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1
passo é omitido. Por uma convenção mais ou menos arbitrária, um objeto
é selecionado e seu comprimento é chamado um metro. Se a definição
for acusada de circularidade (o que significa comprimento?), ela pode ser
facilmente convertida em uma definição demonstrativa irrepetível; no final
das contas, não há o que nos impeça de definir um metro como igual ao
objeto selecionado. Se esta abordagem demonstrativa é adotada, é tão fácil
de explicar como antes quando "um metro" será atribuído a algum outro
objeto, a saber, caso o novo objeto tenha o mesmo comprimento que o
padrão selecionado. Comentamos novamente que para determinar quando
dois objetos tem o mesmo comprimento, basta apenas um ato de comparação,
e não depende de termos uma definição precisa de comprimento.
Motivado pelas considerações descritas acima, definimos anteriormente
2 como algum conjunto particular com (intuitivamente falando) exatamente
dois elementos. Como esse conjunto padrão foi selecionado? Como tais outros
conjuntos padrões deveriam ser selecionados para outros números? Não há
razão matemática convincente em preferir uma resposta a esta questão a
outra; a coisa toda é em grande parte uma questão de gosto.A seleção deve
presumivelmente ser guiada por considerações de simplicidade e economia.
Para motivar a seleção natural que é normalmente feita, suponha que um
número, digamos 7, já tenha sido definido como um conjunto (com sete
elementos). Como, neste caso, deveríamos definir 8? Onde, em outras palavras,
podemos encontrar um conjunto consistindo de exatamente 8 elementos?
Podemos encontrar sete elementos no conjunto 7; o que deveríamos usar como
um oitavo elemento para juntar a eles. Uma resposta razoável para a última
pergunta é o próprio número (conjunto) 7; a proposta é definir 8 como o
conjunto consistindo dos sete elemento de 7, juntamente com o 7. Note que
de acordo com essa proposta cada número será igual ao conjunto de seus
próprios antecessores.
O parágrafo anterior motiva uma construção teórica que faz sentido
para todo conjunto, mas que é de interesse apenas na construção de números.
Para todo conjunto x definimos o sucessor x+ de x como o conjunto obtido
adicionando x aos elementos de x; em outras palavras,
x+ = x ∩ {x}.
2
Se todo número natural é igual ao conjunto de seus antecessores, não temos
escolha ao definir 1, 2, ou 3; devemos escrever
1 = 0+ (= {0}),
2 = 1+ (= {0, 1}),
3 = 2+ (= {0, 1, 2}).
etc. O "etc." significa que a partir de agora adotamos a notação usual e, no
que segue, nos sentiremos livres para usar numerais tais como ”4” ou ”956”
sem mais explicações ou desculpas.
Do que foi dito até agora não segue que a construção de sucessores
pode ser realizada até o infinito dentro de um mesmo conjunto. O que pre-
cisamos é de um novo princípio da teoria dos conjuntos.
A razão para o nome do axioma deve ser clara. Nós ainda não demos uma
definição precisa de infinito, mas parece razoável que conjuntos tais como os
que o axioma do infinito descreve merecem ser chamados de infinitos.
Diremos, temporariamente, que um conjunto A é um conjunto sucessor
se 0 ∈ A e se n+ ∈ A sempre que n ∈ A. Nesta linguagem, o axioma do
infinito simplesmente diz que existe um conjunto sucessor A. Uma vez que
a interseção de qualquer família (não vazia) de conjuntos sucessores é um
conjunto sucessor (provar), a interseção de todos os conjuntos sucessores
incluídos em A é um conjunto sucessor ω. O conjunto ω é um subconjunto
de todo conjunto sucessor. Se, de fato, B é um conjunto sucessor arbitrário,
então também o é o conjunto A ∩ B. Uma vez que A ∩ B ⊂ A, o conjunto
A∩B é um dos conjuntos que entrou na definição de ω; segue que ω ⊂ A∩B e,
consequentemente, ω ⊂ B. A propriedade de minimalidade então estabelecida
caracteriza unicamente o conjunto ω; o axioma da extensão garante que só
pode existir um conjunto sucessor que está incluído em todos os outros
conjuntos sucessores. Um número natural é, por definição, um elemento
do conjunto sucessor minimal ω. Essa definição de números naturais é
a contrapartida rigorosa da descrição intuitiva de acordo com a qual eles
consistem de 0, 1, 2, 3, "e assim por diante". Incidentalmente, o símbolo
que estamos usando para o conjunto de todos os números naturais (ω) tem
uma pluralidade de votos dos escritores sobre o assunto, mas nada como
uma clara maioria. Neste livro, esse símbolo será usado sistematicamente e
exclusivamente no sentido definido acima.
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O ligeiro sentimento de desconforto que o leitor pode experimentar
em conexão com a definição de números naturais é bastante comum e na
maioria dos casos temporário. O problema é que aqui, como uma vez antes
(na definição de pares ordenados), o objeto definito tem alguma estrutura
irrelevante, o que parece atrapalhar (mas é de fato inofensivo). Nós queremos
ser informados que o sucessor de 7 é 8, mas ser informado que 7 é um
subconjunto de 8 ou que 7 é um elemento de 8 é perturbador. Faremos
uso dessa superestrurura de números naturais apenas o tempo suficiente
para derivar suas mais importantes propriedades naturais; depois disso a
superestrutura pode ser seguramente esquecida.
Uma família {xi } cujo conjunto de índices é ou um número natural
ou o conjunto de todos os números naturais é chamada uma sequência (finita
ou infinita, respectivamente). Se {Ai } é uma sequência de conjuntos, onde
o conjunto de índices é o número natural n+ , então a união da sequência é
denotada por
n
[
Ai ou A0 ∪ ... ∪ An .
i=0
×ni=0 Ai , A0 × ... × An ,
e ∞
\
Ai , A0 ∩ A1 ∩ A2 ∩ ...,
i=0
×∞
i=0 Ai , A0 × A1 × A2 × ...