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AULA 12: FILOSOFIA MEDIEVAL

FILOSOFIA

A Filosofia na Idade Média

 A crítica da noção de idade das trevas


Nos posicionamos contra a demonização da Idade Média (V – XV) como sendo a
Idade das Trevas. Evidentemente, não podemos negar o fato desse período ser marcado por
uma grande repressão aos sujeitos sociais que ousassem pensar por si mesmos, levantando-
se contra os princípios dos pensamento cristão católico, hegemônico naquela época. Todavia,
seria ingenuidade pensar nestes mil anos de história como algo totalmente estéril
artística e filosoficamente, levando em conta apenas em seu caráter repressivo aos
pensamentos revolucionários – característica esta que, diga-se de passagem, está presente
em todos os períodos históricos, principalmente aqueles que estão em plena ascensão. No
entanto, também não podemos ignorar o fato de a grande maioria dos espíritos livres
dessa época, que foram corajosos o suficiente para expressar sua atitude filosófica, ter
sido condenados à morte na fogueira, acusados de bruxaria ou heresia. Em resumo, tal
como não podemos taxar a Idade Média na qualidade de período das trevas, também não é
possível pensá-la como um momento histórico totalmente fértil ao pensamento filosófico livre
e original. Em vez disso, precisamos enxergar a Idade Média como uma realidade na
qual a fé cristã católica permeia todos os âmbitos da vida social, inclusive na produção
filosófica. Em outras palavras, NÃO haviam filósofos propriamente ditos na era
medieval, no entanto, haviam leitores de filosofia que não desenvolveram uma corrente
filosófica inédita, mas, ao contrário, procuraram, inspirados na filosofia clássica,
legitimar o pensamento religioso da sua época. Iremos nos dedicar, nessa aula, em dois
grandes pensadores da Idade Média: Agostinho de Hipona (354 – 430) e Tomás de Aquino
(1225 – 1274).

1
 Agostinho de Hipona (354 – 430), o leitor de Platão
Nascido em Tagaste, no norte da África em uma família de classe média, seu pai tinha
graves problemas com o álcool a ponto de explodir em surtos de violência contra seus
familiares. Sua mãe chamava-se Mônica e, por causa do alcoolismo de seu marido,
converteu-se ao catolicismo a fim de que o filho seguisse o seu exemplo. Apesar dos
esforços da mãe, o menino Agostinho cresceu como um jovem boêmio que somente entrou
em contato com o catolicismo, mediante a insistência incansável de sua mãe. Dessa forma, o
desenvolvimento da sua história foi permeado por uma intensa contradição entre o certo
e o errado ou entre o “virtuoso” e o “pecaminoso”. Tudo isso pode ser constatado ao
lermos uma das suas grandes obras: Confissões, na qual ele produz algumas máximas:
“‘Dai-me a castidade e a continência; mas não me deis já’. Temia que me ouvísseis logo e me
curásseis imediatamente da doença da concupiscência, que antes preferia suportar que
extinguir” (AGOSTINHO, 1980, p. 175).
A conversão de Agostinho ao catolicismo é narrado por uma mito muito interessante.
Reza a lenda que em um dos momentos mais tensos e desesperados de sua vida,
Agostinho chora embaixo de uma figueira, quando de repente escuta uma voz infantil
que dizia: “tolle, lege. Tolle, lege [pegue e leia. Pegue e leia]”. Ele, na hora, entendeu que
era preciso pegar a bíblia e ler a primeira passagem que encontrasse. Feito isso, ele leu o
seguinte trecho da carta de Paulo aos romanos: “12 A noite vai adiantada, e o dia está
próximo. Dispamo-nos, pois, das obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz. 13
Andemos honestamente como de dia, não em orgias e bebedices, não em impudicícias e
dissoluções, não em contendas e ciúmes; 15 mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo, e
não vos preocupeis com a carne para não excitardes as suas cobiças” (Romanos, 13:12-
15). No mesmo momento Agostinho se converteu ao catolicismo.
Depois de se converter, de fato, ao catolicismo, Agostinho começou a ler Cicero
(106 a.C. – 43 a.C.), um dos grandes escritores romanos e estudiosos da filosofia clássica,
buscando algumas respostas para as lacunas deixadas pela fé cristã católica. Pouco
tempo depois, adere ao maniqueísmo – uma espécie de seita religiosa próxima ao catolicismo
que enxerga o mundo como se este fosse dividido, definitivamente, em Bem (luz ou Deus) e
Mal (trevas ou o Diabo). Segundo a filosofia desta seita, a alma humana era constituída
de luz, no entanto, envolta em trevas, das quais seria necessária a libertação. No de correr

2
de sua vida, principalmente depois da sua viagem para Roma – onde teve contato com uma
infinidade de novas teorias e reflexões – acabou criticando e refutando o maniqueísmo. Na
perspectiva do filósofo medieval, não eram os homens que pecavam, mas sim uma força
maligna de natureza distinta da natureza humana.
A partir da sua viagem para Milão começou a mergulhar nos estudos da bíblia,
entendendo-a como um livro importantíssimo que não pode ser interpretado ao pé da
letra. É também nesse período de sua vida que passa a ler Plotino (204/205 – 270) – um
dos leitores de Platão, contemporâneo do século III e responsável pela fundação da
corrente de pensamento neoplatônica. Os neoplatônicos não enxergavam o mal como uma
força distinta do bem, ao invés disso, apenas pensavam nele como uma força ausente de
bem, bem como afastada do caminho que leva ao Uno absoluto ou Bem supremo. Tais
ideias soavam aos seus ouvidos como uma espécie de cristianismo sem deus e isso o
intrigava muito.
Após a morte da sua mãe por causa de uma febre intensa, Agostinho voltou-se de
corpo e alma para o neoplatonismo, a fim de associá-lo com os ensinamentos bíblicos de
Paulo. Embora fundir a filosofia platônica com a fé católica seja extremamente
complexo, podemos dizer que esta tentativa representou o seu legado filosófico para a
Idade Média. Além disso, o filósofo medieval desenvolveu reflexões metafísica sobre o
tempo, imaginando-o como uma abstração da mente humana, ideia esta retomada e
desenvolvida muito depois na filosofia de Renê Descartes 1596 – 1650) e Immanuel Kant
(1724 – 1804).
A partir das primeiras derrotas romanas para os “povos bárbaros”, os primeiros a
serem culpabilizados por isso foram os cristãos, pois os cidadãos mais nostálgicos
exclamavam que Roma nunca perdia uma batalha enquanto era protegida pelo deus Júpiter.
Agostinho irritava-se muito com tais comentários, o que, inclusive, considerava
blasfemas provocativas e, em resposta a isso, elaborou a sua última grande obra: A
cidade de Deus. Nesse livro, havia uma descrição sobre a cidade espiritual – o paraíso cristão
– considerada perfeita, justa e bela opondo-se ao mundo dos homens, imperfeito, injusto e
violento, onde os romanos foram brutalmente massacradas pelos “bárbaros”, bem como
inúmeros outros eventos tão terríveis e injustificáveis acontecem diariamente.

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 Tomás de Aquino (1225 – 1274), o leitor de Aristóteles
Nasceu em uma família italiana nobre, rica e influente – para termos uma ideia, seu
tio rivalizava com o próprio papa de sua época. Durante a juventude estudou a lógica e
filosofia natural aristotélica – é importante mencionar que os silogismos teorizados por
Aristóteles não sofreram nenhuma alteração, atualização ou qualquer tipo de refutação,
mesmo mil anos depois da sua criação. Desde muito pequeno, Aquino já demostrava certa
fascinação pela seita dos monges dominicanos1, cujo emblema era Francisco de Assis.
Quando completou dezenove anos estava convicto de que entraria para a seita dos
dominicanos, porém, isso desagradou muito a sua família, tanto ela resolveu sequestrá-lo
no caminho para o monastério e, em seguida, trancafiá-lo numa torre.
Contudo, reza a lenda que a sua mãe sabia da tamanha convicção do seu filho, o que a
mobilizou a elaborar um plano supostamente infalível para acabar com as pretensões do
menino de se tornar um monge dominicano. Assim, ela pagou para uma de suas serviçais
introduzir sexualmente seu filho. Todavia, a mãe não contava que Aquino estaria tanto
tempo em frente a lareira que, quando a moça entrasse nua em seu cativeiro, ele
pensasse que ela era uma salamandra demoníaca, um espírito da luxúria, e a assustasse
com um graveto incandescente e depois queimasse na porta o sinal da cruz.
Dentro de sua prisão na torre, Aquino foi capaz de ler A metafísica de Aristóteles,
na qual tomou contato com as reflexões acerca da constituição da matéria – a teoria das
quatro causas –, em detrimento a noção platônica abstrata do mundo das ideias. Além
disso, vale ressaltar que tanto Platão, quanto Aristóteles foram muito bem-aceitos durante a
Idade Média, principalmente por causa da teoria do demiurgo platônico e do primeiro motor
aristotélico, que eram imediatamente interpretados ideologicamente como justificações
racionais da existência do deus cristão. No final das contas, Aquino não ficou preso na
torre durante toda a sua vida, tendo em vista a ajuda recebida de sua irmã para fugir
em direção à Paris, onde conhece Alberto Magno (1193 – 1280) 2 que logo se tornaria seu
primeiro professor no estudo da filosofia aristotélica.

1
Um grupo de pessoas para as quais uma vida simples e humilde, vivendo apenas da caridade dos outros, ou
melhor, do que a igreja os fornecia.
2
Alberto Magno, foi um filósofo, escritor e teólogo católico. Além do mais, também foi canonizado pela igreja
como santo pela igreja em 1931. Ele era um frade dominicano alemão e, como se isso não bastasse, era bispo.
Ainda em vida era conhecido como doutor da igreja católica, já idoso, passou a ser conhecido por “Magnus”: o
Grande”.

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Até a época de Tomás de Aquino, isto é, durante aquilo que os historiadores
denominam como baixa Idade Média3, o mundo cristão conhecia apenas a filosofia
agostiniana – uma releitura da filosofia platônica – que encarava a realidade como dramática,
penosa e violenta, mesmo assim, abria a possibilidade de uma vida melhor após a morte. A
vivência pós terrena na “cidade de Deus” seria plena, feliz e eterna, entretanto, para
alcançá-la era necessário ter promovido boas obras em vida, do contrário, só lhe
esperaria o tormento e a condenação eterna. Tal filosofia fazia muito mais sentido
durante a alta Idade Média, ou seja, nos primeiros momentos do feudalismo, não mais
agora, quando novos tempos emergiam, clamando por novas soluções e filosofias.
Nesse sentido, a abordagem empírica e científica da filosofia aristotélica cai como
uma luva para as necessidades histórica do catolicismo vigente na época a Tomás de Aquino,
pois a questão do racional, pouco a pouco, retomava a sua importância na sociedade. Ainda
assim, os setores mais conservadores da igreja católica – que justamente eram os responsáveis
por ocupar os cargos de poder político e econômico – condenavam boa parte das obras de
Aristóteles, por isso, Aquino precisou lutar muito para convencer a igreja do quão essencial
era o estudo da filosofia aristotélica.
Tomás de Aquino leva a cabo uma das suas mais fundamentais obras “A suma
contra os gentius”, logo após a sua conquista do cargo de professor na Universidade de
Paris. Suas obras consistem e repetir o trabalho de releitura da filosofia clássica, tal como fez
Agostinho, mas em seu caso o foco era Aristóteles e não Platão. Em resumo, sua vida foi
dedicada a justificar a fé cristã a partir da filosofia aristotélica, principalmente por meio
da tese do primeiro motor autossuficiente que, na visão de Aquino, era o deus cristão.

➢ As cinco provas racionais da existência de deus


Dentre as inúmeras contribuições filosóficas de Tomás de Aquino para a sua
época e para a histórica, podemos destacar o seu esforço em elaborar aquilo que ele
denominou como as cinco provas racionais da existência do deus cristão. Atualmente,
não se pode provar a existência do deus cristão pela razão, mas sua consistência faz
sentido no campo da fé, da subjetividade e do sentimento. Ainda assim, as “provas

3
Período histórico referente ao feudalismo, o qual começa a partir do século X e termina no século XV, com o
fim da Idade Média.

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racionais da sua existência” podem ser expostas aqui para entendermos como se fundamentou
a filosofia de Aquino.
I. A questão da necessidade do primeiro motor: tudo aquilo que existe se move e todo
movimento é sempre impulsionado por uma força (um motor), que, por sua vez,
também se movimenta. Essa série de movimentos não pode acontecer
infinitamente, pois, todo movimento cria um novo corpo (um novo ato, como
pensava Aristóteles), assim, levando em consideração que o espaço é finito,
precisamos supor a existência de um primeiro motor imóvel. Este primeiro motor
imóvel seria Deus.
II. A questão da necessidade do primeiro motor mover-se a si mesmo: o primeiro
motor não se move na medida em que não é posto em movimento por ninguém, no
entanto, ele precisa se mover para gerar o movimento de outros seres, caso
contrário caímos em um problema lógico. Portanto, é necessário existir um ser que
não seja movido por uma força externa, mas sim esteja separado e promova o seu
próprio movimento, e possa impulsionar outras existências. Este primeiro motor
autosuficiente seria Deus.
III. A questão da causa eficiente: tudo que existe está submetido à relação de causa e
efeito. Toda causa impulsiona alguma coisa, tornando-a seu efeito, do mesmo modo,
todo efeito surgirá a partir de alguma causa, transformando-se em uma consequência
dela. Para entender esta relação, nosso entendimento interrompe uma sequência
causal específica (define início, meio e fim) e a analisa, por exemplo, uma semente
é causa de uma árvore e uma árvore é consequência do germinar de uma
semente. Contudo, se as relações entre causa e efeito procedessem de forma infinita,
entraríamos em um problema lógico, já que não seriamos capazes de conhecer algo
que não tem começo nem fim. Portanto, é necessário existir uma causa primária, a
qual seja causa e efeito de si mesma (o começo de toda sequência causal. Essa causa
eficiente seria Deus.
IV. A questão dos graus de perfeição: podemos chegar a conclusão de que existem
questão que são falsas e questões que são verdadeira. Além disso, podemos pensar
que existem ideias perfeitas (verdadeiras ao extremo), mas jamais seremos

6
capazes de conhecer empiricamente este “máximo de perfeição”. O grau mais alto
de perfeição seria Deus.
V. A questão da inteligência guia: tudo que existe se orienta segundo uma finalidade
específica. Portanto, deve haver um fim último responsável pela orientação do
mundo. Esse fim último seria Deus.

Referências bibliográficas

AGOSTINHO, S. Confissões; De magistro. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

AQUINO, S. T. Argumentos comprobatórios de que Deus é. In: ______. Suma contra os


gentios. Caxias do Sul: Universidade Caxias do Sul, 1990. p. 37 – 44.

STRATHERN, P. Santo Agostinho em 90 minutos. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. 76p.

______. São Tomás de Aquino em 90 minutos. Rio de Janeiro: Zahar, 1999. 80p.

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