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Uma das justificativas, até o início do século XX, para a não extensão às mulheres do direito de
voto, baseava-se na idéia de que elas possuíam um cérebro menor e menos desenvolvido do que
o dos homens.A homossexualidade, por sua vez, era tida como uma espécie de anomalia da
natureza, ou seja, uma doença. Nas democracias modernas, desigualdades naturais podiam
justificar o não acesso pleno à cidadania. No interior de nossa sociedade, encontramos ainda
uma série de atitudes etnocêntricas. Muitos acreditaram que havia várias raças e sub-raças, que
determinariam, geneticamente, as capacidades das pessoas, hoje sabemos que isso não é
verdade. (Curso de especialização em gênero e sexualidade/Organizadores: Carrara,Sérgio…[et
al]. – Rio de Janeiro: CEPESC;Brasília, DF : Secretaria especial de políticas públicas para as
mulheres, 2010.)
Em se tratando de Brasil, não podemos deixar de falar nas religiões de matriz africana, como o
candomblé e umbanda, resultado do sincretismo religioso. O sacrifício animal em algumas
crenças afro-brasileiras tem sido considerado sinônimo de barbárie, por praticantes de outros
credos. Trata-se, contudo, simplesmente de uma forma específica para que homens/mulheres
entrem em contato com o divino, com os deuses, nesses casos, os orixás, cada qual com sua
preferência, no que diz respeito ao ritual de oferenda. Outras religiões pregam formas
diversificadas de contato com o divino, classificando e condenando as práticas do candomblé,
como “erradas” e “bárbaras”, ou como “feitiçaria”. (Curso de especialização em gênero e
sexualidade/Organizadores: Carrara,Sérgio…[et al]. – Rio de Janeiro: CEPESC;Brasília, DF :
Secretaria especial de políticas públicas para as mulheres, 2010.)
Cada grupo social tende a adotar determinada postura frente ao outro, essa seria justamente
sua forma de representação. A afirmação social de uma representação tem como base
fundamental a ação e a comunicação. Ela encadeia pensamento e linguagem o que permite a
compreensão do mundo e assimilação das relações que nele se estabelecem.Para
compreendermos quem somos em grupo, como coletividade, ou quem somos individualmente,
como indivíduos, dependemos da interpretação e do reconhecimento que nos é dado pelos
outros. “Ninguém pode edificar a sua própria identidade independentemente das identificações
que os outros fazem dele” Habermas (1983).
O reconhecimento pelos outros é uma necessidade humana, já que o ser humano é um ser que
só existe através da vida social . De acordo com Taylor (1994), “um indivíduo ou um grupo de
pessoas podem sofrer um verdadeiro dano, uma autêntica deformação se a gente ou a
sociedade que os rodeiam lhes mostram como reflexo, uma imagem limitada, degradante,
depreciada sobre ele.”
Um falso reconhecimento é uma forma de opressão. A imagem que construímos muitas vezes
sobre os portadores de deficiências, prostitutas, homossexuais, etc. é deprimente e humilhante
e causa-lhes sofrimento e humilhação, ainda mais por que tais representações depreciativas são
construídas quase sempre para a legitimação da exclusão social e política dos grupos
discriminados.Segundo Taylor (1994), “a projeção sobre o outro de uma imagem inferior ou
humilhante pode deformar e oprimir até o ponto em que essa imagem seja internalizada”.“O
preconceito seja ele do tipo que for, é um atestado de insegurança, de autoritarismo, de
absolutismo intelectual, enquadrando automaticamente em categorias classificatórias e
pejorativas tudo aquilo que represente diferença. No fundo, viver em democracia está na
proporção direta do quanto somos pessoal e coletivamente capazes de superar os nossos
medos.
O estereótipo é simplesmente o "rótulo" com que costumamos classificar certos grupos de
pessoas, e é muito mais comum do que possa parecer. É introduzido no seio da sociedade e se
agrega a psique das pessoas por meio de anedotas, frases feitas, contos populares etc, pois,
desde a mais tenra idade, as pessoas são condicionadas a acreditar que certos grupos de
pessoas estão ligados a determinados atributos ou características.” (Otávio B. Lopes)