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Vardlokkur – A Canção da Völva

As Nornas, de Siegfried e o Crepúsculo dos Deuses. Arthur Rackham. Fonte: Wikimedia


Commons

Publicado originalmente em inglês por Pollyanna Jones. Tradução para o português de


Sonne Heljarskinn.

As Videntes Nórdicas

A mitologia nórdica dá muitos exemplos de manipuladores de magia, e tecelões do destino.


Alguns dos mais notáveis deles são as völvur. São mulheres que viajam por todos os lugares,
geralmente com um assistente, que iria oferecer suas habilidades para uma família. Parece que
sua vinda era um grande evento, e esforço era feito para garantir que elas fossem bem
recebidas. Pois se essas mulheres realmente comungavam com os espíritos e tinham o poder
de manipular o destino e a sorte de uma pessoa, seria imprudente desagradá-las.

A völva pode ser melhor descrita como uma espécie de vidente. Com algumas semelhanças na
prática com os noaidi do norte da Escandinávia, existem alguns debates sobre se essas
mulheres tiveram alguma influência dos métodos xamânicos dos povos do norte da Noruega e
da Suécia.

Estas mulheres seriam capazes de fazer profecias, ler presságios, falar com os mortos, e
interceder sobre os poderes ocultos do wyrd ou ‘carma’ para melhorar as chances de uma
pessoa aumentar a sua riqueza e reputação. Elas trabalhariam com as Nornir, e seriam capazes
de ler e até mesmo influenciar os fios tecidos (do destino). Como as fadas madrinhas do conto
de fadas popular da Bela Adormecida, uma völva iria abençoar um recém-nascido com dotes
de caráter. Elas também tinham o poder para manejar e batalhar com forças invisíveis para o
mal ou bem.

Uma völva despertando os espíritos


Fonte: Artista Desconhecido

“Naquela época havia uma grande fome na


Groenlândia; aqueles que tinham saído em
expedições de pesca tinham apanhado pouco, e
alguns não tinha retornado.

Havia no povoado uma mulher cujo nome era Thorbjorg. Ela era uma profetisa (spae-queen),
e foi chamada Litilvolva (“sibilinha“, pequena profetisa). Ela tinha nove irmãs, e todas elas
eram spae-queens, e ela era a única que ainda vivia …

… E quando o (próximo) dia já estava bem avançado, foram realizados para ela os
preparativos que ela solicitou para exercer seus encantamentos. Ela rogou-lhes para
trazerem-na as mulheres que estavam familiarizadas com a sabedoria (lore) necessária para
o exercício dos encantamentos, e que são conhecidas pelo nome de Canções Misteriosas
(Vardlokkur), mas nenhuma dessas mulheres destacou-se. Com isso, foi pesquisada em toda a
propriedade se alguma mulher teria então aprendido (as Vardlokkur).

Então respondeu Gudrid, “Eu não sou habilitada nos ensinamentos profundos, nem eu sou
uma mulher-sábia, embora Halldis, minha mãe adotiva, me ensinou, na Islândia, a sabedoria
(lore) que ela chamou de Canções Misteriosas”

“Então és detentora do saber em boa hora”, respondeu Thorbjorg; mas Gudrid respondeu:
“Esse conhecimento e a cerimônia são de uma tal natureza que eu tenciono não tomar parte
disso, pois eu sou uma mulher cristã.”

Então respondeu Thorbjorg, “tu poderias talvez pagar a tua ajuda para os homens dessa
gente, e ainda não será uma mulher pior do que eras antes; mas para Thorkell ceder eu
providencio aqui as coisas que são necessárias.”

Thorkell pediu logo após isso para Gudrid consentir, e ela cedeu aos seus desejos. As
mulheres formaram um anel em torno deles, e Thorbjorg subiu ao cadafalso e o assento
preparado para os encantamentos dela. Então Gudrid cantou a canção-misteriosa de uma
maneira tão bela e excelente, que ali a ninguém pareceu que tinha antes ouvido a canção em
voz tão bonita como agora.

A spae-queen agradeceu-lhe pela canção. “Muitos espíritos”, disse ela, “estiveram presentes
sob seu encanto, e ficamos satisfeitos por ouvir a música, que antes iria se desviar de nós, e
sem conceder-nos tal homenagem. E agora muitas coisas estão claras para mim que antes
estavam escondidas tanto de mim quanto dos outros. E eu sou capaz de dizer isso, que a
escassez não vai mais durar muito, a temporada há de melhorar com o avanço da primavera.
A epidemia de febre que há muito oprime-nos vai desaparecer mais rápido do que se poderia
esperar. E tu, Gudrid, vou recompensar logo, por esta ajuda tua que nos colocou em uma boa
situação, porque o teu destino está agora claro para mim, e eu o previ. Deverás ter uma
união aqui na Groenlândia, a mais honorável de todas, embora não haja uma longa vida
aqui para ti, porquanto o teu caminho encontra-se fora da Islândia; e ali, há de surgir a
partir de ti uma linha de descendentes tão numerosa e boa, e ao longo dos ramos da tua
família deve brilhar um raio luminoso. E assim agora passarás bem e felizmente, minha
filha.” [1]

Uma sessão espiritual das Völvur


Na categoria mágica mais ampla de Seiðr, que descreve a magia nórdica,está uma prática que
é conhecida como Spá, que cobre profecia e mediunidade.

O Spá é mais comumente realizado por um völva, que entra em um estado alterado de
consciência e fala com os espíritos. Ela pode lançar seu manto sobre si mesma para melhorar
sua concentração. Ela poderia metaforicamente fazer o manto de Freya para viajar em uma
jornada espiritual, a qual poderia incluir terras distantes, ou mesmo para outros reinos do
universo nórdico.

A sessão espiritual (seance) da völva incluiria a mulher que toma uma posição sobre uma
plataforma ou Alto Trono (High Seat), enquanto batia o cajado no solo de uma forma rítmica.
Um tambor poderia ser usado. A völva ou seu assistente iria cantar uma vardlokkur, que é
uma canção ritual usada para ajudar a sessão. Na saga de Erik, o Vermelho, a canção é
descrita como soando amável e cativante. No entanto, na Saga de Hrolf [2], ela é descrita
como sendo um som terrível.

As mensagens serão entregues durante ou após o ritual, para as pessoas da casa que tinham
solicitado os serviços do völva. Estas poderiam ser geralmente em resposta a um problema
particular, ou mensagens dos falecidos, ou mesmo poderes sobrenaturais ou deuses.

O Significado da Canção

Fonte: Volva. De Valentina-Mustarjarvi

A vardlokkur é usada para elevar as energias para ajudar a völva entrar em seu transe,
canalizar energia durante a sessão espiritual, e para atrair e manter os espíritos ligados à área
ritual até que a mensagem deles tenha sido dada.

É também usado para proteger a völva de maus espíritos ou energias prejudiciais, embora
muitos que praticam esta arte dentro da senda espiritual nórdica reconstruída também podem
realizar as precauções adicionais de proteção antes de descer, tais como falar com as suas
Dísir, pedindo um guia Ancestral ou entidade nomeada para ajudá-los, ou a criação de um
círculo de proteção.

A palavra vardlokkur pode ser dividida para entender seu significado.

Vard vem de vǫrðr (nórdico antigo), significando guardião ou observador. Ela também é a
palavra da qual “ward” vem. Nós usamos guardas (wards) para nos proteger contra o mal, os
espíritos maus, e energias negativas. A palavra moderna guardião (warden) é uma pessoa que
guarda ou cuida de alguém ou algo, e essa responsabilidade foi a do assistente da völva
enquanto ela estava em seu transe.

Lokkur neste contexto significa uma atração, ou algo que é usado para atrair, do verbo “ad
lokka”. Ele não se traduz como “canção espiritual”, como algumas teorias estabeleceram.

Assim, “vardlokkur” é um meio de atrair e seduzir espíritos, e que também tem um propósito
de proteção.

Como o Que Isso Soaria?

Nós não podemos dizer com certeza com o que a vardlokkur parecia. Aqueles que usam isso
em seu próprio trabalho espiritual nos tempos modernos, tomaram influências dos Saami
yoik, cantos guturais nórdicos, e outras tradições ritualísticas populares do norte da Europa.
Alguns buscaram inspiração ainda mais longe.

Nós sabemos que havia algo chamado “batidas de vett”. Isto poderia ser um cajado golpeado
ritmicamente no solo, um tambor tocado com um batedor. Chocalhos poderiam também ser
usados.

Dependendo do tipo de energias que estão sendo forçadas, poderíamos especular os estilos de
cantoria usados. Para fins mais agressivos, então o “som terrível” da saga de Hrolf seria
esperado. Para rituais suaves, como a cura ou o acolhimento dos espíritos para ver a chegada
de um novo bebê, então uma canção mais semelhante a uma cantiga de ninar poderia ser
usada.

Infelizmente, enquanto nós temos registros dos mitos nórdicos, não temos exemplos claros de
vardlokkur gravados. Nós só podemos imaginar, olhando para músicas e estilos de canções
folclóricas das regiões onde as völur poderiam ter andado.

Exemplos de Estilos Musicais que Podem Ser Usados para uma Vardlokkur

Abaixo estão alguns vídeos de artistas que usam estilos tradicionais e espirituais em sua
música. Muitos destes são de inspiração àqueles que estão na senda espiritual nórdica. Uma
vardlokkur pode ter usado algumas dessas técnicas de canto, e outras pistas, como o uso de
um cajado ou de tambor, e os vocais de um assistente.

Infelizmente eu não pude encontrar um álbum de Solveig Andersson, mas dei detalhes de
outros artistas.

https://www.youtube.com/watch?v=_FzEpXNOjCY

https://www.youtube.com/watch?v=CCHceyuKhFM

https://www.youtube.com/watch?v=gnfC8LyH794

Fontes:
[1] The Saga of Erik the Red, J Sephton Translation (1890)
[2] The Saga of King Hrolf Kraki, J Byock Translation – ISBN 978-0140435931

© 2014 Pollyanna Jones


Seidhr – Magia dos Nórdicos

Fonte: Artwork © Pollyanna Jones 2014

Por Pollyanna Jones. Tradução enviada por Sonne Heljarskinn.

“Todas as Volvas são


de Vidolf;
todos os vitki
de Vilmeidr,
todo o seiðrfolk
de Svarthöfdi;
todos os Jötuns
vêm Ymir” [1]

Magia popular do Norte

Nas sociedades sociedades nórdica e germânica, influências sobrenaturais foram muito


temidas e respeitadas, pois eram as pessoas que poderiam manipulá-las. Haviam aqueles
dentro da sociedade que poderiam comungar com os espíritos e divindades, prever o futuro,
alterar ou influenciar a sorte ou destino de uma pessoa, abençoar, amaldiçoar, curar,
influenciar o clima e encantar as pessoas. Alguns viviam dentro das aldeias e serviram em um
papel semelhante ao de um xamã. Outros distanciaram-se da sociedade, preferindo viajar e
oferecer os seus serviços.

Essas pessoas eram geralmente mulheres e foram descritos nas Eddas como Völvur (islandês,
plural de Völva) ou Seiðkonur (islandês, plural de Seidkona). Outros termos foram dados a
essas pessoas, incluindo Spákona ou Spækona (usado para aquele que “fala”, ou seja, dá
profecias) e às vezes Vísendakona (mulher sábia).

Outros termos aplicados aos que trabalhavam com magia em toda a mitologia nórdica incluem
Seiðskratti (um feiticeiro “do mal”), Galdramaðr ou Galdrakarl (homem praticante de galdr),
Galdrasnót (mulher praticante de galdr) Gýgr, Fala, Hála, e Skaas (bruxa), Heiðr,
Fjölkyngiskona, e Vitka (feiticeira), Tauframaðr (lançador de encantos), e myrkriða (um
cavaleiro das Trevas) [2].

“Então eles foram enviados para duas parceiras bruxas, Heid e Hamglom, e pagaram-nas
para enviar sobre Fridthjof e seus homens uma tão poderosa tempestade que todos eles
deveriam ser destruídos. Assim, as bruxas cantaram suas canções de feitiçaria, e ascenderam
a fogueira com feitiços e encantamentos “. [3]
Cajados Assalariados

Fonte: Groa e Heid, por Carl Larsson

A função de um praticante de magia era visto de forma séria como qualquer outra profissão
durante este período da história. Como tal, uma pessoa poderia “alugar” a si mesmo e oferecer
suas habilidades por um determinado valor. Como qualquer mercenário, o praticante teria
raramente direito escolher lados, mas ir para onde fossem requeridos.

O aparecimento de uma Völva seria motivo de grande entusiasmo, e também de preocupação,


pois caso fosse ofendida, problemas poderiam ser causados para a família. Não era bom
perturbar a mulher que tivesse o domínio sobre os espíritos. Alimento e repouso eram
fornecidos antes da performance onde a Völva lançaria sua profecia [4].

Histórias descrevem como um grande trono será tomado, e a Völva, com a ajuda de um
assistente (ou assistentes) entra em transe. Seu cajado pode ser batido contra o chão de uma
forma rítmica, ou um tambor pode ser tocado (conhecido como “bater em um vett”). Cantos
podem ser usados, particularmente um vardlokkur (ou vordlokur). O propósito desta canção é
atrair e capturar espíritos, e também proteger a Völva de danos durante o seu ritual. Fusos e
tecelagem também foram relacionados com magia, como estes ofícios estão associados às
Nornir que tecem a teia do Wyrd, que conecta tudo e todos.

“Já quando ela entrou todos se sentiram obrigados a oferecer-lhe cumprimentos formais e
próprios, os quais ela recebeu estando de acordo que seus concessores encontrassem favores
com ela. Mestre Thorkel levou a profetisa pela mão e conduziu-a para o assento que havia
sido preparado para ela. Thorkel então pediu-lhe para correr seus olhos sobre os membros
da família, o rebanho e do mesmo modo a casa. Ela tinha pouco a dizer a fazer sobre
qualquer coisa. Durante a noite, as mesas foram postas, e aquele alimento que foi preparado
para a vidente deve agora ser anunciado. Havia mingau feito para ela de colostro de cabra, e
também a carne do coração de todas as criaturas vivas que poderiam ser encontradas
ali. Ela tinha uma colher de bronze e uma faca feita do marfim do dente de uma morsa
montada com um anel duplo de cobre, com a ponta quebrada. Então, quando as mesas foram
limpas, Thorkel caminhou até Thorbjorg e perguntou o que ela achava daquela residência e o
estado e condição dos homens, e em quanto tempo ele seria informado sobre as coisas que
ele tinha perguntado a ela e que os homens queriam saber. Ela respondeu que não teria nada
a anunciar até a manhã seguinte, quando ela teria dormido ali a noite inteira. Mas no dia
seguinte, na parte final do dia, estava equipada com o aparato que ela precisava para
realizar seus feitiços. Pediu também para trazerem-na aquelas mulheres que detinham o
conhecimento necessário para a realização do feitiço, e eram conhecidas por Vordlokur. Mas
nenhuma dessas mulheres foi encontrada, por isso houve uma pesquisa feita na própria casa
para descobrir se alguém estava versado nestes assuntos. ‘Eu não sou versada em magia ‘,
foi a resposta de Gudrid,’ e eu não sou uma profetisa, ainda que Halldis, minha mãe adotiva,
tenha me ensinado na Islândia a tradição que ela chamou de Vordlokur .’…. As mulheres
agora formavam um círculo em torno de todos, enquanto Thorbjorg tomou seu lugar em cima
da plataforma de feitiços. Gudrid recitou o canto tão lindamente e bem que ninguém presente
poderia dizer que já ouvira o cântico recitado por uma voz mais bela “. [4]

Um praticante de magia poderia ser contratado para ajudar a melhorar a fortuna de uma
habitação, ou para amaldiçoar um inimigo. Não era incomum que fossem usados na guerra.
Há relatos do começo do primeiro século antes da era comum que descrevem o Cimbri, uma
tribo do que é hoje o sul da Dinamarca, usando magia em sua guerra:

“Suas esposas, que iriam acompanhá-los em suas expedições, foram assistidas por
sacerdotisas que eram videntes; estes tinham cabelos grisalhos, vestidas de branco, com
mantos de linho presos com fechos, cingidos com cintos de bronze, e descalças; agora a
espada na mão destas sacerdotisas se encontrava com os prisioneiros de guerra em todo o
acampamento, e tendo os coroado primeiro com grinaldas iriam guiá-los a um recipiente de
bronze de cerca de vinte ânforas, e eles tinham uma plataforma elevada que a sacerdotisa
subiria e, em seguida, inclinando-se sobre a chaleira, iria cortar a garganta de cada preso
depois de tê-lo erguido, e do sangue que derramou-se no vaso a frente algumas das
sacerdotisas poderiam fazer uma profecia, enquanto outros ainda abririam o corpo para uma
inspecção das entranhas para fazer uma profecia de vitória para o seu próprio povo, e
durante as batalhas que iria bater nos couros que foram esticados sobre as estruturas de
vime das carroças e, desta forma produzem um ruído sobrenatural”. [5]

Fonte: Freyja Desperta Hyndla, de Hyndluljóð (1908)

Explicando o Seiðr

Rimando com “lathe” (torno), muitas tentativas foram feitas para traduzir a palavra Seiðr, mas
parece difícil de definir com qualquer nível de satisfação. Os irmãos Grimm traduziram como
“ferver” (to seethe) ou “por em ebulição” (to boil), enquanto outras traduções incluem “snare”
(rede ou armadilha), “cord” (corda, cabo ou linha), “a sitting” (sessão), e “to shout” (gritar).

Edred Thorsson introduz Seiðr com a seguinte exposição:

“No antigo Norte uma raça de deuses e deusas, chamada pelos escandinavos de Vanir, era
adorada. Central para a sua teologia era a adoração do Senhor e Senhora, chamado em sua
língua Freyr e Freyja. A “mágica” ou tecnologia operativa espiritual, praticado por essas
divindades, especialmente a Senhora (Freyja) foi chamado Seiðr. Esta tecnologia mágica foi
de certo intimamente relacionado com, se não virtualmente idêntica com, aquilo que era
conhecido no mundo Inglês Antigo ou Anglo-Saxão como wiccecræft.” [6]
Thorsson também descreve Seiðr na forma mais simples; literalmente “magik”.

Katie Gerrard dá sua própria definição de Seiðr em seu livro, “Seiðr: A Porta Está Aberta”
(“Seidr: The Gate is Open”).

“Minha definição do termo seiðr para este livro, portanto, torna-se: seiðr é um termo que
denota ações sobrenaturais dentro das antigas sagas em nórdico antigo e é usado de uma
maneira similar às palavras ‘sorcery’ (feitiçaria) e ‘witchcraft’ (bruxaria). Seiðr em uma
prática moderna, portanto, torna-se rituais e ações que são inspirados pelos acontecimentos
sobrenaturais chamados de seiðr na literatura nórdica antiga.

“Em muitos casos, os rituais eram provavelmente misteriosos para os próprios escritores das
Sagas, que podem ter aprendido sobre eles a partir da história escrita ou narrativa oral” [7]

Forças Notáveis

Um praticante de Seiðr pode trabalhar com os espíritos locais em sua área. Conhecidos como
os espíritos da terra ou Landvættir, esses espíritos podem ser influenciados para o bem ou
para o mal por aqueles que têm um bom relacionamento ou sabe como trabalhar com eles.
Espíritos ancestrais, como as matriarcais Dísir também pode invocados.

Fonte: Freya, Rainha dos Deuses Nórdicos, “A Book of Myths” (1915)

Além do ritual do Alto Trono (High Seat), o ato de Útiset (“sitting out”, “aguardar”, “não
participar”) poderia ser usado para conectar com o espírito de uma pessoa enterrada em uma
montanha. O praticante normalmente passa a noite meditando sobre um túmulo, na esperança
de receber uma visão ou uma mensagem.
Fonte: “Odhinn”, Wikimedia Commons

As divindades Freya e Odin são consideradas os principais patronos do Seiðr, embora outras
deidades estejam associadas com a magia. Frigg possui o dom da vidência, embora ela não
possa falar sobre o que ela vê. Também Sif tem algum dom com magia. Loki é dotado com a
magia do Jotunns, enquanto Gullveig é considerada por alguns como a patrona Vanir da
bruxaria.

De acordo com a mitologia, Freya ensinou a arte de Seiðr a Odin aparentemente em um ato de
amizade após a guerra entre os Aesir e Vanir ter acabado.

Freya usa um manto de penas de falcão para viajar, o que é visto como uma metáfora do
“trabalho de saída”, que um praticante de Seiðr usa para viajar enquanto está em transe para
buscar uma visão.

https://www.youtube.com/watch?v=54PpjO0bKWI

Seiðr, Spá, e Galdr

Embora seja difícil de definir, a magia nórdica pode ser classificada em três categorias
principais.

Eu prefiro descrever Seiðr como as habilidades que lidam com subconsciente. Isso pode
incluir a arte de glamoury e confusão para atordoar, truques mentais e psicológicos, incluindo
um repertório de algumas habilidades que agora estão sob o que hoje chamamos PNL,
consciência alterada, espíritos, viagens em transe, e manipulação da energia.

Spá pode ser considerado como o trabalho de um profeta ou vidente e abrange profecia e a
manipulação e influência do destino ou fado de uma pessoa.

Galdr abrange toda e qualquer prática mágica que usa o poder da vontade e da mente
consciente, que inclui magia de runas e cantos mágicos, remédios de cura, encantos e
maldições. É a parte da magia em que se foca a intenção em torno da palavra proferida ou
canto. Odin é o principal padroeiro de Galdr, já que foi para ele que as runas foram dadas.

O que foi dito acima é muitas vezes interpretado de maneiras diferentes, e não há nenhuma
definição consensual que prescreve uma disciplina mágica particular dentro de uma categoria
específica.
Então, qual é a diferença entre uma Völva e uma Seiðkona?

Essencialmente, não há muita. Há vários termos usados para aqueles que praticam o caminho
mágico do norte, mas a interpretação moderna resultou em certas pessoas categorizando a si
mesmas dentro deste com certos títulos.

Se assumirmos que a interpretação de Thorsson de Seiðr é aplicada a “magia”, então, uma


Seiðkona ou um Seiðrman é uma pessoa que pratica magia. Nos tempos modernos, vemos o
termo Völva sendo usado tipicamente por mulheres que se especializam em adivinhação e
mediunidade, com o uso do High Seat para seus rituais. Embora esta função é vista como
tradicionalmente feminina, não há nada que impeça homens de fazer isso também, a despeito
do estigma histórico do termo ergi.

O interesse renovado recentemente em práticas esotéricas das culturas europeias levaram a


um ressurgimento no número de pessoas que estudam a espiritualidade e práticas mágicas
nórdicas, germânicas e anglo-saxônicas. Como qualquer sistema de crença histórica, há
muitas peças do quebra-cabeça faltando, com apenas alguns textos para atestar técnicas
prescritas. Em certa medida a adivinhação, tentativa e erro, e empréstimos de magia popular
local têm sido necessários para se reconstruir esse importante papel na precoce sociedade
germânica.

Referências

[1] The Poetic Edda, The Lay of Hyndla (Hyndluljoth, Bellows Translation)

[2] The Viking Way: Religion and War in Late Iron Age Scandinavia, Dr Neil Price – ISBN
978-1842172605

[3] The Sagas of Fridthjof the Bold – ISBN 978-0557240203

[4] The Saga of Erik the Red – ISBN 978-1481241915

[5] Geographica, Strabo – ISBN 978-1173697082

[6] Witchdom of the True: A Study of the Vana-Troth and the Practice of Seiðr, Edred
Thorsson – ISBN 978-1885972125

[7] Seidr: The Gate is Open, Katie Gerrard – ISBN 978-1905297528

[Esta tradução é passível de críticas, e foi feita apenas para facilitar a leitura de quem não lê
em inglês. Está sujeita a imperfeições e aceita opiniões construtivas].
O legado do Seiðr: história, experiências e o
caminho à frente

© 2013 Annette Høst and A Journal of Contemporary Shamanism


Traduzido por Sonne Heljarskinn, com permissão da autora

Extraído do site Scandinavian Center for Shamanic Studies


(http://www.shamanism.dk/legacyofseidr.htm). Translation with no commercial purposes.

Durante os últimos 25 anos, a velha tradição xamânica nórdica chamada seiðr tem
experimentado um renascimento internacional. Diferentes grupos xamânicos e pagãos, bem
como indivíduos, têm vindo a explorar este património experimentalmente. Neste artigo, a
professora xamânica Annette Høst examina o seiðr tradicional, bem como o novo seiðr
perguntando: O que aprendemos sobre o velho e o novo seiðr? O que é preciso para fazer um
seiðr seguramente claro, respeitando a tradição? E, olhando para frente, quais as
possibilidades e os desafios que ele oferece para a prática xamânica de hoje e amanhã.

SEIÐR NÓRDICO ANTIGO

Seidr é originalmente uma tradição xamânica nórdica, ou poderia ser visto como uma forma
de magia escandinava antiga com fortes traços xamânicos. Seidr, em nórdico seiðr
(pronuncia-se algo como “sei-th”, onde “ð” é pronunciado como “th” em “there”), foi uma
tradição viva usada para a adivinhação e transformação até a Era Viking tardia e [Idade]
média.

A estrutura ritual do seidr consiste de canção mágica [magic song], cajado [staff], e um
assento ritual [ritual seat]. É a combinação de todos os três elementos, usados de uma maneira
xamãnica, que dá a qualidade única de seidr.

Nossas únicas fontes escritas são pedaços e fragmentos nos poemas míticos das Edda, e as
sagas da Era Viking tardia e início da Idade Média. Nessa literatura um praticante de seiðr é
chamado de uma mulher-de-seiðr (seiðkona), homem-de-seiðr (seiðmaðr), ou vǫlva – o que
significa aquela que carrega um cajado [staff] – ou spákona, o que significa vidente. Por
vezes, a pessoa experiente na arte de seiðr é simplesmente chamada fjǫlkunnigr, ou seja, uma
pessoa perita na mágica. Os poemas éddicos e as sagas mencionam principalmente as
mulheres como praticantes de seiðr, mas isso poderia ter sido diferente em uma idade precoce.
O seiðr é muito mais antigo do que ambas as fontes escritas e os Vikings. Muito
provavelmente, as suas raízes estão em cultos da fertilidade na Idade do Ferro e xamanismo
inicial, e a tradição, assim, tem uma vida de mais de mil anos. Os textos antigos só nos
oferecem vislumbres da prática em seus últimos dias, e claramente ela deve ter sofrido muitas
mudanças através de sua longa vida.

Para imaginar como uma sessão seidr poderia se desenrolar na Era Viking, podemos recorrer
ao relato mais famoso de seidr, o de Thorbjörg Pequena-Volva na Saga de Eric o Vermelho.
Thorbjörg – uma experiente e profissional sábia e seiðkona – está sentada no assento [seat] de
seidr (seiðhiall) com seu cajado [staff]. As pessoas que a convocaram para ajudar a resolver
os problemas de doença e má sorte na caça em seu assentamento, cercam-na cantando a
canção [song] de seidr. Os aliados espirituais de Thorbjörg se reúnem ao redor dela,
chamados pelo canto que assombra, e a canção a transporta em um estado alterado de
consciência, para o mundo espiritual. Lá devemos imaginar como ela se encontra com
espíritos, seres divinos ou forças da natureza, pedindo ajuda em nome da comunidade
sofredora, mas a saga é silenciosa sobre esta parte íntima do ritual. Sua tarefa terminou, ela
sinaliza para que a canção termine. A saga então diz que ela canta (kuað) o resultado de sua
magia: Tanto a saúde quanto a fertilidade retornarão rapidamente ao assentamento. No
“espaço” silencioso que acompanha a canção, Thorbjörg ainda está entre os mundos e de lá dá
respostas divinatórias (spá) às perguntas que lhe são colocadas pelos indivíduos das fazendas
sobre saúde, as colheitas e o futuro.

A história de Thorbjörg nos fala sobre seidr feito como um grande ritual comunitário, mas o
seidr também pode ser feito com apenas algumas pessoas. Na Laxdoela Saga, Kotkel, Grima e
seus dois filhos fazem um seidr ao ar livre juntos, cantando músicas fortes levantando uma
tempestade para destruir um navio. Em outras sagas, Thuridr executa seidr para trazer peixes
de volta para um fiorde estéril, e Halgrim usa seidr para fazer seu machado-lança invencível.
O seidr pode ser feito sozinho na natureza, como as poucas dicas ambíguas no poema éddico,
Vǫluspá (A Visão da Vidente) podem estar indicando.

Como em todo o trabalho xamânico, há sempre um propósito para o seidr. E em suma, ele
pode ser usado para transformar, tanto para prejudicar quanto para curar, e para buscar visões,
incluindo o conhecimento sobre o futuro. Pesquisadores acadêmicos anteriores mantiveram a
visão de que o seidr com o propósito de mudança ou transformação é por natureza prejudicial,
magia negra. Não há mais sentido nessa afirmação do que reivindicações similares sobre o
trabalho xamânico como tal. Se um ato é prejudicial ou útil é determinado pela intenção do
praticante, não pelo método. Pesquisadores recentes nos últimos quinze anos parecem ter se
libertado da idéia de “seidr negro”. Isso ainda criou a incerteza entre estudantes de seidr
modernos, levando algumas comunidades a se contentar em fazer apenas seidr divinatório
para evitar todo o problema.

Pesquisa acadêmica e experimental

O seidr tem sido objeto de pesquisa acadêmica por várias gerações, e muitos aspectos da arte
ainda são discutidos, contestados ou completamente desconhecidos. Desde meados dos anos
oitenta/noventa, diferentes grupos e pessoas, dos círculos xamânicos às comunidades ásatrú,
se juntaram à pesquisa, perguntando: O que podemos aprender sobre o seidr, combinando o
conhecimento com a prática experiencial do próprio método?

O que distingue o seidr em relação a outras magias?

Alguns pesquisadores e profissionais modernos vêem seidr como um termo genérico para
toda a magia nórdica, bem como um método distinto. Da maneira como eu entendo as fontes
escritas, lendo com olhos “xamânicos”, o seidr é um tipo de magia nórdica. Mas nem todos os
tipos de magia nórdica são seidr. Nas sagas iniciais pelo menos, o seidr é claramente distinto
de ambos os outros ramos da magia e da tradição xamânica noaide dos Sami.

Existem quatro ramos principais da magia descritos na tradição nórdica: galdr, magia rúnica,
seidr e utiseta. Utiseta (sentar-se durante a noite em busca de sabedoria) compartilha muitos
traços com as buscas de visão de outras culturas, e foi praticado por leigos, bem como
profissionais magicamente treinados. Galdr (uma arte de canto mágico), magia rúnica e seidr
são tradições mágicas qualificadas não encontradas em outras partes do mundo. São artes que
demandam treinamento substancial, mesmo profissional, para aprender. Froeði (traduzido por
habilidade [skill], sabedoria [wisdom]) é uma palavra usada tanto para referir-se à canção de
seidr quanto sobre outras habilidades mágicas, indicando que leva um certo esforço e
paciência para aprendê-las.

Um praticante fjǫlkunnigr experiente de idade pode combinar os diferentes tipos de magia em


uma sessão se a tarefa exige. No “Lamento de Oddrun”, um galdr “mordaz” é combinado
com runas cortadas nos pulsos para auxiliar um parto difícil. Na Vǫluspá, a poesia ambígua
sugere que a vǫlva pode combinar seidr e utiseta para suscitar suas visões profundas.

EXPERIÊNCIAS DO NOVO SEIÐ

Desde a minha primeira introdução no seidr experimental e extático há 25 anos atrás, através
da rede xamânica sueca chamada Yggdrasil, tenho praticado seidr com inúmeros grupos em
muitos países. Durante os anos, diferentes aspectos do seidr lentamente revelaram-se, em uma
troca contínua entre os estudos críticos de textos e exploração xamânica. Acho que é muito
mais do que uma especialidade exótica e antiga.

Chamo o que fazemos de novo seidr, reconhecendo que, naturalmente, deve ser diferente do
antigo. Meus pés estão plantados aqui no xamanismo moderno do Norte da Europa, e meu
objetivo nunca foi reconstruir o passado ou fazer o seiðr da Era Viking. Em vez disso, minha
paixão foi descobrir como ela funciona e então perguntar: O que a tradição seidr traz para as
práticas mágicas e espirituais de hoje, e que habilidades xamânicas exige de nós?

Hoje existem várias abordagens diferentes para o novo seidr. Eu me encontrei trabalhando
com seidr como um método distinto, definido como um trabalho xamânico usando cajado
[staff], música [song] e assento [seat] mágico em combinação, para ser coerente com as fontes
históricas e a tradição xamânica. Em outras palavras: há quatro S’s em um seidr: Staff
[cajado], Song [canção], Seat [assento] e Spirits [espíritos]. Se algum desses quatro está
faltando não é seidr como eu vejo, mas algum outro método que podemos chamar de
“inspirado em seidr”, em vez de seidr propriamente dito. Vamos dar uma olhada em cada um
dos elementos: música [song], cajado [staff] e assento [seat] para entender melhor como eles
agem em conjunto com os espíritos [spirits].

A canção de seidr

Em seidr usamos cantos em vez de toque de tambor para entrarmos em contato com o outro
mundo. Thorbjörg afirma que, sem cantar, os espíritos se afastam dela. E sem espíritos, ela
não pode “ver” para fazer o seidr. “Doce foi o canto” ou “ninguém presente nunca tinha
ouvido uma música mais equilibrada” são algumas das descrições das velhas canções de seidr.
Em outras vezes eles são referidos como “fortes” ou “ásperos”. Tanto naquela época quanto
agora a canção de seidr é conhecida por muitas vezes tornar-se extática.
Não foram transmitidas canções antigas de seiðr, então eu tive que me voltar para as tradições
relacionadas de canto mágico e ritual dos países nórdicos, especialmente o galdr nórdico, o
runolaulo finlandês, o joik sami, para aprender as velhas habilidades esquecidas de canto
mágico. O canto mágico tradicional caracteriza-se por ser repetitivo e contínuo por muito
tempo, facilitando assim o transe ou uma mudança de consciência, semelhante ao modo como
batidas de tambor funcionam. Este é o velho significado literal da palavra encantamento
[enchantment]. Hoje, isso é experimentado tanto pelo praticante de seidr como pelos que
cantam no círculo, e que, talvez pela primeira vez em suas vidas, conhecem a experiência
humana básica de deixar-se ir completamente no canto.

Em diferentes tipos de seidr, outras pessoas cantam para você, ou você pode cantar para si
mesmo em sua jornada. No exemplo da Laxdoela Saga mencionado anteriormente, a família
de Kotkel, como uma malha sem brechas unida, cantou seu próprio seidr. Tão importante, no
entanto, o cantar é freqüentemente usado pelo seidr-worker para se comunicar com os
participantes e para manifestar o resultado do trabalho do seidr. Quando Thorbjörg, por
exemplo, canta “Esta doença terminará mais cedo do que qualquer um de vocês espera!”, Ela
está fazendo mais do que relatar uma visão: ela está cantando isso na existência! As
mensagens cantadas, ao contrário das palavras faladas, têm uma maneira de ir diretamente ao
coração do ouvinte, sem ser primeiro filtradas pelo cérebro. É uma forma de transferir poder,
fortalecendo o impacto mágico e tocando profundamente o ouvinte.

Tanto na tradição espiritual nórdica como na celta, esta é uma forte característica conhecida
como poesia inspirada (“inspirada” no sentido literal), e é muitas vezes extática. Também é
usada em todo o mundo em rituais xamânicos de muitas tradições, incluindo a Sibéria e a
América do Sul. Facilita e fortalece nossa própria cura e outros trabalhos xamânicos
modernos.

O Assento do Seidr

No passado, muitas vezes eu traduzi seiðhiall por “high seat” [assento alto] ao falar inglês,
como fazem muitas traduções escritas das fontes nórdicas. Mas esta tradução imprecisa
mistura dois termos, que historicamente e energeticamente são muito diferentes. Por exemplo,
no caso de Thorbjörg, ela é levada para o hásæti na noite em que ela chega. No dia seguinte,
fazendo o seidr, ela sobe para o seiðhiall. O assento alto de hásæti é um assento da honra
social no salão, mantido frequentemente na família por gerações. É ele deste mundo, um
assento VIP – cheio de ego. O assento de seidr, seiðhiall, é um assento mágico ou plataforma,
construído para a ocasião, e não tem espaço para o ego.

O praticante de seidr – como todos os xamãs – é, enquanto está no trabalho (e no assento!


[seat]), o servo do povo e ao mesmo tempo um servo dos espíritos, um mediador sentado entre
os mundos. Pode ser muito sedutor se sentar no assento seidr se a distinção entre os dois
assentos não é clara e bem compreendida. O perigo está em esquecer que a autoridade das
palavras que saem de sua boca não lhe pertence, mas aos espíritos.

O cajado

O cajado [staff] (vǫlr, que deu nome à vǫlva) é – também literalmente falando – o centro do
seiðr. Quando você se senta no assento mágico em um mar de vozes humanas e espirituais, ou
senta-se nas visões da floresta twilit, é o cajado em suas mãos que segura a direção de sua
jornada e mantém você centrado. Ao mesmo tempo, o cajado é a sua terra, como a Árvore da
Vida, conectando terra e céu.
Na literatura antiga outra palavra usada para a cajado [staff] é gandr. Mas gandr também pode
significar espírito aliado, ou mágica, ou todos os três ao mesmo tempo. Como em uma
experiência xamânica onde a alma do cajado [staff] pode se transformar em um cavalo ou se
mover como uma cobra. No trabalho de seidr, é o lado interno do espírito que faz um cajado
[staff] poderoso, não como aparenta ser sua superfície exterior.

As formas e variações do ritual

O relato de Thorbjörg descreve uma receita ritual para um seidr comunitário. Provou ser uma
ótima maneira de trabalhar para um grupo de pessoas com um objetivo comum, como
encontrar uma visão orientadora para um projeto ou re-empoderar uma região. Para além dos
resultados do trabalho, apenas fazer parte de uma tal comunidade de seidr pode ser muito
empoderante tanto para a unidade do grupo quanto para os indivíduos no círculo.

No entanto, um grande grupo seidr está longe de ser sempre o método mais adequado ou
eficaz. Tudo depende da tarefa. Muitas vezes uma versão mais simples – feito a portas
fechadas ou ao ar-livre – pode ser uma escolha melhor para a sua missão. Se vocês são apenas
algumas pessoas juntas, você pode ainda deixar uma pessoa viajar, carregada pela canção dos
outros.

Há também uma prática relacionada para quando você trabalha sozinho, que eu chamo seidr
solitário. O termo “seidr solitário” não é usado na literatura antiga, mas no poema mítico
Vǫluspá é indicado que tal método ritual foi usado. Se você o faz na natureza, seu assento do
seidr pôde ser uma rocha ou uma raiz de uma árvore. Com seu propósito ou intenção claro em
seu coração, você simplesmente senta-se com seu cajado e canta para si mesmo em contato
com o vento, a noite, com os animais e espíritos lá fora, e deixa suas músicas se harmonizar
com o seu espírito para guiá-lo e curá-lo.

Trabalhando com energia e ergi

Às vezes o caráter de um seidr é na maior parte delicado e claro. Mas de vez em quando, em
um forte e extático seidr você pode encontrar um poder bruto da natureza que vem da terra ou
girando na canção, correndo através do cajado [staff] ou você mesmo. E às vezes esse poder
tem um caráter claramente erótico ou sexual. Esta pode ser uma experiência espiritual
profunda em si mesma. Mas o ponto é que este é o poder que foi dado você a partir do
espírito-mundo para o propósito declarado de seu seidr, seja ele cura, transformação ou uma
visão mais profunda na teia da vida. E a maneira de lidar com isso é através da rendição sem
esquecer a sua missão. Para mim, este é o belo mistério crucial do seidr.

Esta qualidade do seidr é sugerida e nomeada ergi nos poemas míticos e nas sagas. Ergi é o
aspecto mais esotérico e enigmático do seidr. Na pesquisa acadêmica é também o aspecto
mais mal compreendido do seidr. Nos primeiros textos medievais diz-se que os homens não
podiam realizar seiðr sem vergonha devido ao ergi inerente ao seiðr. Ergi na época das sagas,
da era viking e da Idade Média, era interpretada como uma mistura de efeminação, destreza
mágica e perversão sexual. Assim, a idéia do “homem de seidr efeminado” é fortemente
dependente da definição estreita da idade viking de masculinidade e sexualidade aceitáveis.
Ainda assim, o mito “seidr efeminado” ficou preso em quase todas as especulações
acadêmicas e populares.

É digno de nota que toda a questão do ergi e da reputada falta de masculinidade teve mais
impacto nos círculos modernos que estudaram as sagas e a pesquisa acadêmica, e adotaram
sua visão de ergi antes de experimentá-la em primeira mão no seidr.
Minha compreensão pessoal é que ergi é uma maneira hábil de lidar com o poder do espírito
através da rendição focada, recebendo o poder e expressando-o magicamente. A perda
voluntária de controle, a união de êxtase e consciência, também é conhecida tanto pelo antigo
noaide dos Sami quanto pelo xamã siberiano. Hoje é experimentado de novo pelas pessoas,
que se aventuram no caminho do xamanismo. Devo enfatizar que um seidr, especialmente
para adivinhação, pode facilmente ser eficaz sem êxtase profundo e ergi: Tudo depende da
tarefa. O poder que precisa ser manuseado através de ergi só se revela de vez em quando, e
não é nem algo a temer nem perseguir.

Magia e heathenry

Enquanto os reinos mágicos e religiosos estavam intimamente ligados na Escandinávia pré-


cristã, as antigas fontes escritas distinguem entre magia e paganismo [heathenry]. Em outras
palavras, você não tem que ser ásatrú para praticar seidr, galdr e utiseta. Seidr é uma tradição
independente, muito mais antiga do que a Era Viking e as divindades que conhecemos da
mitologia nórdica. Eu sinto que estamos em um terreno mais seguro e mais autêntico se
vamos atrás da estrutura ou filtro de qualquer religião e nos conectamos com os espíritos e o
poder da natureza como o fundamento espiritual do nosso seidr. Mais autêntico porque as
grandes forças que encontramos em primeira mão na natureza são atemporais.

O SEIDR DE HOJE E AMANHÃ

Estamos agora em um ponto onde sabemos o que é preciso para fazer um bom seidr, e
sabemos algo sobre as habilidades que ele exige de nós. Que possibilidades e desafios estão à
nossa frente agora? Por que queremos fazer seidr hoje?

Muitas vezes eu tenho visto que as pessoas estão em uma tal reverência pelo seidr porque ele
é uma antiga arte mágica do Norte da Europa, que eles querem usá-lo para tudo em sua
prática xamânica. Quando começarmos a nos familiarizar com isso, veremos que é realmente
apenas uma maneira de trabalhar em conjunto com espíritos e poderes da natureza. É outro
método xamânico ou ferramenta ritual em nosso kit de ferramentas. Quando você o incorpora
em sua prática você irá usá-lo somente quando é a ferramenta a mais apropriada para sua
tarefa dada. A pergunta é sempre: Será que funciona? Isso o aproxima do mistério e do poder?
Faz o trabalho? Com a canção [song], cajado [staff] e assento [seat] integrados em nosso
repertório xamânico juntamente com tambor, chocalho, dança, podemos nos tornar mais livres
para escolher a ferramenta ritual certa para a tarefa certa.

Formas de treinar seidr

Como faço para censeguir treinar seidr? Perguntam-me muitas vezes. Minha resposta é que
todo treinamento xamânico é bom treinamento de seidr. Seu seidr não fica mais forte do que
sua prática de trabalho xamânica geral: sua conexão com seus espíritos aliados, suas
habilidades de viagem e sua capacidade de lidar com o poder.

Dito isto, aqui estão algumas sugestões de treinamento para sua inspiração: Encontre (ou
consiga ser encontrado por) um cajado [staff]. Um cajado [staff] mágico é seu companheiro de
viagem, seu guia espiritual. Familiarize-se com seu caado viajando com ele em ambos os
mundos. É o seu trabalho em conjunto como uma equipe que importa, mais ou menos da
maneira como você e o chocalho podem trabalhar juntos.

Além disso, consiga ficar confortável cantando suas experiências de viagem em voz alta
enquanto eles estão acontecendo. Durante séculos, xamãs em todo o mundo têm estado
simultaneamente falando ou cantando em voz alta seus encontros com espíritos e poderes.
Alguns praticantes modernos já estão acostumados a falar sua jornada em voz alta, por
exemplo, trabalhando com diferentes tipos de aconselhamento xamânico. Basta começar a
cantar em vez de falar, até que se torne uma forma natural de expressão.

Em terceiro lugar, encontre – em viagens ou na natureza – suas próprias canções de seidr e


aprenda-as bem de cor. Aprenda outras canções rituais de cor. Precisamos de mantenedores de
canções tanto no novo seidr quanto na moderna comunidade xamânica em geral.

Estes exercícios nos preparam para realizar um grande ou pequeno ritual de seidr. Eles
também são valiosas disciplinas xamânicas em seu próprio direito, e iram melhorar a nossa
arte xamânica e habilidades.

Seidr, Natureza e Ânsia Espiritual

As pessoas modernas, especialmente os norte-americanos de ascendência europeia, muitas


vezes me falam de uma ânsia de ancorar sua prática em uma terra honrando a tradição
espiritual, que também faz parte de sua própria herança cultural “nativa”, para que eles não
tenham que “emprestar” dos índios norte-americanos ou outra tradição espiritual indígena.
Esta é uma razão importante para o apelo do seidr para as pessoas modernas. Para mim, o
núcleo místico do seidr é inseparável da natureza selvagem. Portanto, uma parte fundamental
do nosso novo treinamento e prática é “sentar-se” sozinho à noite com o nosso cajado, entre
as colinas e árvores, cantando o poder da terra e do vento. Isto oferece uma maneira bonita e
selvagem de enraizar literalmente nossa prática espiritual e mágica em nossa própria
paisagem e em nosso próprio tempo. O que experimentamos é tanto antigo como novo,
autêntico e atemporal. As pessoas costumam dizer que é como voltar para casa.

O caminho adiante

O seidr pode de fato renovar e inspirar nossa moderna prática xamânica de muitas maneiras.
Os maiores desafios que vejo para o novo seidr é que respeitamos a tradição e, ao mesmo
tempo, mantemos nosso foco nos aspectos atemporais. Como disse Gustav Mahler, “… a
tradição é a manutenção do fogo, não a adoração das cinzas.” Para mim, manter o fogo
significa manter o nosso seidr ritualmente simples, e livre do ritual “Viking” excessivo,
liturgia e romantismo. Em outras palavras: Mantê-lo simples, mantê-lo xamânico, mantê-lo
perto da natureza! Isso também significa que nós sustentamos que o seidr pertence a homens e
mulheres, deixando a angústia-ergi da idade de Viking descansar com os Vikings.

É fácil diluir uma prática e eu sinto que devemos lembrar de distinguir entre seidr e o trabalho
inspirado em seidr. Podemos fazer isso lembrando os quatro S’s em um seidr completo: Song
[canção], Staff [cajado], Seat [assento] e Spirits [espíritos].

Finalmente, para honrar o seidr é importante que respeitemos que a arte e as canções são
froeði, exigindo habilidade, e devemos tomar nosso tempo para aprendê-las bem. Vale a pena
fazer o esforço para fazer o nosso melhor com cada seidr, sabendo que os passos que
tomamos hoje criam a tradição do amanhã.

Este artigo foi escrito pela primeira vez para “A Journal of Contemporary Shamanism”
Volume 6, Nr. 1, Primavera de 2013. Ver http://www.shamansociety.org

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