Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Curso
Direito Processual Civil II
CursosOnlineSP.com.br
Carga horária: 60 hs
Conteúdo
Por sua vez, são fontes não formais do direito processual civil:
a) a doutrina; e
b) a jurisprudência.
É importante estar atento à situação particular das súmulas vinculantes.
Muito embora as súmulas editadas pelos Tribunais superiores sejam mero
reflexo da jurisprudência dominante nos seus respectivos âmbitos, no caso
das súmulas vinculantes, há produção de efeitos não só em relação aos
órgãos do Poder Judiciário, como também à administração pública direta e
indireta, nas esferas federal, estadual e municipal. Mais que mero reflexo
jurisprudencial, as súmulas vinculantes tem o condão de norte interpretativo
no vigente ordenamento pátrio. Para melhor explicar, veja-se a ilustração.
a) princípio da isonomia;
b) princípio do contraditório e da ampla defesa;
c) princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional;
d) princípio da imparcialidade do juiz;
e) princípio da publicidade;
f) princípio do duplo grau de jurisdição;
g) princípio do devido processo legal; e
h) princípio da duração razoável do processo.
Por sua vez, são princípios infraconstitucionais, regentes do processo
civil:
a) Princípio dispositivo;
b) Princípio do livre convencimento motivado (ou da persuasão racional); e
c) Princípio da oralidade.
Isonomia
Ampla Defesa
Imparcialidade
Duração razoável
Contraditório
Inafastabilidade
9
entre as partes que nele litigam. A inversão do ônus da prova, uma vez
provada situação discriminatória, apta a impossibilitar uma das partes ao
alcance da justiça, pode, portanto, ser perfeitamente determinada, sem que
se possa falar em violação do princípio isonômico. Não se pode esquecer
que as provas são produzidas para que o juiz possa obter sua melhor
convicção acerca do decisum, de modo que ele pode determinar que elas
sejam produzidas por quem possui melhores condições para isso,
observadas as particularidades de cada caso concreto, naturalmente.
Outras hipóteses que não ferem o princípio da isonomia estão resguardadas
nos artigos que conferem prazos dilatados à Fazenda Pública em relação
aos particulares. O volume de trabalho dessas pessoas jurídicas autoriza o
benefício, sem que se possa falar em violação isonômica.
Os diferentes prazos processuais, concedidos em razão das pessoas ou em
razão de situações peculiares são, basicamente:
a) quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério Público,
computar-se-á em quádruplo para contestar e em dobro para recorrer (art.
188, CPC).
b) quando os litisconsortes possuírem procuradores diferentes, serlhes-
ão contados em dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo
geral, para falar nos autos (art. 191, CPC).
c) quando a parte for beneficiária da gratuidade judiciária e estiver
representada por defensor dativo, computar-se-á em dobro todos os prazos
processuais (art. 5º, §5º, Lei n.º 1.060/50).
E, o Ministério Público goza do benefício dos prazos dilatados não só
quando atua como parte, mas também quando atua como fiscal da lei (ou
custus legis), tendo legitimidade para interpor recurso no processo em que
atua na qualidade mencionada, ainda que a parte interessada não
interponha recurso, conforme orientação da súmula n.º 99, do Superior
Tribunal de Justiça.
Dispõe o artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal de 1988, que “a lei
não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.
Note-se que o que o princípio em estudo garante é a apreciação, mas não a
entrega de um provimento final de mérito. Isto porque a parte pode não
reunir, em sua demanda, elementos suficientes que permitam o desenrolar
processual até a prolatação de uma decisão.
O exercício do direito de ação deve atender a determinadas condições,
assim como preencher certos pressupostos, sem o que não será possível
que o Poder Judiciário exerça sua função de “dizer o direito” aplicável à
situação. Nos casos em que se faça pedido juridicamente impossível, ou
naqueles em que falte legitimidade ou interesse ao postulante, caberá ao
Judiciário apenas um provimento terminativo, isto é, de extinção processual
sem manifestação sobre as questões de mérito nele contidas. Contudo,
sanadas as irregularidades, a parte pode repropor sua demanda, quando
então terá julgado seu pedido, no mérito.
Há que se lembrar, também, que não se exige o prévio exaurimento de
qualquer instância administrativa, para apenas depois se postular
judicialmente uma pretensão, salvo na hipótese da Justiça Desportiva, nos
termos do artigo 217, parágrafo primeiro, da Constituição Federal de 1988,
que dispõe: “o Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às
competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça
desportiva, regulada em lei”.
11
Segundo Marcus Vinicius R. Gonçalves (2009, p. 30), para que se fale no
respeito ao princípio do juiz natural, 3 (três) requisitos devem ser
observados:
a) o julgamento só pode ser proferido por juiz investido de jurisdição;
b) o juízo deve ser preexistente, uma vez que vedada a criação de tribunais
de exceção, isto é, a criação de tribunais com a específica finalidade de
julgar casos ocorridos anteriormente;
c) o juiz a que submetida a causa deve ser competente para julgá-la,
obedecidas as regras constitucionais e legalmente fixadas.
O artigo 5º, inciso LX, da Constituição Federal, dispõe que “a lei só poderá
restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade
ou o interesse social o exigirem”.
Via de regra, portanto, a publicidade dos atos processuais deve sempre se
fazer presente. É a publicidade que garante o controle das decisões judiciais
e consagra o direito à informação.
No entanto, quando nociva à intimidade ou ao interesse social, ela pode ser
restringida, casos em que o direito de consulta aos autos e solicitação de
certidões se restringirá às partes e à seus procuradores.
Junto a este, há que se acrescer a necessidade encampada no artigo
93, inciso X, da Constituição Federal de 1988, que dispõe: “as decisões
administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo
as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros”.
Juntamente com a publicidade, a necessidade de fundamentação das
decisões judiciais garante a eficiência e a moralidade da atividade
jurisdicional. Mais que públicas, as decisões judiciais devem ser, pois,
devidamente fundamentadas, sem o que estarão maculadas de nulidade.
12
relação ao reexame necessário, caso em que instância superior reanalisa
decisão proferida pela instância inferior sem qualquer provocação, mas sim
por expressa determinação legal.
Como princípio implícito, nada impede que o duplo grau de jurisdição não
seja assegurado em algumas e específicas situações. Como mencionado, o
princípio em estudo decorre do sistema jurisdicional determinado na
Constituição Federal de 1988, sistema este que não prevê obrigatoriedade
acerca da existência de instâncias recursais em quaisquer hipóteses.
Nesse sentido, é a própria Constituição, ao prever competência originária
para o Supremo Tribunal Federal, que impede o exercício de um duplo grau
de jurisdição, por exemplo.
Outra situação é relativa à Lei de Execuções Fiscais, na hipótese de
decisão de primeira instância em execuções de valor igual ou inferior a 50
(cinquenta) ORTN (Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional). Há que
se lembrar, consoante analisado no Curso de Direito Tributário, que neste
caso a sentença não é passível de apelação, que seria dirigida ao órgão de
instância superior, mas sim de embargos infringentes, julgados pelo mesmo
juiz que proferiu a decisão recorrida, que poderá rejeitar os embargos ou
reformar a sentença, após ouvir o embargado.
13
1.4.2 Princípios infraconstitucionais
1.4.2.1 Princípio dispositivo
15
c) concentração, isto é, deve-se realizar a audiência de instrução de
forma concentrada, única. Admite-se a realização de várias audiências
apenas quando for fisicamente impossível fazer a colheita de provas em um
único dia.
d) irrecorribilidade das decisões interlocutórias, princípio que se encontra
plenamente consagrado na Lei n.º 9.099/95. No Código de Processo Civil,
embora possa haver a interposição de recurso das decisões interlocutórias
(agravo), este permanece retido nos autos, e será julgado apenas mediante
sua reiteração em eventual recurso de apelação, ou seja, não interfere no
julgamento de primeira instância, posto que desprovido de efeito suspensivo.
16
Forma-se coisa julgada formal sempre que o Poder Judiciário, por qualquer
motivo, não puder analisar o mérito do litígio. Diz-se, nesses casos, que foi
proferida sentença terminativa, nos termos das previsões do artigo 267, do
Código de Processo Civil. Quando falta à ação uma de suas condições, por
exemplo, se tem uma sentença terminativa, e, consequentemente, ocorre a
formação de coisa julgada formal. Frise-se que a formação da coisa julgada,
apenas em caráter formal, não impede a repropositura da mesma demanda,
desde que corrigidos os vícios que causaram sua extinção sem resolução de
mérito, naturalmente.
Em contrapartida, com a formação da coisa julgada material, a decisão
reveste-se de imutabilidade. A garantia em relação à coisa julgada foi
elencada como direito fundamental pelo constituinte originário, nos termos
do artigo 5º, inciso XXXVI, da Constituição Federal de 1988.
Quando o processo não possui vícios e o Poder Judiciário analisa o mérito
do litígio, após proferir decisão definitiva, da qual não caiba ou não seja
interposto nenhum recurso, ocorre o trânsito em julgado da mesma, com
formação de coisa julgada material. A consequência é o impedimento à
repropositura da mesma discussão judicial. As decisões de mérito são
proferidas por meio de sentenças de mérito, com respaldo em alguma das
hipóteses do artigo 269, do Código de Processo Civil.
Transitada em julgado a demanda, com formação de coisa julgada material,
esta poderá ser rescindida apenas mediante o ajuizamento de ação
rescisória, desde que provada a existência de uma das situações descritas
no artigo 485, do Código de Processo Civil e não extrapolado o prazo
decadencial de 2 (dois) anos, que se conta do trânsito em julgado da
decisão rescindenda.
A ação rescisória, no entanto, não é o único meio à impugnação da coisa
julgada material, já que doutrina e jurisprudência admitem a utilização da
ação denominada querela nullitatis insanabilis, basicamente, para situações
em que se verificar a nulidade de citação, mesmo que decorridos mais de 2
(dois) anos da data do trânsito em julgado da decisão rescindenda.
E, o artigo 486, do Código de Processo Civil, que não pode deixar de ser
mencionado, admite, para as sentenças que sejam meramente
homologatórias, a utilização de uma ação comum, chamada de ação
anulatória. Esta ação presta-se, também, para anulação de atos judiciais
que não dependem de sentença. Tanto em um como noutro caso, admite-se
a utilização da ação anulatória, pois tais atos podem ser rescindidos, como
os atos jurídicos em geral, nos termos da lei civil.
17
Os procedimentos especiais de jurisdição voluntária estão descritos no
artigo 1.103 e seguintes do Código de Processo Civil. Nos termos do artigo
1.112 do mencionado Códex, processa-se mediante jurisdição voluntária,
dentre outros:
a) a emancipação;
b) a sub-rogação;
c) a alienação, o arrendamento ou a oneração de bens dotais, de
menores, de órfãos e de interditos;
d) a alienação, a locação e a administração da coisa comum;
e) a alienação de quinhão em coisa comum; e
f) a extinção de usufruto e de fideicomisso.
Dentre outras hipóteses, podem ser citados os pedidos de interdição e o de
declaração de ausência.
Em se tratando de procedimento de jurisdição voluntária, é obrigatória a
participação do Ministério Público, sob pena de nulidade, conforme estipula
o artigo 1.105, do Código de Processo Civil.
O prazo para articular resposta em sede de procedimentos de jurisdição
voluntária é de 10 (dez) dias, e uma vez proferida sentença, o recurso
cabível é a apelação, sentença esta que poderá ser modificada, sem
prejuízo dos efeitos já produzidos, se ocorrerem circunstâncias
supervenientes.
2.2 Ação
Estado-juiz
Autor Réu
18
Quanto ao direito de ação, cumpre ainda mencionar que seu exercício não
garante, por parte do Estado, a entrega de uma prestação jurisdicional de
mérito, pois o direito de ação não se relaciona com o direito material a ser
discutido ao longo da relação processual estabelecida entre as partes. O
Código de Processo Civil brasileiro adota, portanto, a teoria eclética de
Liebman, já que exige, para o conhecimento do direito material que se
pretende discutir no processo instaurado, o preenchimento de
prédeterminadas condições, além de pressupostos de existência e também
de validade, assuntos a seguir abordados.
20
Nesses casos, note-se, o titular do interesse em discussão (substituído) não
participa do processo, mas se sujeita ao que nele for decidido.
Nos processos de legitimação extraordinária, a todo tempo admite-se a
intervenção do titular do direito em discussão (substituído), sob a forma de
assistente litisconsorcial.
Quando um condômino vai a juízo para reivindicar a coisa de terceiro, atua
não só como legitimado ordinário, já que possui uma fração ideal do bem,
mas também como legitimado extraordinário em relação às frações ideais
dos demais condôminos. Os condôminos que não participarem da discussão
judicial serão afetados pela decisão ali prolatada, intervenham eles, ou não.
Não há que se confundir, note-se, substituição processual com
representação. A primeira é matéria de legitimidade processual
extraordinária, na qual alguém vai a juízo, em nome próprio, defender direito
alheio, enquanto a segunda é mera exigência legal para que determinadas
pessoas possam estar em juízo. O representante não é parte,
diferentemente do legitimado extraordinário (substituto), e não atua em
nome próprio, mas em nome da pessoa que ele representa.
Quanto à legitimidade, há ainda que se separar as figuras da legitimidade
exclusiva e da concorrente. Enquanto a primeira é atribuída pela lei para
uma única pessoa, a segunda é atribuída a mais de uma.
21
O Código de Processo Civil brasileiro adotou, quanto à causa de pedir, a
teoria da substanciação, o que se conclui após análise do seu artigo 282,
inciso III, que exige a indicação, na petição inicial, dos fatos e dos
fundamentos jurídicos que embasam o pedido.
A teoria da substanciação se opõe à teoria da individualização, pois
enquanto para a última bastaria à exposição dos fundamentos jurídicos, para
a primeira exige-se, além destes, também a exposição da situação fática,
sendo que esta é a responsável pela vinculação do juiz, posto que, em
verdade, os fundamentos jurídicos não possuem maior relevância.
Quanto ao pedido, a doutrina o divide em:
a) pedido imediato; e
b) pedido mediato.
O pedido imediato é o provimento jurisdicional requerido. Quando uma
pessoa ingressa com uma ação de conhecimento, com pedido condenatório,
este é o pedido imediato.
Já o pedido mediato é o bem da vida pretendido. Assim, quando uma
pessoa pretende a condenação de outra, provando que ela lhe causou um
dano, o ressarcimento pecuniário traduz o pedido mediato da demanda.
2.3 Processo
22
2.3.1 Pressupostos processuais
23
E mais, além da petição inicial, exige-se que o postulante possua
capacidade para tanto. O artigo 37, do Código de Processo Civil disciplina a
matéria:
Art. 37. Sem instrumento de mandato, o advogado não será
admitido a procurar em juízo. Poderá, todavia, em nome da parte,
intentar ação, a fim de evitar a decadência ou prescrição, bem
como intervir, no processo, para praticar atos reputados urgentes.
Nestes casos, o advogado se obrigará, independentemente de
caução, a exibir o instrumento de mandato no prazo de 15
(quinze) dias, prorrogável até outros 15 (quinze), por despacho do
juiz.
Parágrafo único. Os atos, não ratificados no prazo, serão havidos
por inexistentes, respondendo o advogado por despesas e perdas
e danos.
Como se vê, o artigo mencionado expressamente determina que sejam
reputados inexistentes os atos praticados por quem não possua capacidade
postulatória.
Mas, ainda, para que se fale em existência processual, há que se falar em
citação. Sem citação, a relação jurídico-processual não se completa, pois
não se chama o réu a compor a relação tripartite (autor, juiz e réu). A feitura
da citação, ainda que de forma que não seja válida, faz existente a relação
processual.
24
mais poderá sê-la, operando-se a prorrogação do juízo, ou seja, o juiz que
não era competente, passou a sê-lo devido a inércia da parte contrária.
A questão é semelhante em razão da imparcialidade. Todo juiz,
regularmente investido e dotado de competência, deve também ser
imparcial. A imparcialidade se divide em impedimento e suspeição.
Enquanto o impedimento gera nulidade absoluta do processo, a suspeição
não arguida oportunamente pela parte contrária torna precluso tal direito.
Quanto à capacidade processual, ao verificar que o autor não a possui, o
juiz deve suspender o processo e conferir prazo para que seja sanada a
irregularidade, sob pena de extinção do processo sem julgamento de mérito.
No entanto, caso o juiz verifique que há irregularidade na representação do
réu, ele deve suspender o processo e marcar prazo razoável para que o
defeito seja sanado, sob pena de reputá-lo revel.
Apresentada em juízo a petição inicial, o processo reputa-se existente, mas
só se reputará válido se a petição inicial for apta. Toda petição inicial deve
atender aos requisitos dos artigos 282 e 283, ambos do Código de Processo
Civil:
Art. 282. A petição inicial indicará:
I - o juiz ou tribunal, a que é dirigida;
II - os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e
residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido, com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade
dos fatos alegados;
VII - o requerimento para a citação do réu.
Art. 283. A petição inicial será instruída com os documentos
indispensáveis à propositura da ação.
Caso tais requisitos não sejam preenchidos, o juiz deve determinar que a
petição inicial seja emendada, no prazo de 10 (dez) dias, sob pena de seu
indeferimento. Conforme estipula o artigo 295, inciso I, do Código de
Processo Civil, a petição inicial deverá ser indeferida sempre que for inepta.
É, ainda, requisito indispensável à petição inicial, sob pena desta ser
considerada inepta, a indicação do endereço em que o advogado pretende
receber suas futuras intimações, nos termos do artigo 39, inciso I, do Código
de Processo Civil. Nos termos do parágrafo único de aludido dispositivo, se
o advogado não indicar endereço, o juiz, antes de determinar a citação do
réu, deverá mandar que ele supra a omissão no prazo de 48 (quarenta e
oito) horas, sob pena de indeferimento da petição inicial.
Outro pressuposto processual de validade é a capacidade processual, isto
é, a capacidade para estar em juízo. Toda pessoa que se acha no exercício
dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo (art. 8º, CPC). Já os
incapazes, para estarem em juízo, devem ser representados ou assistidos
por seus pais, tutores ou curadores (art. 9º, CPC).
25
Por fim, só há que se falar em desenvolvimento válido e regular de um
processo quando se verificar a ocorrência de citação válida. Se a citação for
realizada, o processo reputa-se existente, mas se não for válida, o processo
será reputado como inválido, ou seja, como absolutamente nulo. O vício da
citação inválida pode ser arguido a qualquer momento e em qualquer grau
de jurisdição, inclusive após o trânsito em julgado da decisão que coloca fim
ao processo, mediante ação rescisória.
Mas, note-se, a citação irregular é passível de dar causa à nulidade
absoluta do processo se arguível no seu decorrer, ou, no máximo, durante o
prazo para ação rescisória, sem o que não poderá mais ser arguida.
Situação diversa, porém, ocorre se a hipótese for inexistência de citação
(pressuposto processual de existência), quando não há prazo para
ajuizamento de ação tendente à obtenção da declaração de inexistência do
processo, ação esta chamada de querela nullitatis insanibilis.
Por derradeiro, veja-se o seguinte quadro comparativo:
26
Transitada em julgado uma decisão, esta fica protegida pelo manto da coisa
julgada, direito fundamental que confere segurança jurídica ao ordenamento
jurídico.
Quanto à perempção, trata-se de pressuposto processual negativo gerado
pela desídia. Sempre que o autor deixar de promover atos e diligências que
lhe competia, ou quando abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias,
terá o processo extinto sem resolução de mérito. Consabido, a extinção sem
resolução de mérito não impede que o autor proponha novamente a mesma
demanda. Contudo, se essa situação se repetir por 3 (três) vezes, isto é, se
por 3 (três) vezes o processo for extinto pela inércia do autor, não se permite
mais que o processo seja ajuizado, pois concretizada a situação de
perempção.
3. COMPETÊNCIA
28
Na sequência, apresenta-se organograma do Poder Judiciário brasileiro,
extraído da obra “Direito Constitucional Esquematizado”, de Pedro Lenza
STF
(2009, p. 533):
Determinada a matéria da ação a ser ajuizada, deve-se escolher a Justiça
com competência para analisá-la. Ao presente estudo interessa apenas a
análise da Justiça Comum, que compreende as Justiças Federal e Estadual.
Enquanto a competência da Justiça Federal se dá ratione personae, isto é,
em razão da pessoa, a competência da Justiça Estadual é supletiva. Isto
significa que, primeiramente deve-se verificar se a demanda não deve ser
ajuizada perante a Justiça Federal, só com o que será passível de
ajuizamento perante a Justiça Estadual. Se a situação não se adequar a
nenhuma das hipóteses previstas para a Justiça Federal, caberá o
ajuizamento perante a Justiça Estadual, devendo-se verificar, a partir de
então, qual o foro (comarca) e qual o juízo competente.
29
3.2.1 Competência absoluta e relativa
30
de outros, já em trâmite e que com o primeiro possuem relação. A
competência funcional é absoluta.
Para apuração da competência, pode-se seguir o seguinte roteiro:
1º) verificar se a demanda não é de competência originária do Supremo
Tribunal Federal (instância extraordinária) ou do Superior Tribunal de Justiça
(instância especial);
2º) verificar se a demanda pode ser aforada em uma das Justiças
Especializadas, como a do Trabalho, a Militar ou a Eleitoral;
3º) em caso negativo, não sendo a demanda de competência originária do
Supremo Tribunal Federal, nem do Superior Tribunal de Justiça, tão menos
de uma das Justiças Especializadas, será da Justiça Comum, devendo
verificar se compete à Justiça Federal ou Estadual processá-la e julgá-la;
4º) verificar se a demanda não é de competência originária do Tribunal de
Justiça (se a Justiça Estadual for competente), ou do Tribunal
Regional Federal (se a Justiça Federal for a competente);
5º) verificar qual o foro competente; e
6º) verificar qual o juízo competente.
31
g) os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos determinados
por lei, contra o sistema financeiro e a ordem econômicofinanceira;
h) os "habeas-corpus", em matéria criminal de sua competência ou quando
o constrangimento provier de autoridade cujos atos não estejam
diretamente sujeitos a outra jurisdição;
i) os mandados de segurança e os "habeas-data" contra ato de autoridade
federal, excetuados os casos de competência dos tribunais federais;
j) os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves, ressalvada a
competência da Justiça Militar;
k) os crimes de ingresso ou permanência irregular de estrangeiro, a
execução de carta rogatória, após o exequatur, e de sentença
estrangeira, após a homologação, as causas referentes à nacionalidade,
inclusive a respectiva opção, e à naturalização;
l) a disputa sobre direitos indígenas.
32
Nas situações de ausência do réu, as ações correm no foro de seu último
domicílio, que também se reputa competente para a arrecadação, o
inventário, a partilha e o cumprimento de disposições testamentárias.
Quando o réu for incapaz, o domicílio é necessário, caso em que a ação
deve ser processada no foro do domicílio de seu representante, conforme
orientação do artigo 98, do Código de Processo Civil.
Findas as hipóteses que traduzem meros desmembramentos da regra geral
de competência, consta uma hipótese de foro especial no artigo 95 do
Código de Processo Civil, que determina que nas ações fundadas em direito
real sobre imóveis é competente o foro da situação da coisa, sendo lícito ao
autor optar pelo foro do domicílio ou de eleição, quando o litígio não recaia
sobre:
a) o direito de propriedade;
b) direitos de vizinhança;
c) servidão;
d) posse;
e) divisão de terras;
f) demarcação de terras; e
g) nunciação de obra nova.
Para todas essas hipóteses, o foro competente é relativo e a demanda pode
ser proposta no domicílio do réu ou no foro de eleição, caso este tenha sido
contratualmente previsto.
Quando o Estado for autor, aplicam-se as regras gerais de
competência, e, se for réu, a demanda deve ser ajuizada em seu domicílio,
isto é, no foro da capital.
Conforme estipula o artigo 100, do Código de Processo Civil, é competente
o foro:
a) da residência da mulher, para a ação de separação dos cônjuges e a
conversão desta em divórcio, e para a anulação de casamento;
b) do domicílio ou da residência do alimentando, para a ação em que se
pedem alimentos;
c) do domicílio do devedor, para a ação de anulação de títulos
extraviados ou destruídos;
d) do lugar:
d.1) onde está a sede, para a ação em que for ré a pessoa
jurídica;
d.2) onde se acha a agência ou sucursal, quanto às
obrigações que ela contraiu;
d.3) onde exerce a sua atividade principal, para a ação em
que for
ré a sociedade, que carece de personalidade jurídica;
d.4) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em
que se Ihe exigir o cumprimento;
e) do lugar do ato ou fato:
33
e.1) para a ação de reparação do dano;
e.2) para a ação em que for réu o administrador ou gestor de
negócios alheios.
Nas ações que versem sobre reparação de danos sofridos em razão de
delito ou acidente de veículos, será competente o foro do domicílio do autor
ou do local do fato, em hipótese de competência concorrente.
35
Se houver jurisprudência dominante do tribunal sobre a questão suscitada,
o relator poderá decidir de plano o conflito de competência, cabendo agravo,
no prazo de 5 (cinco) dias, contado da intimação da decisão às partes, para
o órgão recursal competente, conforme orienta o artigo 120, parágrafo único,
do Código de Processo Civil.
Após o decurso do prazo, com ou sem as informações, o Ministério Público
será ouvido, em 5 (cinco) dias e, em seguida, o relator apresentará o conflito
em sessão de julgamento.
Ao decidir o conflito, o tribunal declarará qual o juiz competente,
pronunciando-se também sobre a validade dos atos do juiz incompetente.
Os autos do processo em que ocorreu o conflito de competência devem,
então, ser remetidos ao juiz declarado competente.
Quando o conflito for entre turmas, seções, câmaras, Conselho Superior da
Magistratura, juízes de segundo grau e desembargadores, observar-se-á o
que dispuser a respeito o regimento interno do tribunal, regimento que deve
regular o processo e o julgamento do conflito de atribuições entre autoridade
judiciária e autoridade administrativa, conforme redação legal dos artigos
123 e 124, ambos do Código de Processo Civil.
4. PARTES E PROCURADORES
36
funcionamento, as atividades de consultoria e assessoramento
jurídico do Poder Executivo.
§ 1º - A Advocacia-Geral da União tem por chefe o
AdvogadoGeral da União, de livre nomeação pelo Presidente da
República dentre cidadãos maiores de trinta e cinco anos, de
notável saber jurídico e reputação ilibada.
§ 2º - O ingresso nas classes iniciais das carreiras da instituição
de que trata este artigo far-se-á mediante concurso público de
provas e títulos.
§ 3º - Na execução da dívida ativa de natureza tributária, a
representação da União cabe à Procuradoria-Geral da Fazenda
Nacional, observado o disposto em lei.
Já quanto aos Estados, sua representação se dá nos termos do artigo 132,
também da Constituição Federal de 1988:
Art. 132. Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal,
organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de
concurso público de provas e títulos, com a participação da
Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases,
exercerão a representação judicial e a consultoria jurídica das
respectivas unidades federadas.
Parágrafo único. Aos procuradores referidos neste artigo é
assegurada estabilidade após três anos de efetivo exercício,
mediante avaliação de desempenho perante os órgãos próprios,
após relatório circunstanciado das corregedorias.
Quanto aos Municípios, quando não houver procurador no Município, sua
representação poderá ser feita pelo próprio Prefeito Municipal.
Por sua vez, as pessoas jurídicas de direito privado serão representadas em
juízo, ativa e passivamente, por quem os respectivos estatutos designarem,
ou, não os designando, por seus diretores. E o Código de Processo Civil
ainda atribui capacidade de ser parte a determinados entes
despersonalizados. São entes despersonalizados com capacidade de ser
parte:
a) a massa falida;
b) o espólio;
c) a herança jacente e a vacante;
d) o condomínio;
e) as sociedades em comum (ou irregulares);
f) as pessoas jurídicas estrangeiras; e
g) o nascituro.
Quanto à massa falida, sua representação em juízo será feita pelo
administrador da recuperação judicial, a do espólio, pelo inventariante, a da
herança jacente ou vacante, por seu curador, a do condomínio pelo seu
administrador ou pelo síndico, a das sociedades irregulares, pela pessoa a
quem couber a administração de seus bens, a das pessoas jurídicas
estrangeiras, pelo gerente, representante ou administrador de sua filial,
37
agência ou sucursal aberta ou instalada no Brasil, e, a do nascituro, pelos
pais.
Note-se, contudo, que quando o inventariante for dativo, todos os herdeiros
e sucessores do de cujus serão autores ou réus nas ações em que o espólio
for parte, nos termos do artigo 12, parágrafo segundo, do Código de
Processo Civil.
Quanto às sociedades jurídicas sem personalidade jurídica, ou seja, as
sociedades em comum, ou irregulares, não podem opor à irregularidade de
sua constituição com a finalidade de não poderem ser demandadas (art. 12,
§2º, do CPC).
Portanto, quanto à representação dos entes despersonalizadas, há que se
memorizar, em síntese:
Espólio Inventariante
38
4.1 Deveres das partes e de seus procuradores
39
A condenação da parte em litigância de má-fé pode ser feita de ofício,
ou a requerimento da parte prejudicada, caso em que o litigante de má-fé
poderá ser condenado ao pagamento de multa não excedente a 1% (um por
cento) sobre o valor da causa, além de indenizar a parte contrária dos
prejuízos que esta sofreu, mais honorários advocatícios e todas as despesas
que efetuou.
Quanto ao valor da indenização, existem duas situações:
a) se o valor da indenização não superar 20% (vinte por cento) do valor
da causa, o juiz poderá fixar a indenização desde logo; mas
b) se o valor da indenização superar esse percentual, deverá ser ser
liquidado por arbitramento.
Quando forem dois ou mais os litigantes de má-fé, o juiz condenará cada
um na proporção do seu respectivo interesse na causa, ou solidariamente
aqueles que se coligaram para lesar a parte contrária.
Em suma, quando houver condenação em litigância de má-fé, o litigante
será condenado ao pagamento de 1% (um por cento) sobre o valor da
causa, obrigatoriamente, e, ao pagamento de indenização pelos danos que
causar à parte contrária, donde, tanto o valor da multa como o da
indenização são revertidos em benefício da parte prejudicada.
Quando, no entanto, se tratar da hipótese pontual do artigo 14, inciso V, do
Código de Processo Civil, ou seja, da prática de ato atentatório ao exercício
da jurisdição, a parte poderá ser condenada ao pagamento de multa no valor
de até 20% (vinte por cento) sobre o valor da causa, percentual que varia
segundo a gravidade da conduta, e que é destinado à União, no caso da
Justiça Federal, ou ao Estado, no caso da Justiça Estadual.
Nada impede, ademais, a ocorrência conjunta de ato que dê ensejo à
litigância de má-fé e ato atentatório ao exercício da jurisdição, quando as
sanções serão cumulativamente aplicadas, já que de naturezas diversas. E,
conforme determina o artigo 15, do Código de Processo Civil, é proibido às
partes e seus advogados empregar expressões injuriosas nos escritos
apresentados no processo, cabendo ao juiz, de ofício ou a requerimento do
ofendido, mandar riscá-las. Contudo, caso as expressões injuriosas sejam
proferidas de forma oral, o juiz deverá advertir o advogado para que não as
use sob pena de lhe ser cassada a palavra.
Via de regra, cabe às partes prover as despesas dos atos que realizem ou
requeiram no processo, antecipando-lhes o pagamento desde o início até
sentença final, assim como na execução, até a plena satisfação do direito
declarado pela sentença (art. 19, do CPC). Quanto às determinações de
ofício, pelo juiz, ou a requerimento do Ministério Público, compete ao autor
adiantar as despesas a ela relativas.
A sentença deve condenar o vencido a pagar ao vencedor as despesas que
antecipou, assim como os honorários advocatícios, honorários que são
40
devidos também nos casos em que advogado atue em causa própria.
Conforme artigo 20, parágrafo segundo, do Código de Processo Civil, as
despesas abrangem não só as custas dos atos processuais, mas também a
indenização de viagem, diária de testemunha e remuneração do assistente
técnico.
Os honorários advocatícios devem ser fixados entre 10% (dez por cento) e
20% (vinte por cento) sobre o valor da condenação, atendidos: a) o grau de
zelo do profissional;
b) o lugar de prestação do serviço; e
c) a natureza e importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e
o tempo exigido para o seu serviço.
Se cada litigante for em parte vencido e em parte vencedor, os honorários e
despesas serão recíproca e proporcionalmente distribuídos e compensados
entre eles (art. 21, do CPC). No entanto, se um litigante decair de parte
mínima do pedido, o outro responderá, por inteiro, pelas despesas e
honorários.
Quando o réu não fizer alegação de fato impeditivo, modificativo ou extintivo
do direito do autor em sua oportunidade de resposta e, consequentemente,
dilatar o julgamento da lide, será condenado nas custas a partir do
saneamento do processo e perderá, ainda que vencedor na causa, o direito
de haver do vencido honorários advocatícios (art. 22, do CPC).
Nos procedimentos de jurisdição voluntária, as despesas devem ser
adiantadas pelo requerente, mas rateadas entre os interessados (art. 24, do
CPC). Já as despesas dos atos que forem adiados ou tiverem de repetir-se,
ficarão a cargo da parte, do serventuário, do órgão do Ministério Público ou
do juiz que, sem justo motivo, houver dado causa ao adiamento ou à
repetição (art. 29, do CPC).
Caso o processo termine por desistência ou por reconhecimento do pedido,
as despesas e os honorários serão pagos pela parte que desistiu ou
reconheceu (art. 26, CPC). Se a desistência ou o reconhecimento for parcial,
a responsabilidade pelas despesas e honorários será proporcional à parte
de que se desistiu ou que se reconheceu. E, se houver transação sem que
em seu termo se disponha sobre as despesas, estas serão divididas
igualmente.
Sempre que, a requerimento do réu, o juiz julgar extinto o processo sem
resolução de mérito, o autor não poderá intentar nova ação, sem pagar ou
depositar em cartório as despesas e os honorários, em que foi condenado.
Aquele que receber custas indevidas ou excessivas é obrigado a restituí-las,
incorrendo em multa equivalente ao dobro de seu valor, conforme determina
o artigo 30, do Código de Processo Civil.
Em relação às despesas dos atos manifestamente protelatórios,
impertinentes ou supérfluos, devem ser pagas pela parte que os tiver
promovido ou praticado, desde que impugnados pela outra parte.
Nos termos do artigo 33, do Código de Processo Civil, a remuneração:
a) do assistente técnico, deve ser paga pela parte que o houver
indicado;
41
b) do perito, deve ser paga pela parte que requereu o exame pericial, ou
pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou determinado de
ofício pelo juiz.
Encerrando a seção que trata das despesas e multas, o artigo 35, do
Código de Processo Civil, dispõe que as sanções impostas às partes em
consequência de má-fé serão contadas como custas e reverterão em
benefício da parte contrária, enquanto que as impostas aos serventuários
pertencerão aos Estados.
4.3 Procuradores
43
A parte, que revogar o mandato outorgado ao seu advogado, no mesmo ato
deve constituir outro que assuma o patrocínio da causa, conforme dispõe o
artigo 44, do Código de Processo Civil.
Ao advogado é conferido o direito de, a qualquer tempo, renunciar ao
mandato, provando que cientificou o mandante a fim de que este nomeie
substituto. Durante os 10 (dez) dias seguintes à cientificação, o advogado
continuará a representar o mandante, desde que necessário para lhe evitar
prejuízo.
4.5 Litisconsórcio
44
unitário, e, caso possa haver decisões diferentes para cada um dos
litisconsortes, se diz que o litisconsórcio é simples.
O litisconsórcio pode se formar no momento do ajuizamento da demanda,
mas também pode ser formar em momento posterior. Por exemplo, quando
o litisconsórcio for necessário e o autor não o indicar em sua inicial, o juiz
deve determinar a emenda da mesma, sob pena de indeferimento.
Nos casos de denunciação da lide e chamamento ao processo, nada mais
ocorre que um litisconsórcio posterior, hipóteses em que terceiros são
chamados a integrar o pólo passivo de uma demanda em curso. Quando o
autor ou o réu falecer durante o processo, e seus sucessores passarem a
integrar o pólo respectivo, também estar-se-á diante de hipótese de
litisconsórcio posteriormente formado.
Via de regra, os litisconsortes são considerados, em suas relações com a
parte adversa, como litigantes distintos, donde os atos e as omissões de um
não prejudicam nem beneficiam os outros (art. 48, do CPC).
Casa litisconsorte tem o direito de promover o andamento do processo, e
todos devem ser intimados dos respectivos atos (art. 49, do CPC).
Caso os litisconsortes possuam procuradores diferentes, contar-se-á em
dobro os prazos para contestar, para recorrer e, de modo geral, para falar
nos autos.
4.6.1 Assistência
46
4.6.2 Oposição
47
O caso do artigo 62 é do mero detentor, também chamado de fâmulo da
posse, e o artigo 63 é o do mero cumpridor de ordem ou instruções de
terceiro.
Fora dessas hipóteses, no caso de ilegitimidade de parte, haverá extinção
do processo sem resolução de mérito, e não substituição do pólo passivo
após nomeação à autoria.
O instituto em estudo existe para resguardar os direitos do autor, em
situações em que não lhe é possível identificar quem seja o real ofensor do
seu direito. Nesses casos, o autor intenta a ação em face de quem lhe
parece ostentar essa condição, sendo que apenas em momento posterior,
isto é, após a nomeação à autoria, é que se torna possível identificar o real
legitimado a figurar no pólo passivo.
Em ambas as hipóteses de nomeação à autoria, se o réu não a realizar no
prazo que lhe é determinado, responderá por perdas e danos. Portanto, a
nomeação à autoria é um dever do réu, sempre que presentes uma das
situações do artigo 62 ou 63, ambos do Código de Processo Civil. O prazo
para requerimento da nomeação à autoria é o prazo para a defesa, cabendo
ao juiz, caso defira o pedido, suspender o processo e mandar ouvir o autor
no prazo de 5 (cinco) dias.
Se o autor permanecer silente no prazo de 5 (cinco) dias, reputar-se-á
aceita a nomeação. Caso o autor deseje recusar a nomeação, não precisa
motivá-la, hipótese em que a mesma ficará sem efeito. Mas, recorde-se, o
autor é o principal interessado em que o pólo passivo seja corrigido.
Conforme artigo 68, do Código de Processo Civil, presume-se aceita a
nomeação se:
a) o autor nada requereu, no prazo em que, a seu respeito, Ihe competia
manifestar-se;
b) o nomeado não comparecer, ou, comparecendo, nada alegar.
Há, ainda, uma situação peculiar quanto à nomeação à autoria. Aceita a
nomeação, o juiz mandará citar o nomeado, que pode, no prazo da resposta,
recusar a nomeação, caso em que esta ficará sem efeito e o processo
continuará em face do nomeante (réu do processo originário). No entanto, a
doutrina costuma apontar que, recusada indevidamente a nomeação, é lícito
ao autor mover nova ação em face do verdadeiro legitimado, já que será
julgada extinta sem julgamento de mérito aquele intentada em face do mero
detentor (art. 62, do CPC) ou cumpridor de ordens de terceiro (art. 63, do
CPC). E, nessa nova ação, é lícito ao autor cumular pedido ressarcitório, em
razão das perdas e danos que suportou com a extinção sem resolução de
mérito do processo anterior, após a recusa do nomeado.
Se o autor recusar o nomeado, ou quando este negar a qualidade que lhe é
atribuída, recusando a nomeação, assinar-se-á novo prazo de contestação
para o nomeante, conforme determina o artigo 67, do Código de Processo
Civil.
Por derradeiro, nos termos do artigo 69, do Código de Processo Civil,
responderá por perdas e danos aquele a quem incumbia a nomeação: a)
deixando de nomear à autoria, quando Ihe competir;
48
b) nomeando pessoa diversa daquela em cujo nome detém a coisa
demandada.
49
abrangente do pedido originário (entre autor e réu) e também do pedido
regressivo (entre o réu/autor e o terceiro denunciado).
Embora a redação legal do artigo 70, do Código de Processo Legal estipule
que é obrigatória a denunciação da lide nas situações que menciona (acima
citadas), há que se analisar com cuidado essa expressão. A obrigatoriedade
em questão faz referência ao pedido de regresso no bojo da ação originária,
mas não se relaciona, tão menos impede a propositura de ação autônoma
em que seja perseguido o direito de regresso. Contudo, ressalva seja feita
em relação à evicção. Nesta pontual hipótese, conforme artigos 456 e 457,
do Código Civil:
Art. 456. Para poder exercitar o direito que da evicção lhe resulta,
o adquirente notificará do litígio o alienante imediato, ou qualquer
dos anteriores, quando e como lhe determinarem as leis do
processo.
Parágrafo único. Não atendendo o alienante à denunciação da
lide, e sendo manifesta a procedência da evicção, pode o
adquirente deixar de oferecer contestação, ou usar de recursos.
Art. 457. Não pode o adquirente demandar pela evicção, se sabia
que a coisa era alheia ou litigiosa.
Como se vê, a pura redação legal é indicativa de que o não-
requerimento da denunciação da lide, no bojo do processo originário, faz
com que o autor não possa mais requerê-lo, em ação autônoma. Mas há
controvérsias, tanto por parte da doutrina como da jurisprudência. Por
derradeiro, há que se mencionar a admissão da denunciação da lide
sucessiva, que ocorre quando o direito de regresso passa por várias
pessoas, típico em situações onde ocorre a alienação de um bem várias
vezes, por várias pessoas. Nesse caso, a denunciação da lide sucessiva
deve obedecer a ordem de alienação, ou seja, a ordem dos fatos em que
ocorreram as alienações.
50
O chamamento ao processo também encontra seu principal fundamento no
princípio da economia processual. Através do instituto em estudo, o réu
chama ao processo aqueles devedores que deveriam ter sido incluídos em
litisconsórcio passivo, pelo autor. Assim, ao invés de pagar pela totalidade
da dívida, se sub-rogar nos direitos do autor, e apenas então pleitear o
recebimento dos valores pagos, mediante nova ação, o réu pode colocar no
processo originário todos os coobrigados, de modo que cada um pague
imediatamente sua fração de débito no caso de eventual condenação.
A citação dos chamados deve ser requerida no prazo para contestação, e,
uma vez admitida, os chamados passarão a integrar a lide como
litisconsortes passivos. Na hipótese, o litisconsórcio é facultativo.
Note-se que, no caso do chamamento ao processo, os chamados não
respondem em relação ao chamante (réu), mas sim em relação ao autor,
diferentemente do que ocorre na denunciação da lide, onde o denunciado
responde em relação ao denunciante (réu).
Proferida sentença com julgamento pela procedência da ação, condenando
os devedores, valerá esta como título executivo, em favor de quem satisfizer
a dívida, para exigi-la, por inteiro, do devedor principal, ou de cada um dos
co-devedores a sua quota, na proporção que lhes tocar (art. 80, do CPC).
4.7 Juiz
51
c) citra petita: é a decisão que não examina tudo o que foi pedido pela
parte, é a decisão incompleta. Quando o autor cumula vários pedidos em
sua pretensão e o juiz analisa apenas um, por exemplo, estar-se-á diante de
decisão citra petita. No entanto, frise-se, para que se fale em decisão citra
petita, a questão que se coloca é de analise e não de indeferimento. Se o
juiz não concede um ou alguns pedidos formulados a situação não é de
decisão citra petita, mas sim de decisão improcedente.
É dever do juiz, de ofício ou a requerimento das partes, determinar as
provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências
inúteis ou meramente protelatórias (art. 130, CPC).
O juiz tem liberdade para apreciar livremente as provas, atendendo aos
fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas
partes, mas deve indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram a
convicção, conforme artigo 131, do Código de Processo Civil.
O juiz, titular ou substituto, que concluir a audiência de instrução julgará a
lide, salvo nos casos em que estiver:
a) convocado;
b) licenciado;
c) afastado por qualquer motivo;
d) promovido; ou
e) aposentado.
Em qualquer dessas hipóteses, o julgamento do processo passará ao seu
sucessor, caso em que, se reputar necessário, o juiz (sucessor) pode
mandar repetir as provas já produzidas.
Por derradeiro, conforme dispõe o artigo 133, do Código de Processo Civil,
responderá por perdas e danos o juiz, quando:
a) no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
b) recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva
ordenar de ofício, ou a requerimento da parte. Nesse caso, reputa-se
verificada a recusa, omissão ou retardamento apenas depois que a parte,
por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que determine a providência e
este não lhe atenda ao pedido no prazo de 10 (dez) dias.
5. ATOS PROCESSUAIS
55
Ao receber a petição inicial de qualquer processo, o escrivão deve autuá-la,
mencionando o juízo, a natureza do feito, o número de seu registro, os
nomes das partes e a data do seu início, e deve proceder da mesma forma
quanto aos volumes que se forem formando (art. 166, do CPC).
O escrivão deve, também, numerar e rubricar todas as folhas dos autos,
procedendo da mesma forma quanto aos autos suplementares (art. 167, do
CPC). Às partes, aos advogados, aos órgãos do Ministério Público, aos
peritos e às testemunhas é facultado rubricar as folhas correspondentes aos
atos em que intervierem.
Os termos de juntada, vista, conclusão e outros semelhantes constarão de
notas datadas e rubricadas pelo escrivão (art. 168, do CPC). Conforme
determina o artigo 169, do Código de Processo Civil, os atos e termos do
processo devem ser datilografados ou escritos com tinta escura e indelével,
com a assinatura das pessoas que neles intervierem. Quando estas não
puderem ou não quiserem firmá-los, o escrivão deve certificar, nos autos, a
ocorrência. É vedado a utilização de abreviaturas. Quando se tratar de
processo total ou parcialmente eletrônico, os atos processuais praticados na
presença do juiz podem ser produzidos e armazenados de modo
integralmente digital em arquivo eletrônico inviolável, conforme dispuser a
lei, mediante registro em termo que será assinado digitalmente pelo juiz e
pelo escrivão ou chefe de secretaria, bem como pelos advogados das partes
(art. 169, §2º, do CPC). Nesse caso, eventuais contradições na transcrição
deverão ser suscitadas oralmente no momento da realização do ato, sob
pena de preclusão, devendo o juiz decidir de plano, registrando-se a
alegação e a decisão no termo.
É lícito o uso de taquigrafia, da estenotipia, ou de qualquer outro método
idôneo, em qualquer juízo ou tribunal, conforme autorização do artigo 170,
do Código de Processo Civil. Taquigrafia e estenotipia são métodos
abreviados ou simbólicos de escrita, utilizados para acelerar a velocidade da
escrita, utilizados na tomada de depoimentos, por exemplo. Não se
admitem, nos atos e termos, espaços em branco, bem como entrelinhas,
emendas ou rasuras, salvo se aqueles forem inutilizados e estas forem
expressamente ressalvadas (art. 171, do CPC).
5.5 Prazos
OUTUBRO DE 2010
DOMINGO SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA SÁBADO
1 2
3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16
17 18 19 20 21 22 23
24 25 26 27 28 29 30
31
59
O advogado tem o dever de restituir os autos no prazo legal, e, se não o
fizer, o juiz deve mandar, de ofício, riscar o que neles houver escrito e
desentranhar as alegações e documentos que apresentar (art. 195, do
CPC).
A qualquer interessado é dado o direito de cobrar os autos ao advogado
que exceder o prazo legal. Se, intimado, não os devolver dentro em 24 (vinte
e quatro) horas, perderá o direito à vista fora de cartório e incorrerá em
multa, correspondente à metade do salário mínimo vigente (art. 196, do
CPC). Verificada a falta, o juiz deve, ainda, comunicá-la à seção local da
Ordem dos Advogados do Brasil, para o procedimento disciplinar e
imposição de multa.
5.6.1 Cartas
60
5.7 Citações
61
Nessa hipótese, a citação será feita na pessoa do curador, a quem
incumbirá a defesa do réu.
A citação válida torna prevento o juízo, induz litispendência e faz litigiosa a
coisa, e, ainda quando ordenada por juiz incompetente, constitui em mora o
devedor e interrompe a prescrição (art. 219, do CPC).
Embora seja a citação válida que determine a interrupção da prescrição,
esta retroage à data da propositura da ação.
É dever da parte promover a citação do réu nos 10 (dez) dias subsequentes
ao despacho que a ordenar, não ficando prejudicada pela demora imputável
exclusivamente ao serviço judiciário (art. 219, §2º, do CPC). Se o réu não for
citado, o juiz pode prorrogar o prazo por no máximo 90 (noventa) dias. E,
não efetuada a citação nos prazos acima mencionados, haver-se-á por não
interrompida a prescrição.
Segundo a redação do parágrafo quinto, do artigo 219, do Código de
Processo Civil, dada pela n.º 11.280/06, o juiz deve pronunciar, de ofício, a
prescrição. Transitada em julgada a decisão do juiz que reconhece, de
ofício, a prescrição, o escrivão deve comunicar ao réu o resultado do
julgamento. Consoante orientação do artigo 220, do Código de Processo
Civil, o mesmo se aplica em relação a todos os prazos extintivos previstos
em lei.
A citação pode ser feita:
a) pelo correio;
b) por oficial de justiça;
c) por edital.
d) por meio eletrônico, conforme regulado em lei própria.
A citação pelo correio pode ser feita para qualquer comarca do país,
exceto:
a) nas ações de estado;
b) quando for ré pessoa incapaz;
c) quando for ré pessoa de direito público;
d) nos processos de execução;
e) quando o réu residir em local não atendido pela entrega domiciliar de
correspondência;
f) quando o autor a requerer de outra forma.
Nesses casos, a citação deve ser feita mediante oficial de justiça. Deferida
a citação pelo correio, o escrivão ou o chefe da secretaria deve remeter ao
citando cópias da petição inicial e do despacho do juiz, expressamente
consignada em seu inteiro teor a advertência de que se não contestada a
ação, presumir-se-ão como verdadeiros os fatos articulados pelo autor. A
citação ainda deve comunicar o prazo para a resposta, o juízo e o cartório,
bem como o respectivo endereço.
No caso de citação pelo correio, exige-se que seja feita mediante carta com
aviso de recebimento (A.R.). Essa carta deve ser registrada para entrega ao
citando, exigindo-lhe o carteiro, ao fazer a entrega, que assine o recibo. Se o
réu for pessoa jurídica, reputa-se válida a entrega para pessoa com poderes
de gerência geral ou de administração.
62
Frustada a citação pelo correio, deve-se proceder a citação por oficial de
justiça (ar. 224, do CPC).
O mandado, que o oficial de justiça tiver de cumprir, deve conter:
a) os nomes do autor e do réu, bem como os respectivos domicílios ou
residências;
b) o fim da citação, com todas as especificações constantes da petição
inicial, bem como a advertência de que se não for contestada a ação,
presumir-se-ão como verdadeiros os fatos articulados pelo autor, na
hipótese do litígio versar sobre direitos disponíveis; c) a cominação, se
houver;
d) o dia, hora e lugar do comparecimento;
e) a cópia do despacho;
f) o prazo para defesa;
g) a assinatura do escrivão e a declaração de que o subscreve por ordem do
juiz.
O mandado pode ser elaborado em breve relatório, quando o autor entregar
em cartório, com a petição inicial, tantas cópias desta quantos forem os
réus, caso em que as cópias, depois de conferidas com o original, farão
parte integrante do mandado (art. 225, parágrafo único, do CPC). É dever
do oficial de justiça procurar o réu e, onde o encontrar, citá-lo a) lendo-lhe o
mandado e entregando-lhe a contrafé;
b) portando por fé se recebeu ou recusou a contrafé;
c) obtendo a nota de ciente, ou certificando que o réu não a apôs no
mandado.
O artigo 227, do Código de Processo Civil, trata da hipótese de citação por
hora certa, passível de ser utilizada apenas em determinada situação.
Quando, por 3 (três) vezes, o oficial de justiça houver procurado o réu em
seu domicílio ou residência, sem o encontrar, deverá, havendo suspeita de
ocultação, intimar a qualquer pessoa da família, ou em sua falta a qualquer
vizinho, que, no dia imediato, voltará, a fim de efetuar a citação, na hora que
designar.
Dessa forma, no dia e hora designados, o oficial de justiça,
independentemente de novo despacho, deve comparecer ao domicílio ou
residência do citado, a fim de realização a diligência (art. 228, do CPC). Se o
citando não estiver presente, o oficial de justiça deve procurar informar-se
acerca das razões da ausência, dando por feita a citação, ainda que o
citando se tenha ocultado em outra comarca. Feita a certificação, o oficial de
justiça deve deixar contrafé com pessoa da família ou com qualquer vizinho,
conforme o caso, declarando-lhe o nome.
Efetuada a citação por hora certa, o escrivão deve enviar carta ao réu,
em que lhe dê ciência de tudo o que foi realizado.
Contudo, há casos em que não é possível realizar a citação pessoal, a
citação por correio e nem a citação por hora certa, caso em que só restará
como alternativa a citação por edital.
63
Conforme artigo 231, do Código de Processo Civil, far-se-á a citação por
edital:
a) quando desconhecido ou incerto o réu;
b) quando ignorado, incerto ou inacessível o lugar em que se encontrar; ou
c) nos casos expressos em lei.
Para fins de citação por edital, considera-se inacessível o réu que esteja em
país que recuse o cumprimento de carta rogatória (art. 231, §1º, do CPC).
Sendo inacessível o lugar onde se encontra o réu, a notícia de sua citação
pode ser divulgada pelo rádio, se na comarca houver emissora de
radiodifusão (art. 231, §2º, do CPC). São requisitos da citação por edital:
a) a afirmação do autor, ou a certidão do oficial, quanto ao réu ser
desconhecido ou incerto, ou quanto ao fato de ser ignorado, incerto ou
inacessível o lugar em que se encontrar;
b) a afixação do edital, na sede do juízo, certificada pelo escrivão;
c) a publicação do edital no prazo máximo de 15 (quinze) dias, uma vez no
órgão oficial e pelo menos duas vezes em jornal local, onde houver;
d) a determinação, pelo juiz, do prazo, que variará entre 20 (vinte) e
60 (sessenta) dias, correndo da data da primeira publicação;
e) a advertência de que se não contestada a ação, presumir-se-ão como
verdadeiros os fatos articulados pelo autor, desde que o litígio verse sobre
direitos disponíveis.
Feita a citação por edital, o termo inicial da contagem do prazo para o
oferecimento da defesa tem início a partir do termo final do prazo previsto no
próprio edital, só com o que se aperfeiçoa a citação.
A parte que requerer a citação por edital, alegando dolosamente que o réu é
desconhecido ou incerto, ou que este encontra-se em local ignorado, incerto
ou inacessível, incorrerá em multa de 5 (cinco) vezes o salário mínimo
vigente, multa esta que será revertida em benefício do citando.
Por derradeiro, há que se mencionar que tanto a citação por edital como a
citação por hora certa são consideradas modalidades de citação ficta,
enquanto as demais são consideradas como reais.
5.8 Intimações
5.9 Nulidades
66
contudo, se a nulidade de uma parte do ato não prejudicar as outras, que
dela sejam independentes.
Quando o juiz pronunciar a nulidade, deve declarar quais atos são atingidos,
ordenando as providências necessárias para que sejam repetidos ou
retificados (art. 249, do CPC). Entretanto, se não prejudicar a parte, o ato
não precisará ser repetido. De igual modo, quando puder decidir o mérito a
favor da parte a quem aproveite a declaração da nulidade, o juiz não a
pronunciará nem mandará repetir o ato, ou suprir-lhe a falta (art. 249, §2º, do
CPC).
6. RESPOSTAS DO RÉU
6.1 Contestação
6.2 Reconvenção
68
A reconvenção é verdadeiro contra-ataque do réu, em face do autor. A
petição de reconvenção deve atender a todos os requisitos de uma petição
inicial, deve preencher as condições da ação e os pressupostos
processuais, e deve ser conexa com a ação principal ou com o fundamento
da defesa.
Não é lícito ao réu, em seu próprio nome, reconvir ao autor, quando este
demandar em nome de outrem (art. 315, parágrafo único, do CPC).
Oferecida a reconvenção, o autor reconvindo deve ser intimado, na pessoa
de seu procurador, para contestá-la no prazo de 15 (quinze) dias. A
reconvenção tem natureza jurídica de ação autônoma, logo, a desistência da
ação principal, ou a existência de qualquer causa que a extinga, não obsta o
prosseguimento da reconvenção.
Ação principal e reconvenção tem prosseguimento conjunto, e serão
julgadas na mesma sentença.
Se a reconvenção não for apresentada no prazo para defesa, nada impede
que o réu ajuíze ação autônoma em face do autor, pois ela não se reveste
do caráter de obrigatoriedade.
A reconvenção é pertinente nas ações de rito ordinário, mas não é cabível
nas ações dúplices, nas quais eventual pretensão contraposta pode ser
manifestada na própria contestação. As ações possessórias e a de
prestação de contas são típicos exemplo de ações dúplices.
Também não se admite reconvenção no procedimento sumário, tão pouco
no sumaríssimo, perante os Juizados Especiais, embora se admita, em
ambos, a apresentação de pedido contraposto, isto é, a manifestação de
“contra-ataque” na própria contestação.
6.3 Exceções
6.4 Revelia
72
Segundo o artigo 267, do Código de Processo Civil, extingue-se o processo,
sem resolução de mérito:
a) quando o juiz indeferir a petição inicial;
b) quando ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das
partes;
c) quando, por não promover os atos e diligências que Ihe competir, o autor
abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
d) quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
e) quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de
coisa julgada;
f) quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual;
g) pela convenção de arbitragem;
h) quando o autor desistir da ação;
i) quando a ação for considerada intransmissível por disposição legal;
j) quando ocorrer confusão entre autor e réu;
k) nos demais casos prescritos no Código de Processo Civil.
Nas hipóteses de paralisação do processo, durante mais de 1 (um) ano, por
negligência das partes, assim como na de abandono da causa, pelo autor,
por mais de 30 (trinta) dias, antes de extinguir o processo, o juiz deve intimar
pessoalmente a parte, para que supra a falta em 48 (quarenta e oito) horas.
Apenas então, se não atendida a determinação, é que o juiz deve determinar
a extinção do processo sem resolução de mérito, conforme orientação do
artigo 267, parágrafo primeiro, do Código de Processo Civil.
Verificada qualquer das duas situações mencionadas no parágrafo
anterior, se o processo for extinto após paralisação, por mais de 1 (um) ano,
por negligência das partes, estas pagarão proporcionalmente as custas. No
entanto, se a causa da extinção do processo for o abandono da causa, pelo
autor, por mais de 30 (trinta) dias, este é quem arcará, sozinho, com o
pagamento das custas processuais e honorários advocatícios.
Dentre as situações que geram a extinção do processo sem resolução de
mérito, são matérias de ordem pública, passíveis de serem reconhecidas de
ofício pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdição:
a) quando se verificar a ausência de pressupostos de constituição e de
desenvolvimento válido e regular do processo;
b) quando o juiz acolher a alegação de perempção, litispendência ou de
coisa julgada;
c) quando não concorrer qualquer das condições da ação, como a
possibilidade jurídica, a legitimidade das partes e o interesse processual.
Ainda assim, caso presente no processo qualquer das 3 (três) situações, ao
réu que não a alegar na primeira oportunidade, responderá pelas custas do
retardamento (art. 267, §3º, do CPC).
Decorrido o prazo para resposta do réu, não é dado ao autor o direito de
desistir da ação, salvo se o réu consentir.
73
Como mencionado, ocorrida alguma das situações previstas no artigo 267,
do Código de Processo Civil, o autor pode corrigir a falha que a gerou e
intentar nova ação, salvo se reconhecida:
a) a perempção;
b) a litispendência; ou
c) a coisa julgada.
A perempção é a extinção do processo sem resolução de mérito, por 3
(três) vezes, em razão de conduta negligente do autor, que a abandonou
durante sua tramitação, em todas as vezes.
A litispendência, como é sugestiva a expressão, é a pendência da mesma
lide em outro ou no mesmo juízo. Dessa forma, impede-se que um mesmo
litígio seja processado e julgado duas vezes pelo Poder Judiciário. A coisa
julgada, por seu turno, impede a repropositura de uma demanda, pois sobre
ela o Poder Judiciário já se manifestou, tendo-a julgado oportunamente, não
sendo lícito analisá-la novamente, por respeito ao princípio da segurança
jurídica.
Em contrapartida, a extinção do processo com resolução de mérito impede
que a parte reproponha a demanda, pretendendo que o Poder Judiciário se
manifeste novamente sobre causa já decidida. Quando há extinção
processual com resolução de mérito, opera-se a coisa julgada material,
impeditiva da repropositura de uma demanda que tenha as mesmas partes,
o mesmo pedido e a mesma causa de pedir.
Conforme dispõe o artigo 269, do Código de Processo Civil, há extinção do
processo com resolução de mérito:
a) quando o juiz acolher ou rejeitar o pedido do autor;
b) quando o réu reconhecer a procedência do pedido;
c) quando as partes transigirem;
d) quando o juiz pronunciar a decadência ou a prescrição;
e) quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação.
Em todas essas hipóteses alcança-se o verdadeiro objetivo de todo aquele
que vai a juízo, que é ver processado e julgado seu pedido.
8. PROCESSO DE CONHECIMENTO
74
Nesse contexto, segundo o Código de Processo Civil, o processo de
conhecimento pode utilizar dois tipos de procedimentos: a) o procedimento
comum, que comporta:
a.1) o procedimento ordinário; e
a.2) o procedimento sumário.
b) o procedimento especial, que comporta:
b.1) os procedimentos de jurisdição voluntário; e
b.2) os procedimentos de jurisdição contenciosa.
Interessa ao presente capítulo, pois, o estudo do procedimento comum.
Quanto aos procedimentos ordinário e sumário, a principal diferença entre
eles é a celeridade. No caso dos procedimentos ordinário e sumário, o
Código de Processo Civil prevê uma sequência de atos a serem praticados,
maior no procedimento ordinário do que no sumário. As causas passíveis de
tramitação perante o rito sumário estão descritas no artigo 275, do Código
de Processo Civil, causas estas que permitem uma resolução mais célere da
lide. Para as demais, restará o procedimento ordinário, dada a complexidade
de suas matérias.
No procedimento ordinário, é lícito ao réu formular pretensão inversa à
manifestada pelo autor, por meio da reconvenção, diferentemente do
procedimento sumário, onde é vedada tal possibilidade. No sumário, o réu
pode, apenas, apresentar pedido contraposto no bojo da própria
contestação.
Seja o procedimento adotado sumário ou ordinário, é lícito ao juiz, a
requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela
pretendida no pedido inicial, desde que existindo prova inequívoca, se
convença da verossimilhança da alegação e, alternativamente:
a) haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
b) fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu.
No caso de deferir medida antecipatória dos efeitos da tutela, deve o juiz
indicar, clara e precisamente, as razões do seu convencimento.
Conforme determina o artigo 273, parágrafo segundo, do Código de
Processo Civil, não deve ser concedida a medida antecipatória dos efeitos
da tutela quando houver perigo de irreversibilidade do provimento
antecipado. Esse é o principal motivo, por meio do qual, em matéria
tributária, não se admite a concessão de medida antecipatória dos efeitos da
tutela para fins de compensação do crédito tributário.
Concedida a medida antecipatória dos efeitos da tutela, é lícito ao juiz
revogá-la ou modificá-la a qualquer tempo, mediante decisão fundamentada
(art. 273, §4º, do CPC). A possibilidade de revogação ou modificação a
qualquer tempo encontra fundamento quando a providência que era urgente,
perde esse caráter no decorrer do trâmite processual. Os requisitos
legalmente exigidos para a concessão da medida antecipatória dos efeitos
da tutela devem ser mantidos no decurso processual, pois, caso contrário,
poderá ser modificada ou revogada a medida.
75
Concedida a medida que antecipa os efeitos da tutela, se não revogada, ela
perdura até a sentença, oportunidade em que o juiz a confirmará ou
revogará.
Outra possibilidade de concessão da tutela antecipada diz respeito à
apresentação de pedidos cumulados, dentre os quais um ou mais sejam
incontroversos. Pois, se o réu não discute a pertinência de um ou mais
pedidos, nada impede que o autor obtenha a tutela antecipada em relação
ao mesmo.
O artigo 273, parágrafo sétimo, do Código de Processo Civil, apresenta o
princípio da fungibilidade. Segundo mencionado dispositivo, se o autor, a
título de antecipação de tutela, requerer providência de natureza cautelar,
poderá o juiz, desde que presentes os pressupostos, deferir a medida
cautelar em caráter incidental do processo ajuizado. Os requisitos da
antecipação de tutela, como mencionado, são: a) prova inequívoca do
direito alegado;
b) verossimilhança da alegação; e
c) fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
c) abuso do direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do
réu.
Já a concessão da medida de natureza cautelar exige requisitos mais
brandos, quais sejam:
a) o fumus boni iuris (fumaça do bom direito); e
b) o periculum in mora (perigo da demora).
Acerca da medida de natureza cautelar, terá análise em capítulo próprio,
podendo-se adiantar, para frisar a diferença entre as tutelas cautelar e
antecipatória da tutela, que enquanto a primeira tem caráter assecuratório, a
segundo tem caráter satisfativo. Em outras palavras, a tutela cautelar
destina-se a assegurar determinada situação, permitindo que, em caso de
procedência do pedido do autor, este possa ser efetivamente concretizado.
Quando se requer o bloqueio de bens do devedor que está dilapidando seu
patrimônio, nada mais se está a fazer do que garantir que, caso provado que
o autor é realmente credor, que ele tenha sua pretensão satisfeita. Já a
medida concedida como tutela antecipada reflete a concessão do próprio
direito, isto é, do próprio pedido. Quando se requer a concessão, mediante
medida antecipatória da tutela, em ação que objetiva a concessão do
benefício assistencial de prestação continuada (art. 203, V, da CRFB/88),
destinado às pessoas deficientes ou idosas e comprovadamente pobres, o
que se obtém é o próprio salário mínimo, pago mensalmente a partir da
decisão antecipatória do juiz e até a data da sentença, ocasião em que o
benefício será confirmado ou revogado.
76
8.1 Procedimento sumário
77
Obtida a conciliação, o juiz a reduzirá a termo e a homologará por sentença.
Nesta audiência o juiz pode contar com o auxílio de um conciliador.
Se o réu impugnar o valor da causa, ou a natureza da demanda, o juiz deve
decidir de plano, e, se entender procedente a impugnação, deve converter o
procedimento sumário em ordinário (art. 277, §4º, do CPC).
Também é caso de conversão do procedimento sumário em ordinário
quando houver a necessidade de produção de prova técnica de maior
complexidade, conforme determinação do artigo 277, parágrafo quinto, do
Código de Processo Civil.
Assim como o autor, que deve oferecer rol de testemunhas e, se requerer
perícia, deve apresentar quesitos e indicar eventual assistente técnico
imediatamente, também o réu, tão logo ofereça sua defesa, deve
acompanhá-la de documentos e rol de testemunhas e, se requerer perícia,
deve apresentar os quesitos imediatamente, podendo também indicar
assistente técnico.
Não se admite a reconvenção em sede de procedimento sumário, mas,
desde que fundado nos mesmo fatos referidos na inicial, pode o réu, no bojo
de sua contestação, apresentar pedido contraposto ao do autor. Se não for
o caso de julgamento antecipado da lide, assim como se houver a
necessidade de produção de prova oral, o juiz deve designar audiência de
instrução e julgamento.
Conforme estipula o artigo 280, do Código de Processo Civil, não são
admissíveis no procedimento sumário:
a) a ação declaratória incidental; e
b) a intervenção de terceiros, exceto a assistência, o recurso de terceiro
prejudicado e a intervenção fundada em contrato de seguro.
Encerrada a instrução e os debates orais, o juiz deve proferir sentença no
prazo (impróprio) de 10 (dez) dias, desde que não seja possível proferi-la na
própria audiência.
78
b) os nomes, prenomes, estado civil, profissão, domicílio e residência do
autor e do réu;
c) o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
d) o pedido, com as suas especificações;
e) o valor da causa;
f) as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos
fatos alegados;
g) o requerimento para a citação do réu.
E, além destes, a petição inicial deve ser instruída com todos os
documentos que sejam indispensáveis à propositura da ação (art. 283, do
CPC).
Se o juiz verificar que a petição inicial não preenche os requisitos do artigo
282 ou do 283, ou que ela apresenta defeitos e irregularidades capazes de
dificultar o julgamento do mérito, ele deve determinar que o autor a emende,
ou que a complete, no prazo de 10 (dez) dias. Se o autor descumprir a
determinação, o juiz deve indeferir a petição inicial.
A petição inicial deve ser indeferida:
a) quando for inepta;
b) quando a parte for manifestamente ilegítima;
c) quando o autor carecer de interesse processual;
d) quando o juiz verificar, desde logo, a decadência ou a prescrição
(art. 219, § 5º, do CPC);
e) quando o tipo de procedimento, escolhido pelo autor, não corresponder à
natureza da causa, ou ao valor da ação; caso em que só não será
indeferida, se puder adaptar-se ao tipo de procedimento legal;
f) quando não atendidas as prescrições dos arts. 39, parágrafo único,
primeira parte (indicação do endereço para recebimento de intimações), e
284 (descumprimento da determinação de emenda da petição inicial, no
prazo de dez dias).
No caso de inépcia, orienta o artigo 295, parágrafo único, do Código
de Processo Civil, que considera-se inepta a petição inicial quando: a) Ihe
faltar pedido ou causa de pedir;
b) da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão;
c) o pedido for juridicamente impossível;
d) contiver pedidos incompatíveis entre si.
Indeferida a petição inicial, o autor pode apelar, hipótese em que o juiz
possui a faculdade de se retratar, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas,
hipótese em que reformará sua decisão e mandará citar o réu, para que o
processo tenha prosseguimento. Contudo, se manter a decisão, aos autos
serão encaminhados imediatamente ao tribunal competente, sem que se fale
em citação do réu. No entanto, se a petição inicial preencher os requisitos
legais, ela será despachada, e o juiz deve determinar a feitura da citação do
réu, para responder, sob pena de presunção de veracidade dos fatos
articulados pelo autor.
Uma recente e relevante inovação processual, especialmente para efeito de
questionamento em concursos públicos, consta no artigo 285-A, do Código
79
de Processo Civil. Segundo o dispositivo, quando a matéria controvertida for
exclusivamente de direito e no juízo já houver sido proferida sentença de
total improcedência em outros casos idênticos, pode o juiz dispensar a
citação e proferir sentença imediatamente, reproduzindo-se o teor da
anteriormente prolatada.
Nessa situação, o autor pode apelar, hipótese em que o juiz tem a
possibilidade de se retratar, no prazo de 5 (cinco) dias, não mantendo a
sentença e determinando o prosseguimento do feito. Se não se retratar, no
entanto, deve ser determinada a citação do réu para apresentar
contrarrazões à apelação do autor.
Para melhor diferenciar as situações veja-se a tabela:
Indeferimento da petição inicial Julgamento do processo com
(art. 296, do CPC) resolução de mérito (art. 285-
A,
do CPC)
Recurso cabível Apelação. Apelação.
Prazo para retratação 48 horas. 5 dias.
do juiz
Natureza da coisa Meramente formal. Coisa julgada material.
julgada
Citação do réu Não há citação do réu. Apelação Há citação do réu, para que
segue sem contrarrazões para o apresente contrarrazões à
tribunal. apelação do autor.
Se o tribunal rejeitar a Processo extinto sem julgamento de Processo extinto com
apelação mérito. julgamento de mérito.
Se o tribunal acolher a Anula-se a sentença de indeferimento Anula-se a sentença de
apelação da inicial, os autos voltam à primeira indeferimento do pedido do
instância e realiza-se a citação do réu autor, os autos voltam à primeira
para prosseguimento do processo. instância e abre-se prazo para
que o réu conteste a ação.
8.2.1 Providências preliminares
80
proferir sentença incidente acerca da paternidade, só com o que poderá,
posteriormente, analisar o pedido de alimentos.
Se o réu, reconhecendo o fato em que se fundou a ação, outro lhe opuser
impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor, este será ouvido no
prazo de 10 (dez) dias, sendo-lhe facultado a produção de prova
documental. A prescrição, por exemplo, é fato que extingue o direito do
autor.
Quando o réu alegar alguma das preliminares do artigo 301, do Código de
Processo Civil (inexistência ou nulidade da citação, incompetência absoluta,
inépcia da petição inicial, perempção, litispendência, coisa julgada, conexão,
incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização,
convenção de arbitragem, carência de ação, ou falta de caução ou de outra
prestação, que a lei exige como preliminar), o juiz deve mandar ouvir o autor
no prazo de 10 (dez) dias, permitindo-lhe a produção de prova documental.
Nesse caso, uma vez verificada a existência de irregularidades ou de
nulidades sanáveis, o juiz mandará supri-las, fixando à parte prazo nunca
superior a 30 (trinta) dias.
Cumpridas as providências preliminares, ou não havendo a necessidade
delas, o juiz poderá proferir julgamento conforme o estado do processo.
81
Não obtida a conciliação, o juiz fixará os pontos controvertidos, decidirá as
questões processuais pendentes e determinará as provas a serem
produzidas, designando audiência de instrução e julgamento, se necessário
(art. 331, §2º, do CPC).
Quando o direito em litígio não admitir transação, ou se as circunstâncias do
caso evidenciarem ser improvável sua obtenção, o juiz tem a faculdade de,
desde logo, sanear o processo e ordenar a produção da prova.
8.2.4 Provas
8.4.1.2 Confissão
83
Se decorrer de erro, dolo ou coação, a confissão pode ser revogada:
a) por ação anulatória, se pendente o processo em que foi feita; ou
b) por ação rescisória, depois de transitada em julgado a sentença, da
qual constituir o único fundamento.
O direito à propositura dessa ação é personalíssimo, isto é, cabe apenas
àquele que fez a confissão. Contudo, se já ajuizada a ação ele vier a falecer,
podem seus herdeiros nela prosseguir (art. 352, parágrafo único, do CPC).
À confissão extrajudicial é dada a mesma eficácia provatória da judicial,
quando feita por escrito à parte ou a quem a represente. No entanto, se feita
para terceiro, ou contida em testamento, deverá ser apreciada pelo juiz (art.
353, caput, do CPC).
Se a confissão extrajudicial for feita verbalmente, só terá eficácia nos casos
em que a lei não exija prova literal (art. 353 parágrafo único, do CPC). Via
de regra, a confissão é indivisível, isto é, não pode a parte que a quiser
invocar como prova, aceitá-la apenas no ponto que a beneficiar e rejeitá-la
no que lhe for desfavorável. Admite-se a cisão, contudo, quando o confitente
lhe aduzir fatos novos, suscetíveis de constituir fundamento de defesa direito
material ou de reconvenção (art. 354, do CPC).
84
c) se a publicidade do documento redundar em desonra à parte ou ao
terceiro, bem como a seus parentes consanguíneos ou afins até o terceiro
grau; ou lhes representar perigo de ação penal;
d) se a exibição acarretar a divulgação de fatos, a cujo respeito, por estado
ou profissão, devam guardar segredo;
e) se subsistirem outros motivos graves que, segundo o prudente arbítrio do
juiz, justifiquem a recusa da exibição.
O documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos
fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em
sua presença (art. 364, do CPC).
Fazem a mesma prova que os originais:
a) as certidões textuais de qualquer peça dos autos, do protocolo das
audiências, ou de outro livro a cargo do escrivão, sendo extraídas por ele ou
sob sua vigilância e por ele subscritas;
b) os traslados e as certidões extraídas por oficial público, de
instrumentos ou documentos lançados em suas notas;
c) as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por
oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais.
d) as cópias reprográficas de peças do próprio processo judicial
declaradas autênticas pelo próprio advogado sob sua responsabilidade
pessoal, se não lhes for impugnada a autenticidade.
e) os extratos digitais de bancos de dados, públicos e privados, desde
que atestado pelo seu emitente, sob as penas da lei, que as informações
conferem com o que consta na origem;
f) as reproduções digitalizadas de qualquer documento, público ou
particular, quando juntados aos autos pelos órgãos da Justiça e seus
auxiliares, pelo Ministério Público e seus auxiliares, pelas procuradorias,
pelas repartições públicas em geral e por advogados públicos ou privados,
ressalvada a alegação motivada e fundamentada de adulteração antes ou
durante o processo de digitalização. Nesse caso, conforme orientação do
parágrafo primeiro, do artigo 365, do Código de Processo Civil, os originais
dos documentos digitalizados devem ser preservados pelo seu detentor até
o final do prazo para a propositura da ação rescisória.
Sempre que a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público,
nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta (art.
366, do CPC).
Compete à parte, contra quem foi produzido documento particular, alegar,
em 10 (dez) dias, se lhe admite ou não a autenticidade da assinatura e a
veracidade do contexto, presumindo-se, com o silêncio, que o tem por
verdadeiro (artigos 372 e 390, do Código de Processo Civil). Mas, tenha o
documento sido aceito de forma expressa ou tácita, esta deixa de ser eficaz
se o documento houver sido obtido por erro, dolo ou coação.
85
Quanto à escrituração contábil, dispõe o artigo 380 do Código de Processo
Civil, que ela é indivisível. Se dos fatos que resultam dos lançamentos, uns
são favoráveis ao interesse de seu autor e outros lhe são contrários, ambos
serão considerados em conjunto, como unidade. A requerimento da parte, o
juiz pode ordenar a exibição integral dos livros comerciais e dos documentos
do arquivo: a) na liquidação de sociedade;
b) na sucessão por morte de sócio;
c) quando e como determinar a lei.
E pode, de ofício, determinar a exibição parcial dos livros e documentos,
extraindo-se a suma que interessar ao litígio, bem como reproduções
autenticadas (art. 382, do CPC).
Quando declarada judicialmente a falsidade de um documento, cessa
imediatamente sua fé, seja ele público ou particular. Conforme orientação do
parágrafo único, do artigo 387, do Código de Processo Civil, a falsidade
consiste:
a) em formar documento não verdadeiro; ou
b) em alterar documento verdadeiro.
Também cessa a fé do documento particular quando:
a) lhe for contestada a assinatura e enquanto não se Ihe comprovar a
veracidade; ou
b) assinado em branco, for abusivamente preenchido.
Incumbe o ônus da prova quando:
a) se tratar de falsidade de documento, à parte que a arguir;
b) se tratar de contestação de assinatura, à parte que produziu o
documento.
A falsidade documental deve ser arguida mediante incidente de falsidade,
que pode ser interposto em qualquer tempo e grau de jurisdição, incumbindo
à parte, contra quem foi produzido o documento, suscitá-lo na contestação
ou no prazo de (10) dez dias, contados da intimação da sua juntada aos
autos.
Arguida a falsidade, o juiz deve intimar a parte que produziu o documento,
para que responda no prazo de 10 (dez) dias, e, após, ordenará a feitura de
exame pericial (art. 392, do CPC). Contudo, não será necessário o exame
pericial se a parte que produziu o documento concordar em retirálo e a parte
contrária não se opuser ao desentranhamento.
Quando arguida antes de encerrada a instrução, a parte deverá endereçar
petição ao juiz da causa, expondo os motivos em que funda sua pretensão e
os meios com que provará a falsidade. No entanto, depois de encerrada a
instrução, o incidente de falsidade correrá em apenso aos autos principais,
e, no tribunal, processar-se-á perante o relator.
Suscitado o incidente de falsidade, o juiz deve suspender o processo
principal (art. 394, do CPC) até que seja proferida sentença que decida o
incidente, declarando a falsidade ou a autenticidade do documento.
86
8.4.1.5 Prova testemunhal
87
a) declarar-se impedido, se tiver conhecimento de fatos que possam influir
na decisão; caso em que será defeso à parte, que o incluiu no rol, desistir
de seu depoimento;
b) se nada souber, mandar excluir o seu nome.
Via de regra, intimada a depor, a testemunha presta depoimento na
audiência de instrução, salvo se forem inquiridas antecipadamente, se forem
inquiridas por carta, ou se estiverem impossibilitadas de comparecer em
juízo por doença ou outro motivo relevante. Mas não apenas, pois segundo
o artigo 411, do Código de Processo Civil, são inquiridos em sua residência,
ou onde exercem a sua função:
a) o Presidente e o Vice-Presidente da República;
b) o presidente do Senado e o da Câmara dos Deputados;
c) os ministros de Estado;
d) os ministros do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal de
Justiça, do Superior Tribunal Militar, do Tribunal Superior Eleitoral, do
Tribunal Superior do Trabalho e do Tribunal de Contas da União; . e) o
procurador-geral da República;
f) os senadores e deputados federais;
g) os governadores dos Estados, dos Territórios e do Distrito Federal;
h) os deputados estaduais;
i) os desembargadores dos Tribunais de Justiça, os juízes dos Tribunais de
Alçada, os juízes dos Tribunais Regionais do Trabalho e dos Tribunais
Regionais Eleitorais e os conselheiros dos Tribunais de Contas dos
Estados e do Distrito Federal;
j) o embaixador de país que, por lei ou tratado, concede idêntica
prerrogativa ao agente diplomático do Brasil.
Presentes as testemunhas, o juiz fará as inquirições de forma
separada e sucessiva. Primeiro ouvirá as testemunhas do autor e depois as
do réu, providenciando que uma não ouça o depoimento das outras (art.
413, do CPC).
Antes de depor, a testemunha será qualificada, declarando o nome por
inteiro, a profissão, a residência e o estado civil, assim como se tem
relações de parentesco com a parte, ou interesse no objeto do processo (art.
414, do CPC).
É lícito à parte contraditar a testemunha, arguindo-lhe a incapacidade, o
impedimento ou a suspeição. Contudo, se a testemunha negar os fatos que
lhe são imputados, a parte que a contraditou pode provar o alegado com
documentos ou com testemunhas, até 3 (três), apresentadas no ato e
inquiridas em separado.
88
Nomeado o perito pelo juiz, devem as partes, no prazo de 5 (cinco) dias,
contados da intimação do despacho de nomeação: a) indicar o assistente
técnico; e
b) apresentar quesitos.
Os assistentes técnicos são de confiança da parte, e não estão sujeitos a
impedimento ou suspeição.
Já o perito, diferentemente, pode ser recusado por impedimento ou por
suspeição (art. 423, do CPC).
Em se tratando de perícia complexa, que abranja mais de uma área de
conhecimento especializado, o juiz poderá nomear mais de um perito e a
parte indicar mais de um assistente técnico (art. 431-B, do CPC). O perito
deve apresentar o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz, ao menos 20
(vinte) dias antes da audiência de instrução e julgamento (art. 433, do CPC).
Os assistentes técnicos devem oferecer seus pareceres no prazo comum de
10 (dez) dias, após intimadas as partes da apresentação do laudo pericial
(art. 433, parágrafo único, do CPC).
O juiz não fica adstrito ao laudo pericial, lhe sendo lícito formar sua
convicção com outros elementos ou fatos provados nos autos, conforme a
redação legal do artigo 436, do Código de Processo Civil.
89
produção das provas, na audiência de instrução e julgamento, observam a
seguinte ordem:
a) o perito e os assistentes técnicos responderão aos quesitos de
esclarecimentos, requeridos no prazo de 5 (cinco) dias anteriores à
audiência, na forma do art. 435 do Código de Processo Civil;
b) o juiz tomará os depoimentos pessoais, primeiro do autor e depois do
réu;
c) finalmente, serão inquiridas as testemunhas arroladas pelo autor e
pelo réu.
Admite-se que a audiência seja adiada:
a) por convenção das partes, caso em que só será admissível uma vez;
b) se não puderem comparecer, por motivo justificado, o perito, as
partes, as testemunhas ou os advogados.
Se o advogado não fizer prova da ocorrência de impedimento até a abertura
da audiência, o juiz procederá à instrução (art. 453, §1º, do CPC).
Finda a audiência, o juiz dará palavra ao advogado do autor e ao do réu,
bem como ao órgão do Ministério Público, sucessivamente, pelo prazo de 20
(vinte) minutos para cada um, prorrogável por 10 (dez), a critério do juiz (art.
454, do CPC).
Sempre que a causa apresentar questões complexas de fato ou de direito, o
debate oral poderá ser substituído por memoriais, caso em que o juiz deve
designar dia e hora para seu oferecimento (art. 455, do CPC). Encerrado o
debate ou oferecidos os memoriais, o juiz deve proferir sentença
imediatamente ou no prazo (impróprio) de 10 (dez) dias.
8.2.6 Sentença
91
a) proferida contra a União, o Estado, o Distrito Federal, o Município, e
as respectivas autarquias e fundações de direito público; ou
b) que julgar procedentes, no todo ou em parte, os embargos à
execução de dívida ativa da Fazenda Pública.
A exigência legal do reexame necessário faz com que os autos sejam
remetidos à 2ª (segunda) instância, haja ou não apelação. E se o juiz não
remeter os autos de ofício, o presidente do tribunal pode avocá-los (art. 475,
§1º, do CPC).
No entanto, não há que se falar em reexame necessário se a condenação
ou o direito controvertido for de valor certo e não excedente a 60 (sessenta)
salários mínimos, assim como no caso de procedência dos embargos do
devedor da execução de dívida ativa do mesmo valor (art. 475, §2º, do
CPC).
Por derradeiro, também não se sujeita ao reexame necessário a sentença
proferida com fundamento em jurisprudência do plenário do Supremo
Tribunal Federal ou em súmula deste Tribunal ou do tribunal superior
competente (art. 475, §3º, do CPC).
Sempre que a sentença não determine o exato valor devido por uma parte à
outra, será necessário proceder à sua liquidação. A sentença, ainda ilíquida,
constitui título executivo judicial, sendo que a liquidação é pressuposto de
seu cumprimento.
O procedimento de liquidação, atualmente, sofreu grandes modificações.
Tais modificações adequaram a liquidação à necessidade de um processo
sincrético.
O processo sincrético é aquele em que, proferida sentença, não é mais
necessário ao autor dar início a novo processo (de execução) para ver
concretizado seu direito. Com as alterações recentes do Código de
Processo Civil, após a prolação de sentença, sua liquidação segue como
mera fase processual, donde o cumprimento de sentença substituiu a
necessidade de ajuizamento de nova ação, conferindo celeridade e
economia ao processo civil.
Requerida a liquidação, a parte será intimada na pessoa de seu advogado
(art. 475-A, §1º, do CPC), e não mais citada, como anteriormente. Como se
percebe, antes havia o início de nova marcha processual, diferente do que
se verifica atualmente, onde há mero prosseguimento do trâmite processual
até que se obtenha a completa satisfação do direito.
Quando o juiz profere sentença, ele determina o an debeatur, isto é,
determina o que é pedido. Por exemplo, em uma ação ressarcitória por
acidente de veículo, quando o juiz determina que é devida reparação civil
por danos materiais e por danos morais, ele nada mais está a fazer do que
julgar o que é devido.
Mas o an debeatur não é suficiente à satisfação do direito do autor, que
precisa determinar, ainda, o quantum debeatur, isto é, o quanto lhe é devido
92
a título de indenização pelos danos material e moral que sofreu. A liquidação
de sentença, assim, pode ser traduzida como uma fase processual
destinada à apuração desse quantum.
Nada obsta que a liquidação seja requerida na pendência de recurso,
hipótese em que será processada em autos apartados, no juízo de origem,
cumprindo ao liquidante instruir o pedido com cópias das peças processuais
pertinentes.
A liquidação de sentença pode ser feita por 3 (três) modalidades:
a) liquidação por artigos;
b) liquidação por cálculo da parte; e
c) liquidação por arbitramento.
A liquidação por artigos é necessária quando para determinar o valor da
condenação haja necessidade de alegar e provar fato novo, relacionado ao
quantum debeatur, naturalmente. Em relação ao an debeatur, não há mais o
que ser provado, pois a fase de conhecimento era a pertinente para tanto.
Conforme dispõe o artigo 475-G, do Código de Processo Civil, é proibido, na
liquidação, discutir de novo a lide ou modificar a sentença que a julgou.
A liquidação por cálculo da parte, como é sugestiva a expressão, é aquela
passível de ser realizada pela própria parte. Contudo, não é necessária a
liquidação de sentença quando o valor da condenação depender apenas de
cálculo aritmético, conforme orientação dada pelo artigo 475-B, caput, do
Código de Processo Civil.
Já a liquidação por arbitramento é aquela feita quando há necessidade de
apuração do valor de um bem ou serviço. Dispõe o artigo 475-C, do Código
de Processo Civil, que far-se-á a liquidação por arbitramento quando:
a) determinado pela sentença ou convencionado pelas partes; ou
b) o exigir a natureza do objeto da liquidação.
Requerida a liquidação por arbitramento, o juiz deve nomear perito e
fixar prazo para a entrega do laudo.
Por derradeiro, demonstrando que realmente a liquidação de sentença
reflete mera fase processual, dispõe o artigo 475-H, do Código de Processo
Civil, que da decisão de liquidação cabe agravo de instrumento. Portanto, a
decisão de liquidação é mera decisão interlocutória, e não mais sentença,
como no passado.
9. CUMPRIMENTO DE SENTENÇA
Como salientado, o processo civil passou por recentes alterações, o que lhe
conferiu celeridade e economia.
Com o cumprimento de sentença, o autor pode obter a entrega de seu
direito como mera fase processual, desenrolada após a sentença e, se
necessário, após a liquidação, sem que se fale na necessidade de
ajuizamento de um novo processo (executório).
93
Sempre que se fale em título executivo judicial, impositivo da obrigação de
dar dinheiro, é possível falar em cumprimento de sentença, salvo no caso de
execução:
a) de alimentos (quanto ao direito de família);
b) de título extrajudiciais;
c) de sentença arbitral;
d) de sentença penal condenatória; e
e) de sentença contra a Fazenda Pública.
Se a sentença não for impugnada e transitar em julgado, a sua execução
será definitiva. No entanto, se interposto recurso, a sua execução será
provisória, desde que ao recurso não se concede efeito suspensivo.
É possível que se faça o cumprimento de sentença que tenha uma parte
líquida e outra ilíquida. Nesse caso, o credor pode promover a execução da
parte líquida e, em autos apartados, a liquidação da parte ilíquida (art. 475-I,
§2º, do CPC).
Feita em sentença a condenação ao pagamento de quantia certa, ou obtida
esta em liquidação, o devedor tem 15 (quinze) dias para efetuar seu
pagamento, ou ao montante da condenação será acrescida multa de 10%
(dez por cento), além da expedição de mandado de penhora e avaliação,
para constrição dos bens do devedor, destinados à satisfação do débito.
Nesse caso, ao credor é dada a faculdade de indicar quais bens pretende
penhorar, conforme dispõe o artigo 475-J, parágrafo terceiro, do Código de
Processo Civil.
Caso o pagamento da quantia indicada em sentença ou após liquidação
seja feita de forma parcial, a multa de 10% (dez por cento), acima
mencionada, incidirá apenas sobre o montante não pago.
Quando o oficial de justiça não tiver condições de proceder à avaliação do
bem, o juiz pode, imediatamente, nomear avaliador, assinandolhe breve
prazo para entrega do laudo.
Feita a penhora e a avaliação, o executado deve ser imediatamente
intimado, na pessoa de seu advogado, ou, na falta deste, o seu
representante legal, ou pessoalmente, por mandado ou pelo correio,
sendolhe facultado o oferecimento de impugnação, no prazo de 15 (quinze)
dias. Portanto, como se vê, o executado só é intimado para oferecer
impugnação após a feitura da penhora e avaliação.
A impugnação, no cumprimento de sentença, é análoga aos embargos do
devedor, no processo de execução. Entretanto, diferentemente dos
embargos, que tem natureza de ação autônoma, a impugnação tem
natureza de mero incidente processual. Tanto que a decisão que resolve a
impugnação, via de regra, tem natureza interlocutória, recorrível mediante
agravo de instrumento, salvo quando importar extinção da execução, caso
em que caberá apelação.
Outra importante diferença entre a impugnação e os embargos, é que no
primeiro apenas algumas matérias podem ser discutidas, diferentemente do
último, que tem cognição ampla.
94
Dispõe o artigo 475-L, do Código de Processo Civil, que a impugnação
somente pode versar sobre:
a) falta ou nulidade da citação, se o processo correu à revelia;
b) inexigibilidade do título;
c) penhora incorreta ou avaliação errônea;
d) ilegitimidade das partes;
e) excesso de execução;
f) qualquer causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação, como
pagamento, novação, compensação, transação ou prescrição, desde que
superveniente à sentença.
Conforme orientação do parágrafo segundo, do mencionado artigo,
considera-se inexigível o título judicial fundado em lei ou ato normativo
declarados inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal, ou fundado em
aplicação ou interpretação de lei ou ato normativo tidas pelo Supremo
Tribunal Federal como incompatíveis com a Constituição Federal. Nos
casos em que o executado alegar excesso de execução, ele deve declarar
imediatamente o valor que entende correto, sob pena de rejeição liminar da
impugnação (art. 475-L, §2º, do CPC).
Apresentada impugnação, esta não tem efeito suspensivo, mas o juiz pode
lhe atribuir esse efeito quando forem relevantes seus fundamentos e o
prosseguimento da execução seja manifestamente suscetível de causar ao
executado grave dano de difícil ou incerta reparação (art. 475-M, do CPC).
Mesmo que atribuído efeito suspensivo à impugnação ao cumprimento de
sentença, é lícito ao exequente requerer o prosseguimento da execução,
desde que ofereça e preste caução suficiente e idônea, arbitrada pelo juiz e
prestada nos próprios autos (art. 475-M, §1º, do CPC). Deferido o efeito
suspensivo, a impugnação será instruída e decidida nos próprios autos e,
caso contrário, em autos apartados.
No caso de execução provisória da sentença, observar-se-á o mesmo modo
da execução definitiva, mas observadas as seguintes normas:
a) corre por iniciativa, conta e responsabilidade do exequente, que se
obriga, se a sentença for reformada, a reparar os danos que o executado
haja sofrido;
b) fica sem efeito, sobrevindo acórdão que modifique ou anule a sentença
objeto da execução, restituindo-se as partes ao estado anterior e
liquidados eventuais prejuízos nos mesmos autos, por arbitramento;
c) o levantamento de depósito em dinheiro e a prática de atos que importem
alienação de propriedade ou dos quais possa resultar grave dano ao
executado dependem de caução suficiente e idônea, arbitrada de plano
pelo juiz e prestada nos próprios autos.
Dispensa-se a caução, contudo,
a) quando, nos casos de crédito de natureza alimentar ou decorrente de
ato ilícito, até o limite de 60 (sessenta) vezes o valor do salário mínimo, o
exequente demonstrar situação de necessidade; e
95
b) nos casos de execução provisória em que penda agravo de
instrumento junto ao Supremo Tribunal Federal ou ao Superior Tribunal de
Justiça (art. 544), salvo quando da dispensa possa manifestamente resultar
risco de grave dano, de difícil ou incerta reparação. O cumprimento de
sentença efetua-se perante:
a) os tribunais, nas causas de sua competência originária;
b) o juízo que processou a causa no primeiro grau de jurisdição;
c) o juízo cível competente, quando se tratar de sentença penal
condenatória, de sentença arbitral ou de sentença estrangeira.
No caso de cumprimento de sentença no primeiro grau de jurisdição, pode o
exequente optar pelo juízo do local onde se encontram os bens sujeitos à
expropriação ou pelo do atual domicílio do executado, casos em que a
remessa dos autos do processo deve ser solicitada ao juízo de origem (art.
475-P, parágrafo único, do CPC).
Segundo a redação legal do artigo 475-Q, do Código de Processo Civil,
quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz,
quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja
renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão. Constituído o
capital, representado este por imóveis, títulos da dívida pública ou
aplicações financeiras em banco oficial, torna-se inalienável e impenhorável
enquanto durar a obrigação do devedor.
A constituição de renda pode ser substituída pela inclusão do beneficiário
da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de
empresa de direito privado de notória capacidade econômica, ou, a
requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia real, em valor a
ser arbitrado imediatamente pelo juiz (art. 475-Q, §2º, do CPC). Mediante
alteração nas condições econômicas, pode a parte requerer, a redução ou o
aumento da prestação (art. 475-Q, §3º, do CPC).
10. RECURSOS
97
Feitas as considerações iniciais, passa-se a análise das principais espécies
recursais.
10.1 Apelação
98
Quando a parte provar a ocorrência de justo impedimento, pode o juiz
relevar a pena de deserção e fixar-lhe prazo para que efetue o preparo,
decisão esta da qual não cabe recurso (art. 519, do CPC).
E, cumpre ainda salientar, havendo sucumbência recíproca e sendo
proposta apelação por uma parte, será cabível a interposição de recurso
adesivo pela outra parte, no prazo para contrarrazões.
10.2 Agravo
99
dos documentos que instruíram o recurso, sob pena de inadmissibilidade do
recurso.
Recebido o agravo de instrumento, o relator pode:
a) negar-lhe seguimento, liminarmente, no caso de ser manifestamente
inadmissível, improcedente, prejudicado ou de estar em confronto com
súmula ou com jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo
Tribunal Federal, ou de Tribunal Superior.
b) converter o agravo de instrumento em agravo retido, salvo quando se
tratar de decisão suscetível de causar à parte lesão grave e de difícil
reparação, bem como nos casos de inadmissão da apelação e nos relativos
aos efeitos em que a apelação é recebida, caso em que mandará remeter os
autos ao juiz da causa;
c) atribuir efeito suspensivo ao recurso, ou deferir, em antecipação de
tutela, total ou parcialmente, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua
decisão;
d) requisitar informações ao juiz da causa, que as prestará no prazo de
10 (dez) dias;
e) mandar intimar o agravado e, na mesma oportunidade, por ofício
dirigido ao seu advogado, sob registro e com aviso de recebimento, para
que responda no prazo de 10 (dez) dias; e
f) ultimas as providências, se for o caso, mandará ouvir o Ministério
Público, para que se pronuncie no prazo de 10 (dez) dias.
Caso o juiz a quo reforme inteiramente a decisão interlocutória recorrida, o
relator deve considera prejudicado o agravo (art. 529, do CPC).
100
Uma vez interpostos, abrir-se-á vista ao recorrido para que apresente
contrarrazões. Na sequência, o relator do acórdão embargado apreciará a
admissibilidade do recurso (art. 531, do CPC).
Da decisão que não admite os embargos infringentes cabe agravo, no prazo
de 5 (cinco) dias, para o órgão competente para o julgamento do recurso.
Esse agravo é chamado de agravo interno.
101
É cabível o recurso especial nas causas decididas, em única ou última
instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos
Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a)
contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência;
b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; ou
c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído
outro tribunal.
Já o recurso extraordinário é cabível nas causas decididas em única ou
última instância, quando a decisão recorrida:
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal;
c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta
Constituição; ou
d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal.
Recebida a petição do recurso, o recorrido será intimado para que ofereça
contrarrazões.
Admite-se, também, a interposição de recurso especial ou extraordinário de
decisões interlocutórias, proferidas em processo de conhecimento, cautelar,
ou embargos à execução, caso em que ele ficará retido nos autos e somente
será processado se o reiterar a parte, no prazo para a interposição do
recurso contra a decisão final, ou para as contrarrazões.
Para que se fale em recurso especial ou extraordinário, é fundamental que
se faça presente o requisito do prequestionamento, que indica que o tema
recorrido já foi abordado e decidido pela instância recorrida. Sem o
prequestionamento, não serão admitidos os recursos especial e
extraordinário.
Mas não apenas, pois no caso do recurso extraordinário, o Supremo
Tribunal Federal exige que a questão constitucional nele versada possua
repercussão geral. A repercussão geral é a existência de questões
relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico, que
ultrapassem os meros interesses subjetivos da causa (art. 543-A, §1º, do
CPC). Também considera-se que há repercussão geral sempre que o
recurso impugnar decisão contrária a súmula ou jurisprudência dominante
do Tribunal (art. 543-A, §3º, do CPC).
A demonstração de repercussão geral deve ser feita em preliminar de
recurso extraordinário, sob pena de não conhecimento do mesmo. Se a
Turma decidir pela existência da repercussão geral por, no mínimo, 4
(quatro) votos, fica dispensada a remessa do recurso ao Plenário (art. 543-
A, §4º, do CPC).
Negada a existência da repercussão geral, a decisão valerá para todos os
recursos sobre matéria idêntica, que serão indeferidos liminarmente, salvo
revisão da tese (art. 543-A, §5º, do CPC).
Se houver multiplicidade de recursos com fundamento em idêntica
controvérsia, a análise de repercussão geral será feita mediante a seleção
de um ou mais recursos que representem a controvérsia, caso em que serão
102
encaminhados ao Supremo Tribunal Federal, que sobrestará os demais até
o pronunciamento definitivo da Corte (art. 543-B, §1º, do CPC).
Nesse caso, se for negada a existência de repercussão geral, os recursos
sobrestados considerar-se-ão automaticamente não admitidos (art. 543-B,
§2º, do CPC). Em contrapartida, julgado o mérito do recurso extraordinário,
os recursos sobrestados serão apreciados pelos Tribunais, Turmas de
Uniformização ou Turmas Recursais, que poderão declará-los prejudicados
ou retratar-se (art. 543-B, §3º, do CPC).
Não admitido o recurso especial ou o extraordinário, cabe agravo de
instrumento, no prazo de 10 (dez) dias, para o Superior Tribunal de Justiça
ou para o Supremo Tribunal Federal, conforme o caso (art. 544, caput, do
CPC). Esse agravo deve ser instruído com as peças apresentadas pelas
partes, devendo constar obrigatoriamente, sob pena de não conhecimento:
a) cópias do acórdão recorrido;
b) da certidão da respectiva intimação;
c) da petição de interposição do recurso denegado;
d) das contrarrazões;
e) da decisão agravada;
f) da certidão da respectiva intimação; e
g) das procurações outorgadas aos advogados do agravante e do agravado.
As cópias das peças do processo poderão ser declaradas autênticas
pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal (art. 544, §1º, do
CPC).
Esse agravo de instrumento, interposto de decisão denegatória de recurso
especial ou extraordinário, independe de preparo e do pagamento de
despesas postais.
104
12. PROCESSO DE EXECUÇÃO
105
diferentes, desde que para todas elas seja competente o juiz e idêntica a
forma do processo (art. 573, do CPC).
107
b) os móveis, pertences e utilidades domésticas que guarnecem a
residência do executado, salvo os de elevado valor ou que ultrapassem as
necessidades comuns correspondentes a um médio padrão de vida;
c) os vestuários, bem como os pertences de uso pessoal do executado, salvo
se de elevado valor;
d) os vencimentos, subsídios, soldos, salários, remunerações, proventos
de aposentadoria, pensões, pecúlios e montepios; as quantias recebidas
por liberalidade de terceiro e destinadas ao sustento do devedor e sua
família, os ganhos de trabalhador autônomo e os honorários de
profissional liberal, observado o disposto no §3º deste artigo;
e) os livros, as máquinas, as ferramentas, os utensílios, os instrumentos
ou outros bens móveis necessários ou úteis ao exercício de qualquer
profissão;
f) o seguro de vida;
g) os materiais necessários para obras em andamento, salvo se essas
forem penhoradas;
h) a pequena propriedade rural, assim definida em lei, desde que
trabalhada pela família;
i) os recursos públicos recebidos por instituições privadas para aplicação
compulsória em educação, saúde ou assistência social;
j) até o limite de 40 (quarenta) salários mínimos, a quantia depositada em
caderneta de poupança.
k) os recursos públicos do fundo partidário recebidos, nos termos da lei, por
partido político.
A impenhorabilidade, no entanto, não por ser oposta em relação à cobrança
do crédito concedido para aquisição do próprio bem (art. 649, §1º, do CPC).
Já a impenhorabilidade dos proventos de qualquer natureza não se aplica
no caso de penhor apara pagamento de prestação alimentícia (art. 649, §2º,
do CPC).
108
a) fraude contra os credores, se não houver processo em curso; ou
b) fraude à execução, quando já houver processo de execução em trâmite.
Segundo o artigo 593, do Código de Processo Civil, considera-se fraude à
execução a alienação ou oneração de bens:
a) quando sobre eles pender ação fundada em direito real;
b) quando, ao tempo da alienação ou oneração, corria contra o devedor
demanda capaz de reduzi-lo à insolvência; e c) nos demais casos
expressos em lei.
Constatada a fraude à execução, reputam-se ineficazes os atos de
alienação praticados pelo devedor com a intenção de dilapidação do
patrimônio para não satisfação dos seus débitos.
Situação diversa e que não deve ser confundida com a fraude à execução,
diz respeito ao ato atentatório à dignidade da justiça.
Dispõe o artigo 600, do Código de Processo Civil, que considera-se
atentatório à dignidade da Justiça o ato do executado que: a) frauda a
execução;
b) se opõe maliciosamente à execução, empregando ardis e meios
artificiosos;
c) resiste injustificadamente às ordens judiciais; ou
d) intimado, não indica ao juiz, em 5 (cinco) dias, quais são e onde se
encontram os bens sujeitos à penhora e seus respectivos valores.
Constatada a prática de ato atentatório à dignidade da justiça, o juiz deve
fixar multa ao devedor, em montante não superior a 20% (vinte por cento) do
valor atualizado do débito em execução, sem prejuízo de outras sanções de
natureza processual ou material, multa essa que será revertida em benefício
do credor, exigível no bojo da própria execução (art. 601, caput, do CPC).
Contudo, é dado ao juiz relevar a pena, caso o devedor se comprometa a
não mais praticar qualquer dos atos considerados atentatórios à dignidade
da Justiça e der fiador idôneo, que responda ao credor pela dívida principal,
mais juros, despesas e honorários de advogado (art. 601, parágrafo único,
do CPC).
Portanto, como se vê, enquanto a fraude à execução gera apenas a
ineficácia do negócio jurídico praticado com a intenção de dissimular o
patrimônio do devedor, a prática de ato atentatório à dignidade da justiça é
fato gerador de multa, em patamar de até 20% (vinte por cento) do valor em
execução, a ser revertido ao credor.
Ademais, note-se que a fraude à execução constitui ato atentatório à
dignidade da Justiça, e, assim sendo, caso o executado não faça o
compromisso de não mais praticar qualquer ato atentatório e não dê fiador
que responda pelo seu débito, além de ver ineficaz a alienação (efeito da
109
fraude à execução), terá de arcar com o pagamento de multa (efeito do ato
atentatório à dignidade da justiça).
110
valor da causa, para fins de averbação no registro de imóveis, registro de
veículos ou registro de outros bens sujeitos à penhora ou arresto.
Realizada a averbação, é dever do exequente comunicar ao juízo sobre ela,
no prazo de 10 (dez) dias de sua concretização.
É presumida a fraude à execução quando a alienação ou oneração de bens
ocorrer após a averbação mencionada, caso em que, além da ineficácia do
negócio, incorre o executado nas sanções decorrentes da prática de ato
atentatório à dignidade da Justiça.
No entanto, se o credor promover averbação manifestamente indevida,
poderá ser condenado a indenizar o executado pelos prejuízos que lhe
sobrevierem.
Efetivada a penhora sobre quantidade suficiente de bens, deve-se
determinar o cancelamento das averbações feitas sobre bens que não
tenham sido penhorados.
A propositura da execução, deferida pelo juiz, interrompe a prescrição,
desde que a citação do devedor tenha sido regularmente efetivada.
Dispõe o artigo 618, do Código de Processo Civil, que é nula a execução:
a) se o título executivo extrajudicial não corresponder a obrigação
certa, líquida e exigível;
b) se o devedor não for regularmente citado; ou
c) no caso de negócio jurídico condicional, se instaurada antes de se
verificar a condição ou de ocorrido o termo.
A alienação de bem aforado ou gravado por penhor, hipoteca, anticrese ou
usufruto será ineficaz em relação ao senhorio direto, ou ao credor
pignoratício, hipotecário, anticrético, ou usufrutuário, que não houver sido
intimado (art. 619, do CPC).
Quando, por vários meios puder ser promovida a execução, o juiz mandará
que se faça por aquele menos gravoso ao devedor, em consagração ao
princípio da menor onerosidade.
111
Entregue a coisa, lavrar-se-á o respectivo termo e dar-se-á por finda a
execução, exceto se esta tiver de prosseguir para o pagamento de frutos ou
ressarcimento de prejuízos (art. 624, do CPC).
Se a coisa não for entregue, nem depositada, e os embargos não forem
recebidos sob o efeito suspensivo, expedir-se-á, em favor do credor,
mandado de imissão na posse (no caso de bem imóvel) ou de busca e
apreensão (no caso de bem móvel).
É direito do credor receber, além de perdas e danos, o valor da coisa,
quando esta não Ihe tenha sido entregue, tenha se deteriorado, não tenha
sido encontrada ou não tenha sido reclamada do poder de terceiro
adquirente (art. 627, caput, do CPC).
Já no caso de entrega de coisa incerta, hipótese em que a execução recai
sobre coisas determinadas pelo gênero e quantidade, o devedor deve ser
citado para entregá-las de forma individualizada, se lhe couber a escolha.
No entanto, se a escolha couber ao credor, este deve indicá-la na petição
inicial.
Feita a indicação, qualquer das partes pode, em 48 (quarenta e oito) horas,
impugnar a escolha feita pela outra, caso em que o juiz decidirá de plano,
ou, se necessário, ouvindo perito de sua nomeação.
115
pelo executado, expedindo-se carta de alienação do imóvel para o devido
registro imobiliário, ou, se bem móvel, mandado de entrega ao adquirente.
Mas, não requerida a adjudicação, nem realizada a alienação particular do
bem penhorado, será expedido o edital de hasta pública, que deve conter:
a) a descrição do bem penhorado, com suas características e, tratando-se
de imóvel, a situação e divisas, com remissão à matrícula e aos registros;
b) o valor do bem;
c) o lugar onde estiverem os móveis, veículos e semoventes; e, sendo direito
e ação, os autos do processo, em que foram penhorados;
d) o dia e a hora de realização da praça, se bem imóvel, ou o local, dia e
hora de realização do leilão, se bem móvel;
e) menção da existência de ônus, recurso ou causa pendente sobre os bens
a serem arrematados;
f) a comunicação de que, se o bem não alcançar lanço superior à
importância da avaliação, seguir-se-á, em dia e hora que forem desde
logo designados entre os 10 (dez) e os 20 (vinte) dias seguintes, a sua
alienação pelo maior lanço (art. 692).
A alienação por hasta pública compreende:
a) a praça, destinada à alienação de bens imóveis; e
b) o leilão, destinado à alienação de bens móveis.
Quando o valor dos bens penhorados não exceder 60 (sessenta) vezes o
valor do salário mínimo vigente na data da avaliação, será dispensada a
publicação de editais. Nesse caso, o preço da arrematação não poderá ser
inferior ao da avaliação (art. 686, §3º, do CPC).
O edital que divulga a alienação em hasta pública deve ser afixado no local
do costume e publicado, em resumo, com antecedência mínima de 5 (cinco)
dias, pelo menos uma vez em jornal de ampla circulação local (art. 687,
caput, do CPC). Quando o credor for beneficiário da justiça gratuita, a
publicação do edital será feita no órgão oficial (art. 687, §1º, do CPC).
Importante inovação da Lei n.º 11.382/06 ao Código de Processo Civil
consta do artigo 689-A, segundo o qual pode-se realizar o procedimento de
hasta pública, a requerimento do exequente, através da internet, com o uso
de páginas virtuais criadas pelos Tribunais ou por entidades públicas ou
privadas em convênio com eles firmado.
A arrematação far-se-á mediante o pagamento imediato do preço pelo
arrematante ou, no prazo de até 15 (quinze) dias, mediante caução (art. 690,
caput, do CPC).
Qualquer pessoa que esteja na livre administração de seus bens pode
apresentar lances em hasta pública, exceto:
a) os tutores, curadores, testamenteiros, administradores, síndicos ou
liquidantes, quanto aos bens confiados a sua guarda e responsabilidade;
b) os mandatários, quanto aos bens de cuja administração ou alienação
estejam encarregados;
c) o juiz, membro do Ministério Público e da Defensoria Pública, escrivão
e demais servidores e auxiliares da Justiça.
116
Se o exequente arrematar os bens, não está obrigado a exibir o preço. Mas,
se o valor dos bens exceder o seu crédito, ele deve depositar, dentro de 3
(três) dias, a diferença, sob pena de ser tornada sem efeito a arrematação,
e, neste caso, os bens serão levados a nova praça ou leilão à custa do
exequente.
Se na primeira praça ou leilão não for ofertado lance que alcance o valor da
avaliação do bem penhorado, far-se-á nova praça ou leilão. Neste, pode ser
ofertado lance inferior ao da avaliação do bem, desde que não seja vil. A
arrematação, nesse caso, pode ser suspensa logo que o produto da
alienação dos bens baste ao pagamento do credor (art. 692, do CPC).
Considera-se perfeita e acabada a arrematação quando seu auto é
assinado pelo juiz, pelo arrematante e pelo serventuário da justiça ou
leiloeiro, ainda que venham a ser julgados procedentes os embargos do
executado (art. 694, caput, do CPC).
Nesse caso, isto é, caso julgados procedentes os embargos, o executado
tem o direito de haver do exequente o valor por este recebido como produto
da arrematação, e, caso inferior ao valor do bem, haverá do exequente
também a diferença (art. 694, §2º, do CPC).
No entanto, a arrematação pode ser tornada sem efeito:
a) por vício de nulidade;
b) se não for pago o preço ou se não for prestada a caução;
c) quando o arrematante provar, nos 5 (cinco) dias seguintes, a existência
de ônus real ou de gravame (art. 686, inciso V) não mencionado no edital;
d) a requerimento do arrematante, na hipótese de embargos à arrematação
e) quando realizada por preço vil (art. 692);
f) nos casos previstos neste Código (art. 698: “não se efetuará a
adjudicação ou alienação de bem do executado sem que da execução
seja cientificado, por qualquer modo idôneo e com pelo menos 10 (dez)
dias de antecedência, o senhorio direto, o credor com garantia real ou
com penhora anteriormente averbada, que não seja de qualquer modo
parte na execução”).
117
O prazo para oferecimento dos embargos é de 15 (quinze) dias, contados
da data da juntada aos autos do mandado de citação (art. 738, caput, do
CPC).
Para os embargos de execução, quando houver mais de um executado,
ainda que eles possuam procuradores diferentes, não se concede prazo em
dobro, como ocorre no processo de conhecimento segundo o artigo 191, do
Código de Processo Civil.
Quando houver mais de um executado, o prazo para cada um deles
embargar conta-se a partir da juntada do respectivo mandado citatório, salvo
tratando-se de cônjuges (art. 738, §1º, do CPC).
Dispõe o artigo 739, do Código de Processo Civil, que o juiz rejeitará
liminarmente os embargos:
a) quando intempestivos;
b) quando inepta a petição; ou
c) quando manifestamente protelatórios.
Via de regra, os embargos não tem efeito suspensivo, no entanto, o juiz
pode, a requerimento do embargante, conceder esse efeito quando, sendo
relevantes os fundamentos, demonstre-se que o prosseguimento da
execução manifestamente possa causar ao executado grave dano de difícil
ou incerta reparação, e desde que a execução já esteja garantida por
penhora, depósito ou caução suficientes (art. 739-A, do CPC).
A decisão que concede efeito suspensivo aos embargos pode ser
modificada ou revogada a qualquer tempo, em decisão fundamentada, tão
logo cessem ou se modifiquem as circunstâncias que a motivaram (art.
739A, §2º, do CPC).
Se o efeito suspensivo for concedido a apenas parte do objeto da execução,
essa pode prosseguir quanto à parte restante (art. 739-A, §3º, do CPC).
Concedido efeito suspensivo aos embargos oferecidos por um dos
executados, não se suspende a execução contra os que não embargaram,
quando o respectivo fundamento disser respeito exclusivamente ao
embargante (art. 739-A, §4º, do CPC).
Se o excesso de execução for o fundamento dos embargos, o embargante
deve declarar na petição inicial o valor que reputa correto, assim como
apresentar memória de cálculo, sob pena de rejeição liminar dos embargos
ou não conhecimento desse pedido (art. 739-A, §5º, do CPC). A concessão
de efeito suspensivo não impedirá a efetivação dos atos de penhora e de
avaliação dos bens (art. 739-A, §6º, do CPC).
Recebidos os embargos, o exequente será ouvido em 15 (quinze) dias, e o
juiz julgará imediatamente o pedido, ou designará audiência de conciliação,
instrução e julgamento, proferindo sentença no prazo (impróprio) de 10 (dez)
dias (art. 740, caput, do CPC).
Se o juiz constatar que os embargos foram meramente protelatórios, deve
impor, em favor do exequente, multa ao embargante em valor não superior a
20% (vinte por cento) do valor em execução, conforme determina o
parágrafo único, do artigo 740, do Código de Processo Civil.
118
12.6 Execução contra a Fazenda Pública
119
13. PROCESSO CAUTELAR
120
A medida cautelar pode, mediante situação de urgência, ser requerida até
mesmo em grau recursal, quando deve ser requerida diretamente ao tribunal
(art. 800, parágrafo único, do CPC).
Via de regra, a medida cautelar conserva seus efeitos até mesmo durante a
suspensão do processo.
A petição inicial em que o requerente pleitear a medida cautelar deve
indicar:
a) autoridade judiciária, a que for dirigida;
b) o nome, o estado civil, a profissão e a residência do requerente e do
requerido;
c) a lide e seu fundamento (não exigido quando o procedimento cautelar for
incidental);
d) a exposição sumária do direito ameaçado e o receio da lesão;
e) as provas que serão produzidas.
Recebida a inicial, o requerido será citado para, em 5 (cinco) dias, contestar
o pedido e indicar as provas que pretende produzir. Esse prazo, conta-se:
a) de citação devidamente cumprido; ou
b) da execução da medida cautelar, quando concedida liminarmente
ou após justificação prévia.
Se o pedido não for contestado, presumir-se-ão aceitos pelo requerido, e
incidentes os efeitos da revelia. Note-se que a não-contestação, no
procedimento cautelar, não induz a presunção de veracidade sobre a
discussão do processo principal, mas apenas acerca da medida
assecuratória pleiteada, isto é, da medida acautelatória em relação ao bem
que será discutido na ação principal.
Em contrapartida, quando o requerido apresentar contestação no prazo
legal, o juiz designará audiência de instrução e julgamento, se houver prova
a ser produzida (art. 803, parágrafo único, do CPC).
Entretanto, verificando que se o réu for citado, pode tornar ineficaz a medida
requerida pelo autor, o juiz pode conceder liminarmente a medida cautelar, e
apenas depois mandar citar o réu. Também pode intimar o autor para
audiência de justificação prévia, quando não estiver plenamente convencido
da necessidade da medida, e, ficando convencido, determiná-la
imediatamente, realizando-se a citação do réu apenas em momento
posterior. Nesses casos, o juiz pode determinar que o requerente preste
caução real ou fidejussória de ressarcir os danos que o requerido possa vir a
sofrer (art. 804, do CPC).
A qualquer momento, de ofício ou a requerimento de qualquer das partes,
pode haver a substituição da medida cautelar pela prestação de caução ou
outra garantia menos gravosa para o requerido, sempre que adequada e
suficiente para evitar a lesão ou repará-la integralmente (art. 805, do CPC).
Proposta a ação cautelar e efetivada a medida de mesma natureza, cabe à
parte propor a ação principal em 30 (trinta) dias, contados da efetivação da
medida, o que não se aplica se a medida cautelar for proposta
121
incidentalmente, haja visto que o processo principal, nesse caso, já está em
trâmite.
Durante esse prazo e na pendência do processo principal, as medidas
cautelares conservam sua eficácia, mas podem ser revogadas ou
modificadas a qualquer tempo (art. 807, caput, do CPC).
Via de regra, a eficácia da medida cautelar permanece inclusive durante o
período de suspensão do processo (art. 807, parágrafo único, do CPC).
Dispõe o artigo 808, do Código de Processo Civil, que cessa a eficácia da
medida cautelar:
a) se a parte não intentar a ação no prazo estabelecido no art. 806;
b) se não for executada dentro de 30 (trinta) dias;
c) se o juiz declarar extinto o processo principal, com ou sem julgamento do
mérito.
Cessada a medida, a parte não pode repetir o pedido, exceto se ele for
amparado por novo fundamento.
Os autos do procedimento cautelar correm apartados aos autos do
processo principal (art. 809, do CPC).
Como já salientado, o procedimento cautelar destina-se apenas à
proteção do direito que se pretende discutir em um processo principal, logo,
o indeferimento da medida cautelar não obsta que a parte intente a ação
principal, nem influi no julgamento desta, que não se confunde com o
daquela, exceto se, no procedimento cautelar, o juiz acolher a alegação de
prescrição ou de decadência do direito do autor.
O requerente do procedimento cautelar responde ao requerido pelos
prejuízos que lhe causar a execução da medida:
a) se a sentença no processo principal Ihe for desfavorável;
b) se, obtida liminarmente a medida inaudita altera pars, não promover a
citação do requerido dentro em 5 (cinco) dias;
c) se ocorrer a cessação da eficácia da medida, em qualquer dos casos
previstos no art. 808 (não ajuizamento da ação principal em 30 dias; não
execução da medida cautelar dentro de 30 dias; ou se o juiz extinguir o
processo principal sem julgamento de mérito);
d) se o juiz acolher, no procedimento cautelar, a alegação de decadência ou
de prescrição do direito do autor.
Nesses casos, a liquidação da indenização será feita nos autos do próprio
procedimento cautelar (art. 811, parágrafo único, do CPC).
Segundo o Código de Processo Civil, sem prejuízo das cautelares
inominadas que podem ser manejadas pelo requerente, são cautelares
nominadas (específicas): a) o arresto;
b) o sequestro;
c) a caução;
d) a busca e apreensão;
e) a exibição;
f) a produção antecipada de provas;
122
g) os alimentos provisionais;
h) a justificação;
i) os protestos, notificações e interpelações;
j) a homologação do penhor legal;
k) a posse em nome do nascituro;
l) o atentado
m) o protesto e a apreensão de títulos; além
n) de outras medidas provisionais (arts. 888 e 889, do CPC).
Na sequência, serão sucintamente analisados os procedimentos cautelares
específicos mais recorrentes em concursos públicos e no exame da OAB.
13.1 Arresto
123
Se o juiz reputar necessário, pode intimar o autor para realizar audiência de
justificação prévia, inclusive com a oitiva de testemunhas, audiência esta
que não terá a presença do réu e será feita em sigilo.
O juiz pode conceder o arresto independentemente de justificação
prévia:
a) quando for requerido pela União, Estado ou Município, nos casos
previstos em lei;
b) se o credor prestar caução.
Proferida a sentença no procedimento cautelar de arresto, esta não faz
coisa julgada no processo principal, salvo de reconhecer a prescrição ou a
decadência do direito do autor (art. 817, do CPC).
Conforme dispõe o artigo 819, do Código de Processo Civil, suspende-se a
execução do arresto se o devedor:
a) tanto que intimado, pagar ou depositar em juízo a importância da
dívida, mais os honorários de advogado que o juiz arbitrar, e custas;
b) der fiador idôneo, ou prestar caução para garantir a dívida, honorários do
advogado do requerente e custas.
E, por derradeiro, cessa o arresto:
a) pelo pagamento;
b) pela novação;
c) pela transação.
13.2 Sequestro
125
13.5 Alimentos provisionais
126
Como já mencionado, procedimento é o rito que dita o trâmite processual,
isto é, o rito que determina qual a sequência de atos a serem praticados no
processo.
Consabido, o procedimento comum divide-se em ordinário e sumário, ao
passo que os procedimentos especiais dividem-se entre: a) os de natureza
contenciosa; e
b) os de natureza voluntária.
Nos procedimentos especiais de natureza contenciosa há formação de um
processo, pois há litígio entre duas partes, já nos de natureza voluntária não
há formação de processo, mas mero procedimento, pois as partes são
meros interessados, e não litigantes. O procedimento especial de natureza
voluntária destina-se apenas ao cumprimento de determinações legais, em
relação a interesses particulares dotados de relevância pública. Um traço
comum às ações de procedimento especial é que elas tem um início de
trâmite peculiar, adequado à necessidade de cada tipo específico de tutela,
mas a partir de certo momento, adota-se o rito ordinário, do procedimento
comum.
Segundo o Código de Processo Civil, são procedimentos especiais de
jurisdição contenciosa:
a) ação de consignação em pagamento;
b) ação de depósito;
c) ação de anulação e substituição de títulos ao portador;
d) ação de prestação de contas;
e) ações possessórias;
f) ação de nunciação de obra nova;
g) ação de usucapião de terras particulares;
h) ação de divisão e de demarcação de terras particulares;
i) inventário e partilha;
j) embargos de terceiro;
k) habilitação;
l) restauração de autos;
m) vendas a crédito com reserva de domínio;
n) juízo arbitral e
o) ação monitória;
Por sua vez, são procedimentos especiais de jurisdição voluntária:
a) alienações judiciais;
b) separação consensual;
c) testamentos e codicilos;
d) herança jacente;
e) bens dos ausentes;
f) coisas vagas;
g) curatela dos interditos;
h) organização e fiscalização das fundações; e
i) especialização da hipoteca legal.
127
Não é objeto do presente estudo exaurir todas as possibilidades de
procedimentos especiais de natureza contenciosa e voluntária, de modo
que, dentre os acima apresentados, serão abordados especificamente
apenas aqueles mais recorrentes em concursos públicos e no exame da
OAB.
128
Se o réu alegar que o depósito não é integral, deve indicar o montante que
reputa devido, podendo levantar desde logo a quantia ou a coisa depositada,
prosseguindo o processo no que tange à parcela controvertida. E, por
derradeiro, se o réu não contestar a ação consignatória, verificados os
efeitos da revelia, o juiz julgará procedente o pedido, declarará extinta a
obrigação e condenará o réu nas custas e honorários advocatícios (art. 897,
do CPC).
129
alegado, citando-se o réu para que compareça à audiência que for
designada (art. 928, caput, do CPC).
Contra as pessoas jurídicas de direito público não será deferida a
manutenção ou a reintegração liminar sem prévia audiência dos respectivos
representantes judiciais (art. 928, parágrafo único, do CPC).
Se julgada procedente a ação possessória, imediatamente o juiz expedirá
mandado de manutenção ou de reintegração de posse.
No caso do interdito proibitório, cabível quando o possuidor direto ou
indireto tiver justo receio de ser molestado na sua posse, pode lhe ser
concedido mandado proibitório, no qual será cominado ao réu determinada
pena pecuniária, caso transgrida o preceito (art. 932, do CPC).
130
Se todos os interessados forem capazes e concordes, e se não houver
testamento, o inventário e a partilha podem ser feitos por escritura pública,
a qual constituirá título hábil para o registro imobiliário. No entanto, se
houver testamento ou interessados incapazes, obrigatoriamente, há que se
proceder ao inventário judicial (art. 982, caput, do CPC).
O processo de inventário e partilha deve ser aberto dentro de 60 (sessenta)
dias a contar da abertura da sucessão, ultimando-se nos 12 (doze) meses
subsequentes, podendo o juiz prorrogar tais prazos, de ofício ou a
requerimento da parte (art. 983, do CPC).
Até que o inventariante preste compromisso, quem responde pelo espólio é
o administrador provisório, que o representa ativa e passivamente, sendo
obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão tiver
percebido, tendo direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que
tenha feito, e respondendo pelos danos a que, por dolo ou culpa, tenha dado
causa (art. 986, do CPC).
O requerimento do inventário e partilha incumbe àquele que estiver na
administração do espólio, mas possui legitimidade concorrente: a) cônjuge
supérstite;
b) o herdeiro;
c) o legatário;
d) o testamenteiro;
e) o cessionário do herdeiro ou do legatário;
f) o credor do herdeiro, do legatário ou do autor da herança;
g) o síndico da falência do herdeiro, do legatário, do autor da herança ou do
cônjuge supérstite;
h) o Ministério Público, havendo herdeiros incapazes;
i) a Fazenda Pública, quando tiver interesse.
No entanto, caso nenhuma das pessoas acima mencionadas requeira o
processamento do inventário e partilha no prazo legal, o juiz poderá fazêlo,
de ofício (art. 989, do CPC).
Como inventariante, o juiz deve nomear:
a) o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse
convivendo com o outro ao tempo da morte deste;
b) o herdeiro que se achar na posse e administração do espólio, se não
houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou estes não puderem ser
nomeados;
c) qualquer herdeiro, nenhum estando na posse e administração do
espólio;
d) o testamenteiro, se Ihe foi confiada a administração do espólio ou toda
a herança estiver distribuída em legados; e) o inventariante judicial, se
houver;
f) pessoa estranha idônea, onde não houver inventariante judicial.
Intimado da nomeação, o inventariante tem 5 (cinco) dias para prestar o
compromisso de bem e fielmente desempenhar o cargo.
131
Dentro de 20 (vinte) dias, contados da data em que prestou o compromisso,
fará o inventariante as primeiras declarações, das quais se lavrará termo
circunstanciado. No termo, assinado pelo juiz, escrivão e inventariante,
serão exarados (art. 993, do CPC):
I - o nome, estado, idade e domicílio do autor da herança, dia e lugar
em que faleceu e bem ainda se deixou testamento;
II - o nome, estado, idade e residência dos herdeiros e, havendo
cônjuge supérstite, o regime de bens do casamento;
III - a qualidade dos herdeiros e o grau de seu parentesco com o
inventariado;
IV - a relação completa e individuada de todos os bens do espólio e dos
alheios que nele forem encontrados, descrevendo-se:
a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente local
em que se encontram, extensão da área, limites, confrontações,
benfeitorias, origem dos títulos, números das transcrições aquisitivas e
ônus que os gravam;
b) os móveis, com os sinais característicos;
c) os semoventes, seu número, espécies, marcas e sinais
distintivos;
d) o dinheiro, as jóias, os objetos de ouro e prata, e as pedras
preciosas, declarando-se-lhes especificadamente a qualidade, o peso
e a importância;
e) os títulos da dívida pública, bem como as ações, cotas e títulos
de sociedade, mencionando-se-lhes o número, o valor e a data;
f) as dívidas ativas e passivas, indicando-se-lhes as datas, títulos,
origem da obrigação, bem como os nomes dos credores e dos
devedores;
g) direitos e ações;
h) o valor corrente de cada um dos bens do espólio.
Após, o juiz deve determinar que se proceda:
a) ao balanço do estabelecimento, se o autor da herança era
comerciante em nome individual; e
b) a apuração de haveres, se o autor da herança era sócio de sociedade
que não anônima.
Feitas as primeiras declarações, o juiz mandará citar, para os termos do
inventário e partilha, o cônjuge, os herdeiros, os legatários, a Fazenda
Pública, o Ministério Público, se houver herdeiro incapaz ou ausente, e o
testamenteiro, se o de cujus deixou testamento (art. 999, caput, do CPC).
Concluídas as citações, abrir-se-á vista às partes, em cartório e pelo prazo
comum de 10 (dez) dias, para dizerem sobre as primeiras declarações (art.
1.000, caput, do CPC).
Aquele que se julgar preterido poderá demandar a sua admissão no
inventário, requerendo-o antes da partilha. Ouvidas as partes no prazo de 10
(dez) dias, o juiz decidirá. Se não acolher o pedido, deve remeter o
requerente para os meios ordinários, mandando reservar, em poder do
132
inventariante, o quinhão do herdeiro excluído até que se decida o litígio (art.
1.001, do CPC).
Findo o prazo comum de 10 (dez) dias, para que as partes se manifestem
sobre as primeiras declarações, e sem que haja impugnação ou que seja
decidida a que tenha sido oposta, o juiz deverá nomear um perito para
avaliar os bens do espólio, se não houver na comarca avaliador judicial (art.
1.003, caput, do CPC).
Entregue o laudo de avaliação, o juiz mandará que sobre ele se manifestem
as partes no prazo de 10 (dez) dias, que correrá em cartório (art. 1.009,
caput, do CPC).
Aceito o laudo ou resolvidas as impugnações suscitadas a seu respeito
lavrar-se-á em seguida o termo de últimas declarações, no qual o
inventariante poderá emendar, aditar ou completar as primeiras (art. 1.011,
do CPC).
Ouvidas as partes sobre as últimas declarações no prazo comum de 10
(dez) dias, proceder-se-á ao cálculo do imposto sobre transmissão causa
mortis, e, após, todas as partes serão novamente ouvidas no prazo comum
de 5 (cinco) dias, e, em seguida, a Fazenda Pública.
Antes da partilha, poderão os credores do espólio requerer ao juízo do
inventário o pagamento das dívidas vencidas e exigíveis (art. 1.017, caput,
do CPC). Já o credor de dívida líquida e certa, mas ainda não vencida, pode
requerer habilitação no inventário, e, caso concordem as partes com o
pedido, o juiz, ao julgar habilitado o crédito, pode mandar que se faça
separação de bens para o futuro pagamento (art. 1.019, do CPC).
Separados os bens, tantos quantos forem necessários para o pagamento
dos credores habilitados, o juiz facultará às partes que, no prazo comum de
10 (dez) dias, formulem o pedido de quinhão. Na sequência, proferirá o
despacho de deliberação da partilha, resolvendo os pedidos das partes e
designando os bens que devam constituir quinhão de cada herdeiro e
legatário.
Pago o imposto de transmissão causa mortis, e juntada aos autos certidão
ou informação negativa de dívida para com a Fazenda Pública, o juiz julgará
por sentença a partilha (art. 1.026, do CPC). Transitada em julgado referida
sentença, receberá o herdeiro os bens que Ihe tocarem e um formal de
partilha, do qual constarão as seguintes peças: a) termo de inventariante e
título de herdeiros;
b) avaliação dos bens que constituíram o quinhão do herdeiro;
c) pagamento do quinhão hereditário;
d) quitação dos impostos; e
e) sentença.
Quando o quinhão hereditário não exceder 5 (cinco) vezes o valor do salário
mínimo vigente, o formal de partilha pode ser substituído por certidão do
pagamento do quinhão hereditário, caso em que se transcreverá nela a
sentença de partilha transitada em julgado (art. 1.027, parágrafo único, do
CPC).
133
14.5 Embargos de terceiro
A ação monitória é meio processual apto a quem possui prova escrita, mas
sem eficácia de título executivo, para pagamento de soma em dinheiro,
entrega de coisa fungível ou de determinado bem móvel.
134
Se a parte possuísse um título executivo, utilizaria o processo de execução,
e, se não tivesse qualquer prova, só lhe restaria o processo de
conhecimento.
Quando, no entanto, ela possui um início de prova, a ação monitória é a via
processual ideal para obtenção de um título executivo de forma mais célere.
Estando a petição inicial da ação monitória devidamente instruída, o juiz
deferirá de plano a expedição do mandado de pagamento ou de entrega da
coisa no prazo de 15 (quinze) dias (art. 1.102-B, do CPC). Nesse mesmo
prazo, o réu pode oferecer embargos, que suspenderão a eficácia do
mandado inicial, caso em que estes serão processados nos próprios autos,
pelo procedimento ordinário.
Se os embargos não forem opostos, constituir-se-á, de pleno direito, o título
executivo judicial, convertendo-se o mandado inicial em mandado executivo
e prosseguindo-se ao cumprimento de sentença.
E, se os embargos forem rejeitados, constituir-se-á o título executivo
judicial, intimando-se o devedor e prosseguindo-se ao cumprimento de
sentença.
Na ação monitória, se o réu cumpre o mandado inicial, fica isento do
pagamento das custas, assim como dos honorários advocatícios (art.
1.102C, §1º, do CPC).
15.1 Competência
15.3 Partes
137
judiciária a ser prestada por órgão instituído junto ao Juizado Especial, de
forma gratuita.
No âmbito dos Juizados Especiais, o mandato conferido ao advogado pode
ser verbal, em razão da consagração dos princípios da oralidade e
informalidade, mas para outorga de poderes especiais exige-se a forma
escrita.
Quando o réu for pessoa jurídica ou titular de firma individual, pode ser
representado por preposto devidamente credenciado, o qual deve
apresentar carta de proposição com poderes para transigir, sem que se fale
na necessidade de vínculo empregatício (art. 9º, §4º, Lei n.º 9.099/95).
Nos processos que tramitam perante os Juizados Especiais não se admite
qualquer forma de intervenção de terceiros, nem de assistência, mas não há
óbice à formação de litisconsórcio (art. 10, Lei n.º 9.099/95).
Por derradeiro, quanto ao Ministério Público, este deve intervir normalmente
nos processos em que for exigida sua presença, conforme previsões gerais
de lei.
15.5 Pedido
138
Uma vez registrado o pedido perante o Juizado Especial,
independentemente de distribuição e atuação, a Secretaria do Juizado
designará a sessão de conciliação, a se realizar no prazo (impróprio) de 15
(quinze) dias, conforme dispõe o artigo 16, da Lei n.º 9.099/95.
Se comparecerem, inicialmente, ambas as partes, instaurar-se-á, desde
logo, a sessão de conciliação, dispensados o registro prévio do pedido e a
citação, nos termos doa artigo 17, da Lei n.º 9.099/95, pois, como
mencionado, o princípio da celeridade é um dos regentes do Juizados
Especiais Cíveis.
Assim como o pedido inicial do autor pode ser apresentado de forma escrita
ou oral, assim também a contestação, que deve apresentar toda a matéria
de defesa, exceto arguição de suspeição ou impedimento do juiz, que se
processa mediante regras gerais do Código de Processo Civil. No âmbito
dos Juizados Especiais não se admite reconvenção, mas o réu pode
oferecer pedido contraposto à pretensão do autor, desde que fundado nos
140
mesmo fatos que constituem o objeto da controvérsia, e adequado aos
limites de competência material dos juizados. Nesse caso, o autor poderá
responder ao pedido do réu na própria audiência ou requerer a designação
de nova data, que deverá ser dede logo fixada, cientes todos os presentes
(art. 31, parágrafo único, da Lei n.º 9.099/95).
15.10 Provas
15.11 Sentença
141
Excedido o valor limite dos Juizados Especiais, isto é, 40 (quarenta) salários
mínimos, considera-se ineficaz a sentença naquilo que extrapolar esse valor.
Quando o juiz leigo que tiver dirigido a instrução processual proferir decisão,
deve imediatamente submetê-la ao juiz togado, que poderá homologá-la,
proferir outra em substituição ou, antes de se manifestar, determinar a
realização de atos probatórios indispensáveis (art. 40, da Lei n.º 9.099/95).
Proferida sentença, salvo a homologatória de conciliação ou laudo arbitral,
cabe recurso para o próprio Juizado. Esse recurso, chamado recurso
inominado, é julgado por uma turma recursal, composta por 3 (três) juízes
togados, em exercício no 1º (primeiro) grau de jurisdição, reunidos na sede
do Juizado. Para o âmbito recursal, é obrigatória a representação das partes
por advogado, não se admitindo que a parte que litigou sem advogado assim
prossiga (art. 41, §2º, da Lei n.º 9.099/95).
O prazo para recurso inominado é de 10 (dez) dias, contados da ciência da
sentença, por petição escrita, da qual constarão as razões e o pedido do
recorrente. Note-se que, diferentemente do que ocorre na fase inicial do
procedimento sumaríssimo, quando admite-se a feitura de pedido inicial e
contestação de forma oral, com predominância do princípio da oralidade,
isso não se mantém quando o processo dos Juizados atinge a fase recursal.
O preparo para interposição de recurso inominado deve ser feito
independentemente de intimação, nas 48 (quarenta e oito) horas seguintes à
interposição, sob pena de deserção. Após o preparo, a Secretaria deve
intimar o recorrido para oferecer resposta escrita no prazo de 10 (dez) dias.
O recurso inominado, via de regra, não possui efeito suspensivo. Portanto,
deve ser recebido apenas no efeito devolutivo, podendo o juiz darlhe efeito
suspensivo para evitar a ocorrência de dano irreparável para a parte,
conforme artigo 43, da Lei n.º 9.099/95.
O julgamento proferido em 2ª (segunda) instância constará apenas da ata,
com a indicação suficiente do processos, fundamentação sucinta e parte
dispositiva. Caso a sentença seja confirmada pelos próprios fundamentos, a
súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 46, da Lei n,º 9.099/95).
Por derradeiro, é oportuno mencionar que não se admite a propositura de
ação rescisória nas causas sujeitas ao procedimento da Lei dos Juizados
Especiais, o que amplia a relevância do recurso inominado, já que nele
devem ser apresentadas todas as matérias passíveis de questionamento,
pois, depois dele, admite-se apenas recurso extraordinário, sem que se
possa falar em qualquer outro.
Dispõe o artigo 51, da Lei n.º 9.099/95, que além dos casos previstos em
lei, extingue-se o processo:
a) quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do
processo;
b) quando inadmissível o procedimento instituído por esta Lei ou seu
prosseguimento, após a conciliação;
c) quando for reconhecida a incompetência territorial;
d) quando sobrevier qualquer dos impedimentos previstos no art. 8º desta
Lei;
e) quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença ou não se
der no prazo de trinta dias;
f) quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no
prazo de trinta dias da ciência do fato.
Em qualquer hipótese, a extinção do processo não depende de prévia
intimação pessoal das partes.
Quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do
processo, mas provar a ocorrência de evento de força maior, poderá ser
isentado, pelo juiz, do pagamento das custas (art. 51, §2º, da Lei n.º
9.099/95).
15.14 Execução
143
b) os cálculos de conversão de índices, de honorários, de juros e de
outras parcelas serão efetuados por servidor judicial (art. 52, II, da Lei n.º
9.099/95);
c) a intimação da sentença será feita, sempre que possível, na própria
audiência em que for proferida. Nessa intimação, o vencido será instado a
cumprir a sentença tão logo ocorra seu trânsito em julgado, e advertido dos
efeitos do seu descumprimento (inciso V) - (art. 52, III, da Lei n.º 9.099/95);
d) não cumprida voluntariamente a sentença transitada em julgado, e
tendo havido solicitação do interessado, que poderá ser verbal, proceder-
seá desde logo à execução, dispensada nova citação (art. 52, IV, da Lei n.º
9.099/95);
e) nos casos de obrigação de entregar, de fazer, ou de não fazer, o Juiz,
na sentença ou na fase de execução, cominará multa diária, arbitrada de
acordo com as condições econômicas do devedor, para a hipótese de
inadimplemento. Não cumprida a obrigação, o credor poderá requerer a
elevação da multa ou a transformação da condenação em perdas e danos,
que o Juiz de imediato arbitrará, seguindo-se a execução por quantia certa,
incluída a multa vencida de obrigação de dar, quando evidenciada a malícia
do devedor na execução do julgado (art. 52, V, da Lei n.º 9.099/95);
f) na obrigação de fazer, o Juiz pode determinar o cumprimento por
outrem, fixado o valor que o devedor deve depositar para as despesas, sob
pena de multa diária (art. 52, VI, da Lei n.º 9.099/95);
g) na alienação forçada dos bens, o Juiz poderá autorizar o devedor, o
credor ou terceira pessoa idônea a tratar da alienação do bem penhorado, a
qual se aperfeiçoará em juízo até a data fixada para a praça ou leilão. Sendo
o preço inferior ao da avaliação, as partes serão ouvidas. Se o pagamento
não for à vista, será oferecida caução idônea, nos casos de alienação de
bem móvel, ou hipotecado o imóvel (art. 52, VII, da Lei n.º
9.099/95);
h) é dispensada a publicação de editais em jornais, quando se tratar de
alienação de bens de pequeno valor (art. 52, VIII, da Lei n.º 9.099/95);
i) o devedor poderá oferecer embargos, nos autos da execução,
versando sobre (art. 52, IX, da Lei n.º 9.099/95):
1) falta ou nulidade da citação no processo, se ele correu à
revelia;
2) manifesto excesso de execução;
3) erro de cálculo;
4) causa impeditiva, modificativa ou extintiva da obrigação,
superveniente à sentença.
E, consabido, os Juizados Especiais não são competentes apenas para
execução de seus julgados, mas também para execução de títulos
executivos extrajudiciais, no valor de até 40 (quarenta) salários mínimos,
obedecendo às disposições do Código de Processo Civil, com as
modificações introduzidas pela Lei n.º 9.099/95.
Realizada a penhora, o devedor será intimado a comparecer à audiência de
conciliação, quando poderá oferecer embargos, por escrito ou de forma oral.
144
Nessa audiência, deve ser buscado o meio mais rápido e eficaz para a
solução do litígio, se possível com dispensa da alienação judicial, devendo o
conciliador propor, entre outras medidas cabíveis, o pagamento do débito a
prazo ou a prestação, a dação em pagamento ou a imediata adjudicação do
bem penhorado. Essa mesma solução pode ser requerida ao juiz por
qualquer das partes se os embargos não forem apresentados em audiência,
ou se forem julgados improcedentes (art. 53, §3º, da Lei n.º 9.099/95).
Não sendo encontrado o devedor ou inexistindo bens penhoráveis, o
processo será imediatamente extinto, devolvendo-se os documentos ao
autor.
15.15 Despesas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil. 13. ed. Rio de Janeiro:
Lumen Juris, 2005.
CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 7. ed. São Paulo: Atlas,
2007.
COELHO, Fábio Alexandre. Teoria geral do processo. São Paulo: Juarez de Oliveira,
2004.
145
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume VI: direito de família. 4. ed.
São Paulo: Saraiva, 2007.
GONÇALVES, Marcus Vinicius Rios. Novo curso de direito processual civil: teoria geral
e processo de conhecimento (1ª parte). 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
______. Novo curso de direito processual civil: processo de conhecimento (2ª parte) e
procedimentos especiais. 6. ed. São Paulo: Saraiva, 2010.
______. Novo curso de direito processual civil: execução e processo cautelar. 3. ed.
São Paulo: Saraiva, 2010.
LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 13. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Conteúdo jurídico do princípio da igualdade. 3. ed.
São Paulo: Malheiros, 2005.
SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. 32. ed. São Paulo:
Malheiros, 2009.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Direito civil: teoria geral das obrigações e teoria geral dos contratos. 10. ed.
São Paulo: Atlas, 2010.
______. Direito civil: contratos em espécie. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Direito civil: direitos reais. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
______. Direito civil: direito das sucessões. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
146