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28/05/2019 Sobre o Paradoxo da Tolerância – Liberdade de Expressão em Debate – Medium

Sobre o Paradoxo da Tolerância


Igo Araujo Santos Follow
Feb 2, 2018 · 5 min read

por Jason Kuznicki


traduzido por Igo Araujo dos Santos

Em que Popper realmente acreditava sobre expressão e tolerância em


uma sociedade liberal e pluralista?

O paradoxo da Tolerância de Karl Popper recebeu muita atenção


recentemente. Por uma boa razão: nós, americanos, estamos nos
perguntando o que fazer com neonazistas entre nós. Talvez nós
quiséssemos tolerar ideias intolerantes, mas não seria perigoso?

Popper falava a esse medo ao escrever:

Tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se


estendermos ilimitada tolerância mesmo aos intolerantes, se não
estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da
intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância, com eles.

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28/05/2019 Sobre o Paradoxo da Tolerância – Liberdade de Expressão em Debate – Medium

— Nessa formulação, não insinuo, por exemplo, que devamos sempre


suprimir a expressão de filosofias intolerantes; desde que possamos
combatê-las com com argumentos racionais e mantê-las em cheque frente
a opinião pública, suprimi-las seria, certamente, imprudente. Mas
devemos nos reservar o direito de suprimi-las, se necessário, mesmo que
pela força; pode ser que eles não estejam preparados para nos encontrar
nos níveis dos argumentos racionais, mas comecemos por denunciar todos
os argumentos; eles podem proibir seus seguidores de ouvir os argumentos
racionais, porque são enganadores, e ensiná-los responder argumentos
com punhos e pistolas. Devemos, então, nos reservar, em nome da
tolerância, o direito de não tolerar o intolerante.

Mas essa passagem — numa nota de rodapé do Volume I de A Sociedade


Aberta e Seus Inimigos — não é a mais clara, e vem sendo rudemente
abusada tanto pela extrema-esquerda quanto pela extrema-direita.

A extrema-direita a lê e diz: “Viu?! Mesmo a tolerância é intolerante!


Então vamos perseguir quem quisermos. Ao contrário de certos
‘tolerantes’, não somos hipócritas!”

E mesmo por essa frágil, quase imperceptível diferença, se imaginam


moralmente superiores.

Esse pensamento é uma grande distorção das palavras de Popper. A


sociedade liberal que se defende face a violência mortal não é, de
forma alguma, comparável a grupos que querem destruí-la.

Pois, para se preservar, uma sociedade liberal deve, primeiro, tentar o


argumento racional, o debate aberto, voto e um sistema de leis que
permita mesmo as mais odiosas crenças serem exploradas sem o medo
de perseguição. Liberais recorrem à violência somente em última
instância, se, e apenas se, outros métodos falharam. Usamos a violência
apenas raramente e apenas como defesa, com o objetivo de retornar a
um modo de existência mais civilizado o mais rápido possível.

Para grupos iliberais, violência não é o último recurso. É o primeiro, ou


quase isso. Apesar do paradoxo de Popper, há uma grande diferença
moral aqui.

Enquanto isso, muitos na extrema-esquerda interpretaram mal Popper,


de novo, sem nenhuma boa intenção. Como dito aqui, e não muito
bem, o paradoxo segue:

1. Uma sociedade tolerante deve ser tolerante por padrão;

2. Com uma exceção: não deve tolerar a própria intolerância.

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28/05/2019 Sobre o Paradoxo da Tolerância – Liberdade de Expressão em Debate – Medium

Mas Popper nunca acreditou em coisa do tipo. Em vez disso, ele


escreveu:

não insinuo, por exemplo, que devamos sempre suprimir a expressão de


filosofias intolerantes; desde que possamos combatê-las com com
argumentos racionais e mantê-las em cheque frente a opinião pública,
suprimi-las seria, certamente, imprudente.

Isso não é licença para leis contra discurso de ódio. Pelo contrário,
Popper parece dizer que tais leis seriam “imprudentes”.

Para Popper, intolerância não é para ser empregada quando a


expressão de ideias intolerantes o deixam desconfortável ou quando
tais ideias parecem indelicadas ou quando elas o irritam. Intolerância
— se esse é mesmo a palavra certa para descrever — só deve ser
empregada frente a “punhos e pistolas”, ou, presumivelmente, algo
pior.

Essa conclusão não vem apenas de uma leitura fechada da citação feita,
mas de um olhar mais amplo de “A Sociedade Aberta e Seus Inimigos”.
O livro inteiro é uma exposição de ideias intolerantes, uma dissecação
delas, e uma defesa sólida e racional de uma sociedade pluralista. Aqui,
Popper prova ser, ele mesmo, um liberal; seu primeiro recurso é fazer
uma argumentação racional. É apenas numa nota de rodapé que ele
considera a possibilidade de fazer uso de violência e o faz com óbvio
desdém.

Liberais devem sempre preferir a razão e o argumento à violência.


Desviar-se desse princípio é inverter a hierarquia de preferências
morais que dá ao liberalismo sua superioridade. É se tornar semelhante
aos nossos inimigos, ao menos na escolha de métodos. É conceder à
acusação de hipocrisia da extrema-direita.

Agora, empregar, ocasionalmente, métodos intolerantes, isto é,


empregar autodefesa frente a ameaça à ordem liberal, pode parecer a
renuncia de uma consistência filosófica. Está longe de ser claro, no
entanto, que isso é tão condenatório para o modo de pensar de Popper.
Por toda a obra, Popper argumenta que todas as formas de soberania
implica inconsistência, e a soberania liberal não menos que todas as
outras. Ele atribuí isso ao resultado de uma profunda confusão na
história do pensamento político, um que fez, erroneamente, do Estado
o princípio ordenador de nossa vida social.

Meus amigos anarquistas poderão acenar em concordância. Não acho


que estariam errados se o fizessem, mesmo que Popper não fosse, ele

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mesmo, um anarquista: ele ansiava, em vez disso, por uma sociedade


liberal em que o Estado tivesse um papel limitado e auxiliar e não um
direcional. Corretamente compreendido, Popper não é um aliado nem
da extrema-direita nem da extrema-esquerda, mas de liberais clássicos
como F.A. Hayek. Fazer dele um amigo de leis contra discurso de ódio
ou, pior, perseguição é distorcer seus pensamentos.

Quão útil é o paradoxo da tolerância? Na prática, uma defesa efetiva de


uma sociedade tolerante é quase sempre compatível com a prática da
própria tolerância. O paradoxo raramente emerge. Ainda assim, nos
poucos casos extremos, e se usarmos uma definição tendenciosa da
palavra “intolerância” — uma que define autodefesa como intolerância
— então, sim, tolerância e intolerância podem ter uma semelhança
superficial. Mas é possível interpretar isso de diversas maneiras, e
muitas pessoas certamente já interpretaram.

. . .

Jason Kusnicki facilitou várias publicações internacionais e projetos


educacionais do Instituto Cato. É editor do Cato Sem Fronteiras e entre
seus constantes interesses estão censura, divisão entre estado e religião e
direitos civis no contexto da teoria política libertária. É o editor assistente
da Enciclopédia do Libertarianismo. Antes de trabalhar no Instituto Cato,
serviu como Gerente de Produção no Serviço de Pesquisa do Congresso.
Kuznicki recebeu seu Ph.D em história pela Universidade Johns Hopkins,
em 2005.

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28/05/2019 Sobre o Paradoxo da Tolerância – Liberdade de Expressão em Debate – Medium

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