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Princípios constitucionais que regem o Júri:

A instituição do Júri é informada por quatro princípios básicos, todos eles mencionados no art. 5º, inc. XXXVIII, a a
d, da Constituição Federal, a saber: plenitude de defesa, sigilo das votações, soberania dos veredictos e compe-
tência mínima para julgamentos dos crimes dolosos contra a vida.

Plenitude da defesa - no Júri, não apenas a defesa técnica, relativa aos aspectos jurídicos do fato, pode ser pro-
duzida. Mais que isso, dada às peculiaridades do processo e ao fato de que são leigos os juízes, permite-se a
utilização de argumentação não jurídica, com referências a questões sociológicas, religiosas, morais, etc.

Sigilo das votações - embora público o debate produzido em plenário, o momento da colheita dos veredictos é
sigiloso, mantida, portanto, a sala secreta do Júri para tal fim.

Soberania dos veredictos - somente os jurados podem decidir pela procedência ou não da imputação. Na precisa
lição de José Frederico Marques, a soberania deve ser entendida como a “impossibilidade de os juízes togados se
substituírem aos jurados na decisão da causa” (Elementos de direito processual penal, III/262).

CUIDADO: o conceito de soberania dos veredictos, que não deve ser entendido como um poder absoluto acima
de qualquer outro.

Competência mínima - a Constituição prevê o princípio da competência mínima para julgamento dos crimes dolo-
sos contra a vida.

Hoje vem ganhando força entre os Promotores que atuam no júri o PRINCÍPIO DA PLENITUDE DA TUTELA DA
VIDA.

De acordo com o STF: “Os direitos fundamentais não podem ser considerados apenas como proibições de inter-
venção (Eingriffsverbote), expressando também um postulado de proteção (Schutzgebote). Pode-se dizer que os
direitos fundamentais expressam não apenas uma proibição do excesso (Übermassverbote), como também po-
dem ser traduzidos como proibições de proteção insuficiente ou imperativos de tutela (Untermassverbote).” (STF –
Segunda Turma – HC 104410 – Rel. Min. Gilmar Mendes – DJe 27/03/2012).

Procedimento bifásico - o procedimento do Júri é bifásico ou escalonado, na medida em que se bifurca em duas
fases: a primeira denominada iudicium accusationis ou sumário de culpa, que vai do recebimento da denúncia ou
queixa (ação penal privada subsidiária da pública ou mesmo exclusivamente privada, em se tratando de um crime
conexo), até o trânsito em julgado da sentença de pronúncia. E a segunda, chamada iudicium causae, indo da
pronúncia até o julgamento em plenário.

Sumário de culpa
(do recebimento da denúncia até o trânsito da pronúncia)

Art. 406. O juiz, ao receber a denúncia ou a queixa, ordenará a citação do acusado para responder a acusação,
por escrito, no prazo de 10 (dez) dias.
§ 1º O prazo previsto no caput deste artigo será contado a partir do efetivo cumprimento do mandado ou do com-
parecimento, em juízo, do acusado ou de defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. (Redação
dada pela Lei nº 11.689, de 2008).
§ 2º A acusação deverá arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), na denúncia ou na queixa.
§ 3º Na resposta, o acusado poderá arguir preliminares e alegar tudo que interesse a sua defesa, oferecer docu-
mentos e justificações, especificar as provas pretendidas e arrolar testemunhas, até o máximo de 8 (oito), qualifi-
cando-as e requerendo sua intimação, quando necessário. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

Requisitos da denúncia - Nesse primeiro momento deverá o juiz atentar para os aspectos formais da acusação, à
luz do que dispõe o art. 41 do CPP. Dessa forma, deve constar, da denúncia ou queixa, “a exposição do fato cri-
minoso, com todas as suas circunstâncias, a qualificação do acusado ou esclarecimentos pelos quais se possa
identificá-lo, a classificação do crime e, quando necessário, o rol de testemunhas”.

Exposição do fato - a acusação deve conter a exposição do fato criminoso, a fim, principalmente, de propiciar o
exercício da ampla defesa pelo acusado. Na lição do saudoso Júlio Fabbrini Mirabete, “é indispensável que na
denúncia [e também na queixa] se descreva, ainda que sucintamente, o fato atribuído ao acusado, não podendo
ser recebida a inicial que contenha descrição vaga, imprecisa, de tal forma lacônica que torne impossível ou ex-

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tremamente difícil ao denunciado entender de qual fato preciso está sendo acusado” (Código de processo penal
interpretado, Atlas: São Paulo, 2002, 9ª. ed., p. 184).

IMPORTANTE:

Classificação do crime - Esse requisito é enfraquecido diante da regra do art. 383 do CPP, que permite ao juiz dar
ao fato classificação diversa daquela que constar da denúncia ou queixa, naquilo que se convencionou chamar de
emendatio libelli.

Pode o juiz antecipar a emendatio no momento do recebimento da inicial?


Em face da própria colocação da matéria, em capitulo após a instrução probatória, parece claro que a análise
quanto à correção da acusação somente neste estágio processual deve ser realizada.

Na prática de mais de um crime doloso contra a vida, mediante uma só ação, havendo múltiplos desígnios, ocorre-
rá o concurso formal imperfeito ou crime crime continuado?

O dolo eventual é compatível com as qualificadoras?

Rol de testemunhas - Ainda sob o aspecto formal, deve constar da denúncia e da queixa o rol de testemunhas e,
diríamos, de vítimas.

Quantas testemunhas podem ser arroladas na inicial?

A omissão gera preclusão?

A 5ª. turma do Superior Tribunal de Justiça, pelo novo Código de Processo Civil (art. 321), permitiu que, no pro-
cesso penal, a acusação emende a inicial já ofertada – e recebida - para nela inserir o rol de testemunhas. De
sorte que “a intimação do Ministério Público para que indique as provas que pretende produzir em Juízo e a junta-
da do rol de testemunhas pela acusação, após a apresentação da denúncia, mas antes da formação da relação
processual, não são causas, por si sós, de nulidade absoluta [...] ainda que o Parquet não tivesse indicado ne-
nhuma testemunha, o juiz, nos termos do art. 209 do CPP, poderia determinar, a qualquer momento do processo,
a oitiva daquelas que julgasse necessárias.”(RHC n. 37-SC – Rel. Reynaldo Soares da Fonseca, j. 16.02.2016,
DJe 22.02.2016).

Art. 409. Apresentada a defesa, o juiz ouvirá o Ministério Público ou o querelante sobre preliminares e documen-
tos, em 5 (cinco) dias. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

O juiz pode ou deve ouvir o MP?

Art. 411. Na audiência de instrução, proceder-se-á à tomada de declarações do ofendido, se possível, à inquirição
das testemunhas arroladas pela acusação e pela defesa, nesta ordem, bem como aos esclarecimentos dos peri-
tos, às acareações e ao reconhecimento de pessoas e coisas, interrogando-se, em seguida, o acusado e proce-
dendo-se o debate. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

Qual o valor a ser dado para a versão da vítima? E das testemunhas?

Vítima – valor probatório

A doutrina mais tradicional sempre recebeu com enormes reservas a palavra do ofendido e, em virtude disso,
conferiu-lhe pouco ou mesmo nenhum valor probatório.
Mas a doutrina e a jurisprudência modernas têm reconhecido grande valia no depoimento do ofendido.

Tourinho Filho: “em certos casos, porém, é relevantíssima a palavra da vítima do crime. Assim, naqueles delitos
clandestinos - qui clam comittit solent - que se cometem longe dos olhares de testemunhas - , a palavra da vítima
é de valor extraordinário”.

Vicente Piragibe: “todos nós, que somos juizes, sabemos disto: não se pode deixar de tomar em muita considera-
ção as declarações da ofendida, desde que sejam verossímeis e minuciosas” (Dicionário de jurisprudência penal
do Brasil, 1934, n. 3.178).

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Pode o MP desisitir da oitiva da vítima? Precisa da concordância do réu?

Pode o MP substituir a vítima por uma testemunha?

Testemunhas – valor probatório

Mittermaier rotula a testemunha como sendo a prostituta das provas.


A prova testemunhal, no entanto, é de suma importância. As testemunhas são os olhos e os ouvidos da Justiça,
porque é por elas que se apuram os fatos transeuntes, que não se deixam assinalar por vestígios (Ary Azevedo
Franco Código de processo penal, 1950, vol. I, p. 224).

Eugenio Florian: “dentro do quadro das provas, a prova testemunhal é a que mais utiliza e mais aproveita ao pro-
cesso penal, pois o testemunho é o modo mais adequado para recordar e reconstituir os acontecimentos huma-
nos, é a prova na qual a investigação judicial se desenvolve com maior energia”, afinal “o processo se refere a um
pedaço da vida vivido, a um fragmento da vida social, a um episódio da convivência humana e daí ser natural e
inevitável que seja representado mediante vivas narrações de pessoas” (Das provas penais, 1998, tomo I, pp. 71
e 78).

Como valorar o testemunho do policial?

“Conforme entendimento desta Corte, o depoimento de policiais responsáveis pela prisão em flagrante do acusa-
do constitui meio de prova idôneo a embasar o édito condenatório, mormente quando corroborado em Juízo, no
âmbito do devido processo legal. Precedentes” (STJ – RHC n° 30814-SC, Rel. Jorge Mussi, j. 11.06.2013, DJe
06.08.2013).

“A prova testemunhal não padece de vícios que a inquinam de nulidade absoluta pelo fato de o policial não decli-
nar as fontes de suas informações. O réu se defende dos fatos e não das pessoas que o acusam” (STJ – HC n°
91885-DF, Rel. Arnaldo Esteves Lima, j. 23.02.2010, DJe 22.03.2010).

Como valorar o testemunho do Delegado que presidiu o IP?

“É da jurisprudência desta Suprema Corte a absoluta validade, enquanto instrumento de prova, do depoimento em
juízo (assegurado o contraditório, portanto) de autoridade policial que presidiu o inquérito policial ou que presenci-
ou o momento do flagrante. Isto porque a simples condição de ser o depoente autoridade policial não se traduz na
sua automática suspeição ou na absoluta imprestabilidade de suas informações” (STF – HC n° 87662-PE, Rel.
Ayres Britto, j. 05.09.2006, DJe 16.02.2007, p. 48).

Qual o valor das palavras de testemunha com maus antecedentes ou presidiária?

“Puro e simples indiciamento da testemunha em inquéritos lhe não retira a credibilidade, pois em seu prol milita
presunção de inocência que só pode ser elidida por condenação transitada em julgado” (TACRIM-SP - Rel. Cunha
Camargo - JUTACRIM 59/47).

“Por fato ocorrido no interior de Presídio, impossível arrolar testemunhas, senão as envolvidas no evento; tais
testemunhas não podem ser desprezadas, se não consultadas na instrução criminal” (TACRIM-SP - Rel. Gonçal-
ves Sobrinho - JUTACRIM 63/250).

Depoimento infantil merece crédito?

Prova Criminal - Testemunho infantil - Depoimento seguro, coerente e em plena harmonia com o restante da pro-
va - Condenação confirmada - “Nem será preciso citar a copiosa jurisprudência e a lição os doutrinadores, quando
se referem à valoração da palavra da ofendida de pouca idade, nos delitos contra os costumes, quando guarda
coerência, é harmônica com o restante da prova e encontra apoio em depoimentos de testemunhas adultas”
(TJSP - Rel. Jarbas Mazzoni - RJTJSP 98/481).

Reconhecimento de pessoa ou coisa – valor probatório


Tem doutrina destacando a fragilidade do reconhecimento como meio de prova. Tourinho Filho recorre à mitologia
para lembrar que Ulysses, da Ilíada, após permanecer por dez anos afastado de sua casa, ao retornar não foi
reconhecido, desde logo, por Penélope, sua esposa, mas apenas pelo cachorro (Processo penal, 1997, vol. 3, p.
330).

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IMPORTANTE:
A jurisprudência tem entendido, de forma maciça, que a identificação do acusado realizado durante a audiência
prescinde das formalidades legais previstas no art. 226 do CPP, que, portanto, seriam exigidas apenas para o
reconhecimento extrajudicial. E mesmo na fase policial, a prisão em flagrante do agente importa na desnecessi-
dade da realização de seu reconhecimento formal. Afinal, não há certeza maior do que aquela que provém da
detenção do conduzido quando ainda arde o crime, prescindindo-se, por isso mesmo, de um ato formal que con-
firme ter sido ele o autor do delito.

Reconhecimento com base na voz e porte físico. Validade

“A identificação de uma pessoa pode ser feita pelo conjunto de suas características e não apenas pelo rosto. Des-
sa forma, é possível que as vítimas reconheçam os autores dos crimes pelas suas características físicas” (TJSP –
Rel. Hélio Freitas – RT 817/555).

“O reconhecimento do agente do crime pode decorrer de diversos pormenores, inclusive o porte físico, a voz e
alguns traços fundamentais, e não somente de aspectos ligados à fisionomia” (TACRIM-SP - Rel. Djalma Lofrano -
JUTACRIM 65/345).

Reconhecimento fotográfico - valor probatório


Se ao reconhecimento pessoal, feito in facien, já são apontadas restrições, doutrina e jurisprudência nutrem ainda
mais ressalvas quanto à validade do chamado reconhecimento fotográfico.

ART. 411 CPP


§ 4º As alegações serão orais, concedendo-se a palavra, respectivamente, à acusação e à defesa, pelo prazo de
20 (vinte) minutos, prorrogáveis por mais 10 (dez).(Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 5º Havendo mais de 1 (um) acusado, o tempo previsto para a acusação e a defesa de cada um deles será indi-
vidual. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)
§ 6º Ao assistente do Ministério Público, após a manifestação deste, serão concedidos 10 (dez) minutos, prorro-
gando-se por igual período o tempo de manifestação da defesa. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

Memoriais. Não raro as partes optam por, ao invés de se manifestarem oralmente, em audiência, ofertarem seus
respectivos memoriais por escrito. É assim na Lei de Drogas (Lei 11.343/06), que, em seu art. 57, prevê os deba-
tes orais, mas cuja substituição pelos memoriais vem sendo admitida. E mesmo o art. 403, § 3°, introduzido na
reforma processual de 2008, prevê que “o juiz poderá, considerada a complexidade do caso ou o número de acu-
sados, conceder às partes o prazo de 5 (cinco) dias sucessivamente para a apresentação de memoriais. Nesse
caso, terá o prazo de 10 (dez) dias para proferir a sentença”.

ATENÇÃO:
Sem embargo de tais observações, o certo é que a jurisprudência tende a amenizar o rigor dessa obrigatoriedade.
Calhou ao Superior Tribunal de Justiça assim se posicionar sobre o tema: “Inexiste nulidade, caso o Ministério
Público e a defesa concordem em substituir as alegações orais por memorial” (RT 697/360).

A não apresentação de alegações finais pela defesa, devidamente intimada, gera nulidade?

Art. 412. O procedimento será concluído no prazo máximo de 90 (noventa) dias. (Redação dada pela Lei nº
11.689, de 2008)

E se for extrapolado esse prazo, estando o réu preso?

Levando-se em conta que o dispositivo não fez qualquer distinção, presume-se que esse prazo de noventa dias é
válido quer preso o réu, quer solto. Sempre que o legislador pretendeu distinguir uma situação de outra, ele o fez
de forma expressa. Assim, v.g., o art. 10 do CPP, que determina deva o inquérito policial terminar em dez dias
estando o réu preso e, trinta, se solto. E mesmo a Lei de Drogas, que em seu art. 51 marca o prazo de 30 ou 90
dias, para conclusão do inquérito, dependendo da condição do réu. Isso para demonstrar que o legislador, quando
quis tratar de forma diferenciado o preso do solto, o fez expressamente. No caso do procedimento do Júri, onde
há silêncio a esse respeito, presume-se que o prazo de noventa dias seja aplicado em uma e outra situação.

Art. 413. O juiz, fundamentadamente, pronunciará o acusado, se convencido da materialidade do fato e da exis-
tência de indícios suficientes de autoria ou de participação. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)

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§ 1º A fundamentação da pronúncia limitar-se-á à indicação da materialidade do fato e da existência de indícios
suficientes de autoria ou de participação, devendo o juiz declarar o dispositivo legal em que julgar incurso o acu-
sado e especificar as circunstâncias qualificadoras e as causas de aumento de pena. (Incluído pela Lei nº 11.689,
de 2008)

A sentença de pronúncia, portanto, é cabível sempre que o juiz reconhecer a existência do crime e indícios de
quem seja seu autor, quando então remeterá o acusado para julgamento pelo Júri.

Existência do crime - Ela é comprovada através do respectivo exame de corpo de delito, desde que, nos termos
do art. 158 do código, deixe vestígios a infração penal.

Pronúncia sem cadáver?

Indícios de autoria - Ao se satisfazer, de outro lado, com meros indícios de autoria, quis o legislador deixar claro
que a sentença de pronúncia encerra um simples juízo de probabilidade na qual o juiz julga admissível a acusa-
ção, apta, portanto, a ser conhecida pelo Júri.

ATENÇÃO:
Para a pronúncia, ao revés, a regra é do in dubio pro societate, significa dizer que aqui não se exige a mesma
certeza que se faz necessária para condenar.

“Estabelece o art. 413 do Código de Processo Penal que, para a decisão de pronúncia, basta, além da constata-
ção de indícios de autoria, que esteja o julgador convencido da existência do crime. Não se exige, portanto, prova
inconteste de sua ocorrência, sendo bastante que o magistrado se convença da materialidade da infração” (STF –
RHC n° 115984-ES, Rel. Dias Toffoli, j. 18.06.2013, DJe 23.08.2013).

“Para a sentença de pronúncia, que encerra simples juízo de admissibilidade da acusação, exige o ordenamento
jurídico somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se demandando aqueles requi-
sitos de certeza necessários à prolação de um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase processual,
resolvem-se contra o réu, ou pela sociedade” (STJ – AgRg no REsp n° 1242978-GO, Rel. Jorge Mussi, j.
13.08.2013, DJe 22.08.2013).

Pode a pronúncia basear-se na prova colhida no IP?

“Conquanto seja pacífica a orientação segundo a qual nenhuma condenação pode estar fundamentada exclusi-
vamente em provas colhidas em sede inquisitorial, tal entendimento deve ser visto com reservas no que diz res-
peito à decisão de pronúncia. Isso porque tal decisão judicial não encerra qualquer proposição condenatória, ape-
nas considerando admissível a acusação, remetendo o caso à apreciação do Tribunal do Júri, único competente
para julgar os crimes crimes dolosos contra a vida. Ademais, no procedimento do júri a prova testemunhal pode
ser repetida durante o julgamento em plenário, sendo que o CPP, no artigo 461, considerando a importância da
oitiva das testemunhas pelos jurados, juízes naturais da causa, chega até mesmo a prever o adiamento da sessão
de julgamento em face do não comparecimento da testemunha intimada por mandado com cláusula de imprescin-
dibilidade. 4. Por tais razões, a jurisprudência consolidou-se no sentido de que a decisão de pronúncia pode ser
fundamentada em elementos colhidos na fase policial ” (STJ – HC n° 258127-MG, Rel. Jorge Mussi, j. 12.03.2013,
DJe 26.03.2013).

Pode o juiz pronunciar o réu por homicídio privilegiado?

Pode o juiz, na pronúncia, excluir qualificadoras?

A exclusão de qualificadora da decisão de pronúncia, nos termos da jurisprudência o STJ Corte Superior, é viável
apenas quando manifesta a sua improcedência, sob pena de usurpação da competência do Tribunal do Júri, juiz
natural dos crimes dolosos contra a vida, cabendo exclusivamente a esse, diante da discussão probatória em ple-
nário, confirmar ou não a ocorrência de eventual qualificadora.

Reiteração de golpes caracteriza a qualificadora do meio cruel?

“A reiteração de golpes na vítima, ao menos em princípio e para fins de pronúncia, é circunstância indiciária do
‘meio cruel’ previsto no inciso III do parágrafo 2º do artigo 121 do Código Penal, de modo que não pode o julgador

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suprimir a qualificadora, pena de usurpação da competência constitucionalmente atribuída ao Tribunal do Júri”
(STJ - REsp n° 1.241.987-PR, Rel. Maria Thereza de Assis Moura, DJe 24.02.2014).

“Na hipótese, ao contrário do alegado na impetração, constata-se que a pronúncia motivou suficientemente a exis-
tência de indícios da qualificadora do homicídio, devido ao meio cruel utilizado pelo réu, consistente na reiteração
de golpes com barra de ferro na cabeça da vítima, já caída no chão com o primeiro golpe. (HC 198.945⁄SP, 5.ª
Turma, Rel. Min. JORGE MUSSI, DJe 19⁄10⁄2011)” (STJ - HC n° 224773-DF, Rel. Laurita Vaz, DJe 06.06.2013).

Pronunciado o réu pelo crime doloso contra a vida, pode o juiz impronunciar o delito conexo?

Havendo crime conexo, o juiz, ao pronunciar o réu pelo crime doloso contra a vida, deverá fazê-lo, também, em
relação ao outro delito. A propósito, o art. 78, inc. I do código dispõe que “na determinação da competência por
conexão ou continência, serão observadas as seguintes regras [...] inc. I – “no concurso entre a competência do
júri e a de outro órgão da jurisdição comum, prevalecerá a competência do júri”.

Assim, não lhe é dado, por exemplo, pronunciar o réu pelo homicídio e absolvê-lo ou condená-lo pelo crime de
destruição, subtração ou ocultação de cadáver (art. 211 do Código Penal). Caso agisse dessa forma, estaria reti-
rando do Júri a sua competência natural para a apreciação de ambos os delitos, que, por força da conexão, de-
terminam a unidade do julgamento.

Excesso de linguagem – impede-se o juiz, na pronúncia, exagerar nas adjetivações contra o réu, utilizando-se de
fundamentação contundente, extravasando os limites da pronúncia (que se satisfaz com indícios), para analisar o
mérito. Tal conduta não se justifica, por importar quase que em um prejulgamento pelo juiz togado, sem que dete-
nha competência para tanto. A recomendação quanto à sobriedade da pronúncia estende-se também aos Tribu-
nais superiores, conforme orientação do STF (RT 682/393, 523/486).

Quando deve o réu impugnar essa decisão?

IMPORTANTE:
“Na espécie, não se verifica que o paciente tenha arguido o excesso de linguagem no momento processual opor-
tuno, qual seja, no recurso em sentido estrito, visto que a questão somente foi suscitada por meio de habeas cor-
pus, circunstância a evidenciar que a matéria se encontra atingida pelo instituto da preclusão” (STJ – HC n°
156135-RJ, Rel. Adilson Vieira Macabu, j. 26.06.2012, DJe 07.08.2012).

A decisão impregnada de excesso de linguagem é nula?

“Depreende-se da leitura do voto impugnado que o Relator valeu-se de expressões peremptórias reveladoras de
convicção acerca da autoria do delito que excede os limites legais, incorrendo em evidente eloquência acusatória.
Não obstante o reconhecimento do excesso, em homenagem ao princípio da economia processual, impõem-se
determinar que o Juízo de 1º grau providencie o desentranhamento do acórdão que julgou o recurso em sentido
estrito, arquivando-o em pasta própria, mandado certificar nos autos a condição de pronunciado do Paciente, com
a menção dos dispositivos legais nos quais incurso, prosseguindo-se o processo. Habeas corpus não conhecido.
Ordem concedida, de ofício, para determinar que o Juízo de 1º grau providencie o desentranhamento do acórdão
que julgou o recurso em sentido estrito, arquivando-o em pasta própria, mandado certificar nos autos a condição
de pronunciado do Paciente, com a menção dos dispositivos” (STJ – HC n° 13946 -SE - Rel. Regina Helena Cos-
ta, j. 03.04.2014, DJe 10.04.2014).

Art. 411
§ 3º O juiz decidirá, motivadamente, no caso de manutenção, revogação ou substituição da prisão ou medida
restritiva de liberdade anteriormente decretada e, tratando-se de acusado solto, sobre a necessidade da decreta-
ção da prisão ou imposição de quaisquer das medidas previstas no Título IX do Livro I deste Código. (Incluído
pela Lei nº 11.689, de 2008)

“A jurisprudência do STJ é remansosa no sentido de que a determinação de segregação do réu, antes de transita-
da em julgado a condenação, deve efetivar-se apenas se indicada, em dados concretos dos autos, a necessidade
da cautela (periculum libertatis), à luz do disposto no art. 312 do Código de Processo Penal. Na espécie, embora o
recorrente tenha permanecido parte do transcurso do processo em liberdade, por decisão concessiva da Corte ‘a
quo’, a decisão de pronúncia traz motivação suficiente – a reiterada conduta delitiva do agente - para amparar a
prisão cautelar, com o fim de acautelar o meio social, dada a incorporação de informações ao processo que indi-
cam a existência de duas condenações contra o recorrente pelos crimes de tráfico de drogas e posse irregular de

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arma de fogo, delitos esses praticados após o evento criminoso objeto desta ação penal. A restrição antecipada
da liberdade também encontra respaldo na especial gravidade dos fatos atribuídos ao recorrente, haja vista sua
participação em um grupo organizado e de extrema periculosidade, que ‘costuma eliminar pessoas que suposta-
mente estejam atrapalhando seus negócios’” (STJ – RHC n. 42285-PR – Rel. Rogério Schietti Cruz, j. 18.11.204,
DJe 05.12.2014).

Réu que muda de endereço sem comunicação pode ser preso preventivamente?

“A não localização do acusado no endereço constante dos autos, tendo seus familiares se recusado a informar
onde poderia ser encontrado, o que impede o cumprimento de mandado de intimação da decisão de pronúncia, é
motivação suficiente a embasar a segregação cautelar para assegurar a aplicação da lei penal. Precedente” (STJ
– RHC n° 35881-PE, Rel. Jorge Mussi, j. 02.05.2013, DJe 22.05.2013).

“A mudança do réu do distrito da culpa, desde a prolação da sentença de pronúncia, sem informar ao Judiciário,
revela sua intenção de se furtar à aplicação da lei penal, sendo suficiente para obstar a revogação da custódia
cautelar. Precedentes do STJ e do STF” (STJ – HC n° 60140-MG, Rel. Gilson Dipp, j. 19.09.2006, DJ 16.10.2006,
p. 409).

Art. 414. Não se convencendo da materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria ou de
participação, o juiz, fundamentadamente, impronunciará o acusado. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Enquanto não ocorrer a extinção da punibilidade, poderá ser formulada nova denúncia ou queixa
se houver prova nova. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

Impronúncia - tem natureza de decisão interlocutória mista terminativa. É cabível quando o juiz não se convence
da “materialidade do fato ou da existência de indícios suficientes de autoria e participação”.

ATENÇÃO:
Na impronúncia o juiz não condena e tampouco absolve o réu. Ele apenas reconhece que a acusação não reúne
os elementos mínimos autorizadores do julgamento pelo Júri, extinguindo o processo sem julgamento do mérito.
Por isso mesmo se diz que tal decisão faz coisa julgada formal, podendo ser revista, a qualquer tempo (desde que
não prescrita a pretensão punitiva estatal), face ao surgimento de novas provas que importem na possibilidade de
pronúncia do acusado (art. 414, parágrafo único).

O que se entende por provas novas?

Há entendimento doutrinário no sentido de que apenas as provas substancialmente novas (assim consideradas
aquelas ocultas ou inexistentes à época da impronúncia), ensejariam a retomada do processo. Já as provas for-
malmente novas (aquelas que foram produzidas no processo, mas ganharam, posteriormente, nova versão), não
se prestariam para ensejar novo processo.

Críticas à impronúncia:
1ª.) a existência de um segundo processo a partir do surgimento de novas provas, afronta o princípio que veda o
“ne bis in idem”, que proíbe alguém ser julgado duas vezes pelo mesmo fato.

Críticas à impronúncia:
2ª.) a possibilidade de revisão da sentença de impronúncia, com a consequente reabertura do processo a partir do
surgimento de novas provas, se prestaria como verdadeira espada de Dâmocles a pender sobre a cabeça do réu
que, a qualquer momento, poderia ver reaberto o processo, em franca violação, inclusive, ao princípio da presun-
ção de inocência.

“A sentença de impronúncia não fere o princípio da presunção de inocência, pois com ela o processo é extinto
sem julgamento do mérito, visando justamente resguardar a condição de inocente do acusado, em face da inexis-
tência de provas convincentes que pudessem obrigá-lo a se submeter ao Tribunal do Júri. E, enquanto não houver
sentença penal condenatória transitada em julgado contra si, o acusado permanecerá sendo considerado inocen-
te, e isso é uma garantia oriunda de um Estado Democrático de Direito. Assim, inexistindo a inconstitucionalidade
arguida, não há que se falar em absolvição sumária, até porque, a absolvição sumária só é aplicada nos casos de
exclusão do crime ou isenção de pena, conforme dispõe o art. 411 do CPP, o que não é o caso dos autos” (TJPA
– RSE n° 200430039636 – Rel. Raimundo Holanda Reis, j. 04.03.2010).

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Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: (Redação dada pela Lei nº
11.689, de 2008)
I – provada a inexistência do fato;
II – provado não ser ele autor ou partícipe do fato;
III – o fato não constituir infração penal;
IV – "demonstrada causa de isenção de pena ou de exclusão do crime". Parágrafo único. Não se aplica o dispos-
to no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva.

Absolvição sumária - trata-se de decisão definitiva, pois ingressa na discussão do mérito, quando o juiz togado
inocenta o acusado.

Excepcionalidade da absolvição sumária - A absolvição sumária, por importar em exceção ao princípio geral que
impõe ao Júri o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, deve ser excepcional.

Não se pode absolver sumariamente por falta de provas, quando o caso é de impronúncia (RT 629/320, 519/343).
Tampouco quando o laudo que atestou a inimputabilidade do agente por doença mental seja precário e impreciso
(RT 695/311). Nesses casos, impõe-se a pronúncia do réu, cabendo ao conselho de sentença decidir se há prova
suficiente para a condenação ou se o agente era inimputável à época da prática do delito. Nada impede – ao con-
trário, impõe-se – que o juiz, cabalmente demonstrada a inimputabilidade do réu decorrente de doença mental, o
absolva sumariamente, aplicando, em seguida, a respectiva medida de segurança (nesse sentido, RT762/613,
631/285). Já se se tratar de um réu semi-imputável, situado na condição de fronteiriço, deve o juiz pronunciá-lo,
para julgamento pelo conselho de sentença (confira-se RT 558/382).

Admite-se a absolvição sumária diante do reconhecimento expresso de versões colidentes?

A dúvida quanto à imputabilidade resolve-se em favor do réu ou da sociedade?

“É possível, em tese, mesmo com a reforma processual, a absolvição sumária quando reconhecida à inimputabili-
dade do agente ativo, desde que essa tenha sido a única tese defensiva desenvolvida. A absolvição sumária exige
certeza absoluta do julgador quanto à inimputabilidade do réu, portanto, sendo um dos laudos dúbio e o outro
taxativo quanto à consciência da ilicitude, a questão deve ser examinada pelos Jurados, juízes naturais para o
exame dos crimes dolosos contra a vida e os que lhe são conexos” (TJMG - RSE n.° 1.0023.04.000560-7/001,
Rel. Jane Silva, j. 17.11.2009, DJe 05.02.2010).

Pronunciado o réu, pode o juiz togado, diante de novo laudo, reconhecer a sua inimputabilidade?

“A absolvição sumária pode ser alcançada ao final do iudicium accusationis, constatada a inimputabilidade do réu.
Entretanto, operado o trânsito em julgado da decisão que pronunciou o paciente, não pode ser esta decisão alte-
rada pelo mesmo juiz togado em decorrência da superveniência de laudo que atesta a insanidade mental do acu-
sado, pois já não mais ostentará competência, agora transferida ao Conselho de Sentença, juiz natural da causa
(Precedentes)” (STJ – HC 141887-ES – Rel. Felix Fischer, j. 17.11.2009, DJe 29.03.2010).

Art. 419. Quando o juiz se convencer, em discordância com a acusação, da existência de crime diverso dos refe-
ridos no § 1º do art. 74 deste Código e não for competente para o julgamento, remeterá os autos ao juiz que o
seja. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008)
Parágrafo único. Remetidos os autos do processo a outro juiz, à disposição deste ficará o acusado pre-
so. (Incluído pela Lei nº 11.689, de 2008)

Excepcionalidade da desclassificação
“A jurisprudência do STJ é no sentido de que só se admite a desclassificação da conduta criminosa para delito
estranho à competência do Tribunal do Júri, sem usurpação da competência do Conselho de Sentença, se o Juízo
da Pronúncia se deparar com provas que evidenciem, sem qualquer esforço de análise das circunstâncias fáticas
ou subjetivas, a ausência de dolo caracterizador de crime contra a vida, o que não ocorreu nos presentes autos.
Havendo fundada dúvida, ou seja, se existirem elementos indiciários conflitantes que subsidiem, com razoabilida-
de, as versões conflitantes acerca da existência de dolo, a divergência deve ser deslindada pelo veredicto dos
jurados, porquanto é o Conselho de Sentença o juiz natural da causa, não o Tribunal de Justiça, nos termos da
Carta Constitucional de 1988” (STJ – EDcl no AgRg no REsp n° 1359451-MT, DJe 12.06.2013).

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