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Resenha:

Alexandra Cross é filha do magnata Gideon Cross. Acostumada a ter


tudo o que sempre quis, para Alexa não existe um limite, não a nada
que ela não possa conseguir. Pelo menos isso era o que ela pensava.
Quando conhece o atraente e misterioso Theodore Grey ela se vê
presa em sua própria armadilha.
Ele é o homem mais indecifrável que já esteve na vida de Alexa.
Theodore é arrogante e orgulhoso. Mas acima de tudo ele é um
dominador, assim como ela. Porém nesse jogo apenas um pode
dominar e Theodore não está disposto a ceder, por mais que seu
desejo por ela seja quase incontrolável.
Dominados pela Luxúria é a trajetória de um romance alucinante e
acima de tudo viciante. Uma paixão avassaladora, e um jogo entre
dominadores. Será que dois podem jogar esse jogo?

Capitulo Um: Fascinada

oOo

Corri a mão sobre o vestido preto até a altura dos joelhos,


alisando-o uma segunda vez. Impecável. Perfeito. Como tudo
deveria ser na minha vida. No espelho retrovisor interno observei
meu reflexo. Não deveria desviar meu olhar da estrada para que
pudesse checar se tudo estava em ordem, e se minha maquiagem
continuava intacta. Mas era algo que eu não podia evitar. Tudo na
minha vida deveria ser calculado, para que saísse perfeito. E eu
não aceito menos que isso. Talvez devesse pensar melhor no que
meu pai vive tentando me convencer – a ter meu próprio motorista.
– Porém eu não gosto muito dessa ideia. Não quero ter alguém
grudado no meu pé o tempo todo. Levando-me para a manicure, ou
para fazer minha depilação. Não. Definitivamente minha dignidade
não permite isso, e também minha independência. Já não basta ser
filha de um bilionário que controla metade de Nova York. Que dirá
ainda ter alguém seguindo todos os meus passos de perto.
Definitivamente não. Essa ideia está fora de cogitação. Posso até
imaginar meu pai ligando a cada hora para o meu motorista
querendo saber onde estou. Com quem estou, ou o que estou
fazendo. Céus, sou uma mulher adulta, não preciso de vigilância
vinte e quatro horas por dia. Apesar de que eu tenho certeza
absoluta de que mesmo não tenho um motorista, meu pai sabe
exatamente onde me encontrar. E ele sempre vai saber. Por que ele
é assim. Um pai controlador, mas acima de tudo preocupadíssimo
com meu bem estar. Gideon Cross é o melhor pai que alguém
poderia ter. E eu acredito que sou sortuda por ser sua filha.

Estacionei a BMW prata em frente ao Crossfire. Uma torre


azulada, com um brilho safírico que parecia chegar às nuvens. O
prédio imponente também abriga os escritórios da Waters Field &
Leaman nos andares mais baixo. Abri minha bolsa e retirei o
pequeno tubo preto de dentro. Um batom de um tom vermelho
chamativo, escandaloso, mais acima de tudo sexy. Passei uma boa
camada, cobrindo meus lábios carnudos já avermelhados. Agora
sim, eu estou pronta para enfrentar um dia de trabalho.

Antes que pudesse sequer fazer esforço para abrir a porta do


meu carro. Eu a tive escancarada, e uma mão coberta por uma luva
branca veio ao meu encontro para me ajudar a sair. Angus é
sempre rápido e habilidoso, e apesar de ser o motorista do meu pai,
e não meu. Ele sempre está por perto, e garantindo que ele possa
abrir a porta para mim. Não gosto disso. Eu tenho mãos, posso
muito bem abrir a porta do meu carro. Mas como eu ganhei a luta
com meu pai nos termos de ter um motorista, então eu não vejo por
que não deixar Angus fazer algo que ele gosta. E eu sei que ele
gosta de estar por perto, mesmo que seja por pouco tempo, ele
adora minha companhia. Talvez ele sinta falta do tempo em que eu
era uma garotinha e ele tinha de me levar e buscar na escola, como
nas aulas de balé, ou até mesmo de francês.

–Srta. Cross. – Cumprimentou-me.

–Bom Dia Angus. Como se sente em poder abrir a porta do meu


carro? –Olhei de soslaio para ele, e pude ver um canto de sua boca
enrugar para cima. Angus não sorri, ou pelo menos quando ele o
faz, é quase imperceptível.

–Bom Dia senhorita. Sinto-me muito bem garantindo que a


senhorita não chegará atrasada ao seu trabalho.

–Muito bem Angus, tenha um bom dia. – Disse, despedindo-me.


–Igualmente senhorita. – Respondeu-me antes de entregar as
chaves do meu carro a um manobrista.

Passei pelas portas giratórias ornadas com cobre. Em seu


interior observei os pisos e paredes revestidos de mármore
dourado, e mesas e catracas de alumínio polido. Tudo isso me
lembra uma única pessoa, meu pai. O poder, a riqueza, e a
masculinidade. A imagem forte que meu pai transmite. Tudo isso
está ligado a este luxuoso edifício. Sorri observando o fluxo
constante de pessoas pelo Hall, todos vestidos em seus ternos
elegantes, e sapatos caríssimos. Cumprimentei duas atendentes no
comprido balcão de mármore e segui meu caminho. Meus sapatos
Jimmy Choo negros de salto agulha estalaram pelo caminho todo
até os elevadores. Tive a companhia de dois executivos enquanto
seguia para o andar dos escritórios do meu pai, meu e de alguns
outros sócios importantes. O elevador fez uma parada deixando os
dois executivos, que se afastaram murmurando um bom dia
envergonhado. Acho que não é apenas a figura do meu pai que
intimida muitas pessoas. Na verdade sou tão intimidante quanto
Gideon. Minha mãe diz que é por que sou exatamente como ele.
Tal pai, tal filha.

As portas do elevador abriram, e eu entrei no Hall. Vivian estava


atendendo a um telefonema quando me aproximei. Sua mesa
estava cheia de documentos, parecia atolada em trabalho. Quando
finalizou a ligação, sua atenção se voltou para mim.

–Bom Dia senhorita Cross. Deseja alguma coisa? – Perguntou


cordialmente.

–Bom Dia Vivian. Meu pai já está no escritório?

–Sim. O Sr. Cross vai entrar em reunião depois do meio dia.

–Reunião? – Perguntei franzindo o cenho.

–Sim senhorita. É algo importante. Acho que uma fusão de duas


empresas.

–Uma fusão? Como eu não sei nada sobre isso?


–Sinto muito Srta. Cross, mas eu não sei muita coisa. Talvez
você devesse perguntar a sua secretária, ou a do Sr. Cross.

–Obrigada Vivian. Já sei o que fazer.

Puxei minha bolsa sobre o meu ombro, e segui pelo corredor


curto em direção ao escritório do meu pai. Não posso acreditar que
meu pai fará uma reunião sem mim. Eu sempre estou perto dele
para qualquer coisa. Como não fui chamada para esta reunião? E
por que meu pai está fazendo uma fusão? Eu tenho certeza que
não há motivos para que ele faça uma fusão. Não precisamos de
nada disso. Ah mais eu vou saber dessa história direito. E vou
descobrir diretamente com Gideon Cross. Jenna – secretária do
meu pai - me viu chegando e levantou-se apressada da sua mesa.

–Bom Dia Srta. Cross. Vou avisar ao Sr. Cross que você está
aqui.

–Não é preciso Jenna. Obrigada.

–Mas Srta. Cross, por favor...

Passei pela secretária, e empurrei as portas de vidro aberta. Meu


pai estava sentado em sua cadeira de couro preta, atrás dele, pelas
janelas panorâmicas, uma incrível vista de Nova York. Ele falava
com alguém ao telefone. Levou uma mão por baixo de sua mesa, e
apertou um botão. A porta de vidro atrás de mim se fechou. Ele
estava finalizando a ligação, mas eu ainda pude pegar um pouco da
conversa.

–Sim, eu vou fazer isso. – Meu pai concordou. Esperou um


minuto e disse. – Não se preocupe está tudo certo. – Ouviu mais
um pouco da ligação, e despediu-se. – Preciso desligar. Até mais
Grey. – E então ele desligou.

–Isso não é jeito de entrar no meu escritório Alexandra. – Gideon


repreendeu.

–Você marcou uma reunião, e não ia me chamar? – Perguntei,


ignorando sua repreensão.
–Como você sabe da reunião? – Ele não respondeu minha
pergunta e invés disso fez outra. Típico.

–Você vai fazer uma fusão? E nem me disse nada. – Não


respondi sua pergunta, e voltei a fazer outra. Vamos brincar então
papai.

–Por Deus Alexandra, pare com isso. Não é como você está
pensando. Você sabe que eu não te deixaria de fora dos negócios.
Você é minha herdeira, e um dia vai comandar tudo o meu
patrimônio.

Medi sua expressão. Ele estava falando a verdade. Papai nunca


me deixou de fora dos negócios. Ele sempre fez questão de estar
por perto e me ensinar tudo. Não tem por que ele fazer nada disso
agora. Sentei-me em uma poltrona de couro, e larguei minha bolsa.
Gideon se aproximou e sentou-se ao meu lado.

–Então me diga por que não fui chamada para esta reunião?
Você sempre me deixa participar de tudo, como não fui chamada
desta vez? – Perguntei calmamente observando seus profundos
olhos azuis, idênticos ao meu.

–Veja bem Alexandra. Esta reunião foi marcada em cima da


hora, eu mesmo não estava esperando. E você seria chamada para
participar sim.

–Você nunca marca uma reunião em cima da hora. – Protestei.

–Eu sei. Mas não fui eu quem marcou. Foi Grey.

–Grey? O homem com quem você falava ao telefone?

–Sim Alexandra. Ele estará aqui ao meio dia. É um CEO de


Seattle.

–É com ele que o senhor fará uma fusão?

–Primeiramente eu não sei se vou aceitar a fusão, por isso


vamos fazer essa reunião. E segundo não é exatamente uma fusão.
Grey está muito interessado em um edifício que está entre os meus
bens, e eu não estou disposto a vendê-lo. Mas ele tem o dinheiro
para investir, e muitos funcionários competentes. E me fez a
proposta de uma fusão. Cada um entra com alguma coisa. Eu com
a propriedade, e Grey com o capital para investir.

–Ah...sim, entendi. E você vai aceitar?

–Eu pensei que você poderia participar da reunião, e me dizer o


que acha. – Ele sorriu discretamente.

–Obrigada pai. Pode deixar eu vou estar lá. – Levantei e coloquei


minha bolsa sobre o meu ombro, meu pai me acompanhou até a
porta do seu escritório.

–Eu sei que você vai, e não se atrase Alexandra. – Ele beijou o
topo da minha cabeça.

–Pai uma dama nunca se atrasa. E quando exatamente você vai


parar de me chamar de Alexandra? Você sabe que eu não gosto.

–Você prefere princesinha do papai? – Gideon brincou, usando o


apelido carinhoso pelo qual me chamava quando era uma
menininha que nem sabia que os seios cresciam.

–Pai! Me chame de Alexa! – Retruquei de volta, afastando-me.

–Não se atrase Alexandra. – Repetiu, usando meu nome


novamente. Não tem jeito, ele gosta de me provocar. Assim como
eu gosto de provoca-lo. “Não se atrase Alexandra”. Ele insiste tanto
que parece como se eu me atrasasse para tudo. O que não é
verdade, certo? Bem, talvez algumas vezes só.

Droga! Estou malditamente atrasada. Praticamente me joguei


dentro do elevador, com minha secretária Dafne logo atrás. Saímos
para o horário de almoço. Deveríamos ter ido andando que
chegaríamos mais rápido, só que eu insisti em ir de carro. E o
trafego de carro em Nova York é intenso. Ficamos trancadas no
meio de toda aquela bagunça por muito tempo. Mal chegamos ao
restaurante e tivemos que voltar, e novamente passei o maior
trabalho para retornar ao Crossfire. Como uma maldição meu pai
estava certo, novamente eu chegaria atrasada a uma reunião.
As portas do elevador se abriram, e eu vi Vivian mexendo em
uma pilha imensa de papel, enquanto atendia um telefone. Minha
secretária foi ajuda-la.

–Vivian a reunião já começou? – Perguntei assim que ela


desligou o telefone.

–Sim Srta. Cross. Mas o Sr. Grey ainda não chegou.

–O que são todas essas papeladas. Você precisa de ajuda?

–Tenho que levar esses papéis para a sala de reunião, mas não
posso deixar o Hall sem ninguém. Não sei o que eu faço. – Vivian
disse desesperada, enquanto um monte de papel deslizava pela
pilha em seus braços.

–Dafne vai ajuda-la a levar os papéis. Vou ficar guardando o Hall


para você, mas não demore. Tenho sorte que não me atrasei
completamente. Não tanto quanto Grey.

–Meu deus Srta. Cross, obrigada. Prometo que não demoro.


Muito Obrigada. – Vivian agradeceu e dividiu a pilha de papel com
Dafne. As duas foram apressadas para a sala de reunião. Sentei-
me na poltrona de Vivian e abri minha bolsa. Tirei um espelhinho de
dentro, e o tubo de batom vermelho. Passei uma boa camada, e
depois retirei o excesso com um guardanapo. Limpei alguns cantos
com o dedo. E pronto, estava perfeito como sempre. Baixei o
espelho e encontrei um par de olhos azuis fascinantes me
observando atentos.

Uau....simplesmente Uau!

O tubo preto do batom deslizou entre os meus dedos, e caiu


rolando no chão por baixo da mesa, até parar nos pés dele. Incrível.
Ele todo. De cima a baixo. Tão bonito. Tão jovem.

Ele é alto, muito alto. E atraente, muito atraente. Não apenas


pelo par de olhos azuis piscina que me observam sérios. Sei que é
forte, seu terno cinza escuro se encaixa perfeitamente no corpo
esguio. Abraçando os lugares perfeitos, como suas coxas grossas,
e bíceps musculosos. O cabelo é de um tom acobreado intenso, e
está levemente bagunçado. Parece muito gostoso. Imediatamente
tenho uma imagem deste homem sobre mim possuindo-me sobre a
mesa de escritório. Eu gostaria de tocar seus cabelos, sentir se são
realmente macios como parecem, meus dedos coçam, mas eu não
movo um milímetro sequer. A pele dele é clara, parece macia, eu
gostaria de passar minha língua sobre aqueles lábios comprimidos.
Seus olhos se estreitam para mim, e sei que pareço uma idiota
parada na sua frente sem reação. Mas é que a presença dele é
desconcertante. Esse homem exala um magnetismo poderoso, meu
corpo todo está sendo atraído para ele.

De repente ele se abaixa e com movimentos rápidos e graciosos


pega o tubo do meu batom na mão, e o estende para mim. Ele
continua sério. Tento trabalhar meu cérebro pra que ele obedeça
meus comandos e estenda a mão para pegar o batom. Nossos
dedos se tocam, sua pele é macia como eu previa, seus dedos são
longos, e sua pele está quente. Ou talvez seja a minha. Não tenho
certeza. Uma concorrente de eletricidade atravessa meu corpo
inteiro, desde o lugar onde nossas mãos estão se tocando, até a
ponta dos meus dedos. Estou completamente alerta. Pego o tubo
de batom, e jogo dentro da minha bolsa. Mas em nenhum momento
quebro nosso olhar. Estou completamente fascina, e me obrigo a
dizer, ou melhor, gaguejar:

–Obrigada.

Ele ignora meu agradecimento, e com ar superior diz:

–Estou aqui para ver Gideon Cross.

Nossa! Que voz. Firme, grossa, e com um toque de rouquidão.


Faz-me pensar em sexo, sexo e mais sexo.

Eu paro e penso. Nunca vi este homem no prédio da Crossfire, e


mesmo que ele trabalhasse para Waters Field & Leaman, eu
saberia. Por que é meio que impossível não notar a presença desde
homem. Meus sensores estão todos alertas para qualquer mudança
de movimento que ele faça. Mas continua parado lá, como uma
estátua, assim como eu. A diferença é que ele parece tranquilo e
seguro de si, enquanto meus lábios estão entreabertos, e eu luto
para respirar. Com toda a certeza eu nunca vi esse homem por
aqui. Mas então, quem ele é?
Meus lábios estão ressecados, por isso levo a língua sobre o
lábio superior, e molho, depois repito com o lábio inferior. Ele
observa atento meus movimentos. Seus olhos estão presos na
minha boca.

–E o Senhor é? – Pergunto fazendo o papel de uma secretária.

–Theodore Grey. – Responde completamente impassível, seu


tom de voz é um pouco irritado.

Grey? Foi isso o que eu ouvi? Seria este o Grey que falava ao
telefone com meu pai um pouco mais cedo? Seria este homem que
veio de Seattle, e é um CEO que deseja fundir seus negócios com o
do meu pai. Ele é jovem. Como poderia ser tão poderoso a esse
ponto? Não tenho certeza, mas acredito que ele seja apenas alguns
anos mais velho do que eu. E é impossível que ele tenha mais de
trinta anos. Isso tudo é muito esquisito. Meu pai não faria negócios
com um empresário tão jovem. De qualquer forma, é ele. Theodore
Grey.

–Sr. Grey você está atrasado. Todos lhe aguardam na sala de


reuniões. – Respondo. Um brilho perverso aparece em seu olhar.
Posso estar um pouco tonta, mas tenho a impressão de que seus
olhos lampejaram um tom de cinza gélido.

–Senhorita, a reunião só começa quando eu estiver nela. Não


estou atrasado. – Seu tom é severo.

Que maldito filho da mãe. Quem ele pensa que é? O deus do


universo? Só pode. Ele certamente acha que está batendo papo
com uma secretária, pois ele está muito enganado. Meu bem, isto
aqui é o Crossfire, e quem manda aqui sou eu.

–Pois o senhor está muito enganado. Quando Gideon Cross está


presente em uma reunião, então ela já iniciou. – Retruco de cabeça
erguida. Toma essa!

–Senhorita, você está tentando me intimidar? – Pergunta, mas


uma vez usando um tom sério.

–Eu estou intimidando o senhor? – Pergunto, ignorando sua


pergunta.
–Não. Eu não sou facilmente intimidado, muito menos, por uma
senhorita como você.

–O que tem de errado comigo? – Pergunto arqueando as


sobrancelhas. Ele olha para o meu rosto, então seu minucioso par
de olhos azuis desce até o meu decote. É descente, mas meus
seios são cheios e fartos, e estão tão espremidos que acabaram
ficando muito volumosos. Ele olha...olha...e eu estou corando.
Então ele desce, e observa minhas pernas nuas, graças a deus
meu vestido vai até o joelho.

–Não há nada de errado com você. – Responde, pela primeira


vez desde que chegou, vejo um canto de sua boca repuxar para
cima, em um sorrisinho discreto, e malicioso. Ele gosta do que vê.
Eu sei que gosta. – A não ser seu jeito petulante. Para uma
secretária você é bem metida.

A não... Perdi toda a minha paciência agora. Metida? Eu? Olhe


só quem está falando? Que arrogante!

–Não sou uma secretária. Meu nome é Alexandra Cross, sou


filha de Gideon Cross. – Respondo confiante. Ele ergue uma
sobrancelha, e sorri. Ele realmente abriu um sorriso de tirar o
fôlego. Dentes branquinhos e certinhos. Puxa, ele parece ainda
mais jovem, e que gostoso. Esqueço que estou brava, esqueço que
estava a ponto de entrar numa guerra com esse homem. Esqueço
tudo, só posso pensar no quanto estou Fascinada por Theodore
Grey.

oOo

Capitulo Dois: Contrariada

oOo

Eu não esperava conhecer Theodore Grey desta forma, foi


realmente uma surpresa. Pensei que eu estava prestes a pular
naquele homem - não tenho certeza se para arrancar seu terno
cinza, e descobrir a pele macia por baixo da camisa branca - Ou se
para socar a cara dele, por seu jeito arrogante, e pela forma como
ousou me enfrentar.

Agora que eu lhe disse que não sou uma secretária metida, e
sim Alexandra Cross, filha de Gideon Cross, ele está sorrindo. É um
sorriso caloroso, e divertido. Não vejo por que isso deixou ele
alegre.

–Veja bem, você me escutou? Não sou uma secretária metida. –


Repeti. Não sei por que, mas apesar deste sorriso ser o mais
encantador que eu já vi, eu não queria mais que ele fizesse isso.
Preferia que voltasse a expressão séria e carrancuda. Parecia mais
fácil organizar meus pensamentos daquela forma.

–Eu entendi perfeitamente Srta. Cross. Você não é uma


secretária metida. – Ele enfatizou o “metida”. Então voltou a fechar
a cara novamente, mas os olhos brilhavam quando acrescentou. –
Então você é uma filha de papai metida.

Mas que cretino!

Como ele ousa dizer isso na minha cara?

Ele certamente não sabe quem é Alexandra Cross!

Eu estava prestes a lhe dar uma resposta na ponta da língua.


Quando o murmurinho, e o som de passos se aproximando fez com
que minha atenção e a de Grey se voltassem para as duas
secretárias risonhas que vinham pelo curto corredor. Vivian e Dafne
voltaram com as mãos vazias. Quando nos viram se
recompuseram.

–Obrigada por ter assumido o meu lugar Srta. Cross. – Vivian


disse agradecida. Peguei minha bolsa e coloquei sobre o ombro.
Dei a volta na mesa e fiquei de frente para Grey.

–Tudo bem Vivian, não foi um problema. – Respondi, mas meu


olhar estava no homem a minha frente. Vivian concordou. Então ela
olhou para Theodore, e notou sua presença pela primeira vez.
Dafne já o havia notado, suas bochechas estavam coradas, e ela
encarava o chão. Mulheres... Será que sou só eu que não me sinto
afetada por esses tipos? Eu sei, eu sei, talvez só um pouquinho.
Mas eu não chamei tanta atenção assim, e nem corei feito
pimentão, né?

–Sr. Grey como vai? – Vivian perguntou totalmente profissional.


Caramba, como ela consegue não demonstrar nenhum interesse?
Vou ter que pedir que ensine este truque.

–Vou bem Srta. Lewis. Poderia me mostrar à sala de reunião? –


Theodore perguntou direto, e sério. Lá estava aquele muro de pedra
novamente. Não entendi como Grey conhece Vivian, e vice-versa.

–Claro Sr. Grey. O Sr. Cross está a sua espera para começar a
reunião. – Ela esboçou um sorriso. E foi para o seu lado, apontando
o corredor. Depois se virou para mim. -Srta. Cross você vem?

–Eu vou em um minuto Vivian. – Respondi. Ela acompanhou


Theodore pelo corredor direto para a sala de reuniões. Seus passos
eram confiantes, e determinados. Ele parecia um animal, feroz e
perigoso.

–Srta. Cross você não vai à reunião? – Dafne perguntou de


repente se recuperando e saindo do transe.

–Essa reunião vai ser no mínimo interessante. Não posso perder


por nada, vamos Dafne.

A sala de reuniões é um lugar espaçoso, que tem uma vista


linda. As duas únicas paredes são claras, e o chão é coberto de
pisos de tons de cinza brilhante. As outras duas extremidades da
sala são de janelas de vidro de cima a baixo. No centro da sala a
uma grande mesa de madeira escura, com vinte e duas cadeiras ao
redor. Em um canto um pouco afastado, há quatro poltronas,
geralmente usadas pelas secretárias, ou convidados a participar de
alguma reunião.

Todos os sócios e executivos já estão presentes. A maioria


pessoas que eu conheço, amigos do meu pai, homens e mulheres
com quem eu cruzo diariamente em minha jornada de trabalho.
Apesar de todos serem ricos, e estarem bem vestidos. Há apenas
um que me chamou atenção. E lá está ele, Theodore Grey,
completamente relaxado e tranquilo, conversando com meu pai.
Pela primeira vez na vida encontrei um homem tão bonito quanto
Gideon. Isso me deixa surpresa, e um pouco assustada.

–Alexandra venha até aqui. – Meu pai me chamou. Percebi que


ele e Grey me observavam.

Meu deus será que estão conversando sobre mim?

Será que Grey percebeu que eu estava olhando-o. Ou melhor,


devorando-o com os olhos?

Obriguei minhas pernas a se mexerem, e arrastei meus dois pés


esquerdos até estar diante dos dois homens mais lindos que eu já vi
na face da terra. Grey não tira os olhos de mim, e isto está me
deixando inquieta e constrangida. Talvez eu pergunte o que ele está
vendo de tão interessante em mim, já que não disfarça seu olhar
para outro lugar.

– Filha eu quero que você conheça Theodore Grey. Era com ele
que eu conversava ao telefone. – Gideon disse apontando-me o
coisa sexy.

–Eu já o conheci pai. Olá de novo Sr. Grey. – Cumprimentei com


a voz doce e simpática. Não acredito que estou usando um dos
meus saltos mais alto e ainda sou obrigada a inclinar minha cabeça
para cima para poder enxergar os olhos de Mr. Grey. Nego-me a
deixar que sua altura, e seu porte majestoso me intimidem.

–Vocês já se conhecem? – Meu pai pergunta desconfiado.

–Sua filha que me recebeu no Hall. A Srta. Cross é muito


simpática, e bonita. Você tem uma bela filha Cross. – Theodore diz,
sua expressão está mais leve, parece muito à-vontade. Meu pai
olha para Grey e então para mim, e de novo para Grey. Pela sua
expressão ele não acreditou nem um pouco nas palavras de
Theodore. Gideon sabe que sua filha não é “simpática”.

–Bem, fico feliz que Alexandra tenha lhe tratado bem. E sim,
minha filha é muito bonita, puxou a mãe. – Papai diz todo
orgulhoso. Mas a verdade é que não tenho muitas características
da minha mãe. Sou morena como meu pai, tenho os cabelos
escuros como o dele. Os olhos azuis foram herdados dos dois. Os
lábios cheios não foram herdados de nenhum dos dois. Talvez a
única coisa que eu tenha mais parecida com minha mãe, seja o
corpo. Tenho coxas grossas, pernas bem torneadas, cintura fina,
quadril largo. Meus seios são maiores do que os da minha mãe.

–Por falar nisso como está a Sra. Cross? – Theodore pergunta,


parece que gosta de conversar com meu pai.

–Eva está bem, cada dia mais linda, e mais mandona. E seu pai,
e sua mãe?

–Eles estão ótimos. Atualmente estão passando férias em


Aspen.

–Isso parece bom. Christian não vai voltar aos negócios mais?

–Não. Meu pai deixou tudo sob o meu comando agora.

–É uma grande responsabilidade rapaz.

–É sim, Sr. Cross. E é por isso que estou aqui, para dar
continuidade aos negócios do meu pai. E o senhor tem algo que eu
gostaria muito.

–Então vamos dar inicio a reunião, e ver o que podemos fazer.

Assim que a reunião começou Gideon assumiu seu lugar na


cadeira na cabeceira da mesa. E Theodore na outra extremidade da
mesa, de frente para ele. Sentei-me a esquerda do meu pai. Todos
os outros executivos assumiram seus lugares, assim como as
secretárias. Apenas Jenna, e Dafne tem permissão para estar
nessa reunião, por serem as secretarias respectivamente do meu
pai, e minha. Mas havia outra mulher, uma jovem morena e
baixinha, usando um terninho preto, segurava uma pasta de
documentos, e um laptop. Provavelmente é a secretária do Sr.
Grey. Ela é bonita, mas não tanto. Na verdade nem sei por que
reparei nisso.

A Reunião começa com meu pai apresentando todos os


executivos presentes. Entre eles está meu tio Christopher Vidal.
Não sei como não havia notado antes. É estranho encontrar meu tio
aqui, já que ele não trabalha no Crossfire, e digamos que não é
muito amigo do meu pai. Mas com certeza deve haver um motivo
muito bom. O Tio Christopher parece bem à vontade, e tranquilo,
acho que por isso ele me passou despercebido. Como se lesse
minha mente, seus olhos encontram os meus, e ele me da um
pequeno aceno de cabeça, sorrio de volta.

–Bem, como eu havia adiantado antes, estamos aqui para tratar


de um negócio importante. Como alguns de vocês sabem, há um
edifício comercial em Seattle que não está em funcionamento. Era
lá que funcionava uma filial da Vidal Records, que foi fechada há
dois anos. Esse prédio está entre os meus bens, e tem um ponto
muito estratégico para negócios. E Grey está interessado nele. –
Meu pai disse, assim iniciando a reunião. – Vejam bem, eu não
quero vender o edifício, e estou decidido nisto. Mas também não
quero deixa-lo abandonado, se podemos fazê-lo funcionar, e ganhar
dinheiro, assim como empregar muitas pessoas. Fora que ainda
ganharíamos mais credito, e ficaríamos mais conhecidos.

–É por isso que eu tenho a solução para esses pequenos


problemas. – Interferiu Grey. – Minha ideia é que Cross entregue a
propriedade, e com um bom capital, e pessoas certas para dirigir o
negócio, o antigo edifício da Vidal Records pode ser nosso mais
novo meio de ganhar dinheiro e prestigio.

–E como vamos saber se isso vai dar certo? E se for um jogo


ariscado, e se entrarmos com tudo, e perdemos? Você não tem
como dar uma garantia de que isso vá funcionar Grey. – Um dos
executivos interveio, eu não me lembro quem ele é, seu nome é
alguma coisa como John, ou Jony.

–Bem, para começar como Cross entraria apenas com a


propriedade, se o negócio desse errado, quem sairia perdendo sou
eu, por investir o capital, e empregar os funcionários. – Grey
respondeu impassível. Ele parecia decidido em ganhar. Ele parecia
capaz, é muito esperto, e sabe bem o que quer.

–Eu acho que não precisamos ouvir mais nada. Aquele prédio
não está dando lucro nenhum para mim, se você consegue coloca-
lo para funcionar Grey, então faça. Eu estou de acordo. –
Christopher Vidal disse silenciando todos na mesa. Ele com certeza
estaria de acordo, meu tio adora um bom dinheiro, e se ele está
aqui é por que tem algum direito sobre o prédio.

–O que você acha Alexandra? – Meu pai perguntou, virando-se


para mim. Eu fiquei muda, e parada feito uma estatua. Ele
realmente quer minha opinião? Meu pai quer saber o que eu acho?
Eu estava muito surpresa, mas ao mesmo tempo contente. Não
esperava que meu pai fosse pedir minha ajuda, e estou grata que o
fez. Eu realmente queria dar minha opinião. Todos os olhares na
mesa se voltaram para mim, assim como os olhos penetrantes de
Theodore Grey. Sua expressão era cautelosa, será que ele tinha
medo que eu me opusesse a sua ideia?

–Bem, eu concordo com Christopher, acho que se o edifício


estiver funcionando vai trazer mais benefícios para nós, do que se
continuar parado, vazio, e sem vida. Entretanto, creio que
deveríamos deixar alguém avaliando de perto todo o processo de
funcionamento. Alguém que esteja por dentro do capital investido,
dos ganhos, dos gastos, do numero de funcionários, entre outros.

Por um momento ninguém disse nada, apenas observavam. A


expressão de Theodore mudou, ele parecia mais relaxado. Acho
que ele estava mesmo com medo que eu não apoiasse sua ideia.
Porem eu o surpreendi.

–Ótimo Alexandra, é exatamente isso o que eu vou fazer. – Meu


pai respondeu, seus olhos brilhavam, acho que ele está orgulhoso
de sua garotinha. Então se voltou para Theodore. – Nós temos um
acordo Grey?

–Nós temos um acordo Cross. – Theodore concordou.

A reunião prosseguiu, enquanto meu pai e Theodore tratavam de


outros assuntos. Pelo o que eu percebi a maioria dos executivos
apoiavam a ideia também. Após muita conversa – algumas nada
referentes ao assunto em questão – a reunião chegou ao fim. Meu
pai dispensou a todos. E pediu um tempo para conversar a sós com
o Sr. Grey. Aos poucos todos foram saindo. Pensei em me despedir
de Theodore, já que eu não o veria nunca mais, só que então
pensei que ele poderia se gabar, achar que fiquei interessada nele,
por isso mudei de ideia no ultimo segundo, e deixei a sala de
reuniões com Dafne logo atrás de mim. Notei que as secretárias do
meu pai, e de Grey continuaram na sala. Certamente elas poderiam
ouvir a conversa, enquanto os outros não. Apesar de meu pai não
ter permitido que eu ficasse, eu não estava chateada. Pouco me
importava o que ele tinha a tratar em particular com Grey. O que eu
queria mesmo era ser mantida informada e presente de tudo. E isso
meu pai já está permitindo.

Entrei no meu escritório, e me joguei na poltrona de couro.


Reuniões sempre são cansativas, a gente fica sentada lá ouvindo a
opinião de cada um, e só podendo dar sua própria opinião quando o
chefe permite. É muito exaustivo ficar uma hora ou duas sentada
naquela cadeira, às vezes para resolver assuntos tão simples. Girei
a cadeira para observar a vista atrás de mim pelas janelas
panorâmicas. O edifício do Crossfire é realmente muito alto, mas
acredito que o vendo de cima para baixo é muito mais convidativo.
Nova York é uma cidade incrível, para todo lugar tem prédio
imensos, construções incríveis, um movimento caótico de
automóveis, um barulho incansável de pessoas.O Telefone sobre a
minha mesa tocou tirando-me dos meus devaneios.

–Sim Dafne?

–O Sr. Cross quer ver a senhorita na sala dele, e pediu que se


não fosse muito, era melhor não se atrasar.

–Arghh! Avise que estou indo.

Peguei minha bolsa de novo, e joguei sobre o ombro.


Encaminhai-me para o escritório do meu pai pela segunda vez hoje.
O que será que ele quer comigo? Será que eu disse alguma coisa
errada na reunião? Mas ele parecia orgulhoso de mim, seus olhos
brilhavam. E eu não me lembro de dizer nada de errado. Talvez eu
esteja me precipitando, talvez ele queira me dar os parabéns por
agir tão bem diante da reunião. Afinal, eu não me meti, e nem fiz
comentários sarcásticos, na verdade eu me comportei muito bem
nessa reunião.

–Olá Srta. Cross, você já pode entrar, seu pai está aguardando
você. – Jenna disse assim que alcancei sua mesa. Acenei para ela,
e entrei no escritório do meu pai. Ele estava bebendo uísque,
sentado na poltrona.

–Pai. O que eu fiz de errado desta vez? – Perguntei sentando-


me na cadeira a sua frente.

–Você não fez nada de errado Alexandra. – Papai respondeu


sorrindo.

–Bem, melhor assim. Então o que o senhor quer comigo?

–Alexandra você foi muito bem na reunião. Gostei muito do que


disse a mesa, gostei tanto que vou colocar sua ideia para funcionar.

–Você está se referindo ao momento em que eu disse que você


deveria mandar alguém da nossa confiança ficar de olho em todos
os processos de funcionamento do antigo prédio da Vidal Records?

–Isso mesmo. Eu confio em Theodore. Mas nunca trabalhei com


ele, então acho melhor ter alguém da minha confiança por lá, para
me passar todo o andamento dos negócios. Eu acredito que isso
pode funcionar, eu conheci Christian Grey pessoalmente, e ele era
o tipo de cara como eu, decidido a fazer as coisas darem certo.
Acho que seu filho tem o mesmo talento, por isso quero dar essa
oportunidade ao Grey.

–Bem, confesso que eu também o achei muito determinado, e


inteligente, sagaz.

–Você achou isso mesmo Alexandra? Desde quando você elogia


tanto uma pessoa? – Meu pai perguntou desconfiado. Bem, eu não
estou mentindo. Na verdade estou falando completamente a
verdade, eu achei isso tudo dele. Só que eu não posso completar
para o papai que eu também o achei Arrogante, Orgulhoso, Metido,
um completo babaca.

–Sempre tem uma primeira vez pai. Bem, era só isso o que o
senhor tinha para tratar comigo? Eu tenho que ir fazer comprar
hoje. Sabe, eu e as garotas vamos sair para dançar, mas não se
preocupe vamos estar em território de Gideon Cross. A Rebecca viu
uma saia tão linda, talvez eu compre...
–Alexandra eu não terminei. – Gideon interrompeu-me.

–Não? Então continue.

–Como você mesma disse preciso de alguém da minha


confiança, alguém que possa estar disponível para viajar até
Seattle, e ficar lá por uns tempos. Preciso de alguém inteligente,
esperto, e que saiba mexer com finanças. Quem você indicaria para
este negócio?

–Dereck Messer. O Diretor de Finanças. – Respondi franzindo o


cenho.

–Não Alexandra. Você, você é diretora de finanças, é a pessoa


qualificada para isso.

–Eu o que? Você está maluco pai! – Gritei horrorizada.

–Alexandra essa é sua chance de mostrar que você é realmente


boa e responsável no trabalho. Você viaja na segunda-feira com
Grey, e passa a semana lá, vendo de perto todos os procedimentos,
então você retorna no fim de semana e me deixa a par de tudo.

–Pai você não deve estar raciocinando direito. Pense bem, sua
filha Alexandra Cross, sozinha em uma cidade grande como
Seattle, uma filha desastrada, maluca, e que adora confusão. Então
você ainda quer me mandar pra lá?

–É por isso que eu pedi a Grey que ficasse de olho em você por
lá.

–Oh meu deus! Você o que? Eu não acredito você não fez isso
pai! Você pediu para um CEO ocupadíssimo que fique de babá para
sua filha de vinte e quatro anos de idade?

–Viu filha? Você não precisa de babá, por que você tem vinte e
quatro anos de idade, e é uma diretora de finanças excelente, que
vai viajar na segunda feira, e retornar com todas as noticias para
mim no final de semana. Estamos entendidos Alexandra? – Desta
vez o tom de voz do meu pai era sério. Ele realmente está me
mandando para Seattle, com Theodore Grey! Ah eu vou ficar
maluca, ou então enlouquecer Grey.
–Eu tenho escolha? – Perguntei fazendo beicinho. Às vezes
funciona, e ele volta atrás na decisão.

–Não Alexandra. Desta vez você não tem escolha, eu já estou


decidido. Além de ser minha filha, você ainda é minha funcionária, e
eu estou designando este trabalho para você. – Seu tom de voz foi
severo.

Peguei minha bolsa, e levantei-me da cadeira com a cabeça


erguida, mostrando o pouco de dignidade que eu ainda tenho.
Então caminhei em completo silencio até a porta do escritório, e
voltei-me para o meu pai. Que continuava a me observar sério.

–Pai eu não quero ir...

–Já está decido Alexandra. – Gideon interrompeu-me.

Sai do escritório e bati a porta com força assustando Jenna que


estava sentada em sua cadeira. Ela me lançou um olhar
preocupado, mas não fiquei muito mais tempo para que pudesse
fazer perguntas a respeito. Sai apressada pelo corredor, e alcancei
os elevadores, apertei um botão e esperei.

–Srta. Cross! Você esqueceu esses relatórios sobre sua mesa! –


Ouvi Dafne me chamando. Andei até ela, e peguei a pasta de
documentos.

Ouvi a porta do elevador se abrir atrás de mim, e dei dois passos


para trás. Meu traseiro bateu com força em algo duro, sólido e
imóvel. Então eu tinha duas mãos grandes, fortes, e quentes nos
dois lados do meu quadril, me segurando firme. Eu não queria olhar
para trás, com medo de quem quer que esteja atrás de mim, fosse
exatamente à pessoa que eu queria que fosse, e ao mesmo tempo
queria que não fosse. Um perfume com aroma Almiscarado invadiu
meus sentidos. Eu estava completamente perdida, só podia ser ele.

Virei-me para encarar Theodore Grey, mas eu era muito baixa ao


seu lado, mesmo usando saltos, tive que erguer a cabeça para
encontrar seus olhos azuis piscina. Que por incrível que pareça
tinha uma coloração cinza em volta da pupila. Era lindo. Agora tão
próxima dele, é que vejo o quanto este homem é incrível. Ele tem
ombros muito largos, e quadril bem estreito. Jesus! Ele é o sonho
de consumo de qualquer mulher. Ele é o tipo de homem que
mulheres casadas tem sonhos impróprios. Ele é o tipo de homem
que fazem mulheres como eu pensar em coisas indecentes o tempo
todo.

–Srta. Cross, que jeito engraçado de entrar no elevador. – Grey


comentou, mas ele estava completamente sério. Limpei a garganta,
e molhei meus lábios secos antes de responder.

–Eu tropecei. – Menti.

–É tropeçou, eu percebi. – Respondeu-me desta vez com a


expressão mais leve, um sorriso quase tocou seus lábios.

–É claro que eu tropecei! – Retruquei mais firme. – Você acha


mesmo que eu esbarraria em você de propósito? Oh por favor, eu
tenho mais o que fazer.

–Fique calma Srta. Cross, eu acredito no que disse. Você não


acha que já podemos parar de brigar, e nos acertamos, vamos
passar muito tempo juntos, eu não quero uma inimiga.

–E quem aqui está brigando? Olhe Sr. Grey eu entendo que


vamos passar algum tempo juntos, mas eu vou fazer de tudo para
que esse tempo seja minúsculo. Agora, se me der licença preciso
entrar neste elevador. – Apontei para trás dele. Theodore se moveu,
saindo do meu caminho, e eu entrei a passos largos dentro do
elevador. Antes que as portas se fechassem eu o ouvi dizendo.

–Vou fazer de tudo para que o tempo que você passe ao meu
lado seja bem longo. Até breve Srta. Cross.

Não sei direito se suas palavras soaram como uma promessa ou


uma ameaça. Mas eu estou nesse jogo, e é tudo ou nada.

oOo

Capitulo Três: Paquerada

oOo
Fiquei perplexa com as palavras de Theodore. Ainda não
conseguia acreditar que ele havia me dito isto mesmo. Por mais que
eu tente demonstrar que estou desinteressada, ele me surpreende,
ao se mostrar interessado. Sua voz ecoava na minha cabeça como
um mantra, repetindo, e repetindo aquela frase“Vou fazer de tudo
para que o tempo que você passe ao meu lado seja bem longo. Até
breve Srta. Cross.” O que ele pretende com isso?

Preciso esvaziar minha mente, tirar Theodore dos meus


pensamentos. Acho que vou ter que aguentar um bom tempo ao
seu lado, então é melhor aproveitar enquanto ainda estou lúcida, e
sou capaz de lhe dar um fora. Ah estou com muita raiva do meu pai,
desta vez eu estou realmente brava, e ele não vai conseguir meu
perdão – se é que ele vai pedir algum dia. – Como ele foi capaz de
tomar essa decisão, sem ao menos esperar para ver se eu a
queria? Agora vou ter que viajar para Seattle, ficar lá sabe deus por
quanto tempo, trabalhando em um local desconhecido, e tendo que
aguentar o Senhor eu posso tudo Grey.

O elevador parou no vigésimo andar, e eu entrei no Hall da


Waters Field & Leaman. Aproximei-me da parede de vidro a prova
de balas, emoldurando a porta dupla que leva a recepção. A
recepcionista – uma moça magrinha, de cabelos castanhos
chamada Lucia – que estava sentada a uma mesa em formato de
meia lua, reconheceu-me através do vidro e liberou a entrada para
mim.

–Srta. Cross. – Cumprimentou-me. – Em que posso ajuda-la?

–A Rebecca ainda está aqui? – Perguntei referindo-me a minha


melhor amiga.

–Sim, a Srta. Field ainda está no escritório. Você gostaria de


entrar?

–Não. Na verdade se você puder fazer o favor de avisa-la que


estou aqui, eu ficarei grata.

–Claro Srta. Cross. Só um momento.


Lucia estava avisando minha amiga da minha presença no Hall.
Eu podia ouvir a voz de Rebecca do outro lado, ela parecia bem
animada.

–A Srta. Field já vai sair. – A Secretária anunciou, assim que


finalizou a ligação.

–Obrigada Lucia.

Ouvi o som de passos ecoando sobre o piso de mármore.


Rebecca estava incrivelmente elegante em seus saltos da prata,
calça social preta, e camisete de seda bege. Ela parecia radiante,
seus olhos azuis imensos brilhavam. Seus cabelos são escuros,
grossos e bem cortados, mais curtos atrás, e compridos e afiados
na frente. Um corte super moderno. Combina perfeitamente para
ela. Minha amiga parece àquelas modelos de catalogo de revista,
da inveja só de olhar.

Rebecca e eu nos conhecemos desde... Bem, eu não sei. Acho


que desde os jantares e festas em que meu pai me levava, e eu
saia para brincar de esconde - esconde com ela embaixo das
mesas dos convidados. De qualquer forma faz muito tempo.
Rebecca Field é diretora executiva da Walters Field & Leaman. Ela
assumiu o lugar de sua mãe Christine Field faz três anos, e desde
então está se saindo muito bem. Ela tem vinte cinco anos, tem um
senso de humor maravilhoso, ótimo gosto para roupas, e
acessórios. Mas se você precisa de conselhos, a única pessoa no
mundo que você não deve ouvir, é Rebecca. Ela é péssima com
isso. Eu já mencionei que dividimos um apartamento no Upper East
Side?

–Alexa! – Rebecca abriu um sorriso imenso quando me viu.

–Oi Becca. Espero não ter atrapalhado. Você já pode sair?

–Claro, eu já deveria ter saído.

Entramos no elevador, e nos dirigimos ao térreo. Rebecca veio


caminhando ao meu lado, e xingando desaforos de uma campanha
que está saindo errado em seu trabalho. Eu fingia estar interessada,
mas a verdade é que minha mente estava voando.
–Você está me escutando? Hello! Alexa! Em que mundo você
está? – Becca acenou as mãos em frente ao meu rosto.

–Eu estou bem, só estou pensando.

–É, e posso saber o que é tão importante para estar ocupando


sua cabeça, enquanto sua melhor amiga está explodindo de raiva,
por causa desse trabalho estúpido?

–Theodore Grey.

–Um homem? – Rebecca perguntou desconfiada.

–Uma mulher é que não é, né Becca! – Respondi rindo.

–Hum ele é bonito?

–É o homem mais bonito que eu já vi na vida.

–Oh meu deus. Alexa isso não é algo que você diga muitas
vezes. – Becca ponderou por um momento, e acrescentou. - Na
verdade eu acho que você nunca disse que um homem é bonito.

–Eu sei, mas esse é. Ele é de Seattle, um CEO. Você não o


conhece?

–Agora não me vem nada à cabeça. Talvez eu já tenha ouvido


algo a respeito, mas nesse momento eu não sei. Mas anda me
conta tudo!

–O que você quer ouvir?

–Como se conheceram? Como é a aparência dele? Será que é


bom de cama? Serve pra casar? Seu pai gostou dele? Afinal o que
ele está fazendo aqui? Foi amor à primeira vista? – Rebecca
começou uma interminável lista de perguntas, enquanto nos
dirigimos até o meu carro estacionado em uma vaga privilegiada do
estacionamento.

Nós tínhamos combinado de passar em algumas lojas para


comprar alguma roupa para usar esta noite. E enquanto eu dirigia
pra lá fui contando tudo, desde o momento mágico em que vi seus
lindos olhos azuis, até o momento que eu queria arrancar seus
olhos quando ele disse que sou uma filha de papai metida, e
prossegui contando da reunião, e sobre a decisão do meu pai de
me mandar para Seattle. E por fim a esbarrada quando eu tentava
entrar no elevador de costas.

–Alexa! Mas pera ai, quando você entrou no elevador, você disse
que bateu em algo duro, forte, firme, imóvel. E pelo o que você me
contou ele é mais alto que você. Menina onde exatamente você
enfiou o seu traseiro? – Becca exclamou rindo alto.

–Ah Becca não é o que você está pensando! Na verdade eu nem


me preocupei em saber onde eu bati, quando eu vi que era ele, eu
senti apenas a vontade de escapar, de correr. Meus pensamentos
ficam todos embaralhados, eu não consigo pensar com ele por
perto.

–Uau, enfim um homem que está mexendo com a sua


cabecinha.

–Mas eu o odeio! – Protestei.

–Tem certeza amiga?

–Sim! Eu o odeio só, que o acho atraente. Quer saber? Vamos


parar de falar de Theodore Grey, eu preciso esquecê-lo.

Estacionei a BMW enfrente a boutique Louis Vuitton. A Loja tem


quatro andares, e preços maravilhosos, as roupas são de marcas,
são bonitas e elegantes, é um paraíso para mim e Becca. Quando
entramos uma vendedora bem arrumada, e com um sorriso
simpático se aproximou. Como somos clientes vips, e ainda muito
conhecidas, não precisamos nem nos identificar.

–Srta. Cross, e Srta. Field em que posso ajuda-las? – A


vendedora sorriu ainda mais.

–Eu quero algo sexy, atraente, e que me deixe super gostosa! –


Becca respondeu na maior animação. – E o mesmo para minha
amiga aqui.
Duas horas depois saímos carregando quatro sacolas cada uma.
Comprei um vestido azul marinho bem justo para usar essa noite, e
também uma jaqueta de pele de onça legitima. Acabei não
conseguindo me controlar quando vi um vestidinho rosa curto e
justo e acabei comprando-o, assim como alguns acessórios para
incrementar o visual. Contentes por termos conseguido as roupas
que queriam retornamos ao carro, e dirigimos para casa.

Chegamos ao nosso apartamento no Upper West Side – um


baixo luxuoso no condado de Manhattan. Nosso edifício fica bem
próximo ao Central Park, e quando não temos nada para fazer, ou
queremos um pouco de sossego e paz. Eu, Rebecca, e mais uma
amiga nossa sempre vamos dar umas voltas por lá.

–Vou tomar um banho! – Rebecca gritou antes de fechar a porta


do quarto.

Deixei minhas compras sobre a minha cama, e fui tomar um


banho quente, e gostoso no banheiro da minha suíte. Só sai do
chuveiro quando as peles das minhas mãos começaram a enrugar.
Enrolei-me em uma toalha branca, e sai do chuveiro. Revirei minhas
sacolas de compras, e retirei o vestido azul marinho, tomara que
caia. Eu o vesti, e achei lindo, sexy, e bem chamativo. Coloquei
sandálias de salto alto pretas, e brincos e pulseiras de ouro. Optei
por deixar meus cabelos escuros lisos e soltos. Então fui atrás de
Rebecca, que já estava me esperando sentada na banqueta da
cozinha enquanto falava com alguém no telefone.

–Você está muito gostosa. Juro que se eu fosse lésbica eu


pegava. – Rebecca disse assim que finalizou a ligação.

–Você também está uma delicia Becca. Agora vamos descer?

–Margaritas, Coquetéis, Uísque, Vodca, Tequilas me aguardem,


estou chegando! – Becca exclamou animadíssima, saiu da
banqueta, e pegou a pequena bolsa de couro preta combinando
com seu vestidinho preto, e me puxou para fora do apartamento.

–Vamos no meu carro ou no seu? – Perguntei assim que


entramos no elevador.
–Em nenhum. Convidei a Charlotte e o Erick, e eles vão nos
levar.

–Ótimo.

Charlotte Clarkson é a minha segunda melhor amiga. Nós nos


conhecemos desde que eu tinha cinco anos e comecei a fazer balé.
Charlotte sempre adorou dançar, e hoje ela é uma bailarina
conhecida em muitos países. Está quase sempre viajando para se
apresentar em diferentes palcos pelo mundo todo. Ela é a pessoa
mais doce, carinhosa e gentil que eu já conheci. E quando eu
preciso de conselhos, eu sei que ela é a pessoa certa para me
ajudar.

Ultimamente devido à correria do dia a dia, da sua agenda cheia,


e dos meus compromissos no trabalho, nós não estamos nos vendo
muito. E estou contente e ansiosa para rever minha amiga. Faz um
mês que eu não há vejo, ela estava na França visitando sua mãe
Olivia que é uma pianista muito consagrada.

Erick Sinclair é um jovem Empresário que morre de amores por


Charlotte. Eles se conheceram em um teatro quando minha amiga
estava deixando o palco após uma apresentação. Erick levou um
bonito buquê de rosas e entregou a ela, depois de elogia-la muitas
vezes. Charlotte ficou encantada por ele, então propôs de se
conhecerem melhor. É claro que Erick topou, e agora os dois estão
noivos, e pretendem se casar em breve.

Assim que deixamos o elevador fomos até as escadarias que


levam para rua, para aguardar nossos amigos. O porteiro – Paul –
me cumprimentou e perguntou se eu gostaria que o manobrista
trouxesse meu carro, neguei, e disse que hoje sairia acompanhada
de amigos. Minutos depois um Nissan prata surgiu em frente ao
nosso prédio, e uma loira baixinha, de pele bem branca, cabelos
encaracolados e pequenos olhos verdes desceu e acenou
freneticamente para nós. Charlotte usava um vestido de tom de
laranja profundo, estava delicada, e elegante para uma noite na
balada.
–Alexa! Becca! Que saudades! – Charlotte praticamente se jogou
em cima de nós. Depois de vários abraços apertados, ela se
afastou.

–Você está linda Charlotte. – Becca elogiou. – Como foi à


viagem para França?

–Maravilhosa. Foi tudo perfeito. Eu estava sentindo falta do país


onde nasci.

–E como está sua mãe? – Perguntei.

–Está bem, ela não parava de falar do casamento. Acho que ela
infarta se eu não me casar até o final do ano. – Charlotte respondeu
sorridente, ela estava claramente muito feliz. – E então nós
podemos ir?

–Claro, vamos.

Rebecca e eu entramos no carro, e nos acomodamos nos


bancos de couro. Eric estava sentado no banco do motorista, ele
abriu um sorriso enorme ao nos ver.

–Rebecca, Alexa que bom vê-las de novo. Como vocês tem


passado?

–Muito bem Erick. E você?

–Quando estou com minha Charlotte tudo é maravilhoso. – Ele


respondeu segurando a mão da minha amiga sobre a coxa dela.

–Que bom, agora será que podemos ir? Eu estou necessitando


de uma bebida! – Rebecca disse. Erick sorriu mostrando duas
covinhas em suas bochechas, e assumiu o volante do carro.

Nós fomos a uma das melhores casas noturnas da região. O –


Primal – estava lotado, a fila para entrar dava a volta no quarteirão.
O rock pesado preenchia o ar da noite. Eu e meus amigos nos
direcionamos até as portas escuras, onde três seguranças
grandões guardavam a entrada. Eu nem precisei abrir a boca, e o
maior entre eles escancarou a porta aberta para mim, ao mesmo
tempo em que me cumprimentava. Nem preciso dizer que tudo isso
é obra de Gideon Cross.

–Que máximo ser Filha de Gideon Cross, né Alexa? – Charlotte


gritou sobre o barulho da musica.

–Tem seu lado bom. Mas acredite, também tem o lado ruim. –
Respondi.

A Decoração do lugar é uma mistura eclética de metais polidos e


madeiras escuras, com luzes de diversas tonalidades. As duas
pistas de dança estavam lotadas, os balcões abarrotados de gente.
As garçonetes – todas moças jovens – calçando botas de salto alto,
e usando vestidos rosa-choque curtíssimos, mal davam conta de
atender todos os clientes.

Eu levei meus amigos até uma mesa vazia em um canto


discreto. Já havia pedido para reserva-la sabendo que o clube
estaria assim, abarrotado de pessoas. Nós nos sentamos nas
cadeiras, e logo uma das garçonetes se aproximou. Pedimos todos
os tipos de bebidas que conseguiríamos ingerir. Menos Erick, ele
não bebe, e mesmo que bebesse não seria capaz de colocar a vida
de Charlotte, ou a nossa, em risco ao sair dirigindo pela cidade
bêbado.

Nós conversamos um pouco sobre a viagem da minha amiga até


a França. Ela também nos deu detalhes de sua ultima
apresentação, também feita no país onde nasceu. Erick nos contou
sobre seus trabalhos fora do país. Ele é empresário, mas sempre
que a noiva tem que viajar para algum lugar ele vai junto, e mesmo
assim conclui seus trabalhos por lá. Rebecca começou a contar
sobre o inferno que está passando para conseguir uma conta para
Walters Field & Leaman. Ela está sentindo muita pressão. Mas
quem não sentiria? Ela é vice-presidente de uma das maiores
agência de publicidade do país. Aproveitando o clima que todo
mundo estava falando da vida, contei a Charlotte sobre a viagem
por tempo indeterminado para Seattle. E que estou brava pelo meu
pai, que praticamente me obrigou a isso. Pensei em contar sobre
Theodore Grey, mas eu não queria pensar mais nele, pelo contrario,
queria esquece-lo.
–Uau gente! Vamos dançar! Animação! Uhull! – Rebecca gritava
e pulava curtindo a batida da musica de pé ao nosso lado da mesa.
Ela já tinha virado três copos de tequila, um martíni, e agora estava
bebendo um coquetel de frutas cítricas. Eu também estava mais ou
menos por ai.

–Vamos pra pista Becca! – Gritei sobre o barulho da musica, e


agarrei seu pulso, arrastando minha amiga para o meio da multidão.

Eu me deixei levar pela batida da musica, e atmosfera sensual


do lugar. Meu quadril se movia por vontade própria, e minhas
pernas assumiram uma coreografia de matar. Joguei os braços para
o alto, e botei meu traseiro para rebolar. Rebecca me acompanhava
quase no mesmo ritmo. Dançamos uma, duas, três musicas, e
então eu perdi a conta. Uma massa de homens transpirando
testosterona se aproximou de nós. Estávamos completamente
cercadas, eu ignorava uma ou duas tentativas de aproximação de
algum cara. De repente um deles, um cara alto e magro, pôs as
mãos nos dois lados do meu quadril. Ele se aproximou de mim,
colando seu corpo ao meu, só permiti por que ele era bonito.

–Você é linda. – Ele sussurrou próximo ao meu ouvido.

Sorri em agradecimento, e continuei a dançar. O cara se


empolgou um pouquinho e desceu as mãos pela lateral do meu
quadril. Ele estava me testando, vendo até onde eu o deixava ir. O
que ele não sabe, é que estou bem alerta aos seus movimentos.

–Você é gostosa pra cacete. – Ele murmurou enfiando o rosto no


meu ombro, e inspirando forte o meu perfume.

Agora ele está começando a mostrar o que realmente é. Sempre


assim, canalhas. Suas mãos alcançaram a barra do meu vestido,
ele brincou com o tecido por um momento, então tentou subir o
tecido do meu vestido, foi ai que eu o empurrei. Puxei Becca pelo
pulso, e gritei no ouvido dela “Vamos beber”. Ela concordou, e nós
deixamos a pista de dança, e retornamos a nossa mesa, que estava
fazia por que Charlotte e Erick estavam dançando agarradinhos na
pista.
–O que aconteceu lá? – Becca perguntou acenando em direção
ao cara com quem eu estava dançando há alguns segundos.

–Era um tarado. –Respondi.

–Ah que pena. Mas não liga não, ele nem era tão bonito assim. –
Rebecca disse fazendo uma careta.

–Nossa isso ajuda muito. Obrigada amiga.

–Não foi que eu quis dizer. Eu só tava...Eu só tava...Meu deus! –


Os olhos de Rebecca estavam focados em alguma coisa atrás de
mim.

–Que foi Becca? – Perguntei, e fiz menção de olhar para trás.


Mas Rebecca gritou:

–Para tudo!

Fiquei imóvel.

–Eu não quis dizer que era para você para de se mexer. – Ela
explicou. – É que tem um deus grego olhando pra cá, e eu acho que
ele está de olho em você.

–Sério? Como ele é? – Perguntei curiosa. Pelo menos quando o


assunto é homem eu e Rebecca temos gostos bem parecidos.
Então ela sabe muito bem o que é um cara gostoso.

–Grandão. – Ela respondeu boquiaberta.

–Grandão? – Franzi as sobrancelhas. – Becca ele é gordo?

–Não Alexa. Ele é grandão do tipo bem alto, forte, um escândalo


de homem.

–Uall talvez seja minha noite de sorte. Me diz mais! Ele é loiro ou
moreno? Qual a cor dos olhos?

–Pele clara, cabelos escuros, acho que os olhos são claros, mas
não da pra ver por causa das luzes. Ele tem ombros bem largos,
uma boca reta e firme, queixo quadrado, e mãos grandes...
–Ah não! Theodore Grey!

Virei-me e lá estava ele. Vestia calça jeans escuras, e um suéter


azul que combinava com seus olhos implacáveis, que estavam
grudados em mim. Ele estava bebendo algum liquido de cor âmbar.
Era o homem mais lindo no balcão do bar. Não. Era o homem mais
lindo dentro daquela boate, ou talvez seja o homem mais lindo de
Nova York e o mundo.

Meus olhos estavam presos nos dele. Seus lábios se curvaram


em um sorriso, e então ele se levantou, e pôs o copo sobre o
balcão. E com uma economia incrível de movimentos começou a
andar na minha direção. Minha respiração aumentou
consideravelmente, minhas pernas tremiam, e minha boca ficou
seca. Ele estava tão perto, e se aproximava de mim feito um leão
pronto para agarrar sua presa. Se pelo menos ele não fosse tão
gostoso, eu não estaria torcendo para ser essa presa.

Theodore Grey aqui, tão próximo de mim. As coisas só podem


acabar de duas formas. Ou em briga, ou em luxúria.

oOo

Capitulo Quatro: Desejada

oOo

Ele veio caminhando lentamente, com um sorriso presunçoso no


rosto. Seus cabelos estavam um pouco úmidos, e revirados. Aposto
que não é de suor, ele deve estar cheiroso, e impecável. Já eu
estou com os cabelos grudados na testa, e não paro de transpirar.
Sei que minha pele está vermelha, e sinto meu corpo pegando fogo,
como se eu estivesse sobre uma brasa. De repente ele para em
frente a nossa mesa, e olha entre mim e Rebecca.

–Srta. Cross que bom vê-la de novo. – Ele sorri, e quero me


matar quando retribuo sorrindo de orelha a orelha. Tento recuperar
minha compostura, limpo a minha garganta que está seca, e
umedeço meus lábios entreabertos. Ele observa tudo com seu olhar
intenso.
–Igualmente Sr. Grey. – Murmuro. Estou torcendo para que ele
de meia volta, e me deixe em paz.

–Estamos sendo indelicados. Poderia me apresentar sua amiga?


– Grey diz referindo-se a Rebecca.

Por um instante penso em como fui idiota de ignorar totalmente


minha amiga, que está de queixo caído, comendo Theodore com os
olhos. Mas então eu penso no interesse que Grey tem em que eu
lhe apresente para Rebecca. Talvez eu esteja sendo muito
equivocada, e Grey não está de olho em mim, nunca esteve. Talvez
ele esteja aqui para conhecer Rebecca, ela é linda. Talvez ele
queira flertar um pouco com ela, beber, dançar, beija-la, e outras
coisas.

–Esta é Rebecca Field minha melhor amiga. – Aceno para


Becca. – Este é Theodore Grey, o mais novo sócio do meu pai. –
Digo, e Rebecca estende a mão feito um robô para cumprimenta-lo.

–Prazer em conhecê-la Srta. Field. – Theodore diz assim que


aperta sua mão.

–O prazer é todo meu Sr. Grey. – Becca diz enquanto seu rosto
assume um tom avermelhado.

Oh. Meu. Deus! Rebecca está corando!

–Será que eu poderia me juntar a vocês? – Theodore pergunta.

Não! Não! Não!

–Claro, fique a vontade. Que bom que você apareceu, eu estava


indo dançar, e a Alexa estava prestes a ficar sozinha, pelo menos
agora ela tem companhia. – Rebecca disse, e pisca pra mim.

Oh não! Ela entendeu tudo errado, eu não quero ficar perto dele.

–Na verdade eu também estava indo dançar. – Minto


desesperada por um modo de deixar essa mesa.

–Beba alguma coisa comigo. Prometo que não vou tomar muito
o seu tempo. – Theodore insisti, seu humor está muito melhor do
que quando o conheci, pelo menos agora ele sorri. Eu balanço a
cabeça concordando, e ele se senta na minha frente. Olho para o
lado, e não vejo mais Rebecca.

Arghh! Ela me deixou sozinha!

–Está se divertindo? – Theodore pergunta, e ele parece


interessado.

Eu estava, antes de você aparecer...

–Muito.

–O que você quer beber? – Ele acena para uma garçonete que
em dois segundos mágicos atravessa a pista de dança, e para na
nossa frente. Ela não para de olhar para ele, eu não a culpo, eu
também estava.

–Suco de laranja com chambery. – Respondo. Theodore pede


algum tipo de Whisky. E a garçonete deixa a nossa mesa
apressada.

–Como você vai voltar para casa? – Ele pergunta.

De pé é que não vai ser...

–Não importa, você não tem nada haver com isso. – Respondo
curta e grossa.

–Eu vi que você bebeu bastante, e sua amiga também. Não seja
imprudente de dirigir alcoolizada pela cidade. O que seu pai diria se
soubesse disso? – Agora seu tom de voz é reprovador.

Mas que filho da mãe! Como ele sabe que eu já bebi bastante? E
por que ele se importa se eu vou dirigir alcoolizada? E como ele
ousa colocar o nome do meu pai nesta conversa? E se ele sabe
que já bebi bastante, por que me oferece uma bebida? Arrgh!

–Talvez eu não vá dirigindo! Talvez eu encontre um cara gostoso


que me leve pra casa dele, para fazer um sexo selvagem, então
assim eu não estarei sendo imprudente no transito, e sim na cama.
– Cuspo as palavras com raiva, levanto-me da mesa, e saio em
direção às pistas de dança.

Agora eu estou realmente brava, eu mal conheço Theodore Grey


e ele me faz perder completamente a cabeça em poucos minutos.
Eu não entendo o que acontece comigo, ele desperta algo novo
dentro de mim. Às vezes eu sinto raiva dele antes que abra a boca,
às vezes eu me sinto desesperada para toca-lo, fico imaginando
qual seria o gosto dos seus lábios, ou se ele beija bem, se é tão
forte, e determinado assim na cama.

Praticamente corro em direção aos banheiros femininos. Entro


em um corredor pequeno e escuro, e me enfio dentro de um
banheiro. Há algumas mulheres retocando a maquiagem, eu passo
por elas e vou até um espelho grande. Quando vejo o meu reflexo
me surpreendo, não estou tão feia como pensei que estaria, só
estou meio bagunçada, feroz. E eu me sinto exatamente assim. Ah
droga eu acabei de dizer para o sócio do meu pai que estou atrás
de homem que me leve para casa para fazer um sexo selvagem.

Me.Mate.Agora.Por.Favor!

Pego várias toalhinhas e umedeço um pouco, depois tento limpar


a maquiagem que está começando a correr pelo meu rosto devido
ao suor. Meu cabelo está grudento, alguns fios estão grudados na
minha testa e nuca. Pego todo meu cabelo, e faço um grande coque
no alto da cabeça. Respiro firme algumas vezes, tentando me
controlar, me acalmar. A batida frenética da musica, está me
deixando com dor de cabeça. O álcool de todas as bebidas que
ingeri está começando a fazer efeito, sinto minha cabeça girar.

Decido que é melhor eu encontrar meus amigos, e pedir que me


levem para casa, antes que eu comesse a passar mal. Com as
pernas meio bambas, eu deixo o banheiro aos tropeços. Quando
saio no corredor pequeno e escuro, ele está lá. Theodore está
encostado na parede, com os braços cruzados sobre o peito. Sua
expressão dura relaxa quando me vê.

–Você está me seguindo? – Pergunto desta vez estou ficando


com raiva.
–Talvez. – Responde-me calmo e tranquilo.

Ah às vezes sinto vontade de socar a cara dele, mas ao mesmo


tempo fico tentando decidir se não seria melhor agarra-lo e beija-lo.
Não acredito que agora ele resolveu me seguir.

–O que você quer de mim, droga! – Grito. Ele se desencosta da


parede, e descruza o braço, com dois passos largos ele para na
minha frente. Inclina a cabeça para baixo, e sua boca para a
centímetros da minha, posso até sentir o cheiro do Whisky que ele
bebeu.

–Você. – Ele sussurra. – Eu quero você.

Cambaleio para trás, mas Theodore é rápido e suas mãos estão


firme, fortes, e quentes na minha cintura, mantendo-me segura. Ele
me prensa contra a parede atrás de mim, e eu estou presa entre a
parede de tijolos, e a parede humana. Por que sinceramente esse
peito largo é tão duro que parece como um muro de músculos.

–Me solta. – Eu peço, mas minha voz quebra. Coloco minhas


duas mãos espalmadas sobre o seu peito, e faço esforço para
empurra-lo. Porem ele não se move nem um milímetro.

–Não. – Ele murmura, e enfia o rosto na curva do meu ombro.


Inspira forte o meu perfume. – Você é ainda mais cheirosa do que
eu imaginei.

–Theodore me solta! – Eu insisto. E desta vez minha voz não


falha. Essa é a primeira vez que o chamo pelo seu nome.

Ele aperta mais os braços ao meu redor, e me esmaga contra a


parede. Sinto a ponta do seu nariz subir e descer pelo meu
pescoço, isso causa arrepios por todo o meu corpo. Sinto cada
parte do seu corpo tocar o meu. Oh deus! Ele me deseja! Sua
ereção está firme, e dura contra a minha barriga.

–Você está sentindo isso? É tudo culpa sua. Eu fico duro todas
as vezes que você me desafia. – Ele rosna no meu ouvido.

Uall então é isso mesmo. Ele me quer, sempre quis. Quando eu


esbarrei no elevador, eu lembro-me de ter tocado em algo firme, e
duro como agora. Ele estava me desejando, desde o primeiro
momento. Assim como eu. Não acredito que ele teve coragem de
me barrar dessa forma, de dizer o que sente por mim, palavras tão
intimas, que ele usa com tanta facilidade.

–Você gosta que te toquem daquela forma? – Ele prossegue. E


eu não faço ideia do que ele está falando.

–O que? – Murmuro. Sou incapaz de pensar direito com seu


perfume almiscarado invadindo meus sentidos. – Do que você está
falando?

–Do cara loiro com a mão boba na sua coxa. Ele estava louco
para por os dedos entre suas pernas.

Oh meu deus, ele estava vendo? Theodore estava o tempo todo


me observando, seguindo meus passos? Ele sabe do cara loiro, ele
sabe até quantas bebidas bebi. Ele estava ali o tempo todo, de olho
em mim?

–Você estava me vigiando? – Pergunto tentando soar séria, mas


está cada vez mais difícil. Suas mãos sobem e descem pelo meu
quadril e minha cintura, ele acaricia devagar. Mas sinto seu toque
sobe minha pele coberta, como se uma chama estivesse acesa
onde seus dedos me tocam.

–Estava. – Responde. Ele leva os lábios ao meu pescoço, e


deposita um beijo molhado, em seguida mais um, e outro. Eu
respiro forte, tento ignorar seu toque, mas não consigo. Quando ele
morde o lóbulo da minha orelha não sou capaz de segurar, e um
gemido solta entre meus dentes.

–Por que estava me vigiando? – Pergunto um pouco ofegante. O


calor, o desejo, a luxúria entre nós cresce a cada segundo. A
musica alta, e as luzes escuras do corredor favorecem o clima.

–Você é sempre assim? Nunca responde o que outros


perguntam, e ao invés disso solta outra pergunta?

–Sou sempre assim. – Respondo.


–Então nós vamos mudar isso. – Ele diz determinado. – Agora
responde, você gosta que te toquem daquela forma?

–Só quando eu quero, onde eu quero, e com quem eu quero.

Por que maldições eu estou respondendo suas perguntas?

–Eu quero te tocar daquele jeito. – Ele sussurra com os lábios


próximos da minha boca. – Mas a questão é. Você quer ser tocada
por mim?

Eu quero? Será que é isso? Eu quero ser tocada por Theodore


Grey? Eu quero que ele me beije, e que deslize suas mãos quentes
pelo meu corpo? Eu quero que ele me possua de todas as formas
possíveis, e que me mostre o que sabe fazer de melhor? Mas isso é
certo? Eu mal o conheço. E ele é sócio do meu pai. Eu nem ao
menos sei se ele é casado, se é noivo ou se tem uma namorada. E
o que meu pai faria se soubesse? Não, isso é loucura. Eu não
posso me envolver com esse homem. Tem muita coisa em jogo. Eu
simplesmente não posso.

–Não. Fica longe de mim Theodore. – Respondo, e mais uma


vez tento empurra-lo, mas ele não se move, e nem sai do meu
caminho. Tento tirar suas mãos da minha cintura, mas ele não
desiste.

–Olha pra mim Alexa! – Ele ordena. E quase que imediatamente


eu o obedeço, e meus olhos encontram os seus. Aqueles mares de
olhos azuis parecem sombrios, escuros, tomados de desejo. –Eu
sei que você quer, posso ver nos seus olhos. Me diz que não sente
nada quando eu faço isso.

Ele aproxima seus lábios dos meus, estão tão próximos. Ele
desliza a mão pelo meu quadril, e toca a barra do meu vestido.
Seus lábios se movem para frente e tocam os meus, ele me beija
suavemente. Eu não retribuo, e ele insiste, e morde meus lábios, ao
mesmo tempo em que uma de suas mãos escorrega entre minhas
pernas. Não sou capaz de conter outro gemido. Estou arfando,
minha pulsação está acelerada. Aquela montanha de homem
espetacular está tentando me deixar maluca. Mas uma vez seus
lábios tocam os meus, desta vez com mais urgência, ele tenta
empurrar a língua dentro da minha boca. Não sou mais capaz de
resistir. Sou uma mulher de carne e osso, e não feita de gelo. Não
sou um anjo, estou mais para um demônio. Estou ardendo, estou
sofrendo por tentar resistir. Não posso escapar, eu quero ele. Acabo
entregando-me de vez.

Desta vez quando ele volta a me beijar, eu abro minha boca, e


recebo sua língua que entra com avidez. Ele explora a minha boca,
e toca a minha língua, eu o beijo como se estivesse com fome.
Fome de Grey. Ele segura minhas duas coxas pela parte inferior e
me levanta do chão. Eu prendo minhas pernas ao redor do seu
quadril, e minhas mãos vasculham seu peito largo. Mordo seu lábio
inferior, e ele rosna e agarra minha bunda, apertando minhas
nádegas entre as mãos.

Estou ofegante quando ele se afasta e descansa sua testa


contra a minha. Nem percebi que todo esse tempo ele esteve me
segurando prensada contra a parede, e contra seu peito. Minhas
mãos vão até seus cabelos, e eu acaricio, sentindo a maciez dos
fios. Desde o primeiro momento em que o vi, eu gostaria de ter feito
isso, e agora tenho a oportunidade.

–Porra Alexandra! Você é malditamente quente. – Ele grunhiu


ferozmente. Ouvir meu nome ser pronunciado pela sua boca, me
deixou em um estado de excitação inigualável.

E olhe que eu nem gosto do meu nome...

Meu corpo todo se agita por dentro com suas palavras. O modo
como ele diz o que sente. O que quer, não se importando com
nada. Suas palavras picantes, quentes, sensuais, e pervertidas me
deixam com tesão. Não sei como cai nessa tentação, eu não sou
assim, eu costumo ser muito mais equilibrada e determinada. Não
acredito que cedi aos encantos de Theodore. E se ele estiver me
usando? Ele é um homem rico, lindo, e cheio de testosterona. Pode
ter qualquer mulher que quiser. Por que ele está aqui? Por que ele
me quer? Eu sou filha de Gideon Cross, se ele conseguir me
seduzir ele pode ter o que quer mais rapidamente, sem nenhuma
complicação. É óbvio. Theodore está jogando comigo!

–Sai! – Grito com ele. – Sai de perto de mim!


Ele mede minha expressão como se estivesse decidindo o que
fazer. Por fim ele me coloca no chão, e rapidamente eu abaixo meu
vestido, arrumando-o no lugar. Theodore da um passo para trás, e
me encara com um sorriso malicioso.

–Você acha que pode dizer essas coisas e eu vou cair aos seus
pés? – Eu explodo. – Pois você está muito enganado. Eu não vou
deixar você me usar. Fique longe de mim Theodore Grey, eu não te
desejo.

–Pequena, eu não preciso que você me diga mais nada. Você


mesma disse que só deixa que alguém te toque quando você quer,
onde você quer, e quem você quer. Alexa você me quer, e agora
que eu sei disso, vou usar todos os meios possíveis para ter você
na minha cama. – Seus lábios se estreitam em um sorrisinho.

–Seu maldito filho da puta! – Grito com os nervos a flor da pele.


– Não ouse chegar perto de mim novamente!

Saio às pressas do corredor, e entro no meio da multidão na


pista de dança. Olho para os lados a procura da minha amiga.
Encontro Rebecca no bar bebendo com um homem, puxo sua mão,
e peço que ela venha comigo. Depois saio à procura de Charlotte e
Erick que estão sentados na nossa mesa conversando. Digo que
não estou me sentindo muito bem, e peço que me levem para casa.
Imediatamente Charlotte concorda comigo, e Erick nos conduz para
fora.

O que eu fiz foi imprudente, foi equivocado. Meu deus eu estou


na boate do meu pai! O que ele pensaria se me visse aos amassos
com seu sócio. Um homem que eu mal sei quem é, não sei nada da
vida pessoal de Theodore. Faz menos de vinte e quatro horas que
eu o conheço. Não posso ignorar a atração espontânea que ocorreu
entre nós. Mas tenho que ser realista, volta ao mundo real, e por de
uma vez por todas na minha cabeça que não posso me envolver
com um homem desse jeito.

Por um momento era apenas eu e ele, e todo o mundo ao nosso


redor não existia. Estávamos em uma bolha só nossa, e eu estava
desesperada para sentir seu toque, seus lábios macios, e sua boca
faminta. Nunca me senti tão desejada antes. E Theodore não teve
problema nenhum em demonstrar como se sentia ao meu respeito.
Mas eu tenho que encarar o fato de que ele só me quer em sua
cama, foi essas as palavras que saíram da sua boca, ele me quer
em sua cama. Nada mais, é apenas desejo carnal. E eu ainda o
odeio! Ele pode ter feito eu me sentir a mulher mais desejada da
noite. Mas ainda assim, eu odeio Theodore Grey. E a partir desta
noite, eu estou odiando ele em dobro.

oOo

Capitulo Cinco: Desafiada

oOo

Quando eu despertei, encontrei-me deitada sobre a minha cama,


vestindo apenas minhas roupas intimas. O vestido e os sapatos que
eu usava na noite passada estavam no chão. Meu travesseiro e os
lençóis fediam a bebida. Ou talvez fosse meu próprio corpo. Minha
cabeça latejava um pouco, mas não poderia ser chamado
exatamente de uma ressaca. Na verdade pensando bem eu já tive
dias piores.

Fiz um esforço imenso para levantar já que meus ossos


pareciam ter o dobro do peso. Caminhei diretamente para o
banheiro, onde acabei entrando embaixo do chuveiro com minha
lingerie azul. Deixei a agua cair sobre meus cabelos e meu corpo,
molhando-me e levando embora qualquer indício de álcool, ou suor.
Quando me dei por satisfeita, desliguei o chuveiro, e sai enrolada
em uma toalha. Vesti roupas limpas, e resolvi preparar um café.

Na cozinha espaçosa do nosso apartamento encontrei Rebecca


sentada sobre uma banqueta, com uma xícara de café fumegante
em uma das mãos e um jornal na outra. Ela vestia um robe de seda
azul claro, e calçava pantufas brancas. A expressão em seu rosto
era de cansaço. Pobre da minha amiga está com uma aparência
horrível.

–Bom Dia. – Sorrio e movo-me pela cozinha atrás de uma xicara


para mim.
–Só se for para você. – Ela resmunga. – Esse está sendo um
péssimo dia, minha cabeça parece prestes a estourar.

–Você tomou algum remédio para dor de cabeça? – Perguntei


enchendo minha caneca com café. Becca acenou concordando. –
Bem, então daqui a pouco fará efeito, e você estará melhor.

–Espero que sim. Não quero passar o dia trancada dentro de


casa, justo em um fim de semana.

–Você vai melhorar. – Garanti. Sentei-me ao lado da minha


amiga, e bebi o café, com um gosto tão forte que senti meu
estomago gritar “porcaria”. Enviei a bebida quente de uma só vez
para dentro, e disfarcei minha cara de enjoo para que Becca não
notasse. Ela pode ser linda, competente no trabalho, e ter ótimo
gosto para moda, mas é a pior cozinheira da face da terra. Isto
inclui preparo de cafés.

–E então, você já pode me contar o que aconteceu na noite


passada. – Becca disse encarando-me com um olhar curioso. Foi à
deixa para que eu deixasse o café ruim de lado, e começa-se a dar
explicações para a minha amiga.

–O que você quer saber? – Perguntei apesar de saber


exatamente sobre o que ela quer saber. O problema é que eu não
queria tocar nesse assunto, só de falar o nome dele eu sinto algo
acender dentro de mim.

–Você pode começar me contando sobre o deus grego.


Sinceramente Alexa, ele deve ser filho da deusa Afrodite, com,
com...Apolo?

–Ele nem é tão bonito assim. – Resmunguei. Meu cérebro entrou


em curto circuito gritando “Você é maluca? Ele é o homem mais
lindo da face da terra. Sua idiota!”. Rebecca me olhava com uma
cara de paisagem.

–Nossa, ele é tão quente assim. A ponto de você ficar toda


nervosinha, e estressada? Bem, vamos pular para o que interessa.
O que aconteceu quando vocês ficaram sozinhos? Por que você
surgiu daquele jeito me carregando para fora? Parecia que você
queria fugir ou algo assim. Sobre o que vocês conversaram?

–An...vejamos, por onde eu começo? - Contei tudo a Rebecca


desde o momento em que Theodore se sentou na mesma mesa
que eu, a bebida que ele me ofereceu, e a minha cara de pau de
dizer que eu estava atrás de um homem para me levar para casa.
Contei do episódio no corredor, das suas palavras, e da forma como
ele me beijou e me prensou contra a parede. De sua petulância, e
coragem de me enfrentar e dizer que ainda me quer na sua casa.
Quando terminei Becca estava boquiaberta, me encarando como se
não acreditasse em tudo o que eu disse.

Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa o telefone do nosso


apartamento tocou fazendo um barulho estridente ecoar por todo o
apartamento. Rebecca levou as mãos até as têmporas e as
massageou como se sentisse dor, apressei-me até a sala, e atendi
ao telefone no terceiro toque.

–Alexa. Sim?

–Bom Dia meu anjo, dormiu bem? – A voz da minha mãe soa ao
telefone.

–Dormi bem sim mãe. Tudo bem por ai?

–Tudo ótimo querida. Na verdade eu liguei por que gostaria que


você viesse almoçar aqui em casa.

–Ah eu não sei mãe, eu tenho muitas coisas para fazer.

–Eu sei querida, sei que você vai viajar para Seattle, seu pai me
contou. Quero me despedir de você, antes que vá.

–Tudo bem mãe, eu almoço com vocês. E estou levando a


Becca comigo.

–Que bom meu anjo, vou estar esperando vocês.

Desliguei o telefone, e voltei para cozinha.


–Rebecca vamos almoçar com a minha mãe, e meu pai. –
Anunciei. Ela fez uma careta, e voltou a tomar o café.

–Eu não lembro de ter dito que queria ir, Alexa. – Becca
resmungou.

–Mas você vai, não vou conseguir sobreviver a esse almoço sem
você.

–Você é muito dramática sabia, eles são seus pais.

–Becca eles são controladores. Preciso de você, por favor? – Fiz


beicinho. Ela sorriu.

–O que eu não faço por você? Tudo bem, eu vou.

O telefonema da minha mãe fez-me lembrar dessa estupida


viagem para Seattle. Com que cara vou olhar para Theodore depois
do que aconteceu ontem a noite? Como vou viajar, e trabalhar
diariamente com ele? Meu deus, ele disse que me quer na cama
dele! Como isso aconteceu? Eu mal o conheço, e ele teve a
coragem e petulância de dizer aquelas sacanagens na minha frente.
Ceús ele me beijou! E o pior de tudo, eu o beijei de volta.

Arrghh! Neste momento estou me odiando. Não acredito que


uma pessoa como eu foi cair nas artimanhas daquele homem. Bem,
de qualquer forma posso usar a desculpa de que estava bêbada.
Por mais que eu me lembre de cada detalhe, cada toque, cada som,
cada cheiro. Ai Alexa você o odeia! Você o odeia! Pare com isso!

Estacionei a BMW ao lado do Bentley preto do meu pai. Angus


vestia roupas comuns enquanto limpava os vidros do carro. Ele
largou o serviço e veio abrir a porta para mim, mas antes que isso
fosse possível sai do carro, e Becca também.

–Bom Dia Srta. Cross e Srta. Field. – Cumprimentou-nos.

–Bom Dia Angus. Muito serviço? – Perguntei observando sua


calça jeans desbotada e camiseta branca.

–Só o de sempre. Seus pais estão esperando. – Ele acenou a


porta de entrada da casa.
–Como sempre. Bem, vou indo. Bom serviço para você.

–Obrigada Srta.

A casa dos meus pais é uma verdadeira mansão luxuosíssima e


super moderna. A Fachada é toda de vidro, o que é a cara do meu
pai, já que o próprio edifício Crossfire é todo trabalho em vidro.
Como eu tenho duas mãos, e posso muito bem abrir a porta. Eu
entrei antes que alguém viesse abri-la para mim. Logo ouvi vozes
vindas do interior da casa, uma delas a da minha mãe. Deixei minha
bolsa no sofá da sala, e caminhei até a cozinha, de onde as vozes
vinham. Rebecca veio logo atrás de mim.

Minha mãe estava explicando alguma coisa para duas


empregadas que cozinhavam e conversavam animadamente. O
cheiro, e aromas invadiram meu sentido, de repente ouvi meu
próprio estômago roncando. Eva Lauren Tramell Reyes Cross
estava lindíssima e elegantíssima usando um vestido de tecido leve
bege, e saltos altos. O cabelo loiro estava preso em um coque no
alto da cabeça. E a pouca maquiagem disfarçou suas rugas e
marcas da idade. Mas para uma mulher de 49 anos, ela está muito
bem.

–Alexa! – Mamãe me abraçou forte como se não me visse há


dias. O que não é verdade, já que todas as minhas quartas-feiras
são destinadas a almoçar com ela.

–Oi mãe. – Cumprimentei e retribui seu abraço.

–Oi Becca. Tudo bem? – Mamãe abraçou Rebecca também.

–Oi tia Eva. – Becca retribuiu o abraço. Se tem uma pessoa que
minha mãe adora, é Rebecca. Além de nós duas termos crescido
praticamente juntas. Minha mãe faz questão que Becca a chame de
Tia.

–Onde está o papai? – Perguntei.

–Ele está no escritório Alexa, nós temos convidados para o


almoço.

–Quem?
–Um casal, sócios do seu pai.

–Ah.

Por um momento apenas, eu cheguei a pensar que o convidado


do meu pai poderia ser o Senhor Grey, eu já estava tremendo e
ansiosa pela sua resposta. Agora não sei se estou contente em
saber que não é ele, ou se estou decepcionada. Não. Não. Eu estou
feliz, eu estou muito alegre, na verdade se eu pudesse ficar longe
de Theodore para sempre eu ficaria.

–Vamos até lá, seu pai quer apresenta-los para você. – Eva
disse, e saiu caminhando a nossa frente. Sem olhar para trás para
saber se estávamos atrás dela. Não precisava, é claro que eu e
Rebecca estávamos coladas em seus pés.

Mamãe nos levou pelo corredor até o escritório do meu pai, eu


podia ouvir uma voz feminina ecoando da sala. Com duas batidas
de leve na porta, Eva escancarou a porta aberta.

–Meu anjo, as garotas estão aqui. – Eva lançou um olhar para


Gideon, ele acenou para que entrássemos.

Quando passei pelo limite da porta, meus olhos voaram quase


que instantaneamente até figura de um homem alto, forte, e esguio
sentado em uma poltrona, parecendo elegante e confiante, vestido
em calças escuras, camiseta clara, e jaqueta de couro. Ele nem de
longe se parecia como um CEO rico, ele parecia mais um
motoqueiro feroz e perigoso. Seus olhos azuis brilharam na minha
direção. E Theodore sorriu quase como se estivesse tendo uma
lembrança intima que compartilhamos. E na verdade, talvez ele
estivesse.

Ao seu lado estava uma mulher que aparentava ser alguns anos
mais velha. Ela era baixinha e cheinha, com bochechas bem
salientes e avermelhadas. Seus cabelos eram curtos e ondulados.
Ela usava um vestido azul claro, e parecia estranhamente
profissional.

–Sylvia Ellis, essa é minha filha Alexandra. – Meu pai apontou


para mim, a mulher mais velha levantou-se e estendeu a mão para
que eu pudesse cumprimenta-la. – Alexandra, está é Sylvia, ela é
sócia de Theodore.

–Prazer em conhecê-la Srta. Cross. – A mulher esboçou um leve


sorriso que pareceu verdadeiro.

–E esta é Rebecca Field a diretora executiva da Walters Field &


Leaman. Ela é praticamente da família. – Papai disse apresentando
Becca a Sylvia. Que sorriu para a minha amiga também.

–Srta. Cross, e Srta. Field. Que prazer vê-las de novo. – Grey


disse cumprimentando-nos.

–Igualmente Sr. Grey. – Rebecca respondeu sorrindo


largamente. Ela me cutucou para que eu o cumprimentasse de
volta, mas eu não podia. Minha língua simplesmente estava presa.

–Grey me contou que esteve na Parmal ontem e tomou uma


bebida com você Alexandra. Estou feliz que estão se dando bem,
afinal vão trabalhar juntos. – Gideon disse observando-me.

Ah pobre do meu pai. Nem imagina o quão bem estamos indo.


Eu estou lutando com todas as minhas forças para não arrancar os
olhos daquele bastardo. Não acredito que ele contou ao papai sobre
o Parmal! Bem, ele não é louco a ponto de dizer que me esmagou e
me prensou contra a parede e forçou sua língua na minha garganta.
Não. Theodore pode ser qualquer coisa, mas maluco não. Ele não
teria coragem de ir contra Gideon Cross. Pelo menos eu espero que
não.

–Tenho certeza que eu e sua filha vamos trabalhar muito bem


Sr. Cross. Ela é espontânea, inteligente, determinada, e selvagem.
– Grey disse, e um brilho de humor tocou seus olhos. Ele realmente
acabou de dizer ao meu pai que eu sou “selvagem”. Gideon estava
hipnotizado, não sabia o que fazer ou para onde olhar. Com certeza
ninguém nunca disse essas coisas sobre sua filha. Já eu estava
forçando meu olhar para qualquer lugar menos em direção a
Theodore. Por que toda a vez que nosso olhar cruzava eu podia ver
a chama, a ardência, e o mesmo desejo da outra noite pulsando
entre nós.
–Muito bem, vocês terminaram com sua partida de xadrez? Por
que o almoço vai ser servido logo. – Eva disse descansando seu
olhar sobre Gideon.

–Bem, eu ia perder de qualquer forma. Acho melhor nós


descermos para almoçar. – Gideon disse.

Pela primeira vez desde que entrei no escritório, eu notei o que


meu pai, Theodore, e Sylvia faziam aqui dentro. Sobre a mesa de
madeira escura estava o tabuleiro de xadrez de Gideon, algumas
peças ainda estavam descansando em seu lugar da ultima partida.
Sempre que meu pai tem um convidado que sabe jogar xadrez ele
gosta de desafia-lo. Provavelmente o Sr. Grey não escapou desta, e
teve de jogar. Mas o que me espanta é meu pai dizer que perderia
de qualquer forma. Isso não é algo que ele diga. Cross sempre
vence, ele é um mestre no xadrez. Foi ele quem me ensinou as
melhores jogadas, ele que me fez ser uma ganhadora.

–Pai não engane o Sr. Grey. Você sabe que venceria todas, não
importa quantas vezes joga-se. – Eu disse, e por hábito elevei o
queixo para enfrentar o olhar abrasador de Grey.

–Isso era antes de eu conhecer Grey. Finalmente encontrei


alguém tão bom quanto eu. Ele me venceu três vezes das quatro
que jogamos. – Cross disse. Eu senti meu queixo cair. Agora
Theodore tinha um olhar divertido, e um sorrisinho cretino no rosto.

–Talvez eu possa jogar no seu lugar pai? – Perguntei,


observando o olhar de Grey escurecer.

–Seria uma ótima ideia, se Grey aprovar é claro. – Gideon olhou


para Theodore. – Alexandra é muito boa no xadrez, ela ganhou
várias competições. – Ele disse soando orgulho de mim.

–Eu adoraria enfrentar você Srta. Cross. – Sua voz soou firme,
intimidante.

–Vocês podem se enfrentar depois do almoço. – Eva disse. –


Agora vamos descer, por favor.
–Tudo bem. – Gideon concordou, e seguiu a esposa com Sylvia
logo atrás, e então Rebecca também. Eu me virei para segui-los,
mas Grey agarrou meu braço e me fez encara-lo de perto.

–Eu nunca jogo, sem apostar algo em troca. – Ele sussurrou tão
próximo de mim, que cada célula do meu corpo estava alerta.

–Certo, eu também não. O que vamos apostar? – Perguntei.


Com certeza eu adoraria jogar contra Theodore, e eu adoraria
vencer. Na verdade sou bem capaz de vencê-lo.

–Se eu ganhar, você vai ter um encontro comigo, um jantar. –


Suas palavras estavam carregadas de malicia. Não seria nada bom
ter um encontro com Theodore, muito menos um jantar. Eu estou
brincando em terreno perigoso. Mas isso não é algo que eu já não
esteja acostumada. Eu adoro brincar com o perigo.

–Certo. – Aceitei confirmando. – Mas se eu ganhar...

–Sim? – Ele parecia ansioso.

–Então você vai permanecer longe de mim o tanto que puder.


Você vai evitar me ver, e cruzar comigo. Vai fazer de tudo para
estar longe o tempo todo. – Soei firme quando disse estas palavras.
Ele se afastou um pouco e levantou meu queixo para que eu
pudesse ver seus olhos.

–Não. – Respondeu impassível. – Eu não vou ficar longe de


você, então nós não estamos negociando ainda. Pense em outra
coisa.

–Não! – Retruquei. – Ou você aceita ou não aceita? Vamos


Theodore, você não confia nas suas próprias habilidades? – Eu o
desafiei. Aquela carranca fria e distante apareceu, e seus olhos
lampejavam aquele cinza, gélido, e sufocante.

–Eu aceito. – Ele sorriu e então se afastou deixando-me zonza


sobre os meus pés. Ele caminhou para fora do escritório. E então
lançou um olhar para trás. – Vamos Srta. Cross, ou seus pais
podem pensar que estamos querendo alguma privacidade. – Ele
sorriu maliciosamente e continuo descendo pelo corredor.
Oh! Bastardo! Ele pode brincar, e rir de mim o quanto quiser,
quando eu ganhar esse jogo de xadrez, nunca mais vou olhar em
seus olhos. Eu desafiei Theodore Grey, e estou disposta a ganhar
esse jogo.

oOo

Capitulo Seis: Derrotada

oOo

O Almoço estava correndo bem, até melhor do que eu esperava.


Theodore estava sentado na minha frente, o que não me ajudava
muito, mas eu evitava encontrar seu olhar, e permanecia quieta,
abrindo minha boca somente quando era solicitada. Sylvia – a sócia
de Grey – era uma mulher amigável, e simpática. Ela e minha mãe
se deram muito bem, conversavam o tempo todo de variados
assuntos.

Meu pai conversava bastante com Theodore, eu podia ver o


quanto ele já gostava dele, e isso é algo difícil de acontecer, já que
Gideon é exigente na escolha de seus amigos, e sócios. Rebecca
estava sentada ao meu lado, e me cutucava uma ou duas vezes
para dizer ou perguntar alguma coisa. Eu fingia estar ouvindo o que
ela dizia, e concordava algumas vezes. Mas a verdade é que minha
mente estava voando. E por mais que eu não estivesse olhando
para ele, eu estava alerta a cada suave movimento que fazia. E eu
podia sentir seus abrasadores olhos azuis cravados sobre mim,
como se pudesse ver o fundo da minha alma.

–Alexa o que aconteceu no escritório? – Rebecca perguntou


quase em um sussurro. – Alexa!

–O que? O que foi?

–O que está acontecendo com você? Dormindo acordada? Eu


perguntei o que aconteceu no escritório? Você demorou algum
tempo lá com o Grey.
–Ele me desafiou no jogo de xadrez. Disse que se eu ganhar ele
some da minha vida, mas se ele ganhar estarei aceitando um
encontro, um jantar com ele.

–Oh meu deus! Ele está muito interessado em você, não é?

–Não importa. Eu vou ganhar, e ele vai sumir.

–Ai amiga tem certeza? Olhe eu sei o quanto você é boa, por
isso eu acho que você deveria pensar melhor, e quem sabe, perder
de propósito?

–Por que eu faria isso? Por que eu perderia de propósito se o


que eu quero é ganhar. Eu não quero esse encontro, eu quero
Theodore longe.

–Por que eu tenho a impressão de que você está mentindo?


Como você pode querer um homem como ele, longe de você? Ah
se ele ao menos me desse alguma chance, que maravilha! –
Rebecca soltou um suspiro maravilhado. Rolei os olhos nas órbitas.

–Então vai lá, se joga em cima dele, talvez ele realmente queira
isso. – Resmunguei.

–Alexa você não consegue esconder seus sentimentos de mim,


eu te conheço muito bem, e quer saber o que eu acho? Bem, você
gosta de Theodore, você está atraída por ele, e você acha ele lindo.
Mas você não quer admitir isso por que você é tão orgulhosa
quanto ele.

–Ah Becca, por favor! Até parece. – Resmunguei um pouco alto.


Só então percebi que nós ainda estávamos em volta da mesa, e a
minha frente Theodore nos observava com olhos curiosos, quase
como se quisesse saber sobre o que conversávamos. Meu pai falou
algo, muito baixo para que eu pudesse ouvir, e Grey balançou a
cabeça concordando com algo.

–Bem, acho que nós temos uma partida de xadrez para assistir.
– Gideon disse. – E eu estou apostando tudo em Alexandra. –
Então ele sorriu para mim, e eu retribui.
–Eu realmente já vi Grey jogar outras vezes, assim como vi ele
enfrentando você Sr. Cross. Acredito que a senhorita Cross seja
boa. Mas tão boa quanto Grey? Ah isso eu duvido. Minhas apostas
estão no meu chefe. – Sylvia disse com o cintilar de um sorriso. Eu
pensei que talvez ela estivesse apenas puxando o saco de seu
patrão, mas na verdade ela pareceu verdadeira. Ela realmente
parecia estar apostando em Theodore, por acreditar que ele poderia
vencê-la.

–Então vamos ao jogo. – Rebecca disse, surpreendendo a todos


com sua animação.

Theodore sentou-se a minha frente. Entre nós havia apenas o


tabuleiro, e suas peças, as jogadas aqui tinham que ser perfeitas,
eu não podia falhar em nenhum momento. Para o meu pai, minha
mãe, e Sylvia o jogo era apenas um divertimento, um
entretenimento. Mas eu sabia e Theodore e Rebecca também, que
esse jogo era muita coisa, valia muito. A minha vitória, levaria a
minha conquista sobre Grey. Mas a vitória dele me tomaria por
completo. E enquanto todos sorriam, e conversavam ao redor,
esperando apenas mais um jogo. Eu já estava calculando, medindo
as opções, planejando estratégias.

As peças brancas eram as minhas, e Grey ficou com as pretas.


Minha mãe estava servindo a todos uma taça de vinho, enquanto
meu pai e Sylvia conversavam sobre propostas de serviço. Rebecca
tinha o seu olhar entre mim e Theodore. Com um aceno, ele indicou
que eu fizesse a primeira jogada. E eu fiz.

Da direita para a esquerda movi o terceiro peão uma casa a


frente. Apenas para o começo, nenhuma jogada calculada, nem
nada disso. Eu só queria saber qual seria sua resposta a minha.
Meus olhos levantaram-se para os dele, ele estava sério,
concentrado em mim. Eu acenei indicando que ele poderia fazer
sua jogada. Da direita para a esquerda ele moveu o quarto peão
uma casa a frente nada que pudesse me atrapalhar, na verdade
indicava o mesmo que eu, ele não estava avançando em nada.

Corri meus olhos sobre o tabuleiro pensando na minha próxima


jogada, qual peça eu poderia mover. Agora eu teria que começar
uma tática, e formar algo para que eu possa vencê-lo. Eu estava
concentrada avaliando qual peça mover, quando senti uma mão
quente, pesada, firme tocando minha coxa por debaixo da mesa.
Com a surpresa, eu levei minha mão sobre a dele, e a retirei,
cravando minhas unhas na sua pele macia. Ao nosso redor
ninguém parecia ter notado ele me tocar. Theodore continuava
calma e tranquilo, seus olhos estavam no tabuleiro, enquanto ele
teimava em por suas mãos sobre as minhas coxas.

Eu devia estar fazendo uma careta muito feia, raiva cintilava em


meus olhos. Droga! Ele está tentando me distrair. E está
conseguindo exatamente isso. Por mais que eu beliscasse ou
furasse sua pele com as minhas compridas unhas ele teimava em
deixar sua mão apalpando a minha coxa, fazendo movimentos de
deslizar para cima e para baixo. Por que eu estou usando saia?
Que merda, por que eu não posso estar usando outra coisa?
Maldita hora que eu resolvi vestir saia. Agora me sinto vulnerável, e
completamente exposta.

–Alexandra. – Meu pai me chamou. Preocupada e assustada eu


movi meus olhos para encara-lo. – Você tem que mover uma peça
minha filha, quanto tempo pretende que Grey espere?

Então meu pai sorriu. E eu me senti relaxar um pouco. Apenas


um pouco.

Era a minha vez de fazer a jogada. Todos estavam aguardando,


olhei para o tabuleiro, e pensei. Qual foi mesmo a peça que
Theodore havia movido antes? Então sua mão estava lá de novo,
sobre a minha perna, desta vez ele correu seus dedos longos mais
acima, alcançando a barra da minha saia. Senti minha respiração
ficar presa e momento de ansiedade. Como ele pode me tocar
aqui? Ele está perto do meu pai, e da minha mãe! Céus sua sócia
está aqui, e minha melhor amiga também. E mesmo assim ele tem
coragem de me tocar por baixo da mesa. Quando seus dedos se
moveram mais a cima, subindo minha saia, eu arfei e ofeguei
auditivamente. Rebecca olhou para mim, e riu. Os outros ficaram
olhando surpresos, enquanto por baixo da mesa eu afastava a mão
de Theodore, e me contorcia sobre a cadeira.
–Alexa, está tudo bem filha? – Eva perguntou lançando-me um
olhar com o cenho franzido. Limpei a garganta, e molhei meus
lábios secos.

–Tudo bem. – Respondi quase em um sussurro.

–Alexandra você está tendo problemas com as peças? Por que é


sua vez ainda minha filha. Mova alguma peça. – Meu pai disse
novamente.

Olhei para o tabuleiro que ondulava em cores brancas e pretas.


Mas eu só podia me concentrar na mão forte, e ao mesmo tempo
suave descansando pesadamente sobre a minha coxa. Seus dedos
fazendo movimentos circulares na minha pele sensível, no intuito de
me distrair. E o maldito filho da mãe estava conseguindo, eu estava
distraída. Eu nem ao menos sabia o que fazer a seguir, por que eu
só conseguia, só podia, e só queria pensar em sua mão tocando
além das minhas coxas, suavizando cada parte de mim, tudo o que
ele pudesse tocar, e ainda mais. Sem pensar, e com um movimento
rápido eu movi uma peça.

Da direita para a esquerda movi o segundo peão duas casas a


frente. Então meu pai suspirou pesadamente, minha mãe emitiu um
“Aah”. Rebecca olhou chocada para o tabuleiro, e Sylvia sorriu.
Theodore retirou sua mão da minha coxa, e levantou seu olhar
sobre a mesa para mim. Então ele sorriu, de um jeito malicioso e
cretino. Apenas com os cantos repuxados, e com a mão que
manteve em minha coxa, ele deslizou sua rainha sobre o tabuleiro,
ficando em uma casa ao lado do meu peão branco. Eu olhei
horrorizada para as peças. Não pode ser. Só não pode ser.

–Xeque- mate. – Grey disse saboreando as palavras em sua


boca, como se fosse a melhor coisa que ele já havia dito na vida.

–Você roubou! – Acusei. –Você não pode me vencer movendo


apenas duas peças! Você não pode!

–Na verdade ele pode Alexandra. Esse é o mate do louco, e faz


muito tempo que eu não via ninguém usar esse lance, já que ele é
fácil de mais para que alguém caia. Eu ainda não entendo como
você deixou isso acontecer Alexandra. – Meu pai disse, ainda
olhando para o tabuleiro como se não pudesse acreditar que eu cai
em um jogo tão estúpido.

–Ele me distraiu! – Protestei.

–Como eu poderia ter distraído a senhorita? – Theodore disse,


sua voz suavemente calma.

Ah que bastardo! Eu não posso dizer a todos que ele estava com
sua mão sobre a minha coxa, tentando me levar a loucura,
pensando na forma como ele me toca, do calor de suas mãos, na
delicadeza e no jeito brusco. Eu não posso acusar isso, não na
frente dos meus pais. Ele me enganou!

–Aprenda a perder minha amiga. – Rebecca disse com um


suave sorriso em sua face. Outra maldita! Ela está do lado dele?
Minha melhor amiga contra mim. Que ódio.

–Certo Sr. Grey parabéns, você venceu. E estou saindo, com


licença.

Levantei-me e com passos largos deixei a sala. Com o ritmo do


meu coração ainda acelerado, e com uma indignação enorme eu
entro dentro do banheiro, e fecho a porta. Encontro meu reflexo no
espelho, estou um pouco corada, e meus olhos brilham de
excitação e raiva. Não entendo o que se passa comigo, uma hora
estou desejando Theodore loucamente, e então no minuto seguinte
quero esmurra-lo e esbofeteá-lo, como agora.

Não posso acreditar que ele jogou tão sujo desse jeito. Primeiro
colocando suas mãos em mim, e tocando-me de forma intima.
Segundo me despistando, e fazendo aquela maldita jogada idiota.
Ele foi tão baixo a ponto de fazer um mate de louco. Ele moveu
apenas duas peças e me venceu. E tudo isso por que não consegui
me concentrar no jogo, e escolher uma peça adequada para mover.
Mas isso é inteiramente culpa dele, Grey de uma forma ou de outra
roubou no jogo, e eu não posso dizer isso, por que eu teria de falar
em frente aos meus pais que o futuro sócio do meu pai, e o homem
com quem vou começar a trabalhar anda me cercando, me
tentando, me desejando, fazendo com que eu fique louca. Às vezes
louca de luxúria, às vezes louca de raiva.
Ouve uma batida na porta, em seguida outra. Respirei fundo e
abri a porta, esperando encontrar Rebecca ou minha mãe. Mas
incrivelmente mais uma vez aqui estava ele. Theodore Grey. Seu
perfume ricocheteou através do meu sentido. Junto com o cheiro de
couro que sua jaqueta emanava. Um sorriso cínico brincava em
seus lábios, seus olhos azuis como o céu da manhã, tão lindos que
deveria ser até mesmo proibido olhar.

–O que você quer aqui? – Perguntei seriamente e com a voz fria


como gelo.

–Só vim lembrar a você do que me deve. – Ele disse, e então


percorreu seu olhar para baixo, varrendo meu corpo, até voltar para
cima, e encontrar meus olhos faiscando. – Um jantar.

–Você roubou, eu não vou jantar com você.

–Você não tem como provar que eu roubei. Mesmo por que eu
não roubei. – Ele deu dois passos na minha direção, e eu me
afastei-me dando três para trás.

–Você me distraiu. Como você ousa por suas mãos em mim? Eu


já disse que te quero longe, bem longe de mim. – Cerrei os dentes.

–Você é muito sexy quando está com raiva, eu já disse isso? –


Suas palavras foram suaves como veludo, amaciando meus
sentidos. Ele se aproximou novamente dando mais dois largos
passos, e fechando a porta atrás dele.

–Theodore, abre a porta, sai daqui. – Minha voz saiu com uma
leve rouquidão e um hesitar. Amaldiçoei-me internamente.

–Você me deve um jantar. – Repetiu. – E eu vou cobra-lo, seja


por bem ou por mal.

–Você não pode me obrigar a nada!

–Então você está voltando com sua palavra? Alexa não importa
a forma como eu ganhei, eu apenas ganhei. – Sua voz quando
pronunciava o meu nome deixava-me tremula, incapaz de pensar
direito.
–Tudo bem! Você quer um jantar? Nós vamos jantar. Amanhã à
noite, eu conheço um bom lugar. – Respondi. Empurrei-o e passei
ao seu lado, abri a porta, e sai no corredor. Mas fui impedida
quando sua mão puxou meu braço me fazendo girar, e bater contra
o seu peito duro como pedra. Suas mãos estavam na minha cintura
enlaçando-me presa em questão de segundos. Sua cabeça
inclinada para baixo, e seus lábios a centímetros do meu. Meu
pensamento foi em um Whisky com um sabor forte, e cheio de
álcool. A bebida que ele tomou antes de me beijar no corredor
escuro da Parmal.

–Não Alexa. Nós não vamos jantar em Nova York, e sim em


Seattle. Nós não vamos a um restaurante, você vai jantar comigo na
minha casa. – Grey disse sua voz soando aço inquebrável e
determinado.

–O que? – Exclamei horrorizada. – Na sua casa? Nunca! Esse


não foi o acordo Theodore.

–Esse foi sim o acordo. Eu disse que se ganhasse você jantaria


comigo. Mas você não especificou que queria que fosse em Nova
York ou em um restaurante. Por isso minha escolha está feita.

–Vá se ferrar com sua escolha!

–Vamos Alexa, pare de tentar me evitar. Pare de tentar ficar


longe de mim, quando eu sei que não é isso o que você quer. É
apenas um jantar, e você me deve. – Seus olhos estavam escuros,
sombrios.

–Alexa! – A voz de Rebecca preencheu o ar. – Onde você está?


Alexa?

–Tudo bem, apenas um jantar. – Concordei e Grey voltou a


mostrar seu sorrisinho malicioso. – Agora me solta!

–Como quiser Srta. Cross. – E então ele me soltou, e se afastou.


Virando-se em direção as escadas ele saiu caminhando, parou um
momento, e olhou para trás, onde eu me encontrava zonza sobre os
meus pés – um efeito colateral que Grey causa em mim. – Então
seus olhos brilharam em cinza quando sua voz sedutora preencheu
o ar ao nosso redor. – Para o seu bem Srta. Cross, não molhe seus
lábios quando eles estiverem secos. Eu sinto uma imensa vontade
de fode-la quando faz isso. – Então ele se virou, e desapareceu
descendo as escadas para longe de mim.

oOo

Capitulo Sete: Confortada

oOo

Tudo o que ocupava minha cabeça agora, era a maldita viagem


para Seattle. Minhas malas já estão prontas, Rebecca me ajudou a
finalizar a terceira e -última- mala há pouco tempo. Acho que não
preciso nem dizer o quanto estou nervosa. A ideia de saber que eu
vou rever Theodore de novo me deixa com sensações diferentes,
estranhas. É como se eu desejasse isso, ao mesmo tempo em que
não posso suportar.

Ainda tenho a lembrança viva da ultima vez em que eu o vi. Ele


havia me dito com todas as letras “Para o seu bem Srta. Cross, não
molhe seus lábios quando eles estiverem secos. Eu sinto uma
imensa vontade de fode-la quando faz isso”. Apesar de tudo, eu não
fiquei surpresa, é como se eu esperasse que em algum momento
ele fosse dizer algo assim. Talvez não tão rude como a palavra
“fode-la” mais algo parecido. De qualquer forma eu deveria imaginar
que um homem como Theodore usaria essas palavras de baixo
calão. Pelo menos quando ele está sozinho comigo. O que eu senti
ao ouvi-lo dizer isso, é que me surpreendeu. Foi como se eu
deseja-se isso, como se eu quisesse molhar meus lábios somente
para provoca-lo, para ter certeza de que ele cumpriria com a
palavra. E eu acredito que sim, Grey cumpriria com sua palavra.

–Alexa! – Rebecca gritou. – Charlotte está no telefone, e quer


falar com você.

Larguei as coisas que estava fazendo, e caminhei até a sala.


Peguei o telefone com Rebecca e voltei para o quarto.

–Oi Charlotte.
–Alexa? Oi, eu estou ligando para desejar boa sorte com sua
viagem. É uma pena que justo agora que estou em Nova York você
tem que ir embora.

–Ah nem me fale. Por mim eu não iria para essa viagem, mas
estou sendo obrigada pelo patrão.

–Ah Alexa não deve ser tão ruim assim. Você sabe quanto
tempo vai ficar fora?

–Apenas essa semana, então eu retorno no próximo final de


semana.

–É pouco tempo, você vai sobreviver.

Isso por que você não conheceu Theodore Grey...

–É eu vou sobreviver. Quando eu voltar eu ligo, assim podemos


nos encontrar de novo.

–Ótimo. Boa viagem Alexa. E apesar de ser algo de negócios, eu


lhe desejo alguma diversão.

–Obrigada Charlotte. Até mais.

Desliguei o telefone, e carreguei minhas malas para a sala.


Rebecca estava vestida e pronta para ir trabalhar. Já eu estou
casualmente usando jeans apertados, e uma blusinha branca, com
saltos.

–Pronta amiga? – Becca perguntou.

–Prontíssima, vamos.

Rebecca me ajudou descendo com duas malas, enquanto eu


carregava uma, e minha bolsa. Pegamos o elevador em silêncio. No
Hall Angus estava a minha espera, quando nos viu ele veio ajudar
com as malas.

–Srta. Cross, e Srta. Field – Cumprimentou-nos.

–Oi Angus. Eu já estou indo.


–Bom Dia Angus. – Rebecca cumprimentou.

Enquanto Angus colocava minhas malas dentro do carro, eu me


virei para me despedir da minha amiga.

–Então é isso Alexa, seja forte é apenas uma viagem, e logo


você vai estar de volta.

–Eu sei, eu vou sentir saudades. – Abracei Becca o mais forte


que pude.

–Ei, eu vou estar com muito mais saudades, vou sentir falta de
almoçar com você, de rir dos seus sarcasmos, o apartamento vai
ser uma merda enquanto estiver sem você dentro.

–Eu deixo você levar uns caras, e fazer uma orgia, realmente
não me incomodo.

–Alexa! – Rebecca riu. – Ótimo, vou sentir saudades do seu


senso de humor também. Olhe vai passar rápido, e talvez nem seja
tão ruim assim. Eu ainda tenho esperanças que você se acerte com
o bonitão.

–Ah sim, vai sonhando. Bem, eu vou indo. Acho que quanto mais
eu demorar vai ser pior. Vou te ligar todos os dias, tudo bem?

–Claro, eu quero saber de todas as novidades.

Rebecca me abraçou novamente e eu me afastei. Angus abriu a


porta do Bentley para mim, e eu olhei uma ultima vez para minha
amiga.

–Alexa! Dê um beijo no bonitão...por mim. – Ela sorriu diante da


minha careta de desagrado.

Já com saudades da minha amiga, entrei no carro, e Angus


fechou a porta logo em seguida. Eu não sabia que meu pai estaria
junto, mas aqui está Gideon Cross, esperando-me. Minha secretária
– Dafne- também está no carro, ela vai viajar comigo para Seattle,
servindo-me de assistente pessoal.

–Oi Pai. Eu não sabia que você vinha.


–Oi Alexandra. Angus vai me deixar no Crossfire, e levar você e
Dafne para o aeroporto.

–Ah. Tudo bem.

–Filha você ainda está brava comigo por que estou lhe
mandando para uma viagem de uma semana para Seattle? –
Gideon perguntou-me encarando-me com seus olhos
profundamente azuis.

–Não é com você pai. Na verdade não é nada. Eu vou ficar bem,
eu prometo.

–Alexandra você sabe que eu nunca faria nada para prejudica-la


ou deixa-la se sentir mal. Eu apenas quero que você vá nessa
viagem por que você é a pessoa que eu mais tenho confiança
dentro daquela empresa.

–Eu sei pai, e eu agradeço pela oportunidade. Não se preocupe


eu estou bem, e eu vou ficar bem.

–Eu me sinto melhor agora. Você vai fazer um bom trabalho


Alexandra, eu sei que vai. – Ele sorriu transmitindo confiança para
mim, que eu até poderia acreditar em suas palavras. Eu vou ficar
bem, sim, eu vou ficar bem.

Assim que chegamos ao Crossfire meu pai me da um beijo


carinhoso na testa, e se despede pedindo que eu ligue para a
mamãe quando chegar a Seattle. Angus dirige direto para o
aeroporto, e em questão de minutos nos atravessamos o portão de
segurança e seguimos direto para pista. O Bentley para próximo a
um jatinho particular. E escrito em imensas letras azuis na
fuselagem está Grey Enterprises Holdings. O Jatinho particular de
Theodore!

Angus abre a porta para mim, e logo Dafne está ao meu lado.
Enquanto Angus busca nossas malas no carro, eu caminho em
direção as escadas que dão ao avião. Assim que entro na cabine
dou de cara com um homem e uma mulher em trajes de pilotos. O
homem alto e magro me olha de cima a baixo.
–Dom Dia. A senhorita deve ser Alexandra Cross, certo? – Ele
pergunta cordialmente profissional. – Eu sou Stephen, o piloto. E
esta é a copiloto Beighley.

–Prazer em conhecê-la Srta. Cross. – Beighley estende a mão e


eu cumprimento.

–O prazer é meu. – Digo. – Esta é Dafne Leitton minha


assistente pessoal. – Apresento Dafne com um aceno, e simpática
como é, ela aperta a mão de Stephen e da copiloto.

–Acho que já podemos decolar. O que era mais importante já se


encontra aqui. – A voz calma, e suave de Theodore preenche o ar.
E eu o encontro observando-me de uma porta. Ele está usando um
terno preto, e gravata azul, que realça a cor dos seus olhos. Ele
parece inalcançável, forte, determinado e ousado.

–Sim senhor, vamos decolar. – Stephen diz, e com um aceno


deixa a cabine com Beighley logo atrás.

Encontro-me olhando o local em que estou. O interior é todo


coberto de madeira clara, e couro creme. De muito bom gosto.
Theodore caminha até estar quase na minha frente. Noto uma
presença logo atrás dele, que fica visível quando da mais um passo
a frente. Uma morena baixinha se encontra em um canto, vestindo
um terno preto. Eu já a vi antes, na reunião no Crossfire. Ela é a
secretária de Theodore. A quem eu achei bonita, mas nem tanto.
Grey nota que eu estou olhando-a, e com um aceno pede que ela
se aproxime.

–Srta. Cross esta é minha assistente pessoal Natalie. Qualquer


assunto que eu precise estar por dentro, basta avisa-la. – Theodore
diz. Natalie se aproxima e estende a mão para mim.

–É um prazer conhece-la Srta. Cross, não hesite em pedir algo


de mim. – Ela diz com um sorrisinho que para mim parece muito
forçado. Aperto sua mão e ela se dirige a minha secretária, as duas
apresentam-se rapidamente.

–Quer se sentar? Beber alguma coisa? – Grey pergunta


direcionando-se a mim. Aceno e ele me acompanha até umas das
suntuosas poltronas de couro. São doze no total. Nós no sentamos
em duas poltronas individuais. Uma de frente para a outra, com
uma mesinha incrivelmente lustrada no meio. Theodore acena para
a garrafa de Whisky oferecendo-me, e eu aceito. Ele me entrega um
copo, e pega outro para si. Eu vejo quando ele se encosta contra a
poltrona, parecendo incrivelmente relaxado. Natalie e Dafne entram
em uma porta, e desaparecem das minhas vistas. Isso me deixa um
pouco nervosa, e inquieta. Não é muito bom estar sozinha com
Grey.

–Aperte o sinto Srta. Cross. – Ele diz suavemente, mas com a


voz firme.

Enquanto o avião começa a taxiar na pista, encontro-me


emborcando o Whisky garganta a baixo. Não sei por que, mas
viagens nas alturas sempre me deixam nervosa. Deixo meu copo
vazio descansar sobre a mesinha a minha frente, e agarro os
braços da poltrona apertando tão firme que os nós dos meus dedos
ficam brancos, respiro firme, e tento pensar em qualquer outra
coisa, para me distrair.

–A Srta. tem medo de altura? – Theodore pergunta com um


brilho de humor nos olhos. Apenas balanço a cabeça
negativamente. – Você fez voto se silêncio Srta. Cross?

–Não quero falar com você Sr. Grey. – Resmungo. Ele sorri.

Uma vez no ar, Theodore me oferece mais do Whisky que bebi,


e eu aceito. Mal posso acreditar que estou voando a não sei
quantos metros de altura, no jatinho particular de Grey.

–Srta. Cross eu gostaria de mencionar que ouve um imprevisto


em nossa agenda, e não estamos indo para Seattle. Pelo menos
não imediatamente. – Theodore diz.

Como assim não estamos indo para Seattle?

–Para onde vamos? – Minha voz soa um pouco nervosa.

–Vamos para Portland, eu tenho que assinar alguns contratos


por lá, é apenas por dois dias.
–Mas Sr. Grey isso não era o combinado. Eu nem ao menos fiz
reservas para um hotel. – Desta vez minha voz aumenta, estou
ficando impaciente e inquieta.

–Não se preocupe minha secretária já cuidou e tudo. Você ficará


no Heathman, assim como eu. – Ele sorri quase que discretamente.

Não estou com uma boa impressão, uma mudança em cima da


hora. Meu pai sabe que estou indo para Seattle, não para Portland.
Deus eu nunca conheci Portland, nem ao menos sei me localizar
em um lugar estranho. E ainda por cima tenho que aguentar Grey
dizer que fez reservas para mim no mesmo hotel que o seu. Mas o
que eu posso fazer? Pular do avião certamente não seria a melhor
ideia.

–Tudo bem Sr. Grey, dois dias, e apenas dois dias. – Concordo.

Ele volta a beber seu Whisky enquanto me observa sério. Seus


olhos azuis brilham com algo escuro, e sombrio. Sinto-me
incomodada, mas não quero lhe dirigir a palavra, quanto mais eu
falo com ele, mas sinto minha situação piorar. Em vez disso pego
meu BlackBerry e envio uma mensagem para Rebecca.

“Estou no jatinho particular de Grey... A caminho de Portland!


Acredita? Ele me enganou!”

Enquanto aguardo a resposta da minha amiga, conheço os


aplicativos que nunca me serviram para nada no celular, alguns são
tão estúpidos que não posso acreditar que foram criados. Levanto
meu olhar rapidamente para ver o que Theodore está fazendo, e
encontro seus olhos em mim. Rapidamente desvio o olhar para o
celular, e agradeço mentalmente quando ouço o toque de
mensagem. Becca me respondeu.

“Que babado! Isso é ótimo Alexa, aproveite para conhecer outros


lugares. Ps: Já deu meu beijo para o Sr. Grey?”

Arghh! Às vezes eu sinto como se Rebecca estivesse totalmente


contra mim. Como ela pode achar bom que Theodore tenha me
enganado, e que agora ao invés de ir para Seattle, eu vou para
Portland. E como ela tem a cara de pau de perguntar se eu beijei
Grey? Quando é obvio que eu não o beijaria, de jeito nenhum!
Escrevo outra mensagem para ela.

“Converso com você em outro momento, quando seu cérebro


estiver funcionando corretamente. Ps: Não! Eu não beijei Grey!”

Largo meu celular sobre a mesinha a minha frente, e pego uma


revista para me distrair. Rebecca não volta a me mandar
mensagens, e como não quero atrapalha-la no serviço também não
mando mais nenhuma. A viagem é longa e eu já me sinto exausta.
É cansativo e entediante ficar sentada sem poder fazer muitas
coisas. Agora Theodore está mexendo em um notebook, se
distraindo melhor do que eu. Minha secretária – Dafne. – E Natalie
sumiram das minhas vistas. Acredito que devem haver mais
cabines dentro do jatinho. Mas também não tenho vontade de
explorar o lugar, permanecer sentada é o melhor, se por acaso
houver alguma turbulência eu vou estar mais segura na minha
poltrona.

Minhas pálpebras começam a ficar pesada, e meus olhos


cansados. Encosto minha cabeça contra a poltrona, que por ser de
couro não é muito confortável. Minhas pernas, meus braços tudo
está pesado. Estou com sono, e não consigo evitar quando meus
olhos se fecham e eu durmo caindo em sono profundo.

Acho que estou sonhando, quando me sinto leve, e tenho a


sensação de estar fora da terra, de estar voando. O silêncio ainda
toma conta, não ouço nada, e não vejo nada. Mas tenho a
impressão de estar me movendo. Estou cansada demais para me
preocupar. De repente sinto algo suave tocar minha pele, e estou
relaxando quando sinto que posso esticar meus braços e minhas
pernas. Ainda de olhos fechados tateio ao redor, e sinto lençóis
macios. Agarro algo na mão e pela textura é uma almofada. Como
posso ter uma almofada em sonho?

Forço meus olhos a abrirem, apesar de minhas pálpebras


protestarem, eu semicerro os olhos no escuro onde me encontro, e
vejo uma forma alta, grande, e forte virando-se e caminhando para
fora do quarto onde estou. É Theodore? Sim, é ele. Grey me
colocou na cama, provavelmente algum cômodo dentro do jatinho.
Estou sem as minhas sandálias de salto, e um lençol cobre o meu
corpo. Sinto alguma parte de mim ter vontade de se levantar e gritar
com ele por ter me colocado na cama, por ter me pego no colo,
tirado minhas sandálias, e se preocupado em me cobrir,
exatamente por isso quero gritar com ele. Mas ao mesmo tempo
sinto que deveria agradecê-lo por ser tão atencioso, e preocupado
comigo. E é somente por isso que desta vez eu volto a dormir,
agradecida pela gentileza do Sr. Grey.

oOo

Capitulo Oito: Beijada

oOo

Abro meus olhos, e meu sono é interrompido quando ouço


batidas na porta. Só agora consigo ver o quarto em que estou. A
Cabine é decorada em tons de creme e marfim. E a pequena cama
de casal em que estou deitada, é coberta de lençóis de seda bege,
e almofadas de tom acobreado e dourado. Ouço alguém bater
novamente na porta fechada.

–Srta. Cross está tudo bem? Nós já aterrissamos. – A voz de


Dafne soa do outro lado da porta.

–Eu estou bem, estou saindo. – Aviso. Ouço ela se afastar e ir


embora.

Calço minhas sandálias, ajeito um pouco minha blusa que está


amassada, e tento ignorar a imagem horrível que vejo dos meus
olhos cansados no espelho. Por quanto tempo será que eu dormi?
Cinco horas, talvez até seis. Deixo a cabine, e logo localizo a saída,
quando estou descendo as escadas eu vejo Dafne e Natalie juntas,
e Theodore está conversando com o piloto Stephen e a copiloto
Beighley. Quando Theodore me vê ele se despede do homem e da
mulher profissionalmente, e eles se afastam.

–Boa Tarde Srta. Cross. Dormiu bem? – Grey pergunta. Ele está
sério.
–Você me colocou na cama. – Eu digo, não é bem uma
pergunta, apenas uma afirmação já que eu tenho certeza que foi ele
que me colocou no quarto.

–Bem, sim. A Senhorita parecia desconfortável na poltrona, e a


viagem era longa.

–Você não deveria ter me pegado no colo.

Ele arqueia as sobrancelhas, e me encara com divertimento.

–Na próxima vez então, eu lhe arrasto pelos cabelos.

–Oras seu batar...

–Vamos Srta. Cross eu não quero chegar atrasado. – Ele me


interrompe, e segue caminhando na minha frente, enquanto eu
continuo boquiaberta.

Um Audi preto está estacionado nas proximidades e Theodore


caminha até lá, assim que me aproximo à porta do motorista se
abre e um homem desce. Ele veste um terno escuro, é alto- não
tanto quanto Grey - seus cabelos são castanhos claros cortados em
estilo militar, e seus olhos são verdes. Ele da à volta e abre a porta
do passageiro para Dafne, que ruboriza ao ver o homem. Sim, ele é
bonito. O Homem abre a porta de trás, e Theodore entra. Eu o sigo,
mas antes de entrar dou uma boa olhada no motorista, que é bem
novo por sinal. Deslizo no banco de couro ao lado de Theodore, e a
porta se fecha. Um minuto depois estamos deixando o aeroporto.

–Este é Connor meu motorista e ele vai estar ao seu dispor para
onde você precisar ir Srta. Cross. – Grey diz sem tirar os olhos do
Black Berry, onde ele está digitando uma mensagem.

–Obrigada Sr. Grey, mas eu pretendo alugar um carro para mim.

–Não é necessário, vamos ficar apenas por dois dias.

–Mesmo assim, eu prefiro dirigir meu próprio carro. - Insisto.

–Não Srta. Cross, você nem ao menos conhece a cidade.


Connor pode leva-la para onde você quiser. – Grey diz sério, ele
está com uma carranca horrível. Céus! Nunca vi homem para
mudar de humor tão rapidamente.

–Por que então o Senhor não vai com Connor e me deixe dirigir
meu próprio carro! – Elevo o tom de voz.

–Srta. Cross isso são ordens do seu pai, e eu pretendo cumpri-


las. – Ele diz pacientemente, sem olhar nos meus olhos. Ele está
digitando outra mensagem.

–Eu tenho vinte e quatro anos, não preciso obedecer às regras


do meu pai! – Agora eu estou realmente furiosa. Grey inclinasse
para frente, e alcança um painel que eu nem sabia que existia, ele
aperta um botão, e um vidro escuro ergue-se bem a minha frente,
agora estamos os dois nos encarando, seus olhos azuis estão mais
para um cinza sombrio.

–Srta. Cross você é sempre mal humorada quando acorda? –


Ele me pergunta.

–Eu não sou mal humorada, você é que é.

–Você teve sonhos Srta. Cross?- Ele prossegue.

Deus do que ele está falando?

–Sonhos? Do que o senhor está falando? Por favor, Sr. Grey não
desvie da conversa.

–Você sabe que fala enquanto dorme?- Ele continua.

–Eu não falo enquanto durmo.

Como foi mesmo eu chegamos nessa conversa?

–Sim, na verdade a Srta. Fala.

–Não falo não! Eu saberia se eu falasse. Aliás, por que estamos


conversando sobre isso?

Theodore se aproxima um pouco, e se inclina em minha direção.


Nossa, ele está cheirando muito bem, o mesmo perfume
almiscarado que é maravilhoso. Eu tento me afastar, mas acabo
encurralada contra a porta.

–A Senhorita dizia que não entregaria o beijo de Rebecca para


mim. – Ele sussurra.

O que? Meu deus eu falo enquanto durmo? Jesus como eu não


sabia disso, vou matar a Becca por não me avisar. Ah! Por que
exatamente eu tinha que sonhar logo com isso?

–Eu não sei do que você está falando. – Murmuro e minha voz
falha. Engulo em seco, e molho meus lábios entreabertos.

Está calor aqui, ou sou eu?

–Srta. Cross como eu gostaria de lambê-la e sentir se o gosto


entre suas pernas é tão bom quanto sua boca. – Ele se aproxima
ainda mais, eu tenho a sensação de que estou prestes a entrar em
combustão. – Eu já não lhe disse que tenho uma imensa vontade
de fode-la quando você molha os lábios? Eu não intendo por que a
senhorita insiste em me atormentar, agora tudo o que posso
imaginar é ter você de quatro, e penetra-la tão duro a ponto de fazê-
la gritar.

Estou sem palavras, e completamente sem reação diante de


Theodore. Será que eu estou sonhando, ou ele acabou de dizer
exatamente o que disse aqui, na minha frente? A intensidade de
seu olhar é tão abrasadora, que eu recuo e acabo batendo com a
cabeça contra o vidro.

–O que foi Srta. Cross? – Grey pergunta. – Como é a sensação


de estar encurralada?

–Afaste-se... Sr. Grey... Afaste-se. – Murmuro um pouco


ofegante. Minha respiração está acelerada, posso sentir meu
coração bater descompassado no peito.

–Eu e você sabemos que não é isso o que você quer. Então me
diga Alexandra, o que você quer? – Ele exige. Suas mãos
pressionam minhas coxas sobre o tecido do jeans, mas posso senti-
las como se estivessem quentes sobre minha pele nua. Então ele
agarra minha cabeça com as duas mãos e aproxima seus lábios
dos meus, roçando-os de levinho. Eu ofego.

–Beije-me. – Peço e entrego-me de vez a todos os meus


desejos.

Theodore lambe meu lábio superior, e então o inferior, assim


como eu faço quando estou com os lábios secos. Então ele
pressiona sua boca contra a minha, seus lábios firmes, duros e
exigentes colam aos meus. E apesar do beijo ser brusco, quase
doloroso, é excitante. Ele empurra a língua na minha boca, e move-
se deliciosamente contra a minha. Suas mãos agarram firme meu
quadril, mantendo-me presa no seu aperto.

Então eu me dou conta do que estou fazendo. Estou beijando o


homem que disse que me quer em sua cama, estou beijando o
homem que diz que quer me foder, precisamente de quatro. Estou
beijando Theodore Grey o cara que trapaceou no jogo de xadrez
para que eu seja obrigada a jantar com ele. Ele é o mesmo homem
arrogante e metido que me chamou de filhinha de papai mimada.

–Sai! – Mordo seus lábios, e ele se afasta lentamente, empurro


seus ombros para que ele saia de perto de mim, mas ele não se
move um milímetro se quer.

–O que foi Srta. Cross? Está arrependida por ter me beijado?

–Eu não beijei você!

–Ah não? Então o que foi isso que acabou de acontecer aqui?

–Eu...Eu...Eu apenas estava...entregando o beijo de Rebecca


para você.

Theodore ri, uma risada baixa e masculina que me deixa com


tesão.

Concentre-se Alexa! Concentre-se!

–Pois então eu quero retribuir o beijo de Rebecca. - Ele diz, e me


beija novamente bruscamente, enfiando sua língua quente e
deliciosa na minha boca, fazendo-me gemer com a força que ele
impõe.

–Theodore. – Gemo incapaz de aguentar minha excitação. Então


me vejo empurrando-o novamente, enquanto soco meus punhos
fechados contra o seu peito. Dessa vez ele se afasta um pouco,
com um sorrisinho no rosto.

O Carro para e dou-me conta de que estamos enfrente ao


Heatman – o hotel – em que eu e Grey estamos hospedados por
dois dias. Agradeço mentalmente por que agora vou estar longe
dele, assim posso pensar um pouco melhor no que estou fazendo.

–Vamos Srta. Cross, não posso me atrasar. – Theodore diz, e


então abre sua porta e desliza para fora.

O motorista – Connor – abre a porta para mim, e eu deslizo para


fora. Sigo o Sr. Grey para dentro, e Dafne vem logo atrás. Ele passa
diretamente pelo balcão, e segue para o elevador, eu faço a mesma
coisa, já que também tenho um quarto reservado. A atmosfera
dentro do elevador é tensa, eu mantenho meus olhos presos na
porta do elevador, e respiro com dificuldade. Sei que os olhos de
Theodore estão na minha bunda, eu posso sentir a intensidade
deles, como se ele estivesse tão próximo a ponto de que se eu der
um passo para trás poderia encaixar meu corpo ao seu. Esse
pensamento me faz dar mais um passo à frente, e ficar quase com
a testa colada a porta. As portas se abrem e eu saio, assim como
Dafne e Theodore. Há duas portas, uma de frente para outra.

–Srta. Cross este é seu quarto. É um dos melhores do hotel. –


Ele indica a porta a direita. - Se precisar de alguma coisa, eu estou
em frente.

Theodore abre a porta a esquerda, e entra, fechando a porta


logo em seguida. Eu vou para o meu quarto, e descubro que
minhas malas já estão todas no quarto, inclusive minha bolsa.
Apesar de ter dormido a viagem toda, eu estou cansada, e
necessitando urgente de um banho. Por isso dispenso Dafne, e digo
que ela pode ir para o seu próprio quarto, que eu mesma vou cuidar
de arrumar as minhas roupas. Quando por fim fico sozinha, vou
para o banheiro, e tomo um longo banho de banheira com muitos
sais, e perfumes deliciosos. Visto um roupão, e enrolo uma toalha
no meu cabelo molhado, e volto para o quarto. A Cama é imensa, e
as cobertas são tão macias, eu me deito sobre a cama, e alguns
pensamentos impertinentes tomam conta da minha cabeça.

Os lábios, os lábios dele são perfeitos, uma combinação de


macio, aveludado, firme, e duro. As mãos, as mãos são grandes,
masculinas, com dedos longos e ágeis. O que será que ele poderia
fazer com aqueles dedos? Seu corpo, tão glorioso, como seria vê-lo
nu? Será que é tão perfeito por baixo das roupas quando é por
cima? E o modo como ele é grosseiro e cuidadoso de uma hora
para a outra. E a voz dele, grave, rouca que me faz ter
pensamentos íntimos e imagens impróprias. E o pior de tudo, por
que desejo tanto cair em luxúria com um homem que é capaz de
me dizer “quero fode-la”. Céus! Nenhum homem nunca foi tão
ríspido e sincero assim.

Jogo meus pensamentos de lado, e tento a todo o custo não


voltar a pensar em Theodore. Eu não posso ficar perto dele, sempre
que suas palavras me atingem, eu me deixo desmoronar, me
entrego completamente. E se alguma forma de eu não parar nos
braços de Grey, eu vou fazê-la. Não posso dar esse gostinho a ele,
é tudo o que ele quer me levar para a cama, e pronto. Se ele tiver o
que quer, não vai haver mais jogo, não vai haver mais vitória. E eu
não estou indo para perder agora, de jeito nenhum.

Alcanço minha bolsa, e pego o celular. Lembro-me que meu pai


havia dito que quando eu chegasse a Seattle eu deveria ligar para
minha mãe. Claro que eu não estou em Seattle, mas preciso deixar
meus pais saberem que estou em Portland. No segundo toque ela
atende.

–Alexa, filha?

–Oi mãe, só estou ligando para avisar que estou bem.

–Foi tranquila a viagem? Você não passou mal?

–Não, eu dormi praticamente todo o trajeto.

–Que bom querida, eu estava preocupada com você.


–Eu sei mãe, você sempre está. Olhe eu só queria avisar que
não estou em Seattle, e sim em Portland.

–Portland? Por quê?

–O Sr. Grey tem alguns negócios para resolver, vamos ficar


apenas por dois dias, depois seguimos para Seattle.

–Ah! Tudo bem. Alexa comporte-se, por favor, esta não é Nova
York onde seu pai controla tudo, por isso não faça nenhuma
besteira.

–Assim você me magoa mãe? Eu nunca faço besteiras.

–Ah sim, eu conheço minha filha. Evite problemas ao Grey.

Até parece... Tudo o que eu mais quero é dar problemas ao Sr.


Grey.

–Claro mãe, pode deixar.

–Eu te amo Alexa, descanse um pouco.

–Eu te amo mãe. Ligo pra você amanhã, prometo.

–Tudo bem filha, até.

Desligo e resolvo mandar uma mensagem para Rebecca. Sei


que ela ainda deve estar no trabalho, talvez até em reunião, e com
a cabeça cheia de problemas para resolver. Mas não da pra evitar,
ela é minha amiga, e estou morrendo por não poder contar a ela
tudo o que está acontecendo comigo neste meio tempo em que
estou em Portland. E também se ela não puder me responder
agora, ela poderá fazer mais tarde. Começo a digitar a mensagem.

“Estou em Portland. A cidade é bonita, mas eu ainda prefiro


Nova York. Já estou com saudades. Via levar algum cara para
dormir com você? Aproveite enquanto não estou. A propósito
entreguei seu beijo a Theodore. Era para ser de língua? E com
muitos amasso? Por que eu o fiz.”
Aperto enviar, e mordo os lábios impacientemente. Rebecca vai
pirar se ver essa mensagem. E não é que quase que
instantaneamente recebo uma resposta.

“Mentira! Sério? Eu sabia, eu te falei que vocês se acertariam.


Conta tudo, eu quero saber dos detalhes. Como foi o beijo?”

Note que ela esqueceu completamente da parte em que eu disse


que prefiro Nova York, que estou com saudades, e a pergunta
sobre ela levar um cara ao nosso apartamento.

Ah Becca...

“Primeiramente eu não o beijei, apenas entreguei o SEU beijo a


ele”.

Ela vai pirar...

“Tudo bem sua ORGULHOSA. Diga-me então como foi o beijo


que VOCÊ deu a ele, por MIM?”

“Quente, sexy, gostoso, com uma pitadinha de quero mais”.

Agora estou rindo só de imaginar a cara de Rebecca lendo essas


mensagens em sua sala, ela deve estar dando aqueles pulinhos
sobre a cadeira, como faz quando fica impaciente, nervosa, ou
ansiosa.

“Para tudo! Eu sabia, eu sabia. Nossa Alexa, imagine então


como ele deve ser na cama, céus! O que você vai fazer agora?”

“Nada. Vou ficar longe dele, evita-lo. Grey não é o cara para
mim. Esqueci-me de mencionar que ele quer me foder de quatro.
Sim , essas são palavras da boca dele, e não minha”

“Ah! Ah!Ah! Alexa eu gostaria de estar ai com você, apenar para


socar a sua cara por ser tão idiota. Eu ficaria de quatro, de lado, em
pé, de qualquer forma para um homem como esse, você é apenas a
maior sortuda do planeta.”

Nossa...Rebecca é tão exagerada.


“Bem, esta é você, não eu. Mas uma coisa, ele retribuiu o SEU
beijo.”

“Ah não, isso é verdade? Você ganhou dois beijos do bonitão?


Da próxima vez deixe que eu mesma entregue meus beijos a ele”.

“Pode ter certeza que eu não lhe farei mais esse favor. Não vou
beijar Theodore mais, não vou nem ao menos chegar perto dele”

“Ok Alexa, eu vou fingir que acredito em você. Quer saber de


uma coisa? Nesse jogo estou apostando tudo em Theodore. Boa
noite, falo com você amanhã, estou em reunião, e os executivos
querem me matar, por eu ter interrompido eles. Beijos”.

Como é? Minha melhor amiga, está apostando no Sr. Grey? Pois


eu vou provar a ela, que sua escolha foi uma das piores. E
Theodore que me aguarde, farei da sua vida o inferno.

oOo

Capitulo Nove: Provocada

oOo

Os dois dias que passei em Portland foram rápidos, e não muito


proveitosos. Passei todo o meu tempo livre trancada dentro do
quarto de hotel, tentando ao máximo evitar o Sr. Grey. Sei que ele
me procurou em alguns momentos por que Dafne me contou, mas
eu só o vi duas vezes em situações bem ligeiras.

Todos os momentos que eu me sentia entediada eu enviava e-


mails ou mensagens para Rebecca, e também para Charlotte.
Conversei com minha mãe várias vezes, e uma vez com meu pai,
que perguntou como eu estava, e se eu havia gostado de Portland.

No meu segundo dia na cidade, eu resolvi sair para almoçar fora,


e fazer algumas compras. Dispensei a Dafne para que ela fosse
fazer o que precisasse, eu desconfio que ela estivesse louquinha
para passear em certos lugares. Fui obrigada a pedir ao motorista
de Theodore para me levar, já que eu não tinha um carro. Até tentei
puxar conversa com o cara, mas ele parecia um tumulo, e
completamente fiel ao chefe. Numa tentativa de conhecer melhor o
sócio do meu pai, eu perguntei:

–Então...você trabalha a muito tempo para o Sr. Grey?

Pelo espelho retrovisor lembro-me de seus olhos verdes me


fulminarem, como se eu tivesse perguntado algo que não devesse.

–Conheço o Sr. Grey há nove anos. E trabalho há cinco anos


para ele. – Ele respondeu e voltou à atenção para a estrada.

–É muito tempo mesmo... Então, eu devo chamar você de


Connor, é seu sobrenome? – Eu queria desesperadamente arrancar
algumas informações do motorista, mas não queria parecer
enxerida.

–Meu nome é Connor. E Sim Srta. Cross você deve me chamar


assim.

Seu tom foi cortante e logo percebi que as informações que eu


queria, eu não conseguiria com o motorista, ele é muito quieto, e
responde minhas perguntas de forma direta, como se estivesse
encerrando o papo. Quando retornei ao Heathman, me enfiei no
quarto, e tive uma ideia que eu já deveria ter tido antes. Com o
laptop em mãos, eu digitei o nome de Theodore Grey no Google, e
fiz uma lista com as informações mais importantes.

Nome Completo: Theodore Raymond Grey.

Nascimento: 25 de maio (27 anos)

Ocupação: CEO, Grey Enterprises Holdings

Nome do Pai: Christian Trevelyan Grey

Nome da Mãe: Anastacia Grey

Irmã: Phoebe Grey (25 anos)

Nem esposa, nem noiva, e nenhuma namorada. Ele nunca teve


uma relação séria com nenhuma mulher. A maioria de suas fotos é
da infância, acompanhado com os pais. Aliás, ele é idêntico ao pai,
e tem os olhos da mãe. As fotos em que ele está acompanhado de
uma mulher são sempre em eventos de negócios. Quase não
consigo acreditar que um homem como ele, não tem, e nunca teve
um compromisso com alguém. Mas com certeza ele tem alguém,
ele tem que ter, talvez ele seja discreto, talvez os encontros
aconteçam às escondidas, por causa da mídia, eu não sei, tem de
ter alguma explicação.

Ouvi alguém bater na minha porta, rapidamente fechei a página


de pesquisa, e fui abrir a porta. Theodore estava me aguardando de
braços cruzados na parede do corredor. Ele está usando calças
jeans escuras, suéter preto, e tênis, parece apenas um modelo de
comercial. A forma em que ele se encontra faz-me lembrar de sua
posição no corredor da Parmal onde trocamos nosso primeiro beijo.
Balanço a cabeça e desvio meus pensamentos.

–Srta. Cross está pronta? – Grey pergunta e lança um olhar para


o meu roupão.

Eu não pensei que ele viesse me buscar pessoalmente. Eu sabia


que era hoje que partiríamos para Seattle, mas eu pensei que
Dafne viesse me pegar, e me ajudar com as malas.

–Eu acho que está claro que eu não estou pronta. – Respondo
ríspida. Ele ainda olha para o meu roupão, especificamente para o
laço amarrado firmemente envolta da minha cintura. Sinto-me
incomodada, inquieta, como se a qualquer momento meu roupão
fosse cair, com a força e intensidade de seu olhar.

–Eu não ficaria nenhum pouco incomodado se a Senhorita


resolvesse partir assim. – Ele diz com um sorriso morno no rosto.

Ah Baby eu sei que você não se incomodaria, muito pelo


contrario, seria seu sonho se tornando realidade, não é Cretino?

–Claro que não. Bem, eu não estou pronta, vou pedir a minha
secretária ajuda para arrumar as malas. – Digo e estou prestes a
fechar a porta, quando ele fala.
–Eu posso ajuda-la. Infelizmente a Srta. Leitton já foi para
Seattle, ela saiu faz uma hora, acompanhada de Natalie. E nós
vamos agora.

O que? Dafne já foi para Seattle, com a secretária de Grey? Que


complô é esse contra mim? E que diabos de secretária Dafne esta
me saindo! Ela deveria me acompanhar o tempo todo, e não me
largar sozinha em Portland com o Senhor Coisa Sexy.

–Não obrigada. – Respondo entre dentes. – Eu posso cuidar de


tudo sozinha, estarei pronta em alguns minutos.

Antes que ele diga mais alguma coisa, eu bato a porta e retorno
ao quarto para vestir minhas roupas, e terminar de ajeitar minhas
malas. Uma hora depois eu estou pronta, e desço. Encontro
Theodore no Hall, ele acena para fora, e eu o sigo. Connor abre a
porta do carro para mim, e eu entro, logo em seguida Grey senta-se
ao meu lado.

–Estamos uma hora atrasado graças a Senhorita. – Theodore diz


um pouco impaciente. Ele retira o Black Berry do bolso, e começa a
digitar mensagens. Eu tenho uma resposta na ponta da língua, uma
que certamente calaria a boca desse bastardo, mas eu não vou
respondê-lo, eu tenho que evitar falar com ele.

Connor dirige até um hotel de Portland. Estou surpresa, pensei


que faríamos o trajeto de carro, mas parece que não.Pensei que
fossemos viajar de jatinho, mas nós nos dirigimos até o terraço do
edificio. E quando as portas do elevador se abrem eu vejo um
helicóptero branco com as palavras Grey Enterprises Holdings em
cor azul e o logotipo da empresa de outro lado.

Certamente ele não gosta nenhum pouco de se aparecer. O que


mais ele tem? Uma frota de aviões?

–De jeito nenhum que eu vou entrar ai. – Digo, minhas mãos já
estão tremendo em antecipação. Droga helicóptero não!

–Se a senhorita quiser chegar a Seattle, vai entrar sim. – Ele


responde, e desce do carro. Connor abre a porta para mim, e eu
sinto uma imensa vontade de gritar, mas sigo o Sr. Grey para fora.
–Vamos. –Grey diz.

E nos dirigimos ao Helicóptero, minhas pernas parecendo


gelatina, um frio interno percorrendo meu corpo, uma dor de cabeça
terrível. De perto é muito maior do que eu imaginei. Theodore abriu
a porta e me indicou um assento a frente. Relutante eu entro,
assustou-me com a quantidade de botões no painel, é muita coisa.
Oh meu deus eu quero chegar viva em Seattle.

–Sente-se e não toque em nada. – Ordenou-me.

Claro, não está vendo já estou brincando com os botõezinhos do


painel?

–Onde está o piloto?- Pergunto. – Ele é confiável?

Estou apavorada com a ideia de andar em um helicóptero a


noite.

–Você estará a salvo no ar. – Ele garante. – Já em terra, eu não


posso prometer nada.

Acomodei-me no assento respirando com dificuldade. O que


Grey quis dizer com isso? Theodore se inclina na minha direção
para me atar ao cinto. É um cinto de quatro pontos com todas as
tiras conectadas em um fecho central. Ele apertou tanto as tiras
superiores que eu mal podia me mover. Isso apenas me deixou
mais apavorada.

–Medo de voar Senhorita Cross? – Grey pergunta, ele está bem


próximo de mim, e eu estou presa, e ele está livre.

Oh meu deus...

–Não Sr. Grey, eu apenas não gosto de helicópteros.

Ele da um sorrisinho e acomoda-se no assento ao lado. Atou-se


ao cinto, e em seguida começou um processo de verificar
mediadores, virar interruptores, e apertar botões do enorme gama
de marcadores. Pequenas esferas piscaram luzinhas e todo o
painel de comando estava iluminado. Então a realidade caiu na
minha cara. Theodore vai pilotar.
–Você sabe o que está fazendo?- Perguntei apavorada.

–Eu não estaria aqui se não soubesse. Fui piloto por quatro anos
senhorita Cross. – Ele diz. – Ponho os fones de ouvido Srta. Cross.

Eu faço como ele manda, e coloco os fones a minha frente. O


motor começou a girar, o barulho é ensurdecedor. Ele coloca os
fones também, e segue movendo as alavancas.

–De acordo torre de controle. Aeroporto de Portland, aqui é


Charlie Tango Golfe – Golfe Echo hotel pronto para decolar.

–Charlie Tango adiante. Aqui é aeroporto de Portland avance por


um quatro mil, direção zero um zero, cambio.

–Entendido torre, aqui Charlie Tango. Câmbio e desligo.

Puxa, se ele ao menos não ficasse tão sexy falando sério desta
maneira.

O helicóptero se elevou pelos ares lenta e brandamente.


Portland desapareceu enquanto adentrávamos no espaço aéreo. Eu
evitava olhar pelas janelas, era alto de mais aqui, é pior do que
andar de jatinho, assim da pra ver tudo. Nossa, seria um queda
horrível daqui de cima.

Oh deuses, meu corpo está todo tenso, os nós do meu dedo


estão brancos enquanto agarro as laterais do banco. Theodore
descansa a sua mão sobre a minha, eu assunto-me a principio, mas
encontro seus olhos encorajadores, e sua mão é quente e
confortante. Dessa forma eu penso nele, e em nada ao redor.
Talvez se eu deixar a mão dele ali, mais um pouquinho eu consiga
sobreviver à viagem. E ele não retira sua mão mais. Menos de uma
hora depois, nós nos aproximamos de Seattle, posso vê-la
iluminada lá embaixo, é lindo, e assustador.

–Torre de Seattle ao Charlie Tango. Plano de voo ao escala em


ordem. Adiante, por favor, cambio.

–Aqui é Charlie Tango, entendido Seattle. Preparado cambio,


desligo.
Seattle estava cada vez mais perto. Voamos em meio as
edifícios, e em frente a nós vi um arranha céu com um heliporto no
terraço. A palavra “Escala” estava pintada em branco no topo do
edifício. Agarrei-me a borda do meu assento cada vez com mais
força. Oh estamos descendo, descendo. O helicóptero reduziu a
velocidade e ficou suspenso no ar. Theodore aterrissou na pista do
terraço do edifício.

–Pronto Senhorita Cross, pode respirar calmamente. – Ele diz


em voz baixa. E por incrível que pareça eu o faço, começo a
respirar normalmente, e me sinto melhor.

Theodore retira o cinto de mim, e me ajuda a descer do


helicóptero, ele me acompanha de perto até um elevador. O
elevador é completamente revestido de espelho, posso ver vários
Theodore. Isso me deixa hipnotizada, um pouco assustada. Mas
lembro-me de me recompor afinal ele está vendo várias Alexas
também. Grey aperta alguns botões em um painel, e o elevador se
move.

Para onde será que eu vou agora? Não sei onde estou
hospedada, e minha secretaria me abandonou, que raiva.

Em poucos momentos estávamos em um vestíbulo


completamente branco. No meio havia uma mesa redonda escura,
com um enorme buque de flores brancas. Abriu uma porta dupla e o
branco se prolongou por um corredor que nos levou até a entrada
de uma sala palaciana. A parede no fundo é de cristal e dava em
uma sacada com uma magnifica vista da cidade.

–Bem vinda a minha casa Senhorita Cross. – Theodore aponta-


me um sofá grande em formato de “U”.

O que? Eu estou na casa dele, não, não, não. Eu não posso


estar na casa dele. Céus, ele tem um quarto aqui, e uma cama, e
talvez lençóis macios. Arghh!

–O que? Onde está a minha secretária? Eu tenho que ir. – Digo.

–A senhorita deve-me um jantar lembra-se?

–Agora? Não, eu não estou pronta.


–Você está bem assim.

–Não, não estou. Eu tenho que ir.

–Bem, você está na segunda porta a direita, é só subir as


escadas. – Theodore diz, e aponta-me a escadaria longa e bonita.

–O que? Eu não vou ficar aqui, com você. – Respondo minha


voz sai apressada.

–Sim, a senhorita vai, pelo menos hoje. Suas coisas já estão no


quarto, e o jantar será servido logo.

O que? Quem ele pensa que é? Quer me obrigar a ficar nos


mesmos lugares que ele, está decidindo minha vida por conta
própria. Grey não me conhece, ele não sabe com quem está
mexendo. Você quer um jantar Baby? Eu vou lhe dar um jantar bem
memorável. Você mal pode esperar para ver o quão maluco e
irritado eu vou lhe deixar.

Eu posso estar atraída por você, sim eu confesso, eu posso.


Mais isso não lhe da o direito de mandar em mim, e fazer o que
quiser. Chega Theodore, eu vou lhe provar nesse jantar que você
pode estar muito mais atraído por mim, do que eu por você. Eu vou
lhe provar o quanto sedutora, insinuante e provocativa eu posso
ser. Eu vou deixar você pensar que está no comando, vou deixar
você aproveitar ao máximo a situação, e você vai estar louco por
mim de todas as maneiras, e então. Ah então, eu vou acabar com o
seu divertimento.

Aguarde-me Baby...

oOo

Capitulo Dez: Perdida

oOo

O quarto de hóspedes que Theodore me indicou, era grande e


espaçoso, decorado com moveis elegantes, e caros. Com uma vista
incrível da cidade. Era uma suíte, e eu agradeci muito por isso, já
que não posso viver sem um banheiro. Claro que eu não estava
pensando em passar todo o meu tempo em Seattle aqui, de jeito
nenhum eu conseguiria conviver em baixo do mesmo teto que
Theodore. Vou apenas passar esta noite, já que não tenho onde
ficar, não sei onde minha secretária está, e segundo Grey estou lhe
devendo o maldito jantar.

Minhas coisas já estavam no quarto, todas as minhas três malas,


e minha bolsa. Abri uma das malas com roupas que eu comprei
com Rebecca antes de vir para Seattle. Eu já tinha tudo planejado
na minha cabeça, um plano difícil de ser concluído, mas não
impossível, e eu estarei fazendo o possível para conclui-lo bem. É
Sr. Grey me aguarde que eu vou com tudo.

Acabei escolhendo um vestido vermelho de apenas uma alça,


com comprimento um pouco acima do joelho, e um decote bem
generoso. Depois de tomar um longo banho, e me perfumar, eu o
vesti. Optei por deixar meus longos cabelos negros soltos e fiz uma
maquiagem básica, caprichando mais no batom, que é claro é o
meu preferido, um tom vermelho bem chamativo.

Repassei várias vezes na minha cabeça o meu plano, eu teria


que ser muito forte para aguentar o sedutor Grey, mas eu estou
disposta a arriscar. Com a cabeça erguida, e o peito estufado eu sai
do quarto e desci as escadas. Uma melodia suave ecoava por toda
a sala. Theodore estava sentado sobre o sofá com um notebook em
mãos, ele observava a tela com interesse. Mas como se seu corpo
e mente pudessem sentir minha presença, ele elevou os olhos, e eu
os encontrei ainda mais brilhantes que antes, um sorriso discreto
surgiu no canto de sua boca.

–Você está linda Srta. Cross.- Ele elogia, e levanta-se


caminhando na minha direção. - Vermelho combina muito com
você.

–Obrigada Sr. Grey. – Agradeço e lhe dou meu melhor sorriso.

–Nosso jantar já está servido. Está com fome? – Pergunta-me.

–Muita e o Senhor?
–Só de você.

Engulo em seco, e sorrio, ignorando-o. Eu já esperava por isso,


só não pensei que seria tão rápido e direto já. Estou vendo que será
uma longa noite.

–Bollinger Srta. Cross? – Pergunta-me apontando a champanhe


sobre a mesa, eu balanço a cabeça concordando.

–Champanhe rosa, interessante.

–É a minha preferida. – Ele sorri, e me entrega a taça. -Saúde


Srta. Cross.

Bebo um gole do champanhe que tem um gosto delicioso, nunca


havia provado algo tão bom, deve ser de ótima qualidade. Grey me
observa atento, seus fascinantes olhos azuis estão presos a cada
movimento meu.

–Então Sr. Grey você mora aqui sozinho? – Pergunto. O lugar é


bem grande, imagino que deve ter três ou quatro quartos.

–Eu, Connor e a Srta. Fontaine, que trabalha para mim. Quer


saber se sou casado? Não sou. Quer saber se eu tenho uma noiva?
Não tenho. Quer saber se tenho uma namorada? Não Srta. Cross
eu não namoro.

Uaull é como se ele pudesse ler meus pensamentos. Então ele


não tem mesmo uma namorada. Mas o que ele quis dizer com “eu
não namoro”?

–Gosta de ostras? – Ele aponta-me o prato elegantemente


decorado com salada e ostras.

–Dizem que são afrodisíacas. – Digo sem me dar conta de que


pronunciei alto.

–Então eu serei obrigado a fazer você come-las. – Ele sorri


maliciosamente.
Certo eu estou jogando, estou me saindo bem, eu ainda não cai
em seus braços. Mas...Ele também está fazendo, ele também está
jogando.

–Você está mesmo decidido a me levar para cama?- Solto. Ele


me encara ferozmente.

–Mas do que decidido Srta. Cross, eu vou conseguir isso, mais


cedo ou mais tarde.

Hahaha mais é muito convencido mesmo!

Vamos continuar Sr. Grey por que esta noite eu estou mais do
que preparada para enfrentar os seus encantos. Sento-me no sofá,
e levo a taça a boca, bebo mais um gole de champanhe, cruzo
minhas pernas, e meu vestido sobe pelo menos cinco centímetros.
Grey senta-se na minha frente, ele observa-me como se a qualquer
momento fosse dar o bote em sua presa. Descanso a taça sobre a
mesinha de centro, e retiro uma ostra de dentro do prato
elegantemente elaborado. Não tenho certeza se é mito ou verdade
sobre ostras serem afrodisíacas, espero que não sejam já que meu
objetivo é não ir parar na cama de Grey. Mas agradeço muitíssimo
por dentro, por esse alimento tão sensual. Sim, foi exatamente o
que eu disse.

Deslizei a ostra pelos lábios lentamente, fechando os olhos e


saboreando o gosto de limão. Voltei a abri-los, e levei a língua
sobre o lábio superior lambendo os cantos, e depois a mesma coisa
com o lábio inferior.

–Não faça isso Srta. Cross. – Grey Adverte-me.

Oh Baby você está gostando do espetáculo não é?

–O que Sr. Grey? – Faço-me de desentendida. – Isto?

Repito de novo o processo, desta vez lenta e dolorosamente,


inclinando-me um pouco a frente, deixando uma fresta para que ele
possa apreciar meu decote. Molho o lábio superior, e o inferior.

–Não faça isso Alexa. – Grey adverte-me mais uma vez. Seus
olhos escuros, desejosos.
Veja jó deixei de ser Srta. Cross, para ser Alexa? Acho que
estou jogando bem.

–Diga-me Sr. Grey por que eu? Por que o senhor insiste tanto
que seja eu? Por que você quer sexo comigo?

–Por que eu posso ter todas as mulheres do mundo, isto inclui


você Alexa. Então eu quero você, e não é apenas sexo.

–Não? – Arqueio as sobrancelhas. – Eu não quero compromisso


Theodore. E como você disse que não namora, duvido que também
o queira. Então me diga o que você pode querer de mim, além de
sexo?

–Submissão.

O que? Que diabos?

–O que! Submissão? Theodore você deve estar maluco, você


está vendo com quem está falando. Submissão? Que bobagem.

–Na verdade é exatamente isso. Entenda Alexa em toda a


relação há sempre o Dominador ou a Dominadora, o Submisso ou a
Submissa.

–Eu entendi perfeitamente isso. O que eu quero dizer é. Eu não


sou a submissa aqui. Então o senhor não pode querer que eu seja o
que eu não sou.

–Alexa você pensa que é uma Dominadora, mas isso não é


verdade. No momento em que estou te beijando, ou te tocando
você perde todas as suas barreiras, se eu a levasse para a cama
não haveria duvidas do que estou lhe dizendo.

–Seu idiota! Você acha mesmo que eu aceitaria sexo e


submissão? Você está fodidamente enganado, não há nem um nem
o outro para você.

–Eu não desisti ainda, na verdade eu não vou desistir até


conseguir o que eu quero. – Ele inclina-se para frente, e nós dois
estamos nos encarando com olhares ferozes. – A propósito vamos
parar com o jogo, você não precisa mostrar metade dos seus seios
para que eu saiba que o que tem ai é bom. Eu sei reconhecer muito
bem o que me agradaria.

–Eu...Eu...Eu não estou mostrando metade dos meus seios! –


Exclamo, puxo o tecido do meu vestido para cobrir os seios.

Oh não! Está saindo tudo errado! Como ele pode levar a


conversa a esse ponto, mudar o jogo quando tudo estava saindo
tão bem, como eu havia planejado?

–Alexa por que tentar resistir tanto? Eu sei que você quer o
mesmo que eu, então por que lutar contra o inevitável? Isso vai
acontecer mais cedo ou mais tarde. Nós ainda vamos passar muito
tempo juntos, por que não se entregar agora, nesse momento,
quando eu sinto que você está tão pronta para mim?

–Eu não posso. Eu não vou aceitar ser sua submissa.

–Porra Alexa! Esquece a merda da submissão, pense apenas no


agora, você deve estar molhada, seu corpo deve estar implorando
pelo meu toque, pense nas minhas mãos sobre o seu corpo, sobre
os seus seios, pense na minha boca cobrindo a sua, pense no quão
boa a nossa noite poderia terminar, basta você dizer sim, apenas
isso. O que você quer Alexa, quer que eu admita que estou
entregue a você? Então é isso, eu quero você Alexa, aqui e agora,
estou perdido, e decido a ter você, diga-me que sim.

Suas palavras me atingem profundamente, estou excitada,


quente, e com vontade de gritar, estou com raiva de Theodore,
estou com ódio por que sinto meu corpo corresponde-lo. Por mais
que eu deseje estar longe dele, eu venho e tento provoca-lo, por
quê? Por que eu o quero, quero que faça comigo tudo o que diz que
é capaz, quero que me mostre a quão boa à noite pode ser. Mas ao
mesmo tempo não sou capaz de admitir, não consigo algo arde
dentro de mim, e faz com que seja doloroso dizer a ele que sim.
Parte de mim quer Theodore em cada pedaço do meu ser, e outra
parte de mim quer mantê-lo afastado. As duas partes estão em
guerra, em uma luta interna, enquanto isso eu sofro por não saber o
que fazer, o que dizer.
Céus! Eu quero sexo, e eu quero mais ainda ser for com ele.
Mas algo me diz que ele guarda algo escuro e sombrio, que poderia
me machucar.

–Boa noite Sr. Grey. – Levanto-me e ajeito o vestido.

–Bem, é assim Srta. Cross? Agora você vai correr para dentro do
seu quarto, e se esconder. Você vai tentar ignorar o que está dentro
de você, vai tentar esquecer as minhas palavras, quando no fundo
você sabe que só está indo embora, por que eu estou certo. Não
importa quantas partidas jogarmos, eu sempre vou vencer, por que
eu estou certo.

– O que você quer de mim Theodore?! Você quer que eu admita


que fico louca com os seus beijos? Eu fico. Você quer que eu
admita que gosto do seu toque? Eu gosto. Você quer que eu admita
que gostaria de ir para a cama com você? Eu gostaria. Mas não
posso, não posso ser sua submissa, não posso ariscar os negócios
do meu pai indo para a cama com você, não posso imaginar como
seria olhar para você enquanto trabalhamos juntos, e saber o que
houve entre nós. E o que aconteceria depois? Cada um vai para o
seu canto, e simplesmente esquece? Não sei ser essa pessoa
Theodore!

Eu grito pondo todos os meus pensamentos para fora. Minhas


sensações, todos os desejos, tudo o que eu sinto, despejo como
agua. É difícil admitir isso em voz alta, na verdade está sendo muito
difícil. Deixo de olhar para o chão que eu estou encarando, e tomo
forças para encontrar os olhos de Theodore. Não posso
compreender o que ele está sentindo. Grey sabe esconder seus
sentimentos muito bem por trás de toda aquela mascara sombria.
Ele da dois passos na minha direção, e fica bem próximo, sua mão
toca o meu queixo, e ele me obriga o olhar para cima.

–Como eu digo, você pensa demais Alexa. Não basta saber que
eu te quero, como você me quer? – Ele sussurra com os lábios
próximos aos meus.

Estou perdida...

–Oh Merda! Basta, isso basta. – Respondo. – Foda- se!


–Isso é um sim? – Ele prossegue.

–Isto é um sim duplo.

Ele sorri, e ataca meus lábios. Beijo-o enlouquecidamente,


provando seus lábios deliciosos, e aceitando sua língua dentro da
minha boca. Suas mãos estão sobre o meu corpo, quentes, e fortes
deixando-me desejando tudo, tudo o que ele esteja disposto a me
dar, e até mais. Agarro com as duas mãos a sua camisa, e puxo-o
em minha direção. Apenas essa noite, esse homem é meu, e eu
sou dele. Dessa vez não há voltas, eu perdi, eu estou
completamente perdida pelo Sr. Grey.

oOo

Capitulo Onze: Saciada

oOo

O Beijo dele era possessivo, e deliciosamente feroz, não havia


nada de suave, ou recatado. Seus lábios esmagavam os meus com
tamanha força que eu pensei que não conseguiria aguentar, sua
língua quente e deliciosa tentava a minha em um beijo ardente. Eu
gemia contra seus lábios, enquanto apertava-me mais contra ele,
colando seu corpo ao meu centímetro por centímetro.

Deus isso é bom...

Suas mãos grades, e fortes, com dedos longos prenderam-se na


minha cintura, e ele me puxou em sua direção, enlaçando seus
braços fortes ao meu redor. Quando ele fez menção de se afastar,
eu simplesmente não pude, apesar de que estava quase sem
fôlego, e meus pulmões imploravam por ar, mas eu não podia
deixa-lo, não agora que eu estava quente como os infernos.

Theodore agarrou minhas nádegas firmemente com as duas


mãos, e num movimento rápido e suave ele me levantou do chão.
Prendi minhas pernas ao redor de seu quadril, e agarrei sua nuca
com as duas mãos voltando a beija-lo forte e duro. Então ele se
afastou, e descansou sua testa contra a minha.
–Temo que o sofá não seja o melhor lugar para fazer contigo, o
que eu tenho sonhado desde a primeira vez que te vi. – Grey disse,
sua voz estava baixa, e rouca. Tentadoramente sensual.

–Ok, então me leva pro quarto, e faz comigo o que eu tenho


sonhado desde que te vi pela primeira vez.

–Com todo o prazer Srta. Cross.

Sem me soltar dos seus braços Theodore me carregou escadas


acima, enquanto eu o provocava beijando seu maxilar, mordendo
seu pescoço. Sem querer esbarrei minha perna em uma mesa, e
um vaso de porcelana caiu no chão estilhaçando-se em grandes
pedaços.

–Oh Merda! – Murmurei. – Quebrei o seu vaso.

–Deixa a porra do vaso, Alexa. – Ele gruiu.

Paramos enfrente a ultima porta, e Theodore a escancarou


aberta. Primeiro eu fui tomada de surpresa, e então curiosidade. O
quarto era grande e espaçoso, e muito bonito, mas o que me
chamou atenção era que as paredes e o teto eram de um tom de
vinho escuro, o chão era de madeira envernizada muito velha.
Havia também um móvel de mogno com gavetas bem estreitas, e
também uma estante de madeira.

Mas o melhor do quarto, era a cama. Maior do que as camas de


casal, essa era com dossel de quatro postes no estilo rococó.
Parecia que eu tinha sido transportada para um quarto do final do
século XIX. O colchão estava coberto de lençóis de seda vermelho,
e almofadas de tom vermelho e dourado.

–É o seu quarto? – Pergunto boquiaberta. Ele sorri divertido.

–Não exatamente. Eu não levo mulheres para a minha cama,


este quarto é apenas para brincar.

Oh...Brincar? Humm

Grey me coloca sobre a cama, e afasta-se um pouco. Observo


enquanto ele desfaz cada botão de sua camisa, e retira, jogando-a
sobre um sofá no final da cama. Meus olhos percorrem seu peitoral,
e abdômen bem definidos, braços e bíceps fortes. Um pouco mais
abaixo, descubro sua excitação.

Woow isso deve ser melhor do que eu imagino.

–Srta. Cross você está cobiçando o meu pau? – Theodore


pergunta-me lançando-me um olhar divertido.

–Só o seu pau? Não Sr. Grey eu estou cobiçando tudo em você.

–Você tem muito a ganhar Alexa. Sente-se. – Ele ordena, e eu o


faço. – Levante os braços.

Levanto os braços, e deixo que suas mãos serpenteiem na borda


do meu vestido, até sentir suas mãos na minha coxa, erguendo o
vestido para cima. Suas mãos roçam a minha pele, até ele retira-lo
pela minha cabeça. Por fim, estou usando apenas calcinhas e sutiã
de renda vermelho. Ele afasta-se lentamente e bebe da minha visão
por um período de tempo, em seus olhos posso ver plena luxúria, e
desejo.

–Porra, você é mais gostosa do que eu imaginei. – Ele diz


calmamente, e desaba a minha frente, de joelhos.

Estou ansiosa, e muito curiosa. Não acredito que eu realmente


estou fazendo isso, estou prestes a ficar nua com Theodore. E por
incrível que pareça é exatamente o que eu quero. É o que eu quis
desde o primeiro momento em que eu o vi. Eu senti uma atração
muito forte por ele, e foi correspondida, muito bem correspondida.
Grey deixou bem claro que sente o mesmo por mim, que ele me
quer tanto quanto eu quero, e nada mais importa. Neste momento
eu estou vivendo o agora, sem pensar nas consequências de
amanhã. É um momento de cada vez, e muito, muito prazer.

–Agora Srta. Cross eu vou sentir o seu gosto. – Ele diz, entre
minhas pernas.

Céus, ele realmente vai fazer isso, lá?

Ele põe as duas mãos no meu quadril, e beija a minha coxa, e


então a outra, e volta repetindo lentamente os beijos ardentes que
deixa na minha pele subindo cada vez mais. Jogo-me contra a
cama, nego-me a olhar a cena extremamente erótica a minha
frente, quando seus beijos aproximam-se da minha virilha, ele para.
As mãos quentes que estavam no meu quadril, deslizam até o cós
da minha calcinha de renda vermelha, e lentamente, e docemente
deixando seus dedos roçarem a minha pele, ele abaixa, e traz o
pequeno tecido abaixo em minhas coxas.

Estou tensa, meus músculos estão pesados, e minha respiração


acelerada, não posso ver o que está acontecendo, meus olhos
estão fechados, e parece que uma eternidade se passa, antes que
eu sinta ele me beijar lá. Sua língua invade minha fenda úmida, e
ele empurra contra mim, lambendo e mordiscando. Oh sim, isso é
bom. É uma tortura doce, e proveitosa, sinto cada célula dentro de
mim arder.

–Oh merda. – Solto um suspiro prazeroso. – Sim, continue.


Porra, que língua.

–Você tem uma boca bem suja na cama, Srta. Cross. – Grey diz,
levanto o meu olhar para encara-lo, ele está sorrindo.

–Você não faz ideia, vamos continue.

–Você também é bem mandona. – Ele prossegue, estou para


respondê-lo quando aquela língua simplesmente maravilhosa, e
provocativa encontra o caminho da minha fenda, enquanto com os
dedos longos, ele acaricia meu clitóris.

Arqueio minha pélvis contra sua boca, e agarro os lençóis firmes


com as duas mãos, enquanto gemo incontrolavelmente. Porra isso
é além de bom, é alucinante. Como é capaz de fazer isso comigo?
Talvez Rebecca tenha razão para um homem como ele, uma
mulher deve ser capaz de se entregar de todas as formas. E deus,
eu pretendo.

– Venha para mim, Alexa. – Ele ordena.

Meu corpo já está entregue a ele, e com sua voz, grossa, firme,
eu perco o controle. Os nós dos meus dedos estão brancos com a
força que imponho ao segurar os lençóis, meu corpo estremece, e
eu sinto que estou próxima da borda. Quando um de seus dedos
escorrega para dentro de mim, é o limite.

–Theodore. – Gemo. – Aahh

Meu corpo estremece, e eu gozo forte vezes seguidas, jogo a


cabeça para trás em êxtase, e absorvo todo o prazer. Theodore
move-se e eu o vejo de pé na minha frente, ele alcança sua
braguilha, desfaz um botão, e retira sua calça, ficando apenas de
cueca box preta na minha frente, e uma grande – realmente
exuberante – ereção.

–Devo dizer que você tem um gosto melhor do que eu imaginei.


– Grey diz, olhando para mim.

–Acho que estou superando suas expectativas, Sr. Grey.

–Talvez. – Ele ergue as sobrancelhas, e me encara com


interesse e malícia. – Você está molhando os lábios.

–É, eu sei, foi intencional.

–Alexa. – Ele rosna.

Jesus como é sexy sua voz baixa e rouca.

–Eu quero conhecer cada parte do seu corpo, e ter certeza de


que cada uma ganhe minha atenção, e meus beijos. – Ele diz.

–Bem, eu tenho muitas partes, é melhor que você comesse


imediatamente.

–Nós temos a noite toda, pequena.

Grey segura minhas panturrilhas, e empurra minhas pernas para


cima. Estou completamente exposta e vulnerável, mas de qualquer
maneira sinto-me sexy, linda, e desejada. Assim como Theodore
parece confiante de sua aparência, e de sua beleza, eu também
sou. Ele sobe sobre a cama, e fica entre minhas pernas, eu encaro
seus olhos azuis, brilhantes e cheios de vida.
Ele se aproxima de mim, e calmamente beija meus lábios,
primeiro suavemente, e lento. Então mais profundo, enfiando sua
língua dentro da minha boca, e acariciando a minha língua, em
movimentos gostosos, e quentes. Sinto sua ereção contra a minha
barriga, e gemo.

–Você tem seios lindos, eu gostaria de agrada-los. –Ele murmura


contra os meus lábios, e se afasta.

Beija meu maxilar, e meu pescoço, minha clavícula, desce


beijando meus ombros, e então desce mais ainda, beijando meu
busto. Com uma das mãos ele abaixa a taça do meu sutiã, e agarra
o meu seio direito na mão. Com a ponta do dedo, ele provoca meu
mamilo já enrijecido.

–Oh deus!

–Você gosta? – Pergunta-me.

–Oh sim, muito.

Ele retira a mão, e leva sua boca, quente e macia, e sua língua
circula envolta da aureola. Arqueio meu corpo, e empurro meu seio
em sua boca. Eu quero mais, preciso de mais. Ele chupa firme, e
por fim morde meu mamilo, solto um gemido entre dentes, e agarro
suas costas, arrastando minhas unhas sobre sua pele, arranhando-
o. Ouço quando um gemido rouco retumba no fundo de sua
garganta.

Oh ele gosta...

Ele abaixa a outra taça do meu sutiã, e leva a boca ao meu outro
mamilo, lambe, e chupa-o, e por fim morde-o também, arrancando
outro gemido de minha boca.

–Aahh isso é bom. – Gemo.

–O que você quer agora, Alexa? – Pergunta-me.

–Eu quero você... Eu quero você agora.

–Porra eu também, e muito.


Theodore afasta-se, e pega sua calça jogada sobre a cama, ele
mexe nos bolsos, e retira uma embalagem prateada, camisinha. Ele
entrega-me o pequeno pacotinho, e eu começo a abri-lo. Grey
desce sua box, e joga no amontoado de roupas. Meus olhos correm
sobre o seu membro, duro, grande, e grosso. Meus lábios ficam
secos, e eu levo a língua sobre eles para molha-los.

–Oh, isso é melhor do que eu havia imaginado. – Murmuro com


a boca ainda seca, e usando as mesmas palavras que ele havia
pronunciado antes. Theodore olha para mim, e percebe que estou
encarando sua ereção boquiaberta. Ele ri.

–Que bom que estou superando suas expectativas Srta. Cross. –


Responde-me divertido, usando das minhas palavras anteriores.

Oh como gosto deste Theodore, tem um senso de humor


incrível, é tão divertido, e ao mesmo tempo em que é durão,
também é carinhoso.

–Não se preocupe, não vou colocar tudo.

Oh oque? Minha boca cai mais aberta ainda.

–Mas...Eu...Quer dizer, você pode.

–Não Alexa. Você vai se dilatar, mas não tanto assim.

Puta Merda! Será que é possível ser tão grande assim?

–Já acabou com isso? Eu estou com um pouco de pressa. – Ele


aponta a camisinha em minhas mãos.

–E o que aconteceu com “nós temos a noite toda, pequena”? –


Atiro de volta.

–Esquece isso, eu estou duro pra cacete, e morrendo para estar


dentro de você. – Ele diz. – Vem cá, você vai cuidar disso.

Sento-me na cama imediatamente, mordo meus lábios, e


observo de perto toda a sua extensão, minhas mãos já estão
formigando.
–Tire o sutiã. – Ele ordena, e eu o faço. – Agora vá em frente.

Wow deixe que a Alexa aqui sabe bem como cuidar deste
serviço. Agarrei seu pênis com as duas mãos, e acariciei ao longo
de toda a extensão, senti os músculos de Theodore ficar tensos, e
ele cerrou a mandíbula. Nossa é muito bom, muito grande.

–Ei, pequena faça o seu trabalho, eu não quero gozar agora. –


Ele murmura entre-dentes.

Como eu ainda quero senti-lo dentro de mim, continuo com o


meu serviço, e deslizo a camisinha pelo seu membro incrível.
Quando ele está devidamente pronto Theodore avança sobre mim,
deito-me na cama, e ele sobre mim, sustentando seu peso com os
braços que estão em cada lado da minha cabeça, ele desce seus
lábios nos meus, e beija forte, quase machucando meus lábios com
tanta urgência.

Sinto sua ereção contra a minha entrada, gemo com a sensação


de plenitude. Então me afasto de seus lábios e Grey recua um
pouco surpreso.

–O que foi? – Pergunta-me.

–Não quero ficar por baixo. – Respondo. Theodore relaxa um


pouco, e então uma carranca surge em sua expressão.

–Você realmente acabou de dizer isso? – Questiona-me.

–Sim. Bem, eu lhe disse que não vou ser sua submissa, então
não quero ficar por baixo.

Ele bufa.

–Alexa ficar por baixo não é nem de longe Submissão.

–Ótimo. Então fique você por baixo.

Ele suspira exasperado.

–Você está brincando comigo não é? Eu estou com uma ereção


fodida, e você quer discutir quem fica por baixo ou por cima.
–Deixa de ser dramático, é pegar ou largar.

Ele me encara com olhos sombrios e perigosos. Seu habitual


tom de azul substituído por aquele cinza gélido. Então sai de cima
de mim, e cai deitado ao meu lado na cama.

–Vem porra, trás sua bocetinha molhada pra cá.

Sorrio e pulo de alegria internamente por que ganhei uma vitória.

Monto sobre o seu colo, e Theodore agarra meu quadril com as


duas mãos, ele suspende-me um pouco para cima, e eu posiciono
seu pênis na entrada da minha vagina. Desço sobre ele, e engasgo
ao senti-lo me preenchendo centímetro por centímetro. Meu corpo
se dilata para recebê-lo, é maravilhoso. Ele enterra-se
profundamente dentro de mim, e tem razão quando disse que meu
corpo não se dilataria o suficiente. O membro dele é grande demais
para o meu corpo.

–Porra. – Ele grui. – Você é tão apertadinha.

Subo em seu colo, e desço novamente acostumando-me com a


sensação de tê-lo dentro de mim, aumento um pouco o ritmo, e
Theodore move a pélvis para me encontrar, subo e desço,
montando-o.

–Ok você já teve sua cota. – Ele diz. – Agora eu vou fode-la.

Num movimento muito rápido, eu estou por baixo, e ele por cima.
Ele segura minhas pernas e levanta para cima, abrindo-as. Suas
mãos agarram minhas nádegas, e ele aperta a minha bunda.

–Enrole as pernas ao redor do meu quadril, firme. – Ele instrui, e


eu o faço.

Ele empurra fundo dentro de mim, penetra-me rapidamente,


volta a retira-lo e empurra novamente, estou gemendo alto, mal
consigo aguentar as sensações pelo qual meu corpo esta tomado.
Theodore fode-me duro e com forço, enterrando-se profundamente
dentro de mim várias vezes.
Meu corpo convulsiona, e aperta ao redor de seu pau. Ele geme.
Eu estremeço-me da cabeça aos pés, e sinto meu orgasmo
chegando. Ele penetra-me de novo, e eu gozo, logo em seguida ele
também, e nós atingimos o orgasmo junto. Seu corpo desaba ao
meu lado na cama, eu luto para controlar minha respiração,
enquanto vejo que seu peito sobe e desce acelerado ao meu lado.

Vários minutos se passam e ficamos deitados descansando, e


esperando que nossa respiração volte ao normal. Depois de um
tempo, ele se apoia em um cotovelo e olha para mim, eu o encaro
de volta, então ele toma meus lábios e beija-me suavemente, e com
muito carinho. Quando eu espero por mais, ele se afasta, e levanta-
se da cama.

Eu fico apenas olhando e bebendo de sua aparência,


gloriosamente nu. Ele amarra um nó na camisinha e joga em um
lixeiro pequeno em um canto, depois pega sua box e veste-se. Os
contornos de seu corpo são maravilhosos, parece ter sido obra de
um deus. E eu acabei de fazer sexo com esse homem.

Oh Céus eu fiz sexo com Theodore Grey.

E por incrível que pareça me sinto ótima completa. Estou


saciada. Grey vai até a porta e abre, e percebo que ele está indo
embora.

–Hey. – Chamo. – Aonde você vai?

–Tomar um banho. – Responde-me.

–E depois?

Ele olha para mim, e eu percebo que já tenho a resposta, já tinha


antes mesmo de ir para cama com ele.

–Alexa, eu lhe disse que não durmo com nenhuma mulher.

–Tudo bem. – Respondo. – Eu entendi, vai embora.

Ele hesita, mas depois fecha a porta. Luto para segurar as


lágrimas que querem vir ao meu encontro. Não, eu não vou chorar,
não por ele, não por um homem. Eu sabia disso desde o principio,
ele me alertou, e eu aceitei mesmo assim. Levanto-me da cama, e
sinto o quanto estou exausta, visto meu vestido, e recolho minhas
roupas, e volto para o meu quarto de hospedes.

Tomo um banho longo, e relaxo embaixo da agua. Depois que


saio visto uma camisola curta de cetim azul, e deito-me na cama.
Não demora muito para sentir minhas pálpebras pesadas, estou
muito cansada. Cansada física e emocionalmente. Fecho meus
olhos, e deixo minha mente vagar. Sinto-me inquieta, e
estranhamente quente, mexo-me na cama tentando encontrar uma
posição confortável, algo está pesando sobre a minha barriga.

Abro os meus olhos, e vejo o braço de Theodore sobre a minha


barriga, e seu corpo agarrado ao meu. Ele dorme tranquilamente ao
meu lado.

Mas como? Oh. Ele voltou. Ele voltou. Oh meu deus ele voltou!

Por dentro pulo e grito de felicidade, ele está aqui, não na sua
cama, e sim na minha temporariamente, mas mesmo assim ele
voltou. Está cheiroso, e gostoso após o banho, seus cabelos ainda
estão um pouco úmidos, ele não veste nenhuma camisa, apenas
cuecas. Minha vontade é correr as mãos sobre o seu corpo, mas
não quero acorda-lo, e nem quero acabar com este sonho. Volto a
deitar na cama, e aproveito-me um pouquinho enroscando minhas
pernas na dele, fecho meus olhos, e deixo que o sono venha, e me
deixe adormecer feliz.

Mas um ponto para você Alexa! Minha mente perigosa


comemora animada.

oOo

Capitulo Doze: Interessada

oOo

Quando acordo, sinto uma sensação maravilhosa, me sinto viva,


cheia, completa como não me sentia há anos. As memórias da noite
passada voltam a mim como um filme, e sou obrigada a sorrir.
Estou tão bem assim por causa de Theodore, ele é o motivo. Oh e
também estou dolorida. Mas não trocaria nada pelo momento que
tivemos ontem. Foi tudo tão doce, divertido, e até um pouco
romântico, claro que também foi duro, e forte. Mas então me lembro
do meu momento vitorioso, quando ele voltou para dormir ao meu
lado, mesmo tendo dito que não dormia com nenhuma mulher.
Ainda não entendo por que disso, primeiro ele deixa claro que não
namora, e depois que não dorme com nenhuma mulher. Com
certeza eu devo ter quebrado um de seus limites.

Movo-me na cama, e encontro Theodore dormindo


tranquilamente de bruços ao meu lado. Ele é tão lindo, sua
expressão é tão suave. Não consigo impedir-me de tocar sua pele.
Corro minhas mãos sobre o seu rosto, a barba rala está começando
a crescer, causa um pouco de cócegas nas pontas dos meus
dedos, pergunto-me como seria essa sensação lá embaixo, entre
minhas pernas. Ontem eu não tive coragem de tocar seu corpo, de
explorar seus músculos, por que não queria atrapalhar seu sono,
mas hoje não consigo aguentar, tenho que ir em frente.

Toco a pele macia dos seus ombros largos, massageio


suavemente suas costas, tentada pelo seu calor deposito um beijo
suave em sua pele, e então outro, e mais outro. Levo minhas mãos
mais abaixo e apalpo seu bumbum. Uaull durinho. Theodore move-
se um pouco na cama, e abre os olhos. Lindos olhos azuis, ainda
mais brilhantes pela manhã.

–Srta. Cross você está me molestando? – Sua voz sai com


aquele habitual toque de rouquidão.

–Ainda não Sr. Grey, mas eu poderia vir a fazê-lo.

–Sua safada, você é uma garota gulosa.

–Sim, eu sou.

–Você está bem? – Pergunta-me.

–Sim. Podemos repetir?

–Realmente Alexa, você precisa de um bom trato.


–Eu gostaria de recebê-lo.

–Eu sei que sim, mas isso não vai acontecer. Bem, não agora.

Theodore joga as cobertas de lado, e levanta-se da cama.

–Você vai sair de novo, para depois voltar, como fez ontem à
noite?- Minha voz soa um pouco alta e irritada.

–Alexa você não entende eu...

–Você o que? O que eu não entendo? Lembro-me muito bem


quando você me disse que não dormia com nenhuma mulher. Mas
eu nem havia pedido a você que dormisse comigo, eu apenas
queria um tempo com você. Diga-me Grey você tem o costume de
fugir do quarto depois de foder com uma mulher? E o que
aconteceu para você ter voltado? Por que voltar quando mais uma
vez você está sendo um idiota, como agora.

–Nós não vamos discutir isso agora. – Ele diz sério. – Alexa,
temos que acertar alguns termos que eu talvez não tenha deixado
bem claro.

–Ótimo. Agora cai fora! – Aponto meu dedo em direção à porta.

Ele suspira exasperado, mas sai pela porta. Tenho uma vontade
imensa de alcançar o vaso mais próximo e acertar na cabeça do
desgraçado. Não entendo como ele pode mudar de humor tão
rapidamente, acordamos felizes, e terminamos brigados mais uma
vez. Eu só queria entender, eu só queria saber por que esses
termos, por que essa hesitação em tudo. Por que ele simplesmente
não pode agir como qualquer homem e me dar sexo, carinho, e
dormir ao meu lado, e então repetir tudo de novo. Mas não, este é o
Sr. Grey cheio de regras. Arghh!

Levanto-me da cama, tomo um banho rápido, e visto roupas de


trabalho. Hoje eu vou conhecer o antigo prédio da Vidal Records
que já começou a ser reformado para abrigar a nova sede de
Cross&Grey. Tenho tanto trabalho a fazer que o melhor agora é
esquecer o bendito do Theodore. Mas antes preciso deixar Rebecca
subindo pelas paredes. Pego o celular na bolsa e digito uma
mensagem.
“Bom Dia Becca. Como estão as coisas ai em Nova York? Levou
alguém para ficar com você? Estou morrendo de saudades, não
vejo a hora de voltar para casa. A propósito eu dormi com Theodore
Grey.”

Neste horário provavelmente ela já deve estar no trabalho, então


a minha resposta pode demorar um pouco a vir, mas eu não quero
perder por nada. Na verdade eu gostaria muito de ver a cara dela
quando lesse isto. Jogo o celular na bolsa, e sigo para a sala.
Lembro-me que preciso de um veiculo para ir trabalhar, por que de
jeito nenhum quero depender de Grey, e também vou precisar de
outro lugar para ficar hospedada, assim como preciso da minha
assistente, que parece ter sumido. Procuro o nome de Dafne na
minha lista de contatos, e disco para o seu numero. No terceiro
toque ela atende.

–Alô. Srta. Cross?

–Onde maldições você se meteu!

–Srta. Cross eu estou no hotel em que fiz reservas para nós


duas.

–E como exatamente você está ai, e eu estou na casa de Grey?


– Minha voz eleva alguns tons.

–Senhorita Cross o senhor Grey pediu que eu viesse para


Portland com sua secretária Natalie, e ele disse que você voltaria
com ele. Então eu vim para o hotel combinado, e Natalie me avisou
que houve uma mudança de planos, e que a senhorita ficaria com o
Sr. Grey.

–Ah mais eu não vou ficar aqui de jeito nenhum! Você pode dar
um jeito de levar minhas coisas para esse hotel, e também me
arranje um carro, o mais rápido possível eu preciso it trabalhar.

–Mas Srta. Cross...

–Não tem mais Dafne. Você é minha secretária ou de Grey?


Estou esperando!
Desligo o telefone muito mais furiosa agora. Encontro Theodore
de pé, vestindo um terno cinza impecável, seu perfume flutua até
mim em uma onda inebriante. Seus olhos azuis me observam
escuros, sombrios.

–Você não está indo embora em outro carro que não seja meu, e
você também não está indo para trocar de quarto, de jeito nenhum.
– Ele diz severo.

–O que?

–É isso mesmo o que você ouviu Alexa. Se você precisar ir à


empresa Connor vai leva-la. E eu acredito que o quarto que eu lhe
ofereci é muito bom, não tem necessidade de você ir para outro
lugar.

–Mas acontece que eu não quero ficar nem mais um minuto


perto de você. E estou indo e pronto! – Avanço a passos largos pelo
corredor, passo por Theodore e sigo em direção ao elevador.
Aperto o botão no painel, e um segundo depois as portas se abrem,
eu entro. Quando me viro para apertar o botão novamente
Theodore está na minha frente, ele da dois passos e entra no
elevador comigo.

Oh merda, por que escolhi saltos tão baixos? Agora ele parece
uma montanha de músculos, enquanto eu pareço uma bonequinha
de porcelana indefesa.

–Por que você quer ir, por que você quer se afastar? – Ele
sussurra bem próximo de mim.

–Por que você tem que ser um babaca estúpido o tempo todo? –
Atiro de volta, ignorando sua pergunta.

–Alexa eu já disse que vamos conversar sobre o que aconteceu,


e sobre o que pode vir a acontecer entre nós daqui para frente.

–Eu não quero saber, você me tratou muito mal Theodore, eu


não quero ficar mais nenhum segundo perto de você!

–Mas eu quero porra, eu quero. – Ele enfia o nariz na curva do


meu pescoço e inspira forte o meu perfume, fico zonza por um
momento, não posso ter contato com Grey assim tão de perto, isso
mexe com a minha cabeça. Luto para encontrar minha voz, e
responde-lo.

–Não é o que parece Sr. Grey. Na maioria das vezes você está
me chutando.

–Eu chutando você Alexa? Por hoje você já me chamou de


idiota, babaca e estúpido, acredito que você está se afastando de
mim, e eu não quero isso. Porra Alexa, você só tem que entender
que eu tenho alguns limites que não podem ser quebrados.

–Então me diga o que é? Diga-me Theodore!

–Eu vou, por favor, entre nós vamos conversar.

Balanço a cabeça derrotada e entro novamente. Grey e eu nos


sentamos nas banquetas da cozinha, um de frente para o outro, na
mesa há todos os tipos de comidas gostosas, não sei como ele
conseguiu preparar tudo isso, na verdade imagino que ele não o
fez, e sim outra pessoa. Por um momento corro meus olhos por
todo o lugar tentando encontrar outra alma viva responsável por
essa refeição tão maravilhosa, mas eu não encontro ninguém.

–Coma alguma coisa. – Theodore diz.

–Não. Primeiro você vai falar da merda dos seus limites, se não
eu vou embora!

–Tudo bem Alexa eu vou ser bem direto. Eu gosto de sexo, e


tenho alguns gostos um pouco diferentes. Sou dominador e gosto
de usar alguns modos diferentes de obter prazer para mim e minha
parceira. E eu gostaria que você fosse minha submissa, mas eu sei
que você não aceitou, e pretende não aceitar essa condição. E eu
estava pronto para jogar com você por um longo tempo até que
conseguisse isso, mas então eu pirei, aquele vestido vermelho
mostrando boa parte de suas pernas, o decote generoso, e os
lábios fartos e gostosos, eu simplesmente desisti de tudo para ter
você naquele exato momento. E eu tive.

–Então quer dizer que desde o começo você estava jogando


para fazer de mim sua submissa? Mas isso é tão idiota por que eu
não sou uma submissa, eu não tenho nada de uma submissa
Theodore, eu não posso ser isso.

–Alexa como eu já havia dito você tem sim traços de Submissão,


mas só por que você cresceu fazendo o que quer, e mandando em
tudo e todos não quer dizer que não possa ser Submissa. Você
pode e eu queria fazer você ser a minha.

–Tudo bem, mas eu não vou ser, e você já sabe disso. Vamos
pular para a próxima etapa, você não quer mais nada comigo por
que descobriu que eu não posso ser sua submissa?

–Não Alexa. Eu ainda estou disposto a ter você, eu não vou


desistir de torna-la o que eu mais quero que você seja. E não é por
que você ainda não cedeu que eu não vou aceitar esse desafio.

–Certo então você ainda me quer, por que acredita que pode
mudar minha opinião. Vai sonhando Baby, mas vamos pular ao
próximo. Você disse que não dormia com nenhuma mulher, mas
voltou para mim por quê?

–Você entendeu errado, eu não durmo com nenhuma mulher na


minha cama. E ontem eu pensei em deixa-la sozinha, eu realmente
pensei, mas eu voltei atrás por que eu não me senti bem em deixa-
la.

–Ah certo, eu entendi. E por que você não dorme com nenhuma
mulher na sua cama, e evita dormir em outras?

–Esse é o ponto mais importante que eu quero tratar com você


Alexa. Eu não namoro, por que eu não quero ter compromisso com
ninguém. Eu não quero deixar nenhuma mulher dormir na minha
cama, ou ter qualquer coisa comigo fora do quarto vermelho, por
que eu não quero, e não vou me apaixonar. E eu também não
quero nenhuma mulher correndo atrás de mim dizendo estar
apaixonada. Eu não quero magoar os sentimentos de ninguém, por
isso eu só estou disposto a continuar com você, se for apenas sexo
mais nada.

–Oh é isso. Você tem medo que eu me apaixone por você, e


faça disso mais do que uma relação puramente física?
–É exatamente isso.

–Por isso você me negou sexo hoje de manhã?

–Sim Alexa, eu achei que deveria conversar com você, e deixar


tudo claro antes da nossa relação prosseguir.

–Você pode ficar não tranquilo Sr. Grey por mim será apenas
carnal, eu não vou me apaixonar por você.

–Ótimo Srta. Cross era disso que eu precisa. Saiba que eu


também não vou me apaixonar por você.

–Então nós temos um acordo agora, apenas sexo, nada de amor


ou algo parecido. – Estendo a mão a ele, e Theodore a aperta firme
selando nosso compromisso.

–Isso mesmo, eu aceito seu acordo Srta. Cross. – Ele aperta a


minha mão, e avança para mim. Seus lábios pressionam os meus, e
ele me beija fortemente, explorando os cantos da minha boca. –
Agora sim, nosso compromisso está selado.

oOo

Capitulo Treze: Surpresa

oOo

O escritório que Theodore disponibilizou para mim é ótimo,


quase tão bom quanto o que eu tenho no Crossfire. Depois que
acertamos o nosso “acordo” Grey me trouxe para o trabalho,
apresentou algumas pessoas mais importantes e depois sumiu da
minha vista. Bem, não importa. Eu não estou aqui para ficar colada
nele o tempo todo, eu tenho muito serviço a fazer. O antigo prédio
da Vidal Records já está sendo reformado, e eu preciso enviar ao
meu pai uma notificação, e um relatório de despesas. Eu mencionei
que desisti de voltar para o hotel que Dafne fez reservas? Bem, eu
desisti. Theodore ficou insistindo por um bom tempo, e disse que
seria melhor que eu estivesse perto dele. E na verdade eu gostei
muito do Escala para querer ir embora. Quanto ao carro eu não abri
mão. De jeito nenhum eu vou ficar indo a todos os lugares
acompanhada de Connor. Essa exceção eu não abri nem para o
meu pai, o poderoso Gideon Cross. Imagine quanto ao Senhor
Coisa Sexy Arrogante.

Comecei a digitar um e-mail para mandar ao escritório de


Gideon, mas fui interrompida pelo toque de mensagens do meu
celular. Avancei sobre a bolsa, e revirei tudo até encontrar o
aparelho. Enfim a resposta da minha mensagem para Rebecca
havia chegado.

“A PROPÓSITO EU DORMI COM THEODORE GREY. Você


está MALUCA? Como você pode mandar uma coisa dessas para
mim? Eu estava bebendo café, e metade foi para o meu nariz
quando li essa frase. Você sabe que eu tenho problemas nas vias
respiratórias. PORRA VAMOS, ME CONTE COMO FOI? QUERO
DETALHES!”.

Ah céus essa minha amiga não tem limites. Como eu poderia


imaginar que ela estaria bebendo café ao ler essa mensagem? Note
que ela esqueceu completamente a parte em que eu disse que
estou com saudades, e que perguntei se ela havia levado alguém
para o nosso apartamento. Não tem jeito. Aproveitando a
interrupção comecei a digitar outra mensagem.

“Diga as suas vias respiratórias para me perdoar. Sobre o sexo?


Foi muito bom, foi quente, às vezes forte e duro, e às vezes com
imenso carinho. O problema foi depois, ele saiu do quarto de uma
maneira que eu me senti totalmente desprezada.”

Aguardei alguns segundos e obtive a resposta.

“Eu disse que quero detalhes! Como é o Sr. Grey Jr? E a língua
dele, é melhor lá embaixo entre suas pernas, ou colada em seus
seios? Por que você se sentiu desprezada? Conte-me isso melhor!
E como estão às coisas entre vocês agora? Continuam se pegando
feito cão e gato ou agora é só love?”

Oh meu deus, Rebecca e suas perguntas...

“O Sr. Grey Jr. É muito bem dotado, digamos que meu corpo não
pode abriga-lo totalmente. A língua dele, Oh Rebecca você subiria
pelas paredes, ele é tão bom com ela embaixo quanto é em cima.
Mas você acredita que quando terminamos ele foi embora do
quarto, por que disse que não dorme com nenhuma mulher?
Loucura certo? Só que depois ele voltou e dormiu comigo. Agora
nós estamos parcialmente bem. As vezes brigamos um pouquinho o
que é normal, mas definitivamente não estamos com love. Fizemos
um acordo, apenas sexo nada de se apaixonar. O que você acha de
tudo isso?”

Quase que instantaneamente eu recebi uma resposta.

“Ok você precisa voltar à Nova York eu estou pirando com tudo.
Eu quero saber melhor sobre o Sr. Grey Jr bem dotado. Eu quero
saber que negócio é esse de ele não dormir com nenhuma mulher.
E que porra de acordo é esse que você fez? Como assim nenhum
dos dois vão se apaixonar? Você deve estar louca, não é como se
você pudesse evitar se apaixonar. E se você gostar muito, muito
dele?”

“Eu estarei em Nova York em dois talvez três dias. Prometo que
conto tudo o que você quiser saber. Agora eu tenho que trabalhar,
tenho relatórios para enviar para o papai. E obrigada por não
responder minhas perguntas!”.

“Vou morrer em dois ou três dias sem saber dessas merdas que
você anda fazendo por ai. Comporte-se! E sim, eu levei uma pessoa
para o apartamento. Foi muito gostoso e vou repetir. Estou com
saudades. Te amo”.

Haha eu sabia que ela não ia resistir.

“Vou querer saber tudo sobre ele. Tenha um bom dia, eu te


amo”.

Deixei o telefone celular de lado, e comecei a digitar os relatórios


de despesas, uma hora mais tarde eu já o estava enviando direto
para o e-mail de Jenna. No meu correio encontro um e-mail de Grey
para mim. Um pouco surpresa eu o abro. -----------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------

De: Theodore Grey.


Para: Alexandra Cross

Assunto: Almoço?

Bom Dia Senhorita Cross eu gostaria de leva-la para almoçar


fora. Você ainda está ocupada?

Theodore Grey

CEO,GreyParticipaçõeseEmpreendimentosInc.

–-------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------

Ele está me convidando para almoçar fora, com ele? Humm


Aperto em Responder. ------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------

De: Alexandra Cross

Para: Theodore Grey

Assunto: Almoço?

Bom Dia Senhor Grey, eu adoraria almoçar com você. Não estou
ocupada.

Alexandra Cross

DiretoradeFinanças,IndústriasCross.

–-------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------

Quase que instantaneamente recebo uma resposta. Isso mostra


que ele estava esperando-me. -------------------------------------------------
-----------------------------------------------------------------------------

De: Theodore Grey

Para: Alexandra Cross

Assunto: Almoço?
Estarei no seu escritório em uma hora, esteja pronta. Até breve.

Theodore Grey

CEO,ParticipaçõeseEmpreendimentosInc.

–-------------------------------------------------------------------------------------
----------------------------------------

Fecho meu correio, e volto a me dedicar ao trabalho, não


consigo evitar o sorriso pelo convite inesperado. Um pouco ansiosa
e agitada eu aguardo o tempo passar. Vinte minutos antes de Grey
chegar, eu arrumo minhas coisas, e me enfio no banheiro do
escritório. Retoco a maquiagem, passo novamente meu batom
vermelhão, ajeito meu cabelo, e pronto.

O telefone sobre minha mesa toca, e a voz de Dafne soa do


outro lado, avisando da presença de Theodore. Pego minha bolsa,
e saio do escritório. Grey está usando o mesmo terno cinza
impecável, e parece tão cheiroso quanto hoje cedo. Seus olhos
estão com aquele habitual brilho, e a expressão relaxada demonstra
que ele está de bom humor. Graças a deus, tudo o que eu não
preciso agora é lidar com um Sr. Coisa Sexy Mal humorado.

–Srta. Cross. – Ele me cumprimenta.

–Boa Tarde Sr. Grey. -Podemos ir?

–Claro, vamos.

Theodore descansa sua mão no meio das minhas costas e guia-


me em direção aos elevadores. As portas se abrem e nós entramos.

–O que achou do escritório? – Ele pergunta.

–Na verdade eu adorei, é tão bom quanto o que tenho no


Crossfire.

–Fico feliz que lhe agradou, se sentir a necessidade de alguma


mudança basta avisar a minha assistente, que ela providenciará
tudo.
–Está bem assim, mas obrigado.

Theodore guia-me pelo Hall com sua mão descansando sobre a


base da minha coluna. Connor está aguardando do lado de fora, ele
abre a porta para mim, assim que entro Grey senta-se ao meu lado,
e fecha a porta.

–Para onde vamos? – Pergunto.

–Um pequeno restaurante aqui perto. Eu gostaria de lhe mostrar


mais do que apenas os restaurantes de Seattle, mas infelizmente
estamos muito ocupados essa semana. Quem sabe na próxima.

–Oh tudo bem, de qualquer forma eu estou voltando para Nova


York no fim da semana, e não sei realmente quando retorno a
Seattle, ou se retorno.

Theodore fica rígido ao meu lado, ele vira-se na minha direção, e


encara-me com aqueles lindos olhos azuis.

–Como assim? O combinado com seu pai era que você passava
essa semana, e então ia para a casa no fim de semana, para
depois retornar de novo.

–Eu sei, mas eu vou convencer meu pai do contrario. Mesmo por
que não há necessidade que eu fique aqui enquanto fazem as
reformas do prédio. Eu sou diretora financeira, não uma engenheira
ou arquiteta.

–Eu posso precisar de você. – Theodore diz com sua voz baixa,
e rouca.

–Precisar de mim? Na cama ou no escritório?

–Nos dois.

Grey aproxima-se de mim, e eu afasto-me rapidamente. O carro


para e o motorista desce.

–Você está maluco? – Atiro para Theodore. – Connor estava


bem aqui!
–Connor é discreto, podemos confiar nele.

O motorista abre a porta, e eu deslizo para fora. Logo depois


Theodore está ao meu lado, acompanhando-me para o interior do
pequeno e aconchegante restaurante. A Hostess parece reconhecê-
lo imediatamente e pede que nós a acompanhemos até uma mesa
reservada. Theodore puxa uma cadeira para que eu possa sentar, e
depois se senta a minha frente. A Hostess entrega o menu para ele,
e quando Grey agradece puxando o menu de suas mãos, ela cora
violentamente e murmura um “com licença Sr. Grey”.

–Bem, eu espero realmente ter você aqui na próxima semana.

–Isso não vai acontecer. – Digo.

–É tão ruim assim estar em Seattle? Ou é ruim estar perto de


mim?

–Eu gosto de Seattle, mas Nova York é o meu lugar, eu tenho


muitas coisas a fazer, e não gosto de estar longe da minha família e
amigos.

–Você não respondeu minha outra pergunta. É ruim estar perto


de mim?

–Theodore você é um enigma para mim, às vezes eu consigo ver


exatamente como você está, como se sente, o que você é. Mas em
alguns momentos você é tão fechado, e eu não consigo
compreender seus sentimentos. É que é estranho estar perto de
alguém que muda tão rapidamente.

–Você é assim também Alexa.

–Não, eu não sou.

–Você é sim. Às vezes eu sei exatamente como você está se


sentindo, mas na maioria das vezes eu tenho que arriscar, por que
você é misteriosa em seus ternos, e eu não consigo compreendê-la.

–Ótimo. Talvez seja por isso que nos damos tão mal, somos
iguais.
Theodore sorri, e se aproxima de mim, seus lábios de contornos
retos se movem deliciosamente em uma voz baixa, que só eu posso
ouvir.

–Talvez por isso sejamos perfeitos um para o outro, somos


iguais.

Eu lanço um sorrisinho malicioso para ele.

–Você quer comer a sobremesa? – Pergunto.

–Sim, você não?

–Eu prefiro ser a sobremesa.

–Eu aposto que você seria o melhor doce.

–Temos tempo para chegar ao Escala?

–Não. Vamos usar o meu escritório.

–Hum sexo no escritório, isso me excita.

–Alexa, essa sua boca...

De repente somos interrompidos por uma mulher jovem, alta,


magra, loira ruiva de cabelos longos e lisos, vestida em um terninho
que se aproxima com um sorriso imenso. Tenho a impressão de já
ter visto-a antes, ela toca o ombro de Theodore, e lhe da um beijo
em sua bochecha.

–Teddy! Ei, Teddy quanto tempo, saudades de mim?

Theodore parece momentaneamente surpreso, ele sorri para a


mulher, e volta seu olhar para mim. Não parece preocupado, ou
incomodado, mas da para ver o quanto ele está nervoso. Wow
agora eu estou muito curiosa, ainda mais por que tenho a
impressão de que já vi essa mulher em algum lugar, esses olhos
verdes parecem familiares.

–E você é? – Lanço um olhar interrogativo para ela. A jovem loira


sorri ainda mais, mostrando dentes brancos perfeitos.
–Ava Grey.

oOo

Capitulo Quatorze: Amigável

oOo

Eu sabia que conhecia aquela mulher de algum lugar. Ela é


bonita, e tem traços marcantes, seria difícil esquece-la. Lembro-me
da primeira vez em que vi a senhorita Grey. Ela era uma jovem
repórter a procura de uma entrevista com o meu pai. Mas Gideon
Cross era ocupado de mais para ter algum momento com uma
simples repórter. Lembro-me também do quanto Ava foi insistente,
e de quanto trabalho Jenna teve para manda-la fora todas às vezes.
Até que todos pensaram que ela havia desistido, mas estavam
enganados.

Tinha sido um dia que sai mais cedo do trabalho, Ava me parou
no meio do caminho que eu estava seguindo para um restaurante, e
ela me implorou por ajuda. Disse que precisava muito entrevistar
meu pai, que seria uma grande chance para ela crescer em seu
trabalho, que ela já estava perdendo as esperanças, mas que eu
seria seu ultimo recurso, sua ultima chance. Eu gostei da garota
desde o primeiro momento, e somente por isso resolvi ajuda-la.
Trocamos nossos números de telefone, e no dia seguinte eu estava
ligando para ela, por que havia conseguido a entrevista que ela
tanto precisava.Naquela mesma tarde ela entrevistou Gideon Cross,
e me agradeceu muito.

Pensei que eu jamais veria aquela repórter outra vez, já que ela
havia conseguido tudo o que queria. Mas eu estava enganada, na
noite seguinte ela me ligou convidando-me para sair, e é claro que
eu aceitei. Nós conversamos, rimos e bebemos. Eu contei um
pouco mais sobre minha vida, assim como ela falou sobre a sua.
Então ela se despediu dizendo que voltaria para Seattle, agora com
uma chance de subir em seu cargo graças à entrevista que
conseguiu.
Foi a ultima vez que eu a vi, até agora. Ava Grey continua a
mesma, se não mais bonita. Jamais pensei em ligar os
sobrenomes, até agora, quando esta na cara. Mas então o que
exatamente Ava é de Theodore, sei que irmã não, pois com a
pesquisa que fiz recentemente sobre a vida de Grey, soube que sua
irmã chama-se Phoebe.

–Oh meu deus, eu conheço você. Alexandra Cross estou certa?


– A loira – Ava – sorriu com olhos arregalados e surpresos. Por um
momento pensei que ela não fosse me reconhecer.

–Sim Ava. Senhorita Cross esta é minha prima Ava Grey. –


Theodore diz, ele levanta-se da mesa educadamente, e eu o faço
também. Percebo que ele me apresentou a ela como Senhorita
Cross, sem nomes, sem intimidades. Claro, o que eu estava
pensando? Eu não sou nada dele mesmo.

–Faz algum tempo Ava. Como você está indo? – Pergunto.

–Estou muito melhor do que da ultima vez em que nos


encontramos. Ah Alexandra se você soubesse o quanto me ajudou.
Hoje eu sou editora chefe de uma revista.

–Oh isso é realmente ótimo, fico feliz por você.

–Obrigada. E você como está? Hoje em dia não sei nada sobre a
família Cross.

–Meu pai continua o mesmo, e eu apenas subi alguns cargos.


Agora sou diretora financeira.

–Que maravilha. Você sabe, eu ainda imagino você no topo,


como líder de todos aqueles negócios.

–Espero que sim.

–Esta claro que vocês se conhecem. – Theodore interrompe. – E


eu gostaria de saber como, e de onde?

–É uma longa história Teddy. – Ava diz. – Mas digamos que


Alexandra me ajudou muito, há algum tempo atrás. Mas e vocês
como se conhecem? Jamais pensei que veria meu primo na
companhia de uma Cross, em um restaurante de Seattle.

–Eu e Gideon estamos trabalhando em um negócio juntos, e a


Senhorita Cross está aqui por algum tempo a serviço de seu pai. –
Theodore explica.

–Sério? Grey e Cross em um negócio juntos. Teddy isso é uma


ótima noticia para a minha revista, posso ser a primeira a divulgar
algo tão grandioso como isso, as pessoas ficariam tão surpresas.
Você precisa me dar alguns detalhes. – Ava diz empolgada. Seus
olhos verdes brilham com a ideia de que pode ser a primeira a ter
uma noticia quente para sua revista.

–Prometo que darei Ava. – Theodore diz. – Mas vamos esperar


até as coisas estarem mais certas, ok? Então eu peço para Natalie
marcar uma entrevista com você.

–Obrigada Teddy, isso será maravilhoso. – Ela sorri


completamente feliz. – Então, vocês já fizeram o pedido? É uma
reunião de negócios, ou será que sou permitida a ficar, depois de
tê-los interrompidos?

–É claro que você pode ficar Ava, será ótimo. – Sorrio e ela
retribui.

Assim que Ava sentou-se na mesa com a gente ela não fechou
mais a boca. A garota tinha tanto assunto que eu poderia ter ficado
um pouco chocada. Uma ou duas coisas que percebi é que ela
adora demais o primo, está sempre tentando chamar atenção dele
para alguma conversa. E outra coisa que eu notei é que em todos
os seus assuntos ela encontrava uma brecha para que eu pudesse
participar, e não ficar de lado. Eu realmente amei essa garota desde
que a vi pela primeira vez. Não sei por que, mas ela é um tanto
parecida comigo em alguns aspectos.

–Então Alexa se você ainda vai ficar por aqui dois dias, eu
poderia leva-la em alguns lugares divertidos. – Ela me lançou um
sorrisinho, e claramente dizia que poderia aprontar.
–A Senhorita Cross já tem compromisso Ava. – Theodore a
cortou.

Eu? Compromisso? De onde ele tirou isso?

–Não tenho não Ava. Eu adoraria sair com você para algum
lugar divertido.

–Ótimo! Pode ser amanhã, umas oito horas eu pego você?

–A Senhorita Cross está aqui a trabalho, e não para diversão


com você Ava. – Theodore diz ríspido. Ela ignora completamente
seu tom reprovador.

–Senhor Grey está tudo bem, eu gostaria de ir, e eu vou. Oito


horas está perfeito Ava.

–Ah que bom, e onde você está hospedada?

–Estou no Escala com o Sr. Grey.

Agora ela realmente olha para Theodore. Não consigo ler sua
expressão, mas a de Theodore eu posso, ele está nervoso, e
incomodado.

–No escala é? – Ava repete com um sorrisinho que me faz ficar


inquieta.

–Sim, eu hospedei a Srta. Cross por um tempo no quarto de


hospedes. – Theodore diz.

–Hum Bom, eu passo às oito horas de amanhã para pegar você


Alexa.

–Vou esperar.

–Nós vamos nos divertir muito. Bem, agora eu acho que eu vou
deixar vocês, tenho que voltar ao trabalho. Ava levantou-se, pegou
sua bolsa.

Ela me abraçou e me beijou, e fez o mesmo para Theodore,


antes sussurrou algo em seu ouvido, que somente ele pode ouvir.
–Acho que eu não preciso pagar a conta, desde que meu primo
tem dinheiro para comprar o restaurante inteiro, não é? – Ela sorriu.

–Por minha conta hoje. – Theodore diz.

–Foi um prazer ver você de novo Alexa, mal posso esperar por
amanha.

–Foi bom ver você também Ava, nos vemos amanhã. Com um
aceno ela vai embora, Theodore paga a conta e nós retornamos ao
carro em silêncio. Quando estamos acomodados nos bancos, eu o
encaro curiosa.

–Então o que sua prima sussurrou, eu posso saber? – Pergunto.

–Não foi nada. – Responde-me. – Eu ainda não acredito que


você aceitou sair com ela.

–Não vejo problema nenhum. Em Nova York nos saímos juntas e


eu lembro-me de me divertir muito.

–Esse é o problema. – Ele diz. – Ava está acostumada à


bagunça, e diversão para ela pode ser qualquer coisa perigosa, ela
não tem limites.

–Bom, eu também não tenho limites, vou me dar muito bem com
ela.

–Apenas deixe-me saber aonde vocês vão.

–Por que você vai me seguir?

–Talvez.

–Theodore!

–Eu apenas vou me certificar de que vocês vão estar bem.

–Aham, claro.

(...)

–Chegamos.
–É chegamos, você vai passar no meu escritório?

–Infelizmente o almoço com Ava passou do meu limite de tempo,


tenho uma reunião agora.

–Nada de sexo no escritório então? – Faço beicinho.

–Nada de sexo no escritório. – Ele repete. – Mas ainda há outros


lugares tão excitantes quanto isso para nos divertimos.

–Oh eu vou esperar você para me mostrar esses lugares.

–Vamos pequena eu tenho que trabalhar, se você ficar aqui por


mais tempo não vou ser capaz de me segurar.

–Até mais tarde Baby. Vou cobrar o sexo.

oOo

Capitulo Quinze: Ávida

oOo

Quando eu sai do trabalho, tive a diversão de andar com meu


próprio carro – alugado – pelas ruas de Seattle. Ofereci-me para
levar Dafne em seu hotel, apenas para dar algumas voltas em
lugares que eu conhecia, e apesar do Gps eu não quis me ariscar
por outros lugares. Quando cheguei ao Escala, Theodore ainda não
havia chegado. Resolvi me preparar para a cobrança do sexo, ah
por que hoje ele não me escapa.

Tomei um banho bem longo de banheira com bastantes sais.


Vesti uma camisola de seda rosa, e pus o robe por cima. Quando
retornei ao quarto ouvi o toque de chamadas do meu celular. Corri
para atendê-lo. É minha mãe.

–Mãe!

–Alexa que saudades, como você está? – Ela pergunta.


–Também estou morrendo de saudades de vocês e Nova York.
Mas estou bem aqui em Seattle.

–Ah filha, você não sabe como fiquei chateada hoje. Eu estou
tão acostumada a almoçar com você todas as quartas – feiras que
eu preparei tudo para sair, e lembrei que você não estava.

–Eu também sinto falta dos nossos almoços no meio da semana.


Mas eu estarei ai logo mãe.

–Eu sei. Você está sendo bem tratada Alexa? Como está sua
relação com o Sr. Grey? – Sua voz tomou certa cautela.

–Eu estou sendo muito bem tratada. E eu o Sr. Grey estamos


nos dando bem.

–Ai Alexa eu fico tão mais calma em ouvir isso. Eu não sei por
que, mas eu tive a impressão de que vocês não tinha se dado bem
aqui em Nova York.

–Mas nós estamos bem. Às vezes ele implica comigo, e me irrita


bastante, mas a gente se acerta.

–Oh que bom. Vamos parar de falar sobre o Sr. Grey, isso está
parecendo às conversas que eu tinha com você sobre seus
namorados. E é claro que você e o Sr. Grey não tem nada. Não é?

–Sim.

–Sim você tem? Sim você não tem Alexa?

–Não, eu não tenho nada com ele. Que bobagem mãe!

–Eu só estava curiosa Alexa. Bem, eu vou desligar. Seu pai e eu


vamos jantar fora.

–Bom jantar para vocês. Eu te amo mãe.

–Eu te amo Alexa, comporte-se.

Droga! Sinto-me tão culpada em mentir para minha mãe. Não


que eu não tenha mentindo outras vezes, mas é que sobre
namorados a gente sempre foi tão aberta à conversa. Mas o que eu
poderia ter dito? Mãe eu fiz sexo com Theodore, pretendo faze-lo
de novo, mas nossa relação é apenas física, fizemos um trato de
não nos apaixonar. Eva Cross ficaria maluca, e subindo pelas
paredes, e nem posso imaginar o que Gideon faria se soubesse. De
qualquer forma quando eu for embora eu não vou ter mais nada
com Grey, vou esquecê-lo e nossas vidas vão voltar a ser como
eram.

Deixei o telefone de lado quando ouvi um barulho vindo do andar


de baixo. Sai do quarto e desci as escadas, a sala estava vazia, fiz
meu caminho em direção à cozinha, e encontrei uma mulher jovem
em roupas de empregada cozinhando.

–Olá. Você deve ser a Senhorita Cross. Eu sou Abby Fontaine.


Prazer em conhecê-la. – Ela me estende a mão, e eu aperto.

De onde essa mulher saiu?

–Alexandra vejo que conheceu minha empregada. – Theodore


aparece na entrada da cozinha - A Srta. Fontaine está cozinhando
para a gente, foi ela que fez nosso jantar ontem à noite.

–Ah... An as ostras estavam muito boas. – Digo.

–Obrigada Senhorita Cross. Se você precisar de qualquer coisa


pode pedir. – A empregada – Abby – sorri.

Eu gosto dela, tem um perfil bem profissional, e fala apenas o


essencial. O que eu não gosto é do fato de ela ser uma mulher,
jovem, e bonita. Ela é bem magra, tem cabelos castanhos, e olhos
castanhos, e a pele morena. Agora me lembro que quando
perguntei se Theodore morava no escala sozinha, ele disse que
não. Connor e a Srta. Fontaine também moram aqui. E agora que
eu conheci a mulher pessoalmente, não estou certa se gosto da
ideia. Mas o que eu tenho haver com isso, afinal? Eu não tenho que
gostar, ou não gostar. Isso pouco me importa. Não é como se eu
tivesse algo com Theodore, não é como se eu estivesse com
ciúmes, não é como se eu fizesse parte da vida dele. Grey não me
deve explicações, e por isso eu não vou nem discuti-las.

–Quer beber alguma coisa Alexandra? – Theodore pergunta-me.


–Vinho, por favor. Enquanto a Srta. Fontaine desliza de um lado
para o outro da cozinha, preparando algo que cheira divinamente
bem. Theodore vai até uma pequena adega, e retira uma garrafa de
vinho, enche duas taças, e entrega-me uma. Deixo Abby
cozinhando, e retorno para a sala, Grey segue-me de perto.

–Eu soube que você alugou um carro. – Ele comenta.

–Eu disse que faria isso, não posso, e não quero depender do
seu motorista.

–Eu sei, eu já percebi.

–Então você não vai discutir comigo sobre isso? – Pergunto.

–Não. Eu não quero discutir com você hoje.

–Oh graças a deus, que milagre.

–Eu estou feliz que você resolveu ficar no Escala.

–Eu também estou feliz em estar no Escala.

Bebo um gole do vinho tinto delicioso, e observo Theodore se


aproximar.

–Bonito Robe. – Ele diz, e seu olhar escurece sobre o nó


enlaçado a minha cintura.

–Eu acho mais bonita à camisola que está por baixo. Você quer
ver? – Pergunto, e não consigo evitar molhar meus lábios
entreabertos e secos.

–Na verdade se você continuar a molhar os lábios desse jeito,


essa camisola pode ter seus dias contados, eu vou rasgar cada
parte dela, até ter você completamente nua. – Grey diz com um
brilho escuro em seus olhos azuis.

–Senhor Grey. – Abby interrompe surgindo na sala. – O jantar


está servido. Se não se importar eu gostaria de me retirar.

–Claro, você pode ir. – Theodore responde.


A empregada sorri para mim mais uma vez, e volta para a
cozinha.

–Onde ela fica? Digo a Senhorita Fontaine, ela dorme onde? –


Pergunto.

–Há um quarto perto da biblioteca.

–Ah certo. Sua empregada é bem bonita Sr. Grey, e jovem. –


Digo.

–A Srta. Fontaine tem sua idade Alexandra.

–Então você gosta de mulheres de vinte e quatro anos? É a sua


preferência? –Pergunto.

–Aonde você quer chegar com isso Alexandra? A Senhorita


Fontaine trabalha para mim, e não há nada além de uma relação
profissional entre nós.

–Claro, eu acredito totalmente que você tem uma mulher


dormindo em um quarto próximo ao seu, e ela é jovem, e bonita,
mas vocês não tem nada. Sim, é claro eu acredito.

–Alexa se eu tivesse algo com a Senhorita Fontaine, Connor


provavelmente arrancaria minhas bolas. Eles estão noivos, e
dormem no mesmo quarto.

–Oh O que? Connor e Abby são noivos?

–Sim eles são. Você não viu o anel em seu dedo?

–Eu não prestei atenção. Eu nunca poderia imaginar.

–Você está tomando conclusões precipitadas. Achar que eu


tenho algo com a empregada? Pelo amor de deus Alexa, eu não me
envolvo com as pessoas com a qual eu trabalho.

–Você se envolveu comigo. – Acuso.

–Você é diferente.

–Diferente como? – Questiono.


–Muito diferente. Ah porra, por que estamos discutindo isso?
Vem cá.

Theodore coloca sua taça sobre uma mesa, e me puxa em sua


direção. Ele passa os dois braços envoltos na minha cintura, e me
prensa contra o seu corpo. Desce a cabeça, e enfia o nariz na curva
do meu pescoço, e inspira profundamente.

–Hum cheirosa, muito cheirosa. – Ele murmura, e morde o lóbulo


da minha orelha.

–Theodore. – Gemo.

Ele retira a taça de vinho da minha mão, e coloca sobre a mesa


ao lado da dele. Suas mãos alcançam o laço do meu robe, e ele o
desfaz. Roçando a ponta dos seus dedos na minha pele, ele retira o
meu robe rosa, e deixa que ele caia aos meus pés.

–Você tinha razão, a camisola é ainda mais bonita. – Ele diz. -


Só que eu prefiro vê-la sem nada.

Sua boca desce sobre a minha, e ele lambe meu lábio superior e
então o inferior, minhas mãos involuntariamente agarram seus
cabelos, e eu o puxo na minha direção, e seguro seu lábio inferior
entre os meus dentes, dou uma leve mordida, e ouço um gemido
gutural subir ao fundo de sua garganta, isso me deixa
completamente excitada. Estamos ofegantes, quando eu me afasto.

–Theodore, e o seu jantar? – Pergunto.

–Eu prefiro comer você.

–Boa escolha. – Murmuro, e ataco seus lábios mais uma vez.

Theodore me beija com força, sugando meus lábios, e


acariciando minha língua com a sua. Suas mãos sobem da minha
cintura, para as alças da minha camisola, ele as desliza pelos meus
ombros, e ela cai em uma pilha sobre o robe aos meus pés. Ele se
afasta mais uma vez, deixando-me completamente louca. Observa-
me de cima a baixo, sinto minha pele queimar sobre seu olhar
abrasador.
–Tire o resto. – Ele ordena.

Rapidamente como se eu tivesse quatro mãos em vez de duas,


eu retiro o sutiã e desço minha calcinha. Graças às muitas
paqueras, as conversas abertas com minha mãe, e todos os papos
incríveis de mulher que eu, Rebecca e Charlotte tivemos, eu sou o
tipo de mulher que não sinto vergonha alguma em ficar totalmente
exposta a um homem. Claro que Theodore por ser um tanto
dominador me deixa um pouco hesitante, mas a força de seu olhar
é tão grande, que posso ver o desejo cintilando no azul dos seus
olhos, e sei que ele aprova minha desinibição tanto quanto eu. Ele
me olha por alguns segundos, enquanto eu estou inquieta e louca
para sentir suas mãos sobre o meu corpo novamente. Ele acaricia
minha bochecha com a costa da mão, e traça meu lábio inferior com
o polegar.

–Tão linda. – Ele sussurra. Com uma mão sobre o meu quadril
ele puxa meu corpo para perto do dele, sua boca desce sobre o
meu seio, ele beija, e depois suga meu mamilo para logo em
seguida morde-lo. Estou entregue a todas as sensações, minha
cabeça cai para trás, e minhas mãos seguram firme sua camisa,
enquanto ele assopra sobre a carne sensível do meu mamilo o que
causa arrepios que eu sinto nos músculos mais profundos do meu
ventre. Ele repete todo o processo com meu outro mamilo, e
enquanto uma de suas mãos aperta meu seio firme, a outra desce
pela lateral do meu corpo, no meu quadril ele faz uma pausa, e leva
a mão entre as minhas pernas.

Oh Sim!

–Humm tão molhada, pronta para mim. – Theodore diz. Sua voz
está com aquela habitual rouquidão deliciosa, que eu tanto amo.
Seus dedos acariciam meu clitóris, e ele rica círculos deixando-me
estremecer em seus braços. Ele enfia o polegar na minha vagina, e
empurra fundo, eu gemo alto.

– Oh, por favor, isso é bom. – Murmuro. Deus eu quero que isso
continue, é uma sensação maravilhosa. Um barulho alto me assusta
e eu pulo para trás. É um toque de um celular, Theodore franze as
sobrancelhas, e olha para a mesa onde descansam as duas
taças...e um celular.
–Atende! – Digo.

–Deixa tocar, vamos continuar.

–Theodore atende a porra do celular, esse barulho todo está me


estressando, resolve isso logo.

–Tudo bem menina gulosa, eu vou resolver isso, e depois eu


volto para cuidar de você.

Theodore pega o Black Berry na mão e atende.

–Grey. – Ele diz. Ele espera alguns segundos, e responde bravo.


– Porra Connor, o que você quer nessa maldita hora?- Ele escuta
mais alguns segundos, e então vira-se para me encarar. Conheço
essa expressão, eu já vi antes, ele está nervoso, muito nervoso. –
Merda, deixe ela subir. – Ele responde e desliza o telefone.

–O que aconteceu? – Pergunto.

–É melhor você vestir sua camisola. – Ele responde.

–Por quê? Theodore quem está subindo? – Insisto.

–Minha irmã.

–Oh o que? Merda, eu preciso ir lá em cima vestir algo decente.

–Não temos tempo, coloque apenas a camisola, para que ela


não nos pegue completamente em flagrante.

–Você está maluco? Se ela me ver aqui na sala, vestindo


camisola, e tomando vinho com você, ela vai pensar que temos
algo, e você não quer isso. Merda, eu também não quero isso.

–Alexa não importa o que você ou eu esteja vestindo. – Ele diz


olhando diretamente nos meus olhos. – Phoebe vai perceber o que
tem entre nós, ela sempre descobre.

oOo
Capitulo Dezesseis: Admirada

oOo

Vesti minha lingerie, camisola, e robe na velocidade da luz. Eu


não sei por que, mas eu estava muito, realmente muito nervosa.
Minha respiração estava acelerada, e eu estava ficando ofegante.
Um pouco pelo momento em que eu e Theodore nos
encontrávamos, prestes a fazer sexo de novo. E um pouco pela
surpresa de saber que eu vou conhecer mais uma Grey. E apesar
de eu já ter conhecido Ava, e ter gostado dela, eu não tenho certeza
sobre Phoebe. É diferente de Ava, que eu já conhecia, mesmo que
brevemente. Já Phoebe será a primeira vez, e eu sinto como se
quisesse que ela gostasse de mim.

Enquanto Theodore ajeita sua camisa que eu estava prestes a


rasgar, me encontro olhando meu reflexo em um espelho, e
tentando ao máximo ajeitar a bagunça do meu cabelo. Consigo
disfarçar um pouco a bagunça, mas meu rosto avermelhado, minha
pele corada desde o meu couro cabeludo até a ponta do meu
dedão, meus lábios inchados, e o borrado do meu batom e meus
olhos brilhando como duas chamas vivas denunciam o momento de
luxúria que eu estava prestes a viver.

Por fim encontro-me inteira novamente e respirando melhor, mas


com a mesma quantidade de nervosismo. E eu sei que Theodore
também está nervoso, por que ele corre suas duas mãos pelos
cabelos, e fica agitado o tempo todo. Então sem nenhum aviso uma
mulher jovem surge na entrada da sala palaciana.

Ao contrario de Theodore ela é baixinha, mas tem um corpo bem


curvilíneo. Seus traços não negam que são irmãos. Os mesmos
olhos azuis brilhantes e cheios de vida, o formato da boca pequena
e reta. Seus cabelos são castanhos escuros um pouco ondulados.
A pele é branca como leite, e parece bem suave. Phoebe está
vestindo uma saia reta até a altura dos joelhos, e uma camisete
branca, parecem roupas de trabalho. Ela abre um sorriso quase tão
incrível e bonito quanto o de seu irmão, e vem para os braços de
Theodore.
–Teddy! – Ela exclama, e se aconchega nos braços fortes do
irmão.

Não posso evitar olhar admirada. Eles são tão lindos juntos.

–Ebe como você está? – Theodore pergunta, e parece realmente


interessado em saber sobre sua irmã. Ele a chama de Ebe, é tão
fofo. Assim como é bonitinho quando Ava e Phoebe o chamam de
Teddy. É como se fossem crianças outra vez.

–Estou bem, mas você saberia melhor se viesse me ver mais


vezes. – Ela o censura com um olhar zangado, mas posso ver que
está apenas brincando.

–Desculpe Ebe, eu ando muito ocupado. – Ele beija o topo de


sua cabeça. A morena afasta-se dele e seu olhar corre diretamente
até mim, ela me avalia de cima a baixo.

Oh merda...

–Posso ver que você está ocupado. – Ela diz, e seus olhos
brilham na minha direção. – Seja educado e me apresente.

–Ebe está é Alexandra Cross, filha de Gideon com quem eu


estou trabalhando.

Oh meu, ele me apresentou pelo o meu nome? O que aconteceu


com Senhorita Cross?

–Alexa esta é minha irmã, Phoebe.

–É um prazer conhece-la Srta. Grey. – Estendo minha mão para


ela, e gentilmente ela firma nosso aperto.

–Por favor, me chame apenas de Phoebe. E se você não se


incomodar vou chama-la de Alexandra. – Ela diz.

–Bom, chame-me de Alexa, por favor.

–Bem Alexa, desculpe incomoda-los. Mas eu tenho que lhe


dizer, meu irmão está sempre tão ocupado para mim. Todas as
vezes que vou vê-lo em seu escritório, ele está em alguma reunião,
então resolvi vir direto ao escala.

–Não é incomodo algum Phoebe, nós estávamos apenas


conversando.

–Sei... É bom tomar vinho para conversar não é?

–Phoebe... – Theodore chamou com uma voz que parecia como


se estivesse advertindo-a.

–Phoebe nós estávamos prestes a jantar, gostaria de se juntar a


nós? – Perguntei tentando aliviar o clima.

–Oh melhor não, eu não quero atrapalhar o jantar de vocês.

–Por favor, fique, seria muito bom ter sua companhia. – Insisti.

–Bem nesse caso, eu fico.

Theodore enche nossas taças de vinho, e entrega uma para


Phoebe. Nós vamos até a bancada e nos sentamos envolta da
mesa elegantemente elaborada. A irmã de Theodore está na minha
frente, e seus olhos correm entre mim e seu irmão, é um pouco
incomodo. Sinto-me muito exposta.

–Eu e meu irmão nos falamos mais por telefone, e ele me disse
que a filha de Gideon viria para Seattle acompanhar os andamentos
dos projetos, mas eu não imaginei que ele fosse hospeda-la no
escala. Meu irmão não hospeda nenhuma mulher em seu canto.
Estou surpresa de encontra-la aqui Alexa.

–Theodore foi muito gentil em me hospedar em sua casa.

–Ah sim... gentil. – Ela olha firmemente para Theodore, mas ele
encara tudo e qualquer coisa menos a irmã. – Teddy eu vim para
lhe fazer um convite, eu não queria dizer por telefone, preferia que
fosse pessoalmente.

–Um convite Ebe? Você sabe que eu estou com muito trabalho,
tenho que dar atenção a muitas coisas ao mesmo tempo.
–Ah sim, eu posso ver que você anda dando atenção a muitas
coisas. – Ela mais uma vez lança um olhar entre mim e ele, e eu
estou afundando em minha cadeira.

–Qual é convite Phoebe? – Theodore pergunta desviando o foco


da conversa.

–Meu aniversário de um ano de casamento Teddy. – Ela diz


sorridente. – Eu e Peter vamos fazer um jantar lá em casa apenas
para os mais chegados sexta-feira da semana que vem. O papai e a
mamãe vão vir de Aspen apenas para passar a noite conosco. Você
tem que estar lá.

–Ebe você sabe que eu nunca deixaria de ir em algo que é tão


importante para você. Prometo cancelar todos os meus
compromissos.

–Ah Teddy! – Ela exclama feliz. – Eu te amo irmãozinho. Ah e


você também está convidada Alexa.

Oi? O que? Quem? Eu ouvi meu nome?

–An...eu?

–Sim você. Theodore pode leva-la, e você pode conhecer o resto


de nossa família, e meu marido. Você vai amar a minha mãe, e
todos ficaram tão surpresos em ver Teddy com alguém.

–Phoebe eu não sei se é uma boa ideia. Eu e seu irmão somos


amigos e colegas de trabalho, e esse é um momento intimo entre
sua família, eu não quero atrapalhar. – Respondo.

–Foi o meu irmão que mandou você dizer para mim que vocês
não tem nada? – Ela pergunta furiosa. – Você está pedindo para ela
mentir na cara dura de sua irmã Theodore? – Phoebe o enfrenta
com um olhar carrancudo. Até mesmo brava ela se parece com ele.

–Phoebe... – Teddy começa, mas eu o interrompo.

–Phoebe seu irmão não me pediu nada, essa é simplesmente a


verdade, somos amigos.
–Humm sei. – Ela murmura. – Então venha no meu jantar, como
amiga de Theodore, e minha convidada.

–Olha eu adoraria, seria uma honra ir ao seu jantar. Mas mesmo


que eu quisesse, estou indo embora no fim da semana, e não
retorno. – Explico.

–Meu convite está feito, e se você mudar de ideia de retornar a


Nova York, é bem vinda na minha casa. – Ela diz.

–Obrigada Phoebe.

–Bem, nesse caso eu acho que já vou indo. Eu realmente espero


vê-la de novo Alexa.

–Eu também Phoebe. Obrigada pelo convite.

–Você vai mesmo deixa-la ir embora no fim da semana Teddy? –


Phoebe encara o irmão com olhos brilhantes e brincalhões. Pobre
Theodore não tem para onde fugir, posso ver o quanto ele se sente
encurralado pela irmã. A pequena Phoebe é tão grande quanto
todos nós.

–Alexandra vai voltar para casa Phoebe, onde é o lugar dela.


Não a nada aqui para mantê-la presa em Seattle. – Ele responde
firme.

–Ah sim, claro. – Ela sorri e beija a minha bochecha, e depois


beija Theodore, e caminha para a porta de saída. A um passo do
elevador ela para, e volta seu olhar para trás onde eu e Grey
estamos. – A propósito tem uma mancha de batom vermelho em
seu pescoço irmãozinho. Opss e vejamos só é quase tão idêntico
quanto o batom borrado em seus lábios Alexa. Boa noite para os
dois.

Phoebe entra no elevador deixando eu e Theodore chocado até


a raiz do fio de cabelo. Eu sou obrigada a correr até o espelho e me
certificar de que há um borrão de batom em meus lábios. Oh que
estupida que eu fui. Theodore quase que imperceptivelmente faz a
mesma coisa, e eu solto meu olhar sobre ele e constato que de fato
há uma marca do meu batom em seu pescoço. Pegos no flagra. Oh
merda. Estupida. Estupida. Estupida.
De uma coisa eu tenho certeza, Theodore estava certo quando
disse que sua irmã descobre tudo. E isso me preocupa um pouco.
O jeito como ela falava com Theodore, o enfrentando e tentando lhe
arrancar a verdade. Que garota hein! Eu mal posso acreditar que
tive esse tipo de conversa com a irmã dele. Céus e eu imaginando
que poderia vir a não gostar dela, e ela não gostar de mim. E a
garota praticamente nos casou em uma conversa de uma hora.

–Sua irmã, ela é... ela é tão. Droga eu não tenho nem palavras
para dizer o quanto impressionada eu estou.

–Eu disse que ela descobre as coisas de qualquer jeito. –


Theodore diz. – Phoebe parece ter um faro para descobrir quando
as pessoas estão mentindo ou falando a verdade. Por isso eu não
tentei esconder nossa relação, eu sabia que ela ia descobrir no
minuto em que nos visse, e seu batom só ajudou para que ela
tivesse certeza.

–Certo, e como as coisas ficam agora? – Pergunto.

–Como estão. Phoebe sabe que temos um caso, mas nós não
vamos passar disso, um caso, então não há nada para resolver.
Você como mesma disse vai embora ao final da semana, e assim
que minha irmã ver que não estou com você ela vai saber que
éramos apenas um caso.

–Claro, somos um caso. Não devemos envolver nossas famílias,


eu não gostaria de magoar sua irmã, e nem sua mãe, ou qualquer
pessoa que você ame. Assim como eu não quero magoar minha
família, o que temos aqui acaba depois de amanhã, quando eu for
embora.

–Você quer mais vinho? – Pergunta-me.

–Não obrigada, eu vou subir.

–Alexandra, tudo bem?

–Estou ótima, só preciso descansar.

–Tem certeza?
–Absoluta, preciso de um tempo.

Sem mais palavras eu subi as escadas, deixando um Theodore


confuso e sozinho no meio da sala palaciana. Eu não sei por que,
mas o jeito como ele refere-se o que temos como um caso me deixa
inquieta, agitada, algo dentro de mim pinica e espeta, e eu não
compreendo muito bem. Eu só sei que conhecer Phoebe, e viver
toda a experiência daquela conversa, e saber que fomos
descobertos me deixou esgotada. Preciso de um tempo para
pensar. Preciso repetir e definitivamente colocar no fundo da minha
cabeça que o melhor é esquecer que conheci a doce, esperta e
decidida irmã de Theodore. E voltar para o que realmente interessa,
não somos nada um para o outro. E eu não posso esquecer disso
um segundo sequer, ou posso terminar arrasada, e quebrada para
sempre.

oOo

Capitulo Dezessete: Imprudente

oOo

A manhã passou-se agitada no meu escritório. Eu liguei pra


várias pessoas, fiz muito cálculos de gastos em materiais e mãos
de obra, inspecionei uma boa papelada, e enviei vários relatórios
para o escritório do meu pai. Dafne estava ajudando-me a organizar
uma pilha de papelada quando o meu telefone começou a tocar em
algum lugar dentro da minha bolsa. Eu o alcancei, e me amaldiçoei
mentalmente ao ver o nome na tela.

–Hey Thomaz! – Saudei em uma voz animadamente falsa.

–Hey Thomaz é isso o que você tem para me dizer? – Ele


esbravejou - Escute só Alexa você faltar na terça-feira tudo bem,
mas você faltar na quinta também?

Eu preciso malditamente de uma boa desculpa, se você não o


fizer eu juro por deus que você estará expulsa das minhas aulas.
Thomaz Campbell é o homem mais grosso, estúpido, e brutamontes
que eu já conheci. Ele também é meu professor de Krav Maga, e eu
o adoro. Sei que ele está bravo por que eu não apareci para os
treinos na terça – feira, mas é que eu havia esquecido de ligar e
avisar que estaria viajando. E então eu também não apareci hoje,
ele deve estar realmente muito bravo. Ele odeia como eu estou
sempre atrasada, mas ele odeia mais ainda a ideia de que eu fique
faltando suas aulas.

–Thomaz eu não tenho uma desculpa, mas eu tenho uma


verdade. Estou em Seattle, reunião de negócios, só retorno no final
de semana. Desculpe-me por não avisa-lo antes, mas na correria
da viajem eu esqueci. – Respondi.

–Droga Alexa, você podia ter me avisado mesmo. Você sabe


que não pode ficar faltando às aulas, ou então não vai adiantar de
nada todo o seu treinamento. – Sua voz se tornou um pouco mais
calma.

–Eu sei Thomaz, eu sei. Desculpe-me realmente, quando eu


estiver de volta não vou perder as aulas, ok?

–Ok eu espero você na próxima aula?

–Eu espero que sim. Desculpe Thomaz, mas eu tenho que


retornar ao trabalho.

–Tudo bem, boa viajem de volta, até breve.

–Até. – Murmurei e desliguei o telefone.

Eu sei que Thomaz ligou não apenas para saber por que eu
estava faltando as suas aulas. Claro que ele odeia quando eu perco
uma aula, mas ele odeia mais ainda o fato de não me ver. Eu
comecei Krav Maga quando tinha dezessete anos por que eu
descobri que minha mãe teve esse tipo de aula quando era jovem.
E eu sempre gostei de fazer coisas como minha mãe fazia então eu
me inscrevi. Eu conheço Thomaz há oito anos, desde que ele
começou a me ensinar. Digamos que eu era uma adolescente
privada de muitas coisas, e Campbell se tornou um passe para fugir
de estar presa o tempo todo, de ser correta o tempo todo. Ele teve
uma quedinha por mim desde o momento em que eu surgi em seu
tatame vestindo um vestido rosa florido, e sandálias de salto alto.
Foi muito difícil no começo, ele me via como algo delicado, e suave
e teve problemas em me tocar. Confesso que em muitas das
minhas aulas eu acabei em sua cama ao invés do tatame, ele foi o
meu primeiro, e eu não me arrependo de nada. A não ser de
quando minha mãe descobriu e achou que ele estava se
aproveitando de mim. Mas eu a fiz entender que eu gostava dele. E
quem não gostaria? Thomaz era todo músculo desde jovem, com o
cabelo loiro ferrugem, e olhos verdes profundos. Nós ficamos três
anos namorando e então acabou. Eu não estava pronta para um
relacionamento mais sério e ele muito menos.E apesar de que
agora somos somente amigos, nós ainda temos uma ligação, algo
que eu nunca vou esquecer.

Agora Thomaz é o tipo de homem só para uma noite, ele não


quer casar, ter filhos ou coisa assim, ele só quer noites de
aventuras. Eu confesso que isso é tentador, mas não é algo para
mim. Eu sou filha de Gideon Cross, eu tenho metade de Nova York
para controlar quando tudo for passado para o meu nome. Eu não
posso ser a namorada de um lutador, e eu não quero ser isso. E
Thomaz compreende o meu lado, por isso que apesar de tudo eu
adoro ele.

–O que mais nós temos que arrumar Dafne? – Perguntei


movendo os pensamentos do passado para longe.

Quando nosso horário de trabalho chegou ao fim, eu mais uma


vez ofereci uma carona para Dafne, e a deixei no hotel. Estou feliz
que eu não cedi ao meu carro, por que eu adoro dirigir, me sinto tão
bem quando o faço.

Cheguei ao escala, e como de costume Theodore ainda não


estava. Fui para o quarto, tomei um banho, e tratei de escolher uma
roupa. Hoje eu vou sair com a prima de Theodore, Ava. Não sei
aonde vamos, ou o que vamos fazer, mas tenho uma vaga ideia.
Depois de provar três vestidos diferentes, eu resolvi que meu dia
estava para shorts. Que bom que Rebecca tratou de coloca-los na
mala, ou eu não teria feito. Vesti um short jeans preto, e uma blusa
frente única com estampa de oncinha, e um decote em V na frente.
Calcei meus saltos, e fui trabalhar na maquiagem da noite, e meu
batom vermelhão.
Estando pronta, eu desci as escadas para esperar Ava. A
empregada – Abby – estava na cozinha fazendo o jantar.
Aproximei-me com a desculpa de pegar um pouco de agua e conferi
sua mão. Não é que ela tinha uma aliança de noivado, Theodore
não mentiu. Ela sorriu assim que me viu, e eu percebi que na
verdade ela era simpática, e eu é que estava sendo mal humorada
e esquisita.

–Boa Noite Srta. Cross. – Ela disse.

–Posso te chamar de Abby e você me chama de Alexa? –


Perguntei.

–Claro. Alexa você precisa de alguma coisa?

–Não obrigada, eu já estou saindo. Você sabe se Theodore já


chegou?

–Sim, ele está lá em cima.

–Hum certo, obrigada.

Virei-me para seguir até a sala quando o elevador fez um ruído.


Ava Grey estava definitivamente de matar. A loira ruiva de olhos
verdes estava vestindo calças de couro preta e um top roxo. A
maquiagem suave, com um brilho leve realçou sua pele.

–Uau você está uma gata. Nós vamos arrasar hoje. – Ela
exclamou e me deu um beijo em ambas as bochechas.

–Você está linda Ava. De matar.

–As duas estão...lindas. – Theodore elogiou surgindo na sala


vestindo uma calça de moletom que pendia em seu quadril estreito
e uma camiseta branca. Seus braços, e bíceps fortes estavam
descobertos, o cabelo um pouco úmido, e ele cheirava divinamente
bem. Talvez eu apenas devesse ficar em casa, e aproveitar as
belezas da noite. Não. Não. Não. Eu não vou passar mais uma
noite com Theodore, ariscando se seu humor vai estar bom ou não.

–Obrigada Teddy. Hey vamos, nós temos muitos lugares parar ir.
– Ava puxou minha mão.
–Ava. – Theodore chamou. – Juízo, não vá colocar você e Alexa
em problemas. -Sem problemas Teddy, vamos. Eu sai do escala
determinada a aproveitar tudo o que a noite trouxesse, por que eu
simplesmente estava furiosa demais com Theodore. Agora o que é
isso? Ele falou com Ava como se eu fosse uma adolescente, uma
criança que não pode se manter longe de problemas. Será que ele
pensa que eu sou mesmo sua responsabilidade? O inferno que eu
sou.

–Nós vamos de táxi, desde que eu quero beber, e você


provavelmente quer também. E Ambas não queremos Connor em
nosso pé. – Ava disse assim que alcançamos a rua. Ela estendeu a
mão e parou um táxi e nós duas entramos em seguida.

–Pra mim parece ótimo. – E parecia mesmo, por que eu estava


indo para beber até pelos olhos.

–Então... Você ainda está namorando? – Ava virou seus curiosos


olhos verdes na minha direção.

–Não. Eu terminei faz algum tempo, quase cheguei a ficar noiva,


mas então eu desisti. -Deuses ele era um tremendo gato, por que
acabou?

–Eu não sei, eu acho que eu não estava pronta para um


relacionamento mais sério.

–Jesus você é como eu, simplesmente não consigo ficar muito


tempo com o mesmo homem. Se bem que se aquele seu namorado
me desse uma segunda olhada, eu cairia em seus braços no
mesmo tempo. Qual era mesmo o nome dele?

–Damian.

–Jesus até o nome é sexy. Damian. Você ainda fala com ele?

–Sim, somos amigos. Às vezes jantamos juntos, eu sei que ele


ainda tem esperanças. E ele também trabalha no Crossfire, ele é
vice-presidente da Walter Field & Leaman.

–Então você está solteira?


–Sim.

–Humm e você e meu primo, vocês tem algo?

–É complicado. – Murmurei.

–Oh certo, eu imaginei. Tudo bem, vamos esquecer isso. E


vamos curtir, dançar e beber muito, por que chegamos.

O Club que Ava me levou era um lugar grande e impressionante.


Pagamos o taxista e descemos. Na entrada havia uma fila imensa
que me fez lembrar do Parmal. De repente eu estava muito
animada para entrar.

–Hey sabe qual é o lado bom de você transar com um cara que é
dono deste lugar? Eu ganho tudo de graça, desde bebidas até a
entrada vip. Não vamos precisar ficar na fila. – Ava disse
descaradamente.

–Desde que o dono deste lugar seja bonito, e bom de cama eu


acho que você está lucrando.

–É isso ai garota, você vai conhecê-lo. Ele é incrível.

Ava passou todas as pessoas na fila puxando-me atrás dela.


Apenas um aceno em direção aos seguranças e nós já estávamos
dentro. Fui atingida pela batida da musica, a massa de corpos, as
luzes coloridas, o calor do lugar. Pela primeira vez eu me sentia
como se estivesse em Nova York, nas casas noturnas que eu e
Rebecca tanto frequentamos.

–Vamos pegar bebidas! – Ava gritou sobre o barulho da musica.

Quando chegamos ao bar, Ava encontrou alguns amigos, três


homens e duas mulheres. Ela apresentou um deles, claramente o
mais bonito como o dono do Club, e imediatamente eu pude sentir a
química rolando entre eles. Um dos outros homens estava com a
namorada que é amiga de Ava e sua colega de trabalho. A outra
mulher também era do trabalho de Ava, e estava sozinha. O outro
homem era um moreno bonito que depois de algumas bebidas me
tirou para dançar, e eu fui.
Seu apelido era Rick e ele parecia encantado comigo. Dançamos
uma e outra musica e bebemos muito. Quando sua mão desceu
duas polegadas mais abaixo na minha cintura eu permiti e então ele
não poupou tempo e desceu seus lábios sobre o meu. O beijo não
era todo ruim o problema foi a minha cabeça que em vez de pensar
no homem magro, e bonito a minha frente, ficava pensando em
como seus braços não eram tão fortes, em quanto suas mãos não
eram firmes, em quanto seus lábios não provocavam os meus, ou
como meu corpo não acendeu uma única chama contra o desejo. E
tudo por que ele não era o maldito Theodore Grey.

Afastei-me imediatamente e Rick sacou que comigo não


conseguiria nada. Ele se afastou para dançar com sua colega de
trabalho e outro cara veio na minha direção. Eu dancei com este, e
depois com outro e em seguida outro que também conseguiu um
beijo. Quando ao todo eu dancei com oito homens diferentes voltei
para o bar, e pedi algumas margaritas. Ava veio balançando na
minha direção ligeiramente tonta sobre os seus saltos.

–Hey você está gostando? – Ela gritou sobre o barulho da


musica. Acenei concordando.

–Estou bem, e você?

–Eu estava pensando se você não gostaria de ir para outro lugar.


Um dos meus amigos tem uma festa na casa dele dois quarteirões
daqui. O que você acha?

–Por mim tudo bem. Vamos.

–Perfeito garota, vou me despedir dos meus amigos.

Ela correu até a pista e falou com cada um de seus amigos,


depois retornou com uma garrafa de vodka na mão.

–Estou pronta vamos. – Ela me levou em direção a saída.

–Você vai levar a garrafa?

–Você não quer beber? – Perguntou-me. Acenei.

–Oh sim, eu quero.


–Então, podemos encher a cara temos dois quarteirões para
andar. A não ser que seus pés não aguentem andar um pouco.

–Ta brincando? Uma caminhada pode ser divertido, vamos.

O ar fresco nos atingiu assim que deixamos o Club. Ava abriu a


tampa da garrafa de vodka e apesar de estar bêbado o suficiente
para errar a boca da garrafa duas vezes ela conseguiu ingerir um
pouco da bebida pura tossindo muito logo em seguida e rindo feito
uma doida passou-me a garrafa. Beber vodka pura nunca foi minha
praia, mas nesse momento eu só queria me divertir, ser imprudente.
Virei à garrafa e fiquei surpresa com o quanto eu ainda podia beber.

–Hey garota vai com calma isso não é suco de caixinha. –Ava
disse. Ela pegou a garrafa da minha mão e nós continuamos a
caminhar pela rua comprida e deserta enquanto reservávamos a
garrafa.

–Então como foi sua noite? Eu vi você dançando com alguns


caras, e Rick ficou muito impressionado com você. – Ava disse.

–Minha noite com homens está sendo uma verdadeira merda.

–Por quê? Eles eram tão bonitos.

–Eles não eram seu primo. Eles não eram tão bons quanto
Theodore Grey, o Sr. Coisa Sexy Arrogante.

Ava deu uma gargalhada que ecoou por toda a rua.

–Sr. Coisa Sexy Arrogante? Deus por que isso parece tão
correto para o meu primo?

–Por que ele é um bastardo arrogante, e malditamente sexy!

–Eu tenho que concordar com você Alexa, ele é. Estou feliz que
te deixei bêbada o suficiente para você se abrir comigo, eu sabia
que tinha algo entre vocês dois.

–Eu não estou bêbada! – Respondi. E maldição tropecei no meio


fio e cai no chão.
–Wow Alexa!

Ava se ajoelhou ao meu lado para me ajudar. Eu tentei ficar de


pé, mas minhas pernas vacilaram e minha cabeça chacoalhou uma
e outra vez, e tudo começou a rodar.

–Alexa! Alexa fala comigo! – Ava gritou em meus ouvidos.

–Eu estou bem. – Murmurei.

–Alexa você precisa se levantar nós estamos no meio do nada, e


são duas horas da manhã se não mais!

–Eu estou bem. – Murmurei.

–Alexa você consegue me entender? Você está me ouvindo?


Você precisa se levantar, por favor. Vamos.

–Minha cabeça, ai droga, Ava você está girando.

–Uh eu não estou girando Alexa, você é que esta podre de


bêbada. Você não vai conseguir andar, eu vou ter que ligar para
Theodore.

–Não...

–Não temos escolha Alexa, você viu seus joelhos? Estão


sangrando, você não consegue sair do lugar, e eu com certeza não
posso ir mais longe que você. Não podemos ficar no escuro
sozinhas.

–Ava...

–Alexa! Alexa o que foi? Não, não dorme. Ei Alexa! Fique


comigo.

Então tudo girou mais uma vez, minhas mãos fraquejaram e eu


deitei no chão esparramada no asfalto. Meu estômago fez um
barulhão, e então eu estava pondo meu café da manhã, almoço e
jantar para fora. Vomitei uma e duas vezes, enquanto eu ouvia Ava
falar ao telefone. Isso não é bom, isso não é nada bom. Eu estou
encrencada. Vomitei de novo e fiquei deitada no chão pelo que me
pareceu uma eternidade. Em algum momento eu ouvi Ava sentar ao
meu lado, e murmurar algumas coisas, mas não fui capaz de
compreender, cai em um sono profundo.

oOo

Capitulo Dezoito: Cobiçada

oOo

Eu me sinto leve, tão leve. Parece que eu estou apenas prestes


a flutuar, a não ser a dor latejante em três pontos do meu corpo.
Minha cabeça. Oh maldição minha cabeça está doendo, e meu
joelho também, eu estou sentindo uma leve fisgada, assim como
meu cotovelo direito, ele está doendo, uma dor mais leve, mas
ainda assim ruim.

De repente eu vejo imagens da noite anterior como um borrão.


Oh não. Eu estava caminhando com Ava, e então eu cai no chão e
vomitei quase que minhas tripas para fora. E então... Oh meu deus,
e então o que? Lembro-me de ver Ava ao telefone, algo sobre ligar
para Theodore, depois tudo ficou escuro e nebuloso, mas tarde eu
ouvi vozes, senti como se meu corpo estivesse quebrando em
milhares de fragmentos, e nada. Não lembro-me de mais nada. Não
sei o que aconteceu comigo. Oh meu deus onde eu estou?

Abri meus olhos, e tentei ajusta-lo ao ambiente. Eu estava em


um quarto? Sim, eu estava. Meu quarto? Não esse não era o meu
quarto. Droga eu nem estou em Nova York como poderia ser meu
quarto? É meu quarto de hospedes no Escala? Oh merda não é
não. Essa cama é diferente, as paredes são diferentes, tudo é
diferente. Caramba de quem é a cama que eu estou deitada? Será
que eu...com um homem...depois de....não! Impossível, eu tenho
certeza.

Só então me dei conta que eu estava deitada embaixo de um


lençol macio branco, e vestia apenas uma camiseta branca de
homem e calcinhas. Onde foi parar meu sutiã, e o resto das minhas
roupas? Sentei ereta na cama em um segundo, e minha cabeça
martelou uma dor profunda que me fez gemer. No meu joelho havia
uma faixa branca contornando um machucado que eu sabia que
estava lá, e o meu cotovelo direito também tinha um curativo.

Eu me movi sobre a cama, e só então senti o peso sobre a


minha barriga. Olhei para o lado. Não pode ser. Theodore? Ele
estava dormindo de bruços, completamente relaxado, e uma de
suas mãos descansava protetoramente envolta da minha barriga,
seu corpo quente todo pressionado na minha lateral. Acho que fiz
algum barulho ou movimento por que seus olhos se abriram. Aquela
imensidão de olhos azuis safira. Tão Lindos.

–Alexa? – Ele me chamou com a voz rouca.

–Humm

–Como você está se sentindo? – Perguntou-me.

Eu meio que estava em choque de saber que estou em algum


lugar, um quarto mais precisamente, com Theodore. Provavelmente
ele foi socorrer a mim e Ava na noite anterior mais isso não explica
todo o resto. Como o fato de eu ter curativos em meus
machucados, ou estar vestindo uma camisa que provavelmente é
dele, ou ele estar dormindo comigo? E que maldição de quarto é
esse?

–Eu estou bem. Apenas com um pouco de dor, mas bem.

–Hum bom. – Ele resmungou.

Theodore jogou as cobertas de lado, e eu fui surpreendida ao


encontra-lo vestindo apenas uma box preta. Ter uma visão do seu
corpo semi nu pela manhã era torturante. Uma chama se acendeu
dentro de mim alertando todos os meus sentidos. Ele caminhou
para uma porta que eu deduzi ser o banheiro e eu aproveitei esse
momento para avaliar toda a sua parte de trás. Ombros largos,
quadril estreito, os músculos relaxados, a pele lisa, e o bumbum...
Ai meu deus! Eu não sei como, mas um gemido escapou da minha
boca, Theodore virou-se e me encarou.

–Tem certeza que está tudo bem? – Perguntou. Eu balancei a


cabeça concordando.
–Uhum, só acho que está meio calor aqui.

–Você precisa de outro banho. – Ele disse assim que entrou no


banheiro. Outro banho? Mas. Oh sim, eu ainda não tinha parado
para pensar, mas eu estava cheirando a algo almiscarado, e suave.
Não a bebida, ou vomito.

–Como exatamente eu estou vestindo essas roupas, e cheirando


como se tivesse tomado algum banho? – Perguntei.

–Eu dei um banho em você. E também vesti você com a minha


camisa. – Theodore voltou do banheiro e se aproximou de mim. Eu
estava chocada.

–Que lugar é esse?

–Um quarto. – Ele murmurou.

–Ah sério? – Zombei. – Eu sei que isso é um quarto, mas que


quarto? Você me trouxe para algum hotel? Eu não me lembro de
muita coisa.

–Este é o meu quarto Alexa. Você está no Escala.

Oh o que? Acho que eu bati a cabeça muito forte ontem à noite e


fui para o céu. Ou então eu entrei em coma alcoólico e estou
sonhando. Ou talvez eu bati a cabeça muito forte e estou sonhando.
Ou entrei em coma alcoólico e fui para o céu. Será que eu acabei
de ouvir mesmo o que eu ouvi? Não é possível. Ele não dorme na
sua cama com outra mulher, ele deixou isso bem claro. No entanto
eu estou aqui, e ele acordou ao meu lado.

–Mas você disse que...Você disse...Você...Eu – Gaguejei as


palavras sem realmente saber o que dizer.

–Você está bem, certo? – Perguntou-me. Concordei. – Nós


vamos conversar sobre outra coisa agora.

–O que? – Murmurei.

–O que diabos têm dentro da sua cabeça Alexa? Você sabe a


porra que você fez ontem a noite, merda! – Theodore gritou furioso,
seus olhos escurecem imediatamente trazendo aquele cinza gélido
para o seu olhar.

–Eu não fiz nada demais! – Gritei de volta.

–A não? Então você me diz que não é nada demais encher a


cara, e sair pelas ruas caminhando com a burra da minha prima às
três horas da madrugada, e com uma merda de uma garrafa de
vodca? Você acha que não é nada demais cair em uma rua
qualquer, e vomitar tudo o que você tinha em seu estômago? Não é
nada de mais que você só fechou os olhos e desmaiou? Não é
nada demais que você tem arranhões em todo seu corpo, e seu
joelho e cotovelo estavam sangrando? Me diz Alexa, isso é a porra
de um nada demais!

–Você não tem o direito de gritar comigo! – Atirei.

–Ah é? Vamos ver o que Gideon Cross vai achar da sua atitude,
vamos ver o quão diferente de mim ele vai agir!

–Meu pai? Não! Você não está indo para contar isso para o meu
pai, eu sou uma mulher adulta Theodore!

–Uma mulher adulta?- Ele repetiu com zombaria. – Você tem o


infernos de um corpo de uma mulher adulta, mas o seu cérebro
Alexa é de uma adolescente burra!

–Não me chame de burra! – Gritei. – Eu só queria me divertir! Eu


sinto muito se eu casei transtorno na sua maldita agenda, eu sinto
muito se eu lhe dei o trabalho de ir até mim. Eu sinto muito se você
teve que me trazer para casa, e me colocar na cama. Eu sinto muito
que você desperdiçou seu precioso tempo comigo!

–Porra Alexa não tem nada haver com a minha maldita agenda,
ou o meu tempo, ou o meu trabalho! – Ele exclamou, andando de
um lado para o outro no quarto eu podia ver que ele estava agitado,
e nervoso também por que ficou o tempo todo passando as duas
mãos pelo cabelo, um hábito. – Eu me preocupo com você. Porra
eu me preocupo muito com você.

–O que? – Tenho certeza que meu queixo caiu no chão.


–O que você ouviu. – Ele disse sua voz ficando mais suave. –
Você não sabe como eu fiquei louco quando Ava me disse que você
estava desmaiada, e havia vomitado, e que vocês estavam em
alguma rua sozinhas. Eu fiquei acordado desde a hora em que você
saiu, e ainda estava esperando você voltar. Mas então eu chamei
Connor e fui atrás de vocês. O estado em que você estava. Alexa
você não tem ideia de como eu me senti, você estava horrível. Eu
trouxe você e Ava para a casa, e um médico esteve visitando-a. Ele
disse que você teve um desmaio por excesso de bebida. E porra ele
disse um monte de coisas que me deixou apavorado, que você
poderia ter se engasgado com o próprio vomito, ou você poderia ter
tido dificuldade para respirar e um monte dessas merdas fora. Ele
disse que seria melhor que você estivesse limpa para fazer os
curativos, e depois eu só coloquei você para dormir, e fiquei um
tempão acordado esperando que você passasse mal durante a
noite, mas você só dormiu, e então eu dormi também.

–Você chamou um médico para mim? E você esteve acordado


me olhando? Você me colocou em sua cama, mas você disse que
não queria nenhuma mulher em sua cama, ou seu quarto.

–Eu tive que colocar Ava no quarto de hospedes. Ela também


não estava nada bem.

–Foi por isso que você me colocou aqui? Por que Ava estava no
quarto de hospedes?

–Não infernos não. Porra Alexa, você ouviu o que eu disse? Eu


me preocupo com você. Eu queria você no meu quarto, na minha
cama, eu queria estar perto de você, cuidar de você e saber que
você estava bem.

–Obrigada. – Murmurei. – Sinto muito. Obrigada por cuidar de


mim, eu sei que o que eu fiz passou do limite.

–Tudo bem, só, por favor, não faça mais isso, ok? Eu disse que
sair com minha prima não era bom para você.

–Não! Ava é ótima. Ela é divertida, eu fui culpada. Eu não


deveria ter bebido tanto.
–Mesmo assim Alexa, ela me contou que resolveu ir para outra
festa de pé. Isso foi a maior estupidez. E foi culpa dela, mas Ava
também já ouviu o que tinha que ouvir.

–Você brigou com ela?

–O inferno que eu fiz. Ela estava chorando, se sentindo culpada.


Mas é a verdade ela foi estúpida.

–Você não deveria brigar com ela. Isso é tudo culpa sua!

–Ah culpa minha agora Alexa? Me diz, o que é culpa minha


nessa história?

–Se você me desse mais atenção ao invés do seu trabalho. Se


você controla-se esse seu humor esquisito. Theodore você não vê o
que você está fazendo comigo? Você me promete coisas e não
cumpre. Hoje mesmo eu pensei que eu estaria para ouvir um
discurso sobre irresponsabilidade, mas você agiu totalmente
diferente me deixando chocada e surpresa, eu jamais esperava
ouvir que você esteve preocupado comigo. Isso é sim culpa sua! Se
você não estive nos meus pensamentos, eu teria deixado aquela
boate acompanhada e teria uma noite de aventuras. Mas eu só via
você em todos os homens que me tiravam para dançar, era como
se você estivesse em todo os lugares. Agora mesmo eu deveria
manter minha boca fechada, mas eu estou dizendo isso por que eu
não aguento mais!

–Alexa. – Theodore chamou. Virei meus olhos para os dele. –


Juro por deus que eu gostaria de lhe dar umas boas palmadas
agora.

Ele estava sorrindo. Oh merda, sim. Ele estava sorrindo. Os


cantos de sua boca repuxados para cima, seus olhos azuis
brilhando, e um sorriso...malicioso?

–Humm palmadas? Isso soa quente.

–Alexa. – Ele rosno. – Pequena você não pode simplesmente me


dizer que queria ter uma noite de aventuras com alguém, e não
teve, por que eu estava em seus pensamentos. Isso sim soa
quente. E você não pode sair ilesa de uma dessas.
–A é? E o que você vai fazer a respeito? – Desafiei.

–Humm eu posso pensar em algumas coisas.

Theodore parou nos pés da cama, seus olhos correndo por cima
do lençol, até ele puxa-lo de cima de mim, seus olhos pararam em
minhas pernas descobertas e subiram pelas minhas coxas, minha
barriga, os meus seios, até a minha boca. Ele agarrou os meus
tornozelos e me puxou delicadamente para baixo, tomando cuidado
olhando para o meu cotovelo machucado. Minha pele já queimava
onde a sua tocava, um fogo acendeu dentro de mim, e minha pele
se arrepiou, um frio cobriu minha barriga, uma sensação deliciosa.
Meus lábios estavam secos, passei a língua sobre eles, o
movimento não escapou do olhar de Theodore que escureceu com
o desejo.

–Humm essa sua boca, eu vou mordê-la muito.

–Pensei que você não gostasse mais dos meus lábios, e nem
quisesse mais o meu corpo. Você estava distante.

–Eu sinto muito se eu fiz parecer que eu não queria mais nada. –
Ele disse. – Mas a verdade é que eu quero você, e quero muito. Eu
não entendo, mas eu sinto algo diferente por você Alexa. Eu...Eu
não quero que você vá embora.

–Não quer?

–Não. – Assentiu. – Eu quero você aqui, eu quero tomar café da


manhã com você, almoçar e jantar com você. Eu quero você no
Escala, e no meu trabalho. Eu só quero que você esteja comigo.

–Eu também quero ficar com você Theodore. Eu só tenho medo


que isso vá acabar. Que aquela parte escura, e mal humorada
volte, e você torne o que a gente tem em um “caso”.

–Desculpe, eu vi o modo como você olhou para mim quando eu


referi você como um caso. Eu estou sendo um idiota completo,
certo? É que isso é novo para mim, o que eu sinto por você é novo
para mim.
–De qualquer forma eu tenho que ir para casa Theodore, eu
tenho saudades da minha família e dos meus amigos, e eu estou
acostumada a Nova York.

–Então volta pra mim semana que vem? Por favor, volte.

–Eu não sei Theodore.

–Alexa... – Theodore parou com os lábios a centímetros do meu,


suas mãos envoltas do meu quadril pressionando-me firme. – Por
favor, não vai.

–Eu...eu vou pensar. Eu prometo.

–Há algo que eu possa fazer que vá convencê-la a ficar?

–Eu não sei Theodore, eu apenas preciso de algum tempo.

–Tudo bem, eu vou lhe dar o seu tempo. Mas eu vou fazer
qualquer coisa para que você fique, e isso inclui os jogos sujos. –
Seu olhar caiu para os meus lábios, traçando com olhos os
contornos da minha boca carnuda.

–Então que os jogos comessem. Mas lembre-se hoje é sexta-


feira, então você tem apenas até meia noite.

–Muita coisa pode acontecer em um dia, pequena. – Ele


sussurrou próximo dos meus lábios. Seu aperto se intensificou no
meu quadril, seu hálito de mente preenchendo o espaço entre nós,
minha respiração subindo consideravelmente. Oh deus, me beije.
Beije-me. Beije-me Theodore! Então ele se afastou, e um gemido
de frustração cortou fora a minha garganta. – O que foi pequena?
Lembre-se nós temos até a meia noite e muita coisa pode
acontecer.

Ah eu sabia que muita coisa poderia acontecer nesse espaço de


tempo. Mas seria possível que Theodore conseguisse fazer com
que eu mude de ideia? Seria mesmo possível que ele me
convencesse a ficar em Seattle ao em vez de ir para casa? Bem, eu
não sei realmente se ele é capaz disso. Mas ele vai precisar ser
muito, muito bom, como nunca foi antes, para que eu sequer pense
na hipótese de ficar com ele. Que os jogos comecem meu bem, seu
único inimigo é você mesmo, e quem decide o vencedor sou eu.

oOo

Capitulo Dezenove: Barrada

oOo

Nunca em nenhum momento eu realmente acreditei que


Theodore seria capaz de me convencer a voltar para casa. Mas
agora, vendo com os meus olhos, e vivenciando esses momentos
ao seu lado, eu só não conseguia acreditar que o mesmo homem
está comigo. Ele estava muito atencioso, gentil, cuidadoso, protetor,
eu poderia citar muitas outras qualidades.

Depois de tomar um banho rápido vesti meu robe de seda rosa,


e voltei para o quarto onde Theodore aguardava-me com curativos,
faixas, pomadas e outras coisas para refazer os meus curativos.
Sentei na borda da cama e ele se ajoelhou aos meus pés e segurou
meu tornozelo, erguendo o robe para cima sobre as minhas coxas.
O simples roçar dos seus dedos na minha pele me fez ficar em
chamas, e obrigou-me a respirar mais devagar. Ele parecia saber
exatamente o que fazer aplicando a pomada com cuidado sobre o
meu machucado, colocando gazes e enfaixando com uma
habilidade que eu poderia dizer que alguma vez ele já foi médico,
mas eu sei que não. Eu li tudo o que consegui sobre ele na internet,
e Theodore nunca esteve em outro ramo que não fosse o de
administrar as empresas do seu pai.

–Você parece saber exatamente o que está fazendo. –


Comentei. – E faz muito bem.

–Eu sei, tenho alguma experiência nos anos em que estive no


exercito.

–Você já esteve no exercito?

–Sim, por quatro anos. Foi onde eu conheci Connor, ele era o
meu parceiro.
–Ah então está explicado.

–Pronto seus curativos estão refeitos. Você precisa descer e


tomar café da manhã, e também algum advil.

–Tudo bem, eu já vou descer.

–Eu vou tomar um banho, e encontro você lá embaixo.

–ok.

Era tentadora a ideia de entrar no banheiro enquanto um


Theodore muito gostoso toma seu banho completamente nu. Mas
ele não me convidou, e não sou eu que tenho que convencê-lo de
alguma coisa, e sim ele. Então eu preferi deixar o seu quarto, e
descer as escadas em direção à cozinha por que eu estava com
fome. Nas escadas eu já pude sentir o cheiro de café novinho e
meu estômago se agitou para a vida.

Abby estava colocando diversas coisas gostosas sobre a


bancada. E Ava estava sentada em uma banqueta bebendo café e
conversando. Seus olhos estavam fundos e o cabelo muito revirado,
ela vestia um robe escuro que me fez pensar onde ela o conseguiu.

–Bom Dia. – Murmurei tentando avisa-las da minha presença.


Duas cabeças viraram-se na minha direção.

–Bom Dia. Como você está se sentindo Alexa? – Abby


perguntou utilizando o meu nome como eu pedi.

–Estou melhor agora, e com muita fome.

–Vou preparar algumas coisas para você, sente-se. – Ela voltou


para o interior da cozinha deixando-me com Ava.

–Alexa desculpe-me pelo o que fiz, eu sinto muito que você


acabou nessa situação. Se eu ao menos não tivesse insistido para
que nós fôssemos embora. É tudo culpa minha, Theodore tinha
razão sair comigo é uma idiotice, eu pus você em perigo. – Ava
disse.
–Ava você não tem culpa de nada. Não deixe Theodore fazer
com que você se sinta culpada, você não é. Eu bebi por que quis.
Eu sai com você por que eu queria. Só vamos esquecer essa
história, tudo bem? Você não tem culpa.

–Tudo bem, obrigada Alexa. Mas você tinha que ver como o meu
primo ficou, ele estava maluco ao telefone, e quando encontrou
você ele me manteve afastada o tempo todo, nem deixou Connor
ajuda-lo a colocar você no carro. De jeito nenhum ele quis fazer
tudo sozinho. Eu disse que poderia lhe dar um banho e Abby
também se ofereceu para ajudar, mas ele não permitiu. Disse que
ele mesmo faria, e como você havia comentado algumas coisas
comigo na noite, eu achei que vocês já tivessem intimidades o
bastante para deixa-lo fazer. Mas ameacei socar a cara dele se
desse um de engraçadinho, ele me expulsou do quarto, e não me
deixou mais entrar, apenas um médico, e depois disso mais
ninguém.

–Uau nem parece que estamos falando de quem estamos. –


Murmurei.

–Isso é verdade, se eu não visse com meus próprios olhos eu


diria que é mentira. Theodore não se preocupa com mulher alguma
que não seja de sua família. Ele não hospeda ninguém no Escala,
muito menos em seu próprio quarto. Ah Alexa, Theodore não da
banhos, ou faz curativos ou mantem um olho preocupado em
qualquer uma. Eu não sei o que você está fazendo para ele, mas
com certeza é algo grande. Suas outras namoradas não tiveram o
mesmo tratamento.

–Outras namoradas? Quantas ele teve?

–Ah você sabe quando eu digo namorada, refiro-me as mulheres


que ele passou alguns dias, algumas semanas talvez, nada a mais.
Só teve uma que ficou por um período muito maior de tempo. Mas
ela...Theodore! Bom Dia!

Virei-me e lá estava Theodore de banho tomado e roupas


comuns. Calças jeans, camiseta e tênis. Estava lindo, parecia um
modelo de propaganda. Ele se sentou ao meu lado.
–Bom Dia Ava. – Ele murmurou.

–Você ainda está bravo comigo?- Ava perguntou.

–Não ele não está bravo com você Ava, não é Theodore? –
Virei-me em sua direção e lhe lancei um olhar gélido para ele ter
muito cuidado com o que falar.

–Não estou bravo. – Ele respondeu calmamente. Ava abriu um


sorriso imenso ao meu lado. – Você já tomou seu café? – Theodore
perguntou-me. Balancei a cabeça negativamente. – Você precisa
comer.

–Eu sei eu vou comer alguma coisa rapidamente, tenho que voar
para o trabalho. Tenho tantas coisas para fazer, já que é meu ultimo
dia em Seattle.

–Ultimo dia? – Ava repetiu. – Ah mais você vai voltar, não é?

–Você não precisa ir trabalhar hoje Alexa, você deve ficar em


casa e descansar. – Theodore disse.

–Eu não sei Ava, não tenho certeza se vou voltar. – Respondi, e
virei-me para Theodore. – E eu não vou ficar em casa
descansando, eu vou trabalhar.

–Você ainda não está boa para sair dirigindo por ai, e ficar dentro
do escritório o dia todo. – Ele disse.

–Eu estou perfeitamente bem. Eu me sinto óti...Ui! Ah

–Alexa? – Ava chamou. – Tudo bem?

–Uhum, bem. Humm sim bem. Muito bem.

Lancei um olhar mortal para Theodore, mas ele não estava


olhando para mim, e sim para a comida em seu prato. Sua mão
roçando minha coxa nua para cima e para baixo, provocando-me
arrepios, e arrancando gemidos dos meus lábios.

–Tem certeza que está tudo bem? Você não quer tomar algum
remédio? – Ava ofereceu.
–Não eu estou perfeitamente bem. Humm Aah eu acho, ui, está
um pouco calor aqui.

Bati nas costas da mão de Theodore que estava me torturando


por baixo da mesa. Suas mãos quente e firme descansando entre
as minhas coxas, muito próximo da minha entrada úmida. Ava
estava me olhando de um jeito engraçado, eu estava tentando
evitar demonstrar alguma coisa, mas minha pele estava quente, e
meu corpo corado. Tentei fechar as coxas e tirar a mão de
Theodore de cima de mim, mas não deu certo. Ele era muito mais
forte. Olhei para ele de novo, sobre a mesa um sorriso pequeno,
disfarçado, e malicioso brilhava em seus lábios. Ele adora me
torturar, só pode.

–Bem, eu já tomei café. Tenho que ir para casa me arrumar para


o trabalho. Alexa eu vou torcer para que você volte, eu quero muito
te ver outras vezes. – Ava disse, e só então Theodore afastou sua
mão. Levantei-me e abracei a prima de Grey.

–Eu também espero ver você mais Ava. Apesar de tudo, eu


adorei sair com você. -

Ah eu também amei sair com você. Alexa você é uma ótima


parceira para noites de diversão.

–Obrigada. Até outra hora Ava.

Ava levantou-se e se despediu do irmão, e depois subiu as


escadas para o quarto, provavelmente para trocar o robe por suas
roupas. Terminei de tomar meu café, e esperei até que Theodore
resolvesse falar sobre o modo como me abordou debaixo da mesa.
Mas eu deveria saber que pelo seu comportamento ele não tocaria
no assunto de novo. Ava passou por nós logo depois e com um
aceno foi embora.

Levantei-me da mesa e sai caminhando para fora da cozinha.


Mas parei quando senti um puxão no laço do meu robe. Theodore
estava segurando uma ponta do laço do meu robe envolta do punho
fechado. Seu olhar encontrou o meu quente, devastador. Ele
levantou o indicador e fez um gesto para eu me aproximar.
Eu sabia que mais um puxão e meu robe estaria aberto, e minha
lingerie ficaria a mostra. Claro que não era um problema desde que
eu já tinha ficado nua para Theodore, duas vezes se contar o banho
que ele me deu. Mas há uma grande diferença no fato de que eu
estava desacordada na noite passada, e agora eu estou lucida, e
minha calcinha encharcada. Dei dois passos e parei na sua frente.

–O que Theodore? Vamos eu vou estar atrasada, solta o laço. –


Murmurei com a garganta seca.

–Você não vai trabalhar hoje.

–Claro que eu vou. Eu estou perfeitamente bem. -Eu posso ver


que você está bem. Mas eu não vou conseguir o que eu quero se
você estiver em um escritório e eu em uma reunião.

–Tudo bem, e o que você quer que eu faça? – Perguntei


impaciente.

–Vista uma roupa, nós vamos sair.

–O que? Pra onde?

–Só vista uma roupa, e não se preocupe com o resto.

–Você vai perder uma reunião para sair comigo? Por que você
quer me convencer a ficar em Seattle, ao invés de voltar para Nova
York? E você acredita que vai conseguir isso, se me levar nesse
certo lugar?

–As resposta são Sim. Sim. Sim, e não é apenas um lugar. Nós
vamos dar algumas voltas por ai.

–Vamos dizer que eu concorde em ir com você. Que roupa devo


usar?

–Você vai comigo. Não é um convite, você tem que vir. E vista
qualquer coisa.

–Tudo bem seu arrogante, eu só vou por que estou curiosa. E já


que eu posso vestir qualquer coisa, eu acho que ficarei bem em
mini saia e top. Já volto.
Virei-me para as escadas, e Theodore deu um puxão no meu
laço me fazendo virar em sua direção mais uma vez. Meus olhos
estavam soltando faíscas quando o encarei.

–Tudo menos mini saia e top. – Ele disse, e então soltou o laço
do meu robe.

Corri para as escadas e me lancei para o quarto de hospedes.


Não faço ideia de onde Theodore pretende me levar, mas não
acredito que isso possa me convencer a ficar. Nem que ele me
levasse para o outro lado do mundo ele não conseguiria isso. Agora
o que me resta é vestir uma roupa, e apenas acompanha-lo, e ver o
quanto Grey pode me surpreender. Isso se ele for capaz de me
surpreender.

oOo

Capitulo Vinte: Flagrada

oOo

Prontíssima para sair com Grey, eu desço as escadas, e o


encontro esperando por mim. Céus ele parece um garotão, um
adolescente perigoso. Está usando calça jeans escura, e uma
camiseta escura também, e um óculo de sol está preso no V de sua
camisa. Parece tão jovem que é quase impossível saber que esse
homem carrega um império sobre seus ombros.

–Onde está o resto do pano de sua blusa? – Ele pergunta assim


que me aproximo.

Eu sorrio pela minha coragem ao desafia-lo. Seus olhos azuis


estão quentes, febris sobre mim, eu sei que ele me deseja, eu sinto
isso. Olho para baixo estou em calças jeans também, e uma blusa
cropped de estampa, e sapatilhas confortáveis já que eu não sei
para onde vamos.

–É cropped está na moda. – Resmungo.

–Ok eu definitivamente não gosto de quem inventou o cropped.


–Por quê? Eu não estou bonita?

–Você está fodivel, e esse é o problema. Como eu vou me


concentrar até a noite, se você está deixando as partes de seu
corpo à mostra?

–Talvez você não deva se concentrar então.

–Alexa. – Ele rosna meu nome com a voz grossa, céus eu amo
quando ele faz isso. – Vamos embora, antes que o meu plano vá
por agua abaixo e eu arranque a sua calcinha aqui.

–E quem disse que eu estou usando calcinha? – Provoco.

Ele me da um tapa forte na bunda, e eu estou rindo da forma


como ele me olha, como se quisesse me comer aqui e agora.
Theodore captura as chaves de um carro sobre a mesinha, e me
conduz para o elevador com sua mão na base da minha coluna.
Nós descemos até uma garagem e estou surpresa que estamos
caminhando até alguns carros.

–Você vai dirigir? – Pergunto.

Ele concorda e aperta seu controle que dispara o alarme de um


carro à distância. Não. Não é apenas um carro, é uma maquina.
Minha boca esta caída aberta, não acredito que vou andar nessa
beleza. Eu não faço ideia de que carro é, mas sei que é meu sonho
estar nele.

–É lindo. Que carro é esse? – Pergunto encantada.

–Lamborghini aventador. Gostou?

–Muito é demais. Me deixa dirigir? – Peço fazendo beicinho.

–Não. – Ele responde curto e grosso e eu faço uma carranca. –


Ok mais tarde.

O Lamborghini aventador com certeza é o tipo de carro que eu


pediria de presente de natal ao meu pai. A maquina é preta, escura
e reluzente. Sem duvidas um carro imponente, e que chama muita,
mais muita atenção. Eu já estou adorando o passeio, e nem estou
dentro do carro. Theodore da à volta e abre a porta para mim, que
se ergue para cima ao contrario do me carro. Sinto-me como
Valentina no filme Carga explosiva três. Só que este carro é mil
vezes melhor, e confesso que nem Jason Sthatam é páreo para o
meu Theodore. Meu? Oh sim, meu. Ele não pode ouvir meus
pensamentos de qualquer forma, então aqui ele é meu.

Entro no carro e me acomodo no banco de couro, Theodore


desliza ao meu lado e um segundo depois nós estamos saindo da
garagem e caindo nas ruas de Seattle. Os olhares das pessoas
caem diretamente o carro, não há uma pessoa que não pare por um
momento para apreciar, eu não os culpo ele é todo perfeito. E é
incrível como o motorista e o carro são parecidos, ambos
imponentes, lindos, e que arrancam um segundo e terceiro olhar
das pessoas. Theodore coloca os óculos de sol, e põe uma musica
para tocar.

–Então você não vai me dizer mesmo aonde nós vamos? –


Pergunto.

–Não. Paciência pequena.

Meu telefone celular começa a tocar, eu abro a bolsa e vasculho


meus pertences, e pego o aparelho nas mãos. É Rebecca, atendo
quando soa o terceiro toque.

–Hey Becca!

–Alexa! Hey estou morrendo de saudades, não vejo a hora de


você estar de volta, estou sofrendo sem você, e louca para ouvir as
novidades. Onde você está? Estou atrapalhando seu trabalho? Tirei
um tempo para o meu almoço e resolvi ligar. Você pode falar
agora?

–Sim, Sim eu estou indo para algum lugar que eu não sei onde
é. E não estou dirigindo, então podemos falar.

–Como assim um lugar que você não sabe onde é? Alexa, o que
você está aprontando?

–Hey calma eu não estou aprontando nada. Theodore vai me


levar para algum lugar, ele quer me convencer a não voltar para
Nova York. – Quando eu digo isso lanço um olhar para ele, e
Theodore sorri minimamente.

–Oh o que? Sério? Mas e o lance do contrato de não se


apaixonar? Eu sabia, alguma coisa me dizia que essa porra não ia
dar certo. Então você não vai voltar? Mas eu quero você! Só por
que ele entrou em sua vida, não pode rapta-la para sempre. Ele
está ai? Diga que eu não posso dividi-la. Você ainda é minha
também não é Alexa?

–Rebecca ciumenta, não se preocupe, eu ainda sou sua


parceira. E o lance do contrato esta de pé, é só um passeio. E eu
não acredito que ele seja capaz de me convencer. – Eu olho para
Theodore de novo, mas ele não está sorrindo, está concentrado no
transito.

–Eu quero ver você Alexa, preciso saber tudo o que você fez ai,
tenho tantas coisas para contar também. Eu torço por você e Grey,
mas não quero perde-la também.

–Ah Becca para com isso, eu não quero chorar. Eu vou estar de
volta eu prometo, em breve.

–Desculpe amiga, eu estou no meu período de tpm e meus


hormônios estão uma loucura. Hey eu tenho que desligar visualizei
um gato de olhos verdes e músculos salientes olhando para mim.
Até breve.

–Até breve Becca, comporte-se também. – Ouço sua gargalhada


do outro lado, e ela faz o barulho de um beijo estalado e desliga.

Ponho o celular na bolsa, com um sorriso largo, estou contente


de ouvir a voz de Rebecca. Eu sinto tanto a sua falta, não acredito
que passei uma semana longe dela, nunca cheguei a esse ponto.
Mentira, já passei disso sim, geralmente no natal cada uma passa
com sua família. Então ficamos um tempo sem nos ver. Se bem que
nos últimos natais a família da Becca acabou passando com a
gente. De qualquer forma é terrível ficar longe dela.
–Acho que eu nem preciso perguntar se sua amiga sabe do que
aconteceu entre nós. Está claro que você contou. – Theodore diz
com olhar na estrada.

–Uhum Becca é meu porto seguro, eu confio muito nela, e tenho


que lhe contar às coisas que acontecem comigo.

–Ela sabe do nosso acordo então?

–Sim ela sabe, eu contei.

–O que ela achou?

–Disse que foi uma loucura eu concordar, que isso não tem
cabimento.

–Ah sim, eu imaginei que ela pensaria dessa forma.

Theodore faz uma curva fechada, e nós entramos em uma rua,


em um bairro luxuoso. Há várias casas imensas por trás de portões
e cercas vivas maravilhosas. De repente nós paramos diante de
dois portões brancos de metal ornamentados no meio de um muro
de pedra de uns dois metros.

–Que lugar é esse? – Pergunto.

Theodore ignora-me e abaixa o vidro, digita alguns números em


um painel, então os portões se abrem. Nós seguimos por uma pista
larga para dois carros. Ao meu lado direito eu posso ver um bosque
muito denso, várias flores silvestres, arvores altas. Do outro lado há
um vasto gramado verde brilhante. É lindo. Paramos em frente de
uma impressionante casa em estilo mediterrâneo feita de arenito
cor de rosa. É maravilhosa. Que lugar é esse? Por que estamos
aqui? Como se lendo meus pensamentos Theodore resolve falar.

–Bem vinda à casa dos meus pais. – Ele diz encarando-me.

Oh o que? Eu estou na casa dele? Quer dizer dos pais dele? Oh


merda Christian Grey e Anastásia Grey, os pais! Como Theodore
faz uma coisa dessas comigo? Maldita hora que eu resolvi usar
cropped. Oh não. Eu não posso entrar ali, o que eu vou dizer? O
que eu vou fazer? Por que ele quer que eu conheça seus pais? Nós
não temos nada. Deveríamos deixar as coisas como estavam sem
envolver mais familiares. Mas pera ai... Lembro-me dele e Phoebe
mencionarem que seus pais estavam em férias em Aspen. Oh
graças a deus. Mas então por que diabos Theodore me trouxe
aqui?

–Vamos pequena, você está com cara de quem vai vomitar. É só


uma casa, e se você está se perguntando isso, meus pais ainda
estão de férias. – Ele diz, e eu instantaneamente me acalmo.

–Por que você não me disse que ia me trazer para cá?

–Por que eu queria que fosse surpresa. Vem, nós vamos


almoçar aqui.

Theodore desliza para fora, e abre a porta para mim. Eu desço e


espero-o para me acompanhar para dentro. Apesar de tudo estou
feliz que ele me trouxe na casa onde cresceu, é um lugar lindo, ele
deve ter tido uma boa infância aqui, ainda mais com uma irmã para
se divertir junto. Eu gostaria de correr por esse gramado descalço,
sentir a grama entre os meus dedos. Sentir o calor do sol sobre a
minha pele, ou deitar para ver as estrelas brilhando a noite.

–Desde que a única coisa que eu sei fazer é café, e você tem
uma empregada supostamente por que não cozinha, então eu
imagino que você vai pedir algo para a gente comer.

–Você está enganada pequena, eu sei fazer massa. Não é


grande coisa, mas é melhor do que a macarronada pastosa da Ebe.
E meus pais têm empregados, e fiéis amigos da família. Você vai
conhecê-los, venha.

Theodore me conduz para dentro, sem aviso abre a porta, e nós


entramos em um grande salão de entrada, bem iluminado, grande e
lindo. Uma mulher de meia idade surge no salão usando um vestido
azul de mangas, e o cabelo preso em um coque. Eu sei que não é a
mãe de Theodore por que eu a reconheceria pelas fotos que vi no
Google, então deve ser a tal empregada e amiga da família.

–Bom Dia Teddy. – Ela sorri genuinamente.


–Bom Dia Sra. Jones. Esta é Alexandra Cross de quem eu lhe
falei.

–Olá Srta. Cross, eu sou Gail Jones. É um prazer conhecê-la. –


A mulher – Gail – estende a sua mão e eu aperto.

–O prazer é meu Sra. Jones.

–Ela é adorável Teddy seus pais vão gostar de conhecê-la. Vou


servir o almoço em breve. – A mulher avisa.

–Obrigada Sra. Jones. Taylor está?

–Ah não, ele saiu faz algum tempo Teddy.

–Ok.

A mulher sorri para mim, e depois volta para o lugar de onde


saiu. Theodore pega a minha mão e me leva para as escadas. Nós
andamos por um largo corredor até ele abrir uma porta e nós
entrarmos em um quarto. O quarto dele, eu tenho certeza. Três
paredes são azuis, e uma é coberta de janelas de cima a baixo com
uma linda vista para o gramado e uma piscina. Há uma tevê grande,
e prateleiras de vidro embutidas na parede, várias miniaturas estão
expostas. Carros, Trens, Caminhões, e até planadores. São
brinquedos maravilhosos e em perfeita condições, aproximo-me, e
um pouco hesitante toco com as mãos. Até um vislumbre branco
chamar minha atenção, e eu encontrar uma miniatura
particularmente conhecia.

–Oh meu deus, é o ...

–Charlie Tango. – Teddy completa. – É sim, foi presente do meu


pai quando eu fiz dois anos. Não sei como minha mãe foi capaz de
mantê-lo inteiro todo esse tempo.

–Uau é incrível. Então seu pai também pilotava?

–Sim. A miniatura de planador é uma cópia do que ele tem. Bem,


agora apenas eu o uso, e já faz muito tempo.
–Hum legal. Você tem um helicóptero, um planador, um
Lamborghini aventador, o escala, e a empresa do seu pai. Diga-me
o que você não tem?

–Você. Eu não tenho você. – Ele diz encarando-me com aquele


olhar escuro, selvagem. Com dois passos ele fecha a distância
entre nós, e corre seu polegar sobre o meu lábio inferior.

–Me tome, possua-me e quem sabe você me terá. – Murmuro


com a garganta seca.

Theodore bruscamente agarra minhas coxas e levanta-me sobre


os meus pés, agarro sua nuca, e prendo minhas pernas no seu
quadril. Ele empurra-me contra a parede e enfia a cabeça na curva
do meu pescoço, inspira profundamente e morde o lóbulo da minha
orelha, eu gemo e me agarro mais firmemente nele, aperto minhas
coxas ao seu redor, e puxo seu cabelo entre os meus dedos.

–Você está molhando os lábios. – Ele sussurra, e esmaga sua


boca sobre a minha. Ele me beija ferozmente, possuindo meus
lábios, e empurrando sua língua no fundo da minha garganta. Seu
beijo é brusco, como se estivesse faminto por mim, e eu sei que ele
está. Eu também estou. Ele me mantém presa entre a parede,
segurando-me com seu corpo prensado contra o meu, e sua mão
firmando minha coxa, com a outra mão livre ele aperta minha
cintura, e roça os dedos pela minha pele nua por baixo da blusa
cropped, subindo e empurrando a taça do meu sutiã para baixo
para tocar a ponta do meu mamilo. Eu gemo, e mordo os lábios
quando ele brinca e circula meu mamilo com os dedos.

–Ah isso é bom, continue. – Gemo.

–Eu quero você Alexa. Diga que você me quer. – Ele pede.

–Eu quero você Theodore, eu preciso de você, por favor. –


Imploro.

–Diga que vai ficar.

–Eu não posso, Theodore eu não posso, eu tenho que voltar


para casa.
–Por favor, Alexa, eu preciso de você, mais do que imaginei,
mais do que eu sou capaz de pensar. Diga que vai ficar.

–Eu não sei Theodore.

–Eu vou fazer você ficar, eu vou.

Ele me beija novamente mordiscando meus lábios, mordendo-


me, beliscando meus mamilos sensíveis e endurecidos. Estou
gemendo, e inspirando seu perfume inebriante, provando dos seus
lábios, e vivendo nesse momento de doce desejo. Quero ser
tocada, quero ser possuída por ele de todas as formas possíveis.

–Teddy. – Uma voz suave e alarmada ecoa pelo quarto.


Theodore afasta-se rapidamente de mim, colocando-me no chão.
Com olhos arregalados, e a respiração ofegante nós dois
encaramos uma mulher baixinha, morena, e de olhos azuis
inconfundíveis. Oh merda.

–Mãe? – Theodore sussurra. Então ele parece tomar consciência


da situação e afasta-se mais. – Mãe você está aqui?

–Teddy finja que eu não entrei ainda, ok? Eu não acabei de ver o
que eu vi, e não os interrompi. Na verdade eu estou na cozinha com
a Sra. Jones, e seu pai também, por que acabamos de chegar de
viagem, e nós queremos almoçar com o nosso filho e sua
convidada que eu acho que é mais do que especial, certo? Estou
esperando-os lá embaixo, com licença, e desculpe-me a
interrupção. Lembrem-se eu nem vi vocês ainda.

A mãe de Theodore fecha a porta e some das minhas vistas.


Estou chocada, constrangida, envergonhada. Oh meu deus o que
eu fiz? Ela nos pegou em flagrante completo. Por que maldição eles
tinham que chegar de viagem logo agora. Eu quero morrer, não vou
sobreviver a esse almoço mesmo. Eu não sei quem se sentiu pior,
eu sem reação nenhuma, Theodore imobilizado, ou a Sra. Grey
com as bochechas coradas, e tentando algum jeito de se desculpar.

–Oh meu deus. – Murmuro incrédula.

–Vamos. – Theodore diz.


–Onde?

–Almoçar com meus pais.

–Oh o que? Não! Eu não posso depois disso! Ai não, eu não vou
fazer isso, eu não consigo.

–Vamos pequena, você ouviu a minha mãe, ela espera minha


convidada especial lá embaixo, e ela não viu nada. Por que se
preocupar?

–Você deve estar maluco, ela viu tudo!

–Você está muito preocupada pequena. Vamos, está na hora de


você conhecer definitivamente o Sr. e a Sra. Grey, os meus pais.

oOo

Capitulo Vinte e Um: Adorada

oOo

Eu não tinha escapatória. Pensei em me jogar da janela, mas


definitivamente eu ainda não queria morrer. Eu até pensei em sair
correndo pelo salão, e roubar o carro de Theodore, antes mesmo de
recuperar o próximo fôlego, mas então eu ficaria presa no portão, e
seria muito vergonhoso. Mas acho que nada, nada vai ser tão
embaraçoso quanto me sentar-se à mesa com os pais de Theodore,
principalmente sua mãe, que nos pegou quase nas preliminares.

–Vamos Alexa, meus pais vão gostar de você. – Theodore diz


novamente. Ele puxa a minha mão e me leva para fora do quarto.

–Ah merda, que situação. – Gemo.

–Você está tremendo. Hey onde está à pequena Alexa forte que
vive me provocando?

–Ela está enrolada em uma bola em seu cérebro se


amaldiçoando internamente por ser tão estúpida. Theodore sorri.
Ele está tão tranquilo e calmo que nem parece que fomos pegos
dando um amasso em seu quarto de infância por sua mãe que
acaba de chegar de viagem. De alguma forma ele me passa um
pouco de segurança enquanto eu o sigo para o lado de fora da casa
onde uma mesa está posta embaixo de uma sombra ao ar livre. Gail
está arrumando pratos e talheres. A Sra. Grey está sentada ao lado
do Sr. Grey ambos conversando e rindo.

–Pai, mãe. – Theodore os cumprimenta. Sua mãe é pequena, e


muito sorridente. Eu gosto dela imediatamente. Só espero que ela
me perdoe pelo o que acabou de ver.

–Teddy sentimos sua falta, e de Phoebe também. – A Sra. Grey


se afasta, e Theodore abraça o pai rapidamente.

–E quem é essa moça Theodore? – O Sr. Grey pergunta com um


sorrido discreto. – Sua namorada?

Eu quase engasgo com minha própria saliva. O que foi que ele
disse? Ai meu deus será que a mãe de Theodore contou o que viu?
Será que eles pensam que sou sua namorada. Oh não!

–Pai essa é Alexandra Cross, filha de Gideon. Uma amiga que


está hospedada no escala. – Theodore diz, ele parece ter ficado um
pouco incomodado com a pergunta do seu pai.

–Filha de Gideon e Eva. – Christian repete – É um prazer


conhece-la Senhorita Cross. Seja bem vinda a nossa casa.

Ele estende a mão para mim, e eu aperto confiante, encarando


um olhar cinzento que Theodore herdou, mas só demonstra em
momentos que está me desejando muito, ou me odiando muito.

–Obrigada Sr. Grey. Por favor, me chame de Alexa. – Peço e ele


assente.

–Mãe essa é Alexa de quem eu lhe falei. Alexa está é minha


mãe Anastásia Grey. – Theodore diz. E enfim tomo coragem
suficiente para olhar para mulher cujos olhos azuis seus filhos
herdaram.
–Me chame apenas de Ana. Estou feliz em conhecê-la Alexa,
Teddy falou muito de você para mim e Christian.

Ele falou? Humm eu daria muitas coisas para saber o que ele
andou falando de mim para os seus pais.

–Estou feliz em conhecer você também Ana. – Respondo


sinceramente.

–Eu não sabia que vocês voltavam hoje de viagem. – Theodore


comenta.

–Resolvemos vir de ultima hora. Phoebe precisa de mim para


organizar seu jantar semana que vem. Eu não podia deixar minha
filha neste momento. E estávamos com saudades de Ambos. – Ana
responde.

–Como está Aspen? Divertiram-se? – Theodore continua


conversando tranquilamente com os pais.

–A viagem foi ótima, o que eu e sua mãe precisávamos. Vamos


voltar pra lá em breve. – Christian diz.

–Teddy eu e seu pai estávamos conversando e pensamos que


poderíamos fazer alguma coisa em seu próximo aniversário na casa
de Aspen. Apenas os amigos mais próximos. – Ana diz radiante.

–Ah mãe você sabe que eu não gosto de comemorar. E mesmo


assim, Aspen é meio longe, não acha? – Theodore resmunga.

–Teddy a ideia da sua mãe é boa, todos gostam da casa de


Aspen. Você deveria aceitar e levar sua namorada. – Christian
insisti. E eu quero saber que diabos de namorada?! – Você já foi
para Aspen Alexa?

–O que? – Murmuro.

–Pai Alexa não é minha namorada. – Theodore retruca.

–Então deveria ser. – Christian balança a cabeça com um sorriso


mínimo no rosto.
–Você já levou Alexa para conhecer a casa Teddy? – Ana
pergunta mudando o assunto.

–Não mostrei tudo ainda, mas ela ficou particularmente


interessada no meu quarto de infância. – Theodore responde, e eu
chuto sua canela por baixo da mesa.

O que ele tem na cabeça para lembrar sua mãe da cena em que
nos encontrou?

–Na verdade o que Theodore quis dizer Ana, é que eu adorei


suas miniaturas. – Digo enfrentando a Sra. Grey cujas bochechas
estão coradas.

–A coleção de Teddy é bem interessante, todas encomendadas


por Christian. Seu primeiro foi Charlie Tango quando fez dois anos,
e logo depois o planador. Teddy adorava brincar com eles, foi difícil
mantê-los intactos. – Ana diz sorrindo com alguma memória.

–Alexandra meu filho elogiou muito seu trabalho, disse que é


ótima com cálculo. Ele esteve impressionado com tudo o que você
fez no escritório. Você considera assumir as empresas do seu pai?
– Christian pergunta.

–Sim Sr. Grey eu pretendo. Desde pequena fui muito interessada


nos negócios, sempre ao lado do meu pai, tentando aprender algo
novo.

–Theodore também foi interessado pelos negócios desde cedo.


Phoebe puxou o meu lado, e decidiu ser editora da SIP. Mas ambos
nos dão muito orgulho. – Ana diz.

–Sim eles nos dão orgulho. Ambos puxaram alguns traços meus
e de Ana. Se você conhecesse Phoebe veria o quanto os dois são
parecidos, não apenas na aparência como nas atitudes também. –
Christian diz. E na minha cabeça eu penso como ele. Seus filhos
são muito parecidos com os pais.

–Alexa já conheceu Phoebe, ela há convidou para o seu jantar. –


Theodore diz. – E ela também conhece Ava, infelizmente.
–Phoebe há convidou para o jantar?- Ana pergunta. – Isso vai
ser ótimo. Theodore levar uma acompanhante, todos vão ficar
encantados.

–Eu ainda não sei se eu vou Ana. Amanhã eu volto para Nova
York e não sei se retorno há Seattle.

–Ah que pena. Seria tão bom se você fosse, seria a primeira vez
que alguém veria Theodore acompanhado de uma mulher que não
é sua sócia ou algo parecido. – Ana diz.

A empregada Gail se aproxima e coloca o ultimo dos pratos na


mesa, que é farta e cheia de comidas diferentes. Agradeço
mentalmente por essa pausa, preciso respirar um pouco e
compreender tudo o que estou ouvindo. Por que os pais de
Theodore parecem realmente acreditar que nós temos alguma
coisa. E fazem questão de enfatizar que sou a primeira mulher na
vida de Theodore em muitas coisas. Como por exemplo, ser
convidada para almoçar com seus pais, ou conhecer seu quarto ou
dormir em sua cama.

Nós almoçamos e Christian e Theodore continuam conversando


sobre os negócios, sobre a viagem, e como Aspen está sempre
maravilhoso para esquiar. Ana conversa sobre o jantar de sua filha
que é para comemorar um ano de casada com um médico chamado
Peter. Depois eles falam sobre alguns outros familiares, e de vez
em quando trazem algum assunto que eu possa participar também.
Ana pergunta muitas coisas sobre meus pais, e eu as respondo
todas. Quando terminamos o almoço comemos a sobremesa, até
estarmos todos satisfeitos.

–Alexa eu gostaria de lhe mostrar toda a minha casa, já que


Theodore não o fez. Gostaria de vir comigo? – Ana pergunta.

–Claro, seria ótimo. – Respondo, e sinto que chegou o momento


de ter uma conversa séria com a Sra. Grey.

Ana me leva em um tour por sua casa, mostrando-me cozinha,


sala de estar, sala de jantar, todos os quartos, biblioteca, escritório,
uma pequena sala de jogos e até uma sala de cinema. Quando
estamos caminhando pelo gramado e ela está mostrando-me seu
jardim eu tomo a coragem que estava precisando.

–Ana eu...eu gostaria de lhe pedir desculpas.

–Por quê?

–Por que eu sinto que devo. Desculpe pela forma como você me
encontrou com seu filho. Eu sinto muito, é sua casa, e foi realmente
embaraçoso.

–Alexa eu fiquei surpresa, e um pouco assustada. Mas meu filho


é um homem adulto, e você também e ambos não sabiam da minha
presença ou a do meu marido nessa casa. E eu ainda devo
ressaltar que esta casa também é do meu filho, e eu nunca deveria
ter entrado sem bater. – Ana diz. – Mas uma parte de mim ficou
particularmente feliz.

–Feliz?

–Sim feliz. Eu acho que meu filho gosta muito de você Alexa, e
Theodore não gosta de alguém assim há muito tempo. Eu consigo
ver algo nele, um brilho em seus olhos, o mesmo olhar que seu pai
tinha para mim quando éramos jovens e apaixonados.

–Apaixonados? Oh não, nada disso. Nós não...

–Não se engane se você acha que não está apaixonada. Ou que


meu filho não esteja. Eu já vi essa luz em Teddy, eu sei como ele se
sente sobre você. E vocês são como espelhos refletem a mesma
luz. Você não tem que me pedir desculpas, estou muito contente
por conhecê-la.

–Obrigada Ana.

–Hey. – Theodore chama. – Eu estava procurando vocês.

–Eu a roubei por algum tempo para uma conversa de meninas,


mas você pode tê-la agora. – Ana diz, ela beija meu rosto e o de
seu filho e volta para o marido.
–Conversa de meninas é? – Theodore ergue uma sobrancelha. –
Eu quero saber sobre isso.

–Desde que eu acho que você é um menino, então essa


conversa não lhe diz respeito. – Respondo sorrindo. – A não ser
que agora você se declare uma menina.

–Alexa. – Theodore ameaça em uma voz baixa próxima do meu


pescoço. – Eu acho que você já teve a prova do quanto eu sou
menino, mas se quiser eu posso lhe mostrar muito mais.

–Hum senhor fodão, isso é tentador. Mas eu não quero passar


mais vergonha na frente dos seus pais.

–Tudo bem senhorita fodona, então o que você acha de nos


despedirmos dos meus pais, e pegarmos a estrada para o nosso
próximo destino.

–Tem mais? Eu achei que esse era o lugar onde você queria me
levar.

–Ah não, ainda tem mais. Muito mais. – Ele sussurra.

–Ótimo, então vamos. O que você está esperando? As horas


estão passando e eu não estou convencida de que quero ficar em
Seattle.

–Nós vamos mudar isso então pequena. Vamos mudar isso


agora. – Theodore responde e um sorriso malicioso aparece em
seus lábios.

Eu não sei por que, mas acho que o nosso próximo destino pode
ser realmente o melhor do dia. E eu não vejo a hora de chegar lá,
quero mais surpresas, quero mais momentos com Theodore, quero
ser surpreendida novamente. E com certeza quero mais daquele
amasso que começamos no seu quarto. Eu não sei se Ana está
certa ou não. Mas algo mudou em Theodore, ela tem razão sobre o
brilho em seus olhos, é mágico e brilhante e me faz querer olhar
dentro daquelas piscinas safiras pelo resto da vida.

oOo
Capitulo Vinte e Dois: Dominada

oOo

Agora nós estávamos a caminho do nosso próximo destino.


Depois que nos despedimos dos pais de Theodore, e prometer
revê-los de novo, nós caímos na estrada. E o melhor, Grey me
entregou as chaves do seu carro para eu conduzir. E devo dizer a
sensação é melhor do que eu imaginei. Sei que essa beleza pode
chegar a 350km, mas toda vez que eu sequer penso em chegar em
100km, Grey me da um sermão.

–Vire a direita agora Alexa, preste atenção no Gps. – Theodore


repreende depois que eu já errei duas ruas.

–Sim senhor, entendido. Hum nós estamos indo para a marina,


certo?

–É, vamos para a marina.

O que será que ele tem me esperando na marina?

Theodore prometeu uma surpresa das boas, e eu estou louca


para descobrir o que é. Ele me faz parar em um estacionamento, e
eu me despeço do carro enquanto caminho pela orla. Tem tantos
barcos, de vários tamanhos subindo e descendo nas aguas
tranquilas da marina, é lindo. À medida que vamos avançando os
barcos ficam cada vez maiores é impressionante. De repente
Theodore para, e eu também. Olho para ele encarando-o, enquanto
ele encara um catamarã enorme, com cascos brancos e elegantes,
um deck, e até uma cabine espaçosa. Na lateral lê-se The Grace.

–O que foi?

–Chegamos, esse é o nosso próximo destino.

–O que? Você está querendo dizer o barco? – Pergunto


boquiaberta.
–Sim, vamos velejar Alexa.

–Wow sério? Isso é uma máximo!

Theodore pega a minha mão e caminhamos até uma prancha,


conduzindo a bordo. Entramos no convés sob um toldo rígido. Há
uma mesa, e um banco em forma de U forrado de couro que deve
acomodar muitas pessoas.

–Eu vou por o barco em movimento, e depois posso fazer um


tour para mostrar tudo. – Theodore diz.

–Tudo bem, será que eu posso vê-lo velejar?

–Claro, vem comigo.

Theodore desata um nó no convés. Assim quando ele volta para


mim, pega o fone e fala com a Guarda Costeira, e depois me diz
que estamos prontos para partir. Theodore conduz The Grace em
direção à entrada da marina.

–Hey deixe-me velejar? – Peço. – Por favor, por favorzinho. –


Faço biquinho que eu sei que é irresistível, meu pai sempre cedia.

–Tudo bem, vem cá e pegue o timão. – Theodore diz. Eu sorrio


alegre.

Ele me aconchega entre suas pernas. Ele deixa que eu conduza


sozinha para fora da marina, e em mar aberto. O vento começa a
ficar mais forte, e mais agitado, e meus cabelos voam sobre os
meus olhos.

–Hey pequena escute agora nós vamos velejar. Eu vou até ali
desenrolar as velas, e depois que eu der o sinal você desliga o
motor. – Theodore diz. Eu aceno entusiasmada.

Ele me deixa sozinha na cadeira de capitão, e segue para


desenrolar as velas e desatar cordas. Hum ele é bom com nós.
Theodore começa a içar a vela grande, ela se infla assim que o
vento toma conta, o barco da uma guinada brusca, e acelera.

–Wow é incrível!
Assim que Theodore dá o sinal, eu aperto o botão e desligo os
motores. Agora estamos velejando, e parece que estamos indo bem
rápido cortando as lindas aguas azuis.

–Gostou do seu momento marinheira? – Theodore se aproxima


com um sorriso radiante.

–Adorei, eu nunca conduzi um barco ou velejei antes.

–Estou feliz que você o fez pela primeira vez comigo.

–Eu também.

–Vem, vou levar você para um tour. – Theodore segura a minha


mão e seguimos para dentro da cabine.

Há uma sala, com um sofá couro creme em formato de L e até


uma janela panorâmica com vista para a marina. Tem uma cozinha
muito bem equipada. Dois banheiros, e então há uma porta de
formato esquisito no final do corredor. Ele escancara a porta aberta
e eu descubro um quarto, um belo quarto.

–Esse é um dos melhores cômodos, ainda há mais dois quartos.


Para o total de seis pessoas dormirem tranquilamente. – Theodore
diz.

Olho em volta para o quarto de paredes claras e moveis finos e


elegantes. A cama de casal é grande e ocupa um bom espaço no
meio do quarto. Os lençóis são vermelhos assim como os do quarto
de brincar que Theodore tem no escala.

–Definitivamente eu já sei sua cor favorita. – Digo, e encontro-o


sorrindo para mim.

–Você está gostando de hoje? – Ele pergunta. Balanço a


cabeça.

–Estou adorando. É muito melhor do que estar presa no


escritório trabalhando.

–Então fique comigo, eu vou lhe dar mais momentos como esse,
eu prometo.
Eu o encaro louca para gritar. Sim! Eu quero ficar com você! Mas
eu não posso, não posso fazer isso. Por que eu ainda não acredito
que este Theodore vai estar comigo todos os dias, as mudanças de
humor dele acontecem em momentos menos inesperados. E ainda
assim eu preciso voltar para casa, eu quero voltar para casa. Sinto
falta da minha família, dos meus amigos, das coisas que eu fazia,
até do meu carro, do meu trabalho, e do meu apartamento. Eu não
posso fazer isso...

–Eu preciso voltar Theodore.

–Você não precisa você pode ficar aqui, comigo. – Ele se


aproxima tanto que posso sentir seu cheiro em todos os lugares.

–Theodore eu ainda não estou certa se...

–Shiuu. – Ele põe o dedo indicador sobre os meus lábios


calando-me. – Não decida ainda, nossa noite não acabou.

Ele desce seus lábios sobre os meus, e eu me agarro a ele como


se ele fosse tudo o que eu mais preciso neste momento, e talvez
seja mesmo. Seus lábios são fortes e exigentes, e ele morde, e
provoca meu lábio inferior. Suas mãos grandes e fortes apertam o
meu bumbum enquanto a outra firma meu quadril. Sinto o quanto
ele me deseja quando seu corpo cola ao meu, e sua ereção prensa
na minha barriga. Ele se afasta com os olhos entorpecidos, e
brilhantes.

–E agora, fica comigo? – Sussurra.

–Não, você precisa fazer mais.

Ele ataca minha boca novamente com ainda mais fome, suas
mãos afagam meu corpo sobre nossas roupas. Com um movimento
rápido ele me coloca sobre a cama e fica sobre mim. Enquanto me
beija ele desfaz o botão da minha calça, e desce o zíper, se afasta
e puxa minhas calças para fora e depois retira minha blusa. Estou
quente, e minha calcinha está molhada, preciso dele mais do que
tudo. Ele olha para mim, olha, olha como se estivesse pensando.

–E agora, fica comigo? – Sua voz sai rouca e sexy e eu estou


derretendo sobre o seu olhar.
–Não. Você precisa fazer mais, muito mais.

–Certo, eu quero tentar algo diferente. Eu vou amarrar você, e se


você não estiver bem com isso, apenas diga para que eu pare.

Amarrar? Eu? Oh meu deus por que isso soa tão quente?

–Tudo bem. – Balanço a minha cabeça concordando.

Ele desce da cama e abre uma gaveta de uma cômoda e retira


uma gravata escura, negra. Volta para mim, e toma meus dois
pulsos, aperta a gravata e verifica se está bem presa na grade da
cama. Acho que pela primeira vez sinto-me indefesa diante dele. Eu
estou presa e não posso fazer nada, mas ele, ele pode fazer o que
quiser comigo. E de algum jeito eu acho isso bom, realmente bom.

Ele me beija suavemente nos lábios, depois trilha beijos no meu


pescoço e sobre os meus ombros. Eu aperto minhas coxas juntas
pelo súbito calor que sinto lá. Seu rosto é uma mascara, ele está
quieto, e seus olhos estão com aquela intensidade, aquele brilho
cinza em volta da pupila, ele me deseja. Ambos estamos
carregados de luxúria. Ele abaixa a taça do meu sutiã e toma um
dos meus seios na mão, provocando meu mamilo com o roçar de
seus dedos. Eles estão enrijecidos e duros. Eu gemo quando ele
desce sua boca chupando um dos meus mamilos, meu corpo todo
se contorce embaixo dele.

–Theodore. – Gemo.

–Você vai ficar comigo? – Ele murmura com a boca ainda sobre
o meu seio.

–Humm Theodore.

–Alexa, fique comigo?

–Não posso...Mais.

Theodore morde o bico do meu seio e eu grito, os músculos


internos do meu ventre se apertam e eu sei que estou pronta para
gozar. Ele se afasta, e então beija a minha barriga e abdômen, roça
a ponta dos dedos no cos da minha calcinha. Estou pronta para que
ele a puxe para baixo, mas ele não o faz, com as duas mãos ele
rasga minha calcinha, o ato brusco me deixa ainda mais excitada.
Ele me beijá lá, e depois lambe. Sua língua quente é uma tortura,
apesar das minhas mãos estarem presas. Eu contorço minhas
pernas por que não consigo ficar parada com a sensação vibrando
entre minhas pernas. Com os dedos ele circula o meu clitóris, e
fode-me com a língua.

–Venha para mim pequena. – Ele murmura entre as minhas


pernas.

Sua ordem é um desejo meu. Meu corpo todo estremece e para,


e eu gozo uma e outra vez intensamente gritando seu nome dentro
do quarto vazio. Ele não para, e quando se afasta empurra um dedo
dentro de mim, ainda estou vendo estrelas, mas meu corpo já se
prepara para o orgasmo devastador. Minha cabeça está caída para
trás, e eu não posso vê-lo enquanto ele escorrega outro dedo para
dentro de mim, e move. Ele toma um dos meus mamilos na boca,
lambe, chupa, e morde enquanto enfia os dedos dentro de mim. Eu
o encontro olhando-me atentamente. Deus ele está completamente
vestido, e isso só faz com que me sinta mais dominada por ele.

–Diga que vai ficar comigo, por favor. – Ele implora e pela
primeira vez estou considerando ficar.

–Eu quero mais, eu quero você. Preciso de você.

–Eu também quero você. Porra eu quero muito.

Ele se afasta e tira a camisa, depois as calças e a cueca. Seu


pênis está gostoso, duro e grosso. Minha boceta se aperta só de
vê-lo, e sinto a necessidade de tê-lo dentro de mim preenchendo.
Choramingo um pouco e Theodore ri. Ele pega uma camisinha na
mesma gaveta onde tirou a gravata e põe sobre a ereção. Depois
ele volta para mim e força meus dois joelhos para cima, estou de
pernas abertas e pronta para ele. Tenho uma vontade louca de
toca-lo, mas lembro-me que minhas mãos estão presas, e lamento.
Sinto a cabeça do seu pau na minha entrada e gemo, movo meus
quadris para encontra-lo e Theodore se afasta rindo da minha
tentativa fracassada, então ele volta e preenche-me toda, eu grito
enquanto meu corpo se acostuma com seu membro dentro de mim.
Tão pouco e eu gozo de novo. Isso é bom, é tão bom tê-lo dentro
de mim. Aperto meus olhos fechados enquanto ele empurra, e sai
de dentro de mim em movimentos rápidos e ritmados.

–Theodore, por favor. – Imploro. Ele para de se mover,


deixando-me frustrada.

–Você vai ficar comigo? – Ele insisti.

–Isso é jogo sujo, você não pode me perguntar isso enquanto


estamos transando!

Ele empurra profundamente dentro de mim e eu grito seu nome.

–Preciso de você aqui, e eu sei que você quer estar aqui


também.

–Eu...Eu quero estar aqui, mas eu também quero estar em casa.

–Tudo bem, você vai, e então você volta. Você volta para mim.

–Theodore...

–Não me peça mais do que isso. Você vê sua família, seus


amigos, e tudo o que você tem lá, mas então você volta para cá.

–Isso não vai dar certo Theodore. Eu e você assim, não vai dar.
Eu não posso ficar com você as vezes que você tiver vontade e em
seguida me dispensar por que eu não passo de um caso.

–Você não é um caso Porra! Eu já disse que eu me preocupo


com você, mas do que com as porras dos casos que eu já tive. É só
que isso é diferente pra mim, eu preciso de um tempo para pensar
Alexa. Mas eu sei que eu te quero aqui. Alexa me responde!

–Tudo bem! Tudo bem, eu fico. Mas eu vou para casa ver a
minha família, e depois eu volto.

–Deus você me mata desse jeito, sabia? – Ele rosna.

Eu estou pronta para dizer: Sim eu sei. Mas ele ataca a minha
boca roubando completamente o meu fôlego enquanto me fode
duro. Ele me penetra várias vezes enquanto beija a minha boca,
chupa meus mamilos, morde o meu ombro. Estamos ambos
exaustos e acabados depois de gozarmos juntos, e alcançarmos
um clímax arrebatador. Theodore soltou-me do nó da gravata e
meus pulsos ficaram marcados. Ele os massageia um pouco e
depois beija cada um. Estou esperando que ele vá se levantar e cair
fora dizendo-me que não dorme com nenhuma mulher depois do
sexo, mas dessa vez ele não o faz. Ele me puxa para ele, e eu
descanso a cabeça no seu peito, enquanto ele acaricia o meu braço
nu e espera sua respiração se acalmar.

É tão perfeito que eu não ouso me mexer com medo de que tudo
vá acabar. Por algum motivo oculto eu acredito que fiz uma boa
escolha. Vou ver meus pais, e meus amigos, e então eu voltar para
ele, e cobrar mais momentos incríveis como esse.

oOo

Capitulo Vinte e Três – Pronta

oOo

Acordo com o barulho do meu despertador soando no celular.


Contra a minha vontade arrasto-me para fora da cama, e vou para o
banheiro. Tomo um banho que logo me deixa totalmente alerta, e
acordada. Saio e visto uma calça jeans, uma blusa e jaquetas por
que em Seattle hoje está fazendo frio. Calço minhas sapatilhas,
penteio o meu cabelo, e passo uma leve camada de maquiagem.
Estando pronta eu confiro o quarto ao redor para ter certeza de que
não estou esquecendo nada. Bem, pelo menos acho que tudo já
está dentro das minhas malas.

Não acredito que uma semana se passou, eu estive por dois dias
em Portland e três em Seattle e agora estou voltando para Nova
York. Para a minha casa, minha família, meus amigos, meu
trabalho, meu carro, minha rotina. Porem deixando Theodore para
trás. Apenas pensar sobre isso me deixa completamente infeliz.
Então eu tento limpar essa nuvem escura e tenebrosa da minha
cabeça e pensar na parte boa, eu estarei de novo com ele em
breve. Só espero que ele continue sendo este Theodore gentil,
carinhoso, e protetor. As coisas que ele fez por mim ontem
mudaram muito meu pensamento sobre ele. Eu adorei visitar sua
casa, conhecer seus pais. Mas amei ainda mais que ele me levou
ao The Grace, que nós tivemos uma foda maravilhosa, em seguida
nós jantamos em um restaurante perto da marina, e voltamos para
casa. Mas as coisas boas continuaram por que assim que eu sai do
banho para ir dormir, Theodore estava na minha cama embaixo dos
meus lençóis, e nu. Esperando-me para dormir junto com ele. Foi
tudo maravilhoso ontem, e por isso eu quero lhe dar uma chance,
por isso eu vou voltar para ele.

Arrastei minhas malas para baixo, e fui tomar café. Abby não
estava na cozinha, mas já havia preparado várias guloseimas para
um café da manhã perfeito. Theodore tinha ido tomar banho em seu
quarto ao mesmo tempo que eu. Ele insistiu em me levar até o
aeroporto, então tudo bem. O carro que eu havia alugado já tinha
sido devolvido, de forma que eu teria que ir com Connor mesmo.
Dafne estaria aqui a qualquer minuto com suas malas e pronta para
ir para casa. Eu não acho que ela esteja muito ansiosa em ver sua
família e amigos, ela gostou demais de Seattle. Sei que se esbaldou
todas as noites em boates, ela sempre deixa escapar um trechinho
durante nossas conversas.

Sentei na banqueta e me servir com café, e comi algumas


torradas com geleia. Eu senti Theodore antes mesmo de poder
ouvi-lo, foi como se tudo em mim estivesse alerta para ele. Suas
mãos vieram para a minha cintura e eu pulei um pouco com o
contato de suas mãos quentes. O cheiro do seu perfume inundou
meus sentidos. Ele enfiou o nariz na curva do meu pescoço e
inspirou profundamente.

–Você está tão cheirosa, tão bonita, tão boa para mim.

–Theodore... – Minha voz saiu em advertência. Eu não podia


ceder aos caprichos dele agora, ou acabaria perdendo o meu voo.

–Vou sentir sua falta. – Murmurou.

–Eu nem fui embora ainda.


–Mas você vai. E eu não vou ter você aqui, eu vou sentir sua
falta. Droga eu já estou sentindo como se você estivesse longe de
mim.

–Você passou sua vida toda sem mim, nada vai mudar se eu for
embora, ou vai?

–Eu não sei, talvez mude, talvez não. Mas tudo está diferente,
você mexe comigo de alguma forma, eu só não entendo como, ou
com o que.

–Bom talvez o tempo que vamos ficar separados faça você


entender o que precisa saber.

–Talvez sim, ou talvez só piore as coisas. Por que eu sei que


preciso de você aqui.

–Eu vou voltar Theodore.

–Prometa.

–Eu prometo que vou voltar Theodore.

–Bom.

Terminamos nosso café juntos, e tão logo que eu desci com as


malas Dafne já estava comigo dentro do carro, e Theodore ao meu
lado, enquanto Connor guiava para o aeroporto. Meu telefone
começou a tocar em algum momento e eu o peguei dentro da bolsa.
Na tela o nome da minha mãe. Atendi rapidamente.

–Mãe!

–Oi querida, tudo bem?

–Tudo ótimo, e com você?

–Bem, e morrendo de saudades da minha menina. Resolvi ligar


agora, por que sei que você vai estar no avião em algumas horas.

–Sim, eu vou. E em algumas horas vou estar em casa, e matar a


saudade.
–Eu sei querida, não vejo a hora de ter você aqui, e seu pai
também. Ele está inquieto por que sabe que sua princesinha está
vindo, e ele poderá certificar-se de que você está bem.

–Eu estou bem mãe, muito bem. Quando eu chegar, prometo


que ligo para você.

–Faça isso querida, eu quero que você venha almoçar comigo e


com seu pai.

–Tudo bem, nós conversamos depois, estou chegando ao


aeroporto.

–Ta bom, boa viagem Alexa. Eu te amo.

–Eu também te amo mãe, até.

Desliguei o telefone, e desci do carro quando Connor abriu a


porta para mim. Ele e Dafne foram retirar as nossas malas.
Theodore veio ao meu lado caminhando para a área de embarque.
Ele estava quieto o trajeto todo, perdido em pensamentos, e mal
olhou para mim. Quando meu voo foi anunciado, eu o encarei, era a
hora da despedida. Eu odeio despedidas, por isso não gosto de
dizer a ninguém adeus, se eu realmente não vou vê-lo nunca mais.
E é por isso que eu não vou dizer adeus a Theodore.

–Vejo você semana que vem. – Eu disse. Seus olhos azuis


encontraram os meus.

–Eu sei, eu vou esperar por você.

–Obrigada pela semana Theodore. Foi bom trabalhar com você,


e dividir o escala. Foi ainda melhor o dia de ontem, desde que ele
iniciou, até o fim.

–Eu também achei bom, muito bom.

–Eu tenho que ir, a gente se vê. – Subi na ponta dos meus pés e
dei um beijo suave em sua bochecha antes de me afastar. Foi difícil
caminhar até o balcão, foi difícil me afastar dele assim.

–Alexa! – Theodore chamou.


Virei-me para vê-lo caminhar até mim. Ele empurrou duas
pessoas e se lançou na minha frente agarrando-me pela cintura e
beijando-me bruscamente. Minha bolsa caiu no chão, e eu prendi
meus braços ao redor da sua nuca, enquanto ele sugava e chupava
os meus lábios. Fiquei completamente sem folego, até que ele se
afastou e beijou suavemente meus lábios inchados.

–Vejo você por ai, pequena. – Ele sussurrou antes de se afastar.

oOo

Resolvi mandar uma mensagem para Rebecca antes que o


avião decolasse e eu fosse obrigada a desligar os aparelhos
eletrônicos. Só de saber que eu estaria nos ares, entre as nuvens
em alguns instantes eu sentia uma dor forte na barriga, e meu corpo
tremia involuntariamente. Peguei o telefone na bolsa, e procurei o
numero de Becca entre os contatos favoritos. Aqui!

“Becca vou decolar em alguns instantes, e estar em Nova York


em algumas horas. Estou morrendo de saudades.”

Alguns minutos depois obtive uma resposta.

“Aaaahhhh eu quero você aqui!!! Como você vai chegar até o


apartamento? Quer que eu vá busca-la? Ah não, nem precisa
responder. Eu vou busca-la. Menina hoje você não me escapa eu
quero saber de absolutamente tudo! E antes que você chegue aqui
e tenha um treco, eu tenho que te avisar que nós temos uma
hospede.”

Hospede? Que diabos de hospede?

“Rebecca Field quem exatamente está no nosso apartamento


como hospede?”

Segundos depois veio uma resposta.

“Sua prima. Harper brigou com o pai, e pediu abrigo aqui. Eu não
podia dizer não para a menina, e como você sempre a acolheu, eu
achei que não faria mal”.
Senhores passageiros estamos prontos para a decolagem. Por
favor, apertem seus cintos...A voz de uma aeromoça encheu o ar.
Eu sabia que não podia continuar minha conversa com Rebecca.

“Tudo bem, vejo isso quando chegar. Até daqui a pouco. Te


amo, beijos”.

“Eu te amo mais, beijinhos”.

Desliguei meu aparelho, e concentrei em tudo o que a aeromoça


estava dizendo. Apesar de já ter ouvido esse discurso outras vezes
e sabe-lo de cor, eu prefiro ouvir novamente e ter certeza de fazer
tudo certo se algum dia precisar. Depois de estar presa ao cinto, e
passar por um milhão de sensação ao sentir o avião decolando, eu
consegui relaxar.

Estou indo para casa. Estou indo para casa. Nem acredito,
finalmente. Quero tanto ver Rebecca, e os meus pais, e minha
prima. Lidar com ela é muito difícil. Harper é uma garota muito
carinhosa, mas também muito fechada. E faz uma fachada de
rebelde e teimosa, mas no fundo eu sei que não é nada disso. Ela
só tem problemas com o pai, por que ele quer que ela se mate a
estudar, e seja melhor em tudo e qualquer coisa. Enquanto sua
mãe, Ireland fica perdida entre o que fazer. Minha tia é muito
querida, mas ela realmente não sabe tomar atitude. Eu espero
consertar tudo quando chegar em casa, por que eu sempre consigo.

oOo

Eu pude ver Rebecca de uma distância bem longa. A morena de


cabelos curtos modernos, e saltos agulha veio rebolando todo o
caminho até mim, desfilando em um vestido azul que caia muito
bem sobre suas curvas generosas. O sorriso imenso com dentes
branquinhos perfeitos, a bolsa amarela super cheguei pendurada
em seu ombro direito. Ela quase saltitou os últimos metros para
estar na minha frente. Eu cai em um abraço de urso apertado que
quase me deixou sem ar. Minha bolsa caiu no chão, à segunda vez
no dia.
–Ah! Ah! Ah! Eu não acredito que você está mesmo aqui! Ah
meu deus você está aqui! – Ela gritou chamando atenção das
pessoas a nossa volta.

–Eu estou, eu estou aqui.

–Vem, vamos para casa. Eu preciso conversar com você sobre


tantas coisas!

–Eu sei, eu também. Vamos ajudar Dafne, e pegar minhas


malas.

–Tudo bem vamos. Quanto antes você começar a falar melhor.

–Ah Rebecca e tem muita, mas muita coisa pra você ouvir.

–Meus ouvidos estão abertos, pode começar...

oOo

Capitulo Vinte e Quatro: Aprontando

oOo

Depois que eu deixei Dafne em sua casa, eu pude contar tudo


para Rebecca. Desde o primeiro minuto em Portland, até o ultimo
segundo no aeroporto de Seattle. Ela quase se derreteu no banco
do motorista quando eu lhe contei que Theodore cuidou de mim
quando desmaiei. Que ele me deu banho, e trocou meus curativos,
que ele ficou preocupado. Ela também achou romântico que ele me
levou para conhecer os seus pais, e velejar no The Grace. Rebecca
sentiu ciúmes de Ava, e disse que não quer ninguém tentando
roubar sua amizade.

–Então ele o que? Você está querendo me dizer que ele pediu
para você voltar? Ele admitiu que vai ficar com saudades? –
Rebecca exclamou.

–Sim, sim. Ele me fez prometer que eu vou voltar.

–E a porra do acordo?
–Rebecca eu não estou apaixonada! E nem ele!

–Ah ta bom, vocês estão praticamente escolhendo as roupas do


casamento. Eu sabia que isso não ia dar certo. Ele está caidinho
por você. Mas também...Quem não cai de amores por você? Sua
gostosa safada, eu aposto que vocês aprontaram muito na cama.

–Rebecca ele me amarrou! Com uma gravata! -

Oh o que? Você está dizendo na hora do sexo?

–Sim!

–Ai meu deus, eu sabia que ele era quente. Eu sabia.

–Então isso é bom?

–Isso é ótimo! Mostra que ele tem domínio na cama. Você não
gostou?

–Eu gostei, acho que mais do que deveria. Só foi uma


experiência nova, eu nunca tive isso com nenhum parceiro.

–Você também não teve muitos parceiros né Alexa. Desculpe


mas seus namorados sempre foram quentes, mas nenhum tão
dominador quanto o Sr. Grey. Por exemplo, Thomaz Campbell é um
lutador, e gostosão, ele te deu vários orgasmos, mas nunca tentou
experimentar algo novo na cama. E Damian então nem se fala. É
um gato de matar, e você também conseguiu orgasmos com ele.
Mas o cara não inova no sexo, vocês quase ficaram noivos, e a
única posição que ele já teve você foi de papai e mamãe. Já
Theodore tem essa pose de dominador, de sensualidade, ele tem
tudo para ser o parceiro que você supostamente pediu aos céus.
Sexo na cama, no barco, beijos ardentes, gravatas, isso é mais que
perfeito. E ainda por cima ele cuidou de você, e admitiu que vai
sentir saudades. Eu não acredito nenhum pouco nesse acordo que
vocês fizeram. Quanto mais tempo você passar com ele, mas você
vai se apaixonar.

–Ai Rebecca você está complicando as coisas desse jeito! Você


é péssima para conselhos, sabia?
–Você já disse isso uma ou duas vezes. Mas eu ainda acho que
tenho razão. Diga-me sinceramente que você não gosta dele.

–Por quê? Eu gosto dele.

–Haha é claro que você gosta. Agora me diga que você não vai
se apaixonar por ele.

–Rebecca eu não vou me apaixonar...Ai Rebecca isso não está


ajudando em nada. O que isso em haver?

–Por que você não consegue terminar a frase? Diga Alexa, fale
para mim com todas as letras que você não sente nada por ele, e
nunca vai sentir. Você é capaz disso? Você é? Você não precisa
me responder merda nenhuma, está na sua cara. Você está
apaixonada por ele, não é?

–Eu...Talvez eu esteja gostando dele mas do que planejei. –


Admiti, Rebeca ergueu suas sobrancelhas e me olhou carrancuda.
– Ta, ta. Você venceu, eu posso estar me apaixonando um
pouquinho por ele, mas não é muito, sério mesmo, só um
pouquinho.

–Alexa uma pessoa não se apaixona muito ou pouco, ela só se


apaixona. Isso é lindo. Você estar apaixonada mais uma vez é
maravilhoso.

–Ah Rebecca como você pode achar isso bom? Droga eu estou
me apaixonando pelo homem que me pediu um acordo para não
me apaixonar por ele. Um homem que garantiu que não vai se
apaixonar por mim. Um homem que um dia esta de bom humor
fazendo coisas para qualquer mulher suspirar, mas que no dia
seguinte está com um mau humor tão grande que só é possível
passar o dia brigando. Um homem que mora em Seattle e tem um
império para comandar. Um homem que eu só conheço há nove
dias. Isso não soa bom para mim.

–Alexa você está preocupada demais com detalhes, como


sempre foi. Se você parasse para prestar atenção você perceberia
que ele também está apaixonado por você, ou está indo para ficar.
Ele pode até ter suas crises de mau humor, mas ele faz isso por
que gosta de provoca-la, ele gosta que você o desafie. Me diz qual
o homem que é capaz de dar banho em uma mulher, chamar um
médico para ver seus machucados, trocar curativos. Qual o homem
que leva uma mulher para conhecer seus pais se não tem uma
intenção maior por trás? Qual o homem leva uma mulher para um
passeio de barco, e ensina a velejar? Por que você acha que ele
quebrou a regra de ter uma mulher em sua cama? Agora me diga
por que ele pediria e insistiria e até faria você prometer voltar para
ele, se ele não estivesse apaixonado? Ele quer você. Ele quer você
ao lado dele, todos os dias, mesmo que ele esteja de mau humor,
ele vai querer você lá. Por que ele também está apaixonado. E
assim como você ele é um cabeça dura. E vocês só não vão para
frente por que nenhum dos dois quer admitir isso.

–Tudo bem Rebecca, digamos que ele também esteja


apaixonado por mim. Você acha justo que eu admita primeiro? E
como vai ser nosso relacionamento, se ele estiver proposto a ter
um? Eu não suporto entrar em um avião, e ele tem os seus
negócios para cuidar em Seattle, e eu não estou disposta a deixar
Nova York. Como meu pai reagiria se soubesse que fui mandada
para Seattle para trabalhar e acabei na cama do seu sócio? E outro
pequeno detalhe que estamos esquecendo, eu não sei muita coisa
sobre a vida dele, nós mal nos conhecemos. Nove dias apenas
Rebecca, nove dias!

–Tudo bem Alexa, você tem razão. Vocês precisam de um tempo


para se conhecer melhor. Mas faça um favor para mim e para você,
não evite. Deixe os momentos vir, e tente se abrir mais com ele.
Algo ainda me diz que eu vou ver vocês juntos.

–Algo me diz que eu posso quebrar a minha cara se


apaixonando de novo. Por isso eu não vou admitir isso para ele. Se
Theodore sentir o mesmo por mim, ele vai ter que vir me dizer.

–Ai ai essa é minha Alexa, turrona!

oOo

Quando pisei dentro do meu lindo apartamento no Upper East


Side eu me senti completamente em casa. O cheiro de canela e chá
preenchendo o ar da nossa cozinha. O que não fazia parte do
pacote completo da minha casa era minha prima jogada no sofá
com um pote de pipoca assistindo uma maratona de filmes.

–Alexa! – Harper gritou e jogou o pote de pipocas para o lado


derrubando metade no meu sofá que custou um bocado. Arghh
odeio sujeira!

–Oi Harper. – Cumprimentei. Ela me abraçou e encheu minhas


bochechas de beijos.

–Como estava Seattle? – Perguntou-me.

–Muito bom. Então você precisa me contar o que acontecer pra


você correr para o meu apartamento. Isso está virando rotina
Harper, não que eu não goste de ter você aqui, por que eu gosto,
mas você tem que resolver seus problemas com seus pais.

–Me desculpe não queria ser um incomodo. Mas eu não consigo


encarar meu pai, não agora. Juro que volto pra casa esta semana,
só me deixe ficar até domingo de noite.

–Você não é um incomodo, e você pode ficar. Vai me contar o


que aconteceu?

–Eu queria ir para uma festa com meus amigos, mas meu pai
sabia que eu tinha um teste de matemática segunda, e disse que eu
tinha que ficar em casa estudando. Eu briguei com ele e disse que
faria o que eu quisesse. Então ele alegou que eu sou menor de
idade e tenho que fazer o que eles mandam. Peguei minhas coisas
e fugi. Só que a mamãe me ligou e pediu pra mim voltar se não meu
pai mandaria alguém atrás de mim. Eu contei pra ela que eu estava
aqui, e estava segura, então ela me deixou.

–Você sabe que essas brigas com seu pai são uma total besteira
né? Pelo amor de deus Harper cresça você tem dezessete anos já
pode enfrentar isso melhor, sem sair correndo, esperneando e
gritando feito uma criança não vai mudar muito.

–Eu sei, eu sei. Mas eu me dedico tanto na escola e mesmo


assim o meu pai nunca está satisfeito.
–Os pais são assim Harper. Você se lembra do quando o meu
me torturava quando eu era uma adolescente. Então em um
momento eu provei para ele que sou mais do que ele pensa, e
agora estou aqui completamente independente. Você precisa fazer
o mesmo.

–Eu sei, mas enquanto eu não crio coragem posso continuar


vendo filmes e dormindo no quarto de hospedes? Só até domingo,
por favorzinho?

–Você pode ficar. Mas limpa essas pipocas do meu sofá.

–Eu te amo, Eu te amo. Obrigada! – Harper me espremeu em


mais um abraço e depois se jogou no meu sofá.

Fui para o meu quarto desfazer as malas e encontrei Rebecca já


começando com esse trabalho.

–Você não sabe como estou feliz que você está de volta. – Ela
sorriu alegremente.

–Eu também estou feliz, eu adorei Seattle, mas definitivamente


Nova York é incrível.

–Eu ainda quero conhecer Seattle, talvez você possa me levar


um dia.

–Seria ótimo, agora eu já conheço alguns clubes para


festejarmos.

–Falar em clube esqueci-me de repreender você por essa


estupidez de beber e cair na rua. Essa Ava não deve ter cérebro
para meter você nessa confusão.

–Ava é muito legal. Na verdade vocês são muito parecidas. –


Respondi pensativa.

–Eu? Eu nunca colocaria você em perigo como essa doida.

–Não foi isso que eu quis dizer Rebecca, e vamos esquecer essa
história, eu sei que cometi um erro.
–Tudo bem. Então, você quer sair hoje?

–Na verdade não. Eu quero descansar um pouco, e amanhã nós


vamos almoçar com os meus pais.

–Nós?

–Sim nós, você sabe que é obrigada a ir comigo.

–Tudo bem, eu sempre vou. Já que vamos ficar em casa acho


melhor pedir comida Tailandesa, o que você acha?

–Perfeito, é o que eu quero no momento. Rebecca voltou para a


sala para pedir nossa comida Tailandesa.

Eu estava desfazendo minhas malas quando ouvi o toque do


meu celular. Alcancei o aparelho na bolsa, e um numero
desconhecido apareceu na tela.

–Alô?

–Eu ainda estou com saudades.

Oh meu deus essa voz baixa, e rouca só pode vir de uma


pessoa no mundo todo. Os cabelos da minha nuca já estão
arrepiados e minha pele está formigando só de lembrar do nosso
ultimo beijo, quente e devastador na frente de várias pessoas em
um aeroporto.

–Humm quem é você estranho? Como você conseguiu o meu


numero?

Pude ouvir sua risada leve e descontraída do outro lado da linha.


Isso me fez sorrir também.

–Eu sou aquele que vai raptar você.

–Humm isso soa muito quente.

–Alexa. – Sua voz baixa em advertência.

Como eu adoro provoca-lo.


–Hey eu deixei Seattle faz só algumas horas.

–Pra você ver como eu preciso de você.

Ai meu deus desse jeito eu derreto!

–Theodore eu vou voltar, eu prometi.

–Eu sei, eu confio na sua palavra. Mas eu precisava ouvir sua


voz, e saber que você chegou bem.

–Eu cheguei bem, já estou em casa.

–Esse maldito relógio só pode estar brincando comigo, as horas


não passam.

–Você é um CEO importante não tem nada melhor para fazer do


que ficar batendo papo pelo celular?

–Não. Tudo é melhor se você estiver comigo.

Annw isso é tão doce. Eu gostaria de dizer que penso do mesmo


jeito, mas vou me certificar de não abrir a boca e deixar escapar
coisas de mais, se alguém vai abrir o jogo aqui primeiro, tem que
ser Theodore.

–Eu preciso desligar. Rebecca pediu comida Tailandesa, e eu


tenho hospede.

–Quem? – Inquiriu sério.

Wow que mudança no tom de voz foi essa? Ele está interessado
em saber sobre a minha hospede? Humm ele não sabe que é
uma “ela” então por que eu não posso brincar um pouquinho?

–Quem, o que? – Fiz-me de desentendida.

–Quem é seu hospede Alexa? – Ele insistiu em uma voz baixa,


mas séria.

Oh meu deus, ele está mesmo interessado. Será que seria de


mais se eu dissesse que é um amigo? Oh meu, eu sou má, muito
má.
–Um amigo...da Rebecca.

Eu não acredito que estou fazendo isso, mas estou.

–Porra, o cara é gay? – Ele indagou.

Como eu adoraria ver sua expressão nesse momento. Posso


jurar que seus olhos estariam faiscando um cinza gélido. Reprimi
uma gargalhada mordendo o lábio inferior.

–Não ele não é gay. Por quê?

–Eu estou indo para Nova York. – Ele anunciou.

Porra o que? Não!

–O que? Theodore para com isso, eu só estava brincando,


minha hospede é minha prima Harper.

–Sua prima? – Ele bufou, e eu tive que rir. – Porra, por que você
falou que era um cara?

–Desculpe eu não resisti, você parecia mesmo interessado.


Agora me diz uma coisa você estaria mesmo vindo para Nova York
se fosse um homem ao invés da minha prima?

–Indo? – Ele riu sarcasticamente. – Eu já comprei minha


passagem.

Oh. Meu. Deus. O que eu fiz?

–Theodore você está brincando não é?

–Ao contrario de você eu não brinco Alexa, eu falo muito sério.


Até daqui a pouco pequena.

–Até. – Murmurei incoerente.

Theodore desligou, e eu fiquei encarando meu telefone sem


acreditar no que eu acabei de fazer. Ele está vindo para Nova York.
Ele está vindo. Por causa de mim.
–Rebecca! Vem cá! Você não vai acreditar no que eu acabei de
fazer!

oOo

Capitulo Vinte e Cinco: Ponderando

oOo

Quando contei para Rebecca que Theodore estava vindo para


Nova York por causa da brincadeira estúpida que eu fiz, ela riu na
minha cara e apontou-me um dedo dizendo: Viu? Ele está
completamente apaixonado. Meu deus Alexa faz apenas algumas
horas que você o deixou, e ele não consegue mais ficar longe de
você. Bem pode até ser verdade. Theodore pode estar apaixonado
por mim, mas de qualquer forma não serei eu a primeira a dizer. Ele
vai ter que ser o primeiro a admitir, ainda mais por que ele é quem
veio com aquela ideia idiota do acordo de não se apaixonar.

–Nossa comida chegou. – Rebecca avisou. – Tire sua bunda


desse quarto e pare de ficar torrando seus miolos pensando. Eu já
disse para você apenas deixar acontecer.

–Eu entendi Becca, e é exatamente isso o que eu vou fazer.

–Ótimo agora vem cá antes que meu corpo comesse a se nutrir


dos meus próprios órgãos, por que eu estou com uma fome do
cassete.

–Eu já vou indo, sua exagerada.

Terminei de arrumar minhas ultimas peças de roupa e fui


almoçar com Rebecca e Harper na sala. A comida Tailandesa
estava uma delicia como sempre. Harper entreteve minha cabeça
com suas histórias na faculdade, assim pelo menos eu não ficava
pensando a cada segundo que Theodore pode chegar à Nova York
a qualquer momento. Depois nós assistimos alguns episódios
de Revenge e de CSI: NY. E quando eu cansei de ficar deitada no
sofá resolvi tomar um banho. Eu estava na banheira tomando um
banho de espuma e sais quando Rebecca entrou no banheiro
trazendo o telefone junto.

–Hey tem alguém querendo falar com você. – Ela disse.

Meu rosto inteiro se iluminou. Só pode ser ele. Não sei como
conseguiu o numero do telefone residencial, mas tem que ser ele.
Peguei o telefone da mão da Rebecca, e ela saiu deixando-me
sozinha.

–Alô?

–Oi Gata!

Ah...não é ele.

–Oi Gato, tudo bem?

–Melhor agora que eu sei que você chegou do seu passeio por
Seattle. Quero te ver.

–Como você sabe que eu estava em Seattle? – Questionei. – E


para sua informação eu estava a trabalho não a passeio.

–Eu estive ai no meio da semana, queria levar você e Rebecca


para jantar. Mas ela me contou que você viajou, e disse que voltava
no fim de semana. Por isso eu estou te ligando, preciso te ver.

–O que você quer de mim? Pra você estar me procurando desse


jeito, é por que eu tenho que limpar a sua barra de alguma situação.

–Gata assim você fere meus sentimentos. Você sabe que eu te


amo, e eu estou com saudades. Passo ai em meia hora esteja
pronta.

–Isaac Taylor! Eu ainda não disse que aceito sair com você!

–De qualquer forma você iria aceitar, eu só estou apressando


sua resposta. Meia hora gata, e não se atrase.

Isaac desligou, e eu fiquei olhando para o telefone com cara de


idiota, pensando o porquê eu faço de tudo para ele? Estou sempre
livrando sua barra, tentando ajuda-lo, e ser a melhor amiga do
mundo, eu acho que ele se aproveita muito de mim. Ótimo eu não
queria sair de casa hoje, mas eu vou fazê-lo por que Isaac quer que
eu o faça. Ele tem que agradecer muito a minha amizade.

Alcancei uma toalha e desisti do meu banho longo. Se eu me


atrasar vai ser pior, ele vai ficar me apressando e enchendo minha
paciência, então é melhor fazer isso logo. Vesti uma calça jeans
justa e uma blusa azul simples. Sequei meu cabelo, prendi em um
rabo de cavalo, calcei sapatilhas, peguei minha bolsa, e sai do
quarto.

–Rebecca vamos sair com Isaac. – Anunciei.

–Ah não, vai você, eu não estou a fim de sair hoje.

–Quem não estava a fim de sair hoje era eu, não você. Vai logo,
veste uma roupa, ainda temos tempo. – Insisti.

–Não Alexa, eu estou bem. Sério mesmo vá você, eu vou ficar


com a Harper. -Você nunca me nega um pedido Becca! Por favor,
vem comigo. Provavelmente eu tenho que livrar Isaac de outras,
preciso de você.

–Alexa você ficou uma semana sem mim. Garanto que não vai
precisar agora. Vá você, eu quero ficar. – Seu tom de voz foi
cortante.

Estranho. Muito estranho. Rebecca falou de um jeito grosseiro


comigo, ela nunca fala comigo desse jeito. E todas as vezes que ela
se exalta ela pede desculpas logo em seguida. Mas agora, ela
simplesmente virou a cara para a tevê e me ignorou
completamente. O que eu fiz de errado? Não me lembro de ter dito
nada que poderia deixa-la zangada. Droga! Estou cansada de tentar
decifrar as pessoas e seus problemas, que se dane. Passei uma
maquiagem leve no rosto, peguei minha bolsa, e fui para o
elevador. Fiquei na portaria esperando Isaac aparecer. Ele é
sempre pontual ao contrario de mim, então falta pouco para ele
chegar.

–Boa Tarde Srta. Cross. – O porteiro – Paul – cumprimentou-me.

–Boa Tarde George.


–A Senhorita quer o seu carro? – Perguntou-me.

–Não obrigada. Vou caminhar com Isaac.

oOo

–Tudo bem, então. – Ele acenou e foi em direção aos


elevadores.

–Oi Gata! Uau você está ainda mais linda do que eu me


lembrava. – Isaac elogiou.

Ele estava lindo como sempre. Isaac teve tanta sorte em herdar
tamanha beleza do seu pai. Ele é filho de um amigo da minha mãe
Cary, com uma mulher chamada Tatiana. Acontece que Cary foi
praticamente criado como irmão da minha mãe. Então fui
acostumada a chama-lo de tio Cary e justamente eu cresci com
Isaac como se fôssemos primos.Ele não puxou muita coisa de sua
mãe. Os olhos são verdes como os do pai, e o cabelo escuro e a
pele clara e um corpo bem esculpido. Ele chama atenção aonde
quer que vá, todos param pelo menos um segundo para dar uma
boa olhada nele. O problema é que Isaac é um mulherengo, não
pode ver um rabo de saia. Eu acredito que ele já comeu metade da
população feminina de Nova York, a outra metade que ele não
comeu é por que é da família. E é ai que eu entro, estou sempre o
livrando dos problemas com essas mulheres. Posso me considerar
sua melhor amiga.

–Não faz tanto tempo assim desde que nós nos vimos.

–É você tem razão não faz. Mas estou feliz que você está de
volta. Você sabe, você é a minha companheira.

–É eu sei, aonde você vai me levar?

–Humm o que você acha do Pub na esquina?

–Ótimo, eu preciso de uma bebida.

–Álcool de tarde? Você deve estar pior do que eu, vamos.


Isaac e eu caminhamos até um Pub em outra rua. No caminho
ele veio falando sobre seu trabalho. Ele é engenheiro. Fiquei
surpresa por sua conversa não envolver mulheres. Bem, ainda é
cedo provavelmente não deu tempo para ele pensar sobre isso.
Pegamos uma mesa para dois. Eu pedi uma cerveja, e Isaac quis a
mesma coisa.

–Então, por que Rebecca não veio com você? – Isaac


perguntou-me.

–Ela não quis. Rebecca está estranha.

–Estranha? Por que você acha isso?

–Eu não sei, uma hora ela estava bem, e depois ela ficou
esquisita...Por que estamos falando sobre isso? Provavelmente não
é sobre Rebecca que você quer conversar.

–Na verdade, é exatamente sobre isso.

–O que? Sobre Rebecca? Oh merda. Isaac o que você


aprontou?

–Olha eu só posso confiar em você com isso Alexa. Eu preciso


que você me entenda. Eu sei que a Rebecca é sua melhor amiga,
mas tente entender o meu lado também.

–Comesse a contar à porra que você fez imediatamente, e então


eu posso pensar no seu caso.

–Eu estive no seu apartamento quando você esteve fora, eu


queria convidar vocês duas para jantar. Mas quando eu cheguei
descobri que você tinha ido viajar. A Rebecca me convidou para
entrar, abriu um vinho, e nós começamos a conversar. Porra eu
sempre achei a Rebecca linda e gostosa, mas eu nunca tentei me
aproximar dela, por que assim como você, ela é uma grande amiga.

–Continue Isaac!

–A gente bebeu bastante e eu não sei como, nem quem


começou primeiro, mas a gente acabou flertando um com o outro,
acho que o vinho foi fazendo efeito. E ela estava usando uma
camisola incrivelmente sexy mostrando aquelas pernas que deus do
céu. Eu estou ficando maluco Alexa!

–Isaac não enrole. Vocês transaram?

–Não. Nós não chegamos a fazer sexo. Nós nos beijamos,


trocamos alguns amasso. Mas quando chegou o momento Rebecca
me chutou para fora. E quando eu disse chutou, eu disse
literalmente. Ela me jogou para fora do apartamento, batendo em
mim feito uma louca. Sabe o que ela me disse Alexa? Ela disse que
não quer ser apenas mais uma na minha cama, ela me disse que
não quer ser mais uma trouxa que eu engano. Ela me disse que
não existe um futuro certo ao meu lado, e por isso ela me mandou
embora. E sabe o que mais me irrita nessa história? É que no dia
seguinte quando eu fui pedir desculpas a ela, eu encontrei um cara
entrando no apartamento com ela, e ele saiu de lá algumas horas
depois. Por que ele comeu ela! Mas por que maldições ela aceitou
transar por uma noite com aquele desconhecido, e comigo não? Por
que ela fez todo aquele discurso de ser apenas mais uma na minha
cama? Por quê? Se ela apenas foi mais uma transa na vida daquele
desgraçado.

–Tudo bem, eu preciso de mais uma bebida.

Três cervejas mais tarde eu ainda não sabia o que dizer para
Isaac. Eu acredito que estou tão chocada quanto ele. Eu não
entendo. Por que Rebecca não me contou nada disso? Aquela
vadia é minha melhor amiga, ela deveria confiar em mim para
qualquer coisa. Droga! Agora eu entendo por que ela foi grossa
comigo quando eu a convidei para sair comigo, ela só não queria
ver Isaac, ela deve estar com algum problema sério em relação a
ele. Eu sou uma péssima amiga! Rebecca esteve do meu lado o
tempo todo me aconselhando sobre Theodore. E eu não percebi
algo debaixo do meu nariz. Oh merda...

–Isaac eu não sei o que te dizer agora. Olha eu entendo você,


mas eu preciso ouvir a versão da Rebecca também. Eu não posso
te dizer algo que talvez não seja a verdade. Na realidade eu não sei
de nada. Rebecca sabe da sua fama de mulherengo, e ela também
não é o tipo de garota que se preocupa em estar na cama de um
homem um dia, e no seguinte em outra. Por isso é estranho para
mim. Deixe-me conversar com ela primeiro. Aliás eu acho que
provavelmente vocês é que tem que conversar. As duvidas que
você tiver devem ser tiradas por ela, não por mim.

–Eu sei Alexa, eu sei. Mas ela não atende as minhas ligações, e
não me deixa entrar no apartamento.

–Ta ta eu vou falar com ela.

–Obrigada Alexa. Você é demais, eu não sei o que faria sem


você.

–Provavelmente você estaria ferrado. Agora vamos você precisa


me levar para casa. Quatro cervejas são suficientes para mim, e eu
estou curiosa, e louca para conversar com minha amiga.

–Tudo bem. E por favor, me liga quando você souber algo sobre
a Rebecca para me contar.

–Ta bom Isaac, eu vou ver o que posso fazer.

Isaac pagou a conta, e nós voltamos conversando. Ao contrario


de quando viemos dessa vez fizemos o caminho em silêncio,
ambos pensando em todas as coisas para absorver. E realmente
era muita coisa. Rebecca vai ter que me dar uma ótima desculpa
por não ter me contado sobre tudo o que aconteceu entre ela e
Isaac. Eu não quero tirar conclusões precipitadas sem antes ouvir
sua parte da história. E alguma coisa me diz que sua parte vai ser
muito interessante. Isaac me acompanhou até a portaria do prédio.

Eu o encarei e percebi que mais uma vez eu estou indo para lhe
livrar de algum problema com um rabo de saia. Só que desta vez o
rabo de saia é minha melhor amiga, e eu desconfio que por trás
dessa história, existe algo mais sério.

–Me liga Gata, eu preciso de você muito nesse momento.– Isaac


me encarou com os olhos verdes inquietos.

–Eu vou ligar Gato, agora vai para casa, e só me da um tempo


pra resolver essa situação.
–Boa Noite Alexa. – Isaac me deu um beijo no rosto, e eu o
abracei forte.

–Boa Noite Isaac.

Eu esperei até Isaac entrar em um táxi para depois entrar no


prédio. Eu estava apenas subindo as escadarias de entrada quando
o notei. Ele estava parado próximo ao elevador. Usando calças
jeans escuras e uma jaqueta de couro. Ele roubou completamente o
meu fôlego no momento em que o vi. Um sorriso largo surgiu nos
meus lábios.

–Oi. – Murmurei. Meu sorriso sumiu no momento em que vi seus


olhos. Estavam escuros, sombrios, cinzentos. Ele parecia prestes a
esmurrar a parede ao seu lado de tanta raiva que emanava.

–Que porra você estava fazendo com aquele cara? –Questionou-


me sério, em uma voz fria e distante. Oh não...

oOo

Capitulo Vinte e Seis: Cedendo

oOo

Você tem que entender o meu lado, ok? Eu tinha o homem pelo
qual eu estou completamente apaixonada na minha frente. O
problema é que ele estava obscuro, aquele olhar sombrio pairando
em seus olhos azuis cristalinos. E quando ele fica assim,
geralmente é por que está nervoso com raiva, me desejando
loucamente, ou mais novo que eu acabo de descobrir, com ciúmes.
Claro que eu estou um pouco surpresa. Afinal não era ele que disse
para não colocarmos os sentimentos no meio dessa relação? Acho
que era um pouco óbvio demais que isso não daria certo, Rebecca
tem razão, ele está apaixonado por mim. Ele viajou de Seattle para
Nova York, por que ele quer me ver, porque ele sente minha falta,
por que ele está apaixonado por mim. E o idiota não quer assumir!

–Me responda Alexa! Quem era aquele cara, seu hospede? –


Ele inquiriu mais uma vez no mesmo tom sério.
–Ele é meu primo. – Respondi. – Meu primo e melhor amigo.

–Primo? – Theodore repetiu em tom irônico. – Qual o primo diz:


Gata me liga preciso muito de você nesse momento? Eu tenho uma
prima Alexa, eu não falo assim com minha prima.

–Theodore você não entende. Isaac é assim mesmo, ele me


chama de gata por que acostumou assim, e ele está com problemas
por isso pediu que eu ligasse.

–Eu não sei Alexa. Eu venho pra cá por que você me disse que
tinha um hospede, e depois desmentiu a história. Mas então eu
chego aqui, e vejo um cara beijando seu rosto, te chamando de
gata, pedindo pra ligar pra você, isso é só uma grande merda.

–Você está insinuando que eu estou mentindo?

–Eu não sei Alexa, você está?

–Eu não sou obrigada a ouvir uma coisa dessas. Quer saber?
Vai se ferrar Theodore, você não tem nada haver com a minha vida,
eu não lhe devo explicações de nada, eu não sou sua!

Passei por ele quase voando, e me joguei dentro do elevador.


Theodore me seguiu e colocou a mão na porta impedindo-a de
fechar. Em segundos ele me encurralou contra a parede do
elevador e as portas se fecharam.

–Qual o sobrenome dele? – Questionou-me.

–O que? De quem? Isaac?

–É Isaac o que? – Insistiu.

–Isaac Taylor. Mas por que você quer saber?

Ele não me respondeu, em vez disso tirou o blackberry do bolso


e discou um numero de sua agenda. Poucos segundos alguém
atendeu, e ele disse:Verifique Isaac Taylor para mim agora. Meu
queixo caiu no chão, eu acho. Ele estava pedindo para alguém
verificar sobre Isaac. Eu não acredito, não é possível. Isso não está
acontecendo. De repente ouve uma pausa, ele encontrou meus
olhos, assentiu e desligou ainda me encarando fortemente.

–Ele não é seu primo. – Ele disse em uma voz baixa.

–Porra! – Exclamei. – Você não acabou de fazer o que fez não


é? Você mandou alguém pesquisar a vida de Isaac na minha frente.
Que merda Theodore, sai daqui, me deixe passar!

A porta do elevador se abriu, mas Theodore não saiu da minha


frente. Eu comecei a empurra-lo e socar seu peitoral. Ah mais estou
muito puta, minha raiva está nas alturas. Ele saiu da minha frente e
me lancei para fora do elevador, pisando duro e bufando segui para
a porta do meu apartamento. Ele agarrou meu braço virando-me
para enfrenta-lo e me empurrou contra a parede com um pouco
mais de força. Seu corpo todo bloqueou o meu, fiquei
completamente presa em seus braços. Ele segurou meu queixo na
mão e me fez enfrentar seus olhos azuis.

–Shiuu menina brava. – Ele sussurrou. – Ele não é seu primo,


mas é da família, então está tudo bem, eu te perdoou por mentir
para mim.

–Vá se foder Theodore! – Gritei.

–Não pequena. Vem cá.

–Seu canalha! Você não podia ter feito o que fez! E eu não menti
pra você. Eu e Isaac fomos criados como primos. Merda sai daqui,
sai da minha frente, eu quero ficar sozinha!

–Para com isso Alexa. Eu só precisava ter certeza, era algo que
eu precisava fazer, você não entende.

–Eu entendo sim. Eu entendo que você não tem nada haver com
a minha vida, por que você mesmo deixou claro que não queria
isso, mas então você acha que tem direito de pesquisar sobre
coisas da minha vida, e ainda duvidar se estou dizendo a verdade
ou não.

–Eu sinto muito. Merda eu achei que poderia dar certo Alexa, por
um tempo eu realmente acreditei que você seria apenas mais uma,
só a próxima mulher na minha vida. Mas você não é, você é mais.
Eu quero você, preciso ter você. Eu não comprei uma passagem de
avião porque você tinha um suposto hospede. Eu decidi que vinha
quando você ainda estava em Seattle. Eu já tinha tudo pronto
Alexa. Eu tentei ficar, eu realmente pensei que poderia deixar você
ir. Mas tudo ficou horrível depois que você se foi. Eu só usei o seu
suposto hospede como uma desculpa.

–Eu não acredito. Você vinha para Nova York com ou sem
hospede falso?

–Sim Alexa, eu vinha de todo o jeito.

–Tudo bem. Mas e o seu acordo? O acordo que nós dois


aceitamos?

–Esquece a porra do acordo, só fingi que ele nunca existiu. Por


que na verdade pra mim ele nunca funcionou com você.

–Theodore eu...

–Alexa você não vai ficar brava comigo por que eu verifiquei seu
primo. Por favor, não fique. Eu precisava fazer isso, quando eu vi
ele e você, eu só fiquei com uma sensação ruim. Eu acredito em
você, eu confio em você.

–Não foi o que pareceu Theodore, não mesmo. Eu posso


perdoa-lo por isso, mas não vai ser hoje, não mesmo. Eu estou com
a cabeça muito cheia, é muita coisa para um dia só, me deixe
apenas pensar algum tempo.

–Tudo bem. Você pode pensar. Eu entendo que você precisa de


tempo. Mas pelo menos vem para o hotel comigo, onde eu estou
hospedado.

–Um hotel? Com você? – Soltei uma risadinha. – Ai eu vou


acabar fazendo sexo com você, e não vou conseguir pensar em
nada, você vai vencer.

–O objetivo aqui é que eu vença, mas eu juro que não vou tentar
nada. Eu só preciso que você esteja comigo, que durma na mesma
cama, do meu lado.
–Theodore eu acredito que você não tentaria nada. O problema
sou eu, eu não consigo me controlar perto de você. Neste momento
eu estou te odiando, mas também quero te beijar, isso confunde
minha cabeça.

–Alexa, faça o melhor para nós dois, escolha o beijo.

–Não! Eu preciso entrar Theodore, eu ligo pra você amanhã,


agora me deixe ir, por favor.

–Eu não vou deixar você ir, eu preciso de você.

–Sai Theodore! Por favor, você está complicando as coisas pro


seu lado.

–Droga Alexa! Eu não vou sair daqui!

Ele se afasta bruscamente e senta-se no chão, encostado na


parede, perto da minha porta. Ok ele enlouqueceu de vez.

–O que você está fazendo?

–Eu disse que não saio daqui.

–Tudo bem, faça como quiser!

Viro minhas costas para ele e entro do apartamento fechando a


porta atrás de mim, e não olho para trás. Vou pisando firme até a
sala, encontro Rebecca sentada no chão sobre o tapete, enquanto
bebe vinho em uma taça de cristal. Com todo esse problema com
Theodore, esqueci que tinha mais essa. Preciso resolver a situação
com a minha amiga, ou ex-amiga, por que eu já não sei se ela é tão
sincera como parecia.

–Algum problema lá fora? – Ela perguntou com um olhar distante


e uma voz baixa.

–Só Theodore me infernizando por que me viu com Isaac.

–Ah já está nesse ponto, de ciúmes?


–É, você acredita que ele ligou para alguém e pediu informações
sobre Isaac na minha frente para saber mesmo que eu não tinha
nada com ele.

–Nossa, eu sabia que ele era um homem dominador, possessivo


e ciumento. Só não achei que ele demonstraria isso tão cedo. Você
está com sorte.

–Sorte? Você acha sorte que ele tenha feito isso?

–Sim, ele gosta de você Alexa. Ele quer dominar você, possuir
você, só você. Me diga que não é sorte um homem como aquele
estar perdidamente apaixonado por você.

–Tudo bem, tudo bem. Eu fiquei incrivelmente feliz por dentro


quando ele me disse para esquecer sobre o nosso acordo. Ele
ainda não admitiu estar apaixonado por mim, mas ele disse tantas
coisas Rebecca, tantas coisas que mexeram comigo. Estou tão sem
rumo nesse momento.

–Somos duas sem rumo então. – Ela sussurrou em seguida deu


um gole em seu vinho. Isso me fez lembrar que eu não deveria
estar falando de mim, e sim dela.

–É você deve estar mesmo sem rumo. Completamente.


Perdidinha, por que será? – Tagarelei.

– Então ele contou o que aconteceu? -Rebecca perguntou


enquanto tamborilava os dedos na taça de cristal.

–O que? Quem contou o que? - Fiz-me de desentendida.

– Ah nada não, deixa pra lá, só acho que bebi um pouco.

Vadia...eu não acredito que minha melhor amiga não confia em


mim para se abrir, para contar o que ela está passando. Onde foi
que eu errei com ela? Isso está doendo, está me magoando, será
que ela não percebe o quanto ela está destruindo a confiança que
eu tenho nela.

–Ok eu vou direto ao ponto. Eu sou tão ruim assim? A ponto de


você não me confiar o que você está passando? Neste momento eu
estou te odiando, então é melhor você ter uma boa desculpa, ou
então não me cobre mais uma amizade sincera. Rebecca fechou os
olhos, suspirou, bebeu um gole do vinho. E então me encarou, com
seus olhos manchados de lágrimas.

–Eu...Eu estou apaixonada por ele. Por Isaac.

–Oh amiga! – Corri para abraça-la. – Eu imaginei! Droga foi à


primeira coisa que passou pela minha cabeça. Apesar de que no
começo eu achei a ideia absurda. Como isso aconteceu? Por que
você não me disse nada?

–Alexa eu sinto muito, sinto tanto. É que ele é seu melhor amigo
também, ele é seu primo, ele é importante para você. Eu também
queria pensar um pouco sobre isso, e não queria encher sua
cabeça, por que você mesma já estava passando por problemas
amorosos. Desculpe-me, eu devia ter visto que isso não daria certo.

–Tudo bem, eu perdoo você, mas só por que eu fui uma péssima
amiga que não enxergou que você precisava de mim. Você pode
me contar agora, contar tudo. Eu estou com você Rebecca, e quero
saber o que aconteceu.

–Eu...Eu vou contar, tudo. Eu prometo Alexa, mas não hoje. Eu


bebi muito vinho, chorei muito, e estou com a minha cabeça
doendo, só preciso de um banho e uma cama agora.

–Tudo bem. Vamos eu vou ajudar você.

Acompanhei Rebecca até seu quarto, vendo-a assim sem toda a


maquiagem, sem o sorriso expendido eu percebi, ela não está nada
bem. Olheiras profundas tomam conta do seu rosto, seu corpo está
mais curvado, sua expressão cansada. Como eu não enxerguei
isso? E como estar apaixonada por Isaac pode fazer com que ela
esteja desse jeito? Será que a história verdadeira é diferente do que
Isaac me contou? Eu só vou saber quando Rebecca me der sua
versão.

–Eu estou bem agora Alexa, você já pode ir descansar também.


– Ela disse, e me deu um sorriso fraco.

–Eu vou, mas me chama se precisar de alguma coisa.


–Tudo bem, eu chamo. Ah Alexa! Eu acho que você deveria ligar
para ele, perdoa-lo. Afinal ele veio até aqui por você, e mesmo que
ele não tenha admitido ele está apaixonado.

–Ta Rebecca eu vou ver o que fazer, não se preocupe comigo


nesse momento.

Deixei minha amiga no quarto, verifiquei Harper dormindo no


quarto de hospedes e fui para o meu quarto. Tomei um banho,
pensei sobre ligar para Theodore, mas decidi esperar um pouco.
Minha cabeça ainda estava muito cheia para tomar uma decisão
cedo. Sai do chuveiro vestindo meu robe, e ouvi o interfone tocando
na cozinha. Caminhei até lá, e atendi.

–Sim?

–Senhorita Cross? – A voz do porteiro soou na linha.

–Sou eu. Algum problema?

–Na verdade eu gostaria de checar algo com você senhorita.


Sua vizinha interfonou dizendo que há um homem em frente a sua
porta, que ele está lá algum tempo apenas parado. A senhorita o
conhece? Devo chamar a segurança?

O que? Segurança? Oh não! Não!

–Está tudo bem, eu vou cuidar disso.

–Tem certeza senhorita? Eu posso mandar alguém para você.

–Não, não eu vou ficar bem. Obrigada por avisar.

–Se precisar de alguma coisa, por favor, é só chamar.

–Sim. Obrigada.

Desliguei o interfone e corri para porta escancarando-a


aberta. Porra! Ele ainda está aqui, sentado no chão, mexendo em
seu BlackBerry. Devagar ele levantou seu olhar. Oh meu deus se
não fosse tão lindo, e com essa carinha de cachorrinho
abandonado. Oh merda...
–Entre Theodore! – Disse entre dentes. Ele levantou bem
devagar, pôs o BlackBerry no bolso, e veio caminhando até mim.
Um pequeno sorriso malicioso cruzou seus lábios, e ele me agarrou
pela cintura, me puxando para dentro do apartamento.

oOo

Capitulo Vinte e Sete: Salientando

oOo

Eu não perdoei Theodore pela intromissão na vida de Isaac na


minha frente, ou por não confiar em mim. Só que eu não podia
manda-lo embora, por que não iria de qualquer forma. Eu também
não podia deixa-lo sentado no chão do lado de fora do apartamento,
mais cedo ou mais tarde a segurança o levaria a força. Então o jeito
foi deixa-lo entrar. Eu não podia lhe oferecer o sofá, por que eu não
tenho um coração tão duro assim a ponto de deixa-lo dormir
desconfortável. E sendo que o quarto de hospedes estava sendo
ocupado por Harper, ele acabou dormindo comigo, na mesma
cama, cumprindo a promessa de não me tocar. Ou pelo menos não
me tocar muito, já que sempre tinha aquela mão boba durante a
noite. É claro que eu pretendia perdoa-lo, mas eu só queria que ele
sofresse um pouquinho.

Quando acordei de manhã ele ainda dormia ao meu lado, de


bruços e com uma das mãos sobre a minha barriga. Levantei da
cama com cuidado para não acorda-lo, vesti meu robe e fui para a
cozinha. Eu estava preparando café quando Rebecca surgiu na
cozinha vestida em seu robe e sentou-se na banqueta da cozinha,
com os braços sobre a bancada.

–Isso cheira divinamente bem. – Ela inspirou o ar. – Preciso


urgentemente do seu café.

–Já está saindo. – Respondi enquanto colocava duas canecas


sobre a bancada e nos servia.

–Então como você se sente, está melhor?


–Estou melhor. – Ela bebeu um gole do café fumegante.

–Agora você vai me contar o que está acontecendo entre você e


Isaac, além do fato de você estar apaixonada por ele?

–Certo sim, eu vou. Sinto-me melhor para falar, eu preciso


desabafar isso com alguém, e você é a melhor Alexa, sempre vai
ser.

–Que bom Becca, por que eu preciso que confie em mim, que
seja sincera.

–Eu comecei a gostar dele desde que o conheci. – Ela largou a


caneca sobre a bancada e suspirou. – Mas eu soube que estava
apaixonada por ele quando eu o ouvia falar de suas aventuras com
outras mulheres e sentia ciúmes. Eu soube que estava apaixonada
por ele por que eu adorava estar perto dele, conversar e rir com ele.
Eu soube disso quando eu percebi o quanto ficava nervosa quando
ele nos convidava para sair, e eu queria estar bonita para que ele
me notasse mais do que apenas como uma amiga.

–Ah Becca. Conte-me o que aconteceu com vocês nos dias em


que estive fora, por favor?

–Ele esteve aqui um dia para nos levar para jantar como sempre,
mas eu disse que você não estava e o convidei para beber um
vinho. Ele aceitou e nós começamos a beber e rir, e a conversa
estava boa. Eu não sei em qual momento, mas nos começamos a
flertar um com o outro, e quando eu vi já estava em seus braços,
dando e recebendo beijos, trocando caricias e amassos.

–E então?

–Tudo deu errado. Por que caiu a ficha de que eu poderia ir pra
cama com ele naquele momento, mas Isaac é ele mesmo, aquele
cara que pega todas e não se liga em nenhuma. Alexa eu sei que
também sou assim, que não me apego fácil. Mas eu já estava
apaixonada por ele, se eu cedesse e ele nunca mais quisesse algo
comigo, meu coração estaria acabado. Eu perdi a cabeça
completamente e empurrei-o para fora, gritando e esmurrando-o. Eu
o coloquei para fora do apartamento, quando na verdade eu queria
muito que ele estivesse dentro. Mas eu apenas não queria ser mais
uma a dormir com ele, eu queria mais, eu quero mais, só acho que
Isaac nunca vai poder me dar esse mais.

–Ah Becca estar apaixonada é uma grande situação, não é?


Ainda mais pelo melherengo do Isaac. Mas me diz uma coisa, ele
tentou ligar para você que eu sei, por que você não falou com ele,
por que não contou o que estava acontecendo? E ainda mais, por
que saiu com outro homem do dia seguinte, dormiu com ele,
mesmo estando apaixonada por outro?

–Alexa eu não atendi as suas ligações, por que eu não podia


cobrar isso dele, eu não podia pedir esse mais, eu não tenho
coragem de pedir esse mais, por medo que ele não aceite, e eu sei
que Isaac não vai aceitar.... E eu não dormi com outro homem, de
onde você tirou essa ideia?

–An...Isaac disse que viu um homem sair do nosso apartamento


no dia seguinte, então ele supôs que você tinha dormindo com
outro. – Expliquei.

–Isaac viu? Ele estava aqui?

–Com certeza, para ele ter visto esse homem é por que ele
estava de olho.

–Por quê? Por que ele ficaria de olho? Por que ele se interessa
se outro homem dormiu comigo ou não? Ainda mais depois que eu
o chutei daquela maneira.

–Eu não sei Becca. – Respondi. – Talvez ele goste de você mais
do que apenas para ser mais uma transa.

–Não. Eu não acredito isso. Conheço muito bem Isaac para


saber que isso não é possível. Todas são iguais para ele, à
diferença talvez, é que eu seria a primeira que além de ter ido para
sua cama, também sou amiga para dar conselhos. E só para você
saber eu não dormi com outro homem. Eu convidei esse homem
para vir ao meu apartamento com a intenção de esquecer Isaac, e
eu não consegui, então mandei que ele fosse embora. Não
aconteceu nada.
–Ah Becca! Eu ainda acho que você deveria ouvir Isaac, e
também contar a ele como se sente.

–Eu não posso Alexa! Eu não vou suportar ser rejeitada.

–Talvez você não seja rejeitada, talvez ele queira isso com você.

–Impossível. – Resmungou.

–Não é não Becca. E o que você vai fazer se não conversar com
ele? Vai se esconder sempre que ele vier aqui, vai sair correndo e
não atender suas ligações, ou vai se mudar para o polo norte?

–Olha só quem está falando Alexa! Você acha que eu devo falar
para Isaac como me sinto em relação a ele? Tudo bem, eu falo. Se
você contar para Theodore que está apaixonada por ele.

–O que? Não!

–Ah viu? Eu também não posso. Você espera que Theodore fale
primeiro, eu sonho que talvez algum dia Isaac seja o primeiro a
falar, isso se ele sentir algo por mim.

–Tudo bem, você venceu. Não vou tentar convence-la, seu


argumento foi bom. – Recolhi as canecas e coloquei na pia. Quando
me virei Theodore surgiu na cozinha, já vestido e pronto para sair.

–Bom Dia. – Murmurei. Rebecca virou-se em sua banqueta para


ver com quem eu falava.

–Wow Bom Dia bonitão. – Rebecca sorriu para ele, e virou-se


piscando descaradamente para mim.

–Bom Dia Rebecca, Alexa. – Seu tom de voz foi mais suave ao
pronunciar meu nome.

–Bem eu vou pro meu quarto, por que como eu estava dizendo
para Alexa, eu estou com dor de cabeça. –Rebecca disse.

–Dor de cabeça? De novo? Você não me disse não.

Ela limpou a garganta e balançou a cabeça na direção de


Theodore.
–Claro que eu disse! Olhe só você pode ficar ai, você, ele, os
dois, quer dizer como eu estou com muitaaa dor de cabeça! Eu vou
para o meu quarto, e vocês só fiquem ai sozinhos, fazendo...o que
vocês tiveram fazer. Tchau.

Oh. Meu. Deus. Rebecca não sabe ser discreta!

–Acho que a sua amiga gosta de nós dois juntos. – Theodore


disse.

–Ah sim. Isso por que ela idolatra você, e acha que feitos um
para o outro. Que bobagem.

–Bobagem? – Ele repetiu. – Por quê? Você não acredita que


podemos formar um bom casal?

Casal?

Theodore e Eu?

Eu e Theodore?

Um Casal. Wow estamos chegando lá Baby...

–Eu não sei. Você acha que podemos?

–Eu só acho que você seria perfeita se fosse minha.

–A é? Eu estou mesmo acreditando que você está se fodendo


para aquele acordo.

–Eu já disse que esqueci o acordo, você deveria esquecê-lo


também.

–Talvez eu esqueça, se você me der à prova de que ele não


existe mais.

–Alexa...

–Eu quero mais Theodore. Quero que você me diga algo que eu
sinta que é verdadeiro e possa me entregar a você de corpo e alma.
–Alexa eu já disse, só preciso de um tempo. Por favor, me dê um
tempo para pensar, organizar meus pensamentos, e só então me
abrir com você.

–Eu estou te dando esse tempo. Tome o tempo que você quiser.
Mas saiba que eu não vou esperar de mais, e eu só vou ser sua
quando você disser que é meu.

–Tudo bem, Tudo bem, eu entendi.

–Você já vai? – Perguntei.

–Sim, eu tenho que resolver algumas coisas.

–Quando eu vou ver você?

–Sempre que você quiser eu vou estar aqui para você. Podemos
almoçar juntos, eu pego você assim que terminar esse
compromisso.

–Não posso, eu vou almoçar com os meus pais.

–Então jante comigo.

–Tudo bem, eu aceito.

–Você vai contar a eles que vai voltar para Seattle?- Perguntou-
me

–Eu não sei.

–Alexa você não está pensando em desistir, não é? Eu sei que


isso está complicado, mas não desista. Eu preciso de você comigo.
Eu não sei como vai ser não dormir ao seu lado, ou acordar de
manhã com seu cheiro no travesseiro. Provavelmente eu ficaria
maluco.

–Eu vou com você Theodore, eu cumpro minhas promessas. E


só para você saber, eu gosto de acordar ao seu lado.

–Eu tenho que ir. – Ele disse e então se aproximou. – Vejo você
a noite minha pequena.
Ele beijou meus lábios suavemente, descansando a mão sobre o
meu quadril, aprofundou um pouco mais empurrando a língua na
minha boca, e saboreando meus lábios.

–Ainda não sou sua pequena. – Respondi ofegante.

–Mas cedo ou mais tarde você vai ser. – Ele sussurrou, e depois
se afastou deixando-me zonza sobre minhas pernas, então foi
embora.

oOo

Capitulo Vinte e Oito: Apaixonada

oOo

Eu não sabia que estava com tanta saudade de casa até o


momento em que passei pelos portões e avistei a casa em que
cresci. Angus estava lavando o carro como faz todos os domingos,
quando me viu abriu um sorriso imenso. Estacionei o carro, e desci.
Rebecca veio logo atrás de mim, ainda reclamando por que não
queria sair de casa. Até parece que eu a deixaria mergulhada em
melancolia no apartamento tendo que aguentar Harper e suas
maratonas de séries.

–Boa Tarde Srta. Cross. – Angus cumprimentou-me. – E Srta.


Field.

–Boa Tarde Angus. – Respondemos em uníssono.

–Como foi à viagem? – Perguntou-me.

–Boa. Seattle é um lugar interessante.

–Mas estar em casa é melhor?

–É, eu acho que Nova York é o meu lugar.

–Bom, seus pais estão esperando. Vá até lá.– Ele apontou para
a casa.
–Eu vou, vejo você por ai.

Deixei Angus voltar ao seu trabalho e segui para a casa com


Rebecca junto. Assim que entrei ouvi os saltos da minha mãe
estalando pela escada, ela desceu graciosamente com um sorriso
lindo.

–Alexa! – Ela me abraçou tão forte que eu pensei que poderia


ser esmagada.

–Oi mãe, também estava com saudades.

–Ah querida, você não sabe o quanto eu estive preocupada com


você, e seu pai também. Que bom que está conosco.

–Eu estou aqui mãe, está tudo bem. A viagem ocorreu muito
bem, e minha estadia em Seattle também, você não tinha que se
preocupar. Ela se afastou, e passou a mão sobre as minhas
bochechas como se certificando que eu estava na sua frente de
verdade.

–Você está tão linda querida. – Elogiou-me.

–Você também mãe, está ótima. – E quando ela não está?


Minha mãe é uma deusa loira.

–As mulheres mais lindas de Nova York e o mundo reunidas na


minha casa, eu devo ter muita sorte. – Papai disse vindo ao nosso
encontro. Como senti falta dele, da sua figura masculina e paterna,
da sua grandeza e força, do meu herói.

–Oi pai. – Quase corri para os seus braços abertos para me


receber.

–Oi princesinha do papai. – Ele me abraçou tão forte como


minha mãe, e antes de se afastar beijou o topo da minha cabeça.

–Pai é Alexa! – Retruquei só por habito mesmo.

–Você sabe que sempre será minha princesinha Alexandra. Eu


não sei o que é pior me chamar de princesinha, ou de Alexandra.
–Vem querida vou pedir para servir o almoço, temos tanto pra
conversar! – Mamãe puxou o meu braço e o de Rebecca e nos
levou para a cozinha.

Sentamos todos ao redor da mesa redonda. Minha mãe, meu


pai, eu, e Rebecca. Eva está tão eufórica com a minha chegada,
fica me perguntando todos os detalhes, e quis saber tudo o que fiz
em Portland e em Seattle, eu tentei dar apenas alguns fatos felizes,
não aqueles em que eu me meti em alguma roubada, ou os com
Theodore. Rebecca estava até sorrindo e dando gargalhada com as
ideias malucas da minha mãe. Meu pai apenas observava e
comentava uma coisa ou outra. Ele me elogiou pelos relatórios que
enviei, e disse que fiz um ótimo trabalho. Fiquei contente com isso,
afinal não é fácil agradar o todo poderoso Gideon Cross.

–Então querida e como você e Theodore se saíram trabalhando


juntos? – Eva perguntou mudando de repente de conversa.

–Hum bem, nós nos demos bem.

–Não brigaram? Eu e seu pai fizemos uma aposta de quanto


tempo vocês conseguiriam ficar juntos sem brigar.

O que? Ah meu deus, sério isso? Meus pais não prestam.

–Por que você apostaria numa coisa dessa mãe? – Perguntei


chocada. Rebecca começou a rir sem parar.

–Sra. Cross por que não me disse, eu gostaria de ter apostado


também. – Rebecca comentou em meio às risadas.

–Alexa eu sei a filha que tenho, esse seu gênero ruim, essa
vontade de dominar tudo e todos, como o seu pai. – Eva disse, e
lançou um olhar para Gideon e de volta para mim.

–A é? E eu posso saber quem ganhou essa aposta, já que eu


não briguei com Theodore, na verdade nós nos saímos muito, muito
bem.

–Então nós dois perdemos querida, ambos apostamos que


vocês se matariam ao final dessa semana. Céus! Como os meus
pais podem ser assim?
–Ah Sra. Cross sua filha e o Sr. Grey se deram tão bem que
Alexa vai voltar para Seattle amanhã. – Rebecca disse. Eu chutei
sua canela por debaixo da mesa. Merda! Não era pra ter falado
ainda...

–Voltar para Seattle? Por que Alexandra? – Meu pai inquiriu.

–É querida, por quê? Bem, se for pelo seu pai, ele já decidiu que
você não precisa mais ir enquanto as obras não estiverem prontas.

–Não é isso mãe. Eu gostei de Seattle, e também gostei de


trabalhar por lá, é bom estar acompanhando o andamento dos
negócios de perto, por isso eu vou voltar.

–Ah querida de novo não, você não precisa Alexa. E como eu


vou ficar mais uma semana sem você, e nossos almoços de
quarta?

–Você vai sobreviver mãe, e eu prometo que é só mais essa


semana.

–Ah querida, então hoje é nossa despedida também? E quando


você ia me contar? – Eva perguntou-me.

–Mãe eu ia contar hoje. Olha não fica triste ok? Eu quero isso.

–Tudo bem querida, você tem que fazer o que você gosta. –
Mamãe sorriu conformada.

–Se é isso o que você quer, então é isso que você vai fazer
Alexandra. – Meu pai disse, e sorriu de um jeito orgulho. Nem sabe
ele o verdadeiro motivo de eu estar voltando a Seattle.

Terminamos de almoçar e minha mãe nos levou para a sala, nos


fez tomar chá enquanto contava toda há sua semana para nós, o
que se resumia quase a mesma coisa e nada. Ela e Rebecca
conversaram um pouco também, até minha mãe notou que ela
estava um pouco distante, é claro que Becca disfarçou e disse que
era uma simples dor de cabeça. Acho que se minha mãe soubesse
sobre ela e Isaac tentaria dar uma de cúpido. Isso me lembra o que
eu estou passando. Céus como eu gostaria de contar para a minha
mãe, mas eu não posso, ainda não. O que eu poderia dizer?
Apaixonei-me por ele em dez dias, fui para a cama com ele, aceitei
um acordo de não me apaixonar que agora não existe mais por que
ele me mandou esquecer. Tudo o que eu queria era que ele me
dissesse aquelas palavras, que me trariam o conforto e a segurança
que eu preciso. Mas não, ele não diz nada. Apenas fica pedindo o
maldito tempo. No meio do bate papo com minha mãe, meu celular
vibrou com uma nova mensagem. Peguei o aparelho para ler o sms,
que era de um numero agora conhecido na minha agenda.
Theodore.

“Use algo vermelho esta noite. Pego você as 19h00min”.

Curto, rápido, e direto no assunto. Algo vermelho é? Humm

“Tudo bem, vejo você as sete”.

Depois de passar a tarde toda com minha mãe e meu pai, nós
nos despedimos e fomos para casa. Quando cheguei ao
apartamento descobri que Harper tinha voltado para casa, ela
apenas deixou um bilhete dizendo que cumpriu o prazo que pedi, e
agradeceu. Tenho certeza que não vai demorar muito tempo, e ela
vai estar aqui de volta.

Avisei Rebecca do meu jantar com Theodore, e fui tomar um


banho e depois escolher uma roupa. Pensei em usar um vestido
vermelho, mas ele não especificou o que eu tinha que usar, e como
eu gosto de provoca-lo vesti um vestido preto, mas por baixo eu
tinha escondido uma lingerie vermelha muito sexy. Arrumei meus
cabelos, pus os saltos e fui fazer a maquiagem quando Rebecca
entrou no quarto.

–Hey gostosa ele está esperando você lá embaixo, e avisou que


mais um minuto de atraso e ele vai subir aqui e carregar você em
seu ombro. – Rebecca disse sorrindo.

–Ele disse isso mesmo? – Questionei.

–Sim, ele disse.

Oh deus como eu gostaria de demorar mais e ver se ele seria


capaz. Ah o que eu estou falando? É claro que ele seria capaz.
–Você vai ficar bem? – Perguntei.

–Não se preocupe comigo Alexa, eu ficarei bem, divirta-se muito.

–Obrigado. Te amo, estou indo. – Beijei sua bochecha


rapidamente, e corri para fora.

Peguei o elevador, desci na portaria e caminhei para fora.


Theodore estava usando um traje esporte chique, e parecia
imensamente gostoso.

–Você está linda. – Ele elogiou e beijou meus lábios


rapidamente. Abriu a porta do carro e eu deslizei sobre o banco de
couro e ele ao meu lado.

–Obrigada, você também. –Respondi.

–Eu acho que me lembro de ter pedido que você vestisse algo
vermelho. – Ele disse e avaliou meu vestido tomara que caia preto
com um decote em V grande.

–E quem disse que eu não estou usando algo vermelho?

Seus olhos dispararam para as minhas coxas nuas e


instintivamente eu me senti quente, muito quente.

–Você está tão gostosa Srta. Cross, eu estou com fome de você.
– Ele sussurrou próximo ao meu ouvido, e mordeu o lóbulo da
minha orelha espalhando tremores por todo o meu corpo, eu gemi
baixinho para provoca-lo.

O caminho todo Theodore ficou tentando-me com suas mãos


bobas, mas eu não deixei que ele me tocasse ainda mais com
Connor dirigindo no banco da frente, e também o caminho foi
rápido, ele estava em um hotel no Central Park. Assim que
chegamos ele desceu, me ajudou a sair, e me acompanhou para
dentro, chegamos ao elevador e eu percebi que Theodore estava
mais nervoso. Ele parecia inquieto e ficava passando a mão pelos
cabelos.

–Está tudo bem? – Perguntei.


–Sim, está. É que eu tenho uma surpresa para você.

–Surpresa? Pra mim? O que é?

–Você vai ver, estamos chegando.

O elevador nos levou para o terraço o que eu achei estranho,


mas então talvez eu pensei que era aqui que jantaríamos, essa era
a surpresa. Quando as portas se abriram e eu dei alguns passos
para frente congelei. Era lindo, tudo estava incrivelmente lindo.

Havia uma mesa para duas pessoas coberta com uma toalha
branca, e pratos de porcelana e taças de cristais, garrafa de vinho,
e um vaso solitário com uma rosa vermelha dentro. Ao redor da
mesa várias velas de tom escarlate foram colocadas acesas no
chão, ou no parapeito. A iluminação ajudava a criar um clima
romântico e suave. E toda a vista de Nova York acesa durante a
noite era para tirar o folego, sem contar com o céu escuro, e as
estrelas tão brilhantes. Mas o que me deixou realmente encantada
e apaixonada por toda aquela cena foram às flores. Era como se
existisse um verdadeiro jardim botânico naquele terraço, várias
flores espalhadas em vasos por todo o lugar. Era a coisa mais linda
que alguém já fez para mim.

–Você queria corações e flores? – Theodore sussurrou atrás de


mim, passando seus braços ao redor da minha cintura. Eu estava
emocionada, eu nem conseguia responde-lo, eu tinha uma espécie
de uma bola trancando minha garganta, e sentia que podia chorar
se dissesse uma palavra, então eu apenas acenei concordando. –
Bem, as flores estão ai, e meu coração você ganhou quando entrou
na minha vida.

–Theodore... – Eu solucei o seu nome por que fui incapaz de


dizer algo mais. As lágrimas encheram os meus olhos, e eu não
conseguia parar. Ele estava me dando o meu mais, o mais que eu
tanto pedi, ele realmente está me dando. Virei-me para encara-lo,
mas ele apenas me tomou nos seus braços e me abraçou forte.

–Eu estou apaixonado por você Alexa, e quero te dar todos os


mais que existirem no mundo para ter você ao meu lado. Oh meu
deus, meu Theodore.
–Eu estou apaixonada por você Theodore, e estive desde o
primeiro momento em que vi seus olhos.

–Minha pequena. – Ele beijou meus lábios carinhosamente, e


enxugou o canto dos meus olhos com o polegar.

–Sua pequena. – Concordei e me agarrei a ele só para me


certificar de que tudo era real, de que estava mesmo acontecendo.

Pela primeira vez desde que o conheci ele me beijou provando


que estava apaixonado, com uma delicadeza, uma suavidade, e
muito carinho. Eu apenas retribui tudo com o dobro de Paixão.

oOo

Capitulo Vinte e Nove: Acalorado

oOo

Era difícil acreditar que ele tinha me dito aquelas palavras, as


que eu tanto queria ouvir, ainda mais em um momento tão
inesperado, mas ao mesmo tempo no lugar certo, na hora certa.
Sem contar que veio acompanhado de um pacote completo. Flores,
velas, jantar, romantismo. Todas as coisas que para mim Theodore
nunca seria capaz de fazer, mas ele fez. Provou que eu estava
errada pensando desta maneira. Eu não sei o que pode ter
acontecido para que ele tenha mudado de ideia, apenas algumas
horas mais cedo ele havia me pedido mais tempo. Parecia
impossível que um dia eu fosse ouvi-lo dizer com todas as letras:
Eu estou apaixonado por você. No entanto ele as disse, e eu não
tive nada me impedindo de dizer as mesmas palavras. Agora eu
não era apenas uma mulher atraída por ele. Agora eu era
definitivamente uma mulher apaixonada por ele.

–Gostou da surpresa? – Theodore retirou-me dos meus


devaneios. Entregou-me uma taça de vinho e me enrolou nos seus
braços.

–Se eu gostei? Theodore tudo é lindo, as flores, as velas, mas o


que eu mais amei foi sua confissão. Realmente eu fiquei surpresa.
–Hum bom, você me surpreendeu também, eu não esperava
ouvir a mesma coisa vinda de você.

–Theodore eu me apaixonei por você desde o primeiro momento.


Eu tentei esconder, mascarar, até mesmo negar esse sentimento
por que eu não estava pronta para passar por isso novamente, mas
não adiantou, foi mais forte que eu. Quando você nos ofereceu
aquele acordo, eu fiquei confusa, eu não queria aceita-lo realmente,
mas eu precisava, por que eu queria estar perto de você, queria que
você me quisesse por perto, e pensei que aceitando aquele acordo
seria o suficiente, mas é claro que não foi. Então quando você me
disse para esquecer o acordo, eu pensei, temos uma chance. Mas
eu tinha medo de dizer as palavras primeiro e descobrir que você
não sentia o mesmo. E também você ficava me pedindo tempo, e
mais tempo, eu fiquei cada vez mais confusa, não sabia o que
fazer. Eu estou muito feliz por poder enfim me abrir com você.

–Sinto muito por deixar você confusa Alexa, por te pedir aquele
acordo, e por todo o tempo que eu pedi. Mas o que você faz
comigo, o que eu sou com você, tudo isso era novo para mim,
continua sendo novo para mim. Quando eu conheci você acreditei
que você seria apenas mais uma, quando te fiz aceitar o acordo,
acreditei que podia cumpri-lo. Até que eu percebi que estar longe de
você fez minha vida sem graça. Eu sentia falta das suas
provocações, das insinuações, do seu senso de humor incrível.
Percebi que eu precisava desesperadamente de você, mas ao
mesmo tempo eu não sabia como te trazer para o meu lado, sem
assusta-la, sem que você tivesse medo de estar comigo. Eu queria
ser completamente sincero.

–Você não me assusta Theodore, e eu não medo de você, nunca


tive. Eu nem entendo como você pode pensar em algo assim.

–Alexa você é uma garota forte, você é determinada, e você é a


única que eu já conheci que me desafia sem medo. Essas são
qualidades que me fizeram ficar perdido por você. Mas você não me
conhece por completo, a uma parte de mim escura, sombria, que
pode tirar você de mim. Eu preciso que você conheça esse meu
lado, por que senão eu não serei capaz de aceitar você por
completo, sabendo que escondo segredos, que vivo na mentira. Se
depois que você souber sobre tudo você ainda quiser ficar comigo,
tenha certeza que eu não vou te deixar, e que você estará me
fazendo muito feliz, mas pelo menos eu vou saber que fui sincero, e
não te escondi nada.

–Theodore eu não acredito que exista algo em você que seja


ruim ao ponto de que eu não queira me aproximar. Mas se você
quer assim, então assim será. Você pode confiar em mim, não me
esconda nada, e não tente negar nenhum sentimento seu por mim,
por que eu também não farei isso mais.

–Amanhã nós vamos voltar para Seattle e eu quero que você


conheça uma pessoa. Só quando você vê-la, você vai ter a certeza
de querer ficar comigo ou não. E se você escolher ficar longe de
mim, você vai estar com razão, eu não vou impedi-la de ir, apesar
de que será difícil muito difícil.

–Eu não vou deixar você Theodore, não mais.

–Não diga isso ainda, você não sabe de tudo.

–Eu sei, eu sei que nada vai me afastar de você agora. Por que
você não pode me contar de vez o que precisa ser dito, por que eu
tenho que ver essa pessoa?

–É que ela saberá explicar melhor, eu não sei como fazer isso.
Por favor, você só tem que entender.

–Tudo bem, eu vou tentar. Só por que você já me fez muito feliz
hoje.

–A noite não acabou então eu ainda posso deixar você mais


feliz.

–Impossível.

–Nós vamos ver.

Tentei manter longe os pensamentos negativos dessa conversa.


Pensar que poderia ter algo em Theodore escuro, sombrio que
pudesse me afastar dele, ou ter medo dele era algo impossível de
imaginar. Às vezes ele era intimidante, eu sei que ele pode ser
controlador, e muito ciumento, mas é apenas isso, e essas coisas
não me fariam ficar longe dele. Desde que o conheci eu sabia que
ele mantinha algum segredo, alguém com um acordo para não
apaixonar, um homem rico e bonito sem uma namorada, noiva, ou
esposa aos 27 anos é difícil de encontrar. Ele esconde algo, e eu
estou mais do que curiosa para saber o que é. Não tenho medo de
descobrir, eu vou mostrar pra ele que eu sou tão forte quanto ele
pensa. Nada pode me afastar dele. Nada.

Nós jantamos juntos apreciando a vista incrível de Nova York.


Bebemos vinho e conversamos sobre outros assuntos. Essa noite
Theodore estava além de incrível, com um bom humor, com os
olhos brilhantes e alegres. Eu acho que estava da mesma forma,
era impossível parar de sorrir. O desabafo de ambos nos ajudou de
alguma forma, nós fez mais leves, nos deixou mais a vontade um
com o outro. Era tudo o que estávamos precisando para acalmar
um pouco nossas brigas e desentendimentos.

–Alexa seus pais sabem que você vai voltar para Seattle? –
Theodore perguntou-me.

–Eles sabem, Rebecca deixou escapar no almoço de hoje.

–Eu provavelmente deveria conversar com o seu pai, mas eu


não sei o que devo dizer.

–Ah não, está tudo bem. Eu já dei um jeito nisso, eles pensam
que eu gostei de trabalhar com você, e na verdade eu gostei. Acho
que há pelo menos uma coisa em que nos damos bem juntos, o
trabalho.

–Você está enganada pequena, há pelo menos duas coisas.


Trabalho e sexo.

–Oh sim, como eu fui esquecer?

–Talvez eu possa fazer você lembrar. Eu estou realmente


interessado em descobrir onde está o “algo vermelho” que eu pedi
que você usasse.

–Hum venha descobrir então, aproveite que essa noite você tem
passe livre.
–Meu bem, eu tenho passe livre todas as noites.

–Convencido!

Theodore me levou para a suíte onde ele estava hospedado.


Assim como o terraço, tudo estava preparado para uma noite linda
e romântica. Ele não esperou realmente que eu estivesse dentro do
quarto para me atacar. Na verdade ele me beijou e me apalpou em
todos os lugares enquanto estávamos no elevador, e até no
corredor. Mas ele foi particularmente carinho ao me despedir. Antes
de abrir o primeiro botão do meu vestido ele me beijou suavemente.
Com os meus ombros nus, ele beijou cada lado. Até descer meu
zíper e deixar uma nuvem de tecido preto nos meus pés.

–Surpresa. – Eu disse virando-me para encara-lo vestida apenas


na minha lingerie.

–Srta. Cross eu realmente adorei esse “algo vermelho”. Agora eu


estou indo para pega-lo para mim.

–Como quiser Sr. Grey.

Nós nos desfazemos das únicas coisas que estavam entre nós,
nossas roupas. E essa noite o sexo foi diferente, muito diferente.
Foi suave como nunca tinha sido antes, foi calmo, carinhoso e
gostoso. Eu tive cada parte do meu corpo beijada por ele, e
digamos que ele também recebeu desse privilégio. Estar
apaixonada nunca foi tão bom. Mas talvez tenha sido apenas por
que eu nunca tinha me apaixonado pela pessoa certa, até agora.

oOo

Capitulo Trinta: Consolando

oOo

Acordar ao lado de Theodore era tão bom para mim, quanto para
ele. Eu adoro a forma como mesmo ele se virando durante a noite
suas mãos nunca estão longe de mim, ele tem que estar me
tocando de alguma forma. Nem que seja um braço ao redor da
minha cintura, ou as pernas enroscadas nas minhas. Não importa,
ele tem que estar em contato comigo o máximo possível. Eu
aproveitei que ele estava dormindo de bruços com as costas nuas
completamente expostas para mim, e comecei a beijar cada parte
de pele lisa e suave nua que eu conseguisse. Desde a nuca, por
toda a sua coluna eu distribui beijos suaves e delicados sem a
intenção de acorda-lo. Mas apesar de parecer que ele dorme
pesadamente, eu já percebi que Theodore tem um sono leve, e
como eu previa ele me pegou no flagra.

–Hum eu já disse que amo essa sua boca? – Theodore abriu


seus lindos olhos azuis e me encarou com um sorriso radiante.

–Você já deve ter dito isso uma ou duas vezes.

–Porque você não traz ela até aqui, e me da um bom dia bem
gostoso.

Foi o que eu fiz, me arrastei até ele, e beijei seus lábios macios e
famintos. Eu fui obrigada a me afastar antes que nosso beijo se
tornasse outro e mais outro, e a gente acabasse não saindo dessa
cama tão cedo. Mesmo assim afastei-me um pouco ofegante.

–Então nós vamos voltar para Seattle hoje, você está pronta? –
Theodore perguntou-me.

–Prontíssima. Só vamos passar no meu apartamento, por que eu


preciso me despedir da Rebecca e pegar minhas coisas.

–Tudo bem. Café da manhã no hotel, ou você prefere em outro


lugar?

–Devido ao único vestido que eu tenho seria melhor aqui no


hotel. Mas é ariscado ficar perto de você com uma cama por perto,
por isso vamos a um Pub perto do meu apartamento.

–Querida não é necessariamente preciso uma cama para ser


ariscado você estar perto de mim. Pode ser apenas um carro, uma
mesa de escritório, um balcão de cozinha. O importante é que tenha
você em um desses lugares.

–Theodore seu pervertido!


–Eu sei que você gosta meu bem, agora vá vestir a sua roupa,
ou eu vou pegar você e não vou largar.

Resolvi sair da cama antes que ele cumprisse com sua palavra.
Tomei um banho rápido, e vesti o vestido preto da noite passada.
Esperei Theodore tomar um banho também e se vestir, estando
prontos nós deixamos o hotel. Paramos no Pub perto do meu
apartamento e pedimos algumas guloseimas. Era impressionante
como ele chamava atenção em lugares públicos, principalmente
com o publico feminino. Era muito difícil que algum par de olhos não
desse uma segunda olhadinha nele. Eu não as culpo, ele é tão
bonito e seguro de si. Só que ele é meu, e eu não o divido com
ninguém.

–Sabe, agora que nós estamos nos acertando, acho que


deveríamos pensar em como modificar nossas agendas. Por que
definitivamente eu não vou morar em Seattle, e você também não
vai poder ficar em Nova York. – Eu disse.

–Se você realmente quiser ficar comigo nós vamos dar um jeito
nisso Alexa.

–E o que eu vou dizer para os meus pais? – Continuei.

–Eu vou conversar com seus pais Alexa. Você não tem que fazer
tudo sozinha.

–Tudo bem, mas e os seus pais?

–O que têm eles? Gostaram de você desde o primeiro momento.


Aliás, minha família toda parece gostar de você.

–Eu não estou mais acostumada a ser apaixonada, então isso


pode ser um pouco difícil pra mim. – Eu falei meio que pensando
em como o meu ultimo relacionamento tinha acabado.

–Pra mim também Alexa. – Ele murmurou.

–Então você já se apaixonou? – Perguntei com uma pontinha de


interesse. Ah quem eu estou querendo enganar? Perguntei
curiosíssima. Theodore não chegou a responder, por que fomos
interrompidos por duas pessoas, uma loira de expressão curiosa, e
um moreno sorridente.

–Alexa! Theodore?

Não pode ser. Não pode ser. O que ela faz aqui?

–Mãe? – Murmurei. – Tio Cary?

–Oi gatinha, como vai você? – Tio Cary cumprimentou-me com


aquele sorriso lindo que Isaac herdou.

–Estou bem tio, e você? – Eu não esperei ele responder e me


virei para minha mãe. – O que você faz por aqui mãe?

–Eu e Cary estamos apenas passeando, pensamos em passar


no apartamento de Isaac e levar alguma coisa para ele comer. Mas
e você? Alexa você não ia viajar para Seattle hoje? A propósito olá
de novo Sr. Grey, eu não sabia que estava em Nova York.

–Olá Sra. Cross. – Theodore cumprimentou hesitante.

–Eu vou viajar mãe, nós apenas estamos tomando café da


manhã.

–Sei. – Ela me deu aquele olhar. Sabe aquele olhar de mãe que
diz “você não me engana”. Então, esse mesmo. – Cary por que
você não pega o nosso pedido? E Alexa eu quero um segundo a só
com você.

–Na verdade mãe, eu tenho que ir. Preciso pegar minhas coisas,
e nosso voo tem horário, eu não posso me atrasar. Eu ligo para
você...

–Alexa. – Ela interrompeu-me. – Um segundo, agora.

Eu resolvi que era mais fácil dar esse segundo a ela, do que fugir
e depois ter que lidar com seus telefonemas. Então eu a
acompanhei para fora do Pub, e nós sentamos em uma mesa na
parte de fora. Eva Cross estava me olhando de um jeito diferente,
eu não conseguia decifra-la, é difícil não saber decifrar minha mãe.
–Então, você pode começar a falar. – Ela pressionou.

–Mas você é que pediu um segundo comigo. – Retruquei.

–Alexa pare de fingir, eu sou sua mãe! Desde quando isso está
acontecendo? Antes ou depois de você ir para Seattle com ele? Eu
deveria ter desconfiado quando você me disse que estava adorando
trabalhar com ele, e que Seattle estava maravilhosa. Por que você
não me contou Alexa, por quê?

É isso. Eva Cross é esperta demais, eu devia saber que não


conseguiria esconder isso dela por muito tempo.

–Desculpe mãe, eu estava confusa, não queria envolver você


nisso. Sinto muito não ter contado.

–Ah Alexa, você é minha filha, devia confiar em mim. Diga-me há


quanto tempo vocês estão juntos?

–Não estamos juntos mãe, não ainda. Olha tudo começou ainda
em Nova York, mas as coisas ficaram mais sérias quando eu viajei
para Seattle.

–Então você não está voltando para Seattle por causa do


trabalho, e sim por causa dele? Eu devia ter desconfiado.

–Mãe é pelo trabalho também. Mas principalmente por ele. Eu


estou apaixonada por Theodore.

–Apaixonada de novo querida? Você tem certeza Alexa? Não


confunda seus sentimentos, você sabe o que aconteceu da ultima
vez.

–O que eu sinto por Theodore é diferente do que eu sentia por


Damian. Mãe eu sei o que eu estou sentindo, e sei o que quero. Eu
estou apaixonada por ele, e viajo hoje para Seattle.

–Você sabe que não vai conseguir esconder isso do seu pai por
muito tempo, não é? Ele vai descobrir assim como eu Alexa, mais
cedo ou mais tarde.
–Nós vamos contar para o papai quando eu voltar. Por favor,
mãe você não tem que dizer nada.

–Eu não vou Alexa. Você é minha filha, mas você é uma mulher
adulta. Eu realmente espero que você esteja fazendo a coisa certa,
por que eu não quero ver você machucada. Eu não quero te ver
sofrer por amor.

–Eu sei o que estou fazendo mãe. Obrigada por manter isso em
segredo por enquanto, é importante tanto pra mim quanto para ele.

–Eu te amo Alexa, eu nunca faria nada para prejudica-la.

–Eu também amo você mãe.

Minha mãe foi embora e o tio Cary também. Theodore me levou


para o meu apartamento, e eu apenas disse a ele que Eva sabia de
nós, mas que não contaria a ninguém, e que tudo estava bem,
podíamos ficar tranquilos. Deixei Theodore no Hall e prometi descer
logo com minhas coisas.

Quando eu entrei no meu apartamento levei um susto. Parecia


que um terremoto tinha atingido minha cozinha e sala. Almofadas
estavam rasgadas e jogadas pra todo o lado, muitos cacos de
vidros espalhados pelo chão, garrafas de vinho vazia sobre o
balcão. Eu não sabia o que tinha acontecido, mas deveria ser algo
muito grave. E no momento eu só pensei em uma pessoa.

–Rebecca!

Ela não respondeu. Eu passei por toda aquela bagunça e fui


procura-la no quarto.

–Rebecca sou eu Alexa, onde você está?

A porta do quarto dela estava trancada e eu comecei a bater


repetidas vezes, até que ela abriu. Se eu pensei que já tinha visto
minha amiga em seus piores dias, eu estava enganada. Ela estava
arruinada. Cabelo um emaranhado negro, olhos borrados de rímel e
sombra, bochechas vermelhas e inchadas de tanto chorar. Ela
desviou os olhos e correu para a cama se enfiando embaixo de um
amontoado de edredons.
–O que aconteceu aqui Rebecca? – Perguntei, e me sentei ao
lado dela na cama.

–Não quero conversar agora. – Ela murmurou com a voz


abafada pelas cobertas.

–Eu não vou sair daqui até você falar comigo, então você vai
acabar me fazendo perder o meu voo.

–Alexa vai pegar seu voo, eu te ligo. – Ela respondeu.

–Não! Então eu não vou para Seattle mais, pronto.

Ela pôs a cabeça para fora de todos aqueles edredons e


começou a chorar. Eu a abracei e fiquei em silêncio, eu não sabia o
que dizer, por que eu não sabia o que tinha acontecido. Mas como
uma amiga de verdade, eu tinha que estar ao seu lado. Então ela foi
se acalmando devagar, até que os soluços cessaram.

–Eu fiz o que você disse. Eu contei a ele. – Ela disse de repente
se sentando na cama e olhando para mim com uma expressão de
cansaço.

–Você está querendo dizer que contou ao Isaac que estava


apaixonada? Mesmo que você tinha me dito que queria esperar por
ele para ser o primeiro?

–Sim. Ele apareceu aqui, e eu o deixei entrar, eu acabei falando.


Eu disse com todas as letras que estava apaixonada por ele. Mas
Isaac ele... Ele disse que nunca daríamos certo, e que eu não
poderia ter esperanças, que deveríamos ficar só na amizade. Ah
meu deus Alexa, eu estou quebrada como eu sabia que ia acabar
ficando. Por quê? Por que eu fui insistir nisso. Ou melhor, por que
eu tinha que me apaixonar justo por ele?

Eu estava com pena dela. Mas Rebecca odeia que as pessoas


tenham pena dela. Então eu tentei soar confiante para passar
algum conforto pra ela.

–Eu sinto muito Rebecca. Você não merecia passar por isso
tudo. Droga, eu não posso te ver sofrer desse jeito. Você é tão forte
Becca, não deixe isso acabar com você.
–Eu vou ficar bem Alexa, vai doer por um longo tempo, mas vai
passar.

–Eu sei que vai, eu sei. Eu estou aqui com você, do seu lado, e
vou te ajudar a superar isso.

–Alexa você deveria ir, eu não quero que você perca seu voo.

–Meu voo? Não há nenhuma possibilidade de que eu vá deixar


você nesse momento.

–Alexa eu não quero que você fique. Eu vou ficar pior se eu


souber que você não viajou por causa de mim, e justo agora que
você e Theodore estão se acertando.

–Não vamos discutir isso, eu não vou deixar você.

–Alexandra Cross eu sou sua amiga e estou te dizendo que você


vai para Seattle com Theodore Grey!

Ouve uma batida de leve e tanto eu quanto Rebecca olhamos


para a porta. Theodore estava parado olhando preocupado para
nós duas.

–Está tudo bem? – Ele perguntou. Eu balancei a cabeça.

–Sim, já está tudo bem.

Eu tinha esquecido que havia deixado Theodore na portaria


esperando por mim. Ele deve ter ficado cansado de esperar e subiu,
provavelmente achou estranho o estado em que o nosso
apartamento estava. E agora eu estou aqui com Rebecca e não
posso viajar, não posso deixa-la. Theodore vai ficar horrível quando
souber, ainda mais por que eu prometi pra ele que iria. E também
ele estava esperando para me apresentar a tal pessoa que pode me
fazer decidir tudo sobre o nosso relacionamento. Ele vai ter que
entender. Rebecca é mais que uma amiga, ela é uma irmã, ela está
sofrendo, e tem que vir em primeiro lugar. E não tem nenhuma
maneira de eu estar com ela, e com Theodore ao mesmo tempo.
Opss. Pera ai...

–Alexa vai! Theodore está esperando você. – Rebecca insistiu.


–Becca eu tive uma ideia. Vai ser boa para mim e para você.

Ela estreitou os olhos para mim, franziu as sobrancelhas,


mordeu o lábio e perguntou:

–Qual é exatamente essa ideia?

–Você vai para Seattle comigo!

oOo

Capitulo Trinta e Um: Tranquila

oOo

Rebecca acabou aceitando viajar comigo para Seattle. Claro que


eu tive que insistir um pouco, por que ela não queria dar trabalho,
por que ela não queria se meter na minha relação com Theodore,
por que blábláblá. Nada importou por que eu consegui convence-la.
Theodore levou numa boa a minha ideia, ele viu o estado em que
Rebecca estava e concordou comigo que não seria bom deixa-la
sozinha, ainda mais com o meu apartamento naquele estado
deplorável. Mas ele também ficou um pouquinho triste por saber
que eu vou ter de passar meu tempo tanto com ele quanto com
Rebecca, e nesse momento muito mais com minha amiga do que
com ele. Então rolou um pouco de ciúmes também. Mas eu prometi
me dedicar completamente a ambos. A minha ideia foi tão boa, mas
tão boa que quando Rebecca e eu embarcamos no jatinho
particular de Grey, ela já estava sorrindo, e achando tudo um
máximo, até fazendo planos para quando chegássemos a Seattle.

–Menina eu estou mesmo viajando em um jatinho particular? –


Perguntou-me com um sorriso de orelha a orelha, provando de um
bom champanhe, acomodada em um assento grande e espaçoso,
com os pés descalços apoiados sobre a mesinha central. É ela já
estava se sentindo em casa.

–Pois é, próxima parada Seattle! – Exclamei igualmente feliz.

Eu gostava de ter a velha e boa Becca de volta. Essa mulher


sorridente, com um senso de humor incrível, que faz piada de tudo,
e que vê graça nas coisas menos importantes da vida. Eu me sentia
melhor em saber que consegui pelo menos por um tempo tirar
minha amiga da profunda tristeza em que se encontrava. Ainda não
acredito que Isaac foi capaz de dizer aquelas coisas na cara dela.
Eu tinha esperanças de que eles poderiam dar certo. Eu não sei,
mas quando conversei com Isaac ele parecia realmente interessado
na Becca. Não como uma garota qualquer que ele leva para casa
uma noite, não. Provavelmente eu estava enganada. Isaac acabou
com minha amiga, e pior é que eu também não posso culpa-lo.
Seria pior se ele a iludisse, e ele não fez. Ele falou a verdade. Isaac
não se apaixona por ninguém, é e melhor que ela fique longe dele
para não se machucar ainda mais.

–Alexa? – Becca chamou.

–Hum oi?

–Me arranja mais desse champanhe, tem um gosto incrível.

–Você não está tentando ficar bêbada não é?

–Se eu estivesse me diga que não tenho um bom motivo.

–Tudo bem, tudo bem, eu vou pegar mais.

Eu consegui mais champanhe para Rebecca e também para


mim. Nós nos acomodamos nos nossos assentos e logo estávamos
no céu partindo para Seattle. Theodore sentou-se em uma poltrona
mais distante e trabalhou incansavelmente em seu laptop por horas.
Rebecca caiu no sono depois de umas duas horas de viajem e logo
eu fui ficando cansada, e enjoada de olhar para aquela janelinha e
ver nuvens, nuvens, e nuvens. Acabei caindo no sono também.
Quando acordei Rebecca estava lendo revistas de modas e
bebendo algum liquido amarelo. Minha cabeça estava doendo, e eu
precisava muito de algum remédio.

–Boa Tarde Bela Adormecida. – Rebecca disse sem tirar os


olhos da revista.

–Hum Boa Tarde. Você sabe quanto falta para chegarmos?

–Pouco. A comissária de bordo disse que falta pouco.


–Bom. Eu preciso de um advil. -Eu não quis acordar você, mas
acho que deve comer alguma coisa.

–Eu vou comer quando chegarmos. Onde está Theodore?

–Sumiu já faz algum tempo. Ai Alexa ele é tão tão... eu só


gostaria de ter alguém como ele para mim. Ele não tirava os olhos
de você enquanto estava dormindo.

–Você vai encontrar alguém especial ainda, eu sei que vai. Mas
me diga você está bem Rebecca? Quero dizer você se sente
mesmo melhor?

–Eu estou bem. Eu já chorei o que tinha para chorar, agora eu


vou levantar a cabeça e continuar.

–É assim que se fala Becca.

Fui à procura de Theodore e o encontrei no quarto onde ele


havia me colocado para dormir na primeira vez que viajei com ele.
Ele mal notou minha presença enquanto conversava com alguém
no telefone celular. Aproximei-me e fiquei em pé perto da cama
esperando que ele notasse a minha presença. Ele estava sentado
em uma poltrona virada de costas para mim e parecia um pouco
irritado enquanto falava com a outra pessoa. De repente ele se
despediu rapidamente, e desligou o telefone.

–Srta. Cross você costuma invadir o quarto das pessoas assim?


– Ele perguntou-me ainda virado de costas e com uma voz
suavemente brincalhona.

–Na verdade não costumo. Mas estamos falando do seu quarto,


e este eu tenho que abrir uma exceção.

Ele riu baixinho.

–Eu não tenho problema algum em receber visitas suas no meu


quarto.

–Bom, por que eu vou. Theodore se levantou e caminhou até


mim, puxando-me para os seus braços e beijando o topo da minha
cabeça.
–Alexa eu quero que você saiba que a pessoa a quem eu quero
lhe apresentar. Bem, você vai conhecê-la amanhã, tudo bem?

–Ah sim, pra mim parece ótimo.

–Você parece tão calma e nada preocupada. Justo quando o que


você ficar sabendo pode decidir se você quer ou não estar do meu
lado.

–Theodore eu estou curiosa. Mas não estou preocupada por que


eu acredito que não há nada que possa me afastar de você.

–Mas ainda assim você pode sentir medo e querer se afastar.

–Eu não vou ter medo de você. A menos que você tenha matado
alguém. Você matou alguém?

Theodore riu mais uma vez, e eu também.

–Por deus Alexandra não. Eu não matei ninguém.

–Era o que imaginava. Então você roubou alguém?

–Eu tenho dinheiro, sempre tive. Não, nunca roubei ninguém.

–Você é casado e está escondendo isso de mim?

–Não, eu não sou e nunca fui casado.

–Então não há nada que vá me afastar de você. Eu não entendo


por que essa pessoa tem que contar o que você poderia me dizer.

–Eu posso, mas eu não sei como. Tenho medo de dizer algo
errado, ou que você confunda as minhas palavras. Apenas não
posso dizer.

–Tudo bem, então vamos deixar essa conversa para amanhã.

–Vem, nós vamos pousar daqui a pouco.

Nós pousamos meia hora depois, o que foi maravilhoso, já que


eu não sou muito fã de viagens aéreas. Rebecca foi a primeira a
descer as escadas para o terminal de desembarque. E eu fui logo
em seguida com Theodore atrás de mim. O Audi estava
estacionado bem próximo, e Connor desceu para pegar nossas
malas.

–Srta. Cross, Srta. Field. – Ele cumprimentou cordialmente.

–Boa Tarde Connor. – Respondi. Ele seguiu para as malas e eu


para o carro.

–Pera ai, pera ai! – Rebecca exclamou. – Como você deixou de


fora o fato de que o motorista do bonitão é outro gatão?

–Hum interessada nele Srta. Field? – Brinquei.

–Quem não se interessaria por um pedaço de mau caminho


desses?

–Infelizmente ele é noivo. E tenho que admitir que a noiva dele é


bonita e simpática, ela também trabalha para Theodore.

–Droga! Não estou com sorte.

Rebecca e eu nos acomodamos no banco de trás, e logo


Theodore se juntou a nós. Eu estava louca para chegar ao escala,
minha cabeça ainda estava doendo, eu estava com fome, e
precisava desesperadamente de um banho. No caminho Becca
desceu o vidro do carro e colocou a cabeça para fora apontando
todos os lugares que ela gostaria de visitar comigo. Theodore ficou
um pouco nervoso com essa atitude da minha amiga, mas confesso
que se ele não estivesse por perto eu gostaria de fazer a mesma
coisa. O que me lembrou de que eu deveria alugar um carro para
sair por ai com Rebecca. E essa semana eu estaria por minha conta
para fazer tudo já que a minha não tão fiel secretária não veio
comigo desta vez.

Chegamos ao Escala e Rebecca ficou encantada com tudo,


salientando o tempo todo o quanto eu era sortuda. Eu a coloquei no
quarto de hospedes onde fiquei da ultima vez. É claro que ela
adorou tudo. Aproveitei enquanto ela desfazia as malas e preparava
o banho para dar uma escapada e procurar por Theodore. Ele
estava em seu quarto, à porta estava aberta, e como eu disse que
faria, entrei sem avisar. Theodore estava retirando a camisa. Ohh
ótimo momento para eu chegar.

–Srta. Cross deseja alguma coisa? – Perguntou-me virando-se


para me encarar.

–Humm eu só vim para perguntar onde é que eu vou dormir?

–Ah você ainda não sabe.

–Bem desde que o quarto de hospedes está sendo ocupado pela


Rebecca, eu acho que sobram apenas o seu quarto, e o quarto
vermelho.

–Eu adoraria ter você em Ambos. Mas nesse momento eu quero


você aqui, no meu quarto.

–Para mim parece ótimo. Vou pegar as minhas coisas.

–Me encontre na banheira.

–Hum você vai dar banho em mim de novo?

–Vou Srta. Cross. Isso e muito mais.

–Mais?

–Todos os mais para você.

–Isso soa perfeito Sr. Grey.

oOo

Capitulo Tinta e Dois: Apreensiva

oOo

É hoje, em fim eu vou conhecer a tal pessoa que pode me contar


o que Theodore esconde. O que é tão grave a ponto de ele pensar
que eu posso deixa-lo? Eu estou curiosa, muito curiosa. Acordei
cedo hoje por que mal consegui dormir, tomei um banho e me vesti
esperando ansiosíssima que Theodore me levasse logo a essa
pessoa, mas ele ainda não acordou, e eu também não quero
acorda-lo. Adoro vê-lo dormir. Então eu resolvi ver como Rebecca
está. Deixei o quarto em silêncio para não acorda-lo, e fui até o
quarto de hospedes, bati na porta e entrei.

–Rebecca? – Chamei.

–No banheiro, aproveitando essa maravilhosa banheira. Venha


até aqui.

Entrei no banheiro e lá estava Becca deitada na banheira,


coberta por uma camada grossa de espuma.

–Bom Dia Becca.

–Bom Dia Alexa. Como você passou a noite? Oh não, nem


precisa me responder, certamente foi maravilhosa.

–Foi mesmo, perfeito.

–Ai Alexa eu estou começando a pensar que talvez eu devesse


ter ficado em Nova York. Eu estou aqui só para atrapalhar você e
Theodore, e ainda morrer de ciúmes dessa paixão toda.

–Rebecca Field não diga isso! Nós vamos nos divertir muito, e
eu preciso que você esteja aqui comigo. Da ultima vez eu quase
entrei em depressão por não ter a minha amiga por perto.

–Tudo bem. É verdade eu também não sei se aguentaria mais


uma semana longe de você. E eu gosto de Seattle, eu precisava
dessa viagem.

–Isso mesmo. Agora vê se sai dessa banheira, veste uma roupa


e me encontra lá embaixo para o café da manhã.

–Sim Senhora!

Desci para a cozinha e encontrei Abby preparando o café da


manhã. Sentei-me na banqueta, e fiquei observando-a trabalhar.

–Bom Dia Alexa. – Ela disse sorrindo.

–Bom Dia Abby. Pode me servir um pouco de café, por favor?


–Claro.

Enquanto Abby servia meu café, Theodore apareceu vestindo


roupas limpas, e com o cabelo húmido do banho. Ele me deu um
beijo suave e casto nos lábios e se sentou ao meu lado.

–Bom Dia pequena. Senti sua falta, acordou cedo?

–Eu não estava conseguindo dormir. Você vai me levar para ver
essa pessoa agora?

–Termine o seu café, e eu vou levar você.

Rebecca se juntou a nós logo em seguida. Ela estava usando


um vestido, saltos, seu cabelo estava arrumado, e até a maquiagem
estava feita. Foi ai que me lembrei de que eu não havia dito pra ela
que tinha que sair com Theodore. Aliás, eu nem contei a ela como
foi o nosso jantar. Precisava desesperadamente atualizar a minha
amiga, mas não agora.

–Bom Dia pombinhos. – Rebecca disse assim que entrou na


cozinha.

–Bom Dia Srta. Field. – Theodore respondeu com um sorrisinho.

–Ah não, nada de senhorita, você vai me chamar de Rebecca. E


a partir de agora você é só Theodore para mim, ok? Essa coisa de
senhor, senhora me irrita, até parece que eu estou no trabalho onde
todos querem me bajular, ah não.

–Como quiser Rebecca. – Theodore disse.

–Becca eu vou ter que sair com Theodore, mas pretendo não
demorar. Você se incomodaria de ficar sozinha por um tempo? –
Perguntei. Era horrível ter que dizer isso, por que eu não queria
deixa-la sozinha. Mas dessa vez era somente entre eu e Theodore.

–Ah não, tudo bem. Eu vou ficar aqui, checar meus e-mails,
trabalhar um pouco, quando você voltar à gente decide o que fazer.

–Ótimo, vamos fazer isso.


(...)

–Chegamos. – Theodore disse.

Connor parou o carro em frente a um edifício, provavelmente a


pessoa que eu vim ver mora aqui. Theodore abriu a porta do carro e
me ajudou a descer. Ele me guiou para a entrada, e seguimos
direto para um dos elevadores.

–Alexa eu não vou ficar com você. Quero que veja essa pessoa
sozinha, será melhor que eu não esteja por perto. Mas Connor vai
esperar por você lá embaixo, a hora que você quiser embora, basta
entrar no carro. Por favor, não vá para outro lugar, eu quero
encontra-la no escala depois.

–Eu não quero ficar aqui sem você. Eu nem sei quem estou indo
conhecer.

–Ela é de confiança Alexa, e vai ser melhor que eu não esteja


por perto.

–Ela? Então é uma mulher?

Ele não chegou a responder, a porta do elevador se abriu, e nós


entramos em um corredor e caminhamos até a ultima porta.
Ninguém precisou bater, a porta foi aberta antes. Uma mulher que
parecia ser uns dez anos mais velha que eu estava na minha frente.
Ela era alta, tinha pele morena, cabelos e olhos castanhos. Ela
abriu um sorriso imenso quando nos viu. Eu só queria saber, quem
era essa dai?

–Alexa, está é a doutora Sophie Taylor. – Theodore disse e


apontou a morena na nossa frente.

Doutora? Ela é médica?

–É um prazer em fim conhece-la Srta. Cross. – A mulher –


Sophie – estendeu-me a mão. Eu apertei um pouco hesitante.

–Eu gostaria de dizer o mesmo, infelizmente não a conheço. Ao


contrario de você que sabe até meu sobrenome.
–Theodore fala muito de você. Eu só sei o que ele me conta. –
Ela respondeu.

Eu olhei para Theodore a fim de ganhar uma explicação. Tipo


quem é essa mulher? Ta ela se chama Sophie, e é doutora de
alguma coisa, e ela também chama Theodore pelo nome o que
indica que eles são íntimos. E ela também já ouviu falar de mim
pela boca dele. Mas e dai? O que eu estou fazendo aqui?

–Alexa, eu vou deixar você com Sophie, tudo o que você quiser
saber, ela vai respondê-la. – Theodore disse.

Eu estava desesperada para gritar. Não! Não me deixe aqui


sozinha com essa estranha, mas ao mesmo tempo eu estava
curiosa para saber o que ela tinha a me dizer. Então eu só
concordei.

–Tudo bem. Eu vejo você mais tarde. – Respondi. Ele me beijou


na boca na frente da doutora, o que me fez se sentir envergonhada,
e poderosa ao mesmo tempo. Tudo bem, ele é meu. Não é dela, só
meu. Ah vamos ela é velha de mais para ele, não tenho que me
preocupar com isso.

Theodore foi embora, e Sophie me convidou para entrar em seu


apartamento. A sala era grande e espaçosa, com móveis e paredes
claras. Sentei-me em uma poltrona que ela me indicou.

–Quer beber alguma coisa? – Sophie perguntou atenciosa.

–Não obrigada, eu só gostaria que você dissesse o que eu


preciso saber.

Ela me olhou por algum tempo. E decidiu se sentar na poltrona a


minha frente. Eu ainda não consegui decidir se gosto da mulher ou
não.

–O que Theodore disse a você Alexa? A propósito eu posso


chama-la assim?

–Pode, é claro. Bem, Theodore me disse que a algo que ele


esconde de mim, ele está preocupado que isso cause medo em
mim, e eu queira deixa-lo. Ele me trouxe a Seattle, e disse que me
apresentaria a uma pessoa que poderia me contar tudo o que
preciso saber. E é por isso que eu estou aqui, você é a pessoa
doutora Sophie, e eu estou esperando que me diga o que preciso
ouvir.

–É parece que ele deixou tudo por minha conta mesmo. –


Sophie disse. – Vou começar contando como conheci Theodore,
por que é importante que você saiba isso também. Meu pai é Jason
Taylor motorista do Sr. Grey, e quando ele se casou com a Sra.
Jones nós fomos morar com Christian e Ana. Eu vivi e cresci com
ele, para mim Teddy e Phoebe são como irmãos mais novos. Eu
conheço os dois muito bem.

–Eu conheci a Sra. Jones e os pais e a irmã de Theodore


também. Só não cheguei a conhecer seu pai, o Sr. Taylor.

–Meu pai ia gostar de conhecê-la. Só de saber que você faz bem


ao Teddy ele ficaria feliz. Mas então continuando. Eu sou formada
em psicologia, o que veio a ser muito útil na vida de Teddy. Eu sou
a única em que ele confia para cuidar dos seus problemas, isso por
que eu sou sua amiga desde pequena. Ele me considera alguém
confiável, e é difícil para Theodore confiar nas pessoas.

–Me deixa ver se eu entendi. Você é psicóloga do Theodore, por


que ele confia em você, isso por que vocês se conhecem desde
pequenos?

–Isso mesmo.

–Por que Theodore precisa de uma Psicóloga? Quer dizer,


qualquer um pode ter uma psicóloga, isso é completamente normal.
Eu não estou entendendo aonde isso vai levar ao que eu preciso
saber.

–Theodore gosta muito de você Alexa. Eu nunca o vi tão


preocupado com alguém antes. Ele gosta de falar sobre você, ele
me diz que se sente melhor quando você está perto dele. Ele está
apaixonado. Eu não o vejo assim há muito tempo. Isso está fazendo
muito bem a ele. Mas ele está sendo atormentado pela ideia de que
você pode deixa-lo ao saber de seu problema, e isso é
completamente normal. Até por que tem pessoas que não
conseguiriam lidar com o que Theodore tem. Eu sei que se você
estiver tão apaixonada quanto ele, você vai vencer esses
problemas, e ficar ao dele, dar a segurança que ele precisa. Sei que
não vai ser fácil ouvir isso, mas eu estou aqui para ajudar vocês a
superarem tudo...

–Sophie pare! Por favor, apenas me diga logo o que eu tenho


que saber. – Pedi.

Minhas mãos estavam suando, e a minha cabeça estava


começando a doer. Toda essa conversa só está me deixando mais
preocupada. Antes de pisar nesse apartamento eu tinha a certeza
que não importava o que ela fosse dizer eu não largaria Theodore
de jeito nenhum. Mas agora que eu sei que estou conversando com
uma psicóloga. Uma mulher que está me dizendo que Theodore
tem problemas, e que as pessoas às vezes não conseguem lidar
com esse tipo de problema, isso sim está me assustando. Será que
eu estava enganada? Será que o que essa mulher tem a me dizer
pode mudar o meu jeito de ver as coisas. E se eu não puder lidar
com isso? Eu vou deixar o Theodore? Eu vou ser capaz de fazer
isso com ele?

–Por favor, Sophie. Diga-me o que está atormentando


Theodore? – Pedi mais uma vez.

Ela suspirou e resolveu atender o meu pedido. Pela primeira vez


desde que entrei nesse apartamento Sophie assumiu uma postura
diferente, uma que indicava que agora eu não estava falando com a
amiga de Theodore que cresceu embaixo do mesmo teto que ele. E
sim, sua psicóloga. A que sabia de todos os seus problemas, e
estava disposta a conta-los para mim.

–Theodore sofre de uma doença maníaco-depressiva, hoje em


dia conhecida como Transtorno Bipolar.

oOo

Capitulo Trinta e Três: Presenteada

oOo
–Transtorno Bipolar? – Repeti

–É Alexa, isso mesmo.

–Theodore é Bipolar?

–Sim, ele é.

–Ah meu deus.

–Você quer beber alguma coisa, agua, café, talvez um suco?

–O que? Não...Eu não quero nada. Sabe Sophie quando eu o


conheci o que mais me incomodava era o jeito como ele trocava de
humor tão rapidamente. Às vezes ele é brincalhão e divertido, e
então basta uma palavra, basta uma ação, e ele se transforma em
alguém frio e distante. Eu cheguei a ter raiva dele em alguns
momentos. Mas depois que ele disse que estava apaixonado por
mim nós só tivemos bons momentos. Então eu pensei. Acabou. Ele
só agia daquela forma por que ainda não sabia que eu também
estava apaixonada por ele. Mas agora, você acabou de tirar essa
esperança de mim. Eu não sou a causa de suas mudanças de
humor, ele é...doente.

–Alexa eu sei que você assustada, que você não esperava por
isso. Mas tente não tirar conclusões precipitadas, não ainda. Você
acabou de descobrir, apenas pense um pouco antes de tomar
qualquer decisão que possa vir a se arrepender.

–O que? Você acha que eu vou abandona-lo por causa disso?

–Não foi o que eu disse Alexa. Mas Theodore, ele sim acredita
que você pode deixa-lo, por isso ele não está aqui, ele não queria
ver sua reação.

–Realmente eu e Theodore temos um longo caminho a


percorrer. Eu não acredito que ele foi capaz de acreditar por um
segundo que seja que eu o deixaria por isso. O que ele acha que eu
sou? Ele não acreditou em mim quando eu disse que estava
apaixonada?
–É claro que ele acredita se não você não estaria aqui agora
comigo conversando sobre um assunto tão delicado, um assunto
que Theodore não confia a qualquer pessoa.

–Desculpe Sophie, mas é que eu não sei nada sobre essa


doença. Eu não sei quais são as causas, os sintomas, e nem se a
uma cura. Eu não sei nada, como eu vou ajuda-lo, se eu não sei
nada? Como eu vou ajuda-lo, como?

–Acalme-se Alexa, eu estou aqui justamente por isso. Assim


como eu ajudei Theodore a lidar com a doença, eu vou ajudar você
também. Vai ser muito bom ter alguém como você perto dele.

–Eu quero saber de tudo Sophie. Quero saber como, e por que
Theodore tem essa doença. Quero saber como posso ajuda-lo, o
que devo ou não fazer. Me conte tudo, por favor.

–Sim, eu vou fazer isso. Mas não hoje, nós vamos por etapa,
assim você terá algum tempo para assimilar tudo.

–Etapas? Como assim nós vamos por etapas? Eu quero saber


de tudo. Eu preciso saber de tudo.

–Alexa hoje você descobriu sobre o problema de Theodore.


Quando nos encontrarmos da próxima vez eu vou lhe mostrar o que
precisa saber sobre a doença. Desde a causa até a cura. Por agora
tire um tempo para pensar. Absorver tudo isso, eu sei que você
precisa.

–Quando eu poderei vê-la de novo? – Perguntei.

–Assim que você quiser. Eu estarei esperando-lhe.

–O que eu faço agora? O que eu digo ao Theodore? Como devo


agir daqui para frente Sophie?

–Alexa quero que você entenda a coisa mais importante sobre


essa doença. O Theodore que você encontrar agora continua sendo
o mesmo que você conheceu e o mesmo pelo qual se apaixonou.
Transtorno Bipolar é uma doença mais comum do que você
imagina. Você deve agir sobre ele da mesma forma que vem agindo
até agora.
–Eu entendo, tudo bem. Eu acho que eu vou embora então.

–Isso, vá para casa e relaxe. E quando você encontrar Theodore


só lembre-se de que ele continua sendo o mesmo homem.

–Obrigada Sophie. Eu vou voltar, assim que eu estiver pronta, eu


volto.

–E eu estarei aqui para recebê-la.

Deixei o apartamento de Sophie, e encontrei Connor esperando-


me do lado de fora como Theodore disse que ele estaria. Entrei no
carro e me afundei no banco de couro enquanto o motorista guiava
pelo transito de volta para o Escala. Eu esperava que Theodore não
estivesse em casa quando eu chegasse por que eu não estava
pronta para vê-lo, ou falar com ele. Não que eu estivesse com medo
dele, ou quisesse evita-lo. É que tantas coisas estavam
acontecendo em um período tão curto de tempo. E como Sophie
disse eu precisava pensar. Absorver tudo isso. A viagem de volta foi
silenciosa. Eu ficava olhando para fora pela janela o movimento de
carros e pedestres sem realmente prestar atenção em uma única
coisa. Nem meus pensamentos corriam de forma coerente. Eu só
estava fora de órbita.

Não demorou muito para chegarmos ao Escala. Assim abri a


porta eu vi Rebecca sentada sobre o sofá com o notebook nas
mãos trabalhando. Ela levantou seu olhar da tela e sorriu para mim.
Até o sorriso morrer em seus lábios e ela levantar apressada do
sofá quase derrubando uma taça de vinho sobre a mesinha a sua
frente.

–O que aconteceu? – Perguntou-me preocupada.

Ela parou na minha frente olhando-me dos pés a cabeça


tentando encontrar algo de errado. Eu tentei parecer o mais normal
possível por que eu não queria ser interrogada por ela. Eu só
esperava correr para o quarto e me trancar lá sem dar satisfações a
ninguém. Mesmo por que eu não estava autorizada a contar sobre a
doença de Theodore para a minha amiga. Mas é claro que eu não
deveria ter conseguido a minha expressão normal. E também
deveria imaginar que Rebecca desconfiaria de algo se ela me visse.
Por que assim como eu sei quando a algo de errado com ela, Becca
também sabe quando algo está errado comigo.

–Você pode apenas me abraçar e me deixar quieta por algum


tempo e não me perguntar o motivo? Ela balançou a cabeça
concordando.

–É claro, é pra isso que existem as amigas.

Eu fui para o quarto de hospedes, por que eu gostava de lá, e


por que eu não achava certo levar Rebecca para o quarto de
Theodore se ele mesmo tinha dito que não deixava nenhuma
mulher ficar lá, eu era uma exceção. E eu também não queria
surpreende-lo se ele estivesse esperando por mim no quarto. Tirei
os sapatos e me deitei na cama com a cabeça sobre um travesseiro
acomodado nas coxas de Rebecca. Ela fez o que toda a melhor
amiga deveria fazer, ficou quietinha lá lendo um livro enquanto eu
descansava sobre as suas pernas. Ela não me pressionou em
nenhum momento, e eu achei muito bom. Por que não era meu
segredo, então eu não podia conta-lo para ninguém, até que eu
estivesse autorizada a fazer isso. Mas tarde eu já estava pronta
para o que viria a seguir.

O que eu tinha concluído com o meu tempo pensando era que


eu gostava de mais de Theodore. Eu não estava indo para deixa-lo
pelo o que eu descobri. Eu me encontraria outras vezes com
Sophie, e gostaria de saber tudo o que eu pudesse saber a respeito
do transtorno bipolar. Se eu pudesse ajuda-lo, eu faria isso. E o
principal, eu agiria com ele da mesma forma que venho agindo até
agora. Eu estava determinada a trata-lo do mesmo jeito que venho
tratando desde que o conheci. E esperava trazer o conforto que ele
precisava. Eu esperava tirar toda a sua insegurança para que ele
soubesse que pode confiar em mim. Adormeci ao lado de Rebecca,
e prometi a mim mesma que quando acordasse eu deixaria
Theodore saber da minha decisão.

Abri os olhos e me mexi na cama a procura de Rebecca, mas ela


não estava lá. A cama estava vazia. Mas o quarto não. Theodore
estava sentado em uma poltrona no canto do quarto me
observando. Sua expressão não demonstrava nenhuma emoção.
Ele só estava quieto e imóvel, com os olhos pregados em mim. Fora
isso ele era o mesmo homem que me deixou algumas horas mais
cedo. Sophie estava certa nada tinha que mudar entre nós.

–Ei. – Murmurei. – Tudo bem?

–Eu gosto de ver você dormir. – Ele disse em uma voz baixa. Eu
sorri.

–Por que você está ai? Venha até aqui comigo. – Pedi.

Ele se levantou e caminhou até a beirada da cama, onde


permaneceu. Ele parecia preocupado, acho que ainda tinha medo
de que eu não quisesse ficar perto dele. Ajoelhei-me na cama na
sua frente, levantei meu olhar para encontrar seus olhos azuis
safira. Tão lindos.

–Você vai embora? – Perguntou-me.

Levantei-me mais um pouquinho e beijei seus lábios.

–Isso responde a sua pergunta?

Ele sorriu um pouco.

–Na verdade não. Isso poderia ser uma despedida.

Eu o beijei de novo, dessa vez permaneci com os lábios nos dele


até que ele correspondeu meu beijo.

–E agora? Ainda soa como uma despedida? – Perguntei.

Ele sorriu e me puxou para os seus braços, para onde eu fui de


muita boa vontade.

–Quando Rebecca me disse que você estava aqui, e que você


tinha chegado apenas pedindo para ficar sozinha. Eu pensei...Eu
pensei que você fosse embora.

–Mas eu não vou. Eu quero ficar com você.

–Por que você está nesse quarto então?

–Eu só queria pensar um pouco.


–Pense no meu quarto, na minha cama, do meu lado, por favor.

–Você não precisa pedir, é onde eu quero estar.

Theodore beijou meus lábios e me pegou no colo. Eu me


aconcheguei no seu peito enquanto ele me levava para o seu
quarto.

–Eu posso ficar mal acostumada com tudo isso. –Murmurei.

–Acostume-se a isso, pretendo carregar você sempre que eu


puder.

–Theodore nós vamos conversar sobre... As coisas que eu fiquei


sabendo hoje?

–Vamos. Eu vou responder tudo o que você quiser saber, mas


não agora. Eu só preciso aproveitar você um pouco, eu estive a
tarde toda esperando para saber sua resposta.

–Eu estou aqui, eu vou ficar, é tudo o que você precisa saber.

Theodore me colocou no chão assim que entramos no seu


quarto. Ele não perdeu tempo vindo até mim e puxando minha
camiseta sobre a minha cabeça arremessando o tecido do outro
lado do quarto. Eu o puxei pelo colarinho da camisa e esmaguei
meus lábios nos seus. Suas mãos impacientes empurraram-me em
direção a cama e ele começou a trabalhar para tirar meus jeans.
Até que eu notei uma caixa grande e comprida com embrulho
vermelho e preto sobre a cama e em cima um pequeno cartão. O
meu nome estava no cartão.

–Theodore.

–Hum você está tão cheirosa, eu senti falta disto, senti falta de
tocar em você.

–Theodore o que é aquilo?

–O que? – Ele virou a cabeça na mesma direção que eu e notou


a caixa. – Não é nada, não era para estar aqui.
Ele se levantou para pegar a caixa, e eu corri rapidamente e
tentei puxa-la das suas mãos.

–Ei tem meu nome ai, eu vi. O que é?

–Não é nada Alexa. Apenas deixe isso, ok?

–Não mesmo. É um presente? Uma surpresa para mim? Eu


quero ver. Por favor, deixe-me abrir.

–Isso só não era para ter sido enviado a este quarto. É um


presente, mas eu não quero que você abra hoje.

–Por que não? Você sabe que vai ter que deixar eu ver, por que
eu não vou desistir. Você sabe né?

Ele suspirou derrotado e me entregou a caixa. Era um pouco


pesada, eu estava incrivelmente curiosa sobre ela. Carreguei de
volta até a cama e puxei o cartão. Era a caligrafia de Theodore no
cartão.

Torne uma das minhas fantasias reais.

–TG

Agora eu estava mais do que curiosa. Eu estava até incerta


sobre abrir a caixa. Uma das fantasias de Theodore estava na caixa
em minhas mãos. E ele queria que eu a tornasse real.

–Você disse que isso não era para ter sido enviado para este
quarto, certo? – Perguntei, ele apenas balançou a cabeça
concordando. – Eu estaria certa se dissesse que essa caixa deveria
ter sido enviada para o quarto vermelho? – Ele balançou a cabeça
novamente concordando.

Oh meu...

–Se você pretendesse ficar comigo, eu entregaria este presente


quando fosse o momento certo. Não deveria ser hoje, você tinha
que estar pronta primeiro.

–E se eu já estiver pronta?
–Vá em frente, abra a caixa e descubra.

Eu olhei novamente para a tentadora caixa muito bem


embrulhada. Desfiz o laço e retirei todo o embrulho até sobrar
apenas uma caixa preta simples. Puxei a tampa e espiei o conteúdo
na caixa.

–Você tem fetiches não é?

–Muitos. Principalmente sobre você.

Eu puxei para fora da caixa o espartilho vermelho intenso.


Calcinha de renda preta, cinta liga, e meias arrastão escuras. Havia
ainda luvas pretas com fitas para serem amarradas em torno do
pulso. Saltos de quinze centímetros do mesmo tom de vermelho do
corpete. Além de uma mascara que cobriria meus olhos de forma
que eu não poderia ver nada ao meu redor.

–Minha resposta é sim.

–O que?

–Tornar uma das suas fantasias reais, minha resposta é sim, vou
usar cada uma dessas peças.

–Agora? – Perguntou-me surpreso.

Devolvi todos os itens de volta para a caixa, peguei minha


camiseta e voltei a vesti-la. Pus a caixa nos meus braços e
caminhei até a porta. Parei e olhei para Theodore que me encarava
de um jeito curioso.

–Vejo você no quarto vermelho... Meu senhor.

oOo

Capitulo Trinta e Quatro: Atraídos

oOo
A lingerie era... Incrível. Eu já havia usado peças delicadas, e
sensuais. Mas nada se comparava ao que tinha naquela caixa. Eu
fechei a porta atrás de mim, e fiquei algum tempo parada no
corredor contemplando a caixa enquanto imagens incríveis
tomavam conta dos meus pensamentos sobre tudo o que
poderíamos fazer essa noite. Nunca fui uma mulher muito ligada a
fantasias, fetiches e desejos. Mas com ele. Com Theodore tudo é
diferente. Eu sinto a necessidade de agrada-lo, de fazer suas
vontades. Eu preciso ser tudo o que ele deseja, eu preciso ser até
mais do que ele precisa. Isso é algo que eu quero. Quero ser a
única a tornar suas fantasias reais daqui para frente. E eu me sinto
boa o bastante para fazer isso acontecer.

Eu caminhei até o quarto de hospedes, fechei a porta atrás de


mim e dei de cara com Rebecca toda produzida. Com roupas
bonitas, maquiagem feita, e cabelo arrumado.

–Alexa! Que bom que você está aqui, eu vou sair, e mais tarde
preciso conversar com você. – Rebecca disse. Eu coloquei minha
caixa sobre a cama e me virei para ela.

–Como assim sair? Você vai sozinha? Pelo menos deixe Connor
leva-la. Aliás, para onde você vai? Você não conhece nada aqui em
Seattle.

–Eu estou com um pouco de pressa Alexa. Vou pedir a Connor


para me levar. Mas tarde você vai entender tudo. Estou indo.

–Rebecca! – Chamei.

–Mas tarde Alexa. Te amo!

Rebecca saiu pela porta deixando-me ali sozinha. Eu não fazia


ideia de para onde ela estava indo, ou o que ela pretendia fazer.
Tudo o que eu sei é que ela não conhece ninguém aqui em Seattle.
E ela nem fez questão de me dizer para onde vai com tanta pressa.
Ela nem notou a minha caixa. Justo agora que eu precisava de uma
ajuda dela, alguma opinião. Rebecca ficaria maluca se visse a
lingerie dentro daquela caixa. Ela poderia me dar algumas ideias...
Mas pensando bem, é bom que Becca tenha saído um pouco.
Assim eu posso ter mais privacidade com o meu homem, e não me
preocupar com minha amiga carente ouvindo ruídos pelos
corredores. Isso acabou me lembrando de que eu ainda não estava
usando a lingerie, e que provavelmente Theodore deveria estar me
esperando no quarto vermelho. Como eu disse para ele faze-lo.

Retirei a lingerie da caixa e pus sobre a cama. Corri para o


banheiro e tomei uma ducha rápida, para depois cobrir meu corpo
com uma loção hidratante suave. Vesti cada peça com calma,
tocando o suave tecido em minhas mãos, e alisando o espartilho
vermelho paixão. Coloquei todas as peças, inclusive os sapatos que
também eram vermelhos e incrivelmente lindos. Deixei apenas de
fora a mascara escura, não que eu não fosse usa-la, eu com
certeza levaria ela para o quarto vermelho. Se Theodore a colocou
na caixa é porque faz parte da fantasia. Optei por deixar meus
cabelos longos escuros soltos caindo no cumprimento da minha
cintura. E é claro que eu não poderia deixar de pintar os meus
lábios com o meu favorito batom. Estando pronta, eu vesti um robe
preto e segui para o quarto.

Parei no corredor em frente à porta incerta se deveria bater ou


simplesmente entrar. Eu estou ansiosa e curiosa, mas um pouco
hesitante por que eu sei que o que vai acontecer hoje a noite é
diferente do que já aconteceu entre nós dois. Eu sinto um laço
maior e mais profundo com Theodore, e sei que nosso
relacionamento está cada vez mais intenso. Eu não quero parecer
alguém com medo de viver essas fantasias, eu quero estar segura
do que estou fazendo. Vai ser diferente de tudo o que eu já vive, vai
ser a primeira vez que eu vou abrir mão das minhas vontades, e
deixar que tudo seja controlado apenas por ele. Hoje à noite eu sou
sua submissa.

–Se você não está pronta para isso, você não tem que fazer
Alexa. – A voz baixa de Theodore assustou-me um pouco, virei-me
encontrando-o no corredor observando-me com a mão sobre a
maçaneta. Ele estava usando apenas uma calça jeans escura
pendendo no quadril estreito. Nada de camiseta, nada de sapatos,
só ele e a calça. Seu cabelo um pouco úmido e bagunçado de um
jeito rebelde. Exatamente como eu gosto. Oh meu...

Se eu não estava pronta antes, agora com certeza eu estou.


–Não...Eu só, eu não sabia se podia entrar. Eu estou pronta. –
Respondi confiante.

Ele deu dois passos na minha direção e encarou o laço do meu


robe antes de subir seus lindos olhos azuis para encontrar os meus.

–Você tem ideia do que vai provocar em mim? Está pronta para
lidar com as consequências de entrar nesse quarto, disposta a ser
minha submissa? – Sua voz baixa, mas firme causou um calafrio
que percorreu todo o meu corpo.

–Eu sei o que eu quero Theodore. Estou pronta para isso. –


Respondi.

–Tire o robe. – Ordenou-me.

–Aqui? – Perguntei e lancei um olhar para o corredor que dava


ao quarto de Connor e Abby.

–A partir de hoje você só entra nesse quarto com a roupa que eu


lhe dei, ou sem roupa nenhuma.

Desfiz o laço do robe rapidamente e deslizei-o para fora dos


meus ombros deixando-o cair no chão.

–Você está perfeita. – Elogio-me. – A lingerie ficou melhor do


que eu imaginei. Você gostou?

–Sim eu gostei, é linda. Obrigada.

–Você não tem que agradecer, eu vou desfrutar dela tanto


quanto você. Vá em frente, abra a porta.

Theodore já estava apresentando suas tendências dominantes


ordenando-me em tudo. Era diferente olhar e fazer, sem responder
ou contestar como a Alexa dentro de mim gostaria de fazer. Mas eu
não posso negar que é um pouco excitante. É nós ainda nem
estamos dentro do quarto, mal posso esperar para viver todas as
experiências no limite de dentro dessa porta. Segurei a maçaneta
com uma pouco mais de força do que necessária abri e entrei.
Eu havia esquecido de como era estar dentro daquele quarto. As
paredes vermelhas e o ambiente mais escuro, iluminado apenas
com algumas luzes de intensidade baixa. A cama de dossel com
seus pilares e lençóis de seda também vermelhos. Além disso,
havia algo que chamou minha atenção imediatamente. Sobre o
lençol descansava duas algemas de couro e metal. Algemas!

–Se você está se perguntando se eu vou usa-las. A resposta é


com certeza. – A voz de Theodore me fez desviar os olhos da cama
e encara-lo. Ele fechou a porta atrás de si e me estudou
igualmente.–Você tem uma objeção a elas?

Eu tinha? Eu não sei. Eu nunca fui presa com algemas na hora


do sexo. Mas então teve aquele dia na marina quando ele me
amarrou com a gravata, eu me senti dominada, mas foi uma
experiência boa. Talvez as algemas não fossem tão ruins como
parecem.

–Não. – Respondi. Ele balançou a cabeça como se aprovando.

–Bom. Onde está sua mascara? – Exigiu.

Pus a mão no bojo do espartilho e puxei a mascara escura para


fora. Não preciso dizer que o movimento foi suficiente para fazer
Theodore brilhar seus olhos na minha direção. Estendi o tecido para
ele. Ele a pegou e colocou no bolso da calça. Acho que ainda não é
momento dela então.

–Venha até aqui eu quero tocar e beijar você. Caminhei até ele,
e parei na sua frente.

Theodore correu seus olhos de cima a baixo desde o salto


vermelho até o topo da minha cabeça. Segurou meu queixo firme
com a mão e me fez olhar nos seus olhos. Seus lábios pairaram a
centímetros dos meus, seus olhos azuis me provocando, aquela
familiar coloração cinza na pupila deixando-o misterioso e sexy. Ele
se moveu para o meu pescoço e inspirou profundamente o meu
perfume para depois beijar o ponto bem abaixo da minha orelha, e
em seguida morder o lóbulo. Eu gemi e um segundo depois sua
boca estava sobre a minha exigente e faminta.
Eu tinha certeza que meus lábios ficariam inchados e talvez até
machucados. O Beijo que ele me deu não foi nada comparado a
qualquer outro que ele já tenha dado. Eu ainda não havia provado
nada com essa intensidade. Uma das mãos ele enrolou um
punhado de cabelo envolta do pulso segurando a minha cabeça
firme, mas nem machucar, a outra mão deslocou-se para a minha
cintura e seus lábios continuaram a me torturar juntamente com sua
língua que deslizou pela minha boca suave e molhada, quente e
macia.

Eu estava tão perdida naquele beijo que mal percebi quando fui
empurrada para trás, até que meu quadril bateu na cômoda de
mogno. Theodore levantou-me com facilidade do chão e me
colocou sentada em cima, desse jeito eu acabei mais alta do que
ele. De repente ele afastou os lábios, e eu recuperei meu fôlego.
Meu coração estava batendo descompassado no peito e minha pele
estava quente em todos os lugares.

–Eu estive fantasiando em lamber e chupar você com esses


saltos sobre o meu ombro. E agora você vai realizar a minha
fantasia. – Theodore disse.

Ele segurou meus quadris e me ajeitou sentada na ponta da


cômoda. Puxou o cos da minha calcinha e deslizou suavemente por
todo o comprimento da minha perna. Abandonou a lingerie sobre o
móvel e pegou uma perna de cada vez, beijando dos joelhos até o
interior das minhas coxas. Ele mesmo apoiou a minha perna sobre
o seu ombro, e foi beijando todo o caminho direto para o meio das
minhas pernas. Eu gemi alto quando sua língua molhada e quente
começou a lamber minha vagina. Eu estava excitada e molhada e
ele estava me deixando louca. Ver com meus próprios olhos
enquanto ele me dava prazer era uma imagem altamente erótica.
Ele estava sugando e chupando meu clitóris enquanto eu me
contorcia sem poder me mover com suas mãos mantendo meus
quadris presos. Deus isso deveria ser considerado tortura. Uma
tortura docemente prazerosa. Ele largou uma mão do meu quadril e
começou a me excitar com os dedos enquanto empurrava a língua
mais profundamente. Ele era bom com isso, muito bom. Meu corpo
estremeceu e então todos os meus músculos ficaram tensos
quando eu senti um orgasmo forte tomando conta do meu corpo, eu
gritei o nome dele enquanto os tremores me deixavam. Theodore
baixou minhas pernas e olhou para mim como se apreciando.

–Sua pele está quase alcançando o tom do seu espartilho. – Ele


sorriu maliciosamente. – Essa cor fica bem em você. Á propósito o
seu gosto fica melhor a cada dia.

–Humm que bom que estou agradando você. É a minha


intenção.

–A intenção aqui é agradar a ambos Alexa.

–Eu certamente estou sendo agradada Sr. Grey. – Respondi


com um sorriso.

–Nós mal começamos. – Ele disse então me colocou no chão.


Deite-se na cama. – Ordenou-me.

Mas uma vez fiz como ele disse e me deitei sobre os lençóis da
cama de dossel. Alguma coisa me dizia que agora era o momento
das algemas. Theodore se aproximou, tirou meus sapatos, deslizou
as meias das minhas pernas. Depois me ajudou a retirar o
espartilho. Eu fiquei completamente nua sobre os lençóis
vermelhos. Com exceção das luvas que eu continuei a usar.

Ele tinha razão. Minha pele estava tomando uma cor profunda de
rosa quase indo para o vermelho. Theodore puxou do bolso a
mascara, e colocou sobre os meus olhos, deixando tudo
complemente escuro ao meu redor. As sensações eram muitas. Era
estranho ter sua visão tomada, eu não sabia o que estava
acontecendo ao meu redor, e ao mesmo tempo em que eu me
sentia excitada, eu também estava curiosa. Doida para saber o que
ele estava aprontando enquanto eu não podia vê-lo.

–Você gosta de chocolate Alexa? – Theodore perguntou-me com


sua voz profunda. Balancei a cabeça concordando, então pensei
que talvez se ele não estivesse olhando para mim não saberia
minha resposta.

–Hum eu gosto. – Murmurei.


–Só há uma coisa que eu gosto mais do que chocolate. Você...
Agora imagine o quão prazeroso seria para mim se eu pudesse
provar a ambos ao mesmo tempo.

Oh.Meu.Deus!

–Muito prazeroso. – Concordei.

–Você gosta de morangos ou uvas Alexa? – Theodore sussurrou


próximo ao meu ouvido. Meu corpo todo ficou tenso, ele estava tão
próximo, tão de repente ele poderia se mover para qualquer lugar e
eu nunca saberia onde ele estaria. Ele poderia fazer o que quisesse
comigo.

–Morangos. – Murmurei um pouco fora de órbita.

–Abra a sua boca. – Dessa vez ele não ordenou, mas pediu. Abri
minha boca e esperei. Até algo ser colocado sobre os meus lábios.

Humm...

Morango com chocolate.

Fechei meus lábios ao redor do morango saboreando a acidez


com a doçura do chocolate. Mordi duas vezes e engoli a sobremesa
que foi me dada. Theodore tocou meu lábio inferior com o dedo
indicar que estava coberto de chocolate.

–Chupe. – Eu o ouvi sussurrar no meu ouvido.

E assim eu fiz. Ele empurrou o dedo entre os meus lábios e o


chupei firme, lambi seu dedo retirando todo o chocolate e
saboreando-o na minha língua. Eu o ouvi gemer e sabia que estava
excitando-o tanto quanto ele estava fazendo comigo. Senti orgulho
de mim mesma por entrar naquela brincadeira, e por estar
gostando. Ele tirou o dedo e eu o ouvi se afastar. Isso estava
ficando cada vez melhor, e mal podia esperar para saber qual era o
seu próximo passo. Até que a cama afundou ao meu lado.

–Não se mexa. – Ele ordenou. Fiz de tudo para ficar quieta e


imóvel.
A primeira coisa que percebi era que um liquido grosso estava
sendo derramado sobre os meus dois seios e um pouco sobre o
meu umbigo. Mesmo com a mascara eu tinha certeza do que
era.Chocolate.

Chocolate e Alexa.

–Você é a coisa mais gostosa que eu já vi, e provavelmente


também é a melhor que eu vou provar. – Theodore disse.

Então seus lábios estavam sobre os meus seios, chupando,


lambendo e sugando cada gota de chocolate. Eu gemia e me
contorcia embaixo dele. Isso era melhor, muito melhor. A língua
dele percorreu cada centímetro da minha pele nua, meus mamilos
ficaram duros e enrijecidos enquanto ele os sugava profundamente
dentro da boca e então mordia a ponta. Quando ele terminou de
lamber todo o chocolate se moveu para o meu umbigo e circulou a
língua envolta provando-me novamente. Minhas costas arquearam-
se e eu me empurrei em direção à boca dele. Minhas mãos estão
agarradas firmemente nos lençóis, e eu mordia meus lábios
fortemente tentando em vão conter meus gemidos e gritos. Ele se
afastou quando não havia mais nenhum indicio de chocolate sobre
a minha pele.

–Porra Alexa você me deixou duro, muito duro. – Ele grunhiu.

Acho que não havia necessidade de eu dizer que estava


excitada, muito excitada. Por que isso estava na cara, eu estava
pronta para receber outro orgasmo devastador. A mascara foi
retirada do meu rosto e logo depois Theodore me beijou. Dessa vez
não tão forte quanto antes, mas ainda assim de forma deliciosa.
Sua língua brincou e provocou-me um pouco então ele se afastou
deixando-me sem fôlego novamente.

–Sabe as algemas? – Theodore lembrou-me.

–Hum?

–Eu vou usa-las agora. Oh meu...

–Vire-se e segure com as duas mãos à grade de ferro. –


Ordenou-me.
Virei-me de bruços e pus as duas mãos na grade como o
ordenado. Theodore pegou a algema de couro e metal e envolveu
os meus pulsos com ela. Era estranho estar presa a uma grade de
uma cama, com uma algema, e ainda estar com a barriga e o peito
no colchão os invés das minhas costas e traseiro.

–Estão apertadas? – Theodore perguntou-me.

–Um pouco.

–Bom. Sabe você tem um belo traseiro, estou me sentindo


culpado por não ter dado tanta atenção a ele antes. Mas nós vamos
mudar isso agora.

Theodore deu um beijo suave na minha nuca e se afastou. Virei


minha cabeça um pouco para observa-lo. Ele abriu uma gaveta
pequena da cômoda e retirou um preservativo que colocou sobre a
cama. Meus olhos viajaram para baixo de sua cintura onde estava a
protuberância nas suas calças. Ele se aproximou novamente e
baixou o zíper do jeans. Eu não tinha notado que estava segurando
a respiração até que eu soltei lentamente enquanto ele vinha
completamente nu para mim.

–Você fica ótima nessa posição. Totalmente Submissa a mim. –


Theodore disse.

–Talvez eu possa admitir que gostei muito dessa experiência.

–Você sabe que sempre pode voltar a viver essas experiências,


basta querer vir para esse quarto e eu vou saber.

–Vou guardar isso em mente. – Respondi, e eu realmente estava


pensando em deixar isso em torno de mim.

O colchão afundou ao meu lado quando Theodore veio para ficar


em torno de mim. Ele retirou algumas mechas do meu cabelo que
haviam caído sobre os meus olhos. Beijou meu maxilar, então meu
pescoço, o ponto bem abaixo da minha orelha que me fazia
estremecer. Beijou meus ombros e minha nuca, e desceu beijando
toda a linha da minha coluna até meu traseiro.

–Empine essa bundinha linda, e afaste as pernas meu bem.


Estar presa, totalmente indefesa, excitada e ainda por cima
sendo dominada por Theodore eram experiências que eu levaria
pelo resto da minha vida. Eu nunca vivi algo tão real, ardente e
intenso. O jeito como ele me conta sobre seus desejos, sobre as
coisas que gostaria de fazer comigo, o modo como ele me elogia é
uma forma inigualável de me proporcionar prazer. Afastei as minhas
pernas e empinei o bumbum como ele ordenou. Seus dedos
deslizaram sobre a umidade entre as minhas pernas, eu gemi
quando ele escorregou o indicador na minha entrada pressionando
dentro.

–Você gosta disso? – Theodore perguntou-me e circulou o dedo


na minha entrada.

–Theodore. – Gemi.

–Eu sei que você é uma menina levada Alexa. Diga-me o que
você quer?

–Eu quero mais.

–Mais? Mais o que? Lento? Rápido? Forte? Duro? Você precisa


me dizer, ou você não vai ganhar nenhum destes.

Choraminguei e Theodore riu baixinho. Ele estava se divertindo


comigo, enquanto eu mal podia me mover com minhas mãos
presas, e na posição que eu me encontrava.

–Por favor. – Implorei.

–Diga-me o que você quer Alexa! – Exigiu.

–Tudo! Por favor, eu quero tudo!

–Minha garota gulosa, eu vou lhe dar tudo o que você quiser.

Theodore se moveu atrás de mim até que eu senti a ponta do


seu pau pressionar minha entrada. Ele se abaixou e puxou meu
quadril para atender seus impulsos quando ele deslizou dentro e
fora de mim lentamente.
–Foda-se você é tão apertadinha, e molhada. – Theodore
grunhiu e aumentou o ritmo. Eu gritava e gemia seu nome enquanto
ele estocava o pau rápido e duro. O ritmo era forte e constante. Meu
corpo estremeceu e eu sabia que estava pronta para gozar
novamente. Theodore pressionou meus quadris com mais força, um
gemido retumbou pela sua garganta. Então ambos estávamos
gozando. O clímax foi fantástico, devastador.

Fechei meus olhos e me concentrei em organizar meus


pensamentos, por que nada parecia coerente, tudo ao meu redor
estava rodando. Eu estava sentindo o melhor tipo de prazer.
Theodore retirou-se de mim, e jogou a camisinha no lixo perto da
cama. Pegou um par de chaves que estavam sobre a cômoda e
começou a retirar as algemas dos meus pulsos. Eu só percebi o
quanto meus braços, e pulsos estavam doloridos quando as
algemas saíram. Minhas pernas pareciam gelatina, e eu me sentia
fraca demais para me mover.

–Ei, tudo bem? – Theodore perguntou. Ele tirou as mechas de


cabelo da frente do meu rosto e me puxou para ele. Aninhei minha
cabeça sobre o seu peito enquanto ele massageava meus pulsos.

–Eu estou bem, eu me sinto ótima.

Theodore acariciou meus braços nus, e me cobriu com o lençol


vermelho. Eu apenas fiquei lá aproveitando suas cariciais,
recebendo carinho, e inspirando aquele perfume almiscarado dele
misturado com o cheiro de sexo impregnado em nossos corpos
suados. Depois de um tempo ele se levantou, saiu da cama, eu o
ouvi abrir a gaveta do móvel de mogno e um segundo depois ele
estava de volta ao meu lado me apertando em seus braços.

–Alexa você é minha? – Theodore perguntou.

Só havia uma única resposta para essa pergunta.

–De corpo e alma. –Respondi.

Ele segurou minha mão e colocou sobre a palma uma caixinha


de veludo preta. Oh não. Não pode ser. Mas é. Tem que ser.

–Abra. – Pediu.
Eu abri. Dentro havia uma aliança de ouro branco com pequenas
pedras de diamantes incrustados. Era simples. Mas era lindo.

–Theodore você...

–Eu estou pedindo que você use esse anel, estou pedindo que
você aceite ser a minha namorada, estou pedindo que você use isto
para que eu e qualquer outra pessoa no mundo não tenhamos
duvidas de que você é minha.

–É tão lindo. Eu vou usar, eu sou toda sua Theodore. Somente


sua.

Ele deslizou o anel no meu dedo e observou como ele se


encaixava bem. Era maravilhoso. Eu me levantei um pouquinho e
aproximei meus lábios dos seus. Eu o beijei, ele me beijou. Tudo
ficou claro para mim nesse momento. Não havia mais um jogo entre
dominadores. Eu estaria disposta a ser sua submissa quando ele
precisasse que eu fosse, e então eu seria forte e turrona implicando
com ele quando eu deveria ser. Não havia mais um acordo de não
se apaixonar. Por que ambos estávamos perdidamente
apaixonados. E o principal, uma nova porta estava aberta para que
eu explorasse. E eu acredito que eu estou bem próxima de
ultrapassa-la. Por que eu posso estar perdidamente, e
inexplicavelmente apaixonada por ele. Mas eu também estou no
caminho de ama-lo incondicionalmente.

oOo

Capitulo Trinta e Cinco: Feliz

oOo

Quando eu acordei na manhã de quarta-feira eu me sentia muito


feliz, como se agora as coisas estivessem completas, como se eu
tivesse alcançado algum objetivo. E talvez eu tenha mesmo. Por
que o homem bonito dormindo ao meu lado, é agora oficialmente
meu namorado. Eu sabia que no fundo quando eu o conheci ele me
teria em suas mãos, eu soube que quando aceitei seu acordo eu
estava perdida por que não poderia cumpri-lo, eu soube no
momento em que Sophie me informou de seu problema que eu
ficaria ao lado dele. Eu soube que quando ele me entregou aquele
anel, eu diria sim. Eu diria sim todos os dias, todas as horas, e em
todos os momentos. Eu sou simplesmente dele.

Dei um beijo suave em Theodore e sai da cama. Vesti meu robe


preto e sai do quarto. Na noite passada depois que eu recebi meu
anel, Theodore e eu tomamos banho de banheira juntos, e fomos
para a cama dele. Eu ainda lhe fiz uma massagem, e aproveitei
para explorar o corpo dele tanto quanto ele fez com o meu. Acabei
dormindo nos braços protetores dele, quentinha e confortável. Era o
lugar que mais queria estar ultimamente.

Passando pelo corredor, eu de repente parei em frente a uma


porta. O quarto de hospedes. Merda! Eu sou realmente a pior amiga
da face da terra. Ontem eu fiquei tão encantada com o meu anel,
com o pedido de namoro, com o meu lindo namorado, e esqueci
completamente de Rebecca. Ela havia saído mais cedo, toda
apressada dizendo que tinha que ir a algum lugar, mas que não
tinha tempo para explicar, e que depois me contaria tudo. Eu pedi
que ela fosse com Connor, por que sei que Rebecca não conhece
nada, e nem ninguém nessa cidade. Mas eu sou tão egoísta que
me esqueci de checar se ela voltou para o escala, se ela está bem,
e o que maldições ela foi fazer sozinha por Seattle.

Bati duas vezes na porta, ninguém respondeu. Estava


destrancada, eu entrei em seguida. Rebecca estava deitada na
cama, dormindo. Pelo menos ela chegou bem em casa, não me
sinto tão culpada. Fechei a porta e sai do quarto, quando ela
estivesse acordada, eu gostaria de ter uma explicação bem grande
de tudo na noite passada.

Desci as escadas e fui até a cozinha. Não encontrei Abby por


perto, provavelmente é cedo para ela estar preparando café da
manhã. Eu não sou muito boa na cozinha, minha especialidade é
café e talvez massa, o resto é muito complexo para mim. Mas
desde que eu estou determinada a levar café da manhã na cama
para o meu namorado, devo fazer algum sacrifício.

Preparar o café foi fácil, encontrei tudo o que precisava. Preparar


as torradas foi um pouco mais difícil, a torradeira parecia estar em
uma guerra comigo determinada a não colocar os pães para fora a
menos que eles estivessem torrados. Depois de algumas tentativas
eu obtive torradas amarelinhas e crocantes. Os ovos? Você não vai
querer saber sobre eles, eu não sabia que era possível que uma
gema de ovo ficasse preta, mas eu consegui essa mágica. Optei
pelo o que já havia pronto na geladeira, queijos, geleias, e torta de
limão. Eu estava apenas colocando suco nos copos quando duas
mãos quentes tocaram minha cintura. Eu estava tão concentrada
em não derramar, e acabei virando o copo, suco de laranja em cima
de toda a bancada.

–Merda! – Exclamei.

–Ei, calma. É apenas suco. – Theodore disse.

–O que você está fazendo aqui? Era para você estar lá em cima,
deitado, de preferência dormindo.

–Por quê? Você queria se livrar de mim?

–Não. Eu estava preparando café da manhã, e eu queria levar lá


em cima, para você.

–Sério? Me diz por que eu não lhe dei um anel de diamantes


antes? Parece de você gostou muito.

–Você não me deu um anel antes por que você é um cabeça


dura. E agora você arruinou minha surpresa.

–Não seja por isso meu bem. Eu volto pra cama, mas levo você
junto.

–Tentador, mas não. Você tem que trabalhar e eu preciso cuidar


de alguns assuntos com Rebecca.

–Tudo bem. Vou me lembrar de na próxima vez continuar na


cama.

Theodore se sentou na banqueta da cozinha e me puxou para o


seu colo. Eu dei um beijinho de bom dia, e ele correspondeu me
beijando um pouco mais. Ele segurou minha mão e tocou meu anel,
depois olhou para mim como se aprovando.
–Ficou perfeito em você.

–Eu sei. Eu amei.

–Você sabe que agora todo mundo vai ter que saber de nós,
certo?

–Isso parece ótimo para mim. É tudo o que eu quero.

–Bom. Por que Phoebe me ligou e eu contei que você estava


aqui em Seattle, ela insiste que você vá em seu jantar. Eu pretendo
anunciar pra todos da família o meu namoro.

–Ah meu deus. Eu tinha esquecido do jantar da Phoebe, quando


é?

–Sexta-feira.

–Ah não. Eu não sei se estou preparada para conhecer todas as


pessoas da sua família. E Theodore é o jantar de um ano de casada
da sua irmã. Não quero atrapalhar isso.

–Alexa todos vão ficar felizes em conhecer você. E eu já decidi


eu vou levar você como minha namorada.

–Ai nossa, eu preciso arrumar tantas coisas. O que eu devo


vestir? Preciso de ajuda, acho que não trouxe nada muito elegante.
Rebecca vai saber me ajudar. A não! Eu não posso deixar a
Rebecca sozinha de novo.

–Rebecca também está convidada. Eu já pensei em tudo. Não


arrume desculpas Alexa, você vai e pronto.

–Tudo bem, você venceu Sr. Grey.

–Alexa, ainda há um detalhe que precisamos cuidar.

–O que?

–Seu pai.

–Merda! Eu esqueci completamente. Eu preciso contar pra ele,


ou a minha mãe vai acabar abrindo a boca em algum momento, e
as coisas podem ficar piores. Mas o que eu vou fazer? Eu não
posso contar isso por telefone.

–Eu pensei que nós poderíamos pegar o jatinho após o jantar de


Ebe e ir direto para Nova York. Então eu e você vamos nos
encontrar com o seu pai.

–Eu não vejo outro jeito. Mas estou um pouco nervosa com tudo
isso. Afinal, minha mãe já sabe e ela não esconde nada do papai
apesar de ter me prometido. E eu acho que o tempo está passando,
e quanto mais eu demorar, sinto que pode ser pior.

–Vai dar tudo certo Alexa.

–Espero que sim.

–Agora eu tenho que ir trabalhar pequena.

–Tudo bem. Eu vou limpar essa bagunça. Vejo você à noite?

–É claro. Esteja vestindo esse robe. – Ele me colocou no chão e


me deu um beijo de despedida.

–Tudo bem. – Sorri.

–Alexa? – Theodore chamou da porta.

–Sim?

–Só o robe, nada por baixo.

oOo

Subi as escadas com uma bandeja cheia de comidas gostosas.


Coisas que Abby preparou maravilhosamente bem, depois que
limpou a bagunça que eu fiz. Bati na porta, e entrei logo em
seguida. Rebecca não estava mais na cama dormindo, mas eu
podia ouvir ela cantarolando em baixo do chuveiro. Becca com
certeza está feliz, ela canta no chuveiro só quando está feliz. Isso é
bom. Pelo menos assim eu acredito que ela esteja se recuperando.

–Trouxe o café da manhã! –Avisei.


–Já vou sair lá lá lá – Rebecca cantarolou e um segundo depois
surgiu no quarto enrolada em uma toalha branca. – Isso tudo é pra
mim?

–Para nós duas. Vem cá.

Subi na cama e sentei. Rebecca se juntou a mim, coloquei a


bandeja entre nós e ela já puxou um cacho de uva e começou a
colocar uma de cada vez na boca.

–Então qual o motivo de tanta felicidade? – Perguntei.

–Apenas isso. Felicidade. Puta que pariu! Que anel é esse? –


Rebecca puxou a minha mão com tanta força que eu quase cai
sobre a bandeja. – É tão...Uau!

–É né? Eu amei. Theodore me pediu em namoro ontem, depois


que nós fizemos algumas brincadeiras. Foi tão bom.

–Eu posso apostar que foi. Menina, eu não te disse? Rebecca


sempre tem razão quando diz algo, eu sabia, ele está tão
apaixonado.

–Pois é. E ele quer me apresentar para toda a família no jantar


da irmã dele que será essa sexta. E só pra você saber, também
está convidada.

–Sério? Como você não me disse isso antes! Eu preciso de um


vestido novo! – Queixou-se.

–Eu também preciso de algo novo. O que acha de um dia de


garotas, fazendo compras nas melhores lojas de Seattle?

–É tudo o que eu preciso. Vamos às compras!

–Mas pera ai. – Interrompi. – Primeiro eu quero saber onde a


senhorita foi ontem a noite.

–Fui encontrar uma pessoa.

–Quem? – Perguntei curiosa.

–Isaac.
–O que? Que Isaac? Isaac nosso? Quer dizer, o Isaac?

–Isso mesmo.

–O que ele está fazendo em Seattle?

–Ele veio me pedir desculpas. Disse que foi um idiota. Que ele
sente minha falta, que gostaria de voltar a falar comigo, e pediu
uma chance. Ele disse que será algo novo, por que ele nunca
esteve em um relacionamento. Mas ele quer tentar, por que é
comigo.

–Meu deus! Rebecca eu não tenho nem palavras. Ele te beijou


depois que você aceitou?

–Ta maluca Alexa? – Rebecca resmungou. – É óbvio que eu não


aceitei.

–O que? – Perguntei boquiaberta.

–Foi o que você ouviu. Isaac me magoou muito, e ele acha que
só por que viajou até aqui e me disse essas coisas eu cairia aos
seus pés. Pois ele está muito enganado. Se ele quiser, ele vai ter
que fazer mais, muito mais.

–Eu não acredito que você fez isso com Isaac. Ai Becca não
seria mais fácil apenas aceitar?

–Seria. Mas Isaac tem que entender que eu não sou fácil como
suas outras garotas. E quer saber de uma coisa Alexa?

–Sim, desembucha.

–Eu acho que ele já está percebendo isso.

–Você é malvada Rebecca Field! Mas você joga bem, muito


bem.

–Eu sei querida. É tudo uma questão de tempo. Agora voltando


ao assunto anterior, vamos às compras ou não?

De repente eu tive uma ideia. Eu preciso clarear um pouco a


mente, comprar roupas novas, e me divertir um pouco. Diversão.
Isso sim é o que eu e Rebecca precisávamos. Um pouco de
aventura, e adrenalina. Sorri de um jeito travesso. E acenei
concordando.

–Definitivamente nós vamos às compras. Você já andou em um


Lamborghini Aventador?

oOo

Capitulo Trinta e Seis: Encrencada

oOo

Eu nunca roubei um carro. Eu também não esperava que um dia


fosse roubar um, apenas nunca precisei roubar um, ou nunca tive
vontade de fazê-lo. Mas essa situação era diferente. Eu me
apaixonei por aquele Lamborghini desde a primeira vez que o vi, e
quando Theodore me deixou dirigi-lo por alguns minutos, foi tão
bom. Mas não foi suficiente, eu sempre fiquei com vontade de
experimentar mais. Eu não sei o que tenho com carros bonitos e
velozes como este, mas eles chamam minha atenção, me fascinam.
Tudo o que eu queria era dar uma voltinha com aquela belezura
pela cidade enquanto passo o dia ao lado da minha adorável amiga
comprando roupas elegantes para ir a um jantar importantíssimo
conhecer a família toda do meu mais novo namorado, que é um
CEO importantíssimo. Tão simples. Mas eu deveria ter imaginado
que Theodore não mudaria de opinião, ainda mais que ele não
podia ver o biquinho que eu estava fazendo para tentar persuadi-lo.
Pelo menos eu tentei. Eu liguei para ele, e rapidamente ele
atendeu.

–Com saudades de mim? – Sua voz soava brincalhona. Não


fazia nem uma hora que ele havia deixado o escala. Bem, se eu
quisesse o seu carro eu deveria deixa-lo feliz. Então...

–Claro que eu estou com saudades. Preciso de você parar


desatar o laço do meu robe. Sabe, aquele preto? – Voltando ao
assunto do meu robe, eu pensei que não estava realmente
mentindo. Eu adoraria que Theodore não tivesse ido trabalhar, ou
que ele voltasse para mim mais cedo.

–Vou cuidar do seu robe, pode ter certeza meu bem. – Desta vez
a voz dele soou séria e alguns músculos na minha barriga se
apertaram. – Você precisa de alguma coisa? Por que está me
ligando?

Limpei a garganta.

–Pois é...bem, isso. Eu... eu gostaria de pedir algo.

–O que?

–Você poderia me emprestar o... Lamborghini?

–Não. – A voz dele foi curta e grossa.

–O que? Por que não? – Minha voz soou manhosa, e eu


esperava que fosse suficiente para convence-lo.

–De jeito nenhum. Alexa onde você precisar ir, basta pedir ao
Connor. Dirigir aquele carro por Seattle não é seguro, ainda mais
com você atrás do volante.

–Você está duvidando das minhas habilidades no transito?! –


Alterei o tom de voz.

–Alexa não é isso, entenda, é para o seu bem. É perigoso.


Prometo que deixo você dirigir quando eu estiver com você.

–Theodore...

–Eu tenho que ir Alexa. Peça ao Connor para leva-la a onde


precisa. Vejo você mais tarde.

Então ele desligou. E eu fiquei olhando para o telefone me


perguntando. Theodore realmente acredita que essa Alexa vai
desistir assim fácil. Bem, se ele acredita nisso ele ainda não me
conhece realmente. Foi ai que veio o meu plano B. Roubo do carro.
Não era realmente um Roubo. Tudo bem que eu ganhei um não de
Theodore, mas ainda assim ele era o meu namorado, e não era
como se ele fosse prestar uma queixa de roubo na delegacia. E
poxa, eu só queria passear um pouco. Peguei a minha bolsa e
encontrei Rebecca pronta para sair no final das escadas.

–Então... ele deixou? – Perguntou-me com um sorriso.

–Não.

–Ah. – O sorriso de Rebecca morreu. – Ele pode ser quente,


mas é um careta.

–Vamos roubar.

–O que? – Rebecca perguntou então ela pareceu entender. – Oh


não, sério? Eu sempre soube que um dia nós cometeríamos algo
ilegal.

–Venha comigo, e ajude a convencer. – Eu disse.

–Convencer? Convencer quem?

–Abby! – Exclamei sorrindo abertamente. – Tudo bem?

–Olá Alexa, estou bem sim e você? Deseja alguma coisa? –


Abby sorriu de forma simpática como sempre. Ela estava virada de
costas para mim cozinhando alguma coisa.

–Na verdade preciso sim. Você sabe onde fica as chaves do


Lamborghini de Theodore? – Assim que eu fiz a pergunta ela se
virou bruscamente com uma expressão cautelosa.

–As chaves do Lamborghini? – Ela repetiu. – Bem, eu acredito


que ficam junto às chaves dos outros automóveis. Estão com
Connor.

Ah merda, com Connor as coisas ficam complicadas.

–Eu realmente preciso das chaves, você teria como pega-las


para mim?

–Claro. Mas o Sr. Grey sabe?

–Sabe! – Eu e Rebecca respondemos em uníssono.


Abby não parecia acreditar em nós. De alguma forma eu acho
que ela sabia que eu e Rebecca estávamos mentindo. Mas talvez
ela não se importasse muito, ou quisesse me ajudar. Por que ela
acabou limpando as mãos em um pano de prato e subiu as escadas
voltando uns minutos depois com uma chave preta e prata em mãos
e entregou para mim.

–Obrigada. – Agradeci. Peguei minha bolsa e caminhei para a


porta. Abby me chamou e eu me virei para ela. – Sim?

–Srta. Cross você poderia apenas dizer que achou as chaves


sozinha? Por que eu vou estar muito encrencada quando Connor e
o Sr. Grey descobrirem.

Eu sorri para ela. Abby tinha certeza que eu menti, mesmo assim
ela me ajudou.

–Onde mesmo que eu encontrei as chaves?

–Talvez na gaveta do escritório do Sr. Grey? – Abby sorriu.

–Oh sim. Foi mesmo. Obrigada Abby.

–Gostei dela. – Murmurou Rebecca ao meu lado. – Garota


esperta.

Nós chegamos à garagem e eu caminhei em direção a ele. Preto


e reluzente aquela maquina parecia chamar por mim. Era ainda
mais lindo e imponente do que eu me lembrava. Rebecca estava
admirando-o ao meu lado. Nós nos acomodamos nos assentos
sorrindo pateticamente.

–Pronta para um passeio? – Perguntei.

–Ah menina, eu só sinto como se pudéssemos passear na lua!

Gargalhando alto eu acelerei a belezura garagem a fora. Fiquei


pensando em como era fácil roubar um carro. Tudo bem, eu tinha
alguma vantagens. Mas ainda assim foi mais fácil do que eu pensei
que pudesse ser. Eu dirigia pelas ruas de Seattle sempre no limite
de velocidade. Mas era tentadora a ideia de aumentar um
pouquinho já que eu sabia que aquele carro poderia ir muito, muito
mais rápido. Só que eu não estava planejando me matar, e sim me
divertir. A onde quer que passávamos os olhares eram dirigidos ao
carro, todos queriam dar uma olhadinha.

O primeiro lugar que nós fomos era o shopping. Deixar o carro


não foi tão legal. Mas eu precisava comprar. Rebecca e eu
entramos em pelo menos trinta lojas de roupas femininas, e
provamos aproximadamente cinquenta vestidos cada uma. Se fosse
por Becca teríamos ficado mais tempo, e provaríamos mais roupas.
Mas eu consegui convence-la a levar um vestido prata, e um azul
ambos combinaram muito com ela. O meu foi mais fácil de
encontrar, era de uma cor marfim frente única, e de um tecido leve
e suave. Compramos sapatos, joias e perfumes. Por fim acabamos
indo até o cabeleireiro e eu cortei um pouco meu cabelo, e fiz as
unhas. Assim como Rebecca. Nós estávamos indo para o carro
quando meu telefone tocou, era Theodore. Nós demoramos mais ou
menos três horas no shopping, e esta era a terceira vez que ele
ligava meia hora, portanto até que meu roubo foi bem sucedido ele
demorou um bom tempo para descobrir.

–Oi meu bem, saudades de mim? – Brinquei ao telefone,


mordendo o lábio e esperando sua reação.

–Que porra você acha que está fazendo? – Ele inquiriu com
aquela voz fria feito gelo. Não sei por que eu pensei que talvez ele
poderia agir de maneira diferente.

–Calminha meu bem, não se estresse. – Rebecca gargalhou ao


meu lado e fez um sinal com o dedo indicador cortando o pescoço.
É provavelmente eu perderia minha cabeça, mas gostei do que fiz.
– Eu estou bem, seu carro está bem. Logo vou voltar para casa.

–Vai voltar mesmo. Connor vai chegar ai em alguns minutos e


pegar a chave do meu carro, e também levar vocês duas para o
escala. Você me entendeu Alexa?

Eu apressei meus passos, meio que correndo com sacolas pelos


corredores do shopping. Rebecca me seguiu atrapalhada com seus
saltos, mas correu ao meu lado. Ah não! Não mesmo! Connor não
vai me levar para a casa, e acabar com o meu prazer de voltar
dirigindo a belezura para o escala.
–Meu bem você está ai? – Perguntei enquanto alcançava o
elevador as pressas.

–Alexa você me ouviu? Connor vai buscar você, fique no


shopping onde está.

–Vejo você em casa, tenho que desligar meu bem, preciso


correr.

Joguei o telefone na bolsa e parei para recuperar o fôlego. Ao


meu lado Rebecca estava igualmente ofegante. Nós chegamos à
garagem e enfiamos nossas sacolas nos banco de trás. Eu relaxei
um pouco sentada no banco de couro.

–Por que estamos correndo? – Rebecca perguntou ao meu lado.


– Vamos ser presas?

Eu ri.

–Não. Não vamos ser presas. Theodore apenas mandou Connor


para pegar as chaves e nos levar para casa. Eu ainda não sei como
ele descobriu que estamos no shopping.

–Ah que pena, estava tão legal. Então será que Connor está
chegando?

–Eu não sei, espero que não. Não quero que ele nos alcance.

–O que? Você... Você vai continuar?

–É óbvio.

–Ah meu deus, ele vai ficar puto com você. Você sabe né? Eu
me virei para Rebecca.

–Becca, Theodore provavelmente ficou puto comigo assim que


soube que eu peguei as chaves. Eu estou encrencada de qualquer
maneira. Então pelo menos eu vou fazer valer a pena, e sinto que
não será tão divertido terminar o nosso passeio assim.
–Você está certa. E saiba que eu não vou deixar você se ferrar
sozinha. Agora põe esse carro na estrada antes que Connor nos
ache.

Só foi Rebecca terminar a frase e o Audi escuro virou em uma


curva dentro do estacionamento. Eu não podia vê-lo por causa dos
vidros escuros, mas eu sabia que Connor estava lá, e pronto para
me pegar. Não sei por que mais eu achei tudo ainda mais divertido.
Acelerei e sai pela rampa do estacionamento. Atrás de mim Connor
seguia colado a minha traseira. Meu telefone celular começou a
tocar de novo. Rebecca o pegou, olhou para a tela, franziu as
sobrancelhas e atendeu.

–Nós não estamos fazendo nada de mais. – Ela disse, e depois


afastou um pouco o telefone da orelha como se estivesse evitando
ouvir Theodore e seus sermões. – Seu namorado é bem nervosinho
às vezes.

Eu sorri. E pensei: Você não sabe de nada.

–Não, nós não vamos parar o carro. – Ela disse em seguida. E


eu pensei ter ouvido Theodore gritar do outro lado. – Se eu passar o
telefone pra ela vai ser pior, nós estamos dirigindo a mais de
160Km.

Talvez não tenha sido a coisa mais certa que Rebecca poderia
dizer. Eu não sei o que Theodore disse mais ela engoliu em seco e
me passou o telefone com os olhos arregalados.

–Theodore por que você não me deixa em paz? Eu já estou


voltando para o escala.

–Você está fodidamente encrencada Alexandra. – Ele grunhiu. –


Você passou dos limites, eu vou...

Desliguei na cara dele, e diminui conforme chegávamos à


entrada da garagem do escala. Connor também entrou, estacionou
o Audi em uma vaga entre dois pilares e saiu do carro falando ao
telefone e caminhando na nossa direção. Eu levei o carro à mesma
vaga que estava antes e comecei a estaciona-lo. Meu telefone
tocou de novo. E agora eu estava brava. Droga! Tudo bem que eu
roubei um carro, e Theodore estava furioso comigo. Mas ele podia
me dar um tempo, agora eu estou na garagem, o lindo carrinho dele
está seguro. Peguei o telefone na mão e atendi sem olhar para a
tela (um erro).

–Porra Theodore eu já estou na garagem! – Eu gritei. –Me da um


tempo eu só roubei o seu carro pra dar uma voltinha, você deveria
confiar mais em mim. Você é um péssimo namorado!

–Por deus Alexandra. – Uma voz baixa e firme respondeu. – Por


que diabos você roubou um carro?

Oh não, não,não!

Aconteceu tão rápido que eu não sei explicar exatamente como


foi. Mas olhei para a tela do celular e vi o nome “Gideon Cross”
piscando na tela, e essa voz era inconfundível. Meu pai que me
ligou e não Theodore. Eu acelerei mais do que devia, e o ângulo do
carro ainda não estava certo para caber na vaga entre dois pilares,
foi ai que eu bati de frente com um deles e uma fumaça branca
subiu do capo enquanto um barulho irritante começou a soar no
interior do carroPii. Pii. Pii.

O que eu conclui: Eu estava triplamente encrencada.

Primeiro: Theodore ia me matar por que eu roubei o seu carro.


Discuti com ele, desafie-o, fugi de Connor e desliguei na cara dele.

Segundo: Theodore ia me matar por que eu acabei de bater o


carro dele, em um dos pilares da garagem e agora a frente estava
toda arruinada e a fumaça branca se intensificou tomando conta do
estacionamento.

Terceiro: Meu pai era a pessoa do outro lado da linha, e ele me


ouviu dizer que roubei um carro e que Theodore era um péssimo
namorado.

Pela primeira vez desde que conheci Theodore, eu preferia


enfrenta-lo ao invés do meu pai. Theodore era intimidante, mas eu
não tinha medo de enfrenta-lo. Meu pai? Era intimidante, e por mais
que eu tentasse mascarar, eu morria de medo dele. Como agora.
Coloquei o telefone de volta no ouvido.
–Oi paizinho. – Murmurei com uma voz doce e falsa.

–Não me venha com paizinho! – Gideon grunhiu. – Chega de me


esconder segredos Alexandra. Você volta para casa amanha!

oOo

Capitulo Trinta e Sete: Esclarecido

oOo

Eu encarei o teto quando uma porta bateu violentamente contra


a parede e Theodore entrou na sala. Seus olhos estavam escuros,
seu maxilar cerrado, e seu corpo todo tenso. Ele parou alguns
metros de distancia e encarou-me. Ele estava muito bravo.
Theodore vagou seu olhar para Rebecca que estava esparramada
no sofá segurando um cacho de uva enquanto fisgava uma de cada
vez entre seus lábios. Becca não estava muito preocupada. Mas é
claro. Ele não é o seu namorado com bipolaridade. Não foi ela
quem roubou e destruiu um carro. E também não foi o pai dela que
acabou de descobrir que ela está guardando segredos. Mas ainda
assim Rebecca ficou ali agindo normalmente, por que ela estava
pronta para se meter caso as coisas ficassem feias. Ela prometeu
que não a abandonaria. Rebecca era muito mais do que sua melhor
amiga.

–Por quê? – Theodore Inquiriu – Por que você não podia ao


menos uma vez seguir as minhas ordens? Ele falava baixo, mas
seu tom de voz era sério.

–Eu não fiz nada demais. Eu só queria me divertir um pouco.

–Se divertir? – Theodore repetiu elevando um pouco o tom de


voz. – Você roubou o carro, você ganhou duas multas. Uma por
excesso de velocidade e outra por ultrapassar o sinal. Você fugiu de
Connor e ainda bateu com o carro na garagem. Será que você teve
a merda da sua diversão Alexa?

Eu não ia deixar ele brigar comigo como uma criança. Eu


também não ficaria ouvindo seus sermões quieta. Quando o que eu
fiz não foi nada assim tão grave. E que malditas multas são essas?
Como ele sabe que eu ganhei multas? Eu não me lembro de ter
ultrapassado nenhum sinal. Levantei-me e fiquei de frente para ele.
Eu odiava que ele ainda era mais alto do que eu. Assim eu era
obrigada a levantar meu olhar se eu quisesse enfrenta-lo.

–Você está exagerando Theodore. – Rebecca intrometeu-se. Ela


já havia devorado o cacho de uvas todo, e se levantou também. –
Alexa e eu podemos cuidar das multas e do carro, você não precisa
se preocupar com isso. Eu deveria dizer que sinto muito pela
bagunça e o transtorno, mas não vou dizer. Foi divertido, e apesar
de que pegamos o carro sem seu consentimento, não fizemos nada
demais.

–Deus! – Theodore suspirou. – Vocês são mulheres adultas ou


adolescentes mimadas. Qual o problema de vocês? Por que
simplesmente não aceitaram que Connor as levassem?

–Eu não queria o motorista na minha cola! Ah Theodore eu só


queria dirigir o seu bonito carro já que estou afastada do meu. Sinto
muito pelo acidente na garagem. Sinto muito por ter destruído o seu
precioso carro. Quer saber? Não se preocupe com nada, eu vou
cuidar de arrumar tudo para que você não seja aborrecido. E a
partir de amanhã você não vai precisar lidar mais com uma
adolescente mimada, por que eu estou voltando para NovaYork.

Algo mudou na expressão dele, mas eu não fiquei por mais


tempo. Eu não queria ouvir mais nada. Eu agi como uma
adolescente mimada? Talvez ele esteja certo, e eu agi. Virei às
costas e subi as escadas. Rebecca me seguiu. Entrei no quarto de
hospedes e me joguei na cama. Sou uma garota forte, foi apenas
uma briga, eu não preciso me acabar toda por causa disso.

–Ele me odeia. – Funguei e tentei afastar as lágrimas.

–Ele não te odeia. – Rebecca disse – Ele apenas esta bravo, vai
passar.

–O que eu vou fazer agora? Becca como eu vou lidar com o meu
pai?
–Você vai contar a verdade, não é como se Gideon fosse proibi-
la de namorar.

–Você se lembra de como foi quando ele descobriu sobre


Thomas?

–Érr... lembro. Não foi muito bom, mas era porque ele foi seu
primeiro namorado. Todo pai é um pouco preocupado com o
primeiro.

Acho que não concordo com Rebecca. Quando meu pai


descobriu sobre o meu primeiro namorado, que foi Thomas, o meu
professor de krav maga. Bem, ele ficou muito bravo. Tirou-me das
minhas aulas, ameaçou o pobre coitado do Thomas, foi uma briga
para mantê-lo calmo, e faze-lo acreditar que Thomas se importava
realmente comigo. E então o meu segundo namorado, que foi
Damian. Bem, ele também não ficou muito feliz. Gideon se sentiu
traído por descobrir que tudo aconteceu bem embaixo do nariz dele,
e ele não conseguiu perceber que o Vice-presidente da Walters
Field & Leaman dava uns amassos em sua filha no elevador a
caminho das reuniões. No começo tudo foi péssimo, mas depois ele
se acalmou. Então, eu acredito que vai ser um choque quando meu
pai souber da minha boca que estou namorando o seu sócio. Mas
eu tenho esperanças que ele aceite logo, e perceba que estou feliz
assim.

–Bem, de qualquer forma eu sou uma mulher adulta, ele não


pode me proibir de nada.

–É isso ai garota!

Houve uma batida na porta de leve, e então alguém abriu.


Theodore apareceu no meu campo de visão. Ele parecia mais
calmo, sem aquele olhar escuro no rosto. Rebecca franziu o cenho
para ele, e avançou em direção a porta.

–Hey você não vai brigar mais com ela, saia. – Rebecca se
plantou na minha frente tentando cobrir sua visão. Infelizmente ela
não é tão alta quanto ele.
–Saia você, eu quero falar com ela. –Theodore disse encarando-
me com um olhar suave que não combinava muito bem com sua
grosseria em usar as palavras.

–Eu não vou sair! A menos que ela queria. – Rebecca se virou. –
Você quer que eu deixe o quarto?

Pensei em dizer que não. Mas eu estaria novamente agindo


como uma adolescente ao invés da mulher adulta que eu sou. E
Theodore não parecia tão bravo quanto antes. Balancei a cabeça.

–Tudo bem Becca. Você pode nos deixar um minuto, por favor?

–Tô saindo. Mas se ele gritar com você eu volto.

Rebecca estufou o peito e saiu pisando duro fazendo questão de


bater em Theodore mesmo que ele estivesse fora de seu caminho.
Ela é uma mulher pequena, mas forte. É admirável. Theodore
fechou a porta quando ela saiu, e andou na minha direção. Parou e
se sentou na lateral da cama.

–Está brava? – Perguntou-me. Balancei a cabeça negando.

–Você está bravo ainda? – Murmurei.

–Eu não fiquei bravo com você Alexa. – Theodore disse. –Me
desculpe por ter falado com você daquele jeito. Mas eu fiquei,
droga, eu estava muito preocupado. Eu sabia o quanto poderia ser
perigoso que minha Alexa estivesse atrás do volante daquele carro
dirigindo pelas ruas de Seattle.

–Você ficou preocupado?

–Infernos, sim, eu fiquei. Entenda uma coisa Alexa, eu não me


importei que roubou o carro, ou que dirigiu ele por ai. Eu fiquei com
medo por que você saiu sem alguém para cuidar de você. Não é
simplesmente dirigir um carro caríssimo para fora do escala. Você
faz ideia do quanto de ameaças eu recebo todos os dias? Você era
um alvo fácil lá fora. E você também não é a pessoa mais correta
no transito né meu bem. Duas multas Alexa, você saiu por algumas
horas e trouxe duas multas e um carro quebrado, assim como um
pilar de garagem destruído.
O jeito como ele estava me contando isso, fez com que eu me
sentisse uma idiota. Vendo pelo seu lado eu fui imprudente sim. Sai
de casa por três ou quatro horas e consegui toda essa destruição.
Sem contar que estou tirando Gideon do pacote. E eu nem sequer
pensei que poderia ser um alvo. Mas Theodore está certo. Ele é um
CEO, comanda várias empresas, ele é importante. E assim como
Gideon recebe ameaças, ele também deve receber muitas. Ele só
estava preocupado comigo. Theodore estava se preocupando com
a minha segurança. Enquanto eu estava magoada pensando que
ele só se importava com o carro, e todo o problema com multas e a
garagem.

–Sinto muito. – Sussurrei. – Eu não pensei direito antes de agir.

–Tudo bem Alexa. – Theodore disse. – Mas só, por favor, não
faça mais isso.

–Eu não vou. Prometo que não farei.

–Venha aqui. – Chamou. Aproximei-me e sentei ao lado dele.


Theodore envolveu seus braços ao meu redor, e me apertou de
encontro ao seu peito. – Está vendo o anel no seu dedo? Então, ele
significa que temos um compromisso, e precisamos nos manter
juntos. Por isso nunca mais diga que vai embora, eu não posso lidar
com isso.

–Eu não disse que ia embora. Não do jeito que você está
pensando. Eu não deixaria você só por que tivemos uma briga
Theodore. Mas eu preciso voltar à Nova York.

–Já conversamos sobre isso Alexa. Vamos para Nova York no


final de semana, e contamos ao seu pai, ele vai entender.

–Mas eu não posso esperar até o final de semana. Meu pai


ordenou que eu volte para Nova York amanhã. Ele ligou para mim
quando bati o carro, e eu acabei soltando por telefone que você é
um péssimo namorado, e que eu havia roubado um carro. Pensei
que era você, e não meu pai. Agora ele quer que eu volte, ele quer
saber de todos os segredos que estou escondendo dele.
–Merda. – Theodore xingou. – Tudo bem, eu sei o que podemos
fazer. Vou pedir uma videoconferência com o seu pai, e nós dois
vamos contar a ele. Não posso viajar para Nova York agora. Ebe
vai me matar se eu não for ao jantar dela e eu prometi levar você.

–Tudo bem. Faça como você quiser. Mas Theodore, se meu pai
disser algo que não agrade você, ou se ele me proibir de ver você
ou qualquer coisa, não diga nada. Eu posso resolver toda a
situação com ele sozinha.

–Você está muito nervosa com tudo isso Alexa. Vai dar tudo
certo. E mesmo que ele me proíba de ver você. O que eu acho que
não vai acontecer. Mas se acontecer, eu não vou deixar você ir, eu
não posso deixar você ir.

–Eu também não vou a lugar nenhum. Prometi ficar com você, e
é o que eu vou fazer.

–Vamos. – Theodore se levantou. – Vou pedir a


videoconferência com o seu pai. Não aguento mais isso, vamos
contar a verdade.

–Oh meu deus. Só espero que ele esteja de bom humor hoje.

–Vamos descobrir.

oOo

Capitulo Trinta e Oito:Explicando

oOo

Eu fiquei encarando a tela na parede a minha frente por alguns


minutos. Theodore estava fazendo algumas ligações. E eu estava
esperando impacientemente para ver meu pai na tela a minha
frente. Nunca pensei que chegaria um dia em que contaria para o
meu pai que estou namorando por uma videoconferência. Se bem
que é a cara dele, um homem ocupado, que vive para o trabalho.A
tela mudou a minha frente indicando que estava pronta para iniciar
a videoconferência. É agora ou nunca, só espero que Gideon seja
compreensivo.
Pude ver meu pai sentado em sua poltrona de couro no escritório
em casa. Minha mãe estava sentada sobre o braço da poltrona e
Gideon tinha uma das mãos descansando em sua perna. A
expressão em seu rosto não indicava que ele estava bravo ou
chateado, ele até parecia calmo com a minha mãe sorrindo para
ele. Então seus olhos focaram na tela e eu sabia que ele tinha me
visto, imediatamente sua expressão mudou, mostrando-me que ele
estava bravo sim.

–Paizinho. – Eu disse soando animada. O que nesse momento


eu não estava. – Oi mãe.

–Alexa estou morrendo de saudades. – Mamãe sorriu


confortavelmente para mim. – Eu disse que seu pai ficaria sabendo,
ele sempre fica, de uma forma ou de outra não há como fugir dele.

–Não fale como se eu não estivesse aqui Eva. – Papai


repreendeu. – Você não deveria ter acobertado a Alexandra. E eu
só te perdoei por que te amo muito.

Gideon apertou a mão sobre a coxa de Eva e lançou lhe um


olhar que me pareceu intimo demais. Mamãe sorriu discretamente,
quase como se estivesse pensando em algo, que não deveria estar
pensando comigo ali em frente a eles.

–Hello! – Chamei. – Eu estou aqui vocês podem, por favor, se


concentrar em mim?

–Alexandra eu não sei por que você me pediu esta


videoconferência. Eu quero você em casa, vamos conversar
quando você estiver em Nova York. Vou providenciar sua
passagem. – Gideon disse.

–Não! – Exclamei. – Pai eu não vou voltar para Nova York. Pelo
menos não amanhã, eu tenho compromissos aqui em Seattle esta
semana, e preciso ficar.

–Alexandra eu estou tentando ser paciente com você! Quer me


desafiar? Por que eu juro que se você fizer isso, vai se arrepender.
– Gideon elevou o tom de voz.
–Meu amor acalme-se. Você não vai resolver nada assim. – Eva
se aconchegou mais em Gideon o que pareceu relaxa-lo um pouco.

–Pai eu queria contar ao senhor, mas infelizmente aconteceu


tudo tão rápido e quando mamãe ficou sabendo nós não tínhamos
nenhum compromisso. Theodore apenas me pediu em namoro esta
semana. Nós íamos contar no final de semana. Estávamos
pensando em encontrar o senhor e a mamãe e contar tudo aos
dois. – Expliquei.

–Então é verdade? – Papai perguntou. – Você e Grey? Mas que


merda Alexandra!

–Pai...

Theodore entrou no escritório, olhou para mim em seguida para


a tela. Suspirou e fechou a porta. Pôs o telefone celular sobre a
mesa e parou ao meu lado. Seus olhos azuis implacáveis
encontraram os do meu pai na tela.

–Sr. Cross. – Theodore Cumprimentou. – Sra. Cross como vai? -


Bem, obrigada e você? – Mamãe sorriu calorosamente.

–Muito bem, realmente ótimo. – Theodore respondeu e sorrio


para mim, eu retribui o sorriso. Gideon pigarreou.

–Eu confiei em você para cuidar da minha filha. – Gideon disse.


– Não para dar-lhe um anel de compromisso. Como isso aconteceu
Grey? Você me deve uma explicação.

–Pai! –Protestei.

–Sr. Cross eu me apaixonei pela sua filha. Tudo aconteceu muito


rápido, mas pretendíamos contar sobre nossa relação assim que
chegássemos em Nova York.

–Isso é ridículo! – Gideon exclamou - Vocês se conhecem há o


que? Duas semanas?

–Sr. Cross eu entendo que foi repentino. Tudo o que queremos é


que você nos de sua permissão, mas se o senhor não fizer, nós
continuaremos juntos. –Theodore disse.
–Isso é verdade pai. Estou pedindo que entenda que estou
apaixonada por Theodore, e vou ficar com ele. O senhor querendo
ou não.

–Que diabos Alexandra! – Gideon gritou. – Você não percebe


que está acontecendo à mesma situação de alguns anos atrás?
Não bastou o que aconteceu com Damian? Você quer repetir de
novo?

–Já chega Gideon. – Eva interrompeu. – Alexa não é mais uma


menina, ela tem que decidir o que quer fazer de sua vida. Nós
somos os pais e estamos aqui para aconselha-la, e é tudo o que
podemos fazer. Theodore, Alexa vocês tem minha permissão,
espero que estejam fazendo a coisa certa para ambos.

–Obrigada mãe. – Sorri.

–Eu ainda estou decepcionado com você Alexandra, e com você


também Grey. Espero que vocês não estejam cometendo um erro.
– Gideon disse. – Mas não vou, e não posso proibir vocês de
estarem juntos.

–Sr. Cross eu estive fazendo de tudo para cuidar da Alexa desde


que o senhor a mandou para Seattle pela primeira vez. E agora que
ela é minha, eu prometo que ela vai estar segura, e protegida. –
Theodore disse.

–Ah pode ter certeza que Alexandra está bem segura. Eu tenho
meus homens em cima dela, e vou saber se você fizer algo que a
machuque. – Gideon avisou.

–O que? Como assim você tem seus homens em cima de mim


pai? – Perguntei.

–Eu pretendo fazer sua filha feliz Sr. Cross. – Theodore disse. –
E não preocupe quanto à segurança de Alexa, eu também tenho
meus homens em cima dela.

–O que? – Virei-me para encarar Theodore, mas seu olhar


estava na tela. – Como assim você tem seus homens em cima de
mim também? Vocês dois se expliquem!
–Quero saber sobre a história de Alexandra ter roubado seu
carro. Seus homens não devem ser tão bons quanto os meus já que
não puderam evitar que ela pegasse o carro. – Gideon disse.
Ignorando completamente minhas perguntas. Eu estava ficando um
pouco confusa ali.

–Alexa fugiu dos meus homens, eles a perderão. Mas seus


homens não devem ser tão bons, já que não foram capazes de
saber que sua filha roubou um carro. – Theodore respondeu.
Gideon pigarreou.

–Alexandra eu vou providenciar um carro e motorista para você.


E isso não está em discursão.

–O senhor não precisa fazer isso. Eu e Alexandra conversamos,


foi tudo um mal entendido. Quanto ao carro e o motorista não é
necessário eu posso oferecer tudo isso para sua filha. Não se
incomode Sr.Cross. – Theodore disse.

–Eu continuo sendo o pai aqui Grey. E faço o que bem entendo
pela minha filha. – Gideon fuzilou Theodore com um olhar
intimidante.

–Vocês parem com isso. – Eva intrometeu-se. – Gideon nossa


filha é uma mulher adulta e não muito tempo atrás abandonou o
ninho confortável em casa. Pare de tentar controlar os passos dela.
Você sabe o quanto eu sofri com isso com minha mãe e Stanton.
Não quero o mesmo para Alexa. A partir de agora deixe que ela
siga seu caminho. Se Theodore se sente responsável por sua
proteção e segurança, então que assim seja.

–Obrigada mãe – Suspirei. Minha cabeça estava dando voltas


com toda aquela discussão.

–Eu acho que não a mais nada a dizer.- Gideon disse


conformado. Mas havia magoa em seus olhos azuis. – Se precisar
de qualquer coisa você sabe onde me encontrar Alexandra.

Meu pai se levantou e saiu do escritório. Mamãe suspirou e


sorriu tentando me confortar.
–Vai passar Alexa. Ele só está sentindo sua falta, você sabe
como o seu pai é. Ele está com medo por que você encontrou outro
lugar estável para ficar. –Eva disse.

–Eu sei mãe. Vou para casa no final de semana, e conversarei


com ele.

–Estarei esperando vocês. – Eva despediu-se. - Comporte-se


Alexa.

A tela ficou escura, e a videoconferência foi encerrada. Eu ainda


olhava um pouco atordoada para a tela. É claro que o meu pai
acabou de me dar à permissão que eu tanto queria. Mas ainda
assim ele estava magoado. Só que como mamãe disse vai passar.
É apenas um tempo difícil. Apenas um tempo para que Gideon
acostume-se que eu encontrei alguém de novo. Ele só deve estar
com medo que meus sentimentos estejam enganados como da
ultima vez. Ele só tem medo por mim. Gideon é protetor, e como
bom pai, quer manter meu coração ileso.

–Tudo bem? – Theodore perguntou-me tirando-me dos meus


devaneios.

–Sim, tudo bem.

–Eu acho que apesar de tudo, as coisas saíram bem. O que


você acha?

–Sim você está certo. Apesar de tudo meu pai aceitou melhor do
que eu esperava. Ele está um pouco chateado, mas sei que vai
passar.

–É normal Alexa. Posso ver como Gideon é um pai super


protetor. Ele age sobre você como meu pai agia sobre Phoebe,
estou um pouco acostumado a essas situações.

–Seu pai também é Super protetor?

–Muito, principalmente sobre Ebe.

–Posso imaginar de onde vem sua tendência a ser controlador,


protetor, ciumento...
–Você não viu nada ainda meu bem. É incrível como
ultimamente estou conseguindo me segurar. Principalmente sobre
suas ultimas ações. Às vezes me sinto prestes a explodir, fico
bravo, mas no fim me controlo.

–Como consegue se controlar?

–Deixo de pensar nas coisas erradas que você fez ou faz e


penso nas coisas boas. No seu sorriso, no seu senso de humor,
penso o quanto é divertido provoca-la, e como você fica linda
quando está irritada.

–A é? Bem, bom para você se me acha linda quando estou


irritada. Por que neste momento eu estou pestes a ficar muito
irritada. Você pode, por favor, começar a se explicar? O que
exatamente você quis dizer quando falou para o meu pai que tinha
seus homens sobre mim?

–Meu bem, é tudo para a sua proteção. – Theodore beijou o topo


da minha cabeça e se afastou caminhando para fora do escritório. –
E talvez seja para ter um pouquinho de controle sobre você. Um
homem deve manter sua namorada sobe seus cuidados o tempo
todo, não importa que armas ele tenha que usar. Ou no seu caso,
que homens eu tenha que usar.

–Theodore volte aqui! Explique-se imediatamente! Você não


pode simplesmente colocar pessoas para me vigiar, ainda mais se
for para me controlar! Ei, volte aqui. Você vai pagar por isso! Você é
um péssimo namorado! Eu vou colocar várias pessoas para seguir
seus passos também, você vai ver como é desconfortável.

Theodore deu uma risadinha baixinha, enquanto eu


acompanhava seus passos logo atrás dele.

oOo

Capitulo Trinta e Nove: Descansada

oOo
Eu estava deitada no carpete da sala com uma mascara facial
feita de abacate, mel, iogurte e leite. Rebecca garantiu que a receita
funcionaria, e depois de lambuzar meu rosto com a massa
pegajosa, ela ainda adicionou uma rodela de pepino em cada um
dos meus olhos dizendo que faria bem as minhas olheiras. Abby
teve de se juntar a nós para poder cobrir o rosto de Rebecca, e
assim que ela saiu minha amiga se deitou ao meu lado.

–Hum então... O que você queria tanto me contar? – Rebecca


perguntou-me. Eu tinha tantas coisas para contar a Rebecca,
resolvi começar pela parte mais fácil.

–Eu e Theodore pedimos uma videoconferência com o papai


ontem. Contamos tudo a ele.

–Não brinca! – Rebecca deu um pulo ao meu lado, assustando-


me. – Oh droga, meus pepinos caíram embaixo do sofá.

–Quer ajuda? –Perguntei.

–Não, não mantenha seus pepinos ai, eu me viro aqui.

Eu ouvi quietinha enquanto ela grunhia e esforçava-se para


alcançar suas rodelas de pepino, depois de alguns minutos ela
comemorou e voltou a deitar do meu lado.

–Achei. – Avisou. – Agora continue o que aconteceu depois?

–Papai ficou um pouco bravo, mas acabou aceitando. Ele jogou


na minha cara que eu poderia estar seguindo o mesmo rumo de
alguns anos atrás, quando me juntei a Damian. Você acredita? No
fim ele disse que aceitava nosso relacionamento, mas eu senti
magoa em seus olhos. E ele deixou-me plantada em frente à tela, e
saiu do escritório bruscamente.

–Não foi tão ruim. – Rebecca ponderou. – E eu compreendo


sobre esse medo com Damian. Ele é seu pai, e não quer ver seu
coração ferido, ele espera boas escolhas de você Alexa. Você
deveria tentar conforta-lo, tentar tirar esse medo que ele carrega.
Mostre que você está decidida sobre a sua escolha, e que você tem
certeza do que quer.
–Eu sei, eu vou fazer assim, assim que estiver em Nova York
vou procura-lo... Mas me diga, sobre o que você queria conversar
comigo?

–Isaac. – Rebecca murmurou.

–O que tem ele? – Perguntei curiosa.

–Ele me liga o tempo todo, minha caixa de e-mail está cheia,


recebo mensagens dele o tempo todo.

–Uau sério? Eu ando tão ocupada com Theodore, e agora com o


meu pai que tenho esquecido de você. Sinto muito Rebecca, você é
minha amiga e certamente precisa de mim.

–Não se preocupe Alexa. – Rebecca me confortou. – Só por


você ter me convidado a vir para Seattle já valeu. Estou feliz de
estar aqui com você.

–Bom... Mas continue a me contar sobre Isaac.

–Bem, ele me liga pedindo para eu encontra-lo, por que ele quer
conversar. Ele sempre diz está arrependido por ter me dispensado.
Ontem ele me ligou e me disse que sentia falta de conversar
comigo, que ele percebeu o quanto eu sou importante em sua vida,
e que ele gostaria muito de uma chance para provar que ele pode
me amar.

–Isaac? – Engasguei. – Isaac disse isso? Amor? Isaac e Amor


na mesma frase?

Rebecca riu.

–Sim ele disse os dois na mesma frase não só ontem, como hoje
pela manhã também quando me ligou para saber se eu havia
recebido suas flores. Ah e eu esqueci de mencionar ele sabe que
estou hospedada no escala com você me mandou vários buquês de
flores, e convites para jantar com ele.

Sentei-me de repente e os pepinos caíram dos meus olhos sobre


as minhas coxas. Rebecca se sentou acompanhando-me e retirou
seus pepinos também.
–O que foi? – Perguntou-me.

–É que isso é... é tão estranho. Quer dizer Isaac sempre foi
como um irmão para mim e eu nunca, jamais vi ele agir assim.
Rebecca ele deve estar falando sério, ele realmente espera uma
chance.

–Eu sei, eu acredito nele.

–Então você vai lhe dar essa chance? – Pressionei. Ela sorriu e
balançou a cabeça.

–Sim, eu vou.

–Oh meu deus! Oh meu deus! Ah sim! – Comemorei.

–Hey pare com isso. – Rebecca me repreendeu ainda rindo. –


Sua mascara está escorrendo em todos os lugares.

Olhei para baixo e de fato minha roupa estava cheia de pingos


verde. Obediente voltei a me deita no carpete e Rebecca também,
eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto e com certeza
Rebecca não podia se livrar do dela também.

–Alexa eu pretendo dar essa chance a Isaac, mas enquanto


estou em Seattle quero deixa-lo sofrendo mais um pouquinho, por
isso não se alarme muito. – Rebecca disse.

–Tudo bem, vou ficar quietinha. – Prometi.

Nós começamos a conversar sobre o jantar na casa de Phoebe


que eu teria de enfrentar na noite seguinte. Eu estava muito
nervosa sobre isso, mesmo que eu já tivesse conhecido os pais de
Theodore, a irmã, e a prima, eu ainda não conseguia me manter
calma sobre o assunto. Rebecca tentou me tranquilizar dizendo que
estaria lá o tempo todo, perto de mim, e que me ajudaria. Somente
por isso eu me permitir relaxar um pouco.

Meia hora depois eu já não estava aguentando mais aquela


bendita mascara. Um pouco do liquido verde escorreu no meu
pescoço, e devido ao mel meu rosto todo coçava. Manter minhas
mãos longe estava sendo um sacrifício, eu queria
desesperadamente retirar aquela coceira. Distraidamente toquei o
meu pescoço e capturei um pouco da massa pegajosa no meu
dedo. Levei ao nariz, tinha cheiro de abacate e mel. Provei, e
descobri que o gosto era muito bom. Passei o dedo novamente
sobre a minha pele, e levei a boca. Parecia uma sobremesa de
abacate, deliciosamente cremosa.

–Alexandra Cross. – Rebecca me chamou. – Eu espero que


você não esteja fazendo o que eu penso que você está fazendo.

Eu ri.

–O que você pensa que eu estou fazendo?

Ela retirou os pepinos dos olhos mais uma vez e me encarou.

–Eu não acredito! Você está comendo minha mascara facial para
o rosto?

–É muito boa, prove.

Rebecca se sentou e jogou um pepino na minha direção.

–Será que você não pode evitar comer tudo o que encontra na
frente dos olhos?

–Mas é gostoso. – Retruquei. – Prove.

–Mantenha sua gula para Theodore e evite comer a minha


mascara. – Rebecca colocou as mãos na cintura e me lançou um
olhar indignado. Provei um pouco mais da mascara facial.

–Humm bom. – Murmurei. – Juro que eu tenho gula suficiente


para os dois.

Rebecca riu e balançou a cabeça murmurando coisas


como: “você não presta garota”, “nem minha mascara facial se
livrou de você”, “o que será de mim tendo que te aguentar”. Então
ela passou o dedo no próprio rosto e levou na boca.

–Humm – ela gemeu. – Essa coisa é muito boa.

–Viu? Eu avisei.
Passamos a tarde comendo a “mascara facial de abacate
comestível”. Ainda assim eu estava morrendo com a coceira, e
Rebecca também. Minha amiga decidiu que já tínhamos ficado
tempo suficiente com a mascara para que ela fizesse efeito. Ambas
subimos para tomar um banho. Rebecca foi para o quarto de
hospedes encher a banheira, e eu fui para a suíte de Theodore. Eu
estava enchendo a banheira quando Abby bateu na porta e me
passou o telefone dizendo ser o Sr.Grey.

–Theodore? – Atendi ao telefone.

–Alexa. – A voz grossa respondeu.

–Já com saudades de mim? – Perguntei.

–Um pouco.

–Um pouco? – Repeti. – Um pouco? Se é assim, me ligue


quando você estiver sentindo muita, muitas saudades de mim.

Ouvi um riso baixo do outro lado da linha, e acabei sorrindo


também.

–Eu sempre estou com saudades de você, mesmo que você


esteja nos meus braços ainda não será suficiente.

–Bom. – Murmurei ainda sentindo um toque de suas palavras


ecoando para mim.

–O que você está fazendo agora? – Theodore perguntou-me.

–Hum enchendo a banheira. E você?

–No escritório assinando papéis. Parece realmente tentadora a


ideia de ir para casa e me juntar a você nessa banheira.

–E por que você não vem?

Theodore soltou um suspiro profundo.

–Não posso, tenho muito trabalho. Mas eu quero que você tome
o seu banho, e fique linda essa noite. Vou leva-la para jantar, mas
será um jantar de negócios com um empresário e amigo.
–Um jantar? E você me avisa isso agora? O que eu vou vestir?

–Você ficará bem em qualquer coisa, apenas não use nada


excessivamente provocante eu não quero meu amigo cobiçando a
minha mulher. Convide Rebecca também, vou aproveitar para
apresenta-los.

–Como se alguém fosse reparar em mim com Rebecca ao meu


lado. – Resmunguei.

–Um homem não estaria em seu juízo perfeito se não reparasse


em você, meu bem. – Theodore disse. – Eu tenho que desligar, vejo
você em algumas horas.

–Vou ficar te esperando, até.

Theodore desligou. Por um longo momento eu fiquei absorvendo


suas ultimas palavras. Meu namorado me fazia se sentir especial e
o sonho de qualquer garota é conhecer alguém como ele. Não
importa o que eu tenha que enfrentar, mesmo o meu pai não poderá
me manter longe dele. Eu sinto que Theodore é a escolha ideal,
aquele que me fará feliz. Balancei a cabeça e voltei ao presente, eu
tinha um jantar para ir, e precisava ficar bonita.

–Rebecca! – Gritei.

–O que foi dessa vez? – Ela gritou novamente. Larguei o


telefone e fui para o quarto de hospedes. Encontrei minha amiga
dentro da banheira, coberta por uma espuma branca.

–Eu espero que essa sua mascara funcione por que nós duas
temos que ficar lindas para essa noite. A propósito você vai a um
jantar de negócios comigo, Theodore, e um certo amigo empresário
dele.

–Por que é que eu nunca posso decidir em que lugares eu vou?


Me diz por que exatamente eu deixo você controlar todos os meus
passos Alexa? – Rebecca perguntou teatralmente balançando as
mãos no ar.

–Por quê? Por que você sabe que tudo ao meu lado é mais
divertido.
–E perigoso. – Ela completou.

–E como você ama diversão e perigo você vai. Você vai, não é?
– Fiz beicinho.

–É claro que eu vou. Agora me conte mais sobre esse certo


amigo empresário...

–Rebecca!

oOo

Capitulo Quarenta: Angustiada

oOo

Encontrei-me olhando meu reflexo refletido no espelho. Meus


cabelos longos e escuros estavam presos em um coque com alguns
pequenos fios soltos moldando ao redor da face arredondada.
Minhas bochechas carregavam uma cor e brilho suave, meus olhos
azuis cristalinos pareciam mais radiantes com toda a sombra e
rímel fazendo-o parecer ainda mais atrativo. Meus lábios estavam
cobertos por uma grossa camada de batom tom de pêssego, que
segundo Rebecca combinada divinamente com meu vestido.

Correndo os olhos mais a baixo observei o leve e suave tecido


do vestido cor de marfim frente única. Foi uma boa escolha comprar
esse vestido. Apesar de todo o trabalho que eu tive para trazê-lo
pra casa depois de fugir de Connor, e bater o Lamborghini de
Theodore no pilar da garagem. Bem, isso já é passado. Agora eu
vou aproveitar para mostrar esse belo vestido na frente de todas as
pessoas que cruzarem meu caminho durante esse jantar.

–Alexa! – Rebecca chamou da extremidade oposta do quarto.

–Sim?

–Ajude-me com este zíper estúpido. – Resmungou.

Virei-me para ajudar Rebecca com o seu zíper, parando apenas


por um momento para contempla-la. Rebecca era uma mulher de
tirar o folego, tanto quanto eu poderia ser. Seus olhos azuis são
magníficos, suas curvas são exatamente nos lugares que podem
deixar qualquer pessoa invejando-a, seus lábios são cheios, e os
cabelos profundamente escuros. Nesses momentos que eu paro
para pensar. O que poderia ter feito Theodore se aproximar de
mim? O que poderia ter de melhor em mim para fazê-lo se
interessar e até mesmo se apaixonar por mim? Eu realmente não
sei, só espero que seja qual for a minha magica, espero que ela
dure.

–Você vai ou não me ajudar com esse zíper? – Rebecca


resmungou mais uma vez tirando-me de meus devaneios. – Onde
está a sua cabeça? Por que você está olhando para mim como se
eu fosse um prato suculento de comida?

Balancei a cabeça, e me concentrei em ouvir melhor minha


amiga.

–Você parece apetitosa, mas não sou eu quem vai prova-la.

Ajudei Rebecca a subir o zíper do vestido Azul marinho tomara


que caia que compramos juntas em nosso passeio cheio de
diversão com um carro roubado. Logo enviei uma mensagem para
Theodore e avisei que estávamos prontas, alguns minutos mais
tarde ele retornou a mensagem pedindo para encontra-lo no Hall.

–Vamos Rebecca, Theodore está esperando! – Avisei.

Connor estava nos esperando perto do elevador e nos


acompanhou até o Hall. Assim que pisei fora meus olhos
encontraram meu namorado quase que instantaneamente.
Theodore Grey, o CEO mais cobiçado de Seattle tinha seus
incríveis, e belos olhos azuis sobre mim. Aquilo não parecia real. O
Homem vestindo calças escuras, camisa azul clara, e blazer
combinando com suas calças. Eu ainda não podia acreditar que ele
era todo meu.

–Boa Noite Senhoritas. – Theodore cumprimentou com aquele


sorriso divertido que eu tanto amo.- Quase não posso acreditar que
vou ter a companhia de não uma, mas duas belas e incríveis
mulheres.
–Oh meu deus. – Rebecca cantarolou. –Eu vou roubar o seu
homem.

–Ei, eu compartilho qualquer coisa, menos o meu homem, ok? –


Resmunguei brincando.

–Calma senhoritas eu tenho dois braços posso acompanhar as


duas, não há por que brigar. – Theodore ao ver minha expressão
sorriu ainda mais.

–Faça-me um pouco de caridade Alexa. – Rebecca pediu,


sorrindo quase tão abertamente quanto Grey.

–Ei, seus dois braços são meus. Aliás, você é todo meu. –
Passei a frente de Rebecca e agarrei-me ao braço de Theodore.

–Não se preocupe Rebecca eu vou lhe conseguir uma


companhia igualmente boa para a noite. – Theodore disse em
seguida piscou para mim. O que ele estava tramando que eu não
sei?

–Só se for o seu irmão gêmeo, então eu posso acreditar o quão


boa vai ser minha companhia. – Rebecca flertou com Theodore
animadamente. Não pude impedir minhas próximas palavras.

–Estou de olho em você, ladra de namorados. Não flerte com o


meu homem.

–Ladra de namorados? Olhe só quem está falando. Lembra-se


aquela vez...

Rebecca começou a contar infinitas histórias da época que nós


duas frequentávamos a mesma escola, e de como supostamente eu
era sempre a ladra de namorados. Theodore parecia cansado, mas
ao mesmo tempo estava se divertindo muito. Ele realmente ficou
interessado em ouvir Rebecca, e flertou com ela em mais alguns
momentos tentando possivelmente me fazer ficar com ciúmes. Ele
não sabe, mas ele estava realmente conseguindo isto. Não que eu
acreditasse que Rebecca poderia dar em cima do meu namorado,
ou vice-versa. Mas ainda apenas a pequena hipótese de que ele
poderia me trocar deixava-me com um peso sobre o meu peito, e
uma dor de cabeça lancinante.
Meia hora mais tarde nós estávamos em um pequeno e elegante
restaurante com uma vista incrível para a Baía de Elliot. A Hostess
se aproximou e indicou nossa mesa, onde um homem nos
aguardava. Ele era alto, magro, e bonito. Tinhas cabelos escuros
cortados bem curtos, e olhos castanhos claros. O homem sorriu e
se levantou apertando brevemente a mão que Theodore estendeu.

–Victor esta é minha namorada Alexandra Cross. – Theodore


apresentou-me.

–É um prazer conhece-la Srta.Cross. – O Empresário – Victor –


apertou minha mão.

–E esta é sua amiga, Rebecca Field. – Theodore continuou.


Victor moldou seus olhos castanhos imediatamente na morena ao
meu lado, e foi todo sorrisos galanteadores para Rebecca.

–Srta.Field será um prazer ter sua companhia esta noite. – Victor


tratou de puxar uma cadeira para Rebecca bem ao seu lado.

Durante o jantar Theodore e Victor começaram a tratar de


negócios, e apesar de não querer parecer intrometida eu não pude
deixar de prestar atenção em sua conversa. O Empresário propôs a
Theodore uma parte grande de uma empresa na Flórida. Segundo
ele a empresa lhes traria grandes benefícios, e eventualmente
muito dinheiro. O problema era que o atual dono era um tanto
gastador, e péssimo investidor, e isso estava levando a grande
empresa a falência. Se Theodore investisse comprando as
principais ações, Victor compraria as restantes e ambos poderiam
fazer desta empresa algo realmente incrível. Victor usou de vários
argumentos para tentar convencer Theodore a seguir em frente com
esta ideia, mas Grey continuava hesitante apesar de escutar com
atenção tudo o que o outro empresário dizia.

Quando o prato principal chegou à mesa, e nós começamos a


degustar o assunto encerrou. Victor tratou de cortejar Rebecca
entre uma garfada e outra de sua comida. Theodore vez ou outra
me lançava um sorriso, piscadinhas, e até mesmo apalpou minha
coxa por baixo da mesa. Mas havia alguma coisa errada. Claro,
tirando o fato de que ele parecia exausto de tanto trabalho, ainda eu
poderia dizer que outra coisa o incomodava, e eu sentia a
necessidade de descobrir.

–Quem diria que um dia eu conheceria pessoalmente a filha de


Gideon Cross. – Victor comentou certa hora.

–Você conhece meu pai? – Perguntei casualmente.

–Quem não conhece o magnata bilionário de Nova York? – Ele


zombou um tanto brincalhão. – Eu nunca tive a oportunidade de
conhecê-lo pessoalmente, mas já ouvi muito ao seu respeito.

–Ah certo, é claro. – Às vezes até eu me esquecia de que meu


pai tinha todo esse poder. Além de Nova York, Gideon era
conhecido por todos os outros cantos dos Estados Unidos.

–Grey foi modesto em dizer que sua namorada era bonita. –


Victor disse. – Você é extremamente linda Srta. Cross. Bem, e você
também Srta. Field, se me permite dizer é uma mulher encantadora.

Sorri como resposta e me peguei pensando o quanto Victor


precisava de Grey para comprar essas benditas ações. O homem
está jogando para todos os lados, inclusive cortejando a mim e
Rebecca. E Theodore, bem, neste momento ele se encontra
fechando e abrindo os punhos sobre o seu colo, o maxilar cerrado,
e um olhar feroz para o empresário. O cara não é amigo dele? Esse
jantar não é para negócios? Por que maldições eu tenho certeza
que algo não está certo aqui. E eu vou tirar isso a limpo
imediatamente.

–Com licença. – Levantei-me.

–Aonde você vai? – Theodore perguntou-me desviando seus


olhos de Victor para mim.

–Eu não estou me sentindo bem. Vou tomar um pouco de ar.

–Eu vou com você. – Rebecca se ofereceu.

–Não, não está tudo bem. – Assegurei e lancei um bom olhar


para que Rebecca entendesse que eu não preciso dela. Funcionou.
–Eu acompanho você. – Theodore disse. – Volto em um
momento Victor.

Afastei-me e segui para fora, Theodore caminhou ao meu lado


guiando-me com sua mão nas minhas costas. Não parei até estar
do lado de fora, na parte de trás do restaurante com a vista das
aguas escuras da Baía de Elliot. Desacelerei os passos, e respirei
fundo antes de me virar para encarar um Theodore com um olhar
tão perdido quanto o meu.

–Alexa você tem certeza que está tudo bem? – Theodore


perguntou-me. – Podemos ir para a casa se você quiser.

–Eu estou bem, tirando o fato de estar louca para saber o que se
passa com você. – Aproximei-me e encontrei seus belos olhos
azuis. – Theodore o que está acontecendo com você?

–Comigo? Nada, não está acontecendo nada.

–Por favor, não minta para mim. Você estava praticamente a


ponto de pular no pescoço de Victor alguns minutos atrás.

–Eu...Eu não gosto do jeito como ele olha para você, e eu estava
mesmo a ponto de arrancar seus olhos depois de seu ultimo
comentário.

Rolei os olhos, e bufei.

–Ah, por favor, ele estava apenas me cortejando para agradar


você. Aliás, ele parece mais interessado em Rebecca do que em
mim.

–Agora você está sendo a ingênua Alexa. – Theodore


resmungou. – Victor estava apenas despindo você com os olhos na
minha frente, desgraçado.

Eu ri um tanto divertida com a carranca de Grey.

–Oh pare com isso Theodore, você está vendo coisas. Agora me
diga o que realmente está lhe incomodando, por que eu sei que tem
mais.
–Por que você acha que tem mais? Você está parecendo minha
mãe Alexa, eu já disse que não há nada.

–Você está nervoso, ansioso, e impaciente. Eu percebi como fica


batendo as solas de seu sapato o tempo todo, e batucando seus
dedos sobre o joelho. E então você tem esse olhar perdido e
cansado. E mesmo que você esteja prestando atenção na conversa
ao seu redor sua mente parece estar flutuando. Algo está
incomodando você, e eu quero saber o que é. Deixe-me ajuda-lo,
por favor?

–Céus mulher você é terrível. Desde quando você consegue


perceber essas coisas? – Desta vez Theodore lançou-me um
sorriso discreto.

–Eu só tenho prestado atenção em você ultimamente, então não


é como se fosse difícil perceber essas coisas.

Theodore se aproximou e me puxou para ele. Seus braços


rígidos envolveram minha cintura, e eu descansei a cabeça em seu
peito. Nós ficamos algum tempo apenas assim. Os dedos dele
correndo ao longo da minha espinha, fazendo círculos lentos e
preguiçosos sobre a minha pele. Sua respiração morna saindo em
pequenas rajadas e batendo sobre o meu cabelo. Era tão
confortável. Tão bom.

–Eu estou cansado Alexa. – Theodore admitiu. – Eu estou tão


cansado, e por mais difícil e por pior que seja para eu admitir isso,
preciso de ajuda.

–Eu estou aqui. – Assegurei-lhe. – Lembra-se por que eu uso


este anel? – Mostrei meu dedo anelar. – Bem, ele diz que somos
companheiros. E se você precisa de ajuda eu estou aqui. Você
pode e deve contar comigo sempre.

–Você é um anjo e eu preciso tanto de você. – Theodore


começou a brincar delicadamente com os fios soltos do meu coque.

–Você precisa me dizer como eu posso ajuda-lo. Vamos


Theodore, fale comigo. – Incentivei.
–Eu não aguento mais ver números e gráficos sobre os meus
olhos. Eu já tenho tantos negócios da empresa para tratar. E agora
Victor tem essa nova proposta, e eu penso que deve ser boa. Mas
eu estou tão péssimo, estou tão alienado a isso que eu nem sequer
consigo olhar para as planilhas que ele me trouxe e saber se vou
perder ou ganhar se aceitar este negócio. Eu acho que vou manda-
lo embora, não posso assinar e concordar com o que eu nem
consigo estudar com os meus olhos.

–Eu não acredito! Theodore até parece que você não namora
com uma diretora de finanças. Ou você se esqueceu de que eu
também tenho um trabalho, e não vivo só à custa do meu pai
bilionário e do meu atual namorado?

–É claro que eu sei sobre o seu trabalho. Você é ótima no que


faz, eu vi com os meus próprios olhos. – Respondeu-me.

–A é? E ainda assim você não pode sequer pensar na hipótese


de pedir ajuda para sua namorada? Você sabe que eu posso dar
uma olhada nas planilhas. Eu posso te dizer se você tem ou não a
ganhar com este negócio. A questão é, se você confia em mim para
isso.

–É claro que eu confio em você. Eu só não acho justo pedir a


você que faça isso para mim. Você não é minha funcionaria, e você
tem seu próprio emprego em Nova York e eu também não queria
atrapalhar suas pequenas férias com Rebecca.

–Theodore eu estou longe do meu trabalho, mas eu amo o que


faço. Quero ajudar você, e para mim este trabalho será rápido e até
prazeroso. Vamos fazer assim, vamos voltar até lá, e você vai pedir
as planilhas ao Victor e pedir um tempo para estuda-las. E então eu
vou fazer isso para você. Tudo bem?

–O que eu faria sem você? Vamos Alexa, vamos fazer isso e ir


para casa, eu preciso de você.

–De jeito nenhum. Você está cansado e precisa relaxar. Você


não pode...hum... fazer esforços físicos.
–Nós não vamos discutir isso. – Theodore resmungou. – Você
sabe como parece linda preocupada comigo? E você
provavelmente não tem ideia do quão boa você parece nesse
vestido. Infernos, eu poderia muito bem tê-la como minha
sobremesa.

–Sabe que você nem parece tão cansado agora? Acho que você
está me enganado. Por via das duvidas você só vai me ter essa
noite, se você puder me pegar.

Eu corri para longe dos seus braços, equilibrando-me


precariamente sobre os meus saltos. Não olhei para trás para saber
se ele estava me perseguindo. Eu sentia isso, é claro que ele o
faria. Eu estava apenas a alguns passos de alcançar a entrada do
restaurante quando seus braços se enrolaram ao redor da minha
cintura mantendo-me presa e firme. Ele me pegou, é óbvio que ele
fez. E por mais que eu o quisesse relaxado e descansado eu estava
feliz que ele pode me alcançar tão facilmente.

–Peguei você. – Theodore sussurrou contra o meu pescoço. –


Como vai ser? Morangos com chocolate, ou você quer provar algo
novo?

–Humm apenas Theodore já me parece gostoso.

–Humm você tem razão. Apenas Alexa já me parece irresistível.

Rindo nós retornamos ao restaurante, ao meu lado um Theodore


visivelmente mais relaxado e confiante acompanhou-me de volta a
mesa. Até mesmo um tanto alegre. Victor também parecia muito
feliz conversando com Rebecca. Ao contrario da minha amiga que
parecia distante, e talvez um pouco cansada de ouvir a conversa do
outro homem. Ela pareceu muito contente em nós ver retornar aos
nossos assentos.

–Tudo bem com você Srta. Cross? – Victor perguntou-me.

–Ela está melhor agora. – Theodore respondeu firme e sério. –


Victor eu preciso de suas planilhas, vou estuda-las em casa e assim
que puder lhe dou minha resposta.

–Mas...Mas você pretendia assina-las hoje.


–Mudei de ideia. – Theodore respondeu ríspido. – Agora se você
não se importa eu gostaria de levar a minha namorada para casa.

–Mas já? – Victor olhou para mim. – Srta. Cross você nem tocou
na sobremesa.

Isso é por que eu vou ter a sobremesa em casa seu bobinho...

–Eu realmente gostaria de ir para casa agora. – Respondi.

–Bem, se é assim. Eu vou aguardar sua resposta Grey. – Victor


entregou uma pasta preta nas mãos de Theodore e se levantou -
Deixe-me acompanha-los até o carro.

Victor insistente nos acompanhou até o lugar onde Connor nos


esperava no carro. O Homem conversou brevemente com
Theodore, e depois veio se despedir de mim.

–Srta. Cross espero vê-la novamente. Apesar de o nosso tempo


ter sido curto, eu adorei sua companhia. – Victor tomou minhas
mãos e beijou. Poderia ter achado um gesto de cavalheirismo, mas
a verdade é que eu me senti doida para limpar minha mão e me
afastar dele o mais rápido possível.

–Boa Noite Victor, foi bom conhece-lo. – Respondi. O


Empresário sorriu e se virou para Rebecca. Sua atenção foi
imediatamente voltada só para ela.

–Srta. Field eu gostaria de convida-la para terminar aquela


sobremesa. Eu poderia leva-la para casa mais tarde, e assim
teríamos tempo para terminar a nossa conversa. – Victor propôs. Eu
tive a leve impressão de ter ouvido Rebecca gemer ao meu lado.

–Eu agradeço. Mas...

–Porra! O que? – Uma voz familiar xingou atrás de mim. Virei-me


um tanto pasma, e incapaz de acreditar. Mas Isaac estava ali
parado com os punhos fechados, e seus olhos verdes faiscavam.

–Isaac? – Rebecca chamou tão incrédula quanto eu.


–Você agradece? Eu não acredito que você está me trocando
por esse engomadinho ai Rebecca. – Isaac cuspiu furioso.

–O que você está fazendo aqui? – Rebecca perguntou.

–Eu? Eu sou um idiota. Eu não acredito que viajei para Seattle,


que lhe mandei flores, fiz mil ligações, pedi seu perdão e uma
chance quando você estava aqui saindo para jantar com seus
amiguinhos. Droga eu fui um babaca, eu nunca deveria ter me
apaixonado por você e corrido atrás. Eu estava tão bem antes de
você Rebecca. Enquanto você claramente está se divertindo, e
provavelmente rindo pelas minhas costas. Merda! Porra! – Isaac
praguejou.

–Você se apaixonou por mim? – Rebecca perguntou seus olhos


marejados de lágrimas.

–E eu me odeio cada segundo por admitir isso a você. – Isaac


respondeu. – Eu não quero ver você nunca mais, fique longe de
mim Field.

–Isaac não é o que você está pensando. – Interferi.

–Eu não quero falar com você Alexandra! – Ele rosnou, virou-se
e saiu caminhando pela rua. Meu coração deu uma guinada. Isaac
nunca me chamou pelo meu nome, se não pelo apelido carinhoso.
Gata. Ele provavelmente estava tão bravo comigo quanto com
Rebecca. Eu tinha prometido ajudar-lhe, e ao invés disso ouvi
apenas minha amiga. Mal falei com Isaac. Enquanto apoiava as
decisões de Rebecca. Oh meu deus eu estou tão ferrada. Não! Não
era hora de pensar sobre isso. Rebecca deve estar tão quebrada
quanto eu. Ainda mais depois que ele finalmente resolveu dar uma
chance para o homem pelo qual ela é completamente apaixonada.
Olhei para ela, lágrimas silenciosas corriam pela sua face, enquanto
ela tinha um olhar perdido sobre o homem que se afastava
caminhando a passos rápidos para longe dela.

–Sinto muito por isso Rebecca. – Abracei minha amiga.

–O que? – Ela engasgou em meio ás lágrimas. –Por que isso


está acontecendo comigo? É tudo tão errado.
–Eu sei, eu sei. – Murmurei. – Ele está nervoso, e chateado. Vai
passar.

–Vamos para casa. – Theodore interrompeu. – Vocês vão ficar


bem Rebecca, ele precisa de um tempo.

–Tempo? – Rebecca riu amargurada. – Eu sou apaixonada por


aquele homem desde que eu era uma pirralha. Ele nunca, nunca
mostrou qualquer interesse em mim. E então agora aquele maldito
me diz que ele se apaixonou por mim. Oh deus!

–Vamos Rebecca, não podemos ficar aqui na rua. É melhor


irmos para casa. – Eu disse suavemente abraçando-a mais
apertado enquanto suas lágrimas corriam soltas.

–Casa? – Rebecca repetiu. De repente ela se afastou e limpou


as lágrimas furiosamente com o antebraço. – Aquele homem
deveria ser a minha casa!

–Calma Rebecca. – Aproximei-me.Rebecca praguejou e tirou


seus sapatos de salto com fúria dos pés, e então os arremessou na
calçada.

–Aquele homem é meu, e ele tem que saber disso. Ele tem que
saber que é o único com que eu sonho a noite, é o único que eu
desejo ver todos os dias. Isaac é o único homem por quem eu já me
apaixonei. Aliás, eu continuo imensamente apaixonada. – Rebecca
se aproximou e beijou minha bochecha. – Eu vou dizer tudo isso a
ele. Nem que seja a minha ultima chance.

Rebecca se virou e correu. O vestido azul ondulando ao seu


redor. Os sapatos de salto da prada lançados na calçada. Eu estava
chocada demais para fazer qualquer coisa se não olhar para a
mulher mais maluca que eu já conheci em toda a minha vida
correndo em direção à figura agora bem distante de Isaac. Ele
agora se encontrava muito longe, mal podia ver a sua silhueta na
escuridão. Mas eu tinha certeza absoluta que por mais longe que
ele estivesse Rebecca o alcançaria. Eu tinha a leve impressão de
que esta seria a ultima chance para ambos. E o que tivesse que
acontecer entre eles, seria decidido essa noite.
–Vamos Alexa. – Theodore suspirou contra o meu cabelo, seus
braços vieram ao meu redor.

–Eu não sei o que fazer. – Respondi. – Rebecca não deveria ter
feito isso, ela está sem o celular e eu não tenho certeza se ela vai
conseguir alcançar Isaac. E mesmo assim ela não conhecesse
nada em Seattle. Theodore eu não posso deixa-la.

–Você deve. – Respondeu-me. – Ela vai encontrar seu caminho


com ou sem Isaac.

oOo

1º Bônus: Correndo por Seattle

P.O.V Rebecca

oOo

Maldito seja Isaac! Meus pés estão doloridos, e provavelmente


criando calos por causa desse asfalto. Asfalto estúpido! Por que
mesmo que eu fui deixar meus sapatos para trás? Ah sim, saltos
não servem muito bem para correr. E o que eu estou fazendo neste
momento? Correndo. Por quê? Por que o idiota do Isaac tinha que
chegar naquele momento, tirar suas próprias conclusões
precipitadas, e simplesmente virar as costas e sair. O babaca
admitiu que esta apaixonado por mim!

–Ele está apaixonado por mim! – Gritei, e algumas pessoas


olharam-me com se eu tivesse fugido de uma clinica psiquiátrica.
Uma senhora pulou fora do meu caminho resmungando algo como
“maluca”. – Maluca? Oh sim, sou maluca por ele.

Quando meus pulmões simplesmente não aguentavam mais eu


fiz uma parada e tentei sugar o máximo de ar possível. Suspira.
Suspira. Suspira. Expire. Expire. Expire. Vamos lá Rebecca, você
consegue! Vamos lá! Você não está frequentando academia, e
pagando uma fortuna para não ter condicionamento físico. Aliás,
você paga essa fortuna justamente para ter condicionamento físico.
Devo me lembrar de que se eu não alcançar Isaac, vou culpar meu
instrutor. Instrutor ridículo! É isso acabou o tempo. Corra Rebecca!
Eu perdi Isaac de vista, eu o perdi.

–Isaac! – Gritei em meio à escuridão. Por que não tem luz nesse
lugar? Infernos!

Correr. Eu tenho que correr. Mais. Eu não posso deixa-lo ir


embora agora. Não posso. Ele tem que me ouvir. Ao menos uma
vez esse idiota tem que me ouvir. Isaac é tão burro. Eu não estou
apaixonada por ele. Isso não é paixão. Eu o amo. Desde que eu era
uma pirralhinha que frequentava a casa da Tia Eva, eu queria estar
lá não só por Alexa, eu queria estar lá por que eu sabia que aquele
lindo menino estaria lá.

No ensino médio eu morria todas as vezes que meninas se


aproximam dele. Isaac era tão bonito desde jovem. E pelo amor de
deus, eu... eu odiava o ciúmes que me corroía por dentro todas as
vezes que ele chamava por Alexa. Ela era sua gata. Gata pra lá.
Gata pra cá. E eu? Eu era apenas a Becca! Eu era apenas a garota
que dava conselhos para Isaac, a garota que estava lá para ele
quando ele tomava um pé na bunda. Eu era aquela que ajudava
Isaac a ter encontros, quando na verdade eu gostaria de ter
destruído cada um deles. Eu queria ser convida para um encontro
com Isaac. Mas ele... nunca sequer me notou.

E na faculdade? Deus tudo piorou ainda mais. Isaac deixou de


ser um menino, e se transformou em um homem. Um homem lindo
de morrer. Eu tentava ignorar esse frio na barriga, o formigar nos
dedos, e as pernas bambas toda vez que ficava ao seu redor. Eu
juro que eu tentei me livrar desta paixonite. Eu conheci outros
meninos, alguns ainda mais bonitos que Isaac. Mas eu continuava
idolatrando-o. Eu não senti nada, absolutamente nada pelos mais
de vinte homens que eu fiquei nos quatro anos de faculdade. Mas
bastava Isaac me tocar, simplesmente uma caricia, e eu estava me
derretendo toda. Nunca fui capaz de ignorar esse sentimento por
ele. Esteve vivo dentro de mim, e continuou lá por todos esses
anos.

Com o passar do tempo eu tive que me acostumar a ver ele ao


meu redor e esconder meus sentimentos. Eu me acostumei com a
ideia de que Alexa era sua gata, mas o apelido era algo carinhoso,
não havia nada mais do que amizade entre os dois. O que me
deixou mais aliviada. Eu não poderia ser amiga da Alexa, se eu
soubesse que ela sentia algum sentimento por Isaac. E eu não
poderia estar no caminho de Isaac se eu soubesse que ele gostava
de Alexa mais do que de mim.

–Oh meu deus, Isaac! – Achei! Vamos Rebecca coloque esses


pés para funcionar!

Ver a silhueta de Isaac virando a esquina me fez ter uma nova


onda de força de vontade. E eu comecei a correr mais e mais. E
então... eu pisei em alguma coisa pegajosa. Diabos! Que merda é
essa? Olhei para os meus pezinhos, tão bonitos com as unhas
pintadas de francesinhas. E infelizmente com bosta de cachorro na
sola no pé. Argh! Eca, eca, eca. Hoje não é meu dia de sorte. Estou
tentando lembrar quantos espelhos eu devo ter quebrado no
passado para merecer tudo isso em um mesmo dia. Ignorando o
odor nojento, eu continuei a correr desta vez mais devagar e
raspando o pé na calçada para ter aquela merda toda fora de mim.

E então eu o vi. Isaac passou pelas portas de vidro de um hotel


luxuoso. Eu o segui caminhando devagar. O porteiro me olhou com
desconfiança, arrastando seus olhos dos meus pés sujos e
descalços, pelo meu vestido caro, e então para as minhas
bochechas inchadas, meus olhos vermelhos, e meus cabelos
desgrenhados pelo vento. Entrei no Hall e vasculhei com meus
olhos a procura do meu homem. As pessoas me olhavam como se
eu estivesse coberta de cocô. Tudo bem, o meu pé pode até ser.
Mas o resto até que ta bonitinho. Encontrei Isaac a caminho dos
elevadores.

–Isaac! – Gritei.

Meu homem bonito se virou, seus olhos verdes se estreitaram,


olharam para mim com uma expressão que eu realmente não
poderia classificar. Então ele deu de ombros e se virou novamente.

–Isaac Taylor! Pare aonde você esta, eu não vim correndo até
aqui e tive bosta no meu pé para você simplesmente virar suas
costas para mim! Isaac se virou novamente.
–Vai embora Rebecca, eu não tenho nada para dizer a você. –
Sua voz saiu tão fria e sem vida que eu me senti estremecer.

–Mas eu tenho algo a dizer. – Resmunguei e avancei alguns


passos.

–Eu também não quero ouvir o que você tem a dizer. Rebecca
me esquece, ta? – Então ele se virou de novo.

–Isaac eu amo você! Por favor, não me mande embora da sua


vida, eu não seria capaz de continuar em frente. Eu não posso
esquecer você, por que eu já tentei isso antes, e nunca funcionou.
Eu tentei isso com cinco anos de idade quando você sorriu para
mim, e me emprestou um de seus brinquedos. Eu tentei com dez
anos de idade quando você disse que eu fiquei bonita usando
fantasia de fada. E eu tentei isso com quinze anos quando você
disse que Matt era um idiota por ter me beijado e me deixado
sozinha. E eu também tentei com dezessete anos quando eu enchi
a cara e você me levou para a casa sã e salva e não contou nada
aos meus pais. Eu tentei esquecer quando fiz vinte e um e você me
levou para comemorar na minha graduação. Eu tentei esquecer
quando fiz vinte e cinco e você apareceu no meu apartamento
procurando por Alexa. Aquela noite eu queria ficar longe de você.
Mas eu estava tão cheia de tentar te esquecer, que ao invés disso
eu culpei o álcool e despejei para fora o quanto eu sou apaixonada
por você. Por isso não me peça para esquecê-lo, eu estou cansada
de tentar, e falhar todas às vezes.

–Por quê? Então por que você tem me evitado? Por que você
não me ligou de volta? Por que você não me deu mais uma chance
Rebecca? E merda, por que você foi jantar com outro cara quando
você deveria estar comigo? Eu não te entendo.

–Você entendeu tudo errado seu idiota! – Explodi em meio às


lágrimas que eu não podia evitar. – Eu ia aceitar, eu queria dar essa
chance a você. Mas eu também queria que você se sentisse
culpado, por que quando você me disse que deveríamos ficar só na
amizade, foi você quem disse que não tinha esperança para nós
dois. Eu queria que você percebesse que estava errado. Que nós
temos esperanças sim. As flores? Eu amei cada uma delas. Eu fui à
mulher mais feliz do mundo por saber que você veio atrás de mim
em Seattle, que você se arrependeu do que disse para mim. Mas
nada se compara ao que eu senti quando você admitiu estar
apaixonado por mim. Isaac eu estive esperando que isso
acontecesse a minha vida inteira, e então você simplesmente se
vira e segue em frente?

–Mas você já estava em outra! – Isaac protestou, em seguida


suspirou e passou as mãos pelo cabelo em um ato nervoso. – Se
você é tão apaixonada por mim você deveria ter me aceitado logo,
não feito esses joguinhos. E pelo que eu vi você parecia bem
jantando com seu companheiro.

–Você por acaso está me ouvindo? – Gritei. – Eu amo você.


Victor? Ele é um bendito amigo de Theodore, e eu sai com eles
para fazer companhia a Alexa. Eu não via a hora de cair fora
daquele lugar. O homem já estava me enchendo com toda sua
bajulação. Você chegou na hora errada, e entendeu tudo errado.

–Mas... mas ele estava convidando você para ficar, ele ofereceu
para leva-la para casa, como se ele fosse mesmo leva-la para casa.
Engomadinho estúpido, você não percebeu o que ele estava
querendo?

–Isaac Taylor eu estava prestes a dizer um não aquele homem!


Põe isso na sua cabeça. Isaac fitou-me com um olhar aturdido.

–Rebecca eu não sei o que eu sinto por você. Eu acho que estou
apaixonado, mas eu não entendo meus sentimentos de verdade.
Quando você tinha cinco anos e dei o brinquedo para você, eu
queria agrada-la, achei que você era a coisinha mais linda que eu já
vi usando vestido de babados rosa. Quando você tinha dez anos e
eu a vi usando aquela fantasia de fada, tudo o que eu podia pensar
era que as fadas eram reais, e que você só podia ser uma. Você
estava linda, e eu fui obrigado a dizer as palavras em voz alta.
Quando você tinha quinze anos e o Matt beijou você, e se foi. Eu
odiei ver aquelas lágrimas correndo pela sua face para você eu
apenas disse que ele era um idiota. Para Matt, bem eu lhe dei um
olho roxo e disse para ficar longe de você.

–Você bateu em Matt? – Perguntei boquiaberta, e ele concordou.


–Quando você encheu a cara com dezessete anos, eu
simplesmente não podia deixar você fazer as loucuras que queria,
eu me sentia protetor demais sobre você, e confesso que os caras
estavam animadinhos por que você estava bêbada, e eu queria eles
o mais longe possível. Então eu te levei para casa, e não contei
nada aos seus pais por que eles ficariam loucos. Com vinte e um
anos você estava graduada e ninguém queria comemorar, mas eu
não podia deixar isso acontecer. Você tinha que se lembrar desse
dia, eu queria ver você se divertir e sorrir por isso eu a levei.

–Acredite eu me lembro até hoje. – Murmurei.

–Com vinte e cinco quando eu parei na sua porta procurando por


Alexa, eu agradeci mentalmente que ela não estava. Porra você
parecia quente demais naquela camisola sexy, tudo o que eu queria
era toca-la. Quando eu beijei você, e eu senti você corresponder eu
queria mais. Parecia que nunca seria suficiente. Então você me
chutou para fora e disse que não seria mais uma em minha cama.
Admito que no momento tudo o que eu pensava é que você poderia
ser alguma diversão para a noite. Quando você me disse que
estava apaixonada por mim, eu queria correr para longe. Eu estou
acostumado a aventuras, e eu não queria dar esperanças a você.
Mas eu estive muito enganado, por que eu queria você perto, eu
queria ver você sorrir, eu queria abraça-la e protege-la quando
estivesse triste. Eu queria mais dos seus beijos, por que eles foram
os melhores que eu já tive. E eu só podia pensar no quanto eu era
idiota de estar afastando-a quando eu queria você o mais perto
possível. Eu deduzi que isso era estar apaixonado por você, e foi
por isso que eu vim para Seattle. Eu queria a sua opinião. Eu
precisava que você me dissesse que o que eu sinto por você é
paixão. Por que eu não sei, eu estou perdido entre esses
sentimentos por você.

–Ah Isaac eu não acho que isso seja paixão, isso é muito mais.

Isaac se aproximou um pouco hesitante parando a alguns metros


de distancia.

–Se eu fosse feliz com outra pessoa como você se sentiria


Rebecca?
–Eu. Eu amo você Isaac tudo o que eu mais quero é a sua
felicidade. Mesmo que tivesse de ser com outra pessoa eu aceitaria
isso. Mas no fundo eu desejaria ser a pessoa que te faz feliz, eu
sentiria ciúmes eternos dela. E eu me culparia pelo resto da minha
vida por não ter feito algo para você ser meu, e não de outra.

–Então eu amo você muito mais Rebecca. – Isaac se aproximou


parando na minha frente, seus olhos verdes encontraram os meus
azuis, e tudo o que eu queria fazer era me perder neles e nunca
mais voltar. – Por que eu não aceitaria de forma alguma que você
fosse feliz com outra pessoa, se não a mim. Posso ser um pouco
egoísta, mas eu não divido, e eu sinto que você deveria ter sido
minha sempre. Dê-me uma chance de consertar os meus erros, e
mostrar a você que eu posso sim manter apenas uma mulher na
minha cama?

–Isaac por que você acha que eu corri por sete quarteirões
descalços? Você acha que ganhei calos nos meus pés, e os tive
sujos com cocô de cachorro para nada? Você acha mesmo que eu
estaria parada no meio do Hall de um hotel de luxo com várias
pessoas olhando para mim enquanto eu me declaro para um
homem, sendo que meu cabelo está horroroso? Eu vim até aqui por
que essa era nossa ultima chance. Por que eu senti que estava
prestes a perder você, por ser sido estúpida o suficiente e não ter
dado a você a chance que você tanto pediu. Sim Isaac, eu te dou
sua chance. Por que eu amo você.

–Becca eu adoro ouvir você dizer que me ama, mas neste


momento eu quero calar a sua boca.

–Mas eu pensei...

Então Isaac me beijou. Doce e suave, e então avido e


apaixonado. As pessoas ao nosso redor bateram palmas e eu me
senti uma atriz de Hollywood em pleno filme de romance. Mas isso
não era um filme. Era real. Isaac estava me beijando como eu
sempre sonhei. E também não estávamos atuando em um filme de
romance. Esse era o nosso romance. Um pouco complicado,
enrolado, mas era real. Quem diria que depois de todos esses anos,
eu e Isaac nos declararíamos um para o outro em um Hall de hotel
na frente de várias pessoas. E eu com o meu pé sujo de cocô. Não
era como eu sonhei, era melhor.

oOo

2º Bônus: Apaixonando-me em Seattle

P.O.V Isaac

oOo

Não foi nada parecido com o que eu tinha sonhado, era muito
melhor. A sensação das minhas mãos no seu corpo (nas partes
permitidas) era surreal. O beijo era muito melhor do que eu me
lembrava. Então eu simplesmente não podia deixa-la agora, eu não
tinha forças para me afastar. Eu queria Rebecca em toda a parte
que eu pudesse alcançar, e ainda assim eu ficaria necessitado, por
que eu nunca poderia me contentar.

Não me importava que estávamos no Hall de um Hotel, e que


hospedes e funcionários nos cercavam aplaudindo e sorrindo. Eu só
a queria bem próxima de mim, e eu não poderia deixa-la ir
novamente. Se eu amava Rebecca? Eu não sei, o que eu posso
dizer é que cancelei todos os encontros que eu tinha marcado com
modelos para ficar só com essa mulher. (Você deve estar
pensando: Cara, você é um babaca!) Mas a verdade é que Rebecca
vale muito mais do que qualquer uma, e eu posso ter caído um
pouco pela sua doçura, pelo seu sorriso e principalmente para esse
olhar apaixonado, que felizmente ela só tem para mim. Eu quero
que ela esteja do meu lado, eu quero abraça-la, eu quero protege-
la, eu quero... Ama-la.

–Nós atraímos uma plateia. – Rebecca quebra o contado de


nossas bocas, e sussurra.

Lanço um olhar para os meus lados e de repente sinto a


necessidade de esconder Rebecca de todos esses olhares. Estou
cansado de esperar, passei quase uma semana em Seattle
tentando convence-la a me dar uma chance, e agora ela aceitou.
Tudo o que eu tenho que fazer é mostrar a ela que eu mudei. Que
eu posso e eu quero só ela na minha vida.

–Você quer subir? – Eu sussurro de volta. Seus olhos cruzam


com os meus. E tudo o que eu posso pensar é: Porra, diga sim!
Diga sim!

–Sim. – Ela sorri e eu quero puxa-la para os meus braços e


beija-la de novo. Mas eu não tenho certeza se aguentaria manter
minhas mãos nas “partes permitidas”. Então eu apenas a puxo para
mais perto e a abraço enquanto vamos para os elevadores.

Assim que as portas se fecham eu me viro para ela. E então


Rebecca passa os seus braços pelo meu pescoço e me puxa contra
o seu corpo esguio e bonito. Entende por que eu amo essa mulher?
Ela simplesmente esmaga os lábios contra os meus, e a língua
quente e molhada desliza contra a minha. Eu a empurro contra
parede e esfrego meu corpo ao dela. Como, eu não sei. Mas
Rebecca tem esse seu poder de me deixar duro apenas com um
beijo. Infernos, eu estaria duro apenas de olhar para ela. Rebecca
geme longa e profundamente. Os sons? Eu quero ouvir esses
doces sons suaves e ofegantes que ela faz. Eu quero ouvir ela
gritar o meu nome quando vir.

As portas se abrem e estamos no meu andar. Eu apenas a


seguro apertado com os meus braços na sua cintura e a levo pelo
corredor sem larga-la em nenhum momento, por que a sensação de
ter seu corpo junto ao meu é boa demais. E jesus, ainda estamos
com roupas. Chego até a minha porta, e tateio meu bolso a procura
do cartão, quando o encontro passo pela trava da porta e a empurro
aberta. Tropeço, e não tenho certeza se fechei a porta. Mas
maldição, nada pode fazer com que eu largue dela agora.

–Depressa Isaac. – Rebecca ofega.

Neste momento eu estou ficando louco, eu não posso mais


aguentar. Ergo-a nos meus braços. Rebecca solta um gritinho, mas
é momentâneo por que minha boca esta nela novamente. Eu chuto
a porta do quarto, e levo Rebecca direto para a cama, por que é
onde eu a quero. Na verdade, eu a quero em todos os lugares, na
cama, no sofá, sobre a mesa do café, contra parede, em qualquer
maldito lugar.

Eu a coloco no chão, deslizando seu doce corpo pelo meu,


criando uma fricção gostosa. Afasto seus lábios do meu, e ouço seu
gemido em protesto. Mas nesse momento eu já estou com meus
dedos nos botões da minha camisa desfazendo um por um.
Rebecca não é tão paciente, ela segura um punhado da camisa em
suas mãos e puxa, os botões decolam pelo ar.

Porra, ela rasgou minha camisa.

Você pode imaginar o quanto isso é quente? Você pode? Não?


Eu posso.

Eu estou pronto para arrancar o vestido azul do seu corpo,


quando ela se afasta bruscamente. A névoa de luxúria vai se
esvaindo quando percebo seu olhar hesitante. Confusão toma conta
de mim. O que eu fiz de errado? Porra o que houve? Não, não, ela
não pode desistir agora.

–Isaac os meus pés. – Rebecca resmunga.

Os pés, o que tem os pés? Eu posso dar atenção aos pés


também. Eu quero dar atenção a todas as partes. Então eu olho
para baixo e entendo imediatamente do que se trata. Pobre garota.
Eu fui mau em deixar ela me perseguir por vários quarteirões a pé,
e descalço. Agora Rebecca está com o pé sujo de cocô, e teve uma
inútil tentativa de limpa-los. Eu posso cuidar disso.

–Ok os pés. – Murmuro.

Eu a ergo nos meus braços novamente, por que eu gosto disso.


Eu gosto do sentimento que passa por mim por saber que eu a
tenho, que ela é minha. Vou para o banheiro e a coloco sentada
sobre a pia do banheiro. Nesta posição seu vestido subiu alguns
dedos acima das suas cochas brancas e cremosas. E ela está
usando uma calcinha combinado com o vestido azul. Eu já disse
que minha mais nova cor preferida é azul? Não, pois então agora é.
–Isaac? – Rebecca chama e eu olho para cima para encontrar
um sorriso discreto em seus lábios. – Hum eu posso fazer isso
sozinha, só vai levar um momento.

Fazer? Sozinha? O que eu estou perdendo? Na verdade por que


estamos no banheiro quando ela deveria estar no meu quarto? Ah
sim, os pés. Desvio meus olhos das suas chochas e procuro por
uma toalha. Porra por que as coisas simplesmente desaparecem
quando se precisa delas?

–Só um minuto, eu vou achar uma toalha. – Resmungo e saio do


quarto feito um furacão atrás das benditas toalhas. Duvido que eu
vou levar um minuto, nem dez segundos depois eu tenho uma
toalha qualquer na minha mão e retorno para o banheiro.

Merda! Eu acho que o meu coração e talvez o meu pau não


possam suportar isso. Rebecca se livrou do vestido azul, e está
apenas em sua langerie. Ela é sexy. Devo lhe dizer com detalhes
do que infernos eu estou falando. A bunda? É a primeira visão que
eu tenho porque ela está de costas para mim curvando-se para
limpar os pés. Nádegas arredondadas e cheias, é um belo traseiro,
e as minhas mãos estão formigando com a necessidade de toca-la.
As pernas são longas, e a pele parece macia e suave, eu quero por
a minha língua em cada pedacinho apenas para descobrir se é tão
cremosa quanto parece. Então ela se vira, as bochechas ficam um
pouco rosadas, e ela abaixa o olhar e morde o lábio inferior. É
tentador, eu quero aqueles lábios entre os meus dentes, eu quero
morde-lo também.

Não pense que eu desisti da minha avaliação, de jeito nenhum.


Apenas fiz uma pausa naqueles lábios, mas isso não quer dizer que
eu não notei os seios escondidos pelo sutiã de renda. Santo inferno,
abençoado seja aquele que inventou o sutiã com fecho na frente.
Eu idolatro você, aonde quer que você esteja, facilitou a vida de
muitos homens. Não que eu tenha problemas com o fecho nas
costas, na verdade eu sou um especialista quando a assunto é tirar
roupas de mulheres.

–Eu encontrei toalhas no armário. – Rebecca diz. – Meus pés


estão, ok.
Foda-se as toalhas.

Foda-se a avaliação.

Foda-se os detalhes.

Eu apenas preciso dela agora.

Eu a puxo para mim novamente, passando os braços pelo seu


corpo, e a levanto em meu colo, enquanto caminho de volta para o
quarto. Eu pensei que apenas a imagem dela seminua fosse o
caminho para o céu. Mas a sensação dos seus seios prensados no
meu peito. Puta que pariu, isso sim é o céu.

Eu a coloco sentada sobre a cama, e beijo seus lábios, estou


faminto por ela. Rebecca parece tão desesperada quanto eu, seus
dedos macios passam entre os fios do meu cabelo, suas unhas
cavam nos meus ombros, ela passa as pernas ao redor do meu
quadril, e me puxa mais apertado. Eu alcanço o abençoado fecho
do sutiã, e voilá já era. Ele vai parar do outro lado do quarto, e
minhas mãos já estão nos montes flexíveis e arredondados dos
seus seios. Parecem ótimos em contato com a minha pele, cabem
perfeitamente na palma da minha mão, e os mamilos rosados estão
enrijecidos.

–Preservativos. – Rebecca suspira na lateral do meu pescoço,


faz cócegas, mas é bom.

Droga, eu sabia que estava esquecendo alguma coisa. Eu me


afasto, e vou até a cômoda, abro as gavetas a procura da caixa de
preservativos, já sinto falta do contato, e estou quase desistindo
quando encontro e trago para mim. Quando me viro Rebecca está
de pé, seus lábios inchados dos meus beijos, as bochechas
coradas, e os cabelos desgrenhados pelas minhas mãos. Ela é uma
deusa. Como eu amo essa visão, infelizmente a calcinha não pode
ficar no meu caminho. Eu volto para cama, e ponho os
preservativos sobre uma almofada, viro-me para ter Rebecca em
minhas mãos e boca novamente. Mas ela me da um leve empurrão,
que me obriga a sentar na cama.
Ela se ajoelha entre as minhas pernas, desabotoa minhas
calças, mantendo os olhos focados em mim, olhos azuis cheios de
desejo. Eu ergo meu corpo para ajuda-la e ela abaixa minha calça e
cueca até embaixo. Meu pau está fora duro, e forte, pronto pra
caralho. Seu olhar cai para o meu colo, e ela realmente lambe o
lábios como se estivesse apreciando algo muito bom para provar.
Eu a deixo observar, por que eu não sou tímido, e por que ela
parece muito sensual da minha visão aqui de cima.

Quando um sorriso malicioso brota em seus lábios, e ela se


inclina para frente, eu a agarro e puxo para cima. Ela ofega quando
eu a jogo sobre a cama e fico por cima. Ela não pode entender, mas
eu sei o que suas ações provocam no meu corpo. E eu tenho
certeza que se aquela pequena boca, de lábios rosados descesse
sobre o meu pau, eu não ia durar muito.

–Nada disso docinho, eu preciso de você agora. – Sussurro


perto do seu pescoço e beijo uma trilha de beijos molhados.

–Isaac. – Rebecca geme, e o som é como musica para os meus


ouvidos.

–Porra assim Becca, eu quero ouvir você gemer.

Desço a minha mão entre os seios, sobre a barriga plana, e mais


abaixo. Empurro a renda entre as pernas para o lado. Mergulho um
dedo dentro dela, e em seguida outro. Deus, ela está tão pronta
quanto eu. Molhada e lisinha. Empurro mais fundo, e suas costas
arqueiam e ela empurra a pélvis na minha mão. Deslizo meus
dedos por todo o caminho, e ambos gememos. Ela é tão quente,
tão gostosa. Adapta-se perfeitamente ao redor dos meu dedos, e
naquele momento eu imagino o quanto vai ser incrível quando meus
dedos forem substituídos pelo meu pau. Rebecca está gemendo, e
suspirando meu nome.

Não da mais. Retiro meus dedos e rasgo o tecido entre suas


pernas com um puxão forte. Alcanço a caixa de preservativos, e
começo a cobrir meu pau. Rebecca ergue-se e me observa, quando
estou pronto ela vem para cima de mim, e empurra-me para minhas
costas. A mulher monta sobre as minhas coxas, e lança um olhar
provocador para mim.
–Os preliminares ficam para mais tarde. – Ela sorri e ergue-se
para cima.

Eu concordo totalmente. E juro por deus que vou dar toda a


atenção para ela mais tarde, mas nesse momento eu não aguento
mais. Eu beijo aqueles lábios gostosos, e sufoco um gemido que
escapa de seus lábios quando ela desce muito lentamente. Porra!
Ela é apertadinha, o atrito de nossos corpos fundindo-se é muito
bom. Sinto suas paredes estendendo- se para mim. Ela afunda
mais um pouco, e nós dois estamos congelados. Ela é perfeita para
mim.

–Rebecca. – Sussurro seu nome como uma oração.

Ela se levanta, saindo quase que completamente e volta a


deslizar suavemente para baixo, levando-me até o fundo. Minhas
mãos vão para o seu quadril, e eu a ajudo a montar o meu pau.
Ergo meu corpo, e me sento reto. Alcanço seus lábios e a beijo
forte, empurro a língua entre seus lábios meio abertos. Deslizo uma
das mãos entre os nossos corpos e massageio o clitóris. Eu vou
gozar logo, e preciso que ela venha comigo.

Minha boca larga a sua, e eu desço e sugo um mamilo entre os


lábios, lambo ao redor com a minha língua, a combinação faz
Rebecca gritar alto o meu nome entre as quatro paredes. Ela agarra
meus cabelos e puxa com força, eu não posso reclamar, isso é
bom, eu sei que ela me quer muito. Rebecca vem para cima, e me
monta rápido, duro, mais forte.

Eu estou cada vez mais perto, por isso inverto as posições,


seguro suas nádegas, e a deito de costas. Agora estou com os pés
fora da cama, e ela está completamente esparramada, alguns fios
de cabelos grudados na bochecha, à visão de seu corpo é
fascinante, uma leve camada de suor cobre a pele clara. Começo a
empurrar para cima, e golpeio dentro dela, empurrando os quadris
com força. É maravilhoso, duro, e profundo.

–Oh deus, assim Isaac. – Rebecca geme alto, e joga a cabeça


para trás.
Ela grita o meu nome, e eu sei que ela está vindo. Deus, eu amo
ela toda. Então seu corpo inteirinho se contrai, tudo se aperta duro
e tenso. E eu estou chegando com ela.

–Becca... porra...Becca.

Eu empurro de novo, e mais uma vez, então eu venho duro e


longamente. Prazer explode pelo meu corpo. É a melhor sensação
que eu já tive, e não se compara a nada. Rebecca chegou para
abalar o meu mundo. Ela veio para ficar, e eu vou me certificar
disso. Espero os espasmos cessarem, e desabo na cama ao seu
lado. Eu puxo o corpo leve de Rebecca para mim, sua respiração
vem forte e constante. Seus olhos estão fechados, e ela é toda
vermelhinha. Ela abre os olhos, e me encontra, um sorriso satisfeito
aparece em seus lábios. Ela se aconchega mais perto, e põe a
cabeça sobre o meu peito. Então ela está rindo baixinho.

–Issac, isso foi tão... tão...

–Eu sei. – Completo. Por que não há palavras que possam


descrever. É tudo sobre sentimentos.

Eu a beijo de novo, e nos dois descansamos. Ela acaricia meu


peito com dedos suaves, e eu acaricio seu cabelo que tem um
cheiro divino, algo como baunilha. Eu já amo baunilha. Me sinto
pronto para uma segunda rodada. Levanto, me livro da camisinha
usada. Rebecca me observa da cama, apoiando-se em seus
cotovelos. Ela é tão linda. Eu volto para ela, e a forço a abrir as
cochas, eu quero cuidar da minha menina agora.

–O que você está fazendo? – Rebecca pergunta com a voz bem


suave.

–Segunda rodada, docinho.

–Mas já? – Ela me olha espantada, e é até adorável.

Oh sim, já agora, é isso o que você faz comigo querida, e eu


quero te mostrar.
Eu me inclino sobre ela, e meu nariz encosta no seu, seus olhos
estão no meu, e o cumprimento do meu pau cutuca seu estômago.
Eu estou duro, e eu a quero novamente.

–Eu só precisava de uns minutinhos. – Respondo.

–Eu percebi. – Ela murmura, e os lábios suculentos estão presos


entre os dentes de novo. Agora eu pego esses lábios.

Inclino-me e puxo seus lábios com os meus dentes, exerço uma


pequena pressão, e ela geme.

–Nós vamos fazer isso à noite toda. – Eu digo, e é pura verdade.


Estou pronta para experimentar de tudo com ela.

–Nós podemos fazer isso mais vezes. – Ela diz. E eu estou


concordando completamente. Não consigo nem imaginar como
seria tê-la todos os dias, é quase impossível de acreditar.

–Bem, nós podemos fazer isso pra sempre. – Eu sorrio apenas


com a imagem de Rebecca sendo minha pela eternidade.

–Podemos? – Seus olhos brilham, e ela aguarda a minha


resposta.

–Nós vamos. – Eu juro, e ela sorri o sorriso mais lindo e brilhante


que eu já vi.

Sinto pela primeira vez na minha vida, que esse juramento eu


não vou quebrar.

oOo

Capitulo Quarenta e Um: Visitada

oOo

Ando de um lado para o outro, pisando firme pelo tapete


branquinho que cobre boa parte do chão da sala. Olho através das
janelas panorâmicas de cima a baixo e vejo Seattle iluminada à
noite. Fico perguntando-me se Rebecca alcançou Isaac ou não. E
se ela se perdeu? Becca não levou sapatos, nem dinheiro, nem
celular, e ela não conhece absolutamente nada aqui. A não ser o
Escala e o Shopping. Deus, e se aconteceu alguma coisa? E se ela
foi assaltada? Não, mas pera, ela não tem nada para ser roubado.
Hum livre de assaltos, pelo menos isso. Ah mais ainda existem os
tarados, os psicopatas, até mesmo os vândalos assustariam
Rebecca. Merda, odeio ficar aqui confortável e segura, enquanto
minha melhor amiga pode estar lá na rua com frio e sozinha.

–Alexa, vamos lá pra cima. – Theodore se aproxima e me


abraça.

Eu esperava tanto dessa noite. Tudo o que eu queria era vir para
casa e deixar o meu namorado confortável e relaxado, e então
aproveitar sua vontade de provar uma lasquinha de mim. Mas
nesse momento eu não consigo fazer mais nada. Eu estou muito
preocupada com a minha amiga e só vou me sentir melhor quando
eu ouvir a sua voz e souber que tudo está bem.

–Eu estou bem, vou esperar a Becca. – Respondo.

–Alexa a Rebecca nesse momento deve estar com Isaac. Pare


de se preocupar ela pode se cuidar sozinha. – Theodore resmunga
e me puxa apertado em seus braços.

–Não, não e não! – Me afasto de Theodore e caminho até as


janelas, descanso a cabeça contra o vidro e fico olhando o
movimento dos carros lá embaixo. Parecem pequenas formiguinhas
e me lembra-me um pouco da vista do Crossfire. – Eu não vou
descansar até saber que Rebecca está bem. Se eu tivesse ajudado
os dois nada disso estaria acontecendo.

–Você não tem que se culpar, isso é entre eles. – Theodore diz e
se afasta. – Boa Noite Alexa.

–Boa Noite. – Respondo, mas ele se foi.

Espero por mais uma hora e não tenho noticias. Então penso em
uma ideia genial que não havia passado pela minha cabeça. Como
sou tão burra! Pego minha bolsa, e vasculho a procura do meu
celular. Não tenho como ligar para Rebecca por que ela está sem
celular. Mas se ela alcançou Isaac então eu posso ligar para ele e
saber se tudo está bem. Pego o celular e disco seu numero. Toca
várias vezes e ele não atende. Tento de novo e nada. Então deixo
uma mensagem atrás da outra pedindo que me ligue, pois estou
desesperada.

É uma hora da manhã e eu estou esparramada no sofá da sala


morrendo de sono, mas obrigando-me a ficar acordada por que
preciso saber onde minha melhor amiga se meteu, e porque ela
ainda não me deu noticias. Quando sinto que minhas pálpebras
estão prestes a se fechar, levanto-me e vou até a cozinha, preparo
café expresso na maquina e me sirvo de uma xícara. E em seguida
de mais uma, e outra, e então outra.

São três horas da manhã e eu caminho pela casa por que quero
me manter acordada e se eu sequer parar um momento eu sinto
que vou cair em sono profundo, talvez até em coma. Bebi mais café
do que posso imaginar. Quando passo pela sala pela milionésima
vez. Avisto a planilha de Victor sobre a mesa. Trabalho. É isso que
eu preciso, faz tempo que eu não tenho planilhas na minha frente.
Pego a papelada e espalho sobre a mesinha de centro e então
começo a verificar documentos de três anos atrás quando o atual
presidente tomou posse da empresa. O trabalho me faz bem, e eu
acabo ficando acordada por um bom tempo. Mas números, e
gráficos começam a se misturar na minha visão e em algum
momento eu simplesmente não vejo, e não ouço nada, tudo é uma
escuridão, e um sono profundo.

–Alexa? – Uma voz suave sussurra o meu nome.

–Humm

–Olhe só para você pequena, dormir em cima da mesa não é


muito confortável, sabe? – A voz de Theodore passa suavemente
por mim, mas estou cansada demais para abrir os olhos então não
respondo.

Quando acordo, estou encolhida em uma bola de lençóis sobre a


cama de Theodore. Não sei como vim parar aqui, pois não me
lembro de caminhar para o quarto. Mas tenho uma vaga lembrança
de Theodore conversando comigo, sua voz era tão suave que eu
pensei que poderia estar sonhando. O fato é que eu não estou
usando o mesmo vestido da noite passada, ao invés disso não visto
nada. Humm onde é que se meteu aquele aproveitador? Não há
mais ninguém na cama, ou na suíte comigo. Levanto-me e enrolo
um dos lençóis em volta do meu corpo e saio para procurar
Theodore. Passo pelo quarto de hospedes que continua vazio e
então me desespero. Rebecca ainda não apareceu? Oh meu deus!

Desço as escadas e ouço barulhos na cozinha. Caminho até lá


esperando encontrar Theodore ou Rebecca. Mas é Abby que está
preparando o café da manhã. Ela se vira para colocar talheres
sobre o balcão e me vê. Ela sorri e me cumprimenta.

–Bom Dia Alexa.

–Bom Dia Abby. Você viu Theodore por ai? – Pergunto.

–O Sr. Grey foi trabalhar. Mas deixou um recado para a


senhorita.

–O que?

–Ele disse que sua amiga ligou e disse que está bem e que
Isaac está com ela.

–Oh graças a deus, obrigada. Vou ligar para ela agora.

–Alexa talvez você gostaria de se vestir, eu preparei seu café da


manhã. – Abby sorri e me aponta as panquecas e o bacon na
frigideira.

–Você não precisava se preocupar comigo, eu poderia preparar


alguma coisa, mas obrigada.

–São ordens do Sr. Grey. -Típico. – Murmuro e rolo os olhos.

Vou correndo para o andar de cima, tomo um banho rápido, visto


algumas roupas e vou atrás do meu celular. Pelo menos sei que
Rebecca está bem. E ela está com Isaac. O que será que
aconteceu? Eles se entenderam ou não? Alcanço o celular, e disco
para o numero de Isaac. Ouço o toque pela terceira vez, e começo
a ficar histérica pensando que não vou conseguir falar com nenhum
dos dois. Mas então alguém atende.

–O que você quer Alexandra? – A voz de Isaac soa do outro


lado. Ele usa o meu nome, mas não parece bravo, na verdade sua
voz está calma e suave.

–Isso é jeito de falar comigo? – Resmungo. – Onde está


Rebecca? Eu espero que você não tenha magoado ela seu idiota,
por que minha amiga estava prestes a lhe dar uma chance de
consertar seus erros estúpidos. E só pra você saber ela nem estava
interessada em Victor...

–Alexa? – Ouço a voz de Rebecca.

–Becca! Onde você está? Eu estou morrendo sem noticias suas.


Por que você faz isso comigo?

–Sinto muito. – Rebecca responde sua voz animada demais para


quem sente alguma coisa. – Eu não tive exatamente muito tempo
para me preocupar com outras coisas que não fosse Isaac.

–O que aconteceu com vocês? – Pergunto curiosa. -Humm nós


nos acertamos.

–E o que diabos isso quer dizer? – Pressiono.

–Isso quer dizer que você está atrapalhando Alexandra Cross. –


Isaac resmunga e ouço Rebecca repreende-lo, e então gargalhar.

–Alexa...posso...te....ai Isaac...ligar...outra...hora?– Rebecca


pergunta entre gargalhadas e soando sem fôlego.

–Rebecca Field! Eu fiquei a madrugada acordada preocupada


com você, eu não tive sexo quente por causa de você, não me
deixe para escanteio!

–Gata o negócio é o seguinte Rebecca não vai voltar para casa


hoje, e você não precisa se preocupar com ela, por que eu com
certeza vou cuidar muito bem de cada pedacinho dela. Quanto a
sua falta de sexo, sinto muito mesmo, neste quesito eu estou muito
bem. – Ouço Isaac responder.
–Isaac! – Rebecca repreende rindo. – Desculpe Alexa, você
ouviu eu sou prisioneira deste homem. Sinto muito ter prometido ir
com você no jantar da Phoebe, mas não vou poder ir.

–Tudo bem. – Respondo. – Vocês dois divirtam-se, não vou


atrapalha-los mais.

–Eu te amo Alexa. – Rebecca suspira.

–Adeus Gata. – Isaac ri e desliga.

Encaro o telefone um pouco atordoada. É isso, finalmente


Rebecca e Isaac estão juntos. Meus melhores amigos se declaram
um para o outro. Eu estou realmente feliz por eles, principalmente
por Becca, pois sei o quanto ela vem sofrendo por ele. Espero que
tudo dê certo daqui para frente, eles fazem um lindo casal, e
merecem ficar juntos. É claro que eu sinto que perdi um pedacinho
de cada um. Não quero ser egoísta. Mas vou sentir muita falta de
Rebecca. Começando por hoje. Como enfrentar toda a família Grey
sozinha?

Desço as escadas e vou para a cozinha degustar do café da


manhã que Abby me preparou. Enquanto eu a vejo polir os talheres
de prata conversei sobre algumas coisas. Abby é uma boa moça,
ela me disse que conseguiu o emprego por que já namorava
Connor na época em que ele e Theodore fizeram parte do exército.
Então quando Theodore teve que assumir as empresas ofereceu o
trabalho para o amigo. Connor aceitou para estar mais perto de
Abby também. Já que no exército passava longos tempos sem vê-
la. Ambos desistiram de muitas coisas para ficar juntos, mas não
houve arrependimentos.

Depois que terminei com as torradas e o bacon, voltei para a


sala e encontrei a pasta com os documentos de Victor organizados
sobre a mesinha de centro. Ou Theodore ou Abby os arrumaram de
volta, já que na noite passada lembro-me de ter meu rosto achatado
contra esses papéis. Agora que eu não estou caindo de sono, e que
não tenho companhia para passar à tarde, resolvo aproveitar minha
disposição para rever os documentos. Pego a pasta e vou para o
escritório de Grey no andar de cima.
oOo

Estou no escritório a manhã toda cuidando da papelada de


Victor. Sinto que preciso de um café bem forte. Alguns números da
conta corrente da empresa estão desiguais aos apresentados no
contrato de venda para Theodore. Eu ainda não sei se isto é
alguma falha seja de digitação, ou quaisquer dados passados
errados para Victor quando o documento foi criado. Apenas posso
dizer que se for esta opção, o problema pode ser resolvido
rapidamente e o contrato pode ser assinado por ser totalmente
seguro. Mas se esta primeira opção não estiver correta, há muito
dinheiro faltando nesta conta. E algo está provavelmente muito
errado. Infelizmente eu não posso fazer mais do que alertar
Theodore sobre isso. Gostaria de poder entrar em contato com
Victor, ou com o Diretor atual da empresa para conferir as coisas.
Talvez Theodore permita que eu o faça já que comecei com este
processo de averiguação.

Ouço uma batida na porta, e levanto a cabeça em meio aos


papéis para ver Abby.

–Alexa desculpe interromper, mas a doutora Sophie está aqui


para vê-la. – Anuncia.

–Sophie? Está aqui, agora? – Pergunto surpresa.

–Sim, senhorita.

–Estou descendo, obrigada Abby.

Por que será que Sophie está aqui, agora? Será que aconteceu
alguma coisa? Ela disse que nos encontraríamos outro dia para
conversar mais sobre a doença de Theodore. Será que hoje é o
dia? Não estou com tanta vontade de tratar deste assunto hoje,
quando estou prestes a conhecer toda a família de Theodore. Já me
sinto muito pressionada, e nervosa. Será pior se eu tiver que lidar
com novas informações. Eu quero saber tudo sobre Theodore.
Quero ajuda-lo, mas eu também gostaria que ele conversasse
comigo sobre o assunto. Não apenas a doutora. Levanto-me,
guardo os documentos em sua pasta, e vou para sala, receber
minha visita.
–Boa Tarde Sophie. Está tudo bem? – Pergunto assim que a
vejo sentada no sofá esperando-me.

–Boa Tarde Alexa. Desculpe aparecer de surpresa, está tudo


bem, não se preocupe.

–Que bom, por um momento eu pensei que algo poderia estar


errado. Você quer beber alguma coisa? Chá, agua, café? –
Ofereço.

–Não obrigada. Minha visita é rápida.

–Tudo bem, sobre o que seria? – Sento-me na poltrona a sua


frente.

–Theodore tem faltado às consultas, e não atende mais minhas


ligações. Eu não sei o que está acontecendo, desse jeito não sei
como meu paciente está passando, se esta se medicando
corretamente. Você tem passado mais tempo com ele, eu gostaria
que pedisse para ele me procurar, ou eu poderia fazer as visitas em
casa se ele desejar. Mas não podemos parar com nossas seções.

–E você me disse que não veio tratar de um problema? –


Rebato. – Oh meu deus, eu não acredito. É tão grave se ele não for
às seções?

–Acalme-se Alexa, não é um problema realmente. Mas eu gosto


de acompanha-lo sempre que possível.

–Sophie eu não conversei ainda com Theodore sobre sua


doença. Ele não parece ficar à-vontade parar tratar disso comigo,
mas eu não vou deixa-lo faltar às seções, vou conversar com ele.

–Obrigada Alexa, é importante. Agora sobre o fato de Theodore


ainda não ter conversado com você, tenha paciência, quando ele
estiver pronto vocês vão conversar.

–Eu espero que sim. Ultimamente estamos um pouco afastados.


Ele trabalha demais, sai cedo, chega tarde. E eu estava com a
companhia de uma amiga, e tive de dividir meu tempo entre os dois,
ainda tive que lidar com meu pai que acabou de descobrir nosso
relacionamento. Sinto desesperadamente que preciso de um tempo
com ele.

–Você está certa, vocês precisam. Alexa, Theodore tem todos os


meus números. Quando você se sentir pronta para ouvir mais sobre
o transtorno bipolar, quero que ligue e marcaremos outro encontro.
Tudo bem?

–Tudo bem, eu vou ligar.

–Bem, eu já vou indo. Acho que você tem coisas importantes


para fazer, e não quero atrapalha-la.

–Você na está atrapalhando de jeito nenhum.

–Obrigada Alexa, de qualquer forma tenho que ir. Vejo você à


noite?

–À noite? – Repito confusa.

–O Jantar de Phoebe, você vai não é?

–Oh sim, eu vou. Você vai estar lá?

–É claro, eu não perderia por nada.

Sophie se despede e vai embora. Respiro fundo e mentalmente


tento acalmar meu coração. Essa será uma longa noite. Lidar com
cada um dos familiares separadamente foi fácil. Quero ver lidar com
a mãe, o pai, a irmã, o marido da Irmã, a Psicóloga, os primos, os
tios e as tias, os avós, e vários outros desconhecidos que estarão
juntos, prontos para julgar o mais novo relacionamento de
Theodore, e sua namorada. Deus, me de forças.

oOo

Capitulo Quarenta e Dois: Sozinha

oOo
Theodore põe a mão na parte baixa da minha coluna, e guia-me
pela ampla cobertura do Edifício de Luxo que Phoebe mora. Há
menos pessoas do que eu esperava, e não tenho certeza se isso
me faz sentir-me bem o ruim. Devo dizer que o numero de
convidados está entre cinquenta a sessenta pessoas. As mulheres
estão elegantemente bem vestidas, e os homens também. Ainda
não vi nenhum rosto familiar, o que só tem deixando-me mais
nervosa.

Theodore está bem vestido, e parece tão lindo como sempre.


Embora esteja distante e muito cansado. As únicas palavras que ele
dirigiu a mim desde que me pegou no Escala e me trouxe para cá
foram “Você está linda”, e “Não fique nervosa, todos vão gostar de
você”. Depois disso não houve mais nenhum contato. Eu me sinto
perdida, não sei o que está acontecendo com ele, embora saiba
que este não é seu comportamento normal. Além disso, ele não
conversa muito comigo, e eu não sei como posso ajuda-lo.
Realmente preciso de um tempo com ele, ou eu mesma vou acabar
irritada com este seu comportamento, e vou me afastar.

Quanto a minha aparência. É a única coisa pela qual estou


completamente segura. Estou usando um vestido preto até a altura
dos joelhos, com um decote nas costas, saltos altos da prata, joias
combinando, e um penteado bem elaborado com meu cabelo preso
no topo da cabeça. Simples, e elegante.

–Theodore Grey, e Alexandra Cross. O mais novo casal


badalado de Seattle! – Ouço a voz animada de Ava Grey e encontro
seus belos olhos azuis.

A loira-ruiva está usando um vestido rosa pink curto, os cabelos


estão caindo soltos pelas costas. E o sorriso está mais radiante do
que nunca.

–Olá Ava. – Cumprimento com um abraço.

–Eu sabia que você viria. Não, não, eu tinha certeza! –


Exclamou.

–Pois é, eu mudei de ideia.


–Isso é ótimo! Theodore me disse que vocês vão assumir o
namoro hoje, e eu gostaria de pedir permissão para ser a primeira a
divulgar a noticia nos jornais e revistas. Eu entendo se você não
quiser, não vou ficar chateada. Mas é que será impossível esconder
o romance de vocês por muito tempo. E bem, uma hora ele vai sair
nos jornais. Então por que não ser a minha revista à primeira? E
ainda na capa? Que tal?

–Tudo bem, Ava. Se Theodore estiver de acordo, não vejo


problema nenhum.

–Ah nossa, obrigada! – Ela se aproxima e sussurra. - E como o


coisa sexy arrogante está se comportando?

Reprimo uma risada, e sussurro de volta:

–Bem, estamos bem.

–Acho bom. Todos estão ansiosos para conhecê-la. Vem


comigo, quero apresenta-la a minha mãe e meu pai. – Ava segura o
meu braço e puxa-me na direção de um grupo de pessoas.
Theodore segue discretamente atrás.

–Mãe, esta é Alexandra Cross a nova namorada do Teddy. –


Ava diz para uma mulher um pouco mais velha, e de aparência
idêntica. Ao seu lado está um homem alto e bonito que eu
reconheço como Elliot, pai de Ava.

–É um prazer conhece-la Srta. Cross. – A mulher mais velha


apresenta-se. – Eu sou Katherine Grey. Mãe de Ava. Ela estende-
me a mão, e eu aperto.

–O prazer é todo meu Sra. Grey.

–Além de linda, é simpática. Você está com sorte Theodore. – O


homem ao seu lado interrompe. – É muito bom conhece-la
pessoalmente Srta. Cross. Eu sou Elliot Grey.

Cumprimento Elliot com um aperto de mão. Conversamos um


pouco, e eu me sinto mais calma por que tanto a tia, quanto o tio de
Theodore são pessoas ótimas. A mulher e o homem são divertidos,
e eu estendo perfeitamente de onde vem todo o animo e alegria de
Ava. Após um tempo nós nos movemos para outro grupo onde
Theodore me apresenta a sua tia Mia Grey, e ao marido dela Ethan,
que por acaso é irmão de Katherine. Eles têm dois filhos
adolescentes, o mais velho é Justin um menino tímido e bonito
como o pai, e o mais novo é Kevin, que ao contrario do irmão é
muito extrovertido. Eles se dão muito bem com Theodore, que
parece ser um tio para os meninos, ao invés de primo. Eu acabo
gostando ainda mais da família a que Theodore pertence.

Tudo melhora quando eu vejo Phoebe. Ela está radiante esta


noite, usando um vestido longo azul claro que combina com seus
profundos olhos azul. Ela está sorrindo, e parece imensamente feliz
ao lado do marido. O Homem que eu apenas conheço por Peter, é
alto, com cabelos claros, e olhos castanhos. Ele parece jovem e
bonito, e mantém a esposa ao seu lado o tempo todo. Estamos nos
aproximando para cumprimenta-los, quando Phoebe nos vê e deixa
o lado do marido, para vir na nossa direção.

–Teddy! – Ela exclama, e ele abre os braços para recebê-la.

–Você está linda Ebe. – Theodore elogia.

–Obrigada, estou tão feliz que veio. – Ela diz. – Olá de novo
Alexa, eu sabia que nos encontraríamos de novo.

–Obrigada pelo convite Phoebe, a festa está ótima, e você está


linda.

–Obrigada. – Ela da uma piscadinha para mim e acrescenta. –


Agora você faz parte da família, venha me visitar outras vezes.

–Eu vou vir, com certeza.

–Bem, estou sendo tão indelicada. Alexa, este é meu marido


Peter. – Ela apresenta o homem ao seu lado.

–Olá Peter, sou Alexa. – Estendo minha mão para cumprimenta-


lo.

–Eu sei, ouvi muito sobre você ultimamente. Bem vinda à família
Alexa. –
–Obrigada. – Respondo.

–Bem, se vocês nos dão licença temos outros convidados para


cumprimentar. – Peter diz. – Podíamos marcar um encontro de
casais algum dia desses.

–Se Teddy não fosse tão teimoso poderíamos comemorar o


aniversário dele em Aspen. – Phoebe acrescenta. – Talvez você
possa fazê-lo mudar de ideia Alexa.

–Vou ver o que posso fazer. – Respondo, e Theodore me olha


com uma carranca. Que diabos há com ele?

Depois que Phoebe e Peter vão para cumprimentar outros


convidados, Theodore me leva para uma das mesas. Há algumas
pessoas que eu não conheço lá, mas rapidamente elas se
apresentam e ficam muito interessadas em conversar sobre o meu
pai e seu grandioso império. Eu percebo mais tarde que Theodore
se foi, e que estou sozinha com aqueles desconhecidos. Olho ao
redor e não o vejo, mas Ana e Christian estão em uma mesa
próxima, e é pra lá que eu vou. Que se dane Theodore, eu não vou
ficar sozinha.

–Sr. e Sra. Grey. Boa noite. – Cumprimento quando me


aproximo da mesa.

–Olá Alexa. – Ana sorri. – Tudo bem com você? Onde está
Theodore?

–Estou bem, obrigada. Eu não sei onde ele foi, deve estar
conversando com alguém.

–Sente-se conosco, por favor.

–Obrigada. – Agradeço.

–Já conheceu nossos familiares Alexa? – Christian pergunta


focando sua atenção em mim. -Sim senhor Grey, acredito que
conheci muitos deles.

–Estamos felizes por Theodore ter encontrado você, parece que


estão se dando bem juntos. – Ele prossegue.
–Sim, nós estamos. – Por enquanto, eu penso, mas não
acrescento.

–E o Cross, já sabe sobre vocês? – Pergunta-me.

–Sim, meu pai já sabe. De qualquer forma estou voltando para


Nova York amanhã cedo, quero conversar com ele.

–Eu imagino como ele deve estar se sentindo. – Christian diz. –


Quando descobri que minha Phoebe estava apaixonada, eu não
aceitei muito bem no começo. Mas eu percebi que Peter a faz feliz,
e é só isso que eu quero para ambos os meus filhos. Amor e
felicidade.

–Eles parecem felizes Sr. Grey, e com certeza eles se amam. –


Eu vasculho pela sala com o meu olhar, mas não encontro o que
estou procurando.

–Você não parece feliz Alexa. – Christian diz um pouco mais


sério.

–Alexa você e Theodore estão mesmo bem? – Ana pergunta-me


novamente com evidente preocupação. – Nós soubemos que você
conversou com Sophie, e já sabe do problema dele. E gostaríamos
de saber como você tem lidado com isso.

–Ana, assim como eu disse para Sophie, eu não entendo nada


sobre esta doença, mas estou curiosa para saber mais, e quero
poder ajuda-lo. Mas Sophie disse que temos que fazer isso por
etapas, e ir muito devagar. Além do mais, ela diz que Theodore
deve conversar comigo primeiro, por que será importante ouvir um
pouco dele. Mas ele se recusa a conversar comigo. E ultimamente
está um pouco distante, e muito cansado.

–Sentimos muito por isso Alexa. – Christian diz. – Mas não se


preocupe às vezes Theodore pode ser um pouco distante. Talvez
ele esteja enfrentando algum problema no trabalho. Acredito que
quando ele estiver pronto vai conversar com você.

–Eu espero que sim. Por que nós temos muitas, muitas coisas
para conversar.
Decido não mencionar que Theodore está faltando às sessões, e
que a própria Sophie veio procurar por mim para ajuda-la. Acredito
que Theodore não ficaria feliz se eu deixasse seus pais
preocupados. Também não comento que o cansaço de Theodore
parece ser mais do que apenas um pequeno problema no trabalho.
E não menciono o quão realmente distante nós estamos um do
outro, por que pode ser algo passageiro.

O jantar é servido, e eu fico na mesa com Ana e Christian. Por


que não vejo Theodore em lugar nenhum. Ouço quando Phoebe faz
um breve discurso e agradece a presença dos familiares. Peter
também faz um discurso breve, com os olhos voltados para
Phoebe, quando ele lhe diz que após um ano de casamento, ele é
ainda mais feliz ao seu lado, do que poderia imaginar. Eu não sei
por que, mas tenho vontade de chorar. Eu gostaria que o meu
Theodore sorridente e brincalhão estivesse ao meu lado neste
momento. Ou então até mesmo o Grey de olhos cinza gélidos e mal
humorado. Que sempre implica comigo e muitas vezes me faz
perder a cabeça. Mas eu não tenho nenhum dos dois ao meu lado.
Eu estou completamente sozinha.

Mas tarde eu vejo Theodore conversando com Victor, e uma


mulher alta e loira. Levanto-me da mesa, cansada de ficar apenas
observando tudo de longe, e vou para encontra-lo. Ele vê quando
me aproximo, e está carrancudo.

–Alexandra onde você estava? – Ele soa bravo.

–Sentada com seus pais. – Respondo ríspida.

–Eu voltei para a mesa e você tinha sumido. Não faça isso
novamente.

–Srta. Cross você está muito bonita esta noite. Que bom vê-la de
novo. – Victor diz com aquele sorriso patético.

Eu estou tão irritada, estou prestes a pular no pescoço de


alguém.

–Mantenha seus elogios para Theodore, está bem Victor? Eu


não preciso de sua bajulação! – Resmungo para o empresário, que
me lança um olhar confuso. Estou descontando minha raiva nele, o
que é errado, mas eu simplesmente não posso segurar. – E já que
eu estou aqui, apenas gostaria de avisa-los que os números dos
contratos não batem. Preciso entrar em contato com o Diretor atual
e rever os números.

–Alexandra, venha comigo. – Theodore segura o meu pulso para


me afastar, mas eu me desvencilho dele.

–Eu não quero conversar com você agora querido. – Ironizo.

–Srta. Cross permita-me apresentar-me. Eu sou Cornelha


Viniths, contadora do Sr. Grey e a partir de agora vou cuidar dos
contratos, você não precisa se preocupar com isso. – A loira
interrompe.

–Está tudo bem Srta. Viniths. Theodore me encarregou do


trabalho, e eu posso e quero fazer isto por ele. Eu fico com os
contratos, apenas quero revisa-los direito. – Respondo.

–Eu sou competente Srta. Cross. Sou contadora, e este é o meu


serviço. Trabalho para o senhor Grey, ao contrario de você, e posso
e vou cuidar disto.

–Cornelha, certo? – Aproximo-me da mulher, meus olhos estão


ardendo, minha cabeça dói, e eu estou muito brava. Sei que é
errado descontar em Victor, e nesta mulher, mas quando eu avanço
para ela, eu não penso em mais nada, além de lhe mostrar onde é o
seu lugar, e onde é o meu. – Seu trabalho é manter a manutenção
de todos os registros financeiros. Além de garantir a qualidade dos
relatórios da empresa, e acompanhar todos os dados e contas da
empresa. O meu trabalho é acompanhar operações financeiras,
preparar relatórios contábeis, e eu sou uma peça chave na gestão
da organização. Além disso, eu entendo sobre financiamento, e sou
capaz de identificar riscos inerentes para o negócio. Por isso eu
estou envolvida no planejamento estratégico da empresa. Meu
papel é analisar conjunturas econômicas, fazer previsões e apontar
possíveis soluções para um problema. E você quer saber mais?
Nada me tira da cabeça que há um problema no seu contrato Victor.
– Lanço um olhar penetrante para o empresário, e depois me volto
para a loira. – É meu trabalho, e somente meu lidar com dinheiro, e
possuir uma visão ampla da estrutura de capital que influencia
direta ou indiretamente o negócio. E é por isso que eu sou muito
mais qualificada para o serviço do que você.

Desta vez a loira é que parece irritada, não, ela não está apenas
irritada. Ela se sente insultada, e está provavelmente imaginando
uma possível morte para mim em sua mente. Quando ela força um
sorriso no rosto e responde:

–Mas o Sr. Grey já atribuiu o serviço para mim. Talvez ele não
precise de toda a sua qualificação, apenas da minha.

E eu respiro fundo, por que acabo de levar uma pancada muito


forte dessa mulher. Olho para Theodore a procura de uma
explicação. Ele da de ombros e diz:

–Eu passei o trabalho para a Srta. Viniths. Você não precisa se


preocupar com isso Alexandra.

Ele me chamou de Alexandra duas vezes esta noite. Pra mim


chega!

Foda-se o contrato.

Foda-se Victor e a Srta. Viniths.

Foda-se principalmente Theodore.

Eu apenas me viro e caminho para longe. Meus olhos estão


úmidos, mas eu me obrigo a não derramar nenhuma lagrima. Eu
não tenho por que chorar. Eu não tenho. Sinto que Theodore está
me seguindo, mas não olho para trás. Apenas estou procurando a
saída, quando alguém agarra o meu braço, estou prestes a
reclamar com Theodore, mas é Ava quem olha para mim.

–Ei aonde vocês vão tão rápido? – Ela ri. – Não estão pensando
em dar uns amassos escondidos né? Eu preciso de uma foto do
casal para minha revista. O que vai adiantar a matéria se eu não
tiver uma foto para comprovar?

Eu não digo nada. Ava apenas me empurra para o lado de


Theodore. Ela olha confusa entre nós dois.
–Sabe, vocês poderiam se beijar ficaria mais convincente do que
essas caras de quem está em um funeral. – Ela comenta. Eu não
me movo, não digo nada, por que não sei realmente o que dizer. –
Tudo bem então, nada de beijos.

Theodore segura o meu braço e me puxa para perto dele, sei


que ele quer dizer alguma coisa, provavelmente se desculpar, mas
não quero ouvi-lo, e tento me forçar para longe dele. O fotografo
para na nossa frente, pronto parar tirar nossa foto. Eu não faço
nada mais do que olhar para a câmera com um sorriso forçado.

–O que há com vocês? – Ava pergunta séria. - Não estão nem


parecendo um casal apaixonado.

Por que talvez nós não sejamos um casal apaixonado. Eu penso,


mas de novo, não digo nada.

–Da um tempo Ava. – Theodore resmunga bravo.

Eu volto a me mover, e vou para os elevadores. Quando as


portas se fecham, eu vejo Theodore tentando me alcançar, e Ava
atrás dele. Felizmente ele não consegue. Passo pelo Hall, e vou
para a rua. Penso em ir até Connor, mas provavelmente ele
esperaria até Theodore chegar para me levar para casa. E eu não
quero ver Theodore neste momento, por isso eu paro um taxi
qualquer, e entro. Quando estamos indo embora é que Theodore e
Ava aparecem do lado de fora, mas eu estou fora de suas vistas.

Peço para o motorista me levar para o Escala, e em poucos


minutos eu já estou lá. Pego o elevador, e vou para a cobertura.
Faço meu caminho direto para a suíte de Theodore, por sorte ele
ainda não está em casa. Pego as ultimas peças de roupas que eu
ainda não havia colocado na minha mala, e levo tudo para o quarto
de hospedes, junto com as malas de Rebecca que eu mesma
organizei mais cedo. Tranco a porta, e vou para o chuveiro. Tomo
um banho longo, visto uma camisola branca de seda, e vou para a
cama. Estou surpresa por não estar chorando. Mas a verdade é que
eu não sinto vontade nenhuma de derramar lágrimas. Tudo dentro
de mim é apenas confusão, raiva, tristeza, solidão, e um sentimento
horrível de abandono. Ouço o som da maçaneta sendo forçada para
abrir, mas eu tranquei a porta. Sei que Theodore está do outro lado,
e logo se torna evidente por que ele bate com o punho na porta, e
me chama.

–Alexa!

Não respondo. Percebo que estou até segurando o ar, e solto-o


calmamente por que sei que ele não pode me ouvir.

–Alexa abre a porta, eu sei que você está ai dentro!

Ele ainda parece bravo, e eu não quero conversar com ele neste
momento.

–Você percebe o quanto está sendo infantil novamente? Que


ridículo Alexa, aja como uma adulta e abra esta porta. Infantil?

Tudo bem, talvez eu não seja a mulher mais madura do mundo.


Mas eu duvido que qualquer uma conseguiria lidar com esse
distanciamento dele, e não se sentir sozinha.

–Porra Alexa! – Ele bate repetidamente com os punhos na porta,


e por um momento eu penso que a porta poderia vir ao chão.
Encolho-me na cama e observo a porta fechada e sons altos
ecoando. - Alexa, eu não vou sair daqui até que você abra esta
porta!

Eu não me importo. Os sons de seus punhos contra a porta


param. Ouço apenas um baque pesado quando, provavelmente
Theodore sentou-se com as costas apoiadas na porta. Ele está
fazendo como em Nova York, quando se negou a deixar a porta do
meu apartamento, e eu acabei convidando-o para entrar. Mas desta
vez eu não vou abrir a porta, desta vez eu não me importo se ele
ficará ou não. Theodore merece isso, ele merece um pouco de
desprezo também.

Eu sei que em algum momento vamos ter que conversar. Mas


agora, eu só quero que ele se sinta tão sozinho, quanto eu tenho
me sentido.

oOo
Capitulo Quarenta e Três: Perplexa

oOo

Passei a noite sem dormir, e por isso estou cansada. Na noite


passada eu ouvi barulhos fortes vindos do andar de baixo, como
coisas sendo jogadas e lançadas contra a parede. Ficou óbvio para
mim que Thedore estava descontando sua raiva nos objetos. Mas
eu não sai do quarto, eu fiquei deitada esperando o sono que nunca
veio. No momento tudo o que eu quero fazer é pegar as minhas
malas e voltar para Nova York. Tomo banho, e me visto. Hesito
quando vou abrir a porta, por que eu não sei se Theodore está ali
fora ou não. Mas em algum momento eu tenho que enfrenta-lo, não
posso me esconder. Além do mais ele também está indo para Nova
York comigo. Nós tínhamos combinado de ir juntos, e contar ao
meu pai sobre o namoro juntos. Mas agora... Agora eu nem sei
como realmente estamos.

Abro a porta, e não encontro nenhum indicio de Theodore.


Desço as escadas e vou para cozinha. Eu o encontro lá, ele tomou
banho e está vestindo roupas limpas, sentado em uma das
banquetas, bebendo café na cozinha. O que me assusta é o
ambiente ao nosso redor. Vasos estão quebrados, e tem cacos por
todo o chão. As almofadas estão rasgadas, e as poltronas estão no
chão. Um espelho grande na parede está com uma rachadura no
meio onde um objeto grande foi lançado. Theodore fez toda essa
bagunça na noite passada?

Abby aparece no meu campo de visão, ela trás uma vassoura e


imediatamente começa a varrer os cacos. Eu tenho pena dela por
está limpando algo que poderia estar intacto, sei que ela vai ter um
trabalho muito grande para organizar toda essa zona de guerra. Eu
estou com muito ódio de Theodore. Ainda mais por que ele
permanece sentado lá bebendo seu café, e alienado a tudo ao seu
redor.

Aproximo-me um pouco hesitante, caminho devagar sobre os


cacos que estalam ao meu pé.

–Theodore? – Chamo, minha voz severa.


–Você está voltando para Nova York, mas eu não vou. Vou
passar uma semana na Flórida a trabalho. – Responde-me sem tirar
os olhos de sua xícara.

–O que isso significa Theodore? – Pergunto. – Você quer


terminar, é isso? Por que você não me diz logo que se arrependeu,
que você não está apaixonado por mim, e que você não me quer na
sua vida?

–Você está me irritando Alexandra. – Ele se levanta, e afasta-se,


caminhando de volta para cima.

–Eu estou irritando você?! – Elevo o tom de voz. – O que essa


merda significa? Por que o que eu acho é que você está me
irritando. Se você não quer um relacionamento comigo, diga!

Ele para no topo das escadas, e vira-se. Seus olhos azuis


encontram os meus, aqueles lindos olhos pelo qual eu me perdi
completamente desde a primeira vez. Hoje, porém, esses olhos
estão vazios. Ele da de ombros, e com indiferença responde:

–Tanto faz Alexandra, faça o que você quiser.

O que? Eu não acredito. É isso o que ele tem a dizer?

“Tanto faz Alexandra, faça o que você quiser”

Suas palavras ecoam dentro de mim repetidas vezes.


Machucando um lugar dentro de mim cada vez mais, quando me
dou conta do significado disto. Ele não se importa. Ele não se
importa que eu vou embora, e que nós vamos nos afastar. Ele não
quer que exista um “nós”. Theodore vira-se e some das minhas
vistas. Eu desabo no sofá mais próximo e lágrimas pinicam os meus
olhos. É o fim, não foi nada real. É o nosso fim.

Abby se aproxima e senta-se ao meu lado. Ela não diz nada,


apenas abraça-me forte. Enquanto eu choro silenciosamente. Eu
perco noção do tempo que fico parada, olhando para um ponto
qualquer no chão branco. Minhas lagrimas secaram, e Abby trouxe-
me um copo de agua com açúcar, que eu só bebo por que ela teve
o trabalho de fazer.
Eu quero ir embora.

É tudo o que eu mais quero agora. Quero voltar para Nova York,
onde é minha casa, e o lugar de onde eu nunca deveria ter saído.
Eu quero Rebecca, e eu quero Isaac. Preciso da minha mãe, e do
meu pai. Quero meu apartamento maravilhoso, o meu trabalho de
volta, a minha vida inteira como era antes de Theodore entrar na
minha vida. Eu desejo isso tanto que me obrigo a ficar de pé.

–Abby peça para Connor colocar as minhas malas e de Rebecca


no carro. Eu estou partindo em breve. – Digo.

Abby vai fazer o que eu pedi, e enquanto isso eu subo


rapidamente no andar de cima, e pego minha bolsa. Meu ultimo
pertence restante, e volto para sala. Pego meu celular, e ligo para
Isaac. Por que eu preciso avisar Rebecca que está na hora de
irmos embora.

–Oi Gata. – Isaac atende.

–Isaac avise para Rebecca que eu estou indo para o aeroporto


agora, nossas malas já estão prontas, e o jatinho vai partir em uma
hora. – Digo.

–Ah Alexa, a Rebecca vai embora comigo. – Ele responde. –


Pera ai.

–Alexa? – A voz de Rebecca soa no telefone, eu quase tenho


vontade de derramar lágrimas novamente.

–Oi, estou indo para o aeroporto, podemos nos encontrar lá?

–Alexa eu vou embora com Isaac, ele prefere assim. Mas você
pode levar as malas, nós nos vemos em casa, pode ser?

–Ah Claro.

–Tudo bem com você Alexa? – Rebecca pergunta-me.

–Conversamos em casa.

–Tudo bem. Boa viagem para você e Theodore.


–O mesmo para você e Isaac. – Respondo e em seguida desligo.

Olho para os lados, para cima, para baixo. Eu vou sentir


saudades do Escala. Ele se tornou como a minha casa. Vou sentir
falta de tomar café da manhã na cozinha, e de deitar no chão da
sala. Vou sentir falta da banheira no quarto de hospedes, e da cama
no quarto principal. Vou sentir falta do quarto vermelho. E de alguns
bons momentos em Seattle. Mas acabou.

Pego a minha bolsa, e me despeço de Abby com um abraço


forte, por que eu sinto que posso não voltar a vê-la mais. Pego o
elevador sem olhar para trás. Passo pelo Hall e caminho para fora.
Connor está esperando-me segurando a porta aberta. Dou um
ultimo olhar para o prédio imponente a minha frente, e deslizo para
o banco de couro.

O motorista conduz o carro pelas ruas de Seattle. Eu encosto


minha cabeça contra o vidro e observo as pessoas do lado de fora.
Não me dou conta de que estou chorando até Connor me passar
um lenço, ele olha para mim pelo espelho.

–Obrigada. – Agradeço.

–Tem certeza de que quer ir embora Srta. Cross? – Pergunta-


me.

–Sim, eu tenho.

–Senhorita ele é uma boa pessoa, só está cometendo um erro. –


Connor diz, em seguida volta seus olhos para a estrada e continua
nosso caminho para o aeroporto.

Eu me sinto como se estivesse fora do meu próprio corpo. Não


sei em que momento chegamos ao terminal de embarque. Não sei
como sai do carro, e me despedi de Connor. Não me lembro de ter
cumprimentado o piloto ou a comissária de bordo. Eu só me vi
sentada em uma mesma poltrona como na primeira vez que entrei
nesse jatinho. Entornei um copo de bebida atrás do outro tentando
em vão apagar algumas lembranças. Não voltei a chorar mais, isso
por que meu corpo estava seco demais para sequer ter o que
perder.
A viagem toda eu fiquei acordada. Não tive medo quando o
jatinho decolou, e não tive medo quando prosseguimos com a
viagem para casa. Era como se eu não tivesse mais nenhum medo.
Por que o pior deles eu já estava passando. E era muito pior. Muito
pior do que da ultima vez. Desta vez a abandonada era eu. Nunca
pensei que poderia doer tanto. Talvez meu pai estivesse certo o
tempo todo, e se eu tivesse sido esperta e ouvido ele desde o
começo eu não estaria passando por isso agora.

Quando chego à Nova York estou esgotada. Tonta pelas


bebidas, cansada por não ter dormido, irritada com os últimos
acontecimentos. Minha cidade maravilhosa não parece tão
espetacular aos meus olhos. O que eu chamava de casa antes
parece apenas uma vaga lembrança agora. Nesta ultima semana
Seattle transformou-se na minha cidade, e o Escala tornou-se
minha casa. Assim como Theodore era o meu porto seguro. Agora
me sinto uma estrangeira, em uma cidade qualquer, sou alguém
perdida entre vários habitantes. Não tenho uma cidade para me
acolher, ou uma casa para me esconder, ou mesmo um Porto
seguro para me firmar.

Pego um táxi e peço ao motorista para me levar ao meu edifício


no Upper West Side. A viagem é rápida e logo estou em frente ao
prédio, e o porteiro – Paul – cumprimenta-me e ajuda-me com as
bagagens. Assim que fecho a porta, vou para a cozinha e pego um
dos vinhos da minha mini adega, pego uma taça, e vou me servir na
sala, diante da minha televisão maravilhosa, ligo um canal qualquer,
e realmente não presto atenção nas imagens, não faço ideia do que
se trata, eu apenas bebo até que a garrafa está no fim. Minha
mente está em branco, eu não sei mais o que fazer, ou como
continuar. Simplesmente não caiu a ficha de que eu anunciei meu
namoro ontem, e hoje meu namorado me deixou. Definitivamente
este foi o relacionamento mais curto da minha vida. E apesar de eu
odiar admitir isso. Foi o mais importante de todos os meus
relacionamentos. Eu estava tão confiante de que daria certa. Como
eu estava enganada.

De repente eu me pego olhando para a minha mão. No meu


dedo está o anel que Theodore me deu. Eu deveria ter deixado para
trás, ele não me pertence mais. Só que tudo aconteceu tão rápido,
e eu estava tão irritada que eu só queria correr. É um anel tão
bonito, deve ter custado uma fortuna. Por que ele se preocupou
com isso se ele pretendia me jogar para a fora da sua vida com um
simples “Tanto faz Alexandra, faça o que você quiser”. Eu pensei
que estávamos bem, pensei que nós estávamos evoluindo. Mas
então houve essa mudança drástica. Ele se afastou, ele estava
cansado, ele estava irritado, ele sempre estava com alguma merda
para me manter longe dele. Simplesmente foi a gota d’água.
Nenhuma mulher pode suportar que seu namorado se distancie,
trate você mal na frente de outras pessoas, e ainda tenha a cara de
pau lhe dizer para fazer o que quiser. Não se importando com mais
nada. Como se o nosso relacionamento, e tudo o que passamos
não tivesse significado merda alguma.

No acesso de raiva momentâneo, eu retiro o anel do meu dedo e


o lanço contra o chão. Então as lágrimas crescem nos meus olhos e
eu não consigo mais evitar. Meus soluços saem descontrolados,
meus gemidos agoniantes, a dor no peito é imensa. Eu penso no
quanto eu queria apenas uma pessoa neste momento para me
acolher, e justamente essa pessoa é quem está causando meu
maior sofrimento. Eu me lanço para fora do sofá, e procuro entre o
tapete de pelinhos branco algum indicio do anel. Passo a mão feito
louca pelo chão, e procuro a pedra brilhante. Como se estivesse
querendo o mesmo que eu vejo um brilho e capturo o anel em
minhas mãos. Não estou pronta para me desfazer dele ainda. Em
algum momento eu acho que vou ter que devolvê-lo, mas agora, eu
não quero. Deslizo pelo meu dedo novamente, e volto para o sofá,
onde me encolho em posição fetal, e passo horas olhando para a
televisão sem realmente enxergar alguma coisa. Por que de
repente, da noite para o dia, meu mundo inteiro escureceu.

oOo

Capitulo Quarenta e Quatro:Pensando

oOo

–Alexa?

Rebecca aparece no meu campo de visão, ela está pairando


sobre mim com uma expressão estranha. Seus olhos aguçados me
avaliam, seu olhar se estreita e ela estende a mão para mim. Não.
Não realmente para mim, e sim para a garrafa vazia ainda presa em
minhas mãos. Com um suspiro longo ela se afasta, ouço seus
passos e escuto barulhos na cozinha, e tão cedo ela está na minha
frente novamente.

–O que ele fez com você? – Ela inquiri em voz irritada.

–Quem fez o que? – Ouço a voz de Isaac e de repente ele


também está no meu campo de visão. -Deus, o que houve Alexa?

Isaac senta-se no sofá ao meu lado, e ergue-me para que eu


possa sentar. Dou-me conta de que provavelmente peguei no sono,
e já é tarde. Rebecca e Isaac estão de volta à Nova York e eu me
sinto um pouco acolhida, apenas um pouco. Meu amigo tem uma
expressão aflita no rosto, ele se aproxima e passa os braços em
volta de mim, como se para me proteger. Já minha amiga parece
estar brava, chateada. Será que eu estou tão ruim assim? Lembro-
me de beber todo o vinho da garrafa, e de derramar muitas
lágrimas, mas eu já me sinto um pouco melhor. É claro que a dor no
meu peito continua lá, e parece se intensificar cada vez mais. Só
que agora eu apenas não tenho tantas forças para continuar
sofrendo.

–Terminamos. – Murmuro. Minha voz sai um pouco grogue.

–O que? Como? Por quê? Quando? – Rebecca lança as


perguntas.

–Theodore apenas não está sendo ele. Eu não entendo, nós


estávamos bem, e então de uma hora para outra ele parecia
cansado, irritado. Nós fomos ao jantar da Phoebe e ele me deixou
sozinha em uma mesa enquanto circulava ao redor. Ele agiu de
forma grosseira comigo, eu fui praticamente humilhada por sua
funcionária e ele não fez nada. Fiquei irritada com tudo e voltei ao
escala. É claro que ele foi atrás de mim, esmurrou a porta e gritou
comigo. Sabe o que ele disse? Que eu estava agindo novamente
como uma adolescente. Eu não deixei ele entrar, e não conversei.
Mas na manhã de hoje quando acordei encontrei ele na cozinha,
bebendo seu café. Ele disse que eu estava voltando para Nova
York, mas que ele não viria. Eu explodi Rebecca. Eu não aguentei
nem mais por um segundo. Perguntei a ele se queria terminar. Sabe
o que ele disse? Tanto faz Alexandra. Da pra acreditar?

–Que filho da mãe. – Isaac xinga baixinho.

–Ah Alexa. Isso é terrível. Céus vocês pareciam como o casal


mais apaixonado que eu já vi. Como isso foi acontecer?

–Eu não sei, eu só não sei.

–Alexa eu não quero que pense que estou defendendo-o. Mas é


que eu conheço você muito bem. Então... você não acha que agiu
precipitadamente? Afinal, ele não mandou você embora ou pediu
para terminar. Ele apenas disse Tanto faz. Pode significar qualquer
coisa, você sabe. Homens são tão imbecis às vezes.

–Ei! – Isaac protesta. – Vocês mulheres é que distorcem o que a


gente fala.

–Se vocês homens dissessem coisas mais declaradamente


poderíamos entender melhor. – Rebecca retruca. – Agora, diga-me
senhor Isaac, o que nós deveríamos interpretar em cima deste
“Tanto faz”?

–Eu não faço ideia. – Isaac resmunga. – Só sei que se ele se


afastou da Alexa, e disse todas essas coisas para ela. Bem, ele não
te merece.

–Eu ainda acho que isso é tudo é uma grande confusão. Nada
disso me parece definitivo. Alexa às vezes é muito precipitada. E
desde o começo eu percebi que Theodore não é um homem como
qualquer outro, ele tem alguma coisa. Eu não sei explicar. Ele é
apenas muito reservado, silencioso, um dia ele se parece como o
homem dos sonhos de qualquer mulher, e então no seguinte da
vontade de chutar as bolas dele.

Uma risada baixa escapa entre os meus lábios.

–Céus, olhem o que vocês estão fazendo! – Digo. – Era para


vocês me consolarem, e não provocar risadas.
–Na verdade nós estamos tentando descobrir o motivo de toda
essa bagunça. – Rebecca responde.

–Você está tentando defende-lo. – Resmungo. – E o meu lado


como fica?

–Não estou dizendo que você esteja errada, ou Theodore esteja


certo. O que eu quero dizer é que ambos são arrogantes,
orgulhosos, e uns cabeça dura. Fiquei até surpresa que as brigas
cederam por algum tempo. Acho que isso é apenas uma crise
passageira, todo o casal sofre.

–Alexa. – Isaac chama minha atenção. – Olha, eu não quero


ficar do lado de ninguém, mas você sabe que se eu tivesse que
escolher ficaria com você. Só que desta vez eu acho que a
Rebecca tem um pouco de razão. Você mesma disse que estavam
super bem em um momento, e então de repente tudo mudou. Não
acha que deve ter um motivo?

–Eu sei o motivo! – Digo. – Nós estávamos prestes a anunciar


nosso namoro na frente de todos. Ele provavelmente se deu conta
disso, e quis voltar atrás.

Isaac suspira longamente e lança um olhar estranho para


Rebecca que eu não compreendo. Rebecca vira-se e caminha até a
poltrona onde está sua bolsa, abre e retira de lá uma revista. Eu
não faço ideia do que ela está fazendo. Mas ela volta para o meu
lado, e com as sobrancelhas arqueadas estende-me a revista. Eu
olho para suas mãos sem compreender o que ela quer de mim.

–Eu acho que se Theodore não quisesse assumir o namoro de


vocês, ele não teria dado permissão a sua prima para publicar a
noticia na primeira pagina de uma das revistas mais lidas de
Seattle. Só acho. – Rebecca diz curta e grossa.

Eu puxo a revista de suas mãos. E olho para a capa. Deus! A


foto é a mesma que o fotografo tirou no jantar de Phoebe quando
Ava solicitou. Eu estou usando o vestido preto, pareço elegante
embora simples. Porém meus olhos estão focados no chão, minha
expressão demonstra a raiva, e a magoa que eu estava sentindo
naquele momento. E Theodore está olhando para o meu rosto,
embora seus olhos estejam gélidos, e a mandíbula cerrada. Ele tem
uma mão sobre o meu pulso. Para qualquer um pode significar
apenas uma proximidade. Mas eu me lembro exatamente deste
momento quando ele tentou me impedir de fugir para longe dele.
Nós não parecemos nenhum pouco com um casal apaixonado.
Estamos mais para um casal que acaba de assinar o divorcio. Abro
a primeira pagina, e corro meus olhos sobre a noticia.

Grey e Cross: Uma nova aliança?

O CEO da Grey Enterprises – Theodore Grey – assumiu nesta


sexta- feira seu relacionamento com Alexandra Cross – Filha do
magnata bilionário Gideon Cross. Ao que tudo indica, o romance é
recente, e teve inicio quando Grey e Cross fizeram uma aliança nos
negócios.

Alexandra Cross tem vinte e quatro anos, e ocupa o cargo de


Diretora de Finanças das Indústrias Cross. Ela tem passado as
ultimas semana hospedada no edifício escala, sendo esta a
moradia atual de seu namorado.

Theodore Grey era o solteiro mais cobiçado de Seattle. Com


apenas vinte e sete anos o CEO comanda grandes empresas, e
recebe cada vez mais prestigio. Seu ultimo relacionamento terminou
de maneira repentina, e ao que tudo indica Alexandra é a única
namorada com quem Grey realmente oficializou um compromisso
publicamente.

A matéria continua com uma longa lista de coisas sobre nossas


vidas. Mas eu não preciso ler muito mais. Por que Theodore
permitiu que Ava publicasse a noticia se ele tinha a intenção de me
mandar para longe de sua vida? A não ser que essa não era a
intenção dele. Mas diabos, por que tudo parece tão confuso?

–Rebecca tem razão Alexa. – Isaac diz suavemente. – Se um


cara não quer um compromisso, bem, ele evitaria que uma noticia
dessas surgisse para todo o publico.

–Eu sei. Mas ainda assim não há uma explicação para o jeito
como ele falou comigo, as coisas que ele disse. Nós tínhamos tudo
combinado para vir a Nova York juntos, por que ele mudou de
ideia?

–Eu não sei minha querida. – Rebecca diz. – Mas eu acho que
vocês dois deveriam conversar.

–Eu não vou procurar por ele!

–Oh Deus santo todo poderoso! – Rebecca joga as mãos para o


alto. – Você vai colocar o orgulho na frente de tudo, inclusive sobre
o seu relacionamento?

–Por que eu tenho que abandonar meu orgulho? – Disparo. –


Por que Theodore não pode fazer isso ao invés de mim? Afinal, foi
ele quem começou com o distanciamento. Não vou correr atrás dele
e pronto!

–Não vou discutir com você Alexa. Mas faça o favor de ouvi-lo
quando ele procurar por você.

–Quem garante que ele vai me procurar? – Rebato de volta.

–Eu garanto. – Isaac responde. – Se ele ama você, ele virá. Por
que eu fui.

–Eu prometo que darei uma única chance, mas só por causa de
vocês dois. Só por que eu acredito que apesar de tentarem
esconder seus sentimentos vocês se amam.

–Isto está bom Alexa. – Rebecca sorri – Por que você não vai
tomar um banho e dormir?

–Eu vou.

Deslizo para fora do sofá, e caminho para o meu quarto. Deixo


Rebecca e Isaac para trás, eles imediatamente começam a
cochichar, provavelmente sobre minha vida. Eu não me importo. Sei
que os dois são grandes amigos e só querem as coisas para o meu
bem. E se Rebecca estiver certa? E se isso é tudo apenas um erro?
E se Isaac estiver certo? E se Theodore vir atrás de mim? Minha
vida ultimamente está cheia de “E se”. Eu gostaria que as coisas
fossem mais concretas, mais exatas.
Vou direto para o meu quarto, fecho a porta e entro no banheiro.
Encho minha banheira, tiro minha roupa, e paro em frente ao
espelho, onde meu reflexo está refletindo a imagem de uma mulher
derrotada. Minhas bochechas estão inchadas, meus olhos
avermelhados, meus cabelos desgrenhados. Livro-me dessa
imagem, e entro na agua, espero lavar essa imagem para longe de
mim. Não vou chorar, nem lamentar. Apenas vou seguir em frente
como eu posso.

Saio da agua quando meus dedos estão enrugados e a agua


está fria. Visto um dos meus robes, e vou direto para a cama.
Theodore não me ligou o dia todo, não se preocupou nem em saber
se eu cheguei bem em casa. Como Isaac e Rebecca têm
esperanças de que esse homem me ame? Eu não sei. Mas o que
eu tenho certeza é que esta semana será a pior da minha vida. E eu
nem estou perto de estar preparada.

Logo a imprensa ficará sabendo que meu namoro foi anunciado


no mesmo dia do nosso término. As noticias vão correr soltas por
todo mundo. Meu pai ficará sabendo, e sabe-se lá Deus o que ele
fará. Sei que vou ouvir muito de seus sermões, e provavelmente
vou pagar por tudo isso. Minha mãe não ficará ao meu lado dessa
vez. Como ficarão os Grey’s? São todas pessoas maravilhosas que
me acolheram tão bem. Vamos ter desapontado todos eles. Meu
mundo inteiro está em ruinas. Eu já posso até ouvir a voz do meu
pai em minha consciência: “Viu Alexandra? Eu te avisei. Você partiu
o coração de alguém no passado, e agora você está recebendo o
troco. Como se sente?”.

A verdade?

Eu não sinto nada. Por que eu entreguei meu coração a ele


desde que me perdi naquelas safiras brilhantes que são seus
profundos olhos azuis. Então como sentir alguma coisa? Quando
realmente meu coração não me pertence mais?

oOo

Capitulo Quarenta e Cinco: Inquieta


oOo

Domingo pela manhã o meu telefone toca. Como já era de se


esperar minha mãe está na linha. Eu sei que vou ter que enfrenta-
los em algum momento, mas eu não estou pronta para as
discussões. Rebecca estende-me o telefone, respiro fundo, e
atendo.

–Oi mãe.

–Bom Dia querida, como vai?

–Bem. – Minto.

–Pensei que fosse passar aqui em casa assim que chegasse de


viagem, mas você não veio.

–Eu estava cansada mãe.

–Você e Theodore vêm hoje? – Pergunta-me.

Oh céus, ela acha que Theodore veio comigo, e meu pai


também.

–Não mãe, olha eu continuo muito cansada. Prometo passar ai


em algum momento, mas por enquanto prefiro ficar sozinha.

–Querida como você quer que seu pai aceite bem o seu
namorado se você apenas quer se esconder?

–Eu não estou me escondendo mãe, só quero um tempo, por


favor.

–Tudo bem, tudo bem. Eu tenho que desligar vou almoçar com o
seu pai.

–Ok, tchau mãe.

–Tchau querida, mande um beijo para Theodore. Amo você.

–Também te amo.
Desligo o telefone e entrego para Rebecca. Não quero nem
imaginar a guerra que vai ser entre eu e meu pai quando a verdade
vir à tona. Gideon nunca vai aceitar que sua menina cresceu, ele
sempre vai se achar superior a tudo e todos. Enfrenta-lo será difícil,
mas eu fiz uma vez, e farei quantas vezes tiver que ser feito. O fato
de que não estou com Theodore, não muda meus sentimentos, tudo
o que eu vivi, senti e passei com o homem pelo qual eu ainda sou
apaixonada.

–Então quando você vai contar a eles? – Rebecca pergunta-me.

–Eu não sei, acho que amanhã, não quero adiar muito, mas
ainda preciso de um tempo para mim.

–Theodore não deu noticias?

–Não. Por que você acha que ele daria? Não é como se ele
fosse ligar e dizer: Oi Alexa, como você está? Eu estou ótimo agora
que terminamos.

–Pare com isso Alexa. – Rebecca resmunga. – Eu ainda acho


que isso não terminou. Vocês eram perfeitos juntos. Arrogantes,
orgulhosos, metidos, briguentos, divertidos.

–Eu sei. – Concordo. – Eu também acreditava nisso.

–Você não pode ficar com essa cara de velório o dia todo, eu
não vou suportar olhar para isso. – Rebecca diz. – Vá vestir uma
roupa, vamos correr.

–Eu realmente não estou com animo para correr.

–Isso não foi um convite. – Rebecca da uma piscadinha. – Isso


foi uma ordem.

–Oh céus, tudo bem.

Visto um macaquinho de lycra preto e saio para correr com


Rebecca. Contornamos o Central Park correndo o máximo que
minhas pernas aguentam. Nos meus ouvidos explode Dark House
de Katy Perry. A musica é alta o suficiente para certificar de que eu
não consiga me concentrar em nada além de por um passo na
frente do outro. Paramos para recuperar o folego algumas vezes, e
baixamos o ritmo para uma caminhada mais lenta. Estamos
famintas, e acabamos por comer cachorro quente de uma
barraquinha. Depois corremos o dobro para se livrar da gordura e
calorias.

–Eu acho que preciso voltar para a academia imediatamente. –


Rebecca ofega. – Olhe o meu traseiro, está gordo!

–Você está linda Becca, pare de besteira. – Faço uma pausa


apoiando-me em uma parede, e respiro forte algumas vezes.

–Mas Isaac está acostumado a namorar garotas elegantes, finas,


e com traseiros muito menores. – Ela choraminga.

–Mas Isaac está com o seu traseiro, não com o traseiro dessas
garotas. – Aponto.

–É verdade e ele realmente gosta de me apalpar.

–Oh deus, evite os detalhes, por favor? Lembre-se que eu estou


carente.

–Desculpe. Vamos entrar? O que você acha da gente ver uns


filmes de Ação, com muitas mortes e tiros. Eu gosto de zumbis,
podemos assistir a nova temporada de The Walking Dead, que tal?

–Pode ser, vamos.

Rebecca e eu estamos entrando no nosso edifício,


cumprimentamos o porteiro e seguimos em direção ao elevador.
Quando eu paro de repente, e foco minha atenção na mulher
morena, baixinha, de pele clara, e olhos azuis inconfundíveis. Ela
está usando um vestido até a altura dos joelhos, de cor bege. Sua
expressão é séria e cautelosa enquanto ela se aproxima. Meu
coração da um salto, e imediatamente eu procuro o motivo de
Phoebe Grey estar no meu prédio neste exato momento.

–Oi Alexa. – Ela me cumprimenta com um sorriso fraco.

–Olá Phoebe.
–Eu gostaria de conversar com você a sós, tem um momento? –
Pergunta-me. Olho para a minha roupa de ginástica, tênis de
corrida, e sinto o suor na minha pele. Estou apenas desconfortável
de conversar com ela assim.

–Claro. Você pode me acompanhar?

–Sim, obrigada.

Rebecca cumprimenta Phoebe, e depois me lança um olhar que


eu entendo como “Que diabos ela está fazendo aqui?”. Dou de
ombros por que eu realmente não sei. Entramos as três no
elevador, e ficamos em um silencio desconfortável. Abro a porta do
meu apartamento, ofereço uma bebida para Phoebe, que acaba
aceitando um café, e depois peço um minuto para me trocar. Deixo
Rebecca fazendo companhia para ela, e corro para o meu quarto.
Entro no chuveiro, e tomo uma ducha rápida, visto um vestido,
penteio meus cabelos molhados, respiro fundo e volto para sala.

–Eu entendo o lado da Alexa, mas ela tem que entender o de


Theodore tam... – Phoebe corta a conversa com Rebecca assim
que entro na sala. Não gosto de saber que estava falando sobre
mim e Theodore, enquanto eu estava fora.

–Eu vou deixar vocês sozinhas. – Rebecca diz. – Sinto que tem
muito para conversar. Chame se precisar Alexa.

–Eu vou, obrigada Becca.

Rebecca deixa a sala, e eu me sento no sofá em frente à


Phoebe.

–Então sobre o que você quer conversar? – Pergunto, mesmo


que eu saiba que o assunto é o fim do meu relacionamento com
Theodore.

–Alexa eu vou ser bem direta, por que é assim que eu sou.
Theodore está sofrendo com um ataque de bipolaridade, ele se
recusa a medicar-se, ele não ouve ninguém, nem a mamãe.
Estamos desesperados, acreditamos que a única solução será
interna-lo contra a sua vontade. Ele parou com os remédios e as
visitas com Sophie. Ele atravessou a fase maníaca, e está na fase
depressiva. Eu sei que você provavelmente ficou assustada com o
rumo que as coisas tomaram, eu não culpo você por fugir quando a
situação ficou realmente ruim. Mas eu imploro a sua ajuda, por que
meu irmão não aceita ninguém, exceto você.

As lágrimas correm soltas pela face de Phoebe. Eu sinto um


aperto no coração, mas não consigo me mover, não posso consola-
la, ainda não compreendo as coisas que ela está me dizendo.

–Fugir? – Repito a palavra que chamou minha atenção. – Eu não


fugi quando a situação ficou ruim. Theodore é que mandou para
fora de sua vida.

–O que?

–Isso que você ouviu. Eu não fugi, foi isso o que ele disse para
vocês? Não é verdade, ele me mandou embora. Theodore disse
que eu estaria voltando para Nova York sozinha, por que ele tinha
uma viagem de negócios para fazer. Eu perguntei se ele queria
terminar o nosso relacionamento, por que ele parecia querer ficar
afastado de mim, estava me tratando mal, como se não se
importasse com nada. Em resposta a minha pergunta, ele apenas
disse “Tanto faz Alexandra, faça o que você quiser”. Eu fiz, eu vim
para a casa, eu não podia mais suportar ficar ao lado de alguém
que não me queria por perto.

–Oh deus, sinto muito por acusa-la desta forma. Theodore não
nos explicou por que você tinha ido, na verdade ele não disse nada,
eu deduzi que você teria partido quando percebeu sua fase
maníaca.

–Eu nunca deixaria Theodore por causa da doença, eu disse que


ficaria ao lado dele, que aprenderia mais sobre o assunto para
ajuda-lo. Quem me tirou da vida dele, foi ele próprio.

–Alexa eu tenho que te dizer que isso foi tudo um terrível


engano. Meu irmão não deixou você, meu irmão não se afastou de
você, ou tratou você mal por que ele queria. Isso é o que a doença
faz com ele.

–Eu não compreendo.


Phoebe respirou fundo e puxou minhas mãos até as suas
entrelaçando-as juntas. Seus olhos azuis tão lindos lembrando-me
de seu irmão, ela me encarou firmemente antes de falar.

–Ele tinha quinze anos quando a mamãe recebeu uma ligação


da diretora pedindo para comparecer a escola por que Theodore
tinha agredido físico e verbalmente dois outros adolescentes. O
motivo da briga foi o simples fato de um dos meninos ter acertado
uma bola de futebol nas costas dele durante um jogo. Theodore foi
punido pelo nosso pai, mas a mamãe preocupada e desconfiada
acabou procurando a ajuda de Sophie que na época já era formada
em psicologia. Theodore compareceu a algumas sessões obrigado
pela mamãe. E foi Sophia que descobriu que Theodore sofria de
transtorno bipolar. Depois disso, nossos pais procuraram toda a
ajuda possível de médicos especialistas que descobriram que ele
tinha a doença devido a um caso hereditário. Meu pai pode não
sofrer da doença, mas isso não significa que os pais dele, ou os
avós não tiveram.

–Eu estou agradecida que você tenha me contado isso,


Theodore deveria ter conversado comigo, mas ele não fez. Agora
você pode me dizer o que isso tem a ver com o fim do meu
relacionamento com Theodore?

–Deixe-me continuar. Theodore começou um tratamento desde


jovem, seus remédios eram indispensáveis, e as sessões com um
Psicólogo também. Nós tentamos encontrar a melhor pessoa para
cuidar do quadro de Theodore, mas ele negou. Disse que apenas
aceitaria se fosse com Sophie. Eu acho que por eles terem sido
sempre amigos ele se sentia mais à-vontade para conversar com
ela. Então ele passou a fazer as sessões com ela. Ao longo dos
anos Theodore teve poucos ataques de bipolaridade, e isso só
acontecia quando ele parava com os remédios ou quando era
submetido a grandes responsabilidades. O ultimo ataque que ele
teve foi há alguns anos atrás depois de um acontecimento forte em
sua vida. Nesse tempo Theodore passou pelo o que os médicos
chamam de fase maníaca. Os sintomas são irritabilidade extrema,
alterações emocionais súbitas e imprevisíveis, energia excessiva,
diminuição da necessidade de dormir, aumento do apetite sexual,
perda de noção da realidade, abuso de álcool, e um realmente
importante, incapacidade em reconhecer a doença e culpar os
outros pelo o que corre mal.

–Theodore passou por isso?

–Sim Alexa, ele passou por isso há alguns anos, e ele está
passando por isso agora, só que muito pior, ele está na fase
depressiva. Os sintomas desse são ainda piores como
preocupações com fracassos e incapacidade e perda de
autoestima, sentimento de inutilidade, desespero e culpa
pensamento lento, esquecimento frequente, e dificuldade em tomar
decisões, perda de interesse pelo trabalho e por pessoas, agitação,
inquietação, perda de energia e cansaço. Alterações do apetite e do
peso, uso excessivo de bebidas, perda de noção da realidade, e até
ideias de morte e suicídio. Eu quero que você entenda que
Theodore entrou nesta fase por que ele parou com os remédios, e
ninguém sabe realmente o motivo, ele também faltou às sessões
com Sophie e seu quadro alterou muito. Acreditamos que na
semana em que você estava em Seattle, Theodore estava na fase
maníaca, e seu quadro evoluiu para a fase depressiva. Foi então
que começaram as mudanças de humor drásticas, foi então que ele
não se importou se você estava indo embora ou não. Mas esse não
era o meu irmão, esta era apenas a doença agindo sobre ele.

–Você está querendo dizer que toda a vez que a doença age
sobre ele, Theodore perde a noção de tudo, e todos?

–Não é bem assim. Ele sabe quem sou eu, e quem é você. Mas
ele não tem controle sobre o que a doença passa para ele, se
Theodore puder nos machucar fisicamente e verbalmente ele fará
sem ter a noção das consequências disso.

–Oh meu deus, isso é mais grave do que eu esperava. Por que
Sophie não me contou essas coisas? Por que ela não me disse
tudo logo? Eu não entendo, Theodore deveria ter me falado. Como
eu poderia saber e estar preparada para essa situação sem
entender como funciona o quadro da doença de Theodore?

–Eu não sei Alexa. Mas eu acredito que Theodore nunca


mandaria você embora da vida dele. Meu irmão tem vergonha de
admitir que tenha a doença, no entanto, ele admitiu pra você. Umas
das poucas fora da família que sabe. Talvez ele apenas não se
sentisse bem conversando com você sobre isso.

–O que eu vou fazer? Eu achei que ele não me queria mais.

–Depois que você foi embora Theodore começou a quebrar tudo


o que via na frente dos olhos, Connor teve que contê-lo por que as
coisas estavam ficando realmente feias. Abby ligou pra mim, e eu
chamei Sophie. Nós fomos ao escala, conversamos com ele e
tentamos entender por que você tinha ido. Mas Theodore recusou-
se a conversar, e disse que estava vindo para Nova York atrás de
você. Sophie conseguiu que ele tomasse alguns remédios para
ajudar a controla-lo, mesmo assim ele continua na fase depressiva.
Ele precisa de repouso, de cuidados de um especialista, e de
remédios mais fortes e controlados. Mas o maldito é um teimoso e
insisti em ver você primeiro.

–Tudo bem, eu vou fazer as malas. Nós podemos ir para Nova


York, eu vou ajuda-lo, eu, oh meu deus, eu o deixei quando ele
mais precisava de mim. Eu prometi que não o deixaria por causa da
doença, e eu fiz justamente isso.

–Alexa você não tem que se sentir culpada, você não conhece a
doença como nós da família conhecemos. Você não está
acostumada às mudanças de humor de Theodore. Você foi
introduzida na vida dele agora e se sente confusa. Eu estou com
Theodore desde que ele descobriu a doença, e eu ainda me sinto
confusa em alguns momentos.

–Oh céus, eu tenho que voltar. Theodore deve me odiar por tê-lo
abandonado. Eu só preciso fazer as malas, eu, eu vou, eu só, por
favor.

–Alexa, se acalme. – Phoebe levanta-se e caminha até a minha


cozinha e trás um copo de agua que eu agarro com as mãos
tremendo e bebo em poucos goles.

Meu coração está acelerado, e mil pensamentos estão tomando


conta da minha cabeça. Eu não acredito que fiz isso, não posso
acreditar que eu tenha ido embora enquanto Theodore estava
sofrendo, sozinho.
–Eu sinto tanto, eu nunca poderia imaginar que bipolaridade
pudesse causar sintomas tão graves como esse. Agora eu entendo
por que meu Theodore não era o mesmo, eu sabia que tinha algo
errado, ele apenas não estava sendo ele mesmo.

–Eu sei Alexa, eu compreendo você, e Theodore também. Quero


que você fique calma, e preparada para quando vê-lo. Você precisa
ser forte.

–Eu só quero vê-lo, só quero que ele me perdoe.

–Você vai vê-lo, e você não precisa de perdão, você não fez
nada de errado. Escute, Theodore está aqui em Nova York
hospedado em um hotel, mamãe e Sophie estão cuidando dele. Ele
está realmente agressivo agora, e por isso impedimos que viesse
até aqui, que era o que ele pretendia. Nós não vamos deixar que
ele machuque você, mas precisamos da sua ajuda. Theodore só
quer ver você neste momento, então você é a única que pode
convencê-lo a voltar para Seattle e se tratar, ou vamos interna-lo a
força.

–Não, não. Theodore nunca me machucaria, ele não faria isso


comigo. Se ele quer me ver, eu quero vê-lo. Eu preciso que ele
saiba que estou ao lado dele, e que eu vou ficar sempre do lado
dele.

–Tudo bem, então descanse esta noite, e amanhã eu volto e levo


você até ele.

–Não, eu quero vê-lo hoje. Se ele precisa de mim, eu quero estar


lá.

–Não Alexa, você já ouviu muito hoje, descanse e amanhã eu


estarei aqui.

–Eu sinto falta dele Phoebe, tanta falta.

–Eu imagino que sim, e saiba que ele também sente sua falta.
Agora se cuide, eu volto amanhã bem cedo.

–Eu vou esperar por você.


Phoebe puxou sua bolsa de volta para o ombro, levantou-se e
me deu um abraço forte e acolhedor. Então se afastou, e saiu
sozinha sem fazer muito barulho. Eu foquei meus olhos em um
ponto qualquer do teto e as lágrimas caíram soltas pela minha face.
Foi uma mistura de tudo. Dor por saber que meu Theodore está
sofrendo, e eu o deixei. Felicidade por saber que ele nunca quis
dizer aquelas coisas para mim verdadeiramente, e também nunca
desejou me afastar dele. Dor novamente por saber o quão grave é
sua doença. E um pouco de esperança por saber que ele veio atrás
de mim, e ele deseja me ver mesmo depois de eu ter o deixado. O
amanhã tinha que vir logo, ou eu seria consumida pela culpa, antes
de poder pedir perdão.

oOo

Capitulo Quarenta e Seis: Satisfeita

oOo

–Alexa? – A voz suave de Rebecca me fez levantar a cabeça.

–Ei, por que você está chorando?

–Eu sou tão burra! – Exclamo.

–Você não é burra. O que está acontecendo? – Pergunta-me. –


O que Phoebe queria?

–Ela veio me dizer que Theodore está em Nova York, e que ele
não queria romper comigo. Eu apenas fiz tudo errado, eu o deixei
sozinho quando ele estava precisando de mim desesperadamente.

–Isso não é verdade Alexa. Você não abandonou Theodore,


você agiu como qualquer pessoa faria, eu mesma não aceitaria ser
deixa-la de lado pelo meu próprio namorado no dia em que estamos
oficializando nosso compromisso na frente de todos.

–Mas o fato é que ele não queria me deixar sozinha, ele não
queria me tratar mal, ele não queria me mandar embora, mas ele
fez.
–Por que Alexa? – Rebecca pergunta. – Por que Theodore fez
mesmo que ele não quisesse?

–Eu não posso falar, eu não posso. Você sabe que eu confio em
você completamente não é Rebecca? Mas este segredo não é meu
para ser compartilhado.

–Tudo bem querida. – Ela diz calmamente. – Phoebe me contou.


Não posso nem imaginar o que você está passando. Eu sabia que
Theodore era diferente desde o começo, mas eu nunca poderia
saber que ele sofre de transtorno bipolar.

–Oh você sabe então.

–Não muito, além de que ele sofre desta doença. Phoebe estava
preocupada que você pudesse ter ido embora por não aguentar
este fardo.

–Não foi por isso que eu vim, foi por que eu achei que ele queria
me deixar.

–Eu sei, eu sei. Mas olhe só, eu estava certa, havia algo errado,
aliás, há algo errado. Algo que pode ser consertado. Você não deve
culpar Theodore pelas coisas que ele fez ou disse, por que ele
precisa de ajuda neste momento. E ninguém pode culpa-la de
deixa-lo já que você não foi alertada sobre o tamanho das
consequências que é, quando se tem uma doença como esta.

–Você tem razão. – Concordo. – Eu tenho que ser forte para


superar isto e consertar as coisas com Theodore.

–Isso mesmo, agora vá para a cama, descanse, amanhã é outro


dia.

–Eu vou. Obrigada Becca.

–Estarei sempre aqui para você.

Fiz como Phoebe e Rebecca me aconselharam, voltei para o


quarto, vesti uma camisola e me deitei na cama esperando
descansar. É claro que não aconteceu. Eu estava ansiosa, nervosa,
brava comigo mesma, brava com esta maldita doença, e
preocupada, muito preocupada com Theodore. Como Phoebe
disse, ele ainda está na fase depressiva, e eu não consigo imaginar
como ele deve estar. Eu tenho que estar preparada para qualquer
coisa, eu tenho que ser forte por mim, e por ele.

Acordei na manhã seguinte muito cedo, esperando


impacientemente por Phoebe. Tomei um banho, vesti uma roupa, e
preparei o café da manhã. Sete horas Rebecca apareceu pronta
para o trabalho, serviu-se de uma xícara de café e sentou-se na
banqueta da bancada comigo.

–Como você está? – Pergunta-me olhando sobre a borda da


xícara.

–Bem, mas impaciente.

–Posso ver.

–Phoebe está demorando.

–Você marcou um horário com ela?

–Não. Mas ela disse que viria cedo.

–Talvez o seu cedo seja dez horas ao invés de sete, Alexa.

–Não importa, vou ficar esperando.

–Você não vai trabalhar então?

–Céus, vou sim.Eu ainda trabalho para Gideon Cross, e


enquanto eu for apenas uma diretora de finanças eu tenho que
manter meu emprego. A semana anterior que passei em Seattle
não estava em meus planos, foi como férias antecipadas.

–Assim como as minhas. – Rebecca resmunga. – A Walters


Field & Leaman está uma loucura sem minha presença. Já posso
prever a quantidade de problemas que estão me esperando.

–Você sabe, você é uma ótima CEO. Vai saber lidar com tudo
perfeitamente.
–Eu espero que sim. – Ela diz. – Hey se você for trabalhar,
convide-me para o almoço, ok?

–Tudo bem.

–Eu tenho que ir, boa sorte com tudo. – Rebecca levanta-se e
me da um beijo rápido na bochecha.

–Obrigada, boa sorte para você também, você sabe com o


trabalho e tudo mais.

–Obrigada.

Rebecca pega a bolsa e sai. Eu acabo limpando as louças do


café e depois vou para frente da tv, fico passando de canal em
canal, sem realmente prestar atenção em nenhum assunto. Até que
às oito horas minha campainha toca. Estou surpresa por que o
porteiro não interfonou antes para me avisar da presença de
Phoebe. Talvez ela tenha dito que eu estou esperando-a e ele
acabou deixando-a passar. Mas é realmente estranho. Paul sempre
interfona para ter certeza. Corro para a porta, e abro. Phoebe está
parada na minha frente, bem arrumada e com um sorriso genuíno
no rosto.

–Bom Dia Alexa. Como você está?

–Bem, mas preocupada.

–Você quer vê-lo agora?

–Sim, eu quero. – Afirmei.

–Bom, vamos então.

–Só vou pegar a minha bolsa, é rápido.

–Não é necessário nós vamos a pé.

–A pé? – Repito. – Tudo bem então.

Acompanho Phoebe enquanto ela caminha em direção ao


elevador. Ela é a primeira a pressionar o botão do andar inferior ao
meu, pergunto-me se ela se enganou. Mas ela apenas encara o
painel até que as portas deslizam abertas, e ela sai, vira-se e olha
para mim, que continuo parada tentando entender o que estamos
fazendo.

–Você não vem? – Ela pergunta.

–Como assim? Eu não estou entendo, aqui não é a saída


Phoebe.

–Eu sei que não. – Ela diz. – Theodore está hospedado aqui
Alexa, o apartamento abaixo do seu.

–O que? – Murmuro.

–Isso mesmo, e foi difícil faze-lo ficar quieto e não ir atrás de


você.

–Como ele conseguiu? Por quê? Eu...

–Não é difícil de compreender. Ele queria vir atrás de você, mas


nos o mantivemos calmo, ainda assim ele queria estar próximo de
você. E você sabe, seu pai não é o único com contatos Alexa,
bastou um telefone e Theodore tinha o edifício todo a disposição
dele.

–Deus, isso soa tão...tão.

–Controlador? – Phoebe completou. – Talvez Possessivo? Você


já deveria conhecer estas tendências no meu irmão.

–Eu não achei que chegava a este ponto, eu sabia que ele
gostava de me controlar, de ser superior, mas não achei que
chegaria a tanto.

–Isso não é nada querida. – Phoebe diz parando em frente à


porta do apartamento abaixo do meu. – Theodore tinha seguranças
na sua cola toda à vez que você deixava o escala, e Connor me
informou que todos os passos que você dava durante o dia, tarde
ou noite. Bem, Theodore estava ciente de tudo.

–Oh meu deus, isto é sério?


–Muito sério. E eu só estou te contando isso para que você saiba
com quem está lidando. Não é qualquer uma que pode viver com
isto Alexa. Eu gosto de você, e de como faz meu irmão feliz. Mas
você tem que estar certa de que esta preparada para todas estas
coisas.

–Eu quero vê-lo, por favor.

–Tudo bem.

Phoebe abriu a porta e me levou para o lado de dentro. O


apartamento era dividido como o meu, mas a decoração, e os
moveis, as cores das paredes e pisos eram diferentes. Ana estava
sentada no sofá lendo uma revista, ela levantou seu olhar e me deu
um sorriso triste, antes de levantar-se e caminhar até mim.

–Oi Alexa. – Ela me cumprimentou com um abraço.

–Olá Sra. Grey, como você está? -Feliz que você esteja aqui.
Phoebe me contou o que aconteceu. Querida não pense que meu
filho tratou você mal por que queria, ele nunca faria isso com você.

–Tudo bem Ana, eu só quero vê-lo.

–Ele está no quarto, nunca sai de lá, sempre deitado, não come,
não bebe, só está lá. – A tristeza em sua voz fez meu coração
apertar. Como seria para uma mãe ver seu filho neste estado e não
poder fazer nada para ajuda-lo? Eu nunca sentirei a metade do
sofrimento de Ana.

–Eu vou levar você, venha. – Phoebe chama. Eu a sigo pelo


corredor e vejo Connor sentado em um pequeno escritório, ele me
da um aceno breve e volta a falar com alguém no telefone. Phoebe
para em frente a uma porta e bate, ninguém responde.
Cuidadosamente ela abre e espia lá dentro.

–Ele está dormindo, vou acorda-lo.

–Não. – Impeço. – Você pode ir eu posso me virar agora.

–Você que sabe. – Ela diz. – Chame se precisar.


–Eu vou.

Deslizo para o dentro do quarto, e fecho a porta em seguida. O


cômodo está claro, já que as cortinas estão puxadas para trás.
Theodore está deitado na cama, todo o seu cumprimento e corpo
largado confortavelmente sobre o coxão. Os lençóis brancos
cobrindo apenas até a cintura, o peito está nu, mas eu só tenho a
visão de suas costas, já que ele dorme de bruços. Aproximo-me
confiante, e observo seu rosto. Ele parece suave e calmo quando
está dormindo com a expressão mais relaxada. Sua barba está
crescida, e eu me surpreendo com como ele parece mais velho
desta forma.

Sento na borda e o colchão afunda levemente. Olho para ele


todo, gravando a forma de seus músculos proeminentes, uma
cicatriz muito pequena em seu quadril direito que eu realmente não
havia notado antes, e até uma pequena sarda abaixo em seu
pescoço. Minhas mãos formigam para toca-lo, para sentir sua pele
contra a minha. Tudo o que eu queria era deslizar minhas roupas
fora e me juntar a ele, e esquecer realmente de todas as merdas
que temos de enfrentar. Mas infelizmente as coisas não funcionam
desta forma, nós precisamos conversar, esclarecer nossa real
situação. Ainda assim propositalmente eu deslizo minha mão pelos
seus ombros, e então todo o caminho de sua cintura parando onde
o lençol está cobrindo a curva do seu traseiro.

Ah Alexa você é uma menina má, está se aproveitando de


alguém que não pode se defender, isso é mal. Mas eu realmente
não me importo, eu estou prestes a deslizar minha mão mais
abaixo, no entanto Theodore se move.

–Oh deus. – Ofego quando sou puxada para baixo pela força
que ele impõe quando agarra meus quadris.

Eu caio sobre o colchão ao seu lado com um baque pesado,


ainda estou tentando encontrar algum ar para os meus pulmões
quando o corpo duro e pesado de Theodore fica sobre mim,
mantendo-me presa embaixo dele.

–Alexa. – Ele grunhiu com a voz rouca.


–Theodore... O que você está fazendo? – Pergunto, minhas
mãos estão abertas contra o peito dele.

–Senti sua falta. – Ele sussurra perto do meu ouvido. Sua


cabeça encaixada na curva do meu pescoço, enquanto a ponta do
seu nariz toca a minha pele, e sua respiração pesada causa
arrepios que percorrem todo o meu corpo.

–Você terminou comigo. – Aponto mesmo sabendo que o motivo


de toda essa desordem em nossa vida é a sua doença.

–Eu fui um cretino, imbecil e completamente idiota com você. –


Ele diz desta vez olhando diretamente nos meus olhos. – Mas eu
não mandei você para fora da minha vida. Você é que fez isso, você
é que saiu da minha vida.

Ele tem razão. Respiro lentamente.

–Desculpe-me, eu sinto muito que tudo isso esteja acontecendo.


Mas eu pensei que você estava se afastando de mim, que você me
queria longe, que talvez tivesse chegado o momento que você
acordou e resolveu que não seriamos bons juntos. Eu também fui
idiota por não perceber que tudo isso poderia estar acontecendo por
causa da sua doença.

–Porra, eu odeio isso. – Theodore resmunga. – Eu odeio esta


maldita doença que enlouquece com a minha cabeça. Eu me odeio
por ter dito e feito tudo aquilo com você, quando eu realmente não
queria. Uma vez eu pedi para você não me deixar por causa da
minha doença, no entanto você me deixou. No começo eu pensei
que você não sentia o mesmo por mim, que você apenas tinha
mentido. Então eu me dei conta de que fui um imbecil. Eu lhe
prometi uma conversa, eu disse que esclareceria tudo e tiraria suas
duvidas, no entanto eu não fiz isso. Foi culpa minha.

–Theodore eu estou cansada de encontrar os motivos pelo qual


eu sou culpada nesta história, e o mesmo com você. Por que
simplesmente não admitimos que nos dois erramos?

–Eu posso admitir isso, eu já admiti. – Ele diz.

–Eu também, eu admito que errei.


–Então... – Theodore olha para a minha boca, e se concentra lá
enquanto fala. – Essa é a parte que eu beijo você, tiro a sua roupa,
e te fodo duro.

–Humm você pode me beijar, quanto ao resto, você não pode.

–Isso não foi uma pergunta meu bem, foi uma afirmação do que
eu vou fazer com você agora. – Theodore se aproxima e captura
meu lábio inferior entre os dentes aplicando uma pequena pressão
que causa uma leve dor.

–Pare com isso! Ana, Phoebe e Connor estão nos cômodos ao


lado. – Murmuro.

–Foda-se, eu quero você, e se eu não tiver isto agora eu sinto


que posso explodir. Você está sexy pra caralho nestes jeans
apertado.

–Pelo o que sua irmã me alertou, você deveria estar em uma


fase onde sua libido está baixa.

–Porra, Ebe não sabe de nada. Mas eu sei o que eu quero, e eu


quero você Alexa. Você não sentiu minha falta?

–Muita. – Respondo sinceramente.

–Diga-me que você quer fazer algo sujo com a minha mãe e irmã
bem ao lado.

–Theodore...

–Diga-me. – Ordena.

–Eu quero. – Sussurro.

–Eu não ouvi você Alexa. – Ele provoca. – Diga-me o que você
quer?

–Quero fazer algo sujo com você, enquanto sua mãe e irmã
estão nos cômodos ao lado.

–Essa é a minha garota. – Theodore sorri de um jeito travesso. –


Sinta o que você provoca em mim Alexa.
Theodore se aproxima e cada parte de seu corpo pressiona o
meu. Seus lábios esmagam sobre os meus, sua língua lambe os
contornos dos meus lábios, então ele empurra a língua para dentro
acariciando a minha em um beijo molhado e lento. Sinto sua ereção
contra a minha coxa, dura e firme por baixo do tecido fino de suas
boxers.

–Theodore... – Ofego quando ele se afasta.

–Porra, eu vou chupar e lamber você todinha, vou acariciar cada


parte do seu corpo, e tocar cada centímetro da sua pele macia. Eu
vou fazer isso lento para você meu bem, vou tirar suas roupas, e
fazer você vir várias vezes e mesmo que você esteja desesperada
para gritar o meu nome entre essas quatro paredes, você não fará
isso. Por que você sabe que as pessoas no outro cômodo poderão
escuta-la perfeitamente. Então quando você estiver realmente
molhada e implorando para eu fode-la nós vamos fazer isso muito
duro, muito rápido, e eu vou sentir você vir novamente com o meu
pau ainda enterrado em você.

–Céus, Theodore você tem uma boca muito suja.

–Shiuu amor. – Ele põe o dedo sobre o meu lábio silenciando-me


e então se aproxima. Morde o lóbulo da minha orelha e em seguida
chupa. – Já começou, fique quietinha.

E eu fico em completo silêncio e totalmente a sua mercê. A


palavra “Amor” ainda explode pelos meus ouvidos como se eu
pudesse ouvir o eco da sua voz repetindo-a várias vezes seguidas
para mim. Não importa o que eu tenha que enfrentar, no fundo eu
sei que me entreguei a ele, e não há mais voltas. Quero ser pra
sempre seu amor.

oOo

3º Bônus: Aos olhos de Grey

P.o.v Theodore

oOo
Não há nada mais bonito no mundo do que o corpo liso e esbelto
embaixo de mim. E é desse jeito que eu gosto. Com a pele rosada,
as pupilas dilatadas, a camada fina de suor, os cabelos escuros
espalhados pelo branco dos lençóis, a forma como sua coluna
arqueia ao meu toque implorando-me por mais, os longos cílios
marcando seu olhar de luxúria, as pernas ao redor do meu quadril.
E infernos, os seus sons, estes com certeza são os melhores.

Eu não sabia se ela viria até mim, mas eu tinha certeza que se
ela não o fizesse, eu faria. Minha cabeça estava uma bagunça, eu
não compreendia o que eu estava fazendo, o que estava falando,
como estava agindo. Isso é o que a porra da doença faz comigo. Eu
acabo agindo por impulso, e coisas que eu realmente nunca quis
fazer ou dizer acabam acontecendo. É então que eu ferro tudo, eu
ferrei na primeira vez, e eu pensei que ferraria esta segunda vez.
Mas eu não estava pronto para desistir da Alexa. Por que mesmo
que eu já tenha perdido alguém pelo qual eu fui apaixonado, com a
minha Alexa as coisas eram diferentes.

Porém ela veio até mim, como Ebe me prometeu. Eu tinha


pensado em tantas maneiras com isso poderia aconteceu. Eu
pensei que ela poderia sentir-se enojada ao me ver naquela
situação, olhos cansados, olheiras, cabelo bagunçado, barba por
fazer, e três ou quatro quilos mais magro do que antes. Eu pensei
que ela poderia vir aqui e gritar na minha cara que eu estraguei sua
vida, que eu a levei para Seattle oferecendo tudo e nada fiz. Eu
realmente acreditei que nós estaríamos brigando feio, e que eu teria
de me esforçar pra caramba para consegui-la de volta, ou então
encontrar forças para deixa-la. Não, não, apenas o pensamento de
nunca mais vê-la, ou toca-la era assustador.

Mas minha Alexa apareceu de surpresa. Eu não estava


esperando despertar e sentir seus familiares dedos correndo ao
longo das minhas costas, ou o seu perfume delicioso embriagando-
me. Só que foi exatamente assim que aconteceu. Ela estava ali
sentada na borda no colchão, olhando para mim profundamente
procurando talvez que naquele silêncio a resposta que ela tanto
queria apareceria, mas não era assim que acontecia. Então eu
cogitei qual escolha tomar. Eu poderia acordar e deixa-la ser pega
em flagra por me tocar, e então nós começaríamos uma longa
conversa, onde provavelmente eu só tentaria me defender e faze-la
entender que eu a queria perto de mim, e não longe. Ou então eu
podia simplesmente puxa-la para baixo ao meu lado, prende-la com
o meu corpo, inspirar aquele doce perfume, e provar daqueles
lábios gostosos. Havia duas maneiras como ela podia reagir, me
agredindo e pulando para fora para gritar comigo. Ou então
aceitando meu ataque predatório, deixando-me provar um pouco
dela, oh não, porra que não, provar tudo dela, exatamente tudo. E
então fazer as pazes da nossa maneira, com sexo quente, muito
lento e em seguida muito rápido, amável e duro ao mesmo tempo.
Como ela gostava, tanto quanto eu.

Querem saber como terminou? Eu escolhi a segunda opção, e


Alexa reagiu a isso tão desesperada quanto eu. Ela não estava aqui
para brigar, para se defender, ou para me culpar. Ela estava aqui
por que ela sabia que minha cabeça estava um lixo, ela estava aqui
para mostrar que ela foi embora, mas que ela nunca realmente quis
ir. E que ela me queria de volta, tanto quanto eu a queria. E foda-se
eu não ligava que minha mãe, irmã e melhor amigo estavam na sala
ao lado. Eu queria remover aqueles jeans pelas suas pernas,
arrancar fora aquele suéter marcando as curvas suaves dos seus
seios, e remover as sapatilhas, em seguida descobrir o que ela
estava vestindo por baixo e tê-los do outro lado do quarto jogados
no chão, por que o que realmente importava era ter ela totalmente
descoberta, e nua. E muito possivelmente embaixo de mim, onde
cada parte do meu corpo pudesse se conectar a ela.

Alexa protestou no começo, não querendo fazer algo sujo e


acabar sendo pega no flagra pelos meus familiares. Mas porra, eu
não podia a deixar sair debaixo de mim agora, não quando meu pau
estava dolorosamente pressionando minhas boxers. Então eu
joguei com ela, como eu sabia que minha Alexa jamais resistiria a
isso. Eu sabia, eu podia ver nos seus olhos como ela queria fazer
coisas tão sujas quanto eu. Nós estávamos a menos do que
quarenta e oito horas separados e ainda assim estávamos
morrendo por ser tanto tempo. Eu me abaixei, aproximando minha
boca da dela, e a atormentei com algo que ela realmente não
poderia negar.

–Porra, eu vou chupar e lamber você todinha, vou acariciar cada


parte do seu corpo, e tocar cada centímetro da sua pele macia. Eu
vou fazer isso lento para você meu bem, vou tirar suas roupas, e
fazer você vir várias vezes e mesmo que você esteja desesperada
para gritar o meu nome entre essas quatro paredes, você não fará
isso. Por que você sabe que as pessoas no outro cômodo poderão
escuta-la perfeitamente. Então quando você estiver realmente
molhada e implorando para eu fode-la nós vamos fazer isso muito
duro, muito rápido, e eu vou sentir você vir novamente com o meu
pau ainda enterrado em você.

O modo como seus olhos se arregalaram a partir das minhas


palavras, fez com que eu sentisse vontade de rir, ela estava tão
adorável, quietinha e ouvindo como uma boa submissa, no entanto
eu sabia que ela não era. E por isso eu a amava, por ela era a única
mulher capaz de bater de frente comigo, bater os pés, brigar, ou
entrar em uma disputa, jogar e não ter medo da minha intimidação.
Não, não ela. Eu acho que eu cai de joelhos por ela desde a
primeira vez que ela abriu aquela maldita e doce boca para me
confrontar no Hall do Crossfire. Cristo, eu me lembro como se fosse
hoje. Tudo o que passava na minha cabeça aquela tarde era em
como eu queria ter aquela mulher de quatro, puxar aquele redondo
traseiro para o alto e lhe dar algumas boas palmadas. Talvez eu
tivesse feito isso, se eu não tivesse certeza que ela acabaria
gostando, e levando isso como algo prazeroso ao invés de um
castigo.

–Céus, Theodore você tem uma boca muito suja.

–Shiuu amor. – Coloquei o dedo sobre os lábios dela


silenciando-a. Aproximei-me do seu pescoço, e mordi de leve o
lóbulo da sua orelha para em seguida chupar. Eu juro que eu senti
seu corpo estremecer abaixo do meu e mais uma vez reprimi um
sorriso. – Já começou, fique quietinha.

Deslizo minha mão pela lateral do seu corpo, enquanto sustento


o meu peso com o outro braço para não esmaga-la embaixo de
mim. O suéter de cashmere que ela veste é de tecido fino, então eu
acaricio seus seios sobre o tecido. Alexa observa os movimentos da
minha mão, e quando eu aperto e provoco os mamilos com os
dedos, ela morde o lábio inferior. Eu me movo em cima dela de um
jeito que eu possa me firmar nos meus joelhos e minhas duas mãos
fiquem desocupadas. Então eu começo a trabalhar em cada um dos
botões do suéter, abrindo-os devagar como eu disse que seria. Eu
abro todos e deixo seus seios expostos. Sorrio apreciando desta
visão bonita. Alexa suspira quando eu desço a boca sobre seu seio,
raspando de leve os dentes para em seguida lamber. Chupo ainda
mais forte agarrando o outro seio na minha mão, meus chupões se
intensificaram mais, e Alexa geme baixinho.

Afasto-me e observo seus mamilos enrijecidos. Eu gosto como


ela se parece debaixo de mim, mas ainda assim eu continuo
movendo minhas mãos. Retiro o suéter pelos seus braços, e depois
puxo o zíper da calça para baixo e desfaço um botão, puxando os
jeans pelas suas pernas. Retiro a sapatilhas e jogo tudo em
qualquer lugar. Alexa está vestindo nada mais que uma calcinha.
Ou eu poderia dizer um pequeno pedaço de pano servindo com
esta finalidade. Puta merda, eu não deveria ter dito que faríamos
isto devagar, estou seriamente me arrependendo.

Aproximei-me e agarrei suas coxas para afasta-las, Alexa tentou


forçar suas penas a se fecharem, mas os meus ombros impediam
que ela fizesse. Movi o fino tecido da sua calcinha para fora do
caminho. Desviei meus olhos dos seus e admirei sua vagina exibida
abertamente abaixo do meu queixo. Movi minha boca sobre ela,
lambendo desde sua dobras internas até o clitóris.

–Theodore – Alexa gemeu, mexeu o quadril e tentou se afastar.


Eu apenas virei o rosto e lambi a parte interna de suas coxas. Alexa
se contorceu, gemendo e tentando se livrar, mas eu me recusei a
deixa-la ir. Apertei seu quadril segurando-a com as duas mãos,
esfreguei a mandíbula contra sua pele na parte mais alta de sua
coxa interna, indo para frente e para trás acariciando suavemente.

–Será que você não consegue ficar quietinha para que eu possa
usar os meus dedos também? – Digo observando o intenso azul
dos seus olhos, e como suas pupilas estão dilatadas.

–Theodore eu não vou aguentar. – Ela choraminga. – Eles vão


nos ouvir.

–Eles não vão nos ouvir se você conter seus gemidos, meu bem.
Agora, por favor, mantenha as coxas afastadas.
Alexa assentiu com a cabeça e manteve as coxas abertas para
mim. Movi minha boca sobre ela novamente, aplicando alguma
pressão com a língua e movendo sobre seu clitóris. Alexa congelou,
ficou tensa, olhei para cima tempo de vê-la esmagando o lábio
inferior entre os dentes para conter os gemidos, seus punhos
agarravam firmemente o lençol abaixo de nós. Pequenos tremores
percorreram seu corpo e ela estremeceu, sua cabeça foi jogada
para trás e ela gemeu realmente alto antes de vir gozando na minha
boca.

Era sujo, muito sujo. Mas apenas o pensamento de saber que


todos nos cômodos ao lado podiam ouvir o que eu estava
provocando na minha doce Alexa era incrível. Ela tentou recuperar
o fôlego enquanto eu lambia seu creme dos meus lábios. Eu disse
que nada era mais lindo do que ver Alexa nua, embaixo de mim.
Mas eu estava errado. A verdade é que nada é mais lindo do que
ver Alexa chegar ao clímax. Infernos, nada é mais lindo que ela
toda fazendo qualquer coisa.

–Eu não acredito no que estamos fazendo. – Alexa disse um


pouco ofegante. – Meu deus, todos devem ter ouvido isso.

–Pense pelo lado bom minha pequena. – Digo com um sorriso


no rosto.

–Há um lado bom?

–Há sim. Todos sabem que estamos nos reconciliando.

Alexa bufa, e eu rio incapaz de ignorar o quanto ela parece


maravilhosa tendo essa conversa comigo praticamente nua. Sim, eu
digo praticamente já que aquele fino tecido preto é conhecido por
ela como algum tipo de calcinha.

–Sexo de reconciliamento você quer dizer.

–Sim, isso é o que eu quero dizer. E agora você vai trabalhar


melhor para conter essa sua boca enquanto que eu continuo com a
nossa reconciliação.

–Vou ver o que posso fazer Sr. Grey.


Eu pisco para ela e pulo para fora da cama. Eu odeio que nós
ainda não conversamos sobre a nossa situação no sexo. E quando
eu digo nossa situação, eu quero dizer especificamente que eu
odeio ter de lembrar-me dos malditos preservativos. Nunca fui
irresponsável quando o assunto era esse. Mas o problema é que
Alexa mexe com a minha cabeça, e fode com tudo mais do que
realmente já é. Então eu sempre ajo por impulso, e de ultima hora
fico frustrado por ter que ir atrás das benditas camisinhas. Seria tão
mais fácil se ela pudesse tomar as pílulas, pelo menos nestes
assuntos Alexa é mais responsável que eu. E dessa forma eu não
precisaria parar a meio caminho do que realmente importa para ir
atrás da prevenção. Se Alexa tomar as pílulas... Ou melhor, quando
Alexa começar com as pílulas – por que eu vou obriga-la – o sexo
vai ser mais do que incrível. Eu vou sentir sua pele macia apertando
em torno da minha realmente como ela é escorregadinha, e
quentinha.

Abrindo a gaveta do criado mudo eu retiro alguns preservativos e


jogo de lado sobre a cama. Eu volto para onde Alexa está me
olhando com um sorriso malicioso observando a minha ereção.

–Vê algo que você gosta Srta. Cross? – Eu provoco.

–Mova-se para cá agora Sr. Grey. – Ela ordena - Você não pode
prometer a uma garota sexo quente, e em seguida abandona-la.

–Senhorita Cross é impressão minha ou você acaba de me dar


uma ordem? – Eu chego aos pés da cama e inclino-me para frente
enrolando minhas mãos em torno do seu tornozelo.

–Sim, isto foi o que você entendeu uma ordem.

Eu a puxo pelos tornozelos deslizando-a pela cama até os pés.


Alexa da um gritinho e em seguida põe as mãos sobre a boca para
abafa-lo. Eu a solto, e movo minhas mãos até a tira fina ao redor
dos seus quadris, e com um puxão leve eu arranco o tecido escuro
da minúscula calcinha.

–Eu acredito que já que estamos aqui para ter sexo de


reconciliação, e esclarecer nossos problemas. Nada mais justo do
que eu apontar algumas coisas que você fez que realmente tirou a
merda fora da minha cabeça. – Eu digo baixo e sério.

–Humm – Ela arqueia as sobrancelhas e me lança um olhar


curioso. – Diga-me Sr. Grey quais foram estas coisas que mexeram
com a sua cabeça? A propósito eu gostava dessa lingerie.

–Infernos, eu vou te comprar várias destas lingeries, apenas


para arranca-las de você. – Grunhi – Vire-se e empine essa
bundinha para mim.

–Tão mandão. – Ela rola os olhos para mim. – O que te faz


pensar que você está no comando?

–Alexa. – Eu indago seu nome com os dentes cerrados, agarro


seus quadris e a viro de barriga para o colchão.

–Ok, ok você venceu. – Ela ri.

Alexa fica de quatro sobre a cama, olhando-me sobre o ombro.


Eu posso ver a luxúria, o desejo carnal que ela sente por mim. Eu
sei que tudo o que ela mais quer é que eu a controle, que eu a
possua. Eu sei disso por que assim como ela me desafia, eu faço o
mesmo com ela. Alexa faz a imagem de alguém superior,
intimidante, mas a verdade é que ela é frágil, e sensível. Eu corro a
mão lentamente por toda a sua coluna até o pescoço onde eu paro
e agarro uma quantidade de seu cabelo escuro e liso em meus
punhos. Dou um puxão suave apenas para que ela vire o rosto e
olhe para mim, ela o faz com os lábios entreabertos e olhos atentos.

–O que passou na sua cabeça a primeira vez que você me viu?


– Eu pergunto.

Ela abre a boca para responder, e em seguida para, pensa por


um momento e sorri.

–Que você era um bastardo arrogante e que eu queria chutar a


sua bunda.

Eu puxo novamente seu cabelo com um pouco mais de força.

–Ah! – Alexa reclama.


–Eu quero a verdade Alexa. E eu não vou perguntar de novo. –
Indago.

Ela engole em seco, e seu olhar abaixa para o meu estômago.


Ela lambe os lábios e somente essa visão me faz gemer.

–Eu pensei que você era atraente demais, gostoso demais, e


que eu queria que você me pegasse sobre aquela mesa no Hall do
Crossfire. E em seguida eu descobri que você era um bastardo
arrogante e eu queria chutar a sua bunda.

Eu sorrio por que desta vez ela está dizendo a verdade.

–E você? – Ela pergunta. - O que você pensou quando me viu


pela primeira vez?

–Eu pensei que você era uma secretária, uma realmente boa
para comer, e já tinha planos para me aproximar de você mais
tarde. Então você começou a agir como uma cretina orgulhosa e eu
juro que eu queria bater na sua bunda até que você me implorasse
para fode-la.

–Mas então você descobriu que eu era filha de Gideon Cross e


desistiu de tudo? – Ela prossegue.

–Não meu bem, tudo ficou apenas melhor.

–Mas você não me bateu, e não me tomou em uma mesa de


escritório, muito menos eu implorei alguma coisa. – Ela aponta.

–Eu sei. – Respondo. – Só estava esperando o momento certo.

Eu uso a mão segurando seu quadril para dar um tapa de mão


aberta na nádega direita de Alexa, o som de pele contra pele ressoa
por todo o quarto.

–Oh! – Alexa suspira surpresa, posso ver o espanto em sua


expressão. – Eu não acredito que você me bateu!

–Isto foi por você ser aquela cretina no Hall do Crossfire. – Eu


explico pacientemente. – E este é por você ter me deixado de pau
duro na Parmal e em seguida fugido com suas amiguinhas.
Desta vez o tapa é na nádega esquerda, e som da palmada
enche o quarto novamente. Mas agora Alexa apenas fica chocada
me observando sem fazer som algum, ela estava preparada para
este.

–Você sabe querido, isto vai ter troco. – Ela ameaça.

–Cala a boca. – Eu resmungo. – E este é por você ter assustado


o inferno fora de mim quando desmaiou em um beco qualquer, duas
horas da manhã por ingerir muita bebida.

O tapa vem mais forte na sua nádega direita, o som é um pouco


mais alto, e a pele cremosa de Alexa fica num tom rosado. Ela
geme baixinho.

–Você também merece um tapa por roubar o meu Lamborghine,


outro por me desobedecer e também um por fugir de Connor, e
mais outro por bater o meu carro. São quatro, conte comigo Alexa.

–Vá se ferrar. – Ela resmunga com um sorriso.

O próximo tapa é mais forte, mais alto, e sua nádega esquerda


ganha uma coloração avermelhada forte, ao mesmo tempo eu dou
um puxão em seu cabelo. Alexa grita, em seguida eu acaricio o
local do tapa e beijo suavemente.

–Conte comigo Alexa. – Ordeno.

–Não. – O som de sua voz sai abafado pelo travesseiro onde ela
deitou a cabeça.

Bato novamente agora na nádega direita e com força puxo o


cabelo em meus punhos ao mesmo tempo. O tapa vem e ela grita,
os sons de seus gemidos abafados, mas o som da palmada
enchendo o quarto.

–Theodore. – Ela suspira meu nome. Acaricio o local rosado, e


inclino-me para beijar suavemente.

–Conte comigo Alexa.- Ordeno novamente. Bato outra vez bem


na curva de seu traseiro.
–Três. – Ela geme. – Três tapas.

–É isso ai minha menina. – Inclino-me sobre ela e beijo seu


ombro, e então o pescoço, mordo de leve o lóbulo de sua orelha
enquanto minha ereção pressiona contra o seu traseiro. Dou um
ultimo tapa bem forte e escorrego lentamente um dedo em sua
boceta molhadinha.

–Quatro! – Alexa grita. – Oh céus, Theodore!

–Diga-me minha menina, o que você quer? – Pergunto e


continuo movendo meu dedo lento dentro dela.

–Me fode!

Eu me afasto, solto seus cabelos, e rasgo o embrulho de um


preservativo. Contenho meu sorriso por Alexa estar pedindo para
que eu a tome. Ela está fantástica, toda corada, e com um traseiro
rosado. Eu esfrego meu membro contra sua entrada e ela geme e
empurra os quadris para me encontrar. Seguro sua cintura com as
duas mãos para impedi-la de se mover e pressiono meu pau
entrando em seu canal. Empurro forte e deslizo facilmente por sua
vagina molhada.

–Mais Theodore, mais. – Alexa diz.

Abaixo mais sobre o seu corpo, mergulhando mais profundo.


Seus músculos se esticam para acomodar meu eixo grosso
enquanto continuo a penetra-la. Não paro até estar totalmente
encaixado em seu canal. Faço uma pausa para observar nossos
corpos juntos. Alexa respira dificilmente, mas continua rebolando o
traseiro e incitando-me a dar mais. Movo-me, retiro alguns
centímetros, lentamente, e depois empurro para dentro.

Gemo, e esfrego meu pau contra as paredes macias e


apertadas. Alexa grita de prazer. Movo lento e então rápido,
alternando como eu sei que ela gosta, e como eu prometi que seria.

–Eu vou vir, Theodore, por favor.

–Sim amor, vem pra mim.


Empurrei mais forte, e cada vez mais duro. Um prazer intenso
estava tomando conta de mim, e eu sabia que não podia durar
muito. Comecei a estimular seu clitóris com movimentos da minha
mão enquanto continuava a empurrar. As paredes vaginais em
torno do meu eixo apertaram, seus músculos se contraíram, e Alexa
gritou quando o clímax tomou conta dela.

–Oh sim, sim, sim. – Alexa cantarola.

Eu empurrei apenas mais uma vez fundo, e gozei realmente


forte. Mesmo depois de ter minha libertação eu queria continuar
enterrado dentro dela. Porém eu queria abraça-la, beija-la, e
acaricia-la, eu queria cuidar dela, e nós ainda tínhamos que
conversar. Por que eu sei que desta vez tudo tem que ser colocado
para fora, não deve haver segredos, nós dois temos que nos
conhecer para que isso de certo. E Alexa está aqui, mesmo que eu
tenha a porra da bipolaridade, mesmo que eu tenha deixando-a
sozinha e sido um imbecil, ela continua aqui. Ela é minha, e eu
quero que continue sendo. E quanto mais rápido resolvermos essa
situação, mas cedo nós vamos repetir essa dose, e eu vou estar
com ela de novo.

Retiro-me dela, afasto-me e dou fim à camisinha usada. Volto


para onde Alexa está deitada de bruços, com a cabeça
descansando no travesseiro, e olhos fechados. Eu me deito ao lado
dela, e a puxo para a segurança dos meus braços. Ela cheira tão
divinamente. A fragrância do seu perfume doce, misturado ao cheiro
de sexo.

–Você não fez isso para me punir. – Ela sussurra.

–Não, eu não fiz. – Concordo.

–Você sabia que eu ia gostar. – Ela afirma com um sorriso


preguiçoso.

–Sim, eu sabia. – Concordo novamente.

Alexa abre os olhos, e eu sinto uma batida acelerada no meu


peito ao encontrar aquelas safiras azuis lindas que são seus olhos.
Ela está feliz, é o que importa.
–Podemos fazer de novo? – Ela pergunta com um beicinho
adorável.

Puta merda, será que vocês entendem por que eu amo esta
mulher?

oOo

Capitulo Quarenta e Sete: Amada

oOo

Eu me aconcheguei nos braços de Theodore como um pequeno


filhote precisando de um pouco mais de carinho, seus braços
apertaram ao meu redor mantendo-me segura, e certificando-se de
que eu continuava lá. Era tão bom ter esses momentos com ele,
que eu realmente estava pensando em morar naquele quarto para
sempre, quem sabe assim, completamente longe do mundo as
coisas pudessem se acertar, e nós poderíamos ser felizes sem se
incomodar com todo o resto.

Eu amo como ele me segura forte o tempo todo, como se tivesse


medo que eu escapasse. Eu amo como ele se inclina para frente
vez ou outra e me da beijos suaves. Eu amo quando ele perde o
controle e me beija desesperadamente. E amo que ele inspire o
meu perfume, que ele acaricie meu braço arrastando a ponta dos
dedos pela minha pele em uma lentidão de vai e vem. Eu gosto do
jeito que ele mexe no meu cabelo, ou como suas pernas roçam as
minhas por baixo do lençol. São tantas coisas, algumas grandes,
outras pequenas. Mas não importa todas elas me fazem ama-lo
ainda mais.

–Nós precisamos conversar. – Theodore sussurra contra o meu


pescoço, ele está me dando pequenos beijos molhados. Como eu
posso me concentrar quando sua boca está em qualquer parte de
mim?

–Eu sei. – Concordo. Mesmo que eu não tenha ideia do que


perguntar, já que minha mente está meio nebulosa.
–Eu não queria te mandar embora. – Ele diz calmamente.

–Isso eu já sei, eu entendi.

–Então o que você quer saber?- Pergunta-me. Eu paro um


pouco, indecisa. Eram tantas as minhas perguntas que agora eu me
encontro confusa para lembrar de todas.

–Primeiro eu quero saber por que você não conversou comigo


sobre a sua doença. Seria tão mais fácil se simplesmente
tivéssemos esclarecido tudo. – Digo por que é a verdade. Talvez se
essa conversa tivesse vindo antes nós não teríamos passado por
tudo isso.

–Eu não sei Alexa. As coisas estavam tão bem com a gente,
mesmo depois que você soube que eu tinha a doença. Então eu só
queria aproveitar dos momentos com você, não queria encher a sua
cabeça com meus problemas. E também nossa semana foi horrível.
Eu só fiquei no escritório trabalhando, e você no escala com
Rebecca.

–Tudo bem, eu concordo com você. Eu quase não te via por que
você ficava trabalhando o tempo todo, e Rebecca tomou do meu
tempo no começo da semana por estar separada de Isaac, e no
meio da semana por Isaac ter vindo a Seattle, e no fim da semana
por ela ter finalmente se acertado com Isaac. Mas não diga que não
quer encher minha cabeça com os seus problemas, por que se
estamos juntos seus problemas são meus problemas também.

–Eu sei pequena, eu percebi isso quando fomos jantar fora com
Victor e você se ofereceu para cuidar daquela papelada por mim.
Então eu finalmente entendi que se quisemos ficar juntos tudo tinha
que ser compartilhado, inclusive as coisas ruins.

–Isso mesmo, agora por falar em Victor. Você tinha me dado


este negócio para cuidar, por que você deu o trabalho para aquela
contadora metida? Qual o nome dela mesmo? Cornelha?

–Eu não pensei que você fosse ficar brava com isso. Eu só dei a
conta para a Srta. Viniths por que ela se ofereceu para fazer isso, e
ela é contadora da minha empresa, você não é minha funcionária
Alexa, você ainda é uma funcionária do Cross. E eu sabia que nós
estávamos vindo para Nova York segunda, então eu precisava de
alguém que estivesse em Seattle para fazer isso.

–Tudo bem eu entendo seus motivos, mas eu ainda continuo


chateada com isso. Eu não gostei do jeito como aquela mulher me
tratou, e você não fez nada!

–Alexa você rebaixou a Srta. Viniths completamente marcando


as diferenças do seu cargo e o dela. – Ele aponta.

–Mas ela me rebaixou quando disse que você preferia os


serviços dela aos meus.

–Alexa eu prefiro qualquer coisa que venha de você, do que de


qualquer outra. Eu me importo com você e é por isso que eu estou
aqui cacete! Você realmente quer brigar sobre isso? Eu pensei que
estávamos tentando se reconciliar, não ferrar com tudo de vez.

–Desculpe, eu não quero brigar. Tudo bem a vadia loira pegou o


meu trabalho, já estou aceitando isso. Agora eu quero saber o que
provocou sua fase maníaca? Você estava bem, o que aconteceu
para a doença te atingir desse jeito?

–Eu parei com os remédios.

–O que? – Exclamo. – Por que você parou com os malditos


remédios se você sabia que isso poderia acontecer?

–Eu não sei realmente, fui irresponsável. Eu apenas esqueci-me


de toma-los um dia por causa da correria do trabalho. E então no
dia seguinte eu estava apenas mais atarefado e não lembrei-me de
toma-los. E no próximo dia eu faltei à sessão com Sophie por que
eu precisava tratar das contas do projeto na Flórida e Victor parecia
particularmente apressado para receber esses documentos. Então
eu cheguei à fase maníaca, e ao invés de procurar ajuda de Sophie
eu apenas achei que poderia ficar melhor por conta própria, é claro
que eu estava errado. A fase depressiva veio com tudo, e foi
quando eu não me importava com mais nada. Eu sentia que queria
abraça-la e estar bem perto de você, mas ao mesmo tempo eu tinha
a necessidade de mantê-la longe, eu só não consigo entender.
–Nossa, Theodore isso é horrível. Eu não consigo imaginar como
deve ser não controlar os próprios sentimentos e nossas ações.
Mas você foi um bastardo irresponsável sim, você sabe que não
pode deixar os remédios, você sabe que já teve uma crise como
essa por esses mesmo motivos, ainda assim você repetiu tudo de
novo. Theodore se virou, apoiando-se no cotovelo, e procurou meus
olhos para me fitar diretamente.

–Como você sabe que eu já tive outra crise? – Pergunta-me.

–Phoebe. Ela me contou como sua doença foi descoberta na


adolescência, e como os médicos acham que seu caso é
hereditário. E também disse que você passou por algo muito ruim
há alguns anos que fez você abandonar os remédios e ter essas
fases.

–Ela disse o que foi esse algo?

–Não. – Respondo. – Ela não disse. Mas eu gostaria que você


me contasse, eu quero que você conte tudo para mim Theodore.

Ele assente e fica quieto por um tempo, eu começo a pensar que


ele não vai falar, mas ele encara a parede e resolve continuar.

–Eu fui apaixonada uma vez. O nome dela era Scarlet, uma
design de joias que mora na Rússia. Eu a conheci quando ela veio
para Seattle apresentar uma coleção sua que estava sendo
patrocinada por uma grande joalheria. Aconteceu muito rápido, nós
tivemos um encontro, e em seguida outro, então passamos a
almoçar juntos, e ela frequentou minha casa, conheceu os meus
pais, entrou completamente na minha vida. Ava era particularmente
uma adoradora dela. Então um dia ela me contou que estava
grávida e...

–O que?! – Gritei e pulei para fora das cobertas enrolando-me


atrapalhadamente em um lençol. – Que diabos! Você tem um filho?

–Jesus, acalme-se Alexa, e deixe-me terminar, por favor. Você


diz que eu tiro conclusões precipitadas, bem, você não é muito
diferente. – Ele sorri e aponta para o seu lado da cama. – Traga sua
bunda pra cá.
–Explique-me isso,ok? – Eu volto para a cama, e sento-me o
lado dele, mas ainda estou tensa.

–Ela me contou que estava grávida, mas que o filho não era
meu. – Ele prossegue, e minha boca cai aberta. – Pediu perdão, e
disse que tinha sido um erro, apenas uma noite, e não queria que
eu a deixasse.

–Oh meu deus, o que você fez Theodore?

–Alexa, eu fiz o que qualquer homem que não fosse tão idiota ao
ponto de voltar faria. Eu a mandei para fora da minha vida. Foi
quando eu parei com os remédios e bebi muito. Entrei para a fase
maníaca, e provavelmente passei três meses na fase depressiva.
Eu ainda fui um imbecil por pensar em aceita-la de volta, eu estava
cego, completamente apaixonado. Mas eu fui forte, voltei a ser eu
mesmo, e nunca quis Scarlet de volta apesar de ela ter me
procurado muitas outras vezes.

–Você voltou a vê-la? – Pergunto.

–Sim, apenas por coincidência às vezes nos encontramos em


alguns eventos aqui em Seattle. No entanto a ultima vez já faz um
ano.

–Eu nunca poderia imaginar que você passou por isso.

–Agora você entende por que eu não queria um compromisso


com você primeiramente? Depois de Scarlet eu não quis me
relacionar com ninguém. Entretanto quando você surgiu apagou
completamente as memórias que eu tinha da minha antiga
namorada. Foi como se só tivesse existido você. Eu tentei me
manter afastado, eu juro que tentei, mas eu acabei me apaixonando
novamente.

–Eu fico feliz que isso tenha acontecido novamente, mas comigo.
– Digo. – Theodore eu sei que às vezes brigamos e nos
desentendemos, mas eu quero que você saiba que eu sou fiel e
completamente leal a você. E se um dia eu não quiser mais que
exista um “nós”, eu vou me certificar de que você será o primeiro a
saber, por que eu não seria capaz de machuca-lo da forma como
esta mulher deve ter feito.

–Alexa o que eu sinto por você já é muito maior do que o que eu


senti um dia pela Scarlet. Apenas você considerar a hipótese de me
deixar já me machuca mil vezes mais do que a dor de ter sido traído
no passado.

–Eu não vou deixar você. A menos que você se torne um imbecil
completo. – Sorrio e ele corresponde.– Mas eu estou falando sério,
confie em mim.

–Eu confio Alexa, completamente.

–Certo, e o que nós fazemos agora?

–Nós podíamos tomar um banho, e eu podia leva-la contra a


parede no meu banheiro. – Ele sussurra contra o meu pescoço, e
eu o empurro.

–Theodore deixe de ser um pervertido, eu estou falando sério.

–Eu também. – Ele morde o meu ombro e em seguida lambe. –


Podemos terminar esta conversa com você embaixo de mim, e eu
pressionando contra você, também é uma boa opção, o que acha?

–Eu acho que nós já demos um show para sua mãe e irmã, e
provavelmente para o resto do prédio. Agora se comporte e vamos
terminar essa conversa.

–Certo. – Ele geme. – Cristo, o que mais temos para conversar?


Já não acertamos tudo?

–Não, não acertamos. Você precisa voltar com os remédios, e


fazer um novo tratamento com médicos especialistas, e também
seria bom se você fosse as sessões com Sophie. Aliás, você vai.

–Escute aqui mandona, estas coisas já estão acertadas. – Ele


diz brincando com um mexa do meu cabelo. – Vou passar esta
semana em Nova York e fazer o tratamento aqui, já voltei com os
remédios e Sophie também está em Nova York para fazer sessões
todos os dias ao longo desta semana. Meu pai e o marido de
Phoebe assumiram as empresas por um tempo, até que eu esteja
pronto para voltar. Na próxima semana vou viajar para a nossa casa
em Aspen, a família toda vai estar lá para o meu aniversário, e
então eu volto em duas semanas, que é quando os médicos acham
que estarei melhor.

Quando Theodore despeja as palavras para mim, eu sinto algo


diferente do que eu achava que deveria sentir. Eu estou feliz por
saber que ele está pronto para deixar essa fase, eu estou feliz que
ele vai se tratar por uma semana em Nova York, e também que ele
deixou um pouco do trabalho, já que isto estava sobrecarregando-o.
Mas algo como um sentimento vazio se apoderou de mim por saber
que ele vai passar suas semanas em Aspen com sua família, se
recuperando, tratando-se, e tendo bons momentos longe de mim. E
justo agora que nós estamos bem eu vou ter que deixa-lo e ele a
mim. É agoniante.

–O que você está pensando? – Theodore pergunta-me de


repente.

–Nada. – Balanço a cabeça.

–Você está mentindo. – Ele acusa. – Sua expressão era de algo


a incomodando.

–Desde quando você sabe quando algo me incomoda Sr. Grey?

–Eu sei muito sobre você Alexa. Eu sei que quando você não
está olhando nos olhos de alguém é por que você está divagando
sobre alguma coisa, por que geralmente quando você está presente
em uma conversa você gosta de fitar o olhar diretamente. Eu sei
que quando você lambe os lábios não são exatamente por que eles
estão ressecados, na verdade é mais como um cacoete, e isso
desperta o inferno fora de mim. Você tem mania de cruzar os
braços sobre o peito quando quer parecer intimidante. E você estufa
o peito quando está em uma discussão verbal, como se isso fizesse
você ficar mais forte, mais determinada, e na verdade isso só deixa
você mais sexy. Quando você faz biquinho, você simplesmente tem
conhecimento do poder que isso causa nas pessoas, é a sua arma
para conseguir o que quer. Eu juro que faria tudo, qualquer coisa
por você em troca daquele biquinho. Porém como eu conheço essa
artimanha, tudo o que eu posso pensar em fazer é lhe dar umas
boas palmadas. Eu sei que você fica linda quando está com ciúmes
ou brava, mas eu sei que você fica particularmente perfeita quando
você está sorrindo, e feliz, em um dia qualquer, em um momento
qualquer. E eu não posso esquecer-me do fato de você puxar os
meus cabelos toda a vez que você está prestes a vir, eu acredito
que um dia vou ficar careca e vai ser culpa sua, mas maldição, eu
devo ter um fetiche pelos seus puxões por que eles me deixam
ainda mais louco por você.

–Uau. – Murmuro.

–Eu disse que sei muito sobre você, e é por isso que eu sei que
algo que eu falei te incomodou.

–Não é nada. Quer dizer, eu só, eu achei que ficaríamos juntos,


mas eu entendo que você vai para Aspen para se tratar, eu só...
vou sentir sua falta.

–Então vem comigo, vem passar duas semanas em Aspen


comigo e com a minha família.

–Eu?

–Sim você Srta. Cross, ou eu estou namorando com outra


pessoa? Da ultima vez que certifiquei era você.

–Ai meu deus, eu não sei. Eu mal cheguei de Seattle, ainda não
conversei com os meus pais, e também tenho serviço no Crossfire.

–Prolongue suas férias por mais duas semanas. – Theodore


pede. – Você já foi pra Aspen?

–Não, nunca.

–Então isto se tornou uma obrigação, você tem que vir comigo.

–Eu não sei Theodore, as coisas não são tão fáceis.

–Alexa pense apenas em você e eu, neve, uma bela casa com
lareira, uma cama grande, uma vista espetacular, e muito sexo para
a minha recuperação.
–Você venceu, eu vou conversar com o chefe, e pedir essas
férias. – Aproximei-me e dei um suave beijo em Theodore. – Eu
tenho que ir, não posso faltar o trabalho essa semana se estou
pensando em mais férias para as próximas.

–Droga. – Theodore gemeu. – Por que você não trabalha para


mim?

Eu ri.

–Por que você me faria sua escrava sexual?

–Exato, e isto seria fantástico.

–Eu te amo. – Me abaixei para mais um beijo e depois me


afastei, mas não antes que Theodore me puxasse de volta para
baixo e aprofunda-se o beijo para algo mais quente, mais
desesperado, com toques em todos os lugares, e um pouco de
agarramento.

–Eu também amo você Alexa. – Ele diz suavemente e eu me


derreto.

Essa é a primeira vez que ele diz com todas as letras o que
sente por mim.

Esta é a primeira vez que ele diz meu nome e amor na mesma
frase.

Esse é apenas o primeiro passo para algo realmente grande.

E eu já amo o que tudo isso significa.

oOo

Capitulo Quarenta e Oito: Decidida

oOo
–Então vocês se reconciliaram? – Rebecca pergunta com um
sorriso largo de orelha a orelha. Ela puxa uma cadeira e senta-se
na minha frente, colocando a enorme bolsa de couro sobre a mesa.

–O que você acha? – Pergunto cantarolando.

–Eu acho que você está com uma cara de quem fodeu
recentemente. – Rebecca aponta.

Eu olho para os lados para me certificar de que ninguém ouviu o


que ela disse. Estamos em um pub a alguns quarteirões de
distância do Crossfire. Depois que eu deixei Theodore, acabei vindo
para o trabalho, e na hora do almoço Rebecca me chamou para vir
com ela. Felizmente os clientes mais próximos estão a uma longa
distância, e não podem ouvir as asneiras que saem da boca suja da
minha amiga. Um garçom aproxima-se e nós duas fizemos nossos
pedidos de sempre. Eu peço um coquetel forte, por que estou
necessitando de um pouco de álcool.

–Você está certa. – Despejo assim que o garçom se afasta. –


Fizemos as pazes da melhor maneira possível.

–Uau, essa é a Alexa que eu conheço...

–Pois é. Mas deixe-me te contar algumas coisas que vai deixa-la


de queixo caído.

–Vamos, conte tudo. – Rebecca se inclina para frente realmente


interessada em ouvir.

–Primeiramente Theodore está hospedado no apartamento


abaixo do nosso. Sim, ele é controlador, totalmente. E eu também
fiquei sabendo que ele vigiou todos os meus passos quando eu
estava em Seattle. Eu digo vigiar do tipo ter homens seus na minha
cola o tempo todo, louco né?

–Caramba! – Rebecca exclama. – Você nem contou tudo e meu


queixo já está nos meus pés.

Com uma risadinha eu continuo a contar tudo para Rebecca. Eu


conto sobre o que Theodore me contou da doença, e também sobre
a mulher de seu passado, a mulher louca que foi capaz de rejeitar
alguém como Theodore. Eu também conto algumas partes sobre o
sexo sujo que aprontamos com sua mãe e irmã nos cômodos ao
lado. Essa parte deixou Rebecca excitada para mais detalhes, só
que eu acabei pulando para o próximo tópico da conversa. A
viagem para Aspen.

–Você vai para Aspen? – Rebecca pergunta animada. – Você


realmente vai para Aspen?

–Eu vou. Você acha que eu fiz certo concordando?

–Oh menina, é claro que você fez certo. É Aspen! Você precisa
aprender a esquiar por mim, deite-se no chão e faça aqueles belos
anjinhos, eu sempre tive vontade de fazê-los. Aproveite e faça sexo
em frente à lareira deve ser maravilhoso e ainda assim romântico.
Oh deus, o que eu não daria para ir a Aspen? Prometa, prometa-me
que fará tudo isso por mim?

–Sexo em frente à lareira? – Repeti. – Rebecca a família dele


toda vai estar lá!

–E dai? Caramba, encontrem um jeito, eu sei que vocês podem.

–Eu vou ver o que posso fazer.

–E seus pais sabem que você vai? O que você disse a Gideon?
Ele aceitou bem que você vai ficar duas semanas sem trabalhar pra
ele de novo? O que sua mãe disse?- Rebecca começou a lançar
uma pergunta atrás da outra não esperando minha resposta, acabei
interrompendo-a.

–Meus pais não sabem que eu vou. Eu não disse nada ao meu
pai, ou a minha mãe. Vou dizer que são apenas mais férias
prolongadas.

–Ai. – Rebecca gemeu. – Eu tenho um mau pressentimento


sobre isso.

–Você não é a única. – Digo. – Eu fico tentando imaginar o que


meu pai vai dizer, e nenhuma das frases é algo do tipo: “Vá querida,
aproveite muito Aspen, tire quanto tempo de férias você precisar
com o seu namorado CEO que você conhece há poucas semanas”.
–Definitivamente não é o que Gideon Cross vai dizer.

O garçom se aproximou da mesa e serviu nossos pratos.


Capturei minha bebida, e bebi tudo em três longos goles. Estava
gelada, e deliciosa. O álcool queimou um pouco no caminho para
minha garganta, mas a sensação era boa.

–Vou falar com ele hoje.

–Vai? – Rebecca me lançou um olhar sobre a borda de sua taça.

–Sim, eu vou, quanto antes melhor.

–Então eu tenho que te avisar. – Ela abaixou a taça, e fez uma


careta. – Gideon Cross está com um péssimo humor hoje.

Depois do meu almoço com Rebecca, ambas voltamos ao prédio


do Crossfire. Ela seguiu para o andar da Walters Field & Leaman
enquanto eu continuei direto para o andar do meu escritório. Porém
não era para a minha sala que eu gostaria de ir, e sim para a o
escritório do chefe. As portas deslizaram abertas e eu caminhei em
direção ao Hall. Olhando para a mesa onde Vivian estava sentada
fazendo algum telefone eu me coloquei no lugar de Theodore há
algumas semanas atrás, quando ele fez este mesmo caminho e me
viu sentada neste mesmo lugar. Parecia que tinha sido há tanto
tempo atrás, como se nos conhecêssemos há anos.

–Srta. Cross que bom vê-la de novo. – Vivivan cumprimentou-me


assim que pôs fim a ligação.

–É bom vê-la também. Você sabe se Gideon está no escritório?


– Pergunto. Ela acena concordando.

–Ele está, e tem uma reunião em breve.

–Tudo bem, obrigada.

Segui meu caminho pelo corredor, avistei Dafne sentada em sua


mesa, e a porta de entrada para o meu escritório, mas fiz caminho
para outra direção. Jenna sorriu para mim assim que entrei, mas o
sorriso não alcançou seus olhos, sempre desconfiei que ela não
gostasse muito de mim.
–Olá Jenna, avise Gideon que estou entrando. – Disse e segui
para as portas duplas que dão acesso ao escritório.

Jenna resmungou alguma coisa, e usou o telefone para fazer


uma ligação, provavelmente para o escritório do meu pai. Empurrei
as portas abertas, e entrei encontrando Gideon sentado atrás de
sua mesa, sobre sua poltrona grande, com a bela visão do céu azul
de Nova York por trás de suas costas.

–Pai.

–Eu estava me perguntando quando, ou se você apareceria


algum dia. – Ele disse sem tirar os olhos do monitor na sua frente.

–Eu tive alguns problemas, mas estou aqui.

–Eu vejo. – Gideon respondeu com uma voz firme, Rebecca


estava certa ele não está de bom humor, e o pior é que eu não
tenho a mamãe por perto para acalma-lo. – O que você quer
Alexandra?

–Conversar com você, eu disse que viria para esclarecer as


coisas.

–Você veio repetir para mim as mesmas palavras que disse por
aquela videoconferência? Eu não quero saber, já entendi que você
se envolveu com Grey e que você não da à mínima para a minha
opinião. Como sua mãe disse você é adulta, não é mais a menina
que eu gostava de controlar os passos. Então siga em frente,
fazendo o que você quiser, só evite quebrar a cara desse sujeito
também. Eu não estou pronto para lhe dar com as repercussões
depois.

Encolhi-me diante de seu tom agressivo.

–Pai, eu não vou fazer isso, eu não vou quebrar a cara dele, ou
decepcionar o senhor de novo, não vou te trazer problemas, não se
preocupe quanto a isso. Gideon olhou para cima, e encontrou os
meus olhos.
–Alexandra o que você me disse quando se envolveu com
aquele lutador patético? – Perguntou-me com uma calma
controlada.

–Eu... Eu disse que o amava, e que você não podia me afastar


dele.

–Certo, e o que aconteceu depois?

–Nós terminamos. Mas pai, isso não tem nada haver, Thomaz
não queria compromisso sério foi por isso que terminamos.

–Mas você o amava? – Questionou-me.

–Como amigo. – Murmurei.

–Certo, e quando você ficou noiva de Damian, o que foi que você
disse pra mim?

–Que eu o amava. – Suspirei.

–Sim, e o que aconteceu em seguida?

–Você sabe que eu não gosto de falar sobre isso pai.

–O que aconteceu em seguida Alexandra? – Pressionou-me.

–Eu o deixei! Eu não o amava como pensei, ok?

–Bem, enquanto isso eu tive que esconder todo esse escanda-lo


da mídia. Eu tive que acabar com rumores e toda a porcaria por que
você abandonou o vice-presidente da Walters Field & Leaman no
altar no dia do casamento! Eu consolei você Alexandra, eu fiquei ao
seu lado pela segunda vez. Eu mandei vários sócios para o inferno
por que eles chamaram a minha filha de imatura. E quando eu
pensei que você tinha caído na real, e que eu teria uma filha
centrada nos negócios, pronta para assumir seu lugar de direito
você me vem com a porcaria da sua nova relação com um dos
meus sócios. Porra Alexandra, você precisa se decidir. Eu quero
uma mulher competente para controlar meus negócios, não uma
menina se enrolando com vários casos de amor.
–Pai, mas eu o amo, eu sei que é diferente, eu posso sentir. O
que eu tenho com Theodore é muito diferente do que eu tive
alguma vez com Thomaz ou Damian.

–Você está enganando a si mesma. Quando você se cansar


desse cara, você vai voltar para cá de novo tentando encontrar a
sua base firme, eu. E quer saber? Vá se virar sozinha, eu não vou
mais acobertar as merdas que você faz.

–Mas pai...

–Sai do meu escritório Alexandra. – Ele apontou um dedo em


direção à porta.

–Deixe-me explicar.

–Sai agora do meu escritório Srta. Cross, você ainda é minha


funcionária, e eu estou dando uma ordem.

–Como quiser senhor. – Virei-me afastando-me a passos largos


pelo corredor.

Lágrimas pinicaram os meus olhos, mas eu as afastei


rapidamente. Caminhei direto para o meu escritório, ignorando
totalmente minha secretária – Dafne – que tentou me cumprimentar
gentilmente. Fechei a porta com mais força do que necessário e me
joguei na minha poltrona. Algo estava ardendo dentro de mim. Uma
mistura e confusão de sentimentos tão grande, que eu não
conseguia ao menos parar e pensar direito para lhe dar com tudo
isso.

Meu pai já teve seus momentos ruins. Ele já foi severo comigo
algumas vezes. Mas nada se compara ao que acabou de acontecer.
Gideon jogou na minha cara que meus relacionamentos todos
foram desastrosos por culpa minha. Como ele pode fazer isso
comigo? Como ele pode comparar o que eu tenho com Theodore
com o que eu tive com esses outros homens? Somente por ele
pensar que eu poderia machucar Theodore e causar problemas
para ele de novo já é algo que me deixa completamente abalada.
Meu próprio pai não confia em mim. O homem que eu mais idolatro
no mundo jogou na minha cara que me acha infantil, que eu não
sou a mulher que ele precisa para assumir suas malditas indústrias.
Tudo bem, eu entendo que tudo o que aconteceu no passado
provou grandes conturbações para o meu pai, mas nada justifica a
bronca que ele acabou de me dar, como se eu fosse mesmo uma
criança imatura cometendo novamente o mesmo erro. Isso não é
verdade. Por que meu relacionamento com Theodore não é um
erro, é especial.

Quando eu conheci Thomaz, eu era apenas uma adolescente


querendo ser um pouco rebelde, e fugir do controle do papai rico. E
ele era tudo o que eu precisava para enlouquecer Gideon. Thomaz
era bonito, jovem, cheio de tatuagens, e dirigia motos
perigosamente. Além é claro de ser um lutador e meu professor de
Krav Maga.

A química entre a gente foi incrível desde o começo. Eu sempre


me senti atraída por coisas proibidas e perigosas, e velocidade
sempre me excitou ao estremo. Com Thomaz eu tinha tudo isso.
Ele foi perfeito no começo. Eu era a garota dele, e ele era todo meu.
Enfrentei meu pai, dizendo que nunca tentasse me afastar de
Thomaz ou eu fugiria com ele. Meu pai não queria um escanda-lo.
Ele acabou cedendo.

Eu achei que estava incrivelmente apaixonada. Mas naquela


época eu comecei a estagiar no Crossfire e fui me envolvendo com
o trabalho, e me apaixonando cada dia mais pelo o que eu fazia, até
que eu me dedicava completamente aquilo. E apesar de ainda
gostar de Thomaz e de suas tatuagens, aquilo estava apenas se
acabando aos poucos. Ele queria companhia o tempo todo de uma
garota que vestisse couro e estivesse em todos os shows de rock
possível. Mas eu não era mais essa garota, eu comecei a me tornar
uma funcionária competente.

No fim eu descobri que amava mais o Crossfire do que amava


Thomaz. Nós terminamos, e ele continuou a ter seus casos de
amores. Meu pai ficou ao meu lado, disse que eu tinha feito a
melhor escolha, que nós nunca daríamos certo juntos, e que agora
eu podia focar no que era importante.

Quando eu me formei na faculdade consegui o cargo de Diretora


de Finanças. Trabalhava até tarde para ser considerada a melhor.
Eu não queria subir ao topo apenas por ser filha do chefe, eu queria
mostrar que eu estava subindo ao topo por que eu tinha
competência para isso. Meu pai estava orgulhoso de mim porque eu
estava se tornando a mulher perfeita para assumir o seu lugar.

Foi então que eu conheci Damian Sebastian Leaman, o vice-


presidente da Walters Field & Leaman. Ele era muito bonito e
estava focado no mesmo que eu. Avançar na empresa, e se
mostrar o melhor. Logo nós estávamos deixando o trabalho juntos e
indo para o seu apartamento, e às vezes o meu. Ele era educado,
carinhoso, e sempre fazia o que eu queria. Além de ser
completamente apaixonado por mim. E eu? Eu achei que estava
amando. Eu queria ver Damian de dia, de tarde, e de noite, e eu
estava sempre em contato com ele mesmo que eu estivesse no
serviço. Gideon me alertou que meu relacionamento estava me
afastando do meu objetivo, mas eu não me importei.

As coisas aconteceram tão rápido que logo Damian me pediu em


casamento, e eu não hesitei antes de aceitar. Minha mãe estava
incrivelmente feliz por mim, e Rebecca continuava a bater os pés
dizendo que não daria certo. Meu pai? Ele disse que ficaria ao meu
lado se eu tivesse certeza de que estava fazendo o certo. Eu
achava que estava, eu achava que Damian era o certo para mim.
Até que chegou o grande dia da cerimônia.

Minha sorte foi que resolvemos nos casar em um dia de semana


com poucos convidados e sem a presença da mídia por que se
aquele escândalo tivesse caído no jornal, eu teria ferrado a imagem
do meu pai. Damian estava perfeito em cima daquele altar, e seus
olhos me diziam que ele me amava e estava pronto para ficar ao
meu lado para sempre. Mas ao invés de eu estar olhando para ele
da mesma maneira, tudo o que eu conseguia era olhar para um
futuro que ainda não existia para mim. Eu me vi sendo casada com
ele, morando em baixo do mesmo teto, compartilhando uma cama,
chamando-o de marido, e eu simplesmente odiei. Não parecia certo.

Não ouve emoção alguma no altar, eu estava tremendo e


suando frio, e queria desesperadamente arrancar aquele vestido
branco cheio de tule ridículo. Foi por isso que eu virei às costas, e
corri para fora da igreja. Deixando minha família de queixo caído, os
sócios do meu pai indignados e Damian de coração partido.
Entendo que meu pai esteja com medo de que isso esteja se
repetindo novamente, só que com Theodore. Mas ele não está
sentindo o que eu estou sentindo. Aliás, eu conheci Theodore há
tão pouco tempo e já sinto algo tão grande por ele, diferente de
Thomaz e Damian que eu passei longos momentos ao lado, mas
não sentia metade. Se meu pai acha que eu não sou capaz de
manter um relacionamento sério por muito tempo ele está
enganado, se ele acha que eu não amo Theodore, ele está
terrivelmente enganado, e principalmente se ele acha que eu não
posso ser a mulher competente para tomar seu lugar no Crossfire,
eu vou provar que eu posso.

Eu ainda sou uma Cross, e nós somos conhecidos por sermos


fortes em todos os sentidos.

E eu vou provar para Gideon que eu sou digna de ser sua


herdeira.

oOo

Capitulo Quarenta e Nove: Interrompida

oOo

Você já passou por momento realmente incrível, do tipo que


você percebesse que as coisas estão exatamente como, onde e do
jeito que você gostaria que estivesse? Não é incrível como você se
sente bem, e o quão feliz é possível ficar? Eu nunca passei por algo
assim, até hoje. Isso é por que eu estou com alguém que eu
realmente me importo, alguém que eu amo.

–Sobre o que você está pensando? – Theodore pergunta


suavemente enquanto acaricia o meu cabelo. Levantei a cabeça do
seu peito para olhar diretamente em seus olhos azuis brilhantes.

–Sobre nós, sobre como isso é bom.

–Não posso deixar de concordar, é muito melhor ter você


durante toda a noite na minha cama. –Ele se abaixou até que seus
lábios pairaram acima dos meus, e beijou-me devagarzinho,
saboreando do toque dos nossos lábios juntos.

–Theodore quando você me chamou de irresponsável e infantil,


mais de uma vez quando brigamos você estava mesmo querendo
dizer isso, não é? Isso é o que eu sou, é tão transparente assim?

–Alexa eu fui um imbecil algumas vezes, eu não deveria ter dito


nada disso. Só esquece, ok?

–Não, eu não posso. Eu quero saber, é assim que você me vê?


É assim como todos me veem?

–Por que isso agora? Eu não vou responder, eu não quero brigar
com você.

–Tudo bem, essa já é a resposta que eu precisava.

–Alexa. – Theodore suspira e passa a mão pelos cabelos já


desgrenhados.– Olha, às vezes você é imatura sim, parece ser
mais jovem do que aparenta com essa cabecinha infantil. Mas eu
não mudaria isso em você se pudesse, por que foi por essa pessoa
que eu me apaixonei. Eu amo a Alexa sexy, séria, e toda
determinada. Mas eu também amo a Alexa divertida, alegre, e
brincalhona. E se você perdesse isso, não seria a mesma pessoa.
Então sim, eu fui um idiota de dizer essas coisas para você, quando
na verdade é isso o que te faz ser a mulher que me atrai.

–É?

–É Alexa. Eu admiro que você seja assim, que não se importe


com a opinião dos outros, que viva a vida como você acha que é o
certo. Você escreve sua história, você decide quem você quer ser.

–Obrigada. – Murmurei. – É importante ouvir isso de você.

–Hey. – Theodore chama – Olhe pra mim, o que houve?

–Eu...Eu fui conversar com o papai, mas as coisas não saíram


como eu pensei.
–Ah Alexa, eu disse que faríamos isso juntos. Você não podia
esperar um pouco?

–Eu sou impaciente, você sabe. E eu não podia cruzar com o


meu pai nos escritórios e não dizer nada, ainda mais depois dessa
história de passar férias em Aspen. Eu precisava acetar as coisas
com ele.

–O que aconteceu?

–Ele não acredita que eu ame você. Ele não acha que eu sou
boa o bastante para assumir o seu lugar. E ele me chamou de
imatura.

–Alexa ele não precisa acreditar ou não que você me ame, ok?
Ah infernos, quem tem que saber disso sou eu. E eu sei que você
não estaria aqui agora deitada ao lado de um homem
completamente afetado com transtorno bipolar, e um maldito
controlador se você não me amasse.

–Mas eu não quero que ele duvide disso, entende? Eu quero que
ele acredite que eu amo alguém de verdade. Só que eu entendo
que ele esteja com dificuldades de aceitar isso, eu fiz algumas
coisas erradas no passado, e agora ele não é capaz de confiar em
mim.

–Você vai me explicar isso direito?

–Depois que eu terminei com o meu primeiro namorado, eu


resolvi me dedicar à faculdade, e meu pai me ajudou muito. Ele
esteve ao meu lado, e disse que tudo ficaria bem. Só que eu
quebrei a confiança dele quando conheci e me envolvi com Damian
que veio a ser meu segundo namorado. Ainda assim eu fiz Gideon
acreditar que eu amava Damian e que por isso ele tinha que ficar ao
meu lado, e meu pai ficou. Damian me pediu em casamento, e eu
aceitei, acreditando que eu era apaixonada por ele. Mas no dia do
nosso casamento, eu simplesmente não conseguia seguir pelo
corredor em direção a ele. Eu não me via tendo uma vida ao lado
de Damian, então eu o abandonei na igreja e meu pai teve que lidar
com todas as consequências do meu ato ridículo. Eu pensei que
meu pai nunca mais falaria comigo depois daquilo, mas sabe o que
ele fez? Ele me abraçou, e disse que eu não podia viver com
alguém que eu não amasse. Ele me fez ser forte outra vez, e foi
com ele que eu encontrei a determinação para voltar a minha vida
normal, ao meu trabalho, e também a me dedicar completamente
ao Crossfire para me tornar a herdeira que ele precisava. Foi então
que eu conheci você.

Theodore olhou para mim surpreso, em seguida ele parecia


sério, e em completo silêncio eu vi como ele deveria estar
interpretando essa história em sua cabeça. Eu queria que ele me
dissesse qualquer coisa, por que tudo era melhor do que o
completo abismo silencioso entre nós.

–Theodore?

–Você quase se casou, por que eu não sei sobre isso? –


Questionou-me.

–Não é como se você tivesse perguntado alguma vez. – Dei de


ombros.

–Não foi isso que eu quis dizer. Você é uma Cross, os boatos, as
noticiais, até mesmo as histórias inventadas, qualquer coisa deveria
estar nas paginas da internet, ou ter saído em algum jornal, revista,
mas eu não sei nada sobre isso.

–Foi isso o que eu quis dizer quando falei que meu pai ficou ao
meu lado e tomou todas as consequências. Meu casamento deveria
ter sido em um local pequeno, e apenas com alguns convidados,
em um dia de semana, e sem qualquer presença da mídia. Na
verdade nós tínhamos planejado casar antes que qualquer noticia
pudesse escapar para fora, e foi o que fizemos. Custou muito ao
meu pai para calar a boca de alguns convidados que estavam
interessados em compartilhar o escândalo para fora. Damian
também não queria que as histórias se espalhassem. Ele estava se
firmando no cargo de Vice- presidente da Walter Field& Leaman e
seria desastroso se descobrissem que foi abandonado no altar. Se
eu pudesse voltar no tempo, eu teria feito às coisas tão diferentes,
eu jamais teria aceitado me casar com ele em primeiro lugar. Eu
deveria ter ouvido o meu pai, e eu não o fiz, por isso entendo que
ele não esteja me apoiando agora. Eu gostaria que ele entendesse
que eu amo você, e que eu sou boa o suficiente para ser sua
herdeira. Mas ele simplesmente não vai me dar nenhuma chance,
ele já se cansou de chances.

–Alexa eu acho que o seu pai tem razão de ficar desconfiado


sobre o nosso relacionamento, ainda mais depois do que você
acabou de me contar. Mas ele ainda é seu pai, e ele não vai ser
capaz de virar as costas para você. Você pensa que ele não vai te
dar mais chances, que ele não vai mais te ouvir, que não vai te
apoiar. Mas se você quer mostrar pra ele que é capaz de tudo isso,
não peça chances, não peça para que ele te ouça, não peça apoio.
Faça isso sozinha. Não com palavras, mas com atitudes.

–Eu sei, agora eu entendi que é isso o que eu preciso fazer. Eu


ainda não sei como, mas eu vou tentar.

–Ah e não faça mais isso, ok? Não enfrente o seu pai sozinha,
ou tente esconder coisas como estas, por que você mesma disse
que se estamos juntos vamos compartilhar o que for bom, e o que
for ruim também. Não me faça desconfiar da sua palavra.

–Desculpe, é que eu queria resolver isso logo, e eu sei que você


está ocupado.

–Tudo bem, é só não acontecer de novo Alexa.

–Não vai eu prometo. Agora mudando de assunto como você


está?

–Bem. – Ele sorriu preguiçosamente.– Você não acha que eu


pareço bem, será que nós precisamos de uma segunda rodada?

Estou fisicamente cansada depois de todo o esforço que fizemos


juntos há uma hora. Theodore parece cada dia mais revigorado,
voltou a comer, e está dormindo melhor. Ele jurou que isso só está
acontecendo por que eu estou dormindo com ele, ao invés de estar
no meu próprio apartamento. Ele também me confessou que sente
mais vontade de realizar as coisas, e se tratar sabendo que depois
vai poder me ter em seus braços.

–Você vai me matar, eu vou ficar completamente exausta até


não poder levantar mais.
–Isso é bom. – Ele sussurrou. – Desse jeito você não escapa
mais da minha cama.

–Theodore você está ficando um menino muito, muito mal.

–Você gosta de meninos maus, admita.

–Não é claro que não. Eu gosto de você, meu único menino mal.

–Mmmm Alexa. – Theodore se vira ficando sobre mim, ele se


abaixa para morder o meu ombro, e beijar o meu pescoço, em
seguida chupar os meus lábios, e beijar-me lentamente provando
meu gosto, saboreando o nosso contato. Seus beijos quase sempre
me tiram do ar, ainda mais quando o beijo se transforma em algo de
corpo todo. Quando ele começa a mover as mãos e acariciar minha
pele, e pressiona seu peso para baixo de forma que eu sinto ele
todo contra mim.– Eu não vejo a hora de ter você todinha para mim
por duas longas semanas.

–Como se você já não me tivesse completamente. – Bufei.

–Vai ser diferente, nada de trabalho me afastando de você, nada


de pais resmungões, ou amigas solitárias. Apenas eu e você.

–E toda a sua família. – Completei.

–Eles não vão nos incomodar, a casa é grande o suficiente para


que nós nem precisarmos nos esbarrar neles.

–Tudo bem, eu tenho certeza que será bom. Quero você só pra
mim, sem as malditas interrupções.

–Nós não estamos sendo interrompidos agora. – Theodore diz. –


Eu poderia fazer algo muito bom e prazeroso pra você.

–Humm é tão tentador...

–Theodore! – Phoebe chamou em seguida bateu na porta do


quarto assustando nós dois. – Está na hora da sua consulta!

–Tudo bem Ebe, eu já ouvi! – Theodore gritou de volta.


–Mas é pra ser agora, vocês dois já estão há bastante tempo
juntos. Alexa você sabe que não pode cansar o meu maninho. –
Phoebe insisti.

Rolo os olhos por que Phoebe não faz ideia de quem está
realmente cansada aqui depois de tanto esforço físico.

–Já entendi Phoebe. – Digo.

–Cai fora Ebe. – Theodore resmunga, e logo depois ouço seus


passos se afastando pelo corredor.

–Viu? – Aponto. – É disso que eu estou falando, continuamos a


ser interrompidos, e você acha que será diferente em Aspen?

–Eu tenho certeza que será. – Theodore responde confiante.

–Você parece muito seguro de si.

–E eu estou, tenho algumas surpresas para você. Para nós.

–Surpresa? – Repito. De repente estou curiosa para ouvir mais,


Theodore me faz poucas surpresas, mas quando faz, elas sempre
são ótimas.

–Não adianta fazer essa cara. – Ele diz. – Eu não vou contar o
que é.

–Oh Por favor, por favorzinho. – Faço meu beicinho encantador


que quase sempre me ajuda a conseguir o que eu quiser.

Theodore ri.

–Sinto muito amor essa está ficando velha. Você sabe, eu não
vou cair no encanto deste rostinho outra vez.

Chuto as cobertas, e saio da cama a procura das minhas roupas


que estão espalhadas pelo chão.

–Tudo bem. – Resmungo.

–Não seria uma surpresa se eu falasse. – Theodore diz.


–Você podia dar uma pista.

–E ariscar que você descubra o que é? Ah não, eu preciso ver o


seu rosto no momento exato em que você descobrir.

–Você parece tão confiante de que e vou gostar. – Aponto.

–E como não gostar de algo que envolva você e eu, juntos, sem
interrupções, sem duvidas do nosso amor?

–Humm diga mais. –Murmuro.

–Garota má, você está jogando comigo, não é? – Theodore


agarra o meu braço e me puxa pra cama de novo. – Você está
tentando arrancar informações minha e eu nem percebi.

–Eu posso ser um pouco persuasiva às vezes.– Tento me


afastar, mas Theodore firma o aperto na minha cintura.

–Você merece um castigo por tentar me enganar. – Ele sussurra.

–E você merece outro por não me dizer qual a surpresa que


envolve você e eu juntos, sem interrupções, e sem duvidas do
nosso amor.

–Apenas confie em mim Alexa. – Theodore pede.

–Eu confio, provavelmente mais do que deveria, mas eu confio.

–Então isso já basta. – Ele suavemente beija meus lábios. –


Agora eu quero beija-la um pouco mais, por que será um dia longo
sem você.

–Vai esquecendo! – A voz de Phoebe interrompe nossa


conversa. Eu e Theodore olhamos um para o outro a tempo dos
nossos olhos rolarem para trás. – Você está dez minutos atrasado
para sua consulta. Será que vocês dois não conseguem ficar longe
um do outro por muito tempo?

–Estou saindo Ebe. – Theodore grita de volta, mas a verdade é


que ele me puxa para os seus braços e me beija por mais dez
minutos, o que o deixa vinte minutos atrasado para sua consulta, e
me deixa provavelmente uma hora atrasada para o meu trabalho.

Ótimo, estou começando tão bem o meu plano de me tornar uma


herdeira a altura do meu pai...

oOo

Capitulo Cinquenta: Acertando

oOo

Eu estou simplesmente determinada a mostrar para o meu pai


que eu nasci para ser sua herdeira. Acordei pronta para enfrentar
qualquer coisa. Eu vou provar pra ele que eu sou mais do que uma
simples funcionária. Eu vou provar que eu sou a melhor Diretora de
Finanças que ele poderia ter. Caminho para os elevadores e
cumprimento as recepcionistas que acenam para mim. Encaminho-
me para os últimos andares deixando para trás qualquer medo de
não ser considerada competente.

–Bom Dia Srta. Cross. – Vivian cumprimenta-me no Hall.

–Bom Dia!

–Aconteceu alguma coisa? – Pergunta-me curiosa.

–Não que eu saiba, por quê?

–Bem, é só que, você não está atrasada. Aliás, a senhorita


chegou primeiro que Sr. Cross. – Explica-me.

Sorrio.

–Isso parece ótimo Vivian. Com licença eu tenho muito trabalho


pela frente.

–Se precisar de qualquer coisa, estou aqui.

–Obrigada. – Agradeço.
Sigo pelo corredor em direção ao meu escritório. Estou com um
sorriso enorme no rosto. Não acredito que até a secretária notou
que não cheguei atrasada. Aliás, cheguei primeiro que o meu pai. O
que é uma grande vitória. Não me lembro de alguma vez estar
neste andar, e Gideon não compartilha-lo comigo. Ele sempre quer
ser o primeiro a chegar, por que acha que este é o melhor jeito de
dar o exemplo aos seus funcionários. Bem, baby desta vez quem
está dando o exemplo sou eu.

–Srta. Cross? – Dafne assusta-se com a minha presença e


rapidamente joga de lado sua revista de fofocas.– Tudo bem?

–Bom Dia Dafne, está tudo bem. Eu odeio ter que interromper a
sua leitura, mas nós temos muito, muito trabalho hoje.

–Nós temos? – Ela murmura.

–Sim, agora nós temos. Traga-me um café e dirija-se direto para


a minha sala, preciso de algumas coisinhas.

–Volto em minuto!

Entro no escritório e fecho a porta atrás de mim. Inspiro o cheiro


dos meus velhos livros de finanças. Faz algum tempo que não lido
com eles. Na verdade acho que não cheguei a ler metade do que
está na minha estante, mas agora, provavelmente, eu vou ler.
Sento-me na minha poltrona, e olho para a minha mesa que parece
um pouco desorganizada. Não posso trabalhar neste ambiente.
Puxo uma pilha de papéis brancos e verifico que são contas já
fechadas a mais de três meses. Céus! Parece um escritório de
alguém que morreu anos atrás. Se não fosse por Dafne, que está
sempre chamando o pessoal da limpeza, eu acho que teias de
aranhas estariam por toda a parte. Como sou descuida. Pego a lata
de lixo mais próxima e começo a abrir minhas gavetas. Tenho
revistas de moda, casa e beleza empilhadas aos montes, e todas
são edições antigas. Jogo todas no lixo. Encontro alguns pacotes
de amendoins que provavelmente estão verdes e cheios de mofo
pelo tempo guardado. Credo! Eu nunca fui porca, o que é isso? Meu
escritório deveria estar brilhando. Abro minha ultima gaveta para
descobrir um par de sapatos altos Christian Loubotin. Caramba,
esse sapato foi caro. O que está fazendo aqui?
–Srta. Cross posso entrar? – Dafne chama.

–Entre!

Dafne desliza para dentro com o meu cappuccino em mãos. Ela


o passa para mim, e eu bebo um longo gole. Acho que será
necessária muito mais cafeína para me manter despertada.

–O que a senhorita vai precisa? – A secretária pergunta-me com


as mãos em seu tablet e pronta para anotar.

–Primeiramente eu vou precisar de outro café. Segundo,


encontre Dereck Messer e peça-o para vir a minha sala assim que
puder. Traga-me todas as contas que ficaram atrasadas pela
semana que estive em Seattle e aproveite e traga-me as que ainda
serão enviadas para mim. Eu quero até as contas que não
passaram pela mão de Gideon Cross. Traga o livro de atividades
financeiras da empresa. Quero todos os processos financeiros que
foram enviados ao Dereck e que deveriam ser meus. Traga-me os
relatórios contábeis, os fiscais, os da controladoria, e também os de
estruturação. Por enquanto é só.

–Senhorita Cross desculpe se estou sendo intrometida. Mas a


algum motivo para que a senhorita precise de todas estas coisas
imediatamente?

–Sim, tem sim.

–E eu posso saber qual é? – Dafne pergunta desconfiada.

Sorrio.

–Eu estou apenas trabalhando.

A manhã passa voando, tão rápido que eu quase não acredito


que o relógio na minha mesa marca 12h00min. Acho que nunca
trabalhei tão fervorosamente como hoje. Não, eu não acho. Tenho
certeza que esta foi a primeira vez que cai literalmente de cara na
papelada. Fiquei surpresa por encontrar algumas falhas no livro de
atividades financeiras do Crossfire. Ainda mais por que o papai
verifica-o quase que diariamente. Bem, eu consertei estes erros, e
alguns outros. Fechei algumas contas, e determinei algumas
mudanças em alguns setores. Não foi tão difícil, apenas cansativo,
mas a cafeína e Dafne ajudaram-me bastante. Até mesmo Dereck
que é um excelente Diretor de Finanças ajudou-me a concluir
algumas coisas. Ele é muito inteligente, e se eu sou uma pessoa
qualificada para o meu trabalho é por que ele foi o melhor professor
para ensinar-me tudo.

Resolvo largar tudo, e deixo minha sala para o horário de


almoço. Pego os elevadores e vou para o 20º andar. As portas se
abrem e eu sigo até a parede de vidro a prova de balas. A
recepcionista que já me conhece bem permite a minha entrada e eu
sigo para o Hall da Walter Field & Leaman.

–Bom Dia Srta. Cross. Posso ajudá-la? –Lucia pergunta-me.

–Bom Dia Lucia. Você poderia avisar a Rebecca que eu estou


aqui esperando-a.

–Sim senhorita, só um momento. – Ela toma o telefone e faz


uma ligação para o escritório da minha amiga.

–Alexandra? – Uma voz reconhecível chama-me.

Viro-me lentamente para ver o homem bonito e elegante a


alguns metros de mim. Ele continua tendo cabelos encaracolados
curtos, e seus olhos são de um castanho claro leve. Por mais que
ele saiba que eu prefiro ser chamada de Alexa, ele prefere o meu
verdadeiro nome, ele sempre disse que eu tenho um nome forte,
que inspira comando, e que por isso eu deveria usa-lo sempre. Ele
sorri, e eu retribuo. Mesmo que nossa história não tenha durado
muito, mesmo que eu tenha magoado ele, e mesmo que ele ainda
sinta alguma coisa por mim. Nós continuamos sendo amigos, ou
quase isso já que não conversamos muito. Só que também
rompemos de forma amigável. Bem, ele rompeu de forma amigável.
Eu o deixei no altar no dia do nosso casamento.

–Damian. Você parece ótimo. – Digo.

–Obrigada, você está incrível como sempre. – Elogia-me. - O


que te traz a Walter Field?

–Estou esperando Rebecca para almoçar.


–Ah sim, você e Field continuam inseparáveis.

–Como carne e unha. – Rebecca diz pisando firme em nossa


direção com um sorriso carismático no rosto.

–Bem, vou deixa-las irem. Bom almoço para as duas.

–Obrigada Sr. Leaman. – Rebecca responde.

–Nos vemos por ai Damian. – Despeço-me.

–Ah Alexandra? – Damian chama. Volto-me para ele. –


Parabéns.

–Pelo o que?

–Seu namoro, está em todas as revistas.

–Oh sim. Obrigada.

Rebecca e eu vamos até um bistrô a algumas ruas do edifício do


Crossfire. O chefe da cozinha já acostumado a vir até a nossa
mesa, acaba escolhendo nosso pedido conforme ele acha que nos
agradará. Pedimos coquetel de fruta sem álcool, e assim que o
garçom trás, ficamos sozinhas novamente. Olho para Rebecca, e
sei que ela tem algo a me dizer, alguma coisa está acontecendo.
Seu sorriso está mais radiante, ela parece quase tão alegre como
quando contou que Isaac aceitou seus sentimentos.

–Diga logo o que você tem.

Rebecca sorri alargando ainda mais seu sorriso.

–Por que você acha que eu tenho algo a dizer?

–Rebecca este teu sorriso imenso não engana ninguém. Vai


contar ou não?

–Vou tirar férias na próxima semana. – Responde-me.

–Ah é isso. – Digo. - Achei que você disse que estava toda
atolada em trabalho, mas pelo jeito você conseguiu um tempinho.
–Bem, eu achei que eu teria muito trabalho, mas quando eu
cheguei descobri que Damian cuidou de praticamente tudo, ele é
muito eficiente. E não é como se eu pudesse recusar estas férias.

–Por que não?

–Por que é no Caribe, e com Isaac! – Exclama.

–Uau você vai pro Caribe? De férias, com Isaac?

–Sim, não é um máximo?

–Sim, isto é incrível.

–Nós queremos um tempo sozinhos, ainda estamos começando


as coisas, e é um pouco difícil comigo trabalhando praticamente o
dia todo, e Isaac saindo toda vez que o chamam no trabalho. Sem
contar que moramos um pouquinho longe um do outro. Acho que
essas férias vieram no melhor momento.

–Você está certa, é o melhor que você tem a fazer. Não deixe
que o trabalho interfira na vida de vocês. Rebecca você já passou
por tanta coisa para estar com Isaac, não perca isso.

–Eu não vou. Bem, vamos para de falar de mim, quero saber
como está indo você e Theodore. Agora não te vejo mais já que
você dorme todos os dias com ele. Largou-me por que ele tem um
pênis e eu não?

–Ah Rebecca você sabe que eu não te trocaria, mas o meu


menino precisa de mim, assim como o seu precisa de você.

–Ah esses homens ainda vão nos deixar loucas.

–Eu acho que isso é meio impossível. – Interfiro. – Nós já somos


loucas sem eles.

Depois do meu curto almoço com Rebecca, voltei para o


escritório e trabalhei o resto da tarde. Em nenhum momento dei de
cara com Gideon, e apostaria meu salário que ele não fazia ideia de
que eu estava no meu escritório. Já que eu quase nunca estou, e
quando venho para o serviço costumo ficar passeando entre os
corredores, e checando coisas não muito importantes nos outros
setores. Mas agora é diferente, agora eu sei que eu tenho que
trabalhar de verdade para que meu pai veja as diferenças. Eu sei
que sou boa no que eu faço, eu só tenho que provar com atitudes,
não com palavras. Assim como Theodore me alertou.

Mas tarde eu saio do escritório, e resolvo fazer uma visita para


uma pessoa a quem eu provavelmente devo explicações. Pego o
carro e dirijo até o Brooklyn, cerca de meia hora depois eu paro
meu carro no estacionamento da Academia. Caminho até a entrada,
cumprimento alguns instrutores que eu conheço bem, passo por
Gina – A recepcionista – e sigo para o outro lado da construção,
nas salas reservadas. Conheço tudo muito bem por aqui, venho
desde que era uma adolescente. Entro no corredor a direita que
leva para as salas de artes marciais. Abro um conjunto de portas e
encontro ele onde sempre está. Isso aqui é praticamente sua casa,
ele passa mais tempo nesse tatame do que em qualquer outro
lugar.

–Thomaz! – Chamo sua atenção.

Ele para de trocar socos com o seu oponente que por acaso é
um aluno que eu conheço. Thomaz se vira, e sua expressão
endurece. Parece bravo, não eu sei que ele não está bravo, talvez
chateado. Ele retira as luvas de suas mãos e as abandona no chão
e vem caminhando na minha direção.

–O que você está fazendo aqui? – Pergunta-me com aquela


grosseria tão comum.

–Vim ver você, tudo bem?

–Estou ótimo, era só isso? Agora cai fora.

Ele se vira e começa a caminhar de volta para o tatame.

–Thomaz seu babaca, volta aqui!

–O que você quer porra? Você sumiu um tempão, não me deu


nenhuma merda de explicação, e agora você aparece do nada
querendo ver se estou bem?
–Não é como se eu tivesse que dar explicações para você. Mas
eu fiz, ou pelo menos tentei, você viu a mensagem que eu te
deixei?

–Eu vi Alex, mas a mensagem não dizia muita coisa. Tudo bem,
eu entendi que você foi viajar para Seattle a trabalho, e nesse
tempo você não teve cinco minutos para fazer uma ligação. A
propósito eu vi você e o engomadinho nas revistas, parabéns pelo
namoro que eu nem sabia que existia.

–Eu não tinha como te contar sobre isso, aconteceu muito


rápido. – Murmuro.

–Você me disse que não queria mais namorar depois do que


aconteceu com seu outro namoradinho play boy. Eu te ofereci o que
você queria Alex, relacionamento sem compromisso. Mas você
negou, e agora aparece com essa.

–Oh você está irritado por causa disso? Thomaz o que tivemos
acabou, e eu pensei que você soubesse disso.

–Agora eu sei Alex, agora eu finalmente sei.

–Eu amo você Thomaz, como amigo, não faz isso comigo ok?

–Você gosta dele?

–Grey? Sim, eu amo ele de verdade.

–Eu espero que isso seja verdade, você precisa de um rumo na


sua vida Alex.

–Você parece o meu pai falando. – Rolo os olhos.

–Esqueça essa porra, ta? – Ele diz fazendo um gesto com as


mãos ao redor. – Eu fiquei chateado que você parou com as visitas,
sinto falta de te ensinar a dar uns bons chutes.

–Não seja por isso, eu vou dar uns bons chutes no seu traseiro
por ser um idiota.

Ele me fuzila com os olhos, e vira-se de costas para mim.


–Tim! Vai lá dentro e traz umas luvas pra essa pirralha. –
Thomaz se dirige ao aluno que ainda está no tatame. Então ele se
vira para mim, olhando-me de cima a baixo, seus lábios se curvam
em um sorriso. – Vamos ver quem vai chutar o traseiro de quem.

oOo

Capitulo Cinquenta e Um - Estressada

oOo

Theodore, Ana, Phoebe e Sophie estão sentados ao redor da


mesa para o café da manhã. Meu namorado está fazendo sessões
com a psicóloga todos os dias, bem cedo. Ele também vai ao
médico para exames, e pratica esportes todas as tardes. A noite é
quando ele precisa relaxar, comer bem, e dormir bem. Ele está
seguindo tudo corretamente, ainda mais com a Sra. Grey em cima
dele o tempo todo. Ela é uma mãe muito preocupada e quer sempre
estar ao lado do filho, assim como Phoebe, que é uma irmã
maravilhosa e atenciosa. O Sr. Grey também é um bom pai, e tenho
certeza que estaria aqui ao lado da esposa e filhos se ele pudesse.
Infelizmente alguém tem que cuidar das empresas, e ele se
ofereceu para fazer já que ele é o mais capaz. Claro que quando
formos para Aspen amanhã, ele também vai. Então eles apenas
vão se certificar de deixar as coisas organizadas antes de partirem.

–Sophie você acha que Teddy está em condições de viajar


agora? Não seria incomodo, ainda mais no meio de seu
tratamento? – Ana pergunta com sua atenção voltada para a
psicóloga.

–Mãe é claro que eu posso viajar. – Theodore diz.

–Sra. Grey eu não permitiria e os médicos também não se fosse


um problema, mas não será. Theodore está indo muito bem, e este
tempo em Aspen será realmente bom para ele. –Sophie responde.

–Mas Sophie por que você não vem conosco? Eu me sentiria


melhor com alguém por perto para olha-lo. – Ana prossegue.
–Mãe já conversamos sobre isso, eu estou bem, e vou ficar bem.
– Theodore afirma.

–Ana o Theodore já entendeu os riscos de não seguir com o


tratamento, e ele me garantiu que fará tudo certo, e eu tenho
certeza que com a presença da Alexa as coisas ficaram no lugar. –
Sophie sorri e pisca para mim.

O negócio é que eu e Sophie tivemos algumas conversas


particulares. Ela me contou mais sobre o caso da doença de
Theodore. Ajudou-me a lidar, e aprender mais sobre isso. E agora
eu sei o que Theodore pode ou não fazer, vou ficar de olho nele.
Posso controlar tudo, e com toda a certeza é o que farei.

–Não se preocupem do que depender de mim Theodore apanha


se não seguir tudo certinho. – Digo, e como para comprovar que
estou falando a verdade descanso minha mão sobre a coxa do meu
namorado e aperto firmemente minhas unhas contra o material da
calça. Ele se mexe sobre a cadeira, e eu ergo os olhos para
encontra-lo fuzilando-me com aquele olhar azulado.

–Essa seria uma cena que eu gostaria de ver. – Phoebe


murmura. – Theodore sempre foi o filhinho de papai e mamãe,
nunca levou um tapa mesmo que estivesse errado.

–Você fala como se tivesse sofrido tanto. – Theodore interfere. –


Mas que eu saiba a princesa aqui nunca levou um tapa, e era uma
fedelha encrenqueira.

–Vocês dois parem. – Ana interrompe. – Se você acha que vai


ficar tudo bem, então eu acredito em você Sophie. E com certeza
estarei contando com a ajuda sua Alexa.

–Ótimo. – Phoebe diz. – Então está tudo acertado, amanhã


voamos para Aspen. Encontraremos papai, Peter, a Tia Katy e tio
Elliot, e a tia Mia e o tio Ethan no aeroporto. Depois podemos
apresentar a casa para Alexa.

–Bem, que bom que as coisas estão acertadas. Mas eu tenho


que ir, estou com muito trabalho, e quero deixar as coisas bem
organizadas antes de viajar. O café estava delicioso como sempre
Ana, com licença. – Digo.

–Alexa. – Sophie chama minha atenção. – Posso falar com você


um segundo? Prometo que será rápido.

–Tudo bem. – Concordo.

Vou para o quarto pegar a minha bolsa, e Sophie me segue. Ela


encosta a porta assim que entra, e vira-se na minha direção.

–Então o que foi? – Pergunto.

–Isto é para você.

Ela mexe no bolso de seu casaco, e retira uma embalagem


pequena, e estende para mim. Relutante eu a tomo em minhas
mãos para ver que é uma cartela, não uma qualquer e sim uma
escrito “Anticoncepcionais”. Olho para ela sem compreender muito
bem o por que daquilo.

–Ann, eu não me lembro de ter pedido isso. – Digo.

–Não foi você que pediu, ele apenas confia em mim para tudo,
você sabe.

–Ele? Theodore pediu isso para você?

–Alexa minhas consultas com Theodore não são apenas para


conversar sobre sua doença, e sim, sobre qualquer coisa que ele
estiver disposto a me dizer. Apenas aceite, e use. Eu verifiquei com
alguns colegas de trabalho e é totalmente seguro.

–Tudo bem, obrigada por isso Sophie.

–Estou aqui para qualquer coisa que vocês precisarem. – Ela


diz. – Agora só vou vê-los em duas semanas, quando vocês
voltarem de Aspen. Aproveite a viajem, e tente relaxar o máximo
possível. Não só ele, você também. Ambos precisam.

–Eu vou, tenha certeza que eu vou, obrigada mais uma vez
Sophie.
Dou um abraço rápido nela, e volto para a cozinha, despeço-me
de todos. Theodore insiste em me acompanhar até o meu carro na
garagem. Nós caminhamos em silêncio por todo o caminho, até eu
não aguentar mais segurar a minha língua.

–Você pediu anticoncepcionais para Sophie. – Digo, não é uma


pergunta, apenas estou afirmando.

Ele para de caminhar e se vira para mim, um sorrisinho aparece


no canto dos seus lábios.

–Sim, o que é que tem?

–Por que você apenas não pediu para mim? Quer dizer, eu
consegui lidar bem com isso, só que é apenas estranho que sua
psicóloga, e também amiga de toda a sua família me diga que
vocês conversam sobre muitas coisas, inclusive sobre mim, e em
seguida me entrega isto.

–Alexa ela conhece muitos médicos, eu apenas quis me certificar


de que ela conseguiria algo seguro, e rápido. E você está ocupada
com o seu trabalho, eu achei que podia cuidar disso.

–Tudo bem. É tão importante para você que eu tome isso?

–Sim, é importante. – Theodore abre a porta do meu carro, e eu


me sento no banco do motorista, ele se abaixa na altura do meu
rosto, e sussurra perto do meu ouvido. – Eu não quero nada entre
nós nestas duas semanas.

Viro-me e dou um beijo suave nos seus lábios.

–Tudo bem. – Concordo. – Vejo você à noite.

Quando eu paro em frente ao Crossfire, Angus surge ao lado da


minha porta, ele faz questão de abri-la, e estende-me sua mão
coberta por luvas brancas.

–Srta. Cross. – Cumprimenta-me.

–Olá Angus, como você está?


–Bem, e a senhorita?

–Muito bem, você pode encontrar um manobrista para mim?

–Sem problemas, eu cuido disso senhorita.

–Ótimo, tenha um bom dia.

–Igualmente senhorita Cross.

Sigo para as portas do Crossfire, atravesso o Hall, cumprimento


as recepcionistas, e vou em direção aos elevadores. As portas
estão prestes a fechar quando o segurança ao lado põe a mão para
segurar as portas abertas. Um segundo depois uma Eva Cross
muito bonita, elegante, e cheia de charme toma o lugar ao meu
lado.

–Obrigada Alan. – Ela agradece ao segurança, que acena e


deixa as portas livres para se fecharam. Eva olha para mim com
uma expressão curiosa, estamos nós duas sozinhas nos
elevadores. Ela empurra a alça de sua bolsa para cima do ombro
direito antes de falar. – Vamos almoçar hoje, no bistrô a duas
quadras.

–Eu vou almoçar com a Rebecca mamãe. – Digo.

–Não Alexa, você vai almoçar comigo. Eu quero saber


exatamente o que aconteceu entre você e seu pai, tenho certeza
que não estão se falando. Gideon está sempre de mau humor
quando vocês brigam.

–Foi ele quem começou, e por um motivo estúpido. – Respondo.

–Não importa, eu quero saber de tudo. Inclusive que viagem é


esta que você vai fazer amanhã e eu não estou sabendo? – Ela
ergue a sobrancelha, seu tom de voz é acusador.

–Como você sabe sobre a viagem?

–Cary me contou, foi Isaac quem disse a ele depois que


Rebecca deixou escapar. Aliás, obrigada por me contar que
Rebecca e Isaac estão juntos. – Agora ela parece brava.
–Bando de fofoqueiros. – Murmuro.

–Alexa você não tem me contado mais nada sobre sua vida,
estou descobrindo as coisas pelos outros. Justo eu, a pessoa que
você sempre recorria quando precisava de ajuda. Estou
decepcionada.

As portas do elevador se abrem e eu pulo para fora com passos


firmes. Viro-me na direção de Eva, e lanço meu olhar mais frio.

–Escute aqui mãe, eu amo a senhora e o papai, mas vocês tem


parar com isso. Eu sempre vou recorrer a você e ao papai quando
eu precisar, e espero que vocês estejam de braços abertos me
esperando. Mas eu estou bem crescida, eu tenho a minha vida
agora, eu tenho um namorado, tenho amigos, tenho um trabalho, e
uma casa, eu sou independente. Estou tão cansada de todos
dizerem o que eu faço de errado, ou o que deixo de fazer que era
certo. A vida é minha! Se eu tiver que errar, que seja vou aprender
com isso. Mas antes você tem que me deixar ser livre.

–Alexa eu...

Não espero que minha mãe diga mais nada, viro-me e caminho
direto para o meu escritório, ignorando Vivian com um olhar
chocado, e Dafne assustada. Deve ter sido realmente um show.
Alexandra Cross gritando com sua própria mãe, a tão perfeita Eva
Cross.

Passo a manhã trabalhando incansavelmente. Leio pilhas e


pilhas de papéis, assino documentos, mando rever várias planilhas.
Recebo a visita de Dereck, que vem para me elogiar pelo meu
trabalho e por meu esforço. Isso realmente me deixa gratificada, e
com mais força de vontade para continuar. Nestes últimos dias que
resolvi mostrar que sou uma funcionária qualificada, tenho feito
mais do que já fiz em anos. Eu cuidei de todos os serviços que
estavam atrasados pela semana que passei em Seattle, eu cuidei
dos meus serviços atuais, e já adiantei o serviço para três semanas,
assim garanto que minhas férias em Aspen não serão um problema.
Ainda assim baixei vários arquivos no meu laptop assim posso
trabalhar, mesmo que eu esteja do outro lado do país. Perto do
horário de almoço recebo uma mensagem da minha mãe.
“Almoce comigo, por favor?”.

Acabo cedendo por que não gosto de estar brigada com ela.
Envio uma mensagem concordando em encontra-la no bistrô e
envio outra para Rebecca avisando da presença da minha mãe em
nosso almoço. Pego minha bolsa, despeço-me de Dafne e sigo para
os elevadores. Meu trabalho no Crossfire terminou, fiz tudo o que
podia e muito mais, se isto não for suficiente para Gideon, então eu
não sei o que ele quer de mim. Rebecca está esperando-me nas
portas giratórias de saída do Crossfire, ela sorri e eu retribuo.

–Então o que sua mãe quer? – Pergunta-me.

–Ela sabe que papai e eu estamos brigados, mas não sabe o


motivo. Também está chateada por eu não ter contado sobre você e
Isaac. E ela descobriu sobre a viagem agora, e acha que eu é que
não quis contar. Eu ia contar! Só que eu simplesmente estou com
tanta coisa na cabeça esta ultima semana que eu esqueci
completamente da minha mãe.

–Entendo. Olha, não se preocupe Alexa. A tia Eva não é como o


seu pai, ela sempre está do seu lado, e mais uma vez eu tenho
certeza que ela vai entender você. Eu estou vendo com os meus
próprios olhos como você está se esforçando. Olhe só para você,
está exausta, tem trabalho dia e noite para provar ao seu pai algo
que você já é. Por que pra mim você é competente, você é
responsável, você é madura, você é a herdeira perfeita para
comandar o império de Cross.

–Obrigada Rebecca. – Agradeço. – Mas eu não estou querendo


só provar ao meu pai, isso é para provar a mim mesma que eu sou
capaz.

Rebecca sorri e balança a cabeça.

–Está funcionando? – Pergunta-me.

–Ah, com certeza está! Vamos!

Rebecca e eu chegamos ao Bistrô e procuramos por minha mãe.


Infelizmente eu a encontro sentada em uma mesa de quatro lugares
ao lado de Gideon Cross. Não acredito que ela não mencionou que
ele estaria aqui. Na verdade eu não sei o que ele pode querer
comigo. Mas antes que eu possa fugir porta a fora, mamãe me vê e
acena. Rebecca me dá um sorriso encorajador e segue ao meu
lado.

–Olá tia Eva, Sr. Cross. – Rebecca os cumprimenta, e senta-se


ao meu lado.

–Oi Rebecca, como você está? – Mamãe pergunta.

–Bem. Aliás, eu e Isaac estamos bem, desculpe não mencionar


sobre o nosso relacionamento, é que as coisas estão muito corridas
ultimamente, tanto na minha vida, quanto na da Alexa. – Rebecca
responde, e neste momento eu sinto vontade de abraça-la por que
eu sei que ela não precisava ter mencionado o meu nome, mas é
claro que ela faria, ela é a melhor amiga que pode existir no mundo.

–Compreendo. Bem, o importante é que todos estão bem. – Eva


diz, e então seus olhos focam em mim. – Desculpe por hoje cedo
Alexa, você está certa. Eu vivo tentando fazer o seu pai entender
que você cresceu, no entanto acabei agindo como se você fosse
minha pequena menininha outra vez.

–Tudo bem mãe. Sinto muito por gritar com você, eu não queria,
mas perdi a cabeça.

–Vamos esquecer isso, tudo bem meu amor?

–Tudo bem. – Concordo.

–Ah Eva! – Papai exclama. – Por favor, nós vamos ficar agindo
como se aceitássemos tudo o que Alexa faz de errado?

–Gideon. – Mamãe repreende-o.

–Por que você me chamou para esse almoço? – Papai pergunta


um pouco irritado. – Eu não vou voltar atrás no que disse. Ainda
acho que Alexa é irresponsável, acho que ela está brincando com
Grey, e que este relacionamento não vai muito longe, além de que
vai acabar com a carreira dela.
–Gideon chega! Nós não viemos para aqui para discutir. – Eva
prossegue. – Então querida, para onde você pretende viajar com
Grey?

–Viajar com Grey? – Gideon cospe as palavras. – Que diabos de


viagem é essa? Você não pode viajar. Você ainda é minha
funcionária e que eu lembre-me não te dei férias.

Eu não posso fazer isso. Simplesmente não consigo. Nunca foi


tão difícil lidar com Gideon Cross antes, mas agora tem sido um
inferno todas as vezes que nos encontramos. E ele é mais do que o
meu chefe, ele é meu pai. Ao mesmo tempo em que tenho vontade
de manda-lo para o inferno, sinto-me terrivelmente culpada somente
pela ideia passar na minha cabeça. Tudo bem, eu entendo que ele
tenha medo que eu cometa meus erros novamente. Mas assim não
dá, eu não posso mais aguentar este tratamento. Tudo tem um
limite, e o meu limite com Gideon terminou. Levanto-me da minha
mesa, minha cadeira faz um estrondo ao ser arrastada com força
para trás, puxo minha bolsa e coloco sobre o meu ombro. Rebecca
faz o mesmo para me acompanhar.

–Escute aqui Gideon Cross. – Aponto um dedo em direção ao


meu pai. – Você não tem o direito de falar assim comigo. E eu vou
viajar sim queira você ou não. Quer me demitir? Tudo bem demita!
Agora se me derem licença, eu tenho algumas malas para arrumar.

Viro-me e caminho para rua, não me importo que todos dentro


do bistrô estejam me olhando, ou que provoquei uma cena que
envergonha meu pai. Não me importo com nada, além de saber que
Rebecca está ao meu lado, e de que eu estou indo para casa fazer
as minhas malas, e viajar para Aspen. Bem, bem longe daqui.

oOo

Capitulo Cinquenta e Dois: Conquistada

oOo

Foram sete horas e trinta minutos de voo de Nova York até


Aspen no Colorado. Devo dizer que apesar de ter ficado tremendo
no meu assento, eu não estava com medo. Simplesmente adorei
tudo na cidade, as coisas eram tão bonitas, tão naturais,
completamente diferentes da bagunça na cidade. As casas em
geral são de tijolos vermelhos, ou pintados em cores berrantes. O
céu é de azul muito claro, as arvores são de verdes profundos, mas
com pontas amareladas nas folhas. As ruas, as calçadas, os
telhados, as montanhas rochosas e os picos mais altos são
cobertos por neve, é belíssimo.

Nós nos encontramos com o resto da família no aeroporto, e


seguimos em diferentes automóveis para a casa dos Grey’s. Era
tanta gente reunida que eu não conseguia pensar que teríamos um
momento de paz. Mas fiquei feliz em ver Christian e Ana juntos, e
rever os tios e as tias de Theodore, bem como seus primos. Phoebe
estava morrendo de saudades do marido depois de passar uma
semana longe dele e, Ava estava empolgadíssima como sempre.

–Oh! Estamos quase chegando, olhe Alexa, olhe a montanha de


Aspen! – Ava aponta para fora da janela o pico mais elevado entre
três montanhas. – Nós vamos esquiar lá, não é demais?

–Ótimo, mas antes alguém precisa me ensinar a esquiar. –


Comento.

–Eu tinha esquecido que você nunca praticou esportes na neve.


– Ela diz. – Bem, não vai ser um problema, todos nós sabemos.
Menos Peter, ele se recusa até mesmo a aprender.

–Você vai me ensinar a esquiar? – Viro-me para Theodore que


está sentado ao meu lado muito quieto.

–Se eu disser que é muito perigoso para você, que apenas nas
tentativas você pode quebrar o pescoço. Você desistiria?

–Humm não.

–Foi o que eu pensei. – Ele sorri e balança a cabeça


concordando. – Eu vou ensina-la.

Eu vou para dar um beijo nele, mas antes Ava puxa o meu braço
e empurra-me em direção a janela, apontando alguma coisa no alto.
Eu presto atenção enquanto contornamos um vale, torcendo por
uma estrada de montanha. Quanto mais subimos, mas nítida a
imensa casa dos Grey’s fica. Connor desacelera o carro, e para em
frente a impressionante casa. Duplas fachadas com agudos
telhados e construído de madeira escura.

–É linda. – Comento admirada.

Theodore abre a porta do carro, e desce. Em seguida me ajuda a


descer. Todos pulam para fora do carro, enquanto Connor retira as
malas. Connor entrega as chaves do carro para Theodore e carrega
as malas para dentro da casa, menos as nossas. Nossas malas
continuam no bagageiro. Ana se aproxima com um sorriso morno,
enquanto todos os outros já correram do frio direto para dentro da
casa.

–Mãe nós vamos descansar, e voltamos amanhã. – Theodore


planta um beijo no rosto de Ana.

–Tudo bem querido. Vamos esperar por vocês.

–O que houve? – Pergunto confusa por que somos os únicos na


rua e o que está me parecendo é que não vamos ficar.

–Uma pequena surpresa. – Ana responde, ela se aproxima e me


abraça para depois se afastar.

–Entre no carro Alexa. – Theodore pede.

Sem entender muita coisa, eu dou a volta ao redor do carro, e


afundo no banco do passageiro. Theodore liga o carro, da à volta, e
sai pelo portão, seguindo pela estrada colina a cima.

–Não vamos ficar com sua família, não é? – Pergunto.

–Não, não vamos. – Responde-me com um sorrisinho sem tirar


os olhos da estrada.

–Onde nós vamos ficar então?

–Lá. – Theodore aponta para frente. – Vamos ficar lá em cima.


Eu sigo o movimento de suas mãos, e olho para o topo da colina
onde ele está apontando para uma grande casa de madeira, estilo
chalé, porém muito maior.

–Vamos ficar lá em cima? Tipo, você e eu, só nos dois? –


Pergunto maravilhada com a ideia.

–Exatamente. Você gostou? É grande, e está perto da casa dos


meus pais então podemos descer a colina sempre que quisermos
vê-los.

–É perfeita. Você planejou tudo isso sozinho, como conseguiu


alugar a casa na alta temporada?

–Esta é minha Alexa.

–Uau é sua casa? Estou curiosa para saber como você decorou
sua casa. Há quanto tempo você tem ela?

Ele estaciona em frente à casa, e descansa as mãos sobre o


volante quando seus olhos azuis me fitam com uma intensidade
incrível. Um sorriso se curva nos seus lábios enquanto me observa
aguardando sua resposta.

–Eu tenho essa casa a pouco menos de uma semana, e estava


esperando que você pudesse me ajudar a decora-la da melhor
forma, por enquanto teremos de inaugura-la com a decoração que
veio. – Responde-me.

–Ah meu deus, você comprou esta casa a menos de uma


semana?

–Bem, sim foi isso. Eu acho que você queria ficar sozinha
comigo, certo?

–E por isso você comprou uma casa imensa no alto de uma


colina com uma vista incrível?

–Você merece o melhor meu bem.

–Theodore eu amei, é perfeito, é a melhor surpresa que você


poderia ter feito para mim. - Inclino-me até ele e o beijo.
–Essa ainda não é a minha surpresa para você. – Theodore
murmura com os lábios próximos aos meus.

–Então eu mal posso esperar para descobrir o que é.

–Venha, vamos conhecer a nossa casa.

Theodore não percebe, mas eu estou pasma ao ouvi-lo dizer


“nossa casa”. Ele já havia dito que o escala era “nosso” e agora
mais esta. A cada dia ele me surpreende mais, e depois de
descobrir que ele fez tudo isso por mim, eu nem posso imaginar
qual surpresa poderia superar esse lugar incrível e lindo que ele
comprou para nós dois.

Eu sigo Theodore pelos degraus de pedra escura, enquanto


caminhamos até a porta principal. Ele retira uma chave do bolso do
casaco e o coloca na fechadura, e então empurra a porta aberta.
Faz-me um sinal para que eu entre na sua frente, e é o que eu faço.
Encontro-me na entrada de uma sala ampla, as paredes são de
tonalidades claras, mas os móveis e as pesadas cortinas de tecido
são escuras, em tons profundos de vermelho e marrom. Meus olhos
encontram uma grande lareira de pedra que domina o ambiente.
Imediatamente lembro-me das coisas que Rebecca me disse, e
pela primeira vez considero que pode ser uma boa ideia. Theodore
entra atrás de mim e coloca nossas malas no chão, retira seu
casaco e o joga sobre o sofá de couro marrom.

–Vamos fazer um tour? – Pergunta-me.

–Vamos encontrar o nosso quarto. – Corrijo-o.

–Como você quiser senhorita.

A casa tem três quartos, sendo que dois são suítes. Theodore e
eu escolhemos a suíte mais acolhedora e com uma vista
maravilhosa da montanha de Aspen. Desfiz as nossas malas e
guardei nossas coisas, enquanto Theodore se ariscou a preparar
alguma refeição na nossa cozinha. Com as nossas coisas
guardadas nos devidos lugares, eu resolvi descer para procura-lo.
Há algum tempo eu estive ouvindo alguns ruídos, barulhos que me
lembraram de copos quebrando, talheres tinindo, e maldições
sendo pronunciadas. Isso me levou a acreditar que Theodore não
estava se dando bem com a cozinha, o que me levou a um novo
tópico, e se ele estivesse acabando com a cozinha recém-
inaugurada? Apressei meus passos pela escada, porém parei no
vão da porta para observa-lo.

Meu belo homem com um avental branco amarrado frouxamente


ao redor da cintura, a camisa branca suja de molho, as mangas
dobradas até seus bíceps. Sobre o balcão cumprido de mármore
negro estava ingredientes, de todos os tipos. Trigo, sal, farinha,
tomates, cebolas, batatas, massa, e açúcar. Jesus, que diabos esse
homem quer fazer com açúcar. Eu o vi lutar com uma panela de
molho fervente, mexendo muito precipitadamente o molho, fazendo-
o transbordar fora da panela. Outro caldeirão estava sobre a
chama, nesta uma quantidade absurda de massa estava sendo
preparado. O que é isso? Ele está preparando uma refeição para
quantas pessoas? Vinte? Foi então que o cheiro de queimado
chegou flutuando até mim. Olhei em direção ao forno para vê-lo
alcançar a temperatura de 350º torrando o que parecia ser alguma
torta contida lá dentro.

–Meu amor eu acho que tem alguma coisa queimando. –


Comentei.

– Merda! – Theodore soltou algumas maldições, abandonou as


panelas, agarrou uma luva de cozinha e abriu a porta do forno
enfiando a mão lá dentro e trazendo o pirex para fora. – Porra, está
merda está queimando meus dedos.

Contive um sorriso e o observei abandonar o pirex de lado sobre


o mármore, lançar as luvas para fora de sua mão e voltar para o
caldeirão de massa que neste momento estava expelindo agua
sobre a borda. Ele foi desligando as chamas, puxando um
escorredor de macarrão colocando-o na pia para retirar a massa.
Nem sequer por um momento ele lembrou-se do forno aquecido a
350º graus que ainda estava ligado. Avancei até ele, desliguei o
forno, retirei o pirex de cima do mármore frio. Empurrei-o de lado,
escorri o macarrão, e retirei o molho para por em uma travessa.
Infelizmente o fundo deste já estava queimado.
–Infernos, como isso queimou? – Theodore praguejou olhando
para o pirex com um pouco de decepção.

–Tudo bem amor, você tentou. – Suspiro. – Agora vamos deixar


essa bagunça de lado, e subir, eu estou cansada da viagem e quero
tomar um banho.

–Mas, e a comida? – Theodore aponta para os três quilos de


macarrão que ele provavelmente cozinhou. Uma massa pegajosa, e
de aparência horrorosa.

–Sabe, eu não estou mais com tanta fome. – Respondo.

Theodore se aproxima da panela com molho, e coloca um pouco


sobre a palma de sua mão e então prova. A careta que vem a
seguir é tão hilária que eu não posso aguentar e começo a rir. Ele
franze a testa, e enruga os lábios. E eu tenho certeza que eu não
quero por aquilo na minha boca.

–O que você está rindo? – Theodore aponta com uma falsa


irritação.

–Oh você. Você está uma coisinha engraçada neste avental.

–Eu pareço engraçado é? – Ele se aproxima lentamente com um


sorrisinho sacana no rosto. Estreito meus olhos, e o ataque vêm em
seguida. Theodore passa a mão coberta de molho sobre o meu
rosto. Eu recuo para trás ainda surpresa que ele tenha feito isso,
mas recupero-me rapidamente, e parto para a revanche. – Quem
está rindo agora, hein, pequena?

Não penso duas vezes antes de enfiar as mãos no escorredor de


macarrão, e jogar uma quantidade de massa sobre os cabelos de
Theodore. Ele tenta impedir-me segurando meus pulsos, porém
acabo sendo mais rápida e ele termina com fiapos de massa por
seus cabelos, ombros, e camisa.

–Oh, que adorável, você se parece com cachinhos dourados. –


Comento rindo.

–Adorável vai ser o seu traseiro vermelho depois que eu te


aplicar uma lição.
–Isto se você puder me alcançar. – Desafio e em seguida corro.

Desvio ao redor da bancada de mármore, deslizo os pés


descalços sobre o piso e corro em direção à porta. Consigo passar
por ela, e chegar na sala, e sinto que Theodore está apenas alguns
passos atrás. Brincar de cão e gato é divertido e ao mesmo tempo
excitante. Tanto por que eu sei que quando Theodore tiver as mãos
sobre mim às coisas vão ficar quentes, realmente quentes.

Subo as escadas pulando de dois em dois degraus e no topo


faço uma pausa e olho para trás. Theodore está apenas subindo o
primeiro degrau com a maior paciência e lentidão do mundo. Apesar
de achar que isto me da uma vantagem, eu sei que esta não é a
verdade. O ponto é o olhar que ele tem em seus olhos,
determinado, confiante, e completamente certo de que ele vai me
alcançar, não importa para onde eu corro. Como se estivesse lendo
os meus pensamentos as palavras deslizam de sua boca.

–Você pode correr, mas eu vou pega-la, não importa o quão


longe você esteja eu vou alcança-la.

Eu não o respondo, mas continuo indo em direção ao nosso


quarto. Vou direto para o banheiro espaçoso, e encontro meu
reflexo refletido no espelho. Meu rosto lambuzado de vermelho.
Theodore surge atrás de mim, encontro seus olhos azuis pelo
espelho, um azul mais profundo, mais escuro do que o habitual. Ele
se aproxima, e fica parado atrás de mim. Meu corpo está
completamente alerta da sua proximidade, da familiaridade com ele,
e do calor que emitimos juntos. Ele se inclina para baixo, com o
rosto na curva do meu pescoço e o cheiro de temperos, misturado
com sua própria fragrância invadem meus sentidos.

–Peguei você. – Ele sussurra com a voz baixa provocando-me,


completamente ciente dos tremores que percorrem meu corpo. Eu
fico esperando que um dia ele não tenha esse efeito sobre mim,
mas eu acho que não devo esperar mais, por que não importa
quanto tempo se passe, Theodore é o homem capaz de despertar
todas as melhores sensações em mim.

–Por que eu deixei. – Aponto com um meio sorriso.


Ele não tenta defender o seu ponto dessa vez, ele aceita. Sem
dizer mais nada ele desliza as mãos para a borda do meu suéter de
cashmere e puxa-o sobre a minha cabeça. Em seguida minha
camiseta também está fora. Viro-me em direção a ele, e ajudo-o a
puxar sua camisa para fora do caminho. Nós levamos o nosso
tempo, tocando, acariciando, e deixando cada peça de roupa para
trás. De alguma forma eu me vejo beijando-o, e ele retribuindo. Nós
começamos tudo lendo, o toque dos lábios, a mistura das línguas,
mas a fome cresce cada vez mais pesado, um desejo que sempre
está lá quando estamos juntos, e é impossível não avançar os
limites e ultrapassar essas barreiras, é então que o beijo se torna
desesperado, que as mãos têm de estar em todos os lugares ao
mesmo tempo, que o toque tem de ser mais firme, mais forte, mais
exigente.

Theodore se desfaz da minha ultima peça de roupa, e empurra-


me para baixo do chuveiro. A agua corre quente por todo o meu
corpo, limpa o meu rosto, deixando apenas um traço de vermelho
misturado na agua aos meus pés. Eu o abraço, e o beijo
duramente. Minhas costas ficam pressionadas contra a parede, e
Theodore me ataca impiedosamente, suas mãos fortes fecham em
torno os meus seios aplicando pressão. Gemo contra os seus
lábios, puxo-o pelo cabelo querendo tudo dele, como se nunca
fosse obter o bastante. Entretanto ele se afasta, e descansa sua
testa contra a minha. Um sorriso torce suas feições, e aqueles belos
olhos azuis cristalinos me deixam zonza, completamente fora de
lugar.

–Deus, você é tão linda. – Ele murmura contra os meus lábios


inchados, minha respiração está irregular, e meu corpo tomado por
luxúria.

–Você também não é de se jogar fora. – Brinco. Quem seria


louca de não amar um homem como ele?

–Eu quero fazer tantas coisas com você que eu não tenho ideia
de por onde começar. – A voz rouca carregada de desejo me diz
que não importa por onde ele comece, sempre será inesquecível.

–Comece pelos lábios, eu realmente não me importo que você


leve toda a noite para fazer todas essas coisas.
–Como você quiser meu amor.

Theodore esmaga os lábios sobre os meus, tomando tudo de


mim, agarrando-se ao meu sabor, ao meu desejo, a minha vontade
completa de pertencer a ele. Cada golpe da sua língua é como uma
demonstração do que está por vir, do que ele pretende fazer
comigo, e do quanto ele fará sempre que estivermos juntos. Eu me
entrego completamente, dando tudo de volta para ele. Ele geme
sob sua respiração, sua própria língua empurrando em um
embaraço contra a minha. Eu o quero levar para algo maior, tanto
quanto ele quer. Minhas unhas afundam em sua carne e eu instigo-
o a continuar dando-me tudo.

Quando ele se afasta eu sou apenas uma alma necessitada,


alguém tomada por puro desejo carnal. Meus lábios doem por
estarem inchados, e eu ainda quero mais. Theodore toma seu
tempo admirando da minha visão apoiada contra a parede já que eu
não tenho certeza de que minhas pernas são seguras para me
apoiar.

–Vire-se. – A sua voz é uma ordem, um comando pelo qual eu


sinto-me obrigada a obedecer, e é o que eu faço. Viro-me e apoio
as mãos espalmadas contra a parede de vidro do box.

Theodore encheu a mão com loção perfuma e trilho o meu corpo


com sabão sobre a minha pele. Massageando e lavando minhas
costas, cintura, minhas coxas e minha perna. Deixei-me relaxar em
suas mãos, e aproveitar seu toque firme e carinhoso ao mesmo
tempo.

–Abra as pernas. – Ele ordena, e eu faço.

Ofego quando o sinto tocando e lavando-me lá embaixo. Suas


mãos e dedos formando círculos e movimentos de rotação que me
excitava ainda mais.

–De frente agora. – Exigiu mais uma vez com a voz tomada de
rouquidão.

Viro-me, vendo-o ajoelhado aos meus pés, com os olhos azuis


presos nos meus. Um olhar sério, escuro, um olhar primitivo que me
fez deseja-lo ainda mais.
Theodore desceu a boca entre suas pernas, à língua torcendo e
lambendo fundo, um gemido escapou entre os meus lábios e eu me
agarrei em seus cabelos selvagemente empurrando-o, incitando-o a
continuar com sua doce tortura contra mim. Ele levou mais rápido,
tocando-me com os dedos e provocando o clitóris. Suas mãos
agarraram firme minhas nádegas, empurrando longo e duro sua
língua, meus desejos foram acalmados quando um orgasmo longo
passou por mim, minhas pernas frágeis cederam, mas Theodore
estava lá para me segurar. Theodore me segurou em seus braços,
enquanto a agua quente corria sobre nossos corpos, e pressionou
um beijo contra a minha têmpora.

–Eu amo ver você gozando, os sons que você faz, e o modo
como olha vidrada é tão lindo. – Theodore murmura contra os meus
cabelos molhados. Eu o abraço apertado, me aconchegando no
peito amplo e molhado.

–Isso te excita? – Pergunto mordendo os lábios.

–Porra, com toda a certeza você provoca algumas reações em


mim Alexa.

Como para provar sua verdade, ele empurra o quadril contra o


meu, e sua ereção pressiona entre as minhas pernas. A chama
dentro de mim ganha à vida novamente, e eu o puxo para um beijo
molhado envolto no vapor ao nosso redor. Ele me empurra contra a
parede de vidro, pressiona seus lábios nos meus, mordendo,
lambendo e chupando. Theodore segura minhas coxas e levanta
meu peso do chão.

–Enrole as pernas ao redor do meu quadril. – Ele instrui, e eu me


agarro em seus ombros e faço como foi ordenado.

–Theodore, por favor. – Gemo sentindo seu membro duro contra


a minha entrada.

–Tudo bem amor, eu vou levar fundo como você gosta, quero te
ouvir gritar novamente quando eu te trouxer outro orgasmo.

–Sim, mais, por favor. – Imploro.


Theodore bate os quadris contra os meus, e seu pau desliza na
minha entrada. Estou molhada com suas palavras, com seus beijos,
com seus toques, e ele leva fundo dentro de mim. Sinto-o em cada
lugar, tocando nas barreiras dentro de mim. Meus dentes afundam
na carne de seu ombro enquanto ele bate contra mim com força,
empunhando cada vez, estoca depois de estocada. Meus gemidos
se misturam ao dele, e ao som da agua correndo aos nossos pés.

Meu segundo orgasmo vem ainda mais longo, e eu grito alto


dessa vez. Minhas pernas tornam-se gelatina e eu agradeço por
Theodore estar me firmando. Mas algumas estocadas e Theodore
vêm também, com um gemido rouco ele goza dentro de mim, de
uma forma muito diferente, desta vez nossos corpos estavam
unidos sem qualquer barreira ou proteção. Foi muito mais real e
mais gostoso.

–Isso foi muito bom. – Sussurro sentindo-me totalmente leve e


distante.

–Sim foi, e nós vamos fazer de novo.

–Definitivamente eu acho que nós precisamos de umas férias de


tipo uns cinco meses pra você se curar, o que acha? – Pergunto.

Theodore ri.

–Gostando de passar um tempo ao meu lado?

–Com certeza.

–Você acha que aguentaria cinco longos meses ao meu lado?

–É claro que sim. Você não está pensando em pular fora antes
disso né? Olha eu que te prendo e não te deixo ir nunca mais.

Dessa vez o som da gargalhada de Theodore enche o espaço ao


nosso redor.

–Você me prender? Eu acho que isso deve ser ao contrario, eu


devo mantê-la presa ao meu lado.
–Você não precisa me prender, eu sempre vou estar ao seu lado
por vontade própria. – Digo sinceramente.

Theodore se abaixa e beija meus lábios suavemente.

–Eu te amo demais Alexa.

–Eu também Theodore. Eu escolheria você todos os dias, eu não


me importo com o que qualquer um pense, ou com qualquer coisa
que nos afaste, eu ainda vou estar aqui ao seu lado.

–Isso é bom, por que eu te quero bem aqui. – Ele diz. – Na


verdade eu vou levar você lá pra baixo e alimenta-la, e então nós
vamos subir novamente e eu vou fazer amor com você a noite toda.

–Isso é uma grande promessa.

–É, e eu vou cumpri-la.

–Tudo bem. – Eu concordo, e me afasto dos seus braços. Saio


de dentro do box, faço uma pausa e olho para trás onde Theodore
está contemplando a visão do meu traseiro nu. – Mas dessa vez
quem cozinha é eu, tudo bem coisa sexy?

oOo

Capitulo Cinquenta e Três: Desconfiada

oOo

Aspen é um lugar realmente incrível em tudo. No nosso primeiro


dia de tour, ou melhor, no meu primeiro dia de tour pela cidade Ava
e Theodore mostraram o melhor de tudo. Nós conhecemos as lojas,
as boutiques incrivelmente chiques, os bares e restaurantes, e as
comidas deliciosas. Fizemos trilha a pé, e também de bicicleta.
Conheci áreas com vida selvagem, e até jogamos golfe em um
clube particular muito conhecido. E eu estava realmente achando
que aquilo era tudo o que tinha, e que já havia sido bom o
suficiente. Porém Phoebe mostrou uma lista com muito mais
lugares e coisas que nós faríamos naquelas duas semanas, e eu
mal podia esperar para aproveitar tudo.
Theodore me contou histórias sobre cidades consideradas
assombradas aos pés das montanhas, e prometeu mostrar-me uma
delas. Ana estava simplesmente louca para ir ver um festival de
musica que seria único este ano, e é claro que o Sr. Grey conseguiu
bilhete para todos. Nós também tínhamos outros quatros pontos
diferentes para fazer trilha. Ava queria ir ao teatro, e por isso
colocamos este como outro lugar para fazer uma visita. Mas o que
eu realmente estava curiosa para ver e conhecer era a montanha
de Aspen, também chamada de Ajax, onde aventureiros do mundo
todo se divertem praticando Snowbord ou até mesmo esquiando.
Por isso na manhã seguinte a família toda vai se juntar e subir as
montanhas, e Theodore vai ensinar-me a esquiar.

Outra coisa que eu amei em Aspen foi a nossa casa estilo chalé.
Nunca pensei que seria tão bom ficar em um lugar isolado assim,
mas eu estava com o meu namorado então as coisas estavam
perfeitas. Nós passamos algum trabalho para cozinhar, e por isso
nossa geladeira estava abastecida com comidas praticas, do tipo
que você coloca no micro-ondas e sai pronta. Fora isso
conseguimos cuidar de todo o resto. Nós acordávamos a hora que
tínhamos vontade, ou quando Ava invadia a casa e nos obrigava a
sair. Nós dormíamos tarde da noite, ou da madrugada. Passávamos
horas lendo em frente à lareira, eu contei um pouco da minha
infância, e de tudo o que fiz ao longo da minha vida até hoje e
Theodore também se abriu um pouquinho. Foi bom ouvir ele contar
dos tempos de criança, e de como ele e Phoebe brigavam bastante
para ter toda a atenção de seus pais. E eu completamente me perdi
em suas histórias no tempo em que ele esteve no exército e de
como ele herdou a paixão de seu pai por aviões, planadores, etc. O
único assunto que Theodore evitou foi à doença, mas eu podia
compreendê-lo. Ele estava em férias, comigo, e provavelmente
queria ouvir coisas boas, e não ficar lamentando, então eu não
insisti. Quando o assunto foi namoro, ele também se negou a contar
mais sobre Scarlet, a namorada do passado por quem ele foi
apaixonado e o traiu. Tanto quanto ele, eu também não queria ouvir
sobre isso, então mudamos para um assunto melhor e acabamos
fazendo amor em frente à lareira como Rebecca disse que seria
bom, e foi.
Já era tarde quando Ana ligou, e nos convidou para jantar com
toda a família em sua casa para uma comemoração especial que
ela mesma não sabia qual era. Eu tomei um banho rápido, e vesti
roupas quentes. A parte que eu menos gostava em Aspen, era que
sempre que eu tinha que sair de casa precisava me encher de
casacos grossos e quentes. Eu estou acostumada ao frio em Nova
York, mas não é nada comparado aqui, tão perto dessas
montanhas congeladas. Assim que deixei o banheiro livre,
Theodore tomou meu lugar. Fui terminar de arrumar meus cabelos,
e coloquei uma maquiagem leve no rosto. Um telefone celular tocou
próximo de mim, eu me virei, vendo o Black Berry de Theodore
vibrando sobre o aparador de madeira.

Peguei o aparelho nas mãos, esperando que a ligação fosse de


Ana, ou alguém da família, no entanto o nome na tela era de
Cornelha Viniths.

A contadora.

A vaca loira.

Fiz meu caminho para o banheiro, com o telefone celular em


mãos. Theodore me olhou surpreso, enquanto eu cruzava os
braços, e pensava em como aborda-lo.

– Seu telefone tocou, eu olhei para a tela, é a sua contadora. –


Digo, e arqueio minhas sobrancelhas esperando uma resposta.

– Tudo bem, deve ser trabalho, eu retorno a ligação mais tarde.


– Ele responde, em seguida desliga a agua a corrente e alcança
uma tolha.

– Você deveria estar descansando, não trabalhando. – Aponto.

– Alexa eu não estou trabalhando, eu juro que não faço ideia do


que está acontecendo com as minhas empresas. O que eu estou
querendo explicar é que essa ligação de Cornelha é provavelmente
sobre trabalho, e não o que está passando por sua cabecinha.

– Não tem nada demais passando pela minha cabecinha. –


Minto.
Theodore ri.

–Tudo bem Alexa, eu já estou saindo. Você está pronta?

– Eu nasci pronta amor. – Respondo, dou meia volta, e saio do


banheiro.

Saio do quarto, desço as escadas e vou para a cozinha. Estou


em duvida se devo ou não fazer o que estou pensando. Será que
Theodore ficaria bravo? Eu sei que as pessoas gostam de ter
privacidade, e eu provavelmente arrancaria o pescoço de quem
mexesse na agenda do meu telefone celular. Porem eu quero fazer
isso por um motivo bom, não ruim. Estou cansada de Theodore ter
que lidar com essa gente do serviço. E como eu já não vou com a
cara desta contadora estou com vontade de coloca-la em seu lugar.
Céus, será que ela não sabe que ele está de férias, descansando,
feliz, e comigo? Eu posso lembra-la, se ela tiver esquecido.
Theodore nem precisa saber que eu fiz isso, e de qualquer forma,
eu posso me acertar com ele mais tarde. Dou uma espiadinha para
saber se ainda estou sozinha, e busco o numero da vaca loira, em
seguida ligo. No segundo toque ela atende.

– Sr.Grey desculpe incomoda-lo tão tarde, eu sei que o senhor


está fora, mas o que eu tenho para tratar é importante. – Ela diz
com sua voz muito fina.

– É realmente um incomodo Srta. Viniths. – Respondo. – Mas


diga-me o que é tão importante que não possa ser tratado em duas
semanas que é quando estaremos de volta?

Passam alguns segundos de silêncio, quando ela resolve


responder.

– Tudo bem Sra. Cross, eu acho que posso ligar em outro


horário quando o Sr. Grey puder me atender.

– Não, você não pode ligar em um outro horário. Nós estamos de


férias, e eu acho que isso foi deixado bem claro para os
funcionários antes de partimos. Mas já que você nos interrompeu,
eu gostaria de saber qual o problema.

– É um assunto que só pode ser tratado com o Sr. Grey.


– Se for realmente importante eu vou passar para ele, caso o
contrário você só poderá contata-lo quando ele voltar.

– Entendo Srta. Cross. Bem, o presidente da Turner está


querendo uma resposta sobre suas contas. Foi passado para mim
que o Sr. Grey estava interessado em compra-las, porém não
temos sua assinatura ainda e Victor não pode fechar o negócio.

– Victor? Você está querendo dizer que essas contas são


daquela empresa na Flórida que Victor insiste que Theodore
assine? – Pergunto.

– Sim, exatamente. Victor precisa da assinatura para fechar o


negócio.

– Mas aqueles documentos estavam incorretos, eu analisei as


contas e os números não batia, isto foi corrigido?

– Sim Srta. Cross eu pessoalmente cuidei disso, e realmente não


era nada, apenas algum erro de digitação, as contas estão
perfeitamente corretas.

– Sei... Bem, o que você espera que Theodore faça, nós


estamos muito longe para que você obtenha a assinatura dele.

– Eu sei senhorita, mas Victor conversou com o presidente da


Turner, e ele concorda em nos vender a empresa se o Sr. Grey fizer
uma videoconferência aceitando o acordo. Eu esperava que ele
pudesse fazer mesmo estando longe.

– Entendo, mas Theodore realmente não quer se preocupar com


o trabalho agora. Deixe isso para quando ele voltar.

– Mas Srta. Cross está conta é única, uma oportunidade


realmente boa para perdê-la. – Cornelha insiste.

– A ultima vez que eu analisei aqueles papéis eu tinha certeza


absoluta que havia um problema Srta. Viniths, eu sei muito bem o
que eu vi naquelas contas. Então escute bem o que eu vou dizer,
não pode ter sido apenas um erro de digitação. E eu poderia provar
que continha uma fraude naqueles documentos se o serviço não
tivesse sido passado a você. Neste momento eu estou realmente
desconfiada da lealdade sua para com a sua empresa. E é por isso
que quando eu voltar, vou pessoalmente analisar essas contas, e
eu juro que se houver algum erro os envolvido vão ser punidos.

– Srta. Cross você deve estar enganada, eu tenho certeza que


tudo está correto.

– Nós vamos ver, com certeza vamos. Agora não volte a ligar,
por favor, nós estamos de férias, lembre-se disso.

– Sim senhorita, sinto muito. Aproveitem as férias.

Desligo o telefone, e tento controlar a minha raiva. Eu sei que


tem algo errado. Não é apenas a intuição, eu vi aqueles
documentos com os meus próprios olhos. Sei que não pode ter sido
apenas um erro de digitação. A forma como os números foram
classificados eram para passar despercebidos. Como se uma
grande quantia fosse desviada, mas ninguém nunca fosse perceber.
A não ser uma diretora de finanças, um contador, ou qualquer um
na área da matemática. Quem fez os documentos, foi com a
intenção de passar diretamente para o presidente da empresa,
nesse caso Theodore, para que assinasse sem perceber o erro que
estaria cometendo. E Victor, ele estava pronto para pegar a
assinatura de Theodore aquele dia no restaurante, no entanto não
foi possível por que Theodore aceitou minha ajuda para ver os
documentos. Naquela época eu não desconfiei de Victor , achei que
poderia ser o próprio presidente das empresas que mandou
elaborar o contrato e teria fraudado. Mas agora, pensando melhor, é
claro que poderia ser Victor. Ele estava desesperado para obter a
assinatura, e tenho certeza que não gostou quando eu pedi mais
tempo para Theodore. Só que, se Victor fraudou os documentos, eu
consegui ver a fraude, Cornelha como uma contadora eficiente
também conseguiria. E isso é o que está pegando. Como Cornelha
não viu?

O que eu vou fazer agora? Se eu contar para Theodore, ele vai


dizer que Cornelha pode cuidar disso, ou ele pode cuidar disso.
Mas eu não quero que ele tenha que lidar com o trabalho agora que
ele está se recuperando. Por que se houver mesmo uma fraude,
Theodore terá que voltar para Seattle e verificar isto pessoalmente.
Ele ainda está em fase de recuperação, ele pode ter uma recaída
com todo esse incomodo, e eu não posso deixar isso acontecer. Eu
tenho que fazer alguma coisa. Sim, eu tenho. Mas o que? E como
eu posso fazer algo sem contar com Theodore? O que eu posso
fazer se eu estou tão longe do meu escritório, dos meus contatos
importantes de Nova York, e da minha secretária. Minha secretária!

Disco para o numero pessoal de Dafne, e aguardo. No terceiro


toque ele atende.

–Alô?

–Dafne, sou eu Alexa.

–Srta. Cross? – Ela pergunta.

–Sim, escute preciso que faça alguns serviços para mim.

–Claro, estou ouvindo. A Senhorita não estava em Aspen?


Voltou tão cedo.

–Eu ainda estou em Aspen, Dafne. – Respondo e continue. –


Anote tudo. Preciso que você entre em contato com Natalie, a
assistente pessoal de Theodore.

– Sim senhora, contatar Natalie, assistente pessoal do Sr. Grey.


O que eu devo fazer?

– Você precisa pedir a ela que consiga os documentos que


possuem as contas das empresas Turner na Flórida. Mas ninguém,
absolutamente ninguém pode saber que ela está com esses
documentos. Caso ela não consiga mantê-los por muito tempo, faça
uma cópia. Você entendeu Dafne?

– Sim Srta. Cross. Devo pedir a Natalie que consegue os


documentos das contas das empresas Turner na Flórida, sem que
ninguém saiba.

–Exato. Em seguida leve este documento para o Dereck Messer.


Diga que eu preciso que ele olhe essas contas e veja se há algum
problema, qualquer coisa, até mesmo uma fraude.
–Tudo bem entendi. Mas Srta. Cross e se Natalie se negar a
pegar os documentos?

–Você vai dizer a ele que é uma ordem de Theodore.

– Se ela não acreditar?

–Oh cristo! Ela tem que acreditar, ela não vai contrariar uma
ordem do próprio chefe. Mas se ela não concordar, passe o meu
numero para ela, e eu vou convencê-la a pegar os papeis.

– Tudo bem, eu vou fazer isso.

– Bom, e lembre-se que ninguém pode saber.

– Pode deixar, até mais senhorita Cross.

Desligo o telefone muito mais esperançosa. Se Dafne fizer o que


eu pedi, se Natalie conseguir os documentos e eles forem entregue
para o Dereck eu sei que ele poderá encontrar o mesmo erro que
eu, então terei a certeza que preciso, e posso contar para
Theodore, para que ele tome as devidas providencias. E não
importa quem esteja por trás disso, o presidente da Turner, ou
Victor, ou Cornelha, todos vão presos, e vão pagar por tentar roubar
Theodore.

Subo as escadas, e volto para a suíte. Theodore está vestindo


um casaco quando chego. Seu cabelo está molhado e jogado sobre
os olhos. Ele parece cada dia mais lindo, ou talvez eu esteja cada
dia mais apaixonada por ele. Deixo seu celular sobre a aparadeira,
e caminho até ele.

– Eu não acredito que você fez isso Alexa. – Theodore diz


acusatório.

– O que eu fiz? – Pergunto inocentemente.

– Você falou com a Cornelha, não foi? Ah, está na sua cara.
Você não devia ter feito isso, eu disse que cuidaria mais tarde.
–Eu não queria que você tivesse que lidar com o trabalho, aliás,
eu não quero. Agora pelo menos as coisas estão acertadas, ou
quase.

– O que você disse a ela? – Pergunta-me.

– Nada demais, só que você está de férias comigo, e não vai


assinar nenhuma merda de documento, ou fazer qualquer vídeo
conferencia. Eu pedi que ela esperasse até que a gente volte, assim
eu posso ver aquelas contas pessoalmente e conferir aquele erro.

– Ainda com essa de erros? Alexa, a Cornelha ficou encarregada


deste serviço, se tiver algum erro ela vai encontrar.

– Tudo bem, tudo bem, eu não quero discutir isso. Sei que foi
errado pegar o seu telefone, e me intrometer em suas coisas, mas
eu fiz isso por você, ok? Para que você não precise se incomodar.

– Eu sei meu bem, eu sei. Vamos parar de falar de trabalho,


estamos atrasados, e a mamãe está esperando nós dois.

– Claro, vamos. O que será que é tão importante para ela ter
preparado um jantar especial? Ela disse que é uma comemoração.

– Não sei, mas nós vamos descobrir.

Nós dirigimos colina abaixo até a mansão dos Grey’s.


Estacionamos o carro, e seguimos até a entrada. Ana abriu a porta
para nós, e Theodore me ajudou a retirar meu casaco.

– Que bom que vocês chegaram, vamos os outros estão


esperando. – Ana diz.

Nós a seguimos até a sala de jantar onde a família toda está


reunida ao redor de uma mesa. Kate e Elliot, Mia e Ethan e seus
filhos. Peter e Phoebe, e Ava também. A refeição já está na mesa, e
tudo está em grande quantidade, comida das melhores. Ana nos
mostra nossos lugares, e depois se senta ao lado do Sr. Grey que
sorri carinhosamente para ela. Phoebe se levanta e pede a nossa
atenção.
–Bem, agora que toda a família está aqui eu acho que finalmente
posso contar o que estamos comemorando. – Ela diz.

– Vamos, diga logo, estou curiosa! – Ava exclama.

–Eu e Peter vamos ter um bebê. – Ela responde com um largo


sorriso no rosto.

Nós todos estamos surpresos, e por um momento ninguém diz


nada. Então a sala explode em vozes que desejam os parabéns e
toda a felicidade ao casal. Ana está com lagrimas nos olhos quando
se levanta para abraçar a filha. Os homens dão tapinhas nas costas
de Peter que parece feliz, porém um pouco assustado. Ava grita, e
pula da cadeira para agarrar a prima em um abraço de urso. Eu
também me levanto e vou cumprimenta-la. Afinal, ela vai ter um
bebe! Christian e Ana parecem radiantes por saberem que vão ter
seu primeiro neto, ou neta. Theodore também abraça a irmã, e diz
algumas coisas que eu não posso ouvir, Phoebe sorri contente com
suas palavras e o puxa para um abraço apertado. Elliot estoura uma
champanhe, e todos tomam taças em suas mãos para celebrar.

Por um momento eu me pergunto como seria se eu estivesse no


lugar de Phoebe, dando a mesma noticia para os Grey’s e
comemorando pela vida que estaria dentro de mim. Um elo entre eu
e Theodore para sempre. Então eu balanço a cabeça, afasto esses
pensamentos para longe e me junto à bagunça. Afinal, eu já faço
parte desta família.

oOo

Capitulo Cinquenta e Quatro: Perfeito

oOo

De alguma forma Ava conseguiu a chave da nossa casa, e às


cinco horas da manhã ela estava batendo na porta do nosso quarto,
avisando que entraria não importando se estávamos vestidos ou
não. Eu estava com um sono muito pesado por isso eu realmente
só acordei quando ouvi Theodore xingando maldições antes de
puxar o lençol sobre os meus seios, e pegar a cueca box no chão.
Então logo depois Ava explodiu para dentro, pulando toda animada,
fazendo bem claro sua intenção de nos levar para aventuras pela
cidade.

Obviamente eu levantei, tomei um banho quente bem rápido,


vesti meus casacos pesados e quentes de pelo, e desci para
encontrar o resto da família que estava toda reunida na cozinha
para o café da manhã. Ana me cumprimentou, e passou-me uma
xícara de café fumegante. O senhor Grey fez algumas perguntas,
querendo saber se estávamos gostando da casa. Mia e Elliot
estavam do lado de fora, brincando com os dois filhos na neve. Já
Phoebe e Peter preferiram ficar se aquecendo em frente à lareira.
Hoje particularmente eles pareciam muito apegados, eu acho que a
noticia do bebe os aproximou em um nível ainda maior. Elliot e Kate
estavam na cozinha, provando das guloseimas que Ana trouxe para
nós. Theodore desceu logo depois de banho tomado, e pronto para
sair. Pegou o próprio café, e sentou ao meu lado, não antes de me
dar um beijo casto na boca.

– Então gente, o negócio é o seguinte hoje nossa agenda está


super lotada. – Ava entrou na cozinha batendo palmas para chamar
a atenção de todos, e é claro que ela conseguiu. – Nós vamos
primeiramente fazer trilha num lugar muito lindo próximo ao Rio
Grande. Também vamos conhecer o Rio Roaring Fork e fazer
alguns esportes divertidos. E finalmente, hoje nós vamos subir
amontanha de Aspen, a tão famosa Ajax!

– Não vejo a hora. - Ana suspirou.

– Algo me diz que hoje será um dia muito especial. – Phoebe


comentou.

– Com certeza. – Peter piscou e abraçou a esposa.

Todos pareciam tão esperançosos pelo dia de hoje. É claro que


eu estava ansiosa para conhecer todos esses lugares, passear ao
lado da família era divertido. Porem hoje eles pareciam
particularmente mais sonhadores. Será que a montanha de Ajax era
algo tão incrível a ponto de deixa-los todo agitado, suspirando, e
com os olhos brilhando? Bem, de qualquer forma eu ia descobrir,
afinal, eu também faço parte disso, e vou viver os momentos ao
lado deles.

– É melhor nós irmos. – Christian disse, interrompendo a


conversa na cozinha. – Temos muito para ver hoje.

– É verdade, todos estão prontos? Os equipamentos estão nos


carros? – Theodore perguntou, e Elliot assentiu.

– Tudo ok.

– Hora de ir pessoal! – Kate cantarolou.

Pegamos o carro e dirigimos até uma reserva perto do Rio


Grande. Deixamos os veículos no estacionamento, e com todos
bem equipados começamos a trilha. Ava foi liderando o caminho,
enquanto Phoebe e Peter preferiram serem os últimos. Fizemos três
horas de caminhada, parando de vez em quando para tirar algumas
fotos perto dos locais mais bonitos. No final a caminhada cansativa
valeu a pena, a vista era linda como em todos os lugares na cidade,
eu estava fascinada com tanta beleza em um lugar preservado e
intocado. Fizemos uma pausa para descansar, e depois de
retornamos, porem, por um caminho diferente. Três horas depois
estávamos outra vez na reserva. Pegamos os carros, e fomos para
a cidade, já que Ana queria almoçar em um restaurante de sua
preferência.

O restaurante era simples, e confortável, com certeza não era o


melhor da cidade, mas era aconchegante, e a comida parecia
deliciosa. Ficamos em mesas separadas, já que não havíamos feito
reservas, e o restaurante estava recebendo muitos turistas. Ana e
Christian sentaram-se na mesa conosco, assim como Phoebe e
Peter.

– Então Alexa está gostando do passeio? – O Sr. Grey


perguntou-me durante o almoço.

– Esta sendo maravilhoso Sr. Grey, eu estou adorando. –


Respondi sinceramente.

– Que bom, eu espero que você venha passar as próximas férias


conosco. Se depender do Theodore vocês nunca vão deixar o
escritório, então eu espero que com você ao lado dele as coisas
sejam diferentes.

– É claro que as coisas vão ser diferentes agora. – Ana


interrompeu. – Eles têm uma casa aqui, e eu tenho certeza que
Alexa gostou do lugar.

– Eu gostei muito da casa do Theodore, e gostaria de voltar com


certeza.

– A casa é nossa Alexa, não minha. – Theodore esclareceu.

– É claro que não, eu não paguei por ela, você fez. – Digo.

– O que é meu, é seu também. – Insistiu.

– De jeito nenhum, eu não posso simplesmente aceitar que


tenho uma casa em Aspen, se eu não paguei por ela.

– Alexa está certa, Teddy. – Phoebe interrompeu. –


Tecnicamente a casa é sua, mas nada que algumas palavras não
pudessem mudar isso...

– Ebe não. – Theodore advertiu.

– Tudo bem, não digo mais nada.

Depois do nosso almoço estranhamente silencioso, e cheio de


olhares sobre as bordas das taças, Ava nos chamou para
continuarmos. Dessa vez fomos conhecer o Rio Roaring Fork, onde
uma equipe especializada nos esperava na facha de terra com
botes infláveis. Eu nunca fiz rafting antes, mas eu estava ansiosa
para passar por essa experiência. Infelizmente Peter e Phoebe
resolveram por não ir, afinal, ela estava grávida e não queria
arriscar passar mal, ou até mesmo cair para fora do bote.

Theodore veio para perto de mim, e começou a vestir-me com


todo o equipamento de segurança, enquanto me dava algumas
instruções. Eu o ouvi atentamente, não só por que eu não sabia o
que fazer, como também por que ele ficava muito bonito falando
sério daquela maneira, preocupado com os mínimos detalhes da
minha segurança.
– Alexa você está me ouvindo? - Theodore chamou. – Você
precisa se segurar, não solte a alça de jeito nenhum, entendeu?

– E se o bote virar, também não solto a alça? – Pergunto,


mesmo que eu saiba a resposta, gosto de vê-lo nervoso.

– Por deus Alexandra! – Exclamou. – É claro que você solta se o


bote virar, ou vai se afogar.

– Eu sei nadar amor, se acalme.

– Preste atenção, você tem que tomar cuidado nas correntezas,


perto das rochas também, e principalmente se tiver alguma queda...

– Shiuu. – Ponho a mão sobre os seus lábios para cala-lo. – Já


entendi.

Theodore resolve ficar calado, e termina de arrumar nossos


equipamentos. Quando as equipes estão todas prontas, nós
entramos nos botes. No começo eu achei que o passeio seria
parecido com um barco, mas assim que pegamos a correnteza, e
as ondas batiam com força na lateral bote nos jogando de um lado
para o outro, eu achei tudo mais divertido. Na hora pensei em
Rebecca, ela adoraria estar aqui comigo se divertindo. Se bem que,
provavelmente, ela está se divertindo muito mais no Caribe com
Isaac.

Eu gritava cada vez que nosso bote batia em uma rocha, não
que eu estivesse com medo, na verdade era mais emocionante
quando esses solavancos aconteciam, eu chegava a pular no meu
lugar. E quando avistei uma queda d’agua levantei os braços para
cima, ao invés de deixa-los para baixo segurando as fivelas presas
ao bote.

– Sem as mãos Theodore! – Gritei e apontei para o meu


namorado, que felizmente apenas me lançou um olhar zangado de
advertência, pois estava longe demais para me alcançar.

– Alexa pelo amor de deus segure no bote! – Theodore grunhiu


irritado.
– Vocês dois são tão engraçados juntos. – Ava riu ao meu lado.
– Deixe de ser careta Teddy, mãos para o alto Alexa!

Ava e eu continuamos o resto do passeio rindo das caretas que


recebíamos de Theodore. Infelizmente o passeio terminou
rapidamente, e nós tivemos de deixar os botes e voltar para terra.
Assim que eu pisei na faixa de terra, Theodore agarrou o meu braço
me puxando para longe de sua família. Eu o acompanhei sem
pestanejar, já estava esperando que fosse ganhar alguma
advertência.

– Porra Alexa, pare com isso, ok?

– Foi divertido amor.

– Não, não foi. É perigoso, você podia cair.

Rolei os olhos.

– Prometo que não faço mais.

– Agora que estamos fora do bote você promete? – Ele tenta


soar duro, no entanto, um sorriso aparece em suas feições.

– Você sabe que eu tenho que desafia-lo, ou eu não vou ser a


Alexa.

– Olha Alexa, se você quer subir a montanha de Ajax hoje, e


tentar esquiar vai precisar seguir as minhas ordens. Entendeu?

– Sim senhor. Com licença pai. – Resmungo, ouço Theodore


soltar um palavrão, e vir atrás de mim, apresso os meus passos, e
me junto a Ava e as crianças.

– Não liga pra ele. – Ava diz.

– Theodore? – Pergunto. – Tudo bem, já estou acostumada a


sua tendência de querer ordenar e controlar tudo.

– Você está certa, ele só está nervoso. – Ava diz.

– Nervoso? – repito. – Por quê?


– Você vai ver, logo. – Ava pisca para mim, e sai andando na
minha frente, deixando-me confusa com suas palavras.

Voltamos para os veículos, dessa vez para ir conhecer a tão


famosa Ajax. A atração mais esperada nessa viagem, pelo menos
por mim que nunca estive no topo de uma montanha, ou esquiei.
Pegamos a estrada, e logo estávamos subindo a montanha.
Novamente tivemos de deixar os veículos, e fizemos um trajeto a
pé, não muito longo. Theodore se aproximou de mim, apenas para
dizer que faríamos um passeio de gondola até o topo da montanha,
com uma vista que seria imperdível, depois ele ficou silencioso, e
eu percebi que Ava tinha razão, Theodore estava nervoso. Ele não
parava quieto, ficava se movendo o tempo todo, mãos dentro do
bolso da calça, depois mãos no bolso do casaco, então passava a
mão nos cabelos, deixando-os ainda mais desgrenhados. Algo
estava errado com ele, e provavelmente Ava sabia. Mas por que ela
não me contou? Não importa, pois eu vou descobrir, eu sempre
descubro.

O passeio de gondola foi muito legal, tinha uma vista incrível da


cidade aos pés da montanha. Quando finalmente chegamos ao
nosso destino, fomos até uma loja de materiais esportivos, onde os
Grey’s costumam alugar os equipamentos. Eu não sabia nem por
onde começar, ou que pegar, pois não sabia o que utilizaria, mas
Theodore já estava fazendo tudo por mim. Eu só tive de esperar até
ele obter tudo o que queria, e então retornar até mim. Nos fundos
da loja, havia vários provadores, e Theodore me empurrou em um
deles.

– Tire a roupa. – Ele ordenou.

Eu o olhei boquiaberta.

– O que? Você está louco, sua família está toda aqui, e, além
disso, estou congelando, não vou ficar nua aqui. – resmungo.

Theodore ri, e entra no provador comigo, tornando o espaço


ainda menor.

– Não é o que você está pensando pequena. – Ele diz, e aponta


as roupas em seus braços. – Você tem que vestir essas roupas de
baixo, são térmicas e leves. Peguei também um macacão, achei
que você gostaria mais do que os casacos.

– Oh, claro!

– Coloque as meias, as luvas, os óculos, o gorro, e também as


botas, depois eu vou ajuda-la com o capacete, os skis, e os
bastões.

– Deus, precisa de tudo isso?

– Sim, precisa.

– Tudo bem. – murmuro.

Theodore sai do provador para vestir as próprias roupas, e eu


começo todo o trabalho de retirar os casacos, e vesti os que ele me
trouxe, demoro uma eternidade para colocar tudo, mas consigo
fazer sozinha. A não ser os skis, estes eu não sei colocar, e peço
ajuda para Ava que consegue com a maior agilidade. Ela acaba me
ajudando a chegar do lado de fora da loja também, por que para
caminhar com aquela prancha embaixo dos meus pés é uma
dificuldade. Penso que ficará mais fácil na neve, e me engano. Mal
conseguia ficar de pé, já estava escorregando na neve fofinha, e
nem tinha saído do lugar.

– Parece uma pata choca. – Theodore comenta, esquiando com


facilidade e agilidade na minha direção.

– Cala a boca, e me ajuda aqui. – resmungo.

Theodore se aproxima com um sorriso largo no rosto, ele me


mostra o uso dos bastões, e como deslizar corretamente com a
prancha. Na primeira tentativa caio de bunda no chão, e todos os
Grey’s riem de mim. Sim, por que eu tenho plateia. Resolveram ficar
ao redor para me ver aprender a esquiar, ao invés de irem para
suas pistas. Na segunda tentativa meu tombo é ainda mais feio,
caio de costas, e não consigo me levantar sozinha. Theodore larga
seus bastões, e vem ao meu socorro junto com Elliot.

– Se machucou? – Theodore pergunta preocupado.


– Não, eu não sou de vidro. Quero tentar de novo!

– Santo deus. – Theodore suspira. – Ok, vamos de novo.

Faço mais quatro tentativas, e finalmente consigo deslizar sem


cair, no entanto esqueço do uso dos bastões e quando acho que
estou indo rápido demais me jogo no chão, ao invés de cessar
minha parada com os bastões. Ava cai na gargalhada, e embora
Theodore tenha vindo me tirar do chão, ele também está rindo de
mim.

– Alexa coloque os bastões no chão, enterro-os na neve para


diminuir a velocidade, ou parar. – Theodore instrui.

– Argh! Já entendi, vamos de novo!

Não sei quanto tempo eu fico tentando lidar com a prancha, e


com os bastões ao mesmo tempo. Perco a conta de quantas
tentativas faço, e de quantas vezes cai no chão. Theodore foi muito
paciente o tempo todo, me alertando no que eu estava fazendo de
errado, e também me retirando da neve toda a vez que eu caia.
Quando eu estava ficando cansada, e pensando em desistir, eu
finalmente levantei e encontrei o equilíbrio perfeito, minha prancha
deslizou na neve, e ganhou velocidade. Percebendo que eu estava
esquiando, apertei os bastões na minha mão, caso precisasse parar
ou diminuir a velocidade.

– Eu estou esquiando! – Gritei alegre para que Theodore e Ava


pudessem me ouvir.

– É isso ai garota! – Ava comemorou.

Depois que finalmente consegui o que queria, desci das


pranchas, e larguei o bastão, feliz em por os pés no chão. Troquei
minhas roupas, e esperei por Theodore do lado de fora enquanto
observava os praticantes de snowbord. As pessoas eram muito
boas. Fiquei pensando no quanto seria difícil praticar esse esporte,
já que esquiar tinha sido um desastre, e era mais fácil que
snowbord. Theodore finalmente apareceu, trazendo dois
cappuccinos junto, e estendeu um para mim. Nós caminhamos
pelas trilhas acessíveis aos pedestres, enquanto Theodore me
levava de volta as gondola.

– Hey, vem cá, olhe isso. – Theodore me chamou.

Nós nos aproximamos de uma elevação, onde uma rampa de


acesso nos levava para uma área mais alta de onde se tinha uma
vista de metade da montanha. Era incrível, eu não tinha palavras
para descrever o quão bonito era. As pessoas esquiando eram
apenas pequenos pontos na imensidão branca. E o céu, estava
simplesmente magnifico, em uma coloração azul, e laranja.

– Sinto muito que não tenha sido um dia perfeito, como você
esperava. – Theodore disse atrás de mim enquanto contemplava a
visão.

– Mas foi perfeito, eu amo estar com a sua família, eu amo estar
nos lugares que você está, principalmente eu gosto de estar com
você. Então, pra mim foi perfeito, olhe só essa vista, duvido que
tenha algo mais lindo no mundo do que isso.

– É claro que tem. – Theodore diz, baixo, perto do meu pescoço


onde sua respiração constante toca minha pele. – Eu estou olhando
para algo muito mais lindo.

Sorrio por que sinto seus olhos sobre mim. Novamente estou
sem palavras, não pela visão, e sim pelo o quanto o meu namorado
pode ser maravilhoso.

– Eu quero que veja uma coisa. – Ele prossegue, e me passa um


binóculo. – Apenas olhe.

– Tudo bem. – murmuro.

Eu pego o binóculo de sua mão, e faço como ele pediu. Uso para
olhar a montanha, tudo continua lindo como eu já havia visto, na
verdade está igual, não há nada de diferente, e eu espero que
Theodore me aponte à direção correta que devo olhar.

– O que você está vendo? – Theodore sussurra no meu ouvido.

– Neve, tudo branco. – respondo um pouco insegura.


– Minha vida sem você, era exatamente assim, tudo branco. Não
tinha cor, não tinha nada. – Ele diz, e continua na mesma voz
harmoniosa e baixo, e eu só posso ouvi-lo, e ao vento que bate
contra a minha pele. – Agora olhe de novo.

Novamente eu faço, fico olhando para o mesmo ponto, quando


uma luz azul reflete na minha frente, é como se brilhasse. Não
entendo como Theodore fez isso, mais é ainda mais bonito do que
qualquer coisa na montanha. É como um diamante, irradiando luz.
Então eu percebo que é sim um diamante, uma pequena pedra
brilhando, sobre um aro de ouro branco.

Um anel.

– O que você vê agora?

– Vejo brilho, luz, e é a coisa mais linda que eu já vi na vida. –


Respondo emocionada.

– Essa é a minha vida depois que você entrou nela.

Eu me viro, e largo o binóculo. Theodore ergue a mão, e mostra


o anel que está segurando na palma.

– Casa comigo Alexa?

Oh meu deus...

Meus olhos estão pinicando por causa das lagrimas não


derramadas. Ele é lindo. O anel é lindo. Tudo é lindo. E eu me vejo
parada diante dele com tantas palavras presas na garganta que
gostaria de despejar, todos os meus sentimentos, tudo o que penso
sobre ele, sobre nós. No entanto eu não consigo dizer nenhuma
delas, mas acabo por dizer a mais importante de todas.

– Sim, sim, sim, eu me caso com você.

E eu me jogo nos braços dele por que eu não aguento mais que
ele esteja tão perto e tão longe. Eu também beijo os seus lábios
como se minha vida dependesse disso, e talvez dependa. Talvez eu
finalmente tenha encontrado a minha vida.
oOo

Capitulo Cinquenta e Cinco: Ameaçada

oOo

Os Grey’s fizeram questão de preparar um almoço para


comemorar. Todos estavam imensamente felizes ao saber que eu
aceitei o pedido de casamento de Theodore. Porem não estavam
surpresos pelo pedido em si, pois todos já sabiam, menos eu, é
claro. Foi então que eu entendi por que Ana e Christian tinham
olhares interrogativos o tempo todo para Theodore, e as conversas
sugestivas que Ava e Phoebe nos colocaram. Elas estavam
achando que ele não seria capaz de pedir, que ele estava nervoso,
e que não fazia ideia de como perguntar isso para mim. Todos já
estavam desistindo achando que ele não seria capaz de fazer o
pedido. No entanto Theodore esperou pelo momento e o lugar
certo, e então fez o pedido de uma forma que ninguém poderia
esperar. Ele me surpreendeu e muito. Eu não tenho palavras para
descrever como eu me senti naquele momento. Eu amei tudo.

– Posso ver de novo? - Ava perguntou mais uma vez e agarrou a


minha mão. – Deus, é lindo.

– Realmente, você tem um bom gosto irmãozinho. – Phoebe


disse olhando para o anel incrivelmente lindo no meu dedo.

– Estou tão feliz por vocês, temos que marcar o casamento o


mais rápido possível. – Ana disse alegremente sorrindo entre mim e
Theodore.

– Mãe, eu acho que primeiro precisamos nos preocupar em


contar para os outros. – Theodore disse casualmente. Ele puxou
minha mão, e enlaçou com a sua segurando sobre a minha coxa
enquanto conversávamos ao redor da mesa.

– Theodore está certo, Ana. Eles não podem fazer tudo


rapidamente e escondido do mundo. As pessoas terão de saber da
união de um Grey com uma Cross. – Christian interrompeu.
– Imagine só o babado que vai ser, por favor, deixem-me ser a
primeira a divulgar? – Ava perguntou muito empolgada.

– Você sempre será a primeira Ava. – Respondi e bebi um pouco


do meu vinho.

– Nem posso acreditar, meus dois filhos casados, e em breve me


enchendo de netos. – Ana suspirou. Eu me afoguei com o meu
vinho, e comecei a tossir, enquanto Theodore rindo tentou me
ajudar.

– Filhos? – Resmunguei.

– Oh sim, muitos, eu e Christian queremos pelo menos três


netos de cada um. – Ana respondeu.

– Mãe vamos deixar isso para mais tarde, ok? – Theodore


interrompeu.

– Um passo de cada vez mamãe, ou Alexa vai correr antes de


subir ao altar. – Phoebe disse suavemente.

Suas palavras tinham a intenção de amenizar a grande


empolgação de Ana em relação aos netos, porem a frase soou de
um jeito que me trouxe algumas lembranças desagradáveis. Eu
aceitei me casar com Theodore por que eu estou certa de que eu o
amo. Mas será que eu não deveria ter pensado um pouco? Quer
dizer, eu tenho certeza que seriamos bons juntos, entretanto, há
tantas coisas em jogo que eu não parei para pensar. Como por
exemplo, o que os meus pais vão pensar sobre isso? Minha mãe
talvez me apoie porem o meu pai já não estava contente com um
namoro, o que dirá então de um casamento? Como vai ser quando
todos souberem que além de uma união nos negócios, os Greys e
Cross estão se unindo de uma maneira muito mais intima, e tudo
ocorreu num período de tempo tão curto. Eu ainda pretendo ser a
herdeira do meu pai, caso ele não tenha me demitido. Mas como
farei para administrar os negócios? Onde eu vou morar? Em Nova
York que é minha cidade natal, o lugar que eu amo de paixão. Ou
em Seattle, um lugar encantador, e tão diferente do que eu estou
acostumada. Theodore não vai largar sua empresa, sua cidade, e
sua família por mim. Mas e eu? Eu serei capaz de fazer isso?
Depois do nosso almoço, Theodore e eu nos despedimos e
voltamos para o nosso lar nas montanhas. Eu estava mais contente
em ficar sozinha com ele, sem toda a agitação, e a pressão que já
estavam impondo sobre nós. Eu fui até a cozinha preparei
chocolate quente, que talvez seja a única coisa que eu saiba
preparar além de café. Servi em duas canecas grandes, e levei para
beber na sala, sentada no sofá aconchegada em Theodore, e com o
fogo da lareira nos mantendo aquecidos.

– Você está bem? – Theodore perguntou-me, enquanto apertava


seu braço ao meu redor trazendo-me ainda mais perto dele.

– Estou. – murmurei.

– Você parece preocupada. – Ele apontou.

– Eu estou bem, realmente, é só que tudo isso é um pouco


demais, eu preciso me acostumar.

– Alexa quando você aceitou o pedido, era realmente isso que


você queria?

– Claro que sim!

– Conte-me o que está incomodando você, por favor.

– Eu estou bem, não é nada, sério. Tudo bem, talvez eu esteja


um pouco nervosa com tudo isso, eu não tenho certeza de como os
meus pais vão reagir, e não é como se eu me importasse também.
Quer saber? Eu não ligo, vamos esquecer isso, ok?

– Eu sei que você se importa, e eu entendo, são seus pais.


Tenho que te contar uma coisa.

– O que? – Perguntei curiosa.

– Antes de vir para Aspen, eu procurei os seus pais, e disse que


faria o pedido.

– O que?
– É, isso mesmo. Eu não podia pedir você em casamento sem
que o seu pai soubesse Alexa. Eu precisava da permissão dele.

– Ele deu permissão a você? – Continuei esperançosa.

– Não exatamente. Mas ele também não disse que não aceitava,
ele só não acha que você vai levar esse casamento a sério.

– Oh, eu sabia, ele não confia em mim.

– Não importa Alexa, nós vamos resolver todos os problemas


que nos impedem de ficar juntos.

– Vai ser difícil, muito difícil.

– Hey, vamos dar um jeito, ok?

– Tudo bem, eu amo você. – Inclinei um pouco e beijei seus


lábios.

– Mmm talvez nós devêssemos continuar com a comemoração


aqui. – Theodore sussurrou, afastei-me e encontrei seus olhos que
brilhavam com clara malícia.

– Humm tentador, porem eu tenho que ligar para a Rebecca,


você sabe, ela é como uma irmã para mim. Não, não, ela é muito
mais do que isso, eu preciso que ela saiba.

– Você pode ligar amanhã.

– Não, tem que ser hoje. É rápido, eu prometo.

– Sei. – Theodore suspirou.

– Juro que eu estarei aqui e baixo todinha para você.

– Tudo bem, vá antes que eu mude de ideia.

Pulei do colo de Theodore, coloquei a caneca sobre a mesinha


da sala e fiz meu caminho para o andar de cima. Fechei a porta do
quarto, e procurei pela minha bolsa. Abri, e achei meu celular. Antes
de fazer a ligação para Rebecca, notei quatro ligações perdidas de
Dafne. Foi então que eu me lembrei dos serviços que havia pedido
para que ela fizesse. Instantaneamente eu estava curiosa demais
para descobrir o que ela conseguiu, então disquei o seu numero.

– Alô, Srta Cross?

– Oi Dafne, você me ligou. Alguma novidade sobre o que eu


pedi?

– Na verdade sim. – afirmou.

– Certo, o que aconteceu?

– Eu entrei em contato com Natalie para que ela conseguisse os


documentos como ordem do Sr. Grey. Devo dizer que no começo
ela estava desconfiada, mas eu insisti e disse que era importante.
Ela conseguiu cópias e enviou para mim. Imediatamente eu pedi
para que o Sr. Messer olhasse os documentos, e apontasse
qualquer problema o mais breve possível.

– E então, ele encontrou algo?

– Oh sim, com certeza ele encontrou.

–O que Dafne, diga-me, por favor?

– Os documentos são uma fraude. Ao assina-los o Sr. Grey vai


estar enviando mais da metade do seu dinheiro para uma conta
fantasma. O Sr. Messer entrou em contato com o presidente da
Turner, e ele acabou confirmando que os preços nas planilhas são
um absurdo comparados ao verdadeiro preço desta pequena
empresa.

– Oh meu deus, eu sabia!

– Há mais Srta. Cross. O Sr. Messer procurou saber sobre o


advogado responsável pelos documentos, e ele tem quase certeza
de que a conta fantasma foi criada por Victor Viniths. O Sr. Grey
está prestes a ser roubado pelo próprio advogado.

– Filho da mãe! Que desgraçado, eu sabia que esse tal de Victor


não era boa coisa, eu sabia... Pera ai, Dafne, qual o nome completo
do advogado?
– Victor Viniths, Srta. Cross.

– Viniths... Viniths? Eu já ouvi esse sobre nome antes. Oh não,


não pode ser... Dafne faça uma busca rápida pra mim, procure
qualquer parente, ou pessoa próxima de Victor que se chame
Cornelha.

– Sim senhorita, só um minuto.

Eu espero impacientemente segurando o telefone contra a


orelha, e andando de um lado para o outro dentro do quarto. Minha
cabeça começa a latejar somente por pensar no quão ruim toda
essa situação pode ficar.

– Srta. Cross?

– Sim, encontrou alguma coisa?

– Cornelha Viniths é irmã de Victor.

Eu faço uma pausa chocada com o que acabo de ouvir. O pior


pesadelo de todos está na minha frente. Não só Victor está
tentando roubar Theodore, como a maldita da vaca loira também!
Eu sabia, quando eu sinto que tenho algo errado, é por que tem.
Desde o começo eu não confiava nos dois. Só não entendo como
Theodore pode deixar isso acontecer. Ele deve saber que os dois
são irmãos e, no entanto deixou os documentos serem analisados
por Cornelha mesmo que eu tenha dito que não confiava em Victor.
E ele vai lá e entrega para irmã do cara. Oh meu deus, isto não está
certo.

– Obrigada Dafne, agradeça ao Dereck por ter feito tudo isso,


daqui pra frente é comigo.

– Sim Srta. Cross, qualquer coisa é só chamar.

Eu desligo o telefone, e passo um momento pensando mesmo


que eu não tenha certeza sobre o que estou ponderando. São
tantas coisas. Eu não queria incomodar Theodore agora, justo
quando ele está em período de recuperação. Entretanto eu não
posso deixar aquele cretino e aquela cadela trabalhando em sua
empresa, sendo que eles podem estar roubando-o de outra
maneira. Eu estou prestes a sair do quarto, e despejar tudo para
Theodore quando eu vejo seu telefone celular sobre a cômoda. Não
sei o que passa na minha cabeça, mas eu estou com tanta raiva.
Raiva por que eu estava certa, raiva por estarem enganado o meu
namorado, raiva por que eu os odeio demais por serem esses
imbecis que acreditam que podem nos enganar. Eu pego o
blackberry de Theodore, e procuro um nome em sua agenda. Eu
nem penso antes de discar.

– Sr. Grey? - A voz de Cornelha sai suave e prestativa. Eu quero


esgana-la.

– Escuta aqui sua vadia, eu não sei como passou pela sua
cabeça que você poderia conseguir me enganar, mas você está
enganada, eu disse que poderia te desmascarar, e eu tenho provas.
Você está me ouvindo Cornelha? Conte os minutos, por que isso é
o que resta para você e seu bendito irmão irem para a cadeia e
apodrecerem lá.

– Srta. Cross? O que está acontecendo? Eu não sei do que você


está falando.

– Você não sabe? Pode deixar que eu vou me fazer bem clara
para a policia. Seus dias, e do seu irmão nesta empresa acabaram
Cornelha. Você e Victor vão ser presos, e passaram muitos anos na
cadeia, eu te garanto isso.

Cornelha ri do outro lado da linha, e finalmente eu sei que ela


deixou sua mascara de lado.

– Oh, por favor, por que você não ficou em Nova York brincando
de bonecas Alexandra Cross? – Ela cospe. – Ceús, você é uma
piranha metida, as coisas estavam indo tão bem, por que você tinha
que aparecer, por quê? Bem, eu tenho algo para te dizer, você e
seu maldito namoradinho não vão se livrar de mim e do meu irmão
tão facilmente. Eu não vou deixar que vocês me joguem na cadeia,
eu não vou.

– Não há uma escolha Cornelha.


– Há sim, sempre há. – Ele afirma. – Nós vamos nos ver em
breve piranha, e você vai pagar por ter arruinado os meus planos.

– Cornelha você...

A ligação fica muda, e eu percebo que ela desligou. Eu estou


com tanta raiva que eu jogo o celular contra a parede, e grito.
Infernos, como ela pode ser tão segura? Como é capaz de me
ameaçar agora que eu tenho provas do que ela e Victor estão
fazendo? Eu não vou descansar enquanto eu não ver os dois atrás
da grade. Eu não vou.

– Alexa o que está acontecendo aqui? – Theodore abre a porta e


encontra-me parada no meio do quarto. – O que foi isso, você está
tremendo?

– Eu estou bem. – Resmungo.

– Eu ouvi você gritar. O que aconteceu?

– Nós precisamos conversar Theodore, e eu não acho que você


vai gostar do que eu tenho a dizer...

oOo

Capitulo Cinquenta e Seis: Abalada

oOo

Dizer que Theodore ficou bravo não é nada realmente


comparado a como ele está neste momento. Se eu pudesse
descrevê-lo, usaria as palavras fulo, extremamente raivoso, e puto.
Eu tive de começar deste o principio, contando para ele que como
eu não confiava no tal de Vitor, e nem na vaca loira, eu decidi por
investiga-los sozinhos, ou melhor, com a ajuda da minha fiel
secretária. Foi então que eu obtive cópias dos documentos do
contrato com a tal empresa da Flórida, e mandei para Dereck
Messer, diretor de finanças do Crossfire, e ótimo em seu trabalho.
Ele é tão bom, que quando descobriu o erro de números nas
planilhas, procurou por isso mais afundo, e entrou em contato com
o dono da tal empresa, que acabou confessando que aquele não
era o acordo, e os números apresentados eram falsos. Sabendo
que Victor era o responsável por cuidar deste acordo, Dereck
resolveu procurar mais sobre ele. E em sua profunda pesquisa,
constatou que Victor possui não uma, mas várias contas fantasmas
fora do país, e que ele pretendia roubar Theodore com este acordo
fraudado. Para piorar a situação, descobrimos que Victor não age
sozinho, e sim com a ajuda de sua irmã. Cornelha Viniths, diretora
de finanças da Grey Enterprises. Então é claro que nós tínhamos
todas as cartas na mesa. Era a jogada perfeita destes dois,
Theodore confia em Cornelha por que ela já trabalha há muito
tempo com ele, e sempre foi muito correta, assim como ele confia
em Victor que sempre trás bons lucros para a empresa. Mas a
verdade por trás disso, é que Cornelha acobertava o irmão,
deixando passar os documentos fraudados, que iam direto para a
mão de Theodore, que acredita que estava recebendo bons
negócios.

– Foda-se essa merda, eles não sabem com quem estão


lidando. Porra! – Theodore esbravejou, e em seguida deu um soco
na parede como se fosse aliviar um pouco de sua raiva.

– Vai ficar tudo bem Theodore, nós temos provas, e vamos


coloca-los atrás das grades.

– Como eu fui deixar isso passar? Que diabos!

– Olha, eu não quero jogar na sua cara que eu avisei, mas eu


avisei. Você é que não quis me ouvir. – apontei.

– Alexa, por favor, não me enche, eu estou tentando pensar


aqui.

– O que? O que foi que você disse? Eu não acredito que você
está me chamando de incomodo quando fui eu que descobri toda
essa fraude. Eu que salvei você. Eu!

– Eu não disse que você era um incomodo.

– Tanto faz, se você vai ficar resmungando, fique sozinho. –


respondi.
Sai do quarto, desci as escadas, e fui para a cozinha. Eu
precisava de um café, bem quente. Theodore me seguiu por todo o
trajeto, e sentou-se na bancada da cozinha enquanto eu preparava
o café.

– Desculpe, eu não deveria ter dito aquilo. – Theodore disse


arrependido.

– Tudo bem, eu entendo que você está irritado, eu também


ficaria.

– Eu vou resolver isso logo, vou fazer algumas ligações, e


colocar estes dois atrás das grades.

Theodore fez menção de se levantar, e eu fiz um gesto para que


ele continuasse sentado.

– Eu tenho mais uma coisa para dizer.

– O que?

– Depois que eu descobri que Victor e Cornelha estavam


enganando você, eu posso ter perdido o controle e discado o
numero da vaca loira, e então esbanjado minha raiva nela. E por
isso é bem capaz deles estarem planejando escapar. Cornelha
deixou bem claro que não vai para a cadeia de jeito nenhum.

– Ah Alexa! Por que diabos você fez isso? Droga, eu vou dar
alguns telefonemas.

Theodore deixou a cozinha, e subiu novamente. Eu terminei de


fazer meu café, peguei uma xícara e fui para a sala onde eu podia
ficar com meus próprios pensamentos. Eu sei que minha atitude foi
impulsiva, e atrevida. Não deveria ter ligado, e deixado Cornelha
saber que eu tinha provas contra ela. Se eu tivesse ficado quieta,
ela seria pega de surpresa e não teria escapatória. Mas eu não fiz
isso, muito pelo contrario, eu praticamente a alertei de que a policia
estaria atrás dela a qualquer momento. E agora ela pode estar
tramando uma forma de escapar dessa. Será que eles vão fugir?
Será que eles têm como fugir? Se eles conseguirem será tudo culpa
minha. Eu tentei ajudar, e talvez eu tenha estragado tudo.
O que será que vai acontecer agora? Será que nossas férias em
Aspen acabaram? Theodore provavelmente vai querer voltar para
Seattle, e acompanhar tudo isso de perto. Droga, por que tudo está
contra nós? Justo agora que estávamos nos dando bem, gostando
do lugar, nos divertindo. Céus, eu estou noiva! Vou me casar com
Theodore Grey, nem posso acreditar, ainda é surreal. Nos
conhecemos em tão pouco tempo, e já estamos neste nível. Não
que eu esteja achando ruim, de maneira alguma, eu sei que eu fiz a
coisa certa. Eu amo ele, nós apenas vamos ter que dar um jeito em
nossa vida, por que temos muitos obstáculos no meio do nosso
caminho. Mais eu sei que no final tudo vai dar certo, por que o que
importa é que estamos unidos, e juntos vamos enfrentar tudo isso.

Theodore desceu um momento depois com o celular nas mãos.


Ele suspirou, largou o telefone sobre a mesinha de centro da sala, e
sentou-se ao meu lado.

– Então? - perguntei.

– Eu já deixei Nathalie avisada sobre o que faze agora. ―


respondeu-me.

– E o que você vai fazer?

– Chamar um advogado, entregar todas as provas sobre essa


fraude, e deixar que ele procure e encontre todos os podres que
conseguir, então ele vai até a policia e vai finalizar com esta merda
logo. Assim que as provas estiverem na mão do delegado, Cornelha
e Victor não têm chances, vão ser presos.

– Ah que bom, este pesadelo finalmente vai terminar.

– Eu não tenho tanta certeza, isto está muito fodido. ― Theodore


resmungou.

– O que você está dizendo? Theodore relaxe ok? Você já fez o


que podia agora seus funcionários vão agir por você.

– Alexa é bem provável que Cornelha e Victor tentem escapar


agora que eles sabem que temos provas contra os dois.
– Sim, eu sei. Sinto muito isso foi culpa minha. Mas eu sei que
vamos conseguir, somos mais rápidos, vamos pega-los mesmo que
eles tentem fugir.

– Eu não sei, eu estou pensando em voltar para Seattle. Ficar


aqui em Aspen neste momento não é bom, eu preciso estar lá,
perto deste negócio, acompanhar isso de perto. E eu quero ver
aquele maldito babaca atrás das grades, e a piranha da Cornelha
também.

– Vaca loira. – murmurei.

– O que?

– Eu a chamo de Vaca loira.

Theodore abriu um sorrisinho, e me puxou para um abraço


apertado que eu fui de bom grado.

– Ah Alexa, eu não sei o que eu faria sem você.

– Você ficaria pobre. – sussurrei.

– É Talvez, você ainda me amaria se eu fosse pobre?

– Oh meu deus, você quer dizer sem escala, passeio de


lamborghini, restaurantes caros, casas em Aspen, anéis que valem
uma fortuna. Sem nada disso? – Exclamei. Theodore ergueu as
sobrancelhas e ficou sério, enquanto eu comecei a rir. – Sim, eu
ainda amaria você. Afinal eu sou capaz de sustentar nós dois.

– Interesseira. – Theodore acusou-me ainda sorrindo, e me


puxou mais apertado contra o seu peito. Desse jeito minhas mãos
estavam presas, e eu não podia me mover enquanto ele descia os
lábios sobre os meus e me beijava por um longo tempo. Não que eu
quisesse me mover, aquela posição já estava ótima, eu adorava ter
a minha boca presa na sua.

O telefone celular começou a vibrar sobre a mesinha e Theodore


me afastou para poder alcança-lo. Já estava com raiva por sermos
mais uma vez interrompidos. Mas provavelmente a partir de agora
seriamos interrompidos muitas vezes. Theodore tinha muito
trabalho para fazer.

– Eu tenho que atender, pode ser importante. ― Ele disse,


desculpando-se, e levantou-se para pegar o telefone, então se
afastou. Mas eu ainda podia ouvir sua conversa, e estava
interessada em saber sobre todas as partes por isso fiquei
escutando.

– Grey. ― Theodore atendeu. Ele ouviu a voz do outro lado da


linha, e lançou um olhar estranho na minha direção, então
rapidamente virou-se de costas e continuou a escutar a outra
pessoa. – Sim, entendo. Eu estou passando por alguns problemas
com a minha empresa, por isso volto em um talvez dois dias para
Seattle. – Respondeu a outra pessoa, e em seguida permaneceu
um tempo em silêncio escutando novamente. – Ela está bem, eu
garanto. Está tudo bem, eu tenho alguns do meu pessoal aqui, se
ela estivesse correndo perigo eu saberia. ― Theodore respondeu,
embora sua voz tenha uma nota de preocupação. Neste momento
eu já estava muito curiosa. Quem diabos é ela? Que negócio é esse
de perigo? Theodore voltou a falar. – Tudo bem, você quer falar
com ela? Não, não precisa fazer isso, eu vou falar com ela, e vou
leva-la pessoalmente para Nova York. ― Theodore concordou com
alguma, e depois passou a mãos pelos cabelos, eu podia dizer que
ele estava nervoso, por que é esse o gesto que ele faz quando fica
nervoso. O que Nova York tem haver com isso tudo, não é para
Seattle que Theodore tem que ir para acertar as coisas? Escutei
curiosa enquanto ele finaliza a ligação. ― Pode deixar eu sei lidar
com ela, eu vou fazer isso, não, eu garanto que ela vai. Até logo
Cross.

Que diabos?

Cross!

Meu pai?

Por que ele está ligando para Theodore?

– Alexa. – Theodore suspirou, largou o telefone, e sentou-se ao


meu lado. – Era o seu pai, você precisa voltar para Nova York.
– O que? Por quê? Eu não vou voltar, meu pai não manda em
mim.

– Ele está preocupado com você.

– Por que ele estaria preocupado comigo? Ele não se importa


com nada sobre mim.

– Ele se importa sim. E eu não estaria mandando você para casa


se não fosse algo importante.

– O que é que ele inventou dessa vez? Ah Theodore esqueça o


meu pai, ele só quer me afastar de você.

– Não Alexa, não dessa vez.

– O que ele disse então?

– Gideon recebeu uma ligação anônima de alguém que disse ter


raptado você. Ele estava assustado Alexa, até mesmo com medo
de que algo tivesse acontecido. Ele ligou para o seu celular e você
não atendeu, então ele pensou que isto pudesse ser verdade. E sua
mãe estava histérica acreditando na mesma coisa. Então ele ligou
para mim, e eu disse que você está bem, e ao meu lado. Mas ele
quer você em Nova York, ele precisa que você esteja onde ele
possa olhar você.

– Que bobagem! O meu pai recebe ameaças todos os dias


Theodore. Às vezes ligam dizendo que raptaram a minha mãe, às
vezes eu, às vezes um de seus sócios, uma sobrinha, uma amiga,
que seja! Estão sempre fazendo isso com Gideon Cross, por que
sabem o poder que ele exerce em Nova York.

– Eu sei Alexa, mas dessa vez é diferente.

– O que é diferente?! – gritei.

– Você ameaçou a Cornelha, e ela ameaçou você. E agora não


sabemos onde eles estão, pode ser uma brincadeira deles, eu não
sei, mas é provável.
– Você acha? Eu vou matar essa vaca se ela estiver fazendo
isso!

– Alexa você não vai matar ninguém. Você vai fazer as suas
malas, e eu vou providenciar o jatinho para nós. Vou levar você
para Nova York e entrega-la em segurança para o seu pai, depois
vou para Seattle acabar com essa merda.

– Eu quero ir com você para Seattle.

– Meu anjo eu queria que você fosse, mas eles são seus pais,
eles querem você por perto. E também é bom que você fique com
eles por um tempo, e conversem sobre o casamento.

– Theodore!

– Vai ser por pouco tempo, eu prometo.

– Argh! Nossas férias estão arruinadas, e é tudo culpa da


Cornelha e do Victor. Eu juro que se eu ficar em frente a eles, eu
vou chutar esses desgraçados.

– Alexa eu quero você longe deles, eu estou falando sério. Se


qualquer um deles entrar em contato com você, eu quero que me
avise, não faça nada imprudente e sem pensar. Eles são bandidos,
e são capazes de qualquer coisa.

– Você está preocupado comigo?

– Infernos, é claro que eu estou!

– Ah amor, que bonitinho. Mas não se preocupe, eu sei krav


maga, e se eles vierem até mim vou chutar seus traseiros.

– Céus mulher, chega! Vai trocar de roupa...

– Também amo você. – Dei um beijinho em Theodore, me virei,


e corri para as escadas.

oOo
Capitulo Cinquenta e Sete: Aliviada

oOo

Eu voltei para Nova York. Fiz isso por causa de Theodore, mas
secretamente também fiz pelo meu pai. Sei que esta ameaça sobre
rapto pode ser apenas uma brincadeira de Cornelha ou não. Afinal
essa não é a primeira ameaça que meu pai recebe contra a minha
vida. Isso é bem comum na vida dele. Uma vez quando eu tinha
apenas seis meses de idade e havia saído para um passeio com a
minha babá até o Central Park e meu pai recebeu um telefonema.
Um homem disse durante a ligação que havia raptado a mim e a
minha babá e que em troca queria um milhão de dólares. Foi à
primeira ameaça a minha vida que meu pai recebeu, e a mamãe me
contou que ele ficou tão desesperado quanto ela. Ele praticamente
colocou Nova York de cabeça para baixo até me achar,
completamente segura nos braços da minha babá. Depois disso
ouve outros tipos de ameaça contra mim, mas o meu pai já estava
acostumado. É natural que isso aconteça, ele tem muito dinheiro e
todo mundo sabe disso. No entanto eu tento me colocar no lugar
dele, como pai, e sei que mesmo que esta ameaça seja uma
brincadeira, ainda o deixa preocupado. Eu entendo isso, porém
quero que ele entenda que eu sou adulta, não mais a criança que
ele podia proteger. Eu não quero que meu pai coloque toda a sua
equipe de segurança em cima de mim por causa de uma ameaça.
Céus, o que vai acontecer quando eu me casar? Se ele receber
ameaças vai me obrigar a vir de Seattle para cá? Deixar o meu
marido para trás por que o meu pai está com medo de que algo
aconteça comigo? Não, não, isso tem que acabar.

Bem, de qualquer forma eu aceitei vir para que ele fique e minha
mãe fiquem calmos e tenham certeza de que estou bem. Mas eu
também aceitei vir por que eu preciso esclarecer algumas
mudanças que vão acontecer daqui por diante. Eu estive pensando
muito e decidi que eu vou abdicar o meu lugar no Crossfire, e eu
não estou falando do cargo de diretora de finanças. O que eu estou
dizendo é que eu não vou comandar o Crossfire depois que o meu
pai não puder comanda-la. Eu ainda gostaria de ser sua herdeira,
mas eu não vou comandar as empresas do meu pai. Não tenho
como fazer isso lá de Seattle. E eu escolhi ir com Theodore. Eu
amo Nova York, foi o lugar em que cresci, e eu sempre gostei de
toda a bagunça que é este lugar, o movimento, o barulho, tudo. No
entanto Theodore não pode deixar os seus negócios, e se eu quero
me casar com ele vou ter que sacrificar algumas coisas. Nós já
conversamos, e Theodore ficou feliz que eu tenha escolhido fazer
as coisas desse jeito. Bem, e não é como se eu fosse parar de
trabalhar. Na verdade nós decidimos que eu mereço um lugar na
Grey Enterprises, e eu estou contente com isso.

Quando Theodore estaciona em frente à casa dos meus pais eu


sinto vontade de fugir. Acho que eu ainda não estou pronta para
contar todas essas coisas para eles. Eu ainda não sei se meu pai
está bravo comigo. Da ultima vez que nos vimos foi quando eu
apontei um dedo em seu rosto e disse que se ele quisesse me
demitir tudo bem, por que ainda assim eu estaria viajando para
Aspen com Theodore e sua família.

– Vamos entrar. – Theodore disse.

– Tudo bem. – murmurei.

Abri a porta do carro, desci, e Theodore segurou minha mão


enquanto nós caminhávamos para a entrada. Mal estávamos no
primeiro degrau quando a porta da frente se abriu e minha mãe
saiu, vindo direto na nossa direção com um sorriso estampado no
rosto.

– Querida que saudades. – Mamãe me puxou para um abraço de


urso, e eu a abracei de volta.

– Também senti sua falta Mãe.

– Eu fiquei tão preocupada com você, e eu não podia fazer nada


por que você estava tão longe de mim.

– Mas não aconteceu nada mãe, eu estou bem, e estou em


casa.

– É um alivio, venha, vamos entrar.

Mamãe deu um abraço em Theodore, e nos carregou para


dentro. Fomos para a sala, onde ela nos serviu café. Meu pai
desceu um momento depois e se juntou a nós. Ele parecia frio e
distante, e nenhum pouco preocupado. Neste momento eu não
acreditei muito que ele estivesse com medo de que algo havia
acontecido comigo. No entanto eu sabia que esse era o meu pai,
ele nunca demonstraria os sentimentos tão abertamente. Ele era
centrado, e só diria algo quando fosse necessário.

– Cross. – Theodore acenou cumprimentando-o.

– Grey. – Papai acenou de volta um cumprimento rápido.


Eu sabia que levaria um longo tempo até que os dois pudessem
agir em torno do outro de uma maneira melhor. Ou talvez fosse
assim sempre. Meu pai continua negando aceitar Theodore na
minha vida. E Theodore não dá a mínima para o que o meu pai
acha, assim como eu.

– Gideon eu preciso conversar com você. – Eu disse séria, e


direta.

– Eu também preciso conversar com você Alexandra, vou estar


no escritório. – Gideon respondeu, em seguida virou-se e caminhou
para longe.

– Eu odeio quando ele faz isso. – resmunguei, e rolei os olhos. –


Sempre achando que todo mundo tem que fazer o que ele quer,
quando quer.

– Alexa não diga isso querida. – Eva interrompeu. – Você é


como ele, apenas não se deu conta ainda.

– Eu não sou como ele! – protestei.

– Você é Alexa. – Theodore apontou.

– O que? Todos contra mim agora? Até você? – resmunguei e


lancei um olhar feio para Theodore.

– Querida você é tão cheia de si, sempre buscando o melhor,


sem aceitar nada menos que isso. Você quer as pessoas aos seus
pés, você quer ser intimidante, e ao mesmo tempo você quer se
impor sobre os outros. Eu não digo isso de uma forma ruim, por que
tudo o que você faz é com honestidade, e dignidade. Mas é assim
que funciona com Gideon, e é assim que funciona com você. Por
mais que você não queria acreditar, vocês dois são idênticos. – Eva
disse.

– Chega disso, eu vou lá ter essa conversa com ele logo, e


acabar com tudo isso.

Deixei Theodore e minha mãe na sala, e fui para o escritório do


meu pai. A porta estava aberta, e eu entrei sem avisar. Gideon
estava sentado em sua poltrona bebendo uísque. Ele acenou para
que eu fechasse a porta, e foi o que eu fiz. Depois me sentei na
cadeira a sua frente, cruzei os braços e esperei que ele falasse.

– Alexandra nós temos muito que conversar, eu não sei nem por
onde começar. Bem, vamos falar sobre o seu trabalho primeiro. –
Gideon fez uma pausa, e encarou-me, ergui uma sobrancelha em
sinal para que ele continuasse. – O que você fez aquele dia seria
motivo para sua demissão, eu não admito que nenhum dos meus
funcionários me faça passar por este tipo de vergonha. Aliás, isso
nunca aconteceu, por eles tem respeito por mim, e você como
minha filha deveria ter o mesmo...

– Olha aqui pai, vamos parar por aqui, ok? Pra começar eu não
teria feito aquilo se você não ficasse agindo como se eu fosse uma
menina imatura que não sabe de nada. Você estava me proibindo
de viajar com o meu namorado!

–Alexandra será que você pode calar a boca e me ouvir? –


Gideon interrompeu.

– Você não pode me mandar calar a boca, eu não sou uma


criança, e também não sou mais sua funcionaria, eu nem sei que
diabos eu estou fazendo aqui. Eu não deveria ter voltado, mas
sinceramente pai eu vim para que você pudesse ver que eu estou
bem, eu vim para que você pudesse ficar mais calmo por saber que
eu estou em segurança. Mas eu me enganei com tudo isso. Você
só me chamou aqui para esfregar todas essas merdas na minha
cara. Olha, eu já entendi que você acha que eu sou uma garota
irresponsável, mimada, ou sei lá o que. Eu já entendi que você não
vai aceitar Theodore na minha vida, por que você ainda me culpa
pelo o que aconteceu com Damian. Eu entendi tudo pai, você não
precisa me dar nenhum discurso. Acabou aqui... Aliás, será que
ouve mesmo uma ligação anônima de ameaça, ou você inventou
isso para me trazer de volta a Nova York?

– Alexandra não é o que você está pensando, deixe-me explicar.


O que eu estava querendo dizer anteriormente é que seu
comportamento naquele dia seria motivo de sua demissão isso se
você fosse apenas uma funcionária, mas você é minha filha, e
estávamos lidando com assuntos pessoais que não diz respeito ao
trabalho. Por isso eu não demiti você...

– Ah nossa que maravilhoso saber que eu tenho o meu


emprego. – ri com sarcasmo. – Mas eu não quero mais.

– Alexandra eu não vou pedir outra vez. Pare de me interromper


e deixe-me continuar... Eu não podia demiti-la, mesmo depois
daquela briga. Quando você foi embora, eu descobri algumas
coisas que me deixaram surpreso. Como o fato de você ter
assumido todas as contas, e os projetos do Crossfire. Mesmo os
projetos que eram para Dereck, você cuidou. Você corrigiu erros em
planilhas que eu não vi. Você fez o seu trabalho com tanta perfeição
que foi difícil acreditar que era tudo obra sua sozinha. Antes de ir
viajar você cuidou de todo o seu serviço, para que nada fosse
deixado para trás. Eu não tive como falar com você depois disso,
por que você já tinha ido para Aspen, e você não atendia as minhas
ligações. O que eu quero dizer Alexandra, é que eu estou orgulhoso
de você. Sinto muito pelas coisas que eu disse sobre você ser
imatura, e irresponsável. Eu acho que você finalmente está
crescendo, e aprendendo com seus erros. Eu sei que você aceitou
se casar com Grey, por que ele veio pedir a sua mão, e eu sabia
que você aceitaria. Eu quero dizer que eu não vou ser contra esse
casamento, e eu também não vou mentir e dizer que está tudo bem,
por que eu ainda tenho receio de algo dê errado, e você magoe a si
mesma e ao Grey. Entretanto eu espero que você me deixe leva-la
até o altar... Mais uma vez.

– O que? C-Como assim? Eu não estou entendendo. Você não


está brigando comigo?

– Não Alexandra, chega de brigas, elas não levam a nada. E


sim, a ligação foi real, e eu fiquei preocupado com você. Grey me
contou sobre os funcionários que estavam tentando rouba-lo, e
sobre o que você fez. Foi algo perigo Alexandra, primeiramente
você não deveria ter se metido nisso, e nem ido atrás de provas
sozinha, muito menos ter ligado para a mulher e ameaçado coloca-
la na cadeia. Ainda assim eu não posso deixar de ficar feliz em ver
como você é inteligente, sagaz e corre atrás daquilo que quer. Se
não fosse por você, Grey seria enganado por muito tempo. Mas
agora eles estão soltos, escondidos, e nós não sabemos quando
serão presos. Talvez não seja eles, mas depois de todos esses
acontecimentos, tudo leva a crer que seja um dos dois, ou ambos
tentando ameaça-la.

– Você ficou... ficou feliz por mim?

– É, eu fiquei. Você mostrou o quanto é competente em seu


trabalho. Você sabia que algo estava errado, e você buscou até
encontrar o erro. São poucas as pessoas capazes disso Alexandra,
e eu sei reconhecer o valor de alguém assim.

– Tudo bem, deixa eu ver se entendi. Você não está bravo


comigo por que eu fiz aquele escanda-lo no restaurante? Você
também não está bravo por que eu viajei para Aspen e aceitei me
casar com Theodore? E você também não está bravo por que eu
ameacei uma maluca que estava tentando roubar o Theodore?

– Certo, eu não estou bravo. Preocupado sim, mas não estou


mais bravo com você.

– Ai meu deus, acho que estou sonhando. Calma, eu não


terminei. Você também disse que apesar de não aceitar totalmente
o meu casamento com Theodore, você ainda quer me levar ao altar,
de novo?

– Sim, eu quero.

– Meu deus, meu deus! Pai é você mesmo, tem certeza que
você não foi abduzido por algum alien do bem?

– Alexandra minha paciência tem limites, chega de brincadeira.


Eu já disse que está tudo bem.
– Ah! Paizinho eu te amo! – Rindo eu pulei da minha cadeira e
corri até o colo do meu pai, e lhe dei um grande abraço de urso. –
Eu te amo, eu te amo, obrigada!

– Deus! Sai de cima de mim Alexandra. – Gideon resmungou,


mas eu podia ver o pequeno sorriso no canto de seus lábios.

– O que está acontecendo aqui? - Eva perguntou, enfiando a


cabeça pela porta aberta. – Alexa você está no colo do seu pai, ou
eu estou vendo coisas?

– O paizinho vai me levar no altar, e ele não está mais


rabugento! – exclamei.

– Isso é bom, muito bom. – Eva comentou sorrindo. – Já estava


na hora de vocês dois se acertarem.

– Eu preciso contar para Theodore, onde ele está?

– Na sala, esperando por você.

Pulei para fora do colo de Gideon, levantei e caminhei para fora


do escritório. Parei para beijar a bochecha da minha mãe. Ela sorriu
para mim, e provavelmente eu sorri de volta com a boca toda
esgarçada por que eu estava muito mais do que feliz. Finalmente as
brigas tinham acabado, e as coisas estavam acertadas. Corri de
volta para o escritório, e plantei um beijo no rosto de um Gideon
com uma expressão surpresa. Então eu sai, e caminhei para fora
para procurar Theodore. No entanto, acabei me lembrando na hora
que eu não tinha contado as coisas importantes para o papai. Por
isso gritei do corredor...

– Pai já que você não está bravo, e está feliz por mim. Eu acho
que eu posso te contar que eu vou morar em Seattle com Theodore
depois do casamento, e que eu vou começar a trabalhar com ele.
Por isso não posso ser mais sua herdeira, eu espero que você
possa compreender...

Houve um momento de silêncio, e eu suspirei aliviada. Até ouvir


o barulho de um copo quebrando, para saber que aquilo estava
longe de acabar...
– Alexandra! – Gideon esbravejou – Volte aqui!

oOo

Capitulo Cinquenta e Oito - Discutindo

oOo

Meu pai era como um touro, sim exatamente. Grande, forte, e


muito bravo principalmente quando desafiado. Foi difícil faze-lo se
acalmar, minha sorte era ter a mamãe por perto. Ela era a única
com poder suficiente para fazer Gideon calar-se e escutar, e
naquele momento ele precisava ouvir muito. Depois que ele gritou
pelos quatro cantos da casa, finalmente cedeu as nossas preces,
sentou-se, e começou a beber, com mamãe aquietando ele.
– Que diabos Alexandra, você não pode deixar de ser minha
herdeira, porra! ― exclama ele, ainda inconformado.
– Pai eu vou me casar, como posso comandar o Crossfire se vou
morar com Theodore?
– Não vá. ― insistia ele. – Tem que ficar em Nova York, onde é seu
lugar.
– Pai, ele será meu marido, eu tenho que seguir seus passos.
– Você não entende Alexandra. ― Gideon prosseguia – Não tenho
outro herdeiro, não vou durar muito tempo no comando. O que vai
ser do Crossfire? Você sabe que tudo o que construí é minha vida.
Você vai me tirar isso Alexandra? Vai tirar a vida do seu próprio
pai?
– Gideon. ― Eva repreendeu. – Deixe de ser dramático, está
preocupado por que Alexandra cresceu e vai seguir com sua vida.
Ela está certa, tem que seguir os passos do homem que ama.
– Está contra mim Eva? – Gideon perguntou.
– Não, você sabe que não. Mas eu segui seus passos por que te
amo, tem que deixar que nossa filha faça o mesmo.
― Mas Eva é o Crossfire, o que eu vou fazer se Alexandra não
pode comanda-lo? Está tudo perdido.
― Vamos encontrar o jeito meu anjo, sei que vamos. Por favor,
apoie a nossa filha ao menos uma vez.
― Eu não vou apoiar nada enquanto eu não tiver uma solução para
esta merda.
― Talvez eu tenha a solução Cross. ― Theodore interrompeu.
― Que solução você teria para mim Grey? Por que eu não acho
que há uma solução, a menos que Alexa desista de morar em
Seattle, e continue sendo minha herdeira. ― Gideon disse.
― Cross, Alexa vai se casar comigo, é o que ela quer, é o que eu
quero. Sinto muito que ainda não temos sua aprovação, mas não
vai mudar nada. Ela ainda vai morar em Seattle comigo, vai ser
minha esposa, e não há nada que você possa dizer que vai mudar
isso. Eu entendo sua situação, não ter um herdeiro é como se você
visse seu império cair diante dos olhos. Entretanto eu tenho uma
solução que será boa para você, para mim, e principalmente para
Alexa. E eu não vejo outra saída que não seja essa. ― Theodore
disse.
― Diga a logo a porra da solução. ― Gideon esbravejou.
― A Alexa não precisa deixar de ser sua herdeira, ela é sua filha e
tem direito a tudo o que você construiu, e na verdade o que você
quer é que ela seja dona de tudo, e ela pode continuar sendo. No
entanto ela não precisa comandar seus negócios diretamente do
prédio principal do Crossfire em Nova York, ela poderá fazer isso de
outro lugar.
― Isso é um absurdo! ― Gideon exclamou. ― Ela não pode ser
minha herdeira se ela não estiver no Crossfire. Alguém tem que
estar lá, alguém experiente, que saiba com o que está lidando.
― Bem, você pode encontrar alguém de confiança com todos esses
atributos e colocar no comando do Crossfire. Essa pessoa será um
braço direito para Alexa, será alguém que está acostumado a
comandar, alguém responsável, e confiável. E Alexa poderá ficar
por dentro de tudo, mesmo estando em Seattle. Basta coloca-la
como presidente do edifício C&G. Ela vai estar em contato com o
novo diretor do Crossfire, ela vai continuar tendo um emprego, e vai
estar trabalhando com o que gosta. Ela vai estar em Seattle comigo,
é a única solução. ― Theodore esclareceu.
― O que é o edifício C&G? ― perguntei.
― É o nome que seu pai e eu escolhemos para o antigo prédio da
Vidal Records. Ele será inaugurado em breve, antes mesmo que a
gente se case. Você pode comanda-lo, e de lá vai ter contato direto
com o diretor do Crossfire, e comigo. Você não precisa deixar de
ser a herdeira do seu pai, e também não precisa deixar de se casar
comigo. Isso pode funcionar.
― Eu gostei. ― murmurei. ― Parece uma boa solução.
― Não, não é uma boa solução. ― Gideon retrucou. ― Ainda assim
precisarei de alguém confiável, responsável, que saiba lidar com o
comando de uma empresa. Não há ninguém para ocupar tal cargo.
Preciso de você Alexandra.
― Cross isso é tudo o que você pode ter, encontre alguém, não
será difícil. ― Theodore disse.
― Não se intrometa Grey, se não fosse por você, Alexandra
continuaria aqui, e eu não estaria me incomodando com isso.
― Sua filha cresceu Cross! Ela não vai viver pelo resto da vida com
você, servindo você! ― Theodore indagou.
― Grey você não sabe o que está falando. Você...
― Chega! ― gritei ― Pelo amor de deus, vocês dois podem parar!
Chega!
― Também estou cansada disso. ― Eva disse. ― Mas não há o
que discutir. Faça o que você tem que fazer Alexa, e você também
Theodore. E você Gideon aceite a solução de Theodore, ou desista
de vez da Alexa como sua herdeira.
― Eva isso não vai dar certo, preciso de alguém que seja confia...
― Pai! ― Interrompi. ― Eu tenho alguém que pode ser tudo o que
você precisa. Ela é confiável, é responsável, você a conhece muito
bem, e eu também. Ela tem experiências nos negócios, e já é
diretora de uma empresa. É perfeita para assumir tal cargo.
― Quem diabos poderia ser? ― Gideon perguntou.
― Rebecca Field.
― O que?
― Pai a Becca pode comandar o Crossfire. Ela já é diretora da
Walters Field & Leaman, e todo mundo elogia o trabalho dela. Nós a
conhecemos e sabemos que podemos confiar nela, além de tudo
Becca é muito próxima a mim. Sei que vai cuidar bem do Crossfire,
e sempre me deixará a par das novidades. Você gosta dela pai, os
sócios gostam os acionistas, os funcionários. Ela é perfeita.
― Alexa tem razão. ― Eva sorriu. ― Acho uma ideia maravilhosa.
Rebecca é como nossa segunda filha, nada mais justo de que tenha
uma parte do Crossfire.
― Alexandra...
― Pai, por favor, pelo menos dê uma chance para que eu mostre a
você que isso pode dar certo.
― Oh infernos! Tudo bem, se Rebecca aceitar ela ficará um tempo
em observação. Mas eu quero você por dentro de tudo Alexandra,
tudo! ― Gideon cedeu.
― Pode deixar paizinho, eu vou estar, prometo não decepciona-lo.
― Graças a deus. ― Eva suspirou.
― Quando Rebecca voltar de viagem à primeira coisa que farei é
oferecer a ela o cargo, depois às coisas vão ficar mais fáceis pai,
você vai ver.
― Rebecca já voltou de viagem. ― Mamãe disse.
― Já? Pensei que ela ficaria mais tempo.
― Todos pensamos, mas parece que aconteceu alguma coisa.
Cary me disse que Isaac estava estranho quando falou com ele no
telefone.
― Droga, será que brigaram?
― Não, eles estão juntos. Isaac está dormindo com ela no
apartamento de vocês. Pelo que Cary me contou, eu acho que ela
está doente.
― Doente? Ai não, eu preciso ver a Rebecca.
― Amanhã você pode ir vê-la querida.
― Não, não. Preciso saber o que está acontecendo agora, ela pode
estar precisando de mim.
― Eu levo você. ― Theodore se ofereceu.
― Alexa você acabou de chegar, e já quer sair? ― Eva suspirou.
― Nós não acabamos aqui ainda Alexandra. ― Papai disse.
― Olha pai a gente acabou sim, eu vou falar com a Rebecca e ver
se ela topa. Se ela aceitar, já temos a solução, se não aceitar, você
tem que ouvir a mamãe. Eu sou adulta e vou me casar, tenho que
fazer minha vida. Agora nesse momento eu preciso ir até a
Rebecca, por que eu tenho muitas coisas a dizer a ela, e também
por que provavelmente ela está precisando de mim. Vamos
Theodore, por favor.
― Alexandra...
Gideon me chamou, mas eu o ignorei. Peguei minha bolsa, puxei
meu namorado pelo braço, por que ele estava prestes a começar a
discutir com o meu pai de novo, e como discussões não levam a
nada, era melhor que eu o tirasse dali. Mamãe nos acompanhou até
a porta e disse que continuaria conversando com o meu pai até que
ele aceitasse essa ideia de vez, afinal, era a única que tínhamos, e
na verdade era muito boa. Eu continuaria sendo a herdeira de
Gideon, só que comandaria os negócios do edifício C&G, que é um
pouco do Cross, e um pouco do Grey, era perfeito. Tenho certeza
que Rebecca ficará louquinha quando eu disser que ela pode ser a
mais nova CEO das Indústrias Cross. Por falar na minha amiga,
espero que ela não esteja com nenhuma doença grave. Bem,
provavelmente não é doença, se não ela estaria no hospital, e não
em casa.
― Vai dar tudo certo Alexa. ― Theodore disse.
― Eu sei amor, eu sei.
Eu não era mais a menininha que aceitava tudo o que Gideon Cross
empurrava para cima de mim. Eu também não ia abandonar os
meus sonhos, e o homem que amo por causa de um emprego que
posso conseguir em outro lugar. Não, essa Alexandra Cross é uma
mulher adulta, que em breve se tornará a mais nova senhora Grey.
Argh!
Não, senhora não.
Corrigindo, me tornarei a mais nova esposa de um Grey.
Alexandra Grey.
Argh! Também não... Theodore que me desculpe, podemos arranjar
uma briga imensa mais continuarei a ser uma Cross. (Bem, acho
melhor deixarmos essa discussão para outro dia...).

Ooo

Capitulo Cinquenta e Nove - Alegre

oOo

Assim que eu passei pela porta Rebecca me avistou. Ela gritou,


eu gritei, e nós duas nos atiramos uma na outra. Eu acho que nunca
passei tanto tempo longe da minha amiga, e agora que estou com
os seus braços ao meu redor eu sinto uma tristeza imensa por
saber que teremos de nos afastar por muito mais tempo. Eu não
queria que fosse assim, mas essa é a melhor escolha. Não quero
afastar Theodore dos seus negócios, da sua cidade e da sua
família. E também sinto que preciso ficar um tempo longe de Nova
York, dos meus pais, e da vida que eu levava. Eu vou ser a esposa
de alguém, e talvez seja a hora de amadurecer em mais de uma
questão. E sei que só posso fazer isso construindo a minha própria
família.
― Oh meu deus você está aqui! ― Rebecca exclamou esmagando
minha bochecha com um beijo estalado. ― Eu senti sua falta!
― Eu também senti sua falta, pensei que fosse passar mais tempo
de férias.
― Bem, eu ia. ― Rebecca respondeu afastando-se e me deixando
respirar um pouco. ― Mas aconteceu algumas coisas, e eu e Isaac
tivemos que voltar... Mas e você? Pensei que suas férias acabariam
só daqui a uma semana.
― É, era pra ser. Mas aconteceram algumas coisas também.
― Tudo bem entre, nós temos muito que conversar. Isaac deu uma
saidinha pra comprar rosquinhas doces e já volta. Onde está
Theodore?
― Theodore está no apartamento dele, ele tem que arrumar as
suas coisas e voltar para Seattle, faz parte dessas coisas que
aconteceram que eu preciso te contar... Mas e Isaac, rosquinha
doce? Desde quando vocês comem rosquinhas doces?
― Bem, isso também faz parte das coisas que aconteceram que eu
preciso te contar. ― Rebecca me deu um sorriso tremulo e eu sabia
que esse seria o dia de meninas, falar e falar até que não houvesse
mais segredos.
Eu preparei café, por que era a única coisa que eu sabia preparar
do jeito certo, e também era uma bebida que tanto eu quanto
Rebecca apreciávamos. Enchi duas canecas grandes, e levei para
a sala, passei uma para Rebecca, que nós duas nos sentamos
sobre o tapete no chão. Rebecca deu um gole de seu café, sorriu, e
virou-se para me encarar.
― Você começa. ― Ela disse. ― O que aconteceu?
― Estive desconfiada que o advogado de Theodore, e sua
contadora estavam tramando uma fraude contra ele. Fiz algumas
ligações, consegui algumas ajudas, e descobri que era verdade.
Eles estavam tentando aplicar um golpe em Theodore, já tinha até
uma conta fora do pais. Sabe como sou esquentada não é? Fiquei
com tanta raiva que acabei ligando para a tal secretária e ameacei
coloca-la na cadeia. E sabe o que a vaca loira fez? Ameaçou-me.
Contei tudo para Theodore, e ele começou a tomar providencias.
Mas descobrimos que ambos fugiram, agora tivemos que colocar a
policia atrás deles.
― Meu deus! ― Rebecca exclamou chocada. ― Alexa você é
maluca, ameaçou os ladrões?
― Bem, só a vaca loira, mas eu bem que gostaria de chutar o
traseiro do tal Victor.
Rebecca riu.
― Você não vai mudar nunca. Fico contente que descobriu esses
dois, mas ainda assim, não deveria ter feito o que fez, é muito
perigoso.
― Eu sei, e é por isso que estou em Nova York. Papai recebeu um
telefonema anônimo, dando a entender que minha vida corria
perigo. Gideon e Theodore me forçaram a vir para casa, por que
acham que esse telefonema pode estar ligado a Victor e Cornelha.
― Oh não! Eles estão certos, podem estar com raiva por você ter
interferido nos planos. Você precisa ter cuidado.
― Eu sei, eu até entendo isso, e estou tento cuidado, juro. Até
agora só fiquei perto da minha família e de Theodore, queria ter
vindo dirigindo para cá, mas Theodore não deixou, e me fez
prometer que qualquer lugar que eu for vou avisar antes. Isso é
horrível, me sinto uma garotinha. Mas farei, se é o que eles
querem.
― Ah Alexa, é por pouco tempo. Logo vão pegar estes dois
bandidos.
― Vão mesmo, Theodore vai voltar para Seattle amanhã para
cuidar disso pessoalmente. Não vamos descansar até que eles
estejam atrás das grades.
― É uma pena que isso tenha acontecido, e vocês tiveram que
interromper a viagem. Mas me conte como estava Aspen?
Abri um sorrisinho, agora vinha à parte boa.
― Aspen foi uma das melhores coisas que já aconteceu na minha
vida.
Rebecca se inclinou para frente curiosa.
― O que? Você está sorrindo, o que foi?
― Rebecca eu vou me casar, olha o meu anel. ― Estendi a minha
mão para ela.
― Oh meu deus! Oh meu deus! Oh meu deus! ― Rebecca gritou, e
me puxou para um abraço ao mesmo tempo em que praticamente
arrancava a minha mão para poder ver o diamante sobre o anel.
― Fantástico, não é?
― Você vai casar? De verdade? Minha garotinha vai se casar...
Com Theodore?
― Não, não. Eu conheci um loiro alto e gostoso, e ele me pediu em
casamento, então eu aceitei.
― Alexa...
― É claro que é com Theodore, Rebecca! Com quem mais eu me
casaria?
― Eu vou chorar! ― Rebecca me esmagou em outro abraço de
urso, e ela realmente começou a chorar.
― Não chore Becca, você tem que ficar feliz. Eu estou virando uma
adulta como você.
― São os hormônios, desculpe. Eu não acredito que você vai
casar... de novo.
Fiz uma careta.
― Eu vou subir no altar dessa vez. ― Eu disse, embora tenha
soado mais como uma pergunta do que uma afirmação.
― É claro que você vai subir, você o ama. E eu vou estar lá em
cima ao seu lado.
― É claro, você vai ser minha madrinha.
― Eu estou tão feliz por você, e eu vou amar ser sua madrinha.
Mesmo que eu vou parecer à madrinha mais desengonçada de
todas com uma barriga do tamanho do Himalaia.
Eu me afastei, e suspirei.
― Lá vem você com este negócio do peso, você está ótima
Rebecca.
― Mas em alguns meses vou parecer uma porca gorda.
― Rebecca em alguns meses você não vai parecer uma por... Por
que você se pareceria como uma porca gorda em alguns meses
Rebecca?
― Alexa eu estou grávida, e vou ser mamãe. ― Rebecca disse,
abrindo um sorriso de orelha a orelha.
― Não...
― Sim!
― Você grávida de um bebe?
― Provavelmente, já que eu acho que só se pode engravidar de
bebes.
― Uau, você vai ter um bebe! Minha amiga vai ter um bebe! Isaac...
Isaac é o pai?
― Não Alexa, o pai é um loiro gostoso que eu conheci no Caribe. ―
Rebecca diz irônica usando das minhas palavras anteriores.
― Bobona!
― É claro que Isaac é o pai, e ele está louco com isso. Você tinha
que ver quando ele soube, ficou todo pegajoso, agora não me deixa
segurar nem um copo, acha que o esforço físico pode ser ruim para
o bebe. Hoje acordei com desejo de comer rosquinhas doces, e ele
saiu imediatamente para compra-las. Está sendo um amorzinho.
Ninguém sabe ainda, exceto você. Eu queria que fosse a primeira.
― Ah Rebecca eu estou tão feliz por você. Aconteceu tudo tão
rápido entre você e Isaac, não que eu ache ruim, por que você
passou sua vida toda esperando por esse momento, e eu tenho
certeza de que vocês são ótimos juntos. Vocês vão formar uma
linda família.
― Você também vai formar sua própria família bobinha, e nós
vamos junta-las, e torna-las uma grande família.
― Você tem razão. Quem diria? Nós duas estamos nos tornando
adultas de verdade, com responsabilidades de verdade. Eu vou me
casar, e você vai ter um bebe.
― Eu te amo tanto Alexa, obrigada por fazer parte da minha vida.
― Rebecca me abraçou uma terceira vez.
― Eu também te amo Becca, você sempre vai ser minha outra
metade.
Rebecca e eu continuamos a colocar o papo em dia, pois ainda
queríamos saber dos detalhes. Eu contei a ela como foram os dias
que passei em Aspen, e como era bom estar perto de toda a família
de Theodore. Contei sobre a gravidez de Phoebe, e de como fui
péssima aprendendo a esquiar. Detalhei como foi meu pedido de
casamento, e Rebecca voltou a chorar culpando os hormônios.
Então eu falei sobre à casa que Theodore nos comprou, e dos
detalhes sobre a armação de Victor e Cornelha. Depois de
xingarmos os cretinos um pouco, foi a vez de Rebecca contar sua
aventura no Caribe. Ela disse que o hotel era ótimo, que as praias
eram perfeitas, que Isaac estava sendo melhor do que o esperado.
Também disse que eles brigaram um dia antes que ela soubesse da
gravidez. Isaac havia olhado para uma garota bonita por tempo
demais, e Rebecca achou um insulto. Eles dormiram em quartos
separados aquela noite. E na manhã seguinte quando Rebecca
passou mal, uma das camareiras aconselhou ela a fazer o teste, e
foi então que ela descobriu sobre o bebe, e contou para Isaac, que
ficou radiante, pediu perdão por ser um idiota, e disse que apesar
de cometer erros ele continuaria amando só ela. Os pombinhos se
acertaram, e agora estavam de volta a Nova York, e tinham muita
coisa pra arrumar. Afinal, eles iam ter um bebe, e muita coisa
precisava ser modificada na vida de ambos para receber essa
criança.
Em algum momento durante o nosso papo que estava muito bom
por sinal, a porta do apartamento se abriu. Isaac lançou um olhar na
nossa direção, em seguida novamente como se não pudesse
acreditar no que estava vendo. Ele parecia bonito como sempre, e
tinha este sorriso tão radiante quanto o de Rebecca. Ele largou
algumas sacolas sobre a bancada e veio em nossa direção.
― Gata você está linda. ― Isaac me puxa para um abraço
apertado. ― Sentimos sua falta.
― Eu sei, eu também senti falta de vocês. Então como você está
papai? ― Eu brinco.
― Ah você contou Becca? ― Isaac se vira com falsa indignação
para minha amiga. ― Eu queria que estivéssemos juntos quando
contássemos. Agora perdi a cara que Alexa fez.
― Bem, vocês podem tentar anunciar a chegada do próximo bebe
então você pode ver a cara que eu vou fazer. ― Digo, rindo.
― Alexa você já está querendo me dar outro filho? Por favor, eu
ainda tenho um na barriga. ― Rebecca aponta para si própria. ―
Eu tive que contar Isaac, Alexa também tinha novidades
interessantes, nós tivemos que fazer uma troca de informações.
― Será que eu posso saber quais são estas novidades? ― Isaac
pergunta olhando para mim.
― Claro papai, vou contar tudo pra você também.
E eu começo a repetir toda a história do que aconteceu em Aspen
para que Isaac também saiba. Ele ficou incrivelmente feliz por mim
por que eu vou me casar, mas ele também ficou um pouco receoso.
Eu podia entender, não era a primeira vez que eu aceitava me
casar com alguém, e da ultima vez eu havia deixado o noivo no
altar, e não me casei. Sei que pela cabeça de todo mundo passava
a ideia de que eu poderia voltar a repetir isso. Mas sei que isso não
vai acontecer por que desta vez o noivo certo vai estar no final do
corredor. Quando eu termino de contar tudo, Isaac volta para a
cozinha para preparar mais café.
― Você trouxe minhas rosquinhas? ― Rebecca pergunta enquanto
vasculha as sacolas que Isaac trouxe.
― Sim, de todos os sabores que eles tinham. ― Isaac responde.
Eles parecem tão bem juntos, como se já funcionassem como uma
família. Eu estou muito alegre por eles, mas tenho que dizer que
também estou com um pouco de ciúmes. Não ciúmes do tipo ruim.
Mas é que eu gostaria de estar com Theodore, de agir
despreocupadamente, de dividir a mesma cama com ele, e morar
em um lugar onde eu possa chamar de “nosso”. Não quero meu pai
por perto me tratando como criança, embora também não o queira
longe para sempre. Não quero ficar sem os almoços de quarta-feira
com a mamãe, e nem longe dos passeios no shopping com
Rebecca. Mas ao mesmo tempo eu gostaria de fazer essas coisas
com Theodore. Quero que ele me acompanhe nestes lugares, que
ele seja meu amigo, meu marido, minha família por completo. A
cada dia que passa mais certa eu estou da minha decisão. Quero
me mudar, e começar uma nova vida ao lado dele. Sempre
manterei contato com as pessoas que eu amo, ou me importo. Mas
acho que chegou a hora de Alexa se desprender deste lugar, e dar
um passo para algo novo e completamente diferente.
E isso me fez lembrar de algo importante que eu tinha para falar
com Rebecca.
― Becca.
― O que?
― Bem, como eu estava dizendo antes, agora que eu vou me casar
eu tenho que ficar perto de Theodore. Eu... Eu vou me mudar para
Seattle Rebecca, vou morar com ele lá, e deixar meu emprego no
Crossfire.
― O que? Como assim se mudar? Morar com ele? Deixar seu
emprego?
― Era isso, ou ele deixava o dele para morar comigo, mas eu não
queria que ele fizesse isso, por que eu sinto que eu devo ir até ele,
não ele ir até mim.
― Oh meu deus! Você vai morar em Seattle? Como eu vou ver
você? Com quem eu vou almoçar todos os dias, fazer caminhada,
fazer compras, rir, chorar? Quem vai assumir o seu lugar na
empresa? Seu pai sabe disso? Ele vai ficar louco quando souber.
Por que você está fazendo isso? Quero dizer eu entendo que você
vai seguir seu marido, mas e nós? Alexa eu não posso viver sem
você. ― Rebecca começa a chorar outra vez.
Oh não...
― Rebecca não faz isso comigo. Não quero que chore por minha
culpa. Eu vou vim ver você, não é como se eu fosse morar longe.
Posso estar toda a semana em Nova York. É isso, eu venho toda a
semana. O que você acha? Posso passar dois finais de semana em
cada mês com você, Isaac, e o bebê. Mas eu tenho que fazer isso,
você precisa entender, é isso o que eu quero.
― Eu entendo, eu completamente entendo. É só que eu nunca
achei que chegaria esse momento. Eu sabia que um dia teríamos
de nos separar e seguir caminhos diferentes. Achei que isso fosse
acontecer quando você ficou noiva de Damian, mas não aconteceu.
No entanto eu sabia que um dia eu ia me apaixonar, e você
também. E nós seguiríamos outro rumo. Mas é difícil ver isso
acontecendo agora.
― Eu sei amiga, é difícil pra mim também.
― Você vai mesmo vir toda a semana? ― Rebecca funga. Isaac já
está ao seu lado, abraçando ela protetoramente.
― Vou, eu prometo.
― E vai passar dois finais de semana comigo a cada mês?
― Também, prometo.
― Seu pai sabe?
― Sim.
― O que ele disse?
― Fez uma briga imensa, ainda não está contente por que ele
queria que eu assumisse a presidência do Crossfire. Entretanto
Theodore arranjou uma solução. Ele vai me nomear presidente do
C&G, que é o antigo prédio da vidal record. Assim estarei sempre
em contato com o prédio principal do Crossfire, e também com o
edifício principal da Grey, enquanto cuido dos negócios do meu
próprio edifício. Não é um máximo?
― Parece uma ótima ideia.
― É, mas para que isso dê certo eu ainda preciso convencer certa
diretora a ser aprendiz de Gideon Cross, e provavelmente a
próxima CEO do Crossfire.
― Sério? Gideon concordou com isso?
― Ele não teve escolha. ― Dou de ombros. ― Ou era isso, ou
nenhuma sucessora para o edifio principal do Crossfire. E além do
mais essa mulher é simplesmente perfeita para o cargo. Ela já é
diretora, é inteligente, competente, completamente responsável.
Bem, quase sempre. E o mais importante é que nós a
consideramos da família. É como uma segunda filha para o meu
pai.
― Quem é essa? ― Rebecca resmunga.
― Você Rebecca Field.
Rebecca deixa a boca cair aberta por alguns segundos enquanto
olha para mim com olhos arregalados.
― O que? Eu? Como assim eu? Você quer dizer eu assumindo a
presidência do Crossfire? Tipo, você bebeu Alexa?
― Não, eu estou falando sério. O papai aprovou, mesmo que não
amigavelmente. Preciso de você amiga, preciso muito. Não tenho
mais ninguém a quem recorrer, e é um cargo de altíssima
importância.
― Eu sei que é de altíssima importância, e é por isso que eu não
posso aceitar!
― Rebecca escuta você é minha melhor amiga, e mais do que isso
é como minha irmã. Você é minha família, e eu te amo demais. Mas
acima de tudo você é meu braço direito, minha outra metade. Não
há ninguém a não ser você que possa assumir este lugar.
― Ah Alexa, mas é o Crossfire! Você tem ideia do tumulto que vai
ser se eu aceitar este cargo?
― Eu sei, vai mudar a sua vida drasticamente. Aliás a sua, de
Isaac, e do seu bebe. Só que eu só confio em você para ser o meu
braço direito. Não existe mais ninguém.
― Meu deus você está me pedindo para aceitar um cargo que
muitos morreriam para ter, em seguida eu vou me tornar
simplesmente bilionária, e todo e qualquer jornal do mundo vai estar
estampando meu rosto na capa. Minhas responsabilidades vão vir
em dobro. É muita coisa pra assimilar.
― Não estou pedindo que aceite agora, apenas pense, mas, por
favor, pense.
― Alexa eu acho que é muita coisa pra pensar mesmo. ― Isaac
interrompeu.
― Você tem todo o tempo do mundo amiga.
― Eu vou pensar muito sobre isso Alexa, eu prometo.
― Obrigada. ― Eu digo suavemente.
― Eu que tenho que agradecer por você confiar tanto assim em
mim. Você pensa todos essas coisas sobre mim como você disse
antes? Eu sou seu braço direito.
― Você é. E eu preciso do meu braço direito aqui em Nova York,
enquanto o esquerdo vai pra Seattle.
Rebecca ri.
― Tudo bem, eu já entendi. Agora vem comer uma rosquinha
comigo, e vamos conversar um pouco mais sobre as vantagens e
desvantagens de ser a próxima CEO das Indústrias Crossfire...

oOo

Capitulo Sessenta - Raptada

oOo
Eu me despedi de Theodore há apenas meia hora atrás. Ele vai
passar em seu apartamento para pegar suas coisas, e depois ele
vai direto para o aeroporto onde o jatinho vai estar pronto para que
ele possa partir para Seattle, e resolver logo todos os problemas.
Estou muito triste com a sua partida, queria poder ir junto com ele,
mas ele prefere que eu fique aqui em Nova York. Ele acha que é
mais seguro que eu esteja no território de Gideon Cross, onde ele
pode cuidar de mim, e certificar-se de que eu estarei a salvo. Eu
acho que Theodore poderia cuidar de mim tão bem quanto o meu
pai, talvez até melhor por que eu estaria ao seu lado o tempo todo.
Mas eu entendo por que ele fez isso. Ele quer tentar se entender
com o meu pai, e ele quer que eu me entenda com o meu pai. Por
isso ele acha que eu ficando aqui isso tem mais chances de
acontecer. Bem, ele está enganado. Eu apenas vou ficar no meu
apartamento e de Rebecca até que eu possa ir para Seattle com
Theodore.
― Alexa vem cá! ― Rebecca chama da sala de estar.
Com um suspiro eu abandono o meu telefone sobre a cama,
apenas alguns minutos atrás eu estava conversando com o meu
noivo. Caminho até a sala e encontro Rebecca e Isaac deitados
juntos no sofá, eles estão vendo uma maratona de filmes comendo
pipocas. Bem, Isaac está comendo pipocas, já Rebecca está
comendo uvas passas com iogurte. Algum desejo estranho que ela
teve. Ela está segurando um envelope grande em sua mão, e tem
um sorriso imenso no rosto. Quando eu me aproximo, noto que não
é um envelope, e sim, um convite. Eu empurro um espaço para mim
no sofá, ignorando os protestos de Isaac e me inclino para perto de
Rebecca.
― O que é isto? ― pergunto.
― É um convite de casamento para nós.
― Um convite de casamento? ― Eu repito. ― De quem?
― Vejo com os seus próprios olhos. ― Rebecca diz, e me passa o
convite cor creme muito elegante.
Eu abro e vejo imediatamente o nome dos noivos. É de Charlotte e
Erick. No convite diz que eles vão se casar na casa dos pais da
noiva na França. Eu e Rebecca somos convidadas, junto com os
nossos namorados. Só por que Charlotte ainda não sabe que eu
estou prestes a me casar, e Rebecca provavelmente também. Eu
estou muito feliz por saber que finalmente minha outra amiga está
seguindo para o caminho que tanto sonhou. Dou uma olhada na
data e percebo que está muito próxima, apenas algumas semanas.
Já estou imaginando tudo. Eu, Theodore, Rebecca e Isaac na
França aproveitando um tempo juntos, e longe de toda esta
confusão sobre telefonemas anônimos, e empregados ladrões.
Parece exatamente o que estou precisando, é como uma salvação
neste momento.
― Parece que nós vamos para a França. ― Rebecca cantarolou.
― Isso é ótimo, Charlotte não poderia estar casando numa hora
melhor.
― É, verdade. Eu preciso contar a ela sobre o bebê, ou ela vai ficar
chateada que somente você sabe. Bem, eu vou ligar pra ela agora.
― Faça isso, diga que eu mandei os parabéns.
― Ah, vem comigo.
― Não, não eu vou sair.
― Vai aonde?
― Vou pra academia, estou cansada de ficar em casa, minha
mente fica presa em Theodore, e isso está me matando. Faz tempo
que não vejo Thomaz, e eu sei que ele pode me fazer esquecer um
pouco de todo esse tumulto.
― Ah, tudo bem. Cuide-se, e volte cedo eu vou pedir comida
chinesa para o jantar.
― Okay.
Eu volto para o meu carro, substituo meu vestido por calças e top
de ginástica. Pego a minha bolsa, as chaves do meu carro e me
despeço dos pombinhos. Faz tanto tempo que eu não dirijo o meu
próprio carro que parece que eu acabo de tirar a carteira. Eu chego
à garagem, destravo o alarme e sento-me confortavelmente no
banco de couro da minha BMW prata maravilhosa. Oh bebê, senti
sua falta. Coloco os óculos de sol, abro todas as janelas, e deixo a
garagem pela rampa de acesso. Hoje o transito não está tão ruim,
eu consigo dirigir confortavelmente sem ficar presa no
congestionamento. Faço meu caminho dirigindo para o Brooklyn,
onde a academia de Thomaz está localizada. Eu faço uma curva, e
noto um veiculo preto me seguindo. E então eu tomo um caminho
mais longo para a academia, por que eu quero saber se ele vai
continuar grudado na traseira do meu carro. E lá está ele, seguindo
pelo mesmo caminho. Eu freio bruscamente no acostamento, e eu
puxo o celular da minha bolsa. Disco para o terceiro numero na
minha agenda.
― Alexandra? ― A voz do meu pai soa do outro lado.
― Você colocou sua gente para me seguir, não é? Meu deus pai
relaxe, okay? Estou tão cansada disso.
― Alexa a minha gente não está seguindo você.
― Pai você não pode mentir, eu estou vendo este carro preto me
seguindo desde o Upper West Side, e agora eles estão parados
assim como eu, isso é ridículo.
― Não são meus homens Alexa, são de Theodore. Ele se certificou
de colocar a segurança em cima de você, eu não tenho nada haver
com isso.
― São de Theodore?
― Sim, eles são. Você sabe que precisa de segurança, ainda não é
seguro sair sozinha.
― Tudo bem, desculpe. Mas eles também não vão entrar na
academia, e me seguir para o banheiro ou coisa assim né?
― Alexa é só proteção, apenas segurança para você. Se você não
pode deixar seu pai cuidar de você, deixe que seu noivo faça isso.
― Okay, eu vou desligar.
Eu desligo meu telefone, e eu continuo seguindo para academia.
Estaciono meu carro no estacionamento do lado de fora, e sigo para
a entrada. O carro preto continua no estacionamento, e ninguém
desce para me seguir, o que é muito bom, por que não há nenhuma
maneira de que algo poderia acontecer comigo dentro da academia
de Thomaz, com todos aqueles homens grandões e fortes. Passo
pela recepção e sigo direto para as salas com os tatames, por que
eu sei que lá é onde Thomaz vai estar. E é claro que eu estou certa,
eu entro e a sala está cheia, eles estão assistindo algumas
demonstração de luta. Thomaz contra um de seus melhores alunos.
Eu tomo um espaço para mim e fico assistindo de longe. Nossa, ele
é bom. Na verdade eu sei que ele é muito bom, só que faz apenas
muito tempo que eu não venho aqui. Como já era de se esperar
Thomaz detona com o seu aluno, que cai no tatame e precisa de
ajuda para ser tirado para fora. Outro aluno entra no ringue, e
levanta a mão de Thomaz para indicar que ele venceu. Todos
começam a gritar e fazer o maior barulho como se estivessem em
uma luta de verdade.
― E então porra, vocês aprenderam? ― Thomaz ruge para seus
alunos. ― Mas algum franguinho para eu que eu possa chutar o
traseiro?
Todos os alunos ficam em silêncio.
― Eu sabia! ― Thomaz grita. ― Vocês são uns fracos. Por que não
sobem aqui e me mostrem o que vocês têm hein?
― Se você calar esta sua boca de merda quem sabe eu possa subir
ai e te mostrar como é que se faz. ― Eu grito de volta dando dois
passos para frente e ficando na visão de Thomaz. Seus lábios se
contraem, e ele sorri discretamente.
― Eu vou dizer para vocês rapazes. ― Thomaz continua. ― Aquela
garota ali tem metade do peso de vocês, e ainda assim eu tenho
certeza que ela saberia chutar um traseiro muito melhor do que
qualquer um.
Eu pisco para os meninos e sigo para o ringue. Thomaz dispensa
seus alunos, toma uma garrafa de agua na mão, e vem para se
sentar ao meu lado.
― Então princesinha, o que você faz aqui?
― Não me chame de princesinha seu idiota. Eu queria sair um
pouco de casa, pensei em fazer alguma coisa aqui na academia
antes de voltar. Ah a propósito eu vou me casar.
― Oh o que? Você só pode estar brincando.
― Não, eu não estou. Vou me casar com Theodore, espero que em
breve.
― Senhor, ele sabe que você costuma abandonar os noivos?
― Thomaz! Só aconteceu uma vez, e eu não vou fazer isso com
Theodore.
― Tudo bem, se você diz. Será que eu estou convidado?
― É claro que sim. Mas primeiro você precisa manter a minha
mente longe, eu estou tão cansada de pensar. Estou com
problemas com o meu pai por que se eu me casar vou morar em
Seattle, e quero comandar o Crossfire por lá, mas para isso preciso
que Rebecca aceite comandar a sede principal aqui. E Theodore
está indo hoje para Seattle por que ele tem que resolver uns
problemas com uns funcionários ladrões que tentaram roubar ele e
fugiram. Pra piorar meu pai recebeu uma ligação anônima de
alguém que disse estar querendo me raptar. Sabia que há um carro
preto no seu estacionamento, e os homens do meu noivo estão de
olho em mim? É, essa é a minha vida agora.
― Sinto muito Alex, não deve ser fácil ter que lidar com isso. Sabia
que antes de você, eu sonhava em ser rico? É, ai eu conheci você,
e todos os problemas que você passa por ser filha de Gideon
Cross, e eu percebi que não é tão fácil ter tanto dinheiro. Mas não
preocupe, vai dar tudo certo. Sempre dá, seu pai ouve você, apesar
de que você acha que não. E seu noivo logo vai estar de volta. E
essa paranoia de gente querendo te raptar, sempre aconteceu, não
é agora que vai parar.
― É, eu sei. Eu espero que você esteja certo.
― Vem, vamos. Quero que você faça abdominais, e depois me
encontre perto da esteira, vou te passar uma sessão de exercícios
para seguir, e manterei sua mente bem longe dos seus problemas.
― Obrigada, eu preciso disso.
Thomaz cumpriu com a sua promessa. Eu passei três horas na
academia seguindo os exercícios que ele me passava, e minha
mente ficou muito longe para pensar em qualquer coisa. Quando eu
terminei, estava exausta e toda suada. Eu me despedi dos meninos
e das meninas, e também de Thomaz e prometi que apesar do
casamento eu voltaria para vê-lo. Nunca me esqueceria de qualquer
amigo meu em Nova York, também garanti que ele receberia seu
convite para o meu casamento. Peguei as minhas coisas, e deixei a
academia. No estacionamento percebi que o carro preto continuava
estacionado no mesmo lugar, e um homem alto e forte estava
apoiado perto da porta com os braços cruzados. Ele estava vestido
todo de preto, e usava óculos. Quando eu comecei a encara-lo, ele
levantou os óculos e deu uma piscadela e um sorriso amarelo para
mim. E eu? Eu mostrei o dedo do meio e segui para o meu carro.
Destravei o alarme, abri a porta do passageiro e empurrei minha
bolsa no banco, dei a volta e abri a porta do motorista.
― Ei moça! ― Uma mulher chamou atrás de mim. ― Você deixou
cair isso.
Eu me virei, e congelei. Ela era alta, bonita, e tinha cabelos pretos
(pintados), mas seus olhos não poderiam me enganar. Antes que
eu sequer abrisse a boca para dizer alguma coisa, ela levantou o
cabo de uma arma, e bateu contra a lateral da minha cabeça. Eu
gritei usando toda a força que eu tinha, mas em seguida duas mãos
fortes estavam me empurrando para dentro do meu carro. A mulher,
que agora estava morena, mas que para mim sempre será a vaca
loira assumiu o volante e arrancou com o meu carro do
estacionamento, enquanto duas mãos enormes me mantinham
presa pressionada no banco do passageiro. Este era Victor, só
podia ser. Eu peguei um vislumbre dos homens de Theodore
correndo em direção ao carro, mas era tarde demais.
Eu estava sendo raptada.

oOo
Capitulo Sessenta e Um - Ferida

oOo

P.o.v Alexa

Malditos filha da puta.


É isso o que esses dois irmãos geniosos do mal são. Como eles
tiveram a coragem de me raptar usando o meu próprio carro para
fugir? E com os seguranças de Theodore praticamente embaixo do
meu nariz. Eu vou dizer a verdade, eu não estava com medo, por
que eu não achei que Cornelha e Victor teriam coragem de raptar a
filha de Gideon Cross, e noiva de Theodore Grey. Mas eu até estou
admirada que eles tenham tido coragem para desempenhar tal
façanha. Droga! Meu pai e Theodore estavam certos, o tempo todo,
eles me disseram que eu deveria tomar cuidado, eles até colocaram
esses benditos segurança na minha cola. E eu os ignorei, mas
caramba, meu pai já recebeu milhares de telefonemas de
psicopatas que queriam me raptar, porem ninguém nunca levou
isso até o fim, por que sabiam que não era uma coisa boa mexer
com Cross. Ainda assim, a vaca loira, e seu irmão pisaram em cima
de qualquer medo que eles tinham, e levaram isso a sério.
Agora eu estou em algum lugar muito silencioso, e eu tenho uma
venda tampando os meus olhos. Minhas mãos estão amarradas, e
eu estou sentada em uma cadeira. E eu não consigo parar de
pensar em como Cornelha e Victor conseguiram despistar os
homens de Theodore. Que imbecis, eu acho que eu mesma consigo
me livrar desse lugar sozinha. Theodore vai ficar uma fera quando
descobrir o que aconteceu, já tenho pena do que ele vai fazer com
os seus homens quando descobrir tudo. E meu pai? Deus, o meu
pai vai colocar Nova York de cabeça para baixo. Eles vão conhecer
a verdadeira fúria de um homem. O pior é que quando eu for
libertada, eu vou ouvir muito, e eu vou merecer cada palavra. Eu fui
estupida, okay? Eu sei que eu fui, mas porra, as pessoas não vivem
a minha vida, eu vivo. Parece fácil ser rica, morar no Upper West
Side, namorar um CEO bonitão, ter o emprego dos sonhos, e um
pai bilionário? Não é, não é nada fácil. A minha vida toda eu tive
pessoas sobre mim dizendo o que fazer.
Quando eu tinha seis anos e estava no parque com a minha babá,
eu queria brincar com as outras crianças perto do lago. Mas a babá
apenas rugiu para mim: De jeito nenhum mocinha, meus olhos
devem estar sobre você o tempo todo. Alguém pode querer pegar
você, e seu pai me mataria.
Eu nunca brincava com outras crianças, a menos que fosse
Rebecca ou Isaac e sempre na companhia de adultos.
Quando eu tinha treze anos eu sai da escola de balé mais cedo, e
eu estava com fome, então eu fui até um pub e comprei algo para
comer, quando eu retornei aos portões da escola, havia homens
vestidos de preto por todos os lugares, e um deles me interceptou e
disse: Encontrei ela! Mocinha você não deveria ter saído sozinha,
alguém poderia prejudicar você.
Eu nunca fui para festas, parques, lojas, ou qualquer merda assim
sozinha. Pelo menos não até os dezoito anos. Sempre havia
alguém comigo, por que a filha de Gideon Cross tem que ser
protegida.
Quando eu tinha dezesseis anos eu convidei um garoto para ir até a
minha casa, e eu consegui coloca-lo para o lado de dentro sem que
ninguém soubesse. Eu gostava dele, okay? Mas nós não
estávamos fazendo nada demais. No entanto alguém dentro da
casa descobriu sobre ele, e invadiram o meu quarto, e dois grandes
seguranças pularam em cima dele. O coitado torceu o pulso aquela
vez. Depois minha mãe me repreendendo disse: Alexa você não
pode trazer ninguém até aqui, mesmo os seus amigos, nós não os
conhecemos, eles poderiam não ser totalmente bons, e prejudicar
você.
Eu nunca pude trazer amigos até a minha casa, e eu também não
pude ir até eles. Meu primeiro namorado foi Thomaz, e eu só acho
que eu consegui me envolver com ele, por que eu dizia que ia para
aula de Krav Maga. Ainda assim quando papai descobriu sobre ele,
ele disse: Ele é só um lutador, um mero professor em uma escola
de artes maciais. Você é mais que isso Alexandra, você não pode
se envolver com estas pessoas.
Eu não me importava, Thomaz era legal comigo, e foi a primeira vez
que eu passei por cima das regras de Gideon e me envolvi com ele.
Bem, mas não é sobre isso que eu estou tratando aqui. Mas pelo
fato de que eu não tive uma vida normal como as outras garotas. As
pessoas acham que eu sou mimada, que eu sou infantil, que eu
piso sobre as regras do meu pai. Mas essa foi à maneira que eu
encontrei para não ficar chateada e deprimida com o tanto de
coisas que eu perdi por ser uma Cross. Se eu agradeço o meu pai
pelo o que ele me fez? Pode parecer que não, mas sim. Ele sempre
esteve presente por mais ocupado que ele fosse, e ele sempre
cuidou e me protegeu. Eu sei que não é culpa dele que eu tive que
enfrentar isso na minha vida. Afinal, ele não me escolheu como
filha, e eu não o escolhi como pai. Simplesmente aconteceu. E eu
não me arrependo. Agora que sou maior percebo que passar por
tudo isso foi muito difícil, mas foi preciso. Entretanto acabou o
tempo de ficar embaixo das asas de Gideon Cross, eu cresci, e eu
quero definir o meu caminho.
Isso se eu sobreviver até lá.
Eu o som de passos, saltos, e botas, e eu sei que os irmãos do mal
estão se aproximando. Então a venda é tirada dos meus olhos, e eu
vejo que eu estou em uma grande construção abandonada. É um
espaço enorme, e eu posso ver o meu carro estacionado a alguma
distancia. Cornelha está na minha frente, ela se veste como uma
garota pobre, com jeans rasgados, e uma camiseta simples. Seu
cabelo está cortado bem curto, e pintado de preto. Ela carrega uma
arma na mão, e um sorriso diabólico no rosto. Victor está usando
roupas simples também, mas ele está muito sério. Ele me encara
fixamente. Em sua mão ele tem um telefone.
― Sentiu minha falta querida? ― Cornelha provoca.
― Você não sabe o quanto. ― Eu resmungo.
― Eu não acredito que você ainda não perdeu a sua pose. Deus,
você é como o seu pai, se acha a dona do mundo Alexandra Cross.
― Eu não sou qualquer coisa que você disse, mas eu com certeza
sou melhor do que você sua cadela.
― Eu vou acabar com a sua arrogância, sua garota imbecil. ― Ela
late, em seguida ela levanta o cano da arma e me acera a minha
cabeça novamente. Eu fico tonta por um momento, mas é
passageiro.
― Você vai precisar de mais que isso para me derrubar.
― Sua garota patética... ― Cornelha levanta a arma novamente,
mas Victor segura seu pulso antes que ela me atinja.
― Guarde isto para mais tarde, Gideon não vai querer pagar o
dinheiro se a sua filha não puder abrir a boca por que você estourou
a cabeça dela. ― Victor diz calmamente, e Cornelha se afasta.
― Você tem muita sorte vadia. ― Cornelha cospe. ― Mas ela não
vai durar muito.
― Hoje vamos coloca-la naquele quarto nos fundos. Sem agua,
nem comida. Amanhã nós ligamos para Gideon e informamos o que
queremos, e você Alexandra vai colaborar com a gente. ― Victor
diz.
― Eu não vou colaborar merda nenhuma, vocês vão apodrecer na
cadeia. Seus vermes! Desgraçados! Meu pai vai acabar com
vocês!
E então eu sinto isso, um punho se conectando com a minha
bochecha. Minha pele arde, e eu sinto isso nos meus ossos. Eu
grito quando minha cabeça chacoalha violentamente.
― Cala a boca! ― Victor grita em cima do meu rosto. ― Ou eu vou
socar o seu precioso rosto outra vez. Eu duvido que Grey acharia
você bonita se eu desfigurasse o seu rosto.
― Eu pensei que você tinha dito para não tocarmos nela até falar
com Cross. ― Cornelha sorri perversamente para mim.
― E não é, eu estava apenas... dando um aviso. ― Victor completa.
― Vamos leva-la lá para trás.
Cornelha desamarra as minhas mãos, e Victor toma os meus
ombros e começa a me empurrar para o fundo da construção onde
eu posso ver várias portas. Ele vai me enfiar lá dentro, sem comida
e sem agua, até amanhã, e então ele vai ligar para o meu pai. Meu
deus, eu preciso sair daqui, minha bochecha ainda está latejando.
Eu olho para os lados, mas eu não vejo nenhuma saída. Entretanto
a uma escada para cima, eu não sei se há como subir e escapar
por algum lugar. Mas eu não quero ficar aqui, eu não posso ficar
aqui. Eu continuo caminhando devagar. Victor me empurrando, e
Cornelha caminhando mais atrás. Eu sei que ela tem uma arma,
mas ela não vai atirar em mim, por que ela precisa que eu esteja
viva. Lembro-me de algo que Thomaz me ensinou, e eu não tenho
tempo para pensar antes de agir. Impulsiono o meu corpo com força
para frente, e planto o meu cotovelo nas costelas de Victor com
tanta força quanto eu posso. Ele não está esperando por isso, e ele
me solta, e leva a mão até suas costelas. Eu não olho para trás, eu
apenas corro o mais rápido que eu posso. Ouço Victor gritar com
Cornelha, e então eu sei que ela está bem atrás de mim.
― Volta aqui sua vadia! ― Cornelha grita. ― EU vou atirar em
você.
Eu continuo correndo e eu alcanço as escadas. Subo de dois em
dois degraus, e no final a uma porta, está aberta, eu entro e corro.
O lugar é enorme e completamente vazio, no entanto a outra
escada, e eu corro para lá. Esta é maior, e eu subo rapidamente, e
então há um conjunto de vários outras portas. Não há saída! Só
portas, eu empurro uma delas e eu vejo vários móveis antigos
cobertos com lençóis brancos. E então os meus olhos pegam o
vislumbre de uma porta, daquelas grandes com sacada. Eu corro
até lá, ainda ouvindo os passos de alguém atrás de mim. Eu bato
na porta e ela está trancada, eu começo a puxar os trincos com o
maior desespero. A porta é velha, e range muito, mas então ela
abre. E eu posso ver o sol, as nuvens, e o chão há pelo menos
doze metros de altura. Não há pessoas, apenas becos e mais
edifícios abandonados, eu não faço ideia de onde estou.
― Acabou pra você vadia! ― Cornelha grita atrás de mim.
Eu olho para ela, e então para Victor que está bem atrás dela. Eu
me viro e eu olho para baixo. É tão alto, eu odeio altura, eu tenho
medo, eu não quero pular, será que eu sobreviveria? Mas se eu
ficar? O que eles vão fazer comigo? Eu percebo que eu tenho
lágrimas correndo pelos meus olhos, minha cabeça está girando.
Mas uma vez, eu apenas não penso. Eu coloco a minha perna
sobre a sacada, e me firmo, e então eu vou para passar a outra
perna. Mas Victor já está sobre mim, agarrando os meus cabelos e
me puxando de volta. Eu grito e tento empurra-lo, mas os dois me
tem novamente.
― Chega disso! ― Victor ruge, e então ele segura a minha cabeça,
e bate contra a porta.
Eu apago quase imediatamente. Meu ultimo pensamento é que eu
não disse eu te amo para as pessoas com quem eu me importo, e
eu nem sei se eu vou viver.

***

P.o.v Theodore

Eu estava pronta para embarcar no meu jatinho, e voltar para


Seattle. Não via a hora de acertar as coisas por lá, e ter Victor e
Cornelha atrás das grades o mais rápido possível para que toda
essa merda finalmente acabasse. Alexa continuaria em Nova York,
a pedido de Gideon que queria estar de olho na filha. Eu não queria
deixa-la, mas ele ainda é o pai dela, e quando Alexa for minha
esposa, eu vou ter mais do seu tempo do que Gideon. Entretanto eu
resolvi deixar alguns dos meus homens de olho nela, mantendo-me
informado. Eu conheço a minha Alexa, e eu sei que ela não vai
passar a semana trancada em seu apartamento, por isso os meus
homens estão lá, para segui-la e protege-la quando ela sair. Parecia
que tudo ia dar certo, e que logo eu estaria de volta com tudo
resolvido, e nós poderíamos dar continuidade a nossa vida. Mas, as
coisas simplesmente desabaram quando eu recebi um telefone.
― O que foi Dean? ― Eu pergunto ao telefone para um dos
homens que deixei de olho em Alexa.
― Senhor nós temos um problema. ― Ela diz cabisbaixo e eu sei
imediatamente que tem algo errado.
― Que problema? ― Exijo.
― A senhorita Cross deixou seu apartamento mais cedo para ir até
uma academia. Na saída, ela foi interceptada por uma mulher.
Senhor, eu sinto muito. Nós tentamos alcança-la, mas eles foram
malditamente rápidos. Eu nem vi de onde o homem apareceu, ele
simplesmente estava lá em um segundo , e arrancando com o
carro. Nós os seguimos, mas os perdemos. Eu sinto muito senhor...
Eu não sei mais que porra ele continua falando, por que eu não
estou ouvindo merda nenhuma. Eles a levaram... Victor e Cornelha
levaram-na de mim... É só isso que eu posso ouvir. Minha Alexa
está na mão desses bandidos, e é tudo culpa minha, eu deveria
estar lá com ela. Eu deveria ter ouvido ela muito antes quando
minha garota me alertou sobre esses idiotas. Agora ela se foi, e eu
estou perdido.
― Senhor você está ai? ― Dean pergunta chamando minha
atenção.
― Vocês estão demitidos porra! Demitidos, seus idiotas, vocês não
podem nem fazer a merda do trabalho direito, eu quero vocês fora!
― Eu rosno para ele, e então eu desligo o telefone, e eu puxo outro
numero, e eu já estou discando. Connor atende no segundo toque,
e eu já estou rugindo ordens para ele. Eu não me importo se ele
tiver que colocar todos os seus homens nas ruas de Nova York, eu
não me importo se ele tiver que fechar os aeroportos, eu não me
importo com nada, eu só quero a Alexa de novo. Assim que eu
desligo, e eu estou saindo do jatinho e voltando para o meu carro.
Eu preciso encontrar Gideon e contar o que está acontecendo. Ele
conhece Nova York como ninguém, e ele terá meios que me
ajudaram a encontrar Alexa. E foda-se eu vou acha-la nem que eu
tenha que ir ao redor do mundo. E Victor e Cornelha vão ter os
piores dias de suas vidas quando eu colocar minhas mãos sobre
eles. Os desgraçados mexeram comigo, e eu estive furioso por um
longo tempo. Mas agora eu não estou mais furioso, eu estou
possesso, eu quero estrangula-los com as minhas mãos. Eu vou
fazê-los pagar por entrar na minha vida.
Ninguém mexe com o que é meu.
Ninguém ameaça a minha garota e sai por cima.
Ninguém vai tira-la de mim, e estará tudo bem.
Eu vou ter minha Alexa de volta, custe o que custar.

***

P.o.v Gideon

Não! Não! Não!


O meu pior pesadelo se tornando realidade. Eu arrasto minha mão
sobre a minha mesa, e levo tudo ao chão. Quando eu levanto
empurrando minha cadeira para trás, ela cai com um baque pesado.
Minha secretária se afasta com os olhos arregalados de medo.
Theodore Grey está na minha frente, e em seus olhos eu posso ver
a fúria, a mesma que eu estou sentindo.
Eles a levaram.
Desde que Alexa nasceu ela era ameaçada, eu estive sempre
vivendo com medo que eu não a protegesse o suficiente. Ainda
assim, chegou o momento em que aconteceu. É tudo culpa minha,
se eu não tivesse brigado com ela, dito todas as coisas que a
assustaram, ela ainda estaria aqui. Ela sempre foi a minha
garotinha, e ela sempre me ouviu. Ela apenas cresceu, e seus
pensamentos mudaram, mas eu não pude aceitar isso, e eu
continuei a prendê-la, e tentar controla-la. Fui tão egoísta que eu
disse a Grey para que ele fosse embora sem ela, por que eu queria
Alexa em Nova York. E o tempo todo eu apenas a coloquei perto
dos inimigos. Eu me odeio por isso.
― Jenna eu quero meus homens aqui imediatamente! ― Eu grito
para a secretária. ― Eu vou virar Nova York de cabeça para baixo,
mas eu vou encontra-la. Quem eles pensam que são? Acham que
podem vir até o meu território, levar a minha filha, e tudo ficará
bem? Diabos que não!
― Eu estou indo senhor. ― A secretária murmura, e em seguida ela
sai apressada.
Eu encaro Theodore.
― Se algo acontecer a ela... Eu não sei... Não sei o que eu vou
fazer, eu vou mata-los.
― Somos dois Cross.
― Eu vou mostrar a eles o motivo de ninguém mexer com a filha de
Gideon Cross.
― Nós estamos juntos nessa, Cross.

oOo

Capitulo Sessenta e Dois – Resgatada


oOo

P.O.V Alexa

Acordo com a claridade batendo no meu rosto que vem de uma


janela no alto da parede, e contém grades. Eu pensei em tentar
alcança-la e gritar por socorro. Mas primeiro eu teria de me livrar
das amarras no meu pulso, e também nos meus tornozelos, em
seguida eu teria de ter alguma escada, por que é realmente alto
demais para mim, e ainda assim não havia garantia de que alguém
fosse me ouvir, provavelmente não. Isso seria apenas mais um
motivo para Victor socar a minha cara. Por falar nisso, meu rosto
arde, minha cabeça dói, meu corpo inteiro está latejando. Não sei
há quanto tempo estou presa, mas eu acho que eu passei a noite
neste quarto. Não poderia ter esta claridade lá fora, e ainda ser o
mesmo dia. Eu fico me perguntando se Theodore já sabe o que
aconteceu, e se ele está me procurando. E o meu pai? Se ele já
sabe, deve estar louco. Mamãe provavelmente está impotente, em
lágrimas. Rebecca preocupadíssima, chorosa, e provavelmente
agarrada a minha mãe. Droga, eu queria sair daqui.
Victor cumpriu com a sua promessa, não me deu comida, nem
agua. Minha boca está seca, mas fora isso, e o meu corpo dolorido,
eu continuo bem. Aposto que eu poderia chutar ele mais uma vez,
se eu soubesse que eu conseguiria escapar, eu faria. Mas como eu
sei que não vou conseguir, então eu não vou tentar. Ouço passos
se aproximando, e sei que o inferno está longe de começar. Victor
comentou algo sobre hoje ser o dia de chamar o meu pai. Eu acho
que eles estão querendo uma recompensa. A porta é escancarada,
e os irmãos do mal entram. Victor está vestindo jeans escuros, e
camisa escura. Sua irmã, a vaca loira (agora morena) está usando
um traje escuro, como um macacão que se adere ao seu corpo.
Eles são dois imbecis, parecem estar se vestindo como espiões de
filmes adolescentes.
― Dormiu bem Srta. Cross? Eu sinto que não conseguimos lhe
arranjar uma cama decente, e serviço de quarto. ― Victor zomba.
Ignoro.
― Você deveria se ver no espelho, parece horrível. Uma sem teto.
― Cornelha ri.
― Pelo menos a minha roupa de ginástica vale dez vezes o valor
da sua. ― rebato.
― Cala a boca sua vadia. ― Cornelha cospe.
― Vamos acabar logo com isso. ― Victor diz. ― Eu vou ligar para
Gideon agora, e pedir o que eu quero, e você sua putinha vai fazer
exatamente o que eu disser, ou Cornelha vai arrancar a sua língua.
― Vocês merecem a cadeia, nada mais. Eu não vou cooperar.
Victor faz um gesto para sua irmã, e Corinne lança um tapa com a
mão aberta contra o meu rosto. Minha cabeça balança um pouco,
mas eu me seguro.
― Abra sua boca outra vez para dizer algo assim, e os meus
punhos vão estar na sua cara. Você já não parece tão bonita, então
é melhor fechar a boca.
Eu não disse nada, realmente não queria meu rosto desfigurado, e
esses dois pareciam que gostavam de socar a minha cara.
Cornelha puxou os meus cabelos obrigando-me a ficar de pé, e
caminhou ao meu lado para o lado de fora da sala. Ela me sentou
em uma cadeira, e ficou em pé ao meu lado. Victor deu a volta, e
sentou-se numa cadeira em frente a mim com um telefone celular
na mão. O meu telefone celular! Ele sorriu friamente, e então
começou a discar os números. Quase que imediatamente eu o ouvi
dizer:
― Não Cross, não é Alexandra. Mas você pode tê-la de volta, ou
pelo menos uma parte dela. ― Victor diz em seguida eu ouvi a voz
do meu pai trovejando pelo telefone. Não podia dizer o que ele
estava falando, mas sabia que ele estava muito, muito bravo. ―
Chega de ameaças Cross, eu sou o único com o poder aqui. ― Ele
parou, continuou ouvindo o que Gideon dizia, em seguida ele fez
um estalo com os dedos, e Corinne pegou um punhado dos meus
cabelos nas mãos e puxou com toda a sua força. Eu gritei, e
lágrimas surgiram nos meus olhos, enquanto ela continuava
segurando firme. ― Você está ouvindo isso? Cala a boca Cross, ou
Alexandra vai sofrer mais um pouquinho... Não eu não estou
machucando-a, isso é apenas um aperitivo do que está por vir se
você não fizer o que eu disser... O que eu quero? Hmm vejamos...
Que tal um bilhão de dólares, divididos em duas maletas, em um
ponto para uma troca?
Victor me encarou com olhos escuros de maldade, e um sorriso
perverso no rosto.
Estremeci.
― Um bilhão de dólares e eu prometo entrega-la com vida....
― Não faça isso pai! ― Eu grito. ― Eles vão fugir, não dê o
dinheiro!
― Cala a boca sua estupida! ― Cornelha cospe ao meu lado, e em
seguida puxa o meu cabelo novamente arrancando outro grito da
minha garganta enquanto lágrimas queimam nos meus olhos.
― Eu não estou tocando a minha mão nela Cross, eu juro. ― Victor
afirma para Gideon. ― Ela está irritando um pouco a minha irmã,
mas talvez eu possa segurar Cornelha por algum tempo se você me
prometer o dinheiro... Ah sim, perfeito Cross. A troca será as 19:oo
horas, e venha sozinho. Eu juro que se você tentar qualquer coisa
eu estouro os miolos da sua filha. Anote o endereço, você não vai
querer perder a única chance de encontrar a sua preciosa filha...
Victor passa um endereço para Gideon, e é exatamente o lugar em
que estamos, em seguida sem mais nenhuma palavra ele desliga o
telefone, e sorri para o nada, como se acabasse de conseguir algo
muito grande.
― Vamos conseguir. ― Ele afirma olhando para Cornelha. ― Ele
está furioso, mas não quer ariscar a vida da filhinha, vamos ter o
dinheiro e vamos embora.
― Você acha que vai ser fácil assim? ― Cornelha pergunta. ―
Acha que ele vai nos dar o dinheiro e deixar a gente escapar?
― Cornelha minha irmã querida quando tivermos um bilhão de
dólares na nossa mão, nem Gideon vai nos alcançar.
― Eu espero que você esteja certo, mas de qualquer forma vamos
nos preparar para uma emboscada. ― Cornelha diz.
― Mas é claro, é por isso que você vai ter uma arma apontada
diretamente para a cabeça da Srta. Cross aqui, qualquer movimento
errado de Cross eu quero que você atire. Eu não me importo se eu
não conseguir sair, se eu não conseguir o dinheiro, ou se me
pegarem. Mas eu quero ter a certeza que se eu não consigo o que
eu quero, Gideon também não.
― Você é tão inteligente irmãozinho, nós vamos conseguir.
― Vocês não vão escapar seus idiotas! ― resmungo. ― Meu pai é
mais inteligente do que vocês dois seus merdas, vocês vão pagar
por isso.
― Ai ai. ― Victor estrala os nós dos dedos com impaciente. ― Eu
estou cansada de ouvir a voz irritante dela, e você Cornelha?
― Nem me fale. ― Ela bufa.
― Acho que está na hora de mandar um pressentindo para o seu
noivo. ― Victor diz enquanto ele caminha na minha direção. ― Só
vou deixar as coisas um pouquinho mais feias para o seu lado.
― Covarde! ― Eu grito.
Logo Victor tem os punhos cerrados sobre o meu rosto, eu acho
que ele me bate pelo menos uma três vezes antes que eu apague
novamente.

P.O.V Theodore

O meu telefone vibra no meu bolso, e eu pego rapidamente


esperando que seja noticiais de alguns dos meus homens, mas o
que eu vejo faz com que a raiva dentro de mim cresça sem limites.
Filho da puta desgraçado, quando eu colocar as mãos sobre ele eu
vou esmaga-lo até que não sobre um único pedaço. Eu me sinto
doente em olhar para a imagem que eu recebi pelo celular de Alexa.
Ela está desmaiada, e o seu rosto de cheio de hematomas,
vermelho, e alguns roxos. Seus olhos estão fundos, seus braços e
pernas arranhados. Ele está maltratando-a, está machucando ela, e
eu estou aqui impotente, sem poder fazer nada, por que Cross tem
a porra de um plano que ele quer seguir.
― Cross olhe o que esse filho da puta me mandou. ― Eu rosno
passando o telefone para Gideon.
― Porra, mas que merda! ― Gideon atira o telefone contra a
parede destruindo-o. ― Vamos fazer isso logo, estou cansado de
esperar.
― Connor as maletas estão prontas? ― pergunto.
― Sim chefe, tudo okay. ― Connor responde.
Quando soubemos que Alexa havia sido raptada, eu e Cross nos
juntamos para descobrir onde ela está, e como salva-la. Gideon
mantem no telefone celular de Alexa um rastreador, então a
primeira coisa que conseguimos foi o local. É um prédio de quatro
andares, com galpões de armazenamento. Está abandonado por
enquanto, e completamente vazio do lado de dentro. Só há três
saídas, uma pela frente, e duas por trás. As portas são grandes, e
há poucas janelas, por isso quando chegamos não tínhamos uma
visão boa do lado de dentro. A equipe de Cross tomou conta de um
telhado vizinho, e eles começaram a observar o lado de dentro. O
que eu e Cross queríamos era apontar uma bendita arma na
cabeça dos dois bandidos ― Victor e Cornelha e estourar seus
miolos, então entrar lá e pegar Alexa. Mas isso não podia ser feito,
tanto por que os nossos caras não tem uma mira para dentro do
prédio, como também não queria arriscar de jeito nenhum que
Alexa fosse atingida em meia a esta loucura. Então tivemos que
esperar por Victor entrar em contato, e exigir o dinheiro para a
troca. Gideon aceitou o acordo, e agora nós temos um novo plano,
que pode sair errado, mas é a nossa única chance de retirar Alexa
de lá.
Vamos contrariar a ordem de Victor, e eu e Gideon vamos para a
troca com as maletas. Sabemos que no prédio está apenas Victor e
Cornelha, e que eles não têm qualquer outra ajuda. Quando
estivermos lá dentro vamos tentar concluir a troca de maneira
civilizada, por mais que eu queira quebrar os ossos daquele filho da
puta. Quando Victor tiver as maletas, nós vamos estar com Alexa. E
então eu vou surpreender Victor quando eu tirar a minha arma, e
apontar diretamente no seu cérebro imundo. Mesmo que Cornelha
tenha uma arma, ela não vai querer ariscar a vida do irmão, e se ela
tentar atirar em mim, eu vou estar usando colete por baixo das
roupas. Ela vai precisar de uma mira muito boa se ela quiser acertar
a minha cabeça, e eu não acho que uma vadia de uma secretária
tenha qualquer mira boa. Nesse momento Gideon vai tirar Alexa do
lugar pelo mesmo carro em que vamos chegar. E os homens de
Gideon vão invadir o prédio para prender Victor e Cornelha. Mas é
claro que antes que ele seja levado para a policia, eu vou quebrar a
cara dele.
Nós não sabemos se o plano vai correr como esperamos, mas nós
temos que contar com a sorte. Não queremos envolver a policia
nisso, e os homens de Gideon são capazes de seguir as ordens
corretamente. Tudo o que queremos é Alexa sã e salva, e Victor e
Cornelha presos, e nós vamos conseguir isso.
― Está na hora. ― Gideon disse. ― Tragam as maletas, e a minha
arma.
― O mesmo aqui. ― exigi.

P.O.V Gideon
Eu não vejo a hora de tudo isso acabar. Eu só quero ter Alexa de
volta em casa e segura, e esses bandidos na cadeia. Eu não
aguento pensar nas coisas que eles podem estar fazendo para ela.
É a minha filha, porra. Eu a amo, e eu não quero perde-la antes de
ter a chance de dizer o quanto eu estou arrependido. Eu e Alex
aeramos parceiros, mas do que minha filha, ela era o meu braço
direito. Em casa, ou nos negócios nós sempre fomos próximos. E
eu fiz tudo isso desandar, eu a afastei de mim, fiz coisas e disse
coisas horríveis. É o momento de deixar a minha menina crescer,
se ela acha que o certo se casar com Theodore, e ir viver em
Seattle, então eu tenho que apoia-la. Eu só não quero perde-la para
sempre, eu não posso suportar isso.
Quando eu entro no carro, eu coloco minhas mãos no volante
apertando com toda a força para controlar os meus nervos.
Theodore está sentado ao meu lado, e ele segura as duas maletas
com o dinheiro que Victor exigiu para a troca. Eu e Theodore
estamos armados, e prontos para agir em qualquer momento.
Nossos homens estão escondidos, e espalhados pelo pátio e eles
vão entrar quando for à hora certa. Quando Alexa estiver segura.
São 19:00 horas e nós partimos de carro de uma rua atrás do
prédio. Victor não sabe que estivemos observando ele e sua irmã o
dia todo. Nem sempre tínhamos uma visão deles, pois há poucas
janelas nos galpões, mas ainda assim tivemos alguns vislumbres,
enquanto pensávamos em todas as coisas que poderiam dar errado
e como agiríamos então. E eu estou preparado, mas do que
preparado para entrar lá.
Eu conduzo o carro, e eu entro diretamente pelo portão grande de
um galpão que está aberto. É um espaço muito grande, mas
completamente aberto, não há lugares para se esconder e eu
preciso tirar Alexa dali rápido. Eu estaciono o meu carro ao lado da
BMW de Alexa, pelo menos podemos usar os carros como escudo
para se proteger em caso de tiros.
― Você está pronto Grey? ― pergunto.
― Muito pronto, vamos lá.
Ele me passa uma das maletas, eu abro a porta, e eu desço
carregando-a na minha mão direita, em seguida Theodore sai
carregando outra maleta. Nós caminhamos até a metade do galpão
quando uma porta na lateral se abre e Victor sai, ele também tem
uma arma nas mãos. Atrás dele vem Cornelha, puxando Alexa pelo
braço. Alexa está com as mãos, e a boca atada. Quando ela nos vê,
ela emiti sons que eu nunca vou esquecer na minha vida. É dor,
angustia agonia, saudades, entre outras coisas. Eu quero chegar
até ela, e toma-la nos braços. Mas eu tenho que manter a calma por
ela, somente por ela. Theodore dá dois passos para frente indo em
direção a Alexa, com os punhos cerrados e a mandíbula tensa. Eu
não sei que porra ele está fazendo, por que ele deveria se controlar.
― Fique onde você está Grey. ― Victor ordena, Theodore dá mais
um passo para frente e Cornelha levanta a arma na cabeça de
Alexa. ― Ou nós não vamos nem ter a oportunidade de uma troca.
― Seu filho da puta desgraçado. ― Theodore rosna. ― Você vai
pagar pelo o que você está fazendo, eu juro.
― Cross eu pensei que nós tínhamos um acordo. ― Victor diz
ignorando Theodore e virando-se para mim. ― Eu disse para vir
sozinho.
― Foda-se você não ordena nada. Eu estou aqui, as maletas
também, vamos trocar.
― Claro, vamos. ― Ele diz. ― Deem três passos a frente, e
coloquem as maletas no chão abertas.
Eu dou os três passos, assim como Theodore e nós colocamos as
maletas, e então voltamos para o nosso lugar. Victor caminha até a
frente, e ele toca no dinheiro conferindo se é verdadeiro. Ele sorri
como se soubesse que conseguiu tudo o que queria, ele está
apenas enganando.
― Ótimo.
― Solte Alexandra agora. ― ordeno.
― Claro. Solte ela Cornelha. ― Victor diz para a irmã, e Cornelha
libera o braço de Alexa. ― Caminhe bem devagar até eles querida.
Alexandra começa a vir na minha direção a passos lentos enquanto
Cornelha mantem a mira da arma na cabeça dela. Eu vejo lágrimas
nos olhos, e nas bochechas da minha filha, e eu só quero tirar a dor
dela, quero que tudo acabe. Victor neste momento tomou as
maletas em suas mãos, e ele está indo para uma porta lateral de
saída. Eu sei o que tem lá, é o seu carro, seu meio de fugir, mas ele
não vai conseguir. No momento em que Alexa chega em mim, eu a
puxo para o meu braço e eu começo a leva-la para o carro. Ela
tenta se virar, eu acho que para ver Theodore, mas eu abraço ela
forte e continuo andando. Então eu ouço os tiros, e eu sei que
Theodore está indo até Victor. Eu coloco Alexa dentro do carro, e
antes de bater a porta eu ordeno.
― Fique aqui, eu vou ajudar o Grey.
― Não, não pai. ― Alexandra chora.
Eu quero ficar, quero mantê-la segura, mas Grey está lá, e Victor e
Cornelha estão armados, ele está em desvantagem, e eu não posso
deixar nada acontecer com ele. Se Alexandra o ama, eu não posso.
Eu pego a minha arma e eu corro pela porta lateral onde eles
sumiram apenas um minuto antes. Então eu vejo Victor no chão, e
Theodore sobre ele. Theodore está socando sua cara com os
punhos fechados, mas ele não percebe que Cornelha está vindo por
trás dele com a arma em punho. Eu não penso, apenas miro na
mulher e eu atiro. Ela grita e cambaleia para trás. O tiro pegou em
seu ombro direito. Eu avanço mais, e eu vejo muito sangue. É de
Victor, ele está praticamente desacordado de tanto que Theodore
bate nele. Eu agarro os seus ombros, e o puxo para trás antes que
ele faço uma besteira.
― Porra me solte! ― Grey rosna.
― Pare com isso porra, você não pode mata-lo.
― Eu tenho que acabar com esse desgraçado.
― Ele vai preso, será melhor assim, você não quer sujar suas mãos
com este homem.
― Não, eu não posso deixar ele ir.
― Grey se você quer se casar com a minha filha, e ter a minha
permissão largue o homem agora. Você não é um assassino, você
não vai querer isso martelando na sua cabeça para sempre, mesmo
que tenha sido para vingar a mulher que você ama. Solte ele,
agora. ― ordeno.
Theodore solta ele e se afasta.
― Vamos deixar que os outros cuidem dele, e a policia.
― Tudo bem. ― Grey concorda. ― Onde ela está?
― No carro.
― Não, não Alexa. ― Grey diz. ― Onde está Cornelha?
― Eu atirei nela, está bem aq... ― Eu me viro e eu vejo o sangue
no chão, e o rastro seguindo para os fundos, mas a mulher não está
mais ali. ― Porra eu acertei ela, não pode ter ido longe.
― Vou atrás dela. ― Grey diz.
― Ela não tem como escapar, o prédio está cercado. Eles vão
pega-la.
― Senhor. ― Ouço a voz de um dos meus homens, ele surge na
porta segurando a arma em punhos.
― A mulher fugiu pelos fundos, pegue ela. ― ordeno.
― Sim senhor. ― O homem assente. ― Porra, senhor cuidado!
Eu me viro para ver sobre o que ele está falando, mas não é
comigo. Ele está alertando Grey, e é tarde demais. Victor está com
a arma em mãos, e ele atira em Theodore. Eu levanto minha arma
novamente e eu atiro sem piedade nele, assim como o meu
homem. Cinco tiros e o filho da puta está definitivamente morto.
Não precisa ter acabo assim, mas assim foi. Eu me viro, e vejo Grey
sentando-se no chão, ele está pálido, e sangue mancha a sua
camisa.
― Porra você não está usando o colete? ― resmungo.
― Foi o meu ombro, eu vou ficar bem, é de raspão. ― responde-
me.
― Esse filho da mãe. xingo.
― Sabe você poderia ter dito que queria mata-lo com as suas
próprias mãos, ao invés de todo esse discurso de eu dou minha
permissão se você não mata-lo. ― Theodore diz zombeteiro.
― E onde fica o desafio? ― Pergunto. ― Eu tinha que saber o
quanto Alexandra é valiosa para você.
― Ela é, ela é malditamente da coisa mais valiosa na minha vida.
― Tudo bem, você tem a minha permissão, mas eu estouro o seus
miolos se você não cuidar bem dela.
― Pode deixar.
― Pai! ― Alexandra grita quando ela corre na minha direção, e se
atira sobre mim. Eu a abraço apertado, como eu queria fazer o
tempo todo.
― Está tudo bem querida.
― Pai eu sinto muito. ― Ela chora. ― Desculpe-me, eu sinto tanto.
― Já passou Alexandra, está tudo bem.
Ela se afasta, com os olhos brilhando, lágrimas no rosto. Ela está
tão machucada, isso me enfurece, mas graças a deus acabou.
― Eu te amo paizinho.
― Eu também te amo Alexandra.
― Eu que levo o tiro, e ele que ganha toda a recompensa. ―
Theodore resmunga de onde ele está sentado.
― Foda-se, eu sou o pai.
― Foda-se eu sou o noivo.
Alexa se separa de mim, e se vira para Theodore arregalando os
olhos em choque.
― Oh meu deus, você está sangrando!
― Eu vou ficar bem.
― Não, não, alguém chame um médico, por favor! ― Alexandra
grita.
― Está tudo bem pequena, venha até aqui.
Alexandra cai no chão ao lado de Theodore, e rasteja até os braços
dele.
― Eu sinto muito. ― Ela chora no peito dele.
― Não foi sua culpa, nada disso. Agora acabou, vamos embora.
― Eu amo você, tive tanto medo de não voltar.
― Eu tive medo de perder você, mas nós estamos aqui agora,
vamos esquecer tudo, okay?
― Okay. ― Ela concorda.
Alexandra se inclina, e beija Theodore.
Pigarreio, mas eles fingem que não me ouve.
Essa é a minha deixa, eu saio, e vou atrás de um telefone, preciso
acalmar a minha Eva.

oOo

Capitulo Sessenta e Três – Animada


oOo

Faz duas semanas que eu passei pelo pior momento da minha


vida. Graças ao meu pai, e ao meu noivo tudo acabou bem. Ou pelo
menos da melhor maneira possível. Theodore está se recuperando
do ferimento a bala que sofreu no ombro, tivemos sorte por ter sido
apenas de raspão. Meus arranhões, e meus hematomas estão
desaparecendo aos poucos, o que me deixou muito feliz, por que eu
fiquei horrível depois de tudo o que eu sofri.
Victor morreu, e sinceramente, eu gostei disso. Eu não poderia viver
em paz sabendo que ele poderia sair da cadeia a qualquer
momento. No entanto sua irmã Cornelha fugiu. Sim, você pode
acreditar? Os homens do meu pai estavam em todo o lugar daquele
prédio, esperando por ela tentar fugir em um dos carros
estacionados na garagem, mas ela simplesmente evaporou. Eles
acreditam que ela provavelmente usou a escada de incêndio para
fugir pela lateral do prédio, ou então ela caminhou para fora dos
portões sem ser vista por ninguém. Ela é uma filha da mãe esperta,
levou junto consigo uma das maletas com o dinheiro do meu pai. O
que ela não sabe é que o dinheiro é falso. Então foda-se a vaca, ela
não vai conseguir ficar muito tempo viva. Ainda mais depois que
meu pai deixou toda a cidade alerta para qualquer movimento que
ela possa vir a fazer.
Devo dizer que muita coisa mudou nestas duas semanas, e para
melhor. Meu pai de repente era o homem mais compreensivo do
mundo. Okay nem tanto assim, mas ele está bem legal. Parou de
cobrar as coisas de mim, e está recebendo todas as minhas ideias
muito bem. Ele deu sua aprovação para o meu casamento, e disse
que vai me levar ao altar, e dessa vez me arrastar até lá se eu por
acaso resolver mudar de ideia. Eu acho que ele falou sério sobre
isso, mas não importa, eu não quero fugir. Rebecca aceitou ser a
mais nova CEO do prédio principal do Crossfire. Eu fiquei mega
feliz, já que a única pessoa que eu realmente confio para isto é a
minha amiga. Agora tudo está se acertando.
E aproveitando que eu estou falando de coisas alegres. Theodore, e
eu estamos na França. Exatamente, na França! Hoje é o casamento
das minhas duas melhores amigas. Eu não contei né? Depois que
Charlotte soube que Rebecca estava grávida e que teria de se
casar em breve, ela ofereceu a oportunidade das duas terem um
casamento em conjunto, e é claro que Rebecca aceitou. Então
ambas as minhas amigas estão para se casar no quintal da mansão
dos pais de Charlotte, e tudo aqui é muito lindo.
Eu estou nervosa, do tipo imensamente nervosa, como se fosse o
dia do meu próprio casamento. Eu não sei como eu não desmaiei
ainda, estou tonta. Rebecca está uma pilha de nervos, e ela fica
gritando o quanto está gorda, e como o vestido não ficou perfeito. É
tudo paranoia da cabeça dela, pois seu estomago continua tão
plano como antes. Charlotte é um pouco mais calma, mas a sua
mãe é um desastre, e só tem que deixado mais louca. Ela fica
dizendo o quanto é feio que a noiva se atrase muito, mais fica
encontrando defeitos em todo o lugar, e nenhuma das noivas se
move para espaço algum. Jesus, acho que vou ter um treco no
meio dessa gente.
― Alguém viu o meu sanduiche? ― Rebecca perguntou.
― Você não pode comer agora, vai sujar seus dentes! ― A mãe de
Charlotte repreendeu.
― Mas eu estou com fome! ― argumentou Rebecca. ― E o bebe
também!
― Mãe deixe ela comer... ― Charlotte murmurou.
― Fique quieta para que eu possa terminar seu penteado. ― A
cabeleireira resmungou.
― Desculpe, só estou tentando ajudar minha amiga. ― Disse
Charlotte.
― Alexa você viu meu sanduiche? ― Rebecca perguntou.
― A pianista não veio! Ah meu deus, ela ficou presa no transito! A
pianista não veio! O casamento vai ser um desastre.... ― O mestre
de cerimonias começou a gritar.
― Que cor você quer pintar suas unhas? ― A manicure perguntou.
― Os padrinhos chegaram! ― gritou a mãe de Rebecca.
― Achei seu sanduiche! ― indagou a manicure.
OH MEU DEUS!
Eu fui obrigada a sair daquela saia cheia de pessoas malucas
gritando sobre tantas coisas que estavam confundindo a minha
mente. Fiz uma nota mensal de não ter um mestre de cerimonias,
nem uma manicure, ou um cabeleireiro, e nada de pianista.
Também nada de mães, pais, irmãs, tias, primas ou qualquer coisa
envolvida. Eu preciso de uma sala só para mim no dia do meu
casamento, ou todo esse transtorno vai me fazer correr outra vez.
Quando se aproximou do momento da cerimonia, eu fui abraçar
minhas amigas e desejar as duas toda a felicidade do mundo. Então
eu corri para o quintal, que estava lindíssimo. Cheio de cadeiras
brancas, e um corredor de pétalas de rosa que levavam a um altar
branco e bonito ao ar livre. Simplesmente fantástico, tenho que
admitir que a mãe de Charlotte fez um bom trabalho.
Eu e Theodore éramos madrinha e padrinho de Rebecca e Isaac.
Por isso nos posicionamos em nossos lugares perto do altar.
Quando a cerimonia começou, entrei em uma crise de choro. Não
sou do tipo que chora por qualquer coisa, e isso chocou até a mim.
Mas ver minhas duas amigas andando em direção aos seus futuros
maridos, tão sorridentes e felizes foi lindo, e emocionante. A
cerimonia correu tudo bem, e no final saímos jogando pétalas de
flor sobre os noivos que estavam radiantes.
A festa aconteceu no quintal mesmo, tudo ao ar livre. Várias mesas
foram posicionadas no jardim, e perto da piscina. Os noivos
cumprimentaram a todos, dançaram, cortaram o bolo. E no final tive
que correr para conseguir achar Rebecca e Charlotte juntas. Eu
queria me despedir delas antes de irem para suas respectivas lua
de mel. A de Charlotte seria aqui mesmo na Flórida, mas Rebecca e
Isaac ficariam por duas semanas em Veneza.
― Alexa! ― Rebecca gritou quando me viu. Aproximei-me e a puxei
para um abraço bem apertado e demorado.
― Vou sentir sua falta. ― murmurei.
― Vai ficar tudo bem, são só duas semanas e vamos nos ver de
novo.
― Sim, eu sei. Nem acredito que você é uma mulher casada, e
grávida.
― Entendo, é difícil para mim mesma acreditar. Mas estou tão feliz
Alexa.
― Que bom Rebecca, sabe que te amo, e te desejo toda a
felicidade do mundo.
― Eu também te amo, e logo será a sua vez.
― É, será. Se cuide hein, agora você é uma mulher de respeito,
mamãe do pequeno Field.
― Alexa pare de chama-lo de pequeno Field, você nem sabe se é
menino.
― É claro que é, estou dizendo, tenho instintos para isso.
― Isaac acha que é uma menina.
― Isaac não sabe de nada. Eu me comunico com pequeno Field.
― Ah sim, ligação de madrinha com afilhado?
― Com certeza.
― Eu tenho que ir, Isaac está me esperando.
― Eu sei, eu te amo, vá.
Rebecca me abraçou uma ultima vez, e seguiu para o lado de
Isaac. Em seguida abracei Charlotte, e nós conversamos
rapidamente, antes que ela fosse procurar por Erick. As mulheres
foram convidadas para a pista de dança, pois as noivas iam jogar o
buquê. Eu não pretendia entrar nessa, mas acabei sendo
empurrada por uma multidão de malucas,
e acabei no meio da pista. Ambas as noivas jogaram seus buques
ao mesmo tempo. Eu me vi encarando um céu muito azul, quando
um pequeno ramo de flores brancas caiu bem na minha frente. Ora,
se eu estava nessa, pelo menos era pra ganhar! Abaixe-me e
capturei o buquê de Charlotte, enquanto uma menina a alguma
distância de mim conseguiu o de Rebecca. Sai da multidão
saltitante com o meu ramo de flores na mão.
Encontrei Theodore de pé, olhando para mim com um sorriso no
rosto.
― Você não precisava disso. ― Ele disse fazendo um gesto para o
meu buquê. ― Já tem uma data, um lugar, um vestido, e um noivo.
― Eu sei. ― respondi. ― Mas é por garantia. Acho que foi um sinal,
algo como sorte, como se agora fosse pra valer.
― Você sabe que se você me deixar no altar haverá consequências
mais tarde.
― Ah é? ― Sorri. ― Que tipo de consequências?
― Algumas boas palmadas na bunda, até estar totalmente
vermelha e bonita para mim.
― Não é tão ruim. ― brinquei. ― Talvez eu te deixe no altar.
― Alexa...
― Eu estou brincando, eu vou estar lá, eu prometo a você que não
há outro lugar que eu queira estar mais do que no altar ao seu
lado.
― Eu te amo pequena.
― Eu também te amo coisa sexy.

oOo

Capitulo Sessenta e quatro: Determinada

oOo

Hoje é um dia muito importante na minha vida. É a inauguração


do edifício C&G, e também a noite que marca para sempre a união
entre um Cross e um Grey nos negócios. Estou tão empolgada, por
que eu sei que depois que meu pai e Theodore fizerem um
discurso, eles estarão passando para mim o comando deste
edifício. Estive esperando para assumir um lugar importante assim
por tanto tempo que agora parece até um sonho.
Olho para o meu reflexo no espelho, respiro fundo algumas vezes
para controlar meu nervosismo. Repito para mim mesma repetidas
vezes: “Vai dar tudo certo, essa é a sua noite Alexa”. Entretanto não
consigo me convencer disso. Será que realmente é o certo? E se
esse não for o meu lugar? E se eu fiz a maior besteira da minha
vida abdicando a minha cadeira de presidente do Crossfire para
assumir o C&G? E se eu colocar tudo a perder? E se eu não souber
administrar tudo do jeito que o meu pai faria? E se todas as coisas
estiverem erradas por minha causa?
― Alexandra Cross nem pense nisso!
Pulo de susto com a voz alterada de Rebecca. Seu reflexo surge no
espelho. Ela está atrás de mim com uma expressão séria igual
aquelas que ela faz quando está pronta para me dar um sermão.
― O que? ― pergunto inocentemente. ― Eu não estava pensando
em nada.
Rebecca suspira, em seguida caminha até o outro lado da sala,
senta-se em um pequeno sofá e bate com a palma da mão no
espaço vazio ao seu lado chamando-me. Viro-me e caminho até lá,
sento-me e ela segura a minha mão.
― Alexa eu conheço você muito bem, sei quando tem algo errado.
Sei disso pelo olhar em seu rosto, e sei também o que ele significa.
― E o que significa?
― Que você está com medo. ― Ela diz, e eu estou pronta para
discordar, mas Rebecca prossegue. ― Não tente discordar. Você
está com medo de que nada disso esteja certo. E sabe como eu
sei? É por que aquele olhar que você estava usando há poucos
minutos era o mesmo que eu vi segundos antes de você deixar
Damian no altar da igreja.
― O que? ― interrompo. ― Não tem nada haver com isso Becca.
― Sim, tem. Escute-me. Naquele dia você estava pensando se era
o certo se casar ou não. Se era o que você queria ou não. Se foi
uma escolha precipitada ou não.
― Mas foi! ― protesto. ― Foi muito precipitado! Eu pensei que
queria me casar com Damian, mas eu não queria. E eu não vejo
como isso tem haver com o olhar no meu rosto!
― Pra começar eu tenho certeza que você estava pensando se ter
vindo para Seattle foi certo, se escolher Theodore ao seu pai foi
certo, se escolher o C&G ao invés do Crossfire foi certo. ―
Rebecca continua. ― Alexa eu sei que você pode ter as suas
preocupações, suas duvidas, mas não deixe que esse medo tome
você por inteira. Se o seu coração escolheu Seattle, Theodore e o
C&G então é isso o que você tem que fazer. Por que é isso o que
você mais quer. Não fique pensando que foi errado deixar Nova
York por que você cresceu lá, não pense que foi errado deixar
Gideon por que ele é o seu pai, ou deixar o Crossfire por que é a
sua herança. Não, não pense assim.
Aperto a mão de Rebecca quando eu olho para ela.
― Você está certa, estou com medo. ― admito.
Rebecca se levanta e estende-me a mão. Eu aperto, e levanto-me
acompanhando-a até que ficamos as duas em frente ao espelho.
― Olhe para você de novo Alexa. ― Rebecca pede, e eu faço.
― Estou olhando.
― O que você vê? ― pergunta-me.
Começo a analisar o meu reflexo com cuidado por que tenho até
medo de responder a esta pergunta de maneira errada. O que
Rebecca quer que eu diga? O que eu vejo primeiro é os meus olhos
azuis claros. Eles estão um pouco vermelhos por eu quase ter
chorado. Rebecca está certa, a duvida está me corroendo por
dentro. Eu estou usando uma sombra que realça e marca bem o
meu olhar, mas não acho que seja isso que Rebecca queira saber,
então eu continuo procurando. Meus cabelos estão presos em um
coque com alguns cachos soltos. Eles estão bem brilhantes, e meu
penteado é elegante e bonito, combina com o meu vestido. Ah, o
meu vestido. É sem duvidas um dos mais bonitos que eu já
coloquei. Ele tem um corpete bem justo ao meu corpo, e com tecido
transparente coberto de pequenas pedrinhas brilhantes. Ele
continua com um caimento justo pelo meu quadril até o meu joelho,
então ele se abre em uma pequena cauda de estilo sereia. A cor é
vermelha, e vibrante. Eu o escolhi não só por ser a minha cor
favorita, mas também pensei que seria exatamente o tipo de vestido
que deixaria o meu noivo sem folego. Eu sei que estou bonita esta
noite, e isso me deixa contente. No entanto eu não acho que essa
seja a resposta que Rebecca quer de mim.
― Eu não sei. ― digo. ― Não sei o que você quer que eu
responda.
― Você ama Theodore? ― Rebecca pergunta-me enfrentando
meus olhos pelo espelho. ― E eu sou sua melhor amiga,
praticamente sua irmã. Então não minta para mim. Estamos nós
duas sozinhas aqui, e eu estou pedindo sua sinceridade. Você o
ama?
― Sim. ― respondo, sem hesitar.
― Você gosta e quer morar em Seattle? ― Ela prossegue.
― Sim. ― digo sinceramente.
― Você quer e está pronta para ser a presidente do C&G?
― Sim, eu quero isso.
― Sabe o que eu vejo olhando você nesse espelho Alexa? ―
Rebecca pergunta.
― Não, o que você vê?
― Uma mulher linda, confiante, e que sabe exatamente o que quer.
― Ela sorri para mim. ― Não tenha duvidas de que esse é o lugar
que você deveria estar agora, por que a única que escolheu esse
caminho foi você. Agora pare de pensar no que poderia dar errado,
no que é certo e o que não é, e simplesmente continue seguindo as
escolhas que o seu coração fez.
― Obrigada Becca. ― murmuro. ― Você está certa como sempre.
Eu quero isso, não sei por que estou com tanto medo, se é isso o
que eu quero.
― São as responsabilidades querida. Você está crescendo, está
formando sua família, é normal essa insegurança. Mas esqueças
por essa noite, e concentre-se no que é importante.
― Eu vou.
― Sua maquiagem já está borrada, pare de chorar ou você vai
estragar com tudo. Eu vou encontrar algo para retocar esse
rostinho, e já volto. Não pense em mais nada, okay? Theodore está
lá fora, lindo de morrer, só esperando por você. Aliás, você está
incrível.
― Obrigada, você também está linda Becca. ― elogio.
― Ah que nada, estou barriguda! ― Ela resmunga.
Rebecca é muito exagerada. Sim, ela está com uma pequena
barriguinha arredondada, mas quase não dá para notar ainda mais
com o vestido que ela escolheu. De cor marfim, longo, e um pouco
solto no caimento. Rebecca está incrível, desde que voltou da lua
de mel com Isaac as coisas entre os dois só tem melhorado. Eles
compraram um apartamento para viver juntos, e já está tudo
decorado. Inclusive o quarto do bebe, que, aliás, é um menino como
eu disse que seria. Nós escolhemos manter o nosso apartamento,
apenas para o caso de uma reunião de emergência entre as
meninas. Ou uma fuga do casamento. Ah você sabe como é, às
vezes precisamos ficar um tempinho juntas, longe dos meninos.
Theodore e eu decidimos que depois do nosso casamento vamos
viver no escala. Eu e ele gostamos de lá, e fica perto tanto do seu
prédio quanto do meu, será bom para o trabalho. O lugar é grande,
e acolhedor e nós temos boas memórias lá.
― Fique aí, eu volto rapidinho! ― Rebecca se vira e caminha para a
porta, fechando-a assim que ela sai.
Tudo parece estar acontecendo tão rápido. Nem acredito no rumo
que a minha vida tomou, em todas as coisas que eu passei, e em
como tudo está simplesmente ficando nos eixos de novo. Rebecca
está certa, tudo o que eu fiz, o caminho que eu conduzi foi para
chegar até aqui. O medo tem que ficar de lado agora, e apenas a
certeza deve ficar. Vou deixar essa sala, linda, confiante e
preparada para acompanhar o meu noivo até o salão, e enfrentar os
discursos que me levarão a ser diretora do edifício C&G.
Ouço alguém bater na porta, e espero que Rebecca vá entrar em
seguida, mas as batidas continuam. Não quero que Theodore me
veja ainda, só posso vê-lo quando eu estiver impecável e sem
nenhum traço de duvida no rosto, mas ele está muito impaciente.
Estamos sem nos ver desde que eu me tranquei aqui para colocar o
meu vestido. Ele fica me enviando mensagens a cada dez minutos
dizendo que vai vir me arrastar para fora dessa sala, mas ele não
fez isso ainda. Ele respeita meu espaço, e minhas decisões. Bem,
pelo menos por um tempo.
― Quem é? ― pergunto.
― Recepção Srta. Cross. ― Uma voz feminina responde.
Cristo, eles são muito impacientes. O que eles acham, que eu vou
fugir da inauguração do meu próprio edifício? Tudo bem que
quando eu me tranquei aqui eu tinha exatamente o olhar que
carregava essa pretensão, mas foi um momento vulnerável.
Caminho até a porta, e abro. Uma mulher ruiva, vestida em
uniforme entra arrastando um carrinho.
― A senhorita quer um pouco de champanhe? ― pergunta-me.
― Não, obrigada. Eu vou sair daqui a pouco, você já pode ir.
― Tem certeza senhorita? ― prossegue a mulher.
― Sim, eu tenho. Não quero comemorar sozinha antes da hora.
― Tudo bem, a senhorita é que sabe.
Viro-me novamente para o espelho, e ouço a porta fechando atrás
de mim. Suspiro.
― Uma pena por que essa seria a ultima vez que você provaria
champanhe!
Assusto-me com a voz tão perto de mim, e viro-me a tempo de ver
a ruiva bem na minha frente. Mas agora seus olhos estão
exatamente na altura dos meus, e eu posso ver o quão escuro eles
são, o quão diabólicos eles estão. Um bolo se forma na minha
garganta quando eu percebo que fui enganada. Ela não é uma
funcionária, ela não é da recepção.
― Cornelha. ― murmuro.
― Gostou do meu visual novo, não é? Tive que mudar radicalmente
para me esconder dos homens de seu pai e Theodore. ― Ela sorri,
e levanta a mão direita revelando um revolver.
― O que você está fazendo aqui? Por que você não fugiu? O que
você acha, que vai escapar de novo? Se eu gritar, você está pega
Cornelha.
― Victor morreu sua cadela! ― Ela avança na minha direção até
que eu estou colada contra o espelho. ― Ele morreu por sua causa!
Você estragou tudo desde o começo! Por que tinha que ser tão
metida!
― Vocês me sequestram!
― Nós deveríamos ter matado você! ― Ela grita no meu rosto. ―
Mas quer saber? Eu não me importo com o dinheiro, e nem se eu
vou sair daqui viva. Mas eu vou matar você Alexandra Cross, eu
vou me vingar pela morte do meu irmão.
― Cornelha você ainda pode fugir, você sabe que até que eu avise
alguém você tem tempo de fugir. Vai embora enquanto você pode,
por que quando Theodore ou o meu pai colocarem as mãos sobre
você não vai restar nada. Sai das nossas vidas! ― Altero a voz. ―
Você só tem a perder se tentar me matar.
― Eu não me importo porra! Eu não me importo! ― Ela levanta o
cano da arma e bate contra o meu rosto, demora um pouco até que
eu sinta a pancada e a minha bochecha começa a latejar. ―
Acabou pra você princesa. Não vai haver presidência, casamento,
ou mesmo uma herança. Você vai ser um nada, vai ser
simplesmente uma pilha de ossos em um caixão.
Cornelha levanta a arma, e aponta diretamente para a minha
cabeça. Eu ainda estou com a mão na minha bochecha
machucada, quando ela faz um movimento para destravar a arma,
eu bato com o meu braço com toda a força que eu consigo contra a
mão dela. Cornelha fica surpresa quando a arma escapa das suas
mãos e desliza para o chão, só que agora destravada. Eu corro em
direção à arma, quando de repente todo o ar é tirado dos meus
pulmões quando Cornelha cai em cima de mim e puxa o meu
cabelo. Eu acerto meu cotovelo contra suas costelas, e ela geme de
dor. Então eu me lembro de uma aula particular que tive com
Thomaz de imobilização. Eu me viro com o peso dela ainda sobre
mim e eu tenho segurar os seus braços de uma maneira que pareça
que eu estou enforcando-a. Cornelha se debate embaixo de mim, e
eu só não consigo fazer o que eu quero por que o meu vestido
atrapalha as minhas pernas, e eu não consigo prender as dela.
Cornelha acerta um chute na minha canela com os seus pés, e eu
acabo soltando os seus braços.
― Sua vaca! ― Ela grita, e sai se arrastando por cima de mim em
direção à arma.
Eu me arrasto sobre ela, e puxo seu tornozelo novamente. Ela cai
no chão, e bate com o queixo no piso. Agora eu que subo sobre ela,
e prendo suas mãos novamente. Cornelha continua se debatendo,
e ela é mais forte que eu, mas as dicas que Thomaz me deu nas
aulas de Krav Maga são muito boas, e eu posso utiliza-las agora.
Agradeço silenciosamente por ter tido essas aulas com ele, mesmo
que tenham sido poucas.
― Sai de cima de mim sua cretina! ― Cornelha resmunga embaixo
de mim.
― Será que alguém pode me ajudar aqui! Socorro? Eu estou sendo
atacada! ― Eu grito, mas não ouço barulhos no corredor.
Meu braço começa a ficar dolorido e dormente por ter que segura-
la, e eu não sei mais quanto tempo eu vou conseguir. De repente
Cornelha se lança para frente, e acerta a testa contra a minha com
muita força. Eu cambaleio, e ela sai engatinhando, porem não na
direção da arma que está jogada próxima a porta de entrada. Ela
segue para o carinho que trouxe junto com ela há pouco tempo, e a
compreensão cai sobre mim quando ela puxa uma faca longa e
afiada do carinho. Cornelha se vira, e ela tem um sorriso imenso e
diabólico no rosto. Ela grita alto e forte quando corre na minha
direção. Eu tento me levantar, mas eu estou tonta. Então eu tento
engatinhar até a porta, mas eu não consigo. Dois passos e
Cornelha já está sobre mim. Ela coloca a faca sobre o meu peito,
bem perto do coração.
― Acabou pra você! ― Cornelha diz, e então um estouro enche
toda a sala, e por um momento eu fecho os meus olhos pensando
que acabou. Eu estou morta, tudo se foi. Mas pera ai? Era uma
faca... Então isso foi um tiro? De onde? Eu levanto a minha cabeça
e vejo Rebecca de pé na porta, segurando a arma.
― Acabou pra você sua vagabunda! ― Rebecca diz, e então larga
a arma e corre na minha direção.
― Becca?
― Oi, eu estou aqui. ― Ela diz suavemente quando se ajoelha ao
meu lado e empurra o corpo inerte de Cornelha para o lado. ―
Você está machucada?
― Eu vou ficar bem. ― murmuro. ― Você a matou?
― Eu não sei, acho que sim. Faria de novo, aquela loca ia matar
você com uma faca.
― Ai meu deus, você me salvou Becca. Obrigada.
― Ah querida, calma. Agora todo o pesadelo se foi, ninguém mais
vai incomodar você ou Theodore. Cornelha teve o que merecia...
Droga, olha o seu cabelo, você está horrível. Vamos ter que chamar
a policia, e a inauguração vai ser cancelada. Meu deus essa mulher
consegue destruir qualquer coisa, que raiva...
― Não Becca, não. Chame o papai, ele vai saber como lidar com
isso sem a policia. E eu não quero cancelar a festa, hoje é um dia
tão importante, e nós estamos bem, vamos continuar, por favor.
― Mas Alexa você precisa ver um médico... ― Rebecca protesta.
― Não preciso de médico. ― replico. ― Estou bem graças a você,
só preciso ajeitar meu cabelo e maquiagem.
Rebecca suspira.
― Sua teimosa. Okay, você manda. Vamos sair daqui, eu não
quero ficar perto dessa mulher, mesmo que ela não esteja mais
viva.
― Vamos Becca, eu estou com você.
oOo
O susto foi grande, tão grande que o papai quase não quis prestar
atenção em mim, e praticamente colocou o edifício de cabeça para
baixo quando soube o que aconteceu. Entretanto depois que ele
forçou um médico a dar uma olhadinha em mim e garantir que eu
não estava machucada, ele relaxou. Assim como Theodore que
virou um bicho com seus homens quando soube que Cornelha mais
uma vez passou pela segurança. Eu acho que meu noivo acabou
despedindo metade do pessoal só por causa disso, no entanto, eu
não quis saber do assunto. Também achei um absurdo Cornelha ter
conseguido escapar e depois voltar até mim com uma arma. Mas
pelo menos tudo acabou bem. Eu não me feri, nem Rebecca que
mesmo grávida foi a única a por fim nesse problema todo. Todo
mundo ficou chocado com isso, principalmente o Isaac que ainda
acabou brigando com a pobrezinha por ter corrido esse risco. Mas é
óbvio que Rebecca fez pouco caso, disse que faria de tudo para me
proteger, e eu acredito nisso, por que faria o mesmo por ela.
Depois que todo mundo ficou mais calmo, decidimos que não havia
por que parar a festa e fazer esse escândalo todo para a mídia. A
morte de Cornelha tinha que passar despercebido, ela não merecia
nenhum tipo de atenção, mesmo morta, ou ainda seria vitoriosa.
Então foi a decisão que meu pai tomou, deu um jeito de limpar toda
a bagunça com os seus homens. Não quaisquer um, mas sim
aqueles de confiança como o Angus. E depois nós voltamos todos
para o salão, como se nada tivesse acontecido nos bastidores.
Como se essa fosse a melhor noite de nossas vidas, e nada poderia
dar errado.
Assim que eu entrei no salão, acompanhada por Theodore fomos
bombardeados de pessoas. Toda a família Grey estava aqui, meu
sogro, minha sogra, Phoebe e Peter, e também Ava, Kate, Ethan,
Elliot, Mia, e até mesmo Sophia. Por parte da minha família estava
o tio Christopher com a esposa, e a filha Heather. A minha vó
Mônica, e os dois homens que eu considero meus avôs. Alguns
amigos também estão aqui, como Charlotte e Erik, que estão
casados e felizes. Damian também veio e me cumprimentou para
depois fazer o mesmo com Theodore. Eu vi até mesmo a minha
secretária Dafne em algum lugar atacando uma travessa de comida.
Super a cara dela.
A mídia estava por todo o lugar, e eu realmente agradeci por eles
terem sido mantidos nessa parte do salão, caso contrario se
tivessem ficado sabendo sobre o que Cornelha fez, isso se
transformaria numa bagunça. Felizmente deu tudo certo, e eles
estavam mais interessados em nos fotografar, principalmente a mim
e a Theodore, por causa do noivado, e os especulamentos sobre
um possível casamento. É a mídia era rápida, mas Ava era mais.
Prometemos a ela que seria a primeira a dar noticias nosso
casamento, e no máximo uma foto dos noivos. Já que eu e
Theodore optamos por nos casar na mesma ilha que meus pais se
casaram escondidos. E vamos ter apenas os amigos mais próximos
e família. Quero algo pequeno, algo só nosso, assim talvez eu não
saia correndo quando for o momento né.
― Meu anjo, tem certeza que está tudo bem? ― Theodore
sussurrou quando nos aproximamos do palco improvisado.
Tínhamos uma mesa bem próxima para não perder nenhum
discurso.
― Sim, tá tudo bem. ― Sorri para tranquiliza-lo. ― É que está tão
cheio de gente, estou com medo de fazer algo errado. Além disso,
você não disse nada sobre o meu vestido, tô começando a achar
que fiz a escolha errada.
Theodore riu ao meu lado.
― O vestido é lindo Alexa, e você está deslumbrante. A mulher
mais linda na festa, mas você já sabe disso. ― Ele se virou e
plantou um beijo macio no meu rosto. Combinamos de não
demostrar muito afeto essa noite, pelo menos não até que eu seja
oficialmente diretora do C&G.
― É sempre bom ouvir sabe. ― Dei de ombros com um sorriso no
rosto. ― A propósito você está sexy, mas eu sei que você já sabe
disso.
― É sempre bom ouvir isso da minha linda esposa.
Agora foi a minha vez de rir, ele usou as minhas palavras!
― Noiva. ― corrigi. ― Eu ainda sou Alexandra Cross, aliás, vou
continuar sendo mesmo depois do casamento.
― Ah Alexa. ― Theodore suspirou e passou a mão pelos cabelos.
― Já conversamos sobre isso, não abro mão de você ser uma
Grey.
― Ah Theodore. ― Imitei seu gesto, bufando e ajeitando meu
penteado. ― Você deveria saber com quem está se casando. Sou
uma Cross para a vida toda querido.
― Uma aposta?
― Hmm que tipo de aposta? ― perguntei, olhando para os seus
olhos azuis tramando alguma coisa.
― Se você me vencer no xadrez, é uma Cross para a vida toda.
Eu ri, lembrando da nossa única e ultima partida juntos.
― Não é justo, você vai me distrair. ― apontei.
― Meu bem, você deveria saber com está se casando. ― Theodore
retrucou usando minhas palavras anteriores. ― Sou um homem de
apostas, sejam elas justas ou não.
― Eu desisto! ― digo. ― Conversamos sobre isso mais tarde.
― Perfeito. ― Theodore concordou. ― Quando você estiver
amarrada na minha cama, eu posso conseguir o que eu quiser.
― Mas que...
― Alexandra. ― Papai interrompeu se aproximando. Ele estava
lindo, muito elegante em um terno escuro. Mamãe estava ao seu
lado, divina em um vestido azul royal longo. ― Está pronta?
― Nasci pronta pai.
― Então vamos até lá, colocar você no seu lugar por direito. ―
Papai me abraçou, e me levou para o palco fazendo as borboletas
na minha barriga ficarem ainda mais agitadas.
Todo mundo ficou em completo silêncio quando Gideon Cross pediu
sua atenção, e tomou o microfone. Papai começou com uma
pequena introdução falando apenas sobre o Crossfire, e o
crescimento da nossa Indústria. Em seguida ele contou um pouco
sobre o antigo prédio da Vidal Records e como foi uma surpresa
que Theodore Grey se interessasse por aquele lugar. Foi quando
meu pai chamou meu noivo ao seu lado, e ambos começaram a
falar sobre suas ideias, e sobre o projeto. E de como tudo isso levou
a uma sociedade que acabou dando muito certo. Por fim
anunciaram que o C&G marcava a união nos negócios entre um
Cross e um Grey, e o momento que eu mais estava aguardando
chegou...
―... Como vocês sabem eu ainda controlo o Crossfire. ― Papai
estava dizendo. ― Mas não o farei por muito tempo, meu momento
de me ausentar está chegando. Todos têm esperado por uma nova
era, onde a competente e bem treinada Alexandra Cross tome o
lugar do seu pai. Infelizmente a vida não segue um curso, as coisas
mudam, ideias vêm e vão, assim como planos. O meu plano
mudou, o plano de vida de Alexandra mudou no momento em que
ela veio para Seattle e se entregou de corpo e alma para fazer do
C&G o que ele é hoje. Eu não posso tirar isso dela, eu não vou tirar
isso dela. É por isso que a partir de agora as Indústrias Crossfire
serão comandadas pela diretora executiva Rebecca Field, braço
direito da diretora executiva do C&G, Alexandra Cross.
Foi o momento de silêncio mais longo da minha vida. Era como se
todos estivessem congelados. Meu pai jogou literalmente uma
bomba em cima de todo mundo deixando claro que não só eu era a
diretora do C&G, como também que Rebecca é a mais nova
diretora do Crossfire. Ouve suspiros longos e dramáticos até que as
salvas de palmas encheram o ambiente, seguido de pessoas
gritando para fazer mais perguntas, e os fotógrafos mirando do meu
pai para Theodore, em seguida para mim e então para Rebecca.
Gideon Cross me estendeu a palma de sua mão, e eu fiz meu
caminho no meu vestido vermelho até o centro do palco, onde eu
encarei cada pessoa olhando diretamente para mim, e foi naquele
momento que eu percebi que estava exatamente onde deveria
estar. Aquilo era a minha vida, e eu ia provar a cada pessoa, mas
principalmente a mim mesma que eu sou dona das minhas
escolhas, e não me arrependo de nenhuma delas.
― Alexandra Cross. ― Gideon declarou ao microfone. ― A nova
presidente da companhia C&G.
E eu dei apenas um passo em frente, com a tesoura em mãos,
cortei a fina fita dourada, e dei inicio a uma nova era.

oOo

Capitulo Sessenta e Cinco: Casada

oOo
Eu vou me casar. Isso é tudo o que eu posso pensar a cada
momento, em cada segundo enquanto eu comtemplo pela janela do
meu quarto os preparativos do meu casamento que vai acontecer
em tão pouco tempo. É surreal. Tudo está incrivelmente lindo, e
exatamente como eu queria que fosse. É quase perfeito demais
para ser verdadeiro, e isso me assusta um pouco. Juro que estou
tentando pensar em todas as coisas boas que vem com o
casamento, estou trabalhando em minha mente para que eu não
faça nada de errado, isto é, é claro que estou com medo de não
chegar ao altar. Mas não se compara ao dia em que eu estava
pronta para caminhar em direção a Damian, agora sei que é
Theodore. Fico lembrando-me a cada segundo com quem eu vou
me casar, e acredito que isso tem me dado forças, e até mesmo
está criando certa ansiedade. Eu quero muito me tornar a esposa
dele hoje, eu sei disso, sei que é o que eu mais quero.
― Alexa respira. ― Rebecca diz, enquanto eu caminho de um lado
para o outro pela enorme sala que me disponibilizaram.
― Filha, você precisa se acalmar. ― Mamãe pede, em seguida
entrega-me um copo de agua com açúcar.
― Estou calma. ― digo. ― Estou calma, estou calma... Estou
nervosa!
― Alexa pelo amor de deus, tem certeza que é isso o que você
quer? ― Mamãe pergunta-me. ― Será muito melhor se
cancelarmos o casamento antes que você vá lá pra fora e todos te
vejam.
― Cancelar?! ― exclamo.
― Tia Eva, eu não acho que Alexa queira cancelar o casamento.
Na verdade ela parece ter algum tipo de fobia ao casamento. ―
Rebecca diz.
― Não vou cancelar nada! ― resmungo.
― Tudo bem, tudo bem. ― Mamãe toma o copo já vazio das
minhas mãos. ― Você quer ficar sozinha? Talvez um minuto para
pensar antes do grande momento?
― Eu não sei. ― Sinto-me tão perdida, deslocada. ― Preciso de
um minuto, isso, é preciso.
― Vamos Rebecca... ― Mamãe chama.
― Tem certeza? ― Rebecca me olha com duvida.
― Tenho. ― confirmo. ― Vão, quero ficar sozinha.
Ainda hesitante Rebecca e mamãe deixam-me sozinha. Sento-me
no enorme e cumprido sofá em frente ao espelho e olho para o meu
reflexo. Tudo está exatamente como eu queria que ficasse. Desde a
cerimonia, a festa, até o meu vestido, e o resto da organização.
Rebecca, Ana e mamãe cuidaram de tudo com perfeição.
Deixaram-me decidir cada detalhe, e apoiaram-me em tudo. Por
isso estou casando na mesma praia que minha mãe se casou com
o meu pai às escondidas. Embora no meu caso toda a família Grey
e Cross esteja aqui, acompanhado de mais alguns amigos e
colegas.
A festa será na praia também, foram montadas várias tendas
brancas ao longo da faixa de areia. Todos os meus convidados
estão vestidos confortavelmente, sem muito luxo, ou preocupação.
Não há mídia, e os únicos fotógrafos são os nossos. Acredito que
estejam reunidos hoje em torno de oitenta pessoas. Todos foram
hospedados no hotel, e papai cuidou de todo o custo da festa. E
ainda que tudo esteja tão certo, sinto-me extremamente nervosa.
Tenho medo que algo dê errado, tenho medo que a causa do erro
seja eu mesma. Não que eu esteja pensando em deixar Theodore
no altar, por que eu não penso em fazer isso de maneira nenhuma.
Entretanto o medo está ali, perto de mim. Eu não consigo entender
os reais motivos dos meus medos, só sei que eles existem, e
perseguem-me nesse momento.
Ouço uma batida baixa na porta, em seguida uma voz tão
conhecida para mim.
― Alexa? ― Theodore chama em uma voz baixa.
Levanto-me às pressas e corro para bloquear a porta mesmo que
ele não tenha tentado abri-la. Ele não pode ver meu vestido! Eu não
posso ter azar justo hoje!
― Theodore não abra essa porta! ― digo ríspida. ― O que você
acha que está fazendo aqui? Está louco? Você não pode me ver
ainda!
Theodore solta uma risada baixa.
― Meu amor eu não estou vendo você, fique tranquila.
― Por que você está aqui? Vamos nos casar daqui a pouco, você
deveria ir.
― Então você está pronta para se casar comigo? ― pergunta-me.
― É claro que eu estou. Por que você está me perguntando isso?
― Eu só queria ter certeza. ― Theodore murmura. ― Você está
nervosa?
― Demais. ― sussurro.
― Eu também, mas eu quero isso Alexa. Eu nunca tive tanta
certeza de querer uma mulher na minha vida como eu quero você.
Eu não sei o que você fez comigo, mas eu só consigo pensar em
você. Eu vivo para ver o seu sorriso, para escutar a sua voz, sentir
o seu perfume. Tudo é você agora Alexa, e eu quero sentir e viver
isso pelo resto da minha vida.
― Você por acaso queria me fazer chorar? ― fungo, limpando o
meu rosto. ― Por que se foi, você conseguiu.
― Não, meu anjo. ― Sinto o sorriso de Theodore. ― Eu não quero
te fazer chorar, eu só estou mostrando o quanto amo você.
― Theodore? ― chamo.
― Sim?
― Será que você pode ir para o altar? Eu gostaria de me casar
agora.
― Amo você pequena.
― Amo você coisa sexy.
Ouço Theodore rir, e o som vai se afastando aos poucos até que eu
tenho certeza que ele se foi. Abro a porta e espio o corredor. Ouço
vozes femininas, e sei que mamãe e minha melhor amiga estão por
perto.
― Rebecca! Mamãe! Estou pronta para me casar agora! ― grito, e
quase que no mesmo momento as vejo correndo na minha direção
com sorrisos imensos, aliás, eu também estou sorrindo deste jeito.
***
Meu vestido é curto, de renda branca suave. Meu cabelo está solto,
e uma coroa de flores foi colocada no meu cabelo. Meu coração
está acelerado por que eu sei que está chegando o momento. Eu
estou novamente sozinha, pois Rebecca disse que tinha algo para
buscar, e mamãe foi chamar o papai para dizer que estou pronta
para caminhar em direção ao meu noivo. Meu noivo... Essa palavra
me assustava antes, mas agora não. Isso é um recomeço, é uma
nova vida, uma necessidade da qual não posso viver sem.
Theodore é meu tudo, e eu sei disso agora.
Ouço uma batida suave na porta, e Ana aparece no meu campo de
visão. Ela está linda em um vestidinho cor de creme. Ela se
aproxima trazendo uma pequena caixinha nas mãos, e um sorriso
imenso no rosto.
― Você está linda Alexa. ― elogia-me.
― A senhora também está deslumbrante.
― Ah Alexa eu estou tão feliz por Theodore ter encontrado você.
Meu menino está tão feliz, tão vivo.
― O mesmo acontece comigo Sra. Grey.
― Eu trouxe algo para você. ― Ela se aproxima, e segura as
minhas mãos para então depositar a caixinha na minha palma. ―
Abra.
― Para mim?
― Sim, abra. ― Ela insiste.
Abro a caixinha, e dentro há um colar de pérolas. Elas são tão
brilhantes, lindas, simplesmente incríveis.
― Eu não posso aceitar. ― digo.
― Você deve aceitar. É o meu algo velho para você.
― O que? ― pergunto confusa. ― Como assim?
Ela estende-me um cartão branco, e eu pego.
― Leia, que você compreenderá. ― responde-me. Em seguida ela
me abraça, e se afasta deixando-me sozinha novamente. O cartão
tem apenas o meu nome escrito em uma caligrafia bonita que
parece familiar. Abro e leio um pequeno trecho escrito à mão.
“Alexa, as perolas são seu algo velho, elas representam o seu
passado. Tudo aquilo que você viveu antes de nos conhecermos,
um tempo provavelmente bom. Um tempo que jamais será retirado
de suas memórias. Um tempo do qual eu não faço parte, mas invejo
aqueles que tenham feito. Não quero que deixe o que é velho em
sua vida. Seja sua cidade, sua família, ou seus amigos. Na verdade
o que eu desejo é que você compartilhe comigo suas lembranças,
todos os seus desejos e anseios. Torne-me parte do seu velho, por
que eu não desejo apenas ser o seu futuro, mas tudo aquilo que
você foi. Eu serei uma parte de você, e você será a minha outra
metade”.
– TG.
― Oh meu deus!
― Será que eu posso entrar? ― Ouço a voz de mamãe, e levanto
meus olhos marejados para vê-la entrar no quarto.
― Mãe olhe só o que Theodore escreveu, e o presente que ganhei
de Ana. ― Mostro as perolas para ela, e mamãe sorri.
― São lindas mesmo. Eu espero que você também goste do que eu
tenho para você.
― Como?
Eva aproxima-se e abre as mãos, ela também carrega uma caixinha
um pouco menor na palma. Assim como outro cartão branco que
contém o meu nome.
― Abra querida, este é o seu algo novo. ― Mamãe diz.
Eu estou aos prantos, mas consigo abrir a caixinha e retirar uma
linda tornozeleira.
― É linda mamãe.
― Fico feliz que gostou, agora leia o cartão.
Novamente eu abro o cartão, e assim como o anterior, este também
carrega uma mensagem.
“Alexa, sua mãe presenteou você com o algo novo. Este presente
carrega um grande significado, pois tudo o que surgiu de novo em
sua vida a encaminhou para este momento que estamos
vivenciando agora. Eu agradeço todos os dias pelo o que é novo,
por que você foi uma das coisas que surgiram na minha vida assim
de repente. Não tenha medo do novo, por que ele traz surpresas,
talvez nem todas sejam boas, mas agora você não está só. Eu
estou do seu lado, e sempre vou estar”.
― TG.
― Ai mãe, é lindo. Eu... Eu não sei como pude pensar em desistir
dele, Theo é meu tudo.
― Meu amor, nenhum romance é perfeito. Mesmo eu e seu pai
tivemos nossos problemas, nossos desentendimentos, mesmo
depois de casados continuamos tendo momentos difíceis. Mas nos
deixamos de amar? Não Alexa, só ficou mais forte. Seu romance
não será sempre flores e luz, mas o que o tornará forte é a sua
persistência e determinação em continuar ao lado daquele que você
ama.
― Eu sei mãe, eu entendo isso agora.
― Você está disposta a caminhar para o altar e concordar com as
leis da igreja e de deus?
― Estou mãe, eu estou.
― Então eu já vou indo, não quero perder um único momento do
casamento da minha menina.
― Obrigada mãe.
― Amo você Alexa. ― Mamãe me deu um beijo carinhoso no rosto,
e saiu. Rebecca entrou logo em seguida trazendo uma caixa branca
nas mãos.
― Você também? ― perguntei.
― Eu não poderia ficar de fora nunca. ― Rebecca me abraçou
forte. ― Este é seu algo emprestado amiga.
Abri a caixa que Rebecca trouxe, e dentro havia um buque de
flores. Mas não era qualquer buque, este era feito de pequenas
flores de tom rosa claro, lilás, e branco. Era idêntico ao que
Rebecca usou em seu próprio casamento.
― Rebecca...
― Sim, é o que você está pensando. Obviamente não é o mesmo
buque, mas eu mandei fazer um idêntico, com as mesmas flores, e
as mesmas cores. É o seu algo emprestado. Também tenho um
cartão, mas este ao contrario dos outros foi escrito por mim.
― Eu não sei como agradecer por tudo isso Becca, você fez tanto
por mim.
― E você por mim Alexa. Não há nada o que agradecer, vamos
continuar juntas, apoiando uma à outra sempre. Agora me deixe dar
um abraço em você por que há mais alguém esperando para
entregar-lhe um presente, e Theodore está impaciente esperando
por você.
Eu ri.
― Amo você Becca, obrigada!
Puxei Rebecca para um abraço bem apertado. Sorrimos uma para a
outra em compreensão de que nossas vidas estavam mudando,
mas que permaneceríamos unidos independente de qualquer coisa.
Rebecca me entregou seu cartão, porem não ficou comigo
enquanto eu lia. Ela disse que tinha que ir para a praia, e organizar
os últimos detalhes. E eu precisava esperar pelo meu próximo
presente. Quando ela se foi, abri seu cartão, este era rosa, e
também continha um trecho escrito com a caligrafia da minha
amiga.
“O buquê é seu algo emprestado amiga. Estou emprestando as
flores, as cores, o cheiro, e até o mesmo sentimento que tive ao
carregar um buquê idêntico a este. Quando vivi esse momento,
estava insegura, com medo do que o futuro traria para a minha
nova vida. Entendo que esteja passando pela mesma situação
agora, e quero que saiba que você não é a única. Que em algum
momento durante a nossa a vida passamos por essas etapas, pois
elas são necessárias para o nosso crescimento. Para crescer o
nosso amor, a nossa fé, a nossa força. Enfim, só gostaria de
ressaltar que somos mais do que amigas, somos irmãs de coração,
parceiras de uma vida inteira. Por isso não tenha medo de recorrer
a mim nunca. Alexa, eu estou aqui para que você me empreste as
suas dores, as suas tristezas, e as suas perdas. Por que você pode
contar comigo para carregar estes fardos. E quando puder,
empreste-me também os seus sorrisos, a sua felicidade, os seus
sonhos. Compartilhe o que é bom, e também o que é ruim. Conte
sempre comigo.”
― RF.
― Eles só podem estar querendo me ver chorar! Que lindo...
― Falando sozinha? ― A risada de Ava chega até mim.
― Oh Oi Ava... Ah você também está nessa?
Ela balança a cabeça confirmando.
― Estou. É seu último presente, e seguindo a tradição deveria ser o
seu “algo azul”. Entretanto Theodore fez diferente, eu não sei por
que, mas ele disse que você entenderia. Aqui está.
Ela me estende outra caixa, é grande, cumprida, e de veludo preta.
― Use para sua lua de mel. ― Ela ri. ― A propósito você está
incrivelmente linda. Ele vai pirar quando ver você.
― Obrigada. ― agradeci rindo.
― Seu pai já está ali fora, quando estiver pronta, ele vai leva-la ao
altar.
― Está bem.
― Ah e o cartão está em cima da caixa, boa sorte!
Quando Ava sai após me dar um abraço, eu pego o último cartão
sobre a caixa. Quando eu o abro estou preparada para ouvir e me
emocionar com qualquer coisa.
“Oi amor, eu espero que você esteja gostando dos seus presentes.
Como Ava deve ter dito este deveria ser o seu “algo azul”, pois
segundo a tradição da época vitoriana o azul significa pureza e
fidelidade. Entretanto eu não tenho duvidas de que você será fiel a
mim, assim como você não precisa ter duvidas da minha fidelidade
por você. Quanto à pureza... Acho que você é pura de coração e
alma, e isso é o que realmente importa para mim. Somos um casal
diferente, e inusitado, e por isso o algo azul não se encaixa para
nós. Por isso eu tomei a liberdade de fazer um pequeno ajuste
nesta tradição, então você está recebendo hoje o “algo vermelho”.
Sim, por que vermelho representa o amor, a paixão, o poder. E está
ligado ao fogo, sangue, e ao coração humano. Mas acima de tudo
ele me lembra de você. Pegue seus presentes, e caminhe para o
altar. Pois estou impaciente pra ter minha noiva nos braços! E sim,
é uma ordem!”.
― Seu futuro marido.
― Eu estou indo amor. ― sussurro segurando o cartão apertado no
meu peito.
Levo o meu tempo para me recompor, seco minhas lágrimas,
guardo todos os meus cartões muito bem. E quando me sinto
preparada, abro a caixa de veludo preto. Eu já esperava por algo
muito bonito, mas fiquei surpresa ao encontrar uma lingerie de tom
vermelho escuro, de rendas, e até mesmo acompanhada de cintas-
ligas. Ela é deslumbrante, diferente de qualquer outra que Theodore
tenha me dado. Volto a coloca-la na caixa, por que usarei apenas
quando estivermos indo para a nossa lua de mel.
Retoco minha maquiagem, e ajeito o meu cabelo para colocar o véu
de Rebecca. Depois coloco o colar de perolas de Ana, e a
tornozeleira da mamãe. Sinto que tudo está completo finalmente,
então eu abro a porta e encontro o papai sentado num sofá no
corredor. Ele olha para mim assim que me vê, seus olhos me
percorrem de cima a baixo. E eu consigo captar as emoções que
ele está sentindo, sua admiração e adoração por mim ficam muito
claras. Ele finalmente sorri.
― A garotinha do papai cresceu. ― Ele diz enquanto se aproxima.
― Cresci há algum tempo pai.
― Mas só agora vai seguir o seu caminho. ― Ele me abraça, e
quando se afasta beija o topo da minha cabeça.
― Sim, é verdade.
― Você está tão linda Alexandra. ― Papai elogia-me.
― Obrigada, você também está muito charmoso. ― Admiro meu
lindo pai em suas vestes brancas.
― Está pronta?
― Sim. ― afirmo.
Papai dobra o seu braço, e eu encaixo o meu.
― Vai correr do altar? ― pergunta-me em tom de brincadeira.
― Não papai, não vou.
― Desta vez eu arrasto você de volta se tentar escapar.
― Entre na fila. ― Sorrio. ― Pois Theodore fará o mesmo.
― E terá meu apoio. ― Papai ri. ― Lá vamos nós.
***
O dia está incrivelmente lindo, muito ensolarado. Mamãe e Rebecca
capricharam na decoração, e enquanto eu caminho com os meus
pés descalços na areia comtemplo a vista linda de um mar bem azul
pertinho de mim. Foi montado um corredor com flores brancas para
que eu percorresse até o altar improvisado. Nossos convidados se
levantam e acompanham meus passos. Só que os meus olhos
estão em uma única pessoa. Meu lindo noivo que também só tem
olhos para mim. Theodore sorri confiante, sem nenhum momento
tirar os olhos de mim.
Um passo.
Dois.
Três.
E eu estou seguindo com o meu caminho com imensa confiança.
Quatro.
Cinco.
Seis.
Ele é o homem da minha vida, tenho certeza disso.
Sete.
Oito.
Nove.
E finalmente o décimo e último passo e Theodore está ao meu lado.
Papai e ele se cumprimentam, papai me beija e agora eu estou de
mãos dadas com o meu noivo. Ele está feliz, está radiante sorrindo
para mim. Eu estou feliz também, mas estou emocionada. E é por
tudo, tudo o que ele fez por mim desde que nos conhecemos.
― Muito bem amor, você conseguiu. ― Theodore sussurra com
uma pontinha de orgulho.
― Não vou ser castigada? ― sussurro de volta.
― Não, você será recompensada.
Theodore me lança um olhar malicioso, e tenho vontade de beija-lo.
Entretanto me controlo, pois o reverendo já começou a cerimonia, e
ainda não chegou no “pode beijar o noivo”. Nós ouvimos
atentamente tudo o que ele diz, sobre o compromisso que estamos
assumindo juntos. Finalmente chega o momento do “sim” e nem eu,
nem Theodore hesitamos. Trocamos nossas alianças, e enfim eu
ganho o primeiro beijo do meu esposo.
Mencionei que mantive o meu nome como Alexandra Grey Cross?
Pois é, Theodore e eu chegamos a um acordo. Eu sou sua esposa,
portanto sou uma Grey. Mas não posso deixar de lado o sobrenome
do meu pai. Entretanto eu e marido decidimos que quando tivermos
filhos, vamos colocar ambos os sobrenomes.
Todos os nossos convidados começam a nos cumprimentar, a nos
abraçar, nos desejar boa sorte. E é surreal que eu finalmente casei.
Mamãe diz que está orgulhosa de mim, e Rebecca me abraça
emocionada dizendo que a cerimonia foi muito linda. Theodore e eu
passamos por uma chuva de arroz até estarmos em nossa tenda,
sentados ao redor da nossa mesa, apreciando o ar fresco da
manhã, e nossos primeiros momentos como marido e mulher.
― Feliz? ― Theodore pergunta-me.
― Muito, e você?
― Como nunca estive antes.
― Me beija.
― Todos os dias Sra. Grey. ― E ele me beija, longa e
profundamente.
Theodore e eu curtimos a nossa festa ao máximo. Tivemos nossa
dança juntos, e também dançamos com os nossos familiares.
Cortamos o bolo, brindamos, rimos. Circulei pela festa sozinha para
conseguir conversar um pouco com cada funcionário. Até consegui
apresentar Damian para Ava, os dois estavam obviamente
flertando. Também apresentei Dafne para Thomaz, pois um estava
de olho no outro o tempo todo. Tão logo que se conheceram
começaram a paquerar. Todo mundo parecia feliz, e pra mim isso já
bastava.
Quando chegou o momento de jogar meu buquê todas as mulheres
solteiras se reuniram na pista, e Isaac teve que arrastar Rebecca de
lá por que ela insistia em querer pegar meu buquê, embora já
estivesse casada. Contei até dez, e lancei o ramo de flores que foi
parar bem na mão de Sophia, que não escondeu nenhum pouco
sua alegria. E ainda piscou e sorrateiramente deixou a festa com
Dereck. Fiquei de cara de ver os dois juntos, mas tive certeza de
que fariam um bom casal.
Por fim eu e meu marido resolvemos deixar a festa para trás.
Fomos direto para a nossa cabana na beira da praia onde
passaríamos somente esta noite, pois na manhã seguinte
estaríamos viajando ao redor do mundo por duas semanas. Nós
merecíamos uma lua de mel longa. Theodore fez questão de me
pegar no colo como exigi a tradição, só que nós dois estávamos um
pouquinho bêbados e acabamos chegando somente até o sofá
onde desabamos rindo demais.
― Quantas taças de champanhe você bebeu? ― Theodore
perguntou-me.
Levantei a mão mostrando cinco dedos.
― Mentirosa.
― Você também bebeu bastante. ― apontei.
― Tenho mais tolerância ao álcool que você espertinha.
― Tanto faz, eu sei que você gosta quando eu bebo. Por que eu
fico mais safada.
Theodore riu.
― Ah Alexa você nem imagina... Onde está o seu “algo vermelho”?
― Mmmm lá no quarto.
― Coloque-o para mim então.
― Tá.
Levantei-me e caminhei para o nosso quarto. Encontrei a caixa de
veludo preta esperando por mim lá em cima. Retirei meu vestido, e
substitui pela lingerie que Theodore me presenteou. Foi quando eu
vi o envelope branco cumprido descansando sobre a cama, e
lembrei-me da “surpresinha” que eu tinha preparado para o meu
marido. De repente fiquei super, hiper nervosa. Era agora, o
momento ideal havia chegado.
Vesti um robe por cima da minha lingerie, e peguei o envelope.
Respirei fundo e sai do quarto. Não encontrei Theodore na sala,
mas vi sua figura na praia olhando para o mar. Segui até lá,
descalça, e com passos hesitantes. Ele sentiu minha presença bem
antes que eu o alcançasse e se virou para me abraçar.
― Tudo bem Alexa?
― Sim.
― Você quer entrar?
― Não. ― murmurei.
― Ei, o que foi?
― Tenho uma surpresa para você. ― disse.
― Pra mim?
― Sim, bem, você vive fazendo surpresas para mim. Agora é a
minha vez, e é uma surpresa bem grande.
― Agora estou curioso. O que é?
― Veja você mesmo. ― respondi, e entreguei o envelope a ele.
Theodore franziu o cenho confuso, mas aceitou o envelope. Fiquei
olhando atenta para o seu rosto, enquanto ele abria. Vi quando tirou
de lá as imagens do ultrassom, e também a folha com um “positivo”
impresso. Ele arregalou os olhos, e ficou momentaneamente
surpreso. Empalideceu, e encarou-me como se estivesse me vendo
pela primeira vez.
― É seu? ― perguntou-me.
― Bom, eu até poderia mentir e dizer que é da Rebecca. Entretanto
o dela é um menino, e o que tem ai é uma menina. E-Então ssim, é
minha... Na verdade... Eu esperava que fosse nossa.
― Minha filha? ― Theodore me puxou para os seus braços. ―
Nossa filha?
― Surpresa papai.
― Você nunca para de me surpreender pequena, e é por isso que
eu amo tanto você.
Theodore me beijou. Fiquei tão feliz que chorei agarrada nele.
Nossa família estava apenas começando...
― Pera aí, você sabia que estava grávida e ainda assim bebeu
aquelas taças de champanhe? ― Theodore fitou-me sério.
― Ah foram só algumas.
― Só algumas? ― questionou-me. ― Só por isso você vai ser
punida.
― Você vai me punir por isso?
― Vou.
― Eu não esperava nada menos de você coisa sexy. ― gritei. ―
Mas você vai ter que me pegar primeiro.
― Eu sempre vou pegar você Sra. Grey, sempre.

oOo

Bônus

Alexa estava atrasada... Mais uma vez.


Correu em seus altos, lançando a bolsa sobre seus ombros, e
desviando dos funcionários que ficavam em seu caminho. Jogou-se
no elevador, rezando para que Theodore não a matasse, mas ela
tinha que passar em seu escritório antes. O elevador abriu suas
portas, e ela saiu para o hall de seu andar no C&G. Sua secretária
estava atrás da mesa trabalhando.
― Bom dia Sra. Grey pensei que fosse viajar com o senhor Grey.
― Nós vamos, mas preciso fazer uma videoconferência antes.
― Não me lembro de nada agendado.
― É pessoal. ― Alexa respondeu, e passou pela secretária indo
direto para seu escritório.
Fechou a porta, largou a bolsa sobre a poltrona, e correu para abrir
o laptop. Em poucos minutos a tela se abriu e deixou de ser preta
para mostrar a imagem de Rebecca do outro lado. Estava vestida
em um terninho elegante, e sentava-se na antiga poltrona de
Gideon Cross. Pois agora quem comanda o Crossfire era Rebecca
Field.
― Bom dia Rebecca. ― cumprimentou a amiga.
― Alexa você não deveria estar indo para o aeroporto agora? ―
Rebecca perguntou.
― Sim, eu tinha. Mas eu não podia entrar no avião sem ver a minha
menina mais um pouco, estou morrendo de saudades.
― Quem diria que você seria uma mãe tão apegada a filha...
― Olha quem fala, você nunca deixa o Oliver ficar mais de uma
semana em Seattle comigo. ― Alexa apontou.
― É por questão de segurança amiga. ― Rebecca ri.
― Ah então você não confia em mim para cuidar do seu filho, que a
propósito é meu afilhado?
― Besteira. É claro que eu confio em você.
― Onde eles estão? ― Alexa pergunta, está extremamente
impaciente por que não vê a filha a mais de duas semanas.
― Estão aqui. ― Rebecca diz, olhando para um canto que Alexa
não consegue ver. ― Crianças venham aqui. Kim dê oi para a sua
mãe.
Duas crianças entram no campo de visão de Alexa. Um menino
lindo, de cabelos escuros, e olhos claros. Oliver, filho de Rebecca
com Isaac. E a outra é uma menina. Uma boneca na aparência,
mas apenas na aparência mesmo, pois é uma diabinha. Cabelos
escuros, e profundos olhos azuis como o de seus pais. Kimberly,
filha de Alexa e Theodore. Ambas as crianças já com nove anos de
idade.
― Oi Kimberly, como você está querida? ― Alexa sorri para sua
menina.
― Mãe me chama de Kim! ― A menina protesta.
Alexa revira os olhos.
― Tão parecida com você. ― Rebecca aponta.
― Você está se comportando? ― Alexa prossegue.
― Estou. ― Kimberly afirma.
Oliver solta uma risadinha, e Kimberly belisca seu braço.
― Ela está aprontando um monte tia Alex! ― Oliver denuncia.
― Oliver! ― Rebecca repreende. ― Não é nada disso Alexa, ela é
comportada. Pelo menos na medida do possível...
― Como assim? O que ela andou aprontando? ― Alexa questiona.
― Ah você sabe, ela é uma mini Alexa, não poderia ser diferente.
― Rebecca diz.
Alexa relaxa visivelmente.
― Estou com saudades de vocês. ― Alexa admiti.
― Também estou com saudades mamãe. ― Kimberly murmura.
― Não se preocupe Alexa, vamos nos ver no fim de semana. ―
Rebecca garante.
― Nem acredito que Theodore e eu vamos fazer nove anos de
casados.
― E eu não acredito que você finalmente tomou juízo. ― Rebecca
diz.
Nesse momento a porta do escritório de Alexa abre, e Theodore
entra. Ele está bravo, muito bravo...
― Alexandra acabei de saber do incêndio que você provocou na
cozinha!
― Esquece o que eu disse. ― Rebecca ri.
― Amor não foi bem um incêndio, foi um acidente com o pudim...
― Um acidente que você escondeu de mim!
― Eu ia contar amor, eu juro...
― Ia contar antes ou depois que o arquiteto que você contratou
reformasse a cozinha? ― Theodore questiona.
― Acho melhor vocês discutirem isso sozinhos. ― Rebecca diz. ―
Por que eu tenho uma ideia de como essa discursão vai terminar, e
eu acho que é impróprio para as crianças.
― Nos vemos no sábado Rebecca! Cuide bem da minha filha! Amo
você Kim! ― Alexa exclama, antes de encerrar a videoconferência.
― Onde é que nós estávamos?
E Theodore a beija, a coloca sobre a mesa, e... Bom, você pode
imaginar o que eles aprontaram. Era sempre assim, Theodore
nunca resistia à mulher que tinha. E Alexa... Bom, ela adorava
provoca-lo. Não importava que eles estivessem no escritório, e que
sua secretária, e talvez todo o andar do prédio pudesse ouvir o que
estavam fazendo. Não importava que nesse momento a cozinha do
casal estivesse incendia por um “acidente” cometido por Alexa.
Nem importava mais que eles estivessem muito atrasados, e
perderiam o voo. Por que a vida desse casal era assim, sempre
agitada. Entretanto foi isso o que os manteve unidos por nove anos,
e continuaria por mais um longo tempo...

FIM!

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