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ANO 55

# 221
mar 2008

Revista do Sistema Federação das

GOIÁS Indústrias do Estado de Goiás

INDUSTRIAL ENTREVISTA
Ana Carla Abrão Costa aponta riscos e
possibilidades para a economia em 2008

NESTE JOGO, TODOS SAEM

GANHANDO
INVESTIMENTOS EM EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA TRAZEM
CUSTOS MAIS BAIXOS
PARA A INDÚSTRIA,
AMPLIANDO SUA
COMPETITIVIDADE.
E PODEM AJUDAR
A EVITAR NOVO
APAGÃO
palavra do presidente

A Goiás Industrial está consagrada como a mais


antiga publicação na área de economia no Estado
ANO 38
# 219
Paulo Afonso Ferreira
pauloafonso@sistemafieg.org.br
jan 2008

GOI
INDUÁSST
Revista
do

Renovar é preciso
Indústria Sistema Fede
s do Esta ração das
do de Goiá
s

RIAL ENTREV
Meirelles
ISTA
desenv fala sobre
olvime
nto do
setor

Q
uando a revista Goiás Indu st ri al indústrias." Esta foi a notícias de conjuntura
circulou pela primeira vez, justificativa de seu editorial de econômica, em geral
Getúlio Vargas era o presidente apresentação. de apresentação árida,
da República, Pedro Ludovico Teixeira, o Decorrido mais de explicações
PARA MA

METAM
NTER O
DINAMI

ORFOSE
SMO
O CRES
governador de Goiás, e o professor meio século, a Goiás ACONTECIMENTO DA
A DISTRI CE AO MESMINDÚSTRI
DE PESS BUIÇÃO DA O TEMPO A EM GOIÁS
EM QUE
desinteressantes e
OAS AB
AIXO RENDA
Venerando de Freitas Borges, o prefeito de Ind ustrial está consagrada compreensão difícil.
MELHOR
DA LIN E CAI O TOTA
HA DE A
POBREZL
Layout embrião de estudos das A

Goiânia - todos eles, por coincidência, pela como a mais antiga mudanças promovidas na Goiás Não se trata, no
segunda vez. Rudimentar, em todos os publicação na área de Industrial: evolução gráfica e editorial entanto, de amenizar
sentidos, era a indústria de Goiás, então economia no Estado, de os conteúdos, mas de
considerado um Estado essencialmente circulação ininterrupta, com informações e oferecê-los de forma a atrair sempre mais a
agropastoril. análises de atividades não apenas da atenção do leitor, neles encontrando assuntos
Hoje, a difícil tarefa de escrever a indústria mas também de outros setores que influenciam o dia-a-dia das indústrias, bem
história da industrialização goiana fica mais produtivos. Sua distribuição alcança todo o como relacionados às ações da Federação das
fácil consultando a coleção da Goiás Sistema Confederação Nacional da Indústrias do Estado de Goiás, dos sindicatos
Industrial, documento vivo dos últimos 54 Indústria, nas 27 unidades federativas, que o integram, do Sesi, do Senai, do IEL e do
anos desse processo gerador de entidades empresariais diversas, empresas ICQ Brasil, que constituem o Sistema Fieg.
prosperidade e bem-estar social. Sua de Goiás e fora dele, embaixadas, Renovar é preciso, mas preservando os
edição número 1 foi lançada em junho de universidades, bibliotecas, órgãos públicos, valores tradicionais e essenciais de uma
1953, como "órgão oficial da Federação das instituições financeiras e culturais e veículos publicação que sempre cumpriu sua missão,
Indústrias do Estado de Goiás", exatamente de comunicação social. convivendo com o sucesso.
um mês após a instalação da entidade. Como na dinâmica da vida, a
"Não seria cabível num Estado como renovação é uma regra permanente, a
este, onde o progresso desafia as mais G oi ás Industri al nunca esteve pronta e
avançadas previsões, estivessem os acabada e, hoje, inicia nova fase,
industriais sem um veículo para levar a adaptando-se à evolução de um
outras paragens o noticiário do sempre jornalismo cada vez mais exigente e
contínuo desenvolvimento goiano. minucioso.
Especialmente na atual conjuntura, quando A missão de renovar a revista,
Goiás é focalizado intensamente, sendo confiada a empresa especializada,
apontado como berço para acolher a futura resultou em um layout
capital federal, mais ainda se evidencia a contemporâneo, que acompanha as
imperiosa necessidade de projetarmos lá tendências verificadas nas principais
fora o nosso parque industrial e as nossas publicações empresariais do País e
possibilidades para receber novas possibilita leitura fácil e dinâmica das

GOIÁS INDUSTRIAL 3
EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA E LUCROS
12 Como o País (e a indústria) pode evitar um desperdício anual que consome
até R$ 10 bilhões por ano

INVESTIMENTOS À VISTA
21 Sondagem da Fieg mostra
que 88,5% dos empresários
pretendem continuar investindo

índice
4 GOIÁS INDUSTRIAL
ENTREVISTA
10 A economista Ana Carla Abrão Costa
analisa a crise nos EUA e fala sobre o
que esperar para a economia em 2008

EM RITMO
ACELERADO
24 Com a criação de mais COMEMORAÇÃO
de 11 mil empregos em 32 IEL completa 38 anos de
janeiro, Goiás anota trabalhos prestados à
segundo melhor indústria com novos desafios
desempenho no País e compromissos para o
futuro

TUBERCULOSE
36 Sesi realiza campamha
para prevenir e controlar a
doença entre trabalhadores
da indústria

PARA EXECUTIVOS
31 Capacitação abre
ANTES DO EMBARGO novos horizontes para
25 Exportações mais que empresários e diretores
dobraram no começo do de indústrias
ano, especialmente por
causa do avanço nas vendas
de carnes ao exterior. O
milho (foto) foi outro
destaque.

INTEGRAÇÃO
33 Sesi e Senai passam a desenvolver
projeto pedagógico que integra ensino
médio e educação profissional

GOIÁS INDUSTRIAL 5
expediente
Sistema FIEG Diretoria da FIEG Conselhos Temáticos
GOIASINDUSTRIAL Federação das Indústrias Presidente Conselho de Desenvolvimento
do Estado de Goiás Paulo Afonso Ferreira representantes junto à Fieg Tecnológico e Inovação
Abílio Pereira Soares Júnior Presidente
Presidente 1º vice-presidente Álvaro Otávio Dantas Maia Ivan da Glória Teixeira
Paulo Afonso Ferreira Pedro Alves de Oliveira Anísio Queiroz de Carvalho Jr. Vice-Presidente
Antônio Clóvis Carneiro Melchíades da Cunha Neto
Direção Av. Araguaia, nº 1.544, Ed. Albano 2º vice-presidente Carlos Alberto Diniz
José Eduardo de Andrade Neto Franco, Casa da Indústria - Vila Nova Wilson de Oliveira Carlos Alberto Vieira Soares Conselho Temático
CEP 74645-070 - Goiânia-GO Carlos José de Moura Júnior de Meio Ambiente
Co o rde nação d e jo rn alis mo
Fone (62) 3219-1300 3º vice-presidente Carlos Queiroz de Paula e Silva Presidente
Fax (62) 3229-2975 Ivan da Glória Teixeira Carlos Roberto de Araújo Henrique W. Morg de Andrade
Joelma Pinheiro
Carlos Roberto Viana Vice-Presidente
Home page: 1º secretário Cyro Miranda Gifford Júnior Domingos Sávio Gomes de Oliveira
E dição www.sistemafieg.org.br Hélio Naves Daniel Viana
Lauro Veiga Filho Conselho Temático
Domingos Sávio G. de Oliveira
E-mail de Infra-Estrutura
2º secretário Eduardo Cunha Zuppani
fieg@sistemafieg.org.br Presidente
Su be dito r Luiz Gonzaga de Almeida Elton de Teles Campos José Rodrigues Peixoto Neto
Dehovan Lima Emílio Carlos Bittar Vice-Presidente
NÚCLEO REGIONAL 1º tesoureiro Eurípedes Felizardo Nunes
DA FIEG EM ANÁPOLIS Roberto Elias de Lima Fernandes
Repo rtagem Domingos Sávio Gomes de Fábio Rassi
Andelaide Pereira, Célia Oliveira, Oliveira Flávio Paiva Ferrari Conselho Temático de Política
Presidente: Waldyr O’Dwyer Francisco Gonzaga Pontes
Geraldo Neto, Débora Maria Econômica
2º tesoureiro Francisco de Paula e Silva Presidente
Orsida, Divina Rosa, Jávier Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Antônio de Sousa Almeida Frederico Martins Evangelista Beyle de Abreu Freitas
Godinho, Dorothy Menezes, Bairro Jundiaí, CEP 75113-630, Henrique Wilhem Morg de Andrade
Fernanda Guirra, Heloísa Lima e Anápolis-GO Diretores Hélio Naves Conselho Temático de Relações
Naiara Gonçalves Fone/Fax (62) 3324-5768 / 3311-5565 César Helou Heno Jácomo Perillo do Trabalho
Segundo Braoios Martinez Jaime Canedo Presidente
E-mail: Ubiratan da Silva Lopes Jair Rizzi Hélio Naves
C ol abo ração
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Joviano Teixeira Jardim João Essado Orizomar Araújo de Siqueira
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Jorge Luiz Biasuz Meister Jorcelino José Nunes Neto
Sílvio Simões Aluísio Quintanilha de Barros Jorge Luiz Biazuz Meister Pequena Empresa
Diretor Regional: João Essado José Antônio Vitti Presidente
Pr oje to gráf ico Paulo Afonso Ferreira Flávio Paiva Ferrari José Divino Arruda Humberto Rodrigues de Oliveira
Wesley Cesar Eduardo Cunha Zuppani José Francisco de Souza Vice-Presidente
Superintendente: Laerte Simão José Luiz Martin Abuli Carlos Alberto Vieira Soares
Paulo Vargas Luiz Antônio Vessani José Magno Pato
Di agr amação e p ro du ção Conselho Temático de
José Vieira Gomide Júnior José Romoaldo Maranhão Neto
Clarim Comunicação e Marketing IEL Responsabilidade Social
Carlos Alberto Vieira Soares José Vieira Gomide Júnior
Rua S-6 nº 129, Sala 01, Instituto Euvaldo Lodi Fábio Rassi Laerte Simão Presidente
Setor Bela Vista Diretor Regional: Daniel Viana Sávio Cruvinel Câmara Leonardo Jayme de Arimatéa Antônio de Souza Almeida
(62) 3624-0201 Superintendente: Paulo Galeno Elton Teles de Campos Vice-Presidente
Leopoldo Moreira Neto
Paranhos Melchíades da Cunha Neto
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Eurípedes Felizardo Nunes Luiz Gonzaga de Almeida
SENAI Conselho Temático de
P ub licidad e Aldrovando D. de Castro Júnior Luiz Rézio Agronegócio
Serviço Nacional de Aprendizagem José Magno Pato Manoel Paulino Barbosa
ND Editora e Publicidade Ltda.
Industrial Presidente
Rua 1034, nº 49, Setor Pedro
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Diretor Regional: Paulo Vargas Roberto Guimarães Mendes Marley Antônio Rocha
Ludovico, 74823-190 - Vice-Presidente
Raimundo Viana Dutra Mário Renato Guimarães Azeredo Segundo Braoios Martinez
Goiânia-GO ICQ BRASIL Carlos Alberto Diniz Nelson Pereira dos Reis
(62) 3255-6262 Instituto de Certificação Qualidade Brasil Humberto Rodrigues de oliveira Onofre Andrade Pereira Conselho Temático de Comércio
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Waldyr O’Dwyer Sandro Antônio Scodro Mabel
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artigos assinados são de Sandro Antônio Scodro Mabel Valdenício Rodrigues de Andrade Marduk Duarte
responsabilidade de seus autores Walterci de Melo
Wellington Soares Carrijo Rede Metrológica Goiás
e não refletem necessariamente a
Wilson de Oliveira Presidente
opinião da revista Heribaldo Egídio
sindicatos
Sindicatos com sede na Federação das Indústrias do Estado de Goiás - FIEG
Av. Anhanguera, nº 5.440, Edifício José Aquino Porto, Palácio da Indústria, Centro, Goânia-GO, CEP 74043-010

SIAEG de Goiás do Estado de GO, TO e DF SINDILEITE SININCEG


Sindicato das Indústrias de Presidente: Mário Drummond Presidente: Fábio Rassi Sindicato das Indústrias de Laticínios Sindicato das Indústrias de Calcário,
Alimentação no Estado Diniz Fone/Fax (62) 3223-6667 no Estado de Goiás Cal e Derivados no Estado de
de Goiás Fone (62) 3229-2427/Fax 3224- sindibrita@sistemafieg.org.br Presidente: César Helou Goiás
Presidente: Sandro Antônio Scodro 5405 Fone (62) 3212-1135/Fax 3212- Presidente: José Antônio Vitti
Mabel simplago@sistemafieg.org.br SINDICALCE 8885 Fone/Fax (62) 3223-6667
Fone (62) 3224-4253 / Fax 3224- Sindicato das Indústrias de Calçados sinleite@terra.com.br sininceg@sistemafieg.org.br
9226 - siaeg@terra.com.br SIMAGRAN no Estado de
Sindicato das Indústrias de Rochas Goiás SINDIPÃO SINPROCIM
SIEEG Ornamentais do Estado de Goiás Presidente: Flávio Ferrari Sindicato das Indústrias de Sindicato da Indústria de Produtos
Sindicato das Indústrias Extrativas do Presidente: Carlos Queiroz de Fone (62) 3225-6412/Fax 3225- Panificação e Confeitaria de Cimento
Estado de Goiás e do Distrito Paula e Silva 6402 no Estado de Goiás do Estado de Goiás
Federal Fone/Fax (62) 3223-6667 sindicalce@sistemafieg.org.br Presidente: Luiz Gonzaga de Presidente: Marley Antônio da
Presidente: Nelson Pereira dos Reis Almeida Rocha
Fone (62) 3212-6092/Fax 3212- SINCAFÉ SINDICARNE Telefax (62) 3225-1016 Fone (62) 3224-0456/Fax 3224-
6092 Sindicato das Indústrias de Sindicato das Indústrias de Carnes e sindipao@sistemafieg.org.br 0338
sieeg@sistemafieg.org.br Torrefação e Moagem de Derivados no siac@sistemafieg.org.br
Café no Estado de Goiás Estado de Goiás e Distrito Federal SINDIREPA
SIGEGO Presidente: Sávio Cruvinel Câmara Presidente: José Magno Pato Sindicato da Indústria de Reparação
Sindicato das Indústrias Gráficas no Fone (62) 3212-7473/Fax 3212- Fone/Fax (62) 3229-1187 e 3212- de Veículos e SINDQUÍMICA
Estado de Goiás 5249 1521 Acessórios no Estado de Goiás Sindicato das Indústrias Químicas e
Presidente: Antônio de Sousa sincafe@sistemafieg.org.br sindicarne@sistemafieg.org.br Presidente: José Francisco de Souza Farmacêuticas
Almeida Fone (62) 3224-0121 - no Estado de Goiás
Fone (62) 3223-6515/Fax 3223- SINDAGO SINDICURTUME sindirepa@sistemafieg.org.br Presidente: Eduardo Cunha
1062 Sindicato dos Areeiros do Estado de Sindicato das Indústrias de Zuppani
sigego@sistemafieg.org.br Goiás Curtumes SINDMÓVEIS Fone (62) 3212-3794/Fax 3225-
Presidente: Carlos Alberto Diniz e Correlatos do Estado de Goiás Sindicato das Indústrias de Móveis e 0074
SIMELGO Fone/Fax (62) 3223-6667 Presidente: João Essado Artefatos de sinquifar@sistemafieg.org.br
Sindicato das Indústrias Fone (62) 3213-4900/Fax 3212- Madeira no Estado de Goiás
Metalúrgicas, Mecânicas e SINDIALF 3970 Presidente: Manoel Paulino Barbosa
de Material Elétrico do Estado de Sindicato das Indústrias de Alfaiataria sindicurti@uol.com.br Fone/Fax (62) 3224-7296 SINVEST
Goiás e Confecção sindmoveis@sistemafieg.org.br Sindicato das Indústrias do Vestuário
Presidente: Orizomar Araújo de de Roupas para Homens no Estado SINDIGESSO no Estado de Goiás
Siqueira de Goiás Sindicato das Indústrias de Gesso, SINDTRIGO Presidente: José Divino Arruda
Fone/Fax (62) 3224-4462 - Presidente: Daniel Viana Decorações, Estuques e Ornatos Sindicato dos Moinhos de Trigo da Fone/Fax (62) 3225-8933
contato@simelgo.org.br Fone (62) 3223-2050 do Estado de Goiás Região Centro-Oeste sinvest@sistemafieg.org.br
Presidente: José Luiz Martin Abuli Presidente: André Lavor Pagels
SIMPLAGO SINDIBRITA Fone (62) 3225-7888 Barbosa
Sindicato das Indústrias de Material Sindicato das Indústrias Extrativas de sindigesso@sistemafieg.org.br Fone (62) 3223-9703 -
Plástico no Estado Pedreiras sindtrigo@sistemafieg.org.br

Outros endereços SIFAEG SINROUPAS Anápolis


SIAGO Sindicato das Indústrias de Sindicato das Indústrias de
Sindicato das Indústrias do Arroz no Fabricação de Álcool no Estado de Confecções Av. Engº Roberto Mange, nº 239-A, Jundiaí, Anápolis/GO
Estado de Goiás Goiás de Roupas em Geral de Goiânia CEP 75113-630 Fone/Fax: (62) 3324-5768 e 3311-5565
Presidente: Pedro Alves de Oliveira Presidente: Segundo Braoios Presidente: Frederico Martins sind.industria@terra.com.br
Rua T-45, nº 60 - Setor Bueno - Martinez Evangelista
CEP 74210-160 - Goiânia - GO Presidente-Executivo: André Luiz Rua 1.137, nº 87 - Setor Marista -
SIAA SIMEA
Fone/Fax (62) 325l-3691- Baptista Lins Rocha CEP 74180-160 - Goiânia - GO
Sindicato das Indústrias da Sindicato das Indústrias
siago@cultura.com.br Rua C-236, nº 44 - Jardim América Fone/Fax (62) 3092-4477 -
Alimentação de Anápolis Metalúrgicas, Mecânicas
- CEP 74290-130 - Goiânia- GO agicon@agicon.com.br
Presidente: Wilson de Oliveira e de Material Elétrico
SIFAÇÚCAR Fone (62) 3274-3133 e (62) 3251-
de Anápolis
Sindicato da Indústria de Fabricação 1045 - sifaeg@terra.com.br SINDUSCON-GO
SICMA Presidente: Elton de Teles Campos
de Açúcar Sindicato da Indústria da
Sindicato das Indústrias da
no Estado de Goiás SIMESGO Construção no Estado de Goiás
Construção e do Mobiliário SINDICER
Presidente: Segundo Braoios Sindicato da Indústria Metalúrgica, Presidente: Roberto Elias de Lima
de Anápolis Sindicato das Indústrias de
Martinez Mecânica Fernandes
Presidente: Ubiratan da Silva Lopes Cerâmica no Estado de Goiás
Presidente-Executivo: André Luiz e de Material Elétrico do Sudoeste Rua João de Abreu, nº 427 - Setor
Presidente: Laerte Simão
Baptista Lins Rocha Goiano Oeste - CEP 74120-110 - Goiânia-
SINDIFARGO
Rua C-236, nº 44 - Jardim América Presidente: Wellington Soares GO
Sindicato das Indústrias SIVA
- CEP 74290-130 - Goiânia - GO Carrijo Fone (62) 3095-5155/Fax 3095-
Farmacêuticas no Estado de Goiás Sindicato das Indústrias do Vestuário
Fone (62) 3274-3133 / Fax (62) Rua Costa Gomes, nº 143 - Jardim 5176/5177
Presidente: Ivan da Glória Teixeira de Anápolis
3251-1045 Marconal - CEP 75901-550 - Rio contato@sinduscongoias.com.br
Presidente: José Vieira Gomide
Verde - GO
Júnior
Fone/Fax (64) 3613-4810
entrevista com ana carla abrão costa economista-chefe da Tendências Consultoria

Para além da
turbulência externa
n Lauro Veiga Filho

Até o momento, todos os indicadores disponíveis sugerem que a economia global caminha para
uma fase de desaceleração, mas com manutenção de algum crescimento, num ritmo que
permitirá à economia brasileira - e a goiana, por extensão - preservar taxas ainda robustas de
desempenho, embora mais modestas do que em 2007. Essas e outras análises você confere na
entrevista da economista-chefe da Tendências Consultoria, Ana Carla Abrão Costa.

Como se explica o estouro da concessão de crédito mais leniente.


crise envolvendo títulos de
hipoteca de alto risco nos Qual o segundo movimento?
Estados Unidos e quais seus pos- Ana Carla - De outro lado, a
síveis desdobramentos para a sofisticação do mercado norte-
economia brasileira? americano permitiu que esses
Ana Carla Abrão Costa - A créditos, que na sua origem eram
questão da crise americana créditos mais arriscados,
começou com o problema da pudessem ser fatiados em oper-
"bolha" no mercado imobiliário. ações derivativas que não refletiam
Os preços nesse mercado esse risco. Na verdade, em função
começaram a seguir uma trajetória de garantias externas e de uma
crescente muito forte, durante um série de especificidades, tínhamos
período relativamente longo. papéis lastreados em operações
Ocorreram, na verdade, dois movi- ruins, mas com uma classificação
mentos que explicam o problema de risco triplo A (nível mais eleva-
da crise atual. Primeiro, os bancos do adotado pelas agências de clas-
acabaram se mostrando menos sificação, ratificando a boa quali-
rigorosos na concessão de crédito,
“A economia dade dos papéis), por exemplo.
basicamente porque havia a crença americana entrou Com isso, bancos assumiram
de que os preços dos imóveis con- num processo riscos muito superiores aos riscos
tinuariam crescendo em função recessivo em reais, tanto pelo lado da origi-
dos colaterais (garantias) que nação, quanto pelo lado dos ativos
função de uma
estavam vinculados às operações financeiros que eles passaram a
de crédito serem muito fortes, contração grande do carregar e a vender, não só nos
muito valorizados. Portanto, os crédito, que na Estados Unidos, mas na Europa e
bancos entraram num processo de verdade está só no no Japão também, ativos finan-
início”

8 GOIÁS INDUSTRIAL
ceiros que eram mais arriscados do toda forma, é um processo que
que a sua classificação parecia ainda exigirá muitas correções.
refletir. Como os preços dos imóveis,
principalmente, se elevaram
Quais as primeiras conse- muito ainda há espaço para
qüências dessa estratégia? muita queda para que ocorra
Ana Carla - Em determina- uma correção total nesse proces-
do momento, houve a reversão so. E não só isso. Como ainda há
desse processo em função do perdas a serem reconhecidas, a
estouro da bolha. Houve uma percepção não só nossa, aqui na
correção no mercado imobi- Tendências, mas geral, é de que
liário, os preços dos imóveis haja ainda um espaço, um perío-
começaram a cair e isso detonou do de tempo em que veremos
um processo inverso, com ainda muita volatilidade, muitas
aumento da inadimplência, de baixas contábeis nas instituições
correção novamente dos ativos financeiras. Então, é bem pos-
financeiros, e com isso o merca- sível que passemos pelos menos
do financeiro se mostrou seis meses ouvindo más notícias
descapitalizado. Esse é o grande em relação ao desenrolar dessa
problema, porque sobreveio crise financeira.
uma crise, que era restrita ao
mercado imobiliário, especifica- Esta não é a primeira vez e a
mente ao mercado de crédito história econômica registra, em
imobiliário americano, e que se anos mais recentes, pelo menos
alastrou para o mercado de dois momentos em que proble-
crédito de uma maneira geral. mas no mercado financeiro deter-
Os bancos se retraíram, enco- minaram problemas que se irradi-
lhendo os empréstimos, e a aram para a economia real. Esse
economia americana é movida a fenômeno tem a ver com essa
consumo que, por sua vez, é onda de desregulamentação prin-
movido a crédito. Surgiram aí os cipalmente nos mercados finan-
primeiros sinais claros de que a ceiro e de capitais? Faltou regu-
economia americana havia lação?
entrado num processo recessivo Ana Carla - Certamente, foi
em função de uma contração um grande cochilo regulatório. A
grande do crédito, que na ver- verdade é essa. Isso, como você
dade está só no início. mesmo disse, já aconteceu em
outros episódios de crise em que
Ainda não se tem uma infor- um processo de desregulamen-
mação precisa a respeito do tação acaba aumentando a fragili-
tamanho desse rombo. dade do sistema. Nesse caso
Ana Carla - O ponto é esse. específico, o que houve é que a
A incerteza hoje é muito grande. regulação não acompanhou a
Não se sabe na verdade quão sofisticação do mercado. E o ponto
mais intensa e quão mais é que todo livro de finanças diz
duradoura essa crise vai ser. que quando você diversifica
Temos a percepção de que, de (investimentos e aplicações, por

GOIÁS INDUSTRIAL 9
exemplo) você reduz riscos. Esse era “Foi um grande cochilo
princípio por trás dos novos veículos regulatório. Em outros
financeiros que foram criados com base
episódios de crise, a
em hipotecas, principalmente aquelas
mais arriscadas, as "subprimes". A desregulamentação
diversificação, nesse caso, permitiu um aumentou a fragilidade
excesso de alavancagem (endividamen- do sistema”
to) e acabou gerando mais risco.
Embora, claro, a diversificação permita
diluir esses riscos entre um número
maior de investidores, o que aconteceu
é que havia, junto com esses papéis,
uma probabilidade diferente de zero de
isso tudo dar errado, ainda que peque-
na, e foi o que acabou acontecendo.

Em relação à economia real, no


caso brasileiro, observa-se uma econo-
mia ainda bastante aquecida em
janeiro e fevereiro. O País conseguirá
resistir, ao longo de 2008, a esse
impacto externo?
Ana Carla - Acho que sim. Acredito
que 2008 está relativamente tranqüilo.
O canal de transmissão da crise finan-
ceira global para o Brasil é muito claro.
Não temos o canal financeiro. Os ban-
cos e fundos brasileiros não carregam
ativos ligados ao mercado imobiliário
americano. Essa já é uma boa notícia. global na faixa dos 3,5%, o que nos dá nossa avaliação, não é o cenário mais
Por outro lado, uma recessão global folga em termos de balança comercial. provável, embora não atribuamos a ele
impacta o Brasil por meio do canal da Ou seja, os preços das commodities con- probabilidade zero. De toda forma, ele
balança comercial. A economia tinuam numa trajetória positiva e con- está presente. Para nós, o cenário mais
brasileira pode sim sofrer impactos de tinuamos tendo demanda para nossos provável é o de uma economia global
uma economia mundial crescendo bens de forma a manter um saldo co- ainda em crescimento em torno de 3% a
menos em função de saldo comercial, de mercial na casa dos US$ 30 bilhões. Isso 3,5%, o que nos garante um 2008 com
preços de commodities não crescendo dá alívio no câmbio, na inflação, nos economia interna crescendo bem, com
tanto ou mesmo sofrendo alguma rever- juros. Devemos manter esse círculo vir- inflação sob controle. Os motores
são na trajetória de evolução e com isso tuoso na economia brasileira. domésticos de crescimento para o Brasil
termos uma balança comercial mais hoje são muito mais importantes do que
fraca. Esse é um cenário possível. Não é Pode ocorrer o contrário? os motores externos. É o consumo, é o
o mais provável. Nas nossas estimativas, Ana Carla - É claro que se a econo- crédito que, justamente por não termos
mesmo diante de uma desaceleração mia americana sofrer um processo mais esse canal financeiro aberto em relação
razoável da economia americana, se forte de correção e isso levar junto as ao restante do mundo, não tem porque
conseguirmos manter a China crescen- economias asiáticas, que hoje respon- reagir à crise financeira de forma direta.
do – não os 11% que ela vem crescendo dem pelo crescimento global de forma Até costumo dizer que não há como
ultimamente, mas em torno de 8% –, mais importante, aí podemos ter uma imaginar que uma economia como a
será possível assegurar um crescimento reversão de todo esse processo. Mas, na americana, que é uma "baleia" de US$

10 GOIÁS INDUSTRIAL
“Temos todos os tante e estrutural diz respeito à trajetória
indicadores macroeconômica, ou seja, à estabilidade
macroeconômica, com baixa volatilidade
apontando para um
de juros, do produto, juros reais historica-
ano muito favorável mente baixos, inflação em patamares his-
para a economia toricamente reduzidos. Sem dúvida, essas
goiana” são as mudanças estruturais mais impor-
tantes. A condição macroeconômica hoje
é completamente diferente do que foi no
passado. Isso faz toda a diferença em ter-
mos de produtividade, em termos de per-
cepção para investimentos e para a
expansão do crédito, que é um motor
importante de crescimento e que nunca
esteve ativo no Brasil, a não ser agora,
fruto também dessa estabilidade macro.
Esta é a base de toda essa mudança de
comportamento da economia brasileira.
Mas, além disso, temos um conjunto de
fatores institucionais que foram evoluin-
do ao longo dos últimos 15 a 20 anos.
Voltando à década de 90, desde as privati-
zações, a própria Lei de Responsabilidade
Fiscal e a nova Lei de Falências, temos
uma lista muito grande de mudanças e
avanços institucionais que representaram
ganhos que estamos colhendo agora.

Qual a perspectiva para a indústria


14 trilhões, se ela encalhar não vá fazer por outro lado, é um crescimento goiana em 2008?
marola na Baía de Guanabara. Não tem muito superior à média de 2,5% dos Ana Carla - De maneira geral,
jeito. Não será uma "tsunami" porque a últimos 10 anos. De fato, a economia como 2008 vai ser de novo um bom
economia brasileira hoje está mais forte, brasileira tem condições de crescer de ano para a indústria nacional, tenho
está muito mais resistente a crises exter- forma mais acelerada do que cresceu certeza de que a indústria goiana
nas, principalmente se compararmos a no passado em função da estabilidade deverá seguir a mesma tendência. Não
outros eventos de crise em que a econo- macroeconômica e de avanços micro- teremos um ano tão exuberante como
mia estava mais vulnerável. econômicos. Se não tivermos um 2007, mas certamente para a indústria
cenário de ruptura externa, o que continuaremos observando taxas de
Essa mudança estrutural na situação deve ser observado é um crescimento crescimento elevadas em termos de
externa do País pode assegurar as de 4,5% nos próximos 10 anos, fruto produção. Os investimentos realizados
condições para que a economia manten- desses motores domésticos mesmo e em 2007 começam a maturar e a
ha um nível razoável de crescimento? de uma economia mais robusta. tendência é de um ano de investimen-
Ana Carla - Trabalhamos com tos crescentes. As perspectivas para a
uma taxa de crescimento, em nosso O que você destacaria como pontos economia goiana devem ser positivas,
cenário básico, de 4,4% para este ano mais importantes nessa mudança nas além do agronegócio, que
e em torno de 4,4%, 4,5% a 4,6% ao condições operacionais da economia deverá ter um ano melhor em relação
longo dos próximos 10 anos. Não brasileira, mais recentemente? ao ano passado. Todos os indicadores
teremos um crescimento chinês, mas, Ana Carla - A mudança mais impor- apontam para um ano muito favorável.

GOIÁS INDUSTRIAL 11
matéria de capa

12 GOIÁS INDUSTRIAL
Como lucrar com a
eficiência energética
n Lauro Veiga Filho

País joga fora um valor equivalente a quase uma usina de Belo Monte, prevista para o Rio Xingu, a cada dois anos,
na ausência de políticas efetivas de combate ao desperdício de energia. A co-geração de energia pode suprir as
necessidades de contratação de energia pelo sistema, dispensando o recurso a fontes "sujas" de suprimento

Laércio

GOIÁS INDUSTRIAL 13
Ganho
para todos
Os dados são, algumas vezes, conflitantes.
Noutras, sequer há estatísticas consolidadas,
muito menos diagnósticos precisos. Mas há uma
grande certeza entre todos os que acompanham
de perto o setor elétrico brasileiro: o espaço para
ganhos com a aplicação de políticas de conser-
vação e de eficiência energética em toda a econo-
mia é igualmente gigantesco, diante do elevado
grau de desperdício verificado em todas as áreas.
Um cálculo aproximado acaba de ser elabo-
rado pelo Banco Mundial, no livro Financiando a
Eficiência Energética: Lições do Brasil, China,
Índia e Além. A equipe de especialistas do banco,
comandada pelo economista Robert P. Taylor,
deu números ao desperdício de energia no País,
indicando que permanece inexplorado um mer-
cado potencial para a eficiência energética de

Cenários para a conservação


estimados US$ 2,5 bilhões por ano. Isso significa
que, a cada dois anos, o Brasil joga no lixo um
valor correspondente a quase todo o investimen-
to previsto para a hidrelétrica de Belo Monte. A
ser construída no Rio Xingu, no Pará, a usina No ano passado, o País gastou com energia Industrial da Confederação Nacional da
está projetada para gerar 11 mil MW a um custo – eletricidade, petróleo, gás, biomassa e de fontes Indústria (CNI), Rodrigo Sarmento Garcia,
total de R$ 9,5 bilhões (US$ 5,7 bilhões). não convencionais – alguma coisa em torno de citando dados oficiais do Ministério de Minas e
Estudo do professor Roberto Schaeffer, da R$ 220 bilhões, de acordo com José Starosta, Energia e da Eletrobrás, essa economia poderia
Coordenação dos Programas de Pós-Graduação presidente do conselho consultivo da Associação ser um pouco maior, em torno de 20% a 30% .
de Engenharia da Universidade Federal do Rio Brasileira das Empresas de Conservação de Não fosse por motivos ambientais evidentes,
de Janeiro (Coppe/UFRJ), estima a necessidade Energia (Abesco). Num cálculo conservador, um megawatt economizado, em números
de investimentos no setor elétrico, entre 2005 e prossegue Starosta, "poderíamos assumir que aproximados, afirma Garcia, tem um custo
2025, desconsiderando a conservação de ener- nosso potencial de economia de energia, advin- equivalente a 30% do gasto necessário para gerar
gia, em US$ 142,5 bilhões. Com forte investi- do da eficientização, seja de aproximadamente o mesmo megawatt a partir de um novo
mento em eficiência energética e uso de fontes R$ 10 bilhões ou 5% dos gastos realizados em empreendimento elétrico. Os ganhos, no setor
alternativas, a necessidade de recursos cai para 2007". No setor industrial, que representa quase industrial, surgem invariavelmente associados a
US$ 115,0 bilhões, ou seja, US$ 27,5 bilhões a metade do consumo de energia elétrica no País, avanços na produtividade e, portanto, na capaci-
menos - praticamente 80% mais do que os US$ o potencial estimado pela Abesco estaria situado dade de concorrer por espaços no mercado,
15,4 bilhões estimados para as usinas de Santo entre 8% a 12%. Para o analista de políticas e reduzindo custos de forma mais ampla em toda
Antônio e Jirau, no Rio Madeira. indústria da Gerência de Competitividade a linha de produção.

A tarifa média de energia para a indústria foi multiplicada por três na década.
Mas há formas (baratas) para reduzir essa conta, sem sacrificar o crescimento
14 GOIÁS INDUSTRIAL
capa
foram pré-identificados e cinco deverão ser
selecionados de acordo com seu potencial
para a eficiência energética.
Ainda no âmbito do programa, três con-
vênios já foram firmados com a Eletrobrás,
abrindo um leque de ações que inclui a cri-
ação e desenvolvimento de material para
treinamento do pessoal no chão de fábrica; o
mapeamento das experiências e políticas de
eficiência realizados no País e no restante do
mundo; e a definição, já em fase final, de um
projeto para tornar mais eficientes transfor-
madores de distribuição.
Adotando como marco jurídico a Lei
10.295, de 17 de outubro de 2001, mais co-
nhecida como a Lei de Eficiência Energética,
que estabeleceu índices máximos de consumo
de energia para equipamentos e utilidades
domésticas, a proposta é criar um selo de efi-
ciência para os transformadores. "O uso desses
equipamentos será voluntário no início, tornan-
do-se obrigatório em dois ou três anos", afirma
Rodrigo Sarmento Garcia, analista da CNI.
O mercado já dispõe de transformadores
com capacidade para reduzir o uso de energia
em 30%, de acordo com a indústria do setor,
mas seu preço é mais elevado e as conces-
sionárias preferem lançar o custo do desperdí-
cio na tarifa de energia, socializando as perdas
ocorridas na distribuição. O projeto envolve,
além da CNI e Eletrobrás, os grupos ABB,
Toshiba e outros fabricantes de grande porte.
A confederação identificou, ainda, a necessi-
dade de desenvolver plataformas de negócios nas
federações estaduais de forma a dar suporte às

Programa de eficiência na indústria


indústrias em projetos de eficientização, aproxi-
mando-as de empresas de serviços de conser-
vação de energia (Esco's). Esses núcleos de efi-
Responsável por 47% do consumo da oportuno o Programa de Eficiência ciência deverão contribuir para desenvolver o
eletricidade gerada no País e por 39% de toda Energética na Indústria, montado pela CNI, mercado de serviços de conservação e, adicional-
a energia consumida, incluindo com- numa consolidação das iniciativas que o sis- mente, apoiar as indústrias no momento de fechar
bustíveis, a indústria viu a tarifa elétrica saltar tema já vinha desenvolvendo nessa área. negócio com uma Esco. "Ninguém sai perdendo
de R$ 62 o MWh em 1999 para R$ 210 atual- Um protocolo de cooperação técnica fir- nesse processo. Todos só têm a ganhar", declara
mente, num avanço de praticamente 240%, e mado entre CNI, Instituto Euvaldo Lodi e Garcia. Os resultados desses estudos e das ações
teme o risco de desabastecimento no setor. Eletrobrás pretende definir setores estratégi- desenvolvidas pela CNI e seus parceiros serão
Além disso, o preço do barril do petróleo vem cos da indústria que serão trabalhados mais divulgados num grande seminário sobre eficiên-
batendo recorde sobre recorde no mercado intensamente com base em projetos de cia e sustentabilidade energética previsto, em
global. A soma de fatores tornou ainda mais eficientização do consumo. Nove setores princípio, para outubro deste ano.

GOIÁS INDUSTRIAL 15
Alternativa ao
racionamento
"No Brasil, políticas de eficiência alcançados com medidas de eficiência
energética são lembradas apenas quan- energética no setor industrial.
do a situação (o balanço entre oferta e Desenvolvido no âmbito do Programa de
demanda) fica mais complicada", sen- Eficiência Energética (PEE), então sob o coman-
tencia o professor Roberto Schaeffer, da do de Schaeffer e financiado por doações do
Coppe/UFRJ. Segundo ele, há um Global Environment Facility (GEF), com apoio
potencial enorme a ser explorado nessa do Banco Mundial e do Programa das Nações
área, até porque os Unidas para o Desenvolvimento
investimentos feitos (Pnud), o trabalho de campo
em conservação de recentemente entregue à
energia e na ampliação Eletrobrás não conseguiu reunir
da eficiência no setor uma amostra de indústrias estatisti-
foram tímidos ao exagero. camente representativa. Seu
Desde 1998, as dis- propósito era precisamente mapear
tribuidoras de energia, as possibilidades da conservação de
agora obrigadas a desti- energia na área industrial, assim
nar 0,5% de sua receita como já se havia alcançado para o
operacional líquida a setor residencial.
pesquisa energética pro- Numa leitura qualitativa,
jetos de eficientização, Schaeffer disse que foi possível
investiram R$ 1,919 identificar gargalos nos motores,
bilhão em conservação, mal dimensionados para os usos
evitando uma demanda a que se destinam, e no uso de
de 1.674 MW e econo- cargas de demanda inapropriadas
mizando um volume de em grande parte das indústrias
energia correspondente a avaliadas. "A co-geração ainda é
5.559 GWh/ano. A muito má explorada nas indús-
parcela mais gorda desses trias química, de papel e celulose,
recursos, de acordo com alimentos e bebidas, na
o Banco Mundial, foi construção civil e no setor de
reservada para o setor de serviços, incluindo hotéis, hospitais
iluminação pública, que represen- e shopping centers", declara.
ta 3% do consumo de energia. Quase toda a arquitetura brasileira,
A "gordura" é tão grande, disseminada como demonstram os edifícios espelhados e
no mau uso do insumo em todos os setores sem janelas, presentes nas maiores capitais
da vida nacional, que Schaeffer recomenda a do País, "não foi pensada para usar a energia
racionalização do consumo, embora esta de forma eficiente". Por isso, o setor
não seja uma tarefa nada trivial diante dos construtivo surge como um dos que apre-
interesses envolvidos, como uma alternativa sentam grande potencial de economia,
para evitar um racionamento futuro. "A efi- desde que os projetos passem a contemplar
ciência energética, no entanto, não é priori- sistemas de refrigeração natural e de aqueci-
dade para o País", acrescenta. Mais grave, de ferramentas confiáveis para aferir o mento solar, aproveitando-se dos índices de
emenda o especialista: o Brasil sequer dispõe potencial de ganhos que poderiam ser insolação verificados no País.

16 GOIÁS INDUSTRIAL
capa

Carteira de vatórios das hidrelétricas no Centro-


Sul), fez a carteira de projetos da RMP

clientes crescer 35% desde novembro. Lançado pelo


BNDES em julho
cresce 35% EFICIÊNCIA E COMPETITIVIDADE
A Teknergia, dedicada desde 1985
de 2006, o Proesco
ao mercado de prestação de serviços e de
No mercado há seis anos, a RMP
Consultoria e Engenharia Ltda, espe-
desenvolvimento de projetos de gestão
energética, energia renováveis e eficiên-
ofecere recursos a
cializada em gestão e eficiência energéti-
ca, identifica índices de desperdício de
cia energética, também vem experimen-
tando, nos últimos meses, maior procu-
custos mais baixos
energia entre 20% a 30% no setor indus-
trial. Sob um ângulo mais otimista, isso
ra, reforçada por empresas temerosas de
um racionamento e pelo Proesco. Sua
para projetos de
significa "grandes perspectivas de carteira abriga em torno de 280 clientes conservação de
economia no processo produtivo, envol- e tem crescido, ano a ano, entre 12% a
vendo utilidades básicas, como motores, 15%, segundo Gerson Sampaio Filho, energia
caldeiras (que geram vapor e podem diretor da empresa.
produzir energia), sistemas de Indústrias de alimentos, produtos
refrigeração e iluminação. E a energia de limpeza e embalagens representam
economizada é a melhor fonte do ao redor de 60% do mercado da
insumo", afirma Sérgio Luiz Lechuga Teknergia. "Os setores mais competi-
Garcia, consultor da RMP. tivos são também aqueles que conservação, também deverá con-
Contratos de performance tornam demonstram maior interesse em tribuir para alavancar os negócios das
possível concretizar as economias pre- investir em eficiência energética", Esco's, acredita o empresário. A
tendidas, sem que a empresa tenha que comenta Sampaio Filho. O lançamen- Teknergia projeta crescimento em
desembolsar recursos para isso. to do Programa de Apoio a Projetos de torno de 20% em 2008, num mercado
Empresas especializadas em conser- Eficiência Energética (Proesco) pelo que movimenta por ano perto de R$
vação de energia, conhecidas como Banco Nacional de Desenvolvimento 250 milhões, na estimativa de
Esco's, no jargão do mercado, fazem o Econômico e Social (BNDES), em Sampaio Filho. "Na média, con-
diagnóstico energético da empresa, julho de 2006, linha de crédito criada seguimos reduções entre 12% e 20%
desenham o projeto e a indústria paga para o financiamento de projetos de nas empresas atendidas”.
um percentual sobre o valor a ser
economizado na conta de energia
durante determinado período.
A RMP desenvolveu um projeto
nesses moldes para o Corporate Center
da Funcef, prédio que abriga a principal
unidade da Caixa Econômica Federal
em Goiânia. "Em um edifício comercial,
a refrigeração responde por 60% do con-
sumo de energia. O retrofit (troca de
equipamentos e máquinas) deverá per-
mitir uma economia de 15%", estima
Lechuga. Hidrelétrica de São Simão: concluída em 1978, usina tem potência instalada de 1.710 MW
A alta dos preços da energia no mer-
cado livre, observada entre o final de
2007 e o começo desde ano (e já rever-
Mercado explorado por empresas de conservação
tida com a normalização dos reser- de energia movimenta em torno de R$ 250 milhões

GOIÁS INDUSTRIAL 17
Em Goiás, a co-geração de energia tem potencial para
3.050 MW, praticamente três vezes mais do que toda
a capacidade da hidrelétrica de Cachoeira Dourada

Co-geração, a
disponíveis para venda ao setor elétrico, consideran-
do-se apenas a oferta das novas unidades.
Apenas para comparação, lembra Baptista, as ven-

aposta correta das previstas seriam três vezes maiores do que a


capacidade instalada da usina de Cachoeira Dourada
(658 MW). Essa oferta poderá ser ampliada na medi-
A oferta de energia pelas usinas de álcool pode- da em que se consolidar o mercado para a energia
ria solucionar os problemas de escassez localizada proveniente de co-geração. Baptista antecipa que
do insumo em regiões importantes do Estado, algumas usinas em operação estudam ou já se movi-
segundo o presidente executivo do Sindicato das mentam para instalar projetos de retrofit (troca das
Indústrias de Fabricação de Álcool no Estado de caldeiras atuais por outras com alta pressão e mais efi-
Goiás (Sifaeg), André Luiz Baptista Lins Rocha. "A cientes). Como comparação, caldeiras mais antigas, R ober to S ha effe r,
co-geração pode oferecer energia no período de seca, que operam a 21 bars (unidade de pressão), con- da Coordenação dos
otimizando o sistema, poupando os reservatórios de somem 12 quilos de vapor para a produção de um Programas de Pós-
água e favorecendo melhorias na malha do setor Graduação de Engenharia
quilowatt-hora. Equipamentos com pressão acima de da Universidade Federal
elétrico como um todo, ao descentralizar a geração", 90 bars precisam de apenas 4,6 quilos de vapor (62% do Rio de Janeiro
avalia. a menos) para gerar o mesmo volume de energia. (Coppe/UFRJ)
De acordo com Baptista, as regiões de Mineiros, Os dois principais gargalos no setor, no entanto,
onde a Perdigão instalou seu segundo complexo continuam sendo como levar a energia a ser pro- Desconsiderando
agroindustrial no Estado, Jataí, Paraúna e Cristalina, duzida pelas usinas até à rede interligada e a que investimentos em
maior concentração de pivôs centrais do Centro- conservação, País
preços os fabricantes de álcool serão remunerados
Oeste, com elevada demanda de água e eletricidade, teria que investir
pelo fornecimento de eletricidade ao sistema.
têm enfrentado problemas de suprimento elétrico US$ 142,5 bilhões
Baptista estima que seria necessários investimentos
no setor de energia
mais recentemente. A entrada em operação de novas de R$ 450 milhões, apenas em Goiás, para fazer a até 2025.
usinas, já adaptadas ao processo de co-geração, conexão com a rede geral.
resolveria o problema, reforça Baptista. Neste ano, além dos 67 MW que já são coloca-
Na verdade, as perspectivas desenhadas pelo dos no sistema, as usinas passarão a ofertar mais Com investimentos
presidente do Sifaeg sugerem um cenário otimista 92 MW, somando, portanto, 159 MW (além dos em conservação e em
para o Estado, até mesmo com certa folga na oferta 220 MW destinados ao suprimento próprio). No fontes alternativas, o
de energia. Nas previsões de Baptista, 39 usinas de ano seguinte, a oferta de energia "nova" subiria gasto poderia ser
álcool deverão ser instaladas no Estado entre 2008 e para 502 MW, que se somariam aos mesmos 67 reduzido para
2014, num investimento total de R$ 8 bilhões, e boa MW já instalados, diante de uma capacidade insta- US$ 115,0
parte entraria em operação entre 2010 e 2012 – ape- bilhões, numa
lada prevista em 830 MW. Esses 569 MW repre-
nas uma tem conclusão prevista para 2013. Até lá, economia de US$
sentariam praticamente um terço de todo o merca-
estima-se a instalação de uma potência equivalente a 27,5 bilhões.
do atendido pela Companhia Energética de Goiás
3.050 MW, dos quais 2.065 MW deverão estar (Celg), nas contas de Baptista.

18 GOIÁS INDUSTRIAL
capa

Modelo para
transmissão
Contratada pela Cogen, associação
que reúne as empresas de cogeração no
País, a PSR, que faz consultoria e projetos
nesta área, apresentou aos sindicatos de
fabricantes de álcool de Goiás, Mato
Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo
proposta de instalação de estações cole-
QUASE DE GRAÇA
toras de energia interligadas à rede básica.
n Como os donos de indústrias O projeto, já entregue à Empresa de a custos equivalentes à Taxa de Juros
reagiriam se soubessem que de Longo Prazo (TJLP), mais 1% de
podem reduzir a conta de energia Pesquisa Energética (EPE), prevê a apli- remuneração à instituição ou ao
em quase um quinto sem gastar cação de parte dos recursos arrecadados agente financeiro e taxa de risco de
quase nada? A possibilidade existe, pelo Operador Nacional do Sistema até 4%. O financiamento poderá
ganha adeptos de forma crescente cobrir até 90% do investimento, a
ao redor do mundo e começa a (ONS) para financiar a construção de lin- prazos de seis anos, incluindo dois
avançar também no Brasil. has de conexão entre as usinas e o sistema de carência.
n Trata-se de uma modalidade interligado. Os recursos seriam destina- n A remuneração da Esco será
conhecida como "contrato de dos às distribuidoras, segundo a partici- bancada por uma parcela da
performance", onde uma empresa pação de cada uma no mercado, e seriam economia alcançada na conta de
de serviços de conservação de energia a cada mês. Esse acerto
energia (Esco) analisa o consumo remunerados com o "aluguel" das linhas. será detalhado no momento da
de energia em todo o processo No final de abril, lembra Baptista, o montagem do contrato, lá atrás.
industrial e nas demais áreas da governo realiza o primeiro leilão de energia As economias alcançadas
empresa, identifica gargalos e dependem de empresa para
pontos de desperdício e propõe de reserva, regulamentado pelo decreto empresa. Mas há casos concretos
uma política de eficientização, que 6.353, de janeiro deste ano. Estão cadastra- em que se alcançou uma redução
poderá (ou não) envolver a troca dos pela EPE 118 empreendimentos que de 43% na despesa com energia -
de equipamentos, máquinas, geram energia térmica a partir de biomassa terceiro item na estrutura de
motores, caldeiras, sistemas de custos do setor industrial, segundo
refrigeração e outras instalações (bagaço e palha de cana e outros resíduos a Teknergia.
por outras mais modernas, que vegetais), responsável pela oferta de 6.711
consomem menos. n A empresa, que atua nessa área
MW para entrega a partir de 2010 e de desde 1985, cita o exemplo de
n Feito o diagnóstico e definido o 1.869 MW a partir de 2009. São Paulo con- um cliente do setor de plásticos,
contrato, a Esco trata de levantar o centra 64 unidades, com geração de 4.182 uma indústria de brinquedos, que
financiamento necessário à decidiu implantar um sistema de
implantação do projeto. Desde de MW. Em Goiás, foram cadastrados 20 esta- gerenciamento de energia, com
julho de 2006, o Banco Nacional de belecimentos, correspondendo a uma ofer- monitoração de 28 máquinas no
Desenvolvimento Econômico e ta de 1.665 MW. "Será preciso, agora, chão de fábrica e racionalização do
Social (BNDES) colocou à uso da eletricidade. O custo por
disposição do setor uma linha de fechar a modelagem do leilão, definindo as MWh, ao final do processo,
crédito específica para projetos de regras para a fixação de preços e para a baixou de R$ 278 para R$ 158
eficiência energética, com recursos transmissão da energia", aponta Baptista. (43,2% a menos), gerando uma
iniciais superiores a R$ 100 milhões, economia anual de R$ 150 mil.

QUASE TODA A ARQUITETURA DESENVOLVIDA NO PAÍS NÃO


FOI PENSADA PARA O CONSUMO EFICIENTE DE ENERGIA

GOIÁS INDUSTRIAL 19
mobilização

Agenda para
micro e pequenas
IND STRIAS DE MENOR PORTE
DEFENDEM CRIA˙ˆO DE
SECRETARIA, BUSCAM MAIOR
ACESSO A CR DITO E
INSER˙ˆO NO MERCADO
O Conselho Temático da Micro e Pequena Empresa (Compem) da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
que se reuniu pela primeira vez em Goiânia, na sede da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), no
começo deste ano, pretende apresentar neste mês a primeira versão da Agenda Legislativa específica para o segmen-
to. "Estamos em fase de conclusão dos estudos dos projetos de interesse do setor, em tramitação na Câmara e no
Senado, para estabelecer quais vamos apoiar", antecipa o presidente do Compem, Lucas Izoton Vieira.
O plano de trabalho do conselho para este ano está praticamente
fechado e inclui questões chaves para o futuro das micro e pequenas
indústrias, a começar pela definição de um fórum mais adequado para
discussões e decisões que dizem respeito diretamente a esse segmen-
to do setor industrial. "Entre os projetos que estão no Congresso,
destacamos o que propõe a criação da Secretaria Nacional da Micro e
Pequena Empresa, no âmbito do ministério de Desenvolvimento,
Indústria e Comércio Exterior (Mdic)."
Estão na pauta questões relacionadas ao acesso ao sistema con-
vencional de crédito, que ainda impõe limites e restrições ao financia-
mento a indústrias de pequeno porte, mecanismos de estímulo a uma
maior inserção internacional do setor, inovação, tecnologia e capaci-
tação. "Nosso plano pretende facilitar a vida de 600 mil micro e peque-
Lucas Izoton
nas indústrias em todo o País. Apenas em Goiás, das 12 mil indústrias instaladas, perto de 95% são micro e peque-
Vieira: estimular
nas", lembra Vieira.
medidas para
facilitar a vida O presidente do Compem mostra que, a despeito do avanço acelerado registrado pelo crédito no País a partir do
de 600 mil micro início da década, a participação do total de empréstimos no Produto Interno Bruto (PIB) mantém-se pouco acima
e pequenas de 34%, um porcentual ainda baixo mesmo para uma economia emergente como a brasileira. "O custo real do crédi-
indústrias to continua muito elevado. Na média, para pessoas jurídicas, os juros rondam os 26% ao ano. Mas, para micro e
no País pequenas empresas, a taxa chega a mais de 40%, porque o empresário, nesses casos, utiliza muito o cheque especial,
a juros de 140% ao ano, como alternativa de financiamento", afirma.

20 GOIÁS INDUSTRIAL
mercado de trabalho

Emprego formal
bate recorde Mercado formal
abriu 41.153
Confirmando tendência de aquecimento da economia no início do ano, vagas no ano
passado
Goiás registra segundo melhor desempenho entre todos os Estados

O mercado formal de trabalho continuou gos no Estado – Goiânia, com participação de


aquecido no começo de 2008, ignorando, até 27,59% no saldo total de novas contratações;
então, os sinais de crise na economia Aparecida de Goiânia (9,58%); Mineiros
norte-americana. Em janeiro, Goiás realizou o (8,86%), diante dos investimentos da Perdigão
segundo melhor desempenho entre todas as no município; Catalão (7,44%); Anápolis balhadores. Isso correspondeu à criação de
unidades da federação ao registrar um saldo de (6,54%); Rio Verde (5,62%); e Itumbiara 192.562 vagas, das quais 31,35% foram para o
11.157 contratações de empregados com carteira (4,89%). Somadas, as sete regiões tiveram setor de serviços (60.375), 29,57% para o comér-
assinada, numa elevação de 8,4% frente às 10.292 participação de 70,52% no saldo de empregos cio (56.951) e 28,09% para a indústria de trans-
vagas preenchidas em igual mês do ano passado. nos 12 meses terminados em janeiro deste ano. formação (54.094).
Na comparação com dezembro, houve avanço de As 32 cidades com mais de 30 mil habitantes em Na comparação com 2006, o total de
1,47%. Segundo dados do Cadastro Geral de Goiás, representando 13% dos municípios, empregados formais aumentou 5,84%, com a
Empregados e Desempregados (Caged), do responderam por 91,08% do saldo. abertura de 41.153 vagas – o melhor resultado
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), o Entre 2000 e 2007, o estoque de empregos para Goiás em toda a série do Caged até aquele
resultado foi recorde para o mês de janeiro desde formais indicou variação acumulada de 34,8% ano, assegurando ao Estado o desempenho
que a série de dados foi iniciada, em 1996. em Goiás, saindo de 553.836 para 746.398 tra- mais elevado no Centro-Oeste.
Pouco mais de 46% daquelas contratações
foram realizadas pela indústria de transformação, Criação de empregos por setor
que abriu 5.177 vagas em janeiro deste ano,
liderando o processo de recuperação do mercado
de trabalho no Estado. Como novidade, a agri-
cultura incrementou as contrações no mês,
abrindo 3.093 vagas (27,7% do total), graças ao
bom comportamento das lavouras temporárias,
com destaque para a cana e a produção de açúcar
e álcool.
Nos 12 meses encerrados em janeiro, foram
criadas 42.018 vagas no Estado, numa variação
acumulada de 5,78% no total de trabalhadores
celetistas. Em termos absolutos, foi o melhor
resultado entre os Estados da região Centro-
Oeste. Daquele total, 29,37% foram contratados
pela indústria (12.341 novos empregados) e
25,43% pelo setor de serviços (10.684).
Os dados do Caged indicam claramente a
consolidação de sete pólos de atração de empre- Fonte: MTE/Caged

GOIÁS INDUSTRIAL 21
indicadores da indústria

Disposição A expectativa
para investir de um ano mais
complicado para
n Lauro Veiga Filho os levantamentos da Fieg já haviam a economia do
A turbulência no mercado interna-
identificado. No ano passado, os
desembolsos do banco em favor de
que em 2007
cional e os indicadores mais recentes,
confirmando um desaquecimento para a
empresas goianas ou com operações no
Estado mais do que dobraram na com-
não parece tirar o
economia norte-americana e tornando
mais próxima uma recessão de alcance
paração com 2006, sugerindo um
ímpeto renovado para os investimentos
ânimo do setor em
até aqui não dimensionado naquele em geral. Nos 12 meses de 2007, o Goiás, que espera
país, ainda não conseguiram roubar o banco liberou um total de R$ 2,384
fôlego do empresariado goiano. A bilhões a Goiás, volume recorde. Um crescer 7%
pesquisa de investimentos realizada pela ano antes, as liberações haviam soma-
Federação das Indústrias do Estado de do R$ 1,137 bilhão. Na ponta do lápis,
Goiás (Fieg) mostra que, embora a registrou-se variação de 109,7% entre
maioria das empresas considere sua um ano e outro.
capacidade de produção adequada à
demanda, nada menos do que 88,5%
dos empresários entrevistados preten-
dem investir no aumento da produção,
na melhoria de qualidade e no lança- Desempenho da indústria em 2007
mento de novos produtos neste ano.
O levantamento confirmou, de acor-
do com o economista da Fieg, Cláudio
Henrique de Oliveira, que 51,9% dos
empresários cumpriram os investimen-
tos programados para 2007 e 29,9%
realizaram parcialmente o desembolso
previsto. Entre os que decidiram repro-
gramar investimentos no ano passado,
45,8% apontaram custos financeiros
incompatíveis com as possibilidades de
retorno do investimento previsto e
29,2% reviram as previsões de demanda,
"comportamento predominante entre as
pequenas e médias empresas", anota a
edição mais recente da pesquisa
Indicadores Industriais.
Os números do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) para Goiás reafirmam o que

22 GOIÁS INDUSTRIAL
Desembolsos para
indústria saltam 149%
A indústria, com destaque para química e petroquímica e metalurgia e
seus produtos, e o setor de infra-estrutura comandaram os desembolsos do
BNDES, recebendo, cada um, R$ 948,5 milhões (41,3% do desembolso total)
e R$ 1,035 bilhão (43,4% do total). Na comparação com 2006, o volume
emprestado à indústria saltou 149%, enquanto a infra-estrutura registrou
“Setor industrial
aumento de 159,8%. A indústria de produtos químicos, que inclui adubos, fer-
tilizantes e medicamentos, recebeu uma injeção de R$ 524,5 milhões no ano
deverá experimentar
passado, representando avanço de 426,8%. Já a metalurgia teve à sua dis-
posição R$ 218,6 milhões, nada menos do que 1.419% a mais.
crescimento real
Na área de infra-estrutura, destacaram-se os setores de energia elétrica em torno de 7%
(transmissão e distribuição), com R$ 736,7 milhões e crescimento de 313%, e
de transportes terrestres, que recebeu R$ 271,2 milhões, avançando 52,9%. O neste ano”
setor de construção, provavelmente refletindo dados do início de 2007, quan-
do a reação da indústria do setor ainda não havia se estabelecido, viu os Paulo Afonso Ferreira, presidente da Fieg
desembolsos encolherem 66,6%, para R$ 8,5 milhões apenas.

PREVISÕES PARA 2008


Depois do salto de 14,06% em 2007, surpreendendo algumas previsões,
as vendas da indústria tendem a apresentar variação um pouco mais modes-
ta neste ano, segundo estimativa do presidente da Fieg, Paulo Afonso
Ferreira. Ele espera um avanço real em torno de 7% no Estado, frente a uma
expectativa de incremento de 5% para a indústria brasileira como um todo.
O comportamento da demanda doméstica tende a continuar puxando o
ritmo da atividade industrial, já que o setor deverá enfrentar dificuldades
renovadas para continuar ampliando suas vendas ao exterior. Em primeiro
lugar, segundo o economista Cláudio Oliveira, porque a conjuntura
mundial parece menos amigável neste ano, diante da crise
norte-americana. Em segundo, diante da renovada tendência de depreciação
do dólar frente ao real. A perda de valor da moeda norte-americana obriga
as indústrias exportadoras a uma ginástica para preservar mercados lá fora,
achatando margens, causando perdas de rentabilidade e reduzindo a capaci-
dade de competir por mercados. Mas também penaliza indústrias no merca-
do doméstico, especialmente pequenas e médias, que têm menor fôlego para
competir com produtos importados, que chegam a preços mais baixos no
País, favorecidos pelo câmbio barato. Apenas em janeiro, as importações
goianas aumentaram praticamente 126%.
"A manutenção do crescimento em 2008 se apresenta como um desafio para
a economia, pois se vislumbram fatores que poderão ameaçar a continuidade do
que se viu em 2007", afirma Oliveira. O economista aponta, além da questão
cambial, a tributação excessiva e as deficiências de logística.

GOIÁS INDUSTRIAL 23
A economia,
ainda
aquecida
Até aqui, os indicadores ainda parecem
sustentar ímpeto substancial. Um dado
serve como exemplo. Em janeiro, as vendas
de combustíveis em Goiás, segundo a
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP), cresceram 14,8%
em relação ao mesmo mês do ano passado,
chegando a 324,63 milhões de litros – o
mais elevado em toda a série histórica de
dados da agência. No ano passado, o con- Perspectivas: crise nos Estados Unidos e o câmbio trazem incertezas
sumo havia crescido 10,2%, atingindo para o cenário econômico, mas indústria goiana espera crescer
3,877 bilhões de litros.

OS RESULTADOS EM 2007 centual na comparação entre as médias de doméstica e pela frustração em relação às
Impulsionadas pela conjuntura favorável, 2006 e 2007. O grau de utilização médio no exportações, que terminaram ocorrendo em
interna e externamente, pela baixa inflação, ano passado estacionou em 83,2%, com volumes muito inferiores ao esperado. O
com preços sob controle, pela ampliação do dezembro recuando 2,41 pontos na com- avanço da produção e a queda nas expor-
emprego e da renda e pelo crescimento do paração com o último mês de 2006. Como tações contribuíram para achatar os preços.
crédito, as vendas da indústria anotaram, no as horas trabalhadas cresceram, Segundo a ANP, enquanto as vendas de álcool
ano passado, o melhor desempenho desde demonstrando elevação na produção, hidratado cresceram 50,9% em todo o País,
1993, segundo o economista da Fieg. Cláudio supõe-se que já estariam surtindo efeitos os para o recorde de 9,335 bilhões de litros no
Henrique de Oliveira aponta ainda a redução investimentos realizados em ampliação da ano passado, o mercado goiano entrou em
da dívida externa como um dos fatores que capacidade e modernização do parque, com disparada literal, com aumento de 81,8% na
deram sustentação à conjuntura econômica introdução de novas tecnologias. comparação com 2006. As vendas do hidrata-
no ano passado, favorecendo o bom resultado do no Estado saíram de 238,58 milhões para
do setor industrial. VENDAS quase 433,78 milhões de litros. Como a queda
A atividade industrial, por isso mesmo, Com exceção do setor alcooleiro, todos os nos preços não foi tão expressiva assim, pres-
apresentou "ganhos expressivos" em 2007, demais segmentos pesquisados conseguiram supõe-se que as usinas locais teriam perdido
com avanço em todos os indicadores ampliar suas vendas ao longo do ano passado. terreno para concorrentes de outros Estados
pesquisados, sem exceções. Além das ven- Os maiores destaques ficaram por conta da em 2007, agravando a tendência de baixa nas
das, o emprego e as horas trabalhadas na indústria metalúrgica, com salto de nada vendas identificada pela pesquisa da Fieg.
produção experimentaram avanços de menos do que 46,55% em termos reais (ou
8,77% e 8,94% em relação a 2006, com seja, depois de descontada a variação do EMPREGO E MASSA SALARIAL
incremento real (já descontada a inflação) de Índice de Preço no Atacado da Fundação Apenas dois setores realizaram demissões
11,69% para os salários. Getúlio Vargas), e do setor de extração em número superior ao de admissões no ano
Outra boa notícia veio do indicador de mineral (mais 34,49%). passado. Houve queda no emprego na indús-
utilização da capacidade instalada, que apre- As usinas de álcool, ao que parece, foram tria de extração mineral (-0,78%) e no setor
sentou variação de apenas 0,2 ponto por- pressionadas pelo aumento da produção alcooleiro (-1,74%), explicada, aqui, em

24 GOIÁS INDUSTRIAL
função do avanço da colheita mecanizada. dos recursos humanos e ampliado con-
Com aumento de 8,77% na média geral, o trações de mão-de-obra mais qualificada
emprego apresentou crescimento mais (supostamente, portanto, com remune-
expressivo nas indústrias de alimentos ração mais elevada). A inflação reduzida e
(12,42%) e de minerais não-metálicos sob controle, assim como os acordos sala-
(9,81%), favorecidos, como de resto quase riais realizados, na sua maioria embutindo
todo o setor industrial, pelo aumento da ganhos reais para os trabalhadores, favore-
renda e do emprego. ceram a expansão da massa salarial, na
De acordo com a Fieg, foi o melhor resul- avaliação da Fieg.
tado desde 2004, quando o emprego havia O segmento "outros", que agrega micro e
crescido 12,19%. "Nos últimos anos", anota a pequenas indústrias, apresentou a maior
pesquisa da federação, "o nível de emprego se variação para os salários reais, com aumento
mostrou ascendente, inclusive superior ao de 19,71%. Na leitura da Fieg, o número evi-
das vendas industriais". dencia que "as empresas de pequeno porte
A massa de salários pagos pela indús- contrataram em razão da melhor situação
tria aumentou em velocidade superior ao econômica nacional e, por conseguinte,
do emprego, demonstrando que o setor expandiram seus negócios e melhoram a
tem praticado uma política de valorização remuneração de seus funcionários".

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GOIÁS INDUSTRIAL 25
balança comercial

RECORDES E
CONCENTRA˙ˆO
Depois de anotar no ano passado o melhor resultado em toda a sua história, exportações realizadas a partir de Goiás voltam a disparar no começo de 2008

Sob liderança das carnes e dos grãos, as superavitário", comenta Plínio César Lucas
exportações goianas já haviam quebrado CARNES E SOJA Viana, gerente do Centro Internacional de

EXPLICAM
todos os recordes ao longo de 2007, confir- Negócios de Goiás (CIN), órgão integrado à
mando uma tendência cada vez mais acentu- estrutura da Federação das Indústrias do
ada de dependência em relação a produtos de
baixo conteúdo tecnológico. No começo de
QUASE 80% DO Estado de Goiás (Fieg).
Em janeiro, o Estado realizou expor-
2008, enquanto não se fizeram sentir os CRESCIMENTO tações no valor de US$ 233,096

DAS VENDAS
efeitos do embargo europeu aos embarques milhões – o mais alto em toda a série históri-
da carne bovina brasileira, os números do ca de dados do setor, com salto de 98,5% em
comércio exterior em Goiás voltaram a ser os
maiores em toda a história do setor, com ven-
EXTERNAS NO relação ao mesmo mês do ano passado, quan-
do haviam sido exportados US$ 117,449
das externas quase dobrando na comparação COMEÇO DO ANO milhões. As importações cresceram de forma
com o mesmo período do ano passado. ainda mais acelerada, pulando de US$ 89,467
As previsões para o restante de 2008 milhões para US$ 201,952 milhões (125,7% a
sugerem que esse desempenho dificilmente mais), puxadas pelas compras de veículos
se confirmará, seja porque o câmbio continua dos num período mais recente. "A expectati- automotores, tratores, partes e acessórios,
ladeira abaixo, pressionando as margens va dos economistas, dentro e fora do governo, adubos e fertilizantes, bens mecânicos, pro-
praticadas pelos exportadores, seja porque a é de que o comércio internacional contribua dutos químicos e outros insumos.
União Européia demonstra baixíssima dis- menos para o conjunto das transações do Por isso mesmo, o saldo comercial, a
posição para retomar as compras de carne Brasil com exterior, que poderá fechar 2008 diferença entre exportações e importações,
bovina – ao menos não nos volumes observa- negativo, depois de cinco anos alcançou variação de apenas 11,3%, atingin-

26 GOIÁS INDUSTRIAL
Desempenho da balança comercial em Goiás
(Valores em US$ milhões)
O desempenho
em 2007
No ano passado, analisa Plínio Viana, gerente
do CIN, os números da balança comercial
demonstraram uma nova tendência para o
agronegócio goiano. O chamado "complexo
carne", que inclui os embarques de carnes bovina,
de aves e de suínos, prossegue ele, superou as ven-
das externas do "complexo soja" (grão, farelo e
óleo), "tradicionalmente o carro-chefe das expor-
tações goianas". O embargo imposto às expor-
tações de carne bovina de São Paulo, do Paraná e
de Mato Grosso Sul favoreceu a balança comercial
goiana, ao abrir espaço para o crescimento
acelerado das vendas goianas do produto.
Sob liderança da agroindústria, conforme
anota Viana, as exportações totais cresceram
52,16% entre 2006 e 2007, para US$ 3,185 bilhões
(perto de US$ 1,092 bilhão a mais), maior valor
em toda a série histórica da balança comercial
goiana, o que elevou a participação do Estado nas
exportações brasileiras de 1,52% para 1,98% entre
2006 e 2007. Quase 88% do crescimento observa-
do foi devido às vendas de produtos básicos, que
saltaram de US$ 1,696 bilhão em 2006 para US$
2,653 bilhões (ou seja, uma variação correspon-
dente a 56,4% ou US$ 956,771 milhões a mais). A
fatia dos produtos básicos na pauta de exportação
estadual aumentou de 81% para 87,6%.
Apenas quatro grupos de produtos – carnes,
complexo soja, milho e derivados, minérios e
ligas metálicas – responderam por quase 94% da
variação registrada pelas vendas externas totais
do Estado no ano passado. Uma concentração
do US$ 31,144 milhões. De qualquer modo, ano: carnes e soja. A indústria de carnes bastante elevada, que coloca o desempenho das
o desempenho foi bastante superior ao exportou US$ 130,532 milhões em janeiro, exportações na dependência quase exclusiva de
verificado para a balança comercial brasileira crescendo 134% sempre em relação ao produtos que vêm enfrentando alta volatilidade
como um todo, que anotou crescimento de primeiro mês do ano passado. Praticamente no mercado internacional. O peso desses produ-
20,9% para as exportações e avanço de 81% dos embarques do setor concentraram- tos na pauta também aumentou, saindo de
45,6% no caso das importações, o que deter- se no segmento de carne bovina, já que, 86,56% para 89,02% entre 2006 e 2007,
minou queda de 62,5% no superávit comer- aparentemente, frigoríficos exportadores refletindo principalmente o aumento de 277%
cial, para US$ 944,016 milhões. decidiram antecipar embarques, prevenin- nas exportações da indústria extrativa mineral e
Em Goiás, apenas duas categorias de do-se contra possível bloqueio das expor- o salto de 11 vezes nos embarques de milho e
produtos justificaram quase 80% do cresci- tações pela União Européia – o que acabaria seus derivados (de US$ 16,790 milhões para US$
mento das exportações no primeiro mês do se confirmando em fevereiro. 183,298 milhões).

GOIÁS INDUSTRIAL 27
Aos saltos: vendas externas de milho aumentaram 11 vezes no ano passado, atingindo US$ 183,298 milhões

Pólos de
Indústria e Comércio Exterior (Mdic), permitem 2006, numa impulsão explicada pela consoli-
visualizar o cenário mais claramente. dação de duas montadoras (veículos e
Três setores (material de transporte, incluin- colheitadeiras) em Catalão e pela instalação

importação do veículos, partes, peças e acessórios; medica-


mentos e suas matérias-primas; adubos,
de uma segunda em Anápolis. Diante da recu-
peração da renda no campo e do aumento
fertilizantes e suas matérias-primas) foram médio dos preços daqueles produtos, as
responsáveis por 72,41% das importações importações de fertilizantes aumentaram
No prato das importações, vêm se consoli- realizadas pelo Estado no ano passado, diante de 126,9%, para US$ 287,721 milhões, enquanto
dando alguns verdadeiros pólos de importação uma participação de 58,17% em 2006. Em anos as compras de medicamentos experimenta-
no Estado, com destaque para as regiões de anteriores, as importações ocorriam de forma ram variação de 59,7%, alcançando US$
Catalão e Anápolis – não por coincidência, onde mais pulverizada, distribuídas entre um número 305,731 milhões.
se localizam montadoras de veículos e maior de setores e empresas. Somados, os três segmentos compraram o
colheitadeiras, fabricantes de fertilizantes e adu- O maior avanço foi registrado pelo setor equivalente a US$ 1,232 bilhão (113,4% mais
bos e indústrias de medicamentos. Os números de transportes, que comprou lá fora o do que os US$ 577,336 milhões importados
anunciados pelo governo estadual, com base em correspondente a US$ 638,679 milhões no em 2006). Como exportaram apenas US$
estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior ano passado, crescendo 146,6% em relação 44,585 milhões em 2007, aquelas indústrias
(Secex) do Ministério de Desenvolvimento, aos US$ 259,021 milhões importados em deixaram um rombo comercial de US$ 1,187

28 GOIÁS INDUSTRIAL
Concentração

Fonte: Seplan-GO

bilhão no ano passado, mais de 115% acima milhões (mais 297,6%). A MMC Automotores partir de Goiás, no ano passado, um total de US$
do déficit anotado em 2006 (US$ 551,153 do Brasil, instalada em Catalão, assumiu a 198,496 milhões, num salto de 88,4% em com-
milhões). As montadoras de veículos produzi- liderança na pauta importadora, com compras paração com os US$ 105,357 milhões exportados
ram déficit de US$ 617,046 milhões (151% a de US$ 340,559 milhões (mais 52,9%), repre- pelo setor nos 12 meses de 2006. As importações
mais), seguidas pelo setor de medicamentos, sentando um quinto das importações goianas. de manufaturados, no entanto, cresceram de US$
com rombo de US$ 304,419 milhões (mais A segunda colocada no ranking de impor- 884,835 milhões para praticamente US$ 1,550
61,5%), e pela indústria de mineração (US$ tações foi a Produtos Roche Químicos e bilhão, representando 91,1% de todas as compras
266,079 milhões, com crescimento de Farmacêuticos, multinacional que instalou no realizadas pelo Estado no mercado mundial. A
127,6%). Estado, com incentivos do Produzir, uma cen- balança comercial do setor fechou o ano com um
Três empresas foram responsáveis por tral de distribuição, passando a concentrar rombo de US$ 1,351 bilhão, num avanço de nada
61,75% do crescimento das importações, ele- suas importações a partir de sua unidade menos do que 73,3% em relação a 2006, quando
vando sua participação nas compras externas goiana. Apenas no ano passado, importou o déficit havia sido de US$ 779,478 milhões.
de 51,11% em 2006 para 55,55% no ano pas- US$ 327,984 milhões (19,3% das compras Nos últimos 10 anos, o déficit comercial da
sado. Entre elas, duas montadoras. A Caoa externas totais), num avanço de 52,53%. indústria de manufaturados experimentou incre-
Montadora de Veículos teve o maior incre- mento de 669,5%, resultado de um avanço de
mento, com suas importações passando de MANUFATURADOS E DÉFICIT 650% nas importações, diante de crescimento de
US$ 69,590 milhões para US$ 276,663 A indústria de manufaturados exportou a 540,6% nas exportações desde 1997.

GOIÁS INDUSTRIAL 29
artesanato

Mão na massa,
de novo Bordado e costura: no total,
407 artesãos receberam
treinamento até aqui

n Divina Rosa primeiro projeto. "O Ministério da Integração divulgação, já existe uma demanda para cur-
Nacional/SCO e a Ride perceberam a importân- sos, com cerca de 350 pré-inscrições feitas
Depois da realização da primeira etapa do cia de promover a continuidade do trabalho pela Cooperarte e pelo Clube de Mães.
programa de Arranjo Produtivo Local (APL)
desenvolvido no APL e da organização já con- O projeto prevê a realização de mais 930
de Artesanato, encerrada em dezembro, a
população de Cidade Ocidental, no Entorno quistada pelo mesmo. Precisamos agora dar horas de cursos técnicos em artesanato e de
do Distrito Federal, se mobiliza para a seqüência e consolidar a atividade econômica capacitação gerencial, além de palestras temáti-
segunda fase, prevista para começar em do artesanato em Cidade Ocidental." cas (workshops), para desenvolver conhecimen-
fevereiro, com recursos de R$ tos básicos de gestão, design e comercialização,
203,7 mil provenientes do
governo federal e ARRANJO PRODUT IVO DE C IDADE visando estimular nos atores locais a cultura
contrapartida do Senai, OC ID ENTAL ENTRA NA SE GUNDA empreendedora, motivação e a auto-estima.
executor das atividades. A ET APA, C OM RE CURSOS DO GOVE RNO Serão prestadas também 240 horas de assistência
liberação dos recursos foi
anunciada pelo coordenador
FEDERAL E EX EC UTADO PE LO SENAI técnica em gestão cooperativa e comercial com
objetivo de orientar e acompanhar as rotinas de
da Região Integrada de trabalho e de execução do planejamento
Desenvolvimento do Distrito Federal e
Em reunião recente com a presidente da estratégico da Cooperarte, de acordo com suas
Entorno (Ride), Carlos Henrique Sobral, ao
participar, em dezembro, da entrega de Cooperativa de Produção Artesanal Mãos demandas e necessidades pontuais.
certificados dos cursos realizados no APL. Criativas (Cooperarte), Myrtes Roldão, o Nesta nova etapa, o Senai pretende pro-
O novo projeto foi viabilizado por meio coordenador de Projetos Especiais do Senai, mover maior envolvimento e participação da
de convênio entre Ministério da Integração Walmir Telles, explicou que o foco dessa vez prefeitura municipal e suas secretarias. Para
Nacional, via Secretaria de Desenvolvimento será o fortalecimento do trabalho cooperati- tanto, já está programada reunião entre o
do Centro-Oeste (SCO), Ride e Sistema vo, com melhoria da qualidade, divulgação e prefeito Plínio Araújo, o coordenador da
Fieg/Senai. comercialização dos produtos. A expectativa Ride, Carlos Henrique Sobral, o coordenador
Segundo Carlos Henrique Sobral, essa da população é grande com relação à segun- e técnicos do Senai Goiás e representantes da
segunda etapa visa consolidar as ações do da etapa do programa APL. Mesmo sem Cooperarte e do Clube de Mães.

Capacitação: maior
apuro e qualidade nos
trabalhos desenvolvidos Artesãs:
em Cidade Ocidental proposta é
consolidar
avanços
realizados
durante a
primeira fase
do programa

30 GOIÁS INDUSTRIAL
Primeira etapa
capacitou 407
artesãos
Na primeira etapa do programa
APL, a Faculdade de Tecnologia
Senai Roberto Mange, de Anápolis,
responsável pela execução, reali-
zou oficinas nas áreas de design,
biscuit, pintura em tecidos, flores
de meias, bordado em pedraria,
bijuteria e cooperativismo, aper-
feiçoando mais de 407 artesãos,
com carga horária total de 1.032
horas. Os investimentos foram da
ordem de R$ 117,4 mil, com
repasses do Ministério da
Integração e contrapartida do
Instituto Euvaldo Lodi (IEL), inte-
grante do Sistema Fieg.
Para a presidente da
Cooperativa de Produção Artesanal
Mãos Criativas (Cooperarte),
Myrtes Roldão, um dos avanços
alcançados por meio das ações do
programa APL foi a organização da
própria cooperativa, que hoje
conta com 59 cooperados.
Segundo ela, ainda não se tem um
controle das vendas e da produção,
mas houve grandes avanços nesse
sentido. "Não dá para falar em
números, mas dá para falar que
melhorou e muito."
Presidente do Clube de Mães,
uma das entidades parceiras do
programa com 350 associadas,
Marli Paulino da Silva ressalta a
qualificação como um dos princi-
pais benefícios promovidos. "Hoje,
os nossos produtos têm mais
qualidade no acabamento, aper-
feiçoamos o design. As ex-alunas
dos cursos promovidos pelo APL
dão aula para crianças carentes do
município. Estamos multiplicando
o que aprendemos."

GOIÁS INDUSTRIAL 31
qualificação empresarial

Programação Data
Curso de de cursos 2008
capacitação: Capacitação de Representantes da Direção 19/03
executivos e donos
Uso das Ferramentas da Qualidade
de empresas para Melhoria Contínua 26/03
recebem
treinamento Interpretação da Norma
ISO/IEC 17025:2005 02 e 03/04
especializado
Formação de Auditores Líderes
da Qualidade - ISO 9001:2000 07 a 11/04
Interpretação da Norma ISO 900:2000 09 e 10/04
Formação de Auditores
Internos da Qualidade - ISO 9001:2000 16 e 17/04
Validação de Ensaios Químicos 24 e 25/04
Formação de Auditores
Líderes de Sistema de Gestão Ambiental
ISO 14001:2004 12 a 16/05
Documentação de Sistemas de Gestão 28/05
Contatos IEL Goiás (62) 3219-1444 / 1448

BÊ-Á-BÁ
Empresários buscam capacitação executiva para ampliar conhecimentos,
habilidades gerenciais e incrementar a competitividade de seus negócios
n Célia Oliveira seguiu, com facilidade, absorver o aprendizado formação e capacitação, no sentido de respon-
repassado em 90 horas-aula, considerando der com presteza às questões mercadológicas
O singelo conhecimento dos cálculos de significativo o conteúdo relativo ao planeja- atuais que, de uma maneira ou de outra, afe-
contabilidade permitiu ao diretor regional da mento tributário da empresa. "Senti na prática tam os negócios.
Viasoft, empresa de desenvolvimento de o resultado do curso quando tomei conheci- Ao apresentar ferramentas especiais que
softwares, conversar de igual para igual com o mento dos cálculos de contabilidade", atesta. podem ser aplicadas em diversas áreas de
contador. "Isso me deu uma visão abrangente O desenvolvimento de capacidade técnica, interesse do profissional e da empresa, os
dos negócios", diz Marcelo de Azevedo. O aliado a habilidades adequadas ao gerenciamento treinamentos do IEL são alinhados com as
bê-á-bá das finanças foi um dos benefícios que de empreendimentos, proporcionou a Azevedo o tendências atuais, promovem mudanças no
ele teve no curso de Capacitação Empresarial aperfeiçoamento da autoconfiança, "o que me perfil da pessoa e influem no comportamento e
na Área de Gerenciamento Financeiro, ofereci- permitiu trabalhar um pensamento estratégico posicionamento das empresas.
do pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL Goiás), em para agir com firmeza nas tomadas de decisões". Outro exemplo é o do consultor Alexandre
parceria com o Sebrae e IEL Nacional. Barros, que participou do curso de interpretação da
Por trabalhar em área dinâmica, que exige CONHECIMENTO E AÇÃO NBR ISO 9001:2000 e, em sua avaliação, teve todas
constantes atualizações, Marcelo Azevedo Em cursos como esse, empresários e suas expectativas profissionais atendidas. "Esperava
procurou o curso por entender que novas profissionais buscam no IEL Goiás a oportu- um curso que fosse além da teoria. Os exemplos
experiências e informações fazem parte da roti- nidade de melhorar níveis de conhecimentos práticos para implementação da norma na empresa,
na de qualquer empresário. Ele conta que con- específicos tanto para a gestão quanto para a hoje, fazem a diferença no meu trabalho."

32 GOIÁS INDUSTRIAL
iel 38 anos
Atendimentos em 2007
Programas/áreas Resultados

Bons frutos, novos Estágio 35.085 alunos cadastrados

compromissos
14.252 alunos contratados

Consultoria 49 empresas atendidas


90 novos contratos
Braço da Confederação Nacional da
Indústria (CNI), em âmbito nacional, e do
Instituto Euvaldo
Lodi comemora
Pesquisas 32 concretizadas
Sistema Fieg, em Goiás, o Instituto Euvaldo
Lodi (IEL) completou no dia 10 de março 38
anos, com atuação intensa e revigorada como seu 38º Cursos 33 abertos
12 in company
agente promotor do desenvolvimento tec-
nológico, social e econômico das organizações aniversário e
assume novos
e do jovem estudante. "Comemoramos o
aniversário com entusiasmo pelos passos fir-
mados e euforia, por vislumbrar um futuro
estimulante e promissor para a atuação do IEL desafios e
Goiás", afirma o superintendente Paulo
Galeno Paranhos.
responsabilidades
Em sua trajetória, marcada pelo acompan-
hamento das transformações do cenário produtivo e político, notadamente no setor empre-
sarial, oferecendo inicialmente o programa de integração universidade-indústria, o IEL “Nossa missão é
assume regularmente novos desafios e responsabilidades. "Nossa missão é sempre con-
tribuir para o desenvolvimento das pessoas e da competitividade empresarial." De acordo contribuir para o
com Paranhos, todas as áreas do instituto oferecem produtos e serviços compatíveis com a
velocidade das mudanças e em sintonia com as demandas das organizações. desenvolvimento das
Com meta de crescer continuamente em Goiás, o IEL vem ao longo de sua existên-
cia colhendo bons frutos. Exemplos estão na abertura de novas unidades no interior. pessoas e das empresas”
Além de Goiânia, o instituto está presente em Anápolis, Catalão, Itumbiara, Luziânia e
Rio Verde. "A descentralização da oferta de soluções empresariais torna o trabalho do Paulo Galeno Paranhos,
IEL mais ágil e eficaz para os clientes", enfatiza Paranhos. Bons resultados também são superintendente do IEL Goiás
contabilizados no volume de atendimentos, no lançamento de serviços e na própria
estrutura interna, flexível e conectada às demandas das organizações que atende no
Estado e em outras regiões.

O AMANHÃ
A celebração dos 38 anos leva o IEL Goiás a refletir sobre novos caminhos a per-
correr, novos compromissos. "Para se manter como instituição estratégica, não vamos
parar por aqui", reforça o superintendente, lembrando que, do programa mais tradi-
cional – o estágio –, aos dias de hoje o IEL nunca estacionou e sempre buscou inovar,
estabelecendo parcerias e implementando ações que resultam no
fortalecimento das organizações e no bem comum de seus públicos-alvos.
Essa preocupação é demonstrada com o lançamento, em 2007, do site
www.sitedoestagio.com.br, ao possibilitar expansão de vagas de estágio e colocação de
estudantes em contato com o mercado de trabalho. A oferta de novos cursos, a expan-
são de programas como o IEL Talentos, de Qualificação de Fornecedores (PQF),
Benchmarking Industrial, Pesquisas e Consultoria são o arcabouço de inteligência
empresarial e das soluções à disposição das organizações goianas.

GOIÁS INDUSTRIAL 33
ensino integrado

Dois diplomas
ao mesmo tempo
DE OLHO NAS DEMANDAS DO MERCADO,
PROJETO PEDAGÓGICO DESENVOLVIDO
PELO SESI E SENAI UNE ENSINO MÉDIO E
EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

n Andelaide Pereira

Em meio à disputa por emprego em mercado


de trabalho altamente competitivo, a baixa qualifi-
cação profissional é cada vez mais obstáculo aos Aula inaugural: alunos do curso
candidatos a uma vaga – em Goiás, mais de 57 mil técnico de artes gráficas visitam
postos de trabalho não foram ocupados em 2007 oficinas do Senai
devido à falta de mão-de-obra capacitada, segundo
dados do Sistema Nacional do Emprego (Sine-GO). Aprovado pelo Conselho Estadual de
Em mais uma ação para ajudar a combater esse Educação, o novo projeto de ensino articulado
antigo problema, Sesi e Senai passam a oferecer no será desenvolvido, inicialmente, em Goiânia e
Estado um novo produto, referendado pela Anápolis, pelas escolas Senai e Sesi Vila Canaã e
experiência de ambos de mais de meio século de Faculdade de Tecnologia Senai Roberto Mange e
atuação na área de educação. Em fevereiro, as insti- Sesi Jundiaí, respectivamente, que oferecerão 240
tuições colocaram em prática um projeto pedagógi- vagas. Em três anos de duração, mais estágio cur-
co integrado, compreendendo o ensino médio e a ricular, os concluintes sairão com o ensino médio
educação profissional. e curso profissionalizante completos, com habili-
A iniciativa, baseada no indicativo de que teoria tação nas áreas de automobilística, alimentos, artes
e prática devem estar associadas na aprendizagem gráficas, eletrotécnica, eletromecânica e química.
do aluno, busca resultados significativos em relação Para o gerente de Educação Profissional do Senai Goiás,
ao ensino convencional e inserção mais fácil no Manoel Pereira da Costa, essa alternativa de formação propõe
mundo do trabalho. Desde 2005, o Senai já desen- não apenas a educação para o trabalho, mas também a
volve em Catalão, no Sudeste do Estado, experiên- preparação para outros papéis sociais e o exercício da cidada-
cia semelhante em parceria com a Secretaria nia. "O objetivo é fortalecer e potencializar esforços e recur-
Estadual de Educação. A Escola Senai local ministra sos, buscando ampliar e melhorar cada vez mais a qualidade
o curso técnico em eletromecânica de forma articu- dos serviços oferecidos pelas instituições para habilitar um
lada com o ensino médio do Colégio Estadual João profissional com competências diversificadas e, assim, aten-
Netto de Campos, para turma de 32 alunos. der às demandas do setor produtivo".

34 GOIÁS INDUSTRIAL
"Formação voltada para
a realidade do mercado"
Cristiana Starling, coordenadora do
curso técnico em alimentos

NOVO MERCADO, NOVO TÉCNICO


O surgimento de novas tecnologias tem provocado “Preparação para o
rápidas transformações nos processos de produção e
mercado de trabalho
exigido profissionais preparados para enfrentar um
mercado de trabalho cada dia mais competitivo. e para a cidadania”
Segundo Ricardo Morais, professor de Biologia do Sesi Manoel Pereira da Costa, gerente de
Educação Profissional do Senai Goiás
Vila Canaã, os cursos articulados foram estruturados a
partir desse cenário. "Criamos um modelo com novos
conteúdos, que aliam teoria e prática em um mesmo
projeto pedagógico, noções de empreendedorismo,
além de conhecimentos técnicos e tecnológicos. Essa
formação mais completa irá valorizar o passe do nosso
aluno no mercado", acredita.
É o que pensa também a coordenadora do curso téc-
nico em alimentos do Senai Vila Canaã, Cristiane Starling.
Para ela, a articulação entre o ensino médio e a educação
profissional é um diferencial importante. "Os concluintes "Formação mais
terão maior empregabilidade porque vão aprender a trabal- completa valoriza
har com recursos e equipamentos disponíveis nas empre- passe no mercado"
sas, com formação voltada para a realidade do mercado". Ricardo Morais,
professor de Biologia do
Sesi Vila Canaã

GOIÁS INDUSTRIAL 35
saúde pública

Tuberculose,
n Débora Orsida
o alvo
Campanha de prevenção e controle pretende também informar
trabalhadores da indústria sobre a doença e meios de tratamento
Em meio à luta travada em todo o País con- Tuberculose no Ambiente do Trabalho. disponível nas unidades de saúde. O único
tra a dengue e a febre amarela, outra doença – Em Goiás, a campanha conta com a parce- trabalho do paciente é o de tomar, correta-
a tuberculose – é também alvo das atenções do ria da Secretaria Estadual de Saúde, das mente, os remédios."
Sesi, tanto por se tratar de uma questão de Secretarias Municipais de Saúde de Goiânia e Magaly de Carvalho, coordenadora de
saúde pública quanto por representar uma Aparecida de Goiânia, do Centro Estadual de Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde
importante causa de afastamento do trabalho. Referência da Saúde do Trabalhador e da de Aparecida de Goiânia, acrescenta que é
Dados da Organização Mundial de Saúde Associação Damien do Brasil. "Essas muito importante identificar rapidamente o
(OMS) mostram que o Brasil ocupa o 15º lugar instituições se uniram para combater a tubercu- paciente com tuberculose para tratá-lo logo,
entre os países responsáveis por 80% do total lose e principalmente informar os reduzindo a chance de contaminação no ar. "Se
de casos de tuberculose. Em todo o mundo, a trabalhadores das indústrias sobre o que é a o ar não fica contaminado, evita-se a transmis-
doença causa 2 milhões de mortes por ano. No doença, como identificá-la e os tratamentos são do bacilo para outras pessoas."
Estado de Goiás, em 2005, foram notificados disponíveis, gratuitamente, nos postos de Para diminuir a chance do contágio é
839 casos, dos quais 221 em Goiânia. O saúde", frisa Marco Antônio Naves, gerente de importante também melhorar as condições de
Sistema de Informações Hospitalares, da rede Saúde do Sesi Goiás. habitação. Se há muitas pessoas dormindo no
hospitalar estadual, registrou, em cinco anos, Chefe da Divisão de Doenças mesmo quarto, em casas mal ventiladas e onde
1.562 internações por tuberculose. Transmissíveis da Secretaria Municipal de não bate sol, o risco da contaminação é muito
Preocupados com essa realidade, o Saúde de Goiânia, Gilma Moreira explica maior. Há ainda medidas de proteção
Sesi e o Ministério da Saúde que para diminuir o número de casos é pre- individual, como a vacina BCG e a prevenção
lançaram no final de março ciso que o paciente faça o tratamento até o com remédio, que se chama quimioprofilaxia.
a Campanha de fim. "A tuberculose tem cura, mas é preciso A vacina é aplicada no primeiro mês de vida e
Prevenção e que o doente tome a medicação durante seis é capaz de prevenir as formas mais graves da
Controle da meses. Todo o tratamento é gratuito e doença nas crianças.

GOIÁS INDUSTRIAL 37
meio ambiente

FALTA PARTICIPAÇÃO
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte é o único que funciona
em Goiás, mas peca pela falta de mobilização de seus representantes
38 GOIÁS INDUSTRIAL
Resultados

Miguel Soll
discretos até
o momento
O resgate do meio ambiente e a sua preser-
vação jamais dependeram da ação isolada de
organismos sociais, sejam eles de natureza públi-
ca ou privada. Esse axioma se torna cada vez
mais evidente quando o tema é a formação e o
fortalecimento dos comitês de bacias hidrográfi-
cas no território goiano, os chamados "parla-
mentos das águas". Mas, segundo análise dos
dirigentes dos próprios comitês, há nítido desin-
teresse dos membros que os compõem em se
dedicar ao assunto, residindo aí um gargalo a ser
superado. Esses organismos devem estabelecer
as políticas de gestão dos recursos hídricos,
fixando, inclusive, tarifas sobre o uso das águas.
Ao contrário de Estados como Minas Gerais Metas para reduzir a poluição nos mananciais: plano visa reduzir geração de lixo e esgotos
e São Paulo, que possuem vários comitês funcio-
nando plenamente, em Goiás apenas uma bacia engenheiro eletricista e especialista em hidrolo- tubulares em Goiânia.
hidrográfica está organizada, a do Rio Meia gia e recursos hídricos. O comitê aprovou ainda três moções, duas
Ponte (Cobamp). Em Minas, por exemplo, toda Apesar das dificuldades, esse comitê ainda delas em 2007 e uma em 2005. Em linhas gerais,
a extensão do afluente do Rio Paranaíba chega a tem uma longa trajetória pela frente. Correntino segundo Marcos Correntino, essas propostas
reunir 28 comitês, onde vários segmentos da acredita no seu sucesso dentro de 10 ou 12 anos. visam combater e prevenir as causas e os efeitos
sociedade civil participam das decisões. No caso Entre 2003 e 2008, o Cobamp produziu 11 adversos da poluição nos corpos d'água. "O
de São Paulo, há 22 comitês que abrangem deliberações e três moções. Correntino destaca a principal objetivo das moções é estimular medi-
várias regiões, especialmente a dos Rios Tietê, deliberação mais importante (nº 10/2007, de 24 das de proteção das águas contra ações que pos-
Moji-Guaçu e Paraíba do Sul. Já em relação à de agosto), que aprova o Plano de Metas de sam comprometer o uso atual e futuro da Bacia
Bacia Hidrográfica do Meia Ponte, muito pouco Abatimento de Cargas Poluidoras e de Volume Hidrográfica do Meia Ponte", esclarece.
se fez até agora e os resultados são, na melhor de Esgoto para o Ribeirão Santo Antônio, em O engenheiro afirma que o comitê pode
das hipóteses, discretos. Aparecida de Goiânia, apresentado pela Saneago vencer seus próprios desafios, caso o órgão
A Bacia do Rio Meia Ponte vai completar à Agência Nacional de Águas (ANA). Esse plano gestor, a Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
cinco anos em abril sem muito que comemorar. é contemplado pelo Programa de Despoluição Recursos Hídricos (Semarh), abrace definitiva-
"Existem vários problemas operacionais e de de Bacias Hidrográficas e está em andamento. mente a causa do Meia Ponte. E dispara: "As
sustentabilidade que estão dificultando o Outras deliberações merecem destaque. deliberações do Cobamp não são cumpridas
cumprimento das suas atribuições e adminis- Uma delas, a de nº 11/2007, aprovada em 10 pela Semarh. Isso acontece devido a questões da
tração, como a falta de apoio do órgão gestor de de outubro, anuncia a elaboração de um plano burocracia do órgão." Além disso, Correntino
recursos hídricos, pouca participação dos de recreação e lazer ecológico desenvolvido reitera o desinteresse das prefeituras. "Dos 39
prefeitos, número pequeno de reuniões de para o reservatório a ser formado pela bar- municípios que compõem a bacia, nove
câmaras técnicas e baixa capacitação de seus ragem do Ribeirão João Leite. E a outra, a prefeitos titulares e nove suplentes têm direito à
membros", afirma o presidente do Comitê da deliberação nº 6/2005 (15 de dezembro), trata voz e voto, porém, poucos comparecem às
Bacia do Meia Ponte, Marcos Correntino, da perfuração, fiscalização e outorga de poços reuniões plenárias", afirma.

GOIÁS INDUSTRIAL 39
Quem polui paga Um comitê para o Paranaíba
O vice-presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte e dire- No dia 4 de março, o município de Itumbiara fechou o ciclo de
tor da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Fábio Rassi, tem uma encontros regionais que visam à formação do Comitê da Bacia
posição crítica em relação a um aspecto muito peculiar e inerente aos comitês: a Hidrográfica do Rio Paranaíba. Foram realizadas reuniões em Caldas
cobrança pelo uso da água. Segundo ele, essas comissões criadas para validar esse Novas, Rio Verde, Jataí e Goiânia. A instalação desse comitê está pre-
tipo de cobrança são artificiais e não evoluem porque falta a participação da vista para o final de maio. Vários debates pontuaram esses encontros,
sociedade organizada. "Se representantes das organizações não-governamentais e entre os quais a cobrança pelo uso da água e o papel de cada câmara
das entidades de classe, por exemplo, não estão articulados, a formação dos técnica no tocante a garantir a funcionalidade do próprio comitê.
comitês é forçada", opina. A Bacia do Rio Paranaíba, importante afluente da Bacia do Rio
Rassi defende que as tarifas sobre o uso da água recaiam sobre as companhias Paraná, abrange parte dos territórios de Goiás, Minas Gerais, Mato
de saneamento que lançam efluentes nos rios sob pena de haver comprometimen- Grosso do Sul e Distrito Federal. Detalhe: 65% da bacia está em terras
to irreversível dos recursos hídricos. Nessa linha de raciocínio, o diretor da Fieg goianas, sendo a principal do Estado e que representa 45% do território
poupa quem faz a captação, como é o caso dos proprietários rurais e das hidrelétri- e 75% da sua população. Nela estão instalados os principais pólos
cas: "Os agricultores utilizam o potencial hídrico para incrementar a produção. E agroindustriais e agropecuários e também as principais bacias hidrográ-
as usinas já pagam uma contrapartida financeira em razão da natureza de sua ativi- ficas estaduais, como a do Rio Meia Ponte e a do Rio dos Bois. O
dade. Não vejo o porquê de impor essa cobrança àqueles que promovem o desen- engenheiro Marcos Correntino atesta que o Comitê da Bacia do Rio
volvimento econômico", pondera. Paranaíba será um dos mais importantes do País, "ao englobar várias
Ele condena o lançamento indiscriminado de esgoto sem o devido tratamen- áreas produtivas e reunir usinas hidrelétricas ao longo de seu percurso".
to. "É um crime", diz. A imposição de tarifas aos que dilapidam o meio ambiente Além do Rio Paranaíba, Correntino avisa que há uma diretoria
pode, ao menos, minimizar os impactos causados pela contaminação dos rios, cór- provisória do Comitê da Bacia do Rio dos Bois e Turvo. Ele também
regos e nascentes. Rassi também critica a Saneago por ser um agente poluidor, pois alimenta a expectativa de criação futura da Bacia do Rio Corumbá
trata a água de forma inadequada. Na sua opinião, falta à estatal um plano de inves- devido à instalação das hidrelétricas de Corumbá 3 e 4. "Este
timentos para o setor. O diretor da Faeg aponta o perigo do lançamento de detri- manancial sofre com a poluição do seu afluente, o Rio Descoberto,
tos e lixo de toda espécie e sem controle. "É preciso tratar os efluentes líquidos cujas águas estão poluídas com material hospitalar. O caso é grave",
antes de despejá-los nos rios", preconiza. Fábio Rassi pondera que as águas super- denuncia. Segundo Correntino, há também a possibilidade de se
ficiais e subterrâneas devem ser a preocupação dos comitês ante a iminência de um criar comitês na região Sudoeste, como, por exemplo, no Rio
desastre natural de proporções incalculáveis. E faz questão de reiterar: "A cobrança Corrente. "A chegada de usinas e a cultura da cana justificam a cri-
do uso da água deve seguir um critério lógico e não onerar o setor produtivo". ação de comitês de bacias", justifica.

O QUE DIZ O ESPECIALISTA / Marcos Correntino

FUNCIONAMENTO QUALIFICAÇÃO
Problemas operacionais Pequeno número de reuniões
dificultam trabalho do das câmaras técnicas e baixa
comitê capacitação de seus
membros preocupam
MOÇÕES
Estímulo à adoção de medidas BUROCRACIA
de proteção das águas Deliberações do comitê não
são cumpridas pela Semarh

40 GOIÁS INDUSTRIAL
Em defesa do Meia Ponte
A Bacia Hidrográfica do Rio Meia Ponte a qualidade das águas da bacia. dução, formada por um presidente, vice e
possui área de drenagem de 12.189 quilôme- O Cobamp foi instituído pela Lei secretário executivo.
tros quadrados, considerada a mais densa- Estadual nº 13.123, composto por repre- Três câmaras técnicas fazem parte do
mente povoada do Estado de Goiás, abrigan- sentantes de órgãos públicos do Estado e Comitê da Bacia do Meia Ponte. A primeira
do uma população ligeiramente superior a do município, representando 40% dos delas é a de Assuntos Legais e Institucionais
2,374 milhões de habitantes, distribuída em membros no plenário. Os usuários das (CT-LAI) que se responsabiliza pelas
29 municípios. Para o presidente desse águas (40%) e segmentos da sociedade seguintes tarefas: elaboração de normas
comitê, Marcos Correntino, o lançamento de civil (20%) completam o colegiado. No administrativas e de assuntos de natureza
esgotos domésticos e industriais, o desmata- total, 45 representantes e seus respectivos institucional, observação e análise de leis ati-
mento, a irrigação, lavoura com uso de suplentes possuem direito a voto. Além do nentes aos recursos hídricos e outros temas
agrotóxicos, ocupação do solo sem um plane- plenário, o comitê é constituído por uma relacionados com a interferência nos usos das
jamento adequado e o extrativismo mineral secretaria executiva e uma diretoria, cujo águas de bacia, além da elaboração e modifi-
são os principais fatores que contribuem para mandato é de dois anos, permitida a recon- cação do regimento interno do comitê.

GOIÁS INDUSTRIAL 41
responsabilidade social

CASA NOVA,
VIDA NOVA
Programa possibilita mudança de
famílias da Favela dos Trilhos para
Residencial Albino Boaventura
Lançado em fevereiro de 2007 e apresentado à sociedade em
maio do mesmo ano, o Fórum Permanente de Coleta Seletiva de
Material Reciclável e Inclusão Social debate problemas e soluções
para a questão da coleta seletiva de materiais recicláveis, buscando
a inclusão social dos trabalhadores do setor. A finalidade do progra-
ma é encontrar instrumentos que viabilizem a organização da cole-
ta seletiva em Goiânia e a formação de um mercado para essa pro-
dução, com a intenção de valorizar o material reciclável e possibili-
tar o aumento da renda dos trabalhadores, melhorando qualidade
de vida, saúde e bem-estar.
Uma parceria entre o Conselho Temático de Responsabilidade
Social (Cores) da Fieg, a Superintendência Regional do Trabalho e
Emprego, Instituto Ethos de Responsabilidade Social e o
Movimento Nacional dos Catadores de Material Reciclável
(MNCR/GO), com apoio da Prefeitura de Goiânia, bancos, univer-
sidades, consultores, empresas e ONG´s, o Fórum vem colhendo
frutos, semeados no decorrer de 2007.
No dia 18 de janeiro, foi realizada a mudança da comunidade
da Favela dos Trilhos, onde se instalavam os integrantes do
MNCR/GO, para o Residencial Albino Boaventura. "Esse é o resul-
tado do esforço conjunto de sensibilização dos gestores municipais
para a questão da moradia daquela gente, cuja maioria é formada
por catadores de material reciclado", afirma a coordenadora do
Fórum e do Núcleo de Apoio a Programas Especiais da
Superintendência Regional do Trabalho e Emprego, Katleem Marla
Pires de Lima. Na antiga comunidade, mais de 20 famílias viviam
em situação de miséria, morando em barracos, sem saneamento
básico ou qualquer medida de prevenção a doenças, com riscos
ainda graves para as crianças. O esgoto corria a céu aberto e as casas
não possuíam banheiro e vaso sanitário, com exceção de duas delas

Favela dos Trilhos: miséria e


baixa qualidade de vida

42 GOIÁS INDUSTRIAL
Dó-Ré-Mi-Fa-lando Em busca de
novas parcerias
para o projeto
A reivindicação por melhores condições de dores, que visa, por meio da educação musical,
moradia já era uma bandeira do MNCR/GO, religiosa e de cidadania, resgatar a infância
anteriormente à criação do Fórum, cujo papel foi plena dos envolvidos. O projeto é coordenado
o de ampliar o apoio para que se concretizasse a pela professora Rose Marie Mendes Moreira, O Dó-Ré-Mi-Fa-lando a mesma lín-
mudança. "A saída das famílias da Favela dos que idealizou os principais pontos do progra- gua deu origem ao grupo musical que
Trilhos para o residencial atendeu a uma necessi- ma com objetivo de promover a inclusão social leva o mesmo nome, composto por
dade premente de se promover moradia decente de filhos de catadores de material reciclável. crianças e adolescentes que estão
para aqueles trabalhadores, tendo alcançado 22 "Visamos também estimular o desenvolvimen- aprendendo canto e flauta, tendo se
famílias que lá habitavam", diz Katleem. to da conscientização, da auto-disciplina, da apresentado em diversas ocasiões. O
Paralelamente a este esforço, o Fórum tam- afetividade e da sociabilização das crianças. programa desenvolve, ainda, aulas de
bém apóia o projeto Dó-Ré-Mi-Fa-lando a Aprender e construir normas de conduta que iniciação musical em flauta doce, ofici-
mesma língua, originalmente destinado às regem a interação social, formar bons hábitos na de bem-estar para o despertar da
crianças da comunidade da Favela dos Trilhos, e atitudes é o que elas vivenciam nas ativi- consciência do ser humano integral e
em sua grande maioria filhos e filhas de cata- dades", diz Rose. responsável pela construção de seu
próprio crescimento, incluindo sessões
de reflexão e de estudos sobre os val-
ores da ética do caráter, oficina de leitu-
ra, oficina de alfabetização, oficina de
matemática, aula de capoeira e outras
atividades. De acordo com Rose, são
atendidas 40 crianças, três vezes por
semana. "Este é um projeto de inclusão
social que funciona atualmente com
participação de voluntários, aberto para
receber doações e participação volun-
tária", ressalta Rose.
Ela conta que no início do pro-
grama, em janeiro de 2007, as aulas
de canto e flauta eram realizadas na
cozinha de uma das moradoras, um
espaço pequeno para a quantidade de
crianças assistidas. Mas, em seguida,
as aulas passaram a ser ministradas
no espaço da Associação de
Catadores de Materiais Recicláveis
Ordem e Progresso (ACOP). Com a
mudança da comunidade para o
Residencial Albino Boaventura, o
projeto está se reestruturando, pois
ainda não foi definido um novo
espaço apropriado para as atividades.
Mas novas parcerias estão sendo bus-
cadas para solucionar o problema e
assim serem retomados os trabalhos
com as crianças.

GOIÁS INDUSTRIAL 43
giro pelos sindicatosguia
Simagran Sigego
Manual de rochas Panfletos
Até o final do semestre deverá Com a proibição da panfletagem
estar pronto e será distribuído em nos locais de grande
todos os sindicatos brasileiros o movimento,
novo manual de rochas aliada à nota
ornamentais, mostrando onde fiscal eletrônica, NÃO
comprar e como utilizar, com deverá deixar o
dicas para aplicação em áreas mercado a
externas e internas. Há quase dois maioria das micros e
anos, informou o presidente do pequenas empresas, que somam
Sindicato das Indústrias de Rochas 80% das gráficas, disse Antônio
Ornamentais , Carlos Queiroz de Almeida, presidente do Sindicato
Paula e Silva, o manual vem sendo
Sindfargo das Indústrias Gráficas. Existem
planejado para combater a má
ação dos especificadores e
NEO QUÍMICA INVESTE quase 600 indústrias em Goiás, a
maioria na região metropolitana
orientadores. da capital, com 3.500
Terceira maior empresa do ramo em vendas unitárias e nona trabalhadores diretos e 2 mil
em faturamento no País, o laboratório Neo Química (foto) indiretos. A diretoria do sindicato
acelera investimentos, segundo Ivan da GlóriaTeixeira, tem tentado junto à Prefeitura de
presidente do Sindicato das Indústrias Farmacêuticas do Estado Goiânia pelo menos paliativos que
de Goiás (Sindfargo). No ano passado, com a produção de 205 não sejam tão nocivos ao setor.
milhões de caixas de dietéticos, houve crescimento de 23%. A "Não existem registros de assaltos
indústria adquiriu, ainda, os laboratórios Avante Pharma, de nem de acidentes
Minas Gerais, e o paulista Línea, de produtos dietéticos, e automobilísticos nesses locais
incorporou, desde janeiro, o Laboratório Ducto. A meta é onde se entregavam panfletos",
chegar aos 300 milhões de caixas produzidas e lançar 50 opina Almeida.
produtos, num crescimento de 40% até o final de 2008. A
Simplago I empresa investe ainda na construção de nova unidade para
medicamentos de uso oral e em outra para produtos injetáveis,
Reciclagem plástica num investimento total de R$ 60 milhões.
Defender o uso responsável dos
plásticos, que são materiais úteis,
nobres, resistentes e de grande
valor energético. Degradá-los é o Simplago II
mesmo que desperdiçar e poluir
o ambiente com uma importante
Coleta seletiva
fonte de energia, afirma o A reciclagem mecânica gera novamente produtos que
engenheiro Rogério Aquino (foto), podem ser utilizados nos mais diversos tipos de indústrias
diretor do Sindicato das Indústrias e na reciclagem energética capaz de produzir energia
de Material Plástico no Estado de elétrica, como é o caso de vários países que operam
Goiás sobre a polêmica do uso usinas térmicas a partir de plásticos descartados, entre
das sacolas plásticas em eles o Japão, que possui 190 delas. Para que isso aconteça
estabelecimentos comerciais. A de forma expressiva no Brasil são necessárias políticas
reciclagem pode poupar energia públicas que incentivem a coleta seletiva e a reciclagem,
e gerar empregos . defende Rogério Aquino.

44 GOIÁS INDUSTRIAL
Sinvest II
Mostra moda
A edição deste ano da feira
Goiás Mostra Moda será
realizada entre 27 e 31 de maio,
no Flamboyant Shopping Center,
numa promoção do Fórum de
Sinvest I Entidades de Apoio à Moda,
formado por entidades do setor
Marca goiana exclusivamente para a realização
Fomentar a venda local por meio do evento. O fórum também
dos lojistas e assessores de moda. promoveu, no Mercado Popular,
Com esse objetivo, José Divino uma "avant première" da mostra,
Arruda, presidente do Sindicato em apresentação para a
das Indústrias do Vestuário imprensa, empresários e
promoveu de 5 a 7 de março, no parceiros do projeto.
Papillon Hotel, o primeiro
encontro de empresas de roupa do Diego Medrano
interior goiano. Jandaia, Jaraguá,
Taquaral, Pontalina, Catalão,
Aparecida de Goiânia e Trindade,
dentre outras, estiveram presentes
à exposição, que permitiu contatos
com futuros compradores por
SINDTRIGO
intermédio de assessores de moda. TRIGO NO CERRADO
A qualidade do trigo produzido no Cerrado tem superado as
expectativas do setor, concorrendo com a da tradicional Sinvest III
produção paranaense ou com a do importado da Argentina.
Agora, os produtores defendem medidas para garantir preço Potencial
mínimo, capacidade armazenadora e investimentos na
Surpreso com o potencial goiano
disseminação da cultura. Quase 300 plantadores, indústrias de
no setor de confecções, Lucas
moagem e representação dos panificadores participam do 1º
Izoton Vieira, presidente da
Encontro do Trigo no Cerrado, no dia 28 de março, no hotel
Federação das Indústrias do
Estância Parque, em Anápolis, informa André Lavor, presidente
Espírito Santo, que esteve em
do Sindicato dos Moinhos de Trigo da Região Centro-Oeste. O
Goiânia para participar de uma
evento costou de apresentação de estudos, palestras de técnicos
reunião do Conselho da Micro e
respeitados, além de oferecer oportunidades de negócios.
Pequena Empresa da CNI, tirou
um dia para conhecer a produção
local, acompanhado por José
A PRODUÇÃO DE TRIGO Divino Arruda. Empresário bem-
EM GOIÁS DEVERÁ sucedido, dono da marca Cobra
ENCOLHER PARA 42,3 MIL D’água, Izoton possui pontos de
TONELADAS NA SAFRA vendas em todo o País e um
2007/2008 (8,4% A MENOS) representante em Goiás.

GOIÁS INDUSTRIAL 45
artigo

“A partir de agora, é preciso ser ainda mais


seletivo na apreciação das propostas”
José Carlos Siqueira
ex-secretário de Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás
seplan@seplan.go.gov.br

FCO: juro menor estimula realidade, consciente de que taxas de juros mais
baixas vão refletir, de imediato, na maior

novos empreendimentos
demanda por recursos do Fundo. Isso porque
empreendedores interessados em ampliar seus
negócios ou promover novos investimentos
terão maior motivação para fazê-lo. Taxas de

U
ma das iniciativas mais alvissareiras mesmos agentes, o governo federal acabou juros menores contribuem para ampliar a
para a aceleração do processo de compreendendo que os juros praticados pelo viabilidade econômica dos negócios, já que
desenvolvimento do Centro-Oeste FCO estavam realmente elevados, reduzem os desembolsos da empresa no
e mais especificamente do Estado de Goiás é, principalmente por causa das sucessivas quedas pagamento das parcelas do financiamento.
sem dúvida, a redução das taxas de juros nos da taxa básica de juros (a Selic), o que tornava Portanto, a partir de agora, é preciso ser
financiamentos do Fundo Constitucional do os encargos financeiros do Fundo onerosos, ainda mais seletivo na apreciação das propostas
Centro-Oeste (FCO). A boa notícia está especialmente nas categorias de pequenos e de financiamento, vinculando-as fortemente ao
contida no Decreto nº 6.367, da Presidência grandes produtores rurais, bem como de desenvolvimento do Estado, de modo que a
da República, publicado no Diário Oficial da microempresas, empresas de médio porte e aplicação dos recursos ocorra de forma
União do dia 30 de janeiro, com efeito de grande porte nos segmentos da indústria, harmônica, equilibrada e sustentável. Mais ainda:
retroativo a 1º de janeiro deste ano. agroindústria, turismo, comércio e serviços. o CDE deverá estar empenhado em fazer com
A medida, contudo, não vem de forma Não há dúvida, portanto, que a redução que os recursos do FCO atendam ao maior
gratuita. É resultado de continuados debates, das taxas de juros é uma conquista e grande número possível de empreendedores,
seguidas reivindicações e até mesmo pressões avanço no aperfeiçoamento relativo à aplicação otimizando a aplicação do dinheiro de modo a
por parte de todos os agentes que trabalham dos recursos do FCO, cuja premissa básica é contemplar todo o Estado, principalmente
pelo crescimento econômico e social do promover o desenvolvimento econômico e aquelas regiões que ainda precisam de atenção
Centro-Oeste e defendem o fortalecimento minimizar os desequilíbrios entre as regiões especial para acelerar seu desenvolvimento.
de políticas de desenvolvimento regional. brasileiras, contribuindo para ampliar a geração
Incluem-se neste grupo os representantes do de empregos, aumentar a renda das pessoas e
poder público nos Estados, assim como as estimular o crescimento da economia.
lideranças empresariais, em especial aquelas O Conselho de Desenvolvimento do
que têm assento nos Conselhos Estaduais de Estado de Goiás (CDE), que tenho a
Desenvolvimento e no Conselho Deliberativo honra de presidir e que é integrado
do Fundo Constitucional de Desenvolvimento pelos mais legítimos
do Centro-Oeste (Condel/FCO). Vale representantes
ressaltar que a redução das taxas de juros do dos segmentos
FCO tornou-se, nos últimos anos, tema organizados da
prioritário em todos as reuniões técnicas e sociedade
encontros realizados nos Estados e no goiana, está
Condel, sob coordenação do Ministério da com sua
Integração Nacional. atenção voltada
Com base nas argumentações desses para essa nova

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