em 28 de janeiro de 1865,
pelo Tenente-Coronel Carlos de Morais Camisão, para reunir dispersos do bata-
lhão que andavam pelo pantanal. Rio Branco confessa não ter podido encontrar
nem a parte do comandante das Armas nem a do 2o Tenente Luciano. Também eu
não o consegui. Apenas me deparou no Arquivo Nacional a parte do Tenente Melo.
NOTAS 273

27
São muito escassos os informes relativos às operações dessa coluna, como aliás sobre
toda a invasão paraguaia em Mato Grosso. O próprio Resquín apenas lhe dedicou
poucas linhas nos seus Datos históricos de la guerra del Paraguay con la Triple Alianza.
Rio Branco, sempre escrupuloso e verídico, investigou o assunto e tomou vários apon-
tamentos em conversa com o General Caballero, que servira às ordens de Resquín, as
quais combinam, segundo ele afirma, com as partes oficiais paraguaias publicadas no
Semanario e com o relatório de Leverger, depois Barão de Melgaço, quando Presidente
da Província (17 de outubro de 1865). (CIV) Felizmente encontrei no Arquivo Na-
cional, não as duas primeiras partes do Tenente-Coronel Dias da Silva (30 de dezem-
bro de 1864 e 2 de janeiro de 1865), mas a terceira (31 de janeiro de 1865), escrita do seu
campo volante em Camaquã, na qual ele diz que faz nova descrição minuciosa do desaca-
to traiçoeiro dos paraguaios. Guio-me por ela. Quanto ao que ocorreu na Colônia de
Dourados, reproduzo por vezes literalmente alguns trechos de Rio Branco.
28
Rio Branco.
29
Tal é a curta narrativa de Urbieta, sem dúvida a que dá mais lustre ao patriotismo e à
bravura de Antônio João, porque promana do adversário. A morte do heroico co-
mandante de Dourados e o aprisionamento dos seus comandados que lhe sobrevive-
ram impediram-no de conhecer hoje todos os pormenores da luta. “As duas praças
feridas” — escreve Rio Branco — “e mais 10 outras ficaram prisioneiras, o que impor-
ta dizer que não escapou um só dos 16 homens de que se compunha o destacamento:
três foram mortos e 12 prisioneiros, entre os quais os dois feridos; o soldado que
faltava havia seguido antes para a colônia militar de Miranda com ofícios do Tenente
Antônio João e foi aprisionado perto dessa colônia pelas forças de Resquín. Todos os
prisioneiros morreram no Paraguai, antes de terminada a guerra”. Urbieta declarou
em sua parte só ter tido dois feridos: um oficial (Tenente Benigno Diaz) e um soldado.
30
No momento em que redigia essa parte (31 de janeiro de 1865), Dias da Silva só tinha
consigo 10 oficiais e 27 praças do seu corpo. Rio Branco diz que em uma comunicação
desse oficial ao ministro da Guerra, de 5 de julho, ele informa que dispunha no Rio
Feio de 130 homens, inclusive 20 paisanos voluntários, que foi perseguido por espaço
de três léguas e que nas guerrilhas que sustentou foram mortos dois cabos, cinco
soldados e um voluntário. Não logrei encontrar a parte de 5 de julho.
31
Em Miranda, estava-se organizando o 7o Batalhão da Guarda Nacional.
32
Relativamente a esse vocábulo, lê-se no Dicionário de Domingos Vieira: “Todo o apa-
relho de fazer diligência em viagem, como bestas de tiro, coches, embarcações ligeiras,
de onde saem postilhões, correios etc., etc.”
33
Parte do Capitão Manuel Alves Pereira da Mota. Em 5 de maio, Dias da Silva já estava
em Santana do Paranaíba. Escrevendo ao ministro da Guerra nesse dia, comunicava
274 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ter recebido ordem do presidente da província, datada de 18 de março, para se recolher


com a sua tropa a Cuiabá.
34
Leverger.
35
Resquín declarou ter arrecadado o seguinte: quatro peças, com seus carros de muni-
ção, 502 fuzis, 67 carabinas, 131 pistolas, 468 espadas, 1.092 lanças, 9.847 projetis de
artilharia de vários calibres.
36
Os livros de Taunay referentes a Mato Grosso encerram múltiplas e curiosas infor-
mações sobre a invasão paraguaia, colhidas pelo autor quando ali esteve com a
coluna que procurou atacar o Paraguai pelo norte e depois retirou de Laguna. De-
vem ser lidos por todos os brasileiros.
37
Convém reproduzir aqui alguns informes de Rio Branco sobre a população indíge-
na da região, colhidos em Taunay (Histórias Brasileiras, 1874) e no Relatório geral da
comissão de engenheiros junto às forças em expedição para a Província de Mato Grosso
(Revista do Instituto, 1875):
“No distrito militar de Miranda, havia para cima de 4.000 índios aldeiados e mais de 10
aldeiamentos regulares. Os terenos, que eram os mais numerosos, estavam estabeleci-
dos no Naxedaze, a seis léguas da vila, no Ipegue, a 7½, e na Aldeia Grande, a três; os
kinikináos no Agaxi, a sete léguas NE; os guanás no Eponadigô e no Láuiad; os laianos
a meia légua. Todos esses pertenciam à nação Chané. Dos guaicurus havia aldeiamen-
tos no Lalima e perto de Nioaque. Os cadiuéus moravam em Amagalobida e Nabile-
ke, perto da sanga denominada Rio Branco, à margem esquerda do Paraguai.” (CIX)
Quanto aos sentimentos desses índios para com os brasileiros, diz Taunay (Dias de
guerra e de sertão):
“Guanás, kinikináos e laianos intimamente se uniram com a população fugitiva; os
terenos se isolaram, e os cadiuéus (guaicurus) assumiram atitude infensa a qualquer
branco, ora atacando os paraguaios na linha do Apa, ora assassinando famílias intei-
ras, como aconteceu com a do infeliz Barbosa Bronzique, no Bonito.”
38
Em seu relatório à Assembléia Provincial (agosto de 1865), declarou o presidente ter
sido informado pelo capitão-comandante da colônia que a força invasora numerava
de 400 a 500 homens, com duas bocas de fogo, e que se retirara ao cabo de seis dias.
Todos os moradores abandonaram as casas e fugiram.
39
“Com a invasão do Coxim desapareceram os estafetas do Correio Postal, e nenhuma
notícia tenho da côrte e de outras províncias desde 20 de março, tendo aqui chegado
somente um terno dos ditos estafetas em 6 do mês passado.” (Ofício do presidente ao
ministro da Guerra, de 8 de junho de 1865.)
40
O Tenente-Coronel Pôrto Carrero foi logo dispensado do comando da força terrestre
e o Capitão-Tenente Joaquim Francisco Chaves da força fluvial.
NOTAS 275

41
Convém deixar aqui consignado que o General Albino de Carvalho, não se tendo
conformado com o procedimento do Coronel Carlos Augusto de Oliveira aban-
donando Corumbá sem fazer rosto ao inimigo, tomou em 3 de março de 1865 a
seguinte resolução:
“O Presidente da Província considerando que o Coronel Carlos Augusto de Oliveira,
Comandante das Armas da mesma Província, não pode mais desempenhar este cargo
com proveito do serviço público depois do desastroso abandono que fez do impor-
tante e florescente ponto de Corumbá sem ter visto o inimigo, inutilizando e desmora-
lizando assim as forças de linha sob seu comando, a qual até hoje anda dispersa e
fugitiva por esses pantanais ínvios, por onde se meteu o mesmo Comandante das
Armas com parte dela, e que à vista do seu procedimento é indispensável e urgente a
sua substituição por um oficial superior que tenha as qualidades correspondentes a
semelhante cargo, na melindrosa situação presente; resolve, em virtude do art. 5o, §
8o da Lei no 38, de 3 de outubro de 1834, suspender o mencionado Coronel Carlos
Augusto de Oliveira do exercício de Comandante das Armas desta Província para ser
responsabilizado no fórum competente pelo seu procedimento; e outrossim que assu-
ma inteiramente o exercício do cargo de Comandante das Armas, logo que chegue a
esta capital, o tenente-coronel Carlos de Morais Camisão; visto acharem-se impe-
didos os outros, dois tenentes-coronéis mais antigos existentes na Província.” (CXI)
42
O Semanario de 1o de abril de 1865 noticia a chegada a Assunção de uma parte das
forças expedicionárias do norte.
43
O Visconde de Taunay descreveu de modo incomparável e emocionante essa tentativa
de ofensiva pelo norte do Paraguai no seu livro Retirada da Laguna. (CXIII)
44
Os acontecimentos de Mato Grosso formam o que se poderia chamar a guerra no
teatro secundário. Sua influência foi quase nula sobre os que se desenrolaram no Rio
Grande do Sul, em Corrientes e no Paraguai, isto é, no teatro principal. Limitei-me
aqui a historiar a invasão da Província e a dar, por antecipação, rápidos esclarecimen-
tos sobre os sucessos posteriores. A reconquista do Sul de Mato Grosso será objeto de
um capítulo complementar de história da guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai.

Capítulo V
1
História do General Osorio, 2o v., p. 20–21.
2
História do General Osorio, 2o v., p. 20–21.
3
MIRANDA, Julián. Compendio de Historia Nacional. p. 173.
4
Biografia de José Maria da Silva Paranhos (Visconde do Rio Branco), pelo Barão do
Rio Branco, seu filho, em Revista Americana, ano VI.
276 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

NOTAS ORGANIZADAS POR


FRANCISCO RUAS SANTOS

(I) Foram publicados dois livros abordando os aspectos diplomáticos: Fronteira em


Marcha, de Renato Mendonça (Prêmio Tasso Fragoso da Biblioteca do Exército,
1955, v. 221 de 1956), e O Drama da Tríplice Aliança, de Teixeira Soares (Editora
Brand Ltda., Rio de Janeiro, 1956).
(II) Também conhecido pelo nome de Palmar.
(III) Nasceu na Irlanda, no dia 22 de junho de 1777. Ainda criança, veio para os Estados
Unidos, em cuja Marinha ingressou como grumete. Tempos depois, passou a
comandar um navio mercante de bandeira inglesa que foi apresado pelos france-
ses. Logrando evadir-se, voltou ao comando de um navio mercante, com o qual
veio a Buenos Aires em 1809. Abraçou entusiasticamente a causa da revolução da
Independência Argentina, aceitando o comando de uma esquadrilha, obtendo
sucessivos triunfos sobre os espanhóis, seja no Prata, seja nas costas do Peru.
Retirado do serviço entre 1817 a 1825, a ele voltou quando da guerra com o Brasil.
Então o Governo argentino confiou-lhe o comando da esquadra, com a qual se
bateu contra os brasileiros, como em Los Pozos, Juncal, Quilmes, Martín García e
em frente a Montevidéu, ascendendo ao posto de Almirante. Em 1828 foi Gover-
nador da Província de Buenos Aires.
(IV) É longa a bibliografia sobre Martín García, abrangendo aspectos diplomáticos,
históricos, hidrográficos e militares. O assunto é sem dúvida tentador. A ele dedi-
cou Euclides da Cunha, em 1908, algumas páginas interessantes, que podem ser
lidas em seu livro A margem da História.
(V) Coronel Manuel Olazábal nasceu em 30 de dezembro de 1800, na cidade de Buenos
Aires. Faleceu em 19 de julho de 1872, na mesma cidade. Esteve presente no sítio de
Montevidéu posto por Alvear, combateu contra os montoneros, participou do
Exército dos Andes, batendo-se em Chacabuco, Putaendo, Cancha Rayada, Maipú
e em outros encontros. De volta ao seu país, foi o vencedor da Batalha da Punta del
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 277

Médano e participou de outros encontros das lutas civis. Lutou nas fileiras dos
unitários até a queda de Rosas.
(VI) Nascido em 23 de abril de 1815, em Buenos Aires. Falecido em 30 de agosto de 1903,
em sua cidade natal. Filho de Vicente López y Planes, autor do Hino Nacional Ar-
gentino, e mencionado nesta obra (v.). Obrigado a emigrar para o Chile em 1840,
ali teve de ganhar seu sustento como mestre-escola em estabelecimento fundado
com Sarmiento.Voltou para sua pátria quando se preparava a campanha definitiva
contra Rosas. Serviu então à causa nacional liderada por Urquiza. Político, viu-se
obrigado a expatriar-se, desta vez para Montevidéu, onde ensinou Economia Po-
lítica. Regressou anos mais tarde para Buenos Aires, dedicando-se à advocacia e às
suas obras literárias. Sempre influente na vida política, graças ao seu exemplo pes-
soal e às suas ideias liberais, abordou problemas de relevo para o país, dando efetiva
ajuda para a sua solução. É vasta a sua bibliografia histórica, científica e puramente
literária. O Manual de la Historia Argentina, aqui citado, é uma sinopse destinada ao
ensino, de sua monumental Historia de la Republica Argentina, su origen, su revolución
y su desarrollo político hasta 1852, em 10 volumes, publicada em 1883–93.
(VII) Nascido em 22 de novembro de 1788, na cidade de Santa Fé e falecido em 15 de
junho de 1838, em sua cidade natal.Caudilho de prestígio e personagem de relevo
entre os federais.Governador vitalício de Santa Fé. Saiu vencedor nos encontros de
Barrancas, Cañada de la Cruz, Gamonal. Foi vencido em Paso de Aguirre, Herradura,
Pavón e em outros combates.
(VIII) Mármol nasceu em 2 de dezembro de 1818, em Buenos Aires, e faleceu em 9 de
agosto de 1871. Poeta e escritor, educou-se nos centros mais cultos da época. Preso
arbitrariamente e sem motivo pelos esbirros de Rosas, logo que se viu livre emigrou
para o Brasil, de onde passou a combater energicamente contra a tirania rosista.
Radicou-se depois em Montevidéu. Ao derrubar Rosas, regressou para o seu país,
tendo sido eleito Senador de sua Província. Exerceu outros cargos de destaque e
com distinção.
(IX) Esse nome foi dado à Sociedade Popular Restauradora, cuja organização iniciou-se
em 1833, com o fim de levar Rosas ao poder, pelo poeta Rivera Indarte, em princípio
partidário do tirano e depois seu ferrenho opositor. É o nome da espiga de milho e
indicava que os partidários de Rosas deviam estar unidos como os grãos na espiga.
Tornou-se a Mazorca cada vez mais terrorista e seus crimes foram inumeráveis. Suas
temíveis atividades eram orientadas pelo ditador e por sua filha.
(X) É vasta a bibliografia sobre Caxias, conforme bem se pode ver do trabalho de Tan-
credo de Barros Paiva, “Caxias na Bibliografia Brasileira”, Revista Militar Brasileira,
número especial dedicada a Caxias, 1936. Destacamos aqui, entre outras, no tocante
278 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

à vida militar do ilustre Duque, antes de 1851 e à sua ação na campanha contra Oribe
e Rosas, os seguintes trabalhos, respectivamente: O Combate de Santa Lucia e Revo-
lução Farroupilha, do General Augusto Tasso Fragoso (o primeiro em anexo ao V
volume desta obra e o segundo em edição da Biblioteca do Exército, 1939), e o
trabalho, já clássico, de Genserico de Vasconcelos, Campanha de 1851–52. Síntese
interessante da vida de Caxias é a obra de Afonso de Carvalho (Caxias, Biblioteca do
Exército, 1939), narrativa agradável que se recomenda para os que desejarem tomar
um primeiro contato com a personalidade do grande brasileiro. Entre os civis, te-
mos como pesquisador e estudioso do grande Chefe o Dr. Eugênio Vilhena de
Morais, cuja lista de trabalhos sobre Caxias é longa. Quanto ao nome de Caxias, é
assunto controvertido. Sem dúvida ele assinava comumente Luis Alves de Lima.
Todavia, em documentos oficiais, um dos quais relacionado com seu batismo, apa-
rece Luís Alves de Lima e Silva. É justamente por isso que preferimos, aqui, do ponto
de vista histórico, esse último nome.
(XI) David José Martins Canabarro, nascido em 22 de agosto de 1796, na cidade de
Taquari – RS e falecido em 22 de agosto de 1867, no Rio Grande do Sul, é um dos
chefes militares da Revolução dos Farrapos. Em 1836, à frente de numeroso grupo
de revolucionários, cerca e obriga à rendição do Coronel João da Silva Tavares, em
Arroio Grande, o qual se achava com alguns oficiais e praças da Guarda Nacional.
Foi nessa ocasião que acrescentou Canabarro ao seu nome. Em 1839, comanda a
Força Terrestre no combate de Laguna, localidade que foi obrigado a evacuar, pas-
sando-se para o sul. Quatro anos depois, comandando com Bento Gonçalves, o
exército republicano, este é repelido em Ponche Verde pelo General Bento Manuel
Ribeiro. Também o foi Canabarro, em Alegrete, pouco tempo depois. Em 1844, seu
acampamento de Porongos foi surpreendido pela força sob o comando de Francis-
co Pedro de Abreu. No ano seguinte, como chefe dos rebeldes, e depois de reunido
um conselho de todos os seus oficiais, resolveu aceitar a anistia ampla oferecida
pelo decreto de 18 de dezembro de 1844. Fez a campanha de 1851–52 contra Oribe
e Rosas, comandando uma divisão de cavalaria da Guarda Nacional. Ainda o
citaremos no volume II por ocasião da invasão paraguaia do Rio Grande do Sul.
(XII) César Hipólito Bacle era um litógrafo genebrino. Chegou à Argentina em 1825 e
pôs-se logo a trabalhar intensamente com sua oficina de impressão e litografia.
Suas litografias de aspectos da vida argentina constituem documentos preciosos
para o estudo da época a que se referem. Era também caricaturista, pintor, crítico
literário, imprimia letras de câmbio e editava um Boletín del Comercio. Escreveu e
editou obras importantes e dispunha de influência social e econômica, além de ser
bastante estimado. Embora estrangeiro, era grande o seu amor à terra argentina.
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 279

A acusação de espionagem com que foi mimoseado pelo ditador “não passou de
uma calúnia de Rosas para perseguir a um homem cujo único delito era o de ser
amigo de alguns intelectuais unitários”. (GANDIA, Historia, p. 503)
(XIII) Esse combate foi travado nas margens da lagoa Chascomús. Na 1a edição apa-
rece Chascamus.
(XIV) O General Pacheco nasceu em 14 de junho de 1793, em Buenos Aires, e faleceu em
28 de setembro de 1869. Combateu na jornada de San Lorenzo, participou de
várias ações militares no Alto Peru, ingressou no Exército dos Andes e esteve pre-
sente nas jornadas de Putaendo, Chacabuco, Cancha Rayada e outras. Fez parte
da campanha da Cisplatina, quando participou de várias ações, entre as quais a
Batalha do Passo do Rosário. Serviu na campanha do interior contra o General
Paz. Mais tarde foi Ministro da Guerra e Deputado, além de haver ocupado outros
postos de relevo. Combateu os unitários, mas não se achou ao lado de Rosas na
Batalha de Caseros, pois não se achava em boas relações com o ditador.
(XV) O nome do local dessa batalha é Cerro de las Ánimas. Na 1a edição consta Cerro
das Ánimas.
(XVI) Abrantes nasceu na Vila de Santo Amaro, Bahia, no dia 26 de outubro de 1794,
e faleceu no Rio de Janeiro, no dia 5 de outubro de 1865. “Seus serviços à Pátria
começaram por ocasião da Guerra da Independência, sendo ele então membro do
último governo provisório de Cachoeira. Deputado pela Bahia desde a Constitu-
inte, entrou para o Senado em 1840. Foi por vezes Ministro da Fazenda (1827–
1829, 1837–1839, 1841–1843) e dos Negócios Estrangeiros (1829–1830, 1862–1864)
e desempenhou uma missão diplomática na Europa de 1844 a 1846, de que pro-
duziu a intervenção anglo-francesa no Rio da Prata contra o ditador Rosas. Era
Ministro dos Negócios Estrangeiros quando os insultos do Ministro Christie obri-
garam o Império a romper as relações diplomáticas com a Grã-Bretanha. Essa
desinteligência teve solução honrosa para o Brasil, por decisão arbitral do Rei dos
belgas. O Marquês de Abrantes será sempre contado entre os melhores estadistas
e oradores parlamentares, que tem tido o Brasil”. (Rio Branco, Efemérides, 5 de
outubro de 1865).
(XVII) Sinimbu nasceu em 20 de novembro de 1810, em Alagoas. Faleceu em 22 de
dezembro de 1906, no Rio de Janeiro. Exerceu papel de grande destaque durante o
Segundo Reinado. Dotado de grande caráter e de cultura europeia, não teve a sorte
de angariar a popularidade que sorriu a muitos dos seus contemporâneos aos quais
sobrepujava intelectualmente.
(XVIII) Um dos mais destacados vultos argentinos do século XIX. Teve seu batismo de
fogo durante as invasões inglesas de Buenos Aires. Tomou parte nos acontecimentos
280 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

do ano de 1810. Tendo sido nomeado por Moreno, seu secretário na missão à In-
glaterra em 1811, foi confidente dos últimos pensamentos do ilustre argentino. Foi
o autor (1816) de uma memória, demonstrando a possibilidade e indicando os
meios para uma campanha libertadora do Chile. Nomeado representante da Argen-
tina nesse país, preparou a expedição ao Peru. San Martin, do qual fora primeiro
ajudante de campo, confiou-lhe importantes missões, que levou a cabo com êxito.
Conselheiro de Estado, Ministro da Guerra e da Marinha, chefe militar e político
no Peru. Colaborou com Bolívar, Sucre e La Mar na obra da independência sul-
americana. Em 1826 retornou à sua pátria, tendo sido um dos signatários da paz
com o Brasil em seguida à Guerra da Cisplatina. Faleceu em sua cidade natal
(Buenos Aires), no dia 14 de setembro de 1866.
(XIX) Waleski era filho de Napoleão I e da Condessa Maria Waleska da Polônia, tendo
aí nascido em 1810. Veio para a França por ocasião da Restauração. Ganhou a
confiança do Duque de Orleans, depois Luís Felipe, tendo desempenhado outras
missões diplomáticas além da que lhe foi confiada no Prata. Sua carreira começou
realmente sob Napoleão III, quando foi Ministro de Estrangeiros, Ministro de
Estado, Senador e Presidente do Corpo Legislativo. Foi também literato. Faleceu
em 1868 na Alemanha.
(XX) Manuel Ribeiro nasceu em 1783, em Sorocaba, São Paulo, e faleceu em 30 de maio
de 1855, em Porto Alegre. Sua vida militar pode muito bem ser resumida conforme
o fez o Barão de Rio Branco ao dizer que “tomou parte em todas as guerras do Sul,
desde 1801 até 1851” e foi “um dos mais famosos comandantes de Cavalaria que
tivemos”. Se rebuscarmos alguns dos feitos em que se destacou, veremos que em
1811, à frente de uma pequena tropa, surpreende e toma Paysandu. Daí por diante o
vemos alcançar as vitórias de Calera de Barquín, Perucho Berna, Arroyo de la China,
Arroyo Grande (este sobre Rivera, em 1819) e participar da perseguição às tropas
batidas em Tacuarembó (1820), à frente de uma coluna de cavalaria. Segundo o
citado Rio Branco, “esse foi o período brilhante de sua vida de soldado, quando
seguia os preceitos de disciplina ensinados e mantidos pelo ilustre General Curado”.
Na campanha de 1825–1828 variou a sua fortuna. Assim é que à frente de uma Bda
C derrota em Arbolito seu antigo adversário Fructuoso Rivera e, junto a Rosario
de Meriñay (Corrientes), o Coronel Pedro Gomes Toribio. E é derrotado em Sarandí,
tendo participado das operações que culminaram com a jornada de Passo do
Rosaário. Tendo ficado inicialmente do lado legal na Revolução Farroupilha, ven-
ceu o adversario na Batalha de Fanfa (1836). Bandeando-se no ano seguinte, marcou
sua defecção com a prisão do Presidente da Província do Rio Grande, Antero José
Ferreira de Brito. Obteve depois alguns sucessos sobre os legais, como em Pedras
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 281

Altas, junto ao Arroio Santa Bárbara, em Espinilho e no Rio Pardo, salientando-se,


porém, a vitória de Ponche Verde (1843), obtida sobre Bento Gonçalves e Canabarro.
(XXI) Antero José Ferreira de Brito nasceu no Rio Grande do Sul, em 11 de janeiro de
1787. Faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de fevereiro de 1856, como comandante das
Armas da Corte. Praça de 1808, tomou parte na campanha de Cisplatina, destacan-
do-se no combate de Castillos (1818). Serviu no exército pacificador da Bahia, em
1823, e em Pernambuco, em 1824. Foi comandante das Armas na Bahia e em Per-
nambuco; Presidente das Províncias do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, Minis-
tro da Guerra e interinamente da Marinha. Ao falecer era vogal do Conselho Supre-
mo de Justiça. Quando era Presidente do Rio Grande do Sul, foi preso no passo de
Tapeví (1837), pelo Brigadeiro Bento Manuel Ribeiro que assim marcou essa sua
passagem para o lado rebelde. Na 1a edição aparece Antônio em lugar de Antero.
(XXII) Fructuoso Rivera é um dos caudilhos mais típicos do Uruguai. Depois de haver
combatido contra os luso-brasileiros durante a campanha da Cisplatina (1811–
1821), quando foi derrotado em várias oportunidades (combates de Arroyo Grande
e India Muerta, por exemplo), aceitou o domínio português. Mas, em 1825, sendo
oficial-general do Exército Brasileiro, passou-se para o lado de Lavalleja. Na campa-
nha de 1825–1828 foi, em geral, bem-sucedido, usando, às vezes, de processos pouco
recomendáveis para o seu caráter. Obteve o triunfo de Rincón de la Gallinas e,
juntamente com as forças de Lavalleja, o de Sarandí. Outros traços de sua existência
movimentada e cheia de altos e baixos encontram-se neste volume. O Capitão
Pretextato o incluiu no seu livro Os Generais do Exército Brasileiro (2a edição pela
Biblioteca do Exército, XXXI, 1o volume). Antes da convenção de auxílios de dezem-
bro de 1841, mencionada aqui, fez Rivera mais duas com os Farrapos: uma em 5 de
julho e outra em 28 de novembro, também de 1841. Quando voltava do Brasil
para assumir seu posto no governo provisório, seu estado de saúde agravou-se e
o velho caudilho expirou poucos dias depois nas proximidades do Arroio Conven-
tos. Por decisão do governo, seu corpo foi trasladado para Montevidéu e enterrado
com solenidade na Igreja Matriz. Em seu túmulo foi gravada a seguinte inscrição:
El pueblo oriental, a su perpetuo defensor. Servió a la patria 43 años; ganó diferentes
batallas; consagró toda su vida a la patria y murió sin dejar fortuna. Desempeñó la
primera presidencia constitucional desde el año 1830; la tercera desde 1838; mandó siempre
en jefe los ejércitos de la República y falleció siendo miembro del Gobierno Provisório.
(Cf. Pablo Blanco Acevedo, Historia de la Republica Oriental del Uruguay, Monte-
vidéu, 1952, p. 247).
(XXIII) Um dos chefes dos Farrapos. Estando acampado em Jaguarão, proclamou a
república e a independência do Rio Grande do Sul, em 12 de setembro de 1836.
282 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Derrota em Seival (1836) o Coronel Silva Tavares. Foi atacado em Pedras Altas
(1837), sendo obrigado a retirar-se e transpor a fronteira da República do Uruguai,
regressando ao território brasileiro pela fronteira do Piraí. Em abril do mesmo ano,
ocupa Caçapava com suas forças. Saiu vencedor do combate de Triunfo, alguns
meses depois. Surpreendido por Francisco Pedro de Abreu, na Estância do Salgado
(1840), consegue fugir, com perdas. Novamente derrotado por Abreu em Canguçu
(dois combates, 1843), achando-se em companhia de Bento Gonçalves. Participou
do combate dos Cerros de Porongos (1844), no qual as forças dos Farrapos, sob
o comando de Canabarro, foram surpreendidas e derrotadas pelo citado Abreu.
(XXIV) V. nota LXXXII.
(XXV) V. nota LXXXII.
(XXVI) O Barão de Jacuí, oficial da Guarda Nacional (major, tenente-coronel e coro-
nel), combatendo ao lado da legalidade, distinguiu-se pela sua ação pessoal e
vitórias que alcançou sobre os Farrapos em Santo Amaro e Arroio Pitim (1838),
Arroio dos Ratos, Rio Pardo e Caí (1839), Passo do Vigário, Roça Velha, Capivara,
Estância do Salgado e Sanga da Bananeira (1840), Banhado do Inhatium, Rio
Bonito e São Gabriel (1841), Passo do Camaquã (1842), Canguçu (dois comba-
tes), Piratini (1843) e Arroio Grande (1844).Destacou-se sobremodo surpreen-
dendo o acampamento de David Canabarro junto aos Cerros de Porongos em
1844. Falando desse feito darmas, um dos últimos da guerra civil, disse Caxias: “É’
sem dúvida a primeira vez que David Canabarro é surpreendido, o que até agora
parecia impossível pela sua incansável vigilância.” (Rio Branco, Efemérides, dia 14
de novembro.). Foi ferido no encontro do Arroio Patim. Foi ferido e rechaçado
(1839) quando atacava Garibaldi, que se encerrara em uma casa na barra do
Camaquã, Lagoa dos Patos. Ferido novamente, com dois golpes de espada na cabe-
ça e um de lança na mão direita, quando, entrincheirado, em uma cerca de pedra,
junto ao Arroio Santa Maria Chica, resistia (1843) heroicamente, com 150 guardas
nacionais, ao ataque de 600 farrapos. Durante a campanha contra Oribe (1851)
ataca e dispersa, meia légua ao norte, do Cerro Largo, a divisão do Cel Dionísio
Coronel, das tropas daquele caudilho uruguaio.
(XXVII) Nasceu em 4 de dezembro de 1803, na cidade de São Paulo, e faleceu em 19 de
fevereiro de 1878, no Rio de Janeiro. Doutor em Direito pela Faculdade de São Paulo.
Magistrado. Presidiu as Províncias de Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Deputado
(1845–1847) e Senador (1853) por São Paulo. Conselheiro de Estado (1859). Minis-
tro da Justiça em 1847 e 1848 nos gabinetes Alves Branco e Macaé, e dos Estrangeiros
no primeiro. Chefe do 24o Gabinete, de setembro de 1870 a março de 1871, nele
ocupou também a pasta de Estrangeiros. Apresentou um programa de reformas,
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 283

entre as quais se destacava a que se referia ao problema da escravidão. Pimenta


Bueno já se destacara no estudo da questão no Conselho de Estado, “o primeiro a
formular o conjunto de medidas, que desenraizou a escravidão do nosso solo, em
1871”. Infelizmente, não conseguiu realizá-la. Conhecedor profundo do teatro da
Guerra do Paraguai, apresentará, no volume II, interessante estudo geográfico-mi-
litar e verdadeiro plano de operações para vencer o adversário do Brasil.
(XXVIII) Um resumo biográfico desse chefe militar pode ser encontrado no livro Os
Generais do Exército Brasileiro, do Capitão Alfredo Pretextato (2a edição pela Bi-
blioteca do Exército, v. XXXII, 2o volume).
(XXIX) Oficial da Marinha inglesa, cooperou brilhantemente, sob as ordens de Lorde
Cochrane, para o bom êxito das operações navais da campanha da Independência.
Continuando ao serviço do Brasil, marcaria sua carreira com assinalados serviços.
Assim é que participou de inúmeras operações da Guerra da Cisplatina, como a de
Los Pozos e a de Lara Quilmes, perdendo um braço nesta última. Distinguiu-se
também durante a Guerra dos Farrapos. Comandou a Esquadra brasileira de 1850
a 1852, justamente em uma de suas quadras mais difíceis, a da luta contra Oribe e
Rosas. Conduzindo, então, de Colônia para a ponta do Diamante, a brigada de
Infantaria do Coronel Francisco Félix Pereira Pinto, forçou a passagem de Tonelero,
no dia 17 de dezembro de 1851. A Força Brasileira ficou, por um momento nesse
feito, submetida durante uma hora ao fogo de 50 peças de grosso calibre, que ti-
nham a sustentá-las infantaria entrincheirada nas altas bordas do Rio Paraná. Fale-
ceu em Liverpool, Inglaterra, onde exercia o cargo de cônsul-geral do Brasil. Seu
sobrenome correto, segundo o Barão do Rio Branco, é Grenfell. Todavia, mesmo em
publicações oficiais, aparece, às vezes, Greenfell.
(XXX) Parece haver aqui uma troca de data escapada na revisão. A convenção mencionada
deve ser a de 29 de maio de 1851, cujo art. XV é o seguinte: “Conquanto esta aliança tenha
por único fim a independência real, e efetiva da República Oriental do Uruguai, se por
causa desta mesma aliança o governo de Buenos Ayres declarar a guerra aos aliados
individual ou coletivamente, a aliança atual se tornará em aliança comum contra o dito
governo, ainda quando os seus atuais objetos se tenham preenchido, e desde esse mo-
mento a paz e a guerra tomarão o mesmo aspecto. Se, porém, o governo de Buenos
Aires se limitar a hostilidades parciais contra qualquer dos Estados aliados, os outros
cooperarão com todos os meios ao seu alcance para repelir e acabar com tais hos-
tilidades.” (Cf. Pereira Pinto, Apontamentos para o Direito Internacional, v. 3, p. 247).
(XXXI) Nascido em 11 de janeiro de 1801 em Jacuí, Minas Gerais. Eleito deputado em 1830.
Desempenhou ativo papel no movimento político que levou Pedro I à abdicação.
“Em 1832, separando-se dos seus amigos, impediu que a Câmara dos Deputados
284 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

se declarasse em convenção nacional para decretar reformas constitucionais; em


1836 e 1837, concorreu para a formação do partido conservador e foi seu líder na
Câmara até 1840; opôs-se à declaração da maioridade do jovem imperador, feita
revolucionariamente pelo parlamento, e mostrou-se sempre tenaz defensor da Cons-
tituição. Em 1842, entrou para o Senado, organizou o gabinete de 20 de janeiro de
1843 e demitiu-se no ano seguinte por divergência com o Chefe do Estado; governou
a Província de Pernambuco em 1849, depois da guerra civil.” (Rio Branco, Efemérides,
dia 3 de setembro). Após o desempenho de sua missão especial no Prata, presidiu o
Gabinete de 6 de setembro de 1853, o chamado Gabinete de Conciliação, um dos
mais notáveis do Império. Chefiava ainda esse Gabinete quando faleceu em 3 de
setembro de 1856, sendo substituído por Caxias, então Ministro da Guerra.
(XXXII) Não havia, até bem pouco tempo, uma biografia de Manuel Marques de
Sousa, esse grande chefe militar brasileiro do passado. Conhecíamos resumos
biográficos, como os de autoria do Capitão Pretextato Maciel, em seu livro Os
Generais do Exército Brasileiro de 1822 a 1889 (2a edição pela Biblioteca do Exército,
XXXII, 2o volume, 1940), e a “Biografia do Conde de Porto Alegre”, de Alfredo F.
Rodrigues, reeditada pelo EME na Revista Militar Brasileira (abr–jun 1925). Foi
publicado pela Biblioteca do Exército um livro de autoria dos tenentes-coronéis
Jaime Ribeiro da Graça e De Paranhos Antunes e Dr. Carlos Maul sobre esse militar
(vol. de fev 1952).
(XXXIII) General Mansilla nasceu em 2 de março de 1790, em Buenos Aires, e faleceu em
11 de abril de 1871. Combateu durante as invasões inglesas, de Buenos Aires, no
primeiro e no segundo sítios de Montevidéu. Esteve presente na jornada de Chacabuco
e de Passo do Rosário. Lutou sempre ao lado dos partidários de Rosas. Foi Gover-
nador de Entre Ríos, membro do Congresso (1826) e Chefe de Polícia de Buenos
Aires, (1834).
(XXXIV) Sobre esses tratados, encontramos nas obras aqui mencionadas as referên-
cias que vão abaixo. Com o fim de manter a independência e pacificar o território
do Uruguai, foi assinado em Montevidéu, em 29 de maio de 1851, pelos representan-
tes do Brasil (Rodrigo de Sousa da Silva Pontes), Uruguai (Manuel Herrera y Obes)
e Entre Ríos (Antonio Cuyás y Sampere) um convênio para uma aliança ofensiva e
defensiva. O Brasil a ratificou no dia 8 de julho, o Uruguai no dia 21 agosto e Entre
Ríos no dia 15 de agosto, tudo de 1851. A Província de Corrientes aceitou-o nessa
última data. No dia 12 de outubro de 1851, foram assinados cinco tratados entre o
Brasil e o Uruguai: um de aliança, outro sobre limites, outro sobre comércio e
navegação, outro sobre extradição e, finalmente, um de subsídio. Firmaram-nos,
por parte do Brasil, os plenipotenciários Honório Hermeto Carneiro Leão e Antô-
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 285

nio Paulino Limpo de Abreu e, por parte do Uruguai, o plenipotenciário Andrés


Lamas. A data de 13 de outubro com que por vezes são mencionados é a da re-
tificação. As respectivas cartas de ratificação foram trocadas em Montevidéu, no
dia 11 de novembro 1851, pelo Ministro Rodrigo de Sousa da Silva Pontes e o das
Relações Exteriores do Uruguai, Manuel Herrera y Obes. Não tiveram decreto de
promulgação no Brasil, razão pela qual não constam das Coleções de Leis. Podem
ser consultados em Apontamentos para o Direito Internacional, de Pereira Pinto, 3o
vol., e também na obra Memórias do Grande Exército Aliado Libertador do Sul da
América, de Ladislau dos Santos Titara (2a edição pela Biblioteca do Exército, vols.
151–152, em anexo). A data de 12 de março que aparece no texto da 1a edição desta
obra deve assim constar ali por engano.
(XXXV) O nome que encontramos na literatura histórica é Echevarría (Dr. Vicente
Anastasio de).
(XXXVI) Naturalista, nasceu na França. Formado ali em Medicina, foi cirurgião da
Marinha francesa. Percorreu vários países da Europa e da América em companhia
de Humboldt, publicando em conjunto vários trabalhos científicos. Chegou a
Buenos Aires em 1817. Nomeado catedrático de Medicina e professor de História
Natural, deixou essas funções para dirigir-se às Missões do Alto Peru (Bolívia). Foi
quando Francia, tomando-o por espião, mandou confiná-lo, situação que perdu-
rou 10 anos. Fundou em diferentes pontos estabelecimentos agrícolas, de impor-
tância relevante para a Botânica e à Agricultura. Faleceu no dia 11 de maio de 1858.
(XXXVII) O nome da obra é El Dictador del Paraguay José Gaspar Rodríguez de Francia
e seu autor, Enrique Wisner.
(XXXVIII) Juan Madariaga nasceu em 1809, em Corrientes, e faleceu em 20 de junho de
1879. Participou desde jovem nas lutas políticas. Combateu Rosas servindo sob as
ordens de Lavalle. Voltando para Corrientes, obteve aí grande prestígio. Em 1843,
encabeçou uma revolução vitoriosa contra o Governador Cabral, que foi substi-
tuído por seu irmão Joaquín Madariaga. Ainda em 1843 e em 1844, lutou em
Corrientes e Entre Ríos contra seus adversários. O combate em que foi feito prisio-
neiro por Urquiza é o conhecido pelo nome de Laguna Limpia (1846). Fez a campa-
nha de 1851 e participou da Batalha de Caseros. Foi um dos chefes do movimento de
11 de setembro de 1852 e foi batido por Urquiza, no dia 22 de novembro do mesmo
ano. Ainda nessa época, foi deputado na Legislatura de Buenos Aires, tendo desem-
penhado outros cargos posteriormente.
(XXXIX) O Conselheiro Sérgio de Macedo nasceu em 1809 no Rio de Janeiro. Faleceu
no ano de 1867. Diplomata, tendo servido também na Europa, onde se formou, e
nos Estados Unidos. Foi ainda Presidente de Província, Deputado e Ministro do
286 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Império, de 1859 a 1861. O reconhecimento da Independência do Paraguai por


parte da Áustria é um dos muitos serviços que prestou na carreira diplomática.
(XL) Augusto Leverger, Barão de Melgaço. Embora francês de nascimento, é um dos
grandes vultos mato-grossenses. Prestou inestimáveis serviços ao Brasil, seja no
campo das armas, seja no das ciências. Considerado também um dos vultos
notáveis da Geografia do Brasil, seu nome consta na galeria a eles dedicada pela
Revista Brasileira de Geografia (ano III, n. 4), com um resumo biográfico de auto-
ria do Prof. José Veríssimo da Costa Pereira. Também foi incluído pelo historiador
Afonso d’Escragnolle Taunay em seu livro sobre estrangeiros que prestaram servi-
ços ao Brasil (edição da Companhia Melhoramentos de São Paulo). Outros estu-
diosos ocuparam-se de sua figura de militar e geógrafo. Seus trabalhos sobre
Mato Grosso são frequentemente citados pelos que se ocupam da história e da
geografia mato-grossenses.
(XLI) Nasceu em 22 de setembro de 1798, em Portugal, e faleceu em 14 de setembro de
1883, no Rio de Janeiro.
(XLII) Deve ser ratificando.
(XLIII) Um dos grandes heróis uruguaios, considerado mesmo no Uruguai como um
de seus libertadores (epopeia dos Trinta e Três).
(XLIV) Corveta construída na Bahia. Quilha posta no estaleiro em 18 de julho de 1843.
Lançada ao mar em 16 de setembro de 1845. Deslocamento 637 toneladas. Primeiro
comandante CF Joaquim Marques Lisboa (depois Almirante e Marquês de
Tamandaré). Depois de ter assistido à capitulação de Oribe, cuja retirada por mar
fracassou, em 11 de outubro de 1851, forçou a passagem de Tonelero, em 17 de
dezembro de 1851. Comandava-a nesse período o CMG Guilherme Parker. É o
terceiro navio da Esquadra com esse nome.
(XLV) O Dr. José Maria do Amaral nasceu em 14 de março de 1813, no Rio de Janeiro.
Faleceu em 23 de setembro de 1885, em Niterói. Além de haver desempenhado
missões diplomáticas no Prata e no Paraguai em épocas difíceis, foi poeta e escritor.
(XLVI) Praça em 14 de janeiro de 1817; Alferes em 26 de março de 1821. Tenente em 12 de
outubro de 1823(?); Capitão em 20 de agosto de 1837; Major em 20 agosto de 1838;
Tenente-Coronel em 27 de maio de 1842, com antiguidade de 18 de julho de 1841.
Coronel em 14 de março de 1844. Marechal em 2 de dezembro de 1856. Oriundo da
Arma de Infantaria.
(XLVII) João Carlos Gomes na 1a edição. Foi uma das vítimas dos atos arbitrários e
injustificados do governo Pereira (prisão e desterro) e que deram causa à Revolução
de 1858.
(XLVIII) Freire foi um dos 33 da cruzada libertadora de 1825.
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 287

(XLIX) Na 1a edição aparece Tages, sem dúvida por um erro tipográfico. Esse oficial é
tido em seu país como militar distinto.
(L) Nasceu em 3 de maio de 1784, em Buenos Aires, e faleceu em 10 de outubro de 1856
em sua cidade natal. Político, professor, deputado, ministro e administrador, foi
Presidente da República em 1827, Ministro da Fazenda no ano seguinte e Presiden-
te do Superior Tribunal de Justiça até a queda de Rosas. Urquiza o encarregou de
organizar o governo provisório e, em seguida, foi eleito Governador da Província
de Buenos Aires. Autor da canção de guerra que, transformada no Hino Nacional
Argentino, deu-lhe imortalidade.
(LI) Deve ter havido aqui um erro tipográfico na 1a edição. O nome certo é Grappler.
(LII) Quanto ao que interessa à nossa intervenção na Argentina (1851-1852), deixou,
como Ministro do Exterior da Confederação, as seguintes obras: El Tratado de Paz
entre el Director Provisorio de Ia Confederación Argentina y el Gobierno de Buenos
Aires, en 9 de Marzo de 1853 (Buenos Aires, 1853).
(LIII) O Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre o Império do Brasil e a
Confederação Argentina foi concluído e assinado na cidade do Paraná, no dia 7 de
março de 1856, pelos plenipotenciários Paulino Limpo de Abreu, Visconde de
Abaeté, por parte do Brasil, e Dr. Juan Maria Gutiérrez, por parte da Confederação
Argentina. O Decreto no 1.781, de 14 de julho de 1856, assinado pelo Imperador e
por José Maria da Silva Paranhos, mandou que fosse o dito tratado observado e
cumprido, “tão inteiramente como nele se contém.”
(LIV) O combate foi encarniçado e durou três horas. Houve cerca de 400 mortos de
ambos os lados, 300 prisioneiros e mais de 100 feridos. O número de feridos
comparado com o de mortos indica de modo evidente que estes foram vítimas da
lama seca (lança seca), isto é, assassinados depois de feitos prisioneiros e não mortos
durante a luta.
(LV) Havia o Dr. Aberastain assumido o poder após o assassinato de Virasoro. Deci-
dida a intervenção na província pelo Presidente Derqui, de acordo com Mitre, fora
designado interventor Juan Saa, Governador de San Luís, tendo como adjuntos os
Coronéis Paunero e Conesa, filiados à corrente política de Mitre. O Presidente
Derqui desaprovou a conduta do interventor que havia ordenado o fuzilamento
de Aberastain. O nome da batalha ou combate é Pocito (Levene), ou da Rinconada
de Pocito. Em um outro manual de História da Argentina aparece Antonino
Aberastain em lugar de Antonio Aberastain. Em uma outra fonte consultada sur-
gem os dois nomes. O Dr. Aberastain pertencia à família distinta da Província de
San Juan, havendo ele próprio se distinguido como intelectual e jurista. Viveu no
exílio no Chile, durante a tirania de Rosas, tendo sido ali secretário da Intendência
288 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de Copiapó, explorando minas durante 14 anos. Após a queda de Rosas passou a


tomar parte ativa na política de San Juan. Seu fuzilamento (pelas costas) foi prece-
dido de requintes de barbaria. Obrigaram-no a caminhar a pé inteiramente nu,
cinco léguas, sob calor causticante, terrível prova para qualquer um, indizível su-
plício para um homem de sua idade.
(LVI) Além do Barão do Rio Branco (Efemérides), tratou deste incidente o General
Silveira de Melo em seu artigo “O incidente do Fecho dos Morros em 1850”, em A
Defesa Nacional (XLI, Setembro).
(LVII) Nessa época havia dois oficiais da ativa com este nome: José Joaquim de Carva-
lho. Como o autor refere-se ao que é capitão, temos que é praça de 5 de fevereiro
de 1823, Alferes em 2 de dezembro de 1833, Tenente em 19 de junho de 1835,
Capitão Graduado em 11 de setembro de 1843; Capitão em 14 de março de 1844.
Arma de Infantaria. Como Coronel comandou, por algum tempo, a coluna que
faria depois a retirada da Laguna. Sobre ele, e referente a esse período, deixou Taunay
algumas impressões, não muito favoráveis, em seu livro de Memórias (Instituto
Progresso Editorial, editora, São Paulo, 1948). Apesar do estado de espírito em que
se achava o futuro Visconde de Taunay naquela época, não deixa de ser uma
contribuição interessante para o conhecimento do Coronel Carvalho. Um resumo
biográfico bem mais completo do Coronel Carvalho acha-se no livro Os Generais do
Exército Brasileiro de 1860 a 1889, de autoria de Laurênio Lago (Biblioteca Militar,
volume LIX, 1942). Quanto ao mencionado Alferes F. Bueno da Silva, devemos
esclarecer que, nos Almanaques do Exército referentes ao período, não encontra-
mos oficial com esse nome e posto. Achamos ali um oficial de Infantaria, com o
nome de Francisco Bueno da Silva e mais os seguintes dados: Praça em 18 de
outubro de 1825; Alferes em 21 de julho de 1840; Tenente em 23 de julho de 1844.
Talvez seja esse o oficial referido no texto.
(LVIII) Na 1a edição está Allencastre, em lugar de Alcântara. Bellegarde nasceu em 3 de
dezembro de 1807 e faleceu em 12 de fevereiro de 1864. Aluno da Escola Militar
desde 1821, foi transferido para o Corpo de Engenheiros, com o posto de capitão,
por volta de 1827. Assim, dirigiu a construção do farol da Ilha Rasa, colaborou nos
projetos do Guandu. Já major, começou os estudos dos canais do Ururaí e do
Nogueira, em Campos. Afilhado e amigo de Pedro I, não teria outra comissão
durante a Regência. Lente substituto, por concurso, aliás brilhante, da Escola Mi-
litar, aí teve oportunidade de lecionar quase todas as disciplinas, para muitas das
quais elaborou compêndios (Matemáticas Elementares, 1838, Mecânica Elementar
e Aplicada, 1839, Introdução Corográfica à História do Brasil, 1840, Noções e Novas
Tábuas de Balística Prática, 1858). Concorreu eficientemente para a fundação da
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 289

Escola de Arquitetos Medidores de Niterói, cuja direção teve por algum tempo e
onde lecionou em mais de uma cadeira. Também para facilitar o estudo de seus
alunos escreveu: Compêndio de Topografia, 1839, Noções de Geometria Descritiva,
1840, Compêndio de Arquitetura Civil e Hidráulica, 1848, e Estatística Prática.
Sócio fundador do Instituto Histórico Brasileiro. Pleiteou, juntamente com o Co-
ronel Niemeyer, autorização para o arrasamento do morro do Castelo, empreen-
dimento que só seria realizado cerca de oito lustros depois de apresentado seu
projeto. Ainda com Niemeyer, trabalhou no abastecimento d’água para Recife
(1841). Credenciado com a publicação de Noções Elementares do Direito das Gentes
(1845), foi enviado pelo Governo ao Paraguai como encarregado de negócios
(1845). No desempenho dessa missão logrou impressionar favoravelmente a Carlos
Antonio López. De regresso, dirigiu o Arsenal de Guerra quando foi chamado a
participar do ministério de conciliação, na pasta da Guerra, por indicação de
Caxias. Nos seus dois anos de ministro, organizou o Batalhão de Engenheiros e a
Escola de Aplicação, além de levar a cabo outros empreendimentos. Ao deixar o
ministério, executou trabalhos corográficos, geográficos e de cartografia. Já mare-
chal-de-campo, em 2 de dezembro de 1860, ingressou no gabinete Araújo Lima,
ocupando a pasta da Agricultura (1863) de modo efêmero, pois muito pequena foi
a duração desse ministério. Eleito deputado pelo Rio de Janeiro, faleceu antes de
tomar posse de sua cadeira.
(LIX) Segundo H. Sánchez Quell (Política Internacional del Paraguay, 2a edição, Buenos
Aires), Moreira de Castro era então plenipotenciário do Paraguai no Rio de Janeiro.
(LX) Pereira Leal, além de acusado de intrigante por C. A. López, o tem sido por mais
de um autor fora do Brasil. Evidentemente, as paixões e os interesses podem
deformar certas iniciativas e tomar como falsidade o que nada mais é do que a
legítima defesa de interesse do próprio país. O Itamarati possui uma Biografia do
Conselheiro Felipe José Pereira Leal (Rio de Janeiro, 1880), cuja autoria acredita
Argeu Guimarães (Dicionário Bibliográfico Brasileiro, Rio, 1938) ser de José Antô-
nio Pereira Leal.
(LXI) Eis alguns dados sobre os navios dessa esquadra: Amazonas — Fragata a vapor,
construída na Inglaterra. Lançada ao mar em 25 de setembro de 1851. Mastreada
a brigue-barca, deslocamento de 1.800t, 56,88m de comprimento, 9,81m de boca e
4,45m de calado; máquina de 350HP. De rodas, possuía 4 canhões calibre 32, em
bateria, e 2 de 70 em rodízios. Primeiro comandante Elisiário Antônio dos Santos
(depois Barão de Angra). Mostra de armamento em 7 de abril de 1852. Chegou ao
Rio de Janeiro em 2 de junho de 1852.Vamos reencontrá-la nas operações de 1865,
quando foi a capitânea de Barroso na Batalha do Riachuelo. Quarto navio da
290 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Armada com esse nome; Beberibe — Corveta mista a hélice, de 559t, 172 pés de
comprimento, 25 de boca, 15 de pontal e 11 de calado. Máquina de 130HP, 6 peças
de calibre 32, em bateria, e 1 rodízio de 68. Lançada ao mar em 4 de agosto de 1853,
do estaleiro de Green, Blackward, Londres. Mostra de armamento em 7 de feverei-
ro de 1854. Primeiro comandante José Secundino de Gomensoro. Aportou em
Pernambuco em 21 de abril de 1854, vindo de Londres, com 26 dias de viagem;
Berenice — Corveta construída em Fiume, antes denominada Confederación Ar-
gentina, comprada em 29 de setembro de 1846. 118 pés de comprimento, 32 de
boca e 12 de pontal. 362t de deslocamento. 14 canhões de calibre 30 e 8 outros
menores. Mostra de armamento em 22 de maio de 1847. Primeiro comandante
Francisco Pereira Pinto. Comandada por José Antônio de Siqueira, fez parte da
esquadra que, sob o comando do Chefe John Pascoe Grenfell, chegou a Montevi-
déu em março de 1851, tomando parte no bloqueio destinado a interceptar a
retirada de Oribe; Camaquã — Pequeno vapor de rodas, de 90HP, 108 pés de
comprimento, 19 de boca, 10 de pontal e 8 de calado. Comprado em 23 de dezem-
bro de 1854, no Rio Grande do Sul, onde era utilizado como rebocador na barra
do Rio Grande. Foi armado com 1 canhão Paixhans de calibre 30 e 2 caronadas de
calibre 24. Em 1855 (jan-ago) esteve incorporado à divisão naval do Rio da Prata,
tendo sido um dos 10 vapores componentes da esquadra da missão Pedro Ferreira
de Oliveira; Imperial Marinheiro — Corveta (brigue-barca), construída pelo Arse-
nal de Marinha do Rio de Janeiro. Quilha posta no estaleiro em 1o de agosto de
1850. Lançada ao mar em 27 de agosto de 1851. 120 pés de comprimento, 32 de
boca, 13,5 de pontal e 11 de calado. 14 canhões Paixhans de calibre 30. Mostra de
armamento em 21 de janeiro de 1852. Primeiro comandante Francisco Manuel
Barroso da Silva (depois Alte e Barão do Amazonas, vencedor de Riachuelo). Em
1852 fez uma viagem às Malvinas. Em 1857–1858 fez uma viagem de instrução à
Europa. Naufragou na restinga da Marambaia, em 24 de junho de 1865; Ipiranga
— Vapor, posteriormente classificado “canhoneira”, construído pelo Arsenal de
Marinha do Rio de Janeiro. Lançado ao mar em 23 de setembro de 1854. Desloca-
mento 350t; 39,04m de comprimento, 5,52m de boca, 2,76m de pontal, 2,63m de
calado. Máquina de 70HP para 9 milhas de velocidade. Mostra de armamento
em 19 de outubro de 1854. Em 1855 é comandada pelo Vitório José Barbosa da
Lomba. Reencontraremos ambos posteriormente. Foi o terceiro navio da Esqua-
dra com esse nome; Jequitinhonha — Corveta a vapor, construída na Inglaterra.
637t, 175 pés de comprimento, 26 de boca, 12,5 de calado. 130HP. 6 peças de calibre
32, em bateria, e 1 rodízio de calibre 68. Chegou ao Recife em 25 de setembro de
1854, vinda de Londres, com 18 dias de viagem. Primeiro comandante Joaquim
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 291

Raimundo de Lamare. Tinha também a classificação de “canhoneira” e “vapor”;


Magé — Canhoneira, construída na Europa, em 1854. 564t, 43,36m de compri-
mento, 7,44m de boca e 3,50m de pontal. 120HP. 6 canhões de calibre 32 e 1 de 68.
Chegou ao Recife em 22 de julho de 1854, vinda de Londres. Durante a missão,
Pedro Ferreira de Oliveira esteve sob o comando de Henrique Hoffsmith. Iremos
reencontrá-la em operações no decorrer da guerra; Maracanã — Canhoneira,
comprada na Inglaterra. 244t, 106 pés de comprimento, 22 de boca e 8 de calado.
Máquina de 80HP. 7 canhões de calibre 30. Mostra de armamento em 8 de janeiro
de 1855. Primeiro comandante 1o Ten Manuel Antônio da Rocha Faria, sob cujo
comando continua na missão Pedro Ferreira de Oliveira ao Paraguai. Reencon-
traremo-la mais tarde; Tonelero — Brigue-escuna construído pelo Arsenal de
Marinha do Rio de Janeiro. Lançado ao mar em 23 de setembro de 1854. 210t de
deslocamento. 2 canhões calibre 32. 26,84m de comprimento, 7,09m de boca e
2,80m de calado médio. Mostra de armamento em 19 de outubro de 1854. Primei-
ro comandante Antônio Carlos Soído. De 1855 a 1859, fez parte da estação naval
em Montevidéu, sob o comando do 1.o Ten Luís Maria Piquet (mais tarde Barão
de Santa Marta); Viamão — Corveta a vapor, construída em Londres (1854).
120HP. 6 canhões calibre 30 e 1 calibre 68. Chegou ao Recife em 11 de setembro de
1854, vindo da Europa, sob o comando de Francisco Pereira Pinto, tendo antes
acompanhado o rei de Portugal, D. Pedro V, na sua viagem de Inglaterra para
Ostende. Despedaçou-se em 7 de junho de 1862, no Dique Imperial.
(LXII) O nome do comandante do Batalhão de Infantaria embarcado na esquadra da
missão Pedro Ferreira de Oliveira é Francisco Vítor de Melo e Albuquerque e não,
como por um lapso, aparece no texto da 1a edição (Vítor de Albuquerque e Melo).
Esse oficial é: Praça em 22 de dezembro de 1822, Alferes em 12 de outubro de 1827,
Tenente em 18 de outubro de 1829, Capitão em 18 de dezembro de 1838, Major
Graduado em 27 de maio de 1842, com antiguidade de 18 de julho de 1841, e Major
Efetivo em 23 de julho de 1844.
(LXIII) Gregorio Benites foi secretário de Francisco Solano López, diplomata e historia-
dor. Seus escritos acham-se eivados de lópezguaismo. Além da obra citada no texto,
escreveu a seguinte, encarando aspectos diplomáticos da Guerra do Paraguai:
Anales diplomatico y militar de la guerra del Paraguay (Assunção, 1906).
(LXIV) Esse tratado foi ratificado pelo Decreto no 1.782, de 14 de julho de 1856, assina-
do pelo Imperador e por José Maria da Silva Paranhos. O Decreto no 1.783, da
mesma data, também assinado pelo Imperador e pelo futuro Visconde do Rio
Branco, mandou que fosse observada e cumprida, “tão inteiramente como nela se
contém”, a Convenção relativa ao ajuste de limites entre o Brasil e o Paraguai,
292 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

concluída e assinada no Rio de Janeiro, no dia 6 de abril de 1856, por Berges e


Paranhos. Ver nota LXV.
(LXV) A Convenção de 12 de fevereiro de 1858 levava a assinatura dos plenipotenciá-
rios José Maria da Silva Paranhos, por parte do Brasil, e Brigadeiro General D.
Francisco Solano López, por parte do Paraguai. Foi ratificada no Brasil pelo De-
creto no. 2.155, de 1o de maio de 1858, assinado pelo Imperador e pelo Visconde de
Maranguape.
(LXVI) Dias Vieira (João Pedro) nasceu em 1820, no Maranhão. Deputado provincial,
depois geral. Senador do Império. Administrou várias províncias. Ministro de Es-
trangeiros dos gabinetes Zacarias e Furtado em 1864, em uma época das mais difí-
ceis. Competiu-lhe orientar a política brasileira no Prata quando da Missão Saraiva.
O relatório de 1865, mencionado no texto (p. 217–219), registra por isso aspectos
fundamentais para a história do período que abrange a nossa intervenção no Uru-
guai e o eclodir da guerra do Paraguai. O título desse documento é: Relatório da
Repartição dos Negócios Estrangeiros apresentado à Assembleia Geral Legislativa na
terceira sessão da décima segunda legislatura, pelo respectivo Ministro e Secretário de
Estado... (Rio de Janeiro, Tipografia Universal de Laemmert, 1865).
(LXVII) Herrera parece referir-se a Nicanor Cáceres, militar e caudilho de Corrientes,
nascido em Curuzú-Cuatiá (11 de janeiro de 1809). Serviu nas forças dos generais
Lavalle e Paz. Esteve nas batalhas de Pago Largo, Arroyo Grande a Caáguazú.
Como comandante de uma divisão corrientina, integrou o exército libertador e
combateu na jornada de Caseros. Militar valente, embora de reduzidos dotes
intelectuais. Voltaremos a encontrá-lo quando combate os paraguaios na invasão
de sua Província (vol. II).
(LXVIII) Tamandaré, como Caxias, é motivo de apreciável bibliografia. Seria difícil, em
uma pequena nota, dar uma ideia precisa dos trabalhos publicados a seu respeito.
Apontamos, entre outros, os de Henrique Boiteux, Dídio Iratim Afonso da Costa,
Gastão Penalva, Gustavo Barroso e Frederico Vilar.
(LXIX) A Niterói é o terceiro navio da Esquadra brasileira com esse nome. Corveta,
construída pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Construção iniciada em
4 de maio de 1857. Lançada ao mar em 8 de abril de 1862. Deslocamento 1.819t;
58,38m de comprimento; 12,19m de boca; 6,60m de pontal. e 5,30m de calado.
Máquina de 200HP. 14 canhões de 68 e 2 rodízios. Velocidade 7 milhas. Mostra
de armamento em 6 abril de 1863. Em 1864 transportou ao Rio da Prata o Al-
mirante Tamandaré, nomeado comandante em chefe das forças navais brasileiras
no Prata. Iremos reencontrá-la mais tarde.
(LXX) Existem alguns estudos biográficos desse oficial general. Um deles é o do Capitão
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 293

Alfredo Pretextato Maciel, em seu livro Os Generais do Exército Brasileiro, do qual a


Biblioteca do Exército já publicou segunda edição (volume XXXII).
(LXXI) Araguari, canhoneira construída na Inglaterra, 406t de deslocamento, 44,2m de
comprimento, 7,4 m de boca e 2,6m de calado. Máquina de 80HP para 9 milhas de
marcha, 2 peças de 32 e 2 de 68, em rodízios. Chegou ao Recife em 7 de agosto de
1858, vindo da Inglaterra.
(LXXII) Belmonte, corveta mista, a hélice, construída na França em 1857–1859. 602t de
deslocamento, 168 pés de comprimento, 24,5m de boca e 9m de calado; máquina de
120HP, 4 peças de cal. 32 em bateria, 2 de 68 e 1 raiada, Whiteworth de 70, em rodízios.
(LXXIII) Eis alguns dados sobre esses oficiais:
Ten-Cel André Alves Leite de Oliveira Belo
Pr 21 Mar 1837;
Ten-Cel 2 Dez 1858;
Arma de Infantaria.
Cel Antônio de Sampaio
Depois oficial-general, patrono da Infantaria Brasileira e do 1o RI.
Vamos reencontrá-lo até a primeira Batalha de Tuiuti (24 de Maio de 1866), quando
apresentaremos uma nota mais informativa.
Apontamos, desde já, a sua biografia pelo Dr. Euzébio de Sousa (Sampaio, Biblioteca
do Exército, 1944)
Maj Antônio da Silva Paranhos
Pr 1 Dez 1837 (Almanaque de 1859) e 22 Jul 1838 (Almanaque de 1844):
Alf 27 Mai 1842 com antiguidade de 18 de julho de 1841;
Ten 7 Set 1847
Cap 3 Mar 1852.
Arma de Infantaria.
Maj Augusto César de Araúio Bastos
Pr de Jul 1836: Can a 15 Jul 1.854. Cavalaria.
Cel Grad Augusto Frederico Pacheco
Pr 12 Dez 1839: Alf 2 Dez 1839: Ten 27 Mai 1842, com antiguidade de 18 Jul 1841:
Can 23 Jul 1844: Ten-Cel 2 Dez 1857.
Cel Cândido José Sanches da Silva Brandão
Pr de 11 Mar 1809 com dois anos de idade; Cel a 2 Dez 1857. Arma de Cavalaria.
Cel Carlos Resin Filho
O Alte Henrique Boiteux publicou na Revista Militar Brasileira (Out-Nov 1936),
sob o título “Santa Catarina no Exército — o Marechal de Campo Carlos Resin
Filho”, uma biografia deste oficial, que ainda encontraremos frequentemente nos
294 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

demais volumes desta obra. Essa biografia acha-se inserta no volume do mesmo
autor e com aquele título, publicado pela Biblioteca do Exército (vol. LI. 1942).
Ten-Cel Emílio Luís Mallet
Mais tarde oficial-general e Barão de Itapevi
Patrono da Artilharia brasileira justamente devido à sua ação nas campanhas de
1864 e do Paraguai.
Vamos reencontrá-lo mais tarde, quando apresentaremos outras notas a seu respeito.
Ten-Cel José Ferreira da Silva Júnior
Pr 27 Nov 1839; Alf 27 Mal 1842, com antiguidade de 18 Jul 1841; Ten 30 Set 1846;
Maj 2 Dez 1855.
Arma de Cavalaria.
Maj Joaquim João de Meneses Dória
Pr. 13 Nov 1837 (Almanaque de 1859);
Pr 17 Mai 1839 (Almanaque de 1848);
Alf 2 Dez 1839;
Ten 27 Mai 1842 com antiguidade de 18 Jul 1841;
Cap Grad 2 Dez 1847;
Maj 2 Dez 1858.
Na 1a edição aparece como Joaquim José de Meneses Dória.
Brig José Luís Mena Barreto
Muitos dados sobre sua vida estão coligidos no livro do Ten-Cel João de Deus
Mena Barreto Os Mena Barreto — Seis Gerações de Soldados, 1769-1950.
Cel Luís Antônio Ferraz
Pr 18 Nov 1819; Alf 28 Mar 1827; Ten 20 Ago 1838; Cap 2 Dez 1839; Maj Gr 23 Jul
1844; Maj Ef 3 Mar 1852.
Arma de Infantaria.
Ten-Cel Salustiano Jerônimo dos Reis
Barão de Camaquã por Decreto de 2 Mar 1889.
Um resumo de sua existência acha-se no livro Os Generais do Exército Brasileiro de
1860 a 1889, de autoria de Laurênio Lago (Biblioteca do Exército, vol. LIX, 1942).
Cel Vitorino José Carneiro Monteiro
Barão de São Borja por Decreto de 18 Mai 1870.
Vamos reencontrá-lo frequentemente durante a campanha do Paraguai. Lembramos,
todavia, que existe um resumo de sua existência no livro Os Generais do Exército Brasi-
leiro de 1860 a 1889 de autoria de Laurênio Lago (Biblioteca do Exército, vol. LIX, 1942).
(LXXIV) Alguns dados sobre esse material de artilharia foram insertos pelo autor em
anexo ao 5o volume.
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 295

(LXXV) Além de militar, político e homem de letras. Mereceu lugar na galeria de vultos da
Geografia do Brasa (Revista Brasileira de Geografia, ano III, n. 2), com retrato e
resumo biográfico de autoria de Maria Fagundes de Sousa Doca. Um outro resumo
biográfico acha-se no livro Generais do Exército Brasileiro, de autoria do Capitão
Alfredo Pretextato (2o vol., 2a edição pela Biblioteca do Exército, XXXII, 1940).
(LXXVI) Vapor, classificado como “corveta”, mandado construir por conta do gover-
no no estaleiro da Ponta da Areia, e lançado ao mar em 29 de setembro de 1849. 166
pés de comprimento, 23 de boca e 15 de pontal. 2 colubrinas Paixhans de calibre 30
e 2 caronadas do mesmo calibre, armamento mais tarde reduzido para apenas 2
bocas de fogo. Movido a rodas. 150HP. Mostra de armamento em 7 de novembro
de 1850. Primeiro comandante 1o Ten Tomaz da Cunha Vasconcelos. Fez parte da
esquadra do Chefe John Pascoe Grenfell na guerra contra Rosas, tendo forçado o
passo de Tonelero (17 de dezembro de 1852). Esteve no sítio e tomada de Paysandu
e durante a guerra fará outras viagens como transporte. Foi o navio em que viajou
preso, para o sul, D. Frei Vital Maria de Oliveira, por ocasião da célebre questão
religiosa. Baixa definitiva em Pernambuco, onde servia como quartel da Com-
panhia de Aprendizes Marinheiros, em 1880, quando foi mandado vender em
hasta pública.
(LXXVII) Parece que se trata do mesmo chefe militar uruguaio referido com o nome de
Angelo Muniz. Sem dúvida, é a mesma pessoa, ou Angel Muniz.
(LXXVIII) Há um lapso qualquer quanto ao navio mencionado com o nome de Itaguaí.
Trata-se, certamente, da canhoneira Itajaí, construída na Europa sob inspeção do
Almirante Tamandaré. Armada em maio de 1858. Primeiro comandante 1o Tenente
Inácio Joaquim da Fonseca. Chegou a Recife em 14 de junho de 1858, de Londres,
por Lisboa, onde participou da festa da chegada, a Portugal, da Rainha D. Estefânia.
O repertório de navios da Esquadra, que vimos seguindo, não consigna nenhum
com o nome de Itaguaí. Quanto aos demais, temos: Mearim, canhoneira construída
na Inglaterra, em 1858, sob inspeção do Almirante Tamandaré. 415t de desloca-
mento, 150 pés de comprimento, 23 de boca e 7,5 de pontal. Máquina de 100HP. 4
peças de calibre 32 e 2 rodízios de calibre 68. Chegou ao Recife em 14 de junho de
1858, vinda de Londres. Será reencontrada posteriormente; Maracanã, v. nota LXI.
(LXXIX) V. notas LIV e LV.
(LXXX) Eis alguns dados sobre:
Ivaí: canhoneira, construída na Europa. Chegou em Recife em 31 de julho de 1858,
vinda de Plymouth, com 23 dias de viagem. Primeiro comandante 1o Tenente Gui-
lherme José Pereira dos Santos. Chegou ao Rio de Janeiro em 23 de agosto do mesmo
ano; Parnaíba, corveta mista, a hélice, de 602, 120HP, 1 canhão de Whiteworth de 70,
296 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

2 obuseiros de 68 e 4 de 32. Construída na França em 1858. Capitânea da esquadra


do Almirante Tamandaré em Paysandu. Segundo navio do mesmo nome.
(LXXXI) Existem alguns estudos biográficos desse oficial, que viria a ser o 2o Visconde
de Pelotas, Marechal e Senador do Império, Ministro da Guerra, duas vezes Presi-
dente do Rio Grande do Sul, onde inaugurou o regime republicado em 1889, e líder,
com Deodoro, da questão militar que daria por terra com o trono bragantino.
Citamos, entre outros, os de autoria do Coronel Rinaldo Pereira da Câmara (A
Defesa Nacional, anos XXXI, dezembro, e XXXIII, p. 902–928) do Marechal Carlos
de Campos (idem, ano X, p. 547–548) e o que se encontra no livro Os Generais do
Exército Brasileiro de 1860 a 1889, de Laurênio Lago (volume LIX da Biblioteca do
Exército, 1942).
(LXXXII) A História do General Osorio foi publicada em duas partes: a primeira, de
autoria do Dr. Fernando Osorio, filho do General, teve sua 1a edição em 1894, no
Rio de Janeiro; a segunda, tendo como autores Joaquim Luiz Osorio e Fernando
Osorio Filho, netos do General, teve sua 1a edição em 1915, em Pelotas. Os dois
volumes cobrem a vida do General Manoel Luiz Osorio e distinguem-se também
pelo avultado número de documentos sobre o patrono de nossa Cavalaria e acon-
tecimentos a que ele ligou seu nome. Uma biografia do Dr. Fernando Luiz Osorio
acha-se no começo do 2o volume, feita por seus filhos aqui mencionados.
(LXXXIII) General Francisco Gil Castelo Branco nasceu em 18 de setembro de 1886 e
faleceu em 1956. Praça em 24 de março de 1902. Aspirante em 2 de fevereiro de 1907.
2o Tenente em 27 de agosto de 1908. 1o Tenente em 22 de fevereiro de 1915. Capitão em
31 de março de 1920, por estudos. Major em 26 de julho de 1928, por merecimento.
Tenente-Coronel em 15 de agosto de 1931, por merecimento. Coronel em 30 de
agosto de 1934, por merecimento. General de Brigada em 13 de janeiro de 1942.
General de Divisão em 27 de maio de 1946. General de Exército em 26 de dezembro
de 1951. Grande oficial da Ordem do Mérito Militar, possuindo inúmeras outras
condecorações nacionais e estrangeiras. Ministro do STM ao falecer. Além de adido
militar no Uruguai, serviu no Exército francês, tendo cursado a Escola de Cavalaria de
Saumur. Possuía, além do curso de formação pelo Regulamento de 1898, os da Escola
de Aperfeiçoamento, de Estado-Maior e de Alto-Comando. Exerceu, entre outras
comissões de relevo no Exército, as de Comandante da 3a e da 7a RM.
(LXXXIV) Parece tratar-se do General Servando Gómez, um dos chefes governistas
encarregados de combater Flores e não de Fernando Gomes.
(LXXXV) Refere-se o autor a Alberto Palomeque, historiador uruguaio. Escreveu de
preferência sobre as relações de seu país com o Brasil. Citamos, entre outros, os
seguintes trabalhos seus: Estudios historicos (1898), referente ao período de 1846 a
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 297

1851 e compreendendo as seguintes partes relacionadas com o assunto do presente


volume. De la Diplomacia de la defensa de Montevideo, Los Caudilhos Riograndenses,
La Allianza Americana; Conferencias Históricas (Montevideo, 1909), em que trata da
Guerra do Paraguai; La Jurisdicción del Plata. Martín Garcia. La Laguna Merin
(Montevideo, 1909); El General Rivera y la campana de Misiones (Buenos Aires, 1914).
(LXXXVI) O Coronel Frederico Carneiro de Campos assentou praça em 14 de janeiro
de 1822 e Coronel em 2 de dezembro de 1855. Pertencia ao Corpo de Engenheiros
em 1859.
(LXXXVII) Na 1a edição está — evidentemente por um lapso — Cerro Largo, em vez de
Cerro Leon, o célebre acampamento militar paraguaio.
(LXXXVIII) O autor encontrou na Coleção Rio Branco, guardada na Biblioteca Nacio-
nal, os originais das Instruções de López para a invasão de Mato Grosso, isto é, três
documentos firmados em Assunção, em 13 de dezembro de 1864. Embora não
alterem fundamentalmente o que se acha escrito no texto a respeito da invasão de
Mato Grosso, julgou o General Tasso Fragoso dever incluí-los em apêndice ao 5o
volume, por certo em virtude da importância de que se revestem como documen-
tos históricos. Para nós eles lançam bastante luz sobre a questão das datas da
partida das expedições e de sua chegada ao território brasileiro, questão essa que
tem dado margem a dúvidas entre alguns historiadores. Mantendo as datas do
texto, limitamo-nos chamar a atenção do leitor para o fato de que, partindo de 24
e 29 de dezembro de 1864, de Assunção e Concepción, respectivamente, a expedi-
ção fluvial e a terrestre não poderiam estar em 28 e 26 de dezembro de 1864, na
Colônia de Dourados e junto ao Forte de Coimbra. Dadas as distâncias a vencer e
os meios de transporte e marcha empregados pelos paraguaios, o que parece mais
certo é que tenham deixado Assunção e Concepción em 13 de dezembro de 1864,
no primeiro caso, ou em datas posteriores muito próximas.
Para que o leitor possa bem acompanhar o desenrolar das operações em Mato
Grosso, deverá utilizar o esboço de parte dessa Província e do Paraguai. Esse
esboço substitui o que foi apresentado pelo autor na 1a edição. Com as informa-
ções hoje disponíveis e a excelente Carta de Mato Grosso e regiões circunvizinhas,
feita sob a direção do General Francisco Jaguaribe Gomes de Matos, recentemente
publicada, não podíamos deixar de melhorar, neste particular, o trabalho feito
para a 1a edição.
O nosso intuito foi permitir ao leitor localizar o maior número das referências
geográficas do texto e ainda as da retirada da Laguna. Confessamos que algumas
ainda faltam, e por dois motivos: impossibilidade gráfica de representá-las, dado
o tamanho do esboço e imprecisão ou falta de informes.
298 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

(LXXXIX) Durante a Guerra do Paraguai encontramos frequentemente referências aos


foguetes à Congrève e seu emprego. Para não alongar muito nossas notas, preferi-
mos recomendar aos leitores interessados no assunto o artigo do então Coronel
Artur Sílio Portela, “Filmes Artilheiros” (A Defesa Nacional, ano XIX, n. 218, p. 93-
95). Existe ali o suficiente para a boa compreensão do assunto. Maiores esclareci-
mentos, pormenores e dados técnicos poderão ser encontrados na regulamentação
pertinente a esse tipo de material empregado pelos nossos artilheiros do Império e,
também, documentação histórica relacionada com o antigo Laboratório Pirotécnico
de Carapinho e o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro.
(XC) Um resumo biográfico do General Albino de Carvalho pode ser encontrado em Os
Generais do Exército Brasileiro, do Capitão Alfredo Pretextato (2a edição pela Bibli-
oteca do Exército, vol. XXXII, 2o tomo). Voltaremos a encontrá-lo em outra fase da
guerra. Quanto ao Coronel Carlos Augusto de Oliveira, vemos que é: Praça em 4 de
maio de 1823; Alferes em 12 de outubro de 1826; Tenente em 28 de março de 1827;
Capitão em 2 de dezembro de 1839; Major Graduado em 18 de julho de 1841; Major
Efetivo em 20 de outubro de 1842; Tenente-Coronel em 19 de setembro de 1844.
Coronel em 2 de dezembro de 1857.
(XCI) Eis alguns dados sobre estes navios: Alfa, canhoneira de rodas, ex-vapor da
Companha de Navegação de Mato Grosso, comprada e armada em 1861. 16HP; 1
canhão. Pelo relatório do Min M, referente ao ano de 1864, figura sem artilharia;
Anhambaí, canhoneira de 2 canhões, máquina de 40HP e 3 pés de calado. Montada
no Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro por volta de 1858. Corumbá, canhoneira a
vapor (de rodas), de 12HP e 1 boca de fogo, pertencente à flotilha de Mato Grosso.
Tomou parte, mais tarde (11 de julho de 1867), no combate de Alegre, sendo tomada
pelo Salto del Guairá; retomada a seguir pelo Antônio João, foi destruída por estar
em condições de não poder navegar. Figura sem artilharia em 1864; Cuiabá,
canhoneira de rodas, construída no Rio de Janeiro (Ponta da Areia) em 1860. 80
pés de comprimento, 4 pés de calado, 24HP, 1 boca de fogo. Figura sem artilharia em
1864. Tomou parte mais tarde (11 de julho de 1867) no combate naval de Alegre –
MT. Fazia parte da flotilha de Mato Grosso; Jauru, canhoneira a vapor (de rodas),
construída em Mato Grosso. Máquina de 30HP, 3 pés de calado. 1 canhão. Lançada
em 9 de março de 1863. Figura sem artilharia em 1864; Paraná, vapor fluvial de
rodas, máquina de 40HP, pertencente à Flotilha de Mato Grosso. Segundo o mapa
do Quartel-General da Marinha, de 1864, achava-se em fabrico no estabelecimen-
to naval de Mato Grosso. Por aviso de 28 de março de 1865, foi nomeado seu
comandante o 1o Ten Pedro David Durocher, que deve ser o mesmo que se en-
contrava no Estaleiro de Dourados e dali se retirou durante a invasão paraguaia.
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 299

(XCII) Tenente-Coronel Hermenegildo de Albuquerque Pôrto Carrero: Praça em 28 de


janeiro de 1836; 2o Tenente em 20 de agosto de 1838; 1o Tenente em 2 de dezembro
de 1839; Capitão em 23 de julho de 1844; Major em 20 de abril de 1852; Tenente-
Coronel em 2 de dezembro de 1857. Arma de Artilharia. Barão do Forte de Coimbra
em 13 de julho de 1889. Um resumo biográfico do defensor de Coimbra em 1864
encontra-se em Os Generais do Exército Brasileiro de 1860 a 1889, por autoria de
Laurênio Lago (Biblioteca do Exército, vol. LIX, 1942).
(XCIII) Na Carta de Mato Grosso feita sob a direção do General Francisco Jaguaribe
Gomes de Matos, acha-se assinalada a região ocupada pelos índios cadiuéus, sob
a indicação Kadineo.
(XCIV) O título completo dessa obra de Benites é Guerra del Paraguay; las primeras
batallas contra la Triple Alianza, Assunção, 1919.
(XCV) O então Tenente Cabrita é filho do Tenente-Coronel Francisco de Paula de Avelar
Cabrita que, em 1825, à frente de pequena guarnição, defendeu a vila de Mercedes,
Uruguai, contra um forte ataque de Fructuoso Rivera. Voltaremos a tratar dele
oportunamente. Sobre Bellegarde, v. nota LXXXIV.
(XCVI) V. aspecto do forte e panorama dele descortinado sobre o Rio Paraguai, em
desenhos que acompanham este volume. Chamamos a atenção do leitor para o fato
de o desenho do forte reproduzir gravura feita aí por volta de 1863.
(XCVII) V. notícia a seu respeito no anexo V ao 5o volume.
(XCVIII) Praça em 26 de fevereiro de 1847; 1o Tenente em 2 de dezembro de 1854. Arma
de Artilharia.
(XCIX) Houve aqui, na 1a edição, uma troca de nome deste autor, aparecendo Antônio
Ferreira Moutinho em vez de Joaquim Ferreira Moutinho.
(C) O autor deve referir-se ao mesmo Joaquim Ferreira Moutinho, já nesta obra men-
cionado.
(CI) Parece-nos que em lugar de Tamandaré devemos ler Tamanduá. Quanto a Peixe do
Couro, informamos que temos visto Peixe de Couro; há discrepância quanto a
Piquiri, que o próprio autor grafa Piqueri. Só o Dicionário Geográfico oficial poderá
resolver, no futuro, essas questões.
(CII) Mais tarde Oficial-General e Barão de Anhambaí. Destacou-se na retomada de
Corumbá aos paraguaios e no combate de Alegre em 1867. Um pequeno resumo
biográfico do General Antônio Maria Coelho encontra-se no livro Os Generais do
Exército Brasileiro, de Laurênio Lago (vol. LIX, Biblioteca do Exército, 1942).
(CIII) Sobre o principal ataque paraguaio de 1864 há vários trabalhos além do resumo
contido neste capítulo. Citamos, entre outros, o do Barão do Rio Branco (Efemérides).
Outras referências para a história do forte anteriormente ao ano de 1864 podem ser
300 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

encontradas em trabalhos do General Silveira de Melo e do General Bertholdo Klinger,


em. A Defesa Nacional (anos XIII, XXXVI, Abr, XLI, Set e Nov).
(CIV) O General Caballero aí mencionado é grande herói militar paraguaio, que iremos
encontrar nos combates de Tatajibá e Acaiusa, e batalhas de Avaí, Lomas Valentinas
e Campo Grande. Foi o último chefe paraguaio a depor as armas, rendendo-se perto
de Bela Vista (8 de abril de 1870), com apenas 54 homens. Fundou, por volta de
1874, o Partido Republicado (ou Partido Colorado), que controlou o poder em seu
país durante cerca de 30 anos.
(CV) Já está bastante difundido entre nós o feito heróico de Antônio João, bem eloquente
mesmo através da simplicidade com que surge no principal documento que a ele se
refere, isto é, a parte de Urbieta. Conformando-nos, todavia, à norma geral traçada para
essas notas, consignamos que o herói de Dourados assentou praça em 6 de março de
1841, foi promovido a alferes em 29 de julho de 1852, e pertencia à Arma de Cavalaria.
(CVI) Tenente-Coronel Antônio Dias da Silva: Praça em 15 de junho de 1836; Alferes em
27 de maio de 1842, com antiguidade de 18 de julho de 1841; Tenente em 23 de julho
de 1844; Capitão em 7 de setembro de 1847; Major em 14 de abril de 1855. Pertencia
à Arma de Cavalaria. Capitão Pedro José Rufino: Praça em 21 de junho de 1841;
Tenente em 15 de julho de 1854. Arma de Cavalaria.
(CVII) Praça em 11 de Janeiro de 1839; 2o Tenente em 21 de julho de 1840; 1o Tenente em
7 de setembro de 1847; Capitão em 2 de dezembro de 1856. Arma de Artilharia
(Almanaque de 1848) e de Infantaria. (Almanaque de 1959).
(CVIII) Kinixinaus, segundo a Carta de Mato Grosso, feita sob a direção do General
Francisco Jaguaribe Gomes de Matos.
(CIX) Conservamos a grafia desses e alguns outros nomes indígenas, conforme a 1a
edição. Observamos, no entanto, haver mesmo ali algumas discrepâncias. Sobre
kinikináos, v. nota 204. Agaxi e Lániaa aparecem como Agachi e Landja na Carta de
Mato Grosso, feita sob a direção do General Jaguaribe. A grafia de Nabileke é Nabilékê
nas Memórias de Taunay.
Quanto a guapas, Esponadigo, cadinés e cadineus que surgem na 1a edição, trata-se,
evidentemente, de guanás, Eponadigo e cadiuéus, cuja grafia uniformizamos. Final-
mente, algures deparamos com Ipeguê, Ponadigo e Naxedaxe (em vez de Naxedaze).
Só o Dicionário Geográfico poderá resolver em definitivo essas questões de ter-
minologia, à semelhança do que já está feito para as cidades e vilas brasileiras
(Vocabulário Geográfico das Vilas e Cidades do Brasil, IBGE, Rio de Janeiro, 1950).
(CX) Não conseguimos dados sobre esse último navio.
(CXI) O Tenente-Coronel Carlos de Morais Camisão foi posteriormente designado para
o comando da coluna expedicionária que, depois de longa marcha, achava-se esta-
NOTAS ORGANIZADAS POR FRANCISCO RUAS SANTOS 301

cionada no distrito de Miranda, e faria, sob seu comando, a invasão do território


paraguaio até Laguna e a famosa retirada desse nome. Traços de sua personalidade
e informações sobre sua ação de comando da não menos célebre coluna encon-
tram-se principalmente nas duas obras do Visconde de Taunay: A Retirada da
Laguna e Memórias.
Quanto à conduta do Coronel Carlos Augusto de Oliveira, divergem as opiniões.
Uns, como o Barão do Rio Branco, à frente, acham que a retirada de Corumbá,
como a de Coimbra, foi militarmente correta. O que se poderia então dizer, em
desabono da operação, é que deixou aos paraguaios meios que deviam ter sido
evacuados ou destruídos.
Mas, a nosso ver, o pior aspecto vem a ser o reflexo, embora indireto, que a retirada
de Corumbá teria sobre a de Laguna. Conforme sugere Taunay (Retirada e Memó-
rias), a determinação de invadir o Paraguai se transformara em verdadeira obsessão
do Coronel Camisão, vítima também de primeira e ansioso para redimir-se da falta
injusta que lhe atiraram em Cuiabá.
(CXII) Tal qual em Taunay, Memórias, p. 270.
(CXIII) E, também, nas suas Memórias (vindas a lume em 1948), que complementam
a Retirada em muitos e interessantes pontos.
(CXIV) Sobre o Apa encontramos os seguintes dados: Vapor de rodas, de 40HP e 1
canhão. Construído na Ponta da Areia, Niterói. Empregado no serviço de dragagem
do Rio Grande, em 1864.
(CXV) Baiana: corveta construída pelo Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Lançada
ao mar em 16 de outubro de 1849. 147 pés de comprimento, 34 de boca e 25 de
pontal. 24 canhões Paixhans de calibre 30. Mostra de armamento em 19 de junho de
1850. Sob o comando do CMG Francisco Manuel Barroso (mais tarde Almirante e
Barão do Amazonas), fez um cruzeiro de instrução ao Pacífico, em 1853.
(CXVI) Sobre Dias Vieira (João Pedro) acima e noutros pontos mencionados, temos
que: Nasceu em 1820, no Maranhão. Deputado provincial, depois geral. Senador
do Império. Administrou várias províncias. Ministro de Estrangeiros dos gabine-
tes Zacarias e Furtado em 1864, em uma época das mais difíceis. Competiu-lhe
orientar a política brasileira no Prata quando da Missão Saraiva. O relatório de
1865, mencionado no texto (p. 217-219), registra por isso aspectos fundamen-
tais para a história do período que abrange a nossa intervenção no Uruguai e o
eclodir da guerra do Paraguai. O título desse documento é: Relatório da Repartição
dos Negócios Estrangeiros apresentado à Assembleia Geral Legislativa na terceira
sessão da décima segunda legislatura, pelo respectivo Ministro e Secretário de Estado...
(Rio de Janeiro, Tipografia Universal de Laemmert, 61 B, rua dos Inválidos, 1865).
302 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ÍNDICE ANALÍTICO DOS ASSUNTOS


CONTIDOS NO 1o VOLUME

Organizado por
FRANCISCO RUAS SANTOS

Esclarecimentos e abreviaturas

Foram completados e corrigidos, quando necessário, os nomes próprios do


texto (personativos e locativos), conforme normas gerais ortográficas estabelecidas
para esta edição.
Faz-se chamada para as notas (V. nota...), adiante.
Quanto aos assuntos e datas, mantêm-se, via de regra, as que aparecem no texto.
Aconselha-se a consulta das notas, pois estas, embora visem especialmente esclarecer e
completar as referências de texto, contêm, aqui e ali, dados subsidiários e a correção de
enganos e erros tipográficos da 1a edição.
Fica uma vez mais esclarecido que a conduta aqui indicada objetiva respeitar ao
máximo o texto original, de que, a rigor, apenas se modificou o corpo das letras e a ortografia.
Adotamos no índice e nas notas, entre outras, as seguintes abreviaturas:

A Artilharia e Armada (em conjunto)


Alf. Alferes
Alte. Almirante
Arg. Argentina ou argentino
Arm. Armada
Art. Artilharia (em conjunto pode ser A)
BC Batalhão de Caçadores
B. Batalhão (em conjunto)
Bda. Brigada
ÍNDICE ANALÍTICO 303

Bda C Brigada de Cavalaria


Bda I Brigada de Infantaria
Bda L Brigada Ligeira
BI Batalhão de Infantaria
Br Brasil e brasileiro
Brig Brigadeiro
C Caçadores, Capitão, Cavalaria e Contra A (apenas em conjunto)
Cap. Capitão (em conjunto pode ser C)
Cav. Cavalaria
Ch. Chefe
CF. Capitão de Fragata
Cit. Citação ou citado
CMG. Capitão de mar e guerra
Cmt. Comandante
CT. Capitão-tenente
E. Exército (em conjunto)
Ef. Efetivo
Esq. Esquadra
Ex. Exército
F. Falecido e faleceu
G. Guarda e guerra (somente em conjunto)
Gen. General
GN. Guarda Nacional
Grad. Graduado
Hon. Honorário
Loc. Localidade
M. Marechal, Marinha e Ministro (somente em conjunto)
Mar. Marechal, Marinha e marinheiro (em conjunto os dois primeiros podem ser M)
Mar. C Marechal de campo
Mar. E Marechal do Exército
Min. Ministério e ministro (em conjunto pode ser M)
MG. Minas Gerais (província)
ME. Ministro de Estrangeiros
Min. G. Ministro da Guerra
Min. M. Ministro da Marinha
MT. Mato Grosso (província)
Par. Paraguai ou paraguaio
304 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Prov. Província e provincial


QM. Quartel-mestre
Ref. Referência (s) e referenciado (empregada para indicar simples menção a nomes
e assuntos já resumidos sob o mesmo título)
Reg Região
RS. Rio Grande do Sul (província)
T. Tenente (somente em conjunto)
Ten. Tenente (em conjunto pode ser T)
Ten-Cel Tenente-Coronel
Transc Transcrição e transcrito
Ur Uruguai ou uruguaio
ÍNDICE ANALÍTICO 305

ÍNDICE ANALÍTICO

ABAETÉ, Visconde de
V. ABREU, Antônio Paulino Limpo de, 77/78/287 (nota)

ABERASTAIN, Dr.
V. notas LIV e LV.
Governador de San Juan, resiste ao interventor Juan Saa, é aprisionado por este
na Batalha de Pocitos e fuzilado no dia seguinte por ordem do Cel Clavero, 86.

ABRANTES, Visconde e Marquês de, Miguel Calmou Du Pin e Almeida


V. nota XVI.
Enviado pelo Brasil à Europa em missão especial (1844), com o fim de conseguir
apoio para o término da luta no Prata, 39.
Instruções do Governo imperial (agosto de 1844), a respeito da situação no Estado
Oriental, 47.
Trata de incidentes no Uruguai, em seu relatório de 1863, 115.
Ocupa-se, no mesmo relatório, da invasão de Flores e afirma a decisão do Governo
de manter-se neutro, 115.
Ordens ao Presidente do Rio Grande do Sul no sentido de evitar que brasileiros
se imiscuam nas lutas internas do Estado Oriental (segunda Saraiva em nota a
Herrera), 122.

ABREU, Antônio Paulino Limpo de, Visconde de Abaeté


V. nota XLI.
Nota a Tomás Guido (25 de julho de 1845), a propósito do reconhecimento da
independência do Paraguai, 67.
Um dos representantes do Brasil na assinatura do tratado de aliança de 13 de
outubro de 1851 com o Uruguai, 262.
306 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Ofício dirigido a José Maria do Amaral (28 de abril de 1854), 75.


Enviado em missão ao Rio da Prata e nota recebida do Governo oriental, 77.
Transc. de trecho do relatório à Assembleia Geral, em 1855, sobre a questão de
limites do Brasil com o Paraguai, 91.
Idem, referente ao incidente entre Carlos Antonio López e Pereira Leal, 91.

ABREU, Francisco Pedro de, Barão de Jacuí


V. nota XXVI.
Passa o Quaraí à testa de um grupo de brasileiros, a fim de castigar oribistas
(dezembro de 1849); repassa a fronteira, é detido por força governamental brasilei-
ra, é posto em liberdade por seus partidários e cessa de vez suas correrias (1850), 49.

ACAMPAMENTO DE CERRO LEÓN


Ref. 220.

ACAMPAMENTO DE PIRAÍ GRANDE


Ref. 143-146.

ACAMPAMENTO DE PONCHE VERDE


Ref. 31.

ACAMPAMENTO DE PORONGOS
Entendimentos para a pacificação do Rio Grande do Sul aí realizados, 47-48.

ACEVEDO, Eduardo
Transc. da Historia del Uruguay, 32,111-112.
Cit., idem, 40,147.
Cit., 42, 79.

ACORDO
V. também convenções, convênios, pactos e tratados.

ACORDO DE SAN NICÓLAS DE LOS ARROYOS


Firmado em 31 de maio de 1852, a fim de resolver o problema político argentino
criado com a queda de Rosas, não é bem recebido pela Assembleia de Buenos Aires, 80.

AGACHI (V. AGAXÊ)


ÍNDICE ANALÍTICO 307

AGAXÊ, MT
V. nota CIX.
Ref. 274.

AGUEPEY, Arroio
Ref. 69.

AGUERO, Juan Bautista, Cap Ex Par


Mandado em incursão de Miranda contra Coxim e operações, 240.

AGUIRRE, Atanasio Cruz


Como presidente do Senado, substituiu a Berro quando este termina seu mandato
(1o de março de 1864), 107.
Mantém-se na crença de que a invasão de Flores conta com a proteção eficaz do
Governo argentino, 108.
Recebe Saraiva (12 de maio de 1864), dias depois da chegada deste, expressa
desejos de paz, mas de modo vago, 117.
Recebe Saraiva e Elizalde (7 de junho de 1864) e promete-lhes estudar, com seus
ministros, as questões propostas, 126.
Manifesta-se de acordo com as primeiras gestões de paz dos mediadores e Herre-
ra, 127.
Recebe os mediadores (23 de junho de 1864), visita Saraiva, manifesta sua grati-
dão aos mediadores, anuncia a paz, razão provável de não haver cumprido o
combinado com os mediadores e carta que lhe dirigiu o General Flores, 127-128.
Acusa o recebimento da carta de Flores, tem novas conferências com os mediado-
res, aos quais manifesta seu aborrecimento e atitude a respeito da mudança do
ministério, 128
Julgamento de sua atitude por Saraiva, 128-129.
Enquanto seu governo repele o Brasil, este se acerca de Flores (1864), 139.
Vigilância da esquadra de Tamandaré aos seus centros capitais de resistência, 139.
Publica manifesto incitando a ira popular contra o Brasil, por ocasião da incur-
são brasileira contra a vila de Melo (outubro de 1864), 151.
Seu exército, sob o comando do General Juan Saa, ao sul do Rio Negro, 152.
Revoltado com o bombardeio de Paysandu, seu governo publica um decreto (14
de dezembro de 1864) anulando os tratados de 1851 com o Brasil, 157.
Imita Berro na aproximação com o Presidente do Paraguai a fim de associá-lo ao
seu destino, incutir-lhe a falsa crença de que a República do Uruguai estava ameaçada
308 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

em sua integridade, e tudo isso porque se sente ameaçado de uma invasão e não
confia nem na Argentina nem no Brasil, 161.
Envia a Assunção o Dr. Antonio de Las Carreras, 197, 199.
Desprezo que ao seu governo tem Francisco Solano López, 217.
Vitória de sua política internacional, 219.
Resolve organizar coluna para efetuar incursão no Rio Grande do Sul, 245.
Sua situação piora dia a dia, apela para o Corpo Diplomático, 247.
Ref . 135, 139, 150, 193, 196, 199, 201, 202, 209, 247, 256, 258.

ALBERDI, Juan Bautista


Obrigado a exilar-se, 29.
Transc. de trecho a respeito de Francia, 66.
Conceito sobre a ascensão de Francisco Solano López ao poder, 101.
Ref. 99.

ALBERDI, livro de Mariano L. Olleros


(O título completo é: Alberdi, à la luz de sus escritos en cuanto se refieren al Paraguay,
Assunção, 1905).
Ref. a documentos de Francisco Solano López nele publicados, 99.
Transc. de trecho relativo à morte de Carlos Antonio López, 101-102.

ALBUQUERQUE, Caetano da Silva, Maj GN


Deixado em Miranda pelo Ten-Cel Dias da Silva, 238.

ALBUQUERQUE, Dr.
Morto em ação (Jan 1865), 232.

ALBUQUERQUE, Loc. MT
Destacamento em 1864, 224.
Reforço, 226.
Histórico, 230.
Ref. 270, 272, 272, 234, 238, 242.

ALBUQUERQUE, Vítor de Melo e, Ten-Cel


V. nota LXII.
Cmt. do Btl. embarcado na esquadra da missão Pedro Ferreira de Oliveira ao
Paraguai, 92.
ÍNDICE ANALÍTICO 309

ALEXANDRE, Elias Leite de, 1o Sgt


Deixa seu Corpo de Cavalaria, talvez na direção de Coxim, levando consigo um
grupo de praças, 238.

ALFA
V. nota XCI.
Valor militar, 225.
Contribui para a defesa de Melgaço, 242.

ALGAÑARAZ
Suas forças rebeldes são desarmadas e internadas por ordem de Canabarro, decla-
ra Saraiva em nota a Herrera, 121.

ALDEIA GRANDE, Loc. MT


Ref. 274.

ALIANÇA
V. também tratados.

ALIANÇA DO BRASIL COM FLORES (1865)


Informações diversas, 160-161.

ALIANÇA DO PARAGUAI, PROVÍNCIAS ARGENTINAS E URUGUAI


Proposta por Las Carreras no Paraguai (1864), 199-202.

ALMEIDA, Domingos José de


Firma “convenção de auxílios” com o representante de Rivera, em nome da Repú-
blica de Piratini (28 de dezembro de 1841), 44.

ALSINA, Valentín
Chefia revolução em Buenos Aires, em consequência da qual esta fica praticamen-
te separada das demais províncias, 81.
Renuncia, por exigência de Urquiza, após a Batalha de Cepeda, 82.

ALTO DA BOA VISTA, Paysandu, Ur


Ref. 152.

ALTO PARANÁ, Rio Paraná


Ref. 66 e 165.
310 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

AMAGALOBIDA, Loc. MT
Ref. 274.

AMAMBAÍ, Serra de
V. também em limites e tratados com o Paraguai.
Ref. 69, 88, 90, 243.

AMARAL, Joaquim Tomaz do


Como representante do Brasil, ratifica (14 de junho de 1856) o tratado de amizade,
comércio e navegação com a Confederação Argentina, de 7 de março de 1856, 263.

AMARAL, José Maria do, Dr.


V. nota XLV.
Enviado ao Rio da Prata como substituto de Paranhos (1854), nota a Giró (30 de
janeiro de 1854), ofício que lhe dirigiu Limpo de Abreu (28 de abril de 1854),
promete a intervenção armada do Brasil, a fim de garantir a ordem pública, 75-76.
Não atende pedido de Flores no sentido de que tropas brasileiras intervenham na
situação política do Uruguai, pelo que Flores pede a sua retirada e a das forças
brasileiras, 77.
Encarregado de apresentar reclamações ao Paraguai, motivadas pela execução do
tratado de 1856, 98.

AMAZONAS
V. nota LXI.
Integra a esquadra da missão Pedro de Oliveira, 92.
Conduz ao Prata o enviado especial do Brasil, José Antônio Saraiva (Abril de
1864), 117.

ANARQUISTAS
Designação que C. A. López dá aos argentinos do partido de Mitre, 163-164.

ANAYA, Carlos
Como Presidente do Senado, empunha as rédeas do governo até nova eleição
(1834), 22.

ANDROMÈDE, Fragata francesa


Recebe a bordo o Presidente Giró quando este abandona o posto, 74.
ÍNDICE ANALÍTICO 311

ANHAMBAÍ
V. nota XCI.
Valor militar, 225.
Ação em Coimbra, 228-229.
Sobe o Rio Paraguai, 229-231.
Caça e captura pelos paraguaios, 231-232
Tropa desembarcada, 233.
Ref. 234, 238 e 243.

ANTÔNIO JOÃO, Ten


V. RIBEIRO, Antônio João.

APA, Rio
V. também em limites e tratados.
Índios guaicurus tomam aí gados, cavalos etc. aos paraguaios, 89.
Ref. 234, 274, 243, 244 e 244.

APA, Vapor
V. nota CXIV.
Ação durante a incursão de Muñoz, 246.

APARICIO, Timoteo, Cel


Comanda vanguarda da tropa de Muñoz na incursão deste contra Jaguarão, 245.
Ref. 246 e 255.

APONTAMENTOS PARA O DIREITO INTERNACIONAL etc., de Antônio Pereira Pinto


Transc. relativa ao incidente de Fecho dos Morros, 89-90.

AQUIDABÁN, Escuna
Participa da expedição fluvial paraguaia contra Mato Grosso, 221.

AQUIDAUANA, Passo do, MT


Ref. 238.

AQUIDAUANA, Rio, MT
Ref . 238, 238 e 239.

ARAPEY, Rio, Ur
Rivera avança até aí (outubro de 1837), 23.
312 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ARARIPE, Tristão de Alencar


Transc. da Guerra Civil no Rio Grande do Sul de sua autoria, 261.

ARAGUARI
V. nota LXXI.
Missão recebida (agosto de 1864), 137.
Participação nas operações contra Paysandu (dezembro de 1864), 152.

ARGENTINA
Evolução política (1825-1829), 25-27.
Governo de Rosas, 27-30.
Reação da França contra Rosas, 31-32.
Reações militares contra Rosas, 32-34.
Intervenção do Brasil contra Rosas, 47-58.
Tentativa de organização depois da queda de Rosas, Cepeda e Pavón, vitória
definitiva de Buenos Aires, 80-87.
Síntese de sua história (1828-1860), 102-103.
Acusada pelo Governo de Montevidéu, de parcialidade em favor de Flores, 107-114.
Juízo a respeito de seus esforços para pacificar o Uruguai (1864), 134.
Neutralidade no Uruguai (1864-1865), 159-161.
Juízo que a seu respeito faz o Governo do Uruguai (1862), 163-164.
Atitude em relação ao Uruguai (1810-1828), segundo Herrera em instruções a
Lapido (3 de março de 1863), 165 e 168.
O Governo de Montevidéu tem motivos sérios para acreditar que a revolução de
Flores envolve a intenção do Governo argentino de atentar contra a independência
da República, diz Herrera em nota a Lapido (1863), 170-171.
O Paraguai pede explicações sobre sua atitude em face do Uruguai (nota de 6 de
setembro de 1863), 174-176.
Repercussão dessa nota e resposta argentina, 177-178.
Atitude em face do Uruguai, segundo Elizalde em nota ao Paraguai (2 de outubro
de 1863), 178.
Acusação do Paraguai de não guardar neutralidade no Uruguai durante a revolução
de Flores, ao qual favorece (nota de Berges a Elizalde, 21 de outubro de 1863), 178-179.
Acusações que lhe faz Herrera, em ofício a Berges (16 de dezembro de 1863), de
atitude dúbia no Prata, 181-182.
López estranha (5 de dezembro de 1863) o silêncio do Governo argentino, e Mitre
sugere a ida de um agente confidencial a Assunção, 181.
ÍNDICE ANALÍTICO 313

Nova investida de Berges contra seu governo, (6 de dezembro de 1863), dizendo


ter informes que comprovam a conivência do comandante do Pampero na revo-
lução de Flores, 182.
Irritada com o procedimento do Governo de Montevidéu (1863) junto a López,
resolve esclarecer a situação, 182.
Rompimento de relações com o Paraguai (nota de 6 de fevereiro de 1864, de
Berges a Elizalde), 186-189.
O Uruguai (23 de dezembro de 1863) deseja que o Paraguai se dirija ao Governo
argentino para tratar de violações cometidas pela Argentina no tocante à Ilha de
Martín Garcia, 191-193.
Busca pôr-se de acordo com o Brasil no Uruguai, declara Herrera (julho de 1864),
198-199.
Objetivos de sua política internacional, segundo Carreras, 199-200.
Cit. nas intrigas diplomáticas do Uruguai com o Paraguai a partir de agosto de
1864, 205-217.
Atitude e possibilidades em caso de guerra no Prata, segundo Sagastume (nota de
28 de outubro de 1864 a Berges), 211-214.
Ref. 202, 204 e 257.

ARICÁ, Loc., MT
Ref. 233.

ARICÁ, Rio, MT
Ref. 242.

ARICÁ DE VILA MENDES, Loc., MT


Ref. 233.

ARIRANHA, Rio, MT
Ref. 243.

ARQUIVO NACIONAL DO BRASIL


Ref. 18, 272 e 273.

ARRASCAETA, Enrique de
Firma instruções (25 de fevereiro de 1862) entregues por Berro a Herrera, quando
este vai em missão diplomática ao Paraguai, 162-163.
314 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ARROIO DE SÃO VICENTE, Loc., MT


Destacamento (1864), 223-224.

ARROYO GRANDE, Entre Rios, Arg


Ref. 34 e 35.

ARSENAL DE MARINHA DO RIO DE JANEIRO


Ref. 254.

ARTIGAS, José Gervasio


Papel heroico, 21-22.
Desterro no Paraguai, 65.
Ref. 102 e 157.

ARTIGAS, Vapor uruguaio


Acha-se nas proximidades da Ilha Mini, por ocasião do desembarque da expedição
Rebollo, 111.
Ação nessa oportunidade, 111.

ASSEMBLEIA CONSTITUINTE DO URUGUAI (depois da paz de 1828)


Ref. 21.

ASSUNÇÃO, Par
V. também em missões e tratados.
Chegada aí das forças expedicionárias do norte, 284.
Ref. 12, 262, 262, 84, 90, 93, 93, 163, 168, 267, 195, 199, 201, 202, 208, 268, 218, 219,
220 e 244.

ASTRADA, Berón de
V. Berón de Astrada.

ATAQUE AO FORTE DE COIMBRA (dezembro de 1864)


V. nota CI.
Resumo, 227-229.
Retirada dos defensores, 229.
Ref. 272.

ATAQUE A PAYSANDU (1837)


Ref. 18.
ÍNDICE ANALÍTICO 315

ATAQUE A PAYSANDU (dezembro de 1864)


Resumo, 152-153.
Situação inicial, 151.
Operações combinadas, ataque e assalto, 152.

ATAQUE A PAYSANDU (dezembro de 1864-junho de 1865)


Resumo, 154-157.
Ref. 160.

ATAQUE A SALTO (outubro-novembro de 1864)


Resumo, 151-152.

ÁUSTRIA
Esforço do Brasil para que reconheça a independência do Paraguai, 67.

AVAÍ, Par
Ref. 13.

AVALOS
Ref. 24.

AZAMBUJA, Tristão de
Ref. do Marquês de Abrantes aos abusos ocorridos no Departamento de Tacuarembó
durante sua administração, 115.

BACLE, César Hipólito


V. nota XII.
Prisão, 31.

BÁEZ, Cecilio
Transc. de Resumen de Ia Historia del Paraguay, 101 e 262.
Juízo a respeito de Carlos Antonio López, 101.

BAGÉ, Loc., RS
Missão (21 de julho de 1864) à divisão aí estacionada, 135.
Unidades aí estacionadas em julho de 1864, 144.
Informações sobre suprimento dessas unidades, 144-145. Ref. 265.
316 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

BAIANA, Corveta
V. nota CXV.
Salvou a bandeira uruguaia, 253.

BAÍA NEGRA
Ref. 94.

BAIXO PARAGUAI, Reg., MT


V. também Distrito Militar do...
Guarnição militar (1864), 225.
Reforço de sua guarnição, 225.

BAIXO PARANÁ, Reg. e Rio Paraná


Ref. 212.

BALCARCE, Juan Ramón González


Eleito para substituir Rosas, é apeado do poder, 28.

BANANAL, Fazenda do, MT


Ref. 272.

BANDA ORIENTAL
V. Uruguai.

BARBOLANI, Rafael Ulysses


Diplomata italiano, representa o Corpo Diplomático de Montevidéu nas gestões
para o restabelecimento da paz (1865), dirige carta a Paranhos (29 de janeiro de
1865), 249.
Ação como mediador, 250-251.
Ref. 207 e 248.

BARRETO, João Procípio Mena, Mar C, Barão de São Gabriel


V. nota LXIX.
Situação das forças que comanda (agosto de 1864), 134.
Razão pela qual só em 1o de dezembro de 1864 pôde seu exército transpor a
fronteira, 143.
Ação no sentido de preparar suas forças, 144.
ÍNDICE ANALÍTICO 317

Levanta acampamento e transpõe a fronteira (novembro-dezembro de 1864) e


composição do seu exército, 145-146.
Instruções para operar, 148-149.
Marcha até Paysandu (dezembro de 1864-janeiro de 1865), 154-157.
Informações ao Min G (22 de janeiro de 1865) sobre operações, 158.
Marcha para Montevidéu, reforço recebido e sítio dessa praça, 158-159.
Instruções do Min G sobre o comando supremo no Prata (7 Set 1864), 259.
Ref. 151, 153, 247, 250, 253, 258 e 259.

BARRETO, José Luís Mena, Brig


V. nota LXXIII.
Comanda a 2a DI do Exército do Sul, 146.
Comanda a brigada brasileira que penetra no Uruguai em direção a Melo, expulsa
daí os defensores da localidade e regressa ao acampamento de Piraí Grande (ou-
tubro de 1864), 151.
Assume o comando da 2a Divisão em Islas de S. Luís (10 de dezembro de 1864), 154.

BARRIOS, Vicente, Cel


Comandante da expedição fluvial contra Mato Grosso e operações, 221.
Operações contra o Forte de Coimbra, 227e 229.
Capacidade militar, 230.
Perseguição aos brasileiros, ocupação de Albuquerque e colocação de uma guarda
na foz do Miranda, 230-232.
Ref. 221, 271 e 242.

BASTOS, Augusto César de Araújo, Maj


V. nota LXXIII.
Comanda o 5o RC integrante do Exército do Sul, 145.

BASTOS, Aureliano Cândido Tavares, Dr.


Secretário de Saraiva quando este vai ao Prata em missão especial, 117.

BATALHA DE...
V. também Combate de...

BATALHA DE ARROYO GRANDE (6 de dezembro de 1842)


Resumo e consequências, 35.
Ref. 34.
318 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

BATALHA DE AVAÍ
Ref. 13.

BATALHA DE CAÁGUAZÚ (18 de novembro de 1841)


Ref. 31 e 33.

BATALHA DE CAGANCHA (29 Dez 1839)


Ref. 35.

BATALHA (DUPLA) DE CAMPO GRANDE-CAÁGUIJURU


Ref. 13.

BATALHA DE CASEROS
Ref. 28, 56 e 61.

BATALHA DE CEPEDA (23 de outubro de 1859)


Notícia e consequências, 82.
Flores e outros orientais, esforçados batalhadores da jornada, 104.
Ref. 80 e 85.

BATALHA DE MORÓN
V. Batalha de Caseros.

BATALHA DO PASSO DO ROSÁRIO, de autoria do General Augusto Tasso Fragoso


Objetivo, 18.

BATALHA DE PAVÓN (17 de setembro de 1861)


Consequências imediatas, 87.
Flores e outros orientais, esforçados batalhadores da jornada, 104.
Ref. 80.

BATALHA DE POCITO (11 de janeiro de 1861)


V. notas LIV e LV.
Entre as forças do Cel Juan Saa e as dos detentores do poder da Província de San
Juan, saindo Saa vencedor, 86.

BATALHA DE RIACHUELO
Ref. 221.
ÍNDICE ANALÍTICO 319

BATALHÃO...
V. nota LXII.
Sob o comando do Ten-Cel Vítor de Melo e Albuquerque, vai embarcado na
esquadra da missão Pedro de Oliveira ao Paraguai, 92.

BATALHÃO DE ARTILHARIA A PÉ – 2o
Efetivo (14 de agosto de 1864), 222.
Tropa destacada no Distrito Militar de Cuiabá (14 de agosto de 1864), 223.
Idem, no Distrito Militar do Baixo Paraguai e no Distrito Militar de Miranda, 224.
Desloca-se para a fronteira do Baixo Paraguai e estaciona em Corumbá (1864), 226.
Retirada de Corumbá para o norte (janeiro-abril de 1865), 231-234.
Ref. 222.

BATALHÃO DE CAÇADORES DE MATO GROSSO


Efetivo (14 de agosto de 1864), 222.
Distribuição pela Província, 223-224 e 226.
Evacua Miranda (janeiro de 1865), 238.
Retirada para Santana do Paranaíba, 239.
Ref. 222 e 240.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 1o


Chamado a serviço (1865), 241.
Destacamento em Melgaço, 241.
Mobilizado, 242.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 2o


Chamado a serviço (1865), 241.
Destacamento em Melgaço, 242.
Mobilizado, 242.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO –3o


Chamado a serviço (1865), 241.
Destacamento em Melgaço, 242.
Mobilizado, 242.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 4o


Mobilizado (maio de 1865), 242.
320 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 5o


Mobilizado (maio de 1865), 242.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 6o


Mobilizado (maio de 1865), 242.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 7o


Está sendo organizado em Miranda (janeiro de 1865), 273.

BATALHÃO DA GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO – 8o


Mobilizado (maio de 1865), 242.

BATALHÃO DE INFANTARIA – 3o
Em março de 1864 está no Rio Grande do Sul, 141.

BATALHÃO DE INFANTARIA – 3°
Em março de 1864 está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho de 1864 tem um destacamento em Jaguarão, 144.
Integra a 2a Bda, 1a DI do Exército do Sul; seu comandante, 145.

BATALHÃO DE INFANTARIA – 4o
Mandado seguir para o Rio Grande do Sul e efetivo, 142.
Em julho de 1864 está em Bagé, 144.
Integra a 3a Bda, 1a DI do Exército do Sul, e seu comandante, 145.
Entra em Montevidéu (22 de fevereiro de 1865), 253.

BATALHÃO DE INFANTARIA – 6o
Em março de 1864 está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho de 1864 está em Bagé, 144.
Integra a 3a Bda, 1a DI, do Exército do Sul, e seu comandante, 145.
Entra em Montevidéu (22 de fevereiro de 1865), 253.

BATALHÃO DE INFANTARIA – 12o


Mandado seguir para o Rio Grande do Sul e efetivo, 142.
Em julho de 1864 está em Bagé, 144.
Integra a 3a Bda, 1a DI, do Exército do Sul, e seu comandante, 145.
Entra em Montevidéu (22 fevereiro de 1865), 253.
ÍNDICE ANALÍTICO 321

BATALHÃO DE INFANTARIA – 13o


Em março de 1864 está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho de 1864 está em Jaguarão, 144.
Integra a 2a Bda, 1a DI, do Exército do Sul, e seu comandante, 145.

BATALHÃO DE INFANTARIA (Par) – 6o


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso (1864) e valor, 221.
Ação, 271.
Seu Cmt, 229.

BATALHÃO DE INFANTARIA (Par) – 7o


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso (1864) e valor, 221.
Ação, 271.

BATALHÃO DE INFANTARIA (Par) – 10o


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso (1864), 221.

BATALHÃO DE INFANTARIA (Par) – 13o


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso (1864), 221.

BATALHÃO DE VOLUNTÁRIOS CUIABANOS


Criado em 1865 pelo Presidente da Província de Mato Grosso, 241.

BEBERIBE, Corveta
V. nota LXII.
Integra a esquadra da missão Pedro de Oliveira ao Paraguai, 91-92.

BELA VISTA, Loc., Par


Ref. 234.

BELGRANO, Manuel
Expedição contra o Paraguai, 63.
Volta a esse país em missão diplomática juntamente com Echevarría e resultado
obtido, 63-64.

BELLEGARDE, Pedro de Alcântara


V. nota LVIII.
322 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Atuação durante o incidente de Fecho dos Morros (1850), 89-90.


Encarregado de negócios do Brasil no Paraguai, 271.
Ref . 271.

BELMONTE
V. nota LXXII.
Situação e missão atribuída (agosto de 1864), 137.
Participação nas operações contra Paysandu (dezembro de 1864), 152.

BELO, André Alves Leite de Oliveira, Ten-Cel


V. nota LXXIII.
Comanda o 3o BI integrante do Exército do Sul, 145.
Prende Leandro Gómez em Paysandu por ocasião da conquista da praça e o entrega
ao Cel Goyo Suárez, 155.

BENITES, Gregorio
V. nota LXIII.
Transc. de trecho sobre a missão Pedro de Oliveira ao Paraguai, 92 e 93.
Idem, a respeito de acontecimentos ligados a essa missão, 92.
Cit., 92.
Transc. de trecho do livro Primeras batallas contra la Triple Alianza, 270.

BENITEZ, Gregório, 2o Ten Mar Par


Morto em ação (janeiro de 1865), 232.

BERENICE, Corveta
V. nota LXI.
Integra a esquadra da missão Pedro de Oliveira ao Paraguai, 92.

BERGES, José
V. também Elizalde, Sagastume, Lapido, Mitre, Herrera (Juan José), Pino (Brito
Del) e Carreras.
Trecho de protocolo de conferência (1856) com Paranhos, relativo ao incidente de
Fecho dos Morros, 89.
Enviado por Carlos Antonio López em missão diplomática ao Rio de Janeiro, a
fim de resolver questões pendentes entre o Brasil e o Paraguai, e gestões, 96-97.
Parte tomada nas negociações diplomáticas em 1863 e 1864, nas quais figuram
ÍNDICE ANALÍTICO 323

Elizalde, Lapido, Herrera, Brito, Del Pino, Las Carreras e Sagastume, 169-170,
174-176, 267, 181, 183, 185-186, 187-189, 196, 199-202.
Correspondência com Viana de Lima a respeito da intervenção do Brasil no
Uruguai, 203-205.
Correspondência com Sagastume a propósito dos negócios do Prata (30 de agos-
to de 1864), 205-208.
Idem, com Lapido (1863), 205.
Nota a Viana de Lima sobre o incidente do Villa del Salto, 209.
Memorando confidencial de Sagastume (28 de outubro de 1864), 209-215.
Resposta a este, em nome de López, 215-217.
Ref . 96 e 269.

BERÓN DE ASTRADA, Jenaro


Aliança contra Rosas, 24.
Avança para Entre Ríos; derrotado em Pago Largo, morre na peleja, 24.
Ref. 33 e 34.

BERRO, Aureliano
Cit., 110.

BERRO, Bernardo P.
Como Presidente do Senado uruguaio, recebe o poder supremo de Suárez (1852), 60.
Política de reação como ministro de Giró, provoca com isso a revolução que depôs
esse Presidente, 73.
Substitui a Gabriel Pereira como Presidente do Uruguai (1860), 79.
Medidas do seu governo para enfrentar a invasão de Flores, 106.
Atitude ante propostas de negociações com o chefe rebelde, 106.
Término de seu mandato (1 Mar 1864), 107.
Acredita que Flores tenha apoio do Governo da Argentina, 108.
Seu governo rompe relações com o de Buenos Aires, 109.
Correspondência de Mitre a respeito da escolha de árbitro na questão entre os
respectivos países, 110-111.
Sentindo-se ameaçado por uma invasão e não confiando na Argentina nem no
Brasil, tem o pensamento de recorrer ao Paraguai, para associá-lo ao seu destino,
incutindo-lhe a falsa crença de que a República do Uruguai está ameaçada em sua
integridade, 161.
Nomeia (Fevereiro de 1862) Juan José de Herrera representante diplomático do
324 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Uruguai no Paraguai e instruções que lhe entregou, 162-163.


Triunfo de sua política externa, 219.
Ref. 165, 266, 179 e 193.

BETIONE, Fazenda, MT
Ref. 224.

BEVERINA, Juan, Ten-Cel


Transc. a respeito das reações militares contra Rosas (1838-1847), 30-31.
Ref. 32.

BIANCHI (Síndico)
Entrega Montevidéu ao Brasil, 21.

BLANCOS do Uruguai
Origem do nome, 261.
Ref. 71 e 103.

BLAZ, Juan
Ação durante a incursão de Muñoz contra Jaguarão, 246.

BLOQUEIO DO BUCEO
Ref. 40.

BLOQUEIO DE MONTEVIDÉU
Ref. 32, 40, 159 e 248.

BLOQUEIO DOS PORTOS DO PRATA (Rosistas)


Ref. 38-42.

BOA VISTA (Alto da), Paysandu, Ur


Ref. 152.

BOCAIÚVA, Quintino
Publica em O Paiz carta que lhe escreveu Sagastume, 268.

BOLÍVAR, Simón
Resposta recebida de Francia a um apelo que lhe fizera para que o Paraguai se
unisse aos demais países sul-americanos na resistência aos espanhóis, 65.
ÍNDICE ANALÍTICO 325

BOLÍVIA
Ref. 200.

BOM CONSELHO, Missão do, MT


Ref. 2341.

BOMPLAND, Aimé
V. nota. XXXVI.
Retido prisioneiro por Francia, depois de haver sido mandada destruir a colônia
que fundara em Candelária, 65.

BONITO, Loc., MT
Ref. 274.

BRACINHO, Fazenda, MT
Ref. 233.

BRAGA, Antônio Rodrigues Fernandes, Desembargador


Presidente do Rio Grande do Sul por ocasião de manejos Lavalleja (1834), 43.

BRANCO, Francisco Gil Castelo, Maj


V. nota LXXXIII.
Por solicitação do General Tasso Fragoso, colhe informações no Uruguai a respei-
to do itinerário do Exército do Sul; resultados obtidos, 265-266.

BRANCO, Rio, MT
Ref. 69, 88, 90 e 274.

BRANDÃO, Cândido José Sanches da Silva, Cel


V. nota LXXIII.
Comanda a 1a Bda C, 1a DI, do Exército do Sul, 145.

BRASIL
Declara guerra às Províncias Unidas (10 de dezembro de 1825), 26.
Intervenção em prol do Uruguai e contra Rosas, 47-58.
Tratados com o Uruguai, 58-59.
Evolução política (1822-1852), 62-63.
Atitude em face do Paraguai, 67-68.
326 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Esforços para celebrar tratados com o Paraguai, 68-71.


Intervenção no Uruguai (1854), 71-78.
Relações com o Paraguai, novos esforços para obter tratados, notadamente de
limites, 87-100.
Síntese da sua evolução em face da dos povos platinos (1828-1860), 102-103.
Segundo certos autores, Flores, em sua invasão de 1863, conta receber o auxílio de
contingentes do Brasil, 105.
Situação das relações com o Uruguai entre 1852 e o início da Missão Saraiva
(1864), 114-117.
Juízo sobre sua atitude na questão do Uruguai (1864), 134.
Represálias contra o governo de Montevidéu, 134-138.
Neutralidade em face da luta armada no Uruguai, instruções ao governo e juízo a
respeito, 147-149.
Acusado pelo governo de Aguirre de haver arrancado violentamente do Uruguai
os tratados de 1851, 157.
Juízo que a seu respeito faz o governo de Montevidéu (1862), 163.
Estado de suas relações com o Paraguai em 1862, segundo Juan José de Herrera,
164-165.
Atitude em face do Uruguai e rivalidade com a Argentina, segundo Juan José de
Herrera em nota a Lapido (3 de março de 1863), 177.
Atitude na questão uruguaia, segundo Juan José de Herrera, 200.
Alimenta os bandos de Flores e intervém no Prata, diz Juan José de Herrera a
Sagastume (instruções de 1o de maio de 1864), 194-195.
Busca pôr-se em acordo com a Argentina no Uruguai, declara Juan José de Herrera
(Julho de 1864), 198-199.
Cit. nas intrigas diplomáticas do Uruguai com o Paraguai, a partir de agosto de
1864, 205-217.
Situação política, social e militar em 1864, segundo Sagastume (memorando con-
fidencial a Berges, 28 de outubro de 1864), 210-211.
Possibilidades em caso de guerra no Prata, idem, 211-215.
Invasão premeditada pelo Paraguai, 215.
Inexplicável ingenuidade em face do Paraguai, depois das afirmações categóricas
de López (de 30 de agosto, 3 e 14 de setembro de 1864), 217.
Ref. 172-173, 198 e 202.

BRILHANTE, Campos do, MT


Ref. 237.
ÍNDICE ANALÍTICO 327

BRILHANTE, Rio, MT
Ref. 239.

BRIGADA DE CAVALARIA – 1a
Organização e comandante; integra a 1a DI do Exército do Sul, 145.
Faz parte do primeiro escalão que inicia a marcha em 25 de novembro de 1864,
marcha, 153.

BRIGADA DE CAVALARIA – 3a
Organização e comandante; integra a 2a DI do Exército do Sul, 146.
Chega (3 de dezembro de 1864) à margem do arroio Hospital, 154.

BRIGADA DE CAVALARIA – S-N


Organização e comandante (Brig Hon José Gomes Portinho); integra a 2a DI do
Exército do Sul, 146.

BRIGADA DE CAVALARIA – S-N


Organização e comandante (Cel José Alves Valença); integra a 2a DI do Exército do
Sul, 146.
Chega (3 de dezembro de 1864) ao arroio Hospital, 154.
Faz a retaguarda do Exército em sua marcha pelo território uruguaio, 154.

BRIGADA DE INFANTARIA – 2a
Organização e comandante; integra a 1a DI do Exército do Sul, 145.
Faz parte do primeiro escalão que inicia a marcha (25 de novembro de 1864);
marcha, 153-154.
Ataque a Paysandu (31 de dezembro de 1864-1o de janeiro de 1865), 155.

BRIGADA DE INFANTARIA – 3a
Organização e comandante; integra a 1a DI do Exército do Sul, 145.
Ataque a Paysandu (31 de dezembro de 1864-1o de janeiro de 1865), 155.

BRIGADA DE INFANTARIA – 5a
Entra em Montevidéu (22 de fevereiro de 1865), 253.

BRIGADA DE VOLUNTÁRIOS RIO-GRANDENSES


Organizada e comandada pelo General Antônio de Sousa Neto, integra o Exército
do Sul; efetivo, 146.
328 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

No dia 15 de dezembro de 1864, apresenta-se em Paysandu, indo estacionar do


lado do Rio S. Francisco, 153.
Faz a vanguarda do Exército do Sul em sua marcha para Paysandu, 154.

BRITO, Antero José Ferreira de, Barão de Tramandaí


V. nota XXII.
O Presidente do Rio Grande do Sul manifesta-lhe sua inquietação diante do estado
em que se encontra a fronteira oriental (1833), 43.

BRONZIQUE, Barbosa
Ref. 274.

BROWN, Alte
V. nota III.
Nomeado comandante da esquadra de guerra uruguaia, 23.
Encarregado de bloquear Montevidéu, 32.
Opera contra os orientais, 35.
Apresenta-se em Montevidéu com sua esquadrilha, para bombardear a cidade
(janeiro de 1843), mas nada pode fazer, em vista da intervenção dos chefes das
estações navais da Inglaterra e França; sua esquadrilha é tomada pelos interventores
franceses e ingleses, 39-40.

BUCEO, Porto de, Ur


Oribe faz dele o seu porto, 36.
Bloqueado pelos franceses e ingleses (1845), 40.

BUENO, José Antônio Pimenta, Visconde e Marquês de São Vicente


V. nota XXVII.
Nomeado Presidente da Província do Rio Grande do Sul, 49.
Enviado a Assunção em missão especial (1843), firma com Carlos Antonio López
tratado de aliança, comércio e limites (17 de outubro de 1844), não ratificado pelo
Imperador; alguns dos termos desse tratado, 68-69.
Ref. 88.

BUENOS AIRES, Cidade de, Arg


V. também em missões diplomáticas, incidentes e província do mesmo nome.
Papel político-social, 25.
ÍNDICE ANALÍTICO 329

Transformada em capital da Argentina (lei de capitalização), 26.


Recupera a autonomia (1827), 27.
Perde, com a queda de Rosas, a supremacia de que havia gozado, 80.
Luta para reconquistá-la e vitória, 80-87.
Escolhida como sede das autoridades nacionais argentinas (1862), 87.
Levanta dúvidas sobre o trânsito da esquadra da missão Pedro de Oliveira, 96.
Venancio Flores é um dos grandes e leais colaboradores de Mitre na obra da
reivindicação de sua hegemonia, 104.
Em instruções a Herrera, o Governo uruguaio (1862) recomenda que se busque
com o Paraguai um meio de evitar que o comércio entre os dois países interessa-
dos não mais dependa do porto local, 162-163.
Atitude em relação ao Uruguai (1810-1828), segundo Herrera em instruções a
Lapido (3 de março de 1863), 165-166.
Objetivos políticos, situação geográfica no Prata e posse de Martín Garcia (1863),
segundo Herrera em instruções a Lapido (3 de março de 1863), 168-169.
O Paraguai declara que ela abriga uma comissão diretora da revolução de Flores
(nota de Berges a Elizalde, 2 de outubro de 1863), 179.
Dela saiu a expedição do Cel Rebollo e a do Cel Conde, diz Berges a Elizalde (6 de
dezembro de 1863), fatos que indicam o auxílio que a Argentina presta ao Gen
Flores, 182.
Ref . 171, 179, 181, 267, 192, 197, 206 e 211.

BUENOS AIRES, Província de, Arg


Acaba atraindo (1860) para junto de si as demais províncias, 102.
Centro principal da colaboração da Argentina com a revolução de Flores, segun-
do Herrera, 112-113.
Ref. 55 e 192.

BUSTAMANTE, José Luís


Representante de Rivera, firma com os Farrapos uma “convenção de auxílios” (28
de dezembro de 1841), 44.

BUSTAMANTE, Manuel Basilio


Presidente do Senado, substitui Flores quando este renuncia à Presidência do
Uruguai; tido pela oposição como simpático a Flores; motim contra sua per-
manência no poder (25 de novembro de 1855); os revolucionários acabam
sendo derrotados, 77.
330 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

BUZZARD, Canhoneira
Uma das canhoneiras inglesas que interceptam o Tamari em frente a Buenos
Aires, quando esse navio tinha a bordo Francisco Solano López, 263.

CAÁGUAZÚ, Vapor da Marinha Argentina


Teria transportado Flores da Argentina para a sua invasão do Uruguai, 105.

CAÁGUAZÚ (ou Caá-Guazú), Arg


Ref. 31 e 33.

CAÁGUIJURU, Par
Ref. 13.

CABALLERO, Bernardino, Gen


V. nota CIV.
Ref. 234 e 273.

CABRITA, Vilagran, 1o Ten


V. nota XCV.
Instrutor do Exército Paraguaio e outras notas a respeito, 270-271.

CÁCERES, Nicanor
V. nota LXVII.
Cooperação com Flores, segundo Herrera em nota a Saraiva, 120.

CACHOEIRA, Vapor
Ação durante a incursão de Muñoz, 246.

CADIUÉUS, índios, MT
V. notas XLIII e CIX.
Auxiliam a defesa do Forte de Coimbra, 261.
Ref. 274.

CALDWELL, João Frederico, Gen


V. nota XXVIII.
Nomeado Cmt das Armas do Rio Grande do Sul, 49.

CAGANCHA
Ref. 35,
ÍNDICE ANALÍTICO 331

CALIFÓRNIAS NO ESTADO ORIENTAL


Segundo nota de Herrera a Saraiva, 120.

CAMAQUÃ, Loc, MT
Ref. 239.

CAMAQUÃ
V. nota, LXI.
Integra a esquadra da missão Pedro de Oliveira, 92.

CÃMARA, José Antônio Correia da, Maj


V. nota LXXXI.
Pertencente ao 2o RC e agente de ligação do Gen J. P. Mena Barreto com os sitiantes
de Paysandu, chega a este local; o Alte Tamandaré entrega-lhe o comando das forças
desembarcadas (dezembro de 1864), 153.

CAMINADA, 1o Ten Arm


Instrutor da Marinha paraguaia e outras informações, 270.

CAMISÃO, Carlos de Morais, Ten-Cel


V. nota CXI.
Desembarca no Porto do Sará com a maior parte de sua unidade (2o Corpo de
Artilharia), em janeiro de 1865, 231.
Deixa o 2o Ten Luciano Pereira de Sousa na fazenda do Bananal com a missão de
reunir elementos da unidade no Pantanal, 272.
Mandado assumir interinamente as funções de Cmt das Armas de Mato Grosso, 275.

CAMPANHA DA CORDILHEIRA, Par


Ref. 13.

CAMPO ALEGRE, Fazenda, MT


Ref. 239.

CAMPO GRANDE, Par


Ref. 13.

CAMPO DE SÃO XAVIER, MT


Destacamento (1864), 223.
332 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CAMPOS DE CAMAPUÃ, MT
Ref. 243.

CAMPOS, Frederico Carneiro de, Cel


V. nota LXXXVI.
Obrigado a desembarcar do Marquês de Olinda, 218.
Ref. 217.

CANABARRO, David José Martins, Brig Hon


V. nota XI.
Declarações contra Rosas, 31.
Assina, com outros, em Porongos (13 de novembro de 1844), documento
credenciando o Maj Fontoura para entendimentos com o Governo imperial, 47.
Cooperação com Flores, segundo Herrera em nota a Saraiva, 120.
Providências com relação às forças rebeldes de Salvatilha e Algañaraz, 121.

CANDELARIA, Par
Mandada destruir por Francia colônia aí fundada por Aimé Bompland, 65.

CANELONES, Departamento de, Ur


Entregue pelo governo de Aguirre o comando de suas forças ao Gen Juan Saa, 147.

CANGUÇU, RS
Aí tem Bento Gonçalves o seu QG (1842), 45.

CANSTATT, Santiago
Causa de incidente diplomático entre o Paraguai e a Inglaterra, e outras informações, 263.

CARABALLO, Francisco, Gen.


O Governo oriental apossa-se de cartas que lhe dirigira o comandante do Pampero,
contendo indícios da colaboração deste no movimento revolucionário de Flores, 110.

CARACARÁ, Morro do, MT


Ref. 232.

CARAVIA, Juan
Candidato à substituição de Aguirre pelos partidários da continuação da guerra, 250.
ÍNDICE ANALÍTICO 333

CARPINTERIA, Ur
Ref. 22.

CARRERAS, Antonio de las, Dr.


Representantes de Aguirre junto ao Governo paraguaio, instruções recebidas,
juízo sobre a significação delas e desenvolvimento de sua missão, 197-202.
Correspondência com Berges (4 e 5 de agosto de 1864), 202.

CARRIL, Salvador Maria Del,


Eleito vice-presidente da Confederação Argentina (5 de março de 1854), 81.

CARVALHO, Alexandre Manuel Albino, Gen


V. nota XC.
Preside Mato Grosso quando ocorre a invasão paraguaia de 1864, 222.
Transc. e cit. do seu relatório de 30 de agosto de 1865 sobre providências para a
defesa de Mato Grosso, 225-226.
Cit. 241.
Lembra-se de estabelecer uma posição defensiva em Melgaço e de nomear Leverger
para o Comando Superior da Guarda Nacional e o das forças encarregadas da
defesa da Capital; inspeciona a posição de Melgaço, 241.
Outras medidas para a defesa da Capital, 242.
Promove a responsabilidade do Cel Carlos Augusto de Oliveira, 275.

CARVALHO, José Joaquim de, Cap


V. nota LVII.
Apodera-se, por surpresa, do Forte Olimpo, 88.

CARVALHO, Ronald de, Dr.


Cit. 264.

CASALVASCO, Loc., MT
Destacamento (1864), 219.

CASEROS, Batalha de
Também conhecida como de Monte Caseros, Morón e dos Santos Lugares.
Ref. 24, 52 e 57.

CASTELLANOS, Florentino
Demissão do cargo de ministro de Giró, 69.
334 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Representante do Uruguai na Argentina, tem conversações a respeito da posição


desta no caso da invasão do Gen Flores, 103.
Como representante do Governo oriental, acompanha os mediadores (Thornton,
Elizalde e Saraiva), quando estes vão ao encontro de Flores, 123.
Comunicação, juntamente com Flores, aos mediadores, da intenção de Aguirre
quanto à reorganização do ministério, e resposta de Saraiva; político moderado
do partido de Aguirre, 124.

CASTELO, Morro do, Rio de Janeiro


Ref. 250.

CASTRO, Manuel Moreira de


V. nota LIX.
Propostas, como cônsul do Paraguai e em nome desse país, a fim de resolver a
questão de limites com o Brasil (1852), 86.

CAUDILHOS ARGENTINOS
Espírito localista, 21.

CAUDILHOS DO RIO GRANDE DO SUL


Alusão feita por Herrera a Sagastume (1o de maio de 1864), 191.

CAVALHADA, Loc., Distrito Militar de Miranda, MT


Destacamento, 1864, 220.

CAXIAS, Luís Alves de Lima e Silva, Barão, Conde, Marquês e Duque de, Mar
V. nota X.
Cit. do Diário, 9
Juízo sobre sua ação no sentido de obter submissão dos Farrapos, 26.
Rivera lhe dirige como mediador (30 de setembro de 1844) na luta farroupilha,
mas é cortesmente repelido, por escrito, e, verbalmente, por intermédio de Manoel
Luiz Osorio, 42-43.
Feita a pacificação do Rio Grande, seu exército está disponível para qualquer ação
além fronteiras, 43.
Nomeado comandante do Exército do Sul, parte para o Rio Grande (20 de
junho de 1851); desenvolve qualidades de organizador e de chefe; em 4 de setem-
bro de 1851, com seu exército organizado, inicia a marcha na direção do inimigo;
ÍNDICE ANALÍTICO 335

composição e marcha de suas forças; chegada destas à margem do Santa Lucía, 48.
Juízo sobre sua marcha, 48-49.
Ruma para oeste, estaciona, com seu grosso, na Colônia do Sacramento; designa
a 1a Divisão para representar o Brasil na nova campanha sob a direção de Urquiza, 51.

CENTAUR, Navio de guerra inglês


Recebe Juan Manuel de Rosas, após Caseros, 262.

CENTURIÓN, Juan Crisostomo, Gen


Cit. 218, 220-221.

CEPEDA, Arg
Ref. 80, 82, 85 e 104.

CERCO DE...
V. Sítio de...

CERRITO, Loc., Par


O Cmt da Polícia do Rio Paraguai oficia daí ao Cmt da esquadra da missão Pedro
de Oliveira, 93.

CERRITO, Ur
O Gen Flores aí acampa (1864), saúda Montevidéu com 21 tiros e interna-se na
campanha, 147.
QG de Flores durante o sítio de Montevidéu (1865), 159.

CERRO DE LAS ÁNIMAS, Ur


V. nota XV.
Ref. 37.

CERRO DO ARBOLITO, Ur
Ref. 265.

CERRO CORÁ, Par


Ref. 273.

CERRO INBERNILHO, Ur
Ref. 234.
336 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CERRO LARGO, Ur
Sugestão de Saraiva (7 de setembro de 1864) ao Presidente do Rio Grande do Sul
para que o Exército Brasileiro expulse da localidade as forças governistas uru-
guaias; informações sobre a praça e necessidades para o ataque, 139-140.
Outras instruções de Saraiva a respeito do ataque sugerido, 140.
Saraiva quer o ataque à localidade, 141.
O Governo imperial aprova as instruções de Saraiva no sentido de que forças
brasileiras dela se apoderem, 147-148.
O Min G, em instruções (26 de setembro de 1864) ao Gen J. P. Mena Barreto,
determina que este se apodere dela, 148-149.
Parte daí a incursão de Basílio Muñoz contra o Rio Grande do Sul (janeiro de
1865), 245 e 258.

CERRO LARGO, Departamento de, Ur


Ref. 213.

CERRO LEÓN, Loc., Par


Ref. 218 e 220.

CERRO LEÓN, Lanchão paraguaio


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso (1864), 221.

CERRO LUNAREJO, Ur
Ref . 265.

CERRO OCIDENTAL, Posto militar paraguaio de


Obrigação a cumprir pela navegação fluvial, 97.

CERROS BLANCOS, Ur
Ref. 172 e 154.

CHACO, Reg
Ref. 69.

CHAIM, Porto da estância do, Ur


Tamandaré acha-se aí (15 de janeiro de 1865), pondo à disposição de Mena
Barreto dois vapores fundeados no porto, 158.
ÍNDICE ANALÍTICO 337

CHANÉ, Índios, MT
Aldeias no Distrito Militar de Miranda, 274.

CHAPADA, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

CHASCOMÚS, Arg
V. nota XIII.
Ref. 33.

CHAVES, Joaquim Francisco, CT


Dispensado do comando da força fluvial de Mato Grosso (1865), 274.

CHIRIGUELO, Par
Ref . 234

CHUÍ, Fronteira do, RS


Instruções do Min G. (21 de julho de 1864) sobre sua guarda, 135-136.
Apoio a prestar pela Marinha às forças aí estacionadas (instruções do Min M a
Tamandaré, 1864), 137.

CISPLATINA, Província da
V. Uruguai.

CLARA, Arroio, Ur
Ref. 266.

CLARO, Cap
Vaqueano do Exército do Sul, 265.

CLAVERO, Cel
Ordena o fuzilamento do Dr. Aberastain, 86.

COELHO, Antônio Maria, Cap


V. nota C.
Comanda grupo que, tendo evacuado Albuquerque, retirou-se para o norte, e
informações que prestou (3 de março de 1865) a respeito, 233.
338 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

COELHO, Passo do
V. Passo do Cuello.

COHE, John H., Marinheiro americano


Comanda a reduzida flotilha oriental, 35.
Comanda esquadra no sítio posto a Buenos Aires por Urquiza, é subornado e se
passa para o lado dos revolucionários buenairenses, 81.

COLIGAÇÃO DO NORTE
Suas forças são completamente aniquiladas pelos rosistas em Famaillá e Rodeo
del Medio (19 e 24 de setembro de 1841), pelas forças comandadas por Pacheco e
Oribe, 33.

COLÔMBIA
Ref. 65.

COLÔNIA, Loc., Ur
Ofício de Saraiva a Tamandaré (Agosto de 1864) lembrando a vantagem de haver
aí navios de guerra brasileiros, 133.
Mena Barreto acha-se à frente da localidade (22 de janeiro de 1865), aí deixa um
contingente para suprimentos e saber dos movimentos de Juan Saa e Gómez, e
buscar notícias de Flores, 159.

COLÔNIA DE DOURADOS, MT
Destacamento (1864), 224.
Ataque paraguaio (dezembro de 1864), 234-235.
Perdas, 243.
Ref. 272, 273, 235 e 243.

COLÔNIA DE MIRANDA, MT
Destacamento (1864), 257.
Ref. 233, 273, 235 e 242.

COLORADOS (do Uruguai)


Origem do nome, 261.
Irritam-se com a política de reação de Berro, 73.
Exigem do Presidente Giró participação em seu governo, conseguem-na, mas os
ÍNDICE ANALÍTICO 339

dois colorados não podem obter do presidente e dos demais ministros as providências
esperadas, 73.
Sua luta com os Blancos, 103.
Ref. 71.

COLUNA EXPEDICIONÁRIA DE MATO GROSSO


Ref. 244.

COMBATE DE...
V. também Batalha de...

COMBATE DE AVALOS
Ref. 24.

COMBATE DE CARPINTERÍA (19 de setembro de 1836)


Ref. 22.

COMBATE DE CERRO DE LAS ÁNIMAS (janeiro de 1847)


Ref. 37.

COMBATE DE CHASCOMÚS (7 de novembro de 1839)


Derrota do Exército antirrosista, 33.

COMBATE DE CONSTITUCIÓN (1863)


Ref. 106.

COMBATE DE COQUIMBO (2 de junho de 1863)


Ref. 106.

COMBATE DE DON CRISTÓBAL (10 de abril de 1840)


Ref. 33.

COMBATE DE DURAZNO
Ref. 23.

COMBATE DE ÍNDIA MUERTA (27 de novembro de 1845)


Ref. 37.
340 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

COMBATE DE FAMAILLÁ (19 de setembro de 1841)


Ref. 33.

COMBATE DE LAS CAÑAS (25 de junho de 1863)


Ref. 106.

COMBATE DE LAS PIEDRAS (16 de setembro de 1863)


Ref. 106.

COMBATE DE NAVARRO (9 de dezembro de 1828)


Ref. 27.

COMBATE DE PAGO LARGO (31 de março de 1839)


Ref. 33.

COMBATE DE PALOMAR (15 de junho de 1838)


Ref. 23.

COMBATE DE PARAGUARÍ (1810)


Ref. 64.

COMBATE DE POCITO
V. Batalha de Pocito

COMBATE DE PUENTE DE MÁRQUEZ (26 de abril de 1829)


Ref. 27.

COMBATE DE QUEBRACHO HERRADO (28 de novembro de 1840)


Ref. 33.

COMBATE DE RODEO DEL MEDIO (24 de setembro de 1841)


Derrota do exército antirrosista da Coligação do Norte, 33.

COMBATE DE SAUCE GRANDE (1840)


Ref. 33.

COMBATE DE VENCES (27 de novembro de 1847)


Ref. 34.
ÍNDICE ANALÍTICO 341

COMBATE DE YUCUTUJÁ (22 de outubro de 1837)


Ref. 23.

COMISSÃO ARGENTINA
Ref. 33.

COMPANHIA DE ARTÍFICES DE MATO GROSSO


Efetivo (14 de agosto de 1864), 222.
Distribuição pela Província, 223-224.
Participação na posição defensiva de Melgaço, 241.
Ref. 222.

COMPANHIA DE NAVEGACÃO DO ALTO PARAGUAI


Ref . 242.

COMPÊNDIO DE HISTÓRIA NACIONAL, por Julián Miranda


Transc. 275.

CONCEPCIÓN, Loc., Par


Ref. 220, 221, 234.

CONCORDIA, Loc.
Ref. 35.

CONCORDIA, Porto de
Ref. 138.

CONDE, Gregorio, Cel


Sua expedição saiu de Buenos Aires (3 de novembro de 1863), declara Berges a
Elizalde (6 de dezembro de 1863), 182.
Ref. 206.

CONFEDERACIÓN ARGENTINA
V. Argentina

CONFLICT, Navio de guerra inglês


Conduz Rosas para a Europa, 262.
342 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CONGRESSO CONSTITUINTE DA ARGENTINA (1824)


Ref. 25.

CONGRESSO DE PARIS
Ref . 203.

CONGRESSO DE TUCUMÁN (1816)


Ref. 25.

CONGRESSO DE VIENA
Ref. 40.

CONRADO, Antônio José Augusto, Cap


V. nota XLVI.
Ação durante o ataque ao Forte de Coimbra (1864), 229.

CONSTITUCIÓN, Ur
Ref. 106.

CONSTITUIÇÃO ARGENTINA
Unitária, votada pelo Congresso (19 de julho de 1826), 26.
Elaboração e promulgação, 81.
A Província de Buenos Aires promete aceitá-la e jurá-la, o que faz, 82-83.

CONVENÇÃO...
V. também convênio, pacto e tratado de...

CONVENÇÃO ADICIONAL AO TRATADO DE AMIZADE, COMÉRCIO E NAVE-


GAÇÃO ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI (27 de abril de 1855)
Freio anulador do que o Brasil havia conseguido pelo dito tratado, 95.

CONVENÇÃO DE AUXÍLIOS
Firmada entre representante de Rivera e o dos Farrapos (28 de dezembro de
1841); seus termos; ratificação por Bento Gonçalves, 44-45.

CONVENÇÃO ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI (12 de fevereiro de 1858)


Informações diversas, 99-100.
ÍNDICE ANALÍTICO 343

CONVENÇÃO ENTRE A INGLATERRA E O PARAGUAI (14 de setembro de 1862)


Restabelecendo as relações, 263.

CONVENÇÃO ENTRE O PARAGUAI E O URUGUAI (Projeto)


De Herrera, em instruções a Lapido (3 de março de 1863), 167-168.

CONVENCÃO SOBRE OS LIMITES ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI (6 de abril de 1856)


Estipula a nomeação, no prazo do Tratado de Amizade, Navegação e Comércio
entre o Brasil e o Paraguai, de novos plenipotenciários que examinam e reconhe-
çam definitivamente a linha divisória entre os dois países, 96-97.

CONVENÇÃO NACIONAL DE SANTA FÉ


Homologa modificações à Constituição Argentina introduzidas pela Assembleia
Provincial de Buenos Aires, 83.

CONVENÇÃO SOBRE A NAVEGAÇÃO FLUVIAL ENTRE O BRASIL


E A ARGENTINA (20 de novembro de 1857)
Repulsa de Francisco Solano López, 99.
Ref. 98.

CONVENÇÃO DE PAZ (11 de novembro de 1859)


Ref. 192.

CONVENÇÃO PRELIMINAR DE PAZ (27 de agosto de 1828)


Ref. 16, 21, 26, 32, 38, 39, 45, 54, 64, 79 e 134.

CONVENÇÃO SOBRE A VERDADEIRA INTELIGÊNCIA E PRÁTICA DO TRATA-


DO DE AMIZADE, NAVEGAÇÃO E COMÉRCIO DE 6 DE ABRIL DE 1856 EN-
TRE O BRASIL E O PARAGUAI (12 de fevereiro de 1858)
V. nota LXV.
Resumo e referências, 99-100.

CONVENÇÃO DE 29 DE AGOSTO DE 1851


V. nota XXX.
Ref. 54.

CONVÊNIO
V. também convenção, pacto e tratado.
344 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

CONVÊNIO DE ALCARAZ
Celebrado por Urquiza com Juan Madariaga, Governador de Corrientes, 67.

CONVÊNIO DE ALIANÇA OFENSIVA E DEFENSIVA (11 de novembro de 1845)


Ref. 37 e 66.

CONVÊNIO ENTRE ORIBE E RIVERA (21 de outubro de 1838)


Ref. 23.

CONVÊNIO DE CAPITULAÇÃO ENTRE URQUIZA E ORIBE (10 de outubro de 1851)


Ref. 53 e 54.

CONVÊNIO ESPECIAL DE PAZ ENTRE OS ESTADOS (21 de novembro de 1851)


Termos, 54-55.

CONVÊNIO PARA UMA ALIANÇA OFENSIVA E DEFENSIVA A FIM DE MANTER


A INDEPENDÊNCIA E PACIFICAR A REPÚBLICA DO URUGUAI (29 de maio
de 1851)
V. Convênio de 29 de maio de 1851.

CONVÊNIO ENTRE O PARAGUAI E O URUGUAI (Em cogitação)


Pontos básicos, segundo Herrera em nota a Lapido (17 de agosto de 1863), 170.

CONVÊNIO ENTRE O BRASIL, ENTRE RÍOS, CORRIENTES E URUGUAI (10 de


dezembro de 1851)
Reproduz cláusulas do convênio de 29 de maio de 1851 sobre o Paraguai, 170.

CONVÊNIO DA PAZ (20 de fevereiro de 1865)


Resumo da sua negociação e termos, 250-253.
Trecho do protocolo adicional, 253.
Repercussão no Brasil, 254-256.
Ref. 259 e 260.

CONVÊNIO DE PUNTAS DEL ROSARIO (18 de junho de 1864)


Para a pacificação do Uruguai, entre Flores, os mediadores (Thornton, Elizalde e
Saraiva) e representantes do governo de Montevidéu (Lamas e Castellanos); ter-
mos; não cumprimento por parte de Aguirre, 127.
ÍNDICE ANALÍTICO 345

CONVÊNIO DE S. JOSÉ DE FLORES (10 de novembro de 1859)


(Também denominado Convênio de União) Termos e negociadores, 78-79.

CONVÊNIO DE UNIÃO
V. Convênio de S. José de Flores.

CONVÊNIO DE 29 DE OUTUBRO DE 1838


Ref. 19

CONVÊNIO DE 29 DE MAIO DE 1851


V. nota XXXIV.
Firmado para obter “uma aliança ofensiva e defensiva, a fim de manter a indepen-
dência e de pacificar o território da República do Uruguai resumo, 47.
Aplicação contra Rosas, 50.
O Paraguai não é nele esquecido, 66.

CONVÊNIO DE 20 DE OUTUBRO DE 1864


V. Pacto entre Tamandaré e Flores.

COQUIMBO, Ur
Ref. 102.

CORDILHEIRA, Campanha da, Par


Ref. 9.

CORIXA, Loc., MT
Destacamento (1864), 219.

CORPO DE ARTILHARIA DE MATO GROSSO


Efetivo (14 de agosto de 1864), 218.
Efetivo em Coimbra e Nioaque, 220.
Ação no Forte de Coimbra durante o ataque paraguaio (1864), 224-225.
Bandeira, 267.
Retirada, 225-230.
Ref. 236.

CORPO DE CAVALARIA DE MATO GROSSO


Efetivo (14 de agosto de 1864), 218.
346 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Distribuição pela Província, 219-220 e 223.


Ação contra os paraguaios, 231-233.
Perdas, 233.
Retirada, 233-235.
Ref. 236.

CORPO PROVISÓRIO DE GUARDAS NACIONAIS – 5o


Integra a 3a Bda C, 2a DI, do Exército do Sul; seu comandante, 142.

CORPO PROVISÓRIO DE GUARDAS NACIONAIS – 6o


Integra a 3a Bda C, 2a DI, do Exército do Sul; seu comandante, 142.

CORRALES, Arroio, Ur
Ref. 261.

CORREIA, Antônio Paulo, 2o Ten


Ref. 227.

CORRENTE, MT
Ref. 229.

CORRIENTES, Prov., Arg


Firma com Rivera tratado de aliança ofensiva e defensiva contra Rosas (1838), 20.
Integra com Santa Fé, Entre Ríos e Buenos Aires aliança ofensiva e defensiva
contra as demais províncias argentinas (1831), 25.
Organiza exército contra Rosas (1838) o qual é derrotado em Pago Largo (31 de
março de 1839) pelo exército federal entrerriano comandado pelo governador de
Entre Ríos, Gen Pascual Echagüe, 29.
Proporciona contingentes para a luta armada contra Rosas (1841-1847), 30.
Projeto de Lavalleja de incluí-lo em novo Estado, juntamente com o Uruguai, o
Rio Grande do Sul e Corrientes, 39.
Cooperação com Montevidéu, Entre Ríos e o Brasil contra Rosas, 44.
Virasoro, seu governador, faz declaração contra Rosas (Abril de 1851), 47.
Operações do sétimo exército libertador contra Rosas, em seu território, e do qual
faz parte força paraguaia sob o comando de Francisco Solano López, 62.
Pactua com o Uruguai o Convênio de Alcaraz, 63.
Levanta dúvida sobre o trânsito da esquadra da missão Pedro de Oliveira, 92.
ÍNDICE ANALÍTICO 347

Venancio Flores, em 1863, conta receber contingentes que deviam reunir-se na


Província, ao que asseveram certos autores, 105.
Alusão feita por Herrera a possível adesão a um bloco platino com Entre Ríos,
Uruguai e Paraguai (instruções a Lapido, 3 de março de 1863), 173, 176, 166-168.
Intenção de Mitre de anular a influência do Uruguai na Província, 200.
Alusão de Las Carreras à sua secessão, 199.
O Uruguai está disposto a apoiá-la, diz Carreras; outras informações a respeito,
201-202.
Atitude quanto ao trânsito de tropas paraguaias, segundo Sagastume (nota de 20
de outubro de 1864 a Berges), 211.
Erro estratégico de López quando de sua invasão, 220.
Ref. 52, 55, 64, 69, 70, 81, 85, 92, 93 e 275.

CORUMBÁ, Loc., MT
Destacamento (1864), 224.
Reforço, 226.
Trazido para aí o 2o Btl Art, 226.
Peças tomadas pelos paraguaios, 243.
Ref. 226, 270, 229, 230, 231, 232, 238, 240 e 244.

CORUMBÁ, Canhoneira
V. nota, XCI.
Valor militar, 225.
Chega a Cuiabá (10 de outubro de 1864), 225.
Mandado para as imediações de Corumbá, 225.
Transporta reforço de Corumbá, 230.
Presença em Melgaço, 242.
Ref. 225.

COSTA RICA
Referência de Carlos Antonio López a Herrera sobre sua tentativa de conseguir
uma combinação entre os Estados americanos de origem espanhola, 163.

COSTA, Salvador Correia da


Fazenda, 233.

COXILHA DE HAEDO, Ur
Ref. 265.
348 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

COXILHA DO RABÓN, Ur
Ref. 265.

COXILHA DE SANTANA
Ref. 265.

COXIM, Loc., MT
Chegam aí forças que se retiram do Sul de Mato Grosso, 234.
Atingida por incursão paraguaia, 240, 240, 242 e 243.
Ref. 234 e 239.

COXIPÓ, Loc., MT
Ref. 233.

CRÍTICA (Revista de Buenos Aires)


Ref. a documento publicado em setembro de 1928, 268.

CRUZADA LIBERTADORA (Do Gen Venancio Flores)


Resumo de suas operações até março de 1864, 104-107.
Ref. 80.

CRUZEIRO DO SUL, Vapor


V. nota LXXXIII.
Posto à disposição de Mena Barreto por Tamandaré, a fim de transportar o
Exército do Sul até o Santa Lucía, acha-se (15 de janeiro de 1865) fundeado no
Chaim, 158.

CUELLO, Passo do, Ur


Ref. 52.

CUIABÁ, Loc., MT
Guarnição militar, 223.
Defesa (1865), 241, 242 e 244.
Ref. 221, 225, 271, 230, 232, 233, 234, 274, 240 e 242.

CUIABÁ, Canhoneira
V. nota XCI.
ÍNDICE ANALÍTICO 349

Valor militar, 225.


Mandado estacionar perto de Coimbra, 226.
Presença em Melgaço, 242.
Ref. 232.

CUIABÁ, Navio (da Companhia de Navegação do Alto Paraguai)


Presença em Melgaço, 242.

CUIABÁ, Rio, MT
Ref. 241.

CUÑAPIRÚ, Ur
Ref. 115.

CUNHA, Amônio Batista da, Sgt QM


Ref. 231.

CURUGUATY, Loc., Par


Artigas desterrado para aí, por Francia, 65.

DABOCO (?), MT
Ref. 239.

DATOS HISTÓRICOS DE LA GUERRA DEL PARAGUAY CON LA TRIPLE ALIANZA,


de Francisco Isidoro Resquín
Ref. 273.

DAYMÁN, Rio, Ur
Ref. 107.

DECLARAÇÃO DE GUERRA DO BRASIL ÀS PROVÍNCIAS UNIDAS (10 de dezembro


de 1825)
Ref. 26.

DECLARAÇÃO DE GUERRA DE RIVERA A ROSAS


Trecho, 24.

DEFFAUDIS, Barão
Ref. 39-40.
350 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

DELAMARE, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

DERQUI, Santiago, Dr.


Sucede a Urquiza como presidente da Confederação Argentina (5 de março de 1860), 92.
Abandona o posto e expatria-se por ocasião da Batalha de Pavón, 94.

DESBARRANCADO, Rio, MT
Ref. 274, 275, 277, 284 e 285.

DIAMANTE, Loc., Arg


Ponto escolhido para a concentração inicial e para a passagem do Rio Paraná, do
exército de Urquiza contra Rosas (campanha de 1851-52), 56.

DIAMANTINA, MT
Destacamento (1864), 256.

DIAS DE GUERRA E DE SERTÃO, de Alfredo d’Escragnolle Taunay


Transc. 280.

DÍAZ, Antonio, Gen


Comanda um dos corpos governistas organizados para combater Flores em 1863, 117.
Min G do Uruguai, manifesta-se contra o Brasil, 293.

DÍAZ, Benigno, Ten Ex Par


Ferido no ataque à Colônia de Dourados, 274.

DÍAZ, César, Gen


Notas biográficas; candidato à presidência do Uruguai, com o apoio dos con-
servadores, é derrotado por Gabriel Pereira, que é apoiado por Oribe e Flores, 83.
Figurando em conspiração contra o governo de seu ex-adversário, é preso e dester-
rado; volta do exílio para dirigir operações dos revolucionários contra o governo de
Pereira; reação deste; não havendo obtido sucesso no ataque a Montevidéu, enca-
minha-se para o interior; alcançado pelos governistas ao tentar transpor o Rio
Negro, em Passo de Quinteros, entrega-se e é fuzilado, 84-85.

DÍAZ, José E.
Acompanha Francisco Solano López em sua missão diplomática de mediação no
conflito entre Buenos Aires e a Confederação, 88.
ÍNDICE ANALÍTICO 351

DICIONÁRIO, de Domingos Vieira


Transc. 277.

DICTADOR DEL PARAGUAY JOSÉ GASPAR RODRÍGUEZ DE FRANCIA (EL), de


Enrique Wisner, Concordia, 1923.
V. nota XXXVII.
Transc. 68.

DIPLOMACIA ORIENTAL EN EL PARAGUAY (LA), de Luis Alberto de Herrera


Cit. 184.

DIREITOS DIFERENCIAIS (Arg)


Criação e consequências, 88.

DISTRITO MILITAR DO BAIXO PARAGUAI, MT


Organização (1864), 257.

DISTRITO MILITAR DE CUIABÁ, MT


Organização (1864), 256.

DISTRITO MILITAR DE MATO GROSSO, MT


Organização (1864), 256-257.

DISTRITO MILITAR DE MIRANDA, MT


Ref. 279 e 280.

DISTRITO MILITAR DE VILA MARIA, MT


Organização (1864), 257.

DISTRITO MILITAR DE VILA DE MIRANDA, MT


Organização (1864), 257.
Ref. 258.

DIVISÃO – 1a
Pertencente ao Exército comandado por Caxias; seu comandante o Brig Manuel
Marques de Sousa; designada para representar o Brasil na campanha contra
Rosas; seu transporte para Diamante, 56.
352 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Papel na Batalha de Caseros, desfile em Buenos Aires, embarque de regresso e


proclamação que lhe dirigiu Urquiza (24 de fevereiro de 1852), 57-58.

DIVISÃO – 3a
Pertencente ao Exército comandado por Caxias (1851), marcha até o Santa Lucía, 53.

DIVISÃO DE BAGÉ
Instruções do Min G (Julho de 1864) ao Presidente da Província do Rio Grande do
Sul dando à unidade missão a cumprir na fronteira, 135.

DIVISÃO BRASILEIRA PARA INTERVENÇÃO NO URUGUAI


V. Exército Auxiliar.

DIVISÃO DA GUARDA NACIONAL, MT


Organizada pelo Presidente da Província e mandada ocupar um ponto do Rio
Aricá, 242.

DIVISÃO AUXILIADORA
Comandada pelo Gen Neto e organizada para auxiliar Rivera na sua luta contra
Rosas, não devendo, entretanto, ir além de Entre Ríos, 42.

DIVISÃO DE INFANTARIA – 1a
Organização, comandante; integra o Exército do Sul, 145.

DIVISÃO DE INFANTARIA – 2a
Organização, comandante; integra o Exército do Sul, 146.
Faz parte do segundo escalão de marcha; informações diversas, 153.
Em 10 de dezembro de 1864, está em Islas de S. Luís; assume o comando o Brig J.
L. Mena Barreto, 154.

DIVISÃO DO NORTE
Partida, composição e operações, 221-222.
Operações, 234-237.

DIVISÃO DE OBSERVAÇÃO
Ou Exército do Sul (V. este)

DIVISÃO DF OPERAÇÕES, MT
Organizada pelo Presidente da Província (1865), 242.
ÍNDICE ANALÍTICO 353

DOLORES, Arg
Ref. 33.

DON CRISTÓBAL, Arg


Ref. 33.

DONA FRANCISCA, Corveta


V. nota XLIV.
Serve de asilo a Giró, depois que este abandona a Legação brasileira em Montevi-
déu, 74.

DÓRIA Joaquim José de Meneses, Maj


V. nota LXXIII.
Comanda o 13o BI integrante do Exército do Sul, 145.

DORREGO, Manuel
Chefia os federalistas; oposição à lei de capitalização, de Buenos Aires, 26.
Governador de Buenos Aires; negocia a paz com o Brasil, 27.
Rebelião de Lavalle contra si (1828); abandona Buenos Aires e vai encontrar-se
com Rosas; batido por Lavalle em Navarro, é entregue a ele traiçoeiramente e
fuzilado, 27.

DOURADOS, Porto de, MT


Os paraguaios retrocedem até aí (janeiro de 1865); notas histórico-geográficas,
232, 233 e 241.
Ref. 243.

DOURADOS, Rio, MT
Ref. 239.

DURAZNO, Ur
Conquistada por Flores (1864), 139.
Ref. 23 e 147.

DUROCHER, 2o Ten Arm


V. nota XCI, vapor Paraná.
Retira-se do Estaleiro de Dourados, 272.
354 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ECHAGÜE, Pascual, Gen


Governador de Entre Ríos, derrota Berón de Astrada em Pago Largo, invade
Corrientes e vai depois lançar-se contra Rivera, 24.
Após vencer Berón de Astrada em Pago Largo, transpõe o Uruguai (julho de
1839), na altura de Salto, mas é derrotado em Cagancha (29 de dezembro de
1839), retirando-se suas forças em duas partes; a que comandava, para Entre
Rios, recruzando o Uruguai, 34.
Ref. 33.

ECHEVARRÍA, Vicente Anastasio de, Dr.


Enviado em missão diplomática ao Paraguai, juntamente com Belgrano, 64.
Resultado dessa missão, 64.

EGUSQUIZA, Félix
Instruções de Berges a respeito de navios, 185.

ELIZALDE, Rufino de
Apresenta-se em Montevidéu (6 de junho de 1864) em companhia de Thornton:
acercam-se os dois de Saraiva e trocam com este ideias sobre a situação no Prata;
é recebido, juntamente com Saraiva, por Aguirre, fazendo ambos sentir a este a
necessidade de concórdia; reúne-se com Thornton, Saraiva e Lapido em casa de
Herrera; parte que tomou nessas conversações, 125-127.
Entrega que lhe fez Aguirre da carta de Flores; participação nas ulteriores negoci-
ações; regresso para Buenos Aires, uma vez malogrados os esforços dos media-
dores, 128-129.
Declarações, juntamente com Saraiva, a respeito da paz na República do Uruguai, 134.
Nota de Berges (6 de setembro de 1863), pedindo explicações sobre a atitude da
Argentina em face do Uruguai, 174-176.
Resposta a Berges (2 de outubro de 1863), 178.
López não se satisfaz e responde-lhe por intermédio de Berges (21 de outubro de
1863), 178.
Nota de Berges a respeito de conivência da Argentina na revolução de Flores (6 de
dezembro de 1863), 182.
Oficia a Berges (16 de dezembro de 1863), pedindo explicações sobre solicitação
do Uruguai ao Paraguai, 182.
Ofício de Berges (21 de dezembro de 1863) sobre fortificação da Ilha de Martín
Garcia e deslocamento de tropas argentinas; responde a Berges (31 de dezembro de
1863), esclarecendo tratar-se de medida de precaução em face do Uruguai, 183-184.
ÍNDICE ANALÍTICO 355

Ref. à sua nota de 31 de dezembro de 1863, com a qual não se conforma López, 184.
Nota de Berges a respeito (6 de janeiro de 1864), 185.
Nota de Berges (6 de fevereiro de 1864), como rompimento de relações por parte
do Paraguai, 186-189.
Correspondência do ministro brasileiro em Buenos Aires sobre a Ilha de Martín
Garcia (5 de fevereiro de 1864), 193.
Ref. 134, 180, 181, 193, 196-197 e 207..

ELLAURI, José
Ministro das Relações Exteriores do Uruguai, é enviado em missão à Europa, por
Rivera, mas nada obtém na França e na Inglaterra, 32.

ENCARNACIÓN, Loc., Par


Ref. 220

ENTRE RÍOS, Prov., Arg


V. também Urquiza.
Integra com Buenos Aires e Corrientes (1831) aliança ofensiva e defensiva contra
as demais províncias, 29.
Projeto de Lavalleja para a sua inclusão em novo Estado, juntamente com o
Uruguai, o Rio Grande do Sul e Corrientes, 43.
Participação do Rio Grande do Sul na projetada invasão de seu território por
Rivera, 44.
Ref. a cooperação com Montevidéu, Corrientes e o Brasil contra Rosas, 48.
Entra na aliança com o Brasil e o Governo de Montevidéu, a fim de pacificar a
República do Uruguai, 51.
Obrigações, segundo esse convênio, 51.
Alusão palpável de Herrera à sua adesão a uma liga com o Paraguai, o Uruguai e
Corrientes (em instruções a Lapido, 3 de março de 1863), 167-168.
Novas ref. de Herrera nesse sentido, 172 e 177.
Mitre quer anular na Província a influência de Urquiza, declara Carreras, 200.
Alusão deste à sua secessão, 200.
O Uruguai está disposto a apoiá-la, acrescenta Carreras, 201.
Ref. 33, 54, 55, 64, 70, 81, 87, 106, 202 e 212.

EPONADIGO, Loc., MT
V. nota CIX.
Ref. 274.
356 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

EQUILÍBRIO NO PRATA, Sistema de


Segundo Herrera em instruções a Lapido, (3 de novembro de 1863), 188.
Segundo Carreras (1864), 200.
Ref. 203, 208, 238 e 269.

ESCALVADO. Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

ESCOBAR, Deodoro
Deão da catedral de Assunção, confessa a Carlos Antonio López moribundo, 101.

ESCOPIL, Afluente do Iguatemi


Ref. 92 e 263.

ESPANHA
Lembrada por Herrera a Saraiva como árbitro na questão entre o Brasil e o
Uruguai (1864), 133.
Alusão do Uruguai (1862) à predominância que ia tomando no Continente e à
possibilidade de entrar em combinações perigosas para as Repúblicas do Uruguai
e do Paraguai, 163.
Ref. 66.

ESPENIDIO, Loc., MT
V. nota CXII.
Ref. 243.

ESPINA, Mariano
Representante do Uruguai na Argentina, tem conversações a respeito da posição
da Argentina em face da invasão de Flores, 107.

ESTADO ORIENTAL
V. Uruguai.

ESTADOS UNIDOS
Envia ao Prata (1859) esquadra destinada a exigir satisfações do Paraguai pelo inciden-
te com o navio americano Water Witen; desenvolvimento e desenlace do caso, 84-85.
ÍNDICE ANALÍTICO 357

Razão da indisposição de C. A. López, 101.


Ref. 85.

ESTALEIRO DE DOURADOS, Loc., MT


V. Dourados, Porto de, MT.

ESTIGARRIBIA, Antonio
Acompanha Francisco Solano López em sua missão diplomática de mediação no
conflito entre Buenos Aires e a Confederação, 262.

ESTIVAS, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.
Ref. 226

ESTRADA, Berón de
V. Berón de Estrada.

ETAPAS DE UNA GRAN POLÍTICA, de Pedro Lamas


Transc. 59.

EXÉRCITO AUXILIAR
Composição, partida de Piraí Grande (1854), permanência no Uruguai, regresso
para o Brasil (1855) e conduta, 76-78.

EXÉRCITO BRASILEIRO
Efetivo em 1864, 141.

EXÉRCITO DE CAXIAS
Organização e composição (1851), 52.
Marcha até o Santa Lucía, 52.

EXÉRCITO GRANDE DA AMÉRICA DO SUL


Marcha e choque com as forças de Rosas, 55-56.

EXÉRCITO DA LIGA
Operações, 35.
Derrotado em Arroyo Grande, 35.
358 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

EXÉRCITO DO RIO GRANDE DO SUL


V. Exército do Sul.

EXÉRCITO DO SUL
Informações diversas (1864), 141-146.
Núcleo, 142.
Razão de ter começado a operar somente em dezembro de 1864, 143.
Marcha e composição, 145-146.
Uma brigada destacada penetra no Uruguai em direção à vila de Melo e regressa
para o Brasil, 151.
Marcha do acampamento de Piraí Grande até Paysandu (novembro-dezembro
de 1864), 153-154.
Participação no segundo ataque a Paysandu, 154-155.
Marcha e transporte via fluvial para Montevidéu, 158-159.
Em 13 de janeiro de 1865, está acampado na margem do arroio Negro, 158.
Sitia Montevidéu, 159.

EXÉRCITOS LIBERTADORES CONTRA ROSAS


Resumo de suas ações, 32-34.

EXPEDIÇÃO DE BELGRANO AO PARAGUAI


Ref . 63.

EXPEDIÇÃO CONDE
Ref. 182 e 207.

EXPEDIÇÃO REBOLLO
Ref. 111, 182 e 207.

FALCÓN, José
Resposta ao Chefe de Esquadra Pedro Ferreira de Oliveira, 93.
Comunicação que lhe endereçou Paranhos (8 de julho de 1855), então ministro
de estrangeiros, a respeito de tratado de amizade, comércio e navegação desse
ano, 96.

FAMAILLÁ
Ref. 33.
ÍNDICE ANALÍTICO 359

FARIA, Benedito de, Cap


Cmt do Forte de Coimbra e outras informações, 227.

FÁBRICA DE PÓLVORA, Loc., MT


Destacamento (1864), 223.

FAZENDA DO BANANAL, MT
Ref. 272.

FAZENDA BETIONE, Loc., MT


Destacamento (1864), 224.

FAZENDA BRACINHO, MT
Ref. 233.

FAZENDA CAIÇARA, MT
Destacamento (1864), 223.

FAZENDA CAMPO ALEGRE, MT


Ref. 239.

FAZENDA MANGABAL, MT
Ref. 231 e 232.

FECHO DOS MORROS, Loc., MT


Instruções do Governo para que o Presidente de Mato Grosso a ocupe e faça
levantar uma fortificação, 88.
O Governo paraguaio ordena a expulsão dos brasileiros, o que origina o incidente
de Fecho dos Morros (V.), 88.

FEDERALISMO ARGENTINO
Ref. 25 e 80.

FEIO, Rio, MT
Ref. 236, 236, 273 e 243.

FERRAZ, Luís Antônio, Cel


V. nota LXXIII.
Comanda o 12o BI integrante do Exército do Sul, 145.
360 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

FIGUEIREDO, Afonso Celso de Assis, Visconde de Ouro Preto


Transc. de seu livro A Marinha de Outrora, 117.

FIUZA, Comissário
Morto em ação (janeiro de 1865), 232.

FLEITAS, Cap Ex Par


Ação na região de Corumbá (janeiro de 1865), 230.

FLORES, José Maria, Gen


Perseguido por Mitre (1856), 112.

FLORES, Venancio, Cel e Gen


Ministro da Guerra de Giró depois dos acontecimentos de 18 de julho de 1853,
membro do triunvirato que substituiu o Presidente exilado, fica sozinho no
poder, bate os adversários que se levantam, convoca uma assembleia e é eleito
Presidente, 71.
Outras referências, segundo Rio Branco, 73-74.
Pede a intervenção do Brasil, a fim de garantir a ordem, 76.
Oposição e nova revolução (28 de agosto de 1855), é obrigado ao abandono da
Capital; renuncia; relações com o Brasil, firma o Pacto de la Unión com Oribe, em
prol da concórdia política no Uruguai, 77.
Apoio político a Gabriel Pereira, candidato à presidência, 78.
Tem o seu comando militar suprimido por Gabriel Pereira; solicita permissão
para abandonar o Uruguai, 78.
Invade o seu país em 1863 (19 de abril) à frente da Cruzada Libertadora, 80.
Serve sob as ordens de Mitre na Batalha de Cepeda, 82.
Relações com Mitre e invasão do Uruguai (1863), 104-105.
Sentimentos que o impulsionam, apoio de Mitre e plano de operações, 105.
Combates, reforços corrientinos, primeiro sítio a Paysandu (janeiro de 1864) e
acampamento no Santa Lucía, 106-107.
Modo pelo qual saiu da Argentina, 105.
Idem, e tratamento recebido nesse país, 108.
Brasileiros sob suas armas, 107.
Organização de sua invasão, segundo Lamas, 107.
Idem, segundo Herrera, 111-112.
Ainda brasileiros sob suas armas, 116.
ÍNDICE ANALÍTICO 361

Auxílio do Brasil à sua causa, 119.


Acusações que lhe faz Herrera em nota a Saraiva e cooperação esperada de Canabarro
e Cáceres, 120.
Ainda brasileiros que o acompanham, segundo Herrera e Saraiva, 121-122.
Seu exército não é só de argentinos e brasileiros, afirma Saraiva, 124.
Parte que tem nas negociações dos mediadores (Saraiva, Thornton e Elizalde) e o
Governo de Montevidéu, 126-129.
Malogradas as negociações de paz, notifica ao Gen Lucas Moreno a respeito de
data e hora do reinício das hostilidades, 129.
O que representa para si a ação do Brasil no Prata em 1864, segundo Paranhos, 135.
Apodera-se de Mercedes, 138.
O Brasil presta-lhe auxílio indireto; permanece vigilante; ataca a vila de Florida,
dela se apodera e manda fuzilar o comandante da praça e mais dois oficiais, 139.
Conquista também Durazno e Porongos, 139.
As forças brasileiras não devem hostilizar as suas (Saraiva, ofício de 7 de setembro
de 1864 ao Presidente do Rio Grande do Sul) durante as operações de represália, 140.
Passa para o norte do Rio Negro e vai atacar Salto (Saraiva, ofício de 7 de setem-
bro de 1864 ao Presidente do Rio Grande do Sul), 141.
No mês de outubro de 1864, definem-se com precisão as suas relações com o Brasil, 141.
Operações, 147.
Pacto com Tamandaré, 149-151.
Operações conjuntas com Tamandaré contra Salto e Paysandu, 151-153.
Informações diversas, 265-266.
Segundo ataque a Paysandu (dezembro de 1864-janeiro de 1865), 154-157.
Atitude ao saber do fuzilamento de Leandro Gómez, 156.
Recebe artilharia, armamento e munição caídos em poder dos brasileiros com a
conquista de Paysandu, 157.
Conferência com Tamandaré, Mena Barreto e Paranhos em Fray Bentos, 158.
Marcha contra Montevidéu e sítio da praça, 158-159.
Aliança do Brasil e neutralidade da Argentina, 160-161.
Auxílio de Mitre, segundo Paranhos, 160-161.
Havia de invadir o Uruguai com o auxílio de Mitre, declara C. A. López a Herrera, 163.
O Governo de Montevidéu tem motivos sérios para acreditar que sua revolução
envolve a intenção decidida, por parte do Governo da Argentina, de atentar con-
tra a independência do Uruguai, diz Herrera em nota a Lapido (1863), 170-171.
Suas forças são a vanguarda do Governo argentino, diz Herrera a Lapido (31 de
agosto de 1863), 171.
362 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

O Brasil alimenta seus bandos armados, diz Herrera (31 de maio de 1864), 194.
O Brasil e a Argentina têm interesse em dar-lhe a vitória, declara Carreras, e
razões disso, acrescenta, 199.
O Governo imperial deseja colocá-lo no poder, 251.
Firma o convênio de paz (20 de fevereiro de 1865), 251.
Desagrava a bandeira do Brasil, 253.
Entra em Montevidéu com as primeiras forças (21 de fevereiro de 1865), 253.
Ref . 264, 148, 148, 175, 175, 180, 182, 188, 209, 213, 215, 230, 245, 247, 249, 253, 253,
256, 257 e 258.

FLORIDA, Loc., Ur
Atacada e conquistada por Flores (4 de agosto de 1864), 155.
Ref. 166.

FOGUETES A CONGRÈVE
V. nota LXXXIX.
Ref . 221.

FONTOURA, Antônio Vicente da, Maj


Ministro da República de Piratini, encontra-se com Manoel Luiz Osorio na con-
ferência que este tem com Rivera, 47.
Vem ao Rio de Janeiro tratar da pacificação, como representante dos Farrapos;
regressa com as condições do Governo imperial, 47.

FORQUILHA, Loc., MT
Ref. 243.

FORTE BOURBON, Par


V. Forte Olimpo.

FORTE DE COIMBRA, MT
V. nota CIII.
Efetivo (14 de agosto de 1864), 224.
Reforço recebido, 226.
Comandante, efetivo (dezembro de 1864) e descrição; providências para a sua
defesa, 227-228.
Ação contra os paraguaios nos dias 26, 27 e 28 de dezembro de 1864, 228-229.
ÍNDICE ANALÍTICO 363

Evacuação, 229.
Perdas, 243-244.
Ref. 225, 230, 238, 241 e 242.

FORTE DE COIMBRA
Artigo em O Jornal do Comércio (1894), com esse título, 268.

FORTE OLIMPO (ou Forte Bourbon), Par


Referências no tratado proposto ao Brasil por Gelly, 69.
Tomado de surpresa pela tropa do Cap. J. J. de Carvalho, 88.
Obrigação a cumprir pela navegação fluvial, 97.
Ref. 69 e 98.

FORTE PRÍNCIPE DE BEIRA, MT


Destacamento (1864), 223.

FORTE DE S. JOSÉ, Ur
Salva a bandeira brasileira, 253.

FRANÇA
Reação contra Rosas, 31-32.
Manda ao Prata o Alte Mackau, que firma (outubro de 1840) tratado de paz com
Rosas, abandonando Rivera, 32.
Intervenção para fazer cessar a guerra no Prata e ultimato a Rosas, 39.
Envia missão ao Prata juntamente com a Inglaterra, 39.
Fica sozinha na manutenção do bloqueio dos portos rosistas, 41.
Novo interventor no Prata, fracassam as novas negociações, sua esquadra levanta o
bloqueio, faz empréstimo a Montevidéu; nova mediação (Missão Le-Predour), 41-42.
Fracasso do tratado negociado e nova tentativa de Le-Predour, também sem resultado, 42.
Suspende subsídio ao Governo de Montevidéu (julho de 1850), 50.
Lembrada por Herrera a Saraiva como árbitro na questão entre o Brasil e o Uruguai, 133.
Ref. a tratado com a Argentina, 85.

FRANCIA, José Gaspar Rodríguez de


Elevado ao governo dual do Paraguai (1811), 64.
Inspirados da política externa; consegue do Congresso a supressão do consulado
e transforma-se em ditador (1814) personalidade e política, 64-65.
364 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Política e morte, 64-65.


Juízo a seu respeito, de Alberdi, 66.
Difícil dizer quais os seus sentimentos reais relativamente ao Brasil, tudo induzin-
do a crer que variavam ao sabor dos acontecimentos, 87.
O governo de Carlos Antonio López tão despótico quanto o seu, 101.
Ref. 66.

FRAY BENTOS, Loc., Ur


Desembarque aí, em meados de agosto de 1863, de um grupo de rebeldes uruguai-
os dirigidos por Saldaña e Varas, o que constitui novo incidente entre o Uruguai e
a Argentina, 109-110.
Os governistas uruguaios evacuam a localidade (1864), 139.
Realiza-se aí encontro entre Flores, Tamandaré, Paranhos e J. P. Mena Barreto, 158.
Aí recebe o Exército do Sul um reforço de três Btl Inf, enviado do Rio de Janeiro, 266.
Entendimento entre Paranhos e Flores na localidade, 160.
Ref. 147

FREGUESIA, Loc., MT
Incendiada pelos paraguaios, 234.

FREIRE, Manuel, Gen


Recebe o comando das armas do Uruguai, 78.
Aprisionado em Quinteros, é fuzilado, 79.

FRONTEIRAS DE MATO GROSSO


Referências em Apa (Rio), Baixo Paraguai, Miranda (vila de).

FRONTEIRAS DO RIO GRANDE DO SUL


Referências em Chuí e Quaraí.

GALÁN, José Miguel, Gen.


Representante de Urquiza em Buenos Aires, retira daí suas forças ao explodir a
revolução chefiada por Alsina, 81.

GALVAO, Manuel Antônio


Como Presidente do Rio Grande do Sul, manifesta sua inquietação diante do
estado em que se encontra a fronteira com o Uruguai (abril de 1833) e teme que
seus governados façam causa comum com Lavalleja e se lancem contra Rivera, 43.
ÍNDICE ANALÍTICO 365

GARCÍA, Manuel
Enviado argentino ao Rio de Janeiro, a fim de tratar da paz com o Brasil, 27.

GARIBALDI, Gioseppe
Comanda a reduzida flotilha oriental, 35.

GARZÓN, Eugenio, Gen


Nomeado general em chefe do Exército Oriental contra Oribe, 261.

GELLY, Juan Andrés


Enviado por Carlos Antonio López em missão especial ao Brasil (1847), a fim de
gestionar um auxílio contra Rosas e a regularização definitiva de limites, mas o
Império não esteve pelas soluções oferecidas, 68.
Alguns dos termos do tratado proposto, 69.
Ref. 88.

GENERAL ARTIGAS, Navio de guerra uruguaio


É aprisionado por um navio de guerra argentino, o que dá origem a novo inci-
dente e provoca o rompimento das relações entre o Uruguai e a Argentina, 109.
O Almirante Tamandaré exige que seja reduzida a completa imobilidade (1864), o
que é feito, 137.
Ref. 169, 170 e 205.

GIRÓ, Juan Francisco


Partidário de Oribe, é eleito Presidente do Uruguai; levanta dúvidas sobre os
tratados de outubro de 1851 com o Brasil, 60-61.
Incidente do seu governo com o Brasil, 61.
Governo (eleição, motim militar, substituição de ministros, continua a reação,
abandona o palácio do governo, asila-se na legação da França; o Brasil é acusa-
do de conivente na revolução que o derrubou, como vingança à sua oposição
aos tratados de 1851: sempre que se viu ameaçado, invocara o tratado de alian-
ça de 1851, a fim de obter apoio do Brasil; resumo dos acontecimentos político-
militares do seu período governamental, segundo Rio Branco, e atuação do
Brasil), 71-78.

GOIÁS, Prov., Br
Ref. 244.
366 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

GOMES, Fernando
V. nota LXXXIV.
Busca de informes sobre seus movimentos (janeiro de 1865), 159.

GÓMEZ, Juan Carlos, Dr.


V. nota XLVII.
Dirige propaganda em prol da anexação do Uruguai à Argentina, tendo em vista
o ressurgimento das Províncias Unidas do Rio da Prata, 79.

GÓMEZ, Leandro, Cel


Comanda a praça de Paysandu quando o Gen Flores, no sentido de impedir que
suas forças passem para o sul, põe-lhe o primeiro sítio (janeiro de 1864), 107.
Flores combina operações com Tamandaré (20 de outubro de 1864) do Rio Negro
e obrigá-lo a largar as armas, 150.
Comandante da praça de Paysandu, repele a tiro o parlamentário com intimação
para se render (dezembro de 1864), 152.
Pedido a Tamandaré para que as operações fossem suspensas por oito horas;
recusa do Almirante; queda de Paysandu; sua prisão e fuzilamento; consequências
desse ato, 155-157.

GÓMEZ, Servando, Gen


V. nota LXXXIV.
Substitui Medina como comandante de um dos corpos que combatem o Gen
Flores, 107.

GONÇALVES, Loc., MT
Ref. 233.

GONÇALVES
Informante do Maj Francisco Gil Castelo Branco a respeito do itinerário do
Exército do Sul em sua marcha pelo Uruguai, 265.

GONÇALVES, Bento
Simpatia com Lavalleja, emigrado no Rio Grande do Sul, e não inspira confiança
ao governo provincial, 43.
Termos da “convenção de auxílios” firmada com Rivera (1841) e que ratifica;
previne aquele da próxima partida do Gen Neto à testa da Divisão Auxiliadora,
ÍNDICE ANALÍTICO 367

pede-lhe que esta regresse o mais cedo possível e aumente o seu efetivo; exprime o
desejo de ver Entre Ríos libertada logo da tirania de Rosas; juízo que faz sobre este;
instruções a Neto (3 de março de 1842), 44-45.

GONZAGA, João Marcelino de Sousa


Atividades como Presidente do Rio Grande do Sul, no sentido de organizar o
Exército do Sul, 142-145.

GONZÁLEZ, Sargento-mor Ex, Par


Ferido no ataque ao Forte de Coimbra, 229.

GORE Robert
Interventor inglês no Prata (1848), fracassa em suas negociações, 41.

GOYA, Loc., Arg


Forças paraguaias sob o comando de Francisco Solano López desembarcam em
suas vizinhanças, 66.

GRÃ-BRETANHA
V. Inglaterra

GRAPPLER, Canhoneira inglesa


V. nota LI.
Uma das canhoneiras que interceptam o Tacuarí em frente a Buenos Aires, quando
esse navio tinha a bordo Francisco Solano López, 263.

GRENFELL, John Pascoe, Alte


V. nota XXIX.
Designado comandante da esquadra brasileira no Prata; composição da força
que traz consigo do Rio de Janeiro, 52.
Força a passagem de Tonelero (17 de dezembro de 1851), 55.

GROS, Barão
Interventor francês no Prata (1848), fracassa em suas negociações, 41.

GUAICURUS, Índios, MT
Ações suas no Sul da Província dão lugar a que o governo se descuide de tomar
certas providências defensivas e a que os cuiabanos se julguem garantidos, 88-89.
Ref. 274.
368 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

GUANÁS, índios. MT
Ref. 274.

GUANÁS, Aldeia dos, Loc., MT


Incendiada pelos paraguaios, 234.

GUARDA DE GRAVIJU
Ref. 265.

GUARDA NACIONAL
Proporciona contingente precioso de combatentes, 141.
Força no Rio Grande do Sul (1862), 264.
Distribuição de suas unidades no Rio Grande do Sul em julho de 1864 e informações
sobre o seu suprimento, 144-145.

GUARDA NACIONAL DE MATO GROSSO


V. em invasão de Mato Grosso e unidades.

GUARDA NACIONAL DE MINAS


Ref. 244.

GUARDA NACIONAL DO RIO GRANDE DO SUL


Contribuição à constituição do Exército do Sul e efetivo em 1862, 141.
Organização e situação em 1864, 141-142.
Corpos integrantes do Exército do Sul, 142.

GUERRA CIVIL NO RIO GRANDE DO SUL, por Tristão de Alencar Araripe


Transc. 261.

GUERRA DEL PARAGUAY (LA): LAS PRIMERAS BATALLAS DE LA TRIPLE ALIANZA


V. nota. LXIII.

GUERRA DA TRÍPLICE ALIANÇA CONTRA O PARAGUAI


Fase histórica em que se enquadra, 17.

GUERRILHAS
Na região de Miranda, durante a invasão paraguaia de 1864, 273.
ÍNDICE ANALÍTICO 369

GUIDO, Tomás
V. nota XVIII.
Representante de Rosas no Rio de Janeiro, protesta em nome deste contra preten-
dida aliança entre o Brasil e o Governo de Montevidéu, pede seus passaportes e
retira-se (agosto de 1845), 39.
Representante de Rosas no Rio de Janeiro, reclama, a mando do ditador, contra a
parcialidade do Governo imperial na luta platina; retira-se, por ordem de Rosas;
chegando ao Prata (13 de outubro de 1850), não é recebido pelo ditador; seu juízo
sobre este, 50.
Ministro plenipotenciário da Argentina, protesta contra o reconhecimento da
independência do Paraguai por parte do Brasil (20 de fevereiro de 1845), 67.
Resposta do Brasil a esse protesto (29 de julho de 1845), 67-68.
Como representante de Urquiza, entra em ligação com a esquadra americana
enviada ao Paraguai, 84

GUIMARÃES, José Israel Alves, Piloto


Morto em ação (janeiro de 1865), 232.

GUTIÉRREZ, Juan Maria


Como representante da Confederação Argentina, ratifica (14 de junho de 1856) o
Tratado de Amizade, Comércio e Navegação com o Brasil de 7 de março de 1856, 263.

HERÓI DO DESERTO
V. Rosas, Juan Manuel de

HERRERA, Juan José de


Enviado em missão diplomática ao Paraguai e resultado da mesma, 64.
Segundo o que declara a Lamas, o vapor argentino Pampero conduzira grupo de
rebeldes desembarcado em Fray Bentos (agosto de 1863); ordena a Lamas que
reclame de Mitre, em nome do Governo uruguaio, contra série de atos de hostilidade
partidos da cidade de Buenos Aires, 109.
Não ouve ponderações de Lamas, reiterando a ordem para que ele proteste, 110.
Comunica ao Governo argentino (15 de novembro de 1863) fatos relacionados
com a tentativa de invasão do Uruguai pelas tropas do Cel Rebollo, 111.
Responde ao protesto de Elizalde (20 de novembro de 1863) e acusa a Argentina de
colaborar com a revolução do Gen Flores, 112-113.
Nota a Saraiva (16 de maio de 1864) pedindo explicações a respeito da presença de
um Exército Brasileiro na fronteira, 118.
370 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Réplica à nota de Saraiva, rebatendo sua argumentação, 121-125.


Saraiva, Elizalde, Thornton e Lapido reúnem-se (8 de junho de 1863) em sua casa
para as primeiras negociações em prol da pacificação do Uruguai; discussão com
eles, 126-127.
Ofício de Saraiva comunicando ter cessado a mediação, 128-129.
Nota contra o ultimato de Saraiva, 133.
Propõe arbitramento, 133.
Saraiva responde recusando o arbitramento e anunciando providências tomadas
para tornar efetiva a proteção aos brasileiros no Uruguai, 133.
Nota (30 de agosto de 1864) ao ministro brasileiro em Montevidéu, rompendo
formalmente as relações do Uruguai com o Império, 138.
Nomeado por Berro (fevereiro de 1862) representante diplomático no Paraguai;
instruções recebidas; contatos com os dois López; informações interessantes
sobre o estado de espírito reinante no Paraguai com relação ao Brasil e à Argen-
tina, 162-164.
Pede novas instruções; opinião sobre o governo de C. A. López e outras informa-
ções sobre o estado das relações entre o Brasil e o Paraguai, 164-165.
Instruções que entregou a Lapido (3 de março de 1863), 165-168.
Resposta de F. S. López (ofício de Lapido, 20 de julho de 1863), 169-170.
Comunica a Lapido solução de incidentes com a Argentina e lembra-lhe as dificul-
dades previstas (ofício de 29 de julho de 1863), 170.
Resposta de Lapido (5 de agosto de 1863); nota a Lapido (17 de agosto de 1863),
com pontos básicos para convênio entre o Uruguai e o Paraguai, 170.
Nota a Lapido na qual declara ter o Governo do Uruguai motivos sérios para
acreditar que a revolução de Flores envolve a intenção decidida do Governo ar-
gentino de atentar contra a independência do Uruguai, cumprindo-lhe, pois, con-
vidar o Paraguai a prestar ao Uruguai a sua cooperação para estorvar o propósito
de Mitre, 170-171.
Comunicação de Lapido (20 de agosto de 1863) dando conta do que já conseguiu
a respeito do acordo entre os dois países; resposta (31 de agosto) propondo
alterações e mostrando desejo de imediata colaboração material do Paraguai com
o Uruguai, 171-172.
Ofício a Lapido (31 de agosto de 1863), no qual declara que o Governo uruguaio
está decidido a resolver pelas armas qualquer novo conflito; convida o Paraguai
para que coopere na manutenção dos tratados; declara que essa cooperação deve
consistir na ocupação da Ilha de Martín Garcia e na posse da esquadra argentina;
quer saber o que pensa F. S. López, 172-173.
ÍNDICE ANALÍTICO 371

Recebe correspondência de Lapido sobre os primeiros passos de López para in-


tervir no Prata (setembro de 1863); responde a Lapido manifestando seu conten-
tamento, mas lamentando que a nota de 6 de setembro de 1863 não tenha sido
escrita em tom mais alto e com mais severidade; informa que vai mandar nota a
Buenos Aires reclamando contra os agravos sofridos; insiste na ocupação de
Martín Garcia, 176-177.
Demonstra receio pelo envio, por Berges ao governo argentino, da nota uru-
guaia de 2 de setembro de 1863 e da circular paraguaia ao Corpo Diplomático, 177.
Correspondência com Lapido (1o de outubro de 1863) sobre o mesmo assunto, 267.
Informa a Lapido (31 de outubro de 1863) do estado em que se encontram as
negociações entre o Uruguai e a Argentina; apesar das perspectivas de paz, quer a
aliança entre o Uruguai e o Paraguai, 179-180.
Lapido pondera-lhe que López deseja chamar a atenção do Mundo, 180.
Participa a Lapido que a Argentina não concordou com a ideia de figurar López como
árbitro e consequências da revelação dos despachos do Uruguai na Argentina, 180.
Leva ao conhecimento (4 de dezembro de 1863) de Brito del Pino o insucesso da
missão Mármol; afirma que a guerra está em pé e que o concurso do Paraguai torna-
se oportuníssimo, 180-181.
Ofício de Berges (16 de dezembro de 1863) ocupando-se do insucesso das nego-
ciações Uruguai-Paraguai e declarando que o Paraguai continuará velando pelos
acontecimentos internacionais do Rio da Prata, assim como considera a indepen-
dência do Uruguai condição do equilíbrio político do Prata; referência à missão
Mármol, 181.
Agradece ao Paraguai a nova investida contra a Argentina (dezembro de 1863) e
participa-lhe o insucesso da intervenção de Thornton, 184.
Berges leva ao seu conhecimento (6 de janeiro de 1864) sua nova ação junto à
Argentina (nota de 6 de janeiro de 1864), 185-186.
Agradece a Berges (13 de janeiro de 1864) e reafirma propósito de combinar com
o Paraguai meios de resistência e repressão, 186.
Apelo ao Brasil (23 de dezembro de 1863) a respeito da Ilha de Martín Garcia, suge-
rindo que o Império se dirija à Argentina tratando da violação sofrida pela ilha, 191-193.
Instruções a Sagastume (1o de maio de 1864), 194-195.
Idem, no sentido de sustar a intervenção do Paraguai, 197.
Comunicação a Sagastume a respeito da Missão Carreras (15 de julho de 1864),
197-198.
Instruções a Carreras (15 de julho de 1864), 198-199.
Ref. 196 e 207.
372 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

HERRERA, Luis Antonio


Cit. de sua obra La Diplomacia Oriental en el Paraguay, 266.

HERREROS, André, 1o Ten Mar Par


Enviado em perseguição a embarcações brasileiras (janeiro de 1865), 230.
Ação, 231-232.

HISTÓRIA ARGENTINA, de Mariano Pelliza


Transc. 261 e 262.
(26, 29-30, 81)

HISTÓRIA DO GENERAL OSORIO, do Dr. Fernando Osorio


V. nota LXXXI.
V. também Vida do Gen Osorio.
Cit. 265. (153-154)
Transc. 275. (245-246)

HISTÓRIA DA GUERRA DO PARAGUAI, de George Thompson


Ref. 204.

HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI, do Gen


Augusto Tasso Fragoso
Dedicada ao Marechal Floriano, 11.
Plano da obra e fontes, 12 e 13.

HISTÓRIA DEL URUGUAY, de Eduardo Acevedo


Transc. 32, 263 e 265. (111-112)
Cit. 262. (147) e (79)

HISTÓRIAS BRASILEIRAS, de Alfredo d’Escragnolle Taunay, 1874


Cit. 274.

HOMEM DE MELO, Barão


V. Melo, Francisco Inácio Marcondes Homem de

HOOD, Thomas Samuel


Amigo pessoal de Oribe e Rosas, é enviado ao Prata pela Inglaterra, a fim de
facilitar negociações, mas nada obtém como interventor, 40.
ÍNDICE ANALÍTICO 373

HOSPITAL. Arroio
No dia 2 de dezembro de 1864, o Exército do Sul acampa em sua margem, 154.
Ref. 266.

HOSPITAL MILITAR DO RIO DE JANEIRO


Visita do Imperador (3 de março de 1865), 254.

HOWDEN, John, Lorde


Ministro inglês, entra em negociações no Prata (1847), declara levantado o blo-
queio inglês aos pontos ocupados pelos rosistas (julho de 1847) e retira-se, 41.

HUMAITÁ, Loc., Par


Simples guarda fluvial, nela se instala o exército que se achava no acampamento de
Passo da Pátria; mandada evacuar por C. A. López, começa então a sua fortificação,
a fim de ficar em condições de resistir à esquadra da Missão Pedro de Oliveira, 92.
Ref. 12, 190, 220, 244.

HUMAITÁ, Lanchão
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.

IBARGUREN, Carlos
Transc. de sua obra Juan Manuel de Rosas – Su vida – Su tiempo – Su drama, Buenos
Aires, 1930, 57-58.

IGUAÇU, Rio
Ref. 69.

IGUATEMI, Rio, MT
Ref. 90, 94 e 263.

IGUREY, Vapor
Conduz Francisco Solano López de volta ao Paraguai, desde o Paraná, 263.
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.
Ref. 267.

IMPERIAL MARINHEIRO, Corveta


V. nota LXI.
Integra a esquadra da Missão Pedro de Oliveira, 92.
374 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

INCIDENTE ENTRE A ARGENTINA E O URUGUAI POR CAUSA DO SALTO


Resumo, 108-109.

INCIDENTE ENTRE A ARGENTINA E O URUGUAI EM VIRTUDE DO APRISIONA-


MENTO DO NAVIO DE GUERRA URUGUAIO GENERAL ARTIGAS
Ref. 109.
Consequências, 109.

INCIDENTE ENTRE A ARGENTINA E O URUGUAI POR MOTIVO DO REFÚGIO


DE REVOLUCIONÁRIOS DA EXPEDIÇÃO REBOLLO NA ILHA MINI
Ref. 111-114.

INCIDENTE DE CUÑAPIRÚ, Ur
Ref. 115.

INCIDENTE DE FECHO DOS MORROS (ou Pão de Açúcar), MT


V. nota LVI.
Mandado ocupar Fecho dos Morros pelo Presidente de Mato Grosso (1850), há
aí conflito entre expedição paraguaia e o destacamento de ocupação, 263.

INCIDENTE ENTRE A INGLATERRA E O PARAGUAI POR MOTIVO DA PRISÃO DE


SANTIAGO CANSTATT
Consequências e fim, 263.

INCIDENTE DO PARAGUARÍ (1864)


Resumo, 267-268.
Ref. 207.

INCIDENTE ENTRE O PARAGUAI E OS ESTADOS UNIDOS (1859)


Causas, desenvolvimento e desenlace, 84-85.

INCIDENTE DO PAMPERO
V. Pampero.

INCIDENTE DO VILLA DEL SALTO


V. em Villa del Salto.

INCIDENTES COM BRASILEIROS NO URUGUAI


Segundo Herrera em nota a Saraiva, 119-120.
ÍNDICE ANALÍTICO 375

INCIDENTE NA FRONTEIRA DO BRASIL COM O URUGUAI


Ref. diversas, 114/117.

INCIDENTES DE TACUAREMBÓ
Ref. 115.

INCURSÃO BRASILEIRA CONTRA MELO (1864)


Resumo, 151.
Ref. 216-217.

INCURSÃO DE MUÑOZ CONTRA JAGUARÃO (1865)


Resumo, 245/246.
Ref. 249-250.

INDEPENDÊNCIA, Escuna
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.

INDIA MUERTA, Ur.


Ref. 37.

INFLUÊNCIA DO CAUDILHISMO URUGUAIO NO RIO GRANDE DO SUL, de Aurélio


Pôrto
Transc. 43.

INGLATERRA
Plano de Rivera para se lhe aliar, 31.
Ante apelo de Rivera, toma algumas medidas no sentido de pacificar o Uruguai, 38/39.
Intervenção para fazer cessar a Guerra no Prata (1842); ultimato a Rosas, 39.
Envia Missão ao Prata, juntamente com a França, 39.
Envia ao Prata, como interventor, a Samuel Hood, amigo de Rosas e Oribe, o qual
nada consegue, 40.
Novas negociações por intermédio do Howden, 41.
Envia novo interventor, Gove, e, depois, Southern, fazendo este com Rosas um
tratado (1849) não aceito pelos orientais, 41.
Incidente com o Paraguai por motivo da prisão de Canstatt, 263.
Lembrada por Herrera a Saraiva como árbitro na questão entre o Brasil e o Uruguai, 133.
Resposta de seu representante em Montevidéu à comunicação de Tamandaré de
376 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

11 de outubro de 1864, na qual diz não reconhecer a existência de neutros no


Uruguai, dado que não há beligerantes e sim luta entre um chefe rebelde (Flores)
e o Governo de Aguirre, 150-151.
Ref. 38, 85, 204 e 207.

INTERVENÇÃO DO BRASIL NO URUGUAI


Ref. diversas, 47/58.
Solicitada pelo Presidente Giró a fim de restabelecer sua autoridade; não concedi-
da, 73/74.
Solicitada por Flores; o Brasil envia uma divisão (1854), juízos a respeito, 76.
Juízos a respeito, 256/258.
Ref. 12 e 258.

INTERVENÇÃO EUROPEIA NO PRATA


V. também França e Inglaterra. Ref. 38/42.

INTERVENÇÃO DO PARAGUAI NO URUGUAI (1864)


V. também Paraguai, Uruguai e os negociadores Herrera (Juan José de), Sagastume,
Carreras, Lapido e Pino.
A esperança de Aguirre em que se realizasse, talvez o tenha influenciado no sentido
de não cumprir totalmente o acordo para a pacificação de 18 de junho de 1864, 127.
Intrigas diplomáticas do Uruguai no Paraguai a fim de consegui-la, 205/217.

INTERVENÇÃO DE ROSAS NO URUGUAI


Ref. diversas, 34/36.

INVASÃO DE CORRIENTES PELO PARAGUAI


Ref. 12 e 220.

INVASÃO DE MATO GROSSO


Resumo; 218/244.
Informações diversas e perdas, 243-244.
Ref. 247.

INVASÃO DO RIO GRANDE DO SUL PELO PARAGUAI


Ref. 12 e 220.

INVASÃO DO URUGUAI POR BRASILEIROS E ARGENTINOS EM 1863


Causas, segundo Herrera em nota a Saraiva, 120.
ÍNDICE ANALÍTICO 377

INVASÃO DO URUGUAI PELOS CORRENTINOS DO CORONEL WALDUINO URQUIZA


Ref. 107.

INVASÃO DO URUGUAI PELA CRUZADA LIBERTADORA DE VENANCIO FLORES


Resumo dos acontecimentos até março de 1864, 104/107.
Declaração do Marquês de Abrantes em seu relatório de 1863 sobre a decisão do
Governo brasileiro de manter-se neutro, 115-116.

IPEGUE, LOC. MT
V. nota.
Ref. 274.

IPIRANGA
V. nota LXI.
Integra a esquadra da missão Pedro de Oliveira, 92.

IPORÁ, Vapor
V. YPORÁ.

ITAGUAÍ, Canhoneira
É a seguinte; v. nota respectiva, 151.

ITAJAÍ, Canhoneira
V. nota LXXVIII.
Integrante da 3a Divisão, destacada pelo Comandante Pereira Pinto para operar
contra Salto; bloqueia esse porto (novembro de 1864), 151.

ITÁLIA
V. também Barbolani, Rafael Ulysses.
Lembrada por Herrera a Saraiva como árbitro na questão entre o Brasil e o
Uruguai (1864), 133.
Ref. 207 e 248.

ITAPIRU, Par
O navio de guerra americano Water Witch é repelido à bala quando avançava pelo
Paraná e enfrentava essa posição, o que dá causa a incidente com os Estados Unidos, 84.
Ref. 271.

ITIQUIRA, Loc., MT
Ref. 233.
378 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

ITORORÓ, Par,
Ref. 13.

IVAÍ
V. nota LXXX.
Participação nas operações contra Paysandu, 152.

IZABEL, Princesa Imperial


Ref. 59.

JACOBINA, Escuna argentina


Papel na retirada de Corumbá (1865), 230/231.

JACUÍ, Barão de
V. Abreu, Francisco Pedro de

JAGUARÃO, Loc., RS
Instruções do Min G (21 de julho de 1864) sobre guarda da fronteira e represálias,
135-136.
Unidades aí estacionadas em julho de 1864, 144.
Incursão de Basílio Muñoz (janeiro de 1865), 245/246.
Ref. 250.

JAGUARÃO, Rio
Atravessado no dia 27 de janeiro de 1865 pela força incursionadora de Basílio
Muñoz contra Jaguarão, 245.

JAQUIRANA, Rio
Ref. 270.

JARDIM, Jerônimo de Morais, Cel.


Transc. de discurso no Círculo Militar, em 14 de maio de 1899, f. de rosto.

JARDIM, José Gomes de Vasconcelos


Como Presidente da República de Piratini assina, em Porongos (13 de novembro
de 1844), documento credenciando o Maj. Fontoura para entender-se com o
Governo imperial, 47.
ÍNDICE ANALÍTICO 379

JAURU, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

JAURU, Navio
V. nota XCI.
Valor militar, 225.
Mandado de Corumbá para Coimbra, 230.
Mandado pelo Cel. Pôrto Carrero para Corumbá, 230.
Papel na retirada para Cuiabá, 231.
Perseguição pelos paraguaios, 230.
Prosseguimento para Cuiabá depois do desembarque de tropa, 231.
Informações levadas a Cuiabá, 241.
Participa da defesa de Melgaço, 242.

JAVARI, Navio
Ref. 270.

JEQUITINHONHA, Fragata
V. nota LXI.
Integra a esquadra da Missão Pedro de Oliveira, 92.
Missão recebida em agosto de 1864, 137.

JORNAL DO COMMERCIO, do Rio de Janeiro


Cit., 268.

JUAN MANUEL DE ROSAS – SU VIDA – SU TIEMPO – SU DRAMA, de Carlos


Ibarguren, Buenos Aires, 1930
Transc., 57, 58, 262.

KINIKINAUS, índios, MT
V. nota CVIII.
Ref. 239 e 274.

LAGUNA, Loc., Par


Ref. 274.

LA HITTE, Canhões
V. nota LXXIV.
Ref. 265.
380 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

LAIANOS, Índios, MT
Ref. 274.

LAJES, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

LALIMA, Loc., MT
Ref. 274.

LAMAS, Andrés
Representante do Governo de Montevidéu no Rio de Janeiro, atua no sentido de
que o Brasil abandone sua atitude de neutralidade no Prata, 48.
Continua no seu trabalho em prol da intervenção do Império no Prata, 50.
Nota ao Governo brasileiro (18 de agosto de 1851) sobre negociações diplomáti-
cas entre o Uruguai e o Brasil, 59.
Juízo a respeito da ideia de conquista do Uruguai pelo Brasil, 103.
Representante do Uruguai na Argentina; resposta que lhe dá (13 de maio de
1862) o Ministro das Relações Exteriores da Argentina a respeito da ajuda desse
país a Flores; ação para justificar procedimento de seu governo no caso do
vapor Salto, 107/109.
Protocolo com Elizalde (29 de junho de 1863) encerrando o incidente do Salto;
recebe ordem de Herrera para protestar contra atos de hostilidade do Governo
de Buenos Aires; pondera junto a Herrera, mas este reitera a ordem para pro-
testar, 109.
Concerta novo protocolo com Elizalde (20 de outubro de 1863), propõe designa-
ção de árbitro (o Imperador do Brasil), 110-111.
Berro declara que a escolha do Imperador como árbitro havia sido obra pessoal
de Lamas, 111.
Como representante do Governo oriental, acompanha os medidores (Thornton,
Saraiva e Elizalde), quando estes vão ao encontro de Flores, 127.
Comunicação, juntamente com Castellanos, aos mediadores, sobre a intenção de
Aguirre quanto à reorganização do ministério; resposta de Saraiva; tido como
político moderado do partido de Aguirre, 128.
Pede ao Governo imperial a devolução de umas das bandeiras tomadas pelos
brasileiros na campanha do Uruguai (1864-1865), 157.
Intrigas e atitudes em Buenos Aires, segundo Carreras, 201.
Ref. 59, 267, 179, 180, 181, 206 e 207.
ÍNDICE ANALÍTICO 381

LAMAS, Diego, Cel e Gen


Mandado por Oribe contra o Barão de Jacuí, 49.
Comanda um dos corpos governistas organizados para combater Flores (1863);
sua vanguarda é derrotada em Coquimbo; é derrotado em Las Canas, foge para
Constitución; novamente atacado aí, escapa na direção do sul, passando-se para
Entre Ríos, 106.
Pisa bandeira do Brasil, 250.

LAMAS, Pedro
Transc. de Etapas de una gran política, 59.

LANÇA SECA
Apelido do Gen Juan Saa (V), 152.

LAPAGATE, Capitão índio


Protege retirada do destacamento brasileiro de Fecho dos Morros e está incorpo-
rado à tropa que se apodera, por surpresa, do Forte Olimpo, e comandada pelo
Cap. J. J. de Carvalho, 88.

LAPIDO, Octavio, Dr
Representante do Uruguai na Argentina, tem conversações a respeito da posição
da Argentina na invasão de Flores, 107.
Compromisso contraído com o Governo do Paraguai a respeito de parte a de-
sempenhar com relação aos demais governos, faz gestões em Assunção a fim de
obter a aliança do Paraguai com o Uruguai, contra a Argentina, 110.
Reunião com Saraiva, Elizalde e Thornton, em casa de Herrera (8 de junho de
1863), para as primeiras negociações de pacificação do Uruguai, 126.
Parte nas conversações então desenvolvidas, 126.
V. também Herrera, Juan José de, para as negociações com o Paraguai.
Mandado ao Paraguai a fim de continuar as gestões de Herrera; instruções rece-
bidas deste, 165/169.
Partida para Assunção e chegada a essa capital, 169.
Primeira entrevista com F. S. López e conversação com Berges, 169.
Correspondência com Herrera, 169/171.
Notas que este lhe expede (17 de agosto de 1863), 170/171.
Correspondência com Herrera (20 de agosto de 1863) e resposta deste, 171/173.
Nota ao Governo paraguaio (2 de setembro de 1863), 173/174.
382 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Ofício que lhe dirige Berges (6 de setembro de 1863), 174-175.


Remessa desse ofício e de outros documentos importantes a Herrera, 176.
Resposta deste (22 de setembro de 1863) e correspondência (1o de outubro de
1863), 176/267.
Informações de Herrera (31 de outubro de 1863) sobre o estado das negociações
com a Argentina, 179.
Juízo a respeito da atitude de López, 180.
Participação de Herrera sobre a questão da arbitragem de López na questão
uruguaia, 180.
Ausenta-se de Assunção, 267.
Ref. 267, 267, 194, 205 e 206, com esclarecimentos sobre sua missão no Paraguai.

LAS CAÑAS, Ur
Ref. 106.

LAS HERAS, Juan Gregorio de


Convoca Congresso Constituinte; simboliza o Governo nacional como Governador
de Buenos Aires, 25.
Leva ao conhecimento do Congresso a declaração de Lavalleja; outras informações, 26.

LAS PIEDRAS, Arroio, Ur


Transposto pelas forças de Urquiza, 53.

LAS PIEDRAS, Ur
Ref. 106.

LÁUIAD, Loc., MT
V. nota CIX.
Ref. 274.

LAVALLE, Juan, Gen


Desembarca em Buenos Aires com tropa que regressa da companha e levanta-se
contra Dorrego (1828); bate neste e Rosas em Navarro; fuzila Dorrego, 27.
Batido em Puente de Márquez por Rosas e López, 27.
Sob a proteção de Rivera, 30.
Comanda a Legião Libertadora, organizada em Montevidéu, aumentada em Martín
Garcia e reforçara em Corrientes; invade Entre Ríos, obtém a vitória de Don Cristobal
ÍNDICE ANALÍTICO 383

sobre Echagüe, mas é derrotado três meses depois em Sauce Grande; passa a operar
na Província de Buenos Aires, é alcançado em Quebracho Herrado, onde sofre
completa derrota; incorpora os restos de suas forças às da Coligação do Norte,
sendo estas totalmente aniquiladas em Famaillá e Rodeo del Medio (1841), 33.
Oposição a Rosas, 62.

LAVALLEJA, Juan Antonio


V. nota XLIII.
Situação após a Convenção Preliminar de Paz de 1828; providencia a reunião de
assembleia constituinte e ambição de mando, 21.
Rebela-se contra Rivera (1832), é batido, refugia-se no Brasil; renova a tentativa
contra Rivera, é novamente batido e obrigado a refugiar-se no Brasil, 22.
Declaração de rebeldia (25 de novembro de 1825), 26.
Faz parte das forças de Echagüe que invadem o Uruguai (julho de 1839) e que são
derrotadas em Cagancha, internando-se com parte delas no Brasil, 35.
Encontra simpatias de Bento Gonçalves e outros brasileiros; procura conquistar
seus simpatizantes para a ideia de união do Uruguai com o Rio Grande do Sul e,
até mesmo, para a da formação de um grande estado englobando Entre Ríos e
Corrientes; denunciado pelo Gen Sebastião Pereira Pinto; inspira ao Presidente da
província o temor de que seus compatriotas façam causa comum consigo e se
lancem contra Rivera (1833), 43.
Preocupações políticas, 61.
Faz parte do triunvirato constituído após a saída de Giró (25 de setembro de
1853); falece um mês depois, 71.
Ref. 25.

LAVRINHAS, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

LEAL, Felipe José Pereira


V. nota LX.
Intermediário de propostas do Brasil ao Paraguai para solução da questão de
limites, 90.
Grave incidente com C. A. López, 91.
Declarações a Elizalde (5 de fevereiro de 1864) sobre questões platinas, segundo
Dias Vieira, 193.
Ref. 93 e 259.
384 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

LEÃO, Honório Hermeto Carneiro, Visconde e Marquês de Paraná


V. nota XXXI.
Enviado ao Prata a fim de encaminhar as negociações para execução da conven-
ção de 29 de agosto de 1851, 54.
Notas ao Governo uruguaio (1852) sobre o cumprimento dos tratados com o
Uruguai 61.
Um dos representantes do Brasil na assinatura do tratado de aliança de 13 de
outubro de 1851 com o Uruguai, parte pouco tempo depois (23 de outubro de
1851) para esse país como enviado extraordinário e Ministro plenipotenciário,
deixando o cargo quatro meses depois, 262.

LEBLANC, Alte
Ultimato a Rosas e bloqueio dos portos argentinos (1838), 31.

LECIONES DE HISTÓRIA ARGENTINA, de Ricardo Levene


Transc. 54, 261.

LEGIÃO LIBERTADORA
Ref. 33.

LEITÃO, Vicente de Siqueira, Ten-Cel


Comanda o 5o Corpo Provisório de Guardas Nacionais, integrante da 3a Bda C,
2a DI, Exército do Sul, 146.

LE-PREDOUR, Alte
Acompanha o Ministro francês Waleski, enviado como negociador ao Prata, 41.
Entra em negociações em prol de mediação; ajusta um tratado com Rosas e outro
com Oribe, os quais não são ratificados na França; retoma as negociações, nada
conseguindo ainda, 42.

LEVENE, Ricardo
Transc. 48.
Transc. de Leciones de História Argentina, 2o vol. 54 e 261.

LEVERGER, Augusto, CF, Ch Esq, Barão de Melgaço


V. nota XL,
Nomeado cônsul do Brasil no Paraguai (1841), 67.
ÍNDICE ANALÍTICO 385

Nomeado Comandante Superior da Guarda Nacional de Mato Grosso e da defesa


de Cuiabá, 242.
Transc. 284.
Ref. 227, 239, 270, 273, 274.
Autor de mapa f. t.

LIGA DEFENSIVA ENTRE O PARAGUAI, O URUGUAI E PROVÍNCIAS ARGENTINAS


(projeto)
Ref. 176.

LIGA DO INTERIOR
Formada contra Rosas, sob os auspícios do Gen. Paz, 29.

LIMA, Carlos Sauvan Viana de


Nota de 30 de agosto de 1864 que lhe foi dirigida por Berges; resposta, 203/204.
Réplica de Berges, 204.
Nota de Berges sobre a perseguição do Villa del Salto, 209.
Pede explicações ao Governo paraguaio (13 de novembro de 1864), protesta con-
tra o aprisionamento do Marquês de Olinda (14 de novembro de 1864); deixa o
Paraguai e previsão, 279.
Ref. 205 e 225.

LIMITES ENTRE A ARGENTINA E O PARAGUAI


Pretensões da Argentina, segundo Herrera em instruções a Lapido (3 de março de
1863), 165.
Situação (1863), 174.
Em correspondência de Mitre a López (30 de outubro de 1883), 177.
A Argentina quer estendê-los até a Bolívia, declara Carreras (1864), 200.

LIMITES ENTRE A ARGENTINA E O URUGUAI


A Argentina deseja estendê-los até o Rio Negro, declara Carreras (1864), 200.

LIMITES ENTRE O BRASIL E A ARGENTINA


Tratados firmados a respeito (14 de dezembro de 1857), 98.

LIMITES ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI


Do tratado de 17 de outubro de 1844, não ratificado pelo Imperador, 68.
386 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Do tratado proposto por Gelly, porém não aceito pelo Império, 68-69.
Cogitados em 1852, 90.
Propostos pela Missão Pedro Ferreira de Oliveira e recusados por F. S. López, 94/95.
Objeto de convenção assinada em 6 de abril de 1856, segundo a qual, dentro do
prazo do Tratado de Amizade, Navegação e Comércio, entre o Brasil e o Paraguai,
seriam nomeados os plenipotenciários que deviam examinar e reconhecer definiti-
vamente a linha limítrofe entre os dois países, 96-97.
Lindes propostos em 1856, 97.
Adiada a solução da questão pela convenção de 1858, 99.
No entender de Herrera (maio de 1862), a questão ainda se encontra longe de
solução e melhor seria que os dois países mantivessem o statu quo, 164-165.
Reivindicação do Paraguai, pelas armas (1864), 221.

LIMITES ENTRE O BRASIL E O URUGUAI


O Brasil deseja avançá-los para o interior do Uruguai, declara Carreras (1864), 200.

LISBOA, Joaquim Marques, Alte e Barão, Visconde e Marquês de Tamandaré


V. Tamandaré, Alte.

LIXAGOTA, Capitão índio


Protege retirada do destacamento brasileiro de Fecho dos Morros e está incorporado
à tropa do Cap J. J. de Carvalho que se apodera, por surpresa, do Forte Olimpo, 88.
Ref. 270.

LOMAS VALENTINAS, Par


Ref. 13.

LÓPEZ, Carlos Antonio


Alusão à aliança com Corrientes e ao auxílio ao Gen Paz, 37.
Cônsul e Presidente; associa-se aos que combatem Rosas; convenção de aliança
com Corrientes (1845); declara guerra a Rosas; cooperação com o 7o exército
libertador, 66.
Firma tratado (17 de outubro de 1844) com o representante do Brasil (Pimenta
Bueno) e alguns dos termos desse tratado, 68.
Envia ao Rio a Missão Gelly (1847) e propostas ao Brasil por intermédio do seu
enviado; não são aceitas pelo Império, 68/69.
Faz propostas de aliança com Rosas (outubro de 1849); resposta e advertência
ÍNDICE ANALÍTICO 387

que lhe faz o ditador argentino; aproxima-se novamente do Brasil e firma com o
Império um tratado de aliança defensiva (25 de dezembro de 1850), 69/70.
Mediador entre Buenos Aires e a Confederação durante o conflito de 1859, é
representado por seu filho F. S. López, 82.
Razões de sua interferência como mediador, 84/85.
Vida no Paraguai ao tempo de seu governo, 84.
Acusado de haver desrespeitado direitos de uma empresa americana e de ter repelido
à bala o navio Water Witch, dando causa a incidente com os Estados Unidos; envio
por esse país de uma esquadra ao Prata; desenvolvimento e desenlace do caso. 84/85.
Difícil dizer quais os seus sentimentos reais quanto ao Brasil, tudo induz a crer que
variavam ao sabor dos acontecimentos, 87.
O Governo imperial contenta-se com as explicações que dá a respeito do ataque à
guarnição brasileira de Fecho dos Morros, 88.
Protela o desenlace da questão de limites e navegação com o Brasil, 90.
Incidente com Felipe José Pereira Leal, 91.
Manda evacuar o acampamento militar de Passo da Pátria para Humaitá, ao saber
que a esquadra da Missão Ferreira de Oliveira estava em Corrientes, 92.
Atendendo a uma sugestão do Brasil, manda ao Rio de Janeiro seu Ministro das
Relações Exteriores, José Berges, para resolver questões pendentes com o Brasil, 96.
Escudado no art. 6o do Tratado de 6 de abril de 1956 com o Brasil, baixa regulamentos
especiais para a navegação fluvial, visando diretamente ao Império, 97.
Estado de espírito quando da chegada de Paranhos (1858), 99.
Falecimento e traços de sua personalidade, 100/102.
Contato com Herrera, durante o qual fica patente a sua desconfiança para com os
brasileiros e argentinos; segundo contato, no qual se tratou das relações entre o
Uruguai e o Paraguai, mas López não se compromete; opinião de Herrera a respeito
do que pensava com relação à situação internacional, 163.
Opinião de Herrera a seu respeito e de seu governo, 164.
Ref. 98 e 266.

LÓPEZ, Estanislao
V. nota VII.
Rosas em busca de sua ajuda, 27.

LÓPEZ, Francisco Solano


Comanda força expedicionária que atua em Corrientes com os antirrosistas (1845);
sua força desembarca em Goya, retira-se para o norte e recolhe-se ao Paraguai, 66/67.
388 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Representa seu pai na mediação entre Buenos Aires e a Confederação durante o


conflito de 1859; desempenho de sua missão, 82.
Incidente com navios ingleses na sua viagem de regresso, 262/263.
Razões de sua ida a Buenos Aires como mediador, 83/85.
General em chefe do Exército paraguaio, chega a Humaitá e, com a ajuda do Cel
Wisner, dá início à fortificação de Humaitá, por ocasião da ida ao Paraguai da
esquadra da Missão Pedro Ferreira de Oliveira, 92.
Ação por ocasião dos acontecimentos ligados à Missão Pedro de Oliveira, 94/95.
Cartas extraídas de um copiador e publicadas no livro Alberdi, de Mariano Olleros,
a respeito da Missão Paranhos (1857-1858), 99.
Ascensão ao poder, 100/101.
Único que guarda o segredo do Paraguai, 103.
Intervenção nos negócios platinos não bem vista por Mitre, 110.
Contato com Herrera, 163.
Primeira entrevista com Lapido (14 de julho de 1863), 169.
Resposta à interpelação de Lapido sobre atitude do Paraguai em caso de declaração
de guerra da Argentina, 169/170.
Apelo que lhe faz Herrera por intermédio de Lapido (31 de agosto de 1863), no
sentido de intervir no Prata, 172-173.
Relações com Mitre (1863), sentimentos por ocasião da invasão de Flores, 197.
Primeiros passos para intervir no Prata, 174-174.
Correspondência de Mitre sobre a questão de limites do Paraguai com a Argenti-
na, e nota em que o Uruguai pede explicações ao da Argentina, 177/178.
Explicações de Elizalde com as quais não se satisfaz, 178/179.
Razão de haver a Argentina resistido à inclusão do seu nome como árbitro na
questão com o Uruguai, 178.
Nota ao Corpo Diplomático dando conta de gestões perante o Governo argenti-
no sobre a questão uruguaia, 180/181.
Seu desejo de chamar a atenção do Mundo, segundo Lapido, 180.
Recusa da Argentina de aceitá-lo como árbitro, 180.
Não aceitaria a função de árbitro, informa Berges a Herrera, 181.
Correspondência com Mitre estranhando silêncio da Argentina: Mitre sugere a
ida de agente confidencial a Assunção, 181-182.
Mitre deseja explicações (16 de dezembro de 1863) do Paraguai sobre pedido de
Uruguai em relação à Argentina; sua resposta (20 de dezembro de 1863) à carta de
5 de dezembro, 182/183.
Carta de Mitre (2 de janeiro de 1864), alegrando-se com as explicações dadas, 184.
ÍNDICE ANALÍTICO 389

Não se conforma com a nota de Elizalde de 31 de dezembro de 1863, 184/185.


Pretende forçar a Argentina a manifestar-se, 267.
Esquiva-se a nova tentativa de coação por parte do Uruguai (correspondência de
13 de janeiro de 1864, de Herrera), 186.
Rompimento com Mitre (fevereiro de 1864), 186/189.
Atitude dúplice, 189.
Revide de Mitre (29 de fevereiro de 1864), 189/191.
Indiscrições, 195.
Despeito por motivo de recusa do Brasil de aceitar sua mediação na questão com
o Uruguai, 196.
Função tutelar no Prata, 202.
Nota ameaçadora ao Brasil (30 de agosto de 1864), 203.
Resposta de Viana de Lima, 204.
Repercussão da sua nota, 204-205.
Irritado com o Governo de Montevidéu, e orgulho (agosto de 1864), 208.
Disposições belicosas reveladas com a nota de Berges (14 de setembro de 1864)
a Viana de Lima, 209.
Reflexões que lhe faz Sagastume para o caso de intervenção do Paraguai no Prata
(nota de 28 de outubro de 1864 a Berges), 214/ 215.
Atitude ante a nota de Sagastume (de 28 de outubro de 1864) ou para com o
pedido do Uruguai para intervir no Prata, 215/217.
Desprezo que tem pelo Governo de Aguirre, 217.
Rompe em guerra com o Brasil e faz invadir Mato Grosso (Cap. IV), 218/244.
Sagastume ter-lhe-ia sugerido a ideia de tomar o Marquês de Olinda, diz Centu-
rión, 218.
Versão de Thompson a respeito e, também, de sua ambição e do seu desejo de
tornar conhecido o Paraguai, 218.
Manda invadir Mato Grosso, 219/221.
Porto Carrero seu instrutor, 227.
Não socorre Aguirre, 247.
Ambição incoercível e orgulho desmensurado, 259.
Ref. 194, 194, 197, 199, 201, 207, 208, 240, 244, 246, 249.

LÓPEZ, Vicente Fidel


V. nota VI.
Transc. de seu Manual de Ia Historia Argentina, 26.
Transc 28.
390 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

LOUREIRO, João Alves


Vai fazer sentir ao Governo de Buenos Aires o desgosto que o Brasil sente com a proteção
dada pelo Governo argentino a Flores, diz Herrera (22 de setembro de 1863), 177.
Ref. 267 e 191.

MACACOS,
Designação que C. A. López dava aos brasileiros, 163.

MACEDO, Sergio Teixeira de, Conselheiro


V. nota XXXIX.
Ministro do Brasil em Viena, é o intermediário para o reconhecimento da indepen-
dência do Paraguai, 67.

MACKAU, Angel René Armand de, Alte


Enviado ao Rio da Prata, firma (outubro de 1840) tratado de paz com Rosas,
atendendo a suas reclamações, prometendo levantar o bloqueio e restituir Martín
Garcia e navios aprisionados, 32.
Ref. 35 e 38.

MADARIAGA, Joaquín
Governador de Corrientes, comanda exército antirrosista derrotado em Vences
por Urquiza (27 de novembro de 1847), 34.
Exército formado para combater Rosas, 36.
Ref. 67.

MADARIAGA, Juan
V. nota XXXVIII.
Comandando a retaguarda do exército do Gen Paz, em sua retirada para o norte
da Província de Corrientes, é acossado e feito prisioneiro por Urquiza, com o qual
passa a confabular, 66-67.

MAGÉ, Corveta
V. nota LXT
Integra a esquadra da Missão Pedro Ferreira de Oliveira, 92.

MAÍZ, Fidel, Padre


Auxílios espirituais a C. A. López moribundo, 101.
Declarações a respeito de frase final atribuída a C. A. López, 101.
ÍNDICE ANALÍTICO 391

MALDONADO, Loc., Ur
Instruções do Min M a Tamandaré para fazer aí estacionar as canhoneiras neces-
sárias para proteger os brasileiros e apoiar as forças da fronteira, 137.

MALLET, Emílio Luís, Ten-Cel


V. nota LXXIII.
Comanda o 1o Regimento de Artilharia a Cavalo integrante do Exército do Sul, 146.

MALO, Arroio, Tir


Urquiza marcha até aí, 52.

MANSILLA, Lucio, Gen


V. nota XXXIII.
Sentimentos para com os brasileiros os quais integram o exército aliado que
combate contra Rosas, 56.

MANGABAL, Fazenda, MT
Forças brasileiras em retirada aí desembarcam, 232.
Ref. 231.

MANUAL DE LA HISTÓRIA ARGENTINA, de Vicente Fidel López


Transc. 26, 261.

MARACAJU, Serra de
Ref. 69, 88, 90, 94, 263, 239.

MARACANÃ
V. nota LXT.
Integra a esquadra da Missão Pedro Ferreira de Oliveira, 92.
Enviada (19 de outubro de 1864) para reforçar as canhoneiras Itaguaí e Mearim
quando da operação contra Salto, 151.

MARINHA DE OUTRORA (A), livro de autoria do Visconde de Ouro Preto


Transc. 117.

MÁRMOL, José
V. nota VIII.
392 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Obrigado a exilar-se, 29.


Enviado por Mitre em missão confidencial ao Uruguai a fim de liquidar o incidente
da Ilha Mini; conversações com Herrera; dá por finda sua missão, 113.
Ref. 180, 181, e 207.

MARQUÊS DE OLINDA, Vapor


Explicação do motivo pelo qual o Governo brasileiro consentiu em que subisse o
Rio Paraguai após a nota ameaçadora de López (agosto de 1864), 217.
Chegada a Assunção (10 de novembro de 1864); aprisionamento, 218.
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.
Reforça o Yporá e o Apa, 230.
Está em Dourados, 232.
Ref. 219 e 247.

MARTÍN GARCIA, Ilha de


V. nota IV.
Tomada pelos riveristas e franceses, 23.
Evacuada pelos franceses e ocupada pelos rosistas, 32.
Retomada pelos franceses e ingleses (1845), 40.
Combinada a sua devolução a Rosas (1849), 41-42.
Não resolvido pelo Uruguai o incidente da Ilha Mini, Mitre dá ordem para a
captura das embarcações de guerra orientais que passem pela ilha, 114.
Nas mãos do governo de Buenos Aires, como se encontra, é um perigo positivo,
declara Herrera em instruções a Lapido (3 de março de 1863); por consequência,
o Uruguai e o Paraguai não podem permitir a supremacia de Buenos Aires a tal
respeito, 168/169.
Indicada a sua neutralização como ponto básico do convênio a estabelecer entre o
Uruguai e o Paraguai, diz Herrera em nota a Lapido (17 de agosto de 1863), 170.
Deve ser pelo menos neutralizada em caso de guerra no Prata; sua ocupação pelo
Paraguai impõe-se desde logo, diz Herrera a Lapido (31 de agosto de 1863), 171/172.
Herrera insiste em que o Paraguai a ocupe logo (22 de setembro de 1863), 176.
Herrera acusa a Argentina (dezembro de 1863) junto a Berges, de fortificá-la, en-
quanto manda a Montevidéu um agente confidencial com propósitos de paz, 181.
Correspondência de López (20 de dezembro de 1863) com Mitre a respeito de sua
fortificação, 183.
Ofício de Berges a Elizalde sobre a fortificação da ilha, 183.
Impressão que causou a López sua fortificação, 187.
ÍNDICE ANALÍTICO 393

Esperança do Paraguai em que a fortificação da ilha não afetaria a independência


dos Estados do Prata (nota de Berges a Elizalde), 187-188.
Declaração a respeito de sua fortificação (carta de Mitre a López, de 29 de fevereiro
de 1864), 190.
Apelo do Uruguai ao Brasil a seu respeito (23 de dezembro de 1863), 191.
A sua neutralidade e o perigo de guerra no Prata, 205.
Alusão de Berges à sua fortificação pela Argentina e conquista pelo Paraguai, 206.
Vigilância de seu passo pelo Brasil e Buenos Aires, em caso de intervenção do Paraguai
no Prata, segundo Sagastume (nota de 28 de outubro de 1864 a Berges), 213.
Ref. 214 e 215-216.

MARTÍNEZ
Tido como político moderado do partido de Aguirre, 128.

MARTÍNEZ, Manuel, Ten


Ação durante o ataque a Dourados (dezembro de 1864), 235.

MATO GROSSO, Cidade de, MT


Organização do seu Distrito Militar, 223.
Ref. 223.

MATO GROSSO, Prov., Br


Invasão pelo Paraguai (1864), 218/244.
Situação militar (1864), 222-267.
Ref. 12 e 217.

MATO GROSSO, Sul de


Ref. especialmente em Invasão de Mato Grosso, Distrito Militar do Baixo Paraguai
e Distrito Militar de Miranda.

MAUÃ, Barão e Visconde de


V. Sousa, Irineu Evangelista de

MAZA, Manuel Vicente, Dr


Sucede a Viamonte como Governador de Buenos Aires, renuncia após algum
tempo, 28.

MAZORCA
V. nota IX. Ref. 29.
394 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

MBOTETEY
V. Miranda, Rio, MT

MEARIM, Canhoneira
V. nota LXXVIII.
Integrante da 3a Divisão, é destacada (outubro de 1864) pelo Cmt Pereira Pinto
para operar contra Salto, 151.

MEDINA, Anaeleto, Gen


Comandante de forças governistas uruguaias, alcança as revolucionárias de César
Díaz quando estas buscam transpor o Rio Negro no Passo de Quinteros (28 de
janeiro de 1858), obtém a rendição dos adversários, 79.
Comanda um dos corpos governistas organizados para combater contra Flores
em 1863, 106.
Avança no encalço do chefe rebelde quando este se encaminha para Paysandu e
quando Flores, tendo voltado para o sul, inflete novamente para o norte; é substituído
pelo Gen Servando Gómez, 107.

MELGAÇO, Barão
V. Leverger, Augusto.

MELGAÇO, Loc., MT
Ref. 241.

MELO, Francisco Inácio Marcondes Homem de, Barão Homem de Melo


Cit, 265.

MELO, João de Oliveira, 2o Ten


Ação durante o ataque ao Forte de Coimbra, 229.
Ação durante a retirada para o norte, 232/233.
Ref. 271-272.

MELO, Vila de, Ur


Uma brigada brasileira comandada pelo Brig J. L. Mena
Barreto expulsa da localidade seus defensores comandados pelo Cel Angel Muniz,
e volta para o Brasil (outubro de 1864), 151.
Ref. 219.
ÍNDICE ANALÍTICO 395

MENEZES, F. C. de Castro, CF
Comandante da força naval de Mato Grosso e força disponível (1864), 225.
Trecho de sua parte de combate, 232.

MERCEDES, Loc, Ur
O Villa del Salto não pôde levar elementos de combate para seus defensores, alega
Herrera a Saraiva (nota de 30 de agosto de 1864), 138.
Os governistas uruguaios retraem-se (1864) para aí, depois de evacuarem Fray
Bentos, 139.
Pref. 147, 150 e 209.

MESOPOTÂMIA, Reg. Arg


Ref. 12.

MEZA, Pedro Inacio, CF, Arm Par


Comandante da esquadrilha fluvial da expedição contra Mato Grosso, 221.

MINAS Prov., Br
Ref. 244.

MINAS, Ur
Ref. 79.

MINI, Ilha
Segundo Herrera, revolucionários uruguaios do Cel Rebollo aí desembarcam e
transformam-na em base de partida para invasão do Uruguai, o que dá margem
a novo incidente entre a Argentina e o Uruguai, 111.

MINIÊ, Espingarda
V. nota XCVII.
Ref. 229.

MINISTRO DE ESTRANGEIROS DO BRASIIL


Em Abrantes (Visconde e Marquês), Abreu, Antonio Paulino Limpo de.

MINISTRO DA GUERRA DO BRASIL


Instruções (21 de julho de 1864) ao Presidente da Província do Rio Grande do Sul
para as forças estacionadas na fronteira com o Uruguai, sobre represália, 135/136.
396 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Ofício do Gen J. P Mena Barreto, de Colônia, Ur, 159.


Relatório de 1865, cit., 222.
Ref. 270 e 274.

MINISTRO DA MARINHA DO BRASIL


Instruções a Tamandaré (1864) sobre represálias e proteção aos brasileiros no
Uruguai, 136-137.

MIRANDA, MT
Base de partida para invasão do Paraguai por índios da Província, 89.

MIRANDA, Rio, MT
Reconhecimento paraguaio (1865), 230.
Os paraguaios postam guarda em sua foz (janeiro de 1865), 232.
Ref. 237, 239 e 243.

MIRANDA, Arroio, MT
Ref. 237.

MIRANDA, Vila de, MT


Destacamento (1864), 224.
Encaminhado para aí o casco do Batalhão de Caçadores; ativado o 7o Btl GN;
outras providências para a sua defesa, 226-227.
Peças tomadas pelos paraguaios, 243.
Ref. 226, 272, 232, 272, 234, 235, 237, 238, 239, 240, 274 e 241.

MIRANDA, Julián
Transc. de trecho de seu compêndio de Historia Uruguaya, 173.
Cit. 246, 275.

MISSÃO DO CHEFE DE ESQUADRA PEDRO FERREIRA DE OLIVEIRA AO PARAGUAI


Resumo, 91/96.

MISSÃO DE FRANCISCO SOLANO LÓPEZ À ARGENTINA (1859).


Resumo, 82/83.

MISSÃO HERRERA AO PARAGUAI (1862)


Resumo, 162/165.
ÍNDICE ANALÍTICO 397

MISSÃO LA PEÑA AO PARAGUAI


Resumo, 83-84.

MISSÃO LAPIDO AO PARAGUAI (1863)


V. também Lapido, Octavio, Dr
Resumo, 165/181.
Ref. 201, 205/206.

MISSÃO LAS CARRERAS AO PARAGUAI (1864)


Resumo. 197/207.

MISSÃO MÁRMOL
V. Mármol, José.
Ref. 207.

MISSÃO PARANHOS AO PARAGUAI (1858)


Resumo, 98/100.

MISSÃO PARANHOS AO PRATA (1864)


Resumo, 159/161.

MISSÃO SARAIVA AO URUGUAI (1864)


Resumo, 117/125.

MISSÕES, Território de
Proposta de C. A. López, por intermédio de Gelly, para dividir esse território com
o Brasil, 69.
Ref. 201.

MISSÕES DIPLOMÁTICAS
V. pelo nome do encarregado.

MITRE, Bartolomeu, Ger.


Obrigado a exilar-se, 28-29.
Oposição a Rosas, 62.
Salienta-se como um dos denodados impugnadores do acordo de S. Nicolás de
los Arroyos, 81.
398 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Comandando o Exército de Buenos Aires, é derrotado em Cepeda (23 de outubro


de 1859) e encerra-se na Capital, preparando-se para resistir, 82.
Protesta contra o fuzilamento do Dr. Aberastain; nega-se a respeitar decisão do
Congresso de Paraná sobre reconhecimento dos deputados de Buenos Aires;
vence a Urquiza em Pavón e é eleito Presidente da República, 86-87.
Palavras pronunciadas no dia do juramento da Constituição Nacional em Buenos
Aires, 83.
Juntamente com uma plêiade de grandes patriotas, cobrir-se-á de glória encami-
nhando a Argentina para venturosos destinos (por volta de 1860), 102.
Teve em Venancio Flores um dos grandes e leais colaboradores na obra de reivin-
dicação da hegemonia de Buenos Aires; relações entre ambos, 104.
Voz corrente de que dá apoio a Flores, e seu protesto, 105.
Resposta que seu ministro das relações exteriores dá a Andrés Lamas sobre pre-
tendido apoio seu a Flores, 108.
Protesta junto ao Uruguai por motivo de incidente com o Salto, 109.
Rompimento de relações do governo de Berro com o seu, reclamações orientais,
explicações, não aceita a mediação de F. S. López juntamente com o Imperador,
sugerida pelo Governo oriental, malogro das negociações, 109/111.
Novas acusações, do Uruguai, de parcialidade na luta entre Flores e o Governo
oriental; envia Mármol ao Uruguai para retomar as negociações, 111/113.
Rompe relações como Governo oriental e ordena que sejam capturadas embarca-
ções de guerra orientais que passem por Martín Garcia, 113-114.
Conversações com Saraiva quando este vem para Montevidéu depois do malogro
das negociações de pacificação do Uruguai (julho de 1864); acha que essa pacifica-
ção é o único meio de vencer as dificuldades da situação entre o Uruguai e seus
vizinhos; manifesta seu pensamento sobre os meios de consegui-la, 129/130.
Saraiva declara-lhe que o Brasil vai proceder a represálias, 131.
Recebe Paranhos (2 de dezembro de 1864), reafirma-lhe a neutralidade do seu
governo na luta que se trava no Uruguai e nega o concurso da Argentina para
terminar com a mesma, 160/161.
Nenhum auxílio pode proporcionar ao Governo oriental, 161.
Tratado de “chefe dos anarquistas” do Prata por C. A. López (entrevista com
Herrera), acrescentando o Presidente paraguaio que Flores deveria invadir o Uru-
guai com seu apoio, 163.
O Governo uruguaio tem motivos sérios para acreditar que a revolução de Flores
envolve a intenção decidida por parte do governo de Mitre de atentar contra a
independência do Uruguai, declara Herrera em instruções a Lapido (1863), e daí
ÍNDICE ANALÍTICO 399

haver necessidade de que este obtenha a cooperação do Paraguai para estorvar


o propósito de Mitre no sentido de incorporar o Uruguai à Argentina, 170-171.
Correspondência com López (3 de outubro de 1863) sobre questão de limites e
nota em que o Governo paraguaio pede explicações ao seu governo sobre auxílio
a Flores, 177/178.
Circular ao Corpo Diplomático para justificar atitude hostil para com o Uruguai, 180.
Correspondência com López (15 de dezembro de 1863), sugerindo a ida de um
agente confidencial a Assunção, 181-182.
Deseja explicações do Paraguai (16 de dezembro de 1863) a respeito do que lhe
solicitou o Uruguai com relação à Argentina, 182.
Resposta de López à sua nota de 5 de dezembro, 183.
Carta a López (2 de janeiro de 1864) alegrando-se com as explicações dadas, 184.
Rompimento de López (fevereiro de 1864), 186/189.
Revide de López (29 de fevereiro de 1864), 189/190.
Objetivos de sua política internacional, segundo Carreras, 199-200.
Alusão de Berges à sua sinceridade no tocante à neutralidade na questão do
Uruguai (1863), 205-206.
Não confraternizará com o Brasil em caso de guerra, diz Sagastume (nota de 28
de outubro de 1864 a Berges), 211.
Ref. 178, 195.

MONIZ, Angel
V. nota LXXVII.

MUNIZ, Angelo, Cel


V. nota LXXVII.
Ação na incursão de Muñoz contra Jaguarão, 246.

MONTEIRO, Vitorino José Carneiro, Cel


V. nota LXXIII.
Comanda o 3o RC integrante do Exército do Sul, 145.

MONTEVIDÉU, Ur
Resistência heroica e acontecimentos durante o sítio, 36/38.
Empréstimo francês, 40.
Dividida em dois grupos contendores (1855), 77.
O Gen Venancio Flores abandonando o sítio de Paysandu, dirige-se velozmente
400 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

para suas vizinhanças (meados de outubro de 1864), aí acampa, mas retira-se


poucos dias depois, 147.
Sítio e bloqueio (fevereiro de 1865), 159.
Bloqueio (1865), 248-249.
Sítio e bombardeio. 249.
Outras referências aos acontecimentos de jan./fev. 1865, 247/256.
Ref. 41, 267, 196, 213 e 214.

MONTEVIDÉU, Departamento de, Ur


Entregue pelo governo de Aguirre o comando de suas forças ao Gen Juan Saa, 147.

MORALES, Correa, Cel


Agente confidencial de Rosas, 30.

MORENO, Lucas, Cel e Gen


Comanda um dos corpos governistas organizados para combater Flores em 1863, 106.
Chefe a serviço do Governo de Montevidéu, captura vários revolucionários bem
como armamento e munição, em uma das ilhas do Uruguai de jurisdição argentina;
é acusado por isso pelo Governo de Buenos Aires, 111/112.
Comandante das forças governistas, Aguirre promete desarmá-los se o Gen Flo-
res fizer o mesmo com as suas, para, em seguida, reorganizar o ministério, 128.
Recebe comunicação de Flores sobre reinício de hostilidades em 6 de julho de
1864, 129.

MORÓN, Arroio, Arg


Rosas ocupa defensivamente sua margem, 56.

MORRO GRANDE, Loc., MT


Ref. 234.

MORRO GRANDE (OU DA MARINHA), MT


Ref. 227 e 228.

MOTA, Manuel Alves Pereira da, Cap


V. nota CVII.
Comanda o Btl C (casco) que se acha em Miranda (1864/ 65), 237-238.
Ref. à parte em que se reporta à retirada para Santana do Paranaíba, 273-274.
ÍNDICE ANALÍTICO 401

MOUTINHO, Joaquim Ferreira


V. nota XLVIII e C.
Transc. de sua Noticia sobre a Província de Mato Grosso, 88-89 e 272.
Cit. 272.

MUNDELL, José
Intermediário do Barão de Mauá junto ao Gen V. Flores para a consecução da paz
no Uruguai (1863), 106.

MUÑIZ, Angel, Cel


Ação durante a incursão de Muñoz, 288 e 246.
Comanda os defensores de Mello quando da incursão de Mena Barreto, 151.

MUÑOZ, Basilio, Gen


Comanda incursão contra o Rio Grande do Sul (1865), proclamação e ações, 245-246.
Ref 250 e 255.

NABILEKE, MT
V. nota (CIX).
Ref. 274.

NABUCO, Joaquim
Transc. 257-258.

NAVARRO, Arg
Ref. 27.

NAVEGAÇÃO, Questões de
V. em convenções, convênios, tratados, Ilha de Martín Garcia e rios Paraná, Paraguai
e Uruguai.

NAXEDAXE, MT
V. nota CIX.
Ref. 274.

NEGRO, Arroio
Em de 13 de janeiro de 1865, o Exército do Sul está aí acampado, 158.
402 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

NEGRO, Rio, Ur
V. também Transposição do...
Transposto pelo Exército Auxiliar (1854), 76.
Novo limite entre a Argentina e o Uruguai, segundo Carreras (1864), 200 e 202.
Ref. 52, 79, 150, 150, 152, 153, 171, 209 e 213.

NEGRO, Rio, Afluente do Paraguai


Ref. 69.

NETO, Antônio de Sousa, Brig Hon


V. nota XXIII.
Comandante da “divisão auxiliadora” de farrapos; instruções recebidas de Bento
Gonçalves (3 de março de 1842) a fim de operar, não devendo ultrapassar Entre
Ríos, 45.
Assina em Porongos (13 de novembro de 1844), com outros, documentos creden-
ciando o Major Fontoura a entrar em entendimento com o Governo imperial, 47.
Vem ao Rio de Janeiro solicitar do Governo imperial auxílio para 40 mil súditos
brasileiros no Uruguai, 1116-117.
Juízo a seu respeito e atitude que assumiria Saraiva sobre a colaboração de brasi-
leiros com Flores, caso fossem tomadas providências pedidas pelo Governo bra-
sileiro (segundo Herrera em nota a Saraiva), 121.
Processo, segundo Saraiva, em nota a Herrera, 125.
Organiza e comanda a Brigada de Voluntários Rio-grandenses, integrante do Exér-
cito do Sul, 146.
De Paysandu são mandados emissários para que acelere a marcha, 152-153.
Chega (15 de dezembro de 1864) a Paysandu, indo estacionar do lado do Rio S.
Francisco, 153.
Sua Brigada faz a vanguarda do Exército do Sul em sua marcha pelo território
uruguaio, 154.
Veio ao Rio de Janeiro concitar o Governo brasileiro contra o Uruguai, 257.

NEVES, José Joaquim de Andrade, Brig Hon,


Barão de Triunfo comanda a 3a Bda C integrante da 2a DI, Exército do Sul, 146.
Chega com sua Bda (3 de dezembro de 1864) ao arroio Hospital, 154.

NIOAQUE, Loc., MT
Destacamento (1864), 224.
ÍNDICE ANALÍTICO 403

Está aí o grosso do Corpo de Cavalaria (dezembro de 1864), 227.


QG de Resquín, 243.
Ref. 227, 234, 235, 235, 237, 237, 239, 240, 241 e 244.

NIOAQUE, Rio MT
Ref. 236-243.

NITERÓI, Corveta
V. nota LXIX.
Conduz (11 de agosto de 1864) Saraiva de volta para Buenos Aires, depois da
entrega do ultimato de 6 de agosto de 1864, 133.
Recebe (31 de agosto de 1864) a legação brasileira de Montevidéu que se recolhe
em Buenos Aires, 139.

NOTA-MANIFESTO DE PARANHOS (26 de janeiro de 1865)


Ref. diversas, 247.

NOTA DE PROTESTO DO PARAGUAI AO BRASIL (30 de novembro de 1864)


Ref. diversas, 203-205 e 210.

NOTÍCIA SOBRE A PROVÍNCIA DE MATO GROSSO, de Ferreira Moutinho, S.


Paulo, 1869
Transc. 88-89 e 272.
Ref. 272.

NOVA COIMBRA
V. Forte de Coimbra.

NOVA TROIA
Ref. 102.

NÚCLEO COLONIAL DO TAQUARI


V. Coxim.

OBES, Manuel Herrera y


Representando o Uruguai, firma com o representante do Brasil e o de Entre Ríos
convênio em prol da pacificação do Uruguai, 51.
404 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Ministro da Fazenda de Giró depois dos acontecimentos de 18 de julho de 1853,


em Montevidéu, 71 e 73.
Tido como político moderado do partido de Aguirre, 128.
Senador, representa Villalba no fim das negociações de paz e firma o Convênio de
Paz de 20 de fevereiro de 1865, 251.

OBES, Pacheco y, Gen


Enviado pelo Governo de Montevidéu à França, a fim de impedir a ratificação dos
tratados firmados pelo Alte Le-Predour com Oribe e Rosas e apresentar novas
bases para negociações, 42.

OBRAS, de Domingo Faustino Sarmiento


Transc. do tomo XIV, 53-54, 261, 56, 262.

OIAPOQUE, Vapor
Posto à disposição de Mena Barreto por Tamandaré a fim de transportar o Exército
do Sul até o Santa Lucía; achava-se (15 de janeiro de 1865) fundeado no Chaim, 158.

OLAZABAL, Manuel, Cel


V. nota V.
Como representante de Berón de Astrada, governador de Corrientes, assina trata-
do de aliança ofensiva e defensiva contra Rosas, 261.

OLIVEIRA, Carlos Augusto de, Cel


V. nota XC e CXI.
Comandante das Armas de Mato Grosso quando se dá a invasão de 1864, 222.
Mandado embarcar para a fronteira do Baixo Paraguai, 225.
Providências, 226.
Resolve abandonar Corumbá, 230.
Retirada, 231.
Responsabilizado pelo abandono de Corumbá, 275.

OLIVEIRA, Marciano, Cabo


Informações prestadas ao Ten-Cel Dias da Silva (janeiro de 1865), 238.

OLIVEIRA, Pedro Ferreira de, Chefe de Esquadra


Missão ao Paraguai (1854-55), resumo, 91-96.
ÍNDICE ANALÍTICO 405

OLLEROS, Mariano L.
Ref. a documentos publicados em seu livro Alberdi, (V.), 99.
Transc. de trecho do seu livro Alberdi (V.) a respeito da morte de C. A. López, 101.

ONÇAS, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

ORIBE, Manuel, Gen


Elemento dissolvente, 22.
Presidente do Uruguai (1835), 22.
Derrota a Rivera em Carpinteria, é batido em Yucutujá, seu exército persegue
Rivera que ameaça Montevidéu; é derrotado por ele em Palomar; não pode rece-
ber auxílio de Rosas; sitiado em Montevidéu, nomeia o Alte Brown comandante
da esquadrilha de guerra uruguaia, 22-23.
Renúncia; retira-se para Buenos Aires, 23.
Inclinação que por ele tem Rosas e outras ref., 29-30.
Enfrenta rebelião de Rivera; consolida sua aliança tácita com Rosas, 31.
Derrota Lavalle em Quebracho Herrado (28 de novembro de 1840), 33.
Derrota exército antirrosista da Coligação do Norte (1841), 33.
Vence novamente forças antirrosistas, comandadas por Rivera, em Arroyo Grande
(6 de dezembro de 1842), 34.
Instrumento de Rosas, faz parte das forças de Echagüe, que invadem o Uruguai
(julho de 1839) a fim de derrubar Rivera, mas são derrotadas em Cagancha e se
retiram, 34-35.
Cruza o Uruguai (22 de dezembro de 1842) e põe sítio a Montevidéu (16 de fevereiro
de 1843), 36.
Instala seu governo na Villa de la Unión (1843) e faz do Buceo o seu porto, 36.
É inquietado pelas correrias de Rivera; recorre a Rosas e vê seu adversário desba-
ratado em India Muerta (27 de março de 1845) e no Cerro das Animas (janeiro de
1847), 36-37.
Parte que tem nas negociações para a paz no Prata em 1846 e 1847, 40-41.
Aceita propostas da França e da Inglaterra (1848); pelo tratado de 1849 com a
Inglaterra é reconhecido como o presidente legal do Uruguai; ajusta outro tratado
com a França (1849), 41-42.
Não tendo sido os tratados ratificados na França, reata as negociações com Le-Predour,
também sem resultado, 42.
Reclama contra a intromissão indébita do Brasil (Rio Grande do Sul) na luta contra
406 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Rivera; o Império esforça-se por manter consigo relações de perfeita cordialidade;


outras informações, 44.
Invade o Uruguai à frente de tropas rosistas; luta com Rivera; executa planos de Rosas;
considerado por este como o presidente legal do Uruguai, 45-46.
Não é reconhecido pelo Brasil como Presidente do Uruguai; nota do Governo imperial
a este respeito ao representante de Rosas (abril de 1847), 48.
Violências de sua gente contra brasileiros e depredações em território brasileiro, 49.
Represálias de Francisco Pedro de Abreu (1849), 49.
Manda o Cel Lamas contra Abreu, que é obrigado a repassar a fronteira para dentro
do Brasil, 50.
O Brasil anuncia que defenderá o Governo de Montevidéu contra seu exército, 50.
Forma-se coligação do Brasil, Montevidéu e Entre Ríos contra si (29 de maio de
1851), 51.
Forças que devem operar contra as suas; trânsfugas destas juntam-se às de Urquiza;
seus elementos cedem terreno em face do exército de Urquiza; firma com este
convênio de capitulação (10 de outubro de 1851); seu exército é dissolvido, 52-53.
Giró, seu partidário, é eleito Presidente do Uruguai, 60.
Preocupações políticas, 61.
Apelo que Rivera dirige a Francia quando luta contra si, 68.
C. A. López aplaude a intervenção para a sua derrota, 71.
Infrutífera a paz que fez em 1851, 71.
Alusão de Limpo de Abreu à sua tirania, 75-76.
Firma com Flores o Pacto de la Unión, de renúncia a aspirações políticas, 77.
Patrocina, com Flores, a candidatura de Gabriel Pereira à Presidência do Uruguai, 78.
Morte, 79.
Ref. 24, 35, 37, 38, 39, 40, 54, 58, 60, 60, 62 e 63.

OSORIO, Fernando Luís, Dr


V. nota LXXXII.
Cit. de documento publicado em sua Vida do General Osorio, 46, 47, 261.
Cit. 146, 265, 153-154, 265.

OSORIO, Manoel Luiz, Brig


V. nota LXXXII.
Emissário de Caxias para expressar verbalmente a Rivera a recusa de sua media-
ção na Revolução Farroupilha; foi-lhe fácil convencer o Major Antônio Vicente
Fontoura de que a pacificação podia ser obtida sem a mediação de Rivera, 46-47.
ÍNDICE ANALÍTICO 407

Comanda a 1a DI do Exército do Sul, 145.


Comanda o 1o escalão a romper a marcha, em 25 de novembro de 1864; marcha,
153-154.
É deixado pelo Gen J. P. Mena Barreto com a cavalaria em S. Francisco, 154.
Recebe ordem do Gen J. P. Mena Barreto para se deslocar com destino ao Santa
Lucía, o que faz, 159.

OTTONI, Teófilo,
Ref. 257.

OURO PRETO, Visconde de


V. Figueiredo, Afonso Celso de Assis.

OUSELEY, WILLIAM
Ref. 39-40.

OUSELEY-DEFFAUDIS, Missão
Informações diversas, 39-40.

PACHECO, Angel, Gen


Derrota exército antirrosista da Coligação do Norte (1841), 33.

PACHECO, Augusto Frederico, Cel Grad


Comanda o 4o RC integrante do Exército do Sul, 145.

PACTO DO LITORAL
Objetivo, 29.

PACTO ENTRE TAMANDARÉ E FLORES (20 de outubro de 1864)


Informações diversas; apreciação do Visconde do Rio Branco, 149-151.

PACTO DE LA UNIÓN ENTRE ORIBE E FLORES (1855)


Em prol da pacificação do Uruguai, 77.

PAGADORIA CENTRAL DE SÃO GABRIEL


Ref. 144.

PAGADORIA MILITAR PROVISÓRIA DE BAGÉ


Ref. 145.
408 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

PAGO LARGO, Combate de


Ref. 33.

PAIXHANS, Canhões
V. nota LXXIV.
Ref. 265.

PAIZ (O), Jornal


Ref. 268.

PALERMO DE SAN BENITO, Loc., Arg


Urquiza data daí a proclamação (1852) dirigida à Divisão Brasileira (Brig Mar-
ques de Sousa), 56-57.

PALOMAR, Ur
V. nota II.
Ref. 23.

PALOMEQUE, Cel
Defensor de Salto, capitula (28 de novembro de 1864), 152.

PALOMEQUE, Alberto
V. nota LXXXV.
Cit. 152.

PAMPA, Reg., Arg


Ref. 28.

PAMPERO, Vapor de guerra argentino


Segundo Herrera, conduzira grupo de rebeldes desembarcado em Fray Bentos
(agosto de 1863); em inquérito realizado na Argentina resulta provada a
inculpabilidade de seu comandante, mas correspondência deste ao Gen Francisco
Caraballo contém indícios de sua colaboração no movimento revolucionário
uruguaio, 109-110.
Conivência de seu comandante na revolução de Flores, segundo Berges a Elizalde
(6 de dezembro de 1863), 182.
Ref. 180.
ÍNDICE ANALÍTICO 409

PÃO DE AÇÚCAR, MT
V. Fecho dos Morros.

PARAGUAI
Rosas deseja incorporá-lo às Províncias Unidas, 37.
Rápida mirada à sua história (1810-1845), 63-67.
Atitude do Brasil (1824-1845), 67-68.
Esforços do Brasil para celebrar tratados e referências a estes, 68-71.
Vida no país no tempo de C. A. López, 84.
Relações com o Brasil e novos esforços para obtenção de tratados, notadamente
de limites (1850-1853), 87-91.
Morte de C. A. López; ascensão de F. S. López; situação do país durante o governo
do primeiro, 100-102.
Juízo a respeito, 103.
A esperança de sua intervenção no Uruguai talvez tenha influído no espírito de
Aguirre no sentido de não cumprir totalmente o acordo de 18 de junho de 1864, 127.
Razões pelas quais Berro e Aguirre recorrem ao país, procurando associá-lo ao
seu destino, 161.
Intriga diplomática em que foi envolvido entre 1862 e 1864 contra o Brasil e a
Argentina, 162-205 e 205-217.
Opinião de J. J. de Herrera sobre seu governo (1862), 164.
Estado (1862) de suas relações com o Brasil, segundo Herrera, 164-165.
Relações de caráter político e econômico com o Uruguai, e interesses recíprocos
(em instruções de Herrera a Lapido, 3 de março de 1863), 165-169.
Perigos à sua integridade; meios de afastá-los; alusão a uma liga com alguns estados
da Confederação Argentina (em instruções de Herrera a Lapido, 3 de março de
1863), 187-191.
Relações com o Uruguai em 1863, segundo Lapido, 165-169.
Pontos a incluir no convênio com o Uruguai, segundo Herrera em nota de 17 de
agosto de 1863, 170.
Bases entregues por Lapido a Berges para o acordo com o Uruguai, modificações de
Herrera (31 de agosto de 1863), segundo as quais o que este deseja logo é a imediata
cooperação material do Paraguai, 171-172.
Deve cooperar com o Uruguai ocupando Martín Garcia (ofício de Herrera a Lapido,
31 de agosto de 1863), 195-196.
Primeiro passo para intervir no Prata (6 de setembro de 1863), 172-173.
Atitude que tomará na questão entre o Uruguai e a Argentina, motivada pela revolução
410 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

de Flores (nota de López ao Corpo Diplomático de Assunção); seu governo, diz López,
considera a independência do Uruguai condição do equilíbrio dos países platinos, 180.
Nova tentativa de coação do Uruguai (correspondência de 13 de janeiro de 1864 de
Herrera), no sentido de atuarem os dois países energicamente no Prata, 186.
Rompimento de relações com a Argentina, nota de 6 de fevereiro de 1864, de Berges
a Elizalde), 186-188.
Novo convite do Uruguai (instruções de Herrera a Sagastume, de 1o de maio de
1864) para entrar em combinação no Prata, 194-195.
Auxílio pretendido pelo Uruguai, conforme declarações de Herrera a Sagastume e
nas instruções a Carreras (julho de 1864), 197-199.
Decide-se intervir na questão do Uruguai (nota de López ao Brasil, de 30 de agosto
de 1864), 203-204.
Intrigas diplomáticas com o Uruguai, a partir de agosto de 1864, 205-217.
Exército em 1864, segundo Thompson, 220.
Pretexto para o rompimento com o Brasil, 247.

PARAGUAI, Rio
Navegação, 68, 85, 88, 97, e 99.
Ref. 67, 69, 94, 94, 98, 165, 217, 232, 234, 238, 241, 242, 244.

PARAGUARÍ, Par
Ref. 64.

PARAGUARÍ, Navio paraguaio


Incidente em Buenos Aires (27 de fevereiro de 1864), 195, 267-268.
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.
Ref. 207.

PARANÁ, Loc., Arg


Designada para sede do governo da Confederação Argentina, 81.
É firmada aí pelo Visconde do Rio Branco convenção sobre navegação fluvial e
limites (1857) entre o Brasil e a Argentina, 98.
Ref. 263.

PARANÁ, Rio
V. também Alto Paraná.
Navegação, 68, 85, 86, 88, 97, 98, 99, 192.
Ref. 12, 55, 67, 69, 69, 84, 94, 176, 201, 214.
ÍNDICE ANALÍTICO 411

PARANÁ, Navio
V. nota XCI.
Valor militar, 225, 270.

PARANÁ, Visconde de
V. Leão, Honório Hermeto Carneiro.

PARANHOS, Antônio da Silva, Maj


V. Nota LXXIII.
Comanda o 6o BI que integra o Exército do Sul, 145.

PARANHOS, José Maria da Silva, 1o, Visconde do Rio Branco.


Declarações no Senado (1856) a respeito do tratado de 17 de outubro de 1844
entre o Brasil e o Paraguai, 68.
Secretário de Honório Hernesto Carneiro Leão quando este é enviado extraordiná-
rio e ministro plenipotenciário no Uruguai (1851), substitui-o quatro meses depois,
permanecendo assim no Rio da Prata até dezembro de 1853, 262.
Ação durante os acontecimentos político-militares de julho de 1853 em Montevi-
déu, 73-74.
Nota de 30 de outubro de 1853 a Giró, 74-75.
Recolhe-se ao Rio com licença, 75.
Protocolo de conferência com Berges (1856) e trechos deste, relativos ao incidente
de Fecho dos Morros, 89.
Declarações no Senado a respeito da Missão Pedro Ferreira de Oliveira, 92.
Comunicação a Falcón (8 de julho de 1855) a respeito da não ratificação do Tratado
de Amizade, Comércio e Navegação de 1855, 96.
Como representante do Brasil, negocia o Tratado de Amizade, Navegação e Co-
mércio com o Ministro Berges (6 abril de 1856), 96-98.
Declarações sobre esse documento e o seu cumprimento por parte do Paraguai, 97-98.
Missão ao Paraguai e junto à Confederação Argentina (1857-1858); negocia tratado
de limites com a Argentina; impressão sobre C. A. López nessa ocasião, 98.
Convenção com o Paraguai a respeito da inteligência do Tratado de 1856, 98-99.
Declarações (1862) a respeito dessas negociações, 99-100.
Declarações em 1859 a respeito de assassinatos de súditos brasileiros no Estado
Oriental, 114.
Declaração no Senado a respeito da ação coercitiva brasileira no Uruguai, 1864, 135.
Juízo, no Senado, a respeito da aliança entre Tamandaré e Flores (20 de outubro
de 1864), 150.
412 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Opinião do Ministro de Estrangeiros (22 de janeiro de 1865) sobre o fuzilamento


de Leandro Gómez e discurso no Senado a respeito desse ato, 156.
Encontro com Flores, Tamandaré e Mena Barreto em Fray Bentos, 158.
Missão ao Rio da Prata em 1864, 159-161.
Envia nota-manifesto (26 de janeiro de 1865) ao Governo argentino e ao Corpo Di-
plomático de Buenos Aires sobre o rompimento do Paraguai com o Brasil, 246-247.
Carta de Barbolani (29 de janeiro de 1865), e sua resposta, 248.
Correspondência do Ministro de Estrangeiros (22 de janeiro de 1865), ação para
proteger Montevidéu, 248.
Visita o acampamento do Exército Brasileiro (16 de fevereiro de 1865) e corres-
pondência com Barbolani (16 de fevereiro de 1865), 250.
Firma o Convênio da Paz (20 de fevereiro de 1865); incidente com Tamandaré, 251.
Referências ao caso, feitas mais tarde no Senado; idem, pelo Barão do Rio Branco,
251-253
Protocolo adicional ao convênio de 20 de fevereiro, 253.
Sua demissão, 254-256.
Ref. 259.

PARANHOS, José Maria da Silva, 2o, Barão do Rio Branco,


V. Barão do Rio Branco.

PARNAÍBA
V. nota LXXX.
Participação nas operações contra Paysandu (Dez 1864), 152.

PÁRRAGA, Jacinto, Maj


Comandante da praça de Florida, é fuzilado juntamente com mais seis oficiais,
após sua conquista por Flores, 139.

PARTIDO CONSERVADOR, Ur
Com ex-partidários do Gen Flores, em oposição a este; vê na subida de Bustamante
ao poder supremo uma continuação do governo de Flores; pratica um motim (25
de novembro de 1855), 77.
Apoia César Díaz contra Gabriel Pereira, à Presidência do Uruguai, 78.

PASSAGEM DE TONELERO
Ref. 55.
ÍNDICE ANALÍTICO 413

PASSO DE ANDRÉS PERES, Rio Queguay Grande, Ur


Ref. 265.

PASSO DO AQUIDAUANA, MT
Ref. 238 e 239.

PASSO DA ARMADA, RS
Ref. 245.

PASSO DEL CUELLO, Rio Santa Lucía, Ur


Ref. 52.

PASSO DEL HERVIDERO


Uma parte das forças de Urquiza transpõe por aí o Rio Uruguai, 52.
Opera-se por aí a invasão do Uruguai pelos correntinos comandados pelo Cel
Waldino Urquiza, 107.

PASSO DEL HIJO


Uma parte das forças de Urquiza transpõe por aí o Rio Uruguai, 52.

PASSO DA PÁTRIA, Par


Mandado evacuar por C. A. López para Humaitá o acampamento militar que aí
estava, por ocasião da ida ao Paraguai da Missão Pedro Ferreira de Oliveira, 92.
Ref. 270.

PASSO DE QUINTEROS, Rio Negro, Ur


Local da chamada Hecatombe de Quinteros, 79.

PASSO DOS TOUROS, Ur


Ref. 107.

PASSO DO VALENTE, Rio Negro


O Exército Auxiliar transpõe por aí o Rio Negro (1854), 76.

PASSO DO VIOLA
Ref. 153.

PAVÓN, Arg
Ref. 80, 104 e 105.
414 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

PAYSANDU, Loc., Ur
V. também Ataque a...
Uma parte das forças de Urquiza transpõe por aí o Rio Uruguai, 52.
Ofício de Saraiva a Tamandaré (agosto de 1864), lembrando a vantagem de haver
aí navios de guerra brasileiros, 133.
Instruções do Min M a Tamandaré para fazer estacionar aí o número de canhoneiras
necessário para proteger os brasileiros e apoiar as forças da fronteira, 137.
Centro de estação da 3a Divisão da Esquadra (instruções de Tamandaré a Pereira
Pinto, 1864), 137.
Flores tem a intenção de atacá-la, diz Herrera a Saraiva, 138.
Um dos centros capitais de resistência de Aguirre, e vigilância da esquadra de
Tamandaré, 139.
Sugestão de Saraiva ao Presidente do Rio Grande do Sul (7 de setembro de 1864) no
sentido de que o exército expulse da localidade as forças do Governo de Montevidéu
que nela se encontram; informações sobre a praça e necessidades para o ataque, 140.
Outras informações de Saraiva sobre o ataque brasileiro, 141.
Insta Saraiva para que a ofensiva contra a localidade se faça com urgência, 141.
Intenção de Flores de sitiá-la, 147.
O Governo brasileiro aprova instruções para a sua ocupação por forças brasilei-
ras, 147.
Instruções (26 de setembro de 1864) do Min G ao Gen J. P. Mena Barreto no sentido
de que dela se apodere, 148-149.
Tamandaré anuncia (26 de outubro de 1864) que vai bloqueá-la, 151.
Ataque combinado de Flores e Tamandaré (dezembro de 1864), 151-153.
Segundo ataque (31 de dezembro de 1864-1o de janeiro de 1865), 154-155.
Fuzilamento de Leandro Gómez e informações sobre sua rendição, 155-157.
Não resistirá à ofensiva do Brasil, diz Sagastume, e previsão para o caso de retira-
da de sua guarnição (nota de 28 de outubro de 1864 a Berges), 213.
Ref. 154, 265, 230, 245, 248, 255 e 258.

PAZ, Marcos
Eleito Vice-Presidente da Argentina, 87.

PAZ, Gen
Associado com Lavalle, luta contra Dorrego, 27.
Forma a Liga do Interior contra Rosas, 29.
Organiza força antirrosista (1841) e obtém a vitória de Caáguazú (28 de novembro de
ÍNDICE ANALÍTICO 415

1841) sobre o exército entrerriano de Echagüe; prepara outra força em Corrientes, a


qual, reforçada por uma divisão paraguaia, dissolve-se em consequência da desorga-
nização e indisciplina reinantes (1846), 33-34.
Encarregado da defesa de Montevidéu, 36.
Ref. ao seu exército libertador, 36.
Oposição a Rosas, 62.
Operações do exército formado contra Rosas e sob seu comando, na Província de
Corrientes, 66.
Fica desamparado depois do convênio de Alcaraz, 67.
Seu exército dissolve-se em Villanueva, 67.

PEDRO I
Ref. 22.

PEDRO II
Lembrado seu nome por Andrés Lamas para árbitro entre a Argentina e o Uruguai,
este apresenta o de F. S. López para funcionar como árbitro juntamente com o do
Imperador; Mitre não aceita a alteração lembrada, 110.
Berro declara que a escolha de seu nome fora obra exclusiva de Lamas, 110-111.
Demite Paranhos (3 de março de 1865), 254.
Manifestações de regozijo recebidas no Rio (3 de março de 1865), 254.

PEIXOTO, Floriano, Mar


O autor dedica a obra à sua memória, primeira página.

PELOTAS, Loc., RS
Papel no suprimento de forças da fronteira, 145.
Ref. 144.

PEDERNEIRAS, Loc., MT
Destacamento (1864), 223.

PEIXE DE COURO, Loc., MT


V. nota CI.
Ref. 233.

PELLIZA, Mariano
Transc. de História Argentina, 26, 29-30, 81 e 262.
Cit. 50 e 82.
416 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

PEÑA, Luís José de la, Dr


V. nota LII.
Enviado ao Paraguai em missão de Urquiza, a fim de acertar medidas para o
auxílio do Paraguai na previsão de ser necessária a violência para fazer voltar
Buenos Aires à Confederação; desenlace dessa missão, 83.
Ref. 85.

PENALOZA, Gen
Ref. 183.

PEQUENO, Arroio, MT
Ref. 237.

PEREIRA, Gabriel Antonio


Candidato à Presidência do Uruguai e apoiado por Flores e Oribe, sai vencedor
contra César Diaz, 78.
Governo, 78-80.

PERU
Ref. 65 e 270.

PIMENTEL, Barros
Como deputado, reclama (1864) medidas enérgicas para a proteção dos súditos
brasileiros no Uruguai, 116.

PINO, Brito del


Secretário de Lapido, leva documentos do Paraguai para Herrera, 176.
Com a saída de Lapido, fica substituindo-o em Assunção como encarregado de
negócios; nota de Herrera sobre a Missão Mármol e o arbitramento; instrumento
de Herrera, 180-181 e 267.

PINTO, Antônio Pereira


Transc. de trecho do seu livro Apontamentos para o Direito Internacional, a propósito
do incidente de Fecho dos Morros, 89-90.

PINTO, Francisco Félix da Fonseca Pereira, Brig


V. nota XLVI.
ÍNDICE ANALÍTICO 417

Comandante do Exército Auxiliar para intervenção no Uruguai; ordem do dia ao


iniciar sua marcha para cumprir sua missão, 76.

PINTO, Francisco Pereira, CMG


Chefe do EM de Tamandaré, por este é nomeado Comandante da 3a Divisão da
Esquadra e missão para operar no Rio Uruguai, (1864), 137-138.
Zarpa de Montevidéu (24 de agosto de 1864); intimação ao Villa del Salto, tiro de
advertência contra este e perseguição ao navio fugitivo, 138.
Ação no ataque ao Salto (outubro de 1864), 151.

PINTO, Sebastião Barreto Pereira, Gen


Como Comandante das Armas do Rio Grande do Sul, denuncia ao Presidente da
Província os manejos de Lavalleja (junho de 1834), 43.

PINTO, Soares, 1o Ten Mar


Instrutor da Marinha paraguaia e outras informações, 270.

PIQUIRI, Loc., MT
V. nota CI.
Ref. 233, 240, 242 e 242.

PIQUERI DE BARREIROS, Loc., MT


V. nata CI.
Destacamento (1864), 223.

PIRAÍ GRANDE, RS
Acampamento das forças brasileiras (1864); papel, 143.
Forças aí estacionadas, 143-146.
Ref. 151, 153, 153 e 265.

PIRATINI,
V. Rio Grande do Sul.

PLANES, Vicente López y, Dr


V. nota L.
Autor do Hino Nacional da Argentina, designado por Urquiza governador provi-
sório de Buenos Aires em seguida à queda de Rosas; renúncia e reposição no
poder por Urquiza, 80.
418 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

POCITOS, Arg
Ref. 86.

POCONÉ, Loc., MT
Ref. 242 e 223.

PONADIGO, Aldeia, M
V. Eponadigo.

PONCHE VERDE, RS
Ref. 31.

PONTA PORÃ, Loc., MT


Ref. 235.

PONTE, Arroio, MT
Ref. 237.

PONTES, Rodrigo de Sousa da Silva


Representante do Brasil, firma com o representante do Uruguai e o de Entre Ríos
convênio para pacificar a República do Uruguai, 51.

PORONGOS, Acampamento de, RS


Ref. 47.

PORONGOS, Loc., Ur
Conquistada por Flores (1864), 139.
Ref. 147.

PORTINHO, José Gomes, Brig Hon


Comanda uma das duas Bda C (S-N) integrante da 2a DI, Exército do Sul, 146.

PÔRTO, Aurélio
Transc. de Influência do Caudilhismo Uruguaio no Rio Grande do Sul, 43 e 261.

PORTO ALEGRE, RS
Ref. 49.
ÍNDICE ANALÍTICO 419

PORTO ALEGRE, Barão de


V. Sousa, Manuel Marques de

PORTO CARRERO, Hermenegildo de Albuquerque, Ten-Cel


V. nota XLII.
Assume o comando do Forte de Coimbra (1864), 227.
Estada no Paraguai por volta de 1851, 227, 270-271.
Ação durante o ataque paraguaio ao forte, 228-229.
Retirada, 229.
Dispensado do comando da Força Terrestre de defesa, 274.
Nomeado Comandante Superior da Guarda Nacional e encarregado da defesa da
capital; dispensado do comando da Força Terrestre de defesa, 241.
Depoimento sobre perdas no Forte de Coimbra, 243.
Ref. 271.

PORTO ESPERANÇA, Loc., MT


Ref. 222.

PORTO NACIONAL, Loc., MT


Destacamento (1864), 223.

PORTUGAL
Lembrado como árbitro (por Herrera a Saraiva) na questão entre o Brasil e o
Uruguai, 133.
Ref. 165.

POSIÇAO DE UBAJAY, Corrientes, Arg


Mantida pelo exército libertador do Gen Paz, não é atacada por Urquiza, 34.
Ref. 66.

POSTO SANTA ROSA, Loc., MT


Destacamento (1864), 224.

PRATA
V. Rio da Prata.

PRIMERAS BATALLAS CONTRA LA TRIPE ALIANZA, de Gregorio Benites


Transc. 270.
V. Guerra del Paraguay: Las primeras...
420 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

PRINCESA IMPERIAL
V. Izabel, Princesa Imperial

PRONUNCIAMENTO DE DOLORES
Ref. 33.

PROTOCOLO DE 20 DE OUTUBRO DE 1863 ENTRE O URUGUAI E A ARGENTINA


Ref. 110, 206.

PROVÍNCIA CISPLATINA
V. Uruguai.

PROVÍNCIAS UNIDAS
V. Argentina.

PRÚSSIA
Lembrada (por Herrera a Saraiva) como árbitro na questão entre o Uruguai e o
Brasil, 133.

PUENTE DE MÁRQUEZ, Arg


Ref. 27.

PUNTAS DEL ROSARIO, Ur


Local do encontro entre os mediadores (Thornton, Saraiva e Elizalde), Andrés Lamas,
Castellanos e o Gen Flores, os quais chegaram a um acordo em 18 de junho de 1864
sobre a pacificação do Uruguai, 127.

QUARAÍ, Loc., RS
Unidades aí estacionadas em julho de 1864, 144.

QUARAÍ, Fronteira do
Instruções do Min G (21 de julho de 1864) sobre sua guarda e represálias, 135-136.
Apoio a prestar pela Marinha às forças aí estacionadas, em ofício do Min M a
Tamandaré (1864), 137.
Forças aí estacionadas, 144-145.

QUARAÍ, Rio
Flores chega até as imediações, em sua marcha pelo Uruguai durante sua invasão
de 1863, 105.
ÍNDICE ANALÍTICO 421

QUARTO DA JUSTIÇA, Par


Ref. 65.

QUEBRADA, Arroio, Ur
Ref. 266.

QUEBRACHO HERRADO
Ref. 33.

QUEGUAY CHICO, Rio


Ref. 265.

QUEGUAY GRANDE, Rio


Ref. 265 e 266.

QUESTÕES
De limites (em convenções, convênios, limites e tratados).
De navegação (nos rios e em convenções, convênios e tratados).

QUIDANANI, Capitão índio


Invade por Miranda o Paraguai e, no Apa, toma aos paraguaios gados, cavalos etc., 89.

QUINTEROS, Hecatombe de
Flores vem vingá-la em sua invasão do Uruguai em 1863, 105.
Ref. 79-80 e 139.

RABÓN, Ur
Flores avança até aí, vindo de Paysandu (dezembro de 1864), 153.

RAID DE MUÑOZ (1865)


V. Incursão de Muñoz contra o Rio Grande do Sul (1865).

REBÔJO ITACOLOMI, Loc., MT


Ref. 233.

REBOLLO, Juan P., Cel


À frente de uma expedição revolucionária, aproxima-se da margem esquerda do
422 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Uruguai a fim de desembarcar; surpreendido, busca refúgio na Ilha Mini, onde


vários revolucionários são capturados pelo Gen Moreno, o que dá margem a novo
incidente entre a Argentina e o Uruguai, 111.
Sua expedição saiu de Buenos Aires (28 de outubro de 1863), declara Berges a
Elizalde (dezembro de 1863), 182.
Ref. 207.

RECIFE, Corveta
V. nota LXXV.
A seu bordo, na barra do Santa Lucía, encontra-se o Alte Tamandaré quando do
convênio com Flores (outubro de 1864), 149.
Participação nas operações contra Paysandu (dezembro de 1864), 152.

RECIFE, Vapor de guerra


(Parece tratar-se do anterior.)
Traz ao Rio de Janeiro a notícia da entrega de Montevidéu, 254.

RECONQUISTA DE MATO GROSSO


Resumo, 244.

REDENÇAO, Ilha, Par


V. no 2o volume, Cabrita, Ilha do, Rio Paraná.
Ref. 271.

REFORMA PACÍFICA (A)


Cit. 147.
Transc. 157-158.

REGIMENTO DE ARTILHARIA A CAVALO – 1o


Em março de 1864, está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho, em Bagé, 143-144.
Integra o Exército do Sul; comandante e armamento (dezembro de 1864), 146.

REGIMENTO DE CAVALARIA – 2o
Em março de 1864, está no Rio Grande do Sul, 141.
Integra a 1a Bda, 1a DI, do Exército do Sul; seu comandante, 145.
Ref. 153.
ÍNDICE ANALÍTICO 423

REGIMENTO DE CAVALARIA – 3o
Em março de 1864, está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho, está em Bagé, 143-144.
Integra a 1a Bda, 1a DI, Exército do Sul; seu comandante, 145.

REGIMENTO DE CAVALARIA – 4o
Em março de 1864, está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho, em Jaguarão, 143-144.
Integra a 1a Bda, 1a DI, Exército do Sul, 145.

REGIMENTO DE CAVALARIA – 5o
Em março de 1864, está no Rio Grande do Sul, 141.
Em julho, em Bagé, 143-144.
Integra a 1a Bda, 1a DI, Exército do Sul; seu comandante, 145.

REGISTRO ESTATÍSTICO DE BUENOS AIRES


Ref. 102.

RÊGO, Francisco Rafael de Melo, Gen


Cit. de trabalho publicado na RIHGB, em 1906, sobre o Forte de Coimbra, 270.
Transc., idem, 271.

REIS, Salustiano Jerônimo dos, Ten-Cel


V. nota LXXIII.
Comanda o 4o BI, que integra o Exército do Sul, 145.

RELATÓRIO GERAL DA COMISSÃO DE ENGENHEIROS JUNTO ÀS FORÇAS EM


EXPEDIÇÃO PARA A PROVÍNCIA DE MATO GROSSO, por Alfredo d’Escragnolle
Taunay, RIHGB, 1875.
Cit. 274.

REMINISCÊNCIAS HISTÓRICAS, de Juan Crisóstomo Centurión


Cit. 218.

REPRESÁLIAS DO BRASIL CONTRA O URUGUAI (1864)


Resumo, 134-138.
Sugestões de Saraiva a respeito (ofício de 7 de setembro de 1864) ao Presidente da
Província do Rio Grande do Sul, 139-141.
424 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

REPÚBLICA PACÍFICA (A)


Transc. 250.

REPÚBLICA DE PIRATINI
V. Rio Grande do Sul.

RESIN, Carlos, Ten-Cel


V. nota LXXIII.
Comanda a 2a Bda I, 1a DI, Exército do Sul, 145.
Participa, com sua Bda, do ataque a Paysandu (31 de dezembro de 1864-1o de
janeiro de 1865), 155.

RESPOSTA DO CONSELHEIRO JOSÉ ANTÔNIO SARAIVA AO DR. VÁSQUEZ


SAGASTUME, Bahia, 1894.
Transc. 269.

RESQUÍN, Francisco Isidoro, Cel


Acompanha Francisco Solano López em sua missão diplomática de mediação no
conflito entre Buenos Aires e a Confederação, 262.
Operações, 221, 234-237, 239, 240, 240, 242-243.

RESUMEN DE LA HISTORIA DEL PARAGUAY, de Cecilio Báez


Transc. 69-70, 101-102, 262 e 263.

RETIRADA DE CORUMBÁ (1865)


Resumo, 230-234.

RETIRADA DO FORTE DE COIMBRA (1865)


Resumo, 229.

RETIRADA DA LAGUNA, de Alfredo d’Escragnolle Taunay


V. nota CX.
Ref. 244 e 275.

REVISTA AMERICANA
Transc. de biografia de J. M. S. Paranhos, de autoria do Barão do Rio Branco (vol.
XIV, 79), 252-253 e 262.
ÍNDICE ANALÍTICO 425

REVISTA DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO, 1906


Cit. 270.
Ref. 274.

REVOLUÇÃO DOS FARRAPOS


V. em Rio Grande do Sul.

REVOLUÇÃO DE MAIO NA ARGENTINA


Consequências, segundo Carlos Ibarguren, 57-58.

RIACHUELO, Batalha de
Ref. 221.

RIBEIRO, Antônio João, Ten


V. nota CV.
Resistência em Dourados (dezembro de 1864), 235 e 273.

RIBEIRO, Bento Manuel, Gen


V. nota XX.
Recebe apelo de Lavalleja no sentido de coadjuvá-lo em seus planos de formação
de união do Uruguai com o Rio Grande do Sul e ampliação do novo estado com
Corrientes e Entre Ríos, 43.

RINCÓN DE LAS GALLINAS, Ur


Aí desembarca Flores (18 de abril de 1863), iniciando a invasão do Uruguai, 105.

RIO APA
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.
Mandado reconhecer a foz do Miranda e perseguir embarcações brasileiras, 230.

RIO BLANCO, Vapor


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso (1864), 221.

RIO BRANCO, Barão do, José Maria da Silva Paranhos, 2o


Espírito elevado na questão do condomínio de águas com o Uruguai, 58.
Transc. de trecho de sua biografia de José Maria da Silva Paranhos, Visconde do
Rio Branco, publicada na Revista Americana, v. XIV sobre a crise política uruguaia
de 1853, 73-74, 262; idem, ano VI, 252-253.
426 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Transc. de trecho a respeito do incidente de Fecho dos Morros, 88-89.


Cit. 146.
Ref. e transc. 157, 266, 268, 270, 225, 270, 227, 271, 228, 271, 271-272, 272, 272, 273,
273, 273, 273, 274, 243, 252 e 253.

RIO BRANCO, Visconde do


V. Paranhos, José Maria da Silva.

RIO GRANDE, Loc., RS


Instruções do Min G (21 de julho de 1864) em que chama a atenção do Presidente
da Província para a posição da localidade em relação à fronteira do Chuí, 135-136.
Papel no suprimento das forças da fronteira, 145.

RIO GRANDE, Loc., MT


Destacamento, 223.
Ref. 226.

RIO GRANDE DO SUL, Prov., Br


Ref. diversas à República de Piratini, 30-31.
Reações dos acontecimentos da República Oriental e da Argentina, e vice-versa, 42-47.
Lavalleja procura atraí-lo para a formação de um estado com o Uruguai, Entre
Ríos e Corrientes, 43.
Recomendação do Governo imperial ao da Província, no sentido de que seja mantida
a neutralidade do Brasil em face da revolução de Flores (segundo o relatório do
Marquês de Abrantes), 115-116.
Reforço das forças estacionadas na sua fronteira com o Uruguai, 118.
Notícia sobre essas forças (agosto de 1864), 134-135.
Instruções do Governo imperial (21 de julho de 1864) às forças estacionadas na
fronteira com o Uruguai, sobre represálias, 135-136.
Sugestões de Saraiva (7 de setembro de 1864) ao Presidente da Província sobre
represálias, 139-141.
Situação militar em 1862-1864, 141-146.
Sua fronteira muito agitada (1864-1865), 161.
Ref. aos seus politiqueiros e caudilhos, por Herrera (instruções a Sagastume, 1o de
maio de 1864), 195.
Defesa e situação social, segundo Sagastume (28 de outubro de 1864), 210-211.
Erro estratégico de López quando de sua invasão, 220.
ÍNDICE ANALÍTICO 427

Incursão de Basílio Muñoz (1865), 245-246.


Ref. 275.

RIO NEGRO, Loc., MT


Ref. 234.

RIO DA PRATA
Ref. 168, 168, 171, 171, 172, 173, 177, 179, 180, 184, 189, 191, 192, 194, 200, 201, 206,
208, 214 e 215.

RIVADAVIA, Bernardino
Eleito Presidente das Províncias Unidas, 26.
Apresenta a lei de capitalização de Buenos Aires e outras referências, 26.
Renuncia à cadeira presidencial; anulação de atos seus, 27.

RIVERA, Fructuoso, Gen


V. nota XXI.
Ambição política; rivalidade com Lavalleja; escolhido presidente constitucional
do Uruguai; bate a Lavalleja (julho de 1832) e outras referências, 21-22.
Rebela-se contra Oribe (1836); é batido em Carpintería e asila-se no Brasil; renova
a tentativa e avança até o Arapey; bate a Oribe em Yucutujá; é vencido em Duramo;
ataca Paysandu; surge em frente a Montevidéu, mas recua e derrota Oribe em
Palomar, ficando senhor da campanha, 22-23.
Concerta com os franceses a tomada de Martín Garcia e a consegue, 23.
Convoca eleições, é escolhido Presidente do Uruguai, declara guerra a Rosas,
compromete-se para essa empresa com o governo de Corrientes; transc. de sua
declaração de guerra; aproxima-se do Rio Uruguai para operar contra Berón de
Astrada, 23-24.
Berón de Astrada, seu aliado, é derrotado em Pago Largo, antes que possa entrar
francamente em ação em seu auxílio; razões que o levaram à guerra contra Rosas, 24.
Rosas, seu inimigo, porque dispensa proteção a Lavalle e outros emigrados, 29-30.
Rebelião contra Oribe, projeta aliança, 31-32.
Novas ref. à sua aliança com Berón de Astrada; é derrotado em Arroyo Grande
por Oribe, 34.
Segunda presidência, 34-36.
Derrota Echagüe em Cagancha; concentra forças na margem direita do Uruguai,
entre Concordia e Paysandu, avança contra os rosistas, mas é derrotado em Arroyo
428 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Grande, retornando ao Uruguai por Salto, 35.


Término de seu mandato, 36.
Inquieta forças de Oribe, é desbaratado por Urquiza em India Muerta, refugia-se em
território brasileiro; regressa, volta a operar, é batido em Cerro das Animas, 36-37.
É desterrado pelo Governo de Montevidéu, 37.
Reclama contra atitude do Governo do Rio Grande pelo seu suposto apoio a
Lavalleja; muda de atitude uma vez ali emigrado, acerca-se dos Farrapos, procura
aproveitar-se do seu apoio na luta contra Rosas; obtém auxílio dos revolucioná-
rios rio-grandenses, 44-45.
Perde o domínio da campanha; reúne novos elementos e desenvolve esforços
desesperados contra os rosistas; refugia-se no Brasil, fiado na solidariedade dos
Farrapos, 46.
Apresenta-se como mediador na luta farroupilha, é cortesmente repelido por Caxias,
por escrito, e, verbalmente, por intermédio de Osorio, 46-47.
Preocupações políticas, 61.
Francia fica surdo ao apelo que lhe faz quando luta contra Oribe, 65.
Faz parte do triunvirato que sucedeu a Giró no governo (1853) e falece cerca de dois
meses depois, 71-72.

RIVERA, Departamento de, Ur


Ref. 265.

ROBLES, Venceslau, Cel


Chefe do EM do Exército paraguaio, prepara em Humaitá o estacionamento das
forças que evacuaram Passo da Pátria, quando da ida ao Prata da Missão Pedro
de Oliveira, 92.

RODEO DEL MEDIO, Arg


Ref. 33.

ROHAN, Henrique de Beaurepaire, Gen, Visconde de Beaurepaire Rohan


V. nota LXXV.
Instruções ao Gen J. P. Mena Barreto para que se apodere de Paysandu, Salto e Cerro
Largo, e atitude a manter no Uruguai (ofício de 26 de setembro de 1864), 148-149.
Informação ao Ministério de Estrangeiros sobre o comando no Uruguai (ofício
de 7 de setembro de 1864), 258-259.
Oficia ao Gen J. P. Mena Barreto sobre o mesmo assunto (7 de setembro de 1864), 259.
ÍNDICE ANALÍTICO 429

ROJAS, Blas, Cap Ex Par


Ação em Mato Grosso, 235 e 237.

RONDEAU, José
Escolhido governador provisório do Uruguai, 21.

ROSARIO, Loc., Arg


Escolhida para porto da Confederação Argentina, durante a secessão de Buenos
Aires; situação desfavorável em relação a Buenos Aires, 81-82.
Mitre avança até aí, após a Batalha de Pavón, 87.

ROSÁRIO, Patacho
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.

ROSAS, Juan Manuel de, Gen


Impossibilitado de auxiliar a Oribe e outros chefes, 23.
Razões da guerra que lhe move Rivera e outras referências, 24.
Comandante geral da campanha; derrotado, juntamente com Dorrego, em
Navarro, por Lavalle, 27.
Juntamente com Estanislau Lópes, derrota a Lavalle em Puente de Márquez, 27.
Ascensão ao poder (1829); faculdades extraordinárias; novas eleições; não aceita a
investidura; expedição contra os índios, conquista o apelido de Herói do Deserto;
eleito novamente Governador de Buenos Aires; dotado de toda a soma do poder
público (1835); ação política, 27-28.
Juízo sobre seu governo, 28-29.
Reações à sua tirania, animosidade contra o Uruguai; atitude do Brasil, 29-30.
Tratado de paz com a França; organiza esquadra para bloquear Montevidéu e
entrega seu comando a Brown, 32.
Reações militares sofridas (1838-1847), 32-34.
Decide aniquilar Rivera e envia Urquiza contra ele, 37.
Fastígio de seu poder; ideia de reconstituir o Vice-Reinado do Rio da Prata, 37.
Humilha o Brasil com o tratado de 24 de março de 1843, 39.
Sua esquadrilha apresenta-se em Montevidéu para bombardeá-la, 39.
Protesta contra atitude do Brasil em relação ao Governo de Montevidéu, 39.
Não aceita propostas da França e da Inglaterra para obtenção da paz no Prata e não
dá resposta aos seus representantes, 39-40.
Destruído seu obstáculo à navegação do Paraná em Vuelta de Obligado, 40.
430 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Samuel Hood, seu amigo, é mandado ao Prata como interventor; marcha dos
negócios no Prata, 40-41.
Obriga a Oribe a recuar nos ajustes feitos com a França e a Inglaterra (1848); combina
com esta um tratado (1849) equivalente à sua vitória no Prata; ajusta um outro
com a França, 41-42.
Não tendo sido ratificado o ajuste com a França, reata as negociações com o Alte
Le-Predour, também sem resultado, 42.
Rivera busca apoio do Rio Grande do Sul para investir contra si (1841), 44.
Como é visto por Bento Gonçalves, 45.
Oribe invade o Uruguai à frente de tropas suas e executa planos seus; o Império vê
em si um auxiliar inestimável para apagar o incêndio que lavra no Rio Grande do
Sul; atitude ante o Brasil (1843); tratado com este, que não ratifica quando vê afastado
o perigo de intervenção estrangeira e a Oribe sitiando Montevidéu, 45-46.
O Brasil declara ao seu representante do Rio de Janeiro (nota de abril de 1847)
que não reconhece Oribe como Presidente do Uruguai, só acatando o Governo de
Montevidéu, e que não continuará em neutralidade inativa, 48.
Ordena ao seu representante no Rio de Janeiro, Gen Guido, que reclame do Gover-
no imperial sua parcialidade no Prata, tolerando que os rio-grandeses, em com-
binação com os unitários, hostilizem e façam guerra contra os governos aliados
do Prata; não recebendo a resposta que desejava, ordena ao Gen Guido que peça
os passaportes e se retire; recusa-se a receber seu representante; juízo deste a seu
respeito, 50.
Golpe mortal no seu prestígio com a declaração de Urquiza e a de Virasoro (abril e
maio de 1851); forma-se coligação do Brasil, Uruguai e Entre Ríos contra seu aliado
Oribe (29 de maio de 1851), 50-51.
Ira contra o Brasil e manifestações contra este e Urquiza, 54.
Derrota (1852), partida para o exílio e morte, 56 e 262.
Juízo sobre sua tirania, 57-58.
Operações do 7o exército libertador formado contra si, 66-67.
Lança Urquiza contra esse exército, 66.
Ante proposta de aliança feita por C. A. López, recebe autorização da Assembleia
para reincorporar o Paraguai à Confederação Argentina; consequências políticas
desse ato de força, 69-70.
C. A. López aplaude a guerra que lhe movem Entre Ríos, o Uruguai e o Brasil, 71.
Problema da organização política argentina ressurgido com sua queda, 80.
Buenos Aires perde sua supremacia depois de sua queda, 80.
Relações com o Brasil, a propósito do incidente de Fecho dos Morros, 87 e 88.
ÍNDICE ANALÍTICO 431

Seu despotismo mergulha no esquecimento, 102.


Ref. 30, 40, 57, 60, 62, 63, 102 e 271.

ROSAS, Prudencio
Derrota exército antirrosista em Chascomús, 33.

RUFINO, Pedro José, Cap


V. nota CVI.
Ação durante a invasão paraguaia de Mato Grosso, 236 e 237.

SAA, Juan, Cel


V. nota LXXIX.
Nomeado interventor na Província de San Juan, depois do assassinato de Virasoro, 86.
Vitória na Batalha de Pocito sobre os que se recusam a entregar-lhe o poder; faz
prisioneiro o Dr Aberastain, governador recalcitrante, o qual é fuzilado no dia
seguinte ao encontro, 86.
Utilizados seus serviços pelo governo de Aguirre, que lhe confia o comando das
forças de Montevidéu e Canelones, 147.
Comanda o exército do governo de Montevidéu na sua retirada para o sul do Rio
Negro, 152.
Apelido; crueldades nas províncias andinas, 152.
Sabe-se em Paysandu que havia passado o Rio Negro e vinha em socorro da praça;
Flores e Tamandaré resolvem levantar o sítio e marchar contra si, 153.
Flores é informado de que havia repassado o Rio Negro, 153.
Ref. à sua derrota e possível missão, 266.
Busca de informes sobre seus movimentos (janeiro de 1865), 159.

SAGASTUME, José Vásquez, Dr


O Conselheiro Saraiva rebate (1894) acusações injustas que articulou e diz que foi
ao Paraguai em 1864, como enviado de Aguirre, intrigar o Brasil com López e con-
vencê-lo da existência de um tratado secreto do Império com a Confederação, 264.
Enviado ao Paraguai como representante do Uruguai (1864); instruções de Herrera
(1o de maio de 1864), 194-195.
Atuação a respeito do incidente do Paraguai, 195.
Pede a mediação do Paraguai na questão entre o Uruguai e o Brasil e apreciação a
respeito desse passo; resposta de Berges, 195-196.
Instruções de Herrera no sentido de sustar a intervenção do Paraguai, 197.
432 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Comunicação de Herrera a respeito da Missão Las Carreras, 197-198.


Entrega a Berges cópia de ultimato de Saraiva, 202.
Ofício de Berges (30 de agosto de 1864), 205-208.
Teria sugerido a López o aprisionamento do Marquês de Olinda, segundo Cen-
turión, 218.
Defende-se dessa acusação e resposta que lhe deu Saraiva, 268-269.

SALDAÑA, Atanagildo, Comandante


Dirige, com Frederico Varas, grupo de rebeldes que desembarca em Fray Bentos
(agosto de 1863), o que dá origem a novo incidente entre o Uruguai e a Argentina,
109-110.
Ref. à cooperação obtida na Argentina para a sua expedição ao Uruguai (nota de
Berges a Elizalde, de 20 de outubro de 1863), 179.

SALOBRA, Loc., MT
Ref. 238 e 239.

SALSIPUEDES, Arroio, Ur
Ref. 266.

SALTO, Loc., Ur
V. também ataque a...
Vantagem de haver aí navios de guerra brasileiros (em oficio de Saraiva a
Tamandaré, agosto de 1864), 133-134.
Instruções do Min M a Tamandaré (1864) para fazer estacionar aí as canhoneiras
que forem necessárias para proteger os brasileiros e apoiar ação das forças da
fronteira, 136-137.
Um dos centros capitais da resistência de Aguirre e vigilância que exerce a esqua-
dra de Tamandaré, 139.
Sugestão de Saraiva (7 de setembro de 1864) ao Presidente do Rio Grande do Sul
para que o Exército Brasileiro expulse da localidade as forças do Governo de
Montevidéu que aí se encontram; informações sobre a praça e necessidades para
o ataque, 139-140.
Outras informações de Saraiva sobre o mesmo ataque, 141.
Saraiva quer o ataque à localidade, 141.
O Governo imperial aprova instruções de Saraiva para que seja ocupada por
forças brasileiras, 147.
ÍNDICE ANALÍTICO 433

O Min G em instruções (20 de setembro de 1864) ao Gen J. P. Mena Barreto determina


a este que se apodere da localidade, 148-149.
Tamandaré anuncia (26 de outubro de 1864) que vai bloqueá-la, 151.
Ataque combinado de Flores e Tamandaré (outubro a novembro de 1864), 151-152.
Não resistirá ofensiva do Brasil e previsões para a retirada da guarnição, conforme
Sagastume em nota a Berges (28 de outubro de 1864), 212-213.
Ref. 265 e 258.

SALTO, Vapor mercante argentino


Detido pelo Villa del Salto sob a alegação de que conduz armas para os rebeldes de
Flores, o que dá causa a incidente entre a Argentina e o Uruguai, 108-109.
Ref. 169, 170, 177 e 205.

SALTO GRANDE, Rio Paraná


Ref. 69 e 88.

SALTO DEL GUAIRÁ


Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.

SALVATILHA
Suas forças rebeldes são desarmadas e internadas por ordem de Canabarro, declara
Saraiva em nota a Herrera, 121.

SAMPAIO, Antônio de, Cel


V. nota LXXIII.
Comanda a 3a Bda I, 1a DI, Exército do Sul, 145.
Comanda sua Bda no ataque a Paysandu (31 de dezembro-1o de janeiro de 1865),
154-155.
Comanda a 5a Bda, que entrou no dia 22 de fevereiro de1865 em Montevidéu, 297.

SAMPERE, Antonio Cuyás y


Representante de Entre Ríos, firma com o representante do Brasil e o do Uruguai
convênio para pacificar a República do Uruguai, 51.

SANCHEZ, Francisco
Ministro de estrangeiros do Paraguai, firma convenção com o Ministro inglês
Thornton (1862) restabelecendo relações com a Inglaterra, 263.
434 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

SAN FRANCISCO, Paysandu, Ur


Ref. 154.

SAN FRUCTUOSO, Ur
Ref. 265.

SANGRADOURO GRANDE, Loc., MT


Destacamento, 223.

SAN JOSÉ, Departamento, Ur


Ref. 107.

SAN JOSÉ DE FLORES


Ref. 82-83.

SAN JUAN, Província de, Ur


Virasoro, seu governador, é assassinado; o governo nacional nomeia o Cel Juan
Saa interventor na província; os detentores do poder não querem entregá-lo, 86.
Trava-se a Batalha de Pocito em que Saa fica vitorioso e aprisiona o Dr. Aberastain,
governador recalcitrante, que é fuzilado no dia seguinte por ordem do Cel Clavero;
consequências, 86.

SAN MARTIN, José Francisco de


Ref. 57.

SAN NICOLÁS, Loc., Arg


Ref. 80.

SANTA FÉ, Prov., Arg


Ref. 27, 29, 34, 55, 81, 87 e 112.

SANTA INÊS, Loc., MT


Destacamento (1864), 223.

SANTA LUCÍA, Rio, Ur


Em sua barra acha-se a corveta Recife, tendo a seu bordo o Alte Tamandaré, quando
do convênio de 20 de outubro de 1864 com Flores, 149.
Acha-se previsto (15 de janeiro de 1865) o transporte da Inf, Art e bagagem do
ÍNDICE ANALÍTICO 435

Exército do Sul para a sua margem, 158.


Em 17 de janeiro de 1865, o Gen J. P. Mena Barreto parte para a sua barra, 159.
A Esquadra desembarca a Inf do Exército do Sul em suas costas, para onde
Osorio também se encaminha, 159.
Ref. 107, 160 e 248.

SANTA LUZIA, Loc., MT


Ref. 233.

SANTA ROSA
Ligações por aí das forças terrestres brasileiras com a Esquadra (instruções de
Saraiva ao Presidente do Rio Grande do Sul, ofício de 7 de setembro de 1864), 140.

SANTANA DO LIVRAMENTO, Loc., RS


Instruções do Min G (21 de julho de 1864) sobre a guarda da fronteira e represá-
lias, 135-136.
Unidades aí estacionadas em julho de 1864, 144.

SANTANA DO PARANAÍBA, Loc., MT


Destacamento (1864), 223.
Ref. 226, 239 e 240.

SANTO ANTÔNIO, Rio, MT


Ref. 237.

SANTO ANTÔNIO DO PARAÍSO, Loc., MT


Ref. 233.

SANTOS, Antônio Pedro dos, Cap Ref


Diretor do Núcleo Colonial do Taquari, quando da invasão paraguaia, 240.

SAO BENTO, Loc., MT


Exploração pelos paraguaios até aí, 232.
Ref. 233.

SÃO FÉLIX, Baía de, MT


Ref. 242.
436 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

SÃO GABRIEL, Barão de


V. Barreto, João Propício Mena.

SÃO LOURENÇO, Loc., MT


Destacamento (1864), 223.
Ref. 226 e 233.

SÃO LOURENÇO, Rio, MT


Ref. 231, 231, 232 e 242.

SÃO LUÍS, Arroio


Ref. 265.

SÃO PAULO, Br
Ref. 244.

SÃO PEDRO DO RIO GRANDE DO SUL, Província


V. Rio Grande do Sul.

SARAIVA, José Antônio, Conselheiro


Escolhido pelo governo para ir ao Uruguai em missão especial; partida do Rio (27
de abril de 1864); apresenta credenciais; trecho de discurso de Aguirre nessa ocasião;
nota de Herrera a respeito da presença do Exército Brasileiro na fronteira; início de
suas gestões (18 de maio de 1864) em extensa nota, 117-119.
Réplica de Herrera, 119-121.
Resposta a Herrera (4 de junho), 121-125.
Conversações com Elizalde e Thornton; reunião juntamente com estes e Herrera,
durante a qual assentam medidas preliminares para a pacificação do Uruguai, 125-126.
Entrevista com Aguirre; discussões, 126-127.
Visita de Aguirre (23 de junho de 1863), 127.
Protesta ante o modo pelo qual o governo de Aguirre se propõe a cumprir o acordo
de paz, 128-129.
Oficia a Herrera comunicando haver cessado a mediação; embarca para Buenos
Aires; contato aí com Mitre (11 de julho), rebate, posteriormente (1894), acusações
de Sagastume; vê-se novamente em face do intricado problema que lhe cumpria
resolver, 129-130 e 264.
Correspondência com o Ministro de Estrangeiros do Brasil (7, 13, 21 e 26 de julho
de 1864), 131-132 e 264.
ÍNDICE ANALÍTICO 437

Ultimato ao Governo de Montevidéu (6 de agosto de 1864), 159.


Deixa Montevidéu; oficia a Tamandaré sobre represálias, 133-134.
Permuta de ideias com o Governo de Buenos Aires (22 de agosto de 1864), 134.
Regressa para o Brasil; ofício ao Presidente do Rio Grande do Sul (7 de setembro
de 1864), contendo sugestões sobre represálias, 139-141.
O Governo brasileiro aprova as instruções que deu sobre represálias contra
Paysandu, Salto e Cerro Largo (ofício de 27 de setembro de 1864 do Ministro de
Estrangeiros a Tamandaré), 147-148.
Flores declara a Tamandaré (20 de outubro de 1864) que atenderá às reclamações
formuladas por Saraiva, 149.
Resposta a Berges (24 de junho de 1864) relativa à participação feita sobre aceita-
ção de pedido do Uruguai para que o Paraguai atue como mediador na questão
entre o Brasil e o Uruguai, 196.
Polêmica com Sagastume, em 1894, 268-269.
Ref. 135, 139, 141, 147, 194, 197, 202, 203, 252, 256, 257, 258 e 259.

SARMIENTO, Domingo Faustino


Obrigado a exilar-se, 29.
Depoimento sobre atitude do Uruguai para com os brasileiros durante a campa-
nha do Uruguai (1851), em transe de suas Obras, 53-54 e 261.
Depoimento sobre o desfile dos vencedores de Caseros em Buenos Aires, em
transc. de suas Obras, 56 e 262.
Oposição a Rosas, 62.

SAUCE GRANDE
Ref. 33.

SCHNEIDER, L
Cit. 272 e 230.
Ref. 266, 178 e 253.

SCHUBRICK, William, Comodoro


Comanda a esquadra americana enviada ao Paraguai, a fim de exigir satisfação pelos
desaires infligidos ao navio de guerra Water Witch, 84.

SEMANÁRIO
Cit. 229, 273, 275, 284 e 243.
Ref. 102.
438 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

SILVA, F. Bueno da, Alf


V. nota LVII.
Comanda pequeno destacamento que se retira de Fecho dos Morros, ante o
ataque paraguaio (1850), 88.

SILVA, Fidélis de Abreu e, Ten-Cel


Comanda o 6o Corpo Provisório de Guardas Nacionais, integrante da 3a Bda C,
2a DI, Exército do Sul, 146.

SILVA, Fidélis Pais da, Cel


Comandando um grupo de brasileiros, opera em proveito de Flores no Departamen-
to de Tacuarembó, 107.
Mencionado por Saraiva (ofício de 7 de setembro de 1864 ao Presidente do Rio
Grande do Sul), como não podendo deixar de auxiliar as forças brasileiras que se
dirigem contra Cerro Largo, 140.

SILVA, José Antônio Dias da, Ten-Cel


V. nota CIV.
Chamado a Corumbá pelo Comandante das Armas (2o semestre de 1864), 226.
Partes de combate, 234, 273.
Operações, 235-237.
Resposta dada a Resquín, 236.
Trecho de parte de combate, 237 e 273.
Retirada, 237-239.
Ref. 235 e 235.

SILVA Júnior, José Ferreira da, Ten-Cel


V. nota LXXIII.
Comanda o 2o RC integrante do Exército do Sul, 145.

SILVEIRA, Brígido, Cel


Chefe político de Minas (Ur.), põe-se à frente de coluna rebelde que se encaminha para
Montevidéu em uma tentativa para derrubar o governo Pereira, 79.

SILVEIRA, João Antônio da, Gen


Assina, em Porongos (13 de novembro de 1844), com outros, documento credenciando
o Major Fontoura para entendimento com o Governo imperial, 47.
ÍNDICE ANALÍTICO 439

SINIMBU, João Lins Vieira Cansanção de, Visconde de Sinimbu.


V. Nota XVII.
Enviado pelo Brasil a Montevidéu, a fim de trocar ideias sobre tratado de aliança
com o governo sitiado, 39.
Declarações em 1860 a respeito de assassinato de súditos brasileiros, assaltos a
propriedades de brasileiros, violências contra súditos do Império no Estado Ori-
ental e passagem de orientais para dentro do nosso território, 114-115.

SÍTIO DE MONTEVIDÉU (1843-1851)


Resistência heroica de Montevidéu durante o sítio, 36-38.
Ref. 36 e 46.

SÍTIO DE PAYSANDU
Posto pelo Gen Flores, pouco depois é levantado (janeiro de 1863), 107.

SOUSA (Povo de) Loc., MT


Ref. 243.

SOUSA, Irineu Evangelista de, Barão e Visconde de Mauá


Intermediário de um empréstimo mensal do Brasil ao Governo de Montevidéu
(1850), 50.
Toma a iniciativa de intervir com o fim de estabelecer a harmonia entre Flores e o
Governo de Berro, e negociações, 106.

SOUSA, Luciano Pereira de, 2o Ten


Comanda grupo de praças do 2o Btl Art a Pé, na retirada para o norte (1865), 233 e 272.

SOUSA, Manuel Marques de, Barão de Porto Alegre


V. nota XXXII.
Comandante da 1a Divisão do Exército de Caxias, é sua unidade designada para repre-
sentar o Brasil na campanha contra Rosas; transporte de sua tropa para Diamante, 55.
Sua divisão desfila em Buenos Aires; regresso e proclamação que dirige Urquiza à sua
tropa (24 de fevereiro de 1852), 56-57.

SOUSA, Paulino José Soares de


Anuncia ao representante do Uruguai que o Brasil defenderá o Governo de Monte-
vidéu, 50.
Pronunciamento sobre tratados do Brasil com o Uruguai (1851), 59.
440 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

SOUTHERN, Henry
Ministro especial enviado pela Inglaterra ao Prata, a fim de servir de mediador
entre os rosistas e o Governo de Montevidéu, combina com Rosas um tratado (24
de novembro de 1849), ratificado pela Inglaterra, mas repelido pelos sitiados, 41-42.

SUÁREZ, Goyo, Cel


O Cel Belo entrega-lhe o Gen Leandro Gómez aprisionado quando da conquista
de Paysandu, 155.
Havendo sido Gómez fuzilado, criou-se um penoso caso militar e diplomático,
156-156.
Ódio que votava a Leandro Gómez, outras informações, 156.

SUÁREZ, Joaquín
Como Presidente do Senado, dirige um apelo ao povo para a salvação do Uruguai, 35.
Fica desempenhando as funções de Presidente do Uruguai, ao término do mandado
de Rivera (1o de março de 1831), 36.
Passa o poder supremo do Uruguai ao Presidente do Senado (Berro), 60.

TABOCO, Loc., MT
Ref. 239.

TACUAREMBÓ, Departamento, Ur
Ref. 265 e 154.

TACUARÍ, Vapor
Conduz F. S. López quando este vem servir de mediador entre a Confederação e
Buenos Aires; incidente com navios ingleses, 82, 262-263.
Conduz Urquiza de volta do Paraguai, quando ali fora como mediador entre esse
país e os Estados Unidos, 85.
Ordem de movimento e outras referências, 185 e 267.
Papel no aprisionamento do Marquês de Olinda, 218-219.
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.
Reforça o Yporá e o Apa, 230.
Está no porto de Dourados, 232.

TAJES, Francisco, Cel


V. nota XLIX.
Está entre os prisioneiros de Quinteros; é fuzilado, 79.
ÍNDICE ANALÍTICO 441

TAMANDARÉ, Alte, Francisco Marques Lisboa, Barão, Visconde e Marquês de


V. nota LXVII.
Conveniência de que tome logo posição no Uruguai (junho de 1864), 132.
Ofício de Saraiva sobre a vantagem de haver navios de guerra brasileiros em Salto,
Paysandu e Colônia; finalidade disso, 133.
Instruções do Min M sobre sua ação no Prata (21 de julho de 1864) e seu teor,
136-137.
Início de cumprimento da missão; instruções (22 de agosto de 1864) ao CMG
Pereira Pinto, 137-138.
Instruções do governo (21 de setembro de 1864), 147-148.
Vê em Flores um auxiliar inestimável para o bom êxito de sua missão e firma com
ele o pacto de 20 de outubro de 1864; correspondência a respeito com Flores; juízo
de Paranhos, 149-150.
Comunicação aos representantes estrangeiros em Montevidéu sobre represálias
e bloqueio, 150-151.
Operações conjuntas com Flores contra Salto e Paysandu, 151-153.
Contato com J. P. Mena Barreto e novo plano de ataque a Paysandu, 154.
Segundo ataque a essa praça (dezembro de 1864-janeiro de 1865), 154-157.
Recusa pedido para interrupção do ataque, 155.
Atitude quanto ao fuzilamento de Leandro Gómez, 155-156.
Combinação sobre avanço contra Montevidéu, 158-159.
Bloqueia Montevidéu, 159.
Tem a direção das operações no Prata depois do ultimato de Saraiva, 159.
Nota de Barbolani e resposta, 248.
Notificação do bloqueio de Montevidéu (2 de fevereiro de 1865), 248-249.
Está no acampamento do Exército Brasileiro (16 de fevereiro de 1864), 250.
Incidente com Paranhos, 251-253.
Julgamento de sua ação no Uruguai; oficio do Min M (3 de março de 1865), 258-259.
Ref. 134, 135, 225 e 258.

TAMANDARÉ, Loc, MT
V. nota CI.,

TAMANDUÁ, Loc., MT
V. nota CI.
Ref. 233 e 299.
442 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

TAQUARI, Loc., MT
Destacamento (1864), 224.
Ref. 226.

TAQUARI, Rio, MT
Ref. 233 e 243.

TAUNAY, Alfredo d’Escragnolle, Visconde de


Ref. à sua obra Retirada da Laguna, 14.
Cit., 239-240, 274, 243 e 275.

TERENOS, Indios, MT
Ref. 274 e 240.

THOMPSON, George
Cit. 204, 218-219, 269-270, 221.
Transc. 220, 221 e 229.

THORNTON, Edward
Enviado da Inglaterra em missão especial ao Paraguai, assina com esse país (14 de
setembro de 1862) convenção restabelecendo relações entre os dois países, 82 e 263.
Como representante da Inglaterra na Argentina, oferece seus bons ofícios para
restabelecer a harmonia entre a Argentina e o Uruguai, o que é aceito, mas nada
consegue (dezembro de 1863-janeiro de 1864), 113-114.
Novos esforços nesse sentido (junho de 1864), vai a Montevidéu, juntamente com
Elizalde, acercam-se de Saraiva, reúnem-se os três e Lapido em casa de Herrera,
125-126.
Está, juntamente com Elizalde, em companhia de Saraiva quando este recebe a
visita de Aguirre, 127-128.
Regressa a Buenos Aires (7 de julho de 1864), malograda a tentativa de pacificação, 129.
Ref. 130, 134, 184, 187 e 196.

TIBAGI
Integra a esquadra da Missão Pedro de Oliveira, 92.

TONELERO, Loc., Rio Paraná, Arg


V. Passagem de...
Ref. 55.
ÍNDICE ANALÍTICO 443

TONELERO
V. nota LXI.
Integra a esquadra da Missão Pedro de Oliveira, 92.

TORRES, Lorenzo, Dr
Mitre já pensara em confiar-lhe missão confidencial junto a López (declaração de
Mitre a este, 15 de dezembro de 1863), 181-182.
Explicações dadas a Mitre, 184.

TRANQUERA DE LORETO
Ref. no tratado de limites proposto por Gelly ao Brasil, 69.

TRANSPOSIÇÃO DO RIO PARANÁ


Ref. 12 e 55.

TRANSPOSIÇÃO DO RIO NEGRO (1863), PELAS FORÇAS DE FLORES


Ref. 106 e 107.

TRANSPOSIÇÃO DO RIO URUGUAI PELAS FORÇAS DE URQUIZA


Em três pontos, 52.

TRATADO
V. também convenção, convênio e pacto.

TRATADO DE ALIANÇA DO BRASIL COMO URUGUAI (12 de outubro de 1851)


V. nota XXXIV.
Não é olvidado nele o Paraguai, 70.
Giró solicita o apoio previsto, seus artigos 5o, 6o e 7o; representantes brasileiros
que o firmaram, 72, 262.
Ref. 74 e 191.

TRATADO DE ALIANÇA DO BRASIL COM O GOVERNO DE MONTEVIDÉU (Projeto)


Ref. 39.

TRATADO DE ALIANÇA, COMÉRCIO E LIMITES ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI


(17 de outubro de 1844)
Firmado, mas não ratificado pelo Imperador; alguns dos seus termos; declarações
do Visconde do Rio Branco a respeito, 68.
Ref. 88.
444 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

TRATADO DE ALIANÇA DEFENSIVA ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI (25 de


dezembro de 1850)
Resumo, 70.
Instruções do Ministro Bellegarde para celebrá-lo, 89-90.
Ref. 90.

TRATADO DE ALIANÇA OFENSIVA E DEFENSIVA DE CORRIENTES COM O PARAGUAI


Ref. 37 e 66.

TRATADO DE ALIANÇA OFENSIVA E DEFENSIVA ENTRE CORRIENTES E O URU-


GUAI, CONTRA ROSAS (1838)
Ref. diversas, 24 e 261.

TRATADO DE ALIANÇA ENTRE O PARAGUAI E O URUGUAI (Proposta de)


De Herrera, em instruções a Lapido (3 de março de 1863), 167-168.
Ref. 205.

TRATADO DE AMIZADE, COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO ENTRE A ARGENTINA E O


BRASIL (7 de março de 1856)
V. nota LIII.
Ratificação; informações diversas, 85-86.
Ref. 191 e 193, 263.

TRATADO DE AMIZADE, COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO ENTRE O BRASIL E O


PARAGUAI (27 de abril de 1855)
Assinatura, convenção adicional; não ratificado pelo Imperador, 95-96.
Razões dadas por Paranhos (8 de julho de 1855) para a sua não ratificação pelo
Brasil, 96.

TRATADO DE AMIZADE, NAVEGAÇÃO E COMÉRCIO ENTRE O BRASIL E O


PARAGUAI (6 de abril de 1856)
V. nota LXIV.
Problemas que resolveu; cumprimento por parte do Paraguai; outras referências,
96-98.
Convenção sobre a questão de limites, 97.
Convenção, adicional sobre “sua verdadeira inteligência e prática” negociada por
Rio Branco (12 de fevereiro de 1858); ref. diversas, 98-100.
ÍNDICE ANALÍTICO 445

TRATADO ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI (1847)


Proposto pela missão Gelly, resumo, 68-70.
Ref. 88.

TRATADO ENTRE BUENOS AIRES E PARAGUAI


Obtido pela Missão Belgrano-Echevarría, 64.

TRATADO DE LIMITES ENTRE O BRASIL E A ARGENTINA (14 de dezembro de 1857)


Ref. 98.

TRATADO DE LIMITES ENTRE O BRASIL E O PARAGUAI (1855)


Em negociações; limites propostos pela Missão Pedro Ferreira de Oliveira, 93-95.

TRATADO DO BRASIL COM ROSAS (1843)


Negociado por Rosas a fim de expulsar Rivera do Uruguai, mediante o auxílio da
Esquadra e da Marinha do Brasil; ratificado pelo Brasil, mas Rosas negou-se a
fazer o mesmo, quando viu Oribe sitiando Montevidéu e afastado o perigo da
intervenção estrangeira, 45-46.

TRATADO DE PAZ DA FRANÇA COM ROSAS (1840)


Ref. 32 e 35.

TRATADO DO PARAGUAI COM ROSAS (Proposto por C. A. López, e de comércio)


Ref. 37.

TRATADO DE COMÉRCIO E NAVEGAÇÃO ENTRE O PARAGUAI E O URUGUAI


(Projeto, em 1862)
Opinião de Carlos Antonio López a Herrera, 164.

TRATADO ENTRE O URUGUAI (Oribe), A FRANÇA E A ARGENTINA (Rosas)


Resumo, 41-42.
Repelido pelo Governo de Montevidéu e não ratificado pela França, 42.
Nova tentativa, sem resultado, 42.

TRATADO ENTRE A INGLATERRA E ROSAS (1849)


Resumo, 41-42.
Repelido pelo Governo de Montevidéu, 42.
446 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

TRATADO DE SANTO ILDEFONSO (1777)


Ref. 68.

TRATADO SECRETO ENTRE O BRASIL E A ARGENTINA


Sagastume procura convencer F. S. López de sua existência, declara Saraiva em
1894, 264 e 268-269.

TRATADOS DO BRASIL COM O PARAGUAI (1843-1850)


Ref. 68-71, 87-91, 91-96, 96-98 e 98-100.

TRATADO DO BRASIL COM O URUGUAI


V. nota XXXIV.
Não foram impostos e sim livremente aceitos, 58-59.
Anulados pelo Governo de Aguirre (14 de dezembro de 1864), são queimados em
Montevidéu, 157-158.

TRATADO DE S. JOSÉ DE FLORES (10 de julho de 1853)


Ref. 192-193.

TREINTA Y TRES
Participação no incidente do Paraguarí, 267-268, 195.
Ref. 157.

TRES ÁRBOLES, Arroio, Ur


Ref. 265 e 266.

TRÊS BÔCAS, Rio Paraná


A esquadra da Missão Pedro de Oliveira ancora aí, 92 e 93.

TRIUNFO, Barão do
V. Neves, José Joaquim de Andrade, Brig Hon

TUCUMÁN, Loc., Arg


Ref. 25.

UBAJAY, Corrientes
Ref. 34.
ÍNDICE ANALÍTICO 447

ULTIMATO DO BRASIL AO URUGUAI (6 de agosto de 1864)


Ref. diversas 132-136, 139, 159-161, 202, 203 e 258.

UNIÓN, Villa de la, Ur


Oribe aí instala seu governo, 36.
Quartel-general do Gen J. P. Mena Barreto durante o sítio de Montevidéu, 159.
Ref. 250.

UNITARISMO ARGENTINO
Ref. 25 e 80.

UNIVERSIDADE DE CÓRDOBA
Ref. 64.

URBIETA, Martín, Maj Ex Par


Subchefe da expedição terrestre contra MT, 221.
Operações, 234-235 e 239.

URQUIZA, Justo José de, Gen


Decide não atacar a posição de Ubajay e retroceder para sua província; derrota
Madariaga em Vences, 34.
Participa das forças de Echagüe na invasão do Uruguai e que, derrotadas em
Cagancha, retiram-se para Entre Ríos, 35.
Desbarata as forças de Rivera em India Muerta, 37.
O Governo de Montevidéu tenta obter sua cooperação contra Rosas; sente a
necessidade disso, mas hesita ou, talvez, não deseja aliar-se ao Brasil, 48-49.
É trabalhado pelos uruguaios para que se pronuncie contra Rosas; decide-se e
dirige-se aos governadores de províncias dizendo-lhes ser necessário pôr termo à
ditadura rosista; declara ser desejo de Entre Ríos retomar o exercício de faculda-
des atribuídas a Rosas; lança proclamação, verdadeira declaração de guerra a
Rosas (25 de maio de 1851), 50-51.
Forças e operações em 1851; convênio de capitulação com Oribe; atitude para
com o Brasil nessa ocasião; ira de Rosas, 523-54.
Operações na campanha contra Rosas, 55-56.
Operações e Batalha de Caseros; entrada em Buenos Aires, 56.
Proclamação (24 de fevereiro de 1852) dirigida aos brasileiros, 56-57.
Intervém no debate entre o Governo do Brasil e o do Uruguai (1852), 61.
448 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Lançado, por Rosas contra o exército do Gen Paz, obriga a este a retirar-se para o
norte da Província de Corrientes até Ubajay; faz prisioneira a retaguarda sob o
comando de Juan Madariaga; apela para a manobra política, entra em confabulação
com esse chefe; retira-se para o sul e com ele pacta o convênio de Alcaraz, 66-67.
Sob seu governo é reconhecida a independência do Paraguai pela Argentina, 71.
Visto com suspeição por muitos dos unitários que o haviam acompanhado em
sua campanha contra Rosas; ação política em seguida a Caseros; diretor provisó-
rio da Confederação e chefe de todas as suas forças militares pelo acordo de San
Nicolás, 80-81.
Ação militar contra Buenos Aires; promulga a Constituição; eleito Presidente da
Argentina, 81.
Comandando o exército da Confederação, derrota o de Buenos Aires, sob o
comando de Mitre, na Batalha de Cepeda (23 de outubro de 1859); exige a saída
de Alsina; auxílio de C. A. López no sentido de obter a volta de Buenos Aires ao
seio da Confederação, 82.
Razões dessa atitude de C. A. López, 82-85.
Término do seu mandato (1860) e juízo sobre seu governo, 85.
Novo conflito entre Buenos Aires e a Confederação; Batalha de Pavón (1861), na
qual é o comandante das forças da Confederação, 86-87.
Mitre quer anular sua influência em Entre Ríos e Corrientes, declara Carreras, 200.
Atitude em caso de guerra no Prata, segundo Segastume, (nota a Berges, de 28 de
outubro de 1864), 212.
Ref. 38.

URQUIZA, Waldino, Cel


Invade o Uruguai pelo Passo del Hervidero, 107.

URQUIZA Y MITRE, livro de Julio Victorica


Ref. 263, 83.
Transc.84, 263.

URUGUAI
Evolução política (1828-1839), 20-24.
Participação nas reações militares contra Rosas, 32-34.
Segunda presidência de Rivera, 34-36.
Resistência heroica de sua capital, 36-38.
Intervenção europeia em seus negócios, 38-42.
ÍNDICE ANALÍTICO 449

Reações aos acontecimentos do Rio Grande do Sul e vice-versa, 42-47.


Evolução política depois da derrota de Oribe e da queda de Rosas, 60-61; ref. 61-63.
Síntese de sua história (1828-1860), 102-103.
Dificuldades com a Argentina, a quem acusa de parcialidade em favor de Flores,
107-114.
Situação de suas relações com o Brasil (entre 1852 e o início da Missão Saraiva),
114-117.
Tentativas de pacificação (1863-1864), 125-132.
Rompimento com o Brasil (30 de agosto de 1864), 138-139.
Razões pelas quais o governo de Berro e o de Aguirre procuram associar o
Paraguai aos destinos de sua pátria, 161.
Juízo que o seu governo faz (1862) sobre o Brasil e a Argentina, 163.
Relações de caráter político e econômico com o Paraguai, perigos comuns que
ameaçam a integridade dos dois países, meios de conjurá-los; proposta de uma liga
com alguns estados da Confederação Argentina (em instruções de Herrera a Lapi-
do, 3 de março de 1863), 165-169.
Relações com o Paraguai em 1863, segundo Lapido, 170.
Pontos a incluir em um convênio com o Paraguai, segundo Herrera em nota a
Lapido (17 de agosto de 1863), 170.
Seu governo tem motivos sérios para acreditar que a revolução de Flores envolve
a intenção decidida do Governo argentino de atentar contra a independência da
República, diz Herrera em nota a Lapido (1863), 170-171.
Herrera deseja a imediata colaboração material do Paraguai, ocupando a Ilha de
Martín Garcia (resposta a Lapido, de 31 de agosto de 1863), 171-172.
Está disposto a lutar pelas armas para preservar sua independência e quer que o
Paraguai coopere ocupando a Ilha de Martín Garcia (ofício de Herrera a Lapido,
de 31 de agosto de 1863), 172-173.
A Argentina, francamente irritada com o seu procedimento junto a López, resolve
esclarecer a situação, 182.
Nova tentativa junto ao Paraguai para atuarem energicamente no Prata (nota de
Herrera, 13 de janeiro de 1864), 186.
Apelo ao Brasil a respeito da Ilha de Martín Garcia (23 de dezembro de 1863), 191-193.
Novo convite ao Paraguai para entrar em combinação e intervir no Prata (instruções
de Herrera a Sagastume, 1o de maio de 1864), 194-195.
Auxílio pretendido do Paraguai, conforme declaração de Herrera a Sagastume e a
Carreras (julho de 1864), 197-199.
Intriga diplomática com o Paraguai (a partir de agosto de 1864), 205-217.
450 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

Possibilidades em, caso de guerra no Prata, segundo Sagastume (nota de 28 de


outubro de 1864 a Berges), 210-215.
Atitude do Paraguai ante o seu pedido de intervenção no Prata (nota de 28 de
outubro de 1864 de Sagastume a Berges), 215-217.
Acontecimentos político-militares de 1864-65 (desenlace), 245-260.
Ref. 16.

URUGUAI, Rio
Transposto por Urquiza, 52.
Navegação, 85, 98 e 192.
Avanço de Flores paralelamente ao seu curso, 105.
Ref. 69, 195, 214 e 258.

URUGUAIANA, Loc., RS
Ligação por aí das forças terrestres brasileiras com a Esquadra de Tamandaré
(em instruções de Saraiva ao presidente da Província do Rio Grande do Sul, 7 de
setembro de 1864), 140.

UTI POSSIDETIS
Invocado pela Missão Pedro Ferreira de Oliveira ao fazer proposta de limites entre
o Brasil e o Paraguai, 94.
Aceita a sua base por F. S. López e novas referências, 94.
Ref. 103.

VACARIA, Campos de, MT


Ref. 237 e 243.

VALENÇA, José Alves, Cel


Comanda uma das duas Bda C (S-N), integrantes da 2a DI, Exército do Sul, 146.
Chega com sua Bda, em 3 de dezembro de 1864, ao arroio Hospital, 154.
Faz a retaguarda do Exército do Sul em sua marcha pelo território uruguaio, 154.

VALLOVERA, Cap
Ref. 270.

VARAS, Federico
Dirige, com Atanagildo Saldaña, grupo de rebeldes uruguaios que desembarca em
Fray Bentos, o que dá origem a novo incidente entre o Uruguai e a Argentina, 109.
ÍNDICE ANALÍTICO 451

VARELA, Florencio, Dr
Enviado pelo Governo de Montevidéu à Europa (1843), em busca de apoio, porém
nada consegue, 39.

VARGAS, Manuel Pereira, Cel


Cmt da fronteira do Jaguarão, quando da incursão de Muñoz; intimado à rendi-
ção; sua resposta, 246.

VASCONCELOS, Manuel Estêvão de Andrade, Alf


Enviado pelo Gen Albino de Carvalho à Corte com informações a respeito de
providências tomadas em Mato Grosso (1864), 226.

VASCONCELOS, Zacarias de Góis e


Ref. 117.

VÁSQUEZ, Santiago
Como representante de Rivera, assina tratado de aliança ofensiva e defensiva com
Rosas (1838), 261 e 24.

VEIGA, Ferreira da
Dirige apelo (1864) ao Governo do Brasil para que ampare os súditos brasileiros
no Uruguai, 116.

VELAZCO, Governador espanhol do Paraguai


Deposição (1811), 64.

VENCES, Combate de
Ref. 34.
VERA, Félix, Alf ou 2o Ten Ex Par
Comandante da guarnição deixada em Albuquerque (janeiro de 1865), 230.

VERGARA, Félix
Vaqueano do Exército do Sul, 265.

VIAMÃO, Corveta
V. nota LXI.
Integra a esquadra da Missão Pedro de Oliveira, 92.
452 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

VIAMONTE, Juan José


Sucede a Balcarce como governador de Buenos Aires; renuncia, 28.

VICE-REINADO DO RIO DA PRATA


V. também Herrera, F. S. López e Mitre.
Reconstituição, 16, 205.
Ref. 25.

VICTORICA, Julio
Secretário de Luis de la Peña, quando da missão deste ao Paraguai; referência ao
seu livro Urquiza y Mitre e à atitude de López em face de Urquiza, 83 e 263.
Transc. de trecho desse livro, 84 e 263.

VIDA DO GENERAL OSORIO, pelo Dr. Fernando Osorio


V. nota LXXXII.
Transc. de trecho, 46.

VIEIRA, Domingos
Transc. de trecho do seu Dicionário, 238 e 273.

VIEIRA, João Pedro Dias


V. nota CXVI.
Defende o governo (1864) das acusações de abandono dos súditos brasileiros no
Uruguai, 116.
Trecho de seu relatório (1865) a respeito de pretensa violação de tratados no
tocante à Ilha de Martín Garcia, 191-193, 267.
Ofício ao Governo paraguaio (7 de julho de 1864) sobre mediação do Paraguai na
questão entre o Uruguai e o Brasil, 196.
Ofício a Beaurepaire Rohan (7 de setembro de 1864) sobre comando supremo no
Uruguai, 258.

VIENA, Loc., Au
Ref . 67.

VILA MARIA, Loc., MT


Destacamento (1864), 223.
Ref. 226 e 242.
ÍNDICE ANALÍTICO 453

VILA MARIA, Barão de


Traz ao Rio a notícia da invasão de Mato Grosso, 222.

VILLA DEL SALTO, Vapor de guerra uruguaio


Detém o navio argentino Salto, sob a alegação de que conduz armamento para os
rebeldes de Flores, dando origem, assim, a incidente entre a Argentina e o Uruguai,
resolvido pelo protocolo de 29 de junho de 1863, que obriga seu comandante a ser
submetido a julgamento, 108-109.
Intimado a parar pelo Comandante Pereira Pinto (agosto de 1864), não obedece;
é perseguido, dando pretexto para o rompimento do Uruguai com o Brasil (30 de
agosto de 1864), 138.
Repercussão no Paraguai da perseguição movida pelos navios de Pereira Pinto,
208-209.

VILLA DE LA UNIÓN, Loc., Ur


V. Unión, Villa de la

VILLALBA, Tomás
Tido como um dos homens moderados do partido de Aguirre, 128.
Candidato à sucessão de Aguirre pelos partidários da paz, 250.
Eleito Presidente do Senado, assume (15 de fevereiro de 1865) a Presidência da
República, 250.
Parte nas gestões de paz, 250-251.
Suprime a legação oriental no Paraguai e firma o convênio de paz de 20 de feverei-
ro de 1865, 253.

VILLANUEVA
Dissolve-se aí o exército do General Paz, 67.

VILASBOA, Arroio, MT
Ref. 239.

VIRASORO, Benjamin
Dirige-se aos governadores de províncias, contra Rosas, 51
Missão na campanha contra Oribe, 52.

VIRASORO, José Antonio


Assassinado, 86.
454 HISTÓRIA DA GUERRA ENTRE A TRÍPLICE ALIANÇA E O PARAGUAI

VUELTA DE OBLIGADO, Rio Paraná, Arg


Ponto fortificado para impedir a navegação, é reduzido por franceses e ingleses
(1845), 40.

WALESKI, Alexandre Florian Joseph Colonna, Conde


V. nota XIX.
Negociações com os rosistas e o Governo de Montevidéu, 41.

WASHBURN, Charles Ames


Intervenção em favor de Viana de Lima (1864), 219.

WATER WITCH, Navio


Incidente no Paraguai; consequências, 84.

WISNER, Enrique
Transc. de sua obra El Dictador del Paraguai José Gaspar de Francia (Concordia,
1923), 65-66, 262.

WISNER DE MORGENSTERN, Francois, Cel.


Trabalho no Paraguai, 92.

YÍ, Rio, Ur
Os adversários de Rivera dispõem aí de um grupo de forças (1837), 23.

YPORÁ, Vapor
Participação na expedição fluvial contra Mato Grosso, 221.
Mandado em perseguição à embarcação brasileira, 230.
Caça ao Anhambaí, 231-232.
Foi a Corumbá levar a notícia do aprisionamento do Anhambaí, 232 e 272.

YUCUTUJÁ, Ur
Ref. 23.

ZACARIAS, Conselheiro
V. Vasconcelos, Zacarias de Góis e

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