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O novo diploma define o devedor em “situação económica difícil” como aquele que
enfrenta uma “dificuldade séria para cumprir pontualmente as suas obrigações,
designadamente por ter falta de liquidez ou por não conseguir obter crédito”. cfr. artº.
17º-B .
O processo depende da vontade do devedor e de, pelo menos, um dos seus credores e inicia-
se com uma declaração escrita que marca o começo das negociações para a elaboração de um
plano de recuperação. Pode igualmente iniciar-se com a apresentação pelo devedor de um
acordo extrajudicial de recuperação, assinado pelo devedor e por credores que representem
pelo menos a maioria de votos, acompanhado dos documentos legalmente previstos.- cfr.
Art.º 17º-C e 17º-I .
Este processo, que tem caráter urgente, pode ser o meio utilizado por qualquer devedor que
ateste reunir condições necessárias à sua recuperação, mediante declaração escrita e
assinada por todos os declarantes, devendo constar da mesma a data da assinatura.- cfr. Art.º
17º-C .
Durante o período das negociações, as ações para cobrança de dívidas contra o devedor são
suspensas e podem ser extintas com a aprovação e homologação do plano de recuperação,
salvo quando este preveja a sua continuação. O juiz decide se deve homologar o plano de
recuperação ou recusar a sua homologação, uma decisão que vincula os credores, mesmo os
que não participaram nas negociações.- cfr. art.ºs 17º-E, n.º 1 e 17º-F, n.º 6.
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São do CIRE todas as disposições legais sem referência à sua fonte.
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Também os processos de insolvência anteriormente instaurados contra o devedor se
suspendem na data da publicação no portal Citius do despacho que nomeia o administrador
judicial provisório, caso não tenha sido proferida sentença declaratória da insolvência,
extinguindo-se assim que seja aprovado e homologado o plano de recuperação – cfr. art.º
17.º-E, n.º 6.
Por outro lado, prevê-se a possibilidade do devedor poder pôr termo às negociações a todo o
tempo e sem qualquer causa justificativa para o efeito. Caso o processo especial de
revitalização termine desta forma, o devedor fica impedido de recorrer ao mesmo pelo prazo
de dois anos.- cfr. nº 6 do art.º 17-G.
Este processo paga taxa de justiça pela tabela I - cfr. art.º 7 n.º 1 do regulamento das custas
processuais.
Somos da opinião de que se aplica ao PER o art.º 4.º n.º 1 al. u), ou seja, a isenção de
pagamento de taxa de justiça pelo impulso processual apenas às sociedades e entidades aí
referidas, já que mesmo estas estarão sujeitas ao pagamento se não se verificarem as
condições previstas no n.º 4 do art.º 4 do regulamento das custas processuais, dado que
entendemos ser uma situação preliminar e análoga à situação de insolvência e recuperação de
empresas.
Tramitação
A apresentação do requerimento obedece a algumas formalidades prévias.
Como já anteriormente referido, o devedor e pelo menos um seu credor assinam uma
declaração de intenção de encetarem negociações tendentes à revitalização do devedor por
meio da aprovação de um plano de recuperação e comunica ao tribunal competente para
declarar a sua insolvência, que pretende dar início à negociação conducente à recuperação.
O requerimento é distribuído na 4ª Espécie (note-se que o art.º 222º não foi alterado por
forma a contemplar este novo processo).
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À nomeação do administrador provisório, são aplicáveis as regras previstas nos art.ºs 32.º a
34.º do CIRE, com as necessárias adaptações.
Após ter recebido a referida notificação, compete ao devedor comunicar a todos os seus
credores que não subscreveram a declaração anteriormente referida, através de carta
registada, que vai dar início ao processo especial de revitalização, convidando-os a participar
nas negociações em curso e informando-os de que toda a documentação se encontra patente
na secretaria para consulta.- cfr. n.º 1 do art.º 17º-D.
Qualquer interessado pode impugnar a lista, perante o juiz, no prazo de 5 dias úteis,
dispondo este também do mesmo prazo para decidir sobre as impugnações formuladas. O
despacho é notificado a todos os credores, ao devedor e ao administrador judicial provisório.
- cfr. n.º 3 do art.º 17.º-D.
Os credores que pretendam participar nas negociações, devem declarar a sua intenção ao
devedor por carta registada, sendo que este deve juntar aos autos as respetivas declarações.-
cfr. n.º 7 do art.º 17.º-D.
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Vejamos, então a 1ª hipótese:
1 - A aprovação
O plano de recuperação pode ser aprovado por unanimidade dos credores ou por maioria
daqueles.
No caso de aprovação por unanimidade, ou seja, nas negociações em que intervêm todos os
credores do devedor, o plano de recuperação, que deve conter a assinatura de todos, deve
ser enviado para o tribunal, para o juiz proceder à sua homologação ou à recusa, sendo que
em caso de homologação, o plano produz efeitos imediatos. Conjuntamente com o plano de
recuperação deve ser apresentado o documento que comprova a referida aprovação, atestada
pelo administrador judicial provisório. - cfr. n.º 1 do art.º 17º-F.
No caso de aprovação por maioria, o plano de recuperação é remetido ao tribunal, para que
o juiz possa verificar se foi dado ou não cumprimento às regras previstas no n.º 1 do art.º 212,
ou seja, quanto às maiorias e quóruns necessários à aprovação. A votação é feita por escrito,
nos termos do disposto no art.º 211.º, com as necessárias adaptações, devendo os votos ser
remetidos ao administrador provisório, que os abre em conjunto com o devedor e elabora um
documento com o resultado do apuramento da votação.- cfr. n.ºs 2 a 4 do art.º 17º-F.
Proposto o plano, o juiz tem o prazo de 10 dias para homologar ou não o mesmo. A decisão
proferida pelo juiz vincula todos os credores do devedor, mesmo aqueles que não tenham
votado favoravelmente o plano de recuperação ou sequer tenham participado nas
negociações. - cfr. n.ºs 5 e 6 do art.º 17º-F.
A decisão proferida pelo juiz para além de ser publicitada no portal Citius, deve ser
notificada a todos e registada nos termos do art.º 37.º e 38.º. - cfr. n.º 6 art.º 17º-F.
2 - Não aprovação
Caso o devedor ou a maioria dos credores prevista nos termos do nº 1 do art.º 212º e já acima
referido, concluam antecipadamente pela impossibilidade de aprovação do plano de
recuperação conducente à revitalização do devedor, ou no caso de ter sido ultrapassado o
prazo previsto para a conclusão das negociações sem que haja uma decisão, o processo
negocial é encerrado. Esta situação tem como ato prévio a audição do devedor e dos
credores pelo administrador judicial provisório, que depois emite parecer sobre se o devedor
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se encontra ou não em situação de insolvência. Compete ao administrador judicial provisório
comunicar tal facto ao tribunal e publicá-lo no portal Citius. - cfr. n.º1 do art.º 17.º-G.2
Neste caso, os credores que constem da lista definitiva de credores apresentada pelo
administrador judicial provisório, não necessitam de voltar a reclamar os seus créditos no
processo de insolvência. - cfr. n.º 7 art.º 17.º-G.
-/-
Não podem ser apresentadas ações para cobrança de dívidas contra o devedor, suspendendo-
se as já apresentadas, incluindo ações de insolvência, desde que esta não tenha sido ainda
decretada.- n.º 1.
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Note-se que, apesar de resultar da letra da lei que o administrador judicial provisório deve proceder a
esta publicação, o certo é que este ainda não tem acesso ao Citius. Assim sendo, natural será que
tenha que ser a secretaria a fazê-lo, a pedido do administrador judicial provisório.
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Processo Especial de
Revitalização
Dis
Conclusão
URGENTE
Nomeação administrador
provisório
Reclamação Créditos
Publicitação Citius 20 dias p/ Administrador
Tribunal
Documentação patente
na secretaria
Impugnação 5 dias úteis
Há
Não há
aaa
Conclusão
Encerramento Processo
Homologação/Recusa do PER Insolvência
Publicitação no Citius
e notificações
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O PER e os acordos extrajudiciais
Recebido o processo, segue-se a conclusão para o despacho liminar, devendo o juiz nomear o
administrador judicial provisório. –cfr. art.º 17.º-I, n.º 2.
Notificar os credores que não intervieram no referido acordo e que constam da lista de
créditos relacionados pelo devedor, da existência do acordo, ficando este patente na
secretaria do tribunal para consulta;
Qualquer interessado pode impugnar a lista perante o juiz, no prazo de 5 dias úteis, dispondo
este também do mesmo prazo para decidir sobre as impugnações formuladas. O despacho é
notificado a todos os credores, ao devedor e ao administrador judicial provisório. - cfr. art.º
17.º-D, n.º 3 por força do n.º 3 do art.º 17.º-I.
Caso o juiz não homologue o acordo, aplica-se com as necessárias adaptações o disposto nos
n.ºs 2 a 4 e 7 do artigo 17.º-G.
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À homologação dos acordos extrajudiciais aplicam-se ainda, com as necessárias adaptações, o
disposto no art.º 17.º-E, no que se refere aos efeitos do despacho que nomeia administrador
judicial provisório; nos n.ºs 6 e 7 do art.º 17.º-F, no que se refere à homologação do plano de
recuperação e a sua notificação, publicitação e registo; e no art.º 17.º-H, no que respeita às
garantias.
Acordo extrajudicial de
recuperação assinado Processo Especial de
pelo devedor e credores Revitalização
(212 nº1-cire) + cópias
documentos Competente para a -PER-
insolvência/4.ª
espécie
Tribunal -> Distribuição
Dis
Conclusão
Nomeação administrador
provisório
Reclamação Créditos
Secretaria: URGENTE
p/ Administrador
Tribunal
Publicita no Citius a
lista provisória
Lista Publicitação no Citius
Acordo patente na
secretaria
Impugnação 5 dias úteis
Há
Não há
aaa
Conclusão
Publicitação no Citius e
notificações
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PUBLICAÇÕES DO PER NO
PORTAL CITIUS
Acordo extrajudicial.
Despacho que nomeia o
A secretaria 17.º-I n.º 2
administrador judicial
provisório
* Parece-nos que, enquanto não for possível o acesso ao portal Citius pelos administradores de
insolvência, estes atos deverão ser publicitados pela secretaria.