Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
SELECÇÕES DO READERS DIGEST
Selecções do Reader's Digest
CONSULTORES DA EDIÇÃO PORTUGUESA
J. A. Borralho da GRAÇA, professor catedrático de Farmacognosia da
Faculdade de Farmácia de Lisboa.
Luís Filipe M. AIRES, assistente responsável pela cadeira de Botânica
Farmacêutica da Faculdade de Farmácia de Lisboa.
REDACTORES DA EDIÇÃO ORIGINAL
Prof. Pierre DELAVEAU, Universidade RenéDescartes,
Paris V, Faculdade >de Ciências Farmacêuticas e Biológicas: pp. 337348.
Michelle LORRAIN, professorassistente de Fisiologia
Vegetal e Farmacognosia, Instituto Europeu de Ecologia, Metz: pp. 1115,
349360.
François MORTIER, Faculdade de Ciências Farmacêuticas
e Biológicas, Nancy I: pp. 810.
Caroline RiVOLIER: pp. 4346, 4853, 5560, 6374,
7684, 8890, 9295, 98, 99, 103, 106108, 110,
112114, 116, 117, 120125, 128, 129, 131, 133135,
137140, 144146, 148166, 168171, 173182,
184189, 192196, 199201, 203, 204, 216218, 223,
227, 228, 231234, 236240, 242252, 254267,
269282, 284, 286290, 294, 299, 301, 303, 304. Doutor Jean RiVOLIER e
Caroline RiVOLIER: pp. 362441.
Abade Rene SCHWEITZER, engenheiroagrónomo: pp.
2040, 47, 54, 61, 62, 67, 75, 18587, 91, 96, 97,
100102, 104, 105, 109, 111, 115, 118, 119, 126,
127, 130, 132, 136, 141143, 147, 167, 172, 183,
190, 191, 197, 198, 202, 205215, 219222, 224226,
229, 230, 235, 241, 253, 268, 283, 285, 291293,
295298, 300, 302, 442453.
CONSULTORES DA EDIÇÃO ORIGINAL
Pierre BosSIaRDET, desenhador artístico, Centro Nacional
de Investigação Científica.
Renê H. DELÉPINE, professorassistente, Universidade
PierreetMarieCurie, Paris VI, director da equipa de biogeografia e
ecologia bentónica.
Michel GuÉDÈS, professorassistente, Museu Nacional de
História Natural, Paris, laboratório de fanerogânkas. Prof. Paul JOVET,
director (honorário) do Centro Nacional de Investigação Científica,
Paris. Prof. René PARIS, Universidade RenéDescartes, Paris
V, Faculdade de Ciências Farmacêuticas e Biológicas.
ILUSTRAÇõES
David BAXTER: pp. 67, 72, 143, 209. FranÇoise BONVOUST: pp. 95, 96,
115, 132, 150, 159,
192, 198, 269, 284, 286, 295. Luc BOSSERDET: Pp. 92, 107, 110, 120, 126,
138, 146,
149, 151, 154, 163, 164, 230, 245, 265, 268Pierre BROCHARD: p. 50. Jean
COLADON: pp. 63, 70, 113, 148, 174, 205, 210,
211, 214, 226, 242, 252, 292, 442452. François COLLET: Pp. 93, 158.
Philippe COUTÊ PP, 82, 106, 121, 157, 176, 237, 267,
278. FrançoiSC DE DALMAS: Pp. 103, 119, 156, 170, 183. Maurice
ESPÉRANCE: pp. 2035, 47, 54, 61, 86, 87, 96,
111, 118, 132, 188, 197, 216, 219, 223, 227, 253,
289. lan GARRARD: pp. 53, 59, 79, 89, 122, 153, 171, 173,
184, 201, 271, 287. Odette HALMOS: pp. 177, 178, 229, 246, 276, 298.
Madeleine HUAU: pp. 73, 147, 161, 162, 169, 172, 238,
279, 281, 304. Mette IVERS: pp. 4951, 69, 97, 99, 109, 112, 124, 125,
129, 131, 141, 165, 166, 185, 186, 189, 200, 236,
239, 244, 255, 277, 305336. Josiane LARDY: pp. 45, 57, 71, 77, 100,
114, 117, 143,
167, 175, 182, 187, 196, 202, 208, 218, 248, 251,
258, 260, 263, 273, 296, 299, 300. Annie LE FAou: pp. 43, 44, 56, 90,
108, 123, 130, 139,
144, 155, 190, 194, 207, 228, 254, 256, 264, 266,
272, 294. Yvon LE GALL: P. 102. Nadine LIARD: Pp. 193, 220, 222, 283.
GUy MICHEL: pp. 60, 66, 91, 128, 133, 140, 142, 152,
168, 212213, 232, 291, 297, 301, 302. Daniel MONCLA: Pp. 94, 134, 241,
274. MarieClaire Nivoix: pp. 64, 78, 116, 160, 203, 215,
217, 258. Alain d'ORANGE: p. 101. Charles PICKARD: pp. 75, 98, 221, 233.
Robert Rousso: pp. 48, 52, 180, 181. JeanPaul TURMEL: pp. 58, 104, 141,
191, 195, 204,
206, 240, 243, 247. Denise WEBER: capa e pp. 46, 55, 62, 65, 74,
76, 80,
81, 8385, 88, 127, 135, 179, 199, 224, 225, 231,
234, 249, 250, 257, 259, 261, 262, 269, 275, 280,
282, 288, 290, 303.
SEGREDOS E VIRTUDES DAS PLANTAS MEDICINAIS
uma edição de Selecções do Reader's Digest
1983, Selecções do Reader's Digest, SARL.
Rua de Joaquim António de Aguiar, 43 Lisboa
Reservados todos os direitos. Proibida a reprodução, total ou parcial,
do texto ou das ilustrações, sem autorização, por escrito, dos editores.
Composição: Fototexto, Lda. Lisboa Impressão: Lisgráfica, SARL.
Queluz de Baixo Encadernação: AMBAR Porto
1.a edição, Maio de 1983. Depósito legal n.I 2130/83
PRINTED IN PORTUGAL
Índice
Prefácio
O reino dos simples
As plantas medicinais A fábrica vegetal Identificar, colher, conservar
Guia das plantas a conhecer
As plantas espontâneas As plantas cultivadas As plantas tóxicas As
plantas exóticas
Os benefícios das plantas
O emprego do simples Dicionário da saúde
Os usos veterinários
Glossário
índice alfabético
Ao leitor
O aumento do consumo individual de medicamentos que se observa por todo
o Mundo tem originado nos últimos anos um interesse renovado pelas
plantas medicinais, um retorno às fontes naturais para o tratamento de
doenças. Este fenómeno poderá explicarse pelo facto de grande parte dos
medicamentos ter tido origem precisamente em espécies vegetais, pelo
desejo de regressar à Natureza que se observa no homem moderno e por uma
certa desconfiança em relação aos medicamentos de origem sintética de
produção industrializada.
Esta obra, que não pretende substituir a medicina tradicional, foi
realizada sob a orientação de autores especializados que souberam pôr os
seus profundos conhecimentos nos campos da botânica e da farmacognosia
ao alcance e ao serviço do grande público. Nela se explicam as
possibilidades reais das plantas medicinais, se estimula a sua colheita
no meio natural e, simultaneamente, se desmistificam as especulações
pseudocientíficas que ensombram a divulgação séria da medicina pelas
plantas.
A identificação e a colheita das plantas adequadas constituem um
primeiro problema. Para o solucionar, recorreuse a ilustrações de
grande qualidade e a descrições morfológicas minuciosas que permitem
distinguir as espécies benéficas das neutras e das nocivas. Oferecer
mapas exactos com a localização dos lugares de colheita de cada planta
seria pretensão irrealizável; mas o leitor encontrará descritos os
habitats característicos das diferentes espécies. A obra assinala ainda
em que altura e época devem ser colhidas as plantas espontâneas e
cultivadas e quais são as suas partes úteis. E, uma vez colhidas e
preparadas, ensina a conservar as substâncias vegetais com propriedades
medicinais.
Atitudes menos cuidadas quanto à colheita e preparação e menos prudentes
quanto à dosagem podem conduzir a riscos que deverão ser evitados, para
que, em vez de benefícios para a saúde e bemestar, se não colham antes
prejuízos. Assim, ficando um tanto à mercê do discernimento do leitor a
maneira como aproveitar, com a maior utilidade, o conteúdo da obra, os
editores não poderão ser responsabilizados pelas consequências que
advenham da má utilização das informações ou da negligência em relação a
recomendações insistentemente referidas ao longo do livro.
SELECÇõES Do READER,s DIGEST
Prefácio
Para a importação de novas drogas medicinais oriundas do Oriente, há
muito mantida pela Europa, deram os Portugueses uma contribuição
notabilissima, tornandoa mais variada e abundante à medida que as foram
procurando nas regiões africanas, asiáticas e sulamericanas a que pela
primeira vez aportavam.
Para além de quanto a África ia oferecendo de novidade, foi na índia que
se
encontrou maior variedade e riqueza desses produtos, os quais,
comercializados pelos Portugueses, passaram a ser quer conhecidos pela
primeira vez na Europa, quer mais abundantes e acessíveis.
Havia produtos que serviam de mezinhas, outros designados por
especiarias, conjunto na quase totalidade de origem vegetal, embora os
houvesse de origem animal ou mista, utilizados como condimentos,
masticatórios, excitantes, estupefacientes, perfumes, unguentos e
corantes, com propriedades exclusivas ou polivalentes.
Na preocupação que sempre existiu de ir descrevendo tudo quanto de útil
se descobria, foram enviados boticários nas naus que partiam a caminho
do Oriente, aos quais competia não só o desempenho das suas funções
durante as viagens e nos locais onde as tripulações se instalassem, mas
também a averiguação das mezinhas usadas nas diversas zonas visitadas ou
onde fosse possível obter notícia fidedigna, e ainda descrever a
natureza e origem das *drogas e cousas medicinais+, as suas propriedades
e aplicações.
Distinguiramse nessa tarefa, em grande parte original, em primeiro
lugar Simão Alvares, boticário de profissão que chegou à índia em 1509,
e Tomé Pires, feitor de drogas, que ali chegou em 1512 por mandato do
rei D. Manuel I e que seguiu mais tarde para a China como embaixador,
com a incumbência de procurar reconhecer as plantas daquela região úteis
para a medicina.
Mas foi Garcia de Orta quem mais se notabilizou no estudo das espécies
medicinais e de outros produtos semelhantes da índia, para onde partiu
em 1534, onde se fixou e onde morreu. Tendo nascido em Elvas, Garcia de
Orta tirara o curso de Medicina nas Universidades de Salamanca e Alcalá,
tendo ainda regido uma cadeira na Universidade de Lisboa em 1530 antes
de partir para o Oriente.
O seu livro Coloquios dos simples, e drogas he cousas mediçínais da
Indía publicado em 1563 em Goa, adquirefama internacional, nomeadamente
depois de ter sido traduzido em latim, francês e italiano. Nesta obra se
consignam, sob a forma de diálogo, todos os conhecimentos científicos e
práticos que o autor conseguiu reunir sobre tais produtos e sua
utilização.
O cientista francês Jules Charles de l'Écluse (Clúsio) publicou uma
edição latina simplificada, com o título Aromatum et Simplicium Aliquot
Medicamentorum Apud Indos Nascentium Historia, enriquecendo com notas
pessoais e desenhos a obra original.
Depois do que se ficou devendo a árabes, gregos e romanos, surge assim a
partir desta tão notável obra de Garcia de Orta a divulgação escrita, em
diversas línguas eformas, de quanto mais se passou a conhecer depois da
chegada dos Portugueses ao Oriente.
Entretanto, nasce em África, em local não conhecido, mas possivelmente
no Norte desse continente, um outro português, Cristóvão da Costa, o
qual, depois de estudar Medicina na Universidade de Coimbra, parte para
a índia, desembarcando em Goa em 1568, ainda a tempo de conviver com
Garcia de Orta, de cujo saber muito aproveitou certamente. Regressando à
Europa, Cristóvão da Costa fixouse em Burgos, onde foi médico e
cirurgião e escreveu e imprimiu o seu Tractado Delas Drogas, y medicinas
de las Indias Orientales, con sus plantas debuxadas aí biuo por
ChristouaI A Costa medico y cirujano que Ias vio ocularmente. En el qual
se verifica mucho de lo que escrivio el Doctor Garcia de Orta
...,publicado em 1568, obra baseada na de Garcia de Orta que apresenta
desenhos de todos os produtos, alguns dos quais mais
ricamente pormenorizados e documentados que no livro em que se
fundamentou. Também a obra de Cristóvão da Costa foi traduzida em latim,
italiano e francês.
Entretanto, descoberto o Brasil, iniciase também nos vastos territórios
sulamericanos uma primeira tentativa de inventário e descrição das
plantas medicinais da região, em relação às quais, porém, não foi
publicada qualquer obra em especial.
Sobre estudos de tal natureza no século XVII pouco haverá a dizer, para
além do notável trabalho do médico alemão Gabriel Grisley intitulado
Desingano para a Medícina ou Botica para todo o pai de família (1656),
onde o autor refere a flora médica portuguesa, além de um outro,
Viridarium Grísley Lusitanicum ... (1661), que constitui a primeira
lista das plantas de Portugal. Tendose estabelecido em Portugal no
tempo do rei D. João IV, Grisley foi pelo monarca encarregado de
organizar um horto botânico em Xabregas.
À mesma época pertence o boticário francês João Vigier, também radicado
no
nosso país, autor da História das Plantas da Europa ... (1718).
São vários os nomes daqueles que no século XVIII se dedicaram à botânica
e deixaram obra com interesse para o estudo das plantas medicinais de
África e do Brasil, embora englobadas em trabalhos menos especializados.
De destacar em relação ao Oriente o jesuíta João de Loureiro, que em
1735 seguiu como missionário para a China, onde a necessidade de
utilizar essas plantas no combate às doenças lhe despertou o interesse
pelo seu estudo, de que resultou a célebre Flora Cochinchinensis,
publicada em 1790 em Lisboa, onde são referidas plantas da Cochinchina,
China e África, obra reeditada em Berlim em 1793.
Notabilizouse sobretudo entre todos os botânicos portugueses do século
XVIII o abade Correia da Serra, nascido em Serpa em 1750, que emigrou
para Itália aos 6 anos com seu pai, fugido à Inquisição. Aí adquiriu
conhecimentos científicos e relacionouse com o duque de Lafões, com o
qual, uma vez regressado a Portugal depois da morte de D. José, fundou a
Academia Real das Ciências.
Considerado pelo intendente Pina Manique como homem perigosíssimo, Já
que dera guarida em sua casa a um francês jacobino, viuse de novo
obrigado a abandonar o País, passando parte da sua vida em Inglaterra,
França e por fim na América do Norte. Em todos esses países o seu nome
era altamente prestigiado pelas maiores celebridades científicas da
época ligadas à botânica, nomeadamente em França, onde sempre recorriam
ao seu conselho.
Mas foi na América que esse prestígio atingiu o expoente máximo, como
raramente terá acontecido com qualquer outro cientista português. O
desempenho da sua actividade pedagógica, os trabalhos científicos
realizados e a ajuda prestada ao presidente Jefferson, de quem era
íntimo amigo, na fundação da Universidade da Virginia valeramlhe ser
considerado * o estrangeiro mais esclarecido que jamais visitara os EUA
+.
Surgira, entretanto, outro botânico português, Félix da Silva Avelar
Brotero, nascido em Santo Antão do Tojal em 1744, e que da mesma maneira
fora obrigado a emigrar para França, fugindo à perseguição
inquisitorial. Convivendo com os mais notáveis naturalistas franceses da
época, visitando a Holanda, Alemanha, Itália e Inglaterra, só regressa
ao País em 1790, depois de terminado o período pombalino. A rainha D.
Maria I nomeiao professor da Faculdade de Filosofia da Universidade de
Coimbra e encarregao da regência da cadeira de Botânica e Agricultura.
Todavia, em relação às plantas medicinais, as obras destes dois últimos
botânicos portugueses, notáveis embora, não suscitam grande interesse,
ao contrário de outras publicadas já no século XIX, da autoria do lente
da Universidade de Coimbra Jerónimo Joaquim de Figueiredo, intitulada
Flora Farmacêutica e Alimentar Portuguesa (Lisboa, 1825), do médico e
lente da Universidade de Coimbra Francisco Soares Franco, Matéria Médica
(1816), e do professor da Universidade do Porto Agostinho Albano da
Silveira Pinto, Código farmacêutico lusitano (1835).
Retomando o tema das plantas úteis do ultramar, o conde de Ficalho,
professor de Botânica da Universidade de Lisboa, publica a célebre obra
Plantas úteis da África Portuguesa (1884), culminando assim a lista das
contribuições de carácter histórico dos cientistas portugueses para o
conhecimento das plantas medicinais.
De então para cá têm sido publicados muitos outros estudos, de conjunto
ou contribuições de extensão e valor variados, mas já sem a prioridade e
o cunho de originalidade daqueles outros que no século XVI nos colocaram
em posição ímpar no mundo da ciência no respeitante ao conhecimento dos
produtos naturais aproveitados pela medicina.
O reino dos simples
As plantas medicinais 8
A fábrica vegetal 11
Identificar, colher, conservar 16
As plantas medicinais
*O Senhor produziu da terra os medicamentos; o homem sensato não os
desprezará+, aconselha o Eclesiástico, 38, 4; no entanto, muito antes
desta alusão no texto sagrado à fitoterapia, ou medicação pelas plantas,
já fora criado, divulgado e transmítido, entre as mais antigas
civilizações conhecidas, o hábito de recorrer às virtudes curativas de
certos vegetais; pode afirmarse que se trata de uma das primeiras
manifestações do antiquíssimo esforço do homem para compreender e
utilizar a Natureza, como réplica a uma das suas mais antigas
preocupações: a que é originada pela doença e pelo sofrimento.
É admirável que todas as civilizações, em todos os continentes, tenham
desenvolvido, a par da domesticação e da cultura das plantas para fins
alimentares, a pesquisa das suas virtudes terapêuticas. Mas é talvez
ainda mais admirável que este conjunto de conhecimentos tenha subsistido
durante milénios, aprofundandose e diversificandose, sem nunca, porém,
cair totalmente no esquecimento.
A utilização das propriedades do ópio obtido da dormideira, 4000 anos
antes de se conhecer o processo de extracção da morfina, é, sob este
ponto de vista, bem significativa da perenidade destes conhecimentos,
que durante muito tempo permaneceram empíricos e que, desde há alguns
séculos, o progresso das ciências modernas tornou mais rigorosos.
Mesmo actualmente, apesar do espectacular desenvolvimento da
quimioterapia, a fitoterapia continua a ser muito utilizada,
readquirindo até um certo crédito desde que foram divulgadas as
consequências, por vezes nefastas, do abuso dos compostos químicos.
Para se ter uma visão de conjunto do progresso dos conhecimentos humanos
referentes às plantas medicinais, devem distinguirse três grandes
períodos. Durante as Antiguidades Egípcia, Grega e Romana acumularamse
numerosos conhecimentos empíricos que serão transmitidos, especialmente
por intermédio dos Árabes, aos herdeiros europeus destas civilizações
desaparecidas.
A partir do Renascimento, estes sábios ocidentais aproveitarão utilmente
a renovação do espírito científico e o surto das viagens dos
Descobrimentos para desenvolver consideravelmente estes conhecimentos
adquiridos e dar início a uma ordenação rigorosa de todos os elementos
saídos da experiência do passado.
Finalmente, e sobretudo desde o final do século xviIi, o progresso muito
rápido das ciências modernas veio enriquecer e diversificar em
proporções extraordinárias os conhecimentos sobre as plantas, os quais
actualmente se apoiam em ciências tão variadas como a paleontologia, a
geografia, a citologia, a genética, a histologia e a bioquímica.
Em 1873, o egiptólogo alemão Georg Ebers comprou um volumoso rolo de
papiro; após ter decifrado a introdução, Ebers foi surpreendido por esta
frase: *Aqui começa o livro relativo à preparação dos remédios para
todas as partes do corpo humano.+ Provouse que este escrito era o
primeiro tratado médico egípcio conhecido. Compunhase de uma parte
relativa ao tratamento das doenças internas e de uma longa e
impressionante lista de medicamentos.
Actualmente, pode afirmarse que, 2000 anos antes do aparecimento dos
primeiros médicos gregos, já existia uma medicina egípcia, organizada
como conjunto de conhecimentos e de práticas distintas das crenças
religiosas.
Duas das receitas incluídas no rolo de papiro de Georg Ebers são,
efectivamente, consideradas como remontando à 6. a dinastia, ou seja a
cerca de 24 séculos antes do nascimnento de Cristo! Sabese hoje que, na
época do antigo Império Egípcio, o palácio do faraó mantinha um corpo de
médicos, entre os quais se esboçavam já especializações como a
odontologia e a oftalmologia.
Muito tempo depois, em 450 a. C., Heródoto diria que *no Egipto cada
médico só trata de uma doença, pelo que constituem uma legião ... +.
Aproximadamente na mesma época, o Templo de Edfu desenvolveu uma escola
de medicina e mantinha um importante jardim de plantas medicinais.
De entre as plantas mais utilizadas pelos Egípcios, é indispensável
citar o zimbro, as coloquíntidas, a romãzeira, a semente do linho, o
funcho, o bordo, o cardamomo, os cominhos, o alho, a folha de sene, o
lírio e o rícino. Um baixorelevo proveniente de Akhetaton ostenta uma
planta medicinal que posteriormente desempenhou um papel fundamental na
farmacopeia da Idade Média: a mandrágora. Os Egípcios conheciam també m
as propriedades analgésicas da dormideira, utilizada na preparação do
*remédio contra as
crises anormalmente prolongadas+.
Mais notável ainda é o conhecimento progressivamente adquirido das
regras de dosagens específicas para cada droga; esta prática ampliouse
ao fabrico e à administração de todos os remédios e pode afirmarse que
nasceu assim a receita médica e a respectiva posologia.
Estes conhecimentos médicos iniciados no antigo Egipto divulgaramse
nomeadamente na Mesopotâmia. Em 1924, o Dr. Reginald
Campbell Thompson, do Museu Britânico, conseguiu identificar 250
vegetais, minerais e substâncias diversas cujas virtudes terapêuticas os
médicos babilónios haviam utilizado, especialmente a beladona,
administrada contra os espasmos, a tosse e a asma; os pergaminhos da
Mesopotâmia mencionam o cânhamo indiano, ao qual se reconhecem
propriedades analgésicas e que se receita para a bronquite, o reumatismo
e a insônia.
Foram sobretudo os Gregos, e mais tarde, por seu intermédio, os Romanos,
os herdeiros dos conhecimentos egípcios, desenvolvendoos até um elevado
nível.
Aristóteles, espírito universal, estudou história natural e
botânica;
Hipócrates, frequentemente considerado *o pai da medicina+, reuniu com os
seus discípulos a totalidade dos conhecimentos médicos do seu tempo no
conjunto de tratados conhecidos pelo nome de Corpus Hippocraticum: para
cada enfermidade descreve o remédio vegetal e o tratamento
correspondente.
Catão, o Antigo, no século II a. C., mencionou no seu tratado De Re
Rustica 120 plantas medicinais que cultivava no seu próprio jardim.
No início da era cristã, Dioscórides inventariou no seu tratado De
Materia Medica mais de 500 drogas de origem vegetal, mineral ou animal;
à semelhança dos seus predecessores, esforçouse por ter em conta o
maravilhoso e separar o racional do irracional. Esta preocupação
científica nem sempre foi seguida por Plínio, o Antigo, cuja monumental
História Natural contém por vezes descrições de algum modo fantasistas.
Finalmente, o grego Galeno, cuja influência foi tão duradoura como a de
Hipócrates, ligou o seu nome especialmente ao que ainda se denomina a *
escola galénica+ ou *farinácia galénica+. Efectivamente, distinguese o
emprego das plantas *ao natural+, ou seja sob a forma de pós, das
*preparações galénicas+, em que solventes como o álcool, a água ou o
vinagre servem para concentrar os componentes activos da droga, os quais
serão utilizados para preparar unguentos, emplastros e outras formas
galénicas.
O longo período que se seguiu, no Ocidente, à queda do Império Romano,
designado universalmente por Idade Média, não foi exactamente uma época
caracterizada por rápidos progressos científicos. Os domínios da
ciência, da magia e da feitiçaria tendem frequentemente a confundirse;
drogas como o meimendronegro, a beladona e a mandrágora serão
consideradas como plantas de origem diabólica.
Assim, Joana d'Arc será acusada de ter *atormentado os Ingleses pela
força e virtude mágica de uma raiz de mandrágora escondida sob a
couraça+. Contudo, não é possível acreditar que na Idade Média se
perderam completamente os conhecimentos adquiridos durante os milénios
precedentes. Os monges, devido aos seus conhecimentos do latim e do
Grego, foram os detentores do saber da Antiguidade; grande número de
mosteiros vangloriavase dos seus *jardins dos simples+, onde cresciam as
plantas utilizadas para o tratamento dos doentes.
Ainda actualmente se conserva a memória de Santa Hildegarda, a *santa
curandeira+ , cujos tratados, conhecidos pelo nome de Physica, além de
respeitarem os conhecimentos antigos, trazem à luz, pela primeira vez,
as virtudes de algumas plantas como a pilosela ou a arnica.
No entanto, a medicina da Idade Média foi sobretudo dominada pela Escola
de Salerno; os eruditos que ali trabalhavam deram a conhecer, por
intermédio de sábios (Avicena, Avenzoar e lbnelBeithar) e dos textos
ára bes, grande número de obras da medicina grega.
Rogério de Salerno, no início do século XII, contribuiu para os
consideráveis progressos da medicina do seu tempo.
Foi, no entanto, o Renascimento, com a valorização da experimentação e
da observação directa, com o surto das grandes viagens para as índias e
a América, que deu origem a um novo período de progresso no conhecimento
das plantas e das suas virtudes.
No início do século XVI, o médico suíço Paracelso tentou descobrir a *
alma+, a <quiritaessência+ dos vegetais, de onde irradiam as suas
virtudes terapêuticas. Não dispondo, evidentemente, dos meios de análise
que mais tarde seriam oferecidos pela técnica moderna, tenta aproximar
as virtudes das plantas das suas propriedades morfológicas, da sua forma
e cor: é a chamada *teoria dos sinais+.
O italiano Pier Andrea Mattioli, seu contemporâneo, comenta a obra de
Dioscórides e descobre as propriedades do castanheirodaíndia e da
salsaparrilhadaeuropa e descreve 100 novas espécíes.
Surgem os jardins botânicos: em 1544, Luca Ghini, professor em Bolonha,
funda o de Pisa; em 1590, Veneza confia a Cortuso o de Pádua. Olivier de
Serres reforma a agricultura francesa no reinado de Henrique IV, criando
também, na sua propiiedade de Pradel, em Vivarais, um admirável jardim
de plantas medicinais, imitado algum tempo depois por Luís XIII, que
funda em
Paris o Jardim do Rei, predecessor do actual Museu Nacional de História
Natural.
É também nesta época que têm cátedra em Mont.pellier todos os grandes
botânicos: MatIfias de Lobel, Guillaume Rondelet, Charles de l'Écluse,
Jean e Gaspard Bauliiii, os quais impulsionam os grandes progressos da
classificação sistemática dos vegetais, que se tornou cada vez mais
indispensável pelo grande conjunto de conhecimentos adquiridos.
O desenvolvimento das rotas marítimas, abertas a partir do final do
século XV, coloca efectivamente a Europa no centro do Mundo; os produtos
dos países longínquos abundam e, de entre eles, as plantas até aí
desconhecidas, com virtudes por vezes surpreendentes; os conquistadores
suportaram eles próprios a experiência das propriedades mortais do cura.
; a casca de quina é utilizada para fazer baixar a temperatura nas
febres palúdicas muito antes de se ter conhecimento de como dela extrair
a quinina; a América dá ainda a conhecer as virtudes anestésicas e
estimulantes da folha de coca. No encalce dos descobridores prosseguem
os exploradores, missionários como o padre Plumier, botânicos como
Tournefort, que, em 1792, regressa do Oriente com 1356 plantas então
desconhecidas na Europa.
Finalmente, os esforços de classificação culminam em 1735 com a
publicação do Systema Naturae, de Lineu. O grande naturalista sueco
adopta como princípio de distinção e classificação a distribuição dos
órgãos sexuais nas flores e as características dos órgãos masculinos, os
estames. Para ele, os dois grandes ramos em que se divide o reino
vegetal são o das Criptogâmicas, em que os estames e o pistilo são
invisíveis a olho nu, e o das Fanerogâmicas, em que estes são visíveis.
Dentro destas últimas, por sua vez, estabelecemse 23 classes, segundo
critérios morfológicos. Depois de Lineu, os trabalhos dos irmãos
Jussieu, Joseph, Antoine e Bernard, bem como os do seu sobrinho, Antoine
Laurent de Jussieu, desenvolveram ulteriormente a botânica descritiva e
contribuíram para o aperfeiçoamento da classificação sistemática, sem
terem esgotado todas as suas possibilidades.
Se se fizer uma retrospectiva do caminho percorrido desde as primeiras
receitas conhecidas da época da 6.1 dinastia egípcia, verificarseá que
foi uma longa caminhada; contudo, comprovarseá que ela sempre se
desenvolveu na mesma direcção, sem mudanças radicais. O catálogo das
plantas medicinais enriqueceuse, a descrição das características dos
simples e a indicação das suas utilizações foram aprofundadas, a
classificação das suas espécies foi feita com base científica. Todavia,
nessa época continuam a desconhecerse as leis da sua evolução e, o que
é mais importante ainda, a sua estrutura íntima e os princípios que as
fazem actuar no tratamento das doenças: sabese que têm determinados
efeitos e pouco mais.
Esta revolução radical o aprofundamento dos conhecimentos vai
realizarse nos dois últimos séculos. O estabelecimento das grandes
classificações, pondo em relevo as semelhanças que existem entre as
várias espécies, apenas separadas por uma característica distinta,
sugeria a ideia de uma evolução.
A paleontologia vegetal, ou estudo das floras antigas mercê dos restos
fósseis, contribuiu, no início do século XIX, para numerosos
conhecimentos de apoio a esta tese, conduzidos, nomeadamente, por
Adolphe Brongniart.
No final do século XIX, Gustave Thuret observava o processo da
fecundação numa alga, a bodelha. Pouco tempo antes, ao fazer observações
na ervilheira, o monge Mendel descobrira as leis das transmissões e das
mu
10
tações hereditárias; os seus trabalhos foram esquecidos, e as leis que
têm o seu nome voltaram a ser descobertas no início do século XX:
nascera a genética.
Todas estas matérias esboçavam uma história do reino vegetal e das suas
espécies, enquanto Alphonse de Candolle e Henri Lecoq lançavam as bases
de uma geografia dos vegetais, ou fitogeografia.
A utilização de microscópios desde meados do século XVII proporcionava
um melhor conhecimento da complexa estrutura dos vegetais. Porém, os
seus progressos, desencadeando um aprofundamento das observações, vão
possibilitar, no início do século XIX, a determinação da noção de
célula, o elemento fundamental de todos os tecidos, animais ou vegetais;
são os primórdios da histologia, ou ciência dos tecidos. A partir de
1800, Lamarck passou a usar uma palavra nova biologia , aplicandoa
ao estudo dos processos vitais dos reinos animal e vegetal. Nomeadamente
os progressos da química, e em especial os da química da matéria viva,
ou bioquímica, iriam possibilitar a identificação e isolamento dos
componentes activos das plantas medicinais. Redescobremse a dormideira
dos Egípcios e a quina dos Incas, mas conhecendose agora o segredo da
sua acção sobre o corpo humano.
Assim, no começo do século XIX, o químico alemão Sertilrner isola a
morfina do ópio extraído da dormideira; em 1817, os farmacêuticos Pierre
Joseph Pelletier e Joseph Bienaimé Caventou extraem a emetina da raiz da
ipeca; em 1818, a estricnina da nozvómica, e, finalmenteem 1820, a
quinina da quina. A partir de então, aprendese a reconhecer as virtudes
terapêuticas de uma planta em função dos compostos químicos que contém,
e não das semelhanças que Paracelso julgara ter notado.
Muitos destes compostos podem actualmente ser reproduzidos
artificialmente por síntese. Quererá isto dizer que as plantas, ao
perderem o seu mistério, perderam também a sua utilidade? Será crível
que os esforços do Dr. Cazin, no século XIX, ou do Dr. Leclerc, no
século xx, para defender e tornar célebre a fitoterapia, estão
condenados ao malogro? Assim não será, por diversos motivos. Por um
lado, determinados compostos químicos descobertos nas plantas e
utilizados em medicina não podem, por vezes, ser reproduzidos por
síntese; por outro, alguns produtos de síntese só podem ser obtidos por
meio de *precursores+ vegetais. Assim, por exemplo, as plantas exóticas
como o sisal e o inhame fornecem a matériaprima básica indispensável
para fabricar depois, por semisíntese, algumas hormonas como a
cortisona e os seus derivados. Finalmente, a droga vegetal é um produto
vivo, de onde se deve concluir que esta *terapêutica suave+ é mais bem
tolerada pelo organismo do que as substâncias inteiramente sintéticas.
A medicina pelas plantas: um longo percurso que não está ainda próximo
do fim ...
A fábrica vegetal
As plantas verdes utilizam a água do solo, a energia solar e o gás
carbónico (Co2) do ar para fabricar glúcidos (açúcares). Esta
transformação de compostos orgânicos sob a acção da energia solar chama
se fotossíntese e dáse ao nível das folhas, nos cloroplastos, que
contêm a clorofila. A partir dos glúcidos, formamse as reservas
energéticas e os compostos secundários: lípidos, essências e
heterósidos.
A célula vegetal, como qualquer célula
viva, respira, absorvendo oxigénio (o2) e expelindo dióxido de carbono
(Co2). Durante o dia estas trocas gasosas são mascaradas pelas da
fotossíntese. Desta actividade resulta, de dia, uma forte emissão de
oxigénio e, durante a noite, uma ligeira libertação de dióxido de
carbono.
Por um outro processo, as plantas verdes utilizam sais minerais e
nitratos, que absorvem pela raiz, para sintetizar prótidos e alcalóides.
11
Os componentes activos das plantas
O metabolismo da planta verde produz principalmente glúcidos (açúcares)
e prótidos. Uma fracção dos glúcidos é seguidamente transformada em
diversos compostos, sendo os lípidos os mais importantes para a planta.
Contudo, o metabolismo fornece também vários corpos secundários
utilizados pelo homem para fins terapêuticos; tratase dos heterósidos,
dos alcalóides, dos óleos essenciais e dos taninos. Os vegetais fornecem
também vitaminas, oligoelementos e antibióticos.
Os heterósidos. Estes compostos são formados pela associação de um
glúcido e de um corpo não açucarado chamado genina, ou aglícona. Pensa
se que as geninas são meros produtos de excreção e, nesse caso, podem
ser tóxicas para a planta, pelo que os glúcidos se lhes associariam para
as neutralizar, formando um heterósido não tóxico. Deste modo, o
loureirocereja produz heterósidos cianogenéticos. A genina destes
heterósidos, o ácido cianídrico, é um veneno violento para o ser humano
e do qual se deve recear. Grande número de heterósidos tem aplicações
medicinais: é o caso da digitalina, um cardiotónico muito eficaz, ou do
salicósido, precursor da aspirina. Os heterósidos classificamse segundo
a natureza da sua genina, como se indica no quadro a seguir.
Os alcaloides. São compostos azotados cuja função na planta está mal
esclarecida, pois pensase que se trata de produtos de excreção. A sua
química é complexa e classificamse, segundo a composição do seu núcleo,
em cerca de 15 grupos diferentes. Encontramse em diversas partes,
consoante a planta: a nicotina é sintetizada nas raízes da planta do
tabaco, mas acumulase somente nas folhas. A dormideira contém os
alcalóides no fruto, os da quina estão na casca e os do cafèzeiro na
semente. Desde que se isolou a morfina do ópio, no início do século XIX,
os alcalóides (então chamados álcalis vegetais) suscitaram o interesse
da medicina,pois a sua acção no organismo humano tem um efeito
importante: actuam em doses reduzidas e de um modo muito específico
sobre uma determinada função do organismo. Actualmente, conhecemse mais
de 1000 e calculase que 15 a 20% das plantas com flores ,contêm
alcalóides. Só o látex que escorre da cápsula imatura da papoila do ópio
contém mais de 25 de diversos tipos. Os alcalóides são frequentemente
amargos. O seu forte efeito torna o seu uso perigoso, e a posologia deve
ser muito cuidadosa. Alguns gramas de folha de cicuta podem provocar a
morte. Não deve esquecerse a taça que foi fatal a Sócrates! Da
estricnina à efedrina, da teofilina à emetina, os alcalóides constituem
a mais importante fonte dos medicamentos naturais.
Os óleos essenciais. São também resíduos do metabolismo da planta. Podem
surgir como essências propriamente ditas ou misturadas com as resinas.
Estas apresentamse sob a forma de emulsões que tendem a formar pequenas
gotas. Frequentemente, a planta escoaas para o exterior por meio de
canais excretores. As essências, que são voláteis, difundemse através
da epiderme das folhas e das flores. Estas emanam por vezes um aroma
muito forte e são responsáveis pelos perfumes dos vegetais. As essências
são compostos terpénicos, sendo os terpenos longas cadeias de um
hidrocarboneto dietilénico, o
ALGUNS HETERóSIDOS E SUA CLASSIFICAÇÃO
Tipo de heterásido
Heterósidos cianogenéticos
Heterósidos fenólicos
Heterósidos cumarínicos
Heterósidos esteróides
Heterásidos flavónicos
Exemplo de heterásido
Amigdalósido
Salicásido
Melilotósido
Digitoxina
Quercetósido
Genina, ou aglícona
Nitrilo mandélico
Saligenina
Cumarina
Digitoxigenina
Quercetol
Origem >vegetal
Amendoeira (amêndoa amarga)
Salgueirobranco (casca)
Meliloto (parte aérea)
Dedaleira (folhas)
Carvalho (casca)
isopreno. Como os isoprenos podem combinarse uns com os outros de
diversos modos, a variedade de essências é considerável. Quanto às
resinas, estão normalmente dissolvidas nas essências e apenas aparecem
sob a
forma de resíduo viscoso ou sólido quando estas se volatilizam. Por esta
razão, quando os óleos essenciais que exsudam naturalmente do tronco do
pinheiro atingem o exterior, as essências volatilizamse e deixam um
resíduo viscoso a resina. O haxixe é uma resina extraída do cânhamo
indiano. Os óleos essenciais têm uma acção antiséptica que retarda a
putrefacção da madeira. São muito utilizados em farmácia, como, por
exemplo,
os rebentos de pinheiro impregnados de resina, com acção eficaz na
desinfecção das vias respiratórias.
Os taninos. São compostos fenólicos bastante diversos que coram de
castanhoavermelhado os órgãos que os contêm. Pensase que se trata
também de resíduos do metabolismo. Algumas espécies acumulam grande
quantidade de taninos: mais de 20% do peso seco do lenho de quebracho,
árvore originária da América do Sul, são constituídos por taninos que,
aliás, são utilizados na indústria de curtumes, pois têm a propriedade
de tornar imputrescíveis as peles de animais. O tanino utilizase como
reagente químico e, em medicina, como adstringente e antiveneno. Existem
outros corantes vegetais com propriedades medicináis. É o caso dos
flavonóides, pigmentos amarelos afins dos taninos, utilizados para
tratar a fragilidade dos vasos capilares.
Vitaminas, elementos minerais, antibióticos. As plantas fornecem os
catalisadores bioquímicos indispensáveis que o organismo humano não pode
sintetizar as vitaminas. Encontramse em misturas equilibradas nos
frutos e legumes frescos.
Dos vegetais pode extrairse também um grande número de elementos
minerais indispensáveis ao organismo: azoto, cálcio, potássio, sódio,
etc. Alguns destes elementos encontramse em quantidades tão pequenas no
organismo humano, sem deixarem no entanto de ser necessários, que se
chamam oligoelementos: é o caso do zinco, ferro, cobalto, cobre,
manganés, lítio, césio, níquel, molibdénio, flúor, etc. Um homem que
ronde os 70 kg de peso tem aproximadamente 4,2 g de ferro, dos quais 3 g
na hemoglobina, 2,2 g de zinco e O,28 g de manganés. As plantas fornecem
misturas equilibradas de quase todos os oligoelementos. Existem também
diversos vegetais que produzem antibióticos: a penicilina extraise de
um fungo. As essências sulfuradas do alho, alguns heterósidos da
mostarda e alcalóides do golfão, também possuem propriedades
antibióticas.
As partes das plantas utilizadas em terapêutica
As substâncias activas não se encontram uniformemente distribuídas pelas
diferentes partes da planta. As que são utilizadas designamse por
fármacos vegetais. A folha, base de todas as sínteses químicas, é a
parte mais utilizada, pois produz os heterósidos e a maior parte dos
alcalóides. O caule é apenas uma via de circulação entre as raízes e as
folhas, podendo conter componentes activos, especialmente na casca. O
alburno, parte do caule situada entre o cerne e a casca, tem normalmente
propriedades terapêuticas: é o caso da tília, em que tem uma acção
hipotensora. O lenho também pode ser útil: o da bétula produz carvão
vegetal. O caule termina numa gema onde se localizam todas as
potencialidades vegetativas da planta, sendo esta um caule completo em
miniatura. Algumas gemas são antisépticas, como, por exemplo, as do
pinheiro. Ao nível do solo existem também caules especializados em
armazenamento. São os rizomas, os tubérculos e os bolbos. A sua missão
essencial é assegurar a sobrevivência das gemas durante o Inverno, após
o desaparecimento das folhas. Os tubérculos das batatas aumentam de
volume devido às moléculas glucídicas, o amido. As essências sulfuradas
acumulamse nos bolbos do alho e da cebola. A raiz absorve no solo a
água e os sais minerais que envia para as folhas. Armazena com mais
frequência açúcares, e também vitaminas, podendo ainda conter
alcalóides. A flor possui a nobre missão de transmitir a mensagem
hereditária. Como está frequentemente repleta de componentes activos, é
muito apreciada em fitoterapia. As pétalas coloridas são ricas em
pigmentos: a corola da giesta contém flavonóides, e a rosavermelha,
taninos. As flores de alfazema são muito ricas em essências. Geralmente,
colhemse as inflorescências terminais. A mistura das pequenas folhas e
dos pedúnculos florais forma as sumidades floridas. Os pedúnculos
florais também se chamam pés: os de cereja e os estiletes do milho sã o
diuréticos. O pólen é rico em vitaminas e em oligoelementos. Se as
flores não são colhidas, transformamse em frutos. Os frutos das
umbelíferas, os aquénios, contêm óleos essenciais. Além de outros, são
normalmente utilizados os aquênios do funcho, do anis e do cominho. Os
frutos carnudos constituem uma reserva de vitaminas, de ácidos orgânicos
e de açúcares. A cor violeta do arando, por exemplo, devese a um
pigmento próximo dos flavonóides, com forte actividade de vitamina P. É
também um antidiarreico com acção sobre certos bacilos intestinais. A
semente é um reservatório autónomo que contém os alimentos necessários à
futura planta, e nela se distribuem harmoniosamente os glúcidos, os
lípidos e os prótidos. A semente fornece o amido e a maior parte dos
óleos vegetais. As plantas primitivas, que não têm flores, produzem
esporos para se multiplicarem. Estes são pequenos grãos amarelados
semelhantes ao pólen. Os esporos do licopódio, por exemplo, são
utilizados em pomada para tratar as irritações da pele.
Nem sempre as drogas vegetais são plantas ou partes delas; podem ser
secreções como as resinas e as gomas. A secreção viscosa alojada sob a
casca do azevinho o visco usase na confecção de cataplasmas para
produzir a maturação dos abcessos e dos furúnculos.
13
Léxico das propriedades medicinais das plantas
Absorvente. Nome dado ao medicamento que absorve os líquidos ou os gases
tanto em uso interno (tubo digestivo) como externo (feridas
supurativas).
Adípógeno. Propicia a acumulação de gorduras e, consequentemente, o
aumento do tecido adiposo.
Adsorvente. Que fixa à superfície uma substância líquida ou gasosa,
propiciando assim a sua eliminação.
Adstringente. Contrai os tecidos, os capilares, os orifícios e tende a
diminuir as secreções das mucosas. As plantas adstringentes são
frequentemente antihemorrágicas e podem provocar obstipação.
Afrodisíaco. Aumenta a potência e o desejo sexuais. Nenhuma planta é
efectivamente afrodisíaca.
Alérgeno ou alergénio. Susceptível de provocar reacções alérgicas.
Amargo. Estimula o apetite e activa as funções gástricas. As chamadas
plantas amargas também são aperitivas, tónicas e frequentemente
febrífugas. Devem o nome ao gosto que possuem.
Anabolizante. Promove o aumento de peso corporal por acréscimo do
anabolismo proteico.
Analéptico. V. Estimulante.
Analgésico. Calmante da dor.
Anestésico. Suprime a sensibilidade. A sua acção pode ser local ou
geral; neste caso, a consciência enfraquece, podendo mesmo ser anulada.
Anorexigénio. Que reduz o apetite.
Antálgico. Combate a dor, quer ao nível do órgão dorido, quer do sistema
nervoso central.
Antianémico. Combate a anemia mediante um fornecimento de vitaminas e
minerais (ferro) que ajudam o sangue a reconstituir o seu teor em
glóbulos vermelhos.
Antidiabético. V. Hipoglicemiante.
Antidiarreico. Combate a diarreia devido a uma acção adstringente,
adsorvente, desinfectante ou moderadora do trânsito intestinal.
Antiescorbútico. Combate o escorbuto por meio de vitaminas,
especialmente a vitamina C.
Antiespasmódico. Descontrai certos músculos doridos. Ao actuar sobre o
influxo nervoso que comanda o ritmo da contracção muscular, acalma
espasmos e convulsões.
Antiflogístico. Reduz as inflamações, opondose às reacções naturais do
organismo.
Antigaláctico ou antilactagogo. Reduz a secreção do leite.
Antigotoso. Combate a gota, impedindo a formação de ácido úrico ou
baixando o seu teor sanguíneo.
Antihelmíntico. V. Vermífugo.
Antihemorrágico. Impede a hemorragia,
14
facilitando a contracção dos capilares sanguíneos ou favorecendo a
coagulação do sangue.
Antiinfeccioso. V. Antiséptico.
Antiinflamatório. V. Antiflogístico.
Antilitiásico. Impede a formação de cálculos nas vias biliares ou
urinárias ou facilita a sua dissolução.
Antinauseoso. V. Antivomitivo.
Antinevrálgico. Combate as dores produzidas no trajecto dos nervos
sensitivos. Existem antinevrálgicos específicos, como, por exemplo, a
essência de cravinho, que, em aplicação externa, alivia as dores de
dentes.
Antipirético. V. Febrífugo.
Antiséptico. Destrói os germes ou inibe o seu desenvolvimento, pelo que
evita o contágio; serve para desinfectar as feridas e certos órgãos. O
eucalipto e o pinheiro, por exemplo, são antisépticos das vias
respiratórias.
Antisudorífico. Diminui a secreção do suor.
Antitérmíco. V. Febrífugo.
Antiffissico. V. Béquico.
Antiulceroso. Melhora o estado das úlceras digestivas, quer baixando o
teor de acidez, quer protegendo a mucosa.
Antivomitivo. Combate as náuseas de origem nervosa ou espasmódica.
Aperitivo. Contém princípios amargos que estimulam o apetite e preparam
as operações digestivas.
Aromático. Contém óleos essenciais muito odoríferos. Os aromáticos são
tónicos, estimulantes e algumas vezes também estomáquicos.
Bactericída. V. Antiséptico.
Balsâmico. Contém bálsamos que suavizam as mucosas respiratórias.
Béquico. Acalma a tosse e as irritações da faringe.
Calicida. Em aplicação externa, amolece e
facilita a extirpação dos calos.
Calmante. V. Sedativo.
Cardiotónico. Reforça, retarda e regulariza os batimentos do coração.
Carminativo. Favorece a expulsão de gases do tubo digestivo. As plantas
carminativas são também geralmente aromáticas e estimulantes,
Cicatrizante. V. Vulnerário.
Colagogo. Contrai a vesícula biliar, estimulando a evacuação da bílis do
canal colédoco para o intestino.
Colerético. Estimula a secreção da bílis pelo fígado, facilitando assim
a digestão dos corpos gordos.
Cordial. Activa a circulação do sangue e estimula as funções digestivas.
Depurativo. Purifica o sangue, facilitando a eliminação dos resíduos
mediante uma acção diurética, laxativa ou sudorífica.
Desodorizante. Encobre ou remove os cheiros desagradáveis.
Detersivo. Limpa as feridas e as úlceras, facilitando assim a sua
cicatrização.
Diaforético. V. Sudorífico.
Digestivo. Auxilia a digestão, facilitando a actividade do estômago.
Diurético. Favorece a depuração do sangue, eliminando as toxinas que
este contém. Alguns diuréticos aumentam a excreção dos cloretos e são
úteis em caso de edema, outros a da ureia e outros ainda podem
simplesmente aumentar, durante algumas horas, o volume de urina.
Drástico. Provoca contracções enérgicas do intestino, com forte
evacuação de fezes.
Emenagogo. Facilita ou aumenta o fluxo menstrual.
Emético. Provoca vómitos, possibilitando o esvaziamento do estômago em
determinados casos de envenenamento.
Emoliente. Exerce um efeito calmante sobre a pele e mucosas inflamadas.
Esternutatório. Provoca espirros.
Estimulante. Excita a actividade nervosa e vascular. Há estimulantes
específicos de certos órgãos, como, por exemplo, do tubo digestivo ou do
coração.
Estomáquico. V. Digestivo,
Eupéptico. V. Digestivo.
Eupneico. Regulariza a respiração e desobstrui as vias respiratórias,
Expectorante. Facilita a expulsão das secreçõ es brônquicas e faríngeas.
Febrífugo. Combate a febre ou evita os seus acessos.
Fluidificante. Torna as secreções brônquicas menos espessas e, portanto,
mais fáceis de expelir. Alguns fluidificantes têm uma acção depurativa
do sangue.
Galactagogo. Facilita ou activa a secreção do leite durante a lactação.
Hemolítico. Destrói os glóbulos vermelhos, provocando por vezes
icterícia e anemia.
Hemostático. Faz parar as hemorragias, quer por uma reacção
vasoconstritora, quer por meio de factores coagulantes (vitaminas K e
P).
Hepático. Auxilia as funções digestivas do fígado e da vesícula biliar,
especialmente a secreção e a evacuação da bílis.
Hipertensor. Provoca a elevação da pressão sanguínea nas artérias,
frequentemente devido a um efeito estimulante.
Hipnótico. Causa sono, quer por acção directa sobre o hipotálamo, quer
por uma acção sedante geral do organismo.
Hipocolesterolemiante. Baixa o teor de colesterol no sangue, reduzindo
os perigos da arteriosclerose.
Hipoglicemiante. Faz baixar o teor de glicose no sangue.
Hipotensor. Provoca um abaixamento da tensão arterial.
Insecticida. Mata determinados insectos. Geralmente, os componentes
activos estão contidos em óleos voláteis.
Laxativo. Facilita a evacuação, das fezes, quer aumentado o seu volume,
quer estimulando o movimento peristáltico do intestino.
Lenimento. V. Emoliente.
Lenitivo. V. Emoliente.
Mucilaginoso. Contém glúcidos que intumescem com a água, formando uma
solução viscosa, a mucilagem.
Narcótico. Provoca um sono pesado e artificial que frequentemente é
acompanhado de um entorpecimento da sensibilidade.
Oftálmico. Utilizado para tratar algumas afecções dos olhos e das
pálpebras.
Parasiticida. Que destrói parasitas (insectos, ácaros, vermes).
Peitoral. Exerce uma acção benéfica no aparelho respiratório. As plantas
béquicas e expectorantes são peitorais.
Purgante. Laxante forte que acelera o peristaltismo e irrita, por vezes,
a mucosa intestinal.
Refrescante. Acalma a sede e baixa a temperatura do corpo. As plantas
ácidas, que têm propriedades antiflogísticas, são também refrescantes.
Relaxante muscular ou miorrelaxante. Descontrai os músculos, acalmando
as contracções por acção revulsiva e antiespasmódica.
Remineralizante. Que permite, pelo fornecimento de sais minerais e
oligoelementos, reconstituir o equilíbrio mineral do organismo.
Resolutivo. Facilita a resolução das tumefacções e inflamações,
possibilitando que os tecidos do organismo regressem ao seu estado
normal.
Revulsivo. Em uso externo, provoca a vermelhidão da pele acompanhada de
calor. Em uso interno, contribui para o descongestionamento dos órgãos.
Rubefaciente. Produz a irritação e vermelhidão da pele.
Sedativo. Acalma e regulariza a actividade nervosa.
Sonífero. V. Hipnótico.
Sudorífico. Estimula a transpiração.
Tonicardíaco. V. Cardiotónico.
Tónico. Exerce uma acção fortificante e estimulante sobre o organismo,
diminuindo a fadiga.
Tranquilizante. V. Sedativo.
Vasoconstrítor. Provoca a contracção do calibre dos vasos sanguíneos.
Vasodilatador. Dilata os vasos sanguíneos, provocando a turgescência dos
tecidos irrigados.
Vermífugo ou vermicida. Expulsa os vermes do intestino. Utilizamse
diferentes espécies de plantas, consoante o tipo de verme que é
necessário combater (áscaris, oxiúros ou ténia).
Vesicante. V. Rubefaciente.
Vomitivo. V. Emético.
Vulnerário. Contribui para a cicatrização das feridas, bem como para o
tratamento das contusões.
15
O reino vegetal compreende uma infinita variedade de formas, o que pode
fazer supor que o seu surpreendente capricho impede qualquer
classificação. Contudo, apesar da sua prodigalidade, a Natureza actua
segundo determinados modelos: o conhecimento destes e a descoberta das
suas relações mútuas são produto do estudo de gerações sucessivas de
cientistas, cuja preocupação comum foi "compreender a ordem oculta sob a
aparente diversidade e interpretar a exuberante riqueza do reino
vegetal.
Descartes, considerado, sob diversos aspectos, como o iniciador do
progresso das ciências modernas, escreveu: *As longas cadeias de
raciocínios, todos simples e fáceis, de que os geómetras costumam
servirse para efectuar as mais difíceis demonstrações haviamme
convencido de que todas as coisas que podem ser objecto do conhecimento
dos homens se interligam do mesmo modo."
A botânica seguiu a via indicada por Descartes para todas as ciências do
pensamento. O resultado deste longo esforço de classificação e de
correlação pode resumirse a um quadro classificativo.
Cada planta é considerada como pertencente a um certo número de
categorias subordinadas hierarquicamente e em que a espécie constitui a
unidade básica. As principais categorias são as seguintes: espécie,
género, família, ordem, classe e divisão. Estas unidades podem definir
se, dizendo que cada uma delas é um conjunto de unidades imediatamente
inferiores. Exemplo: um gênero é um conjunto de espécies; uma família é
um conjunto de géneros. Se nos limitarmos às plantas incluídas neste
livro, não encontraremos mais do que uma centena de famílias: Labiadas,
Umbelíferas, Compostas, Liliáceas, etc. A espécie, último termo da
escala de classificação, estabelece a identidade de um vegetal,
impedindo qualquer confusão com outra espécie. Os géneros de unia
família têm um aspecto muito diferente, enquanto as espécies de um mesmo
género se assemelham, pelo que pareceu lógica a attibuição a cada planta
de dois nomes: um que define o género, e outro, a espécie.
Para saber efectuar estas classificações, isto e, identificar
correctamente cada uma das plantas encontradas, é ainda necessário
éstudar e saber distinguir as suas partes constituintes: raiz, caule,
folha, flor, inflorescência e, finalmente, o fruto. As caracterís~ ricas
de cada uma destas partes, a sua disposição relativa, a eventual
inexistência de uma ou de várias, possibilitarão o reconhecimento de
cada espécie. Os fetos não têm nem flor nem fruto; as folhas da gíesta
de
16
espanha são tão pequenas e dispersas que, à primeira vista, parecem não
existir; a cuscuta não lança as raízes no solo para se alimentar,
implantando os sugadores noutros vegetais que parasita; uma determinada
planta pode apresentar um caule oco e uma outra um caule maciço. há
plantas com flores isoladas e outras com cachos, espigas e umbeIas. É
necessária uma atenção extremamente minuciosa, embora, para além disso,
e deva estar familiarizado com os segredos da organização vegetal.
Satisfeitas estas condições, será então possível ir para o campo, onde
se fará uma vez mais a descoberta de que o acaso não é positivamente uma
lei do mundo vegetal. Não é por acaso que se realiza a distribuição
geogr4fica das diferentes espécies, não é o acaso que controla a
distribuição aparentemente infinita das formas, De facto, cada planta
necessita, para se desenvolver, de condições de solo e de clima muito
especiais. Se umas necessitam de sombra, outras, pelo contrário,
procuram a luz. Não existe, aliás, nenhuma região do Mundo, tórrida ou
fria, seca ou húmida, de planície ou de montanha, que não constitua o
habitat privilegiado de qualquer espécie vegetal, e as substituições são
a maioria das vezes inviáveis. Assim, seria impossível transplantar para
regiões mais hospitaleiras espécies que procedem de zonas aparentemente
áridas e hostis. Deverá, portanto, apreenderse os princípios rigorosos
que regem a implantação geográfica das espécies e as suas migrações.
Descobrirseii que, tal como acontece
com as espécies animais, as espécies vegetais têm um habítat específico
e rigorosamente circunscrito. Seria um erro supor 1
primeira vista que uma planta deixou o seu próprio habitat para escolher
outro. Seguindo estes princípios, evitarseão graves confusões.
Cada espécie tem urna época própria colheita. Assim, determinados
períodos d ano são propícios à recolha e outros não pelo que se inclui
nesta obra um calendári de colheita que indica as estações mais fav
ráveis, o qual poderá ser consultado nas pp
3839.
0 estudioso pode agora situar uma plan não só no reino vegetal, pela
determinaçdo seu gênero e espécie, como também
a n espaço geográfico, pelo conhecimento d seu biótopo, e até no tempo,
utilizando calendário. Finalmente, deverá conhecer técnicas elementares
de colheita e conseri, ção e os utensílios, tão simples, necessári para
a colheita. Poderá então começar o s trabalho.
16
As 100 famílias
Esta lista, baseada na classificação precedente, reagrupa por famílias
as plantas espontâneas, cultivadas e tóxicas segundo o nome popular mais
conhecido.
O sinal a indica as plantas tóxicas
*//* deverá ser visto com o livro, a lista que se segue.
Abietáceas
Abetobrart o Pinheirobravo Pinheirosilvestre Acantáceas
Acanto Amarilidáceas
Narcisotrombeta Anacardiáceas
O Fustete Apocináceas
O Loendro
Pervinca Aquifoliáceas
Azevinho Aráceas
Cálamoaronlâtico Diefenbáquia
O Jarro Araliáceas
Heratrepadora Aristoloquiáceas
Aristolóquia Ásaro
Berberidáceas
Uvaespim Betuláceas
Armeiro Aveleira Bétula (vidoeiro) Borragináceas
Aljôfar Borragem Buglossa Cinoglossa Consoldamaior Nãomeesqueças
Pulmonária Buxáceas
Buxo
Campanuláceas
Rapúncio Canabináceas
Cânhamo Lúpulo Caparldáceas
Alcaparreira Caprifoiláceas
Engos Madressilva Noveleiro Sabugueiro Viburno Carioffiáceas
Arenária Morugem Saboeira Celastráceas
Evónimo Cetrariáceas
Líquendaislândia Compostas
Abrotano Abrotanofêmea Açafroa Alcachofra Alface Alfacebravamaior
Almeirão Arnica Artemísia Arternísiadosalpes Avoadinha Baisamita
Bardana Bonina
Cardodesantamaria Cardoestrelado Cardosanto Carlina Çersefi Enula
campana Escorcioneira Estragão Eupatória Fidalguinhos Girassol Lapsana
Losna Maccia Maravilhas Matricária Milfálio Pédegato Petasiteoficinal
Pilosela Piretro Santónico Tanaceto Taráxaco Tasneirinha Tupinambo
Tussilagem Varadeouro Convolvuláceas
Bonsdias Crassuláceas
Conchelos Ervadoscalos Saiãocurto Crticíferas
Agrião Bolsadepastor Colza Couve Eruca Ervaalheira Ervadascolheres
Ervadesantabárbara Ervasofia Goiveiro Juliana Mastruço Mostarda
negra Rabanete Râbano Rábanorústico Rinchão Cucurbitáceas
Abóbora Coloquíntida Melão Norçabranca Pepino Pepinodesãogregório
Cupressáceas
Cipreste Sabina Tuiavulgar Zimbro Cuscutáceas
Linhodecuco
Dioscoreáceas
Norçapreta Dipsacáceas
Cardopenteador Morsodiabólico Droseráceas
Rorela
Efedráceas
Éfedra Eleagnáceas
Hipofaé Equisetáceas
Cavalinha Ericáceas
Arando Arandodebagavermelha Medronheiro Urze Uvaursina
Escrofulariáceas
Becabunga
O Dedaleira
Escrofulárianodosa Eufrásia Graciosa Verbasco Verónica Euforbiáceas
O Ésolaredonda
Eufórbiamarginada Mercurial Poinciana Rícino
Fagáceas
Carvalho Castanheiro Faia Fucáceas
Bodelha Fumariáceas
Fumária
Gencianáceas
Feldaterra Genciana Geraniáceas
Ervadesãoroberto Gigartináceag
Musgodairlanda Ginkgoáceas
O Ginkgo Globulariáceas
Globulária Gramíneas
Arroz Aveia Centeio Cevada Grama Milho Milhomiúdo Trigo
Hipericáceas
Hipericão Hipocastanáceas
Castanheirodaíridia,
Iridáceas
Açafrão Lírioamarelodospântanos Lírio florentino
Juglandáceas
Nogueira
Labiadas
Agripalma Alecrim Alfazema Basílico Betónica Búgula Carvalhinha Dictamo
decreta Ervacidreira Ervaférrea
Escórdio Estaque Galeopse Heraterrestre Hissopo Hortelã Hortelãpimenta
Manjerona Marroio Marroionegro Melissabastarda Néveda Nêvedados
gatos Orégão Salva Salvaesclareia Segurelha Serpão Tomilho Urtiga
branca Larninariáceas
Laminárias Lauráceas;
Loureiro Leguminosas
Acáciabastarda Alcaçuz Alfarrobeira
0Codesso
Cornichão Ervilha Fava Feijão Fenogrego Galega Gatunha Giesteiradas
vassouras aGiesteiradeespanha
Lentilha Meliloto Senebastardo Soja Tremoço Vulnerária Lentibulariáceas
Pinguícula Licopodiáceas
Licopódio Liliáceas
Açucena Alho Alhoporro Cebola Ceboleta Cebolinha
0Cólquico
Espargohortense Gilbarbeira Líriodosvales
0Pariseta
Salsaparrilhaindígena Selodesalomão Veratro Lináceas
Linho Litráceas
Salgueirinha Lorantáceas
Visco
Malváceas
Alicia Malva Menjantáceas
Trevod'água Mirtáceas
Eucalipto Murta Moráceas
Amoreira Figueira
Ninfeáceas
Golfão
Olcáceas
Alfenheiro Freixo Jasmineiro Lilás Oliveira Onagráceas (Enoteráceas)
Epilóbio Onagra Orquidáceas
Satiriãomacho osmundáceas
Fetoreal Oxalidáceas
Aleluia
Papaveráceas
Celidónia Dormideira Papoila Passifloráceas
Passiflora Peoniáceas
Peónia Plantagináceas
Tanchagens Zaragatoa Poligaláceas
Polígalaaniarga Poligonáceas
Azedas Bistorta Labaçoi Pimentad'água Ruibarbo Semprenoiva Trigo
sarraceno Polipodiáceas
Avenca Escolopendra Fetomacho Polipódio Portulacáceas
Beldroega Primuláceas
Ervadosescudos Lisimáquia o Morrião
Primavera Punicáceas
Romãzeira
Quenopodiáceas
Acelga Armoles Beterraba Ervaformigueira Espinafre Quenopódiobom
henrique
Ranináceas
Armeironegro Espinheirocerval Ranunculáceas
0Acónito
Acteia Adónisvernal Anémonadosbosques onsoldareal Ervapombinha
Ficária Hepática Malmequerdosbrejos
0Poinciana
Pulsátila
0Ranúnculoacre
Videbranca Rodomeláceas (Algas)
Musgodacórsega Rosáceas
Abrunheirobravo Agrimónia Alperceiro Arneixoeira. Amendoeira Argentina
Cerejeira Cerejeirabrava Cincoemrama Drias Ervabenta Ervaulmeira
Framboeseiro oLoureirocerejeira
Macieira Marmeleiro Morangueiro Nespereira Pédeleão Pereira
Pessegueiro Pilriteiro Pimpinela Rosapálida Rosavermelha
Sanguissorba Silva Silvamacha Türmentila Tramazeira Rubiáceas
Amordehortelão Aspérulaodorífera Ervacoalheira Ruivadostintureiros
Rutáceas
Arruda Bergamota Dictamobranco Laranjeiraazeda Laranjeiradoce
Limoeiro
Salicáceas
Chouponegro Faiapreta Salgueirobranco Saxifragáceas
Groselheira Groselheira negra Groselheiravermelha Quaresmas Solanáceas
Alquequenje Batateira
0Beladona
Beringela Dulcamara
0Ervamoura
0Espinheiroalvar
0Estramónio
0Mandrágora
0Meimendronegro
Pimentão QTabaco
Tomateiro
Taxáceas
O Teixo Tiliáceas
Tília Timeicáceas G Lauréoiamacha
O Mezereão Tropeoláceas
Chagas
Ulmáceas
Ulmeiro Uinbelíferas
Aipo Aiposilvestre Alcaravia Âmio Angélica Anisverde Canabrás Cardo
corredor Cenoura Cenourabrava Cerefólio
0Cicuta QCicutamenor
Coentro cominho
0Embude
Endro Funcho Funchomarítimo Imperatória Levístico Pastinaga Pimpinela
magna Salsa Sanícula Urticáceas
Parietâria Urtigão
Veticrianáceas
Alfacedecordeiro Valeriana Verbenáceas
Lúcialima Verbena Violáceas
Amorperfeitobravo Violeta Vitáceas Videira
IDENTIFICAR, COLHER, CONSERVAR
O baptismo de uma planta
Os cientistas tentaram desde a Antiguidade classificar as diversas
espécies vivas. Lineu, naturalista sueco do século XVIII, determinou a
noção de espécie e de género; o género é formado por espécies que
possuem características comuns e agrupamse em famílias. As famílias
foram em seguida reunidas em ordens, as ordens em classes, as classes em
subdivisões, as subdivisões em divisões, formando o conjunto o reino
vegetal. Para a
nomenclatura, Lineu adoptou um sistema binário em que cada planta é
definida pelo nome do género e da espécie.
A nomenclatura
No decorrer de numerosos congressos de botânicos foi elaborada uma
nomenclatura, depois adoptada universalmente. Esta tem progressivamente
vindo a substituir as designações locais, pouco concisas, permitindo uma
classificação dos vegetais susceptível de ser usada nas permutas
internacionais. Adoptouse o latim, que, sendo uma língua morta, não
está sujeito a deformações. Assim, cada planta tem, actualmente, o seu
nome erudito, possivelmente pouco express ivo, porém mais estável do que
as designações que lhe são atribuídas nas diferentes regiões pelos que
assistem ao seu crescimento. Mesmo que se denomine, por exemplo,
Arctosiaph vIos uvaursi L. ou Taraxacum officinale Web., estes termos
não perturbarão o vulgar caminhante, e nos meios rurais continuarão a
chamarlhe uvaursina ou dentedeleão. Porém, a designação dentede
leão não atravessa as fronteiras do território nacional, enquanto
Taraxacum é reconhecido em todo o Mundo.
Ao nome latino da planta seguese, em abreviatura, o nome do naturalista
que pela primeira vez a descreveu. Neste livro figura uma lista das
abreviaturas dos nomes dos botânicos nele citados (v. p. 19).
Paralelamente aos nomes científicos, existem inúmeros nomes populares ou
vernáculos, possivelmente mais expressivos em relação à imaginação e à
sensibilidade que o nome latino, uma planta pode ter um ou
mais nomes vernáculos em cada região e vários na mesma região,
acontecendo ainda que um mesmo nome seja atribuído a várias plantas. Um
erro ou uma confusão, a própria devoção popular, o arrebatamento de um
doente confortado no seu sofrimento ou as semelhanças mesmo superficiais
estão frequentemente na origem de grande número de nomes vernáculos. O
alquequenje é também conhecido em França por amorprisioneiro, por ter o
fruto encerrado no cálice. À dedaleira também se chama luvadenossa
senhora, porque a corola tem a forma do dedo de uma luva. Ao cornichão
foi dado o nome de sapatosdomeninojesus, porque o seu botão floral é
delicadamente curvado e bicudo. A Salvia sclarea L., outrora considerada
como uma panaceia, recebeu dos franceses o nome de boaparatudo; há,
porém, outras plantas botanicamente muito diferentes, como, por exemplo,
espécies do género Chenopodium, que possuem a mesma designação. Por
vezes, o humor também interfere: a norçapreta, Tamus comniunis L., foi
baptizada com o nome de ervadasmulheresaçoitadas, pois a sua raiz
amassada curava as equimoses. Frequentemente, o nome popular é pouco
específico. Por exemplo, chamase ervadocarpinteiro a
algumas plantas em que se reconheceram propriedades hemostáticas, porque
este artesão era muitas vezes ameaçado por golpes e
hemorragias. Com este nome são simultaneamente designados a ervade
santabárbara e o milfólio.
Algumas desilusões terapêuticas podem ser atribuídas a confusões
provocadas pelos nomes populares. Para a ervadesãoroberto, Geranium
robertianum L., têm sido propostas diferentes origens. Segundo alguns
estudiosos, o nome deriva da palavra latina ruber, vermelho, pois o
caule e os pecíolos, uma parte da folhagem e as flores são avermelhados.
Na Idade Média, chamavase herba rubra e mais tarde herba rubertiana; o
u transformouse em o, de onde herba robertiana, que depois se tornou
ervaderoberto e ervadesãoroberto, em homenagem ao santo que no
século XI fundou a Ordem de Cister. Na vida do santo atribuiselhe uma
cura milagrosa, e a devoção popular deduziu que só com o Geranium
poderia ter realizado tal prodígio. Assim, só por acaso e capricho da
História esta planta pôde ser considerada como verdadeiramente
medicinal.
Um outro ponto importante que merece uma explicação é o da origem do
género gramatical masculino ou feminino dos nomes das plantas. Esse
género não tem qualquer relação com o sexo das plantas, porque a maioria
possui estames e pistilo, sendo, pois, hermafroditas. No entanto, por
antropomorfismo, tornouse hábito atribuir o género masculino às
espécies de aspecto sólido e maciço e o feminino às de aparência
delicada e frágil. É, por exemplo, o caso dos
17
fetos: o fetomacho, Eiryopterisfilixmas (L.) Schott., e o fetofêmea,
Athyrium filixfemina Roth. O erro é flagrante devido a uma outra razão,
pois um feto adulto não tem sexo; só os gametófitos (protalos)
resultantes da germinaçáo dos esporos são sexuados. O aspecto das folhas
da segunda espécie citada, mais delicadamente recortadas que as da
primeira, provocou esta atribuição do género feminino, e a nomenclatura
latina, como frequentemente sucede, perpetuou este equívoco.
O modo científico de definir uma planta é atribuirlhe o nome latino,
que pode ter as mais diversas origens. Uma personagem da mitologia
inspirou o nome do cardoestrelado, Centaurea calcitrapa L., que,
segundo uma lenda, teria curado o centauro Quíron dos seus ferimentos. A
carvalhinha, Teucrium chamaedrys L., evoca um homem da Antiguidade,
Teucro, príncipe troíano a
quem se atribui a descoberta das virtudes medicinais da planta. Ao
baptizar as plantas do género Bartschia L., Lineu decidiu imortalizar o
nome do botânico holandês Bartsch, morto na Guiaria aos 28 anos, em
1738. Lineu escolheu uma planta triste para expressar a sua mágoa.
Algumas vezes, o nome actual de uma planta deriva directamente de um
antigo nome vulgar. Ceterach officínarum Wil]. provém da palavra árabe
ceterach. O nome destaca por vezes uma particularidade morfológica: o
funcho, Foeniculum vulgare (Mili.) Gacrtn., vem da palavra latinafoenum,
feno, ou defuniculus, fio delgado, numa alusão às suas folhas
filiformes. O nome pode também referirse às virtudes medicinais: a
tussilagem, Tussilagofarfara L., por exemplo, deriva do latim tussis,
tosse, e ago, eu expulso. Uma infusão de flores de tussilagem acalma a
tosse.
A classificação
Que espécie de planta é esta? Estas duas flores serão da mesma espécie?
Eis duas perguntas que qualquer pessoa pode fazer. Para
18
exemplificar, escolhemos uma planta bastante conhecida, o líriodos
pântanos, com flores amarelas. Se colher alguns ramos, notará que não
são todos exactamente iguais: alguns têm mais 15 cm do que outros; uns
têm três flores abertas e dois botões, e outros têm apenas uma flor.
Excluindo estas diferenças individuais, tratase irrefutavelmente da
mesma planta, também denominada ácor( bastardo. Estas variedades
pertencem à mesma espécie, designada em latim por iris pseudacorus L.,
sendo Iris o nome do género epseudacorus o da espécie.
Ao percorrer outros locais húmidos ou, ao contrário, colinas áridas, e
nas proximidades de locais habitados, encontramse outras plantas com o
mesmo aspecto geral, o mesmo porte, as mesmas folhas, a mesma curvatura
para cima das três pétalas da flor. Porém, a cor das flores é diferente:
na espécie florentina é branca; violeta na Iris germanica; azul, violeta
e esbranquiçada na Iris spuria, e azulclara na Iris pallida. Na
totalidade, existem 17 espécies européias com mais semelhanças entre si
do que com os
gladíolos, Gladiolus L., ou com o açafrão, Crocus L. A fim de reunir
estas 17 espécies, constituiuse o géneroIris L., que será definido o
melhor possível pelos pontos comuns de semelhança ou pelo conjunto das
características, sem, claro, mencionar a cor, visto que esta é um mero
elemento específico. Deve frisarse que a noção de semelhança tende cada
vez mais a ser encarada pelos especialistas num sentido lato,
vinculandoa não apenas à morfologia externa, mas também a grande número
de características químicas.
O mesmo raciocínio é válido em relação a géneros próximos. Assim,
atendese a características de semelhança menos precisas entre os
géneros Crocus L., Iris L. e Gladiolus L. para poder reunilos
logicamente numa só família, as lridáceas. Poderá suporse que teria
sido possível associarlhes também os cólquicos, Colchicum L., que se
confundem facilmente com os Crocus L.; porém, essas aparencias são
ilusórias. Por outros motivos, os cólquicos estão agrupados na família
das Liliáceas. Contudo, as lridáceas e as Liliáceas têm em comum um
número suficientemente grande de características, o qual permite a sua
reunião na ordem das Liliales. Subindo assim na escala da classificação,
da ordem para a classe, da classe para a subdivisão e desta para a
divisão, poderseá estabelecer a ficha sistemática do lírioamarelo
dospântanos:
Espécie: pseudacorus L. (ácorobastardo, ou lírioamarelodospântanos).
Género: Iris.
Família: lridáceas.
Ordem: Liliales.
Classe: Monocotiledóneas.
Subdivisão: Angiospérmicas.
Divisão: Espermatófitas ou, segundo a designação antiga, Fanerogâmicas.
Para identificar uma planta desconhecida com a ajuda de uma obra de
botânica ou de flora, é indispensável proceder em ordem inversa, isto é,
determinar primeiro a Adivisão, atendendo às características que a
definem, seguidamente a classe, a ordem, a família e, por fim, no género
Iris L., escolher entre as 17 espécies existentes nas nossas regiões
para encontrar o lírio amarelo
dospântanos.
Lista dos nomes dos principais botânicos e suas abreviaturas
A, Br. BRAUN Alexandre, 18051877.
Alemanha. Ali. ALLIONI Carlo, 17251804. Itália.
Andrz. ANDRZEIOWSKi Anton, 17851868.
Polónia. Aschers. AsCHERSON Paul Friedrich August,
18341913. Alemanha. Batsch BATSCH Auguste Johann
Georg
Karl, 17611802. Alemanha. Beauv. BEAUVOIs Ambroise
Marie François Joseph PALISOT DE, 1755
1820. França. Benth. BENTHAmGeorge, 18001884. GB.
Berrili. BERNHARDI Johann Jacob, 17741850. Alemanha.
Boi kh. BORKHAUSEN Moritz Balthasar,
17601806. Alemanha. Br. R. BROWN Robert, 17731858.
GB. Burgsd. BURGSDORF Friedrich August Ludwig von,
17471802. Alemanha. Chaix CHAix Dominique, 1730
1800. Fr. Crantz CRANTz Heinrich Johann Nepom
von, 17221797. Áustria. Cronq. CRONQUIST Arthur
John, nascido
em 1919. EUA. DC. DE CANDOLLE Augustin Pyramus,
17781841. Suíça. Desf. DESFONTAINES, Renê Louiche,
cognominado, 17501833. Fr. Duch. DUCHESNE Antoine
Nicolas, 17471827. França. Ehrh. EHRHARTFriedrich,
17421795. AI. Endi. ENDLICHER Stephan Ladislaus,
18041849. Áustria. Foslie FoSLIE Mikal Heggelund,
18551909. Noruega. Gaertn. GAERTNER Joseph,
17321791.
Alemanha. Gilib. GILIBERT Jean Etrimanuel, 17411814.
França. Guim. GUNNERUS J. E., 17181773. Nor. Haw.
HAWORTH Adrian Hardy, 17681833. GrãBretanha. Hayek
HAYEK August, 18711928. Áust. Herm. HERMANN
Johann, 17381800.
Alemanha. Hili HILLJohn, 17161775. G13. Hoffin.
HOFI`MANN Georg Frariz, 17611826. Alemanha. Houtt.
HOUTTIJY1,1 Martinus, 17201798.
Hotanda. Huds. HUDSON Williarti, 17301793. GB.
Hull HULL John, 17611843. G13. kicci.
JACQUIN Nicolaus Joseph, 17271817, Áustria. Koch ou K.
KOCH Karl Heiririch, 18091879. ou K. Koch Alemanha.
Kth. KUNTH Carl Sigismund,
17881850, Alemanha. Kuntzc KUNTZE OttO, 18431907.
AI. Kuitz KURTz Fritz, 18541920. AI.
LINNÉ Carl von, vulgarmente conhecido por Lineu, 17071778. Suécia.
Libill. LABILLARDIÈRE Jacques Julien
HoUTTON DE, 17551834. Fr. Lam. ou Lamk. LAMARCK, Jean
Baptiste Antoine
Pierre de MONNET, cavaleiro de,
17441829. França. Larrix. LAMOUROUX Jean Felix
Vincent,
17791825. França. Latouiette LATOURETTE Marc Antoine
Louis
CLARET DE, 17291793. França. Leci s LEERS Johann
Damel, 17271774.
Alemanha. L'Hérit. L'HÉRITIER DE BRUTELLE Charies
Louis, 17461800. França. Lindi. LINDLEY John, 1799
1865. G13. Unk LINK Johann Heiririch Friedrich,
17671851. Alemanha.
Loisel. ou Lois,
Lyngb.
Maxim.
Med. ou Medik.
Merr.
Mili. Moench Murr.
Murray
Mue11. Neck.
Osbeck Pall.
P. B. Peis.
Poir.
Poit. Poli.
Pres1
Raeusch.
R. Br. Rchb. Reichb. ou
Rchb. Rich. Reci. R@ss. Roth
Rotimi.
S. F. Gray
S. e Sm.
Salisb.
Schricid.
Schrad.
Schott
scop.
Sibth. Sieb. e Zucc.
Stri.
Soland.
Somm. Spreng. Trev. Tul.
Vahl viii.
Vis. Web. Willd.
LoiSELEURDESLONGCHAMPS Jean
Louis Auguste, 17741849. Fr. LYNGBY1E Hans Christian, 17821837.
Dinamarca. MAximowicz Karl Johann, 18231891. URSS. MEDIKUs Friedrich
Casimir, 17361808. Alemanha. MERRILL Elmer Drew, 18761956.
EUA. MILLER Philip, 1691177 1. GB. MOENcH Konrad, 17441805. AI. MURRAY
Johann Andreas, 17401791. Alemanha. MURRAY Ivan J cerca de 1898.
EUA. MUELLER 1., 18281896. Suíça. NECKER Joseph Noêl de, 17291793.
França. OSBECK Pehr, 17231805. Suécia. PALLAS Peter Simon, 17411811.
Alemanha. V. Beativ. PERSOON Christian Hendrich, 17551837. Alemanha.
POIRET Jean Louis Marie, 17551834. França. POITEAU Antoine, 17661854.
Fr. POLLARD Charles Louis, 1872EUA. PRESI, Karl Boriwog, 17941852.
Checoslováquia. RAEUSCHEL Errist Adolpit, cerca de
1772. Alemanha. V, Br. R. V. Reichb, REICHENBACH Heiririch Goulieb
Ludwig, 17931879. Alemanha. RiCHAP,D Achille, 17941852. França.
REQUIEN Esprit, 17831851. Fr. Pisso J. Antoine,tem 1889.França. ROTH
Albrecht Wilhelra, 17571834. Alemanha. ROTHMALER Werner, 19081962.
Alemanha. GRAY Samuel Frederik, 17661828.
GrãBretanha. SIEiTHORP John, 17581796, e SMITH James Edward,
1759
1828. GrãBretanha. SALISBURY Richard Anthony, 17611829. Grã
Bretanha. SCI1NEIDER Camillo Kari, 18761951. Alentanha. SCHRADER
Heiririch Adolf, 17671836. Alemanha. SCHoTT Heiririch Wilheim,
17941865. Áustria. SCOPOU Giovanni Antonio, 17231788. Itália.
SIBTHORF, John, 17581796. G13 SIEBOLD Philipp Franz von, 1741866, e
ZUCCARINI Joseph Gerhard, 17981848. Alemanha. SMITH James Edward, 1759
1828.
GrãBretanha. SOLANDER Daniel Carl, 17361782,
GrãBretanha. SOMNIER Stefano, 18481922. It. SPRENGEL Kurt, 17661833.
AI. TREVIRANus L. C., 17791864. Ai, TuLASNE Edmond Louis Rene,
18151885. França. VABI, Martin, 17491804. Din. VILLARs Dominique,
17451814.
França. VISIANI,Roberto de, 18011878. lt, WEBER Friedrich, 17811823.
AI. WILLDENow Karl Ludwig, 17651812. Alemanha.
19
Zona de crescimento
A raÍz
É a principal parte subterrânea do vegetal. Tem como funções essenciais
a fixação ao solo e a absorção da água com as substâncias minerais
exigidas pelo metabolismo vegetal. Muitas vezes acumula reservas
alimentares. Em certos casos, pode constituir a parte activa da planta
medicinal. Seguemse as diversas formas que uma raiz pode apresentar:
Sistema axial: raiz principal que emite raízes secundárias.
1. Raiz aprumada, em que se distinguem nitidamente uma raiz vertical
mais importante do que as outras, a principal, ou mestra, que prolonga o
eixo do vegetal, e raízes secundárias, emitidas lateralmente e
ramificadas em radículas. O colo é o ponto de união da raiz com o caule.
A coifa é a parte terminal das raízes e das radículas. A água e as
substâncias minerais penetram na planta através de pêlos absorventes.
2. Raiz aprumada tuberosa ou tuberculosa, isto é, repleta de reservas
alimentares, Ex.: a cenoura, o rabanete.
20
3. Raiz aprumada velha. Ex.: o carvalho.
Sistema fasciculado ou fibroso: conjunto de raízes, todas mais ou menos
do mesmo calibre, que partem do colo e se dividem em feixes.
4. A maioria das raizes das Gramíneas, cereais ou plantas forrageiras,
são do tipo fasciculado. Ex.: o trigo.
5. Algumas raízes fasciculadas acumulam matérias de reserva (raizes
tuberosas). Ex.: a ficária, a dália.
Raízes adventícias: estas raizes desenvolvemse directamente num caule
subterrâneo ou aéreo, lateralmente, e não no prolongamento do caule ou
sobre outra raiz.
6. Ao longo de um caule prostrado, as raízes adventícias desenvolvemse
ao nível de cada um dos nós. Ex.: o serpão, a verónica.
7. Num caule subterrâneo horizontal ou rizoma, as raizes desenvolvemse
nos nós. Ex.: a urtigabranca, a grama, o selodesalomão.
8. As raizes adventícias desenvolvemse numa estaca cravada na terra.
Ex.: o salgueiro.
21
O caule
Suporte das folhas, o caule contém os vasos condutores, sendo
essencialmente uma via de circulação através da qual se efectuam a
subida e a descida da seiva na planta. Apresentase sob duas formas:
aéreo e subterrâneo.
Caules aéreos: são o prolongamento da raiz acima do colo.
9. O caule aéreo erecto pode ser herbáceo e, portanto, flexível, frágil
e efémero, ex.: o trigo, o milho; ou lenhoso e, portanto, rígido,
robusto e perene como os das árvores, ex.: a faia, o castanheiro.
10. O caule aéreo trepador não tem por vezes resistência suficiente para
se manter sem apoio. Prendese então de diversas formas, por gavinhas (a
videira), por raízes laterais (a hera) ou pelos pecíolos das folhas (a
videbranca).
11. O caule aéreo volúvel agarrase a um suporte, enrolandose à sua
volta. Ex.: a madressilva.
12. O caule aéreo rastejante, ou estolho, alongase rente ao solo e
enraíza nos nós, de onde nascem folhas, pedúnculos e inflorescências.
Emite outros estolhos, os quais se desenvolvem do mesmo modo. Ex.: o
morangueiro, a violeta, a búgula, a ervadesãolourenço.
22
caules subterrâneos: são os rizomas horizontais ou oblíquos que todos os
anos produzem novos caules numa das extremidades e se extinguem na
extremidade oposta. Podem ser tubérculos, partes dilatadas do caule
repletas de reservas nutritivas, ou bolbos, cujo caule está reduzido a
um núcleo fibroso (prato). Tanto uns como outros possuem as
características que seguidamente se indicam.
13. O caule subterrâneo, também chamado rizoma, rasteja à superfície do
solo. Ex.: a urtigabranca.
14. No rizoma são visíveis as cicatrizes dos caules aéreos do ano
anterior e o botão que dará origem aos caules do ano seguinte, os quais
terminarão em inflorescências. Ex.: o selodesalomão.
15. Caule subterrâneo dilatado e transformado em tubérculos (a). Não
confundir com raízes. Apresentam botões e pequenas escamas que são as
folhas transformadas (b). Ex.: a batateira.
16. Bolbo sólido, não apresentando escamas carnudas (a). Corte de um
bolbo (b). Ex.: a túlipa.
17. Bolbo com escamas carnudas. Ex.: a cebola.
23
A folha (1)
A folha é um órgão fundamental da planta, geralmente de forma laminar e
de cor verde, que está intimamente ligado ao caule ao nível do nó.
Devido ao seu pigmento verde, chamado clorofila, capta as radiações
vermelhas do espectro solar, acumulando assim energia para a síntese dos
hidratos de carbono, ou glúcidos, e ainda dos prótidos o dos lípidos.
Os componentes activos das plantas medicinais são muitas vezes
sintetizados pela folha. Todas as outras partes verdes da planta, caules
jovens, bainhas, estípulas e brácteas, participam nesta função foliar,
mas em
menor proporção.
A folha pode apresentarse sob diversos aspectos, entre os quais são
ainda possíveis formas intermédias.
Para classificar uma folha, devem terse em consideração diversos
aspectos como: situação, disposição sobre o caule, posição,
diferenciação, divisão, forma do limbo, forma da base e do vértice,
nervação, consistência, presença ou ausência de indumento.
A gema: é a origem de um rebento; contém um caule com folhas no estado
rudimentar, protegido ou não por escamas.
19. A gema terminal está situada na extremidade do caule. o rebento ou a
inflorescência que o caule produz na Primavera prolongarão esse caule. A
gema axilar está situada no ângulo superior do pecíolo e do caule, isto
é, na axila da folha. chegando a Primavera, tornarseá um ramo axilar
folhoso ou transformar seá num esboço de botão floral ou de
inflorescência. Ex.: macieira, pereira.
Limbo
24
Ligação da folha ao caule:
20. Tipo de folha inteira, simples, com um
pecíolo que a liga ao caule, o limbo e a sua face dorsal.
21. A folha já não é simples, mas trifoliada, isto é, composta por três
folíolos. A base do pecíolo tem dois folíolos simplificados chamados
estípulas.
22. Na folha invaginante das Gramíneas não existe pecíolo. Uma parte do
limbo envolve o caule, ou colmo, numa extensão variável: é a bainha.
23. A folha sem pecíolo denominase séssil (a): o limbo pode prolongar
se à volta do caule, formando uma espécie de orelhas
auriculada (h), ou ao longo do caule decorrente (c).
24. 0 pecíolo da folha peltada unese num
ponto central da face dorsal do limbo. Ex.: conchelos.
Nervação: o limbo é percorrido por nervu
ras, prolongamentos e ramificações do pecíolo, mais ou menos salientes,
que formam simultaneamente o seu esqueleto e o sistema de condução da
seiva. A disposição das ner
vuras é geralmente constante num género ou
numa família.
25. Disposição das nervuras mais ou menos paralelas (folhas
paralelinérveas). Ex.: a tanchagem, plantas das famílias das Liliáceas e
das Gramíneas.
26. Uma só nervura no limbo, que ficou reduzido a uma agulha (folhas
uninérveas). Ex.: o pinheiro, o zimbro, o abeto.
27. As nervuras estão dispostas como os
dentes de um duplo pente (folhas peninérveas). Ex.: a faia, o
castanheiro.
28. As nervuras estão dispostas como os
dedos de uma mão aberta (folhas palminérveas). Ex.: a malva, o rícino.
25
A folha (2)
A forma do limbo e dos seus recortes serve de base à seguinte
classificação:
Folhas simples: a folha comporta um só limbo, cuja margem pode
apresentar recortes mais ou menos acentuados.
29. Limbo inteiro; bordo sem recortes. Ex.: o lilás.
30. Limbo dentado; margem apresentando recortes pontiagudos Ex.: o
castanheiro, a urtiga.
31. Limbo crenado; margem com recortes arredondados. Ex.: o choupo
negro.
32. Limbo lobado; margem com largos recortes que não atingem metade da
aba da folha. Ex.: o carvalho.
As folhas simples penatipartidas e penatissectas distinguemse pela
maior ou menor profundidade dos recortes do limbo.
33. A folha penatipartida é peninérvea e os recortes ultrapassam metade
do limbo.
34. Na folha penatissecta, o recorte atinge a
nervura central.
35. Esquema de uma folha com recortes triplos (tripenatissecta).
Folhas compostas: a folha dizse composta quando cada um dos recortes,
transformado
26
em folíolo, se mantém nitidamente individualizado em forma de uma
pequena folha frequentemente provida do seu próprio pecíolo (peciólulo).
36. Dizse penaticomposta quando os folíolos estão dispostos de cada um
dos lados da nervura, à semelhança das barbas de uma pena de ave. Ex.: a
galega.
37. Dizse palmaticomposta quando os folíolos se dispõem como os dedos
de uma mão aberta. Ex.: o castanheirodaíndia.
A disposição das folhas: as folhas podem estar dispostas ao longo do
caule de diferentes modos: opostas, alternas e verticiladas.
38. Folhas opostas: dispostas aos pares ao nível de cada um dos nós em
face umas das outras. Ex.: o buxo e plantas da família das Labiadas.
39. Folhas alternas: uma em cada nó, isoladas e dispersas pelo caule.
Ex.: a tília.
40. Folhas verticiladas: dispostas em cada um dos nós em grupos de mais
de duas folhas em volta do caule. Pode haver num mesmo verticilo três ou
mais folhas inseridas ao mesmo nível, formando uma coroa. Ex.: a
aspérula.
41. Folhas em roseta: dispostas em círculos próximo da base ao nível do
solo. Ex.: a pinguícula, a primavera.
27
Estigma
A flor (1)
Corola
Cálice
Calículo
Peciúriculo
A flor, espécie de botão muito especializado, é o órgão de reprodução
sexuada de uma planta; é o principal meio, mas não o único, de perpetuar
a espécie. Provida de estames, órgãos masculinos, e de um pistilo, órgão
feminino, é hermafrodita, se bem que por vezes contenha apenas os órgãos
de um só sexo. Uma flor denominase completa quando é formada por
cálice, corola, estames e um pistilo; se a flor não possui um destes
elementos, denominase incompleta. Na base do seu suporte, o pedúnculo,
encontrase uma pequena folha, a bráctea, diferente das outras folhas. A
flor denominase séssil se não tem pedúnculo. Finalmente, uma flor
denominase regular se a sua simetria é radial’ou irregular se a sua
simetria é bilateral. As flores podem ser solitárias ou agrupadas,
formando então inflorescências de formas variadas.
Flor completa:
4243. Uma flor completa está provida de perianto, constituído pelo
cálice e pela corola, de androceu, ou conjunto dos estames, e de
gineceu, ou pistilo, composto pelo estigma, o estilete e o ovário.
44. A flor vista da parte inferior apresenta o perianto, conjunto
formado pelo cálice, constituído por sépalas, e pela corola, formada por
pétalas, além do pedúnculo, ramo ou caule que lhe serve de suporte.
O cálice: invólucro mais externo da flor, é formado por uma ou várias
sépalas, geralmente de cor verde, sendo por vezes reforçado por um
calículo, ou epicálice. As sépalas da açucena são da mesma cor das
pétalas, razão por que são denominadas petalóides.
28
45. Cálice dialissépalo: as sépalas apresentamse livres em relação umas
às outras. Ex.: a morugem.
46. Cálice gamossépalo: as sépalas unemse
num ponto do seu comprimento, formando um tubo. Ex.: a ervasaboeira.
47. Cálice em que uma das sépalas tem a
forma de capacete. Ex.: o acónito.
A corola: invólucro interno da flor, é formada pelo conjunto das
pétalas. O papel da corola é importante: a coloração viva das pétalas, o
perfume que exalam e o açúcar dos nectários da base das diversas pétalas
atraem os insectos, que propiciam a fecundação. No entanto, os nectários
podem também situarse nas folhas ou nos pecíolos.
48. Corola dialipétala: as pétalas apresentamse livres. Ex.: a
tormentila, a ervabenta.
49. Corola gamopétala: as pétalas estão unidas em todo o seu
comprimento, constituindo uma corola em forma de funil. Ex.: os
bons~dias, o lírio dosvales.
50. Corola com uma pétala munida de esporão. Ex.: a ancólia, a violeta.
Flor regular: a que possui um eixo de simetria, isto é, todos os planos
que passam por esse eixo dividem a flor em duas partes iguais (48). Ex.:
a ervabenta.
Flor irregular: apresenta uma simetria bilateral, isto é, em relação a
um plano. Assim, apresenta um lado esquerdo e um lado direito (51, 52).
Ex.: o amorperfeitobravo, o morriãod'água.
53. Vista de frente, apresenta uma simetria bilateral.
54. Flor irregular com corola bilabiada, da qual duas pétalas formam o
lábio superior e três o lábio inferior. Ex.: a urtigabranca.
29
A flor (2)
*//* esta página deve ser refeita
O androceu e o gineceu são os órgãos, respectivamente, masculino e
feminino de reprodução da flor.
55. Corte de uma flor do abrunheirobravo. Vêemse as sépalas, as
pétalas, os estames e o pistilo. Os estames, cujo conjunto forma
androceu, são formados por um filete e uma antera. No centro da figura
observamse o pistilo, ou gineceu, formado pelo ovário (parte
arredondada que contém os óvulos), estilete e o estigma. Este androceu e
esta corola são perigínicos, porque os estames e as pétalas estão
inseridos em volta do ovário, sobre o cálice (a). Se o cálice e o ovár
estão soldados, o ová rio denominase ínfer( sendo as restantes peças
florais epigínic@ (b).
56. O androceu e a corola são hipogínico porque os estames e as pétalas
estão inser dos abaixo do ovário, que se denomina súper(
O androceu: os estames contém o pólen, o seu número é geralmente
característica é uma família ou de uma ordem, Assim, m Dicotiledóneas,
os números mais frequente são 2 e 5 e os seus múltiplos, enquanto m
Monocotiledóneas predominam o 3 e os seu múltiplos.
57. Um androceu é monadelfo quando c
filetes dos estames estão unidos quer na bas (a), quer em todo o seu
comprimento (b).
58. Um androceu é diadelfo quando em 1 estames 9 estão unidos pelos seus
filetes e permanece livre. Ex.: o cornichão.
59. Um androceu é designado por poliadel fo quando os estames se
encontram agrupa
30
dos em vários feixes. Ex.: o hipericão.
60. Um androceu é sinantérico quando os filetes estão livres e as
anteras se unem, formando um invólucro que é atravessado pelo estilete.
Flor ligulada do taráxaco (a); flósculo da bonina (b).
61. O androceu é didinâmico se apresenta 4 estames, dos quais 2 são
pequenos e 2 grandes. Ex.: a dedaleira.
62. Dizse que um androceu é tetradinâmico quando em 6 estames 4 são
grandes e 2 pequenos. Ex.: plantas da família das Crucíferas.
O gineceu, ou pistilo, é um órgão mais variável e complexo que o
androceu. Possuí, pelo menos, um carpelo (55), constituído por um
ovário, um estilete e um estigma; porém, na generalidade, tem vários
carpelos, livres ou unidos entre si.
63. Pistilo composto por numerosos carpelos livres como na ficária (a);
na anémona (b), cada um deles termina por um longo estilete plumoso.
64. Pistilo composto por 5 carpelos, livres no vértice e unidos na base.
Ex.: o acónito (a), o heléboronegro (b).
65. Pistilo composto por 5 carpelos com ovários soldados e 5 estiletes
livres. Ex.: o linhobravo.
66. Pistilo composto por 3 carpelos inteiramente unidos, como na
açucena. O ovário com 3 lóculos prolongase por um estilete único que
termina por um estigma globuloso trilobado Ex.: a túlipa.
67. Pistilo com estigmas radiantes sobre um disco séssil, chamado
estigmatífero, que coroa o ovário. Ex.:+a a papoila ordinária.
Anteras soldadas
64 b
31
A inflorescência
A parte floral da planta é composta quer por flores solitárias, quer por
uma ou mais inflorescências. Este último termo designa um conjunto de
flores suportadas por um pedúnculo comum. Se existir uma só flor na
extremidade do pedúnculo, a inflorescência dizse solitária; se houver
várias, toma o nome de grupada. Alguns autores, porém, consideram
inflorescências somente as gruPadas, Quanto ao tipo, as inflorescências
podem ser definidas, ou cimeiras, e indefinidas. No primeiro caso,
tratase de uma
cujo eixo termina por uma flor, que é a primeira a abrir. No segundo,
pode haver ou
não um eixo. Os tipos principais de inflorescências indefinidas são o
cacho, a espiga, a umbela e o capítulo,
68. Planta com uma flor solitária.
0 cacho é uma inflorescência formada por um determinado número de flores
cujos pedúnculos são sensivelmente de igual comprimento e estão fixados
sobre um eixo, ou caule, que prolonga o pedúnculo do cacho. Geralmente,
não existem flores terminais.
69. Esquema do cacho (a). Exemplo de cacho com caule e pedúnculo: a
groselheiravermelha (b).
70. No cacho composto, os pedúnculos laterais podem apresentarse também
ramificados em cachos e presos ao caule (pedúnculo ramificado) do cacho
primário. Ex.: a videira.
71. Uma panícula é um cacho composto com pedúnculos muito compridos e
desiguais, em forma de pirâmide. Ex.: a artemísia.
A espiga é formada por um grupo de flores sésseis, isto é, directamente
unidas ao eixo,
72. Esquema de uma espiga simples.
73. Esquema de uma espiga composta.
74. A espiga pode ser densa, longa e pendente, chamandose amentilho.
Ex.: a aveleira.
0 corimbo é uma falsa umbela. Cacho cujos pedúnculos florais são de
dimensões diferentes, sendo os da base mais compridos, mos
trando as flores à mesma altura.
75. Esquema de uma inflorescência em corimbo simples, ex.: a pereira
(a), e com corimbo composto, ex.: o milfólio (b).
32
A umbela é uma inflorescência em que todos os pedúnculos de igual
comprimento se inserem num mesmo ponto do eixo principal. Por vezes,
existe um invólucro na base.
76. Esquema de uma inflorescência com umbela simples. Ex.: a cerejeira
(a), a hera (b).
77. Existem também umbelas formadas por umbelas mais pequenas
(umbélulas), como na maioria das Umbelíferas. Ex.: o canabrás.
78. Na inserção dos pedúnculos da umbela, uma coroa de brácteas forma o
invólucro. Ex.: a cenourabrava.
79. A cúpula da glande do carvalho é um
invólucro formado por escamas resistentes situado na base do fruto para
protecção.
Um capítulo é um grupo de pequenas flores, geralmente sésseis, reunidas
numa dilatação do pedúnculo, o receptáculo.
80. Esquema de um capítulo (a); se a compararmos com a violeta (68), a
bonina (b) apresentase não como uma flor solitária mas como um grupo de
flores: cada uma das lígulas brancas periféricas é uma flor, cada uma
das papilas amarelas do centro é também uma flor. Só as amarelas têm
estames, formando um androceu sinantérico (60 b).
81. Outra forma de capítulo: o dos fidalguinhos. Sob o capítulo, está
uma folha de dimensões reduzidas a bráctea. O invólucro do capítulo é
formado por outras brácteas.
O espadice (82) é uma espiga com eixo carnudo, terminada no jarro por
uma clava estéril e envolvida por uma bráctea membranosa, a espata.
A cimeira é uma inflorescência cujos eixos principais terminam numa
flor, ramificandose em um, dois ou mais ramos laterais.
83. Uma cimeira é unípara quando do eixo principal nasce um único
secundário que termina numa flor e origina novo eixo que floresce. Se o
desenvolvimento sucessivo dos eixos se faz sempre do mesmo lado, a
cimeira é escorpióide. Ex.: nãomeesqueças.
84. Se o desenvolvimento se efectua alternadamente de ambos os lados, a
cimeira é helicóide. Ex.: os lírios.
85. Uma cimeira é bípara quando cada uma das flores tem dois ramos
laterais terminados por uma flor. Ex.: a morugemvulgar.
Flores femininas
82
81
33
O fruto
0 fruto é o resultado final da maturação do ovário fecundado; contém os
óvulos transformados em sementes aptas a germinar, pelo menos após algum
tempo, para dar origem a outra planta da mesma espécie. Há duas
categorias de frutos: carnudos e secos.
Fruto carnudo: as sementes estão geralmente encerradas numa polpa
suculenta rodeada por uma pele fina. A semente pode igualmente estar
encerrada num caroço, por sua vez também situado no interior da polpa.
Atingido o estado de maturação, o fruto desprendese e cai.
86. Estes dois esquemas apresentam o core de dois frutos carnudos: são
drupas, pois a
semente está inclusa no endocarpo, ou caro
ço; este está por sua vez imerso no mesocarpo, ou polpa, e o fruto está
rodeado por u epicarpo, ou pele. Ex.: a azeitona (a), a cereja (b).
87. Por vezes, o caroço tem uma parede dura. Ex.: o pêssego.
88. 0 endocarpo pode, em vez de apresentarse duro, ser coriáceo. Ex.: a
maçã.
89. Quando as sementes, ou pevides, estão directamente incluídas na
polpa, os frutos são bagas. Ex.: a uva.
Nos frutos secos, as sementes não estao geralmente imersas na polpa. 0
invólucro seco e frequentemente duro protege o fruto e pode ou não
abrirse espontaneamente.
Fruto seco indeiscente: o fruto não se abre para libertar as sementes;
desprendese, por vezes, com a ajuda do vento, e cai ao solo. Após a
deterioração do invólucro, surge uma plântula resultante da germinação
da semente.
90. No aquênio, a semente única não adere à parede. 0 aquénio é, neste
caso, como em muitas Compostas, encimado por um papilho que facilita a
sua dispersão pelo vento.
91. Nas Labiadas, produzemse quatro frutos por flor, formando um
tetraquénio.
34
92. Nas Umbelíferas, os frutos são muitas vezes dois aquénios gemulados,
os diaquénios, provenientes de uma só flor.
93. A cariopse é um fruto cujas paredes aderem solidamente à semente
única, como nas Gramíneas.
94. A sâmara é um aquénio rodeado por uma asa membranosa. Ex.: o
ulmeiro.
95. Por vezes, duas sâmaras provenientes de uma só flor são gemuladas
(dissâmara). Ex.: o bordocomum.
Fruto seco deiscente abrese espontaneamente na maturação para libertar
as sementes.
96. A vagem é um fruto seco deiscente proveniente de um só carpelo (a);
na maturação, abrese por duas fendas longitudinais (b); as sementes
estão inseridas em cada um dos bordos da valva. Ex.: a ervilheira.
97. A síliqua tem no meio um falso septo que contém as sementes. A
deiscência fazse geralmente por quatro fendas longitudinais, duas de
cada lado. Ex,: o goi v eiro amarelo.
98. A cápsula é um fruto seco que deixa sair as sementes quer por
válvulas (a), ex.: a violeta, quer por poros (b), ex.: a papoila
ordinária.
Frutos múltiplos: provêm de flores com carpelos livres que dão origem ao
mesmo número de frutos secos ou carnudos.
99. Corte da framboesa onde se distinguem as drupéolas ligadas ao
receptáculo.
100. O morango tem um grande receptáculo com polpa espessa e suculenta
quando maduro, sobre a qual afloram numerosos aquénios.
Infrutescências: provém de ovários mais ou menos concrescentes das
flores de uma inflorescência.
101. Drupéolas da inflorescência da amoreiranegra.
102. Frutos unidos entre'si e com as suas brácteas. Ex.: o ananás.
103. O figo tem um receptáculo carnudo e suculento cuja cavidade está
interiormente revestida de flores.
35
Onde encontrála?
As plantas estão estreitamente ligadas ao seu biótopo, ou meio ambiente;
por meio das raízes, utilizam os recursos do solo, e através dos caules
e folhas, os da atmosfera. Existe um considerável número de factores com
grande influência no desenvolvimento da planta.
A natureza física do solo e a sua riqueza em elementos fertilizantes são
condições primordiais. Efectivamente, além do ar com o oxigénio e o dió
xido de carbono, o solo é a fonte nutritiva da planta, que nele encontra
a água e os elementos minerais indispensáveis à sua vida. Assim, o
regime das águas tem interesse essencial, devido às suas diversas fases,
como as precipitações (chuva e neve), a evaporação, a humidade
atmosférica e o orvalho. A temperatura do ar é o outro ponto essencial,
pois está sujeita a modificações consoante a exposição solar e a
luminosidade, a duração dos dias e a acção do vento.
As plantas são, indubitavelmente, mais dependentes do meio ambiente do
que os animais, pois estes podem deslocarse para regiões mais propí
cias quando a sua evolução biológica é dificultada por condições
desfavoráveis. Contudo, a planta compensa quase sempre os inconvenientes
do seu imobilismo devido a uma grande capacidade de adaptação.
Quando necessita de resistir à aridez e pobreza do solo, as raízes
desenvolvemse a maior profundidade e ramificamse mais, possibilitando
assim a exploração de vastas camadas de terra e de subsolo. Se, pelo
contrário, o solo tem um excesso de água, a planta reage por uma
abundante transpiração e exsudação. A luta contra os ventos áridos e o
frio traduzse por uma diminuição do seu porte. Nas regiões onde o Verão
é curto e a neve permanece por longos períodos, como na zona alpina, há
um encurtamento do ciclo vegetativo, que se completa mesmo sob a neve.
Finalmente, algumas plantas lutam para evitar a sua extinção, produzindo
uma grande quantidade de sementes. Mesmo assim, há muitas espécies que
desaparecem devido a biótopos demasiado ingratos, e por vezes é a
presença do homem que contribui grandemente para acelerar este
desaparecimento. Assim, os fidalguinhos, que cresciam nas searas e eram
considerados uma erva daninha, foram sistematicamente combatidos com
herbicidas, do que resultou a sua evidente rarefacção.
Para o desenvolvimento das plantas medicinais são necessárias condições
de crescimento extremamente propícias, se bem que um crescimento muito
intenso seja susceptível de conduzir a uma diminuição do teor de
componentes activos.
As plantas medicinais devem ser procuradas e colhidas nos locais onde
crescem espontaneamente e em abundância, apresentando todas as
características de uma grande vitalidade. Citamse alguns exemplos de
biótopos: a calta, ou mal mequerdosbrej os, adaptase sobretudo às
margens dos pântanos e aos prados muito húmidos, encontra dose os seus
caules quase sempre parcialmente imersos; a tussilagem procura os
terrenos argilosos, como as bermas das estradas e as valas. As margens
dos regatos tranquilos e dos pântanos são as zonas escolhidas pelo
ácorobastardo. A Dryas octopetala encontrase junto dos rochedos
calcários das montanhas da Europa. A orvalhinha é uma planta carnívora
das turfeiras e dos pântanos, onde encontra facilmente os insectos
necessários ao seu desenvolvimento. 0 alecrim só se dá nas charnecas e
nos matagais da região mediterrânica, pois é a aridez que mantém as suas
propriedades aromáticas, cultivandose, no entanto, facilmente nos
jardins de países tais como a França, Espanha, Portugal e Itália. Outras
plantas, como o visco, só se encontram nas árvores que parasitam.
A frequência de plantas medicinais nos diversos meios que habitam é
variável. Em alguns casos é esporádica, sendo difícil prever a sua
migração, como, por exemplo, o aljôfar, o licopódio e o fetoreal. Estas
plantas povoam quase sempre abundantemente o
seu novo biótopo. Pelo contrário, há outras plantas que são’
sedentárias, como a parietária, o taráxaco e as tanchagens. A
distribuição geográfica da planta pode ser um indicador do clima mais
propício ao seu desenvolvimento. Se determinada planta apenas se
encontra nas regiões mediterrânicas, pode concluirse que este clima é
necessário à sua sobrevivência, e seria inútil procurála no estado
espontâneo num meio ambiente co o o da serra da Estrela; é possível que
ali exista, mas cultivada.
Há climas locais mais favoráveis que o clima regional onde se manifesta
uma ligeira diferença fenológica ou florística, isto >, uma antecipação
da floração para as plantas da região ou o aparecimento de algumas
espécies pouco frequentes que procuram beneficiar de um aumento de calor
e humidade.
0 teor em componentes activos nas plantas medicinais pode variar com
diversos factores, como, por exemplo, o local, a natureza do solo, o
perí odo de vegetação. É, assim, muito importante uma leitura atenta`dos
textos em caixa, a observação das fotografias do biótopo de cada uma das
plantas espontâneas estudadas nesta obra e uma
consulta cuidadosa do calendário da colheita: *As estações favoráveis+
(pp. 3839). Se o leitor tomar em consideração todas estas indicações e
características, serlheão evitadas muitas hesitações.
36
Colheita, secagem e conservação
Em primeiro lugar, deverseá determinar quais os simples, as plantas
medicinais que se desejam colher. A escolha da maioria das pessoas
recairá sobre as plantas necessárias ao uso doméstico. Quem não prefere
fazer
os seus próprios abastecimentos de tília, de hortelãpimenta ou de
macela e deixar de comprar os saquinhos de aroma duvidoso e de conteúdo
suspeito?
Não seria lógico colher plantas sem utilidade e das quais algumas, para
cúmulo, fossem perigosas. É necessário ainda prever as
possíveis alterações provocadas pelo tempo, se bem que uma conservação
de vários anos se revele por vezes benéfica e quase indispensável, como,
por exemplo, a do amieironegro.
Assim, deverá colher todos os anos a quantidade a utilizar durante o
Inverno e destruir o que restar do ano anterior. Convém saber se os
simples que normalmente utiliza crescem perto da sua residência, pois
poderá também aproveitar as férias para alargar a zona de colheita.
A colheita Após a escolha da colheita, é conveniente tomar um certo
número de precauções, confirmadas pela experiência. É necessário
identificar a planta sem hesitação quando esta ainda se encontra no
solo. Determinados erros em que se incorre no campo da fitoterapia podem
ter graves consequências.
Para evitar o apodrecimento, é essencial escolher um dia de bom tempo e
uma hora em que o orvalho esteja praticamente dissipado e as flores
abertas, por exemplo cerca das 9 ou 10 horas da manhã, ou no fim do dia.
No desenvolvimento da planta há um período mais ou menos exacto em que
cada uma das partes contém o teor máximo de princípios activos
perfeitamente desenvolvidos.
De um modo geral, os caules colhemse no Outono e os botões na
Primavera; a colheita das folhas fazse no período que precede a época
da floração, altura em que são mais activas; as flores e as sumidades
floridas devem ser colhidas no início do seu desabrochar, antes que as
pétalas murchem e o
ovário dê origem ao fruto; os frutos carnudos e secos colhemse na
maturação; quando a planta está seca, colhemse as sementes; as raízes
desenterramse fora do período de plena vegetação, isto é, no Outono ou
na Primavera; a casca retirase durante quase todo o ano.
A floração é um período extremamente flutuante de espécie para espécie.
Assim, a tussilagem floresce entre Fevereiro e Abril, surgindo em
seguida as folhas e os frutos, e não dá mais nenhum capítulo até ao
Inverno seguinte, excepto em regiões de grande altitude.
Para se orientar, consulte o calendário da colheita, que indica os
períodos favoráveis ou as *estações propícias+; podem ocorrer variações
de um mês, consoante a latitude e a altitude a que as plantas se
encontram.
Quando tiver identificado e referenciado a planta, é necessário não
cometer erros quanto à parte do vegetal a utilizar. Por vezes, usase a
planta inteira, mas geralmente apenas uma parte, como a raiz, o caule,
as folhas, as flores, a casca ou os frutos.
Finalmente, antes de ir para o campo, deverá munirse de uma boa faca de
lâmina de aço, de uma pequena tesoura de podar, de fio e de um cesto de
vime sem tampa ou, em seu lugar, de um ou dois caixotes.
Simultaneamente à colheita, é necessário preparar a secagem em condições
apropriadas. As plantas que podem ser atadas em molhos, por exemplo os
caules folhosos da hortelãpimenta e da ervacidreira, deverão ser
preparadas do seguinte modo: atamse cerca de 20 caules pela base com um
fio, deixando livre um pé que tenha pelo menos cerca de 20 cm. Deverá
colocar cada um dos molhos no caixote, de preferência ao sol, pois é
extremamente vantajoso acelerar o emurchecimento, primeira etapa da
dessecação. Realizado rapidamente, este emurchecimento diminuirá os
perigos de fermentação se for seguido de uma boa ventilação à sombra.
Não é demais insistir que a acção do sol, frequentemente preciosa nesta
primeira fase, deverá ser evitada, pelo menos no caso das plantas ricas
em essências, como as Umbelíferas ou as Labiadas, que, expostas ao sol,
perderiam muitos dos seus componentes.
A secagem À colheita sucedese a secagem, que possibilita a
eliminação de uma certa quantidade de água retida pela planta. É uma
operação importante que deve ser realizada imediatamente. Assim, antes
ainda de dar início a
uma colheita, é necessário procurar um local apropriado e preparar os
meios para a secagem.
No decorrer desta operação, as espécies não devem ser misturadas; por
exemplo, uma planta aromática como a hortelãpimenta não deve juntarse
a uma planta sem perfume como o azevinho. As plantas tóxicas não devem,
sob nenhum pretexto, ser guardadas em casa. É possível que um molho de
plantas necessite de uma lavagem devido ao pó ou à lama na folhagem;
nesse caso, deverá procederse imediatamente a uma seca
37
gem com ar quente, pelo menos até à fase do primeiro emurchecimento. As
próprias raízes devem, indispensavelmente, ser lavadas com muito cuidado
antes de serem postas a secar e, enquanto ainda estão frescas, ser
cortadas em fragmentos de 1 ou 2 cm. Esta operação deve ser executada
por dois motivos: os troços secarão mais rapidamente que a raiz inteira
e esta, depois de seca, seria muito difícil de cortar.
A secagem, após um emurchecimento rápido, farseá à sombra, num local
bem arejado e seco. Um velho sótão, mesmo parcialmente repleto de
mobílias, ou um celeiro são óptimos locais de secagem. Se pelas janelas
ou frestas penetrarem na divisão alguns raios de sol, é conveniente
colocar, a certa distância, algumas serapilheiras formando uma cortina
que permita a circulação do ar, mantendo, no entanto, as plantas à
sombra.
Os molhos de plantas ou os ramos de árvores e de arbustos devem ser
pendurados, com a parte inferior para cima, em cordas ou arames
estendidos através da divisão à altura de um homem. As folhas e as
flores devem ser separadas do caule; os troços de raiz colocados, sem os
misturar, evidentemente, em caixotes cujo fundo foi previamente forrado
de juta. Ao mesmo tempo que deixa circular o ar fresco vindo de baixo,
este tecido segura os fragmentos, que facilmente passariam pelos
interstícios das tábuas do caixote. E essencial que as camadas sejam
finas; apenas devem ter 1 ou 2 cm de espessura.
As bagas poderão ser colocadas numa grande caixa de cartão pouco funda e
de bordos muito direitos. Na altura da colheita, ficaram certamente
misturadas com restos de folhas; é fácil separálas inclinando
adequadamente a caixa para que as bagas rolem para a parte mais baixa e
os detritos permaneçam no seu lugar. As bagas e os frutos esféricos não
necessitam, geralmente, de ventilação inferior, pois a sua forma
possibilita uma boa circulação do ar fresco em redor. No decurso da
secagem, todos os dias devem removerse levemente as camadas para que os
elementos colocados a maior profundidade entrem em contacto com ar
renovado. A ventilação deve ser suave, não sendo indicada uma corrente
de ar muito forte. As partes utilizáveis dos ramos deverão ser separadas
logo de seguida, especialmente no caso da tília, pois, devido às
reservas de seiva contidas nos ramos, a flor poderá transformarse em
fruto em vez de murchar, o que seria desastroso, uma vez que a parte
utilizada é a flor seca. O mesmo sucede com a tasneirinha, que, se for
colhida antes de os capítulos estarem abertos e colocados em molhos
invertidos, pode cobrirse de pequenos penachos brancos, as sementes,
que amadurecem rapidamente durante a agonia da planta. Depois de formado
o fruto, o vegetal perde grande parte do seu valor.
A secagem permite, portanto, eliminar uma certa quantidade de água. Uma
planta de habitat terrestre contém cerca de 75 a
85% de água. Uma planta aquática pode ultrapassar os 90%. Evidentemente
que não é possível eliminar toda esta água. De facto, mesmo quando se
pensa que a planta está bem seca, contém ainda 10 a 12% de água,
denominada de constituição, que só poderia ser eliminada por meio de
forte aquecimento. Há que contar, em média, com uma perda de 50 a 90% em
relação ao peso inicial. Por exemplo, 10 kg de plantas frescas das
espécies a seguir indicadas dão, após a secagem:
Golfão: 520 g; Borragem: 950 g; Tília: 3,200 kg; Sabugueiro: 3,300 kg;
Verbena: 4,100 kg; Hipericão: 5 kg.
Além disso, a mesma planta colhida na Primavera perderá mais peso do que
se for colhida no Outono.
O tempo de secagem deve assim depender da quantidade de água a eliminar
e também da resistência da planta à evaporação. Nas melhores condições,
a secagem fazse em 6 dias, e mais frequentemente entre 10 e 12. Se o
arejamento for suave, o único inconveniente de prolongar a secagem é o
perigo de acumulação de pó nas plantas, pelo que é preferível não
ultrapassar as três semanas. Para avaliar o grau de dessecação das
folhas e das flores, é necessário que, ao tocarlhes, não se sinta
qualquer humidade e que estejam rígidas, mas não quebradiças.
A conservação Quando estiverem bem secas, as plantas podem ser
conservadas, ao abrigo do ar, da luz, da humidade e do pó, em caixas de
**laU bem fechadas, em sacos de papel grosso fechados com uma fita
adesiva ou em saco de plástico. Se adoptar este último modo de
conservação, deverá ter muito cuidado e oito dias após a embalagem das
plantas observála com atenção. O mínimo depósito de vapor na parte
interna do saco indica que a dessecação não foi suficiente e terá de ser
concluída. Em cada uma das embalagen deverá colocar uma etiqueta bem
visível com o nome da planta e a data da colheita.
Não é conveniente cultivar os simples em sua casa. No entanto, se tiver
uma pequena horta, pode semear algumas plantas simultaneamente
condimentares e medicinais, como o cerefólio, a cebolinha, o estragão, a
manjerona, a salva, a salsa e o tomilho. É ainda possível cultivar a
macela, a hortelãpimenta, e a ervacidreira, além dos legumes
medicinais e de muitas outras plantas que, embora menos activas do que
as suas afins espontâneas, são de grande utilidade.
40
Guia das plantas a conhecer
As plantas espontâneas
As plantas cultivadas
As plantas tóxicas
As plantas exóticas
43
305
337
349
As plantas espontâneas
Como utilizar o dicionário
As plantas espontâneas são apresentadas, por ordem alfabética, pelo seu
nom
vernáculo mais vulgarmente utilizado.
Sob esta designação figura, em itálico, o nome latino, seguido da
inicial do botânico que descreveu e deu o nome à planta.
Seguidamente, indicamse os nomes vernáculos mais frequentemente
utilizados em Portugal e no Brasil.
A família a que a planta pertence está impressa a negro. Se quiser saber
quais as plantas afins de uma planta, consulte a lista de *As 100
famílias>, (p. viI e viii >
A gravura representa a planta descrita ou uma parte desta, se as suas
dimensões não permitem representála totalmente. A algumas ilustrações
foi acrescentado um pormenor, folha, flor, floração, caule, semente,
quando qualquer destes elementos constituía uma informação importante
que facilitasse a identificação.
A fotografia representa o biótopo, ou habitat geográfico da planta, que
possibi lita a sua procura e a sua identificação no meio onde é mais
frequente. O texto referese à história da relação homemplanta.
No texto em caixa, na parte inferior da página, inserese o *cartão de
identidade+ da planta, onde poderá encontrar todas as informações úteis
para a sua identificação e utilização, apresentadas do seguinte modo:
* Componentes: consultar, nas pp.
e 13, *A fábrica vegetal+ para suas funções e definição.
* Propriedades: consultar nas pp. 14
15 as suas definições. U.l.: uso interno. UX.: uso externo. +
=utilização farmacêutica. V =utilização cosmética.
O =utilização veterinária. Ver: consultar, nas pp. 371435,
termos inseridos no *Dicionário da saúde+.
O = Perigos, partes tóxicas, não confundir com ... Identificação:
descrição botânica do vegetal, dimensões, descrição do caule, das
folhas, das flores (cujo período de floração é indicado entre
parênteses), do fruto, da raiz, cheiro e sabor. Para as explicações dos
termos botânicos, consultar as pp. 2035 do capítulo
"identificar, colher e conservar,> e, pp. 443453, o *Glossário@>.
O Partes utilizadas: enumeração das partes utilizadas em fitoterapia (o
período da colheita é indicado entre parênteses).
Se, na presença de um vegetal, tiver dificuldades em identificálo,
deverá consultar em primeiro lugar o quadro dicotómico *As chaves da
classificação+ (pp . ), que, da morfologia da planta à família, lhe
possibilitará orientar a sua pesquisa. Em seguida, será conveniente
consultar o quadro *As 100 famílias+ finalmente, os dicionários das
plantas espontâneas, cultivadas e tóxicas.
Para facilitar a utilização dos dicionários, foi estabelecido um índice
(pp. onde se apresentam, por ordem alfabética, os nomes das plantas, os
nomes latinos e ainda os outros nomes vernáculos de todas as plantas
descritas ou citadas nestas três rubricas. As siglas empregadas nesta
parte são comuns ao conjunto da obra.
Abetobranco
Abie.@ alba Mili.
Abetopectinado
Abietáceas
O abetobranco já povoava a terra há 55 milhões de anos, e,
ultrapassando os formidáveis movimentos geológicos da era quaternária,
de descendência em descendência chegou até aos nossos dias. Planta
longeva que pode atingir os 800 anos, é uma magnífica conífera. Pelo seu
porte majestoso, o abetobranco é sem exagero o rei das florestas,
perfeitamente piramidal, com enormes
ramos opostos regularmente abertos, estreitandose para o vértice. Estes
grandes abetos formam frequentemente nas vertentes sombrias dos maciços
montanhosos cerradas florestas com sombras rectilíneas que se estendem
pelas encostas sem contudo atingir as planícies. Outrora, os médicos
utilizavam a terebintina com cheiro a limão extraída da sua resina, mas
actualmente esta substância foi posta de parte, sendo substituída pela
do pinheiro. Os fitoterapeutas mantiveramse fiéis não só à resina
recente do abeto, mas também às agulhas e aos gomos ainda fechados.
Estes últimos, muito pequenos e tão activos como os do pinheiro, são
bastante difíceis de secar e conservar, se bem que as suas importantes
propriedades justifiquem as precauções necessárias e uma atenta
vigilância durante a colheita. Têm cheiro levemente limonado e sabor
ligeiramente acre.
Habitat: Europa Central e Meridional, montanhas; de 400 a 2000 m.
Identificação: até 50 m de altura. Árvore; tronco erecto, casca lisa,
esbranquiçada, seguidamente escurecida, ramos escalonados em plano
horizontal, concentrandose no vértice com o decorrer dos anos; gomos
resinosos, agulhas simples, achatadas, dispostas em duas filas, verde
escuras, lustrosas na página superior, persistindo entre 8 e 11 anos;
flores (AbrilMaio), monóicas, amentilhos masculinos fixados na face
interior dos ramos, amentilhos femininos primeiramente vermelhos e
depois
verdes e castanhos, formando em seguida longas pinhas erectas (16 cm),
com brácteas acuminadas que caem com as sementes. Partes utilizadas:
agulhas, resina fresca, gomos (Primavera); secagem em camadas finas.
O Componentes: óleo essencial, terebintina, provitamina A O
Propriedades: antiescorbútico, antiespasmódico, antiséptico, diurético,
expectorante, revulsivo, sudorífico. U. L, U. E. + Ver: banho,
bronquite, cistite, enfisema, frieira, leucorreia, menstruação, pé,
sudação, úlcera cutânea, varizes.
43
Abrótanofêmea
Santolina chama ecyparissus L. Guardaroupa, pequenolimonete, roquete
dosjardins
Bras.: santolina
Compostas
O aroma penetrante e intenso do abrótanofêmea, a delicadeza do seu
aspecto aveludado e a harmonia dos seus caules finos encimados por
pequenos capítulos amarelos contribuíram para que os jardineiros o
elegessem como flor ornamental. No estado espontâneo, prefere o sol
mediterrânico, os rochedos e as encostas áridas, colonizando também as
campas e a terra dos cemitérios. Os etimologistas encontraram para o seu
nome duas origens possíveis: da palavra italiana santo, santo, devido às
suas múltiplas virtudes, ou da palavra grega xanthos, amarelo, evocando
a cor das suas flores. As sumidades floridas, que se colhem em Julho,
possuem uma acção estimulante, estomáquica e emenagoga; são ainda
antiespasmódicas, podendo também ser utilizadas em infusão para as
cólicas de estômago. Além disso, a planta tem grande procura devido à
acção vermífuga das suas sementes, que podem substituir o sémencontra,
ou santónico, medicamento obtido da variedade stechemanniana Besser de
Artemisia maritima L., das estepes do Turquestão Russo. Cazan receitava
o abrótanofêmea para tratar a tinha. A denominação de guardaroupa foi
lhe atribuída porque, pendurado em ramos nos roupeiros e armários,
protege a roupa e o vestuário das traças.
Habitat: Europa, região mediterrânica, rochedos, colinas áridas e
calcárias; subespontâneo em algumas zonas da Beira Litoral, Estremadura
e Alentejo litoral; até 1000 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de
altura. Vivaz, caule lenhoso na base, espesso, com numerosos ramos
erectos e pubescentes; folhas vilosas, esbranquiçadas, pequenas,
estreitas, penatifendidas, com dentes obtusos; flores amarelodouradas
(JunhoAgosto), tubulosas, em capítulos solitários, globosos, na
extremidade dos ramos, receptáculo vestido de brácteas interflorais;
aquénio calvo com 4 ângulos, dos quais 2 são mais salientes. Cheiro
intenso, sabor amargo, acre e aromático. Partes utilizadas: sumidades
floridas, sementes e folhas (antes da floração); secagem errramos
suspensos.
O Componentes: óleo essencial, resina, tanino, principio amargo O
Propriedades: antiespasmódico, emenagogo, estimulante, vermifugo@ LI. L,
U. E. + Ver: fadiga, insectos, parasitose.
44
Abrunheirobravo
Prunus spinosa L.
Ameixeirabrava, acáciadasalemãs
Rosáceas
Os abrunheirosbravos formam, a partir de Março, nas falésias marítimas,
magníficas moi tas cor de neve repletas de ninhos de ave, Plantas
rústicas e invasoras, podem, se não forem controladas, anexar
vastíssimas áreas. Como o fra mboesei roselvagem, o seu tempo de vida é
aproximadamente igual ao do homem.
Os abrunhos, pequenas drupas redondas e azulescuras, quando maduras
cobertas de uma pruína cerosa, são dotados de um encanto irresistivel.
Estes frutos não são comestiveis, mas raramente alguém deixa de os
provar, ao menos uma vez por ano, no Outono, para saborear a sua
aspereza. É necessário esperar que as primeiras geadas moderem este
gosto antes de colhêlos para a preparação de licores ou aguardentes; as
suas propriedades, adstringentes são utilizadas em medicina, sendo
indiferente que os
frutos estejam verdes, frescos, secos ou maduros. As flores, cujo sabor
a amêndoa amarga resulta da presença de uma substância geradora de á
cido cianídrico, são também utilizadas. A casca e as folhas contêm
igualmente esta substância; por esta razão, é conveniente respeitar as
doses indicadas. As folhas secas deste arbusto são apreciadas por alguns
fumadores de cachimbo. As flores são colhidas em botão.
O Não ultrapassar as doses indicadas de cascas, flores e folhas.
Habitat: Europa, sebes, bermas; até 1600 m. Identificação: de 1 a 3 m de
altura. Arbusto espinhoso; ramos patentes, vilosos quando jovens, depois
de um pretobrilhante; ramos espinhosos com folhas e grande número de
raminhos patentes (em ângulo quase recto), folhas verdeescuras,
pequenas, ovadas, serradas, pubescentes e em seguida glabras, com
pecíolo curto e estipulas vilosas; flores brancas matizadas de corde
rosa (MarçoMaio), antes das folhas, numerosas, pequenas, pedunculadas,
5 sépalas campanuladas, 5 pétalas brancas, 1 estilete, numerosos
estames, drupa azulescura, glabra, recoberta de uma camada cerosa
(pruína), com caroço globoso quase liso; toiça com turiões. Cheiro
agradável; sabor áspero. Partes utilizadas: casca, folhas, flores e
frutos.
O Componentes: tanino, heterósidos, cianogenéticos, vitamina C O
Propriedades: adstringente, depurativo, diurético, laxativo, sudorífico,
tónico. U. I., U. E. kyj Ver: acrie, boca, crescimento, cura de
Primavera, fadiga, furúnculo,
45
Acáciabastarda
Robinia pseudacacía L. Falsaacácia, acáciadefloresbrancas, robínia
Leguminosas
Em 1601, Jean Robin, jardineiro do rei Henrique IV de França, que
tratava das plantas medicinais, recebeu, vinda dos montes Apalaches, na
América do Norte, uma semente que enterrou na Praça Dauphine, em Paris.
Trinta e cinco anos depois, a árvore nascida dessa semente foi
transplantada para o Jardim Botânico de Paris. Lineu baptizou a planta
com o nome de Robinia, em homenagem a Robin. Mais tarde, a árvore
tornouse espontânea e difundiuse por toda a Europa, exceptuando o
Norte, pois não suporta o frio, a humidade e sobretudo os ventos, que
quebram facilmente os seus
ramos e agitam com violência a sua bela copa. Tem preferência pelos
solos bem drenados, os quais, aliás, consolidam as suas raízes. As
abelhas têm uma preferência especial pelo rico néctar das flores da
acáciabastarda. Com os cachos floridos podem prepararse xaropes, uma
agradável água de toilette e um vinho tónico obtido pela maceração de 15
a 20 g de flores em 1 1 de vinho tinto. As sementes e a casca não devem
ser ingeridas. A raiz é tóxica, não obstante ter um sabor doce, pelo que
deve ser proibida às crianças.
O Utilizar as sementes, a casca e a raiz apenas com receita médica;
cumprir as doses. Habitat: zonas temperadas da Europa, solos ricos e
profundos: em Portugal, cultivada como planta ornamental; até 700 m.
Identificação: de 10 a 30 m de altura. Árvore; tronco grosso,
ramificandose bastante em baixo, ramos patentes, casca profundamente
gretada, ramos lisos; folhas grandes, imparipinuladas, com 9 a 25
folíolos ovais, inteiros, tenros, com estipulas transformadas em 2
espinhos persistentes entre os quais se dissimula a gema; flores brancas
(MaioJunho), em cachos pendentes, cálice com 5 dentes, corola
papilionácea vagem castanha, pendente, glabra, com 10 a l@ sementes
duras; raizes vigorosas, que se prolon gam horizontalmente, invasoras,
com nodosidades. Cheiro penetrante e aromático; sabor docE Partes
utilizadas: flores (MaioJunho) e folhas.
O Componentes: heterásido, óleo essencial, enzima, compostos cetónicos,
tanino, pigmen tos flavónicos O Propriedades: antiespasmódico, colagogo,
emoliente, tónico. U. 1. + LN Ver: anemia, cefaleia, estômago, fígado,
indigestão.
46
Açafroa
Carthamus tinetorius L,
Aç afrão bastardo, saflor, açafrol
Compostas
Planta tintorial tão importante como o índigo, esta espécie de cardo com
flores amareloalaranjadas, profusamente rodeadas de brácteas, foi
progressivamente abandonada desde a descoberta dos corantes químicos.
Originária do Oriente, subsiste no estado subespontâneo nas searas do
Alentejo, do Algarve e da Madeira.
A palavra Carthamus deriva do árabe kurthum, que, por sua vez, deriva do
hebraico kartami, tingir. Das flores resulta um primeiro corante amarelo
que não é apropriado para a tinturaria; segueselhe a cartamina, ou
vermelho vegetal, que ainda é utilizado actualmente pelos pintores e, na
Argélia, para o fabrico de cosméticos. Sob a designação de açafrão
bastardo, as flores da açafroa já foram utilizadas em falsificações de
açafrão. As sementes, muito amargas, são, contudo, apreciadas pelos
papagaios, pelo que são também conhecidas por sementes de papagaio. As
folhas e as sementes contêm uma enzima que provoca a coagulação do
leite. Das sementes extraise um óleo que em algumas regiões é utilizado
para a iluminação e como purgativo, Largamente cultivada na Índia,
Hungria e Etiópia, é bastante rara no estado espontâneo.
Habitat: Europa Mediterrânica, cultivada no Sul de França; taludes e
terrenos baldios. Identificação: de O, 10 a O,60 m de altura. Anual ou
bienal, caule glabro, ramificado; folhas serradas, espinhosas, sésseis,
ligeiramente amplexicaules, com rede de nervuras visível na página
inferior; volumosos capítulos isolados amareloalaranjados (Julho
Setembro), emergindo de numerosas brácteas terminadas por um apêndice
celheado; aquénio escamosorugoso. Sabor amargo. Partes utilizadas:
folhas, flores (JulhoSetembro), sementes (Outubro).
O Componentes: glúcidos, lípidos, prótidos, celulose, enzima, coagulante
do leite (sementes), vitamina C (folhas), duas matérias corantes, uma
das quais a cartamina, ou vermelho vegetal (flores) O Propriedades:
purgativo. U. 1. + o Ver: intestino.
Acanto
A(anthus moffis L.
Ervagigante, gigante, brancaursina
Bras.: acanto
Acantáceas
Bastante raro no estado espontâneo, o acan
to é muito cultivado nos jardins corno planta ornamental pela elegância
das suas grandes flores brancas com veios apurpurados e das suas folhas
grandes e profundamente fendidas. Dizse que a forma das suas folhas,
escuras e brilhantes, inspirou o escultor grego Calímaco quando criou os
motivos deco~ rativos do capitel coríntio. 0 acanto encon
trase, aliás, em todo o litoral mediterrânico.
Os médicos da Antiguidade receitavam o
infuso da planta para numerosas finalidades. Dioscórides e Plínio
consideravamna diurética, eficaz contra as irritações das vísceras e
até preventiva da tuberculose pulmonar. Na Idade Média, porém, o acanto
parece ter caído no esquecimento. Actualmente, é muito utilizado para
uso externo sob forma de banhos, cataplasmas, compressas e gargarejos.
Para que as flores conservem a sua máxima eficácia, devem ser colhidas
em plena antese e secas lentamente à sombra. Pelo contrário, as folhas e
as raízes devem ser secas em estufas bastante quentes.
Habitat: Europa Mediterrânica, solos rochosos, entulhos; até 300 m.
Identificação: de 0,40 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule florífero,
erecto, robusto, com poucas folhas na base; folhas basais glabras,
muiHabrtat’ Eur o’ entu’ h os,até Idenlifi caÇão vaz, ca ulef1o cas f
o 1has na to grandes, pouco rígidas, profundamente fendidas; flores
brancas, frequentemente com estrias cor de púrpura (JulhoAgosto), de 5
a 6 cm
de comprimento, sésseis, formando uma longa espiga de 4 a 6 fileiras
verticais muito diferenciadas, providas de uma bráctea espinhosa e de
duas bractéolas estreitas, cálice com 4 tobos desiguais, sendo o supe
ior muito grande
e violáceo; corola com um lábio inferior,comprido, papiráceo, trilobado
e 4 estames soldados à corola; cápsula castanha, lisa, de deiscência
explosiva, com 2 a 4 sementes grandes, castanhas e brilhantes; toiça
grossa com raizes grossas e esbranquiçadas. Partes utilizadas: folhas
recentes, flores, raiz.
0 Componentes: sais minerais, mucilagem, giúcidos, tanino, substâncias
amargas 0 Propriedades: aperitivo, colerético, emoliente, vulnerário.
U . I., U. E. Ver: anginas, contusão, dartro, diarréia, digestão,
picadas, queimadura.
Agrião
Nasturtium officinale R. Br.
Agriãodasfontes, agriãodeágua
Para aproveitar ao máximo as importantes propriedades do agrião, é
necessário Utilizálo muito fresco e verde e laválo previamente, pois é
susceptível de transmitir ao homem uma doença parasitária, a
distomatose. Se estas regras forem devidamente cumpridas, a planta
merece indubitavelmente a designação de *saúde do corpo+, que lhe é
atribuída nos meios rurais em França. É uma pequena planta vivaz,
aquática, cujo cheiro picante determinou o seu nome científico
Nasturtium, que deriva da expressão latina nasus tortus, nariz torcido.
O agrião é uma planta de grande valor medicinal, pois a sua riqueza em
vitaminas e sais minerais conferelhe propriedades de excelente
estimulante e antiescorbútico. A espécie cultivada tem as mesmas
propriedades. Para o encontrar em locais onde não é cultivado, são
necessários longos percursos pelos prados húmidos, até conseguir colhê
lo numa nascente, numa fonte ou num pequeno regato. É frequente
encontrar próximo deste o falsoagrião, uma umbelífera afim do aipo
(Heloscyadium nodiflorum) que não é venenosa, sendo, no entanto,
aconselhável eliminála logo que identificada. As suas flores estão
dispostas em umbelas, e os seus folíolos dentados adelgaçamse
progressivamente. Possui um sabor diferente do do agrião.
O Interromper a utilização se surgir uma irritação dolorosa da vesícula.
Habitat: Europa; em Portugal, nos locais húmidos, nascentes, regatos,
valas; até 2000 m.
Identificação: de O,10 a O,80 m de altura. Vivaz, caule prostrado,
redondo, carnudo, glabro, parte inferior rastejante na água; folhas
verdeescuras, carnudas, glabras, pinuladas, com foHolos arredondados ou
ovais, sendo o terminal frequentemente maior; flores brancas (Maio
Setembro), pequenas, em cacho denso, 4 sépalas iguais, 4 pétalas em
cruz, 4 estames compridos e 2 curtos; síliqua curta contendo 4
fileiras de sementes; raizes adventícias nas zonas rastejantes dos
caules. Cheiro picante; sabor picante. Partes utilizadas: caule com
folhas (MaioSetembro). * Componentes: fósforo, ferro, iodo, cálcio,
heterósido sulfurado, vitaminas A, B2, C, E e PP O Propriedades:
depurativo, diurético, estimulante, febrífugo. U.l., U.E. + O Ver: acne,
apetite, boca, bronquite, cabelo, convalescença, dermatose, escorbuto,
fígado, pele, sarda.
49
AgrimÓNIA
Agrimonia eupatoria L. Eupatória, erv a dos gregos, ervahepática
Bras.: agrimônia, eupatório
Rosáceas
Foram atribuídas ao nome do género várias etimologias gregas; de facto,
esta palavra pode derivar de agros, campo, e monias, selvagem, em alusã
o ao seu habitat, ou de argemone, mancha ocular, evocando as
propriedades oftalmológicas da planta. A designação específica eupatoria
pode ser referente a Mitridates Eupator, rei do Ponto, que no
século 1 a. C. se supõe ter adoptado esta planta devido às suas virtudes
medicinais.
Conhecida desde a PréHistória, celebrizada na Antiguidade como curativa
dos venenos de serpente, das doenças de fígado, das perturbações da
visão e das falhas de memória, a agrimónia foi, durante muito tempo,
confundida nos textos escritos com a verbena. Foram, porém,
diferenciadas no século XV. Progressivamente, a planta parece cair no
esquecimento, conservando, no entanto, até aos nossos dias os créditos
dos europeus do Norte, que consideram a sua infusão como um tónico, e
mantendo a reputação, entre actores e cantores, de ser o anjodaguarda
das suas vozes. Uma planta afim, a Agrimonia odorata Mill., muito
aromática, diferenciase da agrimónia pela atracção por locais sombrios
e por ser totalmente desprovida de propriedades medicinais.
Habitat: Norte da Europa, excepto nas regiões árcticas, solos argilosos
expostos ao sol; até
1000 m. Identificação: de 0,30 a 0,70 m de altura. Vivaz, caule simples,
viloso, erecto e cilíndrico; folhas pubescentes e acinzentadas na página
inferior, com estipulas amplexicaules de 5 a 9 folíolos oval
lanceolados, dentados, alternando com 5 a 10 mais pequenos; flores
amarelas (JunhoSetembro), em espiga alongada, 5 pétalas, 10 a 20
estames, 2 carpelos, cálice envolvido por um anel de sedas assoveladas e
gancheadas na extremidade, reunidas em vá~
rias ordens; 1 ou 2 aquénios cónicos; rizomas rastejantes grossos.
Cheiro levemente aromático; sabor acistringente e amargo. Partes
utilizadas: sumidades floridas, folhas mondadas (JunhoAgosto); secagem
à sombra.
* Componentes: tanino, óleo essencial, goma
* Propriedades: acistringente, antiinflarnatório, cicatrizante,
diurético, resolutivo, vulnerário. LI. I., U. E. + o Ver: anginas,
contusão, diabetes, diarréia, entorse, enxaqueca, ferida, greta,
obesidade, rouquidão, voz.
Agripalma
Leonurus cardiaca L.
Cardíaca
Bras.: chádefrade, ervarnacaé
Labiadas
O nome científico genérico da agripalma, Leonurus, é composto por uma
palavra latina, leo, leão, e uma palavra grega, oura, cauda. Referese
ao aspecto da sua inflorescencia. Quanto ao nome da espécie, cardiaca,
deriva da sua muito antiga reputação como calmante das dores gástricas e
cardíacas. Supõese, no entanto, que a planta denominada kardiaca por
Teofrasto não terá nada de comum com a agripalma.
Oriunda, segundo se supõe, da Asia cerca do século Vii, a agripalma
difundiuse seguidamente por quase toda a Europa, com excepção da região
mediterrânica. Planta de óptima reputação, foi cultivada no século XV
nos jardins dos mosteiros e mencionada por Ambroise Paré 100 anos
depois; muito famosa e excessivamente louvada no século XVIII, caiu
progressivamente no esquecimento. É, contudo, muito eficaz para
perturbações cardíacas de carácter puramente nervoso como as
palpitações. Planta vivaz que se desenvolve à sombra das sebes, tem
porte erecto e piramidal e cresce nas casas em ruínas e até nas ruas das
aldeias, com as suas folhas verdeescuras escalonadas ao longo do caule.
O néctar das suas pequenas flores corderosa atrai as abelhas.
Habitat: Europa, rara em Portugal e nas regiões mediterrânicas, bermas
dos caminhos, sebes, ruínas; até 1000 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m
de altura. Vivaz, com caule rígido, de secção quadrada, muito ramificado
e folhoso; folhas verdeescuras por cima e acinzentadas por baixo,
pecioladas, serradas, recortadas, possuindo as inferiores entre 5 e 7
pontas e as superiores apenas 3; flores corderosa e púrpura (Junho
Setembro), em verticilos densos ao longo de todo o caule, cálice com 5
dentes, sendo os 2 inferiores curvados em forma de gancho, corola
vilosa, com uma coroa interior de pêlos. Cheiro intenso e desagradável,
Partes utilizadas: sumidades floridas (JunhoSetembro); devem ser
utilizadas de preferência frescas, pois as folhas escurecem com a
secagem, perdendo a eficácia.
O Componentes: óleo essencial, alcalóide, heterósidos, princípio amargo,
tanino O Propriedades: anti espasmódico, cicatrizante, detersivo,
emenagogo, expectorante, tónico. U. L, U. E. Ver: bronquite, diarréia,
ferida, menstruação, meteorismo, palpitações.
Aipo
Apium graveolens L.
A ipodos charcos, aipodospântanos, aiposilvestre,
salsadomonte Bras.: aipodoriogrande
Umbelíferas
0 aiposilvestre, cultivado a partir do século XVI, deu origem a
diversos produtos hortícolas conhecidos pelo nome de aipo e aiponabo. 0
nome latino do aipo, Apiuni, deriva da palavra celta apon, que significa
água; efectivamente, esta planta aclimatase bem nos prados húmidos e
nos solos impregnados de sal. Encontrase na Europa nas
proximidades dos pântanos salgados do Mediterrâneo, do oceano Atlântico
e no interior do continente próximo das fontes salinas. 0 aipo é
conhecido desde a Antiguidade: os Egípcios, os Gregos, entre os quais
Homero, que o cita na Odisseia, e os Romanos reconheciam as suas
virtudes medicinais. Na Idade Média, foi progressivamente utilizado como
condimento, verdura e medicamento, pois acreditavase que podia curar a
melancolia, acalmar as dores de dentes e, sobretudo, beneficiar o
funcionamento dos rins e do aparelho urinário. Ainda actualmente, é esta
a principal virtude atribuída à planta, sobretudo nos meios rurais. A
sua raiz faz parte da composição de um xarope diurético, o xarope das
cinco raízes, em associação com raízes de espargo, funcho, salsa e
gilbarbeira.
0 Não consumir a planta fresca. Habitat: Europa, solos salgados e
alagados até
100 m. Identificação: de 0,30 a 1 m de altura. Bienal, caule erecto,
cilíndrico, profundamente sulcado, glabro, oco e ramoso; folhas verde
escuras, brilhantes, sendo as basilares pecioladas, divididas em 5
segmentos ovais, e as superiores sésseis, com 3 segmentos mais pequenos
e estreitos; flores esbranquiçadas (JulhoSetembro), pequenas, em
umbelas pouco apertadas desprovidas de invólucro, por vezes sésseis, com
6 a 12 raios desiguais, fruto cinzen
to, glabro, com 5 costas filiformes; raiz aprumada, curta, castanha na
parte exterior, esbranquiçada no corte. Cheiro intenso e característico;
sabor muito aromático. Partes utilizadas: raiz, folhas e frutos.
0 Componentes: óleo essencial, substâncias azotadas, oleorresina,
açúcares, cumarina, vitaminas B e C 0 Propriedades: carminativo,
depurativo, estomáquico, expectorante, febrífugo, resolutivo, tónico. U.
I., LI. E. + V Ver: albuminúria, artrite, contusão, lactação, litíase,
meteorismo, tez, tosse.
Alcaçuz
Glyeyrrhiza glabra L. Regoliz, regaliz, regaliz4, paudoce, raizdoce
Bras.: madeiradoce, alcaçuz daeuropa
Leguminosas
Muitas pessoas experimentaram já mastigar o chamado paudoce, amarelo,
fibroso e açucarado, obtido do alcaçuz. O género Glycyrrhiza é
constituído por cerca de uma dúzia de espécies, distribuídas pelos cinco
continentes; o alcaçuz é, porém, uma planta mediterrânica, e os
primeiros testemunhos da sua utilização medicinal remontam ao Egipto
antigo. Os povos antigos chamaramlhe raizdoce, da palavra grega
glukurrhidza, e apreciavam as suas propriedades calmantes e o seu gosto
suave.
A partir de 1950, descobriuse que o alcaçuz tinha uma acção benéfica
nas úlceras do estômago. No entanto, os numerosos doentes que o
ingeriram em doses elevadas por longos períodos foram vítimas de
hipertensão arterial provocada pela planta. Para os grandes consumidores
de alcaçuz, geralmente os doentes de úlceras ou os fumadores e
alcoólicos que desejam mitigar as suas carencias, existem comprimidos
preparados em laboratório isentos da substância que provoca aquela
acção, o ácido glicirrízico, Ingerido em doses moderadas, o alcaçuz não
tem qualquer perigo.
O Não abusar do consumo. Habitat: Europa Meridional; em Portugal, Beira,
Estremadura e litoral do Alentejo; até 1000 m. Identificação: de O,30 a
1 m de altura. Vivaz, caule erecto, estriado longitudinalmente, robusto
e oco; folhas pecioladas, compostas por
9 a 17 folíolos ovais ou oblongos, inteiros, verdes, viscosos na página
inferior; flores azulclaras ou lilás (JunhoJulho), em cachos
espiciformes cilindricos, pedunculados na axila das folhas, cálice
giboso, glanduloso, com 5 dentes, 2 lábios, corola papilionácea, quilha
aguda,
10 estames, dos quais 9 soldados e 1 liberto, estigma oblíquo; vagem
comprimida, linear, com 3 ou 4 sementes castanhas; rizoma tenhoso, com
turiões espessos, raizes finas > Partes utilizadas: raiz, rizoma
(Outono do terceiro ano); secagem ao sol.
O Componentes@ glúcidos, tanino, flavonóides, glicirrizina, ácido
glicirrízico, estrogéneos O Propriedades: antiespasmódico, béquico,
depurativo, digestivo, diurético, emoliente, expectorante, peitoral,
refrescante, tónico. U. I., U. E. + Lvi Ver: asma, boca, bronquite,
cistite, conjuntivite, espasmos, estômago, obstipação, tosse.
53
Alcaravia
Caruin carvi L.
Alcarovia, alcorovia, cherivia, cominhosdosprados,
alchirivia, alquirivia
Umbelíferas
Pequena umbelífera branca a que os Gregos chamaram karon e os Árabes
karwaia, e que na Idade Média era conhecida por carvi, encontrase
geralmente em climas frios. Conhecido na Antiguidade devido às suas
virtudes carminativas, o fruto da alcaravia, de cheiro agradável, é
muito usado nos países nórdicos para aromatizar produtos de pastelaria e
charcutaria, pão e queijos fermentados, especialmente a qualidade
Munster. A planta inteira é uma boa forragem que deve ser incluída nos
prados destinados a pastagens; quando seca, facilita a digestão e as
secreções lácteas das vacas e das ovelhas; uma colher de sopa bem cheia
de sementes misturadas, durante uma semana, à ração quotidiana de aveia
é um tónico para os ca
valos. Nociva para as aves pequenas, é tão apreciada pelos pombos que um
pouco de alcaravia adicionada à ração os conserva fiéis ao pombal. A
alcaravia diferenciase da cenourabrava pelas suas flores brancas; as
sementes são frequentemente confundidas com as dos cominhos.
0 A essência da alcaravia é tóxica para o homem. Habitat: Europa
Setentrional e Central montanhas limitantes da Europa Mediterrânica,
caminhos e prados; até 2100 m. Identificação: de 0,30 a 0,60 m de
altura. Bienal ou plurianual, caule erecto, ramificado a partir da base,
glabro, canelado longitudinalmente; folhas recortadas em lacínias
estreitas, sendo as inferiores pecioladas e as superiores sés@eis;
flores brancas (MaioJulho), em umbelas de 6 a 12 raios muito desiguais;
raiz fusiforme; fruto ovóide, acastanhado. Possui um
cheiro extremamente aromático; sabor picante. Partes utilizadas: fruto
(MaioSetembro, a partir do segundo ano), raiz; frutos colhidos na
umbela e seguidamente secos.
0 Componentes: essência com carvona e limoneno, ácidos gordos, prótidos,
glúcidos, tanino, celulose 0 Propriedades: carminativo, digestivo,
emenagogo, galactagogo. U. 1. + kli Ver: aerofagia, digestão, lactação,
menstruação, meteorismo.
54
ALecrim
Rosmarinus officinalis L.
Alecrinzeiro
Bras.: alecrimdejardim
Labiadas
Os atributos do alecrim são tão importantes como os da a spéru 1 a
odorífera; datam do século xvii e vêm da Europa Central. Dizse que a
rainha Isabel da Hungria, septuagenária e depauperada pela doença,
recuperou a saúde e rejuvenesceu graças ao alecrim. A receita da água da
juventude, a água da rainha da Hungria, que ela própria preparava, está
ao alcance de toda a gente, pois para a obter basta juntar e misturar os
alcoolatos de alfazema, alecrim e poejo.
Como muitas outras labiadas, o alecrim actua sobre o sistema nervoso,
pois estimula os asténicos, fortalece as memórias enfraquecidas e eleva
o moral dos deprimidos. A sua acção terapêutica iniciase com a
colheita, que pode ser efectuada em qualquer época do ano nas colinas
meridionais. O estado espontâneo e a liberdade da planta conferemlhe
vigor; transplantado para um jardim, mantémse bonito, conserva as suas
características aromáticas, mas é menos eficaz que o alecrim espontâneo.
As abelhas que o visitam produzem um excelente mel, de gosto intenso,
denominado mel de alecrim.
O Cumprir as doses e o tempo de duração dos
Habitat: Europa, litoral mediterrânico; charnecas e pinhais do Centro e
Sul de Portugal; até 1500 m, Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura.
Arbusto; caules lenhosos e folhosos; folhas sésseis, coriáceas,
estreitas, com bordos enrolados, e persistentes; flores azulclaras e
esbranquiçadas (todo o ano), em pequenos cachos axilares, cálice curto,
campanulado, com
3 dentes, corola longa, com 2 lábios, um com 2 lóbulos erectos e o outro
com 3 lóbulos, sendo o médio maior e côncavo, 2 estames. Cheiro a
incenso e cânfora; sabor aromático. Partes utilizadas: planta florida e
folhas.
O Componentes: óleo essencial, ácidos orgânicos, heterósidos,
saponósidos, colina O Propriedades: antiespasmódico, antiséptico,
colagogo, diurético, estimulante, estomáquico, tónico, vulnerário. U.
I., U. E. + V IÍS Ver: asma, astenia, banho, cabelo, celulite,
colesterol, convalescença, coração, dentes, depressão, edema, entorse,
enxaqueca, fígado, frigidez, impotência, memória, nervosismo, pele,
ruga, sono, torcicolo.
Aleluia
Oxalis acetosella L.
Bras.: trêscorações, trevoazedo, azeda detrês folhas
Oxalidáceas
Para encontrar a aleluia, é necessário procurar nos bosques húmidos ao
nível do solo e identificála por comparação; as suas folhas,
semelhantes às do trevo, Trifolium L.,
têm o sabor da azeda, e as flores, comparáveis às do linhobravo, são,
no entanto, corderosa. Desabrocham sempre pela Páscoa, parecendo
querer celebrar a Aleluia! Aparentemente, a aleluia prevê as
tempestades, pois afirmase que à sua aproximação as folhas se erguem.
As utilizações domésticas e medicinais da aleluia são inumeráveis. Com
esta pequena planta é possível preparar limonadas frescas e tisanas para
as pessoas febris. Adicionada às sopas, realçalhes o sabor e substitui
o sumo de limão para temperar as saladas. Como o ruibarbo, a azeda e o
espinafre, a
aleluia contém ácido oxálico e está sujeita a idênticas regras de
utilização. Outrora, era matériaprima para a extracção do ácido
oxálico, comercializado com o nome de sal de azedas, utilizado para
tirar as nódoas de tinta e de ferrugem das roupas e também para limpar
couros. É um mordente para as
tintas e óptimo para remover as incrustações dos radiadores dos
automóveis, sendo assim inimaginável o efeito que produziria no estado
puro sobre as paredes do estômago. No entanto, a posologia medicinal é
muito inferior às doses tóxicas.
O Planta proibida aos doentes de gota e litíase; respeitar a posologia.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, matas húmidas; em
Portugal, a sua existência é assinalada no Minho, mais propriamente em
Paredes de Coura; até 2000 m. Identificação: de O,05 a O,08 m de altura.
Vivaz, acaule; folhas verdeclaras, todas basais, vilosas, pecioladas,
com 3 folíolos cordiformes; flores brancas matizadas de corderosa, por
vezes de azul (AbrilMaio), apenas uma em cada pé, longamente
pedunculadas, 5 sépalas curtas, 5 pétalas grandes, 10 estames e 5
estiletes; cápsula ovóide acuminada, com sementes estriadas; rizoma
delgado, rastejante, com escamas carnudas e vilosas. Sabor ácido. Partes
utilizadas: folhas e raízes frescas; perde as suas propriedades pela
secagem.
O Componentes: oxalato ácido de potássio, vitamina C, mucilagem O
Propriedades: antiescorbútico, depurativo, diurético, febrífugo,
refrescante. U. L, U. E. Ver: boca, cura de Primavera, pele, sarna,
sede.
56
ALFACEBRAVAMAIOR
*//* faltaM OS OUTROS NOMES)
Se bem que a maioria das pessoas conheça a alface cultivada, com
interior frágil e tenro, o mesmo não sucede no caso da alfacebrava
maior. Em primeiro lugar, a alfacebrava surpreende os que a não
conhecem devido às suas dimensões, pois algumas variedades atingem 3 m.
Seguidamente, porque esta planta robusta exala um cheiro algo
desagradável. Caracterizase pelos seus capítulos amarelos bem elevados,
pelas grandes folhas ovais, recortadas e ligeiramente lobuladas, que
crescem em todas as direcções. Se se quebrar um ramo ou uma folha, brota
das zonas feridas um leite branco, o látexI produto de sabor amargo que
contém todos os constituintes activos da planta. O suco extraído dos
caules, que depois de seco se denomina lactucário, é conhecido desde a
Antiguidade; faz parte, ainda actualmente, de algumas preparações
daFarmacopeia Portuguesa, entre as quais um extracto e um xarope
calmante onde é associado ao lúpulo. A alfacebravamaior pode ser
substituída por uma outra espécie, a Lactuca scariola L., alfacebrava
menor, que apresenta propriedades terapêuticas idênticas. Esta espécie
distinguese pela original disposição das folhas, cujas faces estão
orientadas para oesteleste e cujos bordos têm a orientação nortesul,
engenhoso meio de protecção contra os efeitos do sol.
O Respeitar a posologia, pois em doses elevadas o suco é tóxico.
Habitat: Europa Central e Meridional, solos calcários, terrenos incultos
e pedregosos, em Portugal, de Trásos Montes ao Alentejo; até 1000 m.
Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Toda a planta contém um látex
branco. Bienal, caule verde, por vezes violáceo, erecto, robusto,
ramificado; folhas verdeescuras, grandes, inteiras ou com lobos
sinuosos, rodeando o caule por meio de 2 aurículas lanceoladas, com
bordos dentados, providas de uma fila de acúleos sobre a nervura dorsal,
flores amarelas (Junho Setembro) em pequenos capítulos, agrupadas numa
grande panícula frouxa; aquénio obovadooblongo, de cor negropúrpura
com costas de bordos espessos, encimado por um rostro e por um papilho
branco; raiz fusiforme. Cheiro desagradável; sabor amargo. Partes
utilizadas: folhas, látex.
O Componentes: clorofila, sais minerais, vitaminas, ácidos, princípio
amargo O Propriedades: balsâmico, hipnótico, sedativo. U. I., U. E. + V
Ver: acne rosácea, insônia, nervosismo, pele, sono,tosse.
57
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Alfazema
Lavandula officinalis Chaix
Lavândula
Labiadas
Os nomes botânicos Lavandula spica L. e Lavandula officinalis Chaix são
sinónimos e indicam a mesma planta. A alfazema é uma das plantas mais
raras e encantadoras da nossa flora. Perante a sua vitalidade, nas
colinas calcárias é impossível deixar de admirar a sua resistência ao
sol abrasador e à aridez da pedra. É preciso saber distinguila do
alecrim e do hissopo, além de outras plantas afins, muito susceptíveis
de confusão. Nos Pirenéus, encontrase uma variedade de alfazema mais
pequena, com folhas mais estreitas e inflorescências maiores; nos
terrenos siliciosos cresce a LavanduIa stoechas L., o rosmaninho, com
flores cor de púrpura e aroma penetrante; subindo mais a norte, mas não
ultrapassando 1000 m
de altitude, encontrase a alfazemabrava, Lavandula latifolia Vill.,
maior, com folhas verdes, cheiro a cânfora e que floresce um
mês mais tarde do que as outras. As propriedades medicinais das
alfazemas são, além da sua acção antiséptica e insecticida,
aproveitadas desde há séculos pelas donas de casa; as sumidades
floridas, colhidas antes do desabrochar, constituem um dos mais
preciosos componentes da farmácia caseira.
O Não ultrapassar as doses indicadas; incompatibilidade com o iodo e os
sais de ferro. Habitat: Europa Mediterrânica, solos áridos, calcários,
expostos ao sol; espontânea no Centro e Sul do País; até 1800 m.
Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Subarbusto; frondoso na base
com ramos nus, erectos, simples; folhas verdeacinzentadas, estreitas,
lanceoladas, com bordos enrolados; flores azulvioláceas (JulhoAgosto)
em espiga terminal de verticilastros, brácteas castanhas, largas, cálice
com 5 dentes, corola com 5 lóbulos de 2 lábios, 4 estames inclusos, 4
carpelos;
aquénio com 1 semente preta, lisa. Cheiro penetrante, aromático; sabor
ardente, amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas, flores ripadas;
secagem à sombra e ao ar livre.
O Componentes: princípio amargo, essência, cumarina O Propriedades:
antiespasmódico, antiséptico, carminativo, cicatrizante, colagogo,
diurético, estimulante, insecticida, sudorífico. U. L, U. E. + V o Ver:
acne, asma, banho, bronquite, cabelo, ferida, ftiríase, insectos,
leucorreia, nervosismo, pulmão, reumatismo, tinha, tosse, vertigem.
58
Alfenheiro
Ligustrum vulgare L.
Santantoninhas, alferiu
Oleáceas
O alfenheiro é uma planta flexível com casca branda e cinzenta que os
jardineiros talham e podam com facilidade. É também um arbusto rústico
que cresce espontaneamente entre as sarças e nas orlas dos bosques. As
folhas, verdeescuras, que se tornam víoláceas no Outono, permanecem nos
ramos durante todo o Inverno, bem como os frutos, pequenas bagas pretas
cuja toxicidade implica a sua proibição às crianças. As flores
desabrocham em Maio, amontoandose em píramides brancas semelhantes às
do lilás. Recémcortada, a madeira do alfenheiro exala um cheiro
intenso, o mesmo sucedendo com as flores, as folhas e os frutos quando
esmagados entre os dedos.
us ramos são utilizados em cestaria; da casca obtémse um corante
amarelo, e as bagas possibilitam a preparação de uma tinta cor de
violeta e um corante para os vinhos.
Os fitoterapeutas apenas utilizam as flores ou as folhas secas.
Conhecido desde há séculos, o óleo de alfenheiro é ainda actualmente
utilizado em fricções para as dores, especialmente as dores de celulite;
as folhas servem para preparar um gargarejo que trata as afecções
crónicas da boca e da garganta, muito frequentes nos fumadores.
O Nenhuma parte da planta fresca é comestível, Habitat: Europa, matas;
no Norte e Sul de Portugal surge espontâneo em sebes e bosques;
cultivado como planta ornamental; até 800 m. Identificação: de 1 a 3 m
de altura. Arbusto; lenho duro; ramos jovens, aveludados; folhas
opostas, ovais, lanceoladas, inteiras, com pecíolo curto, glabras,
verdeescuras e brilhantes na página superior, claras na inferior;
flores brancas (MaioJunho), em panículas, curtas, compactas, cálice
pequeno com 4 dentes, corola tubulosa com 4 lóbulos côncavos, 2 estames
inclusos e 1 estilete; baga globosa preta, persistente, Cheiro difícil
de suportar e adocicado (flores); sabor amargo. Partes utilizadas:
flores e folhas (Primavera); secagem à sombra.
O Componentes: tanino, resina, heterósido, invertase, açúcares,
arsénico, vitamina C O Propriedades: adstringente, cicatrizante,
detersivo, vulnerário. LI. I., U. E. + Ver: afta, anginas, boca,
celulite, diarreia, escara, leucorreia, reumatismo, tabagismo,
59
PLANTAS ESPONTANEAS
Alforvas
Trigonella foenumgraecum L. Fenogrego, fenacho, ervinha, caroba,
alforna, alfarva
Bras.: alforgas
Leguminosas
As alforvas são pequenas plantas anuais que se encontram nos campos, nos
rochedos e nas charnecas do Sul da Europa. A planta identificase pelos
caules frágeis extremamente frondosos, pelas flores esbranquiçadas
dissimuladas pelas folhas superiores e
pelas compridas e curvas vagens terminadas por uma ponta aguçada. No
estado maduro, cada uma destas vagens abrese em duas valvas, pondo a
descoberto uma fileira de sementes comprimidas. O cheiro desagradável da
planta espalhase em seu redor, e é tão persistente que se nota ainda em
plantas secas há um século conservadas em herbários. Para atenuar este
cheiro nauseabundo, é necessário escaldar as sementes. A utilizaçã o da
alforva como planta medicinal é conhecida desde a Antiguidade. Na Ásia
Menor, de onde foi importada para a Europa cerca do século IX, as
sementes são ainda utilizadas para conferir às mulheres um aumento de
peso, muito apreciado; esta acção é determinada pela presença de uma
substância que actua sobre o metabolismo das gorduras. As sementes,
aplicadas em cataplasmas, podem fazer desaparecer os abcessos e reduzir
as placas de celulite.
Habitat: Europa Mediterrânica, campos; em Portugal, encontrase em
searas, terrenos incultos da Estremadura e do Alentejo. É também
cultivada como forraginosa; até 1000 m. Identificação: de O,10 a O,50 m
de altura. Anual, caule erecto e circular; folhas verdes, abundantes,
erectas, com 3 grandes folíolos ovais, pecíolo curto; flores branco
amareladas (AbrilJunho), sésseis de 1 a 2 na axila das folhas
superiores, cálice pubescente, corola papilionácea, estames diadelfos;
vagem muito comprida (de 8 a 10 cm), erecta, curva, terminada por uma
ponta comprida de 2 a 3 cm, 1
fileira de 10 a 20 sementes comprimidas; raiz desenvolvida. Cheiro
intenso e nauseabundo; sabor desagradável. Partes utilizadas: sementes
secas, sumidades floridas (AbrilJunho).
O Componentes: substâncias azotadas e fosforadas, trigonelina, essência
O Propriedades: aperitivo, emoliente, hipoglicerniante, laxativo,
tónico. LI. I., U. E. + o Ver: anemia, apetite, astenia, celulite,
convalescença, diabetes, frigidez, furúnculo, panarício.
60
Algaperlada
Chondrus crispus Lyngb. Musgobranco, musgoda irlanda, botelhocrespo,
carragaheen
Gigartináceas
Sobre os rochedos dos litorais do canal da Mancha e do oceano Atlântico,
visível na maré baixa, encontrase em grande abundância esta alga de cor
vermelha, muito
ramificada, com segmentos achatados e bordos crispos. É fácil de
reconhecer devido à fronde, que pode medir entre 10 e 20 cm. O seu
aspecto e coloração são extremamente polimorfos. A consistência
cartilaginosa do talo conferiulhe o nome científico de género Chondrus,
que deriva do grego chondros, cartilagem.
As algasvermelhas contêm nos seus tecidos corpúsculos clorofilinos como
os vegetais superiores, estando, no entanto, encobertos por células
especiais, os cromatóforos, que encerram um pigmento, o qual, consoante
a sua concentração e a intensidade da luz, modifica a coloração das
algas, desde um vermelho intenso ao castanhoescuro.
Durante todo o Verão fazse a colheita a bordo de embarcações, quando o
tempo está húmido, utilizando ancinhos. Antes de utilizar a algaperlada
é conveniente lavála na água do mar e deixála secar durante 24 horas
ao sol. Esta operação deve ser repetida três vezes. A alga perde então a
sua linda cor, adquirindo um brancoacinzentado, quase translúcido. Como
muitas outras algas, a algaperlada contém uma substância mucilaginosa
que, após tratamento, é utilizada na indústria alimentar, especialmente
no fabrico de chocolate de leite e cremes.
O Não consumir simultaneamente com plantas que contenham tanino.
Habitat: costas da Mancha e do Atlântico, sobretudo Finisterra e ao
longo da costa portuguesa. Identificação: de O,10 a O,20 m de altura.
Talo homogéneo, achatado, cor de púrpura; disco basilar; fronde em forma
de leque, erecta, ramificada; ramificações dicotómicas, lobuladas,
bordos crispados, sem nervura; lóbulo bífido; cistocarpos na face
inferior e tetrasporângios na superfície do talo, alojados em
protuberâncias ovóides.
Partes utilizadas: talo (Verão); secagem ao sol.
O Componentes: mucilagem, sais minerais, aminoácidos, iodo, provitamina
D O Propriedades: béquico, emoliente, expectorante, laxativo. U. I., U.
E. Ver: bronquite, conjuntivite, diarréia, obesidade, obstipação,
raquitismo.
61
Aliária
Affiaria officinalis Andrz.
Ervaalheira, ervadosalhos
Crucíferas
A aliária parece não ter sido conhecida na Antiguidade. As suas flores,
brancas, desabrocham na Primavera, invadindo as bermas dos caminhos e os
locais frescos. As flores são melíferas e muito apreciadas pelo gado,
que ingere a planta completa. A aliária exala um cheiro a alho bastante
intenso quando amachucada entre os dedos, devendo a este facto o nome do
género e alguns dos seus nomes comuns, visto que Alliaria deriva de
allium, alho. As suas sementes substituem, por vezes, as da mostarda
negra.
Não é essencialmente uma planta medicinal, podendo, no entanto, ser
utilizada como antiséptico, tanto para uso externo como interno. É
preferível colher a planta no momento de utilizála, pois, como a
maioria das crucíferas, perde as suas propriedades aquando da secagem.
Para uso interno, recomendase sobretudo a decocção da planta fresca ou,
melhor, o seu suco recente. Porém, segundo H. Leclerc, os melhores
resultados obtêmse pela utilização de compressas de folhas esmagadas ou
alcoolatura de aliária.
Habitat: Europa, exceptuando a região mediterrânica, locais frescos,
sebes, bermas dos caminhos; em Portugal, encontrase em quase todo o
País, excepto no Baixo Alentejo e Algarve; até 800 m. Identificação: de
O,50 a O,80 m de altura. Bienal, caule erecto, simples, folhoso; folhas
pecioladas, crenadas, sendo as basais reniformes e as outras
cordiformes; flores brancas (MarçoJunho) em cacho terminal que se
alonga durante a floração, 4 sépalas, 4 pétalas, 6 estames, dos quais 2
mais pequenos, 2 carpelos; síliqua comprida, erecta, sobre pecúriculos
espessos, abrindose por 2 válvulas com 3 nervuras, sementes estriadas,
castanhas, dispostas em fileira. Cheiro a alho; sabor picante e aliáceo.
Partes utilizadas: planta inteira fresca ou seca, sem a raiz, o
Componentes: um beterósido azotado, óleo essencial, enzimas O
Propriedades: antiséptico, detersivo, diurético, estimulante,
expectorante, vulnerário. U. I., U. E. + Ver: boca, dentes, eczema,
ferida, gengivas, pele.
62
Aljôfar
Lithospermuin offitinale L.
Borragiináceas
Segundo a tradicional teoria médica que atribuía aos vegetais virtudes
de acordo com o aspecto ou cor que apresentavam, os frutos do aljôfar,
nacarados e duros como pérolas, foram considerados durante muito tempo
como as únicas partes úteis da planta, com propriedades para dissolver
os cálculos.
No entanto, ao longo dos séculos, tanto o empirismo como os estudos
sistemáticos foram insuficientes para confirmar as propriedades
dissolventes destes frutos. A planta revelouse, porém, verdadeiramente
activa para outras perturbações renais e urinárias. Além disso, o estudo
de uma espécie exótica desta planta, Lithosperinum ruderale L.,
utilizada pelos índios como contraceptivo, permitiu detectar na planta
substâncias inibidoras de determinadas hormonas hipofisárias.
Com as folhas e as sumidades floridas secas do aljôfar preparase um chá
refrescante que não deve ser confundido com o chádaeuropa, preparado a
partir de uma espécie próxima com grandes flores vermelhas que depois se
tornam azuladas, o Lithosperinum purpureocaeruleuin L.
Habitat: Europa, solos calcários; em Portugal, surge espontâneo nos
arredores de Bragança e Vimioso; até 1400 m. Identificação: de O,40 a
O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto, coberto de pêlos e
ramoso; folhas verdeescuras na página superior, mais claras na
inferior, alternas, sésseis, lanceoladas, ásperas, pubescentes, com
nervuras laterais salientes na página inferior; flores brancocreme
(JunhoJulho), pequenas, em compridos cachos folhosos em 2 filas, cálice
peludo com 5 divisões, corola tubular vilosa com 5 pregas pubescentes,
ultrapassando ligeiramente o cálice, e 5 estames inclusos; tetraquénio
branco nacarado, duro, brilhante, cor de pérola; raiz espessa, quase
lenhosa. inodoro; sabor adstringente (planta) e adocicado (fruto).
Partes utilizadas: frutos, folhas, sumidades floridas (JulhoAgosto). O
Componentes: sais minerais, mucilagens, pigmentos O Propriedades:
diurético. U. L, U. E. Ver: diurese, gota, olhos.
Almeirão
Cichorium int.\,bus L.
Chicóriadocafé, chicóriabrava Bras.: chicóriaamarga, chicória
Compostas
Já conhecido em 4000 a. C., como refere o papiro Ebers, um dos mais
antigos textos egípcios que chegaram até à actualidade, o almeirão
permanece um remédio em que os médicos continuam a ter confiança.
*Arnigo do fígado+, segundo Galeno, é absolutamente inofensivo, pelo que
faz parte da composição de um xarope tradicional, frequentemente
receitado às crianças. É uma planta vivaz cujas flores, de um azul muito
puro, se associam em belos capítulos que se abrem de manhã, cerca das 6
horas, e se fecham durante a tarde. 0 almeirão contém um látex branco
extremamente amargo, pelo que é conveniente colher as folhas antes da
floração, apos o que deixam de ser comestíveis, A utilização alimentar
desta chicóriabrava data do século xvil; cultivada nas hortas, deu mais
tarde origem às inúmeras variedades hortícolas actualmente conhecidas,
como as escarolas, ou endívias, as quais, devido a serem menos amargas,
são também muito menos activas.
Habitat: Europa; Centro e Sul de Portugal, bermas dos caminhos, campos
cultivados e incultos, solos secos, calcários e argilosos; é também
cultivado; até 1500 m. Identificação: de 0,30 a 1 m de altura. Vivaz,
caule rígido, anguloso, com numerosos ramos, hirtos, frequentemente
divergentes na base; folhas inferiores profundamente divididas em dentes
agudos, folhas superiores pequenas, lanceoladas, semiamplexicaules,
pubescentes, com lóbulos profundos; flores de um azul vivo (Julho
Setembro), liguladas, em grandes capítulos; aquénio com curtíssimo
papilho, coroado
por minúsculas escamas, raiz aprumada, látex branco. Sabor muito amargo.
Partes utilizadas: folhas (JunhoSetembro, antes da floração), raiz
(Outono).
0 Componentes: sais minerais, glúcidos, lípidos, prótidos, vitaminas B,
C, P e K, aminoácidos, inulina, heterósido amargo 0 Propriedades:
aperitivo, colagogo, colerético, depurativo, diurético, estomáquico,
febrífugo, laxativo, tónico. u, 1. + o Ver: anemia, apetite, astenia,
cura de Primavera, diabetes, fígado, icterícia, obstipação, tez.
Alquequenje
Physalis alkekengi L. Ervanoiva, cerejasdejudeu
Solanáceas
O alquequenje floresce a partir de Maio nos solos calcários e nas
vinhas; durante o Verão, o cálice, inicialmente pequeno e verde, aumenta
de volume, adquirindo uma configuração semelhante à de uma lanterna de
papel, e a sua cor tornase simultaneamente vermelhovivo. A esta
característica se deve a designação do género, Physalis, que deriva do
grego phusaô, eu incho. No interior destes leves invólucros, os frutos,
que amadurecem em Setembro, assemelhamse a cerejas. Podem ser ingeridos
frescos, mas não mais de cerca de 30 por dia.
Conhecido de Dioscórides e Galeno, muito difundido na Ásia, Europa e
regiões mediterrânicas, o alquequenje nunca deixou de ser utilizado para
o tratamento da gota, de cálculos e de alguns edemas. Actualmente, toda
a planta, exceptuando a raiz, pode ser utilizada para preparar um vinho
diurético. A conservação da planta, depois de colhida, é difícil, sendo
necessário colocar as bagas em camadas finas num forno; as folhas devem
ser secas, lentamente, à sombra. Depois de desidratadas, as bagas, que
ficam muito enrugadas, devem ser colocadas em frascos de vidro
hermeticamente fechados ou reduzidas a pó.
O Não confundir com a beladona, que é tóxica. Habitat: Europa
Continental, Meridional, solos secos, vinhas, olivais; até 1500 m.
Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule erecto, simples
ou ramificado, anguloso, ligeiramente pubescente; folhas glabras, aos
pares, pecioladas, oval pontiagudas, com os bordos ondulados; flores
esbranquiçadas (MaioOutubro), isoladas, pêndulas, pequeno cálice
pubescente; baga de um intenso vermelhoalaranjado, carnuda, lisa, com 2
lóculos e numerosas sementes, encerrada no cálice, que se desenvolve
numa bolsa leve, com costela, que no Outono se cobre de uma ténue rede
escarlate; rizoma rastejante. inodoro; a baga tem sabor ácido. Partes
utilizadas: bagas libertas dos cálices, caules, folhas (Setembro
Outubro). * Componentes: vitamina C, ácido cítrico, ácido málico,
carotenóides, glúcidos, vestígios de alcalóides O Propriedades:
depurativo, diurético, emoliente, febrífugo, refrescante, sedativo. U.
1. + Ver: edema, gota, icterícia, litíase, reumatismo, ureia.
65
Alteia
Althaea officinalis L.
Malvaísco
Malváceas
A alteia é famosa pelas suas virtudes béquicas e emolientes. Assim,
segundo algumas opiniões supera a malva nas suas virtudes. A designação
de malvaísco sugere uma relação entre estas duas plantas. Efectivamente,
as utilizações medicinais da malva, que pertence também à família das
Malváceas, são muito semelhantes às desta planta. Proveniente das
estepes asiáticas muito antes da era cristã, a alteia aclimatouse
facilmente na Europa. Recenseada num dos capitulares de Carlos Magno,
cultivada durante toda a Alta Idade Média, foi durante muito tempo
aproveitada nos jardins dos mosteiros, de onde se evadiu, tornandose
espontânea, e sendo actualmente considerada como um dos simples mais
apreciados. A malvadaíndia, Althaea rosea L., um dos parentes da
alteia, é muito cultivada e conhecida; é a malvareal dos poetas, com
folhas lavradas e grandes flores de cor intensa. As flores cor de
tijoloescura destas variedades podem substituir as flores da alteia; as
raízes e as folhas não são utilizadas.
O Incompatível com o álcool, o tanino e o ferro. Habitat: Europa, zonas
costeiras, margens dos cursos de água; em Portugal, nos locais húmidos
do Douro, Beiras e Estremadura; até 300 m. Identificação: de O,60 a 1,50
m de altura. Vivaz, caule robusto, cilíndrico, aveludado e pouco
ramificado; folhas verdeesbranquiçadas, pecioladas, largas, espessas,
lobadas, ovais, pontiagudas; flores brancas ou corderosa (Junho
Setembro), em grupos de 3 na axila das folhas no cimo do caule,
pedunculadas, cálice com 5 sépalas revestido de epicálice curto, corola
com 5 pétalas cordiformes e numerosos estames; poliaquénio tomentoso
( semente castanha; raiz aprumada, comprida e carnuda. Cheiro suave;
sabor mucilaginoso. Partes utilizadas: raiz (Outono), flores (Julho
Agosto), folhas frescas ou secas (Junho) secagem à sombra ou em estufa.
O Componentes: mucilagem, sais minerais glúcidos e vitamina C O
Propriedades: béqui co, calmante, emoliente. U. L, U. E. + V O Ver:
abcesso, acne rosácea, afta, anginas, cisti te, dentes, diarreia,
gengivas, obstipação, olhos, pele, sono, tosse.
66
Ami
Ammi majus L. Âmiomaior, âmiovulgar
Umbelíferas
O ami é uma umbelífera bastante fácil de reconhecer devido às suas
folhas, que são visivelmente diferentes umas das outras. As da base
assemelhamse às folhas do trevo, e as da parte superior são recortadas
em lacínias muito estreitas. O seu nome genérico, Ammi, deriva do grego
ammos, areia, e indica a natureza dos solos de que a planta
habitualmente necessita.
Ignorase a origem desta planta, supondose que no século XVI se
denominava assim a espécie egípcia afim, Ammi visnaga Lam., bisnaga, ou
paliteira. Originária da índia e da Etiópia, encontrandose actualmente
muito difundida em Portugal, diferenciase da anterior por apresentar
todas as folhas em lacínias.
As sementes, quando maduras, constituem a parte activa do ami. O
principal interesse desta planta, actualmente, consiste na sua acção
fotossensibilizadora devida à amoidina. Esta propriedade da planta é
especialmente utilizada pelos Árabes para tratar uma despigmentação
cutânea, o vitiligo. O ami também é utilizado para um bronzeamento
epidérmíco acelerado, sendo, no entanto, um processo arriscado.
O Ter em atenção as fotossensibilizações. Habitat: Europa Meridional e
Ocidental, Centro e Sul do Continente e Madeira, locais arenosos,
campos, culturas de luzerna e de trevo; até 800 m. Identificação: de
O,20 a O,80 m de altura. Anual, caule glabro, glauco, esguio, florífero,
ramoso e estriado; folhas serradas, sendo as basais recortadas em
segmentos bi ou trilobulados, ovais, as caulinares em segmentos
estreitos, as superiores em lacínias; flores brancas (JulhoSetembro),
em umbelas muito densas, com até 80 raios, com um enorme invólucro de
brácteas recortadas em lacínias filiformes, 5 pétalas caducas, crenadas;
fruto ovói de e oblongo. Cheiro suave; sabor acre e picante. Partes
utilizadas: sementes (quando maduras); secagem à sombra.
O Componentes: heterósido, composto cumarínico, amoidina O Propriedades:
carminativo, digestivo, emenagogo. U. 1. Ver: bronzeamento, digestão.
Amieiro
Alnus glutinosa (L.) Gaertn.
Amieiro vulgar
Betuláceas
O amieiro pertence à mesma família da bétula e da aveleira; todos têm
flores masculinas e femininas que coexistem na mesma árvore. As raízes
apresentam nodosidades que contêm bactérias, as quais possibilitam à
árvore a fixação directa do azoto da atmosfera. Quando jovem, a árvore
erguese direita, com casca cinzenta lisa. Ao envelhecer, estende os
ramos, e a copa forma uma abóbada regular que se mantém verde até à
queda das folhas. A madeira do amieiro geralmente não apodrece; nos
países nórdicos, é utilizada para fazer tamancos. Com a serradura
defumamse peixe e carne; a casca, que serve para curtir os couros,
produz, além disso, uma bela matéria corante cinzenta. Um ramo de
amieiro colocado num galinheiro afasta os parasitas. As propriedades
febrífugas da árvore conferiramlhe a denominação de quinaindígena, e o
banho com folhas de amieiro, previamente aquecidas no forno, continua a
ser um remédio popular eficaz para o reumatismo. Quanto à cataplasma de
folhas frescas, já era apreciada no século xil por Santa Hildegarda como
remédio para activar a cicatrização das úlceras.
Habitat: zonas temperadas da Europa, bosques húmidos, margens de cursos
de água; até 1200 m. Identificação: de 20 a 25 m de altura. Árvore;
pernadas tortuosas com ramificações delgadas; folhas escuras na página
superior, claras na inferior, dentadas, arredondadas, chanfradas no
vértice, pecioladas; flores esverdeadas ou avermelhadas (Fevereiro
Março), em amentilhos pedunculados, monóicos, os masculinos pendentes,
caducos, com brácteas macias, apresentando 3 flores com 4 estames, os
femininos ovóides, erectos, com brácteas apresentando 2 flores com 2
estiletes cada uma;
fruto pequeno, achatado, monospérmico, castanhoavermelhado, com asa
curta e coriácea; raiz com excrescências, as nodosidades de onde partem
ramificações secundárias. Cheiro agradável; sabor acre, adstringente e
amargo. Partes utilizadas: casca dos ramos jovens, folhas (Fevereiro).
O Componentes: tanino, lípidos, pigmentos O Propriedades: adstringente,
cicatrizante, febrífugo, tónico. U. I., U. E. O Ver: anginas, boca,
febre, ferida, lactação, úlcera cutânea.
68
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Amieironegro
Frangula aInus Mili.
Sangui nhode água, lagarinho, frângula, zangarinho,
zangarinheiro, sangarinheiro, sangurinheiro,
sanguinheiro, fúsaro
Ramnáceas
O amieironegro agrupase em formações pouco densas nas matas húmidas e
próximo de pegos ou pântanos. Deve à fragilidade dos ramos o nome do
género, do latimfrangere, partir. Esta planta apresenta semelhanças com
o escambroeiro e o álamo. É, todavia, um arbusto fácil de reconhecer
pelas suas folhas ovaladas, marcadas na página inferior por 8 a 12 pares
de nervuras salientes e paralelas, e pelos seus frutos vermelhos, do
tamanho de ervilhas, que na maturação se tornam negros. Ignorado ou
menosprezado na Antiguidade, o amieironegro é citado pela primeira vez
num texto de Pietro Crescenzi, agrônomo italiano dos inícios do século
Xiv. Dois séculos mais tarde, Mattioli codifica o seu uso com a
indicação especial de não utilizar a droga fresca. A parte utilizada é a
segunda casca, outrora denominada casca interior, seca, reduzida a pó e
tamisada. Se os modos de utilização e a posologia forem cumpridos, a sua
acção laxativa é constante e inofensiva.
Não comer a drupa; só utilizar a casca após um ano de secagem.
Habitat: Europa, solos ácidos, argilosos, siliciosos. Em Portugal,
encontrase do Minho ao Algarve, nas margens dos rios, locais húmidos e
sebes; até 1000 m, Identificação: de 1 a 4 m de altura, excepcionalmente
6 m. Arbusto; tronco erecto; ramos horizontais flexíveis, alternos, não
espinhosos; casca castanhoavermelhada quando jovem e mais tarde
cinzentoescura com estrias brancas; folhas inteiras, membranosas,
alternas, caducas, com 8 a 12 pares de nervuras salientes, paralelas,
quase rectas; flores esverdeadas (AbrilJulho), hermafroditas, com 5
sépalas, 5 pétalas ovais, 5 estames, estilete simples, reunidas de 2 a
10 em cimeiras frouxas; drupa verde e depois vermelha, preta na
maturação. Praticamente inodoro; sabor amargo e adstringente. Partes
utilizadas: casca viva dos caules (MaioAgosto) seca em pequenos
pedaços,
O Componentes: tanino, heterósidos, antracénicos, mucilagem, goma 6
Propriedades: cicatrizante, colagogo, laxativo, purgativo. U. I., U. E.
+ O Ver: dartro, obesidade, obstipação, parasitose, sarna,
vesícula.biliar.
69
Amordehortelão
Galium aparine L.
Rubláceas
O amordehortelão prendese obstinadamente, por meio dos caules, das
folhas e dos frutos, ao vestuário dos caminhantes desprevenidos e ao
pêlo dos animais. Esta planta, graciosa, macia e leve, servese dos seus
acúleos recurvados para se erguer, agarrandose aos arbustos próximos. É
uma planta anual, extremamente invasora, encontrandose em todas as
sebes e silvados, os quais cobre com as suas minúsculas flores brancas
durante longos meses. Os povos da Antiguidade chamavamlhe Apariné, que
se agarra, palavra que se tornou o nome da espécie. Dioscórides explica
nos seus textos como os pastores utilizavam os seus caules, atados em
feixes, para clarificar o leite. Dos frutos fazse um sucedâneo do café,
e a raiz torrada pode substituir a chicória. Da raiz extraise ainda um
belo corante vermelho. Possui propriedades diuréticas e é eficaz nos
problemas circulatórios das pessoas idosas.
O suco fresco ou uma cataplasma de folhas verdes esmagadas colocados
sobre uma ferida, em caso de urgência, podem fazer parar uma hemorragia.
Habitat: Europa, orlas dos bosques, sebes, moitas; frequente em quase
todo o território português; altitude média. Identificação: de O,20 a
1,50 m de altura. Anual, caule delgado, ascendente ou trepador,
quadrangular, com acúleos nas arestas, intumescido, viloso nos nós e
ramoso a partir da base; verticilos de 6 a 8 folhas compridas, lineares,
com pontas rígidas, face superior e bordo providos de pêlos gancheados;
flores brancas (MaioOutubro), pequenas, em cimeiras pedunculadas na
axila das folhas, corola com 4 pétalas, 2 carpelos unidos e com pêlos;
fruto de 3 a 4 mm, com pêlos, tuberculoso gancheado; raiz delgada.
Cheiro suave. Partes utilizadas: planta fresca (MaioSetembro) e seca,
suco fresco; secagem rápida para evitar o enegrecimento das flores;
conserva em lugar seco.
O Componentes: heterósidos (asperulósido) 4 Propriedades: anti
inflamatório, aperitivo, cica trizante, diurético, sudorífico,
vulnerário. U. L, U. E. + Ver: circulação, edema, icterícia, úlcera cutâ
nea.
70
Amorperfeitobravo
Viola tricolor L., ssp. arvensis Murr. Ervadatrindade, amorperfeito
pequeno
Violáceas
O amorperfeitobravo, com as suas flores de tons escuros, é uma
preciosidade dos terrenos baldios. Existe uma grande quantidade de
espécies, às quais a infinita imaginação dos jardineiros acrescentou um
grande número de híbridos. O amorperfeitobravo é uma violácea como as
violetas, possuindo as
suas corolas cinco pétalas divididas em dois grupos; as quatro
superiores apresentamse erectas, e a inferior, esporoada. Colher o
amorperfeito revelase uma operação delicada; é necessário colher as
flores de manhã, logo que o orvalho desapareça, manipulálas
cuidadosamente e secálas com rapidez para evitar que as flores murchem
e as cápsulas amadureçam; o colorido das flores quando secas só se
manterá se estas forem conservadas ao abrigo do ar.
A partir do Renascimento, o amorperfeito, laxativo e depurativo, foi
também utilizado para tratar doenças de pele, sendo da tradição tomar
uma chávena de infusão e embeber uma compressa no mesmo preparado para
passar pela pele. Os tratamentos com o amorperfeitobravo exigem
perseverança, sendo ilusório esperar resultados antes de 15 dias.
O Fresco, proibido às crianças. Habitat: Europa; até 1800 m.
Identificação: de O,05 a O,40 m de altura. Anual, caule erecto; folhas
ovais ou lanceoladas, com bordos crenados, estipulas com 3 a 8 lóbulos,
sendo o terminal foliáceo; flores brancas, amarelas ou cor de violeta
(AbrilOutubro) com um comprido pedúnculo, pequenas, 5 sépalas verdes,
desiguais, 5 pétalas, 4 erectas e 1 inferior, pendente, provida de um
esporão curto, 5 estames com anteras amarelas, pistilo com estigma em
forma de funil; cápsula glabra, abrindose por 3 valvas, e sementes
castanhas. Cheiro suave; sabor amargo. Partes utilizadas: flores, suco
fresco, planta florida (Abril Outubro); secagem rápida. * Componentes:
ácido salicílico, tanino, sais minerais, saponinas, heterósidos
flavónicos, mucilagem, vitamina C O Propriedades: antiespasmódico,
cicatrizante, depurativo, diurético, emético, febrífugo, laxativo,
sudorífico, tónico. U. I., U. E. Ver: acne, cura de Primavera, dartro,
eczema, ferida, herpes, indigestão, pele, psoríase, reumatismo, tinha,
urticária.
ANGÉLICA
Angelica archangelica L.
Erv adoespírito santo Bras.: jacintodaíndia
Umbelíferas
É raro encontrar a Angelica archangelica em estado espontâneo, excepto
em alguns vales dos Alpes e dos Pirenéus abrigados dos ventos, aquecidos
pelo sol e refrescados por um regato. Encontrase com mais frequencia
uma outra angélica, Angelica silvestris L., mais simples, menos
perfumada, cujas folhas são verdes nas duas páginas. As propriedades das
duas especies são semelhantes; no entanto, não haverá possibilidades de
erro se uma só vez se tiverem contemplado as magníficas umbelas amarelo
esverdeadas da Angelica archangelica L. e aspirado o penetrante perfume
almiscarado que exalam as suas folhas quando esmagadas entre os dedos.
Dizse que teria sido o arcanjo Rafael quem deu a conhecer aos homens a
angélica e as suas virtudes, enaltecidas pelos Antigos e consideradas
outrora miraculosas. Segundo esta crença, a angélica afastava a peste,
neutralizava o efeito dos venenos, prolongava a duração da vida.
Actualmente, a angélica é considerada, com maior simplicidade, como um
estimulante do aparelho digestivo e um antiséptico.
O Não tocar com as mãos descobertas. Suco irritante para a pele e as
mucosas. Habitat: Norte da Europa, Córsega, montanhas, solos pantanosos,
soalheiros; até 3000 m. Identificação: de 1,30 a 2,50 m de altura.
Bienal, caule avermelhado, muito robusto, ramificado; folhas mais claras
na página interior com 2 ou 3 recortes em folíolos largos, dentadas;
flores amarelo esverdeadas (JunhoAgosto), em largas umbelas
hemisféricas, com 20 a 30 raios, vilosas na extremidade, estilete muito
curto; diaquénio achatado com asas onduladas; raiz aprumada, volumosa,
castanha, de fractura branca. Aromático; sabor acre. Partes utilizadas:
folhas (MaioJunho), caule (JunhoJulho), raiz (Outono), sementes
(cortar as umbelas em Julho).
O Componentes: cumarina, ácidos, cera, tanino, glúcidos O Propriedades:
antiséptico, aperitivo, carminativo, digestivo, estomáquico,
sudorífico, tó nico. U. L, U. E. + Ver: aerofagia, apetite, asma, banho,
cabelo, contusão, convalescença, coração, digestão, epidemia, fadiga,
ferida, gravidez, gripe, magreza, menstruação, nervosismo, úlcera.
72
PLANTAS ESPONTANEAS
>
AntenÁria
Antennaria dioica (L.) Gaerm.
Pédegato, griafálio
Compostas
Estas plantas dióicas, muito pequenas, formam por vezes nas montanhas
enormes tapetes com flores corderosa e brancas. Tudo nelas evoca a
graça e a suavidade, pois até o seu nome científico alude à extremidade
dos seus pêlos florais, dilatados na ponta como as antenas das
borboletas. As pequenas e fofas almofadas corderosa formadas pelos
capítulos florais conferiramlhe o nome de pédegato. Estas plantas
usufruíram outrora da reputação extraordinária e totalmente imerecida
de curar o cancro e os casos graves de tuberculose pulmonar.
Actualmente, são consideradas menos eficazes e mesmo, segundo algumas
opiniões, inactivas. Na realidade, a sua acção medicinal, como a sua
imagem, é extremamente suave: lenitiva e emoliente, acalma a febre e a
tosse e facilita a digestão. Apenas os capítulos corderosa, isto é, os
femininos, devem ser utilizados. A medicina homeopática utiliza a
tintura da antenária e as suas flores, designadas por flores Pedis Cati.
Estas fazem ainda parte da composiçã o da tisana das quatro flores.
Habitat: Europa continental, montanhas, climas frios e temperados; de
500 a 2800 m. Pouco frequente em Portugal. Identificação: de O,05 a O,20
m de altura. Vivaz, caule floral, simples, erecto e folhoso; folhas em
numerosas rosetas basais, espatuladas, verdeesbranquiçadas na página
superior, lanosas e acinzentadas na inferior, com bordos celheados,
sendo as caulinares lanceoladas, aplicadas ao caule; flores (Maio
Julho), em capítulos, dióicas, com brácteas brancas, obovadas nas
masculinas, corderosa e lanceoladas nas femininas; aquénio glabro,
liso, com 1 papilho
sedoso; toiça estolhosa que emite renovos formando extensos tapetes
(MaioJulho). Inodora; insulsa. Partes utilizadas: capítulos femininos
secos (MaioJulho); secagem rápida à sombra, em camadas finas.
O Componentes: tanino, resina, mucilagem, nitrato de potássio O
Propriedades: antiséptico, béquico, colagogo, emoliente, expectorante,
febrífugo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: bronquite, febre, ferida,
tosse, traqueíte, vesícula biliar.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
AquilÉGía
Aquilegia vulgaris L. Ervapombinha, aquilégiavulgar, ancólia
Ranunculáceas
A aquilégia foi desde sempre alvo dos sonhos dos poetas, e nem Ronsard
nem Chateaubriand conseguiram resistir ao sortilégio melancólico do seu
nome. É uma planta romântica com folhagem delicada que se dá bem nos
locais frescos e à sombra. Nos fins da Primavera, cobrese de flores de
cores suaves caprichosamente formadas por cinco peças, cada uma delas
prolongada por um
esporão recurvado. Foi certamente este esporão que conferiu à aquilégia
o nome do seu género, que deriva do latim aquila, águia, pois a
extremidade dos esporões da aquilégia é recurvada, assemelhandose ao
bico e às garras dessa ave de rapina. Segundo outras opiniões, esta
denominação devese à reputação que a planta tinha outrora de tornar o
olhar mais penetrante.
A aquilégia foi utilizada intensamente e com sucesso, supõese, até ao
século xix. Os fitoterapeutas procuravam obtêla devido às suas
numerosas propriedades; os homeopatas receitavamna em alguns casos de
desequilíbrios nervosos. Actualmente, a sua utilização é restrita, pois
a planta, especialmente as partes aéreas e as sementes, contém uma
substância prejudicial. Assim, excepto com indicação médica, só a raiz
deve ser utilizada, e exclusivamente para uso externo.
O Uso interno exclusivamente sob prescrição médica. Habitat: Europa,
bosques, prados, terrenos rochosos, sobretudo calcários; até 2000 m.
Espontânea ou subespontânea na Beira Litoral Identificação: de O,60 a
O,80 m de altura. Vivaz, caules erectos, pubescentes, ramificados,
formando tufos; folhas ligeiramente glaucas na página inferior, sendo as
inferiores pecioladas, alternas, divididas em 3 a 9 folíolos lobulados,
e as superiores sésseis; flores azulvioláceas, corderosa ou brancas
(MaioJulho), pedunculadas, em panícula pouco densa, 5 sépalas
petalóides, 5 pétalas prolongadas por um esporão em forma de báculo,
numerosos estames salientes; fruto com 5 volumosos folículos ventrudos,
que se abrem pela face interior, numerosas sementes; rizoma subterrâneo,
espesso, oblíquo, raiz aprumada. Cheiro agradável. Partes utilizadas:
sementes, flores, folhas, raiz.
O Componentes: heterósido cianogenético, lípidos, enzimas, vitamina C 4
Propriedades: adstringente, antiséptico, calmante, detersivo. U. L, U.
E. + Ver: boca, sarna, tinha, úlcera cutânea.
74
Arando
Vaccinium myrtillus L. Uvadomonte, mirtilo, ervaescovinha
Ericáceas
O arando, habitante dos terrenos siliciosos das florestas de montanha,
desenvolvese frequentemente em densas manchas, não deixando lugar para
outras espécies vegetais. Os silvicultores consideram este arbusto, de
bagas azuis e sumarentas, uma planta nociva, devido à rede formada pelos
seus caules subterrâneos e à densidade das suas partes verdes, que
impedem o repovoamento das florestas. As bagas, ricas em vitamina C,
colhemse com um sedeiro, devem ser ingeridas aos punhados para melhor
se apreciar o seu incomparável sabor e são utilizadas em pastelaria e em
compotas. Suportam bem a congelação, pois não sofrem alteração.
Nos Vosges obtémse por destilação do arando uma bebida muito saborosa,
o Heidelbeerwasser, semelhante ao kirsch. Outrora, extraíase uma
substância corante azulescura desta planta que, aliás, deixa marcas
nos dentes e na língua dos seus apreciadores. Os Antigos não conheciam o
arando. Plínio fala de uma Vaccinia, que é uma planta diferente. Os
autores da Idade Média referemselhe, ignorando, no entanto, a sua
principal acção, antidiarreica, que deve ter sido descoberta por
empirismo popular e foi comprovada por análise científica.
Habitat: Europa; em França, Vosges, Alpes, Pirenéus; em Portugal,
aparece nos pinhais e matos das montanhas desde o Alto Minho à serra da
Estrela; entre 400 e 2500 m de altitude. Identificação: de O,30 a O,60 m
de altura. Subarbusto; caules ramosos verdes, ligeiramente angulosos,
folhas caducas, ovais, serrilhadas e curtamente pecioladas; flores cor
de rosa claras (AbrilJulho), com cálice reduzido a 5 dentes, corola
gomilosa, caduca, solitária ou aos pares na axila das folhas; baga
globosa, muito sumarenta, comprimida na extremidade, de cor negro
violácea, pruinosa, erecta e sementes castanhas; rizoma enredado; sabor
acidulado e açucarado (baga). Partes utilizadas: folhas frescas e secas,
bagas maduras (Julho a Setembro),
O Componentes: pigmentos antociânicos, sais minerais, tanino, vitamina
C, provitamina A, ácidos (cítrico e málico) O Propriedades:
adstringente, antidiarreico, antihemorrágico, antiséptico,
hipoglicemiante. U @ L, U. E. + V Ver: acne rosácea, afta, boca,
circulação, cistite, colibacilose, diabetes, diarreia, eczema,
hemorroidas, olhos, ureia.
75
ArandodebagaVermelha
Vaccinium vitisidaea L.
Arandovermelho
Ericáceas
Este arando é uma pequena planta vivaz das montanhas que atapeta
dispersamente o solo das florestas de coníferas, espalhando as suas
manchas arbustivas pelos matagais e
campos de pastagem até ao limite das neves eternas. Assemelhase à uva
ursina, que pode, aliás, ser utilizada em seu lugar, sendo o arando
facilmente reconhecível por uma pontuação existente na página inferior
das suas folhas. Como o mirtilo, o arando pertence ao género Vaccinium.
Segundo algumas opiniões, esta palavra deriva de vacca, vaca, pois estes
animais pastam a planta. Segundo outras, deriva de bacca, baga. De
facto, os frutos são muito característicos; têm a forma e a cor de uma
cereja pequena, mas são acídulos, farinhentos e muito refrescantes. As
suas utilizações são inúmeras. Podem ser ingeridos frescos ou servir
para fabricar um vinho muito agradável, conservados em vinagre e
utilizados para fazer doce ou compota para acompanhar pratos de carne.
As folhas são sobretudo utilizadas em medicina, apresentando, no
entanto, em doses elevadas, alguma toxici
a Em doses elevadas as folhas são tóxicas. Habitat: Europa, montanhas,
solos ácidos, matagais, florestas, campos de pastagens; entre 300 e 3000
m. Identificação: de 0,10 a 0,30 m de altura. Subarbusto; caule
prostrado arredondado, algo pubescente na planta jovem, ramos erectos;
folhas verdes e brilhantes na página superior, esbranquiçadas e
ponteadas na inferior, persistentes, coriáceas, com os bordos enrolados,
inteiras ou ligeiramente crenadas; flores brancas ou rosadas (Maio
Julho), formando cachos terminais pendentes, pedunculados, cálice
com 5 lóbulos, corola campanulada com 5 pontas recurvadas; baga globosa,
vermelha, com várias sementes castanhoavermelhadas; rizoma ramificado.
Inodoro; sabor ácido. Partes utilizadas: folhas (MaioAgosto), fruto
(AgostoSetembro), planta inteira.
0 Componentes: ácidos orgânicos, vitamina C, provitamina A, tanino,
heterósido 0 Propriedades: adstringente, aperitivo, antiséptico,
depurativo, diurético, hipoglicemiante. U. 1. + Ver: cistite, diarreia,
gota, reumatismo.
Arenária
Spergularia rubra (L.) J. & C. Presi
Cariofiláceas
A Spergularia rubra, que pode encontrarse em locais arenosos, mas não
salgadiços, de algumas regiões de Portugal, é conhecida com o nome de
arenária não só devido aos locais de crescimento, como também ao seu
nome inicial, Arenaria rubra, dado por Lineu.
É uma planta anual ou bienal que se encontra disseminada nos solos
arenosos de toda a Europa e, por vezes, nas costas marítimas. Os
fitoterapeutas e os ervanários apreciam muito esta cariofilácea
filiforme
com minúsculas flores vermelhas, que possui a importante virtude de
acalmar as dores das vias urinárias. A planta inteira e seca é utilizada
numa infusão à qual se adicionam geralmente folhas de uvaursina. Depois
de seca, reduzida a pó e incorporada em azeite, obtémse uma pomada que
atenua as manchas do rosto, nomeadamente as sardas.
Habitat: Europa, solos siliciosos e arenosos; até 2200 m. Identificação:
de O,05 a O,25 m de altura. Anual ou bienal, caule frágil, prostrado e
seguidamente erecto; folhas lineares, pequenas, finas, estipulas
prateadas, membranosas, soldadas umas às outras em cada um dos nós,
flores corderosa (AbrilSetembro), pequenas, em cimeira frouxa,
foliada, 5 sépalas obtusas, marginadas de branco, 5 pétalas um pouco
mais curtas que as sépalas, com 7 a 10 estames e 3 estiletes; cápsula
que se abre por 3 valvas, numerosas sementes negras não aladas. Esta
planta tem um cheiro herbáceo e agradável. Partes utilizadas: planta
inteira (MaioJunho); secagem à sombra.
O Componentes: resina, sais minerais 6 Propriedades: diurético,
sedativo. U. L, LI. E. + V Ver: cistite, gota, reumatismo, sarda.
77
Argentina
Potentilla anserina L.
Ansarinha
Rosáceas
Existem diversas espécies do género Potentilla; antes da frutificação,
assemelhamse ao morangueiro, com o qual não devem, no entanto, ser
confundidas. Apenas três possuem propriedades medicinais: o cincoem
rama, a tormentila e a argentina, que estão incluídas nesta obra. O nome
do género deriva da palavra latina potens, poderoso, pois a sua acção é
extremamente enérgica. O nome específico, baseado na palavra latina
anser, ganso, pode traduzirse por ervadosgansos.
A argentina, pequena planta vivaz, vigorosa e sedosa, forma por vezes
vastos tapetes prateadosà beira dos charcos, próximo das quintas. E uma
erva daninha como tantas outras, muito resistente, que suporta sem
dano ser calcada pelos pés. Durante todo o
Verão as suas flores solitárias, de um arnarelo intenso, com cinco
pétalas bem visíveis, abrem de manhã e fecham ao cair da tarde,
mantendose fechadas quando está mau
tempo. Além dos gansos, todos os animais de capoeira e o gado a
apreciam. A raiz mastigada faz bem às gengivas, pois facilita o
nascimento dos dentes das crianças e protege os dos adultos da
descarnadura.
O Não preparar ou conservar em recipientes de ferro. Habitat: Europa,
excepto na região mediterrânica, solos ricos, terrenos baldios, húmidos,
bermas dos caminhos; assinalada em Portugal nas margens do rio Douro;
até 1700 m. Identificação: de O,20 a O,40 m de altura. Vivaz, estolhos
compridos e delgados; folhas radicais, por vezes verdes na face superior
e mais frequentemente prateadas, acetinadas em ambas as páginas,
estipuladas, compridas, grandes, imparipinuladas, com 15 a 25 folíolos
desiguais, serradas; flores de um amarelo intenso (MaioSetembro),
nascendo sobre as rosetas de folhas dos rebentos, pedunculadas,
solitárias, cálice de 5 sépalas, calículo, 5 grandes pétalas patentes,
numerosos estames e carpelos lisos; aquénio ovóide; rizoma lenhoso, com
raízes adventícias. Inodora. Partes utilizadas: flores, folhas, raiz.
O Componentes: tanino, flavona, álcool, resina, amido, colina O
Propriedades: acistringente, antiespas módico, estomáquico, tónico. U.
L, U. E. + Ver: anginas, diarreia, estômago, ferida, hemorragia,
leucorreia, menstruação, pulmão.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
AristolÓquia
Aristolochia clematitis L.
Bras.: calungo, cipómilhomens
Aristoloqueáceas
Ao formar as flores amarelodouradas da aristolóquia, a Natureza
preparou uma perigosa armadilha. Logo que os insectos entram na corola,
deslizam no revestimento ceroso que enche o seu interior e são impedidos
de voltar ao exterior por uma barreira de pêlos. Mais tarde, quando a
flor murcha > os pêlos secam e os prisioneiros, salpicados de pólen,
são libertados, podendo então garantir a fecundação. Planta vivaz que
prefere o calor e os solos calcários, encontrase frequentemente nas
vinhas da região mediterrânica, onde é facilmente identificável devido
às suas enormes folhas verdeclaras em forma de coração e ao seu cheiro
nauseabundo.
Várias espécies de aristolóquias, já descritas na Antiguidade, foram
durante muito tempo utilizadas devido à sua pretensa acção estimulante
do trabalho de parto. Deste facto lhe advém o nome de aristos,
excelente, e lokia, parto. Além disso, as suas propriedades
adstringentes e vulnerárias propiciaram a sua utilização em medicina até
ao século XVIII, e mesmo até aos nossos dias em alguns meios rurais. A
sua raiz deve ser utilizada seca, pois é tóxica no estado fresco tanto
para o homem como para os animais.
Habitat: Europa Central e Meridional; nos terrenos pedregosos do Centro
de Portugal, vinhas, solos calcários; até 800 m. Identificação: de O,20
a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, simples; folhas grandes, com
pecíolos compridos, cordiformes, com os bordos denticulados; flores
amarelas (MaioJunho), pediceladas, tubulosas, inchadas na base e
linguiformes no cimo, de 2 a 8 na axila das folhas superiores, 6 estames
inclusos, anteras soldadas, 6 carpelos; cápsula pendente e carnuda;
rizoma rastejante, profundo e frágil. Esta planta vivaz tem um cheiro
nauseabundo; o seu sabor é acre. Partes utilizadas: folhas, rizorna
(Outono); limpar o rizoma, deixar secar em troços.
O Componentes: alcalóide tóxico (aristoloquina), princípio amargo, óleo
essencial, tanino, resina, glúcidos O Propriedades: acistringente,
emenagogo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: artrite, ferida, gota,
menstruação, prurido, reumatismo.
Arnica
Arnica montana L.
T abaco dos saboi anos, betónicadossaboianos,
dóricodaalernanha, tabacodosvosgos, tanchagemdosalpes, cravodos
alpes, panaceiadasquedas, quinadospobres
Compostas
A origem do nome Arnica é bastante obscura. É possivelmente uma
deformação da palavra grega ptarmica, que significa que faz espirrar.
Desconhecida na Antiguidade, a planta foi pela primeira vez citada por
Santa Hildegarda e mais tarde utilizada pela Escola de Salerno. No
século Xvi, foi descrita e desenhada pelo médico e botânico italiano
Mattioli. Seguidamente, os médicos começaram a receitála com critérios
diversificados; simultaneamente, discutiamse até à exaustão as suas
virtudes e também os seus perigos. A planta, conhecida no século XIX
como a quinadospobres devido às suas propriedades febrífugas,
expressão maliciosamente deturpada pelos seus detractores em *pobre
quina+ , é hoje considerada um tóxico violento que afecta quase todas as
vísceras e o sistema nervoso. Deste modo, a sua utilização deve limitar
se ao uso externo, tanto para o homem como para os animais, excepto por
indicação médica. A arnica é uma planta vivaz das montanhas cujas folhas
são de há muito fumadas pelos camponeses, sendo as
sim um precioso auxiliar para uma cura de desintoxicação tabágica.
0 Excepto por receita médica, apenas uso externo. Habitat: Europa,
montanhas, solos ácidos; em Portugal, nos prados e pauis de quase todo o
País; de 600 a 2800 m. Identificação: de 0,20 a 0,60 m de altura. Vivaz,
caule floral erecto, simples, pubescente, glanduloso; folhas basais em
roseta, junto ao solo, ligeiramente consistentes, ovais, sendo as
caulinares mais pequenas, lanceoladas; flores amareloalaranjadas (Maio
Julho), em grandes capítulos isolados, que por vezes são completados
inferiormente por 2 mais peque
nos, opostos, com 15 a 20 flores liguladas na periferia, tubulosas no
centro; aquénio papilhoso; rizoma oblíquo, castanho. Cheiro aromático;
sabor muito amargo. Partes utilizadas: folhas secas, flores (Julho),
raiz (Setembro); secagem rápida à sombra.
0 Componentes: óleo essencial, resina, tanino, ácido málico, cera, goma,
silício, pigmentos
0 Propriedades: acistringente, cicatrizante, esternutatório,
sudorífico. U. L, U. E. + o Ver: acne, cabelo, contusão, entorse,
ftiríase, tabagismo.
80
Artemísia
Artemisia vulgaris L.
Artemísiaverdadeira, artemísiacomum, flordesãojoão, ervadefogo,
ervadesãoj.oão
Bras.: arternigem
Compostas
A artemísia cresce nas bermas dos caminhos florestais, ao longo dos
regatos e das vias férreas, e até nas casas em ruínas. Esta planta vivaz
semelhante à losna distinguese desta pelas folhas, pubescentes na
página inferior. Supõese que a Artemisia, muito apreciada pelos médicos
da Antiguidade, não era a Artemisia vulgaris L.; na Idade Média, é
realmente à artemísia que se referem o poeta Rutebeuf e, mais tarde,
Ambroise Paré. A medicina oriental utiliza uma espécie de artemísia na
moxibustão, técnica semelhante à acupunctura e que consiste em
atear pequenos montes de folhas colocados em pontos específicos do
corpo. Durante muito tempo utilizada para tratar a epilepsia
e a dança de S. Vito, a planta é ainda actualmente usada nos meios
rurais devido à sua acção no organismo feminino, propriedade comum a
todas as plantas que têm como protectora a deusa Artemisa. No campo,
suspensa em ramos nos estábulos e nas cavalariças, a artemísia atrai as
moscas, protegendo assim os animais.
O Proibida às mulheres grávidas, tóxica em doses elevadas, o pólen é
alergénico. Habitat: Europa, terrenos incultos. Em Portugal, sebes e
bermas no Minho e Beiras; até 1600 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de
altura. Vivaz, caule avermelhado, herbáceo, ramoso; folhas recortadas em
lóbulos agudos, verdeescuras, glabras na página superior, tomentosas e
esbranquiçadas na inferior; flores amareladas (Ju lho Outubro),
tulbulosas, em pequenos capítulos erectos, com invólucro, reunidas em
grandes panículas de espigas frouxas; aquénio glabro; toiça lenhosa,
espessa, sem estolhos.
Cheiro a especiarias; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas mondadas,
sumidades floridas (JulhoOutubro), raiz (Outubro); reduzir a pó,
conservar resguardada da luz (sumidades e folhas), secar no forno
(raiz).
O Componentes: óleo essencial, resina, tanino, mucilagem, inulina. As
folhas contêm vitaminas Al, B1, B2 e C O Propriedades: antiespasmódico,
emenagogo, febrífugo, tónico, vermífugo. LI. L, U. E. + o Ver: apetite,
epilepsia, febre, ferida, menstruação, parasitose, parto, pé, úlcera
cutânea, vesícula biliar, vómito.
Artemísiadosalpes
a) Artemisia glacialis L. b) Artemisia mutellina Vill. c) Artemisia
spicata Jacq.
Bras.: artemísia
Compostas
Existem várias espécies do género Artemisia que são anãs, vivem nas
altas montanhas, onde servem de pastagem às cabrasmonteses, e noutros
locais. São espécies vivazes, com caules curtos e tomentosos, que
florescem em pleno Verão e se assemelham muito, crescendo por vezes
muito próximas nos entulhos e nos fragmentos de rochas desolados,
formando manchas sedosas escondidas nas fendas das pedras. Aqui
apresentamse as três espécies que mais frequentemente se encontram nos
Alpes. Como a maioria das plantas de alta montanha, estas artemísias
foram, durante muito tempo, ignoradas na planície, só tardiamente sendo
estudadas pelos botânicos, sempre ávidos de conhecer novas floras, que
as descobriram em aldeias alcandoradas (uma delas atinge as altitudes
mais geladas, por vezes até 3400 m nos Alpes), onde os camponeses as
utilizavam para preparar licores e também, por vezes, com resultados
funestos, como remédio para os resfriamentos. A sua acção, efectivamente
forte, impõe o cumprimento rigoroso das doses indicadas.
Actualmente, são muito pouco utilizadas, exceptuando nas suas regiões de
origem. São plantas raras, importantes e dispendiosas, que devem ser
protegidas, se bem que, com muita facilidade e menor despesa, seja
possível substituíIas por plantas mais vulgares, que produzem
resultados idênticos.
O Seguir rigorosamente as doses. Habitat: rochedos; de 1800 a 3400 m.
Identificação: de O,04 a O,15 m de altura. Três espécies herbáceas
vivazes em pequenas moitas; caules floridos simples; folhas laciniadas,
11S eg u,r r, g o'osamente asdo Habita . hed s d e >800 a
1
tlf >’roco o 6 04 a 15 den >caÇã de espé c@ es herbác ea vvaz es
etas’ ca u1es f1ondos s,@p1es brancoacinzentadas, sedosas, em maior
nú mero junto à base, e pecioladas; flores tulbulosas amarelas (Julho
Setembro), em pequenos capítulos subglobosos. Cheiro intenso a absinto;
sabor amargo. a) Rosetas de folhas com divisões trifurcadas; capítulos
agrupados na extremidade superior dos caules curtos com raras folhas;
invó lucro marginado de castanho;
b) folhas raras todas pecioladas, palmadas, com limbo curto; flores
amareloclaras em pequenos capítulos solitários, quase todos
pedunculados; c) tufos isolados com 1 a 2 espigas compridas e curvas,
unilaterais, com capítulos enegrecidos, pequenos e sésseis. Partes
utilizadas: planta florida e raiz (JulhoSetembro); secagem à sombra.
O Componentes: óleo essencial, princípios amargos O Propriedades:
aperitivo, emenagogo, estomáquico, sudorífico, tónico, vulnerário U. L,
U. E. Ver: apetite, astenia, menstruação.
82
ÁZARO
*//* faltam os outros nomes
O ásaro é uma pequena e caprichosa planta, facilmente identificável
entre as muitas
que atapetam o solo dos bosques de árvores frondosas. Floresce
precocemente no fim do Inverno, dissimulando as suas flores campanuladas
solitárias sob as brilhantes folhas reniformes. Esmagada entre os dedos,
toda a planta exala um perfume semelhante à terebintina e o seu sabor
acre provoca náuseas. A sua designação em francês, asaret, deriva de uma
palavra grega que significa desagradável. Outro dos seus nomes vulgares
em
francês, cabaret, evoca a utilização que outrora lhe davam os ébrios
para aliviar o estômago, dissipar a embriaguez e, por vezes, poderem
continuar a beber.
Planta vivaz, o ásaro é conhecido desde tempos remotos devido à sua
acção muito dinâmica, sendo classificado por Gilbert como *remédio que
cresce em todos os canteiros+. Efectivamente, o ásaro é vomitivo,
purgativo, diurético, expectorante e esternutatório. Para além das suas
aplicações medicinais, que devem ser prudentemente vigiadas, o ásaro
produz um corante de uma bonita cor verdemaçã que serve para tingir lã.
O Venenoso. Perde parte da toxicidade e da
eficácia após a secagem. Habitat: Europa Central, sobretudo nas
montanhas, excepto na região mediterrânica, solos calcários, florestas
de árvores frondosas; até
Venen oso ef"á',a após Hab tat. Eurol:
1700 m. Identificação: de O,10 a O,15 m de altura. Vivaz, caules
rastejantes semisubterrâneos, sendo os aéreos muito curtos e escamosos;
folhas verdeescuras, brilhantes, reniformes, com pecíolo comprido e
viloso; flor castanha e cor de púrpura na parte interior (MarçoMaio),
solitária, pouco visível na base das folhas,
campanulada, Pubescente, pedunculada; cápsula rija, com 6 láculos
contendo cada um 2 fileiras de sementes; rizoma castanho, sinuoso.
Cheiro específico, apimentado, canforáceo; sabor acre e nauseabundo.
Partes utilizadas: folhas (Verão), rizoma, fresco ou colhido há menos de
6 meses (Primavera ou Outono).
O Componentes: óleo essencial que contém asarona O Propriedades:
emético, esternutatório, expectorante, purgativo. LI. L, U. E. + Ver:
asma , bronquite, cefaleia.
83
Aspérulaodorífera
Asperula odorata L.
Rubiáceas
Esta graciosa planta dos frescos e sombrios bosques de faias tem, de
certo modo, os seus pergaminhos. No século XVIII, Estanislau Leczinski,
rei da Polónia, tomava todas as manhãs uma chávena de chá de aspérula e
afirmava que a sua robusta saúde se devia a este simples hábito. Ainda
hoje, na Alsácia, Bélgica e Alemanha o macerado de toda a planta serve
para preparar um vinho reputado pelas suas virtudes tónicas e
digestivas; é indispensável numa cura de Primavera para eliminar as
toxinas acumuladas durante o Inverno. Misturadas com folhas de menta e
de tussilagem, as folhas de aspérula proporcionam aos fumadores
inveterados um agradável sucedâneo do tabaco que pode facilitar uma cura
de desintoxicação.
Nos bosques, a aspérula é pouco aromática, só se desenvolvendo o seu
suave perfume após a secagem. Misturada com as forragens, a planta dá ao
leite das vacas um aroma delicioso. Os ramos de aspérula foram
utilizados durante séculos para defumar os quartos, perfumar a roupa de
casa e afugentar os insectos.
A a spéru 1 a odorífera é facilmente identificável: as suas folhas,
opostas, formam estrelas com seis ou oito pontas, bastando fazer
deslizar o dedo indicador ao longo dos bordos e sob a nervura central
para sentir os finos relevos que inspiraram o seu nome; as pequenas
flores brancas, têm a forma de campainhas.
Habitat: zonas temperadas da Europa, com excepção da região
mediterrânica, bosques frescos, matas de faias, solos rochosos; até
1600 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule erecto,
simples, quadrangular, liso, com um anel de pêlos sob os verticilos;
folhas verdeescuras, lanceoladas, agudas, glabras, de 6 ou 8 em cada
verticilo; flores brancas (AbrilJunho), pequenas, em corimbos
terminais, em tubo curto com 4 lóbulos; fruto formado por 2 carpelos
globosos, aderentes, eriçados de pêlos recurvados; parte subterrânea
delgada e rastejante. Cheiro aromático; sabor agradável e amargo. Partes
utilizadas: planta inteira (princípio da floração), excepto a raiz;
fazer ramos e suspendêlos; escurece ao secar.
O Componentes: cumarinas, lípidos, vitamina C (folhas), pigmentos O
Propriedades: antiséptico, colagogo, depurativo, diurético, sedativo,
tónico, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: abcesso, cefaleia, cura de
Primavera, digestão, insectos, litíase, nervosismo, palpitações, sono,
tabagismo, vesícula biliar.
84
Aveleira
Corflus avellana L.
Avelaneira
Betuláceas
A aveleira é um dos vegetais mais antigos, pois já existia na era
terciária, tendo sido encontrados numerosos fósseis de folhas; os povos
préhistóricos ingeriam os seus frutos, que têm sido descobertos em
alguns túmulos neolíticos. Este arbusto, que floresce em
Setembro e cujos amentilhos amarelos espalham, em pleno Inverno, o pó
dourado do seu pólen, é muito conhecido.
A palavra Corflus deriva do grego corYs, elmo; a avelã está, com efeito,
encerrada numa bráctea verde, como uma cabeça dentro de um elmo.
Os médicos da Antiguidade tinham conceitos diversos sobre a aveleira.
Dioscórides opinava que era nociva para o estômago, mas acalmava a
tosse; Santa Hildegarda aconselhavaa como remédio para a impo~ tência;
Mattioli receitavaa, depois de moída e misturada com gordura de urso,
para o
repovoamento capilar; Amato Lusitano consideravaa infalível para curar
a *doença da pedra+; Craton indicavaa para as cólicas nefríticas. Apesar
de tudo, há pelo menos
uma certeza: a avelã é extremamente nutritiva, estimulante e menos
@ndigesta que a noz. A raiz com veios da aveleira é utilizada em
trabalhos de embutidos, e dos seus ramos flexíveis fazse uma vara
bifurcada utilizada pelos vedores para descobrir veios de água,
extremamente importante nos meios rurais.
Habitat: Europa, excepto no extremo norte, bosques, matas, sebes,
jardins e parques, margens dos riachos; disseminada principalmente no
Norte de Portugal; até 1500 m.
Identificação: de 3 a 5 m de altura. Arbusto, ou pequena árvore com os
rebentos revestidos de pêlos glandulosos; folhas moles, ovais,
terminadas em ponta, duplamente serradas, pubescentes quando jovens,
alternas; amentilhos masculinos amarelodourados (Setembro), alongados e
pendentes, e amentilhos femininos (JaneiroFevereiro) apenas visíveis
pelos estiletes salientes vermelhos; fruto seco indeiscente encerrado no
invólucro, cúpula foliacea, 1 semente e em alguns casos 2. InodoraPartes
utilizadas: amentilhos, casca dos ramos jovens, folhas, sementes.
O Componentes: flavon6ides, tanino O Propriedades: acistringente, anti
hernorrágico, antisudorífico, depurativo, febrífugo, vasoconstritor. U.
I., U. E. M Ver: circulação, edema, epistaxe, febre, ferida, flebite,
obesidade, olhos, pele, varizes.
85
Avenca
Adiantum capiflus veneris L.
Capilária; avencademontpellier Bras.: avencacabelodevénus
Polipodiáceas
É um pequeno feto também conhecido por capilária devido aos seus
pecíolos extremamente finos e ao seu suposto poder de impedir a queda do
cabelo. O nome popular de capilária foi também atribuído a outros fetos
de pequeno porte, se bem que pertencentes a outro género. Quanto ao nome
científico Adiantum, deriva do grego adiantos, não molhado, pois as suas
folhas, quando mergulhadas em água, permanecem secas e as
gotas e c uva es izam so re elas sem as molhar. Em Portugal, encontrase
nas fontes, poços e locais húmidos de quase todo o território.
Foi outrora tão obstinadamente admirada que, no século XVII, Pierre
Formius a considerou *um segundo ouro+ que dominava todas as doenç as dos
pulmões; na realidade, é apenas um béquico ligeiramente diurético,
próprio para crianças. Em França, no século XVIII, sob a Regência,
popularizouse uma
bebida, a bavaroise, feita com infusão de chá, xarope de avenca, leite
quente e açúcar. Esta planta deve ser utilizada fresca, pois perde uma
parte da sua eficácia quando seca.
Habitat: Europa Meridional, incluindo Portugal quase todo, GrãBretanha,
Sul de França, entrada de grutas, rochedos húmidos, nascentes, poços,
solos calcários; até 1300 m. Identificação: de O,10 a O,40 m de altura.
Feto em manchas pouco densas; pecíolos e respectivas ramificações muito
finos, pretos ou castanhoescuros, lisos; frondes com folíolos
triangulares, em forma de leque, chanfrados em lóbulos, na extremidade
dos quais nascem os esporângios numa prega do bordo exterior, caules
subterrâneos, cobertos de escamas. Cheiro suave; sabor ligeiramente
amargo.
Partes utilizadas: frondes (JunhoSetembro).
O Componentes: tanino, mucilagem, açúcar, ácido gálico, vestígios de
essência, capilarina, princípio amargo O Propriedades: béquico,
diurético, emenagogo, emoliente. U. L, U. E. + Ver: anginas, bronquite,
cabelo, tosse,
Avoadinha
Erigeron canadensis L. Bras.: caudaderaposa
Compostas Desconhecida na Europa até 1655, esta planta foi importada da
América do Norte para um jardim botânico francês. Dali colonizou toda a
Europa, pois encontrase muito disseminada, excepto nas florestas e
nos prados naturais. Invade os terrenos e neles se instala, povoandoos,
por vezes, quase exclusivamente. Os seus pequenos capítulos, de um
brancobaço, e o longo caule fusiforme não lhe conferem um aspecto
agradável. Não obstante ser uma resinosa, a planta resiste
admiravelmente às queimadas para limpeza dos terrenos.
Erigeron é o nome grego da avoadinha e
deriva de èr, Primavera, e de gêron, velho; é uma alusão à formação de
penachos brancos nos indivíduos jovens logo que as flores murcham. Nos
Estados Unidos e no Canadá, seus países de origem, a avoadinha é muito
apreciada devido às suas virtudes medicinais, pois é um antihemorrágico
e um vermífugo; a planta é geralmente utilizada pelas suas propriedades
diuréticas.
Habitat: Europa, extremamente vulgar, campos, terrenos baldios, areias
das arribas, caminhos, vias férreas; frequente em Portugal, surgindo
subespontânea nos campos cultivados, areias, entulhos e terrenos
incultos, do Minho ao Algarve; até 1000 m. Identificação: de O,10 a 1 m
de altura. Anual; caule erecto, único, peludo, muito ramoso; folhas
alongadas, estreitas, inteiras ou serradas no vértice, verde
acinzentadas; flores esbranquiçadas (JunhoOutubro), em longa panícula
com grande número de pequenos capítulos, tulbulosas, amarelas no centro,
com lígulas curtas esbranquiçadas na margem; aquénio com papilho
esbranquiçado, de pêlos unisseriados, Partes utilizadas: caule com
folhas e flores e suco fresco.
O Componentes: tanino, resinas, ácido gálhico, óleo essencial O
Propriedades: antiinflamatório, diurético. LI. 1. + Ver: albuminúria,
artrite, celulite, cistite, diarreia, gota, leucorreia.
Azedas
Rumex acetosa L.
Vinagreira Bras.: azedinhadahorta
Poligonáceas
Aazeda pertence, como a bistorta e o labaçol, à família das
Poligonáceas. Muito difundida nos campos, é familiar às crianças, que
gostam de chupar as suas folhas ácidas, e nefasta para o gado, pois
provocalhe diarreia. Existem várias espécies cultivadas, não ignorando
os agricultores que as azedas que crescem ao sol são ainda mais ácidas
do que as que se desenvolvem à sombra.
Devido às suas propriedades depurativas e digestivas, as azedas fazem
parte da composição de um caldo de ervas, benéfico para pessoas febris
ou após um período de purga, para o que basta ferver 40 g de folhas
jovens de azeda, 20 g de alface e de alhoporro, 10 g de espinafres, 10
g de cerefólio, 10 g de acelga e uma noz de manteiga. Apesar da sua
grande utilidade, esta planta não é totalmente benéfica, pelo que não
deve ser ingerida em excesso; os doentes de artrite, gota, litíase e
reumatismo, além dos que sofrem de hiperacidez gástrica, não devem
utilizála.
0 pólen produzido pelas azedas em grande quantidade é susceptível de
causar alergias, podendo também provocar manifestações de polinose nas
pessoas sensíveis.
0 Vedada aos doentes de artrite, gota, litíase e reumatismo;
incompatível com as águas minerais; não utilizar recipientes de cobre.
Habitat: Europa; em quase todo o País; até 2300 m. Identificação: de
0,30 a 1 m de altura. Vivaz, caules avermelhados, estriados, ocos e
ramificados; folhas grandes, verdeescuras na página superior, glaucas
na inferior, lanceoladas, com aurículas acuminadas, estipulas soldadas
formando bainha, folhas da base com pecíolos compridos; flores verdes ou
avermelhadas (Maio Setembro), em cachos compostos, pequenas, dióicas, 6
pétalas marcadas por estrias
vermelhas com 2 verticilos, 6 estames pendentes, 3 estiletes e estigmas
em forma de pincel; aquénio trigonal e 1 semente; rizoma castanho
escuro. Sabor ligeiramente ácido. Partes utilizadas: folhas e caule
frescos e raiz.
0 Componentes: oxalato de potássio, ácido oxálico, ferro, clorofila,
vitamina C 0 Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, depurativo,
digestivo, diurético, emenagogo, estomáquico, laxativo, refrescante,
tónico. U. I., U. E. + o Ver: abcesso, acne, apetite, cura de Primavera,
obstipação, pele, picadas, sede.
Azevinho
flex aquifoflum L.
Picafolha, visqueiro, azevinhoespinhoso, zebro,
picarato, aquifólio, espinha sempre verde
Aquifoliáceas
Toda a gente conhece o azevinho, que normalmente ornamenta as decorações
das festas natalícias entrelaçado com o visco. É um dos arbustos
ornamentais mais cultivados nos jardins e parques das regiões
temperadas, onde, durante todo o Inverno, na axila das folhas coriáceas,
e parecendo encerados pela mão cuidadosa de uma dona de casa, brilham os
seus frutos maduros, semelhantes a pequenas bolas vermelhas. O azevinho
parece sempre verde, pois as suas folhas, que têm mais de um ano de
vida, não se renovam simultaneamente. Planta de crescimento muito lento,
pode tornarse, em climas que lhe sejam propícios, como o da Córsega,
uma bela árvore com cerca de 10 m de altura e viver até aos 300 anos. As
folhas das árvores jovens, sobretudo as dos ramos mais baixos, são
terrivelmente agressivas e picantes; porém, com a idade, tornamse
macias e ovais e, à semelhança de todos os velhos, perdem os dentes. As
bagas não devem ingerirse, pois são um purgativo violento.
44
O Não ingerir as bagas. Habitat: Europa temperada, matas; em todo o
território português, em bosques, sendo mais abundante na zona norte;
até 2000 m. Identificação: de 1 a 10 m de altura. Arbusto ou pequena
árvore; caule com casca lisa, glabro e lenho duro; folhas verdeescuras
na pá gina superior, mais claras na inferior, extremamente onduladas,
dentadoespinhosas, brilhantes, cerosas, coriáceas e alternas, com
pecíolo curto, persistentes, compridas, sendo as superiores
frequentemente ovais, inteiras e planas; flores brancas ou corderosa
(MaioJunho), em corimbos na axila de folhas subsésseis, peças florais
em grupos de 4 e mais raramente de 5; baga vermelha, madura em Setembro
Outubro, contendo de 4 a 5 caroços triangulares. lnodoro; sabor amargo.
Partes utilizadas: folha (todo o ano), casca (Primavera); secagem à
sombra ou ao sol.
O Componentes: tanino, ilicina O Propriedades: antiespas módico,
emoliente, febrífugo, tónico. U. L, U. E. + o Ver: bronquite, diarreia,
febre.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Becabunga
Veronica beccabunga L.
Morriãod'água Bras.: verónica
Escrofulariáceas
As espécies de Veronica distinguemse facilmente de outras flores com
quatro pétalas, principalmente das da família das Crucíferas, porque, ao
contrário destas, possuem duas pétalas de dimensões muito diferentes.
Além disso, a sua cor azul ou lilás é a mais frequente.
Supõese que o nome do género é uma alusão à toalha com que Santa
Verónica limpou o rosto de Cristo durante a sua Paixão e que conservou
as marcas de um rosto humano; assim, com alguma imaginação, é possível
observar, na corola bem aberta de certas espécies de Veronica, uma
fácies humana.
A becabunga cresce nos regatos e em águas de fraca corrente. Os seus
caules, primitivamente prostrados, tornamse lentamente erectos.
Considerada depurativa, pode substituir o agrião; aliás, o gosto das
suas folhas frescas assemelhase ao desta planta. Pode ser preparada em
salada só ou misturada com beldroegas e agriões. Uma outra espécie
aquática, a Veronica anagallis L., ligeiramente maior e com folhas mais
pontiagudas, possui as mesmas propriedades.
Habitat: Europa, nascentes, regatos, valas, pântanos; em Portugal, surge
nos locais húmidos, fontes, ribeiros, lameiros, a norte do Tejo; até
2400 m. Identificação: de O,10 a O,60 m de altura. Vivaz, caules
prostrados, radicantes, seguidamente ascendentes, glabros, cilíndricos,
maciços ligeiramente ramificados; folhas opostas, glaoras, com pecíolo
curto, limbo carnudo, finamente crenadas, parte superior arredondada;
flores azuJclaras (Maio Sete m bro), em pequenos cachos frouxos na
axila das folhas superiores, corola curta, 4 lóbulos desiguais, sendo
o superior formado pela união de 2 pétalas e o inferior mais pequeno que
os 2 laterais, 2 estames; cápsula arredondada, glabra, túrgida e
chanfrada. Partes utilizadas: caule e sumidades floridas, folhas frescas
ou secas (início da floração); secagem à sombra.
O Componentes: tanino, heterósido, aucubósido O Propriedades:
depurativo, detersivo, diurético, estimulante, resolutivo. U. I., LI. E.
+ V o Ver: dartro, hemorróidas, sarda, úlcera cutânea.
91
Bérberis
Berberis vulgaris L. Uvaespim, espinheirovinheto
Berberidáceas
O gosto agridoce e acidulado das bagas da bérberis conferiulhe a
designação de azedadosbosques; é, no entanto, muito diferente da
azeda, com os seus frágeis e débeis ramos, os seus cachos de flores
amarelas que murcham rapidamente e as suas folhas pungentes que caem no
Outono. Tal como a primavera, o epilóbio, a salva e outras, a bérberis
faz parte do tipo de plantas que necessitam dos insectos para efectuar a
polinização; um leve atrito faz erguer os estames, colocandoos em
contacto com o estigma. Qualquer pessoa pode fazer actuar este
fascinante mecanismo com a ponta de um alfinete.
Este arbusto vivaz e ornamental era muito cultivado nos jardins até à
descoberta do seu papel na transmissão de um fungo causador de uma grave
doença dos cereais, a ferrugem negra, ou alforra negra. Os seus usos
dietéticos são variadíssimos, pois os frutos verdes, conservados em
vinagre, consomemse como as alcaparras e quando maduros servem para o
fabrico de doces, geleias, pastilhas, antiga especialidade da cidade
francesa de Dijon, muito apreciada por Voltaire, e xaropes.
Habitat: Europa, solos calcários, bosques, sebes, silvados; Norte de
Portugal; até 1900 m.
Identificação: de 1 a 3 m de altura. Arbusto erecto, casca cinzenta;
ramos canelados, lenho duro amarelo; folhas verdeclaras rígidas,
desiguais, obovadas, marginadas de cílios espinhosos, venadas na página
inferior, reunidas em ramos ao nível de um espinho tripartido; flores
amarelovivo (MaioJunho), cada uma delas constituída por 6 sépalas, 6
pétalas e 6 estames em volta de um carpelo encimado por um disco
estigmatífero persistente, em cachos pendentes mais compridos que as
folhas; baga
cor de coral, ovóide (5 mm), com 2 ou 3 sementes. Inodora; sabor
extremamente ácido (baga) e amargo (casca). Partes utilizadas: fruto
(Setembro), folhas (MaioJunho), casca da raiz fresca (Outono).
O Componentes: alcalóides, vitamina C O Propriedades: aperitivo,
colagogo, diurético, estomáquico, laxativo, tónico. U. 1. + Ver:
apetite, astenia, circulação, escorbuto, fígado, gota, gravidez,
hipertensão, litíase, menopausa, menstruação, obstipação, rubéola,
varizes.
Betónica
Stachys officinalis (L.) T@ev.
Cestro
Labiadas
A betónica é uma graciosa planta vivaz cujo frágil caule está rodeado,
na base, por folhas em forma de coração; a parte superior é guarnecida
por uma espiga compacta de flores cor de púrpura. Encontrase com
frequência na Europa, exceptuando as regiões mediterrânicas.
Os Egípcios já lhe atribuíam virtudes mágicas. Os Gregos e os Romanos
também a conheciam, e num texto atribuído ao médico de Nero enumeramse,
pelo menos, 50 doenças que não resistiam à sua acção. Actualmente, de
todas as virtudes que os nossos antepassados atribuíam à betó nica,
muito poucas foram confirmadas. O uso interno da raiz, devido à
violência da sua acção e às perturbações que pode provocar, ficou
restringido a receita médica. No entanto, as cataplasmas de folhas
frescas são muito eficazes para acelerar a cicatrização das úlceras. As
folhas, fumadas em lugar de tabaco, podem facilitar uma cura de
desintoxicação. hai ainda quem as coloque no forro dos chapéus para
aliviar as dores de cabeça; para desencadear espirros benéficos para a
desobstrução nasal, devem ser reduzidas a pó e inspiradas.
O A raiz provoca, por vezes, vómitos. Habitat: Europa, bosques claros,
solos argilo~ sos, siliciosos; até 1700 m. Identificação: de O,30 a O,60
m de altura. Vivaz, caule erecto, delgado, quadrado, simples, pouco
folhoso; folhas verdes nas duas faces, com nervuras nítidas, oblongas,
as da base cordiformes, rugosas, recortadas, sendo as da roseta basal
pecioladas, as caulinares espaçadas, progressivamente menos pecioladas,
e as da espiga sésseis; flores cor de púrpura, por vezes corderosa
(JunhoSetembro), espiga terminal densa, cálice curto, com 5 dentes,
corola tubulosa com o lábio superior longo e o inferior com 3 lóbulos;
tetraquénio. Cheiro suave; sabor amargo e acre. Partes utilizadas: raiz,
folhas (JunhoJulho).
O Componentes: substância amarga, tanino, betainas, heterósido,
saponósido O Propriedades: acistringente, aperitivo, emético,
esternutatório, estomáquico, expectorante, purgativo, vulnerário. U. L,
U. E. Ver: abcesso, constipação, ferida, gota, tabagismo, úlcera
cutânea.
Bétula
Betula alba L.
Vidoeiro, bidoeiro, bédulo, vido
Betuláceas
A bétula é uma árvore muito conhecida, com cerca de 30 m de altura,
folhagem pouco espessa e amentilhos flexíveis que se desenvolve nos
terrenos frescos e arenosos entre outras espécies, das quais se
distingue facilmente devido ao seu aspecto gracioso. Esta árvore, cuja
origem remonta a mais de
30 milhões de anos, foi utilizada em todos os tempos para satisfazer as
necessidades do homem. Inicialmente, foi alimento vegetal e, mais tarde,
satisfez as exigências da técnica; a sua madeira e a sua casca foram
trabalhadas por tamanqueiros, carpinteiro@ carros, pedreiros,
marceneiros, tinturei curtidores e perfumistas de todo o mu
ocidental. A sua ramagem é utilizada fabrico das varas com as quais se
açoitar apreciadores de sauna. Apesar do seu @
quíssimo passado utilitário, as aplica( medicinais da bétula são mais
recentes. ta Hildegarda, no século XII, citou pela meira vez a acção
cicatrizante das suas
res. Actualmente, utilizamse também as lhas, a casca, as gemas e a
seiva. A seca
é realizada à sombra.
Habitat: Europa; até 2000 m. Identificação: de 20 a 30 m de altura.
Árvore; tronco esguio, ramos flexíveis, sendo os jovens pendentes; casca
lisa castanhodourada e mais tarde branca e acetinada; depois dos 20
anos, abre gretas e desprendese em lacínias na base; folhas glabras,
brilhantes e escuras na página superior, triangulares ou romboidais,
dentadas no ápice, com nervuras espaçadas, caindo a partir de Outubro;
amentilhos masculinos (AbrilMaio), amareloalaranjados e compridos,
amentilhos femininos pedunculados, curtos, com estigmas vermelhos,
caducos na
maturação; aquénio pequeno e alado (a Cheiro levemente aromático e
penetrant, Partes utilizadas: gemas, casca e seiva (Pr mavera), folhas
(JunhoSetembro).
O Componentes: saponósido, tanino, resin óleo essencial, heterósidos O
Propriedade antiséptico, cicatrizante, colerético, depura] vo,
diurético, estimulante, sudorífico. U. L, U. E. + V Ver: cabelo,
colesterol, cura de Primavera, da tro, edema, ferida, gota, intoxicação,
litías obesidade, pele, reumatismo, sarda, sudaçã tez, ureia.
94
Bistorta
PolY,gonum bistorta L. Colubrina, serpentáriavermelha
Poligonáceas
A bistorta reconhecese pelo caule simples e erecto, com nós bem
marcados, típicos da família, e por longas espigas de flores corde
rosapálidas. E uma planta vivaz em cujos maciços zumbem as abelhas.
Abunda, a partir de 500 m de altitude, nas valas, nas margens dos pegos
e dos pâ ntanos, ao longo dos rios e nos prados das montanhas. Procura
os locais frescos e a sua própria presença indica a humidade destes. A
bistorta é culti~ vada nas hortas devido às suas folhas, de gosto
ligeiramente amargo, que são preparadas como os espinafres; porém,
quando nascidas nos prados, o gado não as aprecia. As sementes
constituem um alimento para as aves de capoeira.
As virtudes da planta são reconhecidas desde o Renascimento. O rizoma é
utilizado em medicina; castanho e carnudo, muito difícil de arrancar,
tem uma forma singular, sinuosa e, como indica o nome da espécie, duas
vezes torcida, pois bistorta é uma palavra formada pelo prefixo bis,
duas vezes, e torta, torcida. Antes da existência dos antibióticos, era
utilizada como tónico preventivo e no tratamento da tuberculose.
Arrancar o rizoma, lavar, cortar em rodelas; secar rapidamente ao sol.
O Não deve estar em contacto com o ferro. Incompatível com a quina e a
cola. Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; próximo de
Montalegre; de 500 a 2400 m. Identificação: de O,30 a 1 m de altura.
Vivaz, caule simples, erecto, cilíndrico, estriado, nodoso, ligeiramente
folhoso; folhas basais verdeescuras e glabras na página superior,
glaucas na inferior, grandes, oblongas ou lanceoladas, limbo com bordos
ásperos, decorrente sobre o pecíolo, as folhas superiores são sésseis e
invaginantes; flores corderosapálidas (MaioJulho), em espiga
terminal compacta, 5
divisões petalóides, 8 estames salientes, 3 es tiletes livres; aquénio
trígono, castanho, liso; rizoma carnudo, profundo, bitorcido, castanho
na parte exterior, avermelhado na interior. Inodoro; sabor ácido
(folhas), amargo (rizoma). Partes utilizadas: rizoma (Outono).
O Componentes: tanino, glúcidos, vitamina C, ácido oxálico O
Propriedades: acistringente, antidiarreico, tónico, vulnerário. U. L, U.
E. + o Ver: anginas, boca, diarreia, enurese, ferida hemorragia,
hemorroidas, leucorreia.
Bodelha *//* refazer esta
Fueus vesiculosus L.
Botelho, sargaçovesiculoso, varequeve@
algavesiculosa, carvalhorriarinhc carvalhinhodomar, botilhãovesicul
Fucáceasp
Euma alga castanha das baixas pri des marítimas, extremamente
abun( rochedos, onde a sua acumulaçã vulgarmente de 15 a 20 cm de espe
Plínio descreveu a bodelha com de Quercus marina; era então utili2 as
dores das articulações. Muito p( século Xviii para o tratamento dos
escrofulosos, da asma e das doença@ o seu uso é abandonado nos inícios i
XIX, quando Courtois descobre o
1811. No entanto, em 1862, Duch parc apercebese de que a bodelha tc
priedade de absorver as gorduras. mento fazse por meio de pílulas, su:
primeiros sintomas de emagrecin cabo de 15 dias, por meio de ba quais se
adiciona um grande pur bodelha, ou ainda friccionando as z( das com
um punhado de bodelha 1 Fucus é arrancado aos rochedos pel cheias e de
novo lançado sobre e populações anglosaxónicas do litor@ vamno na
alimentação, e os Fr como adubo.
Habitat: costas do Atlântico e da Mancha; frequente nas praias de toda a
costa portuguesa. Identificação: de O,10 a 1 m de altura. Alga castanha;
talo achatado, foliáceo, regularmente dicotómico, com pequenas vesículas
repletas de ar dispostas ordinariamente aos pares e servindo de
flutuadores; talo fixo ao rochedo por um disco basiliar provido de
rizóides; quando se agitam os conceptáculos, situados nas extremidades
dos talos, libertam uma mucosidade avermelhada ou amarelada, os
anterídeos, elementos masculinos, e as oosferas, elementos femininos: a
fusão fazse na
água, produzindo uma germinação im Cheiro marinho; sabor salgado,
insípido, laginoso. Partes utilizadas: talo inteiro (todo o an@ cagem ao
sol.
O Componentes: iodo, bromo, sais mi aminoácidos, oligoelementos,
vitaminas E, provitamina A O Propriedades: depi. estimulante, laxativo.
LI. I., U. E. + O Ver: arteriosclerose, banho, bácio, c obesidade,
obstipação, psoríase.
Bolsadepastor
Capsella bursa pastoris Moench.
Ervadobornpastor
Crucíferas
A bolsadepastor floresce ao longo de todo o ano em todo o Mundo,
exceptuando as
regiões áridas. Conhecida desde tempos muito remotos, as suas qualidades
foram mal definidas na Antiguidade e na Idade Média. No século XVI,
Mattioli resumiu o juízo da época nesta afirmação: é um bom hemostático.
No decorrer da 1 Guerra Mundial, a medicina oficial interessouse
profundamente por esta planta, a fim de tentar substituir dois remédios
clássicos: a cravagem do centeio e o hidraste. H. Leclerc cita o caso de
um pastor que curou uma jovem que sofria de hemorragias uterinas, dando
lhe de hora a
hora uma colher de café de suco fresco de bolsadepastor, o mesmo
remédio com que tratava as ovelhas.
O nome de bolsadepastor devese à forma dos seus frutos, que se
assemelham à bolsa dos pastores, e Capsella deriva do latim e
significa pequeno cofre.
O Respeitar as doses. Habital: Europa; todos os terrenos não áridos,
culturas, jardins, bermas dos caminhos, muros velhos, terrenos baldios,
entulhos e interstícios do pavimento das ruas em quase todo o território
de Portugal; até 2300 m. Identificação: de O,08 a O,50 m de altura.
Anual, caule florífero erecto, continuando a crescer durante a floração;
folhas da base em roseta junto ao solo; as caulinares quase inteiras,
sésseis, amplexicaules; flores brancas (todo o ano, mesmo após a
maturação dos frutos), pequenas, em cacho pouco denso; silícula
triangular. Inociora; sabor ligeiramente salgado. Partes utilizadas:
planta inteira sem a raiz, fresca ou seca (todo o ano).
O Componentes: saponósido, tanino, potássio, ácidos málico, acético,
cítrico, fumárico, tiramina, colina O Propriedades: acistringente,
hemostático, tónico. U. L, LI. E. + o Ver: epistaxe, ferida, hemorragia,
menopausa,
97
Bonina
Bellis perennis L. Margarida, margarita Bras.: mãedefamília,
margaridinha,
malmequerbranco
Compostas
Pequena e omnipresente mesmo em pastagens a grandes altitudes, a bonina
floresce a partir da Páscoa, muito antes das outras plantas e durante
quase todo o ano. Apesar do seu pequeno porte e do seu aspecto frágil,
suporta facilmente frios intensos, até aos 170C negativos; durante a
noite, ou quando chove, pende e fechase; durante o dia segue o
movimento do Sol, oferecendolhe os seus delicados capítulos brancos com
centro amarelo. 0 nome científico, tanto o genérico como o da espécie,
descreve bem esta viçosa planta espontânea e as suas numerosas
variedades cultivadas pelo homem: bela e graciosa, Bellis, e vivaz,
perennis. Conhecida desde o Renascimento devido às suas virtudes
medicinais, a bonina foi votada ao ostracismo na Alemanha no século
XVIII e sistematicamente destruída, pois suspeitavase, embora
injustificadamente, dos seus efeitos abortivos. As flores e folhas
frescas esmagadas aliviam as dores provocadas por contusões e entorses.
A medicina homeopática utiliza, devido à sua acção tónica sobre a
musculatura vascular, uma tintura preparada com a planta florida. Em
casos de insuficiência hepática, utilizase uma mistura de bonina,
taráxaco e fumária. 0 chá de bonina, tomado três vezes por dia, entre as
refeições, é óptimo para crianças débeis.
Habitat: Europa, bosques, taludes, relvados; frequente em Portugal; até
2400 m. Identificação: de 0,04 a 0,20 m de altura. Vivaz, caule
subterrâneo; folhas em roseta basal, pecioladas, largas, espatuladas,
pouco e largamente serradas, com pêlos curtos e uma só nervura visível;
flores amarelas e brancorosadas (todo o ano), em capítulos solitários,
gamopétalas, receptáculo cónico com flores tubulosas amarelas, rodeado
por lígulas brancas matizadas de corderosa na página inferior,
invólucro com brácteas ovadooblongas e bisseriadas; aquénio oval seco,
marginado,
isento de papilho, em que os da periferia são ligeiramente pubescentes;
toiça vivaz, com numerosos rebentos. Sabor adocicado, tor nandose
amargo. Inodora. Partes utilizadas: folhas, flores (todo o ano).
0 Componentes: saponósido, óleo essencial, tanino, mucilagem, princípio
amargo, ácidos orgânicos, resina 0 Propriedades: antiinfiamatório,
depurativo, diurético, expectorante, sudorífico, tónico, vulnerário. U.
L, U. E. + V o Ver: anginas, bronquite, edema, entorse, ferida,
furúnculo, hipertensão, icterícia, sarda, rim.
Borragem
Borrago officinalis L.
Borrage
Borragináceas
O facto de esta planta não ser citada em qualquer texto da Antiguidade
levou os historiadores a admitir que a borragem fora importada de África
na Idade Média. Alguns autores atribuíramlhe uma etimologia árabe, de
abou, pai, e rash, suor, devido ao
carácter sudorífico, das flores, mas esta fabulosa ideia não teve
seguidores. Embora borragem proceda da palavra latina borrago, a sua
origem permanece uma incógnita.
Planta anual, forma enormes manchas que apresentam durante todo o Verão
as suas ingénuas flores azuis com estames escuros à beira dos caminhos,
nos jardins abandonados, próximo de paredes velhas ou em ruínas.
A borragem é um remédio de acçãosuave, muito apreciado na medicina
popular. Activa quando fresca, deve colherse apenas a quantidade
necessária. As suas folhas podem ser ingeridas cruas em salada ou
cozidas em sopas; trituradas juntamente com agrião e taráxaco, produzem
um sumo depurativo excelente para a tez. Para aproveitar a acção
calmante e emoliente das suas flores, fazemse excelentes infusões para
tratar a incómoda tosse das bronquites.
O Todas as preparações devem ser filtradas a fim de eliminar os pêlos;
quando seca, a planta perde as suas propriedades. Habitat: Europa,
escapada de jardins, terrenos incultos; frequente em quase todo o País;
até 1800 m, Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Anual; eriçada de
pêlos, caule espesso, peludo, ramificado; folhas alternas ásperas e
enrugadas, as basais pecioladas, as superiores amplexicaules; flores
azuis (Maio Setembro), ligeiramente pendentes, com 5 pétalas soldadas
dispostas em estrela, anteras em cone pontiagudo central cor de púrpura
escura,
agrupadas em inflorescência cimeira frouxa; carpelo castanho e obtuso.
Cheiro pouco intenso; sabor a pepino fresco. Partes utilizadas: flores,
suco das folhas e dos caules (JunhoAgosto).
O Componentes: tanino, resina, mucilagem, saponósido, nitrato de
potássio. O Propriedades: depurativo, diurético, emoliente, laxativo,
sudorífico. U. I., + v IN Ver: cura de Primavera, edema, enfisema,
febre, gota, gripe, herpes, litíase, reumatismo, rubéola, sudação, tez,
tosse.
BugIossa
Anchusa officinalis L. Línguadevaca, oreaneta, borragernbastarda,
ervadofígado, ervasangue
Bras.: ancusa
Borragináceas
A palavra @<l3orragináceas+ sugere geralmente a @deia de plantas mais ou
menos guarnecidas de pêlos rígidos, corola em forma de tubo alargado nas
extremidades e lobulado em que se distinguem cinco pétalas e um cálice
persistente que rodeia o fruto. As flores da bugIossa, ricas em néctar
melífero, assemelhamse às da borragem, sendo, no entanto, extensamente
tubuladas e pubescentes. A palavra *bugIossa+, de raiz grega, significa
línguade~vaca, aludindo assim à forma das folhas e à sua rugosidade.
Quando ainda não existiam corantes químicos, extraíase da raiz da
buglossa uma tinta vermelha com a qual as mulheres pintavam o rosto.
Deste facto deriva o nome de género Anchusa, da palavra grega ankousa,
corar.
Esta planta com caule subterrâneo propagase em solos calcários ou em
terrenos incultos, nas bermas dos caminhos ou nos entulhos, não se
adaptando em altitudes. As suas folhas e flores possuem propriedades
sudoríficas e emolientes.
Habitat: Sul da Europa; é frequente no Sul e Centro de Portugal, nas
searas, vinhas, olivais, terrenos incultos; até 1800 m. Identificação:
de 0,30 a 0,60 m de altura. Vivaz, áspera ao tacto, guarnecida de pêlos
rígidos; caules floríferos ramosos; folhas ovalalongadas, sendo as
superiores sésseis e as inferiores com ligeiro pecíolo; flores azuis
(JunhoAgosto), cálice persistente, corola tubulosa do mesmo comprimento
do cálice; inflorescência escorpióide; carpelo negro, rugoso. Partes
utilizadas: folhas, flores (JunhoJulho); secar com cuidado.
0 Componentes: mucilagem, colina, nitrato de potássio, alantoína,
vestígios de alcalóides o Propriedades: béquico, depurativo,
diuréticI, emoliente, laxativo, sudorífico. LI. 1. + v kV@ Ver: cura de
Primavera, diurese, gripe, nefrite. tez,tosse.
BTIGULA
Ajuga reptans L. Consoldamédia, ervadesãolourenço, línguadeboi,
ervacarocha
Labiadas
Esta pequena planta gozou de fama imerecida em relação às suas
propriedades durante a Idade Média. Com efeito, nessa época era
conhecida por esta frase: *Quem tem a btigula e a sanícula diz adeus ao
cirurgião.+ Comparando este provérbio com os nomes ulgares, é fácil
concluir que a btigula era
considerada como vulnerária e cicatrizante. De toda esta celebridade
pouco resta actualmente. H. Lecierc consideraa como *a mais
deliberadamente inerte das plantas+.
Na verdade, a btigula é ligeiramente tónica, acistringente e vulnerária,
propriedades compartilhadas por todas as plantas que contêm tanino. Uma
espécie próxima, a Ajuga genevensis L., diferenciase da btigula, Ajuga
reptans L., por não possuir os estolhos compridos e estéreis fixados na
base do caule. Planta melífera, tem ainda a propriedade de tingir o
algodão de castanho na presença de sulfato de ferro.
Habitat: Europa; em Portugal, encontrase nos locais húmidos, bosques de
toda a região norte; até 2000 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de
altura. Vivaz, estolhosa, com caules glabrescentes cilíndricos; caule
florífico tetragonal, erecto, pubescente nas duas faces opostas, com
alternância em cada um dos nós, pouco folhoso; folhas oblongas,
arredondadas no cimo e crenadas, sésseis, sendo as inferiores pecioladas
e em roseta; flores azuis (AbrilJulho), com lábio superior muito
reduzido, sendo o inferior trilobulado em
espiga interrompida na base, brácteas superiores azuladas, mais curtas
que as flores. Partes utilizadas: planta inteira sem a raiz (Abril
Julho).
O Componentes: tanino, saponósido, colina, heterósidos, sais minerais O
Propriedades: acistringente, tónico, vulnerário. LI. L, LI. E. + Ver:
anginas, diarréia, ferida, hemorragia, leucorreia.
Buxo
Buxus sempervirens L.
Buxoarbóreo
Buxáceas
O buxo, planta muito conhecida, tem desde a Antiguidade uma óptima
reputação, quer como planta ornamental, devido à sua bela folhagem
persistente de cor verdeescura, quer pela sua madeira de fino grão, que
é utilizada na arte de gravar e no fabrico de objectos torneados.
As propriedades medicinais desta planta foram verificadas no século XII
por Santa Hildegarda. No Renascimento, era considerada como remédio para
a calvície. Um autor da época citou o drama de uma jovem camponesa cujo
crânio se tornou calvo como um ovo; a aplicação da loçã o de buxo
devolveulhe a magnífica cabeleira, mas o rosto e o pescoço tornaramse
cabeludos como os de um símio. No século XVIII, um charlatão de
nacionalidade alemã monopolizou os tratamentos com buxo, obtendo uma
fortuna; José 11 comprou o seu segredo por 1500 fiorins e seguidamente
divulgouo, o que provou o total descrédito desta terapêutica.
Em doses elevadas, as preparações adquirem um gosto desagradável e a
planta tornase tóxica não só para o homem como também para alguns
animais, como os camelos do Cáspio, que chegam a morrer em consequência
da sua avidez por esta planta.
O Utilizar com muitas precauções; não ultrapassar a dose prescrita.
Habitat: Europa Central e Meridional; charnecas e matagais de Trásos
Montes, Estremadura e Alentejo, cultivado em todo o País; até
1600 m. Identificação: de 1 a 6 m de altura. Arbusto de madeira dura,
folhagem persistente; folhas sésseis, inteiras, cerosas, brilhantes e
verdeescuras na página superior, verdeclaras na inferior; flores
amarelas (MarçoAbril), pequenas, apétalas, pistiladas (a) ou
estaminadas na axila das folhas; cápsula (b) trivalve, explosiva,
com 6 sementes (c) pretas e brilhantes. Sabor muito amargo. Partes
utilizadas: casca da raiz, folhas.
O Componentes: alcalóides, vitamina C O Propriedades: colerético,
depurativo, febrífugo, laxativo, sudorífico. U. I., U. E. + Ver: cabelo,
cura de Primavera, epilepsia, febre, fígado.
102
PLANTAS ESPONTÂNEAS
CÁLAMOAROMÁTICO
Acorus calamus L.
Canacheirosa, ácoro verdadeiro, ácorocheiroso
Aráceas
Originário da Ásia, o cálamoaromático foi introduzido na Europa
Oriental no século XIII pelos Tártaros, que o utilizavam para
desinfectar a água que bebiam. O cálamo adaptouse e propagouse
seguidamente por toda a
Europa. É uma planta aquática semelhante à cana, como o indica o nome da
espécie, calamus, que deriva do grego kalamos, cana. O cálamo aromático
enraízase nos pegos ou nas margens das ribeiras de correntes
tranquilas. É uma planta bastante rara, não devendo ser destruída.
Efectivamente, nos climas europeus as sementes não conseguem atingir o
estado de maturação, pelo que a planta só pode reproduzirse através das
ramificações do seu rizoma.
O cheiro agradável do cálamo aromático assemelhase ao da tangerina,
mas tem um sabor amargo e picante. Em alguns países, o
cálamoaromático é utilizado para aromatizar a cerveja e a aguardente;
também se faz doce com o rizoma. Crêse que a planta afasta os
percevejos e protege as peles de abafo. A sua
reputação medicinal é muito sólida, pois data dos mais remotos tempos e
teve origem nos países mais longínquos, desde o Japão à índia e à região
siberiana.
O Em doses elevadas, o rizoma actua como emético. Habitat: Europa,
pântanos, pegos, ribeiras; até
1000 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, acaule; folhas
que partem da toiça, em forma de espada de dois gumes, compridas,
estreitas, invaginantes, avermelhadas na face inferior; flores
esverdeadas (MaioAgosto), muito pequenas, em espadice lateral,
implantadas na base de wma espata erecta semelhante a uma folha
comprida, 6 estames e 1 estigma; cápsula pequena, em forma de pirâmide
invertida; rizOma rastejante verdeacastanhado e articulado. Cheiro
agradável, semelhante ao
da tangerina; sabor picante e muito amargo. Partes utilizadas: rizoma
(SetembroOutubro); de conservação difícil, muito atacado por larvas.
O Componentes: amido, tanino, óleo essencial, heterósidos, colina,
mucilagem, bases orgânicas, resina O Propriedades: aperitivo,
carminativo, emenagogo, estomáquico, hemostático, sedativo, sudorífico.
U.l., U.E. + O Ver: digestão, gengivas, gota, insectos, meteorismo,
náusea, nervosismo, raquitismo, vómito, voz.
Camomila
Matricaria chamomilla L.
Camomilavulgar, camomil ados alemães, camomilaalemã, margaçadas
bolicas, mançanilha
Compostas
De entre as diversas plantas vulgarmente designadas por macelas e
camomilas, e como tal utilizadas em farmacopeia familiar, são possiveis
inúmeras confusões. Estas confusões não têm geralmente consequências
graves, se bem que a camomila vulgar seja mais activa que as suas afins,
pelo que seria lamentável substituíla por outra. É fácil distinguila
devido a três características: as lígulas brancas dos capítulos curvam
se para baixo no final da floração; o receptáculo é cônico, oco e
desprovido de brácteas entre as flores; as folhas são recortadas em
finas lacínias. Muito divulgada em algumas regiões da Europa, é uma
planta das searas, das bermas dos caminhos e dos terrenos baldios. Na
Grécia, a camomila florescia abundantemente, distinguindose desde a
Antiguidade pelo seu aroma peculiar. É curioso verificar que as
descobertas empíricas de Dioscórides sobre a acção emenagoga desta
pequena camomila foram confirmadas por trabalhos laboratoriais 19
séculos mais tarde. As pessoas nervosas são susceptíveis de, ao ingeri
Ia mesmo em doses pouco elevadas, sentir uma excitação generalizada e
insônias.
O Só ingerir entre as refeições. Habitat: comum na Europa, campos,
terrenos baldios, bermas dos caminhos; espontânea no Centro do País e
arredores de Lisboa, nas searas, campos cultivados e bermas; até 160 m.
identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Anual, caule glabro, erecto,
muito ramificado; folhas verdes, bipenalissectas, em delicadas lacínias
lineares, lisas na página superior; flores brancas, amarelas no centro
(MaioOutubro), em capítulos pedunculados, tulbulosos no centro e
ligulados na periferia, sobre um receptáculo cónico e oco; aquénio
arqueado e pequeno, com 5 costas e encimado por uma coroa escariosa.
Cheiro aromático e penetrante. Partes utilizadas: capítulos (Junho
Julho).
O Componentes: óleo essencial com camazuleno, que se torna castanho com
a luz, flavonóides, cumarina, álcool, ácidos gordos, heterósidos,
potássio, vitamina C O Propriedades: antálgico, antiespasmódico, anti
infiamatório, antiséptico, emenagogo, eupéptico, sedativo, tónico. U.
I., Li. E. Ver: boca, cabelo, cefaleia, ferida, gripe, insolação,
menstruação, nevralgia, pele.
Canabrás
Heracleum sphondylium L. Braricaursina, esfondílio
Umbelíferas
Designado por variadíssimos nomes, o canabrás pode ser definido por cada
um deles. Pelo nome do género, a planta foi consagrada a Hércules numa
evocação da sua robustez, da espessura do seu caule e das suas folhas. O
nome de espécie, sphondylium, que deriva de uma palavra grega que
significa vértebra, referese à solidez do seu caule, semelhante à de
uma coluna vertebral. O nome vulgar de brancaursina por que também é
conhecido, derivado do latim popular e do italiano, evoca a forma das
suas folhas, semelhantes a uma pata de urso. É uma das umbelíferas mais
fáceis de identificar. Os Polacos e os Siberianos fabricavam uma bebida
ácida, o bartszcz, com semelhanças entre a cerveja e um caldo, fervendo
e seguidamente deixando fermentar as folhas e as sementes. Pouco usado
actualmente, mas muito famoso durante o Renascimento, em crises
depressivas e nervosas o canabrás continua a ser utilizado nos países
escandinavos. H. Leclere, em 1926, ao descobrir as suas virtudes
excitantes, preparou a partir das suas sementes uma alcoolatura
afrodisíaca. É, porém, necessário ter cuidado durante a colheita com os
pêlos eriçados que cobrem o caule da planta e provocam reacções
alérgicas.
O Evitar a exposição ao sol após o consumo da planta. Habitat: Europa,
excepto na zona mediterrânica, prados, bosques húmidos; em Portugal,
pode encontrarse em locais húmidos desde o Minho ao Alto Alentejo; até
1700 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto,
rígido, canelado, oco, viloso; folhas verdeacinzentadas, grandes,
recortadas em 5 a 9 segmentos, crenados e serrados; flores brancas
(JunhoSetembro), em umbelas com 12 a 40 raios, invólucros e involucelos
reduzidos, pétalas maiores na margem das
umbélulas; diaquénio plano, chanfrado no vértice. Cheiro a formigas;
sabor acre, picante e irritante. Partes utilizadas: raiz, folhas,
frutos; secagem ao sol.
* Componentes: furocumarina, óleo essencial
* Propriedades: afrodisíaco, digestivo, emenagogo, estimulante,
hipotensivo. U. 1. + o Ver: astenia, digestão, frigidez, hipertensão,
impotência, menstruação.
105
Cardocorredor
Eryngium campestre L. Bras.: gravatádocarripo, croatáfalso, caraguatá
Umbelíferas
0 cardocorredor é uma planta estranha, pois, sendo uma umbelífera,
assemelhase a um cardo com umbelas brancas tão densas que mais parecem
os capítulos das compostas. As brácteas rígidas, as folhas espinhosas, a
raiz profunda e comprida, a sua característica invasora e a tenacidade
com que se
agarra aos solos despertam a inimizade dos agricultores.
Cardo rolante, cardo nómada, o cardocorredor abandona, no Outono, os
seus caules secos e leves ao sabor do vento, que os transporta para
colonizar outros solos. É uma planta vivaz, muito apreciada pelos
médicos da Antiguidade devido às suas múltiplas propriedades, de entre
as quais apenas foram conservadas pelos modernos as acções aperitiva e
diurética, confirmadas ao longo dos séculos pela experiência e mais
tarde pela análise química das substâncias contidas nos seus tecidos.
0 cardocorredor desempenha ainda um papel na alimentação, sendo também
um condimento; dos jovens rebentos fazemse saladas; as folhas jovens,
conservadas em vinagre, têm uma utilização idêntica à do pepino e,
conservadas em açúcar, são um manjar delicado. É muito pouco provável
que o cardocorredor possua as características afrodisíacas que lhe são
atribuídas.
Habitat: Europa, planícies incultas, solos calcários, arenosos e áridos;
em quase todo o País, terrenos secos e incultos; até 1500 m.
Identificação: de 0,30 a 0,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto,
muito ramoso; folhas verdeesbranquiçadas, coriáceas, onduladas, as
basilares com o pecí olo comprido nu e os segmentos mais ou menos
decorrentes fendidos ou partidos e dentadoespinhosos; flores brancas
(JulhoSetembro), sésseis, em capítulos pedunculados, ovóides, globosos,
com invólucro espinhoso, de 3 a 6 brácteas abertas e pontiagudas, cálice
com dentes erec
tos sobre o fruto, 5 pétalas chanfradas e 5 estames; diaquénio coberto
de escamas pontiagudas; raiz comprida e rastejante. Cheiro a aimíscar;
sabor primeiramente adocicado e depois amargo e acre. Partes utilizadas:
folhas (JulhoAgosto) e raiz (Pri mavera Outono).
0 Componentes: sais minerais (potássio, sódio e cálcio), óleo essencial,
saponósido 0 Propriedades: aperitivo, diurético, emenagogo. U. 1. + Ver:
albuminúria, apetite, diurese, edema, icterícia, ureia.
Cardodesantamaria
Silybum marianum Gaertn. Cardoleiteiro, cardomariano
Compostas
Vagabundo da Europa, o cardodesantamaria, originário das regiões
mediterrânicas, atingiu, através dos solos incultos e das bermas dos
caminhos, as longínquas terras dinamarquesas. É uma planta robusta, com
capítulos cor de púrpura, bem defendida pelas brácteas do seu invólucro,
curvadas em espinhos aguçados. Segundo a lenda, as manchas leitosas que
assinalam as folhas junto das nervuras são vestígios de gotas de leite
caídas do seio de Maria quando ocultava Jesus das perseguições de
Herodes.
Desde tempos muito remotos, a planta é conhecida nos meios rurais pelo
seu valor alimentar; das folhas jovens fazemse saladas, e as raízes e
os capítulos são preparados por cozedura em água; a planta inteira
triturada serve de alimentação ao gado, e as aves de capoeira apreciam
imenso as suas sementes. O e ardo de sant amari a, durante muito
tempo preterido pelo cardosanto, demonstrou recentemente o seu efeito
benéfico no aparelho cardiovascular e na função hepática. Admitese
ainda que, ingerido oito dias antes de uma viagem, possui uma acção
preventiva con a os enjoos de transporte.
O Não usar as sementes sem indicação médica. Habitat: Europa Ocidental e
Meridional, solos secos e rochosos; frequente em quase todo o País, nos
terrenos cultivados e incultos, sebes, entulhos, beira dos caminhos; até
700 m. Identificação: de O,30 a 1,50 m de altura. Bienal, caule erecto e
robusto; folhas grandes, brilhantes, verdes com manchas brancas ao longo
das nervuras, margens onduladas oriadas de espinhos e cílios; flores cor
de púrpuraviolácea (JulhoAgosto), tulbulosas, em capítulos
hemisféricos solitários, com brácteas coriáceas
terminadas em espinho; aquénio preto, brilhante ou matizado de amarelo,
encimado por um papilho de pêlos denticulados; raiz aprumada e grossa.
Inodoro; sabor a alcachofra. Partes utilizadas: folhas, raiz, sementes;
secar e malhar os capítulos.
O Componentes: óleo essencial, princípio amargo, histamina, silimarina,
tiramina O Propriedades: colagogo, colerético, diurético, hipertensor,
tónico. U. 1. + o Ver: apetite, enjoo, fígado, hemorroidas, hipotensão.
Cardoestrelado
Centaurea calcitrapa L.
Calcatripa, calcitrapa
Bras.: abrolho
Compostas
Os capítulos corderosa desta planta possuem espinhos longos e fortes,
capazes de causar incómodas picadas aos passeantes que desprevenidamente
se aproximam das pequenas moitas que este cardo forma nos terrenos
maninhos e nas bermas dos caminhos.
Os agricultores consideramno, injustamente, uma planta indesejável;
vive, pelo menos, dois anos, podendo ser útil por várias razões. A raiz
e as finas escamas do seu invólucro, com gosto semelhante ao da
alcachofra, são comestíveis; as folhas e as flores, com propriedades
febrífugas e tó nicas, são medicinais, e as sementes, diuréticas,
podendo ser incluídas na preparação de um vinho que se obtém pela
maceração de 4 g de sementes por cada litro de vinho branco. A infusão
das suas folhas adicionamse, com frequência, angélica, losna ou casca
de salgueiro.
Habitat: frequente em quase todo o País, à beira dos caminhos, muros e
terrenos incultos; até 1000 m. Identificação: de 0,20 a 0,50 m de
altura. Bienal; caule rígido, vigoroso, muito ramoso a partir da base;
folhas verdeacinzentadas, ligeira mente vilosas, pendentes, rugosas,
penatissectas; flores corderosavioláceo (AgostoSetembro), tubulares,
agrupadas em pequenos capítuios, subsésseis, solitários e numerosos,
dispostos em cimeira bípara; brácteas do invólucro providas de um
comprido e vigoroso espinho amarelo canaliculado e de 4 a 6 espínu
Ias; aquénio esbranquiçado, glabro, marcado com pequenas linhas pretas;
raiz robusta aprumada, Sabor das flores e folhas amargo, raiz adocicada.
Partes utilizadas: folhas, flores, fruto, suco (AgostoSetembro);
raizes.
0 Componentes: princípios amargos, resina, goma, potássio 0
Propriedades: folhas e flores: aperitivas, febrífugas, tónicas,
vulnerárias; raiz e fruto: diuréticos. U. 1. + Ver: febre.
Cardo pente adorbravo
Dipsat us fullonum L.
Cardocardador
Dipsacáceas
O nome de cardo é vulgarmente atribuído às plantas com picos. O cardo
penteador incluise nesse número. Esta planta possui grandes capítulos
ovóides providos de brácteas com espinhos pontiagudos e curvos: o caule
e as nervuras das folhas são espinhosos. O seu nome científico deriva
das palavras gregas dipsan akeomai, mato a sede; as grandes folhas
opostas que se soldam na base, formando um pequeno reservatório de água
das chuvas, justificam esta designação
A floração do cardopenteador tem uma particularidade interessante: as
suas pequenas flores cor de malva surgem primeiro a meia altura do
capítulo, abrindose em seguida, progressivamente, para cima e para
baixo, pelo que a floração nunca é simultânea.
Outrora, os receptáculos dos capítulos de uma espécie cultivada,
Dipsacus sativus (L.) Honck, eram utilizados para cardar, isto é,
retirar o cardaço superficial dos tecidos e das lãs. Da utilização
manual passouse depois à industrial em máquinas de cardar; o cardo
penteador, que apenas vive dois anos, foi então cultivado intensamente.
Habitat: Europa Central e Meridional; em Portugal, Minho, TrásosMontes
e Beiras, caminhos, valas, terrenos incultos, solos argilosos; até 800
m. Identificação: de O,80 a 2 m de altura. Bienal, robusto, armado em
toda a parte aérea de acúleos curtos, ramoso; caules erectos, pungentes,
terminados em cabeças eriçadas, ovóides, com invólucro de folíolos
compridos; folhas inteiras opostas, nervuras com picos, soldadas à base
pelo limbo, formando um recipiente que retém a chuva e o orvalho; flores
cor de maiva ou lilás (JulhoAgosto), curtas,
corola tulbulosa, 4 lóbulos, cálice muito reduzido; aquénio com 8
costas. Partes utilizadas: raiz (fim do Verão); secar em fragmentos.
O Componentes: heterósidos, sais minerais O Propriedades: aperitivo,
depurativo, diurético, sudorífico. U. 1. + o Ver: acne, eczema, pele.
Cardosanto
Cnicus benedictus L.
Bras.: Cardobento
Compostas
Este cardo muito popular, importado da índia, no século XV, para tentar
curar as terríveis enxaquecas de um imperador (Frederico 111 da
Alemanha), possui uma estranha beleza que se revela nas enormes folhas
recortadas e espinhosas.
À primeira vista, pode confundirse com a
açafroa, à qual se assemelha; porém, o suco da açafroa é vermelho, as
folhas, brandas e espinhosas, são mais pequenas, e as flores, douradas.
0 cardosanto era outrora considerado *o refúgio dos doentes, o tesouro
dos pobres, a panaceia dos pais de família+. Olivier de Serres, agrônomo
francês do século xvi, afirmava: *A semente do cardosanto, em pequena
quantidade em vinho branco, fortifica a memória.+ E Shakespeare
celebrizao na sua obra como calmante dos corações ansiosos. É ainda um
excelente febrífugo e um antiséptico para uso externo.
A planta, colhida em botão, deve ser reunida em ramos e suspensa em
cordas ao abrigo da luz e do pó. As preparações são amargas e difíceis
de beber; a mais aceitável é o vinho, do qual se pode tomar um copo
antes das refeições principais.
0 Não ultrapassar as doses indicadas; interromper o tratamento em caso
de náuseas ou de irritação do tubo digestivo. Habitat: Europa
Mediterrânica; em Portugal, de TrásosMontes ao Alto Alentejo; até 1000
m. Identificação: de 0,10 a 0,60 m de altura. Anual, caule erecto e
viloso; folhas verdeclaras, compridas, lobuladas; flores amarelas
(AbrilJulho), em capítulos solitários, providos de folhas e de brácteas
externas foliáceas, sendo as interiores lanceoladas e amarelas,
maiores que o capítulo e terminadas em espinho; aquénio castanho com
costas finas e en
cimadas por um curto papilho; raiz branca e aprumada. Cheiro suave,
pouco agradável, desaparecendo com a secagem; sabor amargo. Partes
utilizadas: sumidades floridas, folhas, caules descascados (no princípio
da floração); secar à sombra.
0 Componentes: princípio amargo, óleo essencial, mucilagem, sais
minerais, tanino, vitamina B1 0 Propriedades: antiséptico, digestivo,
diurético, febrífugo, tónico. U. I., U. E. + Ver: apetite,
convalescença, digestão, febre, ferida.
Carlina
Carlina acaulis L.
Compostas
Só é possível encontrar esta planta ao nível do solo, pois a carlina não
possui caule ou este mantémse no estado embrionário. Os capítulos são
rodeados por uma auréola prateada constituída pelas brácteas e
enquadrados por folhas graciosamente recortadas e aderentes ao solo, que
lhes conferem o seu singular aspecto. Esta auréola permanece totalmente
exposta ao sol quando o tempo está seco; porém, ao entardecer, ou quando
o tempo se torna húmido, as brácteas dobramse em forma de tenda cónica
sobre o capítulo. Deste fenômeno deriva o hábito, nos meios rurais, de
observar a carlina para fazer a previsão do tempo, o que em adivinhação
se denomina *botanomancia meteorológica+.
Esta planta foi tema das mais surpreendentes lendas: Carlos Magno, em
algumas versões, ou Carlos V, noutras, teria sido avisado por um anjo de
que a carlina curaria da peste os seus exércitos. Admitiase então que a
carlina transmitia uma força invencível, sendo utilizada em magia.
Actualmente, apenas os burros comem a planta sem a arrancar, e a raiz é
ingerida pelos porcos.
Habitat: Europa Central e Mediterrânica, bosques pouco densos, rochedos,
pastagens de montanha, de preferência solos calcários; de
400 a 2000 m. Identificação: O,05 m de altura. Planta plurianual
reduzida a um grande capítulo de 6 a 12 cm de diâmetro, incluindo as
brácteas, praticamente acaule; folhas radiantes, extremamente
espinhosas; flores branco esverdeadas ou prateadas (Julh o Outubro);
aquénio coberto de pêlos amarelos prostrados, com papilho com o dobro do
comprimento; raiz arruivada, espessa, com látex. Raiz com cheiro
repugnante.
Parte utilizada: raiz (Outono); secagem no forno.
O Componentes: óleo essencial, inulina, tanino, resina, substância
antibiótica: o carlineno O Propriedades: cicatrizante, colagogo,
detersivo, diurético, estomáquico, sudorífico. U. L, U. E. + Ver: acne,
eczema, fígado, gripe.
CARVALHINHA
*//* FALTAM OS OUTROS NOMES
A carvalhinha deve o nome à semelhança das suas folhas com as do
carvalho, sendo efectivamente esta característica, já assinalada pelos
povos antigos, que exclui qualquer confusão com outras espécies do mesmo
género. A descoberta das suas propriedades é atribuída a Teucro,
príncipe de Tróia.
Durante o Verão a carvalhinha cobre totalmente com as suas alegres
flores cor de púrpura os montes de entulho e as fendas dos velhos muros.
Os povos antigos já lhe atribuíam propriedades febrífugas e digestivas.
Faz ] da composição de um licor denomi, chartreuse, de vermutes e outros
lic digestivos, aperitivos e tónicos. Existe vinho tónico e depurativo,
para ser ingi antes das principais refeições, obtido maceração, durante
8 dias, de 50 g de c@
lhinha em 1 1 de vinho. Nas suas aplic, medicinais a carvalhinha pode
ser subs da pelo Teucrium inarum L., com c mentolado, que cresce nos
rochedos do ral de algumas ilhas mediterrânicas.
Habitat: Europa, encostas calcarias, relvados, solos áridos; terrenos
áridos da faixa marítima entre os cabos Mondego e Espichei; até 1500 m.
Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule verde com
estrias cor de violeta e
púrpura, prostrado e ascendente, delgado, lenhoso, ramoso e viloso;
folhas muito verdes, coriáceas, brilhantes na página superior, vilosas
na inferior, ovais, nervadas, crenadas e
com pecíolos curtos; flores purpúreas ou corderosa (Maio Setembro),
agrupadas de 3 a 6 de um só lado, na axila das folhas em cachos
terminais, cálice avermelhado, campanulado,
viloso, corola sem lábio superior, lábio inferi, com 5 lóbulos e 4
estames salientes; fruto P piloso, castanho; caule rastejante. Cheiro an
mático e suave; sabor acistringente e amarg Partes utilizadas: sumidades
floridas, folh@ (MaioSetembro); secagem à sombra. o Componentes:
tanino, óleo essencial, pri cípios amargos O Propriedades: antiséptic
colerético, estomáquico, febrífugo, tónico, vi nerário. U. I., U. E.
Ver: aerofagia, apetite, digestão, úlcera.
112
Carvalhos
Quercus robur L. (sensu lato)
Carvalhocomum, carvalhoalvarinho, roble,
carvalheira
Fagáceas
Os botânicos confundiram durante muito tempo, sob a designação de
carvalho, duas espécies diferentes: o Quercus sessiliflora Salisti., com
folhas brilhantes e pecioladas, com os frutos sésseis aparentemente
colados aos ramos, e o Quercus pedunculata Fhrh., cujas glandes se
apresentam suspensas de um longo pedúnculo e com folhas baças e
quase sésseis, como o que é representado na
gravura. O seu tempo de vida é de, pelo menos, 500 anos, atingindo por
vezes os
2000; a casca é extremamente dura, pelo que o visco, parasita de mais de
uma centena de árvores, só com enorme dificuldade consegue penetrála.
Os seus ramos eram utilizados na Roma antiga para coroar os cidadãos
como reconhecimento dos seus méritos; houve épocas em que se fazia
justiça sob a sua sombra. Mesmo na era do aço, a resistência da sua
madeira continua a merecer confiança e esta
a ser utilizada em construções que suportam grandes pesos, nomeadamente
em travejamentos na construção civil e em cascos de iates. Pertencem
também ao género Quercus várias outras plantas frequentes em Portugal,
algumas produtoras de frutos comestíveis, designadas não só por
carvalhos, como o negral, Quercus toza Bosc., o português, Q. lusitanica
Lam., o anão, ou carvalhiça, Q. fruticosa Brot., mas também por
sobreiro, Q. suber L., azinheira, Q. ilex L., e carrasqueiro, Q.
coccifera L., quase todos com propriedades terapêuticas e aplicações
semelhantes.
O Evitar o contacto com os recipientes de ferro; não misturar com o sal
de cozinha, com plantas que contenham alcalóides ou com a algaperiada;
utilizar a casca com prudência, pois é irritante para o tubo digestivo.
Habitat: Europa, com excepção das regiões mediterrânica e norte,
colinas, florestas. Identificação: de 35 a 40 m de altura. Árvore;
tronco grosso, casca cinzentoacastanhada, escurecendo com a idade,
fendas limitando escamas quadradas; folhas glabras, verdeescuras e
brilhantes na página superior, mais claras na inferior, duras, obovadas
com lóbulos
arredondados, caducas; amentilhos (AbrilMaio), sendo os masculinos
agrupados, pendentes; cada uma das flores femininas possui um invólucro
escamoso (AbrilMaio); glande ovóide encerrada numa cúpula escamosa.
Partes utilizadas: casca dos ramos jovens (Primavera), folhas (Junho),
giandes (Outono).
O Componentes: tanino * Propriedades: adstringente, antiséptico,
febrífugo, tónico. U. L, U. E. + V O Ver: alcoolismo, anginas, banho,
cabelo, diarréia, epistaxe, frieira, gengivas, greta, hemorragia,
hemorróidas, intoxicação, leucorreia, sudação.
113
Castanheiro
Castanea saliva Miller
Castanheirocomum
Fagáceas
Segundo se supõe, o castanheiro foi importado do Irão no século v a. C.
Esta árvore propagouse, por meio de cultura, através de toda a Europa,
aclimatandose principalmente nas montanhas siliciosas e em todos os
locais onde as suas raízes encontraram um solo profundo e bem drenado,
pois o solo calcário é funesto para esta árvore. O seu crescimento é
primeiro lento, acelerandose em seguida, e a
árvore adquire, por volta dos 50 anos, o seu
porte definitivo. Se estiver isolado, o tronco mantémse baixo, a copa
expandese e a frutificação tem início aos 25 ou 30 anos. Se fizer parte
de uma floresta, cresce impetuosamente e dá frutos aos 40 ou 60 anos. As
castanhas, que surgem em grupos de duas ou
três no interior dos seus ouriços hirsutos, não devem ser confundidas
com as castanhasdaíndia; comemse assadas ou cozidas e têm um grande
valor nutritivo. Um castanheiro pode viver muitos anos e em alguns casos
atingir 1000 anos de existência. Com o tempo, o tronco tornase oco. Há
alguns anos
existia ainda na Sicília, nas encostas do Etna, um castanheiro cujo
tronco oco servia de abrigo a um rebanho de ovelhas e que, segundo os
camponeses, devia ter 4000 anos.
G A castanha é contraindicada aos diabéticos. Habitat: Europa
Meridional, bosques, montanhas; em quase todo o País; até 1300 m.
Identificaçã o: de 25 a 35 m de altura. Árvore, tronco maciço, madeira
dura, casca jovem lisa e cinzenta, mais tarde castanha e gretada; folhas
pecioladas, compridas, de 10 a 25 cm, glabras, brilhantes, com nervação
paralela; flores claras (JunhoJulho), perfumadas, dióicas; amentilho
masculino, erecto; flores masculinas com 5 a 6 divisões, 8 a 15 estames;
flores femininas inseridas na base dos amentilhos masculinos superiores,
reunidas de 1 a 3
numa cúpula, cada uma com ovário com 6 1'culos e 7 a 9 estiletes, que
evoluem em fruto (ouriço) espinhoso que se abre por 2 a 4 valvas. Partes
utilizadas: casca, folhas, amentilhos, frutos (Setembro Novembro). *
Componentes: tanino (folhas, casca), glúcidos, lípidos, prótidos
(fruto), sais minerais, vitaminas B1, B2 e C * Propriedades:
acistringente, estomáquico, remi neralizante, sedativo, tónico. U. L, U.
E. + V O Ver: astenia, cabelo, convalescença, desmineralização,
diarreia, esterilidade, faringite, tosse.
CastanheirodaÍndia
Aesculus hippocastanum L.
Hipocastanáceas
Esta bela árvore, uma das primeiras a abrir as folhas e as flores na
Primavera, é originária dos Balcãs, e não da índia. Bachelier importoua
de Constantinopla, introduzindoa em França em 1615. No decorrer do
século xviii, difundiuse intensamente pelas avenidas e parques, onde
alguns exemplares têm actualmente mais de 250 anos de existência. É
conhecido por hippocastanum, castanheirodecav alo, porque os Turcos
davam a comer as suas castanhas aos cavalos com afecções pulmonares;
Aesculus é onome de um carvalho que produz glandes comestíveis. Apesar
de ricas em amido, as castanhas frescas, de onde é possível extrair um
óleo para iluminação e um álcool, não Nau comestíveis, devido ao seu
intenso sabor amargo, apenas sendo apreciadas pelas cabras, porcos e
alguns peixes; porém, quando libertas do seu constituinte amargo,
fornecem um amido muito agradável. A farinha, obtida por moagem, é
utilizada em cosmética, pois torna a pele brilhante, e a polpa, no
fabrico de sabões. Misturado na água das regas, o pó de castanhas afasta
as minhocas dos vasos de flores. Da casca da árvore obtémse uma tinta
vermelha.
Habitat: Europa, parques, avenidas; em Portugal, também como planta
ornamental; até 800 m
identificação: de 10 a 30 m de altura. Arvore de copa regular; tronco
relativamente curto, por vezes torcido, ramos principais geralmente
horizontais; folhas opostas, com pecíolo comprido, palmadas, com 5 a 7
folíolos oblongos e dentados; flores brancas manchadas de arnarelo e
vermelho (AbrilMaio), grandes, em cacho composto, único, erecto, cálice
de 5 dentes desiguais, corola irregularmente enrugada com
4 pétalas desiguais, 7 estames e 1 estilete saliente, ovário com 3
lóculos; cápsula com casca espinhosa abrindose por 3 valvas que contêm
2 a 3 castanhas. Sabor amargo (castanhas). Partes utilizadas: casca,
sementes (Outubro); secagem ao sol. o Componentes: tanino, saponósidos,
flavonóides, heterósidos cumarínicos O Propriedades: acIstringente,
antihemorrágico, antiinfiamatório, vasoconstritor. U. I., U. E. + O
Ver: acne rosácea, banho, circulação, febre, frieira, hemorróidas,
menopausa, obesidade, varizes.
Cavalinha
Equisetum arvense L.
Ervacarnuda, caudadecavalo, cavalinhadoscampos,
pinheirinha, rabodeasno, rabodetouro
Equisetáceas
Todaabiologia da cavalinha é surpreendente. Como os fetos e os
licopódios, e por pertencer às criptogâmicas vasculares, possui raízes,
nã o tendo flores e, consequentemente, sementes. A reprodução é
assegurada por esporos contidos nos esporângios, situados na base de
pequenos escudos agrupados numa espécie de espiga terminal. Os próprios
esporos são dotados pela Natureza de um extraordinário sistema de
propagação, pois o invólucro rasgase em quatro faixas elásticas que, ao
deformaremse por efeito do calor, provocam a dispersão dos esporos. Uma
outra particularidade da cavalinha é a sucessão na mesma planta de dois
tipos de caules. Os primeiros, avermelhados e curtos, sem clorofila,
brotam no início da Primavera e apresentam na extremidade a espiga
produtora de esporos (estróbilo). Terminada a sua função, murcham e são
substituídos por caules verdes canelados muito ramificados, mais altos e
divididos em segmentos separados por nós: são os caules estéreis, única
parte da planta que possui propriedades medicinais. Devem ser colhidos
na Primavera e secos ao sol ou no forno.
Habitat: Europa, bermas dos caminhos, solos siliciosos; Norte e Centro
do País; até 2500 m. Identificação: de 0,20 a 0,65 m de altura. Vivaz;
sobre o mesmo rizoma em Março e Abril, caules esporíferos de 10 a 25 cm,
simples, avermelhados, com bainhas castanhas, frouxas, com 6 a 12
dentes, apresentando uma espiga obionga amareloacastanhada que
desaparece no Verão; em seguida, de Maio a Julho, caules estéreis,
verdes, sulcados, ocos, com verticilos de ramos delgados, simples,
verdeclaros, com 4 ângulos, ásperos e articulados; esporângios
agrupados sob as escamas em
forma de escudo da espiga; esporos providos de elatérios, filamentos que
se desenrolam quando o ar está seco; rizomas profundos, até 2 m. Partes
utilizadas: caules estéreis.
0 Componentes: sais minerais (silício), heterósidos, tanino, ácidos
orgânicos, princípio amargo 0 Propriedades: acistringente, cicatrizante,
diurético, hemostático, remi neralizante. U. I., U. E. + V kvj Ver:
aerofagia, afta, albuminúria, banho, cistite, dentes, desmineralização,
epistaxe, estrias cutâneas, fractura, hemorragia, litíase, menstruação,
panarício, pé, sudação, unha.
celidÓnia
Chelidonium majus L.
Ervaandorinha, erva da s verrugas, quelidónia, quelidóniamaior,
grandequelidónia, ceruda
Bras.: celidóniamaior
Papaveráceas
O género Chelidonium L. tem apenas uma espécie, que é a da celidónia,
que cresce nas paredes velhas. O nome deriva da palavra grega chelidón,
andorinha, pois a planta floresce na época da sua migração. É uma planta
vivaz que se desenvolve nas paredes, nos
entulhos e nos solos frescos. Nos meios rurais, todas as crianças a
conhecem, designandoa por ervadasverrugas, porque o seu suco faz
desaparecer estas excrescências tão eficazmente como o poderoso azoto
líquido, utilizado pelos dermatologistas, se
bem que mais lentamente. A celidónia já era
conhecida dos médicos da Antiguidade, que a consideravam salutar para as
doenças dos olhos. Foi muito utilizada na Idade Média, pois os
alquimistas julgavamna um dom do céu, coeli donum. Contudo, a planta
não é inofensiva. Pertence à família das dormideiras e contém, como
estas, alcalóides tóxicos, pelo que é absolutamente desaconselhável
ingerir a planta, fresca ou seca, excepto por prescrição médica. Os
homeopatas utilizam a raiz. O seu suco cáustico, ao queimar a verruga ou
o calo, pode atingir a
epiderme que o rodeia, pelo que não deve ser aplicado em chagas.
O Não utilizar para uso interno, excepto por prescrição médica. Habitat:
Europa, muros, entulhos, sebes, locais sombrios; do Minho ao Algarve,
nos muros, sebes e caminhos; até 1500 m
Identificação: de O,20 a 1 m de altura. Vivaz, caule ramoso cilíndrico.
viloso, frágil, quebradiço, nodoso, suco leitoso amareloalaranjado;
folhas penadas, lobadas como as do carvalho, verdeclaras na página
superior, glaucas na inferior, moles; flores amarelodouradas (Maio
Setembro), 4 pétalas em volta do botão e
depois dispostas em cruz, agrupadas em umbelas paucifioras, com
numerosos estames, 2 sépalas amarelas caducas; síliqua estreita (3 a
4 cm), abrindose de baixo para cima; rizoma grosso e numerosos caules.
Cheiro nauseabundo; sabor acre e amargo. Partes utilizadas: folhas,
raiz, látex fresco (antes da floração); a raiz escurece no decorrer da
secagem.
O Componentes: 10 alcalóides, saponósido, pigmento O Propriedades:
antiespas módico, cáustico, colerético, hipotensor, purgativo. U. I., U.
E. + Ver: calo, calosidade, verruga.
Cenourabrava
Daucus carota L.
Umbelíferas
As Umbelíferas constituem uma família complexa, pelo que são possíveis
algumas confusões. A cenourabrava é fácil de distinguir devido à mancha
cor de púrpura que surge no centro das flores brancas, dispostas em
umbela rodeada de brácteas. Esta flor central cor de púrpura impede que
seja con
fundida com a perigosa cicutamenor Aethusa cynapium L. Após a
fecundação das flores, quando os frutos ovais eriçados de acúleos
amadurecem, os raios das umbelas fechamse em forma de ninho de ave.
A raiz, branca, lenhosa, com cheiro desagradável e
sabor acre, nada tem de comum com a da cenoura cultivada, que se
tornou comestível após um lento processo de aperfeiçoamento da espécie
brava. Os povos antigos conheciam bem a cenoura e as suas virtudes
diuréticas, atribuindolhe também propriedades de excitante; a palavra
daucus deriva de daukos, nome dado pelos Gregos a algumas umbelíferas,
que por sua vez parece derivar de daiô, eu excito. Plínio qualificou a
sua raiz de pastinaca gaffica, alimento dos Gauleses, mas só na Idade
Média foi considerada hortaliça comestível.
Habitat: Europa; em Portugal, em terrenos cultivados e baldios, excepto
a grandes altitudes. Identificação: de 0,30 a 0,80 m de altura. Bienal,
caule erecto; ramificado; folhas muito divididas, moles, mais compridas
na base; flores brancas (MaioOutubro), agrupadas em umbela, uma pequena
flor estéril cor de púrpuraescura sem estames nem pistilo no centro,
invólucro com brácteas compridas e profundamente divididas; fruto com
costas providas de picos assovelados; raiz aprumada fina, pouco corada.
Cheiro pouco agradável (raiz). Partes utilizadas: raiz (fim do Verão),
semen
tes na maturação, folhas frescas.
0 Componentes: sais minerais, pectina, glúcidos, provitamina A,
vitaminas B e C 0 Proprie~ dades: antidiarreico, carminativo, diurético,
emenagogo, galactagogo, hipoglicemiante, remineralizante. U. L, U. E.
Ver: cólica, eczema, furúnculo, menstruação, meteorismo, prurido,
queimadura.
Cerejeira
Prunus avium L.
Cerdeira
Rosáceas
A partir da cerejeira tem sido possível obter por selecção e enxerto
numerosas variedades. Cresce espontaneamente nos bosques, pode atingir
20 m de altura e viver 300 anos. As suas flores são melíferas e as
pequenas cerejas negras podem ser ingeridas cruas, em geléia ou em doce;
quando destiladas, utilizamse no fabrico do kirsch. Se esta bebida
alcoólica é natural, contém uma pequena quantidade de ácido cianídrico,
pelo que não é tóxica em doses usuais. A sua madeira é utilizada pelos
marceneiros e os torneiros; porém, a madeira clara, geralmente conhecida
como madeira de cerejeira, utilizada no fabrico de mobiliário rústico,
é, na realidade, a madeira de uma outra espécie, Prunus mahaleb L. A
casca, as folhas e as flores foram utilizadas em medicina doméstica, mas
apenas os pedúnculos dos frutos conservaram até aos nossos dias a sua
reputação de diuréticos. A cerejeira é denominada em algumas regiões c
erej eira brava; supôsse durante muito tempo que a árvore era
originária da Ásia Menor, mas numerosos factos demonstram a sua origem
européia: efectivamente, têm sido encontrados em diversas estações
neolíticas ocidentais alguns caroços intactos.
Habitat: Europa, excepto no extremo norte; florestas, sebes, colinas; O
Prunus avium var. silvestris (cerejei ra brava) pode encontrarse no
Gerês, onde o fruto recebe o nome de agriota, e a variedade duracina
(cerejeirabical) é cultivada em várias regiões do País; até 1700 m.
Identificação: de 10 a 20 m de altura. Árvore; tronco com casca
acetinada, de cor castanhobrilhante, que se fragmenta em lacínias
horizontais; folhagem pouco densa, ramos erectos; folhas verdes, baças,
pubescentes na página inferior, serradas, elípticas, com pecíolos
munidos de glândulas no cimo; flores brancas
(/AbrilMaio), pedunculadas, em cimeiras umbeliformes, 5 sépalas, 5
pétalas; drupa pequena vermelha, tornandose depois preta, monospérmica;
raiz desprovida de rebentões. Inodora; sabor doce, ligeiramente amargo.
Partes utilizadas: frutos, suco, peclúnculo dos frutos (JunhoJulho);
secagem à sombra.
O Componentes: ácidos orgânicos, tanino, enzima, provitamina A O
Propriedades: diurético, laxativo, refrescante. U. 1. Ver: artrite,
digestão, gota, obesidade, obstipaçao.
119
Cersefi bastardo
Tragopogon pratensis L.
Compostas
O cersefibastardo reconhecese nos solos húmidos pelas suas folhas
compridas e estreitas, cujas bases rodeiam o caule, e pelas suas flores
amarelas, que se abrem de manhã e se fecham à tarde. Era
indubitavelmente conhecido pelos povos antigos, pois a sua raiz está
representada num fresco de Pompeia; os Italianos foram os pioneiros da
utilização da sua raiz castanhoclara na alimentação, tendolhe
atribuído o nome de sassefrica, isto é, a que roça as pedras, pois a
planta cresce nos solos pedregosos. A cultura do cersefibastardo data,
sem dúvida, de 1500. No século XVII, Olivier de Serre, ministro do rei
Henrique IV de França, distinguea com o nome de sersifi. A planta não
teve sucesso como legume comestível, sendo rapidamente substituída pela
escorcioneira, Scorzonera hisparrica L. O cersefibastardo é uma planta
depurativa, diurética e
sudorífica. A sua raiz faz parte de inúmeras e deliciosas receitas
culinárias; a água da cozedura deve ser aproveitada, pois é uma
excelente base para sopa ou bebidas. O gosto das suas folhas preparadas
em salada assemelhase ao da endívida ou ao da chicória.
O Não usar as sementes. Habitat: Europa, prados húmidos, bermas dos
caminhos; com o nome de cersefi, ou de barbadebode, ou barbadecabra
cultivase em Portugal o Tragopogon porrifoluis L.; até 2000 m.
Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Bienal, caule erecto, simples
ou ramificado e glabro; folhas ascendentes ao longo do caule, estreitas,
amplexicaules, mais ou menos dilatadas na base, muito pontiagudas;
flores amarelas (MaioJulho), liguladas, em capítulos solitários sobre
pedúnculos, ligeiramente dilatados sob o invólucro, invólucro com
compridas brácteas dispostas numa fila; aquénio praticamente liso,
encimado por um papilho plumoso; raiz principal aprumada, fusiforme,
grossa, casta nhoclara e látex branco. Inodoro; sabor agradável,
ligeiramente amargo. Partes utilizadas: folhas, raiz, suco.
O Componentes: glúcidos, prótidos, lípidos, celulose O Propriedades:
depurativo, diurético, sudorífico. U. L, U. E. V o Ver: astenia,
crescimento, fígado, gota, pele, reumatismo, verruga.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Chouponegro
Populus nigra L. Álainonegro, olmonegro, álamolíbico
Salicáceas
Supõese que muitas pessoas conhecem o
longilíneo choupodaitália, Populus italica Moench, tradicionalmente
plantado em alguns países quando nasce uma rapariga para lhe assegurar
um dote. O mesmo não sucede talvez com o chouponegro, que se aclimata à
beira de água, atingindo cerca de 30 m de altura, projecta os primeiros
ramos para baixo e abre a ramagem para poder captar bastante luz. Planta
dióica, pelo que existem pés masculinos e femininos, pode viver 300
anos. A sua utilização remonta à Antiguidade; a casca dos ramos jovens,
pulverizada e misturada com a do carvalho e a do salgueirobranco,
constitui um excelente febrífugo, sendo, porém, as suas gemas, colhidas
antes do desabrochar, no início dh Primavera, que têm maior número de
aplicações. A madeira, da qual se obtém um carvão vegetal, é também
utilizada na indústria de marcenaria e no fabrico de papel, nas
indústrias de fabricação de celulose e de fósforos. O chouponegro é,
porém, uma árvore frágil, exposta a enfermidades provocadas pelo visco,
por diversos cogumelos e por certos insectos que escavam galerias no
interior do tronco e
nos ramos. Habitat: Europa, planícies, solos húmidos; encontrase, quer
espontâneo, quer cultivado, em quase todo o País; até 1800 m.
Identificação: de 20 a 30 m de altura. Árvore; tronco grosso, ramagem
esguia, irregular e aberta, casca gretada longitudinalmente, ge mas
ovóides, curvas, com escamas viscosas e glabras; folhas alternas,
pecioladas, glabras, brilhantes, mais claras na página inferior,
delicadamente crenadas e limbo triangular; amentilhos (MarçoAbril),
dióicos, pendentes, tendo os masculinos estames vermelhos, 1 bráctea, e
os femininos esverdeados, 1 bráctea; cápsuIa com 2 valvas, pequenas
sementes com finos pêlos brancos. Cheiro baisâmico; sabor agridoce.
Partes utilizadas: gemas (MarçoAbril), casca dos ramos com 2 ou 3 anos;
secagem ao sol sobre caniços ou num local arejado.
O Componentes: heterósidos, tanino, cera, óleo essencial, derivados
flavónicos O Propriedades: antiséptico, digestivo, diurético,
expectorante, febrífugo, sudorífico, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + V
O Ver: bronquite, cabelo, dentes, fadiga, febre, greta, intoxicação,
meteorismo, nevralgia, reumatismo, urina.
121
Cincoemrama
Potentilla reptans L. Potentila, quinquefólio
Bras.: cincofolhas
Rosáceas
A pentaphy11on dos discípulos de Hipócrates e de Dioscórides era, sem
dúvida, o vivaz cincoernrama; esta erva daninha, inva
sora e persistente, cobre os taludes e os canteiros mal protegidos com a
teia consolidada dos seus caules vermelhos. Muito vulgar, encontrase em
toda a Europa, tendo prati
ente colonizado o Mundo. Esta planta é considerada pelos botânicos do
tipo 5, ou seja o calículo tem 5 divisões mais compridas que as 5
sépalas do cálice e a corola é constituída por 5 pétalas amareloclaras.
As folhas são também recortadas em 5 folíolos ovais e alongados. As
flores persistem durante todo o Verão, por vezes até ao Outono, e
pressagiam a chuva abrindo as pétalas.
Os fitoterapeutas utilizam sobretudo a raiz da planta, que pode ser
colhida em qualquer estação do ano e utilizada fresca ou seca,
indiscriminadamente para uso interno ou externo. É um excelente remédio,
dotado de propriedades adstringentes, podendo ser
associado à bistorta ou ao cardosanto. A raiz, pulverizada e misturada
com a gema de um ovo fresco até adquirir a consistência de
uma massa e seguidamente aplicada sobre um panarício, pode obstar ao seu
desenvolvimento.
0 Não preparar ou conservar em recipientes de ferro. Habitat: Europa,
solos ricos; pode encontrarse de norte a sul de Portugal, nos prados,
locais húmidos e margens dos rios; até 1700 m. Identificação: até 1 m de
altura. Vivaz, caule prostrado, radicante, delgado, viloso, por vezes
avermelhado; folhas longamente pecioladas, com 5 folíolos ovados ou
lanceolados, ligeiramente vilosos, serrados, estipulas inteiras ou com 2
dentes; flores amareloclaras (JunhoOutubro), solitárias, pedunculadas,
grandes, cálice com 5 sépalas, calículos com 5 grandes
lóbulos, 5 grandes pétalas cordiformes, numerosos estames, numerosos
carpelos uniovulados; rizoma lenhoso, prostrado, castanhoescuro,
radicante nos nós; raiz avermelhada em corte. Sabor azedo e
acistringente. Partes utilizadas: rizoma, raiz (Outono); secagem à
sombra.
0 Componentes: tanino, álcool (tormentol), glúcidos 0 Propriedades:
adstringente, depurativo, febrífugo. U. L, LI. E. 0 Ver: afta, diarreia,
febre, ferida, panarício.
Cinoglossa
Cy,noglossum officinale L.
Línguadecão
Borragináceas
Todas as cinoglossas possuem folhas moles, macias e compridas, às quais
devem o nome de género; efectivamente, Cynoglossum deriva das palavras
gregas kuón, cão, e glótta, língua. A cinoglossa distinguese das
espécies afins pelas suas cimeiras de flores cor de borras de vinho e
pelos seus frutos unilaterais providos de espinhos recurvados. É uma
planta bienal muito pouco comum e
mesmo rara em alguns locais; cresce nos entulhos, baldios e
frequentemente próximo das tocas dos coelhos e das raposas, que não se
interessam por ela, embora não pareça ser
tóxica para eles.
A cinoglossa era conhecida na Antiguidade; no século xvi, Ambroise Paré
utilizavaa já como sedativo sob a forma de pílulas cuja utilização
desafiou o tempo, pois contêm, além da cinoglossa, ópio, meimendro
negro, açafrão, incenso e mirra.
Actualmente, a planta é vulgarmente utilizada para uso externo, devido
às suas propriedades adstringentes, calmantes e emolientes. A raiz é
utilizada fresca ou seca, e as folhas recentemente colhidas servem para
preparar uma cataplasma que acalma as dores de queimaduras e de cieiro.
Habitat: Europa, excepto no litoral mediterrânico; Centro e Sul de
Portugal, terrenos incultos e cultivados, margens dos campos e caminhos,
terrenos calcários, baldios, muros; até 2000 m. Identificação: de O,30 a
O,80 m de altura. Bienal, caule vigoroso, piloso, verde, ramificado na
parte superior; folhas cinzentoesverdeadas, compridas, macias, pilosas,
sendo as inferiores ovais, grandes, pecioladas, com nervuras secundárias
distintas, e as superiores lanceoladas, semiamplexicaules; flores
vermelhas cor de vinho (MaioJulho), em cimeira espiralada, pedicelos
curtos, cálice piloso com 5 divisões iguais, corola com tubo curto de 5
lóbulos; tetraquénio coberto de espinhos curtos e recurvados; raiz
preta, alongada e dura. Cheiro viroso; sabor fraco e depois amargo.
Partes utilizadas: raiz (Outono do segundo ano), folhas frescas; secagem
rápida, conservação em frascos de vidro hermeticamente fechados.
O Componentes: 2 alcalóides, mucilagem, resina, tanino, óleo essencial O
Propriedades: adstringente, calmante, emoliente. U. L, LI. E. + Ver:
boca, diarréia, greta, prurido, queimadura.
Cocleária
CochIearia officinalis L. Cocleáriamaior, cocleáriaoficinal, ervadas
colheres
Crucíferas
Ao observar as folhas inferiores da cocleária, os botânicos do século
Xvi estabeleceram o seu nome científico a partir da palavra latina
cochIear, colher. Supõese que a planta não foi utilizada antes dessa
época, não sendo possivelmente conhecida. E, no entanto, uma crucífera
bastante difundida nas costas europeias e nas margens dos regatos de
montanha, escondida no fundo dos ro
chedos, onde, a partir de Março, se cobre de flores brancas, apesar dos
aguaceiros e das rajadas de vento frio. Conhecemse e utilizamse várias
espécies, que apenas se distinguem por pequeníssimas características
botãnicas. Os fitoterapeutas utilizam as partes aéreas da cocleária,
sendo necessário colher diariamente a quantidade necessária, pois só
devem ser consumidas frescas. 0 processo mais simples é mastigar todas
as
manhãs uma folha de cocleária; também pode ser preparada em saladas,
temperada com sumo de limão. A planta pode causar
surpresas, pois, quando amachucada, exala um cheiro intenso que provoca
lágrimas e espirros.
Habitat: Europa Ocidental, costas rochosas do Atlântico e da Mancha,
margens dos cursos de água de montanha, Pirenéus; até 1800 m.
Identificação: de 0,10 a 0,25 m de altura. Bienal, caule erecto, glabro,
ramoso; folhas verdeescuras, carnudas, lisas, brilhantes, sendo as
inferiores cordiformes, extensamente pecioladas, as da base em roseta e
as superiores amplexicaules, com lóbulos irregulares; flores brancas ou
corderosa (MarçoAgosto), em cachos terminais curtos, 4 sépalas
verdes, 4 pétalas em cruz, 6 estames, ovário globoso; silícula ovóide,
quase esférica; raiz fina. Cheiro
irritante; sabor ardente, picante e acre. Partes utilizadas: planta
inteira fresca (MarçoAgosto).
0 Componentes: iodo, sais minerais, tanino, vitamina C, heterósido
sulfurado 0 Propriedades: antiescorbútico, depurativo, detersivo,
estomáquico, eupéptico, rubificante. U. L, U. E. + Ver: boca, dentes,
digestão, escorbuto, úlcera cutânea.
124
Codessobastardo
Laburnum anagyroides Med. Codessodosalpes, laburno, falsoébano
Leguminosas
Os queijos outrora fabricados com o leite das cabras da ilha grega de
Kithnos eram famosos pelo seu aroma e pela delicadeza do seu sabor,
devidos, segundo se afirmava, aos codessos que abundavam na ilha. Se bem
que não haja a certeza de que o codesso celebrizado pelos Antigos
corresponda ao actual codessodosalpes, as cabras e os carneiros são
sempre atraídos por ele, enquanto para outros animais, como os cavalos,
que não o apreciam, é um veneno; a casca, as flores e as sementes são
também perigosas para o homem. É necessário tomar precauções, pois o
codesso, além de não ser raro na forma espontânea, é frequentemente
cultivado nos jardins pela sua beleza e o seu perfume. As crianças,
naturalmente destituídas do saber instintivo dos animais, confundem por
vezes um ramo caído com um pau de alcaçuz; os adultos, por falta de
atenção, não distinguem as suas flores depois de caídas das da
giesteiradasvassouras. Apenas as folhas secas são utilizadas em
fitoterapia, embora com prudência, devido à sua acção sobre a vesícula
biliar. Os médicos homeopatas receitam ainda o codesso para certos
estados depressivos, sob a forma de uma tintura preparada a partir das
flores e folhas frescas.
O Deve utilizarse com prudência; toda a planta é venenosa, nomeadamente
as sementes, a casca e a raiz. Habitat: Europa Central e Meridional,
solos calcários; até 2000 m. Identificação: de 3 a 10 m de altura.
Arbusto; casca lisa, cinzentoesverdeada, lenho claro, tornandose
acastanhado com o tempo; ramos pendentes; folhas alternas com 3 folíolos
peciolados, ovais, pontiagudos, verdeescuros na página superior, verde
glaucos e pilosos na inferior; flores amarelodouradas (AbrilJunho), em
cachos multifioros pendentes, cálice campanulado e com 5 dentes
desiguais, corola papilionácea com estandarte levantado, 2 pétalas
inferiores soldadas, curvadas em bico, 2 pétalas laterais compridas, 10
estames soldados pela base do filete; vagem castanha (5 a 6 cm), com a
margem superior espessada contendo entre
2 e 7 sementes castanhoescuras. Cheiro suave; sabor adocicado. Partes
utilizadas: folhas secas da árvore adulta.
O Componentes: alcalóides, sais minerais O Propriedades: colagogo,
purgativo. U. 1. + Ver: vesícula biliar.
125
Coffitea
Colutea arborescens L.
Espantalobos, senebastardo, falsosene
Bras.: cliantos
Leguminosas
Quando se evocam recordações da infância, não deixará de pensarse no
estalido entre os dedos produzido pelas vagens ventrudas e
cheias de ar do espantalobos. Entre as espécies de Colutea, é a
arborescens, como indica o nome, a que atinge maior altura, 45 m.
Nos meios rurais, a sua madeira é utilizada para fabricar cabos de
ferramentas. A colútea é um belo arbusto muito decorativo devido às suas
flores amarelas, às suas vagens, que ao amadurecer passam da cor verde
para o avermelhado, e às suas folhas compostas. Prefere os solos
calcários expostos ao sol e cresce espontaneamente na Europa Central e
Meridional.
A colútea não é mencionada nem na Antiguidade nem na Idade Média. Só em
1554 o botânico Mattioli chama a atenção pela primeira vez para as suas
virtudes. E difícil aproveitar os benefícios desta planta, pois as
tisanas de folhas e sementes são difíceis de beber devido ao seu cheiro
nauseabundo e sabor amargo. Para evitar este inconveniente, os médicos
receitam o extracto da planta ou o pó da semente misturado com mel. A
sua acção é relativamente fraca, pelo que pode ser facilmente
substituída por outras plantas.
O Ingerir as sementes unicamente por receita médica. Habitat: Europa
Central e Meridional; em Portugal, nos terrenos áridos, encostas
calcarias, bosques expostos ao sol do Sul, proximidade de jardins e
parques; pode encontrarse espontânea ou como planta ornamental; até
1500 m.
Identificação: de 1 a 5 m de altura. Arbusto; caule erecto; folhas
imparipinuladas, baças, estipuladas; flores amarelas (MaioJulho), em
cachos, de 2 a 6 na extremidade de um pedúnculo comum, cálice curto com
5 dentes desiguais; vagem vesiculosa; quando amadurece,
enchese de ar contendo 2% de dióxido de carbono, pequenas sementes
lisas. Cheiro nauseabundo; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas,
sementes (só com receita médica).
O Componentes: tanino, óleo essencial, ácido coluteico, sais minerais,
vitamina C O Propriedades: laxativo. U. 1. Ver: obstipação.
126
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Conchelos
Umbilicus rupestris (Salisbury) Dandy Sombreirinhodostelhados, umbigo
devénus, orelha de monge, chapéudostelhados, cauxilhos,
coucelos
Crassuláceas
Esta curiosa planta cresce em paredes velhas e em escarpas siliciosas e
ensolaradas, onde pode constituir povoamentos bastante densos. O nome de
Umbilicus, ou umbigodevénus, advémlhe do aspecto singular das folhas,
que partem todas da base e cujo pecíolo se prende ao limbo pelo centro
da face inferior. A folha apresentase encovada e
em forma de cratera, assemelhandose a um
umbigo. O caule, erecto, é guarnecido em
quase todo o seu comprimento por flores e botões pendentes formando
longos cachos branco amarelados; as flores, antes de desabrocharem, sã
o horizontais; terminada a antese, ficam pendentes. A planta perpetuase
mais pelos rebentos da raiz engrossada em tubérculo do que pelas
sementes. Já utilizados como diurético, os conchelos revelaramse no
século xix, segundo os autores da época, eficazes para certos casos de
epilepsia rebeldes a outros tratamentos. Actualmente, a planta só é
indicada para uso externo em feridas.
Habitat: Europa Meridional, GrãBretanha, paredes velhas, escarpas
abruptas, fendas de rochas; muito vulgar em Portugal, nos muros,
telhados e cascas de árvores; até 500 m. Identificação: de O,15 a O,50 m
de altura. Vivaz, planta suculenta, escapo floral praticamente sem
folhas; folhas carnudas na base e extensamente pecioladas, peltadas,
redondas, deprimidas, formando uma cratera central; flores branco
brilhantes ou avermelhadas (MaioJulho), pendentes, peclúnculo curto, em
longa espiga terminal, corola em tubo alongado com
5 dentes e 10 estames; toiça espessa, em tubérculo, perpetuando a planta
através dos rebentos. Inodoro. Partes utilizadas: folhas frescas, suco.
O Componentes: sais minerais (sobretudo de cálcio, de potássio e de
silício), ferro, tanino, trimetilamina O Propriedades: detersivo,
emoliente, resolutivo. U. E. Ver: calosidade, ferida, úlcera cutânea.
Consoldamaior
Symphytum officinale L. Grande consolda, con sólida maior, orelhasde
asno
Bras.: consól ida maior, línguadevaca
Borragináceas
Os caules vilosos e angulosos da consoldaMaior erguemse à beira das
valas, dos ribeiros, próximo dos pântanos e nos solos alagados.
O nome que lhe foi atribuído, Symphytum, deriva do grego symphuô, eu
reúno, e alude à propriedade de consolidar e soldar os ossos fracturados
e os bordos das feridas, o que celebrizou a planta 20 séculos antes de
Cristo. No entanto, só no século XX dois médicos ingleses, A. W.
Thitherley e N, G. S. Coppin, procederam à sua análise, detectando no
rizoma da consoldamaior a presença de alantoína, substância utilizada
em dermatologia devido às suas propriedades cicatrizantes. O rizoma, que
contém uma mucila gem viscosa com propriedades emolientes, utilizase
fresco, em cataplasma feita com a polpa, ou seco, em compressa para
acalmar as dores das queimaduras e acelerar a cicatrização das feridas.
Arrancados o rizoma e raiz, lavar, raspar, reduzir a fragmentos, secar
rapidamente ao sol e conservar em caixas bem fechadas.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, solos húmidos;
relvados e locais húmidos do Minho; até 1500 m. Identificação: de O,30 a
O,80 m de altura. Vivaz, caule robusto, erecto, quadrangular, ramoso;
folhas ovais, longamente decorrentes, espessas, guarnecidas de pêlos
ásperos, sendo as basais maiores; flores violáceas, rosadas ou
amareladas (MaioJulho), reunidas em cimeiras espiraladas e pendentes,
corola campanulada com 5 dentes curtos, cálice com 5 sépalas
lanceoladas; tetraquénio duro, brilhante, rodeado pelo cálice
persistente; toiça grossa, carnuda, preta à superfície, branca e viscosa
em corte. Inodora, sabor adocicado, muito levemente acistringente.
Partes utilizadas: rizoma e raiz (Primavera ou Outono), fresca ou seca.
O Componentes: tanino, mucilagem, óleo essencial, alantoína, glúcidos,
alcalóide O Propriedades: acistringente, béquico, cicatrizante,
emoliente, suavizante. U. L, U. E. + O Ver: anginas, dermatose,
diarreia, entorse, estômago, greta, pele, psoríase, queimadura, úlcera
cutânea.
Consoldareal
Consolida regalis S. F. Gray Consólidareal, esporadosjardins,
papagaíto
Bras.: ervadocardeal, consólida
Ranunculáceas
Considerada pelos agricultores como uma erva daninha, a consoldareal é
uma planta espontânea com um comprido esporão floral erecto, rica em
néctar, originária da Ásia Menor, cuja variedade aperfeiçoada, a espora
dosjardins, é cultivada como planta ornamental.
Nas regiões mediterrânicas, existe no estado espontâneo o paparraz,
Delphinium staphisagria L., planta perigosa e extremamente tóxica. A
consoldareal foi outrora
utilizada como diurético e vermífugo; porém, a presença de alcalóides
tornaa tóxica,
pelo que a fitoterapia clássica não a adoptou para uso interno; em
homeopatia utilizase com uma certa prudência. As sementes e as
flores são ainda utilizadas como antiparasitários em uso externo. Esta
consoldareal era
usada nas intervenções cirúrgicas de outrora, pois era considerada
imprescindível para consolidar as fracturas e sarar as chagas; perdido o
hábito desta prática, a planta foi completamente abandonada, pois a sua
toxicidade é elevada.
G Uso interno exclusivamente por indicação médica. Habitat: pouco
frequente nas searas e campos d do Alentejo e do Algarve, mas muito
cultivada nos jardins com fins ornamentais; até 1400 rn oUSo’n’ernoex cu
sivament’ mé dca Hab@tat poucofrequen te nass oAi enteloed’AIg arve,mas
nos1ardnscomf,ns ornament’
a o 6 Identificação: de O,10 a O,60 m de altura. Anual, caule erecto,
frágil, praticamente glabro e ramificado; folhas divididas em longas
lacínias estreitas, brácteas simples e curtas; flores azuis (ju nho
Outubro), longamente pedunculadas, agrupadas de 6 a 10 em cacho terminal
frouxo, 5 sépalas ovais e petalóides, corola com 4 pétalas soldadas e
prolongadas Por um
esporão (2 cm); folículo glabro, simples, sementes pretas, enrugadas e
escamosas; raiz
sera’z
aprumada. Inociora; sabor acre e amargo. Partes utilizadas: flores,
planta florida, sementes (JunhoAgosto). ^ @i;@
o Componentes: heterósidos, matéria gorda, alcalóides O Propriedades:
antiinflamatório, parasiticida. U. L, U. E. + Ver: ftiríase, olhos,
sarna, urina.
Cornichão
Lotus corniculatus L.
Loto
Leguminosas
É uma das ervas mais vulgares nos nossos prados e uma das mais bonitas
devido à sua simplicidade. As folhas são trifoliadas como
do trevo; as flores estão em verticilos amarelo alaranj ados; os
frutos, em forma de vagem, terminam por um pequeno bico; este pormenor é
confirmado pelo seu nome latino: corni.culatus deriva do latim cornu,
corno, ou chifre.
H. Leclerc descobriu por acaso as propriedades antiespas módicas do
cornichão: aconselhou a uma camponesa que sofria de conjuntivite e
simultaneamente de perturbações nervosas com insônias e palpitações o
tratamento dos olhos com uma loção de meliloto. A doente, distraída,
colheu o cornichão e fez uma tisana. Passados oito dias, tanto as
perturbações nervosas como as insónias tinham desaparecido. Neste caso,
foi um engano útil. 0 cornichão constitui uma óptima forragem e é muito
alimentício, sendo frequentemente incluído nas misturas semeadas nos
prados. É uma planta melífera quando cresce nas grandes altitudes; nas
planícies só excepcionalmente é procurada pelas abelhas.
/Z
>Q4
N@’
Habitat: Europa, terrenos cultivados, campos, bosques abertos, taludes,
penhascos; em quase todo o território português, nos relvados, lameiros,
locais arenosos ou pedregosos, pinhais; até 3000 m. Identificação: de
0,15 a 0,30 m de altura. Vivaz, caule ligeiramente prostrado ou
ascendente, maciço, glabro, pouco ramoso; folhas trifoliadas, pecíolo
curto, 2 grandes estípulas; flores amareloalaranjadas, por vezes
manchadas de pú rpura (MaioAgosto), de 3 a 6 em umbeIas mais ou menos
pedunculadas; vagem alongada, terminada por um pequeno chifre;
abrese e enrolase em espiral quando está madura. Partes utilizadas:
flores (MaioAgosto).
0 Componentes: substâncias cianogenéticas, flavonóides 0 Propriedades:
antiespas módico, sedativo. U. I., U. E. + Ver: angústia, depressão,
nervosismo, palpitações, sono.
Drias
Drias <)<,topeiala L.
Rosáceas
A Dryas octopetala L. forma no Verão, na maioria das montanhas
europeias, sobretudo nos Alpes, vastos tapetes brancos sobre a erva
rasteira e os rochedos. É uma pequeníssima planta com raiz grossa e
fibrosa, caules prostrados no solo, muito resistentes às baixas
temperaturas, pois encontrase desde as tundras boreais até às costas do
Árctico. Em
determinadas regiões tem uma duração de vida superior a 100 anos. As
folhas verdes, coriáceas e dentadas, assemelhamse às dos carvalhos; as
flores, se bem que muito diferentes, podem, vistas de longe, confundir
se com as das anémonas; os frutos, que não se
abrem, são formados por numerosos carpelos, cada um deles encimado por
um penacho branco e sedoso. As aldeias alcandoradas das montanhas de
onde os primitivos apanhadores de plantas, nos meados do século XVI,
trouxeram a drias legaramnos ainda a utilização medicinal das suas
folhas.
Estas são adstringentes e tónicas, e servem para preparar uma infusão
denominada chá
suíço, com efeito benéfico nas cólicas.
Habitat: nas zonas elevadas, nos Alpes e Apeninos. Tem uma certa
preferência pelos solos calcários a mais de 1200 m. ldentific@ção: de
O,05 a O,15 nn de altura. Vivaz, caule prostrado, trepador, @enhoso,
ramifi~ cado, folhas pecioladas, verdes na página superior, brancas e
tomentosas na inferior, coriáceas, obiongas (de 2 a 3 cm), arredondadas
na
base, regularmente crenadas, com estipulas soldadas no peciolo, flores
brancas (JunhoAgosto), grandes (de 2 a 4 cm), solitárias no
vértice de compridos peclúnculos vilosos, cálice com 7 a 9 lóbulos,
corola com 7 a 9 pétalas
ovais, numerosos estames, estiletes compridos, ovário livre; fruto seco,
composto Por numerosos carpelos, indeiscentes, terminado em aristas
plumosas, reunidas em feixes num mesmo receptáculo; raiz grossa e
fibrosa. Inodora, sabor acIstringente. Partes utilizadas: folhas (junho
Agosto) o componentes: tanino, sais minerais O Propriedades:
acistringente, digestivo, tónico U. L, U. E. Ver: afta, apetite,
diarreia.
Dulcamara
Solanum dulcamara L.
Doceamarga, uvadecão, erva mouradetrepa, vinhadaíndia, vinhada
judeia, videdajudeia
Solanáceas
É natural que muitas pessoas tenham experimentado, pelo menos uma vez na
vida, mastigar um caule de dulcamara para sentir o seu inicial sabor
adocicado, rapidamente substituído por um gosto amargo. A planta é
lenhosa e trepadora. Apenas os ramos do ano são herbáceos. A dulcamara
reconhecese pelas suas flores cor de violeta em forma de estrela com um
centro amarelo e pelas bagas verdes, que se tornam vermelhas depois de
maduras. Além da sua utilização como laxativo, vivamente recomendado
desde a Antiguidade, as bagas eram muito apreciadas na Idade Média como
produto de beleza; actualmente, porém, não são utilizadas, se bem que a
sua toxicidade não esteja claramente definida. Os ramos jovens e as
folhas secas há menos de um ano são vulgarmente utilizados. Devido aos
alcalóides que contém, a planta pode tornarse perigosa, sendo de toda a
conveniência não exceder as doses indicadas. Mantidas as devidas
precauções, a dulcamara é um dos mais úteis remédios, eficaz sobretudo
como depurativo.
G Não utilizar as bagas. Habitat: Europa, sebes, margens dos ribeiros,
muros velhos; disseminada por quase todo o território português; até
1700 m. Identificação: de 1 a 3 m de altura. Subarbusto; caule lenhoso,
trepador, sem gavinhas, enrolandose nos seus próprios suportes, folhas
da base pecioladas, possuindo as superiores aurículas estipuliformes;
flores violáceas (JunhoSetembro) em cimeira irregular, longamente
pedunculadas, cálice com 5 dentes curtos, 5 pétalas maculadas em forma
de estreia, estames com anteras amarelas soldadas: baga
ovóide, brilhan te, verde e mais tarde vermelha. Sabor doce e
seguidamente amargo. Partes utilizadas: suco fresco, casca dos ramos
jovens, folhas secas (Primavera e Outono); secagem ao sol.
0 Componentes: glúcidos, glucoalcalóides, saponósidos 0 Propriedades:
antigalactagogo, depurativo, diurético, laxativo, sudorífico. Li. I., J.
E. + V Ver: abcesso, acne, albuminúria, artrite, cura de Primavera,
dartro, herpes, lactação, sarda.
Ébulo
Sambucus ebulus L.
Engos, sabugueirinho, ervadesãocristóvão
Bras.: sabugueiro
Caprifoliáceas
Existem na flora europeia três sabugueiros bastante diferentes, pois
dois deles são árvores. O ébulo, se bem que vivaz, não é mais do que uma
planta herbácea alta; cresce na orla dos bosques, nos campos de solo
fértil. Com efeito, quando da aquisição de um terreno, a presença do
ébulo, denunciando a
excelência do solo, é tida tradicionalmente como indício de boa compra.
O cheiro das folhas esmagadas do ébulo é intenso e nauseabundo, e o das
grandes umbelas de flores brancas ou rosadas assemelhase ao da amendoa
amarga. Em Setembro, a planta cobrese de bagas pretas matizadas de cor
de púrpura, repletas de um suco vermelhoescuro do qual se pode extrair
um corante conhecido desde a Antiguidade e citado por Virgílio como
sendo utilizado na pintura do rosto do deus Pá. É necessário ter atenção
e
não confundir as bagas do ébulo, extremamente nocivas, com as do
sabugueironegro. Toda a planta é tóxica quando ingerida em doses
elevadas ou tomada sistematicamente *I a posologia deve ser
integralmente respeitada.
O Não consumir os frutos, respeitar as doses e a duração dos
tratamentos. Habitat: Europa, solos argilocalcários, frescos e húmidos;
até 1400 m. Identificação: de O,50 a 2 m de altura. Vivaz, caule
herbáceo, simples, rígido, sulcado, medula branca; folhas verdeescuras,
opostas, grandes, com 7 a 11 folíolos lanceolados e serrados >flores
brancas ou rosadas (JunhoAgosto), pequenas, em grandes corimbos, com 5
sépalas curtas, 5 pétalas abertas, 5 estames com anteras cor de violeta,
ultrapassando as pétalas; baga preta, globosa, brilhante, com
suco corante, contendo 3 sementes; rizoma fibroso, rastejante, branco,
extremamente invasor. Cheiro nauseabundo (toda a planta) a
amêndoa amarga (flores), sabor amargo. Partes utilizadas: raiz ou a
casca desta fresca ou seca, flores (JunhoAgosto) e folhas secas.
O Componentes: óleo essencial, glúcidos, ácidos, tanino, enzimas,
pigmentos antociânicos
O Propriedades: cicatrizante, purgativo, resolutivo, sudorífico. U. I.,
U. E. + Ver: contusão, edema, entorse, obstipação, olhos, rim, tosse.
133
Éfedra
Ephedra dista< h.va L. Bras.: morangodocampo, cipódaareia
Efedráceas
Planta frágil, de aspecto singular e articulado, a éfedra, que se
assemelha a uma pequena giesteira, prefere as dunas secas e os rochedos
dos litorais atlântico e mediterrânico. Os amentilhos deste arbusto
dióico não resinoso são amareloesverdeados e opostos dois a dois; os
masculinos agrupam vários pares de flores, enquanto os femininos,
compostos apenas por duas flores, se transformam no mês de Agosto em
frutos vermelhos e globosos. Estas características confe~ riramlhe o
nome de espécie, distachya, que deriva do latim dis, duas vezes, e
sta'chys, espiga. Em cada uma das suas articulações, o caule é rodeado
por duas pequenas escamas opostas: são as folhas.
Existem em todo o Mundo várias espécies de éfedras, entre as quais a
Ephedra, sinica, a célebre Ma Houang, droga utilizada pelos Chineses
desde há milhares de anos para acalmar os ataques de asma e designada
por efedrina.
Esta espécie exótica, importada para a Europa no século xVIII, satisfaz
actualmente a maioria das necessidades da indústria farmacêutica. A
efedrina natural, extraída dos seus ramos, é frequentemente utilizada em
medicina devido à sua acção, comparável à da adrenalina.
Habitat: lugares secos, areias do litoral mediterrânico e atlântico; em
Portugal, em zonas litorais do Baixo Alentejo e Algarve, encon~ trase a
Ephedra fragilis Desf., conhecida vulgarmente por cornicabra, ou
gestrela. Identificação: de O,40 a 1 m de altura. Arbusto: caule
prostrado, ascendente; ramos verdeglaucos, opostos ou fasciculados,
constituídos por artículos rígidos de 2 a 4 cm e estriados; folhas
transformadas em 2 pequenas escamas opostas, situadas na articulação dos
ramos; flores amarelo esverd eadas (MaioJunho), sem cálice nem corola,
mas com escamas florais
arredondadas, aglomeradas em amentilhos pedunculados, sendo o amentilho
masculino ovóide com 4 a 8 pares de flores e o amentilho feminino com 1
par de flores envolvido por escamas imbricadas; fruto carnudo e
vermelhovinoso, pseuclodrupa globosa que envolve uma semente nua. Sabor
ligeiramente ácido e aromático. Partes utilizadas: ramos.
O Componentes: efedrina, vitamina C O Propriedades: antiespasmódico,
eupneico. U. I., LI. E. + Ver: asma, urticária.
134
Endro
Anethum graveolens L.
Aneto, funchobastardo
Umbelíferas
Originário da Ásia Menor, aclimatado e
cultivado em todo o Sul da Europa, o endro evadiuse rapidamente das
culturas para se disseminar e reproduzir. Prefere os solos áridos e
soalheiros, as searas e bermas dos caminhos. É uma planta anual, muito
aromática, cujo perfume se assemelha ao do funcho, com o qual é muitas
vezes confundido. O endro floresce no Verão, sendo o seu néctar muito
procurado pelas abelhas.
Conhecido desde a mais remota antiguidade, o endro figura na maioria dos
textos antigos e até no Evangelho segundo S. Mateus, onde se refere que
durante o século 1 estava sujeito a um imposto, tal como o cominho e as
mentas. Das suas sementes extraise um óleo essencial já conhecido pelos
gladiadores romanos, que com ele friccionavam os membros antes dos
combates. Actualmente, para além das suas aplicações medicinais,
semelhantes às do anis e do funcho, as sementes do endro são utilizadas
como condimento nas choucroutes e nas marinadas; também servem para
temperar os pickles em Inglaterra.
Habitat: Europa Meridional, pouco frequente em Portugal, surgindo em
algumas regiões a sul do Tejo, terrenos baldios, secos, searas; até 600
m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Anual, caule verdeescuro,
delgado, estriado e oco; folhas pecioladas, invaginando o caule, as
superiores com bainha curta, divididas em lacínias filiformes; flores
amarelas (AbrilJulho), em umbelas com 15 a 30 raios desiguais,
5 pétalas inteiras com a ponta curvada para o lado de dentro; diaquénio
com 5 costelas de cada lado, 3 dorsais salientes e 2 marginais
mais claras em forma de asas, raiz delgada, aprumada e esbranquiçada:
cheiro intenso, semelhante ao do funcho; sabor aromático e picante.
Partes utilizadas: sementes (Setembro); secagem à sombra.
O Componentes: óleo essencial, matérias azotadas, mucilagem, resina,
tanino O Propriedades: antiespasmódico, carminativo, estomáquico,
resolutivo. U. 1. + o Ver: aerofagia, lactação, meteorismo, soluço,
vómito.
Énulacampana
Inula helenium L.
Inulacampana Bras.: inula, inulina
Compostas
A énulacampana tem um passado maravilhoso. Teofrasto, Dioscórides e
Plínio na Antiguidade, Alberto, o Grande, e Santa Hildegarda na Idade
Média e Mattioli no Renascimento enalteceram os seus méritos, e a sua
fama mantevese até à actualidade. Apenas a raiz é verdadeiramente
activa. Depois de colhida, é cortada em pedaços e seca ao sol. Outrora,
na Alemanha, possibilitava o fabrico de um vinho de énula, também
chamado *potio Paulina+, em memória da recomendação de S. Paulo a Timóteo
para beber um pouco de vinho a fim de curar a debilidade do seu
estômago. Na Alsácia, o reps é ainda hoje obtido pela maceração da raiz
de énulacampana em mosto.
O helenium deriva de helenion, nome grego da planta, que, por sua vez,
parece derivar de Elené; segundo a lenda, a planta nascera das lágrimas
de Helena, mulher de Menelau, causa da Guerra de Tróia.
A énulacampana é uma planta grande, outrora cultivada devido à sua raiz
medicinal; abandonou, porém, as antigas plantações, encontrandose
actualmente muito difundida, embora desigualmente distribuída.
Habitat: Europa, desigualmente distribuída, evadida das culturas
antigas, valas, sebes; cultivada em Portugal como planta ornamental; até
800 m. Identificação: de 1 a 2 m de altura. Vivaz, caule robusto,
erecto; folhas dentadas, espessas, esbranquiçadas na página inferior,
sendo as caulinares sésseis, invaginantes, as da base muito grandes,
pecioladas; flores amarelas (Maio Setembro), em grandes capítulos,
invólucro com brácteas desiguais, lígulas compridas e numerosas; aquénio
castanho, com papilho simples, avermelhado; raizes grossas. Partes
utilizadas: raiz.
O Componentes: inulina, matérias pécticas e resinosas O Propriedades:
antiespasmódico, béquico, colerético, sedativo, tónico, vermífugo. LI.
L, U. E. + O Ver: apetite, bronquite, dartro, estômago, tosse, ureia,
vómito.
136
EpilÓbio
Epilobium angustiplium L.
Onagráceas
O epilóbio é uma planta histórica, pois em
1793 possibilitou ao botânico alemão Christian Conrad Sprengel enunciar
a teoria da polinização das plantas pelos insectos, retomada por Darwin
no século XIX. Nas regiões com clima temperado, existem cerca de 20
espécies de Epilobium, além de numerosos híbridos. Todas dão flores de
um corderosa intenso ou vermelho, ricas em néctar, e possuem frutos
com 4 valvas, que ao abrirem libertam centenas de sementes leves
encimadas por plumas sedosas. Plantas vivazes de extrema beleza,
difundemse nas areias húmidas e nas ravinas das montanhas, cujo frescor
apreciam.
A medicina popular utiliza esta planta para lavagens da boca e
gargarejos, devido às suas propriedades adstringentes e tensoactivas.
Na Europa do Norte, os rebentos e a medula dos caules são utilizados em
culinária para saladas ou cozidos como legumes. Com as folhas e flores
secas preparamse infusões doces, extremamente salutares.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, taludes, solos
arenosos; até 2300 m. Identificação: de O,70 a 1,60 m de altura. Vivaz,
caule simples, avermelhado, rígido; folhas sésseis, extensamente
lanceoladas, inteiras, com nervuras salientes na face inferior; flores
corderosa intenso (JunhoOutubro), pendentes, em comprida espiga
terminal frouxa, cálice com 4 sépalas agudas, coradas, corola com
4 pétalas quase iguais, abertas num plano vertical, 8 estames e estilete
com 4 estigmas em cruz pendentes > cápsula comprida e estreita, com 4
valvas, que contêm várias centenas de
sementes providas de longos papilhos; toiça prostrada e longa. Sabor
adocicado (raiz). Partes utilizadas: raiz, flores, folhas secas.
O Componentes: tanino, pectina, mucilagem O Propriedades: acístringente,
emoliente, hemostático, vulnerário. U. I., U. E. Ver: afta, diarréia,
ferida.
Ervacoalheira
Galium verum L.
Ervadocoalho, coalhaleite, galião
Rubiáceas
No leito de ervas espontâneas em que descansou Maria, mãe de Jesus,
encontrouse, segundo uma lenda, um pé de ervacoalheira; deste facto
deriva um dos nomes da planta em língua inglesa, Lady's Bedstraw, palha
do leito de Nossa Senhora. À planta são ainda atribuídos muitos outros
nomes, geralmente ligados às suas propriedades: coalhaleite, porque
coagula o leite e também o sangue; cardoamarelo, devido aos seus cachos
erectos com flores douradas e aroma de mel. Planta vivaz, muito vistosa,
oscila ao
vento de Verão os finos caules floridos e os ramos de folhas estreitas e
brilhantes dispostas em estrela. Na Antiguidade, atribuíramse à erva
coalheira propriedades tintoriais; a raiz dava o vermelho, e as folhas,
um amareloalaranjado. As sumidades floridas conferem ao queijo de
Chester a sua apreciada cor e o seu sabor inimitável. Reabilitada no
século XIX, após um longo período de abandono, a planta foi utilizada
como remédio para as convulsões. Actualmente, reconhece se lhe menor
número de propriedades, porém mais eficazes; a ervacoalheira é
considerada acistringente e vulnerária para uso externo e
antiespasmódica e diurética para uso interno.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, bermas das estradas,
caminhos, campos, encostas; espontânea em Portugal, nos prados, campos,
sebes, muros, de TrásosMonlés ao Alentejo; até 2500 m. Identificação:
de O,20 a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, frágil, circular,
glabro e pouco ramificado; folhas estreitas, lineares, mucronadas, de 6
a 12 em verticilos estrelados, brilhantes na página superior,
pubescentes na inferior e com bordos enrolados; flores amarelas (Junho
Setembro), numerosas e pequenas, em panículas densas erectas nas
extremidades
superiores dos caules; fruto pequeno, liso, glabro; toiça grossa,
horizontal. Cheiro pouco intenso e agradável (a mel); sabor muito
particular, ácido. Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho
Setembro); secagem à sombra ou ao sol; a planta escurece rapidamente,
perde o cheiro e as propriedades, pelo que deve ser conservada apenas
algumas semanas.
O Componentes: ácidos, lípidos, vitamina C O Propriedades: adstringente,
anti espasmódico, colagogo, diurético, vulnerário. U. L, U. E. + Ver:
dartro, diurese, epilepsia, nervosismo.
Ervadesantabárbara
Barbarea vulgaris R. Br.
Ervadoscarpinteiros
Bras.: agriãodaterra
Crucíferas
Esta planta foi consagrada ao culto de Santa Bárbara, padroeira dos
artilheiros, dos mineiros e de todas as corporaçoes que se expõem aos
perigos da pólvora e do fogo. Efectivamente, as suas folhas curam muito
bem feridas, pelo que os carpinteiros antigos a utilizam frequentemente
em cataplasma.
É uma crucífera vivaz, com pequenas flores am arelo douradas que
desabrocham durante todo o Verão e se encontram em toda a
parte onde haja humidade e frescura. No Outono, a ervadesantabárbara
mantémse verde, mesmo sob as primeiras neves, e até pelo menos ao dia 4
de Dezembro, festa da santa sua padroeira. O sabor da planta assemelha
se ao do agrião, pelo que foi durante muito tempo cultivada nas hortas
com o nome de agriãodaterra. Deve ser utilizada
fresca, pois a secagem elimina a sua actividade. Com a ervadesanta
bárbara pode fazerse uma salada de gosto levemente amargo ou um caldo.
As suas folhas são consideradas medicinais, sobretudo devido ao seu
elevado teor de vitamina C. As sementes, esmagadas e maceradas em vinho
branco, produzem uma excelente bebida diurética.
Habitat: Europa; em Portugal, nos terrenos húmidos do Douro ao Mondego,
bermas dos caminhos pedregosos, margens arenosas, solos argilosos,
húmidos, azotados; até 1500 M.
Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. BieHab tat’Eu >0 humdos do >
camnho s p ed
1osarg,1os9s,
1dent fcaÇao
n a nal, polimorfa, caule verde, erecto, canelado, quase glabro,
folhoso; folhas lisas, brilhantes, oleosas, divididas em segmentos
desiguais, tendo as inferiores lóbulo terminal arredondado, as
superiores simples, fendidas, sésseis; flores amarelovivo (Abril
Junho), em cacho terminal bastante grande, sépalas erectas e caducas;
síliqua erecta, com 2 valvas contendo
cada uma 2 fileiras de sementes. Cheiro suave; sabor vagamente
semelhante ao do agrião. Partes utilizadas: folhas frescas, sementes;
quando seca, perde as suas propriedades.
O Componentes: vitamina C O Propriedades: aperitivo, detersivo,
vulnerário. U. L, U. E. Ver: escorbuto, ferida, gota, litíase, úlcera
cutân ea.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Ervadesãoroberto
Geranium robertianum L.
Ervaroberta, bicodegrou
Bras.: gerânio
Geraffiáceas
As plantas que habitualmente os jardineiros designam por gerânios
pertencem, na realidade, ao género botânico Pelargonium, que, tal como o
Geranium, se integra na família das Geraniáceas. O género Geranium, da
palavra grega geranos, grou, reúne na Europa cerca de 30 espécies cujas
flores se assemelham muito, formando no centro um fruto composto por 5
carpelos que sugerem o bico de um grou. A denominação robertianum é,
segundo algumas opiniões, uma adulteração de rupertianum, evocando o
nome de S. Roberto, bispo de Salzburgo no século vil, que teria
descoberto as propriedades hemostáticas desta erva avermelhada; segundo
outras, a origem da palavra deriva do latim ruber > vermelho. No
século Xii, fazia já parte dos remédios vegetais aconselhados pela
erudita Santa Hildegarda, abadessa do Mosteiro Beneditino de
Rupertsberg, próximo do Reno.
A ervadesãoroberto não sobrevive à floração, secando em seguida. As
suas folhas, de forma triangular e contorno profundamente recortado, não
devem confundirse com as da cicuta. A parte aérea da planta (Maio
Agosto), que tem cheiro intenso e acre e sabor amargo e adstringente, é
seca em molhos pendurados em local coberto e arejado.
Habitat: Europa, terrenos baldios, matas, muros; frequente em quase todo
o País; até 1800 m. Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Anual,
caule avermelhado, delgado, intumescido nos nós, sobretudo na base,
viloso, ramoso e em moitas; folhas verdeclaras, triangulares, palmadas,
com 3 a 5 segmentos lobados; flores cord e rosa maiva e violáceas
(AbrilSetembro), 2 por cada pedúnculo, 5 sépalas erectas, 5 pétalas
inteiras e estriadas, 10 estames com anteras alaranjadas, pistilo com 5
carpelos, 5 estigmas cor de púrpura na extremidade de uma arista; fruto
composto por 5 aquénios,
contendo cada um deles uma semente ejectada pela brusca divisão da
arista > raiz esbranquiçada, delgada e aprumada. Partes utilizadas:
parte aérea, fresca ou seca.
O Componentes: tanino, óleo essencial, resina, substância amarga,
vitamina C O Propriedades: acistringente, antiespasmódico, diurético,
hemostático, hipoglicemiante, tónico, vulnerário. U. L, U. E. + krJ
Ver: afta, anginas, boca, cancro, dartro, diabetes, diarréia, ferida,
hemorragia, nefrite, olhos, rouquidão, seio.
140
Ervadosescudos
LN,@iin,whia numinularia L.
Primuláceas
Para encontrar a ervadosescudos, é necessário procurála, pois todo o
comprido caule rastejante desta pequena planta permanece colado ao solo
e os pedúnculos florais não excedem 5 cm de altura. Cresce em locais
frescos e húmidos, frequentemente ao abrigo de ervas de maior altura.
Uma das suas particularidades botânicas consiste em que raramente produz
sementes, multiplicandose por meio de estolhos. O nome de LNIsimachia
advémlhe provavelmente de Lysimachos, médico da Antiguidade, que,
supõese, a descobriu e revelou as suas propriedades; numniularia, do
latim numinula, pequena moeda, alude à forma das folhas, ligeiramente
arredondadas como uma moeda. O nome vulgar, ervadoscemmales, que lhe
é atribuído em França, lembra a fama
de panaceia de que a planta gozava na Idade Média e no século xvi.
Votadas ao esquecimento no século XIX, as suas propriedades foram de
novo reconhecidas por um
médico alemão. Os pastores dos arredores de Fleidelberga administravam
na, depois de pulverizada, às ovelhas como preventivo da tuberculose.
Esta planta possibilita aos fitoterapeutas a obtenção de curas
espectaculares de doenças como a gota e o reumatismo.
Habitat: Europa, exceplo nas montanhas, prados húmidos, pomares, bosques
húmidos com clareiras, bermas de fossos; até 1200 m.
Identificação: de O,20 a O,70 m de altura. Vivaz. caule rastejante
radicanie, folhas eliipticas, corditormes, opostas, subsésseis,
dispostas horizontalmente, flores amarelodouradas (JunhoAgosto), 2 em
cada nó, grandes, pedunculadas, cálices com 5 sépalas cordiformes,
corola de uma só peça com 5 lóbulos, 5 estames inseridos na corola,
ovário unilocular, cápsu@a rara nas regiões do Sul, com numerosas
sementes; multiplicação por fragmentação,
Partes utilizadas: planta inteira (JunhoAgosto), secagem à sombra.
O Componentes: anino, mucilagem, saponásido, enzima (primeverase), sais
minerais, principalmente de silicio e de p1ótássio O Propriedades:
acistringente, vulnerario. Li. I., LI. E. Ver: boca, diarréia, ferida,
hemorragia, hemorróidas.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Ervaférrea
Brunella vulgaris L.
Bruncla, prunela
Labiadas
O género Brunella compreende várias espécies e subespécies muito
semelhantes e que possuem as mesmas propriedades. Esta é uma planta
pequena, de i5 a 25 em, com grandes flores labiadas azulvioláceas, cujo
excelente néctar atrai com frequência as abelhas. A ervaférrea
confundese frequentemente com a búgula, de um género vizinho, se bem
que se distingam por duas características essenciais: a búgula tem as
flores verticiladas dispostas em vários planos, enquanto as da erva
férrea se apresentam em cachos terminais; as folhas da búgula estão
ligadas ao caule por um pequeno estreitamento do limbo, ao passo que as
da ervaférrea são pecioladas. É possível que a origem do nome, do
alemão Braun, castanho, se deva à cor castanha do cálice.
Esta planta foi sujeita a uma interessante experiência de adaptação à
altitude. Exemplares da planície, levados para os Alpes e para os
Pirenéus, produziram, ao fim de 20 anos, indivíduos mais fortes, com uma
cor mais viva e, sobretudo, anatomicamente mais bem organizados para
intensificar a sua função clorofilina. As flores maiores possuíam cores
mais intensas. A Antiguidade, a Idade Média e a época contemporânea não
se interessaram pela sua função medicinal; porém, no século xvi foi
largamente utilizada. Em alguns países, é hábito confeccionar saladas
com os rebentos jovens.
Habitat: Europa; frequente em Portugal em
locais húmidos, pinhais, caminhos de quase todo o País; até 2000 m.
Identificação: de O,05 a O,70 m de altura. Planta vivaz com poucos pêlos
> caule ascendente; folhas ovais, pecioladas, pouco recortadas; flores
(Junho~Outubro), cálice castanho com 2 lábios distintos, corola azul
violácea, 4 estames, o lábio superior em forma de elmo e o inferior
trilobado, espigas providas na base de brácteas compridas e contíguas às
folhas superiores. Cheiro levemente aromático. Partes utilizadas: planta
inteira, sem a raiz
(JunhoOutubro); secagem à sombra em local
bem arejado.
O Componentes: tanino, vestígios de lípidos e
de essências, princípios amargos e resinosos
O Propriedades: acistringente, cicatrizante, detersivo, vulnerário. U.
I., U. E. Ver: anginas, boca, diarreia, ferida, hemorróidas.
Ervaformigueira
Chenopodium ambrosioides L. (sensu lato) Ambrósiadoméxico, chádo
méxico, quenopódio,
ervaformiga Bras.: ervadesantamaria
Quenopodiáceas
No século XVII, os Jesuítas importaram do México a ervaformigueira para
cultivála como sucedâneo do chá; algumas pessoas preferemna ao chá
verdadeiro. Pode associarse à menta ou à quina. É uma planta muito
aromática com perfume a cânfora e caule avermelhado. Sob as folhas
encontramse pequenas glândulas amarelodouradas que exalam um agradável
perfume a ervacidreira. Existe uma espécie americana afim, a
Chenopodium ambrosioides L., ssp. anthelininti(u@n, com odor muito
desagradável, que constitui um vermífugo poderoso. Devido à sua elevada
toxicidade, é muito importante saber diferenciála da ervaformigueira.
O seu caule é mais viloso, atingindo facilmente
1 m de altura; porém, a maioria das vezes basta cheirála para evitar
qualquer confusão. Outrora, empregavase a ervaformigueira para tratar
as perturbações nervosas, histeria e algumas doenças de peito mal
definidas.
No Sul de França, fabricase com a ambrósia um licor denominado moquine,
em homenagem ao sábio, poeta e naturalista occitano Alfred Moquin
Tandon.
Habitat: zonas temperadas da Europa Meridional; em todo o território
português, solos arenosos, entulhos; até 300 m. Identificação: de O,30 a
O,60 m de altura. Anual ou vivaz, caule erecto com estrias verdes,
frequentemente vermelho e pubescente na base, ramificado; folhas
obovadas inteiras ou com dentes irregulares e compridos, tendo na página
inferior glândulas com essência; flores esverdeadas (JulhoOutubro), em
panículas, com folhas pouco visíveis, perianto com divisões e 6 estames;
fruto com 1 semente brilhante, castanha. Cheiro aromático e canforado.
Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas secas.
O Componentes. óleo essencial que contém escaridol, saponósido O
Propriedades: antiespasmódico, digestivo, emenagogo, tónico, vermífugo.
U. 1. Ver: asma, menstruação, parasitose, pulmão.
Ervasofia
Descurainia sophia (L.) Web.
Sofiadoscirurgiões
Crucíferas
Esta crucífera com um bonito nome cresce ao longo dos caminhos e entre
os entulhos; necessita de grande quantidade de azoto, pelo que procura
os locais habitados. Assim, é muito frequente observar a ervasofia, que
se introduz no interior das povoações, nas
ruas, nas praças e nos pequenos jardins. Esta grande planta verde
apresenta reflexos cinzentos devido aos pêlos curtos que a cobrem
totalmente.
Muito apreciada outrora, com a designação de sofiadoscirurgiões,
devido à acção eficaz das suas folhas frescas contusas na cicatrização
das chagas e feridas de guerra, a ervasofia tratava também as
diarreias, as cólicas e os soluços. Era ainda muito apreciada pelas
damas atenienses e romanas, pois tornava as peles sedosas e sem defeito.
A receita para obter o resultado desejado consistia na aplicação sobre o
rosto, durante quatro noites consecutivas, de uma máscara preparada com
as folhas esmagadas. Actualmente, esta planta dos terrenos baldios foi
suplantada por complexos tratamentos muito mais dispendiosos, mas nem
sempre mais eficazes. As sementes têm um sabor acre e ardente,
semelhante ao da semente da mostardanegra.
Habitat: Europa, caminhos, terrenos baldios; espontânea em Portugal, em
locais pedregosos e muros da bacia do Douro e alto Tejo; até
2000 m. Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Anual, caule erecto,
descorado, verdeacinzentado, com pêlos estrelados, folhoso e ramoso;
folhas verdeacinzentadas, profundamente divididas em lóbulos lineares
muito finos; flores amareloclaras (AbrilSetembro), pequenas, em cachos
terminais, 4 sépalas, 4 pétalas mais curtas e 6 estames; síliqua
estreita, arqueada, erecta sobre os pedicelos afastados do eixo,
abrindose em 2 valvas trinérveas, sementes amarelas, lisas,
unisseriadas e comprimidas. Inociora; sabor acre e picante. Partes
utilizadas: planta sem a raiz e sementes.
O Componentes: derivados sulfurados O Propriedades: acistringente,
vermífugo, vulnerário. U. L, U. E. V Ver: diarréia, ferida, pele.
escórdio *//* FALTAM OS OUTROS NOMES
Por vezes completamente submerso na água, o escórdio é uma planta
herbácea e acetinada que enraíza no fundo dos pântanos e das valas, bem
como nos prados húmidos. Teofrasto já o denominava Skordion, da palavra
@_1reL,a skorodon, alho, devido ao cheiro aliáceo que as suas folhas
exalam quando amachucadas entre os dedos. Muito famosa outrora, esta
planta gozou da fama, provavelMente injustificada, de impedir a
putrefacçao, fazia parte, juntamente com várias dezenas de outras
plantas, carne de víbora e
Habitat: Europa Ocidental, Central e Meridional; valas, prados húmidos e
pantanosos; em Portugal, frequente nos locais húmidos do Minho ao
Algarve; até 1000 m.
Identificação: de O,10 a O,20 m de altura. Vivaz, caule verde, matizado
de uma cor violácea, viloso, acetinado, herbáceo e muito ramoso; folhas
verde aci nzentadas, macias, vilosas, sésseis, oblongas e serradas;
flores cor de púrpura ou violáceas (Ju nho Setembro), solitárias ou
agrupadas de 2 a 6 na axila das folhas, ao longo do caule, cálice
viloso, gilboso e com
5 dentes praticamente iguais; fruto castanho
Ossos de animais, da composição da famosa triaga de Veneza, que, segundo
se supunha, era um antídoto para grande número de doenças. Fracastório,
no século xi, incluiu a planta no seu Electuário Diascordio, a qual,
julgavase, podia curar a peste. Presenteinente, a utilidade do escórdio
é muito mais
modesta. A planta deve ser utilizada fresca e
enquanto conserva o cheiro a alho. Em al ,,uns países serve para tingir
as lãs de verdecom a adição de sulfato de ferro conseguese um belo
verdeazeitona.
quando maduro, reticulado; estolhos que apresentam pequenas folhas, raiz
implantada no
lodo. Cheiro aliáceo; sabor aliáceo e amargo. Partes utilizadas:
sumidades floridas (JunhoSetembro), folhas. o Componentes: princípio
amargo, colina, tanino, essência O Propriedades: febrífugo, tónico,
vulnerário. U. L, U. E. + Ver: astenia ,úlcera cutânea.
145
Escrofulárianodosa
Scrophularia nodosa L.
Bras.: betônicaaquática
Escrofulariáceas
As escrofulárias pertencem à mesma família da graciosa e das belíssimas
dedaleiras. Como estas plantas, contém substâncias que actuam sobre o
coração; é, no entanto, conveniente não ultrapassar as doses. A planta,
aliás, não estimula quaisquer excessos, pois, ao ser amachucada entre os
dedos, exala um cheiro repugnante; ingerida em doses elevadas provoca
vómitos e violentas diarreias. A escrofulárianodosa gozava outrora da
fama de curar os tumores ganglionares crónicos da tuberculose. No século
XIX, ap,ós a descoberta da acção hipoglicemiante da raiz, a
planta foi incluída na lista dos medicamentos antidiabéticos. De entre
as inúmeras escrofulárias medicinais outrora conhecidas, a flora
portuguesa possui também a ervadasescaldadelas, ou escrofulária,
Scrophularia aquatica L. É uma planta vivaz, muito verde e robusta, com
caule oco, glabro, com ângulos agudos e estreitamente alados, folhas com
bordos crenados e raiz desprovida de nós. Trata as mesmas doenças,
aliviandoas de modo semelhante, e a sua utilização deve ser igualmente
moderada.
Habitat: Europa, excepto, na região mediterrânica, florestas húmidas; a
Scrophularia aquatica L. surge em quase todõo País; até 1800 m.
Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule duro, compacto e
quadrangular; folhas simples, opostas, ovais, pontiagudas, cordiformes,
truncadas na base, glabras, serradas; flores castanhoesverdeadas
(JunhoSetembro), pequenas, em panículas terminais frouxas, 5 sépalas
ovais com bordos frisados, coroIa bilabiada, sendo o lábio superior
erecto com
2 lóbulos e o inferior mais curto, 4 estames e 1 estaminódio soldados à
corola; cápsula ovóide,
pontiaguda, bivalve e sementes pequenas; rizoma volumoso, nodoso e
castanhoacinzentado. Cheiro desagradável; amargo. Partes utilizadas:
rizoma, sumidades floridas secas, folhas frescas. *Componentes:
saponósidos, heterósidos, derivados antracénicos, ácidos paimítico,
butírico e málico, vitamina C, alcalóide O Propriedades: cicatrizante,
colerético, depurativo, diurético, hipoglicemiante, vulnerário. U. I.,
U. E. + V Ver: dartro, diabetes, diurese, edema, fígado, furúnculo,
hemorroidas, sarda, sarna.
146
Espinheirocerval
Rhamnus cathartica L. Escambroeiro, espinhacervina, espinhadeveado,
espinheirocambra
Ramináceas
Este arbusto de porte irregular e frondoso, com ramos terminados em
espinhos, desenvolvese nas sebes e nos bosques. As folhas são opostas
ou aparentemente opostas, largas e com nervuras arqueadas. As flores são
pouco visíveis devido às suas pequenas dimensões e à sua cor verde
amarelada; os frutos são drupas negras quando maduros. Segundo uma
antiga tradição, a coroa de espinhos de Cristo foi feita com ramos de
escambroeiro; porém, segundo outras versões, tratarseia de arbustos
ainda mais espinhosos. Desconhecido na Antiguidade como
planta medicinal, o espinheirocerval é mencionado no século XVI como
purgativo. Com as suas drupas fabricase, há muitos séculos, um xarope,
medicamento purgativo, actualmente utilizado sobretudo em veterinária e
aconselhado por Alibert *aos homens robustos, difíceis de cornover+; é,
na verdade, um medicamento violento ao qual se deve preferir uma planta
da mesma família, o amieironegro. A sua madeira é utilizada no fabrico
de pequenos objectos torneados e no trabalho de embutidos. Dos frutos,
tratados com cal ou alúmen, extraise uma matéria corante.
O Respeitar as doses; não utilizar a casca antes de decorridos 2 anos de
conservaçao. Habitat: Europa, excepto no litoral do mar do Norte,
florestas, matas, sebes, todos os terrenos; em Portugal, na Beira
interior; até 1200 M.
Identificação: de 2 a 4 m, por vezes de 5 a
6 m, de altura. Arbusto; ramagem muito irregular, ramos espinhosos,
cobertos por uma casca castanhoescura e lisa quando jovem, mais tarde
fendida; folhas quase opostas, de 2 a
5 cm de largura e de 3 a 6 cm de comprimento, delicadamente serradas,
com nervuras arqueadas e salientes, estipuladas; flores verdeamareladas
(AbrilJunho), pequenas, unissexuadas ou hermafroditas, na axila dos
ramos jovens ou das suas primeiras folhas, 4 sépalas,
4 pétalas, 4 estames; drupas com 3 a 4 caroços enrugados. Cheiro
nauseabundo (drupa); sabor adocicado e em seguida amargo (drupa). Partes
utilizadas: casca, fruto maduro (SetembroOutubro), suco. o Componentes:
derivados antracénicos, heterósidos, vitamina C O Propriedades:
depurativo, diurético, laxativo, purgativo, revulsivo. U. L, U. E. + O
Ver: intestino.
Estaque
a) Stachys palustris L. b) Stachys silvatica L.
Labiadas
São plantas rústicas difundidas em toda a Europa. 0 nome de género, que
alude à forma da sua inflorescência, deriva da palavra grega stakhy,
espiga. Existem várias espécies de Stachys: algumas aclimatamse nos
pântanos e nas matas húmidas, como a Stachys palustris, com flores cor
derosa manchadas de branco; outras, como a Stachys silvatica, com
flores cor de púrpura e mau cheiro, preferem os terrenos mais secos. Em
Portugal, encontramse as duas espécies: a S. palustris, nos pântanos e
vales da Beira Litoral; a S. silvatica, nas sebes e vales da região de
Bragança.
São plantas pubescentes que atingem facilmente 1 m de altura e cujos
caules angulosos apresentam na extremidade uma delicada inflorescência.
Os carneiros e as cabras apreciamnas como pastagem e são frequentemente
visitadas pelas abelhas.
Algumas delas têm propriedades alimentares devido às suas raízes
carnudas e outras são medicinais. Efectivamente, a Stachys palustris é
utilizada do mesmo modo que o marroio, pois tem uma acção
antiespasmódica idêntica. É também um emenagogo, sendo geralmente
aplicada no tratamento das perturbações da menopausa.
Habitat: a) Europa, excepto na região mediterrânica, locais húmidos; b)
Europa, rara na região mediterrânica, bosques húmidos; em Portugal,
existem as duas espécies; até 1400 m. Identificação: de 0,40 a 1 m de
altura. Vivazes, caules com folhas pubescentes, folhas verdes: a)
largas, cordiformes, pecioladas, b) dentadas, vilosopubescentes,
sésseis, tendo as inferiores um pecíolo curto; flores: a) corderosa
claras salpicadas de branco, b) cor de púrpuraescura (JunhoSetembro),
em espiga de verticilos folhosos: a) de 4 a 8 flores, b) de 3 a
6 flores, cálice viloso, a) 5 dentes iguais pican
tes, b) glandulosos com dentes triangulares, corola com o dobro do
comprimento, 4 estames; carpelos ovóides, pretos; toiça grossa, carnuda,
de onde crescem renovos. Cheiro: a) fétido, b) inodoro; sabor amargo.
Partes utilizadas: sumidades floridas (JunhoSetembro).
0 Componentes: óleo volátil 0 Propriedades: a) antiespasmódico,
diurético; b) antiespasmádico, emenagogo, sedativo. U. 1. + Ver:
acufenos, espasmo, menopausa, menstruação.
Eucalipto
Eucalyptus globulus LabiII.
Bras.: eucaliptus
Mirtáceas
Existem no Mundo cerca de 600 espécies de eucaliptos, das quais 50 se
aclimataram na bacia mediterrânica. Originário da Tasmânia, onde chega a
atingir 100 m de altura, o E. globulus foi introduzido na Europa nos
meados do século XIX com vista ao saneamento das regiões pantanosas.
Efectivamente, as suas longas e sedentas raízes possibilitaram a
drenagem destes solos. Além disso, esta árvore robusta é muito apreciada
devido
ao seu rápido crescimento, ao seu cheiro aromático e à aversão que a sua
presença provoca nos insectos.
As longas folhas falciformes dos ramos
mais velhos são de preferência utilizadas para fins medicinais, pois as
folhas jovens são menos ricas em essência. De entre os componentes
activos detectados nesta essência, um dos mais enérgicos é o euc
aliptol, que faz parte de inúmeras preparações farmacêuticas, como
pastilhas, xaropes, cál Ias, soluções injectáveis, supositórios e
dentifrícios. Como a colheita das folhas se efectua no Verão, é apenas
necessário, para que
as suas propriedades não se alterem, secálas e conserválas em frascos
de vidro.
Habitat: bacia mediterrânica; cultivamse em Portugal numerosas
espécies; até 1000 m. Identificação: de 25 a 35 m de altura. Árvore;
tronco direito, casca lisa acinzentada e lenho avermelhado; folhas das
árvores jovens e dos rebentos da base oposta sésseis, claras e cerosas;
folhas das árvores mais velhas alternas, falciformes, pecioladas,
planas, pendentes, brilhantes; flores esbranquiçadas (MaioJulho),
cálice quadrangular encimado por um opérculo coriáceo que se destaca
pela base após a fioração e numerosos estames formando um penacho;
cápsula glauca, dura, angulosa, verrugosa, com 4 lóculos, que contêm
numerosas sementes escuras. Cheiro activo extremamente aromático, sabor
amargo e aromático. Partes utilizadas: folhas adultas (JunhoSetembro).
O Componentes: tanino, essência, resina O Propriedades: acIstringente,
antiséptico, aperitivo, bactericida, estimulante, febrífugo. U. I., LI.
E. + O Ver: asma, banho, boca, bronquite, cabelo, desinfecção, epidemia,
estômago, febre, feri da, gripe, insectos, sinusite.
149
Eufrásia
Euphrasia officinalis L. (sensu lato)
Consolodavista
Escrofulariáceas
Existem numerosas espécies de eufrásias cuja maioria é tropical, se bem
que se encontrem algumas nos climas europeus. De entre estas, destacase
a Euphrasia officinalis, conhecida por consolodavista, que se
desenvolve nas montanhas e nas pastagens até aos limites das neves
eternas. A espécie E. officinalis subdividese, por sua vez, em diversas
variedades que se diferenciam pela forma do caule, pelo tamanho da flor
e pela presença ou inexistência de glândulas; estas pequenas e delicadas
plantas cobertas de flores brancas raiadas de cor de violeta são
parasitas de outras plantas, das quais se alimentam. Em grego, o nome
genérico euphrasia significa alegria; assim, parece evidente que a
utilização da eufrásia provoca júbilo. Como os fidalguinhos, é um
*quebraóculos+, já celebrado na Idade Média por Santa Hildegarda; o seu
efeito analgésico e antiinflamatório nos olhos irritados e
lacrimejantes é incontestável. Toda a planta tem aplicações medicinais:
além das infusões e decocções, existem numerosas preparaçoes
laboratoriais, como a alcoolatura, o hidrolato e a tintura, sendo esta
muito utilizada nos Estados Unidos, por deter o incómodo fluxo nasal
provocado pelas constipações.
Habitat: Europa, prados, relvados, charnecas; em Portugal, nos lameiros
da região de Vimioso encontrase a E. hirtella Jord com pêlos
glandulosos, os quais, segundo alguns autores, contêm os constituintes
activos; até 3000 m. Identificação: de O,05 a O,30 m de altura. Anual,
caule erecto, ramificado; folhas verdeacinzentadas, opostas, sésseis,
ovadas, serradas e glandulosas; flores brancas maculadas de cor de
violeta com o centro amarelo (JulhoOutubro), em cacho terminal,
folhoso, corola com 2 lábios, tendo o inferior 3 lóbulos chanfrados e o
superior em forma de elmo, tubo
que ultrapassa o cálice glanduloso e 4 estames; cápsula achatada, pilosa
e numerosas sementes; raiz provida de sugadores que se prendem às raizes
das plantas próximas. Sabor amargo e acre. Partes utilizadas: planta
inteira (JulhoOutubro); secagem rápida.
O Componentes: óleo essencial, tanino, heterósido, resina, pigmento O
Propriedades: adstringente, analgésico, antiinflamatório. U. L, U. E. +
Ver: blefarite, boca, conjuntivite, constipação, faringite, oftalmia,
olhos, terçolho.
evónimo *//* FALTAM OS PRIMEIROS NOMES
Constituído por minúsculas flores e folhas, que, no Outono, adquirem
bonitas tonalidades vermelhas.
A toxicidade dos seus frutos parece ter sido conhecida pelos Antigos,
pois, mesmo ignorando as suas virtudes medicinais, obstinaramse em
descrever os sintomas do envenenamento causado pela sua ingestão e o
modo de tratamento. Actualmente, o evónimo só é utilizado em uso interno
por receita médica. O uso externo restringese a uma fricção com frutos
do evónimo para tratar a
sarna e a uma pomada caseira confeccionada
com o pó das sementes para matar piolhos. Da madeira carbonizada num
recipiente fechado resulta o carvão para desenhar.
O Toda a planta é tóxica; utilizar apenas em uso externo. Habitat:
Europa, sebes, matas, margens dos cursos de água; em Portugal, encontra
se sobretudo em TrásosMontes. Identificação: de 2 a 4 m de altura.
Arbusto; casca lisa, esverdeada, ramos jovens quadranguiares; folhas
opostas, ligeiramente pecioladas, lanceoladas, serradas, azul
esverdeadas na página inferior, amarelas ou vermelhas no Outono e
caducas; flores verdeclaras (MaioJunho), reunidas de 2 a 5 em falsas
umbelas com pedúnculo erecto na axila das folhas do
ramo florífero, de 4 a 5 sépalas, pétalas e estames; cápsula cor d e
rosa coral, carnuda, com 4 a 5 lóculos que contêm de 4 a 5 sementes
amareloalaranjadas. Cheiro nauseabundo e
desagradável; sabor acre. Partes utilizadas: sementes, folhas.
O Componentes: tanino, lípidos, ácidos orgânicos, pigmentos, vitamina C,
alcalóides O Propriedades: colagogo, detersivo, emético, insecticida,
purgativo. U.E. O Ver: ftiríase, sarna, úlcera cutânea.
151.
Faia
Fagus silvatica L.
Faiaeuropeia
Fagáceas
As faias surgiram sobre a Terra na era terciária com o arrefecimento do
clima e o desenvolvimento da humidade. Povoam as regiões temperadas
frias do hemisfério norte, a cujas chuvas e brumas se aclimataram. Nas
montanhas, crescem junto às coníferas ou ainda a maiores altitudes,
formando então singulares bosquetes violentamente agitados pelos ventos.
Com grande frequência reunidas em florestas de altitude onde podem viver
três séculos, as grandes faias, de formas harmoniosas, abrem serenamente
a sua folhagem em copas ovóides e densas. A sua sombra refrescante foi
cantada pelos poetas. *Feliz Títiro, assim deitado sob uma
grande faia, compões árias campestres com
a tua graciosa flauta pastoril+, escreve Virgílio no primeiro verso das
Bucólicas; porém, esta sombra é fatal para toda a vegetaçao herbácea, e,
sob os seus ramos frondosos, a faia ocupa inequivocamente o seu
lugar, aniquilando rapidamente as anémonas, as primaveras e as aspérulas
que se
desenvolvam junto ao pé no início da Primavera.
O Não ingerir grande quantidade de frutos; não dar aos cavalos o bagaço
dos frutos após a extracção do óleo. Habitat: Europa, excepto na regiã o
mediterrânica, solos frescos e profundos; até 1700 m. Identificação: de
35 a 40 m de altura. Árvore; tronco erecto, cilíndrico até 20 m antes da
ramificação, casca lisa, verdeescura quando jovem e depois acinzentada;
folhas verdeclaras, mais claras na página inferior, brilhantes,
inteiras, ovais e pontiagudas, com nervuras rectilíneas e bordos
ondulados providos de pêlos sedosos; amentilhos esbranquiçados
(AbrilMaio), monóicos, pedunculados, sendo
os femininos erectos, com 2 a 3 flores inseridas em 1 invólucro e ovário
com 3 lóculos; fruto trígono, oleoso, castanho, em grupos de 2 a
3 numa cúpula coriácea com espinhos flexíveis. Partes utilizadas: casca
dos ramos com 2 a 3 anos (Fevereiro), lenho.
O Componentes: tanino (casca), creosota (lenho) O Propriedades:
acistringente, antiséptico, aperitivo, febrífugo. U. L, U. E. + o Ver:
boca, desinfecção, febre, pulmão.
Faiapreta
Populus tremula L. Choupotremedor
Salicáceas
A faiapreta reconhecese pelo seu tronco
claro e liso, pela sua copa graciosa, pelas suas folhas arredondadas que
vibram incessantemente ao menor sopro de ar. É uma espécie que dá
preferência aos solos húmidos e às areias das planícies, mas suporta
igualmente a aridez e os solos pedregosos. Nas montanhas, a árvore tem
um desenvolvimento limitado em altura; as suas raízes penetram então
profundamente nas fendas dos rochedos, e quando encontram um obstáculo,
contornamno ou elevamse para se
expandir à superfície da terra.
Esta árvore multiplicase e desenvolvese rapidamente; porém, o tronco
engrossa pouco, e cerca dos 50 anos tornase oco. A madeira, desprovida
de cerne, é macia e branda, sendo utilizada para o fabrico de fósforos e
papel; os pequenos roedores das florestas apreciam a sua saborosa casca.
A faiapreta suporta bem o frio, sendo possível encontrála nas
proximidades do cabo Norte; a
árvore vive cerca de 100 anos.
A medicina recorre às propriedades adstringentes e antisépticas da
casca e das folhas. Os Antigos já a conheciam. A faiapreta é o Cercis
citado por Teofrasto, filósofo e
botânico grego do século iv a. C. Os Latinos, que a supunham originária
da Líbia, chamavamlhe choupolíbio.
Habitat: Europa, florestas húmidas, margens dos rios; cultivada,
subespontânea e espontânea, pouco frequente nas margens dos rios do
Norte e Centro de Portugal; até 2000 m.
Identificação: de 20 a 30 m de altura. Árvore; tronco cilíndrico, casca
cinzenta, lisa, fendendose depois em losangos; ramos patentes, gemas
cobertas de escamas imbricadas e viscosas; folhas extremamente móveis,
cinzentoesverdeadas, claras na página inferior, glabras, arredondadas,
sinuosas, com pecíolo comprido, frágil e achatado; flores acinzentadas
(MarçoAbril), em grandes amentilhos dióicos, pendentes, formados por
escamas incisas, celheadas, contendo os masculinos 8 estames vermelhos e
os femininos 4 estigmas cor de púrpura em cruz; cápsula glabra, ovóide,
numerosas sementes com pêlos; raizes superficiais invasoras. Sabor
amargo. Partes utilizadas: casca, alburno, folhas frescas.
O Componentes: heterósido, sais minerais, tanino, vitamina C O
Propriedades: antiinflamatório, antiséptico, febrífugo. U. L, U. E. +
Ver: cistite, escorbuto, febre, ferida.
Faváriamaior
Sedum telephium L., ssp. purpureum Unk
Ervadoscalos, faváriavulgar, teléfio
Crassuláceas
Cicatrizante, a bela faváriamaior é uma planta suculenta com folhas
carnudas repletas de um líquido transparente e insípido. Durante todo o
Verão a planta exibe as suas pequenas flores de cores diferentes
consoante as variedades: nesta página está representada a
subespéciepurpureum, com flores cor de púrpura. A faváriamaior utiliza
se do mesmo modo que o saião.
As preparações destinadas a uso externo assemelhamse mais a receitas
culinárias do que a fórmulas fitoterapêuticas; as folhas podem ser
moídas com sal e vinagre, cozidas em leite ou ainda maceradas em óleo; é
o doce de favária dos ervanários. Da raiz, cozida em banha, fazse um
puré e sopas.
Existem outras espécies do género Sedum, entre as quais se salienta a
pequena vermiculária, ou uvadecão, Sedum acre L., que cobre com o seu
espesso manto os muros em
ruínas. Esta crassulácea identificase pelos caules folhosos, pelas
flores em forma de estrela de um amarelo intenso e pelo sabor picante; o
seu suco destrói os calos e calosidades.
Habitat: Europa, especialmente nas regiões setentrional e central,
terrenos baldios; surge nos locais áridos e pedregosos da Beira Alta e
Estremadura; até 1800 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura.
Vivaz, caule erecto, duro, glabro, ligeiramente ramoso; folhas alternas
ou opostas, sésseis, planas, polposas, ovais, ligeiramente dentadas;
flores cor de púrpura nesta variedade, esbranquiçadas, amarelo
esverdeadas ou rosadas noutras variedades (Ju nho Setembro), reunidas
em corimbos, 5 sépalas curtas, 5 pétalas, 10 estames, 5 carpelos,
sementes pequenas; rizoma robusto, curto, raizes frequentemente
engrossadas. lnodora; sabor doce (folhas) e acre (raiz). Partes
utilizadas: suco fresco, todas as partes da planta seca, folhas frescas
ou conservadas em óleo; secagem difícil.
O Componentes: sais minerais, telefiósido, tanino, mucilagem, açúcares O
Propriedades: acistringente, detersivo, emoliente, vulnerário. U. E.
Ver: calo, calosidade, contusão, dartro, ferida, greta, hemorroidas,
queimadura, verruga.
154
Feldaterra
Erythraea centaurium Pers.
Centáureamerior Bras.: cháporrete
Gencianáceas
Ao considerar os nomes eruditos e vulgares do feldaterra, facilmente
se deduzem as suas múltiplas aplicações: planta cicatrizante, ajudou,
segundo a lenda, o centauro Quíron a curar a ferida de um pé, causada
por inadvertência, a Hércules. Em uso interno é tónica e febrífuga.
Conhecida por Dioscórides e Plínio, muito apreciada pelos Gauleses,
cultivada durante toda a Idade Média, mantémse extremamente popular nos
meios rurais, onde é com frequência utilizada como sucedâneo da
genciana; entra na composição de alguns aperitivos; devido ao seu
acentuado sabor amargo, devem adicionarselhe, nas tisanas, plantas de
sabor mais agradável.
Nas regiões atlánticas é, por vezes, substituída pela centáurea menos
perfolhada, Chlora perfoliata L., menos amarga, de porte mais humilde,
flores de um amarelo intenso e folhas verdeclaras aproximadamente do
tamanho dos entrenós.
Para preservar a linda corderosaclara das flores do feldaterra,
estas devem ser
secas em pequenos sacos de papel. Conservadas depois em frascos de vidro
herméticos, mantém durante muito tempo o seu
aspecto agradável e as suas propriedades.
O Não exagerar: em doses elevadas é irritante p para o tubo digestivo
Habitat: Europa, bosques, charnecas; frequente em Portugal, nos matos,
bosques, pastagens, outeiros secos; até 1400 m. oNaoexag er a’aotubod
Habital.Europ te emPortug gensoute,ros Identificação: de O,10 a O,50 m
de altura. Biena], caule frágil, glabro, quadrangular, ramos erectos no
vértice e muito floridos; folhas verdeclaras, as basais em roseta,
obovadas, as caulinares mais pequenas, opostas, oblongas, e as
superiores lineares; flores corde_ rosa (J u nho Setembro),
curtamente pediceladas, em corimbo denso, umbeliforme, cálice tulbuloso,
corola tubulada com 5 pétalas, 5 estames, anteras enroladas em espiral;
cápsula com numerosas sementes. Cheiro suave; sabor muito amargo. Partes
utilizadas: caules, sumidades floridas (junhoAgosto). o Componentes:
princípios amargos, resina O Propriedades: aperitivo, carminativo,
colerético, depurativo, estomáquico, febrífugo, tónico, vermífugo. U.
I., U. E. + Ver: apetite, cabelo, convalescença, diarréia, febre, ferida
Fetomacho
Dryopterisfilixmas (L.) Schott
Dentebrura, fentomacho
Polipodiáceas
0 belíssimo fetomacho não pertence ao
sexo masculino, do mesmo modo que o fetofêmea não é uma planta
feminina. Distinguemse nos bosques devido ao porte das frondes,
vigoroso e viril no primeiro, elegante e delicado no segundo. 0 ciclo de
re
rodução comum a todos os fetos realizase em duas fases. É surpreendente
ver surgir na Primavera ao nível do solo os tenros rebentos do feto
macho em báculo e admirar a sua transformação em poucas semanas em
feixes de admiráveis frondes. Seria difícil imaginar que as filas
paralelas com manchas azuladas e salientes, visíveis em cada uma das
divisões das folhas, são os reservatórios de esporos, sobre os quais se
apoia todo o futuro da planta. Efectivamente, no fim do Verão, a
membrana dos esporângios abrese, espalhando milhares de esporos pelo
solo. Se as circunstâncias são propícias, o esporo geriiiina, dando uma
plântula portadora de elenientos sexuais aptos a dar origem a um futuro
feto. 0 rizoma é utilizado em medicina desde a mais remota antiguidade
como antiparasitário, pois contém uma substância que intoxica e paralisa
a ténia, facilitando a sua expulsão.
Q Não administrar a crianças; não ultrapassar as doses; não ingerir
álcool durante o tratamento. Habitat: Europa, excepto nas montanhas a
grande altitude, matas, em Portugal, no Norte e no Centro, em locais
húmidos e sombrios; até
1600 m. Identificação: de 1 a 1,40 m de altura. Vivaz, frondes
compridas, que atingem mais de 1 m, em tufo, e quando jovens em forma de
báculo, duplamente divididas em pínulas obtusas, ligeiramente dentadas,
lanceoladas e terminadas em ponta; soros (JunhoSetembro), na página
inferior, alinhados em 2 fileiras, próximas da nervura; rizoma
acastanhado, esbranquiçado no interior, horizontal, espesso, com raizes
pretas. Cheiro característico. Partes utilizadas: rizoma, folhas (todo o
ano para utilização imediata e no Outono para conservação); limpeza sem
água, secagem à sombra, ao ar livre.
0 Componentes: filicina 0 Propriedades: antiparasitário, detersivo,
vermífugo. U. I., U. E. + kri Ver: ferida, gota, parasitose, pé,
reumatismo.
Fetoreal
Osmunda regalis L.
Fentoreal
Osmundáceas
Apesar da designação de fetoflorido que lhe é atribuída, o fetoreal,
como todos os outros fetos, não dá flores, merecendo, no entanto, a
denominação de real devido ao seu magnífico porte. Da sua toiça,
obliquamente implantada na turfa ou nas margens lodosas, nasce todos os
anos, na Primavera, um pequeno feixe de croças claras, frágeis como fios
de vidro, que se desenrolam lentamente; porém, as frondes libertamse
progressivamente e algumas delas, depois de desenroladas, atingem 2 m de
comprimento, enquanto outras se curvam de novo delicadamente em direcção
ao solo. No fim do período de crescimento, surgem por vezes
surpreendentemente, na extremidade de algumas delas, grandes espigas de
cor begerosada, que se podem confundir com flores
e que são, no entanto, as folhas férteis; estas estão cobertas de
esporângios que, no momento preciso, se abrem em duas valvas para
libertar os esporos.
O rizoma do fetoreal é adstringente, diurético, purgativo e vulnerário.
Em alguns meios rurais de França conservase o costume de encher com as
magníficas folhas do fetoreal os colchões das camas das crianças débeis
e dos doentes de reumatismo.
Habitat: Europa, pântanos e turfeiras; em Portugal, nos locais húmidos
do Minho ao Algarve; até 1500 m. Identificação: de O,60 a 2 m de altura.
Vivaz, caule subterrâneo; frondes enroladas em báculo, robustas, verde
avermelhadas, em seguida erectas, abertas, verdes, em moitas, pecíolos
robustos, limbo glabro, duplamente dividido em folíolos inteiros ou
delicadamente denticulados e praticamente opostos, arredondados no
vértice, truncados obliquamente ou auriculados na base, pecíolos
secundários com frondes férteis diferenciadas numa comprida panícula
terminal castanha coberta por esporângios globulosos, tetraédricos, que
se abrem em 2 vaivas iguais, e esporos globulosos; rizoma oblíquo,
espesso, volumoso e provido de raizes. Partes utilizadas: rizoma e
folhas; colher no fim do Verão, lavar, secar rapidamente no forno,
conservar ao abrigo do ar.
O Componentes: tanino O Propriedades: acistringente, diurético,
purgativo, tónico, vulnerário. U. L, U. E. Ver: diurese ,ferida,
litíase, raquitismo, reuma tismo.
157
Ficária
Ficaria ranunculoides Roth.
Celi dónia menor, queledóniarnenor, ervahemorroidal, ervas das
hemorrói das
Ranunculáceas
A ficária é muito vulgar na Europa, nos bosques e nos vales húmidos,
onde se abriga frequentemente junto às sebes. É uma planta vivaz cujas
flores estreladas, de um amare
lobrilhante, desabrocham a partir do mês de Março e cujas folhas se
assemelham, se bem que mais claras e delicadas, às da hera. Os
tubérculos asseguram a reprodução vegetativa, pois a maioria das flores
é estéril. 0 nome da ficária deriva da palavra latinaficus, figo,
provavelmente evocando o aspecto dos seus pequenos tubérculos de alguns
centímetros de comprimento. Evoca possivelmente também a acção benéfica
da planta sobre as volumosas verrugas dos bovinos, ou o seu efeito
descongestionante sobre as
hemorróidas, conhecido desde o século Xvii. A ficária contém substâncias
venenosas, pelo que deve ser sempre utilizada com muita prudência; a
raiz destinase apenas ao uso
externo e, no caso de se ingerirem as folhas cruas, como é hábito em
alguns meios ru
rais, estas devem ser colhidas jovens, antes da floração.
0 Consumir apenas as folhas muito jovens e recentemente colhidas.
Habitat: Europa, florestas, moitas, prados húmidos; frequente em
Portugal, distribuída por quase todo o País, nos matos, sebes e campos;
até 1600 m. Identificação: de 0,10 a 0,30 m de altura. Vivaz, caule
prostrado, glabro, mole, oco, com folhas frequentemente com bolibilhos
nos nós inferiores; folhas de um verde intenso, brilhantes, cordiformes,
inteiras, crenadas, nervadas, com compridos pecíolos invaginantes;
flores amarelo brilhantes (MarçoAbril), isoladas, pe
dúnculo comprido, erecto e esbranquiçado, cálice com 3 sépalas verde
amareladas, corola com 6 a 12 pétalas estreitas com nectários; aquénio,
tubérculos alongados e intumescidos. Sabor acre e picante. Partes
utilizadas: tubérculo (após a floração), suco fresco, folhas (antes da
floração), secagem à sombra.
0 Componentes: óleo essencial, saponósido, vitamina C 0 Propriedades:
analgésico, antiinflamatório. U. L, U. E. + Ver: hemorroidas.
Fidalguinhos
Centaurea cyanus L. Locosdosjardins, saudades, loios, ambretas,
fidalguinhosdosjardins Bras.: escovinha, centáureaazul, cinerária,
centáurea,
sultana
Compostas
Os fidalguinhos pertencem ao género Centaurea, do qual apenas algumas
espécies possuem propriedades medicinais. O nome
do género foilhe atribuído em homenagem ao fabuloso centauro Quíron,
semihornem, semicavalo, sábio mestre de Aquiles e muito versado em
medicina. Muito conhecidas, as suas flores, de um azulforte, reservam
frequentemente aos jardineiros a surpresa de se tornarem corderosa
quando são cultivadas em canteiros. Esta planta tende a desaparecer
devido à acção destruidora dos herbicidas.
Segundo a tradição, os fidalguinhos tratam os olhos azuis, enquanto a
tanchagem é melhor para os olhos castanhos. Não caindo no exagero, é
certo que a decocção das flores dos fidalguinhos é óptima para fazer
recuperar a vivacidade e o brilho aos olhos cansados e cura a
conjuntivite. Esta propriedade é partilhada com uma espécie próxima que
cresce nas montanhas, a Centaurea montana L.
Habitat: Europa, campos de cereais, solos ricos e leves; em Portugal,
aparecem subespontâneos nas searas; até 1800 m. Identificação: de O,30 a
O,80 m de altura. Bienal, caele erecto, estriado, ramoso, coberto por
uma penugem cinzenta; folhas verdeacinzen tadas, vilosaslanuginosas,
sendo as superiores sésseis, inteiras, estreitas, e as inferiores
pecioladas e divididas; flores azulforte (MaioSetembro), em grandes
capítulos, com brácteas marginadas de celhas curtas, prateadas,
tulbulosas, hermafroditas no centro, estéreis e dispostas em raios na
periferia; aquénio claro,
com papilho curto e duro, de cor ruiva; raiz aprumada e delgada. Sabor
amargo. Partes utilizadas: a planta inteira, flor, semente (Junho
Agosto); secagem rápida ao ar livre.
O Componentes: tanino, heterósido, pigmento azul O Propriedades:
acistringente, depurativo, diurético, emoliente, purgativo. U. L, U. E.
+ V Ver: cabelo, conjuntivite, edema, gota, ol os, reumatismo, terçolho.
Framboeseiro
Rubus idaeus L.
Rosáceas
O framboeseiro é um arbusto de cuja toiça nascem todos os anos novos
caules (turiões), os quais dão frutos no decorrer do segundo ano
morrendo em seguida. Deste modo, é muito possível que, uma vez
localizado um exemplar espontâneo, se consiga voltar a colher frutos
regularmente na mesma moita. Existem, actualmente, várias centenas de
variedades cultivadas, cujos frutos variam da cor vermelhopapoila ao
branco.
A cultura do framboeseiro remonta à Idade Média, se bem que os nossos
antepassados préhistóricos já apreciassem o seu fruto delicado.
As framboesas espontâneas, além de constituírem uma agradável sobremesa,
são refrigerantes e laxativas; muito utilizadas, servem frequentemente
para aromatizar preparações farmacêuticas destinadas às crianças; fazem
parte da receita de várias bebidas caseiras, como o vinho ou o vinagre,
xarope ou licores. Confeccionamse ainda com a framboesa excelentes
doces e geleias. Como sucede com o morangueiro e as silvas, apenas as
folhas e as flores desta planta são medicinais, se colhidas aquando da
floração (Agosto Setembro). A secagem das folhas é feita à sombra.
Habitat: hemisfério boreal, florestas de planícies ou de montanhas; de
400 a 2000 m. Identificação: de 1 a 2 m de altura. Arbusto com toiça que
emite estolhos e turiões bienais; caule azulesverdeado, lenhoso, erecto
e provido de finos acúleos avermelhados; folhas verde intenso na página
superior, brancas e tomentosas na inferior, imparipinuladas com 3 a 7
folíolos dentados; flores brancas (MaioJulho), pouco visíveis, em
cacho, pedunculadas, com 5 sépalas separadas, 5 pétalas pequenas,
erectas, numerosos estames e carpelos; fruto corderosa escuro,
ovóide, composto de várias drupéolas aveludadas, destacandose do
receptáculo; toiça com estolhos subterrâneos. Cheiro agradável e
penetrante; sabor adocicado e ácido. Partes utilizadas: flores, frutos,
folhas.
O Componentes: ácido cítrico, vitamina C, açúcar, celulose, sais
minerais O Propriedades: adstringente, antiescorbútico, aperitivo,
depurativo, diurético, emenagogo, laxativo, refrescante, sudorífico,
tónico. U. L, U. E. + o Ver: anginas, astenia, boca, menstruação,
obstipação, olhos, pele, rim, seio.
160
Freixo
Fraxinus excelsior L.
Freixoeuropeu
Oleáceas
O freixo cultivado pertence, como a oliveira, o lilás, o jasmineiro, o
alfenheiro e o aderno, à família das Oleáceas, q@e é constituída por
mais de 400 espécies. E uma bela árvore dos climas europeus, devido ao
seu tronco esbelto, à sua casca branda e acinzentada, aos seus ramos
frágeis e à sua folhagem graciosa. As folhas são características, isto
é, dividemse num número ímpar de folíolos não peciolados, e surgem
tardiamente, no mês de Junho, muito depois das flores. É necessário
colhêlas jovens, ainda recobertas pelo revestimento ligeiramente
aderente e açucarado, e retirar o pecíolo antes de as secar; com as
folhas preparase um chá considerado uma verdadeira bebida de
rejuvenescimento. A casca e as sementes do freixo são adstringentes e
febrífugas. Outrora, atribuíase à sua madeira, aplicada sobre as
mordeduras de serpente, o poder de evitar o envenenamento.
Eta madeira flexível e resistente serviu durante muito tempo de matéria
prima para o fabrico de esquis; actualmente, é ainda muito utilizada em
trabalhos de marcenaria.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, bosques húmidos,
ravinas, solos férteis; em Portugal, existe em quase todas as regiões,
sendo também cultivado; até 1400 m. Identificação: de 20 a 40 m de
altura. Arvore; tronco erecto, nu, casca cinzenta e lisa que depois se
fende, copa pouco fechada, ramos cinzentos, glabros, gemas negras,
aveludadas, volumosas, quadradas; folhas pecioladas, imparipinuladas,
com 7 a 15 folíoios sésseis, verdeescuras na página superior, mais
claras na inferior, ovais e serradas; flores acastanhadas (AbrilMaio),
em panículas; reduzidas a 1 estigma e 2 estames com anteras quase
sésseis; sâmara simples, em feixes pendentes; raiz aprumada e robusta.
lnodoro; amargo. Partes utilizadas: sementes, folhas, seiva, casca dos
ramos entre 2 e 3 anos (Abril).
O Componentes: heterásidos, açúcares, resina, ácido málico, vitaminas C
e P, tanino, sais minerais, pigmentos O Propriedades: acistringente,
diurético, laxativo, sudorífico, tónico. U. I., U. E. + V O Ver:
celulite, colesterol, dor, envelhecimento, gota, hálito, litíase,
neviralgia, obesidade, obstipaçã o, reumatismo, ureia.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Fumária
Fumaria officinalis L. Ervamolarinha, ervapombinha, moleirinha Bras.:
feldaterra, fumodaterra, molarinha, capnóida
Fumariáceas
É possível que o nome da fumária advenha da cor cinzenta e indistinta
das suas folhas, do seu sabor a fumo e fuligem ou ainda da tradição
popular, que atribui o nascimento da planta não a uma semente, mas
a uma emanação da terra.
A planta é conhecida desde a Antiguidade devido às suas propriedades
medicinais: Dioscórides, no século 1, e Galeno, no século li, citam a
sua acçã o sobre a secreção biliar e a função hepática; no século x, os
médicos árabes elogiam as virtudes da planta, e Mattioli, no século Xvi,
faz o seu panegí rico como remédio específico para as perturbações das
vísceras abdominais. Porém, o seu mais importante segredo é que, além da
angélica e do freixo, é um dos simples que torna o homem centenário.
A fumária contém um alcalóide, a fumarina; é aconselhável usála sob
controle médico, pois a sua acção varia com a intensidade e a duração do
tratamento. As folhas, que se partem facilmente durante a secagem, devem
ser guardadas em recipientes de cerâmica ou vidro.
O Evitar o contacto com o ferro. Habitat: Europa, terrenos baldios,
taludes, campos, bermas dos caminhos; disseminada por quase todo o
territó rio português; até 1700 m. Identificação: de0,1 5 a0,70 m
dealtura. Anual, caule verde, frágil, glauco, erecto, ramoso; folhas
cinzentoesverdeadas, 23 vezes divididas em segmentos delgados,
glabros, peciolados; flores corderosa maculadas de cor de púrpura
(AbrilSetembro), pequenas, alongadas, reunidas em epiga, 2 sépalas
petalóides, pétalas irregulares prolongadas em esporão curto e 6 estames
em 2 feixes; fruto globoso, com vertice deprimido; raiz aprumada, de cor
brancoamarelada. Cheiro acre (suco); sabor muito amargo e salgado.
Partes utilizadas: planta florida, excepto a raiz (M aio Setembro);
secagem em cam ad as ou ramos. * Componentes: tanino, alcalóides,
potássio, ácido fumárico O Propriedades: antiescorbútico, aperitivo,
depurativo, detersivo, diurético, estomáquico, laxativo, tónico. U. L,
U. E. + V Ver: arteriosclerose, astenia, cura de Primavera, dartro,
eczema, obesidade, tez, urticária, vesícula biliar.
Funcho
Foeniculum vulgare (Mill.) Caertn.
Umbelíferas
Filho do sol, espontâneo nas colinas mediterrânicas, o funcho expandiu
se com o decorrer dos séculos para oeste. Encontrase geralmente nas
bermas dos caminhos e próximo das povoações.
É uma grande umbelífera elegante e vivaz com largas folhas recortadas em
moles e finas lacínias e com pequenas flores amarelas agrupadas. As suas
características botânicas possibilitam a sua fácil identificação e mesmo
distinguiIa do aneto, planta afim, cujos frutos são rodeados por uma
margem alada e cujas folhas superiores estão providas de um limbo mais
comprido que o pecíolo. Existem diversas variedades espontâneas de
funcho com frutos ligeiramente doces, apimen tados ou amargos, e uma
variedade cultivada, muito doce, da qual é comestível a base carnuda das
folhas. 0 perfume aromático e o sabor picante da planta devemse a uma
essência rica em anetol, substância estimulante e digestiva, existente
sobretudo nas sementes. A sua utilização tornouse clássica para
aromatizar o peixe, as castanhas e as azeitonas. Nos textos da medicina
antiga é citado como curativo.
0 Sementes: não ultrapassar as doses. Habitat: Europa Meridional,
terrenos baldios, colinas secas; em Portugal, cresce especialmente nas
regiõ es do Norte e Centro. Identificação: de 0,80 a 2 m de altura.
Vivaz, caule ramoso, verde com estrias azuis, brilhante, compacto;
folhas verde azul ado escuras, brilhantes, com bainha muito comprida e
limbo curto, divididas em lacínias filiformes; flores amarelas (Junho
Agosto), pequenas, com grandes umbelas terminais; fruto cinzentoescuro,
fusiforme, estriado, glabro, 2 estiletes curtos; bainhas da base
carnudas sobre uma toiça
grossa, lenhosa, vigorosa. Cheiro aromático; picante e amargo. Partes
utilizadas: folhas frescas, raiz (fim do primeiro ano); frutos
(Setembro Outubro). * Componentes: óleo essencial, sais minerais,
provitamina A, vitaminas B e C 0 Propriedades: antiespasmódico,
aperitivo, digestivo, emenagogo, expectorante, galactagogo, tónico,
vermífugo, vulnerário. U. I., U. E. + o Ver: abcesso, aerofagia,
bronquite,, diarreia, fadiga, frigidez, impotência, lactação,
meteorismo, obesidade, olhos, rouquidão, tosse.
163
FunchomarÍtimo
Crithmum maritimum L.
Perrexildomar, funchomarinho, funchodomar,
bacila
Umbelíferas
O funchomarítimo é uma pequena planta de caule estriado e carnudo cuja
raiz penetra nas mais pequenas fendas dos rochedos, podendo atingir 5 m
de comprimento. Necessita de grandes quantidades de humidade, ambientes
salgados, bem como da suavidade dos climas marítimos, oceânicos ou
mediterrânicos.
As suas folhas carnudas, espessas e brilhantes são utilizadas para fins
medicinais; devem ingerirse cruas para melhor beneficiar das suas
acções aperitiva, tónica e antiescorbútica; porém, se os efeitos
desejados são o depurativo e o diurético, a preparação mais indicada é o
infuso da planta fresca. No entanto, é mais agradável utilizar as folhas
deste funcho marinadas em vinagre e confeccionadas como os pepinos. Após
a
preparação, os boiões devem ser hermeticamente rolhados e conservados em
lugar seco. No século xix, comercializavamse estas folhas em algumas
aldeias mediterrânicas; os marinheiros levavamnas para bordo, pois
apreciavam o sabor ligeiramente amargo e salgado, mas extremamente
agradável, do funcho.
Habitat: costas rochosas, ao alcance da brisa marítima; frequente sobre
os rochedos de toda a costa portuguesa. Identificação: de O,20 a O,50 m
de altura. Vivaz, caule prostrado ou ascendente, estriado e em
ziguezague; folhas glaucas, difusas, carnudas, espessas, brilhantes,
glabras, bi ou tripinuladas em folíolos lineares, erectas, pontiagudas;
flores brancoesverdeadas (JulhoOutubro), em umbelas com peclúnculo
curto, com 10 a 20 raios grossos, invólucro e involucelos com numerosas
brácteas lanceoladas, pétalas arredondadas; fruto volumoso ovóide,
esponjoso,
assinalado por 10 costas salientes e aquilhadas. Cheiro ligeiramente
aromático; sabor amargo e salgado. Partes utilizadas: folhas. *
Componentes: essência, óleo, sais minerais, iodo, bromo, vitamina C e
Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, depurativo, diurético, tónico.
U. L, U. E. Ver: apetite, escorbuto, obesidade, parasitose.
Galega
Galega officinalis L. Caprária, falsoanil
Leguminosas
O género Galega é constituído na sua totalidade por cerca de uma dezena
de espécies cuja maioria se desenvolve na Europa e no Oriente; nas regiõ
es temperadas, apenas a
Galega offici,nalis se encontra no estado espontâneo. E uma bela planta
vivaz, com
caule vigoroso, que forma volumosos maciços nos prados sombrios ou no
fundo dos vales quentes, húmidos e bem abrigados. Os seus grandes cachos
floridos, ainda mais desenvolvidos do que as folhas muito recortadas,
são corderosa, cor de malva ou azulclaros.
Desconhecida na Antiguidade, a galega parece ter sido utilizada no
século xVI como remédio para diversas afecções; porém, os
resultados pouco concludentes da sua aplicação conduziram ao seu quase
total descrédito. No entanto, um estudo sistemático empreendido no
início do século XX detectou a sua acção estimulante sobre a glândula
mamária e a secreção láctica, bem como o
efeito hipoglicemiante das suas sementes. Actualmente, a galega é
utilizada racionalmente durante o aleitamento e mostrase eficaz na
redução do teor de açúcar nos diabéticos. Com a continuação, a planta
provoca uma aversão difícil de superar.
O Não utilizar nenhuma parte da planta fresca, secar previamente.
Habitat: Sudeste da Europa, solos profundos e húmidos; espontânea em
Portugal, nas lezírias e locais húmidos do Centro e Sul; até 1000 m.
Identificação: de O,50 a 1 m de altura. Vivaz, caule herbáceo, erecto,
glabro, oco, tornandose muito duro nas moitas; flores glabras,
imparipinuladas, com 11 a 19 folíolos providos de uma pequena ponta fina
(mucromados), estípuIas livres e pontiagudas; flores azuladas ou, mais
raramente, brancas (JunhoAgosto), em grandes cachos pedunculados na
axila das folhas, cálice com 5 dentes finos, estandarte e quilha
ultrapassando as asas; vagem muito estreita, com 2 a 3 cm de
comprimento, estriada obliquamente e glabra; rizoma vigoroso. Cheiro
aromático e desagradável; sabor doce, tornandose acre. Partes
utilizadas: planta florida seca, sementes (Ju lho Setembro). *
Componentes: derivados flavónicos, alcalóide, vitamina C O Propriedades:
diurético, galactagogo, hipoglicemiante, sudorífico. U. 1. + o Ver:
diabetes, lactação.
Galeopse
Galeopsis dubia Leers
Labiadas
O termo Galeopsis deriva das palavras gregas gale, lontra, e opsis,
aspecto. Os povos antigos denominaram assim várias labiadas em cuja
corola com dois lábios viam semelhanças com a boca aberta do pequeno
carnívoro. Existem seis espécies do género Galeopsis na flora europeia.
Todas elas são plantas anuais com flores corderosa ou cor de púrpura,
por vezes amarelas e matizadas de branco, vermelho ou cor de violeta. A
Galeopsis dubia Leers, uma das mais vulgares, reconhecese pelo caule
pubescente, que não apresenta intumescências ao nível dos nós, pelas
folhas dentadas, sedosas e aveludadas, especialmente na página inferior,
e pela grande corola amarela manchada de verme lho no lábio inferior. A
espécie que mais se lhe assemelha é a Galeopsis ladanum L., cujo caule é
quadrangular e cujas folhas são estreitas e glabras. Uma outra espécie
muito conhecida é a Galeopsis tetrahit L.; as suas corolas corderosa
ultrapassam, por vezes, os cálices com dentes epinescentes, e o caule
apresenta intumescências nos nós. Todas as galeopses possuem uma acção
antianémica, remineralizante e acistringente, associada ao seu elevado
conteúdo em sílica e tanino.
Habitat: Europa Ocidental e Central, solos siliciosos; a Galeopsis
tetrahit L. surge em Portugal em algumas regiões elevadas,
especialmente no Minho; até 1300 m. Identificação: de O,10 a O,50
m de altura. Anual, caule pubescente, com pequenos ramos ascendentes;
folhas opostas, pecioladas, lanceoladas, serradas, sedosas, com nervuras
muito salientes e próximas; flores amareloclaras ou rosadas (Julho
Outubro), em verticilos pouco densos, grandes, erectas, cálice
aveludado, com 5 dentes espinescentes quase iguais, corola tubulosa 3 a
4 vezes maior que
o cálice, lábio superior convexo ligeiramente abobadado, sendo o
inferior provido de 2 dentes erectos. Cheiro intenso e pouco agradável.
Partes utilizadas: planta florida seca (JulhoOutubro); a conservação
dura no máximo 1 ano.
O Componentes: sílica, tanino, saponósidos O Propriedades:
acistringente, antianémico, expectorante, remi n eralizante. U. 1. +
Ver: anemia, bronquite.
Gatunha
ono@lis spinosa L. Unhagata, restabOi, rilhaboi, gatinha
Leguminosas
A espécie O. spinosa é multiforme e agrupa@ pelo menos, seis
subespécies, algumas das quais são desprovidas de espinhos. Esta planta
cresce especialmente nas pastagens, nos taludes, nas encostas, nos
diques marítimos, nos carreiros e nos terrenos incultos. Nas regiões
alpinas e mediterrânicas, encontrarilse as outras subespécies. A
gatunha é muito apreciada pelos burros, pelo que foi denominada Ononis,
palavra que deriva do
grego onos, burro, e onimêmi, ser útil. Misturada com o feno seco, os
seus espinhos ferem as mucosas da boca dos animais, Impedindoos de
pastar; as suas raizes, profundas e resistentes, bloqueiam as charruas,
interrompendo o trabalho dos bois. Por esta , a planta é conhecida pelo
nome de razão bois de trabalho restaboi, se bem
que os tenham praticamente desaparecido. go do
Dioscórides, célebre botânico gre século i, escreveu a propósito da
gatunha: *A
da raiz macerada em vinho aumenta as casca urinas, reduz as areias e
limpa as margens das úlceras.+ Na Idade Média e no Renascimento, a
gatunha foi também muito utilizada.
O pólen das suas flores é muito apreciado pelas abelhas.
Habitat: quase toda a Europa; preferentemente em solos argilocalcários,
campos, planícies de montanha, encostas, Pastos áridos, bermas
dos caminhos e aeais marítimos; frequente em
Portugal; até 1500 m a O 80 m de altura SuIdentificação: de O,10
barbusto; planta lenhosa na base; caules Prostrados ascendentes,
ramosos, culos ramos
abortados se transformam em espinhos, que são geralmente geminadoS;
folhas tdfoliadas, monofoliadas no cimo dos ramos; flores cor derosa
(AbrilSetembro), isoladas na axila das folhas; vagem ovóide, Cheiro
desagradável.
Partes utilizadas: flores, folhas, raiz (todo o
ano). >do, hete
9 Componentes: tanino > resina, ami
rósidos anonina, onocol O propriedades: adstringen@e, antiséptico,
depuratiVO, diuréticO, sudorífico. W., U.E. Ver: anginas, cistite,
eczerna, ederna, litíase.
Genciana
Gentiana lutea L.
Gencianadasfarmácias, argençana, argençanadospastores, genciana
amareia,
grandegenciana Bras.: gencianadosjardins
Gencianáceas
Afamília das Gencianáceas compreende várias centenas de espécies de
Gentiana, das quais apenas cerca de 20 crescem na Europa. Crêse que
deve o nome a Gentius, rei da Ilíria, que, segundo a lenda, no século ti
a. C., teria revelado a acção benéfica da planta.
Esta genciana, uma das mais belas, é uma grande planta vivaz dos prados
e das pastagens de alta montanha que cresce muito lentamente, dá a
primeira flor aos 10 anos e pode viver cerca de 60, produzindo apenas,
de 4 em 4 ou mesmo de 8 em 8 anos, um novo caule floral. É necessária
uma extrema atenção, pois próximo da genciana, com folhas glabras e
opostas, cresce uma liliácea Multo tóxica, o heléborobranco, com as
folhas alternas e vilosas na página inferior; é mais fácil distinguiIas
na época da floração, pois as flores do heléboro são brancas. As suas
propriedades medicinais, conhecidas desde tempos muito antigos, têm sido
consecutivamente confirmadas; a raiz seca (SeteinbroNovembro) é um
poderoso febrífugo e um excelente estimulante das funções do aparelho
digestivo.
O Não ultrapassar as doses indicadas ou o período recomendado para o
tratamento. Habitat: Europa Central e Meridional, prados, pastagens;
muito rara em Portugal, pode encontrarse na serra da Estreia; de 700 a
2400 m. Identificação: de O,50 a 1,30 m de altura. Vivaz, caule glauco,
erecto, simples e oco; folhas verdes, opostas, largas e ovais,
amplexicaules, com 5 a 7 nervuras convergentes; flores amarelas (Junho
Agosto), pedunculadas, em grupos de 3 a 10 na axila das folhas, corola
dividida em 5 a 9 lóbulos estreitos, abertos, cálice membranoso e
estames com anteras vermelhas; cápsula ovóide, abrindose em 2 valvas,
numerosas sementes aladas; raiz aprumada, robusta, comprida, ramificada,
amarela com casca cinzenta e enrugada longitudinalmente. Cheiro intenso
e acre; sabor muito amargo. Partes utilizadas: raiz seca.
O Componentes: essência, alcalóide, pigmento, vitamina C, pectina,
heterósidos amargos O Propriedades: aperitivo, estomáquico, febrífugo,
tónico, vermífugo. U. I., U. E. + V O Ver: anemia, apetite, astenia,
convalescença, digestão, fadiga, magreza, parasitose, sarda.
168
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Giesteiradasvassouras
Cytisus scoparius (L.) Link Giesta, giestaribeirinha, giestabrava,
giesteiracomum, retama, chamiça, maias
Bras.: codes so bastardo
Leguminosas
Para utilizar a giesteiradasvassouras em aplicações medicinais, é
indispensável saber identificála com exactidão. Para tanto é necessário
saber distinguiIa de três plantas que pertencem à mesma família: são
a,giesteiradeespanha, o codessobastardo e o tojoarnal, todos três
tóxicos, embora em graus diferentes. Alguns pormenores, no entanto,
permitem a sua distinção: as folhas do tojo (Ulex europaeus L.) são
pontiagudas, o cálice das flores é bilabiado até à base, sendo o
superior bifendido e o inferior trifendido; as folhas do codesso
(Laburnum anagyroides Med.), descrito na p. 125, formam tufos na
extremidade de compridos pecíolos e os cachos das flores são pendentes;
a giesteiradeespanha (Spartium junceum L.) dá pequenos ramos glaucos
cilíndricos praticamente sem folhas e as vagens são desprovidas de
pêlos.
A giesteiradasvassouras não é totalmente inofensiva, pelo que apenas
as flores ainda em botão podem ser ingeridas. As sumidades floridas
fornecem à indústria farmacêutica a esparteína, substância tonicardíaca,
vasoconstritora e diurética, utilizada em medicina.
G Utilizar apenas as flores em botão antes do desabrochar. Não exceder
as doses indicadas, Habitat: Europa, solos não calcários ou
descalcificados; quase todo o País; até 500 m. Identificação: de O,60 a
2 m de altura. Arbusto; caiWe verde, erecto, anguloso, estriado
longitudinalmente, rijo, com ramos consistentes e flexíveis, folhas
caducas, estipuladas, pequenas, pecioladas, trifoliadas, sendo as
superiores sésseis e simples; flores amarelodouradas (MaioJunho),
grandes, cálice glabro com 2 lábios curtos, corola papilionácea,
estandarte largo, quilha pendente, 10 estames diadelfos;
vagem achatada, preta, hirsuta no bordo, com uma dúzia de sementes
castanhas. Cheiro suave. Partes utilizadas: flores em botão, ramos
jovens; secagem em forno tépido.
O Componentes: pigmentos flavónicos, alcaJóides, entre os quais a
esparteína, sais minerais, óleo essencial O Propriedades: cardiotónico,
depurativo, diurético, hipertensor, vasoconstritor. U. I., U. E. + in
Ver: abcesso, albuminúria, edema, fígado, gota, hipotensão, litíase,
mordedura, reumatismo, rim.
Gilbarbeira
Ruscus aculeatus L.
Gilbardeira, ervadosvasculhos, azevinhornenor
Liflúceas
Nas matas desoladas, distinguemse ao longe, no Inverno, as manchas
sombrias e brilhantes da gilbarbeira, animadas pelo vermelho intenso dos
seus frutos. É um arbusto vivaz que forma moitas espessas,
frequentemente impenetráveis devido à rigidez dos seus ramos axilares
foliáceos e espinhosos, em cujo centro se implantam as flores, aos quais
os botânicos chamaram cladódios. A planta adaptase facilmente à aridez,
aos
solos calcários e pobres, não resistindo, porém, ao frio intenso.
A utilização medicinal da gilbarbeira já era conhecida de Dioscórides,
que a denominava Ruscus. Os médicos clássicos, e também os
fitoterapeutas, aproveitam as
propriedades terapêuticas da planta utilizando as folhas e especialmente
o rizoma. Este, oblíquo e nodoso, exala um cheiro pouco intenso a
terebintina. É diurético, febrífugo e extremamente estimulante para o
sistema venoso, sobre o qual exerce um efeito tónico ainda mais enérgico
que o do castanheirodaíndia. Utilizase ainda na preparação do xarope
das cinco raízes, do qual fazem parte também funcho, aipo, espargo e
salsa.
Habitat: Europa Central e Meridional, solos calcários, bosques; em
Portugal, cresce espontaneamente em quase todo o território; até 700 m.
Identificação: de O,30 a O,90 m de altura. Arbusto; caule verde, erecto,
glabro, densamente provido de ramos foliáceos (cladódios) na
extremidade, com folhas verdeescuras, coriáceas, alternas, sésseis,
ovais, espinescentes; flores violáceas ou esverdeadas (SetembroAbril),
muito pequenas, de 1 a 2 na axila de uma pequena bráctea, situada no
centro dos claciódios, dióicas, 3 sépalas, 3 pétalas livres e
persistentes; flores masculinas com 3 estames
e femininas com 1 ovário de 3 lóculos; baga redonda, vermelha, com 1 a 2
volumosas sementes amarelas; rizoma oblíquo, rastejante, branco
acinzentado, nodoso, guarnecido de raizes acastanhadas. Cheiro pouco
intenso a terebintina; sabor adocicado e depois amargo. Partes
utilizadas: rizoma e raiz (Outono), folhas.
O Componentes: óleo essencial, resina, saponósido, cálcio, potássio O
Propriedades: aperitivo, diurético, febrífugo, vasoconstritor. U . I.,
U. E. + Ver: edema, flebite, gota, hemorróidas, icterícia, litíase,
menopausa, varizes.
Globulária
Globularia vulgaris L.
Globuláriavulgar
Globulariáceas
Existem nas regiões europeias cerca de 15 espécies de globulárias, assim
denominadas devido às suas graciosas inflorescências em forma de globo
azul. São plantas vivazes, com caules curtos e folhas glabras. De entre
elas é útil saber identificar duas: a globuláriavulgar e a Globularia
alypum L.; ambas dão flor de um azul forte, sendo no entanto plantas
bastante diferentes do ponto de vista botânico. Porém, as suas
propriedades medicinais são análogas, se bem que mais desenvolvidas e
suaves no caso da primeira. A globuláriavulgar é uma planta herbácea
cujo caule floresce entre Abril e Junho e se ergue no centro de uma
roseta de folhas basilares de cor verde matizadas de vermelho.
O caule está envolvido por minúsculas folhas pontiagudas, apresentando
na extremidade superior um capítulo azul característico do género.
Prefere os solos calcários e áridos. A extensão geográfica da Globularia
alypum L., pelo contrário, é muito mais limitada: este pequeno arbusto
encontrase mais frequentemente nos rochedos mediterrimicos. As suas
folhas, esparsas e mucronadas, persistem durante os meses frios e as
flores, azuis, desabrocham no Inverno e na Primavera.
Foi erradamente denominada pelos povos antigos erva terrível, pois
confundiamna com uma outra planta com acção purgativa violenta, a
Globularia turbith. A Globularia alypum L. é, todavia, muito menos
activa que o sene, mas mais que a globuláriavulgar. Ao utilizála, é
conveniente dosear moderadamente as preparações.
O Não exceder as doses indicadas. Habitat: Europa Central e Meridional,
solos estéreis, calcários e rochedos; em Portugal, encontrase na regiã
o de Miranda do Douro; até 1500 m. Identificação: de O,05 a O,30 m de
altura. Vivaz, caule floral erecto e simples, folhas verdes, em roseta,
pecioladas, ovais, espatuiadas, chanfradas no vértice, sendo as
caulinares numerosas, sésseis, pequenas, ovais ou lanceoladas; flores de
cor azul forte (AbrilJunho) em pequenos capítulos esféricos, terminais,
solitários, cálice hirsuto com 5 divisões, corola
tulbulosa com 3 divisões compridas e 2 curtas e 4 estames desiguais;
aquénio incluso no cálice, 1 láculo e 1 semente; raiz aprumada,
ligeiramente lenhosa. Cheiro intenso; sabor acre e muito amargo. Partes
utilizadas: folhas.
O Componentes, heterósidos, tanino, resina, vitamina C O Propriedades:
colagogo, estomáquico, purgativo, sudorífico. U. 1. Ver: obstipação.
171
Goiveiroamarelo
Cheiranthus cheiri L.
Goivoarnarelo
Crucíferas
O goiveiroamarelo atapeta durante todo o
Inverno os cunhais dos velhos muros, e a partir do mês de Março surgem
as suas flores douradas anunciando a Primavera. Muito abertas, as suas
discretas corolas desenvolvemse em cachos amarelos no cimo do caule,
acinzentado, inteiramente revestido de finas folhas cinzentas. A partir
desta espécie, os jardineiros obtiveram variedades com Ilores dobradas,
muito ornamentais. O goiveiro espontâneo pode viver dois anos, devido às
gemas situadas na base dos seus numerosos caules lenhosos.
Se bem que muito utilizada na Grécia antiga e ainda pelos médicos árabes
como detersivo e emenagogo, supõese que a planta esperou séculos antes
de encontrar o seu justo lugar na fitoterapia. Efectivamente, só no
limiar do século XX a análise química detectou a existência de uma
substância cardiotó nica, a cheirotoxina, nas sementes, nas folhas e em
menor quantidade nas flores da planta. A presença desta substância impõe
a
maior prudência no consumo do goiveiroamarelo, pelo que, excepto por
receita médica, só devem ser utilizadas as flores.
O Conservar a planta ao abrigo da luz; não exceder as doses indicadas.
Habitat: Europa Meridional e Central, solos áridos, muros, proximidades
de casas; subespontâneo de norte a sul de Portugal, sendo também
cultivado como planta ornamental; até 600 m. Identificação: de O,20 a
O,60 m de altura. Bienal, caules angulosos, numerosos, cobertos de
folhas com pêlos prostrados e ligeiramente lenhosos na base; folhas
oval lan ceoladas, inteiras, verdeacinzentadas e vilosas com pêlos
bipartidos; flores amarelas ou amareloalaranjadas a castanho (Março
Junho), grandes
(25 cm), em cachos cimeiros, cálice com 4
sépalas verdes, erectas, livres, corola com 4 pétalas, 6 estames, dos
quais 2 laterais mais curtos, com filete livre, estigma com 2 lóbulos
arredondados; síliqua erecta, tetragonal, contendo sementes castanhas
aladas. Cheiro suave e aromático; sabor picante. Partes utilizadas:
sumidades floridas e frutos.
O Componentes: heterósido sulfurado, heterósidos cardiotónicos, vitamina
C * Propriedades: cardiotónico, diurético. U. 1. o Ver: diurese.
172
Golfões
ti) Nymphaea alba L, b) Nuphar luteum (L.) S. et Sm. a) GolTãobranco,
golfobranco, boleira, boleirabranca, lisdostanques, nenúfar b)
Golfãoamareio, golfoamarelo, boleiraamarela
Ninfeáceas
As lindas flores brancas ou amarelas dos golfões que surgem à superfície
das águas dos lagos de quase todos os parques públicos são de extrema
beleza. Embora pertencendo a dois géneros diferentes, Nymphaea e Nuphar,
têm propriedades comuns. Plantas de águas estagnadas de charcos e lagos,
o seu rizoma está mergulhado no lodo, sendo os pecíolos e os pedúnculos
suficientemente compridos para que as folhas e as flores permaneçam à
superfície das águas; as outras folhas, translúcidas, estão imersas e
desaparecem durante o Verão. A palavra Nymphaea deriva de ninfas,
divindades das águas; Nuphar, nenúfar, deriva de ninufar, o nome da
planta em árabe. Os Turcos recolhem as flores do N. luteum na época da
fioração, e com elas preparam uma bebida gelada a que chamam pufer. Os
médicos da Antiguidade e da Idade Média deram muita importância à
virtude anafrodisíaca do *golfão, amante da mansão húmida, destruidor
dos prazeres e veneno do amor+. Mais tarde, ridicularizouse este
conceito; porém, actualmente, a maioria dos fitoterapeutas adoptou esta
opinião, confirmada pelos estudos de Delphant e Balansard.
Habitat: Europa, charcos, lagos, ribeiras, águas paradas ou de corrente
muito fraca; ambos são frequentes nas águas estagnadas desde o Minho ao
Alentejo; (i) até 800 m, b) até 1100 m. Identificação: altura segundo a
profundidade da água. Vivazes, aquáticas, caule subterrâneo, pecíolos
muito compridos e cilíndricos; folhas cordiformes, abertas à superfície
da água, carnudas, cerosas, de 10 a 30 cm; flores: ti) flor branca
(JunhoAgosto), diâmetro de 10 a 12 cm,
4 sépalas curtas e verdes na parte superior; b) flor amarela (Abri I
Setembro), muito aromática, de 3 a 7 cm de diâmetro, 5 sépalas grandes,
arredondadas, verdes na parte externa; fruto carnudo, indeiscente,
maturescente: ti) no fundo, b) à superfície com numerosas sementes;
rizomas mergulhados no lodo. Cheiro: b) intenso (flor). Partes
utilizadas: a) flor (JunhoAgosto), rizoma; b) rizoma.
O Componentes: tanino, alcalóides O Propriedades: antiespasmódico,
sedativo; b) antibiótico. U I., U. E. LvJ Ver: acne rosácea, cabelo,
leucorreia, nervosismo, pele, sono, tosse.
173
Graciosa
Gratiola officinalis L. Gracíola, cinifólio, ervadopobre, pequena
dedaleira
Escrofulariáceas
A graciosa é uma pequena planta vivaz cujo caule mergulha nas valas
sombrias, onde aparece juntamente com grandes herbáceas, e também nos
canaviais das margens dos pântanos.
É uma das muitas plantas espontâneas que devem ser utilizadas com
prudência. Efectivamente, é um remédio muito violento, eficaz, mas
perigoso, que em doses excessivas pode provocar envenenamentos mortais;
não obstante, fazia outrora parte do arsenal farmacêutico com o nome de
graç adedeus, indicativo de quanto era apreciada. No entanto, supõese
que nos séculos XVI e XVII, época áurea das sangrias, dos clisteres e
das purgas, a planta tenha sido de algum modo responsável pela morte de
um certo número de infelizes pacientes.
Nos meios rurais, a graciosa é conhecida por ervadopobre, pois outrora
apenas os pobres a utilizavam, por não poderem adquirir remédios mais
caros. A graciosa, que, como as dedaleiras, pertence à família das
Escrofulariáceas, contém substâncias que actuam sobre o coração.
O Utilizar apenas a planta seca; não ultrapassar as doses prescritas.
Habitat: Europa Central e Meridional, à beira de águas paradas, costas,
prados húmidos; em Portugal, surge nas margens dos rios e valas,
sobretudo a norte do Teio; até 1500 m. Identificação: de O,20 a O,50 m
de altura. Vivaz, caule erecto, oco, cilíndrico na base e anguloso no
vértice; folhas verdes, opostas, sésseis, lanceoladas, mais ou menos
serrilhadas, com 3 a 5 nervuras divergentes; flores amareladas, cor de
maiva ou rosadas (JunhoSetembro), isoladas na axila das folhas, cálice
com 5 dentes, provido de 2 brácteas estreitas, corola vilosa no
interior, lábio superior com 2 lóbulos e inferior com 3 lóbulos, 4
estames; cápsula com 2 lóculos e numerosas sementes; rizoma estolhoso,
rastejante e carnudo. Cheiro nauseabundo; sabor acre e amargo. Partes
utilizadas: planta florida seca (Julho); secagem em estufa a 60'C.
O Componentes: heterásidos cardiotónicos O Propriedades: cardiotónico,
diurético, emético, purgativo. ILI. I., U. E. + Ver: edema, intestino,
úlcera cutânea.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
GRAMAFRANCESA *//* REFAZER todo o início da página, manualmente
Habitat: todos os terrenos; até 2000 m. Identificação: de O,40 a 1,20 m
de altura. Vivaz, caule rizomatoso, duro, glabro; folhas de um verde
intenso e um verdeazulado, estreitas, planas, com nervuras, ásperas na
página superior; longas espigas verdeclaras, formadas por espiguetas
sésseis, imbricadas, em 2 filas, alternas; flores verdes (Junho
Setembro), de 4 a 6 por espigueta, cada uma delas encerrada no conjunto
de 2 glumas, com 5 a 7 nervuras e de 2 glumelas e 3 estames; cariopse
obionga, com vértice viloso, indeiscente; longos rizomas rastejantesÁ
GRACIOSAPLANTA A SEGUIR , de cor brancoamarelada, coriáceos, providos
de nós com raizes adventicias. Sabor adocicado. Partes utilizadas: suco
da planta inteira, rizoma (MarçoAbril ou SetembroOutubro); lavar,
secar ao sol e pequeno período de conservação.
O Componentes: sais minerais, óleo essencial, triticina (polissacárido,
mucilaginoso) O Propriedades: depurativo, diurético, emoliente,
suavizante. U. L, U. E. + kri Ver: celulite, cistite, eczema, icterícia,
litíase, menopausa, obstipação, rim.
PLANTAS ESPONTÂNEAS
GRANZA *//* REFAZER A PLANTA ANTES DA GROSELHEIRA ESPINHOSA
contido na raiz provocou a queda da sua
comercialização. Desde então, a planta deixou de ser cultivada,
tornandose progressivamente espontânea e difundindose por quase toda a
Europa.
Muito semelhante à granza devido à sua
acção medicinal, encontrase nas regiões mediterrânicas uma planta
próxima, a granzabrava, ou Rubia peregrina L., cujas folhas, providas
de uma só nervura, persistem durante o Inverno. O conhecimento das
virtudes medicinais da granza remonta à época de Hipócrates, que
considerava a sua raiz diurética. Os Árabes utilizamna actualmente para
facilitar o parto.
Habitat: Europa Meridional, subespontânea em França, solos calcários; a
Rubia peregrina L. existe em quase todo o território português com os
nomes de raspalíngua, ruivabrava ou granzabrava; até 1000 m.
Identificação: de O,60 a 1 m de altura. Vivaz, caule vermelho
acastanhado, trepador, ramoso, quadrangular e provido nos ângulos de
acúleos; folhas verticiladas em grupos de 6, gran des, lanceoladas,
aculeadas nos bordos e na nervura central, nervuras secundárias formando
uma rede aparente; flores amarelas (JunhoAgosto), pequenas, dispostas
em cimeira na
axila das folhas e na extremidade dos ramos, cálice com 5 dentes, corola
com 5 pétalas soldadas na base, 5 estames e 2 carpelos; baga
arredondada, preta, do tamanho de uma ervilha; parte subterrânea,
rastejante, vermelha, desprovida de renovos. Cheiro a losna; sabor acre.
Partes utilizadas: raiz.
O Componentes: heterásidos antraquinónicos
O Propriedades: acistringente, aperitivo, colerético, diurético,
emenagogo, laxativo, tónico. U. 1. + Ver: menstruação, obstipação,
parto, rim.
GroselheiraespiM
Ribes uvacrispa L.
Saxifragáceas
Jehan Froissart, nos alvores do século XV, falava já na *groselheira
espinhosa+ e, efectivamente, a Ribes uvacrispa L. é a única planta
desta espécie que possui espinhos. Outrora, na Suécia chamavamlhe Rips
e na Dinamarca Ribs, sendo a partir destas designações que, em 1584, lhe
foi atribuído o nome de género, Ribes. Arbusto de origem setentrional,
inexistente na bacia mediterrânica, foi ignorado pelos gregos antigos.
Há
muito tempo que os horticultores diligenciam multiplicar as variedades
hortícolas da planta. Assim, conseguiram obter frutos progressivamente
maiores. Existe mesmo uma variedade denominada monstruosa com groselhas
tão volumosas como as ameixas. É evidente que os frutos da planta
espontânea são muito mais pequenos, aproximadamente do tamanho de uma
ervilha. Devem procurarse em Junho e Julho nos bosques, nas sebes e
mesmo nas árvores ocas. Consomemse frescos ou em sumo aquando de uma
cura de Primavera. Podem ainda ser utilizados na preparação de óptimas
geleias e compotas. Quando verdes, servem para confeccionar um molho
muito apreciado para acompanhar cavalas. No entanto, a ingestão de bagas
não maduras é pouco aconselhável, pois podem provocar graves
perturbações.
G Ingerir as bagas muito maduras. Habitat: Europa, rara na região
mediterrânica, florestas, matas, sebes; até 1800 m. Identificação: de
O,60 a 1,50 m de altura. Subarbusto; caule e ramos acinzentados e
espinhosos; folhas largas, palmadas, com 3 a 5 lóbulos serrados,
arredondados, que nascem na axila de espinhos tripartidos; flores
esverdeadas ou avermelhadas (MarçoMaio), solitárias, ou geminadas, ou
em grupos de 3, cálice com sépaIas avermelhadas, corola com pétalas mais
pequenas que as sépalas, brancoamareladas,
5 estames; baga ovóicie, amarei o averm elh ada,
eriçada de Pêlos, contendo várias sementes; rizoma estolhoso. Sabor doce
(fruto). Partes utilizadas: folhas, raizes, frutos; secar em estufa e
conservar em caixas.
O Componentes: sais minerais, vitaminas B e C, ácidos, glúcidos,
lípidos, celulose, provitamina A O Propriedades: acistringente,
aperitivo, depurativo, digestivo, diurético, laxativo, remi n
eralizante. ILI. I., U. E. Ver: albuminúria, apetite, convalescença,
cura de Primavera, diarréia, ferida, obesidade, obstipação, sede.
177
PLANTAS ESPONTÂNEAS
Groselheiravermelha *//* REFAZER
Ribes rubrum L.
Groselheiracomum, groselheirarubra,
groselheiradoscachos
Saxifragáceas
Pequeno arbusto desprovido de espinho com casca cinzentoclara, prefere
os bo ques frescos. As groselhas vermelhas am
durecem geralmente nos fins de Junho, i dia de S. João, pelo que o seu
nome popul na Alemanha é Johannisbeere, isto é, bag desãojoão. São
inúmeras as suas virtudi medicinais, conhecidas desde o século x'v
Depurativas e refrescantes, podem, alé disso, ser consumidas pelos
diabéticos, doe tes a quem são proibidos frutos muito doce Se forem
secas num forno, conservam: optimamente, podendo assim servir de bas no
Inverno, a infusões digestivas de agrad vel sabor. A geleia crua é uma
iguaria de] ciosa e pouco vulgar que conserva qualid des idênticas às do
sumo fresco e que prepara do seguinte modo: esmagar suav
mente as groselhas vermelhas com um ga to, de modo a manter as sementes
inteira peneirar e adicionar ao sumo obtido un quantidade de açúcar
igual ao dobro do s( peso; colocar em boiões. No dia seguint, fechar
hermeticamente; esta geleia deve s consumida rapidamente.
Habitat: Europa Continental e Setentrional; bosques frescos, abrigados,
sebes e moitas; planta melífera cultivada em Portugal, embora com pouca
frequência; até 2000 m. Identificação: de 1 a 1,50 m de altura. Arbusto;
caule desprovido de espinhos, casca cinzenta rasgada em lacínias nos
troncos velhos; grandes folhas alternas, pubescentes na página inferior,
palmadas, com 5 lóbulos serrados, pecioladas e caducas; flores amarelo
esverdeadas (AbrilMaio), em cachos pendentes, hermafroditas, cálice com
sépalas esverdeadas ou castanhoavermelhadas e com o dobro do
tamanho das pétalas; cachos com pequenas bagas vermelhas, brilhantes, de
polpa suculenta e contendo várias sementes; rizoma estolhoso. Cheiro
suave; sabor ligeiramente ácido. Partes utilizadas: frutos (Julho
Agosto).
O Componentes: vitamina C, ácidos málico, cítrico e tartárico,
mucilagem, giúcidos O Propriedades: aperitivo, depurativo, digestivo,
diurético, laxativo, refrescante, tónico. U. 1. Ver: apetite,
artritismo, cura de Primavera, dartro, obesidade, obstipação,
reumatismo, sede.
Hepática
Hepatica nobilis Mill.
A ném orta hepática
Ranunculáceas
A hepática é uma pequeníssima planta vivaz, muito rara nas planícies, um
pouco mais frequente nas montanhas cobertas de bosques, onde atapeta o
pé das árvores frondosas, e na frescura das matas. Floresce logo que
termina o Inverno, mas as suas graciosas corolas, de cor lilásazulada,
pendentes para o solo, só vivem oito dias. Esta planta é tão
característica que não é possível confundiIa com qualquer outra.
Sem utilização e certamente desconhecida na Antiguidade, supõese que
não foi considerada medicinal antes do século XV. Então,
a sua principal aplicação consistia no tratamento das doenças do fígado.
O nome de hepática advémlhe desta qualidade, embora também possa ser
devido à forma das folhas, que se assemelham aos lobos do fígado.
O Não utilizar nem a raiz nem a flor. Só utilizar a folha seca.
Respeitar as doses. Habitat: Europa, excepio no extremo norte, sobretudo
em regiõ es montanhosas, solos húmidos, matas calcárias; entre 400 e
2200 m. Identificação: de O,08 a O,20 m de altura. Vivaz, acaule; folhas
basilares, persistentes, com longo pecíolo, espessas, cordiformes,
vilosas quando jovens e depois glabras, divididas em 3 lóbulos iguais
não recortados; flores de cor lilásazulada, por vezes corderosa ou
brancas (MarçoAbril), bastante grandes, isoladas, com invólucro em
forma de cálice, 6 a 9 sépalas
petalóides, 20 estames, numerosos carpelos com rostro curto. Sabor
amargo. Partes utilizadas: folhas (MaioJulho).
O Componentes. heterósidos, enzimas, saponósido O Propriedades:
acistringente, cicatrizante, diurético. U. I., U. E. + Ver: ferida,
litíase.
Hera
Hedera helix L.
Aradeira, hereira, hedera, hedra, heradosmuros,
heratrepadeira, heradeira
Araliáceas
À hera têm sido atribuídas as mais variadas designações, nomes populares
na sua maior parte femininos, como acontece em todas as línguas
românicas, com excepção do francês, que deu à planta um nome masculino:
lierre. Existem algumas pessoas que apreciam a hera, permitindo que
adorne com o seu manto sussurrante os caramanchões, as grades ou as
fachadas das suas casas; outras consideramna uma planta prejudicial e
destroemna. É certo que a hera deteriora as paredes e que, quando
invade o solo, nenhuma outra vegetação consegue encontrar o seu caminho
para a luz. No entanto, não é parasita, pois, apesar de se agarrar às
árvores, não se alimenta da sua seiva. Esta hera pode viver muito tempo:
conhecemse alguns exemplares com 400 anos; então, por vezes o caule
adquire a espessura de um tronco de árvore. Os frutos amadurecem na
Primavera, aconselhandose prudência, pois são tóxicos, não devendo ser
consumidos.
Tradicionalmente, a hera escondia os duendes sob a sua folhagem,
protegia as casas dos espíritos malignos e era tida como símbolo de
fidelidade e longevidade. Juntamente com a vinha, associase ao deus
Baco.
O Nunca consumir os frutos; quanto às folhas, respeitar sempre as doses
indicadas. Habitat: Europa; frequente em quase todo o território
portuguê s; até 1000 m. Identificação: de 3 a 50 m de altura. Arbusto,
trepador ou rastejante; caule lenhoso, vigoroso, trepa aos muros e às
árvores por meio de raízes laterais; folhas verdeescuras, brilhantes,
coriáceas, alternas, pecioladas, persistindo cerca de 3 anos, de
triangulares a palmatilobadas, ovais nas sumidades floridas; flores
amareloesverdeadas (Setembro Outubro), em pequenas umbelas esféricas
com numerosos
raios, cálice com 5 dentes curtos, soldados ao ovário, 5 pétalas
lanceoladas, reflexas; fruto globoso, preto, com 4 a 5 sementes corde
rosa. Cheiro aromático; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas novas,
frescas.
O Componentes: estrogéneos, hederina O Propriedades: analgésico,
antiespasmódico, emenagogo. U. L, U. E. + V o Ver: banho, bronquite,
cabelo, calo, celulite, edema, estrias, hipertensão, menstruação,
queimadura, queimadura solar, reumatismo, tosse convulsa, traqueíte.
Heraterrestre
Glechoma hederacea L.
Ervadesãojoão, malvela
Labiadas
bentos estéreis e igualmente prostrados. Espaçadamente, erguemse ramos
curtos providos de pares de folhas arredondadas e crenadas em cujas
axilas desabrocham, a partir de Março, graciosas flores cor de violeta.
Conhecida desde a Alta Idade Média como planta medicinal, a hera
terrestre foi muito apreciada por Santa Hildegarda, no século xii,
devido a duas das suas actuais utilizações: peitoral e vulnerária. No
século XVI, era utilizada para tratar feridas internas e externas e
mesmo para combater a loucura. Cozida em leite, é ainda hoje um dos
remédios utilizados nos meios rurais para as afecções dos brônquios.
A planta faz parte de uma preparação da Farmacopeia Francesa, o chá
suíço, espécie de tónico fortificante, muito eficaz para recuperar de
qualquer tipo de comoção.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; espontânea em locais
húmidos e sombrios de TrásosMontes, Minho e Beiras; até 1600 m.
Identificação: de O,05 a O,25 m de altura. Vivaz, caule prostrado,
radicante, piloso, sendo os floríferos erectos, simples; folhas verdes,
moles, crenadas, cordiformes, arredondadas; flores azulvioleta
maculadas de cor de púrpura, por vezes de corderosa (MarçoMaio),
unilaterais, entre 2 e 4 na axila das folhas superiores, cálice com 5
dentes, tubuloso, corola com 2 lábios, sendo o superior chanfrado e o
inferior trilobado, 4 estames, 2 maiores e 2
mais pequenos (didinâmicos), anteras com lóculos em ângulo recto;
tetraquénio com aquénios ovóides, lisos, castanhos. Cheiro intenso,
agradável; sabor quente, acre, amargo. Partes utilizadas: planta fresca
ou seca, suco fresco, folhas (no princípio da floração).
O Componentes: princípio amargo, óleo essencial, tanino, glúcidos,
potássio, resina O Propriedades: diurético, peitoral, tónico,
vulnerário. LI. L, U. E. + o Ver: asma, bronquite, constipação,
enfisema, estômago, furúnculo.
181
Hespere
Hesperis matronalis L.
Juliana, julianadosjardins
Bras.: ervaalheira
Crucíferas
AHesperis matronalis L., de flores brancas, corderosa ou violáceas, é
um habitante selvagem das clareiras, onde exala o seu perfume ao cair da
tarde. Cultivase nos jardins para fazer cercaduras nos canteiros, mas a
sua exuberância natural torna, por vezes, necessário limitar a sua
propagação. Então, com a ajuda das abelhas que a procuram, ultrapassa
facilmente as cercas e reconquista a sua liberdade ao longo dos
caminhos. Na Antiguidade, os naturalistas confundiamna
com o goivo, sendo, no entanto, bem descrita na Idade Média.
Introduzida na Áustria a partir da Turquia, passou no século XVII à
França e depois à Itália.
No século XIX, o fitoterapeuta Cazin verificou as suas propriedades
terapêuticas, confirmando que a planta é diurética, expectorante e
sudorífica. O seu suco misturado com leite ou uma infusão das folhas ou
o vinho em que estas foram maceradas são bebidas agradáveis. As cataplas
m as de folhas picadas aceleram a maturação dos abcessos. A sua eficácia
só é real quando utilizada no estado fresco.
Habital: Europa Central e Meridional, com excepção da região
mediterrânica e da Córsega, solos calcários, sebes, moitas; até 1500 m.
Identificação: de O,40 a O,80 m de altura. Bienal ou vivaz, caule
erecto, cilíndrico, ramificado na parte superior; folhas simples,
inteiras, lanceoladas ou oblongas, dentadas, hirsutas, rugosas, com
pecíolo curto; flores brancorosadas, cor de púrpura ou violáceas (Maio
Setembro), agrupadas em grandes panículas, 4 sépaIas, 4 pétalas em cruz,
6 estames, estigma fendido em 2 lobos; síliqua comprida, erecta, glabra
ou aveludada, abrindose em 2 valvas
contendo 1 fileira de sementes. Cheiro agradável, sobretudo à noite;
sabor acre. Partes utilizadas: parte aérea da planta fresca (floração).
O Componentes: óleo, vitamina C O Propriedades: diurético, expectorante,
sudorífico. U. I., U. E. Ver: abcesso, gota, litíase, pele.
182
Hipericão
kypericum perforatum L.
Milfurada, ervadesãojoão
Hipericáceas
O hipericão cresce geralmente em maciços, e a densidade da sua floração
é tão intensa que nas grandes extensões de terreno que ocupa faz surgir
enormes manchas amarelodouradas e avermelhadas. Na realidade, as flores
estão abertas apenas um dia e murcham no dia seguinte, adquirindo as
pétalas sem viço a cor de ferrugem. Esta planta tem uma particularidade
interessante: o parênquima das folhas está salpicado de pequenas
glândulas de essência, translúcidas, que, observadas à transparência, se
assemelham a mil pequenos orifícios e às quais deve o nome de milfurada.
As flores contêm dois pigmentos, um amarelo e outro vermelho; este
último, denominado hipericina, está encerrado em pequenos pêlos
glandulosos presentes nas sépalas e pétalas. Tem a propriedade de tornar
a epiderme do animal que o ingere sensível à luz solar; as zonas
despigmentadas do corpo expostas ao sol tornamse um foco de pruridos.
As folhas e sumidades floridas são secas em ramos a sombra.
O chamado hipericãodogerês, ou androsemo, é obtido de uma outra
espécie, Hypericum androsaemum L., que pode ser encontrada nos locais
húmidos e sombrios e margens dos rios do Minho, Beiras e Estremadura
(Sintra).
Habitat: Europa, terrenos incultos, bosques pouco densos, clareiras,
prados secos, muros velhos; presente em todo o País; até 1600 m.
Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Vivaz, caule avermelhado,
subroliço, com 2 linhas longitudinais salientes, abundantemente
ramificadas; folhas opostas, sésseis, glaucas na página inferior,
cobertas de numerosas pontuações transiúcidas e salpicadas de pontos
negros; flores de um amarelo intenso (JunhoSetembro), grandes, em
panículas corimbiformes, 5 sépalas, 5 pétalas assimétricas, com
ntuações negras que são glândulas com um
corante vermelho, estames em 3 feixes; cápsula ovóide, estriada e com
vesículas; toiça com rebentos folhosos. Partes utilizadas: folhas,
sumidades floridas.
O Componentes: óleo essencial, hipericina, resina, tanino, vitamina C O
Propriedades: adstringente, antiséptico, cicatrizante, diurético,
sedativo, vermífugo, vulnerário. U. L, U. E. + V Ver: asma, banho,
bronquite, cistite, entorse, enurese, ferida, frigidez, impotência,
leucorreia, parasitose, pulmão, queimadura, queimadura solar, úlcera
cutânea.
Hipofac
Hippophae rhamnoides L.
Eleagnáceas
É um arbusto espinhoso a cuja vida a luz é tão indispensável que morre
sob árvores de maior porte, e os seus ramos mais baixos definham à
sombra das suas próprias ramificações superiores. Necessita de sol e de
solos salgados, formando impenetráveis massas arbustivas nas costas do
mar da Mancha e do mar do Norte, onde as suas raízes com numerosos
rebentos se fixam no subsolo. É uma planta dióica, cujas flores
masculinas e femininas são produzidas por pés diferentes. No Inverno, os
pés femininos reconhecemse facilmente, pois os seus gomos florais são
mais pequenos.
Na Antiguidade, devido à reputação tóxica dos seus frutos encarnados,
tinha o nome de Hippophae, das palavras gregas hippo, cavalo, e phaó, eu
mato, mas, a partir da Idade Média, a inocuidade dos seus frutos foi
reconhecida, descobrindoselhes uma acção adstringente. A sua utilizaçã
o como remédio antiescorbútico e antigripal é muito mais recente, visto
que só no século XX foi
escoberto o seu elevado teor em vitamina C. Com o fruto do hipofaé
confeccionamse compotas e doces caseiros, estando comercializado um
xarope que se recomenda durante os meses de Inverno.
Habitat: Europa, dunas, solos arenosos, aluviões dos grandes cursos de
água; até 1800 m. Identificação: de 1 a 3,50 m de altura. Arbusto;
tronco espinhoso com ramos soltos, castanhoescuros; folhas alternas
quase sésseis, aiongadas, verdeescuras na página superior, prateadas e
salpicadas de escamas de cor ruiva na inferior; flores esverdeadas
(MarçoMaio), pequenas, dispostas na base dos ramos jovens, que aparecem
antes das folhas, dióicas, as masculinas em amentilhos laterais com
4 estames sésseis na axila das escamas e as femininas solitárias com 1
estilete; fruto subgloboso, amarei o ala ranjad o, com 1 semente
encerrada num cálice carnudo; estolhos subterrâneos com numerosos
turiões. Sabor ácido (fruto). Partes utilizadas: frutos (Setembro
Outubro).
O Componentes: ácidos orgânicos, heterásidos flavónicos, provitamina A,
vitaminas B1, B2, B6, E e C O Propriedades: acistringente,
antiescorbútico, antiséptico, tónico, vermífugo. U. 1. + Ver: apetite,
astenia, envelhecimento, escorbuto, gripe.
hissopo *//* refazer
áridas, tenha sido outrora tão venerada. O hissopo é, como a losna, uma
planta ambivalente; simultaneamente benéfica e maléfica, bela e
perigosa, está entre o número das plantas consideradas feiticeiras. De
entre os
remédios mais divulgados em medicina popular, o hissopo era utilizado
para tratar doenças como a asma e as afecções brônquicas e pulmonares. E
cultivado à escala industrial para uso farmacêutico. Serve ainda para
aromatizar licores e aperitivos e, em
cosmética, para preparar uma loção refrescante para as pálpebras e
tonificante para a
pele. Com 17 outras plantas, faz parte da composição do chásuíço.
O As pessoas nervosas devem tomálo com precaução. Habitat: Europa
Meridional, solos calcários, paredes expostas ao sol; em Portugal,
cultivase como planta melífera e ornamental; até 2000 m. Identificação:
de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule ascendente e ramificado; folhas
pequenas, inteiras e com nervura saliente; flores azuis ou cor de
violetaescura (JunhoSetembro), em espiga unilateral folhosa, cálice
com 5 dentes, corola com 5 lóbulos, 4 estames cor de violeta e
salientes; tetraquénio contendo 1 semente preta e rugosa; raiz lenhosa.
Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas mondadas (na época da
florescência); secagem lenta à sombra; conservar em local seco em
pequenos sacos de papel colocados em frascos bem rolhados.
O Componentes: óleo essencial, heterósido, tanino, colina O
Propriedades: antiespasmódico, aperitivo, carminativo, depurativo,
estimulante, estomáquico, resolutivo, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver:
asma, bronquite, contusão, cura de Primavera, digestão, meteorismo,
olhos, pele, rouquidão, tosse.
185
Imperatória
Peucedanum ostruthium Koch. (= Imperatoria
ostruthium L.)
Umbelíferas
Aimperatória encontrase nos caminhos de montanha, formando altas e
espessas moitas extremamente aromáticas; o seu perfume assemelhase ao
do aipo e também vagamente ao da angélica. O próprio nome da imperatória
revela as suas importantes virtudes.
O nome de espécie advém, por sucessivas transformações, do termo alemão
Meisterwurz, que foi traduzido para o latim medieval, magistrantia, de
onde derivou astrantia, que se transformou em ostricium e finalmente em
ostruthiuni.
No século xVII, a imperatória, então no
auge da sua fama, fazia parte da composição de uma das misturas mais em
moda na Europa, o orvietão, ou orvietano, composto por 54 plantas
diferentes amolecidas e amassadas com mel, ópio, vários óleos essenciais
e carne seca de víbora. Actualmente, a imperatória é um dos remédios
populares mais utilizados na Suíça, onde a sua raiz cozida em vinho é
considerada como um contraveneno e um tratamento eficaz para as
mordeduras de cão. As suas propriedades aperitivas e expectorantes são
indiscutíveis; mastigada, estimula a salivação. A planta, utilizada
também em culinária, serve para aromatizar alguns tipos de queijo.
Habitat: Europa, montanhas, ravinas, prados húmidos, solos siliciosos;
até 2000 m. Identificação: de O,30 a 1 m de altura. Vivaz, caule verde,
erecto, cilíndrico, estriado, oco e folhoso; folhas verdes nas duas
páginas, frequentemente mais claras e aveludadas na página inferior,
moles, sendo as inferiores formadas por 3 a 9 segmentos compridos,
triangulares, lobulados, serrados, e as superiores mais pequenas; flores
brancas ou corderosa (JunhoAgosto), em grandes umbelas planas, com
20 a 42 raios delgados, desiguais, sem invólucro de brácteas; fruto
curto, extensamente alado, chanfrado em ambas as extremidades; rizoma
anelado, castanho, estolhoso; suco leitoso. Cheiro aromático e
penetrante; sabor acre. Partes utilizadas: folhas frescas, rizoma; na
Primavera, secagem à sombra; no Outono, secagem ao sol.
O Componentes: óleo essencial, goma, resina, composto de natureza
cumarínica O Propriedades: aperitivo, estomáquico, expectorante,
sudorífico. U. L, U. E. Ver: apetite, bronquite, meteorismo, mordedura,
picadas.
186
Labaçol
Rumex obtusifolius L. Labaçaobtusa, manteigueira, ruibarboseivagem,
ervabritânica, paciênciaaquática
Poligonáceas
Parente das azedas com sabor desprovido de acidez, mas muito amargo, o
labaçol espontâneo possui grandes folhas em forma de coração e pequenas
flores com pétalas substituídas pelas três sépalas interiores do cálice;
as três sépalas exteriores, esverdeadas, formam o invólucro
característico do fruto, que permite aos botânicos distinguir o labaçol
das suas espécies próximas, dotadas de propriedades medicinais
semelhantes. Além do labaçol espontâneo, podem encontrar~se nos jardins
o Rumex patientia L. e nos cam~ pos o Rumex crispus L., cujos frutos
estão aqui representados. São plantas vivazes, das quais se utilizam o
suco fresco, as folhas e
as raízes secas, considerados remédios eficazes, só actuando, porém, a
longo prazo; assim, é necessário suportar pacientemente, durante várias
semanas, o repugnante sabor antes de sentir os seus efeitos. Os
farmacêu~ ticos preparam cápsulas medicinais com o pó da raiz para
engolir sem mastigar, destinadas às pessoas que não conseguem suportar o
sabor da planta. As folhas são depurativas, tónicas, diuréticas e
ligeiramente laxativas; servemse em salada ou cozidas.
Habitat: Europa, excepto certas regiões mediterrânicas, à sombra, bermas
dos caminhos; em quase todo o País; até 1600 m. Identificação: de O,50 a
1 m de altura. Vivaz, caule floral rígido, robusto, canelado, corado de
vermelho; folhas inferiores alternas, pecioladas, de nervuras centrais
avermelhadas, ovais e cordiformes; flores esverdeadas (JunhoSetembro),
com pedicelos filiformes, reunidos em semivertici lastros, constituindo
cachos interrompidos, 3 tépalas externas pequenas, 3 tépalas internas
(valvas), incluindo o fruto, 6 estames e 3 estiletes com estigmas;
aquénio trigonal com 1 semente, protegido pelas valvas; raiz espessa,
rugosa, castanha e amarela no corte. Cheiro acre; sabor amargo. Partes
utilizadas: folhas, suco fresco, raizes secas (OutubroNovembro); limpar
sem lavar e secar ao sol.
O Componentes: compostos de ferro e de fósforo, tanóides, heterósidos O
Propriedades: acistringente, antianémico, depurativo, diurético,
laxativo, tónico. U. L, U. E. + V o Ver: anemia, cura de Primavera,
dartro, fígado, obstipação, pele, úlcera cutânea.
Laminárias
a) Laminaria saccharina Lam. b) Laminaria digitata (L.) Lam, c)
Laminaria hyperborea (Gunner) Foslie a) rabeiro, c) folhademaio,
chicote, taborrodepé
Laminariáceas
As laminárias surgem ao longo das costas da Europa, onde, na maré baixa,
é habitual vêIas brilhar sobre as rochas. Cientificamente, pertencem ao
grupo das algascastanhas (feofíceas). Estas laminárias identificamse
facilmente ao examinaremse os seus estipes, pseudocaules simples que se
ramificam na base, constituindo um órgão de fixaçao com aspecto de raiz,
e na parte superior se diferenciam dando uma fronde lamelar. O estipe da
Laminaria saccharina é curto e cilíndrico; a sua lâmina foliácea verde
azeitonaescura, ondulada nos bordos, persiste e
cresce todos os anos ao nível da base. A Laminaria digitata possui um
pseudocaule longo e flexível e uma fronde espessa verdeazeitona
manchada de castanho. Na Laminaria hyperborea, o estipe é rugoso e
espesso. Nenhuma destas três laminárias é perigosa; pelo contrário, a
sua riqueza em sais minerais, em oligoelementos e em vitaminas justifica
as suas numerosas aplicações medicinais e a sua utilização na indústria
farmacêutica e alimentar.
Habitat: Europa; na costa portuguesa há a L. hyperborea (Gunner) Foslie,
a L. ochroleuca De Ia Pylaie e a L. saccharina (L.) Lamour.
Identificação: de 3 a 4 m de altura. Talo composto por um espique
cilíndrico e por grande fronde, alongada, recortada consoante as
espécies, contendo canais com mucilagem, cobertos por soros em
determinadas épocas. Cheiro marinho; sabor salgado; a) estipe curto;
fronde verdeazeitonaescura, comprida, achatada, apresentando à
superfície uma fileira de soros; b) pseuclocaule comprido, flexível,
coriáceo; fronde verdeazeitona manchada de
castanho, brilhante, espessa; apresenta soros ovais afastados uns dos
outros; c) estipe volumoso, rugoso; fronde apresentando à superfície
extensas fileiras de soros. Partes utilizadas: talo; arrancar e secar.
O Componentes: pigmentos, ácido algínico, alginatos, oligoelementos,
vitaminas B, C e E
O Propriedades: anorexígeno, estimulante, remineralizante. U.l., U.E. V
O Ver: arteriosclerose, banho, bócio, envelhecimento, fadiga,
hipotireoidismo, menopausa, obesidade, pele, raquitismo.
188
Lapsana
Lapsana communis L.
Labresto
Compostas
A lapsana é uma erva daninha, vulgar à beira dos caminhos, que se apanha
nos campos, constituindo um óptimo alimento para os coelhos. Enorme
planta anual, esbelta, as suas flores têm a característica fascinante de
abrir de manhã cerca das 6 ou 7 horas e de fechar ao entardecer. As
folhas têm a forma de uma lira e o caule, viloso, contém um suco leitoso
de gosto inesperado, simultaneamente amargo e salgado, semelhante ao do
taráxaco. Nos meios rurais, a lapsana é consumida crua, temperada como
uma salada.
O nome da lapsana deriva do grego Iapadzô, eu purgo. Foramlhe
atribuídas propriedades emolientes. A planta é, de facto, utilizada em
medicina popular para aliviar os seios encaroçados das mulheres que
deixam de amamentar e também para curar as gretas cutáneas. Para este
efeito, utilizase quer em pomada obtida pela mistura do suco fresco com
uma matéria gorda, quer numa cataplasma feita com folhas frescas
picadas. A lapsana é utilizada num extracto fluido para fazer baixar o
teor de açúcar no sangue.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, terrenos incultos ou
cultivados, limites dos bosques, entulhos; bastante frequente em
Portugal nos locais sombrios, sebes e campos cultivados; até 1800 m.
Identificação: de O,20 a 1,20 m de altura. Anual, caule erecto,
ramificado na extremidade superior, folhoso, com suco leitoso; folhas
alternas, com dentes espaçados, as inferiores firadas, com grande lóbulo
terminal, as médias simples, ovais, pecioladas, e as superiores
lanceoladas, sésseis; flores amareloclaras (MaioSetembro), de 8 a 12
em pequenos capítulos, sobre pedúnculos delgados, dispostos em
panículas, com 5 dentes; aquênio comprido, estriado, brilhante,
arredondado no vértice, sem papilho; raiz aprumada, com raizes laterais.
Sabor amargo e salgado (suco). Partes utilizadas: folhas, suco.
O Componentes: princípio activo indeterminado O Propriedades:
antidiabético, emoliente, laxativo, refrescante, vulnerário. U. L, U. E.
+ Ver: diabetes, fígado, greta, lactação, obstipação.
LevÍstico
Levisticum officinale Koch
Umbelíferas
Semelhante a um grande aipobravo devido ao seu aroma, dimensões e
folhagem, o levístico é raro no estado espontâneo; geralmente evadido
das suas antigas culturas, aclimatouse nas montanhas, nas sebes, nas
lixeiras e nos prados. Outrora célebre pelas suas virtudes medicinais,
como indica o seu nome, Levisticum, que deriva do latim levare, aliviar,
esta planta foi provavelmente introduzida na Europa Central pelos monges
beneditinos. Cerca de 800, encontravase já nos jardins imperiais de
Carios Magno, embora alguns autores suspeitassem que era
prejudicial à visão. Na Idade Média, atribuíamselhe virtudes
estomáquicas e calmantes e utilizavase em preparados cosméticos. No
século Xvi, a Escola de Salerno elogia as suas propriedades emenagogas.
Actualmente, parece ter caído no esquecimento, a não ser nos países
anglosaxónicos, onde é uma hortaliça muito apreciada, e a raiz,
reduzida a pó, substitui a pimenta.
Na Suíça e na Alsácia, o caule oco do levístico é utilizado como
palhinha para beber leite quente para aliviar as afecções da garganta.
Habitat: raro na Europa, semiespontâneo nos Alpes e nos Pirenéus, solos
incultos, sebes, planícies; até 1800 m. Identificação: de 1 a 2 m de
altura. Vivaz, caule erecto, robusto, oco; folhas verdes, brilhantes,
grandes, na base dos ramos, triangulares, 2 a 3 vezes recortadas em
folíolos romboidais incisos; flores amareladas (JulhoAgosto), em
umbelas de 8 a 15 raios, com invólucro e involucelos retroflectidos;
fruto oval, com 10 costas aladas; raiz cinzentoacastanhada, casca
espessa. Cheiro intenso a aipo. Partes utilizadas: raiz (Primavera),
sementes,
por vezes as folhas (Setembro).
O Componentes: óleo essencial, cumarina, gomas, resinas, tanino, amido,
vitamina C O Propriedades: carminativo, digestivo, diurético, emenagogo.
U. 1. + Ver: edema, enxaqueca, fígado, menstruação, meteorismo.
LicopÓdio
Lycopodium clavatum L.
Enxofrevegetal
Licopodiáceas
As licopodiáceas são criptogâmicas, isto é, plantas sem flores que se
reproduzem por esporos, os quais são provenientes de esporângios que
surgem em forma de espiga terniinal num pedtInculo delgado e nu.
Frequente na Europa Central, o licopódio raramente se desenvolve no
litoral mediterrânico. No entanto, não é fácil encontrálo, pois
escondese entre as urzes, os arandos e por vezes entre o musgo, apenas
emergindo deste meio os esporângios, de uma bela cor amareloclara. O
crescimento da planta é extremamente lento, podendo o caule rastejante
atingir 1 m de comprimento. O nome de Lycopodium deriva das palavras
gregas pus e lycos, que significam, respectivamente, pé e lobo, numa
alusão ao aspecto dos ramos
jovens; clavatum deriva do latim clava, moca, pois os esporângios têm,
nas sumidades dos caules férteis, a forma de mocas. O pó dos esporos é
utilizado em farmácia como hidrófugo e em medicina para o tratamento de
algumas dermatites causadas pela humidade. Recentemente, era ainda
utilizado nas embalagens de pílulas para evitar a sua aglutinação.
Se um pouco deste pó for lançado sobre uma chama, deflagra, emitindo um
clarão vivo; esta reacção é devida ao óleo essencial que contém. Por
esta razão, é utilizado pelos pirotécnicos no fabrico de peças de fogo
deartifício com chama colorida.
O Não aproximar o pó de uma chama. Habitat: Europa Central, vulgar em
França, bosques de solos siliciosos; em Portugal, na serra da Estrela;
até 2500 m. Identificação: pode atingir 1 m de comprimento. Vivaz, caule
ramoso, rastejante, radicante, com ramos ascendentes, espaçados; folhas
assoveladas, comprimidas, pequenas, irregularmente imbricadas,
terminando por um comprido pêlo hialino; ramos férteis, folhosos,
erectos, terminados por 1 a 3 compridas espigas de brácteas triangulares
que contêm os esporângios, amareloclaros (JulhoOutubro),
reniformes, encerrando inúmeros esporos; raiz vigorosa, bifurcada.
Partes utilizadas: esporos (AgostoSetembro); peneirar o pó, conservar
em lugar seco.
O Componentes: celulose, prótidos, glúcidos, lípidos, sais minerais O
Propriedades: emoliente. U. E. Ver: eritema.
191
LÍNGUACERVINA *//* VER SE TEM OUTROS NOMES
A línguacervina é um feto das paredes deterioradas, das abóbadas em
ruínas e das sombrias entradas das grutas que expelem cheiros
bolorentos. Esta planta, que deve ser protegida, mantém durante todas as
estações do ano as suas frondes, que no Verão se enchem de soros. Os
Antigos, que muito apreciavam a línguacervina, consideravamna um
remédio para as obstruções intestinais e as
afecções do fígado e do baço; com os progressos da medicina, outros
remédios, mais convenientes, foram postos em prática. Por esta
razão, actualmente a planta é sobretudo utilizada devido às suas
propriedades emolientes, expectorantes e adstringentes. Os homeopatas
receitam uma tintura preparada a partir da planta fresca e os
fitoterapeutas aconselham uma infusão das folhas, frescas ou secas, em
água ou, preferen temente, em leite. A línguacervina faz parte, com 16
outras plantas, todas espécies vulnerárias, da composição do chásuíço e
é utilizada na preparação de um xarope de chicória composta.
Habitat: Europa, ruínas; em Portugal, encontrase, durante todo o ano,
nos locais húmidos e sombrios, poços, desde o Minho à Estremadura; até
1800 m. Identificação: de O,20 a O,90 m de altura. Vivaz, frondes em
moitas inteiras, grandes, serradas, verdebrilhantes, mais claras na
página inferior, ligeiramente onduladas, cordiformeauriculares na base,
com bordos lisos e pecíolos escamosos; soros lineares na face inferior
(JunhoSetembro), paralelos entre si, obliquamente alinhados em relação
à nervura média, cobertos por indúsios; rizoma subterrâneo, avermelhado,
espesso, escamoso, fibroso e vertical. Cheiro herbáceo, tornandose
aromático após a secagem; sabor doce. Partes utilizadas: folhas frescas
e secas (todo o ano para utilização imediata, ou em Setembro para
conservação).
O Componentes: mucilagem, tanino, glúcido, vitamina C, colina 6
Propriedades: acistringente, antilactagogo, béquico, diurético,
emoliente, expectorante, resolutivo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver:
boca, bronquite, diarreia, fígado, lactação, reumatismo.
192
Linhobravo
Linum angustifoliuiv Huds.
Linhogalegosilvestre
Bras.: linho
Lináceas
A cultura do linho data dos primórdios da Humanidade. Desde então e até
meados do século XIX, época em que foi enormemente suplantado pelo
algodão, o homem cultivava o linho devido às suas fibras têxteis, que
eram fiadas, tingidas e tecidas. No século vi a. C., o linho fazia parte
da alimentação, e
no século v a. C. foi citado como remédio por Teofrasto na sua História
das Plantas.
Na Idade Média, os pintores substituíram uma parte do ovo, então
utilizado na composição da têmpera, por óleo de linhaça cozido e
decantado ao sol; este processo tornava as cores mais brilhantes e mais
fáceis de
usar.
A água de linho conheceu grande voga no
século XVIII como bebida para conservar a saúde. Este linho de múltiplas
aplicações foi denominado pelos botânicos Linum usitatissimuin L., que
quer dizer linho muito usado. Embora muito cultivado, não suplantou o
espontâneo, o Linum angustifolium Hucis. Há ainda uma terceira espécie
de linho medicinal, o linhopurgante, Linum (atharticum L., que é uma
pequena planta com minúsculas flores brancas.
O Nunca utilizar a farinha pouco fresca, bolorenta ou rançosa para
cataplasmas. Habitat: Europa Meridional; frequente em quase todo o País;
até 800 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Vivaz, caule
erecto ou ascendente, sem nós, glabro, com bastantes rebentos basais,
folhosos, estéreis; folhas verdeclaras, lanceoladas, estreitas,
alternas, assinaladas por 1 a 3 nervuras; flores azulclaras (Maio
Julho), grandes, com pedicelo comprido, fechadas se está mau tempo, 5
sépalas ovais, pontiagudas, com 3 nervuras, 5 pétalas denticuladas, 2
vezes mais compridas, caducas, 5 estigmas, estreitos, capitados, 5
estames férteis e 5 abortados sem antera; cápsula acastanhada, com
septos ciliados vilosos libertando 10 sementes alongadas, castanhas,
brilhantes e lisas. Partes utilizadas: sementes (JulhoAgosto).
O Componentes: mucilagem, pectina, lípidos, enzimas, heterósido,
vitamina F O Propriedades: diurético, emoliente, laxativo, suavizante,
vermífugo. U. I., U. E. + O Ver: abcesso, bronquite, congestão,
furúnculo, obstipação, parasitose, pele.
Linhodecuco
Cuscuta epith@Imum Murr. Linhoderaposa, cabelos, cabelosdenossa
senhora
Bras.: cipóchumbo
Cuscutáceas
O linhodecuco é uma planta parasita que, embora desprovida de
clorofila, possui uma enorme vitalidade. No início do seu desen
volvimento, uma minúscula raiz assegura as primeiras necessidades e,
seguidamente, a planta recémnascida procura um suporte, fixandose
fortemente e emitindo na direcção do sistema vascular do hospedeiro um
fino sugador nutritivo. A partir daí, o seu desenvolvimento é rápido, os
caules filiformes crescem, esgotando e asfixiando algumas vezes a vítima
na sua rede funesta. De entre as 100 espécies do género Cuscuta
existentes no Mundo, a Europa possui cerca de uma dezena. A espécie
representada ao lado parasita a giesteiradasvassouras, o
serpão e a urze. Todas as cuscutas são anuais, mas a Natureza dotouas
de milhares de sementes que garantem a continuidade de inumeras
geraçoes. Os povos da Antiguidade confundiam várias espécies de cuscutas
sob a designação global de Epithvmon (epi, sobre, e thymon, serpão) e
utilizavamnas acireditando que elas absorviam as propriedades
medicinais dos hospedeiros. Actualmente, há conhecimento de que o linho
decuco possui as suas próprias virtudes.
Habitat: Europa; todo o território português; até 200 m. Identificação:
altura indefinida. Anual, caule avermelhado ou amarelado, filiforme,
liso, trepador, afilo, provido de sugadores com ramos entrelaçados;
flores brancas ou rosadas (JunhoSetembro), pequenas (5 mm), dispostas
em glomé rulos ou corimbos na axila de uma bráctea, cálice com 5
divisões, corola campanulada com 5 lóbulos, com o tubo fechado por
escamas, 5 estames curtos, 2 estigmas; cápsula arredondada contendo 4
pequenas sementes esféricas; raiz reduzida que morre logo que
a planta começa a ser afimentada pelo seu hospedeiro. Cheiro pouco
intenso; sabor amargo. Partes utilizadas: planta inteira; secagem à
sombra.
O Componentes: heterósido, resina, tanino, goma, enzima O Propriedades:
acistringente, carminativo, colagogo, detersivo, laxativo. U. L, U. E. +
Ver: abcesso, ferida, meteorismo, obstipação.
Líquendaislândia
Cetraria islandica L.
Musgodaislândia, musgoamargo, musgoislândico
Parmeliáceas
Se bem que alguns autores tenham escrito que o líquendaislândia não
cresce no país cujo nome usa, encontrase ali, bem como em toda a Europa
Setentrional até à Gronelândia e às Spitzberg. É uma pequena planta
franzina, sem raiz nem folhas, com lâminas encarquilhadas, secas ao
tacto e apresentando nas extremidades minúsculos discos; forma no solo,
nos rochedos e nas árvores coberturas espessas, elásticas e resistentes.
Supõese que a palavra *líquen,> deriva do grego leikhô, eu roço;
efectivamente, esta planta roça a terra ou qualquer suporte, ao
qual adere sem parasitar. Necessita apenas de um pouco de água, de ar e
de luz. Extremamente robusta, respira e assimila mesmo a temperaturas
muito afastadas das do seu
óptimo vital. Fica assim cada vez mais enrugada devido à aridez; um
líquen pode permanecer em estado de vida latente durante cerca de um
ano.
Desconhecido na Antiguidade, o líquendaislândia é considerado
substância medicinal desde o século xvii. Hoje, pode ser utilizado no
tratamento de diversas doenças, pois as suas propriedades curativas
diferem consoante se eliminou ou não, por ebulição, o seu princípio
amargo.
O Contra~indicado para pessoas que sofrem de úlceras. l Europa
Setentrional, turfeiras, florestas, penhascos, árvores; em Portugal,
principalmente na serra da Estreia; até 2600 m.
Identificação: de O,03 a O,12 m de altura. Talo erecto que se divide em
lâminas achatadas, por sua vez divididas em numerosos lóbulos,
fimbriados nos bordos; lóbulos desde a cor verdeazeitona à verde
acastanhada na parte superior, verdeprateada ou verdeacastanhadoclara
na parte inferior, com manchas esbranquiçadas, base e bordos com
tonalidade
parda; nos lóbulos terminais notamse, na face superior, pequenos corpos
arredondados, amarelados, chamados apotécias, Cheiro suave a algas;
sabor amargo. Partes utilizadas: talo seco, desprovido ou não dos seus
componentes amargos (todo o ano).
O Componentes: ácidos, glúcidos, princípio amargo, mucilagem O
Propriedades: antiemético, antiespasmódico, antiséptico, emoliente,
expectorante, tónico. U.1 + o Ver: convalescença, diarreia, enjoo,
fadiga, náusea, pulmão, tosse, tosse convulsa, vómito.
195
Lírioamarelodospântanos
Iris pseudacorus L. Ácorobastardo, líriobastardo, líriodoscharcos
Bras.: lírioamarelo
lridáceas
O lírioamarelodospântanos é uma belíssima planta espontânea que
povoa, juntamente com outras ervas mais modestas, as margens dos
charcos. O seu caule, alto e rígido, coberto de folhas cortantes como
lâminas de espadas, ornase a partir de Junho com, flores amarelas que
florescem umas após outras, reflectindo no espelho das águas a sua
beleza efémera. No seu habitat natural, esta planta não se confunde com
nenhuma outra, supondose, no entanto, que outrora os médicos e os
farmacêuticos a identificaram com o cálamoaromático, do qual apenas
conheciam a droga seca. Assim, a reputação medicinal deste lírio foi
constituída a partir de um erro, aliás actualmente reconhecido, pelo que
a sua utilização é extremamente reduzida. O rizoma da planta, quando
fresco, é de facto fortemente emético e purgativo; só deve ser utilizado
por receita do médico, pois este deverá adaptar as doses à constituição
física do doente. O lírioamarelodospântartos foi também utilizado nas
montanhas para tratar a tinha. O rizoma, fervido com limalha de ferro,
fornece um excelente corante para tingir tecidos de preto e também para
curtir couros.
G Não utilizar o rizoma fresco sem receita médica. Habitat: Europa,
margens dos cursos de água; frequente em todo o território português, em
rios e pântanos; até 800 m. Identificação: de O,50 a 1,20 m de altura.
Vivaz, caule erecto, duro, ramificado; folhas dísticas, rijas, quase tão
compridas como o caule, ensiformes, dobradas no sentido da nervura
média; flores amarelas (JunhoJulho), em grupos de 2 ou 3 na axila das
espatas, 3 grandes sépalas petalóides e pendentes, 3 pétalas estreitas,
erectas, 3 peças estigmáticas escondendo 3 estames, cápsula volumosa
abrindose por 3 valvas e contendo 6 séries de sementes castanhas;
rizoma horizontal, vigoroso, carnudo, de fractura amarela, provido de
numerosas raizes. Inodoro; sabor acre. Partes utilizadas: rizoma
(Outono); tornase vermelho ao secar.
O Componentes: tanino, lípidos, prótidos, glúcidos O Propriedades:
emético, esternutatório, purgativo, rubefaciente. U. L, U. E. + Ver:
cefaleia, ú lcera cutânea.
Líriodosvales
Convallaria majalis L.
Convalária, líriodemaio, lírioconvale
Bras.: convalária, flordernaio
Lifiáceas
No 1.O de Maio, dia do trabalho, é tradição em França levar para casa um
pé ou um pequeno ramo de líriodosv ales, símbolo da felicidade. Pode
encontrarse quer em grandes manchas, quer disperso, quase isolado. Se
as condições de luz não são suficientes, não floresce, produzindo apenas
uma grande quantidade de folhas. O nome de Convallaria deriva da sua
antiga designação latina, Lilium convallium, líriodosvalesprofundos.
Lineu chamoulhe majalis porque floresce no mês de Maio. Esta planta não
é citada nem pelos Gregos nem pelos Romanos; as suas flores são desde
tempos muito remotos utilizadas pelos Russos como rernédio para
determinadas afecções cardíacas, em França, até ao século XIX, apenas se
conheciam as suas propriedades esternutatórias e antiespasmódicas. O
líriodosvales contém uma substância que diminui e reforça o ritmo
cardíaco, sendo vulgarmente utilizada na terapêutica moderna. O perfume
desta planta pode causar perturbações; não introduzir na boca as flores
nem ingerir as bagas.
O Não consumir as bagas; respeitar as doses. Habitat: toda a Europa,
bosques frescos, matas de carvalhos e de faias; até 2000 m.
Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, com rizoma rastejante;
2 folhas inteiras, alongadas, agudas no vértice, largas, com nervuras
não ramificadas, com pecíolo comprido e rodeado na base do caule por
bainhas membranosas encaixadas umas nas outras; flor de um branco
imaculado (AbrilMaio), dispostas num escapo em cacho unilateral,
campanuladas, muito perfumadas; baga arredondada verde e mais tarde
vermelha. Cheiro almiscarado,
adocicado e intenso. Partes utilizadas: as folhas e sobretudo as flores
(AbrilMaio), no início da floração; secagem à sombra.
O Componentes: saponósidos, heterósidos (convalatoxósido) O
Propriedades: antiespas~ módico, cardiotónico, diurético, emético,
purgativo. U. 1. + Ver: cefaleia, hipotensão, palpitações.
197
Lisimáquia
LYsimachia vulgaris L. Lisimáquiavulgar, ervamoedeira, grande
lisimáquia
Primuláceas
A lisimáquiavulgar prefere os locais húmi dos; misturada com as grandes
plantas qu( habitualmente vivem nos solos lodosos, seu aspec o imponente
é extremamente de corativo. O caule, consistente e erecto, é enci mado
no Verão por uma inflorescência ama rela em panícula piramidal, como uma
man cha luminosa nos locais húmidos. Algumw espécies de Lysimachia são
frequentement@ cultivadas como plantas decorativas nos jar dins e
crescem à beira dos lagos. Supões( que os povos da Antiguidade não a
conhe ciam; Plínio, ao falar da lisimáquia, refe rese na realidade à
salgueirinha, Lythrun salicaria L. Sem utilização na Idade Média foi
mais tarde empregada no tratamento da! febres e do escorbuto.
Todos os seus elementos são úteis aos tin tureiros: da raiz pode
extrairse uma bonffi tinta castanha; as folhas e o caule serverr para
tingir de amarelo os tecidos de lã. @ semelhança da camomila, uma
infusão mui to densa das suas flores é utilizada para acla rar os
cabelos. As espécies de Lylsimachi(, cultivadas nos jardins distinguem
se não s@ pelo porte herbáceo ou arbustivo, mas também pelas várias
cores das suas flores.
Habitat: Europa, beiras dos pegos, charcos, ribeiros, fossos; de Trás
osMontes ao Alentejo, nas margens dos cursos de água e locais húmidos;
até 1200 m. Identificação: de O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule
erecto, pouco ramificado, folhoso, de secção quase quadrangular; folhas
grandes, ovais ou oblongas, subsésseis, opostas ou verticiladas em
grupos de 3 a 4; flores amarelas (JunhoAgosto), em panícula piramidal,
5 sépaIas agudas, rodeadas de pétalas vermelhas soldadas na base, com 5
lóbulos bem abertos, estames unidos pela base dos seus filetes e,
cada um deles, à base de cada uma das pétalas; 1 ovário súpero, sem
divisões, 1 estilete,
1 estigma; parte subterrânea rastejante. Partes utilizadas: folhas e
flores secas (JunhoAgosto); secagem à sombra e ao ar.
O Componentes: tanino, heterósidos, saponósido, enzima (primaverase),
vitamina C, açúcares O Propriedades: acIstringente, vulnerário. U. I.,
U. E. Ver: afta, diarreia, hemorragia, leucorreia.
Losna
Artemisia absinthium L.
Absinto, sintro, grandeabsinto, acintro, losnamaior,
citronelamaior Bras.: absíntio
Compostas
Planta vivaz que pode viver 10 anos, a losna é famosa desde tempos muito
antigos pelas suas virtudes medicinais. Efectivamente, é citada num
papiro eg!pcio que data de
1600 a. C. Os Celtas e os Arabes aconselhavam o seu uso, e os médicos da
Antiguidade celebrizaramna como panaceia. Em 1588, na sua obra Novo
Herbário Completo, Tabernaemontanus, médico e botânico alemão,
aconselhavaa até como remédio contra o mau gênio. No entanto, a losna é
de tal modo amarga que na Sagrada Escritura é citada como símbolo das
dificuldades e tristezas da vida. O seu nome, traduzido do grego,
significa *privado de doçura+, e, na
realidade, só com muita fé na sua eficácia é possível suportar o seu
desagradável sabor.
O licor de absinto, outro nome da losna, era uma bebida muito em voga no
século XIX, como se pode verificar pelo quadro de Manet, pintado em
1876, O Absinto. Porém, a losna contém um óleo essencial que, ingerido
em doses elevadas, é um veneno cujo abuso provoca graves intoxicaçõ es.
Manifestamse convulsões tetânicas e perturbações psíquicas com
alucinações. Por essa razão, o fabrico e comercialização deste licor são
proibidos em vários países europeus.
O Torna amargo o leite das mulheres que amamentam. A maioria das pessoas
não a tolera. Nunca prolongar o seu uso. Habitat: Europa, excepto no
Norte; espontânea em Portugal, no Minho, TrásosMontes e Alto Douro,
sendo também cultivada. Identificação: de O,40 a 1 m de altura. Vivaz,
caule verdeprateado, pubescente, erecto e canelado; folhas cinzento
esverdeadas na página superior, brancas na inferior, sedosas,
pecioladas, profundamente fendidas em segmentos obtusos; flores amarelas
(JulhoSetembro), tubulosas, em capítulos pequenos,
globosos, pendentes, agrupados em panículas; aquénio liso. Cheiro
aromático; amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas.
O Componentes: óleo essencial, muito activo e tóxico, absintina,
resinas, tanino, ácidos, nitratos. A absintina revelou ser uma mistura
de, pelo menos, quatro substâncias com acção amarga O Propriedades:
antiséptico, digestivo, emenagogo, estimulante, tónico, vermífugo. U.
I., U. E. + V o Ver: apetite, convalescença, digestão, dor, enjoo,
febre, ferida, gripe, insectos, magreza, menstruação, parasitose, pele,
picadas.
199
Loureiro
Laurus nobilis L.
Louro, sempreverde, loureirocomum,
loureirovulgar, loureirodospoetas
Lauráceas
Oriundo da Ásia Menor, o melancólico e belo loureiro, ao passar pela
Grécia, criou uma história e uma lenda: dedicado a Apolo, ele coroava os
heróis gloriosos. A partir do Peloponeso invadiu a Europa, e actualmente
encontrase em quase todos os jardins, desde o Mediterrâneo às costas da
Mancha e do Atlântico. O loureiro é sobretudo conhecido pelo papel que
desempenha na culinária, sendo conveniente não confundir as suas folhas
com as do loureirorosa e do loureirocerejeira, que são plantas muito
venenosas. Com o alho, a salsa e o tomilho constitui o chamado ramo de
cheiros, ignorandose por vezes que esta planta culinária é dotada de
outras virtudes, para além da de estimular agradavelmente as papilas
gustativas dos gastrónomos.
O loureiro é considerado um estimulante e um antiséptico: as folhas em
infusão facilitam a digestão. O óleo extraído das suas bagas, denominado
manteiga de loureiro, produz um efeito benéfico nas dores articulares.
Em medicina veterinária é utilizado em fricções para o mesmo fim. Uma
ligeira camada deste óleo aplicada sobre o pêlo de um animal protegeo
das moscas.
Habitat: Europa, ravinas das montanhas da região mediterrânica; no
Centro e Sul de Portugal, espontâneo e subespontâneo nos locais sombrios
e margens dos cursos de água; cultivado em quase todo o País; até 1200
m. Identificação: de 2 a 10 m de altura. Arvore; caule glabro, de casca
lisa e preta, madeira amarelopálida, ramos erectos; folhas verde
escuras, brilhantes na página superior, baças na inferior, coriáceas,
lanceoladas, onduladas nos bordos, alternas, persistentes; flores
brancoamareladas (AbrilMaio), 4 a 6 por umbela na axila das folhas,
pequenas, pedunculadas, 4
sépalas petalóides, dióicas, masculinas, 8 a 12 estames, femininas, 1
carpelo com estilete curto; baga negra do tamanho de uma cereja contendo
1 semente. Cheiro aromático (flores); sabor aromático (folhas), acre,
picante (fruto). Partes utilizadas: folhas sem pecíolos (Verão), fruto
(Outubro Novembro). * Componentes: tanino, princípio amargo, lipidos O
Propriedades: antiséptico, estimulante, sedativo, sudorífico. U. I., U.
E. + o Ver: astenia, desinfecção, digestão, dor, fadiga, insectos,
menstruação, reumatismo, sono.
200
Lúpulo
Humulus lupulus L. Vinhadonorte, engatadeira, lúpulotrepador,
pédegalo
Canabináceas
O lúpulo espontâneo é chamado em alguns países europeus paudodíabo
devido à forma rápida como trepa às árvores, sempre em sentido inverso
ao dos ponteiros do relógio. Prefere solos húmidos e sombrios e a
proximidade dos amieiros. A raiz, vivaz, emite todos os anos um novo
caule que, agarrandose aos seus suportes, se eleva até 5 ou
6 m, murchando depois no fim do Verão. As folhas do lúpulo, ásperas ao
tacto, assemelhamse muito às da videira, sendo o seu pecíolo mais fino,
a base menos chanfrada e desprovida de gavinhas. Apenas as
inflorescências femininas desta planta dióica, os
cones, são utilizadas em medicina, além do pó dourado e resinoso que as
cobre, a lupulina. O lúpulo foi introduzido nas regiões europeias no
século xiii, passando a ser utilizado no fabrico da cerveja após
pesquisas realizadas pelos monges. A lupulina é um sedativo poderoso.
Aconselhase às pessoas que sofrem de insônias a utilização de uma
almofada bem cheia de cones de lúpulo. Em certas regiões, os jovens
rebentos de lúpulo são servidos às refeições na Primavera preparados
como os espargos.
O Na época da colheita, as pessoas sensíveis podem sentir sonolência ou
cefaleias. Habitat: Europa, sebes, florestas, em culturas para a produçã
o de cerveja; em quase todo o País; até 1500 m. Identificação: de 5 a 7
m de altura. Vivaz, caule volúvel, sinistrorso (enrolando da direita
para a esquerda), anguloso e áspero; folhas verdeclaras, opostas,
pecioladas, estipuladas, recortadas em 3 a 5 lóbulos, ásperas, palmadas,
bordos serrados; flores verdeamareladas, dióicas, tendo as masculinas 5
tépalas, 5 estames, erectos em panícula na axila das folhas, e as
femininas numerosas brácteas foliáceas, imbri ca das, envolvendo cada
uma delas 2 pistilos e formando cones pendentes cobertos por um pó
amarelodourado e resinoso, a lupulina. Cheiro intenso e aromático;
sabor amargo. Partes utilizadas: cones, lupulina (SetembroOutubro); não
conservar durante muito tempo.
O Componentes: alcalóides, lupulina, estrogéneos O Propriedades:
antálgico, antiespasmódico, antiséptico, aperitivo, digestivo,
sedativo. LI. L, U. E. + V N Ver: apetite, digestão, magreza,
nervosismo, nevralgia, pele, sono.
Macela *//* PARA REFAZER
Anthemis nobilis L.
Maceladourada, riríacelagalega, macelão, macelaflor, camomilaromana,
camomiladeparis, falsacarriomila, marcela
Compostas
Com um aspecto muito diferente da can mila, os caules desta planta,
primeiro pr, trados, erguemse seguidamente, formar numerosas
ramificações que se dispõem s rigidez e terminam em capítulos solitár
brancos, muito odoríferos. Desconheces, sua origem. Não é mencionada
pelos auto da Antiguidade nem pelos da Idade MéiÈ No século Xvi, em
Londres, é referenci; como erva daninha.
Para corresponder a necessidades med nais, é cultivada em Anjou, França,
uma riedade de flores duplas, todas liguladas que conferiu celebridade à
região e aos h@ tantes de Chemillé, os quais asseguram ti a produção
francesa.
Após a colheita, que deve ser feita c tempo seco, no início do Verão, e
à med que os capítulos se entreabrem, deve prc derse imediatamente à
secagem à soni em lugar arejado; se esta é mal executada flores
escurecem e perdem as suas proprie des estimulantes.
Habitat: Europa Ocidental, campos cultivados, relvados, margens arenosas
de rios, sobretudo siliciosas; frequente em Portugal, do Minho ao
Algarve, nos campos cultivados e incultos arenosos; até 1000 m.
Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, vilosa, com aspecto
verdeesbranquiçado; caules prostrados ou erectos; flores amarelas
(JunhoSetembro), lígulas brancas, capítulo solitário na espécie
espontânea, receptáculo cónico provido de pequenas brácteas entre as
flores; folhas verdeesbranquiçadas, uma ou duas vezes divididas em
lóbulos curtos e ostreitos; aquénio pequeno com 3 costas filiformes.
Cheiro penetrante; sabor amargo. Partes utilizadas: capítulos, caules
com folhas e flores (JunhoSetembro); secagem rápida.
O Componentes: óleo essencial, colina, enxofre, fósforo, ferro, ácidos
gordos, inositol, esteroi O Propriedades: antiespasmódico, digestivo,
emenagogo, estomáquico, febrífugo, vulnerário e, em doses elevadas,
vomitivo. U. I., U. E. + o Ver: apetite, cefaleia, cólica, conjuntivite,
depressão, digestão, dor, irritabilidade, menstruação, nervosismo,
olhos, pele, prurido.
Madressilva
Lonicera periclymenum L.
Madressilvadasboticas Bras.: madressi Iva dosj ardi n s
Caprifoliáceas
Amadressilva pertence à mesma família do sabugueiro e do noveleiro. É
uma planta vivaz, cujos ramos volúveis se enrolam solidarnente em redor
dos seus suportes e que pode viver 40 anos. A Lonicera é já citada nos
textos de Dioscórides. Os Gregos designavamna por periclymenon, do
vocábulo perikIeio, eu agarrome, com evidente referência à sua natureza
de arbusto trepador de ramos flexíveis que podem atingir 56 m.
Cresce na periferia dos bosques ou nas sebes de montanhas de baixa
altitude, cujas imediações são, a partir de Junho, perfumadas pelas suas
flores. Durante toda a Antiguidade Egípcia, Grega e Romana, a sua casca
foi utilizada, mas com o decorrer dos séculos perdeu importância, já não
sendo empregada na Idade Média. Actualmente, atríbuemse às folhas e
flores propriedades antisépticas e díurétícas. Em todas as suas
utilizações, a madressilva pode ser substituída pela madressilvados
jardins, Lonicera caprifolium L., que se evade frequentemente das
culturas e floresce mais cedo que a espontânea, perfumando o ar,
sobretudo ao entardecer.
G Não utilizar as bagas. Habitat: toda a Europa, extremidades dos
bosques, solos argilosos, sebes; em Portugal, de TrásosMontes ao
Alentejo; até 1000 m. Identificação: de 1 a 5 m de altura. Arbusto;
caule volúvel; ramos jovens com extremidades pubescentes; folhas
opostas, curtamente pecioladas, sendo as superiores sésseis, caducas,
ovais, mais claras na página inferior; flores cor de marfim, estriadas
de vermelho (JunhoSetembro), sésseis, agrupadas em glomérulos
pedunculados; cálice curto com 5 dentes, coro~ Ia tulbulosa, bilabiada,
com o lábio superior com
4 lóbulos curtos e o inferior inteiro, com 5 estames; baga vermelha,
ovóide, com várias sementes; raiz com rebentos adventícios. Cheiro
agradável. Partes utilizadas: folhas, flores (JunhoJulho); secagem à
sombra.
O Componentes: ácido salicílico, mucilagem, essência, heterásido O
Propriedades: acistringente, antiséptico, detersivo, diurético,
sudorífico. U. L, U. E. Ver: anginas, colibacilose, parto, tosse.
203
Malmequerdosbrejos
Caltha palustris L. Calta, caltadospântanos
Ranunculáceas
O malmequerdosbrejos é uma planta vivaz, brilhante, mas nociva para os
prados, cujos caules, muito verdes, parcialmente imersos nos pântanos,
nas margens dos cursos de água e nos solos alagados, florescem no início
da Primavera. Nos meios rurais, é frequentemente utilizado na alimentaçã
o; as folhas são utilizadas em saladas ou cozidas do mesmo modo que as
hortaliças; as flores em botão, conservadas em vinagre, substituem as
alcaparras. Os agricultores utilizam, por vezes, as flores, cor de ouro,
para corar a manteiga. O malmequerdosbrejos pertence, como as
anémonas, as clematites e os ranúnculos, à bela e perigosa família das
Ranunculáceas e contém substâncias venenosas, pelo que não é
conveniente, apesar das opiniões das pessoas dos meios rurais, ingerilo
fresco. Os homeopatas receitamno para uso interno sob a forma de
tintura, reservandoo a medicina tradicional para uso externo. Uma
cataplasma de folhas secas provoca uma revulsão local que pode minorar
algumas dores de origem reumática; no entanto, a sua mais importante
propriedade é a de, como a arnica e a tussilagem, facilitar as curas de
desintoxicação, como sucedâneo do tabaco.
O Uso interno apenas com receita médica. Habitat: toda a Europa,
pântanos, bosques húmidos; em TrásosMontes e Minho, nos regatos e
pauis; até 2500 m. Identificação: de O,20 a O,30 m de altura. Vivaz,
caule carnudo, sulcado, glabro, oco, prostrado, ascendente, por vezes
parcialmente imerso; folhas verdeescuras, grandes, brilhantes,
carnudas, cordiformes ou riniformes, cenadas, pecioladas, sendo as da
inflorescência sésseis; flores de um amarelo luminoso (MarçoJunho),
grandes, solitárias, muito abertas em forma de taça, 5 grandes sépalas
petalóides, apétalas, numerosos estames, carpelos erectos e arqueados; 5
a 10 folículos membranosos, livres, verticilados, comprimidos, pros
trados, enrugados transversalmente e conten do cada um deles várias
sementes; toiça curta e vertical. Cheiro ténue; sabor ardente. Partes
utilizadas: folhas secas.
O Componentes: protoanemonina, flavonas, saponósidos O Propriedades:
revulsivo. U. L, U. E. + Ver: reumatismo, tabagismo.
204
malvas *//* refazer
As malvas reconhecemse pelas suas flores com cinco pétalas afastadas,
estreitas na base, largas e chanfradas na parte superior, e pelos seus
frutos rugosos, dispostos em
coroa no cálice persistente. A malvasilvestre, uma das mais comuns,
desenvolvese nos solos abundantemente azotados dos jardins, de antigas
estrumeiras e nos baldios.
Esta planta é apreciada como hortaliça e
como remédio desde o século v111 a. C. Os rebentos, a parte comestível,
provocaram indigestão a Cícero, que muito os apreciava; Marcial
utilizavaos para uma dieta depois
das orgias, e, segundo Plínio, uma poção à base de suco de malva evita
as indisposições durante todo o dia. Os pitagóricos consideravamna uma
planta sagrada que libertava o
espírito da escravatura das paixões; Carlos Magno não a dispensava como
planta ornamental nos seus jardins imperiais. Em Itália, no século Xvi,
denominavase omnimorbia, isto é, remédio para todos os males. A tisana
das quatro flores é constituída por sete espécies: a papoila, a
tussilagem, a borragem, o verbasco, a alteia e a violeta, além da malva.
Habitat: comum na Europa, caminhos, lixeiras, solos ricos em azoto;
frequente em Portugal do Minho ao Alto Alentejo; até 1300 m.
Identificaçã o: de O,20 a O,70 m de altura. Bienal, caule parcialmente
erecto, que se expande a partir do pé central, pubescente; folhas com
longos pecíolos, palmatilobadas, serradas, com pêlos ásperos; flores cor
de malva com nervuras mais escuras (MaioAgosto), grandes, em grupos de
2 a 4, cálice com 5 lóbulos, epicálice com 3 folíolos estreitos, 5
pétalas bilobadas no vértice, numerosos estames soldados pelos seus
filetes, 12 estigmas; 12 carpelos que se
transformam em 12 aquénios reniformes. Sabor quase nulo. Partes
utilizadas: raiz, folhas, flores (antes da abertura); secagem ao ar e à
sombra, conservação difícil, tornandose azuis com a secagem e
descorando por acção da luz.
O Componentes: mucilagens, antocianinas O Propriedades: calmante,
emoliente, laxativo. U. I., U. E. + V o Ver: abcesso, acne rosácea,
afta, asma, banho, boca, bronquite, dentes, faringite, furúnculo,
hemorróidas, nervosismo, obesidade, obstipação, olhos, picadas, tosse.
205
Marroio
Marrubium vulgare L. Marroiobranco, marroiovulgar, marroiodefrança,
ervavirgem Bras.: bomhomem, hervavirgem
Labiadas
Esta labiada apresenta grandes analogias com o marroiofétido, que
igualmente se desenvolve em tufos densos, por vezes quase arbustivos,
nas ruas das povoações e nas encostas áridas. Necessitando de luz
intensa, o marroio tem um aroma semelhante ao do tomilho. O seu sabor
amargo determinou o nome científico, visto que a palavra marrubium
deriva do heloreu inar, amargo, e rob, suco. O marroio é apreciado desde
épocas muito remotas devido às suas diversas virtudes medicinais; os
antigos egípcios criam que era um remédio para as perturbações
respiratórias; no século IV a. C., Teofrasto citao também, confundindo
o, no entanto, com a Ballota foetida Lam., também denominada marroio
negro. Dioscórides descobriu mais tarde as suas virtudes emenagogas, bem
como o perigo que representa em
caso de lesões renais. No século ix, Estrabão cultivouo no jardim da
Abadia de Reichenau, considerandoo *prodigiosamente forte+. Mattioli
aconselhavao em pomada para a desobstrução dos canais dos seios. Desde
então, o
marroio não deixou mais de ser apreciado, utilizandose a sua infusão
como expectorante.
Habitat: Europa, ruas das povoações, terrenos baldios, esgotos, encostas
áridas; frequente em quase todo o território português; até 1500 m.
Identificação: de O,30 a O,80 m de altura. Vivaz, caule erecto, lanoso,
ligeiramente ramoso; folhas esbranquiçadas, arredondadas, pecioladas,
crenadas, bolhosas na página superior e lanosas na inferior; flores
brancas (JunhoAgosto), em verticilos globosos, compactos na axila das
folhas superiores, cálice tomentoso, com 10 dentes gancheados,
bractéoIas assoveladas, corola com lábio superior ligeiramente chanfrado
e lábio inferior trilobado,
com 4 estames inclusos. Cheiro intenso e pouco agradável; sabor picante
e amargo. Partes utilizadas: sumidades floridas (JulhoAgosto), folhas,
secagem à sombra.
O Componentes: princípio amargo, colina, óleo essencial, saponósido,
glucósido, tanino, potássio, cálcio, vitamina C O Propriedades:
emenagogo, estomáquico, expectorante, febrifugo, sedativo, tónico, U. 1.
+ IN Ver: apetite, asma, bronquite, celulite, coração, enfisema, febre,
menstruação, nervosismo, obesidade, paludismo, pulmão, sono, tosse.
206
Marroiofétido
Ballotafoetida Lam.
Labiadas
Segundo alguns autores, o marroionegro e o marroiofétido são a mesma
espécie; segundo outros, o marroio~fétido é uma subespécie do marroio
negro. Na realidade, estas duas plantas apenas diferem em pequenos
pormenores. No entanto, basta cheirálas para as distinuir. Muito
intenso, mesmo a alguns passos de distância, no caso do marroiofétido,
esse cheiro a bolor e fuligem só é perceptível Do marroionegro se for
amachucado. Como todas as labiadas, as flores do marroio oferecem às
abelhas um excelente néctar.
As duas plantas têm as mesmas propriedades terapêuticas. O marroio é
especialmente um notável antiespasmódico, outrora utilizado contra a
epilepsia e a hipocondria. É geralmente consumido em infusão, sendo, no
entanto, uma experiência muito difícil abeirarse dele e colhêlo,
quanto mais bebêlo! Por vezes, para evitar o gosto e o odor
desagradáveis, preparase uma alcoolatura. Sem dúvida devido a estas
características, o marroiofétido não é geralmente apreciado pelo gado.
Habitat: Europa, vulgar em França, sebes, ruas das aldeias, entulho, na
parte inferior dos muros, todos os solos; frequente em Portugal; até
1500 m. Identificação: de O,60 a O,80 m de altura. Vivaz, caule
ascendente, ramificado, com muitas folhas; folhas pecioladas, rugosas,
pubescentes, serradas; flores corderosa ou cor de púrpura (Maio
Setembro), em verticilos nos nós das folhas, entremeadas por bractéolas
curtas, cálice viloso, dilatado na fauce, com 5 dentes largos, corola
com lábio superior aveludado. Cheiro a mofo de cave húmida; sabor acre e
amargo.
Partes utilizadas: sumidades floridas (JulhoAgosto).
O Componentes: tanino, saponósido, fitosterol, colina, lectona, sais
minerais O Propriedades: antiespasmódico, colerético, sedativo. U. L, U.
E. Ver: acufenos, angústia, menopausa, nervosismo, sono, tosse convulsa.
Matricária
Chrysanthemum parthenium Bernh.
Arternísiadoservanários, artemísiabastardadoservanários,
rnatricáriavulgar
Compostas
O nome do género, Chrysanthemum, que significa flor de ouro, não se
aplica à matricária, cujas lígulas são de um branco imaculado; apenas o
centro dos seus capítulos é amarelo. Originária da Ásia Menor, foi, em
épocas remotas, introduzida na Grécia, onde, sob o nome de parthenion,
de parthenos, virgem, os Antigos a utilizavam para tratar as doenças
tipicamente femininas. Na Idade Média, atribuíramlhe propriedades de
febrífugo, e desse facto deriva o seu nome em língua inglesa feverfew.
A matricária é frequentemente confundida com a macela e com a camomila
devido à semelhança das suas flores; esta confusão pode ser evitada pelo
estudo das folhas da matricária, que se apresentam divididas em lóbulos
largos, têm textura branda e perfume forte; as outras duas plantas, que
pertencem aos géneros Anthemis e Matricaria, têm folhas delicadamente
recortadas em lacínias estreitas.
O cheiro desagradável da matricária determina possivelmente a
preferência que actualmente se dá à macela, cuja acção medicinal é
análoga.
Habitat: Europa; em Portugal, desde TrásosMontes ao Alto Alentejo, nas
margens dos rios e nos rochedos. Identificação: de O,30 a O,80 m de
altura. Vivaz, herbácea, erecta, formando manchas; folhas tenras
recortadas em segmentos largos, sendo estes lobados, pecioladas, verde
claras ligeiramente amareladas; flores centrais amarelas, tulbulosas,
sendo as da periferia liguladas, brancas (JulhoAgosto), em capítulos de
12 a
15 mm de diâmetro, dispostos em corimbos com folhas; aquénio castanho
quando maduro,
5 a 7 costas brancas longitudinais com coroa
membranosa crenada. Cheiro penetrante e desagradável. Partes utilizadas:
sumidades floridas (JunhoAgosto)
O Componentes: óleo essencial rico em borneol (cânfora de matricária),
lípidos, glúcidos, sais minerais O Propriedades: antiespasmódico, anti
séptico, emenagogo, febrífugo, insecticida, tónico. W., U.E. Ver: banho,
digestão, febre, insectos, raquitismo, sono.
208
Medronheiro
Arbutus unedo L.
Ervodo, ervedeiro, ervedo Bras.: árvorede morangos
Ericáceas
Os Romanos chamaram ao abrunheiro Arbutus unedo. Virgílio, nas
Geórgicas, chama a esta pequena árvore, muito frequente em Itália,
arbustus; Plínio e alguns dos seus contemporâneos designam o
medronheiro, unedo, por unum edo, eu como um só, fazendo assim
referência ao gosto desagradável dos frutos. Abundante na região
mediterrânica, incluindo Portugal, onde se encontra em todas as regiões,
estendese para a Europa Central e disseminase até à Irlanda. Nas zonas
protegidas, pode atingir 6 e até 10 m de altura, mas a exploração e os
incêndios das florestas mantêmno entre 2 e 3 m, pois o seu crescimento
é lento. O medronheiro é uma planta muito decorativa, apesar da sua
silhueta tortuosa, devido à sua folhagem persistente e, sobretudo, aos
seus frutos globosos de cor intensa, que produz durante quase todo o
ano; os mais jovens são verdes, os mais maduros, vermelhos, e os
intermédios, amarelos ou alaranjados, surgem ao mesmo tempo que as
flores.
Os médicos interessamse pelo medronheiro devido, sobretudo, ao seu
elevado teor em tanino. Os seus frutos, considerados também diuréticos,
servem para preparar bebidas caseiras tão agradáveis como úteis,
doces e saborosas compotas. A sua fina madeira é fácil de trabalhar e
polir; é utilizada no fabrico de objectos torneados, para embutidos e
marcenaria; além disso, é uma
óptima madeira para aquecimento e produz um excelente carvão de lenha.
As abelhas retiram das suas flores um néctar de excelente qualidade.
Habitat: Europa Meridional; em quase todo o continente português,
bosques, matas, solos áridos, siliciosos; até 600 m. Identificação: de 3
a 6 m de altura. Arbusto; caule tortuoso, erecto; ramos jovens
avermelhados; folhas serradas, simples, persistentes, coriáceas; flores
brancas e verdes (OutubroJaneiro), em cachos pendèntes, corola gomilosa
com 5 dentes; fruto esférico, carnudo, denominado medronho, provido de
saliências piramidais, vermelho no estado maduro, contendo de 20 a 25
sementes; raizes profundas. Sabor farináceo, ligeiramente ácido e
agradável
(frutos).
Partes utilizadas: raizes, folhas, casca, frutos.
O Componentes: tanino, arbutósido O Propriedades: acistringente, anti
infiamatório, antiséptico, depurativo, diurético. U. 1. Ver:
arteriosclerose, diarreia, fígado, rim.
209
Meliloto
Me1i1otu,@ offi< inalis (L.) Pail.
Trevodecheiro, coroaderei
Leguminosas
O meliloto distinguese facilmente das outras leguminosas. É uma planta
herbácea que vive nos entulhos e nos terrenos cultivados, sendo comum em
solos calcários e arenosos; as folhas têm três folíolos serrados e as
pequenas flores amarelas erguemse em
extensos cachos; a floração é contínua, prolongandose por um largo
período. O nome
da planta deriva das palavras gregas mêli, mel, e Iótos, loto; na
realidade, o meliloto é uma das plantas espontâneas mais procuradas
pelas abelhas. Hipócrates e Teofrasto referemse a um meliloto,
desconhecendose se se trata desta planta. Na Idade Média não foi
inventariada. Mais tarde, as opiniões dividemse: enquanto, segundo
algumas, o meliloto seria tóxico, segundo outras é considerado eficaz no
tratamento de cólicas e nefrites. Foi ainda reputado como remédio para a
embriaguez. A sua propriedade antiespasmódica devese ao seu teor em
cumariria, mais elevado na planta fresca; a planta pode tornarse
perigosa para o gado se, quando deteriorada, for misturada com a
forragem. O meliloto, tal como os fidalguinhos e a tanchagem, tem tido
larga aplicação ocular; uma infusão quente da planta é benéfica para a
vista cansada.
Habitat: Europa. solos calcários, campos, bermas dos caminhos, terrenos
baldios, vinhas, vias férreas; até 600 m, Identificação: de O,50 a 1 m
de altura. Bienal, caules erectos, muito ramificados, folhas com
3 folio@os serrados, sendo o central peduncWacio, com estipulas
aderentes na base ao pecíolo, flores amarelas (JunhoSetembro), em
longos cachos axilares. frouxos, cálice curto, com 5 lóbulos, corola
papilionácea, asas mais compridas do que a carena pequena vagem curta,
glabra, castanhoclara, @nrugada, pendente; raiz vigorosa e aprumada.
Cheiro agradável,
Partes utilizadas: sumidades floridas (JunhoSetembro), secagem rápida
ao ar livre e à sombra.
O Componentes: cumarina, heterósidos, resina, flavonóides, vitamina C O
Propriedades: acistringente, antiespasmódico, antiinflamatório,
diurético, sedativo. U. I., U. E. + Ver: Wefarite, bronquite, cólica,
conjuntivite, nervosismo, nevralgia, olhos, sono, varizes.
210
Melissa
Melissa officinalis L.
Ervacidreira, limonete, chádefrança,
eitronelamenor
Labiadas
Amelissa, cujo nome evoca o mel, é efectivamente uma das melhores
plantas melíferas. Cresce em tufos nos jardins ou nos seus arredores.
Tem flores bastante pequenas de cor branca, que mais tarde se torna
rosada. Exala, enquanto nova, um aroma suave semelhante ao do limão, que
depois se torna desagradável, desaparecendo com a secagem. Porém, após a
secagem, a planta apenas
conserva o aroma primitivo durante um ano >
É mencionada pelos autores da Antiguidade, que aparentemente não
apreciaram as
suas virtudes. Os Árabes, no século X, elogiaram a sua acção como
cordial e remédio para a melancolia; este conceito é retomado por um
fitoterapeuta nos inícios do século xx, que reconhece à melissa
qualidades para fazer desaparecer as <@crises de mau humor nas jovens e
nas mulheres débeis+. A essência de ervacidreira pode ser considerada
como um estupefaciente ligeiramente tóxico; em pequenas doses provoca
torpor e diminuição das pulsações. A melissa faz parte da composição de
licores (chartreuse e beneditino) e da água de melissa dos Carmelitas.
V. Melissa bastarda, p. 214.
Habitat: Europa Meridional, escapada das culturas, sebes, próximo de
muros; no continente e Madeira, disseminada nos locais sombrios e
húmidos, sendo também cultivada; até 1000 m. Identificação: de O,20 a
O,80 m de altura. Vivaz, caules em tufo, ramiticados a partir da base,
erectos; folhas grandes, ovais, pecioladas, serradas, com nervuras
salientes, reticuladas na página inferior; flores amareladas, tornando
se brancas ou rosadas (JunhoSetembro), de 6 a 12 em verticilos ao nível
das folhas, cálice revestido de pêlos, com 2 lábios, sendo o superior
plano com 3 dentes e maior, corola bilabiada e 4 estames; tetraquénio.
Cheiro agradável, limonado; sabor ligeiramente amargo. Partes
utilizadas: caule florido, folhas (Junho), secagem rápida,
O Componentes: óleo essencial, citroneial, tanino, resina, ácido
succínico O Propriedades: antiespasmódico, carminativo, colerético,
estomáquico, eupéptico, tónico. Li. I., U. E. + O Ver: acufenos, anemia,
apetite, asma, banho, estômago, fígado, gravidez, hálito, indigestão,
lipotimia, memória, picadas, pulmão, sono, vertigem.
Mentas
a) Mentha rotundifolia L.
Mentastro, mentrastro b) Mentha viridis L.
Hortelãvulgar b’) Mentha crispata Schrad.
Hortelãcrespa c) Meniha longifolia (L.) Hucis.
Hortelãsilvestre d) Mentha pulegium L.
Poejo e) Mentha arvensis L. f) Mentha aquatica L.
Hortelãd'água
Labiadas
Apalavra *menta+ deriva de Mintha, nome de uma ninfa que a deusa grega
Perséfone, por ciumes, transformou em planta. Supoese que os povos da
Antiguidade utilizavam o poejo, Mentha pulegium L., entrançandoo para
fazer coroas que usavam em cerimônias e para fins medicinais. Outrora,
os Chineses faziam a apologia das proprieHabital: Europa, Ásia,
geralmente a baixas altitudes; não ultrapassam 1800 m. Identificação:
vivazes, locais permanentemente húmidos; folhas planas, grandes e
irregularmente serradas; numerosas flores corderosa (Verão), em
verticilos, pequenas, cálices com 5 dentes, corola regular com 4 lóbulos
iguais ou praticamente iguais, 4 estames erectos, iguais, divergentes,
salientes, 4 carpelos ovóides e lisos; parte subterrânea estolhosa.
Mentas com espiga: até 1800 m; ultrapassam
1 m de altura. Caules erectos; folhas sésseis; flores em espiga de
verticilastros terminais não folhosos, corola sem anel de pêlos no
interior. a) Mentha rotundifolia L. Valas, caminhos; folhas oval
arredondadas, espessas, enrugadas, bolhosas, ligeiramente serradas, com
pêlos crespos, septados e ramificados; flores claras em espiga comprida,
estreita e pontiaguda, com grandes brácteas e cálice com dentes
triangulares; estolhos folhosos. Cheiro intenso e desagradável. b)
Mentha viridis L. Espontânea e rara nas montanhas, cultivada noutros
locais; planta com poucos pêlos (glabrescente); folhas verdes nas duas
páginas; flores em espigas frouxas e cálice glabro com dentes estreitos.
Cheiro suave e muito penetrante. b’) Mentha crispata Schrad. Híbrida da
precedente; espécie cultivada; folhas curtas com bordos recortados,
formando dentes curvos, acinzentados na página inferior. c) Mentha
longifolia (L.) Hucis. Sebes e campos; folhas esbranquiçadas,
tomentosas, lanceoladas, agudas; flores em espiga compacta com
bractéolas estreitas e lanuginosas; cálice viloso com dentes compridos e
estreitos.
212
dades calmantes e antiespasmódicas das mentas. Hipócrates consideravaas
afrodisíacas e Plímo apreciava a sua acção analgésica. Actualmente, a
menta é, além da verbena e da tília, um dos chás mais apreciados para
terminar uma refeição.
O género Veniha é um dos mais complexos do reino vegetal devido aos
inúmeros híbridos resultantes do cruzamento espontâneo das espécies, os
quais podem sumariamente distinguirse do seguinte modo: as
mentas em espiga, com flores dispostas numa espiga terminal não folhosa,
e as mentas rasteiras, com flores dispostas em verticilos, escalonados
na axila das folhas pecioladas.
Na prática, todas as mentas têm virtudes medicinais semelhantes, as
quais se devem c
sencialmente ao álcool extraído da essên %, cia, o nientol, que parece
ter sido obtido pela primeira vez na Holanda nos finais do .século
xviii. O mentol é um óptimo estimulante e,,tomáquico, um antiséptico e
um
analgésico; porém, em doses elevadas põe em perigo o sistema nervoso,
pois pode causar a morte ao agir sobre o boibo raquidiano.
Mentas rasteiras: comuns em regiões de baixa altitude; até 1000 m;
caules prostrados ou ascendentes, folhosos, não atingindo 1 m de altura;
flores em verticilos na axila das folhas pecioladas. d) Mentha pulegium
L. Vales fluviais, locais inundados durante o Inverno; caule curto,
ramos floridos praticamente desde a base até à extremidade; folhas
pequenas, vilosas, acinzentadas, ligeiramente serradas e subsésseis;
cálice bilabiado, muito viloso internamente, corola que se alarga
bruscamente, gibosa de um lado, sem anel de pêlos. Cheiro agradável.
e) Meniha arvelisis L. Espécie polimorfa, ramos não floridos nas
extremidades; folhas vilosas e largas; flores em pequenos verticilos
compactos mais curtos que as folhas; cálice pubescente, campanulado, com
dentes iguais, largos e curtos; anel de pêlos na corola. J) Mentha
aquatica L. Solos alagados; polimorfa, caules com pêlos eriçados, bem
como as folhas ovais muito pecioladas; flores em verticilos pouco
numerosos, globosocapitados, cálice multinérveo pubescente com dentes
estreitos e anel de pêlos na corola; carpelos verrucosos. Partes
utilizadas: folhas e sumidades floridas (Julho Outubro); secagem em
ramos.
O Componentes: mentol, tanino, d) carvona, mentona, pulegona O
Propriedades: analgésico, anestésico, anti espasmódico, antiséptico,
carminativo, digestivo, estimulante, tónico. U. I., U. E. + o Ver:
apetite, asma, banho, boca, convulsão, digestão, enxaqueca, hálito,
insectos, lactação, nervos, nevralgia, pé, pele, pulmão, soluço,
tabagismo, tosse.
213
Melissabastarda
Melittis melissophy11um L.
Betónicabastarda
Labiadas
Os nomes dos géneros Melittis e Melissa derivam ambos do grego e
significam abelha. Todavia, a melissabastarda e a ervacidreira, embora
sejam duas plantas melíferas, poucas semelhanças apresentam sob o
ponto de vista botânico. Efectivamente, as
flores da primeira são bonitas, grandes, de um intenso corderosa, e
agrupamse duas a duas; as flores da melissa são pequenas, brancas e em
verticilos. A melissabastarda desenvolvese em bosques pouco densos,
isolada ou em pequenos grupos, mas raramente em manchas como a melissa.
É uma
lindíssima planta labiada expressamente cultivada para ornamentar
jardins. As flores, ricas em néctar, são mais dificilmente atingíveis
pelas abelhas do que pelas borboletas nocturnas, as quais, devido ao seu
extenso órgão sugador, conseguem ter acesso à tão apelecida reserva.
Os médicos da Antiguidade ignorara m
esta planta, sendo mencionada pela primeira vez em 1542 pelo escritor
Léonard Fuchs. Mais tarde, em 1715, Garidel tecelhe enormes elogios,
pois consideraa com poderes para restabelecer a secreção urinaria. A
melissabastarda foi durante muito tempo um dos remédios mais utilizados
para o tratamento da gota e dos cálculos das vias urinarias.
Habitat: Europa meridional e Central, solos calcários, bosques pouco
densos, ravinas, cotinas arborizadas, sebes do Minho ao Alto Alentejo,
locais sombrio@ e húmidos, principaimente nas montanhas; até 7/00 m.
Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, viloso,
simples, folhas pecioladas. serradas, grandes, com nervuras muito
salientes, fiores de um corderosa intenso e brancas (MatoJulho),
muito grandes, unilaterats, de 2 a 5 por nó na axila das folhas, cálice
amplo campanulado com 3 a 4 dentes largos, corola bilabiada, com tubo
saliente, 4 eslames
paralelos, anteras em cruz, tetraquénio globoso arredondado no cimo;
parte subterrânea rastejante. Cheiro intenso e desagradável sabor acre e
aromático. Partes utilizadas: toda a planta sem as raizes (início da
fioração).
O Componentes: cumarina O Propriedades antiséptico. diurético,
emenagogo, sedativo. U. I., LI. E. Ver: angústia, conjuntivite,
digestão, menstruação, sono, vertigem.
214
Mercurial
Mercurialis annua L.
Urtigamorta, urtigabastarda
Euforbiáceas
Existem na Europa duas mercuriais muito vulgares: a mercurialdos
jardinsedoscampos, a única que é fármaco, e a mercurialvivaz,
Mercurialis perennis L., que habita as
matas. Ambas são dióicas e tóxicas. Distinguemse do seguinte modo: a
mercurialvivaz tem uma toiça rastejante e o caule não é ramificado; a
parte subterrânea da outra não se
estende horizontalmente e o caule é ramificado a partir da base. Exala
um cheiro repugnante, pelo que Olivier de Serres afirmava que, quando a
planta abundava nas vinhas, podia transmitir um aroma desagradável ao
vinho. Outrora provavelmente cultivada como
hortaliça, evadiuse progressivamente das culturas, tornandose
espontânea. No tempo de Hipócrates, a mercurial já era conhecida como
laxativa e atribuíamselhe, erradamente, propriedades ginecológicas.
Dioscórides afirmava que a planta masculina, em decocção, facilitava a
procriaçã o de meninos,
e a planta feminina, a de meninas. Porém, além de confundir as plantas,
esqueceuse de indicar qual dos cônjuges devia beber a tisana. Devido às
suas propriedades purgativas, esta planta deve ser utilizada com
moderação e prudência.
O Não ultrapassar a dose prescrita. Habitat: Europa Central e
Meridional, campos, jardins, vinhas, terras removidas, frequente em
quase todo o território portugues, nos campos incultos, entulhos, muros
e sebes; até 500 m. Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Anual,
caule herbáceo, ramificado e com folhas a partir da base, nós bem
marcados; folhas opostas com pecíolos curtos, oval lanceoladas, crenad
o serradas; flores esverdeadas (AbrilNovembro), dióicas, cálice com 3
sépalas, as flores masculinas em glomérulos formando uma espiga
pedunculada, 10 estames, as femininas solitárias e subsésseis; ovário
bilocular; cápsulas com 2 lóculos guarnecidos de pêlos, mais espessos na
base, e 2 sementes ovóides ci nz ento claras. Cheiro repugnante; sabor
amargo e salgado. Partes utilizadas: a planta inteira fresca, com
excepção da raiz, e o suco; secagem rápida.
O Componentes: óleo essencial, heterósido flavónico, sais de potássio O
Propriedades: antilactagogo, diurético, purgativo. U. L, LI. E. + Ver:
intestino, lactação, menopausa.
MilfÓlio
Achillea millefolium L.
Milfolhada, milfolhas, milemrama, ervadascortadelas, erva
carpinteira, ervadosmilitares, erv ados soldados, ervadosgolpes,
ervadobomdeus, ervadesaojoao,
pêl ode carneiro, prazerdasdamas,
salvaçãodomundo Bras.: botãodeprata, milfolhas
Compostas
Os múltiplos recortes das suas grandes folhas conferiram a esta planta o
nome de milfólio, e as suas propriedades medicinais são conhecidas desde
há muitos séculos. Deve o nome latino ao herói grego Aquiles, que, tendo
sido informado pelo centauro Quíron das virtudes terapêuticas da planta,
a utilizou, no decorrer de uma batalha, para curar
as feridas do rei Telefo. Era também conhecida pelos Celtas, que
acompanhavam a sha colheita com ritos religiosos. Os caules de uma outra
espécie, que é esternutatória, a Achillea ptarmica L., outrora
considerada medicinal, mas pouco utilizada actualmente, produzem os Che
Pu, ou sejam as 50 varas utilizadas num método divinatório praticado na
China há mais de 3000 anos.
O milfólio é uma das mais importantes plantas da Farmacopeia. Nos meios
rurais, é utilizada não só devido às suas numerosas propriedades
medicinais, mas ainda para conservar o vinho, introduzindo no tonel um
pequeno saco com sementes.
o Evitar a acção do sol nas zonas da epiderme em contacto com o suco da
planta fresca. Habitat: Europa, prados, bermas dos caminhos e das vias
férreas; espontâneo no Norte e Centro de Portugal; até 2500 m.
Identificação: de O,30 a O,70 m de altura. Vivaz, caule erecto, duro,
folhoso; folhas pubescentes, compridas, tenras, com segmentos
delicadamente divididos; flores brancas ou corderosa (MaioOutubro),
em corimbos densos, flores centrais tubulosas, entre 4 e 5 líguIas
largas e curtas; aquénio esbranquiçado. Sabor acistringente e amargo.
Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas, sementes (Ju nho
Setembro).
O Componentes: óleo essencial, resina, tanino, alcalóide, heterósido,
ácidos orgânicos, fósforo, potássio, matérias azotadas O Propriedades:
acistringente, antiespasmódico, antiséptico, carminativo, cicatrizante,
diurético, emenagogo, hemostático, tónico, vulnerário. U. I., U. E. + V
o Ver: acne, banho, cabelo, celulite, circulação, ferida, greta,
hemorroidas, menopausa, menstruação, pele, reumatismo, sarna, seio,
varizes.
MoranGueiro
Fragaria vesca L.
Moranga, fragária Bras.: morango
Rosáceas
Antes da frutificação, esta planta é susceptível de ser confundida com
uma outra rosácea, um falso morangueiro, Potentilla fragariastrum Ehrh.,
com folhas azuladas mais vilosas, pequenas pétalas brancas cordiformes e
que não produz frutos comestíveis. No entanto, toda a gente conhece os
morangos, desde as variedades cultivadas até à mais delicada de todas,
com cheiro debar e de rosa, o morangosilvestre. Em todos os tempos, as
poesias, as canções populares e até os filmes homenagearam os morangos
inspirandose nos símbolos que estes representam. Os testemunhos das
suas virtudes benéficas são imensos, pois os nossos antepassados pré
históricos já os apreciavam; Fontenelle, que viveu 100 anos, adoravaos;
o célebre botânico Lineu utilizouos no tratamento de uma gota dolorosa.
No entanto, do ponto de vista medicinal utilizamse principalmente os
rizomas e as folhas da planta; ricos em tanino, fazem parte de inúmeras
preparações, pois têm'propriedades diuréticas e adstringentes. Com a
infusão das folhas confeccionase um chá muito agradável e refrescante.
âm0 Não consumir os morangos logo que surjam sintomas de intolerância.
Habitat: Europa, bosques, bermas dos caminhos; todo o território
português; até 1600 m. Identificação: de O,05 a O,25 m de altura. Vivaz,
caule curto e viloso; folhas verdeclaras, brilhantes na face superior,
mais claras e pubescentes na inferior, trifoliadas, serradas e
pecioladas; flores brancas (MaioJunho), cálice de 5 sépalas, alternando
com os folíolos do epicálice, 5 pétalas obovadas, numerosos estames
amarelos; carpelo cobrindo o falso fruto (morango) num receptáculo
carnudo, vermelho
e ovóide rizoma castanho, estolhoso. Ch,,iro agradávei e suave
(morango); sabor acIstririgente (rizoma e folha). Partes utilizadas:
folhas (Primavera), frutos e rizomas (antes do aparecimento das folhas).
O Componentes: vitamina C, sais minerais, glúcidos, proteínas, tanino O
Propriedades: acistringente, calmante, depurativo, diurético, tónico. U.
I., LI. E. O Ver: acne rosácea, anginas, astenia, convalescença,
dentes, diarreia, ferida, greta, leucorreia, litíase, pele, rim, sede,
tez.
217
Morsodiabólico
Succisa praemorsa (Gilib.) Aschers.; sin.: Succisa
pratensis Moench
Mortedodiaho, roídadodiabo, morsododjabo,
escabiosamordida
Dipsacúceas
Segundo conta uma lenda, o Diabo, enraivecido por ser obrigado a
reconhecer as propriedades medicinais da planta, cortoulhe a
raiz com uma dentada, dotando assim o morsodiabólico de um rizoma
aparentemente seccionado a alguns centímetros do caule. Quanto ao nome
de escabiosa que por vezes se lhe atribui, que deriva da palavra latina
scabies, sarna, justificase pela utilização da planta na Idade Média
para curar afecções da pele ou manifestações cutâncas de doenças mais
genéricas, como a peste ou a sífilis. Desconhecido dos Antigos, o morso
diabólico era no século XVI muito apreciado por Olivíer de Serres, que
considerava úteis todas as suas partes. Actualmente, é receitado pelos
homeopatas, sob a forma de tintura, para tratar certas dermatoses. Os
fitoterapeutas utilizam as propriedades expectorantes e
fluidificantes das flores e folhas para o tratamento de bronquites e
afecções das vias respiratórias. A raiz, depurativa e digestiva, pode
servir de base a um excelente licor. O morsodiabólico é uma planta
vivaz com
belas flores azuis que cresce nas pastagens húmidas, por vezes em
grandes quantidades, sendo apreciado pelo gado quando tenro.
Habitat: Europa, solos húmidos; espontâneo em Portugal, nos arreivados e
solos húmidos do Minho, Beiras, Estremadura e litoral do Alentejo; até
2000 m. Identificação: de O,30 a 1,25 m de altura. Vivaz, caule com
ramos verticais, glabro ou pubescente; folhas opostas, ovaJoblongas e
inteiras; flores azulvioláceas (Julho~Outubro), todas semelhantes, em
capítulos solitários, globosos, com as brácteas do invólucro herbáceas e
receptáculo guarnecido por bractéolas interflorais, cálice com limbo com
4 ou 5 dentes aristados, corola tubulosa com 4 lóbulos e
4 estames > aquénio; rizoma truncado junto do colo, escuro, não
estolhoso. Cheiro fraco e agradável. Insípido. Partes utilizadas: suco
fresco, capítulos, folhas e raiz seca.
O Componentes: heterósido (escabiósido), amido, sais minerais,
saponósidos, tanino O Propriedades: acistringente, depurativo,
estomáquico, expectorante, sudorífico, tónico, vulnerário. U. I., U. E.
+ Ver: afta, asma, bronquite, dartro, pele, prurido.
Morugemvulgar
Stellaria media (L.) Vill.
Morugerribranca, morugemverdadeira,
orelhadetoupeira
Carriofiláceas
O nome desta planta é revelador de algumas das suas características:
Stellaria deriva da palavra latina stella, estrela, pois as flores têm a
forma de estrelas brancas.
A morugem caracterizase pelos seus caules tenros, que permanecem rentes
ao solo se este não tiver outra vegetação, só se tornando erectos se a
grande densidade da vegetação que os rodeia os comprime, forçandoos a
procurar a luz. As flores são por natureza pouco visíveis, devido ao seu
pequeno tamanho, facto que é acrescido pela queda prematura das pétalas
brancas, restando apenas o cálice verde confundido entre a folhagem;
além disso, as flores fecham~se ao crepúsculo e em tempo chuvoso. A sua
enorme vitalidade torna possível a
existência de cinco gerações instaladas no
mesmo pé no decorrer do ano.
Os autores da Antiguidade e da Idade Média desconheciam certamente a
morugerri, pois não lhe fizeram qualquer referência; no século xix, o
fitoterapeuta bávaro Kneipp consideroua um calmante para as
afecções das vias respiratórias. Outrora, era muito utilizada nos meios
rurais para saladas ou cozida como sucedâneo dos espinafres.
Habitat: vulgar na Europa, solos húmidos, campos, jardins, bermas dos
caminhos, frequente em quase todo o território português; até 2000 m.
Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Anuai, caules tenros, em
tufos, rastejantes ou ascendentes, com nós bem definidos; folhas
gialbras, inteiras, geralmente pecioladas e opostas; flores brancas
(FevereiroNovemb@o), pedunculadas, na axila das folhas da extremidade
do caule, em forma de estreia, 5 pétalas curtas, 3 estiletes, cápsula
com 6 valvas. Sementes reniformes.
Partes utilizadas: planta fresca ou seca, suco fresco (todo o ano),
secagem à sombra e ao ar.
O Componentes: sais minerais, principalmente de silício e de potássio O
Propriedades: antilactagogo, diurético, tónico, vulnerário. U. I., U. E.
+ V O Ver: anemia, contusão, convalescença, estômago, hemorragia,
hemorróidas, lactação, pele.
219
Mostardanegra
Brassica nigra (L.) Koch (= Sinapis nigra L.)
Mostardapreta, mostardaordinária
Crucíferas
Amostarda é um condimento muito conhecido e apreciado na culinária
moderna; é obtida de uma grande planta crucífera actual~ mente muito
vulgar no estado espontâneo em toda a Europa. Porém, em épocas
anteriores à intervenção do homem na expansão da sua cultura só existia
nos países mediterrânicos e no Oeste da Ásia. Teofrasto alude à sua
cultura no século IV a. C.; é a mostarda do Evangelho; Columela refere
se à sua
utilidade como condimento, que era então constituído pelas folhas
conservadas em vinagre. O emprego da massa condimentar obtida pela
trituraçã o das sementes em agraço ou em mosto de uvas difundiuse cerca
do século XIII, e a palavra *mostarda+, mosto ardente, isto é, picante,
surgiu pela primeira vez num texto datado de 1288. A mostarda é
actualmente um dos mais divulgados condimentos no Ocidente; a espécie
próxima Sinapis alba L., mostardabranca > com sabor menos intenso,
é cultivada para abastecer a indústria alimentar.
Em doses moderadas, este condimento estimula a digestão; deve ser
excluído da alimentação dos dispépticos, pois é irritante.
C Não deve ser usada por doentes com infla~ mações das vias urinarias e
do tubo digestivo, sendo proibida a dispépticos; a temperatura da água
destinada à preparação dos sinapismos não deve ser superior a 50'C;
conservar a farinha em local seco. Habitat: Europa Central, Ocidental e
Meridional; em Portugal, além de cultivada, surge espontânea no Minho,
Estremadura e Alentejo; até 1000 m. Identificação: de O,20 a 1 m de
altura. Anual, caule erecto, ramos patentes; folhas pecioladas, liradas;
flores amarelas (AbrilJunho) em
cachos terminais em corimbo, abrindose uma a uma e precedendo o
crescimento do escapo floral, que imediatamente se cobre de síliquas com
rostro curto e que contém várias sementes castanhoescuras. Partes
utilizadas: sementes (maturação).
O Componentes: heterósido azotado (sinigrásido), mucilagem, alcalóides,
enzima O Propriedades: mostardanegra: revulsivo, vomitivo; mostarda
branca: purgativo. U. L, U. E. + O Ver: banho, bronquite, congestão,
intestino, nevralgia, pé, pulmão, reumatismo.
Murta
Myrtus communis (L.) Herm.
Murtaordinária, murtadosj ardi n s, murteira
Mirtáceas
A murta é um arbusto muito glosado pelos poetas; é o myrtos dos Gregos,
que o ofertavam aos seus mortos e que Electra reclamava para os manes de
seu pai, Agamémnon: *Nem libações nem ramos de murta ... +
Símbolo da glória e do amor feliz, com a
murta se entrançavam as coroas para os heróis que recebiam o ovatio e
para as desposadas. É ainda a murta do Antigo Testamento, usada em
grinalda nas bodas pelas jovens de Israel.
A madeira dos seus caules incensou inúmeras cerimônias religiosas. Das
suas folhas e flores destiladas faziase uma água famo sa, a águade
anjo, utilizada como produto de beleza. Na Córsega, onde a murta cresce,
como em todas as regiões do Mediterrâneo, em matas ou em charnecas, é
muito vulgar um licor com virtudes estomáquicas obtido pela maceração
das bagas.
Este arbusto sempre verde desenvolvese em moitas fechadas, cobertas de
folhas brilhantes e aromáticas que, observadas à transparência, revelam
a existência de pequenas glândulas; a partir de Maio, as flores brancas
desabrocham, formando pequenas borlas perfumadas, e no Outono amadurecem
as bagas escuras.
Habitat: litoral da Europa Mediterrânica, matas, charnecas; espontânea
nos matos, sebes, charnecas do Centro e Sul de Portugal; também é
cultivada; até 800 m. Identificação: de 2 a 3 rn ou mais de altura.
Arbusto; caule muito ramificado; folhas persistentes, coriáceas,
brilhantes, opostas 2 a 2, raramente 3 a 3, lanceoladas, inteiras,
subsésseis, providas na espessura do limbo de glândulas de essência,
visíveis à transparência; flores brancas (MaioJulho), pedunculadas,
solitárias na axila das folhas, 5 pétalas e 5 sépalas, estames numerosos
e compridos, estilete saliente; baga negra. Cheiro aromático, apimentado
(flores); sabor desagradável e resinoso (bagas). Partes utilizadas:
folhas (Agosto), frutos (SetembroOutubro), essência, flores.
O Componentes: tanino, óleo essencial, resina, ácidos (cítrico, málico),
vitamina C O Propriedades: acistringente, antiséptico. U. L, U. E. +
Ver: banho, bronquite, constipação, contusão, ferida, hálito,
hemorroidas, leucorreia, psoríase, sinusite, tosse.
Musgodacórsega
Alsidium helminthocorton (Latourette) Kurtz
Algadacórsega
Rodomeláceas
O homem dedicouse desde os mais remo tos tempos à pesquisa de
antiparasitários, nomeadamente para os vermes intestinais. O
reino vegetal forneceulhe um determinado número, como, por exemplo, a
artemísia, o santónico, o tanaceto, alguns fetos e algas, de entre as
quais o musgodacórsega, designação absolutamente errada, pois esta
planta nada tem de comum com os musgos. A designação corresponde, na
realidade, a um conjunto de 22 pequenas algasvermelhas. Cresce em
grande abundância nas costas mediterrânicas e tem o aspecto de uma
almofada com filamentos delgados e emaranhados; a colheita deve ser
feita, de preferência, com um ancinho, sendo conveniente em seguida
libertar as algas de todas as conchas que a ela se prendem.
Já conhecido por Teofrasto, muito utilizado na Idade Média, este
vermífugo parece ter caído no esquecimento no decorrer dos séculos
seguintes, e só em 1775 um médico grego, Stephanopoli, chama de novo as
atenções para o Alsidium helmiiithocortoti (Latourette) Kurtz e o
divulga com o nome actual. Rico em iodo, é um óptimo estimulante para o
funcionamento da tireóide. Segundo a tradição, era frequentemente
utilizado por Napoleão.
O musgodacórsega é usado actualmente sob as mais diversas formas: em
decoeção, em pó ou em leite vermífugo, sendo muito bem tolerado pelas
crianças.
Habitat: rochedos das costas da Provença e da Córsega. Identificação: de
O,02 a O,04 m de altura. Alga, talo vermelhoescuro, ramificado em
filamentos rastejantes, entrelaçados, e mais tarde erectos, frágeis,
dicótomos, cilíndricos, carnudos; raros cistocarpos, subglobosos,
colocados nas extremidades dos talos; provido de rizóides. Cheiro
intenso a iodo; sabor salgado. Partes utilizadas: talo (todo o ano);
secagem rápida ao sol; conservar seco em caixas de madeira.
O Componentes: substâncias mucilaginosas e
resinosas, iodo, ferro, cálcio, sódio O Propriedades: vermífugo, U. L,
U. E. + Ver: bácio, parasitose.
Nãomeesqueças
Myosotis scorpioides (L.) HilI, ssp. palustris (L.)
Herm,
Bras.: miosótis
Borragináceas
Uma lenda persa narra que um anjo expulso do Paraíso por estar
apaixonado por uma mortal teve como penitência a tarefa de semear o
encantador nãomeesqueças em
todo o Mundo. Cumprida a penitência, regressou com a companheira coroada
com as mesmas flores que haviam espalhado pela Terra, e junto dela,
tornada por sua vez imortal, reencontrou a paz eterna do Paraíso. E é
certamente nesta lenda que se encontra a explicação para o nome vulgar
da planta, comum a muitas línguas em todo o Mundo, evocação do amor fiel
e eterno: *Ameme; não me esqueça. @> Ao longo de todo o Ve~ rão, o azul
singelo pontilhado do amarelo das suas corolas invade os solos húmidos.
Muitos poetas cantaram esta flor pela sua beleza e pelo símbolo de amor
que representa.
Além disso, o nãomeesqueças é útil sob outros aspectos; seco, revela
se um excelente sucedâneo do meliloto para as inflamações dos olhos; nos
anos 60, o Prof. Léon Binet, da Faculdade de Medicina de Paris,
recomendouo como antiasténico eficaz nas manifestações funcionais de
atonia, devido à sua riqueza em sais de potássio.
Habitat: comum na Europa, arribas e taludes, prados alagados; até 2000
m. Identificação: de O,15 a O,40 m de altura. Vivaz, caule anguloso,
muito folhoso; folhas tenras, obiongas, lanceoladas, com pêlos duros,
extremidade obtusa, envolvendo o caule, flores azuis (MaioAgosto),
agrupadas em espigas terminais espiraladas, corolas com iimbo plano, com
5 lóbu@os. de 5 a 8 mm de largura, cálice coberto de pêlos curtos
encostados, esWete comprido; ovário com 4 carpelos livres, trígonos
lisos >torça oblíqua, rastejante, esbranquiçada, estolhosa. Cheiro
herbáceo.
Partes utilizadas: folhas, sumidades floridas (MaioAgosto), secagem em
ramos suspensos.
O Componentes: potássio O Propriedades: antiinfiamatório, sedativo,
tónico. U . L, U. E. Ver: astenia, conjuntivite, olhos, ouvido.
Narcisotrombeta
Narcissus pseudonarcissus L.
Narcisobravo Bras.: narcisodosprados, narciso
Amarilidáceas
O narcisotrombeta é uma flor primaveril e
das mais populares nas regiões onde cresce; a maioria das vezes o
entusiasmo da colheita impede que se pense na toxicidade do seu
bolbo, que não deve ser arrancado com as mãos desprotegidas, pois é de
facto um perigo real. O perfume das flores provoca também uma espécie de
sonolência que a
própria palavra *riarciso+ evoca, pois deriva do grego narkè, sono.
Narciso é ainda o fascinante jovem que, ao contemplarse na
água de uma fonte, se apaixonou pela sua própria imagem; desesperado por
não poder apoderarse de si próprio, entristece e morre
de desgosto (só ressuscitando nas palavras dos poetas e nos conceitos
dos psiquiatras e
dos psicanalistas).
Dioscórides foi, de entre os autores antigos, o primeiro a assinalar o
poder vomitivo do bolbo do narciso; simultaneamente, aconselhava a sua
utilização para tratar queimaduras, luxações e abcessos. Esquecido em
seguida até ao século xix, o narciso entrou, embora tardiamente, na
farmacopeia francesa devido às suas propriedades antiespasmódicas.
Planta não melífera, cultivada para ornamentação, o seu esplendor
decora, no estado natural, os prados e as matas.
O Não utilizar o bolbo, nem tocarlhe com as mãos desprotegidas.
Habitat: Europa Central e Meridional, prados e matas pouco densos;
existe em Portugal em vários locais, desde o Minho ao Alentejo; até
2000 m. Identificação: de O,20 a O,40 m de altura. Vivaz, buiboso, 2 a 4
folhas em lacínias muito compridas, obtusas no vértice; flor amarela
(AbrilMaio), solitária, grande, pendente, espata invaginante, cálice e
corola soldados em tubo com a forma de um funil (infunclibuliforme), de
cuja base irradiam 6 divisões petalóides, com coroa longa crenada,
ovário ínfero; cápsula globosatrigonal; boibo ovóide, liso. Inodoro;
sabor amargo e acre (boibo). Partes utilizadas: flores secas (Março);
secagem em tempo seco para não perder as propriedades.
O Componentes: matéria gorda, cera, caroteno, óleo essencial O
Propriedades: antidiarreico, antiespasmódico, sedativo. U. 1. + Ver:
asma, diarréia, nervosismo, paludismo, tosse convulsa.
Nespereiradaeuropa
Mespilus germanica L.
Rosáceas
Não sendo o orgulho dos pomares, a nespereira é uma árvore de fruto,
outrora muito apreciada, embora actualmente cresça apenas nas sebes. Não
deve ser confundida com a nespereiradojapão, ou magnólio, Eriobotrya
J.aponica L., que pertence à mesma
família botânica e de cultura mais frequente em Portugal. As suas flores
brancas são grandes e os seus frutos assemelhamse a pequenas maçã s
castanhas encimadas por uma larga coroa de sépalas persistentes. Quando
maduros, não são comestíveis, sendo necessário esperar que estejam
sorvados, pois adquirem então um sabor agradável.
Muito pouco se sabe das utilizações da nespereiradacuropa na
Antiguidade, pois a árvore foi motivo de inúmeras confusões. A partir da
Idade Média. os seus frutos foram utilizados para tratar febres e
diarreias; devido às suas propriedades acistringentes, são eficazes para
regularizar as funções intestinais; os frutos frescos são bem digeridos
mesmo pelos estômagos delicados. Preparamse com os frutos compotas e
xaropes.
Habitat: Sul e Sudoeste da Europa, rara nas regiões mediterrânicas,
florestas, bosques pouco densos, sebes; é uma planta pouco cultivada em
Portugal; até 800 m.
Identificação: de 3 a 6 m de altura. Arbusto; tronco sinuoso, ramos com
pêlos e espinhos; folhas grandes, simples, inteiras ou ligeiramente
dentadas, com pecíolos curtos, baças e glabras na página superior,
ligeiramente pubescentes na inferior; flores brancas (MaioJunho), de 3
cm de diâmetro, solitárias, subsésseis, rodeadas por folhas grandes nas
extremidades dos ramos, 5 sépalas compridas, persistentes, e 5 pétalas
onduladas, numerosos estames, ovário ínfero; pomo bronzeado, achatado na
extremidade, coroado pelas sépalas, 5 caroços com 1 semente ovóide e
comprimida. Partes utilizadas: frutos (após as primeiras geadas),
caroços, folhas, casca; apanhar os frutos sorvados.
O Componentes: tanino, ácidos (acético, cítrico, fórmico, málico,
tartárico), matérias pécticas, açúcar, vitamina C O Propriedades:
adstringente, diurético. U. L, U. E. V Ver: afta, boca, diarreia,
estômago, ferida, pele.
225
Nieveda
Calaminiha officinalis Moench. Ervadasazeitonas, calaminta
Labiadas
Da mesma família das mentas e dotada de um aroma semelhante, foram
durante muito tempo confundidas; no entanto, as flores da nêveda são
muito maiores e mais separadas umas das outras. Esta confusão é ainda
justificada pela palavra Calamintha, que deriva do grego kalé, belo, e
minthê, hortelã. A planta, muito conhecida na Antiguidade e na Idade
Média, era usada como remédio para os zumbidos do ouvido, as eructações,
os soluços, as dores abdominais e os espasmos de origem nervosa, sendo
também utilizada como tónico, digestivo e estimulante. Aemilius Macer,
em 1477, louvava ingenuamente o efeito curativo da nêveda contra a
elefantíase, <espécie de lepra que excede qualquer doença@, do mesmo
modo que o elefante sobressai entre os outros animais, Em 1890, Cadéac
nota que os animais que pastam a
nêveda *têm um aspecto animado e inteligente, parecem felizes com a sua
vitalidade, deslocamse com prazer, passeiam com orgulho, têm um porte
altivo e domínador, A análise química da planta não revela qualquer
substância susceptível de produzir tão espectaculares resultados.
Habital: Sul de Inglaterra, Europa Central; em Portugal, é frequente nos
locais secos e áridos; até 1500 m. Identificação: de O,15 a O,30 m de
altura. Vivaz, ramificada; caule herbáceo; folhas pecioladas, finamente
serradas; flores cor de púrpura (Julho), de 10 a 12 mm, pediceladas
sobre um pedúnculo comum, cálice erecto com dentes desiguais, celheados,
corola mais comprida, com o lábio inferior trilobulado. Cheiro
semelhante ao da hortelã e da ervacidreira. Partes utilizadas: caule
com folhas e flores (Julho); secagem à sombra.
O Componentes: essência, enzimas O Propriedades: antiespasmódico,
estomáquico, tónico. U. 1. + Ver: acufenos, aerofagia, digestão,
espasmo, estômago, fadiga, soluço.
226
Nêvedadosgatos
Nepeta caiaria L. Ervdclosgatos, erva,ateira, catéria
Bras.: mentrasto
Labiadas
A planta cujo nome de espécie botânica, cuiaria, deriva do latim
catus, gato exerce uma irresistivel atracção sobre estes felinos, e,
ao contrário da valeriana, que é dotada do mesmo poder, mas tem um
cheiro desagradável, a nêvedadosgatos exala um perfume a hortelã muito
agradável.
Esta planta vivaz, originária do Mediterrâneo Oriental, foi durante
muito tempo cultí~ vada para usos medicinais; mais tarde, escapouse dos
jardins, disseminandose caprichosamente por diversos locais. Encontra
se facilmente nos entulhos, nas bermas dos cami:nhos. sebes e nos
arredores dos cemitérios. A nêvedadosgatos assemelhase à melissa, ou
ervacidreira, diferenciandose, no entanto, facilmente devido às suas
flores corderosa com cachos terminais e ao lábio inferior, concavo e
trilobado das suas corolas. É uma planta calmante e digestiva, com a
qual se preparam óptimas tisanas. Para aliviar uma dor de dentes, podem
mastigarse algumas folhas frescas de nêvedadosgatos. Em medicina
popular, empregase em casos de bronquite crónica e para a diarreia. E,
evidentemente i
se houver um gato em casa, é aconselhável esfregar com a planta o pedaço
de madeira onde se pretende que ele afie as unhas.
Habitat: Europa, excepto em altitude; em Por~ tuga), de TrásosMontes
ao Alentejo; terrenos baldios, bermas, locais pedregosos. Identificação:
de O,50 a 1 m de altura. Vivaz; caule viloso, acinzentado, erecto,
ramoso; folhas pecioladas, largas (2 a 5 cm), crenado serradas, verde
acinzentadas na página superior, esbranquiçadas na inferior, cordiforme
ovadas; flores brancas pontuadas de cor de púrpura (JunhoSetembro), em
verticilos densos, cálice viloso quase recto quinquedentado ou
quinquefundido, corola ultrapassando levemente o cálice, com lábio
superior chanfrado,
lábio interior côncavo, trilobado, 4 estames, dos quais 2 mais
compridos; 4 aquénios trigonos, castanhos, lisos. Cheiro forte; sabor
amargo, picante e acre. Partes utilizadas: sumidades floridas (Junho
Setembro), planta inteira (Verão).
O Componentes: carvacrol, timol, lactona, ácido nepetálico O
Propriedades: antiespasmódico, carminativo, emenagogo, estomáquico,
tónico, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver: dentes, estômago, ferida,
menstruação, nervosismo, soluço, sono, tosse, tosse convulsa.
Norçapreta
Tamus communis L.
Uvadecão, arrebentaboi, ramo, baganha
Dioscoriáceas
Seria difícil imaginar, ao observar o frági caule da norçapreta
enrolado em volta da árvores ou revestindo os pilares dos cara
manchões, que é a única planta europei aparentada com os inhames
tropicais; as rai zes de ambos, semelhantes a volumoso nabos, são
extremamente parecidas. Pc vezes muito carnudas, podem atingir várie
quilos de peso. Como a raiz do inhame, muito tóxica quando crua; no
entanto, é po@ sível ingeriIa sem consequências graves apé demorada
cozedura em várias águas. D ponto de vista medicinal, apenas o uso ex
terno da planta foi mantido. O rizoma, mo
do, amassado, fervido e aplicado em cat@ plasma sobre as contusões, faz
desaparece o rubor e os hematomas. Celso, médic latino contemporâneo do
imperador Augustc
secava a planta, obtendo um pó insecticid@
Obedecendo ao princípio de tratar o m, com o mal em doses
infinitesimais, os hc meopatas receitam por vezes, para as insc lações,
uma tintura extraída da norçapret@
Os frutos são pequenas bagas brilhante muito apreciadas pelos tordos e
melros. absolutamente necessário avisar as crianç@ de que estas bagas,
facilmente confundi& com groselhas, são venenosas e muito per gosas.
O Não engolir. Habitat: Europa Central e Meridional, orlas dos bosques,
moitas; em quase todo o território português, nas margens dos campos e
sebes; até 1200 m. Identificação: de 2 a 4 m de altura. Vivaz, caule
herbáceo, cilíndrico, delgado, volúvel, sinistrorso, ramoso, desprovido
de gavinhas; folhas alternas, pecioladas, simples, ovadocordiformes,
com a ponta para baixo, verdes, brilhantes, finas, com 5 a 7 nervuras;
flores verdeclaras (MarçoJulho), dióicas, em espigas frouxas, na axila
das folhas, sendo as femininas curtas e as
masculinas compridas; baga vermelha e brilhante; raiz volumosa e
tuberosa, napiforme, carnuda, escura externamente e de fractura
esbranquiçada. Cheiro suave; sabor acre, amargo (raiz), acídulo e depois
ardente (baga). Partes utilizadas: rizoma (Dezembro); conservar no
estado fresco, mergulhado em areia, ou cortado em rodelas e seco no
forno.
O Componentes: oxalato de cálcio, substância de tipo histamínico,
mucilagem, glúcidos O Propriedades: hemolítico, resolutivo. U. E. + Ver:
artrite, contusão.
Noveleiro
Vibiíttití@?i opulus L.
Boladeneve, rosasdegueldres
Bras.: espinhei ro negro
Caprifoliáceas
Este arbusto de 3 a 4 m de altura reconhecese facilmente devido às suas
flores desiguais, dispostas numa falsa umbela; as da periferia são
bastante grandes, brancas e estéreis; as restantes são pequenas, porém
completas e fecundas. Existe uma variedade hortícola de noveleiro cujas
flores são todas grandes, estéreis e agrupadas numa inflorescência
esférica: é o Viburnum opulus L., var.
sterile DC., cultivado nos jardins e parques.
Viburnum deriva da palavra latina vincio, eu entranço, eu ligo, e de
facto certos ramos desta planta, extremamente flexíveis, podem ser
utilizados como os do vimeiro. Opulus é o nome latino do ácer, existindo
na realidade uma analogia entre as folhas destes dois arbustos. Os
frutos, que amadurecem em Setembro, de cor vermelha intensa e do
tamanho de ervilhas, são venenosos para o homem, sendo ingeridos pelas
aves apenas em épocas de escassez. No entanto, em alguns países
balcânicos são preparados em compota e utilizados como condimento. A sua
madeira só serve para aquecimento; os caules são utilizados no fabrico
de tubos para cachimbos. O noveleiro não ocupa lugar de relevo na
história da medicina. Apenas a casca e muito raramente a flor são
utilizadas.
Habital: Europa, excepto na região mediterrânica, locais frescos, sebes,
bosques abertos, especialmente solos calcários; cultivado em Portugal;
até 1400 m. Identificação: de 3 a 4 m de altura. Arbusto; casca
cinzentoclara e seguidamente amareloacastanhada, fendida
longitudinalmente; ramos frágeis e glabros; folhas opostas, pecioladas,
com estipulas delicadas e 3 lóbulos dentados; flores brancas (Maio
Junho), em falsa umbela, com 6 a 7 raios, sendo as exteriores estéreis e
as centrais pequenas e férteis; baga globosa com 1 semente vermelha
quando
madura. Inodoro. Partes utilizadas: casca seca e, por vezes, as flores.
O Componentes: resina, ácidos, açúcares, tanino, heterásido,
antocianina, princípio amargo
O Propriedades. antiespasmódico, sedativo. U. 1. Ver: menopausa,
menstruação.
229
Onagra
Oenothera biennis L.
Ervadosburros, zécora, canárias
Bras.: minuana
Enoteráceas
Originária da América do Norte e importada da Virgínia, a onagra surgiu
na Europa em 1619 num jardim de Pádua. A partir de então, difundiuse
por todo o continente, onde se adaptou tão bem como qualquer das plantas
indígenas. O seu único caule, erecto, ligeiramente ou nada ramificado, é
guarnecido por folhas alternas e possui longos escapos florais amarelos,
em forma de funil, que se abrem ao entardecer, assim permanecendo
durante duas noites consecutivas, pelo que os Ingleses lhe chamam
evening star, estrela da tarde. O pólen é transportado pelas abelhas e
pelas borboletas nocturnas. A raiz, carnuda e avermelhada, é por vezes
cozinhada do mesmo modo que a do cersefi; segundo um antigo provérbio
alemão, uma
libra (cerca de 500 g) de raiz de onagra alimenta mais do que um quintal
de carne de vaca! A origem do nome Oenothera pode explicarse de
diversos modos: das palavras gregas onos, asno, e thera, presa,
correspondendo assim ao nome vulgar de ervadosburros, ou ainda de
oinos, vinho, e thèi, anirinal selvagem, pois uma infusão da raiz em
vinho amansava as feras. Os caracteres genéticos particulares da onagra
tornaramna útil para a investigação das leis da hereditariedade.
Habitat: Europa, jardins, escarpas, vias férreas, terrenos baldios,
ribanceiras; cultivada e subespontânea em várias regiões de Portugal;
até 1000 m. Identificação: de O,40 a 1,50 m de altura. Bienal, caule
erecto, quase simples e folhoso; folhas pubescentes, ovais, aiongadas,
pontiagudas, sé sseis, sendo as da base pecioladas; flores amarelas
(JunhoSetembro), grandes, em espiga erecta de floração nocturna, 4
pétalas em taça, chanfradas no vértice, 4 sépalas estreitas,
permanecendo frequentemente soldadas pela ponta, 8 estames em forma de T
e 4
estigmas em cruz; cápsula espessa, erecta, séssil, 4 valvas, numerosas e
pequenas sementes; raiz carnuda e avermelhada. Cheiro suave (flor) a
vinho (raiz); sabor agradável (raiz). Partes utilizadas: raiz e folhas.
O Componentes: mucilagem, tanino O Propriedades: antiespasmódico,
depurativo. U. 1. Ver: espasmo.
Orégãovulgar
Origanum vulgare L. Manjeronabrava, m anjeronaselv agem
Bras.: orégano
Labiadas
No estado espontâneo, o orégão é uma planta da montanha, como indica o
nome, derivado das palavras oros, montanha, e ganos, esplendor; o orégão
chegou à actualidade através da história dos simples, porém sempre
acompanhado de uma certa imprecisão científica; os textos médicos
antigos fazem efectivamente numerosas referências a um oregão com flores
brancas cujas corolas são corderosapúrpura, que não corresponde ao
orêgãovulgar. Além disso, é frequentemente confundido com a manjerona,
que, no
entanto, só sobrevive nos climas europeus quando cultivada. Porém, as
propriedades medicinais do orégão contidas nas sumidades floridas são
irrefutáveis; os fitoterapeutas utilizamnas, estando a maioria das suas
importantes virtudes ligada a uma acção estimulante sobre o sistema
nervoso. Possuem ainda uma acção antálgica; uma pequena almofada feita
com as sumidades floridas recentemente colhidas e aquecidas durante um
breve momento numa frigideira alivia qualquer torcicolo. Destas
sumidades floridas também se pode obter uma bebida doce, aperitiva,
digestiva e béquica pela maceração de 50 g em 1 1 de vinho durante 10
dias. Cheiro aromático, sabor amargo.
superior erecto e chanfrado, sendo o inferior trilobado, e 4 estames
divergentes; tetraquénio, sendo cada uma das partes ovóide e lisa;
rizoma rastejante, escuro e com raízes fibrosas. Partes utilizadas:
folhas, sumidades floridas.
O Componentes: óleo essencial, tanino, resina, goma O Propriedades:
antálgico, antiespasmódico, antiséptico, emenagogo, estomáquico,
expectorante, parasiticida, tónico. U. I., U. E. + V O Ver: aerofagia,
apetite, boca, cabelo, celulite, dentes, epilepsia, estômago, ftiríase,
menstruação, nevralgia, torcicolo, tosse, traqueíte.
231
Papoila
Papaver rhoeas L.
Papoilaordinária, papoi 1 adas searas, papoilavermelha, papoila
rubra, papoilabrava
Bras.: papoula
Papaveráceas
Os herbicidas selectivos expulsaramna das searas, onde as suas frágeis
pétalas de um vermelho intenso estremeciam entre as espigas douradas.
Actualmente, a papoila acolhese ao longo das estradas e das vias
férreas. Planta anual, tem uma vida curta e não tardará a tornarse
rara, como muitas outras ervas daninhas infestantes das searas.
Originária do Mediterrâneo Oriental, a
papoila parece ter sido introduzida na Europa com a cultura dos cereais.
Utilizada desde os mais remotos tempos, esta flor peitoral faz parte
actualmente da mistura das sete plantas que constituem a *tisana das
quatro flores, É conveniente respeitar as doses prescritas, pois em
doses elevadas pode tornarse tóxica.
Se bem que a atraente cor destas frágeis flores incite a colhélas em
ramos, é necessário identificar com exactidão as suas características
distintivas, pois para fins terápétiticos não são indicadas as flores de
cor mais desmaiada e mais pequenas com cápsula pilosa ou estrangulada no
vértice.
O Respeitar as doses indicadas. Habitat: Europa; frequente em quase todo
o País; até 1700 m. Identificação: de O,25 a O,80 m de altura. Anual,
caule erecto, piloso, ramoso, com látex esbranquiçado; folhas vilosas,
recortadas em lóbulos lanceolados triangulares, sendo as inferiores
muito recortadas; flores vermelhas, frequentemente maculadas de preto na
base (MaioJulho), solitárias na extremidade de um comprido pedúnculo,
efémeras, cálice com 2 sépalas, corola com 4 pétalas, com préfloraçao
enrugada, estames pretoazulados, cápsuIa curta, ovóide, glabra,
deiscente por poros abertos sob o disco estigmatífero, numerosas
sementes pretas. Cheiro pouco intenso, viroso; sabor amargo. Partes
utilizadas: pétalas (na floração), dispor em camadas finas, conservar em
seco.
O Componentes: vestígios de alcalóides, pigmentos antociânicos O
Propriedades: antiespasmódico, emoliente, hipnótico, peitoral, sedativo,
sudorífico. LI. I., LI. E. + V UZ Ver: anginas, bronquite, cólica,
nervosismo, ruga, sono, tosse.
Parietária
Parietaria officinalis L.
Alfavacadecobra, ervadasmuralhas, ervafuraparedes, ervadosmuros,
ervadesantaana,
ervadenossasenhora, ervadasparedes, helxina,
cobrinha, pulitaina, pulitária
Bras.: ervadesantaana
Urticáceas
É uma planta vivaz, de origem mediterrânica, que seguiu o homem até ao
extremo norte da Europa, vagueando de povoação em povoação e instalando
se em moitas nas paredes deteriorada@. Em fitoterapia, são utilizadas
duas variedades: uma delas com caules grandes e inflorescências densas e
uma outra com caules mais difusos e glomérulos pendentes. As suas
propriedades medicinais são idênticas e ambas podem provocar
manifestações de polinose. As virtudes da parietária são conhecidas
desde a Antiguidade; no
século 1, Plínio relata a eficácia desta planta no tratamento de um
escravo que caíra do cimo de um muro. Emoliente e diurética, é mais
activa quando utilizada no estado fresco; seca, conserva apenas algumas
das suas propriedades se for guardada num frasco hermeticamente fechado.
Adicionando à parietária a cavalinha, a urtigabranca, a urze e
a barba de milho, preparase uma infusão de sabor desagradável,
utilizada no tratamento da cistite. A planta tem cheiro insípido e
sabor a erva, ligeiramente salgado.
Habitat: Europa; em todo o País; até 700 m Identificação: de O,10 a O,30
m de altura. Vivaz, caule avermelhado, erecto ou difuso (isto é, com os
ramos dispostos sem ordem e bastante abertos), por vezes pendente,
pubescente; folhas alternas, pecioladas, inteiras, ovais ou em forma de
losango, finas, com 2 ou
3 nervuras guarnecidas na página inferior de pêlos aderentes; flores
esverdeadas (JunhoOutubro), com glomérulas em grupos de 5 a 6 na axila
das folhas, pequenas, acompanhadas de brácteas inteiras ou celheadas,
hermafroditas ou unissexuadas, estando as femininas sempre
situadas no centro, 4 sépalas, 4 estames, 1 ovário unilocular, 1
estilete terminado por 1 estigma plumoso, aquénio pequeno, preto,
brilhante e comprimido; toiça vivaz e robusta. Partes utilizadas: parte
aérea da planta, folhas mondadas, suco; secagem rápida à sombra.
O Componentes: nitrato de potássio, cálcio, pigmentos flavónicos,
enxofre, mucilagem O Propriedades: depurativo, diurético, emoliente, ref
rescante. U. L, U. E. + V o Ver: albuminúria, cistite, dentes, edema,
hemorróidas, litíase, sarda.
233
Pédeleão
Alchemilla vulgaris L. (sensu lato)
Rosáceas
A abundância de orvalho que as grandes folhas do pédeleão retêm
durante a noite tornao facilmente reconhecível. Este orvalho era
outrora muito apreciado pelos alquimistas, que o utilizavam com a
designação de água celeste, além de muitos outros ingredientes, na sua
infatigável procura da pedra filosofal. Actualmente, considerase de
grande requinte secar estas folhas sem quaisquer precauções e,
juntamente com algumas folhas de primavera, adicionálas ao chá da China
para lhe dar um paladar leve e refinado.
O pédeleão, pequena planta vivaz das zonas frescas e húmidas, não
aparece na região mediterrânica. Encontrase em Portugal, principalmente
no Alto Alentejo. Outrora considerado sagrado na Islândia, teve durante
todo o Renascimento a fama de restituir a virgindade e devolver a beleza
aos seios flácidos devido à idade ou à maternidade. Embora seja
improvável que o pédeleão produza estes resultados, a sua utilizaçao
foi reconhecida pela medicina moderna para a solução de grande número de
problemas relacionados com a saúde e a beleza femininas.
Habitat: Europa, sobretudo nas montanhas, prados e clareiras; entre 100
e 2600 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura. Vivaz, caule verde
claro raiado de vermelho, delgado; folhas grandes, quase circulares, de
7 a
11 lóbulos serrados, plicados e com estipulas; flores verdeclaras
(MaioOutubro), minúsculas, em cimeira corimbiforme difusa, apétalas,
cálice com 4 sépalas simulando a corola, epicálice com 4 dentes, 4
estames curtos e 1 estilete; fruto encerrado no cálice e 1 semente;
rizoma enegrecido, forte, dando origem a vários caules. lnodoro; sabor
ligeiramente azedo e acre.
Partes utilizadas: toda a planta (JunhoAgosto).
O Componentes: ácidos orgânicos, tanino, lilu nhoAg os3’ tann O, lio
p pidos, glúcidos, saponósidos, resina O Pro ; ropriedades:
acistringente, antiinflamatório, cicatrizante, estomáquico, sedativo,
vulnerário. U. I., U. E. + V O Ver: anginas, arteriosclerose,
conjuntivite, contusão, diabetes, diarreia, enxaqueca, estrias cutâneas,
ferida, leucorreia, menopausa, menstruação, meteorismo, obesidade,
parto, prurido, seio.
PepinodesãogregÓrio
Fcbaliffim elaierium A. Rich.
Momórdica, pepinoselvageni
Cucurbitáceas
O Ecballium é citado nos manuais de botânica como exemplo da deiscência
brusca de um fruto. Não é fácil imaginar uma cápsula verde, com o volume
de uma bolota grande, que bruscamente se separa do pedúnculo e
projecta ruidosamente a longa distância uma
substância mucilaginosa que contém as sementes, lançando simultaneamente
o invólucro vazio na direcção oposta, a 1 m de distância; este
surpreendente fenômeno é causado pela pressão do gás contido no
interior. Planta dos países mediterrânicos, era já utilizada pelos
Egípcios, Gregos e Romanos como purgante drástico. O uso interno e mesmo
externo desta planta tem alguns riscos; assim, um certo Dr. Dickson
relata, em
1888, que, por ter colocado um fragmento de pepino~desãogregório
fresco entre a cabeça e o chapéu, foi acometido de fortes enxaquecas,
seguidas de cólicas e diarreia, durante um dia; e não consumira, no
entanto, a mínima parcela da planta! Actualmente, os fitoterapeutas
raramente receitam esta planta, sendo, no entanto, utilizada,
especialmente na GrãBretanha, numa preparação oficinal à base do fruto
denominada Elaterium.
O Não ingerir sem indicação médica, nem lhe tocar sem as mãos
protegidas. Habitat: Europa Mediterrânica, terrenos incultos, limites de
campos; Centro e Sul de Portugal em terrenos próximos de habitações,
entulhos e muros; até 400 m. Identificação: de O,20 a O,60 m de altura,
Vivaz, caule prostrado ou ascendente, glauco, coberto de pêlos ásperos,
ramos floríferos erectos; foffias espessas, triangulares, sinuosas;
flores amareladas, raiadas de verde (MaioSetembro), monóicas; fruto
esverdeado, verrugosohíspido, alongado, pendente da extremidade do
pedúnculo erecto, que expulsa as sementes ao desprenderse; raiz
carnuda, comprida. Cheiro repugnante; sabor acre. Partes utilizadas:
suco do fruto, raiz fresca, cozida ou seca.
O Componentes: elaterina, cucurbitacina, ácidos gordos O Propriedades:
emético, purgativo, resolutivo, rubefaciente. U. I., U. E. + Ver:
nevralgia, sarna.
235
Pervinca
Vinca ininor L.
Congossa, vinca
Apocináceas
Apervinca forma frequentemente Dos bosques vastos tapetes perpetuamente
verdes de onde surgem, a partir de Fevereiro, curtos ramos sustentando
flores solitárias com corolas de um raro azul. É a flor dos feiticeiros
e dos poetas e, na Idade Média, fazia parte da composição dos filtros de
amor. A sua utilização em medicina é também muito antiga: Agricola, em
1539, aconselhavaa para o tratamento de anginas, e Mattioli, em 1554,
para as hemorragias nasais. Durante muito tempo acreditouse na sua
eficácia para o tratamento das doenças pulmonares. Efectivamente, a
pervinca é um óptimo tónico amargo, justificandose o seu uso para o
tratamento de anemias vulgares, convalescenças difíceis ou falta de
apetite. Modernamente, as investigações detectaram a acção de um
alcalóide extraído da pervinca, a vincamina, que faz baixar a tensão
arterial e dilata os vasos, pelo que foi imediatamente incluída no
arsenal terapêutico. Além disso, certas substâncias extraídas de uma
espécie exótica de Vinca demonstram actualmente grande utilidade na luta
contra diversas formas de cancro.
Habital: Europa Central e Meridional, florestas, sebes, solos argilosos
ou calcários; em Portugal, sebes, margens dos rios, campos de Bragança,
Buçaco, Fundão; cultivada também como planta ornamental; até 1300 m.
Identificação: de O,15 a O,20 m de altura. Vivaz, caule prostrado de 1 a
3 m e radicante; folhas opostas, elípticas ou ovadooblongas, brilhantes
e persistentes; flores azulvioláceas (Fevereiro Maio, por vezes uma
segunda floração no Outono), solitárias, pedunculadas na axila das
folhas, 5 sépalas pontiagudas, 5 pétalas cortadas obiiquamente, 5
estames, 1 estilete, 1
estigma liso; raramente frutifica, folículo duplo com várias sementes.
Partes utilizadas: folhas mondadas (todas as estações do ano, Março para
a conservação).
O Componentes: glúcidos, sais minerais, ácidos orgânicos, vitamina C,
pectina, tanino, flavonõides, alcalóide (vincamina) O Propriedades:
acistringente, antidiabético, antilactagogo, hipotensor, vasodilatador,
vulnerário. U. L, U. E. + In Ver: anemia, anginas, apetite, contusão,
convalescença, diabetes, hipertensão, indigestão, lactação, paludismo,
vertigem.
Petasite
Petasites hybridus (L.) Gacrtri.
Compostas
A petasite forma grandes colónias junto dos regatos, à beira dos
pântanos ou no lodo das valas, geralmente locais onde a sua vigorosa
raiz encontra solos profundos e a humidade de que necessita. Esta planta
prefere os locais sombrios. O caule, oco, é guarnecido por escamas de
cor ruiva e as flores, temporãs e corderosa, desabrocham em cachos no
início da Primavera. São, porém, as enormes folhas, semelhantes às do
ruibarbo e que surgem após a floração, que conferem à planta o seu
aspecto característico e às quais deve o nome genérico: petasos, já que
para os Gregos era o nome de um enorme chapéu.
Os fitoterapeutas utilizam diversas partes da planta para vários fins: a
infusão de folhas e flores secas alivia as irritações dos brônquios; as
cataplasmas de folhas frescas acalmam algumas dores articulares e
facilitam a cicatrização das feridas; a raiz é dotada de propriedades
antiespasmódicas, sendo utilizada pelos homeopatas sob a forma de
tintura para combater diversas formas de nevralgia. Também se atribuem
ao extracto inúmeros sucessos no tratamento da gaguez.
Com o nome de sombreiro, aparece subespontáneo nas margens dos ribeiros,
charcos e matas das Beiras, Estremadura e Ribatejo o Petasites fragrans
(Villars) Presl., que possui flores com cheiro a baunilha.
Habital: Europa, à beira de água, aterros; até
1400 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz, escapo floral
viloso, oco e guarnecido de escamas de cor ruiva; folhas basilares,
surgindo após a floração, enorme limbo em forma de coração invertido,
verdeacinzentado e lanoso na parte inferior, longo pecíolo em forma de
goteira; flores cor de rosavi oláceas (MarçoMaio), tubulosas, em
capítulos agrupados em tirsos terminais, alguns pés com flores
hermafroditas, outros com flores hermafroditas no centro e flores
femininas na margem, receptaculo nu; aquénio encimado por um papilho
sedoso; rizoma espesso, rastelante e raiz carnuda. Cheiro suave (raiz) e
repugnante (pecioto)’sabor amargo. Partes utilizadas: folhas e flores
(MarçoMaio) e raizes.
O Componentes: inulina, resina, mucilagem, tanino O Propriedades:
adslringente, diurético, emenagogo, expectorante, sudorífico,
vulnerário. U. L, U. E. + Ver: ferida, pele, tosse.
237
Pilosela
Hiera(ium pilosella L.
Piloseladasfarrriácias, orelhadelebre Bras.: orelhade lebre,
orelhaderato, murugem
Compostas
O género HieraCium compreende mais de
100 espécies, subespécies e variedades muito difíceis de distinguir umas
das outras, todas plantas vivazes com flores amarelas. Apenas cerca de
uma dezena de espécies possui propriedades medicinais, de entre as quais
a mais pequena é a frágil pilosela. Nos solos pedregosos e nos prados de
altitude, forma frequentemente enormes tapetes aveludados salpicados de
capítulos amarelos, cujas flores são substituídas no Outono por frutos
encimados por sedosos e macios papilhos. Esta planta, à qual nenhum
texto antigo se refere, surge num documento do século xil escrito pela
abadessa Santa Hildegarda, provavelmente a primeira mulher médica. A
partir de então, a pilosela não mais deixou de ser utilizada, embora
prudentemente devido à sua extrema adstringencia. Nos meios rurais, é
hábito utilizar o
seu suco fresco para fortalecer a vista e curar as feridas. O nome do
género . que pertence referese a esta virtude, pois Hieracium deriva de
hierax, gavião; segundo uma
crença popular, estas aves bebiam o suco da planta para fortalecer a
visão. A planta fresca tem uma acção muito eficaz no tratamento da
brucelose, tanto no homem como nos animais, e especialmente da febre de
Malta. Reduzida a pó, detém as hemorragias nasais.
Habital: Europa, excepto na região mediterrânica, solos áridos,
charnecas, aterros; em Portugal, encontrase em terrenos secos, arenosos
ou pedregosos das zonas montanhosas de TrásosMontes, Minho e Beiras;
até 3000 m. Identificação: de O,10 a O,15 m e excepcionalmente O,30 m de
altura. Vivaz, acaule, pedúnculo floral viloso e sem folhas; folhas em
roseta, unidas ao solo, inteiras, oblongas, acinzentadas na página
inferior, coroadas de pêlos setiformes e compridos; flores amarelo
claras (MaioSetembro), liguladas, em capítulo solitário e erecto e
invólucro viloso; aquénio encimado por um papilho de sedas iguais,
simples, cinzento esbranqu içado, com estolhos aéreos e folhosos. Sabor
amargo. Partes utilizadas: toda a planta fresca e suco fresco (Junho
Outubro).
O Componentes: substância antibiótica, umbeliferona, mucilagem, tanino,
flavona, resina, manganésio O Propriedades: acistringente, anli
infeccioso, colagogo, diurético. U. L, U. E. + Ver: albuminúria,
brucelose, celulite, convalescença, diarreia, edema, enurese, epistaxe,
fadiga, hemorragia, hipertensão, ureia, urina.
Pimentad'água
Pol)Igonum hYdropiper L. Persicária mordaz, pensicáriaurente Bras.:
potincoba, ervadebicho, pimentaaquática
Poligonáceas
A pimentad'água é, como a bistorta e a semprenoiva, uma poligonácea; o
vínculo familiar reconhecese facilmente devido aos caules nodosos e às
folhas alternas e inteiras, providas, no ponto de inserção, de pequenas
bainhas celheadas; as folhas são semelhantes às do pessegueiro. As
minúsculas flores sem corola e inodoras da pimentad'água são picantes e
queimam a língua, aliás como toda a planta, que, seca e pulverizada,
pode substituir para fins culinários a pimenta. Supõese que os homens
da PréHistória já utilizavam as sementes para condimentar os alimentos.
Dioscórides e Galeno aconselhavam a sua utilização como revulsivo; no
Renascimento, a medicina considerava que as manchas cor de ferrugem das
folhas eram indicadoras de uma propriedade hemostática, curiosamente
confirmada aquando de um estudo sistemático que detectou também uma
acção vasoconstritora. A pimentad'água deve ser utilizada fresca. Para
uso externo, as espécies Poly,gonum persicaria L. e Polygonum
miteschrank, ambas insípidas, podem substituir a espécie acre.
O Em uso interno respeitar as doses. Habitat: Europa temperada,
ribanceiras, à beira de água quase todo o País; até 1200 m.
ldentific@ção: de O,20 a O,80 m de altura. Anual, caule florífero,
erecto ou ascendente, avermelhado e nodoso; folhas alternas, lisas,
verdes, por vezes manchadas de cor de ferrugem, lanceoladas ou lineares,
atenuadas na base, bainhas (ócreas) glabras com celhas curtas; flores
branco esverdeadas ou rosadas (JulhoOutubro), pequenas, espigas
delgadas, axilares, frouxas, arqueadas, inclinadas, 5 sépalas cobertas
de pontos amarelos transparentes (glândulas), sem corola, com 6 a 8
estames; fruto escuro, rugoso, ovóide ou trígono, pontuado, cálice
persistente e 1 semente; raiz fibrosa. Sabor apimentado. Partes
utilizadas: toda a planta, fresca (Verão).
O Componentes: tanino, óleo essencial, heterásidos, ácido gálico, ferro
O Propriedades: acistringente, depurativo, diurético, hemostático,
revulsivo, vasoconstritor. U. I., U. E. + Ver: bronquite, edema, ferida,
hemorragia, hemorróidas, litíase, menopausa, menstruação, reumatismo,
varizes.
239
Pimpinela
Sanguisorba minor Scop. Pimpinelahortense, pimpinelamenor
Rosáceas
Apimpinela foi desde sempre alvo de uma
certa confusão devido em parte às sucessivas designações que lhe foram
atribuídas no decorrer dos séculos. Os Romanos já denominavam esta
pequena rosácea Pimpinella, em alusão ao seu papel condimentar, de
piper, pimenta. Mais tarde, Lineu retiroulhe este nome, que destinou à
Pimpinella magna (uma umbelífera), e chamoulhe Poterium sanguisorba L.,
nome que conservou durante um determinado período. Tempos depois,
pareceu lógico reunir no género Sanguisorba as duas espécies de
pimpinelas, a menor e a
oficinal, tendo esta última adoptado o nome
de Sanguisorba officinalis L., enquanto a
menor conservava o de Sanguisorba minor scop.
Esta última, aqui representada na gravura, é uma planta espontânea e
graciosa com as suas pequenas inflorescências compactas, verdes do lado
da sombra e tornandose púrpuras no lado virado ao sol; não tem néctar
ou perfume. A pimpinela detém as hemorragias, sendo também diurética e
muito útil em perturbações do aparelho digestivo.
Habitat: Europa, excepto no extremo norte, prados, solos incultos e
áridos; frequente em quase todo o País; até 1800 m. ldentificaçâo: de
O,20 a O,70 m de altura. Vivaz, caule anguloso, erecto, por vezes
prostrado e frequentemente avermelhado; folhas verdeclaras, compostas,
com 9 a 25 folfolos ovais, e serradas; flores esverdeadas (MaioJunho),
monóicas, sem corola, com capítulos compactos, ovóides, terminais: num
mesmo capítulo, flores superiores femininas, com 2 a 3 carpelos e 2 a 3
estigmas plumosos cor de púrpura, sendo as médias bissexuadas, com 4
estames, e as inferiores masculinas, com 15 a
30 estames muito salientes; fruto indeiscente, com superfície enrugada,
contendo 2 ou 3 sementes; toiça sublenhosa. Cheiro herbáceo e suave;
sabor a pepino salgado. Partes utilizadas: planta inteira.
O Componentes: tanino, óleo essencial, vitamina C O Propriedades:
adstringente, carminativo, digestivo, diurético, hemostático,
vulnerário. U. L, U. E. + úy Ver: diarréia, ferida, hemorragia,
hemorroidas, menopausa, meteorismo, queimadura.
Pimpinelamagna
Pimpinefia magna L.
Umbelíferas
O género Pimpinella é bastante complexo e
compreende dois grupos de espécies: as que possuem o vértice do caule e
os frutos g Iabros, como a Pimpinella magna L. e a Pinipinella sa
vifraga L., e as que os apresentam cobertos de pêlos, como o anisverde,
Pimpinella anisum L., que é uma planta cultivada devido às suas
numerosas propriedades.
São plantas bastante frágeis, mas que se mantêm erectas, com umbelas
brancas ou rosadas. As folhas são recortadas em lobos largamente
dentados. com bainhas dilatadas e ligeiramente invaginantes. Uma roseta
basal de folhas (v. gravura ao lado) subsiste no Inverno até à eclosão
das novas folhas. A raiz tornase azul em contacto com o ar e tem um
característico cheiro a bode.
A pimpinelamagna foi mencionada pela primeira vez como planta medicinal
no século XVI, época em que gozou de uma grande faina, imerecida se
tivermos em conta as suas reais propriedades terapêuticas; na Alernanha,
foramlhe mesmo atribuídos, durante ai,gum tempo, poderes mágicos.
ra e Outono), sumidades floridas.
O Componentes: tanino, resina, óleo essencial, saponósido, princípio
amargo O Propriedades: aperitivo, emenagogo, emoiiente, expectorante,
galactagogo, sedativo, sudorífico, vulnerário. U. I., U. E. Ver:
anginas, boca, diarreia, olhos, palpitaçóes, rouquidão, tosse.
241
Pingulicula *//* para refazer
Pinguicula vulgaris L.
Lentibulariáceas
Muito pequena, frágil e brilhante, oculta frescura das nascentes e das
cascatas, a pi guícula faz lembrar a violeta pela sua c violeta e
púrpura; no entanto, é uma plai carnívora, armadilha fatal para todos os
i sectos que consegue capturar.
Efectivamente, como a rorela, esta piar pode digerir, por meio das
enzimas segre@ das pelas glândulas das folhas, os inseci que caem na sua
armadilha viscosa. Ao ( baterse, a vítima despoleta o lento me( nismo
do enrolamento das folhas; em horas fica encerrada e ao cabo de 3 dias e
saparece. Quando as folhas se desenrok pelo mesmo processo lento, do
prisionei apenas restam as asas e as patas.
Um exame microscópico das folhas pinguícula possibilitou o cálculo do
núme de glândulas digestivas, tendo revela
25 000 por centímetro quadrado. Agressi para os insectos no estado
natural, a pingi cula é urna planta medicinal dotada das m: pacíficas e
calmantes virtudes. Além dis@ o seu suco contém uma enzima análoga
renina do estômago dos jovens ruminam( que tem uma acção coagulante
sobre o lei
Habitat: Europa, prados húmidos, pântanos, turfeiras, nascentes de
montanha; locais húmidos e margens dos cursos de água de TrásosMontes;
de 500 a 2300 m. Identificação: de O,05 a O,15 m de altura. Vivaz, caule
subterrâneo, curto, com escapos florais finos e frágeis; folhas
amareladas ou verdeclaras, em rosetas basilares, aplicadas ao solo,
sésseis, ovais, viscosas, com a margem enrolada para a parte superior;
flor cor de violeta e púrpura (MaioJulho), solitária, quase horizontal,
cálice com 5 sépalas, bilabiado, corola bilabiada com fauce vilosa
prolongada por um
esporão frágil e comprido, arqueado para a base, com 5 pétalas soldadas
em 2 lábios, dos quais o superior tem 2 lóbulos e o inferior 3, 2
estames e 2 carpelos; cápsula com 1 lóculo, piriforme, abrindose em 2
valvas com numerosas sementes. Partes utilizadas: folhas frescas ou
secas.
O Componentes: mucilagem, tanino, sacarose, enzimas O Propriedades:
antiespasmódico, béquico, cicatrizante, emoliente, febrífugo. LI. L, U.
E. + V O Ver: cabelo, nervosismo, tosse convulsa, úlcera cutânea.
Pinheirobravo
Pinus pinaster Soland. Pinheiromarítimo, pinheirodaslandes
Pináceas
O género Pinus, que faz parte da grande família das Pináceas, é o que
conta maior número de espécies na Europa, pois existem cerca de uma
dezena, incluindo os híbridos, cujas características bem distintas
possibilitam identificálas mediante alguma atenção. Apenas o pinheiro
bravo e o pinheirosilvestre possuem propriedades medicinais.
O primeiro, que cresce espontaneamente em todo o litoral mediterrânico,
adaptase a
solos pobres, necessitando, porém, de luz e
um mínimo de calor. Em tempos de D. Dinis passouse à sementeira do
pinheirobravo na mata de Leiria, onde até então predominava o pinheiro
manso, de vegetação espontânea. Quer se deva a este rei, quer a seu pai,
D. Afonso 111, este famoso pinhal ocupa actualmente uma extensa área do
litoral (cerca de 11 000 ha). É explorado para extracção da terebintina,
uma oleorre ,,iria localizada nos canais secretores do lenho que é
recolhida por meio de incisões. Das gemas, frescas ou secas, preparam
se, além de infusões, xaropes, pastilhas, muito utilizadas no Inverno
para tratar as bronquites, e também banhos medicinais relaxantes. A
secagem é feita sobre caniços, durante um ou dois meses, ou em forno
tépido.
Habitat: Europa, litoral mediterrânico e atlântico; frequente em solos
não calcários, até 1600 m.
Identificação: de 30 a 40 m de altura. Arvore, tronco direito, esguio,
copa grande e arejada, folhas acerosas muito aiongadas (agulhas),
rígidas, verdeesbranquiçadas, de 20 cm de comprimento, iigeiramente
curvadas, aos pares, com base inclusa numa bainha membranosa; amentilhos
(AbrilMaio), monóicos, sendo os masculinos amarelados, com estames
escamiformes, em espiga densa, e os femininos com escamas avermelhadas
ou violáceas, cada uma delas contendo 2 óvulos; pinha castanho
avermeihadabriihante, de 12 a 18 cm de comprimento, escudos das escamas
salientes e piramidais; semente grande e ovóide, com uma asa 4 ou 5
vezes mais comprida. Partes utilizadas: agulhas (todo o ano), gemas
(antes do desabrochar), seiva e lenho.
O Componentes: óleo essencial, resina, heterósidos, vitamina C O
Propriedades: antiséptico, baisâmico, diurético, excitante,
expectorante, rubetaciente. U. I., U. E. + IN Ver: banho, bronquite,
cabelo, cistite, fadiga, gota, pé, reumatismo, @udação.
243
Pinheirosilvestre *//* para refazer
Pinus silvestris L.
Pinheiroselvagem, pinheiroderiga, pinheirodecasquinha, pinheiro
vermelhodobáltic(
pinheiroflandrês, pinheirodaescócia
Pináceas
O pinheiro silvestre é considerado o m@ importante de todos os
pinheiros. Além i
oleorresina que dele se pode extrair, embo não seja explorada
industrialmente, a mad< ra produz um alcatrão, as pequenas agulh
perfumam, purificam e tratam e as gem são ricas em constituintes
activos. Com( cialmente, foilhes erradamente atribuído nome de turiões,
renovos ou gomos. É n cessário arrancálas dos ramos no mês Abril, antes
do desabrochar, colocálas e caniços numa única camada fina e deixál
secar, removendoas com frequência, dura te um a dois meses. A secagem é
mais rá1 da quando efectuada num forno tépido. 1 tas gemas têm
utilizações diversas: em ml são, em macerações, em vinho ou cerve
>
decocção, inalação, fumigação, gargarejo@ em banhos, misturadas com
casca de salgu robranco e de carvalho e folhas de nogu, ra. O pinheiro
silvestre é uma bela e r@ árvore cultivada nas planícies, desenvolve do
se espontaneamente nas montanhas, at( orla das florestas. Muito
resistente às secz ao calor e ao frio, não suporta a carência luz,
sobretudo quando jovem, pois mesm( sombra de outras ramagens lhe é
prejudici
Habitat: Europa, nas montanhas espontâneo; no Geres; de 800 a 2100 m.
Identificação: de 20 a 45 m de altura. Árvore; tronco erecto, copa
jovem, cónica, desenvolvendo os ramos verticilados quando o ápice deixa
de crescer, agulhas reunidas aos pares, curtas, de 4 a 6 cm de
comprimento, verdeglaucas; amentilhos (MaioJunho), monóicos, sendo os
masculinos em espiga na base dos ramos nascidos no próprio ano e os
femininos arredondados, violáceos, isolados nas extremidades dos
rebentos > pinha pequena de 3 a
6 cm, ovóide, baça, pendente; escudos das
escamas convexos com mamilos obtusos, maturação ao fim do 3.’ ano;
semente pequena, com uma asa 3 vezes mais comprida; raiz aprumada,
robusta, sendo as secundárias mais compridas. Partes utilizadas: seiva,
lenho, agulhas, gemas (Abril).
O Componentes: óleo essencial, resina, heterósidos O Propriedades: anti
séptico, baisâmico, diurético, estimulante, expectorante. U. I., U. E. +
V k"J Ver: asma, banho, bronquite, cabelo, cistite, gota, pé,
reumatismo, rouquidão,
Pirliteiro
a) Crataegus monogyna Jacq. b) Crataegus oxyacantha L. Pifiriteiro,
espinheiroalvar, escambrulheiro, cambrocira, espinheirobranco,
abronceiro, espinheiroordinário, espinhabranca, estrepeiro,
escalheiro
Rosáceas
As duas espécies são belas plantas celebradas por poetas e romancistas
sob os mais diversos nomes. Estes arbustos, apesar da idade avançada que
podem atingir por vezes 500 anos , dos seus espinhos e da sua madeira
dura como o ferro, continuam a ser o símbolo da delicadeza e da mais
viçosa beleza. Contudo, era da sua madeira dura como o ferro que outrora
se cortavam os cepos dos suplícios. As duas espécies aqui representadas
desenvolvemse nos mesmos
locais e possuem propriedades medicinais idênticas. Alimento para os
homens da PréHistória, como o comprovam os vestígios de
caroços encontrados nas ruínas das cidades lacustres, os frutos
vermelhos do pirliteiro são, desde há muito, utilizados pelas suas
aplicações diuré ticas e acistringentes. Recentemente, médicos
americanos puseram em
evidência a sua poderosa acção cardíaca.
Este género botânico possui várias espécies, todas próprias das regiões
temperadas, que apresentam um lenho muito duro e têm crescimento lento.
O Respeitar as doses. Habitat: Europa, todos os solos; em Portugal, o
mais frequente é o C. até 1600 m.
Identificação: de 2 a 4 m de altura. Arbusto, casca jovem cinzento
clara, lisa, mais tarde castanha, fendida; folhas caducas: a) com 3 a 7
lóbulos muito profundos, não dentados; b) com
3 a 5 lóbulos pouco profundos, ligeiramente serrados; flores brancas ou
rosadas (AbrilJunho), em corimbos, 5 sépalas, 5 pétalas livres: W 1
estilete brancoesverdeado, estames violáceos; b) 2 a 3 estiletes,
estames vermelhos; drupa ovóide, farinácea, vermelha: a) 1 caroço;
b) 2 a 3 caroços. Cheiro pouco intenso, b) pouco agradável; sabor doce.
Partes utilizadas: flores em botão, drupas (fins de Setembro), casca dos
ramos jovens.
O Componentes: pigmentos flavónicos, aminas, derivados terpénicos,
histamina, tanino, vitamina C O Propriedades: acistringente,
antiespasmódico, diurético, febrífugo, hipotensor. U. I., U. E. + kvJ
Ver: acufenos, anginas, angústia, arteriosclerose, banho, celulite,
coração, diarréia, espasmo, hipertensão, litíase, menopausa, nervosismo,
obesidade, palpitações. sono.
245
Pollgalaamarga
Polygala amara L.; sin.: Polygala amarella Crantz
Polligaláceas
Apolígala, cujo nome deriva das palavras gregas pol@, muito, e gala,
leite, era outrora administrada às vacas, às cabras e às amas para
aumentar a secreção láctea, sendo, no entanto, duvidosa a sua acção
galactagoga. Não está mesmo provado que as polígalas descritas pelos
autores antigos correspondam às plantas actualmente conhecidas por esse
nome. A polígalaamarga é muito rara na Europa, onde cresce cerca de uma
dúzia de espécies e diversas variedades da planta. Existem no Mundo mais
de 450 espécies, de entre as quais a polígaladavirgínia, Polygala
senega L, originária dos Estados Unidos e do Canadá, utilizada durante
muito tempo pelos índios para tratar a tosse e as mordeduras de
serpentes. A polígalaamarga utilizase na Europa devido às suas
propriedades expectorantes. Planta bastante comum, identificase pelos
belos cachos'compostos de flores de cor azul.
A planta tem ainda uma particularidade fisiológica: as suas sementes só
germinam em contacto com a luz.
Em fitoterapia, utilizase toda a planta (MaioAgosto), sobretudo em
decocção, misturada por vezes com o hipericão, a heraterrestre, o
hissopo e a tussilagem. A medicina homeopática recorre ao emprego de uma
tintura preparada a partir da raiz.
Habitat: Europa, solos húmidos, sobretudo argilosos ou calcários; em
Portugal, o nome de polígala aplicase à Pol)Igala vulgarix L.
Identificação: de O,05 a O,15 m de altura. Vivaz, caule prostrado,
ascendente na floração, rígido, curto, não ramificado; folhas verde
claras, inteiras, moles, sendo as inferiores em roseta basal abundante,
ovais, arredondadas no vértice e afiladas na base, e as caulinares
alternas, lanceoladas, pequenas, glabras, curtamente pecioladas; flores
azuis e raramente corderosa ou brancas (MaioAgosto), oblongas,
pequenas, em cachos, 5 sépalas desiguais, sendo as 2 internas grandes,
coradas, em forma de pétalas, marcadas com 3 nervuras; 3 pétalas
desiguais, 8 estames; cápsula pequena, comprimida, abrindose por 2
valvas que contêm 2 sementes pubescentes; raiz aprumada e delgada. Sabor
acre e amargo. Partes utilizadas: toda a planta e raiz.
O Componentes: saponósidos, óleo essencial, princípio amargo, resina,
glúcidos O Propriedades: diurético, emoliente, estomáquico,
expectorante, laxativo, tónico. U. 1. + in Ver: asma, bronquite, pulmão,
tosse.
246
PolipÓdio
Polypodium vulgare L. Poli pódiodocarv alho, fentelha, filipode, feio
doce
Polipodiáceas
Supõese que foi Teofrasto quem primeiro mencionou o uso do polipódio.
Mais tarde, Dioscórides e Galeno, ao descreverem a planta de modo
preciso e inequívoco, enumeraram as suas propriedades medicinais e
referiram as suas aplicações, nenhuma das quais sofreu alterações
substanciais passados quase 2000 anos. O polipódio tem acção colagoga,
laxativa suave e vermífuga, tornandoo o seu sabor a alcaçuz facilmente
aceite pelas crianças. Este belo feto é uma
das raras espécies européias de um género que está representado no Mundo
por várias centenas. As suas frondes robustas cobrem os rochedos,
agarramse aos troncos gretados dos carvalhos, revestindo mesmo o cimo
das paredes deterioradas no centro das cidades. À semelhança dos outros
fetos, o polipódio não tem flor e, con s equente mente, pólen e
sementes: reproduzse devido aos
esporos contidos nos soros, pequenos reservatórios arredondados visíveis
na página inferior das folhas, onde se acumulam em séries paralelas. De
cor amarela, que se torna depois castanha, libertam os esporos quando
maduros.
Habitat: Europa, bosques, troncos, paredes deterioradas; vulgar em quase
todo o País, nos muros, rochas, árvores e sebes; até 2000 m.
Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Vivaz, frondes primeiramente
enroladas em báculo e ligeiramente coriáceas, aiongadas e triangulares,
com pecíolo inserido sobre o rizoma, com 1 divisão quase até à nervura
central, 20 a 40 segmentos lanceolados, dentados ou não, página inferior
com soros lenticulares em 2 séries de ambos os lados da nervura,
primeiramente amarelos e depois castanhos, sem indúsio, esporângios
pedicelados; esporos amarelados, dispersandose na Primavera; rizoma
espesso, carnudo, prostrado, coberto de escamas castanhoavermelhadas,
esverdeado no corte. Cheiro desagradável: sabor semelhante ao do
alcaçuz. Partes utilizadas: rizoma seco (MarçoAbril e Setembro
Outubro).
O Componentes: essência, lípidos, tanino, resina, saponósido, mucilagem,
sais minerais O Propriedades: colagogo, expectorante, laxativo,
vermífugo. U. 1. + Ver: bronquite, fígado, obstipação, parasitose.
247
Primavera
Primula veris L.
Prímula
Primuláceas
Vivamente recomendada por Santa Hildegarda desde o século X11 como
remédio para a melancolia, a primavera é na Europa uma das primeiras
flores a abrir. Das suas flores secas preparase um chá de aroma
incomparável, destituído de qualquer acção excitante. Esta planta serve
ainda para perfumar a cerveja e melhorar o bouquet dos vinhos.
Envolvidas em açúcar, as flores constituem ainda deliciosos rebuçados.
Uma espécie próxima, a pri maveradosj ardi ri s, Primula elatior
Jacq., que se encontra aproximadamente nos mesmos locais e não
ultrapassa em estatura a primavera, pode substituíIa. Distinguese da
primavera pelas corolas grandes e
de limbo plano, pelo cálice bicolor, verdeclaro nos sulcos e escuro nas
arestas, pelas
folhas verdes em ambas as páginas e por ser completamente inodora. A
partir destas duas espécies e de outras, os floricultores conseguiram
obter, após demoradas selecções, variedades muito decorativas, de flores
grandes e de diversas cores, mas que não têm propriedades medicinais e
possuem, como as urtigas, um revestimento de pêlos glandulosos cujo
contacto provoca, na maioria das pessoas, uma erupção do tipo urticário.
Habitat: Europa, rara no litoral mediterrânico; Minho e TrásosMontes;
até 2000 m Identificação: de O,08 a O,30 m de altura. Vivaz, escapo
floral; folhas em roseta, ovais, verdes, acinzentadas na página
inferior, rugosas e pecioladas; flores de um amarelo intenso (Abril
Maio), agrupadas em umbelas simples sobre um pedúnculo radical nu,
cálice intumescido, com 5 aristas e 5 lóbulos, corola pequena, côncava,
5 pétalas amarelas maculadas de cor de laranja, estilete comprido com 5
estames curtos, ou estilete curto com 5 estames compridos; ovário livre;
cápsula erecta, ovóide, inclusa no cálice, que se abre por 5 valvas e
numerosas sementes; rizoma espesso. Cheiro suave, raiz com cheiro a
anis; sabor agradável. Partes utilizadas: flores com o cálice (Abril
Maio), folhas, raiz, rizoma (Inverno).
O Componentes: pigmentos flavónicos, heterósidos, enzimas, vitamina C,
saponósidos, sais minerais O Propriedades: antiespasmódico, calmante,
diurético, expectorante, febrífugo. U. L, U. E. + O Ver: bronquite,
cefaleia, cólica, constipação, contusão, indigestão, reumatismo, tosse,
tosse convulsa.
248
Pulmonária
Pulmonaria officinalis L. Ervadosbofes, salsadejerusalém,
ervaleiteiradenossasenhora
Borragináceas
Da família do ri ãome esqueças, da cinoglossa e da borragem, a
pulmonária tem uma cobertura de pêlos ásperos e prefere a sombra ou os
locais frescos. As suas flores, vermelhas, campanuladas, com cambiantes
azulvioláceos, são semelhantes às da primavera. Aproximadamente no mês
de Julho, o caule floral seca e desaparece, sendo substituído por uma
roseta de folhas basais matizadas de branco, às quais deve o nome de
pulmonária, pois, segundo os partidários da medicina dos sinais,
representam a imagem de pulmões doentes. A pulmonária usufruía outrora
de uma reputação exagerada e decepcionante, pois supunhase que curava a
tuberculose, para a qual só se encontrou remédio na
2.a metade do século XX. Segundo se crê em alguns meios rurais, um
tampão de folhas frescas esmagadas, colocado sobre a região do coração,
é suficiente para abrandar o seu ritmo.
Do mesmo modo que a salgueirinha, a pulmonária foi dotada pela Natureza
de uma particularidade extraordinária que consiste em oferecer aos
insectos que a visitam três espécies de flores providas de estames
desiguais e de estiletes com três comprimentos diferentes, ou sejam 18
possibilidades de disseminação do pólen.
Habitat: Europa, bosques pouco densos, solos calcários; até 1000 m.
Identificação: de O,15 a O,30 m de altura. Vivaz, caule simples e
viloso; folhas manchadas de branco, mais claras na página inferior,
sendo as radicais pecioladas, peludas, ásperas, ovadas ou cordiformes e
as caulinares sésseis, ovais, ligeiramente decorrentes e vilosas; flores
primeiramente vermelhas, tornandose depois azuis (MarçoMaio), reunidas
em cimeiras terminais unilaterais, cálice com 5 lóbulos, coroIa tulbular
com 5 pétalas, 5 escamas, 5 estames, ovário com 1 estilete e 4 carpelos;
tetraquénio
ováide e pontiagudo; rizoma delgado. Sabor mucilaginoso. Partes
utilizadas: sumidades floridas (MarçoAbril), folhas da roseta (fim do
Verão); secagem à sombra e ao ar; as folhas enegrecem.
O Componentes@ mucilagem, tanino, sais minerais, saponósido O
Propriedades: acistringente, diurético, emoliente, expectorante,
sudorífico. U. L, U. E. Ver: bronquite, dartro, frieira, greta,
hemorróidas, palpitações.
Pulsátila
Pulswilla vulgaris Mifi. Anémonapulsátila, anémonadosjardins,
flordovento, flordepáscoa
Ranunculáceas
Se bem que exista de modo disperso na Europa, a pulsátila não é muito
vul@gar, e sucede frequentemente procurarse em vão
as suas campainhas de cor violeta que se agitam ao menor sopro de vento.
Qu2:ndo as
flores murcham, esta planta vivaz, sedosa e
frágil, cobrese de enormes penachos formados pelos frutos plumosos que
o vento destrói a pouco e pouco. O seu sabor é ião acre que mesmo os
animais a evitam nos prados.
Outrora, era utilizada para tratar várias doenças, como a paralisia, a
cegueira ou os
estados de melancolia. Actualmente, os fitoterapeutas receitamna, por
vezes, para os espasmos viscerais, e os homeopatas utilizam a sua
essencia para tratar as varizes. As folhas, em cataplasma, actuam sobre
as nevralgias e as dores articulares. As flores, secas num forno e
pulverizadas, produzem um pó esternutatório, muito conhecido nos
nicios rurais, para aliviar as enxaquecas. Quando verde, a planta é
tóxica.
O A planta verde é muito perigosa em uso interno. Habilat: Europa,
excepto na região mediterrânica, pastagens, planícies secas, colinas;
cultivada em Portugal; até 800 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de
altura. Vivaz, acaule; folhas em roseta, prateadas, vilosas, pecioladas,
profundamente divididas 2 a 3 vezes; flores violeta e cor de púrpura
(MarçoMaio, por vezes segunda floração no Outono), grandes, erectas e
depois pendentes, sobre um peclúnculo radical, provido de um invólucro
lacinioso, 6 sépalas petalóides, estames dourados; numerosos aquénios
com cabeça esférica, oblongos, vilosos; toiça oblíqua, enegrecida,
espessa, ramificada. Inodora; sabor ácido. Partes utilizadas: toda a
planta (MaioJulho).
O Componentes: anemonina, enzimas, tanino, saponina, esteróis, corpo
gordo O Propriedades: antiespasmódico, diaforético, diurético,
expectorante, revulsivo, sedativo. U. I., U. E. + V Ver: dartro,
enxaqueca, espasmo, febre, menstruação, sarda, tosse.
250
Quaresmas
Satifraga granulata L, Sanículadosmontes, saxífragabranca
Saxifragáceas
O género Saxiftaga engloba diversas plantas ornamentais que se
distribuem por numerosas espécies polimorfas. A mais utilizada em
fitoterapia, que está representada nesta página, é característica: a
base do caule está provida de boibilhos, os quais inspiraram
provavelmente o seu nome específico e a sua utilização. Na verdade, a
medicina dos sinais atribuíalhe a faculdade de dissolver os cálculos da
vesícula. É uma planta das valas lodosas, totalmente revestida de pêlos
viscosos.
Existem outras espécies que são também utilizadas como plantas
medicinais. Assim, a Sa.vifraga trida(tyylites L., pequena planta anual
com flores brancas, atapeta os muros deteriorados e os solos arenosos;
muito famosa outrora como tratamento da icterícia, era administrada numa
infusão em cerveja. Outra espécie muito interessante, a saxífragada
sibéria, Bergenia cordifolía Haw., encontrase em estado espontâneo nos
Alpes e é frequentemente cultivada nos jardins como planta ornamental. É
uma pequena planta vivaz com flores corderosa, cujas grandes folhas
são consideradas antidiarreicas quando preparadas em infusão. Podem
substituír a hera em tratamentos antisépticos.
Habitat: Europa, excepto a zona árctica, prados húmidos; em todo o
território português, especialmente na zona norte, em muros, rochedos,
locais húmidos e sombrios; até 800 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de
altura. Bienal, caule floral simples, erecto, glandulosoviscoso,
boIbilhos na base; folhas basilares, pecioladas, grandes, palmadas,
reniformes, com bordos crenados, sendo as caulinares superiores raras,
subsésseis, trilobadas, e as inferiores com lóbulos pontiagudos; flores
brancas (AbrilMaio), grandes, em corimbos terminais, 5 sépalas ovais, 5
pétalas muito
compridas, 10 estames e 2 carpelos; cápsula bicorne e numerosas
sementes. Cheiro agradável (flor); sabor amargo e acre. Partes
utilizadas: raiz, flores e folhas frescas.
O Componentes: vitamina C O Propriedades: acistringente, aperitivo,
colagogo, diurético. U. 1. Ver: diurese, fígado.
QuenopÓdiobomhenrique
Chenopodium bonushenricus L.
Quenopodiáceas
Lineu designou esta planta em homenagem a Henrique IV de Navarra,
protector dos botânicos. Aliás, davase outrora o nome de Henrique às
plantas que escolhiam o seu
habitai próximo da habitação humana. O quenopódiobomhenrique encontra
se, pois, geralmente próximo de casas, muros, lixeiras e principalmente,
nas montanhas alpinas, nas imediações das cabanas de pastores: é
raro a altitudes baixas. Excelente sucedâneo dos espinafres e igualmente
rico em ferro, o quenopódio trata as anemias; é ainda um óptimo remédio
emoliente e laxativo, sendo, no entanto, desaconselhável aos doentes de
gota e dos rins. Em uso externo, aplicamse as folhas frescas em
cataplasmas nos abcessos, a fim de conseguir a sua maturação e acalmar
as dores. O Chenopodium album L., com compridas folhas dentadas e
inflorescências que parecem polvilhadas de açúcar refinado, frequente em
Portugal, tem propriedades medicinais muito semelhantes às do
Chenopodium bonushenricus L. e
pode perfeitamente substituílo.
Habitat: Europa, excepto nas baixas planícies, locais habitados.
Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule verde, glabro,
canelado de castanho e avermelhado, folhoso; folhas verdes, grandes,
carnudas, inteiras, pecioladas, triangulares, pontiagudas, lanceoladas
na base, margens onduladas, folhas jovens farinhosas na página inferior,
ligeiramente viscosas; flores esverdeadas (MaioAgosto), pequenas,
numerosas, em cachos terminais especiformes, cónicos; fruto contendo uma
semente brilhante. Inodoro e insípido.
Partes utilizadas: toda a planta (MaioAgosto).
O Componentes: saponósido, sais minerais (ferro), vitamina C O
Propriedades: depurativo, emoliente, laxativo. U. L, U. E. + Ver:
abcesso, anemia, obstipação.
252
Rapúncio
Campanula rapunculus L. Rapôncio, campainharabanete
Bras.: campainha
Campanuláceas
Facilmente reconhecível pelas suas flores campanuliformes azuis ou
lilases, erectas OU pendentes, o rapúncio, robusto e decorativo, possui
mais qualidades estéticas que virtudes medicinais.
A forma da corola inspirou o nome de género, Campanula, procedente do
latim e
que significa pequeno sino. Em algumas regiões da Europa, é cultivado
para consumo dos seus suculentos rebentos e, especialmente, da raiz, da
qual se faz uma salada muito saborosa. O uso culinário das raízes
conferiulhe o nome científico de espécie, rapunculus, que deriva da
palavra latina rap@1, rábano.
E uma forragem sazonal muito apreciada pelo gado. Outrora, o rapúncio e
outras espécies, como a Campanula trachelium L. e a Campanula cervicaria
L., foram utilizados em gargarejos para tratar as anginas. A razão por
que o rapúncio está actualmente em
desuso devese sem dúvida ao pouco mérito das suas propriedades ou
porque as mesmas se encontram muito mais activas noutras plantas, como a
agrimónia e a aspérulaodorífera.
O Destinado a uso externo. Habitat: Europa; frequente em quase todo o
País nos bosques, caminhos e locais húmidos; até 1000 m. Identificação:
de O,40 a 1,80 m de altura. Bienal, caule viloso, alongado e anguloso;
folhas estreitas e alongadas, sésseis, levemente onduladas, pecioladas;
flores azuis ou violaceas (MaioAgosto), pedunculadas, em cacho frouxo
alongado, muito ramoso, com poucas folhas, de menos de 2 cm de
comprimento, cálices com divisões assoveladas, corola mais comprida que
larga, com lóbulos pouco separados, 5 estames livres com estiletes
dilatados na base, 3 estigmas; cápsula erecta; raiz carnuda fusiforme.
Partes utilizadas: raiz, folhas frescas (MaioAgosto).
O Componentes: inulina, vitamina C O Propriedades: acIstringente, anti
séptico, refrescante, vulnerário. LI. I., LI. E. O'J Ver: anginas ,sede,
verruga.
Rinchão
Sisymbrium officinale (L.) Scop.
Ervadoscantores, erísimo
Bras.: agrião
Crucíferas
Citado e utilizado desde a Antiguidade, só a partir do século XVI o
rinchão foi definitivamente identificado. Efectivamente, as
provas irrefutáveis dos seus sucessos datam do Renascimento, descritas
por Jacques Dalechamps, testemunha laudatória do seu confrade de
Montpellier, Guillaume Rondelet, que, graças ao rinchão, restituíra a
sua bela voz de anjo a um menino de coro. No século XVII, o próprio
Racíne aconselhou este remédio a Boileau, que se lamentara de estar
afónico. A partir de então, o rinchão tornouse a planta dos oradores,
actores e cantores. A sua acção sobre a voz devese à presença de
compostos sulfurados; o enxofre é um medicamento frequentemente
utilizado pela medicina clássica, sendo receitados tratamentos nas
estações termais dotadas de águas sulfurosas para afecções das vias
respiratórias superiores. O rinchão deve ser, tanto quanto possível,
utilizado fresco, se bem que, quando seco, não perca os seus princípios
activos. O seu sabor não é nada agradável, pelo que, se for necessário
ingerílo, é preferível adicionarlhe alcaçuz ou mel muito aromático.
Habitat: Europa, caminhos, entulhos; em quase todo o território
português, em terrenos incultos, restolhos, entulhos, sebes e muws; até
1700 m. Identificação: de O,30 a O,60 m de aftura. Anual, caule rígido,
erecto, viloso, ramos qua~ se perpendiculares ao caule (patentes);
folhas da base pecioladas, muito recortadas, com lóbulos serrados, sendo
o terminal maior; flores amareioclaras (Maio Setembro), pequenas,
reunidas em cachos, 4 sépalas, 4 pétalas e 6 estames; síliqua curta,
erecta, com 2 valvas convexas trinérveas, contendo cada uma delas
1 série de sementes; raiz rija e branca. Inodoro. Sabor picante e acre.
Partes utilizadas: sumidades floridas, folhas frescas, suco fresco
(JulhoAgosto); secagem cuidadosa, conservação ao abrigo do ar, da luz e
da humidade.
O Componentes: derivados sulfurados, cardenólidos nas sementes O
Propriedades: antiescorbútico, béquico, diurético, estomáquico,
expectorante, tónico. U. I., U. E. + Ver: acne, bronquite, cura de
Primavera, laringite, rouquidão, tosse, traqueíte, voz.
254
Rorela
Drosera rotundifolia L.
Orvalhinha, dróscru, orvalhodosol Bras.: drosera, ervadoorvalho,
rossolis
Droseráceas
As pequenas rorelas agrupadas sobre os
musgos nos pântanos e nas turfeiras desdobram ao nível do solo as suas
rosetas de folhas redondas, das quais se destacam os frágeis caules
florais. As folhas estão cobertas de cílios vermelhos, sensíveis e
móveis, terminados por pequenas glândulas repletas de um suco brilhante,
aos quais a planta deve o encantador nome de orvalhodosol; foi outrora
muito utilizada pelos alquimistas e mais tarde, nos meios rurais, pelos
bruxos e adivinhos. Contudo, é no seu meio natural que a rorela se
revela verdadeiramente temível; efectivamente, esta planta carnívora
pode capturar, segundo se crê, 2000 insectos num só Verão, pois as
folhas viscosas e os cílios são uma armadilha mortal. A planta atrai,
prende e seguidamente digere os insectos por meio de uma enzima análoga
à pepsina do suco gástrico humano.
Na prática da medicina geral, todos os
médicos têm conhecimento da acção calmante da sua tintura nos acessos de
tosse convulsa. Uma infusão das folhas frescas produz um efeito análogo.
Nos meios rurais, o
seu suco é utilizado para tratar as verrugas.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; em Portugal, locais
húmidos e pantanosos das montanhas elevadas de TrásosMontes, Minho e
Beiras; até 2000 m, Identificação: de O,10 a O,20 m de altura, Vivaz,
caule floral verde ou avermelhado, frágil, glabro, erecto; folhas
longamente pecioladas, em roseta basilar aberta sobre o musgo, redondas,
cobertas de cílios tentaculares com glândulas arruivadas e viscosas mais
compridas nas margens; flores brancas (JulhoAgosto), pequenas (de O,5 a
O,8 cm), em cimeiras faucifloras, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames e 3
estiletes; cápsula alongada, abrindose por 3 a
5 valvas, com numerosas sementes aladas; parte subterrânea frágil, com
ordens anuais sobrepostas de delgadas raizes adventícias. Inodora; sabor
acistringente e amargo. Partes utilizadas: parte aérea da planta (Junho
Setembro), fresca ou seca, suco fresco.
O Componentes: tanino, naftoquinona, pigmentos flavónicos O
Propriedades: antiespasmódico, antiséptico, béquico, febrífugo. U. I.,
LI. E. + O Ver: calo, pulmão, rouquidão, tosse, tosse convulsa, verruga.
255
Saboeira
Suponaria officinalis L. Ervasaboeira, saponária, saboneira
Cariofiláceas
A saboeira saltou as vedações dos jardins mediterrânicos onde outrora
era cultivada e, vagabundeando pelas margens arenosas ou pedregosas dos
rios, à beira das valas e dos cursos de água e pelas bermas dos
caminhos, invadiu a Europa temperada. É uma
planta rústica, com belas flores de um corderosa muito claro que, à
sombra, se torna ainda mais pálido. O ciclo vegetativo da saboeira
concluise em Outubro, quando, destruídos os cálices, murchas as
pétalas, se deixa desfolhar pelo vento e seca inteiramente. É nesta
época que o rizoma desta planta, tão útil às lavadeiras e que já era
utilizado muito antes de se conhecer o sabão para lavar as lãs, deve ser
colhido. O rizoma, que já era outrora conhecido, pois Hipócrates
mencionao quatro séculos antes de Cristo, é um remédio utilizado pela
medicina após a secagem. A planta é depurativa, tónica, reanima as
funções dos fígados lentos e confere beleza à tez, podendo associarse,
em infusão, às folhas do agrião e às sumidades floridas da centáurea
menor. Uma água saponácea, obtida por decocção da planta, constitui um
óptimo champô indicado para cabelos frágeis.
O Não macerar em água; preparar e utilizar. Habitat: Europa; Norte e
Centro de Portugal, margens dos campos e dos rios; até 1600 m.
Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Vivaz, numerosos caules,
erectos, cilíndricos, dilatados nos nós, robustos e avermelhados; folhas
glabras, sésseis, verdeclaras, grandes, ovais ou lanceoladas, com 3 a 5
nervuras; flores cor d e rosa claras (JunhoSetembro), grandes,
pedunculadas, em cimeiras corimbiformes, cálice tulbuloso, 5 dentes, 5
pétalas inteiras ou chanfradas, 10 estames, 2 estiletes; cápsula
oblonga, abrindose por 4
valvas, numerosas sementes reniformes castanhas; rizoma prolífico
castanhoavermelhado, amarelo no corte. Cheiro agradável (flores); sabor
amargo e desagradável. Partes utilizadas: caule folhoso (antes da
floração), descora ao secar; rizoma (Outono), raiz.
O Componentes: saponósido, resina, vitamina C O Propriedades:
colerético, depurativo, diurético, sudorífico, tónico. U. L, U. E. + V
Ver: acne, anginas, artrite, cabelo, cura de Primavera, dartro, eczema,
fígado, herpes, icterícia, psoríase, reumatismo.
Sabugueiro
Sambucus nigra L. S abugueiro negro Bras.: sabugueirinho
Caprifoliáceas
A história do sabugueiro é, sem dúvida, tão longa como a do homem, pois
foram encontrados alguns vestígios desta árvore em estações
arqueológicas da Idade da Pedra na Suíça e no Norte de Itália. Sabese
também que os Gregos na Antiguidade a utilizavam vulgarmente, bem como
os habitantes da antiga Roma. O sabugueiro encontrase frequentemente na
Europa pró ximo das povoações, porque outrora era ali plantado para
atrair os espíritos do bem. A partir do século XVI, popularizouse como
planta decorativa. Nos meios rurais, as crianças fazem apitos com a
madeira quebradiça e leve do sabugueiro. Com os seus frutos preparamse
doces com uma bela cor vermelhoviolácea. As suas propriedades
medicinais são inúmeras: as flores, as bagas, as folhas e a segunda
casca fazem parte de grande número de preparações. As flores são também
utilizadas para a conservação das maçãs, devendo ser colocadas em
camadas alternadas em caixas de cartão, que seguidamente se fecham.
Habitat: Europa Central, matas, sebes; em Portugal, é cultivado,
surgindo também espontâneo. Identificação: de 2 a 5 m, por vezes 10 m,
de altura. Arbusto ou árvore; caule com casca cinzentoacastanhada,
verrugosa, ramos fracos e quebradiços, com medula branca; folhas
pecioladas, com 5 a 7 folíolos compridos e serrados; flores brancas
(Junho), pequenas, em cimeiras corimbiformes planas, com 5 raios
principais, 5 sépalas, 5 pétalas, 5 estames com anteras amarelas, 3
carpelos, 3 estigmas sésseis; baga pretoviolácea, com 3 sementes.
Cheiro intenso; sabor acíclulo.
Partes utilizadas: flores, folhas, frutos maduros, segunda casca seca;
secar ao ar.
O Componentes: nitrato de potássio, óleo essencial, alcalóide,
heterósido, tanino, mucilagem, vitamina C, pigmentos flavónicos e
antociânicos O Propriedades: depurativo, diurético, emoliente, laxativo,
sudorífico. U. L, U. E. + V O Ver: abcesso, arteriosclerose, bronquite,
cistite, coração, cura de Primavera, epistaxe, fígado, frieira, gota,
hemorróidas, obstipação, olhos, pele, picadas, pontos negros,
queimadura, rim, reumatismo, sudação, tabagismo, terçolho.
257
Saiãocurto
Sempervivum tectorum L. Semprevivadostelhados
Bras.: saiao
Crassuláceas
O saiãocurto é mais frequente nas planícies, embora surja por vezes nas
montanhas, alapardado nas cavidades dos penhascos, de onde os seus
rebentos extravasam para colonizar tudo o que os cerca. Tem u Iria
preferência especial pelos muros velhos e sobretudo pelos telhados, aos
quais se agarra, consolidandoos e protegendoos do escoamento rápido
das chuvas, como indica claramente o nome da espécie. A designação
barbasdejúpiter, que os Franceses lhe atribuem, deriva possivelmente
da expressão latina Jovis barba, barba de Júpiter, deus dos céus, senhor
dos relâmpagos; assim, criase outrora que a sua presença nos telhados
protegia as casas dos raios.
É uma planta vivaz, resistente, semelhante a uma alcachofra, muito
conhecida, mas cujas importantes qualidades medicinais são, na maior
parte dos casos, ignoradas. Não é necessário colhêla numa data fixa,
aplicar processos especiais ou tomar precauções na secagem: basta
estender a mão e colher uma folha fresca. Não é possível imaginar uma
terapêutica mais simples. O saiãocurto é um calicida, tratando também
dartros e queimaduras. Esta simplicidade de utilização harmonizase com
a vida da planta, pois alimentase apenas de grande quantidade de sol,
alguns gramas de terra ou de pó e de pequenas gotas de água. Melhor
ainda, quanto mais árida for a terra, mais numerosas e belas são as suas
flores.
Habitat: Europa Central e Meridional, telhados, muros velhos, penhascos;
em Portugal, é espontâneo e subespontâneo e, por vezes, cultivado nos
jardins; até 2800 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz,
caule floral erecto, carnudo, com muitas folhas; folhas da base em
roseta, sésseis, densas, imbricadas, obiongas, com pontas aguçadas, por
vezes vermelhas, faces glabras e bordos ciliados; flores corderosa
estriadas de cor de púrpura (JunhoAgosto), subsésseis ou ligeiramente
pecioladas em corimbo terminal, 8 a 20 sépalas, 8 a 20 pétalas abertas,
2 vezes
mais compridas que as sépalas, 16 a 40 estames, 8 a 20 carpelos
divergentes; folículo que se abre por uma fenda, contendo numerosas
sementes dispostas em 2 fileiras: a toiça emite rebentos. Cheiro suave;
sabor acidulado. Partes utilizadas: folhas frescas, suco fresco.
9 Componentes: tanino, mucilagem, ácidos málico e fórmico O
Propriedades: acistringente, antiespasmódico, emoliente, vulnerário. U.
L, U. E. + Ver: calo, dartro, diarréia, ferida, greta, hemorróidas,
olhos, picadas, queimadura.
258
Salgueirinha
Lvthrum salicaria L. Ervacarapau, salicária
Bras.: ervadavida
Litráceas
Outrora, os Alemães chamaram à salgueirinha o altivohenrique, enquanto
o útil quenopódio era conhecido pelo bomhenrique. Nos meios rurais,
acreditavase então que a salgueirinha era o refúgio secreto dos duendes
que guardavam as minas de ouro. Actualmente, à semelhança de tantas
outras plantas úteis, a salgueirinha é considerada pelos agricultores
como uma erva daninha que deve ser destruída.
Cresce entre os salgueiros, e da semelhança das folhas de ambas as
plantas lhe adveio o nome. Foi durante muito tempo confundida com a
lisimáquiavulgar. O primeiro autor que a identificou com exactidão foi
Mattioli, no século xvi. Desde essa época, a salgueirinha manteve, sem
qualquer declínio, o seu lugar entre as plantas medicinais. Muito eficaz
quer fresca, quer seca, esta planta, dotada de propriedades
adstringentes e hemostáticas, é também considerada um óptimo remédio
para as cólicas dos recémnascidos. Geralmente, entra em preparações com
a papoila e a alteia. Algumas pessoas apreciam os seus jovens rebentos
ou
a medula do caule cozidos à maneira de hortaliças e preparam um chá com
as folhas. As flores são utilizadas como corante para os rebuçados
vermelhos.
Habitat: Europa, beira de água, fossos, pântanos; em Portugal, margens
dos rios, vales e locais húmidos; até 1400 m. Identificação: de O,50 a
1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto, quadrangular,
pubescente, ramificado na parte superior; folhas com pêlos, oval lan
ceoladas ou cordiformes, opostas ou verticiladas em grupos de 3, sendo
as superiores alternas; flores corderosavioláceas (Ju n ho
Setembro), grandes, hermafroditas, verticiladas, em grupos de 3 a 10
numa comprida espiga terminal, cálice pubescente com 8 a 12 dentes
desiguais, corola com 6
pétalas alongadas, 6 estames curtos e 6 salientes; cápsula obionga
contendo numerosas sementes; toiÇa espessa. Inodora; sabor mucilaginoso,
levemente acistringente e herbáceo. Partes utilizadas: sumidades
floridas, caules jovens com folhas e suco fresco.
O Componentes: tanino, açúcares, heterósidos (salicarina), colina,
provitamina A, ferro, oxalato de cálcio O Propriedades: acistringente,
hemostático, tónico. U. I., U. E. + o Ver: diarréia, eczema, epistaxe,
leucorreia, úlcera cutânea.
Salgueirobranco
Salix alba L.
Sinceiro, vimeirobranco
Salicáceas
Planta característica do hemisfério norte, o
género Salix é constituído por cerca de 200 espécies difíceis de
determinar, das quais algumas, de menor porte, resistem ao frio e aos
climas de altitude. De entre os salgueiros da Europa, o maior e o mais
comum no estado espontâneo é o salgueirobranco; porém, o mais conhecido
é uma espécie cultivada, o salgueirodababilónia, Salix babvlonica L.,
ou chorão, com longa ramagem pendente. Os amigos do poeta romântico
Alfred de Musset plantaram um salgueirobranco, após a sua morte, junto
do seu túmulo, no Cemitério do PèreLachaise, em Paris, cumprindo um
pedido que o poeta lhes fizera numa estrofe melancólica.
Os médicos da Antiguidade recorriam com frequência ao salgueiro, sem
contudo precisar quais as espécies utilizadas; com efeito, todos os
salgueiros de folhas estreitas têm na prática propriedades medicinais
idênticas. Mattioli assinalava, no século XVI, a eficácia das folhas de
salgueiro contra as insônias; no século XVII, a sua casca era utilizada
como febrífugo. Sabese actualmente que este efeito se deve à sua
riqueza em ácido salicílico; um seu derivado é um dos medicamentos mais
utilizados no Mundo e universalmente conhecido pelo nome de aspirina.
Habitat: Europa, bosques húmidos, ribanceiras; em Portugal, sobretudo em
zonas do Centro e do Sul, margens dos rios, vales; até 1800 m.
Identificação: de 6 a 25 m de altura. Árvore; casca gretada quando
velha, ramos erectos, flexíveis, ramos jovens guarnecidos de pêlos
finos; folhas com pecíolo curto, lanceoladas, acuminadas, acetinadas,
prateadas pelo menos na página inferior, bordos inteiros ou serrados;
flores amarelas ou esverdeadas (AbrilMaio), dióicas, com amentilhos
erectos, sedosos, flor masculina reduzida a 2 estames e uma glândula
nectarífera, flor feminina reduzida a um pistito, protegidas por uma
escama celheada caduca; cápsula glabra, quase séssil, bivalve, e
numerosas sementes tomentosas. Inodoro; sabor amargo. Partes utilizadas:
casca, folhas, amentilhos.
O Componentes: salicósido, tanino, sais minerais O Propriedades:
acistringente, anestésico, antiespasmódico, antireumatismal, febrífugo,
hemostático, sedativo, tónico. LI. L, U. E. + Oli Ver: banho, dor,
eritema, febre, gripe, nervosismo, pé, pele, psoríase, reumatismo, sono,
úlcera cutânea.
260
Salsaparrilhabastarda
Smilax aspera L. Legação, alegracampo, recama, salsaparrilhaindígena,
alegação
Bras.: japecanga
Liliáceas
Existem cerca de 200 espécies do género Smilax difundidas pelas regiões
quentes e
húmidas do Globo. Algumas delas são medicinais e fazem parte das plantas
exóticas importadas. Na Europa, encontrase esta espécie, cujo nome
científico a qualifica como rude e áspera. A planta prefere o calor e
geralmente prendese às árvores e aos arbustos na região mediterrânica.
Para mais facilmente a identificar, é necessário examinar o seu caule
anguloso e pungente, as folhas triangulares orladas de acúleos, as
flores simples que subsistem até ao mês de Outubro e as bagas vermelhas
com as dimensões de uma ervilha, muito semelhantes às da groselheira.
Como os seus parentes exóticos, a salsaparrilhabastarda possui
propriedades depurativas, diuréticas e sudoríficas, porém em menor grau.
No século XVI, Mattioli atribuiulhe uma acção antisifilítica que nunca
foi confirmada. A raiz, brancoacinzentada, seca e moída é indicada para
os asmáticos, que se sentirão confortados se a fumarem.
Q Não confundir a raiz com as das norças, branca e preta. Habitat:
Europa Meridional; espontânea no Centro e Sul de Portugal, muros e
bermas; até 300 m. Identificação: de 1 a 2 m de altura. Subaribusto;
caule sarmentoso, sinuoso, anguloso e provido de acúieos; folhas
persistentes, pecioladas, brilhantes, cordiformes, maculadas de branco
ou preto, aculeadas, com 5 a 7 nervuras e 2 gavinhas na base do pecíolo;
flores brancoesverdeadas (Agosto Outubro), em umbelas paniculadas na
axila das folhas e na extremidade dos ramos, 6 peças petalóides,
patentes, flores
masculinas: 6 estames, flores femininas: ovário com 3 estigmas; baga
vermelha com 1 a 3 sementes redondas e castanhas; rizoma ]enhoso,
geralmente muito comprido, com raízes adventícias, raizes branco
acinzentadas ou castanhas. Cheiro agradável. Partes utilizadas: raiz.
O Componentes: glúcidos, colina, saponósidos, tanino, sais minerais
(potássio, cálcio) O Propriedades: depurativo, diurético, sudorífico. U.
1. + Ver: artrite, asma, gota, gripe, herpes, nefrite, pele, urina.
Salva
Salvia officinalis L.
Ervasanta, salvamansa, salvamenor, salvadasfarmácias, salvada
catalunha, grandesalva,
chádaeuropa, chádagrécia, chádafrança
Labiadas
Segundo SaintSimon, Luís XIV bebia todas as manhãs, ao levantar, duas
chávenas de salva e verónica. A salva goza de enorme prestígio desde
tempos imemoriais; a Escola de Salerno, que a denominou Salvia
salvatrix, herdoua de Santa Hildegarda, atribuindolhe este axioma
exemplar: *Se existisse algum remédio contra o poder da morte, o homem
não morreria no jardim onde cresce a salva.+ Todas as espécies de salva
são extremamente aromáticas, e a officinalis é importante mesmo do ponto
de vista culinário. O nome Salvia deriva do latim salus, saúde, alusão
às propriedades curativas da planta. Tem variadíssimas aplicaçõ es
domésticas: para aromatizar os alimentos, sanear os armários e proteger
as roupas, preservar a beleza e tratar as indisposições. Crêse que cura
os ataques de melancolia e acalma as crises de asma. O cheiro e sabor
aromáticos tornamna muito agradável, mas
não convém abusar. Com efeito, a essência de salva contém a mesma
substância tóxica que a losna, não sendo o seu uso aconselhado aos
temperamentos sanguíneos e hipertensos.
O Mulheres que amamentam; evitar o contacto com o ferro. Habitat: Europa
Meridional; até 800 m. Identificação: de O,30 a O,70 m de altura.
Subarbusto; caule ramoso e tomenlo@opubescente; folhas grandes,
oblongas, pecioladas, verdeesbranquiçadas, persistentes, espessas,
crenadas; flores azulvioláceas (MaioJulho), em grupos de 3 a 6 por
verticilo, em espigas terminais com brácteas violáceas caducas, cálice
bilabiado, corola comprida com 2 lábios, sendo o inferior trilobado, com
o lobo médio maior. Partes utilizadas: folhas mondadas (antes da
floração), sumidades floridas.
O Componentes: ácido rosmarínico, flavonóides, saponósido O
Propriedades: antiespasmódico, antiséptico, antisudorífico,
carminativo, colerético, emenagogo, estimulante, estomáquico,
hipoglicemiante, vulnerário, U. L, U. E. + V O Ver: asma, astenia,
banho, cabelo, convalescença, depressão, desinfecção, diabetes,
enfisema, entorse, esterilidade, frigidez, gengivas, impotência,
lactação, leucorreia, menopausa, menstruação, nervosismo, parto, pé,
picadas, sudação, tabagismo, tez.
262
Salvaesclareia
Salvia selarea L.
Labiadas
A salvaesclareia é uma magnífica planta vivaz, alta e vigorosa, com
grandes folhas ovadas, cujas flores com corola de lábios corderosa
pálido são dotadas de brácteas cordiformes. Toda a planta é viscosa e
odorífera, exalando um perfume a almíscar. Encontrase nas colinas
áridas, na base dos muros e ao longo dos caminhos, sendo cultivada desde
a Antiguidade, época em que a sua fama era idêntica à da Salvia
officinalis L. Em 795, com o nome de Sclareiam, fazia parte das plantas
cuja cultura era aconselhada no Capitular de Villis. Actualmente, é
cultivada à escala industrial para extracção da sua essência. Em
fitoterapia, a salvaesclareia é essencialmente emenagoga e estimulante
e um óptimo remédio para o cansaço. Pode substituir a salva em todas as
suas utilizações, porém em doses um pouco mais elevadas. Crêse que a
sua essência é menos tóxica, não apresentando a sua utilização qualquer
perigo. A semente da salvaesclareia, tal como a do aljôfar, é rica em
mucilagem, podendo ser utilizada para extrair corpos estranhos dos
olhos: colocada sob a
pálpebra, incha, atrai o pó e provoca lágrimas, arrastando assim o corpo
estranho.
Habitat: Europa Meridional, colinas áridas; em TrásosMonies, em
lugares secos; até 1000 m. Identificação: de O,30 a 1,20 m de altura.
Vivaz, caule robusto, quadrangular, viloso, ramoso; folhas pecioladas,
grandes, ovadas, cordiformes, rugosas, vilosas, acinzentadas,
crenuladas, rede saliente de nervuras; flores brancas maculadas de cor
derosa ou azul (MaioSetembro), em espigas de verticilastros, formando
uma panícula densa e viscosa, com grandes brácteas corderosa
violáceas, cordiformes, celheadas, cálice espinhoso, bilabiado, corola
comprida, glandulosa, bilabiada, lábio superior
fauciforme, sendo o inferior trilobado, 2 estames; tetraquénio castanho,
brilhante, sementes brilhantes; toiça vivaz e raiz aprumada. Cheiro a
aimíscar; sabor ardente e acre. Partes utilizadas: folhas (antes da
floração), sumidades floridas e sementes.
O Componentes: óleo essencial, tanino, saponósido, colina, heterósido,
mucilagem O Propriedades: antiespasmódico, antisudorífico, detersivo,
emenagogo, estimulante. U. L, U. E. + Ver: convalescença, edema,
menstruação, olhos, tosse convulsa, úlcera cutânea, vómito.
Sanamunda
Geum urbanum L.
Ervabenta, cariofilada, cravoila
Rosáceas
No Verão, é fácil reconhecer a sanamunda entre as outras plantas vivazes
nas bermas dos caminhos e nas orlas dos bosques. É uma pequena planta
rústica, de porte erecto, ligeiramente túrgida, com folhas finas e
tripartidas e discretas flores amarelas. Os frutos, encimados pelo seu
estilete recurvado, formam, na extremidade dos caules, pequenas esferas
cobertas de pêlos.
Muitos séculos atrás, acreditavase que a presença de uma raiz de Geum
em casa afastava o demónio e os animais peçonhentos. Supõese que as
virtudes da planta foram pela primeira vez mencionadas na História
Natural de Plínio, o Antigo. No século Xil Santa Hildegarda chamoulhe
Benedicta.
Quase abandonada pelos médicos a partir do século XVI, a sanamunda
mantevese muito popular nos meios rurais, se bem que, segundo uma
lenda, a planta possa, por vezes, enfeitiçar o seu possuidor.
Actualmente, bem estudada do ponto de vista químico, reconquistou a
simpatia dos fitoterapeutas.
O Não utilizar recipientes de ferro e não ultrapassar as doses
prescritas. Habitat: Europa, Norte e Centro de Portugal, especialmente
nas regiões montanhosas, solos húmidos, sombrios; até 1300 m.
Identificação: de O,20 a O,60 m de altura. Vivaz, caule erecto, ramoso,
pubescente; folhas radicais, penatissectas, com 5 a 7 folíolos
desiguais, sendo o terminal maior e serrado; flor amarela (Maio Sete m
bro), solitária, calículo com 5 divisões, 5 sépalas pendentes após a
fioração, 5 pétalas separadas, numerosos estames e carpelos; aquénio
viloso, encimado por
um comprido estilete recurvado; rizoma curto, rugoso, castanho na parte
exterior, roxo quase castanho no corte, Cheiro aromático a cravinho;
sabor amargo e acistringente. Partes utilizadas: folhas (na floração);
rizoma (antes da floração).
O Componentes; tanino, resina, princípio amargo, heterósido, vitamina C
O Propriedades: acIstringente, febrífugo, estomáquico, sudorífico,
tónico, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: astenia, cefaleia, conjuntivite,
depressão, diarréia, digestão, estômago, ferida.
264
Sanguissorbaoficinal
Sanguisorba officinalis L.
Rosáceas
A sanguissorba é uma rosácea vivaz que prefere os prados húmidos, os
pântanos e as turfeiras. Permanece florida durante todo o Verão,
difundindo o aroma suave das suas flores hermafroditas cor de púrpura
escura, comprimidas numa densa inflorescência. A medicina dos sinais
interpretava a rutilância das suas corolas como um sinal da sua acção
sobre os derramamentos de sangue. Mais tarde, a análise química da
planta revelou a presença de tanino, produto que poderá provocar esse
efeito. A planta é eficaz em todos os tipos de hemorragias: dos
aparelhos digestivo e respiratório, dos órgãos genitais e dos rins;
também tem efeito benéfico nos casos de diarreia e leucorreia.
A sanguissorba serve de base a um exce~ lente chá digestivo, o qual pode
ser aromatizado adicionandolhe anisverde, mentas ou angélica. O seu
sabor, extremamente suave, semelhante ao do pepino, torna mais gostoso o
tempero das saladas. Numa urgencia, a raiz fresca, descascada, pode ser
aplicada numa queimadura recente para aliviar o ardor e facilitar a
cura.
Habitat: Europa, prados húmidos (argila, turfa); até 1800 m.
Identificação: de O,30 a 1,50 m, por vezes 2 m, de altura. Vivaz, caule
erecto, ramificado, oco, glabro, ligeiramente folhoso; folhas de 30 a
40 cm, glabras, imparipinuladas, com 5 a 15 folíolos ovais, dentados,
verdeclaros na página superior e mais claros na inferior, flores
vermelhosanguíneo (J ulho Setembro), minúsculas, bissexuadas,
agrupadas em espigas capitadas, ovóides, cálice viloso no vértice; fruto
liso, castanho, quadrangular, contendo 1 semente; toiça subterrânea,
castanha e rastejante. Cheiro suave; sabor salgado e amargo. Partes
utilizadas: toda a planta e raiz (antes da floração, no Outono), suco
fresco; a conservação é impossível.
* Componentes: tanino, saponósido, flavonas
* Propriedades: acistringente, digestivo, estomáquico, hemostático. U.
L, U. E. + Ver: diarréia, ferida, hemorragia, hemorroidas, leucorreia,
menopausa, queimadura.
265
Sanícula
Sanicula europaea L.
Sanículavulgar
Umbelíferas
Denominada ervadesãolourenço em França devido às suas virtudes
cicatrizantes, e invocando o mártir que foi colocado numa grelha de
ferro em brasa pelo prefeito de Roma no século til, a sanícula foi muito
apreciada pela Escola Médica de Salerno. Se bem que o seu nome derive da
palavra latina sanare, curar, e a sua eficácia seja indubitável, é por
vezes substituída pela agrimónia
ou a semprenoiva. Não deve, no entanto, ser menosprezada.
Cresce nos bosques sombrios e frescos, sob as árvores frondosas,
nomeadamente as faias. O caule, verde, apresenta na base folhas largas e
palmadas dispostas em roseta; as do vértice do caule são pequenas e
sésseis. Permanecem verdes durante todo o ano, podendo ser colhidas em
qualquer estação. Esmagadas cruas e aplicadas sobre contusões e
hematomas, facilitam a sua reabsorção. A sua infusão serve para lavar as
feridas, que, deste modo, cicatrizam sem
supuração. Fervidas em leite e adoçadas com mel, estas mesmas folhas
constituem um excelente gargarejo (que não deve ser engolido) para
tratar as anginas.
Habitat: Europa, florestas de árvores frondosas; espontânea em Trásos
Montes, Minho e
Beiras; até 1500 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz,
caule erecto, glabro, frágil e simples; folhas verdeescuras,
brilhantes, palmatipartidas, quase todas basilares, com pecíolo
comprido, sendo as caulinares O, 1 ou 2, quase sésseis; flores branco
rosadas (MaioJulho), pequenas, sésseis, em capítulos reunidos em
umbelas irregulares, com 3 ou 5 raios muito desiguais, 5 pétalas
curvadas para o centro, hermafroditas, sésseis no centro, possuindo as
da margem
estames; diaquénio globoso coberto de acúleos gancheados; rizoma
castanho com raizes nodosas e fibrosas. Cheiro intenso; sabor amargo e
acistringente. Partes utilizadas: raiz (Outono), toda a planta (Maio
Julho) e suco.
O Componentes: saponósidos, tanino, óleo essencial, princípio amargo O
Propriedades: acistringente, cicatrizante, detersivo, vulnerário. U. I.,
U. E. + Ver: anginas, contusão, diarreia, ferida, leucorreia.
SantÓnico
Artemisia inaritima L.
Barbotina, semencina, sérnencontra,
sementesdealexandria Bras.: artemísiamarítima
Totalmente coberto por uma penugem branca, o santónico é, tal como o
nome da espécie indica, uma planta das costas marítimas. Na Europa,
encontrase nos litorais da Mancha e do Atlântico, nos solos salgados e
nos pântanos. É uma planta extremamente aromática. No Outono, exibe as
suas flores amarelo acastanhadas, agrupadas em capítulos apenas num dos
lados dos seus ramos inclinados, formando cachos pouco densos. Os
capítulos devem ser colhidos antes de as flores desabrocharem: devido às
suas pequenas dimensões, supôsse durante muito tempo que eram sementes,
pelo que o santónico foi conhecido por semencina (do italiano semenzina,
diminutivo de semente).
É uma planta bastante activa e um vermífugo muito utilizado nas regiões
litorais para as ascárides e os oxiúros. Estas propriedades são devidas
à santonina que contém. Uma outra espécie, importada da Ásia, Artemisia
cina Berg., possui virtudes idênticas; porém, quando utilizadas para o
mesmo efeito, o santónico é mais bem tolerado. No entanto, para evitar
riscos de toxícidade, não deve ser administrado a crianças. Em uso
externo a planta é absolutamente inofensiva. Entra como componente de
uma cataplasma que se
aplica sobre o abdômen de crianças portadoras de parasitas intestinais.
G Não ultrapassar as doses indicadas. Não deve ser administrado a
crianças. Habitat: costas européias, excepto no litoral mediterrânico.
Identificação: de O,30 a O,60 m de altura. Vivaz, caules herbáceos,
floríferos, aveludados, vilosos, esbranquiçados, prostradoascendentes e
ramosos; folhas curtas, tomentosas, esbranquiçadas nas duas páginas,
recortadas em lacínias estreitas, sendo as inferiores e as médias
pecioladas e as superiores sésseis; flores amareloacastanhadas
(Setembro Outubro), pequenas, em capítulos de 3 a 5 flores, ovójdes,
unilaterais, inclinados, reunidos numa panícula de numerosos cachos
arqueadopendentes, pouco densos, com folhas simples; raiz delgada e
lenhosa. Cheiro aromático e intenso; sabor amargo e canforáceo. Partes
utilizadas: sumidades floridas secas.
O Componentes: santonina, sais minerais, colina, essência O
Propriedades: vermífugo, vulnerário. U. I., U. E. Ver: ferida,
parasitose.
267
Satiriãomacho
Orchis mascula L.
Salepeiramaior, satíriomacho, salepomaior,
patadelobo, escrotocanino
Orquidáceas
As Orquidáceas constituem a mais numerosa família de todo o reino
vegetal; a elas pertencem várias espécies espontâneas de Orchis muito
disseminadas, sendo mais frequentes em terras altas. Se bem que seja
difícil distinguiIas entre si, é extremamente fácil identificar uma
devido às suas flores irregulares, simetricamente dispostas segundo um
plano vertical: três sépalas coradas e
três pétalas, das quais duas laterais e uma maior, o labelo, em forma de
avental com três lobos, um dos quais termina em esporão. O satirião
macho possui um duplo tubérculo globoso subterrâneo que, não sendo
bifurcado nem palmado, deu origem ao
nome de Orchis, testículo; as folhas da base apresentam frequentemente
manchas castanhoavermelhadas, e as do caule não se desenvolvem, ficando
reduzidas às bainhas. Dos tubérculos das diversas espécies extraise
desde épocas remotas uma farinha alimentar, o salepo, sahlap em língua
árabe, muito famosa outrora, especialmente no
Oriente. Na realidade, o salepo e a excelente geleia de salepo não são
mais nutritivos que a fécula de batata. O satiriãomacho é uma planta
refrescante com a qual os Orientais preparam uma bebida muito agradável.
O Planta rara que se desenvolve lentamente e não resiste às devastações.
Habitat: Europa, bosques, prados, pastagens; disseminado em
Portugal; até 2000 m. Identificação: de O,15 a O,25 m de altura. Vivaz,
caule espesso e suculento, com escapo floral; todas as folhas da base
erectas, aiongadas, frequentemente manchadas de castanhoavermelhado,
nervação paralela; flores cor de púrpura ou violáceas (MaioJunho), em
espiga cilíndrica, brácteas violáceas, 3 sépalas abertas, coradas,
esporão comprido, inteiro e erecto, tabelo pontuado oe cor púrpura,
levemente
chanfrado, pólen aglutinado em duas massas chamadas polinídias;
tubérculos em grupos de
2, ovóides e acastanhados. Cheiro agradável; sabor amargo. Partes
utilizadas: tubérculo (após a floração); escolher bem para apenas
conservar os tubérculos intumescidos, escaldar, retirar a pele, secar
sobre panos ao sol ou no forno.
O Componentes: mucilagem, amido, prótidos, lípidos, sais minerais,
cumarina O Propriedades: antidiarreico, emoliente, refrescante. U. 1.
Ver: convalescença,.fadiga, impotência.
268
Saturejadasmontanhas
Satureia montana L.
Bras.: segurelha
É uma planta soalheira que perfuma as colinas áridas de toda a região
mediterrânica. Existe uma outra espécie, a segurelha, Satureia hortensis
L., planta herbácea, mais pequena e delicada, ligeiramente baça, evadida
das hortas e que apenas vive um ou dois anos. Estas duas plantas
aromáticas têm propriedades semelhantes. Com efeito, contêm substâncias
bastante activas, também presentes no tomilho, no eucalipto e no serpão,
que lhes conferem propriedades antisepticas, expectorantes e tónicas.
De há muito consideradas estimulantes psíquicos e físicos e até
afrodisíacos, contribuíram para que alguns etimologistas associassem o
nome
genérico Satureia com a palavra *sátiro+. A s aturej a das montanhas é
um óptimo condimento devido às suas propriedades carminativas, que
tornam os legumes que contêm féculas mais digeríveis; pelo seu valor
antibiótico, permitem aos aparelhos digestivos mais delicados tolerar as
carnes de caça retardadas. Para obter melhores resultados, é necessário
conservar a saturej adas montanhas em ramos e moêla sobre os
alimentos na altura da preparação.
Habitat: Europa Meridional, encostas calcarias e áridas; até 1500 m.
Identificação: de O, 10 a O,40 m de altura. Subarbusto; caule ascendente
ou erecto, com ramos rígidos; folhas coriáceas, brilhantes, glabras,
estreitas, pontiagudas, celheadas; flores corderosa, brancas ou
lilases (JulhoSetembro), em espiga folhosa, terminal, unilateral,
cálice tulbuloso com 5 dentes quase iguais, corola saliente bilabiada,
sendo o lábio superior erecto, o inferior trilobado e o médio maior, 4
estames; tetraquénio preto. Cheiro aromático; sabor amargo e ardente.
Partes utilizadas: sumidades floridas (Verão); secagem em ramos sobre
uma fonte de calor.
O Componentes: essência (carvacrol e cimeno), hidrocarbonetos,
nitrofenol, enzima O Propriedades: antiespasmódico, antiséptico,
carminativo, estimulante, estomáquico, expectorante. U. L, U. E. + Ver:
anginas, astenia, banho, bronquite, diarreia, espasmo, estômago, ferida,
frigidez, impotência, insectos, meteorismo, picadas.
269
Selodesalomão
Polvgonatum offi< inale Desf.
Lifiáceas
O vigoroso rizoma do selodesalornão dá origem todos os anos a um novo
caule que, ao desaparecer antes do Inverno, deixa uma marca como a de um
sinete; esta cicatriz confere ao caule subterrâneo da planta um
aspecto muito peculiar. As partes aéreas são também de tal modo
características que, depois de se ter visto uma vez esta planta
rígida à sombra de uma mata, não é possível deixar de reconhecêla
imediatamente. Em Junho, surgem os frutos, azulescuros, do tamanho de
ervilhas. Estas tentadoras bagas são perigosas para as crianças, tendo
já provocado, como os frutos vermelhos do líriodosvales,
envenenamentos fatais.
No século 1, Dioscórides afirmava que o
selodesalornão activava a cicatrização das feridas e fazia desaparecer
os sinais do rosto. Na cosmética moderna, o rizoma serve de base a uma
água de beleza indicada para peles sem brilho.
Este rizoma, depois de cozido e esmagado, tem um efeito benéfico quando
colocado sobre contusões e inchaços, pois atenua as dores.
O Não utilizar as bagas. Habitat: Europa, solos frescos, florestas; nas
regiões montanhosas de TrásosMontes e Alto Alentejo, em locais
sombrios; até 2000 m. Identificação: de O,20 a O,50 m de altura. Vivaz,
caule glabro, erecto, arqueado, anguloso, tolhoso; folhas alternas,
erectas, ovais, subsésseis ou amplexicaules, com nervuras longitudinais
convergentes, dispostas em 2 filas opostas; flores brancas orladas de
verde (AbrilJunho), pedunculadas, pendentes, 1 ou 2 sob o caule na
axila de cada uma das folhas, em tubo de 6 lobos formado por 3 sépalas
petalóides e
3 pétalas soldadas, 6 estames glabros; baga azulescura, redonda,
pendente, contendo de
3 a 6 sementes, rizoma carnudo, horizontal, nodoso e fibroso. Cheiro
agradável (flores), inodoro (rizoma); sabor amargo, acre e nauseabundo.
Partes utilizadas: rizoma (Outono),
O Componentes: saponósido, mucilagem, tanino, oxalato de cálcio O
Propriedades: hemolítico, hipoglicemiante, resolutivo. U. E. V Ver:
abcesso, contusão, panaricio, pele, reumatismo, sarda.
Semprenoiva
Polygonum aviculare L. Corriol abas tarda, ervadamuda, persi cári a
sempre noiva, ervadasaúde, centinódia,
sanguinha, erva dos pas sari nhos, sanguinária, se mpre noiva dos
modernos, ervadasgalinhas
Poligonáceas
Como a persicáríamordaz, a bistorta, a azeda e o labaçol, a sempre
noiva pertence à família das Poligonáceas e caracterizase pelos seus
caules muito nodosos. Densa e resistente, propagase rapidamente,
cobrindo vastas áreas e suportando, sem prejuízo, ser pisada.
Muito apreciada pelos agricultores, é o maná do gado e a erva dos
porcos. As aves alimentamse com as suas pequenas sementes castanhas.
Para os apreciadores de simples, toda a planta é útil, devendo ser
colhida durante o período de floração. Para a
medicina antiga, era um remédio hemostático, pelo que os Latinos a
denominaram Sanguinaria. Durante muito tempo utilizada para conter as
hemoptises e tratar a tuberculose pulmonar, foi objecto de um
escandaloso comércio à custa da credulidade dos doentes. Actualmente, a
semprenoiva é utilizada para o tratamento da diabetes, pois faz
diminuir a sede, um dos sintomas desta doença.
Habitat: Europa, terrenos baldios, ruas; frequente em quase todo o
território português; até 2300 m. Identificação: de O,10 a O,50 m de
altura. Anual, numerosos caules prostrados, delgados, estriados, verdes;
folhas alternas, sésseis, pequenas, lanceoladas, nervadas na página
inferior, com a base rodeada por uma bainha membranosa prateada e com
nervura; flores brancas ou corderosa (JunhoNovembro), pequenas, quase
sésseis, em grupos de 1 a 4 na axila das folhas, ao longo do caule, 5
sépaIas sem corola, 8 estames, 3 estigmas; aquénio castanho pequeno,
trígono, com 1 seme te. Sabor adstringente. Partes utilizadas: suco
fresco, toda a planta (Junho Novembro), raiz (Outono); secagem em ramos
num local coberto.
O Componentes: tanino, resina, óleo essencial, silício, mucilagem,
pigmentos flavónicos O Propriedades: acistringente, diurético,
hemostático, laxativo, sedativo, vulnerário. U. L, U. E. + o Ver:
celulite, diabetes, diarreia, diurese, epistaxe, ferida, gota,
leucorreia, litíase.
271
Serpão
Thymus serpyllum L. (sensu lato) Serpilho, serpol, serpil, ervaursa
Bras.: tomilho
Labiadas
O serpão é uma pequena labiada aromática como o alecrim, a ervacidreira
e o hissopo que os botânicos classificaram, juntamente com o tomilho, no
género Thymus. Na Antiguidade, o nome Thymus referiase a diversas
plantas aromáticas das quais também fazia parte a segurelha;
actualmente, abrange apenas algumas espécies, das quais as duas mais
importantes, o tomilho e o serpão, se distinguem facilmente. Não
obstante, os especialistas têm enormes dificuldades, pois o serpão é uma
planta polimorfa, diferente consoante as regiões e os climas. Assim, a
sua altura varia, os ó rgãos modificamse, as flores mudam de cor e até
o perfume se altera, assemelhandose ao da ervacidreira, do orégão ou
do limão. O serpão foi desde sempre utilizado pela medicina sem qualquer
receio. Supõese que o mais
indicado para este fim é o serpão com cheiro a tomilho. Esta planta é
fácil de distinguir, pois os seus caules são longos, com raízes, e as
folhas igualmente glabras em ambas as faces. No seu Terceiro Livro,
Rabelais, que também se interessava pelos nomes das plantas, faz
referência ao serpão. *0 serpão+, escreve, *rasteja pelo solo+, frase que
deu origem ao nome da planta. Efectivamente, herper, em francês arcaico,
derivava do grego herpein, rastejar, que foi traduzido para o latim por
serpy11um, palavra já usada por Virgílio nas suas Éclogas.
Habitat: Europa, bosques, solos áridos; espontâneo no Norte e Centro de
Portugal; até 2500 m. Identificação: de O,10 a O,50 m de altura. Vivaz,
poiimorfo, caule prostrado, ascendente na extremidade superior,
pubescente; folhas pequenas, inteiras, oblongas, planas ou com bordos
ligeiramente enrolados, celheadas na base; flores corderosalilás
(JunhoOutubro), pequenas, em espigas, cálice ligeiramente pubescente
com 2 lábios, 3 dentes em cima e
2 em baixo, corola bilabiada, sendo o lábio superior erecto e o inferior
com 3 lóbulos e 4 estames; tetraquénio castanho; raiz delgada e lenhosa.
Cheiro e sabor agradáveis e aromáticos. Partes utilizadas: sumidades
floridas (JulhoAgosto); secagem em ramalhetes.
O Componentes: óleo essencial, contendo timol e carvacrol, tanino,
resina, saponósido O Propriedades: antiespasmódico, antiséptico,
carminativo, diurético, expectorante, hemostático, tónico, vermífugo. U.
L, U. E, + V Ver: artrite, asma, astenia, banho, bronquite, cabelo,
convalescença, epistaxe, estômago, fadiga, meteorismo, obstipação,
reumatismo, seio, tosse.
272
Silva
Rubusfruticosus L. (sensu lato)
Sarça Bras.: nhambuí
Rosáceas
Somente os especialistas, munidos de minúsculas pinças, lupas e de todo
o seu saber, podem reconhecer as subtilezas botânicas que diferenciam as
diversas silvas. Existem mais de 100 espécies diferentes e mais de
1000 variedades e híbridos. Todas estas formas intermédias têm a
aparência de verdadeiras espécies, mas diferem de local para local. São
plantas vivazes, vigorosas, exuberantes, de compridos caules arqueados
providos de acúleos cruéis. As flores, pequenas, brancas ou levemente
rosadas, são inodoras. Os frutos, as deliciosas amoras aromáticas e
refrescantes, negras e brilhantes, são apreciados pelo homem desde a
PréHistória; os frutos da Rubus caesius L. estão cobertos por uma
pruína azulada. Independentemente de servirem para confeccionar doces e
compotas, as amoras são a base de um xarope utilizado como adstringente.
Da infusão das folhas misturadas com as do framboeseiro obtémse um chá
delicioso. O seu cozimento constitui um adstringente muito enérgico;
pode ser utilizado como loção para o rosto ou em gargarejos para as
doenças da boca. Todas as preparações de vem ser cuidadosamente
filtradas para eliminar os espinhos.
O Filtrar as preparações mesmo para uso externo. Habitat: Europa, sebes,
matas; presente em quase todo o território português; até 2300 m.
Identificação: de O,20 a 2 m de altura. Subarbusto sarmentoso, aculeado,
rebentos (turiões) erectos; folhas estipuladas com 3, 5 ou 7 folíolos,
serrados, peciolados, por vezes esbranquiçados na página inferior,
pecíolos e nervuras aculeados; flores brancas ou corderosa (Maio
Agosto), em cachos alongados ou piramidais, 5 sépalas frequentemente
cinzentoesbranquiçadas, 5 pétalas enrugadas, numerosos estames e
carpelos; fruto globoso, composto de drupéolas carnudas, pretoazuladas,
comprimidas sobre um receptáculo (amora). Sabor adocicado e levemente
acistringente. Partes utilizadas: flores em botão, folhas (antes da
floração), turiões, frutos (Setembro),
O Componentes: ácidos salicílico, oxálico, cítrico e málico, tanino,
glúcidos O Propriedades: acistringente, antidiabético, depurativo,
detersivo, diuré tico, tónico. U. I., U. E. + o Ver: afta, anginas,
diabetes, diarréia, gengivas, leucorreia, rouquidão, úlcera cutânea.
273
Silvamacha
Rosa canina L.
Rosacanina, roseiradecão, silvão
Bras.: roseira, rosabandalha
Rosáceas
A silvamacha aqui representada é uma das muitas espécies espontâneas
que crescem nos campos europeus. Planta vivaz que pode atingir alguns
metros de altura, forma nas orlas dos bosques barreiras impenetráveis.
Os jardineiros constroem com ela sebes decorativas para embelezar e
perfumar os jardins; os cultivadores de roseiras utilizaramna como
cavalo no enxerto para numerosas variedades de roseiras cultivadas. As
flores e as folhas da silvamacha, bem como os frutos, denominados
cinorrodos, e as galhas, excrescência que se desenvolve nos ramos apó s
a picada de um insecto, são utilizados em medicina. Colhidos na
Primavera e secos à sombra, os botões florais e as folhas são laxantes
suaves; podem tamb >em aplicarse nas feridas como agentes
cicatrizantes. As galhas, remédio muito vulgar desde a Antiguidade, são,
devido ao seu elevado teor em tanino, adstringentes e tónicas. Os
cinorrodos frescos são, pela sua riqueza em vitamina C, a base de um
tratamento para o cansaço e o escorbuto. Libertos dos pêlos internos,
podem ser utilizados em compotas ou em tisanas.
Habitat: Europa; frequente em Portugal nos bosques e margens dos campos;
até 1600 m. Identificação: de 1 a 5 m de altura. Vivaz, caule
esverdeado; ramos erectos e pendentes providos de acúleos; folhas
pinuladas com 5 a 7 folíolos serrados, ovais, glabros, estipulas
alongadas; flores corderosaclaro (JunhoJulho), solitárias ou em
corimbo, grandes (de 2 a 8 cm), sépalas triangulares com estipulas
compridas,
5 pétalas, numerosos estames; aquénio peludo com pericarpo duro,
encerrado num falso fruto ovóide, vermelho quando maduro, carnudo e
liso. Cheiro suave; sabor ligeiramente ácido.
Partes utilizadas: botões florais, folhas, fruto (Agosto Outubro),
galhas; secagem rápida depois de ter aberto o fruto e retirado os pêlos;
longa conservação em local seco.
O Componentes: vitaminas B, C, E, K e PP, provitamina A, tanino, pectina
O Propriedades: aestringente, antiescorbútico, cicatrizante, diurético,
laxativo, tónico. U. I., U. E. + o Ver: angústia, astenia, cura de
Primavera, diarreia, fadiga, ferida, hemorragia, litíase, parasitose,
queimadura.
Tanchagens
a) Plantago major L. b) Plantago lanceolata L.
c) Plantago media L. a) Tanchagem maior, chantage, tanchage b)
Tanchagemmenor, corrijó, carrajó, ervadeovelha, calracho, tanchagem
terrestre, tanchagemdasboticas
c) Tanchagemmédia Bras.: a) transagem
Plantagináceas
O nome do género desta planta, Plantago, alude à forma de um pé,
semelhança difícil de encontrar. As três espécies aqui representadas
fazem parte do grupo das tanchagens comuns e possuem propriedades
idênticas. Os Antigos já as consideravam importantes e activas, quer
para uso externo, quer para uso interno. Conhecese há muito o efeito
repousante de um colírio preparado com folhas de tanchagem para os olhos
cansados; nos meios rurais, é hábito encher o canal
auditivo com raiz de tanchagem ralada para acalmar as dores de dentes,
embora a eficácia deste tratamento não esteja comprovada.
As folhas de tanchagem podem ser colhidas durante 10 meses por ano e
utilizadas frescas em saladas ou sopas, e secas para fins medicinais. As
sementes, que devem ser colhidas muito maduras e em tempo seco, são
apreciadas pelas aves domésticas.
O Não esquecer que o pólen das tanchagens é um dos mais propagados
agentes da polinose. Habitat: Europa, bermas dos caminhos, solos áridos;
a tanchagemmaior e a menor são frequentes em Portugal; até 2000 m.
Identificação: de O,10 a O,60 m de altura. Três espécies vivazes: as
hastes florais ultrapassam as folhas; acaules; flores em espiga (Abril
Novembro). Inodoras. a) Folhas espessas, ovais com pecíolos compridos e
em roseta; corola acinzentada e avermelhada; b) folhas lanceoladas,
pecíolos delgados; corola esbranquiçada;
c) folhas ovais com pecíolos curtos e em roseta; corola branca. Partes
utilizadas: suco fresco, toda a planta, folhas (Primavera, na floração),
raizes (todo o ano), sementes maduras em tempo seco.
O Componentes: mucilagem, glúcidos, tanino, sais minerais, enxofre O
Propriedades: adstringente, cicatrizante, depurativo, diurético,
emoliente, expectorante, resolutivo. U. I., U. E. + V IN Ver: acne,
bronquite, conjuntivite, constipação, dentes, diarreia, epistaxe,
ferida, flebite, mordedura, obstipação, olhos, picadas.
276
Taráxaco *//* para refazer
Turaxacum officinale Web. (sensu lato) Dentedeleão, coroademonge,
frango, quartilho
Bras.: alfacedecoco
Se o taráxaco tivesse sido coi)lie,ido tia Antiguidade, é provável que
zilLLiii,, ie o
mencionassem. Porém, neidium hoiani,@o ou médico cita esta planta
aiiic,, tio ,ék,tilo \\ Para Bock, em 1546, é um diur@iiço. Para
Tabernaemontanus, farma,@éulico ;ilciii,'Ikl do século XVI, doutorado
em Medicina em Paris, o taráxaco constitui um @u1ncrario. Único no seu
género. A medi,:ina deprezao, mas o taráxaco @oniinua a
curar oficiosamente os doentes. \ti inicio do culo xx, foi bruscamente
universal foi o reconhe,ini,,nio kl;l, 1,11U1,
propriedades que todas as terapêuticas em que era utilizado passaram a
chamarse taraxacoterapias ... A partir de então, este prestígio não
diminuiu, pois o taráxaco permanece um dos simples mais úteis e mais
populares.
No taráxaco, a qualidade e a quantidade estão equiparadas: cresce em
toda a parte, durante quase todo o ano, vivaz, fresco, fechandose
durante a noite e abrindose ao alvorecer. Oferecese indistintamente às
abelhas, cumulandoas de néctar; às crianças, recreandoas; aos
citadinos, fornecendolhes saladas, e aos apreciadores de plantas
singelas. Embora existam muitíssimas espécies de taráxacos, de grande
porte ou
anãs, com folhas ovais muito pouco desenvolvidas, com frutos brancos,
vermelhos ou cinzentos, é impossível confundilo com
qualquer outra planta.
Habitat: Europa; frequente no País; até 2000 m. Identificação: de O,05 a
O,50 m de altura. Vivaz, folhas em roseta basilar densa, glabras,
compridas, diversamente roncinadas (com os segmentos laterais virados
para a base); flores de um amarelo intenso (Março Novembro), liguladas,
formando um grande capítulo num comprido pedúnculo radical, liso, oco,
capítulo com invólucro duplo de brácteas externas mais curtas; aquértio
cinzentoazu lado, ovóide, um pouco espinhoso na extremidade superior;
rizoma espesso, grossa raiz aprumada, castanhoescura e esbranquiçada no
corte, látex branco.
Partes utilizadas: raiz, folhas (Primavera), suco (Outono); cortar a
raiz em rodelas ou longitudinalmente, secála ao ar ou ao calor de um
forno.
O Componentes: clorofila, alcalóide, óleo essencial, inulina, tanino,
glúcidos, sais minerais, provitamina A, vitaminas B e C O Propriedades:
antiescorbútico, aperitivo, colerético, depurativo, diurético,
estomáquico, laxativo, tónico. UA., U.E. + V O Ver: arteriosclerose,
astenia, celulite, colesterol, cura de Primavera, fígado, gota,
hemorróidas,icterícia, litíase, obesidade, obstipação, paludismo, pele,
reumatismo, sarda, tez, ureia, varizes, verruga.
277
Tasneirinha
Senecio vulgaris L.
Cardomorto Bras.: senécio
Compostas
A tasneirinha prolifera em todos os locais habitados; para os
jardineiros, é uma erva daninha fácil de eliminar que floresce em
qualquer estação do ano e se propaga velozmente. Como a mercurial e a
bolsadepastor, a tasneirinha é uma planta adventícia que cresce e se
propaga em solos recentemente arados, especialmente nas hortas;
como a papoila, aparece nas searas ou procura ainda as clareiras das
florestas, à semelhança do morangueiro selvagem ou das giestas. O
conjunto dos frutos da tasneirinha forma uma cabeça branca, desgrenhada,
como o crânio de um velho aureolado por cabelos frágeis e ralos; aliá s,
o seu nome latino deriva de senex, velho. Na Grécia antiga, gêraion
significava velho, e gêreion, penacho, lembrando a cabeça branca da
tasneirinha. Dioscórides chamava a esta planta erigeron, que se pode
traduzir por velho primaveril.
Quando os textos antigos falam das aplicações medicinais da tasneirinha,
confundem frequentemente com a pequena tasneirinha uma espécie vivaz de
caule alto e anguloso, a tasna, ou tasneira, Senecio jacobaea L.,
conhecida em França por ervadesant'iago, que floresce aproximadamente
a
25 de Julho, dia da festa deste santo apóstolo. As duas plantas são
principalmente emenagogas e aliviam as dores da menstruação,
regularizando simultaneamente os períodos. Ingerida em doses elevadas, a
tasneirinha pode ser perigosa.
Habitat: Europa; todo o País; até 2000 m Identificação: de O,04 a O,60 m
de altura. Anual, caule erecto, folhoso em quase toda a sua extensão e
ramoso; folhas espessas, recortadas em lóbulos desiguais e irregulares,
dentadas, sendo as inferiores atenuadas em curtos pecíolos e as
superiores sésseis e amplexicaules; flores amarelas (todo o ano),
pequenas, tubulosas, em capítulos cilíndricos, reunidos em corimbos
densos, invólucro com brácteas formando 2 séries, manchadas de preto na
extremidade, sendo as superiores compridas e as inferiores curtas;
aquénio costado, encimado
por um papilho peludo plurisseriado; raiz aprumada. Partes utilizadas:
planta inteira florida antes do desabrochar dos capítulos, folhas e suco
(todo o ano).
O Componentes: sais minerais, mucilagem, tanino, resina, alcalóides O
Propriedades: adstringente, emenagogo, emoliente, expectorante,
vermífugo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver: anginas, circulação, diarreia,
hemorroidas, lactação, mal da montanha, menstruação, nervosismo,
picadas, tosse.
Tília
Tilia cordata MiII.
Tifiáceas
Árvore sagrada das antigas civilizações germânicas, dotada de uma
longevidade pouco vulgar, a tília, como o carvalho, é uma árvore
histórica e lendária. Para Siegfried, herói dos Nibelungos, desempenha o
mesmo papel nefasto da mãe de Aquiles ao pousar a mão sobre o calcanhar
de seu filho; efectivamente, Siegfried, tornado invulnerável por um
banho de sangue, morreu de uma ferida entre as omoplatas, no local onde,
no momento do banho, se fixara uma pequena folha de tília. Como o
ulmeirocampestre, a tília é uma imponente árvore venerada no centro das
povoações e frequentemente plantada em renques nas álcas dos parques e
jardins públicos. Até à 11 Guerra Mundial, a cidade de Berlim orgulhou
se da sua Unter
den Linden (Sob as Tílias), uma magnífica alameda de cerca de 1 km de
extensão fianqueada por filas destas árvores seculares.
É uma das plantas mais solicitadas nas lojas de ervanário. É necessário
trepar à árvore para colher as suas flores aromáticas, e seguidamente
deixã las secar à sombra. As flores da Tilia platyphy11os Scop., a
tília de folhas grandes, têm utilizações idênticas.
Habitat: Europa; cultivada em Portugal como árvore de sombra e
ornamental; até 1800 m. Identificação: de 15 a 40 m de altura. Árvore;
tronco erecto, casca lisa e gretada a partir dos
20 anos; folhas alternas, pecioladas, inteiras, cordiformes, serradas,
glabras na página inferior e glaucas; gemas glabras, com 2 escamas;
flores brancobaças (JunhoJulho), efémeras, em grupos de 5 a 10 num
peclúnculo comum soldado a meio de 1 bráctea, 5 sépalas, 5 pétalas e
numerosos estames; fruto globoso, com
4 ou 5 costas pouco salientes. Cheiro agradável; sabor mucilaginoso.
Partes utilizadas: inflorescências jovens com brácteas (JunhoJulho),
casca, seiva e lenho; conservação ao abrigo do ar e da luz.
O Componentes: óleo essencial, mucilagem, tanino, pigmentos flavónicos,
manganésio e Propriedades: antiespasmódico, colerético, emoliente,
hipnótico, sedativo, sudorífico. U. L, U. E. + V Ver: acne rosácea,
albuminúria, angústia, banho, cefaleia, convulsão, estômago, fígado,
gota, indigestão, lumbago, nervos, nervosismo, olhos, palpitações, pele,
reumatismo, ruga, sarda, sono.
279
Tomilho
Thymus vulgaris L. Tomilhovulgar, tomilhoordinário, arçã, arçanha
Bras.: poejo, segurelha
Labiadas
O tomilho possui todas as propriedades terapêuticas do serpão, com acção
mais eficaz; a relação das suas propriedades medicinais é extensa. A
dificuldade no seu uso não reside em saber quais os casos em que deve
ser utilizado, mas em saber controlar as doses e a duração do
tratamento.
Com efeito, o tomilho contém substâncias bastante activas, de entre as
quais se salientam dois fenóis: um deles, o timol, antiséptico,
antiespasmó dico e vermífugo, faz parte da preparação de numerosos
medicamentos comuns para usos interno e externo (é também um dos
ingredientes utilizados pelos embalsamadores modernos); o outro, o
carvacrol, é um antiséptico muito utilizado em perfumaria. Em
fitoterapia, utilizamse. as sumidades floridas, que podem ser colhidas
a partir do mês de Abril e durante todo o Verão.
O tomilho é originário da bacia mediterrânica ocidental; encontrase
abundantemente em todo o Sul de França, Espanha, Portugal e Itália, nas
colinas áridas onde as suas moitas lenhosas e baixas com folhas
perenemente verdes exalam ao sol o seu aroma. Faz parte, além do
loureiro, do tradicional ramo de cheiros utilizado em culinária; o café
e o chá podem ser agradavelmente substituídos por uma infusão de
tomilho. Tem cheiro aromático e sabor amargo.
Habitat: Europa, região mediterrânica, colinas áridas; subespontâneo em
Portugal; até 1500 m. Identificação: de O,10 a O,30 m de altura.
Subarbusto; caules tortuosos, lenhosos, ramos acinzentados, erectos e
compactos; folhas pequenas, sésseis, lanceoladas, tomentosas,
esbranquiçadas na página inferior; flores rosadas ou brancas (Maio
Outubro), pequenas, em espiga na axila das folhas maiores, cálice giboso
com pêlos duros, com 3 dentes superiores largos e 2 ínferos agudos,
corola bilabiada e 4 estames; tetraquénio castanho e glabro. Partes
utilizadas: caule florido e folhas.
O Componentes: óleo essencial, álcoois, hidrocarbonetos, resina, tanino,
saponósido O Propriedades: antiespasmódico, antiséptico, aperitivo,
béquico, carminativo, cicatrizante, colerético, desodorizante,
diurético, emenagogo, estomáquico, hemolítico, revulsivo, tónico,
vermífugo. U. L, U. E. + O Ver: anemia, apetite, astenia, banho, cabelo,
convalescença, dentes, epidemia, estômago, feridas, ftiríase, gripe,
hálito, lumbago, menstruação, meteorismo, parasitose, picadas,
reumatismo, sarna, sinusite, tosse, tosse convulsa.
Tormentila
Potentilla erecta (L.) Raeusch.
Tormentilha, tormentiria, seteernrarna,
consoldavermelha, solda
Rosáceas
Esta original Potentilla distinguese dos seus parentes, o cincoemrama
e a argentina, pois as suas flores têm quatro peças, enquanto as dos
outros dois possuem cinco. A origem dos nomes da planta indica a grande
importância atribuída às suas propriedades medicinais. Potentilla deriva
da palavra latinapotens, poderoso. Tormentila deriva de tormen, cólica;
este qualificativo é atribuído às plantas cujas propriedades
adstringentes tratam as cólicas. Ignorada pelos Antigos, a tormentila
foi considerada no século XVI de grande utilidade para diversas dores
violentas, como as de dentes e, evidentemente, as cólicas. O rizoma é
utilizável logo após a secagem, sendo portanto inútil guardar grandes
quantidades. O seu elevado teor em tanino torna a tormentila
incompatível com outras substâncias, como o ferro, os compostos
alcalinos, o iodo, certos metais pesados, como o bismuto e o cobre, e
com outras plantas medicinais, como o aloésdocabo, a macela e a alga
perlada. Utilizada durante muito tempo como antidiarreico, a tormentila
foi substituída pela ratânia, planta exótica que faz parte de numerosas
preparações oficinais.
O Não utilizar recipientes de ferro na conservaçao ou na preparaçao.
Habitat: Europa, rara na região mediterrânica; em quase todo o País; até
2200 m. Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Vivaz, caules erectos
ou patentes, delgados, ramosos, folhosos; folhas alternas, pecioladas,
trifoliadas, serradas, tendo as caulinares pecíolo curto com 2 estipulas
incisas; flores amarelas (MaioOutubro), pequenas, solitárias,
longamente pedunculadas, epicálice com 4 divisões estreitas, 4 sépalas
maiores, 4 pétalas pequenas e chanfradas, numerosos carpelos;
aquénio liso; rizoma espesso, curto, nodoso, acastanhado na parte
exterior; de fractura é branco esverdeado, tornandose rapidamente
vermelho. Inodoro; sabor acistringente. Partes utilizadas: rizoma seco
(MarçoAbril); retirar as raizes e o caule, secar ao sol ou em estufa
tépida,
O Componentes: tanino, tormentol, pigmento, amido O Propriedades:
acistringente, cicatrizante, hemostático. U. L, U. E. + Ver: afta,
diarreia, ferida, gengivas, hemorróidas, leucorreia.
Tramazeira
Sorbus aucuparia L. Cornogodinho, escancerejo, sorveiradospassarinhos
Bras.: sorveirabrava
Rosáceas
Não é necessário ser um subtil observador da Natureza para notar a
sombra trespassada pelo sol das tramazeíras ao longo das estradas
rurais. São pequenas árvores pouco densas cujas flores brancas cheiram a
pirliteiro. No decorrer do Verão, as flores são substituídas pelas
bagas, semelhantes a pequenas maçãs ácidas, não comestíveis cruas,
excepto pelas aves, para as quais constituem um autêntico manjar. Aliás,
os passarinheiros cultivam frequentemente a tramazeira para utilizar os
seus frutos como engodo nas armadilhas. Os pássaros ingerem os frutos e
asseguram a disseminação da planta ao expulsarem as sementes não
digeridas. A sorveira, Sorbus domestica L., planta próxima da
tramazeira, produz pequenos frutos em’ forma de pêra, semelhantes às
nêsperas, que são comestíveis. As propriedades medicinais de ambas as
espécies são semelhantes. os frutos são adstringentes e têm as mais
diversãs utilizações, servindo para preparar compota ou geleia e para
decocções quando secos. Utilizamse também na preparação de vinagre,
aguardentes ou licores.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, especialmente nas
montanhas; bosques das regiões montanhosas de TrásosMontes e Beiras
interiores; até 2000 m. Identificação: de 2 a 8 m, por vezes 15 m, de
altura, Árvore; casca cinzenta e lisa; gemas vilosas; folhas alternas,
grandes, pinuladas, com 11 a 17 folíolos lanceolados, serradas, com
bordos assimétricos; flores brancas (MaioJulho), pequenas, em corimbos,
cálice com 5 dentes erectos, 5 pétalas, 3 estiletes; pomo alaranjado
(Setembro), pequeno, globoso e liso. Cheiro suave; sabor açucarado, acre
e azedo. Partes utilizadas: folhas secas, frutos cozidos ou secos.
O Componentes: ácidos parassárbico, málico, cítrico e tartárico, açúcar,
pectina, vitamina C, tanino O Propriedades: acIstringente,
antiescorbútico, antihernorrágico, diurético, emenagogo, laxativo. U.
1. Ver: diarréia, tosse.
282
TREPADEIRA
Convolvulus sepiut?i L. = Cal)Istegia sepium (L.) R. Br. Bonsdias,
trepadeiradasbalsas, trepadeira da s sebes,
trepadeiradostapurnes
Planta volúvel com grandes flores brancas em forma de funil, invade as
pequenas matas, as sebes e até as vedações gradeadas de arame; não tem
gavinhas, mas enrolase em volta dos seus suportes, sendo vulgar que se
enlace também com uma congénere. Este facto explica, aliás, o nome
científico da planta, pois Convolvulus deriva do latim convolvere,
enrolarse; sepiunt, sebe, indica o seu habitat preferido.
Se bem que pouco apreciada pelos jardineiros, esta planta deu origem a
diversas variedades muito decorativas, com flores
coloridas. Desde tempos muito antigos, a trepadeira é apreciada devido
às propriedades laxativas das suas raízes e folhas. Também os médicos á
rabes da Idade Média utilizavam as suas raízes para tratar a icterícia.
Um autor do século X1 descobriu nesta raiz um remédio contra as febres
*pútridas e biliosas@>. Actualmente, os Alemães ainda utilizam uma
infusão das suas folhas para tratar a leucorreia. Estes órgãos vegetais,
mesmo depois de secos e reduzidos a pó, conservam
durante muito tempo as suas propriedades curativas.
Habitat: Europa, excepto no extremo norte, locais frescos, jardins,
pequenas matas dos taludes, matas, sebes vivas, caniçados; frequente em
todo o território português, até
1500 m. Identificação: de 1 a 5 m de altura. Vivaz, caule trepador,
volúvel, dextrorso (que enrola da esquerda para a direita), glabro,
anguloso; folhas grandes, cordiformes, aurículas arredondadas ou
angulosas, pecíolos compridos; flores brancas (JunhoSetembro),
axilares, solitárias, 2 estigmas, cálice com 5 sépalas, oculto por 2
brácteas opostas, grandes, corola 4 vezes mais comprida, afunilada, com
5 pregas; cápsula semiglobosa, contendo 3 a 4 sementes; rizoma comprido,
branco, carnudo, da mesma grossura do caule aéreo. Partes utilizadas:
raiz, folhas (JunhoSetembro); secagem à sombra.
O Componentes: resina, tanino, sais minerais, heterósidos O
Propriedades: colerético, laxativo. LI. I., N Ver: fígado, obstipação.
283
Trevocervino
Eupatorium cannabinum L.
Eupatóri o deavi cena Bras.: charrua, cipó~capadehorriem
Compostas
O eupatório dos Árabes não deve ser confundido com o eupatório dos
Gregos, Agrimonia eupatoria L., que até ao século xVII conservou o nome
de uma planta actualmente conhecida por agrimónia. O trevocervino, que,
como o nome da espécie indica, tem muitas semelhanças com o cânhamo, é
de entre as cerca de 100 espécies de Eupatori um a única que cresce
espontaneamente nas regiões europeias. Aclimatase especialmente nos
locais inundados, nos prados alagados, nas margens dos regatos; a
sua
presença numa mata é um indicador de humidade. A maioria dos
animais não aprecia as suas folhas amargas; só a cabra, animal
conhecido pela sua voracidade, as pasta com apetite. Quando frescas, as
folhas têm uma acção cicatrizante, e supõese que os veados feridos as
utilizam para tratar as chagas.
Os fitoterapeutas apenas utilizam as folhas e as raízes do trevo
cervino; as raízes frescas são difíceis de suportar, pois têm um
cheiro e gosto muito desagradáveis. No entanto, devem ser utilizadas o
mais rapidamente possível após a colheita, pois, quando secas, perdem as
propriedades.
Habitat: Europa, solos húmidos, matas; frequente nas margens dos rios,
valas, lugares húmidos, bosques no Norte e Centro de Portugal; até 1700
m. Identificação: de O,60 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule folhoso,
erecto, avermelhado, pubescente; folhas com 3 a 5 folíolos, opostas, com
bordos crenados, glanclulosas na página inferior, curtamente pecioladas;
flores vermelhoclaras ou cor de púrpura (Ju lho Setembro), regulares,
em minúsculos capítulos, agrupados em corimbos densos; aquénio preto com
5 ostas, com papilho; toiça ramosa, raiz brancoacinzentada, fibrosa,
oblíqua, da grossura de um dedo. Cheiro repugnante (raiz); sabor amargo.
Partes utilizadas: folhas (antes da floração), raiz (Primavera ou
Outono); lavar e cortar a raiz às rodelas. Iii Componentes: resina,
tanino, essência, inulina, ferro, princípio amargo O Propriedades:
aperitivo, colagogo, depurativo, estimulante, laxativo, vulnerário. U.
L, U. E. + V Ver: acrie rosácea, colesterol, convalescença, ferida,
fígado, obstipação, vesícula biliar.
Trevod’água
Menyanthes triftjliata L. Favad'água, trifóliofibrino, favados
pântanos,
trevo dosch arcos, menianto Bras.: trevoaquático, eupatáriode
avicena
G encianáceas
Quem já teve oportunidade de contemplar um trevod'água não poderá
esquecêlo ou confundilo com qualquer outra planta. O caule
subterrâneo, por vezes completamente coberto por 2 ou 3 ru de água, tem
ramos florais extremamente elegantes e é desprovido de folhas,
ostentando uma bráctea sob cada uma das flores. As folhas estão providas
de grandes bainhas e de um limbo trifoliado. E, por isso, frequentemente
cultivado para ornamentar lagos e jardins. O trevod'água só pode ser
colhido introduzindo os pés na água, pois, no estado silvestre, não se
desenvolve apenas nos meios húmidos, necessitando ainda de águas
estagnadas, como as dos charcos, das turfeiras ou dos prados alagados. O
seu nome deriva das palavras gregas mén, mês, e anthos, flor, ou seja
flor do mês. Segundo algumas opiniões, este nome é uma alusão ao tempo
da floraçâo; para outros, referese à acção da planta sobre a
menstruação. As suas virtudes para o tratamento da atonia digestiva e
das febres foram progressivamente descobertas e confirmadas pela
prática. Afirmase ainda que uma chávena de trevod'água ingerida
diariamente pode prolongar o tempo de vida.
Habitat: Europa Ocidental, charcos, pântanos, turfeiras, valas;
espontânea no Alto Minho e na serra da Estreia. Identificação: de O,20 a
O,40 m de altura. Aquática, vivaz, caule grosso, rastejante, enterrado
no lodo, com folhas escamosas e resíduos fibrosos dos órgãos precedentes
alongandose por artículos; folhas grandes, trifoliadas, pecioladas;
flores brancorosadas (AbrilJunho), pediceladas, em cacho erecto sobre
um escapo que sai do caule prostrado, cálice verde com 5 lóbulos, corola
caduca, dividida em. 5 pétalas cobertas por grandes cílios crespos,
anteras arroxeadas; cápsula com 2 valvas Sabor acre. Partes utilizadas:
folhas (AbrilMaio); secagem rápida à sombra.
O Componentes: heterósido, meniantina, heterósidos flavónicos, colina,
vitamina C, iodo, enzimas O Propriedades: antiescorbútico, aperitivo,
depurativo, emenagogo, estomáquico, febrífugo, tónico. U. I., U. E. +
Ver: apetite, asma, digestão, enjoo, febre, menstruação.
285
TussilaGem
Tussilagolárfiira L.
Unhadecavalo, unhadeasno. ervadesãoquirino,
farfara
Compostas
Filitis ante patrem, nome medieval da tussilagem, significa o filho
antes do pai, e efectivamente os seus capítulos amarelos, que têm certas
semelhanças com os do taráxaco, nascem muito antes das folhas, a partir
do mês de Fevereiro. A tussilagem é vivaz e
resistente. Desenvolvese em locais frescos, à beira dos caminhos, em
areias e argilas, desde as orlas marítimas até ao cimo das montanhas. As
suas flores, que desabrocham no Inverno, permitem reconhecêla
facilmente.
É uma planta extremamente útil. Utilizada em cosmética, faz desaparecer
as rugas. Dá beleza à voz. Na verdade, uma infusão das flores é benéfica
para a tosse, do mesmo modo que a arnica cura os inchaços e a nêveda
dosgatos trata as cólicas.
Éconveniente coar as infusões de tussilagem para eliminar os pêlos dos
papilhos, que podem provocar irritações de garganta. Das folhas obtém
se um *tabaco+ delicioso que ajuda os fumadores no decorrer de uma cura
de desintoxicação difícil,
Habitat: Europa, solos argilosos ou calcários; em Portugal, sobretudo no
Minho; até 2400 m.
Identificação: de O,08 a O,30 m de altura. Vivaz, caules floridos,
erectos, tomentosos, cobertos de brácteas, corados de vermelho; folhas
em roseta, pecioladas, largas, espessas, poligonais, com bordos
sinuosos, dentados, verdes na página superior, brancas na inferior;
flores amarelodouradas (FevereiroAbril), em capítulos solitários,
sendo as do centro masculinas, tubulosas, e as da periferia femininas,
muito numerosas, com compridas lígulas estreitas; aquênio castanho, com
papilho sedoso; rizoma
carnudo. Cheiro apimentado; sabor amargo. Partes utilizadas: folhas,
flores em botão, raízes e suco.
O Componentes: mucilagem, tanino, inulina, pigmentos, óleo essencial,
sais minerais, especialmente potássio e também cálcio, enxofre, ferro O
Propriedades: depurativo, emoliente, expectorante, resolutivo,
sudorífico. U. L, U. E. + V O Ver: abcesso, asma, bronquite, entorse,
ferida, pé, pele, ruga, tabagismo, tosse, traqueíte, voz.
286
Ulmeira
Filipendula ulinaria (L.) Maxim. Ervaulmeira, rainhadosprados, erva
dasabelhas
Rosáceas
A ulmeira é uma planta altiva e delicada que prefere os solos húmidos e
frescos. Não obstante já ser conhecida pelos botânicos medievais, as
suas propriedades medicinais só foram descobertas no Renascimento. Após
uma época de celebridade, seguida do total esquecimento, nos inícios do
século XIX a planta é reabilitada por um pároco. Desde então, a sua
importância terapêutica não mais deixou de se confirmar. Após
persistentes estudos, descobriuse na planta fresca a presença de
compostos salicilados que lhe conferem uma acção benéfica nas dores das
articulações. Além disso, é um vasodilatador, um tónico do coração e
activa a diurese. Devido às suas numerosas propriedades, é ainda
considerada um excelente remédio para a celulite e a obesidade.
A ulmeira deve ser utilizada fresca ou recentemente colhida e seca. A
secagem deve ser rápida e a sua conservaçao não deve ultrapassar um ano.
As suas flores, muito perfumadas, conferem ao vinho comum aroma e sabor
muito apreciados.
O Nunca ferver a planta. Habitat: Europa, excepto na região
mediterrânica; até 1800 m. Identificação: de 1 a 1,50 m de altura.
Vivaz, caule robusto, duro e sulcado; folhas grandes, verdeescuras na
página superior, brancas na inferior, compostas por 5 a 17 folíolos,
desiguais, serrados, sendo o terminal trilobado, estipulas em forma de
meiacoroa e serradas; flores b ran co amareladas (JunhoAgosto),
pequenas, em cimeiras paniculadas, 5 sépalas,
5 pétalas obovadas, estames mais compridos, 5 a 9 carpelos glabros;
semente castanha; raizes fibrosas. Cheiro e sabor agradáveis e
aromáticos. Partes utilizadas: sumidades floridas (antes do
desabrochar), folhas e raiz.
O Componentes: tanino, sais minerais, aldeíclo salicílico, salicilato de
metilo, heterósidos flavónicos, vitamina C O Propriedades:
acistringente, antiespasmódico, cicatrizante, diurético, sudorífico,
tónico. U. I., U. E. + V o Ver: acne rosácea, arteriosclerose, banho,
celulite, diarreia, diurese, edema, ferida, gota, hipertensão, litíase,
obesidade, reumatismo, rubéola, ureia.
Ulmeiro
Ulmus campestris L.
Olmo, ulmo, negrilho, lamegueiro, mosqueiro
Umáceas
Na Gália Franca, no século v, era frequente fazer justiça sob os ramos
do ulmeiro, e sabese que a partir do século IX esta árvore venerada
abrigou à sua sombra as justas pacíficas dos trovadores. Era então
costume plantála nas povoações, no centro das praças públicas, e desses
tempos longínquos ficou o hábito de as pessoas se reunirem à sua volta
todas as tardes para comentarem os acontecimentos do dia. Existem na
Europa três espécies de ulmeiros, que tendem a desaparecer: o u 1 meiro
peduncu lado, o ulmeirodemontanha e o ulmeirocampestre, aqui
representado. Este ulmeiro, de madeira vermelha, é muito apreciado pelos
marceneiros. Encontrase na orla dos bosques, onde a sua folhagem,
disposta em mosaico, capta mais luz do que as de outras espécies.
O ulmeiro instalase e desenvolvese nos locais onde o vento dispersa os
seus frutos alados. Pode viver 500 anos, e é uma árvore apreciada pelas
suas virtudes desde a Antiguidade; as folhas tinham a reputação de curar
o mau humor; supunhase que a raiz fazia crescer o cabelo; mesmo as
galhas, espécie de abcessos provocados pelas picadas de um insecto nas
folhas, e a água de ulmeiro que estas contêm eram utilizadas para tratar
os olhos; os fitoterapeutas usam principalmente a casca e as folhas,
cujas propriedades, embora não muito eficazes, são consideradas válidas
para manter a boa aparencia e a saúde. As crianças gostam de roer os
frutos do ulmeiro.
Habitat: Europa, planícies, solos frescos; espontâneo, subespontâneo ou
cultivado em quase todo o País; até 1300 m. Identificação: de 15 a 35 m
de altura. Árvore; tronco cilíndrico, erecto, casca escura, áspera e
rugosa, com sulcos longitudinais, raminhos apertados, dispostos num
mesmo plano; folhas pecioladas, dísticas com base assimétrica, ovadas,
acuminadas, baças, duplamente serradas, mais claras e peludas na página
inferior, na axila de nervuras bifurcadas; flores vermelhoescuras
(FevereiroAbril), hermafroditas, quase sésseis, em pequenos fascículos
alternados,
sépalas soldadas, 5 estames; sâmara arruivada, quase séssil, com 1
semente excêntrica, rodeada de uma grande asa, plana, glabra e
chanfrada; toiça com turiões. Inodoro; sabor amargo, acre e
mucilaginoso. Partes utilizadas: casca mediana e folhas.
O Componentes: mucilagem, tanino, silício, potássio O Propriedades:
adstringente, cicatrizante, depurativo, sudorífico, tónico. U. L, U. E.
+ V o Ver: contusão, dartro, diarréia, leucorreia, olhos, pele,
reumatismo.
URTIGABRANCA *//* PARA REFAZER
A sua flor branca, com a forma de uma boca aberta, deu o nome à urtiga
branca. Lâmia surge na mitologia grega como uma jovem amada por Zeus,
cuja mulher, a deusa Hera, impetuosa e ciumenta, manda matar o
filho ilegítimo. Lárnia sente então tal inveja das mães felizes que,
transformandose em
ogra, começa a roubar e a devorar crianças. A urtigabranca desenvolve
se perto das casas, à beira dos caminhos, nas clareiras e, apesar da
lenda, revelase totalmente inofensiva. Distinguese das urtigas, suas
parentes picantes, devido às suas características fiores, com uma grande
pétala superior formando uma abóbada, e às folhas, de um verde muito
claro. A urtigabranca é de certo modo uma urtiga morta, designação por
que é também conhecida em vários países, pois nenhum dos seus pêlos
pica. Esta erva vivaz, invasora e vulgar é muito utilizada nos meios
rurais, e justificadamente, pois é um bom acistringente, tónico e
vulnerário. As suas sumidades, colhidas antes da floração, podem ser
consumidas do mesmo modo que os espinafres ou em sopa. As suas flores
são muito visitadas pelas abelhas.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrâ~ nica, bermas dos caminhos,
clareiras, entulhos; até 2200 m. Identificação: de O,20 a O,60 m de
altura. Vivaz, caule rígido, viloso, oco; folhas ovais, cordiformes,
serradas, vilosas, pecioladas; flores brancoamareladas (Abri I
Setembro), 5 a 8 por verticilo na axila das folhas, cálice com 5 dentes
compridos, corola arqueada com o lábio superior peludo, em elmo, e o
inferior com 2 lóbulos, 4 estames com anteras vilosas, castanhas;
tetraquénio truncado no cimo; rizoma estolhoso e esbranquiçado. Cheiro
intenso, semelhante ao do mel; sabor ligeiramente amargo. Partes
utilizadas: planta inteira, sumidades floridas (AbrilMaio); secagem
difícil, à sombra para evitar o enegrecimento.
O Componentes: mucilagem, tanino, glúcidos, aminoácidos, óleo essencial,
potássio O Propriedades: acistringente, antiinflamatório, depurativo,
expectorante, hemostático, resolutivo, vulnerário. U. L, U. E. + Ver:
anemia, cabelo, cistite, diarreia, hemorragia, hemorróidas, leucorreia,
menstruação.
289
UrtiGão *//* PARA REFAZER
Urtica dioica L.
Urtigamaior Bras.: urtigamansa
Urticáceas
Muitas pessoas desconhecem que o urtig inimigo tradicional do homem, que
o pe gue onde quer que se estabeleça, é u planta com inúmeras
propriedades, imo zada em grande número de t >s’ Por'é
e"xto faz parte da sua natureza picar o@ desas dos; este facto devese
na realidade a u mistura química contida nos pêlos ocos c
ponta frágil localizados nos pecíolos folhas, da qual apenas um décimo
de mi grama é suficiente para provocar um aurde prurido. Além do urtigã
o, que na realid apenas é preciso saber colher, existe u
pequena urtiga cuja folhagem é totalme coberta por um manto destes pêlos
urtica tes: é a urtigamenor, Urtica urens L., q tem de ser colhida com
especial prudênc
Ambas as espécies são importantes, n
apenas pelas suas propriedades medicina mas também pelas suas qualidades
nutri vas; é aconselhável consumiIas, em sopa cozidas, 12 horas depois
de colhidas. L gamente utilizadas na indústria para a e
tracção da clorofila, as suas fibras, dep de tecidas, fornecem ainda uma
singular t verde extremamente durável. O sumo azedas é muito eficaz para
suavizar o ar
provocado pelas picadas destas plantas.
O Não consumir as sementes. Habitat: Europa temperada; em Portugal,
locais cultivados, húmidos e sombrios; até 2400 m. Identificação: de
O,50 a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto e simples; folhas opostas,
estipuladas, ovais, sendo as da base cordiformes, com dentes
triangulares, peludas e pecioladas; flores verdes (JunhoOutubro),
dióicas, em espigas ramosas, minúsculas, 4 sépalas, 4 estames, ovário
supero, estigma em forma de pincel; aquénio ovóide, 1 semente; rizoma
rastejante. Sabor acIstringente e ligeiramente azedo. Partes utilizadas:
planta jovem, folhas (todo o
ano), rizoma e raízes (Outono); secagem rápida à sombra; os pêlos secos
não são picantes.
O Componentes: acetilcolina, histamina, áci dos fórmico e gálico,
caroteno, vitamina C, clorofila, tanino, potássio, cálcio, ferro,
enxofre, manganésio, silício O Propriedades: adstringente, antianémico,
antidiabético, depurativo, diurético, galactagogo, hemostático,
revulsivo. U. L, U. E. + V OW Ver: afta, anemia, cabelo, ciática, cura
de Primavera, diabetes, diarreia, edema, enurese, epistaxe, hemorragia,
leucorreia, menopausa, pele, picadas, psoríase, reumatismo, urticária.
Urze
CaIluna vulgaris (L.) Flull Torgaordinária, mongariça, magoriça,
quebrapanelas, queiró, carrasca, carrasquinha,
urzedomonte, barbadoniato
Ericáceas
Pelo seu aspecto decorativo, muito semelhante ao de outras urzes do
género Erica, a
Cafluna vulgaris confere aos locais que habita um encanto especial;
arribas, charnecas, bosques pouco densos de solos pobres alegramse no
fim do Verão com os tons das suas flores cor de violeta. Algumas
espécies cinegéticas do género tetraz vivem nesta vegetação.
A urze é um excelente nectarífero, pois fornece enn abundância às
abelhas a substância para o fabrico de um mel castanho muito apreciado
na confecção de bolos. As raízes são utilizadas no fabrico de cachimbos
e as ramagens servem, na Bretanha, para cobrir os celeiros em
substituição do colmo.
Para cultivar muitas espécies de plantas de interior, os jardineiros
utilizam a terra de urze, formada pela decomposição deste vegetal nas
camadas superficiais do solo.
Os cachos floridos colhidos quando a flor começa a desabrochar
constituem um remédio.para diversas afecções renais.
Habitat: Europa; frequente em quase todo o País, nas terras áridas e
incultas, pobres em calcário; até 2500 m. Identificação: de O,20 a 1 m
de altura. Subarbusto lenhoso, sinuoso, podendo viver 40 anos; folhas
persistentes, opostas, imbricadas, lineares, sésseis, côncavas; flores
corderosa (JulhoOutubro), em cachos sensivelmente unilaterais, corola
campanulada de 4 lóbulos, com metade do comprimento do cálice petalóide,
provido na base de pequenas brácteas verdes. Partes utilizadas:
sumidades floridas com as
folhas (JulhoOutubro), devendo ser utilizadas frescas.
O Componentes: arbustósido, resina (ericolina), óleo (ericinol), tanino,
ácidos (fumárico e cítrico), caroteno, amido, goma O Propriedades:
acistringente, antiséptico, diurético. U. I., LI. E. + V Ver: acrie,
albuminúria, banho, cistite, dartro, diarréia, enurese, nefrite,
reumatismo.
Uvaursina
ArttostaphNllos uvaurvi (L.) Spreng.
Uvadeurso, medronheiroursino, buxulo
Ericáceas
A uvaursina, pequeno arbusto de caules rasteiros, cresce em densos
maciços ou em
vastas manchas. Apenas os ramos floríferos se erguem ligeiramente. Da
planície à montanba pode invadir, em povoamento exclusivo, grandes
extensões de matas e rochedos. Prefere os locais pedregosos, secos e
sombrios.
No século XVI, a Escola de Mompellier enalteceu as propriedades da uva
ursina co.mo diurético, dissolvente dos pequenos cálculos e
desinfectante das vias urinárias. Porém, no século XVIII esta planta
perdeu prestígio, provavelmente após qualquer erro no modo de
utilização.
O tanino contido nas folhas serve, no Norte da Europa, para preparar as
peles com que se fabrica o couro da Rússia. Além disso, obtêmse das
folhas tintas castanhas, cinzentas ou pretas, dependendo do reagente
utilizado.
A uvaursina foi importada em grandes quantidades da Ásia para a Europa
com o
nome de ja(kash(ípuk para ser misturada com o tabaco.
O nome de uvadeurso referese aos seus frutos farinhentos e
apetitosos, segundo se supõe muito apreciados pelos ursos. Sabese, no
entanto, que as abelhas visitam as suas
flores melíferas.
Habitat: Europa, com excepçao da zona sudeste; charnecas e matas das
montanhas do Norte de Portugal; até 2400 m. Identificação: de O,15 a
O,30 m de altura. Subarbusto lenhoso com caules compridos e prostrados;
folhas persistentes, coriáceas, espessas, com pecíolo curto e inteiras;
flores de corola de cor rosada (AbrilMaio), gomilosa, caduca, levemente
dentada, dispostas em cachos densos; baga globosa, de 4 a 6 mm de
diâmetro, tornandose vermelha na maturação. Partes utilizadas: folhas,
secagem ao ar livre e ao sol.
O Componentes: tanino, peterósidos, sais minerais e ácidos málico,
gálico e cítrico O Propriedades: acistringente, antiséptico, diurético.
U. 1. + o Ver: cistite, enurese, rim, ureia.
Valeriana
Valeriana <?fficinalis L.
Valerianamenor, valerianasilvestre, valeri anaselv agem, ervados
gatos
Valerianáceas
Atingindo por vezes 2 m de altura, a valeriana é uma planta de porte
majestoso, folhagem graciosa e flores pequenas e numerosas. Prefere as
valas, os taludes ligeiramente frescos e a orla dos bosques, instalando
se por vezes também em locais secos.
Foi mencionada pela primeira vez por Isaac, o Judeu, um médico egípcio
do século ix. Na Idade Média, foi considerada uma panaceia e, em 1592,
Fábio Colonna atribuiu a cura da epilepsia à utilização da valeriana.
Nos inícios do século XIX. a valeriana era usada como febrífugo, em
substituiçã o da quinina. Actualmente, é um dos melhores sedativos para
desequilíbrios nervosos.
Diferentes espécies de valeriana possuem propriedades análogas. Os
índios do México, por exemplo, recorriam a uma espécie indígena para
suportar as fadigas e as privações. Pode também ser utilizada como
moderador do apetite; porém, em virtude da sua acção sobre os centros
nervosos, um tratamento deste tipo não deve prolongarse por mais de
oito dias consecutivos. O cheiro peculiar desta planta exerce uma
curiosa acção sobre os gatos, que, ao pressentiIa, nela se roçam com
gosto.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica, prados húmidos, orlas
dos bosques, taludes sombrios, valas; até 2000 m. Identificação: de O,80
a 1,50 m de altura. Vivaz, caule erecto, robusto, oco, canelado, pouco
ramificado, folhoso; folhas opostas, imparipinuladas, com 5 a 11
folíolos largos ou 11 a
23 estreitos, serrados; flores brancas ou corderosa (MaioAgosto),
pequenas, reunidas em cimeiras umbeliformes, corola tulbulosa com 5
lóbulos e esporão, 3 estames; fruto coroado por um papilho plumoso;
rizoma curto, ramoso. Cheiro desagradável e intenso.
Partes utilizadas: rizoma, com as raizes, no estado fresco (Primavera ou
Outono do segundo ou terceiro anos); limpar imediatamente e secar ao ar.
O Componentes: óleo essencial, ácido valeriânico, alcalóides O
Propriedades: antiespasmódico, hipnótico, sedativo. U. L, U. E. + O Ver:
angústia, apetite, asma, banho, celulite, cólica, contusão, convulsão,
depressão, menopausa, nervos, nervosismo, obesidade, palpitações, sono.
Varadeouro
Solidago virga aurea L.
Virgáurea, vergadeouro, ervaforte
Bras.: solidago
Compostas
A varadeouro é uma planta vivaz que cresce nas matas de coníferas, em
solos ricos e leves. Existem diversas espécies, distribuídas pelo Antigo
e o Novo Mundo. Os seus portes são muito variáveis, todas tendo de comum
a época da floração, só no fim do Verão desabrochando as suas radiosas
flores douradas. Os botânicos consideram o género Solidago de difícil
identificação; assim, devem observarse de preferência as partes
visíveis da planta e dar menor importância aos pormenores microscópicos.
Algumas qualidades medicinais da varadeouro são já assinaladas em
textos do século XIII, se bem que só no fim do século XIX a planta venha
a ser utilizada em fitoterapia.
Actualmente, todos os médicos a conhecem devido ao seu pólen, uma das
principais causas da febre dosfeno s, e também graças à sua benéfica
acção adstringente, que se
manifesta com suavidade nos aparelhos digestivo e urinário e acalma as
diarreias que muitas vezes acompanham a dentição das crianças.
Uma espécie americana faz parte dos remédios tradicionais utilizados
pelos Índios para mordeduras da cascavel.
Habitat: Europa; Minho, Beira e litoral do Alentejo, em terrenos
pedregosos e rochedos: até 2800 m. Identificação: de O,30 a 1 m de
altura. Vivaz, polimorfa, caule erecto, cilíndrico, glabro ou
ligeiramente pubescente, ramos floridos erectos, agrupados na
extremidade superior do caule; folhas ovais, sésseis, compridas,
inteiras ou serradas, acuminadas, ligeiramente pubescentes; flores
amarelas (JulhoOutubro), de 10 a 20 em capítulos agrupados em cachos ou
em panículas terminais, com brácteas, flores do centro tubulosas com
estames e pistilo e as da margem com 5 a 10 estames; aquénio
cilíndrico, com 8 a 12 costas, encimado por um papilho de pêlos
desiguais, celheados; rizoma nodoso e numerosas raízes. Sabor amargo.
Partes utilizadas: sumidades floridas, a planta inteira com a raiz.
O Componentes: óleo essencial, tanino, saponósidos, pigmentos
flavónicos, ácidos cítrico, oxálico e tartárico O Propriedades:
acistringente, antiinflamatório, diurético, expectorante, vulnerário.
U. I., U. E. Ver: albuminúria, boca, cistite, colesterol, diarreia,
eczema, edema, nefrite, úlcera, ureia.
294
Verbasco
Verbascum ihapsus L.
Barbasco, tróculosbrancos, ervadesãofi acre,
v eladenossa senhora
Escrofutariáceas
Sob a designação comum de verbasco, confundemse frequentemente três ou
quatro espécies do género Verbascuin, o que não é relevante, pois todas
têm propriedades semelhantes. De um modo geral, a planta evoca a forma
de um círio; o caule, não ramificado é guarnecido de flores até ao seu
terço supe: rior e de grandes folhas tomentosas na base. É uma planta
melífera. Plínio aconselhava a
utilização do verbasco para tratar lesões ou afecções pulmonares. Além
de possuir óptimas propriedades béquicas, é um emoliente eficaz. Note
se, no entanto, que uma infusão de verbasco só deve ser ingerida depois
de coada por um pano fino, para eliminar os pélos do cálice e dos
estames, que provocam irritações na garganta e no aparelho digestivo.
Além das flores, que fazem parte da composição da *tisana das quatro
flores,>, as folhas eram outrora utilizadas como pavios para lamparinas
de azeite, e os
escapos florais, para o aquecimento dos fornos dos padeiros.
As folhas e flores desta planta de cheiro agradável devem ser secas ao
sol durante algumas horas e seguidamente à sombra e
conservadas na obscuridade.
O Coar todas as preparações para eliminar os pêlos. Habitat: Europa,
terrenos incultos, clareiras de bosques e nos limites de campos;
encontrase de TrásosMontes e Minho ao Alentejo, embora não seja muito
frequente; até 400 m. Identificação: de O,80 a 2 m de altura. Bienal,
caule único vigoroso, erecto; folhas espessas cobertas de pêlos densos,
enfeitrados, grandes, pecioladas, estreitas na base e decorrentes;
flores amareloclaras (Junho Novembro), em grossas espigas compactas, 1
estilete, cálice pubescente, persistente, com 5 sépalas,
corola caduca, com 5 pétalas em forma de taça,
5 estames, dos quais 3 mais curtos com filetes cobertos de pêlos
lanosos; cápsula oval. Partes utilizadas: folhas e flores (Julho
Setembro).
O Componentes: óleo, mucilagem, saponósidos O Propriedades: depurativo,
diurético, emoliente, peitoral, refrescante, sedativo. U. L, U, E. +
Ver: abcesso, asma, bronquite, cistite, cólica, frieira, furúnculo,
hemorroidas, nevralgia, prurido, pulmão, queimadura, rouquidão, sono,
tosse, traqueíte.
Verbena
Verbena officinalis L. Urgebão, ulgebrão, gervão, gerivão, ervasagrada,
algebrado Bras.: verbenasagrada, ervadofigado
Verbenáceas
*Um caule delgado e rígido, folhas medíocres, alguns ramos frágeis e
hirtos e flores pequenas e inodoras, dirseia um arame.+ Assim descreve
P. Fournier a verbena. Na verdade, o seu porte pouco airoso não é
atraente. Porém, na antiga civilização romana as aparências tinham pouca
importância e a verbena foi eleita planta sagrada, com a qual era hábito
tocar os textos dos pactos para lhes conferir uma maior autoridade. O
nome de Verbena, atribuído nesse tempo a
todas as plantas sagradas utilizadas para este efeito, foi conservado na
actual verbena. As coroas dos embaixadores eram entrançadas com verbenas
floridas. A planta era também utilizada para purificações de pessoas,
casas e dos altares das divindades romanas.
Os Celtas e os Germanos utilizavamna
nas suas práticas de magia e feitiçaria, considerandoa uma poderosa
panaceia. Mas toda esta celebridade da verbena caiu no esquecimento. As
infusões de verbena, tão vulgares actualmente, não são preparadas com
esta singular planta, mas com a Verbena odorata L., espécie muito mais
aromática.
Habitat: Europa, entulhos, baldios, taludes, bermas dos caminhos,
frequente em quase todo o território português, preferindo locais
húmidos e sombrios, sebes, caminhos; até
1500 m. Identificação: de O,35 a O,80 m de altura. Vivaz, caule fino,
erecto, quadrangular, canelado, áspero nos ângulos; ramos delgados e
afastados do caule; folhas inferiores opostas, mais ou menos
profundamente lobadas; flores lilases (JunhoOutubro), em espigas ao
longo dos ramos, cálice pubescente com 5 dentes, corola tulbulosa com 5
lobos desiguais, 4 estames inclusos; cápsula com 4 sementes. Inodora;
sabor amargo. Partes utilizadas: planta inteira (na floração), secagem
muito fácil.
O Componentes: tanino, mucilagem, saponásido, verbenalósido O
Propriedades: acIstringente, antiespasmódico, febrífugo, tónico. U. L,
U. E. + 2@ Ver: celulite, ciática, contusão, febre, lactação, litíase,
lumbago, nervosismo, nevralgia, ouvido, reumatismo.
Verónica
Veronica officinalis L.
Verónicadasfarmácias, verónicadaalemanha, chádaeuropa, verónica
macho, carvalhinha,
ervadosleprosos
Escrofulariáceas
Averónica é uma pequena planta rastejante das clareiras e dos cortes das
florestas.
A planta conheceu um período áureo na
Alemanha nos séculos XVI e XVII. Os médicos deste país consideravamna
um remédio miraculoso para a tísica e muitas outras afecções
respiratórias e digestivas. Em
1690, Johann Franke consagroulhe exclusivamente uma obra de 300
páginas, o que confirma o alto apreço atribuído às suas
propriedades. Actualmente, porém, é quase desconhecida. Para compreender
este facto, é de admitir uma confusão de nomes ou que os autores nã o se
referissem à mesma planta, ou ainda, mais provavelmente, a existência de
condições excepcionais de vegetação
4.x
de que a planta necessita, apenas verificadas em certas regiões e em
determinadas épocas. É possível também que a verónica tenha efectuado
outrora a síntese de princípios activos que actualmente não produz em
quantidades doseáveis.
A verónica é um excelente sucedâneo do chá, como o confirma um dos seus
nomes vernáculos. Após a colheita, que se efectua durante a floraçã o,
eliminamse as folhas murchas e secase a planta em ramalhetes.
Habitat: Europa, excepto na região mediterrânica; matas abertas, orlas,
clareiras, pastagens pobres, à beira das valas; em TrásosMontes ,
Minho e Beiras, bosques, charnecas e montanhas; até 1000 m.
Identificação: de O,10 a O,40 m de altura. Vivaz, caules duros,
prostrados, enraizados nos nós; folhas opostas, acinzentadas, vilosas,
com pecíolo muito curto ou nulo, limbo oval, ligeiramente serrilhadas,
por vezes arredondadas no vértice; flores azulmalva muito claras (Maio
Julho), em pequenos cachos erectos, pedunculados, pouco densos,
terminais ou
inseridos nos nós; fruto viloso, triangular, com um chanfro largo e
pouco fundo. Sabor amargo e acistringente. Partes utilizadas: sumidades
floridas, folhas (MaioJulho); secagem em molhos.
O Componentes: tanino, resinas, princípio amargo, aucubósido, ácidos
orgânicos O Propriedades: aperitivo, depurativo, estomáquico,
expectorante, galactagogo, vulnerário. U. I., U. E. + O Ver: aerofagia,
apetite, bronquite, fadiga, fígado, icterícia, queimadura, rim, úlcera.
297
Viburno
Viburnum lantana L.
Caprifoliáceas
Mais pequeno que o noveleiro, o viburno distingue~se deste sobretudo
pelos seus ramos recobertos de pêlos estrelados. Os frutos, ovais ou
ligeiramente achatados, são pretos quando maduros. Pouco saborosos, são
comestíveis logo que apresentam um começo de fermentação. A palavra
lantana parece derivar da palavra latina lantare, dobrar, aludindo assim
à flexibilidade dos ramos jovens da planta. O viburno tem uma
notável particularidade botânica: as gemas, cobertas de escamas durante
o período de crescimento, perdemnas antes do início do Inverno. As duas
primeiras folhas nascem, permanecendo, no entanto, atrofiadas, e medem
cerca de 1 cm; envolvem então a parte restante da gema e a futura
inflorescência que nela está encerrada, segregando uma espécie de pruína
amarelada e viscosa que constitui um revestimento protector contra o
frio. A segunda casca da raiz contém uma substância viscosa que produz
uma
espécie de cola. As flores não possuem néctar, pelo que só são
procuradas pelas abelhas devido ao pólen.
O Uso interno apenas com receita médica. Habitat: Europa, bosques,
sebes, silvados; até
1500 m. Identificação: de 2 a 3 m de altura. Arbusto; ramos tomentosos,
com pêlos cinzentos e estrelados, folhas grossas, quase brancas na
página inferior, com nervuras salientes, pecioladas, opostas, evadas,
inteiras, denticuladas; flores brancas (AbrilMaio), muito pequenas,
cimeiras umbeliformes, baga verde, seguidamente vermelha e preta na
maturaÇão. Cheiro intenso (flores); sabor acre (bagas). Partes
utilizadas: folhas e bagas.
O Componentes: ácido vilbúrnico O Propriedades: acistringente,
refrescante. U. E. M Ver: anginas, gengivas.
Videbranca
Gematis vitalba L.
Cipódoreino, clernatitebranca
Bras.: cipócruz, cipóuna
Ranunculáceas
A videbranca é uma das trepadeiras da flora europeia. Esta planta pode
viver 25 anos, adquirindo o caule, com a idade, a espessura de um
arbusto. No Inverno, é reconhecível nos bosques devido ao manto de
suaves novelos prateados que a cobre inteiramente. Letal para os
arbustos que a rodeiam, em volta dos quais se enrolam os pecíolos das
suas folhas, a videbranca é também perigosa para o ser humano e,
excepto opiniã o médica contrária, é preferível destinála apenas a uso
externo. Mesmo neste caso, a sua utilização é arriscada; as folhas,
aplicadas sobre a pele, provocam uma revulsão local, sendo outrora
utilizadas pelos mendigos profissionais para manter as chagas. A
Gentatis recta L., que não é uma planta trepadeira, mas forma moitas
possui propriedades análogas às da Clema;is vitalba L. Em baixo, à
esquerda, está ilustrado um pequeno ramo da primeira destas espécies.
G Estritamente reservada ao uso externo. Habitat: Europa Central e
Meridional, solos calcários, azotados, bosques, moitas; de Trásos
Montes ao Alentejo, nas sebes, muros e rochedos; até 1500 m.
Identificação: de 15 a 20 m de alturq. Arbusto; caule trepador, lenhoso,
anguloso, robusto, que trepa por meio dos pecíolos das folhas; folhas
verdes, opostas, pinuladas, com 3 a 9 folíolos, serrados ou crenados,
ovais, pontiagudos ou cordiformes; flores brancas (JunhoAgosto),
apétalas, com 4 sépalas em cruz, tomentosas nas 2 faces, numerosos
estames,
flores dispostas em panículas; poliquénio com compridos apêndices
plumosos. Cheiro agradável, pouco intenso, semelhante ao do pirliteiro;
sabor picante e acre. Partes utilizadas: folhas (Verão).
O Componentes: saponósido, alcalóide, protoanemonina O Propriedades:
revulsivo. U. E. + Ver: dor, nevralgia, úlcera cutânea.
299
Violeta
Viola odorata L.
Viola, violetadecheiro, violetaroxa
Violáceas
Existem numerosas espécies de violetas, muitas das quais são inodoras ou
ligeiramente aromáticas. Esta espécie é sem dúvida, entre todas, a que
possui o aroma mais delicado.
Os Antigos entrançavamnas em coroas
com as quais cingiam a testa durante as orgias para dissipar as dores de
cabeça provocadas pela ressaca. Além disso, a raiz, que contém violina,
é um vomitivo, embora esta propriedade fosse desconhecida de Hipócrates,
Dioscórides e dos autores do século XII, tendo sido detectada pelos
médicos árabes da Idade Média. O xarope de violeta, ainda hoje
preparado, já era conhecido no século XVI. À família das Violáceas
pertencem cerca de 1000 espécies agrupadas em 16 géneros; são plantas
vivazes que se desenvolvem
em todos os continentes. Os Gregos na Antiguidade eram mestres na
destilação de p@rfumes a partir das flores, entre as quais se
salientavam a violeta, a alfazema, a melissa e a rosa. Os astrólogos,
que consagram algumas flores aos signos do zodíaco, associam a violeta
aos nativos do Sagitário, grandes apreciadores da Primavera e da vida ao
ar livre. As flores fornecem às abelhas uma das suas primeiras colheitas
de néctar entre Março e Abril.
Habitat: Europa, sebes, prados, relvados, charnecas, bosques abertos;
disseminada por todo o território português, sendo também frequentemente
cultivada; até 1000 m. Identificação: de O,10 a O,15 m de altura. Vivaz,
sem caules aéreos, estolhos alongados, radicantes e floríferos; folhas
em roseta, longamente pecioladas, sendo as adultas cordiforme
arredondadas e as outras reniformes; flores cor de violetaescuras
(MarçoAbril), solitárias sobre um pedúnculo radical, 5 sépalas obtusas,
5 pétalas, 2 superiores erectas, 2 laterais, 1 inferior chanfrada, com
esporão; cápsula
pubescente com 3 valvas. Cheiro agradável (flores). Partes utilizadas:
flores, folhas, raiz, sementes (JulhoSetembro); secagem difícil à
sombra, em camadas finas, virar frequentemente e secar as sementes à
parte.
O Componentes: salicilato de metilo, saponásido, vitamina C, mucilagem O
Propriedades: emético, emoliente, expectorante, purgativo, sedativo,
sudorífico. U. L, LI. E. + Ver: bronquite, greta, indigestão,
intoxicação, olhos, tosse.
300
Viscobranco
Viscrim album L.
Lorantáceas
O viscobranco pertence a uma enorme família de cerca de 1400 espécies
que vivem todas parasitariamente, podendo instalarse em mais de uma
centena de espécies de árvores sobre cujos ramos formam volumosas
manchas arredondadas que se conservam verdes durante todo o ano. A
disseminação da planta é assegurada pelas aves, sobretudo pelos tordos e
melros, que ingerem os seus frutos, deixando sobre os ramos onde
pousaram as sementes não digeridas. Estas germinam, produzem um
haustório que penetra na
casca e que, por sua vez, emite raízes que se introduzem na madeira. O
carvalho é uma das árvores que, na maior parte dos casos, resiste ao
visco; devido à sua raridade, o visco do carvalho era considerado
sagrado pelas civilizações antigas, havendo conhecimento de um
cerimonial de purificação indispensável entre os druidas para fazer a
sua colheita.
Desde então, o visco conservou um papel tradicional de portador de
felicidade para os lares que ornamenta aquando das festas de fim de ano.
O viscobranco tem cheiro desagradável quando seco e possui um sabor
amargo.
O Não utilizar os frutos; as folhas não devem ser escaldadas ou
fervidas. Habitat: Europa, excepto o extremo norte, sobre a tília, a
macieira, a pereira, o choupo; parasita de macieiras e pereiras,
principalmente no Alto Minho e Estremadura; até 1300 m. Identificação:
de O,20 a O,50 m de altura. Subarbusto; caules verdes, articulados,
lenhosos e em tufos esféricos; ramos espessos e cilíndricos; folhas
opostas, persistentes, oblongas e carnudas; flores amareloesverdeadas
(MarçoAbril), em fascículos sésseis, tendo as masculinas 4 sépalas e 4
estames e as femininas 4
dentes que envolvem 2 carpelos soldados; baga redonda com polpa viscosa,
branca e transiúcida; raiz curta, espessa, peneirando no tecido vivo do
seu hospedeiro. Partes utilizadas: folhas mondadas, frescas ou secas
(antes da formação dos frutos).
O Componentes: colina, derivados triterpénicos, alcalóide O
Propriedades: antiespasmódico, diurético, hipotensor, purgativo. U. L,
U. E. + o Ver: albuminúria, arteriosclerose, circulação, edema,
epilepsia, frieira, hipertensão, leucorreia, menopausa, nervos, tosse.
301
Vulnerária
Anthy11is vulneraria L.
Leguminosas
A vulnerária desenvolvese frequentemente em densas moitas, rente ao
solo, erguendo seguidamente os seus caules floridos e dourados e
formando autênticos tapetes de magnífico aspecto. A origem da palavra
Anthy1lis é grega e deriva de anthos, flor, e ioulos penugem, numa alusã
o ao seu cálice viloso Assim, o néctar das suas flores melíferas não
está ao alcance das abelhas. Nos prados, a vulnerária é avidamente
pastada pelo gado, para o qual constitui um excelente alimento; no
entanto, o seu rendimento como forragem não é importante, pois, se
bem que a sua folhagem seja densa, o seu
desenvolvimento em altura é muito limitado. Estas plantas demonstraram
um curioso mimetismo. Uma colónia de vulnerárias transplantada de uma
planície para 2400 m de altitude
adquiriu totalmente, ao cabo de 12 anos, a mesma coloração vermelha das
flores de uma, espécie vizinha, Anthy11is dillenii Schultes.
Os Antigos e os médicos da Idade Média não deram qualquer importância à
vulnerária. Nos meios rurais, as suas propriedades vulnerárias foram
descobertas por empirismo; as suas flores fazem parte da composição do
chásuíço, depurativo muito utilizado.
Habitat: Europa, relvados secos, taludes, rochedos, solos calcários; em
Portugal, cresce em matos, pinhais, locais áridos e secos do Norte e
Centro; até 3000 m. Identificação: de O,05 a O,40 m de altura. Bienal ou
vivaz, caules prostrados ou ascendentes, folhas em roseta basilar, tendo
as inferiores um só folíolo, sendo as outras compostas por 3 a 6 pares
de folíolos e a terminal maior; flores amarelas (MaioSetembro), na
extremidade de um caule floral erecto, com inflorescência globosa
rodeada de brácteas verdes, cálice muito viloso com 2 lábios, com uma
intumescência
em forma de bexiga, corola papilionácea com estandarte curto vagem
inclusa com 1 ou 2 sementes. Sabo@ amargo. Partes utilizadas: toda a
planta, flores, inflorescências; secagem à sombra em camadas finas;
mexer o menos possível para evitar que as flores caiam.
O Componentes: tanino, saponósidos, flavonóides O Propriedades:
acistringente, depurativo, vulnerário. Li. E. Ver: contusão, ferida.
302
Zaragatoa
Plantago psyllium L. Psílio, erva daspulg as, ervapulgueira
Plantagináceas
Azaragatoa pertence ao mesmo género das tanchagens, sendo, no entanto,
muito diferente destas ^devido ao seu caule extensamente coberto de
folhas e às suas frágeis espigas de flores brancas. Espontânea, cresce
nos solos áridos e arenosos e nos entulhos. Das sementes brilhantes,
pequenas e coroadas de Astanho advémlhe o nome de psyllium, da palavra
grega psylla, pulga; a sua semelhança com este insecto inspirou os nomes
vernáculos. As sementes, que contêm abundante mucilagem, têm a
propriedade de regularizar o funcionamento dos intestinos, acção já
conhecida, aliás, pelos médicos egípcios há mais de 10 séculos antes
de Cristo. Maceradas em água, produziam uma loção calmante para os
olhos fatigados de cor escura; para os olhos claros, utilizavam .se
de preferência os fidalguinhos. Misturadas com outras sementes,
constituem a alimentaçã o das aves em cativeiro.
A zaragatoa é cultivada em quantidade para satisfazer as necessidades
farmacêuticas. Outrora, a indústria utilizavaa também no acabamento
das musselinas. Das folhas jovens e frescas, misturadas com o taráxaco
na Primavera, faziamse saladas, apreciadas pelas suas virtudes
depurativas.
Habitat: região mediterrânica, solos pobres e arenosos; frequente em
Portugal, terrenos incultos, searas, muros e areias; até 1000 m.
Identificaçã o: de O,10 a O,35 m de altura. Anual, caule herbáceo,
erecto ou ascendente, folhoso, pubescente e pouco ramificado; folhas
sésseis, opostas ou verticiladas em grupos de
3, lisas, pubescentes e glandulosas; flores esbranquiçadas (Abril
Julho), pequenas, em espigas globosas, pedunculadas, com brácteas
curtas, cálice com sépalas iguais, corola com tubo enrugado
transversalmente; pixídio que se abre por uma fenda circular e contendo
2 sementes brilhantes, castanhas, lisas, marcadas dorsalmente por uma
linha média clara e longitudinal, esbranquiçada e esbatida na face
oposta; raiz delgada. Partes utilizadas: sementes (Outono); conservação
em sacos de papel ao abrigo da humidade.
O Componentes: mucilagem, óleo O Propriedades: emoliente, laxativo. LI.
L, U. E. O Ver: diarréia, obstipação, queimadura, úlcera cutânea.
Zimbrocomum
Juniperus communis L.
Zimbro
Coníferas
Esta espécie encontrase na Europa, onde pode sobreviver a grandes
altitudes, geralmente até 2500 m, embora nessas regiões geladas
apresente um aspecto definhado e irregular, em formas prostradas e
contorcidas. Em climas menos rigorosos desenvolvese com um certo vigor
e assume aspectos diferentes conforme a espécie. Possuindo pequenas
agtk4has aceradas, o zimbro tem o aspecto de um silvado agreste no meio
do qual amadurecem, no decorrer do segundo ano de vida > frutos azul
escuros, cobertos de uma pruína baça; são as *bagas+ de zimbro.
O seu sabor conferiu à planta o nome científico da espécie, derivado da
palavra celta juneprus, acre.
Estas falsas bagas tiveram na Idade Média uma extraordinária
celebridade, pois supunhase que faziam curas miraculosas. No século
xvi, eram consideradas como uma panaceia e um antídoto universal.
Actualmente, sã o utilizadas devido às suas virtudes diuréticas e
aperitivas e às suas propriedades culinárias, pois entram na confecção
de alguns pratos da cozinha curopeia e servem para condimentar o
presunto fumado e a
choucroute; constituem ainda o elemento base na preparação do gin.
Em doses elevadas, os frutos podem provocar irritações no aparelho
urinário; proibido às grávidas. Habitat: Europa, terrenos expostos ao
sol; Minho e TrásosMontes; até 2500 m. Identificação: de O,50 a 6 m de
altura. Arbusto; tronco com casca rugosa, cinzenta, pernadas erectas e
ramos jovens com secção triangular; folhas de cor verdeglauca e
brancas, muito epinescentes, inseridas em grupos de 3; flores amareladas
(AbrilMaio), dióicas, pouco visíveis, agrupadas em pequenos amentilhos
na axila das folhas; fruto (gálbula) verde e depois azulescuro, com
pruína, tendo no ápice uma fenda estrelada com 3 sementes triangulares.
Partes utilizadas: ramos folhosos, frutos; secagem em camadas finas em
local arejado; remover com frequência; conservação difícil.
O Componentes: óleo essencial, resina, glúcidos, ácidos orgânicos O
Propriedades: aperitivo, carminativo, depurativo, diurético, emenagogo,
rubefaciente. U. I., U. E. + V M Ver: acne, apetite, bronquite, cistite,
desinfecÇão, edema, ferida, hálito, menstruação, reumatismo.
304
As plantas cultivadas
PLANTAS CULTIVADAS
Abóbora
Cucurbita pepo L.
Abóboraamarela, abóboraporqueira, curcúbita
Bras.: jerimum, jerimu, abóboraamarela,
abóboramoranga
Cucurbitáceas
A abóbora foi um dos primeiros legumes importados do Novo Mundo;
originária da América Central, chegou à Europa no século XVI, bem como a
sua parente próxima, a
abóboramenina, Cucurbita maxima Duch. Aquosa, pobre em prótidos e
lípidos, pouco doce, a sua polpa tem um fraco valor nutritivo. Contém,
no entanto, vitaminas A e C, enzimas e numerosos oligoelementos.
Bastante agradável ao paladar e muito digestiva, a abóbora bem cozida,
preparada em puré ou em sopa, é um alimento adequado para estômagos
sensíveis, não sendo, no entanto, estimulante do apetite: um pouco de
tomilho e de hortelã fresca compensam a insipidez do seu sabor. A
abóboramenina é um pouco mais nutritiva. As sementes, tóxicas para os
vermes como a ténia e os áscaris, são inofensivas para o homem.
o Propriedades: emoliente, laxativo, verinífugo. U.l., U.E. + O Ver:
cistite, diarreia, nefrite, obstipação, parasitose, queimadura,
reumatismo.
Abrótano
Artemisia abrotonum L.
Abrótanomacho, erva lombrigueira
Compostas
Esta espécie de Artemisia, de folhas delicadamente divididas em lacínias
glabras, e
com o aroma viçoso do limão, era outrora muito cultivada como planta
medicinal e
aromática em extensas zonas da Europa. Não é conhecida em parte alguma
no estado espontâneo. Deriva possivelmente de uma
espécie disseminada na Europa Oriental e na
Sibéria. Embora cresça ainda actualmente nos jardins q, mais raramente,
nos cemitérios, perdeu quase completamente a sua antiga reputação de
planta medicinal. Efectivamente, o abrótano tinha na Idade Média um
grande prestígio, sendo receitado tanto para dores de estômago e
mordeduras de serpentes, como para os possessos do Demónio. Embora ainda
apreciada no Renascimento, passou no século XVIII a ser apenas
considerada um sucedâ neo da losna, porém
com gosto agradável. Como a losna, o abrótano é estimulante,
especialmente do aparelho digestivo; porém, tal como aquela planta, deve
ser utilizado com prudência e moderação. Outrora, era hábito colocar
ramos de abrótano nos armários para perfumar a
roupa e afastar os insectos, pelo que esta planta também é conhecida por
guardaroupa. o Propriedades: antiséptico, cicatrizante, emenagogo,
estimulante, sudorífico, verinífugo, vulnerário. U.l., U.E. + V O Ver:
anemia, apetite, cabelo, ferida, inénstruação, meteorismo, parasitose.
Açafrão
Crocus sativus L.
Ervaruiva, açaflor Bras.: açafrãooriental, flordaaurora, florde
hércules
Iridáceas
No Outono, as flores cor de violeta desta bela planta originária do
Mediterrâneo Oriental apresentam um estilete frágil dividido no cimo em
três ramificações dilatadas e alaranjadas, os estigmas. Estes constituem
o açafrãooficinal e condimentar, produto extremamente caro em todas as
é pocas, pois são necessárias entre 120 000 e 140 000 flores para obter
1 kg de açafrão seco. Deve a sua cor vibrante à presença de um
carotenóide. Citado no papiro egípcio de Ebers, no Cântico dos Cánticos
e na Ríada, o açafrão teve outrora, conservandoas até ao século xVIII,
mais aplicações medicinais do que condimentares. Dioscórides, no século
1, consideravao antiespasmódico; a medicina árabe atribuíalhe
propriedades emenagogas; durante a Idade Média e também no Renascimento,
era receitado para tratar inúmeras doenças.
Os estigmas contêm óleo essencial aromático, irritante, associado a um
heterósido amargo. Mantendo um preço mais elevado que as outras
especiarias, o açafrão não é utilizado em todas as aplicações para que
tem qualidades. o Propriedades: emenagogo, estimulante, hipnótico,
sedativo, tónico. UA, U.E. + Ver: apetite, bronquite, digestão,
frigidez, gengivas, impotência, menstruação, tosse.
AcelGa
Beta vulgaris L., var. cicla Pers.
Celga
Quenopodiáceas
De entre o grande número de verduras de origem exótica, a acelga
singularizase pela sua origem europeia. Deriva, na realidade,
306
denominadas impropriamente folhas, e a
folha larga e muito recortada, unida ao caule, que é a parte utilizada
em medicina. A alcachofraverdura, especialmente quando crua, possui ,se
bem que menos eficazes, as propriedades das folhas. É um alimento que
pode ser consumido pelos diabéticos. Depois de cozida, a alcachofra
alterase muito rapidamente e produz toxinas, pelo que, após a cozedura,
deve ser imediatamente consumida. Aliás, o vegetal é menos indigesto se
for submetido a uma cozedura rápida. A sua acção prejudica a secreção
láctea, pelo que não deve ser ingerido durante a lactação. Supõese que
a infusão das folhas, extremamente amarga, tem uma actividade benéfica
sobre as paredes vasculares, pois parece fazer baixar o teor de
colesterol sanguíneo. o Propriedades: antidiarreico, aperitivo,
colagogo, colerético, depurativo, diurético, hipoglicemiante, tónico.
U.l. + V O Ver: arteriosclerose, celulite, colesterol, diabetes,
esterilidade, fígado, gota, obesidade, ureia, vesícula biliar.
Alcaparra
Capparis spinosa L.
Bras.: alcaparro
Caparidáceas
Subarbusto indígena das costas mediterrânicas, cresce junto aos muros,
que ornamenta com as suas flores brancas. Cultivada desde a Antiguidade
na sua área de origem, foi uma das plantas condimentares mais apreciadas
pelos Gregos e Latinos, que consumiam os seus tenros botões florais. Os
médicos antigos utilizavam a casca da sua raiz, que consideravam
diurética, tónica, adstringente e antiespasmódica, e receitavamna para
doenças do fígado e do baço, certas paralisias e estados histéricos e
depressivos. Para uso externo, a decocção da raiz era utilizada para a
lavagem de feridas e úlceras. As alcaparras frescas contêm um teor
bastante elevado de um flavonóide que fortalece as paredes dos capilares
e a sua tonicidade. o Propriedades: antiespas módico, aperitivo,
detersivo, diurético, tónico. U.l., UX. Ver: apetite, úlcera cutânea.
Alfacedecordeiro
Valerianella olitoria (L.) Poll.
Alfacedecoelho
Valerianáceas
Segundo Alphonse de Candolle, historiador
308
de plantas cultivadas dos finais do século passado, esta humilde planta,
parente da valeriana, seria originária da Sardenha e da Sicília, de onde
a sua cultura se expandira posteriormente por grande parte da Europa.
Actualmente, de qualquer modo, além da sua característica hortícola, a
alfacede cordeiro surge vulgarmente na Primavera, nos campos, nos
jardins e até em muros velhos. No século XVI, o poeta Ronsard mencionou
pela primeira vez esta pequena planta silvestre que a selecção hortícola
mais tarde transformou em deliciosa hortaliça, ligeiramente
mucilaginosa, que lamentavelmente não se encontra com facilidade. A
alfacedecordeiro preparada em salada é bem tolerada pelos estômagos
sensíveis. A sua riqueza em provitamina A conferelhe propriedades que
contribuem para o equilíbrio do crescimento, a luta contra as infecçõQs,
a beleza da pele e a cicatrização de feridas. A alfacedecordeiro tem
inúmeras plantas espontâneas afins na flora européia, entre as quais a
Valerianella carinata Lois., a Valerianella discoidea Lois., a V.
coronata (L.) DC., a V. microcarpa Lois. e outras. o Propriedades:
depurativo, emoliente, laxativo. U.l. Ver: artritismo, cura de
Primavera, obesidade.
Alfaces
Lactuca sativa L., alface, alfacehortense Lactuca scariola L., alface
bravamenor,
alfacesilvestre
Compostas
A alfacebrava deriva de uma espécie espontânea muito vulgar nos baldios
das regiões temperadas da Europa e da Ásia; a alface cultivada, de forma
repolhuda, pelo contrário, tem uma origem imprecisa, provavelmente da
Ásia Ocidental. Aliás, é possível que se ligue geneticamente à primeira.
Os Gregos e os Romanos já comiam alfaces, e
inúmeras selecções hortícolas diversificaramnas tanto que seria quase
impossível fazer o censo de todas as suas variedades.
Com 95% de água, a alface, um alimento de fraco valor, é, no entanto,
aperitiva e
refrescante. Aliás, seria errado negligenciar as suas vitaminas, os seus
minerais e os seus oligoelementos, sobretudo o iodo, o níquel, o
cobalto, o manganésio e o cobre. Cozida e aplicada em cataplasma sobre a
epiderme, tem um efeito suavizante. Tal como as espécies bravas, mas em
menor quantidade, as alfaces cultivadas contêm lactucário no seu suco
leitoso. Este produto, cuja composição é complexa, exerce uma acção
analgésica, sedativa e hipnótica que torna a salada salutar, ingerida na
refeição da noite, para as
pessoas nervosas e que sofrem de insônias.
Cozida ou em puré, a alface constitui uma refeição excelente e leve de
fácil digestão. o Propriedades: analgésico, antiespasmódico, emoliente,
hipnótico, sedativo. U.l., U. E. + V O Ver: acrie, acne rosácea,
nervosismo, pele, sono, tosse convulsa.
Alfarrobeira
Ceratonia siliqua L. Figueiradoegipto Bras.: figu eira do egipto,
fruto depitágoras
Legumiriosas
Esta pequena árvore sempre verde, originária da região mediterrânica
oriental, estendese até aos confins do Sara e à Ásia Ocidental. É
árvore subespontânea em Portugal, cultivada especialmente no Algarve,
onde se distinguem desde tempos imemoriais quatro formas de
alfarrobeira: mulata, de burro, canela e galhosa, sendo a primeira a
mais frequente. Introduzida na Península na Idade Média pelos Árabes, a
cultura da alfarrobeira tornouse ali regressiva, aliás como em todas as
costas do Norte do Mediterrâneo. Nas regiões mais desfavorecidas,
mantémse como cultura complementar apreciável. As alfarrobas, que
parecem ter sido alimento de S. João Baptista no deserto, são longas
vagens de cor castanha enegrecida que contêm entre 12 e 16 sementes
duras mergulhadas numa polpa avermelhada, primeiro amarga, depois
adocicada. Laxativas no estado fresco, as alfarrobas são antidiarreicas
quando secas. A farinha da polpa seca, que actua como uma autêntica
esponja em relaçã o às toxinas do tubo digestivo, dá excelentes
resultados no tratamento das infecções intestinaís, especialmente em
crianças pequenas. o Propriedades: antidiarreico, emoliente, laxativo.
U.l. + O Ver: diarréia, obesidade.
Alho
Allium sativum L.
Liliáceas
Provavelmente originário das estepes da Ásia Central, cultivado desde
tempos muito remotos e aperfeiçoado até à obtenção de variedades
caracterizadas por um enorme bolbo no Próximo Oriente e no Mediterrâneo
Oriental, introduzido na Europa logo nos primórdios da agricultura, o
alho é, indubitavelmente, o mais importante dos condimentos remédios.
Embora actualmente seja apenas utilizado em culinária, as suas virtudes
medicinais são inúmeras. Ao incluílo em profusão na ementa dos
construtores da pirâmide de Gizé, os Egípcios no
5.O milénio a. C. já reconheciam as suas propriedades estimulantes.
Aquando do Êxodo, os Hebreus consideravamno uma das mais preciosas
riquezas que foram forçados a abandonar no Egipto. Símbolo da força
física para Aristófanes, o alho é citado por todos os médicos e
naturalistas da Antiguidade. No século 1, Dioscórides consideravao uma
panaceia. Porém, os deuses não apreciavam os efeitos que provocava
no hálito, e assim aos fiéis que o ingeriam era interdita a entrada nos
templos. Preventivo, mas não curativo, da peste na Idade Média, o alho
permaneceu, nos meios rurais, o remédio quase universal.
O cheiro especial e a maioria das propriedades do alho devemse à
presença no bolbo de uma essência sulfurada, cujo produto activo, a
alicina, revela uma considerável acção antibiótica. Contém ainda
enzimas, hormonas sexuais, as vitaminas B 1, B2, PP e C, provitamina A,
sais minerais e oligoelementos.
Antibiótico, o suco fresco de dente de alho, mais enérgico que a
essência isolada, dificulta o desenvolvimento de inúmeros germes
patogénicos. O princípio activo da alicina, volátil, determina a sua
acção antiséptica, mesmo a uma certa distância; assim, a máscara
repleta de alho usada pelos médicos medievais desempenhava um papel de
protecção evidente. Durante a 11 Guerra Mundial os soldados russos
estavam providos de dentes de alho que esmagavam nos bordos das feridas
para evitar as infecções. o Propriedades: antidiabético,
antiespasmódico, antiséptico, calicida, diurético, estimulante,
expectorante, hipotensor, tónico, vermífugo. UA, U.E. + O Ver: abcesso,
apetite, arteriosclerose, asma, cancro, circulação, coração, diarréia,
enfisema, epidemia, ferida, gota, hipertensão, litíase, ouvido,
parasitose, picadas, pulmão, réumatismo, tabagismo, tosse convulsa,
úlcera.
AlhopoRRo
Alhum porrum L.
Porrohortense
Bras.: alhomacho, alhoporó
Liliáceas
Existem muitas razões para acreditar que o
alhoporro deriva do porrobravo, Allium ampeloprasum L., espécie
propagada em
toda a região mediterrânica e festim na Primavera para os apreciadores
de plantas silvestres. A sua cultura é tão antiga como a da
cebola, e tanto a história dietética como a terapêutica dos dois legumes
são similares.
O alhoporro exerce uma acção diurética; muito aquoso, é no entanto
bastante rico em mucilagem, contém numerosos sais minerais e, como os
outros Allium, enxofre. Bem
309
PLANTAS CULTIVADAS
cozido, é um alimento fácil de digerir. As suas propriedades medicinais
são inúmeras e
valiosas. A água da sua cozedura, se tiver pouco sal, tem um elevado
poder diurético.
O bolbo cru acalma rapidamente as picadas dos insectos. * Propriedades:
antiséptico, diurético, emoliente, expectorante, laxativo, resolutivo.
U.I., U.E. + V Ver: abcesso, albuminúria, alcoolismo, anginas,
arteriosclerose, artritismo, bronquite, cabelo, convalescença, digestão,
diurese, edema, esterilidade, ferida, furúnculo, obesidade, obstipação,
panarício, pele, picadas, rim, tez, tosse, ureia.
Ameixeira
Pruntis domestica L.
Ameixoeira, ameixieira
Rosáceas
É muito provavelmente um híbrido derivado do abrunheirobravo, Prunus
spinosa L., e
do Prunus cerasifera Ehrh., que crescem conjuntamente no Sudeste Europeu
e na Ásia Ocidental. A ameixeira é cultivada desde tempos remotos no
Médio Oriente, sendo já conhecida pelos Latinos no século I. Dela deriva
o abrunheiro, Prumís domestica L., Subespécie insititia Schneid., com
frutos bastante pequenos, globosos, geralmente de cor
azulescura ou púrpura. A amêndoa dos caroços contém uma substância que
produz ácido cianídrico, pelo que pode ser perigosa. A ameixa fresca
contém 84% de água, entre 8 e 11% de glúcidos, 1,5% de ácidos orgânicos,
uma quantidade notável de provitamina A, os minerais clássicos e um
pigmento. A ameixa passada, ou seja seca, tem uma percentagem de
glúcidos de cerca de 60%, dos quais 44% são açúcar, tornandose assim um
alimento de elevado valor energético, tónico e depurativo e um laxante
de fama milenar. o Propriedades: depurativo, estimulante, febrífugo,
laxativo, tónico. U.l. Ver: fadiga, febre, fígado, obstipação.
Amendoeira
Pruntis amygdalus Batsch (= Amygdalus communis L.)
Bras.: amêndoas
Rosáceas
A amendoeira está difundida no estado espontâneo, sob diversas formas,
do mar Egeu ao Pamir. Cultivada desde há milénios na Ásia e introduzida
na Europa pelos Gregos nos séculos v ou vi a. C., é actualmente
cultivada e está aclimatada em todas as regiões meridionais. Existem
duas variedades morfologicamente indistintas; a mais semelhante ao tipo
espontâneo tem sementes amargas, e
a outra, sementes doces.
Rica em óleo, proteínas e glúcidos, com
grande quantidade de vitaminas BI, B2, PP, B5, B6, provitamina A e
substâncias minerais, a amêndoa doce é um alimento de elevado valor
nutritivo. Contudo, deve ingerirse moderadamente, no máximo 12 a 15
amêndoas por dia. A amêndoa seca é indigesta, pelo que deve ser
consumida depois de torrada.
O leite de amêndoas obtido pela trituração da semente pelada com açúcar,
seguida de diluição da pasta resultante em água, tinha outrora numerosas
aplicações. O óleo de amêndoas doces ou amargas, extraído por pressão
(após destilação das substâncias tóxicas), é um óptimo laxativo.
Reputado cosmético desde há séculos, amacia e tonifica as peles secas,
acalma os pruridos e acelera a cura das dermatoses e das queimaduras
superficiais. As amêndoas amargas, outrora frequentemente receitadas
devido às
suas propriedades antiespasmódicas e sedativas, contêm, como muitas
outras sementes do género Prutius, uma substância que produz ácido
cianídrico em teor elevado: basta a ingestão de 10 amêndoas, ou até de
menor quantidade, para causar graves perturbações, e 20 podem ser
fatais. Grande número de amendoeiras, outrora plantadas para extracção
do óleo, nas regiões meridionais dão amêndoas amargas. o Propriedades:
antianémico, antiespasmódico, emoliente, laxativo, remineralizante,
sedativo. U.l., U.E. + V O Ver: alcoolismo, anemia, astenia,
convalescenç a, crescimento, digestão, eritema, gravidez, greta,
obstipação, pele, prurido, queimadura, sono, tosse.
Amoreirane
ra
Morus nigra L. Amoreirapreta Bras.: amorapreta, amoradasilva
Moráceas
Esta frutífera pouco conhecida não deve ser
confundida com a sua parente próxima, a amoreirabranca, Morus alba L.,
alimento do bichodaseda, que dá também geralmente frutos negros em
forma de amora alongada. Os frutos (soroses) da amoreiranegra,
desprovidos de pedúnculo, são grandes e muito ácidos antes da maturação,
tornandose depois agridoces; os frutos da amoreirabranca, sempre
pedunculados, são mais pequenos, insípidos e depois doces e sem acidez.
Árvore oriunda da Ásia Ocidental, a amoreiranegra foi há muito
introduzida na Europa Mediterrânica. Os Gregos e os Romanos apreciavam
os seus frutos, sempre abundantes, de gosto delicioso, misto de groselha
e
310
framboesa. Porém, as amoras são de difícil conservação e sujam de uma
cor púrpuraescura as mãos de quem as colhe. Por estas razões,
possivelmente, a árvore está em vias de extinção. Apenas se encontram
alguns exemplares nas regiões meridionais. A amora contém cerca de 10%
de açúcar e, em pequena quantidade, vitaminas. As crianças apreciam o
seu xarope, refrescante, e a sua
excelente geleia. As folhas, outrora consideradas febrífugas e
adstringentes, são há muito utilizadas como antidiabético nos Baleãs. o
Propriedades: adstringente, hipoglicemiante, laxativo, refrescante.
U.l., UX. O Ver: afta, anginas, boca, obstipação.
Anis
Pimpinella anisum L.
Anisverde, ervadoce
Uinbelíferas
O anis é cultivado em todo o Sul da Europa e um pouco também mais ao
norte. Evadindose das plantações e jardins, desenvolvese
espontaneamente, se bem que de modo esporádico. A sua origem permanece
um mistério, pois, introduzido na Ásia em tempos muito remotos,
desconhecese qualquer zona onde exista no estado espontâneo.
Dos frutos, a única parte da planta utilizada, ricos em óleo e
proteínas, obtémse, por destilação pelo vapor, uma essência de aroma e
sabor característicos e que em doses elevadas é tóxica, sobretudo quando
alterada devido à exposição ao ar e à luz. Era um dos mais nocivos
componentes do absinto e entra ainda na composição de alguns aperitivos.
O anis, perfeitamente inofensivo em doses medicinais, é um excelente
estimulante da digestão. Antiespas módico, é indicado para tratar
perturbaçõ es nervosas ligeiras, distúrbios gastrintestinais de origem
nervosa e
espasmos do aparelho respiratório. O anis é utilizado para mascarar o
gosto desagradável de algumas preparações farmacêuticas. o Propriedades:
anti espasmódico, carminativo, estimulante, expectorante, galactagogo.
UA, U.E. + O Ver: aerofagia, contusão, dentes, espasmo, estômago,
flebite, indigestão, lactação, meteorismo, soluço, tosse, vómito.
Armoles
Atriplex hortensis L.
Ervaarmoles
Quenopodiáceas
Hortaliça muito antiga, originária do Sudeste Europeu e da Ásia
Ocidental, provavelPLANTAS CULTIVADAS
mente cultivada pelas colónias neolíticas > a
armoles tinha as utilizações culinárias do espinafre antes da introdução
deste último na Europa, na Idade Média. Se bem que praticamente em
desuso nos nossos dias, esta planta era ainda muito apreciada no século
passado.
A armoles era outrora utilizada na preparação de caldos destinados aos
doentes do estômago e intestinos; associandoa à mercurial, obtinhase
uma decocção laxativa que não provocava irritações. Considerada
actualmente uma erva daninha dos jardins e locais habitados, a armoles
identificase pelas suas folhas triangulares verdeglaucas, não
pulverulentas na página inferior, produzindo na maturação frutos alados
de 1 a 1,5 cm de comprimento. O sumo fresco contém uma notável
percentagem de vitamina C. É errado não a cultivar, pois, além do seu
sabor agradável e propriedades alimentares semelhantes às do espinafre,
mas mais doce, é um produto hortícola de cultura muito fácil, de
crescimento rápido, que resiste à aridez e susceptível, devido ao seu
porte elevado, de proteger as plantas sensíveis ao
vento suão, especialmente nas hortas das zonas meridionais. o
Propriedades: diurético, emoliente, refrescante. U.l., UX. Ver: dartro,
diarreia, queimadura.
Arroz
Orvza sativa L.
Gramíneas
Cereal básico na alimentação das civilizações da Ásia Meridional e do
Extremo Oriente, desde sempre cultivado na índia e na China, o arroz é
actualmente conhecido sob milhares de variedades em todas as regiões
intertropicais e temperadas quentes. Se bem que tenha começado a ser
conhecido como alimento na Europa no tempo de Alexandre Magno, só foi
cultivado a partir do século VIII, época em que os Árabes o introduziram
no Sul de Espanha, atingindo rapidamente a França e a Itália. O arroz
branco, polido e glaceado, totalmente desprovido das camadas proteicas
externas e do germe, é apenas amido e, como tal, não deve constituir a
base exclusiva de uma dieta alimentar. Pelo contrário, o arroz integral
é um alimento mais rico; a sua composição, no entanto > tornao muito
inferior ao trigo como elemento de equilíbrio nutricional. O arroz
integral possui numerosas propriedades; o arroz
branco, menos indigesto, é mais conveniente para os doentes de dispepsia
e úlceras. o Propriedades: antidiarreico, hipotensor, suavizante. UA,
U.E + V O Ver: crescimento, diarreia, meteorismo, pele, ureia.
311
PLANTAS CULTIVADAS
Aveia
Avena sativa L.
Gramíneas
Muito provavelmente derivada da aveiadoida, Avena fatua L., ou de
híbridos desta última com o balanco, Avena sterilis L., a
aveia cereal surge no início dos tempos históricos no Mediterrâneo
Oriental.
É utilizada em fitoterapia devido às suas propriedades energéticas e
nutritivas. Todas as suas partes têm utilidade: as sementes, pela
sêrnola e farinha; a palha e as glumas (invólucros externos dos grãos
que caem
aquando da debulha); o fruto contém grande quantidade de amido, cerca de
12% de prótidos, 5% de lípidos, dos quais quase 25% de lecitina, 2 a 5%
de açúcares, sais minerais, fósforo, magnésio, cálcio, aminoácidos,
numerosas enzimas, uma hormona sexual feminina, as vitaminas BI, B2, PP
e
provitaminas A e D. A casca do grão, ou farelo, contém um alcalóide e um
elevado teor em saponósidos; a palha, rica em sílica, contém ainda
provitaminas A e D. O grão, excepcionalmente nutritivo, é o alimento
tradicional de Inverno nos países setentrionais, sob a forma de papas ou
de flocos constituídos por grãos achatados. A palha > que é sedativa,
pode ser utilizada como sucedâneo da cavalinha; porém, sendo rica em
minerais, é contraindicada para os doentes de reumatismo. o
Propriedades: antiasténico, emoliente estimulante, hipoglicemiante,
sedativo. @.Í.’ U. E. V O Ver: astenia, banho, convalescença,
crescimento, diabetes, envelhecimento, esterili~ dade, impotência, pele,
sono, surmenage.
Balsamita
Chry,sunthemum balsamita Baili.
Tanacetum balsamita L.)
Hortelãfrancesa
Conipostas
Esta grande composta vivaz é muito semelhante ao tanaceto devido aos
seus medíocres capítulos de centro amarelo formado por flores de corola
tubulosa. Porém, as suas consistentes folhas são ovais, simples, de
limbo crenado.
Toda a planta está revestida de um indumento viloso. Quando apertada
entre os
dedos, exala um aroma penetrante, misto de hortelã e limão. Originária
da Ásia Menor e
do Norte do Irão, a balsamita é cultivada desde a Antiguidade nas
regiões meridionais da Europa, onde ainda é possível encontrála também
no estado subespontâneo. Muito difundida na Idade Média, época em que
era vulgarmente utilizada como vulnerário, sob a forma de *óleo de
bálsamo+, obtido pela maceração das folhas e das sumidades floridas em
óleo, perdeu, nos nossos dias, gran. de parte da sua reputação. o
Propriedades: antiespasmódico, carminativo, diurético, estimulante,
vermífugo, vulnerário. U.l. Ver: aerofagia, bronquite, depressão,
estômago, litíase, meteorismo, nervosismo, parasitose, tosse.
B atateira
Solanum tuberosum L.
Batata
Solanáceas
Seria quase supérfluo recordar que esta planta, que adquiriu uma
importância capital na alimentação do mundo ocidental, foi introduzida
em Espanha provavelmente cerca de
1580, após a conquista do Peru pelos soldados de Pizarro.
A sua cultura propagouse com bastante rapidez em Espanha, na Alemanha e
em Itália para alimentação dos animais. Em 1763, Parmentier, prisioneiro
de guerra na Alemanha, provou ali a batata, empreendendo então a difícil
tarefa de a difundir e desenvolver a sua cultura em França com o
beneplácito de Luís XVI. Actualmente, existem cerca de 2000 variedades
de batata em todo o Mundo.
O tubérculo é um alimento muito nutritivo, perfeitamente digerível,
energético, revigorante, inofensivo em qualquer caso, mesmo para os que
sofrem de dispepsia e úlceras. É preferível cozer as batatas ou assálas
com a pele no forno, na brasa ou em vapor. Fortemente mineralizante,
menos rica do que os
cereais íntegros, como os grãos de cevada, trigo e aveia, a batata não
deve ser preferida em relação a estes últimos numa alimentação
equilibrada.
Muitas pessoas desconhecem que é conveniente ter cuidado com todas as
partes verdes da planta, sobretudo as bagas antes da maturação e os
brolhos do tubérculo, pois contêm uma substância venenosa, a solanina,
que já tem provocado algumas intoxicações fatais. o Propriedades:
cicatrizante, diurético, emoliente, suavizante. U.l., U.E. + V O Ver:
cólica, diabetes, esterilidade, estômago, obstipação, olhos, pele,
queimadura, queimadura solar.
312
PLANTAS CULTIVADAS
Beldroega
Portulaca oleracea L.
Brus.: beldroegapequena
Portulacáceas
Esta erva muito antiga, utilizada em saladas e sopas, com pequenas
folhas carnudas, é actualmente mais frequente naturalizada nas
velhas hortas e nas imediações de locais habitados do que cultivada.
Originariamente espontânea da Grécia à China, a beldroega é hoje uma
erva infestante propagada em
grande parte do Mundo.
Um teor importante de substâncias mueilaginosas determina as diversas
propriedades da beldroega. Outrora, prescreviase não só o seu suco, mas
também a decocção das suas sementes como vermífugos infantis. A cultura
desta planta é extremamente fácil, merecendo um lugar nas hortas. Crua,
misturada em saladas, ou cozida com espinafres, é reguladora da função
intestinal. o Propriedades: antiinfiamatório, depurativo, diurético,
emoliente, refrescante, vermífugo@ U.l. Ver: bronquite, cistite, febre,
parasitose, sede.
Beringela
Solanum melongena L.
Bras.: beringelarosa, berengena, tongu, macumba
Solanáceas
Esta planta, da mesma família do tomate e da batata, é desde há muito
cultivada na índia. Os Árabes trouxeramna para o Ocidente; no entanto,
nã o apareceu na Europa antes do século XV, e só depois de 1825 surgiu
nos mercados. É cultivada em quase todas as
regiões temperadas quentes,
O seu valor nutritivo é insignificante, o
que não sucede relativamente ao seu interesse terapêutico. Embora as
partes verdes, que contêm alcalóides, sejam tóxicas como na maioria das
solanáceas, a polpa do fruto contém substâncias do grupo dos saponósidos
e na pele existem pigmentos, ácidos orgânicos e um álcool. A beringela
cozida com pele e
sem excesso de gorduras pode ser aconselhada para tratar a atonia
hepatobiliar. o Propriedades: colerético, diurético, emoliente,
hipocolesterolemiante, laxativo. U.l.
Ver: colesterol, fígado, obesidade, obstipação.
Ber amota
Citrus bergamia Riss. et Poit.
Vergamota
Rutáceas
É um parente próximo da laranjeiradoce e
de origem idêntica, apenas se parecendo com ela pelos seus ramos, por
vezes espinhosos, e pelos frutos, de cor amarelopálida, de 7 a 10 em de
comprimento e frequentemente em forma de pêra. A bergamota só é
cultivada nas regiões meridionais mais quentes da Europa, especialmente
no Sul de Itália, na Calábria. Os frutos, muito aromáticos e ácidos,
impróprios para consumo, apenas se colhem pela casca, que contém cerca
de O,5% de uma essência que confere à planta as suas propriedades
terapêuticas e aromáticas. Utilizada em perfumaria para fabricar águas
decolónia, em confeitaria na confecção de caramelos, serve ainda para
perfumar alguns chás como o Earl Grey, que, tomado em excesso, pode ser
nocivo. A cosmetologia inclui a essência de bergamota em certos produtos
bronzeadores, que devem ser utilizados com precaução, pois podem fazer
surgir manchas cutâncas muito inestéticas e difíceis de desaparecer
devido ao bergapteno contido no óleo essencial. o Propriedades:
antiespasmódico, antiséptico, fotossensibilizador. U.l., UX. Ver:
bronzeamento, cólica, frieira.
Beteuabasacarina
Beta vulgaris L., var. rapaceu Koch
Bras.: beterraba
Quenopodiáceas
As variedades de raiz grossa, carnuda e variavelmente adocicada da Beta
vulgaris, conhecidas sem dúvida desde a Antiguidade, mas pouco
cultivadas, propagaramse cerca do século X111 a partir da Germânia,
onde os
camponeses pobres as utilizavam consideravelmente. Mencionada pela
primeira vez em
França por Olivier de Serres, em 1600, a beterraba tornouse rapidamente
conhecida, A beterrabaaçucareira tornouse famosa no
século XIX, e a hortícola, reservada durante muito tempo às mesas
modestas, foi redescoberta e dada a conhecer pela dietética moderna.
Com os seus açúcares, sobretudo a sacarose, os seus pigmentos, o grande
número de aminoácidos, as suas vitaminas BI, B2, PP, C, a sua
provitamina A, os seus sais minerais e os seus oligoelementos, muito
raros, como o bromo, o manganésio, o lítio, o estrôncio, o rubídio, a
beterraba tem um grande valor nutritivo e energético. A variedade
hortícola, de sabor agradável e polpa vermelha, é um aperitivo. Muito
digestiva, deve ser preferentemente ingerida crua e
finamente picada, misturada com as saladas.
No começo do Inverno, é benéfica como
313
PLANTAS CULTIVADAS
preventivo de viroses. Do melaço, resíduo da indústria açucareira,
extraemse a betaína, substância que estimula e restabelece o equilíbrio
da célula hepática, e o ácido glutâmico, um aminoácido muito importante
para o funcionamento cerebral, sendo também muito utilizado em produtos
farmacêuticos. o Propriedades: antiséptico, aperitivo, colagogo,
remineralizante, tónico. U.l. + O Ver: anemia, astenia,
desmineralização, epidemia, fígado.
Cânhamo
Cannabis sativa L.
Linhocânhamo, cânhamo~europeu
Canabináceas
Originário da Ásia Central e Ocidental, cultivado no Oriente há milhares
de anos, o cânhamo já era conhecido dos povos da Idade do Bronze cerca
de 1000 a. C. Esta planta têxtil desenvolveuse intensamente na Europa
até ao século XIX, mas a concorrência e o advento das fibras artificiais
provocaram o declínio da sua cultura. Actualmente, a palavra *cânhamo+
sugere mais rapidamente droga do que planta industrial. Na verdade, não
existem grandes diferenças morfológicas entre o cânhamo comum e a sua
espécie asiática, Cannabis indica L., ou
cânhamoindiano (bras.: maconha, fumodeangola, cânhamo~daíndia, fumo
bravo), de que é extraído o haxixe. O cânhamoeuropeu não é
estupefaciente; provoca, no entanto, uma ligeira euforia, e existem
inúmeros casos de trabalhadores que outrora se sentiam perturbados nos
campos de cultura do cânhamo. As sementes do cânhamo são muito
apreciadas pelas aves. o Propriedades: analgésico, antiespasmódico,
sedativo. UA, UX. O Ver: abcesso, anginas, dartro, furúnculo, sono.
Cebola
Alhum cepa L.
Liliáceas
Botanicamente, a cebola distinguese dos alhos propriamente ditos devido
às suas folhas tubulosas e ocas. De entre as numerosas espécies do
género Allium, a cebola é, sem
dúvida, a que é cultivada há mais tempo. Derivando de cebolas silvestres
da Ásia Ocidental, já era cultivada na Caldeia há
4000 anos. Está representada frequentemente nos frescos dos túmulos
egípcios. Os Gregos e os Romanos comiam grande quantidade de cebolas, e.
os apreciadores da boa mesa na Idade Média davamlhe grande importância.
Actualmente, este condimento é ainda a base da cozinha européia
mediterrânica. Cultivamse numerosas variedades, desde a enorme cebola
docedeespanha até aos pequenos bolbos propositadamente ma cuidados
semeiamse tarde e são escassamente regados para os conservar em
vinagre. Para usos medicinais, em cru, deve preferirse a cebola de cor
vermelhovivo, mais rica em essências. A chalota, Allium ascalonicum L.,
desconhecida no estado espontâneo, é provavelmente apenas uma
variedade de cebola, originária talvez do Nordeste Africano.
Os mais antigos textos de medicina atribuem à cebola propriedades
diuréticas que continuam a serlhe reconhecidas. Quando fresca, contém
uma grande quantidade de água, glúcidos, lípidos, prótidos, sais
minerais, numerosos oligoelementos, enxofre, provitamina A, vitaminas B
1, B2, PP, B5, C, E e flavonóides. O seu sabor picante devese à
presença de um óleo volátil análogo ao do alho. É um condi mentoremédi
o de grande valor, não sendo, porém, aconselhado aos
doentes de dispepsia, aos que têm frequentemente hemorragias ou sofrem
de dermatoses. As pessoas irritáveis ou de temperamentos sanguíneo e
bilioso só a devem ingerir com moderação. o Propriedades:
antiescorbútico, antiséptico, antitússico, calicida, cardiotónico,
cicatrizante, diurético, emoliente, estimulante, expectorante, hipog
licemi ante, laxativo, resolutivo, revulsivo. U.l., U.E. + O Ver:
abcesso, acufenos, albuminúria, alcoolismo, astenia, bronquite, calo,
cancro, cieiro, diabetes, edema, ferida, frieira, meteorismo, mordedura,
obstipação, ouvido, panarício, parasitose, picadas, pulmão, queimadura,
reumatismo, sarda, tosse, úlcera cutânea, ureia, verruga.
Ceboletadefrança
Allium schoenoprasum L.
Cebolinha miúda, cebolinhagalega Bras.: alhogrossodeespanha, alho
mourisco,
alhorocambole, alhoespanhol
Liliáceas
A ceboletadefrança é uma pequena planta folhosa apenas no quarto
inferior que apresenta graciosas umbelas globosas com flores corderosa
ou cor de púrpura. Parente da cebola, mas desprovida do caule dilatado e
314
fusiforme, a ceboletadefrança é indígena de todo o Norte da Europa e
da Ásia, propagandose para sul através dos maciços montanhosos. Cresce
também na América do Norte. Resistente ao frio, suporta facilmente o
Inverno quando cultivada sob a protecção de um simples caixilho
envidraçado. As suas aplicações medicinais são idênticas às da cebola. o
Propriedades: antiescorbútico, antiséptico, antitüssico, calicida,
cardiotónico, cicatrizante, diurético, emoliente, estimulante,
expectorante, hipoglicemi ante, laxativo, resolutivo, revulsivo. U.l.,
U.E. Ver: alcoolismo, calo, meteorismo, picadas.
Cebolinhacomum
Alliumfistulosum L.
Cebolinho
Lifiáceas
Planta afim da cebola, mas com bolbo oblongo, flores amarelo
esverdeadas, a cebolinhacomum não é conhecida em parte alguma no estado
espontâneo. Possivelmente originária de um Allium da Ásia Oriental, foi
introduzida na Europa nos séculos XVI ou XVII e é actualmente uma
plantacondimento vulgar, fácil de picar, fresca e verde, substituindo
em culinária as cebolas. As suas aplicações são muito semelhantes às da
cebola, sendo, porém, mais bem tolerada pelos estômagos sensíveis. o
Propriedades: antiescorbútico, antiséptico, antitússico, calicida,
calmante, cardiotónico, cicatrizante, diurético, emoliente, estimulante,
expectorante, hipoglicemi ante, laxativo, resolutivo, revulsivo. U.l.,
UX. Ver: alcoolismo, calo, meteorismo, picadas.
Cenoura
Daucu,@ sativus Hayek
Umbelíferas
A cenoura é uma das plantas silvestres mais divulgadas no mundo antigo;
a subespécie comestível, de raiz carnuda e adocicada, cultivada na
Europa há 2000 anos, foi possivelmente seleccionada na Ásia Central.
Durante muito tempo em competição com o
nabo, Brassica napus L., e a chirivia, começou a ser apreciada a partir
do Renascimento e conheceu grande difusão no início do século Xix.
A raiz fresca das espécies cultivadas, que deve a sua cor vermelha a um
alto teor em carotenos que o organismo transforma em vitamina A, é
utilizada em fitoterapia. A cenoura contém também as vitaminas BI,
PLANTAS CULTIVADAS
B2, PP, B5, B6 e E, provitamina D, numerosos oligoelementos, prótidos e
poucos lípidos. Estes diversos componentes, e sobretudo os carotenos,
contribuem para a sua fama medicamentosa. Crua, ralada com pele ou
em suco, é especialmente recomendada às crianças, aos adolescentes, aos
convalescentes, às mulheres grávidas e às pessoas idosas.
A polpa fresca aplicada em cataplasma é calmante e cicatrizante; em
máscara, tonifica e alimenta a epiderme. Os frutos secos, estimulantes,
diuréticos, galactagogos, têm aplicações análogas às do anisverde e do
funcho. o Propriedades: antianémico, antidiarreico, antiséptico,
cicatrizante, detersivo, diurético, emoliente, estimulante, galactagogo,
laxativo, remi neral izante, sedativo, tónico, vermífugo. U.l., U.E. + V
O Ver: abcesso, anemia, astenia, bronquite, bronzeamento, convalescença,
crescimento, cura de Primavera, diarréia, envelhecimento, epidemia,
estômago, ferida, fígado, frieira, intestino, lactação,
obstipação, olhos, parasitose, pele, prurido, queimadura, seio, tosse,
úlcera cutânea.
Centeio
Secale cereale L,
Gramíncas
É possível que, originariamente, o centeio fosse apenas uma erva daninha
dos campos de trigo, tendose revelado mais rústico que este último e
mais resistente em solos áridos e climas rudes. Este cereal, proveniente
do Oeste Asiático, actualmente desconhecido no estado espontâneo, só
tardiamente atingiu a Europa, sem dúvida nos finais da Idade do Bronze.
Amplamente difundido pelos Eslavos e Gauleses, depressa se revelou como
o mais apropriado cereal para sementeiras em
solos pobres.
Utilizados para fazer pão, os grãos de centeio são muitas vezes
misturados aos do trigo. A composição do centeio é muito semelhante à do
trigo, mas o seu germe é menos rico em proteínas, em lípidos e sobretudo
em vitaminas, contendo, no entanto, bastante fósforo, potássio,
magnésio, cálcio, ferro e cobre, além de pequena quantidade de iodo. É
um alimento energético, de digestibilidade média, cujo uso regular é
considerado preventivo das afecções cardiovasculares.
Quando parasitadas pelo fungo Claviceps purpurea Tul., as espigas do
centeio apresentam esporões negros cuja elevada toxicidade está na
origem do ergotismo, outrora denominado mal ardente, felizmente quase
desaparecido nos nossos dias. Os alcalóides do esporão do centeio, ou
cravagem, têm importantes aplicações terapêuticas.
315
PLANTAS CULTIVADAS
o Propriedades: emoliente, laxativo, remineralizante, resolutivo. U.l. O
Ver: arteriosclerose, desmineralização, enuresia, hipertensão,
obstipação.
Cerefólio
Anthriscus cerefolium (L.) Hoffm.
Cerefolho, cerefolhodashortas
Umbelíferas
Esta planta aromática, cultivada na maioria das hortas, se bem que
muitas vezes considerada como parente pobre da salsa, a sua
grande rival, cresce espontaneamente no Sudoeste da Europa, no Cáucaso e
nas montanhas da Ásia Ocidental. Os Romanos já a
apreciavam. Na Idade Média, foramlhe atribuídas inúmeras virtudes.
Para fins aromáticos ou medicinais, o cerefólio só se emprega fresco e
cru, pois o
calor volatiliza o componente aromático. A planta contém um importante
teor de vitamina C, um princípio amargo e o mesmo heterósido flavónico
que a salsa. Recomendase prudência, pois é possível que nos jardins ou
próximo deles cresçam umbelíferas selvagens do mesmo género Anthriscus
ou
do género vizinho Chaerophy11uni. Algumas destas plantas são tóxicas, e
nenhuma delas tem o cheiro agradável do cerefólio. Aperitivo devido ao
seu sabor, o cerefólio é também um bom estimulante da digestão. É
utilizado com vantagem nas curas depurativas de Primavera. O suco fresco
misturado com leite ou com uma infusão tépida acalma a tosse. o
Propriedades: antiasténico, antilactagogo, antiséptico, aperitivo,
colerético, depurativo, diurético, estimulante, resolutivo. U.I., U. E.
+ V Ver: bronquite, contusão, fígado, herpes, icterícia, lactação,
nariz, oftalmia, pele, prurido, rim, ruga, seio, tosse.
Cerejeira
Prunus avium L.
Cerdeira
Rosáceas
Existem numerosas variedades desta planta. A c erej eira molar, Prunus
juliana Rchb., que dá frutos de polpa tenra e doce, vermelhos ou
vermelhoanegrados, e a cerejeirabical, Prunus duracina Rchb., de
drupas com polpa clara e consistente, derivam, por selecção, da
cerejeirabrava, Prunus avium L. A ginjeiragarrafal, Prunus gondouinú
Relider, é um híbrido da cerejeirabrava e da ginjeiragalega, ou de
folha, Prunus cerasus
316
L. Esta, espontânea na Ásia Ocidental, foi conhecida na Europa desde a
Antiguidade. As utilizações medicinais das diversas variedades são
idênticas.
A cereja, aquosa e pouco nutritiva apesar dos seus açúcares, fornece, no
entanto, ao organismo uma quantidade notável de provitamina A, além de
vitaminas do grupo B, ácidos orgânicos, tanino e flavonóides. A amêndoa
do caroço contém uma pequena quantidade de ácido cianídrico, nã o
devendo portanto ser ingerida. A cereja é um fruto recomendado para
curas aos doentes pletóricos e reumáticos e, devido às suas vitaminas, à
s crianças e aos adolescentes. O sumo, convertido em xarope, é uma
bebida refrescante. A polpa fresca, aplicada em máscara no rosto,
tonifica a epiderme. A infusão de pés de cereja é um diurético de
comprovado uso popular. a Propriedades: depurativo, diurético, laxativo,
refrescante. U.l. + V O Ver: anemia, celulite, cistite, crescimento,
diurese, gripe, litíase, obesidade, obstipação, reumatismo, rim.
Cevada
Hordeum vulgare L. e H. distichum L.
Gramíneas
A história da cevada cultivada é muito semelhante à do trigo. Originária
do Próximo Oriente, a cevada deve ter sido semeada nos primeiros campos
neolíticos, há possivelmente 7000 anos, Actualmente, está muito
difundida em grande parte do Mundo em
numerosas variedades.
A cevada foi rapidamente suplantada pelo trigo, cereal nobre, na
alimentação humana. Os homens das mais antigas civilizações destinavam
na à alimentação do gado; porém, as classes desfavorecidas, que a
consumiam com frequência, preparavamna sob a forma de papas e bolos. A
sua utilização como planta para o fabrico de bebidas remonta à Pré
História: por fermentação em água, os seus grãos torrados e esmagados
transformavamse numa bebida espumante, a antepassada da cerveja. A
cevada pode ser
consumida sob diferentes formas: em farinha; em grãos descascados e
esmagados, os
flocos; em grãos descascados e polidos à máquina, a cevadinha, ou cevada
perlada. E um alimento rico e reconstituinte. As enzimas que se
desenvolvem especialmente no
grão germinado, ou malte, transformam o amido em substâncias muito
fáceis de assimilar pelo tubo digestivo. Deste facto resulta a utilidade
do malte na alimentação dos doentes, convalescentes, pessoas idosas ou
crianças de tenra idade. O malte torrado serve para preparar um
agradável, nutritivo e
digestivo sucedâneo do café. O germe con
têm um alcalóide, a hordeína, não tóxico em doses medicinais e
alimentares, que exerce uma acção semelhante à de uma hormona, a
adrenalina. O decocto de cevada descascada, o cozimento de cevadinha dos
médicos antigos, tem uma justificada reputação de remédio reconstituinte
e emoliente. Para uso externo, tanto esta preparação como a farinha de
cevada em cataplasmas quentes actuam como sedativos e resolutivos. o
Propriedades: antidiarreico, cardiotónico, emoliente, resolutivo,
sedativo. U.l., UX. +0 Ver: abcesso, anginas, bronquite, cistite,
convalescença, coração, crescimento, diarreia, estômago, lactação.
Chagas
Tropaeolum majus L.
Mastruçodoperu, capuchinhas, chagueira
Tropeoláceas
Esta planta sulamericana, hoje tão vulgar nos nossos jardins,
aclimatouse na Europa no século xvii. A Tropaeolum minus L., espécie
muito semelhante, tem utilizações idênticas. A parte utilizável das
chagas são as folhas frescas e as sumidades floridas. Um heterósido
sulfurado, idêntico ao componente activo do agrião, conferelhe um
sabor fresco e picante, podendo provocar as
mesmas pequenas perturbações que aquela planta em pessoas sensíveis. As
flores e os frutos concentram este composto num óleo essencial; as
folhas contêm, além disso, uma quantidade notável de vitamina C. As
folhas e flores das chagas, misturadas em saladas, abrem o apetite,
auxiliam a digestão e, na refeição da noite, favorecem o sono. O seu
suco fresco facilita a expectoração e acalma a tosse. Recentemente, foi
isolada da planta uma substância antibiótica. o Propriedades:
antiescorbútico, emenagogo, expectorante, tónico, vesicante. U.l., U. E.
+ V Ver: apetite, bronquite, cabelo, colibacilose, enfisema,
menstruação, raquitismo, tosse.
Cipreste
Cupressus sempervirens L.
C i preste doscem i téri os
Bras.: ciprestedaitália, ciprestecomum
Cupressáceas
Espontâneo nas ilhas do mar Egeu, na Síria e no Irão, o cipreste, que
ocupava um lugar importante nos ritos funerários dos povos antigos,
propagouse desde há muito por todas as costas do Mediterrâneo, pela
Ásia e
PLANTAS CULTIVADAS
até pela China. É uma das plantas medicinais mais antigas: está
mencionado num escrito assírio com 35 séculos. Os discípulos de
Hipócrates conheciam já as suas características de adstringente e o seu
poder antihemorrágico.
Os ramos novos com folhas e os frutos, denominados gálbulas, são
utilizados em fitoterapia; as gálbulas devem ser colhidas antes da
maturação, no Inverno. Além de uma elevada percentagem de tanino, o
cipreste contém um óleo essencial muito aromático com o qual os Romanos
fabricavam perfumes. O cipreste é essencialmente uma
planta vasoconstritora devido ao conjunto dos seus componentes. o
Propriedades: antidiarreico, antiespasríiódico, antiséptico,
cicatrizante, vasoconstritor. UA, U.E. + Ver: circulação, diarreia,
enurese, hemorragia, hemorróidas, menopausa, tosse convulsa, varizes.
Coentro
Coriandrum sativum L.
Coriandro
Umbelíferas
Propagado por meio da cultura e esparsamente espontâneo numa extensa
zona da bacia mediterrânica, na Ásia e na América, o coentro é
provavelmente nativo do Próximo Oriente. O seu emprego como planta
aromática e medicinal, ainda habitual entre os Árabes, remonta a tempos
muito remotos. A medicina antiga foi muito contraditória no que se lhe
refere. Para uns o coentro era uma planta venenosa, para outros um
simples com capacidade para curar a peste e a epilepsia e suprimir as
dores do parto. Consideravamno simultaneamente afrodisíaco e calmante.
As partes verdes, frescas, têm utilização na cozinha regional. Os frutos
secos, a parte da planta mais utilizada na Europa, dão, após destilação,
entre O,4 e 1 % de uma essência menos tóxica do que a da maioria das
essências das umbelíferas aromáticas, que é, no entanto, um excitante
para o homem. Tomada em doses excessivas, esta essência pode provocar
perturbações e lesões renais; em doses medicinais, é um excitante, anti
séptico e vulnerário, indicado para estados de choque ou em casos de
enfraquecimento geral associado a graves doenças infecciosas. Os frutos
servem para temperar guisados, caça, caldos, conservas em vinagre e
purés de batata. O coentro é assim uma
planta aromática frequentemente utilizada. Mastigada, disfarça o mau
hálito provocado pela ingestão de alhos. o Propriedades: antiespas
módico, antiséptico, carminativo, estimulante, excitante, vulnerário.
U.l. + O
317
PLANTAS CULTIVADAS
Ver: aerofagia, arteriosclerose, digestão, dor, espasmo, fadiga, gripe,
meteorismo, vertigem.
Coloquíntidas
Citruflus colocywhis Sebrad.
Maçãcoloquíntida
Cucurbitáceas
Cultivada nas regiões mediterrânicas mais quentes, bem como no Oeste e
Sudoeste da Ásia, a coloquíntida só é provavelmente espontânea na Á
frica desértica, sobretudo no Sara.
Esta planta, parente próxima da melancia, Citruflus vulgaris Schrad.,
com frutos esféricos de 8 a 12 cm de diâmetro, casca coriácea e
amarelada, polpa esbranquiçada excessivamente amarga, não deve ser
confundida com as diversas cucurbitáceas ornamentais como a cabaça, às
quais se atribui, por vezes erradamente, o seu nome.
As coloquíntidas são um dos mais violentos purgantes do reino vegetal
devido aos
heterósidos amargos que contêm. Efectivamente, nos tempos remotos em que
a purga era a base de qualquer terapêutica, e em que este fruto fazia
parte de numerosas receitas, provocava desconfiança. Pouco usada
actualmente, figura na lista de substâncias tóxicas da farmacopeia
francesa. a Propriedades: drástico, insecticida. UA, U. E. + Ver:
insectos.
CoIza
Brassica napus L., var. oleifera DC.
Couvenabiça Bras.: nabo
Crucíferas
Variedade do nabo de raiz esguia, planta próxima da couvenabo, a colza
é igualmente oriunda das regiões de climas continentais da Europa e da Á
sia Ocidental. É simultaneamente uma planta utilizada como forragem e
oleaginosa. O óleo transparente e semisecativo fornecido pelas suas
sementes tem numerosas aplicações na alimentação, tais como para mistura
dos óleos de mesa
vulgares, fabrico de margarinas, de chocolate e de bolachas de preço
acessível. Porém, os métodos actualmente utilizados para a
extracção industrial dos óleos tornam duvidosa a qualidade de todos
aqueles cujo processo de obtenção utiliza calor, estando o
óleo de colza incluído nesse número. Contém, além disso, várias
substâncias que se revelaram tóxicas quando em ingestão prolongada, não
apresentando assim garantias suficientes para ser utilizado em
culinária. A sua utilização em fitoterapia é, porém, absolutamente
justificada. o Propriedades: cicatrizante, emoliente, Iaxativo. U.l.,
U.E. Ver: bronquite, frieira, traqueíte.
Cominhos
Cuminum qminum L.
Urnbelíferas
Especiaria muito antiga, nativa da Ásia Ocidental, especialmente do
Turquestão, o cominho ocupava um lugar muito importante na gastronomia e
na medicina da Antiguidade. Citado pelo profeta Isaías, os seus frutos
também foram encontrados nos túmulos egípcios; os Romanos, na época da
decadência, utilizavamno como auxílio para a digestão após os festins.
Na Idade Média, o uso do cominho era ainda muito requintado na Europa, e
só com a evolução do gosto acabou por ser considerado uma trivial erva
aromática. A alcaravia passou a ser utilizada em seu lugar e geralmente
é confundida com o cominho. Os frutos desta pequena planta esguia,
bastante semelhantes aos da alcaravia, são, porém, guarnecidos por
numerosos pêlos rijos e curtos, têm aroma mais forte e menos agradável e
um sabor mais quente e acre. o Propriedades: carminativo, digestivo,
galactagogo, sudorífico. UA. + O Ver: apetite, digestão, estômago,
lactação, meteorismo.
Couve
Brassica oleracea L.
Crucíferas
Nativa da Europa, a couve encontrase no estado espontâneo nas falésias
e rochedos do litoral da Mancha, do Atlântico e do Mediterrâneo
Ocidental. No seu habitat natural, é uma planta de caule grosso,
semilenhoso e ligeiramente prostrado, com folhas esparsas, sendo as
inferiores, por vezes, profundamente recortadas, de cor verde e textura
carnuda. Nela se reconhece facilmente o protótipo da couve forrageira
não repolhuda. Cultivada há milhares de anos, muito apreciada pelos
povos celtas e os Romanos, a couve existe em centenas de variedades,
hoje difundidas pelos campos e hortas de todo o Mundo.
Hortaliça popular por excelência, a couve
teve um lugar cimeiro no seu importante papel de alimento e remédio.
Catão, o Anti318
go (séculos III e II a. C.), utilizavaa como panaceia. Plínio, no
século I, consideravaa uma planta mílagrosa que permitira aos
Romanos viver sem médicos durante seis séculos. Hieronymus Bock, célebre
médico alemão do Renascimento, considerava ainda a couveroxa como um
vulnerário: na sua opinião, a urina das pessoas que a comessem adquiria
o poder de curar os tumores externos. Porém, o cepticismo do século XIX
relegou a couve para as cozinhas, tornandose, quando muito, um remédio
caseiro. Parece, no entanto, que a sua função terapê utica não terminou,
pois os fitoterapeutas actuais reconhecemlhe a maioria das propriedades
que já os Antigos lhe atribuíam.
Pelo que se conhece da composição quimica da couve, não é possível
explicar exactamente a sua actividade terapêutica. Além de cerca de 92%
de água, a couve contém, como a maioria das crucíferas hortícolas,
pequena quantidade de uma essência sulfurada, entre 1 e 4% de prótidos,
5 e 7% de glúcidos, entre os quais as mucilagens, O,3% de lípidos,
minerais: fósforo, cálcio, iodo, etc., pequenas quantidades de
provitamina A e
vitamina B e grande quantidade de vitamina C: entre O,05 e O,08%. As
suas inumeráveis propriedades e a sua actividade antiescorbútica são há
muito conhecidas: devido ao uso da couve fermentada nos navios, foi
finalmente possível vencer o *escorbuto marinho+. É importante salientar
que a couve mais benéfica é a couveroxa consumida crua ou, em caso de
intolerância, cozida. Numa obra recente, um médico francês atribuilhe
cerca de 80 aplicações distintas. o Propriedades: antianémico,
antidiarreico, antiescorbútico, cicatrizante, depurativo, diurético,
emoliente, hipoglicemiante, peitoral, vermífugo, vulnerário. U.I., U.E.
+ O Ver: abcesso, acrie, alcoolismo, anemia, astenia, bronquite,
ciática, contusão, díabetes, diarreia, escorbuto, ferida, fígado,
frieira, gota, impetigo, lumbago, parasitose, pele, picadas, queimadura,
reumatismo, rim, úlcera cutânea, urina.
PLANTAS CULTIVADAS
ria. No final do 3.1 milénio a. C. pelo que se lê nos textos antigos
, o damasco era já servido à mesa dos imperadores da China. No entanto,
a árvore só começou a
ser cultivada nos pomares chineses três séculos antes de Cristo. Do
Extremo Oriente propagouse à Ásia Ocidental, e, devido ao seu enorme
desenvolvimento na Arinénia, os Romanos chamaramlhe Armeniacum malum,
maçãdaarménia. Citado pelos Romanos desde o século 1, o damasqueiro
foi difundido por todas as suas possessões da bacia mediterrânica. É
actualmente uma das árvores de fruto mais cultivadas nas regiões
meridionais da Europa, podendo os seus frutos ser consumidos quer
frescos, quer em conserva.
O damasco é um fruto de grande valor nutritivo. Especialmente rico em
provitamina A, à qual se associam as vitaminas B I, B2, PP, B5 e C,
açúcares, sais minerais e numerosos oligoelementos, é, efectivamente, um
poderoso antianémico. O damasco é geralmente bem tolerado, podendo,
porém, como o morango, provocar reacções alérgicas. Consumido cru, é
antidiarreico, mas depois de seco e submetido à mesma preparação que as
ameixas tornase laxativo. O sumo fresco, aplicado no rosto sob a forma
de loção, é um excelente tónico. A amêndoa do caroço, bastante
oleaginosa, é comestível se for doce; porém, é mais frequente ser
amarga, contendo, nesse caso, uma substância que produz ácido
cianídrico, um veneno violento. Deve terse a maior prudência, pois este
caroço já provocou acidentes mortais, especialmente em crianças. o
Propriedades: adstringente, antianémico, laxativo. U.l., U.E. + V Ver:
acufenos, anemia, astenia, convalescença, envelhecimento, nervosismo,
pele.
Dictamobranco
Dictamnus albus L.
Dictamnobranco, fraxincla
Damasqueiro
Prurius armeniaca L.
Albricoqueiro, alperceiro, alpercheiro
Bras.: damasco, abricot
Rosáceas
O damasqueiro, cujos frutos são geralmente pequenos e ácidos, cresce
espontaneamente na região que se estende do Irão à ManchúRutáceas
Espontâneo no Sul e Centro da Europa, assim corno na Ásia temperada, o
dictamobranco é uma planta rara, cultivada simultaneamente pela sua
beleza e as suas propríedades medicinais. Grande erva vivaz, tem as
folhas superiores compostas por 7 a
15 folíolos denticulados, pontuados de glândulas bem visíveis à
transparência, e enormes flores corderosa ou brancas, exalando um
penetrante aroma a canela tão volátil que nas noites de Verão a essência
libertada pode perceberse à distância. Os Antigos desconheciam o
dictamobranco. No Renascimento, os médicos atribuíamlhe múltiplos
poderes. A casca da raiz fazia parte de numerosas fórmulas
farmacêuticas.
319
PLANTAS CULTIVADAS
o Propriedades: anti espasmódico, digestivo, estimulante, tónico,
vermífugo. U.l. Ver: anemia, indigestão, parasitose, verti gem.
Dictamodecreta
Origanum dictamnus L. [@Amara(us dictamnus (L.) Benth.1
Labiadas
Esta espécie xerófita com um indumento lanoso branco, de base lenhosa,
com pequenas flores rosadas, formando espigas opostas guarnecidas de
grandes brácteas cor de púrpura, cresce no estado endémico em Creta.
Considerado uma panaceia pelos Gregos e
Latinos, mas muitas vezes confundido pelos Antigos com outras labiadas
odoríferas, o dictamodecreta era ainda no século XVIII vulgarmente
cultivado nos jardins e fazia parte das receitas de determinado número
de preparações farmacêuticas como o orvietão
ou a opiatadesalornão. A medicina moderna reconhece somente
propriedades aromáticas a esta labiada. Semelhante, nos seus componentes
químicos, ao poejo, o dictamodecreta tem possibilidade de substituílo
nas
indicações terapêuticas. o Propriedades: antiespas módico, colagogo,
emenagogo, vulnerário. UA, UX. + Ver: bronquite, contusão, menstruação,
tosse, vesícula biliar.
Dormideira
Papaver somniftrum L.
Papoiladaíndia Bras.: papoula
Papaveráceas
A dormideira incluise neste capítulo devido às suas sementes
oleaginosas. Nas volumosas cápsulas de todas as variedades de Papaver
somniferum L. amadurece um grande número de minúsculas sementes, ricas
num óleo, denominado óleo de papoilas, muito semelhante ao óleo de
girassol. Este óleo contém uma substância rica em fósforo, a
lecitina. Fluido, quase incolor, de sabor agradável quando resulta de
uma primeira pressão a frio, o óleo de papoila é perfeitamente indicado
para a alimentação. Pouco utilizado, poderia ser, no entanto, muito
eficaz numa dieta hipocolesterolemi ante. Na Europa Central, as sementes
da dormideira são frequentemente utilizadas em pastelaria e no fabrico
do pão. a Propriedades: emoliente, hipocolesterolemiante. U.l., UX. Ver:
colesterol, fígado, greta, queimadura.
Eruca
Erucu sativa Milí.
Fedorenta
Crucíferas
Com as suas grandes flores brancas ou amareladas raiadas de roxo e as
folhas profundamente lobadas, a eruca é muito semelhante a um rabanete
bem desenvolvido. Distinguese, no entanto, pelo seu cheiro forte e
picante. Planta hortícola, condimentar e de aplicações medicinais,
outrora muito vulgar nas regiões mediterrânicas da Europa e da Ásia
Ocidental, é actualmente pouco conhecida. Apesar de rara nas hortas, é,
por vezes, cultivada em certa escala como sucedâneo da mostardanegra. A
cruca deve o seu sabor picante e as suas propriedades tónicas e
excitantes a um heterósido gerador de uma essência sulfoazotada. As suas
utilizações são por isso muito semelhantes às das diversas crucíferas,
como a mostardanegra, o
mastruço e o rábano. o Propriedades: depurativo, digestivo, estimulante,
tónico. U.l., U.E. Ver: astenia, cabelo, cura de Primavera, impotência.
Ervilheira
Pisum saffi,um L.
Ervilha
Leguminosas
Na Idade do Cobre, os homens das cidades lacustres cultivavam já a
ervilheira, além do trigo, da cevada e do milhomiúdo. Pode assim
afirmarse que a domestícação desta planta, originária das regiões
mediterrânicas, onde aparecem ainda espécies congéneres no estado
espontâneo, se perde num passado longínquo. Os Egípcios já a conheciam.
Cultivada pela sua utilidade na alimentação, recurso de grande
importância nas épocas em que, com excepção da base cerealífera, poucos
alimentos vegetais podiam ser consumidos no Inverno, a ervilha foi
durante muito tempo o único legume seco. Mais tarde, na Idade Média,
adquiriuse o hábito de comêla verde.
Rica em glúcidos e em prótidos, com 1,5% de lípidos e 3% de sais
minerais, um terço dos quais sob a forma de fosfatos e grande quantidade
de ferro, a ervilhadequebrar é um alimento quase tão nutritivo como a
lentilha. Após a secagem, deve de preferência ser descascada.
320
De muito mais fácil digestão depois de reduzida a puré, não é
aconselhável às pessoas que sofrem de dispepsia ou às que têm uma
actividade física reduzida. A ervilha verde contém glúcidos, prótidos,
fósforo e vitaminas B 1, B2, PP e provitaminas A e D. Indicada para
anêmicos e convalescentes, também é aconselhável para os trabalhadores
manuais e intelectuais. o Propriedades: resolutivo, tónico. U.l., U. E.
+ Ver: digestão, pontos negros.
Escorcioneira
Scorzonera hispanica L.
Compostas
Muito semelhante ao cersefi, do qual se distingue pelas suas flores
amarelas e raízes escuras, a escorcioneira é uma planta indígena do Sul
e do Centro da Europa, pouco modificada pela cultura. Citada pela
primeira vez em França, como remédio, no século XVI, só um século depois
foi reconhecida como hortaliça. Actualmente, apreciase o sabor da sua
raiz, que é bem digerida por estômagos sensíveis. A água da cozedura, se
não contiver sal, é diurética. Esta raiz, rica em mucilagem e contendo
prótidos e glúcidos, era outrora tida como um antídoto de venenos. Das
folhas novas fazemse excelentes saladas. o Propriedades: diurético,
emoliente, peitoral, sudorífico. UA, UX. Ver: bronquite, gota, pele,
tinha.
Espargohortense
Asparagus officinalis L.
Bras.: aspargo
Liliáceas
O espargohortense encontrase um pouco por toda a parte, propagandose
espontaneamente, pelo que é muito difícil determinar a sua origem. Já
era cultivado no antigo Egipto, no Médio Oriente e na Grécia antiga.
Introduzido em França na época galoromana, a sua cultura só começou a
ser estável a partir do século XV. Este espargo cultivado, geralmente
aclimatado em solos arenosos, tem várias espécies próximas espontâneas
na flora europeia. A mais notável, o
espargobravo menor, Asparagus acutifolius L., é um subarbusto
perpetuamente verde, muito disseminado na região mediterránica.
A análise dos turiões comestíveis revelou um grande número de
componentes: provitamina A, vitaminas BI e B2, aminoácidos, numerosos
oligoelementos, etc. A toiça, espessa, provida de numerosas raizes
carnuPLANTAS CULTIVADAS
das, contém, além disso, um elevado teor de açúcares, um saponósido e
vestígios de óleo essencial; outrora, era utilizada na composição do
xarope das cinco raízes, do qual faziam também parte o aipo, a
gilbarbeira, o funcho e a salsa. O espargo, diurético por excitação
directa do rim, não é aconselhado aos doentes de gota, litíase e
reumatismo. Consumido cru, provoca por vezes reacções alérgicas. a
Propriedades: depurativo, diurético. UA. +0 Ver: anemia, diurese,
fígado, gripe, intestino, pulmão.
Espinafre
Spinacia oleracea L.
Quenopodiáceas
Esta planta hortícola, de origem persa, foi introduzida em Espanha pelos
Árabes apenas no século XI. No século XIII, alcançou a França e
seguidamente atingiu o resto da Europa. Muito rica em sais minerais,
contém também aminoácidos, vitaminas BI, B2, C, PP, carotenos e
glúcidos. Devido à sua alta mineralização e especialmente aos seus
oxalatos, o espinafre deve ser evitado pelos doentes reumáticos, do
fígado e dos rins e diabéticos, bem como em estados inflamató~ rios do
tubo digestivo e vias urinárias. o Propriedades: antianémico,
estimulante, hipotensor, laxativo, remineralizante. UA, U.E. O Ver:
acne, anemia, convalescença, crescimento, desmineralização, hipertensão,
obstipação, queimadura, raquitismo.
Estragão
Artemisia dracunculus L.
Compostas
Esta espécie de Artemis@a deliciosamente aromática, originária da Rússia
Meridional e da Sibéria, era muito apreciada pelos Árabes sob o nome de
tarkum antes de atingir o
Ocidente, talvez aquando das invasões mongólicas, mas mais provavelmente
trazida pelos cruzados no século XII. No século XIII, tinha o nome de
tarcon, e no XIV, o de targon, origens do seu nome actual.
Remédio apreciado pelos Árabes e mesmo considerado por Avicena, no
século XI, como preventivo contra a peste, o estragão foi
progressivamente abandonado na Europa para fins medicinais,
conquistando, no entanto, os seus elevados privilégios culinários.
Contudo, as análises atestam a exactidão de muitas das antigas
indicações terapêuticas.
321
PLANTAS CULTIVADAS
O seu uso é benéfico para faltas de apetite ou más digestões; picado com
abundância sobre legumes, peixes e carnes, melhora agradavelmente a
insipidez dos alimentos nas dietas sem sal. o Propriedades: antiespas
módico, antisép~ tico, aperitivo, emenagogo, estimulante, vermífugo.
U.l. + Ver: aerofagia, apetite, astenia, digestão, menstruação,
meteorismo, parasitose, soluço.
Faveira
Vicia faba L.
Fava
Leguminosas
Este antigo legume, parente próximo de espécies espontâneas da região
mediterrânicá, já era cultivado na Idade do Bronze. A sua importância
alimentar era grande entre os Antigos, embora tivesse a fama de albergar
as almas dos mortos e de provocar sonhos funestos.
A fava tem um elevado valor nutritivo, pois @ontém 23% de prótidos e 55%
de glúcidos. E muito agradável crua quando nova, tornandose depois de
retirada a pele, temperada com sal e azeite, bastante indigesta. Cozida
com a vagem, apresenta uma digestibilidade satisfatória. Quando seca, é
necessário demolhála durante 24 horas para ser
possível extrair a epiderme coriácea; cozinhase em puré, sopa e
guisada, digerindose mais facilmente se for temperada com
ervas aromáticas estimulantes, como a segurelha e a salva. As flores e
vagens verdes da fava são utilizadas em fitoterapia. A ingestão da fava
ou a simples inalação do pólen da planta florida pode, por vezes,
provocar uma rápida intoxicação, o favismo. o Propriedades: antiespas
módico, diurético, sedativo. U.l. O Ver: albuminúria, cistite, litíase.
Feijoeiro
Phaseolus vulgaris L.
Feijãodetrepa
Leguminosas
O feijão, originário do México e do istmo da América Central, era, além
do milho, o alimento base das antigas civilizações do Novo Mundo. Após a
sua aclimatação na Europa,
onde foi introduzido pelos conquistadores espanhóis no início do século
XVI, o feijão produziu inúmeras variedades hortícolas. Conhecido no
passado sobretudo como legume seco de fácil conservação, preferemse
actualmente as suas vagens inteiras colhidas antes da maturaçao.
Quando verde, o feijão é um bom alimento, apesar do seu fraco conteúdo
calórico; rico numa substância que corrige as perturbações metabólicas,
protege o tecido hepático e fortifica o coração; contém ainda numerosos
aminoácidos, carotenos, vitaminas C, E e todas as do grupo B, sais
minerais e oligoelementos. A semente crua contém uma substância que tem
a propriedade de restabelecer a percentagem de leucócitos em caso
de queda patológica ou iatrogénica, após um tratamento com determinados
antibióticos’. Muito nutritivo, o feijão seco digerese com
mais facilidade se for temperado com
condimentos adequados, como a salva e a segurelha. o Propriedades:
depurativo, diurético, emoliente, estimulante, hipoglicemiante, tónico.
U.l., UX. + Ver: albuminúria, arteriosclerose, convalescença, diabetes,
fígado, insectos, mordedura, queimadura, reumatismo, ureia.
Figueira
Ficus carica L.
Bras.: figueiradeeuropa, figueiradebaco
Moráceas
Com os seus pequenos frutos esponjosos e
não comestíveis, a figueirabrava existe nos
locais rochosos virados ao sol de toda a bacia mediterrânica, onde se
mistura com inúmeros pés naturalizados que derivam de variedades
cultivadas. Estas últimas são provavelmente originárias da Ásia
Ocidental. A figueira é uma das mais antigas árvores de fruto: uma
pintura egípcia de BeniHassan, com 4500 anos, representa uma
colheita de figos; no Antigo Testamento surge como um dos símbolos da
abundância da Terra Prometida. Os figos tiveram, além do trigo e da
azeitona, um papel importante na alimentação dos antigos povos
mediterrânicos, sobretudo da Grécia e de Roma.
Particularmente rico em açúcar, proteínas, lípidos, grande quantidade de
fósforo e cálcio, além de oligoelementos, o figo é um
alimento muito nutritivo e de fácil digestão. Uma elevada percentagem de
vitamina C, quando fresco, associada aos carotenos e vitamina B,
contribui para que o figo seja um remédio contra a fadiga. As suas
propriedades são numerosas: as sementes exercem uma acção laxativa; a
decocçã o do figo seco é emoliente quer para uso externo, quer interno.
O fruto cozido é resolutivo. O látex
322
branco que brota dos ramos partidos ou do pecíolo das folhas é ácido e
irritante; contém enzimas com capacidades para tornar mais tenra a carne
e uma outra que coagula o leite. Destrói calos e verrugas. O contacto
com as folhas pode provocar reacções alérgicas cutâneas. * Propriedades:
calicida, emoliente, estimulante, laxativo, resolutivo. U.l., UX. + O
Ver: abcesso, astenia, calo, convalescença, crescimento, envelhecimento,
gengivas, gravidez, obstipação, tosse, verruga.
Girassol
Helianthus annuus L.
Helianto
Compostas
A grande flor do girassol é, na realidade, um capítulo constituído por
uma parte central formada por inúmeras pequenas flores tubulosas
rodeadas por uma coroa de flores petalóides. Originário da América
Tropical, chegou à Europa no princípio do século xvi. Durante muito
tempo tida como simples planta ornamental que segue o curso do Sol, o
girassol foi reconhecido, no século passado, como uma das mais
importantes oleaginosas.
A saborosa amêndoa dos frutos do girassol contém entre 3 5 e 5 5 % de
óleo, de 23 a 3 1 % de prótidos e cerca de 20% de glúcidos, podendo
assim ser considerada como complemento nutritivo. O seu óleo é
hipocolesterolemiante, e quando de boa proveniência, extraído por
simples pressão, é uma das melhores matérias gordas alimentares.
A medicina popular russa utiliza as folhas e as flores para tratar as
doenças pulmonares e as afecções de garganta. Durante a colheita o
contacto das flores e das sementes pode provocar reacções alérgicas
cutâneas. o Propriedades: febrífugo, hipocolesterolemiante. U.l. + O
Ver: anginas, arteriosclerose, colesterol, enfisema, febre, hipertensão,
nervosismo, paludismo.
Groselheiranegra
Ribes nigrum L.
Saxifragáceas
A gro s elheira negra é espontânea no Norte, Centro e Leste da Europa e
no Norte e CenPLANTAS CULTIVADAStro da Ásia. A cultura propagoua muito
para além da sua zona original, através de uma grande parte do
hemisfério norte temperado.
O pequeno fruto aromático e ácido é mais conhecido pela sua importância
na indústria de licores e na confeitaria do que pelas suas propriedades
dietéticas e terapêuticas, que são, no entanto, as mais consideráveis.
Rica em vitamina C, particularmente resistente ao
calor e à oxidação, e portanto com óptimas condições de conservação nos
xaropes e compotas, a baga contém também um óleo essencial, glúcidos e
muitos pigmentos antociânicos que lhe conferem uma acção vitamínica P. A
decocção das bagas frescas ou
secas é utilizada em gargarejos para tratar doenças de garganta. As
folhas, cujo aroma é agradável, são diuréticas e estão normalmente
associadas às curas de Primavera. As gemas, em gemoterapia, actuam como
estimulante das glândulas suprarenais. a Propriedades: adstringente,
antiescorbútico, antihernorrágico, diurético, estimulante, refrescante.
UA, UX. + V O Ver: arteriosclerose, celulite, circulação, epidemia,
fígado, gota, hipertensão, obesidade, olhos, picadas, reumatismo, rim,
seio, ureia.
Hortelãpimenta
Mentha piperita L.
Labiadas
Híbrido da hortelãaquática e da hortelãcomum, a hortelãpimenta foi
possivelmente descoberta nas imediações das culturas desta última, em
Inglaterra, nos finais do século XVII. Estéril como muitos híbridos,
esta hortelã, o peppermint dos AngloSaxões, foi desde então propagada
por via vegetativa em numerosos países temperados. Um grande centro de
produção continua a ser, no entanto, a região de Mitcham, próximo de
Londres. Por vezes, surge espontaneamente nos
locais em que os seus progenitores crescem juntos.
A hortelãpimenta deve o seu perfume intenso e o seu sabor picante a uma
essência dotada de propriedades antisépticas. A planta contém também
flavonóides. Excitante do sistema nervoso periférico, mas com
capacidades de moderar a acção dos nervos em caso de excitação
patológica, a hortelã é simultaneamente estimulante, sedativa e
antiespasmódica; estimula as funções digestivas. É utilizada no fabrico
de licores e em confeitaria e também na indústria farmacêutica. o
Propriedades: antálgico, antiespas módico, antiséptico, digestivo,
estimulante, sedativo. U.l., UX. + O Ver: aerofagia, cefaleia, digestão,
espasmo, hálito, impotência, indigestão, insectos,
323
PLANTAS CULTIVADAS
meteorismo, nevralgia, palpitações, parasitose, pé, pele, pulmão, sarna,
soluço, tabagismo, tosse convulsa, vertigem, vómito.
Jasmineiro galego
Jasminum officinale L.
Jasmimdeitália
Bras.: jasmimtrepador, jasmi neirodos aç ores
Oleáceas
Esta planta trepadeira de caule delgado e flores brancas agradavelmente
perfumadas parece ter sido importada da índia no decorrer do século XVI.
Cultivado como espécie ornamental no Sul da Europa, o jasmineirogalego
serve de cavalo para enxerto do jasmineirodeespanha, Jasminum
grandiflorum L., originário do Nepal, cujas flores, maiores e
rosadas, são utilizadas no fabrico de perfumes. A região de Grasse, em
França, é o
grande centro europeu de produção de essência de jasmim. O chá de
jasmim, aromatizado com as flores do Jasminum odoratissimuni L., é
cultivado sobretudo na Formosa.
Em fitoterapia, a infusão das flores é considerada como sedativa e
excelente para as dores de cabeça. O óleo obtido pela maceração das
flores em azeite durante pelo menos seis semanas é um bom remédio para
fricções, na ocorrência de dores nevrálgicas. o Propriedades:
antiespasmódico, aromático, hipnótico. U.l., UX. + Ver: cefaleia, dor,
sono, tosse.
B6, C e E, açúcares, ácidos orgânicos, aminoácidos, pectina e sais
minerais. Além disso, antes da maturação, estado em que as
suas virtudes atingem o apogeu, contêm heterósidos flavónicos que lhes
conferem uma acção vitamínica P protectora dos capilares e
preventiva de hemorragias. A polpa da laranja é tónica, antiescorbútica,
alcalinizante. É bem tolerada pelos gastrálgicos e favorável aos
hepáticos. Os diabéticos devem ingeriIa com moderação. As suas
utilizações em cosmética são análogas às da polpa do pepino.
Com a casca preparamse, por destilação, essências aromáticas: a
essência de laranja doce, ou de Portugal, no caso da laranjeiradoce, e
a essência de laranja amarga, no
caso da 1 aranj eira amarga. A casca da laranja amarga, outrora muito
utilizada, é actualmente mais apreciada pelo seu sabor do que pelas suas
propriedades. A casca da laranja doce tem propriedades semelhantes,
porém mais atenuadas. As folhas e os ramos
jovens da laranjeiraamarga produzem uma
essência muito aromática, além de uma saborosa infusão sedativa
recomendável às pessoas nervosas. Das flores, tão sedativas e antiesp as
módicas como as folhas, é extraída uma essência que entra na composição
da águadecolónia. Destiladas em presença da água, fornecem a água de
flores de laranjeira, de utilização quase exclusivamente aromática. o
Propriedades: antiescorbútico, antiespasmódico, antihemorrágico,
aperitivo, colagogo, cosmético, digestivo, febrífugo, hipnótico,
sedativo, tónico, vermífugo. U.l. +-0 Ver: aerofagia, alcoolismo,
apetite, crescimento, desmineralização, envelhecimento, epilepsia,
estômago, febre, fígado, hemorragia, nariz, nervosismo, nevralgia,
palpitações, parasitose, pele, soluç o, sono, vómito.
Laranjeiradoce e
amarga
Citrus sinensis Osbeck e Citrus bigaradia Duhamel
Rutáceas
As laranjeiras e os limoeiros têm um passado comum. Árvores originárias
do Sueste Asiático Tropical e Subtropical, cultivadas desde tempos
remotos em todo o Extremo Oriente, atingiram o Ocidente pela mesma
via. A laranj eira amarga chegou à Europa nos alvores dos tempos
históricos, muito antes da doce, introduzida pelos Árabes na África do
Norte e na Península no século XV.
Frutos de luxo, reservados às pessoas abastadas até uma época recente,
as laranjas nunca tiveram utilizações populares. Contêm carotenos,
vitaminas BI, B2, PP, B5,
Lentilha
Lens culinaris Med. (=Ervum lens L.)
Leguininosas
A flora mediterrânica e a da Ásia Ocidental albergam grande número de
lentilhasbravas, de entre as quais os agricultores neolíticos
seleccionaram algumas espécies; assim se obteve a lentilha cultivada,
inexistente no estado espontâneo. A lentilha faz parte dos mais antigos
legumes secos. Os Egípcios já se alimentavam de lentilhas; alimento
vulgar entre as classes pobres na Grécia e em Roma, a lentilha foi
desacreditada pelos médicos dessa época. No século li, foi acusada de
provocar tumores. Um autor do Renascimento aconselha ainda a sua
cozedura, depois de descascada, em água da chuva com numerosas ervas
aromáticas, a fim de fazer desaparecer a sua nocividade. Eramlhe
324
também reconhecidas virtudes terapêuticas, tais como a de curar a
varíola e de minorar a acção dos venenos. No século XIX, um charlatão
fez fortuna comercializando farinha de lentilhas sob um nome misterioso
e apresentandoa como um remédio universal!
A lentilha é um alimento de elevado valor nutritivo. Assim, 100 g de
lentilhas equivalem, no plano calórico, a 150 g de carne e
150 g de pão integral. É rica em fósforo, ferro e em vitaminas do grupo
B. As pessoas que sofrem de dispepsia devem preferentemente ingeri~la
sob a forma de farinha. A salva e a segurelha facilitam bastante a sua
digestão. o Propriedades: galactagogo, resolutivo. U.l., UX. O Ver:
abcesso, astenia, lactação.
Lilás
Syringa vulgaris L.
Lilaseiro
Oleáceas
Na Primavera, este arbusto tem floração exuberante e perfume intenso;
cultivado outrora pelos Árabes, o lilás crescia nos jardins de
Constantinopla pouco depois da conquista turca, daí se difundindo pela
Europa a
partir do século XVI.
A casca nova, as folhas e os frutos verdes são extremamente amargos
devido a uma substância especial, a siringopicrina, e a um
heterósido; estas substâncias fazem do lilás uma planta medicinal de
acção tónica muito útil. As flores contêm uma essência utilizada em
perfumaria. Na Rússia, fazse uma maceração com as flores, o óleo de
lilás, antireumático. * Propriedades: antinevrálgico, febrífugo,
sedativo, tónico. U.l., U.E. Ver: ciática, febre, reumatismo.
Limoeiro
Citrus limonum Riss.
PLANTAS CULTIVADAS
amarga foram introduzidas na Europa após as conquistas de Alexandre,
difundindose rapidamente para oeste, pelas costas do Mediterrâneo,
visto que os seus frutos já estão representados em mosaicos romanos do
século 1. O limoeiro, difundido pelos Árabes no Egipto e na Palestina
cerca do século X, é uma conquista das Cruzadas.
O limão, fruto medicinal por excelência, ao
qual ainda hoje se recorre naturalmente para tratar as gripes, gozava de
grande reputação entre os médicos latinos, gregos e árabes da
Antiguidade, que o consideravam um antídoto contra venenos de origem
animal, além de um preventivo contra epidemias. Modernamente, a análise
do limão demonstrou o seu excepcional valor. O suco contém ácido
cítrico, ácido málico, citratos de potássio e
de cálcio, cerca de 8% de glúcidos, matérias pécticas, mucilagem, sais
minerais, oligoelementos e vitamina C. O limão contém ainda, tal como a
laranja, heterósidos flavónicos com acção vitamínica P. Do pericarpo
extraise, por destilação, uma essência muito perfumada, de grande poder
antiséptico, normalmente utilizada em perfumaria e como aromatizante.
Pelas suas propriedades, o
consumo regular de limões, de alho e tomilho é indicado em períodos de
epidemias. O limão é um excelente antiséptico e um tónico geral do
organismo e do aparelho digestivo. Resulta eficazmente no tratamento de
doenças inflamatórias da boca e da garganta. Cosmético de tradicional
reputação, o limão amacia a pele das mãos, fortifica as unhas frágeis,
tonifica as peles oleosas, diminuindolhes a seborreia, torna a tez
radiante e encobre as sardas. Misturado com a água de enxaguar o cabelo,
tornao brilhante. o Propriedades: antiescorbútico, antihemorrágico,
antiséptico, febrífugo, refrescante, tónico. U.l., U.E. + V O Ver:
acne, afta, alcoolismo, anginas, apetite, arteriosclerose, astenia,
banho, boca, cabelo, celulite, circulação, colesterol, dentes, diarreia,
digestão, epidemia, epistaxe, escorbuto, fadiga, ferida, greta, gripe,
insectos, intoxicação, lipotimia, meteorismo, obesidade, olhos, ouvido,
parasitose, pele, picadas, reumatismo, sarda, soluço, unha, vómito.
Rutáceas
Os citrinos são originários da Ásia Meridional e do Sueste. O limoeiro e
um parente próximo, a cidreira, Citrus medica L., cujos frutos possuem
casca muito espessa e irregular e polpa pouco ácida, crescem
espontaneamente nas florestas quentes do sopé do Himalaia Indiano e nas
montanhas do Norte da Península Indochinesa. Cultivados desde há
milhares de anos da índia à China, os
Citrus foram durante muito tempo conhecidos na Europa apenas como
árvores míticas que davam flores e frutos todo o ano. Cerca do século IV
a. C., a cidreira e a laranjeiraLírioflorentino
Irisflorentina L.
Líriobranco
1ridáceas
O nome oficinal de lírioflorentino abrange várias espécies cultivadas e
variedades hortícolas de origem provavelmente híbrida, das quais a mais
conhecida é o líriocárdano, Iris germanica L., planta cujo nome não é
elucidativo, pois não existe no estado es325
PLANTAS CULTIVADAS pontânco na Europa Central. De origem mediterrânica,
este último, bem como o Iris fiorentina L. e Iris pallida Lamk., é há
séculos cultivado na Ásia Ocidental e em grande parte da Europa. O
rizoma espesso, única parte utilizável, com aroma desagradável quando
fresco, adquire depois de seco um forte perfume de violeta, Este cheiro
é devido à presença de um óleo essencial, a essência de lírio, de
composiçã o muito complexa. Considerado pela medicina antiga como o
melhor dos purgativos, o rizoma do lírio, uma vez seco e reduzido a pó,
actua como expectorante e diurético, tornandose vomitivo em doses
fortes. Actualmente, os lírios são cultivados mais pela beleza das suas
flores e pela sua utilização em perfumaria. o Propriedades: aromático,
diurético, expectorante, U.l. + Ver: asma, bronquite, cefaleia, tosse
convulsa.
Lúcialima
Lippia citriodora L.
Belaluísa, docelima, ervaluísa, limonete
Bras,: ervacidreira
Verbenáceas
Este arbusto chileno é cultivado na Europa Meridional desde os fins do
século XVIII. A lúcialima, muito decorativa, tem folhas com perfume
intenso; um complexo óleo essencial determina o forte aroma a limão e as
propriedades da planta. Devido aos seus componentes e utilizações, tem
muitas semelhanças com a melissa. Combate, sobretudo, as perturbações
digestivas e nervosas ligeiras. Desaconselhase o seu emprego prolongado
devido aos riscos de perturbações gástricas, e mesmo gastrites. o
Propriedades: antiespasmódico, estomáquico. U.l. + Ver: actifenos,
cefaleia, indigestão, meteorismo, palpitações, vertigem, vómito.
Macieira
Malus communis Poir.
Maceira, maçãzeira
Rosáceas
De origem complexa, a macieira, que conta actualmente com mais de 1000
variedades, deriva simultaneamente de espécies da Ásia
Central e Ocidental, onde a sua cultura é muito antiga, e dos seus
híbridos com as macieiras europeias. A maçã é um dos frutos indígenas
mais apreciados; além de 85% de água, contém 12% de açúcar, ácidos
orgânicos, pectina, tanino, vitaminas BI, B2, PP, C e E e provitamina A.
O seu aroma é devido a uma essência existente sobretudo na pele.
Refrescante pelo seu abundante suco, ligeiramente ácido, estimula as
glândulas digestivas e protege a mucosa gástrica. Os dispépticos
deveriam comer uma maçã ralada e já um pouco escurecida pela exposição
ao ar no início de cada refeição. O sumo de maçã fresco, numa cura de
Primavera, temse revelado muito salutar. É um excelente alimento
complementar que favorece especialmente a assimilação do cálcio.’ A maçã
tem numerosas utilizações externas tradicionais: a sua polpa cozida é
calmante e resolutiva, e o seu suco fresco retarda o aparecimento de
rugas e a flacidez da epiderme. o Propriedades: antidiarreico, anti
séptico, aperitivo, diurético, emoliente, febrífugo, hemostático,
laxativo, refrescante, resolutivo, tónico. U.l., U.E. + V Ver: anemia,
artritismo, astenia, bronquite, cansaço, convalescença, coração,
crescimento, cura de Primavera, diarreia, diurese, envelhecimento,
estÔmago, hipertensão, litíase, nervosismo, obesidade, obstipação, pele,
reumatismo, seio.
Manj eric ão grande
Ocimum basilicum L.
Basílico, alfádega, manjericodefolhagrande,
alfavaca
Bras.: manj.cricaoroxo
Labiadas
É uma planta de origem africana e indiana que se aclimatou na Europa há
muitos séculos. É cultivada para aromatizar saladas, sopas, pratos de
carne e para extracção da essência no aro do Mediterrâneo e na maioria
das regiões temperadas quentes do Globo. Além do manjericãogrande,
Ocimum basilicum L., com folhas de 2 a 5 cm de comprimento, cultivase
ainda o manjericão, Ocimuni minimum L., espécie muito semelhante, com
folhas de 1 a 2 cm e aroma muito mais suave. O seu delicioso perfume,
semelhante ao do estragão, devese à presença na planta de uma essência
rica em estragol, em eugenol, base da essência do cravodaíndia, e
ainda em timol, que faz parte dos componentes da do tomilho. A planta,
que deve de preferência ser utilizada fresca, pois perde as suas
propriedades ao secar, é, em doses medicinais, estimulante,
antiespasmódica e
sedativa, pelo que era outrora receitada para o tratamento da histeria.
As folhas frescas
326
esmagadas acalmam as irritações cutâneas. o Propriedades: antiespas
módico, esternutatório, galactagogo, peitoral, sedativo. UA, U. E. + V
Ver: aerofagia, afta, astenia, cabelo, cefaleia, constipação, espasmo,
estômago, insectos, lactação, meteorismo, nervosismo, picada, sono,
terçolho, tosse, tosse convulsa, vómito.
Manjerona
Origanum majorana L. (= Majorana hortensis
Moench)
Bras.: manjeronaverdadeira, ourégãovulgar,
manjeronainglesa, flordehirrieneu,
manjeronahortensis, amaracus
Labiadas
Esta pequena labiada aromática, com folhas aveludadas, flores
minúsculas, brancas ou rosadas, agrupadas em espigas oblongas, muito
juntas e com grandes brácteas côncavas, só se cultiva na Europa. No Sul,
contudo, surge por vezes escapada das culturas. O seu habitat natural
estendese do Nordeste de África à índia; introduzida no Ocidente na
Idade Média, possivelmente pelos cruzados, o seu nome foi depois
atribuído ao vulgar orégão indígena. Este facto originou confusões
seculares que ainda persistem. o Propriedades: antálgico,
antiespasmódico, antiséptico, hipotensivo. U.l., U.E. + Ver: angústia,
astenia, banho, cefaleia, estômago, nervosismo, sono, vertigem.
Maravilhas
Calendula officinalis L.
Maravi lha s bastardas, caléndulahortense, boasnoites
Bras.: calêndula, malmequer, bemmequer
Compostas
As belas maravilhas dos jardins, flores vulgares dos canteiros,
raramente são conhecidas pelas suas virtudes medicinais. Inexistentes no
estado espontâneo, parecem derivar da ervavaqueira dos campos do Sul da
Europa, Calendula arvensis L., começando a
ser utilizadas em medicina na Idade Média.
Pigmentos flavónicos, um princípio amargo, um saponósido, uma resina, um
óleo essencial, ácidos, álcoois e vestígios deácido salicílico numa
associação perfeita fazem das maravilhas um remédio excepcional. Para
além das aplicações especiais em ginecologia, são um dos melhores
vulnerários antisépticos, antiinfiamatórios e cicatrizantes da flora
europeia. o Propriedades: antiespasmódico, antiinflarnatório, anti
séptico, calicida, cicatrizanPLANTAS CULTIVADAS
te, depurativo, emenagogo, emoliente, sudorífico, vulnerário. U.l., UX.
+ V O Ver: calo, contusão, ferida, fígado, frieira, furúnculo,
menopausa, menstruação, pele, picadas, queimadura, ú lcera cutânea,
verruga.
Marmeleiro
Cydonia vulgaris Pers. (= C. oblonga Miller)
Rosáceas
As maçãs de ouro do Jardim das Hespérides, representado nos altos
relevos do Templo de Zeus, em Olímpia, em 450 a. C., assemelhamse muito
aos marmelos. Os Gregos conheciam estes frutos pelo menos desde o século
vil a. C. Eram oriundos da Ásia Ocidental, onde o arbusto é espontâneo,
desde a
Turquia até ao Norte do Irão e à Transcaucásía. Durante um longo período
os marmelos, mais apreciados pelo seu aroma do que pelas suas qualidades
alimentares ou medicinais, foram oferecidos aos deuses. Para o
povo, oferecer um marmelo era uma prova de amor: um decreto de Sólon, no
século vi, oficializava a função do marmelo nos ritos nupciais. Desde a
época de Hipócrates até ao século XVIL, este fruto foi considerado um
dos mais sãos e úteis, tendo lugar de destaque na medicina antiga pela
sua adstringência; durante muito tempo, pensouse que se tratava de um
antídoto de venenos.
Algumas variedades dão frutos comestíveis (como as gamboas), se bem que
normalmente sejam consumidos cozidos. Apesar de perdida a sua antiga
reputação, o marmeleiro continua a ser cultivado por toda a Europa,
sendo os seus frutos utilizados na preparação de geleias alimentares e
em fitoterapia. o Propriedades: adstringente, antidiarreico, calmante.
UA, UX. + V Ver: afta, anginas, banho, boca, cólica, frieira, greta,
hemorróidas, leucorreia, pele, queimadura, ruga.
Mastruço
Lepidium sativum L.
Agriãomouro, mastruçoordinário
Crucíferas
Desde os mais remotos tempos cultivado no
Irão, de onde é sem dúvida originário, o
mastruço conquistou a Ásia e a Europa na Antiguidade. Suplantado nos
mercados pelo agrião, também chamado agriãodeágua, o
mastruço merecia ser mais conhecido, visto que se adapta a todos os
tipos de solos e a
quase todos os climas, desenvolvendo com uma rapidez surpreendente.
Muito utilizado pelos Gregos e Romanos, que apre3',27
PLANTAS CULTIVADAS
ciavam iguarias condimentadas e saladas picantes, servido nas mesas
reais na Idade Média, o mastruço gozou de justa fama. o Propriedades:
antiescorbútico, depurativo, estimulante. U.l., UX. Ver: apetite, boca,
convalescença, fígado, pele.
Melão
Cucumis melo L.
Cucurbitáceas
Como o pepino, espécie do mesmo género, o melão é originário da Ásia
Ocidental e Meridional, sendo um dos frutos mais apreciados desde a
Turquia à China; existe também em África no estado espontâneo. Cultivado
pelos Romanos, o melão desapareceu depois das culturas europeias, só
reaparecendo nos finais da Idade Média e no Renascimento. Os
apreciadores, ao ingerilo, cometiam uma temeridade, pois os médicos da
época consideravam o melão um dos mais nocivos alimentos e
responsabilizavamno pela morte de quatro imperadores e dois papas.
Contraindicado aos que sofrem de dispepsia, de diabetes e em todos os
casos de irritação do aparelho digestivo, o melão é para os que não
sofrem destes males, apesar da sua difícil digestão, um fruto agradável,
refrescante, diurético e laxativo. As suas utilizações em cosmética são
análogas às do pepino, estando o melão especialmente indicado para as
peles secas, o Propriedades: diurético, laxativo, refrescante. UA., U.E.
V Ver: fígado, pele, queimadura.
Milho
Zea mays L.
Milhogrosso, milhomaês Bras.: cabelodemilho, barbademilho,
estigmademilho
Gramíneas
Os índios da América consideravam o milho um dom do deus Hiawatha. Na
verdade, o milho é desconhecido em todo o Mundo no estado espontâneo e
distinguese perfeitamente das gramíneas que mais se lhe assemelham. A
América Central e principalmente o México foram provavelmente os locais
de difusão da cultura da planta. Em estações préhistóricas do Novo
México foram encontrados restos de milho com 7500 anos, supondose que
algumas tribos índias do Sudoeste dos Estados Unidos já o conheciam há
milénios. Nestas civilizações, o milho tem a mesma importância que o
trigo para os
Europeus. Hoje, é um cereal cultivado em todo o Mundo, especialmente na
Europa, onde é utilizado para a alimentação do gado.
O grão de milhodocedaamérica, consumido em verde, é tão saboroso como
as ervilhas. Muito energético e nutritivo, é menos equilibrado que o
trigo; se bem que diminua a actividade da tireóide e actue como
moderador do metabolismo, o milho não é comparável ao trigo como base
alimentar exclusiva. O amido do milho faz parte da composição de
numerosos produtos dietéticos para lactentes. O germe de grão de milho
contém um óleo que, como o do girassol, possui uma acção
anticolesterolémica. Os estiletes que guarnecem as espigas frutíferas,
chamados barbas de milho, têm uma acção diurética e emoliente. Contêm
ácido salicílico, que é analgésico, e vitamina K. o Propriedades:
analgésico, antihemorrágico, diurético, emoliente,
hipocolesterolemiante, hipoglicemi ante. U.l. + O Ver: albuminúria,
cistite, colesterol, diabetes, edema, gota, litíase, nefrite, obesidade,
pele, reumatismo, rim.
Milhomiúdo
Panicum miliaceum L.
Milhodecanário, milhoalvo, pãodepassarinho,
milhete
Gramíncas
Além do milhogrosso, várias outras gramíneas foram ou são ainda
cultivadas sob a designação genérica de milho. As duas mais importantes
são o milhomiúdo, Panicum miliaceum L., e o milhopaínço, Setaria
italica P. B.; são plantas que nascem espontaneamente em diversas
regiões da Ásia, em
zonas temperadas no primeiro caso e quentes no segundo. A sua origem
perdese com a da história dos povos deste continente. Os Chineses
cultivavam o Panicum miliaceum L. há 5000 anos. Foram encontrados restos
de Setaria italica P. B. em Chassey, França, que devem datar do 3.O
milénio a. C,
Os milhosmiúdos desapareceram praticamente da alimentação ocidental,
pois não são panificáveis. Continuam, no entanto, a ser intensamente
cultivados na Ásia, em África e também na Europa Oriental, sobretudo o
Panicum miliaceum L. Possuem qualidades alimentares aproximadas às do
trigo e têm um sabor doce e agradável. Negligenciamse erradamente nos
países ricos, onde apenas os vegetarianos os apreciam. Os seus
grãos são cozinhados em papas, bolos ou do mesmo modo que o arroz. O
Milium effusum L., milhomiúdosilvestre dos bosques frescos de todo o
hemisfério norte temperado, pouco semelhante aos já mencionados, foi
muitas vezes utilizado como alimento em períodos de escassez.
328
o Propriedades: antianémico, diurético, estimulante, resolutivo,
sudorífico. U.l., U.E. o Ver: actiferios, convalescença, diarreia,
gripe.
Nogueira
Juglans regia L.
Bras.: nogueiradaíndia
Juglandáceas
Árvore do Sudeste Europeu e Asiático, cujo vasto habitat se estende dos
Balcãs e de Creta até ao Norte da China, a nogueira foi extinta na
Europa Ocidental pela última glaciação quaternária, reaparecendo no fim
da Idade do Bronze.
Pouco reputada, como a maioria dos frutos, na opinião dos médicos da
Antiguidade e da Idade Média, a noz teve, contudo, um papel importante
na alimentação dos nossos antepassados, especialmente através do seu
óleo, outrora utilizado, juntamente com o do fruto da faia, na Europa
não Mediterrânica. A noz
é dos frutos secos mais nutritivos, pois contém, além de prótidos e
glúcidos, sais minerais, sobretudo zinco e cobre, vitaminas BI, B2, B5 e
PP e carotenos. Reconstituinte, deve fazer parte da ementa de
carenciados, convalescentes, crianças e idosos; é um
vermífugo eficaz contra a ténia. As folhas e a casca verde dos
frutos, o pericarpo, constituem a sua principal utilidade medicinal. A
nogueira é aconselhada para combater a
queda do cabelo e a caspa, mas o seu poder corante limita o seu uso aos
morenos. Existem incompatibilidades entre a nogueira e plantas como o
aloésdocabo, o musgodaIrlanda, o condurango, a quina, além de alguns
sais minerais ou substâncias medicamentosas. Nunca se deve associar a
outros medicamentos sem indicação médica. o Propriedades: adstringente,
antiséptico, cicatrizante, depurativo, detersivo, hipoglicemiante,
tónico, vermífugo. U.l., U.E. +-0 Ver: anemia, anginas, astenia, banho,
cabelo, conjuntivite, crescimento, diabetes, diarreia, edema, ferida,
fígado, frieira, hemorróidas, leucorreia, parasitose, pele, raquitismo,
úlcera cutânea.
Oliveira
Olea europaea L.
Oleáceas
Símbolo da agricultura antiga nas regiões mediterrânicas, a oliveira foi
domesticada há milhares de anos na Ásia Ocidental, onde os
protótipos das raças cultivadas existem no
PLANTAS CULTIVADAS
estado espontâneo. O Génesis fala de um
óleo extraído provavelmente do seu fruto. A árvore atingiu a Itália na
1.1 metade do
1.O milénio a. C. e actualmente é cultivada em cerca de 30 países dos 5
continentes. Além de água, óleo, glúcidos e prótidos, a
azeitona contém numerosos minerais, especialmente cálcio, ácidos
orgânicos, enzimas, vitaminas B I, B2 e PP e provitamina A.
O azeite é um alimento precioso quando é feito com rigor. As azeitonas
comercializadas são frequentemente submetidas a lavagens químicas que
destroem alguns elementos importantes. O poder nutritivo das azeitonas
pretas é muito superior ao das verdes; basta recordar que, na área
mediterrânica, constituíam outrora, com a cebol >a e o pão de
centeio, o alimento principal da gente do campo. O azeite extraído por
pressão a frio é o único que oferece garantias sob o ponto de vista
dietético e medicinal. Muito digerível cru, poderia substituir todas as
gorduras alimentares se tivesse as características anticolesterolemi
antes dos óleos de milho e girassol. Teve outrora numerosas aplicações
terapêuticas, tanto para uso interno como externo. Entre os Romanos, a
unção com azeite tinha funções de um verdadeiro banho de juventude. A
folha de oliveira, além da sua antiga fama de febrífuga e vulnerária,
deve a descobertas modernas a reputação de ser um dos hipotensores
vegetais europeus de maior interesse. o Propriedades: colagogo,
colerético, diurético, emoliente, hipoglicemi ante, hipotensor,
laxativo, resolutivo. U.l., U.E. + V O Ver: abcesso, arteriosclerose,
bronzeamento, cabelo, diabetes, diurese, eritema, fígado, greta, gripe,
hipertensão, litíase, obesidade, obstipação, ouvido, pele, picadas,
reumatismo, úlcera cutânea, unha.
Passifiora
Passiflora incarnala L.
Martírios, flordapaixão
Bras.: maracujá
Passifioráceas
Esta graciosa trepadeira provida de gavinhas, com folhas recortadas e
persistentes, deve o
nome às suas enormes e maravilhosas flores, cujas diversas peças fazem
lembrar os * trumentos da Paixão de Cristo. Originária da América
Tropical, necessitada de temperaturas elevadas, a família das
Passifioráceas só se aclimata bem nas regiões temperadas mediterrânicas.
329
PLANTAS CULTIVADAS
Em 1867, os estudos de um investigador americano chamaram a atenção para
a passiflora e demonstraram o seu grande interesse para a medicina como
sedativo e antiespasmódico. Esta planta não tóxica pode ser de grande
utilidade para determinadas intoxicações, como o alcoolismo ou a
morfinomania. Além disso, o seu fruto, que é ovóide, amarelo, do tamanho
de um ovo, contém uma polpa comestível levemente viscosa, muito
refrescante e rica em vitamina C. o Propriedades: analgésico,
antiespasmódico, hipnótico, hipotensor, sedativo. UA. +0 Ver:
alcoolismo, angústia, cólica, coração, enxaqueca, espasmo, fadiga,
nervosismo, nevralgia, sono.
Pastinaga
Pastinaca sativa L.
Chirivia
Umbelíferas
Derivando de uma espécie silvestre muito conhecida na Europa, a
pastinaga apenas difere dela pela sua aromática raiz carnuda, de cor
branco amarelada; consumida ainda fresca, tem um sabor muito agradável.
Bastante apreciada pelos Latinos, foi uma das plantas mais difundidas
até ser suplantada pela cenoura no século XI.
Mais rica do que esta em açúcares e proteínas, a pastinaga é um alimento
de valor aproximadamente igual, se bem que contenha menos vitaminas. É
necessária muita prudência ao colhêla, pois há possibilidades de se
fazerem trágicas confusões entre a pastinaga e outras umbelíferas
tóxicas, como o embude, ou rabaças, Oenanthe crocata L., e
a cicuta, Conium maculatum L. Uma subespécie espontânea da pastinaga, a
Pastinaca urens Req_ provoca, por simples contacto, dermatoses
alérgicas, por vezes graves. o Propriedades: depurativo, diurético,
sedativo. UA. Ver: diurese, obesidade.
PeÓnia
Paeonia officinalis L.
Peoffiáceas
Mais bela ainda no estado selvagem, com as suas grandes flores terminais
vermelhas, a peónia, jóia rara da flora europeia, encontrase dispersa,
sempre em meios bem delimitados e frequentemente pouco acessíveis, de
Portugal à Rornénia, aventurandose para norte até à Áustria e à
Hungria. Existe também na
Ásia, tendo representado na China durante
um longo período o símbolo da glória imperial. A Paeonia baetica L.
cresce em Portugal desde o Minho ao Algarve, nos locais pedregosos e
silvados, sendo conhecida pelos nomes de rosa albardeira, rodadelobo
ou peóniamacha. A Paeonia officinalis L. é
rara em Portugal, aparecendo na região do vimioso.
Os primeiros escritos médicos gregos consideravam a peónia eficaz contra
a epilepsia, tendo sido utilizada no tratamento desta doença até ao
século XIX. A fitoterapia moderna consideraa um bom antiespas módico,
vantajosa nos casos de perturbações nervosas. As sementes de peónia são
tóxicas; utilizamse as flores e a raiz, que contém um
heterósido produtor de óleo essencial e um alcalóide que exerce uma
acção tónica na circulação venosa. A planta não é aconselhável às
mulheres grávidas. o Propriedades: antiespas módico, vasoconstritor.
U.l., U.E. + Ver: espasmo, hemorróidas, nervosismo, palpitações, tosse,
varizes.
Pepino
Cucumis sativus L.
Cucurbitáceas
O antepassado desta planta hortícola tão conhecida, cuja cultura era já
próspera na índia e no Egipto há pelo menos 4000 anos, é provavelmente
um pepino espontâneo que
cresce no sopé do Himalaia. Muito apreciado pelos Gregos e Latinos,
considerado na Idade Média como detentor de um certo número de
qualidades terapêuticas, o pepino como alimento levantou em todos os
tempos as maiores suspeitas por parte dos médicos e
dietistas. Contendo de 95 a 97% de água, este fruto é de facto o menos
nutritivo dos alimentos crus, se bem que contenha, entre outras,
vitamina C, provitamina A, uma proporção notável de ferro, manganésio,
iodo e vestígios de tiamina. A casca tem um sabor amargo devido a
substâncias que se
encontram também na norçabranca e nas coloquíntidas e que são tóxicas.
Indigesto quando cru, mal tolerado por estômagos sensíveis, o pepino é,
no entanto, um alimento refrescante e diurético. É utiliizado
principalmente para uso externo; a polpa goza de uma muito antiga e
merecida fama em dermatologia e em cosmética: cuidados do rosto, rugas,
sardas; com efeito, o pepino, cortado em rodelas e aplicado sobre o
rosto, constitui uma máscara emoliente. As sementes, cuja composição se
assemelha às da abóbora, são consideradas vermífugas. o Propriedades:
diurético, emoliente, refrescante. U.l., UX. V O Ver: cólica, dartro,
eritema, greta, pele, prurido.
330
Pereira
Pirus communis L.
Rosáceas
Congénere da pereirabrava, Pirus piraster Burgsd., a pereira, no
entanto, não deriva dela. Mais provavelmente, tem origem numa ou em
várias espécies de Pirus do Sudeste da Europa e da Ásia Ocidental. As
variedades procedentes da pereirabrava só dão frutos acres, apenas
utilizáveis para prensar. Cultivada na Grécia antiga, citada na
Odisseia, a pereira já estava representada nos pomares latinos do século
I por cerca de
40 variedades, número este que o talento dos agricultores aumentou
indefinidamente. Actualmente, se bem que tenham sido inventariadas mais
de 1000 variedades de péras, apenas algumas são cultivadas à escala
industrial. O fruto é perfeitamente digerível quando maduro. Para
estômagos susceptíveis é, no entanto, preferível cozêlo. A pêra é rica
em açúcares, sobretudo levulose, assimilável pelos diabéticos e bastante
pobre em vitaminas, mas importante devido aos ácidos orgânicos, aos
minerais e à pectina. Um pouco adstringente devido ao tanino, é no
entanto o sabor refrescante a mais apreciável das suas qualidades. A
casca e as folhas dos ramos jovens contêm um glucósido, o arbutósido.
09 Propriedades: adstringente, antidiarreico, antiséptico, diurético,
vulnerário. U.I., U. E. Ver: anginas, cistite, diarréia, diurese, gota,
litíase, reumatismo.
Pessegueiro
Pruntís persica (L.) Batsch (=Persica mIgaris Mill.)
Rosáceas
O pessegueiro não se encontra em parte alguma no estado espontâneo. É
cultivado na
China desde tempos imemoriais, onde as mais antigas poesias celebram as
suas flores, símbolo de renovação, de juventude e de amor fugaz. Muito
tempo depois de ter atingido o Médio Oriente pela rota das caravanas, o
pessegueiro foi introduzido na Grécia pelos soldados de Alexandre Magno.
As pinturas murais de Pompeia, em Itália, são um testemunho do seu
desenvolvimento. Actualmente, o pessegueiro tornouse uma
das árvores frutíferas mais cultivadas à superfície do Globo, com
centenas de variedades, algumas com frutos de pele lisa, como os
pêssegos nectarinas e os calvos, ou carecas.
O pêssego fresco, além dos seus 85% de água, é sobretudo rico em
açúcares; contém também uma pequena quantidade de óleo
PLANTAS CULTIVADAS
essencial, numerosos minerais, vitaminas B I, B2, PP e C e provitamina
A. Quando maduro, é um fruto energético, aperitivo e
refrescante, bem tolerado pelos estômagos sensíveis. A polpa do pêssego
tem as mesmas aplicações cosméticas que a do alperce. As folhas, as
flores e a amêndoa do caroço contêm uma substância química geradora de
ácido cianídrico, pelo que não devem ser
consumidas. Só o xarope de flores de pessegueiro em doses rigorosas
continua a ser
receitado às crianças como laxante e sedativo. o Propriedades: antiespas
módico, aperitivo, laxativo, refrescante, sedativo, vermífugo. U.I.,
U.E. + V Ver: acufenos, obstipação, parasitose, sono, tosse, tosse
convulsa.
Pimentão
Capsicum annuum L.
Pimentãocorni cabra, pimentocornurn
Solanáceas
Descoberto na América Central no final do século XV pelos marinheiros de
Cristóvão Colombo, o pimentão era desde épocas longínquas a única
especiaria usada pelos índios do Chile e do México. Importado pelos
Espanhóis em 1514, propagouse muito rapidamente nas regiões meridionais
da Europa, em África e na Ásia. Ocupa actualmente um
lugar importante na alimentação dos povos dos países mediterrânicos e
tropicais. Cultivamse diversas espécies e variedades do género
Capsicum, algumas com frutos pequenos de sabor picante, outras com
frutos maiores e com sabor menos intenso os
pimentões doces, ou pimentos. Em climas quentes cultivase também o
pimentãodecheiro, ou pimentãodecaiena, Capsicum frutescens L., espé
cie arbustiva com caules lenhosos, pequenos frutos pontiagudos, muito
picantes, dos quais, depois de secos e
reduzidos a pó, se faz o piripíri. Os pimentões têm um fraco valor
nutritivo, contendo, no entanto, vitaminas C, B I, B2 e PP. Uma
substância específica, a capsaicina, determina o seu sabor picante. O
pimentão picante, ingerido em excesso, pode causar inflamações
gastrintestinais e renais e deve ser proibido em casos de sensibilidade
especial destes órgãos. Actualmente, é utilizado em
aplicação externa como rubefaciente e revulsivo e faz parte da
composição de numerosos bálsamos, linimentos, cataplasmas, bem como do
algodão termogéneo. o Propriedades: antidiarreico, antiinflamatório,
antivomitivo, aperitivo, estimulante, revulsivo, rubefaciente, sedativo,
tónico. U.I., U.E. Ver: alcoolismo, apetite, arteriosclerose, astenia,
bronquite, cabelo, congestão, diarreia, nevralgia, pulmão, reumatismo,
vómito.
331
Piretro
Chrysanthemum cinerariaefolium (Trev.) Vis.
Piretrodadalmácia
Compostas
Esta bela composta vivaz, cujas flores se
assemelham às da bonina, distingui tido se, no entanto, facilmente
devido às suas folhas muito recortadas, aveludadas, de tom acinzentado,
quase todas situadas na base, e pelo seu perfume, muito aromático, só
cresce espontaneamente nas costas jugoslavas do Adriático.
Os capítulos do piretro, única parte utilizada, contêm, além de outros e
numerosos componentes, uma mistura de piretrinas, substâncias
extremamente tóxicas para os
animais de sangue frio, como os insectos e os vermes, e de fraca
toxicidade para o
homem e animais de sangue quente, quer por ingestão, quer por inalação.
Desde longa data conhecido como insecticida na Ásia Ocidental, onde
crescem espécies vizinhas, o piretro tornouse uma planta de uso
corrente na agricultura. o Propriedades: parasiticida. U.E. + O Ver:
ftiríase, insectos.
Rabanete e rábano
Raphanus sativus L., var. radicula Pers.; Raphanus
sativus L., var. niger Pers.
Bras.: rabanete, nabochinés, rabanetedasbortas
Crucíferas
Estas hortaliças são desconhecidas no estado espontâneo e supõese que
sejam espécies próximas das do Oeste Asiático. Na época da construçã o
das pirâmides, os Egípcios alimentavamse com estas deliciosas raízes
temperadas com dentes de alho. Os médicos gregos e latinos já conheciam
as suas propriedades béquicas. Os rabanetes e os rábanos não são citados
na Europa antes do Renascimento, só a partir dessa época começando
a ser elogiados os seus bons efeitos colagogos, embora fossem
considerados alimentos grosseiros. São apenas variedades hortícolas,
botanicamente muito semelhantes, diferenciandose apenas pelas suas
raízes. Têm utilizações idênticas, se bem que o rábano seja mais rico em
essência e mais activo. De valor nutritivo muito reduzido, bastante
indigestos, não são aconselhados aos dispépticos, mas o seu suco
fresco é benéfico para os hepáticos. O rabanete
é menos indigesto se for consumido com as folhas, sendo necessário
mastigálo bem. o Propriedades: antiescorbútico, aperitivo, béquico,
tónico. U.l. + Ver: acrie, artrite, bronquite, desmineralização, fígado,
meteorismo, tosse, vesícula biliar.
Rícino
Ricinus communis L.
Carrapateiro, mamona, bafureira Bras.: mamoneira, baga, bafureiro
Euforbiáceas
Esta magnífica planta tropical, originária da África e da índia, é
vulgarmente cultivada como arbusto ornamental em toda a Europa
Meridional. Nas regiões mais quentes é cultivada para extracção do óleo.
As sementes de rícino, lisas, brilhantes e marmoreadas, contêm entre 49
e 85% de óleo associado a cerca de 20% de proteínas e a uma fitotoxina
altamente venenosa, a ricina. Insolúvel no óleo, esta toxina permanece
integralmente nos resíduos depois de a
semente ser prensada. As sementes de rícino não devem ser ingeridas,
pois 3 ou 4 podem matar uma criança, e cerca de 15, um adulto, não
existindo, além disso, qualquer antídoto específico.
Já conhecido na Antiguidade pelos Egípcios e Gregos, o óleo de rícino
era utilizado para tratar a obstipação e em cosmética, como se fosse
brilhantina, e também para a
iluminação. Actualmente, é ainda um dos laxativos vegetais de acção
suave mais utilizados. É um componente básico de alguns medicamentos
para uso externo, encontrando também na indústria numerosas aplicações.
o Propriedades: emoliente, galactagogo, purgativo. U.l., U.E. + V O Ver:
artrite, cabelo, frieira, lactação, obstipação, parasitose.
Romãzeira
Punica granatum L.
Romeira
Bras.: romã
Punicáceas
Arbusto da Ásia Ocidental, espontâneo desde o Sul do Cáucaso até ao
Penjabe, a romãzeira foi desde longa data difundida pelo homem na Ásia
Oriental e na Ásia Menor e, mais tarde, nos países mediterrimicos.
Disseminada pelos pássaros, encontrase por vezes longe das culturas na
Europa Meridional. A sua história é semelhante à da figuei
332
ra: foram descobertas romãs em túmulos egípcios que datam de 2500 a. C.
Os Árabes, que apreciavam muito a romã, introduziram e cultivaram
intensivamente esta árvore no Sul de Espanha; testemunhando tal facto, a
cidade de Granada (romã, em espanhol) ostenta desde o século VIII o nome
do fruto.
À romãzeira e ao seu fruto está ligado um
grande número de símbolos, tradições e costumes. A romã era considerada
um excelente fruto para a fecundidade. Há 4000 anos, os Egípcios
conheciam já o efeito vermífugo da sua raiz. Cerca de 1807, na Europa, a
casca da raiz estava na moda para combater a ténia armada. A análise
revelou que os
princípios activos contidos na casca são alcalóides antihelmínticos
muito eficazes contra as ténias, devendo, no entanto, ser
administrados sob vigilância. A medicina antiga aproveitava também a sua
acção adstringente devido ao tanino contido na casca, na flor e no
fruto.
O sumo da romã tinha múltiplas utilizações, consoante o estado de
maturação; o sumo dos frutos acres era receitado como febrífugo e
antivomitivo, e o dos frutos doces, como calmante para a tosse. A
verdadeira granadina, que é um xarope concentrado de sumo de romã, é
evidentemente muito diferente da poção fabricada artificialmente. A
casca da romã servia outrora para curtumes e pintura de couros.
o Propriedades: acistringente, vermífugo. U.l., U.E. + Ver: hemorragia,
leucorreia, parasitose.
Rosapálida
Rosa centifolia L.
Rosadecemfolhas, rosadejericó
Bras.: rosa
Rosáceas
De entre as inumeráveis variedades de rosaspálidas cultivadas, a rosa
decemfolhas e as suas parentes próximas, como a rosabranca, Rosa alba
L., e a rosa dedamasco, Rosa damascena Mill., derivam muito
provavelmente de hibridações antigas entre a rosarubra, Rosa gallica
L., e as roseirasbravas orientais. Estas rosas, que exalam um perfume
forte, já eram cultivadas na Grécia e na Itália antigas. É sobretudo da
rosadedamasco, que apresenta uma floração contínua, perfumando os
velhos jardins durante largos períodos do ano, que se extrai a essência
e se prepara a água de rosas. Esta última, introduzida na Europa pelos
cruzados, teve, como a essência, uma reputação de remédio universal.
Actualmente, apenas se
emprega em farmácia pelo seu aroma. Faz parte da composição de numerosos
produtos cosméticos, funcionando como tónico devido às suas qualidades
de adstringente.
o Propriedades: laxativo. U.l., U.E. + V Ver: obstipação, pele, pontos
negros.
Rosarubra
Rosa gallica L.
Rosafrancesadobrada, rosadealexandria, rosavermelha, rosada
provença, rosagálica
Bras.: rosafrancesa
Rosáceas
Esta rosa rústica, de um vermelho profundo e aveludado, é uma espécie de
roseirabrava com flores duplas das regiões meridionais da Europa e da
Ásia Ocidental. Já conhecida pelos Antigos, como a precedente, só no
tempo das Cruzadas atingiu o Ocidente na forma denominada @<de Provins+,
com flores muito dobradas de cor vermelhoescura.
Celebrizada no passado tanto por médicos como por poetas, esta rosa
rubra apenas conserva, no laboratório, o rótulo banal de tónico e
adstringente. As suas pétalas contêm tanino, ácido gá1hico, heterósidos,
um pigmento e um óleo essencial. o Propriedades: adstringente,
antidiarreico, antihernorrágico, resolutivo, tó nico, vulnerário. U.l.,
U.E. + V O Ver: afta, anginas, boca, convalescença, ferida, hemorragia,
leucorreia, nariz, olhos, pele, queimadura solar, úlcera cutânea, unha.
Ruibarbos
Rheum rhabarbarum L. e Rheum rhaponticum L.
Rabárbaro
Poligonáceas
Estas grandes e belas plantas, com folhas onduladas, das quais é
comestível, em compota ou em doce, o pecíolo carnudo e ácido,
originárias da Mongólia ou da Bulgária, são
cultivadas na Europa, bem como os Seus híbridos. A raiz do ruibarbo,
única parte oficinal, muito apreciada pelos médicos antigos, permaneceu
desde a Antiguidade até ao século XVIII um simples importado, por isso
raro e precioso. Aclimatada nas hortas da Europa há cerca de 300 anos, o
seu preço desceu. O rizoma contém antraquinonas purgativas e vários
heterósidos, um dos quais tem efeitos estrogéneos. A parte verde das
folhas é realmente perigosa e não deve ser ingerida, pois já se
verificaram intoxicações mortais. A utilização da raiz de ruibarbo como
laxativo não deve ser prolongada; o
doce preparado com os pecíolos não é aconselhado a quem sofra de
litíase, gota e reumatismo. o Propriedades: aperitivo, laxativo, tónico,
vermífugo. U.l., U.E. + O
333
PLANTAS CULTIVADAS
Ver: abcesso, alcoolismo, apetite, cabelo, diarreia, estômago,
intestino, parasitose.
Salsa
Petroselinum sativum Hoffiri.
Salsahortense
Bras.: salsadahorta, salsadecheiro, salsavulgaris,
hortense
Umbelíferas
Desde a época romana, não existe nenhuma horta da Europa, com excepção
do extremo norte, onde não seja cultivada esta excelente planta
aromática, originária provavelmente do Mediterrâneo Oriental.
Curiosamente, parece que até ao fim da Idade Média a salsa só se
cultivava para aplicações medicinais. Uma essência de composição
complexa e
variável, contendo principalmente apiol, apiósido e miristicina, que se
encontra também na nozmoscada, Myristica fragans Houtt., determina o
aroma e o sabor da sal sa. As folhas frescas contêm, além disso, um
alcalóide volátil, ferro, cálcio, fósforo e percentagens muito elevadas
de provitamina A e vitamina C. Estas substâncias conferem à salsa maior
importância do que a de um condimento; é um factor importante de equi~
líbrio da nutrição e um óptimo remédio vegetal. Assim, 5 g de salsa
proporcionam a
quantidade quotidiana necessária de provitamina A, e 30 g, igual
quantidade de vitamina C. Tomar o suco fresco é o melhor modo de ingeri
Ia. o Propriedades: antianémico, antiescorbútico, antilactagogo,
aperitivo, depurativo, diurético, emenagogo, estimulante, resolutivo,
sedativo, tónico. UA, U.E. + V O Ver: acrie, alcoolismo, anemia,
apetite, contusão, crescimento, digestão, edema, impotência, lactação,
leucorreia, menstruação, oftalmia, picadas, raquitismo, reumatismo,
sarda, tez, ureia.
Soja
SoJa hispida Maxim. (=Glv(ine soja Sieb. et Zucc.)
Bras.: feijãosoja, feijãochinês, ervilhaoleaginosadojapão, favada
manchúria
Leguminosas
Espontânea da Indochina ao Japão, a soja é cultivada desde há muito
tempo nessas regiões. Introduzida na Europa no século XVIII, só nos
últimos decênios adquiriu importância, quer do ponto de vista alimentar,
quer económico. Desenvolvese principalmente nas regiões meridionais,
pois necessita de calor.
As pequenas sementes globosas da soja
representam um dos mais elevados potenciais nutritivos vegetais. Contém
cerca de
35% de proteínas (duas vezes mais do que a
carne), possuindo todos os aminoácidos essenciais; delas fazem parte
caseínas, cuja composição é semelhante às do leite, lípid os
e cerca de 30% de glúcidos, A soja é um alimento de grande valor
energético, antiasténico, remineralizante e factor de equilíbrio
nutricional. Pode consumirse cozida, em farinha, crua ou germinada, sob
a forma de leite e mesmo de queijo. O óleo que produz, de emprego vulgar
na alimentação, é rico em ácidos gordos poliinsaturados, revelando~se
eficaz na diminuição da taxa de colesterol sanguíneo. o Propriedades:
estimulante, hipocolesterolemiante, remi neral i zante. UA. Ver:
arteriosclerose, astenia, colesterol, convalescença, crescimento,
desmineralização, fadiga.
Tomateiro
L_y(opersicum esculentum MiII.
Tomate
Solanáceas
Os Espanhóis descobriram o tomateiro na América, onde crescia
espontaneamente desde o Peru até ao México, começando a surgir nas
hortas europeias cerca de 1550. Até ao século XVIII, apenas foi
cultivado como
planta ornamental, pois era considerado venenoso. Nos finais do século
XIX, o tomateiro era ainda um vegetal quase exclusivamente meridional.
Com 93% de água, menos de 4% de glúcidos e 1 % de prótidos, o tomate não
pode ser considerado um alimento nutritivo. É, no
entanto, um fruto muito importante devido aos seus ácidos orgânicos, aos
seus carotenóides e, sobretudo, à vitamina C, cujo teor atinge o máximo
quando o fruto está completamente maduro. O tomate verde ou pouco corado
contém um alcalóide, a solanina, que pode tornálo tóxico, à semelhança
das folhas e dos caules. Embora não seja fácil de digerir, sobretudo
quando cozido, é, após concentração do sumo e em doses moderadas,
refrescante e aperitivo; alcalinizante, tem grande utilidade na dieta
das pessoas que sofrem de artrite. o Propriedades: adstringente,
aperitivo, diurético, laxativo, refrescante. UA., U.E. V O Ver: acrie,
apetite, astenia, epidemia, gota, obstipação, pele, picadas, psoríase,
reumatismo, tez, ureia.
334
Tremoceiro
Lupinus albus L. (sensu lato)
Leguminosas
Estas magníficas plantas ornamentais, com
as suas típicas folhas digitadas e as suas
grandes espigas florais erectas, contêm substâncias tóxicas. Esta
toxicidade é devida a alcalóides como a esparteína, a lupinina e, o
mais nocivo, a lupanina, que podem ou não coexistir na mesma espécie.
Registamse com frequência intoxicações em animais que, por vezes, podem
ser fatais.
A semente do tremoço constituiu, no entanto, num passado recuado, uma
importante forragem e foi mesmo um alimento para o homem.
Quatro séculos antes de Cristo, os Gregos consumiam já esta semente,
cujo sabor amargo e toxicidade eram eliminados por ebulição. Durante a
última guerra os tremoços torrados substituíram o café. Além da soja, é
a semente mais rica em proteínas:
40% em certas variedades. o Propriedades: antidiabético, emoliente. U.
E. V O Ver: abcesso, eczema, parasitose, pele.
Trigo
Triticum aestivum L. (=T. vulgare ViII.)
Gramíneas
O trigo, cereal antiquíssimo, cujos numerosos protótipos espontâneos se
encontram desde a Grécia ao Médio Oriente, era já conhecido na origem
das civilizações ocidentais. Segundo J. F. Leroy (1970), o trigo
cultivado no Curdistão há 8000 anos @<era já o resultado de uma longa
melhoria+ devido à influência de uma selecção agrícola empírica. No 5.O
milénio a. C., este trigo era cultivado no Iraque e propagouse à Ásia
Menor e ao Mediterrâneo. Cerca de 4000 a. C., juntamente com a espelta,
outra espécie com grãos revestidos, encontrase já no delta do Danúbio e
nas planícies do Reno marítimo. No 3.O milénio, estes cereais são já
cultivados na maior parte da Europa. Os trigos duros meridionais do
grupo dos Triticum durum Desf_ de desenvolvimento muito mais tardio,
sobretudo a partir do século XVIII na Europa Ocidental, têm origem
oesteasiática, por um lado, e lesteafricana e arábica, por outro.
O trigo é um bom alimento. É, no entanto, necessário especificar que o
pão branco dos nossos dias não tem, de modo nenhum, o valor nutritivo do
trigo inteiro ou ligeiramente peneirado da alimentação antiga. Só o
pão integral, desde que seja proveniente de
culturas isentas de qualquer influência química, possui todos os
componentes dos invólucros e do germe do cereal, com excepção do farelo.
O grão de trigo contém até
75% de glúcidos, de 11 a 12% de prótidos, de 1,65 a 2% de lípidos, de
2,1 a 2,5% de celulose, cerca de 2% de substâncias minerais,
principalmente potássio, fósforo e cálcio. O germe contém 25% de
prótidos, incluindo os oito ácidos aminados indispensáveis cuja síntese
o organismo não pode efectuar, cerca de 47% de glúcidos diversos, de
10 a 12% de lípidos e lecitina rica em fósforo, alimento dos tecidos
nervosos. A estes elementos associamse as enzimas, que possibilitam a
assimilação dos diversos compostos, um elevado teor de fósforo,
magnésio, cálcio, além de oligoelementos e vitaminas BI, B2, PP, B5, B6
e E. Nas diversas camadas do farelo encontrase um considerável número
de componentes do germe, além de substâncias reguladoras do metabolismo
das gorduras. O trigo é um extraordinário potencial de saúde. o
Propriedades: antianémico, emoliente, estimulante, laxativo,
remineralizante. U.l. + v IN Ver: anemia, astenia, banho, cabelo,
crescimento, desmineralização, enurese, esterilidade, gravidez,
impotência, nervosismo, obstipação, raquitismo.
Trigosarraceno
Fagopyrum esculentum Moench (=Polygoiium
Jagopyrum L.)
Trigomourisco, fagópiro
Poligonáceas
A cultura deste cereal teve início na China num passado longínquo,
atingindo posteriormente a índia e a Ásia Ocidental. Só no fim da Idade
Média foi conhecido na Europa. Ainda recentemente muito difundido nas
regiões siliciosas pobres das terras frias da Europa Central, a cultura
do trigosarraceno tem vindo a retroceder.
O pequeno fruto do trigosarraceno, aquérrio trígono, enegrecido e
brilhante, contém um albúmen rico em glúcidos, lípidos e prótidos, entre
os quais vários aminoácidos indispensáveis à vida; o teor em fósforo,
cálcio, ferro, cobre e vitaminas B I, B2, PP e
B5 ultrapassa a média, e o teor em potássio é o mais elevado de todos os
cereais.
A semente, depois de liberta da casca
dura e cozida pelo mesmo processo do arroz, é um alimento de grande
valor energético e nutritivo, de fácil assimilação, recomendado em todos
os casos de fragilidade digestiva e em estados de desnutrição. As folhas
frescas contêm uma elevada quantidade de rutósido, ou rutina, heterósido
flavónico que exerce uma acção vitamínica P.
335
o Propriedades: estimulante, remineralizante. U.l. O Ver: astenia,
convalescença, crescimento, desmineralização, gravidez.
Tuiavulgar
Thuja occidentalis L.
Cedrobranco, árvoredavida Bras.: tuia, árvoredoparaíso
Cupressáceas
Esta bela conífera frondosa e intensamente perfumada é uma das primeiras
árvores americanas que se aclimatou na Europa. Originária do Nordeste
dos Estados Unidos e do Sudeste do Canadá, foi introduzida na Europa nos
inícios do século xvi, O princípio activo da tuiavulgar é uma essência
de composição complexa, tóxica devido à presença de uma cetona, a
tuiona; a planta contém também taninos. Em fitoterapia, a tuia é um
remédio para as pessoas idosas e sedentárias. Tem numerosas aplicações
em homeopatia. A sua tintura é um dos melhores calicidas. A tuia, em
doses tóxicas, é abortiva, sendo o seu uso terapêutico interdito às
mulheres grávidas. a Propriedades: adstringente, antihemorrágico,
calicida, diurético, sedativo. U.l., U. E. + Ver: calo, cistite,
enurese, hemorróidas, reumatismo, verruga.
Tupinambo
Helianthus tuberosus L.
Girassolbatateiro
Bras.: topinamboi, batatatupinarnbá, girassoltuberoso, alcachofrada
terra
Compostas
Espontâneo no Canadá e nas pradarias do Nordeste dos Estados Unidos, o
tupinambo foi introduzido na Europa nos alvores do século XVII,
difundindose mais rapidamente que a batata, tanto como planta
forrageira como para a alimentação humana. Existem vários tipos de
tubérculos, alguns dos quais lisos e mais fáceis de descascar.
Semelhante à alcachofra pela consistência e pelo gosto, o tupinambo, com
cerca de 15% de glúcidos e 2% de prótidos, é um alimento energético que
deve ser aproveitado especialmente pelos diabéticos, pois o seu conteúdo
em glicose é quase nulo. É também recomendável aos
azotémicos pelo seu fraco teor em prótidos. o Propriedades: anti
séptico, galactagogo. U.l. Ver: diabetes, lactação, obstipação.
Videira
Vitis vinifera L.
Videiraeuropeia, vide, parreira
Bras.: uva, videira
Vitáceas
A cultura da videira perdese na noite dos tempos, supondose que teve
origem na Ásia Menor. Era já cultivada pelos Egípcios, e os Gregos em
1500 a. C. comiam os seus frutos e prensavamnos para obter vinho.
Símbolo do culto de Dionísio, os seus pâmpanos serviam de motivo
decorativo.
O emprego de espécies norteamericanas utilizadas como enxerto permitiu
melhorar a,
resistência às doenças e aos parasitas das castas europeias. A uva
fresca contém 82% de água, 16% de glúcidos, cerca de 1% de proteínas,
grande quantidade de potássio, vitaminas PP, B I, B2, B5, B6 e C e
provitamina A. As uvas secas, muito ricas em açúcares, cerca de 70%,
conservam uma
razoável quantidade de provitamina A e todas as vitaminas do grupo B.
Alimento muito energético, antianémico e perfeitamente digerível, pois
os seus açúcares são directamente assimilados, é indicado para dietas
fortificantes sem provocar sobrecarga proteica, sendo também depurativo
e desinfectante. Devido aos seus pigmentos, as amocianinas, a uva preta
é um protector vascular; para uma eficaz cura depurativa devem ingerir
se entre 1 e 2 kg de uvas por dia,
Ao óleo das grainhas das uvas, constituído quase totalmente por ácidos
gordos poliinsaturados, atribuemse propriedades idênticas às do óleo
de girassol, tendo em conta, no entanto, que não seja alterado pelos
processos de extracção industrial. Esta última observação aplicase
também ao vinho, velha panaceia, veículo de inúmeras preparações
medicinais, estimulante e energético quando em doses moderadas, mais
diurético se for branco e adstringente se for tinto. Os vinhos
medicinais são preparados por maceração a frio, mais ou menos
prolongada, em
recipiente fechado e depois filtrados.
As folhas, especialmente as da videirapreta, variedade denominada *dos
tintureiros+, contêm tanino e pigmentos antociânicos que exercem uma
acção vitamínica P. a Propriedades: adstringente, antianérnico, anti
hernorrágico, antiséptico, depurativo, diurético, estimulante,
hipocolesterolemiante, laxativo, tónico, vasoconstritor. U.l., U. E. + V
Qi Ver: aene, acne rosácea, anemia, artritismo, astenia, banho,
bronzeamento, celulite, circulação, colesterol, conjuntivite,
convalescença, cura de Primavera, diarreia, envelhecimento, fadiga,
fígado, flebite, gota, gravidez, hemorragia, hemorróidas, hipertensão,
litíase, menopausa, obesidade, obstipação, raquitismo, sarda, varizes.
336
As plantas tóxicas
Classificar é uma das funções essenciais da inteligência humana.
Confrontado com o mundo vegetal, o homem, apoiado na sua experiência,
foi capaz de distinguir, no decorrer dos tempos, as plantas boas das
más, as que eram úteis à sua alimentação e as que, sinónimos de morte,
utilizava como veneno de caça ou de guerra. Existe um testemunho ainda
visível nos motivos decorativos dos frisos do Templo de Baco em Baalbek,
onde a dormideira, emblema da morte, alterna com o trigo, símbolo da
vida.
Na realidade, porém, é impossível estabelecer para cada planta uma
divisão tão nítida: venenoalimento. O mundo vegetal elabora no seu seio
múltiplos compostos químicos que constituem o seu próprio metabolismo.
Se um bom número destas moléculas assim formadas é favorável ao homem,
outro, em contrapartida, élhe fatal, pois não se incorpora no seu ciclo
biológico.
Todas as plantas devem, portanto, ser consideradas, em princípio, como
perigosas, mesmo aquelas com que o homem parece particularmente
familiarizado. Quem imaginaria, por exemplo, que a couve, a azeda ou o
espinafre podem ser nocivos? Ora, está provado que um consumo excessivo
dessas plantas alimentares não produz efeitos benéficos, mas, pelo
contrário, certos inconvenientes. Estes são, felizmente, quase
insignificantes, se se compararem aos graves acidentes frequentemente
relatados nas notícias dos jornais.
O mundo industrializado, agressivo, perturbado, em que vivemos
desenvolve nas pessoas que habitam nas cidades o desejo de uma
reaproximação da Natureza, e esta necessidade, se bem que compreensível,
não é isenta de riscos. Efectivamente, como qualquer movimento de
revolta, é por vezes incontrolável. A possibilidade de confundir
diversas espécies do mundo vegetal e também, infelizmente, a ignorância
e o descuido de muitos podem estar na origem de intoxicações fatais.
De entre exemplos recentes, podem citarse os múltiplos adornos,
pulseiras e colares, trazidos ou não de viagens longínquas, formados por
sementes tão perigosas como o rícino, o jequeriti (Abrus precatorius L.)
e uma espécie de mimosa (Mimosa scandens L.), responsáveis por acidentes
mortais. Ou ainda o acidente ocorrido quando, no decorrer de uma
operação de sobrevivência nos
Pirenéus, um grupo de jovens páraquedistas devia alimentarse de
frutos, sementes ou raízes encontrados na zona. Infelizmente, os homens,
deficientemente informados, confundiram as raízes de acónito com nabos
comestíveis, do que resultou uma intoxicação colectiva muito grave e,
para alguns, mesmo mortal. Umas vezes são crianças que, brincando às
refeições, comem sementes de falsaacácia, outras são adultos que,
procurando um certo exotismo ou por mera curiosidade, preparam uma
salada à base de folhas de Euphorbia marginata Pursh. ou ingerem caules
de Dieffenbachia picta Schott., que confundem com canadeaçúcar ...
Por esta razão, sem esgotar o assunto, pois para tanto seria necessária
uma verdadeira enciclopédia, apresentamse neste capítulo as plantas
perigosas que mais frequentemente crescem nos parques e jardins, nos
apartamentos e locais de trabalho, nos campos cultivados e incultos.
Muitas das plantas utilizadas na decoração são perigosas. Ignorase, por
exemplo, que a dedaleira, frequentemente plantada devido à beleza dos
seus longos cachos violáceos, o loendro, originário da África do Norte,
o líriodosvales e o heléboronegro contêm, todos eles, heterósidos
que, em dose elevada, são tóxicos para o coração. No entanto, estas
mesmas plantas e estes mesmos componentes activos intervêm na
terapêutica cardiológica. Com efeito, em pequenas doses, são
cardiotónicos preciosos. Neste como em tantos outros casos, a dosagem
correcta do preparado e a posologia oportuna transformam o que seria uma
droga mortal num agente benéfico.
Frutos e sementes tóxicos
As árvores de fruto constituem um grupo de plantas tão familiares como
perigosas: o damasqueiro, o pessegueiro, a cerejeira, a ameixeira, a
amendoeira amarga, contêm nos seus caroços substâncias que podem
libertar facilmente ácido cianídrico extremamente tóxico. Os riscos de
acidentes são grandes se se considerar o elevado número de caroços
abandonados após o consumo da polpa do fruto. Nunca será demais avisar
as
crianças do perigo que pode advir do hábito de trincar as amêndoas
amargas dos frutos com caroço.
Igualmente frequente, o castanheirodaíndia encontrase sobretudo nos
parques, jardins e orlando as avenidas, onde oferece a
sua espessa sombra. Os seus frutos e as suas sementes, cuja maturação
corresponde à época do recomeço do ano escolar, são muitas vezes
pretexto para jogos e brincadeiras das crianças. Desconhecese, no
entanto, na maioria das vezes, que essas sementes no estado fresco podem
intoxicar tanto os animais como o homem, devido ao seu alto teor em
saponósidos. Naturalmente, as vítimas são sobretudo as crianças, que
confundem os frutos do castanheiro da índia com os do
337
PLANTAS PARTICULARMENTE PERIGOSAS
Acónito
Aconitum nappelus L. Bras.: capacetedejúpiter, capuzdefrade, carro
devénus Ranunculáceas
O Toda a planta, em especial as
raízes, em forma de pequenos nabos.
Cóliquico
Colchicum autuninale L. Bras.: colchico, dedodemercúrio
Lifiáceas
O Toda a planta, Na época da floraçào nunca levar as flores à boca.
< Beladona
Atropa beliadoriria L. Bras.: beladama, ervaenvenenada Solanáceas
O Toda a pLanta, parti cularmente as bagas. Estas bagas, enormes,
parecem ginjas de cor vermelha muito escura; o seu cálice, com 5 lóbulos
verdes, é persistente.
Meimendronegro Hyoscyamus niger L. Bras.: meimendropreto, ervados
cavalos Solanúceas
O Toda a planta.
Lauréolamacha >>
Daphne laureola L.
Timelcáceas
o Casca vesicante, isto é,
que provoca vesículas
na pele. Não confundir com o
loureiro.
< Estramónio
Datura stramonium L.
3ras.: figueirabrava, figueira do inferno, zabumba
olanaceas
o Toda a planta. Não confundir com as plantas dos jardins ou das hortas
como o espinafre ou a azeda.
Embude > Oenanthe crocata L.
Umbelíferas o Toda a planta, sobretudo a raiz. Não confundir com outras
umbelíferas aquáticas perigosas que tem um aspecto ,semelhante, tais
como a cicutaaquática (Cicuta virosa L.) ou o felándrio, ou funcho
d'água (Oenanthe phelandrium Lanib.), nem com plantas cultivadas como o
aipo, a salsa e a cenoura.
PLANTAS TóXICAS
castanheiro. As perturbações observadas são de ordem gastrintestinal e,
em casos graves, quando a dose ingerida é elevada, do sistema nervoso.
De entre os frutos carnudos, são, no entanto, as bagas que provocam mais
frequentemente acidentes. Por exemplo, a baga da beladona ficou
tristemente célebre por ter provocado, em 1825, a intoxicação colectiva
de uma centena de soldados de infantaria franceses que se encontravam em
manobras. Atraídos por estes frutos semelhantes a cerejas vermelho
escuras, de sabor agradavelmente adocicado e que se esmagavam facilmente
entre os dedos, ingeriramnos copiosamente até ao momento em que
surgiram os
sintomas mais espectaculares: vermelhidão da face, secura da boca,
aceleração do pulso, delírio denominado atropínico.
Existem muitas outras bagas perigosas. As do líriodosvales, do selo
desalomão, da gilbarbeira, da hera, do espargo cultivado, são tóxicas
devido à presença de saponósidos. Podem ainda citarse o jarrodos
campos (Arum maculatum L.), em cujo caule se desenvolvem, em Agosto e
Setembro, cachos de bagas vermelhas que provocam graves fenômenos de
irritação das mucosas; a norça, cujos frutos de cor vermelhovivo dão
origem a perturbações gastrintestinais, ou ainda a madressilva, cujos
frutos contêm substâncias vesicantes. E de entre as solanáceas, de
péssima reputação entre as plantas tóxicas, deve sempre desconfiarse
dos frutos da beladona, dos do espinheirodecascabranca, dos da erva
moura ou ainda dos da dulcamara, frequentes nos jardins mal cuidados,
nos baldios ou à beira dos caminhos.
Os frutos do azevinho e do visco, plantas da Europa, tradicionais nas
decorações do Natal e Ano Novo, são igualmente perigosos. A escolha
destas ramagens corresponde provavelmente a motivações profundas, para
além de uma mera preocupação estética. Quando no Inverno as árvores
estão despojadas de folhas e a luz é escassa, em suma, quando a vida
parece perdida, o visco, de folhas sempre verdes, que cresce
classicamente sobre os castanheiros e mais vulgarmente sobre os choupos,
macieiras, pirliteiros ou pinheiros, trazia aos Antigos o reconforto do
seu vigor, símbolo da vitória sobre a morte.
Plantas boLbosas
Este tema da continuidade da vida era outrora simbolizado nos países
eslavos pelo bolbo da cebola e de outras liliáceas que conservam a vida
no período invernal. Neles se inspira a forma dos campanários de igreja,
propagada por influência austríaca na Europa Ocidental e Meridional. No
entanto, é bem possível que se desconheça que essas plantas de bolbo,
frequentemente associadas a poéticas lendas, são nocivas.
Ricos em diversos alcalóides, os bolbos das campainhasdeinverno
(Galanthus nivalis L.), que por vezes se confundem com os das ceboletas,
provocam vómitos e diarreia. Do mesmo modo, deverá suspeitarse dos
géneros Clivia, Crinum, Amaryllis, que são cultivados para decorar
interiores e jardins, e, sobretudo, das diversas espécies do género
Narcissus, ao qual pertecem os narcisos e os junquilhos. As intoxicações
no homem são limitadas, sendo o único risco possível confundir o seu
bolbo com o das plantas alimentares.
As flores e folhas das tulipas e dos jacintos são igualmente perigosas
se se correr o risco de utilizálas para outro fim além do decorativo.
Contase que numa refeição, sem dúvida muito alegre, alguns convidados
folgazões se divertiram a ornamentar a salada com as pétalas rutilantes
das túlipas que decoravam a mesa. Esta prática era frequente no século
XIX, utilizando as flores da borragem ou das chagas; porém, a escolha
das túlipas foi deveras infeliz devido aos seus efeitos eméticos, e os
imprudentes convidados não tardaram a aperceberse deste facto.
Deixemos por alguns momentos os nossos jardins e observemos no seu
habitat, para melhor as conhecer, algumas plantas espontâneas.
Frequente nos prados húmidos, o cólquico atrai os curiosos devido, em
primeiro lugar, às flores róseolilacíneas, parcialmente aéreas, que
desabrocham no Outono, enquanto as folhas só surgem seis meses depois,
no começo da Primavera; quanto ao
fruto, parece sair do solo no Verão. Ora, duas ou três folhas desta
liliácea são suficientes para provocar intoxicações mortais, sendo as
sementes e o bolbo ainda mais perigosos. A colquicina, um alcalóide,
está na origem destes acidentes.
O heléborobranco é uma outra liliácea bastante perigosa. Embora muito
afastados botanicamente, a genciana e este heléboro podem ser
confundidos; ambas as plantas crescem na montanha, nos mesmos biótopos,
e apresentam um aspecto bastante semelhante. É fácil distinguiIas após
a maturação devido à implantação das folhas no
caule, opostas na genciana e alternas no he
1éboro, e pela cor das flores, amarelas na primeira e brancoesverdeadas
na segunda; porém, a confusão é deploravelmente possível num estádio de
vegetação menos avançado, quando as folhas em roseta aparecem junto ao
solo. Este facto explica a intoxicação sofrida por alguns campistas
inexperientes, os quais, desejando preparar um aperitivo com raízes
amargas de genciana, maceraram em vinho raízes de heléboro, bastante
semelhantes e igualmente amargas.
Existe uma planta que é necessário saber reconhecer entre todas; é o
acónito, segura340
mente uma das espécies mais tóxicas da nossa flora. Muito vulgar entre
500 e 1800 m de altitude, o acónito ergue, em Julho, as suas flores, de
um profundo azulvioleta, cujas sépalas petalóides se assemelham a um
capacete. As suas folhas, profundamente divididas, estão dispostas em
leque. No solo, o tubérculopai, acompanhado por um
ou dois tubérculosfilhos mais claros, tem o aspecto de um pequeno nabo.
São estas as
principais características morfológicas que é necessário conhecer bem
para evitar a confusão entre as raizes do acónito e as do rãbanorústico
ou do aipo. Se, por infelicidade, houver confusão, a ingestão provoca
uma sensação de formigueiro e de entorpecimento dos lábios e da língua
que se estende seguidamente à parte posterior da garganta. Se a dose for
tóxica, a face e os membros tornarseão insensíveis, o ritmo cardíaco
irregular, e a morte sobrevirá por paragem respiratória.
Conhecido por provocar todos os anos
mais do que uma intoxicação grave, o embude (0entinthe crocata L.)
cresce nos fossos húmidos e nas valas. É uma bela umbelífera de folhas
recortadas, semelhantes às da salsa, e que ostenta na Primavera grandes
inflorescências brancas. As suas raízes, curiosamente divididas,
assemelhamse a uma grande mão e contêm compostos tóxicos extremamente
activos que provocam vómitos, diarreia e convulsões tetânicas, podendo
causar a morte. Acidentes do mesmo género podem ser devidos a uma planta
semelhante e igualmente perigosa, a cicuta ~aquática (Cicuta virosa
L.).
Antes de concluir o capítulo referente às plantas espontâneas tóxicas,
detenhamonos alguns momentos nas planícies, onde abundam várias
espécies perigosas do género Ranunculus: ranúnculoacre (Ranunculus
acr,s L.), ranúnculomataboi (Ranunculus sceleratus L.), ranúnculo i
nf lamatório (Ranunculus fiamula L.), os quais contêm compostos
vesicantes. São flores muitas vezes colhid@s por mãos infantis para
compor graciosos ramos, podendo ser a causa de sérios incidentes se os
pedúnculos forem levados à boca.
Plantas ornamentais dos jardins e dos parques É ainda necessário dar uma
ideia dos perigos de muitas plantas habitualmente cultivadas nos jardins
e nos parques, como a glicínia [Wistaria sinensis (Sims) DC.1, com belos
cachos azuis ou corderosa, que se.transformarão em vagens semelhantes
às do feijão. Estas, colhidas e ingeridas imprudentemente por crianças,
dão origem a perturbações digestivas. No mesmo caso estão as giesteiras,
com as suas belas flores amarelodouradas, em especial a giesteirade
espanha, frequentemente plantada como arbusto ornamental, cujos órgãos
são todos ricos em alcalóides muito tóxicos, e a giesteiradas
vassouras, que é igualmente perigosa pela presença de esparteína,
alcalóide que bloqueia os gânglios simpáticos. No mesmo
caso está ainda o teixo, que abunda nos parques e cemitérios, do qual
todas as partes são ricas em toxinas perigosas pelo seu efeito
cardiotóxico. As sementes são os únicos órgãos susceptíveis de tentar as
crianças sementes verdes incrustadas num arilo polposo vermelho; porém,
a casca e as folhas são facilmente ingeridas por cavalos e vacas,
provocando todos os anos graves intoxicações nestes animais.
Muitas outras plantas mereceriam uma menção especial, e para o provar
poderá dizerse que, se alguém se lembrasse de se alimentar de plantas
espontâneas ou cultivadas para ornamento, teria grandes dificuldades em
encontrar alimentos realmente inofensivos. Como regra prática, deverá,
portanto, absterse de ingerir em salada qualquer folha desconhecida e
frutos que se encontram por acaso.
Plantas exóticas
Outrora apanágio de raros privilegiados que dispunham de estufas ou de
jardins de Inverno, as plantas exóticas gozam actualmente de uma grande
popularidade. A elevação da temperatura ambiente em que hoje se
vive permite a cultura em casas e locais de trabalho, bem como em
restaurantes e hotéis, de muitas espécies de plantas ornamentais de
interior originárias das regiões quentes da Ásia, de África e da América
do Sul. É evidente que esta introdução de espécies exóticas se reveste
de novos riscos.
Um elevado número destas plantas decorativas pertence à grande família
tropical das Aráceas, representada na Europa apenas pelo género Arum.
Porém, a cultura de diversas espécies dos géneros Monstera e
Philodendron, plantas trepadeiras com grandes folhas recortadas ou mesmo
esburacadas, tomou também incremento. A diefenbáquia, com folhas
matizadas, tornouse uma planta vulgar em locais públicos ou privados.
No entanto, se alguém tivesse a ideia de levar à boca um fragmento de
caule ou de folha desta planta, sentiria quase imediatamente uma forte
sensação de queimadura, um edema da língua e do palato, com aparição de
bolhas. Além disso, o suco das células da planta provoca facilmente
dermatites, e se, por infelicidade, penetrasse nos olhos, daria origem a
uma irritação com opacificação da córnea.
Bela planta exótica, também muito divulgada, a poinciana oferece,
sobretudo no Inverno, o contraste das suas folhas inferiores, de um
verdesombrio, com as superiores, de um vermelhovivo. Contém um látex
que pode provocar uma irritação nos olhos, dermatites e, se for
ingerido, causa graves danos nas mucosas da boca e do aparelho
digestivo.
341
PLANTAS PERIGOSAS MAIS FREQUENTES
negro Heléboro
Helleborus niger L.
Ranunculáceas
O Toda a planta.
< Ésularedonda Euphorbia peplus L. Euforbiáceas
G Toda a planta. Não confundir com algumas plantas utilizadas para
saladas, especialmente a beldroega.
A Giesteira Spartiumjunceum L. Leguminosas
O Toda a planta. Não confundir com as outras giesteiras, também bastante
tóxicas.
Acteia A Actaea spicata L. Ranunculáceas
O Os frutos de forma alongada, com caroços duros.
Não confundir com os frutos maduros da
groselheiranegra.
V Loendro Nerium oleander L. Apocináceas
O As flores, os frutos. Não confundir as folhas com as do loureiro.
Teixo A Taxus baccata L. Taxáceas
O A casca, as folhas, os frutos. Resistir à tentação do aspecto
apetitoso
dos frutos vermelhos.
Espinheirodecascabranca 17
Lycium vulgare Dun. Solanáceas
O As bagas vermelhas.
< Heléborobranco Veratrum album L. Liliáceas
O Toda a planta, especialmente as raízes. Não confundir com a genciana,
de folhas opostas duas a duas. As do heléborobranco são alternas.
Tb@
Plantas potencialmente perigosas
A Adónisdaitália Adonis vernalis L.. Ranunculáceas
O Os heterósidos que contém são venenosos.
Planta pouco vulgar.
A Anérríonadosbosques Xnemone nemorosa L. Ranunculúceas
O Os caules e as folhas.
v Norçabranca Bryonia dioica Jacq. Cucurbitáceas
O As raízes e as bagas. Não confundir com as bagas comestíveis, como,
por exemplo, as das groselheiras.
17 Cicutamenor Aelhusa cynapium L. Umbelíferas
O As partes aéreas. Não confundir com o cerefólio ou a salsa.
A Sabina Juniperus sabina L. Cupressáceas
O As partes aéreas. Não confundir com o zimbro.
Loureirocerej eira 6
Prunus laurocerasus L.
Rosáceas Q As folhas libertam ácido cianídrico quando
são contundidas. Não confundir com as folhas do loureiro.
Morrião > Anagallis arvensis L. Primuláceas
O As partes aéreas. Tóxico especialmente para os animais de
capoeira e as aves.
Não confundir com a morugem.
6 Mandrágora Mandragora officinarum L. Solanáceas
O Toda a planta, especialmente as raízes. Não confundir com as raízes
comestíveis das cruciferas como as do nabo.
Pariseta > Paris quadrifolia L.
Liliáceas
O As bagas azuis
quase pretas. Não confundir com os
frutos de algumas
ameixeiras.
6 Arruda Raia graveolens L. Rutáceas
O A,,, partes aéreas. Não confundir com a losna. A presença desta planta
afasta as víboras.
Ranúnculoacre Ranunculus acris L. Ranunculáceas
O Toda a planta.
< Tabaco Nicotiana tabacum L. Solanáceas
O As partes aéreas e as raízes.
Ervamoura A Solanum nigrum L. Solanáceas
O As bagas, sobretudo quando não
estão maduras.
PLANTAS TóXICAS
Arbusto ornamental em jardins e parques, o cótino (Rlius cotinus L.) é
outro exemplo de espécie exótica perigosa. Se bem que as
suas folhas redondas e as suas inflorescências graciosas tenham um
belíssimo aspecto, os jardineiros temem aparálo, pois contém um suco
venenoso que age diversamente, consoante as pessoas que atinge. O mesmo
se pode dizer de certas espécies de Pistacia e de pimenteirabastarda
(Schinus molle L.), frequentemente plantadas ao longo das avenidas e nos
jardins das regiões temperadas. Mesmo a inalação da poeira destas
plantas provoca, em certas pessoas, reacções asmáticas e dermatites.
Várias espécies exóticas do género Primula, Primula sinensis Lindl.,
Primula obconica Hance, são temidas por alguns jardineiros
sensíveis, devido ao seu revestimento de pêlos glandulosos irritantes,
cujo contacto pode provocar alergias ou lesões cutâneas.
Plantas indirectamente perigosas
As plantas fotossensibilizantes provocam uma afecção menos grave e mais
curiosa. No Verão, os dermatologistas recebem frequentemente nas suas
consultas doentes que apresentam uma erupção acompanhada por uma
pigmentação excessiva da pele nas zonas do corpo expostas à luz após um
banho. Em pessoas particularmente sensíveis, as
perturbações são acompanhadas de intenso prurido, febre e dores de
cabeça.
Não obstante os sintomas espectaculares, o
diagnóstico é rápido e benigno. Tratase de uma dermatite dos banhistas,
ou dermatite dos prados, também chamada doença de Oppenheimer, provocada
por uma série de plantas pertencentes a diversos grupos vegetais,
principalmente à família das Umbelíferas. A particularidade destas
plantas consiste no facto de conterem moléculas químicas, as
furocumarinas, que intervêm, de algum modo, como transformadoras da
energia luminosa.
Encontramse com muita frequência duas umbelíferas responsáveis por
estes fenómenos: o canabrás e a pastinagaurticante (Pastinaca urens
Req.). Muito vulgar nos bosques, montes de entulho, à beira dos caminhos
e nos prados, o canabrás desenvolve caules ocos e folhas com grandes
lóbulos, guarnecidos por numerosos pêlos flexíveis e
compridos. A pastinagaurticante é facilmente reconhecível pelos seus
caules, que podem atingir 1,5 m de altura, pelas folhas, semelhantes às
do aipo, e inflorescências amarelas, que desabrocham no Verão. Nasce
espontaneamente à beira dos caminhos e
nos fossos.
Alguns outros membros da família das Umbelíferas são ainda,
provavelmente, responsáveis por perturbações cutâneas, como
a cenourabrava e a ervacicutária (Anthriscus silvestris Hoffm.). No
entanto, merecem um cuidado especial duas plantas que nos
últimos tempos têm atraído as atenções. A primeira é a Heracleum
mantegazzianuni Somiri. et Lév., originária da Ásia Central. O seu porte
majestoso, as suas enormes umbeIas e as suas folhas muito recortadas
conferemlhe um belo aspecto; pode atingir 3 m
de altura. Tudo nesta planta gigante provoca curiosidade e convida a
cultivála. Entusiasma também as crianças, pois a sua matéria vegetal é
fácil de manipular; dos seus
caules ocos podem fazerse zarabatanas, telescópios, flautas e dezenas
de outros instrumentos e jogos! Deploravelmente, porém, a planta é rica
em furocumarinas muito activas, provocando inúmeros acidentes cutâneos.
A outra planta é o aipo, cujo consumo em cru é muito perigoso. Assim, na
altura da colheita, os hortelões podem ser atacados por perturbações
cjutâneas devido ao contacto do suco do aipo com a pele, as quais se
manifestam por bolhas e vesículas nas mãos e antebraços. Por vezes,
podem surgir também durante alguns dias um eczema ou crises de asma.
Curiosamente, esta doença manifestase com maior frequência e gravidade
quando a apanha se faz num dia de sol e o aipo está atacado pela
podridão corderosa, pink rot.
A importância destes acidentes ultrapassa o âmbito do aipo. Os hábitos
modernos de exposição ao sol, na praia e na montanha, vulgarizaram o uso
de bronzeadores, simultaneamente protectores contra certas radiações
nefastas e favoráveis ao efeito das que estimulam um bronzeado
considerado de bomtom. Este problema, tema de numerosos trabalhos
científicos desde há alguns anos, não está ainda totalmente esclarecido.
Sob nomes diversos, as furocumarinas são utilizadas em leites e cremes
de bronzear, devendo o seu uso ser controlado.
As plantas que provocam alergias Geralmente, todas as crianças se
divertem, durante os passeios estivais, a agitar os longos caules
flexíveis de várias gramíneas para espalhar no ar milhares de grãos de
pólen. Este gesto banal e espontâneo, reproduzido incessantemente pelo
vento, está na origem de uma doença traiçoeira: a febredosfenos.
O desenvolvimento dos sintomas clínicos é repentino: os olhos lacrimejam
como se estivessem cheios de areia, a conjuntiva tornase vermelha e as
pálpebras incham. O nariz, atacado por uma rinite espasmódica, inunda os
lenços, embora pareça entupido devido à intensa congestão das
mucosas ... Progressivamente, surge uma impressão de dificuldade
respiratória, ténue na primeira crise, que se agrava quando, estação
após estação, a febredosfenos se repete, propiciando o aparecimento da
asma.
Esta doença tem origem na produção intensa dos pólenes na época da
floração das gramíneas, que geralmente se verifica de
346
Plantas ornamentais exóticas, tóxicas ou alergizantes
A Diefenbáquia Dieffimbachia picta Schott Aráceas
O Os caules e as folhas.
6 Poinciana FuPhorbiapulcherrima Willd. Euforbiáceas
O As partes aéreas, o látex.
Cótino A Rhus cotinus L. Anacardiáceas
O As partes aéreas.
Eufórbi a margi nada I@, Euphorbia marginata Pursh Euforbiáceas
O As partes aéreas, o látex.
1 Ginkgo Ginkgo biloba L. Ginkgoáceas
O Os frutos. Não confundir com as ameixas amarelas.
PLANTAS TóXICAS
meados de Maio a Julho, pelo menos nas regiões mais setentrionais. Na
realidade, porém, as polinoses podem também ser originadas por grande
número de outras plantas. É importante saber que as flores que provocam
este fenômeno são verdes, não têm pétalas e não atraem os insectos.
Estão, portanto, destinadas à fecundação anemófiIa, que dispersa uma
quantidade considerável de grãos de pólen.
As polinoses, devidas essencialmente às gramíneas, representam, no
entanto, um perigo real. São originadas por numerosas espécies, como a
gramafrancesa, frequente nas pradarias e nos campos cultivados, a
aveia, o trigo, a cevada e o milhomiúdo. Porém, não são apenas as
gramíneas que representam um perigo. Plantas muito diversas e
extensamente distribuídas são também temíveis agentes polinizantes,
como, por exemplo, as urtigas, as parietárias, as artemísias, os
ásteres, a urze, o rododendro, os
ulmeiros, o c astanheiroda índia, as tílias, o freixo, o alfenheiro, o
lilás, os pinheiros, os carvalhos, o castanheiro, a bétula (vidoeiro), o
amieiro.
Como se verificou, os pólenes de numerosas plantas podem ser inalados e
penetrar profundamente no aparelho respiratório; porém, há outras partes
da planta susceptíveis de causar alergias. É o caso das sementes do
rícino. Perigosas devido à toxalbumina que contêm, desempenham ainda um
considerável papel sensibilizante. Numa cidade do Sul de França surgiam
periodicamente num certo número de pessoas graves acidentes oculares e
perturbações respiratórias que se manifestavam, consoante os casos, por
uma irritação dos olhos com derramamento de lágrimas, crises de asma,
dores de cabeça e náuseas.
Os epidemiologistas observaram que os
doentes se localizavam segundo uma espécie de nuvem, no sentido
estatístico do termo, que sugeria a existência de um trajecto.
Finalmente, a explicação surgiu, simples: em
determinados períodos do ano, um lagar prensava sementes de rícino
e, recentemente, utilizava um novo sistema de extracção do óleo, muito
eficaz, que deixava um resíduo sob a forma de pó fino. Este pó era
transportado em sacos de juta para o campo, onde os agricultores o
utilizavam como adubo. Durante o transporte, espalhado pelos
ventos, o resíduo do rícino atingia não somente as pessoas que
trabalhavam no lagar, como também os habitantes da cidade que viviam nas
zonas por onde circulava o perigoso produto.
Se bem que estas duas últimas formas de agressão das plantas devido a
processos alérgicos ou fotodinamizantes sejam insidiosas e por vezes
difíceis de evitar, não são, na realidade, perigosas. Em contrapartida,
impõese maior desconfiança perante grande número de outras espécies
vegetais. Os habitantes das cidades, que raramente se encontram em
contacto diário com a Natureza, têm tendência para acreditar que tudo é
já conhecido, está dominado, domesticado. É uma suposição ingénua e que
se pode revelar bastante perigosa. Outrora, os nossos antepassados eram
prudentes, pois no seu ambiente rústico aprenderam a prática da
prevenção e da dúvida.
Colher plantas medicinais destinadas a
aplicações terapêuticas é, sem dúvida, uma prática excelente, mas com a
condição indispensável de conhecêlas bem, a fim de evitar qualquer
confusão entre espécies benéficas e perigosas. Na realidade, dividir o
mundo das plantas nitidamente nestas duas categorias é utópico, pois não
é raro que, administradas em doses elevadas e utilizadas repetidamente,
as plantas tidas como inofensivas produzam efeitos prejudiciais.
Inversamente, algumas plantas consideradas perigosas prestaram desde há
muito preciosos recursos à terapêutica. É o caso da dedaleira, do lírio
dosvales e do loendro, do heléborobranco e da dormideira, do acónito e
do cólquico, além das solanáceas que contêm alcalóides: a beladona, o
estramónio, o meimendronegro e muitas outras plantas. Por conterem
princípios activos muito enérgicos, estas plantas só devem ser colhidas
por pessoas que as conheçam muito bem e
tenham experiência.
Para finalizar, em jeito de resumo, um
conselho importante para todos: para amar a
Natureza deverá aprenderse a conhecêla bem. Procurar a divulgação dos
conhecimentos adquiridos e ensinar às crianças os
rudimentos das ciências biológicas e as suas
múltiplas incidências práticas é um dever. Respeitar a Natureza e
conhecêla sob todos os seus aspectos é a melhor garantia da nossa
salvaguarda.
EM CASO DE INTOXICAÇÃO
Perante um caso de intoxicação, deverá terse em mente as seguintes
medidas de urgência e darselhes imediata execução:
O Telefonar imediatamente a um médico ou, encontrandose numa cidad e,
a um centro antivenenos. Estes centros estão perfeitamente equipados
para prestar auxílio aos intoxicados.
O Provocar o vómito, excepto se o produto ingerido for cáustico (v, pp.
402403).
O lomar nota das circunstâncias exactas em que se verificou o acidente.
e dos sintomas manifestados pela vítima.
O Conservar, se tal for possível, uma amostia dos órgãos vegetais
responsáveis pelo acidente,
O Conservar vomitados, expectoração e urina da vitima.
O Mandar identificar uma amostra da planta suspeita.
348
As plantas exóticas
Este capítulo é dedicado às plantas espontâneas ou cultivadas que não
crescem naturalmente na Europa. São utilizadas em numerosas preparações,
úteis tanto aos homens como aos animais, que se apresentam no capítulo
intitulado <Os benefícios das plantas+.
Abacateiro
Persea gratissima Gacrtn.
Lauráceas
Habitat: originário da América Central, cultivado nas regiões tropicais.
Descrito em 1519 pelo espanhol Martín Enciso, o abacateiro mede entre 4
e 8 m e apresenta ramos dispostos em pirâmide, com numerosas folhas
simples de bordos lisos. As flores, pequenas, esverdeadas e aromáticas,
desabrocham em ramalhetes. O fruto, o abacate, cuja polpa é muito rica
em lípidos, possui também provitamina A e vitaminas do complexo B,
aminoácidos e substâncias antibióticas. Muito nutritivo, fácil de
digerir, é indicado para as crianças durante o crescimento e aos
convalescentes. Dele se obtêm também um óleo alimentar e produtos de
beleza para peles frágeis. U.l., U.E. V
Acáciacatechu, ou Catechueira
Acacia catechu Willd. Leguminosas
Habitat: África Oriental Tropical, Bengala, Sri Lanka. Esta acácia
foi introduzida na Europa na 2.’ metade do século XVII e em 1721
inscrita na Farmacopeia Inglesa. É uma árvore de 10 m de altura
semelhante à mimosa.
0_ As suas flores, minúsculas, têm uma corola amarelo ~pálida e estão
reunidas em espigas alongadas. É, porém, a parte central do lenho que se
utiliza. Com o cerne da árvore abatida fazse uma decocção que, depois
de filtrada e submetida a evaporação, deixa um resíduo compacto,
castanho averm elhado, o cato, ou terra japónica. Este extracto seco,
rico em tanino e em vitamina P, é adstringente, antidiarreico, anti
hernorrágico e refresca a boca. UA., U.E. + O Algodoeiro
Goss.vPIUM sp. Malváceas
Habitat: regiões tropicais da América e da Ásia, Egipto, índia e URSS.
O algodoeiro é uma grande herbácea com folhas palmadas e flores brancas.
Existem várias espécies. O fruto é uma cápsula com cinco lobos, cada um
dos quais contém de três a sete sementes pretas, cuja epiderme se
prolonga em pêlos compridos que constituem as fibras do algodão. Quando
se abre a cápsula do fruto, em vez das sementes surge a *bola de
algodão+. Estas fibras são utilizadas para fabricar diversos produtos,
como tecidos, pensos e algodão cirúrgico. A semente produz um óleo que
contém ácidos gordos insaturados e é anti c ol esterol emi ante. A casca
da raiz contém substâncias que actuam sobre a musculatura uterina. U.l.,
U.E. + N
Acáciacatechu
Algodoeiro
PLANTAS EXóTICAS
Amendoim
Aloésdocabo
Aloeferox Mifi. Bras.: babosa
Lifiáceas
Habitat: África do Sul, Antilhas. Esta pequena árvore tem um tronco
curto (2 a 5 m) aurcolado por uma roseta de folhas carnudas, saturadas
de água, que lhe permitem resistir aos longos períodos de seca. No fim
do Verão, fazse um corte nas folhas periféricas e extraise o suco, que
se concentra por aquecimento. Depois de arrefecido, transformase numa
massa dura, enegrecida, amarga, que se chama aloés. Contém heterósidos
antracénicos (entre os quais a aloína). Cicatrizante em uso externo, é
útil, quando usado internamente, como colagogo, laxativo e purgativo,
Outrora, era colocado nos polegares das crianças para as impedir de
chupar. U.l., U.E. + O Amendoim
Arachis hypogaea L. Leguminosas Bras.: mandobi,
mendobi, amendoimverdadeiro, mundubi
Habitat: Brasil, China, índia, Senegal. Originário da América do Sul, o
amendoim é uma planta anual de 20 a 60 cm, com flores amarelo
alaranjadas. O fruto, primeiramente aéreo, enterrase pelo pedúnculo.
Assim, é do solo que se retira o amendoim, vagem com protuberâncias que
conté m duas ou
três sementes. Estas servem para obter um óleo alimentar. Os tegumentos
do amendoim contêm catecóis com propriedades vitamínicas P (acçã o anti
hemorrágica ao nível dos capilares). Em farmácia, o óleo de amendoim
serve de veículo medicamentoso, U.l. + O
Ananaseiro
Ananas sativus L. Bras.: naná, broméliaananás
Bromeliáceas
Habitat: trópicos; originário da América Central. Descoberto em 1555 no
Brasil, mas só cultivado na Europa cerca de 200 anos mais tarde, o
ananaseiro mede cerca de 50 cm. A floração, que se efectua no terceiro
ano de vida, produz uma espiga globosa com flores azuladas. O fruto é
rico em glúcidos, em provitamina A e vitaminas B e C, em diversos ácidos
orgânicos e em sais minerais. Contém uma enzima, a bromelina, que
fracciona as grandes proteínas, acelerando assim a sua digestão. Muito
nutritivo, desintoxicante e diurético, é indicado para dietas de
emagrecimento e útil contra a arteriosclerose. O sumo pode ser utilizado
para adquirir um belo tom de pele. U.l., U.E. V
Ananaseiro Astrágalo, ou Adraganto
Astragalus gumifer LabiII.
Leguminosas
Habitat: Irão, Iraque, Síria, em zonas montanhosas desérticas de 1500 a
3000 m de altitude. Este subarbusto mede de O,50 a 1 m de altura e
assemelhase a uma pregadeira de alfinetes devido aos seus longos e
numerosos espinhos. Apresentase salpicado de flores amarelopál idas. O
fruto é uma pequena vagem esférica coberta de pêlos contendo uma só
semente. A goma adraganta, já conhecida na Antiguidade, obtémse picando
o caule, do qual escorre um líquido viscoso. Emulsionante, serve para
preparar emulsões, poções e pílulas. É também um emoliente, e com ele se
fazem embrocações para o lumbago. U.l. U.E. +
350
PLANTAS EXóTICAS
Badiana
Illicium verum Hook. fil.
Bras.: anisestrelado
Magnoliáceas
Habitat: Sul da China, Norte do Vietname. A badiana, que também é
conhecida por anísestrelado e anisdachina, é um arbusto de 4 a 5 m de
altura com casca branca, folhas persistentes, alongadas, inteiras, lisas
e brilhantes. Foi introduzida na Europa cerca de
1694. O seu porte lembra o da magnólia, e as suas flores, grandes e
solitárias, são muito decorativas. Os oito carpelos de cada ovário
formam em conjunto um
fruto, uma estrela cujas oito pontas se abrem para libertar cada uma a
sua semente. Os frutos, colhidos verdes, são secos ao sol, onde adquirem
uma cor castanhoavermelhada. O invólucro contém uma essência rica em
anetol que lhes confere um forte aroma a anis. É digestivo e eupéptico.
U.l. +
Bananeira
Musa sapientium L.
Musáceas
Habitat: zonas tropicais húmidas; originária da América do Sul. Planta
herbácea gigante, emite, a partir de um rizoma, folhas que chegam a
atingir 4 m. Os pedúnculos das folhas, côncavos, encaixam uns nos outros
simulando um tronco oco, o espique. As flores, suportadas pelo caule
central, situamse na axila de largas brácteas coradas e dispõemse numa
longa espadice inclinada; dão um conjunto de frutos, o cacho de bananas
> polpa da banana contém 60% de glúcidos, vitaminas B, C e E,
carotenóides e sais minerais. Muito nutritiva, é também utilizada como
aromatizante. U.l. +
Baunilheira
Vanilla planifolia Andr.
Orquidáceas
Habitat: Madagáscar, México, Sri Lanka. Os caules desta trepadeira podem
atingir 30 m de comprimento. A baunilheira reproduzse por intermédio de
um insecto que vive no México. Assim, a sua implantação noutras regiões
depende de uma fecundação artificial. As vagens de baunilha colhemse
quando estão ainda verdes e não têm aroma. Sob a acção da água e do sol,
o composto aromatizante da vagem, a
vanilina, desenvolvese e cristaliza em compridas palhetas brancas. A
vanilina é utilizada sobretudo como aromatizante. U.l., U.E. + V
Benjoeirodosião Styrax tonkinensis Craib
Estiracáceas
Habitat: Laos e Norte do Vietríame.
O benjoim só foi conhecido na Europa, e mesmo no
mundo árabe, a partir da 2.a metade do século XVI. O benjoeiro, que o
produz, é uma árvore coni cerca de
10 m de altura e folhas inteiras e ovais. As flores são brancas,
agrupadas em ramos esparsos, e os frutos, esféricos (1 cm de diâmetro),
abrindose em três partes para libertar uma só semente. A casca do
benjoeiro fendese em Agosto, segregando então um bálsamo leitoso e
aromático, o benjoim, que se recolhe em lâminas que se separam da casca
e é recolhido três meses depois. O benjoim é um antiséptico, e pelas
suas
propriedades cicatrizantes e expectoiantes entra em
numerosas preparações farmacêuticas. U.E. + o
PLANTAS EXóTICAS
Bisnaga Ammi visnaga Lam.
Umbelíferas
Habitat: Argélia, Egipto, Marrocos. É uma planta herbácea de 30 a 90 cm
de altura cujas inflorescências são umbelas que ultrapassam
frequentemente 20 cm de diâmetro e compostas por mais de
100 raios principais. Estes últimos dividemse, por sua vez, em outros
raios que suportam as flores. As umbeIas colhemse quando estão cobertas
de frutos, pois estes contêm um princípio activo, a quelina. É um
antiespasmódico poderoso que actua sobre as artérias coronárias e os
brônquios, Os antigos egípcios já conheciam a Animi visnaga e
utilizavamna como calmante das cólicas nefríticas. U.l. +
Boldo
Peumus bold,,s MOI. Bras.: boldu, boldoafragans
Monimiáceas
Habitat: vertentes soalheiras do Chile. Este arbusto, sempre verde, de 5
a 6 m de altura, tem pequenas folhas elípticas, coriáceas, cinzento
esverdeadas, salpicadas de pequenas proeminências. Têm um perfume
semelhante ao da hortelã. Os índios dos Andes sempre as utilizaram como
estomáquico e carminativo. Contêm eucaliptol, vários alcalóides, entre
os quais a boldina, e flavonóides. O boldo estimula a secreção da bílis
pela célula hepática e facilita o funcionamento da vesícula biliar. É
utilizado em vários medicamentos para o fígado. U.l. + O
Cacaueiro
Theobroma cacao L. Bras.: cacau
Esterculiáceas
Habitat: zona equatorial húmida; originário da América Central. É uma
pequena árvore de 5 a 6 in de altura com ramos cobertos de pêlos e
grandes folhas acuminadas. Os frutos são grandes drupas com invólucro
espesso, duro e mamelado, contendo cada uma entre 20 e 40 sementes,
mergulhadas numa polpa ácida. A colheita fazse duas vezes por ano e os
frutos são esmagados para deles se extraírem as sementes e a polpa, das
quais se
faz o cacau. As sementes contêm uma substância diurética, a teobromina,
que tem várias utilizações. O chocolate, sob a forma de bebida, foi
introduzido na Europa no século XVI. U.l.
Cafèzeiro
Coffea arabica L. Rubiáceas
Habitat: Brasil, África, Oceânia; originário dos planaltos elevados da
Abissínia. É podado em arbustos de cerca de 5 m de altura, e as flores,
brancas, muito aromáticas, nascem em grupo nos
ramos. Os frutos são drupas carnudas compostas por duas partes unidas,
contendo cada uma delas uma semente. Colhemse maduros, quando se tornam
vermelhos, sendo depois descorticados e secos. A torrefacção surgiu na
Arábia cerca de 1550, e o café foi introduzido na Europa no século XVII.
A torrefacção dá às sementes uma coloração castanha e desenvolve o seu
aroma. As sementes contêm de 1,5 a 2,5% de um alcalóide, a cafeína, que
é muito utilizado devido às suas propriedades estimulantes. U.l. +
352
PLANTAS EXóTICAS
Calumba
Chasmanthera palmata Baffi.
Menispermáceas
Habitat: Madagáscar, ilha Maurícia, Moçambique, Seychelles, Zâmbia. Erva
vivaz, trepadeira, com raiz muito carnuda, podendo atingir 7 cm de
diâmetro. Os caules aéreos enroIamse em volta das árvores, atingindo os
cimos mais altos. A raiz da calumba, que era remédio essencial dos
indígenas africanos contra a disenteria, foi introduzida na Europa pelos
Portugueses no século XVII Contém alcalóides e sobretudo compostos
amargos com função lactónica. Muito amarga, mas não adstringente, é
utilizada para aromatizar aperitivos e em
culinária exótica. U.l. + O
Caneleiradeceilão
Cinnamomum zeflanicum Nees
Lauráceas
Habitat: índia, Madagáscar, Sri Lanka; originária da China. É uma
pequena árvore de 5 a 6 m de altura que é podada como os salgueiros para
adquirir a forma de um arbusto. Ao cortar pedaços de casca, surge o
aroma da canela após uma curta fermentação. A canela é adstringente,
estimulante, estomáquica. Conhecida desde a Antiguidade, foi durante
muito tempo uma das mais preciosas plantas aromáticas, conservando um
lugar importante na culinária de muitos países. Preparase um vinho
digestivo com canela e quina macerando 20 g de casca de quina e 50 g de
casca de canela durante uma noite em 1 1 de vinho. Seguidamente filtra
se e servese num cálice de licor depois das refeições. U.l. + O
Cariforeiro
Cinnamomum camphora T. Nees et Ebem.
Lauráceas
Habitat: Japão, Ásia do Sudeste. Esta bela árvore aromática, sempre
verde, pode atingir
50 m de altura e viver 2000 anos. Começa a produzir cânfora aos 25 anos,
mas só aos 40 a sua produção atinge o máximo. É então abatida e a sua
madeira destilada. A cânfora é um medicamento comprovado, já utilizado
na Europa desde o século XII, e enormemente divulgado a partir do século
XVII. Para uso externo, é um revulsivo; para uso interno, um estimulante
cardíaco. Entra na composição de bálsamos utilizados para friccionar
músculos doridos. Misturada com pimentanegra, constitui um bom
antitraça. U.l., U.E. + O
Cardamomo Elettaria cardamomum Roxb. Maton Zingiberáceas
Bras.: canadobrejo
Habitat: índia e Sri Lanka, nos montes da costa do Malabar. Esta erva
vivaz assemelhase à cana. Os seus frutos são cápsulas ovóides
trigonais, triloculares, contendo numerosas pequenas sementes castanhas,
muito aromáticas. O cardamomo é um condimento muito antigo, um excelente
carminativo e tem propriedades antisépticas. Os Árabes introduziramno
na Europa. As suas virtudes estomáquicas eram bem conhecidas na Idade
Média, sendo aconselhado pela Escola de Salerno. É utilizado para
aromatizar diversas receitas de bolos. U.l. O
Canforeiro
Cardamomo
353
PLANTAS EXóTICAS
Cáscarasagrada
Rhamnus purshiana DC Ramnáceas
Habitat: vertente oeste das Montanhas Rochosas, Oregon, estado de
Washington. A cáscarasagrada cresce à sombra nas florestas de
coníferas, atingindo cerca de 10 m de altura. A casca é retirada dos
troncos e ramos grossos de Abril a Agosto e seguidamente secase. Os
índios usavamna há muito como purgativo antes de ter sido introduzida
na Europa, nos finais do século XIX. Como a casca fresca é irritante,
deve ser conservada pelo menos durante um ano antes de ser utilizada.
U.l. + O
Chá
Thea sinensis Sims Ternstremiáceas Bras.: chá
daffidia, chápreto Cáscarasagrada Habitat: China, índia, Japão, Sri
Lanka.
No estado espontâneo, a planta do chá pode atingir 10 m de altura, mas,
em cultura, é podada para não ultrapassar 1 m. A exploração começa
quando os arbustos atingem os 3 anos e prolongase por mais de 20 anos.
O aroma das folhas depende da natureza do solo e do clima. As folhas são
colhidas jovens, antes de estarem completamente desenvolvidas. Se se
procede rapidamente à secagem e são enroladas ainda quentes, obtémse o
chá verde. Se se deixa iniciar a fermentação, obtémse o chá preto. O
chá contém, entre outras substâncias, a teobromina, a teofilina e a
cafeína em proporção, por vezes, superior à do café. É, portanto, um
estimulante. U.l., U.E. + Châ
Chádejava
Orthosiphon stamineus Benth. Labiadas
Habitat: Ásia do Sudeste, Java. A infusão do chádej@va é um
medicamento muito antigo na Indonésia e na India, utilizado nas
enfermidades dos rins e da bexiga. Só foi conhecido na Europa a
partir dos finais do século passado. O chádejava é uma erva vivaz
erecta, de 30 a 60 cm de altura e caule quadrangular. O enorme
comprimento dos seus estames azuis, muito salientes, conferiulhe a
denominação de bigodes degato. As folhas são colhidas e postas a
secar. Por vezes, sã o submetidas a uma ligeira torrefacção para lhes
aumentar o aroma. A sua infusão e diurética, colagoga e, tomada
regularmente, faz bai . ... ... xar o teor
de,colesterol no sangue. U.l. + O Chádejava
Coca
Erythroxflon coca Lam. Lináceas
Habitat: América do Sul, Java; originária da Bolívia; entre 700 e 2000
m. É um arbusto sempre verde que não ultrapassa 2 m de altura, com
pequenas folhas alternas e elípticas. As flores, de um brancoamarelado,
estão reunidas em pequenos grupos na axila das folhas. O fruto é uma
drupa vermelha com uma semente. A folha da coca, que tem um sabor
amargo, contém alcalóides, um dos quais, a cocaína, é utilizado em
medicina como anestésico local. Usada internamente, a cocaína é um
estupe,faciente que excita intensamente o sistema nervoso. E por isso
procurada por certos toxicómanos, e os índios dos Andes mastigam as suas
folhas para acalmar as ?áwwâ sensações de fome, de frio e de fadiga.
U.l., U.E. +
coca
354
PLANTAS EXóTICAS
Coleira
Cola nitida A. Chev. Bras.: koIateira, obi, oubi
Esterculiáceas
Habitat: África Ocidental Tropical. Habitante das florestas tropicais,
esta árvore mede entre 15 e 20 m de altura e assemelhase um pouco ao
castanheiro. A partir dos 15 anos, dá frutos formados por cinco
folículos gibosos associados em forma de estrela, semelhantes ao fruto
do cacaueiro. Colhemse antes de estarem completamente maduros para
extrair a semente carnuda, a noz de cola. Esta é amarga, adstringente,
rica em compostos polifenólicos e em cafeína. Os indígenas mastigamna
para estimular os músculos e os nervos, pelo que a noz de cola
desempenha neste caso um papel semelhante ao da coca nos Andes.
Introduzida na Europa nos finais do século XV, só foi utilizada em
terapêutica a partir do final do século XIX. U.1 + o
Combreto
Combretum micranthum G. Don
Combretáceas
Habitat: Nigéria, Senegal, Sudão. Este arbusto de 2 a 4 m de altura
dispersa as suas moi tas cerradas pelas extensões áridas da região
sudanesa. As folhas são colhidas ainda verdes, antes do aparecimento dos
frutos. Põemse a secar e conservamse em locais arejados, a fim de
retardar o processo de oxidação que degrada os seus compostos activos.
As folhas do combreto contêm taninos e flavonóides; a sua infusão
constitui um bom medicamento biliar utilizado na África Ocidental para
tratar graves complicações sanguíneas do paludismo. U.l. +
Condurango
Gonolobus condurango Triana
Asclepiadáceas
Habitat: vertente ocidental dos Andes, na Colômbia, no Equador e no
Peru. Esta liana, que se assemelha à videira, agarrase aos
troncos das árvores e vai procurar a luz no vértice destas. Tem folhas
cordiformes e frutos com o aspecto de uma raiz de nabo, de 10 cm de
comprimento. Embora a tradição andina atribuísse grande importância às
suas
folhas, que o condor, crêse, utiliza para se defender das mordeduras de
serpente, apenas a casca é medicinal. Amarga, com um aroma de canela e
de pimenta, contém um heterósido semelhante ao da dedaleira. É um
digestivo e analgésico gástrico. U.l. + O
Cravinho
Eugenia caryophyllata Thumb. Bras.: craveiroda índia
Mirtáceas
Habitat: Indonésia, Madagáscar, Zanzibar; originário das ilhas Molucas.
Esta bela árvore de copa piramidal, sempre verde, mede entre 10 e 15 m
de altura. O botão floral, depois de seco, dá o cravodecabecinha,
especiaria conhecida pelos Chineses muito antes da nossa era e importada
para a Europa cerca do século VIII. A essência de cravinho, que é
utilizada em numerosas, preparaçoes farmacêuticas, obtémse por
destilaçã o. E antiséptica e serve para aplicações externas em
odontologia para acalmar as dores. O cravo decabecinha tem ainda a
reputação de facilitar o parto. U.l., U.E. + O
Coleira
Combreto
Condurango
Cravinho
355
PLANTAS EXóTICAS
fil,% 1
Curcurna
Gengibre
Ginseng
Curcuma
Curcuma xanthorrhiza Roxb.
Zingiberáceas
Habitat: América Central, Antilhas, Malásia; originária de Java. Esta
planta herbácea vivaz possui um volumoso rizoma subterrâneo com cerca de
10 cm de diâmetro. Este rizoma é arrancado, cortado em rodelas e posto a
secar. Toma então o aspecto de discos de cor alaranjada com cheiro
agradável. A curcuma figura numa lista de simples que se vendiam em
Frankfurt cerca de 1450. É muito usada na Indonésia como remédio para o
fígado. Possui também propriedades bactericidas e serve para infusões
destinadas a tonificar as vias biliares. U.l. +
Gengibre
Zingiberáceas
Zingiber officinale Roscoe Bras.: gengivre
Habitat: todos os países quentes; originário da índia e da Ásia
Tropical. Os ramos aéreos desta planta renovamse anualmente e são
alimentados por um grande rizoma carnudo denominado *mão+. Os caules
altos (1,50 m), dotados unicarnente de folhas, servem para a
assimilação, e os
curtos (20 cm) são floríferos e destinados à reprodução. O rizoma,
utilizado há milhares de anos na China quer seco, como condimento, quer
em conserva, era muito procurado na Europa na Idade Média. Santa
Hildegarda cria que ele evitava a peste, e os marinheiros tomavamno
contra o escorbuto. É um estimulante, um estomáquico e um carminativo
com sabor apimentado e ardente. Aromatiza algumas bebidas. U.l., U.E. +
O
Ginseng
Panax ginseng C. A. Meyer
Araliáceas
Habitat: China, Coreia, Japão, Nepal. A raiz espessa desta herbácea
atinge 1 m de comprimento quando é arrancada com a idade de 10 anos.
Bifurcada corno as coxas humanas, deve a esta semelhança o nome de
ginseng, homemraiz, e possivelmente também a reputação de curar a
impotência. O ginseng partilha esta fama com a mandrágora, cuja raiz tem
também forma humana. Quer a sua eficácia se deva a este simbolismo ou à
sua composição química, o ginseng é uma panaceia milenar utilizada pelos
Chineses e os Japoneses. Contém saponósidos e esteróis. Actua como
tónico cardíaco e contra a fadiga, mas na Europa apreciase sobretudo
como afrodisíaco e *guardião da juventude+. U.l.
Grindélia
Grindelia robusta Dun. Compostas Bras.:
girassol silvestre, malmequerdocarnpo
Habitat: pântanos salobros da Califórnia, EUA. Planta herbácea robusta
que se assemelha uni pouco a uma enorme bonina, forma tufos de 50 a 90
cm de altura. É viscosa e está revestida por uma resina segregada pelos
pêlos secretores que cobrem as folhas e as brácteas dos capítulos.
Colhemse apenas as sumidades floridas, activas devido à resina que as
cobre. A grindélia é antiespas módica, antitússica e expectorante, sendo
utilizada contra a asma. Em uso externo é antíinfiamatória. U.l., U.E.
+ O
356
PLANTAS EXóTICAS
Guaiaco
Guaiacum officinale L.
Zigofiláceas
Habitat: América Central, Antilhas. Sempre verde, elevandose a cerca de
10 m, o guaiaco tem flores de um azul resplandecente. O seu lenho
aromático contém saponósidos e é utilizado em farmácia; quando exposto
ao sol, deixa exsudar, através de incisões, uma resina de que se extrai,
por destilação, o guaiacol, receitado no século passado contra a tísica.
Dada a sua fama de curar a sífilis, o lenho de guaiaco tornouse
conhecido em toda a Europa no século XVI. Hoje, é utilizado em decocções
para o reumatismo. U. I. + O
Guaranazeiro
Paulinia cupana H. B. K.
Sapindáceas
Habitat: Brasil, Venezuela. Arbusto trepador (até 10 m de altura), tem
folhas compostas de 5 folíolos ovóidelanceolados, glabros, coriáceos,
com numerosas glândulas e grandes flores aromáticas. O fruto é uma
cápsula piriforme, trilocular, septicida, vermelha na maturação, com
urna a duas sementes ovóides, duras, revestidas por invólucros
acessórios os arilos. O guaraná contém principalmente cafeína, que
possui uma acção estimulante do sistema nervoso central e díurética,
entre outras. U.l.
Hamamélia
Hamamelis virginiana L. Hamamelidáceas Bras.:
hamamélis, amieiromosqueado, aveleiradefeiticeira
Habitat: costa oriental da América do Norte. Esta pequena árvore (6 m)
povoa as orlas das florestas húmidas. Callinson introduziu a folha e a
casca da hamamélia na Europa cerca de 1735. Efectivamente, a planta é
rica num tanino especial, o hamamelitanino; adstringente e
vasoconstritora, constitui um excelente medicamento para as veias. A
água da hamamélia é adstringente e tónica. U.l., U.E. + V 1&
Ilangueilangue Cananga odorata Hook. f. et Thoms.
Anonáceas Bras.: cananga, batatadoce
Habitat: Ásia Tropical, Malásia. Esta grande árvore é geralmente
plantada na Ásia Tropical nas imediações das casas, devido ao seu aroma
suave. Dá bonitas flores verdes, campanuladas, que os indígenas põem a
inacerar em óleo de coco para fabricarem um creme perfumado. Pela
destilação das flores, obtémse uma essência usada em perfumaria. É
hipotensor e antiséptico. U.l., U.E. +
Mate
Ilex paraguariensis Sr. Hil. Bras. ervamate
Aquifoliáceas
Habitat: Argentina, Brasil, Paraguai. Os índios já a utilizavam há muito
tempo quando os Jesuítas, no século Xvi, divulgaram entre os brancos a
bebida de folhas de mate. Desde então, o mate foi conhecido por chádos
jesuítas ou chádoparaguai. É uma espécie do mesmo género do azevinho
que atinge
20 m de altura no estado espontâneo nas montanhas do Paraguai, tornando
se um arbusto quando cultivado. As suas folhas contêm taninos e cafeína.
U.I. + O
Guaiaco
Guaranazeiro (pó de sementes)
Hamamêiia
357
PLANTAS EXóTICAS
Moscadeira
Quássia (fragmento de lenho)
Moscadeira
Myristica fragrans Houtt.
Miristicáceas
Habitat: Antilhas, Molucas, Samatra. A nozmoscada é a amêndoa da
semente desta pequena árvore sempre verde que tem algumas semelhanças
com a laranjeira. O fruto da moscadeira é uma drupa piriforme, amarelo
pálida, que contém uma semente envolvida num tecido laciniado, vermelho,
muito aromático, o macis. A semente separase do macis e retirase a
amêndoa, cuja maior parte é composta por lípidos e um óleo essencial.
Com os lípidos, fazse manteiga de nozmoscada, que é um dos componentes
de um linimento analgésico. U.l., U.E. + O
Pimenteira
Piper nigrum L. Bras.: pimentadaíndia, pimentadoreino
Piperácew
Habitat: Madagáscar, Malásia, Vietname; originária da costa do Malabar.
A pimenteira produz a mais antiga e mais preciosa daç especiarias, e
também a mais divulgada. É um arbustc trepador e volúvel. Os frutos são
pequenas bagas globosas com uma só semente que passa do verde ac amarelo
e >mais tarde ao vermelho. As espigas colhidas antes de as bagas
adquirirem a cor vermelha darão, depois de secas, a pimentanegra. Se as
bagw forem colhidas já maduras, e seguidamente descascadas, obterseá a
pimentabranca. O sabor picante @ devido ao seu teor em amidas. Em
pequenas doses, @ um estimulante das funções digestivas. U.I., U.E. + 9
Quássia
Quassia amara L. Siinarubácea Bras.:
morubá, quinadecaiena, quássiaarnara, quássiaamarga quusNiauo
surinan, pauquássia, pauamarelo
Habitat: Guiana, Suriname. No planalto das Guianas, utilizase o lenho
de quássia ou pauamargo, desde tempos remotos para atacar @ febre.
Porém, este segredo só foi revelado aos Euro peus em 1756 por um guianês
chamado Quassi. @ quássia é um pequeno arbusto que não ultrapassa 2 ri
de altura. É o seu tronco (10 cm de diâmetro), incoin pletamente
descorticado, que, depois de cortado ell pedaços, aparece no mercado. O
lenho contém subs tâncias lactónicas amargas que estimulam a vesícul
biliar e as secreções gástricas. Deixandoo macerar er vinho tinto,
pode. prepararse um aperitivo. U.l. + E
Quineiravermelha
Cinchona succirubra Pav.
Rubiácei
Habitat: vertente oeste dos Andes, nos Camarões, ri Índia e no
Vietriante. Desde que o espanhol Lopez Canizares foi curado d paludismo
por uma poção preparada pelos índios c América com a *madeira das
febres+, a quina ganhc reputação médica e a sua cultura estendeuse a
outr( continentes. No entanto, só em 1820 Caventou e PeB tier isolaram o
princípio activo da sua casca, a quin na. A quina é uma bela árvore de
cerca de 20 na c altura. Nas plantações, é abatida aos 6 anos para 11
ser retirada a casca. Além do seu efeito contra o pali dismo, constitui
um tónico que faz parte da compos ção de várias preparações
farmacêuticas. U.l. +
Quineiravermelha
358
PLANTAS EXóTICAS
Ratânia
Krameria triandra Ruiz et Pav.
Bras.: ratânhiadoperu
Leguminosas
Habitat: areias secas das zonas elevadas da Bolívia e do Peru. É um
arbusto pequeno, com ramos de 15 a 40 cm, cuja parte inferior do tronco
está solidamente implantada no solo. É espinhoso e forma maciços sedosos
e
esbranquiçados. Arrancase para se aproveitar a raiz sinuosa e
avermelhada, que era usada pelas senhoras de Lima como dentifrício e à
qual Ruiz, botânico europeu que descobriu a ratânia, chamava *raiz para
os dentes+. Esta raiz, introduzida na Europa nos princípios do século
xix, é rica em taninos, que lhe conferem qualidades adstringentes e
antidiarreicas. U.l., U. E. + V O
Rauvólfia
Rauwolfia serpentina Benth.
Apocináceas
I@abitat: Paquistão e regiões quentes e húmidas da Asia Meridional. Este
pequeno arbusto não ultrapassa 1 ni de altura. Os seus caules crescem,
por vezes, ao longo do solo, e as suas belas flores, brancas ou rosadas,
agrupamse em
grande núm ero nas extremidades dos longos pedúnculos. As raízes
colhemse aos 2 ou 3 anos. A medicina popular indiana já as recomendava
1000 anos antes de Cristo como antídoto contra mordeduras de serpentes,
o que inspirou o nome da sua espécie; também era
indicada contra a hipertensão e as perturbações nervosas. De facto, as
raízes contêm numerosos alcalóides, como a reserpina, excelente
hipotensor. U.l. +
Salsaparrilha’
Smilax ornata Hook. f.
Liliáceas
Habitat: florestas húmidas e margens dos rios da América Central. Os
Espanhóis importaram para a Europa, em meados do século XVI, as raí zes
deste arbusto espinhoso, supondo ter encontrado nele um remédio para a
sífilis. A salsaparrilha tem caules trepadores e volúveis, caracterí
stica que a diferencia das outras liliáceas. As suas raízes contêm
saponósidos e têm uma cor castanhoavermelhada. São utilizadas como
sudorí fico e diurético eliminador da ureia e do ácido úrico. Como a
salsaparrilhabastarda, salsaparrilhaindígena ou legacão, é eficaz para
tratar o reumatismo. U.l. + O
Sândalobranco
Santalum albunt L. Santaláceas
Bras.: pausândalo
Habitat: índia.
O lenho e a essência de sândalo têm mais importância nas cerimônias
religiosas hindus pela qualidade do seu perfume do que pelas suas
virtudes medicinais. No entanto, a medicina europeia interessouse pelo
sândalo a partir do fim do século passado. É uma árvore parasita, de 8 a
10 na de altura, que fixa os seus sugadores na raiz das árvores
próximas. É abatida aos 10 anos, sendo aproveitado o cerne, amarelo
acastanhado, que exala por fricção um aroma agradável. Dele se extrai,
por destilação, uma essência que constitui um bom antiséptico das vias
urinárias. U.l. +
>0Ratânia (raiz)
Rauvóifia
Saisaparrilha (raiz)
Sândalobranco (fragmento de lenho)
359
PLANTAS EXOTICAS
Sassafrás
Sassafrás
Sassafras officinale Nees et Eberm. Bras.: caneladesassafrás
Lauráceas
Habitat: América do Norte. No Norte dos Estados Unidos, o sassafrás
mantém um porte modesto, mas nas regiões do Sul pode atingir
30 m de altura. As suas folhas, de cor verdeclara, raiadas de vermelho,
podem revestirse, na mesma árvore, de diversas formas: ovais e
inteiras, ou recortadas na extremidade em dois ou três lóbulos
arredondados. Os Espanhóis descobriram esta árvore aromática na Florida
em 1538. Os índios da América prezavam grandemente o sassafrás,
atribuindo~lhe muitas virtudes medicinais. A casca e o lenho da raiz são
ricos num óleo essencial que contém safrol, com propriedades
estimulantes e sudoríficas. O lenho da raiz utilizase em infusões
contra o reumatismo. U.l. + O
Senedaíndia
Cassia angustifolia Vahi
Leguminosas
Habitat: Sul da índia; originário da Somália e do lémen.
O sene foi introduzido na fitoterapia por médicos árabes. É um
subarbusto de 50 cm de altura que povoa as regiões subdesérticas. No fim
do Verã o, colhemse os ramos, que se deixam secar ao sol. Separamse os
folíolos (impropriamente chamados folhas) das vagens; ambos contêm
heterósidos antracénicos, sendo, no entanto, os folíolos as partes mais
utilizadas. O seu consumo é grande, pois fazem parte de numerosas
preparaçõ es laxativas e purgativas. U.l. + O
Tamareira
Phoenix dactylifera L.
Palmáceas
Habitat: África Central, Arábia, Egipto, Sul de Espanha. Elevase a
cerca de 20 m do solo e apresenta gigantescas inflorescências em forma
de espigas ramificadas. Cresce nos climas subtropicais e é típica dos
oásis nas
zonas desérticas; na Europa, é cultivada como planta ornamental. A polpa
da tâmara, rica em glúcidos (70%) contém ainda cálcio, magnésio,
fósforo, vitaminas B e C e provitaminas A e D. Muito nutritiva, é
indicada para anêmicos e convalescentes. Combate as afecções pulmonares
e o pó do seu caroço é utilizado em fitoterapia. U.l. +
Tamarindeiro
Tamarindus indica L. Leguminosas Bras.:
tamarindo, tamarineiro, tamarina, manádobrasil
Habitat: índia e países tropicais; originário de África. Sempre verde,
esta árvore de 25 m de altura tem uma folhagem tão densa que não deixa
filtrar os raios solares, pelo que nenhuma planta cresce na sua base. Os
frutos são vagens compridas e pendentes, com protuberâncias ao nível das
sementes, as quais estão mergulhadas numa polpa amarelada que constitui
o tamarindo, rico em glúcidos e em ácidos orgânicos (cítrico, tartárico,
málico). A palavra *tamarindo+ deriva de um termo árabe, tamarehindi,
que significa tâmaradaíndia. É utilizado na confecção de geleias,
xaropes ou compotas. Indicado para tratar a obstipação, é um laxativo
suave e também um colerético. U.l. +
Tamarindeiro
360
Os benefícios
das plantas
O emprego dos simples 364
Dicionário da saúde 371
Os usos veterinários 435
Dupla página seguinte: uma farmácia do século xvii
PLANTAS EXOTICAS
Sassafrás
Tamarindeiro
Sassafrás
Sassafras officinale Nees et Eberra. Bras.: caneladesassafrás
Lauráceas
Habitat: América do Norte. No Norte dos Estados Unidos, o sassafrás
mantém um porte modesto, mas nas regiões do Sul pode atingir
30 m de altura. As suas folhas, de cor verdeclara, raiadas de vermelho,
podem revestirse, na mesma árvore, de diversas formas: ovais e
inteiras, ou recortadas na extremidade em dois ou três lóbulos
arredondados. Os Espanhóis descobriram esta árvore aromática na Florida
em 1538. Os índios da América prezavam grandemente o sassafrás,
atribuindolhe muitas virtudes medicinais. A casca e o lenho da raiz são
ricos num óleo essencial que contém safrol, com propriedades
estimulantes e sudoríficas. O lenho da raiz utilizase em infusões
contra o reumatismo. U.l. + O
Senedaíndia
Cassia angustifolia Vah1
Legumínosas
Habitat: Sul da índia; originário da Somália e do lémen.
O sene foi introduzido na fitoterapia por médicos árabes. É um
subarbusto de 50 em de altura que povoa as regiões subdesérticas. No fim
do Verã o, colhemse os ramos, que se deixam secar ao sol. Separamse os
folíolos (impropriamente chamados folhas) das vagens; ambos contêm
heterósidos antracénicos, sendo, no entanto, os folíolos as partes mais
utilizadas. O seu
consumo é grande, pois fazem parte de numerosas preparações laxatívas e
purgativas. U.l. + O
Tamareira
Phoenix dactylifera L.
Palmáceas
Habitat: África Central, Arábia, Egipto, Sul de Espanha. Elevase a
cerca de 20 m do solo e apresenta gigantescas inflorescências em forma
de espigas ramificadas. Cresce nos climas subtropicais e é típica dos
oásis nas
zonas desérticas; na Europa, é cultivada como planta ornamental. A polpa
da tâmara, rica em glúcidos (70%) contém ainda cálcio, magnésio,
fósforo, vitaminas B e C e provitaminas A e D. Muito nutritiva, é
indícada para anémicos e convalescentes. Combate as afecções pulmonares
e o pó do seu caroço é utilizado em fitoterapia. U.I. +
Tamarindeiro
Tamarindus indica L.
Leguminosas
Bras.: tamarindo, tamarineiro, tamarina, manádobrasil
Habitat: índia e países tropicais; originário de África. Sempre verde,
esta árvore de 25 m de altura tem uma folhagem tão densa que não deixa
filtrar os raios solares, pelo que nenhuma planta cresce na sua base. Os
frutos são vagens compridas e pendentes, com protuberâncias ao nível das
sementes, as quais estão mergulhadas numa polpa amarelada que constitui
o tamarindo, rico em glúcidos e em ácidos orgânicos (cítrico, tartárico,
málico). A palavra *tamarindo+ deriva de um termo árabe, tamarehindi,
que significa tâmaradaíndia. É utilizado na confecção de geleias,
xaropes ou compotas. Indicado para tratar a obstipação, é um laxativo
suave e também um colerético. U.l. +
360
Os benefícios
das plantas
O emprego dos simples 364
Dicionário da saúde 371
Os usos veterinários 435
Dupla página seguinte: uma farmácia do século xvii
O emprego dos simples
Aquando das Jornadas Farmacêuticas Internacionais realizadas em Paris em
1976, um dos mais eminentes farmacólogos franceses surpreendeu o
auditório ao revelar o resultado das estatísticas americanas e
francesas:
40% das especialidades farmacêuticas modernas derivam de produtos
naturais. Empregamse na composição destas especialidades cerca de 7000
produtos de origem vegetal.
Alguns deles entram na composição de mais de 100 medicamentos,
nomeadamente o amieironegro, a castanhadaíndia, a laranjeira, os
pinheiros e os eucaliptos. Outros, como as mentas e a beladona, são
utilizados em mais de 200. Finalmente, a dormideira, o mais usado de
todos os fármacos, entra na composição de mais de 400 especialidades.
Deste modo, os médicos, ao prescreverem as suas receitas, exercem todos
os dias a fitoterapia, porventura inadvertidamente.
A planta, tal como foi definida no capítulo *A fábrica vegetal+ (v. pp.
1115), é um reservatório de compostos activos, os quais estão sempre
ligados a outras substâncias que controlam e inclusivamente modificam a
sua acção.
Esta coexistência verificase mesmo que nem sempre seja possível
explicar o seu efeito, e, perante a complexidade das interacções
biológicas no seio de um dado vegetal, os cientistas interrogamse sobre
uma questão muito subtil para a qual, em relação à maioria das plantas,
ainda não foi encontrada uma resposta: porque elabora a planta
determinados princípios activos? Qual a função que eles desempenham na
vida da própria planta?
As plantas e a terapêutica
A alopatia, nome científico atribuído à medicina clássica, obedece, no
tratamento das doenças, à teoria dos contrários, centrando a acção
terapêutica na obtenção de um efeito contrário ao sintoma apresentado
pelo doente.
Recorre, assim, na prescrição medicamentosa, a um agente externo ao
organismo com capacidade para anular as manifestações da doença. Que
fazem os laboratórios farmacêuticos dos milhares de toneladas de plantas
medicinais que tratam nos seus enormes cadinhos de alquimistas modernos?
Trituramnas para facilitar a extracção de substâncias activas que
isolam, doseiam, dissolvem ou condicionam do modo mais utilizável pelo
organismo. Uma vez feita a identificação química da substância e
definida a sua fórmula, o que ainda não é possível, nos nossos dias,
para todos os componentes das plantas, os químicos dedicamse a efectuar
a sua síntese. Assim, devido a estas operações, foi possível fabricar
artificialmente algumas vitaminas e muitos medicamentos. Do ponto de
vista prático, a preparação sintética de uma substância importante
devido às suas aplicações pode permitir a obtenção de um produto mais
manejável, menos dispendioso e de composição mais pura do que o obtido
por extracção de misturas naturais.
Nas obras de farmacognosia, o nome e a descrição de cada planta são
acompanhados da referência de um ou mais dos seus componentes escolhidos
de entre os mais importantes para a terapêutica. Na realidade, a
medicina tradicional não aproveita todas as possibilidades das plantas,
uma vez que não são totalmente conhecidas quer a composi
364
ção, quer as suas acções. É, sem dúvida, pela mesma razão que entre as
substâncias muito enérgicas que elas produzem, e que, uma vez isoladas,
são consideravelmente utilizadas em terapêutica, algumas desencadeiam,
por vezes, no doente efeitos secundários nefastos; assim, nesta 2.a
metade do século xx surgiu e desenvolveuse de modo assustador por toda
a parte uma gama de doenças denominadas iatrogénicas, isto é, doenças
provocadas pelos próprios medicamentos e que geralmente são difíceis de
tratar.
A homeopatia é o segundo grande método terapêutico. Posta em prática por
um ilustre médico alemão, o Dr. Hahnemann, a partir de 1790, baseiase,
ao contrário da alopatia, na lei das semelhanças: os semelhantes são
curados pelos seus semelhantes. O médico, na sua receita, administra ao
doente o agente que provocaria numa pessoa sã a perturbação de que o
paciente sofre. O medicamento diluise em concentrações infinitesimais e
o seu grau de diluição, graduado e variado por dinamização, determina a
rapidez e a intensidade da acção do medicamento, que então deixa de ser
tóxico. A diluição básica denominase tinturamãe. A partir desta
diluição básica, obtêmse por diluições sucessivas 30 graus diferentes
de preparações. A partir da sexta graduação, a matéria activa já não é
detectável por processos analíticos correntes.
A fitoterapia é o tratamento das doenças por meio de plantas recentes ou
secas, bem como pelos seus extractos naturais. É evidente que um
tratamento por meio de uma substância isolada perfeitamente doseada é
para o médico muito mais facilmente controlável que a acção exercida por
um conjunto de substâncias agrupadas num preparado muitas vezes mal
definido, como é o caso das tisanas. É um problema que tem preocupado o
fitoterapeuta quando regista efeitos e reacções diferentes, consoante os
doentes a quem prescreve o tratamento. Estes efeitos não são somente
consequência da fisiologia do doente, sendo também causados por grandes
diferenças na eficácia de várias plantas espontâneas de uma mesma
espécie, devido ao seu habitat natural, à exposição ao sol, ao
microclima, à estação do ano em que a planta foi colhida e ao modo como
foi tratada. Assim, as culturas de plantas em grande escala obedecem a
regras racionais. Os terrenos possuem a mesma exposição, são regados com
igual quantidade de água, as sementes e outros órgãos de propagação são
seleccionados, e os princípios activos são preservados devido a métodos
de secagem e estabilização.
Aliás, sabese, sem que se tenha encontrado uma explicação, que entre as
plantas medicinais existem exemplares que apresentam as mesmas
características botânicas, nada as distinguindo umas das outras; porém,
ao utilizálas, acontece que umas são activas e outras não; são as
denominadas raças químicas.
A gemoterapia e a aromaterapia são dois métodos que recorrem igualmente
ao emprego das plantas. A gemoterapia, do latim gemma, gema, baseiase
na utilização de botões frescos e de tecidos vegetais jovens, tais como
as radículas ou a segunda casca, que são ricas em hormonas vegetais de
crescimento celular as giberilinas e as auxinas. Estas substâncias
conferem a tais órgãos, além das acções próprias das plantas a
que pertencem, acções biológicas muito interessantes.
A aromaterapia, que utiliza as essências aromáticas, é tão antiga como a
fitoterapia, pois 4000 anos antes de Cristo os Egípcios conheciam já a
essência de pinheiro, se bem que o seu verdadeiro desenvolvimento date
apenas da Idade Média. As essências naturais utilizadas obtêmse por
destilação, por prensagem, por separação pelo calor ou por incisão do
vegetal. São notavelmente eficazes e já foi demonstrado que a mesma
essência obtida por síntese, ou seja artificialmente, não é tão activa
como a natural. Valem neste caso as mesmas observações já anteriormente
feitas em relação à fitoterapia: é a totalidade da essência que possui a
máxima actividade, e não o seu componente principal.
Todas as essências vegetais têm em comum o seu poder antiséptico, além
das propriedades específicas de cada uma das plantas de onde foram
extraídas. As essências mais largamente utilizadas em fitoterapia são
extraídas do alho, do anisverde, da badiana, da bardana, do manjericão,
da bétula, da canela, do limão, do eucalipto, do funcho, do zimbro, do
goiveiroamarelo, do hissopo, da alfazema, da camomila, da erva
cídreira, das mentas, da nogueira, do alecrim, das rosas, do sândalo, do
sassafrás, do serpáo, da terebintina, do tomilho e do ilangueilangue.
Utilizar uma planta não é um acto anódino. É interessante verificar que
em muitas línguas, como, por exemplo, o francês, as palavraspotion, poçã
o, epoíson, veneno, têm a mesma raiz e que em outras línguas, como, por
exemplo, a cigana, a mesma palavra serve para designar poção, veneno e
planta medicinal.
Quando se decide utilizar plantas medicinais, não deve empregarse mais
do que uma espécie de cada vez; é indispensável preparar cuidadosamente
a mistura aconselhada. Aos médicos, aos farmacêuticos e aos ervanários
idóneos cabe a responsabilidade de efectuar as misturas por eles
denominadas espécies, pois existem incompatibilidades entre as plantas
que podem provocar fenómenos tóxicos.
Desde os mais remotos tempos, o homem rural está habituado a tirar
proveito do mundo vegetal que o rodeia: a tradição transmitelhe os
segredos da colheita e utilização das flores e plantas que o homem da
cidade desdenha por ignorância. Fazer a colheita aquando de um passeio
familiar ou de umas férias no campo não significa destruir
irreflectidamente a flora, um bem precioso. É necessário aprender a
colher e conservar os simples (v. pp. 3740).
Uma vez feita a recolha e efectuada a conservação, é necessário, para
não confundir infusão, decocção e maceração, por exemplo, estudar as
formas de preparação explicadas na página 368. Além disso, quando no
início do texto referente à informação botânica de cada uma das plantas,
apresentado em caixa, surgir o símbolo O , de cor vermelha, uma
proibição ou uma informação precisa sobre a utilização de determinada
planta, é conveniente seguir integralmente as indicações. É necessário
também cumprir determinadas regras, como, por exemplo, não fazer
antecipadamente uma preparação se está especificado que esta deve ser
utilizada imediatamente, pois podem ocorrer certas alterações químicas
perigosas.
Nunca se deve administrar uma planta a uma criança com menos de 1 ano ou
a uma mulher grávida sem previamente consultar o médico. Diversas
plantas são contraindicadas para as mães que amamentam ou para certos
doentes, como os diabéticos, gotosos, nervosos, cardíacos e doentes
renais. Alguns vegetais provocam alergias, outros uma sensibilização à
luz solar. A prudência é muito importante, porque uma planta vene
365
As plantas e a casa
Existe também um grande número de plantas que podem substituir os
produtos, tantas vezes perigosos, que provocam deslocações às urgências
hospitalares ou de toxicologia. Basta olhar para as prateleiras e ler os
rótulos: não ingerir, não inspirar, não tocar, não aproximar de uma
chama, não utilizar numa divisão fechada, veneno nocivo, perigoso,
explosivo, tóxico ... É verdadeiramente aterrador. Este facto poderá
contribuir para a
substituição destes temíveis ingredientes por outros, talvez menos
enérgicos, mas mais naturais: existem plantas que perfumam, outras que
purificam, desodorizam, protegem o vestuário, afastam os insectos,
impermeabilizam os couros, tiram nódoas, limpam, lavam, branqueiam a
roupa de casa, conservam os víveres..
Outrora, todas as donas de casa as conheciam perfeitamente; hoje, porém,
ignorase a sua existência. Evidentemente, não é possível prescindir dos
sabões e dos detergentes, dos purificadores e dos tiranódoas; não é
possível fazer as lavagens de roupa semanais na máquina com saponária e
cinzas de lenha, fabricar todos os sabões com resina de pinheiro, arear
as caçarolas com molhos de cavalinhas, lavar os vidros sujos pelo pó
gorduroso das cidades com a parietária ou tingir todas as lãs, tecer,
cultivar *biologicamente+ todos os alimentos vegetais. Há, porém, um
compromisso possível do qual depende o futuro. Por essa razão, pretende
se neste capí tulo chamar a atenção para os laços que existem entre o
homem e o mundo vegetal que o precedeu em milhões de anos sobre a Terra
e produziu o oxigénio que respira, esse mundo que alimenta e protege a
Humanidade e cuja maioria não sabe apreciar.
As preparações e as suas formas de utilização
Para extrair componentes activos de um
simples, utilizase geralmente um líquido que os possa dissolver.
As TISANAS são obtidas com o auxílio da água, recorrendo a um dos três
métodos: a infusão, a decocção e a maceração. São filtradas antes de se
utilizarem.
Infusão. Preparase deitando água fervente sobre as partes vegetais
activas, geralmente as flores e as folhas. É o modo tradicional de
preparação do chá. Deixamse as plantas dentro de água entre 5 e 10
minutos aproximadamente, consoante a receita, e seguidamente passamse
pelo filtro. A quantidade de planta varia segundo a espécie. O
recipiente deve ser de porcelana, de barro ou de esmalte, e para adoçar
pode utilizarse mel ou açúcar. Os compostos químicos activos extraídos
pela água são muitas vezes voláteis, pelo que a infusão deve ser bebida
rapidamente.
Decocção. Preparase geralmente pondo o fármaco em água fria, que,
seguidamente, se aquece até à ebulição num recipiente fechado, deixando
ferver durante alguns minutos.
Maceração. É uma preparação líquida que requer uma longa imersão. Põese
a planta em água fria, cobrese o recipiente e deixase repousar em
lugar fresco (mas não no
frigorífico) durante uma noite, por vezes
durante vários dias ou mesmo semanas, A maceração pode ser prescrita em
vinho, álcool ou óleo.
As PREPARAÇõES têm diversos modos de aplicação, consoante os órgãos a
que são destinadas, a sua apresentação e composição. Bebemse as
tisanas, fazemse fricções com linimentos e aplicamse os colírios, em
gotas, nos olhos.
Banho. Imersão completa ou parcial do corpo. Preparase a partir de
infusões ou decocções que se colocam na banheira. Também se fazem banhos
locais: aos olhos, por exemplo, com a água de fidalguinhos.
Caldo. Decocção cujo tempo de ebulição não é rigoroso. Preparase com as
plantas inteiras e bebese quente.
Cataplasma. Preparação de consistência branda que se aplica sobre a pele
durante alguns minutos. Há cataplasmas cicatrizantes, emolientes e
revulsivas.
ChampÔ. Preparado que se mistura com água para lavar os cabelos e o
couro cabeludo. Alguns champôs são antisépticos e antiseborreicos.
Clister ou Enema. Introdução de um líquido nos intestinos por meio de
uma cânula rectal ligada a um irrigador. O clister tem normalmente um
efeito purgativo e, por vezes, emoliente ou adstringente.
Colírio. Solução utilizada nas afecções das pálpebras e dos olhos.
Aplicase sobre a conjuntiva quer em gotas, quer diluída sob a
forma de banho ocular.
Colutório. Preparação semilíquida que se aplica nas gengivas, na faringe
ou nas amígdalas. Os colutórios são geralmente antisépticos e, por
vezes, adstringentes e descongestionantes.
Compressa. Aplicação de uma gaze ou de um tecido sobre a parte do corpo
a tratar. A gaze é antecipadamente embebida na preparação que se
pretende utilizar.
Creme. Mistura untuosa, semilíquida, produzida naturalmente por
determinadas plantas sob a forma de látex, sendo, no entanto, geralmente
obtida pela diluição dos compos
368
tos activos num substrato de glicéridos. Os cremes aplicamse sobre a
pele e, por fricção, penetram na epiderme.
Emplastro. Mais aderente que o creme, este preparado semisólido adapta
se aos contornos da zona do corpo em que for aplicado.
O emplastro contém gorduras, resina e, por vezes, ceras.
Envoltura ou Envolvimento. Compressa que rodeia todo o membro ou uma
parte do corpo. Fazse com uma ligadura de gaze impregnada da solução
medicamentosa.
Fomentação. Variedade de compressa ou
cataplasma que se mantém apenas alguns minutos sobre a pele.
Fumigação. Utilização dos vapores impregnados dos princípios activos da
planta. Podem também ferverse folhas de eucalipto na divisão que se
deseja desinfectar. O fumo de alguns vegetais que ardem lentamente, como
o incenso, pode servir para as fumigações: é o caso do fumo das bagas de
zimbro.
Gargarejo. Preparação líquida com a qual se lavam a boca, a garganta, a
faringe, as amígdalas e as mucosas. Serve para desinfectar ou acalmar. O
gargarejo nunca deve ser engolido.
Inalação. Variante da fumigação na qual o doente inspira directamente os
vapores terapêuticos colocando a cabeça sobre o recipiente onde o
extracto da planta aromática se lança em água quase fervente. Fazemse
inalações para desobstruir os seios nasais e as vias respiratórias
superiores.
Irrigação. Introdução de um líquido pelas cavidades naturais (ouvidos,
nariz, vagina, etc.) quer directamente, quer por meio de uma seringa ou
uma cânula. O líquido injectado é normalmente uma infusão ou decocção
previamente arrefecida.
Leite. Líquido obtido pela trituração de sementes oleaginosas em água.
Fazse deste modo o leite de amêndoas.
Linimento. Mistura heterogénea, de consistência branda, contendo
geralmente óleo ou álcool. Empregase para aliviar as dores reumáticas,
as dores musculares e os traumatismos, friccionando localmente a pele.
Loção. Preparado líquido com o qual se
lava a pele nos locais onde se encontra irritada. Aplicase com algodão.
Há loções especiais para o couro cabeludo.
Óleo. Os frutos e as sementes de numerosas plantas quando prensados
produzem um óleo que não deve confundirse com óleo essencial, pois este
não é uma matéria gorda. No óleo vegetal podem macerarse as raízes e
outras partes secas da planta para obter óleos medicinais. Alguns
aplicamse por fricção, outros são absorvidos por via oral.
Perfume. Para preparar os perfumes, utilizamse as essências vegetais de
determinadas plantas aromáticas. Alguns têm propriedades antisépticas.
Pó. Obtémse por trituração das plantas secas, ou das suas partes
activas, num moinho ou num almofariz. Os pós podem usarse
para obter extractos, ser suspensos em água ou misturados com a
alimentação.
Poção. Líquido em que se incorporaram os princípios activos da planta
obtidos por extracção, infusão ou maceração e que se destina a ser
bebido.
Solução. Mistura líquida na qual os princípios activos da planta são
dissolvidos num líquido apropriado (água, álcool, óleo, éter, etc.).
Suco. Líquido obtido pelo simples escoamento da seiva para o exterior do
tronco ou quando se espremem os frutos, as folhas ou o caule.
Unguento. Preparado cremoso que se aplica por fricção. É uma mistura
cujos princípios activos estão dissolvidos num corpo gordo.
Vinho. Os vinhos medicinais preparamse pela maceração de cascas, raízes
ou folhas de determinadas espécies em vinho, Do mesmo modo se fazem
vinhos de canela, de quina, de genciana e outros.
Xarope. Preparação aquosa límpida destinada a ser bebida. Obtémse
frequentemente por aquecimento de um infuso ou de um macerado aos quais
se adiciona açúcar e geralmente um aromatizante.
As PREPARAÇõES GALÉNICAS devem o nome a Galeno, célebre médico grego da
Antiguidade. São medicamentos que devem ser cuidadosamente compostos e
doseados. Só podem ser preparados por um farmacêutico ou um técnico
qualificado.
Alcoolato. Líquido incolor que se obtém pela maceração de plantas
frescas em álcool, que posteriormente é destilado. A água de melissa dos
Carmelitas, ou espírito de melissa composto, é um alcoolato estomáquico
e antiespasmódico.
Alcoolatura. Líquido corado que se obtém pela maceração de plantas
frescas em álcool. A alcoolatura feita com folhas adquire uma cor verde,
e a que resulta das raízes é castanha. As enzimas nelas contidas mantêm
se activas, pelo que as alcoolaturas não se conservam, devendo ser
utilizadas rapidamente. As alcoolaturas são preferíveis aos alcoolatos
quando os princípios activos da planta não suportam o calor da
destilação.
Elixir. Obtémse pela maceração de plantas ou extractos de plantas numa
solução cujo conteúdo é principalmente álcool e açúcar. Alguns elixires
preparamse a partir de alcoolatos e outros contêm vinhos medicinais.
Extracto. Solução que contém uma parte dos componentes activos da planta
submetida ao tratamento. Em primeiro lugar, secase a planta ou reduzse
a pó. Em seguida, tratase a planta ou o seu pó com um dissolvente
(água, álcool, éter) que lhe retira compostos solúveis. Este processo,
que se chama lixiviação, é classicamente utilizado para fazer café,
passando vapor de água ou água fervente através dos grãos moídos.
Depois, deixase evaporar a solução até esta adquirir a concentração
desejada.
369
Extracto fluido. É um extracto em que a operação da evaporação da
solução se interrompe, resultando um fraco grau de concentração.
Extracto mole. A evaporação da solução é mais prolongada que no extracto
fluido, deixando um resíduo semelhante a uma pasta mole. O café é
frequentemente servido deste modo na América do Sul.
Hidrolato. Líquido que se obtém pela maceração em água de plantas
frescas ou secas; esta solução é seguidamente destilada. A água de
rosas, preparada por destilação, é um hidrolato.
Hidróleo. Líquido que se obtém pela dissolução em água de uma substância
medicamentosa. É uma solução. A água de flor de laranjeira, para citar
um exemplo, preparada por dissolução em água de uma essência extraída
destas flores, é um hidróleo, e não um hidrolato.
Intracto. É uma variedade de extracto vegetal. Para o fazer, devem
utilizarse plantas frescas, estabilizandoas em vapor de água ou de
álcool e deixandoas seguidamente secar no vácuo. Estas plantas
estabilizadas conservam assim todas as suas propriedades. Seguidamente,
são submetidas ao mesmo tratamento que os fármacos comuns; tratamse com
água ou álcool, deixando evaporar a solução obtida. O extracto
resultante chamase intracto. É um preparado correntemente utilizado
para a valeriana e a castanhadaíndia.
Melito. Produto xaroposo que se prepara pela maceração de plantas em mel
ou por ebulição de uma mistura de mel e um hidróleo. O mel rosado é um
melito que se obtém pela mistura de um macerado de pétalas de rosas
rubras e mel. É usado em gargarejos.
Mistura. Associação de produtos medicamentosos que actuam em sinergia,
cada um deles reforçando a acção dos outros. Misturamse assim plantas
dotadas das mesmas propriedades para obter espécies. As espécies
antiespasmódicas, por exemplo, agrupam numa mesma mistura a valeriana, a
flor da laranjeira e o milefólio.
Pasta. uma mistura de consistência mole, preparada com açúcar e goma
arábica, a que se juntam diferentes princípios activos, consoante o fim
terapêutico desejado.
Pomada. Creme espesso em que os compostos activos são dissolvidos em
matérias gordas para facilitar a sua distribuição sobre a epiderme.
Tintura alcoólica. Preparase por dissolução em álcool das substâncias
medicamentosas. Pode também obterse por maceração de plantas em álcool
ou extraindolhes os princípios activos por lixiviação. As tinturas
vegetais são doseadas na proporção de uma parte de substância vegetal
para cinco de álcool.
AS MEDIDAS
*//* ver a forma de exposição no livro
Volume em
Peso da planta
Peso da água
Peso do xarope
Peso do óleo
centilitros
em gramas
em gramas
em gramas
em gramas
1 colher de café
O,5
6,5
4,5
1 colher de sobremesa
10
13
. 1 colher de sopa
1,5
10
15
20
13,5
1 cálice de licor
1 copo pequeno
1 copo vulgar
15
1 chávena
15
1 taça
20
1 g de líquido aquoso = 20 gotas 1 pitada de planta
seca = 2 a 3 g
Dicionário da saúde
Conta uma lenda irlandesa que no túmulo de Miali, filho do deusmédico
Díencecht, cresceram 365 plantas medicinais. Este número correspondia,
segundo a tradição, ao número das articulações e dos nervos do herói,
sendo também o número de dias do ano. Procurouse apresentar este
dicionário da saúde em função do tempo de que cada pessoa dispõe para se
ocupar de si própria. Consoante a profissão, os tempos livres, os
horários das refeições, é conveniente escolher o modo de preparação que
melhor se adapta a cada caso seguindo regras simples, como, por exemplo,
reservar os feriados ou finsdesemana para absorver as grandes
quantidades de líquidos em pequenas doses ao longo do dia.
Na maioria dos casos, indicase a quantidade de planta a utilizar para 1
l de líquido; porém, se a dose prescrita se limita a uma chávena diária,
é conveniente reduzir a quantidade de planta, adaptandoa ao volume de
líquido a ingerir.
O peso indicado para 1 l de água está adaptado às necessidades de um
adulto que pese 70 kg e tenha cerca de 24 anos. Para calcular as
necessidades de uma criança de 12 anos, bastará dividir a dose por dois,
e a de uma de 6 anos, por quatro. É tão inútil como nefasto ultrapassar
as doses. Muitas vezes, as próprias plantas contribuem para que se
diminua a dosagem devido ao seu sabor desagradável; as tisanas benéficas
têm frequentemente um cheiro estranho, um gosto pouco habitual, que deve
de preferência ser disfarçado. Se bem que as tisanas, na sua
maioria, devam ser tomadas quentes, também podem ser bebidas frias
quando são muito amargas. É, no entanto, possível atenuar o gosto pouco
agradável das tisanas adicionandolhes mel, sumo de limão
ou baunilha. Todavia, é necessário lembrar que as cascas de
laranja e de limão tratadas quimicamente são consideradas rigorosamente
impróprias para consumo. Por feliz acaso, existem no acervo dos simples
alguns de sabor agradável, como a angélica, o anis, o basílico (para os
apreciadores), o coentro, a roseira, o funcho, o jasmim, a manjerona, a
melissa, todas as mentas, a laranjeira, o orégão, a primavera, o
alcaçuz, o alecrim, a salva, o tomilho, a tília e a lúcialima, que
podem ser utilizados, em pequenas doses e não medicinais, para perfumar
uma preparação repugnante.
Como utilizar o dicionário da saúde
As perturbações, classificadas por ordem alfabética, estão impressas a
negro e seguidas da sua localização e sintomas.
Os usos (externo e interno) indicamse pela ordem da sua importância,
figurando em itálico determinado aspecto particular destes mesmos usos.
O sinal * agrupa a posologia e o modo de utilização comuns às
preparações classificadas por ordem alfabética das plantas.
O sinal O identifica a planta a administrar, a sua preparação e a sua
posologia. As plantas estão classificadas por ordem alfabética. As
preparações galénicas apresentamse agrupadas.
Indicamse precedidas do sinal as plantas cuja administração,
preparação e posologia são comuns.
Abcesso. Acumulação de pus numa parte do corpo, frequentemente
acompanhada de fenómenos inflamatórios. As plantas podem, por um lado,
acelerar a maturação dos abcessos cutâneos e facilitar a evacuação do
seu conteúdo e, por outro, contribuir para a cura, reduzindo a
inflamação e facilitando a recuperação dos tecidos.
USO EXTERNO Para amadurecer o abcesso e acalmar a dor * Estes preparados
são mantidos por meio de um penso e renovados de 2 em 2 ou de 3 em 3
horas:
O Compressa embebida em suco fresco de alho
O Compressa feita de miolo de pão amassado com suco fresco de alhoporro
O Cataplasma de planta fresca: de folhas pisadas de aspérula
odorífera, de cânhamo, de quenopódiobomhenrique, de sabugueiro,
de tussilagem, das sumidades floridas e dos botões esmagados da
giesteiradasvassouras, de azeitonas bem maduras esmagadas, de raiz
de alteia, de raiz ralada de cenoura cultivada O Cataplasma de folhas
de couve contundidas, que provoca, passados alguns momentos, um aumento
do calor local: é então necessário substituir as folhas e continuar as
aplicações até ao desaparecimento da inflamação O Cataplasma de folhas
371
de sabugueiro trituradas com sal e vinagre O Cataplasma de plantas
cozidas em água e pisadas:
de folhas de acelga, de azedas, de bolbo de cebola, de cuscuta,
de funcho, de lentilhas, de caule de ruibarbo O Cataplasma de
folhas de verbasco cozidas em leite O Cataplasma de bolbo cozido em
leite e pisado, ou
assado no forno, ou sob cinzas e amassado com banha: de açucena, de
rizoma de selodesalomão O Cataplasma de figo seco cozido em leite e
aberto ao meio O Aquecer numa panela raízes e folhas frescas de malva e
pisálas antes de as colocar sobre o abcesso O Cataplasma de farinha
cozida em água na proporção de 60 g por litro até adquirir a
consistência de uma papa; colocar entre duas tiras de pano, aplicar
quente, mas não a ferver, sobre o abcesso: de grãos de cevada, de
sementes de linho, às quais se
pode juntar um punhado de dulcamara seca, de sementes de tremoço,
peneirando a farinha para eliminar os invólucros.
Para fazer o penso do abcesso depois de vazio e
acelerar a recuperação dos tecidos e a cicatrização * Para renovar
diariamente: O Aplicar sobre o abcesso folhas frescas de bardana O
Compressa de decocção de betónica, feita com 60 g de folhas e de raízes
secas fervidas durante 15 minutos em 1 l de vinho tinto e, depois de
arrefecidas, filtradas O Folhas frescas de betónica; cozer durante 10
minutos 50 g de folhas numa pequena quantidade de água e aplicálas
sobre o abcesso.
AcNe. Afecção da pele situada ao nível das glândulas sebáceas. Cada um
dos elementos é, por vezes, centrado por um folículo piloso. A acne
surge na cara, nas costas, no peito e infectase com frequência.
Uso interno
O Aconselhase às pessoas que sofrem de acne a
ingestão de plantas frescas cruas: agrião, rabanetes, salsa,
tomate O Sumo de couve fresca; tomar meio copo 3 vezes por semana O
Espinafres cozidos O Uma cura anual de uvas é especialmente indicada:
durante 3 semanas substituir o pequenoalmoço por 250 g e o jantar por
500 g de uvas. * Tomar entre as refeições 3 chávenas por dia, das quais
1 em jejum: O Infusão de milefólio, 20 g de flores ou de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bardana, 50
g de raízes frescas para 1 1 de água, ferver 15 minutos O Infusão de
rinchão, 40 g de sumidades floridas para 1 1 de água fervente, infundir
20 minutos. * Tomar 2 chávenas por dia, 1 de manhã e 1 à noite: O
Infusão de abrunheirobravo, 50 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de azeda, 20 g de folhas ou 40 g de raízes
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cardo
pente ador, 50 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos. *
Uma almoçadeira todas as manhãs em jejum durante 3 semanas: O Infusão de
amorperfeitobravo, 50 g de uma mistura de flores e folhas secas para 1
1 de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de dulcamara, 10 g de
raminhos partidos para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 5
minutos; aumentar progressivamente a quantidade de planta até 20 g por
litro na terceira semana.
USO EXTERNO * Aplicar 2 vezes por dia sobre os elementos não abertos um
pedaço de algodão embebido em: O Decocção de arnica, 30 g de flores para
1 1 de água, ferver 4 a 5 minutos O Decocção concentrada de bardana, 150
g de raízes frescas para 1 1 de água, ferver 20 minutos O óleo de urze,
macerar, pelo menos durante 8 dias, 100 g de flores frescas em O,5 1 de
azeite, conservar num frasco bem rolhado ao abrigo da luz. * Lavar 2
vezes por dia os elementos actteicos com: O Sumo de couve fresca O
Decocção de alface cultivada, 100 g de folhas para 1 1 de água, ferver
10 minutos O Infusão de amorperfeitobravo, 50 g de flores e folhas
secas para 1 l de água, infundir 10 minutos O Decocção de carlina, 30 g
de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de erva
saboeira, 100 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Suco fresco de folhas de ervasaboeira misturado com igual peso de soro
de leite; conservar num frasco bem fechado O Decocção de zimbro, 50 g de
aparas de lenho de ramos jovens para 1 de água, ferver 15 minutos.
O As folhas secas de tanchagens aceleram a secagem e a cicatrização O
Acrescentar à água do banho 1 colher de sopa de vinagre de alfazema
obtido por maceração, durante 8 dias, de 100 g de sumidades recentes em
1 l de vinagre branco.
AcNe rosácea. Congestão da face situada principalmente no nariz e
regiões malares do rosto, acompanhada de dilatação dos vasos sanguíneos
cutâneos.
USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas frescas contundidas: de alfacebrava, de
flores de alteia, de ervaulmeira, de morangueiro, de trevo
cervino. * Aplicar 2 vezes por dia sobre a acne rosácea compressas
embebidas numa destas preparações:
O Decocção de alface cultivada, 200 g de alface em O,5 l de água, ferver
2 horas O Decocção de arando, 30 bagas frescas para 1 l de água, ferver
em lume brando durante 20 minutos; deixar arrefecer antes de coar O
Decocção de castanhasdaíndia, 6 castanhas descascadas, cortadas em
pedaços, em 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de golfãobranco,
5 flores secas para O, 15 l de água, coar, adicionar 1 colher de álcool
canforado e conservar esta loção num frasco rolhado
O Decocção de malva, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 15 minutos
O Infusão de tília, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; aplicar, friccionar e massajar para ajudar a penetração O
Decocção de videira, 80 g de folhas secas e fragmentadas para 1 l de
água, ferver 5 minutos, infundir 15 minutos.
372
Acufenos. Sensação auditiva que não provém de uma excitação exterior.
Incluemse nesta denominação os zumbidos, os silvos, as campainhas nos
ouvidos, etc.
Uso interno
O Infusão de melissa, 60 g de flores e de caules secos para 1 l de água
fervente, misturar, tapar, infundir 10 minutos e coar; 3 chávenas por
dia após as refeições O Infusão de estaque (Stachys palustris e S.
silvatica), 50 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de lúcialima, 30 g de
folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena após o jantar O Infusão de
marroio, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de nêveda, 50 g de flores e de
caules secos para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena
após as refeições O Infusão de pirlíteiro, 50 g de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia.
USO EXTERNO * Instilar todas as manhãs 3 gotas de óleo no ouvido: de
caroço de pêssego, de caroço de alperce: partir o caroço, esmagar as
amêndoas, extrair o óleo.
O Impregnar um pouco de algodão com o sumo
de 1 cebola e colocálo no ouvido O Grãos de milhomiúdo torrados numa
frigideira, misturados com a mesma quantidade de sal grosso e
introduzidos num pequeno saco que se coloca sobre o ouvido.
Aerofagia. Deglutição de ar que se acumula no estômago.
Uso interno * As preparações devem beberse quentes, antes ou depois das
refeições principais: O Infusão de sementes, deixar em infusão 10
minutos em 1 l de água fervente, acrescentar uma pitada de canela: de
alcaravia, 10 g, de angélica, 15 g, de anis, 15 g, de endro, 40 g,
de funcho,
30 g O Infusão de frutos: de coentros, 40 g O Podem misturarse
sementes de cominhos, alcaravia, anisverde, angélica, na proporção de 5
g de cada uma delas para 1 l de água fervente, deixando em infusão 10
minutos O Infusão de flores e de folhas: de balsamita, 20 g de flores
e de
folhas secas para 1 l de água fervente; 1 chávena após as 2 refeições
principais, de basílico, 50 g de sumidades floridas e de caules secos
para 1 l de água fervente, adicionandolhe algumas gotas de limão; 2
chávenas por dia, de estragão, 25 g de planta para 1 l de água
fervente; 1 chávena após as refeições, de hortelãpimenta, 10 g de
flores e folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena após as refeições,
de laranjeira, 10 g de flores para 1 1 de água fervente, de nêveda,
30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena
após as refeições, de orégãos, 25 g de sumidades floridas para 1 l de
água em ebulição, de tanaceto, 50 g de sumidades floridas secas e
fragmentadas para 1 l de água fervente, tapar e infundir 10 minutos,
de verónica, 100 g de folhas fragmentadas para 1 l de água fervente,
deixar em infusão 15 minutos; 1 chávena 5 minutos antes das refeições O
Decocção de verónica, 100 g de sumidades floridas e
folhas secas e fragmentadas em 1 l de água fria, aquecer, ferver 10
minutos e infundir outros 10 minutos; 1 chávena 20 minutos antes das 2
refeições principais O Cinza peneirada de cavalinha,
1 g em meio copo de água; antes das 2 refeições principais. *
Preparações para serem bebidas frias antes ou depois das refeições: O
Decocção de alcaçuz, 50 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 5
minutos, macerar durante 1 noite e filtrar; beber 3 ou
4 chávenas por dia. * Preparações para ter de reserva: O Licor de anis,
macerar durante 1 mês em 1 l de aguardente
60 g de sementes de anis esmagadas, 1 pitada de canela, 350 g de açúcar
e filtrar; 1 cálice deste licor após as refeições O Tintura de
carvalhinha, macerar durante 10 dias 10 g de sumidades floridas e de
folhas em 100 g de álcool a 75’, filtrar, conservar num frasco bem
rolhado; tomar 25 gotas em meio copo de água antes das 2 refeições
principais.
Afrontamento. V. Menopausa.
Alta. Pequena ulceração dolorosa, frequente na boca.
Uso interno Comer arando e conservar o sumo alguns instantes na boca
antes de o engolir.
USO EXTERNO
Colutórios, as preparações devem ser filtradas. passar sobre as aftas
várias vezes por dia um
pedaço de algodão embebido em: O Suco de raiz de alteia O Sumo fresco de
limão misturado com igual peso de água tépida e adoçado com mel O
Decocção de basílico, 100 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de malva, 50 g de flores para
1 l de água, ferver 20 minutos para reduzir O Decocção de sementes de
marmelo, 150 g para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de
nespereiradaeuropa, 50 g de folhas e 50 g de cascas secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos O Mel rosado, preparado a partir de 50 g de
pétalas secas de rosasvermelhas, deixar infundir 30 minutos em 200 g de
água fervida, mantida muito quente em banhomaría, coar esmagando as
pétalas, juntar igual peso de mel. * Gargarejo ou bochecho a repetir
várias vezes por dia: * Decocção de alfenheiro, 20 g de folhas e flores
secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Sumo de amoras, ainda
verdes, de amoreiranegra O Decocção de cavalinha, 50 g de planta fresca
ou 20 g de planta seca para 1 l de água, deixar ferver 30 minutos para
reduzir O Infusã o de cincoemrama, 20 g de rizoma seco
para 1 l de água fervente, deixar repousar 15
373
minutos O Infusão de drias, 20 g de folhas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de ervadesãoroberto, 50 g de
folhas para 1 l de água fervente, adoçar O Decocção de lisimáquia, 30 g
de mistura de folhas e flores secas em 1 l de água, ferver 5 minutos O
Decocção de morsodiabólico, 50 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 20 minutos, devendo o líquido ficar reduzido a
metade O Decocção de silva,
100 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver
20 minutos O Infusão de tormentila, 20 g de rizoma seco para 1 l de água
fervente, deixar infundir 15 minutos * Decoeção de urtigas, 100 g de
planta seca para 1 l de água, ferver 20 minutos.
Albuminúria. Presença de albumina na urina; pode ser detectada
adicionando à urina algumas gotas de ácido acético; formase um aro
cinzento
entre os 2 líquidos. Existe um certo número de plantas que exerce uma
acção sobre este sinal.
Uso interno * Sucos frescos de plantas: O Suco fresco de avoadinha; 3
colheres de sopa por dia O Sumo fresco de groselha: 100 g 3 vezes por
dia, das quais 1 em jejum O Incluir uma grande cebola
crua e picada numa salada que deve ser ingerida ao jantar. * As
preparações: O Decoeção de aipo, 25 g de raízes secas para 1 l de água,
ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de
alhoporro, 3 g de sementes em 50 g de vinho branco fervente, infundir
10 minutos O Decocção de cardocorredor, 1 punhado pequeno de raízes
secas para 1 l de água, ferver 5 minutos; beber nas 48 horas seguintes
entre as refeições O Infusão de dulcamara, 20 g de ramos jovens secos
para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos; O,5 1 4 vezes por dia,
das quais 1 de manhã em jejum O Decocção de favas, 100 g de vagens
verdes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos; 2
chávenas por dia O Decocção de feijão, 40 g de legume seco para 1 l de
água, ferver 10 minutos, infundir 45 minutos e filtrar; tornar 5 copos
por dia durante 10 dias O Infusão de giesteira das vassouras, 30 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por
dia durante 10 dias O Decocção de milho, 30 g de estigmas por litro,
ferver 5 minutos; meio copo de 2 em 2 horas O Infusão de parietária, 30
g de planta fresca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 4
chávenas por dia
O Infusão composta de 10 g de parietária e 10 g de cavalinha para 1 l de
água fervente; 4 chávenas por dia O Infusão de pilosela, 100 g de planta
(folhas, caule, raiz, frescos) para 1 l de água fervente, infundir pelo
menos 20 minutos; 2 a 3 chávenas por dia entre as refeições O Decocção
de tília, 1 punhado de alburno reduzido a pequenos fragmentos para 1 l
de água, ferver 10 minutos, infundir 1 hora; beber sem tornar a aquecer
nas 48 horas seguintes; cura de 10 dias O Decocção de urze, folhas e
flores frescas, se possível, ou secas, 40 g para 1 l de água, ferver 10
minutos; beber durante as 24 horas seguintes O Maceração de varade
ouro, 1 pitada de planta seca e
reduzida a pó num copo de vinho branco; deixar em repouso 12 horas e
filtrar O Infusão de visco,
10 g de folhas secas para 1 l de água quente, mas
não a ferver; beber durante as 24 horas seguintes à preparação.
Alcoolismo. intoxicação provocada pelo abuso de bebidas alcoólicas. As
preparações à base de plantas podem atenuar as manifestações do
alcoolismo quer agudas (embriaguez), quer crónicas (cirrose, alterações
digestivas, nervosas ou do sono). O único remédio eficaz é,
evidentemente, a supressão do tóxico.
Uso interno Contra a embriaguez incipiente
O Mastigar 2 ou 3 amêndoas amargas.
Contra as manifestações do alcoolismo
O Uma das melhores preparações é a infusão de bolota de carvalho seca, 1
pitada de pó para 1 chávena de água fervente; 1 chávena após as
refeições O Sumo de couve crua; 1 copo por dia O Folhas de couve, de
preferência roxa, picadas O Decocção de alhoporro, 6 alhos para 1 l de
água, ferver 1 hora; 3 chávenas por dia O Maceração de cebola: deixar em
contacto 500 g de cebola crua esmagada com O,5 1 de leite durante
24 horas e coar; 1 cálice de licor 3 vezes por dia
O Infusão de passiflora, 20 g de botões florais secos para 1 l de água
fervente, infundir 15 minu tos e coar; 3 chávenas por dia, das quais 1
à noite ao deitar O Infusão de salsa, 2 g de sementes a cada uma das 2
refeições principais O Decocção de salsa, 50 g de folhas com uma pequena
quantidade de cascas de laranja e de limão para
1 l de água, ferver em lume brando durante 15 minutos para reduzir a
metade, coar espremendo, conservar num frasco; 1 colher de café ao
acordar
O Decoeção composta de 10 g de pimentos e 10 g de troços de ruibarbo em
1 l de água, ferver 3 minutos e deixar repousar durante 1 noite; 2
chávenas por dia.
Aleitamento. V. Lactação.
Alopecia. V. Cabelo.
Amnésia. V. Memória.
Anemia. Diminuição de todos os elementos do sangue ou de uma parte,
nomeadamente dos glóbulos vermelhos. A anemia é um sintoma; pode ser
devida a inúmeras causas, algumas das quais muito graves. Somente a
anemia nutricional, provocada por carências alimentares (em proteínas,
ferro, vitaminas, etc.), pode ser parcialmente compensada pelas plantas.
Há absoluta necessidade de um diagnóstico médico.
Uso interno * Incluir plantas cruas na alimentação, ingerindo
374
ANGINAS
por dia: 100 g de suco de almeirão, 100 g de beterraba vermelha
ralada ou 50 g de suco da mesma, 150 g de cenoura cultivada ou 100 g
do seu suco, 200 g de suco de couveroxa ou verde temperado com sumo
de limão; 1 colher de sopa 20 minutos antes de cada refeição, 50 g de
espargos ralados ou 50 g de suco de espargos,
100 g de espinafres picados ou 50 g de suco,
100 g de quenopódiobomhenrique picado ou
50 g do seu suco, 20 g de salsa picada, 100 g de urtiga picada O
Comer também acelgas cozidas, alperces, amêndoas doces, cerejas
cruas ou cozidas, maçãs, trigo germinado, preparado do seguinte
modo: depois de têlo demolhado durante 1 noite, pôr uma camada de grãos
de trigo num prato humedecido e, passados 2 ou 3 dias, tomar 1 colher de
sopa por dia, uvas.
* Tomar todos os dias: O Infusão de abrótano,
40 g para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 1 chávena depois de
uma das refeições O Decocção de alforvas, 50 g de sementes para 1 l de
água, ferver 15 minutos; 1 chávena de manhã
O Decocção de dictamobranco, 50 g de casca de raiz para 1 l de água,
deixar ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas O Decocção de
galeopse, 15 g de planta florida recentemente seca para 1 l de água,
ferver 5 minutos, tapar, infundir 10 minutos; 3 chávenas O Decocção de
labaçol, 2 g de raiz em pó amassados com mel ou em pílulas, pois o pó é
muito amargo; tomar em
4 vezes O Decocção de morugem, 20 g de planta fresca para 1 l de água,
ferver 15 minutos; 1 copo antes de cada refeição O Infusão de nogueira,
20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 1 chávena
antes de cada uma das refeições O Decocção de pervinca, 30 g de folhas
secas para 1 l de água, ferver 1 minuto, infundir
15 minutos; 2 chávenas entre as refeições O Decocção e maceração de
ruibarboeuropeu, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver, deixar
arrefecer e macerar durante 1 noite; 2 chávenas entre as refeições O
Infusão de tomilho, 1 ramo seco para
1 chávena de água fervente, infundir 10 minutos;
3 chávenas depois das refeições, nunca antes O Decocção de urtigão, 50 g
de caules e de folhas secas fragmentadas para 1 l de água, aquecer,
ferver 5 minutos, infundir 15 minutos; 2 chávenas O Infusão de urtiga
branca, 25 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; tornar 2 chávenas entre as refeições.
O Sementes moídas de alforvas; 2 colheres de café por dia misturadas com
compota ou mel. * Vinhos que devem ser preparados com antecedéncia;
tomar 1 cálice de licor antes das 2 refeições principais: O Vinho de
acáciabastarda, 20 g de flores secas, infundir 15 minutos em 1 l de
vinho tinto fervente O Vinho de dictamobranco,
40 g de casca de raiz em 1 l de vinho, ferver 5 minutos, infundir 15
minutos e coar O Vinho de genciana, 30 g de raízes secas para 1 l de
vinho branco, deixar em repouso 10 dias e filtrar * Vinho de melissa, 20
g de folhas e de flores em 1 l de vinho branco, levar à ebulição, deixar
arrefecer e coar.
Anginas. Inflamação da garganta (amígdalas, faringe, véu palatino, etc.)
devida a diversos germes, por vezes muito grave, geralmente dolorosa e
perturbando a deglutição. Existe um grande número de plantas que
possibilitam a preparação de gargarejos.
USO EXTERNO * Gargarejos: preparar 1 l de líquido por dia, filtrar
cuidadosamente, adoçar com mel: O Infusão: de amoreiranegra, 40 g de
folhas secas, infundir 10 minutos, de argentina, 20 g de folhas secas,
infundir 10 minutos, de consoldamaior, 30 g de raízes, deixar
repousar 12 horas,
de ervadesãoroberto, 15 g de sumidades floridas, infundir 15
minutos, de pirliteiro, 30 g de flores, infundir 10 minutos O
Decocções: de acanto, 15 g de flores secas, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos, de agrimónia, 50 g de folhas secas, ferver 2 minutos,
infundir 5 minutos, de alfenheiro, 30 g de flores secas, ferver
15 minutos, de alteia, 40 g de raízes secas e
fragmentadas, ferver 15 minutos, de amieiro,
40 g de casca, ferver 15 minutos, infundir 5 minutos, de avenca, 100 g
de folhas frescas ou
secas, ferver 30 minutos, de bistorta, 60 g de rizoma, ferver 10
minutos, de cânhamo, 40 g de sementes, ferver 20 minutos, de
carvalho,
20 g de casca, ferver 5 minutos, de congossa,
50 g de folhas, ferver 3 minutos e infundir 5 minutos, de ervaférrea,
30 g de planta fresca, ferver 5 minutos, de ervasaboeira, 100 g de
folhas secas, ferver 10 minutos, de gatunha, 20 g de raízes secas,
ferver 20 minutos para concentrar, deixar repousar 10 minutos, de
madressilvadasfarmácias, 20 g de folhas secas, ferver 10 minutos, de
morangueiro e framboeseiro selvagens, 50 g de folhas secas, ferver 5
minutos, infundir 10 minutos, de nogueira, 40 g de folhas secas,
ferver 15 minutos, de pédeleão, 100 g de planta, ferver 2 minutos,
infundir
10 minutos, de pereira, 40 g de folhas secas, ferver 2 minutos,
infundir 15 minutos, de pimpinelamagna, 50 g de raízes, ferver 5
minutos, de rapúncio, 100 g de raízes cortadas, ferver 20 rninutos,
de silva, 50 g de folhas secas, ferver 10 minutos, de tasneirinha, 30
g de folhas secas, ferver 5 minutos, de viburno,
20 g de folhas secas, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos * Decocção de sanícula, 30 g de folhas secas em 1 l de leite,
ferver 2 minutos, infundir 5 minutos O Maceração de ervadesão
lourenço, 50 g de sumidades floridas secas, deixar em contacto durante 6
horas O Vinho de marmelo: cortar 100 g de polpa em pedaços pequenos,
macerar em 1 l de vinho durante pelo menos 10 dias e filtrar O O café de
cevada feito a partir de grãos torrados e moídos é um bom gargarejo O
Suco fresco diluído em 5 vezes o seu peso em água: de aipo, de
limão. * Cataplasma de alhosporros cozidos, polvilhada com pimenta,
colocada sobre a garganta.
O Colutório: decocção de satureja, 100 g de folhas para 1 l de água,
ferver 15 minutos, macerar durante 15 minutos, coar, adoçar com mel,
ernbeber uma zaragatoa e passar pela garganta.
375
USO INTERNO * Tomar 3 chávenas diárias de uma infusão: de alteia, 60 g
de flores e folhas secas para 1 l de água fervente, deixar infundir 10
minutos, de
boninas, 60 g de folhas e flores para 1 l de água fervente, deixar
infundir 10 minutos, tomar entre as refeições, de rosavermelha ou
de papoila,
20 g de pétalas secas para 1 l de água fervente.
O Decoeção de morangueiro ou de framboeseiro selvagens, 25 g de
folhas secas para 1 l de água (metade da dose do gargarejo), ferver 5
minutos.
O Preparação muito útil para conservar em reserva: tintura de girassol,
macerar durante 10 dias
3 g de folhas secas em 30 g de álcool a 600, filtrar e conservar num
frasco bem rolhado; 20 gotas num pouco de água, 3 ou 4 vezes por dia.
Angústia. Estado de inquietação profunda acompanhado de perturbações
fisiológicas (sensação de aperto na garganta e no estômago, opressão,
sensação de falta de ar, aceleração do pulso e da respiração).
Uso interno
O Infusão de cornichão, 40 g de flores para 1 l de água fervente, tapar
e deixar infundir 10 minutos; 1 chávena depois das 2 refeições
principais durante 10 dias O Infusão de manjerona, 50 g de folhas e
flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas
por dia, das quais
1 ao deitar O Infusão de marroio, 40 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de melissabastarda, 50 g de
planta seca para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de
passifiora, 30 g de fioies secas em botão para 1 l de água fervente,
tapar e deixar infundir 15 minutos; 2 chávenas por dia, das quais 1 ao
deitar O Infusão de pirliteiro,
50 g de flores para 1 l de água fervente, adicionar
1 ameixa seca e deixar infundir 15 minutos; 3 chávenas por dia, das
quais 1 ao deitar, durante
1 mês O Decocção de silvamacha, 30 g de frutos frescos ou secos,
cortados em pedaços, para 1 l de água, deixar macerar durante 1 hora,
ferver 3 minutos e repousar 15 minutos; 1 l por dia O Infusão de tília,
20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar;
beber imediatamente O Maceração de valeriana, 100 g de raízes frescas em
1 l de água fria durante 12 hotas; 2 chávenas pequenas por dia.
V. também: Banho.
Anorexia. V. Apetite.
Antraz. V. Furúnculo.
Apetite. Necessidade de comer. Diferente da fome, fenômeno fisiológico
que provoca rapidamente uma sensação dolorosa, o apetite é um
desejo de alimentos. Quando excessivo, leva à ingestão exagerada de
alimentos. A sua diminuiçào ou a sua perda chamase anorexia.
Uso interno Para diminuir o apetite
O Maceração a frio de valeriana, 25 g de raizes frescas em O,25 1 de
água durante 1 noite; beber
1 copo desta preparação fria 10 minutos antes das
2 refeições principais.
Para abrir o apetite
O Vinho de alcaparra, macerar durante 4 dias
40 g de casca de raiz seca com 80 g de casca de freixo em 1 l de vinho
tinto e filtrar; 1 copo pequeno 2 vezes por dia O Vinho de artemísia, 50
g de sumidades floridas maceradas durante 30 dias em 1 l de vinho, coar;
1 copo pequeno antes das refeições O Vinho de cardodesantamaria
> infundir durante 30 minutos 30 g de uma mistura de folhas e raízes em
1 l de vinho tinto fervente, coar e deixar arrefecer; 1 copo pequeno
antes das refeições O Vinho de cardosanto, infundir 30 g de sumidades
floridas em 1 l de vinho fervente; 1 cálice de licor antes de urna das
refeições principais O Vinho de carvalhinha, infundir durante 15 minutos
40 g de sumidades floridas secas em 1 l de vinho fervente, coar,
conservar num frasco rolhado; 1 copo pequeno antes das refeições O Vinho
de congossa, 50 g de folhas secas e 20 g de flores de macela, deixar
macerar durante 10 dias em 1 l de vinho tinto e coar; 1 copo pequeno
antes das refeições O Vinho de feldaterra, 60 g de sumidades floridas
secas, infundir em 1 l de vinho fervente, repousar durante 30 minutos,
coar, conservar em frasco rolhado; 1 copo pequeno antes das refeições O
Vinho de genciana, deixar macerar 12 dias 40 9 de raízes secas cortadas
em 1 l de bom vinho branco, coar, conservar num frasco rolhado; 1 copo
antes das refeições O Vinho de groselheira, deixar infundir em
1 l de bom vinho fervente durante 20 minutos
100 g de rebentos novos de groselheira e coar; 1 copo antes das
refeições O Vinho de losna, macerar durante 1 semana 40 g de folhas e de
flores secas em 60 g de aguardente a 281, adicionar 1 l de bom vinho
branco, deixar repousar durante 1 semana, coar e engarrafar; 1 copo
pequeno antes das refeições principais O Vinho de macela, 50 g de flores
maceradas durante 30 dias em 1 l de vinho, coar; 1 copo pequeno antes
das refeições principais O Vinho de marroiobranco, deixar macerar
durante 15 dias 50 g de sumidades floridas e folhas secas em 1 l de bom
vinho branco e filtrar; 1 copo pequeno antes das refeições principais O
Vinho de melissa, fazer uma decocção de 20 g de sumidades floridas para
1 l de vinho branco, deixar ferver 3 minutos; 3 colheres de sopa 3 vezes
por dia O Vinho de ruibarbo, deixar macerar durante 8 dias 100 g de
raizes secas cortadas em pedaços em 100 g de aguardente a 28’; por outro
lado, pôr 100 g de açúcar em 1 l de vinho tinto e 10 g de casca de
laranja, misturar as duas preparações, retirar a casca da laranja,
deixar repousar 8 dias, coar e conservar num frasco rolhado; 1 cálice de
licor antes das refeições O Vinho de trevod'água, 10 g de folhas
frescas em
1 l de vinho tinto fervente, infundir 10 minutos; tomar 2 colheres de
sopa antes das refeições O Vinho de zimbro, deixar macerar e fermentar
durante 1 mês num tonel 1 kg de bagas de zimbro
376
em 20 1 de água, retirar e conservar em frascos rolhados; 1 copo por
refeição O Infusão de angélica, 50 g de sementes para 1 l de água
fervente, deixar infundir 15 minutos, coar e adoçar com mel; 1 chávena
antes das refeições principais O Licor de angélica: macerar durante 6
dias 40 g de caules recentes cortados em fragmentos em 1 l de álcool a
280, acrescentar 500 g de açúcar e 1 l de água, deixar macerar 1 semana
em local fresco, filtrar, colocar num frasco; 1 copo pequeno antes das
duas refeições principais O Licor de laranjeira e limoeiro: deixar
macerar durante 10 dias em álcool a 280 200 g de cascas de laranjas
amargas e 200 g de epicarpos de limões não tratados, esmagar, coar,
adicionar 1 kg de açú car, colocar em frascos rolhados; 1 copo pequeno
antes das refeições.
Para aumentar o apetite
O Infusão de abrótano, 15 g de sumidades floridas e folhas secas para 1
l de água fervente; 1 chávena antes das refeições O Infusão de alforvas,
20 g de sementes para 1 l de água fervente;
1 chávena antes das refeições 9 Infusão de aimeirão, 20 g de folhas
secas para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia 9 Infusão de
artemísiadosalpes, 3 g de sumidades floridas secas
para 1 chávena de água fervente, infundir durante
15 minutos; 1 chávena antes das refeições O Decocção de drias, 20 g de
folhas secas cortadas em 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia O
Decocção de énulacampana, 15 a 25 g de raízes secas para 1 l de água,
ferver durante 5 minutos;
1 chávena antes das refeições O Infusão de imperatória, 15 g de raízes
secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia
O Infusão de lúpulo, 15 g de inflorescências femininas secas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena antes das refeições
principais
O Infusão de orégãos, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de água
fervente, não deixar infundir mais de 2 minutos e coar; 2 chávenas por
dia
O Decocção de verónica, 80 g de sumidades floridas secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos; 2 chávenas por dia. Temperar a carne e o peixe:
com bagas de hipofaé, com folhas frescas de hortelã O Adicionar às
receitas: açafrão, alho, cominhos, frutos de bérberis macerados
em vinagre, estragão, pimentos salsa, tomilho O Juntar às
saladas flores de chagas conservadas em vinagre O Utilizar como
condimento:
folhas de funchomarítimo depois de tratadas com sal, folhas novas
de cardocorredor conservadas em vinagre.
O Comer como entrada: agrião, mastruço,
rábano, tomate O Comer aipo cozido como
verdura O Beber caldo de azeda, 30 g de folhas cozidas em 1 l de água O
Beber sumo de groselha; 2 copos por dia, dos quais 1 em jejum.
Aranha. V. Picadas.
Arteriosclerose. Enfermidade crónica que surge no adulto e traduz o
envelhecimento do sistema vascular. Afecta mais frequentemente as
artérias
coronárias que irrigam o coração e as artérias dos membros inferiores.
Está muitas vezes na origem de acidentes graves, como o enfarte de
miocárdio ou a trombose cerebral.
Uso interno
O Decocção de alcachofra, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos; 2 chávenas por dia O Decocçáo de alho, 2 dentes descascados
esmagados na medida de 1 chávena de leite, ferver
5 minutos O Caldo de alhoporro, cozer durante
2 horas em 2 1 de água sem sal 4 alhos cortados em pequenos pedaços; 3
tigelas por dia, das quais
1 em jejum O Infusão de ervaulmeira, 30 g de sumidades floridas e
folhas secas em 1 l de água fervente, deixar arrefecer 15 minutos antes
de filtrar; 3 copos por dia entre as refeições O Maceração de vagens de
feijão, pôr de molho durante
10 horas 100 g de vagens recentes ou secas em
1 l de água fria, ferver seguidamente em lume brando durante 15 minutos;
3 ou 4 chávenas por dia, 3 dias por semana durante 1 mês O Infusão de
fumária, 80 g de sumidades floridas secas, ou
40 g de frescas, para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1
chávena por dia, 8 dias por mês
O Infusão de gros elh eir a negra, 50 g de folhas secas para 1 l de
água fervente, infundir 15 minutos; 3 chávenas por dia durante todo o
Inverno O Sumo de 1 limão fresco; 1 vez por dia O Decocção de
medronheiro, pôr a macerar durante 1 noite 40 g de raízes secas cortadas
em pedaços em
1 l de água, deixar depois evaporar em lume brando até adquirir um terço
do volume, deixar repousar e só coar na altura de beber; 1 copo todas as
manhãs em jejum durante 3 dias O Decocção de oliveira, 40 g de folhas
secas para 1 l de água, ferver durante 10 minutos; 2 copos por dia
O Decocção de pédeleão, 40 g de folhas secas
para 1 l de água, ferver 10 minutos, deixar em
repouso 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as
refeições O Infusão de pirliteiro, 50 g de flores secas para 1 l de água
fervente; 3 chávenas por dia O Decocção de sabugueiro, 50 g para 1 l de
água, ferver para reduzir a metade do volume, beber em 3 vezes num só
dia O Decocção de taráxaco, 60 g de folhas secas e de raízes fendidas
para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; 3 ou 4 chávenas
por dia O Infusão de visco, 15 g de folhas frescas para 1 l de água
fervente; beber 1 l por dia, 10 dias por mês.
* Comer: ananás fresco, centeio, soja
* Utilizar óleo de girassol na alimentação O Temperar os alimentos com
caril indiano (é uma mistura de pós de pimentos, coentros, curcuma,
gengibre, nozmoscada, cardamomo, canela e cravinho).
USO EXTERNO
O Banhos: de bodelha, de laminárias, decocção de 500 g para 5 1 de
água, ferver e deitar no banho.
Artrite. Inflamação que atinge uma ou várias articulações. No primeiro
caso, designase por monoartrite, e no segundo, por poliartrite.
377
Uso interno
O Comer, como entrada, rabanetes com as respectivas folhas O Suco fresco
de avoadinha, 40 g por dia, dividido em 3 doses. * Tomar 2 chávenas por
dia durante 3 semanas:
* Infusão de aipo, 70 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de aristolóquia, 15 g de raizes secas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Decocção de cerejeira,
60 g de pés de cerejas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de
dulcamara, 10 g de casca de ramos novos para 1 l de água, ferver 10
minutos e filtrar; aumentar a dose nos dias seguintes até 20 g por litro
de água ao fim de
1 semana O Decoeção de salsaparrilhabastarda,
40 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 20 minutos O Decocção de
uma mistura de 30 g de raizes de salsaparrilhabastarda e de 10 g de
raiz de saboeira, deixar ferver 10 minutos e coar imediatamente.
USO EXTERNO * Colocar sobre a articulação dorida: O Cataplasma de rizoma
cozido e esmagado de norçapreta O Cataplasma de folhas frescas e
contusas
de rícino O Compressas embebidas numa infusão de serpão, 50 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente.
Artritismo. Diversas perturbações da saúde causadas por alterações de
certos metabolismos. Contamse entre estas perturbações a gota e algumas
formas de litíase urinária, diabetes ou obesidade, certas doenças de
pele e enxaquecas.
Uso interno
O Cura de sumo de groselha, 500 g por dia divididos em várias doses,
puro ou diluído em água; durante 10 dias O Cura de caldo de alhoporro,
ferver alhosporros cortados em pequenos dados durante 2 horas em 2 1 de
água e coar; 1 tigela em jejum antes das refeições durante 3 semanas
O Cura de sumo de uva, 1,25 1 por dia divididos em várias doses diárias;
durante 3 semanas O Decocção de maçã, 60 g de peles secas e pulverizadas
para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar;
4 chávenas por dia O Comer alface de cordei r o
temperada com limão, durante a época, às 2 refeições.
V. também: Diabetes, Enxaqueca, Gota, Litíase, Obesidade, Pele.
Ascaridíase. V. Parasitose intestinal,
Asma. Doença que se traduz por dificuldade em
respirar e acessos de asfixia. Nas crises de asma, que surgem
frequentemente de noite, o doente respira dificilmente.
Uso interno * Preparações diárias: O Decocção de alho, 25 g de bolbo de
alho na medida equivalente a 1 copo de leite, ferver 15 minutos; beber
quente O Infusão de alfazema, 20 g de flores secas para 1 l de água
fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de angélica, 10 g de sementes
para 1 l de água fervente; 2 a 3 chávenas por dia O Infusão de ásaro,
3 folhas frescas para 1 chávena de água fervente
O Infusão de éfedra, 10 g de folhas secas para 1 l de água fervente; 1
chávena antes do jantar * Infusão de uma mistura de 25 g de folhas secas
de ervaformigueira e de 20 g de folhas secas de menta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de hera, 20
g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; dose para 1 dia O Infusão de hissopo, 30 g de sumidades
floridas secas para 1 l de água fervente O Decocção de lírioflorentino,
ferver durante 15 minutos em 1 l de água 15 g de rizoma de lírio, 15 g
de raizes de alcaçuz, infundir 15 minutos; 2 chávenas por dia, das quais
1 à noite O Infusão de marroiobranco, 30 g de sumidades floridas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena à noite O
Infusão de morsodiabólico, 20 g de flores e folhas para
1 l de água fervente; 1 chávena ao acordar e antes de cada refeição O
Infusão de narcisotrombeta,
20 g de flores secas para 1 l de água fervente; cerca de 10 colheres de
sopa por dia O Infusão de pinheirobravo, 30 g de gemas para 1 l de água
fervente; 3 chávenas por dia O Decocção de polígalaamarga, 120 g de
raizes secas cortadas em pedaços para 1 l de água, ferver 2 minutos,
deixar amornar, coar e adoçar com mel; O,5 1 por dia dividido em várias
doses O Decocção de salsaparrilhabastarda, 50 g de raizes secas para 1
l de água, ferver 10 minutos, infundir 15 minutos;
1 chávena antes das refeições O Infusão de serpão, 120 g de planta seca
para 1 l de água fervente, deixar repousar até amornar; beber
imediatamente O Infusão de valeriana, 50 g de raizes secas
cortadas em pedaços para 1 l de água fervente, adoçar; 2 copos por
dia O Infusão de verbasco, 20 g de flores secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as refeições,
das quais 1 à noite. * Vinhos a preparar com antecedência e a conservar
em frascos bem rolhados: O Vinho de melissa: macerar 50 g de planta seca
em 1 l de vinho branco durante 48 horas; tomar 1 ou 2 colheres de sopa
por dia O Vinho de hipericão: macerar durante 10 dias 30 g de sumidades
floridas e folhas em 1 l de vinho branco; 3 copos de licor por dia.
USO EXTERNO
O Cigarro de folhas secas e trituradas: de alecrim, de eucalipto,
de salva, de irevod'água, de tussilagem.
O Inalação de malva, 50 g de flores e folhas secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos.
Astenia. Debilidade de todo o organismo quer a nível físico, quer
mental. É um estado característico, por exemplo, aquando da
convalescença de uma gripe.
Uso interno * Preparações diárias:
Infusão de artemísia378
dosalpes, 1 colher de café de planta seca para 1 chávena de água
fervente; 1 chávena por dia O Infusão de canabrás, 50 g de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O
Infusão de fumária, 60 g de sumidades floridas secas para 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos; 3 chávenas por dia entre as
refeições, 1 semana por mês, durante 3 meses O Pó de genciana, 1 g (ou
seja a ponta de uma faca) de raiz seca pulverizada; tomar 1 vez por dia
com
1 colher de mel O Infusão de loureiro, 3 folhas para 1 chávena de água
fervente, infundir 15 minutos; 2 chávenas por dia entre as refeições O
Infusã o de nãomeesqueças, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l
de água fervente; 3 chávenas por dia O Infusão de saturejadas
montanhas,
30 g de planta seca para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia O Pó
de alforvas, 1 colher de café de pó de sementes misturado com mel; 2
vezes por dia. * Os vinhos fortificantes devem ser conservados em
frascos bem rolhados e ingeridos em doses de
1 cálice de licor antes ou depois das refeições O Vinho de alecrim e de
salva: num recipiente de barro colocar 20 g de folhas de alecrim e 20 g
de folhas de salva, adicionar 1 l de vinho tinto e 1 colher de sopa de
mel, aquecer 30 minutos em
banhomaria, deixar repousar, arrefecer e filtrar; tomar antes das
refeições O Vinho de ervabenta: macerar durante 1 dia 30 g de rizoma
fresco em
1 l de vinho doce natural e filtrar; beber antes das refeições O Vinho
de escórdio, 40 g de sumidades floridas em 1 l de vinho fervente,
infundir 15 minuios e coar O Vinho de salva, macerar durante 10 dias 100
g de folhas secas em 1 l de bom vinho tinto e filtrar; beber após as
refeições. * Geleias ricas em vitamina C: O Geleia de frutos de hipofaé:
colher os frutos logo que estiverem maduros, cozer durante 20 minutos em
lume brando num pouco de água, esmagar, passar pela peneira ou
centrifugar, adicionar o seu peso em açúcar e pôr de novo a cozer,
mexendo sempre, durante 30 minutos, colocar em boiões e tapar O Geleia
de frutos de silvamacha: colher os frutos muito maduros, cozer em lume
brando apenas cobertos de água durante 30 minutos, esmagar, passar pela
peneira ou centrifugar, juntar igual peso de açúcar e sumo de 1 limão,
pôr de novo a
cozer, mexendo sempre, durante 30 minutos, colocar em boiões e tapar O
Geleia de frutos de uvaC.,Ipim: recolher os frutos muito maduros,
cobri _los de água, pó1os a cozer durante 20 minutos, pa,,.@ai pela
peneira ou centrifugar, adicionar igual peso de açúcar, pôr de novo ao
lume, mexendo sempre, até à ebulição, esmagar, colocar em boiões e
tapar. * Plantas da época: O Temperar as refeições com: basílico,
estragão O Fazer uma cura de saladas: de chicória, de taráxaco (com
os botões) O Comer cebolas cruas picadas ou maceiadas durante 1 hora num
pouco de azeite O Comer em cru: cenouras, couve, rábanoiú,,,tico,
tomates bem maduros, alperces,
amêndoas, figos framboesas, maçãs,
morangos, nozes, uvas O Comer depois de cozidos: aipo, aveia,
beterrabavernielha, castanhas, cersefi, eruca, lenBANHO E
BALNFOI FRAPIA tilhas soja, trigo, trigosarraceno O Beber sumo de
limão diluído em igual peso de água.
USO EXTERNO
O Banhos fortificantes: de alecrim de manjerona, de salva, de
satureja, de serpão,
de tomilho.
V. também: Banho.
Azia. V. Estômago.
Banho e balneoterapia. Os banhos terapêuticos gerais ou locais (pés,
mãos, semicúpio) são muito utilizados em fitoterapia. As plantas, ou as
suas essências, servem para preparar banhos compostos que devem
geralmente ser aplicados quentes, isto é, a 321C ou mesmo a temperaturas
mais elevadas. Os banhos muito quentes são extremamente fatigantes;
assim, não devem ultrapassar 20 minutos. Para o banho completo de um
adulto, são necessários 500 g de plantas, e para o de uma criança, 250
g, excepto qualquer outra especificação.
Um banho preparase em duas fases: em primeiro lugar, a infusão ou a
decocção concentrada da planta em 3 ou 4 l de água, que, depois de
passados pela peneira, se adicionam ao banho no momento da utilização.
Os banhos de mãos ou de pés são, na maioria dos casos, revulsivos ou
deiivativos; os dos pés tratam também o excesso de sudução.
Se bem que a maioria das plantas descritas nesta obra possa ser
utilizada na preparação de banhos, na relação que se segue
seleccionaramse algumas das mais apropriadas para o efeito. Na água
quente do banho, a planta desenvolve as suas propriedades pela difusão
ou dissolução das suas substâncias activas. Deste modo, deve vigiarse a
pessoa que toma banho e observar escrupulosamente as precauções que se
aconselham para cada caso.
USO EXTERNO
Banho sedativo
O Infusão: de folhas de melissa, de folhas de malva, de flores
de marmeleiro, de folhas de matricária, de folhas de nogueira, de
flores de pirliteiro, de satureja em flor,
de flores de tília, de planta inteira de valeliana.
Banho revulsivo
O 500 g para um banho geral ou 150 g para um
banho local de farinha de sementes de mostarda diluída em água fria;
adicionar ao banho.
Banho para o reequilíbrio nervoso
O Infusão de angélica, 200 g de planta inteira
379
para um banho de 5 minutos O Infusão de flores e de folhas de murta, com
excelentes resultados após um grande choque nervoso, uma queda ou
um acidente.
Banho estimulante tónico
O Infusão de planta inteira: de alecrim, de alfazema, de mentas,
de salva, de serpão O Banho composto: alecrim, 185 g, alfazema, 185 g,
menta, 125 g, serpão, 125 g.
Banho antibronquítico
O Infusão: de gemas de abeto, de folhas de eucalipto, de gemas de
pinheirosilvestre, de planta inteira de tomilho.
Banho anticelulítico
O Decocção de folhas de heratrepadeira frescas: ferver em lume muito
brando, num recipiente tapado, em 3 1 de água durante 2 horas, coar e
adicionar ao banho.
Banho tónico muscular
O Decoeção de urze, planta inteira.
Banho antireumatismal
O Banho completo de decocção de rizoma de feiomacho; banho local em
caso de gota O Banho completo composto de manjerona, 150 g, serpão, 150
g, salva, 150 g.
Banho antiraquítico efortificante
O Infusão de manjerona, planta inteira O Infusão de flores de matricária
O Decocção de bodelha O Decocção de casca de carvalho O Decocção de
laminárias.
Banho tonificante para a circulação
O Banho completo de castanheirodaíndia, decocção da casca O Banho
completo de milfólio, decocção concentrada das sumidades floridas,
50 g para 1 l de água, ferver durante 10 minutos e filtrar 0Banho para
os pés feito com folhas de videira.
Banho para emagrecer
O, Banho completo de decocção de bodelha, ao
qual se adiciona 1 kg de sal marinho O Banho de uma mistura de
salgueirobranco e de ervaulmeira.
Banho para a pele Tonificante.
O Infusão de sumidades floridas e
folhas de hipericão. Antiacneico: O Infusão de salva. Antiseborreico: O
Banho de limão, 1,5 kg de frutos picados em 2 1 de água fervente para
adicionar à água do banho. Amaciador, calmante: O Banho: de aveia,
de farelo, de trigo, 2 kg num saco de pano fino. * Banho completo ou
pedilúvio. Desodorizante: * Decocção de casca de carvalho O Infusão de:
alecrim, alfazema, cavalinha, folhas de nogueira, salva,
tomilho. Antisudorífico: O Infusão composta de cavalinha e salva.
V. também: Fadiga, Hemorróidas, Sudação.
Bexiga. V. Cistite, Enurese, Urina.
Blefarite. Inflamação do bordo da pálpebra que pode atingir a pele, a
conjuntiva, as glândulas e
as pestanas.
USO EXTERNO
Filtrar cuidadosamente as preparações e lavar várias vezes por dia as
pálpebras: O Decocção de eufrásia, 50 g de planta inteira seca para 1 l
de água, ferver 10 minutos O Infusão de melilotooficinal, 100 g de
sumidades floridas secas para
1 l de água fervente, deixar arrefecer e filtrar; utilizar durante o dia
a quantidade preparada.
Boca. Apresenta frequentemente erosões cujas fermentações ou infecções
devidas aos numerosos germes que aloja são um obstáculo à cura.
USO EXTERNO * Bochechos tépidos: 4 vezes por dia, não engolir nunca: O
Decocção de alcaçuz, 200 g de rizoma para 1 l de água, ferver 5 minutos
O Decocção de alfenheiro, 30 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 5 minutos e adicionar na altura de tomar 2 colheres
de suco fresco de amoras por chávena O Decocção de amieiro, 40 g de
casca
seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de arando, 2
colheres de sopa de bagas para 1 l de água, ferver 30 minutos, deixar
repousar 5 minutos O Infusão de camomila, 60 g de flores para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cinoglossa, 10 g de
raizes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos e
filtrar O Decocção de ervadesãoroberto, 40 g de planta seca para 1 l
de água, ferver 10 minutos
O Infusão de ervaférrea, 50 g de planta seca
para 1 l de água fervente, deixar repousar 5 minutos e filtrar O
Decocção de ervapombinha, 50 g para 1 l de água, ferver 10 minutos,
deixar repousar outros 10 minutos e filtrar O Infusão de escolopendra,
30 g de folhas frescas para 1 l de água O Decocção de eucalipto, 25 g de
folhas secas para 1 l de água, ferver 3 minutos, deixar arrefecer e em
seguida filtrar O Decocção de eufrásia, 30 g de planta para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Decoeção de faia, 30 g de casca fresca limpa e não
lavada para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de framboeseiro,
50 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Decocçâo de lisimáquia, 40 g de planta para 1 l de água, ferver 10
minutos e filtrar * Decocção de malva, 20 g de raízes para 1 l de água,
deixar ferver até reduzir a um terço O Xarope de marmelo, cozer alguns
marmelos com casca num pouco de água corri metade do seu peso de açúcar,
esmagar, passar pela peneira e conservar o sumo; 1 colher de sopa deste
xarope numa chávena de água quente O Decocção de nespereira,
60 g de casca seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de pi
mpinela magna, 50 g de raízes frescas para 1 l de água fervente O
Maceração de rosas vermelhas, 30 g de pétalas secas
em 1 l de água fria, deixar repousar 30 horas O
380
Decocção de varadeouro, 50 g de sumidades floridas secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos, deixar repousar durante 1 noite.
O Mastigar e em seguida deitar fora: O Folhas secas de ervaalheira.
O Passar pelas lesões algodão impregnado de: O Suco fresco de orégãos O
Decocção de bistorta,
100 g de rizoma seco para 1 l de água, ferver 30 minutr,s, coar e deixar
arrefecer.
Uso interno * Mastigar algumas folhas frescas de agrião, de aleluia, de
cocleária, de hortelã, de mastruço.
O Comer: algumas ameixas verdes, limão.
Bócio. Tumor de origem tireóidea, de volume e
consistência variáveis, situado na face anterior do pescoço. A sua
origem deve ser averiguada por meio de exames laboratoriais,
USO EXTERNO * Colocar sobre o bócio e manter com uma toalha cataplasmas:
de bodelha, de laminárias,
de musgodacórsega; escaldar 60 g destas algas frescas, deixálas
inchar e colocálas entre
2 pedaços de tecido fino.
Bronquite. Inflamação aguda ou crónica da mucosa brónquica.
Uso interno * Tomar em 24 horas 1 l coado e adoçado: O Decocção de
agrião, 50 g, de aipo, 50 g de raízes, ferver 20 minutos, de alho
porro, 50 g,
de cenoura cultivada, 30 g de raízes, de colza, 30 g de raízes
descascadas, de couve, 1 folha grande, de escorcioneira, 40 g de
raízes. * Tomar 3 colheres de sopa por dia, misturado com compota: O
Suco fresco de chagas. * Tomar ao deitar: O Decocção de cebola, deixar
cozer muito bem 1 cebola grande cortada em
pedaços no equivalente a 1 chávena de leite O Decocção de cevadinha
(cevadaperlada), 20 g para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de
maçã, 3 maçãs com casca cortadas em fatias finas para 1 l de água,
ferver 20 minutos com 10 g de alcaçuz e coar O Infusão de rábano, 20 g
de raízes frescas para 1 l de água fervente. * Tomar 1 colher de sopa de
hora a hora: O Decocção de murta, 20 g de folhas para 1 l de água,
ferver 5 minutos, coar e adoçar O Infusão concentrada de serpão, 150 g
de planta seca para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos, adoçar, preparar 100 g de
cada vez.
* Tomar 2 chávenas por dia: O Infusão de abetobranco, 80 g de gemas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos, filtrar e adoçar com
mel; beber durante o dia O Decocção de azevinho,
30 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos em lume brando
e deixar arrefecer O Infusão de balsamita, 40 g de sumidades
floridas e
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
bonina, 20 g de flores e folhas secas para 1 l de vinho, ferver 5
minutos e
coar O Infusão de funcho, 50 g de sementes para
BRONQUITE
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Decocção de galeopse, 20 g de
planta recentemente seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão
de hera, 20 g de folhas frescas picadas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção composta de lírio
florentino, 10 g de rizoma seco, e de énulacampana, 15 g de raízes
secas, para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir
15 minutos O Decocção de malva, 15 g de flores para 1 l de água, ferver
10 minutos e coar O Decocção de musgodairlanda, 15 g de talo seco
lavado para 1 l de água, ferver 10 minutos, deixar arrefecer e adoçar
com mel O Infusão de orégãos, 10 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de polígalaamarga, 15 g
de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar O Decocção de
pulmonária, 30 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos e
deixar arrefecer O Infusão de sabugueiro, 50 g de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de satureja, 50 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
tanchagem, 50 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos e coar; beber imediatamente. * Tomar 3 chávenas por dia: O
Infusão, 30 g para 1 l de água fervente: de sumidades floridas frescas
de agripalma, de flores de alfazema, de folhas de ásaro, de
sumidades floridas de hipericão, de sumidades floridas de marroio
branco, de flores de meliloto, de flores de pédegato, de flores
de primavera,
de sumidades floridas de rinchão, de flores de verbasco, de flores
de violeta O Infusão de chouponegro, 50 g de gemas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de polipódio, 30 g de rizoma
para 1 l de água, ferver 15 minutos, deixar macerar durante 1 noite e
coar O Infusão composta de folhas de avenca, de flores de escolopendra,
de heraterrestre, de hissopo, de papoila, de tussilagem e de verónica,
5 g de cada para 1 l de água fervente. * Beber: O Xarope de açafrão,
deixar macerar
durante 2 dias 50 g de estigmas triturados em 1 l de vinho tinto doce,
filtrar, adicionar 1 kg de açúcar, deixar cozer em banhomaria sem
ferver e colocar em frascos; 3 colheres de café por dia
O Xarope de avenca, deixar infundir num recipiente bem tapado 100 g de
planta em 1 l de água fervente durante 6 horas, coar espremendo a
planta, adicionar aproximadamente 2 vezes o
peso de açúcar, ferver 1 minuto, coar e conservar em frasco rolhado; 4 a
5 colheres de sopa por dia
O Xarope de morsodiabólico, deixar infundir durante 6 horas 75 g de
flores e folhas secas em
1 l de água fervente, coar, adicionar 1,5 kg de açúcar, deixar ferver em
lume muito brando até adquirir a consistência de xarope; 3 colheres de
café por dia O Xarope de gemas de pinheirosilvestre, macerar durante 1
hora 50 g de gemas em
50 g de aguardente, deitar sobre a preparação 1 l de água fervente,
deixar repousar 6 horas, filtrar, adicionar 1 kg de açúcar, deixar
ferver até ter a
consistência de xarope; 4 colheres de sopa por dia O Xarope de rábano,
lavar, enxugar, escavar
o rábano, conservando uma cobertura, esmagar num recipiente a polpa
extraída e misturála com
381
açúcar, tornar a colocála dentro do rábano, fechálo e deixar repousar
10 horas; ingerir 1 colher de café de sumo 3 vezes por dia.
O Juntar à sopa folhas de beldroega.
USO EXTERNO * Colocar sobre o peito: O Cataplasma de farinha de linhaça,
60 g para 1 l de água, cozer para engrossar, colocar entre 2 pedaços de
tecido e
seguidamente polvilhar com farinha de mostarda
O Cataplasma de pimentad'água esmagada, colocada entre 2 pedaços de
tecido fino O Cataplasma de pimentão, deixar macerar durante 2 dias 50 g
(5 pimentões inteiros) em 100 g de álcool a 600 e filtrar; passar esta
mistura pelo peito, cobrir com algodão e vigiar para evitar um
aquecimento exagerado,
4 Inalação: de folhas de eucalipto, de rizoma de imperatória, de
gemas de pinheiromarítimo O Fumigação de bagas de zirnbrocornum.
Bronzeamento. Pigmentação cutânea devida aos efeitos dos raios solares.
Uma infusão muito forte de chá tinge artificialmente a epiderme e uma
infusão de baunilha mantém uma bela cor.
Para acelerar o bronZeamento Uso interno
O Comer cenouras cruas O Infusão de ami, 80 g de sementes para 1 l de
água fervente; 2 chávenas por dia.
USO EXTERNO * Aplicar na epiderme: O Essência de bergamota, 4 g de
essência misturada com 100 g de óleo de rícino; é aconselhável fazer uma
experiência prévia, pois os fenômenos de fotossensibilização podem
provocar desagradáveis manchas na pele
O Mistura em partes iguais de azeite e óleo de abacate.
USOS EXTERNO E INTERNO * Aplicar na pele óleo de grainhas de uva ou
azeite e tomar 2 colheres de sopa por dia do mesmo óleo.
Brucelose. Enfermidade muito contagiosa dos bovinos, caprinos, ovinos e
suínos que se transmite ao homem. Também conhecida por melitococcia,
febre de Malta ou febre ondulante.
Uso interno
O Infusão de pilosela, 100 g de planta inteira fresca, com as raízes,
para 1 l de água fervente, infundir 25 minutos e adoçar com mel; 4
chávenas por dia.
Cabelo. Os cabelos e os pélos são produtos queratinizados cuja cor e
embranquecimento, abundância, distribuição, crescimento e comprimento
dependem de caracteres hereditários e variam de indivíduo para
indivíduo. As plantas activam o seu crescimento, tratamnos e coramnos;
porém, não existe planta alguma que torne a povoar de cabelos o crânio
de um calvo.
USO EXTERNO * Champô líquido: O Infusão de ervasaboeira,
80 g de planta inteira para 1 l de água fervente, esperar 15 minutos e
coar O Decocção de hera,
50 g de folhas para 1 l de hera, ferver 10 minutos, coar espremendo,
acrescentar com água fervente até obter 2 1; esfregar. * Champô seco: O
Polvilhar os cabelos com farinha de trigo e escovar 15 minutos depois O
Pó de raiz de angélica. * Para enxaguar: * Infusão: de alfazema, de
folhas de eucalipto, de fidalguinhos, de agulhas de pinheiro O Sumo
de 1 limão em 1 l de água O Seiva de bétula (vidoeiro), 2 g em água
O Decocção de flores de arnica, 15 g em 1 l de água; 1 colher.
Loção que activa o crescimento
* Fricções diárias e massagens do couro cabeludo: O Infusão de abrótano,
20 g de folhas e de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente.
O Sumo de agrião O Unguento de bardanamaior, cozer 1 raiz num pouco de
água, reduzila a puré; friccionar o couro cabeludo todas as noites
durante 1 semana para tornar os cabelos mais grossos e compridos O
Decocção comp6sta de 30 g de raizes de bardanamaior, 30 g de urti gão
e 30 g de eruca para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de
milfólio, ferver 50 g de planta picada em 1 l de água durante 10 minutos
* Decocção de tomilho, 80 g para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar O
Sumo de folhas frescas de urtigão.
Para amaciar e tornar o cabelo brilhante * Enxaguar com: O Bardana
maior, 50 g de folhas para 1 l de água fervente O Suco de pinguícula O
Decocção de salva, 250 g de folhas secas
para 1 l de água, ferver 15 minutos, deixar repousar 48, horas mexendo
corri frequência, filtrar e adicionar O,25 1 de rum; utilizar de 2 em 2
ou de 3 em 3 dias O Fricção com uma decocção de urtigabranca, 50 g de
planta inteira picada para
1 l de água, ferver 10 minutos.
Para evitar a queda do cabelo
O Comer agrião fresco. * Loções com: O Suco de agrião fresco O Azeite,
todas as noites durante 8 dias O Infusão concentrada de folhas frescas
de basílico, 150 g para
1 l de água fervente, infundir 20 minutos, esmagar as folhas e coar;
utilizar o suco 9 Maceraçao composta de buxo, 60 g de folhas frescas
picadas, e de alecrim, 60 g de planta, 15 dias em 1 l
de álcool a 601, mexer frequentemente e coar; friccionar 2 vezes por dia
O Maceração composta de chagas, 50 g de sementes e folhas, e de erpão,
50 g de caule e de sumidades floridas, deixar as plantas picadas 10 dias
em 1 l de álcool a
601 e coar O Decocção de feldaterra, 50 g de
382
sumidades floridas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Bálsamo de
gemas de nogueira, cozer
50 g de botões frescos em banhomaria com 150 g de banha de porco
durante 45 minutos e esmagar; friccionar o couro cabeludo todas as
noites O Maceração de pimento comum durante 8 dias, 30 g em 1 l de
álcool a 601, mexer com frequência e coar.
Contra a caspa * Loção com: O Decocção de avenca, levar à ebulição,
durante 30 minutos, 100 g de planta seca em 1 l de água e filtrar O
Infusão de folhas de castanheiro, 60 g para 1 l de água fervente O
Decocção de casca: de carvalho, de chouponegro, 30 g de pó em 1 l
de água, ferver em
lume brando durante 20 minutos sem tapar e coar
O Decocção de rizoma de golfãobranco, 20 g por litro, ferver 5 minutos
O Suco de urtigão fresco, 50 g com 2 colheres de sopa de óleo de rícino
O Maceração composta de orégãos e urtigões, 50 g de cada planta em 1 l
de álcool a 601, conservar o boião ao sol durante 15 dias e filtrar;
friccionar 2 vezes por dia, 2 colheres de sopa misturadas numa tigela de
água.
Para tingir o cabelo * Para cabelos louros, enxaguar depois de lavar a
cabeça: O Decocção de camomila, 100 g de flores para 1 l de água, ferver
10 minutos e filtrar
O Decocção de ruibarbo, 50 g de flores em 1 l de água. * Para cabelos
castanhos, enxaguar: O Sumo de alhoporro O Infusão de salva O Infusão
de tomilho.
Cálculo. V. Litíase.
*//* ver com o livro
Calo. fragmento córneo de uma zona da epiderme causado pelo atrito
frequente nos pés devido ao uso de sapatos demasiado apertados. Pode ,er
doloro,,o.
USO EXTERNO
É necessário proteger os tecidos vizinhos da acção corrosiva das plantas
utilizadas * l4 vezes por dia: O Suco fresco: de cebola,eirrielha,
de ceboleta.,defrança, de cebolinho, de celidónia. de ervadoca
]o,,, de figueira. de rorela, de %aiãocurto O Folha,, fre,,czi,,
de maravilha O Folha.,, de
inaceiada.,, em ôleo; até ao de,.,apaicciiiienio do calo O Folhas de
,aiaocuito maceiada,, em vinaire O Folha,, de hera inacciadus em
vin,t,,re, @ip(),, 4 dia,, de inaceração, cortar a folha Com Uniu
te,,oura, amontoar o,, pedaço,, ,obre o
c@alo, cobrir coni tini pen,,o bem apertado, conduianic 3 dia,,. Se.
depoi.,, deste e,,paço de iempo, o calo não ,,e de,,pegai facilmente,
reno@,a1 a opelaçao O Maceração de pequeno,, ratrio,
de tuiavuluai em álcool a 601. pricelar o calo com e.,,ie líquido até a
,ua elintinação.
Calosidade. [@’,,pe,,,,,iiiienio côrneo da cpiderme
fricçao.
CEFALEIA
USO EXTERNO * Aplicar: O Suco fresco de celidónia O Cataplasma de folhas
frescas esmagadas de conchelos
O Suco fresco de ervadoscalos.
Calvície. V. Cabelo.
Cancro. Doença que pode afectar todos os tecidos do organismo e que se
apresenta sob múltiplas formas. Se não for tratado, a sua evolução é
geralmente mortal. Nenhuma planta cura o cancro, quer por via oral, quer
por via externa: os medicamentos à base de plantas (pervinca, cólquico)
utilizados em terapêutica são sempre apoiados por outros tratamentos. O
seu emprego necessita de uma vigilância clínica e biológica que só pode
ser assumida por um médico.
Para (i prevenção do cancro
O Comer alho e cebolamis O Recomendase também a infusão de erva
desãoroberto, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
15 minutos; 2 chávenas diárias.
Caspa. V. Cabelo.
Cefaleia. Dor de cabeça, qualquer que seja a causa.
*//* ver com o livro
Uso interno * ]ornar uma das seguintes infusões e deitarse
imediatamente em local sossegado e à sombra: O Infu,,ão de acácia
bastarda, 50 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O lnfu,.,ão de camomila, 5 g de flores para 1 l de át,ua
fervente, infundir 5 minutos O Infusão de ervzibenta. 50 g de rizoma
fresco para 1 l de água em ebulição, ferver 5 minutos O Infusão de
hortelãpimenta, 25 g de sumidades floridas e
folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão dejasmineirogalego, 15 g de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de laranjeira azeda, 20 g de folha.,, seca,, para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de lúcialima, 30 g
de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de maccia, 20 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos O Infusão de manjerona, 40 g de sumidades
floridas e folhas secas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de primavera, 40 g de flores secas e fragmentadas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tília, 30 g
de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e beber.
* PÓs e.%iernutatório.,@ o seu efeito é muitas vezes e,,pectacular. O
Reduzir a pó e inspirar: folhas
11eca% de à,,aro. foffids seca% de ba,,ílico, flore,, de líriodos
vale., rizoma seco de líriofloientino.
O Iniroduzir na,, narina.,, um pouco de suco fresco de líiioaiiiarcio
do,.,pántano,, obtido por esmau,arriento do rizoma.
383
USO EXTERNO
Colocar sobre a testa ou, quando as dores de cabeça são de origem
hepática, sobre o fígado: O Cataplasma de aspérulaodorífera fresca
esmagada.
Celulite. Inflamação do tecido celular subcutâneo, de aspecto agudo ou
crónico, que se localiza a maioria das vezes na face exterior das coxas
ou na nuca. A celulite é dolorosa e inestética. É indispensável associar
às tisanas um tratamento local.
USO EXTERNO * Aplicar 2 ou 3 vezes por dia sobre as zonas
atingidas compressas tão quentes quanto possível embebidas em: O
Decocção de hera, 100 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 15
minutos.
* Aplicar 3 vezes por semana sobre a celulite: O Cataplasma de alforvas,
cozer 50 g de sementes num pouco de água O Cataplasma de bodelha, ferver
1 punhado de bodelha seca em água; aplicar o mais quente possível O
Cataplasma de bodelha seca, cozer na menor quantidade de água possível
50 g de bodelha seca, 100 g de farelos e
100 g de sal grosso O Cataplasma de hera com as
folhas frescas picadas O Cataplasma de verbena,
50 g de planta florida fresca cozida em vinagre, deixar evaporar;
colocar entre 2 pedaços de tecido. * Friccionar com: O Bodelha fresca O
Flores secas de alfenheiro maceradas em óleo, 150 g de flores secas em 1
l de óleo, deixar exposto ao sol
durante 1 mês.
Uso interno * É muito importante acalmar os nervos dos celulíticos com
tisanas sedativas que devem ser tomadas durante 3 semanas: O Infusão de
pirliteiro, 10 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 3 chávenas por dia O Maceração de valeriana, 10 g de raízes
frescas deixadas durante a noite numa chávena de água fria, coar pela
manhã, beber e preparar a chávena para a noite. * Tomar 4 colheres de
sopa por dia: O Suco de rizorna de gramafrancesa. * Tomar 1 copo em
jejum: O Sumo de limão fresco, diluído em água, sem açúcar O Infusão de
taráxaco, 30 g de folhas para 1 l de água fervente; beber frio. * Tomar
2 chávenas por dia: O Decocção composta de gramafrancesa, 20 g de
rizoma seco e
20 g de pés de cereja secos para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Infusão de orégãos, 10 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pilosela, 60 g de planta
inteira fresca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Tomar 3
chávenas por dia entre as refeições, das quais 1 em jejum: O Infusão de
alcachofra,
10 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O
Infusão de avoadinha, deitar em 1 l de água fervente 50 g de caules
floridos secos, ferver 2 minutos, infundir 15 minutos;
esta quantidade pode ser preparada com antecedência para 2 dias O
Infusão composta de groselheiranegra e de freixo, 10 g de cada planta
para
1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de hera, 50 g de
folhas secas fragmentadas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de milfólio, 50 g de sumidades floridas frescas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de semprenoiva, 40 g de
planta inteira para 1 l de água, ferver até reduzir para cerca de O,5 1
* Decocção de videira, 50 g de folhas secas para 1 l de água, ferver e
infundir
15 minutos O Decocçáo composta de folhas de videira e bodelha secas, 40
g de cada planta para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos. * Tomar 4 chávenas
por dia: O Infusão de ervaulmeira, 50 g de folhas secas para 1 l de
água fervente. * Tomar 1 l por dia: O Infusão de marroiobranco, 35 g de
sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos,
deixar arrefecer antes de filtrar.
V. também: Banho.
Ciática. Síndroma dolorosa que se manifesta ao longo do trajecto do
nervo ciático, nomeadamente na nádega, na face posterior da coxa e na
face externa da perna.
USO EXTERNO
O Cataplasma de couve, introduzir folhas cruas
em banha fundida em banhomaria, aplicálas na
zona afectada e cobrir com um tecido de lã O Fricção com óleo de lilás,
macerar durante 4 ,,emanas ao sol 300 g de flores e de folhas mistuiadas
em 1 l de azeite e filtrar O Flagelar a região dorida com urtigão fresco
e seguidamente lavar com um pouco de vinho branco ou de vinagie O
Cataplasma de verbena, um punhado de folhas e de flores frescas cozidas
em vinagre e
que devem ser aplicadas entre 2 pedaços de tecido fino.
Circulação. A circulação do sangue é uma função fisiológica cujo motor é
o coração e cujos canais são os vasos. As plantas seguidamente citadas,
utilizadas da forma indicada, possuem uma acção benéfica sobre a
elasticidade e a tonicidade das paredes vasculares.
Uso interno * Beber 1 l por dia durante 10 dias: O Infusão de visco, 10
g de folhas frescas para 1 l de água fervente. * Beber 3 chávenas por
dia durante 20 dias, das quais 1 em jejum: O Infusão de arando, 50 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
groselheira negra, 50 g de folhas secas para 1 l de água fervente,
infundir
10 minutos O Decocçâo de uvaespim, 30 g de casca para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Decocção de videira, 40 g de folhas secas para 1 l
de á gua, ferver 3 minutos.
384
* Beber 2 chávenas por dia entre as refeições: O Decocção de amorde
hortelão, 50 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 10 minutos;
quantidade para 3 dias O Infusão de aveleira, 20 g de folhas secas para
1 l de água fervente, infundir e
deixar repousar durante 8 horas; beber frio O Decocção de cipreste, pôr
20 g de gálbulas frescas esmagadas em 1 l de água quente e deixar ferver
15 minutos; beber frio O Infusão de milfólio, 40 g de sumidades floridas
secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
tasneirinha, 30 g de planta inteira seca com raiz para 1 l de água
fervente. * Beber o sumo de 1 limão todos os dias O Temperar os
alimentos crus com sumo de limão em vez de vinagre O Comer alho, cru ou
cozido.
USO EXTERNO
O Banho: de castanh ada índia, de milfólio, de videira,
excelentes para os capilares; 2 vezes por semana.
V. também: Banho, Coração.
Cirrose. V. Alcoolismo.
Cistite. Inflamação dolorosa da bexiga, a maioria das vezes de origem
infecciosa e cuja causa deve ser investigada por um médico, As plantas
que se seguem são recomendadas devido à sua acção diurética e anti
séptica.
Uso interno
O Decocção de acelga, 1 punhado para 1 l de água, ferver 15 minutos; 3
chávenas por dia O Infusão: de alteia, de verbasco, 40 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 ou 3 chávenas por dia
O Decocção de arando, 40 g de folhas para 1 l de água; 4 chávenas por
dia O Decocção de arando debag avermelha, 30 g de planta inteira para
1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; 4 chávenas por dia O
Infusão de arenária, 30 g de planta inteira seca para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; beber esta quantidade em 24 horas entre
as refeições O Decoeção de avoadinha, deitar
1 punhado de planta seca em 1 l de água fervente, deixar em ebulição 3
minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de beldroega,
25 g de folhas novas frescas para 1 l de água fervente; 1 chávena em
jejum durante 1 semana O Infusão de pés de cereja, 8 g para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; O,5 1 por dia O Infusão de cevadinha, 1
colher de sopa para 1 l de água fervente; 1 l por dia O Decocção de
gatunha, 30 g de raiz fragmentada para 1 l de água, ferver em lume
brando durante 20 minutos para reduzir; beber durante o dia dividido em
3 doses O Decocção de gramafrancesa, 30 g de rizoma para 100 g de água,
ferver 2 minutos, deitar fora a água, esmagar o rizoma e colocálo em
1 l de água fria, ferver 10 minutos, adoçar com
alcaçuz; beber várias chávenas durante o dia O Infusão de hipericão, 30
g de sumidades floridas para 1 l de água fervente; 1 chávena antes das
refeições O Infusão de milho, 30 g de estigmas secos para 1 l de água
fervente; 5 chávenas por dia entre as refeições O Infusão de parietária,
10 g de planta seca sem as raízes para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; O,5 1 por dia O Infusão composta de 10 g de parietária, 10 g de
urtigabranca, 10 g de cavalinha e 10 g de urze para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 4 chávenas diárias O Infusão
de pereira, 30 g de flores para 1 l de água fervente; 4 chávenas por dia
O Infusão: de pinheirosilvestre, de pinheirobravo, de abeto,
30 g de gemas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia entre as
refeições * Decocção de tuiavulgar, 20 g de folhas para 1 l de água,
ferver 2 minutos, infundir 10 minutos; O,5 1 por dia O Infusão de
urtigabranca, 20 g de flores para 1 l de água por dia O Decocção de
urze, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver até reduzir a
um terço; beber nas 24 horas seguintes, adoçar com mel de urze O Infusão
de uvaursina, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, deixar
amornar e
filtrar; 2 chávenas pequenas por dia.
O Vinho de faiapreta, preparação idêntica à do sabugueiro com 2
punhados de casca O Vinho de sabugueiro, 3 punhados de casca inteira em
1 l de vinho fervente, mexer, macerar durante 2 dias e coar; 2 copos
pequenos por dia O Vinho de varadeouro, macerar durante 1 noite num
copo de vinho branco 1 pitada de pó de sumidades floridas secas; beber
de manhã, tratamento durante 2 semanas O Vinho de zimbro, macerar
durante 8 dias em 1 l de vinho branco 2 punhados de bagas de zimbro e
filtrar; 3 copos de licor por dia O Comer: abóbora crua ou cozida,
favas cruas ou cozidas.
Colesterol. Substância orgânica geralmente presente na maioria dos
tecidos. Pode ser obtida através de síntese feita pelo organismo ou por
aporte alimentar. O seu teor no sangue, denominado colesterolemia, é
frequentemente considerado responsável, quando demasiado elevado, pela
alteração das paredes arteriais. Algumas plantas fazem baixar o teor do
colesterol sanguíneo.
Uso interno * Beber 3 chávenas por dia: O Decocção de alcachofra, 20 g
de folhas secas para 1 l de água fria, ferver 10 minutos O Infusão de
bétula (vidoeiro), 25 g de folhas para 1 l de água fervente, deixar
amornar antes de filtrar O Decocção de varadeouro, 1 punhado de
sumidades floridas secas para 1 l de água fria, ferver 3 minutos e
deixar repousar 10 minutos; quantidade para 2 dias. * Beber 1 l por dia:
O Decocção composta de
10 g de casca de bétula (vidoeiro) e 10 g de folhas secas de freixo para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos; tomar uma tigela,
sendo a primeira em jejum. * Beber 3 copos pequenos por dia, dos quais 1
em jejum: O Decocção de taráxaco, 100 g de raízes para 1 l de água,
ferver 10 minutos. * Beber 1 copo no fim do almoço durante 20 dias: O
Vinho de alcachofra, 80 g de folhas secas
385
fragmentadas maceradas durante 2 semanas em
1 l de vinho tinto e filtrar O Vinho de trevocervino, 40 g de raízes
recentemente secas, cortadas em pequenos pedaços, em 1 l de vinho tinto,
macerar durante 12 horas e filtrar. * Beber 2 copos por dia durante 20
dias: O Vinho de alecrim, 40 g de sumidades floridas secas em 1 l de
vinho tinto, macerar durante 3 ou 4 dias e filtrar. * Curas: O Sumo de
limão: o sumo de meio limão no primeiro dia, diluído em água, aumentando
seguidamente para mais meio limão por dia durante 15 dias e diminuir
depois a dose do mesmo modo O Sumo de uva, ingerir unicamente 1,5 kg por
dia durante 10 dias. * Na alimentação: O Acrescentarlhe beringelas
O Utilizar como tempero óleo: de girassol, de milho, de soja, de
dormideira; tomar também 1 colher de sopa em jejum todos os dias durante
3 meses.
Colibacilose. Nome dado a diversas perturbações, geralmente intestinais
ou urinárias, causadas por germes, os colibacilos.
Uso interno
O Decocção de arando, 50 g de bagas para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 10 minutos; tomar diversas vezes durante o dia O Sumo de
chagas, 20 g de sumo extraído de folhas frescas; todas as manhãs em
jejum durante 15 dias O Infusão de madressilva, 5 g de flores secas para
1 l de água fervente; 2 chávenas por dia.
Cólica. Dor espasmódica situada ao nível de uma víscera abdominal oca
(intestinos, vias biliares ou urinárias). Apenas se consideram aqui as
cólicas do intestino grosso.
USO EXTERNO * Colocar sobre o abdômen, entre 2 pedaços de tecido, uma
cataplasma de: O Batata cozida e
esmagada O Meliloto, 50 g de sumidades floridas secas cozidas em muito
pouca água.
Uso interno
O Decocção de cenourabrava, 30 g de sementes para 1 l de água, ferver 1
minuto O Infusão composta de 20 g de flores secas de macela e de
20 g de raízes secas fragmentadas de valeriana para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos; 1 a 2 chávenas por dia O Infusão de
papoila, 20 g de flores secas para 1 l de água fervente e coar; beber 1
chávena e, se as dores não passarem, uma outra O Infusão composta de
20 g de flores e de folhas secas de passiflora e 20 g de flores secas
de macela para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; beber bem
quente O Infusão composta de 40 g de flores e raízes secas de primavera
e 10 g de flores secas de papoila para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 2 chávenas
O Infusão de verbasco, 40 g de flores e de folhas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas durante 24 horas, se
necessário
O Xarope de macela, colocar num recipiente de
386
barro 250 g de flores frescas, adicionar O,5 1 de água fervente, tapar,
infundir 24 horas, coar espremendo as flores, adicionar a este sumo 250
g de xarope comum, misturar bem, aquecer sem ferver, deixar arrefecer,
colocar em frascos; 2 colheres de sopa O Xarope de marmelo, cozer 2
marmelos com casca e sementes, cortados aos
pedaços, cobertos de água, adicionar o mesmo
peso de açúcar e passar por uma peneira depois de cozidos; 2 copos por
dia.
O Comer pepino cozido e descascado O Mastigar uma colher de açúcar com 3
a 5 gotas de essência de bergamota.
V. também: Diarreia, Meteorismo.
Comichão. V. Prurido.
Congestão. Afluxo anormal de sangue a um órgão com diminuição da
velocidade de circulação. Esta rubrica referese à congestão cerebral. É
um
acidente muito grave, que necessita de cuidados médicos urgentes.
USO EXTERNO
O Colocar imediatamente gelo na cabeça do doente.
Se o médico demora * Aplicar sobre a planta dos pés uma cataplasma de: O
Farinha de linhaça cozida em água, 60 g para O,25 1 de água; logo que a
farinha estiver cozida, deve ser colocada entre 2 pedaços de tecido e,
após arrefecer um pouco, polvilhada com
farinha de mostarda ou, em sua substituição, com pimenta em pó O Polpa
fresca de raiz de rábanorústico.
O Banho sinapizado para os pés, 150 g de farinha de mostarda numa bacia
com água.
Conjuntivite. Inflamação da conjuntiva, membrana que reveste o olho e
face interna das pálpebras.
USO EXTERNO * Banho local, preparar apenas uma pequena quantidade de
cada vez para uso imediato e filtrar cuidadosamente: O Decocção de
eufrásia, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de fidalguinhos, 30 g de flores secas para 1 l de
água fria, ferver 15 minutos O Infusão de macela, 150 g de flores secas
para 1 l de água fervente, infundir 1 hora O Infusão de meliloto, 50 g
de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de melissabastarda, 50 g de flores secas para 1 l de
água fervente O Infusão de nãomeesqueças, 15 g de flores e folhas
secas para
1 l de água fervente O Infusão de pédeleáo, 150 g de planta inteira
seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
tanchagem,
80 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos.
* Fazer compressas com: O Infusão de alcaçuz,
100 g de raízes secas e fragmentadas para 1 l de
água fervente, infundir 1 hora O Decocção de musgodairlanda, 20 g de
planta seca para 1 l de água, ferver até estar completamente amolecida
O Decocção de nogueira, 30 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver
5 minutos O Infusão de videiravermelha, 50 g de folhas secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos.
O Cataplasma de folhas frescas pisadas de ervabenta; aplicar sobre os
olhos.
Constipação. Termo vago que envolve uma série de afecções, como a
corica, a bronquite, etc. Porém, chamase geralmente constipação a uma
infecção das vias respiratórias superiores, especialmente das fossas
nasais, que, através da traqueia, pode atingir os brônquios. As
preparações indicadas podem, em certos casos, deter essa progressão e,
muitas vezes, apressar a cura.
USO EXTERNO Para desobstruir o nariz
O Cheirar um pó esternutatório preparado a partir de folhas secas: de
basílico, de betónica
O Aspirar pelas narinas uma decocção de eufrásia, 25 g de planta seca
para 1 l de água, ferver
10 minutos, coar, deixar amornar e pôr sal; não engolir O Fazer uma
inalação de heraterrestre, infusão de 100 g de planta inteira para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos.
Uso interno * Tomar 1 tigela grande com muito açúcar: O Infusão de
eufrásia, 25 g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de heraterrestre, 20 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de primavera, 15 g de
folhas e de flores secas, e de tanchagens, 15 g de folhas secas, para 1
l de água fervente, infundir 5 minutos.
O Xarope de murta, infundir durante 8 horas, num recipiente tapado, 75 g
de folhas secas escaldadas em 1 l de água, coar, adicionar 1,5 kg de açú
car, ferver até obter o xarope; tomar 3 colheres de sopa por dia.
Contusão. Lesão provocada por um traumatismo, acompanhada ou não por uma
ferida. As plantas a seguir indicadas aplicamse sobre as lesões sem
ferida, com ou sem equimose (nódoa negra).
USO EXTERNO * Aplicar na zona contundida as seguintes plantas frescas
cruas: O Salsa picada com sal e azeite
O Flores e folhas amachucadas de arnica O Folhas esmagadas: de aipo,
de angélica, de cerefólio, de couve, de engos, de ervadoscalos,
de morugem, de orégãosdecreta, de pervinca, de salsa O A
planta inteira picada: de pédeleão, de sanícula. * Aplicar as
seguintes plantas cozidas: O Folhas de acanto cozidas em água e
esmagadas O Bolbo de açucena cozido O Rizoma cozido e esmagado:
de norçapreta, de selodesalornão O Folhas de verbena cozidas em
vinagre.
Aplicar em compressas as seguintes preparações muito simples de
executar: O Decocção de agrimónia, 100 g de folhas secas para 1 l de
água, ferver 15 minutos, repousar 5 minutos e
filtrar; utilizar quente O Decocção de arnica, 30 g de folhas e de
flores secas para 1 l de água fria, ferver 10 minutos e coar; utilizar o
mais frio possível O Infusão de hissopo, 100 g de sumidades floridas
secas para 1 l de água fervente O Infusão de maravilhas, 30 g de flores
secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de murta,
25 g de folhas secas para 1 l de água fervente O Decocção de primavera,
100 g de raizes
secas e fragmentadas para 1 l de água O Infusão de tanaceto, 20 g de
flores e de folhas secas para
1 l de água fervente, adicionar um pouco de sal
O Decocçâo de ulmeiro, 80 g de casca para 1 l de água, ferver 30 minutos
O Decocção de valeriana, 75 g de raizes secas para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de vulnerária, 100 g de folhas e de raizes para 1
l de água.
O Tintura de arnica: macerar em 1 l de álcool a
900, durante 2 semanas, 80 g de flores de arnica secas, às quais se
adicionam 60 g de uma mistura em partes iguais de sementes de anis
verde, canela, cravinho e rizoma seco de gengibre, coar espremendo e
depois filtrar por papel e conservar em frasco rolhado; só utilizar esta
tintura depois de diluída em água.
Uso interno
O Infusão de murta: 1 chávena.
Convalescença. Período mais ou menos longo que se segue a uma doença ou
a uma intervençao cirúrgica. É frequentemente caracterizada por várias
perturbações, fadiga muito acentuada, astenia física e psíquica, falta
de apetite e, por vezes, anemia, pelo que deve ser vigiada. Aconselham
se alguns banhos tónicos.
A alimentação deve ser rica, mas de fácil digestão; deve conter
vitaminas, sais minerais e
metais. Os convalescentes devem, assim, ingerir cereais: aveia,
cevada, milhomiúdo, trigosarraceno; legumes e hortaliças: agrião,
alhosporros, cenouras, espinafres, mastruço, soja; sumo fresco
de vagem verde de feijão, 50 g por dia; fruta: alperces, amêndoas,
castanhas cozidas, figos, groselhas, laranjas, maçãs,
morangos,
Uso interno
O Pó de alforvas, 1 colher de café de sementes misturadas com mel ou
compota O Pó de líquendaislândia, 2 g por dia misturados com compota
muito doce O Decocção de morugem, 20 g de planta fresca florida em 1 l
de água fria, aquecer lentamente e prolongar a ebulição durante 20
minutos; 1 chávena antes de cada refeição O Decocção de pilosela, 80 g
de planta para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos; 3
chávenas por dia O Infusão de salvaesclareia,
20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente; 1 chávena depois
das 2 refeições principais O Infusão de trevocervino, 25 g de folhas
387
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O
Infusão: de serpão, de
tomilho, 20 g para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia O Xarope de
rosa svermelhas: esmagar pétalas frescas de flores em botão com 3 vezes
o seu peso de açúcar, adicionar um pouco de xarope comum até que a pasta
esteja semilíquida;
3 colheres de sopa por dia durante 1 mês.
O Geleia de satiriãomacho: 20 g de pó de tubérculo e 8 vezes o seu peso
de açúcar, cozer em
400 g de água e deixar ferver para engrossar; 2 colheres de sopa por
dia. * Para tomar antes de cada refeição, 2 copos pequenos por dia: O
Vinho de alecrim, macerar
durante 3 dias 50 g de caule florido e coar O
Vinho de angélica, macerar durante 8 dias 40 g de caule e raízes e coar
O Infusão de cardosanto em vinho, 30 g de flores em 1 l de vinho tinto
fervente, infundir 10 minutos e coar O Vinho de feldaterra, macerar
durante 4 dias 50 g de sumidades floridas e coar O Vinho de losna e de
genciana, macerar durante 4 dias 5 g de raiz de genciana e 20 g de
sumidades floridas de losna em 1 l de vinho tinto e coar O Vinho de
pervinca, macerar durante 10 dias 80 g de folhas em 1 l de bom vinho e
coar. * Para tomar depois das refeições, 2 colheres de sopa: O Vinho de
salva, 80 g de planta em 1 l de vinho tinto fervente, infundir 10
minutos e coar.
V. também: Banho.
Convulsão. Reacção nervosa que afecta principalmente as crianças. É
provocada por uma emoção ou uma contrariedade. Pode também, em certos
casos, ser sinal do início de uma doença.
Uso interno
O Infusão de tília, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 1 ou 2 chávenas.
USO EXTERNO
O Banho tépido: de folhas de menta, de flores de tília O Clister de
valeriana: fazer uma infusão de 50 g de raízes frescas para 1 l de água
fervente, deixar repousar e macerar durante 1 dia e filtrar; administrar
à noite.
Coração. As doenças de coração, provocadas por diversas causas, são
inumeráveis, exigindo, no entanto, todas elas um diagnóstico preciso e
os cuidados competentes de um médico: as plantas podem aliviar o coração
de diversos modos, mas não devem substituir uma consulta.
Uso interno
O Vinho de alecrim, 25 g de folhas frescas em 1 l de vinho tinto,
macerar durante 24 horas; 3 colheres de sopa por dia O Infusão de
angélica, 30 g de sementes para 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia
após as refeições O Infusão de cevada germinada, de malte, 10 g numa
chávena de água muito quente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio,
15 g de sumidades floridas secas
para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 3
chávenas por dia antes das refeições O Infusão de passifiora, 100 g de
flores e de folhas secas para 1 l de água fervente, mexer e coar
imediatamente; 2 chávenas por dia, uma delas entre as refeições e a
outra ao deitar O Infusão de pirliteiro, 15 g de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia durante
20 dias O Vinho de sabugueiro, 200 g da segunda casca seca em 1 l de
vinho tinto, macerar durante 48 horas, filtrar e só ingerir no dia
seguinte;
2 copos pequenos por dia.
* Beber cevada torrada em substituição do café
* Comer muito alho e maçãs com a casca.
Corpo. V. Pele.
Crescimento. Desenvolvimento das diversas partes do organismo que se
efectua por períodos, dos quais um dos mais importantes é a puberdade.
Uso interno Para facilitar o crescimento
O Comer com abundância: acelgas cozidas,
amêndoas doces, cenouras cruas ou cozidas, cerejas, cersefi cru
ou cozido, espinafres crus ou cozidos, figos, laranjas,
nozes O Enriquecer as refeições principais com: arroz completo com
maçãs, aveia (flocos, farinha seca), cevada sob todas as suas formas
(descascada, cevadinha, farinha seca, flocos, malte), soja (grãos e
farinha), trigo (farinha completa, trigo germinado), trigosarraceno,
como tal ou em bolachas O Adicionar 1 punhado de salsa fresca picada aos
alimentos crus do almoço O Beber uma tisana tónica: decocção de
abrunhos, 50 g para 1 l de água, ferver 5 minutos.
V. também: Astenia, Puberdade.
Cura de Primavera. As curas de Primavera são curas revigorantes cujo fim
é desintoxicar o organismo, forçandoo a eliminar as suas toxinas, Duram
3 semanas, em doses de 4 a 6 chávenas grandes de preparação por dia, das
quais 1 em
jejum e 1 ao deitar, salvo excepções que serão indicadas. As plantas
utilizadas actuam devido às suas propriedades diuréticas, laxativas,
sudoríficas ou estimulantes; conhecendo cada pessoa os
seus pontos fracos (rins, fígado, intestinos, pele), deve escolher entre
as numerosas preparaçoes indicadas a que melhor activar a função
deficiente.
USOINURNO Durante a cura a alimentação deve ser constituída por vegetais
verdes pobres em proteínas. A alfacedecordeiro e a eruca são
excelentes. * Cura de suco de cenouras cultivadas, 100 g por dia O Cura
de pele seca de maçã não tratada,
100 g por litro, infundir 15 minutos; 1 l por dia
O Cura de sumo de uva, 3 copos por dia entre as
refeições, dos quais 1 em jejum e 1 ao deitar O Sumo de groselha, de
groselha vermelha, 150 g por dia divididos em 3 doses.
388
O Infusão de abrunheiro, 20 g de flores secas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos; apenas 2’chávenas por dia 4 Infusão de uma mistura
de alcluia, 25 g de raizes e 10 g de folhas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Leite de amorperfeitobravo, pôr a
macerar todas as noites 10 g de sumidades floridas e
folhas secas em O,5 1 de água fria e de manhã adicionarlhe O,15 1 de
leite, ferver 5 minutos, filtrar e adoçar corri mel; o pequenoalmoço é
constituído por esta bebida O Infusão de aspéruIaodorífera, 50 g de
sumidades floridas secas
para 1 l de água fervente O Decocçáo de azeda,
30 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocçâo composta de
bardanamaior e de saboeira, 30 g de raizes de cada uma das plantas em
1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão composta de borragem, almeirão,
fumária e taráxaco, 20 g de cada uma das plantas em 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos * Infusão de buglossa, 50 g de planta seca
para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de buxo, 40 g de folhas secas para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Infusão de dulcamara, 5 g de caule seco para 1 l de
á gua fervente, infundir 15 minutos; na segunda semana tomar 10 g e na
terceira 15 g O Infusão composta de 20 g de sumidades floridas de
hissopo e 10 g de folhas de bétula (vidoeiro) para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos e coar O Decocção de labaçol, 20 g de raízes para 1
l de água, ferver 4 minutos, infundir 4 minutos O Infusão de rinchão, 30
g de sumidades floridas e folhas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos O Infusão de sabugueiro, pôr 5 g de flores secas numa chávena de
água fervente, coar sem
infundir; 1 chávena de manhã e 1 chávena à noite
O Decocção de frutos de silvamacha, 50 g de frutos esmagados para 1 l
de água, ferver 1 minuto e coar cuidadosamente O Decocção de urtigão, 50
g de raízes e folhas em 1 l de água, ferver 4 minutos.
Dartro. Nome dado outrora a diferentes afecções da pele, corno herpes,
eczenla, impigens, etc. Já não se usa, pois são utilizadas designações
mais específicas.
USO EXTERNO * Lavar de manhã e à noite, sem esfregar, com: * Decocção de
acanto, 100 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 15 minutos O
Decocção de amieiro, 80 g de casca seca para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de armoles, 50 g de folhas frescas para 1 l de água,
ferver 15 minutos O Decocção de bardana, 100 g de raízes frescas
cortadas em pedaços para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção de
becabunga,
50 g de flores e de folhas para 1 l de água fria, tapar, ferver 10
minutos, infundir 15 minutos; aplicar tépida O Decocção de bétula
(vidoeiro),
25 g de casca seca para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de cânhamo, 30 g de sementes para 1 l de água, ferver
15 minutos O Decocção de dulcamara, macerar durante 4 horas
50 g de caules cortados em 1 l de água fria, aquecer lentamente, ferver
5 minutos; utilizar tépida O Decocçâo de énulacampana, 80 g de raízes
secas para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Decocção de ervacoalheira, 20 g de planta florida seca e picada para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de ervade
sã oroberto, 25 g de planta florida para 1 l de água fervente, infundir
20 minutos O Decocção de saboeira, 75 g de raizes secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos num recipiente tapado e
coar imediatamente O Decocçâo de escrofulárianodosa, 100 g de planta
inteira seca para 1 l de água, ferver 30 minutos O Infusão de fumária,
45 g de planta fresca inteira para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos O Decocção de morsodiabólico, 50 g de planta inteira seca para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de
pulmonária, 30 g de sumidades floridas frescas para 1 l de água, ferver
5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de pulsátila, 20 g de folhas e
de flores secas partidas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos,
deixar arrefecer O Decocção de ulmeiro, demolhar durante
1 hora 60 g de casca seca em 1 l de água fria, depois aquecer
lentamente, ferver 5 minutos, infundir 15 minutos O Suco fresco de:
ervadoscalos, pepino, saiãocurto, diluído no dobro do seu peso de
água. * Para preparar com antecedência O óleo de urze: colocar num
recipiente de vidro ou de barro
80 g de sumidades floridas e O,5 1 de azeite, aquecer lentamente em
banhomaria, sem que o óleo atinja a ebulição, durante 1 hora, tapar,
deixar repousar durante 8 dias, mexendo de quando em quando, filtrar e
conservar num frasco rolhado; pincelar as lesões com este óleo 1 vez por
dia.
Uso interno Simultaneamente com os tratamentos externos * Tomar durante
1 semana 3 chávenas por dia: * Infusão de amorperfeitobravo, 30 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e
coar; beber entre as refeições O Infusão de chouponegro, 50 g de gemas
para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos e coar O Decocção de
labaçol, 25 g de raiz seca cortada em pedaços para 1 l de água, ferver 2
minutos, infundir is minutos.
O Sunio fresco de groselheiravermelha, 250 g por dia, puro ou diluído
em água não açucarada, em 4 doses, das quais 1 em jejum.
Dentes. As plantas podem ser utilizadas na higiene quotidiana dos dentes
e também como preventivo das cáries. Algumas delas podem mesmo
acalmar momentaneamente a dor, enquanto se aguarda a intervenção do
dentista.
USOSINTERNO EEXTERNO Para evitar as cáries
O Mastigar folhas frescas de ervaalheira.
389
O Utilizar pó de cavalinha como dentifrício O Cavalinha como preventivo:
1 g de pó de planta seca misturado com meia colher de mel, 2 vezes por
dia; para tomar todos os anos, 3 semanas por mês durante 3 meses.
Para limpar e branquear os dentes
O Colocar sobre a escova de dentes pó: de sementes de anis verdes,
de tomilho misturado com igual peso de carvão de chouponegro O Esfregar
os dentes com sumo de limão puro ou 1
casca do mesmo; 1 vez por semana.
Para eliminar o tártaro dos dentes
O Esmagar 1 morango na escova e esfregar.
Para aliviar a dor de dentes
O Mastigar uma folha fresca: de ervadascolheres, de malva, de
néveda, de parietária O Inserir dentro do dente dorido algodão
embebido no suco de uma destas plantas O Bochechar com: infusão de
tanaceto, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, de
tanchagem, 100 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Lavar a boca
com a seguinte preparação: macerar durante 15 dias em 1 l de álcool a
900 alecrim, orégãos e tomilho, 20 g de cada planta, depois filtrar e
conservar em frasco rolhado.
Parafacilitar a saída dos dentes das crianças
O Dar raiz de alteia para mastigar.
V. também: Boca.
Depressão. O estado depressivo manifestase pelo enfraquecimento geral,
psíquico e físico, do organismo. As suas causas são frequentemente
evidentes (tristeza, decepção, choque psicológico, convalescença, etc.).
Se este estado não é aparentemente justificado por qualquer das causas
enumeradas, é indispensável uma ajuda médica.
Uso interno
O Para estados depressivos beber: 1 copo pequeno de: O Vinho de
balsamita, 15 g de sumidades floridas secas em 1 l de vinho fervente,
infundir
10 minutos, coar e conservar num frasco rolhado
O Vinho de ervabenta, macerar durante 5 dias
50 g de rizoma em 1 l de bom vinho tinto, filtrar e conservar num frasco
rolhado.
O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de
cornichão, 80 g de flores secas para 1 l de água fervente; tomar 3
chávenas por dia durante 8 dias O Infusão de macela, 15 g de flores
secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 1 chávena antes do
deitar O Infusão de salva, 20 g de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 20
g de folhas de salva e
20 g de flores de macela para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos;
beber muito quente e
com muito açúcar.
O Cura de 8 dias com valeriana: macerar 15 g de
raízes frescas numa chávena de água fria durante
1 noite; beber de manhã.
Dermatose. V. Pele.
Descalcificação. V. Desmineralização.
Desinfecção. Limpeza de um local, por vezes de um quarto de um indivíduo
com uma doença contagiosa.
USO EXTERNO
O Queimar numa chaminé ou numa braseira madeira: de eucalipto, de
faia (dela se extrai industrialmente a creosota, um poderoso
desinfectante) O Espalhar sobre as brasas folhas de:
eucalipto (secas), loureiro, salva, bagas de zimbro O Ferver
durante muito tempo as folhas de salva no local a desinfectar.
Desmineralização. Diminuição dos elementos minerais dos ossos, das
faneras (unhas e dentes).
Uso interno Todos os cereais são ricos em elementos minerais, sobretudo:
o centeio e o trigo, que se
podem consumir sob as suas diversas formas alimentares, a soja, devido
ao seu teor em cálcio, fósforo e magnésio, o trigosarraceno. De entre
as hortaliças citamse: os espinafres, que devem ser consumidos crus,
misturados com outros alimentos também crus, como: os rabanetes, a
beterraba hortícola. De entre os frutos, além das vitaminas que contêm,
a castanha, ingerida cozida, é extremamente vantajosa; a laranja é
igualmente rica em sais minerais.
A planta medicinal mais utilizada nos casos de
desmineralização é a cavalinha. Esta planta contém cálcio, potássio,
magnésio, ferro, fósforo e
sobretudo sílica O Utilizase o caule seco em decocção: 50 g para 1 l de
água, ferver 30 minutos; beber 3 copos por dia antes das refeições
principais.
Diabetes. Doenças de gravidade variável: diabetes mellitus, diabetes
insípida, doença de Addison, etc., que têm em comum, entre outros
sinais, sede intensa e muitas vezes prurido. Todo o
indivíduo diabético deve ser tratado pelo médico e submeterse a um
regime alimentar rigoroso. As plantas em seguida citadas podem actuar
sobre algumas das manifestações desagradáveis destas doenças.
Uso interno Para substituir o pão
O Os glúcidos assimiláveis serão fornecidos por:
alcachofra, batata, tupinambo.
Para substituir o pequenoalmoço
O Infusão de almeirão, 40 g de raízes secas e
torradas para 1 l de água fervente O Decoeção de
390
almeirão, 20 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos.
O Beber >todas as manhãs meio copo de suco fresco de vagem de feijão
verde O Comer: almeirão, aveia, cebolas cruas, couve crua
e cozida, lapsana em salada, milho, nozes.
Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de agrimónia, 30 g de sumidades
floridas e folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bardanamaior,
50 g de raízes frescas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de
pédeleão, 30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos. * Tomar 2 chávenas por dia entre as refeições: * Decocção
composta de 30 g de folhas secas de arando e 10 g de planta seca de
galega para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de erva
desã oroberto e de semprenoiva, 20 g de cada planta seca para 1 l de
água fervente, infundir 15 minutos O Decocção de escrofulárianodosa, 15
g de rizoma para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de nogueira,
20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Decoeção
de oliveira, 30 g de folhas frescas para
1 l de água, ferver 20 minutos O Infusão de salva, 15 g de folhas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de silva, 20 g de
folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de
urtigão, 50 g de planta inteira para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos. * Tomar 1 chávena por dia de manhã, 10 dias por mês: O Decocção
de alforvas, 40 g de grãos para 1 l de água, ferver 15 minutos. * Tomar
1 l por dia durante 10 dias: O Decocção de pervinca, 30 g de folhas
secas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos.
Diarreia. Sintoma de numerosas afecções, por vezes graves: irritação
digestiva, intoxicação alimentar, desequilíbrio da flora intestinal,
doença infecciosa ou parasitária, afecção neurovegetativa, cancro.
Quando uma diarreia se prolonga anormalmente, é indispensável consultar
o médico.
Uso interno
O Geleia de líquen dai slândia, ferver 25 g de planta em O,5 1 de
leite até à obtenção de uma
geleia; tomála com mel ou compota às colheres de café O Infusão de n
arei sotrombeta, 1 g de flores secas em pó, ou seja a ponta de 1 faca,
para 1 chávena pequena; 3 colheres de sopa ao
longo do dia O Infusão de saiãocurto, 10 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; beber 1 copo de 2 em 2
horas. * Dose para 1 dia: O Decocção de funcho, 20 g de raízes secas
para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 3 minutos; beber muito
quente O Decocção: de pimpinela, de sanguissorba _oficinal, 30 g de
planta fresca para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Infusão de
urtigão,
25 g de caules e folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos O Infusão de urze,
30 g de sumidades floridas para 1 l de água em
ebulição, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos
Dose para 2 dias: O Infusão de avoadinha, 50 g de planta para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos e coar O Infusão de ervabenta, 50 g
de raí zes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar O
Decocção de medronheiro, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos, filtrar e adoçar. * Beber 1 chávena por dia: O Infusão de
acanto,
8 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e
filtrar; beber em 2 doses O Decoeção de ervasofia, 20 g de planta seca
para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Vinho quente de pé
deleão, 40 g de planta para 1 l de vinho tinto fervente, infundir 10
minutos.
* Beber 2 chávenas por dia: O Infusão de agrimónia, 40 g de flores e
folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de
agripalma, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de alfenheiro, 15 g de folhas ou flores para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos O Infusão de búgula, 40 g de planta seca
para 1 l de água, infundir 10 minutos
O Decoeção de cinoglossa, 25 g de raízes para
1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Infusão de drias, 20 g de folhas
secas partidas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão
de epilóbio, 30 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão: de lisimáquianumular, 30 g de planta inteira, de
lisimáquia, 30 g de flores e folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de morangueiro, 20 g de raizes para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Infusão de pilosela, 60 g de folhas frescas picadas
para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de pimpinela
mag na, 30 g de raízes frescas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos e filtrar O Infusão de pirliteiro, 10 g de frutos maduros secos
para 1 l de água fervente O Infusão de sanícula, 30 g de planta florida
seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de sempre
noiva, 30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de tanchagem e de zaragatoa,
100 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O
Decocção de ulmeiro, 40 g de casca seca para 1 l de água, ferver,
reduzir até
O,75 1 O Infusão composta de 20 g de flores e de folhas de urtiga
branca, 30 g de folhas de silva,
20 g de flores de alteia para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
* Beber 3 chávenas por dia: O Infusão de consoldamaior, 25 g de raízes
para 1 l de água fervente, infundir 2 horas e coar O Infusão de ervade
sãoroberto, 25 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos O Infusão de ervaulmeira, 30 g de planta
com raiz em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
escolopendra, 20 g de folhas frescas ou secas em 1 l de leite, ferver 10
minutos, coar, tomar entre as refeições O Infusão de feldaterra, 40 g
de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de satureja, 80 g de planta para 1 l de água, ferver
10 minutos O Infusão de tasneirinha, 30 g de raízes para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos.
391
* Comer durante alguns dias: polpa de abóbora, polpa de alfarroba,
arroz, castanhas, cenouras, cevada, couve, maçãs raladas,
milhomiúdo, polpa de nêsperas, nozes, peras, polpa de
tramazeira,
uvas O Beber todos os dias, diluído em água, sumo: de bagas frescas
de arandodebagavermelha, de groselha.
Preparações para ter de reserva
* Vinho de: argentina, cincoemrama, tormentila, macerar durante 8
dias 75 g de raízes
secas e esmagadas em 1 l de vinho do Porto tinto e coar; 3 copos de
licor por dia O Vinho de azevinho, deitar 30 g de folhas em 1 l de vinho
tinto em ebulição, ferver 10 minutos; beber 1 colher de sopa até 100 g
por dia. * Xarope de silvamacha, esmagar 200 g de frutos, espremer,
ferver o sumo com igual peso de açúcar, mexer até engrossar, conservar
em frascos rolhados; 3 colheres de sopa para adultos, meia dose para
crianças.
O Geleia de musgodairl anda, 15 g de planta seca cortada para 1 l de
água, ferver até atingir consistência; de 1 a 2 colheres de sopa por
dia.
Diarreias disentéricas Comer: armoles, ruibarbo.
Diarreias das crianças no período da dentição
O Pó de salgueirinha, 1 g, isto é, a ponta de 1 faca, de sumidades
floridas secas pulverizadas; em 2 doses com 1 colher de mel por dia O
Xarope de varadeouro (receita do Dr. Leclerc), ferver 100 g de
sumidades floridas secas em 1 l de água durante 10 minutos, infundir
durante 12 horas, coar espremendo, dissolver 1,5 kg de açúcar e
misturar, arrefecer e coar; 2 copos pequenos por dia.
Diarreias provocadas pelos antibióticos
O Comer arandos O Juntar à alimentação alho e pimentos O Temperar as
saladas com sumo de limão.
USO EXTERNO
Clister com 200 g de líquido morno: O Decocção de bistorta, 60 g de
raízes para 1 l de água, ferver 15 minutos e coar O Decocção de
80 g de casca seca de carvalho para 1 l de água fria, ferver 45 minutos
e coar O Infusão de ervaférrea, 30 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos, coar, deixar amornar. * Clister com 200 g
de líquido frio: O Decocção de cipreste, 50 g de gálbulas em 1 l de
água, ferver 10 minutos e coar.
Digestão. Conjunto das transformações sofridas pelos alimentos a vários
níveis do tubo digestivo e que os tornam assimiláveis pelo organismo. As
alterações da digestão podem ser devidas a um mau funcionamento dos
órgãos ou das glándulas digestivas. Apresentamse seguidamente algumas
preparações susceptíveis de actuar sobre as digestões difíceis e
dolorosas, as dispepsias, acompanhadas de sensação de peso,
enfartamento, azia.
Uso interno
O Infusão de acanto, 10 g de folhas secas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos e filtrar;
1 chávena para beber durante o dia em várias doses. * Beber 1 chávena
depois das 2 refeições principais: O Infusão de ami, 40 g de sementes
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cála mo
aromático, 8 g de rizoma seco para 1 l de água fervente O Decocção de
canabrás, 15 g de raízes para 1 l de água, infundir 10 minutos O Infusão
de coentros, 40 g de frutos para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de cominhos, 30 g de sementes para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de loureiro, 30 g de
folhas frescas ou secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de lúpulo, 15 g de
cones floríferos secos para 1 l de água, ferver 2 minutos e coar; beber
imediatamente O Infusão de melissabastarda, 50 g de planta seca para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nêveda, 50 g de
planta seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
* Beber 1 chávena antes das 2 refeições principais: O Infusão de cardo
santo, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de cocleária, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salsa, 4 g de sementes para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de trevod'água, 60 g
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Para
utilizar durante todo o ano: O Adicionar regularmente açafrão aos
alimentos O Comer: alhosporros, ervilhas, pelo menos 1 vez por semana
O Beber todos os dias chá de mentas, adicionando ao chá verde, na
chaleira, 40 g de folhas frescas de uma das mentas, infundir 10 minutos,
e na chávena introduzir um pequeno ramo da mesma menta fresca, adoçando
com muito açúcar. * Preparações agradáveis para conservar em
frascos rolhados; beber 1 copo pequeno: O Licor de alcaravia, macerar
durante 1 semana 25 g de sementes em 1 l de aguardente, filtrar e
adicionar
400 g de xarope comum; tomar depois das refeições O Licor de angélica,
macerar durante 5 dias em 1 l de aguardente 15 g de caules recentes e 15
g de amêndoas amargas esmagadas, filtrar, adicionar 500 g de xarope
comum e filtrar de novo; tomar depois das refeições O Vinho de aspérula
odorífera, macerar durante 5 horas num recipiente tapado 40 g de planta
seca em 1 l de vinho branco com 20 g de açúcar e algumas rodelas de
laranja, coar, deixar em repouso 1 noite, filtrar no dia seguinte por
papel de filtro; tomar antes das refeições O Licor de cerejas, macerar
durante 2 meses 1 kg de cerejas sem pé, esmagadas com os caroços, em 3 1
de aguardente, passar por um peneiro fino, adicionar 500 g de açúcar por
garrafa, rolhar e deixar repousar; tomar depois das refeições O Vinho de
ervabenta, macerar
durante 24 horas 40 g de rizoma cortado em pedaços em 1 l de bom vinho
tinto e depois filtrar; tomar depois das refeições O Licor de estragão,
macerar durante 2 meses 60 g de folhas frescas
392
em 1 l de aguarctente, coar e adicionar 300 g de xarope comum; tomar
depois das refeições O Licor de losna, macerar durante 2 semanas,
mexendo de vez em quando, 40 g de folhas de losna secas, filtrar e
adicionar 500 g de xarope comum; depois das refeições O Vinho de macela
ou de matricária, macerar durante 5 dias 80 g de flores secas em 1 l de
vinho branco doce e filtrar; tomar depois das refeições. * Preparações
para serem conservadas em frascos pequenos de vidro corado bem rolhados;
tomar 20 gotas num copo de água pouco açucarada. Depois das refeições: O
Tintura de genciana, macerar durante 6 dias 6 g de raízes secas e
cortadas em 60 g de álcool a 600 e filtrar. Antes das refeições: O
Tintura de carvalhinha, macerar durante 1 semana 5 g de sumidades
floridas secas em 50 g de álcool a 600 e filtrar. * Tomar 10 gotas
depois das refeições: O Tintura de hissopo, macerar durante 3 semanas 20
g de sumidades floridas e 20 g de folhas de hortelãpimenta em 1 l de
álcool a 601 e filtrar O Tintura de limão, macerar durante 1 semana 60 g
de casca de fruto não tratado quimicamente em 100 g de álcool a 600 e
filtrar.
V. também: Estômago, Fígado, Intestino.
Dismeinorreia. V. Menstruação.
Dispepsia. V. Digestão.
Dispneia. V. Pulmão.
Diurese. Eliminação de urina e portanto de substáricias (metabolitos)
por ela transportados. As plantas com propriedades diuréticas são muito
numerosas. Deverão escolherse as que melhor convierem a cada organismo.
Uso interno
O Decocção de aljófar, 30 g de planta inteira em
1 l de bom vinho branco, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos e coar; 1
copo em jejum todas as manhãs durante 8 dias O Decocção de buglossa, 30
g de sumidades floridas e de folhas secas para 1 l de água fria, ferver
10 minutos; 3 chávenas por dia entre as refeições O Decocção de cardo
corredor, 40 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos; 4 chávenas
por dia entre as refeições O Decocção de pés de cereja, 45 g para
1 l de água, ferver 10 minutos; 2 tigelas grandes por dia O Infusão de
ervacoalheira, 20 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2
chávenas por dia O Decocção de espargohortense, 50 g de raízes para 1 l
de água, ferver 10 minutos e
coar; beber em 2 dias O Decocção de fetoreal,
20 g de rizoma seco para 1 l de água, tapar, ferver 5 minutos, infundir
5 minutos; 2 copos por dia O Infusão de goiveiroamarelo, 25 g de flores
secas para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia entre as refeições O
Infusão composta de 40 g de cascas secas de maçã e 40 g de folhas secas
de
pereira para 1 l de água fervente O Decocção de oliveira, 30 g de folhas
frescas ou secas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10
minutos e coar; beber 1 chávena o mais quente possível antes das 2
refeições principais O Decocção de pereira, 45 g de folhas em 1 l de
água, ferver 3 minutos, infundir 15 minutos e coar; 2 chávenas por dia O
Decocçáo de quaresma, 30 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 5
minutos e coar; dose para 2 dias O Decocção de semprenoiva,
40 g de planta inteira seca para 1 l de água, ferver para reduzir até
O,5 1, coar imediatamente;
2 copos pequenos por dia. * Vinho de alhoporro, macerar durante 1 manhã
5 g de sementes de alhoporro em 1 l de vinho branco e coar; 3 copos de
licor por dia * Vinho de ervaulmeira, 50 g de flores frescas em
1 l de vinho branco fervente, infundir 10 minutos; 2 copos pequenos por
dia O Vinho de escrofulárianodosa, macerar durante 12 horas 15 g de
rizoma seco e esmagado em 1 l de vinho branco de boa qualidade; 2 copos
de licor por dia durante 1 semana.
Muito aconselhado: sopa com alhoporro e pastinaga.
Dor. Sensação desagradável que pode localizarse em qualquer parte do
corpo, com causas e características muito variáveis.
USO EXTERNO
O óleo de jasmineirogalego, macerar, pelo menos durante 1 mês, 100 g de
flores frescas ou
secas em 300 g de azeite; aplicar uma compressa embebida nesta
preparação nas zonas doridas O Cataplasma de folhas verdes de losna,
aquecidas e esmagadas entre os dedos O Decocção de folhas de loureiro,
150 g para 1 l de água, ferver 2 horas e coar; friccionar com o líquido
O Cataplasma de flores de macela cozidas em água O Fomentação de vinho
de salgueirobranco obtida por ebulição lenta durante 2 horas, num
recipiente tapado, de 50 g de folhas O Maceração de videbranca, 200 g
de folhas frescas cortadas em
tiras em 1 l de álcool a 600 durante 8 dias, mexer todos os dias; coar e
conservar num frasco rolhado; friccionar.
Uso interno Para as dores musculares
O Infusão de folhas de freixo, 40 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 20 minutos e
coar; 2 chávenas por dia.
Para todas as dores e pancadas
O Infusão de coentros, 30 g de frutos para 1 l de água fervente; 1
chávena.
V. também: Artrite, Cólica, Dentes, Dores musculares, Entorse, Estômago,
Ferida, Nevralgia, Panarícío.
Dor de cabeça. V. Cefaleia, Enxaqueca.
393
Dor de garganta. V. Anginas, Faringite, Laringite, Voz.
Dores musculares. Fadiga muscular acompanhada de dor devida a um excesso
de práticas desportivas ou às primeiras perturbações de uma doença
infecciosa (gripe, por exemplo).
USOS EXTERNO E INTERNO
* Friccionar com metade de 1 limão.
* Infusão de chouponegro, 20 g de gemas secas
para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos; 3 chávenas por dia;
esfregar simultaneamente as
zonas doridas com uma maceração de chouponegro: colocar durante 1 mês
100 g de gemas secas esmagadas em 1 l de aguardente e não retirar as
gemas da preparação.
ECZEMA. SURGIMENTO, EM QUALQUER PARTE DO CORPO,
de uma zona vermelha e pruriginosa que se cobre de vesículas. Estas
rebentam, deitando uma serosidade, surgindo depois a crosta. Qualquer
que seja a
causa, o eczema pode reagir favoravelmente à acção das plantas. Pode
fazerse anualmente, na
Primavera, uma cura de limpeza.
Uso interno * Tomar 2 chávenas por dia: O Decocção de amorperfeito
bravo, 20 g de flores e de folhas frescas para 1 l de água, ferver 1
minuto, infundir 10 minutos O Decoeção composta de 20 g de flores e de
folhas de amorperfeitobravo, 10 g de raizes de gatunha e 10 g de
raizes de saboeira para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decoeção de
cardopenteadorbravo, 40 g de raizes secas
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de carlina, 20 g de
raizes para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de cenoura, 30 g de sementes para 1 l de água,
ferver 1 minuto, coar
imediatamente e beber; preparar apenas 1 chávena de cada vez O Decocção
composta de 20 g de raízes de saboeira e 40 g de rizoma seco de grama
francesa para 1 l de água, ferver 30 minutos
O Infusão de fumária, 20 g de planta florida para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos, pôr muito pouco açúcar O
Decocção de varadeouro, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.
USO EXTERNO * Lavar 2 vezes por dia as lesões com: O Suco fresco de
aliária, tendo a planta sido previamente lavada com cuidado O Decocção
de arando, 50 g de bagas e de folhas partidas para 1 l de água, ferver
10 minutos e coar O Decocção de salgueirinha, 80 g de sumidades floridas
e de folhas novas secas para 1 l de água, ferver 1 minuto, deixar
amornar e filtrar O Decocção de tremo394
ços, 30 g de sementes em 1 l de água, aquecer lentamente até à ebulição,
ferver 15 minutos, deixar amornar, coar, adicionar 50 g de vinagre,
conservar num frasco rolhado e utilizar nos 5 dias seguintes.
V. também: Cura de Primavera.
Edema. Acumulação de serosidade nos tecidos, localizada ou generalizada.
Ao nível da pele, o edema caracterizase por uma turnefacção ou um
inchaço, por vezes muito pronunciado, de aspecto variável. É necessário
procurar a sua causa (rins, coração, insuficiência circulatória) e
tratála.
Uso interno * Beber 3 chávenas diárias durante 3 semanas: * Infusão de
bonina, 50 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de borragem, 60 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cardocorredor, 40 g de
raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos;
quantidade para 2 dias O Infusão de fidalgui nhos, 30 g de planta para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de gatunha, 30 g de
flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de gilbarbeira,
30 g de rizoma para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 15 minutos
O Decocção de levístico, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Decocção de parietária, 25 g de planta
fresca para 1 l de água, ferver
5 minutos, infundir 10 minutos; dose para 2 dias
O Infusão de pilosela, 80 g de planta fresca para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de rábanorústico,
15 g de raízes para 1 l de água fervente, deixar repousar 1 noite e
filtrar O Infusão de ulmeira, 60 g de folhas e de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de urtigão, 50 g de
raizes para
1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; quantidade para 2
dias O Decocção de varadeouro, 40 g de sumidades floridas e de caule
para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; quantidade para
2 dias.
Especialmente indicados para os edemas das pernas e dos tornozelos *
Beber 3 chávenas por dia: * Decocção de milho, 40 g de estigmas para 1 l
de água, ferver
10 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de salsa, 20 g de sementes
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. * Beber 2 chávenas por
dia: O Decocçâo de amor dehortelão, 30 g de planta para 1 l de água,
ferver 10 minutos, infundir 10 minutos. * Beber só 1 chávena ao longo do
dia em pequenos golos: O Infusão de graciosa, 10 g de planta seca para 1
l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de pimentad'água, 5 g
para 1 chávena de água fervente, infundir 10 minutos. * Beber às
colheres de sopa até 20 por dia (não ultrapassar): O Infusão de
giesteiradasvassouras, 25 g de flores para 1 l de água fervente.
* Vinhos, para tomar em doses de 1 copo pequeno todas as manhãs: O Vinho
de alhoporro, adicionar ao equivalente a 1 copo de vinho branco
fervente 3 g de sementes, infundir 10 minutos e beber imediatamente O
Vinho de alquequenje, macerar durante 10 dias 30 g de caules, folhas e
bagas em 1 l de vinho branco e coar O Vinho de bétula (vidoeiro),
macerar durante 8 dias 50 g de casca em 1 l de vinho tinto e coar O
Vinho de cebola, pôr 500 g de cebolas cruas completamente esmagadas, se
possível centrifugadas, em 1 l de vinho branco, adicionar 100 g de
xarope comum; 2 colheres de sopa antes das refeições O Vinho de
escrofulárianodosa, ralar 50 g de rizoma em 1 l de vinho branco,
macerar durante
8 dias e coar O Vinho de visco, macerar durante
8 dias 30 g de folhas em 1 l de vinho branco e coar O Vinho de zimbro,
deitar em 1 l de vinho tinto 50 g de bagas esmagadas, ferver 1 minuto,
macerar 48 horas e coar.
USO EXTERNO Para as pernas inchadas * Banhos tépidos de 10 minutos,
seguidos de uma passagem por água fria. O doente deve estenderse em
seguida com as pernas ligeiramente levantadas: O Banho de alecrim,
decocção de
60 g de folhas para 3 1 de água com 20 g de sal grosso, ferver 10
minutos e coar O Banho de nogueira, decocção de@ 500 g de folhas em 4 1
de água fria, ferver 10 minutos e coar O Banho de salvaesclareia, 300 g
de folhas em 4 1 de água fervente, infundir 10 minutos e coar.
Para os tornozelos inchados
O Compressas de engos: O Infusão de 50 g de flores em 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos e coar O Compressas de hera: decocção de
100 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver
10 minutos e coar.
Para as pálpebras inchadas
O Compressas de aveleira: infusão de 20 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 horas e coar.
Enfisema pulmonar. Dilatação dos alvéolos pulmonares, que passam a ter
mais ar que normalmente. A respiração está alterada por uma
diminuição da elasticidade das paredes alveolares. Surge sobretudo
depois dos 50 anos.
USO EXTERNO
O Inalação de betónica, decocção de raiz e de folhas, 50 g em 1 l de
água, ferver 10 minutos, retirar do lume, inalar os vapores o mais
quente possível, cobrindo a cabeça com uma toalha. Esta preparação, que
pode ser reaquecida (não filtrar), dá para 3 doses.
Uso interno
O Infusão de abetobranco, 45 g de gemas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as
refeições O Infusão de borragem, 60 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos, beber quente O DecocENTORSE
ção de chagas, 30 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 3
minutos; 3 chávenas por dia entre as refeições durante 3 dias.
O Vinho de girassol: macerar ao sol durante 4 semanas num frasco
transparente 100 g de planta sem a raiz, cortada em pedaços, em 200 g de
álcool a 600, filtrar, conservar num frasco rolhado à sombra, esperar 8
dias e adicionar 1 l de bom vinho branco; tomar 4 colheres de sopa
por dia, das quais 2 de manhã em jejum e as outras 2 entre as refeições,
durante 1 semana O Infusão de hera, 20 g de folhas secas para 1 l de
água em ebulição, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos e filtrar
imediatamente; dose para 1 dia O Vinho de marroio: macerar durante 10
dias 50 g de sumidades floridas e de folhas secas em 1 l de vinho doce
natural e filtrar; para tomar como aperitivo antes das 2 refeições
principais O Infusão de salva, 20 g de flores e de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia entre as
refeições.
O Comer alho cru a todas as refeições.
Enjoo. Indisposição generalizada causada pelos movimentos de um veículo:
avião, barco, automóvel, comboio.
Uso interno
O Decocção de cardode santa mari a, 1 g de pó de sementes para 1
chávena de água, ferver 10 minutos; beber na semana que antecede a
partida.
O Decocção de líquendaislândia, 15 g de planta para 1 l de água,
ferver 30 minutos num recipiente destapado, coar e deixar arrefecer;
beber sem açúcar O Infusão de losna, 15 g de sumidades floridas pata 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos e coar; 2 chávenas por dia O Vinho
de trevod'água, macerar durante 8 dias, agitando de tempos a tempos, 50
g de folhas secas em 1 l de bom vinho tinto e filtrar: 1 cálice de licor
2 vezes por dia.
Entorse. Distensão violenta e dolorosa dos ligamentos, provocando uma
lesão articular mais ou menos grave.
USO EXTERNO * Untar muito ligeiramente a entorse: O óleo de hipericão,
cozer em lume muito brando, durante
3 horas, 200 g de sumidades floridas em O,5 1 de azeite, deixar
arrefecer, filtrar e conservar num frasco bem fechado ao abrigo da luz O
Tintura de arnica, macerar durante 12 dias, em 200 g de álcool a 600, 20
g de flores e de raízes secas, filtrar e conservar num frasco bem
rolhado; na altura de usar, misturar 20 gotas de tintura com
50 g de glicerina e 60 g de água; fazer compressas com este líquido. *
Colocar num tecido fino e aplicar: O Cataplasma de folhas de agrimónia
cozidas em vinagre com um pouco de farelos O Cataplasma de raiz fresca
ralada de consoldamaior impregnada de azeite O Cataplasma de 50 g de
folhas secas
de engos cozidas em lume brando, durante 2 horas, em 100 g de azeite.
395
1 * Colocar sobre a articulação compressas molhadas em: O Tintura de
alecrim e de salva, macerar durante 15 dias em O,5 1 de álcool 20 g de
sumidades floridas de alecrim e 20 g de sumidades floridas de salva O
Infusão de tanaceto, 60 g de caules floridos secos em 1 l de água
fervente, misturar, tapar, infundir 10 minutos e filtrar; colocar uma
ligadura sobre as compressas, renovandoas de 3 em 3 horas O Esmagar
folhas frescas: de bonina, de tussilagem; embeber as
compressas com o suco.
Entorse do tornozelo
O Mergulhar o pé numa bacia contendo 3 1 de água quente e 10 g de
tintura de arnica.
Enurese. Incontinência de urina, mais frequentemente durante a noite. A
micção na cama pode ter uma causa orgânica ou psicológica. No caso
das crianças, só se fala de enurese a partir dos 3 anos. Pode também
surgir em pessoas idosas ou obesas.
Uso interno * As preparações líquidas não devem ser tomadas depois das
18 h: O Decoeção de bistorta, 30 g de rizoma seco para 1 l de água,
ferver 5 minutos; 2 chávenas por dia O Tintura de cipreste, macerar
durante 24 horas 15 g de frutos em 150 g de álcool a 600, filtrar e
conservar num frasco opaco e rolhado; 10 a 15 gotas ao jantar, diluídas
num pouco de água O Infusão de hipericão e de pilosela, 20 g de cada
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por
dia
O Decocção de urze, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver
até reduzir a O,75 1; dose para 2 dias O Decocção de uvaursina, 25 g de
folhas novas secas para 1 l de água, ferver até reduzir a O,5 1; dose
para 2 dias. * Ao jantar, para substituir o pão: O Bolacha de urtigão,
amassar farinha de centeio ou de trigo com uma decocção de urtigão, 10 g
de sementes para 1 l de água, ferver 20 minutos, temperar com sal e
cozer as bolachas no forno.
O Cura de tuiavulgar, exclusivamente para adultos, decocção de folhas,
20 g para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 5 minutos; beber 1 l
por dia, 10 dias por mês durante 3 meses.
Envelhecimento. Se associarmos as plantas a uma disciplina higiénica e
alimentar, estas podem retardar, mas não suprimir, este inevitável
fenômeno fisiológico.
Uso interno
O Comer muita fruta e legumes frescos, crus ou
cozidos, e cereais. Todos são bons, especialmente o alperce, a aveia, a
cenoura, o figo, a laranja, a maçã e a uva.
O Beber chá de freixo em abundância: infusão de
40 g de folhas secas para 1 l de água fervente O Suco de hipofaé: colher
os frutos bem maduros, em Outubro, esmagálos, coar o sumo, adicionar
metade do seu peso de açúcar, cozer 20 minutos e conservar em frasco
hermeticamente fechado;
consumir no Inverno O Tomar todos os dias pó de laminárias, 2 vezes 1 g
numa colher de mel.
Enxaqueca. Dor de cabeça intensa, geralmente unilateral, que surge por
acessos.
Uso interno, * Tomar 1 chávena e descansar num local escuro: * Infusão
de alecrim, 20 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hortelã, 20 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de levístico, 30 g
de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
passiflora, 20 g de flores em 1 l de água fervente, infundir 15 minutos
O Decocção de pédeleão,
40 g para 1 l de água, ferver 20 minutos, infundir
10 minutos.
USO EXTERNO * Envolver os pulsos com: O Cataplasma de agrimónia, folhas
cozidas em pequena quantidade de água; aplicadas entre 2 pedaços de
tecido
O Cataplasma de pulsátila, folhas frescas em volta dos punhos O
Compressa embebida em algumas gotas de alcoolatura feita com 20 g de
pulsátila macerada durante 10 dias em 20 g de álcool a
900.
Epidemia. Extensão de uma doença por contágio. Algumas plantas têm acção
protectora em casos de epidemia.
Uso interno
O Mastigar diariamente um pedaço de raiz de angélica O Comer:
beterraba hortícola crua,
cenouras raladas O Comer alho cru a todas as refeições O Beber: suco
de cenoura; 1 copo por dia, sumo de limão; 200 g por dia, sumo de
tomate; 3 copos diários.
Em épocas de epidemia
O Vinho de angélica, macerar durante 48 horas num recipiente de barro,
mexendo de vez em
quando, 50 g de raízes misturadas com folhas frescas picadas em 1 l de
bom vinho tinto, filtrar e conservar num frasco rolhado; 1 copo pequeno
antes das refeições. * Tomar 3 chávenas por dia: O Decocção de
eucalipto, 20 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 2 minutos O
Infusão de groselheira, 50 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos O Infusão de tomilho, 25 g de planta fresca ou seca
para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos.
Epilepsia. Doença que provoca crises convulsivas que requerem cuidados
médicos. Algumas plantas são úteis,
USO INTERNO
O Pó de artemísia, 15 g de raízes secas moídas misturadas com 30 g de
mel; tomar durante o dia às colheres de sobremesa O Infusão de buxo, 20
g
396
de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; 2
chávenas por dia O Infusão de ervacoalheira, 20 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente; 1 chávena por dia O Infusão de laranjeíra
amarga, 20 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar;
4 chávenas por dia O Infusão de orégãos, 15 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia O Infusão de visco, 15
g de folhas frescas para 1 l de água fervente; 3 ou 4
chávenas por dia.
Epistaxe. Hemorragia nasal.
USO EXTERNO * Introduzir na narina que sangra um algodão embebido: O
Suco: de bolsadepastor, de limão, de salgueirinha, de sempre
noiva,
de tanchagem, de folhas frescas de urtigão
O Decocção de cavalinha, 30 g para 1 l de água, ferver 8 minutos O
Decocção de serpão, 30 g para 1 l de água, ferver 3 minutos. * Colocar
na narina: O Pó de casca de carvalho;
1 pitada O Pó de folha seca: de pilosela; 1 pitada, de sabugueiro; 1
pitada.
Uso interno
O Vinho de aveleira, 5 g de flores masculinas em O,25 1 de vinho
fervente, infundir 10 minutos;
1 copo O Decocção de cavalinha, 15 g de planta seca para 1 l de água,
ferver 30 minutos.
Equimose. V. Contusão.
Eritema. Vermelhidão dos tegumentos, localizada ou generalizada, devida
a numerosas causas.
Pode ser sinal de doença infecciosa, de alteração circulatória ou
hormonal. Consideramse apenas os er'temas cutâneos provocados por
coceira.
USO EXTERNO
O Lavar com: óleo de amêndoas doces, azeite, sumo de pepino fresco O
Polvilhar com: pó de licopódio (formado pelos esporos da planta), pó
de casca de salgueirobranco.
V. também: Nariz, Pele.
Escara. Lesão constituída por tecido necrosado, frequentemente
localizada nos pontos de pressão que suportam o peso do corpo durante
urna permanência prolongada no leito.
USO EXTERNO
O óleo de alfenheiro, num frasco de vidro, deixar macerar 150 g de
flores, durante 1 mês, ao sol em 1 l de azeite; passar suavemente todos
os dias algodão embebido neste óleo sobre as escaras.
Escorbuto. Doença, rara nos nossos dias, provocada por uma carência em
vitamina C. Todos os vegetais frescos e os frutos de consumo corrente
contêm esta vitamina, que existe também nas
sementes germinadas dos cereais.
Uso interno
O Mastigar todos os dias 1 folha fresca de coeleária O Comer couve crua
picada, temperada com azeite e sumo de limão, pelo menos 3 vezes
por semana O Suco de couve ou suco de agrião;
1 copo por dia O Infusão de ervadesantabárbara, 30 g de folhas
frescas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por
dia O Decocção de faiapreta, 20 g de casca de ramos novos para 1 l de
água, ferver 20 minutos e coar;
2 chávenas por dia. * Algumas preparações mais complexas, mas
deliciosas para os meses de Inverno: O Geleia de bérberis, cozer as
bagas maduras cobrindoas de água, ferver 20 minutos, esmagar, passar
pela peneira, adicionar igual peso de açúcar, ferver novamente, escumar
2 vezes e pôr em frascos O Conserva de funchomarítimo: colocar num
recipiente de barro folhas de funchomarítimo com
alguns ramos de estragão e 1 punhado de sal grosso, cobrir com vinagre
vínico fervente; 12 horas depois, retirar o vinagre, passálo pela
peneira, fervé1o novamente, deitálo no recipiente e tapar O Sumo de
hipofaé, contundir os frutos maduros, coar espremendo, adicionar ao sumo
idêntico peso de açúcar, cozer, ferver durante 15 minutos e engarrafar,
Escoriação. V. Ferida.
Espasmo. Contracção muscular involuntária, que pode situarse também ao
nível das vísceras (esófago, estômago, intestino, brônquios, útero).
Uso interno
O Decocção de alcaçuz, 50 g de raízes para 1 l de água, ferver 3
minutos; macerar 10 horas O Infusão de anisverde, 30 g de sementes
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de basílico, 30
g de planta fresca para 1 1de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de coentros, 30 g de sementes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de estaque, 30 g de planta para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hortelãpimenta, 20 g de
sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de nêveda, 30 g de planta para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de passifiora, 30 g de folhas e flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de satureja
dasmontanhas, 50 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos. * Preparações mais complexas: O Extracto fluido de onagra,
infundir durante 20 minutos 20 g de planta em 200 g de água fervente,
filtrar e
ferver o líquido para reduzir para Vio; meia colher de café numa infusão
de hortelãpimenta O Alcoolatura de peónia, macerar durante 10 dias
10 g de raizes frescas em 40 g de álcool a 700 e filtrar; em caso de
espasmos, deitar 5 gotas numa
infusão de hortelãpimenta O Tintura alcoólica
397
de pirliteiro, macerar durante 15 dias 20 g de frutos e de flores em 100
g de álcool a 700 e filtrar;
20 gotas ao deitar O Alcoolatura de pulsátila, macerar durante 5 dias 25
g de planta fresca em
25 g de álcool a 901 e filtrar; 20 gotas por dia em
2 vezes.
Esterilidade. Incapacidade de conceber. A razão deve ser determinada. Na
ausência de causas orgânicas ou psíquicas, algumas plantas são por vezes
indicadas.
Uso interno
* O alhoporro deve fazer parte da alimentação
* Dois cereais, a aveia e o trigo, sob todas as
suas formas (flocos, papas, bolos, pão integral) têm grande reputação O
Infusão de salva, 20 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia.
Estômago. Uma das mais dolorosas afecções do estômago é a gastrite,
ulcerada ou não; porém, outras afecções podem manifestarse por
gastralgias, espasmos, aerofagia ou atraso na digestão. Só o médico pode
fazer o diagnóstico.
Uso interno De entre as plantas alimentares benéficas para o
estômago, destacamse a batata, a cenoura, a cevada, a laranja, a maçã e
as nêsperas.
Atonia do estômago * 2 chávenas por dia: * Vinho de balsamita, macerar
durante 8 dias 20 g de planta inteira seca
em 1 l de bom vinho tinto e coar; antes ou depois das refeições O
Infusão de énulacampana, 15 g de raizes secas para 1 l de água
fervente, infundir
10 minutos; antes das refeições O Infusão de eucalipto, 15 g de folhas
secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; entre as refeições
O Infusão de hera, 50 g de planta florida para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; entre as
refeições O Infusão de morugem, 25 g de planta florida fresca ou seca
para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; antes das refeições O
Infusã o de nêveda, 40 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; depois das refeições O Infusão de nêvedadosgatos, 50 g de
sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
entre as refeições O Infusão de ruibarbo, 20 g de raizes secas cortadas
em pequenos pedaços em 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; antes
das refeições O Infusão de satureja, 20 g de sumidades floridas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; antes ou
depois das refeições O Infusão de: serpão, tomilho, 20 g de planta
seca em água fervente, deixar ferver alguns segundos, infundir 10
minutos; entre as refeições.
O Pó de ervabenta, 1 g em 1 colher de mel; antes das refeições.
estômago:Cãibras, gastralgias e espasmos
O Infusão de acáciabastarda, 40 g de flores para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; antes das refeições O Tintura
de anisverde, macerar
durante 10 dias 20 sementes em 100 g de álcool a
600, coar, conservar num frasco rolhado; 10 gotas diluídas numa infusão
de tília ou num copo pequeno de água açucarada O Decocção de argentina,
30 g de folhas secas para 1 l de água fria, aquecer até à ebulição
durante 30 segundos, infundir 10 minutos; entre as refeições O Infusão
de basílico, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos; depois das refeições O Infusão de manjerona, 30 g de
sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; entre as refeições O Vinho de orégãos, macerar durante
1 semana 50 g de sumidades floridas em 1 l de bom vinho tinto e
coar; 1 copo pequeno durante as refeições.
estômago: Dores ulcerosas
O Decoeção de alcaçuz, ferver durante 5 minutos e depois macerar durante
1 noite 50 g de raizes em 1 l de água; quantidade para tomar durante 1
dia O Decocção de cominhos, 30 g de sementes para 1 l de água, ferver 3
minutos, infundir 10 minutos; 1 chávena depois da refeição O Macerar
durante 1 noite, depois de ter levado à ebulição,
150 g de raizes de consoldamaior em 1 l de água e coar; quantidade
para 24 horas O Infusão de melissa, 50 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois da
refeição.
Estrias cutâneas. Traços, primeiramente vermelhos, depois nacarados,
semelhantes a cicatrizes, devidos a ruptura das fibras elásticas da pele
submetida a uma distensão.
USO EXTERNO * Aplicar 2 vezes por dia sobre as regiõe@ afectadas: O
Compressas impregnadas de uma decocção de cavalinha, 40 g de planta seca
para 1 l de água, ferver 3 minutos, deixar amornar e coar
O Cataplasma de hera, cozer algumas folhas num pouco de água, esmagar e
aplicar entre 2 pedaços de tecido fino O Compressas embebidas numa
decoeção de pédeleão, 100 g de folhas para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 10 minutos e coar.
Fadiga. Estado de um órgão ou do organismo que provoca uma sensação
subjectiva de prostração. A fadiga pode levar ao esgotamento e este
conduzir à morte.
USO EXTERNO Banhos repousantes
O Laminárias, 250 g de planta seca e esmagada para 1 l de água fervente;
misturar num banho O Loureiro, macerar durante 48 horas 350 g de bagas e
de folhas em 5 1 de água fria; misturar
398
num banho muito quente, espremendo a preparação O Pinheirobravo, 150 g
de agulhas colocadas num pequeno saco para 3 1 de água, ferver 30
minutos; misturar o líquido num banho muito quente, comprimindo o saco O
Serpão, 60 g de planta fresca em 2 1 de água fervente, deixar arrefecer
espremendo a planta e coar; misturar num banho quente.
Uso interno
O Sumo de ameixa; beber como aperitivo antes das 2 refeições principais
O Vinho de funcho, macerar durante 2 semanas em 1 l de bom vinho tinto
30 g de sementes e coar; 2 copos pequenos por dia O Comer rábanorústico
O Decocção de
30 g de raizes frescas de rábanorústico para 1 l de água, ferver 5
minutos; 1 chávena a cada uma das refeições O Tomar: abrótanofêmea com
mel, líqueridaislândia na compota, sementes de pilosela; 1 colher
de café 1 vez por dia
O Decocção de abrunheirobravo, 40 g de frutos para 1 l de água, ferver
5 minutos; 1 l por dia O Infusão de coentros, 40 g de frutos para 1 l de
á gua fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois de cada uma das
refeições O Decocção de genciana, 20 g de raizes para 1 l de água,
ferver
10 minutos; 2 chávenas por dia entre as refeições
O Infusão de nêveda, 20 g de planta florida para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena por dia O Infusão
de satiriãomacho, 5 g de pó de tubérculo em 1 l de água fervente,
infundir
10 minutos; 1 l por dia O Infusão de silvamacha, 50 g de flores e de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 4 chávenas por
dia
O Infusão de verónica, 20 g de surnidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos;
1 chávena por dia.
Faringite. Inflamação da faringe que atinge também co,n frequência as
fossas nasais, surgindo então uma rinofaringite.
USO EXTERNO * Gargarejar 4 vezes por dia com uma das preparações
cuidadosamente filtradas; a quantidade da planta é dada para 1 l de água
fervente e dose diária: O Infusão de castanheiro, 40 g de folhas secas,
infundir 15 minutos O Decocção de eufrásia, 40 g de planta, ferver 10
minutos O Infusão de malva, 40 g de flores, infundir 10 minutos;
utilizar muito quente.
Febre. Elevação da temperatura do corpo, geralmente acompanhada de
aceleração do pulso, comum a numerosas doenças.
USO INTERNO
O Decocção de ameixeira, 25 g de folhas secas
para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; 2 chávenas por
dia O Decocção de antenária, 10 g de flores para 1 l de água, ferver 30
minutos e coar imediatamente; beber em 3 doses durante o dia O Infusão
de artemísia, 10 g de sumidades floridas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena por dia O
Decocção de aveleira, 25 g de casca de ramos novos para 1 l de água,
ferver 10 minutos, infundir 10 minutos; 1 chávena por dia O Infusão de
borragem, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
1 chávena por dia O Decocção de buxo, 25 g de folhas secas para 1 l de
água, ferver 20 minutos, coar e pôr açúcar; beber ern 2 doses O Decocção
de cardoestrelado, 30 g de sumidades floridas e de folhas para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos e coar; dose para 48
horas O Infusão de cardosanto, 30 g de sumidades floridas e de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e
coar; 3 chávenas durante o dia O Decoeção de castanheiroda índia, 15 g
de casca seca de raiz para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar; 2
cálices de licor por dia. Esta preparação conserva a
sua eficácia durante alguns dias se for guardada num frasco bem rolhado
O Decocção: de chouponegro, de faiapreta, 20 g de casca para 1 l
de água, ferver 20 minutos e coar; 2 chávenas por dia O Decocção de
cincoemrama,
30 g de raízes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos; 3 chávenas por
dia O Infusão de eucalipto,
25 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos; 4
chávenas durante o dia O Decocção de faia, 50 g de casca seca moída para
1 l de água, ferver 15 minutos em lume brando e coar; 2 chávenas com 2
horas de intervalo O Infusão de feldaterra, 20 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia 9
Decocção de lilás, 50 g de flores secas para 1 l de água, ferver 5
minutos e
coar imediatamente; beber vários copos durante o
dia O Infusão de marroio, 40 g de sumidades floridas secas para 1 l de
água fervente, infundir, arrefecer e coar; dose para 1 dia O Infusão de
matricária, 20 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; 2 chávenas com algumas horas de intervalo O Infusão de
pulsátiIa, 15 g de folhas e de flores secas reduzidas a pó para 1 l de
água fervente, infundir 15 minutos e
filtrar; 2 chávenas grandes de 2 em 2 horas O Infusão de verbena, 20 g
de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por
dia.
No caso de dispor de frutos não tratados quimicamente: O Infusão de
laranja, cortar em pedaços e colocar numa tigela 1 fruto inteiro com a
casca, adicionar 1 colher de sopa de açúcar e 400 g de água fervente,
macerar esmagando ligeiramente; beber frio.
Alguns vinhos medicinais para estados febris e Vinho de amieiro, macerar
durante 10 dias 15 g de casca seca e moída em 1 l de vinho branco e
coar; tomar 6 colheres de sopa por dia O Vinho de azevinho, macerar
durante 1 semana 25 g de folhas de azevinho frescas e picadas em meio
copo de álcool a 600, adicionar 1 chávena de vinho branco, deixar passar
mais 1 semana e
coar; 6 colheres de sopa por dia em 3 doses O Vinho de salgueirobranco,
macerar durante 2 semanas 40 g de casca seca e moída em 1 l de vinho
tinto e coar; tomar 2 copos pequenos por dia. * Preparações para
reserva: O Tintura de giras
399
sol, macerar durante 10 dias 5 g de folhas secas
em 50 g de álcool a 600, coar e conservar num frasco de vidro corado; 20
gotas em 1 copo de água, repetir a dose 3 horas depois, se necessário
O Uma colher de café de mel ao qual se misturam 2 g de pó de losna ou 2
g de folhas secas de trevod'água.
USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas frescas de beldroega, salgadas e picadas em
vinagre, aplicadas na planta dos pés.
Ferida. São numerosas as plantas que, devido à sua acção antiséptica,
adstringente, antiinflamatória, cicatrizante e vulnerária, actuam
favoravelmente na cura de feridas. Apenas se consideram feridas
superficiais, golpes ou arranhões leves; qualquer ferida profunda ou
especialmente suja exige cuidados médicos.
USO EXTERNO * Lavar a ferida com: O Decocção feita em 1 l de água,
ferver 10 minutos: abrótano, 20 g de folhas e sumidades floridas,
salgar a água, agrimónia, 80 g de folhas e sumidades floridas,
agripalma, 50 g de sumidades floridas, armeiro, 30 g de casca,
angélica, 10 g de raízes, argentina, 30 g de rizoma, aristolóquia,
80 g de raízes, artemísia, 20 g de sumidades floridas, bétula
(vidoeiro), 60 g de folhas, bistorta, 30 g de rizoma, cardosanto, 50
g de folhas, cincoemrama, 30 g de rizoma, epilóbio, 30 g de raízes,
fetomacho, 10 g de rizoma, nespereira, 80 g de frutos sem caroço
e sem pé, sanícula, 30 g de folhas e de raízes,
tormentila, 30 g de rizoma, zimbro, 50 g de bagas. * Lavar a ferida
com: O Infusão feita em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos:
alfazema,
60 g de sumidades floridas, antenária, 20 g de flores, aveleira, 25
g de folhas, ervadosescudos, 50 g de planta, eucalipto, 100 g de
folhas, fetoreal, 20 g de raizes, linhodecuco, 30 g de planta,
losna, 10 g de folhas e
sumidades floridas, murta, 30 g de folhas, nêvedadosgatos, 10 g de
sumidades floridas, rosasrubras, 50 g de pétalas, santónico, 10 g de
sumidades floridas, s aturejadas montanhas, 50 g de folhas, silva
macha, 50 g de folhas, tomilho, 20 g de planta, vulnerária,
30 g de folhas e de raizes. * Aplicar sobre a ferida: O Folhas cruas
contusas de: aipo, aliária, bois adepastor, búgula, conchelos,
couve, ervadesãoroberto, ervaférrea, ervasofia, favária
maior, feldaterra, groselheira, milfólio, morangueiro,
nogueira, pédeleão,
petasite, pimentad'água, pimpinela, saiãocurto, sanamunda,
sanguissorbaoficinal, semprenoiva, tanchagens trevocervino,
tussilagem, ulmeira O Folhas cruas de amorperfeitobravo esmagadas em
leite
O Folhas cozidas em água: alhoporro, bardanamaior, betónica O
Folhas de hepática cozidas em vinho O Flores cruas picadas: camomila,
maravilhas O Flores de bonina cozidas em água O Casca fresca de faia
preta O Tegumento de alho e de cebola: colocar a face interna sobre a
ferida O Polpa de cenoura cultivada.
* Aplicar sobre a ferida: O Sumo puro de limão * Suco diluído em água
fervida: alho, cebola. * Algumas loções podem ser preparadas com
antecedência e conservadas em frascos rolhados:
O Maceração de pétalas de açucena, 6 horas em
aguardente branca; aplicar as pétalas sobre a ferida O Maceração de
folhas de ervadesantabárbara, pelo menos 12 horas em azeite O óleo de
hipericão, macerar 500 g de sumidades floridas frescas em 1 l de azeite
durante 10 dias num frasco fechado exposto ao sol.
Fígado. órgão que realiza diversas funções de depuração e de
armazenamento de reservas. Assegura igualmente a secreção contínua da
bílis; as
plantas que activam esta produção denominamse coleréticas.
USO INTERNO
Há muitas plantas benéficas para o fígado. Quase todas são muito
conhecidas e não necessitam de qualquer preparação especial, pois são
geralmente consumidas cruas ou cozidas: o agrião, o almeirão, a
beringela, a beterrabaaçucareira, o cardo de santa mari a, a
cenoura,
o cerefólio, o cersefi bastardo (folhas novas cruas e raízes
cozidas), a couve, o espargo, o feijão verde, o
mastruço, o rabanete, o taráxaco. Utilizar em saladas ou tomar 1
colher de sopa de manhã em jejum: de azeite, de óleo de papoila
(produzido pelas sementes). De entre os frutos, são preferíveis: a
ameixa, a laranja, o melão, as uvas,
Podem também tomarse 3 colheres de ;opa por dia de sumo de lapsana.
Todas estas plEntas e@timulam a função hepática e a produção de MIA,
desintoxicando as células. * Tomar 3 chávenas por dia, das quais 1 em
jejum: O Infusão de ac áci a bastarda, 50 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 20 g de folhas de
alcachofra e de buxo, infundir 10 minutos O Decoeção de casca de
bérberis, 30 g para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 1 minuto O Decocção de carlina, 30 g de raízes para
1 l de água, ferver 5 minutos e pôr açúcar; beber imediatamente O
Decocção de escrofulárianodosa, 15 g de rizoma em 1 l de água, ferver
15 minutos O Infusão de giesteiradasvassouras, 30 g de flores para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos; meia chávena, aumentar
progressivamente as doses até 2 chávenas por dia sem as exceder O
Decocção composta de 30 g de folhas de groselheira negra,
20 g de folhas de alcachofra, 20 g de folhas de taráxaco e 10 g de
sumidades floridas de maravilhas, todas secas, 15 g para 1 chávena de
água fria, ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Decocção de labaçol,
20 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O
Infusão de levístico, 50 g de sementes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de
400
línguacervina, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de medronheiro, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos O Infusão composta de
20 g de sumidades floridas e de folhas de melissa e
10 g de flores de tília para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de nogueira, 25 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de polipódio, 40 g de rizoma para 1 l de água,
ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Decocção de quaresmas, 20 g de
plantas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de saboeira, 40 g
de raízes para 1 l de água > ferver 5 minutos, coar rapidamente, não
preparar nunca com antecedência O Infusão de sabugueiro, colocar 50 g de
flores em 1 l de água fervente, mexer, não deixar infundir e filtrar O
Infusão de trepadeira, 5 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de trevocervino, 25 g de raízes para 1 l de água
em ebulição, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de
verónica, 80 g de flores e de folhas secas para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 10 minutos. * Tomar 1 chávena de manhã em jejum: O
Decocção de alecrim, 40 g para 1 l de água, ferver 5 minutos.
V. também: Icterícia, Litíase, Vesícula biliar.
Flebite. Inflamação da parede de uma veia. Devido à gravidade das
complicações que podem advir, esta afecção deve ser sempre tratada por
um médico. * As plantas seguidamente citadas podem ser
apenas consideradas como auxiliares do tratamento, sendo sobretudo úteis
para beneficiar a
fase de cura, frequentemente marcada por diversas perturbações.
Uso interno
O Infusão composta de anis, 5 g de sementes, e
de tanchagens, 50 g de planta, para 1 l de água fervente; 4 chávenas por
dia O Decocção de aveleira, 10 g de folhas secas para O,5 1 de água,
ferver 5 minutos, infundir 5 minutos e coar; para tomar metade de 1 copo
ao longo do dia O Infusão de gilbarbeira, deitar 40 g de rizoma em 1 l
de água ebuliente, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; para tomar ao
longo do dia O Infusão de videira, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois das 2 refeições
principais.
Fractura. Ruptura óssea, com ou sem deslocação, cujo sintoma é uma dor
aguda no local de fractura por pressão exercida neste ponto. Existe uma
planta, a cavalinha, que facilita a consolidação das fracturas. É
indispensável ter sempre uma reserva desta planta seca.
USO INTERNO
O Decocção de cavalinha, 20 g de planta para 1 l de água, ferver 30
minutos; 2 chávenas por dia.
Frieira. Edema limitado, vermelho, duro e doloroso dos dedos das mãos e
dos pés e das orelhas provocado pelo frio.
USO EXTERNO * Banhos de mãos ou pés, fricções, compressas, cataplasmas:
O Decocção de abetobranco, 50 g de gemas para 1 l de água, ferver 10
minutos e filtrar O Decocção de aipo, ferver 1 aipo picado fresco, com
folhas e raiz, durante 1 hora em 3 1 de água e coar; lavar de manhã e à
noite o pé ou a mão doentes com o líquido bem quente, ou fazer um banho
local O Decocção de carvalho, 50 g de casca seca reduzida a pó em 1 l de
água, ferver 10 minutos e deixar repousar 30 minutos; mergulhar a
extremidade atingida na decocção quente durante 30 minutos 1 vez por dia
O Decocção de cenoura cultivada, 100 g de folhas para 1 l de água,
ferver 20 minutos e coar; lavar as frieiras de manhã e à noite com o
líquido O Decocção de marmeleiro, cozer durante 30 minutos 50 g de
sementes de marmelo em 100 g de água e filtrar; lavar com o líquido O
Decocção de nogueira, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver
20 minutos; mergulhar a mão ou o pé durante 30 minutos neste banho,
esfregando com as folhas
O Decocção de pulmonária, 50 g de folhas para
1 l de água, ferver 15 minutos; lavar as frieiras
com o líquido para acalmar a comichão e a dor O Decocção de sabugueiro,
30 g de flores secas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10
minutos; utilizar quente para lavar ou banhar as zonas afectadas O
Decoeção de verbasco, 60 g de flores e de folhas frescas em 1 l de
leite, ferver 10 minutos; lavar todas as noites as zonas atingidas com o
leite sem limpar O Decocção de visco, se possível visco de carvalho, 100
g de planta fresca para 1 l de água, ferver durante 1 hora em lume
brando e coar; mergulhar todas as
manhãs as extremidades atingidas, durante 10 minutos, num recipiente
cheio deste líquido quente.
O Emplastro de açucena, cozer 1 bolbo em leite e esmagálo; aplicar
tépido O Emplastro de castanhadaíndia, cozer durante 30 minutos num
pouco de água cerca de 15 castanhas da índia grandes, descascálas,
esmagálas, deixar arrefecer; cobrir as frieiras todas as noites com
esta massa e tapar com 1 penso O Emplastro de colza, descascar uma raiz,
cozêla em muito pouca água e esmagála; aplicar tépido O Emplastro de
flores cozidas de maravilha; aplicar enquanto está tépido.
O Aplicar também: suco de cebola crua, folhas de couve frescas e
esmagadas.
O Linimento preventivo com que se devem esfregar os dedos das mãos e dos
pés no início do Inverno: 80 g de óleo de rícino e 5 g de essência de
bergamota.
Frigidez. Inexistência de desejo sexual e impossibilidade de atingir o
orgasmo nas relações sexuais. Observase sobretudo na mulher,
manifestandose também, embora excepcionalmente, no homem.
401
USO INTERNO * Beber 1 chávena à noite: O Infusão de açafrão, O,5 g de pó
para 1 l de água fervente O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente O Decocção de alforvas, 40 g de
sementes esmagadas para 1 l de água fervente O Infusão de canabrás, 50 g
de raízes e de folhas cortadas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de hipericão, 20 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente O Infusão de salva, 30 g de planta florida para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de saturejadasmontanhas, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente.
O Vinho de funcho, macerar durante 3 semanas
100 g de sementes em 1 l de vinho do Porto, mexer todos os dias e
filtrar; 1 copo pequeno antes do jantar.
Ftiríase. Dermatose provocada pelos piolhos da cabeça, do corpo e do
púbis. Denominase também pediculose.
USO EXTERNO * Depois de ter cortado o cabelo muito curto e rapado os
pêlos, aplicar na região infestada: O Loção de vinagre de alfazema:
macerar durante 2 semanas, mexendo de vez em quando, 100 g de sumidades
floridas frescas em O,5 1 de vinagre e
coar O Decocção de arnica, a empregar apenas no caso de não haver
nenhuma ferida devida ao coçar: 10 g de flores em 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos e coar; utilizar o mais quente possível O
Decocção de orégãos,
40 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 10 minutos. * Lavar
a cabeça: O Decocção de evónimo, 50 g de frutos secos para 1 l de água,
à qual se adiciona 1 copo de vinagre, ferver 10 minutos O Decocção de
tomilho, 100 g de planta fresca ou seca
para 1 l de água, ferver 15 minutos; para utilizar como loção depois de
lavar a cabeça. * Polvilhar as regiões infestadas com:
* Pó de consoldareal, triturar as sementes secas * Pó de piretro,
esmagar as flores secas.
Furúnculo. Inflamação cutânea situada ao nível de um folículo piloso
devida ao estafilococo aureus. Nunca se deve espremer um furúnculo. Para
acelerar a sua maturação, deve cobrirse com cataplasmas ou compressas
várias vezes por dia.
USO EXTERNO * Colocar sobre o furúnculo: O Bolbo de açucena cozido no
forno e esmagado O Cataplasma de alforvas, 50 g de sumidades floridas
cozidas em
um pouco de água O Cataplasma da parte branca do alhoporro cozida em
pequena quantidade de água com açúcar O Compressa embebida numa
decocção de bonina, 150 g de flores e de folhas secas para 1 l de água,
ferver 5 minutos O Folhas de cânhamo recentemente contundidas O Hera
picada O Cataplasma de farinha de linhaça O Raízes de malva aquecidas e
secas O Cataplasma de folhas de verbasco cozidas em leite.
Uso interno * Tomar 2 chávenas por dia: O Decocção de abrunheirobravo,
50 g de frutos para 1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão de cenoura,
15 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão
de escrofulária, 45 g de raízes frescas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos O Infusão de maravilhas, 50 g de flores para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos.
Garganta. V. Anginas, Laringite, Rouquidão, Voz.
Gengivas. As plantas que tratam a boca e os dentes tratam também as
gengivas. Algumas delas são, porém, mais indicadas para as afecções das
gengivas.
USO EXTERNO
Gengivas doridas e inflamadas das crianças * Esfregar suavemente com o
indicador mergulhado em: açafrão, melito de açafrão, mistura de pó
de açafrão e mel.
Para fortalecer as gengivas e impedir que os dentes fiquem descarnados *
Mastigar diariamente: um pedaço de rizoma de cálamoaromático, não
engolir, pois é muito amargo, uma folha de rábanorústico. * Bochechar
várias vezes por dia com: O Infusão de aliária, 20 g de planta para 1 l
de água fervente O Decocção de rizoma de cálamoaromático, 20 g para 1 l
de água, ferver 3 minutos, infundir 5 minutos e coar O Decocção de
tormentila, 40 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos e coar O Decoeção de viburno, 30 g de folhas para 1 l de
água, ferver 3 minutos e coar; atenção: não engolir.
Para as gengivites * Bochechos: O Decocção de alteia, 50 g de raízes
para 1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão de salva, 50 g para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de silva, 30 g de folhas
para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos e coar.
Abcesso das gengivas
O Meiofigo fresco mergulhado em água tépida; aplicar sobre o abcesso.
USOS EXTERNO E INTERNO Para as gengivas sangrentas
O Vinho de carvalho: macerar durante 4 dias 25 g de casca fresca em 1 l
de vinho tinto e coar; beber 1 copo pequeno todos os dias e, várias
vezes por dia, bochechar com um pouco deste vinho.
V. também: Boca, Dentes.
402
Gengivite. V. Gengivas.
Glossite. V. Boca.
Gota. Enfermidade associada a um excesso de ácido úrico no organismo,
que se manifesta frequentemente por acessos repetidos de inflamação
articular dolorosa, localizada sobretudo ao nível do dedo grande do pé.
Pode atingir também outras articulações e provocar em seu redor um
depósito de concreções de uratos, os tofos. As plantas úteis aos doentes
de gota actuam como
sudoríficas, diuréticas e eliminadoras do ácido úrico; por sua vez, os
tratamentos locais, sem dúvida de efeitos benéficos, proporcionam
alívio.
USO EXTERNO * Colocar em volta da articulação dorida: O Cataplasma de
folhas frescas contundidas: de bardanamaior, de bétula
(vidoeiro), de groselheiranegra O Camada de polpa de alho
bem amassada. * Aplicar nas articulações afectadas, ou mergulhálas num
banho de: O Poção, 1 rizoma de tetomacho para 1 l de água, ferver 20
minutos e
coar O Banho de fetomacho, fazer uma decocção com 3 rizomas e 3 1 de
água que se mistura depois na banheira; permanecer no banho durante
15 minutos O Banho: de pinheirobravo, 250 g de gemas para 1 banho.
USO INTERNO
O Comer: cersefi, couve, escorcioneira, milho, peras,
tomate, uvas.
Para eliminar o ácido úrico
O Decocção de alquequenje, 40 g de bagas secas
,para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por
dia O Decocção de arenária, 80 g de planta para 1 l de água, ferver 2
minutos, infundir 10 minutos O Infusão de avoadinha, 50 g de planta para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de bétula
(vidoeiro), 60 g de folhas secas moídas em 1 l de água fervente, agitar
e infundir 15 minutos O Infusão de cálamoaromático, 10 g de rizoma seco
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2 cálices de licor por
dia O Vinho de fidalguinhos: macerar durante 8 dias, agitando de vez em
quando,
60 g de flores em 1 l de bom vinho tinto e filtrar;
2 copos pequenos por dia O Decocção composta de 20 g de folhas de freixo
e 20 g de raízes de bardanamaior, ferver 10 minutos, coar sem infundir
O Decocção de gilbarbeira, 40 g de rizoma para 1 l de água, infundir 10
minutos; levar à ebulição O Infusão de gro selh eir a negra, 30 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
rábanorústico, 30 g para
1 l de água, ferver 5 minutos e coar; 1 chávena de manhã em jejum
durante 1 semana O Decocção de sabugueiro, 70 g da segunda casca para
1 l de água, ferver 2 minutos e coar; somente 2 copos pequenos por dia
* Infusão de salsaparrilhabastarda, 50 g de raizes para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos e coar; a infusão pode ser aquecida sem
levar à ebulição O Infusão de ulmeira, 50 g de folhas e flores para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos.
Plantas diuréticas ou sudoríficas
O Decocção de alcachofra, 10 g de folhas para
1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Decocção de aljófar, 30 g de
planta para 1 l de vinho branco, ferver 5 minutos e coar; 1 copo pequeno
de manhã em jejum O Decocção de arandodebagavermelha, 30 g de planta
seca para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão
de aristolóquia, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de bérberis, 30 g de cascas e de raizes misturadas
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocçâo de betónica, 15 g de
raízes para 1 l de água, ferver
2 minutos, infundir 10 minutos; apenas 2 meias chávenas por dia O
Decoeção de borragem, 20 g de folhas para 1 l de água, ferver 20 minutos
e
coar O Decocção de cerejeira, 40 g de pés de cerejas para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Infusão de erva de santabárbara, 20 g de folhas
para 1 l de água fervente O Infusão de giesteiradasvassouras, 20 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; para tomar às
colheres de sopa, no máximo 15 colheres por dia O Infusão de héspere, 5
g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
pinheiro, 50 g de agulhas para 1 l de água, ferver
25 minutos, deixar arrefecer e coar O Decocção de semprenoiva, 40 g de
folhas para 1 l de água, ferver 30 minutos O Decocção de taráxaco, 100 g
de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos O
Infusão de tília, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos.
Gravidez. Durante este período a prudência aconselha a não ingestão de
qualquer medicamento sem opinião do médico. As plantas seguintes, que
não são perigosas para a mãe nem para a criança, podem ser utilizadas em
caso de indisposição.
USO INTERNO * 1 chávena, em caso de necessidade, não mais de 3 por dia:
O Infusão de angélica, 20 g de raízes secas ou de caules frescos para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bérberis, 20 g de
cascas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 2 minutos O Infusão
de melissa, 20 g de planta florida seca para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.
Para uma gravidez sem problemas
O Comer: amêndoas, figos, uvas O Tomar 8 dias por mês 1 colher de
café de trigo germinado O Utilizar na alimentação o trigosarraceno sob
todas as suas formas.
V. também: Edema, Estrias cutâneas, Mancha cutânea, Vómito.
403
Greta. Fissura cutânea, dolorosa, situada principalmente nas mãos, nos
mamilos e nos lábios.
USO EXTERNO * Untar as gretas com: O óleo de amêndoas doces O óleo de
papoila, extraído das sementes da planta. * Colocar sobre a greta uma
compressa embebida em: O Decocção de cinoglossa, 10 g de raízes para 1 l
de água, ferver 5 minutos, coar, aplicar tépido O Maceração de sementes
de marmelo,
100 g para 1 l, esmagar as sementes e deixálas durante 12 horas em
contacto, preparar apenas para 2 dias O Infusão de morangueiro, 50 g de
folhas para 1 l de água fervente, aplicar tépido.
Gretas das mãos
Pôr antes de deitar: O Mistura de azeite e sumo de limão O óleo de
chouponegro, 400 g de gemas esmagadas em 1 l de óleo em banhomaria,
calçar luvas durante a noite O Folhas de faváriamaior maceradas em
azeite. * Sobre as gretas: O Emplastro composto de: cebola crua picada,
uma folha contusa de saiãocurto, folhas frescas contusas ou cozidas
de violeta. * Mergulhar as mãos gretadas 3 vezes por dia em: O Decocção
de carvalho, 60 g de casca para
1 l de água, ferver 30 minutos e coar; aquecer na altura do tratamento O
Decocção composta de
40 g de casca de carvalho e 40 g de folhas de agrimónia para 1 l de
água, ferver 15 minutos e
coar O Decocção de pulnionária, 30 g de sumidades floridas e de folhas
para 1 l de água, ferver
15 minutos, infundir 5 minutos e coar.
Gretas dos mamilos
40 Cataplasma de raízes frescas de consoldamaior O Cataplasma de folhas
frescas de lapsana O Suco fresco de milfólio.
Gretas dos lábios
Esfregar com 1 rodela de pepino fresco.
Gripe. Doença muito contagiosa, frequentemente epidémica, devida a
vírus; caracterizase por febre elevada, dores musculares e
rinofaringite. Pode complicarse e tornarse grave. A cura é seguida
de astenia e a convalescença é longa.
USO INTERNO * Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de borragem, 20 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
bugIossa, 30 g de caule florido e de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de camomiIa, 40 a 50 g de flores para 1 l
de água fervente, infundir 15 minutos O Decocção de carlina, 10 g de
raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos e
filtrar; preparar no
momento da utilização O Infusão de eucalipto,
20 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O
Infusão de salgueirobranco, 40 g de folhas e de amentilhos para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decoeção
de salsaparrilhabastarda, 50 g de raizes para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 5 minutos O Infusão de tomilho, 20 g de sumidades
floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
* Tomar 2 vezes por dia: O Pó de angélica, 2 g de pó de raizes misturado
com mel * Pó de losna, 1 g de pó de planta seca misturado com mel
O Infusão de coentros, 30 g de frutos secos para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos e pôr açúcar; beber muito
quente O Decocção de espargohortense, 50 g de raízes para 1 l de água,
ferver 5 minutos O Sumo de hipofaé, cozer o
sumo dos frutos do hipofaé muito maduros e bem esmagados com metade do
seu peso de açúcar, ferver 15 minutos, colocar em frascos bem fechados;
tomar 3 colheres de sopa por dia O Infusão composta de 30 g de folhas
secas de limão e 20 g de tomilho seco para 1 l de água fervente, deixar
amornar e coar O Decocção de milhomiúdo, ferver durante 30 minutos 500
g de sementes de milhomiúdo em 1 l de vinho tinto,
coar e pôr açúcar; 2 copos por dia O Decocção de oliveira, ferver
durante 10 minutos 30 g de folhas frescas com 20 g de casca de
salgueirobranco e coar; beber quente.
Depois de a febre baixar
O Vinho de cerejas, cozer, coberto com vinho tinto, 1 kg de cerejas
frescas ou secas, pôr açúcar em abundância; servir ao doente como
sobremesa.
V. também: Epidemia.
Hálito. Ar expirado que pode ter cheiro desagradável devido a uma
afecção do tubo digestivo, dos dentes ou das vias respiratórias.
USO EXTERNO
Mastigar 1 folha fresca ou seca: de freixo, de hortelã, de
hortelãpimenta, de melissa. * Bochechar com: O Vinho de
alcaçuz obtido pela maceração, durante 10 dias, de 100 g de raízes
de alcaçuz cortadas em pedaços em 1 l de vinho branco O
Decocção de murta, 20 g de folhas para 1 l de água, ferver 5
minutos O Decocção de tomilho, 30 g para 1 l de água, ferver 3 minutos.
USO INTERNO
O Infusão de zimbro, 30 g de bagas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 1 chávena depois das refeições.
Hematoma. V. Contusão.
Hemoptise. V. Hemorragia.
404
Hemorragia. Saída de sangue de um vaso que pode ser externo ou interno,
a qual pode só revelarse por um malestar geral. A sua causa é por
vezes evidente (ferida, extracção de um dente); por outras, é sintoma de
uma doença (tuberculose, cancro, doença do sangue). Qualquer hemorragia
justifica uma consulta médica. Chamase hemoptise à expectoração de
sangue proveniente das vias respiratórias; hematémese ao vómito de
sangue de origem esofágica ou gástrica; metrorragia à hemorragia de
origem uterina; a presença de sangue na urina chamase hematúria, e nas
fezes, melena. Algumas plantas são úteis em qualquer caso de hemorragia
e outras actuam mais selectivamente.
USO INTERNO Hemorragia: argentina, bistorta, bolsadepastor,
búgula, cavalinha, cipreste,
lisimáquia, morugemvulgar, pilosela,
pimpinela, rosarubra, sanguissorbaoficinal, urtigão,
videira.
Hemoptise: bolsadepastor, búgula, carvalho, cavalinha,
lisimáquia, morugemvulgar, silvamacha, urtigabranca.
Hemorragia gástrica: bistorta, bolsadepastor, carvalho,
cavalinha.
Hemorragia uterina: bistorta, bolsadepastor, cavalinha,
cipreste, ervadesãoroberto, pimentad'água, romãzeira,
urtigabranca, urtigão, videira.
Preparações:
O Decocção de argentina, 20 g de flores e de folhas misturadas para 1 l
de água, ferver 15 minutos e coar; beber frio e sem açúcar O Decocção de
bistorta, 30 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5
minutos O Infusão de bolsadepastor, 30 g de planta seca
para 1 l de água fervente O Infusão de búgula,
20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de carvalho, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de cavalinha, 100 g de planta fresca para 1 l de
água, ferver 30 minutos;
O,5 1 por dia O Decocção de cipreste, 20 g de gálbulas frescas esmagadas
para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de ervadesãoroberto, 20
g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos O Infusão de lisimáquia, 30 g de planta para 1 l de água
fervente; infundir 10 minutos O Decocção de morugemvulgar, 25 g de
planta fresca para 1 l de água, ferver 20 minutos em recipiente
destapado
O Infusão de pimentad'água, 30 g de planta para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 1 chávena por dia, às colheres * Infusão de
pimpinela, 40 g de planta fresca para 1 l de água fervente O Infusão de
rosasrubras, 15 g de pétalas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de silvamacha, 30 g de frutos para 1 l de água,
ferver 2 minutos O Infusão de urtigabranca, 50 g de flores e de folhas
para 1 l de água fervente; infundir 10 minutos O Suco fresco
de urtigão; meio copo 3 vezes por dia * Decocção de videira, 50 g de
folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos.
USO EXTERNO
O Infusão de romãzeira, 30 g de flores secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos, em irrigação vaginal.
Sobre asferidas que sangram
O Suco fresco de pilosela O Decocção de sanguissorbaoficinal, 50 g de
planta para 1 l de água em ebulição, ferver 5 minutos O Compressas de
cavalinha, decocção de 100 g de planta seca para 1 l de água, ferver 30
minutos.
V. também: Epistaxe.
Hemorróidas. Veia dilatada na região do ânus ou
no recto que pode causar sensação de incómodo ou dores intensas. É
aconselhável associar a tomada oral de uma preparação com cuidados
externos.
USO INTERNO * 2 chávenas por dia: O Decocção de cardodesantamaria, 20
g de sementes contusas para 1 l de água, ferver 10 minutos; preparar 1
chávena de cada vez O Decocção de castanheirodaíndia,
30 g de casca seca de ramos de 2 a 3 anos para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 5 minutos O Decocção de cipreste, 15 g de gálbulas
contusas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de gilbarbeira,
40 g de rizoma para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção
de malva, 30 g de flores e de folhas, ferver 3 minutos, infundir 10
minutos O Infusão de murta, 30 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 20 minutos O Infusão de pimentad'água, 30 g de planta para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de urtigabranca, 50 g
de flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de verbasco, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos. * Para tomar às colheres de sopa de 15 em 15 minutos: O
Infusão de pulmonária, 40 g de su_ midades floridas para 1 l de água
fervente, in_ fundir 10 minutos O Infusão de sanguissorbaoficinal, 30 g
de planta para 1 l de água fervente infundir 10 minutos O Decocção de
tuiavulgar
20 g para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundi
10 minutos; dose para 2 dias O Decocção de videira, 50 g de folhas para
1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos.
USO EXTERNO
O Cataplasma de sementes descascadas de marmelo, cozidas em leite
durante 15 minutos, colocadas em pequenos sacos O Cataplasma de folhas
frescas contusas: de caules e de folhas amachucadas de becabunga, de
escrofulárianodosa, de morugemvulgar, de pimpineIa, de saião
curto O Cataplasma quente de folhas cozidas em leite: de parietária,
de verbasco O Cataplasma de folhas de tasneirinha cozidas em água O
Cataplasma de folhas de faváriamaior maceradas em azeite.
405
* Compressas embebidas em: O Decocção de arando, 150 g de bagas para 1 l
de água, ferver
30 minutos e coar O Decocção de bistorta, 60 g para 1 l de água, ferver
15 minutos O Decocçâo de cipreste, 30 g de gemas esmagadas para 1 l de
água, ferver 10 minutos O Decocção de ervadosescudos, 30 g de planta
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de ervaférrea, 40 g
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de milfólio, 50 g de
sumidades floridas e de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Decocção de nogueira, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 15
minutos, infundir 10 minutos O Decocção de peónia, 30 g de raizes para 1
l de água, ferver 10 minutos O Infusão de sabugueiro, 80 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de tormentila,
50 g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos. * Fumigações, deitar
a preparação muito quente, sem filtrar, numa bacia e sentarse de modo a
ficar exposto aos vapores: O Infusão de ficária,
100 g de planta para 1 l de água fervente O Infusão composta de 50 g de
folhas e de flores de malva e 20 g de parietária fresca para 1 l de água
fervente. * Banhos de semicúpio: O Banho de carvalho,
80 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Banho de
castanheirodaíndia, 60 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos
e coar
O Banho de taráxaco, 40 g de planta e raizes para 1 l de água, ferver 10
minutos e coar.
Herpes. Afecção vírica da pele e das mucosis caracterizada pelo
aparecimento de vesículas ulcerosas que provocam uma dor tipo
queimadura. Localizamse mais frequentemente nos lábios e nos órgãos
genitais.
USO INTERNO * 3 chávenas por dia: O Infusão de borragem,
30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de cerefólio, 40 g de planta fresca para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos. * 2 chávenas por dia: O Infusão
de dulcamara,
30 g de caules secos e cortados para 1 l de água fervente, infundir 1
hora O Decocção de saboeira, 40 g de raizes para 1 l de água, ferver 5
minutos e coar imediatamente. * 1 chávena 45 minutos antes das 2
refeições principais: O Decoeção de salsaparrilhabastarda,
70 g para 1 l de água, ferver durante 20 minutos em lume brando. * 1
tigela grande com muito açúcar todas as manhãs em jejum durante 10 dias:
O Decocção de a morperfeito bravo, macerar durante 8 horas
30 g de sumidades floridas e de folhas secas em
1 l de água fria, levar à ebulição, adicionando
O,25 1 de leite, e coar.
USO EXTERNO * Lavar as vesículas com: O Infusão de dulcamara O Decocção
de saboeira. Estas preparações fazemse em doses duplas relativamente às
indicadas para uso interno.
Hipertensão arterial. Aumento da pressão sanguínea nas artérias. Dá
origem a numerosas perturbações (cefaleias, transtornos da visão e da
audição) e pode provocar graves acidentes. É indispensável um
diagnóstico etiológico preciso. Se a causa não pode ser suprimida por
meios cirúrgicos ou tratamento médico, o hipertenso pode recorrer a um
determinado número de práticas higiénicas, alimentares e
fitoterapêuticas.
USO INTERNO * Preparações simples: O Bolbo de alho todos os dias, sob
todas as formas, cru, cozido, em infusão, em pó ou em xarope, ou 20 g de
alho com 40 g de água, ferver 30 minutos, coar espremendo e adicionar o
mesmo peso de açúcar; 3 colheres de sopa por dia O Infusão de cascas de
maçã, secas e reduzidas a pó, 50 g para 1 l de água fervente. * 3
chávenas por dia: O Decocção de cascas e
de raízes de bérberis, 20 g para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Infusão de bonina, 25 g de flores e folhas secas O Infusão de canabrás,
25 g de planta, folhas e raízes para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; durante 10 dias O Infusão: de groselheiranegra, de
oliveira, 30 g de folhas para 1 l de água, infundir 10 minutos O
Decocção de pervinca, 40 g de folhas secas para
1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 5 minutos
O Infusão de pilosela, 100 g de planta fresca para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de pirliteiro, 50 g de flores para 1 l de
água fervente; 3 semanas por mês O Infusão de ulmeira, 30 g de pó em 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos.
O Alcoolatura de hera, 10 g de raspas de lenho verde do caule em 100 g
de álcool a 701 durante
10 dias, coar; tomar 2 gotas 5 vezes por dia O Vinho de visco, macerar
durante 8 dias 40 g de planta fresca em 1 l de bom vinho branco e coar;
1 copo pequeno antes das refeições.
A alimentação, aliás, deve ser muito regrada, mas dela deverão fazer
parte: farinha de centeio,
espinafres crus, óleo de girassol, uvas.
Hipotensão arterial. Insuficiência da pressão arterial acompanhada de
uma sensação de fraqueza que dá, por vezes, origem a lipotimias. A sua
causa deve ser imediatamente averiguada.
USO INTERNO
O Pó de cardode santa mari a, 1 g de sementes pulverizadas por dia;
tomar em 2 vezes, misturado com mel, 20 minutos antes das 2 refeições
principais O Infusão de giesteiradasvassouras,
20 g de ramos para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; tomar 2 colheres de sopa 5 vezes por dia e aumentar as
doses, sem nunca ultrapassar
20 colheres por dia O Infusão de líriodosvales,
15 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e
coar; meia chávena 2 vezes por dia.
V. também: Lipotimia.
406
Hipotireoidismo. Insuficiência ou ausência de secreção da glândula
tireóide que pode deverse, por vezes, a uma carência de iodo no
organismo. É sempre acompanhada de astenia e, por vezes, de bócio. É
imprescindível um diagnóstico médico.
USOS EXTERNO E INTERNO * Efectuar simultaneamente: O Banho de
laminárias, introduzir as algas num pequeno saco, mergulhálo em 1 l de
água fervente, esperar alguns minutos e misturar com a água da banheira;
duração do banho, 15 minutos O Pó de laminárias, secar as frondes e
utilizálas em pedaços ou
reduzidas a pó; ingerir 1 ou 2 g por dia, misturados com os alimentos.
V. também: Bócio.
Icterícia. A icterícia caracterizase por uma coloração amarela da pele
e das mucosas devida à passagem de pigmentos biliares para o sangue. As
suas causas são variáveis; pode ser devida a um obstáculo que impede a
evacuação normal da bílis ou a uma afecção do fígado. É indispensável o
diagnóstico etiológico.
USO INTERNO
O Comer bagas de alquequenje maduras e frescas, 20 g por dia. * Beber 2
chávenas por dia: O Decocção de almeirão, 30 g de raízes para 1 l de
água, ferver
2 minutos, infundir 2 minutos e coar. * Beber 3 chávenas por dia: O
Decocção de amor dehortel ão, 30 g de planta para 1 l de água, ferver
2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão composta de 20 g de flores e de
folhas de bonina e 20 g de folhas e raizes de taráxaco para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cardocorredor,
40 g de raizes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; dose para
24 horas O Infusão de cerefólio, 30 g de planta fresca para 1 l de água
fervente O Infusão de gilbarbeira, 20 g de raizes para 1 l de água
fervente, macerar 50 minutos e coar O Decocção de gramafrancesa, 30 g
de rizoma numa pequena quantidade de água, ferver 2 minutos, guardar
apenas o rizoma, esmagálo e colocálo em 1 l de água fria, ferver 15
minutos e filtrar O Decocção de saboeira, 30 g de folhas para 1 l de
água, ferver 5 minutos O Infusão de verónica, 30 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
V. também: Fígado.
Impetigo. Afecção cutânea de natureza infecciosa que atinge
especialmente as crianças, situada frequentemente na face.
USO EXTERNO * Cataplasma de bardanamaior, cozer em pequena quantidade
de leite algumas folhas frescas; aplicar morno entre 2 pedaços de tecido
O Compressa de couve, extrair o suco de folhas frescas; pressionar sobre
as lesões de manhã e à noite.
Impotência. Impossibilidade de origem orgânica (malformação) ou
funcional (astenia genésica) de realizar o acto sexual, tanto no homem
como na mulher. A malformação compete à cirurgia, e a astenia genésica,
por vezes, à psicoterapia. Algumas plantas, devido à sua acção
estimulante, são frequentemente eficazes.
Uso interno * Para a alimentação: O Adicionar: às saladas, folhas de
eruca, à restante alimentação, salsa crua picada, ao peixe, açafrão
O Comer:
aveia, que provoca um estímulo hormonal, trigo germinado O Infusão de
hipericão, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos; 1 chávena O Infusão de hortelãpimenta, 20 g de
sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente; 1 chávena O
Infusão de satiriãomacho, 4 g de pó de tubérculo (salepo) para 1 l de
água fervente; 4 chávenas em
24 horas O Infusão de saturejadasmontanhas, 50 g de folhas para 1 l de
água fervente; 1 chávena.
O Vinho de alecrim e de salva, deitar em 1 l de vinho tinto 30 g de
folhas de alecrim frescas, 20 g de salva e 1 colher de sopa de mel,
aquecer em
banhomaria durante 15 minutos, deixar arrefecer e filtrar; 2 colheres
de sopa antes do jantar O Vinho de canabrás, macerar durante 24 horas 50
g de raizes e de folhas de canabrás cortadas em pequenos pedaços em 1 l
de vinho tinto e coar; 1 copo pequeno antes das 2 refeições principais O
Vinho de funcho, macerar durante 3 semanas 100 g de sementes em 1 l de
vinho do Porto, mexendo todos os dias, e coar; 1 copo pequeno depois do
jantar.
Inapetência. V. Apetite.
Incontinência de urinar. V. Enurese.
Indigestão. Indisposição digestiva que se segue a uma refeição copiosa,
frequentemente acompanhada de náuseas e vómitos.
USO INTERNO
Por vezes é necessário provocar o vómito.
Para provocar o vómito
O Decocção de amorperfeitobravo, 2 g de raízes em pó em 1 copo de água
açucarada O Decocção de violeta, 15 g de raízes em 200 g de água, ferver
10 minutos; beber com muito açúcar em 2 doses.
Para acalmar as náuseas * Beber muito quente e lentamente:
Infusão
407
de acáciabastarda, 40 g de flores colhidas ainda fechadas e secas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de anis, 15 g de
sementes contusas para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O
Infusão de dictamobranco, 20 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos O Infusão de hortelãpimenta, 20 g de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de lúcialima,
15 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de água fervente O
Infusão de melissa, 60 g de flores e de caules para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos e
coar O Infusão de pervinca, 30 g de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de primavera,
60 g de flores @ara 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção
de tília, 60 g de flores para 1 l de água, ferver 15 minutos e coar.
Insectos e roedores. Protecção contra os insectos, bem como o modo de
expulsálos e afugentálos de casa.
USO EXTERNO
Para afugentar os mosquitos e as moscas
O Colocar um vaso com basílico (manjericão grande) à janela e agitálo
de vez em quando O Eucalipto fresco ou seco O Queimar folhas de
loureiro.
Para afugentar as formigas
O Colocar meiolimão bolorento nos locais frequentados pelas formigas.
Para afugentar os percevejos
O Pôr folhas de feijoeiro entre a lã dos colchões ou sob os colchões
sintéticos.
Para afugentar as pulgas
* Introduzir no enchimento das almofadas: caules de losna, folhas de
matricária, poejo, sumidades floridas de tanaceto O Queimar nas
divisões folhas de hortelãpimenta.
Para afugentar as traças e os mosquitos
Utilizar: alfazema, aspérulaodorífera, cascas de limão, losna,
saturejadasmontanhas.
O Decocção de coloquíntida, sementes e polpa secas, 100 g para 1 l de
água, ferver 10 minutos, lavar o chão, os rodapés e os parapeitos das
janelas O Pó de piretro, que não é tóxico para cães e
gatos, mas extermina os animais de sangue frio; pulverizar a parte
inferior das paredes e os rodapés.
Para afugentar os ratos
* Utilizar poejo.
Para proteger o vestuário * Pó de rizoma de cálamoaromático que protege
as peles O Pendurar um ramo de abrótanofêmea nos guardafatos e colocá
lo entre as peças de vestuário.
V. também: Ftiríase, Picadas.
Insónia. V. Sono.
Intestino. Algumas plantas são específicas para as perturbações
intestinais, como a obstipação, as
cólicas, a diarreia, o meteorismo, os espasmos e as parasitoses. Mas
pode também haver necessidade de uma purga ou ainda de facilitar o
trânsito de um objecto engolido inadvertidamente. Nestes casos, qual a
planta a escolher?
USO INTERNO
Para purgar
* Só utilizar excepcionalmente e nunca sem o
conselho do médico: O Decocção de açafroa, 10 g de sementes para 1 l de
água, ferver 10 minutos; 1 copo em jejum O Suco de espinheirocerval,
lavar e esmagar 20 bagas; tomar 1 colher de café numa chávena de infuso
de alteia O Infusão de graciosa, 15 g de plantas secas em 1 l de água
fervente; 1 chávena O Decocção de mercurial, 20 g de folhas em 1 l de
água, ferver 5 minutos; 3 tigelas O Maceração de mostardabranca, 5 g
num copo pequeno de água durante 1 noite; beber de manhã em jejum O
Vinho de ruibarbo, macerar durante 12 dias 50 g de raízes em 1 l de
vinho doce e coar; dose purgativa, 1 colher de sopa.
Para envolver um objecto e ajudar a sua evacuação (parafuso, alfinete de
segurança fechado, agrafé)
O Espargos bem cozidos; comer uma boa quantidade, sobretudo a parte
fibrosa; estas fibras envolvem o objecto estranho e facilitam a sua
evacuação.
Intoxicação. Envenenamento por absorção de um tóxico. Alertar com
urgência o médico e, nas cidades, o centro antivenenos. Enquanto espera,
não se deve dar leite nem provocar o vómito se o produto ingerido for
cáustico; se se provocar o vómito, deve vigiarse o intoxicado para que
ele não sufoque.
USO INTERNO Para provocar o vómito
O Decocção de carvalho, 60 g de casca para 1 l de água, ferver 10
minutos e coar; beber O,5 1 misturado com 2 claras de ovo cruas e
batidas O Decocção de violeta, 15 g de raízes esmagadas em 250 g de água
fervente, beber em 2 doses.
Se o produto ingerido é um ácido
O Beber sumo de limão ou azeite O Mastigar carvão de bétula (vidoeiro)
ou de choupo.
Enquanto espera o médico, devem conservarse os vomitados, os
excrementos e o resto do pr9duto que causou a intoxicação. Não fazer o
tratamento sozinho. Mesmo que se verifiquem melhoras, podem surgir
complicações mortais, pois o
tóxico pode ter lesado definitivamente o fígado ou os rins; os médicos
podem fazer lavagens ao estômago e dispõem de aparelhagem de reanimação
e antitóxicos muito eficazes.
408
Irritabilidade. Perturbação do carácter, frequentemente devida a um
excesso de trabalho, que se manifesta por reacções excessivas
simultaneamente a outras manifestações de nervosismo.
USO INTERNO * Xarope de macela, macerar durante 6 dias em
O,5 1 de álcool a 600 200 g de sumidades floridas, um pouco de casca
de laranja amarga, agitar 2 vezes por dia com 1 colher de pau, filtrar,
adicionar 1 l de xarope comum, agitar, deixar repousar 4 dias; 2
colheres de sopa são suficientes para acalmar.
V. também: Nervosismo.
Lactação. Alimentação do recémnascido com o
leite materno. O aleitamento natural é o único considerado aqui. As
plantas galactagogas têm a propriedade de aumentar a secreção de leite
pela glândula mamária, e as plantas galactófugas, a de suprimir essa
secreção.
Para aumentar a secreção láctea (plantas galactagogas)
USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas de rícino frescas e moídas.
Uso interno
O Juntar à alimentação: lentilhas cozidas, topinambos cozidos O
Infusão de endro, 50 g de sementes para 1 l de água fervente; 3 chávenas
por dia O Infusão de 50 g de sementes para 1 l de água fervente, tapar e
infundir 10 minutos; tomar
1 chávena depois de uma das refeições: de alcaravia, de anis, de
corninhos O Infusão de basílico, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente; 1 chávena depois de uma das refeições O Infusão de cenoura
cultivada, 30 g de sementes secas para 1 l de água fervente O Infusão de
funcho, 30 g de sementes para 1 l de água fervente, tapar e infundir 10
minutos; 4 chávenas por dia entre as refeições O Infusão de galega, 20 g
de planta florida seca para 1 l de água fervente; 3 chávenas por dia O
Infusão de malte (cevada germinada), 15 g para 1 chávena de água quente,
deixar 10 minutos em banhomaria e coar; 2 chávenas por dia O Infusão de
verbena, 30 g de sumidades floridas secas para 1 l de água fervente; 4
chávenas por dia.
Para suprimir a secreção láctea (plantas galactófugas)
USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas de aipo cozidas misturadas corri folhas de
pervinca e de hortelãpimenta
O Cataplasma de folhas frescas moídas de: LEUCORREIA
amieiro, cerefólio, lapsana, mentas, mercurial, morugemvulgar,
salsa, tasneirinha O Cataplasma de folhas frescas moídas, depois
aquecidas, de dulcamara.
USO INTERNO
O Infusão de escolopendra, 20 g de folhas frescas para 1 l de água
fervente; 4 chávenas por dia
O Decocção de mercurial, 30 g de folhas frescas para 1 l de água fria,
levar à ebulição, deixar ferver 5 minutos e coar; 4 chávenas por dia O
Infusão de salva, 20 g de folhas secas para 1 l de água fervente; 3
chávenas por dia.
Laringite. Afecção aguda ou crónica da laringe, por vezes dolorosa, que
provoca frequentemente modificações da voz.
USO INTERNO
O Infusão de rinchão, 80 g de planta, se possível fresca, para 1 l de
água fervente, infundir 15 minutos, filtrar e utilizar imediatamente;
beber lentamente 3 chávenas por dia, adoçadas com mel, entre as
refeições.
V. também: Rouquidão, Voz.
Leucorreia. Corrimento esbranquiçado pela vulva, benigno se for
passageiro e fraco, anormal se se prolongar ou adquirir coloração mais
escura.
A causa de qualquer leucorreia persistente deve ser diagnosticada.
USO EXTERNO * Fazer uma irrigação vaginal por dia, sem pressão, à
temperatura do corpo: O Decocção de alfazema, 40 g de sumidades floridas
para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de alfenheiro, 50 g de
folhas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de argentina,
80 g de folhas e de flores para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir
5 minutos O Decocção de bistorta, 80 g de rizoma para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Infusão de búgula, 40 g de planta florida para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de carvalho, 80 g de
casca para 1 l de água O Decocção de lisimáquia, 50 g de planta para 1
l de água, ferver 10 minutos O Decocção de marmeleiro, 5 g de folhas
para 1 l de água, ferver 5 minutos, deixar arrefecer e filtrar O
Decocção de morangueiro, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 10 minutos O Decocção de nogueira, 40 g de folhas para
1 l de água, ferver 20 minutos O Decocção de pédeleáo, 80 g para 1 l
de água, ferver 10 minutos e infundir O Decocção de romãzeira, 25 g de
flores para 1 l de água, dar uma fervura, infundir 5 minutos O Infusão
de rosasrubras, 80 g de pétalas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de salgueirinha, 80 g de sumidades floridas para
1 l de água, ferver 5 minutos O Decocção de salsa, 80 g de sementes para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de
sanícula, 15 g de planta florida, ferver 5 minutos
O Decocção de silva, 25 g de folhas para 1 l de
409
água, ferver 3 minutos, infundir 15 minutos O Decoeção de tormentila, 30
g de raízes para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos
O Decocçâo de ulmeiro, 80 g de casca seca e
contusa para 1 l de água fria, macerar durante 2 horas, aquecer em
seguida, ferver 2 minutos, infundir 15 minutos O Decocção de urtiga
branca, 40 g de planta cortada em pedaços para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de visco, 20 g de planta para 1 l de água, ferver 15
minutos. * Durante 1 semana tomar: O Banho de abetobranco, infusão de
100 g de gemas em 1 l de água fervente; adicionar ao banho.
USO INTERNO * Beber de manhã e à noite 1 chávena: O Decocção de
avoadinha, 40 g de caule florido e de folhas para 1 l de água em
ebulição, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de carvalho,
15 g de folhas para 1 l de água, ferver
5 minutos O Infusão de golfãobranco, 20 g de flores para 1 l de água
fervente; beber tépido O Infusão de hipericão, 20 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente, deixar amornar e coar
O Infusão de murta, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
15 minutos O Infusão de salva, 15 g para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Decocção de sanguissorbaoficinal,
25 g de planta fresca para 1 l de água, ferver 5 minutos O Decoeção de
semprenoiva, 30 g de planta inteira para 1 l de água, ferver 1 minuto,
infundir 15 minutos. * Tomar de manhã e à noite, durante 10 dias, meio
copo de: O Suco de urtigão fresco, lavar as
folhas, espremêlas num guardanapo para lhes extrair o suco ou
centrifugálas.
Lipotimia. Indisposição angustiante, geralmente sem gravidade, muitas
vezes acompanhada de zumbidos. Semelhante ao desmaio, sem no entanto
desencadear perda de consciência.
USO INTERNO
O Água de melissa e de angélica, deitar 100 g de flores frescas de
melissa e 10 g de raizes de angélica cortadas em pedaços em O,5 1 de
álcool a
600, 20 g de casca de limão não tratado quimicamente, 5 g de canela e 10
cravosdaíndia, macerar durante 5 dias, filtrar e conservar em frascos
rolhados; tomar 10 gotas num torrão ou numa colher de café numa chávena
de água quente com muito açúcar.
Litíase. Formação de areias ou de concreções (cálculos). Nesta obra
consideramse dois casos: as formações de cálculos biliares e de
cálculos renais. Algumas plantas são activas em ambos os casos.
USO INTERNO Litíases renal e biliar * Comer: cerejas, morangos,
uvas
Decocção de aipo, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos; 2 chávenas diárias O Decocção de alquequenje, 30 g
de bagas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos;
quantidade para 24 horas
O Decocção de gramafrancesa, 30 g de rizoma para um pouco de água,
ferver 2 minutos, deitar fora a água, esmagar, ferver novamente em 1 l
de água durante 15 minutos e coar; 4 chávenas por dia. * Beber 3
chávenas por dia: O Decocção de bérberis, 30 g para 1 l de água, ferver
5 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de fetoreal,
30 g de rizoma para 1 l de água, ferver 5 minutos num recipiente tapado,
infundir 5 minutos O Infusão de héspere, 5 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de semprenoiva, 50 g de planta
por 1 l de água, ferver 15 minutos e coar O Decocção de taráxaco,
50 g de planta picada para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10
minutos O Infusão de verbena, 30 g de planta para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.
Litíase renal
O Infusão de maçã, 50 g de cascas secas para 1 de água fervente,
infundir 15 minutos; dose para
1 dia. * Beber as seguintes preparações: O Seiva de bétula (vidoeiro);
meio copo em jejum, 15 dias por mês durante 2 meses O Infusão de
giesteiradasvassouras, 25 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; começar por beber
1 chávena por dia em 2 vezes e depois 2 chávenas O Decocção de milho, 40
g de estigmas para
1 l de água, ferver 10 minutos; dose para 48 horas O Infusão de pimenta
d'água, 30 g de planta inteira fragmentada para 2 1 de água fervente,
infundir 10 minutos; tomar às colheres de sopa até perfazer 1 chávena. *
Beber todos os dias: O Decocção de alho, ferver 3 dentes esmagados em
150 g de leite e coar
O Decocção de freixo, 40 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 10 minutos e
coar O Decocção de gilbarbeira, 40 g de rizoma para 1 l de água, ferver
2 minutos, infundir 10 minutos. * Beber 2 chávenas por dia: O Decocçâo
de cavalinha, 50 g para 1 l de água, ferver 30 minutos e coar O Decocção
de pirliteiro, 15 g de bagas secas para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 10 minutos. * Beber 3 chávenas por dia: O Infusão de aspérula
c,dorífera, 20 g de sumidades floridas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de bardana, 30 g de
raízes frescas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O
Infusão de ervadesantabárbara, 20 g de folhas frescas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de faveira, 30 g de
sumidades floridas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10
minutos O Infusão de gatunha, 30 g de flores e de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pereira, 40 g de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 25 minutos O Decocção de silva
macha, 40 bagas para 1 l de água, ferver 3 minutos e coar O Infusão de
ulmeira, 40 g de flores em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos. *
Preparação para 48 horas: O Decocção de pa
410
rietária, 20 g de planta para 1 l de água ebuliente, ferver 3 minutos,
infundir 10 minutos.
Litíase biliar
O Tornar 1 colher de azeite todas as manhãs em jejum. * Beber 2 chávenas
por dia: O Infusão de balsamita, 30 g de planta para 1 l de água
fervente
O Decocção de borragem, 40 g de caules, flores e folhas misturados para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de
hepática, 25 g de folhas secas para 1 l de água, infundir 10 minutos.
Lumbago. Dor na região lombar, isto é, na parte inferior das costas.
Pode surgir subitamente ou desenvolverse insidiosamente.
USO EXTERNO
O Cataplasma de folhas de couve escaldadas e esmagadas O Cataplasma de
tomilho aquecido numa frigideira O Cataplasma de folhas de verbena,
escaldadas e esmagadas, misturadas com 1 clara de ovo ou cozidas com 1
copo de vinagre; colocar entre 2 pedaços de tecido fino e aplicar o
mais quente possível.
USO INTERNO
O Decocção de tília, 30 g de lenho (alburno) para 1 l de água, ferver em
lume brando durante
15 minutos e filtrar; beber a preparação em 2 dias.
Mal branco. V. Panarício.
Magreza. Insuficiência de peso que se manifesta pelo desaparecimento das
gorduras de reserva por atrofia muscular e visceral. Algumas plantas
podem facilitar uma recuperação do peso ao actuarem sobre as funções
digestivas ou o metabolismo geral.
USO INTERNO
O Farinha de alforvas, 3 g; 2 vezes por dia, misturada com mel O Leite
de algaperlada, ferver em 1 l de leite 10 g de planta, adoçar com mel;
O,5 1 por dia O Infusão de angélica, 40 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena depois das refeições O Vinho de
genciana, macerar em 1 l de vinho doce durante
5 dias 10 g de raizes secas e cortadas em pequenos pedaços, adicionar um
pouco de casca de laranja amarga e filtrar; 1 copo pequeno no fim das
refeições O Infusão de losna, 5 a 10 g de sumidades floridas e de folhas
secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos: 1 chávena antes
das 2 refeições principais O Infusão de lúpulo,
20 g de cones secos em 1 l de água fervente; 2 chávenas por dia entre as
refeições.
V. também: Apetite, Digestão, Nervosismo.
Mal da montanha. Indisposição sentida por certas pessoas ao passarem
rapidamente para uma altitude elevada.
O Decocção de tasneirinha, 25 g de planta seca
para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar; 2 chávenas por dia, com
início 8 dias antes da viagem.
Mancha cutânea. Qualquer mancha cutânea anormal, ou em que se manifestem
modificações, deve ser mostrada a um médico. Algumas manchas, como o
cloasma da gravidez, as manchas ditas da velhice ou as sardas, podem
atenuarse graças às plantas.
USO EXTERNO * Passar sobre as manchas, 2 vezes por dia, algodão molhado
em: O Cataplasma de becabunga,
1 punhado de planta cozida num pouco de água
O Decocção de bonina, 60 g de planta para 1 l de água da chuva, ferver 5
minutos, infundir 10 minutos O Suco fresco de dulcarnara O Sumo de limão
salgado O Infusão de parietária, 50 g de planta fresca para 1 l de água
fervente, infundir
10 minutos O Infusão de salsa, 60 g de planta para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos, adicionar o sumo de 1 limão e coar O Decocção de
selodesalornão, 50 g de rizoma para 1 l de água, ferver 5 minutos O
Decocção de tília, 80 g de flores para 1 l de água, ferver 5 minutos.
V. também: Sarda.
Memóría. Função que possibilita conservar e relembrar os acontecimentos
passados. O seu enfraquecimento pode ser devido a numerosas causas, a
mais comum das quais é o envelhecimento.
Uso interno * Tomar 3 chávenas por dia, 10 dias por rilês durante 3
meses: O Infusão de alecrim, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos e coar O Infusão de melissa,
30 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos e coar.
Menopausa. Etapa fisiológica marcada pela cessação da menstruação. É
frequentemente acompanhada por perturbações contra as quais as plantas
se revelam muitas vezes bastante eficazes pela sua acção depurativa,
diurética, tónicovenosa, antiespasmódica, neurossedativa ou ainda
hemostática.
Uso interno
O Decoeção de gramafrancesa, ferver 30 g de rizoma no mínimo de água
possível durante 2 minutos, deitar fora a água, esmagar seguidamente o
rizoma e cozêlo em lume brando durante 15 minutos ern 1 l de água,
deixar amornar e
411
coar; quantidade para 24 horas O Decocção de laminárias, 100 g de planta
picada para 1 l de água fria, macerar durante 3 horas, ferver 2 minutos
e coar; 3 chávenas por dia * Infusão de mercurial, 30 g de folhas para 1
l de água fervente, infundir 15 minutos; 3 chávenas por dia, 10 dias por
mês * Infusão de visco, 15 g de folhas frescas picadas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; quantidade para 24 horas, 10 dias por
mês.
Acção sedativa
O Infusão de marroio, 30 g de flores para 1 l de água fervente; 2
chávenas por dia O Maceração de valeriana, 10 g de raízes frescas
maceradas durante 1 noite numa chávena de água fria; beber em jejum.
Para os estados congestivos (afronta men tos), as palpitações, etc. *
Beber 3 chávenas por dia: O Decocção de cipreste, 20 g de gálbulas
contusas para 1 l de água, ferver 15 minutos O Infusão de pirliteiro,
15 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de salva, 20 g de flores e
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
Para as perturbações vasculares, dores pélvicas, irregularidades da
menstruação, hemorragias * Beber 3 vezes por dia: O Decoeção de
bérberis, 30 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção
de bolsadepastor, 30 g para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir
10 minutos O Decocção de castanheiro da índia,
30 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 5 minutos O
Infusão de estaque, 30 g para 1 1de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de gilbarbeira, 30 g de rizoma cortado para 1 l de água, ferver
2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de maravilhas, 30 g para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 30 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de pédeleão, 30 g para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 5 minutos O Infusão de pimpineia, 30 g de planta
inteira para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
sanguissorbaoficinal, 30 g de planta inteira para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Suco fresco de urtigão; tomar 100 g por dia *
Decocção de videira, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 10 minutos. * Beber durante o dia: O Infusão de noveleiro,
15 g de casca para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos; preparar apenas 1 chávena, que deve ser bebida em 2 doses O
Infusão de pimentad'água, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; preparar apenas o equivalente a 1
chávena, a qual deve ser bebida ao longo do dia
em pequenos sorvos.
Menstruação. Perdas sanguíneas periódicas, provenientes do útero, que
ocorrem entre a menarca, aparecimento da primeira menstruação, e a
menopausa, isto é, entre os 12 e os 14 anos até aos 50 aproximadamente.
Pode provocar numerosas perturbações: ciclos irregulares, fluxo
sanguíneo abundante e prolongado ou insuficiente, Pode ser dolorosa e
provocar indisposições.
Uso interno
Menstruação demasiado abundante:
abetobranco, bérberi$, cavalinha, pimentad'água.
Menstruação insuficiente:
açafrão, agripalma, alcaravia, argentina, artemísia,
cenourabrava, chagas, ervaformigueira, estaque, granza,
levístico, losna,
maravilhas, marroio, melissabastarda, milfólio, salva,
salvaesclareia, tanaceto, tasneirinha, tomilho, trevod'água,
urtigabranca.
Menstruação dolorosa:
abrótano, angélica,
arternísiadosalpes, canabrás, framboeseiro, hera, losna,
loureiro, macela,
matricária, nêvedadosgatos, noveleiro, orégãos, pulsátila,
salsa, zimbro.
Menstruação difícil que se anuncia mas não se revela:
aristolóquia, artemísia, dictamodecreta, estragão, pé
deleão. * As preparações que devem ser ingeridas 1 semana antes da data
da menstruação estão agrupadas em seguida; 2 chávenas por dia: O Resina
fresca de abetobranco, 3 bolinhas do tamanho de
1 ervilha por dia, podem moerse com mel ou alcaçuz O Infusão de
abrótano, 5 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Infusão de açafrão, 1 g para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de agripalma, 30 g de folhas para 1 l de água fervente
O Infusão de alcaravia, 15 g de sementes para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de angélica, 5 g de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de argentina, 30 g de
flores e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O
Infusão de aristolóquia, 10 g de raízes secas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos O Infusão de arternísia, 30 g de sumidades floridas e
de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão
de artemísiadosalpes, 25 g de planta para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de bérberis, 30 g de raizes e de cascas
misturadas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de
camomila, 5 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Decocção de canabrás, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Decocção de cavalinha, 50 g de planta
fresca para 1 l de água, ferver 30 minutos e coar O Infusão de cenoura
brava. 15 g de sementes para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de chagas, 20 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
dictamodecreta, 10 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de ervaformigueira, 20 g
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de
estaque, 25 g de planta para 1 l de,
412
água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de estragão, 50 g de planta
seca para 1 l de água fervenfe, infundir 10 minutos O Infusão de
framboeseiro, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de granza,
20 g de raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O
Infusão de hera, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de levístico, 25 g de sementes para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de losna, 5 g de sumidades
floridas para
1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de loureiro, 20 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
maceIa, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de maravilhas, 30 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de marroio, 20 g de planta seca para 1 l
de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de melissabastarda, 50
g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Infusão de rnilfólio, 30 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nêvedadosgatos, 30 g
de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de noveleiro, 15 g de casca para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Infusão de orégãos, 10 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O l@fusão de pédeleão, 30 g de
folhas e de caules para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de pimentad'água, 10 g de folhas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pulsátila, 5 g de folhas e
flores frescas para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Suco
fresco de salsa, 100 g por dia O Infusão: de salva,
de salvaesclareia, 15 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de tanaceto, 20 g de sumidades floridas secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tasneirinha, 50 g
de raízes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
tomilho, 20 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de trevod'água,
20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Infusão de urtigabranca, 20 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de zimbro, 20 g de bagas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
Meteorismo. Distensão do abdómen devida à acumulação de gases nos
intestinos.
Uso interno Utilizamse sementes de plantas que, geralmente, têm uma
acção carminativa. * Beber 1 chávena depois das refeições: O Infusão de
30 g de sementes ou de frutos de cada planta ou de 30 g da sua mistura,
consoante o gosto: aipo, alcaravia, anis, cenoura,
coentros, cominhos, endro, funcho,
levístico, adicionando um fragmento de casca
de limão O Infusão de abrótano, 30 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de ,agripalma, 20 g de planta para 1 l de água
fervenNARIZ VERMELHO
te, infundir 10 minutos O Infusão de balsamita,
40 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
basílico, 40 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Pó de
rizorna de cálamoaromático seco; 1 g numa colher de mel depois das
refeições O Carvão de chouponegro;
1 colher de café 2 vezes por dia O Infusão de estragáo, 30 g para 1 l de
água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de hissopo, 20 g de sumidades floridas e de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de hortelã
pimenta, 50 g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de imperatória, 30 g de rizoma para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de linhodecuco, 15 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de lúcialima, 15 g
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pédeleão,
30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão
de pimpinela, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de saturej a das montanhas, 30 g para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Decocção de serpão, 20 g de planta para 1 l de
água, ferver 1 minuto, infundir 10 minutos O Infusão de tomilho, 30 g
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
O Comer: arroz integral, cebolas cruas, rabanetes O Guarnecer os
pratos com ceboletas frescas picadas.
Mordedura. Para mordeduras de cão, gato ou
carnívoro selvagem, deverá terse presente o perigo de raiva; a
mordedura de serpente pode causar um envenenamento. Conduzir
imediatamente a vítima para um centro onde lhe poderão ser
ministrados tratamentos adequados.
USO EXTERNO Para as mordeduras de víbora * Enquanto se espera pela
injecção de soro antiveneno, aspirar a mordedura, se não se tiver a boca
ferida, e aplicar sobre a ferida urna das seguintes plantas: O Suco de
raízes e de folhas de bardanamaior O Cebola crua picada e salgada O
Folhas amachucadas e vagens de feijão verde O Flores amachucadas de
giesteiradasvassouras O Suco de rizoina esmagado de imperatória O
Folhas contusas de tanchagens.
Nariz vermelho. Um nariz permanentemente vermelho pode estar atingido de
acrie rosácea. Um nariz que se torna vermelho com o frio ou o calor pode
ser uma manifestação de desequilíbrio circulatório frequentemente de
origem neurovegetativa.
USO EXTERNO
O Banho de pés corri água muito quente, seguido de água muito fria
(terminar corri o banho frio).
413
* Banho descongestionante do nariz que deve ser utilizado morno com:
O Infusão de cerefólio, 40 g de planta para 1 l de água fervente O
Infusão de flores de laranjeiradoce, 20 g para 1 l de água fervente O
Infusão de rosas, 20 g de pétalas para 1 l de água fervente.
Náusea. V. Vómito.
Nefrite. Inflamação do rim; pode ser aguda ou
crónica, infecciosa ou tóxica e acompanhada de hipertensão arterial,
edema, de perturbações na eliminação da ureia. A inflamação ou a
infecção do bacinete denominamse pielonefrite.
Uso interno
O Adicionar à alimentação polpa de abóbora cozida em puré ou sopa. *
Beber ao longo do dia: O Infusão de buglossa,
20 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3
chávenas por dia O Infusão de ervadesãoroberto, 30 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por
dia O Decocção de milho, 30 g de estigmas para 1 l de água, ferver 30
minutos e coar morno O Decocção de salsaparrilhabastarda, 50 g de
raizes secas para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 10 minutos;
beber 1 l por dia, às chávenas pequenas, entre as
refeições O Decoeção de urze, 30 g de planta florida para 1 l de água,
ferver 15 minutos; 4 chávenas por dia O Decocção de varadeouro,
50 g de sumidades floridas para 1 l de água, dar uma fervura, infundir
10 minutos; dose para 48 horas.
Nervos.(Crise de). Uma crise de nervos é um
episódio emotivo, acompanhado de tensão ou de
tremuras, que termina por uma crise de choro.
Uso interno
O Infusão de hortelã, 30 g de folhas secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 1 cUyena
O Infusão de rnacela, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; beber 1 chávena muito quente O >Infusão de tília, 30 g
de flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos; beber muito
quente O Infusão de visco, 15 g de folhas frescas para 1 l de água
fervente; beber
1 chávena e o restante ao longo do dia. * Para ter de reserva: O Tintura
de valeriana,
100 g de raízes frescas cortadas em pequenos pedaços, macerados durante
2 semanas em O,5 1 de boa aguardente, filtrar; ingerir 40 gotas.
Nervosismo. Maneira de ser, feita de susceptibilidade, de agitação, de
irritabilidade, podendo ser o sinal precursor de uma nevrose.
Uso interno Estas plantas são tão eficazes que os especialistas as
denominam tranquilizantes vegetais. * Beber 2 chávenas por dia: O
Decocção de alface 500 g de folhas de alface, 50 g de alfacebrava
para 1 l de água, ferver 5 minutos, deixar arrefecer e coar; beber com
açúcar O Infusão de golfões: 30 g de flores de golfãobranco, 30 g
de raizes de golfãoamarelo para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de lúpulo, 30 g de cones para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de marroionegro, 40 g de planta para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de passiflora, 40 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
salgueirobranco, 40 g de folhas e de amentilhos em 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 30 g de flores de
tília, 30 g de raízes de valeriana e 40 g de flores de laranjeiradoce,
misturar bem as plantas e retirar 30 g da mistura para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos e coar; beber imediatamente.
Para combater os espasmos e restabelecer o equilíbrio do sistema nervoso
* Beber 2 chávenas por dia: O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente, in(iindir20 minutos O Infusão de
angélica, 10 g de folhas frescas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de aspéruIaodorífera, 40 g de flores secas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de balsamita, 40 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
basílico, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de cálarnoaromático, 10 g de rizoma para 1 l de
água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de cornichão, 40 g
de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
ervacoalheira,
30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de girassol, 20 g de sementes torradas e
pulverizadas para 1 l de água, ferver 5 minutos, deixar amornar e coar O
Infusã o de lúcialima, 15 g de folhas secas para
1 l de água fervente O Infusão de macela, 20 a
30 g de flores para 11 de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão
de malva, 40 g de flores e de folhas misturadas para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos O Infusão de manjerona, 30 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
marroio, 40 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 20 minutos O Infusão de meliloto, 30 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Infusão de narciso
trombeta, 1 g de pó de flores secas para 1 copo de água fervente com
açúcar O Infusão de nêvedadosgatos, 40 g de sumidades floridas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de papoila, 20 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de
peónia, 50 g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 20
minutos O Infusão de pirliteiro, 30 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salva, 15 g de folhas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de tasneirinha, 40 g
de raízes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
O Comer: alperces, maçãs, trigo.
O Extracto de pinguícula, macerar durante 1 noi414
te 50 g de folhas em O,25 1 de água fervente, coar, aquecer depois o
líquido para evaporar, ficando reduzido a metade, conservar num frasco
rolhado; 20 gotas por dia em 2 ou 3 doses.
USO EXTERNO
O Banhos: de alfazema, de tília, infundir
200 g de planta em 3 1 de água fervente e coar
espremendo; deitar o líquido na água do banho.
Nevralgia facial devida ao frio * Fumigação de hortelã e de hortelã
pimenta, infusão concentrada, 50 g para 1 l de água fervente; expor a
cara aos vapores.
O Cataplasma de folhas e de flores de orégão cozidas numa pequena
quantidade de vinho tinto
O Cataplasma de farinha de sementes de mostardanegra O Cataplasma de
raízes cozidas de pepinodesãogregório O Cataplasma de folhas cozidas
de verbasco O Cataplasma de folhas e de flores frescas de verbena
cozidas em um pouco de vinagre.
Uso interno * Tomar 3 chávenas por dia: O Infusão de chouponegro, 50 g
de gemas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
laranjei radoce, 10 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de passiflora,
50 g de flores e de folhas secas para 1 l de água fervente; preparar
apenas 1 chávena e beber mui~ to quente.
Obesidade. Considerase obeso um indivíduo cujo peso ultrapassa pelo
menos 15% o peso ideal. Este pode ser calculado de diferentes modos. A
fórmula seguinte, denominada fórmula de Loreriz, tem em conta a altura
(em centímetros):
Peso ideal = 50 + O,75 (altura 150)
As obesidades agrupamse em diversas categorias segundo as suas causas.
Geralmente, dividemse em obesidades de superalimentação absoluta e em
obesidades constitucionais, frequentemente devidas a hereditariedade com
simultânea retenção de água. A primeira atinge habitualmente mais o
homem; convém restringir o aporte alimentar e reeducar o apetite. A
segunda atinge sobretudo a mulher e é muito mais difícil de reduzir;
também devem ser considerados os factores psicológicos. As plantas úteis
intervém de diferentes modos. Apresentase em primeiro lugar uma lista
classificada por propriedades consoante a sua actividade principal e
em seguida o modo de utilização. Porém, algumas plantas são dotadas de
várias acções. É necessário escolher as que parecem agir melhor sobre a
forma de obesidade de que se sofre, ser perseveiante e paciente: neste
caso, como em todos os outros, as plantas actuam lentamente.
Para diminuir a quantidade de alimentos: alfarroba, beringela.
Para moderar o apetite: valeriana.
Para um regime hipocalórico: aipo, alfacedecordeiro, cereja,
maçã, uvas.
Para actuar sobre o metabolismo e as glândulas endócrinas: aveleira,
bodelha, funchomarítimo, laminárias.
Acção antiespasmódica e sedativa: pédeleão, pirliteiro.
Acção colerética: alcachofra, taráxaco.
Acção depurativa: bétula (vidoeiro), fumária, groselheira,
groselheiravermelha, limão, marroio.
Acção diurética: agrimónia, cerejeira, freixo, funcho,
groselheiranegra, macieira, milho, oliveira, pastinaga,
ulmeira.
Acção laxativa: algaperlada, alhoporro,
amieironegro, malva.
Para actuar sobre o tónus dos vasos sanguíneos:
aveleira, castanheirodaíndia, videira.
Para um regime restritivo e depurativo: cerejas, maçãs, uvas.
Uso interno As plantas e a alimentação do obeso * 1 maçã antes da
refeição diminui o apetite. * No princípio da refeição: O Comer: aipo,
pois satisfaz o estômago; adicionarlhe algumas folhas de funcho
marítimo maceradas em sal
415
grosso, uma boa salada de alface decordeiro,
beringela, pobre em calorias O Tomar 1 colher de sopa de geleia de
algaperlada obtida por decocção de 50 g para 1 l de água.
O A pastinaga é diurética O Na alfarroba, é o
albúmen das sementes que serve de lastro, percorrendo o tubo digestivo
sem ser assimilado. * Durante um tratamento: O Sumo de cerejas,
1 kg de frutos tem cerca de 500 calorias O Sumo fresco de groselha ou de
groselhavermelha, 150 g
2 vezes por dia O Suco de maçã, 1 kg ou 1 l tem cerca de 500 calorias O
Sumo de uva, 1 l por dia fornece cerca de 900 calorias. Esta dieta,
seguida durante 10 dias, pode permitir uma diminuição de peso: é
necessário, no entanto, ter em conta o número de calorias assimiladas e
completálo com outros alimentos até atingir as 1000. Dietas mais
rigorosas só podem ser estabelecidas por um médico. Podem exigir a
hospitalização. * Beber 3 chávenas por dia destas preparações: * Infusão
de agrimónia, 30 g de flores e folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de alcachofra, 20 g de folhas frescas para
1 l de água fervente O Decocção de alhoporro,
100 g para 1 l de água, ferver 15 minutos; 1 chávena 10 minutos antes
das refeições O Decocção de amieironegro, 10 g de casca seca, e de
bodelha, 25 g de planta seca, ferver 5 minutos e coar
O Decocção de aveleira, 50 g de amentilhos para
1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de bétula
(vidoeiro), 30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos, adicionar 1 pitada de bicarbonato de sódio * Decocção de
castanheiro da índia, 40 g de casca
para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Decocção de pés
de cereja cultivada ou brava, 30 g para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Infusão de freixo, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de funcho, 30 g de raízes para 1 l de água fervente,
deixar arrefecer e coar O Infusão de groselheiranegra, 50 g de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de laminárias,
deixar em contacto durante 3 horas 100 g de planta seca em 1 l de água
fria, ferver depois
5 minutos e filtrar O Infusão de malva, 40 g de flores e de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio, 30
g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de milho, 40 g de estigmas para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Decocção de oliveira, 30 g de folhas para 1 l de
água, ferver 10 minutos O Infusão de pédeleão,
30 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de pirliteiro, 15 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de taráxaco, 80 g de raízes
para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar O Infusão de ulmeira, 50 g de
flores para 1 l de água, infundir
10 minutos O Maceração a frio de valeriana, 50 g de raízes secas para 1
l de água durante 1 noite;
1 chávena 15 minutos antes das refeições.
Obstipação. Atraso na evacuação intestinal. A acção das plantas exerce
se principalmente de dois modos: umas pela acção mecânica das suas
mucilagens e sementes, outras pelo efeito laxativo e purgativo dos seus
componentes químicos.
Indicamse as mais utilizadas: alcaçuz, almeirão, amieironegro,
linhodecuco, polipódio.
Um conselho: não tomar estas plantas por um período mais longo que o
necessário.
Uso interno:
Meios simples * óleos que devem ser tomados de manhã ou em momentos de
crise: Azeite ao qual se adicionam algumas gotas de sumo de limão; 1
colher de sopa todas as manhãs em jejum.
óleo de amêndoas doces; 3 colheres de sopa e apenas 1 para as crianças e
pessoas idosas.
óleo de rícino, muito benéfico apesar do seu gosto desagradável; 1
colher de sopa para adultos, 1 colher de café para crianças.
Alimentos, comer: * Trigo completo;
Legumes: acelgas, alhosporros, azedas,
batatas, beringelas, cebolas, cenouras, espinafres,
quenopódiobomhenrique,
tomates, tupinambos.
Adicionar às saladas: malva fresca, 3 folhas, fragmentos de musgo
dairlanda demolhados durante 5 minutos em água, folhas de tanchagem
Saladas: de almeirão, de lapsana, de taráxaco
Fruta crua: ameixas, amoras, cerejas,
cerejas bravas, groselhas, groselhas vermelhas, laranjas,
maçãs, pêssegos, uvas
De manhã, em jejum, uma compota:
de abóbora porqueira, de ameixas, de figos.
Preparações:
Decocção composta de amieironegro, 3 g de casca (seca há pelo menos 1
ano) em 150 g de água, ferver 20 minutos, deixar arrefecer e macerar
durante 5 a 6 horas, coar e adicionar 3 g de raízes de alteia.
Infusão de bonsdias, 10 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos; 2 tigelas no mesmo dia.
Decocção de centeio, 30 g de grãos para 1 l de água, ferver 10 minutos;
2 chávenas por dia.
Decocção d engos, 80 g de bagas secas em 1 l de água, ferver 3 minutos e
coar; meio copo de manhã em jejum, meio copo ao deitar.
Infusão de framboeseiro, 20 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia;
Seiva de freixo, 2 g misturados com 1 colher de café de compota; de
manhã em jejum;
Decocção de globulária, 50 g de folhas para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos e filtrar; 1 chávena à noite ao deitar
Decocção de gramafrancesa, 30 g de rizoma fresco num pouco de água,
ferver rapidamente, mudar a água, pôr a ferver 15 minutos num recipiente
destapado, juntar alcaçuz, 10 g de lenho seco e coar; 3 ou 4 chávenas
por dia.
Decocção de labaçol, 20 g de raízes cortadas em pedaços para 1 l de
água, ferver 5 minutos, infundir 5 minutos; beber no espaço de 48 horas.
Infusão de linho, 50 g em 1 l de água fervente,
3 chávenas por dia.
Infusão de linhodecuco, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos e filtrar; 2 chávenas por dia.
Decocção de polipódio, 30 g em 1 l de água, ferver e deixar infundir 10
minutos; dose para 2 dias para beber
416
em várias vezes.
Infusão de rosaspálidas, 50 g de pétalas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia;
Pó de ruivadostintureiros, 1 g de raiz pulverizada por dia em 2 doses
com 1 colher de mel.
Decocção de sabugueiro, 80 g de bagas secas em 1 l de água, ferver 3
minutos e coar; meio copo em jejum e meio copo ao deitar;
Infusão de senebastardo, 20 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir
5 minutos; 1 chávena açucarada ao deitar;
Infusão de serpão, 10 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
3 chávenas por dia;
Decocção de trevocervino, 30 g de raizes fragmentadas para 1 l de água,
ferver 2 minutos, infundir 15 minutos; 1 chávena antes das refeições
principais;
Decocção de uvaespim, 40 g de casca para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia;
Maceração de zaragatoa, 15 g de sementes maceradas em meia chávena de
água; tomar antes do jantar.
V. também: Intestino.
Oftalmia. A inflamação dos olhos pode atingir todas as suas partes; tem
frequentemente início por urna blefarite ou uma conjuntivite.
USO EXTERNO
O Banho para os olhos 2 vezes por dia com uma
decocção tépida de eufrásia feita com 25 g de planta para 1 l de água,
ferver 10 minutos O 2 gotas de suco de cerefólio ou de salsa colocadas
2 vezes por dia em cada um dos olhos.
V. também: Blefarite, Conjuntivite, Olhos.
Olhos e visão. A atmosfera poluída das cidades, uma iluminação
insuficiente ou mal regulada, sessões de televisão demasiado longas ou
ainda o
facto de usar óculos e sobretudo lentes de contacto são outras tantas
causas de irritação dos olhos e das pálpebras e de fadiga visual. É, com
efeito, frágil o órgão prodigiosamente sensível que é o nosso olho.
Quanto à beleza de um olhar, resulta por vezes de pequenos pormenores: a
brancura e
humidade de uma conjuntiva, a clareza de uma
pálpebra. *Os olhos são o espelho da alma.+ As plantas ajudáloão a
preserválos e a conservar a transparência desse espelho.
USO EXTERNO
O Nos meios urbanos, nunca se deve utilizar a
á,lua da torneira para lavar os olhos e as pálpebras. Deve antes
utilizarse água de uma nascente, da chuva, destilada ou engarrafada não
mineralizada.
Para conservar a frescura dos olhos * Lavar os olhos 2 vezes por dia: O
Decocção de alteia, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decoeção de maiva, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver
15 minutos. * Preparar com antecedência as seguintes loções: O Infusão:
10 g de fidalguinhos, 10 g
de meliloto, 20 g de tanchagens, em 300 g de água fervente, infundir
10 minutos, filtrar e colocar num frasco rolhado.
Loções para olhos irritados e fatigados * Lavar os olhos e depois
conservar sobre cada um durante 15 minutos uma compressa impregnada: O
Infusão de engos, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos O Infusão de ervadesãoroberto, 20 g de sumidades floridas
para 1 l de água fervente, infundir 20 minutos O Decoeção de eufrásia,
20 g de planta para
1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de fidalguinhos, 40 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
framboeseiro, 20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de funcho, 10 g de sementes numa tigela de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de meliloto, 40 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
nãomeesqueças, 15 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de pimpinela, 50 g de planta fresca para 1
l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de rosasrubras, 20 g
de pétalas para 1 l de água, infundir 30 minutos O Infusão de
sabugueiro, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 15
minutos e filtrar.
Para extrair poeiras e corpos estranhos
O Pôr no ângulo interno do olho 1 semente: de aljôfar, de salva
esclareia; a poeira irá colarse à semente.
Para a beleza e brilho do olhar
O Pôr 1 gota de limão em cada olho O Lavar os olhos com o líquido
contido nas galhas do ulmeiro.
Para as pálpebras inflamadas
O Colocar sobre os olhos fechados folhas de saiãoeurto frescas e
ligeiramente esmagadas. * Lavar as pálpebras com: O Infusão de consolda
real, 10 g de flores em O,5 1 de infusão de 10 g de pétalas de rosas
rubras O Infusão de groselheiranegra, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de tília,
50 g de flores para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Infusão de violeta, 30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos.
Para os olhos pisados ou com olheiras * Conservar sobre os olhos durante
20 minutos compressas embebidas em: O infusão de aveleira, 20 g de
folhas ou de casca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de bissopo, 50 g de sumidades floridas e de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de macela, 20 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos.
O Aplicar sobre os olhos fechados rodelas finas e
ligeiramente contusas de batata crua.
Uso interno Para melhorar a visão diurna * Beber 2 chávenas por dia:
Decocção de
417
cenoura, 50 g de raízes secas e fragmentadas para
11 de água, ferver 15 minutos, infundir 30 minutos.
Para melhorar a visão crepuscular e sofrer menos com o encandeamento
O Decocçâo de arando, 50 g de bagas para 1 l de água em ebulição, ferver
5 minutos, infundir 10 minutos O Arandos frescos O Suco de arando,
200 g por dia.
Ouvido. Algumas plantas podem acalmar certas dores de ouvidos
(otalgias), sobretudo as que são devidas a uma afecção do canal auditivo
externo (furúnculo, abcesso); porém, as dores mais lancinantes são, na
maioria das vezes, provocadas por uma otite aguda do ouvido médio; é uma
afecção grave que só pode ser eficazmente tratada por um médico.
USO EXTERNO Para acalmar as dores * Colocar no canal auditivo externo
uma gaze embebida: de sumo de limão, de puré de alho cru, de puré
de cebola cozida O Manter sobre o ouvido dorido uma cataplasma de
sumidades floridas e de folhas: de nãomeesqueças, cozidas num pouco
de água, de verbena, picadas e cozidas num pouco de leite O Pôr no
canal auditivo externo 3 gotas de óleo de açucena obtido pela maceração
em azeite de 100 g de pétalas, conservado sem ser filtrado num frasco
bem rolhado ao abrigo da luz.
Para suprimir a sensação de ouvido tapado
O Pôr 20 gotas de azeite tépido no ouvido, aguardar 5 minutos e deitar
se sobre o lado do ouvido tapado para deixar sair o azeite.
Para expulsar um insecto introduzido no ouvido
O Por algumas gotas de azeite no ouvido e inclinar a cabeça, pois o
insecto desliza com o azeite.
Zumbidos nos ouvidos: v. Acufenos.
Pálpebra. V. Edema.
Palpitações. Se bem que só muito raramente sejam índice de uma
verdadeira doença cardíaca, as palpitações não deixam de ser bastante
penosas para quem delas sofre; a intensidade e, por vezes, a
irregularidade dos batimentos são frequentemente devidas à ansiedade. As
plantas mais úteis nesses casos são as sedativas.
Uso interno
Para acalmar a crise * Beber 1 chávena: O de sumidades floridas infundir
10 minutos O
fera, 40 g de planta seca para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão composta de
30 g de flores de cornichão e 10 g de flores de laranjeiradoce para 1 l
de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de hortelãpimenta, 40 g de folhas frescas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de líriodosvales,
15 g de flores ou de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos; beber lentamente em pequenos golos O Infusão de peónia, 40 g de
flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
pimpinelamagna, 30 g de planta inteira seca para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de pirliteiro, 20 g de flores para 1 l de
água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de tília, 20 g de flores
secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão composta de 1 g
de pó de raízes de valeriana e 3 g de lúcialima para 1 chávena de água
fervente; beber rapidamente, muito quente e doce.
USO EXTERNO
O Amachucar um molho de folhas frescas de pulmonária de modo a formar
uma espécie de almofada e colocála sobre a região do coração; remédio
dos meios rurais.
Paludismo. Doença infecciosa devida a um parasita inoculado pela picada
de um mosquito. A planta antipalúdica por excelência é a quina. De entre
as plantas espontâneas dos climas europeus, existem algumas que, embora
actuando sobre os violentos acessos de febre que caracterizam esta
doença particularmente grave, não exercem a menor acção sobre o seu
agente ou a sua evolução.
Uso interno
9 Infusão de marroio, 60 g em 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
tomar 1 chávena e 2 horas depois outra O Infusão de narcisotrombeta, 40
g de flores secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
preparar 100 g de infusão, quantidade para 1 dia para ser administrada
às colheres de sopa O Decocção de pervinca, 60 g de folhas secas para 1
l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos; tomar 2 chávenas entre
as refeições O Decocção de uvaespim, 20 g de casca para 1 l de água,
ferver 10 minutos; tomar
3 chávenas por dia.
O Tintura de girassol, macerar durante 10 dias 5 g de folhas secas em 50
g de álcool a 60’, coar em seguida e conservar num frasco de vidro
corado; 20 gotas para 1 copo de água. Repetir a
dose 3 horas depois se necessário O Vinho de
taráxaco, 40 g de uma mistura de folhas frescas e raízes para 1 l de
vinho, ferver 20 minutos, infundir 5 horas e coar; 2 copos por dia entre
as refeições.
Infusão de agripalma, 20 g para 1 l de água fervente, Infusão de
aspérulaodorí
Panarício. Inflamação aguda localizada ao nível
da unha. Há formas superficiais sobre as quais podem actuar certas
plantas e formas profundas que requerem tratamento cirúrgico.
418
USO EXTERNO * Os cuidados devem ser repetidos várias vezes por dia: O
Cataplasmas quentes: bolbo de açucena cozido, sumidades floridas de
alforvas cozidas num mínimo de água e colocadas numa gaze dobrada,
parte branca do alhopor ro cozida, esmagada e misturada com banha de
porco, bolbo de cebola cozido, rizoma de selodesalomão cozido e
esmagado em puré O Cataplasma fria de raizes de cincoemrama seco,
reduzidas a pó e misturadas com um ovo cru O Compressas embebidas numa
decocção de cavalinha, 50 g de planta seca para 1 l de água, ferver
5 minutos, deixar amornar e coar.
Parasitose intestinal. Presença nos intestinos de vermes parasitas ou
helmintas. Os mais frequentes na Europa de entre os vermes redondos são,
nomeadamente, os oxiúros e os áscaris, e de entre os vermes planos, ou
platelmintas, as diferentes ténias, sobretudo a do boi (Taenia
saginata).
Para combater todas as espécies de vermes: alho, artemísia,
beldroega, cebola, couve, dictamobranco, ervaformigueira,
estragão, funchomarítimo, hipericão,
laranjeiradoce, nogueira, pessegueiro,
polipódio, ruibarbo, tanaceto, tomilho.
Contra os úscaris: abrótano, abrótanofêmea, balsamita, hortelã
pimenta, linhobravo, losna, musgodacórsega, santónico, silva
macha, tremoço.
Contra os oxiúros: abrótano, abrótanofêmea, genciana,
limão, linhobravo, losna, mentas, musgodacórsega,
santónico, tremoço.
Contra a ténia: abóbora, cenoura, fetomacho, romãzeira.
Uso interno
* Doses para adultos, 3 dias por mês durante 3 meses, tomar de manhã em
jejum 1 chávena: O Infusão de abrótano, 50 g de planta para 1 l de água,
infundir 10 minutos O Infusão composta de artemísia, 25 g de planta, e
de abrótano, 25 g de sementes, infundir 10 minutos O Infusão de
balsamita, 50 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de losna, 5 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos. * Doses para adultos: O 2 g de pó de sementes de
abrótanofêmea em 1 colher de mel O Meio copo de suco de couve crua O 1
colher de caroços secos de limão ou de laranja doce esmagados em mel O 3
g de pó de musgodacórsega numa
infusão leve de hortelãpimenta; de manhã, em jejum; nunca ultrapassar 1
g para as crianças com menos de 5 anos O 2 g de pó de rizoma de ruibarbo
em 1 colher de mel. * Tratamento de 21 dias, doses para adultos: O
Macerar durante 12 horas 3 dentes de alho fresco e ralados em 1 chávena
de leite; todas as manhãs em jejum O 60 g de sumo de cenoura cozida;
dose para 1 dia, ingerindo metade em jejum O Infusão de dictamobranco,
20 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 2
chávenas por dia O Infusão de estragão, 25 g em 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; de manhã e à noite O Decocção de genciana, 20 g de
raizes para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 horas O Infusão
de tomilho, 1 ramo para 1 chávena de água fervente, infundir 10 minutos.
* Para tomar de manhã em jejum, doses para adultos: O 50 g de sementes
de abóbora secas e
esmagadas em 2 colheres de sopa de mel, numa
infusão aromatizada com casca de laranja; 2 horas depois, tomar um
purgante de óleo de rícino (30 g) O Decocção de arnieironegro, 5 g de
casca seca reduzida a pó fervida num pouco de água durante 10 minutos,
macerar 5 horas e coar; nunca dar às crianças O Maceração de cebola, 1
cebola picada em 250 g de água fervente; deixar repousar 12 horas,
depois esmagar a cebola, misturar e coar O 15 g de rizoma seco de feto
macho reduzido a pó num copo de água; 4 horas depois, tomar um purgante
O Decocção de hipericão, 3 g de sumidades floridas, ferver 2 minutos
numa chávena de água O Decoeção de polipódio, 20 g de rizoma numa
chávena de água, ferver 2 minutos e macerar durante 1 noite O 60 g de
casca de raizes de romãzeira maceradas durante 24 horas em O,5 1 de
água, ferver 15 minutos para reduzir a metade, deixar arrefecer e coar;
beber o líquido muito frio em 3 doses, com 30 minutos de intervalo; em
seguida, 3 horas depois, tomar um purgante (óleo de rícino) O Decoeção
de santónico,
4 g de sumidades floridas para 1 chávena de água, ferver 2 minutos,
infundir 5 minutos; 1 9 para crianças a partir de 5 anos.
Tomar até à desaparição dos vermes
* 3 chávenas por dia: O Infusão de beldroega,
20 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
pericarpo de noz, 20 g em 1 l de água, ferver 10 minutos e coar.
Para a protecção contra os parasitas intestinais
O Infusão de ervaformigueira, 5 g de folhas secas para 1 chávena, como
se fosse um chá O Infusão de tomilho, 1 ramo para 1 chávena; ao pequeno
almoço.
USO EXTERNO * Colocar sobre o ventre: O Cataplasma de funchomarítimo
fresco esmagado O Cataplasma de losna, 50 g de planta cozida num pouco
de água
O Cataplasma de flores e de folhas frescas contusas de pessegueiro O
Compressas quentes embebidas numa decocçâo de tanaceto, 50 g de
sumidades floridas para 1 l de água salgada, ferver e infundir 10
minutos.
O Clister: com 50 g de óleo de linhobravo em 300 g de água tépida,
com uma infusão de sementes de tremoço, 30 g em 1 l de água fervente,
seguidamente maceradas durante 24 horas.
Parto. Conjunto de fenômenos fisiológicos que se produzem no fim da
gravidez e que terminam na expulsão de um ou mais recémnascidos. A
419
palavra *parto+ é hoje in di scri minada mente usada para todas as
fêmeas.
Uso interno Antes do parto
O Infusão de salva, 30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 1 chávena depois das refeições principais durante os 2
últimos meses.
Durante o parto, para acalmar as dores e as contracções * Tomar de 4 em
4 horas: O Infusão de madressilva, 10 g de folhas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de ruivadostintureiros, 30 g
de raízes secas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos.
Parafacilitar a expulsão das secundinas
O Infusão de pédeleão, 30 g de folhas secas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia.
Parafacilitar o regresso da menstruação
O Infusão de artemísia, 20 g de sumidades floridas secas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia, das quais 1 em
jejum, durante 1 mês após o parto.
Pé. As meias e os sapatos de matéria sintética, a
forma antifisiológica da maioria dos sapatos, propiciam as afecções dos
pés: deformação dos dedos, unhas encravadas, micoses (afecções devidas a
fungos que proliferam num meio húmido), abatimento da arcada plantar,
perturbações circulatórias. Algumas plantas podem atenuar o
desconforto devido a estas afecções.
USO EXTERNO Pés fatigados e inchados
O Banho de artemísia, ferver 100 g de planta em
3 1 de água durante 15 minutos, deitar numa bacia, deixar amornar e não
coar; mergulhar os pés na água durante 5 minutos, calcando as plantas O
Compressas de fetomacho, decocção de rizorna fresco cortado em pedaços,
ferver 15 minutos em
1 l de vinagre e coar; embeber as compressas na decocção fria O Banho de
hortelãpimenta, infusão de 100 g de planta fresca numa bacia de água
quente, não coar; mergulhar os pés.
Pés frios
O Polvilhar o interior das meias com farinha de mostarda O Fazer um
pedilúvio sinapizado, 100 g de farinha de mostarda num saco de pano
mergulhado numa bacia de água quente.
Pés húmidos e com mau cheiro
O Polvilhar o interior dos sapatos com pó: de cavalinha, de salva O
Pincelar diariamente as plantas e os dedos dos pés antes de se calçar
com tintura de cavalinha: macerar durante 3 semanas
100 g de planta em 100 g de álcool a 950, conservar num frasco bem
rolhado O Banho: de abetobranco, de pinheiro, 1 kg de agulhas em
2 1 de água, ferver 15 minutos; banho de 15 minutos O Banho de
tussilagem, 100 g de folhas secas para 1 l de água, ferver 10 minutos e
coar.
Pés doridos
O Banho de salguei robranco, 60 g de casca para
1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos, adicionar 2 1 de
água muito quente; conservar os pés no banho durante 10 minutos.
V. também: Banho, Calo, Frieira.
Pele. Pele jovem ou envelhecida, pele oleosa, seca, doente ... Eis,
esquematicamente e sem
qualquer influência de fórmulas publicitárias, os
diferentes estados da fronteira viva do corpo humano. Quando jovem, é
flexível, elástica e
sedosa; quando velha, engelhase e endurece; quando oleosa, brilha e
infectase com facilidade; quando seca, enrugase, tornase vermelha,
gretase; quando doente, apresenta a mais variada gama de erupções,
escoriações, descamações, excrescências e colorações. Jovem ou velha,
pode ter tendência para ser oleosa ou seca; estas duas tendências
coexistem muitas vezes no mesmo rosto. A natureza da pele é hereditária.
Desde o nascimento, quando o corpo do recémnascido se liberta do
produto viscoso e protector que o cobre, devem ter início os cuidados
exteriores. A partir desse momento, e diariamente, será necessário
eliminar as poeiras, os germes, as células mortas, o suor e o sebo.
Depende de cada pessoa saber ou não limpar sem agressividade este
invólucro sensível e delicado, evitando eliminar a gordura em excesso à
custa de detergentes ou alterar a sua natureza impregnandoo de gordura
sob o pretexto de o alimentar. Um dos agentes de envelhecimento precoce
é o sol, o pesado tributo pago pelo bronzeado, tão na moda. Ninguém deve
iludirse, pois uma pele envelhecida jamais voltará a ser jovem, porque
o seu metabolismo contabiliza os anos: a cirurgia pode alisar
momentaneamente as rugas e suprimir as peles descaídas, porém estas
voltarão a surgir. A maquilhagem pode dissimular os defeitos, mas impede
à pele
as suas funções de eliminação e de respiração.
As plantas são aliadas da pele. Apresentamse seguidamente algumas
preparações úteis, entre as quais será possível fazer uma escolha
pessoal adaptada à natureza de cada pele e ao tempo de que se dispõe; as
loções indicadas para o rosto são também próprias para o corpo e as
mãos; os banhos, quer os vulgares, quer os de vapor seco ou húmido, são
indispensáveis à higiene do corpo.
Uso interno Em caso de modificação rápida da pele, de tez lívida, de
esbatimento dasfeições * Beber durante 3 semanas 3 chávenas por dia: *
Infusão de almeirão, 20 g de raízes secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de alteia, 25 g de
raízes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
amor perfeito bravo, 15 g de flores e de folhas secas para 1 l de
água, ferver 5 minutos O Decocção de azedas ou de aleluias, 40 g de
raízes para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5
420
minutos O Decocção de bardanamaior, 60 g de raizes frescas e cortadas
para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de cenoura cultivada,
30 g de raizes secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de
cersefibastardo, 50 g de raizes para 1 l de água, ferver 20 minutos O
Decocção de labaçol, 20 g de raizes para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 5 minutos O Decocção de salsaparrilhabastarda, 50 g de raízes
para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de taráxaco, 30 g de
folhas e de raizes frescas para 1 l de água, ferver 20 minutos, deixar
repousar 3 horas O Infusão de urtigão, 50 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos.
* Beber todas as manhãs durante 10 dias: O Suco de alhoporro; 1 copo O
Xarope de cardopenteador, misturar 100 g de suco fresco de raizes com 1
kg de xarope comum, ferver 20 minutos e
colocar em frascos; 2 colheres de sopa por dia O Xarope de morso
diabólico, colocar 70 g de flores e de folhas em 1 l de água fervente,
infundir
5 horas, coar e adicionar 1,750 kg de xarope comum, ferver e colocar em
frascos.
USO EXTERNO
OS CUIDADOS DO ROSTO
AS LOÇOES Para todas as peles * Para limpar: O Suco fresco de agrião O
Mistura em partes iguais de suco fresco de cenoura cultivada e de sumo
fresco de pepino O Decocção de escorcioneira, 50 g de raizes cortadas
para
1 l de água, ferver 30 minutos O Infusão de héspere, 50 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Suco fresco de mastruço
O Decocção de ulmeiro, 20 g de casca para 1 l de água, ferver 10
minutos. * Para tirar a maquilhagem: O Leite de amêndoas doces, pisar 50
g de amêndoas doces num
pouco de água de rosas, completar depois com
200 g de água de rosas misturando bem, juntar
1 g de benjoim O Maceração de consoldamaior, por 150 g de raizes em 1 l
de água durante 1 noite O Decocção de laminárias, 100 g de planta para 1
l de água, macerar durante 2 horas e depois ferver 15 minutos O Infusão
de maravilhas,
50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
15 minutos O Leite de pepino, decocçáo de 400 g de pepino cortado com
casca em 1 l de água, ferver 15 minutos, reduzir a polpa ou agitar com o
batedor eléctrico, adicionar 30 g de óleo de amêndoas doces O Água de
rosaspálidas, infusão de 150 g de pétalas secas em 1 l de água
fervente, infundir 45 minutos e coar. * Para amaciar: O Loção de
cerefólio, infundir durante 10 minutos 50 g de planta em 1 l de água
fervente O Loção de golfão, 25 g de flores para
100 g de água, ferver 20 minutos, coar, adicionar
20 g de álcool canforado O Loção de hissopo, infundir durante 10 minutos
50 g de sumidades floridas em 1 l de água fervente O Loção de
sabugueiro, infundir durante 10 minutos 100 g de flores em 1 l de água
fervente O Loção de tremoço, ferver durante 10 minutos 30 g de sementes
em 1 l de água, coar e adicionar 30 g de vinagre. * Para tonificar: O
Loção de laranjeira doce,
infusão de 30 g de flores e de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Loção de lúpulo, 15 g de inflorescências em
infusão durante 10 minutos em 1 l de água fervente O Suco fresco de maçã
O Loção de macela, infundir durante 10 minutos 50 g de flores em 1 l de
água fervente O Loção de taráxaco, decocção de raízes, em doses de 60 g
para 1 l, ferver 30 minutos, infundir 2 horas O Loção de tília, ferver
durante
5 minutos 60 g de flores em 1 l de água O Loção de urtigão, infusão de
folhas, 50 g para 1 l de água, infundir 10 minutos. * Para
descongestionar: O Fumigação de folhas de aveleira, colocar no fundo de
1 passador várias camadas de folhas frescas e colocar o passador sobre
uma caçarola com água fervente que se
deve manter muito quente; expor o rosto aos
vapores O Suco fresco de morugemvulgar, puro ou diluído em soro de
leite O Suco de pepino fresco misturado com 1 clara de ovo batida. *
Para desinfectar: O Loção de aliaria fresca, ferver durante 10 minutos
100 g de planta em 1 l
de água.
Para as peles com tendência oleosa
O Loção de alecrim, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos 40 Água de cozedura de couve ou de alho
porro O Loção de framboeseiro, ferver durante 10 minutos 20 g de folhas
em 1 l de água ebuliente O Infusão de hortelãpimenta, 50 g de sumidades
floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Loção de hortelãs, infundir durante 10 minutos 50 g de uma dessas
plantas em 1 l de água fervente O Sumo de limão puro O Infusão de
milfólio, 50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de pepino, 1 planta de
200 g com casca, cortada às rodelas, para 1 l de água, ferver 15 minutos
e coar espremendo O Loção de salgueirobranco, ferver durante 10 minutos
50 g de casca em 1 l de água O Infusão de tussilagem, 50 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
Para as peles com tendência seca
O Decocção de alteia, 50 g de planta inteira para
1 l de água, ferver 20 minutos O óleo de amêndoas doces e azeite O
Suco de melão, 200 g misturados com 200 g de água da chuva e 200 g de
leite fresco; agitar bem antes de usar O Decocção de tília, 60 g de
flores para 1 l de água, ferver 10 minutos.
Para peles com acne
O Decocção de amorperfeitobravo, 50 g de flores e de folhas para 1 l
de água, ferver 10 minutos e coar.
Para as peles acinzentadas e sem brilho
O Decocção de taráxaco, 50 g de raizes para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 15 minutos.
As MÁSCARAS DE BELEZA Máscaras que dão brilho * Para conservar durante
20 minutos: O Fazer uma pasta misturando sumo de limão e gema de
421
ovo O Fazer uma pasta misturando mel e sumo
de limão O Cozer 1 maçã em leite, esmagála e
aplicála tépida, espalhandoa por toda a superfície do rosto.
Máscaras rejuvenescedoras
O Cortar 1 limão em rodelas finas; aplicar sobre o rosto e proteger os
olhos por meio de compressas de algodão embebido numa infusão de
fidalguinhos O Aplicar uma camada de folhas frescas contusas de erva
sofia; conservar pelo menos
durante 2 horas.
Máscaras adstringentes
O Aplicar'uma camada de folhas frescas esmagadas de nespereira O
Aplicar: cenoura cultivada fresca, pepino, tomate fresco cortado
em rodelas, a polpa ou o sumo O Máscara de mel O Máscara de suco de
alfacebrava ou cultivada.
Máscaras contra a vermelhidão
O Aplicar folhas frescas amachucadas de petasite O Cozer sem água, no
forno ou sob cinzas, um rizoma de selodesalornão, retirar em seguida a
parte interior com 1 colher e esmagar; aplicar uma camada de espessura
uniforme.
Máscaras calmantes e antirugas
O Picar folhas frescas de acelga com um pouco de óleo de amêndoas doces
O Esmagar num pouco de água 25 ou 30 g de sementes de marmelo e
espalhálas sobre o rosto O Máscara de farinha:
de aveia, de linho de milho, fazer uma papa e aplicála tépida.
Máscara antiinchaço
O Aplicar sobre a pele do rosto uma camada de rodelas finas de batata
crua ou de polpa de batata ralada.
Máscaras repousantes e revitalizantes
O Máscara de polpa de cenoura e de natas frescas O Máscara de frutos,
preparada com mel ou natas: de alperce, de laranja, de morango O
Máscara de nozes trituradas em leite.
Máscara milagrosa para peles gordurosas
O Picar folhas de couve cruas e misturálas com azeite.
CUIDADOS DAS MÃOS
Para lavar mãos muito gordurosas
O Decocção de losna, 50 g de surnidades floridas para 1 l de água,
ferver 10 minutos.,
Para proteger as mãos
O Fazer um creme misturando sumo de limão com enxúndia O Esfregar as
mãos: com sumo
de limão puro, com rodelas de tomate fresco
O Lavar as mãos em água salgada quente à razão de 80 g de sal para 1 l
de água e untálas depois com óleo de amêndoas doces.
Para mãos muito estragadas
O Luvas de aveia, envolver cuidadosamente as
mãos numa papa de aveia morna.
Para mãos inchadas
O Envolver as mãos com urna massa aquosa de farinha de milho e farelos;
15 minutos depois, passálas durante 10 minutos alternadamente por á gua
quente e fria, terminando por água fria.
Para tornar as mãos delicadas e macias
O Loção de camomila, decocção de 50 g de flores em 1 l de leite.
Para os dedos manchados de nicotina Limpar com sumo não diluído de
limão.
CUIDADOS DO CORPO * Antes do banho: O 45 minutos antes, aplicar sobre
todo o corpo óleo de amêndoas doces. * Depois do banho: O Esfregar
energicamente o
corpo com uma loção tónica de bétula (vidoeiro), decoeção de 150 g de
folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Polvilhar as axilas, as
dobras e as zonas de fricção com pódearroz constituído por amido de
arroz perfumado.
O Vinagre rosado: macerar durante 12 dias ao
sol, agitando diariamente, 100 g de pétalas de rosasrubras secas em 1 l
de vinagre e filtrar; adicionar à água do banho em doses de 100 g
para
2 1 de água.
As 3 bases de um cold cream são, em proporções variáveis, cera
branca, óleo de amêndoas doces e espermacete. Esta mistura, à qual se
adicionam diversos sucos vegetais, constitui uma
massa suave que embeleza, com a qual convém massajar não só o rosto e o
pescoço mas também todo o corpo. Os laboratórios possuem uma ou
várias receitas de cold cream. A que se segue não apresenta qualquer
dificuldade de realização: O Fundir em banhomaria 300 g de óleo de
amêndoas doces, 50 g de espermacete e 40 g de cera
branca, agitando constantemente com uma espátula, pôr num recipiente de
faiança e deixar arrefecer, incorporando 150 g de suco de pepino. Quando
a preparação está tépida, agitase com 1 batedor ou o misturador
eléctrico; tornase espumosa e leve. Todos os cold creams devem ser
conservados em local fresco.
V. também: Aene, Aene rosácea, Banho, Calo, Calosidade, Celulite,
Dartro, Eritema, Estrias cutâneas, Frieira, Greta, Mancha cutânea,
Obesidade, Pé, Pontos negros, Ruga, Sarda, Tez, Verruga.
Perdas brancas. V. Leucorreia.
Perna. V. Edema, Varizes.
Pesadelo. V. Sono.
Picadas de animais
USO EXTERNO Se o animal deixou o ferrão * Retirálo primeiro e esfregar
seguidamente a picada com: O 1 rodela de limão O Folhas fres422
cas esmagadas: de alhoporro, de bardanamaior, de couve, de
groselheira negra, de imperatória, de losna, de malva, de
maravilhas, de melissa, de oliveira, de rábanorústico, de
saiãocurto, de salsa, de salva, de s aturejadas montanhas,
de tanchagens, de tasneirinha, de tomate, de tomilho.
Para as picadas de mosquito: alhoporro, salsa.
Para as picadas de aranha: acanto, alhoporro, bolbo de alho,
ceboleta, cebolinha.
Para as picadas de abelha e de vespa: O Esfregar com bolbos: de
alho, de cebola, de
cebolinha O Folhas contusas: de azedas, de basílico, de sabugueiro,
de urtigão.
Pirose. V. Digestão.
Pontos negros. Saliência cutânea, esbranquiçada, com um ponto negro no
vértice, que surge geralmente na face devido à acumulação de gordura no
canal das glândulas sebáceas.
USO EXTERNO * Loções de lavagem: O Sumo de limão fresco e
puro O Decocção de ervilheira, 30 g de raízes para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 10 minutos O Água de rosas, 500 g de pétalas frescas,
destilar pelo vapor até à obtenção de O,5 1 de líquido O Infusão de
sabugueiro, 100 g de flores frescas para 1 l de água fervente, tapar e
infundir 10 minutos mexendo sempre. * Máscara anticomedêmica: O
Pulverizar ervilhas secas, diluir o pó num pouco de água e aplicar esta
pasta no rosto.
Prurido. Comichão. Tem várias origens: nervosa, parasitária, infecciosa,
metabólica, e diversas localizações. Antes do tratamento médico, as
plantas podem atenuar o incómodo.
USO EXTERNO * Aplicar sobre a pele: O óleo de amêndoas doces O Polpa
crua de cenoura cultivada O Suco de cerefólio cru O Folhas de cinoglossa
contusas
O Suco de pepino fresco. * Lavar várias vezes por dia as zonas atingidas
com uma das seguintes preparações, sem passar depois por água limpa: O
Decocção de aristolóquia, 100 g de planta inteira fresca para 1 l de
água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de bardanamaior,
100 g de raízes frescas para 1 l de água, ferver 15 minutos, infundir 10
minutos O Decocção de cenoura, 40 g de raízes para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decocção de morsodiabólico, 40 g de planta inteira para 1
l de água, ferver 10 minutos O Decocção de verbasco, 60 g de folhas e de
flores para 1 l de água, ferver 10 minutos.
Especialmente activas para o prurido vulvar:
O Infusão de macela, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos, coar e adicionar 2 colheres de café de vinagre O Decocção de
pé deleão, 40 g de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos.
Psoríase. Afecção cutânea rebelde caracterizada por prurido e manchas
vermelhas cobertas de escamas secas, nacaradas, situadas nos cotovelos e
joelhos.
USO EXTERNO
O Aplicar sobre as regiões atingidas folhas frescas e contusas de
tomateiro. * Aplicar uma compressa embebida em: O Maceração de consolda
maior, 200 g de raízes lançadas em 1 l de água fervente, macerar durante
12 horas O Infusão de murta, 30 g de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de saboeira, 80 g
de raízes para 1 l de água, ferver 3 minutos e coar imediatamente O
Decocção de urtigão, 80 g de caule e de folhas secas para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir
15 minutos.
Uso interno, * Durante 3 semanas, pelo menos, tomar 3 chávenas por dia:
O Infusão de amorperfeitobravo,
40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de bodelha, 15 g para 1 l de água, ferver 5
minutos, infundir 5 minutos O Decocção de salgueirobranco, 40 g de
casca
seca para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
10 minutos.
Pulmão e respiração. Algumas plantas actuam favoravelmente sobre as
dificuldades respiratórias, independentemente da sua causa.
Efectivamente, uma dispneia pode ser a consequéricia de uma infecção,
uma congestão, um edema, uma esclerose do tecido pulmonar, que devem ser
muito seriamente tratados. Activas nos casos de asma e enfiserna,
bronquite e mesmo tosse, as preparações que se seguem podem de certo
modo aliviar as dificuldades respiratórias originadas pela maioria das
afecções pulmonares.
Uso interno * Beber 2 chávenas diárias: O Infusão de alfazema, 50 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decoeção de
alho, cozer durante 15 minutos meio dente de alho partido em pequenos
pedaços em O,25 1 de leite, coar e pôr açúcar O Infusão de argentina, 30
g de folhas e de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de cebola, cozer 1 cebola cortada em rodelas em O,25 1 de
leite, coar e adicionar açúcar O Infusão de ervaformigueira, 20 g de
planta e 10 g de hortelãpimenta para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de espargos, 40 g de raízes para 1 l de água, ferver
10 minutos O Decoeção de faia, 20 g de casca seca para 1 l de água,
ferver 20 minutos * Infusão de hipericão, 20 g de sumidades floridas
423
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos 9 Decocção de líquen da
i slândia, ferver durante 3 minutos 20 g de planta em 1 l de água, tirar
desta e lavar a planta com água corrente, ferver durante 30 minutos em 1
l de água, coar e pôr muito açúcar O Decocção de marroio, 20 g de
sumidades floridas secas para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10
minutos O Infusão de melissa,
50 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de pinheirosilvestre, 30 g de gemas para 1 l de água
fervente, infundir até que o líquido esteja frio e seguidamente coar O
Decocção de polígalaamarga, 60 g de raízes fragmentadas para 1 l de
água, ferver 3 minutos, infundir 15 minutos e depois coar O Infusão de
rorela, 15 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de verbasco, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
20 minutos.
USO EXTERNO
O Cataplasma de farinha de mostardanegra para aplicar no peito e nas
costas O Esfregar o tórax com uma pequena quantidade de loção obtida
pela maceração, durante 48 horas, de 10 g de pimentão em 60 g de álcool
a 330 e filtrar.
Queimadura. Lesão dos tecidos provocada pelo calor. Pode ser superficial
ou profunda, dependendo essencialmente a sua gravidade da sua extensão.
As queimaduras infectamse facilmente. Todas as plantas utilizadas no
estado fresco devem ser prévia e cuidadosamente lavadas, só devendo ser
aplicadas as plantas cuja origem se conhece.
USO EXTERNO
Aplicar sobre a queimadura: O Cataplasmas: de polpa fresca de abóbora,
de folhas frescas de acanto esmagadas, de batata crua, de
cebola crua às rodelas, de polpa de cenoura
crua brava ou cultivada, de folhas de cinoglossa cozidas num pouco de
água, de rizoma
cru de consoldamaior, de folhas de couve
cruas e esmagadas, de folhas de ervaarmoles cozidas em azeite, de
folhas de ervadoscalos maceradas em óleo, de folhas de espinafre
cozidas em azeite e esmagadas, de feijão cozido e esmagado, de
folhas de hera frescas, de flores de maravilhas frescas e picadas
de polpa de melão fresca e esmagada,
de folhas de pimpinela frescas e esmagadas,
de folhas de saiãocurto frescas e esmagadas,
de folhas de sanguissorbaoficinal frescas e esmagadas.
O Compressas impregnadas: de óleo de amêndoas doces, de óleo de
dormideira onde se maceraram folhas frescas esmagadas de sabugueiro,
de óleo de hipericão, deixar macerar
500 g de planta fresca em 1 l de azeite, de decocção de sementes de
marmelo, 10 g em água fria (1 copo), ferver 10 minutos para reduzir e
misturar a decocção com enxúndia ou banha,
de infusão de folhas e flores de roseiradecão, 50 g para 1 l de água
fervente, infundir
10 minutos, de infusão de verbasco, 30 g de flores para 1 l de água
fervente, de infusão de verónica, 10 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos, de decocção de zaragatoa, deixar ferver
15 minutos, 100 g de sementes em 1 l de água.
Queimadura solar. Afecção cutânea provocada por uma exposição prolongada
ao sol.
USO EXTERNO
O Passar suavemente sobre a zona dorida rodelas de batata crua O Cobrir
a zona do corpo atingida com folhas de hera frescas e lavadas O óleo de
camomila, 25 g de flores secas em 250 g de azeite, aquecer lentamente em
banhomaria durante 2
horas, coar, espremendo os capítulos da camomiIa, e conservar em vários
frascos pequenos e rolhados O óleo de hipericão, macerar em O,3 1 de
vinho branco e O,6 1 de azeite 300 g de sumidades floridas secas durante
4 dias, mexendo de vez em quando, depois aquecer em banhomaria, deixar
ferver muito lentamente e evaporar durante 3 horas, coar espremendo e
conservar em vários frascos pequenos bem rolhados O Vinagre de rosas
rubras, colocar num recipiente de vidro resistente ao calor 100 g de
pétalas frescas, deitarlhes por cima 1 l de vinagre fervente, rolhar o
frasco, conserválo ao sol durante 2 semanas e filtrar.
V. também: Queimadura.
Raquitismo. Enfermidade da infância associada a uma carência orgânica em
vitamina D devida a uma insuficiente exposição ao sol: este facto
determina que, qualquer que seja a sua classe social, as crianças das
cidades sejam mais frequentemente atingidas que as crianças dos meios
rurais. A doença manifestase por deformações do esqueleto, sendo o
estado geral também atingido com frequência. O remédio natural mais
indicado é a exposição ao sol; as plantas são apenas auxiliares.
Uso interno
O Acrescentar à alimentação: espinafres, rábanorústico, salsa,
trigo germinado, uvas.
* Beber diariamente 2 chávenas muito açucaradas: O Infusão de chagas, 10
g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O ]rnfusão de
nogueira, 40 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
USO EXTERNO
O Deitar a criança num leito de fetoreal fres
424
co; se este estiver seco, deverá ser misturado com flores secas de
matricária e palha. * Dar 2 vezes por semana: O Banho de algas
(laminárias ou algaperiada), decocção de plantas completamente secas,
150 g num pequeno saco para cada banho O Banho de cála mo aromático,
decocção de rizoma, 20 g para 1 l de água, ferver
10 minutos e coar; deitar no banho O Banho de nogueira, decocção de 100
g de folhas em 2 1 de água, ferver 15 minutos, coar e deitar no banho.
Respiração. V. Pulmão.
Retenção de urina. V. Diurese.
Reumatismo. Existem mais de 100 formas de reumatismo, agudas ou
crónicas, inflamatórias ou degenerativas, que podem afectar e deformar
as mais pequenas articulações do esqueleto humano; têm em comum o facto
de originarem uma
dor, por vezes insuportável, que impede o sono e
muitas vezes qualquer movimento.
Uso interno * A alimentação: O Comer: polpa de abóbora cozida, alho
cru ou cozido, sumo de limão fresco no tempero das saladas O
Tratamento de 3 semanas: suco de aipo, 50 g por dia, sumo
de vagem de feijão verde, 50 g por dia, sumo
de pêra, 200 g por dia, sumo de tomate, 300 g por dia.
O Tratamento de 8 dias de sumos: de cereja, 100 g por dia, de
groselhavermelha, 150 g por dia.
Crises dolorosas * Tomar 1 copo pequeno depois das refeições: * Vinho de
tanaceto, 60 g de surnidades floridas maceradas durante 8 dias em 1 l de
vinho doce natural. * Beber infusões feitas em 1 l de água fervente
durante 10 minutos, 3 chávenas por dia durante 3 semanas: alquequenje,
50 g de bagas, amorperfeitobravo, 10 g de planta seca sem raiz,
bétula (vidoeiro), 30 g de folhas, borragem, 30 g de folhas, choupo
negro, 20 g de gemas, gramafrancesa, 30 g de raízes, dar uma fervura,
tirar da água, repor em 1 1 de água,
groselheiranegra, 50 g de folhas, maçã,
50 g de cascas secas e reduzidas a pó, primavera, 25 g de flores,
tília, 20 g de flores, ulmeira, 50 g de flores. * Beber as decocções
feitas em 1 l de água ebuliente, ferver 10 minutos, infundir 5
minutos (salvo indicação especial), 2 chávenas por dia durante 10 dias:
arandodebagavermelha,
30 g de planta inteira, arenária, 80 g de planta inteira,
aristolóquia, 8 g de raizes, azevinho, 30 g de folhas, cersefi
bastardo, 50 g de raiizes, ferver 20 minutos, fidalguinhos,
20 g de planta inteira sem a raiz, freixo, 30 g de folhas, língua
cervina, 20 g de folhas, milho, 30 g de estigmas, saboeira, 15 g de
planta inteira, não deixar infundir, salgueirobranco, 20 g de casca,
salsa, 40 g de raizes,
taráxaco, 40 g de raizes tuiavulgar, 10 g de folhas, ferver 1
minuto, ulmeiro, 70 g de casca, urtigão, 40 g de folhas.
O Decocção de giesteiradasvassouras, 20 g de flores em 1 l de água,
ferver 10 minutos, infundir
5 minutos; nunca mais de 1 chávena por dia às colheres de sopa.
USO EXTERNO * Aplicar sobre a articulação dorida: O Cataplasma muito
espessa de: folhas de bardanamaior cozidas em água, rodelas de
cebola crua, folhas de couve cruas, malmequer dosbrejos seco
aquecido, serpáo recentemente colhido aquecido numa frigideira,
tomilho, verbena fresca cozida em vinagre O Cataplasma revulsiva dd:
farinha de mostardanegra, pimentad'água fresca contusa, polpa
fresca de rábanorústico O Conservar o membro atingido numa almofada de
folhas frescas de bétula (vidoeiro). * Mergulhar a articulação dorida
em: O Banho composto de 30 g de alecrim e 20 g de sabugueiro, fervidos
com 1 punhado de sal grosso O Banho de urze, 150 g de planta para 1 l
de água
O Tomar um grande banho: de alfazema, giesteiradasvassouras, grarna
francesa e urze misturadas, 30 g de cada planta, infundir durante várias
horas, misturar no banho, de rizorna de fetomacho, de agulhas e de
gemas de pinheiro. * Aplicar compressas: O Decocção de hera, 60 g de
folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de selo de
salomão, 60 g de rizoma, ferver 5 minutos em 1 l de água. * Esfregar a
articulação dorida com uma preparação feita com antecedência: O óleo de
alfazema, macerar durante 3 dias ao sol 40 g de flores em 1 l de azeite
e coar depois O óleo de loureiro, macerar durante 24 horas 50 g de
folhas secas
em 50 g de álcool a 700 num recipiente fechado, adicionar O,5 1 de
azeite e aquecer em banhomaria, sem ferver, durante 5 a 6 horas,
filtrar e engarrafar O Pomada de milfólio, misturar 15 g de suco fresco
com 15 g de banha O óleo de urze, macerar durante 8 dias 100 g de
sumidades floridas picadas em O,5 1 de azeite, mexendo todos os
dias, e em seguida filtrar O óleo: de alfenheiro, de lilás, 300 g de
flores e de folhas misturadas, maceradas em azeite ao sol durante 1 mês
O Loção alcoolizada obtida por maceração em
100 g de álcool a 600: de pimentão, 20 g de pi mentão vermelho picado
durante 48 horas, de zimbro, 10 g de bagas esmagadas durante 10 dias O
Preparar uma mistura de alho contuso e azeite O Dormir sobre um colchão:
de 1
macho seco, de fetoreal fresco, de folhas
de sabugueiro.
V. também: Artrite.
Rim. Existem várias plantas de grande utilidade em caso de insuficiência
renal com tendência à formação de cálculos e aparecimento de cólicas
provocadas pela passagem desses cálculos ou de
areias para a uretra. É aconselhável utilizar essas plantas ao longo do
ano em tratamentos com a duração de 3 semanas.
425
Uso interno
O Vinho de alhoporro, macerar durante 1 noite
4 g de sementes em 1 l de vinho branco e coar; 2 copos pequenos por dia
O Pó de granza, 1 g de raízes 2 vezes por dia misturadas com mel,
durante 10 dias O Vinho de sabugueiro, macerar
durante 48 horas 10 g de casca em 1 l de bom vinho branco e coar; 2
copos pequenos por dia. * Tomar 3 chávenas diárias: O Decocção de
acelga, 30 g para 1 l de água, ferver 15 minutos e
coar O Infusão de bonina, 40 g de flores e de folhas misturadas para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cerefólio, 40 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de pés
de cereja, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de engos, 30 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Infusão de framboeseiro, 30 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de giesteiradasvassouras, 30 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; apenas 8 dias por mês O
Decocção de gramafrancesa e de morangueiro, 15 g de cada rizoma para 1
l de água, ferver 10 minutos O Infusão de groselheiranegra, 30 g de
folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de medronheiro, 20 g
de bagas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
milho, 30 g de estigmas para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de uvaursina, 30 g de folhas
para 1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão de verónica, 40
g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
USO EXTERNO
Crise de cólica nefrítica
O Tentar acalmála mediante aplicação sobre o
baixo ventre de uma cataplasma de folhas de couve cozidas.
V. também: Litíase.
Rouquidão. Alteração da voz que pode chegar até à extinção. Toda a
rouquidão prolongada deve alertar o paciente para a necessidade de um
exame médico.
USO EXTERNO * Gargarejar 3 vezes por dia com uma preparação adoçada com
mel e cuidadosamente filtrada:
O Decocção concentrada de agrimónia, 100 g de folhas secas para 1 l de
água, ferver 4 minutos O Decocção de ervadesãoroberto, 40 g de
caules, folhas e flores frescas para 1 l de água, ferver 10 minutos O
Infusão concentrada de hissopo, 80 g de planta florida para 1 l de água
fervente, infundir 5 minutos O Decocção de pimpinela, 40 g de raízes
frescas ou secas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de
pinheirosilvestre, 40 g de gemas esmagadas para 1 l de água, ferver 3
minutos; não pôr açúcar O Decoeção concentrada de silva, 100 g de folhas
para 1 l de água, ferver
15 minutos O Decocção de verbasco, 30 g de flores secas para 1 l de
água, ferver 10 minutos e
coar morno.
Uso interno
O Infusão de funcho, 5 g de sementes numa chávena de leite fervente,
infundir 10 minutos e
adoçar com mel; beber muito quente O Xarope de rábanorústico, colocar
num recipiente bem tapado algumas camadas de rodelas de raizes frescas
polvilhadas com açúcar; dar às crianças 1 a 2
colheres de sopa do líquido por dia O Decocção de rinchão, 30 g de
folhas frescas para 1 l de água, ferver 10 minutos, coar e adoçar com
mel; beber muito quente 3 a 4 chávenas por dia O Tintura de rorela,
macerar durante 10 dias 50 g de planta fresca esmagada em 250 g de
álcool a W e coar; 10 gotas 3 vezes por dia.
V. também: Voz.
Rubéola. Doença eruptiva muito contagiosa devida a um vírus. A erupção,
que dura apenas 3 ou 4 dias, começa no rosto, generalizando se em
seguida pelas outras partes do corpo. As plantas seguidamente referidas
exercem uma certa acção sobre a erupção.
Uso interno * Preparações doseadas para adultos: O Decocção de bardana
maior, 60 g de raizes frescas cortadas para 1 l de água, ferver 10
minutos; beber às colheres de café de 5 em 5 minutos O Infusão composta
de bérberis, 10 g de casca seca, e de ulmeira, 20 g de sumidades
floridas, para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos e coar; 1
tigela e 12 horas depois outra O Infusão de borragem, 30 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 30 minutos e filtrar; beber 1 copo
adoçado com mel de 2 em 2 horas.
Ruga. Sulco ou prega que marca a pele.
USO EXTERNO * Colocar todas as noites sobre o rosto e o pescoço bem
limpos compressas molhadas em: O Infusão de alecrim, 50 g de flores e de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Suco fresco de
cerefólio O Maceração alcoólica de casca de marmelo ou de marmelo
inteiro seco,
100 g de planta em 500 g de álcool a 450, deixar em contacto durante 10
dias e filtrar O Infusão de papoila, 60 g de pétalas secas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos, O Infusão de tília,
20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 miruitos O Decocção de tussilagem, 40 g de folhas para 1 l de água,
ferver 10 minutos.
V. também: Pele.
Sarda. Mancha cutânea devida a irregularidade na distribuição dos
pigmentos que surge sob a
acção do sol.
426
USO EXTERNO * Lavar as manchas com: O Suco de agrião, de salsa, de
taráxaco O Maceração de anétnonapulsátila, 150 g de planta em 1 l de
água fria durante 12 horas e coar O Suco de gemas de videira, esmagar
200 g de gemas frescas, adicionar
O,5 1 de álcool a 60’, ferver e filtrar; lavar 2 vezes por dia. No caso
de dispor de aparelhagem adequada, é preferível destilar esta
preparação, * Lavarse 2 vezes por dia com: O Decocção de casca de
bétula (vidoeiro), 50 g para 1 l de água, ferver 15 minutos O Decocção
de taráxaco, 50 g de folhas para 1 l de água fria, ferver 30 rninutos
e coar.
O Vinho de bétula (vidoeiro), obtido pela maceração, durante 8 dias, de
60 g de casca em 1 l de vinho tinto; aplicar compressas embebidas no
vinho quente.
O Decocção de escrofulárianodosa, 20 g de rizoma para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Infusão de genciana, 50 g de raízes para 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos; utilizar tépida 2 vezes por dia; preparar
apenas para 2 dias O Decocção de selo de salomão, 50 g_de rizomas para
1 l de água, ferver 15 minutos.
O Pomada de arenária, fazer uma massa misturando pó da planta com a
quantidade necessária de azeite; aplicar todas as noites O Pasta
avinagrada de cebola, esmagar uma cebola crua em vinagre; aplicar
diariamente nas manchas esta massa.
Sarna. Afecção cutânea muito contagiosa transmitese por contacto
directo e caracterizada por grande prurido; é devida a infestação de
ácaros que se alojam na pele.
USO EXTERNO Em primeiro lugar, a roupa da cama do doente deve ser
cuidadosamente desinfectada, o próprio doente lavado, ensaboado com
sabão negro e esfregado vigorosamente com uma escova; outrora, nos
hospitais, chamavase a esta operação a esfrega.
* Esfregar com: O Ramos de menta fresca.
* Em seguida, pincelar com: O Decocção de amieironegro, 20 g para 1 l
de água, ferver 15 minutos, coar e adicionar 1 copo de vinagre O
Decocção de aquilégia, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocção de evónimo, 15 g de frutos para 1 l de água, ferver
45 minutos, adicionar 1 copo de vinagre O Decocção de hortelãpimenta,
100 g de planta seca para 1 l de água O Decocção concentrada: de
serpão, 100 g,
de tomilho, 100 g, para 1 l de água, ferver 15 minutos e adicionar 1
copo de vinagre.
O Pomada: de aleluia, 10 g de raízes raladas misturadas com 10 g de
banha, de escrofulárianodosa, 20 g de rizorna ralado misturado com
20 g de manteiga, de milfólio, 10 g de raízes raladas misturadas com
20 g de banha O Pomada de consoldareal, 15 g de sementes reduzidas a
pó misturadas com 150 g de banha O Pomada de pepinodesãogregório, 15
g de raízes cozidas e
esmagadas misturadas com 30 g de banha.
Seborreia. V. Pele, Cabelo.
Sede. Sensação subjectiva que traduz a necessidade em água do organismo.
Acompanha muitas vezes a febre e começa pela secura da boca.
Uso interno De entre os frutos que mais acalmam a sede, distinguemse o
morango, a groselha e a groselha vermelha.
O Mastigar: folhas de azedas, folhas de beldroega, 1 raiz de
rapúncio O Infusão de aleluia, 15 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos.
Seio. Devido à frequência dos cancros da mama, qualquer modificação de
aspecto ou de textura deve ser motivo para uma consulta médica. Existem,
porém, modificações mamárias ligadas à menstruação, flacidez ou
descaimento contra as quais, com a ajuda da ginástica e de duches frios,
as plantas podem, por vezes, lutar com êxito.
USO EXTERNO Seios doridos
O Cataplasma de polpa de cenoura crua, conservar durante 20 minutos,
enxaguar e aspergir o seio com água fria à qual se adicionou álcool a
900 O Colocar sobre os seios uma almofada de folhas de cerefólio
aquecidas numa frigideira O Cataplasma quente de folhas de framboeseiro
cozidas em leite, conservar 30 minutos O Cataplasma de folhas: de
aipo, de ervadesãoroberto, cozidas em água, conservar durante 30
minutos.
Seios flácidos
O Lavar com: O Tintura de pédeleão, macerar
8 dias 100 g de folhas em O,5 1 de álcool a 900. * Aplicar compressas
embebidas em: O Decocção de bolsadepastor, 60 g de planta fresca para
1 l de água, ferver 10 minutos, coar e utilizar fria
O Suco de maçã O Decocção de pédeleão fria,
50 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 10
minutos O Decocçâo concentrada de serpão, 50 g de planta para 1 l de
água, ferver
20 minutos, coar e deixar arrefecer.
Uso interno Turgidez dolorosa prémenstrual * Tornar 2 chávenas por dia:
O Infusão de groselheiranegra, 30 g de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 30 g de sumidades
floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
Sinusite. Inflamação dos seios ósseos da face e
das regiões vizinhas. Estes seios estão próximos das fossas nasais;
alguns comunicam com elas e aí lançam as suas secreções.
USO EXTERNO
Inalação 3 vezes por dia: O Eucalipto, 50 g de
427
SOLUÇO
folhas para 1 l de água fervente O Murta, 50 g de folhas para 1 l de
água fervente O Tomilho, 50 g de folhas para 1 l de água fervente.
Soluço. Contracção espasmódica do diafragma.
Uso interno * 1 colher de café de sumo não diluído de limão * Infundir
numa chávena de água fervente, 3 g:
de anis, de sementes de endro, 1 pitada de estragão, deixar
infundir 3 minutos; beber quente O Infusão: de hortelã, 10 g,
de Iaranjeiradoce 10 g, de néveda, 5 g, de nêvedadosgatos,
10 g, para 1 l de água, infundir
15 minutos e coar; beber imediatamente O Beber meia colher de café de
uma mistura de suco fresco de folhas de hortelãpimenta com algumas
gotas de vinagre.
Sono. Para viver é necessário dormir: privado do sono, o homem morre,
Por isso, todas as pessoas dormem, mais ou menos tempo e melhor ou pior.
Actualmente, as razões para dormir mal são numerosas, destacandose de
entre elas a tensão nervosa. As plantas, de um modo lento mas seguro,
podem devolver a calma indispensável para um sono reparador.
Uso interno * Tomar 1 chávena ao deitar: O Infusão de alecrim, 20 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de alfacebrava
maior, 30 g de folhas e de caule para 1 l de água, ferver 5 minutos e
coar O Decocção de cascas de amêndoas, 40 g para 1 l de água, ferver 10
minutos e
coar O Infusão de aspérulaodorífera, 30 g de sumidades floridas para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de palha de aveia, 30
g para 1 l de água, ferver 5 minutos O Infusão de basílico, 20 g de
planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
cânhamo, 20 g de folhas secas e de sementes para 1 l de água fervente O
Infusão de cornichão, 80 g para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusã o de jasmineirogalego, 25 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de laranjeira doce, 20 g de
flores ou de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de loureiro, 15 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocção de lúpulo, 30 g de cones
para 1 l de água, ferver 3 minutos, deixar amornar e coar O Infusão de
manjerona, 50 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio, 20 g de planta seca
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de marroio
negro, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de matricária, 20 g para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Infusão de meliloto, 20 g de caules floridos para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos 6 Infusão de melissa, 30 g de sumidades
floridas e de folhas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de melissabastarda,
40 g de caules floridos
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de nêvedados
gatos, 20 g de planta para
1 l de água fervente O Infusão de papoila, 15 g de flores para 1 l de
água fervente O Infusão de pirliteiro, 30 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de salgueirobranco, 40 g de
folhas ou de amentilhos para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de tília, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 5
minutos O Infusão de verbasco, 25 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.
Acrescentase uma receita simples de ciganos:
O Cozer em água uma alface cultivada; comer 2 folhas ao deitar com 2
colheradas de mel. * Beber 1 copo pequeno ao deitar: O Xarope de alteia,
macerar durante 24 horas em 1 l de água fria 100 g de raízes cortadas,
coar, ferver em
lume brando com 1 kg de açúcar, adicionar um
aroma (flor de laranjeira) e engarrafar O Xarope de golfãobranco,
infundir durante 6 horas em 1 l de água fervente 80 g de flores, coar e
adicionar 1,5 kg de açúcar, ferver e engarrafar depois de frio 40 Xarope
de pessegueiro, adicionar ao
suco de 500 g de flores esmagadas 1 kg de açúcar, cozer em banhomaria
tapado e engarrafar. * Tomar 20 gotas ao deitar O Tintura de passiflora,
macerar durante 8 dias 10 g de sumidades floridas em 50 g de álcool a
600 e coar O Tintura de valeriana, macerar durante 8 dias 10 g de raí
zes secas em 50 g de álcool a 601 e coar.
USO EXTERNO
O Banho quente, antes do deitar, ao qual se adicionou previamente uma
infusão concentrada de uma das seguintes plantas: alfacebravamaior,
a spéru Ia odorífera cornichão, golfão, jasmineirogalego, lara
njei ra doce,
lúpulo, marroionegro, meliloto, papoila, passifiora,
pirtiteiro, salgueirobranco, tília, valeriana.
Sudação, transpiração. A sudação pode ser
provocada por excesso de calor ou esforço físico, pela febre e por
certas doenças. As plantas Podem aumentar ou diminuir a produção de
suor.
Uso interno Para provocar a sudação * Tomar 3 chávenas por dia: O
Decocção de bardanamaior, 50 g de raizes frescas cortadas em pedaços
para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos O Infusão de
borragem, 30 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Infusão de sabugueiro, 40 g de flores secas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.
Para diminuir a produção de suor, suores nocturnos, suores profusos *
Tomar 2 chávenas por dia, das quais 1 ao deitar: O Infusão composta de
bétula (vidoeiro),
20 9 de folhas, e de carvalho, 20 g de folhas, para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de cavalinha, 50 g de planta
seca para
1 l de água, ferver 20 minutos.
428
O Vinho de salva, macerar durante 1 semana 80 g de folhas secas em 1 l
de vinho doce natural e filtrar; 1 colher de sopa depois das refeições.
USO EXTERNO
O Banho: de abetobranco, de pinheirobravo, 5 g de agulhas para 1 l
de água do banho, preparar em 5 1 de decocção, que será depois
adicionada à água da banheira.
Surmenage. Estado de fadiga física e psíquica. Há uma terapêutica
indispensável: o repouso.
Uso interno
O Juntar à alimentação soja sob todas as suas
formas: farinha, sementes, germes, óleo e leite, que se prepara
demolhando 150 g de sementes em 1 l de água durante 36 horas, coar,
esmagar as sementes, misturar o puré ao líquido, deixar em repouso
durante 1 hora e filtrar; dose para 24 horas que não se conserva para
além deste prazo.
Para estimular as funções endócrinas, especialmente a tireóide
O Comer aveia sob a forma de farinha ou de flocos.
O Comer maçãs e uvas.
Para facilitar o sono das pessoas cansadas
O Infusão de alecrim, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente; tomar de manhã O Vinho de angélica, obtido pela maceração de
50 g de planta durante 3 dias num frasco fechado com
1 l de vinho branco de boa qualidade; 1 copo pequeno antes das refeições
O Infusão de passiflora, 30 g de flores em botão para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; tomar à noite ao deitar.
Uso interno e Comer alho cru, muito activo contra os danos causados pela
nicotina no organismo.
V. também: Boca.
Tabagismo. Quer se acredite nos malefícios do tabaco, quer não, as
plantas podem ajudar a vencer o hábito de fumar e a lutar contra as
afecções da boca.
USO EXTERNO
O Bochechar com alfenheiro, decocção concentrada de folhas, 50 g para 1
l de água, ferver 5 minutos; não engolir O Podem fumarse folhas sãs e
secas: de arnica, de aspérulaodorífera, de betónica, de m a 1
mequer dos brejos,
de sabugueiro, de salva, de tussilagern,
de uma mistura de aspérulaodorífera e tussi ]agern, de uma mistura
de betónica e tussilagem, adicionar a cada uma destas plantas ou às
misturas algumas folhas de hortelãpimenta O Misturar igual quantidade
de folhas bem secas de tussilagem, de aspérulaodorífera e de hortelã
pimenta, deixar 1 noite em água adoçada com
mel, secar rapidamente ao ar livre, comprimir e cortar.
Ténia. V. Parasitose.
Terçolho, hordéolo. Espécie de furúnculo da pálpebra, localizado ao
nível de um cílio.
USO EXTERNO Todas as preparações indicadas em seguida devem ser
cuidadosamente filtradas e usadas frias. * Banhos para os olhos: O
Decocção de eufrásia, 20 g de planta para 1 l de água, ferver 15 minutos
O Infusão de fidalguinhos, 60 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 30 minutos
O Infusão de sabugueiro, 100 g de flores frescas ou secas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos. * Cataplasma: O Aplicar sobre o
terçolho, várias vezes por dia, 1 compressa contendo folhas frescas
picadas de basílico.
Tez. Uma tez manchada ou plúmbea é frequentemente sinal de uma
intoxicação do organismo. São sobretudo as plantas depurativas que podem
intervir de maneira mais eficaz, associadas aos cuidados de higiene e de
beleza.
Uso interno * Tomar 3 chávenas diariamente durante 10 dias: O Decocção
de aipo, 30 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de
almeirão O 10 9 de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocçáo de bardanamaior, 60 g de raizes para 1 l de água,
ferver 10 minutos O Infusão de borragem, 20 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de buglossa, 20 g de flores para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de fumaria, 30 g de
plantas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos * Infusão de
tomate, 25 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos e coar; beber frio.
USO EXTERNO * Aplicar sobre o rosto: O Leite de alhoporro, extrair o
suco fresco de 1 alhoporro e misturálo com soro de leite O Decocção de
bétula (vidoeiro), 60 g de casca para 1 l de água, ferver 10 minutos,
infundir 10 minutos O Leite de morango, esmagar 50 g de morangos num
pouco de leite fresco; aplicar no rosto esta pasta O Loção de salsa,
infundir durante 10 minutos 30 g de salsa em O,5 1 de água fervente e
coar O Água de salva, macerar durante 6 semanas 60 g de planta em
1 l de águadecolónia e filtrar O Decocção de taráxaco, 60 g de raizes
frescas para 1 l de água, ferver 30 minutos, deixar arrefecer.
V. também: Pele.
429
Tinha. Afecção do couro cabeludo devida a um fungo que provoca a queda
do cabelo. Consultar o médico.
USO EXTERNO
O Loção de alfazema, macerar durante 2 semanas 100 g de flores em O,5 1
de aguardente a 300 e filtrar; lavar as manchas O Cataplasma de folhas
secas contusas de aquilégia.
Uso interno * Além do tratamento local, beber 3 chávenas por dia: O
Decocção de amorperfeitobravo, 10 g de planta seca para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Líquido de cozedura de
escorcioneira.
Torcicolo muscular. Torção do pescoço, cabeça inclinada, devida a uma
retracção do músculo e sternoc lido mastói deo.
USO EXTERNO * Aplicar 2 vezes por dia: O Compressas embebidas numa
decocção quente de alecrim, 50 g para 1 l de água, ferver 15 minutos e
coar; cobrir com 1 xaile de lã O Cataplasma de folhas de orégãos cozidas
num pouco de vinho.
Tosse. As plantas activas contra a tosse, ou plantas peitorais, actuam
de dois modos: acalmam a
tosse e facilitam a expectoração. Embora algumas acumulem as duas
acções, separaramse os
dois aspectos, indicando as plantas consoante o
que corresponde à sua acção mais enérgica. Naturalmente, nenhuma das
preparações pode substituir o tratamento da doença que provoca a tosse,
a qual é apenas um sintoma. As plantas aliviam o doente, mas não o
curam. Consultar o médico.
Uso interno Tosse espasmódica * Tomar 3 chávenas por dia entre as
refeições:
O Maceração de alcaçuz, 40 g de raizes em 1 l de água fria durante 1
noite O Pó de alfacebravamaior, 2 g de sementes pulverizadas por dia,
em 2 doses, misturadas com mel O Infusão composta de 20 g de flores de
alfazema e de 20 g de sumidades floridas e de folhas de hortelã para 1 l
de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de amendoeira, 30 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de anis,
15 g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de antenária, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de balsamita, 15 g de sumidades floridas e de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
basílico,
20 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de castanheiro, 40 g de folhas secas para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cebola, 250 g de
bolbo para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; tomar muito doce *
Infusão
de dictamodecreta, 20 g de sumidades floridas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de engos, 30 g de flores para 1
l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de funcho, 15 g de
sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
golfãobranco,
25 g de flores para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de j asmineiro galego, 20 g de flores para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de madressilva, 5 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos O Infusão de
nêvedadosgatos, 20 g de planta para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de orégãos, 10 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de peónia, 40 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de pimpinela, 30 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de polígala, 120 g de
raízes para 1 l de água, ferver 3 minutos, infundir 10 minutos O Infusão
de rorela, 15 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Decocção de serpão ou
de tomilho, 250 g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos,
adicionar 250 g de mel e tomar às colheres de sopa O Infusão de visco,
25 g de folhas cortadas em pequenos pedaços para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos.
Preparações expectorantes
O Decocção de aipo, 25 g de raizes para 1 l de água, ferver 10
minutos O Infusão: de borragem, de bugIossa, 30 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decoeção de cenoura
cultivada, 100 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão
de cerefólio,
40 g de planta para 1 l de água fervente, infundir
5 minutos O Suco fresco de chagas, 30 g por dia em leite adoçado com
muito mel O Infusão de énulacampana, 15 g de raizes secas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de figueira, 100 g de
figos secos para 1 l de água, ferver 10 minutos e coar O Decocção de
líquendaislândia, macerar durante 3 horas 20 g de planta em 1 l de
água fria, mudando a água 3 vezes, ferver 5 minutos, deitar fora a água,
substituíla, ferver mais 15 minutos e coar O Decocção de malva, 15 g
de flores para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de marroio, 20
g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de petasite, 20 g de raizes para, 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos O Decocção de primavera,
20 g de raizes para 1 l de água, ferver 10 minutos
O Infusão de pulsátila, 15 g de flores e de folhas frescas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; não ultrapassar mais de 2 chávenas
pequenas por dia O Infusão de rinchão, 30 g de planta para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos O Decocção de tasneirinha, 30 g de planta
seca para 1 l de água, ferver 10 minutos O Infusão de tramazeira, 20 g
de folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
tussilagem, 50 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Infusão de verbasco, 20 g de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 5 minutos O Decocção de violeta, 10 g
430
de raízes para 1 l de água, ferver 20 minutos e coar.
* Tomar 2 a 4 colheres de sopa por dia: O Xarope de açafrão, ferver
durante 30 minutos em 1 l de água 15 g de pó de estigmas, filtrar,
adicionar O,5 kg de açúcar, pôr tudo a cozer e engarrafar O Xarope de
alhoporro, 150 g de planta para
1 l de água, ferver 30 minutos, juntar o mesmo
peso de mel O Xarope de alteia, ferver em 1 l de água durante 15 minutos
40 g de raizes, coar, adicionar 1,5 kg de açúcar, levar de novo à
ebuliçã o e engarrafar O Xarope de avenca, deitar 1 l de água fervente
sobre 80 g de folhas frescas, infundir 8 horas, coar, adicionar 1 kg de
açúcar, ferver 2 minutos e coar O Xarope de hissopo, infundir durante 10
minutos 100 g de planta em
1 l de água fervente, coar, adicionar 1,5 kg de açúcar, misturar,
dissolver e pôr tudo a ferver até à obtenção de um xarope e engarrafar O
Xarope de murta, infundir durante 6 horas em 1 l de água fervente 75 g
de folhas, coar, adicionar
1,750 kg de açúcar, dissolver e cozer O Xarope de papoila, infundir num
recipiente tapado durante
12 horas 400 g de flores recentemente colhidas em 1 l de água em
ebulição, coar, adicionar
1,400 kg de açúcar e deixar ferver até ficar espesso O Xarope de flores
de pessegueiro, centrifugar 1 kg de flores e misturar o suco com 2 kg de
açúcar, pôr tudo junto a cozer até ficar espesso e
engarrafar O Xarope de rábano, cortar às rodelas, pôr num passador e
cobrir com açúcar em pó, recolher o líquido do passador O Xarope de
rãbanorústico, macerar durante 3 horas 1 raiz cortada às rodelas,
dispôlas às camadas sobrepostas num passador e cobriIas abundantemente
com açúcar em pó, recolher o líquido do passador.
V. lambem: Bronquite.
Tosse convulsa. Doença infecciosa, contagiosa e
epidémica que se manifesta por acessos de tosse característicos,
acompanhados muitas vezes de vómitos e expectoração mucosa.
Uso interno
O Decoeção de alface cultivada, 100 g de folhas para 150 g de água,
ferver 5 minutos; beber morno e com muito açúcar O Infusão de basílico,
30 g de uma mistura de folhas e flores para 1 l de água fervente O
Infusão de hera, 15 g de folhas frescas picadas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de hortelã
pimenta, 60 g de folhas secas para 1 l de água fervente O Infusão de
lírioflorentino, 20 g de rizoma seco para 1 l de água fervente,
infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão composta de marroio, 20 g de
sumidades floridas e de folhas secas e fragmentadas para 1 l de água
fervente, à qual se adicionam algumas folhas frescas ou secas de
basílico, que melhora o gosto da preparação O Infusão de narciso
trombeta, 20 g de flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
preparar apenas 100 g de cada vez, administrar às colheres de sopa no
momento dos acessos de tosse, e nunca mais de 6 a 8 colheres por dia O
Infusão de pessegueiro, 30 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; preparar apenas 200 g de infusão, administrar 3
colheres de sopa de cada vez 3 vezes por dia O Infusão composta de
primavera e de tomilho: misturar bem 300 g de raízes e de flores secas
de primavera e 50 g de ramos com folhas de tomilho seco picado,
utilizando para 1 l de infusão 50 g de mistura; é necessário filtrar O
Infusão de salvaesclareia, 20 g de folhas secas para 1 l de água
fervente; 2 chávenas por dia. * Xarope de alho, 100 g de bolbos
descascados esmagados em 250 g de água fervente, infundir
15 minutos, coar, adicionar 250 g de açúcar; 2 colheres de sopa por dia
O Xarope de nêvedadosgatos, 25 g de sumidades floridas para O,25 1 de
água fervente, deixar infundir 15 minutos, coar e
adicionar açúcar até espessar muito; administrar
1 colher de café de hora a hora O Pasta de líquendaislândia: macerar
durante 1 noite 200 g de líquen em água fria, escorrer, lavar
abundantemente a planta em água fervente, deixar cozer lentamente
durante 30 minutos, coar, pesar, acrescentar igual peso de açúcar, cozer
em banhomaria mexendo sempre e retirando a espuma até engrossar, pôr
num boião e tapar; 1 colher de café no momento dos acessos de tosse.
O Tintura de cipreste, obtida por maceração de
10 g de bagas em 100 g de álcool a 600 durante
24 horas, filtrar, conservar num frasco rolhado;
10 gotas 2 vezes por dia, misturadas com uma tisana adoçada com mel O
Tintura de rorela, macerar durante 10 dias 50 g de planta fresca
esmagada em O,25 1 de álcool a 601; 10 gotas 3 vezes em
cada 24 horas, misturadas com uma tisana.
O Extracto de pinguícula, deitar sobre 50 g de folhas O,25 1 de água
fervente, macerar durante 1 noite, coar e seguidamente aquecer o líquido
para evaporar até metade do seu volume; 5 gotas 3 vezes por dia,
misturadas numa tisana.
Transpiração. V. Sudação.
Traqueíte. Inflamação da traqueia.
Uso interno
O Infusão de antenária, 20 g de flores para 1 l de água, infundir 10
minutos; 3 chávenas por dia
O Decocção de colza, 20 g de raízes descascadas em 1 l de água, quando
as raízes estiverem cozidas e moles, a decocção está pronta; coar e
beber
O,5 1 nas 24 horas O Decocção de hera, 5 g de folhas para 1 l de água,
ferver 5 minutos e coar;
2 chávenas pequenas por dia O Decocção de orégãos, 30 g de sumidades
floridas para 1 l de água, ferver 5 minutos e coar sem infundir; dose
para 24 horas O Infusão de rinchão, 50 g de planta, se possível fresca,
para 1 l de água fervente, infundir 5 minutos e coar; beber
imediatamente, 2 chávenas por dia O Infusão de tussilagem, 50 g de
flores para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por
dia O Infusão de verbasco; 40 g de flores para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia.
431
úlcera cutânea. Perda de substância cutânea devida a uma má irrigação
sanguínea, situada por vezes na perna depois do aparecimento de uma
variz (úlcera varicosa). Infecta muitas vezes. É preciso limpála, secá
la e activar a sua cicatrização.
USO EXTERNO * Loções para lavagem: O Infusão de abetobranco, 30 g de
gemas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de alho,
deitar
1 l de água fervente sobre 25 dentes de alho esmagados, tapar, infundir
30 minutos O Decocção de amieiro, 30 g de casca para 1 l de água, ferver
10 minutos O Infusão de artemísia, 20 g de planta para 1 1de água
fervente, infundir 10 minutos O Infusão de cebola preparada com 1 l de
água fervente e 50 g de bolbo esmagado, infundir 30 minutos O Infusão
de cocleária, 2 g de raízes em
100 g de leite, ferver e coar O Infusão de ervadesantabárbara, 30 g
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de escórdio, 40
g de sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos
O Vinagre de evónimo, ferver durante 5 minutos 80 g de folhas em 1 l
de vinagre, infundir 5 minutos e coar O óleo de hipericão, misturar 1
l de azeite, O,5 1 de vinho branco e 500 g de flores frescas picadas de
hipericão, pôr em banhomaria e ferver até à evaporação do vinho branco,
deixar amornar e coar
espremendo O Suco fresco de rizoma de lírioamarelodospântanos diluído
em água fervida
O Decocção de maravilhas, 100 g de pétalas para
1 l de água, ferver 30 minutos O Água de rosasrubras, 60 g de pétalas
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Decocção de
salgueirinha,
60 g de sumidades floridas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir
5 minutos O Decocção de salva e sclarei a, 50 g de planta para 1 l de
vinho, ferver 10 minutos, infundir 10 minutos O Decocção de silva, 30 g
de folhas para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de verónica, 50
g de planta para 1 l de água, ferver 10 minutos O Decocção de vide
branca, 30 g de folhas frescas para 1 l de água, ferver 5 minutos; lavar
com cuidado para limpeza da úlcera O Maceração de zaragatoa, 30 g de
sementes para 1 chávena de água.
Fazer cataplasmas com: O Folhas esmagadas: de angélica, de aquilégia,
de betónica, de cenoura, de conchelos, de couve, de graciosa, de
pinguícula O Raiz de alcaparreira cozida num pouco de água O Folhas de
bardanamaior maceradas em óleo O Folhas cozidas de becabunga O Raiz
fresca: de consoldamaior, de labaçol O Folhas de nogueira cozidas
num pouco de água O Decocção de salgueirobranco, 50 g de casca para 1 l
de água, ferver 20 minutos O Folhas e flores picadas de varadeouro. *
Polvilhar com: O Pó: de amordehortelão seco, de carvalhinha.
Unha. Reflectindo o estado geral do organismo, tal como os cabelos, as
unhas têm a sua própria patologia, muito complexa. As plantas apenas
intervêm para lhes conservar a beleza e a solidez.
USO EXTERNO
O Todas as noites, antes do deitar, cobrir as unhas com uma mistura de
azeite tépido e sumo de limão; massajar e pôr luvas O Cobrir as unhas
com sumo de limão puro O Cobrir as unhas com uma loção composta em
partes iguais de sumo de limão e de infusão de rosas, preparada com 40 g
de pétalas para 1 l de água.
Uso interno
O Tornar 10 dias por mês, durante 3 meses, 2 colheres de café por dia de
suco fresco de cavalinha ou 2 vezes por dia 1 g de pó da mesma planta
seca com um pouco de mel.
Ureia. Produto de excreção eliminado principalmente pelo rim na urina.
Quando esta função é deficiente, elevase o teor de ureia no sangue e
surgem perturbações.
Uso interno Plantas alimentares e condimentares recomendadas: O Suco de:
alhoporro, arando, cebola, salsa, taráxaco, tomate, como
cereal: o arroz. * Beber 3 chávenas por dia: O Infusão de alcachofra, 10
g para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Maceração de alhoporro, 30 g de raízes em 1 l de vinho
branco durante 8 dias e coar; 1 copo pequeno todos os dias O Decocção de
alquequenje, 20 g de frutos secos para 1 l de água, ferver 5 minutos,
infundir 5 minutos O Infusão de bétula (vidoeiro), 30 g para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; pode juntarse 1 pitada de bicarbonato de
sódio O Decocção de cardocorredor, 30 g de raízes para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O Decocçáo de énulacampana, 10 g
de raízes para 1 l de água, ferver 2 minutos, infundir 10 minutos O
Decocção de feijoeiro, 60 g de vagens frescas para 1 l de água, ferver 1
minuto, deixar infundir e macerar
durante 12 horas O Infusão de freixo, 40 g para
1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de groselheira
negra, 30 g para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
pilosela, 80 g de planta fresca para 1 l de água fervente, infundir 10
minutos O Decocção de taráxaco, 60 g de raízes para 1 l de água, ferver
10 minutos, infundir 2 horas O Infusão de ulmeira,
50 g de folhas secas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Decocção de uvaursina,
40 g de folhas para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 10 minutos O
Decocção de varadeouro, 40 g de planta para 1 l de água, ferver 3
minutos, infundir 5 minutos.
Urina. Líquido filtrado pelos rins que, através dos ureteres, se acumula
na bexiga. Qualquer infecção ou retenção urinária deve ser rapidamen
432
te tratada pelo médico; as plantas nestas situações apenas constituem um
pequeno recurso. O seu
uso não deve prolongarse para além de algumas horas.
USO EXTERNO Em caso de retenção urinaria
O Cataplasma: de consoldareal fresca e contusa, de folhas de couve;
aplicar sobre o baixo ventre.
Uso interno * Beber 1 chávena de uma infusão de uma planta antiséptica
ou diurética: O Infusão de chouponegro, 40 g de gemas para 1 l de água
fervente, infundir 20 minutos O Infusão de pilosela, deitar
100 g de planta fresca em 1 l de água em ebulição, ferver 30 segundos,
infundir 10 minutos O Decocção de sal saparri lhabastarda, 50 g de
raízes cortadas para 1 l de água, ferver 10 minutos, infundir 15
minutos.
V. também: Enurese.
Urticária. Erupção geralmente cutânea de pápuIas rosadas e muito
pruriginosas, de origem alérgica, por contacto ou ingestão de um
alimento ou de um medicamento.
Uso interno
O Infusão de amorperfeitobravo, 50 g de flores para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 3 chávenas por dia * Infusão de éfedra,
10 g de planta para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena
O Decocção de urtigão, 50 g de planta em 1 l de água, ferver 15 minutos;
3 chávenas por dia.
USO EXTERNO
O Infusão de fumária, planta inteira, 60 g para 1 l de água fervente,
infundir 15 minutos; lavar ou
banhar as zonas afectadas.
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de milfólio, 30 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O
Infusão de videira, 80 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia entre as refeições.
O Infusão de pimentad'água, 10 g de planta sem
a raiz para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena, em
pequenos golos, ao longo do dia.
USO EXTERNO * Banho para as pernas: O Decocção de gálbuIas contusas de
cipreste, 50 g para 1 l de água, deixar arrefecer O Decocção de
taráxaco, 40 g de planta para 1 l de água, deixar arrefecer e coar.
* Loções para aplicar abundantemente sobre as
pernas todas as noites: O Decocção de agulhas de abetobranco, 1 kg de
agulhas em 1 l de água, ferver 10 minutos, coar espremendo, pôr em
frascos O Decocção de peónia, 20 g de raízes para 1 l de água, ferver 10
minutos, infundir 10 minutos, coar e conservar numa garrafa.
Verme intestinal. V. Parasitose.
Vermelhidão da pele. V. Eritema.
Verruga. Excrescência cutânea benigna e contagiosa provocada por um
vírus.
USO EXTERNO * Esmagar sobre a verruga até ao seu desaparecimento,
protegendo as zonas limítrofes: O Folhas frescas: de faváriamaior,
de maravilhas, de rapúncio. * Aplicar sobre a verruga: O Suco de
raízes frescas de celidónia misturado em partes iguais com glicerina O
Suco fresco: de cebola, de cersefibastardo, de figueira, de
rorela, de taráxaco.
O Maceração de pétalas de açucena pelo menos
durante 7 dias em vinagre O Tintura de tuiavulgar, macerar durante 15
dias 20 g de gemas ou de ramos novos em 100 g de álcool a 600, coar
através de um pouco de algodão.
Varizes. Chamamse varizes a dilatações situadas no trajecto de uma veia
em qualquer ponto do organismo. Apenas se consideram as varizes dos
membros inferiores.
Uso interno * Tomar 2 chávenas por dia: O Infusão de aveleira, 25 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 2 horas O Infusão de
bérberis, 40 g de cascas de raizes para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Decocçâo de castanheirodaíndia, 40 g de casca seca de
ramos novos para 1 l de água, ferver 10 minutos; tratamento para ser
seguido semana sim, semana não O Decocção de gilbarbeira, 50 g de raízes
para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 15 minutos O Infusão de
meliloto, 40 g de sumidades floridas para 1 l de
Vertigem. Sensação incómoda de que o corpo ou os objectos que o rodeiam
mudam as posiçoes relativas. É indispensável uma consulta médica.
Experimentar uma das seguintes preparações.
Uso interno
O Infusão de alfazema, 15 g de flores para 1 l de água fervente O Pó de
dictamobranco, 2 g de pó de casca de raizes numa colher de mel O
Infusão de hortelãpimenta, 30 g de folhas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de lúcialima, 30 g de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos; beber o mais quente possível O Pó de
manjerona, 2 g de pó de planta seca numa colher de mel ou de compota O
Água de melissa, macerar durante 2 semanas riu
433
1 l de aguardente, agitando frequentemente, 50 g de melissa florida com
20 cravosdecabecinha,
10 g de nozmoscada ralada, 10 g de coentros e
10 g de casca de limão não tratado (se não tiver limão não tratado, não
utilizar), espremer, coar, conservar num frasco rolhado; tomar às
colheres de café O Infusão de melissabastarda, 50 g de planta para 1 l
de água fervente, infundir 10 minutos O Vinho de pervinca, macerar
durante 12 dias 100 g de folhas em 1 l de vinho doce natural e coar;
tomar 1 copo pequeno.
Vesícula biliar. Reservatório onde se acumula a bílis até ao momento de
ser utilizada na digestão. As plantas que têm como propriedade fazer
contrair a vesícula e regularizar o fluxo biliar chamamse colagogas.
Podem remediar eficazmente as atonias e as hipotonias, ou preguiças
vesiculares.
Uso interno
O Decocção de alcachofra, 30 g de folhas para 1 l de água, ferver 10
minutos; 2 chávenas por dia
O Pó de armeironegro, 1 a 2 g de casca seca
moída misturados com 1 colher de mel O Infusão de antenária, 20 g de
flores para 1 l de água fervente, deixar arrefecer e coar; 2 chávenas
por dia
O Infusão de artemísia, 20 g de flores e de folhas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 2 chávenas por dia O Infusão de aspérula
odorífera, 30 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 5 minutos; 3 chávenas por dia
O Infusão de codessobastardo, 40 g de folhas secas para 1 l de água
fervente, infundir 10 minutos; 1 chávena à noite ao deitar O Infusão de
dictamodecreta, 20 g de folhas e de sumidades floridas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de fumária, 50 g de
sumidades floridas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos; 2 chávenas por dia durante 8 dias O Suco fresco de rabanete,
100 g por dia obtidos por centrifugação das raizes O Infusão de trevo
cervino, 30 g de raizes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos;
2 chávenas antes das refeições.
Visão. V. Olhos.
Vómito. O vómito é frequentemente benigno e
cessa uma vez esvaziado o estômago; pode, no
entanto, ser sintoma de uma doença grave: imoxicação, meningite, enfarte
do miocárdio, ou de afecções agudas: apendicite, etc. Se não se conhecer
a causa e o sintoma persistir, deve consultarse o médico sem hesitar.
Uso interno * Em caso de náusea, tomar 1 chávena: O Infusão de anis, 30
g de sementes para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão
de artemísia, 10 g de sumidades floridas para 1 l de água fervente,
infundir 10 minutos O Infusão de basílico, 50 g para 1 l de água
fervente, infundir
10 minutos O Decocção de cálamoaromático,
30 g de rizoma seco para 1 l de água, ferver 5 minutos, infundir 5
minutos O Infusão de endro, 30 g de sementes para 1 l de água fervente,
infundir
10 minutos O Decocção de énulacampana, 10 g de raizes para 1 l de água,
ferver 5 minutos, infundir 5 minutos O Infusão de hortelãpimenta,
30 g de folhas para 1 l de água fervente, infundir
10 minutos O Infusão de 1 aranjei ra doce, 50 g de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de limão, meiolimão às
rodelas numa chávena de água fervente O Decoeção de líquendaislándia,
15 g para 1 l de água, ferver 2 minutos O Infusão de lúcialima, 15 g de
folhas para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos O Infusão de
salvae scl areia, 20 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l de
água fervente, infundir 10 minutos O Pó de pimentão, O,5 g num pouco de
mel.
Voz. Para os cantores, actores, oradores e professores, indicamse
algumas preparações que protegem a voz.
USO EXTERNO
O Decocção de agrimónia, 100 g de folhas e de flore,, para 1 l de água,
ferver 10 minutos; gargarejar 2 vezes por dia.
USO INTERNO * Beber 3 chávenas por dia: O Infusão de rinchão, 40 g de
sumidades floridas e de folhas para
1 l de água fervente, infundir 15 minutos O Infusão composta de 20 g de
rinchão e 10 g de rizoma seco de cálamoaromático para 1 l de água
fervente, infundir 15 minutos O Infusão de tussilagem, 60 g de flores
para 1 l de água fervente, infundir 10 minutos.
Zumbidos nos ouvidos. V. Acufenos.
434
Os usos veterinÁrios
Como as doenças do homem, a maioria das doenças dos animais perdeu
actualmente grande parte do seu carácter misterioso. Os parasitologistas
e os microbiologistas descobriram os agentes responsáveis por essas
doenças e descreveram a cadeia frequentemente complexa dos seus vectores
e intermediários. Mesmo nos meios rurais, as pessoas deixaram de
acreditar no mau olhado e nas bruxas como causadores de danos nos
rebanhos.
A legislação, diferente de uns países para outros, obriga presentemente
os criadores a cumprir um determinado número de regras: vacinação,
declaração de doenças contagiosas, isolamento dos animais suspeitos,
abate dos animais doentes, desinfecção dos alojamentos, etc. Estas
medidas sanitárias, que é necessário aceitar para nosso próprio
benefício, permitiram desde há alguns anos eliminar quase completamente
um
certo número de doenças epidémicas deletérias, como, por exemplo, a
febre aftosa, ou impedir a transmissão do animal para o homem de
afecções extremamente perigosas, como a raiva e a tuberculose.
As doenças dos animais devem, portanto, ser
consideradas com a mesma seriedade que as do homem, não esquecendo que
apenas os veterinários estão aptos a conhecer a extensa patologia animal
e a estabelecer diagnósticos precisos com a ajuda dos laboratórios de
análises. Admitida esta evidência, é possível conceder às plantas a
mais completa confiança na preservação da saúde dos animais. Aliás,
estes têm um conhecimento instintivo destes poderes, e frequentemente
pode observarse a apetência que os gatos e os cães manifestam pela erva
que os fará salivar, vomitar, digerir ou compensar carências.
Exceptuando determinadas plantas, como a alcaravia, a salsa, o embude,
nocivas para alguns animais, a maioria das plantas espontâneas ou
cultivadas apresentadas nesta obra são tão úteis aos animais como ao
homem. As suas propriedades e respectivas acções são geralmente análogas
num caso e noutro, não sendo possível, no entanto, por falta de espaço,
citar para cada planta a sua aplicação ao animal. Assim, fezse uma
escolha de entre as plantas mais fáceis de encontrar ou de adquirir no
mercado. Por prudência, excluíramse todas as plantas apresentadas no
dicionário como sendo tóxicas para o homem, embora algumas delas sejam
úteis aos animais, como o morrião ou o loendro, além da beladona, da
dedaleira, do meimendro, etc., que estão exclusivamente reservadas às
prescrições veterinárias.
Nos meios rurais, o modo mais simples de manter a saúde dos animais com
a ajuda das plantas é proporcionarlhes plantas frescas, que poderão ser
encontradas à beira dos caminhos e nos pastos que frequentam e de entre
as quais não deixarão de fazer a sua escolha, muito raramente se
enganando. É necessário, portanto, que se promova a presença nas sebes,
moitas e vedações
de hortas e jardins das plantas mais úteis, preservandoas do zelo
destrutivo dos agricultores. De entre estas, destacamse o alecrim, o
alho, as alforvas, o almeirão, o anis, a borragem, a consoldamaior, o
endro, o funcho, o hissopo, a losna, o marroio, a melissa, o milfólio, a
morugemvulgar, os orégãos, o pirliteiro, o tanaceto, o tomilho e a
verbena. Estas plantas não devem, evidentemente, ter recebido qualquer
tratamento químico.
Nem sempre é fácil medicar um animal doente (o gato e o porco são dos
menos dóceis); é necessária muita paciência, devendo excluirse a
violéncia. É também necessário, quando se procede aos tratamentos,
seguir escrupulosamente as precauções de ordem higiossanitária, como a
pureza da água e a limpeza dos recipientes utilizados, bem como o prazo
de utilização e o modo de preparação da planta. Geralmente, as doses
administradas aos herbívoros, independentemente do seu
peso, são mais elevadas do que as indicadas para os carnívoros. Frescas
ou secas, as plantas medicinais são incorporadas na alimentação
habitual, podendo também ser administradas sob a forma de tisanas ou
misturadas com farelos, melaço, mel ou carne. As doses aplicamse
habitualmente por punhados (cerca de 45 g), por colheres de sopa (cerca
de 15 g) ou de café (5 g), e por vezes por pitadas (3 g) e unidades,
quando se trata de sementes ou de folículos.
Exceptuando os animais pequenos, a posologia não exige a mesma exactidão
da que é destinada a uma preparação familiar. Toda a medicação de uso
externo indicada no *Dicionário da saúde+ pode ser utilizada do mesmo
modo para os animais; assim, não se fará a repetição das preparações
indicadas para os abcessos, queimaduras, dermatoses, hemorragias,
feridas, úlceras, verrugas, bem como os cuidados da boca e dos dentes,
das unhas, dos ouvidos, dos pés e dos olhos, os
banhos locais e as cataplasmas revulsivas.
Deve darse uma atenção especial aos parasitas e aos insectos que
importunam os animais, fazendoos sofrer, deteriorando o seu pêlo,
podendo igualmente transmitirlhes doenças que, por vezes, poem em causa
a sua sobrevivência. Todas as lesões devidas a picadas ou escoriações,
todas as feridas devidas aos arreios, coleiras, arames farpados, devem
ser desinfectadas e tratadas. (V. Pele, Ferida, no *Dicionário da
saúde+.) Acrescentaram se, no entanto, algumas plantas, ou substâncias
delas obtidas, reservadas aos cuidados dos animais e que não devem nunca
ser colocadas sobre a epiderme humana, que é mais frágil e mais sensível
que a dos animais.
Neste capítulo, *Os usos veterinários+, definiramse os remédios
aplicáveis a todos os animais citados, especificando a necessidade de
adoptar para a posologia uma regra proporcional ao peso do animal a
tratar, e seguidamente consagrouse a cada um deles um capítulo
especial.
435
Tratamentos aplicáveis a todos os animais
O alho é um dos mais importantes e eficazes
remédios para os animais, mais ainda que para o homem.
Qualquer que seja a enfermidade do animal, é aconselhável, no início de
qualquer tratamento, instituir um jejum de meiodia a 48 horas,
consoante o seu porte, durante o qual deverá beber em abundância água
adoçada com mel, depois de lhe ter sido administrado, como
desinfectante, alho picado numa bola de farelos, numa colherada de mel
ou numa infusão.
COMO CUIDAR DO ALOJAMENTO DOS ANIMAIS Para desinfectar
O Afastar os animais. Uma vez os locais perfeitamente limpos e vazios,
fechar portas e janelas e queimar caules secos de alho e pimentãode
caiena. Para afastar as moscas
O Suspender no tecto um ramo de artemísia, onde as moscas se
aglomerarão; quando tal acontecer, provocar a queda do ramo para um saco
e queirnálo O Colocar um ramo de amieiro com folhas nos galinheiros e,
quando este ficar coberto de parasitas, queimálo. Para afastar pulgas e
percevejos
O Misturar na cama de palha folhas de nogueira ou de tanaceto.
*/* a ler e a marcar
COMO CUIDAR DOS ANIMAIS Contra moscas e moscardos
O Lavar o pêlo com uma decocçào de amieiro,
80 g de folhas para 1 l de água O Lavar o pêlo com uma decocção de
evónimo, 50 g de folhas para 1 l de água. Contra os piolhos
O Lavar o animal com uma infusão concentrada de folhas de nogueira e
depois polvilhálo com
losna ou abrótano secos e pulverizados O Lavar o pêlo com água e sabão
(não utilizar lexívia) e
esfregar seguidamente com uma decocção concentrada de quássia. V.
também: Sarna Contra todos os parasitas externos
O Polvilhar com pó de piretro, inofensivo para os animais de sangue
quente, que podem lamberse sem perigo; para as aves, insuflar o pé sob
as penas com um pequeno fole; adicionar este pó a todos os champôs de
lavagem dos animais domésticos.
O pó de piretro é um veneno violento para os animais de sangue frio. Se
tiver tartarugas ou
lagartos, cobras, cágados e outros animais de estimação, não deve
aplicálo. Para as picadas de insectos e de aranhas
O Friccionar as picadas com: 1 bolbo de alho ou de cebola crus
esmagados em vinagre, sumo de limão sumo de tomate verde O Preparar
com antecedência num frasco: bastante alecrim, losna e abrótano picados
em igual proporçã o com 2 colheres de sopa de vinagre até encher um
terço do frasco; completar o volume do frasco com azeite; rolhar, deixar
macerar durante 3 semanas ao sol.
Para a sarna É necessário ter presente que a sarna dos ovinos, bovinos e
equídeos é muito contagiosa. Em primeiro lugar dar banho ao animal,
escoválo com água com muita espuma, retirar o sabão e em seguida: O
Lavar as zonas atacadas com uma loção preparada com 30 g de sementes de
tremoço e 2
copos de vinagre em 1 l de água; ferver durante
15 minutos e filtrar O Lavar com álcool canforado obtido com 100 g de
álcool a 900 e 10 g de cânfora; macerar durante 8 dias O Lavar com
uma maceração de 10 g de flores de arnica conservadas durante 8 dias em
1 l de aguardente O Lavar com uma decocção concentrada de 1 punhado de
folhas de sabugueiro, 1 punhado de planta inteira de alho e 1 punhado de
ervadesãoroberto para 1 l de água; ferver 15 minutos
9 Lavar com o líquido obtido por fervura de 1 punhado de aparas de lenho
de quássia durante 5 minutos em O,5 1 de água O Num recipiente tapado,
deixar tomar bolor ao sol, num pouco de água, metades de limão já
utilizadas; logo que estas estiverem cobertas de bolor, espremer o
sumo e substituir por outros limões, guardar o líquido e friccionar as
zonas atacadas com este líquido O Friccionar com uma infusão concentrada
de alecrim e, seguidamente, com óleo de rícino. Para a tinha
9 Friccionar o pêlo com óleo de zimbro ou óleo de cade, com o qual é
necessário ter atenção, pois pode manchar a pelagem. Para os parasitas
nas orelhas
O Deitar algumas gotas de óleo de linhobravo tépido. Para desinfectar e
acelerar a cicatrização das feridas
O Tintura de aloésdocabo, preparada pela maceração de 10 g de folhas
secas em 50 g de álcool ou de vinagre O Decocção de losna, 50 g de
sumidades floridas e de folhas para 1 l de água
O Infusão de agrimónia, 100 g de sumidades floridas e de folhas para 1 l
de água fervente O Pomada confeccionada com folhas de pinguícula
esmagadas em banha sem sal; aplicar este preparado sobre a ferida O
Misturar quantidades iguais de carvão vegetal e de pó de quina e
polvilhar a ferida. Para o eczema
O Pulverizar galhas de carvalho e polvilhar com o pó obtido as lesões.
Para suspender uma hemorragia
O Banhar a ferida com uma infusão de cúpulas de bolotas e seguidamente
polvilhála com pimentapreta ou alecrim em pó O Lavar a ferida com uma
infusão de consoldamaior, de alecrim ou de sabugueiro, 1 punhado de
planta fresca para 1 l de água fervente, à qual se adicionam 25 g de
boninas. Para as dores reumáticas e afecçóes pulmonares
O Friccionar a caixa torácica ou a zona dorida com folhas frescas de
amieiro ou um linimento composto por uma mistura de 100 g de essência de
terebintina e 100 g de azeite.
436
OS USOS VETERINÁRIOS
Os animais
O cão
APARELHO BRONCOPULMONAR Bronquite e tosse: O Infusão de grindélia, O,50
g de pó de sumidades floridas para O,5 1 de água; dose para 1 dia O
Infusão de polígalaamarga, 5 g de rizoma em infusão durante 15 minutos
em O,5 1 de água; dose para 1 dia O Infusão de rorela, 5 g de planta
para O,5 1 de água fervente; dose para 1 dia.
APARELHO CARDIOVASCULAR Sufocação e fadiga cardíaca: O Infusão de
guaiaco, 5 g de pó de casca para 1 tigela de água fervente * Decocção de
folhas de mate, 5 g para
100 g de água O Infusão de valeriana, 10 g de raiz em 30 9 de água
fervente; 1 colher de café de hora a hora durante a crise.
APARELHO DIGESTIVO, NUTRIÇÃO, METABOLISMO Apetite Para aumentar o
apetite
O Infusão de canela, 2 g de pó para 1 tigela de água fervente O Infusão
de macela, 1 pitada de flores para 1 tigela de água fervente.
Convalescença: 9 Infusão de calumba, de O,50 a 1 g de rodelas de raiz ou
pó triturado com mel
O Cola, 1 g de pó misturado com mel ou com leite açucarado O Noz
moscada, 1 g de noz em
leite açucarado ou com mel O Decocção de quina, 2 g de pó por dia O
Deitar em O,25 1 de vinho tinto 5 g de quina, 5 g de bagas de zimbro,
5 g de genciana e 5 g de canela; 3 colheres de sopa por dia.
Diarreia: O Infusão de polpa de alfarroba em
pó, 50 g para 1 l de água fervente O Infusão de ratánia, 5 g para O,5 1
de água fervente; para 1 dia, em 3 doses O Infusão de salgueirinha, O,50
g para 1 l de água.
Digestão Para evitar perturbações Como carnívoros que são, os cães devem
ser alimentados com carne crua. Desde muito jovens, temperar diariamente
a ração de carne com
uma colher de sopa de uma mistura em partes iguais de folhas picadas de
salsa, agrião, taráxaco e aipo. Parafacilitar a digestão
O Infusão de condurango, 4 g de casca de raiz O Infusão de quássia, O,50
g de aparas O Decocçâo de quina, 2 g de pó.
Depurativo: O Infusão de bardanamaior, de cá seara sagrada, de
folhas de nogueira; meia colher por dia.
Hálito Para o mau hálito
O Misturar urtigão picado na alimentação.
Obesidade: O Adicionar à alimentação farinha
de alfarroba obtida a partir do invólucro das sementes.
Obstipação: O Dar 1 colher de café de óleo de amêndoas doces O Infusão
de amieironegro,
10 g de casca com pelo menos 2 anos em 150 g de água, ferver 30 minutos,
deixar macerar 4 horas e filtrar.
Purga: O Decocção de espinheirocerval, 30 g de bagas para O,5 1 de
água; 1 colher de sopa diluída num copo de água O Suco de folhas de
aloésdocabo, 10 g O 3 folículos de sene macerados durante 4 horas em
água fria.
Vermífugo: O Administrar 4 bolbos de alho esmagados em leite com açúcar
e 30 minutos mais tarde 1 colher de café de óleo de rícino O Rizoma
fresco de fetomacho, cerca de 30 g, fazer uma decocção em O,5 1 de água
com a parte central de 2 rizomas e 1 fragmento de casca O Decocção de
raiz de laranjeiradoce, 1 g numa
tigela de água O Silvamacha, 2 bagas cortadas em pedaços misturados com
os alimentos.
APARELHO GENITAL, GESTAÇÃO, PARTO, LACTAÇÃO Hemorragia genital: O
Decocção açucarada e
filtrada de hamamélia, 5 g de folhas secas para
1 l de água; dar a beber ao longo do dia. Para excitar as cadelas
O Funcho, 4 g de pó de sementes O Losna, 2 g de pó de sumidades floridas
secas por dia. Para acalmaras cadelas
O Infusão de passifiora, O,30 g de flores para 1 tigela de água fervente
O Infusão de golfão, em
doses idênticas. Estimulante uterino aquando do parto
O Infusão de loureiro, 10 g de folhas para 1 l de água; O,5 1 por dia O
Infusão de gengibre, O,10 g de pó para 1 tigela de água fervente O
Infusão de cravodecabecinha, de O,20 a O,50 g de pó de cravo para 1
tigela de água. Para iniciar a lactação Uso externo: O Fficcionar as
glândulas mamárias (ou úbere) com uma decocção de folhas de hamamélia,
10 g para, 100 g de água O Aplicar sobre as glândulas mamárias uma
cataplasma de folhas frescas de salsa. Uso interno: O Infusão de salsa,
10 g de sementes para 1 tigela de água fervente; 1 tigela por dia
O Purgar com espinheirocerval ou com sene; 4 dias seguidos,
Parafacilitar a lactaçào
O Misturar 10 g de açúcar em pó, 10 g de sementes de anis e 10 g de
sementes de funcho esmagadas; 2 g 3 vezes por dia O Infusão de galega, 8
g de planta seca em pó para 1 l de água fervente, filtrar; 1 tigela por
dia. V. também: Purga.
FíGADO E RINS Insuficiéncia hepática: O alcachofra, O,50 g para 1 manhã,
1 à noite.
Decocção de folhas de de água; 1 chávena de
437
OS USOS VETERINÁRIOS
Icterícia: O Dar 2 bolbos de alho esmagados em
leite, e seguidamente infusão: de taráxaco, de lúpulo, de verónica,
à razão de O,30 g para
O,25 1 de água; 2 colheres de cada vez O Decocção de boldo, 15 g de
folhas para 1 l de água, ferver 2 minutos; 1 colher de café para 1
tigela O Chádejava, 1 colher de café para 1 tigela.
Hemorragia urinaria (hematúria): O Infusão de uvaursina, 1 pitada de
folhas secas pulverizadas para 1 tigela de água fervente, filtrar e
adoçar bem.
PELE E FANERAS Dermatoses: O Decocção de salsaparrilhabastarda, 50 g
para 1 l de água; 2 tigelas por dia O Salsaparrilhabastarda, 25 g de pó
por dia misturados com mel.
Eczema: O Purgar o cão, depois adicionar agrião e becabunga à ração
diária O Dar uma infusão de ulmeira ou de urtigão, 50 g de folhas para 1
l de água; 2 colheres de sopa 2 vezes por dia O Friccionar a epiderme
com uma infusão de folhas de silva ou com suco de pepino cru.
O gato
Afecções hepatorenais: O Infusão de chádeJava, O,50 g de folhas para 1
chávena de água.
Bronquite e constipação: O Infusão de eucalipto, 20 g de folhas para 1 l
de água fervente muito doce; 2 chávenas por dia O Inalação de eucalipto,
50 g para 1 l de água; o gato deve estar dentro do seu cesto, sobre uma
cadeira, a nível mais elevado que a caçarola, sendo o conjunto coberto
com urna manta.
Diarreia: O Infusão de salgueirinha, 50 g de planta seca para 1 l de
água; 1 chávena por dia.
Indigestão: O Infusão de folhas de alcachofra, 3 g para 1 chávena de
água fervente.
Obstipação: O Decocção de amieironegro, O,50 g de casca com pelo menos
2 anos para 1 chávena de água, ferver 30 minutos, macerar 4 horas e
filtrar.
Purga: O Infusão açucarada de sene, 2 g de folículos para 1 chávena de
água fervente.
Sedativos nervosos: O Infusão de golfões, O,30 g de flores para 1
chávena de água O Infusão de passifiora, O,20 g de flores para 1 chávena
O Maceração de valeriana: macerar durante 8 horas
1 g de raízes em 100 g de água fria.
O cavalo e o burro
APARELHO BRONCOPULMONAR Bronquite e tosse: O Molhar bem o feno para
evitar o pó O Administrar 2 ou 3 cenouras cruas por dia cortadas em
pedaços e alho cru * Infusão de flores de sabugueiro ou de folhas de
groselheiranegra ou de salva, adoçada com mel O Infusão de folhas de
eucalipto O Infusão de tussilagem, 2 punhados para 1 l de água O
Infusão: de agulhas de pinheiro, 1 punhado de ramos e de folhas de
salgueirobranco, 45 g para 1 l de água.
APARELHO DIGESTIVO Cólica acompanhada de meteorismo: O Dar funcho e
folhas de taráxaco O Decocçào de sementes de endro, 50 g para 1 l de
água.
Diarreia: O Dar uma massa composta por: 15 g de bistorta em pó, 15 g de
casca de carvalho seca e pulverizada, 50 g de mel; dose para 1 dia;
repetir a dose no dia seguinte se for necessário.
Gastrite: * Decocção de malva, 500 g de folhas em 10 1 de água; dar a
beber tépida.
Icterícia: O 3 punhados por dia de lúpulo ou de verónica.
Indigestão acompanhada de cólicas: O Dar a
comer feno muito seco O Suprimir os alimentos
que fermentam, corno ervilhas, favas e batatas 9 Suprimir as raizes,
exceptuando as cenouras O Salpicar a forragem, a aveia e os farelos com
1 punhado de casta nhas daíndi a descascadas, secas e pulverizadas O
Infusão de hortelãpimenta,
30 g para 1 l de água.
Obstipação: O Decocção de casca de amieironegro com 2 anos pelo menos,
100 g para 1 l de água ou de vinho, ferver 30 minutos.
Purga: O 20 folículos de sene em O,25 1 de água, depois dar alho, 2
boibos inteiros esmagados e infundidos em O,5 1 de água; em 2 doses.
Vermífugo: O Após 1 dia de jejum, administrar
2 bolbos de alho ralados e misturados com farelos, mel ou melaço e em
seguida: cenouras cruas, gramafrancesa, folhas de silva O
Decocção de fetomacho, 200 g de rizoma. Para prevenir as verminoses:
O Misturar na forragem: feto~macho, freixo, giesteiradas
vassouras, gramafrancesa, mostardanegra, sabugueiro, silva.
ESTADO GERAL E OUTROS APARELHOS Astenia: O O,50 g de pó de raiz seca de
énulacampana misturados com mel; dose para 1 dia.
Convalescença: O Noz de cola, 10 g misturados com mel O Ração de aveia,
ligeiramente molhada com água morna para se tornar mais digerível, à
qual se adiciona 1 colher de sopa de sementes de alcaravia ou 1 punhado
de farinha de bolota.
Entorse: O Banhar a pata em água salgada quente e seguidamente esfregar
a articulação com: azeite, uma infusão concentrada de consoldamaior;
ligar com uma ligadura embebida nesta mesma infusão.
Febre: O Administrar chá frio ao qual se adicionou um pouco de salsa
picada O Infusão de aze438
OS USOS VETERINÁRIOS
das O Infusão de folhas de groselheiranegra O Frutos de groselheira
negra esmagados em mel.
Mordedura de víbora: O Preparar com antecedência o seguinte unguento:
120 g de azeite, 60 g de raízes esmagadas de rapúncio, 60 g de folhas
esmagadas de hera, 60 g de aguarrás; uma vez
retirado o veneno, esfregar o remédio na ferida, e simultaneamente:
administrar alho, dar buglossa fresca.
Parto Para facilitar o parto
15 g de cravosdecabecinha.
Reumatismo: O Todos os cuidados locais já descritos no *Dicionário da
saúde+. Além disso:
O Administrar uma decocção de urtigão, 2 punhados em 1 l de água, ferver
5 minutos O Dar aveia, farelos e feno * Misturar na alimentação:
agrião, aipo ralado, caules e folhas, alecrim, bardana,
consoldamaior, labaçol, primavera, salsa, cascas de zimbro ou
de salgueirobranco.
Rins e vias urinárias: O Dar: almeirão, pés de cerejas, ramos de
cerejeira, salsa O Aplicar compressas quentes de uma infusão de
tomilho, de mostardanegra ou de verónica O Iniciada a convalescença,
dar: cenouras, cevada, urtigões cozidos.
O coelho
Para fortalecer os coelhos, dar como alimento, além da erva dos campos,
muito fresca e isenta de tratamentos químicos: aipo, aveia,
canabrás, cevada, folhas de milho, pimpinela O No Inverno:
batatas cozidas, beterraba, castanhasda índia cozidas e
descascadas, cenouras, cersefibastardo, couve. É necessário
adicionar sempre um pouco de salsa à forragem. Os coelhos apreciam
muito: almeirão, trepadeira.
Lactação: O Dar aveia.
Coecidiose (ventre dilatado): O Adicionar à forragem tomilho ou 1
punhado de flores de giesteiradasvassouras.
Infecção ocular: O Lavar os olhos com uma infusão leve de macela.
Vermífugo: O Adicionar à forragem: arternísia, losna, tanaceto.
Aves de cativeiro
O Darlhes as bagas que mais apreciam e que lhes proporcionam uma boa
saúde: abrunheirobravo, alfenheiro, azevinho, pirliteiro,
sabugueiro, viburno, visco, zimbro O Sementes: de arroz de
aveia, energéticas, depois de germinadas, de cânhamo, excitantes,
fazem pôr ovos e chocar, de cardopenteadorbravo, de cártamo,
excelentes para os papagaios, de coentros, digestivas, de funcho,
de girassol, fazem chocar, de linhobravo, emolientes, de milho,
nutritivas,
de milhomiúdo, de morugem e de cevada, refrescantes e nutritivas,
de papoila, fazem cantar, de semprenoiva, de tanchagens, de
taráxaco, de trigo, de trigosarraceno, energéticas, de
zaragatoa, emolientes.
As aves pequenas não apreciam o centeio.
O Não dar alcaravia nem salsa, plantas que envenenam as aves pequenas.
As aves de capoeira
A galinha e o galo
Dar todas as sementes que se dão às aves de cativeiro; fornecer também:
batatas cozidas, beterraba crua cortada em pequenos cubos, fruta,
verduras O No Inverno, dar: bolotas de carvalho, castanhas, frutos
da faia, de pirliteiro, de roseirabrava.
Diarreia: O Infusão de macela, 15 g de sumidades floridas em 1 l de água
fervente; 2 a 3 colheres de sopa por dia num pouco de vinho.
Doenças infecciosas: O Dar cebola.
Obstipação: O Aumentar a ração diária de verduras: agrião, couve,
espinafres, rícino.
Postura: O Sementes de cânhamo O Sementes e folhas de urtigão fresco ou
seco; no Inverno, algas secas.
Vermífugo: O Dar alho, excelente vermífugo.
O ganso e o peru
Para conservar a boa saúde destes animais, darlhes: alho, aveia,
sementes de cardodesantamaria, bolotas de carvalho, castanhas e
frutos da faia, cebola, cevada, trigo O Dar bagas de:
pirliteiro, que são muito apreciadas, zimbro, sementes de girassol.
Fortificante: O Fazer uma massa com farinha de trigosarraceno à qual se
adiciona 1 pitada de pó de genciana misturado com leite coalhado. a Os
gansos procuram a cicuta, que os envenena, assim como a dedaleira e o
meimendro, que são
plantas perigosas.
O pato
O pato adaptase: a todas as sementes, às farinhas, às abóboras,
à batata cozida, à beterraba crua cortada em pequenos cubos, etc.
Fortificante para patinhos: O Picar urtigões frescos muito miudinhos,
misturálos aos fareios,
439
OS USOS VETERINÁRIOS
regar tudo com leite coalhado O Dar, além disso, um pouco de verdura.
O cisne
Aprecia todas as sementes, preferindo a aveia, as ervas picadas e também
o pão. Aprecia ainda peixe, carne, insectos e rãs.
O pombo
Gosta de: todas as sementes (a alcaravia constitui um óptimo alimento
para o pombo), batatas cozidas esmagadas, lentilhas, grainhas de
uva.
O Não se deve dar aveia aos borrachos, pois a
pode perfurarlhes o papo.
Os pequenos ruminantes:
ovinos e caprinos
CUIDADOS COMUNS AOS CARNEIROS E ÀS CABRAS Para conservar um bom estado
de saúde * Dar: O Folhas de: acáciabastarda, carvalho, faia,
freixo, lúpulo, ulmeiro
O Raizes de cincoemrama O Pimpinela O Salsa O No Inverno, darlhes de
preferência: palha de aveia, beterrabas cortadas aos pedaços couve.
Astenia e convalescença: O Decocção de mate,
15 g em O,5 1 de água O Pó de nozmoscada, 3 g misturados com mel ou
água açucarada O Pó de raízes de énulacampana, 10 g misturados com mel.
Indigestão, cólica, meteorismo, diarreia: O 1 cabeça de alho crua
esmagada em 1 l de leite frio; a mesma preparação que para os bovinos,
para administrar aos copos O Decocção de endro, 130 g de sementes para 1
l de água, com 10 g de alcaçuz, ferver 5 minutos, infundir 2 horas O
Leite açucarado ao qual se adicionam 20 g de carvão vegetal O Infusão de
quássia, 5 a 8 g de lenho em aparas.
Mastite: Aplicar sobre as glândulas mamárias (úbere): O Cataplasma de
folhas e flores de alteia
cruas e picadas O Cataplasma de folhas esmagadas de couve crua O
Compressas embebidas numa infusão de labaçol.
Purga: O 6 folículos de sene para 1 tigela de água.
Vermífugo: O Decocção de fetomacho, 50 g de rizoma em O,5 1 de água.
O carneiro
O Dar bodelha, que é rica em iodo, e mostarda.
APARELHO GENITAL Para facilitar o parto
O Dar: agrião, framboeseiro, hera, sementes de linhobravo,
poejo, silva, silvamacha.
Gafeira: O Levar os animais para um pasto seco
O Darlhes aveia, cenoura crua, couve verde, trigo, tudo picado e
misturado com melaço O Tratar as patas com alcatrão de pinheiro.
Reumatismo: O Adicionar à alimentação:
440
aipo, bardanamaior, consoldamaior, freixo, morugem, salsa O
Infusão salgada de alecrim, 80 g de planta para O,5 1 de água; dose para
1 dia, em 2 partes O Friccionar as articulações com uma infusão salgada
de alecrim (a mesma preparação) O Proceder do mesmo modo com uma infusão
de sabugueiro, 40 g de flores para O,5 1 de água.
Vermífugo: O Alho, planta inteira picada, misturada com farelos ou
melaço.
A cabra
Aborto: O Dai: polpa de cenoura, talos de couve picados, sementes
de linhobravo, sementes de girassol, todos os legumes verdes e bagas
silvestres, fruta, folhas de framboeseiro, de silva e de tanaceto.
O Evitar todos os cereais, com excepção da cevada.
Cólica: O Dar hortelã e tomilho O Preparar uma papa de farinha de cevada
com leite e mel à qual se adicionam 20 g de casca de ulmeiro em pó.
Esterilidade: O Dar: alcaçuz, alho, bodelha, framboeseiro,
sementes de girassol, hortelã, sementes de linhobravo, lúpulo,
raiz de peónia, pimentãodecaiena, frutos de silvamacha, grãos
de trigo.
Obstipação: O as de arando, alcaçuz em pó.
Dar: todas as bagas, excepto figos, raízes de ruibarbo, Perturbações
renais: O Adicionar à alimentaçâo do animal doente: almeirão, bolsa
depastor, cavalinha, polpa de cenoura cultivada, pés de
cereja, ramos de cerejeira,
consoldamaior, espargos, gramafrancesa.
O Dar sementes de cevada ou de linhobravo, que têm uma acção laxativa.
Pneumonia: O Dar: alecrim fresco, ramos
de pinheiro O Decocção de salva, 50 g de folhas frescas para 1 l de
água, ferver 2 minutos e coar; administrar em pequenas quantidades
adoçadas com mel, à razão de O,5 1 por dia O Simultaneamente: aplicar
uma cataplasma de farinha de mostardanegra.
OS USOS VETERINÁRIOS
Os grandes ruminantes: bovinos
APARELHO BRONCOPULMONAR Bronquite e tosse: O Adicionar pó de alcaçuz à
água para beber.
APARELHO DIGESTIVO Cólica: O Suprimir todos os cereais, com excepção da
cevada; dar leite açucarado, 1 l, ao qual se adicionaram 50 g de
sementes de endro,
20 g de farinha de cevada, 50 g de pó de casca de ulmeiro.
Diarreia dos vitelos: O Decocção de amentilhos de castanheiro misturados
com arroz O Decocção de raízes de ratânia, 15 g, e de galhas de
carvalho, 15 g, cozer durante 15 minutos em 1 l de água; administrar em
4 doses.
Diarreia dos bovinos: O Papa composta por 15 g de bistorta reduzida a
pó, 15 g de casca de carvalho pulverizada, 50 g de mel; dose para 1 dia.
Indigestão, meteorismo: O 1 cabeça de alho cru esmagada em 1 l de leite
frio, conservar num frasco rolhado; O,5 1 de cada vez O Dar: cenouras
raladas, sementes de girassol O Infusão de urtigão, 5 punhados para 1
l de água O Vinho quente com: canela, cravodecabecinha, tomilho
O Dar a comer ramos de: pirliteiro, silvamacha O Dar a comer rebentos
de: freixo, lúpulo, sabugueiro, salgueirobranco O óleo de noz; 1
copo O Misturar sementes de anis e de alcaravia, 15 g de cada um, carvão
vegetal, 60 g, 1 l de cerveja tépida; administrar todas as noites
durante 10 dias O Misturar na forragem sementes de: coentros,
cominhos.
Purga: O 100 g de suco de folhas de aloésdocabo com mel.
Vermífugo: O Decocção de fetomacho, 130 g de rizoma.
APARELHO RENAL Nefrite: O Decocção de parietária, 100 g de folhas secas
em 2 1 de água.
ESTADO GERAL Anemia dos bovinos: O Dar: agrião, almeirão, amoras,
aveia, bardanamaior,
gatunha, niorugem, folhas de silva O Adicionar: bodelha
em pó, cenoura, couve, líquendaislândia.
Astenia, convalescença: O Raiz de énulacampana, O,50 g de pó misturado
com mel: dose para
1 dia O Nozmoscada, 10 g O Quina, decocção de 25 g de casca em 1 l de
água O Vinho: 15 g de casca de quina, 15 g de bagas de zimbro, 5 g de
canela em 1 l de vinho; dose para 1 dia O Misturar 40 g de pó de
cálarnoaromático, de raiz de genciana, de folhas de hortelã e de flores
de arnica picadas; adicionar 1 punhado por dia à forragem.
GESTAÇÃO,PARTO,LACTAÇÃO Ameaça de aborto
O Dar a comer folhas frescas de: groselheiranegra, morangueiro,
pirliteiro, silvamacha. Para acelerar o parto
O Infusão de artemísia, 100 g de folhas secas em
1 l de água fervente O Infusão forte de uma mistura de 25 g de folhas de
camomila e 75 g de frarnboeseiro para 1 l de água fervente a que se
adicionou açúcar; depois do parto, infusão de folhas de hera. Para
aumentar a produção de leite
O O alecrim, a alfazema, os orégãos, a salva, o tomilho, conferem ao
leite um aroma agradável. As folhas de freixo dão um gosto amargo ao
leite
O Misturar diariamente à água para beber, durante 1 semana, 1 porção da
mistura seguinte: pó de sementes de anis, 100 g, pó de sementes de
funcho, 100 g, pó de bagas de zimbro secas, 100 g
O Infusão de galega, 30 g de planta seca para 1 l de água fervente e
filtrar. O Dar (planta fresca): agrião, anis, borragem, funcho,
melissa, silvamacha,
trevo, urtigão O Dar: bodelha, favas, cabeças de girassol,
lentilhas, ramos de sal gu eiro branco, sementes de endro,
frutos de coentro O No Inverno, adicionar urtigão seco à forragem.
Para melhorar a qualidade da manteiga produzida
O Juntar sementes de: girassol, linhobravo, trigosarraceno O
Dar: aveia, cenoura, maravilhas, folhas de milho. Para iniciar a
secreção do leite
O Suprimir da alimentação as gorduras e as sementes O Dar: cenouras,
espargos, melaço, vegetais frescos O Purgar com 15 folículos de sene
em O,25 1 de água e 1 pitada de gengibre em pó O Adicionar à alimentação
2 punhados de menta e pervinca em dias alternados durante 15 dias.
O porco
Engorda: O Adicionar à alimentação 1 punhado de sementes de alforvas.
Fortificante: O Adicionar à alimentação, em
todas as refeições, 2 punhados de farinha de: aveia, castanhas,
centeio, cevada, trigosarraceno, polpa de bolota de carvalho
sem casca O Dar também a comer cru: almeirão, couve, verduras O
Dar a comer batatas cozidas.
Purga: O Administrar 10 g de suco de folhas de aloésdocabo; ter o
cuidado de não ultrapassar a dose prescrita.
441
Glossàrio
a Prefixo que significa desprovido de. acaule Desprovido de caule aéreo.
As folhas encontramse geralmente rentes ao solo; apenas os peclúnculos
florais se elevam. Uma planta acaule pode ter um caule subterrâneo. Ex.:
carlina, bonina.
acícula Pequeno acúleo delgado e rígido que reveste a epiderme de alguns
caules. Ex.: acicula da roseirabrava. acotllédone Planta sem flores nem
sementes, cuja reprodução se faz por esporos assexuados gerando
protalos, ou organismos intermédios, portadores de gãmetas masculinos e
femininos. acúleo Protuberância rígida e pontiaguda da casca que se
desenvolve à superfície dos caules e se arranca com facilidade, ao
contrário dos espinhos, que estão ligados ao sistema vascular da planta
e por isso oferecem maior resistência. Ex.: acúleo da roseirabrava.
acurninado Dizse de um órgão que termina bruscamente numa ponta
comprida e afilada. Ex.: folhas do ulmeiro.
aderente Que não se deixa separar dos órgãos vizinhos. Dizse de dois
órgãos ou porções diferentes que contactam entre si mas não se
desenvolvem conjuntamente nem se fundem. Ex.: estiletes de roseira
brava. adventícia Empregase com triplo sentido. Uma raiz adventícia
desenvolvese no caule ou na axila das folhas e tem uma dupla função, a
de suporte e a de nutrição (v. pp. 2021, figs.
78). Em agronomia, a planta adventícia é a que se encontra onde não
devia estar, como a erva daninha nas culturas. Em fitossociologia e em
ecologia, tratase de uma planta que não pertence a uma dada região e
que, apesar de ali se ter fixado, não poderá sobreviver. agudo órgão
cujo vértice estreita progressivamente até terminar em ponta, ao
contrário do acuminado, cujo estreitamento é brusco. Ex.: folha
lanceolada da tanchagem.
agulha Nome que se dá às folhas de coníferas, como o pinheiromanso e o
pinheirobravo. alado Dizse de um caule ou de um pecíolo contornado por
uma asa. alterno Modo de disposição das folhas no caule, inseridas cada
uma a um nível diferente; se, além disso, estiverem dispostas em duas
séries longitudinais, chamamse alternas dísticas. V. pp. 2427, fig.
39. alveolada Superfície coberta de pequenas depressoes angulosas
chamadas alvéolos. Ex.: tegumento da semente da papoila. amêndoa
Parte interior da semente depois de retirado o tegumento, ou a própria
semente, se esta se encontra num caroço. V. semente. amentilho
Inflorescência em forma de espiga, geralmente
pendente e formada por flores unissexuadas. Ex.: amentilhos masculinos
da aveleira, amentilhos masculinos e femininos do salgueirobranco. V.
pp. 3233, fig. 74. amplexicaule Limbo de folha, pecíolo ou estipula
cuja base envolve o caule em maior ou menor extensão.
androceu Conjunto dos órgãos masculinos (estames) de uma flor. V. pp.
3031, figs. 5562. androgínica Dizse de uma inflorescência que tem
flores masculinas e femininas no mesmo pedúnculo. angbspérrnicas
Subdivisão do reino vegetal que compreende as plantas cujos óvulos estão
encerrados num ovário fechado com estigma. Ex.: cerejeira, meloeiro,
pessegueiro, pereira. antera Parte superior dilatada do estame. A
antera contém as célulasmães dos grãos de pólen, os quais formarão os
gâmetas masculinos. Está dividida interiormente em quatro sacos
polínicos que se agrupam formando duas cavidades. antese Período da
floração. O botão floral abrese, as pétalas desabrocham, os estames e o
carpelo crescem e realizam a fecundação. Por vezes, esta última fase dá
se antes da antese. anual Planta cujo ciclo de vida só dura um ano:
germinação, crescimento, floração, frutificação e morte. A reprodução de
uma planta anual é assegurada apenas pela semente, contrariamente à
planta vivaz. apêndice Prolongamento acessório de certos órgãos. Ex.: o
esporão que prolonga a corola da violeta, da aquilégia ou das esporas.
apendiculado Provido de um ou mais apêndices.
apétala a) Flor desprovida de pétalas. As flores com um só invólucro
(cálice ou corola) desig442
GLOSSÁRIO
namse por haplociamídeas, ou monociamídeas.
b) Grupo que compreende nove famílias de plantas também chamadas
haplociamídeas. Ex.: nogueira, vidoeiro. apiculado Dizse de um órgão
que termina bruscamente em ponta curta, maleável e não espinhosa. Ex.: a
vagem do feijoeiro.
aprumada Dizse da raiz principal, mestra, ou gavião, bem desenvolvida
de onde partem as secundárias. V. pp. 2021, figs. 13. aquérilo Fruto
seco que não se abre espontaneamente (indeiscente) e com uma só semente.
Ex.: avelã. V. pp. 3435, fig. 90. arbusto Planta lenhosa de altura
inferior a 5 m, geralmente revestida de ramos desde a base. Ex.: urze,
giesta, piorno. arista Prolongamento rígido, filiforme ou delgado de
certos órgãos. Ex.: a glumela da cevad a ou o carpelo da videbranca ou
da pulsátila. articulado Formado por artículos. Ex.: síliqua do
rábano (formamse na maturação vários artículos monospérmicos), rizoma
do selodesalomão, ramos de cavalinha.
artículo Porção de um órgão isolada da parte contínua por um
estrangulamento ou um septo. Ex.: síliqua de rabanete. árvore Vegetal de
tronco bem marcado e com ramos lenhosos na parte superior, vivaz, que
mede mais de 5 m de altura. Vive geralmente várias décadas e até mesmo
vários séculos. Ex.: carvalho, azinheira, etc. asa a) Nome dado às
pétalas
orla o pecíolo ou o caule como uma continuação do limbo da folha. Ex.:
consoldamaior. ascendente Dizse de um órgão, geralmente um caule, que
primeiro se encontra prostrado e seguidamente se ergue adquirindo uma
posição quase vertical. Ex.: marroionegro. auriculado Dizse de um
órgão munido de aurículas, apêndices em forma de orelha; estas são
prolongamentos do limbo da folha que auricuia cingem o caule.
Ex.: cocleária. axila Ângulo interior formado pelo encontro de dois
órgãos ou partes de uma planta. Na axila das folhas gema
encontramse @axi1ar muitas vezes gemas. axilar Dizse de um
órgão que se insere ao nível de uma axila.
Ex.: uma flor, na axila de uma folha, dizse axilar por oposição à que
se situa no fim do ramo, chamada terminal,
baga Fruto simples carnudo, indeiscente, frequentemente com várias
sementes. Ex.: groselha, uva. V. pp. 3435, fig. 89. bainha
Prolongamento do pecíolo ou do limbo da folha que envolve o caule até ao
nó de inserção.
laterai das flores das Leguminosas. b) Lâmina verde que
balsânlico Que possui um perfume comparável ao bálsamo. Ex.: balsamita.
basilar No sentido anatómico, órgão que está inserido na base ou
próximo. Folha basilar: que nasce ao nível do colo. bi Prefixo que
significa duas vezes ou duplo.
bico V. rostro. bienal Dizse de um vegetal que normalmente necessita de
dois anos para realizar o seu ci cio vegetativo. Primeiro ano:
nascimento e crescimento; segundo ano: frutificação e morte. Ex.:
cenoura. bffldo Dividido em duas partes por uma fenda bastante profunda.
As folhas e as pétalas são muitas vezes bífidas. Ex.: as pétalas de
algumas Cariofiláceas. bipenatissecta Folha com divisões penatissectas
que, por sua vez, são também penatissectas; os recortes profundos
atingem a nervura central de cada lóbulo. Estes lóbulos estão dispostos
como os dentes de um pente.
bipinulada ou recomposta Folha em que sobre o eixo principal (que está
no prolongamento do pecíolo) se inserem outros eixos portadores de
folíolos.
boibilho Boibo muito pequeno, situado não na terra, como um autêntico
boibo, mas inserido na axila das folhas de certas espécies como a f@í:
cária ou no lugar de algumas flores como o alho. bolíbo Dilatação na
base de uma planta formada por folhas ou escamas repletas de reservas
nutritivas. V. pp. 2223, figs.
1618. bráctea Folha geralmente atrofiada, situada na base de uma flor.
Por vezes, o conjunto das
brácteas
brácteas forma um invólucro. Em determinados casos, atingem grandes
dimensões e tornamse
443
GLOSSÁRIO
coriáceas, chamandose espatas. Ex.: milho. bractácilia Pequena bráctea
inserida na base do eixo floral ou sobre o pedicelo.
o Inflorescência em que as flores, providas de pedicelo, se inserem ao
longo do eixo principal. V. pp. 3233, figs.
6970. caduca Dizse geralmente da folhagem, mas também das peças
florais que caem ao terminar as suas funções, por oposição às
persistentes. A corola é sempre caduca, o cálice é muitas vezes
persistente. cálice O mais externo dos invólucros florais, constituído
pelas sépalas. V. pp. 2829, figs.
4547. caliculado Provido de um calícujo. Ex.: potentilha. calículo
Conjunto de brácteas na base de um cálice ou de um capítulo com o
aspecto de pequenas sépalas, constituindo uma espécie de cálice
suplementar mais externo. O mesmo que epicálice.
pétala
sépala
calo a) Depósito de uma substância ternária, a calose, que obstrui os
vasos condutores da seiva elaborada, durante o Inverno. b) Zona
cicatricial formada por uma acumulação de células nos bordos de uma
ferida de uma árvore. caloso Que apresenta calosidades, ou sejam
dilatações localizadas, separadas umas das outras por pequenas
depressões. campamilado cálice ou corola em formade sino. Só as corolas
gamopétalas podem ser campanuladas. Ex.: consoldamaior, beladona.
canaliculado Caracterizado por ranhuras mais ou menos largas e
profundas ou por uma espécie de canal longitudinal em forma de goteira.
As folhas de algumas espécies de cravinho têm um pecíolo canaliculado.
canelado Caracterizado pela presença de saliências paralelas, separadas
por sulcos regulares.. Os frutos de muitas Umbelíferas são canelados.
Ex.: imperatória. capilar a) Com a forma e o tamanho de um cabelo muito
fino e alongado. Ex.: folha de espargo. b) Nome vulgar dado a alguns
fetos pequenos. Ex.: avenca ou capilária. capítulo Inflorescência
indefinida constituída por flores sésseis, muito próximas umas das
outras, directamente inseridas numa dilatação do caule chamada
receptáculo. Todas as plantas da família das Compostas têm flores em
capítulo, de formas e dimensões muito variadas. V. pp.
3233, figs. 8081. cápsula Fruto seco deiscente formado por um certo
número de cavidades interiores que se abrem para libertar as sementes,
quer seja por poros (papoila) ou por válvulas (ancólia). pp.
3435, fig. 98. carena ou quilha a) Pétala da flor com corola
papilionácea em forma de quilha de navio. Ex.: cornichão. b) Saliência
em forma de quilha que aparece em alguns orgãos.
carena, ou q
carlopse Fruto seco indeiscente cujo pericarpo está ligado intimamente à
semente única. V. pp. 3435, fig. 93. caroço Invólucro lenhoso formado
pela parte interna do pericarpo e que rodeia a semente de uma drupa. V.
pp. 3435, figs.
8688. carpelo Folha floral que produz os óvulos. V. pp. 3031, figs.
6367. carposporófito Filamentocelular, formado depois da fecundação,
produtor de esporos nus (carposporos) que originam uma nova alga
vermelha. casca Revestimento protector das raízes, dos caules e dos
ramos. Mantémse viva nos exemplares jovens, mas com o decorrer dos anos
transformase por lenhificação ou suberificação. caule Parte aérea do
eixo da planta que produz e suporta as folhas. V. pp. 2223, figs. 918.
caulescente Provido de um caule aéreo bem visível, em contraposição a
acaule. caulinar Que tem relação com o caule aéreo. As folhas caulinares
são as que se desenvolvem ao longo do caule, por oposição
às folhas basilares, inseridas no colo da planta. celheado V. ciliado.
ciliado Portador de cílios, geralmente distribuídos por uma franja
marginal.
cillos Pêlos formados por uma ou várias células e dispostos na orla de
um órgão, como as pestanas de uma pálpebra. Ex.: drósera. cimeira
Inflorescência em que o eixo principal está pouco desenvolvido em
relação aos eixos laterais, terminando todos por uma flor. V. pp. 3233,
figs.
8385. cistocarpo Designação que nas algas corresponde a uma espécie de
corpo frutífero em que o carposporáfito está rodeado por um invólucro.
clitoplasma Matéria viva contida na célula, com exclusão do núcleo.
claciódio órgão com a aparência e a função de uma pequena folha, mas que
é formado por um ramo curto e achatado. Ex.: gilbarbeira.
colmo Caule aéreo das Gramíneas, nodoso e oco, excepto nos nós. Ex.:
trigo. colo Região de transição entre o caule e a raiz. composta a)
Formada por vários elementos distintos, como os folícilos de uma folha
composta. Ex . : acáci a b astarda. b) Grande família botânica
(Compostas) que se caracteriza por ter as flores agrupadas em capítulo.
conceptáculo Em algumas algas (bocielha), cavidade do talo onde se
alojam os órgãos reprodutores. cone ou pinha Conjunto de frutos
múltiplos dispostos em forma
444
GLOSSÁRIO
de cone. Ex.: abeto, pinheiro. Cada semente é protegida por uma escama
que pode ser lenhosa ou somente membranosa. corimbo Tipo de
inflorescência com pedicelos desiguais, permitindo que as flores fiquem
todas à mesma altura. V. pp. 3233, fig.
75. coroa As pétalas soldadas de certas flores apresentam, na face
interna, ou garganta, apêndices em forma de taça que originam uma
espécie de coroa. corola Conjunto das pétalas de uma flor. V. pp. 2829,
figs.
4853. costa ou costela Saliência que se encontra na superfície de
certos órgãos, como, por exemplo, frutos. Se estas nervuras são
paralelas, determinando entre si sulcos relativamente profundos, o órgão
denominase canelado. cotanilhoso V. tomentoso. cotilédone Esboço das
primeiras folhas formadas na semente e que aparecerão na germinação. Por
vezes, estão cheias de reservas nutritivas, o que as torna inadequadas
ao cumprimento da função de verdadeiras folhas. crenado Dizse do bordo
do limbo de uma folha em que se desenham pequenos recortes arredondados,
os quais, todavia, não determinam verdadeiros lóbulos. O crenado e o
lobado diferenciamse pela profundidade dos recortes. criptogâ mico O
mesmo que acotiiédone. Planta sem flores e, portanto, sem fecundação
visível, cuja reprodução se faz mediante esporos assexuados. De cada
esporo nasce um protalo, organismo intermédio com gâmetas masculinos e
femini nos. Ex.: fetomacho. cunelforme Dizse de todos os orgãos
com a forma de cunha. cúpula Invólucro axial em forma de taça, forrado
externamente por numerosas brácteas e que envolve a base de alguns
frutos. V. pp. 3233, fig. 79.
decorrente Dizse do limbo de uma folha ou de um folíolo cuja base se
prolonga pelo pecíolo e pelo caule, tornandoo alado. Ex.: consolda
maior.
maturação. V. pp. 3435, figs.
9698. dentada Dizse de uma folha, de uma pétala ou de uma sépala cujos
bordos apresentam recortes pouco profundos, em ângulo agudo. É este
ângulo que distingue o recorte dentado do crenado, denticulado Provido
de dentículos, ou pequenos dentes. deprimido Comprimido de cima para
baixo. Sinónimo de achatado. di Prefixo que significa duas vezes.
diadelfo Dizse da planta cujos estames estão soldados pelos filetes,
formando dois grupos. Ex.: flor do cornichão, que possui nove estames
ligados e um livre. V. pp, 3031, fig. 58. dialipétala Dizse da corola
cujas pétalas são independentes umas das outras. V. pp. 2829, figs. 45
48. dialissépalo Dizse do cálice de sépalas livres. V. pp. 2829, figs.
4548. diaquénio Aquénios geminados e suportados por um pedúnculo comum
bifurcado na extremidade. É o caso das Umbelíferas. dicotilodónea Planta
cuja plântula possui dois cotiléciones. O seu conjunto constitui uma
classe que integra a grande maioria das plantas com flor. dicotornia a)
Bifurcação sucessiva de um ramo devido ao aborto da gema terminal e
desenvolvimento das duas gemas axilares. b) Divisão da gema terminal em
duas partes, dando origem a dois ramos em vez de um.
digitado Disposto como os dedos de uma mão.
deisconte Dizse de um fruto seco que se abre na altura da
dióica Planta que possui flores masculinas e flores femininas em pés
diferentes. A fecundação dáse por intermédio do vento ou dos insectos.
disco Excrescência de forma circular ou anelar, geralmente glandulosa,
onde estão ou parecem estar inseridos os estames e as pétalas. Ex.: flor
da hera. Parte central do capítulo das Compostas.. discollor Dizse de
um órgão que no estado normal apresenta duas cores distintas em
toda a sua extensão. Ex.: folhas com a face superior verde e a inferior
branca. dístico Aplicase a todos os órgãos vegetais dispostos ou
ordenados em ambos os lados de um eixo coo mum ou em, duas filas
regulares. drupa Fruto carnudo cuja semente está encerrada num invólucro
consideravelmente lenhificado e resistente chamado caroço. Ex.: pêssego,
amêndoa, cereja. V. pp. 3435, figs. 8687. drupéde Pequena drupa,
elemento de um fruto múltiplo. Ex.: silva. V. pp. 3435, fig. 101.
eixo Porção de vegetal, geralmente vertical, que suporta outros
elementos; eixo radicular, eixo caulinar ou caule principal, eixo de uma
espiga ou ráquis. elliptico Em forma de elipse ou, melhor, de oval,
cujos lados maiores são quase rectilíneos e paralelos. Ex.: folha do
líriodosvales.
epicálice V. calículo. epinescente Que apresenta a extremidade
transformada em espinho. ar~ Que toma uma direcção aproximadamente
vertical (caule, inflorescência), por oposição a prostrado ou
ascendente. escama Este termo tem diversos significados. Referese em
geral a folhas modificadas, coriáceas, raramente verdes, cujo
papel é o de protecção; do revestimento de rizomas, de bolbos, de gemas,
das flores sem
445
GLOSSÁRIO
corola nem cálice (amentilho de aveleira), servir de suporte às sementes
nos cones das resinosas. No caso particular dos boibos, a escama toma o
nome de túnica. escapo Peciúriculo sem folhas (áfilo) que parte de um
boibo, rizoma, etc., e tem no ápice uma flor ou inflorescência. Ex.:
primavera. Por vezes, no escapo floral intercalamse algumas folhas com
as flores. Ex.: genciana. Sinónimo de hástea.
escorplóide Erriformadecauda de escorpião. Dizse de uma inflorescência
unípara com as flores todas para o mesmo lado e que em nova se enrola em
báculo Ex.: consoldamaior.
escudo Gema destacada do seu suporte com um fragmento de casca para
efeitos de enxertia de borbulha. Empregase também este termo para
designar um órgão em forma de broquei ou de escudo heráldico. espadice
Inflorescência em espiga com o eixo carnudo e que está envolvida por uma
grande bráctea, a espata. V. pp. 3233, fig. 82. espata Grande
bráctea que envolve algumas inflorescências de tipo espadice. Ex.: o
milho. V. pp. 3233, fig. 82. espatulado Achatado, estreito na base,
largo e arredondado no cimo, à semelhança de uma espátula.
tológicos do que com qualquer outra planta e sendo por isso designadas
pelo mesmo nome. Ex.: serpilho (Thymus serpy11um L.), espécie do género
Thymus. espermatófitas Plantas produtoras de sementes. espiciforme Cujo
aspecto exterior se assemelha a uma espiga. espiga Inflorescê ncia em
que todas as flores são sésseis e estão inseridas ao longo de um eixo
central chamado ráquis. A espiga pode ser simples ou composta, consoante
o eixo for uno ou ramificado. V. pp. 3233, figs. 7274. espiqueta
Pequena espiga de flores. As espiguetas estão, por sua vez, dispostas em
espiga ou em panícula.
espinho Elemento pontiagudo e aguçado que faz parte do caule e dos
ramos, só deles se destacandosese arrancarem algumas fibras. espínula
Pequeno espinho delgado e coriáceo formado no bordo de um limbo. Ex.:
folhas de alguns cardos. espique Caule não ramoso, coroado por um tufo
de folhas, geralmente cilíndrico, que só engrossa enquanto a planta é
nova, mantendo depois o mesmo diâmetro. Ex.: caule das palmeiras.
espontâneo Que cresce sem qualquer intervenção humana, não sendo,
portanto, nem introduzido nem cultivado. Equivalente a silvestre.
esporânglo órgão produtor de esporos nas criptogâmicas vãsA,
culares. Os esporângios podem ser terminais, como no caso da cavalinha,
ou estar instalados na face inferior das frondes, como no caso do feto
macho, ou ainda estar inseridos na axila das pequenas escamas do caule.
esporão Apêndice tulbuloso do cálice ou da corola, mais ou
espéde Agrupamento de plantas nascidas dos mesmos antecessores, tendo
entre si mais traços comuns anatómicos e hisesporo Elemento reprodutor
assexuado. Nas Criptogâmicas vasculares, o esporo, ao germinar, produz
um protalo no qual se desenvolverão os gâmetas masculinos e femininos.
Ex.: fetomacho.
esporo
esquízocarpo Fruto simples, seco, de ovário piuricarpeiar. Os carpelos
na maturação separamse uns dos outros, formando um fruto parcial
chamado mericarpo. Ex.: funcho. estaca Caule ou ramo que criou raiz,
tornandose uma planta autónoma. estame Folha floral masculina cujo
conjunto constitui o androceu. V. pp. 3031, figs. 5762. estaminada
Dizse de uma flor provida unicamente de estames e, portanto, masculina.
Ex. > os amentilhos da aveleira são com postos por flores
estaminadas. Se a flor também tiver carpelos, chamase lhermafrodita.
estaminódio tame estéril, ,I zido a um filemuitas veze X te
desprovido de antera e, consequentemente, sem formação de pólen.
estandarte Nome dado à pétala principal da corola papilionácea. Tem a
forma de uma vela aberta ao vento ou de uma bandeira. Ex.: ervilha,
cornichão. estigma Parte superior do estilete que recebe os grãos de
pólen nas Angiospérmicas. O estigma é muitas vezes guarnecido de papilas
que segregam um lí quido açucarado que propicia a fixação e a
germinação do grão de pólen. V. pp. 2829, fig. 42.
estilete
ovário
menos pontiagudo e encurvado. Ex.: flor da violeta, da ancóiia.
estilete Parte adelgaçada do carpelo que liga o estigma ao ovário. V.
pp. 2829, fig. 42. estípula Apêndice de forma e consistência variadas,
situado na base do pecíolo ou da folha séssil, geralmente em número de
dois, ficando um de cada fado. Em certos casos, as estipulas
446
GLOSSÁRIO
são maiores do que os folíolos. Ex.: ervilheira.
menos lenhificadas. da urtiga.
Ex.: caule
estolho Caule rastelante aéreo ou subterrâneo, desprovido de reservas,
que enraíza nos nós e assegura a multiplicação da planta. Ex.:
morangueiro.
estolhoso Que apresenta estolhos. As plantas estolhosas são geralmente
invasoras. A sua multiplicação vegetativa é mais rápida do que a
reprodução por semente.
família Conjunto de géneros vegetais cujas características comuns
permitem a sua associação num mesmo agrupamento. As famílias reúnemse
em classes. fanerogâmicas Agrupamento sistemático do reino vegetal que
compreende todas as plantas que dão flor, quer as sementes estejam
encerradas num fruto (Angiospérmicas) ou não (Gimnospérmicas). O mesmo
que espermatófitas. fasciculado Termo que possui várias aplicações com o
mesmo sentido: em forma de feixe. a) Raiz: sistema radicular desprovido
de eixo principal (v. pp.
2021, figs. 45). b) Flores com pedúnculos alongados que partem todos
sensivelmente do mesmo ponto. Ex.: cerejeira. fauce Designase assim a
abertura de uma corola gamopétala ou de um cálice gamossépalo.
fauce
fecundação Operação pela qual um gâmeta masculino e um gâmeta feminino
realizam a sua fusão. No caso da flor, é o encontro do pólen com a
oosfera, gâmeta feminino. O gâmeta masculino é então conduzido pelo tubo
polínico. fibroso Rico em fibras, ou seja em células aiongadas mais ou
filete Parte do estame que suporta a antera. V. pp.3031,fig. 55.
filiforme Fino e comprido como um fio. Pode dizerse de uma folha, de
qualquer órgão e mesmo de uma pfanta completa. fimbriado Provido de
bordos recortados formando franjas finas, mais ou menos aiongadas
(fímbrias). flor órgão da reprodução dos vegetais superiores (Espermató~
fitos). V. pp. 2831, figs. 4267. florífero Que produz flores. flósculo
Pequena flor de corola tubulosa própria do capítulo das Compostas. folha
órgão vegetal cujas funçoes principais são a respiração e a
fotossíntese. V. pp. 2427, figs. 1941. foliáceo Que tem a forma e a
função de uma folha: sépala foliácea, estipulas foliáceas, Ex.:
estipulas da ervilheira. Empregase também, embora impropriamente, como
sinónimo de folhoso, em oposição a áfilo, desprovido de folhas.
folículo Fruto seco deiscente que se abre na maturação por uma única
fenda longitudinal, distinguindose deste modo da vagem, que tem duas
fendas, e da síliqua, que tem quatro.
folíolo Divisão de uma folha composta. Tem o seu próprio limbo preso ao
pecíolo principal por um peciólulo. Os folíolos podem distinguirse das
folhas pela inexistência de gomo na axila do peciólulo. V. pp. 2425,
fig. 21.
fronde órgão vegetativo de uma planta. No feto, suporta os esporângios e
assemelhase a uma grande folha recortada.
frutífero Que tem ou produz frutos. Dizse da parte do vegetal em que
normalmente se inserem os frutos: ramo frutífero, por oposição a ramo
estéril. fruto órgão vegetal proveniente da flor e que contém as
sementes. V. pp. 3435, figs.
86103. fusiforme Em forma de fuso, dilatado na parte média e afilado
nas duas extremidades.
gamopéialo e gamossépalo Com as pétalas ou sépalas unidas entre si,
formando uma corola ou um cálice de uma só peça. A aderência pode darse
apenas em parte do comprimento. V. pp
2829, figs. 49, 46. gavinha Apêndice filiforme de origem foliar ou
caulinar que pode enrolarse em volta de um suporte. São também gavinhas
os ramos com folhas muito pequenas como as da vinha. A gavinha é o meio
de apoio dos caules trepadores, que não são volúveis nem possuem
espinhos, acúleos ou raizes laterais.
gema Formação vegetal que contém o esboço de um ramo folial ou floral. A
existência de escamas e, por vezes, de pêlos ou de cera asseguralhe
protecção contra o rigor das baixas temperaturas. V. pp. 2425, fig. 19.
gerninados órgãos agrupados dois a dois, sem serem opostos, constituindo
um par.
447
GLOSSÁRIO
género Grupo de classificação biológica que reúne um determinado número
de espécies com características comuns suficientes para serem
consideradas [ogicamente como aparentadas. gimnospérmicas Subdivisão do
reino vegetal que engloba as plantas com flores cuja semente não está
encerrada num fruto, mas apenas colocada numa escama. Ex.: pinheiro.
gineceu Sinónimo de pistilo. Conjunto dos carpelos de uma flor. V. pp.
3031, figs. 6367. glabrescente Que não é inteiramente glabro, pois tem
alguns pêlos raros dispersos. glabro Sem pêlos nem cílios. É o oposto de
viloso, lanoso ou pubescente. Ex.: folhas da pervinca, do líriodos
vales. glândula órgão secretor constituído por uma ou mais células cuja
função é produzir ou armazenar certos produtos, como óleos essenciais
(alfazema, hortelãpimenta, etc.), substâncias irritantes (urtiga), etc.
glanduloso Provido de glândulas ou apresentando pêlos munidos de uma
glândula nas extremidades. Ex.: rorela ou orvalhinha. glauco De cor
verdeazulada. Esta coloração pode ser devida a pigmentos internos, mas
também a um pó fino e ceroso, a pruína, disseminado pela epiderme das
folhas ou dos frutos. glomérulo Inflorescência composta por flores
sésseis aglomeradas. O glomérulo distinguese assim do capítulo, em que
as flores sésseis estão inseridas num plano horizontal e não formam um
corpo esférico. Ex.: cuscuta, quenopódio.
gluma Bráctea própria das éspiguetas das Gramíneas. É uma folha
modificada, a maioria das vezes coriácea. Duas glumas geminadas envolvem
parcial ou totalmente a espigueta. As giumeias, muitas vezes providas de
aristas, desempenham o mesmo papel das glumas em cada flor da espigueta.
essencialmente por diversos açúcares. É segregado pelas feridas de
algumas árvores. Ex.: pessegueiro, cerejeira. granuloso Dizse de um
órgão coberto de pequenas protubeabaixo do ponto de inserção das
restantes peças florais.
râncias, numerosas e densas. Ex.: quaresmas (Saxifraga granulata).
hástea V. escapo. herbáceo Que tem o aspecto e a consistência da erva,
de constituição celulósica e elástica. O oposto é lenhoso ou
lenhificado. hormafrodita Dizse de uma flor que tem órgãos de ambos os
sexos, masculino e feminino. Uma planta que possui flores masculinas e
femininas denominase monóica, e não hermafrodita. híbrido Exemplar
proveniente do cruzamento de espécies do mesmo ou de géneros diferentes.
Tais híbridos raramente são fecundos e estáveis; porém, se o forem,
podem originar novas espécies.
Imparipinulada Folha com um número ímpar de folíolos; o eixo apresenta
em todo o seu comprimento pares (4,e folíolos e na extremidade um
terminal. Ex.: freixo, acáciabastarda.
goma Produto de consistência plástica e adesiva, composto
Indeiscente Dizse de um fruto que não se abre na maturação. Ex.: uva,
pêra. V. pp. 3435, figs.
9095. Indúsio Membrana que cobre os soros dos fetos, ou sejam os grupos
de esporângios. O modo de fixação do indúsio, muito variável, é uma
característica determinante para distinguir os fetos. ínfero Dizse de
um ovário que está inserido no receptáculo
ovário ínfero
inflorescência Modo de disposição das flores sobre o caule. V. pp. 32
33, figs. 6885. invaginante Diz se a o a cujo limbo se prolonga numa
bainha, rodeando compietamente o caule até ao nó, onde a folha se insere
pela região inferior dessa bainha, como, por exemplo, nas Gramíneas.
involucelo Invólucro de brácteas muito pequenas situadas na base das
umbélulas.
invólucro Coroa de brácteas livres ou aderentes situada na base da
umbela. O invólucro pode existir também numa flor única ou num capítulo;
neste último caso, as brácteas podem imbricarse em várias camadas. V.
pp. 3233, fig. 78. irregular Dizse da flor com um só plano de simetria
(zigomorfa) ou sem nenhum (assimétrica).
ilo Pétala interna, maior e mais vistosa da flor das Orquidáceas. É
larga, por vezes muito aiongada e pendente, de colorações
diversas. Muitas vezes o aspecto e a cor do labelo servem para
determinar as espécies de Orchis e de Ophrys. labiado Com a forma
de um lábio. A flor da salva apresenta uma pétala em forma de lábio
superior e outra em forma de lábio inferior, pelo que se denomina
bilabiada. lecínia Folha estreita e muito comprida, de bordos quase
paralelos, que se encontra sobretudc
448
GLOSSÁRIO
em plantas aquáticas e nas Umbelíferas.
laciniado Dividido em lacínias.
lanceolado Em forma de lança, afilado nas duas extremidades e mais largo
na parte média. Ex.: folha de tanchagem.
látex No sentido rigoroso, produto orgânico excretado pelos canais
laticíferos da seringueira, por exemplo, com que se fabrica a borracha.
No sentido lato, produto da excreção de certos vegetais nas zonas
dilaceradas. Ex.: celidónia, taráxaco. Não tem nada de comum com a
seiva. lenhoso Dizse das células e dos tecidos vegetais em que a
celulose inicial das membranas foi substituída pela lenhina, mais
resistente e impermeável. A fibra lenhosa está geralmente morta.
lentícula Pequena abertura no tecido suberoso da casca das árvores para
permitir a circulação do ar. Facilmente observável no vidoeiro. líquia
Pequena lingueta membranosa, geralmente incolor. Nas Gramíneas, ocorre
no ponto de união do limbo com a bainha.
Designamse também do mesmo modo os prolongamentos membranosos das
flores periféricas
dos capítulos das Compostas. limbo Parte mais larga de umafolha, de uma
pétala ou de umasépaIa. V. pp. 2427, figs. 20, 2933. linear Aplicase
a um órgão, geralmente uma folha, muito comprido e estreito, sem todavia
ser filiforme. Ex.: folhas das Gramíneas e dos cravos.
lirada Dizse de uma folha com recortes profundos, constituindo lóbulos
progressivamente maiores à medida que se aproximam da extremidade
superior do limbo. Ex.: lapsana.
lobado Folha cujo recorte não atinge metade da aba. lobo Porção de um
limbo ou de uma pétala delimitada por dois recortes vizinhos. É também
chamado seio. lóbulo Pequeno lobo.
lóculo Divisão da cavidade interna do ovário, da antera ou do fruto. Se
esta cavidade não tem
[óculo
septo, existe um único lóculo. Um septo determina a existência de dois
láculos.
margem Bordo de um órgão. Quando esta margem resulta de um prolongamento
do limbo ao longo do pecíolo ou do caule, denominase asa. Alguns
frutos, como as azedas, estão rodeados
por uma margem que favorece a acção do vento. melífera Dizse de uma
flor que produz néctar, líquido açu carado com que as abelhas fabricam
o mel. membra~ Que tem o aspecto ou a consistência de uma membrana,
espécie de película pouco espessa e frágil que só muito raramente
desempenha o papel do septo. mergulhão V. estaca. mericarpo Cada uma das
porções monospérmicas em que se divide um fruto esquizocárpico aquando
da maturação.
mondado Separado de corpos estranhos. Algumas flores, para serem
comercializadas, devem ser separadas do pedúnculo, das brácteas e, por
vezes, do cálice. monocotiledóneas Classe do reino vegetal que abrange
as plantas que dão flor e cuja semente só contém um cotilécione. Ex.:
trigo. monóico Dizse de um vegetal com flores unissexuais, apresentando
o mesmo indivíduo flores masculinas e femininas. Este facto não
significa que se fecundem mutuamente. monopétala, monossépala Flor cujas
pétalas ou sépalas estão soldadas entre si, formando uma corola ou um
cálice de uma só peça. A sutura deixa por vezes subsistir um vestígio de
separação na parte superior das pétalas ou das sépalas. monospérmico
Dizse de um fruto com uma só semente ou de um pistilo com um só óvulo.
mucronado Que apresenta um mucrão, ou seja uma pequena ponta terminal.
Por vezes, é
mucrão
quase imperceptível. As folhas do sobreiro apresentam dentes mucronados.
naturalizada Dizse de uma planta importada de outra região, portanto
não indígena, mas que se aclimaiou, reproduziu e propagou como no seu
país de origem.
449
GLOSSÁRIO
nectarífero Produtor de néctar ou que tem nectários. nectário órgão
glanduloso secretor de néctar, líquido açucarado, que fica situado
frequentemente na base das pétalas ou nofundo dafauce. Ex.: cerejeira.
Podem existir nectários em certas folhas.
nervura Prolongamento através do limbo dos vasos condutores da seiva
proveniente do caule. V. pp. 2425, figs. 2528. nó a) Dilatação do
caule no ponto de inserção de uma folha. b) Formação lenhosa,
extremamente densa, no interior do lenho.
oblongo Mais comprido do que largo (o eixo maior é de três a seis vezes
mais longo que o menor) e arredondado nas extremidades.
obovado Que tem a forma de ovo invertido. No caso de uma
folha, a parte superior do limbo é nitidamente mais larga do que a base
no ponto de inserção.
obtuso Contrário de agudo ou pontiagudo. Dizse dos órgãos cujos bordos
formam no ápice um ângulo obtuso.
ócrea Espécie de pequena bainha que, partindo da base do pecíolo, rodeia
o caule. Ex.: semprenoiva.
oposto Situação de dois órgãos inseridos, um em frente do outro, no
mesmo nó. V. pp. 2627, fig. 38. oval Que tem a forma de um ovo.
Convencionalmente, admitese que a extremidade mais larga corresponde ao
ponto de inserção. Se sucede o contrário, empregase a palavra *obovado+.
ovário Parte principal do carpelo que contém um ou mais óvulos, os
quais serão fecundados pelo pólen. O ovário, uma vez realizada a
fecundação, dará origem a um fruto, seco ou carnudo; o óvulo fecundado
transformarseá numa semente, V. pp,
2829, fig. 42. ovólde Forma que se aproxima da oval. Ex.: folha do
buxo.
óvulo Estrutura que contém o gâmeta feminino encerrado no ovário.
Transformase em semente após a fecundação.
palmada Recortada em vários segmentos divergentes, dispostos como os
dedos de uma mão aberta. palmatíssecta Dizse da folha palmada com
recortes muito profundos, chegando até ao pecíolo.
panícula Inflorescência grande, muito ramificada, que corresponde a um
cacho composto. Os ramos decrescem da base para o ápice. V. pp. 3233,
fig. 71. paplia Nome dado a pequenas saliências cónicas distribuídas
pela superfície de um órgão. papilho Espécie de tufo de pélos, de sedas
ou de escamas mais ou menos ramificado que coroa os frutos de certas
espécies, nomeadamente os da família das Compostas. Este tufo, exposto
ao vento, dá origem à disseminação das sementes. Ex.: valeriana,
taráxaco.
papilionáceas Dizse das flores com 5 pétalas, que, pela sua forma e
disposição, evocam vagamente uma borboleta.
elitandarte
parânqulrna Tecido vegetal com células vivas e paredes celulósicas. Ex.:
parênquima ciorofilino das folhas.
450
GLOSSÁRIO
paripinulada Folha composta com folíolos articulados aos pares ao longo
do pecíolo e sem folíolo terminal.
peciolado Provido de pecíolo.
O contrário de séssil. pecíolo A parte da folha que suporta o limbo. V.
pp. 2425, figs. 2021. peciólulo Pecíolo de um folíolo ou ramificação
do pecí olo principal numa folha composta.
pectinada Folha’ dividida em lacínias estreitas e apertadas como um
pente duplo.
pedicolada Dizse de uma flor suportada por um pedicelo, O contrário de
séssil. pedicelo Ramificação de um pedúnculo que liga cada flor ao eixo
comum da inflorescência, V. pp. 3233, fig. 70.
pedúnculo
podunculado Provido de um pedúnculo floral, O contrário de séssil.
pedúnculo Pequena ramificação do caule que suporta uma flor. V. pp. 32
33, fig. 69.
peitado Limbo em forma de escudo em que o pecíolo se insere próximo do
centro. penatíssecla Dizse de uma folha que comporta recortes que
atingem a nervura central e se dispõem de cada um dos lados desta
nervura. V. pp. 2627, figs.
3435. perene Dizse de um vegetal cuja parte aérea subsiste vários anos
(árvores). Os vegetais perenes são vivazes, mas nem todos os vegetais
vivazes são perenes. Ex.: plantas bulbosas. perianto Conjunto dos
invólucros florais, isto é, do cálice e da corola. pericarpo Parte do
fruto proveniente da parede do ovário. Na maçã, por exemplo, compõese
do epicarpo (pele), do mesocarmesoc@rpo
po (polpa) e do endocarpo (invólucro membranoso que contém as sementes).
persistente O contrário de caduco, isto é, que perdura longo tempo. Ex.:
cálice persistente da maçã ou da pêra. Uma folhagem persistente
permanece na árvore após o Verão. pétala Folha modificada componente da
corola. Além do seu papel de protecção dos órgãos internos contidos no
botão floral, as pétalas desempenham um papel indirecto na fecundação,
atraindo, pelas suas cores e pelo seu néctar, os insectos polinizadores.
V. pp, 2829, figs. 4244,
4853, petalóide Dizseceumasépala que tem o aspecto e a cor de uma
pétala. Ex.: a flor do lírioamarelodospântanos. pínula Folíolo de uma
folha composta inserido sobre um eixo no prolongamento do peciolo.
pinulada Por analogia com as penas das aves, uma folha pinulada possui
folí olos dispostos lateralmente no eixo comum, ou ráquis, à seme
lhança de uma pena. piriforrne Em forma de pêra. pisfilada, carpelade
Dizse de uma flor que apenas possui órgãos femininos, estando os órgãos
masculinos alojados noutras flores. Se a flor tem simultaneamente os
órgãos masculinos e femininos, dizse hermafrodita. pistilo Elemento
constituinte do gineceu, que no estado de maior
diferenciação é formado por ovário, estilete e estigma. V. pp.
3031, figs. 6367. pixídlo Cápsula com deiscência transversal em que a
parte superior, o opérculo, se abre como uma tampa.
plântula Embrião da planta contido na semente ou acabado de germinar.
Compreende uma gémula que dará o caule primário, uma radícula de onde
sairá a raiz primária e um ou dois cotiléciones, que são folhas
rudimentares, carregadas ou não de reservas nutritivas.
plurnoso Provido de pêlos ou de barbas, à semelhança de uma pena de ave.
Os frutos de muitas plantas são plumosos, favorecendo assim a acçã o do
vento, que assegurará a sua disseminação.
pólen Pó amarelo ou violáceo formado nos sacos polínicos da antera. Cada
grão de pólen possui dois gâmetas masculinos, dos quais um deles se
destina à fusão com o gâmeta feminino do óvulo. polinídia Massa de grãos
de pólen que se encontram em espécies de algumas famílias como a das
Orquidáceas. Em vez de pulverulentos, apresentamse aglutínados,
formando uma massa mais ou menos densa. pruína Pó ciroso e glauco que
cobre a epiderme de certos órgãos e em especial de frutos, Muito frágil,
a sua presença revela que o fruto ainda não foi manipulado. A pruína
contém enzimas que facilitam a digestão e a fermentação. pubescente
Coberto de pêlos curtos e macios. A pubescência é muitas vezes uma
adaptação à secura ou ao frio.
451
GLOSSÁRIO
radical Que nasce perto da raiz. órgão, folha ou flor que parece ter o
seu ponto de inserção directamente no colo, junção do caule e da raiz.
Ex.: taráxaco. As folhas e as flores das plantas acaules são radicais.
radicante Que produz raizes. Caule prostrado e com raizes
1 aterais.
radicela Raiz secundária muito fina. V. pp. 2021, fig. 1. radícula
Parte do embrião de uma semente que, após a germinação, dará a
raiz. Este primeiro esboço de raiz desaparece por vezes após o
nascimento das outras raizes. raios Peclúnculos e pedicelos das
Umbelíferas. Ex.: a umbela do funchomarítimo possui entre
10 e 20 raios. raiz órgão subterrâneo da planta com funções de apoio e
de nutrição. V. pp. 2021, figs. 18. raminho Termo que designa, nas
plantas lenhosas, o rebento do ano. É a porção terminal dos ramos, de um
verde mais claro que o resto da folhagem. ráquis Pecíolo comum de uma
folha composta e das frondes ou eixo principal de algumas
inflorescências. rastejante Dizse de um caule prostrado que se fixa à
terra por meio de raizes adventícias e se desenvolve paralelamente à
superfície do solo. V. pp. 2223, fig. 11. rebento ou vergôntea V.
renovo. receptáculo Dilatação apical do pedúnculo ou do pedicelo em que
sd inserem as diversas peças florais.
receptâculo
renovo Ramo jovem, no estado geralmente herbáceo, proveniente de uma
planta vivaz. O mesmo que rebento, ou vergôntea. reticulado Marcado por
nervurãs que se entrecruzam em todos os sentidos, formando retículos
como as malhas de uma rede.
rizoma Caule subterrâneo com folhas escamiformes e frequentemente
substâncias de reserva. V. pp. 2223, figs. 1314. roncinadas Folhas com
grandes recortes nos bordos e em que os segmentos laterais estão
voltados para a base como os dentes de um serrote. Ex.: folha de dente
deleão, ou taráxaco.
roseta Disposição das folhas basilares junto ao solo e desenhando uma
rosácea, Encontrase nas plantas acaules e em algumas plantas com caules
erectos providos de folhas basais em roseta e caulinares
agrupadas. Ex.: bolsadepastor. V. pp. 2627, fig. 41. rostrado Que tem
rostro.
rostro
rostra rostro Ponta ou bico; prolongamento pontiagudo de alguns
órgãos vegetais.
regular ou actinomorta Com um eixo de simetria, isto é, todos os planos
que passem por esse eixo dividem a flor em duas partes iguais. Ex,: a
flor da macieira. V. pp. 2829, fig. 48, reniforme Em forma de rim.
Ex.: semente do feijoeiro, folha de ásaro.
452
sâmara Fruto seco indeiscente, monospérmico, com o pericarpo prolongado
em forma de asa membranosa. V. pp. 3435, fig. 94. seda ou cerda Pêlo
comprido, rígido e forte, geralmente constituído por várias células
segmento Porção do @imbo de uma folha quando o recorte atinge a nervura
central.
seiva Líquido nutritivo que circula no vegetal. Existem duas espécies de
seiva: a seiva bruta, composta por água e sais minerais dissolvidos, que
circula nos vasos desde a raiz até às folhas, e a seiva elaborada, que
contém os produtos orgânicos resultantes da fotossíntese. semente
Elemento final das fases da reprodução sexuada nas plantas com flores.
Contém o germe ou embrião da futura planta, um ou dois cotiléciones e
substâncias de reserva. O conjunto, encerrado num tegumento, constitui a
amêndoa. sépala Peça do cálice, primeiro invólucro floral. V. pp. 2829,
figs. 42, 4547. septooutabique Membranaque divide o interior de um
fruto em compartimentos. Os septos dizemse completos ou incompletos,
conforme ocupam ou não toda a altura do fruto. Ex.: papoila. sássíl
Directamente ligado ao caule, sem pedúnculo (flor séssil) ou sem pecío(o
(folha séssil). Por vezes, as flores e as folhas são apenas subsésseis,
ou sejam suportadas por um pedúncuio ou um pecíolo quase imperceptíveis.
V. pp. 2425, fig. 23. setígero Com sedas ou cerdas. silícula Subtipo de
síliqua em que o comprimento é pouco maior que a largura. síliqua Fruto
seco deiscente que se abre por quatro fendas longitudinais. Apresenta
duas valvas que se separam, persístindo ao meio um falso septo (replo)
com as sementes. Ex.: celidónia. V. pp. 3435, fig. 97. simples Que não
é composto, nem múltiplo, nem ramificado, nem dividido. Há uma distinção
entre simples e inteiro; uma folha simples é aquela cujo limbo não está
dividido em lobos. A folha inteira é aquela cuja orla não apre 1senta
recortes, mesmo pequenos. sinantérico Dizse dos estames de uma flor que
estão ligados entre si não pelos filetes, mas pelas anteras, formando um
tubo. V. pp. 3031, fig. 60. sinistrorso Caule volúvel que se enrola da
direita para a esquerda. soro Nos fetos, grupo de esporângios cobertos
pelo indúsio, visível nas frondes sob a forma
GLOSSÁRIO
de manchas amarelas ou negras que primeiro se apresentam distintas,
tornandose depois, por vezes, confluentes. Constituem a frutificação
dos fetos. sovela Instrumento metálico muito afiado utilizado pelos
sapateiros para furar o couro. Por analogia, dizemse assovelados os
órgãos vegetais muito rígidos e pontiagudos. sub Prefixo que
significa quase ou um pouco. Assim, subséssil quer dizer quase sem
pecíolo. subarbusto Planta vivaz, de ai~ tura geralmente inferior a 1 m,
lenhosa só na base e sempre herbácea na parte restante. Ex.: uvaursina;
arando. subespontâ neo Dizse de uma planta que, tendo sido introduzida
acidental ou propositadamente numa dada região, se adaptou, propagando
se sem intervenção do homem. suco Líquido segregado por um órgão vegetal
e acumulado geralmente nos frutos carnudos ou nas folhas de plantas
suculentas. Não deve confundirse com a seiva ou o látex. sugador ou
haustório Ôrgão de fixação e sobretudo de nutrição de algumas plantas
parasitas. Os sugadores permitem a absorção da seiva da planta que serve
de suporte. Ex,.: cuscuta. sumidades floridas Parte superior de uma
planta onde se encontram as flores com, por vezes, algumas folhas. Ex.:
caule do verbasco.
súpero Dizse de um ovário livre, isto é, que se encontra unido ao
receptáculo apenas pela base, rodeado pelas peças florais que se inserem
a nível inferior. Contrário: ovário ínfero.
talo Aparelho vegetativo não diferenciado em raiz, caule e folhas,
privado de vasos condutores e presente em grupos vegetais como algas,
fungos e líquenes (talófitos). tecido Conjunto de células com origem,
estrutura e função comuns; tecido clorofilino do limbo das folhas,
tecido condutor, tecido de suporte, etc. tépala Folha mDdificada do
perianto não diferenciado, isto é, em que não se distingue o cálice da
corola.
tetrágono ou tetragonal Que tem quatro ângulos. Aplicase, por exemplo,
aos caules das Labiadas. tetraquénio Aquénio quádruplo. toiça Parte
constituída pela base do caule e raizes que ficam após o corte das
plantas vivazes. Da toiça saem frequentemente os rebentos que asseguram
a sobrevivência da planta. tomentoso Coberto de pêlos finos, fortemente
enleados uns nos outros, conferindo um aspecto semelhante ao feltro.
Ex.: folha de verbasco. trepador Dizse de um caule que se fixa a um
suporte por gavinhas, acúleos, espinhos ou raízes laterais. V. pp. 22
23, fig. 10. trifoliado Composto por três folíolos.
trígono ou trigonal Que tem três ângulos. trilobada Dizse de uma pétala
ou de uma folha cujo limbo está dividido em três lobos. Ex.: Hepatica
nobilis.
tubérculo Dilatação subterrânea de um caule ou de uma raiz repleta de
reservas nutritivas. Ex.: batata. V. pp. 2223, fig. 15. tuberosa,
tuberculosa Dizse de uma planta que tem tubérculos. tubo A disposição
em tubo apenas existe em certos agrupamentos de plantas: a) nas
gamopétalas, as pétalas estão unidas pela base, constituindo um tubo
inteiro ou apenas parcial se a sutura não se realiza em todo o
comprimento das pétalas; b) a mesma característica se observa nas
sépalas das flores gamossépalas; c) em muitas Compostas as flores do
centro do capítulo apresentam a corola e os estames constituídos em
tubos. V. pp. 2829, fig. 49. tubuloso ou tubular Em forma de tubo.
turião Rebento caulinar aéreo proveniente dos órgãos subterrâneos de
plantas vivazes que morre todos os outonos. Ex.: silva.
inserem no eixo principal todos à mesma altura. As umbelas podem ser
simples ou compostas de umbélulas. V. pp. 3233, figs.
7679.
vagem Fruto seco deiscente que se abre por duas fendas. V. pp. 3435,
fig. 96. valva Cada uma das peças em que se divide: a) o pericarpo de um
fruto cuja deiscência se faz por fendas longitudinais; b) a espata
bivalve de espécies do género AffiUM, A mesma designação é ainda dada a
cada uma das pétalas internas persistentes que cobrem o fruto de
espécies do género Rumex. válvula Pequena abertura lateral com tampa que
abre de baixo para cima. variedade No seio de uma espécie, designa o
conjunto de indivíduos cujas características específicas sofreram
alteraçõ es de mínima importância. As características das variedades nem
sempre são estáveis. vescular Dizse de um vegetal cujo tecido possui
vasos condutores, por oposição a avascular, que os não tem. venado
Marcado por veias ou nervuras ramificadas, salientes ou apenas coradas,
como as Pétalas de algumas flores. Ex.: meimendronegro. verticilo
Conjunto de folhas ou de flores inseridas circularmente ao mesmo nível
em redor do caule.
vesliculloso Dilatado como uma bexiga cheia de ar. Ex.: fruto da
colútea.
umbela Inflorescência indefinida em que os peclúnculos se
viroso Dizse de um cheiro desagradável que sugere veneno. vivaz Dizse
de uma planta cuja parte subterrânea vive vários anos, florescendo em
cada um deles, mesmo que as partes aéreas morram anualmente. volúvel
Dizse de um caule trepador que se enrola em hélice em redor do seu
suporte. V. pp.
2223, fig. 12.
453
Í ndice
Os nomes populares das plantas aparecem em redondo, e os seus nomes
latinos, em itálico. Os números a negro indicam as páginas em que estão
descritas as plantas; os números em redondo indicam as páginas em que as
plantas são citadas.
O índice referese ao *Guia das plantas a conhecer+.
A Abacateiro, 349 Abetobranco, 43
pectinado, 43 Abies alba Mill., 43 Abóbora, 306
amarela, 306
menina, 306
moranga, 306
porqueira, 306 Abricot, 319 Abrolho, 108 Abronceiro, 245 Abrótano,
306
fêmea, 44 macho, 306 Abrunheiro, 310
bravo, 45, 310 Absíntio, 199 Absinto, 199, 311 Acácia bastarda, 46,
342
catechu, 349
dasalemãs, 45
d ef lores brancas, 46 Acacia catechu Wilid., 349 Açaflor, 306
Açafrão, 306
bastardo, 47
_oficinal, 306
oriental, 306 Açaf roa, 47, 110 Açafrol, 47 Acanthus mollis L., 48
Acanto, 48 Acelga, 88, 306307
brava, 307 Acer, 229 Achillea millefolium L., 216
ptarmica L., 216 Acintro, 199 Acónito, 338 Aconitum napeilus L., 338
Acorobastardo, 196
cheiroso, 103
verdadeiro, 103 Acorus calamus L., 103 Actaea spicata L., 343 Acteia,
343 Açucena,307
branca, 307 Aderno, 161 Adiantum capilius veneris L., 86 Adónisda
primavera, 344 Adonis vernalis L., 344 Aesculus hippocastanum L., 115
Aethusa cynapium L., 118, 344 Agrião,49,91,99,254,256,317
dasfontes, 49
daterra, 139
deágua, 49
dorio, 327
mouro, 327328 Agrimónia, 50, 253, 266 Agrimônia, 50 Agrímonia
eupatoria L., 50, 284
odorata Mili., 50 Agripalma, 51 Agropyrum repens P. B., 175 Aipo, 49,
52, 170, 186, 307, 321,
339
bravo, 190, 307
d'água, 307
demontevideu, 307
doriogrande, 52, 307
doscharcos, 52
dospântanos, 52
hortense, 307 nabo,307
silvestre, 52, 307 Ajuga genevensis L., 101
reptans L., 101 Álamo, 69
líbico, 121 negro, 121 Albricoqueiro, 319 Alcachofra, 108, 307308
daterra, 336
hortense, 307308 Alcachôfra, 307308 Alcaçuz, 53, 125, 247, 254
daeuropa, 53 Alcaparra, 308 Alcaparro, 308 Alcaravia, 54, 318
Alcaróvia, 54 Alchemilia vulgaris L. (sensu
lato), 234 Alchirivia, 54 Alcorovia, 54 Alecrim, 55, 58, 272
dejardim, 55 Alecrinzeiro, 55 Alegação, 261 Alegracampo, 261
Aleluia, 56 Alface, 88, 308309
bravamaior, 57
bravamenor, 57, 308309
decoco, 277
decoelho, 308
decordeiro, 308
hortense, 308309
silvestre, 308309 vi rosa, 57 Alfádega, 326327 Alfarrobeira, 309
canela, 309
de burro, 309
galhosa, 309
mulata, 309 Alfarva, 60 Alfavaca, 326327
decobra, 233 Alfazema, 55, 58
brava, 58
decaboclo, 185 Alfena, 59 Alfenheiro, 59, 161 Alforgas, 60 Alf orna,
60 Alforvas, 60
Alga da córsega, 222
periada, 61, 281
vesiculosa, 96 Algebrado, 296 Algodoeiro, 349 Alho, 200, 309
espanhol, 314315
grossodeespanha, 314315
macho, 309310
mourisco, 314315
poró, 309310
porro, 88, 307, 309310
porrohortense, 309310
rocambole, 314315 Aliária, 62 Aljôfar, 63, 263 Alliaria officinalis
Andrz., 62 Allium ampeloprasum L., 309
ascaionicum, L., 314
cepa L., 314
fistulosum L., 315
porrum L., 309310
sativum L., 309
schoenoprasum L., 314315 Almeirão, 64 Ainus glutinosa (L.) Gaertn.,
68 Aloe ferox Mili., 350 Aloésdocabo, 281, 350 Alperceiro, 319
Alpercheiro, 319 Alquequenje, 65 Alquirivia, 54 Alsidium heiminthocorton
(Latourette) Kurtz, 222 Alteia, 66, 205, 259 Aithaea officinalis L., 66
rosea L., 66 Amaracus, 327 Ambretas, 159 Ambrósia, 143
doméxico, 143 Ameixeira, 310
brava, 45 Ameixieira, 310, 345 Ameixoeira, 310 Amêndoas, 310
Amendoeira, 310 Amendoim, 350
verdadeiro, 350 Ami, 67 Amieiro, 68
mosqueado, 357
negro, 69
vulgar, 68 Âmiomaior, 67 vulgar, 67 Ammi majus L., 67
visnaga Lam., 67, 352 Amoradasilva, 310311
preta, 310311 Amordehortelão, 70 Amoreirabranca, 310
negra, 310311
preta, 310311 Am orp erf eito bravo, 71 pequeno,71
454
INDICE
Anagallis arvensis L., 345 Ananaseiro, 350 Ananas sativus L., 350
Anchusa officinalis L., 100 Ancólia, 74 Ancusa,100 Androsemo, 183
Anémona, 152, 204
dosbosques, 344
dosjardins, 250
hepática, 179
pulsátila, 250 Anemona nemorosa L., 344 Anethum, graveolens L., 135
Aneto, 135 Angélica, 72, 108, 162, 186, 265 Angelica archangelica L., 72
silvestris L., 72 Anis, 135, 311
estrelado, 351
verde, 241, 265, 311 Ansarinha, 78 Antenária, 73 Antennaria dioica
(L.) Gaertn., 73 Anthemis nobilis, 202 Anthriscus cerefolium (L.)
Hoffm., 316 AnthyIlis dillenii Schultes, 302
vulneraria L., 302 Apium graveolens L., 51
graveolens L., var. dulce (Mili.)
DC., 307
graveolens L., var. rapaceum (Mili.) DC., 307 Aquifólio, 89
Aquilégia, 74 ~ vulgar, 74 Aquilegia vulgaris L., 74 Arachis hypogaea
L., 350 Aradeira, 180 Arando, 75, 191
debagavermelha, 76
vermelho, 76 Arbutus unedo L., 209 Arçã, 280 Arçanha, 280 Arctium,
lappa L., 90
minus Bernh., 90 ArctostaphyIos uvaursi (L.)
Spreng., 292 Arenária, 77 Argençana, 168
dospastores, 168 Argentina, 78, 281 Aristolochia clematitis L., 79
Aristolóquia, 79 Armoles, 311 Arnica, 80, 204 Arnica montana L., 80
Arrebentaboi, 228 Arroz, 311 Arruda, 345 Artemigem, 81 Artemísia, 81,
82, 222
bastarda dos ervan ári os, 208 comum, 81
dosalpes, 82
doservanários, 208
marítima, 267 verdadeira, 81 Artemisia abrotonum L., 306
absinthium L., 199
cina Berg., 267
dracunculus L., 321322
glacialis L., 82
maritima L., 44, 267
mutellina Viii., 82
spicata Jacq., 82
vulgaris L., 81 Arum maculatum L., 342
Árvoredavida, 336
demorangos, 209
doparaíso, 336 Ásaro, 83 Asarum europaeum L., 83 Asparagus
acutifolius L., 321
officinalis L., 321 Aspargo, 321 Asperula odorata L., 84 Aspérula
odorífera, 55, 84, 152,
253 Astrágalo, 350 Astragalus gumifer Labili., 350 Atanásia, 275
Atriplex hortensis L., 311 Atropa belladonna L., 338 Aveia, 312, 312
doida, 312 Avelaneira, 85 Aveleira, 85
defeiticeira, 357 A vena fatua L., 312
sativa L., 312
sterilis L., 312 Avenca,86
decabelodevénus, 86
demontpellier, 86 Avoadinha, 87 Azedas, 56, 88, 92, 187, 271,
339
detrèsf olhas, 56
dosbosques, 92 Azedinhadehorta, 88 Azevinho, 89
espinhoso, 89 menor, 170 Azinheira, 113
E3 Bacila, 164 Badiana, 351 Bafureira, 332 Bafureiro, 332 Baga,332
Baganha,228 Balança, 312 Ballota foetida Lam., 206, 207 Balsamita, 312
Bananeira, 351 Barbademilho, 328
domato, 291 Barbarea vulgaris R. Br., 139 Barbasco, 295 Barbas d e
jú piter, 258 Barbotina, 267 Bardana, 90
maior, 90
ordinária, 90 Barrete depadre, 151 Basílico, 326327 Batata, 312,
313 cloce,357
tupinambá, 336 Batateira, 312 Baunilheira, 351 Becabunga,91 Bédulo,
94 Beladama, 338
luísa, 326 Beladona, 338 Beldroega, 91, 313, 342
pequena, 313 Bellis perennis L., 98 Bemmequer, 327 Benjoimcio
sião, 351 Bérberis, 92 Berberis vulgaris L., 92
Berengena, 313 Bergamota, 313 Bergenia cordifol'a Haw., 251 Beringela,
313
rosa, 313 Beta vulgarís L., var. cicia Pers.,
306307
vulgaris L., var. maritima L.,
307
vulgaris L., var. rapacea Koch,
313314 Beterraba, 307, 313314
açucareira, 313
sacarina, 313314 Betónica, 93
bastarda, 214
dossaboianos, 80 Betânicaaquática, 146 Bétula, 68, 94 Betula alba
L., 94 Bicodegrou, 140 Bidoeiro, 94 Bisnaga, 67, 352 Bistorta, 88, 95,
123, 239, 271 Boasnoites, 327 Bodelha, 96 Boladeneve, 229 Boldo, 352
Boldoafragans, 352 Boldu, 352 Boleira, 173
amarela, 173 branca, 173 Bolsa d e pastor, 97, 278 Bomhomem, 206
Bonina, 98 Bonsdias, 283 Borrage, 99 Borragem, 99, 100, 205, 249
bastarda, 100 Borrago officinalis L., 99 Botãodeprata, 216 Botelho,
96
crespo, 61 Botilhãovesiculoso, 96 Brancaursina, 48, 105 Brissica
napus L., 315
napus L., var. oleífera DC., 318
nigra (L.) Koch, 220 Broeira, 192 Broméliaananás, 350 Brunela, 142
Brunelia vulgaris L., 142 Bryonia dioica Jacq., 344 Bugiossa, 100
Búgula, 101, 142 Buxo, 102
arbóreo, 102 Buxulo, 292 Buxus sempervirens L., 102
c Cabelode milho, 328 Cabelos, 194
denossasenhora, 194 Cacau,352 Cacaueiro, 352 Cafèzeiro, 352 Caiado
d e são josé, 307 Calaminta, 226 Calamintha officinalis Moench,
226 Cálamoaromático, 103 Calcatripa, 108 Calcitrapa, 108 Calêndula, 327
hortense, 327
455
íNDICE
Calendula arvensis L., 327
officinalis L., 327 Cafluna vulgaris (L.) Huli, 291 Cairacho, 276
Calta, 204
dospàntanos, 204 Caltha palustris L., 204 Calumba, 353 Calungo, 79
Calystegia sepium (L.) R. Br.,
283 Cambroeira, 245 Camécirios, 112
daágua, 145 Caminhodosprados, 54 Camomila, 104
alemã, 104
deparis, 202
dosalemães, 104
romana, 202
vulgar, 104 Campainha, 253
rabanete, 253 Campanula cervicaria L., 253
rapunculus L., 253
trachelium L., 253 Canabrás, 105 Canacheirosa, 103
dobrejo, 353 Cananga,357 Cananga odorata Hook. f. et
Thoms,353 Canárias, 230 Caneladesassafrás, 360 Caneleiradeceilão,
353 Canforeiro, 353 Cânhamo, 284, 314
daíndia, 314
europeu, 314
indiano, 314 Cannabis indica L., 314
sativa L., 314 Capacetedejúpiter, 338 Capilária, 86 Capnóida, 162
Capparis spinosa L., 308 Caprária, 165 Capsella bursa pastoris Moench,
97 Capsicum annum L., 331
frutescens L., 331 Capuchinhas, 317 Capuzdefrade, 338 Caraguatá, 106
Cardamomo, 353 Cardíaca, 51 Cardoamarelo, 138 bento, 110
cardador, 109
corredor, 106
desantamaria, 107
docoelho, 307
estrelado, 108
leiteiro, 107
mariano, 107
morto, 278
penteadorbravo, 109
santo, 107, 110, 122 Cariofilada, 264 Carlina, 111 Carlina acaulis
L., 111 Caroba, 60 Carragaheen, 61 Carrajá, 276 Carrapateiro, 332
Carrasca, 291 Carrasqueiro, 113 Carrasquinha, 291 Carrodevénus, 338
Carthamus tinctorius L., 43
Carum carvi L., 54 Carvalheira, 113 Carvalhiça, 113 Carvalhinha, 112,
297 Carvalhinhodomar, 96 Carvalho, 121, 279, 301
alvarinho, 113
anão, 113
comum, 113
marinho, 96 negral, 113 pequeno,112 português, 113 Carvalhos,
113 Cás cara sagrada, 354 Cassia angustifolia Vahi. 360 Castanea sativa
Miller, 114 Castanheiro, 114 comum, 114
daíndia, 115, 170 Catéria, 227 Caudadecavalo, 116
deraposa, 87 Cauxilhos, 127 Cavalinha, 116, 223
doscampos, 116 Cebola, 314, 315 Cebol etadef rança, 314315
Cebolinhacomum, 315
galega, 314315
miúda, 314315 Cebolinho, 315 Cedrobranco, 336 Celeri, 307 Celga,
306307 Celidónia, 117 maior, 117 menor, 158 Cenoura, 118, 315, 339
brava, 118 Centáurea, 159
azul, 159
menor, 155, 256 Centaurea calcitrapa L., 108
cyanus L., 159
montana L., 159 Centeio, 315316 Centinóide, 271 Ceratonia siliqua L.,
309 Cerdeira, 119 Cerefolho, 316
dashortas, 316 Cerefólio, 88, 316, 344 Cerejasdejudeu, 65
Cerejeira, 119, 316
bical, 316
brava, 119, 316
molar, 316 Cersefi, 230, 321
bastardo, 120 Ceruda, 117 Cestro, 93 Cetraria islandica L., 195
Cevada, 312, 316317, 320 Chá,143,354
daeuropa, 262, 297
dafrança, 211, 262
dagrécia, 262
daíndia, 354
defrade, 51
dejava, 354
doméxico, 143
porrete, 155
preto, 354 Chagas,317 Chagueira, 317 Chamiça, 169 Chantage, 276
Chapéudostelhados, 127 Charruá, 284
Chasmanthera palmata Baili.,
353 Cheiranthum cheiri L., 173 Chelidonium majus L., 117 Chenopodium
album L., 252
ambrosioides L. (sensu lato),
143
ambrosioides L., ssp.
anthelminticum, 143 bonushenricus L., 252 Chicória, 64, 70, 120
amarga, 64
brava, 64
decafé, 64 Chicote, 188 Chirivia, 315, 330 Chiora perfoliata L., 155
Chondrus crispus Lyngb., 61 Chorão, 260 Choupodaitália, 121
líbio, 153 negro, 121
tremedor, 153 Chrysanthemum baisamita Baill.,
312
cinerariaefolium (Trev.) Vis.,
332
parthenium Bernh., 208 Cichorium intybus L., 64 Cicuta, 140, 338
aquática, 339
daeuropa, 338
menor, 118, 344 Cicuta virosa L., 339 Cidreira, 325 Cinchona
succirubra Pav., 358 Cincoemrama, 78, 122, 281
folhas, 122 Cinerária, 159 Cinifólio, 174 Cinnamomum camphora T. Nees
et Ebem., 353
zeylanicum Nees, 353 Cinoglossa, 123, 249 Cipócapadehornem, 284
chumbo, 194
cruz, 299
daareia, 134
doreino, 299
milhomens, 79
una, 299 Cipreste, 317 comum, 317
daitália, 317
dos cemitérios, 317 Citronela maior, 199
menor, 211 Citruilus colocynthis Schrad.,
318
vulgaris Schrad., 318 Citrus bergamia Riss. et Poit.,
313
bigaradia Riss., 324
medica L., 325
sinensis Osibeck, 324 Clematis recta L., 299
vitalba L., 299 Ciematite, 204
branca, 299 Cliantos, 126 Cnicus b enedictus L., 110 Coalhaleite,
138 Cobrinha, 233 Coca,354 Cochlearia officinalis L., 124 Cocleária, 124
maior, 124
oficinal, 124 Codesso,169
bastardo, 125, 169, 342
456
dosalpes, 125 Coentro, 317318 Coffea arabica L., 352 Colanitida A.
Chev., 355 Colchico, 338 Colchicum auturnnale L., 338 Coleira, 355
Coloquíntidas, 318 Cólquico, 338 Colubrina, 95 Colútea, 126 Colutea
arborescens L., 126 Coiza, 318 Combreto, 355 Combretum micranthum G.
Don,
355 Cominhos, 135, 318 Concheios, 127 Condurango, 355 Congossa, 236
Conium maculatum L., 330, 339 Consoldamaior, 128
média, 101
real, 129
vermelha, 281 Consólida, 129 maior, 128
real, 129 Consolida regalis S. F. Gray, 129 Consolo davista, 150
Convalária, 197 Convallaria maialis L., 197 Convolvulus sepium L., 283
Copodeleite, 307 Coriandro, 317318 Coriandrum sativúm L., 317318
Cornichão, 130 Cornogodinho, 282 Coroademonge, 277
derei, 210 Corrijá, 276 Corri ola bastarda, 261 Corylus avellana
L., 85 Cótino, 347 Coucelos, 127 Couve, 318319
nabiça, 318 Crataegus monogyna Jace., 245
oxyacantha, 245 Cravei roda índia, 355 Cravinho, 355 Cravo dos
alpes, 80 Cravoila, 264 Crithmum maritimum L., 164 Croatáfalso, 106
Crocus sativus L., 306 Cucurnis melo L., 328
sativus L., 330 Cucurbita maxima Duch., 306
pepo L., 306 Cuminum cyrninum L., 318 Cupressus sempervirens L., 317
Curcúbita, 306 Curcuma, 356 Curcuma xanthorrhiza Roxib.,
356 Cuscuta epithymum Mur., 194 Cydonia vulgaris Pers., 327 Cynara
cardunculus L., 307
scolymus L., 307308 Cynodon dactylon Pers., 175 Cynoglossum
officinale L., 123
D Damasco, 319 Damasqueiro, 319 Daphne laureola L., 339
mezereum L., 342 Datura stramonium L., 339 Daucus carota L., 118
sativus Hayek, 315 Dedaleira, 146, 338 Dedode mercúrio, 338
Delphinium staphisagria L., 129 Dentebrura, 156 Dentedeleão, 277
Descurainia sophia (L.) Web.,
144 Dictarnnobranco, 319320 Dictárnnus albus L., 319320 Dictamo
branco, 319320
decreta, 320 Diefenbáquia, 347 Dieffenbachia picta Schott, 347
Digital, 338 Digitalis purpurea L., 338 Dipsacus fullonum L., 109
sativus (L.) H onck, 109 Doceamarga, 132
lima, 326 Dóricodaalemanha, 80 Dormideira, 320 Drias, 131 Drosera,
255 Drósera, 255 Drosera rotundifolia L., 255 Dryas octopetala L., 131
Dryopteris filixmas (L.), Schott,
156 Dulcamara, 132
E Ébulo, 133 Ecballium elaterium A. Rich., 235 Èfedra, 134 Elettaria
cardamomum Roxib.
Maton, 353 Embude, 330, 339 Endívias, 64, 120 Endro, 135 Engatadeira,
201 Engos,133 Énulacampana, 136 Enxofrevegetal, 191 Ephedra distachya
L., 134
sinica, 134 Epilóbio, 92, 137 Epilobium angustifolium L., 137
Equisetum arvense L., 116 Erigeron canadensis L., 87 Eriobotryajaponica
L., 225 Erísimo, 254 Eruca, 320 Eruca sativa Mili., 320 Erva(s)
alheira, 62, 182 andorinha, 117
armoles, 311
benta, 264
britânica, 187
carapau, 259
carnuda, 116
carocha, 101 carpinteira, 216 carvalha, 112 cidreira, 211, 227,
272, 326 coalheira, 138 damuda, 271 dasabelhas, 287 dasazeitonas,
216 dascolheres, 124
das cortad elas, 216 dasescaldadelas, 146 dasgalinhas, 271
dashemorróidas, 158
dasmuralhas, 233
dasparedes, 233
daspulgas, 303
dasverrugas, 117
datrindade, 71
davida, 259
debicho, 239 decla,338
defogo, 81
~denossasenhora, 233
deovelha, 276
desantaana, 233
d e santa bárbara, 139 desantamaria, 143 desant'iago, 278 de
sãocristóvão, 133 desãofiacre, 295 desãojoão, 81, 181, 183,
216 desãolourenço, 101, 266 desãomarcos, 275 desãoquirino, 286
desãoroberto, 140 dobomdeus, 216 dobompastor, 97 docardeal,
129 doce, 311 docoalho, 138 doespíritosanto, 72 dofígado, 100,
296 doorvalho, 255 dopobre, 174
dosalhos, 62
dosbofes, 249
dosburros, 230
doscalos, 154
doscantores, 254
doscarpinteiros, 139
doscavalos, 339
cioscemmales, 141
dosescudos, 141
dosgansos, 78
dosgatos, 227, 293
dosgolpes, 216
dosgregos, 50
dosleprosos, 297
dosmilitares, 216
dosmuros, 233
dospassarinhos, 271
dossoldados, 216
dostinhosos, 90
dosvasculhos, 170
dosvermes, 275 envenenada,338
escovinha, 75 férrea, 142
formiga, 143
formigueira, 143
forte, 294
furaparedes, 233
gateira, 227
gigante, 48
hemorroidal, 158
hepática, 50
leiteiradenossasenhora,
249
lombrigueira, 306
luísa, 326
macaé, 51
mate, 357
moedeira, 197
molarinha, 162
moura, 345
mouradetrepa, 132
noiva, 65
pombinha, 74, 162
pulgueira, 303
roberta, 140
ruiva, 306
INDICE
saboeira, 256
sagrada, 185, 296 sangue,1100
santa, 262
sofia, 144
ulmeira, 287
ursa, 272
vaqueira, 327
virgem, 206 Ervedeiro, 209 Ervedo, 209 Ervilha, 229, 320321
dequebrar, 320
oleaginosadojapão, 334 Ervilheira, 320321 Ervinha, 60 Ervodo, 209
Eryngium campestre L., 106 Erythraea centaurium Pers., 155 ErythroxyIon
coca Lam., 354 Escabiosa mordida, 218 Escalheiro, 245 Escambroeiro, 69,
147 Escambrulheiro, 245 Escancerejo, 282 Escardas, 64 Escolopendra, 192
Escorcioneira, 120, 321 Escórdio, 145 Escovinha, 159 Escrofulária, 146
nodosa,146 Escrotocanino, 268 Esfondílio, 105 Espantalobos, 126
Espargo, 52, 170, 201
bravomenor, 321
hortense, 321 Espinafre, 56, 88, 95, 219, 307,
311,313,321,339 Espinhabranca, 245
cervina, 147
deveado, 147
sempreverde, 89 Espinhei roalvar, 245
branco, 245
cambra, 147
cerval, 147
decasca branca, 343
negro, 229
ordinário, 245
vinheto, 92 Espora dosjardi n s, 129 Estaque, 148 Estig made
milho, 328 Estragão, 321322 Estramónio, 339 Estrepeiro, 245 Ésula
redonda, 342 Eucalipto, 149, 269 Eucaliptus, 149 Eucaiiptus globulus
Labili., 149 Eufórbia, 347 Eufrásia, 150 Eugenia caryophy11ata Thunb.,
355 Eupatáriodeavicena, 285 Eupatória, 50 Eupatório, 50, 284
deavicena, 284 Eupatorium cannabinum L., 284 Euphorbia marginata
Pursh, 347
peplus L., 342
pulcherrima Wi 11 d., 347 Euphrasia officinalis L. (sensu
lato), 150 Evening star, 230 Evónimo, 151
daeuropa, 151 Evonymus europaeus L., 151
Fagópiro, 335336 Fagopyrum, esculentum Moench,
335336 Fagus silvatica L., 152 Faia, 152
europeia, 152
preta, 153 Falsaacácia, 46
camomila, 202 Falsoanil, 165 ébano,125 morangueiro, 217
sene, 126 Farpara, 286 Fava, 322
d'água, 285
damanchúria, 334
dospântanos, 285 Faváriamaior, 154
7VUlgar, 154 Faveira, 322 Fedorenta, 320 Feijãochinês, 334
detrepa, 322
soja, 334 Feijoeiro, 322 Felândrio, 339 Felclaterra, 155, 162
Fenacho,60 Fenogrego, 60 Fentelha, 247 Fentomacho, 156
real, 157 Feto, 116 cloce,247 florido, 157 macho, 156
real, 157 Ficária, 158 Ficaria ranunculoides Roth., 158 Ficus carica
L., 322323 Fidalguinhos, 150, 159, 210, 303
dosjardins, 159 Figueira, 322323
brava, 322, 339
daeuropa, 322323
debaco, 322323
doegipto, 309
doinferno, 339 Filipendula ulmaria (L.) Maxim.,
287 Filipode, 247 Flordaaurora, 306
daimperatriz, 307
dapaixão, 329330
dehércules, 306
dehimeneu, 327
demaio, 197
depáscoa, 250
desãojoão, 81
dovento, 250 Foeniculum, vulgare (Mifl.)
Gaertn., 163 Folhademaio, 188 Fragária, 217 Fragaria vesca L., 217
Framboeseiro, 160
selvagem, 45 Frango, 277 Frângula, 69 Frangula ainus Mili., 69
Fraxinela, 319320 Fraxinus exceisior L., 161 Freixo, 161, 162
europeu, 161 Fruto d e pitág oras, 309 Fucus vesiculosus L., 96
Fumária, 162
Fumobravo, 314
daterra, 162
deangola, 314 Funcho, 52, 135, 163, 170, 321
bastardo, 135
d'água, 339
domar, 164
marinho, 164
marítimo, 164
selvagem, 338 Fúsaro, 69
G Galega, 165 Galega officinalis L., 165 Galeopse, 166 Galeopsis dubia
Leers, 166 ladanum L., 166
tetrahit L., 166 Galião, 138 Galium aparine L., 70
verum L., 138 Gatinha, 167 Gatunha, 167 Genciana, 155, 168, 343
amarela, 168
dasfarmácias, 168
dosjardins, 168 Gengibre, 356 Gengivre, 356 Gentiana lutea L., 168
Gerânio, 140 Geranium robertianum L., 140 Gervão, 296 Gervão, 296 Geúm
urbanúm L., 264 Giesta, 169, 278 brava, 169
ribeirinha, 169 Giesteira, 343
comum, 169
dasvassouras, 125, 169, 194
deespanha, 169 Gigante, 48 Gilbarbeira, 170 Glibardeira, 52, 179,
321 Ginjeiragalega, 316
garrafal, 316 Ginkgo, 347 Ginkgo biloba L., 347 Ginseng, 356
Girassol, 320, 323
batateiro, 336
silvestre, 356
tuberoso, 356 Glechoma hederacea L., 181 Globulária, 171 vulgar,
171 Globularia alypum L., 171
turbith, 171
vulgaris L., 171 Glycyrrhiza glabra L., 53 Gnafálio, 73 Goiveiro
amarelo, 172 Goivo, 182
amarelo, 172 Golfãoamarelo, 173
branco, 173 Golfoamarelo, 173 branco, 173 Golfões, 173 Gonolobus
condurango Triana,
355 Gossypium sp., 349 Gracíola, 174 Graciosa, 174 Gramacanina, 175
458
INDICE
francesa, 175 Grandeabsinto, 199
cicuta, 338
consolda, 128
_genciana, 168
lisimáquia, 198
_quelidónia, 117
salva, 262 Granza, 176 Gratiola officinalis L., 174 Gravatáclo
campo, 106 Grindélia, 356 Grindelia robusta Dun., 356 Groselheira, 261,
342, 344
comum, 178
doscachos, 178
espim, 177
negra, 323, 343
_rubra, 178
vermelha, 178 Guaiaco, 357 Guaiacum officinale L., 357 Guardaroupa,
44
H Hamamélia, 357 Harnamelia virginiana L.,
357 Hamamélis, 357 Hedera, 180 Hedera helíx L., 180 Hedra, 180 Heléboro
branco, 168 Helianthus annuus L., 323
tuberosus L., 336 Helianto, 323 Helleborus niger L., 342 Heloscyadium
nodiflorum, 49 Heixina, 233 Hepática, 179 Hepatica nobilis MUL, 179
Hera, 158, 180, 181
dosmuros, 180
terrestre, 181, 246
trepadeira, 180 Heracleum sphondylium L.,
105 Heradeira, 180 Hereira, 180 Hervavirgem, 206 Héspere, 182 Hesperis
matronalis L., 182 Hieracium pilosella L., 238 Hipericão, 183, 246
dogerês, 183 Hipofaé, 184 Hippophae rhamnoides L., 184 Hissopo, 58,
185, 246, 272
dasfarmácias, 185 Hordeum distichum L., 316317
vulgare L., 316317 Hortelã, 306
aquática, 323
comum, 323
crespa, 212213
d'água, 212213
francesa, 312
pimenta, 323324
silvestre, 212213
vulgar, 212213 Hortense, 334 Humulus lupulus L., 201 Hyoscyamus
niger L., 339 Hypericum androsaeum L.,
183 perforatum L., 183 Hyssopus officinalis L., 185
llangueilangue, 357 Ilex aquifolium L., 89
paraguariensis St.Hili., 357 filicium verum Hook. f., 351
Imperatória, 186 Imperatoria ostruthium L.,
186 Inula, 136
campana, 136 Inula helenium L., 136 Inulina, 136 Iris florentina L.,
325326
germanica L., 325 pallida Lamk., 326 pseudacorus L., 196
i Jacintoda índia, 72 Japecanga,2611 Jarroclos campos, 342 Jasmim,
324
deitália, 324
trepador, 324 Jasmineiro, 161
deespanha, 324
galego, 324 Jasminum grandiflorúm L., 324
odoratissimum L., 324
officinale L., 324 Jerimu, 306 Jerimum, 306 Jugians regia L., 329
Juliana, 182
dosjardins, 182 Juniperus communis L., 304
sabina L., 344
K Koiateira, 355 Krameria triandra Ruiz et Pav.,
359
Labaçaobtusa, 187 Labaçol, 88, 187, 271 Labresto, 189 Laburno, 125
Laburnum anagyroides Med.,
125,169,342 Lactuca sativa L., 308309
scariola L., 57, 308309
virosa L., 57 Lagarinho, 69 Lamegueiro, 287 Laminaria digitata (L.)
Lam., 188
hyperborea (Gunner) Foslie,
188
saccharina Lam., 188 Laminárias, 188 Lamium, 289 Lamium album L., 289
Lapsana,1189 Lapsana communis L., 189 Laranjei ra amarga, 324, 325
doce, 313, 324 Lauréolamacha, 339 Laurus nobilis L., 200 Lavândula,
58 Lavandula latifolia ViII., 58
officinalis Chaix, 58
stoechas L., 58 Legacão,261 Lens culinaris Med., 324325 Lentilha,
220, 324325 Leonurus cardiaca L., 51 Lepidium sativum L., 327328
Levístico, 190 Levisticum officinale Koch,
190 Licopódio, 116, 191 Ligustrum vulgare L., 59 Lilás, 161, 325
Lilaseiro, 325 Lilium candidum L., 307 Limoeiro, 325 Limonete, 326
Línguacervina, 192
deboi, 101, 192
decão, 123
devaca, 100, 128
deveado, 192 Linho, 193 bravo, 56, 193
cânhamo, 314
decuco, 194
deraposa, 194
galegosilvestre, 193
purgante, 193 Linum angustifolium Huds., 193
catharticum L., 193
usitatissimum L., 193 Lippia citriodora L., 326 Líquendaislância,
195 Lírioamarelo, 196
amarelociospântanos, 196
bastardo, 196
convale, 197
demaio, 197
doscharcos, 196
dospoetas, 307
dosvales, 197
florentino, 325326
germânico, 325 Lisdostanques, 172 Lisimáquia, 198
vulgar, 198, 259 Lithospermum officinale L., 63
purpureocaeruleum L., 63
ruderale L., 63 Locosdosjardins, 159 Loendro, 343 Loios, 159
Lonicera caprifolium L., 203
periclymenum L., 203 Losna, 108, 185, 199, 306 maior, 199 Loto, 130
Lotus corniculatus L., 130 Loureiro, 200, 280, 339, 343,
344
cerejeira, 200, 344
comum, 200
dospoetas, 200
rosa, 200
vulgar, 200 Louro, 200 Lúcialima, 326 Lupinus albus L. (sensu lato),
335 Lúpulo, 57, 201
trepador, 201 Luvasde nossasen hora, 338 Lycium vulgare Dun., 343
Lycopersicum esculentum Mil].,
334 Lycopodium clavatum L., 191 Lysimachia nummularia L., 141
vulgaris L., 198 Lythrum salicaria L., 198, 259
459
INDICE
M Maçãcoloquíntida, 318 Maçãzeira, 326 Maceira, 326 Macela, 104, 202,
208, 281
dourada, 202
flor, 202
galega, 202 Macelão, 202 Macieira, 326 Maconha,314 Macumba, 313
Madressilva, 203
dasboticas, 203
dosjardins, 203 Mãedefamília, 98 Magnólio, 225 Magoriça, 291
Maias, 169 Malmequer, 327 Malmequerbranco, 98
docampo, 356
dosbrejos, 204 Malus communis Poir., 326 Malva, 66, 205
daíndia, 66
maior, 205
real, 66
selvagem, 205
silvestre, 205 Malvaísco, 66 Maiva silvestris L., 205 Malvela, 181
Mamoneira, 332 Mamono, 332 Manádobrasil, 360 Mançanilha, 104 Mandobi,
350 Mandrágora, 345 Mandragora officinarum L., 345 Manjericão, 326
grande, 326327
roxo, 326327 Manjericodefolhagrande, 326327 Manjerona, 231, 327
brava, 231
hortensis, 327
inglesa, 327
selvagem, 231
verdadeira,, 327 Manteigueira, 187 Maracujá, 329330
Maravilhas, 327
bastardas, 327 Marcela, 202 Margaçadasboticas, 104 Margarida, 98
Margaridinha, 98 Margarita, 98 Marmeleiro, 327 Marroio, 148, 206
branco, 206
defrança, 206
fétido, 206, 207
negro, 206, 207
vulgar, 206 Marrubium vulgare L., 206 Martírios, 329330 Mastruço,
327328
doperu, 317
ordinário, 327328 Mate, 357 Matricária, 208
vulgar, 208 Matricaria chamomilla L., 104 Medronheiro, 209
ursino, 292 Mei mendro negro, 123, 339
preto, 339 Melancia, 318 Melão, 328 Meliloto, 210 Melilotus
officinalis (L.) Pail., 210 Melissa, 211, 214, 227
bastarda, 214 Melissa officinalis L., 211 Melitis melissophy11um L.,
214 Mendobi, 350 Menianto, 285 Mentas, 84, 135, 143, 212, 226,
265 Mentastro, 212213 Mentha aquática L., 212213
arvensis L., 212213
crispata Schrad., 212213 longifolia (L.) Huds., 212213 piperita
L., 323324 pulegium L., 212213 rotundifolia L., 212213
viridis L., 212213 Mentrastro, 212213, 227 Menyanthes trifoliata L.,
285 Mercurial, 215, 278
dosjardinsedoscampos,
215 vivaz, 215 Mercurialis annua L., 215
perennís L., 215 Mespílus germanica L., 225 Mezerrão, 342 Milemrama,
216
folhas, 216 Milfolhada, 216 Milfólio, 216 Milfurada, 183 Milhete, 328
Milho, 328
alvo, 328
decanário, 328 doce,328
grosso, 328
maês, 328
miúdo, 320, 328
miúdosilvestre, 328
paínço, 328 Milium effusum, 328 Minuana, 230 Miosótis, 223 Mirtilo,
75, 76 Molarinha, 162 Moleirinha, 162 Momórdica, 235 Mongariça, 291
Moranga, 217 Morango, 217
docampo, 134 silvestre, 217 Morangueiro, 78, 217
selvagem, 278 Morrião, 345
d'água, 91 Morsodiabólico, 218
dodiabo, 218 Mortedodiabo, 218 Morubá, 358 Morugem, 345
branca, 219 verdadeira, 219
vulgar, 219 Morus alba L., 310
nigra L., 310311 Moscadeira, 358 Mosqueiro, 287 Mostardabranca, 220
negra, 220, 320
ordinária, 220 preta, 144, 220 Mundubi, 350
Murta, 221
dosjardins, 221
ordinária, 221 Murteira, 221 Murugem, 238 Musa sapientium L., 351
Musgoamargo, 195
branco, 61
dacórsega, 222
dairianda, 61
daislândia, 195
islândico, 195 Myosotis scorpioides (L.) Hili,
ssp. palustris (L.) Herm.,
223 Myristica fragrans Houtt., 334,
358 Myrtus communis (L.) Herm.,
221
N Nabo, 315, 318, 345
chinês, 332 Naná, 350 Nãomeesqueças, 223, 249 Narciso, 224
bravo, 224
dosprados, 224
trombeta, 224 Narcissus pseudonarcissus L.,
224 Nasturtium officinale R. Br., 49 Negrilho, 287 Nenúfar, 173 Nepeta
cataria L., 227 Nerium oleander L., 343 Nespereiradaeuropa, 225
dojapáo, 225 Nèveda,226
dosgatos, 227, 286 Nhambuí, 273 Nicotiana tabacum L., 345 Nogueira,
329
daíndia, 329 Norçabranca, 228
preta, 344 Noveleiro, 203, 229, 298 Nozmoscada, 334, 358 Nuphar
luteum (L.) S. et Sm.,
173 Nymphaea alba L., 173
o Obi, 355 Ocimum basilicum L., 326327
minimum L., 326 Oenanthe crocata L., 330, 339 pheflandrium Lamb., 339
Oenothera biennis L., 230 Olea europaea L., 329 Oliveira, 161, 329 Olmo,
287 negro, 121 Onagra, 230 Ononis spinosa L., 167 Opiatadesalornão,
320 Orcaneta, 100 Orchis mascula L., 268 Orégano, 231 Orégã o, 272
vulgar, 231 Orelha(s)
deasno, 128
delebre, 238
460
demonge, 127
derato, 238
detoupeira, 219
humana, 83 Origanum dictamnus L., 320
majorana L., 327
vulgare L., 231 Orthosiphon stamineus Benth.,
354 Orvalhinha, 255 Orvalhodosol, 255 Orvietão, 320 Oryza sativa L.,
311 Osmunda regalis L., 157 Oubi, 355 Ourégãovulgar, 327 Oxalis
acetoselia L., 56
p Paciênciaaquática, 187 Paeonia baetica L., 330
officinalis L., 330 Paliteira, 67 Palmadesãojosé, 307 Panaceiadas
quedas, 80 Panax ginseng C. A. Meyer, 356 Panicum miliaceum L., 328 Pã
odepassarinho, 328 Papagaíto, 129 Paparraz, 129 Papaver rhoeas L., 232
somniferum L., 320 Papoila, 205, 232, 259, 278, 320
brava, 232
daíndia, 320
dassearas, 232
ordinária, 232
rubra, 232
vermelha, 232 Papoula, 232 Parietária, 233 Parietaria officinalis L.,
233 Pariseta, 345 Paris quadrifolia L., 345 Parreira, 336 Passifiora,
329330 Passifiora incarnata L., 329330 Pastinaca sativa L., 330
urens Req., 330 Pastinaga, 330 Patadelobo, 268 Pauamarelo, 357
doce, 53
quássia, 357
sândalo, 359 Pédegalo, 20
degato, 73
deleão, 234 Pegamassa, 90 menor, 90 Pegapega, 176 Pêlodecamelo,
216 Pensi cária u rente, 239 Peónia, 330
macha, 330 Pepino, 106, 164, 265, 328, 330
desãogregório, 235
selvagem, 235 Pequ ena dedal eira, 174 Pequenolimonete, 44 Pereira,
331
selvagemeuropeia, 331 Perrexilcomar, 164 Persea gratissima
Gaertn., 349 Persicária mordaz, 239, 271
semprenoiva, 271 Pervinca, 236
Pessegueiro, 331 Petasite, 237 Petasites fragrans (Vilars) Presl.,
237
hybridus (L.) Gaertn., 237 Petroselinum sativurn Hoffm.,
334 Peucedanum ostruthium Koch,
186 Peumus boldus Moi., 352 Phaseolus vulgaris L., 322 Phoenix
dactylifera L., 360 Physalis aikekengi L., 65 Picafolha, 89
rato, 89 Pilosela, 288 Pilriteiro, 245 Pimentaaquática, 239
d'água, 239
daíndia, 358
doreino, 358 Pimentão, 331
cornicabra, 331
decaiena, 331
decheiro, 331
doce, 331
picante, 331 Pimenteira, 358 Pimento, 331
comum, 331 Pimpinela, 240
hortense, 240
magna, 241
menor, 240 Pimpinella anisum L., 241, 311 magna L., 241
saxifraga L., 241 Pinguícula, 242 Pinguicula vulgaris L., 242
Pinheirinha, 116 Pinheiro, 43
bravo, 243
da escócia, 244
daslandes, 243
decasquinha, 244
deriga, 244
flandrês, 244
manso, 243
marítimo, 243
selvagem, 244
silvestre, 243, 244
vermelhodobáltico, 244 Pinus pinaster Soland., 243
silvestris L., 244 Piper nigrum L., 358 Piretro, 332
dadalmácia, 332 Pirliteiro, 245, 282 Pirus communis L., 331
piraster Burgsd., 331 Pisum sativum L., 320321 Plantago lanceolata L.,
276
major L., 276
media L., 276
psyllium L., 303
silvestris L., 244 Poejo, 55, 212213, 280, 320 Polígalaamarga, 246
Polipódio, 247
docarvalho, 247 Polygala amara L.; sin. Polygala
amarella Crantz, 246
senega L., 246 Polygonatum officinale Desf.,
270 Polygonum aviculare L., 271
bistorta L., 95
hydropiper L., 239
miteschrank, 239
persicaria L., 239
Polypodium vulgare L., 247 Ponciana, 347 Populus italica Moench, 121
nigra L., 121
tremula L., 153 Porrobravo, 309 Portulaca oleracea L., 313 Potentila,
122 Potentilla anserina L., 78
erecta (L.) Raeusch.,
281
fragariastrum Ehrh., 217 reptans L., 122 Potincoba,239 Praz er das
damas, 216 Primavera, 92, 152, 234,
248
dosjardins, 248 Prímula, 248 Primula elatior Jacq., 248
veris L., 248 Prunela, 142 Prunus amygdalus Batsch,
310
armeniaca L., 319
avium L., 119, 316
cerasifera Eh rh., 310
cerasus L., 316
domestica L., 310
domestica L., spp. insititia
Schneid., 310
duracina Rchob., 316
gondouinii Rehder, 316 juliana Rchb., 316
laurocerasus L., 344 mahaleb L., 119
persica (L.) Batsch, 331
spinosa L., 45, 310 Psílio, 303 Pulitaina, 233 Pulitária, 233
Pulmonária, 249 Pulmonaria officinalis L.,
249 Pulsátila, 250 Pulsatilia vulgaris Mili., 250 Punica granatum L.,
332333
Quaresma, 251 Quartilho, 277 Quássia, 357
amara, 357
amarga, 357
dosurinan, 357 Quassia amara L., 358 Quebrapanelas, 291 Queiró, 291
Qu eledónia menor, 158 Quelidónia, 117 maior, 117 Quenopódio, 143
bomhenrique, 252 Quercus coccifera L., 113
fruticosa B rot., 113
ilex L., 113 lusitaníca Lam., 113 pedunculata Ehrh., 113
robur L. (sensu lato), 113
sessilifiora Salisb., 113
suber L., 113 toza Bosc., 113 Quinadecaiena, 358
dospobres, 80 indígena, 68 Quineira, 358 Quinquefólio, 122
íNDICE
R Ralbaça,330 Rabanete, 332
dashortas, 332 Rábano,332 Rabárbaro, 333 Rabeiro, 188 Rabodeasno,
116
detou ro, 116 Rainhadosprados, 287 Raizdoce, 53 Ranúnculo, 204
acre, 345 Ranunculus acris L., 345 Raphanus sativus L., var. niger
Pers,, 332
sativus, var. radicula Pers., 332 Rapâncio, 253 Rapúncio, 253 Ratânia,
281, 359
doperu, 359 Rauvólfia, 359 Rauwolfia serpentina Benth,, 359 Recama,
261 Regaliz, 53 Regaliza, 53 Regoliz, 53 Restaboi, 167 Retama, 169
Rhamnus cathartica L., 147 purshiana DC., 354 Rheum rhabarbarum L., 333
rhaponticum L., 333 Rhus cotinus L., 347 Ribes nigrum L., 323
rubrum L., 178
uvacrispa L., 177 Richão, 254 Rícino, 332 Ricinus communis L., 332
Rilhaboi, 167 Robínia, 46 Robinia pseudacacia L., 46 Roble, 113 Roída
dodiabo, 218 Romã, 332333 Romãzeira, 332333 Romeira, 332333 Roquete
dosiardins, 44 Roreia, 242, 255 Rosa(s), 323
albardeira, 330
bandalha, 274
branca, 333
canina, 274
daprovença, 333
dealexandria, 333
decemfolhas, 333
dedamasco, 333
degueldras, 229
dejericó, 333
deloba, 330
francesa, 333
francesadobrada, 333
gálica, 333
pálida, 333
rubra, 333
vermelha, 333 Rosa alba L., 333 canina L., 274
centifolia L., 333
damascena Mili., 333
gallica L., 333 Roseira,274
brava oriental, 333 decão, 274 Rosmaninho, 58 Rosmarinus
officinalis L., 55 Rossolis, 255
Rubia peregrina L., 176
tinctorum L., 176 Rubus caesius L., 273
fruticosus L. (sensu /aio), 273
idaeus L., 160 Ruilbarbos, 56, 333
selvagem, 187 Ruivadostintureiros, 176 Rumex acetosa L., 88
crispus L., 187
obtusifolius L., 187 patientia L., 187 Ruscus aculeatus L, 170 Ruta
graveoIen@ L., 345
s Sabina, 344 Saboeira, 256 Saboneira, 256 Sabugueirinho, 133, 257
Sabugueiro, 133, 203
negro, 133, 257 Saflor, 47 Salão, 154, 258
curto, 258 Sal epeira maior, 268 Salepo, 268
maior, 268 Salgueirinha, 198, 249, 259 Salgueiro, 108, 259
branco, 121, 260
dababilónia, 260 Salicária, 259 Salix alba L., 260
babylonica L., 260 Salsa, 52, 170, 200, 316, 321,
334,339,344
dahorta, 334
decheiro, 334
dejerusalém, 249
domonte, 52
vulgaris, 334 Saisaparrilha, 359
bastarda, 261
indígena, 261 Salva, 92, 262, 322
dacatalunha, 262
dasfarmácias, 262
esciareia, 263
mansa, 262
menor, 262 Salvaçàodomundo, 216 Salvia officinalis L., 262, 263
sclarea L., 263 Sambucus ebuius L., 133
nigra L., 257 Sanamunda, 264 Sândalobranco, 359 Sangarinheiro, 69
Sanguinária, 271 Sanguinha, 271 Sanguinheiro, 69 Sanguinhodeágua, 69
Sanguisorba minor Scop., 240
officinalis L., 265 Sanguissorbaoficinal, 265 Sangurinheiro, 69
Sanícula, 101, 266
dosmontes, 251
vulgar, 266 Sanicula europaea L., 266 Santalum, album L., 359
Santantoninhas, 59 Santolina, 44 Santolina chamaecyparissus L.,
44 Santónico, 44, 222, 267
Saponária, 256 Saponaria officinalis L., 256 Sarça, 273 Sargaço
vesiculoso, 96 Sassafrás, 360 Sassafras officinale Nees et
Elberm.,360 Sati ricão macho, 268 Satíriomacho, 268 Satu rejadas
montanhas, 269 Satureia hortensis L., 269
montana L., 269 Saudades,159 Saxífragabranca, 251
dasibéria, 251 Saxifraga granulata L., 251
tridacty1ites L., 251 Scolopendrium officinale Sm.;
sin,: PhyIlitis scolopendrium (L.) Newan., 192 Scorzonera hispanica L.,
120,
321 Scrophularia aquatica L., 146
nodosa L., 146 Secale cereale L., 315316 Sedum acre L., 154
telephium L., ssp. purpureum
Unk, 154 Segurelha, 269, 272, 280, 322 Selodesalornão, 270 Semenciana,
267 Sérnencontra, 44, 267 Sem entesdealexandria, 267 Sempervivum
tectorum L., 258 Semprenoiva, 239, 266, 271
dosmodernos, 271 Sempreverde, 200 Semprevivaciostelhados, 258
Sene,171
bastardo, 126
daíndia, 360 Senécio, 278 Seneciojacobaea L., 278
vulgaris L., 278 Serpão, 194, 269, 272, 280 Serpentáriavermelha, 95
Serpil, 272 Serpilho, 272 Serpol, 272 Setaria italica P. B., 328 Sete
emrama, 281 Silva, 273
macha, 274 Silvâo, 274 Silybum marianum Gaertn., 107 Sinapis alba L.,
220 Sinceiro, 260 Sintro, 199 Sisymbrium officinale (L.) Scop.,
254 Smilax aspera L., 261
ornata Hook. f., 359 Sobreiro, 1,13 Sofiadoscirurgiões, 144 Soja,
334 Soja hispida Maxim., 334 Solanum dulcamara L., 132
melongena L., 313
nigrum L., 345
tuberosum L., 312 Solda, 281
grande, 176 Solidago, 294 Solidago virga aurea L., 294 Sombreirinho
dostelhados, 127 Sombreiro, 237 Sorbus aucuparia L., 282
domestica L., 282 Sorveirabrava, 282
dospassarinhos, 282
462
fNDICE
Spartium junceum L., 169, 343 Spergularia rubra (L.) J. et C.
Presi, 77 Spinacia oleracea L., 321 Stachys officinalis (L.) Trev., 93
palustris L., 148
sílvatica L., 148 Stellaria media (L.) Vili., 219 Succisa praemorsa
(Gilib.)
Aschers; sin.: Succisa pratensis Moench, 218 Sultana, 159 Symphytum
officinale L., 128 Syrax tonkinensis Craib, 351 Syringa vulgaris L., 325
T Tabaco,93,345
dossaboianos, 80
dosvosgos, 80 Taborrodepé, 188 Tamareira, 360 Tamarina, 360
Tamarindeiro, 360 Tamarindo, 360 Tamarindus indica L., 360 Tamarineiro
360 Tamo, 228 Tamus communis L., 228 Tanaceto, 222, 275 Tanacetum
vulgare L., 275 Tanásia, 275 Tanchage,276 Tanchagens,210,276
dasboticas, 276
dosalpes, 80
maior, 276
média, 276
menor, 276
terrestre, 276 Taráxaco, 99, 189, 277, 303 Taraxacum officinale Web.
(sensu lato), 277 Tasna,278 Tasneira, 278 Tasneirinha, 278 Taxus baccata
L., 343 Teixo, 343 Teléfio, 154 Têucrio, 112, 145 Teucrium chamaedrys
L., 112
marum L., 112
scordium L., ssp. palustre
Lam., 145 Thea sinensis Sims, 354 Theobroma cacao L., 352 Thuja
occidentalis L., 336 Thymus serpy11um L. (sensu
lato), 272
vulgaris L., 280 Tília, 279 Tilia cordata Mili., 279 platyphy11os
Scop., 279 Tojo, 169
arnal, 169 Tomate, 313, 334 Tomateiro, 334 Tomilho, 200, 269, 272,
280, 306
ordinário, 280
vulgar, 280 Tongu,313 Topinamboi, 336 Torgaordinária, 291
Tormentila, 78, 281 Tormentilha, 281 Tormentina, 281
Tragopogon pratensis L., 120 Tramazeira, 282 Transagem, 276 Tremoceiro,
335 Tremoço, 335 Trepadeira, 283
dasbolsas, 283
dassebes, 283
dostapumes, 283 Trêscorações, 56 Trevo, 130
aquático, 285 azedo,56
cervino, 284
d'água, 285
de cheiro, 210
doscharcos, 285 Trifóliofibrino, 285 Trifolium L., 56 Trigo, 312,
320, 335
doscampos, 175
mourisco, 335336
sarraceno, 335336 Trigonella foenumgraecum L.,
60 Triticum aestivum L., 335 Tróculos brancos, 295 Tropaeolum majus L.,
317
minus L., 317 Tuia, 336
vulgar, 336 Tupinambo, 336 Tussilagem, 204, 205, 246, 286 Tussilago
farfara L., 286
U Ulex europaeus L., 169 Ulgebrão, 296 Ulmeira, 287 Ulmeiro, 288
campestre, 279, 288
demontanha, 288
pedunculato, 288 Ulmo, 287 Ulmus campestris L., 288 Umbigodevénus,
127 Umbilicus rupestris (Salisbury)
Dandy,127 Unhadeasno, 286
decavalo, 286
gata, 167 Urgebão, 296 Urtica dioica L., 290
urens L., 290 Urtiga, 289
bastarda, 215
branca, 233, 289
maior, 290
mansa, 290
menor, 290
morta, 215 Urtigão, 290 Urze, 191, 194, 233, 291
domonte, 291 Uva, 336
decão, 132, 154, 228
deurso, 292
domonte, 75
espim, 92
ursina, 76, 77, 292 Vaccinium myrtiltus L., 75
vitisidaea L.. 76 Valeriana, 227, 293, 308
menor, 293
selvagem, 293
silvestre, 293 Valeriana officinalis L., 293 Valerianelia olitaria
(L.) Poli.,
308 Vanila planifolia Andr., 351 Varadeouro, 294 Varequevesiculoso,
96 Vela de n ossasenh ora, 295 Veratrobranco, 343
negro, 342 Veratrum album L., 343 Verbasco, 205, 295 Verbascum
thapsus L., 295 Verbena, 296
sagrada, 296 Verbena odorata L., 296
officinalis L., 296 Vergadeouro, 294 Vergamota, 313 Vermiculária,
154 Verónica, 91, 297
daalemanha, 297
dasfarmácias, 297
macho, 297 Veronica anagallis L., 91, 297
beccabunga L., 91
officinalis L., 297 Viburno, 298 Viburnum lantana L., 298
opulus L., 229
opulus, var. sterile DC., 229 Vicia faba L., 322 Vide, 336 branca,
299
dajudeia, 132 Videira, 336
europeia, 336 Vido, 94 Vidoeiro, 94 Vimeirobranco, 260 Vinagreira,
88 Vinca, 236 Vinca minor L., 236 Vinhadaíndia, 132
dajudeia, 132
donorte, 201 Viola, 300 Viola odorata L., 300
tricolor L., ssp. arvensis Murr.,
71 Violeta, 71, 205, 300
decheiro, 300
roxa, 300 Virgáurea, 294 Visco, 89
branco, 301 Viscum album L., 301 Visqueiro, 89 Vulnerária, 302
Z Zabumba, 339 Zangarinheiro, 69 Zangarinho, 69 Zaragatoa, 303 Zea mays
L., 328 Zebro, 89 Zécora, 230 Zimbro, 304, 344
comum, 304 Zingiber officinale Roscoe, 256
463