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09/04/2019 A igualdade dá um passo fora da Europa: A revolução americana

Lição 02

A igualdade dá um passo fora da


Europa: A revolução americana
Questões Contemporâneas: Indivíduo e Sociedade, Igualdade e Diversidade

Começar a aula

1. Introdução
O dia 4 de julho de 1776 é uma data histórica. Surgia um novo país: os Estados

Unidos da América, o primeiro a se formar no continente americano. Uma organização política


inusitada para a época, considerando-se, especialmente, o tamanho do território e da população:
uma República presidencialista, com três poderes independentes e um Congresso eleito
bicameral.

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Uma informação importante!

No sistema bicameral temos duas casas legislativas. No caso brasileiro atual, elas são o Senado
Federal e a Câmara dos Deputados, no caso dos Estados Unidos são o Senado e a Câmara dos
Representantes. A ideia é de que exista sempre uma possibilidade de revisão de alguma legislação
aprovada por uma casa, impedindo pequenas maiorias de aprovarem qualquer tipo de legislação.
Uma casa funciona como revisora da outra.

Você sabia?
As treze listras da bandeira americana correspondem às treze colônias que formaram os EUA em
1776, e as cinquenta estrelas aos atuais 50 estados do país.

Bandeira dos Estados Unidos da América (atual) que foi com a missão espacial da Apollo 11.

Muitos apostavam que não daria certo. A primeira década de existência do país parecia confirmar
esses temores. Somente com o estabelecimento da Constituição, aprovada em 1787 e ratificada no
ano seguinte, e a eleição e posse de George Washington, em 1788 e 1789, respectivamente, como

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presidente da República, darão estabilidade ao processo político, social e econômico do novo país.

George Washington, comandante do Exército Continental e primeiro presidente dos EUA, quadro pintado por Gilbert
Stuart (1795-1796)

No entanto, as atribulações pelas quais passaram aquela população, construindo, pouco a pouco, o
seu processo de independência começaram antes. Desde fins do século XVII, os colonos
perceberam um tratamento desigual que recebiam da metrópole, ou assim o julgavam, a partir de
sua participação nas chamadas guerras coloniais.

Antes, talvez, pudéssemos pensar nas ideias de igualdade política, mesmo que então limitadas aos
homens, e de compromisso cívico que estavam presentes desde, ao menos, o Pacto do
Mayflower, de 1620, e que irão prosperar e se desenvolver naquelas colônias.

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Pacto do Mayflower, primeiro documento político das colônias americanas.

As tensões entre colonos e o governo inglês irão, no entanto, se aprofundar a partir do momento em
que a Inglaterra resolve ampliar os seus controles sobre o seu sistema colonial. Num movimento de
crescente disputa, as divergências entre as partes tornam-se inegociáveis. A guerra virá em 1775 e
se estenderá até 1782, com a proclamação da independência em 1776.

Todo esse processo irá amadurecer uma série de valores e práticas políticas, embaladas por ideias
liberais e republicanistas. Será sobre tudo isso que conversaremos a partir de agora. Daremos
especial atenção aos documentos produzidos pelos colonos americanos, mas também aos
pensadores que formularam as ideias que embasavam o movimento, bem como aos principais
elementos de disputa, tensão e guerra e às instituições produzidas pelo novo país, sem descuidar de
apontar, quando necessário, as contradições presentes nesse processo. Sigamos em frente.
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2. Ideias que movem os colonos

Congresso dos EUA, o estilo construtivo na capital dos EUA tem sentido político

No ano de 1800 foi inaugurada a cidade de Washington, distrito de Colúmbia. Uma pessoa
mais atenta talvez perceba a abundância de mármore branco e de prédios com estilo neoclássico.
Eventualmente, poderá se pensar que o estilo derivava de uma predileção do engenheiro francês,
Pierre Charles L“Enfant, que projetou a capital. Essa escolha, no entanto, representa uma clara
intenção dos líderes políticos de então de vincular a jovem nação com as instituições da Grécia e
Roma antigas, devido ao seu caráter republicano (KARNAL, 2003).

As ideias que mobilizaram os colonos americanos em sua luta pela independência e no processo de
afirmação do novo país tinham, principalmente, dois corpos principais: liberais e republicanistas.
As primeiras com um processo mais longo de amadurecimento, vindo de contribuições de
pensadores ingleses, principalmente John Locke, desde fins do século XVII, já a segunda, com
afirmação mais tardia, já no processo de disputa com a Inglaterra, a partir de meados do século
XVIII. De toda maneira, com ênfases distintas e interpretações diversas acerca do papel dos
cidadãos no processo político, ambas enfatizavam a questão da liberdade e da luta contra a
opressão e acabaram, por assim dizer, se amalgamando num pensamento político bastante
específico.

Como enfatizou Thomas Paine (2005, p. 64), em seu conhecido panfleto político Senso Comum,
publicado em janeiro de 1776,

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Ó vós, que amais a humanidade! Vós, que ousais opor-vos não apenas à tirania, mas ao tirano
– apresentai-vos! Cada parte do velho mundo está esmagada pela opressão. A liberdade foi
perseguida em todo o globo. A Ásia e a África há muito que a expulsaram. A Europa a
considera uma estranha, e a Inglaterra deu-lhe um aviso para que se vá. Oh, recebei a fugitiva,
e preparai com o tempo um refúgio para a humanidade.

Os colonos americanos desenvolverão, assim, uma crença de uma ameaça geral da tirania, como
destaca o historiador Gordon S. Wood (2013, p, 88)

[...] a América era o objetivo primário, mas os desígnios dessa conspiração tirânica iam muito
além das colônias. Os americanos estavam envolvidos não só na defesa dos próprios direitos,
mas em uma luta global para proteger a liberdade.

A influência do pensamento liberal sobre os colonos era dada não somente por conhecidos
pensadores, como John Locke, mas também por escritores políticos como o inglês John
Trenchard e o escocês Thomas Gordon. (WOOD, 2013)

O historiador Leandro Karnal (2003, p. 141), expande a análise sobre as origens dos ideais liberais
colonos, e destaca que

[...]. A tradição da liberdade tinha uma base clara na tradição religiosa puritana e numa
determinada leitura da memória colonial. Outra base estava no autor inglês John Locke, lido
por norte-americanos nas universidades inglesas e disseminado nas 13 colônias. O texto de
Declaração [de Independência] é uma lembrança quase literal dos princípios básicos do autor
do Segundo Tratado Sobre o Governo: direitos naturais, governo instituído para preservar os
direitos naturais, e direito de rebelião. Raras vezes na história um autor teve uma influência
tão clara em um texto elaborado em outro país.

Para Locke, vale lembrar, os direitos naturais referem-se a garantia da vida e da liberdade dos
homens e a defesa de sua propriedade, será isso que o permitirá uma vida com liberdade, felicidade
e prosperidade. Se o governo cumpre com essa função terá, para o filósofo, legitimidade, senão,
pode-se classificá-lo como tirânico, e abre-se, aos cidadãos, a possibilidade de resistência e de
rebelião. (KARNAL et al., 2007)

No entanto, um outro conjunto de ideias políticas também terá significativo impacto no processo de
independência dos Estados Unidos: o republicanismo.

Ao longo do período que vai do início da década de 1760 até a promulgação da Constituição dos
Estados Unidos da América, em 1787, e da chamada Carta de Direitos, de 1791, será construída a
base da matriz norte-americana do republicanismo. Ela foi o fruto mais radical do processo de
rebelião e revolução nas treze colônias contra o domínio inglês. Este estava sustentado nas bases
históricas dessa linha de pensamento, que propugnava, como aspectos centrais, por: vita activa,
virtude cívica, a preocupação com o interesse público e a liberdade como ausência de
opressão, como não possibilidade de interferências discricionárias e como possibilidade de
participação. (STARLING, 2013)

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Nós, o povo (We the people), assim começa a Constituição dos EUA

Segundo o historiador Bernard Bailyn (2003) com o fim do período conhecido como negligência
salutar por parte da Inglaterra, quando esta, dificultada pelas suas guerras e disputas internas e
até uma certa incapacidade de explorar mais ativamente as colônias, as deixa viver mais livremente,
que irá ocorrer após o final da Guerra dos Sete Anos (1756 – 1763), os colonos norte-americanos
começam um processo de resistência que irá, a partir de 1775, se transformar em ação ofensiva para
garantir suas liberdades e, por fim, a independência.

Nesse processo, foram múltiplas as influências ideológicas que esses colonos receberam e, podemos
dizer, reconstruíram, ao longo de suas lutas contra as autoridades e as tropas britânicas. Por certo,
eles conheciam o pensamento puritano do Covenant, como também as ideias do direito
consuetudinário, ou da Commom Law inglesa, do contrato social de John Locke (1632 – 1704) e
do direito natural iluminista, e essas ideias perpassavam as propostas e pensamentos dos colonos
rebeldes, mas foram pensadores ingleses do fim do século XVII e início do XVIII que mais
influenciaram esses revolucionários. Aqui podemos destacar John Trenchard (1662 – 1723),
Robert Molesworth (1656 – 1725), Thomas Gordon (1691 – 1750), Benjamin Hoadly (1676 –
1761) e Henry St. John Bolingbroke (1678 – 1751). (BAILYN, 2003)

Mas esses escritores ingleses tinham a sua ideologia formada por outros pensadores daquele país,
pessoas que vivenciaram todos os percalços das lutas internas da Inglaterra no século XVII. Como
destaca Bailyn (2003, p. 50-51

Entre os progenitores do século 17, dessa linha de escritores radicais do século 18 e políticos de
oposição unidos na crítica ao poder ministerial e à “corte”, [John] Milton foi uma figura
importante – não Milton o poeta tanto quanto Milton o publicista radical, autor de
Eikonoklastes e The tenure of kings and magistrates (ambos publicados em 1649). Os escritores
revolucionários norte-americanos referiam-se com igual respeito, ainda que com uma
compreensão menor, à escrita mais sistemática de [James] Harrington e à de Henry Neville de
ideias semelhantes; sobretudo referiam-se às doutrinas de Algernon Sidney, aquele “mártir da
liberdade civil”, cujos Discourses concerning government (1698) tornaram-se, na expressão de
Caroline Robbins, um “livro-texto da revolução” na América do Norte.

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A ligação, portanto, com o republicanismo inglês fica evidente. Esse, no entanto, não era um mero
pastiche, uma cópia para simular as condições análogas de repressão e corrupção que tanto os
colonos norte-americanos da segunda metade do século XVIII, quanto seus predecessores ingleses
do século XVII e início do XVIII identificavam os primeiros na Inglaterra, no rei e no parlamento,
de modo geral, e os segundos na Corte e seus ministros de modo específico. Como destaca a
historiadora Heloísa Maria Murgel Starling (2013, p. 231)

Entre 1763 e 1791, as ideias foram reformuladas, surgiram proposições inéditas e o


vocabulário do mundo público teve de ser redefinido para dar conta de uma nova configuração
do pensamento que brotou no território da antiga América inglesa. No interior da matriz do
republicanismo norte-americano, coube construir, por exemplo, a noção de que os direitos
constituem uma condição de proteção do indivíduo e representam uma conquista histórica e
política; ou de que a ideia de que os interesses possuem um papel agregativo e sua preservação
também está atada à própria definição de liberdade; ou, ainda, a convicção de que a república
pode ser erguida em um território de extensão continental e sua estrutura institucional
sustentar-se em um governo nacional forte, mas, ao mesmo tempo, limitado pela tarefa de
preservar as liberdades de um Estado republicano.

Todas essas ideias, no entanto, não eram percebidas de forma estanque ou desarticulada. Na
verdade, conforme o processo de luta contra a Inglaterra se desenvolvia, elas formaram um corpo
conjunto de perspectivas políticas que – de uma maneira não linear, por certo – integravam vários
de seus postulados.
Conforme destaca José Guilherme Merquior (2014, p. 105)

O republicanismo liberal na América dos pais fundadores ampliou a ideia lockiana do Estado
sob o aspecto de que, diferentemente de Locke, ele estipulou que todos os postos seriam eletivos.
Também acenou com um substantivo potencial democrático no interior de instituições liberais.
Por último na ordem, mas não em importância, contemplou uma economia liberista. Foi
corretamente que se percebeu que a federação americana era a forma mais livre já assumida
por um Estado whig e, como tal, a um tempo atraiu e repugnou o conservador Simón
Bolívar (1783 – 1830), o unificador e principal libertador no sul do hemisfério.

Essas ideias, no entanto, são decorrentes das novas condições que a Inglaterra impôs às suas
colônias a partir de 1763, mas também de situações peculiares da cultura sociopolítica que os
colonos construíram nos territórios norte-americanos desde o século XVII. Agora, para nós, é
importante destacar os elementos centrais do processo histórico que permitiram a formulação e
aplicação – com todas as suas virtudes, contradições e limites – dessas ideias.

3. O processo de independência dos EUA

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As treze colônias que formaram os EUA.

Desde fins do século XVII até fins da década de 1760 ocorreram inúmeras guerras entre as
potências europeias que, no entanto, acabaram levando suas disputas militares até os territórios
coloniais e, por conseguinte, envolvendo os colonos (veja tabela a seguir). Essas guerras, para além
de suas consequências características de morte, destruição, gastos significativos, fizeram perceber
aos colonos – como resultados objetivos na maioria dos tratados assinados – que os seus interesses
não eram levados em conta pelo governo da metrópole. Construiu-se, assim, pouco a pouco, um
sentimento de animosidade daqueles que participaram das guerras e das comunidades coloniais
que foram afetadas, direta ou indiretamente, um sentimento antibritânico. (KARNAL et al., 2007)

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GUERRA PERÍODO PAÍSES EM LUTA VENCEDOR(ES) TRATADO

Guerra da 1688 - 1697 Inglaterra, Sacro Inglaterra, Sacro Tratado de Ryswick


Liga de Império Romano Império Romano (1697)
Augsburgo Germânico, Espanha, Germânico, Espanha,
Portugal e Holanda Portugal e Holanda
x
França

Guerra da 1703 - 1713 Espanha (Coroa de Sem vencedores 1º Tratado de Utrecht


Sucessão Aragão), Inglaterra, explícitos. Sistemas (1713) e 2º Tratado de
Espanhola Países Baixos, de compensações. Utrecht (1715)
Portugal, Sacro Filipe V continua
Império Romano como rei da Espanha,
Germânico e Reino da pequena vantagem
Dinamarca e da para os franceses.
Noruega
x
Espanha (Coroa de
Castela), França e
Baviera

Guerra da 1739 - 1742 Tropas coloniais da Espanha e França Tratado de Aquisgrão


“Orelha de Inglaterra ou de Aix-la-Chapelle
Jenkins x ou Tratado de Aachen
Tropas coloniais da (1748), encerrou a
Espanha e da França Guerra da Sucessão
Austríaca e também a
Guerra da “Orelha de
Jenkins”

Guerra da 1740 – 1748 Inglaterra, Holanda, França, Prússia, Tratado de Aquisgrão


Sucessão Rússia e Áustria Espanha e Suécia ou de Aix-la-Chapelle
Austríaca (Império Habsburgo) ou Tratado de Aachen
x (1748)
França, Prússia,
Espanha e Suécia

Guerra 1754 – 1756 França, Espanha e Inglaterra, colonos e Tratado de Paris (1763)
Franco-Índia diversos povos povos indígenas
indígenas norte- norte-americanos
americanos
x
Inglaterra, colonos e
povos indígenas
norte-americanos

Guerra dos 1756 – 1763 Inglaterra, Prússia, Inglaterra, Prússia, Tratado de Paris (1763)
Sete Anos Portugal e Reino de Portugal e Reino de
Hanôver Hanôver
x
França, Áustria,
Rússia, Suécia,
Espanha e Saxônia

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Fonte: Bailyn (2003), Karnal (2003), Karnal et al. (2007) e Wood (2013)

Papel especial para o agravamento das tensões entre os colonos e a Inglaterra terá a Guerra dos
Sete Anos (1756 – 1763). Desde meados do século XVIII a necessidade de reformas políticas,
administrativas, comerciais e financeiras no Império Britânico estavam evidentes para a sua elite
política. O Tratado de Paris (1763), com a grande gama de demandas que apresenta para as
conquistas territoriais e populacionais inglesas, torna essa premência uma urgência. Como destaca
Wood (2013, p.40)

O mais premente desses problemas era a reorganização do território adquirido da França e da


Espanha. Era preciso montar novos governos, regulamentar o comércio com os índios, dirimir
disputas de terra e fazer alguma coisa para impedir que os conflitos entre colonos brancos em
busca de assentamento e nativos americanos explodisse em guerra generalizada.

Os conflitos entre os colonos e a Inglaterra começaram ainda no ano de 1763. Interessados em


expandir o território colonial para as áreas entre os montes Apalaches e as terras até o rio
Mississipi, os norte-americanos entraram em conflito com os indígenas. A vitória, ao final, foi
inglesa, mas a custo de muita luta e destruição. Para amenizar a situação o rei Jorge III (1738 –
1820) proibiu aos colonos a ocupação de grande parte das terras pretendidas pelos colonos, mas
não só isso. A partir do ano seguinte a situação iria se tornar, progressivamente, mais difícil na
relação entre as colônias e a sua metrópole, a negligência salutar acabara, agora os mecanismos de
dominação econômica, com forte viés mercantilista, estava no topo da agenda britânica.
(KARNAL et al., 2007)

Ademais, os gastos britânicos com a guerra e com juros de dívidas era crescente. Em

“[...] 1763, os gastos com a guerra totalizavam 37 milhões de libras esterlinas, [...], um
montante enorme quando comparado ao orçamento britânico anual médio em tempos de paz,
que era de apenas 8 milhões”.

(WOOD, 2013, p. 40-41)

Em 1763, um imposto sobre a sidra, a ser pago pelos proprietários de terras ingleses, gerou
protestos e ocupação militar para obrigar o pagamento do novo tributo. O governo britânico, diante
da situação, julgava que algo precisava ser feito. O período denominado de “negligência salutar”
estava prestes a terminar. As reações, por parte dos colonos, não obstante, seriam imediatas. Para
isso, contribuiu, também, a chegada ao poder, em 1760, de um rei com ímpeto e disposição, Jorge
III. (Karnal et al., 2007; e Wood, 2013)

Logo se iniciam as mudanças, com a Proclamação de 1763 criaram-se novos governos reais, em
territórios anteriormente franceses e espanhóis, aumentaram a área da província de Nova Escócia e
proibiu-se a compra de terras por particulares da recém-criada reserva indígena na região dos
Apalaches, impossibilitando os colonos brancos de avançarem rumo ao oeste, como era sua
intenção. No ano seguinte, 1764, o governo inglês – com a Lei de Quebec – transferiu à província
de Quebec o controle das terras e do comércio de toda a região entre os rios Ohio e Mississipi. Mais
descontentamento dos colonos. (Karnal, 2003; Karnal et al., 2007; e Wood, 2013)

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Em 1764, o governo inglês impõe três leis às colônias: a do Açúcar, a da Moeda e a da Hospedagem.
Seus objetivos eram bastante claros aumentar as receitas e diminuir os custos da Inglaterra, bem
como aumentar o controle sobre as rotas comerciais, reduzindo o contrabando e a corrupção entre
os habitantes das colônias. No ano seguinte mais uma lei, desta feita a Lei do Selo. A reação
começa a se fazer sentir de forma organizada. Nove, das treze colônias enviam representantes a um
Congresso da Lei do Selo, onde aprovam uma Declaração dos Direitos e Reivindicações que, apesar
de reafirmar a lealdade ao rei, proclama o princípio do No taxation without representation. A
Lei do Selo será revogada em 1766, mas no ano seguinte os Atos Townshend irão, novamente,
tensionar a situação. (HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

Importante destacar que essas medidas se davam num contexto de agravamento da situação
econômica das colônias. Como destaca Wood (2013, p. 49)

A atmosfera nas colônias não podia ser menos receptiva aos primeiros esforços do governo
britânico para reorganizar o império. No começo da década de 1760, com o corte dos
investimentos militares, a expansão comercial entrou em colapso. Entre 1760 e 1764, os
mercados americanos ficaram abarrotados de mercadorias sem saída. Ao mesmo tempo, as
enormes colheitas de tabaco [...] causaram uma queda de 75% nos preços. A recessão colocou
em risco toda a estrutura de crédito do Atlântico, desde as casas mercantis de Londres e da
Escócia até os pequenos fazendeiros e comerciantes coloniais. O resultado foi uma sucessão de
falências e bancarrotas por toda a parte.

A discussão pública sobre as medidas inglesas se avoluma. Jornais e panfletos aparecem a todo
instante e em todos os lugares. Questiona-se a relação constitucional entre as colônias e a
metrópole e a representação dos colonos no Parlamento inglês. À resposta inglesa de que mesmo
cidades inglesas que não votavam nas eleições, como Manchester e Birmingham, eram
representadas porque os parlamentares representavam os interesses de todos os habitantes do
império, os colonos respondiam com veemência que não, muitas vezes usando argumentos
baseados na obra do filósofo inglês John Locke. (HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007; WOOD,
2013)

Em 1766, para afirmar definitivamente seu poder soberano, o Parlamento aprova a Lei
Declaratória, que proclamava a sua autoridade para instituir leis obrigatórias para todos os
colonos em qualquer caso, reafirmando, assim, o conceito de soberania – em voga naquela época –
que dizia que para cada Estado existia somente uma autoridade suprema, também de acordo com
os postulados de John Locke, que destacava que esse Poder era, exatamente o Legislativo.
(KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

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O massacre de Boston, Paul Revere (1770).

Em 1770 ocorre o chamado Massacre de Boston com a morte de cinco colonos e seis outros
ficando feridos por ação de tropas inglesas. Mais uma ação inglesa contra a tentativa de soberania
dos colonos. Em ambos os lados se propunha, sem que, na verdade isso fosse possível, um retorno à
situação anterior a 1763. Cada lado entendendo a proposição de maneira diferente. A partir de 1772
a situação entra, mais uma vez, em ritmo de confronto, que levará à guerra é a independência.
Naquele ano, colonos de Rhode Island abordam um navio encalhado em seu litoral, atacam o
capitão e afundam a embarcação. A Inglaterra, como resposta, envia uma comissão real com
poderes de despachar todos os acusados para a metrópole. No ano de 1773, numa decisão de caráter
marcadamente mercantilista, que, por certo, iria provocar perdas aos comerciantes coloniais, é
imposto às colônias o monopólio da venda do chá pela Companhia das Índias Orientais, no que irá
gerar a reação que ficou conhecida como Boston Tea Party. Como resultado virão as chamadas
Leis Intoleráveis que, entre outras coisas, determinam a interdição do Porto de Boston até o
pagamento dos danos causados, transformam Massachusetts em colônia real e restringem o
direito de reunião. (HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

Boston Tea Party – agravamento das tensões entre a Inglaterra e os colonos

A situação caminha num crescendo de ação e reação. Ao longo do tempo, as medidas britânicas
foram, progressivamente, enfrentando maior e mais obstinada oposição dos colonos, esta, por sua
vez, conduzia a novas iniciativas metropolitanas. Como destaca Wood (2013, p. 71).

Durante os dois anos que se seguiram às Leis Coercitivas de 1774, os eventos se sucederam
rapidamente, tornando a reconciliação entre a metrópole e as colônias cada vez mais
improvável. A essa altura, a crise já deixara de ser um mero transtorno no relacionamento
imperial.

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Em 1774 reuniu-se o Primeiro Congresso Continental, com a participação de 55


representantes de 12 colônias (ausente apenas a Geórgia), este aprova documento dirigido ao rei
inglês solicitando a revisão de todas as medidas tomadas, mas ainda sem se manifestar pela
separação. No ano seguinte, a partir de 10 de maio, reúne-se o Segundo Congresso Continental
que, inicialmente, manteve uma postura política de busca de entendimento, tendo mesmo
aprovado, em julho de 1775, um documento que defendia lealdade à Coroa e solicitava ao rei que
abandonasse seus ministros responsáveis pelas medidas contrárias às colônias. (HUBERMAN,
1983; KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

Conhecendo as fontes!

Quer conhecer documentos importantes do processo de independência dos EUA? Consulte os links
abaixo e veja o texto completo para três documentos fundamentais do processo de independência
dos Estados Unidos da América:

Declaração de Direitos de Virgínia (1776). Acesse aqui.

Declaração de Independência dos Estados Unidos da América. Acesse aqui.

Constituição dos Estados Unidos da América (texto completo com todas as emendas, inclusive
as 10 primeiras emendas conhecidas como Bill of Rights). Acesse aqui. 

Destaque-se que os conflitos armados, entre tropas inglesas e os colonos, tiveram início antes do
Congresso Continental começar seus trabalhos. Os primeiros conflitos ocorreram a partir de 18 e 19
de abril daquele ano em Massachusetts, quando tropas britânicas tentaram desarmar grupos de
rebeldes coloniais. Ao final dos conflitos 273 britânicos e 95 colonos estavam mortos ou feridos.
Rapidamente a revolta se espalha para cidades do interior da colônia. Em junho novas escaramuças
ocorrem na cidade de Charlestown. No dia 17 daquele mês ocorre aquela que é considerada a
primeira batalha da revolução americana: a Batalha de Bunker Hill. (HUBERMAN, 1983;
KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

O Congresso Continental, então, toma uma série de medidas. Como destaca Wood (2013, p. 80)

[...] criou o Exército Continental, nomeou George Washington, da Virgínia, como seu
comandante, emitiu papel-moeda para dar apoio às tropas coloniais e formou uma comissão
para negociar com governos estrangeiros. Os americanos estavam se preparando para a
guerra contra a maior potência do século XVIII.

No dia 23 de agosto o rei Jorge III declara as colônias em estado de rebelião. Agora só restava a
guerra. E guerra seria o que aconteceria até 1781. Em janeiro de 1776 o espírito revolucionário e
independentista ganha novo impulso com a publicação de um panfleto político intitulado Senso
Comum, de Thomas Paine. Este terá – apenas naquele ano – 25 edições com cerca de trezentas mil

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09/04/2019 A igualdade dá um passo fora da Europa: A revolução americana

cópias impressas. Nesse texto, Paine defende não só a independência, mas também a república,
acusando a Inglaterra e seu sistema monárquico de serem fontes de opressão. É considerado por
muitos como o texto mais significativo e popular de todo o processo revolucionário, tendo
contribuído para disseminar a defesa da independência e da República, posteriormente adotada.
(HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013).

Declaração de Independência dos EUA.

Em abril de 1776, o Congresso Continental declara todos os portos americanos abertos ao comércio
exterior. Em 4 de julho, enfim, é aprovada a Declaração de Independência. A guerra irá se arrastar
até 1782, mas, com a vitória do Exército colonial e seus aliados franceses sobre as tropas inglesas na

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09/04/2019 A igualdade dá um passo fora da Europa: A revolução americana

Batalha de Yorktown está claro que a guerra está perdida para a Inglaterra. Em 1783 é assinado o
Tratado de Paris onde a Inglaterra reconhece a independência dos Estados Unidos da América.
(WOOD, 2013)

Gangues de Nova York é um excelente filme dirigido por Martin Scorcese e protagonizado por dois
conhecidos atores: Daniel Day-Lewis e Leonardo DiCaprio. Mostra o ambiente da cidade de Nova
York em meados do século XIX com seu forte incremento populacional, por conta da imigração de
modo geral, especialmente a irlandesa, e os momentos que antecedem a Guerra Civil Americana
(1861 - 1865), também chamada de Guerra da Secessão. Vale a pena assistir. História em
movimento.

Gangues de Nova York Filme completo em portugues

Entre 1776 e 1777, além dos assuntos de guerra, os colonos estavam ocupados estabelecendo as
constituições estaduais e pensando na forma de união que teriam as treze colônias. Em novembro
de 1777 o Congresso Continental apresentou, enfim, aqueles que ficariam conhecidos como os
Artigos da Confederação, que só entraram em vigor em 1781, após a sua aprovação por todos os
estados. Com esses artigos estabelecia-se uma Confederação, sem a figura de um presidente, com
um Congresso da Confederação com representação por estados e o poder central sendo exercido
por este organismo legislativo. O governo da União só tinha atribuições para as relações exteriores,
declarar guerra, emitir dinheiro, regular assuntos indígenas e resolver disputas entre estados.
(HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

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09/04/2019 A igualdade dá um passo fora da Europa: A revolução americana

O documento legal inicial dos EUA: os Artigos da Confederação.

A década de 1780 é percebida como um momento de crise, e até mesmo definidor, para o projeto
dos Estados Unidos da América. Para além das dificuldades econômicas, geradas por um forte
processo inflacionário, ocasionado pelas fortes emissões de papel-moeda durante a guerra de
independência, a fraqueza do governo da União – incapaz de implementar políticas para a melhoria
da situação econômica, por exemplo – comparado com a força dos poderes legislativos estaduais,
começou a se discutir a necessidade da criação de um poder central mais forte e a redução dos
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poderes estaduais. Esse foi um processo longo que só acabou com a aprovação da Constituição em
1787, a eleição de George Washington para presidente em 1788, com a posse no ano seguinte, e a
aprovação da chamada Bill of Rights, as dez primeiras emendas à Constituição, ratificada em
1791. Estava formada, então, a moldura política e legal que marca a história daquele país até os dias
de hoje. Entre os aspectos de destaque estão a criação do cargo de presidente da República, o
fortalecimento do poder do Congresso dos EUA, agora bicameral, com Senado e Câmara dos
Representantes, e o fortalecimento do Poder Judiciário. (HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007;
WOOD, 2013)

As 10 primeiras emendas à Constituição dos EUA, conhecidas como Bill of Rights.

Por certo, temos contradições nesse processo. A participação dos mais pobres nas eleições
presidenciais só será definitivamente regulamentada em 1824, a escravidão continuaria a existir –
sendo essa a principal “ofensa” prática ao espírito de igualdade proclamado tanto na Declaração de
Independência quanto na Constituição. No entanto, não podemos deixar de notar que muitos
americanos já naquele período notavam isso e, desde então, movimentos políticos acontecerão em
torno dessas questões. Já em 1775, por exemplo, quacres formaram na Filadélfia a primeira
organização antiescravista. (HUBERMAN, 1983; KARNAL et al., 2007; WOOD, 2013)

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Conhecendo personagens históricos significativos:

Abraham Lincoln é personagem central na história dos EUA. Assista ao filme Lincoln (2012), com
Daniel Day-Lewis no papel de Lincoln, e pesquise um pouco sobre esse personagem histórico para
analisar se o filme se encontra de acordo com a história.

Lincoln – assistir completo dublado portugues

A participação em assuntos públicos e associação para atividades coletivas está presente de forma
marcante nesse processo, esse é um dos aspectos mais destacados de todo o processo da Revolução
Americana, aquilo que se define como espírito cívico, vita activa e preocupação com o interesse
público. Alexis de Tocqueville já diagnosticara, em meados do século XIX, o intenso espírito
associativo dos norte-americanos. Como ele destaca (1977, p. 146) “[...] Independentemente das
associações permanentes, criadas pela lei, sob o nome de comunas, cidades e condados, existe uma
multidão de outras que só devem o seu nascimento e o seu desenvolvimento a vontades
individuais”. Ele prossegue adiante na sua obra destacando a amplitude desse universo
organizativo ao afirmar que (1977, p. 391-392)

Os americanos de todas as idades, de todas as condições, de todos os espíritos, estão


constantemente a se unir. Não só possuem associações comerciais e industriais, nas quais
todos tomam parte, como ainda existem mil outras espécies: religiosas, morais, graves, fúteis,
muito gerais e muito particulares, imensas e muito pequenas; os americanos associam-se para
dar festas, fundar seminários, construir hotéis, edificar igrejas, distribuir livros, enviar
missionários aos antípodas, assim também criam hospitais, prisões, escolas. Trata-se, enfim,
de trazer à luz ou se desenvolver um sentimento pelo apoio de um grande exemplo, eles se
associam [...].

Também Arendt (2011, p. 163) destaca esse espírito participativo americano ao afirmar que

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09/04/2019 A igualdade dá um passo fora da Europa: A revolução americana

A questão é que os americanos sabiam que a liberdade pública consistia em participar de


assuntos públicos e que as atividades ligadas a esses assuntos não constituíam de maneira
alguma um fardo; ao contrário, proporcionavam aos que se encarregavam delas um
sentimento de felicidade que não encontrariam em nenhum outro lugar.

Ao longo desse processo, os colonos foram desenvolvendo suas ideias do direito de resistência ao
poder, da liberdade como elemento central da vida coletiva, mas, também, e, principalmente, como
forma de proteção ao indivíduo, da importância da pública expressão dos interesses, mas, também,
de forma bastante destacada, utilizavam e ampliavam a sua experiência de associativismo
comunitário, que contribuirá para o processo de formação política dos colonos, de comunicação
entre os cidadãos e os seus diversos grupos e cidades e de base para a resistência que se organizava
e continuamente se ampliava. Sendo essas, portanto, características centrais da matriz norte-
americana do republicanismo liberal e de suas práticas políticas. (BAILYN, 2003; KARNAL, 2003;
KARNAL et al., 2007; STARLING, 2013; WOOD, 2013)

Se interessou pelo tema da Revolução Americana? Quer saber mais sobre o processo de
independência dos EUA?

Sugerimos, especialmente, a leitura de um livro que está em nossa bibliografia.

WOOD, Gordon S. A Revolução Americana. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

4. Conclusão
Foi um processo longo e tortuoso. Foi algo violento. Só os americanos mortos na Guerra de
Independência foram cerca de 25 mil, algo em torno de 1% da população da época, mas, ao final
destacam-se algumas conquistas importantes no âmbito da elaboração das ideias de liberdade,
principalmente, de igualdade e de participação política ativa, e de sua construção prática.
Os povos do continente americano, em especial, irão se aproveitar do exemplo daqueles
revolucionários para emular os seus próprios processos de independência.
Aqueles povos que de alguma maneira foram prejudicados, ou, ao menos, não beneficiados com a
independência dos EUA, terão a partir dali argumentos para apresentar contra a sua situação.
Aquelas ideias – liberdade, igualdade e participação política – que foram, no momento anterior, um
contrapoder para os britânicos, seriam agora um poder para esses povos e um contrapoder para a
elite política americana. A história não para.

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09/04/2019 A igualdade dá um passo fora da Europa: A revolução americana

O que acha de pensar sobre isso?

Se os chamados pais fundadores dos EUA eram a favor da liberdade e da igualdade, como afirmam
os principais documentos do processo de independência, porque mantiveram a escravidão? Já
pensou sobre isso? Como explicar essa contradição?

A ideia de participação política dos cidadãos, em especial, ganhou força com a Revolução
Americana. Foram os cidadãos que constituíram o Exército Continental, foram eles que
mobilizaram suas vilas e cidades para organizar esse sistema político nascente. Foram eles que
discutiam e decidiam os assuntos cotidianos de suas vidas nos seus municípios. Foram, portanto, a
força viva da Revolução.
No que nos importa destacar, estavam lançadas bases ainda mais firmes – e promissoras – para os
ideais de liberdade, igualdade e participação política. Logo na sequência, esses mesmos ideais serão
reforçados pelos acontecimentos revolucionários na França, que será o nosso próximo tema de
discussão.

5. Referências
ARENDT, Hannah. Sobre a Revolução. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.

BAILYN, Bernard. As origens ideológicas da Revolução Americana. Bauru, SP: EDUSC,


2003.

HUBERMAN, Leo. História da riqueza dos EUA: nós, o povo. 3. ed. São Paulo: Brasiliense,
1983.

KARNAL, Leandro. Estados Unidos, liberdade e cidadania. In: PINSKY, Jaime; PINSKY, Carla
Bassanezi (orgs.). História da cidadania. São Paulo: Contexto, 2003. p. 135-157.

KARNAL, Leandro. et al. História dos Estados Unidos: das origens ao século XXI. São Paulo:
Contexto, 2007.

MERQUIOR, José Guilherme. O liberalismo: antigo e moderno. 3. ed. amp. São Paulo: É
Realizações Editora, 2014.

PAINE, Thomas. Senso comum. São Paulo: Martin Claret, 2005.

STARLING, Heloísa Maria Murgel. A matriz norte-americana. In: BIGNOTTO, Newton (org.).
Matrizes do republicanismo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013. p. 231-314.

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TOCQUEVILLE, Alexis de. A democracia na América. 2. ed. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia; São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1977.

WOOD, Gordon S. A revolução americana. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

YouTube. (2016, Setembro, 28). Victoria3. Gangues de Nova York Filme completo em
português. 2h17min20seg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=3BfbNrwVdAc>.
Acesso em: 18 maio. 2018.

YouTube. (2013, Novembro, 27). Stewart Jefferson. Lincoln – assistir completo dublado
portugues. 2h04min58seg. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?
v=nALEm_KK7rI>. Acesso em: 04 set. 2018.

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