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Autoria: Ana Patricia Rodrigues Leite, Mauro Lemuel Alexandre, Marli de Fátima Ferraz da Silva Tacconi,
Maria Valéria Pereira de Araújo
Resumo
A ética é um tema que suscita debates, dilemas e diferentes abordagens teóricas. Constitui-se
em uma preocupação antiga do homem. O presente artigo trata-se de uma abordagem de
cunho qualitativo que busca conhecer as percepções dos pesquisadores sobre a ética no
processo de pesquisa. Como objetivo geral da pesquisa, buscou-se conhecer as percepções dos
pesquisadores estudados a respeito da ética na pesquisa. Como objetivos específicos têm-se:
identificar a percepção dos respondentes quanto ao que consideram ser ética na pesquisa;
conhecer os aspectos mais importantes que norteiam a ética na pesquisa, na percepção dos
pesquisados; levantar a percepção dos respondentes sobre a conduta ética do pesquisador em
cada etapa do processo de pesquisa; conhecer os dilemas éticos que mais acometem os
pesquisadores estudados durante cada etapa do processo de pesquisa e identificar como o
respondente avalia as normas de conduta ética. Teoricamente, parte-se da visão de Brown
(1993), que propõe que a ética é um processo, ou seja, em vez de ver a ética como um
conjunto de regras ou punições, ou mesmo um código, com seus parâmetros, delimitando
espaços, o autor define a ética como o processo de decidir o que deve ser feito. Considera-se a
colocação de Creswell (2007), que afirma que as questões éticas devem ser consideradas e
refletidas em todo o processo de pesquisa. Também destaca-se a abordagem de Resnick
(2008), que enfoca a importância de se respeitar as normas éticas em pesquisa. Decidiu-se
assim, dar continuidade a uma pesquisa quantitativa feita com pesquisadores em
Administração da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) sobre a ética na
pesquisa e apresentada no EnANPAD (Encontro da Asssociação Nacional de Pós-graduação
e Pesquisa em Administração), em 2009. Sendo que o presente estudo aborda a questão da
ética na pesquisa dentro de uma perspectiva qualitativa. Os sujeitos da pesquisa foram dez
pesquisadores com trabalhos apresentados e publicados em evento científico nacional (33o.
EnANPAD), na divisão acadêmica “Ensino e Pesquisa em Administração e Contabilidade –
EPQ” e que consentiram em participar da pesquisa. A partir das respostas, foram
desenvolvidas análises de conteúdo, a fim de aprofundar a discussão sobre a dimensão ética
no processo de pesquisa, de forma a representar contribuição empírica relevante na discussão
do conhecimento sobre a ética na pesquisa científica. Com relação às percepções e reflexões
dos pesquisadores estudados, sobre o tema ética na pesquisa, os resultados mostram que os
respondentes relacionam a ética na pesquisa ao compromisso moral do pesquisador e também
ao respeito às normas éticas. Constata-se, com relação aos dilemas éticos dos pesquisadores,
que há uma grande preocupação quanto à conduta ética no que tange as questões de plágio nas
pesquisas científicas e quanto ao anonimato dos respondentes. Conclui-se que a significativa
maioria dos pesquisadores não conhece códigos de ética na pesquisa, mas os pesquisadores
estudados acreditam ser fundamental a discussão, elaboração, divulgação e aplicação de
códigos de conduta ética no processo de pesquisa.
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1. Introdução
A ética é um tema que suscita debates, dilemas e diferentes abordagens teóricas.
Constitui-se em uma preocupação antiga do homem. Desde o surgimento da filosofia, a ética
vem sendo abordada com ênfase. Atualmente, está no centro dos debates sobre os limites da
ciência. E esses debates envolvem os pesquisadores, as organizações, os cidadãos em geral, os
juristas, os religiosos, os profissionais de diversas áreas e as comunidades científicas.
Conforme Hutz (2008), até muito recentemente, não havia, no Brasil, uma
preocupação institucional com os aspectos éticos da pesquisa. O pesquisador era o único
árbitro da adequação ética de sua pesquisa, a sociedade concedia licença total a seus cientistas
para experimentar e pesquisar em seres humanos das formas que julgassem apropriadas ou
necessárias. Porém, dentro do processo de elaboração da pesquisa um ponto muito importante
é a ética na pesquisa, que visa assegurar que ninguém seja prejudicado ou sofra conseqüências
adversas por causa das atividades de investigação. (Cooper & Schindler, 2003).
Na visão de Paiva (2005), devido à imprevisibilidade das conseqüências de uma
investigação, é imperativo que a ética esteja sempre presente na elaboração de um projeto de
pesquisa, sobretudo, quando esta lida com seres humanos.
Como a pesquisa científica abrange pesquisadores e pesquisados, surgiu o interesse
sobre o debate que envolve a responsabilidade ética do pesquisador e sua visão sobre as
premissas éticas que envolvidas em um processo de pesquisa. Dessa forma, este trabalho dá
continuidade a uma pesquisa quantitativa aplicada anteriormente, junto a pesquisadores em
Administração da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) sobre a ética na
pesquisa, e apresentada no EnANPAD - Encontro da Asssociação Nacional de Pós-graduação
e Pesquisa em Administração, em 2009.
Sendo que a presente pesquisa aborda de forma qualitativa o tema ética na pesquisa,
enfocando pesquisadores que apresentaram trabalhos na divisão “Ensino e Pesquisa em
Administração e Contabilidade – EPQ”, no 33o. EnANPAD, em 2009. Nesse sentido,
apresenta-se o seguinte problema da pesquisa: Quais as percepções dos pesquisadores
estudados sobre a ética na pesquisa?
Como objetivo geral da pesquisa, pretendeu-se, com o presente estudo, “Conhecer as
percepções dos pesquisadores estudados a respeito da ética na pesquisa”. Como objetivos
específicos têm-se: identificar a percepção dos respondentes quanto ao que consideram ser
ética na pesquisa; conhecer os aspectos mais importantes que norteiam a ética na pesquisa, na
percepção dos pesquisados; levantar a percepção dos respondentes sobre a conduta ética do
pesquisador em cada etapa do processo de pesquisa; conhecer os dilemas éticos que mais
acometem os pesquisadores estudados durante cada etapa do processo de pesquisa e
identificar como o respondente avalia as normas de conduta ética (códigos de ética na
pesquisa científica). A partir dos objetivos apresentados, apresentam-se, a seguir, os
pressupostos teóricos sobre o tema “ética na pesquisa”.
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Srour (2000), que coloca que a ética estuda as morais históricas, as relações e as
condutas dos agentes sociais. O referido autor discute então o que é a moral, ou seja, um
conjunto de valores e regras de comportamento, um código de conduta que coletividades
adotam. Chaui (2006) complementa afirmando que pode-se dizer que a ética é o estudo dos
valores, e portanto que a ética é a reflexão sobre a moral.
A reflexão sobre as normas, regras, leis e comportamentos, que formam a moral
efetiva, dá-se o nome de ética. Desde o surgimento da filosofia, a ética vem sendo abordada
com ênfase. Etimologicamente, a palavra ética tem sua origem no termo grego ethos, que por
sua vez significa modo de ser, caráter. Por sua vez a palavra moral deriva do latim, mais
precisamente do termo mos (singular) e mores (plural), significando costumes. (Polli & Vares,
2008).
Já segundo Daft (2005) é difícil definir ética precisamente. De maneira geral, ética é o
código de princípios morais e valores que governam os comportamentos de uma pessoa ou
grupo com respeito ao que é certo ou errado. A ética estabelece padrões sobre o que é bom ou
ruim na conduta e na tomada de decisão.
Srour (2000) discorre sobre duas correntes teóricas sobre ética: ética da convicção e
ética da responsabilidade. E coloca que as duas correntes enfocam tipos diferentes de
referenciais morais – prescrição versus propósitos – e configuram dois modos de decisão. Os
agentes guiados pela ética da convicção seguem os imperativos da consciência, já os que se
orientam pela ética da responsabilidade, guiam-se por uma análise de riscos.
O referido autor coloca que, nas duas correntes éticas fazem-se escolhas, porque em
ambas a adesão a um curso de ação depende da concepção de mundo que os agentes têm ou
da sua consciência da necessidade. Na ética da convicção não há aferição dos efeitos a serem
gerados, há uma obediência a valores, as escolhas derivam de pressupostos e são dedutivas.
Na ética da responsabilidade, os adeptos seguem duas etapas: primeiro refletem sobre os fatos
e as condições presentes e, depois, deliberam. A legitimação das decisões calca-se num
pensamento indutivo. (Srour, 2000).
Na visão de Jobim (2003), a ética sempre foi uma disciplina filosófica, mas há algum
tempo perdeu a característica de um estudo exclusivamente teórico. No mundo moderno é
crucial entender como as premissas éticas podem ser colocadas em prática pelas organizações
e pesquisadores no seu dia-a-dia, especialmente em relação aos públicos interessados. Não
existem verdades absolutas ou exatas em matéria de ética. Por isso, a reflexão permanente é
necessária. (Moreira, 2002).
Para Cooper e Schindler (2003) a ética pode ser definida como normas ou padrões de
comportamento que guiam as escolhas morais referentes ao comportamento de cada um e a
relação com as outras pessoas. Apesar da questão ética não ser recente, continua um problema
atual na busca pela ciência.
Relacionando a ética com a ciência, vale ressaltar que, se a pesquisa científica envolve
pesquisadores e pesquisados, pesquisadores e participantes, conforme coloca Paiva (2005), é
importante que a ética conduza as ações de pesquisa, de modo que a investigação não traga
prejuízo para nenhuma das partes envolvidas.
Matheus (2008), analisando também a relação entre ética e ciência, discute que, ora
aproximando-se, ora afastando-se, ética e ciência vivem, no mundo atual, uma fase de
profunda exigência de reaproximação. O autor coloca que houve tempos em que estiveram
separadas. Foram épocas em que os cientistas invocavam para si a liberdade de pesquisar sem
estarem atados a normas ou limitados por qualquer tipo de censura que cerceasse sua
liberdade para ampliar os horizontes do conhecimento. Passaram a repelir qualquer critério
normativo externo à sua conduta, atribuindo caráter “a-ético” ao trabalho científico.
Nos tempos atuais, esta independência da ciência passou a ser questionada. Mais
recentemente, os próprios cientistas passaram a reduzir essa distância. Não bastou notar que
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há um fundamento ético na busca do conhecimento e na necessidade de aproximação da
verdade. Surgiu também a noção de que não se pode ser verdadeiro e injusto, do mesmo modo
que não se pode ser falso, mas justo. (Matheus, 2008).
Tais abordagens remetem à importância da ética na ciência, no sentido de discutir
parâmetros éticos para a decisão de o que pesquisar, como pesquisar (conduta ética no
processo de pesquisa) e como apresentar e utilizar os resultados da pesquisa, através do debate
ético e da identificação dos interesses que orientam a pesquisa.
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A Resolução n° 1/1988, do CNS, após amplos debates com as comunidades científicas
e a sociedade civil - foi reformulada em 1996, tornando-se a Resolução n° 196/96, do CNS.
Foram mantidos os mesmos princípios da precedente, fundamentando-se nos principais
documentos internacionais sobre pesquisas envolvendo seres humanos e na legislação
brasileira a respeito. (Greco & Mota, 1998).
E a partir da Resolução n° 196/96, foi criada a Comissão Nacional de Ética em
Pesquisa (CONEP), que é uma comissão do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com
constituição designada pela Resolução nº 246/97, com a função de implementar as normas e
diretrizes regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Tem função consultiva,
deliberativa, normativa e educativa, atuando conjuntamente com uma rede de Comitês de
Ética em Pesquisa (CEPs), organizados nas instituições onde as pesquisas se realizam. A
CONEP e os CEPs têm composição multidisciplinar com participação de pesquisadores,
estudiosos de bioética, juristas, profissionais de saúde, das ciências sociais, humanas e exatas
e representantes de usuários. (CONEP, 2008).
A referida resolução (n°. 196/96) incorpora, sob a ótica do indivíduo e das
coletividades, quatro referenciais básicos da ética: autonomia, não maleficência, beneficência
e justiça, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica,
aos sujeitos da pesquisa e ao Estado (CNS, 2008). Na referida resolução, que trata dos
aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, é colocado que a eticidade da
pesquisa implica em:
a) Consentimento livre e esclarecido dos indivíduos-alvo e a proteção a grupos
vulneráveis e aos legalmente incapazes (autonomia). Neste sentido, a pesquisa
envolvendo seres humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em
sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade;
b) Ponderação entre riscos e benefícios, tanto atuais como potenciais, individuais ou
coletivos (beneficência), comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo
de danos e riscos;
c) Garantia de que danos previsíveis serão evitados (não maleficência);
d) Relevância social da pesquisa com vantagens significativas para os sujeitos da
pesquisa e minimização do ônus para os sujeitos vulneráveis; o que garante a igual
consideração dos interesses envolvidos, não perdendo o sentido de sua destinação
sócio-humanitária (justiça e eqüidade).
A Resolução nº 196/96 caracteriza uma pesquisa como ética, também pela sua
relevância social, preservando o sentido de sua destinação sócio humanitária. A resolução
ainda determina que, as pesquisas em comunidades, sempre que possível, deverão traduzir-se
em benefícios cujos efeitos continuem a se fazer sentir após sua conclusão e assegurar aos
sujeitos da pesquisa os benefícios resultantes do projeto, seja em termos de retorno social,
acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa. (CNS, 2008).
Tacsan (2003), por sua vez, destaca alguns princípios da ética na pesquisa: o princípio
de beneficência - tange a obrigação de reunir os esforços de modo a garantir o bem-estar ao
sujeito da investigação, além do dever de maximização dos benefícios prováveis, e
minimização no caso de possíveis danos; o princípio de justiça - evoca o amparo a grupos
culturais e sociais, raciais e étnicos; o princípio de segurança - visa à garantia de que o
trabalho não causará qualquer dano aos envolvidos; e o princípio do consentimento informado
- visa a garantir que o sujeito da pesquisa esteja consciente de cada uma das etapas do
trabalho investigativo e que poderá ser interrompido sob controle e, se isso ocorrer, estará o
sujeito da pesquisa devidamente apto a desvincular-se livremente do processo investigativo.
Na visão de Resnick (2008) existem várias razões que demonstram a importância de se
respeitar as normas éticas em pesquisa, e destaca que, as normas promovem os objetivos da
pesquisa, tais como o conhecimento e a verdade, de forma a ser evitado o erro. Como
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exemplo, o autor cita que as proibições quanto à falsificação ou adulteração de dados da
pesquisa promovem a verdade e evitam o erro ou fraude. O autor destaca ainda que, a
pesquisa envolve, muitas vezes, grande cooperação e coordenação entre diferentes pessoas,
em disciplinas e instituições distintas, e assim os padrões éticos promovem valores que são
essenciais ao trabalho em conjunto, tais como confiança, responsabilidade, respeito mútuo e
justiça.
A Conferência Mundial da Unesco de 1999, em Budapeste, Hungria, na sua declaração
final, recomenda: "Todos os cientistas devem se comprometer a respeitar elevados padrões
éticos e um código de ética - baseado em normas relevantes espelhadas em instrumentos
internacionais de direitos humanos - estabelecido por profissionais da ciência". (Pesquisa
Fapesp, 2008).
Porém, como salientam Polli e Vares (2008), a ética de um profissional, tal como o
pesquisador, não pode ser reduzida aos códigos de ética, que na verdade constituem códigos
morais, mas deve ser a busca por uma reflexão crítica sobre a ação do profissional no seu
espaço de trabalho, que deve fundamentar seu bem-estar e o dos outros, uma vez que o
trabalho se dá por uma relação. A ética como reflexão crítica ajuda a analisar os fundamentos
morais que norteiam as ações de cada pesquisador ou profissional. (Polli & Vares, 2008). A
seguir os procedimentos metodológicos que fundamentam o presente trabalho de pesquisa.
3. Procedimentos Metodológicos
A análise foi dividida em cinco partes, a primeira tratou de abordar a percepção dos
pesquisadores sobre a ética na pesquisa. A segunda parte buscou levantar quais aspectos
devem nortear a ética na pesquisa, na visão dos pesquisados. Já a terceira parte, apresenta
como os pesquisadores avaliam a conduta ética do pesquisador em cada etapa do processo de
pesquisa. A quarta parte da análise discute que dilemas éticos acometem ou acometeram, os
pesquisadores durante um processo de pesquisa. E a quinta parte aborda quais as avaliações
que os pesquisadores fazem com relação às normas de conduta ética (códigos de ética na
pesquisa).
Os sujeitos da presente pesquisa foram 10 (dez) pesquisadores com trabalhos
apresentados e publicados no 33º. EnANPAD. Foram definidos, assim, números
identificadores para cada pesquisador, de acordo com a ordem da devolução do instrumento
de pesquisa respondido (de 1 a 10). Por exemplo, definiu-se: “Pesquisador 1”; “Pesquisador
2”, e assim sucessivamente.
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• Percepção dos pesquisados sobre o que é ética no processo de pesquisa
Primeiramente cada pesquisador foi questionado sobre a sua percepção sobre o que é
ética na pesquisa. As respostas dadas pelos pesquisadores se dividiram em duas categorias de
significados, descritas a seguir.
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A Figura 1 ilustra as categorias relacionas às percepções dos pesquisadores quanto a
ética no processo de pesquisa.
Ética
Ética na
pesquisa
Compro- Respeito
misso às
moral normas
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Entre os pesquisadores estudados, destacam-se os discursos apresentados na Figura 2.
Unidades Discursos
Figura 2. Avaliação dos pesquisados sobre a conduta ética do pesquisador no processo de pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa, 2009.
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Unidades Discursos
Figura 3. Percepções sobre os dilemas éticos que acometem o pesquisador no processo de pesquisa
Fonte: Dados da pesquisa, 2009.
Constatou-se que, a grande maioria dos pesquisadores estudados afirma não conhecer
códigos de ética na pesquisa, mas os pesquisadores acreditam ser fundamental a discussão,
elaboração, divulgação e aplicação de códigos de ética no processo de pesquisa.
O caso abaixo relatado por um dos respondentes exemplifica como há um
desconhecimento da resolução 196/96 (resolução que indica as normas éticas nas pesquisas
que envolva seres humanos no Brasil, e engloba todas as áreas de conhecimento, e não apenas
a área médica).
5. Considerações Finais
A busca em conhecer as percepções dos pesquisadores estudados sobre o tema ética na
pesquisa, a partir de uma perspectiva qualitativa, se revelou um processo estimulante e
aprofundado. Verificou-se que há uma grande preocupação com alguns princípios éticos
voltados à pesquisa científica, como também observam-se posturas críticas, por parte dos
respondentes, com relação a conduta ética de pesquisadores, no contexto atual.
Como coloca Paiva (2005), ainda que não exista uma abordagem única para a ética,
considerando-se que o senso de moral é diverso e problemático, parece relevante caminhar em
direção a um consenso entre os pesquisadores sobre o que “se pode fazer em pesquisa”,
dentro de uma postura responsável e íntegra.
Com relação à percepção dos pesquisadores estudados sobre o tema ética na pesquisa,
pode-se concluir que os respondentes relacionam a ética na pesquisa ao compromisso moral
do pesquisador e também ao respeito às normas éticas, e essas categorias refletem as
percepções dos pesquisadores a respeito do que é ética na pesquisa. Destacando-se as
conceituações dos pesquisados: “Ética no processo de pesquisa é ter compromisso moral com
todas as pessoas/instituições envolvidas diretamente ou não na pesquisa” e “Ética na
pesquisa está relacionada ao respeito às normas éticas”.
Alguns aspectos foram destacados como norteadores da ética em um processo de
pesquisa, que são: Compromisso; Integridade; Responsabilidade; Neutralidade;
Transparência; Respeito; Honestidade; Seriedade e confidencialidade quando necessárias ou
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condicionadas. Na visão dos pesquisadores estudados, o que norteia a ética na pesquisa são
valores pessoais, que irão definir uma conduta ética na pesquisa.
Na percepção dos pesquisadores, em cada etapa do processo de pesquisa devem ser
refletidos parâmetros éticos na conduta do pesquisador. Em todas as etapas da pesquisa
devem ser observados limites éticos, sem priorizar uma ou outra etapa do processo. O que
condiz com a visão de Creswell (2007), que afirma que as questões éticas devem ser
consideradas e refletidas em todo o processo de pesquisa. O que vem a sinalizar a importância
de uma postura reflexiva e crítica por parte dos pesquisadores.
Com relação aos dilemas éticos dos pesquisadores, há uma grande preocupação quanto
à conduta ética no que tange as questões de plágio nas pesquisas científicas, anonimato dos
respondentes, manipulação de resultados e publicação de mesmo artigo em periódicos
distintos. A grande maioria dos pesquisadores não conhece códigos de ética na pesquisa, mas
constata-se que os pesquisadores estudados acreditam ser fundamental a discussão,
elaboração, divulgação e aplicação de códigos de ética no processo de pesquisa.
Como abordagem inicial sobre a percepção de pesquisadores sobre o tema “ética na
pesquisa”, pode-se afirmar conclusivamente que há um significativo caminho para as
discussões teóricas e práticas sobre o tema. O estudo da ética na pesquisa carece de maior
aprofundamento e conhecimento da sua importância por parte da comunidade acadêmica.
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