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TRIBUNA DA DEFENSORIA
Dentre outras coisas, questionamos, então, o motivo pelo qual não havia, em um
nível proporcional (ou o mais próximo desta proporcionalidade possível), notícias
sobre deferimentos de tais ações não condenatórias (demonstrando que há, sim,
habeas corpus deferidos). Alertamos para a imparcialidade que deve(ria) ter o Poder
Judiciário no que tange à difusão destas notícias, ou seja, que devem ser noticiadas,
equitativamente, os desfechos dos habeas corpus na proporção das ordens
concedidas e denegadas, transmitindo com a isenção que se espera deste Poder as
notícias acerca da temática.
Se o processo é conduzido com a observância dos preceitos legais que lhes são
aplicáveis, se são observados os direitos e as garantias fundamentais e se é
concretizado um contraditório substancial, então o desfecho do processo criminal
será indiferente ao Poder Judiciário, pois o referido Poder já cumpriu a sua missão
ao conduzir o processo de maneira justa. “Os meios justificam os fins”. Por
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28/05/2019 ConJur - O TJ-CE, a imparcialidade e a divulgação de notícias
Já no texto da notícia, dentre outros, constam os seguintes dados: no total, 217 réus
foram condenados. Desses, 101 eram presos, 164 réus foram absolvidos, dos quais 42
eram presos (levando-se em conta que um processo pode ter mais de um réu). Além
disso, em 36 processos foram proferidas decisões desclassificando o delito para
outro que não seja da competência do júri. Em Fortaleza, dos 98 júris pautados,
ocorreram 77, resultando no julgamento de 88 réus.
Mais uma vez, é visível o interesse, o móvel, a intenção do Poder Judiciário de dar
uma maior publicidade aos desfechos condenatórios, como se uma condenação
fosse mais importante ou um melhor resultado que uma absolvição, como se a
condenação trouxesse mais aceitação por parte dos destinatários da publicidade. De
fato, em tempos atuais, até traz... Uma condenação é mais simpática aos olhos da
população do que uma absolvição. Mas esse não é o ponto, levando-se em
consideração a citada imparcialidade que deve nortear o Judiciário e o seu
pertinente setor de imprensa.
A absolvição, por outro lado, acaba por se tornar o produto de um processo falho,
não sendo um desfecho correto. O correto, pois, seria condenar. A absolvição se
torna uma espécie de anomalia, uma falha na Matrix, e se o Poder Judiciário absolve
muito, erra muito, falha muito. Ao menos, é o que parece ser quando se quer
demonstrar que muito se condena, mas pouco se absolve.
Assim, qual o interesse de se noticiar o score do III Mês Nacional do Júri no que
tange ao número de condenações e absolvições? Se o número de absolvições tivesse
sido maior do que o de condenações, haveria tal publicidade? Por que não noticiar
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28/05/2019 ConJur - O TJ-CE, a imparcialidade e a divulgação de notícias
Pois bem.
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