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CESÁRIO VERDE

PARNASIANISMO
O vocábulo Parnasianismo deriva de Parnaso, um dos maiores montes da
Grécia, que foi consagrado pelos antigos ao deus Apolo, deus da poesia e das musas.
Enquanto escola literária, defende a arte pela arte, havendo quem lhe chame o
Realismo em poesia. Teve o seu início em França, nos meados do século XIX, e
assumia-se como uma tendência artística que procurava a confeção perfeita através de
uma poesia descritiva.
Sinteticamente, as suas principais características são:
◆ reação contra o Romantismo, com os seus excessos de imaginação;
◆ ostentação de um lirismo intimista e de um subjetivismo excessivo;
◆ indisciplina na linguagem;
◆ obsessão pela beleza na perfeição formal, com retorno às formas poéticas
clássicas (sonetos, odes, ou éclogas);
◆ a impessoalidade e a impassibilidade;
◆ busca de temáticas históricas e mitológicas, ligadas ao exotismo e à natureza
inanimada.

A poesia, para um parnasiano, é um fruto paciente de sabedoria, um reiterado trabalho


de perfeição em ritmo e em rima.

Em Portugal, o Parnasianismo divulgou-se com a revista A Folha (1868-


1873), fundada pelo poeta João Penha, que defendia o culto da arte pela arte,
afirmando que “o poeta deve cultivar a ciência da revelação do pensamento pela forma
mais nítida, mais perfeita e mais adequada a esse pensamento”.
Contudo, Cesário Verde (1855-1886) é a grande figura do Parnasianismo
português. Ele não e simplesmente o parnasiano imparcial e impassível, mas sim o
adolescente-adulto que vê com olhos de artista e transfigura, pela imaginação, a
paisagem física do campo e da cidade e a paisagem humana da sociedade do seu
tempo.

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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral
CESÁRIO VERDE:
CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIOECONÓMICO
Como a poesia de Cesário reflete bem o meio que o envolveu, não podemos
penetrar na sua leitura sem uma familiarização com o tempo, com o espaço e com os
acontecimentos da sua época.
☞ Meios de transporte: a Regeneração (iniciada em 1851) tornou possível o
lançamento de importantes iniciativas de carácter prático no âmbito da modernização
do sistema de transportes e comunicações, graças ao empenho e visão de Fontes
Pereira de Melo. A inovação pertence ao caminho-de-ferro com o troço entre Lisboa e o
Carregado, construído entre 1853 e 56. A partir daqui e até finais do século, foram
construídos cerca de 2200 Km de vias férreas:
Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes! (Ave-Marias)

As repercussões do desenvolvimento do transporte ferroviário fizeram-se sentir


em diversos domínios, nomeadamente na procura de produtos industriais ligados à
construção e exploração ferroviária, na procura de pedra e no desenvolvimento da
construção civil, com a criação de muitos postos de trabalho. Não obstante, os
melhoramentos dos transportes e das comunicações, que proporcionaram uma maior
ligação do campo à cidade, muitos continuavam a olhar para o progresso com
desconfiança.

☞ Comunicações: o caminho-de-ferro e a telegrafia elétrica foram introduzidos,


em Portugal, quase simultaneamente, o que não aconteceu por acaso. A velocidade
dos transportes ferroviários obrigou à substituição da telegrafia semafórica pela
elétrica. Quanto ao telefone, Portugal foi um dos primeiros países a aproveitar a
invenção de Bell (em 1876). Com efeito, em 1881, o Diário do Governo publicou a
abertura do concurso para a instalação da rede telefónica em Lisboa e Porto. A partir
daqui, a rede telefónica, ao possibilitar os contactos de natureza diversa – económica,
social, cultural ou até afetiva – transformou-se num poderoso meio de comunicação.

☞ A mortalidade e as suas causas: o século XIX foi o século das últimas


grandes vagas epidémicas que flagelaram o continente europeu.

♐ A cólera: foi uma doença muito agressiva e devastadora, pois, se a causa


determinante era uma bactéria, os seus efeitos eram potenciados por fatores como:
deficientes condições higiénicas das casas e das ruas, a viciação do ar, a utilização de
água imprópria, a alimentação de má qualidade e de deficiente quantidade. Este
monstro asiático, como era conhecida, atacou o nosso país em várias décadas ao
longo do século XIX.
E eu sonho a Cólera, imagino a Febre,
Nesta acumulação de corpos enfezados;... (Noite fechada)

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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral
♐ A febre amarela: esta febre foi importada do Brasil e atacou fortemente a
área da capital na década de 50. O êxito desta febre e a elevada taxa de mortalidade
explicam-se pelas péssimas condições de salubridade existentes no país.
Foi quando em dois verões, seguidamente, a febre
E a Cólera também andaram na cidade,
Que esta população, com um terror de lebre,
Fugiu da capital como da tempestade. (Nós, I)

♐ A tuberculose ou tísica: esta doença foi responsável por muitas mortes,


nos meados de oitocentos. Atingiu as gerações mais novas e as pessoas que se
dedicavam a profissões de mais elevado risco (artífices e operários) e empregados
públicos. O tempo em que a tísica atacava era nos meses de Verão e Outono (cair da
folha); muitos iam convalescer nas zonas rurais, mas, regressados às suas residências
sombrias e pouco recomendáveis do ponto de vista higiénico e sanitário, acabavam por
falecer rapidamente.
Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora. (Contrariedades)

☞ A Burguesia: a expansão económica favorecida pela Regeneração gerou


uma burguesia mais dinâmica. Para melhor compreendermos a obra de Cesário,
convém distinguir a burguesia do Porto e a de Lisboa. A primeira era composta por
comerciantes e negociantes ligados ao comércio do vinho, ao tráfego brasileiro e às
operações bancárias; a de Lisboa, além de diversificada nos seus interesses
económicos, distribuía-se por uma pequena e média burguesia e por uma grande
burguesia, aquela que tinha maior expressão em lugares cimeiros da administração.
Esta burguesia consolidou o seu poder com o investimento feito no lançamento de
infraestruturas como os caminhos-de–ferro, o abastecimento de água, a iluminação
pública, etc..

☞ Os pobres: contrapõe-se à burguesia um outro grupo social bem numeroso


no séc. XIX – os pobres, que podemos agrupar da seguinte forma: os pobres por
incapacidade de prover ao seu sustento (crianças, deficientes, doentes, velhos...); os
pobres aptos para o trabalho, mas impossibilitados de assegurar cabalmente a sua
subsistência e a dos seus dependentes (desempregados, viúvas, trabalhadores com
famílias numerosas); a gente com aptidão para trabalhar, mas pobres porque
voluntariamente ociosos (pedintes, vagabundos...).
Pois eu, que no deserto dos caminhos,
Por ti me expunha imenso, contra as vacas;
Eu, que apartava as mansas das velhacas,
Fugia com terror dos pobrezinhos! (os Irmãozinhos)

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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral
CESÁRIO VERDE

Poetização do Real Binómio cidade/ campo

Capta as impressões do O poeta-pintor descreve:


quotidiano: - da cidade – as ruas
- com objetividade e soturnas e melancólicas,
pormenor; com sombras e bulício, a
- com subjetividade, graças melancolia, a monotonia, o
à imaginação trans- desejo absurdo de sofrer ;
figuradora, transpõe a - do campo – a vida rústica,
realidade numa outra. de canseiras, a sua
vitalidade e saúde.

Inovação da arte
poética Questão social

Modelo de naturalidade e Realismo de intenção


de “sereno realismo basicamente
visual” naturalista.
- realista, escolhe as
TEMÁTICAS - anatomia do homem
palavras que refletem a oprimido pela cidade.
realidade. - integração da
- a poesia está implícita, realidade comezinha
disfarçada sob a no mundo poético.
observação da realidade.

Humilhação
Subjetividade do tempo e a
morte - A humilhação sentimental: a
mulher formosa, fria, distante e
- Cidade de homens vivos, altiva.
mas mórbida, doentia e febril. - A humilhação estética: a
- Presença da dor, da miséria revolta pela incompreensão
e da decomposição. que os outros manifestam em
- Atração da morte. relação à sua poesia.
- Ameaça da peste. - Humilhação social: o povo
oprimido e abandonado.

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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral
ASPETOS GERAIS DA POESIA DE CESÁRIO VERDE

✄ Carácter deambulatório.
✄ Aspeto cinético e visualismo:
 o poeta faz a apresentação de aspetos genéricos e globalizantes,
descendo depois aos aspetos particulares que descreve pormenorizadamente.
✄ Aspeto pictórico:
 influência dos movimentos e técnicas pictóricas da época (Realismo,
Impressionismo).
✄ Presença do quotidiano citadino e campestre.
✄ Binómio campo - cidade

vida morte
pureza corrupção
felicidade infelicidade
saúde doença
alegria tristeza
liberdade prisão
luz sombra
✄ Nova imagem da mulher:
 mulher do povo, sofredora e doente (Contrariedades, Num Bairro
Moderno);
 mulher leviana (Sentimento dum Ocidental);
 mulher sedutora e bela (De Tarde e De Verão).
✄ Intenção crítica e questões sociais.
✄ As fugas imaginativas e a pretensa objetividade.
✄ O mito de Anteu – o contacto com a terra, com a realidade confere força e
vitalidade.
✄ Linguagem: vocabulário preciso, conciso e pragmático; escassez de palavras
eruditas, valor expressivo dos diminutivos; emprego de verbos sensoriais; sinestesias,..

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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral
O dia da morte de Cesário Verde

«Na madrugada de 19 de Julho de 1886, entre as ribeiras e os montes de


Caneças, o clima ainda estava ameno. Nos pomares, cantavam os pintarroxos,
nos prados, as vacas leiteiras pastavam e, no meio dos pedregulhos, as
mulheres preparavam-se para lavar as peças de roupa que, no dia seguinte,
entregariam nas casas ricas. O silêncio apenas era entrecortado pelas chocas
da manada e pelos carros de bois que desciam do outeiro. Foi no meio deste
esplendor que, às 5 horas da manhã, com os pulmões destruídos pela
tuberculose, morreu Cesário Verde.»

Maria Filomena Mónica, Cenas da Vida Portuguesa

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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral
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A Professora: Ana Maria Silva de Amaral 7

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