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Sebenta Processo Civil I

Direito (Universidade de Lisboa)

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Baixado por Joana Cagau (joana.filipa.cagau@gmail.com)
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Sebenta Processo Civil I DNB 2017/2018

O que é o Direito Processual Civil? .............................................................................................. 3


Características do Direito Processual Civil ................................................................................ 3
Tipos de Ações art. 10º ...................................................................................................... 3
Função do Processo Civil ........................................................................................................... 4
TRAMITAÇÃO PROCESSUAL ......................................................................................................... 4
1ª FASE DOS ARTICULADOS...................................................................................................... 5
Petição Inicial ........................................................................................................................ 5
Citação .................................................................................................................................. 8
Contestação .......................................................................................................................... 9
Reconvenção ....................................................................................................................... 11
Réplica ................................................................................................................................. 11
2ª FASE DA CONDENSAÇÃO ................................................................................................... 12
Despacho Pré-Saneador ..................................................................................................... 12
Audiência Prévia ................................................................................................................. 13
Despacho Saneador ............................................................................................................ 13
3ª FASE DA INSTRUÇÃO .......................................................................................................... 16
4ª FASE DA DISCUSSÃO E JULGAMENTO ............................................................................... 16
Princípios do Direito Processual Civil ......................................................................................... 17
Princípio da Equidade.............................................................................................................. 17
A. Princípio do Contraditório ............................................................................................. 17
B. Princípio da Igualdade de Armas ................................................................................... 18
A. Princípio da Publicidade................................................................................................. 18
6. PRAZO RAZOÁVEL ........................................................................................................... 18
Princípio da Legalidade do Conteúdo da Decisão ................................................................... 19
Princípio do Dispositivo ........................................................................................................... 19
Disponibilidade da Instância .............................................................................................. 19
Disponibilidade da Conformação da Instância .................................................................. 19
Formação da Matéria de Facto: Factos Principais, Instrumentais e etc. .......................... 19
Princípio da Controvérsia ................................................................................................... 21
Princípio do Inquisitório .......................................................................................................... 21
Princípio da Cooperação ......................................................................................................... 21
Princípios da Imediação, Oralidade e Concentração e da Livre Apreciação da Prova ............ 21
Princípio da Economia Processual ........................................................................................... 21
Princípio da Gestão Processual ............................................................................................... 22
Princípio da Prevalência da Substância sobre a Forma ........................................................... 23
PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS ................................................................................................... 25

Regência: Paula Costa e Silva

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1. COMPETÊNCIA .................................................................................................................... 27
Competência Interna........................................................................................................... 28
Competência Internacional ................................................................................................. 30
Incompetência..................................................................................................................... 36
Casos Práticos...................................................................................................................... 37
2. CAPACIDADE JUDICIÁRIA ................................................................................................... 37
3. PATROCÍNIO JUDICIÁRIO .................................................................................................... 38
4. PERSONALIDADE JUDICIÁRIA ............................................................................................. 39
Partes Processuais ............................................................................................................... 39
Caso da transmissão da coisa ou direito em litígio art. 263º ........................................... 40
Parte e Personalidade Judiciária ......................................................................................... 42
5. LEGITIMIDADE DAS PARTES ............................................................................................... 43
Litisconsórcio ....................................................................................................................... 44
Esquemas de Legitimidade .................................................................................................. 47
6. INTERESSE PROCESSUAL ..................................................................................................... 49

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O que é o Direito Processual Civil?


As 3 bases que sustentam o Estado de Direito Democrático são: Liberdade, Autonomia Privada,
Responsabilidade
➢ Não há Liberdade sem Autonomia, mas também não há liberdade e autonomia sem
Responsabilidade. E a Responsabilidade pressupõe a autonomia e a liberdade.
o Sem isto, é um sistema totalmente arbitrário ou totalmente totalitário.

O Processo Civil surge numa situação de conflito, quando há uma falha na autonomia privada.
➢ Paula Costa e Silva: processo é heteronomia, quando falha a autonomia e serve para
perceber como se realiza a justiça.

Pais Amaral: O conflito de interesses1, i.e., o litígio surge quando as normas jurídicas não são
respeitadas – desrespeito ou violação dos direitos de outrem desencadeiam a necessidade
de proceder à reintegração do direito violado.
➢ Essa reintegração é feita pelo juízo e não pela autotutela, que é proibida no art. 1º CPC.

Processo é a realização contínua e prolongada de uma atividade, traduzindo uma sequência


contínua de factos ou operações com um certo andamento/desenvolvimento que levam a certo
resultado.
➢ Juridicamente é uma sequência de atos destinados à justa composição de um litígio,
por um órgão imparcial de autoridade.
o É o conjunto de peças apresentadas por uma e outra parte para servir à
instrução e julgamento de uma questão.
o O resultado para que tende é a sentença.

O acesso aos Tribunais tem de ser garantido, conforme dispõe o art. 2º CPC que radica num valor
constitucional de tutela jurisdicional efetiva, presente no art. 20º CRP.

Características do Direito Processual Civil


• Direito Instrumental/Adjetivo normas contêm os trâmites para se alcançar a
resolução do conflito2, que é obtido pela aplicação das normas substantivas de direito
civil.
o É um instrumento ao serviço da solução do conflito de interesses apenas indica
os meios para se obter a decisão, atendendo a regras substantivas, naquele caso
concreto.
• Norma de Direito Público regula o exercício da função jurisdicional do Estado.

Tipos de Ações art. 10º


• Ações Declarativas art. 10º/2: Autor procura que o Tribunal declare a solução para
um determinado caso.

1
O processo é Civil pois diz respeito a interesses privados, cujas normas que se aplicam são as de Direito
Civil, pois são estas que regulam as relações jurídicas entre os particulares.
2
Lebre Freitas: Tutela de situações jurídicas postula a aplicação de normas instrumentais
(adjetivas) que regulem as atuações dos sujeitos de direito privado e dos tribunais tendentes à
concretização jurisdicional do direito substantivo.

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o Tribunal proferirá decisão com base no direito civil em que declara, naquele
caso concreto, a existência ou inexistência do direito invocado ou de certo facto.
▪ PCS: Tribunal, através da sua decisão, vinculará as partes, tal e qual a
lei, só que o Tribunal decide com base em factos concretos e com base
à à à à à
o Podem ser de simples apreciação, de condenação ou constitutivas art. 10º/3
• Ações Executivas art. 10º/4: Têm por finalidade a realização coerciva das providencias
destinadas à efetiva reparação do direito violado.

Função do Processo Civil


Lebre de Freitas: Função do processo civil é a tutela do direito material – quer no sentido
objetivo de sistema de normas de conduta que cabe ao tribunal impor a observação e
reprimir a violação; quer no sentido subjetivo de direito radicado num sujeito jurídico
carecido de ajuda dos tribunais para o exercer; quer no duplo sentido de direito objetivo
e subjetivo, tidos como os dois lados da mesma medalha.
➢ Vem do art. 202º/2 CRP

PCS: PROCESSO QUE SERVE PARA SABER SE O AUTOR OU O RÉU TÊM RAZÃO
• Não se admitem atos inúteis no processo art. 130º CPC que remete para o art. 6º/1
o Art. 6º/1 o que é impertinente ou dilatório é por referência ao objetivo do
processo que é saber se o autor tem razão

Art. 7º/1 CPC3 estipula a JUSTA COMPOSIÇÃO DO LITÍGIO como o objetivo do processo.
• É o ponto de referência para se saber o que vai ser inútil, impertinente e dilatório para
se chegar à conclusão, de se o autor tem ou não razão.
o Para chegarmos a este resultado final, respeitando o art. 6º/1 e o art. 130º,
temos de ver qual a sequência de atos que temos de encadear -> Tramitação
Processual
▪ Para se saber a justa composição do litígio, que nos dará o resultado
final de saber se o autor tem ou não razão, tem de se saber qual a
composição/cadeia de atos que são necessários, no caso concreto, para
o resultado.

TRAMITAÇÃO PROCESSUAL
Só se pode dizer que o processo terá tipicamente numa determinada sequência de atos, pois no
caso concreto a sequência dos atos será aquela que for estritamente necessária para se saber
qual será a justa composição do litígio.

A cadeia de acontecimentos para a justa composição do litígio é um ato complexo que só é


válida para o nosso ordenamento jurídico.

3
Além de qualificar o sistema português como um dos mais modernos do mundo devido ao princípio da
cooperação que tem sido imitado pelo ordenamento jurídico brasileiro.

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➢ No entanto, a observância de uma série de atos para se chegar à necessária solução


tendo em conta o respeito por princípios fundamentais é algo universal,
independentemente de qual a cadeia de acontecimentos.
➢ Paula Costa e Silva: Só há 2 princípios fundamentais no processo: Princípio da
Igualdade e o Princípio do Contraditório
o Isto significa que a estrutura/cadeia vai ter de ser, necessariamente,
integrada por atos que sendo necessários à prossecução do resultado final
(do art. 7º/1) permitem ainda observar os 2 princípios fundamentais.

Sequência típica no Processo Civil é altamente valorativa.

FASES DO PROCESSO COMUM


Atos da sequência processual ordenam-se em fases sucessivas, findas as quais pode precludir4
a possibilidade de praticar atos que, nelas se integrando, não hajam sido praticados.

1ª FASE DOS ARTICULADOS


Partes alegam a matéria de facto e de direito relevante para a decisão e requerem os meios de
prova (art 147º).
• Através dos articulados, autor e réu introduzem no processo os factos principais da
causa (fundamentos de facto) aplicando normas jurídicas aos factos alegados
(fundamentos de direito), de onde extraem a conclusão sobre o que deve ser a
sentença, deduzindo pedidos ou dizendo da improcedência dos pedidos contra si
deduzidos ou, entendendo não ser possível o conhecimento de mérito (verificando-se
uma exceção dilatória).
• Forma estabelecida no art. 144º e ss. CPC

Articulados Normais
Petição Inicial
Ato que inicia o processo, considerando-se a ação proposta logo que o ato é ou se tem por
praticado art. 259º/1.
➢ Constitui a instância relação entre o autor (solicitante da tutela jurisdicional) e o
tribunal (a quem a solicitação é dirigida).
o Ato processual (postulativo) praticado pelo autor postulando ao Tribunal
que lhe atribua alguma coisa.
o Pede ao Tribunal que dite uma decisão para saber como fica a sua situação
e a do réu, neste momento em que a autonomia privada falhou.
▪ Efeitos da decisão não se repercutem na esfera do Tribunal e sim na
esfera das partes.
➢ Ato postulativo através do qual o autor requer ao Tribunal que este profira uma
decisão, cujos efeitos jurídicos vão-se repercutir na sua esfera jurídica e na esfera
jurídica da contraparte.

4
Perda de determinada faculdade processual civil, pelo não exercício dela na ordem legal, ou por se haver
realizado uma atividade incompatível com tal exercício, ou, ainda, por já ter sido ela validamente
exercitada.

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Princípio do Dispositivo iniciativa do autor é insubstituível, pois só a ele cabe solicitar a tutela
jurisdicional, que não pode ser oficiosamente concedida (art. 3º/1).
• Autor formula um pedido (art. 552º/1/e) duplamente determinado:
afirmando/negando uma situação jurídica subjetiva (ou facto jurídico de direito
material); requerendo ao tribunal a providência processual adequada à tutela do seu
interesse.
o Pedido conforma o objeto do processo, condicionando o conteúdo da decisão
de mérito pois Tribunal só pode resolver as questões que as partes tenham
submetido à sua apreciação e não pode ocupar-se de outras (art. 608º/2)
havendo limitações do art. 609º/1 sob pena de nulidade do art. 615º/1/d,e.

Pode haver mais do que um pedido contra o mesmo réu cumulação (art. 555º)
Pode haver relação de subsidiariedade art. 554º
Pode haver pedidos alternativos art. 553º
Pode haver pedidos genéricos art. 556º
Pode haver pedidos de prestações vincendas art. 557º

O pedido tem de ser fundamentado (art. 552º/1/d) indicando os factos constitutivos da


situação jurídica que quer fazer valer (que constituem a causa de pedir5 art. 581º/4 núcleo
fáctico essencial tipicamente previsto por uma ou mais normas como causa do efeito do direito
material pretendido) e substanciando com razões de direito o porquê de entender que o seu
pedido merece acolhimento.
• Trata-se de aplicar o Direito aos factos que constituem a causa de pedir, de modo que
permita a conclusão constante do pedido.
• Juiz não está condicionado pelas alegações de direito (como está pelo conteúdo
fáctico da causa de pedir) e permanece livre na indagação, interpretação e aplicação
do Direito (art. 5º/3) não tem função individualizadora da pretensão mas é ónus para
o autor que se não indicar normas jurídicas não pode depois arguir a nulidade da
sentença, fundamentada juridicamente com argumentos que elas não tenham
anteriormente considerado.

Quais os factos que se colocam na Petição Inicial? Os necessários para se perceber o que se
discute na ação? Ou necessários para a justa composição do litígio?
Paula Costa e Silva: o autor vai basear-se num tipo legal, numa regra, portanto tem de dar ao
juiz os factos que permitam preencher a previsão da regra, da qual decorre a convocação do
efeito que o autor requer que seja convocado (a estatuição que o autor requer que o Tribunal
conclua).

Art. 552º/1 diz os elementos que a Petição Inicial deve conter.

Vícios da Petição Inicial


• INEPTIDÃO falta de indicação no pedido na causa de pedir origina uma falta do objeto
do processo, constituindo nulidade de todo o processo.

5
Função individualizadora do pedido para o efeito da conformação do objeto do processo limita a
sentença de mérito do tribunal à causa de pedir invocada pelo autor.
PCS: Na petição inicial o autor dá os factos para o Tribunal dar o Direito da mihi factum, dabo tibi jus.

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o Também há nulidade por ineptidão da petição inicial quando o pedido ou causa


de pedir é referido de modo tão obscuro que não se entende qual seja a causa
de pedir, ou ela é referida em termos tão genéricos que não constituem a
alegação de factos concretos (art. 186º/1, 2/a).
o O mesmo para os casos de contradição (art. 186º/1, 2/b) em que está em causa
uma inconcludência jurídica situação em que é alegada causa de pedir da qual
não se pode tirar, por não preenchimento de qualquer previsão normativa, o
efeito jurídico pretendido.
o O mesmo para os casos de incompatibilidade material (art. 186º/1, 2/c) entre
os pedidos ou causas de pedir dos vários pedidos em cumulação. O tribunal
pode convidar o autor a aperfeiçoar a petição inicial (art. 6º/2) e escolher qual
o pedido que pretende ver apreciado ou retirar a incompatibilidade.
▪ Cabe ao juiz verificar este vício de conteúdo.

• VÍCIO DE FORMA casos em que a secretaria se recusa a receber a petição inicial,


devendo sempre fundamentar por escrito essa rejeição (art. 558º)
o Quando falta elementos do art. 552º/1/a, b, c, f
o Quando é apresentada em tribunal diferente ao qual foi endereçada
o Não esteja em língua portuguesa (art. 133º/1)
o Não se mostre efetuado pagamento prévio da taxa de justiça ou provada a
concessão de apoio judiciário.
o É possível reclamação para o juiz (art. 157º/5 e 559º/1).
▪ Cabe à secretaria o controlo formal externo da petição inicial.

• ERRO NA FORMA DO PROCESSO quando o autor indica uma forma de processo


diferente da que resulta da lei e afere-se face ao pedido deduzido e não perante a
natureza objetiva da relação jurídica material ou da situação jurídica que serve de base
à ação, sem prejuízo da forma de processo (art. 547º).
o Conhecido oficiosamente pelo juiz (art. 196º) tendo lugar no despacho saneador
(art. 200º/2)

Atos Subsequentes
DISTRIBUIÇÃO após o recebimento na secretaria, a petição inicial é distribuída por uma das
secções e juízes do tribunal, repartindo-se o serviço entre juízes e funcionários (art. 203º).

DESPACHO LIMINAR casos excecionais em que após a distribuição o processo é apresentado


ao juiz para este despacho.
• Casos de citação edital (art. 226º/4/c); Urgência (art. 226º/4/f, 561º); Quando autor
tenha requerido intervenção principal de terceiro para com ele constituir litisconsórcio
necessário; Secretaria considera manifesto um indeferimento liminar por manifesta
improcedência do pedido ou falta insanável dum pressuposto processual de
conhecimento oficioso (art. 590º/1).
o Juiz pode indeferir liminarmente a petição inicial quando o pedido seja
manifestamente improcedente e quando ocorra uma exceção dilatória (art.
278º/1) e a falta do pressuposto não seja suscetível de sanação.
▪ Na falta de despacho liminar, o momento para atuar e suprimir os
pressupostos processuais é o despacho pré-saneador (art. 590º/2),
mas, nos casos de exceção dilatória e de petição irregular, não há razão

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para não permitir, tendo em conta a economia processual, um ato


judicial que o juiz já não deixaria de praticar ulteriormente.
▪ Exceção dilatória com pressuposto insuscetível de sanação pode ser
conhecida no Despacho Liminar.
• É suscetível de recurso até à Relação (art. 629º/3/c)

Registo da ação algumas ações estão sujeitas a registo predial e outras a registo comercial

Citação
Ato de comunicação entre o Tribunal e o Réu (art. 219º) que tem uma tripla função:
1. dar conhecimento efetivo de um processo instalado contra o réu;
2. convite para a defesa;
3. constituição do réu como parte.

Difere da Notificação, que o tribunal utiliza sempre em face de terceiros e de intervenientes no


processo nele não interessados (testemunhas, peritos).

Tem que ter os elementos do art. 227º e há regras para as pessoas coletivas (art. 246º).
• Pode ser por via postal (art. 228º/1);
• Pode ser por agente de execução ou funcionário judicial (art. 231º);
• Pode ser edital (art. 225º/1, 6; 228º/8);
• Pode ser promovida por mandatário judicial (art. 237º);
• Pode ser no estrangeiro (art. 239º)

Um dos efeitos da Citação é tornar a instância numa relação triangular (e não apenas bilateral
entre autor e tribunal).
➢ Instância toma uma ideia de relação, com natureza dinâmica, existente entre cada uma
das partes e o tribunal, bem como entre as próprias partes, na pendência da causa.

Outro efeito é inibir o réu de propor contra o autor ação destinada à apreciação do mesmo
objeto processual (art. 564º/c) se o fizer, há litispendência e a segunda ação não poderá
prosseguir (art. 580º/1, 581º/1, 582º).

Efeitos substantivos de interrupção da prescrição ou da usucapião e etc.

FALTA DE CITAÇÃO art. 188º/1. Gera nulidade do próprio ato e de tudo o que depois dele se
tiver processado (art. 187º6)
NULIDADE DA CITAÇÃO quando o ato se realiza com falta de alguma formalidade7 prescrita
na lei (art. 191º/1).

6
Tendo em conta que os atos anteriores (distribuição e despacho liminar) à citação não têm de ser
abrangidos
7
Que deve ser entendida como qualquer elemento, de forma ou de conteúdo

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Contestação
Sentido Material: peça escrita com que o réu responde à petição inicial, deduzindo os meios de
defesa que tenha contra a pretensão do autor.
➢ Postulação da absolvição do Réu
Sentido Formal: estrutura semelhante à da petição inicial (art. 572º)
➢ Começa com um introito em que o réu identifica a ação; segue-se a narração em que
se expõem os factos e as razões de direito; terminando na conclusão em que o réu
remata dizendo se deve ser absolvido da instância (por proceder exceção dilatória) ou
do pedido (por improceder a ação).

Prazo de 30 dias, após citação para contestar art. 569º

O réu tem o ónus de contestar se não for observado, não apresentando o réu qualquer defesa,
constitui-se em situação de REVELIA.
• Revelia Absoluta: réu não intervém de modo algum no processo (art. 566º);
• Revelia Relativa: réu ainda intervém no processo, nem que seja apenas constituindo,
por procuração, mandatário judicial (art. 567º).

Revelia produz, em regra, efeito probatório os factos alegados pelo autor consideram-se
provados por admissão (art. 567º/1), sendo que o réu não pode vir posteriormente negar os
factos sobre os quais se manteve silencioso
Esse efeito de prova nem sempre se produz e há exceções no art. 568º (Revelia Inoperante8)
a) A contestação de um aproveita aos demais aplica-se a qualquer situação de
litisconsórcio

A defesa do réu é um ato de persuasão/convencimento só e com função se o Tribunal ainda


não estivesse convencido. Ex: Tribunal recebe petição inicial em que vê que o Autor nunca
poderá ter razão, será inútil ouvir o Réu, uma vez que o Tribunal já fez conclusões seria então
inútil o ato, não sendo admitido pelos art. 130º, 6º/1 e 7º/1.

A defesa do réu, na Contestação pode ser Por Impugnação ou Por Exceção (art. 571º).
IMPUGNAÇÃO
• De Facto réu opõe-se à versão da realidade apresentada pelo autor, negando factos
alegados na petição inicial;
o Direta: quando o réu nega frontalmente os factos, dizendo que não se
verificaram
o Indireta: quando o réu admite parte dos factos alegados mas afirma outros
incompatíveis com a parte não admitida; quando o réu alega factos
instrumentais (art. 5º/2) probatórios incompatíveis com factos alegados, como
causa de pedir, pelo autor; quando o réu alega factos incompatíveis com os
alegados pelo autor.
• De Direito réu contradiz o efeito jurídico (normalmente o direito subjetivo material
por eles constituído) que o autor deles pretende extrair, pondo em causa a
determinação, interpretação ou aplicação da norma de direito feita pelo autor na
petição inicial.

8
vs. Revelia Operante

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Não impugnado um facto, considera-se admitido, produzindo-se, quanto a ele, um efeito


cominatório idêntico àquele que, em caso de revelia, se produz quanto à generalidade dos factos
alegados na petição inicial. Não se produz esse efeito cominatório nos termos do art. 574º/2 e
574º/4.

EXCEÇÃO
Subjaz uma ideia de defesa indireta que, sem por em causa a realidade dos factos alegados
como causa de pedir nem o efeito jurídico que o autor deles pretende extrair, consiste na
alegação de factos novos dos quais o réu entende que se retira que o tribunal em que a ação
foi proposta não poderá declarar o efeito pretendido.
• São, em regra, de conhecimento oficioso, sendo vertente do princípio jura novit curia
(art. 5º/3), mas, há casos em que tem de ser o réu a invoca-la.
o Exceções em sentido próprio estão na disponibilidade da parte e só relevam
quando o réu manifeste vontade de delas se valer.
o Exceções em sentido impróprio / Objeções aquelas que o tribunal pode, e
deve, conhecer independentemente da vontade da parte a quem aproveitam.

Constituem questões prejudiciais, relativamente ao objeto do processo, definido pelo


pedido deduzido pelo autor, e devem ser examinadas antes do pedido, propriamente
dito.

Exceção Perentória
Quando é invocado um facto impeditivo, modificativo ou extintivo da situação jurídica que o
autor se arroga ou, na ação de mera apreciação de factos, um facto impeditivo da existência do
facto jurídico que o autor pretende que seja declarada, i.e., há factos que levam o tribunal, ao
apreciar o caso, a julga-lo improcedente.
• Art. 576º/3 busca o seu fundamento no direito material, sendo um problema de
interpretação das normas de direito substantivo e individualização dos respetivos tipos.
• Art. 571º/2, in fine leva à absolvição do pedido, constituindo uma decisão de mérito9.

Exceção Dilatória
Quando é invocada a falta de um pressuposto processual, i.e., há factos que impedem o tribunal
de apreciar o pedido formulado pelo autor.
➢ Mesmo não sendo invocada, a exceção dilatória é, em regra, de conhecimento oficioso
(art. 578º).

Se a falta do pressuposto não for sanada (art. 6º/2 e 278º/2), o juiz deverá proferir uma
sentença de absolvição do réu da instância (art. 278º/1 e 576º/2), salvo e o processo deva ser
remetido para outro tribunal (art. 99º/2, 105º/3, 278º/2 e 576º/2) ou ocorrer outra situação (do
art. 278º/3)
➢ Quando é proferida absolvição da instância, o resultado atingido não representa o
atingir do fim do processo, podendo, porém, ainda, para que este fim seja atingido, o
autor mover nova ação contra o mesmo réu, com o mesmo pedido e a mesma causa de
pedir, i.e., repetir a causa (art. 581º/1), para nela conseguir uma decisão de mérito de
que a anterior ação não chegou a ocupar-se.

9
Sentença de mérito é quando há uma resposta ao pedido formulado pelo autor.

10

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Art. 577º tem elenco não exaustivo de Exceções Dilatórias:


a) Incompetência do tribunal resulta da inobservância, pelo autor, das normas legais das
quais resulta a falta de competência para a causa do tribunal onde foi proposta a ação.
b) Nulidade do processo resulta da ineptidão da petição inicial, irregularidade não
sanada, erro na forma do processo ou da simulação do litígio pelas partes, em simulação
ou fraude processual.
c) Falta de personalidade judiciária ou capacidade judiciária do autor ou réu
d) Falta de autorização ou deliberação que o autor devesse obter resulta de exigência,
para a propositura da ação, de autorização alheia ou deliberação de um órgão.
e) Ilegitimidade do autor ou do réu
f) Coligação ilegal de autores ou réus
g) Pluralidade subjetiva subsidiária ilegal
h) Falta de constituição de advogado pelo autor quando o patrocínio é obrigatório ou
falta da procuração passada ao advogado
i) Litispendência ou o caso julgado

Toda a defesa do réu deve ser concentrada na contestação (art. 573º) cujo corolário é
preclusão réu tem ónus de, na contestação, impugnar os factos alegados pelo autor, alegar os
factos que sirvam de base a qualquer exceção dilatória ou perentória (excetuadas as que forem
supervenientes) e deduzir as exceções não previstas na norma excecional do art. 573º/2.
➢ Se o não fizer, preclude a possibilidade de o fazer.

Reconvenção
Quando na contestação o réu deduz pedidos contra o autor, exercendo o direito (facultativo)
de ação e ampliação do processo art. 266º/1.
• Reconvenção = pedido
• Reconvinte = réu
• Reconvindo = autor

É deduzida separadamente e deve obedecer aos trâmites do art. 583º

Para que seja admissível, tem de ser reconduzida a algum dos elementos de conexão do art.
266º/2 e não e poderá verificar nenhum dos requisitos negativos de compatibilidade do art.
266º/3

Articulado Eventual
Réplica
Articulado que o autor utiliza para responder ao réu que deduziu reconvenção (art. 584º/1).
➢ Tem o mesmo papel que a contestação (defesa) do réu em face da petição inicial e é,
por natureza, uma contestação da reconvenção, inteiramente sujeita, ressalvadas as
devidas adaptações, ao regime da contestação.
➢ Há revelia do reconvindo quando não há réplica.
Tem também lugar quando, em ações de simples apreciação negativa, o réu tenha alegado, na
contestação, os factos constitutivos do direito, ou os elementos constitutivos do facto negado
pelo autor na petição inicial (art. 584º/2).

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Articulados Supervenientes
São se caráter eventual em que qualquer uma das partes alega factos supervenientes, os que,
a convite do juiz, completam os articulados deficientes e os de resposta às exceções deduzidas
no último articulado apresentado.

Terminada a fase dos articulados, ainda é admissível a apresentação, pelas partes, de peças com
a função de articulado:
• Deduzida exceção no último articulado a parte pode responder-lhe na audiência
preliminar ou na audiência final (art. 3º/4) garantia do direito ao contraditório;
• Havendo insuficiências ou imprecisões na alegação da matéria de facto (articulado ou
articulados deficientes), o juiz pode convidar a parte a supri-las e isso dá direito de
resposta à parte contrária (art. 590º/2/b; 590º/4; 591º/1/c) o convite do juiz é feito
no despacho pré-saneador (art. 590º/2/a e 4) tendo em conta os deveres de gestão
processual (art. 6º/2):
• Ocorrendo factos supervenientes, a parte a quem aproveitam pode alegá-los em
articulado superveniente, com direito a resposta da parte contrária (art. 588º) factos
modificativos ou extintivos da situação jurídica do autor (superveniência objetiva) ou
factos desse estilo mas que ocorreram anteriormente e só agora o autor ou réu têm
conhecimento (superveniência subjetiva)

2ª FASE DA CONDENSAÇÃO
Visa verificar e garantir a regularidade do processo, identificando as questões de facto e de
direto relevantes (com possibilidade de serem suprimidas as insuficiências e imprecisões na
alegação da matéria de facto), decidir o que já pode ser decidido, enunciais os temas da prova
a efetuar subsequentemente e preparar as diligências probatórias

Fase em que o juiz tem papel importante, pois toma conhecimento do que se passou na fase
anterior e, assumindo a direção do processo, vai, em diálogo com as partes, controlar a
regularidade da instância, convidar autor e réu a colmatar deficiências dos articulados e passar
pelo seu crivo as posições das partes, decidindo aquilo que já pode ser decidido, definindo as
grandes questões que vão ser objeto de prova e julgamento e tomando as medidas que se
imponham para que, adequada a forma processual abstrata ao caso concreto, a justa
composição do litígio tenha lugar em prazo razoável.

Despacho Pré-Saneador
Finalidade de regularização da instância processual e das irregularidades dos articulados juiz
vai providenciar para sanar a falta dos pressupostos processuais e convidar as partes ao
aperfeiçoamento dos articulados (art. 590º/2).
➢ Poderes do juiz são vinculados ele tem o dever de os exercer

O juiz, mesmo que veja que a matéria de direito/o mérito da causa não é procedente (para o
autor), pode pedir ao autor para aperfeiçoar a petição inicial para que depois possa analisar o
mérito da causa e não descartar a ação por uma formalidade economia processual (impede
que o autor volte depois a colocar uma ação).

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Tem quádrupla função:


1. Sanação da Falta de Pressupostos Processuais (art. 590º/2/a)
• O juiz deve determinar a realização dos atos necessários à regularização da
instância e, quando não o posa fazer oficiosamente, por estar no campo da
exclusiva disponibilidade das partes, convidar estas a praticá-lo (art. 6º/2).
i. Art. 6º/2 abrange todos os pressupostos processuais cuja falta possa,
por sua natureza, ser sanada, sem que tal necessariamente implique a
inutilidade de tudo o que se tiver processado, pois a ideia que a ela
preside é que devem ser removidos todos os impedimentos da decisão
de mérito que possam sê-lo.
2. Correção das Irregularidades dos Articulados (art. 590º/2/b, 3)
3. Junção de Documento que permita imediata apreciação da exceção dilatória ou
Imediato conhecimento do pedido (art. 590º/2/c)
4. Complemente dos articulados deficientes (art. 590º/2/b, 4)

Audiência Prévia
Após os atos praticados em execução do Despacho Pré-Saneador, ou não tendo este lugar, o juiz
designa dia para a Audiência Prévia (art. 151º/1-3 + art. 591º/2).

As finalidades principais são as do art. 591º/1 CPC

Despacho Saneador
É ditado ou escrito para a ata da Audiência Prévia art. 595º/2

É no Saneamento que o juiz vai conhecer das partes principais10


➢ verifica se os pressupostos estão preenchidos;
➢ não estando, manda diligenciar pelo preenchimento;
➢ olha para o que o autor pediu e vê se os factos essenciais estão todos alegados ou não;
➢ permite também que se realize o ónus do art. 5º/1.

Neste momento processual, o juiz pode entender que já tem tudo reunido para conhecer do
mérito da causa, não há instrução (que é fase autónoma para produzir mais prova para a decisão
do juiz, se ele precisar de mais provas, se a contradição das partes determinar que assim seja ou
se a atitude das partes o exigir).
➢ Se ele já tiver certeza do juízo de mérito, não faria sentido estar a prolongar e ele pode
conhecer logo do mérito, mesmo que falte um pressuposto processual.

Tem uma dupla finalidade:


1. Verificação da regularidade da instância (art. 595º/1)
Função normal, razão de ser desta fase processual.
Quando se verifica que ocorre uma exceção dilatória, quando a falta de um pressuposto
processual não possa ou não tenha sido sanada, o juiz profere a absolvição do réu da instância
art. 278º

10
Isto na estrutura típica apenas, uma vez que não há princípio de tipicidade das formas do processo.

13

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Casos de Absolvição da Instância art. 278º


Nº1: alternativa quanto ao conteúdo possível da decisão
• Ou conhecer do Pedido
o Condenar o réu no pedido favorável ao Autor
o Absolver o réu no pedido favorável ao Réu
▪ Tem que à à à à à à à à à à à
qualquer outra coisa.
▪ É sempre no pedido, devido ao princípio do dispositivo.
• Ou absolve o Réu da Instância (abstendo-se de conhecer o pedido)

a) Exceção é inversão da estatuição da regra-geral; pode aplicar-se a contrario e não


podem ser expandidas por analogias, sem cuidados.
• Exceção é coisa nova que impede o juiz de conhecer.
• Exceção é quando se traz factos novos facto novo assume a natureza de
exceção, matéria estritamente processual (pois o juiz está proibido de conhecer
do mérito da causa).
b) Vício que incide sobre o procedimento, o rito
c) Vício processual não tem possibilidade de se constituir como parte processual.
d) Não é legitimidade material, porque o juiz não pode conhecer do pedido é vício
processual.
e) Exceção dilatória processual posterga no tempo a possibilidade do Tribunal conhecer do
pedido e proferir decisão de mérito

Juiz só pode dizer 3 coisas: absolve instância, absolve pedido e condena no pedido

O art. 278º só pode ter em contas vícios ser processuais, não conhecendo do mérito da causa
e sendo a consequência a absolvição do réu na instância.

Aparentemente Favorável ao Réu porque há uma absolvição. Mas essa absolvição é com base
numa exceção dilatória, sendo transitória, pois se se der uma absolvição na instância ele ainda
tem outra chance de conseguir a condenação.
➢ Decisão é favorável ou desfavorável consoante a outra alternativa que com ela possa
chocar. Esta decisão é favorável ou desfavorável consoante a outra decisão que com ela
concorra, e que possa ser proferida no mesmo momento processual, e tendo em atenção
o mérito da causa.11
o Só é favorável ao Réu se, porventura, a alternativa fosse a condenação no
pedido
o Favorável ao Autor quando a decisão fosse a absolvição do Réu no pedido.

Nº3: se a falta ou irregularidade for sanada, estão reunidos os pressupostos processuais para o
juiz avançar para a fase seguinte, do conhecimento do pedido/mérito da causa (não absolvendo
na instância).

11
PCS: Contraponto entre a decisão de mérito que viria a ser proferida, perante os elementos que o juiz
tem, e a decisão que é proferida de absolvição na instância sempre em comparação com a outra
alternativa.

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➢ Deixa de haver obstáculo processual ao conhecimento do mérito da causa sanou-se


a exceção dilatória com preenchimento de pressuposto processual.

Se a exceção dilatória permanece, e não foi sanada ou porque não foi no momento certo, ou
porque é insuscetível de sanação ela subsiste, pelo que se continua, pelo art. 278º/1, a
proibição de conhecer do mérito da causa e absolver o réu na instância.

Equilíbrio de valores subjacente ao artigo 278º.


Oà à à à à à à à à à à à à à àQ à à
conteúdo da decisão de mérito que o juiz podia proferir quando vai conhecer da verificação dos
pressupostos processuais?
➢ O art. 278º/3 permite que o juiz conheça do mérito da causa, ele não pode é proferir
uma decisão de mérito salvo se ela for absolutamente favorável à parte processual
em causa, que é protegida pelo pressuposto processual em falta.

Origem do regime do art. 278º CPC é o regime do processo civil romano


Contrapunha as competências atribuídas ao Iudex e as competências atribuídas ao Pretor.
• Pretor era funcionário público eleito que era escolhido pelas pessoas em função dos
direitos que lhes conferia (pelas actios).
• Cada pretor a eleição tinha ações específicas, que se fosse eleito as reconheceria para
os cidadãos. Ex: um reconhecia ação para o esbulho das cabras e outro para o esbulho
dos bois, pessoas votavam conforme aquelas ações que mais lhes interessassem.
• O pretor apresentava essas ações no seu Editum (programa eleitoral do pretor).

Era o pretor que verificava os pressupostos processuais antes de conceder as actios.


• Portanto, o cidadão dirigia-se ao pretor e pedia a actio (quer que certo direito lhe seja
reconhecido) e o pretor ouvia a contraparte.
• Mas ele não julgava a ação, quem julgava era o Iudex.
• O pretor deixava de exercer a jurisdição, que era do iudex.

Iudex julgava a ação, seguindo as instruções do pretor.


• Se porventura se verificar A e B então condamnarem debit (deve ser condenado)
exceptio (uma exceção material). Ex: condeno a devolver as cabras, excepto se tenha
firmado acordo com o outro que ela as podia usar.
• Apareciam as exceptio, mas eram exceptio materiais. E porquê materiais?
o Porque a montante o pretor só concedia à actio, dando a ordem para o iudex
julgar, se os pressupostos processuais estivessem todos preenchidos a ação
à à à à à à à à à à à
processuais.
▪ Disjunção pessoal e temporal (fases distintas) em que se podia conhecer
dos pressupostos e outra que se podia conhecer do mérito da causa.

Nos sistemas processuais, muitos ainda têm esta influência sistema italiano replica isto, não
tendo integrado de que quem decide de uma coisa é quem decide da outra12; e havia fases
sequenciais em que primeiro era decidido uma coisa e só depois era decidido outra.

12
PCS: E à à à à à à à à à à à à à à à à àC à à
P àC àI

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• Este regime deixou de fazer sentido quando passou a haver coincidência temporal e
coincidência funcional doutrina alemã dos anos 70 que só 40 anos depois chegou ao
CPC português, sendo hoje um sistema extremamente moderno. Maior parte dos
sistemas processuais civis ainda não absorveu esta evolução.

2. Conhecimento imediato do mérito da causa


Função eventual, destinada a evitar o retardamento da decisão de mérito quando ela é, com
segurança, já possível na fase da condensação.
➢ Caso do conhecimento das exceções perentórias, por exemplo.

No CPC de 1961, o despacho saneador era imediatamente seguido pela seleção dos factos
assentes.
• Seleção feita de entre os factos articulados pelas partes, pois, de acordo com o princípio
do dispositivo, na vertente do princípio da controvérsia, só esses factos (e
excecionalmente os introduzidos pelo juiz por serem notórios ou de conhecimento do
tribunal) e os complementares resultantes da instrução é que podem (e devem) ser tidos
em consideração nas fases seguintes do processo.

Facto principais (art. 5º/1) são os factos que integram a causa de pedir e os que fundam
as exceções. Deles deduzem-se os factos probatórios bem como os factos acessórios, que
permitem ou impedem que a dedução se faça.

Há ainda uma identificação do objeto do litígio e enumeração dos temas da prova, bem como
a preparação das fases seguintes.

3ª FASE DA INSTRUÇÃO
Repartida por atos de produção de cada meio de prova, tendencialmente concentrados na
audiência final (art. 604º/3/a-d; 607º/1), mas podendo ter lugar antes dela.

4ª FASE DA DISCUSSÃO E JULGAMENTO


Partes expressam os seus pontos de vista sobre as decisões, de facto e de direito, a proferir. O
tribunal depois decide e notifica as partes.
Termina o processo em 1ª instância e pode abrir-se instância de recurso ordinário dirigido à
Relação (art. 638º).

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Princípios do Direito Processual Civil


Princípio da Equidade
O direito à jurisdição não pode ser entendido em sentido meramente formal: ele não implica
apenas o direito de aceder aos tribunais, propondo ações e contraditando as ações alheias,
mas também o direito efetivo a uma jurisdição que a todos seja acessível em termos
equitativos e conduza a resultados individual e socialmente justos.13
➢ Art. 20º/4 CRP14 P E postula a necessidade de se observar um
conjunto de regras fundamentais ao longo de todo o processo, nos vários planos em
que este se desenvolve.
o Aceção internacional, visível em vários instrumentos art. 10º DUDH, 6º CEDH,
14º do Pacto dos Direitos Civis e Políticos, 47º CDFUE.
➢ Processo não é só conjunto de atos, da tramitação clássica (que pode ser alterada pelo
dever de gestão processual), e visa uma justa composição do litígio.

Miguel Teixeira de Sousa: garantias de processo equitativo elencam uma série de


princípios/características do processo equitativo.

Paula Costa e Silva: garantias que se chegue à decisão justa, sem elas nem há processo
• Igualdade e Contraditório Tribunal não pode favorecer uma das partes em detrimento
de outra (igualdade do contraditório) o resultado de um processo só pode considerar-
se justamente obtido se eu conferir às partes igualdade de armas quer para atacar, quer
para defender e em que não é proferida nenhuma decisão antes de todas as matérias
relevantes tenham sido submetidas a discussão entre as partes;
• Independência e Imparcialidade garantias do decisor; garante que o juiz não penderá
para uma das partes e há uma isenção.
o Art. 216º CRP e Estatuto dos Juízes
o Garantias de imparcialidade: art. 115º e ss. conjunto de circunstâncias em que
o juiz não pode intervir nas matérias.
o Pode haver suspeição: art. 120º CPC.

Lebre Freitas: Jurisprudência no âmbito do art. 6º CEDH decompõe este Princípio da Equidade
em várias vertentes15:
1. IGUALDADE DAS PARTES
A. Princípio do Contraditório
Garantia de participação efetiva das partes no desenvolvimento de todo o litígio, mediante a
possibilidade de, em plena igualdade influírem em todos os elementos que se encontrem em
ligação com o objeto da causa e que em qualquer fase do processo apareçam como
potencialmente relevantes para a decisão.

13
O desrespeito pelo processo equitativo omitido ato devido ou praticado ato proibido leva à nulidade
do processo.
➢ Pode ser fundamento de revisão (de recurso de revisão) caso haja outras situações.
14
Direito infraconstitucional: Art. 6º/1/parte final CPC (afloramento do processo equitativo); Art. 547º
CPC; 630º/2 CPC; art. 26º/3 da Lei 62/2013
15
Além de se garantir, obviamente, o acesso a um Tribunal determinado pela lei não pode ser arbitrário,
aleatório, ex lege tem que ser a lei. O que garante a imparcialidade e a isenção do sistema.

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• Escopo deste princípio deixou de ser a defesa, no sentido negativo de oposição ou


resistência à atuação alheia, para passar a ser a influência, no sentido positivo de direito
de incidir ativamente no desenvolvimento e êxito do processo.
• No plano da alegação, exige-se que os factos alegados por uma das partes possam ser
contraditados pela outra, tendo ambas, em igualdade, a faculdade de se pronunciarem

Princípio da Igualdade de Armas


Impõe o equilíbrio entre as partes ao longo de todo o processo, na perspetiva dos meios
processuais de que dispõem para apresentar e fazer vingar as respetivas teses.
• Não implica identidade formal absoluta de todos os meios (que a diversidade das
posições das partes impossibilita), mas, exige-se a identidade de faculdades e meios de
defesa processuais das partes e a sua sujeição a ónus e cominações idênticos, sempre
que a sua posição no processo seja equiparável.
• Art. 4º CPC

2. COMPARÊNCIA PESSOAL DAS PARTES EM CERTOS CASOS OU CIRCUNSTÂNCIAS


3. LICITUDE DA PROVA
4. FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO
Decorre do art. 205º/1 CRP julgador deve analisar criticamente as provas e especificar
motivadamente as que considera decisivas para a sua convicção, indicando a interpretação e
aplicação das normas jurídicas (art. 607º/3).
➢ PCS: Partes devem poder confiar naquela decisão e estar à espera da mesma

5. TRANSPARÊNCIA DO EXERCÍCIO DA FUNÇÃO JURISDICIONAL


A. Princípio da Publicidade
Art. 606º/1 CPC que decorre do art. 206º CRP
• Tem o fim de evitar o arbítrio e o secretismo, permitindo o controlo público da boa
administração da justiça.
• Pode ter exceções, em que tribunal afasta a publicidade da audiência, de forma
fundamentada, para salvaguardar a dignidade das pessoas e da moral pública ou para
garantir o seu normal funcionamento.
• TEDH tem entendido que este princípio tem caráter absoluto.
• Manifesta-se também no Direito de Acesso ao Processo.

6. PRAZO RAZOÁVEL
Se uma decisão não tiver lugar em tempo útil, isso pode equivaler a uma denegação da justiça,
pois há uma falta de resposta à pretensão quando ela era necessária.

Conta-se desde a data da propositura da ação até ao termo do processo.


• Desde que se instaura o processo até ao trânsito em julgado
• Não abrange a execução da decisão, mas desde 1997 que se passou a considerar
(Hornsby c. Grécia, TEDH)

Apenas se pode apreciar a duração de um processo em concreto, atendendo a vários fatores do


caso:
• Complexidade da causa;

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• Interesses em jogo;
• Contribuição das partes para a demora do processo.

Se o Estado excedeu o prazo, quer através dos tribunais, quer através do poder legislativo ou
administrativo, tem o dever de indemnizar.

Princípio da Legalidade do Conteúdo da Decisão


Juízes julgam segundo o Direito art. 203º, 204º CRP + art. 5º/3 CPC

Princípio do Dispositivo
Liberdade de decisão sobre a instauração do processo, sobre a conformação do seu objeto e das
partes em causa e sobre o termo do processo, assim como, muito mitigadamente, sobre a sua
suspensão.
➢ Disponibilidade da tutela jurisdicional: disponibilidade da instância (início, termo e
suspensão do processo) + disponibilidade da conformação da instância (disponibilidade
do objeto e das partes).

Disponibilidade da Instância
Ao autor cabe solicitar a tutela jurisdicional tem o impulso processual inicial (art. 3º/1)
• Com esta propositura de uma ação, constitui-se a instância (art. 259º/1).
• Cabe também ao autor a desistência da instância.

Disponibilidade da Conformação da Instância


Ao propor a ação, autor formula o pedido, determinado formalmente pela providência
requerida e materialmente pela afirmação duma situação jurídica, dum efeito querido ou dum
facto jurídico, e fundado, de acordo com a imposição de substanciação, numa causa de pedir,
assim conformando o objeto do processo.
➢ Objeto este que pode ser ampliado (art. 266º e 264º), reduzido (art. 283º/1 e etc. mas
cabe apenas às partes a conformação da instância, nos seus elementos objetivos e
subjetivos, podendo o juiz apenas convidar as partes à prática de atos necessários para
uma modificação da instância (art. 6º/2).

Formação da Matéria de Facto: Factos Principais, Instrumentais e etc.


ESSENCIAIS
Art. 5º/1 cabe às partes, e só a elas, alegar os factos essenciais da causa, i.e., aqueles que
integram a causa de pedir e os que fundam as exceções.
➢ são essenciais porque a causa de pedir é consubstanciada por esses
o Essa alegação é feita nos articulados16

16
PCS: Os factos essenciais são essenciais por referência ao tipo legal em que a parte se fundamenta. É
sempre por referência à regra em que a parte se fundamenta para retirar a consequência jurídica que eu
sei ou não se um facto é essencial. Se o facto puder ser retirado e a ação, mesmo assim, puder ser julgada
procedente ou não, o facto não é essencial. Eu terei de perguntar à regra quais os factos que se têm de
verificar.

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DE CONHECIMENTO OFICIOSO
Art. 5º/2/c factos de conhecimento oficioso (remete para o art. 412º)
• Factos notórios: do conhecimento geral, facilmente cognoscível pela generalidade das
pessoas de determinada esfera social17, de tal modo que não haja razão para duvidar da
sua ocorrência.
• Factos que o tribunal tem conhecimento por exercício das suas funções: conhecimento
funcional.

INSTRUMENTAIS
Art. 5º/2/a factos instrumentais que, por natureza, não carecem de alegação e são
oficiosamente considerados na decisão de facto, como resultantes da instrução da causa.
É um facto que não foi articulado nos articulados.
• Estes factos instrumentais só poderão ser considerados se tiverem sido articulados os
essenciais aos quais esses são instrumentais.
o Só pode haver instrumentais dos essenciais que já tenham sido discutidos pelas
partes.
Não são condicionantes diretas da decisão e a sua função é a de permitir atingir a prova dos
factos principais

Art. 5º/2/b factos complementares são essenciais ou instrumentais?18


• (Lebre Freitas) São complementares pois: Consideração de factos principais que
complementam ou concretizam os alegados nos articulados.
o Tem de ser a parte que beneficia do efeito constitutivo, impeditivo, modificativo
ou extintivo que os tem de invocar e manifestar vontade de deles se aproveitar.

✓ Se complementarem factos essenciais são factos essenciais também;


✓ Se complementarem factos instrumentais, eles terão que estar presentes para
que a ação seja julgada procedente? Não, porque eles serão igualmente
instrumentais.

O juiz não pode considerar um facto, ainda que instrumental, se não tiver respeitado o princípio
do contraditório.
➢ O que eles são dependem do facto que as provas concretizem
➢ PCS: não há 3º categoria como diz MTS

MTS: se os complementares forem essenciais a causa de pedir não existia porque estava
incompleta, faltando um dos factos essenciais.
PCS: mas a causa de pedir tem 2 finalidades
1. Permite ao réu saber do que se está a defender (conjunto de factos de inteligibilidade)
2. Procedibilidade

Porque apareceu este regime para estes factos? Porque não é fácil reduzir a complexidade dos
factos e saber com certeza o que é essência ou não tempo de julgamento seria mais longo.

17
Que tem de abranger obrigatoriamente as partes e o juiz da causa.
18
PCS: Esta alínea surge pois fala de factos que não são da mesma ordem do que os essenciais ou
instrumentais.

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Lei não permitia ir buscar factos complementares e teria que se repetir o processo. Objetivo de
evitar a improcedência regra vem de um princípio de prevalência de substância sobre a forma.

Princípio da Controvérsia
Liberdade de alegar os factos destinados a constituir fundamento da decisão, na de acordar em
dá-los por assentes e, em certa medida, na iniciativa da prova dos que forem controvertidos.
• Ideia de responsabilidade pelo material fáctico da causa.
• Pode ter um âmbito de aplicação processual mais vasto e levar ao: Princípio da Preclusão
e Princípio da Autorresponsabilidade das Partes.

Princípio do Inquisitório
Tido como o contrário do Princípio da Controvérsia.
Art. 411º - juiz tem o dever de realizar ou ordenar oficiosamente as diligências necessárias ao
apuramento da verdade.
➢ PCS: o juiz deve ajudar na justa composição do litígio, tendo de conhecer e alcançar a
verdade material

Juiz tem, no campo da instrução do processo, a iniciativa e às partes incumbe o dever de


colaborar na descoberta da verdade, respondendo ao que lhes for perguntado, submetendo-se
às inspeções necessárias, facultando o que for requisitado e praticando os atos que forem
determinados (art. 417º/1).

Princípio da Cooperação
Art. 7º/1 o apelo à realização da função processual aponta para a cooperação dos
intervenientes no processo no sentido de nele se apurar a verdade sobre a matéria de facto e,
com base nela, se obter a adequada decisão de direito.
➢ Apelo ao prazo razoável aponta que não deve haver dilações inúteis e as partes devem
proporcionar as condições para uma decisão proferida no menor período de tempo
possível.

Cooperação material: art. 7º/2 e 3 + art. 417º


Cooperação formal: art. 7º/4 + art. 151º

Princípios da Imediação, Oralidade e Concentração e da Livre Apreciação da Prova

Princípio da Economia Processual


O resultado processual deve ser atingido com a maior economia de meios:
ECONOMIA DE PROCESSOS resolução do maior número possível de litígios
• Explica as disposições que permitem litisconsórcio inicial, a cumulação de pedidos (art.
555º), o pedido subsidiário (art. 554º), a ampliação do pedido e da causa de pedir (art.
264º), a reconvenção e os incidentes de intervenção de terceiros (art. 266º, 316º).

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ECONOMIA DE ATOS E FORMALIDADES corolário do Princípio da Adequação Formal


• Explica a simplificação das formalidades dos atos praticados no processo, adequação da
tramitação processual às especificidades da causa (art. 547º, 37º/2 e 3)19, proibição da
prática de atos processuais inúteis (art. 130º) e redução da forma dos atos úteis à sua
expressão mais simples (art. 131º/1)20.

Princípio da Gestão Processual


O Princípio do Inquisitório já aponta uma conceção do processo civil em que a investigação da
verdade está a cargo do juiz.
➢ Isto não é assim em todos os sistemas democráticos de tipo ocidental, em que domina
o Princípio da Controvérsia.

Além da recolha dos factos e da prova, cabe ao juiz a direção formal do processo, nos seus
aspetos técnicos e da estrutura interna (art. 7º/2) tendo poderes para assegurar a
regularidade da instância e o normal andamento do processo.

Art. 6º concede ao juiz o poder-dever de promover as diligências que considere necessárias ao


processo. Tem também um poder-dever de agilização do processo.
➢ Tudo o que o juiz faz na Tramitação Processual pode ser considerado feito ao abrigo
deste princípio.

A direção formal do processo pelo juiz radica nos deveres de cooperação do juiz para com as
partes.
• O juiz pode até pedir a correção da matéria de facto.
• Art. 590º/3, 4, 5

Art. 547º: juiz pode adaptar a tramitação legal como melhor se adaptar às especificidades do
caso concreto adequação às especificidades do processo, tendo em conta o objeto processual
o juiz pode seguir as diligências que achar mais adequadas, tendo em conta a justa composição
do litígio.
➢ Princípio da Adequação Formal que não tem só lugar quando a tramitação legal não se
adeque (em absoluto) ao caso concreto, deve ser também quando, embora adequada,
haja lugar a uma melhor que se lhe adeque.

A concessão ao juiz de amplos poderes de gestão processual constitui-o no dever de o exercer,


não se tratando de um poder discricionário, embora o seu exercício envolva juízos técnicos de
conveniência e oportunidade.
➢ Daí decorre a impugnabilidade das decisões de gestão processual que o juiz venha a
tomar (art. 630º, 195º/1 e etc.)

19
Não obstante a determinação abstrata dos atos da sequência processual pela lei, a possibilidade de
determinação concreta duma sequência dela divergente pelo juiz e exigência genérica da prática dos atos
indispensáveis ao respeito pelos princípios processuais, o processo consente, mesmo fora do âmbito dos
incidentes, a prática de atos anómalos úteis para a realização da função processual, designadamente por
via da ocorrência de factos com relevância para a instância processual constituída ou para a decisão de
mérito a proferir.
20
PCS: Atos Úteis vs. Inúteis

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Princípio da Prevalência da Substância sobre a Forma


Autor esqueceu-se de colocar pormenores essenciais na causa de pedir, pelo que não está
completa e o juiz descarta a ação por esse motivo.
Para evitar decisões de mérito injustas, na opinião do próprio juiz, por um requisito da lei
processual, a lei em 2013 flexibilizou a forma como pode chegar ao juiz factos que ainda relevam
para julgar procedente a ação. Por um lado evita-se as decisões formais, por falta de factos
essenciais, por outro lado evito as decisões de improcedência por falta de articulação de factos
complementares concretizadores regra integrada no principio da prevalência da substância
sobre a forma.

Este princípio evita que o juiz, chegando ao fim do processo vá conhecer do preenchimento dos
pressupostos processuais e chegue à conclusão que o Tribunal não tinha competência, por
exemplo. Não podia ter dito mais cedo porque não tinha instância processual para o fazer, com
este princípio já pode.

Significa que nós deixamos de dar relevância às consequências do não preenchimento de


pressupostos processuais permitindo que o juiz profira decisões de mérito e, por outro lado,
atribuímos ao juiz poderes assistenciais fortes, de modo que ele exorte as partes ao
preenchimento da causa de pedir, da causa de pedir ou das exceções da defesa do réu, para
que ele consiga chegar à decisão de mérito que é a mais justa para o litígio. Juiz colabora com
as partes para a justa composição do litígio. Palavra justa está associada aos poderes
assistenciais do juiz para que ele consiga ter tudo o que é necessário para uma decisão boa e
seja proferida no processo.

Os pressupostos processuais são como os pressupostos do NJ. A falta dos mesmos destrói o título. Os
pressupostos processuais não são arbitrários (art. 18.º + 20.º CRP não permitem barreiras
desproporcionadas ao exercício da ação). Se o pressuposto em falta se destina a proteger o réu, o mesmo
não pode ser condenado no pedido, porque falta uma condição para que aquela seja a melhor decisão de
mérito possível.
E se proteger o autor? O réu pode ser condenado no pedido? Claro que sim, visto que o pressuposto em
falta não prejudicou a possibilidade de uma decisão integralmente favorável ao autor. Esta decisão vai ser
sempre aquela que é proferida tipicamente quando faltam pressupostos processuais, mas que é, contudo,
ultrapassada por uma decisão de mérito: absolvição do pedido ou condenação do pedido sempre que a
decisão de mérito seja a mais favorável possível para a parte protegida pelo pressuposto em causa.
A tudo isto chamamos prevalência do mérito sobre a forma. A decisão de forma apenas existe quando é
necessária, na medida em que tenho que proteger a parte que é protegida pelo pressuposto em falta. Se
o pressuposto proteger eu avanço então para uma decisão de mérito. Há uma prevalência do mérito sobre
a forma, porque é a decisão de mérito que determina se o autor tem ou não razão (objetivo do processo).

D prevalência da substância sobre a forma e identifique as suas

A reforma do Código de Processo Civil (CPC), feita em 2013, visou tornar os litígios menos
demorados, de forma a que mais rapidamente se chegue à justa composição do litígio, cumprindo-se
assim a função do Processo de realizar a justiça e de se chegar ao resultado final, ao saber-se se o autor
tem ou não razão, como aponta PAULA COSTA E SILVA.
Nestas mudanças legislativas consagrou-se, nomeadamente no artigo 6º do CPC, um poder-dever
de gestão processual para o juiz, que promove a celeridade do processo tendo poderes inquisitórios e de
direção processual mais reforçados.

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Aliado a este reforço de poderes, motivado pela agilização e simplificação do processo civil, surge
no Direito Processual Civil o princípio da prevalência da substância sobre a forma. Este princípio surge,
como refere CARLOS BATALHÃO, numa modelação do processo civil em termos mais flexíveis, simples e
sem formalismos adjetivos, centrando- à à à à à à à à à à
à à
Portanto, o primado da substância sobre a forma implica que, desde 2013, se obedece à ideia de
que todos os impedimentos da decisão de mérito devem ser removidos, se tal for possível. PAULA COSTA
E SILVA entende que atender a este princípio significa, por um lado, não dar relevância às consequências
do não preenchimento de pressupostos processuais permitindo que o juiz profira decisões de mérito
e, noutra vertente, atribuir ao juiz poderes assistenciais fortes de modo a que ele exorte as partes ao
preenchimento da causa de pedir ou da defesa do réu, para que o julgador consiga chegar à decisão de
mérito que é a mais justa para o litígio, aflorando o princípio da cooperação patente no artigo 7º/1 CPC.
O juiz afigura-se como aquele que providencia pela sanação da falta de pressupostos processuais, como
indica LEBRE DE FREITAS, e que colabora com as partes para a justa composição do litígio.
A construção doutrinária em torno deste princípio processual tem a sua base em inúmeros
preceitos de direito positivo. Como manifestações importantes deste princípio, a título de exemplo,
tomemos as seguintes disposições do CPC: artigo 5º/2, al. b dá permissão ao Tribunal para ter em conta
factos que as partes não utilizaram, desde que estas sejam ouvidas sobre eles, suprindo a inércia de uma
das partes21; artigo 5º/2, al. c flexibiliza a forma como podem chegar ao conhecimento do juiz factos
relevantes para considerar procedente a ação; artigo 146º, artigo 193º/3, artigo 590º/3 e 4 permite
que o juiz corrija (ou dê espaço a corrigir) erros nos atos processuais; artigo 411º princípio do
inquisitório.
É a observância do princípio da prevalência do mérito sobre a forma que, no entender de ARTUR
CORDEIRO, tem justificado a maior atribuição de novos poderes de gestão processual ao juiz, que o
obrigam a uma atuação mais exigente para identificar omissões e/ou lapsos dos restantes intervenientes
processuais e solicitando a respetiva supressão e mais responsável pelo fracasso ou sucesso na justa
composição do litigio.
O princípio da prevalência da substância sobre a forma surge, assim, no Direito Processual Civil
português, conjugado com o reforço dos poderes de agilização, direção e adequação da tramitação
processual pelo juiz. Esta conjugação torna evidente que toda a atividade processual, nos Tribunais
portugueses, deve ser orientada para favorecer a obtenção de decisões sobre a substância do caso e não
sobre a forma, possibilitando a supressão de erros pela parte e evitando irregularidades puramente
adjetivas que não permitam a composição do litígio, ou, a justa22 composição do litígio, distorcendo-se o
conteúdo da sentença de mérito, condicionada por questões processuais.

21Cf. MOREIRA, Rui O à à à à à à à à à à à à àR à àP àC à


in Caderno I O Novo Processo Civil Contributos da doutrina para a compreensão do Novo Código de Processo Civil, pp. 73, 2ª
Edição, Centro de Estudos Judiciários, 2013. Disponível em:
http://www.cej.mj.pt/cej/recursos/ebooks/ProcessoCivil/Caderno_I_Novo%20_Processo_Civil.pdf, consultado a 15/10/2017
Oà à à à à à à à à à à à à à à àP à à
I à à àO à à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à à à à à à à minar
aquilo que tiver por necessário à realização do fim do proc à à à à à à à
22D à à à à à à à PáULáàCO“TáàEà“ILVá à à à à à à à à à à à à à
assistenciais do juiz, para que ele consiga ter tudo o que é necessário para uma decisão boa proferida no processo substancial.

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PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS
Juiz, antes de se preocupar com a pretensão formulada pelo autor, terá de primeiramente
averiguar da existência dos pressupostos processuais.
➢ Requisitos necessários cuja verificação depende para a procedência da ação e
apreciação do mérito da causa questões prévias ao conhecimento de fundo e
condicionam esse conhecimento.
o A falta de pressupostos processuais pode determinar que o juiz se abstenha de
conhecer do mérito do pedido e absolva o réu da instância.

Os Pressupostos Processuais destinam-se a acautelar que a decisão de mérito que pode vir a
ser dada é a melhor decisão que se pode ter (essa é a sua finalidade).

Quando os pressupostos não estão verificados há exceções dilatórias protegem a decisão do


mérito da causa.
• Mas Tribunais não podem estar a postergar a decisão do mérito da causa, eles têm de
decidir em tempo razoável se o autor tem razão criação de regimes que dilatam no
tempo o não conhecimento do mérito pode conflituar com o art. 20º CRP.
o Só pode haver conformidade constitucional se houver uma razão substantiva
que justifique a possibilidade do Tribunal não se pronunciar do mérito da
causa, dilatando essa decisão no tempo.
▪ Os pressupostos processuais justificam-se para que a decisão de
mérito a proferir seja a melhor decisão possível (havendo exceções
dilatórias quando não está verificada essa condição).
▪ Protege certos valores: protegem que seja o melhor tribunal possível a
resolver essa questão23 + o facto das partes terem as melhores
condições para discutir esse problema.

Exceções dilatórias são atípicas24 além das que estão na lei, existirão todas aquelas que e
justifiquem.
• São tipicamente de conhecimento oficioso e não há necessidade de impulso da parte
entra em conflito com o princípio do dispositivo.
• É matéria que o juiz conhece sem as partes pedirem não viola o princípio do
contraditório pois o juiz só pode conhecer da exceção após ouvir as partes.

23
Pode salvar-se a ação se for possível o Tribunal reenviar a questão para o Tribunal competente
coerente com o princípio do aproveitamento máximo dos atos jurídicos manifesta-se na remessa do
processo para os tribunais competentes. Sem isto, tem de haver absolvição do réu na instância.
24
Figura da mediação pré-processual em discussão nos tribunais ingleses e alemães, como pressuposto
processual ou não.
• Diretrizes da UE vêm dizendo que a maioria dos litígios (da conflitualidade) não podem ser
resolvidos nos tribunais estaduais mas sim em instâncias prévias em que as partes se conciliam
e resolvem os seus conflitos.
• Alemães criaram mediação pré-processual obrigatória como pressuposto processual.
• Ingleses dizem que isso viola os Tratados e a CEDH pois retardam o acesso aos Tribunais não
se pode ter a mediação pré-processual como pressuposto processual.
• Há atualmente uma zona do sistema em que há instâncias de mediação: Direito Penal com a
justiça restaurativa.

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Matéria das exceções, no fundo, permite aferir que quem está a fazer atos está nas
melhores condições possíveis e quem as decide é o melhor que as pode decidir.

Exceção dilatória é tipicamente sanável o que leva ao seu surgimento25 pode superar-se
através da regularização.
➢ Sempre que possível, o juiz deve providenciar para que a exceção dilatória seja sanada
princípio da prevalência da substância sobre a forma.
➢ O processo não existe para si, mas sim para que se chegue a uma justa composição do
litígio.

Condições relativa às partes, ao tribunal, ao objeto do processo ou à relação entre as


partes e o objeto exigidas para que o tribunal se possa ocupar do mérito da causa,
respondendo ao pedido formulado pelo autor.
Quais os pressupostos que a lei conhece:
• Tribunal o Tribunal tem que se aquele que, dentro da estrutura do Estado, o Estado
considera o melhor e mais adequado para julgar o litígio.
o Isto de um ponto de vista de proximidade física, mas não só.
• Partes que têm de estar nas melhores condições para se poderem defender (não só
defender mas também atacar).
o Pressupostos Processuais Subjetivos: visam finalidades muito distintas, portanto
as consequências do não preenchimento são diferentes. Vários pressupostos,
conforme o lado ativo ou passivo que qualifiquem, visam realidades distintas.
▪ PCS: o regime dos pressupostos é inteligente.
i. Antes tinham consequência única, da actio non data pretor
não concedia a actio, ao fazer um controlo prévio
ii. Agora, os regimes dos pressupostos e sua aplicação em
concreto dependem das tramitações processuais típicas,
previstas por lei. Uma tramitação que tenha o que a lei estatui,
permite, desde logo, num momento liminar, conhecer
pressupostos que, se o processo é liminar, não permite
conhecer.
iii. A estrutura das intervenções processuais marca o regime dos
próprios pressupostos marca as possibilidades dos
momentos de conhecimento possíveis dos pressupostos. As
estruturas atuais são distintas, o que significa que os momentos
de conhecimento dos pressupostos pelo juiz são distintos.
iv. E o regime dos pressupostos é influenciado por isto não há
consequência única e o regime vai depender das finalidades
que aquele pressuposto visa acautelar.
• Objeto quanto mais difícil é um objeto processual mais difícil é o julgamento; tem que
se atender à complexidade do objeto para se apurar o prazo razoável (art. 20º/4 CRP).
o M à à à à à à à à à à à à à
indeterminado e vago lei cria pressupostos para a relação de vários objetos
processuais, que podem ser conhecidos num só processo, de modo a que essa

25
PCS: Falha um pressuposto quando a ontologia não corresponde à deontologia.

26

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complexidade processual não se repercuta na impossibilidade de cumprir

Pressupostos Processuais Positivos – aqueles cuja verificação é essencial para que o juiz
conheça do mérito da causa.
➢ Personalidade judiciária, capacidade, legitimidade, interesse processual, competência do tribunal
e patrocínio judiciário.

Pressupostos Processuais Negativos – aqueles cuja verificação obsta a que o juiz aprecie o
mérito da ação.
➢ Litispendência, caso julgado, existência de compromisso arbitral.

1. COMPETÊNCIA
É pressuposto processual objetivo não existe para proteger nenhuma das partes; serve para
organizar a ordem jurídica interna.
➢ Para os outros todos, os pressupostos são subjetivos, existem para proteger as partes
art. 11º e ss., pelo que se aplica o art. 278º/3 CPC.

A jurisdição, abstratamente, compete a todos os órgãos jurisdicionais, considerados no seu


conjunto, sendo o poder de julgar cometido pelo art. 202º CRP.
➢ Em concreto, porém, encontra-se fracionada.

Competência é a parcela de jurisdição atribuída a cada um dos órgãos jurisdicionais – é a


fração do poder jurisdicional que cabe a cada tribunal.
➢ Esse poder está repartido pelos diversos tribunais, segundo determinados critérios
Regras de Competência que determinam a repartição do poder pelos diversos tribunais.

Conflitos de jurisdição art. 109º/1 duas autoridades pertencentes a ordens


jurisdicionais diferentes arrogam-se (conflito positivo) ou declinam (conflito negativo) o
poder de conhecer da mesma questão. Ex: entre Estados diferentes; entre tribunais
administrativos e judiciais e etc.
o São resolvidos pelo STJ ou pelo Tribunal dos Conflitos art. 110º/1

Conflitos de competência art. 109º/2 surge entre dois ou mais tribunais da mesma
ordem jurisdicional.
o São resolvidos pelo presidente do tribunal de menor categoria que exerça
jurisdição sobre as autoridades em conflito art. 110º/2. Ex: conflito entre dois
tribunais pertencentes ao mesmo distrito judicial é resolvido pelo presidente da
Relação que tenha jurisdição sobre os mesmos; se forem de distritos diferentes,
só o presidente do STJ é que pode resolver.

Competência é a medida de jurisdição de um Tribunal para fazer 2 coisas:


1. Conhecer da sua própria competência princípio é que cada tribunal é competente
para se pronunciar sobre a sua própria competência;
2. Conhecer do conflito submetido à sua apreciação.

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Nunca se pode perguntar em abstrato qual é o tribunal competente tem é que se perguntar
se o Tribunal perante o qual pende a ação é competente26

A competência apura-se tendo em conta elementos de conexão.


➢ Facto juridicamente relevante entre o litígio ao critério de aferição da competência.
➢ Elementos de ligação das partes a uma determinada ordem jurídica ou porque mora lá,
porque nasceu lá, porque tem lá casas: nacionalidade; domicílio/residente em; objeto a que diz
respeito o litígio
o Quando se olha para o litígio, o primeiro passo é perceber se há apenas conexão
com a ordem jurídica portuguesa ou se há conexão com ordens jurídicas
estrangeiras.

Competência Interna
A competência dos tribunais judiciais portugueses é regulada pela Lei de Organização do
Sistema Judiciário (Lei 62/2013) e pelo CPC.

Para Tribunal ser competente ele tem que ser competente em função de todos os critérios
que a lei exige para ele ter competência.
➢ Critérios têm de ser conjugados e sobrepostos.

Repartição, entre os diversos tribunais portugueses, do poder de julgar e subdivide-se nas


categorias do art. 60º/2 CPC (art. 37º/1 LOSJ):
1. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA MATÉRIA assenta no princípio da especialização.
➢ É vantajoso fracionar a competência dos tribunais em função da matéria devido à
especificidade das normas que integram os diversos ramos do Direito e dada a
complexidade das questões que se colocam a quem tem de decidir.
➢ Há tribunais de competência especializada, em função do critério da competência em
relação da matéria.

Nos tribunais judiciais ficam as causas que não sejam atribuídas a outra ordem jurisdicional
(art. 64º). Se a lei nada disser, o Tribunal tem competência genérica.
➢ É a LOSJ que determina quais as causas que, em razão da matéria, são da competência
dos tribunais e das secções dotadas de competência especializada (art. 65º).

Tribunal de competência especializada pode ter jurisdição, de um ponto de vista territorial,


construída em termos tais que vai consumir competências especializadas a tribunais de outras
jurisdições alarga-se a outras zonas do território e exerce competência na área de várias
circunscrições.
➢ Jurisdição é tendencialmente exercida em todo o território nacional, em primeira
instância.

26
Uma coisa é a determinação da competência ex ante onde os advogados vão por a ação
➢ Outra coisa é a aferição da competência concreta do Tribunal
o Plano do pressuposto processual é a realidade do processo pergunta-se para aferir a
competência perante os elementos que temos e não segundo a lógica de como devia
ter sido

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o Se houver pouca conflitualidade, 1 Tribunal só pode chegar para absorver a


demanda toda.

2. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA27 a LOSJ determina quais as causas que,


pelo seu valor, se inserem na competência da instância central e da instância local (art. 66º).
➢ Art. 117º/1/a28

Não obstante o critério da hierarquia, a competência em relação ao critério do valor da causa


cria Tribunais de Competência Específica.
➢ O que está em causa é uma distribuição da jurisdição por Tribunais aos quais afetam-se
juízes com posições distintas na carreira.

3. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DA HIERARQUIA JUDICIÁRIA hierarquia traduz-se apenas29 no


poder conferido aos tribunais superiores de, pela via de recurso, revogarem ou alterarem as
decisões dos tribunais inferiores30.

Tribunais de 1ª instância são tribunais de plena jurisdição.


➢ O STJ e as Relações só conhecem de 1ª instância em termos muito excecional31, pois são
em regras tribunais de recursos.

4. COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO TERRITÓRIO resulta do facto de cada tribunal pertencer a


uma circunscrição territorial.
Tem dois parâmetros: circunscrição territorial correspondente ao tribunal e elemento de
conexão de ações com a circunscrição32.

Definido pela LOSJ, que é lei muito fácil de manipular politicamente.

27
Lebre Freitas: Valor da Causa - expresso monetariamente e representa a utilidade económica do
pedido (art. 296º/1), atendendo o momento em que o pedido é deduzido (art. 299º/1 e 2). Se o pedido
for uma quantia pecuniária líquida, esse é o valor da causa (art. 297º/1).
28
Lebre Freitas: Alçada do Tribunal - valor fixado pela LOSJ até ao qual um tribunal de instância julga
definitivamente as causas da sua competência.
➢ Conceito releva para os recursos pois a decisão proferida por valor contido na alçada do tribunal
que a proferiu não é, em regra suscetível de recurso ordinário, ao passo que a proferida em causa
de valor superior a essa alçada é-o em regra (art. 629º/1).
➢ Tem funções de distribuir competência do tribunal de comarca entre as secções cíveis da sua
instância central.
➢ Valores das alçadas estão no art. 44º/1 LOSJ.
29
Apenas serve para a determinação do Tribunal para o qual se recorre de uma decisão (apenas interessa
no processo de recurso).
30
Tendo em conta a Lei Organização Sistema Judiciário
• STJ art. 55º/c
• Relações art. 73º/b
• 1ª Instância art. 33º; Comarca art. 79º
STJ (que não é Tribunal de instância, pois não tem alçada = valor até ao qual um Tribunal julga sem recurso
das suas decisões) > Tribunais Relação > 1ª instância (tem plenitude de jurisdição)
31
Há ações que se podem iniciar na Relação, como o reconhecimento das sentenças estrangeiras
32
Sendo os mais relevantes o foro do réu (regra geral art. 80º e 81º), fora real ou da situação dos bens,
foro obrigacional, o foro do autor e o foro sucessório

29

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➢ Problema político relevante por detrás da lei: Tribunais prestam serviços à


comunidade, aqueles serviços em concreto que são procurados pela população, pelo
que as leis de organização deviam ser dúcteis pois a natureza da conflitualidade não é
estável.
o Os conflitos são diferentes conforma a zona do país e deveria de haver uma
racionalidade na alocação de recursos para se dar resposta aos conflitos
específicos das comunidades (e dar vazão à demanda).
o Há conflitualidade que é relativamente escassa (ex: não há muita procura de
Tribunais Marítimos no interior do país; e no geral há menos) pelo que a
dispersão territorial dos Tribunais deve ser feita de forma a serem alocados
respondendo à efetiva demanda que sobre eles, em concreto, é exercida.
o Entende-se que a ligação territorial é relevante pelo que há demarcação
territorial para o exercício da competência do tribunal = circunscrição

Competência Internacional
Atribuição do poder de julgar aos tribunais portugueses, no seu conjunto, em face dos
tribunais estrangeiros.
• Surgem questões de competência internacional quando a causa revela alguma conexão
com outra ordem jurídica estrangeira se não houver qualquer conexão a ordem
jurídica estrangeira tudo se passa no âmbito da competência interna.

MTS: competência internacional dos tribunais portugueses é, assim, a competência dos


tribunais da ordem jurídica portuguesa para conhecer das situações que, apesar de possuírem,
na perspetiva do ordenamento português, uma relação com ordens jurídicas estrangeiras,
apresentam igualmente uma conexão relevante com a ordem jurídica portuguesa.

Regulamento 1215/2012 UE
“ simplificam-se as regras de competência secundária
harmonizando as regras de competência primária
• Regras de competência primária uniformizadas são necessárias para assegurar o rápido
reconhecimento de decisões no espaço da UE.
• Objetivo é o de simplificar o exercício da competência secundária i.e., a competência
para reconhecer uma decisão proferida por um Estado estrangeiro a parte só pode
prevalecer-se da decisão se o Estado reconhecer essa jurisdição (reconhecer decisão
estrangeira para no seu Estado valer com os mesmos efeitos que as suas decisões)
o Mas só é possível esta simplificação se:
1) Estado confia que outros Tribunais proferem decisões com as mesmas
garantias que os nacionais (senão teria de haver controlo de fundo
quando às decisões);
2) Respeitar o exercício da jurisdição (que é emanação de soberania) pelos
outros Estados com os quais o Estado Português se vincula a aceitar
certos critérios como critérios distributivos da jurisdição 
harmonização (presunção da aplicação do Regulamento).

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• É porque se harmonizam as regras de competência primária que se permite uma rápida


circulação33.

Âmbito material art. 1º/1 com as exclusões do art. 1º/2 aplica-se a matéria civil e comercial

Âmbito temporal está em vigor de 2015


Antes deste regulamento existia o Regulamento 44/2001
O atual foi copiado do anterior e as inovações prometidas caíram à última da hora devido a
conflito entre Ingleses e Alemães.
• Ingleses têm instituto que permite adaptar a regra fundamental de os Tribunais
conhecerem da sua própria competência, de modo a inibir a parte de instaurar onde ela
entender que deve ser instaurada anti suit injunctions.
o Regulamento previa a inadmissibilidade das anti suit injuctions não permitindo
que fosse o Tribunal a dar uma ordem à parte para a proibir de instaurar a ação
onde ela entendesse.
o Estas anti suit injuctions têm relevância pois no Direito Inglês se a parte não
cumprir a ordem do Tribunal vai presa por crime de incumprimento de uma
ordem judicial.
• Outra regra que não foi possível passar para o novo regulamento era aquela que
concebia uma aplicação extra-territorial do DUE.
o Prescindia-se do critério central da aferição da competência internacional do
domicilio, dizendo que se aplicava sempre o regulamento havendo qualquer
outro elemento de conexão à UE.

O domicílio é quase como um ius cogens na aferição da competência internacional pois a


pessoa está mais próxima dos tribunais do local onde reside.34

33
Uma vez que o tempo que demora o reconhecimento não é compatível com a vida das pessoas
➢ PCS: maior consequência prejudicial para os britânicos com o Brexit
34
Conceito de domicílio no Regulamento art. 62º e 63º Reg 1215/2012
➢ Tentativa de ter critérios uniformes para toda a UE mas vão na linha de conta com os critérios
tidos em conta pela legislação dos Estados-membros.

Como provamos que o domicilio é efetivamente aquele que uma das partes indica? E se no momento da
propositura da ação vive num certo sítio mas entretanto muda-se?
➢ Pressupostos processuais, e a competência não foge a isso, são sempre aferidos à data
da propositura da ação (mesmo sendo aferidos pelo juiz na fase da saneação).

Mudança fáctica na situação jurídica do réu que aproveita ao processo.


➢ Ex: critério é domicílio do réu. Réu vive em Lisboa e autor no Porto. Instaura ação no Porto que
remete para Lisboa e sana a incompetência.
➢ Se entretanto Réu mudar-se para o Porto, na mesma o Tribunal do Porto remete para Lisboa?
Não o juiz atende ao princípio da gestão processual, princípio da prevalência da substância
sobre a forma.
o Já não há elementos de conexão a Lisboa. Réu ao mudar de domicílio mudou em favor
do processo portanto pode usar-se.

E se o Tribunal desaparecer, por reforma do mapa judiciário e etc.?


➢ Direito tem que ceder à realidade e vai ser competente o Tribunal que, de acordo com a
reorganização judiciária, for competente nessa altura.
o E pode acontecer várias vezes ao longo da vida do processo.

31

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Sebenta Processo Civil I DNB 2017/2018

• Quando não há melhor conexão, esta é a conexão necessária, tendo em conta que a lei
atenta às situações da vida e escolhe o melhor critério (o elemento relevante para a
partir de aí determinar a jurisdição).
o Uma melhor conexão afastaria a conexão do domicílio casos de competência
exclusiva
o Uma tão boa conexão também afastaria a conexão do domicílio casos de
competência concorrente.

CASOS DE COMPETÊNCIA EXCLUSIVA art. 24º


Critério que tem de ser explicado com uma intensidade tal que afasta a pertinência de qualquer
outro critério.
➢ Se o objeto da ação se reconduzir aos casos de competência exclusiva, então o Tribunal
tem que verificar a sua competência e declarar a sua competência/incompetência.
➢ MTS: os casos deste artigo prevalecem sobre a competência determinada por quaisquer
outros critérios, gerais ou especiais prevalece sobre o art. 8º

CASOS DE COMPETÊNCIA CONCORRENTE art. 7º35


Critério do domicilio do réu concorre com outro critério que é identicamente bom
competência alternativa
• Atribui-se a autor a prerrogativa de escolher qual o Tribunal ele pretende instalar a ação,
sem que nenhum deles se possa declarar incompetente.
• Nestes casos, e a ação não for instaurada no domicílio do réu, o Tribunal tem de verificar
se há outra conexão igualmente boa que lhe dê competência.
o Se não houver tem de se declarar incompetente.
o Tribunal tem de verificar se garantias do réu estão asseguradas

COMPETÊNCIA CONVENCIONAL ART. 25º


Prevalece sobre a competência de Origem Legal
➢ O pressuposto processual da competência (tanto externa como interna) pode ser
modelado por lei ou por convenção36.

35
Numa ótica ampla (MTS) tem- à à à à à à à à à à
prestações da obrigação, o que envolve o pagamento do preço e entrega dos bens. Doutrina tem
preenchido o lugar da entrega atendendo a práticas comunitárias e etc.
36
Competência regulada por convenção:
• Pactos de Competência regula a jurisdição mas apenas no espaço interno de um
Estado. Ex: escolho o Tribunal competente como o Tribunal de Lisboa
• Pactos de Jurisdição regulam a competência no domínio das ordens jurisdicionais de
vários Estados.
• Convenção de Arbitragem indiferente se é competência interna ou internacional é
transversal.
o Difere dos pactos pois atribuem jurisdição a tribunais não integrados na Ordem
Jurisdicional dum Estado.
o Pode dizer respeito a uma situação plurilocalizada (que seria de competência
internacional) ou não plurilocalizada (que seria de competência interna
apenas relacionada a uma Ordem Jurídica).
o Não há hierarquia entre os Tribunais estaduais e os Tribunais arbitrais.

Competência regulada com base em regras dispostas por lei são regras jurídicas que regulam
a competência.

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Autonomia privada prevalece sempre face à aplicação de uma regra, que é supletiva.
• 1ª barreira: há matérias em que o Estado não permite a autonomia privada, não
permite pactos de jurisdição.
• 2ª barreira: se não for invocada a violação do pacto de jurisdição, então isso não é de
conhecimento oficioso, pois o Tribunal não reconhece causas que tutelam interesses de
pessoas e sim aquelas que tutelam interesses de ordem pública e etc.
o Art. 578º CPC

Portanto, a competência convencional prejudica a competência de qualquer outro tribunal,


mas tem de ser suscitada pela parte se for invocado o Tribunal tem de se declarar
incompetente.
➢ Se não for suscitada pela parte:
o Há derrogação tácita do pacto de jurisdição (MTS)
o Não há derrogação do pacto de jurisdição (PCS) há uma não invocação da
exceção neste caso concreto, permanecendo o pacto válido.
▪ A exceção de preterição, feita no pacto, não foi invocada neste caso,
mas pode ser noutros.

Consolida-se sempre a competência de um Tribunal, atribuindo competência internacional, ao


Tribunal perante o qual o Réu comparece sem invocar a incompetência desse Tribunal.
• O Réu pode dizer que o Tribunal é incompetente mas mesmo assim aceitar ser julgado
por ele, fazendo com que se consolide a competência do Tribunal da ação.
o É também sempre competente no plano internacional o Tribunal perante o qual
o Réu comparece, sem invocar a incompetência desse mesmo Tribunal.
o Último critério de todos na atribuição de competência internacional Art. 26º:
Pacto de Jurisdição Tácito 37

Regulamento 2201/ 03 CE
Âmbito Material aplica-se a matéria matrimonial e responsabilidades parentais (instrumento
de aplicação interno entre Tribunais da UE).
➢ Tem que ser conjugado com o Regulamento 4/2009 relativo às obrigações alimentares

Regulamento 2201 tem duas partes:


1. Separação e anulação do casamento fixa como critério geral atributivo de
competência o Tribunal de residência do requerente, quer seja (ainda) residência
comum, quer seja apenas residência do requerente
• Inversão da regra já não é o domicílio do réu e sim área de residência da
requerente pois a parte que requer o divórcio está normalmente numa
posição mais fragilizada38

• A lei pode ser de origem Convencional (direito convencional) Tratados e etc.


• A lei pode ser de origem Estritamente Interna
o As regras reguladoras da competência internacional emanadas de direito
convencional prevalecem sobre as mesmas regras reguladoras da competência
emanadas do direito interno art. 8º CRP
37
Domicílio > Competências Especiais > Competências Excecionais > Competências Convencionais >
Comparência do Réu
38
Regra do tipo-padrão e que depois comporta exceções

33

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• Art. 3º dá relevância ao critério da nacionalidade que não tinha relevância no


Regulamento 1215
2. Responsabilidades parentais cujas disposições devem ser conjugadas com a
Convenção Internacional de Rapto de Menores.
• Este Regulamento apenas harmoniza as competências acerca das
responsabilidades parentais de menores (cujo conceito é deixado em aberto39)
• Matéria de guarda e visita + atribuição do menor a famílias ou instituições de
acolhimento + rege competência da gestão patrimonial do menor (e quanto à
intervenção dos pais no património do menor)
• Não intervém nas obrigações alimentares esse é o Regulamento 4/2009

Nos casos práticos podem estar em causa os 4 regulamentos e nas várias situações que eles
regulam.

Este Regulamento foi aplicado no Processo C-168/08, Hadadi c. Mesko (TJUE)

REGRAS DE RECONHECIMENTO
Seja qual for o regulamento, os Estados não podem controlar o mérito da decisão do Tribunal
de origem, mas podem parar o reconhecimento se a decisão ofender a sua ordem pública.

Doutrina discute se isto não é um reconhecimento do mérito.


PCS: no fundo é controlar o mérito, pois vai verificar do conteúdo da decisão e ver se ela vai
contra a ordem pública. Isto não implica que haja possibilidade de se substituir (dizer que o
Tribunal de destino não se pode substituir no julgamento da causa é argumento falacioso40
são problemas completamente distintos: um é saber o que se controla e o outro é após
controlado e destruído, há ou não há poderes de substituição).

Ex: vinculação perpétua de um advogado a pagar indemnização. STJ não reconheceu esta
decisão porque na nossa ordem jurídica não cabe

Regras relevantes em matéria de competência:


1) Ao abrigo do respeito recíproco entre Tribunais, Regulamentos dão sempre relevância
à litispendência exceção que se verifica sempre que pende perante 2 ou mais
Tribunais uma ação com tripla identidade (os mesmos sujeitos, a mesma causa de pedir
e o mesmo pedido)
• Há diretrizes quanto à suspensão da ação quando há conexão entre objetos.
Aquele que é demandado em 2º lugar deve parar e esperar.
2) Ao invés do Direito Interno, saber qual a ação instaurada em 1º lugar não é quanto à
citação do réu, e sim com a propositura da ação.
3) Regra de salvaguarda espécie de ius cogens na competência internacional princípio
da necessidade da jurisdição internacional.
• Regra de ultima ratio exerce-se quando a parte, se não vir a sua ação julgada
perante o Tribunal no qual instaurou, vê perecer o seu direito.

39
Na Convenção de Bruxelas-I eram todos os menores de 18 anos. Mas há casos de emancipação, que já
não são menores e portanto não se aplica o Regulamento
40
O controlo de mérito pode ter efeito meramente cassatório ou substitutivo

34

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i. A parte precisa em absoluto de uma decisão naquele espaço e por


aquele tribunal, sob pena de ver perder o direito.
ii. Quando o tribunal se declara incompetente, nestes casos há uma
dificuldade incomensurável. Ex: empresas brasileiras e portuguesas
fazem estradas na Líbia e dão competência exclusiva ao Estado Líbio;
explodindo a guerra, lá não é possível exercer direitos, pelo que a ação
pode decorrer em Portugal.

Tribunais na UE não fazem concorrência uns aos outros

Direito Interno
Caso não se aplique à competência internacional nenhum instrumento internacional
(Regulamentos). Se não for aplicável nenhum dos Regulamentos, realiza-se a competência pelo
CPC.
Natureza da própria competência internacional é soberania e concorrência entre Estados, pelo
que Portugal tem de afirmar as regras pelas quais ou a partir das quais permite o exercício da
sua própria jurisdição critério de repartição em termos internos ainda não quer dizer que esse
critério é relevante para os elementos de conexão entre o Estado Português e um conflito
plurilocalizado; uns visam apenas distribuir competência no plano interno e outros visam afetar
jurisdição ao Estado português.

Art. 62º determina quando os tribunais portugueses podem ser internacionalmente


competentes
a) Princípio da Coincidência coincidência entre a competência internacional e a
competência interna territorial, em que os tribunais portugueses têm competência
internacional para julgar essa ação, mesmo que existam elementos de conexão com
ordens jurídicas estrangeiras. Quando os tribunais portugueses se consideram
competentes por aplicação das regras de competência territorial interna.
• PCS: Art. 62º/a deve ser conjugado com art. 70º e ss.
➢ Os critérios e fatores de conexão a que Portugal dá relevância
são estes. E dão relevância a estes critérios por força do art.
62º/a
o Art. 70º e ss. escolhem um elemento de conexão e a partir dele
concretizam a competência.
o Regra geral: art. 80º e 81º -> só se recorrem a estas regras quando não
é aplicável nenhuma regra especial
➢ àL àF à à à à àT à à à à à
falir a concretização da sua competência por regra especial, que
seja internacional ou interna, pode ainda ir buscar os critérios
da regra geral).
o PCS: se estamos perante objeto para o qual a lei escolheu melhor
elemento de conexão, não pode o Tribunal concretizar a sua
competência com recurso a conexões alternativas41. Prejudica o tribunal

41
PCS: o mesmo para
• Não posso aplicar direito interno (face a litígios internacionais) se falir a competência
internacional do Estado português, por aplicação do regulamento competente.
• Não posso aplicar regras gerais do CPC quando ao caso concreto é aplicável uma regra especial.

35

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que seria competente para dirimir o litígio e cujo o elemento de


conexão a lei relevou. Não se pode aplicar regras de competência
territorial gerais se falir a concretização da competência do Tribunal da
ação, por aplicação da regra especial que, no caso concreto, é chamada
a regular.
b) Princípio da Causalidade quando o facto que serve de causa de pedir (ou algum dos
que a integram) tiver sido praticado em Portugal.
c) Princípio da Necessidade quando o direito invocado pelo autor só possa tornar-se
efetivo por meio de ação nos tribunais portugueses. Estado português aceita exercer
jurisdição e como ultima ratio apenas nos casos em que a situação da vida / objeto da
ação tenha algum elemento de conexão com a Ordem Jurídica portuguesa.

Art. 63º é quase igual ao art. 24º Regulamento 1215/2012 e determina os casos em que os
tribunais portugueses são exclusivamente competentes.
Antes do art. 25º do Regulamento 1215/2012 havia o
Art. 94º - Pactos de Jurisdição
• Os tribunais portugueses também são competentes para julgar internacionalmente se as partes
convencionarem que é Portugal a jurisdição competente para dirimir esses litígios.
• Por acordo das partes o pacto de jurisdição pode ser:
o Atributivo concede competência a um tribunal português
o Privativo retira competência a um tribunal português e atribui exclusivamente a um
tribunal estrangeiro.

Chegando ao final,
Tribunais Portugueses são competentes. Mas que Tribunal?
Atende-se à Lei 62/2013, de 26 de Agosto (LOSJ)

Incompetência
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA
• Violação de normas de interesse e ordem pública.
• Art. 96º
o Arguida pelo art. 97º

Consequência é a absolvição do réu da instância art. 99º

INCOMPETÊNCIA RELATIVA
• Violação de meras normas de interesse e ordem particular infração de regras fundadas
no valor da causa, na divisão judicial do território ou decorrentes do estipulado na
convenção prevista no art. 95º
• Art. 102º
o Depende da arguição do réu art. 103º (exceções do art. 104º, de
conhecimento oficioso)

Consequência é a remessa para tribunal competente onde continua os seus termos art.
105º/3.
➢ Tribunal ao receber o processo fica vinculado à decisão do juiz que para ele remeteu,
i.e., ao receber o processo não poderá declarar-se incompetente.

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➢ Mas se for por violação de pacto privativo de jurisdição, terá de se absolver o réu da
instância, visto que a sua jurisdição não vai além fronteiras para remeter para outro
tribunal estrangeiro.

Casos Práticos
Quando o autor vai intentar a ação tem de ver qual é o Tribunal competente:
• Conexão com ordem jurídica exterior? SIM
o Ver Regulamento art. 1º
▪ É Estado-membro? NÃO -> ver se cabe nas exceções do art. 6º/1, se não
remete para art. 62º42 e 63º CPC
▪ É Estado-membro? SIM -> art. 4º; ver depois se podia ser demandado
especificamente
• Art. 5º aplica-se a regra geral excepto se houver disposições
sobre competências especiais. É extensão do art. 4º.
• Conexão com ordem jurídica exterior? NÃO
o Então ver Matéria, Valor, Hierarquia e Território art. 37º Lei 62/2013

MTS: há disposições do regulamento que têm uma dupla finalidade -> diz-nos o Estado-membro
onde se instaura a ação e o local -> art. 7º

2. CAPACIDADE JUDICIÁRIA
Aptidão para adquirir direitos e para os exercer.
• A CPC
o Pretende acautelar-se que a pessoa pode decidir por si, livremente, a situação
em que é parte no processo.
• Art. 15º/2 capacidade judiciária tem por base e por medida a capacidade de exercício
de direitos. Quem tem total capacidade de exercício de direitos possui plena capacidade
judiciária.
o Incapacidade das pessoas singulares mede-se pelo art. 15º/2 unidade de
medida é desde o momento do facto da causa de pedir ou da possibilidade dos
efeitos se repercutirem na esfera jurídica da pessoa?
▪ Avalia-se pela potencialidade dos efeitos se repercutirem na esfera
jurídica do interessado.

Quem não tiver capacidade judiciária só pode estar em juízo através dos seus representantes
legais com a finalidade de proteger certas pessoas contra a sua inexperiência ou incompleta
formação ou contra o seu deficiente estado mental, a lei determina que não podem exercer, por
si próprias, um direito cuja titularidade lhes é reconhecida, havendo fenómenos de
representação.
• Menores suprimento da incapacidade pelo art. 16º/2 e 3
o Tendo em conta que há atos que o menor pode praticar livremente, sendo ele
pessoalmente que vai estar em juízo e tendo, então, capacidade judiciária.

42
Alíneas deste artigo não são cumulativas são é para serem vistas sequencialmente; só se conclui que
não cabe no artigo após verificar todas as alíneas.

37

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• Interditos equiparado ao menor (sendo incapaz de governar a sua pessoa e bens)


suprimindo-se pelo art. 16º/1 e 17º
• Inabilitados incapazes de reger convenientemente o seu património, podem intervir
nas ações em que são partes mas essa intervenção está subordinada à orientação de
um curador (que prevalece no caso de divergência), pelo art. 19º
• Representação Orgânica depende muito dos estatutos e supletivamente do que a lei
disser, tendo em conta art. 24º, 25º e 26º (com a ideia de quem realmente exerce
poderes)

Do lado ativo há 2 mecanismos de sanação:


A. Representação para quem não pode celebrar negócios jurídicos afere-se pela regra de
celebração de negócios jurídicos;
B. Assistência quando se pode praticar alguns atos processuais mas não livremente.

Consequências da incapacidade é que se não for sanada43 leva à absolvição do réu na instância,
se for pressuposto de prática de ato processual (ex: autor põe ação por si próprio e é interdito
pode não ser irregularidade processual mas o ato em concreto seria; se o menor por si próprio
replica ou recorre pratica ato por si próprio do processo, pelo qual o ato é nulo pois há
inadmissibilidade do ato processual).

Ónus da prova da capacidade judiciaria:


• incapacidade do autor pertence ao réu;
• incapacidade do réu pertence ao autor.

3. PATROCÍNIO JUDICIÁRIO
Assistência técnica prestada às partes por profissionais do foro exercício por advogados,
advogados estagiários e solicitadores.

Em todas as causas é admitida a intervenção de advogados em representação das partes,


porém, há causa em que, pela importância ou devido à sua natureza, essa intervenção torna-
se obrigatória art. 40º/1 CPC44

Poderes de representação em juízo são conferidos ao advogado (mandatário) pela parte


(mandante ou constituinte) por meio de mandato judicial, nos termos do art. 43º, 44º e ss.

A sanação da falta deste pressuposto processual pode ser feita pelo art. 41º

43
S Cessação da incapacidade, quando o incapaz o deixa de o ser, no processo
44
Isto significa que nas outras causas a constituição de advogado é apenas facultativa, podendo as partes
litigar por si art. 42º

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4. PERSONALIDADE JUDICIÁRIA
A CPC 45

Partes Processuais
No processo intervêm vários sujeitos, mas, não se atribui a todos as situações jurídicas das
partes. Ex: testemunhas são sujeitos processuais mas não têm os deveres, direitos e ónus das
partes.

Quem é parte? Quem é sujeito processual ao qual se devem atribuir certas situações jurídicas?
➢ Problema de exercício de situações jurídicas.

Parte pode ter ou não interesse tem que se atender à construção da teoria dos pressupostos
processuais.
➢ Pode ser-se parte e não preencher os todos pressupostos processuais de que a lei faz
depender o proferimento da decisão de mérito. Ex: PCS em concurso de misses. Alguém
terá que dizer à Profª, que é parte, à à à ... O juiz verificará os
pressupostos processuais e terá que decidir.

Parte é aquela que no mundo da realidade faz alguma coisa em nome próprio (e por isso se
distingue do representante, que atua em nome do representado).
➢ Partes processuais são sujeitos que pedem em nome próprio ou contra os quais
é pedido um quid no processo46

O conceito material de parte alterou-se para o conceito formal de parte.


➢ Deixou um espaço livre que foi preenchido pelo pressuposto da legitimidade conceito
que vai complementar e estabelece a ligação entre a situação que é e quem pode
exercer, a partir da situação que é.

Parte deixou de ser aquele em cuja esfera se produzem os efeitos da decisão de mérito e, a
partir do séc. XIX, no conceito de parte deixou de haver qualquer ligação entre as pessoas que
pedem em nome próprio e a situação da vida que se está a discutir.

45
Art. 12º - estende a personalidade judiciária atendendo ao Critério da Diferenciação
Processual
Art. 13º - estende a personalidade judiciária atendendo ao Critério da Afetação do Ato

Nos casos de ações indevidamente propostas contra sucursais, o art. 14º prevê a sanação da
falta deste pressuposto processual através da ratificação ou repetição do processado pela
administração principal.
➢ O juiz, antes de proferir despacho de absolvição do réu da instância deve providenciar
(art. 6º/2) para que a administração principal intervenha no processo e sane os atos.

A falta de personalidade judiciária não sanada constitui uma exceção dilatória (art. 577º/c) e
é de conhecimento oficioso (art. 578º), levando à absolvição do réu da instância (art.
278º/1/c).

46
Ainda que o não pudessem ter sido.

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No Processo Civil Romano:


• o Pretor dá actio àquele que demonstra, perante ele, que é sujeito da actio que o pretor
pode dar implica que quem recebesse a actio fosse o titular do direito subjetivo em
causa (tinha de haver essa ligação umbilical pois só se atribuía actio a quem era parte
legítima = a quem preenchia os índices nomeadamente subjetivos do tipo legal que era
a actio).
• Direito romano explica na sua origem a dispensa da legitimidade hoje em dia já não
é assim

Abandonou-se o processo do pretor e depois o iudex pois havia muitas imunidades e muita
gente não podia ser demandada em nome próprio como o Rex.
• Por este motivo, demandava-se outra pessoa em nome próprio por situação jurídica
alheia.
• Doutrina percebeu que este conceito material de parte não servia e que aquele que
exercia em nome próprio situações jurídicas alheias o fazia por incumbência de
outrem (ou desempenho de uma função).

E isto levou a que nos primórdios do séc. XIX levou a que se construísse conceito intermédio
de parte: PARTE POR INCUMBÊNCIA (é parte por desempenhar certas funções)
➢ Ainda existe hoje em dia: caso do Administrador da Insolvência a ser representação
legal, o insolvente era considerado incapaz, e isso não é assim. Representante tem de
atuar no interesse do representado e o Administrador da insolvência tem de coordenar
os interesses dos insolventes e dos credores (não pode representar uma).
o Ele é parte por incumbência pois atua nas situações jurídicas em nome próprio
porque o insolvente não pode atuar, mas, atua nas situações jurídicas alheias
porque recebeu do tribunal a incumbência de o fazer.

Estes casos não eram explicados pelo conceito material de parte, pelo que teve de se
abandonar esse entendimento

Caso da transmissão da coisa ou direito em litígio art. 263º


Está nas modificações subjetivas e vem ao encontro do princípio da estabilidade em que se
determina que, uma vez citado o réu, a ação se deve manter a mesma quanto às partes e quanto
ao objeto (estabilidade em sentido forte), sendo apenas admitidas as exceções permitidas pela
lei nos artigos subsequentes.
• Importante para a instância da ação e na instância de recurso como o recurso faz parte
da instância, tem de se aplicar esse princípio e a ação tem de se manter a mesma quanto
às partes (mantém-se a identidade, não a posição pois a parte passiva passou a ativa e
a ativa passou a passiva) e quanto ao objeto, mesmo no recurso (não pode mudar).
• Caracteriza o sistema processual.
• Pode haver casos de substituição quando há transmissão da coia ou direito litigioso por ato entre
vivos (art. 263º) ou por substituição da pessoa falecida (art. 351º).

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Transmitente, perde conexão com o que está em causa mas continua a ser parte, devido a
adotar-se o conceito formal de parte que explica o art. 263º.
➢ Perpetuação da legitimidade do transmitente justifica-se pela tutela da parte
estranha à transmissão, pois se isto não se mantivesse, o processo extinguir-se-
ia a instância (por ilegitimidade superveniente) e instaurava-se outro isto
permitia fáceis manipulações e sempre que uma parte quisesse destruir o processo que
lhe estava a correr mal bastava transmitir o litígio.

Um terceiro é aquele que não é parte: não demanda nem é demandado em nome próprio.

Tribunal Constitucional tem uma decisão com base no problema do TGV em que se discutiu
à à à à à à à à .
➢ Caso julgado é delimitado pelas partes, mas pelas partes que o são, não por aquelas que
poderiam ter sido (discutiu-se isso no caso do TGV).

PCS: Quanto às partes, ou se é Principal ou Acessória, não há 3ª categoria


• Partes Principais autor e réu
• Partes Acessórias assumem no processo uma posição subordinada.
o Assistente: é uma pessoa que tem interesse jurídico em que a decisão do pleito
seja favorável a uma das partes, intervindo no processo como seu auxiliar (art.
326º)

• Art. 328º cruza com o art. 321º - o que interessa aqui é saber qual o sujeito de
imputação das situações jurídicas processuais previstas pelo sistema para perceber
como a parte acessória se comporta (pois tem direitos equiparados)
• Art. 328º/2 explica que se houver conflito entre aquilo que diz o assistente e aquilo que
diz a parte principal prevalece o que é dito pela parte principal -> esse é o significado de
subordinação.

Art. 263º fala em substituir, o que está tecnicamente errado, porque o transmitente, tal como
o assistente são substitutos, ou seja, litigam em nome próprio por direito alheio.
• No caso do assistente, enquanto a parte principal se manter em revelia; no caso do
transmissário, enquanto este não for aceite por lei a trocar no pólo processual com o
transmitente.
• A parte processual formal do art. 263º é exatamente aquela do art. 329º, é o substituto
processual, aquele que sendo parte principal, litiga em nome próprio mas por direito
alheio.

As partes são classificadas como principais ou acessórias através de conceitos desconectados


com a situação material controvertida, mas há uma distinção, apesar da formalização do
conceito de parte, entre:
• aqueles que litigam em nome próprio e por direito próprio (PARTES PRINCIPAIS
FORMAIS DIRETAS);
• aqueles que litigam em nome próprio por direito alheio (PARTES PRINCIPAIS FORMAIS
SUBSTITUTOS PROCESSUAIS).

41

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Sebenta Processo Civil I DNB 2017/2018

Parte pode ter configuração singular ou plural.


• Sempre que num dos polos da instância esteja mais de 1 sujeito há uma situação de
pluralidade de sujeitos, que pode conviver com pluralidade de objetos.
• Quando a situação da vida tem vários sujeitos, a pluralidade pode repercutir-se, ou não,
na configuração da parte processual.
• Parte plural = litisconsortes (que é diferente de compartes = resultam da pluralidade de
objetos)

Os pressupostos processuais que as partes têm de reunir são aqueles necessários para que seja
proferida uma decisão de mérito.
➢ Não são pressupostos para ser parte, porque elas são partes, são é pressupostos para
terem possibilidade de ver julgado o mérito da causa.

Substituição processual é na pendência da ação e não se dá se uma comparte ceder


anteriormente à propositura da ação para haver transmissão, tem de ser na pendência da
ação.

Parte e Personalidade Judiciária


Partes têm possibilidade de ser parte porque são pessoas para o direito.
• Podem haver casos em que não existe personalidade jurídica mas há personalidade
judiciária e podem haver casos em que não há possibilidade jurídica ou judiciária e são
partes (PCS: surgindo um problema no direito português porque se separou esse
pressuposto da capacidade).

Parte é limite dos efeitos do caso julgado as partes ficam vinculadas pela decisão do caso.

Pressuposto da personalidade judiciária não fazia parte dos pressupostos criou-se um


problema complexo.
• Antes, o pretor dava actios às pessoas que lhas pediam e não às coisas era simples
Mas e se houver um processo com ausência de parte? Tem de ser considerado existente e ter
um resultado.
• MTS: há absolvição do réu na instância
• PCS: não é possível absolver o réu na instancia por ele nem foi parte não há uma
resolução dogmática e tem de se recorrer à lógica jurídica.

Parte, ao evoluir do conceito material para formal, perde-se a alusão ao impacte da decisão
no sujeito.
 Vai-se buscar essa ligação ao pressuposto da Legitimidade art. 30º CPC

42

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5. LEGITIMIDADE DAS PARTES


Legitimidade é o pressuposto que estabelece a relação entre a parte e a situação material
controvertida (estabelece a ligação entre a parte o objeto da ação).
➢ É pressuposto processual que relaciona autor e réu.
➢ Para que o juiz possa conhecer do mérito da causa, torna-se necessário que as partes,
além de possuírem personalidade e capacidade judiciárias, tenham legitimidade para a
ação.
o Legitimidade consiste na posição das partes numa determinada ação – parte
será legítima se for a pessoa cuja esfera jurídica é diretamente atingida pela
providência requerida, se a ação vier a proceder.

Tem um conceito formal art. 30º/3


• Partes são legítimas na medida em que o autor diga que são e não pela relação com o
objeto da causa (relação material controvertida tal como ela existe).
o Se assim não fosse, a determinação de algo que é um pressuposto confundir-se-
ia com o mérito da causa para verificar a legitimidade da parte tinha que se
conhecer do mérito da causa, esperando então pela sentença final, após toda a
prova, conhecia-se da legitimidade e não havia decisão de mérito e sim uma
absolvição do réu na instância.

Art. 30º/1 CPC: o autor é parte legítima quando tem interesse direto em demandar e o réu é
parte legítima quando tem interesse direto em contradizer.
➢ Esse interesse tem de ser jurídico (i.e., protegido pelo direito) e pessoal ou direto.

Art. 30º/2 CPC: interesse significa utilidade para o autor e prejuízo para o réu

Art. 30º/3 CPC: subsidiariamente, é parte legítima os sujeitos da relação controvertida tal como
configurados pelo autor;
➢ o réu do processo é o que o autor quer demandar47;
➢ a parte é sempre legítima se for tida como titular da relação jurídica tal como é
configurada pelo autor na petição inicial.

Conceito de legitimidade serve essencialmente para 2 casos:


A. Quando o autor se engana configura como parte alguém que não figura nos factos;
B. Quando a legitimidade é indireta (art. 30º/3) casos em que a parte alegadamente não
é titular da relação material controvertida, tal como configurada pelo autor.
• Caso de ausência de conexão entre a situação litigada e a parte que está a litigar
-> isso pode acontecer quando a lei, atendendo a certos interesses perpetua a
legitimidade ou atribui legitimidade substitutiva48 a uma concreta parte. (Ex:
transmissão da coisa em litígio49).

47
A ilegitimidade surgirá naqueles casos em que se verificar divergência entre as pessoas identificadas
pelo autor e a que realmente foram chamadas a juízo, i.e., quando estas pessoas não são os sujeitos da
relação controvertida delineada pelo autor.
48
= legitimidade indireta
49
Transmissão da coisa ou direito em litigio faz perceber que o art. 40º está errado, pois está construído
em pirâmide e acaba por não valer sempre: transmitente e transmissário podem acordar numa renúncia
à responsabilidade por vícios redibitórios (vício oculto de que não poderia ter havido conhecimento) o

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• Esta regra serve de parâmetro para se explicar as situações de legitimidade


indireta, em que a parte explicitamente não é o titular da situação material
controvertida -> para a parte ter legitimidade o autor tem de indicar a regra ao
abrigo da qual ele pode configurar aquele sujeito como parte, não sendo titular
da relação material controvertida

Também explica os casos de legitimidade plural casos mais complexos de configuração da


legitimidade processual.

Direito Processual Civil olha para o Direito Material e configura legitimidade processual na
configuração que têm as situações materiais. Começa-se sempre pelo Direito Material que está
em causa na ação.

Há pluralidade de compartes no processo quando a situação material atinja diferentes


pessoas que compõe, não obstante a pluralidade, uma só parte. 50
• A parte material plural, tende a ser acompanhada por uma parte plural processual a
parte pode ser composta por várias pessoas quando elas são afetadas e estão na
situação jurídica material. Ex: art. 1691º - à à à
• Mas, se se estiver a atingir bens próprios de um dos cônjuges, pode-se atuar sozinho no
processo legitimidade singular
• No entanto, se esse bem próprio estiver sujeito a certo regime de administração e
alienação dos bens (ex: casa de morada de família) já terão de ser ambos os cônjuges a
atuar. Se se repercutir sobre bens comuns também não se pode atuar sozinha
legitimidade plural

Não foi direito processual, foi o regime substantivo da responsabilidade que ditou como é que a
parte tem de ser processualmente considerada.

Litisconsórcio
Pluralidade de compartes, quando várias compartes são uma parte.
Lebre Freitas: Litisconsórcio é o que acontece quando o mesmo pedido é formulado por
ou contra várias partes, dando lugar, respetivamente, ao litisconsórcio ativo e/ou
litisconsórcio passivo.
➢ Todos são membros da mesma parte.
o Pais Amaral: tem que ser pluralidade de partes principais, pois não se formará
litisconsórcio no caso da assistência (visto que o assistente é parte acessória, art. 326º).
➢ O conceito de parte é relevante para se saber quem exerce os deveres e os
direitos processuais – como se coordena o exercício das situações jurídicas
processuais quando uma parte é plural.

transmitente continua a figurar na ação como parte principal mas não tem nenhum interesse em
demandar ou em contradizer, pois, para ele, nenhum efeito se retira daquela ação.
50
Pode haver uma pluralidade partes quando a ação é proposta por vários autores ou contra vários réus.
• Coligação pluralidade de partes e diversidade de relações materiais controvertidas.
• Litisconsórcio pluralidade de partes, mas unidade quanto à relação material controvertida.
51
Pais Amaral: várias pessoas, no mesmo processo civil, correm a mesma sorte, associadas que estão no lado do
ataque ou no lado da defesa.

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LITISCONSÓRCIO VOLUNTÁRIO ART. 32º


Pluralidade de compartes não é obrigatória e o efeito resultante de não intervenção dos diversos
interessados traduz-se apenas na perda dos benefícios que podiam ser colhidos.

Quando a lei deixa na disponibilidade das partes a sua constituição, de tal modo que, se não se
constituir e apenas um ou alguns dos interessados na procedência ou improcedência do pedido
for parte na ação, o trib à à à à à -parte do interesse ou da
à à

Ponto de referência é a realidade substantiva.


Regra é de que ainda que haja pluralidade substantiva, não há pluralidade processual
necessária pode haver ou não, o autor é que escolhe, pelo princípio do dispositivo, como
configura a parte.

LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO ART. 33º


Art. 33º é desvio à regra do art. 32º
➢ Sendo vários os intervenientes numa relação material substantiva, não tem
necessariamente de corresponder a pluralidade processual, exceto nos casos do art. 33º
- pluralidade substantiva que tem de corresponder a pluralidade processual.

Pluralidade de compartes é exigida, levando a uma situação de ilegitimidade se não intervirem


no processo todos os interessados.
➢ Os intervenientes na ação não têm legitimidade se estiverem desacompanhados dos
restantes que nela devam figurar.

Art. 33º/1: litisconsórcio legal ou convencional, se resulta da lei ou do negócio jurídico.


Art. 33º/2: litisconsórcio natural, se resulta da natureza (indivisível) da relação jurídica, tendo
esta de ser resolvida de modo unitário para todos os interessados.
➢ Se a decisão não fosse proferida sem a presença de todos os interessados não produziria
um efeito útil normal, i.e., não vincularia definitivamente a situação concreta das partes
relativamente ao pedido formulado.

Art. 33º/3 à à àaqueles que não figuram como parte mas figuram na
relação material controvertida.
➢ Isto acontece pois há casos em que, não sendo parte, fica-se vinculado pela decisão do
caso julgado (ex: como art. 61º CSC)

➢ Tendo factos que envolvam pluralidade de pessoas, tem de se olhar para a decisão sobre
certo pedido e verificar se ela consegue regular definitivamente a situação jurídica das
partes processuais. Se não conseguir -> há situação de ilegitimidade.
o Não se pode confundir com a coerência ou harmonia das diferentes soluções
possíveis para as diversas partes processuais.

As regras do litisconsórcio visam a harmonia da decisão ou a definitividade das decisões?


MTS: ainda que harmonia das decisões seja um valor necessário ao sistema jurídico, não é o
valor acolhido pelas regras do litisconsórcio necessário. Ainda que esse seja um valor a alcançar
através de outros institutos, não é através do litisconsórcio, que visa a definitividade.

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Ex: A contrata com B e C. Não pode vir demandar B por vícios no contrato sem demandar C.
A. MTS: entre uma parte e uma das compartes o contrato é inválido e entre uma parte e
outra das compartes o contrato é válido.

B. PCS: Problema é que se se conseguir regular ali definitivamente não se conseguia


executar as decisões, pois a execução implica restituição de tudo o que as partes
reciprocamente houverem prestado, ou seja, há prestações que para serem restituídas
não conseguem ser cindidas não se regula definitivamente a situação entre aquelas
partes naquela ação pois, os efeitos que não se conseguem obter em fase executiva
impedem de dizer que não faz parte desta definitividade a harmonia no sentido da
possibilidade de executar as decisões, quando sejam contraditórias.
• Não se pode ver a regra como confinada à resolução de um conflito na ação
declarativa.
• Intrínseco nesta regra está a possibilidade do cumprimento do comando judicial
que pode ser apenas obtido quando há uma decisão que é harmónica para
todos.
• Valor da autonomia não é autónomo mas está implícito na resolução do
conflito.

MTS diverge com toda a doutrina portuguesa e decanta LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO VS.
SIMPLES, para solucionar
• Unitário remonta do CPC alemão (que resulta de uma síntese feita de um Estado que não era
unificado) descreve os casos em que a decisão tem de ser igual para todos os
intervenientes na ação, independentemente de quantos sejam na relação material
controvertida.52
o PCS: É uma regra que não tem nada a ver com a legitimidade e configuração
da parte estamos a falar de qual o conteúdo da decisão e não se resolve com
absolvição do réu na instância pois é problema de correção do conteúdo da
decisão e o que pode estar em causa é a legalidade da decisão tal como
proferida.
▪ Casos de arbitragem societária quem se juntar à sociedade vai ter uma
decisão igual para todos eles e que a todos vincula no entanto, não
têm de ser todos constituídos como compartes na ação, apenas se
quiserem, gozando duma extensão do princípio de aplicação do caso
julgado a terceiros.
▪ Não viola princípio do contraditório porque os que estão de fora, são
terceiros porque não quiseram estar dentro, mas, eles tiveram essa
possibilidade.
o Isto não se confunde com o litisconsórcio necessário em que todos os que
figuram na relação material controvertida têm de ser compartes na
configuração da ação, para que haja legitimidade processual.
▪ Tendencialmente o litisconsórcio necessário é também unitário, mas
pode não ser e ser um litisconsórcio voluntário e unitário (como os
casos de arbitragem em sociedade)

52
Se título for unitário, não se pode invocar que há vício contra um e não contra outro (ex: A contrata
com B e C. Não pode vir demandar B por vícios no contrato sem demandar C).

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Ilegitimidade das partes constitui uma exceção dilatória (art. 576º e 577º/e) devendo o juiz
abster-se de conhecer do pedido e absolver o réu da instância (art. 278º/1/d).
➢ Ilegitimidade é sanável mediante a intervenção espontânea ou provocada da parte
cuja falta gera esse vício (art. 261º que remete para os art. 311º e 316º)

ART. 34º - CÔNJUGES


Se estiver só um a litigar parte singular.
• Mas, o cônjuge sozinho está a litigar por coisas comuns, portanto não está a litigar
apenas por direito próprio mas também por direitos alheios ele é SUBSTITUTO
PROCESSUAL.
o Ele litiga por direitos próprios (legitimidade direta) e por direitos alheios
(legitimidade substitutiva).

Configuração da parte ativa (art. 34º/1) é diferente da configuração da parte passiva (art.
34º/3).
• Ativa alternância entre litisconsórcio necessário (ambos os cônjuges como autores da
ação) ou situação de legitimidade direta acompanhada de legitimidade indireta
(cônjuge litiga em seu nome e em nome do casal)
• Passiva impõe litisconsórcio necessário

ART. 35ª
• no litisconsórcio necessário há uma só ação e duas partes, das quais uma, pelo menos,
plural;
• no litisconsórcio voluntário há várias ações e várias partes, que ocupam o mesmo lado
da relação jurídica processual.

Esquemas de Legitimidade
DIRETA vs. INDIRETA
• Direta alguém tem interesse em discutir e visa assegurar que estão em juízos os
sujeitos que são titulares da situação subjetiva litigiosa.
• Indireta define-se os termos em que não sendo titular, pode estar em juízo.

SUBSTITUIÇÃO LEGAL vs. SUBSTITUIÇÃO VOLUNTÁRIA


• Legal por força da lei, o transmitente ou cedente continua a ter legitimidade para a
ação, agora como substituto processual do transmissário ou cessionário.
o Art. 81º CIRE, art. 263º CPC, art. 512º/1 e 1405º CC.
• Voluntária assenta num ato de caráter negocial.
o Art. 34º/1 (um dos cônjuges autoriza o outro a colocar ação relativa a bens
comuns de ambos), art. 1437º/1 CC (assembleia de condomínio pode autorizar
administrador).

SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL REPRESENTATIVA vs. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL NÃO


REPRESENTATIVA
• Representativa defende interesses alheios primordialmente.
o Art. 1437º/1, 1818º, 1873º CC
• Não Representativa age na defesa de interesses próprios.
o Art. 976º/3, 1639º/1, 1807º, 1859º/2

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SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL PRÓPRIA vs. SUBSTITUIÇÃO PROCESSUAL IMPRÓPRIA


• Própria pode estar em juízo sem a presença do outro titular.
• Imprópria exige-se a presença do outro.

LEGITIMIDADE PLURAL
• Voluntário a lei permite-o
• Necessário a lei obriga-o
o Legal ou Natural

LEGITIMIDADE DOS CÔNJUGES


Art. 34º é exemplo de litisconsórcio necessário dado pela lei não é classificação autónoma e
tem de se conjugar com o art. 33º/1.
Lado Ativo enquanto AUTOR
• Bens Próprios (art. 1678º/1, 1682º/2 CC): cônjuge tem legitimidade para propor,
sozinho, as ações referentes a esse bem.
o Exceção: art. 1682º/3/a, art. 1682º/3/b, art. 1682º-A/1/b, art. 1682º-A/2
• Bens Comuns
o Se só administrado por um cônjuge = regime dos bens próprios (art. 1678º/2/b-
e)
o Se administrados por ambos cônjuges
▪ Disposição ou Oneração: ambos os cônjuges em litígio
▪ Administração extraordinária: ambos os cônjuges em litígio
▪ Administração ordinária: pode apenas ser um cônjuge em litígio

Lado Passivo enquanto RÉU


• Bens Próprios (art. 1678º/1, 1682º/2 CC): cônjuge tem legitimidade para contra ele,
sozinho, serem propostas as ações referentes a esse bem.
• Dívidas incomunicáveis: são da exclusiva responsabilidade do cônjuge devedor (art.
1692º)
• Dívidas comunicáveis: só pode haver ação contra ambos os cônjuges (art. 1691º)

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INTERESSE PROCESSUAL
O nosso sistema regula o acesso e há a intervenção da lei naquilo que se admite que chega aos
Tribunais, configurando quando pode um cidadão, legitimamente ter acesso aos Tribunais.

Todo o acesso aos Tribunais se justifica? Não obstante o art. 20º e 18º CRP, pode admitir-se um
crivo no acesso à justiça?
PCS: só se justifica interposição do sujeito e decisão de mérito se tal tutelar interesses de tal
modo relevantes que sem isso não se faça justiça. Isto porque o acesso aos Tribunais não é
gratuito e há custas processuais com a justiça.

CPC dá algumas orientações que sustentam o facto do interesse processual ser um pressuposto
autónomo.

No nosso sistema, quem paga os encargos processuais é a parte vencida regra do victus
victoria53
• Paga quem dá causa = parte vencida.
o Regra pragmática que não funciona para ponderar desvalores éticos da conduta
dos sujeitos processuais não obriga a parte vencida a verificar que a parte
vencida agiu diligentemente e etc.
▪ Responsabilidade processual simples em que não se pondera a conduta
diligente das partes.

Parte pode ser vencedora e pagar os custos, quando não tinha necessidade de recorrer aos
Tribunais.
➢ Lei preocupa-se com a contenção do acesso, querendo apenas que ele aconteça quando
for necessário.
o Se há acesso e ele não era necessário, a consequência é alocação dos custos na
ação é pressuposto54 mas tem consequência diferente da normal.

Art. 535º refere-se ao autor e art. 527º pode aplicar-se ao autor e ao réu.
• O art. 535º só tem sentido como regra se o seu conteúdo for diferente do conteúdo do
art. 527º - ele inverte a regra e é o autor que paga as custas apesar de ganhar.
o Estes casos são explicados pelo interesse processual a partir destes casos pode
dizer-se que, porque não há interesse, o autor paga, mas, ainda que não haja
interesse, há uma decisão que declara o autor vencedor (de mérito).
o PCS: interesse processual é pressuposto processual mas tem consequência
atípica curiosa não absolve o réu da instância e obriga o autor a pagar as
custas porque, apesar de ter razão, ele não tinha necessidade de recorrer aos
tribunais.
▪ Esse é o conteúdo deste pressuposto -> a necessidade da tutela, uma
vez que os meios da justiça são limitados e os Tribunais não se
autofinanciam, portanto, se o autor não tinha necessidade de lá ir, a

53
Que não vigora noutros sistemas em que cada parte ficava com os custos.
Em Inglaterra havia essa regra, mas, mudaram para a victus victoria tendo a imposição de se ponderar o
comportamento das partes.
54
à já tem valoração, portanto, é um pressuposto processual mas tem uma consequência atípica
não obstante haver uma decisão de mérito, paga o autor as custas.

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regra inverte-se e ele tem de pagar as custas processuais (penalização


financeira).

Art. 535º/1 - não é só dar causa, também é réu não contestar


• Se réu não contesta, ou Tribunal pode conhecer oficiosamente a falta de interesse
processual, ou tribunal não pode conhecer oficiosamente.
o MTS: não pode conhecer oficiosamente
o PCS: mas se não pode conhecer oficiosamente, não pode aplicar o regime de
absolver o réu na instância

Art. 535º/2/a: se é direito potestativo, a contraparte tem uma sujeição.


➢ Portanto, o autor já terá a sua posição validada e o réu vai sofrer os efeitos jurídicos a
partir do momento em que o autor exerça a posição potestativa autor não precisa de
ir a tribunal para que se produzam na esfera do reu os efeitos da posição potestativa em
que o direito o encabeçou.

Art. 535º/2/b: aplica-se a obrigações em que o devedor/réu só entra em incumprimento


quando é interpelado (que não tem de ser judicialmente art. 805º CC); ou quando réu não
oferece resistência à pretensão do autor não há necessidade de tutela pelo Tribunal.

Art. 535º/2/c: se autor tem título executivo que lhe permite agredir património do devedor, não
faz sentido ele recorrer ao processo declarativo para ter um mesmo título executivo para fazer
o mesmo.

Art. 535º/2/d: se autor pode cassar uma decisão por um processo de revisão, não faz sentido o
autor iniciar um processo de declaração

Este é um pressuposto processual com uma consequência anómala não leva à absolvição do
réu na instância mas sim à inversão do pagamento das custas processuais (deixa de ser victus
victoria e passa a ser o autor).

Art. 610º - lei direciona para conteúdo especifico da decisão e modela-o


• Casos em que não há perda de benefício do prazo obrigação não é exigível no
momento da propositura nem se torna exigível com a propositura ( art. 535º/2/b)
• Se o réu contesta a existência da obrigação, ele sempre a contesta (antes e depois do
vencimento) -> esta regra consagra o princípio do aproveitamento máximo dos atos
jurídicos, sendo o processo um ato complexo.
• Mesmo que ele seja condenado, ele não perde o benefício do prazo

Art. 610º/2 se não houver litígio, o réu reconhece a obrigação e que é devedor. O réu não deu
causa nem contesta (paralelo à regra do art. 535º)

Não se pode dizer à partida que não interesse processual, pois não sabemos se o autor veio
desafiar a existência da obrigação.
➢ Enquanto art. 535º faz juízo de prognose, aqui estamos na fase da sentença e é juízo ex
post e sabemos o que o réu já argumentou.

50

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Art. 557º/2 pede-se agora a condenação de algo que ainda não é exigível.
• O autor consegue obter o efeito útil, obtenção do título executivo, porque demonstra
ter interesse processual agravado (não só tem necessidade de recorrer aos tribunais
como tem necessidade de recorrer aos tribunais antes da exigibilidade da obrigação
ónus do tempo inverte-se pois autor mostra que ausência de título executivo no
momento em que se podia vencer a obrigação lhe vai causar grande prejuízo).

à àemanação dum comando através do qual o Tribunal exige que o réu cumpra
decisão não era inovatória e enuncia algo que resulta de certos factos -> condenar refere-se a
dever de prestar que já se encontra em incumprimento.
➢ Neste caso está a condenar-se em algo que ainda não é exigível.

O mesmo acontecia no art. 610º que dava corpo ao princípio do aproveitamento máximo dos
atos jurídicos, sendo o ato o processo em si.
➢ Correspondia a esse princípio pois se réu contestava a existência, oferecia resistência
face à existência, significa que vai sempre resistir.
➢ Se não resistir, também não vai resistir depois, portanto condena-se sem perda de
benefício do prazo.

O que distingue o art. 557º/2 do art. 610º?


Enquanto no art. 610º ele não tem interesse processual e ainda que ganhe a ação paga as
custas, no art. 557º/2, ganhando a ação, não paga as custas e aplica-se regime geral do art.
527º.
• Réu é condenado a cumprir no momento oportuno.
• E porque autor conseguiu demonstrar o preenchimento desse pressuposto processual,
do interesse de forma agravada, não é penalizado com o pagamento das custas.

Art. 564º/2 CC
Previsibilidade antecipa o momento da indemnização, sendo regra mais radical que o art. 610º
e 557º/2 CPC.
• Distribui ónus do tempo do processo que normalmente corre pelo autor, quando tem
razão e inverte-o.
• É solução pragmática pois o dano futuro pelo qual se condena é previsível -> o que é
algo que se avalia recorrendo às regras de experiência das quais se infere um curso típico
de acontecimentos.
• Réu teve conduta desvaliosa e é condenado Tribunal já efetuou juízo de
censurabilidade e fez essa avaliação, tendo prova e elementos para tal juízo da conduta
do próprio réu. Inverte-se ónus do tempo pois já se provou que a conduta do réu merece
especial censura.

A decisão que recai sobre coisas, factos, estados, situações que vão acontecer no futuro é tão
estável quanto aquela decisão que recai sobre coisas, factos, estados, situações que já
aconteceram? Pode fazer-se juízos de prognose, mas a estabilidade e indiscutibilidade de uma
decisão é aceitável quando o juízo que é feito é um de previsibilidade?
➢ PCS: grande problema que não é problema de caso julgado.
o Antes achava que era problema de caso julgado, formado sobre uma decisão
que se reporta ao futuro, é caso julgado mais frágil/fraco e suscetível de
modificação.

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o Agora crê não é regra de caso julgado pois a decisão que pressupõe
circunstâncias no futuro não forma caso julgado, pois o caso julgado implica a
permissão de formular juízos de certeza e relativamente ao futuro nunca se
pode emitir juízos de certeza, apenas de prognose. Prognose e caso julgado
são incompatíveis.

Estas consequências últimas do interesse processual levam a desafiar o instituto do caso julgado.

O Interesse Processual como Pressuposto Processual (ou não): o caso da propositura de ação para
reconhecimento de propriedade quando esta não está a ser contestada

Seguindo o ensino de PAULA COSTA E SILVA, os pressupostos processuais são as condições de


que dependem a possibilidade de admissão da causa, destinando-se a acautelar que a decisão de mérito
que pode vir a ser dada é a melhor decisão que se pode ter. Estas condições de admissibilidade da causa
têm em vista a proteção de determinados valores como o de se discutir o litigio no melhor Tribunal
possível (pressuposto processual da competência regulado nos art. 59º e ss. CPC) e o de garantir que as
partes têm as melhores condições para discutir esse tal litígio (pressupostos processuais subjetivos
regulados nos art. 11º e ss. CPC). O que a doutrina tem vindo a discutir, é se o interesse processual, cujos
valores radicam no art. 20º CRP, a cujo a lei não faz referência, se pode classificar como pressuposto
processual.
Mais importante que discutir os fundamentos dogmáticos desta figura, interessa indagar a sua
aplicação prática e efetiva. Tendo isto como linha orientadora, perguntamo-nos em que medida o
interesse processual releva para resolver a seguinte questão: quid iuris se um autor intenta uma ação em
Tribunal para que lhe seja reconhecida uma sua propriedade que não está, de modo algum, a ser
contestada?

De forma resumida, e antes de abordarmos o problema concreto, temos de enquadrar a


orientação doutrinária, atendendo à obra publicada e ao ensino ministrado, quanto ao que se tem
encarado e classificado como Interesse Processual.
Para ANTUNES VARELA e MANUEL DE ANDRADE, o interesse processual mais não é do que uma
condição de ação, sendo tal o facto material que torna possível o nascimento da ação, i.e., o que configura
a existência de um direito material e a possibilidade legal para alguém ir a juízo. Portanto, resolvendo o
nosso caso em apreço, se a propriedade não estava a ser contestada, não havia nenhum facto material
que tornava possível a propositura da ação, não havendo interesse processual. Tendo sido proposta a
ação, não é claro no pensamento dos autores como se resolveria a situação.
Na conceção de CASTRO MENDES, o interesse processual restringe-se ao campo das custas
judiciais, atribuindo-se ao autor a responsabilidade pelas custas judiciais, apesar de ter ganho a causa
(conforme o disposto no art. 535º CPC, que inverte a regra geral de victus victoria, no dizer de PAULA
COSTA E SILVA, do art. 527º CPC) e nega a qualificação como pressuposto processual. Quanto ao caso em
concreto, este autor entende que a causa seria procedente, embora tivesse de ser o autor, parte
vencedora, a pagar as custas processuais.
Já para a doutrina dominante, encabeçada por MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA e com a aderência
de JORGE PAIS DE AMARAL, o interesse processual configura-se como um pressuposto processual em que
há interesse da parte ativa em obter a tutela judicial de um direito subjetivo através de determinado meio
processual. Este entendimento evita que as partes sejam chamadas a juízo sem que a atuação da parte
contrária o justifique, o que evita, por sua vez, que os tribunais sejam sobrecarregados, já que a situação
específica tem de necessitar de tutela judicial. Aplicando esta explicação ao caso sub judice, o autor não
teria interesse processual, pois a ação judicial não traria vantagens para esta parte ativa (e

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consequentemente não traria desvantagens à parte passiva), e, não estando preenchido um pressuposto
processual, tal daria origem a uma exceção dilatória que levava a uma absolvição do réu na instância,
tendo em conta os art. 578º e 278º/1/e CPC.
Que pensar destas soluções? Qual a melhor solução para este caso em concreto?
Atendendo à factualidade da hipótese verificamos que temos uma ação declarativa de simples
apreciação positiva, nos termos do art. 10º/2 e 10º/3/a CPC, para reconhecimento do direito de
propriedade, atendendo ao art. 1311º CC. No entanto, esse direito de propriedade não está a ser
contestado, pelo que, de facto, o autor não tem necessidade de recorrer à tutela judicial por parte dos
Tribunais.
Tendo isto em conta, não se pode recusar liminarmente o acesso aos Tribunais, uma vez que isso
é uma das garantias dadas pelo Estado de Direito Democrático e consagrado no art. 20º da Constituição
da República Portuguesa. Mas, como aponta PAULA COSTA E SILVA, a tutela judicial dos direitos envolve
uma alocação de recursos financeiros por parte do Estado, que têm de ser geridos de forma eficiente e
dirigida para onde for necessária, uma vez que os meios da justiça são limitados.
Com a inversão da regra do victus victoria (i.e., quem perde paga as custas judiciais conforme
o disposto no art. 527º) do art. 535º CPC, o autor, interpondo ação, mesmo que haja uma decisão de
mérito que o declare vencedor, vai ter de pagar as custas judiciais. Este mecanismo que o CPC prevê
dissuade, portanto, a propositura de ações desnecessárias, uma vez que à à à à
à à à à à à forme colocado por PAULA COSTA E SILVA sendo
essa a lei, os Tribunais não vão estar atolados pois os cidadãos não estão dispostos a pagar essas custas
para questões que não são necessárias.
Aderimos, assim, à posição de PAULA COSTA E SILVA, exposta recentemente, que, vindo na senda
de CASTRO MENDES, se afasta dele concluindo que o interesse processual é um pressuposto processual,
indo numa primeira abordagem ao encontro de MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA, mas cujas consequências
são atípicas e não envolvem a absolvição do réu na instância, afastando-se, portanto, da posição de
TEIXEIRA DE SOUSA.
Temos este entendimento pois, conforme expõe PAULA COSTA E SILVA, o art. 535º/1 CPC
responsabiliza o autor pelas custas judiciais não só quando réu não deu causa mas também quando o réu
não contesta. Não contestando o réu, ou o Tribunal pode conhecer oficiosamente a falta de interesse
processual, ou o Tribunal não pode conhecer oficiosamente, como afirma MIGUEL TEIXEIRA DE SOUSA,
tendo a concordância de COSTA E SILVA. Isto leva a que, não podendo conhecer oficiosamente, o Tribunal
nunca poderá aplicar o regime de absolvição do réu na instância, como incoerentemente, na nossa
humilde opinião, conclui TEIXEIRA DE SOUSA. Portanto, a única solução viável para o não preenchimento
destas condições de admissibilidade de uma causa a juízo é a consequência anómala de ser o autor a
pagar as custas, apesar de ter uma decisão de mérito que lhe é favorável.
Em jeito de conclusão, resolvemos o quid iuris inicial da seguinte forma: o autor que coloque
uma ação em Tribunal, pedindo a tutela de um direito conforme reconhecido pelo art. 20º CRP,
invocando o reconhecimento da sua propriedade, nos termos do art. 10º/2 e 10º/3/a CPC e conforme
permitido pelo art. 311º CC, que, no caso concreto, não está a ser questionada, não preenche o
pressuposto processual do interesse processual, o que leva à inversão geral da regra do art. 527º pelo
disposto no art. 535º CPC, sendo obrigado a pagar as custas judiciais mesmo tendo uma decisão de
mérito que lhe é favorável, pois, apesar de ter razão, não tinha necessidade de recorrer aos Tribunais.

Jurisprudência entende o Interesse Processual como pressuposto.


• Aderindo à posição MTS: STJ 15-03-2012, «O interesse processual tem duas facetas: o interesse
em demandar e o interesse em contradizer. Aquele é aferido pelas vantagens na obtenção de
tutela judicial para o impetrante, sendo que o de contradizer é a não concessão daquela tutela o
que é avaliado pelas desvantagens impostas ao réu quando o interesse da contraparte é
defendido.»

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• TRL 12-03-2014: desnecessidade no prosseguimento da ação, caso exista desde momento


anterior à propositura da ação, reconduz-se à falta de um pressuposto processual, que é a falta
de interesse em agir, o qual constitui uma excepção dilatória inominada, de conhecimento
oficioso (artigos 577.º e 578.º do CPC), conducente à absolvição da instância.

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