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Leituras filosóficas – Jean Grondin

- Paul Ricoeur (1913- 2005)

- “Não se encontra uma verdadeira obra mestra, mas uma superabundância de livros que
poderiam aspirar todos a este título: A filosofia da vontade (publicado em dois volumes,
em 1950 e 1960), História e verdade (1955), Da interpretação (1965), O conflito das
Interpretações (1969), A metáfora viva (1975), Tempo e narrativa (três volumes, 1983 –
1985), Do texto à ação (1986), Si mesmo como um outro (1990), A memória, a história,
o esquecimento (2000), Percurso do reconhecimento (2004), para citar apenas os mais
proeminentes.” (GRONDIN, 2015, pp. 9-10)

- “[...] ele foi uma acolhedora filosofia das possibilidades do humano: enraizado na
tradição reflexiva francesa, o personalismo e o existencialismo [...] que nunca deixou de
levar em conta a contribuição de todas as disciplinas e de todos os campos que tinham
algo a dizer acerca das possibilidades do homem. [...]. O leitor moderno pensará talvez
aqui, sobretudo, na capacidade conquistadora que tem o homem de empreender coisas,
de conhecer e de dominar a natureza. [...] mas, por possibilidade, é também preciso
compreender que o homem pode sofrer, pode não estar à altura de suas possibilidades,
pode, portanto, fazer o mal, mas também pode agir, falar, narrar sua experiência, manter
promessas, perdoar, ser tocado pelo divino.” (GRONDIN, 2015, p. 10)

- “O pensamento generoso de Paul Ricoeur se mostra atento a tudo o que esse esforço (de
existir) para ser pode realizar, notadamente pela linguagem que narra sua experiência, e
é por esse motivo que seu pensamento é hermenêutico. [.... Todo o seu trabalho consistiu
em integrar o que estes saberes poderiam trazer para um pensamento responsável e
refletido do esforço humano. [...]. Para Ricoeur, toda a filosofia nasce desta interrogação.
(O que é o homem?)” (GRONDIN, 2015, pp. 10 - 11)

- “O homem é esforço e permanece necessariamente sendo-o. A questão de Ricoeur é um


pouco: qual é o sentido desse esforço, quais são suas possibilidades e seus recursos?”
(GRONDIN, 2015, p. 13)

- “A hermenêutica será, portanto, para ele não o nome de uma filosofia ‘direta’ da
realidade humana, mas o nome de uma escuta racional e refletida das narrativas e
abordagens que reconhecem um sentido e uma direção ao esforço humano para existir. O
homem é um ser que ‘pode’ interpretar seu mundo e se interpretar a si próprio. Quais são
os poderes dessa hermenêutica? Esta será uma das questões diretrizes de sua filosofia.”
(GRONDIN, 2015, p. 15)

- “A filosofia reflexiva aspira a um conhecimento de si. Como esse conhecimento seria


possível? Haveria uma intuição, uma introspecção ou um [acaba p. 77] acesso
privilegiado do ego a si próprio? A hermenêutica – e o percurso do conflito de
interpretações que ela implica – oferece uma solução a esta aporia: ela ensina que nós só
podemos nos conhecer pela interpretação dos símbolos e das obras pelos quais se
expressou nosso esforço para existir. A reflexão se transforma, portanto, em hermenêutica
[...].” (GRONDIN, 2015, p. 77-78)

- “A obra de 1975 A metáfora viva, que se compõe de sete estudos distintos, às vezes
áridos, não propõe uma nova síntese do pensamento hermenêutico. Ela toma antes a via
longa que ele havia aconselhado, levando em consideração diversas disciplinas dedicadas
à linguagem, mas seguindo um ‘único itinerário que começa com a retórica clássica, passa
pela semiótica e pela semântica, para alcançar finalmente a hermenêutica’. Este percurso
obedece a uma evolução bem precisa [acaba p. 85]: ‘A passagem de uma disciplina a
outra segue a das entidades linguísticas correspondentes: a palavra, a frase, depois o
discurso’ (Metáfora Viva, p. 9). A associação da hermenêutica ao campo do discurso (que
abrange o poema, a narrativa, o ensaio etc.) é nova e testemunha uma mudança de
paradigma em Ricoeur.” (GRONDIN, 2015, p. 85-86)

- “[...] o que caracterizava o símbolo era seu poder de expressar, com a ajuda de um
sentido primeiro ou literal, outro sentido, alegórico, dando acesso à outra realidade. É um
pouco o mesmo processo que fascinará a hermenêutica da metáfora, saber a inovação
semântica que ela induz e sua nova referência, que seu desrespeito ao sentido literal torna
possível. Isto supõe que a metáfora comporta de fato uma referência. Esta reside em sua
capacidade de fazer ver a realidade sob uma nova luz servindo-se ao mesmo tempo dos
recursos da linguagem existente. Mas não seria o discurso poético desligado da realidade
e centrado em si mesmo? Não é exatamente o caso segundo Ricoeur, pois ‘a suspensão
da referência literal é a condição para que seja liberado um poder de referência de segundo
grau, que é propriamente a referência poética’ (Metáfora viva, p. 13). A metáfora será,
portanto, para Ricoeur, ‘o processo retórico pelo qual o discurso libera o poder que
algumas ficções têm de redescrever a realidade’ (Metáfora viva, p. 14).” (GRONDIN,
2015, p. 86)
- “A retórica de Aristóteles foi a primeira a tratar da metáfora, mas ainda a associava à
esfera da palavra. A semântica [acaba p. 86] mais recente nos teria ensinado que o lugar
da metáfora e do sentido em geral seria antes o da frase. Somente a hermenêutica nos
permitiria, no entanto, considerar a maneira pela qual a metáfora, enquanto discurso,
descobre uma realidade inédita, visto que cabe à interpretação desdobrar estas
possibilidades.” (GRONDIN, 2015, p. 86-87)

- “A metáfora ‘viva’ é distinta da metáfora morta, aquela que está adormecida na


significação usual das palavras, porque ela vivifica a língua através de sua inovação
semântica, que nos leva a ver o semelhante no dessemelhante, a redescobrir deste modo
a realidade e, portanto, a ‘pensar mais’ (p. 384). A ‘vida’ da metáfora que encanta
Ricoeur, a ponto de ele nela ver ‘o problema central da hermenêutica’, é esta capacidade
notável que há nela, enquanto ‘obra em miniatura’, de abrir um mundo que podemos
habitar. A que mundo remete o texto literário? Ricoeur responde enfaticamente: ao mundo
da obra, isto é, ao conjunto das referências abertas pelo texto’ e ‘que agora são oferecidas
como modos possíveis de ser, como dimensões simbólicas de ser no mundo’ (Escritos e
conferências 2, p. 85). Se Ricoeur trata disso no contexto de uma hermenêutica, é porque
a tarefa da interpretação é justamente a de explicitar (p. 350) estas possibilidades de ela
própria ser e entrar no jogo da metáfora viva. O leitor faz assim cada vez mais parte do
sentido a ser compreendido.” (GRONDIN, 2015, p. 87)

O arco hermenêutico e a flecha do sentido

- ‘Adotarei a seguinte definição de trabalho: a hermenêutica é a teoria das operações da


compreensão em sua [acaba p. 88] relação com a interpretação dos textos’ (Do texto à
ação, p. 23 ou 75) [(A tarefa da hermenêutica, Hermenêutica e ideologias, p. 23-50)].
“Estas operações sendo plurais, Ricoeur falará de bom grado da hermenêutica como de
um arco que abarca abordagens diversas, mas imbricadas uma na outra.” (GRONDIN,
2015, p. 88-89)

- “O sentido, liberado da intenção de seu autor, é um sentido que podemos tornar nosso
pela leitura. A apropriação, na qual se pode ver uma longínqua herdeira da segunda
ingenuidade dos primeiros escritos, significa que o arco hermenêutico encontra sua
conclusão na ‘interpretação de si de um sujeito que, doravante, se compreende melhor, se
compreende de outro modo, ou mesmo começa a se compreender’ (p.152). Reencontra-
se aqui a ideia forte de Ricoeur segundo a qual o sujeito só se compreende a si próprio, e
o sentido de sua existência, pelo desvio das obras de cultura. Mas essa compreensão das
obras toma cada vez mais a forma de uma apropriação pelo leitor que realiza uma ‘fusão
da interpretação do texto com a interpretação de si próprio’ (p. 153). O sentido não se
encontra, portanto, por detrás do texto nem no pensamento de seu autor, mas naquilo que
Ricoeur denomina ‘o oriente do texto’ (p. 156), isto é, o mundo do texto que se ergue na
interpretação.” (GRONDIN, 2015, p. 90)

- “Assim, é na leitura, que é sempre ao mesmo tempo uma leitura de si, que se conclui a
interpretação.” (GRONDIN, 2015, p. 91)

- “O discurso não é um fim em si, ele remete ao ser fora de si.” (GRONDIN, 2015, p. 91)

- “A genialidade de Tempo e Narrativa é pensar conjuntamente estes dois focos de sua


obra que são a experiência visceral, trágica de nossa temporalidade e a réplica da atividade
narrativa, que reconhece um sentido à nossa epopeia do tempo.” (GRONDIN, 2015, p.
94)

- “Em um círculo hermenêutico fecundo, o tempo e a narrativa remetem um ao outro: o


tempo torna-se um tempo humano quando está articulado de maneira narrativa, e a
narrativa é significativa na medida em que desenha as características de nossa aventura
temporal (Tempo e narrativa I, p. 9, 93). Nós lemos histórias, quer se trate de narrativas
de ficção ou históricas, porque elas conferem um sentido à intriga de nossas vidas.”
(GRONDIN, 2015, p. 95)

- “Ricoeur toma emprestada esta ideia de composição da intriga da Poética de Aristóteles,


na qual ela se denomina mythos em grego. Aristóteles percebeu bem que o mythos –
intriga ou ‘mito’ – remetia à esfera da ação (práxis): o mythos é uma mímesis, uma
‘imitação’ da ação humana que provoca no espectador uma purificação de suas paixões,
o desespero e a compaixão. Ricoeur se apropria dessa ideia forte de mímesis, na qual ele
não vê uma imitação servil que seria um simples decalque, mas uma reinvenção criadora
que configura uma intriga na qual o espectador pode se reconhecer.” (GRONDIN, 2015,
p. 95)

- “A primeira sede da configuração narrativa (mímesis) está nesta composição criadora


de uma intriga. Ora, essa configuração [acaba p. 95] narrativa comporta um antes e um
depois. A intriga nunca é totalmente inventada, ela remete, antes, a uma intriga que é a
de nossas próprias vidas: nossa compreensão da vida já mostra uma estrutura narrativa,
uma vez que ela articula desde sempre seu agir de maneira simbólica e que ela jamais
cessa de narrá-lo. A configuração narrativa (que Ricoeur denomina mímesis 2) se enraíza
assim em uma pré-compreensão simbólica do agir humano que Ricoeur denomina
mímesis 1(a primeira composição da intriga, se quisermos). É sobre essa pré-composição
já narrativa que se ergue a composição da intriga poética (Tempo e narrativa I, p. 112).”
(GRONDIN, 2015, p. 95-96)

- “Essa composição da intriga é recebida, depois, por um leitor que a aplica à sua própria
situação. O sentido da configuração narrativa (mímesis 2) só se concluiria, portanto, com
uma nova configuração (mímesis 3), aquela pela qual o leitor se apropria do mundo da
obra literária e faz dele um mundo em que ele pode habitar. [...]. Em uma fórmula concisa,
Ricoeur escreve que é ‘tarefa da hermenêutica reconstruir o conjunto das operações pelas
quais uma obra se destaca do fundo opaco do viver, do agir e do sofrer, para ser dada por
um autor a um leitor que a recebe e assim muda seu agir” (Tempo e Narrativa I, p. 94).”
(GRONDIN, 2015, p. 96)

- “Ricoeur está convencido de que esta atividade narrativa, que responde ao caráter
temporal de nossa existência, encarna uma necessidade transcultural (p. 93). Em toda
parte, os homens contam histórias, nutridas por sua própria experiência narrativa do
tempo, e reconfigura sua existência em consequência disso. Por que o fazem? Uma versão
desabusada dirá que os homens precisam ser consolados diante da morte (Tempo e
narrativa I, p. 125). Nós nos contamos histórias, nós contamos o tempo porque ele é
contado. [...]. É que nossa vida é uma história que não somente precisa, mas que merece
ser contada (Tempo e narrativa I, p. 129).” (GRONDIN, 2015, p. 97)

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