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Treinamento de Sensibilidade:

O Grupo T e os Métodos
de Laboratório *
FELA MOSCOVICI **
1. Introdução. 2. o Estudo.
3. Sujeitos e Ambientes.
4. Plano de Treinamento.
5. Resultados e Discussões.
5. 1. Observações dos Participantes
Sôbre o Treinamento.
5.2. Sumário do Progresso
de Treinamento Percebido pela
Coordenadora e pelo Observador.
5.3. Algumas Tendências Específicas.
5.4. Clima das Sessões de Treinamento.
6. Conclusões.

1. INTRODUÇÃO

Ao aplicar o princípio gestãltico da transfiguração, ao estudo de


pequenos grupos, Kurt Lewin ofereceu novas possibilidades ao tra-
balho experimental na psicologia social. Destacando o fato de que o
centro de interêsse na psicologia grupal desloca-se dos objetos para os
processos, do estado para a mudança de estado, Lewin sugeriu novas
técnicas de pesquisa para "grupos em ação". Cada grupo é um campo
,de fôrças e, por isso, o comportamento grupal poderã ser melhor com-
preendido como uma função da situação total, isto é, o "campo-social
num dado momento".

* Trabalho apresentado ao XIX Congresso Internacional de Psicologia, Lon-


dres, 1969.
* * ProfessOra de Psicologia Social da Escola Brasileira de Administração
Pública, Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.

Arq. bras. Psic. apl., Rio de Janeiro, 22 (3) : 151-162, jul./set. 1970
Assim, a teoria de campo forneceu aos profissionais e cientistas
do comportamento, proveitosos fundamentos teóricos para o estudo
da dinâmica de grupo, unindo pesquisa e ação. Métodos de treina-
mento foram desenvolvidos pela utilização das fôrças internas do
grupo. Entre êsses vários métodos, o grupo T (treinamento) e os mé-
todos de laboratório têm sido experimentados, mostrando algum pro-
veito no processo de aprendizagem grupal.
Os conceitos de grupo T e método de laboratório a serem utili-
zados neste estudo são os de Bradford, Gibb e Benne (1964). Desde
que introduzida a metodologia no Brasil, os têrmos treinamento de
sensibilidade e laboratório de sensibilidade foram aceitos para desig-
nar treinamento de dinâmica de grupo.

2. O ESTUDO

O intuito dêste estudo foi observar o processo de treinamento


de sensibilidade em grupos que tivessem uma história prévia ou uma
cultura específica, isto é, cuja existência não se iniciasse na primeira
reunião.
Existem, geralmente, três tipos de grupos de treinamento. O pri-
meiro dêles é o grupo estranho, um grupo heterogêneo de pessoas com
ocupações diferentes e de organizações diferentes; o segundo é o
grupo homogêneo, formado por pessoas do mesmo grupo ocupacional,
geralmente de organizações diferentes, e que não têm qualquer relação
funcional entre si; o terceiro tipo é o grupo equipe, ou grupo familiar,
organizacional, formado pelo superior e seus subordinados imediatos
(grupo familiar hierárquico), ou por indivíduos com o mesmo statU$,
e que tenham entre si relações funcionais diretas.
Quando grupos estranhos são treinados, o problema subseqüente
é a aplicação de seu treinamento de volta à situação costumeira e real
de trabalho. A maior dificuldade a ser superada pelos treinandos é a
resistência à modificação por parte de seus colegas de trabalho, de
subordinados e de superiores. Teoricamente, o treinamento de grupos-
equipe pareceria ser a resposta ao problema da transferência do trei-
namento para a situação costumeira de trabalho. Mas surge um nôvo
dilema. Num grupo estranho, a autoridade do treinador pode ser desa-
fiada, e as necessidades de dependência e contradependência, assim
como as de hostilidade e agressão, podem expressar-se livremente.
Num grupo familiar organizacional os status hierárquicos e o poder
são realidades sociais irreversíveis (o sr. Fulano é o superior, antes,
durante e depois do treinamento).

3. SUJEITOS E AMBIENTES

Os sujeitos para êste estudo foram 77 adultos com ocupações


profissionais, compreendendo cinco grupos de treinamento. O treina-
mento deu-se em seu ambiente de trabalho, num meio não-residencial.

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Todos eram grupos familiares organizacionais. Os grupos A, B e E
pertenciam à mesma organização particular. Os grupos C e D perten-
ciam à mesma instituição pública. O grupo A participou de 10 sessões
diárias de três horas. Os laboratórios dos grupos B e E tiveram sessões
de três horas duas vêzes por semana, durante cinco semanas. Os
grupos C e D participaram de um laboratório de três dias com horário
integral.
A tabela 1 apresenta a composição de todos êsses grupos.

TABELA 1
Distribuição dos Treinandos Por Idade, Sexo, Status Funcional e
Escolaridade

Escolaridade
Status
Funcional
20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 Total
MFA MFA MFA MFA MFA

Curso Secundário
*1 1 1
\I 1 2 3 1 2 3
11\ 3 3 224 5 2 7
Subtotal 4 4 3 4 7 7 4 11

Universidade *1 3 3 5 1 6 1 8 2 10
\I 4 4 7 2 9 8 2 10 1 1 20 4 24
11\ 437 12 6 18 134 2 1 3 19 13 32
Subtotal 8 3 11 22 8 30 14 6 20 3 2 5 47 19 66

Todos os Niveis 8 3 11 26 8 34 17 10 27 3 2 5 54 23 77

M. Masculino
F. Feminino
A. Ambos os sexos
* Nivel mais alto

4. PLANO DE TREINAMENTO

Um laboratório de sensibilidade foi dirigido segundo os processos


regulares do grupo T, em todos os casos. Reuniões um pouco estru-
turadas foram também planejadas, utilizando-se alguns esquemas,
como filme, dramatização, projetos de subgrupo e jogos. A coorde-
nadora devia intervir o mínimo possível, e suas intervenções, quando
necessárias, procurariam não ser diretas (Rogers, 1951).
Ao fim de cada reunião, pedia-se aos participantes que preen-
chessem um formulário de avaliação, não assinado. Pedia-se também
que mantivessem um diário para registro de seus pensamentos e sen-
timentos sõbre os acontecimentos de cada sessão. Exigia-se que o
diário fõsse entregue ao fim do treinamento.
Treinamento de sensibilidade 153
Na última sessão, pediu-se aos participantes que avaliassem °
programa total por meio de um questionârio especial, com questões
abertas.
Cada sessão foi avaliada pela coordenadora assim como pelo
observador, que registrava as sessões quase inteiramente, usando uma
forma adaptada da anâlise do processo de interação, a de Bales
(1950) .
O estudo foi feito em 1966, 1967 e 1968. Um estudo de acompa-
nhamento estâ sendo realizado, mediante plano anteriormente esta-
belecido.

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Ao tentar-se uma discussão dos resultados dêste treinamento
surge uma questão "Qual a validade da avaliação que se faça quanto
à modificação do comportamento dos treinandos?"
O assunto é do maior interêss.e para a psicologia social. Encon-
tram-se muitas dificuldades na avaliação de modificações de atitudes
e comportamento de pessoas e grupos, com relação a um determinado
método de induzir mudança. Os instrumentos usados comumente para
medir a modificação podem ser contaminados por outras variâveis.
Muitos fatôres que poderiam ter influenciado os resultados não são
levados em consideração, e conseqüentemente, a medida perde sua
validade.
Tais obstâculos, porém, não são exclusivos de pesquisa em psico-
logia social. São também problemas cruciais em educação, reeduca-
ção e terapia. Um estudo feito por Stock (1964), indica que a anâlise
dos processos de grupo exige a descoberta de formas fidedignas para
"estudar uma seqüência de fatos inevitàvelmente complicada, para
fazer justiça a fenômenos de vârias facêtas e para sintetizar fatos
que não se prestam bem à categorização".
No presente estudo todos os dados envolvem observação natura-
lista dos processos de grupo e relatam impressões subjetivas dos trei-
nandos, do treinador e do observador. Embora os dados não possam
refletir precisamente o que na realidade haja acontecido, podem levar
a algumas suposições sôbre os processos grupais, considerados pela
feição da validade.

5.1 Observações dos Participalltes sôbre o Treinamento


Os dados fornecidos pelos comentârios dos treinandos, durante
as sessões e as respostas aos questionârios, considerados em conjun-
to, mostraram que a maioria dos participantes indicou como van-
tagens:
- o treinamento foi bom como uma experiência global;
- o treinamento foi eficiente;
154 A.B.P.A. 3/70
- atingiu-se uma melhor compreensão do comportamento hu-
mano;
- foi uma boa oportunidade para expressar sentimentos repri-
midos;
- conseguiram apoio, compreensão e aceitação por parte dos
outros;
- foi uma grande ajuda para o autoconhecimento e para apren-
derem a interagir com outras pessoas;
- aprenderam muito sõbre processos de grupo, atingindo os co-
nhecimentos que esperavam;
- foi uma experiência importante para todos os membros;
- o treinamento ofereceu uma oportunidade para que cada um
se observasse a si mesmo e aos outros, pela primeira vez;
- gostaram da experiência;
- gostariam de continuar com novos programas de treinamen-
to da sensibilidade;
- o laboratório de sensibilidade é um recurso valioso para o
treinamento da técnica de observação de comportamento;
- é um bom meio de aprender a falar em público.

Como aspecto insatisfatório:

- poucas intervenções e poucas interpretações da coordenado-


ra; falta de liderança;
- falta de avaliação individual da aprendizagem pela coorde-
nadora;
- pouco tempo de treinamento (30 horas);
- perplexidade diante de uma forma desconhecida de treina-
mento;
- perda de tempo até organização de modo que o grupo pudesse
funcionar e beneficiar-se do treinamento, jâ quase ao fim;
- falta de liderança, de ordem no trabalho, falta de coordena-
nação;
- competição por liderança, falta de coesão, divisão em sub-
grupos;
- inibição devida a status hierârquico real;
- algumas situações conflitivas, agressões verbais;
- resistência e negativismo de alguns membros que emperra-
vam o progresso do grupo;
ansiedade por não conseguir aplicar conhecimentos e técnicas
a situações de trabalho da vida real.
Treinamento de senstbiCldade 155
5.2. Sumário do Progresso de Treinamento Percebido pela Coorde-
nadora e pelo Observador

Os cinco grupos familiares organizacionais desenvolveram pro-


cessos que se assemelharam aos de grupos estranhos. A frustração
inicial impeliu o grupo ao movimento, a criar e desenvolver recursos
internos a fim de enfrentar a situação. Foram negados também nesses
grupàs familiares, competição pela liderança, período de silêncio, resis-
tência ao envolvimento emocional e à auto-exposição, observações
hostis, irônico-agressivas e outros fatos característicos de laborató-
rios com grupos estranhos.
O processo de aprendizagem através da experiência mostrou, aqui
também, climas emocionais de entusiasmo, produtividade, sessões
frias, nas quais predominaram a apatia, a fuga, o aborrecimento, a
improdutividade e a frustração. Houve picos de tensão e frustração
manifestados por vários padrões de conduta, que foram observados
e discutidos pelo grupo na base do aqui-e-agora, levando à compre-
ensão (insight) e a aprendizagem. Idênticos padrões seqüenciais de ati-
vidades foram observados em grupos estranhos (Moscovici, 1965).
Isso pode sugerir que os grupos de treinamento variam em sua ativi-
dade de forma sistemática, e não ao acaso, embora cada grupo de
treinamento apresente caráter peculiar.
Os grupos A e C tiveram mais problemas internos por causa do
status hierárquico de seus membros. Tais grupos compunham-se de
diretores de alto nível e membros de sua equipe de subordinados ime-
diatos. Apresentaram uma espécie de inibição e contrôle de compor-
tamento agressivo, principalmente nas primeiras sessões.
Os grupos B, D e E eram mais espontâneos e conseguiam expres-
sar a agressão mais livremente.
Expunham-se mais e mostravam coragem para verbalizar as an-
siedades que sentiam. Os problemas típicos de comunicação eram exa-
minados aqui-e-agora, facilitando dessa forma a aprendizagem concei-
tual e emocional. No grupo D, surgiu um conflito grave entre três
membros, cujas emoções foram mobilizadas até que pudessem expres-
sar sua hostilidade recíproca através de conduta verbal agressiva.
Apesar dêsse obstáculo (ou por causa dêle, talvez), o grupo pareceu
ganhar uma melhor compreensão do significado e dos efeitos de um
conflito verdadeiro entre seus membros. Pode ter desenvolvido algu-
mas capacidades para lidar com emoções num ambiente experimental.
Os membros dos grupos A e C procuravam maior aprovação dos
chefes de alto nível, enquanto os membros dos grupos B, D e E, (nos
quais não havia chefes de alto nível), procuraram mais a aprovação
da coordenadora.

156 A.B.P.A. 3/70


5.3. Algumas Tendências Específicas
- Desenvolvimento do processo grupal com relação ao esque-
ma de tempo e ao ambiente não-residencial:
Observou-se nos cinco grupos que o processo grupal regulava sua
marcha pelo tempo disponível para o treinamento. Apesar dos diferen-
tes esquemas de tempo, os acontecimentos e processos grupais desen-
volveram-se de forma algo semelhante, mostrando o que se poderia
chamar de fases de desenvolvimento grupal.
O tipo de ambiente não-residencial - seja com algum isolamen-
to (tempo integral) ou sem isolamento (tempo parcial) - não pareceu
ter exercido qualquer influência sôbre a perspectiva temporal, isto é,
não se determinaram efeitos de aceleração ou de retardamento. Como
o tempo total de treinamento é conhecido com antecedência, parece
que os membros ajustam seu envolvimento e participação ativa, se-
gundo uma espécie de investimento econômico na dimensão temporal.

- Mêdo de expressar hostilidade e agressão:


Foi interessante notar em todos os grupos, a cortesia quase cons-
tante nas reações interpessoais. Todos tentavam manter-se gentis nas
reações interpessoais. Todos tentavam evitar expressar abertamente
a hostilidade e agressividade. Tôda vez que se iniciava uma intenção
agressiva entre dois membros, os outros intervinham para conciliar.
Havia uma sensação de constrangimento geral sempre que êsse tipo
de comportamento aparecia.
Como esta tendência foi observada em todos os grupos, pode su-
gerir um preconceito cultural contra a conduta agressiva e sentimen-
tos de hostilidade. Para nossa cultura (brasileira), as pessoas educa-
das não devem expressar agressão, seja sob forma verbal ou física. O
comportamento agressivo está ligado a maus modos, pessoas incultas,
status social abaixo.
Seria o comportamento agressivo aspecto de um estereótipo
cultural de membro desajustado num grupo culto?
Os diários não funcionaram.
Em outros estudos, na maioria dos casos, os diários mantidos
pelos treinandos forneceram muitos dados brutos aos treinadores e
pesquisadores (Wechster e Reisel, 1960). No estudo presente, êles
simplesmente não funcionaram.
Em sua maioria, os participantes não escreveram coisa alguma
além de seus próprios nomes na capa; eventualmente, desenhavam ou
rabiscavam algumas páginas. Alguns membros escreveram somente
pequenas notas das sessões iniciais ("Que silêncio horrível! Será que
ninguém vai falar nada?"). Alguns treinandos eventualmente usavam
os diários para resumir pontos de vista e esquematizar tópicos mais
Treinamento de sensibilidade 157
importantes para discussão em projetos de subgrupos, ou seja, como
cadernos de notas de aulas.
Nenhum membro escreveu em seu diário em tôdas as sessões.
Duas hipóteses poderiam explicar o fenômeno:
a) mêdo das conseqüências trazidas por afirmações escritas;
b) falta de hábito de expressar sentimentos sob forma escrita.

Vale a pena apontar um outro traço: houve um número de per-


guntas não-respondidas nos questionários anônimos, em cada sessão,.
e no questionário de avaliação final.

5.4. Clima das Se,ssões de Treinamento


Cada sessão foi avaliada como um todo, segundo observações fei-
tas pela coordenadora, pelo observador, pelos gráficos de interação,
grupal e tabulação das respostas dos membros aos questionários. Ana-
lisando-se e comparando-se êsses dados brutos, surgiram alguns pa-
drões modais que sugeriram uma disposição predominante para cada
sessão, segundo o que haja sido percebido pela maioria.
Essas disposições podem ser grupadas em três tipos de clima
predominante:
a) clima satisfatório (+): percepções modais referentes a envol-
vimento emocional, expressões comportamentais de satisfa-
ção, comunicação fácil, produtividade, trabalho orientado para
o processo;
b) clima insatisfatório (-): percepções modais referentes a ten-
são, hostilidade e agressão, desorganização, comunicação blo-
queada, fuga, apatia, cansaço;
c) clima misto (-t-): percepções modais indicativas de duas cate-
gorias que se alternavam na mesma sessão, isto é, uma parte
satisfatória e a outra, insatisfatória.
A tabela 2 mostra a distribuição do clima por todos os grupos:

TABELA 2
Clima Predominante nas Sessões de Treinamento
Número de Sessões
Clima Grupos: Total
A B C O E

Satisfat6rio 5 6 5 5 7 28
Misto 1 1 2 1 5
I nsatisfat6rio 4 3 3 5 2 17
Total 10 10 10 10 10 50

158 A.B,P.A. 3!70>


Ao analisar a tabela, podemos perguntar-nos: Seria a composição
do grupo uma variável decisiva para determinar o clima do grupo nas
sessões de treinamento de sensibilidade?
O grupo D, que apresentou sessões mais insatisfatórias do que
qualquer outro grupo, foi aquêle no qual três membros se envolveram
num sério conflito agressivo. O grupo E, que apresentou o maior núme-
ro de sessões satisfatórias, era formado por grande número de jovens.
A tabela 3 apresenta o clima de sessão em relação à estrutura da
sessão. Parece não haver uma relação direta e definida entre o clima
e a estrutura. Há uma leve sugestão de que as sessões não-estrutu-
radas, foram mais insatisfatórias que as semi-estruturadas. Tôdas as
sessões de clima misto foram semi-estruturadas.

TABELA 3
Clima Predominante em Relação ã Estrutura
das Sessões de Treinamento

Número de Sessões
Sessões Clima Grupos: Total
A B C O E

Satisfat6rio 4 3 3 3 5 18
Sem i-estrutu radas Misto 1 1 2 1 5
I nsatisfat6rio 2 1 1 5
Satisfat6rio 3 2 2 2 10
Não-estruturadas Misto
I nsatisfat6rio 2 2 2 4 2 12

Vejamos agora o clima em relação às fases no processo de treina-


mento.
O clima de cada sessão foi diferente nos vários grupos, exceto na
primeira e na última. A primeira sessão foi insatisfatória para todos

TABELA 4
Variação de CIi ma em Cada Sessão

Número de Sessão de Treinamento


Grupos Iniciais Intermediárias Finais
2 3 4 5 6 7 8 9 10

A O O 2 2 2 O O 1 2 2
B O 1 2 2 O 2 2 2 O 2
C O 1 O 2 2 2 2 O 1 2
O O 2 O 2 2 O O O 2 2
E O O 2 2 2 2 2 1 2 2

Clima: O. Insatisfat6rio
1. Misto
2. Satisfat6rio

'rreinCll1iento de sensibilidade 159


os grupos, carregada de elevada tensão emocional, perplexidade e vá-
rias tentativas de compreender o que se passava. A última sessão foi
considerada satisfatória, produtiva, com maior interação e facilidade
de comunicação.
Houve também uma coincidência de clima satisfatório na quarta
sessão de todos os grupos. Essa sessão foi semi-estruturada em dois.
A tabela 4 indica as variações de clima em cada sessão para todos
os grupos.
Pode-se notar que as sessões insatisfatórias predominaram no
início do treinamento: sessões 1-2-3; e que as sessões satisfatórias fo-
ram mais numerosas no meio do treinamento: sessões 4-5-6-7. As
sessões de clima misto foram observadas, ou na fase inicial ou na fase
final; sessões 8-9-10. A tabela 5 mostra a distribuição do clima com
relação às fases do treinamento.

TABELA 5
Variação do Clima com Relação às Fases do Treinamento

Nú mero de Sessões
Clima Fases do Treinamento
Iniciais Intermediárias Finais Total

Satisfat6rio 4 15 9 28
Misto 2 3 5
Insatisfatório 9 5 3 17

A divisão das sessões de treinamento em iniciais, intermediárici.s


e finais poderia ser relacionada a padrões gerais do processo de desen-
volvimento do grupo, observado nos grupos estranhos.
Mesmo o grupo familiar começa lidando com frustração por causa
da estrutura frouxa, falta de agenda definida, falta de liderança do
treinador, definição precária de papéis individuais. É essa a fase inicial.
As tentativas de vencer tais condições frustradoras iniciais logo
começam a dar ao grupo alguma organização e formas específicas de
agir. Os membros tornam-se mais envolvidos no processo, a ajuôa
mútua é reconhecida como necessária para lidar com importantes
preocupações na vida de grupo: liderança, dependência, percepção e
desempenho do papel, comunicação e relações pessoais. Essa é a fase
intermediária, na qual a aprendizagem e o ajustamento ocorrem grada-
tivamente através dos esforços dos participantes, para solução de si-
tuações conflitivas inerentes à interação grupal.
Quando chegam as sessões finais, um certo grau de frustração
pode tornar a ser sentido pelos grupos por várias razões, algumas das
quais já foram apontadas na avaliação dos treinamentos. A última
160 A.B.P.A. 3170
sessão retrata a maneira típica de encerrar um empreendimento. Hã
uma sensação geral, contagiante de realização e alívio. Conseqüente-
mente, prevalece uma atmosfera satisfatória.

6. CONCLUSÕES

1. Neste estudo, os grupos de organização familiar apresentaram


alguns processos que se assemelharam, e outros que diferi-
ram dos observados em grupos de estranhos, em laboratório
de treinamento de sensibilidade.
2. As semelhanças foram:
a) desenvolvimento de processo grupal em fases seqüenciais
com problemas típicos relacionados com liderança, estru-
tura, propósitos, papéis, comunicação, transferência da
observação e da anãlise de conteúdos para a de processo;
b) variabilidade nos climas das sessões; isto pode sugerir que
o grupo, como um todo, funciona de acôrdo com as fôrças
que coexistem no ambiente do grupo num dado momento,
como foi postulado pela teoria de campo.
3. As diferenças percebidas relacionaram-se a maior cuidado na
auto-exposição, o que pode ter bloqueado uma exploração mais
ampla de pensamentos, sentimentos e experimentação com-
portamental; nos grupos de estranhos notou-se geralmente um
intercâmbio mais espontâneo.
4. Provou-se, uma vez mais, a dificuldade de avaliar as mudanças
nas pessoas e nos grupos, o que parece ter relação direta com
o método de treinamento. Necessitam-se muito mais pesqui-
sas e técnicas e instrumentos mais requintados para que se
chegue a conclusões e generalizações vãlidas.
5. O mesmo estudo pode levar a conclusões diferentes, depen-
dendo do ponto de vista teórico do pesquisador e sua dispo-
sição para perceber o que êle queira perceber. Neste estudo,
além dos conceitos da teoria de campo, outros aspectos do
comportamento em grupo, dentro de diferentes esquemas-sis-
temas de referência poderiam ter sido observados, como, por
exemplo, os conceitos de Bion (1963) sôbre as formas de emo-
cionalidade e de trabalho no funcionamento de cada grupo.

BIBLIOGRAFIA

BALES, C. F. Interaction Process Analysis: a Method for the Study of Small


Groups. Mass., Cambridge, Addison-Wesley, 1950.
BION, W. R. Experiências em Grupos. (trad.). Buenos Aires, Paidos, 1963.
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BENNE, K. D. T. Group Theory and Laboratory Method lnnovation in Redu-
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WECHSLER, I. and REISEL, J. lnside a Sensitivity Training Group. Los Angeles,
Institute of Industrial Relations, Universidade da Califórnia, 1960.

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