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(Crítica e Aufklärung)
Michel Foucault
Este texto corresponde a uma conferência (e ao debate que se seguiu) proferida na Sociedade
Francesa de Filosofia, a 27 de Maio de 1978, e subsequentemente publicada, em 1990, no Bulle-
tin de la Société française de la philosophie. O texto foi revisto, a partir da transcrição de Monique
Emery, por Suzanne Delorme, Christine Menasseyre, François Azouvi, Jean-Marie Beyssade e
Dominique Segland. A tradução da presente versão foi feita por Álvaro Carvalho.
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Há pouco eu dizia que mais do que pôr o Em suma, o movimento que fez inclinar a ati-
problema em termos de conhecimento e de tude crítica para a questão da crítica ou ainda
legitimação, tratava-se de abordar a questão o movimento que reinstalou o projecto da Au-
por meio do poder e da acontecimentalização. fklärung no projecto crítico que visava proce-
Mas como vêem, não se trata de fazer actuar o der de maneira a que o conhecimento pudes-
poder entendido como dominação, como do- se ter de si próprio uma ideia justa, será que
mínio, a título de dado fundamental, de prin- esse movimento de báscula, será que essa
cípio único, de explicação ou de lei incontor- separação, a maneira de remeter a questão da
nável; pelo contrário, trata-se de o considerar Aufklärung para a crítica, será agora necessá-
sempre como relação num campo de interac- rio fazer o caminho inverso? Será que não po-
ções, trata-se de o pensar numa relação indis- díamos percorrer esse caminho, mas no sen-
sociável com formas de saber, e trata-se de o tido contrário? E se é necessário considerar a
pensar sempre de maneira a que seja visto as- questão do conhecimento na sua relação com
sociado a um domínio de possibilidade e em
consequência de reversibilidade, de inversão
possível.
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