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LUC DA COSTA RIBEIRO

REGISTRO DA PESSOA JURÍDICA


Repercussões do Novo Código Civil

Uberaba-MG
2009
LUC DA COSTA RIBEIRO

REGISTRO DA PESSOA JURÍDICA


Repercussões do Novo Código Civil

Monografia apresentada ao Curso de


Especialização em Direito Notarial e
Registral, na modalidade Formação para o
Magistério Superior, como requisito parcial
à obtenção do grau de especialista em
Especialização em Direito Notarial e
Registral.

Universidade do Sul de Santa Catarina -


UNISUL
Rede de Ensino Luiz Flávio Gomes - REDE
LFG

Orientador: Prof. Régis Schneider Ardenghi

Uberaba-MG
2009
TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito e que se fizerem necessários, que assumo total
responsabilidade pelo aporte ideológico e referencial conferido ao presente trabalho,
isentando a Universidade do Sul de Santa Catarina, a Rede de Ensino Luiz Flávio
Gomes, as Coordenações do Curso de Especialização em Direito Notarial e
Registral, a Banca Examinadora e o Orientador de todo e qualquer reflexo acerca da
monografia.

Estou ciente de que poderei responder administrativa, civil e criminalmente em caso


de plágio comprovado do trabalho monográfico.

Uberaba, 10 de abril de 2009.

LUC DA COSTA RIBEIRO


LUC DA COSTA RIBEIRO
REGISTRO DA PESSOA JURÍDICA
Repercussões do Novo Código Civil

Esta monografia foi julgada adequada para a obtenção do título de Especialista em


Direito Notarial e Registral, na modalidade Formação para o Magistério Superior, e
aprovada em sua forma final pela Coordenação do Curso de Pós-Graduação em
Direito Notarial e Registral da Universidade do Sul de Santa Catarina, em convênio
com a Rede Ensino Luiz Flávio Gomes – REDE LFG.

Uberaba, 10 de abril de 2009.


Dedico esta monografia à vó Zizi, ao vô
Lino e à vó Bebé.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais pelo apoio emocional e financeiro. Também à


minha irmã pelo apoio intelectual de veterana.
“Obstáculos e dificuldades fazem parte da vida. E a vida é a arte de
superá-los.” (DeRose)
RESUMO

A presente monografia apresenta um estudo sobre o sistema de registro das


pessoas jurídicas no Direito Brasileiro, enfocando as modificações havidas com o
Código Civil de 2002. No Brasil há dois órgãos de registro: o Registro Civil de
Pessoas Jurídicas, responsável pelo registro das sociedades civis, e a Junta
Comercial, pelas sociedades empresárias. A introdução definitiva do Direito de
Empresas pelo novo Código Civil trouxe novos institutos, tais como a figura do
empresário, da sociedade simples e da sociedade empresária. Não houve apenas
uma mudança de nomenclatura, mas uma reestruturação dos campos de incidência
do Direito Civil e do Direito Comercial. A distinção entre a sociedade simples e a
empresária não é clara na lei, o que poderia trazer dificuldades práticas aos
empresários no momento do registro. Para sanar esse problema, este estudo
aprofunda a distinção das duas figuras, para individualizar cada uma com clareza. O
registro regular é fundamental para a existência válida da pessoa jurídica. A
distinção feita neste estudo visa ao correto local de registro e ao decorrente
afastamento da responsabilidade pela sua irregularidade.

Palavras-chave: Código Civil Brasileiro de 2002. Direito de Empresas. Registro da


pessoa jurídica. Sociedade simples. Sociedade empresária. Registro Civil da Pessoa
Jurícica. Junta Comercial.
ABSTRACT

This monograph presents a study about the registration system of legal entities under
Brazilian Law, focusing on changes made by the Civil Code of 2002. In Brazil there
are two agencies of registration: the Civil Registry of Legal Entities, responsible for
registration of civil societies, and the Board of Trade, for commercial companies. The
definitive introduction of Business Law by the new Civil Code has brought new
institutes, such as the figure of the entrepreneur, the simple society and the
entrepreneur society. It has not been only a change in nomenclature, but a
restructuring of the fields of incidence of the Civil Law and Commercial Law. The
distinction between the simple society and the entrepreneur society is not clear in the
law, which could lead to practical difficulties for entrepreneurs when registering. To
solve this problem, this study goes deep into distinguishing these two figures, in order
to clearly identify each one of them. The regular registration is essential to the valid
existence of legal entity. The distinction made in this study aims at making clear the
correct registration place and the consequent absence of responsibility for its
irregularity.

Key words: Civil Code of 2002. Business Law. Registration of legal entity. Simple
society. Entrepreneur society. Civil Registration of Legal Entity. Board of Trade.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................. 10

2 O SISTEMA NOTARIAL E REGISTRAL.......................................................... 13


2.1 As Diferentes Serventias e suas Funções..................................................... 14
2.2 O Registro das Pessoas Jurídicas................................................................. 19
2.3 O Princípio da Especialidade e Qualificação Registral.................................. 24

3 PESSOA JURÍDICA......................................................................................... 29
3.1 Personalidade Jurídica................................................................................... 30
3.2 A Pessoa Jurídica.......................................................................................... 32
3.2.1 Categorias de pessoas jurídicas no Direito Privado................................... 34

4 SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESÁRIAS................................................... 37


4.1 Direito Empresarial: a superação da teoria dos atos de comércio................. 37
4.1.1 Empresa e empresário................................................................................ 40
4.2 As Sociedades de Direito Privado.................................................................. 43
4.2.1 A distinção entre sociedades simples e empresárias................................. 46
4.2.1.1 Distinção quanto à ao tipo societário....................................................... 47
4.2.1.2 Distinção quanto ao objeto social............................................................ 49
4.2.1.3 Distinção quanto à organização dos fatores de produção....................... 52
4.3 Conseqüências da Irregularidade.................................................................. 59

5 CONCLUSÃO................................................................................................... 62

REFERÊNCIAS................................................................................................... 63
10

1 INTRODUÇÃO

O momento anterior à produção da monografia é aquele no qual se


depara, de um lado, com uma infinita gama de possibilidades de pesquisa e, de
outro, com a necessidade de delimitar o tema. É também um momento de
confrontação, de perceber que, ao pesquisar, absorvem-se informações segundo os
próprios paradigmas e que, ao escrever e defender a monografia, haverá uma
exposição de si mesmo, do seu próprio entendimento sobre o mundo, que no fundo
é a exposição da essência do pesquisador.
Dess´arte, o tema da monografia deve ser instigador, atiçar a curiosidade
daquele que pesquisa e, por outro lado, ser útil às outras pessoas, pois assim o
entusiasmo pelo tema impulsionará o estudo e a fase da criação da monografia será
vivenciada com prazer. As “repercussões da teoria da empresa, adotada pelo novo
Código Civil, no registro da pessoa jurídica” foi eleito como tema de estudo, em vista
da dificuldade enfrentada pelo autor ao abrir seu próprio negócio. Depois de formado
em Direito e terminando sua pós-graduação em Direito Notarial e Registral, sentiu-se
perdido na hora de constituir sociedade, principalmente em relação à identificação
de sua atividade como civil ou empresária e, conseqüentemente, com relação ao
local de registro.
Desde 2002, a doutrina civilista e comercialista vem-se debruçando sobre
o conceito de empresário, pois isso é de fundamental importância prática. No
entanto, essa discussão está muito longe da realidade do empreendedor. Dessa
forma, sentiu-se a necessidade de realizar uma pesquisa que, sem deixar de ser
profunda e inovadora, pudesse ter um alcance prático para aquele que queira abrir
seu negócio, desvendado os meandros para o registro da pessoa jurídica no
ordenamento brasileiro. É um tema importante para muitas pessoas, pois todas
passam por perplexidades frente aos cartórios, desnorteadas diante do emaranhado
de serventias e de exigências legais, tais como certidões, autenticações,
reconhecimento de firmas, escrituras, registro etc.
O método de pesquisa escolhido foi o qualitativo. Considerando que no
Direito não há soluções únicas, mas várias soluções possíveis dentro de
argumentações válidas, o método qualitativo foi o mais adequado, uma vez que a
partir do estudo de várias leis e doutrina, num exercício de raciocínio lógico e
11

sistemático (dentro do Direito Positivo), se chegou a uma argumentação válida para


uma possível e melhor solução. A técnica de pesquisa utilizada foi a bibliográfica,
pois foram empreendidos estudos de fontes primárias ---Constituição, Código Civil,
Lei de Registros Públicos e outras leis pertinentes ---, bem como de fontes
secundárias --- livros de doutrina e artigos científicos.
O objetivo geral foi trazer subsídios para a perfeita distinção da atividade
civil e empresária, bem como sobre o correto local onde registrar a pessoa jurídica.
Os objetivos específicos foram: a) situar o empreendedor no emaranhado de
serventias existentes, diferenciando a função de cada um deles e qual é a serventia
responsável pelo registro da pessoa jurídica; b) colacionar os elementos que devem
constar dos atos constitutivos, pelo princípio da qualificação registrária, para sua
perfeita higidez, acelerando o trâmite de registro; c) definir critérios a identificação da
atividades econômica, considerando o novo contexto criado pelo Código Civil de
2002, que implementou definitivamente a teoria da empresa; d) indicar que as
atividades civis são registradas na Serventia de Registro de Pessoas Jurídicas e que
as atividades empresárias são registradas na Junta Comercial; e) enfatizar a
importância do registro no local correto, sob pena de irregularidade da pessoa
jurídica e confusão patrimonial dela com os sócios.
O ponto fulcral do trabalho é o registro da pessoa jurídica no órgão
competente. Para isso, foi condição sine qua non aprofundar o conceito jurídico de
empresário, bem como da sociedade empresária. A classificação da atividade
econômica não é tão simples quanto à primeira vista possa parecer. Foi feito um
diálogo entre doutrinadores civilistas, comercialistas e registradores, bem como de
diversas leis e dos enunciados das Jornadas de Direito Civil do STJ, para encontrar
um conceito abrangente de empresário, principalmente, procurando encontrar
subsídios práticos e critérios para que o empreendedor consiga identificar
juridicamente sua própria atividade.
O primeiro capítulo inicia-se com um panorama do sistema notarial e
registral, identificando os sete tipos de serventias extrajudiciais existentes, além da
Junta Comercial, e especificando a atuação de cada uma delas. Foca-se a
importância e os efeitos do registro das pessoas jurídicas. Discute-se o princípio da
qualificação registral e sua aplicação prática: a confecção dos atos constitutivos,
fazendo constar do documento todos os dados legalmente exigidos para a pronta
aceitação pelo órgão de registro.
12

No segundo capítulo, trata-se da pessoa jurídica, sua importância


histórica para o desenvolvimento material da humanidade, a construção da sua
personalidade jurídica, a autonomia dela em relação aos sócios, a possibilidade de
limitação da responsabilidade, os elementos para sua criação, os tipos de pessoas
jurídicas, esmiuçando suas categorias no Direito Privado até se chegar à sociedade.
No terceiro capítulo, estudam-se as sociedades, foco principal deste
trabalho por constituir-se sujeito da atividade econômica. Verificam-se os reflexos da
introdução da teoria da empresa no direito brasileiro pelo Código Civil de 2002.
Define-se a empresa e a figura do empresário. A seguir, expõem-se as sociedades
do Direito Privado, distinguindo as simples das empresárias. Para isso, estabelecem-
se três critérios diferenciadores. Finalmente, para enfatizar a importância de se
constituir a sociedade e registrá-la no órgão competente, são mostradas as
conseqüências da atividade irregular, principalmente no que diz respeito à
responsabilidade civil dos sócios.
Durante todo o trabalho, é feita menção ao local adequado de registro e
utilizam-se diversos quadros para sistematizar a matéria.
13

2 O SISTEMA NOTARIAL E REGISTRAL

O coração do sistema notarial e registral brasileiro é o art. 236 da


Constituição da República: “Os serviços notariais e de registro são exercidos em
caráter privado, por delegação do Poder Público”. A Lei 8.935/94 veio regulamentar
tal dispositivo, complementando a estrutura criada pela Lei 6.015/73.
Segundo o art. 1º da Lei 8.935/94, os serviços notariais e de registro “são
os de organização técnica e administrativa destinados a garantir a publicidade,
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos”1. Ceneviva (2002, pp. 22-3)
assim define cada desses serviços:
Serviço notarial é a atividade de agente público, autorizado por lei, de redigir,
formalizar e autenticar, com fé pública, instrumentos que consubstanciam
atos jurídicos extrajudiciais do interesse dos solicitantes, sendo também
permitido a autoridades consulares brasileiras, na forma de legislação
especial. (...)
As atribuições do notário decorrem da necessidade de investir uma pessoa
de fé pública, (...) provando efetivamente a existência do direito a que se
refiram. (...)
O serviço do tabelião se caracteriza, em seus aspectos principais, como o
trabalho de compatibilizar com a lei a declaração desejada pelas partes nos
negócios jurídicos de seu interesse. (...)
Serviços de registro dedicam-se, como regra, ao assentamento de títulos de
interesse privado ou público, para garantir oponibilidade a todos os terceiros,
com a publicidade que lhes é inerente, garantindo, por definição legal, a
segurança, a autenticidade e a eficácia dos atos da vida civil a que se
refiram.
Tem-se, portanto, uma rede de serviços públicos, exercidos em caráter
privado, com o fim de garantir aos atos jurídicos publicidade, autenticidade,
segurança e eficácia. Aos olhos do leigo, todos eles são realizados num único lugar:
o cartório. No entanto, a realidade jurídica é bem mais complexa, pois existem sete
tipos de serventias para prestar esses serviços: 1) Notas, 2) Registro de Contratos
Marítimos, 3) Protesto de Títulos, 4) Registro de Imóveis, 5) Registro de Títulos e
Documentos e Registro Civil das Pessoas Jurídicas, 6) Registro Civis das Pessoas
Naturais e de Interdições e Tutelas, 7) Registro de Distribuição. As três primeiras são
titularizadas por tabeliães e as quatro últimas por oficiais registradores. As serventias
podem ser individualizadas ou funcionar cumuladas (ex.: Notas e Registro de
Protesto num mesmo lugar), dependendo da organização judiciária do Estado.
1
Repare que o princípio da publicidade foi acrescido em relação àqueles já previstos no art. 1º da Lei
6.015/73: “Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela legislação civil para
autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos, ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta
Lei.”
14

Ao lado desse regime, ainda existe mais uma forma de registro, no


entanto, este de caráter público. Trata-se das Juntas Comerciais.

2.1 As Diferentes Serventias e suas Funções

Seguindo a ordem do art. 5º da Lei 8.935/942, serão delineadas as


funções de cada serventia.
A primeira delas é a Serventia de Notas. Nos itens I a III, o tabelião redige
e formaliza a vontade das partes. Nos itens IV e V, ele dá autenticidade ao ato3.
Aos tabeliães de notas compete com exclusividade:
I - lavrar escrituras e procurações, públicas;
II - lavrar testamentos públicos e aprovar os cerrados;
III - lavrar atas notariais;
IV - reconhecer firmas;
V - autenticar cópias.
A segunda é a de Registro de Contratos Marítimos4.
Aos tabeliães e oficiais de registro de contratos marítimos compete:
I - lavrar os atos, contratos e instrumentos relativos a transações de
embarcações a que as partes devam ou queiram dar forma legal de escritura
pública;
II - registrar os documentos da mesma natureza;
III - reconhecer firmas em documentos destinados a fins de direito marítimo;
IV - expedir traslados e certidões.
A terceira é a de Registro de Protesto5.
Aos tabeliães de protesto de título compete privativamente:
I - protocolar de imediato os documentos de dívida, para prova do
descumprimento da obrigação;
II - intimar os devedores dos títulos para aceitá-los, devolvê-los ou pagá-los,
sob pena de protesto;
III - receber o pagamento dos títulos protocolizados, dando quitação;
IV - lavrar o protesto, registrando o ato em livro próprio, em microfilme ou sob
outra forma de documentação;
V - acatar o pedido de desistência do protesto formulado pelo apresentante;
VI - averbar:
a) o cancelamento do protesto;
b) as alterações necessárias para atualização dos registros efetuados;
VII - expedir certidões de atos e documentos que constem de seus registros
e papéis.

2
Observe que a nomenclatura dos serviços de registro mudou com relação ao art. 1º da Lei 6.015/73:
“§1º. Os Registros referidos neste artigo são os seguintes: I - o registro civil de pessoas naturais; II - o
registro civil de pessoas jurídicas; III - o registro de títulos e documentos; IV - o registro de imóveis.
§2º Os demais registros reger-se-ão por leis próprias.”
3
Art. 7º da Lei 8.935/94.
4
Art. 10 da Lei 8.935/94.
5
Art. 11 da Lei 8.935/94.
15

A quarta é a de Registro de Imóveis. Matrícula é a individualização do


imóvel. À sua margem registram-se e averbam-se as seguintes ocorrências6.
No Registro de Imóveis, além da matrícula, serão feitos.
I - o registro:
1) da instituição de bem de família;
2) das hipotecas legais, judiciais e convencionais;
3) dos contratos de locação de prédios, nos quais tenha sido consignada
cláusula de vigência no caso de alienação da coisa locada;
4) do penhor de máquinas e de aparelhos utilizados na indústria, instalados e
em funcionamento, com os respectivos pertences ou sem eles;
5) das penhoras, arrestos e seqüestros de imóveis;
6) das servidões em geral;
7) do usufruto e do uso sobre imóveis e da habitação, quando não resultarem
do direito de família;
8) das rendas constituídas sobre imóveis ou a eles vinculadas por disposição
de última vontade;
9) dos contratos de compromisso de compra e venda de cessão deste e de
promessa de cessão, com ou sem cláusula de arrependimento, que tenham
por objeto imóveis não loteados e cujo preço tenha sido pago no ato de sua
celebração, ou deva sê-lo a prazo, de uma só vez ou em prestações;
10) da enfiteuse;
11) da anticrese;
12) das convenções antenupciais;
13) das cédulas de crédito rural;
14) das cédulas de crédito, industrial;
15) dos contratos de penhor rural;
16) dos empréstimos por obrigações ao portador ou debêntures, inclusive as
conversíveis em ações;
17) das incorporações, instituições e convenções de condomínio;
18) dos contratos de promessa de venda, cessão ou promessa de cessão de
unidades autônomas condominiais a que alude a Lei nº 4.591, de 16 de
dezembro de 1964, quando a incorporação ou a instituição de condomínio se
formalizar na vigência desta Lei;
19) dos loteamentos urbanos e rurais;
20) dos contratos de promessa de compra e venda de terrenos loteados em
conformidade com o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de 1937, e
respectiva cessão e promessa de cessão, quando o loteamento se formalizar
na vigência desta Lei;
21) das citações de ações reais ou pessoais reipersecutórias, relativas a
imóveis;
22) (Revogado pela Lei nº 6.850, de 1980)
23) dos julgados e atos jurídicos entre vivos que dividirem imóveis ou os
demarcarem inclusive nos casos de incorporação que resultarem em
constituição de condomínio e atribuírem uma ou mais unidades aos
incorporadores;
24) das sentenças que nos inventários, arrolamentos e partilhas, adjudicarem
bens de raiz em pagamento das dívidas da herança;
25) dos atos de entrega de legados de imóveis, dos formais de partilha e das
sentenças de adjudicação em inventário ou arrolamento quando não houver
partilha;
26) da arrematação e da adjudicação em hasta pública;
27) do dote;
28) das sentenças declaratórias de usucapião;
29) da compra e venda pura e da condicional;
30) da permuta;
31) da dação em pagamento;
32) da transferência, de imóvel a sociedade, quando integrar quota social;

6
Art. 167 da Lei 6.015/73.
16

33) da doação entre vivos;


34) da desapropriação amigável e das sentenças que, em processo de
desapropriação, fixarem o valor da indenização;
35) da alienação fiduciária em garantia de coisa imóvel.
36) da imissão provisória na posse, e respectiva cessão e promessa de
cessão, quando concedido à União, Estados, Distrito Federal, Municípios ou
suas entidades delegadas, para a execução de parcelamento popular, com
finalidade urbana, destinado às classes de menor renda.
37) dos termos administrativos ou das sentenças declaratórias da concessão
de uso especial para fins de moradia;
38) (VETADO)
39) da constituição do direito de superfície de imóvel urbano;
40) do contrato de concessão de direito real de uso de imóvel público.
II - a averbação:
1) das convenções antenupciais e do regime de bens diversos do legal, nos
registros referentes a imóveis ou a direitos reais pertencentes a qualquer dos
cônjuges, inclusive os adquiridos posteriormente ao casamento;
2) por cancelamento, da extinção dos ônus e direitos reais;
3) dos contratos de promessa de compra e venda, das cessões e das
promessas de cessão a que alude o Decreto-lei nº 58, de 10 de dezembro de
1937, quando o loteamento se tiver formalizado anteriormente à vigência
desta Lei;
4) da mudança de denominação e de numeração dos prédios, da edificação,
da reconstrução, da demolição, do desmembramento e do loteamento de
imóveis;
5) da alteração do nome por casamento ou por desquite, ou, ainda, de outras
circunstâncias que, de qualquer modo, tenham influência no registro ou nas
pessoas nele interessadas;
6) dos atos pertinentes a unidades autônomas condominiais a que alude a
Lei nº 4.591, de 16 de dezembro de 1964, quando a incorporação tiver sido
formalizada anteriormente à vigência desta Lei;
7) das cédulas hipotecárias;
8) da caução e da cessão fiduciária de direitos relativos a imóveis;
9) das sentenças de separação de dote;
10) do restabelecimento da sociedade conjugal;
11) das cláusulas de inalienabilidade, impenhorabilidade e
incomunicabilidade impostas a imóveis, bem como da constituição de
fideicomisso;
12) das decisões, recursos e seus efeitos, que tenham por objeto atos ou
títulos registrados ou averbados;
13) " ex offício ", dos nomes dos logradouros, decretados pelo poder público.
14) das sentenças de separação judicial, de divórcio e de nulidade ou
anulação de casamento, quando nas respectivas partilhas existirem imóveis
ou direitos reais sujeitos a registro.
15 - da re-ratificação do contrato de mútuo com pacto adjeto de hipoteca em
favor de entidade integrante do Sistema Financeiro da Habitação, ainda que
importando elevação da dívida, desde que mantidas as mesmas partes e que
inexista outra hipoteca registrada em favor de terceiros.
16) do contrato de locação, para os fins de exercício de direito de
preferência.
17) do Termo de Securitização de créditos imobiliários, quando submetidos a
regime fiduciário.
18) da notificação para parcelamento, edificação ou utilização compulsórios
de imóvel urbano;
19) da extinção da concessão de uso especial para fins de moradia;
20) da extinção do direito de superfície do imóvel urbano.
21) da cessão de crédito imobiliário.
22. da reserva legal;
23. da servidão ambiental.
17

A quinta é a de Registro de Títulos e Documentos e de Registro Civil de


Pessoas Jurídicas. Vê-se que cumulam dois serviços em uma só serventia. As
atribuições do Registro de Títulos e Documentos são7:
Art. 127. No Registro de Títulos e Documentos será feita a transcrição:
I - dos instrumentos particulares, para a prova das obrigações convencionais
de qualquer valor;
II - do penhor comum sobre coisas móveis;
III - da caução de títulos de crédito pessoal e da dívida pública federal,
estadual ou municipal, ou de Bolsa ao portador;
IV - do contrato de penhor de animais, não compreendido nas disposições do
art. 10 da Lei nº 492, de 30-8-1934;
V - do contrato de parceria agrícola ou pecuária;
VI - do mandado judicial de renovação do contrato de arrendamento para sua
vigência, quer entre as partes contratantes, quer em face de terceiros (art.
19, § 2º do Decreto nº 24.150, de 20-4-1934);
VII - facultativo, de quaisquer documentos, para sua conservação.
Parágrafo único. Caberá ao Registro de Títulos e Documentos a realização
de quaisquer registros não atribuídos expressamente a outro ofício.
Art. 129. Estão sujeitos a registro, no Registro de Títulos e Documentos, para
surtir efeitos em relação a terceiros:
1º) os contratos de locação de prédios, sem prejuízo do disposto do artigo
167, I, nº 3;
2º) os documentos decorrentes de depósitos, ou de cauções feitos em
garantia de cumprimento de obrigações contratuais, ainda que em separado
dos respectivos instrumentos;
3º) as cartas de fiança, em geral, feitas por instrumento particular, seja qual
for a natureza do compromisso por elas abonado;
4º) os contratos de locação de serviços não atribuídos a outras repartições;
5º) os contratos de compra e venda em prestações, com reserva de domínio
ou não, qualquer que seja a forma de que se revistam, os de alienação ou de
promessas de venda referentes a bens móveis e os de alienação fiduciária;
6º) todos os documentos de procedência estrangeira, acompanhados das
respectivas traduções, para produzirem efeitos em repartições da União, dos
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios ou em qualquer
instância, juízo ou tribunal;
7º) as quitações, recibos e contratos de compra e venda de automóveis, bem
como o penhor destes, qualquer que seja a forma que revistam;
8º) os atos administrativos expedidos para cumprimento de decisões
judiciais, sem trânsito em julgado, pelas quais for determinada a entrega,
pelas alfândegas e mesas de renda, de bens e mercadorias procedentes do
exterior.
9º) os instrumentos de cessão de direitos e de créditos, de sub-rogação e de
dação em pagamento.
Art. 160. O oficial será obrigado, quando o apresentante o requerer, a
notificar do registro ou da averbação os demais interessados que figurarem
no título, documento, o papel apresentado, e a quaisquer terceiros que lhes
sejam indicados, podendo requisitar dos oficiais de registro em outros
Municípios, as notificações necessárias. Por esse processo, também,
poderão ser feitos avisos, denúncias e notificações, quando não for exigida a
intervenção judicial.
O Registro de Títulos e Documentos tem a peculiaridade de ser o
repositório de registro (facultativo) de qualquer ato para sua conservação, uma vez
que a certidão do ato terá a mesma validade do documento original. Ademais, é

7
Lei 6.015/973.
18

nessa serventia onde se devem executar as notificações extrajudiciais, como, por


exemplo, para interromper a prescrição ou para comunicar formalmente alguém de
algo (é o caso da notificação a uma empresa de telefonia do cancelamento da
assinatura, quando o cliente não consegue fazê-lo por meio do serviço 0800).
Outrossim, é curial ressaltar que o Registro de Títulos e Documentos tem caráter
supletivo, pois é o lugar adequado para a realização de qualquer registro não
atribuído expressamente a outro ofício.
Com relação ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, suas atribuições
são8:
9
No Registro Civil de Pessoas Jurídicas serão inscritos :
I - os contratos, os atos constitutivos, o estatuto ou compromissos das
sociedades civis, religiosas, pias, morais, científicas ou literárias, bem como o
das fundações e das associações de utilidade pública;
II - as sociedades civis que revestirem as formas estabelecidas nas leis
comerciais, salvo as anônimas.
III - os atos constitutivos e os estatutos dos partidos políticos.
Parágrafo único. No mesmo cartório será feito o registro dos jornais,
periódicos, oficinas impressoras, empresas de radiodifusão e agências de
notícias a que se refere o art. 8º da Lei nº 5.250, de 9-2-1967.
A sexta serventia é a de Registro Civil das Pessoas Naturais e de
Interdições e Tutelas10.
Serão registrados no registro civil de pessoas naturais:
I - os nascimentos;
II - os casamentos;
III - os óbitos;
IV - as emancipações;
V - as interdições;
VI - as sentenças declaratórias de ausência;
VII - as opções de nacionalidade;
VIII - as sentenças que deferirem a legitimação adotiva.
§ 1º Serão averbados:
a) as sentenças que decidirem a nulidade ou anulação do casamento, o
desquite e o restabelecimento da sociedade conjugal;
b) as sentenças que julgarem ilegítimos os filhos concebidos na constância
do casamento e as que declararem a filiação legítima;
c) os casamentos de que resultar a legitimação de filhos havidos ou
concebidos anteriormente;
d) os atos judiciais ou extrajudiciais de reconhecimento de filhos ilegítimos;
e) as escrituras de adoção e os atos que a dissolverem;
f) as alterações ou abreviaturas de nomes.
A sétima e última é o Registro de Distribuição11.
Aos oficiais de registro de distribuição compete privativamente:
I - quando previamente exigida, proceder à distribuição eqüitativa pelos
serviços da mesma natureza, registrando os atos praticados; em caso

8
Art. 114 da Lei 6.015/73.
9
"(...) ao contrário do que se presume, ali não se identifica exaustivamente que pessoas jurídicas
estariam inscritas no RCPJ. A lista é meramente enunciativa." (MELO JR., 2003, pp. 241-2).
10
Art. 29 da Lei 6.015/973.
11
Art. 13 da Lei 8.935/94.
19

contrário, registrar as comunicações recebidas dos órgãos e serviços


competentes;
II - efetuar as averbações e os cancelamentos de sua competência;
III - expedir certidões de atos e documentos que constem de seus registros e
papéis.
Como dito anteriormente, fora do sistema privatizado de registro, ainda
restam as Juntas Comerciais. Elas fazem parte do Sistema Nacional de Registro de
Empresas Mercantis. Existe uma Junta Comercial em cada unidade federativa. Cabe
a elas12:
I - a matrícula e seu cancelamento: dos leiloeiros, tradutores públicos e
intérpretes comerciais, trapicheiros e administradores de armazéns-gerais;
II - O arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
b) dos atos relativos a consórcio e grupo de sociedade de que trata a Lei nº
6.404, de 15 de dezembro de 1976;
c) dos atos concernentes a empresas mercantis estrangeiras autorizadas a
funcionar no Brasil;
d) das declarações de microempresa;
e) de atos ou documentos que, por determinação legal, sejam atribuídos ao
Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins ou daqueles que
possam interessar ao empresário e às empresas mercantis;
III - a autenticação dos instrumentos de escrituração das empresas mercantis
registradas e dos agentes auxiliares do comércio, na forma de lei própria.
Diante do exposto, verifica-se que não é simplesmente “ir ao cartório”
quando se precisa da intervenção de notários e registradores. O sistema é
complexo. Cada tipo de ato demanda uma serventia diferente. Além do mais, é
possível que exista mais de uma serventia da mesma espécie no município. Nesse
caso, devem ser analisadas inúmeras regras de atribuição. A única serventia de livre
escolha é a de Notas. As demais ou vai depender da localização do ato sujeito a
registro (registro de imóveis, registro de nascimento etc.) ou da participação de um
distribuidor (protestos).

2.2 O Registro das Pessoas Jurídicas

Fenômeno bem interessante ocorre com relação ao registro das pessoas


jurídicas. No Brasil existem dois órgãos de registro, um público e um privado, com
competências distintas.

12
Art. 32 da Lei 8.934/94 combinado com o art. 8º, I, da mesma lei.
20

As sociedades do Direito Mercantil eram inicialmente registradas nos


Tribunais do Comércio (art. 4º do revogado Código Comercial) e as pessoas
jurídicas do Direito Civil não tinham nenhum órgão próprio de registro até 1924,
como esclarece Azevedo:
(...) não havia ainda entre nós um ofício especial para Registro Civil das
pessoas jurídicas, constituindo esse serviço apenas um dos encargos
confiados, sem sistema, a diversos funcionários, ainda que em maior parte
ao Oficial do Registro de Títulos e Documentos. (AZEVEDO, 1929, p. 138).
Hoje o sistema continua dividido. As sociedades empresárias devem ser
registradas nas Juntas Comerciais e as pessoas jurídicas civis devem sê-lo no
Registro Civil das Pessoas Jurídicas13. Vejam-se os dispositivos legais:
Código Civil:
Art. 45. Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado
com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se
no registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo.
Art. 985. A sociedade adquire personalidade jurídica com a inscrição, no
registro próprio e na forma da lei, dos seus atos constitutivos (arts. 45 e
1.150).
Art. 1.150. O empresário e a sociedade empresária vinculam-se ao Registro
Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais, e a
sociedade simples ao Registro Civil das Pessoas Jurídicas, o qual deverá
obedecer às normas fixadas para aquele registro, se a sociedade simples
adotar um dos tipos de sociedade empresária.
Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73):
Art. 119. A existência legal das pessoas jurídicas só começa com o registro
de seus atos constitutivos.
Lei do Registro Público de Empresas Mercantis (Lei 8.935/94):
Art. 32. O registro compreende:
II - O arquivamento:
a) dos documentos relativos à constituição, alteração, dissolução e extinção
de firmas mercantis individuais, sociedades mercantis e cooperativas;
O seguinte quadro, que será detalhadamente explicado no capítulo 4,
resume o sistema de registro das pessoas jurídicas:

REGISTRO DE PESSOAS JURÍDICAS


REGISTRO CIVIL DAS PESSOAS JUNTA COMERCIAL
JURÍDICAS14 (ARQUIVAMENTO)
(REGISTRO E AVERBAÇÃO)
Sociedade em nome coletivo* Sociedade em nome coletivo
Sociedade em comandita simples* Sociedade em comandita simples

13
Tecnicamente, o registro e a averbação no Registro Civil das Pessoas Jurídicas equivalem ao
arquivamento na Junta Comercial.
14
“As sociedades de advogados subordinam-se aos preceitos da Lei n. 8.906/94, arts. 15 a 17.”
(CENEVIVA, 2005, p. 254). O registro é na OAB.
21

Sociedade limitada* Sociedade limitada


Sociedade simples (stricto sensu) Sociedade em comandita por ações
(Sociedade) Cooperativa Sociedade Anônima
Fundações
Associações
Organizações Religiosas
Partidos Políticos15 * art. 1.150, CC: o RCPJ deve obedecer às
mesmas normas fixadas para o Registro Público
Sindicatos de Empresas Mercantis

Enquanto para a pessoa natural o registro de nascimento é apenas


declaratório, para a pessoa jurídica o registro civil é constitutivo 16: é ele que lhe dá
existência legal e personalidade jurídica17.
Somente com o registro ter-se-á a aquisição da personalidade jurídica. Tal
registro de atos constitutivos de sociedade simples dar-se-á no Registro Civil
das Pessoas Jurídicas (CC, arts. 998, 1.000, 1.150, 2ª parte), sendo que as
sociedades empresárias deverão ser registradas no Registro Público de
Empresas Mercantis (CC, art. 1.150, 1ª parte), sendo competentes para a
prática de tais atos as Juntas Comerciais, e seguem o disposto nas normas
dos arts. 1.150 e 1.154 do Código Civil. O registro da pessoa jurídica civil
competirá ao oficial do Registro Público, que seguirá o comando contido nos
arts. 114 a 121 (com alteração da Lei n. 9.042/95) da Lei n. 6.015/73. (FIUZA,
2006, p. 47).
Os atos constitutivos18 sujeitos a registro podem ser feitos por escritura
pública ou particular19. “O assento da constituição vincula os registros posteriores,

15
“O registro civil da pessoa jurídica, além de lhe atribuir personalidade de direito (art. 119), pode
produzir outros efeitos. Assim, por exemplo, habilita o partido político a submeter seus estatutos ao
TSE.” (CENEVIVA, 2005, p. 251). “Para alguns tipos de pessoas jurídicas, independentemente do
registro civil, a lei, por vezes, impõe o registro em algum outro órgão, com finalidade cadastral e de
reconhecimento de validade de atuação, como é o caso dos partidos políticos que (...) devem ser
inscritos no Tribunal Superior Eleitoral. (GAGLIANO, 2007, p. 189/90).
16
“Assim, o registro tem efeito constitutivo, diferentemente do que ocorre com o RCPN, que tem
efeito meramente declaratório.” (SIQUEIRA). “E, se assim é, observa-se que o registro da pessoa
jurídica tem natureza constitutiva, por ser atributivo de sua personalidade, diferentemente do registro
civil de nascimento da pessoa natural, eminentemente declaratório da condição de pessoa, já
adquirida no instante do nascimento com vida.” (GAGLIANO, 2007, p. 188).
17
“A existência legal das sociedades – como ocorre com as demais pessoas jurídicas de direito
privado – começa com a inscrição do ato constitutivo – contrato social ou estatuto. Essa inscrição se
faz no Registro Público das Empresas Mercantis, a cargo das Juntas Comerciais, em se tratando de
sociedades empresárias, e nos Cartórios Civis das Pessoas Jurídicas, quanto às sociedades
simples.” (NEGRÃO, 2007, p. 232).
18
Art. 1º, § 2º, da Lei. n. 8.906/94: “Os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas, sob pena
de nulidade, só podem ser admitidos a registro, nos órgãos competentes, quando visados por
advogados.”
19
Art. 997 do Código Civil.
“O registro (estrito senso) é o meio de constituição de uma pessoa jurídica e tem por base um
instrumento público ou particular. Os atos de averbação também podem ser feitos por meio de
instrumento público ou particular. (...) Os atos de registro/averbação exigem reconhecimento de firma
22

conseqüentemente da dinâmica da vida da pessoa jurídica, ao mesmo serviço


registrário.” (CENEVIVA, 2005, p. 251). “O Registro Civil das Pessoas Jurídicas ou a
Junta Comercial têm o dever de não aceitar para registro atos constitutivos de
sociedades que não se refiram à respectiva competência.” (COELHO, 2009) 20.
No período que medeia a criação da sociedade e seu registro, os
administradores respondem pessoalmente pelos atos praticados por ela, pois eles
são considerados de sociedade irregular, podendo ser, no entanto, ratificados. O ato
de registro, todavia, não é retroativo.
São efeitos do registro segundo Siqueira:
 Pessoais: a PJ não se confunde com a pessoa dos seus sócios. Portanto,
ela sempre age em nome próprio.
 Patrimonial: o patrimônio da sociedade é da PJ, que não deve se
confundir com o patrimônio dos sócios, em regra. A exceção fica por conta da
regra do artigo 50 do CC (desconsideração da personalidade jurídica).
 Obrigacional: as obrigações assumidas pela PJ são obrigações dela. Com
o registro a sociedade adquire nome, nacionalidade e domicílio.
 Processual: quem é acionado ou quem vai acionar é a PJ, e não os
sócios. (SIQUEIRA).
Caso o registro não seja feito21, ou seja feito de forma irregular (por
exemplo, no órgão incompetente), a sociedade torna-se em comum (arts. 986 a 990
do Código Civil) 22. O Direito não ignora a sua existência fática e ainda lhe confere
alguns efeitos.
Antes de qualquer ato de cunho estatal a personalidade desses entes já
existe, ainda que em estado potencial. Esses entes podem ser tratados como
sociedades irregulares, mas não se nega que já tenham certos atributos de
personalidade. (VENOSA, 2004a, p. 257).
Tanto as sociedades de fato como as irregulares não possuem personalidade
jurídica, pois lhes falta a inscrição no “registro peculiar”, que é o Registro
Público de Empresas Mercantis. Convém esclarecer que essas entidades
não perdem a sua condição de sociedades empresárias, valendo a
advertência de Pedro Lessa de que “sociedade irregular é menos que a
sociedade regular e mais que a comunhão de bens, tomada esta expressão
em sentido restrito”. (REQUIÃO, 2003, p. 381).

e também nos atos constitutivos e alterações de sociedades simples, visto do advogado. Porém, o
visto do advogado poder ser dispensado para as sociedades enquadráveis como microempresa (ME)
ou empresas de pequeno porte (EPP), conforme LC 123/06.” (SIQUEIRA).
20
No mesmo sentido com relação ao RCPJ: “Objeto da sociedade será o enunciado no ato
constitutivo, a ser aferido pelo oficial, na literalidade das palavras inseridas. Se o oficial verificar que o
objeto da sociedade é de natureza mercantil, não fará o registro.” (CENEVIVA, 2005, p. 256).
21
“A ausência do registro impossibilita, ainda, a faculdade de obter o enquadramento de
microempresa, conforme decorre do art. 3º da Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006,
que restringe a incidência legal à sociedade empresária, à sociedade simples e ao empresário ‘a que
se refere o art. 966 da Lei n. 10.406, de 10 de janeiro de 2002, devidamente registrados no Registro
de Empresas Mercantis ou no Registro Civil de Pessoas Jurídicas’.” (NEGRÃO, 2007, p. 177).
22
Enunciado 58 da I Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 986 e seguintes: a sociedade em comum
compreende as figuras doutrinárias da sociedade de fato e da irregular.”
23

Interessante a lição de Siqueira com relação ao artigo 1.150 do Código


23
Civil :
O referido dispositivo traz em seu bojo uma novidade, que não pode passar
despercebida, qual seja, deverá o Registro Civil das Pessoas Jurídicas,
quando a sociedade simples adotar um dos tipos de sociedade empresária
possíveis (sociedade limitada, sociedade em comandita simples e sociedade
em nome coletivo), obedecer às normas fixadas para o Registro Público de
Empresas Mercantis, diferentemente do que dispunha o artigo 1.364 do
Código Civil de 1916. (...)
Assim sendo, se uma sociedade simples adotar, por exemplo, a forma de
uma sociedade limitada, deverá o registrador ater-se aos referidos diplomas
legais. Em o fazendo, poderá: a) exigir visto de advogado apenas nos seus
atos constitutivos; b) deixar de exigir a passagem dos contratos sociais e
suas alterações, previamente, pelos órgãos de fiscalização de exercício
profissional (Conselhos Regionais); e, c) dispensar o reconhecimento de
firmas apostas nos instrumentos de contrato social e alterações contratuais,
consoante o disposto nos artigos 36, 37 e 39 do aludido Decreto,
respectivamente. (SIQUEIRA, 2009b).
Ainda com relação ao art. 1.150, a doutrina questiona o registro das
cooperativas na Junta Comercial24. Sendo sociedade simples, por coerência do
sistema, as cooperativas devem ser registradas no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas.
A lei de cooperativismo (Lei 5764/71) diz que ela é uma sociedade civil, mas
que o registro é feito na Junta Comercial (art. 18).
Com o CC/02, para alguns doutrinadores, como Arnoldo Wald, Fábio Ulhoa,
José Edwaldo Tavares Borba, etc..., como houve uma mudança de regime
jurídico, a competência de registro seria do RCPJ. Já outros entendem que a
competência continua sendo da JC.
Enunciado 69 do CJF – a competência para registro é da JC. O Prof. Silvio
Venosa, que também entende ser da competência do RCPJ o registro de
cooperativas, provocou nova discussão sobre o tema na IV Jornada de
Direito Civil. Todavia, ele não conseguiu alterar o aludido Enunciado, pois,
para a maioria dos componentes da Comissão de Direito de Empresa, da
qual participou o prof. Graciano, a cooperativa deve ter registro perante a
Junta Comercial. (SIQUEIRA).
(...) o artigo 982, parágrafo único do Código Civil, deixa claro que as
cooperativas são sociedades simples e o artigo 1.150 não abre nenhuma
exceção quando apresenta que os registros das sociedades simples são
efetuados no Registro Civil de Pessoas Jurídicas. (BUONNAFINA, 2009)
Merece destaque, também, a conceituação das cooperativas, face à ab-
rogação da competência registrária das Juntas Comerciais para seu registro.

23
"a norma inscrita no art. 1.150 tem eficácia imediata a partir do início da vigência do Código de
2002, não sendo necessária qualquer alteração da Lei n. 6.015/73 ou a edição de qualquer ato
regulamentador do registro do comércio para lhe assegurar plena vigência". (MODESTO
CARVALHOSA, 2003, p. 669). “A sociedade simples pode erigir estrutura peculiar, observando as
regras gerais determinadas nos arts. 997 e segs. do Código Civil. Poderá adotar o tipo societário
próprio de qualquer das sociedades empresárias (salvo o das sociedades por ações), conforme
permitem os arts. 983 e a1.150, parte final. Neste caso obedecerá às normas do registro público das
empresas mercantis, embora a competência para o seu registro continue com o registro civil das
pessoas jurídicas.” (REQUIÃO, 2003, p. 405).
24
Enunciado 69 da I Jornada de Direito Civil (CJF) – Art. 1.093: as sociedades cooperativas são
sociedades simples sujeitas à inscrição nas juntas comerciais.
24

Ao enunciar, o parágrafo único do art. 982, que, "independentemente de seu


objeto, considera-se empresária a sociedade por ações; e, simples, a
cooperativa", e, acrescentando, em seu art. 998, que as sociedades simples
serão registradas nos Registros Civis das Pessoas Jurídicas, dispôs, taxativa
e completamente, sobre o assunto, ab-rogado restou o dispositivo da Lei
5.764, de 16.12.1971, que atribuía às Juntas Comerciais tal registro. (RÊGO).
Fábio Ulhoa Coelho lembra que a Lei 8.935/94 trouxe mudanças nas
atribuições registrais, seguidas por outras mudanças advindas do novo Código Civil:
A mais importante inovação da lei de 1994 foi a ampliação do âmbito do
registro. Até então, fora as companhias (que se consideravam mercantis
independentemente de seu objeto: art. 2º, §1º, da LSA), apenas as
sociedades limitadas dedicadas à exploração de atividade mercantil, segundo
a teoria dos atos de comércio, podiam ter seus atos constitutivos registrados
na Junta Comercial. As demais limitadas, com objeto social relacionado a
atividade civil, tinham negado o pedido de registro neste órgão e deviam
buscar os Registros Civis de Pessoas Jurídicas mantidos pelos Cartórios de
Títulos e Documentos. Era, por exemplo, o caso das agências de
propaganda e de outras empresas prestadoras de serviços, que nem sempre
conseguiam fazer-se registrar na Junta. A partir da Lei n. 8.937/94, qualquer
sociedade com finalidade econômica, independentemente de seu objeto,
podia registrar-se na Junta Comercial. Com a entrada em vigor do Código
Civil de 2002, o âmbito do registro pelas Juntas Comerciais voltou a se
restringir (art. 998). Apenas as sociedades empresárias devem ser
atualmente registradas nas Juntas. As sociedades simples são registradas no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas e as voltadas à prestação de serviços de
advocacia devem ter seus atos constitutivos levados à Ordem dos
Advogados do Brasil – OAB (Lei n. 8.906/94, art. 15, §1º). (COELHO, 2007a,
pp. 67-8).
A Lei 8.935/94 instituiu alguns benefícios aos empresários: a) retroage os
efeitos do registro à data da constituição se os atos constitutivos forem apresentados
dentro de trinta dias (art. 36); b) a certidão da junta comercial é documento hábil
para transferência de imóvel para a sociedade, dispensando escritura pública 25.

2.3 O Princípio da Especialidade e Qualificação Registral

25
“A atual Lei de Registros de Empresas (Lei n. 8,934/94) trouxe uma novidade no que se refere ao
registro de imóveis, atribuindo à certidão da Junta Comercial o mesmo valor da escritura para o efeito
de transferir o imóvel dado para a formação ou aumento do capital social. Segundo o art. 64, a
certidão é documento hábil para a transferência no registro público competente.” (NEGRÃO, 2007, p.
186). “Em SP, o entendimento é que uma sociedade simples, cujo capital tenha sido integralizado
com bem imóvel, deva fazer a conferência desse bem por meio de escritura pública, diferentemente
do que ocorre com a sociedade empresária, para a qual o título hábil para a transferência da
propriedade do imóvel, da pessoa física do sócio para a pessoa jurídica, é o próprio contrato social ou
alteração contratual, mesmo que feito por instrumento particular (aplicação da regra do art. 64 da Lei
nº 8934/94).” (SIQUEIRA).
25

No seu mister de dar autenticidade, segurança e eficácia aos atos


jurídicos, os tabeliães e registradores devem ser muito rigorosos no exame dos
documentos que lhes são apresentados. Segundo o professor Valestan Milhomen
Costa, deve ser seguido o seguinte esquema para exame dos títulos:
EXAME DO TÍTULO
4º - Exame da Especialidade
Objetiva e Subjetiva
Fundamento: § 2º, art. 225, e § 2º, art. 294, LRP.
Requisitos: Art. 176, § 1º, II, 3 e 4, §§ 3º e 4º, LRP
Observação:
Tempus Regit Actum
5º - QUALIFICAÇÃO EXTRÍNSECA
- título original
- rasuras (ressalvas)
- assinatura do tabelião
- idioma nacional
- elementos de segurança
- reconhecimento de firmas (documento particular)
- sinal público (de outra comarca)
6º - QUALIFICAÇÃO INTRÍNSECA
- forma (art. 108, CC)
- capacidade e representação das pessoas físicas
- havendo procuração, se atende à forma exigida em lei para o ato (art. 657,
CC)
- se a procuração for estrangeira, se consta o registro da tradução em RTD
(art. 163, LRP)
- havendo alvará, se está devidamente identificado na escritura (art. 224,
LRP)
- se contém autorização (art. 1.647, CC)
- se compareceram os intervenientes (preferência, sucessão, alienação
fiduciária, etc)
- certidões e declarações exigidas para o ato (art. 215, § 1º, CC e Lei
7.433/85)
- pagamento dos tributos (art. 289, LRP)
- representação das pessoas jurídicas
(sociedades simples, sociedade anônima, associações, fundações, etc)
- outras, de natureza legal, para tipicidade e validade do negócio (ex.: valor
dos bens e da torna na permuta, etc).
OBSERVAÇÃO
a qualificação intrínseca deve basear-se no que contém no título. (COSTA)
O princípio da especialidade se consubstancia na individualização e descrição
minuciosa de tudo que esteja envolvido no título, permitindo a individualização de cada
sujeito e objeto de maneira inequívoca. “Exige a plena e perfeita identificação do imóvel
(urbano ou rural) e do titular do direito real nos documentos, através da indicação precisa
das medidas, características e confrontações (objetiva), bem como da qualificação completa
(subjetiva).” (ERPEN; PAIVA, 2004). A especialidade pode ser:
a) - OBJETIVA – atém-se à identificação do imóvel, que, à vista do disposto
na Lei 6.015/73, art. 176, parágrafo 1º., inciso II, número 3, e nas Normas de
Serviço da Corregedoria Geral da Justiça, Cap. XX, itens 48 e 49, e subitens
48.1 e 49.1, deve trazer:
26

a.1 - se urbano: medidas; área; confrontações; localização e nome do


logradouro para o qual faz frente; o número, quando se tratar de prédio; ou,
sendo terreno, se fica do lado par ou ímpar do logradouro, em que quadra e a
que distância métrica da edificação ou da esquina mais próxima; ou número
do lote e da quadra, se houver; bem como a designação cadastral, também
se houver – ver Notas 1, 2 e 4 -;
a.2 - se rural: as medidas, área e confrontações do imóvel; sua denominação,
localização e o distrito em que se situa. Deve ainda fazer parte da
caracterização desse tipo de imóvel o código que tem junto ao INCRA e que
se vê no Comprovante de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR -, além da área,
módulo e fração mínima de parcelamento que se observa no respectivo
comprovante cadastral. Quando da apresentação para registro de
instrumento que transmite ou onere imóvel rural, fazer acompanhar dito CCIR
do último exercício, e também prova de quitação do ITR dos últimos cinco
o
anos (Lei 4.947/66 – art. 22, parágrafo 3 ., acrescentado pela Lei 10.267/01) -
ver Notas 3 e 4 -.(...)
b) – SUBJETIVA: que se atém a perfeita identificação do proprietário do
imóvel. a qual, de acordo com o disposto no mesmo artigo 176, parágrafo 1º.,
inciso II, número 4, alíneas "a" e "b", deve trazer os seguintes dados: o nome,
domicílio e nacionalidade do proprietário. Tratando-se de pessoa física,
informar ainda o estado civil, a profissão, o número do CPF ou do RG da
cédula de identidade, ou, à falta deste, sua filiação. (...)
quando pessoas físicas, identificados com a nacionalidade; estado civil;
profissão; domicílio; residência; estado civil; regime de bens, data do
casamento, número de registro do pacto e Oficial que o executou; número do
documento de identidade, repartição expedidora e número do CPF/MF. (...)
quando se tratar de pessoa jurídica, acreditamos nenhuma dúvida termos em
lançar nos assentos registrários somente seu nome, sua sede e número do
CNPJ/MF, não obstante a obrigatoriedade de outros elementos no respectivo
ato, como a data do contrato ou do estatuto que traz a sua constituição,
número de seu registro na Junta Comercial ou no Registro de Pessoas
Jurídicas, e cláusulas que autorizam as pessoas físicas presentes a
representá-la no negócio jurídico a que se refere o instrumento apresentado
para registro. (BUSSO, 2004).
Atendo-se ao objeto da presente monografia, qual seja as sociedades
simples e empresárias, verifica-se que no contrato social ou estatuto, todos os
sócios devem ser qualificados como foi descrito acima, bem como eventual imóvel
que venha a ser outorgado como parte do capital social. No entanto, o próprio
negócio jurídico deve estar hígido, contendo tudo que a lei lhe impõe como mínimo
necessário. Considerando que ele pode ser realizado por instrumento público ou
particular, optando-se pelo primeiro, deve-se obedecer26:
Salvo quando exigidos por lei outros requisitos, a escritura pública deve
conter:
I - data e local de sua realização;
II - reconhecimento da identidade e capacidade das partes e de quantos
hajam comparecido ao ato, por si, como representantes, intervenientes ou
testemunhas;
III - nome, nacionalidade, estado civil, profissão, domicílio e residência das
partes e demais comparecentes, com a indicação, quando necessário, do
regime de bens do casamento, nome do outro cônjuge e filiação;
IV - manifestação clara da vontade das partes e dos intervenientes;

26
Art. 215 do Código Civil.
27

V - referência ao cumprimento das exigências legais e fiscais inerentes à


legitimidade do ato;
VI - declaração de ter sido lida na presença das partes e demais
comparecentes, ou de que todos a leram;
VII - assinatura das partes e dos demais comparecentes, bem como a do
tabelião ou seu substituto legal, encerrando o ato.
Em todo caso, segundo a Lei de Registros Públicos, para registrar uma
sociedade, os seguintes requisitos devem ser seguidos:
Art. 120. O registro das sociedades, fundações e partidos políticos consistirá
na declaração, feita em livro, pelo oficial, do número de ordem, da data da
apresentação e da espécie do ato constitutivo, com as seguintes indicações:
I - a denominação, o fundo social, quando houver, os fins e a sede da
associação ou fundação, bem como o tempo de sua duração;
II - o modo por que se administra e representa a sociedade, ativa e
passivamente, judicial e extrajudicialmente;
III - se o estatuto, o contrato ou o compromisso é reformável, no tocante à
administração, e de que modo;
IV - se os membros respondem ou não, subsidiariamente, pelas obrigações
sociais;
V - as condições de extinção da pessoa jurídica e nesse caso o destino do
seu patrimônio;
VI - os nomes dos fundadores ou instituidores e dos membros da diretoria,
provisória ou definitiva, com indicação da nacionalidade, estado civil e
profissão de cada um, bem como o nome e residência do apresentante dos
exemplares.
Parágrafo único. Para o registro dos partidos políticos, serão obedecidos,
além dos requisitos deste artigo, os estabelecidos em lei específica.
Já o novo Código Civil, lei mais recente, traz os seguintes27:
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou
público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se
pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos
sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo
compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
V - as prestações a que se obriga o sócio, cuja contribuição consista em
serviços;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus
poderes e atribuições;
VII - a participação de cada sócio nos lucros e nas perdas;
VIII - se os sócios respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações
sociais.
Parágrafo único. É ineficaz em relação a terceiros qualquer pacto separado,
contrário ao disposto no instrumento do contrato.
Com relação ao arquivamento na Junta Comercial, traz a seguinte norma
a Lei 9.835/94:
Art. 37. Instruirão obrigatoriamente os pedidos de arquivamento:

27
Enunciado 214 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Arts. 997 e 1054: As indicações contidas no
art. 997 não são exaustivas, aplicando-se outras exigências contidas na legislação pertinente para
fins de registro.”
28

I - o instrumento original de constituição, modificação ou extinção de


empresas mercantis, assinado pelo titular, pelos administradores, sócios ou
seus procuradores;
II - declaração do titular ou administrador, firmada sob as penas da lei, de
não estar impedido de exercer o comércio ou a administração de sociedade
mercantil, em virtude de condenação criminal;
III - a ficha cadastral segundo modelo aprovado pelo DNRC;
IV - os comprovantes de pagamento dos preços dos serviços
correspondentes;
V - a prova de identidade dos titulares e dos administradores da empresa
mercantil.
Parágrafo único. Além dos referidos neste artigo, nenhum outro documento
será exigido das firmas individuais e sociedades referidas nas alíneas a, b e
d do inciso II do art. 32.
Para evitar atrasos no registro, é muito prudente que o solicitante já redija
o ato da forma mais completa, fazendo todas as qualificações necessárias, e leve
toda a documentação pertinente.
29

3 PESSOA JURÍDICA

A criação do instituto da pessoa jurídica foi uma das maiores contribuições


do Direito para o progresso material da humanidade. Através dela, várias pessoas
unem esforços e capital para um empreendimento comum.
Segundo Requião, o processo de gênese desse instituto começou na
Idade Média, quando os processos de trocas começaram a se sofisticar e o
intercâmbio de mercadorias ultrapassou os limites do Velho Mundo e a Europa
começou a desbravar os demais continentes. As primeiras sociedades comanditas
surgiram no século XI, sendo seguidas pelas companhias na época das Grandes
Navegações e culminando com a criação das sociedades limitadas no séc. XIX.
(REQUIÃO, 2003, p. 359).
A sofisticação das corporações foi acompanhada do processo de limitação
da responsabilidade dos sócios. Não bastava que um ente jurídico fosse capaz de
amealhar capital e trabalho de muitas pessoas com vistas a uma finalidade
comum28. Para empreender de verdade, era necessário criar alguma forma de limitar
o risco, garantindo o patrimônio particular dos sócios.
A partir da afirmação do postulado jurídico de que o patrimônio dos sócios
não responde por dívidas da sociedade, motivam-se investidores e
empreendedores a aplicar dinheiro em atividades econômicas de maior
envergadura e risco. Se não existisse o princípio da separação patrimonial,
os insucessos na exploração da empresa poderiam significar a perda de
todos os bens particulares dos sócios, amealhados ao longo do trabalho de
uma vida ou mesmo de gerações, e, nesse quadro, menos pessoas se
sentiriam estimuladas a desenvolver novas atividades empresariais.
(COELHO, 2007b, pp. 15-6).
No Brasil, desde as Ordenações Filipinas já existia o contrato de
sociedades, porém sem o nascimento de um novo ente, autônomo em relação aos
sócios:
Examinadas as fontes históricas, (...) exceto por atos isolados, específicos, é
nas Ordenações Filipinas, de 1603, que se encontra o primeiro regramento,
que vigorou no Brasil, sobre as sociedades civis (...)
Não conferia, entretanto, o Direito, à época, personalidade jurídica às
sociedades, vistas como mero vínculo contratual entre os sócios. (RÊGO).

28
“Sendo o ser humano eminentemente social, para que possa atingir seus fins e objetivos une-se a
outros homens formando agrupamentos. Ante a necessidade de personalizar tais grupos, para que
participem da vida jurídica, com certa individualidade e em nome próprio, a própria norma de direito
lhes confere personalidade e capacidade jurídica, tornando-os sujeitos de direitos e obrigações.”
(DINIZ, 2003, p. 205).
30

3.1 Personalidade Jurídica

Juridicamente, o que dá autonomia à pessoa jurídica é o fato de o


Direito lhe conferir personalidade jurídica. “Personalidade Jurídica: é a aptidão
genérica, conferida pela lei, para adquirir direitos e obrigações na órbita do direito
civil.” (SIQUEIRA).

(...) que significa para o direito, personalizar alguém ou algo? Qual o traço
diferencial entre o regime dos sujeitos de direito personalizados e
despersonalizados?
O que caracteriza o regime das pessoas, no campo do direito privado, é a
autorização genérica para a prática dos atos jurídicos. Ao personalizar algo
ou alguém, a ordem jurídica dispensa-se de especificar quais atos esse algo
ou alguém está apto a praticar. Em relação às pessoas, a ordem jurídica
apenas delimita o proibido; a pessoa pode fazer tudo, salvo se houver
proibição. Já em relação aos sujeitos despersonalizados, não existe a
autorização genérica para o exercício dos atos jurídicos; eles só podem
praticar os atos essenciais para o seu funcionamento e aqueles
expressamente definidos. Para as não-pessoas, a ordem jurídica não delimita
o proibido, mas o permitido. Mesmo que não exista proibição específica, o
sujeito despersonalizado não pode praticar ato estranho à sua essencial
função. (...)
O sujeito de direito personalizado tem aptidão para a prática de qualquer ato,
exceto o expressamente proibido. Já o despersonalizado somente pode
praticar ato essencial ao cumprimento de sua função ou o expressamente
autorizado. (COELHO, 2007b, pp. 10-1).
Como se viu, não são apenas os entes com personalidade jurídica que
podem realizar atos na esfera civil. Os sujeitos de direito são mais abrangentes.
Veja-se:
Sujeito de Direito = titular de direitos e obrigações. No passado, sujeito de
direito eram as pessoas, ou seja, entes personalizados. Modernamente, ao
lado das pessoas são também considerados sujeitos de direito alguns entes
despersonalizados. (SIQUEIRA).

SUJEITOS DE DIREITO29

ENTES PERSONALIZADOS ENTES


DESPERSONALIZADOS

PESSOAS PESSOAS Massa falida,


JURÍDICAS30 NATURAIS31 Nascituro,

29
Baseado, em linhas gerais, em SIQUEIRA.
31

Estatais, Servidores públicos, Herança jacente,


Particulares. Espólio,
Empregados,
Condomínio edilício,
Profissionais autônomos,
Sociedade sem registro.
Empresários individuais,

Sócios administradores,

Sócios investidores,
Titulares de serventias
extrajudiciais32.

Referindo-se às sociedades comerciais, mas igualmente válido para as


civis, Requião faz um excelente resumo das implicações da aquisição da
personalidade jurídica:
A sociedade transforma-se em novo ser, estranho à individualidade das
pessoas que participam de sua constituição, dominando um patrimônio
próprio, possuidor de órgãos de deliberação e execução que ditam e fazem
cumprir a sua vontade. Seu patrimônio, no terreno obrigacional, assegura sua
responsabilidade direta em relação a terceiros. Os bens sociais, como
objetos de sua propriedade, constituem a garantia dos credores, como ocorre
com os de qualquer pessoa natural. (REQUIÃO, 2003, p. 373).
Adquirindo personalidade jurídica, diversas conseqüências úteis ocorrem à
sociedade comercial. Entre elas podemos catalogar as mais expressivas no
seguinte elenco:
1ª) Considera-se a sociedade uma pessoa, isto é, um sujeito “capaz de
direitos e obrigações”. Pode estar em juízo por si, contrata e se obriga. “A
sociedade adquire direitos, assume obrigações e procede judicialmente, por
meio de administradores com poderes especiais, ou não os havendo, por
intermédio de qualquer administrador”. É o dispositivo do art. 1.022 do
Código Civil, estabelecendo a legitimidade contratual, a responsabilidade
patrimonial e a legitimidade processual da sociedade personificada.
2ª) Tendo a sociedade, como pessoa jurídica, individualidade própria, os
sócios que a constituírem com ela não se confundem, não adquirindo por
isso a qualidade de comerciantes.

30
“As pessoas jurídicas de direito privado dividem-se em duas categorias: de um lado, as estatais; de
outro, as particulares.” (COELHO, 2007b, p. 12).
31
Apenas para ilustrar, foram selecionadas aqui algumas categorias de pessoas naturais que atuam
no comércio jurídico, com base nos quatro quadrantes de Robert Kiyosaki (KIYOSAKI; LECHTER,
2001, passim). Os servidores públicos atuam nas pessoas jurídicas estatais e equivalem aos
empregados no setor privado. Os empregados, em geral, trabalham para as pessoas jurídicas
privadas. Os profissionais autônomos e empresários individuais serão tratados mais adiante. Eles
trabalham para si mesmos. Os sócios administradores comandam as pessoas jurídicas e multiplicam
seus rendimentos com o trabalho alheio (empregados). Os sócios investidores são remunerados
através de dividendos pelo capital que injetaram na pessoa jurídica.
32
“A unidade registral (Cartório) não tem personalidade jurídica.” (SIQUEIRA). “(...) os chamados
cartórios, como são conhecidos os dedicados aos serviços registrários e notariais, não assumem
forma de pessoas jurídicas. Sua delegação é atribuída a uma pessoa natural, atuadora de interesse
público, por força do ato que a credencia.” (CENEVIVA, 2005, p. 249).
32

3ª) A sociedade com personalidade adquire ampla autonomia patrimonial. O


patrimônio é seu, e esse patrimônio, seja qual for o tipo da sociedade,
responde ilimitadamente pelo seu passivo.
4ª) A sociedade tem a possibilidade de modificar a sua estrutura, quer
jurídica, com a modificação do contrato adotando outro tipo de sociedade,
quer econômica, com a retirada ou ingresso de novos sócios, ou simples
substituição de pessoas, pela cessão ou transferência de parte do capital.
(REQUIÃO, 2003, p. 382).
Ao lado da personalidade jurídica, o Direito Civil ainda estuda o instituto
da capacidade jurídica, pelo qual a pessoa, com aptidão genérica para adquirir
direitos e obrigações, pode atuar diretamente no comércio jurídico ou indiretamete,
através de representante ou assistente. A pessoa jurídica, objeto deste estudo, tem
capacidade plena, mas para agir no mundo concreto, elas recorrem a pessoas
naturais, que são seus órgãos ou presentantes33.

3.2 A Pessoa Jurídica

As pessoas jurídicas são sujeitos de direito personalizados, autônomas


em relação a seus sócios, podendo a responsabilidade dos sócios ser limitada ou
não. Tomem-se as definições de alguns autores:

Pessoa Jurídica: é a unidade de pessoas (sociedades e associações) ou de


patrimônios (fundações) que visa a consecução de uma atividade (sempre
lícita), reconhecida pela ordem jurídica como sujeito de direito. (SIQUEIRA).
(...) a pessoa jurídica é a unidade jurídica, resultante da associação humana,
constituída para obter, pelos meios patrimoniais, um ou mais fins, sendo
distinta dos indivíduos singulares e dotada da capacidade de possuir e de
exercer adversus omnes direitos patrimoniais. (MENDONÇA, 1953, item
601).
“É a pessoa jurídica o ente incorpóreo que, como as pessoas físicas, pode
ser sujeito de direitos. Não se confundem, assim, as pessoas jurídicas com
as pessoas físicas, as quais deram lugar ao seu nascimento; ao contrário,
delas se distanciam, adquirindo patrimônio autônomo e exercendo direito em
nome próprio. Em razão disso, as pessoas jurídicas têm nome particular,
como aquelas físicas, domicílio, nacionalidade; podendo estar em juízo,
como autoras, ou na qualidade de rés, sem que isso reflita na pessoa
daqueles que as consituíram.” (MARTINS, 2006, p. 184).

33
Expressão usada por Pontes de Miranda, já que as pessoas jurídicas necessitam de alguém que as
faça presentes. O termo representante é relativo aos absolutamente incapazes.
33

Para a criação da pessoa jurídica, necessário se faz a conjugação de três


pressupostos34: a) a vontade humana criadora; b) a observância das condições
legais para a sua instituição; c) a licitude de seu objetivo.
Sílvio Venosa explica todo esse processo:
Passada a fase de manifestação da vontade, no sentido da criação do novo
ente, a pessoa jurídica já existe em estado latente.
Para que essa pessoa jurídica possa gozar de suas prerrogativas na vida
civil, cumpre observar o segundo requisito, qual seja, a observância das
determinações legais. (VENOSA, 2004a, p. 257).
Na primeira fase, há a constituição da pessoa jurídica por um ato unilateral
inter vivos ou mortis causa nas fundações e por um ato bilateral ou
plurilateral nas corporações. (VENOSA, 2004a, p. 286).
O elemento formal é sua constituição por escrito que poderá ser por escrito
particular ou público, salvo para as fundações, em que o instrumento público
ou o testamento é essencial. (...)
Após a existência do ato escrito e da autorização, se necessário, passa-se à
segunda fase, ou seja, à fase do registro. O art. 46 do atual Código especifica
o que, necessariamente, o registro declarará. (VENOSA, 2004a, p. 287).
Embora costumeiramente se afirme que o contrato de sociedade não requer
forma especial, o escrito é de suma importância porque sem ele não logrará
a sociedade obter personalidade jurídica com o registro. Poderá ser
instrumento público ou particular, dependendo da finalidade e da exigência
legal respectiva. (...) Não haverá sociedade regular sem forma escrita.
(VENOSA, 2004b, p. 602).
No período que medeia entre a criação da sociedade e seu registro, os atos
praticados por ela são considerados de sociedade irregular, podendo ser, no
entanto, ratificados. O ato de registro, todavia, não é retroativo. (VENOSA,
2004b, p. 612).
Vê-se, portanto, que a declaração de vontade, consubstanciada num
negócio jurídico (contrato ou estatuto), pode revestir-se de forma pública ou
particular, com exceção das fundações que estão sujeitas ao requisito formal
específico: escritura pública ou testamento35. Como ressaltado acima por Sílvio
Venosa, mesmo que a forma escrita não seja da essência do ato, ela será
necessária para a regularidade da pessoa jurídica, uma vez que sua constituição se
dá pelo registro.
Pelo exposto, verifica-se que da conjugação das fases36 volitiva (negócio
jurídico) e administrativa (registro) resulta a aquisição da personalidade da pessoa
jurídica.

34
Nesse sentido: GAGLIANO, 2007, p. 187; VENOSA, 2004a, p. 256. Já para Maria Helena Diniz:
“Três são os seus requisitos: organização de pessoas ou de bens; liceidade de propósitos ou fins; e
capacidade jurídica reconhecida por norma” (DINIZ, 2003, p. 206).
35
Art. 62 do Código Civil.
36
“O processo genético da pessoa jurídica de direito privado apresenta duas fases: 1) a do ato
constitutivo, que deve ser escrito, e 2) a do registro público.” (DINIZ, 2003, p. 230).
34

3.2.1 Categorias de pessoas jurídicas no Direito Privado

O Código Civil sistematiza o rol das pessoas jurídicas nos artigos 40 a 44.
Assim elas se apresentam em de direito público (externo e interno) e de direito
privado. Segundo Fábio Ulhôa Coelho, as pessoas jurídicas de direito privado
subdividem-se:
De um lado, as chamadas estatais, cujo capital social é formado, majoritária
ou totalmente, por recursos provenientes do poder público, que compreende
a sociedade de economia mista, da qual particulares também participam,
embora minoritariamente, e a já lembrada empresa pública. De outro lado, as
pessoas jurídicas de direito privado não-estatais, que compreendem a
fundação, a associação e as sociedades. As sociedades, por sua vez, se
distinguem da associação e da fundação em virtude de seu escopo negocial,
e se subdividem em sociedades simples e empresárias. (COELHO, 2006, p.
110).

37
PESSOAS JURÍDICAS
PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PÚBLICO
NÃO-ESTATAIS ESTATAIS EXTERNO INTERNO
Associações Sociedade de Estados estrangeiros União
Sociedades economia mista Todas as pessoas Estados
38
Fundações Empresa pública regidas pelo direito Distrito Federal
Organizações Fundações internacional público Territórios
religiosas governamentais (exemplos: ONU, OEA, Municípios
Partidos políticos OPEP, Comunidade Autarquias, inclusive as
Européia, OTAN etc.) associações públicas
Demais entidades de
caráter público criadas
por lei

As pessoas jurídicas de direito privado não-estatais, a seu turno, podem


ser divididas conforme sua finalidade econômica ou não. As sociedades têm fins
econômicos. Já sem fins econômicos são as associações e fundações39.

37
Baseado em NEGRÃO, 2007, p. 179.
38
Criadas para exploração de atividade econômica.
39
A doutrina ainda confunde esses conceitos básicos. Tome como exemplo o texto de Fernando
Passos: “Sempre que peço um exemplo de sociedade simples, me respondem que sociedades
simples são as não empresariais. Não empresariais são as sociedades sem a finalidade lucrativa
[errado: isso é associação ou fundação; a sociedade simples também é não empresarial e tem
finalidade lucrativa], que não têm a organização do trabalho. (...) Mas a sociedade civil pura, sem
finalidade lucrativa, com finalidade cultural, pia, finalidade não empresarial, será uma sociedade
35

(...) se as associações e as fundações, ambas, não possuem fins lucrativos,


o traço que as diferencia está em que, nas associações, há,
necessariamente, o agrupamento de pessoas, para um fim comum; já, nas
fundações, o que as caracteriza é sua formação, não por pessoas, mas por
patrimônio especial, afetado e personalizado, para a obtenção de
determinado fim. Objeto sem fins lucrativos, o registro permanece atribuído
ao Registro Civil de Pessoas Jurídicas. (RÊGO).
Recente emenda trouxe ao Código Civil os partidos políticos e as
organizações religiosas como categorias autônomas de pessoas jurídicas. No
entanto, eles podem ser considerados modalidades de associações. É também o
caso dos sindicatos.

PESSOAS JURÍDICAS DE DIREITO PRIVADO – ART. 44 DO CC40


FINS ECONÔMICOS FINS NÃO-ECONÔMICOS41
(Órgão de registro: Registro (Órgão de registro: Registro Civil das Pessoas Jurídicas)
Civil das Pessoas Jurídicas ou
Junta Comercial) CORPORAÇÃO DE PATRIMÔNIO
PESSOAS AFETADO42
Sociedades Associações43 Fundações
Organizações Religiosas
Partidos Políticos44
(Sindicatos45)

simples [na categoria não-empresarial confunde sociedade civil com associação]” (MENDONÇA et al,
2004, p. 87).
40
Enunciado 144 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – Art. 44: A relação das pessoas jurídicas de
Direito Privado, constante do art. 44, incs. I a V, do Código Civil, não é exaustiva.
41
“As pessoas jurídicas constituídas no país podem ser declaradas de utilidade pública, por decreto
do Poder Executivo, quando servirem desinteressadamente à coletividade, não sendo remunerados
os cargos de diretoria. O reconhecimento de utilidade pública de uma associação outorga-lhe
capacidade maior, gozando de maior proteção do Estado, mas continua a ser regida pelo direito
privado.” (VENOSA, 2004a, p. 291).
42
Somente a fins religiosos, morais, culturais ou de assistência (art. 62, parágrafo único, CC).
43
Segundo Maria Helena Diniz, as associações podem ser: civis, morais, pias, beneficentes ou
filantrópicas; culturais, como as científicas, literárias, musicais ou artísticas; de assistência social, de
utilidade pública, religiosas, espiritualistas, secretas, estudantis, formadas para manutenção de
escolas livres ou de extensão cultural, de profissionais liberais, desportivas, organizadoras de corridas
de cavalos, recreativas ou sodalícias, de amigos de bairro ou de fomento e defesa, de socorro, para o
exercício de atividade de garimpagem, formadas entre proprietários, de poupança e empréstimos,
compostas por detentores de títulos de renda pública, de agentes de seguro, convenção coletiva de
consumo, truste e ententes, grupos formados entre usuários de um serviço público. (DINIZ, 2003, pp.
216-25).
44
“Com a Lei 9.096, de 19.09.1995, foi acrescentado o inc. III ao art. 114, da Lei 6.015, de 1973,
incluindo nas atribuições dos Registros Civis de Pessoas Jurídicas a inscrição dos atos constitutivos e
estatutos dos partidos políticos.” (RÊGO). “(...) partido político, em regra, tem seus atos registrados no
RCPJ de Brasília.” (SIQUEIRA). “O registro do partido político como sociedade civil é completado pelo
registro no tribunal eleitoral” (CENEVIVA, 2005, p. 254).
45
“O STJ entende que os sindicatos são PJ de direito privado. Portanto, registrados no RCPJ. Não
obstante, existe, ainda, o registro sindical perante o Ministério do Trabalho e Emprego. Esse registro,
segundo o STJ, serve, apenas, para fins meramente cadastrais” (SIQUEIRA). “(...) as entidades
36

As sociedades são corporações de pessoas visando fins lucrativos.


Existem duas categorias de sociedades que não são registradas, logo, não têm
personalidade jurídica: a sociedade em conta de participação e as sociedades
comuns.
A sociedade em conta de participação é mais um contrato de sociedade
do que propriamente uma pessoa jurídica. Já a sociedade em comum ocorre quando
o registro não seja feito ou seja feito de forma irregular. Mesmo não sendo pessoa
jurídica, a sociedade em comum já conta com algum reconhecimento de autonomia.
Sociedades sem registro:
 Sociedade em comum (artigos 986 a 990 do CC). A sociedade em
comum abrange a sociedade de fato e a sociedade irregular.
 Sociedade em conta de participação (artigos 991 a 996 do CC).
A sociedade de fato é aquela que sequer tem contrato social escrito; já a
sociedade irregular é aquela que tem contrato escrito, mas este não é levado
a registro no órgão peculiar. (...)
Sociedade em Conta de Participação: é um tipo de sociedade que não tem
personalidade jurídica, bem como não tem denominação. Não obstante ela
pode ter o seu contrato registrado (no Oficial de Registro de Títulos e
Documentos, por exemplo). (SIQUEIRA).

SOCIEDADES
NÃO-PERSONIFICADAS PERSONIFICADAS46
(SEM REGISTRO) (COM REGISTRO)
Sociedade em conta de participação Sociedade simples (lato sensu)
(Registro Civil das Pessoas Jurídicas)
Sociedade em Comum (irregulares ou de
Sociedade empresária
fato) (Registro na Junta Comercial)

As sociedades sujeitas a registro, ou seja, aquelas que são pessoas


jurídicas e gozam da personalidade e capacidade jurídicas, são as sociedades
simples e as sociedades empresárias. Sobre sua distinção e registro trata o capítulo
seguinte.

sindicais obtêm personalidade jurídica com o simples registro civil, mas devem comunicar sua criação
ao Ministério do Trabalho, não para efeito de reconhecimento, mas sim, simplesmente, para controle
do sistema da unicidade sindical, ainda vigente em nosso país (...)”. (GAGLIANO, 2007, p. 189-90).
46
Art. 45 e 985 do Código Civil e art. 119 da Lei 6.015/73.
37

4 SOCIEDADES SIMPLES E EMPRESÁRIAS

Quando se fala em pessoa jurídica, normalmente se pensa nas


sociedades. Foram elas que inspiraram toda a construção daquele instituto, com a
autonomia do ente coletivo e, principalmente, com a possibilidade de limitação da
responsabilidade dos sócios. Por essas características é que se pode atribuir às
sociedades, principalmente as empresárias, o atual estágio de evolução material da
humanidade.
Como foi visto no quadro anterior, as sociedades regulares podem ser
divididas em: sociedades simples e sociedades empresárias. As primeiras são
próprias do Direito Civil, enquanto as segundas, do Direito Empresarial.
Segundo Fábio Ulhoa Coelho (COELHO, 2006, p. 10), desde 1960 a
doutrina brasileira vinha estudando o direito das empresas. Destacam-se O Projeto
de Código das Obrigações de 1965, o Projeto de Código Civil de 1975, o Código de
Defesa do Consumidor, 1990, a Lei de Locação Predial Urbana de 1991 e a Lei do
Registro de Empresas de 1994. Mas foi com o Código Civil de 2002 que se
implantou definitivamente no Direito brasileiro a teoria da empresa 47, perfazendo a
unificação do direito das obrigações, a criação do instituto do empresário e a
distinção entre sociedades simples e empresárias, que não são apenas novos
nomes para as anteriores sociedades civis e comerciais.

4.1 Direito Empresarial: a superação da teoria dos atos de comércio

47
“A adoção da teoria da empresa não implica a superação da bipartição do direito privado, que o
legado jurídico de Napoleão tornou clássica nos países de tradição romana. Altera o critério de
delimitação do objeto do Direito Comercial — que deixa de ser os atos de comércio e passa a ser a
empresarialidade —, mas não suprime a dicotomia entre o regime jurídico civil e comercial.”
(COELHO, 2009).
38

No sistema anterior, o Código Comercial de 1850 era uma legislação


própria para uma classe de pessoas: os comerciantes. A definição de comerciante
se baseava nos chamados atos de comércio48.
A tais pessoas, que servem de prestadoras de serviços ou de intermediárias
entre produtores e consumidores, do ato de intermediação procurando auferir
lucros, já que as mercadorias são adquiridas por um preço menor e vendidas
por um maior, se deu e ainda se dá o nome de comerciantes ou mercadores.
(MARTINS, 2006, p. 2).
O comerciante, na sua condição originária, era o mercador, ou seja, era
aquele que fazia a compra de mercadorias para revenda, atuando como
intermediário entre o produtor e o consumidor, ou entre um comerciante e
outro comerciante.
O direito comercial terminou por abranger outras categorias que, por suas
afinidades funcionais ou de origem com o comerciante, com este se
identificaram, como é o caso do banqueiro, do industrial, do transportador,
todos envolvidos pela energia própria do mundo dos negócios. (...)
Formaram-se, conseqüentemente, no âmbito da atividade produtiva, duas
ordens distintas, uma ligada aos atos de comércio (compra e venda de
mercadorias, atividades financeiras, atividades industriais etc.), e outra aos
atos civis (agricultura, pecuária, extrativismo etc.). (BORBA, 2009b).
Segundo Fernando Passos “(...) para o Direito Comercial, era preciso ter
circulabilidade entre produto; ou produção, que justificava a indústria.”
(MENDONÇA et al, 2004, p. 80). O conceito dos atos de comércio não abarcava
somente os atos do comerciante (intermediação), mas também incluía outros
equiparados, como a indústria, bancos e seguradoras. Por outro lado, as atividades
civis não eram apenas a agricultura, pecuária e extrativismo. Construtoras,
imobiliárias e a prestação de serviços em geral eram consideradas atividades civis e
excluídas do âmbito do Direito Comercial49. Não mais se justificava esse tratamento
diferente50.
Para superar essa dicotomia51, o novo Código Civil se inspirou na teoria da
empresa. “O conceito de empresa decorre da visão moderna de empresário, e sua
formulação tem origem na legislação italiana de 1942, que unificou, no Código Civil,

48
“Em linguagem atual, esta relação compreenderia: a) compra e venda de bens móveis ou
semoventes, no atacado ou varejo, para revenda ou aluguel; b) indústria; c) bancos; d) logística; e)
espetáculos públicos; f) seguros; g) armação e expedição de navios.” (COELHO, 2006, pp. 9-10).
49
“Se a empresa for uma prestadora de serviços, deverá ter seu contrato social registrado no Cartório
de Registro Civil de Pessoas Jurídicas. Caso seja uma sociedade mercantil, visando a exercer
atividades comerciais ou industriais, deverá registrar seu contrato social na Junta Comercial.” (grifo
nosso) (DORNELAS, 2001, p. 218).
50
“As defasagens entre a teoria dos atos de comércio e a realidade disciplinada pelo Direito
Comercial – sentidas especialmente no tratamento desigual dispensado à prestação de serviços,
negociação de imóveis e atividades rurais.” (COELHO, 2006, p. 10).
51
“Outra razão invocada para a superação da dicotomia foi a insegurança decorrente do caráter
exemplificativo do elenco dos atos de comércio. Uma pessoa, que pensava exercer atividade civil,
podia ser surpreendida com a declaração de sua falência, inclusive em função de inesperados
desdobramentos penais.” (COELHO, 2009).
39

o direito obrigacional, fazendo desaparecer o Código Comercial como legislação


separada.” (NEGRÃO, 2007, p. 39). Na realidade, a empresa é definida, na
legislação italiana, como exercendo uma atividade econômica organizada com vistas
à produção ou à troca de bens e serviços, não se limitando ao campo da circulação,
mas abrangendo também a indústria, sob todas as suas formas 52.
O conceito jurídico de comerciante deixou de existir, substituído que foi pelo
de empresário. Não se trata, porém, de uma singela mudança de
nomenclatura, posto que as figuras do empresário e do comerciante não se
identificam.
O comerciante era aquele que praticava profissionalmente atos de comércio,
e os atos de comércio correspondiam às atividades que historicamente se
situaram no âmbito do comércio.
O empresário, diferentemente, é o titular da empresa, sendo esta uma
atividade econômica organizada. (BORBA, 2009b).
(...) o critério adotado pelo novo Código Civil brasileiro, além de apartar-se do
sistema francês, onde sobressai a teoria dos atos de comércio, também não
recepcionou, integralmente, o sistema italiano, porque, nesse, também a
distinção leva em consideração, como divisor de águas, em regra, o objeto
civil ou comercial. (...) O que separa, agora, as sociedades simples das
empresárias, excetuadas as sociedades definidas como não empresárias,
não mais será seu objeto, mas, sim, o exercício, direto ou supervisionado, da
atividade, pelos sócios; ou o exercício indireto, apenas como organizador dos
meios de produção, pelos sócios. Deixa de haver a pessoalidade no exercício
da profissão. Os clientes das sociedades empresárias não mais buscam o
atuar do sócio, profissional, mas, sim, aquela determinada organização.
(RÊGO).

Ampliou-se, assim, o campo de ação do Direito Mercantil, o que já era


reclamado pela doutrina, que o julgava bastante limitado, admitindo que o mesmo
deveria se estender a todos os atos de natureza econômica, e não aos simples atos
de intermediação com intuito de lucro. Alargou-se o âmbito de incidência do Direito
Comercial, passando as atividades de prestação de serviços e ligadas à terra a se
submeterem à mesmas normas aplicáveis às comerciais, bancárias, securitárias e
industriais. O Direito Comercial deixa de cuidar de determinadas atividades (atos de
comércio) e passa a disciplinar uma forma específica de produzir ou circular bens ou
serviços: a empresarial53.
A teoria da empresa, contudo, bem examinada, apenas desloca a fronteira
entre os regimes civil e comercial.
No sistema francês, excluem-se atividades de grande importância econômica
– como a prestação de serviços, agricultura, pecuária, negociação imobiliária
– do âmbito de incidência do direito mercantil, ao passo que, no italiano,

52
“(...) vê-se que o campo de ação do comerciante foi ampliado com o conceito de empresário, pois
se no Direito tradicional o comerciante era um simples intermediário, no novo Direito as atividades da
empresa podem ser também de produção.” (MARTINS, 2006, p. 83).
53
“Já a teoria da empresa se preocupa com o ‘o como se faz’, ou seja, o modo como a atividade
econômica é praticada (com ou sem empresarialidade).” (SIQUEIRA)
40

reserva-se disciplina específica para algumas atividades de menor expressão


econômica, tais as dos profissionais liberais ou dos pequenos comerciantes.
A teoria da empresa é, sem dúvida, um novo modelo de disciplina privada da
economia, mais adequado à realidade do capitalismo superior. Mas através
dela não se supera, totalmente, um certo tratamento diferenciado das
atividades econômicas. O acento da diferenciação deixa de ser posto no
gênero da atividade e passa para a medida de sua importância econômica.
Por isso é mais apropriado entender a elaboração da teoria da empresa
como o núcleo de um sistema novo de disciplina privada da atividade
econômica e não como expressão da unificação dos direitos comercial e civil.
(COELHO, 2009).
A tendência crescente era o desaparecimento da distinção entre
atividades civis e mercantis, para serem tratadas de forma una no âmbito do direito
privado. Entretanto, não se chegou a tanto. Existe ainda um campo normativo
próprio do Direito Empresarial e a evidente distinção havida entre as sociedades
simples e empresárias54.

4.1.1 Empresa e empresário

Nesse novo panorama criado pelo Direito Empresarial, saem de cena os


atos de comércio praticados pelos comerciantes e entra a empresa exercida pelos
empresários. Fique bem claro que, juridicamente, não se confunde a empresa nem
com o empresário nem com o estabelecimento empresarial55. Empresário é o sujeito
de direito. Estabelecimento empresarial é o objeto de direito. E empresa é a
atividade organizada exercida pelo empresário no estabelecimento56.
Conceitua-se empresa como sendo atividade, cuja marca essencial é a
obtenção de lucros com o oferecimento ao mercado de bens ou serviços,
gerados estes mediante a organização dos fatores de produção (força de
57
trabalho, matéria-prima, capital e tecnologia). (COELHO, 2009) .

54
“(...) Houvesse uma verdadeira unificação, não existiriam sociedades simples e sociedades
empresárias, ou seja, sociedades civis e não-civis; a lógica diz que em tal caso as sociedades seriam
empresárias, no máximo umas podendo ser consideradas regulares e outras irregulares.” (MARTINS,
2006, p. 63).
55
“(...) a disciplina jurídica da empresa é a disciplina da atividade do empresário (...) empresa, na
acepção jurídica, significa uma atividade exercida pelo empresário.” (REQUIÃO, 2003, p. 51). “No
direito brasileiro não se pode falar em personificação da empresa, sendo ela encarada como simples
objeto de direito.” (REQUIÃO, 2003, p. 60).
56
“Relacionam-se o empresário, o estabelecimento e a empresa de forma íntima: o sujeito de direito
que exercita (empresário), por meio do objeto de direito (estabelecimento) e os fatos jurídicos
decorrentes (empresa).” (NEGRÃO, 2007, p. 46).
57
Sobre os fatores de produção: “(...) não mais se considerar o capital e o trabalho como sendo os
únicos fatores de produção, mas de se incluir, entre os mesmos, dando-lhe a maior relevância, o
saber, ou seja, a tecnologia, que assegura a produtividade da empresa e, na realidade, o seu
41

A empresa, na sua noção jurídica (...) constitui um organismo econômico,


que combina os fatores natureza, capital e trabalho, para a produção ou
circulação de bens ou de serviços. (REQUIÃO, 2003, p. 358).
Dessa explicação surge nítida a idéia de que a empresa é essa organização
dos fatores da produção exercida, posta a funcionar, pelo empresário.
Desaparecendo o exercício da atividade organizado do empresário,
desaparece, ipso facto,a empresa. (REQUIÃO, 2003, p. 60).
O Código Civil não definiu o que é empresa. Esse conceito se extrai a
partir do conceito de empresário. O art. 966 do Código Civil traz sua definição:
Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade
econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de
serviços.
Enunciado 54 da I Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 966: é caracterizador
do elemento empresa a declaração da atividade-fim, assim como a prática de
atos empresariais.”
Pela lei, empresa é a atividade do empresário, ou seja, é o exercício
profissional de atividade econômica organizada para a produção ou circulação de
bens ou de serviços. Entendo-se a empresa, sabe-se quem é o empresário58.
O Prof. Guiseppe Ferri observa que a produção de bens e serviços para o
mercado não é conseqüência de atividade acidental ou improvisada, mas sim
de atividade especializada e profissional, que se explica através de
organismos econômicos permanentes nela predispostos. Estes organismos
econômicos, que se concretizam da organização dos fatores de produção e
que se propõem a satisfação das necessidades alheias, e, mais
precisamente, das exigências do mercado geral, tomam na terminologia
econômica o nome de empresa. (...)
Objetivamente considerada, apresenta-se como uma combinação de
elementos pessoais e reais colocados em função de um resultado
econômico, e realizada em vista de um intento especulativo de uma pessoa,
que se chama empresário. (grifo nosso) (REQUIÃO, 2003, pp.49-50).
Fábio Ulhoa Coelho destrinça cada um dos aspectos do conceito legal:
Destacam-se da definição as noções de profissionalismo, atividade
econômica e produção ou circulação de bens ou serviços.
Profissionalismo. (...) considerações de três ordens. A primeira diz respeito à
habitualidade. Não se considera profissional quem realiza tarefas de modo
esporádico. (...) O segundo aspecto do profissionalismo é a pessoalidade. O
empresário, no exercício da atividade empresarial, deve contratar
empregados. (...) A decorrência mais relevante da noção está no monopólio
das informações que o empresário detém sobre o produto ou serviço objeto
de sua empresa. (...)
Atividade. Se empresário é o exercente profissional de uma atividade
econômica organizada, então empresa é uma atividade; a de produção ou
circulação de bens ou serviços. (...)
Econômica. A atividade empresarial é econômica no sentido de que busca
gerar lucro para quem a explora. (...)
Organizada. A empresa é atividade organizada no sentido de que nela se
encontram articulados, pelo empresário, os quatro fatores de produção:
capital, mão-de-obra, insumos e tecnologia. (...)

presente e o seu futuro, abrangendo tanto as técnicas industriais e comerciais, como a própria
gestão.” (WALD; FONSECA, 2005, p. 7-8).
58
“Para chegar ao conceito de empresário, necessariamente, o estudante deve partir do conceito de
atividade empresarial.” (NEGRÃO, 2007, p. 56).
42

Produção de bens ou serviços. Produção de bens é a fabricação de produtos


ou mercadorias. Toda atividade de indústria é, por definição, empresarial.
Produção de serviços, por sua vez, é a prestação de serviços. (...)
Circulação de bens ou serviços. A atividade de circular bens é a do comércio,
em sua manifestação originária: ir buscar o bem no produtor para trazê-lo ao
consumidor. É a atividade de intermediação na cadeia de escoamento de
mercadorias. (...) Circular serviços é intermediar a prestação de serviços. (...)
Bens ou serviços. (...) Bens são corpóreos, enquanto os serviços não têm
materialidade. A prestação de serviços consistia sempre numa obrigação de
fazer. (grifo nosso) (COELHO, 2006, pp. 11-5).
Também com base no art. 966 do Código Civil, Negrão apresenta três
aspectos para desvendar a empresa59:
(1) Atividade econômica (economicidade) – criação de riquezas de bens ou
serviços patrimonialmente valoráveis, com vistas à produção ou à
circulação de bens ou serviços.
(2) Atividade organizada (organização) – compreende a organização de
trabalho alheio e do capital próprio e alheio.
(3) Atividade profissional (profissionalidade) – não ocasional, assumindo em
60
nome próprio os riscos da empresa. (NEGRÃO, 2007, pp. 46-8).
Do ponto de vista subjetivo, Negrão apresenta o seguinte conceito de
empresário:
(...) sujeito – pessoa física ou jurídica – que, em nome próprio, exerce
atividade econômica organizada – incluindo a organização do trabalho alheio
e do capital próprio e alheio –, com o fim de operar para o mercado e não
para o consumo próprio, de forma profissional, isto é, não ocasionalmente.
(NEGRÃO, 2007, p. 42).
Numa perspectiva mais pragmática, Requião e Fran Martins assim o
caracterizam:
Dois elementos fundamentais – destacam geralmente os autores – servem
para caracterizar a figura do empresário: a iniciativa e o risco. (REQUIÃO,
2003, p. 77).
(...) o comerciante se instala, registra firma ou nome comercial, contrata
empregados, estabelece escrita própria para a anotação de suas atividades.
Em uma palavra, o comerciante se organiza para o fim específico de realizar
atividades de intermediação ou de prestação de certos serviços, empregando
capital e trabalho a fim de conseguir esse desiderato. Faz do exercício das
atividades comerciais a sua profissão, a ela se dedicando com fervor e
assumindo obrigações da prática da mesma. (MARTINS, 2006, p. 85).
A atividade empresarial é um fato jurídico, mas o art. 967 do Código Civil
obriga o empresário a inscrever-se no Registro Público de Empresas Mercantis

59
No mesmo sentido: “Como se depreende do exposto, na empresa, no sentido jurídico deste termo,
reúnem-se e compõem-se três fatores, em unidade indecomponível: a habitualidade no exercício de
negócios, que visem à produção ou à circulação de bens ou de serviços; o escopo de lucro ou
resultado econômico; a organização ou estrutura estável dessa atividade.” (REALE, 1986, p. 98).
60
“Quanto ao requisito da profissionalidade (o qual para G. Ferri é essencial) estão todos concordes
no que se refere à habitualidade (aliás os códigos de comércio costumavam referir-se à profissão
habitual, considerada pleonástica), estabilidade, continuidade, atividade desenvolvida de maneira
sistemática.” (BULGARELLI, 1995, p. 124).
43

antes do início de suas atividades. Esse registro não é da essência do conceito de


empresário.
Enunciado 198 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 967: A inscrição do
empresário na Junta Comercial não é requisito para a sua caracterização,
admitindo-se o exercício da empresa sem tal providência. O empresário
irregular reúne os requisitos do art. 966, sujeitando-se às normas do Código
Civil e da legislação comercial, salvo naquilo em que forem incompatíveis
com a sua condição ou diante de expressa disposição em contrário.”
Enunciado 199 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 967: A inscrição do
empresário ou sociedade empresária é requisito delineador de sua
regularidade, e não da sua caracterização.”
O sistema adotado pelo Código Civil, portanto, tornando obrigatória a
inscrição, em nada altera o previsto no Código Comercial; o registro
permanece meramente declaratório da condição de empresário, mas sua
não-inscrição no Registro de Empresas coloca-o à margem das prerrogativas
plenas previstas nas inúmeras leis que regulamentam sua atividade e que
foram objeto de estudo, nas linhas anteriores. (NEGRÃO, 2007, p. 180).
A Junta Comercial (JC) registra: o empresário e a sociedade empresária. O
registro na JC não torna o indivíduo empresário, o que ele já é pela simples
prática dos chamados atos empresariais com habitualidade e
profissionalismo. O registro, neste caso, serve, meramente, para dizer que
ele é um empresário regular. O empresário individual não tem personalidade
jurídica, embora, para efeitos fiscais, ele seja considerado como tal.
(SIQUEIRA).
O registro no órgão próprio não é da essência do conceito de empresário.
Será empresário o exercente profissional de atividade econômica organizada
para a produção ou circulação de bens ou serviços, esteja ou não inscrito no
registro das empresas. Entretanto, o empresário não-registrado não pode
usufruir dos benefícios que o direito comercial libera em seu favor.
(COELHO, 2006, p. 43).
Será empresário o exercente profissional de atividade econômica
organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços, esteja ou não
inscrito no Registro de Empresas. O registro do empresário, portanto, tem caráter
apenas declaratório, mas a lei vincula a ele sua regularidade.

4.2 As Sociedades de Direito Privado

As sociedades são entes personalizados, pessoas jurídicas, com fins


econômicos. Cabe a elas, de modo geral, a lição de Fran Martins:
(...) dado o crescimento dos negócios, os comerciantes individuais e as
sociedades empresárias passaram a necessitar de uma organização em que
se unissem capital e trabalho, para atender às demandas do comércio.
Nasceu, aí, a empresa comercial, organismo formado por uma ou várias
pessoas com a finalidade de exercitar atos de manufatura ou circulação de
bens ou prestação de serviços. (MARTINS, 2006, p. 13).
Denomina-se sociedade a organização proveniente de acordo de duas ou
mais pessoas, que pactuam a reunião de capitais e trabalho para um fim
44

lucrativo. A sociedade pode advir de contrato ou de ato correspondente; uma


vez criada, e adquirindo personalidade jurídica, a sociedade se autonomiza,
separando-se das pessoas que a consitutíram. (MARTINS, 2006, p. 172).
Segundo o Código Civil, as sociedades podem ser empresárias ou não-
empresárias (simples): “Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se
empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de
empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais.” 61
Negrão faz um quadro bastante esclarecedor com relação às atividades
empresariais e não-empresariais62:
EXERCÍCIO DE ATIVIDADE EMPRESARIAL
INDIVIDUAL COLETIVO
Empresário individual (art. 966). Sociedade empresária (art. 983).

EXERCÍCIO DE ATIVIDADES NÃO EMPRESARIAIS


INDIVIDUAL COLETIVO
Profissional (autônomo): atividades não - Associações – sem fins econômicos
empresariais, tais como: intelectuais, (art. 53);
científicas, literárias ou artísticas. - fundações – de fins religiosos, morais,
culturais e de assistência (art. 62);
- sociedade simples – atividade lucrativa
não empresária (arts. 982 e 997 a
1.038).

As associações e fundações, como estudado anteriormente, não trazem


dificuldades ao registro: ele é feito sempre no Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
Os empresários individuais e os profissionais autônomos também não trazem
embaraços: os primeiros são inscritos na Junta Comercial, enquanto os segundos

61
“Melhor seria o legislador ter utilizado o vocábulo escopo, ou sinônimo, em vez de objeto, seja para
evitar sua confusão com o objeto, assim considerado como elemento de todo ato jurídico, seja para
acentuar a quebra com a tradição recepcionada do Direito Civil francês.
Houve, portanto, o deslocamento da valoração do objeto, ditando a natureza jurídica das sociedades,
saindo seu exame do aspecto civil ou comercial e passando a valorá-lo; principalmente, sob a óptica
da forma de seu exercício; o meio utilizado pelos sócios para alcançar os fins sociais.” (RÊGO).
62
(NEGRÃO, 2007, p.49). “O empresário e a sociedade empresária exercem a empresa; ausente a
empresa, tem-se a figura do profissional autônomo ou da sociedade simples.” (BORBA, 2009a).
45

não estão sujeitos a registro63. A perplexidade surge com relação às sociedades


simples e empresárias.
Como foi visto no item anterior, atividade empresarial não é outro nome
para atos de comércio. Houve uma reestruturação dos campos de incidência do
Direito Civil e do Direito Empresarial. Logo, sociedade empresária e sociedade
simples não são apenas nova terminologia para designar as antigas sociedade
comercial e sociedade civil64.
Numa análise superficial, como é feita na maioria dos manuais que trata o
assunto65, a distinção parece óbvia: se a sociedade exerce atividade econômica
organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços, então ela é
empresária. Simples são as demais66.
Há casos, porém, que ficam numa zona de incerteza. É a opinião dos
seguintes autores:
Contudo, se o inovador discriminem que separa e aparta os dois tipos
básicos de SOCIEDADES se mostra nítido do ponto de vista teórico, na
prática tal separação poderá causar dúvidas e incertezas, pois muitas
atividades poderão se iniciar de forma nitidamente simples e se desenvolver
posteriormente como empresária. (SALLES)
Na prática, nem sempre são claras as fronteiras objetivas entre sociedade
simples e sociedade empresária. (FAZZIO JÚNIOR, 2006, p. 189).
O legislador não foi claro ao traçar o perfil da sociedade simples. (...) criou-se
um fator de ambigüidade que lança a sociedade simples numa zona gris. (...)
Desse modo, destacando-se das atividades econômicas em geral aquelas
que a ordem positiva entender oportuno reservar às sociedades simples de
forma expressa, as demais são atividades empresárias. Segundo esse
conceito, o perfil jurídico da sociedade simples se faz por exclusão ou por

63
Podem surgir dúvidas para avaliar se a atividade individual é empresária ou não, cabendo ou não a
inscrição na Junta Comercial. Nesse caso, a distinção entre sociedade simples e empresária dará
importantes subsídios para a solução dessa questão.
64
“O Código Civil, Lei n. 10.406/2002, abandonou o confronto entre as duas espécies de empresas,
civil e comercial, mantendo apenas discreta e indiretamente uma distinção entre ambas quando
dispensa certos empresários da inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis, registro cuja
existência confirma.” (grifo nosso) (REQUIÃO, 2003, p. 61).
65
“Assim, para saber se dada sociedade é simples ou empresária, basta considerar a natureza de
suas operações habituais; se estas tiverem por objeto o exercício de atividades econômicas
organizadas para a produção ou circulação de bens ou de serviços próprias de empresário, sujeito a
registro, a sociedade será empresária; caso contrário, simples, mesmo que adote quaisquer das
formas empresariais, como permite o art. 983 do Código Civil, exceto se for anônima, que, por força
de lei, será sempre empresária.” (FIUZA, 2006, p. 49). “Assim, para se saber se dada sociedade é
simples ou empresária, basta considerar-se a natureza das operações habituais: se estas tiverem por
objeto o exercício de atividades econômicas organizadas para a produção ou circulação de bens ou
de serviços, próprias de empresário sujeito a registro (CC, arts. 982 e 967), a sociedade será
empresária.” (DINIZ, 2003, p. 227). “(...) basta aferir a existência da atividade econômica organizada
voltada para o mercado”. (NEGRÃO, 2007, p. 46).
66
“Vê-se, pois, com clareza absoluta, que as sociedades empresárias é que estão engessadas pela
forma de exercício da sua atividade. Somente haverá sociedade empresária havendo
empresarialidade. As simples não sofrem enumeração taxativa, ao contrário, assim serão
consideradas todas as atividades residuais, ou melhor, despidas de empresarialidade.” (RÊGO).
46

determinação legal, no ritmo do art. 982. Há que se tomar por empréstimo o


conceito de empresa, para definir a natureza da sociedade. (REQUIÃO,
2003, p. 403).
Essa inexorável indecisão (quanto à classificação, como simples ou
empresária, de uma sociedade voltada para o exercício de profissão
intelectual) basta para revelar o quanto há de confuso e prejudicial no critério
adotado pelo novo Código Civil. Ou seja, a diferenciação, que pretendeu
substituir aquela que hoje atormenta a doutrina e a jurisprudência, torna-se
igualmente fluída (...) (SIQUEIRA, 2009a).
Diante dessa falta de clareza do legislador, a doutrina define alguns
critérios de separação. Esses critérios serão sistematizados no item seguinte.

4.2.1 A distinção entre sociedades simples e empresárias

A separação das sociedades simples e empresárias é tarefa árdua na


prática. Começa-se a distinção, observando o que Fábio Ulhoa Coelho entende por
atividades não-empresarias:
São quatro hipóteses de atividades econômicas civis. A primeira diz respeito
às exploradas por quem não se enquadra no conceito legal de empresário.
Se alguém presta serviços diretamente, mas não organiza uma empresa (não
tem empregados, por exemplo), mesmo que o faça profissionalmente (com
intuito lucrativo e habitualidade), ele não é empresário e o seu regime será o
civil. Aliás, com o desenvolvimento dos meios de transmissão eletrônica de
dados, estão surgindo atividades econômicas de relevo exploradas sem
empresa, em que o prestador dos serviços trabalha sozinho em casa. (...)
Profissional liberal. Não se considera empresário, por força do parágrafo
único do art. 966 do CC, o exercente de profissão intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, mesmo que contrate empregados para auxiliá-
lo em seu trabalho. Estes profissionais exploram, portanto, atividades
econômicas civis, não sujeitas ao Direito Comercial. Entre eles se encontram
os profissionais liberais (advogado, médico, dentista, arquiteto etc.), os
escritores e artistas de qualquer expressão (plásticos, músicos, atores etc.).
Há uma exceção, prevista no mesmo dispositivo legal, em que o profissional
intelectual se enquadra no conceito de empresário. Trata-se da hipótese em
que o exercício da profissão constitui elemento de empresa.(...)
Empresário rural. (...) Atento a esta realidade, o Código Civil de 2002
reservou para o exercente de atividade rural um tratamento específico (art.
971). Se ele requerer sua inscrição no registro das empresas (Junta
Comercial), será considerado empresário e submeter-se-á às normas de
Direito Comercial. Esta deve ser a opção do agronegócio. Caso, porém, não
requeira a inscrição neste registro, não se considera empresário e seu
regime será o do Direito Civil. Esta última deverá ser a opção predominante
entre os titulares de negócios rurais familiares.
Cooperativas. (...) De um lado, a sociedade por ações, que será sempre
comercial, independentemente da atividade que explora (LSA, art. 2º, §2º;
CC, art. 982). De outro, as cooperativas, que são sempre sociedades civis
(ou “simples”, na linguagem do CC), independentemente da atividade que
exploram (art. 982). (COELHO, 2006, pp.15-9).
47

Tomando as quatro hipóteses apresentadas, pode-se formar o seguinte


quadro, dividindo-as segundo o critério separador:

ATIVIDADES CIVIS
TIPO DE ATIVIDADE CRITÉRIO
Exploradas por quem não se enquadra Quanto à organização
no conceito legal de empresário
Profissão liberal Quanto ao objeto
Empresário rural Quanto ao objeto
Cooperativa Quanto ao tipo societário

A distinção entre sociedades simples e empresárias será feita seguindo


esses critérios que definem as atividades civis: 1) quanto ao tipo societário, 2)
quanto ao objeto, 3) quanto à organização.

4.2.1.1 Distinção quanto à ao tipo societário

As cooperativas e as sociedades anônimas são dois modelos societários


que têm sua caracterização simples ou empresarial previamente definida no Código
Civil: “Art. 982, parágrafo único - Independentemente de seu objeto, considera-se
empresária a sociedade por ações; e, simples, a cooperativa.” Com relação aos
outros tipos societários, eles podem ser livremente utilizados tanto na atividade civil
quanto na atividade empresarial. É o que diz o art. 98367: “A sociedade empresária
deve constituir-se segundo um dos tipos regulados nos arts. 1.039 a 1.092; a
sociedade simples pode constituir-se de conformidade com um desses tipos, e, não
o fazendo, subordina-se às normas que lhe são próprias.”

67
Enunciado 57 da I Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 983: a opção pelo tipo empresarial não
afasta a natureza simples da sociedade.”
Enunciado 382 da IV Jornada de Direito Civil (CJF) – “Nas sociedades, o registro observa a natureza
da atividade (empresarial ou não – art. 966); as demais questões seguem as normas pertinentes ao
tipo societário adotado (art. 983). São exceções as sociedades por ações e as cooperativas (art. 982,
parágrafo único).”
48

TIPOS SOCIETÁRIOS68
SIMPLES (lato sensu) EMPRESÁRIOS
(Registro Civil das Pessoas Jurídicas) (Registro na Junta Comercial)

Sociedade em nome coletivo Sociedade em nome coletivo


Sociedade em comandita simples Sociedade em comandita simples
Sociedade limitada Sociedade limitada
Sociedade simples (stricto sensu) Sociedade em comandita por ações
(Sociedade) Cooperativa69 Sociedade anônima

Independente do tipo societário ou da atividade exercida, qualquer


sociedade (e até o empresário individual, mas não o profissional autônomo) pode ser
caracterizada como micro ou pequena empresa e terá benefícios, conforme art. 970
do Código Civil.
Enunciado 200 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 970: É possível a
qualquer empresário individual, em situação regular, solicitar seu
enquadramento como microempresário ou empresário de pequeno porte,
observadas as exigências e restrições legais.”
Enunciado 235 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – Art. 1.179: O pequeno
empresário, dispensado da escrituração, é aquele previsto na Lei n. 9.841/99.
A Lei Complementar 123/06 cuida do assunto e define cada uma pela
receita bruta auferida em cada ano-calendário: microempresa - igual ou inferior a R$
240.000,00; empresa de pequeno porte - superior a R$ 240.000,00 e igual ou inferior
a R$ 2.400.000,00. Essa caracterização não muda o local do registro. Fran Martins
explica um pouco mais o instituto:
No que tange ao tratamento favorecido, gozam a microempresa e a empresa
de pequeno porte de registro especial no órgão competente – Registro
Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins, se de natureza comercial,
ou Registro Civil das Pessoas Jurídicas, se de natureza civil. (MARTINS,
2006, p. 148).
A microempresa ou empresa de pequeno porte individual é sempre de
natureza comercial, razão pela qual a sua firma deve ser arquivada no
70
Registro de Empresas. (grifo nosso) (MARTINS, 2006, p. 150) .

68
“Quer dizer, de acordo com o sistema adotado pelo Código Reale, as sociedades personificadas se
classificam, inicialmente, em empresárias e simples (não-empresárias). As empresárias podem adotar
um de 5 tipos: nome coletivo, comandita simples, limitada, anônima e comandita por ações. As
simples (em sentido lato), por sua vez, também podem adotar um de 5 tipos (em parte, diferentes):
nome coletivo, comandita simples, limitada, cooperativa e simples (em sentido estrito).” (COELHO,
2009). “A sociedade simples lato sensu (natureza da sociedade) poderá assumir a forma típica da
sociedade simples (sociedade simples stricto sensu – tipo da sociedade) ou qualquer das outras
formas societárias, exceto as das sociedades por ações (sociedades anônimas e sociedades em
comandita por ações), uma vez que estas são sempre empresárias (art. 982, § único).” (BORBA,
2009b).
69
Enunciado 206 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – Arts. 981, 983, 997, 1.006, 1.007 e 1.094: A
contribuição do sócio exclusivamente em prestação de serviços é permitida nas sociedades
cooperativas (art. 1.094, I) e nas sociedades simples propriamente ditas (art. 983, 2ª parte).
49

Em se tratando de sociedade, essa pode ser empresária e não-empresária,


conforme a natureza das atividades que vier a desempenhar. (...) em geral, o
tipo preferido é o da sociedade simples. (...)
Se a sociedade que se constituir na qualidade de microempresa estiver
voltada para atividades não-empresariais, poderá encerrar modalidade
sociedade simples, cujo registro será efetivado no Registro Civil das Pessoas
Jurídicas, obedecendo o contrato às normas específicas relativas ao
parâmetro societário. (MARTINS, 2006, p. 150).
Dessa forma, a sociedade anônima e a sociedade em comandita por
ações serão sempre empresárias. Já as cooperativas serão sempre civis. Os demais
tipos societários serão civis71 ou empresários, conforme a organização dos fatores
de produção e o objeto social adotados. A sociedade simples stricto sensu só pode
ser empregada em atividades civis72.

4.2.1.2 Distinção quanto ao objeto social73

A atividade rural, de um lado, e a atividade intelectual, de natureza


científica, literária ou artística, de outro, são consideradas atividades tipicamente
civis. Podem assumir qualquer tipo societário74, mesmo o de sociedade anônima,
mas nesse caso serão empresárias.
A atividade rural teve um tratamento peculiar. O art. 971 do Código Civil
traz a seguinte redação:
Art. 971. O empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão,
pode, observadas as formalidades de que tratam o art. 968 e seus
parágrafos, requerer inscrição no Registro Público de Empresas Mercantis da

70
Não pode optar pelo SIMPLES.
71
“Outro ponto que não pode ser olvidado é a não aplicação, nas sociedades simples, de qualquer
restrição à integração do quadro social por cônjuges, qualquer que seja o regime do casamento. Isso
porque no sistema adotado pelo novo Código Civil o impedimento, previsto nos arts. 968, I, e 977,
somente é aplicável aos empresários e às sociedades empresárias, eis que esses dispositivos
integram o Título I - Do Empresário, do Livro lI, da lei nova. Portanto, somente se aplicam ao
empresário e à sociedade empresária.” (RÊGO).
72
“(...) sociedade simples, não poderá desenvolver atividades próprias de sociedade empresária,
salvo se estas se enquadrarem nas exceções legais (atividades intelectuais, rurais, ou de pequena
empresa).” (BORBA, 2009a). Enunciado 196 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Arts. 966 e 982: A
sociedade de natureza simples não tem seu objeto restrito às atividades intelectuais.”
73
“Bem se denota que a sociedade simples é peculiar às atividades do meio rural, artesanal e
sociedades profissionais, como médicos, engenheiros, advogados e quaisquer outros que se
associam para prestação de serviços dessa natureza.” (MARTINS, 2006, p. 245).
74
“Se considerarmos a natureza do objeto social como item fundamental para definir a natureza da
sociedade, e como a lei autoriza que a sociedade simples adote o formato de um dos tipos permitidos
de sociedades empresárias, é de se concluir que, em razão de tal opção, não deixa de ser sociedade
simples. E o será por força de seu objeto.” (REQUIÃO, 2003, p. 405).
50

respectiva sede, caso em que, depois de inscrito, ficará equiparado, para


todos os efeitos, ao empresário sujeito a registro.
Enunciado 201 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – Arts. 971 e 984: O
empresário rural e a sociedade empresária rural, inscritos no registro público
de empresas mercantis, estão sujeitos à falência e podem requerer
concordata.
Enunciado 202 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – Arts. 971 e 984: O
registro do empresário ou sociedade rural na Junta Comercial é facultativo e
de natureza constitutiva, sujeitando-o ao regime jurídico empresarial. É
inaplicável esse regime ao empresário ou sociedade rural que não exercer tal
opção.
A lei dá a faculdade de se submeter ao regime do Direito Empresarial,
inscrevendo-se na Junta Comercial, ao “empresário, cuja atividade rural constitua
sua principal profissão” 75. Logo, caso o exercente da atividade rural não se enquadre
na definição do art. 966 do Código Civil ou não a tenha como sua principal profissão,
ele não terá escolha: ou será um profissional autônomo, caso exerça individualmente
a atividade, ou será uma sociedade simples. Entrementes, se a atividade rural for
exercida como principal profissão e os elementos do art. 966 estiverem presentes, o
profissional rural ou a sociedade rural terão a faculdade de inscreverem-se na Junta
Comercial.
A sociedade com atividade rural, se não for empresária – vale dizer, se não
contar com uma organização – será necessariamente uma sociedade
simples. Dotada de organização, poderá optar, livremente, entre a condição
de sociedade simples e a condição de sociedade empresária. (BORBA,
2009b).
Os profissionais liberais ou a sociedade formada por eles são tratados,
regra geral, como atividade civil76. É o que estatui o parágrafo único do art. 966 do

75
“(...) o desenvolvimento acelerado da atividade rural estava a recomendar, a curto prazo, sua
progressiva sujeição aos deveres e restrições impostos aos demais empresários. (...) Desse modo, a
atividade rural ou de exploração agrícola ou pecuária sempre esteve submetida ao direito civil,
regulada por um ramo específico, denominado direito agrário. O agricultor ou pecuarista, assim, não
se enquadrava, inicialmente, como empresário. Ele adquire essa condição e passa a ter sua atividade
regulada pelo direito de empresa a partir de sua inscrição facultativa no Registro Público de
Empresas Mercantis (art. 971).” (FIUZA, 2006, p. 790-1). “De acordo com o art. 971, é facultado a
qualquer produtor rural organizar sua atividade econômica sob a forma de empresa. Nesse caso, ele
pode atuar como empresário (antiga firma individual) ou através de uma sociedade empresária, e o
seu correspondente ato constitutivo deve ser levado para arquivamento na Junta Comercial. Este
dispositivo equipara, para todos os efeitos legais, o exercício de atividade rural por intermédio do
empresário rural ou da sociedade empresária rural, quando a empresa tenha como objeto a
exploração de atividade agrícola ou pecuária e esta for economicamente dominante para quem a
realiza, como principal profissão e meio de sustento.” (FIUZA, 2006, p. 792). “Agora, o empresário
rural pode optar – acho o texto muito bom. O empresário rural individual ou a sociedade rural podem
optar por querer estar regidos pelas normas que regem as empresas no Brasil, sujeitos, assim, à
falência e concordata. Se não optar, vai ao Cartório de Registro; se optar, inscreve seu ato
constitutivo na Junta Comercial. A lei definiu que ele pode fazer a opção e o registro vai definir o que
ele quis ser.” (MENDONÇA et al, 2004, p. 83-4).
76
“O objeto da sociedade simples poderá incluir, por exemplo, a prestação de serviços intelectuais,
artísticos, científicos ou literários.
51

Código Civil77: “Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de


natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou
colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.”
Enunciado 193 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 966: O exercício
das atividades de natureza exclusivamente intelectual está excluído do
conceito de empresa.”
Enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 966: Os
profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a
organização dos fatores da produção for mais importante que a atividade
pessoal desenvolvida.”
Enunciado 195 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Art. 966: A expressão
‘elemento de empresa’ demanda interpretação econômica, devendo ser
analisada sob a égide da absorção da atividade intelectual, de natureza
científica, literária ou artística, como um dos fatores da organização
empresarial.”
Acontece que ninguém sabe o que é elemento de empresa. A doutrina
italiana diz que elemento de empresa é o momento pelo qual a prestação
intelectual, a que estamos nos referindo, uma prestação individual, cede
lugar à empresarialidade. Ocorre quando o indivíduo se torna anônimo e o
cliente procura não mais o cidadão intelectual e sim sua empresa.
(MENDONÇA et al, 2004, pp. 82-3).
Elemento, como é propedêutico, é a parte de um todo. Organizada,
igualmente, remete à idéia da existência de órgãos conjugados, para um
atuar estruturado. Assim, constituirá elemento de empresa o atuar do sócio
no sentido de, apenas, gerenciar essa organização. O seu atuar não é mais o
fator preponderante da atividade, mas, apenas, mais um elemento naquela
organização. (RÊGO).
A atividade intelectual, de natureza científica, literária ou artística será
considerada empresária apenas quando fizer parte de uma organização maior,
quando sua finalidade não for aquela atividade em si exercida por determinado
profissional, mas for um meio, junto com outras atividades, para a consecução de
outro resultado78.
O objeto da atividade social, portanto, só é critério diferenciador para
essas duas classes de atividades. No entanto, boa parte da doutrina ainda foca o
objeto como principal critério diferenciador. Atribuímos isso à inércia do antigo
sistema do Direito Mercantil, em que pela mercancia se distinguia a atividade
comercial. A dificuldade de absorver o novo sistema da teoria da empresa é tanta,

Esses serviços são espécies de um mesmo gênero e podem ser caracterizados pelo fato de a
prestação ter natureza estritamente pessoal.” (NEGRÃO, 2007, p. 307).
77
“Quis o legislador deixar bem claro, no parágrafo único do art. 966, que os profissionais intelectuais
não são empresários mesmo que organizassem o trabalho de empregados, porque seria apenas
neste caso que a possibilidade de confusão existiria.” (COELHO, 2009).
78
“A atuação pessoal será um mero ingrediente dentro de um ‘bolo’ maior que é a empresa.”
(SIQUEIRA). “O trabalho intelectual seria um elemento de empresa quando representasse um mero
componente, às vezes até o mais importante, do produto ou serviço fornecido pela empresa, mas não
esse produto ou serviço em si mesmo.” (BORBA, 2009b).
52

que ainda há quem lecione como se tivesse havido apenas uma mudança de
nomenclatura, chamando agora atos de empresa aos antigos atos de comércio79.
Sociedade empresária não é, assim, apenas um nome diferente para o que
todos conheciam por sociedade comercial. Trata-se de conceito mais amplo,
que abarca uma das maneiras de se organizar, a partir de investimentos
comuns de mais de um agente, a atividade econômica de produção ou
circulação de bens ou serviços. (COELHO, 2007b, p. 6).
A sociedade empresária é pessoa jurídica que congrega pessoas físicas
interessadas em obter lucro mediante a exploração de atividade econômica.
Não é, simplesmente, uma sociedade comerciante. Trata-se de titularização
de uma organização econômica, quer dizer, dirigida à produção e circulação
de bens e/ou serviços. (FAZZIO JÚNIOR, 2006, p. 161).
Ainda que não tenha mais a mesma importância, pode haver casos em
que a sociedade tenha mais de uma atividade, sendo algumas delas tipicamente
civis. Nesse caso, a doutrina sugere que seja considerada a atividade
preponderante80.

4.2.1.3 Distinção quanto à organização dos fatores de produção

No sistema dos atos de comércio, o objeto social era o que determinava a


empresarialidade81. No atual sistema, independentemente de a atividade ser

79
“A expressão sociedade civil, ou sociedade simples na nova denominação, deve ficar reservada às
atividades típicas de profissões liberais ou prestação de serviços técnicos, como as sociedades de
advogados, médicos, engenheiros, arquitetos, contabilistas, corretores, despachantes etc. Ainda que
essa sociedade venha a praticar atos típicos de comércio, tal não desvirtuará sua natureza.
Todavia, a sociedade comercial é a que, possuindo atividade lucrativa, assume modalidade mercantil
e pratica habitualmente a mercancia, ou, em terminologia moderna, atos de empresa.” (grifo nosso)
(VENOSA, 2004b, p. 610). Veja também o enunciado 207 da III Jornada de Direito Civil (CJF).
80
“Assim, no que concerne às chamadas sociedades de objeto misto, a orientação mais segura é
fixar sua qualidade com alicerce na atividade preponderante, mesmo porque para a tipificação
empresarial não basta a atividade negocial esporádica, sendo necessária a profissionalidade.”
(FAZZIO JÚNIOR, 2006, p. 189). “Mesmo que uma sociedade simples venha a praticar,
eventualmente, atos peculiares ao exercício de uma empresa, tal fato não a desnatura, pois o que
importa para identificação da natureza da sociedade é a atividade principal por ela exercida (RT,
462:81).” (DINIZ, 2003, p. 227).
81
“Empresariais são as atividades econômicas organizadas como empresas. Sempre que ao produzir
ou circular bens ou serviços, alguém combina os quatro fatores de produção do capitalismo superior
(mão-de-obra, insumos, tecnologia e capital), confere à sua atividade uma organização específica. O
nome desta organização é empresa.
Não-empresariais, por sua vez, são as atividades econômicas exploradas independentemente da
articulação dos fatores de produção. Quando quem produz ou circula bens ou serviços não contrata
senão alguns poucos empregados, não adquire nem desenvolve sofisticadas tecnologias, não faz
circular insumos ou não tem relevante capital, falta-lhe empresarialidade.” (COELHO, 2009).
Com relação à questão de ligar-se a empresarialidade à contração de empregados, Fernando Passos
faz uma crítica à doutrina de Fábio Ulhoa Coelho: “Os três pressupostos da empresa – atividade
organizada, habitualidade e lucratividade – têm dado problema de interpretação. O professor Fábio
53

tipicamente comercial, ela pode ser enquadrada como não-empresária, pois é


essencial o exercício profissional da atividade econômica organizadamente.
Vê-se, pois, aqui, que nas sociedades de objeto civil a regra é serem
constituídas sob a forma de sociedades simples. E mais, que nas demais
atividades qualquer que seja sua natureza, civil ou comercial, havendo o
elemento pessoal, ou seja, exercida a atividade diretamente pelos sócios ou
sob sua imediata supervisão, não estarão caracterizados os elementos de
empresa, ou seja, o atuar despersonalizado, meramente organizacional dos
meios de produção, sob estrutura tipicamente empresarial, capitalista. (grifo
nosso) (RÊGO)
Deixa, assim, de ter relevo o objeto da sociedade: qualquer que seja ele, se a
estrutura criada para o exercício das atividades que lhe sejam próprias
assumir características empresariais, a instância administrativa de registro
será o Registro Público das Empresas Mercantis (Junta Comercial). Caso
contrário, mesmo que ela pratique o que, até então, se denomina ato de
comércio, por não ter atingido o degrau da empresarialidade, será simples,
registrando seus atos perante o Registro Civil das Pessoas Jurídicas.
(SIQUEIRA, 2009a).
As atividades que não se enquadram no conceito legal de empresário são
o campo residual82 da sociedade simples. Os elementos caracterizadores da
empresa são: profissionalidade, economicidade e organização 83. A economicidade
não serve de critério distintivo, uma vez que ambas as sociedades têm fins
lucrativos. A profissionalidade é um critério válido, porém é difícil vislumbrar uma
sociedade que seja constituída para atividades que não sejam habituais, estáveis e
contínuas84. Já a organização empresarial será o traço realmente distintivo das
sociedades simples e empresárias.
Essas considerações sobre a profissionalidade ainda são resquícios do
sistema anterior. A melhor interpretação do art. 966 é no sentido de que o “exercício
profissional” seja também dirigido à forma da organização. Não é à toa que hoje
existe um curso superior de “Administração de Empresas”. Logo, existe uma forma
profissional de gestão e isso implicará na sua organização.

Ulhoa, no seu livro Manual de Direito Comercial, entende que atividade organizada pressupõe
contratação de mão-de-obra. Isso não existe na teoria econômica, que aceita a empresa de atividade
organizada através da mão-de-obra de outro. Isto tem sido debatido no Direito Italiano, desde 1942:
se a lei não fez exigência, empresário será também aquele que não tem empregados; ele estará
sujeito também à falência e concordata. Num exemplo muito atual, o cidadão que tem uma empresa
de internet dentro de sua casa, que faz tudo sozinho, está sujeito à falência? Está! A lei não faz
exceção. O mesmo se diga em relação à sociedade empresarial em geral, mesmo com apenas dois
sócios que trabalham no balcão e não têm empregados!” (MENDONÇA et al, 2004, p. 81/2).
82
“(...) o novo Código Civil, de acordo com a redação dada ao seu art. 982, restringe, apenas, o con-
ceito de sociedade empresária, sendo simples todas as demais. (...) Caberá, assim, ao Registro Civil
de Pessoas Jurídicas o registro dos atos constitutivos das sociedades simples em geral.” (RÊGO)
83
“(...) caberá ao intérprete submeter os casos concretos à apreciação da presença ou não dos três
elementos identificadores, determinando se suas atividades são ou não empresárias.” (NEGRÃO,
2007, p. 308).
84
Seria o caso do parágrafo único do art. 981 do Código Civil. Essas sociedades criadas para realizar
um ou mais negócios determinados devem ser simples.
54

A diferença entre estas, como alertou o professor Miguel Reale, não reside
no OBJETO SOCIAL, pois repita-se, ambas realizam ALTIVIDADES
ECONÔMICAS, o que as aparta, o que as diferencia, é a ESTRUTURA, é a
FUNCIONALIDADE, é o modo de atuação.
A ORGANIZAÇÃO EMPRESARIAL ou usando-se a terminologia do Código
Civil, a SOCIEDADE EMPRESÁRIA, bem irradia a idéia de “impessoalidade”
(...)
Diversamente, a ORGANIZAÇÃO SIMPLES, ou SOCIEDADE SIMPLES,
mesmo sendo ou representando uma pessoa jurídica ou uma abstração
teórica, ostenta um certo caráter pessoal, um atrelamento entre a figura dos
sócios e a atividade desenvolvida pela sociedade. As sociedades simples
devem realizar seus objetivos sociais, com a direta participação ou
supervisão de seus sócios, independentemente de sua dimensão e
complexidade.
A SOCIEDADE SIMPLES representa, destarte, a reunião de esforços
tendentes a atingir um objetivo enquadrado como “atividade econômica”, sem
que ocorra a integral “desconfiguração” ou “despersonalização” da figura de
seus titulares, de seus sócios ou integrantes. (...) Assim, a SOCIEDADE
SIMPLES deve estar amarrada umbilicalmente à especialidade dos sócios,
ao conhecimento prático ou técnico que estes ostentam, ou simplesmente à
atuação direta destes. (SALLES)
O que irá, de verdade, caracterizar a pessoa jurídica de direito privado não-
estatal como sociedade simples ou empresária será o modo de explorar seu
objeto. O objeto social explorado sem empresarialidade (isto é, sem
profissionalmente organizar os fatores de produção) confere à sociedade o
caráter de simples, enquanto a exploração empresarial do objeto social
caracterizará a sociedade como empresária. (...)
Por critério de identificação da sociedade empresária elegeu, pois, o direito o
modo de exploração do objeto social. Esse critério material, que dá relevo à
maneira de se desenvolver a atividade efetivamente exercida pela sociedade,
na definição de sua natureza empresarial, é apenas excepcionado em
relação às sociedades por ações. (...) Salvo nestas hipóteses – sociedade
anônima, em comandita por ações ou cooperativas –, o enquadramento de
uma sociedade no regime jurídico empresarial dependerá, exclusivamente,
da forma com que explora seu objeto. Uma sociedade limitada, em
decorrência, poderá ser empresária ou simples: se for exercente de atividade
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços,
será empresária; caso contrário ou se dedicando a atividade econômica civil
(sociedade de profissionais intelectuais ou dedicada à atividade rural sem
registro na Junta Comercial), será simples. (COELHO, 2006, p. 111).
Para ser empresária a sociedade deve gerir profissionalmente os meios de
85
produção . Deve haver certa sofisticação nessa gestão e uma despersonalização na
atuação dos sócios. O tamanho do empreendimento não é fator determinante para
descortinar a empresarialidade, visto que o artigo 1000 do Código Civil prevê que as
sociedades simples podem ter filiais.
Não tem importância, note-se, a dimensão do negócio. Normalmente, não se
consegue explorar atividade econômica de vulto sem a organização
empresarial. Mas não há relação necessária entre um e outro vetor. Tanto
assim que pequenos negócios podem ser explorados empresarialmente. O

85
A contrario sensu, sobre a atividade não-empresária: “aquela atividade poderá ser adequada e
inteiramente explorada sem a organização dos fatores de produção; ou seja, com o trabalho pessoal
e da família, sem sofisticados controles operacionais, de estoque e de caixa, sem estabelecimento
complexo.” (grifo nosso) (COELHO, 2009).
55

decisivo é a forma com que se explora a atividade: com ou sem


empresarialidade. (COELHO, 2009).
Por isso, também, fica claro que pouco importa o tamanho da sociedade ou a
obrigatoriedade do exercício direto, pelos sócios, das suas atividades,
bastando sua supervisão. O que importa é o exercício ou supervisão pessoal
dos sócios. (...)
Não teria nenhum sentido a lei nova permitir que as sociedades simples
contassem com colaboradores, em número indefinido, e pudessem abrir
filiais, sucursais ou agências, se pensarmos que não será empresário
somente quem, por si, e diretamente, exerça a atividade social, porque, ao
que sabemos, aos homens ainda não é dado o dom da ubiqüidade. Se fosse
necessário o exercício da atividade, diretamente e per si, não seria possível a
abertura de filiais e nem necessária a colaboração de auxiliares, sem número
definido. A lei, se tal quisesse, teria restringido. (RÊGO).
Enfim, o que vai determinar se a organização da atividade é empresarial
ou não é a pessoalidade no exercício da atividade econômica. Caso os sócios atuem
diretamente ou, ainda que supervisionando, mas a clientela procure o
empreendimento pela atuação deles, haverá uma atividade não-empresarial. Do
contrário, quando os sócios mais administram os fatores de produção, gerindo de
forma profissional capital, trabalho86, insumos e tecnologia, ter-se-á a atuação
empresarial. Borba explica magistralmente essa questão87:
O mesmo acontece com a sociedade simples, que tem no trabalho pessoal
dos sócios o núcleo de sua atividade produtiva. Ainda que tenha
empregados, estes apenas colaboram, mas o que se exterioriza,
prevalecentemente, é o labor dos próprios sócios, ou de um administrador
designado que opere de forma pessoal.
A empresa existe quando as pessoas coordenadas ou os bens materiais
utilizados, no concernente à produção ou à prestação de serviços operados
pela sociedade, suplantam a atuação pessoal dos sócios. (BORBA, 2009a).
O autônomo exerce a sua atividade econômica de forma pessoal, ou com a
colaboração de auxiliares subalternos ou até mesmo de outros profissionais,
mas o que prevalece é o seu trabalho pessoal.
O mesmo acontece com a sociedade simples, que tem no trabalho pessoal
dos sócios o núcleo de sua atividade produtiva. Ainda que tenha
empregados, estes apenas colaboram, mas o que se exterioriza,

86
“(...) o que determina a diferença é a organização do trabalho na sociedade. Uma grande empresa,
com divisão do trabalho mais complexa, onde os sócios são apenas administradores, deve ter registro
como sociedade empresária.” (TEIXEIRA, 2009)
87
No mesmo sentido: “Modernamente, a distinção entre sociedade simples e sociedade
empresária não se faz mais em relação ao objeto social isoladamente considerado, mas em face da
forma (do modo) como esse objeto é desenvolvido, ou seja, com empresarialidade (organização =
organização dos fatores de produção) ou sem empresarialidade.
A sociedade simples é, em suma, a sociedade não empresária. Na sociedade simples, como visto
acima, a atuação pessoal dos sócios prepondera sobre a organização dos fatores de produção. Já
com a sociedade empresária ocorre justamente o inverso, isto é, a organização dos fatores de
produção prepondera sobre a atuação pessoal dos sócios, que neste caso torna-se o que a lei chama
de elemento de empresa (966 e respectivo parágrafo único do CC).” (SIQUEIRA)
“Por isso, podemos afirmar que haverá sociedade simples sempre que o atuar dos sócios se dê de
forma preponderante, direta e pessoal; e será empresária toda a sociedade onde o atuar dos sócios
se dê apenas como mais um elemento da organização, gerenciando os fatores de produção.”
(RÊGO).
56

prevalecentemente, é o labor dos próprios sócios, ou de um administrador


designado que opere de forma pessoal.
O empresário e as sociedades empresárias operam através da organização,
posto que esta se sobreleva ao labor pessoal dos sócios, que poderão atuar
como dirigentes, mas que não serão, de forma predominante, os operadores
diretos da atividade-fim exercida. (...)
A empresa existe quando as pessoas coordenadas ou os bens materiais
utilizados, no concernente à produção ou à prestação de serviços operados
pela sociedade, suplantam a atuação pessoal dos sócios.
A coordenação, a direção e a supervisão são pertinentes ao empresário ou à
sociedade empresária; o exercício direto do objeto social, vale dizer, a
produção ou a circulação de bens e a prestação de serviços são operadas
pela organização.
Se os próprios sócios, ou principalmente os sócios, operam diretamente o
objeto social, exercendo eles próprios a produção de bens, ou a sua
circulação, ou a prestação de serviços, o que se tem é uma sociedade
simples. (BORBA, 2009b).
A organização empresarial é questão de fato. Um empreendimento pode
iniciar suas atividades sem organização e logo implantá-la. Ademais, considerando-
se o registro, muitas vezes não dá para averiguar a organização da empresa apenas
pelos atos constitutivos. Nesse caso, é responsabilidade dos sócios escolherem o
registro próprio (Registro Civil ou Junta Comercial), sendo muito oportuno mencionar
no instrumento do negócio a modalidade escolhida.
A este propósito, é de se destacar que o CÓDIGO CIVIL põe em relevo e
destaque a eleição, a escolha ou a indicação que deve ser feita pelos
próprios sócios, que salvo situações flagrantemente indevidas, deverão ser
respeitadas pelos órgãos de registro, sem peias ou obstáculos.
São os próprios sócios os responsáveis pelo enquadramento inicial, de forma
que deverão indicar e nomear a forma de enquadramento, quer como
sociedade simples, quer como empresária. (...)
As demais deverão seguir o padrão do novo estatuto, em respeito e
homenagem à indicação feita pelos próprios sócios, que respondem por tal
enquadramento, conquanto este enquadramento não é aleatório, na medida
em que não decorre simplesmente da vontade, mas que provêm deste
especial elo entre os sócios e a atividade econômica a ser desenvolvida. (...)
Para o cumprimento de tal desiderato, os novos ESTATUTOS SOCIAIS
devem declinar a devida indicação do tipo de SOCIEDADE, de forma nítida e
clara, sem o que a inscrição poderá ser obstada. (SALLES)
Ressalte-se que caberá aos interessados, livremente, a opção por qualquer
das duas formas associativas (sociedade simples ou sociedade empresária),
não havendo razão para o Poder Público, representado pelas instituições
incumbidas do registro público de uma ou de outra (Junta Comercial ou
Registro Civil das Pessoas Jurídicas), criar qualquer obstáculo, discutindo o
motivo ou os fundamentos de ordem econômica dessa opção. E a razão
disso é simples: somente os interessados é quem poderão avaliar se a
atividade a ser desenvolvida pela sociedade da qual eles farão parte é
suficientemente estruturada (organizada) para ser considerada empresária
ou não. (SIQUEIRA, 2009a).
O enquadramento como sociedade simples ocorre por exclusão. Se a
sociedade não é empresária, a sua condição é de sociedade simples.
Esse enquadramento só é rigoroso em suas posições extremas, isto porque
não mais persistem as diferenças do passado, quando existiam, para as
sociedades, dois códigos e dois estatutos jurídicos inteiramente díspares.
57

Hoje, com a convergência dos regimes, a diversidade de registros condiciona


efeitos bastante limitados, e que se resumem, como já demonstrado, ao
maior ou menor rigor a que se submetem.
A divisão (simples/empresária) é de natureza técnica, e tem sentido
funcional, de modo a tornar mais complexa a vida do empresário e mais
simples a vida do não-empresário. (BORBA, 2009b).
Essa questão da organização, em determinadas situações, poderá dirigir-se
para uma zona cinzenta, de difícil definição; nesses casos, os próprios
organizadores, segundo a sua avaliação, indicarão o caminho, inscrevendo a
sociedade no Registro Civil ou no Registro de Empresas. Nessas situações
imprecisas, qualquer que seja o registro, a sociedade será regular, e desse
registro resultará a sua condição de sociedade simples ou empresária. (...)
O Registro Civil e a Junta Comercial, afora as hipóteses de enquadramento
evidente, deverão aceitar, nas situações imprecisas, as declarações dos
próprios sócios, e a manifestação de vontade dos requerentes. (grifo nosso)
(BORBA, 2009a).
Rêgo esquematiza essas informações da seguinte forma88:
Examinando a divisão acima feita, submetida à metafísica Bergsoniana de
que fala Reale, poderíamos conceituar as sociedades classificando-as pelo
seguinte método:
a) quanto ao objeto:
a1) serão não empresárias, portanto simples, todas as sociedades que
exerçam atividade intelectual ou artística, não adotada a forma por ações, em
comandita por ações ou em conta de participação;
a2) serão empresárias as sociedades que exerçam atividade intelectual ou
artística que adotarem a forma por ações, em comandita por ações ou em
conta de participação.
b) quanto à forma do exercício da atividade:
b1) serão não empresárias, portanto simples, todas as sociedades cujo
exercício da atividade se der de forma pessoal ou supervisionada,
diretamente, pelos sócios;
b2) serão empresárias todas as sociedades cujo exercício da atividade se der
de forma impessoal, atuando, o sócio-empresário, apenas como elemento da
atividade exercida, organizando os fatores de produção.
c) quanto ao tipo societário adotado:
c1) serão simples todas as sociedades que adotarem o regime das
sociedades simples puras (stricto sensu) ou cooperativas;
c2) poderão ser não empresárias, portanto simples, todas as sociedades que
adotarem o tipo societário de responsabilidade limitada, em nome coletivo ou
em comandita simples, desde que exercidas sem empresarialidade;
c3) poderão ser empresárias todas as sociedades que adotarem o tipo
societário de responsabilidade limitada, em nome coletivo ou em comandita
simples, desde que exercidas com empresarialidade;
c4) serão empresárias as sociedades que adotarem o tipo societário por
ações e as em comandita por ações ou em conta de participação.
d) quanto à formação do capital social:
d1) serão simples as sociedades cuja constituição se der apenas de sócios
de serviços;
d2) poderão ser simples ou empresárias as sociedades constituídas apenas
de sócios de capital.

88
Com relação ao item c1, consideramos que não é a adoção do tipo de sociedade simples stricto
sensu que tornará a sociedade não-empresária, mas pelo contrário, o fato de ser não-empresária é
que possibilitará adotar esse tipo societário, diferentemente das cooperativas, cuja determinação vem
da lei. Da mesma forma, no item d, é o fato de ser simples lato sensu que possibilitará a constituição
apenas por sócios de serviço e não o contrário.
58

O quadro seguinte é a maior colaboração na abordagem inovadora desta


monografia, resumindo o item 4.2.1:

ATIVIDADE ECONÔMICA
SIMPLES (lato sensu) 89 EMPRESÁRIAS
(Registro Civil das Pessoas Jurídicas) (Registro na Junta Comercial)
 Cooperativa (independente do  Sociedade anônima ou em
objeto) ou sociedade simples90 comandita por ações (independente
stricto sensu (apenas se atividade do objeto, inclusive se a atividade for
for compatível com os itens compatível com os itens seguintes)
seguintes)

 Atividade rural (não é a principal  Atividade rural (é a principal





profissão; é a principal profissão, profissão e é exercida
S o c i e d a d e
S o c i e d a d e
S o c i e d a d e

porém não é exercida empresarialmente) e opção pela


empresarialmente; é a principal inscrição na Junta Comercial
profissão, exercida
empresarialmente, mas optou pelo
regime civil)

 Atividade intelectual, de natureza  Atividade intelectual, de natureza


l i m i t a d a

e m
e m

científica, literária ou artística científica, literária ou artística como


elemento de empresa dentro de uma
c o m a n d i t a
n o m e

organização maior, ou tendo adotado


o tipo de sociedade anônima
c o l e t i v o

 Exercício profissional de atividade


econômica organizada (gestão
 Exercício de atividade econômica
impessoal do sócio, apenas
sem organização profissional
s i m p l e s

ordenando fatores de produção) para


(sócios exercem diretamente a
a produção ou a circulação de bens
atividade, ou supervisionam
ou de serviços
diretamente) para a produção ou a
circulação de bens ou de serviços

89
Essas sociedades podem ter a participação de ambos os cônjuges.
90
Essas sociedades podem ser constituídas apenas por sócios de serviços.
59

Tudo o que foi estudado até agora só tem uma razão de ser: escolher o
correto local para registro, pois a irregularidade dessa escolha pode ter
conseqüências danosas, como se verá no próximo item.

4.3 Conseqüências da Irregularidade

A grande importância em ter clara a categoria societária (simples ou


empresária) é a regularidade do registro91. Como foi visto no capítulo 2.2, o registro
da sociedade é constitutivo de sua personalidade jurídica. Tendo nosso sistema
registral dois órgãos para o registro da pessoa jurídica, o local do registro também
faz parte da sua regularidade. Assim, a sociedade simples deve registrar-se no
Registro Civil de Pessoas Jurídicas e a sociedade empresária, na Junta Comercial.
A falta do registro ou o registro no lugar errado tornarão a sociedade em comum92,
trazendo graves conseqüências no campo da responsabilidade civil93.
Enunciado 209 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Arts. 985, 986 e 1.150:
O art. 986 deve ser interpretado em sintonia com os arts. 985 e 1.150, de
modo a ser considerada em comum a sociedade que não tenha seu ato
constitutivo inscrito no registro próprio ou em desacordo com as normas
legais previstas para esse registro (art. 1.150), ressalvadas as hipóteses de
registros efetuados de boa-fé.”
Para a sociedade empresária, as conseqüências ainda são mais graves, já
que o registro mercantil é apenas declaratório de sua condição empresária, ou seja,

91
Enunciado 208 da III Jornada de Direito Civil (CJF) – “Arts. 983, 986 e 991: As normas do Código
Civil para as sociedades em comum e em conta de participação são aplicáveis independentemente
de a atividade dos sócios, ou do sócio ostensivo, ser ou não própria de empresário sujeito a registro
(distinção feita pelo art. 982 do Código Civil entre sociedade simples e empresária).”
Existe um caso de irregularidade mais raro, que é quando a sociedade empresária continua em
funcionamento com o registro cancelado por inatividade: “(...) se a sociedade empresária não
praticou, em dez anos, nenhum ato sujeito a registro, ela deve tomar a iniciativa de comunicar à Junta
a sua intenção de manter-se em funcionamento. (...) se a sociedade não providenciar a comunicação
de intenção de funcionamento, a Junta instaura um procedimento para o cancelamento do registro,
passando a considerar a empresa inativa.” (COELHO, 2007a, p. 77).
92
“(...) as chamadas sociedades de fato não possuem personalidade jurídica. A lei reconhece,
evidentemente, a existência dessas sociedades, já que admite a sua prova mesmo por presunção,
mas a condição essencial para que a pessoa jurídica tenha existência legal é o arquivamento dos
atos constitutivos (...)”(MARTINS, 2006, p. 188).
93
“A principal sanção imposta à sociedade empresária que explora irregularmente sua atividade
econômica, isto é, que funciona sem registro na Junta Comercial, é a responsabilidade ilimitada dos
sócios pelas obrigações da sociedade” (COELHO, 2007a, p. 74). “O acervo de bens das sociedades
não personificadas responde pelas obrigações, e subsidiariamente, os seus sócios têm o dever de
concorrer com os seus haveres, na dívida comum, proporcionalmente à sua entrada (CPC, art. 596).
(...) a falta de registro acarreta a comunhão patrimonial e jurídica da sociedade e de seus membros,
confundindo-se seus direitos e obrigações com os dos sócios.” (DINIZ, 2003, p. 236).
60

sem ele estará praticando irregularmente atividade empresarial, com outras


penalidades94.
Para ser classificada como simples, basta que a sociedade não explore seu
objeto empresarialmente. Se assim o fizer, e não se constituir regularmente
como sociedade empresária, estará exposta às conseqüências da
irregularidade, como, por exemplo, a perda da personalidade jurídica. É a
mesma conseqüência que se manifesta, aliás, se a sociedade simples (de
tipo limitada, por exemplo) levar a registro seus atos constitutivos na Junta
Comercial. (...)
Se a sociedade explora empresarialmente a atividade própria de seu objeto,
mas não se organiza como sociedade empresária, ela está em situação
irregular e sofrerá as conseqüências disto (perda da personalidade jurídica,
impossibilidade de impetrar concordata, etc.). Estará, em outros termos, na
mesma condição em que se encontraria uma sociedade simples que
inadvertidamente se registrasse na Junta Comercial. (...)
As conseqüências jurídicas do registro de uma sociedade por órgão
incompetente, para a sociedade, são as da irregularidade. Uma sociedade
registrada em órgão incompetente encontra-se na mesma situação de uma
sociedade sem registro.
A sociedade que funciona sem o registro exigido em lei tem sua disciplina,
hoje, centrada na figura da "sociedade em comum". (...)
O ato societário objeto de registro por órgão incompetente é, sem dúvida,
viciado, irregular. Mas por não condicionar o direito brasileiro nem a
existência nem a validade do ato societário ao registro no órgão competente,
segue-se que o vício compromete apenas a eficácia do registro. (COELHO,
2009).
Com relação aos efeitos da irregularidade do registro, Fazzio Júnior
resume bem os gravames enfrentados pela sociedade em comum:
Como já anotamos, sociedade registrada é sociedade não personificada,
conhecida como sociedade em comum (de fato ou irregular). A existência
informal acarreta-lhe as seguintes restrições: não tem legitimação ativa
para, como empresária, requerer a falência de outro empresário; não
pode desfrutar do favor legal das recuperações; sua escrituração não
desfruta de eficácia probatória; se insolvente, incidirá em crime
falimentar (art. 178 da LRE); seus sócios respondem, sempre, ilimitada e
solidariamente, pelos encargos sociais, excluído do benefício de ordem
aquele que contratou em nome da sociedade; os bens e dívidas sociais
constituem patrimônio especial, do qual os sócios são titulares em comum; os
sócios, nas relações entre si ou com terceiros, somente por escrito podem
provar a existência da sociedade, mas os terceiros podem prová-la de
qualquer modo; não existindo perante os órgãos tributários, não pode
contratar com o Poder Público; não existindo perante os órgãos fiscais, não
poderá emitir nota fiscal; vendendo sem emitir nota fiscal, incidirá em
95
sonegação fiscal. (grifo nosso) (FAZZIO JÚNIOR, 2006, pp. 164-5).
Esclarecendo mais a responsabilidade civil dos sócios nas sociedades em
comum, traz-se à colação os seguintes trechos:

94
Ainda é válida a observação de Fábio Ulhoa Coelho no sistema atual, pois a dicotomia ainda
persiste entre sociedades simples e empresárias: “Outra razão invocada para a superação da
dicotomia foi a insegurança decorrente do caráter exemplificativo do elenco dos atos de comércio.
Uma pessoa, que pensava exercer atividade civil, podia ser surpreendida com a declaração de sua
falência, inclusive em função de inesperados desdobramentos penais.” (grifo nosso) (COELHO,
2009).
95
O trecho em negrito são restrições próprias das sociedades empresárias.
61

No sistema anterior (,..) Era assentado que ambas [sociedades irregular e de


fato] inexistiam legalmente como pessoas jurídicas, e, assim, a
responsabilidade dos sócios pelas obrigações sociais assumidas sempre foi
admitida como pessoal, primária e solidária entre os sócios. Não havendo
patrimônio social, os sócios, igualmente, eram privados de invocar qualquer
benefício de ordem em relação aos bens da sociedade. (...)
Na nova legislação (...) se prevê o reconhecimento de um patrimônio
especial, formado por bens e dívidas da sociedade não registrada, e, ainda, a
faculdade de o sócio não tratador fazer uso do benefício de ordem. É
possível, portanto, que, não tendo participado da realização de determinado
negócio jurídico, um dos sócios em comum invoque o direito de ver seus
bens excutidos somente após o esgotamento do patrimônio social e dos
demais sócios que, diretamente, trataram com o credor. (NEGRÃO, 2007, pp.
289-9).
O art. 990 do Código Civil (...) estabelece que todos os sócios respondem
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais. Concede-lhes, entretanto,
o benefício de ordem. Ficou mantido o caráter subsidiário da
responsabilidade do sócio da sociedade irregular ou em comum. Mas fica
excluído deste benefício de ordem, previsto no art. 1.024, o sócio que
contratar pela sociedade. Donde se exigirá que o credor primeiro execute os
bens da sociedade em comum para depois, se insuficientes, alcançar os
bens dos sócios que não contrataram pela sociedade. (REQUIÃO, 2003, p.
382).
Assim, o benefício de ordem existe, mesmo nas sociedades irregulares ou de
fato, salvo quanto ao que contratou pela sociedade (sócio “representante”).
Nesse sentido, é também o entendimento de Fábio Ulhoa Coelho, ao afirmar
que os “sócios que se apresentaram como representantes da sociedade
terão responsabilidade direta e os demais, subsidiária, mas todos assumem
responsabilidade sem limite pelas obrigações contraídas em nome da
sociedade. (GAGLIANO, 2007, p. 193).
Considerando os graves efeitos do registro inadequado, Borba abranda
sua aplicação e os atribui apenas a casos extremos: quando a inadequação do
registro fosse manifesta ou quando houvesse evidente intuito de fraudar a lei 96. De
toda sorte, resta clara a importância da regularidade do registro para a vida da
pessoa jurídica.

96
“A irregularidade estaria na falta de inscrição, não na inscrição inadequada, tanto que a finalidade
do registro, que é a publicidade e a fiscalização do cumprimento dos preceitos legais aplicáveis,
estaria, de qualquer sorte, assegurada. A irregularidade (registro impróprio) ocorreria apenas quando
a inadequação do registro fosse manifesta, ou quando houvesse evidente intuito de fraudar a lei.
Nesses casos, o registro poderia ser desconstituído, ou ter os seus efeitos afastados, por decisão
judicial.” (BORBA, 2009b).
62

5 CONCLUSÃO

Chega-se ao fim deste trabalho com a boa impressão de ter trazido


subsídios para que os futuros empreendedores possam abrir seus negócios com
menos dificuldade, mais celeridade e sem a possibilidade de serem pegos de
surpresa em situação irregular.
Para tanto, saberão que para reconhecer firmas, autenticar cópias e lavrar
escrituras e procurações públicas, deverão dirigir-se ao Serviço de Notas. Para
integralizar o capital social com a transferência de imóveis, deverão ir ao Registro de
Imóveis com a escritura pública, no caso de sociedade simples, ou com certidão da
Junta Comercial, no caso de sociedade empresária. Para garantir o pagamento dos
seus créditos poderão usar os Serviços de Protesto. Para conservar seus
documentos, bem como fazer notificação extrajudicial para garantir seus direitos,
irão ao Serviço de Títulos e Documentos. E finalmente, para registrar seus atos
constitutivos, saberão aonde ir: Registro Civil das Pessoas Jurídicas ou Junta
Comercial. E sabendo das exigências de qualificação, já irão com todos os dados e
documentos necessários.
Ademais, o empreendedor estará ciente da importância de se constituir
uma pessoa jurídica para facilitar a atividade, uma vez que poderá unir esforços e
capital, formando um ente autônomo. E o mais importante, poderá proteger seu
patrimônio pessoal, limitando sua responsabilidade particular.
Com relação ao negócio em si, já sabe que atividades não-econômicas
são exercidas por associações e fundações registradas no Registro Civil e que
atividades lucrativas são executadas por sociedades. Dependendo do tipo societário
adotado, do objeto a ser explorado ou do modo de gestão da atividade, saberá
tratar-se de empresa ou atividade civil. Num ou noutro caso, terá à sua disposição
cinco tipos societários. Se a atividade não girar muito dinheiro, ainda poderá
enquadrar-se como micro ou pequeno empresário e ter facilidades proporcionadas
pela lei, principalmente no campo da escrituração e tributário (SIMPLES).
Por fim, poderá assumir os riscos de uma atividade informal, pois estará
ciente das restrições que a falta de regularização de sua atividade no registro
competente lhe trará, principalmente do ponto de vista da responsabilidade
patrimonial ilimitada.
63

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