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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA


PORTARIA Nº 1.004 DO DIA 17/08/2017

MATERIAL DIDÁTICO

TEORIA E PRINCÍPIOS DO DIREITO


NOTARIAL E REGISTRAL

0800 283 8380


www.faculdadeunica.com.br
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SUMÁRIO

UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3

UNIDADE 2 – EVOLUÇÃO DO DIREITO NOTARIAL E AS INFLUÊNCIAS DE


PORTUGAL ................................................................................................................ 5

UNIDADE 3 – TERMOS UTILIZADOS EM DIREITO NOTARIAL ............................ 10

UNIDADE 4 – TEORIAS, CONCEITO E NATUREZA JURÍDICA DO DIREITO


NOTARIAL ................................................................................................................ 13

4.1 TEORIAS ............................................................................................................ 13


4.2 CONCEITOS E DEFINIÇÕES ................................................................................... 14
4.3 NATUREZA, BEM E OBJETO JURÍDICO .................................................................... 18

UNIDADE 5 – PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL E REGISTRAL ............... 21

UNIDADE 6 – ATA NOTARIAL ................................................................................ 38

6.1 LAVRATURA ....................................................................................................... 40


6.2 OBJETO ............................................................................................................. 42
6.3 VEDAÇÃO........................................................................................................... 43
6.4 ESPÉCIES DE ATA NOTARIAL ................................................................................ 44
6.5 ATA DE DOCUMENTO ELETRÔNICO ........................................................................ 46
6.6 ATA COMO PROVA NO PROCESSO ......................................................................... 47
6.7 CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS NOTARIAIS ................................................................. 48

UNIDADE 7 – A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE NOTARIAL E SUA RELAÇÃO


COM O NOVO DIVÓRCIO ........................................................................................ 49

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 62

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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UNIDADE 1 – INTRODUÇÃO

Sejam bem-vindos ao módulo que discorre sobre teorias e fundamentos do


Direito Notarial e Registral, base para entendermos esse ramo do Direito que, em
linhas gerais, podemos dizer atua como instrumento de pacificação social.

O registro eficiente de um imóvel é uma das maneiras de tornar eficaz e


seguro os direitos reais imobiliários, além de ser um elemento essencial para
alavancar o crescimento da economia, tanto por isso, é importante que se adotem
regras disciplinares ao direito à propriedade privada imobiliária.

Enquanto podemos definir o Direito Notarial como o conjunto de princípios e


normas que direcionam o serviço prestado somente pelo tabelião de notas na
transladação ou na captação da vontade das partes, formalizando-a juridicamente
ou dando autenticidade de seu conteúdo, tornando, essa vontade, existente, válida,
eficaz e efetiva, o direito registral imobiliário, nos dizeres de MARIA HELENA DINIZ
(2003) consiste num complexo de normas jurídico-positivas e de princípios atinentes
ao registro de imóveis que regulam a organização e o funcionamento das serventias
imobiliárias.

Tanto o Direito Notarial como o Registral são praticados por agentes


públicos que colaboram com a Administração sempre obedientes aos princípios
basilares da administração pública.

Cada vez mais, a função notarial assume posição fundamental dentro da


sociedade, pois esta, no desenvolvimento, cria normas e regras numa espantosa
velocidade, mal entrando uma em vigor, para outra, a curto ou médio prazo, vir a
revogá-la, tornando, pois, necessária a função de um agente contrabalanceador do
Estado para prestar essas informações à Sociedade. Esse dever de informação
resulta da relação da prestação jurídica que dispensa a segurança absoluta nas
relações sociais, havendo a necessidade de que o mesmo certifique-se que os
contratantes entenderam perfeitamente o conteúdo do negócio jurídico realizado,
aplicando, dessa forma, a certeza e segurança da fé que lhe foi atribuída, para o
exercício da função delegada (MARTINS, 2007).

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Essas breves palavras mostram a que veio este módulo: compreender os


princípios que regem a atividade notarial e registral, ponto de partida para demais
estudos nesse campo.

Partiremos de uma breve evolução história para entendermos o quão é


complexo hoje em dia e ao mesmo tempo de aplicabilidade prática na vida dos
cidadãos. Introduziremos alguns termos usados no Direito Notarial e Registral, bem
como daremos ênfase aos detalhes da Ata Notarial e veremos a importância da
atividade notarial em relação ao novo divórcio.

Ressaltamos em primeiro lugar que embora a escrita acadêmica tenha como


premissa ser científica, baseada em normas e padrões da academia, fugiremos um
pouco às regras para nos aproximarmos de vocês e para que os temas abordados
cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos científicos. Em segundo lugar,
deixamos claro que este módulo é uma compilação das ideias de vários autores,
incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se tratando, portanto, de uma
redação original e tendo em vista o caráter didático da obra, não serão expressas
opiniões pessoais.

Ao final do módulo, além da lista de referências básicas, encontram-se


outras que foram ora utilizadas, ora somente consultadas, mas que, de todo modo,
podem servir para sanar lacunas que por ventura venham a surgir ao longo dos
estudos.

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UNIDADE 2 – EVOLUÇÃO DO DIREITO NOTARIAL E AS


INFLUÊNCIAS DE PORTUGAL

Desde a Antiguidade, encontramos já na Mesopotâmia, quando do


surgimento da escrita, a necessidade do homem em armazenar informações e se
comunicar para além da voz, ou seja, já se percebia a necessidade de reproduzir as
mensagens através de tábuas de argila.

Os sistemas logográficos (escritas) aparecem no quarto milênio a. C., e os


textos nessas tábuas podem ser considerados como atas notariais,
constatando-se que não se tratavam de contrato, mas de mera narração ou
registro (de colheitas) e que tenha sido grafado por um escriba (SILVA,
2004, p. 135).

Surgida a partir da necessidade de mediação nos relacionamentos sociais


primitivos (MARTINS, 1979), a atividade notarial é uma das mais remotas atividades
jurídicas já desempenhadas pelo ser humano. A crer em registros deixados pelas
civilizações longínquas, a referida atividade já era tradição na Roma antiga, onde se
dava de modo muito peculiar. Naquela época e lugar, o notário (ou notarius, como
era chamado) era responsável pela realização de transcrições e registros de
julgamentos e de procedimentos judiciais.

Ao lado desses, havia o tabelione, profissional que, conforme entendimento


do professor MÁRIO RAPOSO (1986 apud LIMA, 2011), mais se aproximava do
notário dos dias de hoje, na medida em que era responsável pela formalização da
vontade das partes através de minutas, as quais eram redigidas sobre tábuas, com
assinatura das partes, testemunhas e tabeliones.

Outra referência antiga da atividade notarial, numa etapa mais concreta,


data de 15 de janeiro de 1305, quando o rei de Portugal Dom Denis instituiu o
Regimento dos Tabeliães. Naquela época o rei chamava o escriba – denominação
dada para o tabelião ou notário – para documentar as doações de terras que fazia.
Assim, certificava-se com fé pública a doação feita pelo rei e a aceitação do
beneficiário (Colégio Notarial do Rio Grande do Sul, 2009 apud MARTINS, 2010).

Conforme CLÁUDIO MARTINS (1979), a função notarial surgiu da


necessidade de uma mediação nos relacionamentos sociais primitivos, face às
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relações econômicas estabelecidas na época. Esta intervenção foi inicialmente


realizada pelo memorista, que acabou sendo substituído pelo nottarius e tabbellio,
passando pelo Corpus Juris Civilis de Justiniano, chegando, finalmente, à figura do
tabelião de notas como hoje é conhecido.

O referido Corpus Juris Civilis foi um decreto expedido pelo imperador


romano Justiniano I – Imperador Bizantino do século VI d.C. –, que transformou a
atividade notarial em profissão regulamentada, expedindo várias disposições sobre a
instituição do Tabelionato (COMASSETTO, 2003).

Por muito tempo não existiu qualquer regulamentação para a atividade.


Apenas no Século XIX surgiram as primeiras leis estabelecendo a necessidade de
requisitos para o exercício da profissão. No Brasil o ofício surgiu na época do Brasil
Colônia, quando o cargo era designado pela Coroa, em caráter vitalício, sem
qualquer necessidade de comprovação de capacidade para seu exercício (Colégio
Notarial do Rio Grande do Sul, 2009 apud MARTINS, 2010).

JUSTINO ADRIANO FARIAS DA SILVA (2004, p. 121) conta que “Os


primeiros notários brasileiros surgiram em decorrência da autorização dada por D.
João ao Capitão-mor Martin Afonso de Souza, por carta régia de 20.11.1530”.

Quanto ao surgimento do Registro de Imóveis no Brasil, PASCHOAL DE


ANGELIS NETO e RODRIGO FELIX RODRIGUES (2008) pontuam esse momento
em 1864, com a Lei Hipotecária, a fim de atender uma necessidade do mercado
financeiro emergente, visando a total publicidade das hipotecas, a fim de conceder
uma maior segurança aos negócios imobiliários.

Para LUCAS ALMEIDA DE LOPES LIMA (2011), pode-se dizer que no


Brasil, a atividade notarial e registral surgiu efetivamente a partir do chamado
registro do vigário (Lei nº 601/1850 e Dec. 1318/1854), com o que a Igreja Católica
passou a obrigar a legitimação da aquisição pela posse, através do registro em livro
próprio, passando a diferençar as terras públicas das terras privadas. A aludida
transmissão, com o tempo, passou a ser realizada através de contrato e, não raras
vezes, necessitava de instrumento público, confeccionado por um tabelião.
Finalmente, com a ampliação dos atos registráveis, passaram a se submeter ao
Registro Geral (Lei nº 1237/1864) todos os direitos reais sobre bens imóveis.
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Portanto, inicialmente o Registro de Imóveis no Brasil limitava-se a ser mero


instrumento de publicidade.

No transcorrer dos anos, vislumbrou-se várias transformações e evoluções


no registro de imóveis, originando com isso, um sistema dirigido à própria eficácia
constitutiva de direitos reais e a transmissão da propriedade imóvel por ato “inter
vivos”, as quais culminaram no atual sistema registrário, instituído desde a
promulgação do Código Civil Brasileiro em 01.01.1917, onde a aquisição da
propriedade imóvel passou a se concretizar no momento em que o título aquisitivo é
registrado em nome do adquirente, junto ao Cartório1 de Registro de Imóveis,
conforme dispunha o artigo 530, I do já revogado Código Civil Brasileiro:

“Adquire-se a propriedade imóvel: [...] I - Pela transcrição do título de


transferência no registro do imóvel”.

Hoje, no Novo Código Civil Brasileiro, tal instituto é abraçado pelo artigo
1245, que reza in verbis: transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro
do título translativo no Registro de Imóveis. [...] Há de se observar que quando a lei
refere-se a “título de transferência” ou a “título translativo”, ela determina a forma em
que se processa a transação do negócio imobiliário.

Portanto, a Escritura Pública lavrada em notas de tabelião, referente à


aquisição da propriedade, apesar de ser dotada de fé pública, consubstanciando
título hábil à transferência da propriedade, por si só, não faz prova de domínio, para
tanto deve ser levada a registro junto ao Registro de Imóveis. Mormente, a posse do
imóvel é transacionada através de instrumentos públicos (Escritura Pública de
Cessão de Direitos Possessórios) ou mesmo particulares. Tal transação não
integrará o sistema de registro de imóveis, porquanto se tratar de transferência da
posse do imóvel, e não da propriedade (ANGELIS NETO; RODRIGUES, 2008).

Todavia, aquele que detém meramente posse de imóvel, de acordo com os


ditames legais (Artigo 1196 e seguintes do Novo Código Civil Brasileiro), poderá

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Na atualidade, usa-se a denominação “Serviço Notarial e Registral”, mas em decorrência do uso/
costume, usaremos ao longo de todo curso, o termo “cartório”.

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eventualmente adquirir a propriedade, por intermédio de procedimento judicial


denominado de Ação de Usucapião.

A atividade exercida pelo notário é, pois, assessorar juridicamente as partes


e transpor a vontade das mesmas para o instrumento notarial depois de encaminhá-
las acerca dos atos a que pretendem dar forma jurídica. Nesta atividade, o tabelião
orienta e aconselha as partes de maneira imparcial permitindo o nivelamento destes
independentemente da preponderância da força econômica de um em relação ao
outro (Colégio Notarial do Rio Grande do Sul, 2009 apud MARTINS, 2010).

Segundo PEDRO ÁVILA ÁLVARES (s.d. apud BRANDELLI, 2011), a função


notarial se resume na autorização do instrumento público, porém, complementada
por uma série de atos. Assim, a função do notário consiste em:

• receber ou indagar a vontade das partes;

• assessorar como técnico as partes e com isso dar forma jurídica à vontade
das partes;

• redigir o escrito que se converterá em instrumento público;

• autorizar o instrumento público, dando-lhe forma pública e credibilidade;

• conservar o instrumento autorizado; e,

• expedir cópias do instrumento.

Assim surgiu a função notarial que, nas palavras de LEONARDO


BRANDELLI (2011, p. 125), é composta por “aquelas atividades que são o cerne do
notariado e que sempre estão presentes a fim de orientar os poderes e deveres do
agente notarial”. Desse modo, quando o notário aconselha as partes atuando como
intermediador nos negócios jurídicos que serão formalizados, e direciona
juridicamente a vontade das partes com o objetivo de proporcionar-lhes segurança
jurídica, está exercendo a função notarial.

Infelizmente, a atividade notarial foi transformada no decurso dos séculos


em patrimônio particular, sendo objeto de venda, doação e sucessão, o que somente
foi modificado em 11 de outubro de 1827, por Dom Pedro, com o advento da lei que

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pôs fim ao título de propriedade das serventias e instituiu o regime de serventuário


vitalício (MARTINS, 2007).

No final do século passado, os Estados instituíram o provimento mediante


concurso público, que passou a ser a regra, embora no imaginário de algumas
pessoas a atividade seja ligada ao termo pejorativo de cartório, no sentido de uma
reserva de mercado transmissível de forma hereditária, de pai para filho, o que não é
verdadeiro há muitos anos.

A Constituição Federal de 1988 reconheceu em seu artigo 236 o caráter


privado da função e a necessidade do concurso público para obter-se a delegação
do Poder Público, determinando que lei federal regulamentasse a atividade, o que
ocorreu em novembro de 1994, com a edição da Lei 8.935/94.

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UNIDADE 3 – TERMOS UTILIZADOS EM DIREITO


NOTARIAL

Registro, em sentido lato sensu, é o ato passível de ser encontrado em


todos os Cartórios de Registros Públicos, a saber, Cartório de Registro de Imóveis,
Cartório de Títulos e Documentos, Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais e
de Pessoas Jurídicas. Denominação genérica a qual abrange as formas derivadas
da inscrição, transcrição e averbação de informações relativas a imóveis, contratos
(títulos e documentos os quais se referem a bens móveis), bem como de pessoas.

Tratando-se de bens imóveis, o registro consiste no lançamento, sob a


matrícula do bem de raiz, dos atos geradores do domínio e dos que impõem ônus ou
estabelecem direitos reais de fruição de garantia ou de aquisição, restringindo a
propriedade imobiliária.

Já Registro, em seu stricto sensu, é uma terminologia utilizada para


demonstrar a autenticidade e publicidade de atos ou fatos concernentes a bens
móveis, imóveis e pessoas físicas ou jurídicas da seguinte forma:

a) No que se refere ao registro de imóveis, este, além de caracterizar


perfeitamente o imóvel com a sua localização, área e confinantes, bem como filiação
(encadeamento dos titulares de domínio), assegura o direito de propriedade à
pessoa a quem a coisa pertence.

b) Quanto ao registro civil das pessoas naturais, é utilizado para informar


nascimento, casamento, morte, tutela e curatela das pessoas físicas.

Já o registro civil das pessoas jurídicas serve para demonstrar a existência,


alienação ou extinção das pessoas jurídicas. Finalmente, o registro de títulos e
documentos se presta a dar publicidade e informar por meio dos referidos títulos e
documentos a sua existência.

Em suma, em todas as suas formas, o registro constitui ato jurídico (já que
decorre de atividade humana) declaratório, constitutivo e extintivo de direitos,
conferindo-se autenticidade e publicidade erga omnes ao conteúdo do referido ato,

bem como efeitos no mundo jurídico (GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).

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Cumpre lembrar que só é possível realizar registro de bem imóvel se este já


estiver matriculado (art. 236 da Lei de Registros Públicos – LRP), devendo sempre
observar os princípios da Lei de Registros Públicos.

A matrícula pode referir-se a imóvel, de forma a caracterizá-lo e confrontá-lo


com os imóveis que o margeiam. São suscetíveis de nela serem registrados as
hipotecas, penhoras, anticrese, os arrestos e sequestros de bens (art. 239 da LRP).

Também serão matriculados os jornais ou publicações periódicas, as


oficinas impressoras, as empresas de radiodifusão que mantenham serviços de
notícias, reportagens, comentários, debates e entrevistas e as empresas que
tenham por objeto o agenciamento de notícias.

Averbação refere-se à comunicação de alterações ocorridas por meio de


fatos ou atos supervenientes a sua existência incidentes sobre bens móveis, imóveis
e estado das pessoas, constituindo assim, ato modificativo de direito.

Consoante dispõe o artigo 245 da Lei de Registros Públicos, o regime


obrigatório de separação de bens deve ser averbado.

Tratando-se de bens imóveis, consiste no lançamento de ocorrências ou


fatos que, não se sujeitando ao assento, oneram o domínio (Registradores e
Notários/ RJ-2002 apud GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).

Denomina-se Transcrição, o nome do registro efetuado antes da LRP.


Consiste em uma reprodução fiel de texto trasladado em livro próprio. Até o início da
vigência da Lei dos Registros Públicos, o registro dos imóveis era feito através das
transcrições (o nome vinha do próprio processo de assentamento, no qual os dados
característicos de cada imóvel eram transcritos manualmente em livro próprio). A
partir da vigência da LRP, o primeiro assentamento realizado passou a chamar-se
MATRÍCULA. A matrícula inicial assume a descrição contida na última transcrição,
incluindo as averbações e as inscrições preexistentes.

Inscrição significa a anotação de certos fatos ou atos, de forma a incluí-las


em um registro já existente, como por exemplo, inscrição de loteamentos urbanos ou
rurais.

Assento traduz-se pela inserção ou anotação de dados em local apropriado.

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Título aquisitivo é o documento público ou particular que autentica ou


formaliza um direito individualizado, geralmente representativo de valor, objeto da
aquisição.

Certidão é o documento reproduzido de um original pelo oficial do cartório e


por ele subscrito ao final, no qual se atesta publicamente determinado fato ou ato
cujo conteúdo tenha sido lavrado em livro ou autos próprios.

A reprodução pode consistir num resumo, relatório ou cópia fiel do original,


denominada traslado (art. 19 da LRP).

Certificado consiste em documento hábil a atestar a existência de um


fato/ato presenciado por alguém em razão de ofício ou profissão e por ele lavrado.

Por fim, autenticação é Ato praticado pelo oficial de registro público


competente no qual declara que o documento a ele apresentado é verdadeiro, digno
de fé (Registradores e Notários/RJ 2002 apud GUGLIOTTI; BARCI JUNIOR, 2012).

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UNIDADE 4 – TEORIAS, CONCEITO E NATUREZA


JURÍDICA DO DIREITO NOTARIAL

Sempre ouvimos falar que teoria e prática deveriam andar juntas, certo? Mas
o que é teoria, para que ela serve, quais seus propósitos? Não seremos prolixos
para responder tais questões.

Podemos resumir teoria em um instrumento, uma ferramenta que utilizamos


para produzir um conhecimento, para realizar um trabalho. Ela nos faz pensar antes
de agir, nos orienta, nos dá a direção a seguir. É uma hipótese que já foi testada e
provada, ou um conjunto de ideias abstratas para explicar algum acontecimento.

Essas breves explicações tem como objetivo mostrar que toda e qualquer
ciência se baseia em teorias. Igualmente a ciência do Direito e as áreas que
estamos estudando, por isso vamos lançar mão de algumas teorias voltadas para o
Direito Notarial e Registral.

4.1 Teorias

De acordo com a Teoria Instrumentalista, o direito notarial tem por objeto a


forma pública, na qual há intervenção de um notário que a formaliza por instrumento
público.

Dessa forma, o direito notarial visa à autenticidade do documento notarial.


Exemplo: a diferença da procuração particular e pública está justamente no grau de
formalidade e solenidade da procuração feita por um notário, dando autenticidade da
vontade do outorgante.

Pela teoria subjetivista, o próprio notário é o objeto do direito notarial, ou


seja, a fé pública outorgada pelo Estado em decorrência do art. 236 da Carta Magna
acontece na pessoa do Tabelião ou Notário.

Nessa esteira, somente pelo fato do Tabelião outorgar em qualquer


documento seu sinal público seria suficiente para dar autenticidade de seu conteúdo,
como, por exemplo, a autenticação de documentos.

Estas são as duas teorias que mais permeiam nosso universo de estudo.

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4.2 Conceitos e definições

De acordo com LEONARDO BRANDELLI (2007), na arquitetura de um


conceito de direito notarial, devem-se buscar os elementos universais, que sejam
válidos independentemente do tipo de notariado e de sua extensão, e alheios a
todas as divergências doutrinárias.

Devem ficar fora do labor conceitual do direito notarial as nuanças


provenientes do tipo de notariado (seja ele de base judicial, seja de número, seja
livre, etc.), bem como as provenientes de discussões gnoseológicas (provenientes
do conhecimento – FERREIRA, 2004) acerca da sua natureza jurídica, como, por
exemplo, a questão da sua autonomia científica ou da sua taxinomia.

Vários juristas buscaram conceituar o direito notarial, citados por Brandelli


(2007). Vejamos alguns deles:

Mengual y Mengual: “É o ramo científico do Direito Público que, constituindo


um todo orgânico, sanciona com a Fé Pública as relações jurídicas voluntárias e
extrajudiciais mediante a intervenção de um funcionário que atua por delegação do
Poder Público”.

Francisco Martinez Segovia: “É a especialidade, dentro do estudo da ciência


jurídica, que se ocupa do Notariado”.

Cláudio Martins: “É o conjunto de princípios e normas de direito adjetivo


privado que presidem à organização e funcionamento da instituição notarial e à
teoria e técnica dos atos e contratos que lhe correspondem”.

Ocorre, no entanto, que tais conceitos incorporam a si elementos que devem


ser abstraídos da labuta conceitual, já que lhe são estranhos. Incorrem assim em
equívoco, porquanto se utilizam de componentes mutáveis ao sabor do tipo de
notariado, de correntes doutrinárias e de discrepâncias sociais no qual estão
inseridos.

No III Congresso Internacional do Notariado latino, realizado em Paris, em


1954, definiu-se o direito notarial como o conjunto de disposições legislativas,
regulamentárias, usos, decisões jurisprudenciais e doutrinas que regem a função
notarial (ARISTIDES SOBRINHO, 2002; CAVALCANTE NETO, 2011).

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O direito notarial pode ser conceituado como o “conjunto sistemático de


normas que estabelecem o regime jurídico do notariado” (LARRAUD, 1966 apud
BRANDELLI, 2007).

Para Néri (1980 apud ANTUNES, 2005) “o direito notarial pode definir-se
como o conjunto de normas positivas e genéricas que governam e disciplinam as
declarações humanas formuladas sob o signo da autenticidade pública”.

“Aglomerado de normas jurídicas destinadas a regular a função notarial e o


notariado” (BRANDELLI, 2007).

Definido o Direito Notarial, vamos discorrer um pouco sobre a função do


Notário e da própria atividade notarial.

A atuação do notário visa garantir a publicidade, autenticidade, segurança e


eficácia dos atos jurídicos preventivamente, desobstruindo o Judiciário do acúmulo
de processos instaurados no intuito de restabelecer a Ordem Jurídica do país, e
atuando como instrumento de pacificação social (ANTUNES, 2005).

Para um melhor entendimento da função notarial deve-se discorrer sobre


seus caracteres, abarcando seu caráter jurídico, cautelar, imparcial, público, técnico
e rogatório.

A atividade notarial apresenta seu caráter jurídico quando o Tabelião orienta


as partes e concretiza a sua vontade na formulação do instrumento jurídico
adequado à situação jurídica apresentada, assim, através da orientação prévia,
nota-se o caráter cautelar da atividade.

LEONARDO BRANDELLI (2007) afirma que o caráter de imparcialidade do


agente notarial tem sido posto a coberto pelo legislador mediante um regime de
incompatibilidades e inibições, bem como a obrigação de segredo profissional e um
sistema de responsabilidades civil, administrativa e criminal, tudo a fim de mantê-lo
intacto e sempre presente.

Quanto a atividade notarial, esta é exercida por particulares em colaboração


com o Poder Público, através de delegação da função pública. Apesar de ser
exercida em caráter privado, a atividade notarial exerce uma função pública, de
garantia da segurança jurídica dos atos praticados pelos Tabeliães.

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Os preenchimentos dos requisitos formais do ato praticado são essenciais à


sua validade jurídica, demonstrando o seu caráter técnico.

O notário precisa da provocação da parte interessada para agir, tendo em


vista o caráter rogatório da função notarial, não podendo exercer o seu mister por
iniciativa própria (ANTUNES, 2005).

O notário exara pareceres jurídicos a seus clientes, esclarecendo-os sobre a


possibilidade jurídica de realizar-se determinado ato, sobre a forma jurídica
adequada, bem como sobre as consequências que serão engendradas pelo ato.

A função de polícia jurídica pode ser analisada sob dois aspectos:

A aplicação do seu mister de acordo com os ditames do Direito, e o zelo


pela autonomia da vontade. Quanto ao primeiro aspecto, revela o dever do
notário de desempenhar sua função em consonância com o ordenamento
jurídico; deve receber a vontade das partes e moldá-la de acordo com o
Direito, dentro de formas jurídicas lícitas. (...) O outro aspecto contempla a
obrigação do tabelião de velar pela autonomia da vontade daqueles que o
procuram; deve ele assegurar às partes, dentro do possível, uma situação
de igualdade, bem como assegurar a livre emissão da vontade, despida de
qualquer vício, recusando-se a desempenhar sua função caso apure estar
tal vontade eivada por algum vício que a afete (BRANDELLI, 2007).

Os atos notariais são revestidos de forma (forma ad probationem) que


documenta a realização do ato jurídico, com a finalidade primordial de constituição
de prova.

Representam tarefas do notário a investigação dos elementos levados pelos


particulares para realização de um ato, o seu parecer jurídico acerca de sua
concretização, a instrumentalização da vontade das partes, buscando os meios mais
adequados e condizentes com o sistema jurídico-normativo e a guarda de
documentos, com a intenção de revestir o ato de maior segurança jurídica.

Importante: a fé pública notarial é uma atividade notarial.

Percebe-se na fé pública três categorias distintas:

a fé pública administrativa, que tem por função certificar atos da


administração pública;

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17

a fé pública judicial, envolvendo procedimentos judiciais, na área puramente


litigiosa; e,

a fé pública notarial, inerente à função dos notários.

A fé pública notarial corresponde à especial confiança atribuída por lei ao


que o delegado declare ou faça, no exercício da função, com presunção de verdade;
afirma a eficácia de negócio jurídico ajustado com base no declarado ou praticado
pelo registrador e pelo notário (CENEVIVA, 2002).

A lei atribui aos Notários e Registradores a fé pública, mas por outro lado
impõe um regime severo de responsabilidades civis, administrativas e criminais,
apurados mediante fiscalização do Judiciário. A fé pública é inerente à função
notarial, dela sendo indissociável.

A fé pública além de exigir pessoa autorizada a praticar a função notarial,


requer o atendimento aos requisitos formais exigidos em cada ato notarial, para que
seja assegurada.

O serviço prestado pelos notários, tendo a finalidade de segurança jurídica


de seus atos, se perfaz através de sua fé pública, como forma de dar eficácia à
vontade das partes, que buscam uma maneira mais ágil e eficaz de justiça, de forma
a prevenir a instauração de um processo judicial, para garantir a tutela de seus
direitos subjetivos.

A forma pública dos atos notariais é essencial à sua formalização, estando


revestida de juridicidade, ou seja, adequada às normas de direito. Para WALTER
CENEVIVA (2002), os atos notariais devem ser praticados por profissionais
habilitados, em livros próprios, sempre de modo a preservar a intenção e a verdade
da manifestação neles contida.

A inobservância do requisito formal dos atos notariais pode gerar a nulidade,


em casos como a lavratura de testamento público, do pacto antenupcial, e a
anulabilidade conforme o caso.

O princípio da autenticação significa a confirmação, pela autoridade da qual


o notário é investido, da existência e das circunstâncias que caracterizam o fato,
enquanto acontecimento juridicamente relevante (CENEVIVA, 2002).

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Comentando a doutrina de Néri, RICARDO GUIMARÃES KOLLET (2003)


aplica à autenticação a ideia de certeza da existência de um fato ou ato jurídico,
atestado pelo notário em instrumento solene.

A autenticação nos reserva algumas características próprias:

a) Imediação – relação de proximidade entre as diferentes partes que


intervém na função notarial, primeiramente há uma relação entre o
notário e os interessados em lavrar o documento público e entre o notário
e o documento público.

b) Rogação – com a atuação do notário através do requerimento das partes.

c) Unidade do ato – o documento público deverá apresentar unidade formal


e substancial.

d) Protocolo – tem o escopo de armazenar os documentos necessários à


produção do documento público e estampar as primeiras e originais manifestações
de vontade.

Além dos princípios acima, conforme Néri (1980), Richter (2004) citados por
ANTUNES (2005), devemos acrescentar o princípio da independência funcional,
representado principalmente pelo exercício em caráter privado da função notarial,
isto é: gerenciamento administrativo e financeiro dos serviços notariais e de registro
sob responsabilidade exclusiva do titular, inclusive no que diz respeito às despesas
de custeio, investimento e pessoal (art. 21); inexigência de autorização para a
prática dos atos necessários à organização e execução dos serviços (art. 41);
independência no exercício de suas atribuições, com direito à percepção dos
emolumentos integrais pelos atos praticados na serventia e garantia de permanência
da delegação (art. 28). Mais adiante falaremos em detalhes de outros princípios
inerentes tanto ao direito notarial como registral e suas respectivas funções.

4.3 Natureza, bem e objeto jurídico

A natureza jurídica da atividade notarial é a delegação especial do serviço


público decorrente do art. 236 da Constituição Federal. O bem jurídico tutelado pelo

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direito notarial é a manifestação de vontade e objeto, pode ser entendido como a


matéria ou sujeito de uma ciência.

São várias as correntes doutrinárias que buscam definir o que seja o objeto
do direito notarial, porém, dentre elas, podem-se extrair duas principais, sem
prejuízo das variadas nuanças que cada uma admita.

A primeira posição baseia-se no instrumento público notarial, primando


alguns pela sua natureza formal, e outros pelo seu conteúdo autenticante. A
segunda corrente, por sua vez, centra-se na instituição notarial.

As doutrinas instrumentalistas afirmam que o direito notarial tem por objeto a


forma pública na qual há intervenção de um notário, ou seja, o instrumento público.
Assim, sustentam estar o direito notarial erigido sobre duas vigas principais e
indissolúveis: o notário e o instrumento.

Ao abordar o tema, RUFINO LARRAUD (1966)2 diz que da mesma maneira


que no direito real existe uma relação jurídica entre pessoa e coisa, no direito
notarial também existe uma pessoa – o notário – e a coisa – o instrumento público.
Um documento sem firma do notário não pertence ao Direito Notarial e a atividade
notarial sem documento, em potencial o ato, é estranha ao Direito Notarial, do
mesmo modo que o documento é a coisa real, elemento essencial, principal e final
do Direito Notarial.

Ainda dentro das teorias instrumentalistas, porém nas que dão enfoque
especial à autenticidade do documento notarial, estas falam que a concepção de fé
pública é o conceito que se tem do direito notarial, dando também relevância ao
documento notarial, porém como mais uma dentre as formas públicas.

Contra tais posições formaram-se inúmeras críticas. Primeiro porque


engendram elas uma confusão entre o objeto do direito notarial e objeto da função
notarial. As objeções, porém, continuam. Tais concepções excluem do direito
notarial importantes normas relacionadas à realização do serviço notarial, as quais
estão contidas na legislação e na teoria do instrumento notarial. Excluem ainda uma
parte da atividade dos tabeliães, que é de grande importância, qual seja a atividade

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Traduzindo livremente as suas palavras.
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da qual não se origina documento algum (em caso de qualificação notarial negativa,
por exemplo) ou que se manifesta em instrumentos privados (a autenticação de uma
cópia de um documento privado, verbi gratia) (BRANDELLI, 2007).

A norma contida no art. 14 da Lei nº 8.935/94, por exemplo,


indubitavelmente integra o corpo do direito notarial, todavia, pelo critério
instrumentalista, tal norma estaria fora do âmbito de abrangência desse direito de
maneira injustificável.

O verdadeiro objeto do direito notarial é o notário e a sua conduta, ou seja, o


notariado; é o notário como realizador da função notarial, uma vez que, direta ou
indiretamente, todos os enunciados contidos no conjunto de disposições do direito
notarial recaem sobre eles (o notário e sua conduta).

Não se está com isso a dizer que é o notário o único sujeito das normas de
direito notarial; que essas normas se refiram sempre e tão somente ao notário. Há
as que se refiram às partes, às testemunhas, ao Estado, etc., porém, seja quem for
o sujeito direto da norma, seja quem for o sujeito ao qual a norma imediatamente se
refira, há um único personagem sempre aludido, a quem a norma sempre se refere,
embora possa fazê-lo de forma indireta: o notário, no papel de executor da atividade
notarial.

O protagonista comum de todas as normas de direito notarial é o tabelião.


Está ele presente quando a norma estabelece os requisitos para sua investidura,
quando estabelece os requisitos e formas que deve ele observar no seu labor,
quando fixa os impedimentos no exercício de sua função, quando define suas
responsabilidades, etc. Assim, o objeto do direito notarial é, verdadeiramente, o
notário, na função de executor da atividade notarial (BRANDELLI, 2007).

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UNIDADE 5 – PRINCÍPIOS DA ATIVIDADE NOTARIAL E


REGISTRAL

Em cada ramo do direito encontramos seus princípios próprios (trabalho in


dúbio pro misero, penal in dubio pró réu), mas todos os ramos seguem primeiro aos
princípios comuns a todos os ramos que são os princípios gerais (CINTRA;
GRINOVER; DINAMARCO, 2006).

Princípios são normas que fornecem coerência e ordem a um conjunto de


elementos sistematizando-o, são fundamentos que servem para regular as relações
entre as pessoas. São proposições que se colocam na base da Ciência Jurídica
Processual e auxiliam na compreensão do conteúdo e extensão do comando
inserido nas normas jurídicas e em caso de lacuna da norma, servem como fator de
integração.

A palavra princípio, em sua raiz latina última, significa “aquilo que se toma
primeiro” (primum capere), designando início, começo, ponto de partida. Princípios
de uma ciência, segundo JOSÉ CRETELLA JÚNIOR (1989, p. 129), “são as
proposições básicas, fundamentais e típicas que condicionam todas as estruturas
subsequentes”. Correspondem, mutatis mutandis, aos axiomas, teoremas e leis em
outras determinadas ciências.

Igual concepção nos oferece TALDEN FARIAS (2006, p. 3) ao ressaltar que a


palavra princípio significa o alicerce, a base ou o fundamento de alguma coisa. [...].
Na ideia de princípio está a acepção de início ou de ponto de partida.

MAURÍCIO GODINHO DELGADO (2009, p. 184) afirma que a palavra


princípio significa “proposição elementar e fundamental que embasa um
determinado ramo de conhecimento ou proposição lógica básica em que se funda
um pensamento”.

No entendimento de ROQUE ANTÔNIO CARRAZA (1998, p. 31), o princípio


jurídico é um enunciado lógico implícito ou explícito que, por conta de sua grande
generalidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes da Ciência
Jurídica e por isso mesmo vincula de modo inexorável o entendimento e a aplicação
das normas jurídicas que com ele se conectam.

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ÉDIS MILARÉ (2004) bem nos lembra que, entre ciências afins, um princípio
pode não ser exclusivo, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência; o que
ocorre, sabidamente, quando os princípios são mais gerais e menos específicos.
Com esta advertência, interessa destacar, aqui, não apenas os princípios
fundamentais expressamente formulados nos textos de um sistema normativo
específico, como também os decorrentes do sistema de direito positivo em vigor, a
que a doutrina apropriadamente chama de princípios jurídicos positivados.

Os princípios exercem uma função especialmente importante frente às outras


fontes do Direito porque, além de incidir como regra de aplicação do Direito no caso
prático, eles também influenciam na produção das demais fontes do Direito.

É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a
doutrina e os tratados e convenções internacionais, já que eles traduzem os valores
mais essenciais da Ciência Jurídica.

TALDEN FARIAS (2006) assevera que se na ausência de uma legislação


específica há que se recorrer às demais fontes do Direito, é possível que no caso
prático não haja nenhuma fonte do Direito a ser aplicada a não ser os princípios
jurídicos.

Com efeito, pode ser que não exista lei, costumes, jurisprudência, doutrina ou
tratados e convenções internacionais, mas em qualquer situação os princípios
jurídicos poderão ser aplicados (FARIAS, 2006).

Na opinião de JOAQUIM JOSÉ GOMES CANOTILHO (1999, p. 122), os


princípios desempenham um papel mediato, ao servirem como critério de
interpretação e de integração do sistema jurídico, e um papel imediato ao serem
aplicados diretamente a uma relação jurídica. Para o autor, as três funções
principais dos princípios são:

1. Impedir o surgimento de regras que lhes sejam contrárias.

2. Compatibilizar a interpretação das regras.

3. Dirimir diretamente o caso concreto frente à ausência de outras regras.

LUÍS ROBERTO BARROSO (2002, p. 149) defende que segundo a


dogmática moderna as normas jurídicas podem ser divididas em normas-disposição
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e em normas-princípio, de maneira que a distinção entre normas e princípios está


superada. Enquanto as normas-disposição são regras aplicáveis somente às
situações a que se dirigem, as normas-princípio ou simplesmente princípios,
possuem um grau maior de abstração e uma importância mais destacada dentro do
sistema jurídico.

CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (1992, p. 230) entende que os


princípios jurídicos constituem o mandamento nuclear do sistema normativo, já que
além de servirem de critério para a interpretação de todas as normas jurídicas, eles
têm a função de integrar e de harmonizar todo o ordenamento jurídico
transformando-o efetivamente em um sistema.

O certo é que princípio é uma ideia, mais generalizada, que inspira outras
ideias, a fim de tratar especificamente de cada instituto. É o alicerce das normas
jurídicas de certo ramo do Direito; é fundamento da construção escalonada da
ordem jurídico-positiva em certa matéria.

MIGUEL REALE (2003) trabalha essa categoria sob o ponto de vista lógico,
como enunciados admitidos como condição ou base de validade das demais
asserções que compõem dado campo do saber, “verdades fundantes” de um
sistema de conhecimento.

As regras ordinárias, portanto, devem estar embebidas destes princípios,


sob pena de se tornarem letra morta, ou serem banidas do ordenamento. Adota-se,
aqui, para efeitos deste estudo, que os princípios não deixam de ser normas
jurídicas, segundo a elaboração constante da obra de Robert Alexy, citada, entre
outros, por DANIEL MACHADO DA ROCHA (2004, p. 125), em que as normas
jurídicas são subdivididas em princípios e regras, sendo a diferença entre estas duas
espécies traduzida na ideia de que os princípios são “mandados de otimização”,
enquanto as regras são imposições definitivas, que se baseiam nos princípios
norteadores do sistema, sendo, portanto, os princípios erigidos à categoria de
normas mais relevantes do ordenamento jurídico.

Pois bem, feitas essas explicações sobre a questão e importância dos


princípios, vamos àqueles que nos interessam nesse momento.

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Dentre os princípios constitucionais e administrativos aplicáveis ao exercício


da atividade notarial e registral, temos os princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência, dispostos no art. 37 da Constituição Federal.
Isto porque, reafirmando, a atividade notarial e registral constitui uma função pública,
realizada através dos notários e registradores, agentes públicos que atuam em
colaboração com o poder público através de delegação.

a) Princípio da legalidade:

Princípio basilar do regime jurídico-administrativo (...). É o fruto da


submissão do Estado à lei. É em suma: a consagração da ideia de que a
Administração Pública só pode ser exercida na conformidade da lei e que, de
conseguinte, a atividade administrativa é atividade sublegal, infralegal, consistente
na expedição de comandos complementares à lei (MELLO, 1997, p. 58).

Os notários e registradores no exercício da função pública, devem se


submeter ao princípio da legalidade, só podendo praticar os atos de seu ofício
permitidos por lei. Mesmo sendo a função pública exercida em caráter privado, este
não tem o condão de submeter a atividade ao princípio da autonomia da vontade,
que prevalece nas relações privadas. Sendo a função pública delegada pelo Estado
ao particular, devem prevalecer os princípios norteadores da Administração Pública
(ANTUNES, 2005).

b) Princípio da impessoalidade:

Este princípio está elencado no art. 37 da CF/88 e no entendimento de


MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (2004, p. 71),

exigir impessoalidade da Administração tanto pode significar que esse


atributo deve ser observado em relação aos administrados como à própria
Administração. No primeiro sentido, o princípio estaria relacionado com a
finalidade pública que deve nortear toda a atividade administrativa. Significa
que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar
pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem
que nortear o seu comportamento. No segundo sentido, o princípio significa,
segundo José Afonso da Silva, baseado na lição de Gordillo, que os atos e
provimentos administrativos são imputáveis não ao funcionário que os
pratica, mas ao órgão ou entidade administrativa da Administração Pública,
de sorte que ele é o autor institucional do ato. Ele é apenas o órgão que
formalmente manifesta a vontade estatal.

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Para CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (1997, p. 59), o princípio da


impessoalidade não é senão o princípio da igualdade ou isonomia e conforme HELY
LOPES MEIRELLES (1997), o princípio da impessoalidade, referido na Constituição
de 1988 (art. 37, caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual
impõe ao administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal. E o fim
legal é unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente
como objetivo do ato, de forma impessoal.

c) Princípio da moralidade:

O princípio da imparcialidade ou moralidade significa dizer que o notário


deve buscar o equilíbrio no atendimento dos interesses dos particulares, não
favorecendo ninguém no desempenho de suas funções, estabelecendo a tutela dos
interesses difusos e coletivos acima dos interesses particulares envolvidos, pois o
tabelião, ou seu preposto, representa o Estado no momento da prestação do serviço
notarial, obrigando-se a fazer o controle de cláusulas e redigindo o melhor
instrumento para atender a vontade das partes.

Outro significado importante para esse princípio é a lealdade com os


usuários de seus serviços, tanto o habitual como o acidental.

d) Princípio da publicidade:

O princípio da publicidade exige a ampla divulgação dos atos praticados pela


Administração Pública. Na esfera administrativa, o sigilo só se admite a teor do art.
5°, XXXIII quando imprescindível à segurança da Sociedade e do Estado.

De acordo com o inciso, “todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas àquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado”.

O princípio da publicidade informa que sendo a função notarial, de ordem


pública, é obrigação do notário atender aos interesses da coletividade, sendo o
acervo notarial de livre consulta.

Essa publicidade é informativa, ou seja, todo ato notarial e documento


arquivado no tabelionato é público, não devendo confundir forma pública com a

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publicidade decorrente do ato. Os atos notariais não são públicos por conta da
publicidade, mas da delegação pública, do caráter público, que a lei lhes atribui.

e) Princípio da eficiência:

Dever de eficiência é o que se impõe a toda agente público de realizar suas


atribuições com presteza, perfeição e rendimento funcional. É o mais moderno
princípio da função administrativa, que já não se contenta em ser desempenhada
apenas com legalidade, exigindo resultados positivos para o serviço público e
satisfatório atendimento das necessidades da comunidade e de seus membros
(MEIRELLES, 1997, p. 90).

Para a consecução dos fins a que se destinam, os registros devem obedecer


a algumas diretrizes, a certas proposições diretoras das quais não pode se afastar.
Tais princípios gerais são diversos, muitos deles aplicáveis a todos os ramos do
direito, outros em especial ao registro imobiliário, e são eles: o princípio da
continuidade, o princípio da especialidade, o princípio da disponibilidade, o princípio
da publicidade, o princípio da prioridade, o princípio da instância, o princípio da
unitariedade da matrícula e o princípio da legalidade (ANGELIS NETO;
RODRIGUES, 2008).

Esses princípios normalmente acham-se expressos em inúmeros artigos da


LRP, e devem ser observados nos títulos que são apresentados ao Registro de
Imóveis, sejam eles de natureza pública (escrituras lavradas em Tabeliães), sejam
de natureza particular (instrumentos particulares firmados pelos contratantes), e até
mesmo nos títulos judiciais (formais de partilha, cartas de sentença, mandados, etc.),
que se sujeitam, tal como os demais, à qualificação registrária, ou seja, ao exame de
sua regularidade formal pelo Oficial do Registro Imobiliário. A falta de observância
dos princípios descritos a seguir muitas vezes impossibilita o registro do título,
ocasionando devoluções inevitáveis, quase sempre recebidas com desagrado e
inconformidade pelos interessados.

a) Princípio da Continuidade:

O princípio da continuidade é, sem dúvida alguma, a viga mestra do nosso


sistema registral, aquele que garante a segurança dos registros imobiliários.

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Segundo AFRÂNIO DE CARVALHO (2001, p. 253):

o princípio, que se apoia no da especialidade, quer dizer que, em relação a


cada imóvel, adequadamente individuado, deve existir uma cadeia de
titularidade à vista da qual se fará a inscrição de um direito se o outorgante
dele aparecer no registro como seu titular. Assim, as sucessivas
transmissões, que derivam umas das outras, asseguram sempre a
preexistência do imóvel no patrimônio do transferente.

Igualmente, na LRP esse princípio vem expresso em diversos de seus


artigos. O artigo 195 determina que “se o imóvel não estiver matriculado ou
registrado em nome do outorgante, o oficial exigirá a prévia matrícula e o registro do
título anterior (...) para manter a continuidade do registro”. Também no artigo 236
afirma que “nenhum registro poderá ser feito sem que o imóvel a que se referir
esteja matriculado”, devendo a matrícula mencionar obrigatoriamente ao número do
registro anterior. Ordena ainda, no artigo 237 que “Ainda que o imóvel esteja
matriculado, não se fará o registro que dependa da apresentação do título anterior, a
fim de que se preserve a continuidade do registro”.

A LRP busca observar sempre este princípio tornando mais fácil a instituição
da matrícula do imóvel, na qual os registros são lançados cronologicamente,
permitindo uma rápida visualização da situação jurídica do imóvel e a titularidade de
seu proprietário. Disso fundamentalmente decorre a segurança dos registros
imobiliários.

Existe uma regra básica para o exame inicial de um título apresentado a


registro: o imóvel, ou direito a que ele se referir, tem de estar registrado em nome do
disponente, ou seja, do outorgante (transmitente, devedor, cedente, etc.).

Essa verificação é aparentemente simples, mas requer muita atenção. Não


basta ser a mesma pessoa o outorgante e o titular do direito. É preciso verificar
como se acha qualificado no registro existente e comparar essa qualificação com a
declarada no título apresentado para ser registrado. Se era ele solteiro e casou-se,
deve-se averbar tal fato. Se era casado e aparece como separado ou divorciado,
igualmente deve ser averbada a separação e o divórcio. Se era casado, hoje viúvo,
deve ser exigido o registro do formal de partilha. Resumindo: sempre que houver

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qualquer modificação no estado civil do proprietário, essa alteração deve ser


averbada para que ele possa dispor do imóvel, ou onerá-lo.

Com relação às pessoas jurídicas, cabe observar que qualquer alteração da


razão social ou do tipo de sociedade deve ser também averbada, para que seja
preservado o princípio da continuidade.

Também com relação ao imóvel tal princípio encontra teto, uma vez que ao
se examinar o título apresentado e encontrar nele como objeto uma casa construída,
e na matrícula constar somente um terreno, é preciso previamente averbar-se a
construção desta. O mesmo procedimento deve ser adotado quando houver reforma
do prédio, com ou sem aumento de área, ou sua demolição.

Todavia, voltando ao que diz respeito à titularidade do imóvel, observamos


que mesmo os títulos de origem judicial devem observar ao princípio da
continuidade. É inadmissível, por exemplo, o registro de uma adjudicação
compulsória cuja ação tenha sido proposta contra quem não é titular do domínio do
imóvel. Esse título tem que ser recusado, da mesma forma que não poderia ser
registrada escritura de venda e compra outorgada pelo cedente (no caso,
promissário comprador), que não é proprietário do imóvel.

Devemos lembrar, entretanto, duas exceções a tal princípio: quanto ao


usucapião e na desapropriação, que são denominadas aquisições originárias.
Nesses dois casos, é farta a doutrina e a jurisprudência no sentido de que não existe
um transmitente que realiza a transferência do imóvel. Não há vinculo entre o
anterior titular do domínio e o possuidor que adquire o imóvel (ANGELIS NETO;
RODRIGUES, 2008).

b) Princípio da Especialidade:

Emprestado dos direitos reais de garantia, este princípio significa que toda
inscrição deve recair sobre um objeto precisamente individuado (CARVALHO, 2001).

Assim, o requisito registral da especialidade do imóvel, vertido no fraseado


clássico do direito, significa a sua descrição como corpo certo, a sua
representação escrita como individualidade autônoma, como o seu modo de
ser físico, que o torna inconfundível e, portanto heterogêneo em relação a
qualquer outro. O corpo certo imobiliário ocupa um lugar determinado no
espaço, que é o abrangido por seu contorno, dentro do qual se pode

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encontrar maior ou menor área, contanto que não sejam ultrapassadas as


raias definidoras da entidade territorial (CARVALHO, 1983, p. 230).

O artigo 176 da Lei nº 6.015/73 é a expressão do princípio da especialidade,


exigindo a identificação do imóvel com todas as suas características e
confrontações, localização, área e denominação, se rural, ou logradouro e número,
se urbano, e sua designação cadastral, se houver.

A doutrina divide o princípio da especialidade em três classes:

a) A denominada especialidade objetiva que concerne ao objeto da situação


jurídica que é o imóvel com todas suas características que acabamos de discorrer.

b) A chamada especialidade subjetiva, que diz respeito às pessoas titulares


de direitos ou poderes enunciados na situação jurídica, principalmente à completa
identificação.

c) A especialidade do fato jurídico exprimindo-se sua natureza, extensão às


condições que houver, seu valor. Contudo, somente os dois primeiros foram aceitos
e amplamente difundidos em razão da maior aplicação ou relevância registrária
(MELO, 2004).

c) Princípio da Disponibilidade:

O princípio da disponibilidade está intimamente ligado ao direito de


propriedade, que é direito de usar, fruir e dispor de determinado bem (artigo 1228 do
Novo Código Civil Brasileiro). E o direito de dispor pode tanto significar a faculdade
de transferir o imóvel para terceiro (alienações em geral: venda, doação, permuta,
etc.), ou de gravá-lo com algum ônus real (compromissando-o, oferecendo-o em
garantia hipotecária, instituindo usufruto sobre ele em favor de terceiro, etc.)
(ANGELIS NETO; RODRIGUES, 2008).

Trata-se de corolário do princípio da continuidade. Alicerça-se o princípio da


disponibilidade em uma primeira análise, na máxima “ninguém poderá transmitir o
que não possui” – nemo dat quod sine non habet – nemo plus jus transfere. Assim
sendo, na transferência de domínio deve-se sempre respeitar a exata propriedade
do alienante, principalmente em seus aspectos quantitativos, por exemplo: figurando
na matrícula determinada pessoa proprietária da parte ideal de cinquenta por cento
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do imóvel, deverá a mesma, na transmissão, comparecer alienando essa mesma


parte ideal, que corresponde ao direito a ela correspondente (MELO, 2004).

Mas não é só, o princípio da disponibilidade é aplicado também nos


parcelamentos e apurações de remanescente de imóveis. Com efeito, nessas
hipóteses é preciso respeitar sempre a área total do imóvel primitivo a fim de que a
transcrição ou matrícula possa ser esgotada e, por conseguinte, encerrada,
afastando-se eventuais sobreposições.

Essa análise, outrora, era feita somente nos aspectos quantitativos, ou seja,
mero cálculo aritmético da área total do imóvel até proceder-se seu esgotamento,
todavia, após o advento da Lei 6.015/73, passou-se à uma análise qualitativa ou
geodésica, observando-se todas as características do imóvel, tais como medidas
lineares, área total, confrontações e distância da próxima esquina (MELO, 2004).

d) Princípio da Prioridade:

A observância do princípio da prioridade tem sua importância nitidamente


percebida quando surge no Registro de Imóveis a preocupante situação da
existência, para registro, de dois títulos que se referem a direitos reais contraditórios
sobre um mesmo imóvel. Por exemplo, duas escrituras de venda e compra do
mesmo imóvel, pelo mesmo proprietário, a compradores diferentes. Ou então, um
mandato de penhora de determinado imóvel e a escritura de hipoteca desse mesmo
imóvel (ANGELIS NETO; RODRIGUES, 2008).

Os títulos apresentados para registros são recepcionados e recebem uma


numeração cronológica após lançados no livro de protocolo, esse ato é denominado
prenotação ou protocolização. O oficial registrador tem trinta dias para efetuar o
registro do título, sendo que em caso de desqualificação, deverá devolvê-lo à parte
em quinze dias, para que esta possa satisfazer as exigências. Nesse período (30
dias), o título apresentado recebe uma prioridade com relação a qualquer outro título
envolvendo o mesmo imóvel, de sorte que somente perderá esse direito no caso da
não satisfação das exigências e consequente término do prazo (MELO, 2004).

Para AFRÂNIO DE CARVALHO (2001),

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significa que, num concurso de direitos reais sobre um imóvel, estes não
ocupam o mesmo posto, mas se graduam ou classificam por uma relação
de precedência fundada na ordem cronológica do seu aparecimento.

Dessa forma, uma vez protocolizado um título envolvendo determinado


imóvel, nenhum outro apresentado posteriormente, envolvendo o mesmo imóvel,
poderá ser registrado no prazo de trinta dias. Caso ocorra a apresentação de títulos
em datas diversas, tendo por objeto, porém, o mesmo imóvel, o que foi apresentado
primeiramente terá preferência sobre o segundo, ocorrendo o que denomina-se
títulos contraditórios, ou seja, títulos que têm por objeto direitos que não podem
coexistir ou cuja força depende da ordem de ingresso no Registro de Imóveis.

É preciso salientar que a data da prenotação é de suma importância para o


registro, em razão de constar no artigo 1.246 do Código Civil que “O registro é eficaz
desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o
prenotar no protocolo”. Assim sendo, com o registro do título ter-se-á efeito retroativo
da data da aquisição, que para todos os efeitos jurídicos é a mesma da prenotação.
PONTES DE MIRANDA (1983, p, 330 apud MELO, 2004) comentando referido
dispositivo alerta que o adquirente “desde a data em que... obtém a protocolização o
imóvel é seu”.

e) Princípio da Instância:

Este princípio nos informa que o notário deve ser provocado a praticar seus
atos, seja de forma verbal ou escrita, não podendo agir de ofício, salvo em ocasiões
especiais. Assim, o notário deverá ser instado pelo usuário de forma expressa ou
tácita (ANGELIS NETO; RODRIGUES, 2008).

Entende-se por este princípio que a iniciativa de requerer a prática de


determinado ato registrário deve partir da parte interessada ou pela autoridade, não
podendo o oficial registrador praticar atos de ofício que onerem de qualquer forma a
parte interessada, consoante artigo 13 da Lei de Registros Públicos.

Assim sendo, todos os títulos que forem apresentados à qualificação do


oficial deverão conter expressa ou implicitamente a autorização para se proceder os
atos requeridos.

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Existem exceções ao referido princípio, sendo permitido ao Oficial


Registrador, por exemplo, a correção de atos por ofício em erros evidentes (art. 213,
§ 1º da Lei 6.015/73), averbações de alteração de denominação de logradouros
públicos, abertura de matrícula para imóveis transcritos desde que contenham os
elementos necessários, etc. (MELO, 2004).

f) Princípio da Unitariedade da matrícula:

Entende-se por este princípio a impossibilidade da matrícula conter mais do


que um imóvel em sua descrição, bem como da abertura de matrícula de parte ideal
de imóvel, consoante interpretação do artigo 176, § 1º, inciso I da Lei nº 6.015/73.

Conforme RICARDO HENRY MARQUES DIP (1992), a unitariedade exige


que

a matriz abranja a integralidade do imóvel, e que a cada imóvel corresponda


única matrícula. A agregação de prédios contíguos supõe a unidade social
ou econômica do todo, formado com a anexação dos imóveis antes
autônomos, de sorte que não se vislumbra exceção à rígida concepção de
unitariedade perfilhada pelo direito brasileiro.

A expressão “cada imóvel” contida no referido artigo 176 da Lei nº 6.015/73 significa
unidade territorial com continuidade de área, contornos definidos e individualizada
de outras glebas.

Dessa forma, é expressamente vedada a abertura de matrícula envolvendo


parte ideal de imóvel, o que era possível no sistema das transcrições, onde se era
transcrito o título que muitas vezes envolvia parte ideal de imóvel, devendo ser
recomposto o imóvel todo para se abrir a matrícula, ou mais claramente, segundo o
Conselho Superior da Magistratura, referida recomposição “é semelhante à feitura
de uma colcha de retalhos, reúne as expressões aritméticas das partes e os seus
titulares atuais: é físico-jurídica” (Apel. Cível nº 003183-0).

Ultimamente esse princípio tem sofrido muitas críticas, principalmente no


tratamento dos chamados terrenos de marinha (BANDEIRA DE MELLO, 1980), onde
muitas vezes encontramos matrículas abrangendo dois imóveis (parte alodial e parte
terreno de marinha). MARCELO TERRA (2000) defende uma nova reformulação do

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princípio da unitariedade matricial, principalmente com relação à definição de imóvel,


que deve abranger também o conceito econômico como ocorre em outros países,
bem como da possibilidade da matrícula abranger dois ou mais imóveis desde que
respeitada uma finalidade como por exemplo, um empreendimento imobiliário.

g) Princípio da Presunção e da Fé Pública:

Esses dois princípios têm cada qual seu significado próprio, mas foram
amalgamados durante certo tempo no nosso país por uma corrente da doutrina que
pretendeu dar ao primeiro, previsto na lei, a eficácia do segundo, omitido nela. Ao
passo que o primeiro reforça a eficácia da inscrição, sem a tornar, contudo,
saneadora, pois mantém o primado final do direito subjetivo, o segundo abre uma
brecha nesse primado ao admitir que a inscrição se torne saneadora relativamente
ao terceiro de boa-fé que, confiando nela, adquire o direito. A regra é a tutela do
direito subjetivo, ou a segurança jurídica, a exceção é a tutela do terceiro de boa-fé,
ou a segurança do comércio (ANGELIS NETO; RODRIGUES, 2008).

De certa maneira, esse princípio reporta-nos ao princípio anterior, onde a


presunção juris tantum admite prova contrária, uma vez que a aquisição feita não é
frustrada por motivos que se ignora.

Nesse sentido, AFRÂNIO DE CARVALHO (2001, p. 178) comenta que:

Embora o princípio de fé pública se circunscreva à transmissão negocial, a


diferença de segurança que disso resulta entre os atos negociais e os atos
judiciais de aquisição tende, entre nós, a dissipar-se na prática graças às
cautelas tomadas para o processamento dos segundos. Para que os atos
judiciais de aquisição não discrepem dos atos negociais na menção dos
requisitos de inscrição, o Código de Processo Civil exige a especialização
dos imóveis e a indicação do número de inscrição do título anterior tanto na
descrição dos bens em inventário, como no edital de praça (CPC, artigo
993).

A proteção do terceiro de boa-fé, que confia na inscrição ou no


cancelamento, pressupõe que ele tome conhecimento do conjunto de assuntos
relativos ao imóvel, em vez de ater-se a uma inscrição isolada. Essa proteção
frustra-se se o terceiro ler apenas a inscrição originária do direito, seja da matrícula
do imóvel, seja a de uma hipoteca, sem ter abaixo a inscrição preventiva de uma
contradita de uma penhora ou a cessão de grau de uma hipoteca a ele referente.
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Além de prevenir malogro, a atual LRP preceitua que, requerida uma certidão, o
registrador deverá consignar de sua iniciativa a qualquer alteração posterior, de
sorte que, se for concernente a ônus de imóvel, alcançará aqueles inscritos após o
requerimento (LRP, artigo 21).

É íntima a ligação do princípio da fé pública com o da publicidade, razão


pela qual muitos autores entendem englobarem um único princípio. Com efeito, para
que a publicidade tenha o atributo necessário para gerar a segurança exigida às
relações jurídicas, é preciso outorgar-lhe presunção de veracidade para garantir-lhe
a eficácia (MELO, 2004).

Entende-se pelo princípio da fé pública na presunção de veracidade que têm


os atos de determinados funcionários públicos (sentido lato) por eles realizados ou
praticados em sua presença, sempre no exercício de suas respectivas funções.

Transportado o princípio para o Registro de Imóveis, podemos dizer que o


conteúdo da matrícula é uma verdade jurídica, devendo-lhe ser outorgada
presunção de veracidade, lembrando sempre que referida presunção é relativa no
direito brasileiro (MELO, 2004).

Ressalte-se que caso o registro não exprima a verdade, poderá o


prejudicado proceder sua retificação (artigos 860 do Código Civil, e 212 e 213 da Lei
6.015/73).

h) Princípio da Inscrição:

O princípio da inscrição significa que a constituição, transmissão e extinção


de direitos reais sobre imóveis só se operam por atos inter vivos mediante sua
inscrição no registro. Ainda que uma transmissão ou oneração de imóveis haja sido
estipulada negocialmente entre particulares, na verdade só se consumará para
produzir efeitos o deslocamento da propriedade ou de direito real do transferente ao
adquirente pela inscrição. A mutação jurídico-real nasce com a inscrição e, por meio
desta, se exterioriza a terceiros (ANGELIS NETO; RODRIGUES, 2008).

Para AFRÂNIO DE CARVALHO (2001, p. 137):

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O princípio da inscrição justifica-se facilmente pela necessidade de dar a


conhecer à coletividade a existência dos direitos reais sobre imóveis, uma
vez que ela tem de respeitá-los. Quando duas pessoas ajustam uma
relação real imobiliária, esta transpõe o limite dual das partes e atinge a
coletividade por exigir a observância geral. Daí o apelo a um meio que, ao
mesmo tempo, a traduza e a torne conhecida do público.

A inscrição é sempre obrigatória, quer se trate da constitutiva (aquela que


aufere direito real), quer da declarativa (aquela que divulga direitos auferidos antes
dela); mas não é saneadora. Pode ela ser promovida por qualquer dos interessados,
já que a lei alude à “qualquer pessoa”. Algumas devem ter como fundamento título
bilateral, isto é, em acordo de vontades que cria o jus ad rem (escritura), outras em
título unilateral, oriundo de apenas uma das partes, daquela a quem a inscrição
beneficia, prescindindo-se assim do consentimento da outra (cancelamento).

Temos ainda outros princípios a serem seguidos pelos notários, elencados


por Sander (2005) como:

a) Princípio do Dever de Exercício:

O notário não pode negar-se a realizar atos de sua função, devido ao caráter
jurídico necessário, próprio desse mesmo público. Dessa forma, o notário é obrigado
a praticar todos os atos que a ele sejam requeridos. A recusa somente poderá
ocorrer, se para o exercício, tiver que ferir qualquer dos princípios de sua função e
os princípios do direito.

Ao ser requerido, o ato notarial deverá ter seu curso normal, cuja elaboração
deverá se efetivar de acordo com o mandamento legal existente, cumprindo a
exigência formal, verificando a capacidade de contratar, e se o objeto é lícito.

Portanto, o exercício notarial tem o caráter obrigatório. A recusa importa em


responsabilidade administrativa e civil.

b) Princípio da Forma de Ser:

Esse princípio, também chamado de forma dat esse rei, proclama que, todo
o ato jurídico, para que possa ser conhecido e produzir efeitos, necessita de uma
forma, de uma exteriorização.

Diante da grande variedade de formas, previstas no direito positivo vigente,


há liberdade de escolha, porém, segue como sendo necessária, para determinados
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negócios, que a lei exige uma forma determinada e especial, ou seja, “a forma de
ser”, esta é necessária para a sua existência.

Existem as formas particulares que são criadas na esfera privada, pelos


particulares, sem a intervenção estatal na sua confecção e por outro lado, existem
as formas públicas, mais solenes e que recebem a intervenção de um oficial público,
a quem a lei confere autoridade e poderes para tanto. São as formas outorgadas
com a intervenção de um oficial público.

Dentre as formas públicas, encontram-se as notariais, ou seja, as formas


nas quais o oficial público que intervém é o notário.

As formas notariais são eminentemente documentais, pois perpetuam os


atos no tempo, face ao princípio da certeza e segurança jurídica. O notário realiza
seu mister documentalmente e, mesmo quando não seja ele o redator do ato, sua
intervenção, ainda que em instrumentos privados, se reveste de formas
documentais.

As escrituras públicas, evidentemente, são constitutivas, quando a lei exige


essa solenidade. Ser convencional quando as partes acordem que o negócio jurídico
se tem por perfeito, quando elaborado por instrumento público. Portanto, conclui-se
que os documentos públicos ou privados, são constitutivos e probatórios. Os

primeiros dão vida ao negócio jurídico, os segundos provam um negócio jurídico


anterior, mas não o modificam. Havendo divergência, sempre prevalecerá o primeiro
(instrumento público).

Assim, quando é criado um documento, sob a forma pública,


consubstanciado em outro privado, aquele é que dá vida ao negócio jurídico,
enquanto o último apenas prova. O que não quer dizer que o documento público tem
o direito de modificar negócio anterior realizado por meio de documento particular,
mas apenas que traz esse negócio ao mundo jurídico, dando-lhe eficácia, força
executiva e prevalência sobre os demais e, principalmente, faz prova incontestável
contra terceiros interessados

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c) Princípio da Tecnicidade ou da Forma:

O princípio da tecnicidade, espelhado pelo inciso II, do art. 6º da Lei nº


8.935/94, informa que compete ao notário intervir nos atos e negócios jurídicos,
autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados.

d) Princípio da Economia:

O notário deve cuidar desde a escolha do ato a realizar, conformando-o às


necessidades e às condições das partes, até quanto aos aspectos tributários,
buscando gerar o menor custo possível, respeitando de forma integral a tabela de
custas de cada Estado.

Enfim, sabemos que nem sempre os princípios se inscrevem nas leis, mas
por servirem de base ao Direito são tidos como preceitos fundamentais para a sua
prática e proteção aos direitos (SANDER, 2005).

Vale frisar que servem para fixar normas a toda espécie de ação jurídica,
traçando, também a conduta dos profissionais em qualquer operação jurídica.

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UNIDADE 6 – ATA NOTARIAL

A escritura pública é considerada o ato notarial de maior importância.


Entretanto, o reconhecimento de firmas e a autenticação de cópias são atos
notariais de inegável relevância, que a complexidade das relações negociais apenas
corroborou seu valor e indispensabilidade. A ata notarial, embora tão antiga como o
notário, é também considerada um ato notarial da maior relevância.

No entanto, surpreendentemente, a ata notarial não tem sido utilizada pela


população, ou mesmo pelos operadores do direito, na medida de sua importância
para a sociedade (GADRET, 2011).

A atividade notarial tem, como principal objetivo, a prevenção de litígios


através da segurança jurídica que propicia aos seus usuários. O tabelião, pela
prática de atos conforme a lei e o direito, acrescidos da fé pública inerente aos atos
por ele praticados no exercício de suas funções; um contrato de compra e venda de
imóvel, sendo lavrado por tabelião de notas, trará às partes contratantes a
segurança de ter sido efetivado com todos os requisitos legais.

No que concerne às escrituras públicas, é de conhecimento geral sua


importância e utilidade, sendo desnecessárias considerações sobre esse fato.
Entretanto, quando se trata de ata notarial, é importante que se tragam informações
sobre o instituto e sua utilização prática, pois, certamente, na medida em que as
atas notariais forem plenamente utilizadas, não só diminuirão substancialmente os
litígios levados ao judiciário, como também haverá, em muitos deles, uma solução
muitíssimo mais rápida e mais consentânea com a realidade dos fatos.

Chega-se aqui a outro aspecto dentro do principal objetivo da atividade


notarial, qual seja, o de evitar litígios. As atas notariais, além de poderem evitar a
formação de discussões judiciais, propiciam uma solução mais rápida e eficiente das
lides; tudo isso pela constituição de uma prova com fé pública. Estas, por
constituírem-se em prova robusta, com fé pública e não perecível com o tempo, são
ferramentas que poderão ser utilizadas para a prevenção e solução mais rápida e
eficiente de litígios, bem como para que sejam cessadas eventuais lesões a direitos
individuais.

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Vamos constatar ao longo desta unidade que a ata notarial é um instituto de


grande importância e aplicabilidade prática que, por desconhecimento por parte da
maioria dos operadores do direito, deixa de ser utilizado em casos em que seria a
melhor opção para obter o resultado pretendido.

O notário deverá, na lavratura de uma ata notarial, utilizar-se da eficiência e


profissionalismo que lhe são inerentes; além disso, deverá ter um cuidado especial
para não ferir os princípios éticos que norteiam o exercício da profissão.

Isso porque, dada a magnitude da força probante advinda de uma ata


notarial, esta é um documento de imenso valor para a constituição de direitos e
obrigações, constituindo-se em instrumento de grande importância para que o
julgador chegue à verdade dos fatos.

A primeira Ata Notarial lavrada no Brasil foi a carta de Pêro Vaz de Caminha
para o Rei de Portugal, por ocasião do descobrimento. É a “certidão de nascimento”
do Brasil, pois possui natureza narrativa e foi elaborada por um escrivão da armada
portuguesa.

Somente em 1994, com a edição da Lei Federal 8.935, a Lei dos Notários e
Registradores, surgiu no direito brasileiro a permissão legal para a lavratura de atas
notariais. Essa foi a primeira lei federal que tratou do assunto especificamente, em
seu artigo 7°, inciso III.

No entanto, até essa data, os notários lavravam atas notariais, embora com
outras denominações, como, por exemplo, o ato de aprovação do testamento
cerrado e as escrituras públicas declaratórias, que têm natureza similar, mas não se
confundem com as atas.

Até então, a autorização legal para utilização da ata era genérica, dada
pelos artigos 332 e 364 do CPC. E a autorização específica para a lavratura de atas
notariais era concedida, até 1994, pelas Corregedorias de Justiça estaduais, em
alguns Estados da Federação.

O notariado argentino, muito antes do nosso, utilizava-se amplamente deste


instrumento. Em congressos e encontros, com a participação de notários de diversos
países, eram trazidas informações sobre as atas, suas características e

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possibilidades de utilização ainda quase desconhecidas pelo nosso notariado. Por


meio dessas trocas de informações, e de estudos efetuados por notários brasileiros
relativamente à forma de utilização possível das atas no Brasil, face à normatização
existente, surgiram as normas específicas relativas às atas notariais, elaboradas
pelas Corregedorias de Justiça dos Estados. No Brasil, a primeira normatização
específica foi criada no Rio Grande do Sul, onde foram editadas normas para o uso
das atas notariais por meio de provimentos da Corregedoria Geral da Justiça, em
1990 (GADRET, 2011).

Ata notarial é o instrumento público autorizado por notário competente, a


requerimento de uma pessoa com interesse legítimo e que se fundamenta nos
princípios da função imparcial e independente, pública e responsável; e que tem por
objeto constatar a realidade ou verdade de um fato que o notário vê, ouve ou
percebe por seus sentidos, cuja finalidade precípua é ser um instrumento de prova
em processo judicial, mas que pode ter outros fins na esfera privada, administrativa,
registral e, inclusive, integradores de uma atuação jurídica não negocial ou de um
processo negocial complexo, para sua preparação, constatação ou execução
(IPIENS, s.d apud GADRET, 2011).

A Ata Notarial é o documento passado por tabelião, ou por outrem, que suas
vezes fizer, mediante solicitação, na qual são relatados fatos, atos, acontecimentos,
estado ou situação de coisas que ele presencia, ouve ou constata (BRANDELLI,
2007).

6.1 Lavratura

São requisitos para lavratura da Ata Notarial:

Primeiramente deve-se observar os requisitos gerais, que deverão ser


observados na lavratura de todas as atas notariais. As atas notariais deverão ser
lavradas por tabelião competente e imparcial, que descreva os fatos com clareza e
objetividade por solicitação de alguém com capacidade natural e motivação legítima,
na avaliação do tabelião (princípio da instância).

Uma segunda categoria de requisitos, específicos para as atas notariais,


advém das normas estabelecidas pelas Corregedorias de Justiça de cada Estado.
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No Rio Grande do Sul, as normas da Consolidação Normativa Notarial e Registral


dispõem, no artigo 629, que as atas notariais devem conter:

local, data, de sua lavratura e hora;

nome e qualificação do solicitante;

narração circunstanciada dos fatos;

declaração de haver sido lida ao solicitante e, se for o caso, às testemunhas;

assinatura do solicitante ou de alguém a seu rogo e, se for o caso, das


testemunhas;

assinatura e sinal público do Tabelião.

Saliente-se que as testemunhas que poderão participar do ato não são


testemunhas dos fatos constatados pelo notário. Pode ocorrer que sejam
necessárias testemunhas, por exemplo, que identifiquem determinada pessoa que o
notário afirma estar presente em determinado local; essa testemunha atestará a
identidade desta pessoa, desconhecida do tabelião.

Quanto à assinatura do solicitante, embora em alguns Estados ela seja


exigida pelos códigos de normas, considera-se seja desnecessária e mesmo sem
cabimento, pois as constatações narradas na ata são do notário e não necessitam
da concordância do requerente.

O resultado das constatações efetivadas pelo notário pode até vir de


encontro aos objetivos do solicitante, que não poderá intervir alterando ou incluindo
suas observações naquilo que o notário, com seus sentidos, constatou. A
imparcialidade do notário e a ausência de juízo de valor acerca das constatações
feitas são fundamentais para uma ata perfeita e com força probatória.

Há ainda outro requisito, oriundo do artigo 215 do Código Civil (requisitos da


escritura pública): a qualificação do requerente e das eventuais testemunhas. E
finalmente, ainda deve ser cumprido o comando do artigo 11, § 1°, da Consolidação
Normativa Notarial e Registral do RS, ou seja, deve constar no documento o valor
dos emolumentos.

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6.2 Objeto

O objeto da ata notarial pode ser deduzido de seu conceito, e consiste na


narração de fatos jurídicos captados pelos sentidos do tabelião ou de quem lhe fizer
as vezes. A ata deverá ser lavrada em documento adequado, com todos os
requisitos formais acima elencados, sem qualquer espécie de juízo de valor ou
interpretação do fato. Também não poderá o notário tirar conclusões do que foi
observado ou sentido, tampouco, utilizar-se, como suas, de observações colhidas
por qualquer outra pessoa, inclusive pelo requerente.

O objeto da ata notarial constitui-se, portanto, na narração de fatos jurídicos


observados, constatados ou sentidos pelo tabelião, por intermédio de seus próprios
sentidos. O tabelião, ao lavrar uma ata, não narra as manifestações de vontade de
que ele seja receptáculo, que são objeto de escrituras públicas. Melhor dizendo, o
tabelião não pode ser o receptáculo de manifestações de vontade ao lavrar a ata
notarial. O que pode ocorrer é que na ata seja consignada alguma manifestação de
vontade, como no caso de o tabelião lavrar uma ata em que presencia uma
assembleia ou um determinado negócio jurídico.

Sendo a ata o instrumento hábil para a narração de fatos jurídicos, cabe aqui
delimitar-se quais as espécies de fatos jurídicos passíveis de serem narrados por
meio da ata notarial. Certamente, os fatos jurídicos stricto sensu poderão ser objeto
de Ata Notarial. Nada impede que um tornado, um terremoto, uma enchente ou
mesmo um nascimento possam ser narrados por um tabelião.

Quanto aos atos-fatos jurídicos, aqueles em que há participação humana,


mas em que a vontade para a prática do ato é irrelevante com respeito aos efeitos
jurídicos, também não há óbice em que o tabelião as narre. Pode constar em ata a
pescaria de um incapaz, um menor pintando um quadro, ou fazendo um pagamento,
ou qualquer outro ato-fato passível de ser presenciado ou constatado pelo tabelião.

Em se tratando de atos jurídicos stricto sensu, como, por exemplo, a adoção,


a emancipação pelos pais, ou o reconhecimento de paternidade, quando tais atos
competirem ao tabelião, ele se utilizará da escritura pública. Quando possível, o
tabelião somente poderia lavrar ata, nesses casos, como terceiro alheio ao ato.
Quando competirem ao juiz, não cabe ao tabelião lavrar atas desta atuação.
Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de
direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
43

Mas em algumas espécies de atos jurídicos stricto sensu como, por


exemplo, em uma notificação, poder-se-ia imaginar a lavratura de uma ata deste ato,
não havendo óbice para que um tabelião o narre.

No que tange aos negócios jurídicos, em que a vontade e sua qualidade são
importantes, não só para a prática do ato, mas também para a estipulação de seus
efeitos, o tabelião, por meio de ata notarial, não poderá ser o receptáculo dessas
vontades. Como tal, ele poderá lavrar uma escritura de compra e venda ou um
testamento, por exemplo. Mas ele poderá lavrar a ata de forma externa a este
negócio. Exemplificando, pode um tabelião lavrar ata de uma festa de casamento
em que a cerimônia seja realizada. E a ata poderá incluir a descrição da cerimônia.
Também poderá lavrar ata de um negócio verbal feito entre particulares.

6.3 Vedação

O notário é agente delegado do poder público que empresta fé pública aos


atos praticados por ele ou por seus prepostos. A ata notarial é um meio de prova de
grande força, pois, em função da fé pública do notário, tem presunção de veracidade
iuris tantum.

Então, para que a ata tenha todos estes atributos que a transformam em
poderosa ferramenta do processo, salienta-se as seguintes vedações:

• o solicitante não pode intervir na narração dos fatos;

• o solicitante não pode aceitar ou não a narração dos fatos, conforme a sua
conveniência; mas poderá utilizar ou não a ata solicitada;

• o tabelião não pode avaliar, emitir juízo de valor, concluir, opinar ou sugerir
em uma ata;

• incabível o comparecimento de testemunhas do fato; o testemunho ao fato é


do tabelião. Mas ele poderá atestar a presença de testemunhas com
determinada função específica, como por exemplo, para confirmar a
identidade de alguém, citado na ata pelo tabelião, ou mesmo consignar a
presença de testemunhas ao fato narrado;

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• o notário, na lavratura da ata, não pode desrespeitar direitos subjetivos de


outrem, como o direito à intimidade, por exemplo. Não pode ingressar em
propriedade privada alheia, sem permissão, para lavrar ata;

• não cabe a narração de vontades, dirigidas ao tabelião.

As atas, como os demais atos jurídicos estrito senso, poderão ser analisadas
nos três planos: existência, validade e eficácia.

A eficácia da ata ocorre quando ela é utilizada para atingir determinada


finalidade. A principal finalidade da ata é probatória juris tantum. A ata notarial não
tem eficácia subjetiva nem executiva, assim como as escrituras, mas probatória,
preservando a prova para a aquisição ou perda posterior de direitos.

Sua eficácia pode ser atingida na prevenção de um litígio, como meio de


prova em processo, ou para fazer cessar determinada conduta que traz prejuízo a
alguém, conforme exposto.

O tabelião, ao lavrar a ata, autentica um fato por intermédio da sua fé


pública.

6.4 Espécies de ata notarial

Nos países de notariado latino são utilizadas várias espécies de ata notarial;
apenas uma delas é prevista na legislação brasileira, e por isso pode ser utilizada no
Brasil. Segundo a doutrina de Néri (1980), as espécies são as seguintes:

I - Atas de Protocolização - têm a finalidade de protocolização, para


arquivamento, de documento ao protocolo notarial. O notário examina o documento
e o descreve, declarando que o documento fica unido à ata, incorporado ao
protocolo e à declaração de vontade do requerente solicitando a protocolização. É
utilizada no direito uruguaio, argentino e espanhol. Não têm aplicabilidade no Brasil
por constituírem atribuição do Registro de Títulos e Documentos.

II - Atas de Depósito - são atas em que os notários recebem depósito de


coisas, documentos e valores. Na verdade, nada mais são do que contratos de
depósito. No Brasil, é possível lavrar ata notarial de presença ao depósito que prova

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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o fato da entrega da coisa, mas não ata de depósito. É encontrada no direito


espanhol. Não têm aplicabilidade no direito brasileiro (art. 627 e ss do CC).

III - Atas de Notificação - são atas em que o notário notifica uma pessoa, por
solicitação de outrem, para que faça ou se abstenha de fazer algo, podendo o
notificado contestar. Servem para provar ter dado conhecimento a outrem de
determinada informação ou decisão. Não têm aplicabilidade no direito brasileiro, por
corresponder à atribuição conferida ao Registro de Títulos e Documentos.

IV - Atas de Presença ou de Comprovação - são as atas notariais típicas. O


notário narra fatos presenciados por ele, sem influenciar no ato ou emitir qualquer
juízo de valor. Nelas o notário exerce, na plenitude, sua função autenticadora.
Somente esta espécie de ata é autorizada pela legislação brasileira.

V - Atas de Notoriedade - são atas utilizadas para a comprovação e fixação


de fatos notórios; na verificação do resultado dessa investigação e na declaração e
reconhecimento de direitos e legitimação relativas a essas situações. Provam a
existência de fato notório. É utilizada no direito espanhol. Não há previsão legal no
Brasil. No entanto, poderia ser aqui utilizada (art. 334, I do CPC).

VI - Atas de Subsanação - são aquelas em que o notário, a requerimento ou


de ofício, sana erro material ou de omissão contido em instrumento público notarial.
São utilizadas no direito espanhol. Não há previsão legal no Brasil.

VII - Atas de Referência - são atas que objetivam receber informações das
pessoas que atuam como testemunhas. No Brasil, vige o princípio da imediação: a
prova testemunhal deve ser produzida em audiência, perante o juiz (art. 410, CPC).

VIII - Atas de Protesto - ata de protesto é a declaração produzida perante o


tabelião com objetivo de adquirir ou conservar direitos ou prevenir-se de dano futuro.
O direito brasileiro permite protestos judiciais e extrajudiciais. O protesto judicial é
consubstanciado pela ação cautelar (arts. 867 e 798 do CPC). Já o protesto
extrajudicial é de competência dos tabeliães de protestos.

Por meio do acima exposto, constata-se que a maioria das espécies de ata
notarial citadas correspondem a procedimentos ou atribuições que, no Brasil, não
dizem respeito aos tabeliães de notas (GADRET, 2011).

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46

6.5 Ata de documento eletrônico

Até pouco tempo atrás, o principal veículo para gravação de manifestações


de vontade ou fatos era o papel. Hoje, os documentos eletrônicos fazem parte do
nosso dia a dia. Sem dúvida alguma, estamos em um período de transição, em que
os documentos eletrônicos estão sendo cada vez mais utilizados, inclusive como
meios de prova.

Porém, as informações existentes na internet não são estáticas; podem ser


alteradas ou apagadas a qualquer tempo. Em razão disso, para promover uma ação
por danos morais por uma matéria divulgada pela internet, é preciso perpetuá-la no
tempo.

Toda matéria divulgada pela internet tem presunção de ser pública e notória,
e por essa razão pode causar grandes danos a uma pessoa física ou jurídica. Em
razão disso, pode ser solicitado a um tabelião que seja verificado o conteúdo de
determinado site por repetidas vezes, em datas diversas para a comprovação da
divulgação de determinada informação ao longo do tempo.

Essa constatação dará uma dimensão da abrangência alcançada pela


veiculação, transformando seu conteúdo em matéria de domínio público. Para que
se promova uma ação por danos morais, com base em informações transmitidas via
internet, é necessário que a informação seja perpetuada, sob pena de, quando
ocorrer o momento de apresentação da prova, ela não mais exista.

Para isso, o notário deverá transpor a imagem transmitida pela internet para
o papel, imprimindo-a em sua integralidade. Também pode ser feita a transcrição do
documento eletrônico, no entanto, esta sempre deverá estar acompanhada pela
imagem completa da tela, e não somente de seu conteúdo.

Relativamente aos sons transmitidos, deverão estes ser transcritos e


gravados nos arquivos digitais com a assinatura digital do tabelião (GADRET, 2011).

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6.6 Ata como prova no processo

A finalidade principal da ata notarial é pré-constituir uma prova para que ela
possa ser utilizada no futuro. A ata notarial é um poderoso meio de prova, pois a
presunção de veracidade é inerente à fé pública notarial.

Muitas provas podem perecer com o passar do tempo, como documentos


eletrônicos. Estes, por suas características, poderão ser deletados ou alterados a
qualquer tempo. A ata serve para eternizar o conteúdo do documento eletrônico,
assim como comprovar que o seu teor estava disponível na internet no momento em
que ela foi apreendida pelo tabelião. Uma vez lavrada a ata, ela poderá, se
necessário, ser utilizada pelo requerente ou por qualquer outra pessoa que dela
pedir certidão.

Algumas das vantagens da utilização da ata como instrumento probatório


são:

• pode ser utilizada como prova pré-constituída;

• impede o perecimento da prova;

• facilita acordos judiciais e extrajudiciais, pela presunção de veracidade juris


tantum;

• reduz o tempo de duração dos litígios;

• desafoga o judiciário.

A Ata Notarial é um instrumento público de grande eficácia que pode ser


amplamente utilizado como meio poderoso de prova em processos judiciais. O
notário, mediante ato declaratório unilateral, confere fé pública, autentica um fato,
cuja narração ficará arquivada em seus livros, podendo, qualquer pessoa, a
qualquer tempo, obter certidão desta ata. Portanto, a ata evita o perecimento da
prova, podendo esta ser utilizada a qualquer tempo, quando e se necessário. O juiz
avaliará a prova apresentada através da ata, de acordo com seus critérios e em face
do caso concreto.

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6.7 Classificação dos Atos Notariais

Podemos classificar os atos notariais em 3 tipos, principais ou protocolares,


secundários ou extraprotocolares e mistos.

a) Atos Notariais Principais ou Protocolares

Os atos notariais principais ou protocolares são aqueles lançados nos livros


notariais pelo tabelião ou preposto, formalizando algum ato ou negócio jurídico, ou
seja, sua eficácia depende da lavratura da escritura ou procuração.

b) Atos Notariais Secundários ou Extraprotocolares

Os atos principais ou extraprotocolares são aqueles lançados no próprio


documento apresentado pela parte, ou seja, a eficácia do ato se dá no documento
entregue para certificação de autenticidade ou aprovação do notário.

c) Atos Mistos

Os atos mistos são aqueles lançados como protocolo em livros notariais,


porém sua eficácia se dá fora dos livros, ou melhor, a eficácia é extraprotocolar,
porém o registro da existência do ato é protocolizado na serventia em livro notarial.

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UNIDADE 7 – A IMPORTÂNCIA DA ATIVIDADE NOTARIAL E


SUA RELAÇÃO COM O NOVO DIVÓRCIO

Fazendo um recorte na legislação em prol da desburocratização em termos


de relações conjugais quando estas se rompem, vamos falar com exclusividade da
aceitação da Ementa Constitucional nº 66/2010, que tem por finalidade por fim ao
prazo exigido para desconstituição do vínculo matrimonial (de 2 anos para o divórcio
direto ou de 1 ano para a conversão da separação judicial em divórcio) e suas
relações com a atividade notarial.

Concordamos com ANNA LUIZA FERREIRA VITULE (2013), ao inferir que


esse “novo divórcio” é um tema de grande relevância no Direito de Família e,
consequentemente no campo da atividade notarial.

Não vamos entrar em detalhes do que mudou com a Emenda, focaremos a


importância e responsabilidade do notário, que vem colaborando diariamente com a
evolução do Direito de Família, especialmente porque desde a lei nº 11.441 de 2007
até o novo divórcio, a sua função passou a ser intensamente procurada para a
realização de atos que antes eram exclusivos do Judiciário, oferecendo inúmeros
benefícios à sociedade.

A aceitação à Emenda nº 66/2010 foi tamanha, que aumentou sobremaneira


o número de divórcios.

A título de exemplo, os Tabelionatos de Notas do Estado de São Paulo


realizaram 6.721 divórcios, sendo que no mesmo período do ano de 2010 (anterior à
Emenda nº 66) foram realizados 2.348 atos. Os dados são do Colégio Notarial do
Brasil – Seção São Paulo (CNB-SP) que reúne os cartórios de notas paulistas
(VITULE, 2013).

Até então, o casamento civil só podia ser dissolvido pelo divórcio após prévia
separação judicial por mais de um ano ou com comprovada separação de fato por
mais de dois anos. Com a mudança, muitos casais que já estavam separados
decidiram legalizar a sua situação. Outros, que tinham dado entrada na Justiça para
realizar o divórcio, preferiram resolver tudo nos cartórios de notas.

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eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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Não há como negar, os avanços legislativos que visam oferecer facilidade


aos constituintes normalmente são bem aceitos e, por consequência, passa a existir
uma maior procura das pessoas para regularizar as situações de fato.

Também é inegável a praticidade, redução de custos e menos impacto


emocional aos envolvidos, o que repercutiu em aceitação social e aumento de
número de divórcios.

No entanto, é importante ressaltar que o aumento do número de divórcios,


também é resultado do seguinte motivo – antes, era preciso primeiro se separar para
depois se divorciar. Assim, existia um número significativo de separações e outro de
divórcios. Com o novo divórcio, as pessoas passaram do casamento diretamente
para o divórcio, reduzindo ou zerando o número de separações.

Com o advento da Emenda nº 66/2010, o novo divórcio por escritura pública


trouxe algumas situações peculiares que vêm causando divergência na doutrina,
tanto por isso vamos tratar daqueles que envolvem diretamente a atividade notarial:

a) A extinção da separação

A doutrina adepta à extinção da separação considera que o divórcio é


infinitamente mais vantajoso pelos seguintes motivos:

(i) apenas o divórcio possibilita o novo casamento;

(ii) evita-se a duplicidade de processos, e o casal pode partir diretamente


para o divórcio, evitando-se, evidentemente, maiores desgastes;

(iii) o fim da separação é salutar, em razão de se evitar gastos


desnecessários com os dois procedimentos (GAGLIANO;
PAMPLONA FILHO, 2010).

E mais, os mesmos autores dizem que se por equívoco ou


desconhecimento, após o advento da nova Emenda, um tabelião lavrar escritura de
separação, esta não terá validade jurídica, por conta da supressão do instituto em
nosso ordenamento, configurando nítida hipótese de nulidade absoluta do acordo
por impossibilidade jurídica do objeto (art. 166, II, CC).

MARIA BERENICE DIAS (2010) também sustenta que a reforma


constitucional eliminou a separação, não podendo mais ser levada a efeito. Segundo
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direitos autorais. Nenhuma parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios
eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou gravações, ou, por sistemas de armazenagem e
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a doutrinadora, se os cônjuges não concordarem em se divorciar, não poderá o


tabelião lavrar a escritura de separação. A respeito da nulidade do acordo, a autora
sustenta que, por se tratar de negócio nulo, não admite confirmação, sendo
imprescritível a ação para decretar a nulidade. Esta é a posição majoritária, a qual
são adeptos, José Fernando Simão e Cristiano Chaves de Farias, diz a autora.

b) A manutenção da separação

REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA (2012, p. 34) é defensora dessa


posição, que, por sua vez, cita o Enunciado nº 514 (art. 1.571) da V Jornada de
Direito Civil do Conselho da Justiça Federal, contém a seguinte redação: “A Emenda
Constitucional nº 66/2010 não extinguiu o instituto da separação judicial e
extrajudicial”.

Sustenta também a autora que a manutenção da separação decorre dos


direitos fundamentais, dentre os quais se destaca a liberdade de escolha na espécie
dissolutória, devendo ser o casamento e sua dissolução submetidos à deliberação
dos cônjuges. Diz ainda, que, por ser o Brasil um Estado laico, que a supressão da
separação violaria a liberdade no exercício do direito de regularização do estado civil
em relação àqueles que em suas crenças não admitem o divórcio, e que deveriam
manter-se separados somente de fato e não de direito (VITULE, 2013).

Além disso, o julgado da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Santa


Catarina3, indicado pela mesma autora, defendeu bem a manutenção da separação
ao invocar o art. 22, § 12, da LICC.

Processual civil e constitucional. Ação de separação judicial. Autor intimado


para manifestar-se sobre a conversão da separação em divórcio.
Discordância. Processo extinto sem resolução do mérito. Apelo do autor
visando à anulação da sentença. Conversão. Mera faculdade.
Sobrevivência do instituto da separação judicial no ordenamento jurídico
pátrio. Apelo conhecido e provido para que a ação tenha seguimento na
origem. A nova disposição constitucional (EC 66/2010) não extinguiu a
possibilidade da separação, mas apenas suprimiu o requisito temporal para
o divórcio, nova modalidade de extinção da sociedade conjugal (CC/2002,
art. 1.571).

3
Apelação Cível 2011.052992-0, 2ª Câmara de Direito Civil do Tribunal de Justiça de Santa Catarina,
julgado em 26/09/2011.
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Ademais, a Lei de Introdução ao Código Civil prescreve, em seu art. 2º, § 1º,
que a lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja
com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei
anterior. Além de a Emenda Constitucional não ter revogado, expressamente, a
separação judicial, não há incompatibilidade entre sua redação e o regramento
infraconstitucional que prevê o instituto da separação.

Embora exista uma geração que veio da época em que o casamento era
indissolúvel, a manutenção da separação deve prevalecer especialmente porque
cabe ao casal e não ao Estado o direito de escolha de romper o casamento, seja
através da separação ou do divórcio. Trata-se de um direito intrinsecamente
consubstanciado num dos princípios mais importantes do direito contemporâneo, o
Princípio da Autonomia Privada, que reconhece a liberdade individual e respeita o
interesse de cada constituinte.

Ademais, a alteração textual do § 6º do art. 226 da CF/1988, “o casamento


civil pode ser dissolvido pelo divórcio”, deixa claro que o casamento “pode” e não
“deve” ser dissolvido pelo divórcio, deixando a alternativa a cargo do interessado.

Impor que a dissolução do casamento deve ocorrer apenas através do


divórcio é o mesmo que impor os prazos de reflexão (divórcio direto e divórcio
conversão) dispensados pela Emenda Constitucional nº 66/2010 (VITULE, 2013).

A autora faz um parêntese para lembrar que os prazos de reflexão impostos


no ano de 1977, foram determinados com o objetivo e o cuidado de preservar o
casamento, no entanto, a imposição estatal da extinção da separação é uma forma
de colocar entraves formais às prováveis reconciliações, em total confronto com a
manutenção da família.

De qualquer forma, ninguém nega que a separação cairá em desuso, em


razão da rapidez, da praticidade, da economia e da definição imediata de todas as
questões pertinentes ao casamento. Mas até aí, afastá-la do ordenamento jurídico é
um retrocesso social. Os atos de casar e descasar são únicos, e marcam a história
da vida das pessoas, tanto é que alteram definitivamente o estado civil, uma vez que
depois de casada a pessoa nunca mais volta a ser solteira. Portanto, cabe apenas
ao interessado o direito de escolher a forma que pretende se desprender do seu
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cônjuge, se de maneira mais impactante, optando pelo divórcio, ou mais reflexiva,


realizando primeiro a separação e depois o divórcio.

Impor o divórcio a um casal que não sabe ao certo se pretende ou não


separar suas vidas por definitivo é permitir a interferência estatal no campo mais
íntimo da família.

Dessa forma, diante dos argumentos em prol da manutenção da separação,


adicionados àqueles destacados por REGINA BEATRIZ TAVARES DA SILVA
(2010), e do citado julgado da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Santa
Catarina, que invocou o art. 2º, § 1º, da LICC – Lei de Introdução ao Código Civil –
acredita-se ser interessante e favorável às partes, a manutenção da separação e a
possibilidade de os tabeliães lavrarem as escrituras de separação após a Emenda
Constitucional nº 66/2010.

Outras peculiaridades decorrentes do novo divórcio seriam:

c) O prazo mínimo de duração de casamento para a separação e para o


divórcio

O Código Civil prevê o prazo mínimo de duração de um ano de casamento


para a realização da separação:

Art. 1.574. Dar-se-á a separação judicial por mútuo consentimento dos


cônjuges se forem casados por mais de um ano e o manifestarem perante o juiz,
sendo por ele devidamente homologada a convenção (grifos de Vitule).

Considerando que a nova ordem constitucional dispensou os prazos de


reflexão do divórcio indireto e direto, não há por que manter o prazo mínimo de
casamento de um ano para a realização do divórcio ou da separação, em total
descompasso com o espírito da Emenda Constitucional.

Ainda mais, porque o Enunciado nº 515 da V Jornada de Direito Civil do


Conselho da Justiça Federal assim dispôs:

Art. 1.574, caput: Pela interpretação teleológica da Emenda Constitucional nº


66/2010, não há prazo mínimo de casamento para a separação consensual.

Diante desses motivos, e, sobretudo, com base no Princípio da Autonomia


Privada, não há como exigir que as partes permaneçam casadas por um ano para
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depois se separarem ou divorciarem. Assim, com base no Enunciado nº 515 da V


Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal e no Princípio da Autonomia
Privada, não há mais necessidade de manter a exigência do art. 1.574, caput, do
Código Civil.

d) A situação dos separados extrajudicialmente

Quem é separado judicial ou extrajudicialmente deverá se valer do divórcio


conversão para colocar um fim no casamento, sem mais precisar cumprir os prazos
previstos no art. 1.580 do Código Civil. É o que dispõe o Enunciado nº 517 da V
Jornada de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal: Art. 1.580. A Emenda
Constitucional nº 66/2010 extinguiu os prazos previstos no art. 1.5804 do Código
Civil, mantido o divórcio por conversão. Assim, quem ainda estiver separado
oficialmente (judicial ou extrajudicialmente), o estado civil para divorciado se dará
através do divórcio por conversão, sem a exigência de prazos mínimos para sua
ocorrência.

e) A reconciliação extrajudicial

Aqueles que não desejaram partir diretamente para o divórcio extrajudicial, e


posteriormente decidiram se reconciliar, poderão fazê-lo inclusive através dos
cartórios e sem a ingerência judicial através da escritura pública de reconciliação,
em total consonância com os seguintes motivos:

(i) a praticidade oferecida pela Lei nº 11.441/2007;

(ii) o cuidado com a preservação da família; e,

(iii) a manutenção da separação após a Emenda nº 66/2010.

Considerando que a separação não foi extinta, a Emenda Constitucional nº


66 não alterou em nada a reconciliação. A escritura pública de reconciliação é

4
Código Civil - Art. 1.580. Decorrido um ano do trânsito em julgado da sentença que houver
decretado a separação judicial, ou da decisão concessiva da medida cautelar de separação de
corpos, qualquer das partes poderá requerer sua conversão em divórcio.

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possível em razão da Lei nº 11.441/2007, e pode ser feita, ainda que a separação
tenha sido realizada no Judiciário (art. 1.577 do Código Civil)5.

Para o casal que se separou judicialmente, duas serão, então, as formas


para a reconciliação:

(i) por meio de requerimento ao Juízo da separação; ou,

(ii) por meio da lavratura de uma escritura, cujo teor deverá ser comunicado
pelas partes ou pelo tabelião, tanto ao juízo da separação quanto ao Registro Civil
do casamento. Já para os que optaram pela separação pela via administrativa, prima
facie somente por meio desta poderão requerer a reconciliação. Segundo VIVIANE
GIRALDI (2007, p. 80), é possível a reconciliação do casal, por ato celebrado em
cartório, segundo a moldura prevista para a separação, podendo-se considerar a
eventual alteração do regime de bens adotado para o casamento, com vistas à
observância, em tal caso, da orientação que norteou o espírito da Lei nº
11.441/2007.

f) A possibilidade de recusa do tabelião em lavrar a escritura de


divórcio por atentar o interesse de um dos envolvidos

O art. 1.574 do Código Civil, parágrafo único dispõe: “O juiz pode recusar a
homologação e não decretar a separação judicial se apurar que a convenção não
preserva suficientemente os interesses dos filhos ou de um dos cônjuges”.

Com base no texto do art. 1.574 do Código Civil, e com o advento da Lei nº
11.441/2007, surgiram dúvidas relacionadas ao poder do tabelião em não lavrar a
escritura pública de divórcio, se identificar alguma convenção que prejudique o
interesse dos cônjuges. Quando esta questão foi tratada, alguns doutrinadores se
posicionaram pela possibilidade de recusa de o tabelião não lavrar a escritura, no
caso de identificar desencontro de interesse das partes e pelo fato de o tabelião ser
servidor público e incumbido de evitar nulidades. Assim, os adeptos desta corrente
entenderam que, se os tabeliães se deparassem com acordos desta natureza,
deveriam recomendar aos cônjuges que o refizessem (VITULE, 2013).

5
Art. 1.577. Seja qual for a causa da separação judicial e o modo como esta se faça, é lícito aos
cônjuges restabelecer, a todo tempo, a sociedade conjugal, por ato regular em juízo.

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A corrente contrária, e adepta à impossibilidade de o tabelião recusar-se a


lavrar a escritura, seria em razão da ausência de previsão legal e por atentar contra
a liberdade das partes, entre outras razões, pelo fato de a lei dispensar a
homologação judicial.

Participante desta corrente, CRISTIANO CHAVES DE FARIAS (2012)


ressalta que se houver algum vício na declaração de vontade, não cabe ao tabelião
discuti-lo, pois não tem poderes para tanto, e, havendo interesse, o caminho será
ação anulatória.

ANNA LUIZA FERREIRA VITULE (2013) lança o seguinte questionamento:


depois de transcorridos cinco anos da Lei nº 11.441/2007, e com o advento da
Emenda Constitucional nº 66/2010, que dispensou os prazos do divórcio conversão
e direto, e sacramentou a importância da liberdade das partes a respeito de suas
próprias decisões, ainda assim, será que é possível manter o entendimento da
corrente que entende que o tabelião pode intervir em escrituras de divórcio que vão
contra o interesse de uma das partes?

Para a autora, de acordo com a atividade notarial, percebe-se que o notário


pode e deve intervir nos divórcios, se identificar algum ponto que prejudique uma
das partes. Mas é importante observar que esta intervenção guarda relação com a
seriedade e o comprometimento da atividade notarial e os deveres legais de que é
onerada, e não com constrições ao Princípio da Autonomia da Vontade. Para tanto
oferece abaixo seu embasamento para tal afirmativa, analisando os arts. 3º e 6º da
Lei nº 8.935/1994 (Lei dos Cartórios), onde podemos identificar que o notário tem o
dever de intervir nos negócios jurídicos.

Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são


profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da
atividade notarial e de registro.

Art. 6º Aos notários compete:

I - formalizar juridicamente a vontade das partes;

II - intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram


dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os

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instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de


seu conteúdo (grifos nossos);

III - autenticar fatos.

Diante do inciso II do art. 6º da Lei dos Cartórios, verifica-se que compete ao


notário intervir nos casos em que uma das partes é prejudicada. Não se trata de
colocar em xeque a liberdade das partes, mas, sim, em razão do dever legal e de
cuidado do tabelião.

Ademais, a matéria já foi expressamente tratada na Resolução nº 35 do


Conselho Nacional de Justiça ao disciplinar a aplicação da Lei nº 11.441/2007.

Art. 46. O tabelião poderá se negar a lavrar a escritura de separação ou


divórcio se houver fundados indícios de prejuízo a um dos cônjuges ou em caso de
dúvidas sobre a declaração de vontade, fundamentando a recusa por escrito.

Como se verifica, o tabelião pode e deve intervir nos casos de divórcio


extrajudicial, caso contrário, caberia ao tabelião, de forma descompromissada,
apenas “redigir as escrituras”, o que é totalmente incompatível com o valor e a
importância que tem no meio jurídico e social.

Ao analisarmos na sequência a importância da atividade notarial e sua


relação com o novo divórcio, encontraremos motivos para reforçar as afirmativas
acima.

O começo passa pela conscientização sobre a importância da atividade


notarial para a sociedade brasileira e para a evolução do Direito de Família. É
correto afirmar que a sociedade brasileira se beneficia com atos desburocratizados,
praticados com rapidez, praticidade e segurança, e esta é uma das características
das atividades no Direito Notarial. Portanto, devemos incentivá-los.

Se o legislador delegou ao notário a execução de atos e negócios jurídicos


extremamente importantes para a vida das pessoas no campo familiar, como, por
exemplo, escrituras de doação, testamentos, união estável, reconhecimento de
filhos, pactos antenupciais etc., e, após o advento da Lei nº 11.441/2007, houve a
delegação aos cartórios de atos que eram exclusivos do Judiciário, tais fatos por si

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só representam a importância social e a responsabilidade dos notários para a


sociedade brasileira e para a evolução do direito.

Além disso, a legislação pertinente garante que os serviços notariais e de


registros devem ser exercidos com publicidade, autenticidade, segurança e eficácia
dos atos jurídicos (art. 12 da Lei nº 8.935/1994, a conhecida “Lei dos Cartórios”6), o
que garante segurança aos atos praticados.

O tabelião de notas também funciona como assessor e conselheiro jurídico


das partes, ou seja, ele está ligado à vida íntima das pessoas. Sua profissão é de
confiança, por este motivo é consultado acerca de problemas familiares, econômicos
e morais, dentre outros, alheios ao mundo jurídico.

Entretanto, tenha-se presente que tal atuação não se insere na atividade


funcional regular do tabelião, que é iminentemente jurídica.

O notário recebe a vontade das partes, qualifica (conceitua e classifica)


juridicamente essa vontade, e dá vazão a ele criando o instrumento jurídico
adequado (LARRAUD, 1966 apud BRANDELLI, 2011).

Perfazendo o pensamento de Vitule, voltemos ao questionamento se o


notário pode ou não intervir em procedimentos que entender inconvenientes a uma
das partes, reforçando que sim com a citação de LEONARDO BRANDELLI (2011, p.
176-9),

(...)
Deve o notário receber a vontade das partes, avaliando-a, certificando-se de
que está a mesma livre de vícios, livrando-a de qualquer ilicitude,
esclarecendo às partes sobre o alcance jurídico de seus atos, sobre a
possibilidade do atendimento do que fora solicitado, bem como sobre a
eficácia jurídica que terá o ato, se realizado.
Deve ainda informar as partes de outra possível forma, se houver, para
melhor atingir o resultado.
E mais, deve ele, na medida do possível, tentar minimizar as desigualdades
materiais das partes, protegendo ao eventual hipossuficiente na relação
concreta, proporcionando, assim, verdadeiramente, a exteriorização dos
desígnios de todas as partes envolvidas no negócio jurídico.

6
Lei nº 8.935 (Lei dos Cartórios) - Art. 1º Serviços notariais e de registro são os de organização
técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade, autenticidade, segurança e eficácia dos
atos jurídicos.
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O notário exara pareceres jurídicos a seus clientes, esclarecendo-os sobre


a possibilidade jurídica de realizarem determinado ato, sobre a forma
jurídica adequada, bem como sobre as consequências que serão
engendradas pelo ato.
(...)
Na medida em que o notário é um profissional do direito que exerce uma
função jurídica, integra esta função o assessoramento jurídico imparcial das
partes que o procuram. O notário abandonou sua faceta meramente
redatora, segundo a qual aceitava passivamente a vontade manifestada
pelas partes, acatando sem analisá-la. Deve hodiernamente o tabelião
qualificar a vontade manifestada pelas partes, assessorando-as sobre a
possibilidade, ou não, de instrumentalização da vontade manifestada, da
necessidade de alteração de alguma parte do negócio jurídico, e até mesmo
acerca dos efeitos jurídicos que serão produzidos pelo negócio jurídico que
pretendem as partes celebrar.
(...)
O notário brasileiro tem, indubitavelmente, arrolada dentre sua funções a de
conselheiro jurídico das partes, o que deve exercer com toda a perícia que
dele se espera, respondendo, por sua inaptidão para o desempenho de tal
mister. A assessoria jurídica imparcial exercida pelo tabelião em favor das
partes envolvidas no ato jurídico que se lhe submete é atividade das mais
importantes na atualidade da função notarial, fruto de uma longa evolução e
amadurecimento da atividade tabelional.

Dessa forma, verifica-se que não existe a possibilidade de o notário atuar


como mero redator, ainda mais nos dias atuais, em que um dos grandes avanços do
Direito de Família é justamente delegar aos notários funções que antes eram
exclusivas dos juízes. Com o aumento da população e, consequentemente, das
relações jurídicas carentes de regularização, é cada vez mais importante o notário
se posicionar frente às partes que pretendem se divorciar, ou efetivar outros atos,
oferecendo-as completa segurança e equidade.

É a atividade notarial bem-vinda no campo do Direito de Família, tratando-se


de uma atividade extremamente representativa que pratica atos que envolvem duas
características, segurança e praticidade, o que é fundamental para a sociedade
(VITULE, 2013).

Só falta analisarmos rapidamente a atuação dos advogados nos divórcios


extrajudiciais!

Em que pesem a facilidade e a rapidez da formalização dos procedimentos


extrajudiciais de divórcios após a Emenda Constitucional nº 66/2010, o fato é que o
acordo de divórcio em si deve ser tratado pelos divorciandos com muita cautela, pois
se trata de um dos fatos mais importantes de suas vidas, e, portanto, não deve ser
realizado às pressas, como já dito anteriormente.
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A Lei nº 11.441/2007 possibilitou a realização de divórcios consensuais, sem


filhos menores e incapazes serem realizados por via extrajudicial, mas não
dispensou a atuação dos advogados. Diz a lei7 que para a lavratura da escritura, os
contraentes deverão ser assistidos por advogados comuns ou de cada um deles.

Quando o advogado for comum do casal, deverá atuar favoravelmente em


direção de ambos os clientes, mediando os interesses e sem prestigiar um ou outro.
Além disso, deverá orientar seus clientes que, uma vez celebrado o acordo de
divórcio, este não poderá ser alterado por simples arrependimento de uma das
partes, o que importa em alertá-los sobre a conscientização das decisões.

Segundo o art. 8º do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados


do Brasil (OAB), “O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca,
quanto a eventuais riscos da sua pretensão, e das consequências que poderão advir
da demanda”.

Na impossibilidade de atuar como advogado comum, em razão da


intensidade do litígio, o advogado poderá permanecer como advogado de uma das
partes, resguardando o sigilo profissional (art. 18 do Código de Ética e Disciplina da
OAB)8.

De qualquer forma, a atuação advocatícia, seja ela comum ao casal ou


apenas a um dos clientes, não deve, de maneira alguma, se restringir apenas à
presença no momento da lavratura da escritura do divórcio, mas, sim, desde o início
da contratação, com extremo comprometimento.

Deverá o advogado, em primeira análise, questionar abertamente o(s)


cliente(s) se há 100% de certeza sobre a decisão de se divorciar. Em caso positivo,
deverá indagar sobre o regime de bens escolhido no momento do casamento, e
partir para a identificação dos bens (móveis, imóveis, créditos futuros, etc.)

7
Código de Processo Civil- Art. 1.124-A, § 2°- O tabelião somente lavrará a escritura se os
contratantes estiverem assistidos por advogado comum ou advogados de cada um deles ou por
defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
8
CED - Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando acordes os
interessados, com a devida prudência e discernimento, optará o advogado por um dos mandatos,
renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional.
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partilháveis, subrrogados e particulares. É também importante que, no momento do


divórcio, um cônjuge declare expressamente, que tem conhecimento sobre as
últimas declarações de imposto de renda do outro, a fim de evitar procedimentos
futuros de sobrepartilha.

A respeito da pensão alimentícia ao cônjuge, é preciso entender bem a


situação fática de cada uma das partes, aplicando-se, em seguida, critérios objetivos
(leis, julgados e doutrina) relacionados à pensão alimentícia, que servirão de norte
para uma orientação adequada. Se for o caso de fixar algum valor de pensão, que
seja justo e suportável financeiramente em longo prazo ou por tempo
expressamente determinado, acordos celebrados através de escritura pública, por
partes capazes e com o suporte de advogados e notários dotados de fé pública,
somente serão revistos em caráter de máxima exceção (VITULE, 2013).

O advogado que atuar nos acordos de divórcio deverá oferecer opções aos
impasses para evitar termos injustos que certamente causarão prejuízos irreparáveis
no futuro. Com a facilitação do procedimento do novo divórcio, existe por parte da
sociedade a impressão de que o divórcio como um todo é muito simples, o que não
é verdade. Ainda que a formalização do ato tenha sido simplificada com a Lei nº
11.441/2007 e com a Emenda Constitucional nº 66/2010, os acordos continuam
carecedores de extrema atenção.

Em razão de o divórcio causar um impacto emocional na vida das pessoas,


elas muitas vezes desejam resolver tudo com muita rapidez e consequentemente
acabar logo com o sofrimento. No entanto, mais tarde, quando as emoções já
tiverem se apagado com o tempo é que perceberão com mais nitidez o acordo que
celebraram (VITULE, 2013).

Em suma, apesar de a Lei nº 11.441/2007 e a Emenda Constitucional terem


simplificado os procedimentos de divórcio extrajudicial, é possível perceber que as
atividades notariais oferecem à população um trabalho de maestria e credibilidade
profissional e consequentemente a possibilidade da realização de acordos seguros e
desburocratizados, e que, aliados ao suporte jurídico de advogados, é possível unir
modernidade e proteção jurídica aos atos jurídicos.

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REFERÊNCIAS
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(Coord.) Estudos avançados de Direito Notarial e Registral. Rio de Janeiro: Elsevier,
2013.

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