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CONTROLES DE EROSÃO
CLIMA
A água de chuva provoca a erosão através do impacto das
gotas sobre a superfície do solo, caindo com velocidade e
energia variáveis, e através da ação da enxurrada. A chuva é
reconhecidamente o principal elemento climático de impor-
tância direta no desenvolvimento dos processos erosivos.
SOLO
A influência da topografia do terreno na intensidade erosiva
verifica-se principalmente pela declividade e comprimento
de rampa (comprimento da encosta ou da vertente). Estes
fatores interferem diretamente na velocidade do escoamen-
to das águas pluviais (enxurradas).
COBERTURA VEGETAL Erosão do tipo boçoroca ou voçoroca de grande porte em área rural
É o fator mais importante de defesa natural do solo
que funciona como uma manta protetora, evitando a
desagregação das partículas de solo que é a primeira fase
da erosão. Entre os principais efeitos da cobertura vegetal
destacam-se a proteção contra o impacto direto das gotas
de chuva, a dispersão e quebra da energia das águas de es-
coamento superficial, o aumento da infiltração pela produ-
ção de poros no solo por ação das raízes e o aumento da
capacidade de retenção de água pela estruturação do solo
por efeito da produção e incorporação de matéria orgânica.
AÇÃO ANTRÓPICA
A forma como se usa o solo tem grande influência no pro-
cesso erosivo, iniciada pelo desmatamento e seguida pelo
cultivo das terras, implantação de estradas, criação e ex-
pansão das vilas e cidades, sobretudo quando efetuada de
modo inadequado, constitui o fator decisivo da aceleração
dos processos erosivos. Dentre os fatores formadores de Talude instável pela ação do piping que contribui com evolução lateral
erosão, o principal detonante e que agrava, sobremaneira e remontante do processo erosivo. Nota-se a franja capilar (excesso de
tais processos é a atividade humana. As principais agressões umidade) na base do talude
causadas pela ação antrópica decorrentes são:
• Retirada da cobertura vegetal, seguida pela queimada;
• Agricultura praticada sem conservação do solo, tais
como plantio morro abaixo, sem rotação de cultura etc.;
• Formação de pastos com alta densidade de ani-
mais, proporcionando um excessivo pisoteio em determina-
das direções, formando trilhas e sulcos;
• Divisa de propriedades, de culturas perpendicula-
res às curvas de nível;
• Aberturas de estradas e carreadores sem o devido
cuidado na execução de obras de drenagem para coletar e
transportar águas pluviais;
• Execução de loteamentos sem implantação da in-
fraestrutura.
LOCAIS PROPÍCIOS
Regiões com solos arenosos que possuem baixa proporção
de partículas argilosas apresentam maior facilidade para a Boçoroca ou voçoroca que atingiu o lençol freático em estágio de evo-
erosão, mesmo em pequenas enxurradas. A ocupação de- lução lateral acelerada. O sedimento é transportado para rios, córre-
sordenada do meio ambiente, a concentração de chuvas em gos, ribeirões, reservatório de hidrelétrica e abastecimentos
TIPOS DE EROSÕES
Conceitualmente, é importante distinguir os processos de
erosão por escoamento laminar, dos processos de erosão
linear acelerada que envolve a movimentação de grandes
massas de solo e sedimentos, conhecidos no Brasil como
sulcos, ravinas e boçorocas.
A Erosão Laminar caracteriza-se pelo escoamento difuso das
águas das chuvas. Esse tipo de erosão retira a camada super-
ficial do solo de maneira quase homogênea. Trata-se de um
tipo de erosão quase imperceptível quando se encontra no
início, levando o solo a uma coloração clara e ao descobri- Voçoroca de grande porte com evolução acelerada em área rural
mento das raízes das árvores com o seu avanço. Esse tipo de
erosão é extremamente atuante em áreas de uso agrícola,
onde os solos apresentam-se desnudos em determinadas
épocas do ano, antecedendo o período de plantio. Na área
urbana, também, ocorre esse tipo de processo na expansão
da cidade por meio de abertura de novos loteamentos e
bairros sem infraestrutura.
Erosão Linear corresponde às formas de erosão causadas por
escoamento superficial concentrado, que comanda o despren-
dimento das partículas do solo e o transporte dessas partículas
(desprendidas), segundo as condições hidráulicas desse escoa-
mento. Pode haver também a ação combinada entre o escoa-
mento superficial concentrado e o escoamento subsuperficial.
Já a Erosão por Escoamento Concentrado pode causar gran-
des incisões lineares na forma de sulcos, ravina e boçorocas.
Ela corresponde a um avançado estágio de degradação do
solo, cujo poder destrutivo local é superior ao das outras for-
mas, e, portanto, de difícil contenção.
Sulcos são pequenas incisões em forma de filetes muito ra-
sos, representados por áreas onde ocorrem erosão laminar
muito intensa. Este processo ocorre nas linhas de maior con-
centração das águas de escoamento superficiais, resultando Voçoroca com taludes instáveis
em pequenas incisões no terreno. Os sulcos podem passar fica minando nas suas paredes (taludes) na forma de sur-
despercebidos até que comecem a interferir no trabalho de gências ou através de verdadeiras tubulações naturais cha-
preparo do solo e diminuir sua produtividade. madas de dutos ou piping, como o fenômeno é conhecido
Ravina é um sulco profundo no solo provocado pela ação internacionalmente. Na bibliografia, a maioria dos autores
erosiva da água de escoamento superficial concentrado, e menciona o fenômeno piping como o mais importante pro-
que não pode ser combatida pelos métodos mais simples cesso de evolução da boçoroca, mas nestas condições há
de conservação de solo. Geralmente tem um formato em “V”, pouco aprofundamento para entender os seus mecanismos.
retilínea, alongada e estreita. São raras as ramificações e não As boçorocas são de difícil controle e necessitam de grandes in-
chega a atingir o lençol freático. O desenvolvimento lateral se vestimentos para sua recuperação, no caso das boçorocas rurais,
dá pelo escoamento das águas pluviais no seu interior, provo- quando atingem grandes proporções, a melhor solução é criar
cando erosão no pé do talude e consequentemente resultan- mecanismos no controle das águas superficiais e subsuperficiais
do em um deslizamento. O desenvolvimento da ravina evolui e integrar a paisagem. Apesar do papel da ação das águas sub-
de montante para jusante e o escoamento das águas pluviais terrâneas terem sido destacados por vários autores, ele não tem
no seu interior e nos taludes só ocorre quando chove. sido considerado nos projetos da maioria das obras de conten-
Boçoroca ou Voçoroca é o progresso do ravinamento que ção das boçorocas. A ação das águas subterrâneas é diretamente
atinge um limiar que é o freático. Nesta etapa, intervêm responsável pelo insucesso de numerosas obras de engenharia.
processos ligados à circulação das águas de subsuperfície,
fazendo com que o ravinamento atinja grandes dimensões e IMPACTO DOS PROCESSOS EROSIVOS NOS
passe a ser denominada erosão em boçoroca. A palavra bo- RECURSOS HÍDRICOS
çoroca provém do tupi-guarani ibi-çoroc, e tem o significado O impacto da erosão nos recursos hídricos manifesta-se
de “terra rasgada” (PICHLER, 1953), ou então de mbaê-çorog- através do assoreamento dos cursos d’água e reservatórios.
ca, traduzível por “coisa rasgada” (FURLANI, 1980). A origem A deterioração da qualidade dessas águas pode trazer com
indígena da palavra vem de encontro ao fato de que essas maior frequência e intensidade inundações danosas e tam-
feições são reconhecidas de longa data, tendo sido descritas bém alterações ecológicas que afetam a fauna e a flora.
pela primeira vez em 1868 por Burton (PONÇANO e PRANDI- Quanto aos danos socioeconômicos, destaca-se a ocorrên-
NI, 1987; FURLANI, 1980). cia de inundações em rios urbanos afetando a população
A erosão em boçoroca são as mais graves porque envolvem que habita suas margens ou também a escassez de água
mecanismos mais complexos, ligados aos fluxos superficiais para uma determinada população, devido à colmatação de
e também subsuperficiais da água infiltrada no solo. Fre- reservatórios de abastecimento, resultando na diminuição
quentemente apresentam fluxo de água livre e contínuo no da capacidade de armazenamento.
seu fundo, alimentado pelo “vazamento” do lençol freático Nos cursos d’água e reservatórios, ocorre o aumento da tur-
que, nesse caso, foi interceptado pelo rasgo da terra, e que bidez, devido ao acréscimo da quantidade de sedimentos
em suspensão na água. O aumento na quantidade de sedi- são caras e de difícil execução. Os projetos de loteamentos
mentos transportados leva a despesas maiores com trata- ou conjuntos habitacionais devem ser concebidos a partir
mento de água para o consumo, além disso, prejudica a vida de um planejamento urbanístico integrado que contemple
de organismos aquáticos, pela diminuição da incidência da de forma eficiente um sistema de drenagem. Deve contem-
luz solar. O problema do assoreamento traduz-se pelos se- plar também, como condição básica, a correta concepção de
guintes impactos: obras de correção para os processos erosivos já instalados.
• Diminuição do armazenamento de água; Em alguns países vêm sendo elaboradas, aprovadas e aplica-
• Colmatação total de pequenos lagos e açudes; das às leis do uso do solo, tanto para áreas rurais, como para
• Obstrução de canais de cursos d’água; áreas urbanas. Essas leis são conjuntos de dispositivos legais
• Destruição do habitat de espécies aquáticas; que orientam melhor o uso do solo. Nas áreas urbanas, regula-
• Criação de turbidez, prejudicando o aproveitamen- mentam os trabalhos de terraplanagem de novos loteamentos,
to da água e reduzindo a atividade de fotossíntese; aberturas de novas ruas entre outros, para diminuir a fonte dos
• Degradação da água para consumo; processos erosivos e, por consequência, a produção de sedi-
• Aumento dos custos para o tratamento da água; mentos que serão depositados nas obras de drenagem urbana.
• Prejuízo dos sistemas de distribuição de água; No campo da agronomia, são bastante conhecidas as práti-
• Veiculação de poluentes como fertilizantes, inseti- cas de prevenção e controle da erosão. A erosão, de acordo
cidas, pesticidas e herbicidas; com a sua intensidade, atinge diretamente os horizontes
• Obstrução de canais de irrigação e navegação; do solo, reduzindo o espaço para o crescimento vegetal e
• Abrasão nas tubulações e nas partes internas das a busca de nutrientes pelas suas raízes, levando ao empo-
turbinas. brecimento do solo e à baixa produtividade agrícola. São
bastante conhecidas as práticas de prevenção e controle na
PREVENÇÕES proteção do solo, frente à ação erosiva da gota da chuva e
Como mencionado, a ocupação desordenada atua como do escoamento superficial, e na possibilidade de promover
importante agente desencadeador de processos erosivos, a exploração racional de determinada área, considerando-
pois aumenta o surgimento de cidades em locais impróprios -se suas potencialidades e limitações. Dentre as questões
sem a utilização de instrumentos técnicos adequados como técnicas, destaca-se a utilização adequada de práticas agrí-
Planos Diretores compatíveis com a realidade regional, e colas de conservação do solo, podendo agrupá-las em vege-
uma infraestrutura adequada, aliado ainda às características tativas, edáficas e mecânicas.
do meio físico, tais como solos arenosos suscetíveis à erosão. O plano de prevenção da erosão urbana consiste basicamen-
Para prevenir os efeitos dos processos erosivos deve-se de- te no ordenamento do assentamento urbano, que estabele-
finir e implantar adequadamente práticas de prevenção. Ini- ce as normas básicas para evitar problemas futuros, além de
ciado o processo erosivo, todas as alternativas de contenção planejar situações que favorecem o desencadeamento do
TÉCNICAS COMENTÁRIOS
Têm sido normalmente utilizadas em culturas permanentes, tais como plantio de café, laranja e fruticul-
tura em geral, cobrindo os claros deixados no terreno por suas copas. Em culturas anuais, as plantas de
cobertura, quando utilizadas, visam completar o efeito de cobertura já proporcionado pelas plantas culti-
PLANTAS DE COBERTURA
vadas. Erosão: o aumento da cobertura vegetal do solo está diretamente relacionado com o aumento de
produção. Quando maior a produção de biomassa, maior a produtividade e consequentemente menores
serão as perdas causadas pela erosão.
Plantio em faixas de exploração contínua ou em rotação, intercalado, em geral, com culturas anuais ou
semiperenes (cana de açúcar, mandioca etc.) Os principais objetivos é interceptar a velocidade das enxur-
radas e dos ventos, facilitar a infiltração das águas e permitir a contenção do solo parcialmente erodido. O
efeito da cultura em faixa no controle de erosão é baseado em três princípios: as diferenças em densidade
CULTURAS EM FAIXAS das culturas empregadas, o parcelamento dos lançantes e a disposição em contorno. A disposição alter-
nada de culturas diferentes faz com que as perdas por erosão, sofridas por determinada cultura sejam, em
parte, controladas por cultura. Culturas como feijão, mamona e mandioca perdem mais solo e água por
erosão do que amendoim, algodão e arroz, e estas, por sua vez, perdem mais que soja, batatinha, milho e
cana-de-açúcar (LOMBARDI NETO, 1994).
São fileiras de plantas perenes ou semiperenes e de crescimento denso, (cana-de-açúcar, por exemplo),
CORDÕES DE VEGETAÇÃO PERMANENTE dispostas com determinado espaçamento e sempre em contorno. Apresentam comportamento de con-
trole da erosão semelhante às culturas em faixa.
Intercalação nas capinas de maneira a manter parcelas da área em cultivo, com mato, imediatamente abai-
xo de outra recém-capinada. Seu efeito no controle da erosão é semelhante ao observado na cultura em
ALTERNÂNCIA DE CAPINAS faixas e cordões de vegetação permanente. A eficiência desse sistema no controle de erosão será tanto
maior quanto mais próximas das curvas de nível do terreno estiveram às ruas das plantas. Sendo bem
conduzido, ele não afeta a produção (LOMBARDI NETO e DRUGOWICH, 1994).
QUEBRA-VENTOS Barreira densa de árvores visando interceptar a ação dos ventos, controlando a erosão eólica.
Uma das maneiras eficientes de controlar a erosão nas culturas perenes (café, cacau e pomares) cortan-
do as ervas daninhas a uma pequena altura da superfície do solo. Nessa prática deixam-se intactos os
CEIFA DO MATO
sistemas radiculares do mato e das plantas perenes e uma pequena vegetação protetora de cobertura,
constituída de tocos (LOMBARDI NETO e DRUGOWICH, 1994).
A cobertura do solo com restos de culturas é uma das mais eficientes práticas de controle da erosão, es-
pecialmente no caso da erosão eólica. Essa prática tende a melhorar a estrutura do solo na camada su-
COBERTURA MORTA
perficial. O efeito mais importante, do ponto de vista de controle da erosão, pela proteção que oferece
o impacto das gotas de chuva e contra o escoamento acelerado da enxurrada (LOMBARDI NETO, 1994).
• Pavimentação para evitar a erosão laminar e em tema de drenagem, apesar do alto custo envolvido, convém
sulcos, nas ruas onde a declividade é maior, assegurando a sempre rever o plano urbanístico da cidade, priorizando a
adequada eficiência do sistema de microdrenagem. A pavi- pavimentação das ruas de maior concentração de escoa-
mentação deve ser entendida como parte integrante do sis- mento superficial.
SÃO PRÁTICAS CONSERVACIONISTAS QUE MANTÊM OU MELHORAM AS CONDIÇÕES DE FERTILIDADE DO SOLO E, INDIRETAMENTE,
CONTROLAM A EROSÃO.
TÉCNICAS COMENTÁRIOS
Prática muito comum na agricultura brasileira, destruindo a matéria orgânica e o nitrogênio, bem como a
CONTROLE DE FOGO estrutura ou organização das partículas constituintes do solo, condicionando a diminuição na capacidade de
absorção e retenção de umidade. Esta prática diminui a resistência do solo à erosão.
Incorporação de nitrogênio e matéria orgânica no solo, enterrando-se restos vegetais ainda verdes. O húmus
ADUBAÇÃO VERDE E PLANTIO produzido melhora as condições físicas do solo pela estruturação e aumento de porosidade. A porosidade
do solo é bastante aumentada pela ação dos organismos vivos do solo (plantas e animais).
Manutenção e restauração da fertilidade do solo proporcionando aumento de produtividade e melhor co-
ADUBAÇÃO QUÍMICA
bertura vegetal, protegendo desta forma, o solo.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA Incorporação de matéria orgânica no solo pela aplicação de certos produtos (esterco e composto orgânico).
Plantio de diferentes tipos de lavouras (plantas que esgotam, recuperam ou conservam os solos), numa mes-
ROTAÇÃO DE CULTURA
ma gleba, visando ao controle de doenças e pragas e melhoria das características físicas do solo.
Correção da acidez do solo pela aplicação de cálcio. Solos ácidos dificultam o aproveitamento do fósforo
CALAGEM pelas plantas e o desenvolvimento de microrganismos fixadores do nitrogênio atmosférico. Portanto, a cala-
gem proporciona melhores coberturas vegetais do solo, protegendo-o contra a erosão.
luções comumente encontradas são diques de terra, bar- sulcos prejudicam a eficiência do funcionamento do sistema
ragem em gabião e solo-cimento. É importante ressaltar, de drenagem, devido ao intenso assoreamento.
que estas medidas não têm como finalidade a retenção de
água, e sim dos sedimentos. CONTROLE RURAL
• Disciplinamento das Águas Subterrâneas: a Para o controle rural são necessárias noções de tecnolo-
ação das águas subterrâneas (lençol freático ou lençol gias disponíveis para práticas agrícolas a fim de controlar o
suspenso) é apontada como um dos maiores desafios escoamento superficial do solo. Os processos erosivos em
existentes na execução de obras em boçorocas. Ao áreas de cultivo podem ser reduzidos ou controlados com
atingir o lençol freático, os mecanismos de erosão são a aplicação de práticas conservacionistas, que têm por con-
intensificados em função do surgimento do gradiente cepção fundamental garantir a máxima infiltração e o me-
piezométrico que ao emergir no pé do talude, apresenta nor escoamento superficial das águas pluviais.
suficiente força para deslocar partículas, podendo O controle da erosão em áreas rurais destaca-se fundamen-
estabelecer o processo de erosão tubular regressiva (pi- talmente com a utilização adequada de práticas agrícolas de
ping). Ocorre também a liquefação do material arenoso conservação do solo como a adoção de medidas contra a
pela lenta percolação d’água junto à parede da boçoroca, erosão associada a estradas e o fornecimento de subsídios,
provocando uma diminuição da coesão do solo e conse- visando o planejamento da ocupação agrícola por meio da
quente solapamento do talude. O tratamento convencio- elaboração de mapas de capacidade de erosão das terras.
nal é feito com a aplicação de drenos enterrados, visando Partindo da preparação do solo que se determina a poten-
a drenagem das águas subsuperficiais, impedindo o ar- cialidade do processo erosivo, toda e qualquer medida para
raste do solo pelo piping. redução da erosão e aumento da infiltração de água no solo,
• Conservação das Obras que engloba as inspeções deve considerar os seguintes pontos básicos:
periódicas para verificação das condições das estruturas • Impacto direto das gotas de chuva sobre a super-
hidráulicas e o monitoramento específico para avaliar o fun- fície do solo;
cionamento dos drenos e filtros. Com o colapso de uma sim- • Diminuição da desagregação das partículas do solo;
ples estrutura, seu efeito destruidor se multiplica, compro- • Aumento da capacidade de infiltração de água no solo;
metendo toda a obra, dessa forma, medidas de manutenção • Redução da velocidade de escoamento das águas
como a limpeza e desobstrução de canais e tubulações, re- superficiais.
paros em canais e dissipadores podem prolongar a vida útil São várias as técnicas de conservação do solo adotadas na
das obras. agricultura, podendo-se agrupá-las em vegetativas, edáficas
Quando as obras de microdrenagem e de pavimentação são e mecânicas. As técnicas de caráter vegetativo e edáfico são
implantadas sem a execução das obras de macrodrenagem de mais fácil aplicação, menos dispendiosas e mantêm os
e extremidades, haverá uma transferência dos processos ero- terrenos cultivados em condições próximas ao seu estado
sivos das áreas urbanas para as periurbanas, com o agrava- natural, devendo, portanto, ser privilegiadas. Recomenda-se
mento da situação. Nas bacias onde são implantadas adequa- a adoção das técnicas mecânicas em terrenos muito susce-
damente, mas onde a malha viária não possui pavimentação, tíveis à erosão, em complementação às técnicas vegetativas
os problemas causados pelos efeitos da erosão laminar e em e edáficas.
SÃO PRÁTICAS ARTIFICIALMENTE DESENVOLVIDAS NAS ÁREAS DE CULTIVO PELA EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS EM CANAIS E ATERROS, COM
FINALIDADE DE CONTROLAR O ESCOAMENTO SUPERFICIAL DAS ÁGUAS E FACILITAR A SUA INFILTRAÇÃO.
TÉCNICA COMENTÁRIOS
Marcação no terreno de curvas de nível e execução em espaços estabelecidos de sulcos e camalhões de
PLANTIO EM CONTORNO (NÍVEL) terra. As fileiras de cultura e os sulcos e camalhões, acompanhando as curvas de nível, constituem obstáculos
que se opõem ao percurso livre das enxurradas, controlando a erosão.
Essa prática é a mais antiga e eficiente de controle de erosão nas terras cultivadas, sendo constituída de um
canal e um camalhão com a finalidade de parcelar o comprimento de rampa, possibilitando a redução de
TERRACEAMENTO velocidade e subdividindo o volume do deflúvio superficial (facilitando sua infiltração no solo) ou disciplinar
o seu escoamento até um leito estável de drenagem natural. São vários os métodos utilizados: terraço em
nível, terraço em desnível, terraço em patamar e outros, e sua escolha depende das condições do terreno.
Canais de dimensões apropriadas, vegetados, capazes de transportar com segurança a água de escoamento
superficial proveniente dos sistemas de terraceamento ou de outras estruturas. São estruturas rasas e largas,
CANAIS ESCOADOUROS com declividade moderada e estabelecida em leitos resistentes à erosão. Sua melhor localização talvez seja
a depressão natural, onde são encaminhadas naturalmente as águas que escorrem em um terreno, desde os
espigões até o rio ou depressão mais baixa.
CONTROLE DAS RAVINAS E BOÇOROCAS EM o solo começa a se reconstituir, mas a melhor alternativa é
ÁREA RURAL a adoção de medidas preventivas utilizando o uso da terra,
O controle destes processos, além de difícil é oneroso, po- segundo sua capacidade, para não desencadear esses pro-
dendo até ser mais elevado que o próprio valor da terra. cessos. O uso inadequado das práticas conservacionistas
Portanto é essencial efetuar as medidas de controle destes também transforma áreas com grande incidência de pro-
processos para prevenir a sua formação. As medidas para o cessos erosivos.
seu controle poderão ser feitas por meio dos seguintes pro-
cedimentos (BERTOLINI et al., 1994): BENEFÍCIOS DO CONTROLE DA EROSÃO
• Isolamento da área afetada com cerca para evitar o A erosão é um grave problema no Planeta, em face do seu
acesso de gado, trânsito de máquina e veículos que podem poder destrutivo, tanto de solos agricultáveis, contribuindo
favorecer a concentração da enxurrada e dificultar o desen- para a degradação de áreas urbanizadas ou em urbanização,
volvimento da vegetação; onde causam alterações nos recursos hídricos. Os benefícios
• Drenagem da água subterrânea quando atinge o da prevenção são: evitar a degradação do solo, aumentar a
lençol freático, o sucesso do controle da boçoroca é cole- produtividade na agricultura, diminuir a poluição dos ma-
tar essa água e ser conduzida até um leito de drenagem nanciais decorrentes do adubo que é transportado, evitar o
estável, que pode ser feito com dreno de pedra ou feixes assoreamento dos corpos d’água entre outros. Esse controle
de bambu; não é novidade, pois os Incas e os Chineses empregavam
• Controle da erosão em toda bacia de captação continuamente a agricultura em terraços (tabuleiros) tendo
para evitar que o escoamento superficial das águas plu- como finalidade controlar as enxurradas, evitando assim o
viais tenha na erosão um canal escoadouro. Isso pode ser desencadeamento dos processos erosivos.
conseguido com o sistema de terraceamento, canais es-
coadouros ou divergentes, plantio em nível, cobertura ve-
getal ou outras práticas que deverão ser implantadas em
todas as áreas a montantes e laterais, formando a bacia de Gerson Salviano de Almeida Fi-
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