JUDAS
Cristianismo Judaico. A declaração introdutória do
artigo sobre aquele livro também fornece detalhes
sobre a questão. Ver também os artigos sobre os
Ebionitas e sobre os Nazarenos.
JUDAS
Existem diversas pessoas no Novo Testamento que
têm esse nome.
1. Judas Tadeu ou Labeu, segundo pensam alguns
intérpretes, seria irmão de um dos irmãos de Jesus,
chamado Tiago (por conseguinte, seria um dos irmãos
do Senhor). Entretanto, parece mais acertado dizer
que nenhum dos irmãos carnais de Jesus seguiu-o
desde o princípio de seu ministério; bem ao contrário,
não o seguiram senão após a ressurreição, quando as
provas de seu caráter messiânico se tinham tornado
indiscutíveis e esmagadoras. A maioria dos intérpre-
tes modernos pensa que esse Judas era «filho» de
Tiago; e Tiago era então um nome extremamente
comum, o que significa que não precisamos de forma
alguma identificá-lo com o meio-irmão do Senhor
Jesus, que atendia por esse nome. A única referência a
este Judas, em todo o N.T., à parte dos trechos que
meramente dão o seu nome, na lista dos apóstolos, é
esta, em João 14:22. Por conseguinte, possuímos
pouquíssima informação sólida a respeito dele. A
tradição revela-nos que ele partiu para Edessa, para
Abgarus, rei de Osroene (ver Jerônimo, Anotações
sobre Mateus), e que ele pregou na Síria, na Arábia,
na Mesopotâmia e na Pérsia, Neste último país,
segundo essas tradições, ele teria sido martirizado.
Porém, não podemos ter certeza alguma sobre
qualquer dessas informações. Na igreja ocidental ele é
comemorado, juntamente com o apóstolo Simão (não
confundi-lo com Simão Pedro), no dia 8 de outubro.
A base das Escrituras (Atos 15:22,27-33), que falam
de um certo Judas, irmão de Barsabâs, e que andava
em companhia de Silas, alguns têm chegado à
conclusão de que esse Judas era irmão de Tiago e
João. Pois, segundo essa interpretação, «Barsabâs»
significaria «filho de Sabas». Por sua vez, «Sabas»
«Zabas») seria uma forma abreviada de «Zebedeu», o
qual é declarado pai dos apóstolos Tiago e João.
Porém, uma vez mais estamos palmilhando simples-
mente o terreno das conjecturas e não possuímos
qualquer informação de natureza indiscutível sobre a
questão. Alguns pensam que esse Judas foi o autor da
epístola de Judas; mas isso também não expressa uma
opinião isenta da possibilidade de ser contradita.
João 14:22: Perguntou-lhe Judas (não o Iscariotes):
O que houve, Senhor. que te hás de manifestar a nós,
e não ao mundo?
Judas, não o Iscariotes. Esse esclarecimento foi
dado a fim de distinguir esse apóstolo do traidor o
qual já se retirara do meio dos demais; e, além djsso,
o autor do quarto evangelho queria deixar patenteado
que esse Judas nada tinha contra o Senhor, mas antes,
era um de seus discípulos autênticos. Outrossim
mediante esse esclarecimento, ele novamente alude
traidor com desdém, sabendo que todos os leitores do
texto sagrado de imediato haveriam de relembrar-se
do caráter envilecido de Judas Iscariotes. Pois o autor
sagrado queria que entendêssemos que os outros
apóstolos de Cristo não possuíam essa natureza
e carregada de suspeita, segundo ficava
evidenciado nas ações de Judas Iscariotes.
Este Judas é também chamado de Tadeu ou Labeu
(ver Mar. 3:18 e Mat. 10:3), sendo irmão de Tiago
(Luc. 6:16 e Atos 1:13); embora alguns estudiosos
prefiram reputá-lo como filho de Tiago. O apelativo
«Judas», sem dúvida, significa «célebre» ou «louvado»,
620
II
embora a origem desse nome não seja indiscutivel.
Existem diversos indivíduos com esse nome nas
páginas do N. T. A forma Judas é a modalidade grega
do nome que, em hebraico, é «Judâ».
2. Judas Iscariotes. (ver as seguintes referências:
João 6:70; Luc. 6:12 e Mat. 26:14-16).
Mat. 26:14: Então um dos doze, chamado Judas
Iscariotes, foi ter com os principais sacerdotes;
Um dos doze, chamado «Iudas Iscariotes», As
tentativas para fazer com que esse nome signifique
assassino, relacionando-o a uma palavra aramaica
semelhante, têm sido fúteis. A referência mais
provável é a Queriote, localidade de Moabe (Jer,
48:24), ou então a Queriote-Hezron (Jos. 15:25),
cerca de vinte quilômetros ao sul de Hebrom. Esse
Judas sempre aparece em último lugar nas listas dos
apóstolos, sendo sempre identificado pelo adjetivo o
traidor. Era o tesoureiro do grupo apostólico.
Aprendemos, em João 12:6, que ele não ficou perverso
repentinamente; pelo contrário, durante o tempo tLJO
vinha surripiando da «sacola» do tesouro comum, a
fim de satisfazer sua cobiça pessoal. Pelas narrativas
tiramos a conclusão de que, juntamente com os
demais, ele fora dotado de certos poderes miraculo-
sos; mas isso não mostra que ele se tenha convertido
verdadeiramente. Sendo da região de Judâ, ele era o
único dos apóstolos que não era nativo da Galiléia.
Sua carreira levou-o, finalmente, à apostasia e ao
suicídio (ver Atos 1:18,25; Mat. 27:5).
Nio há que duvidar que Judas Iscariotes foi o
responsável pelo aprisionamento de Jesus. Sua
traição consistiu em fornecer informações às
autoridades religiosas, sobre onde Jesus poderia ser
encontrado, tendo mesmo chegado ao cúmulo de ter
ac?mpanhado o bando até o local, a fim de guiá-los.
EVidentemente, Jesus se retirara do ministério
público, possivelmente para sua própria proteção,
bem como para segurança de seus discípulos íntimos,
que também seriam objetos do ódio dos chefes
eclesiásticos. Não podemos precisar todos os motivos
por detrás desse ato de traição. Sabemos que o
dinheiro foi uma consideração importante nesse ato, e
a tradição de Marcos salienta definidamente esse
elemento (ver Mar. 14:11). Porém, é provável que
também houvessem outras razões. Mui provavelmente
Judas esperava a vinda de um governante terreno,
como o esperavam os demais apóstolos e o povo
com1.!m. Jesus jamais aceitou esse papel, segundo as
condições que o povo julgava serem necessárias. O
Senhor nunca deixou de ser um reformador espiritual,
e a reforma política só ocorreria através e em
decorrência de uma mudança espiritual. O povo - no
que certamente era acompanhado por Judas Iscario-
tes - ansiava por ver a derrubada de Roma, e não
encontrava muita utilidade para o lado «espiritual»
dos planos de Jesus. E assim vieram gradualmente a
perceber que Jesus jamais viria a ser um rei no sentido
em que pensavam. E isso levou-os a perderem as
esperanças quanto a todos os seus planos de um Israel
renovado, independente, reinante com as glórias
anteriores dos tempos de Davi e Salomão. Suas
esperanças e seu respeito para com Jesus começaram
a transformar-se em ressentimento e ódio. Esse ódio
visava especialmente a pessoa de Jesus, resultante de
muitas ansiedades mentais e frustrações por causa da
situação, sem falar no mais puro desapontamento.
Judas feriu ao Senhor Jesus, entregando-o às
autoridades traiçoeiramente. O povo comum atingiu
ao Senhor Jesus anuindo ante os desejos das
autoridades religiosas, e isso até com satisfação.
Gostariam de ter-se livrado do poder dominante de
Roma; já que não podiam fazê-lo, voltaram-se contra
I I
Rockefeller-McConnick Ms 965, Mat. 26:47 ss
A Traição de Jesus
Cortesia, University of Chicago
Códex Gigas, Latim, ilustração do diabo. Este
manuscrito é o maior (em tamanho) de todos os
mss do N.T., medindo quase 1 por 1/2 metros.
Cortesia, Kungliga Biblioteket, Estocolmo.
 JUDAS
Jesus, para destrui-lo, porque, supostamente, ele não
conseguira livrá-los de Roma.
As passagens paralelas deste texto são Mar.
14: 10, 11 e Luc, 22:3-6. A fonte informativa é o
«protomarcos» .
Marc. 14:10: Então Judas Iscariotes, um dos doze,
foi ter com os principais sacerdotes para lhes entregar
Jesus.
Pensemos na tragédia que foi Judas!
Um homem privilegiado acima de outros e em grau
extraordinário. Um homem com inacreditáveis
oportunidades nas mãos. Mas também um homem
com profundas veias maléficas. Poderia ter vencido,
mas recusou-se a lutar contra suas más tendências. A
vereda do crente requer uma luta resoluta. Exige
santificação por meio da renúncia. Aqueles que se
recusam a entrar por esse caminho, com freqüência
alimentam seus vícios e fracassos espirituais. Algum
tipo de tragédia é o resultado inevitável. Judas queria
seguir a Jesus, mas recusou-se a tomar a cruz. A igreja
da «crença fácil», tão comum nos dias de hoje, está
infeccionada com essa atitude do Iscariotes. Quando
chega a crise, a pessoa falha e cai, porquanto sua
moralidade intima está apodrecida, apesar de sua
bela aparência externa.
A TemlTe. Queda
1. A Judas Iscariotes fora conferido o mais elevado
ofício. Deve ter possuído caracteristicas de caráter
que justificassem sua escolha. Jesus deve tê-lo
selecionado com boas intenções. Poderia ter sido um
Pedro ou um Paulo.
2. Alguma profunda perversão o desviou. Algum
defeito básico de caráter resistiu a todo efeito
transformador.
3. Com angústia e perplexidade é que a igreja
primitiva dizia: «Um dos doze é que traiu a Jesusl»
Essa perplexidade continua entre nós. De algum
modo Satanás descobriu um meio para reduzi-lo a
nada. Por quê? Por ter encontrado na natureza de
Judas alguma afinidade com a malignidade. (Ver João
6:70).
4. E possivel que alguns poucos anos de experiência
tenham levado Judas àquele ponto; ou seria ele uma
alma pervertida de antemão, desde alguma pre-
existência? (Quanto a essa idéia, e o que nela está
implícito, ver Gál. 1: 15). Alguns pais alexandrinos da
igreja olhavam essa idéia favoravelmente.
5. O futuro haverá de trazer Judas de volta, em
alguma nova missão maligna? Alguns têm pensado
assim, identificando-o com o anticristo (vide).
«Fica aqui novamente assinalado o trágico contras-
te entre o que poderia ter sido e o que realmente
aconteceu. Um dos doze, um diabo! um dos doze, um
traidor?» (Ellicott em João 7:71). «Ficou demonstrado
o caráter monstruoso e diabólico de sua incipiente
infidelidade» (Lange em João 7:71). «O horror eterno
de tudo ísso!» (Robertson, idem).
Mas eis que podemos meditar em seguida sobre a
graça de Deus, que é estendida aos remidos e lhes
impede de cometerem crimes dessa natureza. Pois
«...se somos infiéis, ele permanece fiel, pois de
maneira nenhuma pode negar-se a si mesmo» (11 Tim.
2:13).
Ó Salvador, nada tenho para pleitear,
Na terra abaixo ou nos céus acima,
A não ser minha grande necessidade,
E o teu amor sem igual.
(J ane Crewdson)
621
Por que Judas falhou? Oferecemos algumas
respostas tradicionais:
1. Sua ambição perseguiu-o o tempo todo. Ele
realmente queria aquelas poucas moedas da traição.
2. Ficou desapontado porque não se cumpriram suas
expectações messiânicas; o fato de que Jesus não
incluía a política em suas reivindicações messiânicas
levou-o, finalmente, ao desespero. 3. Ele não queria
realmente trair a Jesus, mas tão somente forçá-lo a
declarar-se o Messias. Essa opinião, na realidade, não
se encaixa nos fatos do evangelho. 4. Judas era
homem de profundos vícios desde o principio, e os
maus atos, finalmente, atingem a superfície, a
despeito de nosso suposto discipulado. 5. Ele foi
inspirado por Satanás (ver João 13:2,27). Assim
sendo, podemos ver que nunca experimentara real
conversão; bem pelo contrário, vivia perto da
possessão demoniaca, e sua maldade intima era
facilmente encorajada pelo poder espiritual maligno.
6. Nunca foi crente verdadeiro. A teoria do ceticismo
de Judas é tão antiga quanto a obra de Irineu, «Contra
Heresias», V.33.4. Mas há aqueles que pensam que
Judas fora crente, embora mais tarde tivesse
apostatado. E isso não é impossivel.
O que Judas «revelou.. em sua trlaçio?
1. Alguns dizem: Revelou o segredo messiânico.
Em outras palavras, apesar de Jesus sentir ser o
Messias, não o declarava publicamente, talvez por
esperar uma boa oportunidade ou circunstâncias
favoráveis (ver Mar. 7:36; 8:26,30 e 9:9, quanto ao
«segredo messiânico»). Porém, apesar de ser verdade
que havia algum segredo, muito antes da semana final
Jesus já o tinha revelado. Portanto, não foi a
«reivindicação messiânica» de Jesus que Judas revelou
às autoridades religiosas.
2. Nem podemos pensar que Jesus realmente tivesse
quaisquer intenções revolucionárias, que Judas
revelou às autoridades, levando-o a tomar-se um
«mártir politico».
3. A verdade simples parece ter sido a de que Jesus
se ocultara e que Judas revelou onde poderiam achá-lo
e detê-lo. Ele foi o guia dos soldados que detiveram a
Jesus (Atos 1:16). O fato de que Jesus se tomou
impopular ante os lideres religiosos (ele era uma
ameaça para o poder deles, e era blasfemo contra suas
doutrinas, fazendo extravagantes reivindicações mes-
siânicas e tornando-se politicamente perigoso), levou-
o a ocultar-se por algum tempo, a fim de proteger a
si mesmo e aos seus discípulos, Judas, conhecendo os
hábitos de Jesus, revelou onde ele estava. E dificil
saber se Judas - meditou maduramente - em sua
ação inicial; isto é, se ele previu que isso terminaria na
morte de Jesus, ou se pensou que as autoridades o
poriam na prisão, ou simplesmente ordenariam que
ele cessasse sua atividade. E impossivel saber a
resposta. Mas é significativo que quando ele viu que
Jesus seria morto, imediatamente sentiu remorsos
pelo que fizera. Isso parece sugerir que ele esperava
que algo menor fosse o resultado. Mas é claro que ele
quis sair do movimento iniciado por Jesus e que parte
de seu propósito foi de fazer Jesus parar. Mas
como ele pensava que Jesus deveria ser parado, é
outra questão.
O Suicldio de Judas
Atos 1:18: Ora, ele adquiriu um campo com o
salário da sua iniqüidade; e precipitando-se, caiu
prostrado e arrebentou pelo meio e todas as suas
entranhas se derramaram.
A noticia da morte trágica de Judas Iscariotes havia
desencadeado um grande interesse, e, em resultado
disso, várias versões vieram à existência sobre a
 JUDAS
maneira como ele morreu. Existem essencialmente
três tradições diversas sobre a questão:
1. A narrativa do livro de Atos parece indicar que a
morte de Judas Iscariotes foi violenta, produzida por
alguma espécie de queda incontrolável, evidente-
mente por algum precipicio abaixo.
2. Há também a narrativa de Mat. 27:3-10,
segundo a qual Judas Iscaríotes enforcou-se.
3. Por semelhante modo, há uma história,
preservada por Papias, discipulo do apóstolo João (ou
do «presbítero») de que Judas Iscariotes foi atacado
por alguma enfermidade asquerosa, que causou uma
excessiva inchação de seu corpo e que, estando ele
nessas condições físicas. foi esmagado por uma
carroça, em um lugar de estreita passagem, por onde
ordinariamente poderia ter passado com sucesso se
não tivesse inchado tanto. (Ver J.A. Cramer,
in Evangelia, S. Matthaei et S. Marci, Oxford:
Typographeo Academico, 1884, sobre o vigésimo
sétimo capitulo do evangelho de Mateus). Alguns
intérpretes têm sugerido que essa história, preservada
por Papias, na realidade é a mesma que aparece
historiada nas páginas do livro de Atos e que a
tradução que aqui aparece como «precipitando-se»
(comum, de resto, a todas as traduções), traduz um
termo médico obscuro (no grego prestheis) , que
indicava inchação excessiva. (Essa teoria é exposta na
obra «The Beginnings of Christianity», editores F.J.
Foakes Jackson e Kirsopp Lake: Londres, The
Macmillan Co. 1933, V. pâgs, 22-30).
Além das idéias acima expostas, várias outras
interpretações têm aparecido, ou de natureza inteira-
apócrifa, variações das tradições já
existentes, Alguns intérpretes têm asseverado que as
palavras « ... foi enforcar-se ... », da passagem de Mat.
27:5, na realidade deveriam ser traduzidas por
sufocou-se, deixando um tanto vago o modo real de
sua morte. Outros estudiosos têm pensado que essas
palavras significam que ele foi consumido pelo
remorso de consciência. Mui provavelmente essas
explicações vieram a lume na tentativa de reconciliar
a narrativa do livro de Atos com o relato do evangelho
de Mateus, posto que, mediante tais interpretações,
nenhum modo especifico de morte pode ser atribuído
à narrativa de Mateus. Tais tentativas, não obstante,
não são bem fundadas, e nem têm sido bem recebidas
pelos estudiosos em geral.
Uma outra tentativa de reconciliação entre essas
duas narrativas, é aquela que diz que as narrativas do
evangelho de Mateus e do livro de Atos são descrições
de várias etapas da morte de Judas. - A idéia é
que Judas pendurou-se por uma corda ou em um
o qual .ter-se-ia precipitando-o para
baixo e propiciando as condições descritas em Atos.
Essa interpretação tem deixado a vários estudiosos
satisfeitos; mas outros têm-na considerado como mera
tentativa de harmonizar os relatos bíblicos a qualquer
custo, até mesmo ao preço da honestidade.
É . justo dizermos que o problema permaneceu
sem solução nos tempos antigos; e para
muitos intérpretes, é nesse ponto de insolubilidade
que o problema se encontra até hoje. Mas todas as
narrativas, até mesmo as lendárias, concordam sobre
o ponto de que Judas Iscariotes sofreu alguma forma
de m.orte violenta e horrenda. Isso parece apropriado,
considerando-se o seu crime inominável o que sem
dúvida foi paralelo ao horror de sua Tanto o
evangelho de Mateus como esta narrativa lucana do
livro de Atos, vê em tudo isso o cumprimento de
profecias bíblicas concernentes ao traidor de Cristo. A
passagem de Mat. 27:9 menciona a profecia de Zac.
11:13, que diz: «Tomei as trinta moedas de prata, e as
622
arrojei ao oleiro, na casa do Senhor», é inexatamente
identificada como uma predição de Jeremias. O autor
sagrado do primeiro evangelho talvez tivesse em
mente os trechos de Jer. 18:1-4; 19:1-3 e 32:6-15, mas
a profecia é distintamente aquela feita por Zacarias.
(Quanto a uma discussão sobre esse problema ver as
notas relativas a Mat. 27:9 no NTI). Lucas Atos
1:20) cita os trechos de Sal. 69:25 e 109:8' e assim
todo incidente da morte de Judas é
vinculado às profecias messiânicas, o que é visto como
prova da validade das reivindicações messiânicas de
Jesus, porquanto ele cumpriu, em sua vida terrena,
até mesmo profecias obscuras e de ordem secundária.
(Quanto às diversas provas neotestamentárias do
caráter messiânico de Jesus, ver o sumário apresenta-
do em João 7:45 no NTI).
, 3. Ju<;las, o patriarca, um dos filhos de Jacó, - que
e mencionado em Mat. 1:2,3, nas genealogias dos
ancestrais do Senhor Jesus.
4. Há um dos antepassados do Senhor Jesus que
recebe esse nome, embora algumas traduções digam
Judá, em Luc. 3:30.
S. Judas, irmão do Senhor (ver Mat. 13:SS e Mar.
6:3). Talvez tenha sido esse Judas o autor da epístola
de Judas, ainda que outros estudiosos opinem que
Judas Tadeu é que foi o autor desse breve livro do
N.T. Esse Judas é igualmente chamado de irmão de
Tiago, outro dos irmãos de Jesus, segundo pensam
alguns.
Judas v.l: Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de
Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai, e
guardados em Jesus Cristo:
No tocante a Judas, irmão do Senhor, temos
pouquíssima informação. Ver Mat. 13:5S quanto à
lista dos irmãos de Jesus. Evidentemente ele era filho
José e Maria, ainda que alguns estudiosos neguem
ISSO, com base em um preconceito a priori, que
defende, sem base, a idéia da perpétua virgindade de
Maria. Ver o artigo sobre a Familia de Jesus
e o trecho, Mat. 12:46,47. Dentre seus muitos
irmãos, dois se tornaram «apóstolos», isto é, dotados
de estatura especial apostólica, Tiago e Judas. O
trecho de Atos 1:14 mostra-nos que muitos, e talvez
todos os irmãos de Jesus, se converteram após a
ressurreição. E talvez exatamente devido à sua
ressurreição. O trecho de I Cor. IS:7 evidentemente
dá a entender que Tiago, irmão do Senhor, foi uma
das pessoas privilegiadas pelo aparecimento pessoal
do Senhor ressurrecto.
Há uma tradição, preservada por Hegesipo
(conforme foi registrado por Eusêbio, em sua História
Eclesiástica 111.20.1,2), que mostra que os netos de
Judas continuaram na fé, e que seu íntimo
relacionamento com Jesus lhes trouxe dificuldades
perante o governo imperial, até que Domiciano viu
que eram humildes de aparência, um tanto rústicos,
pobres, certamente não servindo de ameaça ao
império, como traidores em potencial.
6. Judas, o Galileu. Esse homem provocou um
movimento rebelde contra os romanos, conforme
ficou registrado no trecho de Atos 5:37, fato esse que
também é mencionado pelo historiador judeu, Josefo.
Ele nos diz que esse Judas nasceu em Bamala, e data a
rebelião em 6 D.C., nos tempos de Quirínio,
governador da Siria. No choque que houve Judas o
Galileu, foi derrotado e morto. "
7. Judas, um judeu em cuja casa, em Damasco,
Paulo ficou hospedado por algum tempo (ver Atos
9:11).
8. Judas, -certo profeta cristão, de sobrenome
Barsabâs, - que, juntamente com Sitas, foi escolhido
 JUDAS - JUDAS (LIVRO)
pela igreja de Jerusalém a fim de acompanhar Paulo e
Barnabé até Antioquia, para entregarem a decisão
escrita dos apóstolos, acerca da natureza não obriga-
tória da circuncisão (ver Atos 15:22-33). Alguns têm
procurado identificar esse Judas com Judas Tadeu, ou
então como irmão de Tiago e João. (Como é feita essa
identificação, o leitor pode inteirar-se nas notas sobre
Judas Tadeu (1) mais acima).
Um profeta e lider cristão, cujo nome, ao que tudo
indica, significa «nascido no sábado.., ou, então, «filho
de Sabâ», Talvez ele tenha sido irmão de José,
chamado Barsabás, conforme se vê em Atos 1:23, que
foi um dos dois candidatos a substituto de Judas
Iscariotes, no apostolado. Foi homem de dotes
espirituais excepcionais.
9. Um cidadão de Jerusalém, que se aliou a outros
judeus, ao enviarem um missiva aos judeus que
residiam no Egito, em 165 A.C. Eles anunciavam ali a
iminente rededicação do templo de Jerusalém. Esse
relato é contado em 11 Macabeus 1: 10.
10. Um filho de Simão, irmão de Judas Macabeu.
Ele e seu irmão, João, derrotaram um exército sirio
invasor, comandado por Candebaeus. Porém, em 135
A.C., Simão Judas e seu irmão, Matarias, foram
assassinados por Ptolomeu, genro de Simão. Essa
história de traição é contada no décimo sexto capitulo
de I Macabeus.
11. Judas Macabeu, Esse homem era apelidado
«martelador.. (macabaios) por causa de sua capacida-
de militar e seu espirito invencivel. Ele foi o terceiro
filho de Matatias, o sacerdote hasmoneano. Tornou-
se o sucessor de seu pai, como lider da guerra santa
contra Antioco IV Epifânio, do que resultou um
periodo de independência de Israel, antes que os
romanos, finalmente, tomassem conta da região. Ver
o artigo geral sobre os Hasmoneanos, que narra a
história dessa influente e corajosa família, que
assinalou um marco na história geral dos judeus. A
revolta contra Antioco IV Epifânio começou em 167
A.C. Vários membros da familia dos hasmoneanos
(que atendiam pelo apodo de Macabeus) estiveram
envolvidos nessa revolta dos judeus. Quando a
independência foi obtida, então, os membros dessa
família formaram uma dinastia governante, até que o
décimo segundo descendente direto foi executado por
Herodes, o Grande, em 29 A.C. A resistência passiva
dos hasidim (ou «piedosos») transformou-se em
violência, quando editos contrários, expedidos pelo
poder dominante, tomaram-se insuportáveis para o
ânimo dos judeus.
Matadas, pai de ju...., em sua indignação, matou
um oficial judeu que fora enviado para estabelecer um
culto pagão em Modein, perto de Jerusalém. Antioco
IV Epifânio estava seguindo as normas que levariam à
helenização de Israel, o que, naturalmente, haveria de
modificar a fé dos hebreus, antes que se pudesse
helenizar mais profundamente os judeus. Matatias,
entretanto, não morreu muito depois desse incidente,
pelo que Judas levou adiante a resistência judaica, na
forma de guerrilheiros. Depois disso, ele conseguiu
destruir, quase imediatamente, um destacamento do
inimigo, surpreendendo e dizimando forças ainda
maiores, em Bete-Horom. Em vista disso, Antioco
nomeou Lisias para pôr fim à revolta; mas, em
Emaús, Judas Macabeu derrotou o exército de Lisias,
que estava sob as ordens de Ptolomeu, Nicanor e
Gôrgias. E Judas foi novamente o vitorioso, em
Bete-Zur, quando precisou enfrentar o próprio Lisias.
Entrementes, na Terra Santa, muitos judeus coopera-
vam com os esforços helenizadores de Antíoco, Por
isso mesmo, as vitórias de Judas parecem ainda mais
623
impressionantes. O conflito não foi fácil para os
judeus, visto que uma guarnição siria permanecia
entrincheirada na Acra, a cidadela de Jerusalém.
Apesar disso, em 165 A.C., Judas foi capaz de
purificar o templo de Jerusalém e remover dali os itens
pagãos, que os helenizadores tinham posto naquele
lugar sagrado. Um altar fora erigido em honra a Zeus,
e ritos pagãos, durante algum tempo, haviam
dominado o culto. Judas, porém, desvencilhou-se de
todos os sinais do paganismo. A festa religiosa que
celebra esse acontecimento chama-se Festa da
Dedicação, ou, no hebraico, Hanukkah, Ver o artigo
separado sobre Dedicação. Festa da, quanto a
detalhes sobre a questão.
A purlflcaçlo do templo cumpriu o propósito
imediato da revolta; mas Judas Macabeu e seus
aliados tinham idéias mais amplas do que isso. O que
eles almejavam era a independência da Judéia. Isso
posto, a revolta que era apenas religiosa, no começo,
tornou-se um movimento que visava à obtenção da
independência nacional. Lisias, então, assediou a
cidade, e quase conseguiu que seus habitantes se
rendessem, pressionados pela fome. Porém, foi
exatamente por essa altura dos acontecimentos que
morreu Antíoco IV Epifânio, um homem muito
amado por sua familia e por sua gente, embora um
dos piores inimigos históricos de Israel. Em vista da
morte de Antioco, Lisias precisou voltar para sua
terra. Foi então que Judas Macabeu conseguiu obter
liberdade religiosa do governo sírio. E desde então os
sírios começaram a enfrentar toda forma de
problemas, sem nada ter a ver com o que estava
sucedendo em Israel, o que somente ajudou à causa
de Judas Macabeu. Judas firmou um pacto com os
romanos; mas a ajuda que ele esperava que viesse dos
romanos reduziu-se a nada. A despeito disso, Judas
obteve, finalmente, uma espetacular vitória sobre os
sitias. Pouco tempo depois, porém, sofreu uma
humilhante derrota, tendo sido morto em Elasa, em
161 A.C. Pelo menos em parte, isso deveu-se a
intrigas promovidas por sua própria gente.
Seu irmão, Jônatas, tomou a peito a causa.
Finalmente, Simão, o último sobrevivente dos cinco
filhos do velho Matatias, assumiu a liderança, ao
obter a independência politica que fora cobiçada
durante tantos anos sangrentos. Os livros de I e 11
Macabeus (nome derivado de Judas, que tinha por
apodo ..macabeu..) contam a história toda. Desde
então, essa narrativa tornou-se inspiradora do
indomável espirito judaico, que tem promovido a luta
dos judeus contra muitos inimigos muitas vezes mais
poderosos do que eles. O cânon do Antigo Testamento
da Igreja Católica Romana, confirmado por ocasião
do concilio de Trento, em 1546, recebeu I e 11
Macabeus (e outros dos chamados livros apócrifos)
em seu cânon oficial dos livros do Antigo Testamento.
Todavia, para os grupos protestantes e evangélicos,
esses livros continuam fora do cânon veterotestamen-
târio. Ver o artigo sobre os Livros Apócrifos. Quanto
a uma bibliografia acerca dessa época da história, ver
o artigo intitulado Hasmoneanos,
JUDAS (LIVRO)
Introdução:
I. Confirmação Antiga
11. Autoria
111. Data
IV. Proveniência e Destino
V. Relação Entre 11 Pedro e Judas
VI. Motivo e Propósitos
VII. Conteúdo