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PROJETO VILAS OLÍMPICAS

GUIA 1 : EXPERIÊNCIA POSITIVA COM ESPORTE


E ATIVIDADE FÍSICA PARA CRIANÇAS
ÍNDICE
1 2
INTRODUÇÃO CRIANÇAS
ATIVAS SE SAEM
MELHOR

3 4
EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM ESPORTE E ATIVIDADE PROJETO VILAS OLÍMPICAS
FÍSICA PARA CRIANÇAS – UTILIZANDO OS 7 FILTROS

1. ACESSO UNIVERSAL 1. OS PARCEIROS


1. SMEL 2. IDADE APROPRIADA 2. AS VILAS OLÍMPICAS
2. NIKE 3. DOSAGEM E DURAÇÃO
3. BOLA PRA FRENTE
4. DIVERSÃO
4. INSTITUTO ESPORTE EE EDUCAÇÃO
5. INCENTIVOS MOTIVAÇÕES
6. FEEDBACK PARA CRIANÇAS
7. ENSINAR/TREINAR/ORIENTAR
INTRODUÇAO

4
Nike e seus parceiros têm uma longa história de trabalho com as comunidades para tornar as crianças mais ativas e apaixonadas por esporte,
seja no Rio como em todo mundo. Acreditamos no potencial do esporte para o desenvolvimento humano e, por isso, sabemos que promover
experiências positivas com esporte e atividade física desde cedo é fundamental para contribuir com a transformação das comunidades e,
principalmente, para apoiar crianças de todas as idades a desenvolverem seu pleno potencial.

Os Jogos Rio 2016 nos dão uma oportunidade incrível para inspirar e impulsionar a próxima geração. Nesse sentido, compartilhamos com a
Prefeitura do Rio de Janeiro, através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, da mesma visão de longo prazo para ampliar e transformar o
acesso ao esporte e à atividade física de crianças em diferentes comunidades. Como resultado desta sinergia, nos unimos para potencializar
o trabalho já realizado com sucesso nas 22 Vilas Olímpicas da cidade.

Nos próximos 5 anos, firmamos o compromisso de contribuir com o aperfeiçoamento da equipe de trabalho para otimizar a programação
voltada para crianças nas Vilas. Sempre no formato de parceria, vamos também realizar a padronização de identidade visual e a doação de
materiais esportivos. Além disso, em algumas das Vilas, as instalações serão revitalizadas e haverá engajamento de voluntários e realização
de eventos especiais. Tudo com o objetivo de inspirar as crianças cariocas a serem mais ativas, tendo as Vilas Olímpicas como suas principais
referências de esporte, lazer e diversão.

Esse é o nosso compromisso, nosso projeto de legado a ser construído junto com você.

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CRIANÇAS ATIVAS SE SAEM MELHOR

6
Quando a criança tem oportunidade de vivenciar experiências positivas com esporte e de participar de atividades fisicamente ativas, ela cria
o hábito de se divertir por meio do movimento e tende a se tornar um adulto mais ativo.

Além de facilitar as relações inter-pessoais, crianças mais ativas têm um desenvolvimento integral mais completo e também podem melhorar
seu comportamento social e desempenho acadêmico se combinado com outros fatores como educação de qualidade, sistema eficiente
de saúde e estrutura familiar adequada. Ou seja, crianças ativas têm mais chances de desenvolver seu potencial humano, e de impactar
positivamente suas comunidades.

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DESENVOLVIMENTO PESSOAL

A prática de esporte e atividade física orientada,


principalmente por meio de jogos e brincadeiras
estruturadas, é uma poderosa ferramenta de auxílio ao
desenvolvimento cognitivo, psicológico e sociocultural
das crianças.

As vivências individuais e coletivas contribuem para o


desenvolvimento de competências pessoais como auto-
estima, autonomia, controle emocional, criatividade,
comunicação, determinação, superação, espírito de
equipe e liderança, entre outros valores importantes
para a realização pessoal. Além disso, a constante
relação ensino-aprendizagem gera contexto favorável
para reforçar o aspecto cognitivo das crianças.

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DESENVOLVIMENTO SOCIAL

Espaços de convívio onde são realizados a prática de esporte


e atividades físicas favorecem discussões que promovem
a cidadania. Isto porque os jogos, esportes e brincadeiras
oferecem um cenário ideal para a reprodução dos valores
sociais, criando um ambiente positivo para evitar que atos
discriminatórios referentes ao gênero, raça, etnia, classe social
e religião sejam reproduzidos, além de ser uma grande aliada na
inclusão de crianças com menos habilidade e com deficiência.

Com simbologias que favorecem a reflexão, o esporte e a


atividade física são um importante instrumento para que as
crianças incorporem atitudes de respeito mútuo, respeito às
regras, solidariedade e generosidade no seu dia a dia.

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DESENVOLVIMENTO FÍSICO
Para que se tenha um estilo de vida ativo e saudável é necessário
que as crianças tenham domínio de habilidades fundamentais de
movimento, as quais darão base para a participação e obtenção
de sucesso na prática de atividades físicas e esportivas no
presente e no futuro.

Por isso a importância de promover oportunidades adequadas


de aprendizado, inclusive porque o desenvolvimento físico é
influenciado pela idade, maturação e capacidade motora de
cada criança. Trata-se de um processo tão importante como
desenvolver a capacidade de ler e escrever nas crianças, pois o
repertório de movimentos é também parte essencial para toda
a vida.

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Além de todos os benefícios associados com a promoção de experiência positiva com esporte e atividade física para crianças, é importante também
ter em vista a crescente crise mundial de inatividade física que, entre outros fatores, tem sido intensificada pelo avanço tecnológico e pela redução
de áreas públicas de lazer nas quais as crianças possam se divertir com segurança ao ar livre.

Dada a gravidade da situação, várias organizações (Poder público, ONGs, agências governamentais e empresas) têm investido em ações que
incentivem as crianças a se movimentarem mais. Afinal, os dados mostram que:

• Crianças brasileiras são as menos fisicamente ativas em toda a América Latina


• O tempo sedentário é 6x maior que o tempo ativo
• Obesidade infantil cresceu 300% nos últimos 40 anos
• Inatividade física custa à economia brasileira 12 bilhões (USD) no ano mais recente estudado (2008)
• 45,9% dos brasileiros são sedentários, ou seja, não praticam qualquer esporte ou atividade física

1
De acordo com pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP), em 2013;
2
De acordo com estudo apresentado pela Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo, durante o XXXIII Congresso da SOCESP com dados do Mutirão do Coração coletados com mais de quatro mil crianças e
adolescentes em 2011.
3
De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) 2008-2009, realizada em parceria entre o IBGE e o Ministério da Saúde (http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/imprensa/ppts/0000000108.
pdf).
4
“The National Institute for Educational Research and Study – Ministry of Education, Institute for Applied Economic Research – Directorate of Social Studies and Policies, and Brazilian Institute of Geography and
Statistics. (2011). Todos pela Educação (All for Education) (http://www.todospelaeducacao.org.br, retrieved September 9th, 2013).
5
De acordo com o Diagnóstico Nacional do Esporte (DIESPORTE) publicado em 2015 pelo Ministério do Esporte (http://www.esporte.gov.br/diesporte/diesporte_grafica.pdf).

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EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM ESPORTE
UTILIZANDO OS 7 FILTROS
12
Os 7 Filtros para uma experiência positiva com esporte e atividade física são apresentados como estratégias bem sucedidas para apoiar
a realização de atividades esportivas com crianças. Trata-se de um estudo da plataforma global Designed to Move (Desenhado para o
Movimento) compilado a partir da análise de projetos esportivos em todo mundo e da contribuição de estudiosos e acadêmicos, que foram
questionados sobre as principais práticas necessárias para promover uma experiência positiva com esporte e atividade física para crianças.

Criar e aplicar atividades adequadas ao nível de desenvolvimento de cada faixa etária, levando em conta sua intensidade e duração.
Compreender o contexto em que as crianças estão inseridas e quais atividades físicas se adequam à sua realidade, são outros importantes
fatores, assim como planejar e aplicar atividades inclusivas, divertidas, motivadoras e favoráveis à obtenção do sucesso de todos. Tudo isso
em um contexto que valorize a atuação do professor/treinador/profissional de educação física como o grande responsável em envolver,
transmitir confiança e feedback constante às crianças.

O Projeto Vilas Olímpicas visa proporcionar a melhor experiência com esporte e atividade física para as crianças das comunidades ao redor
das 22 Vilas da cidade do Rio de Janeiro. Esse guia é uma ferramenta para auxiliá-lo(a). Seu olhar, paixão, experiência, competência e ideias
continuam sendo a parte fundamental.

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A proposta é que cada um desses filtros esteja presente em todos os momentos de uma aula
ou vivência. Logicamente, em alguma situações a aplicação de um filtro se tornará mais
evidente que a de outro. Entretanto, está no planejamento e na aplicação integrada de todas
as estratégias a diretriz para uma experiência positiva.

01 ACESSO
UNIVERSAL
Várias crianças são excluídas das atividades físicas, sejam meninas, crianças de família de
baixa renda, crianças com sobrepeso, com deficiência ou com pouca habilidade. O ponto
principal é garantir que toda criança sob sua esfera de influência tenha a oportunidade de
participar e de aprender com o grupo.

02 IDADE
APROPRIADA
Seis não são dezesseis. Os corpos não se mexem e não se desenvolvem sempre da mesma
maneira. Planeje atividades físicas específicas para cada idade ou nível de desenvolvimento
dos participantes. De 6 a 12 anos, estabeleça objetivos específicos para potencializar o
desenvolvimento de cada faixa etária. Tenha sempre como foco a variedade de atividades.

03 DOSAGEM
E DURAÇÃO
Para serem consideradas ativas, crianças precisam de no mínimo 60 minutos de atividade
física de moderada a vigorosa por dia. A intensidade das atividades deve ser atingida através
de uma progressão gradual, indo da menos complexa para a mais complexa, da menos intensa
para a mais intensa, respeitando os níveis de desenvolvimento do grupo atendido.
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04 DIVERSÃO
A opção por esportes ou atividades físicas deve ser divertida. Se não for assim, eles escolherão algo
mais sedentário ou que seja mais facilmente acessível. Por isso, torne sua aula prazerosa, compreenda
os interesses das crianças e planeje atividades lúdicas e divertidas.

05 INCENTIVOS
E MOTIVAÇÕES
Motivação faz a diferença! Reconheça os esforços e progressos das crianças, encoraje-as a superar
novos desafios, elogie-as com frequência e mostre que elas são capazes! Deste modo, você contribuirá
para o desenvolvimento da autoestima e confiança dos alunos. Aproveite para elaborar gincanas e
torneios entre os grupos, que são ótimas estratégias motivacionais. Durante os eventos, incentive a
participação de todos ao invés da vitória na competição.

06 FEEDBACK
PARA AS CRIANÇAS
Crianças de todas as idades ficam animadas para alcançar conquistas pessoais e por contribuir com
os objetivos do grupo. Crie momentos dentro das atividades para dar feedback individual e/ou coletivo.

07 ENSINAR/
TREINAR/ ORIENTAR
O educador tem papel fundamental na experiência da criança com atividade física. Uma atitude
positiva pode melhorar a trajetória de vida das crianças. Esteja atento para orientá-las em todos os
momentos da aula, explicando e demonstrando as atividades. Lembre-se de que você é o modelo que
serve de exemplo para as crianças.
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MELHORES PRÁTICAS

• Crie um ambiente que permita que todos participem.


• Ofereça alternativas para crianças com diferentes habilidades.
• Crie mecanismos para desenvolver o respeito às diferenças.
• Incentive as crianças a colaborarem umas com as outras.

SINAIS DE SUCESSO

• Todas as crianças estão participando em todas as sessões.


• Todas as crianças querem ser o capitão ou a capitã do dia.
• Meninos e meninas participam de maneira equânime.
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 • Todos auxiliam os alunos com deficiência ou menos habilidade nas atividades.

ACESSO O QUE OBSERVAR


UNIVERSAL Nem todas as crianças vão querer participar de imediato.
Preste atenção especialmente naquelas que estão:

• Tímidas
• Demasiadamente agitadas
• Afastadas
• Desconfortáveis
• Tendo dificuldades físicas devido a habilidades limitadas ou deficiências

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 DICAS RÁPIDAS
ACESSO • Escolha o capitão a cada aula, dando a uma criança diferente, a cada dia, a chance de ser a
UNIVERSAL referência e auxiliar o grupo.
• Comece cada sessão com um círculo e chamada, criando uma sensação de início e de
pertencimento.
• Dê reforço positivo publicamente e feedback negativo individualmente.
• Incentive que as crianças elogiem seus colegas.
• Busque entender o interesse do grupo; dessa maneira, será mais fácil planejar atividades que
agradem a todos.

O êxito nas atividades dá ao praticante motivação e confiança para superar novos desafios. Em
contrapartida, os alunos que não apresentam desempenho satisfatório nas atividades físicas
tendem a fazer escolhas inativas. O educador desempenha um papel essencial na formação cidadã
de seus alunos. Incentive as crianças a incluir e auxiliar alunos com deficiência ou dificuldade
em desempenhar as atividades, a incluir todos aqueles que por algum motivo são geralmente
excluídos das aulas. Tenha uma atenção especial à participação de meninas. Observe se o número
de meninos e meninas é proporcional em suas aulas. Desconstrua preconceitos em relação ao
diferente, desenvolva a cooperação e o senso de responsabilidade. Ensine-os que as diferenças
são enriquecedoras para o ser humano. Favoreça discussões sobre diversos temas sociais como:
gênero, meio ambiente, saúde, pluralidade cultural e todos os outros que julgar necessário
para a quebra de paradigmas. Tenha atenção principalmente às atividades que envolvam a
hipercompetição, pois muitas crianças são alvos de críticas e julgamentos pelos demais colegas e,
muitas vezes, essas atividades podem causar constrangimento e exclusão. Trabalhe a autonomia,
tomada de decisão e reflexão crítica acerca dos assuntos de seu cotidiano. Dessa maneira você
contribuirá para a formação de crianças conscientes do seu papel na sociedade.
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MELHORES PRÁTICAS

• De 6 a 7 anos: introduza atividades relacionadas à noção corporal; compreender as próprias


ações ajuda a criança a desenvolver suas habilidades motoras. Utilize o lúdico para melhorar e
aperfeiçoar as habilidades físicas coordenativas. Tenha como foco a simplicidade nas regras,
diversão, variedade de atividades e oportunidades de praticar habilidades fundamentais em
diferentes contextos.
• De 8 a 9 anos: nessa faixa etária, as crianças já tem mais facilidade de organização dentro
dos jogos e atividades. Aproveite essa fase de desenvolvimento para trabalhar habilidades
físicas coordenativas e condicionais através de jogos cooperativos, que reforçam o conceito
de socialização.
• De 10 a 12 anos: mantenha a variedade, introduza elementos de parceria e trabalho em
equipe; trabalhe a autonomia e tomada de decisão com maior intensidade. Nessa faixa
etária, o desafio é o maior aliado para manter o interesse das crianças na atividade. Utilize
a experimentação esportiva a partir de jogos com regras mais elaboradas para refinar as
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 habilidades coordenativas e condicionais. Incentive o grupo a sugerir regras para as atividades.

IDADE SINAIS DE SUCESSO

APROPRIADA • As crianças são desafiadas, mas não se desgastam para realizar as atividades.
• As crianças estão se divertindo e continuam envolvidas durante toda a atividade.
• As crianças executam os movimentos básicos com facilidade.
• As crianças superam os desafios com êxito.

O QUE OBSERVAR

• Na idade escolar, as crianças devem estar aptas a realizar habilidades motoras básicas.
Se estas habilidades não forem observadas, o foco deve ser desenvolvê-las para que sejam
praticadas em diferentes contextos.
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02

IDADE
APROPRIADA
DICAS RÁPIDAS

• Enfatizar a hipercompetição nesta idade pode gerar experiências negativas. Torne as atividades
divertidas e crie estratégias para que todos obtenham sucesso.
• Crianças nesta idade se distraem facilmente. Mude as atividades sempre que possível.
• Separe as crianças pela idade.
• Mude as regras se isto garantir uma melhoria da experiência.

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MELHORES PRÁTICAS

• As crianças têm a oportunidade de executar várias vezes mesmo movimento durante a aula e
não ficam esperando sua vez de jogar.
• A transição de uma atividade para a outra acontece de forma rápida e gradual.
• Todos participam ativamente até o final da sessão.
• O educador fornece intervalos para hidratação.

SINAIS DE SUCESSO
03
 • As crianças têm, diariamente, 60 minutos de atividade física de moderada a vigorosa.
DOSAGEM • Apresentam desenvolvimento das competências trabalhadas.

E DURAÇÃO
O QUE OBSERVAR
• As crianças aparentam estar entediadas ou se mexendo devagar.
• O tempo que poderia ser gasto na atividade foi gasto na explicação das regras ou em espera.
• O tempo da atividade é cancelado ou encurtado.

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03

DOSAGEM
E DURAÇÃO
DICAS RÁPIDAS

• Divida a turma em pequenos grupos. Isso dará a oportunidade das crianças executarem mais
repetições do movimento previsto.
• Dê instruções objetivas e não demore na transição de uma atividade para a outra. Isso evitará
que as crianças fiquem paradas por longos períodos. Não tenha medo de mudar as regras, os
equipamentos e o espaço para manter o interesse e foco de atenção de seus alunos.
• Verifique se as crianças apresentam aumento na frequência cardíaca; para isso, peça para que
coloquem a mão na região torácica e sintam se o coração está batendo mais acelerado.
• Se as crianças não atingirem a intensidade necessária, introduza um ritmo mais acelerado na
atividade. Uma boa estratégia é pedir para que se movimentem no ritmo das palmas do professor.

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MELHORES PRÁTICAS
• As crianças sugerem a atividade ou elementos dela.
• Preste atenção à duração de cada atividade.
• Tenha planos alternativos caso algo não funcione.

SINAIS DE SUCESSO

• As crianças estão sorrindo.

04

• As crianças estão participando.
• As crianças ficam ansiosas/comemoram quando o momento da atividade é
anunciado.
DIVERSÃO • Quando perguntadas se estão se divertindo, as crianças respondem
“sim!”.

O QUE OBSERVAR
• As crianças parecem entediadas ou não estão participando.
• As crianças não voltam a frequentar sua aula.

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04

DIVERSÃO

DICAS RÁPIDAS

• Utilize incentivos que incluam reconhecimento. Promova torneios e festivais esportivos - as


crianças se motivam com esse tipo de evento.
• Crie desafios para serem superados e incentive que o grupo celebre os esforços de todos.
• Incentive as crianças a se parabenizarem.
• Encoraje os alunos a superarem os desafios.

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MELHORES PRÁTICAS

• Elogie a presença, participação, os esforços e progressos individuais e coletivos.


• NUNCA use um exercício como punição.
• Celebre as conquistas criando atividades ou momentos especiais.

SINAIS DE SUCESSO

• As crianças são elogiadas regularmente.


05
 • As crianças parabenizam umas às outras.
• As crianças percebem seus progressos.
INCENTIVOS
E MOTIVAÇÕES O QUE OBSERVAR
• Crianças não participativas.
• Crianças infelizes ou incomodadas em participar.
• Crianças que evitam as atividades.

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05

INCENTIVOS
E MOTIVAÇÕES
DICAS RÁPIDAS

• Se as crianças começarem a parecer entediadas, mude a atividade. Aproveite para explorar a


criatividade dos alunos e os deixe sugerir novas atividades.
• Interaja com os alunos durante as atividades, mostrando que também está se divertindo. Isso
motiva o grupo.

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MELHORES PRÁTICAS

• Estabeleça metas para os grupos, sendo que cada criança contribui para que elas sejam
atingidas.
• Compartilhe o progresso do grupo em intervalos regulares.
• Estabeleça mecanismos de feedback que permitam às crianças seguirem em direção a
objetivos individuais que se adéquam a seus próprios níveis de habilidade e interesses.

SINAIS DE SUCESSO

06
 • As crianças estabelecem objetivos e estão cientes de quais eles são.
• As crianças comemoram quando um objetivo é alcançado sem serem solicitadas e reconhecem
FEEDBACK PARA seus progressos.
• As crianças reconhecem os esforços de seus colegas.
AS CRIANÇAS
O QUE OBSERVAR

• Os objetivos são estabelecidos, mas não são alcançados devido a um tempo de atividade
insuficiente ou porque os objetivos são muito difíceis.

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06

FEEDBACK
PARA AS
CRIANÇAS DICAS RÁPIDAS

• Permita que as crianças estabeleçam seus próprios objetivos, mas as direcione-as para que
sejam realistas e manejáveis.
• Dê o feedback sempre no final da sessão .
• Monitore o progresso do grupo de um modo visível.

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MELHORES PRÁTICAS

• Demonstre entusiasmo e empolgação pela atividade física e pelas crianças. Mostre sempre a
elas que você também está se divertindo.
• Para crianças de 6 a 12 anos, enfatize o esforço e o progresso e não a hipercompetitividade.
• Tenha como foco as atividades que desenvolvem habilidades motoras fundamentais e a
experimentação de novos movimentos e jogos, ao invés da especialização esportiva.
• Utilize o reforço positivo para o bom comportamento e progresso.
• Engaje familiares e responsáveis em prover reforço positivo.

SINAIS DE SUCESSO
07
 • Crianças e familiares tem o educador como uma referência positiva.
• As crianças parecem estar se divertindo.
ENSINAR/ • As crianças participam ativamente das atividades.
• Familiares se tornam mais ativos.
TREINAR/
ORIENTAR O QUE OBSERVAR

• Crianças abandonando o projeto.


• Crianças desinteressadas ou pouco participativas.
• Crianças que não entendem as regras do jogo.

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07

ENSINAR/
TREINAR/
ORIENTAR DICAS RÁPIDAS

• Dê reforço positivo em toda aula.


• Peça um feedback às crianças.
• Envolva as crianças no planejamento da aula (e tenha opções para dar a eles).
• Encoraje os familiares a serem ativos com as crianças em casa.
• Dê bons exemplos e tenha sempre atitudes positivas.
• Explique e demonstre as atividades.
• Garanta que meninos e meninas possam participar de todas as atividades.
• Seja inclusivo. Planeje sua aula para respeitar as diferenças das crianças.

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30
PROJETO VILAS OLÍMPICAS
PROJETO VILAS OLÍMPICAS
GUIA 3: “ELABORANDO EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM O ESPORTE PARA CRIANÇAS”

1
01
INTRODUÇÃO
02 DE ONDE
03 O QUE SÃO
04 DIRETRIZES
05 POR QUE
PARTIMOS EXPERIÊNCIAS PARA ELABORAR
POSITIVAS ELABORAR EXPERIÊNCIAS
COM O EXPERIÊNCIAS POSITIVAS
ESPORTE POSITIVAS COM COM O
PARA ESPORTE PARA ESPORTE PARA
CRIANÇAS? CRIANÇAS CRIANÇAS?
06 ORIENTANDO O
07
7 FILTROS E
08
PLANEJAMENTO
09 REFERÊNCIAS
10
ANOTAÇÕES
PLANEJAMENTO A RELAÇÃO COLETIVO BIBLIOGRÁFICAS
COM O E ANEXO
PLANO DE
ENSINO
02 DE ONDE
PARTIMOS

6
DE ONDE PARTIMOS

O Projeto Vilas Olímpicas teve início em 2015 por meio de uma Vilas cada dia mais alinhadas com os princípios pedagógicos
parceria entre a Nike e a Secretaria de Esporte e Lazer do Rio que garanterm experiências positivas com esporte.
de Janeiro, partindo da premissa que o esporte é uma excelen-
te estratégia para o desenvolvimento humano, especialmente Em 2016 foram realizadas 2 jornadas de aperfeiçoamento,
de criança e jovens. iniciando uma grande “onda” de se repensar o esporte como
fator deter­minante de mobilização e engajamento de pesso-
As Vilas Olímpicas são uma política pública do munícipio do as. Os temas desenvolvidos foram:
Rio de Janeiro, com mais de 25 anos de atuação e com resul-
tados significantes para a população ao longo de sua história. 1. Experiências positivas com esporte; e
2. Eventos como estratégia na promoção de experiências
Desde o início das ações do Projeto, muitos foram os avanços e positivas com o esporte para crianças.
conquistas de todos os envolvidos. As Vilas fortaleceram suas
atividades com a comunidade do seu entorno, crianças e jovens Na primeira jornada, apresentamos o tema Experiências
passaram a ter mais possibilidades de uma prática esportiva positivas com esporte, baseado no estudo Desenhado para
positiva, inclusiva e desafiadora, professores foram desafiados o Movimento (Design to Move), com uma chamada para se
a repensar suas práticas e tiveram suporte metodológico com repensar a atividade física como algo capaz de engajar de
os encontros e momentos de capacitações e reflexões ofereci- forma prazerosa crianças e jovens numa vida mais ativa e
dos. O resultado de todo esse esforço coletivo são equipes nas com mais qualidade.

7
Este estudo chama a atenção para o fato de nosso cérebro
ter um período de desenvolvimento crucial nos primeiros 10
anos de vida com uma influência permanente nos interesses
futuros de uma criança. Envolver as crianças em programas
de atividade física que sejam divertidos, inclusivos, educa-
cionais e adequados para sua idade e nível de habilidade aju-
da a garantir uma experiência positiva com atividade física
desde cedo e aumenta a probabilidade de que elas continuem
ativas ao longo de suas vidas. A prática dos 7 filtros, bali-
zadores para que cada professor possa reavaliar sua práti-
ca docente e aguçar na criança o desejo por praticar algum
esporte, foram e são aliados importantes nessa caminhada.

Na segunda jornada de aperfeiçoamento, o foco foi em dialo-


garmos sobre eventos, e como eles são importantes para a vi-
sibilidade das Vilas Olímpicas e para estimular seus partici-
pantes a praticar atividades físicas regulares, ou até mesmo
como forma de “fidelização” de alunos. Alinhamos o evento ao
planejamento pedagógico e estratégico dos professores e da
própria Vila Olímpica.

8
E se queremos criar experiências positivas para os alu-
nos da Vila e os eventos são estratégias importantes para
as Vilas, como devemos e como podemos organizar nossos
planejamentos para alcançarmos os objetivos desejados?
Assim, chegamos ao tema central do terceiro treinamento:

ELABORANDO EXPERIÊNCIAS POSITIVAS


COM O ESPORTE PARA CRIANÇAS

Um tempo precioso dedicado a pensar as ações em um perío-


do pré-determinado, com avaliação sistematizada e aferição
de resultados. Professores mais preparados para planjear,
agir e avaliar: ESSE É O DESAFIO!!!

9
03O QUE SÃO
EXPERIÊNCIAS
POSITIVAS COM
O ESPORTE PARA
CRIANÇAS?

10
O QUE SÃO EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM O ESPORTE PARA CRIANÇAS?

É pensar em práticas e vivências de manifestações esportivas existentes nas Vilas Olímpicas norteadas pelos 7 Filtros para
que todos os envolvidos possam:

ENSINAR “ESPORTE“ PARA TODOS

EXPERIÊNCIAS
ENSINAR MAIS DO QUE POSITIVAS COM ENSINAR BEM
“ESPORTE“PARA TODOS “ESPORTE“ PARA “ESPORTE“PARA TODOS
CRIANÇAS

ENSINAR A GOSTAR DE ESPORTE

ENSINAR “ESPORTE“ PARA A CIDADANIA

11
ENSINAR ESPORTE PARA TODOS...

Quando falamos em ensino do Esporte para crianças, algo


que não deve acontecer é a exclusão de nenhuma criança nas
nossas práticas esportivas. Não podemos nos furtar à res-
ponsabilidade de que o esporte, sendo nosso objeto de ENSI-
NO, deve ser ensinado com competência e qualidade. Quando
partimos do pressuposto de que o esporte é conteúdo a ser
aprendido, devemos assumir o compromisso de ensiná-lo
para todos. O desafio está em romper com modelos de ensino
que, muitas vezes, acabam por dar atenção somente àqueles
que por algum motivo, genético ou ambiental, apresentam
maiores habilidades. O compromisso é com a inclusão e a
participação, e a nossa premissa está em acreditar que qual-
quer pessoa pode aprender a praticar esportes dentro das
suas potencialidades e limitações.

12
ENSINAR BEM O ESPORTE PARA TODOS...

O Esporte é um direito previsto na Constituição Federal de


1988 e por isso devemos tratá-lo como tal. Mas não basta que
o cidadão tenha esse direito reconhecido apenas como plateia.
Ele deve ter o direito de aprender o esporte para praticá-lo. O
reconhecimento desse direito, porém, para nós vai mais longe:
além de aprendê-lo e praticá-lo, o cidadão tem o direito de
aprendê-lo bem, para praticá-lo com qualidade. Não importa
se em menor ou maior tempo, é preciso ter paciência e conhe-
cer cada aluno, acreditando que todos, dentro de suas limita-
ções e das suas potencialidades físicas, motoras, cognitivas e
sócio-afetivas, podem fazer ESPORTE com qualidade.

13
ENSINAR MAIS DO QUE ESPORTE...

De modo geral, onde quer que se ensine esporte, dá-se por no dos seus fundamentos e técnicas e inclui os seus valores
cumprida a missão quando as crianças mostram boas habi- subjacentes, ou seja, conteúdos relacionados às dimensões
lidades na prática esportiva. Porém, trata-se, ainda, apenas atitudinal e conceitual. A questão que se coloca é a seguin-
de um bem fazer, um fazer com êxito, um exercício de ha- te: Que conhecimentos os alunos deverão adquirir a respeito
bilidades que não ultrapassa os limites da própria prática. do esporte, a fim de se tornarem cada vez mais competentes
Cada aula de esporte dever ir além, deve deixar uma herança para enfrentar as exigências da vida social, exercitar a cida-
para a vida dos alunos. O papel do esporte ultrapassa o ensi- dania e melhorar sua condição humana?

14
ENSINAR A GOSTAR DE ESPORTE...

De maneira geral, o esporte é de um certo ponto de vista, meio;


de outro ponto de vista, fim. Ele é meio quando operamos so-
bre o paradigma de que as crianças jogam para aprender e
não aprendem para jogar. Acreditamos que jogando pode-se
aprender sobre valores, ética, respeito e cidadania; enfim o
esporte pode ser mobilizado em favor da vida, em favor de
um mundo melhor, em favor de uma vida mais justa. Porém,
é preciso tratar criança como criança, ou seja, é preciso com-
preender que para ela o brincar é agradável por si mesmo,
no aqui e no agora. Sendo assim, o mesmo se pode dizer do
esporte, quando uma criança vai a um local qualquer para
aprendê-lo, precisa ser satisfeita quanto a isso. A missão é
ensinar a gostar de esporte... Isso para que as crianças do
presente sejam adultos praticantes no futuro.

15
04DIRETRIZES
PARA ELABORAR
EXPERIÊNCIAS
POSITIVAS COM
ESPORTE PARA
CRIANÇAS

16
DIRETRIZES PARA ELABORAR EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM ESPORTE PARA CRIANÇAS

Para que possamos evoluir no ato de elaborar excelentes práticas para as crianças, o conteúdo do planejamento deve consi-
derar sua temática central e sua relação com os alunos que esperam por este conteúdo, para que assim, consigamos criar um
belo diálogo entre professor e sua turma. É uma boa oportunidade de responder perguntas do tipo:

O QUE JÁ TEMOS PLANEJADO PARA NOSSOS PARA ONDE NOSSOS ESFORÇOS


ALUNOS? ESTÁ DANDO CERTO? ESTAO DIRECIONADOS

O QUE PRETENDEMOS QUE NOSSOS O QUE ESTÁ SENDO BEM FEITO


ALUNOS SE TORNEM OU APRENDAM E PODE SER MANTIDO

Nesse momento, professores devem estar comprometidos com o planejar antes, durante e depois das intervenções peda-
gógicas e esportivas. Assim, torna-se possível, no dia a dia dos espaços destinados para prática, antecipar, observar e
regular aquilo que queremos que os nossos alunos se tornem e aprendam.

17
ANTECIPAR

É atuar preventivamente, pensar quais as intervenções que


podemos fazer para que aquilo que queremos ensinar torne-se
realidade. Sabemos que o planejamento não substitui o dia a
dia do professor, mas contribui para enfrentar dúvidas e incer-
tezas que encontramos nas relações de ensino e aprendizagem.

OBSERVAR

É gerenciar o espaço de aprendizagem dos nossos alunos, com


suas contradições e conflitos; ajuda a construir ou acumular
situações problema relativas aos assuntos mais importantes
ou difíceis para o grupo.

18
REGULAR

É aprender a lidar com o planejamento-gaveta de forma


não linear ou sucessiva, definir temas, elaborar “mini” se-
quências didáticas, selecionar conteúdos e distribui-los por
períodos (ex. bimestre), levando em conta os problemas, as
diferenças de ritmos dos alunos, a motivação para aprender.

Pensamos no planejamento como uma prática reflexiva contí-


nua, em que o professor reflete sobre a aula que ministrou (o
ontem, o hoje e o amanhã).

19
05 POR QUE
ELABORAR
EXPERIÊNCIAS
POSITIVAS COM
O ESPORTE PARA
CRIANÇAS?

20
POR QUE ELABORAR EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM O ESPORTE PARA CRIANÇAS?

Elaborar uma sequência de atividades para que as crianças a atingir os objetivos previstos e devem ser entendidos em
tenham EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM O ESPORTE vem se suas dimensões conceitual, procedimental e atitudinal. Po-
constituindo num avanço em direção à melhoria da QUALI- rém o que notamos quando observamos os registros de pla-
DADE DO ENSINO E DA APRENDIZAGEM, principalmente para nejamento esportivos é uma inversão no processo de planejar.
atender questões emergentes e objetivos mais amplos. Primeiro selecionam-se os conteúdos a serem desenvolvidos,
uma listagem que passa para a descrição aula a aula do con-
O trabalho implica na formação do PROFESSOR REFLEXIVO ca- teúdo que será abordado com maior ênfase, por exemplo:
paz de elaborar o planejamento com autonomia. Isso significa
considerar os parâmetros (curriculares) existentes, a realidade aula 1: fundamentos de passe no basquetebol,
de cada Vila Olímpica e os alunos reais, tomando o planeja- aula 2: fundamentos do arremesso – bandeja,
mento como um instrumento “vivo” de diálogo entre o conheci- aula 3: fundamentos do arremesso – lance livre.
mento, a comunidade os alunos, professores e gestores.
Estabelece-se com isso, uma distância enorme entre o que se
Assim, é a partir desta primeira explicitação de “O QUE EU quer ensinar? (conteúdos) do por que se quer ensinar? (obje-
QUERO QUE OS ALUNOS APRENDAM E QUAIS AS SUAS NE- tivos), pois, os professores estabelecem os conteúdos a serem
CESSIDADES” que devem ser selecionados os conteúdos e ensinados tendo como referência o seu próprio processo for-
expectativas de aprendizagens. Os conteúdos passam a ser mativo de maneira desconectada dos objetivos gerais e das
chamados de conteúdos de aprendizagem porque se prestam demandas atuais de um projeto educativo contemporâneo.

21
O planejamento feito deste modo é mais um cronograma do
que um planejamento, pois estabelece de antemão tudo o que
vai ser ensinado, sem considerar as reações apresentadas
pelos alunos no contato com cada conteúdo apresentado e
trabalhado ao longo do ano. Esse formato de planejamento
montado sobre as aulas como células organizacionais não
favorece o alcance das propostas de ensino para conteúdos
mais complexos e abrangentes e a conquista e construção
de objetivos de longo prazo. Dito de outra forma, se as Vilas
Olímpicas tem a intenção de ensinar conteúdos que não “ca-
bem” em apenas uma aula, e organiza todo o seu plano de
trabalho focando as intervenções dos professores dentro da
célula-aula, ela certamente vai ser ineficaz ao tentar ensinar
uma série de conteúdos e de atingir uma série de objetivos.

Para avançarmos na reflexão sobre Elaborar Experiências


Positivas com o Esporte para Crianças, procuramos uma
fundamentação teórica que nos ajudasse a pensar a prática,
que estabelecesse bons parâmetros e não engessasse o Pro-
jeto Vilas Olímpicas. Desta forma, adotamos como referência

22
o trabalho de Zabala (1998), descrito no livro A Prática Edu-
cativa, que sintetizamos abaixo:

AS SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS SE CARACTERIZAM POR UMA SÉRIE


ORDENADA E ARTICULADA DE ATIVIDADES QUE FORMAM AS UNIDADES
DIDÁTICAS. OS TIPOS DE ATIVIDADE, MAS, SOBRETUDO A FORMA DE SE
ORGANIZAR SÃO UM DOS TRAÇOS DIFERENCIAIS QUE DETERMINAM A
ESPECIFICIDADE DE MUITAS PROPOSTAS DIDÁTICAS, EX: EXPOSIÇÃO
DE UM TEMA, A OBSERVAÇÃO, O DEBATE, AS PROVAS, ETC. O TIPO DE
ORDEM EM QUE SE PROPÕEM AS ATIVIDADES É O PRIMEIRO ELEMENTO
QUE PERMITE IDENTIFICAR UM MÉTODO, DESTE MODO PODE-SE PROPOR
UMA CLASSIFICAÇÃO ENTRE MÉTODOS EXPOSITIVOS OU MANIPULATIVOS,
POR RECEPÇÃO OU DESCOBERTA, INDUTIVOS OU DEDUTIVOS, ETC. A
MANEIRA DE SITUAR ALGUMAS ATIVIDADES EM RELAÇÃO ÀS OUTRAS,
NÃO APENAS O TIPO DE TAREFA, É UM CRITÉRIO QUE PERMITE REALIZAR
ALGUMAS IDENTIFICAÇÕES OU CARACTERÍSTICAS PRELIMINARES DA
FORMA DE ENSINAR.
(ZABALA, 1998)

23
O objetivo não é avaliar determinados métodos, nem propor ne- Devemos sempre lembrar que o planejamento nos dá BASE
nhuma conclusão, mas explicitar os INSTRUMENTOS que nos para alcançarmos as nossas expectativas principalmente
permitam introduzir, nas diferentes formas de intervenção, as de forma que torne a aprendizagem e as experiências mais
atividades que favoreçam a nossa melhor atuação durante au- significativas. Todas estas “cartas de intenções” devem ser
las, como consequência do conhecimento mais profundo das estruturadas e avaliadas constantemente, para saber se o
variáveis que estão em jogo, e do papel que cada uma dessas esperado está próximo ou não, ou se o CAMINHO seguido até o
variáveis tem no processo de aprendizagem dos alunos. momento condiz com as expectativas designadas.

Desta forma, poder identificar as fases de uma sequência didá- Todo planejamento deve ser FLEXÍVEL, permitindo ao desenvol-
tica, analisar as atividades que a compõem e as relações que vedor, novos caminhos para alcançar os objetivos propostos.
se estabelecem, deverão contribuir para compreendermos o seu
valor educacional, assim como as razões que as justificam e a Importante ressaltar que este processo deve ser considerado
necessidade de introduzir mudanças ou atividades novas que e elaborado com um INÍCIO, MEIO e um FIM, para assim, am-
a melhorem. A partir disto, a primeira pergunta que devemos pliar os aprendizados.
nos fazer sobre a sequência é sobre o seu grau de apropriação,
ou seja, ela está APROPRIADA aos objetivos que temos com as
crianças? Em seguida devemos investigar quais são os argu-
mentos que nos permitem fazer esta avaliação.

24
06 ORIENTANDO O
PLANEJAMENTO

26
ORIENTANDO O PLANEJAMENTO

Apresentaremos nas próximas páginas um modelo de planejamento elaborado, aplicado e avaliado no Instituto Esporte &
Educação, para que possamos entender o processo de estruturação deste documento.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Idade: Turma: Professor: Período/duração:


09 a 12 anos Futsal Jackson Nazário 20 aulas

Capacidade (Objetivo Geral):


Desenvolver nos alunos a capacidade de utilização de sistemas táticos para desempenhar melhor o
futebol em equipe, compreendendo melhor que a organização facilita na prática do futsal.

Tema:
Táticas do Futsal

Esta unidade foi desenvolvida para 23 alunos entre 09 e 12 anos, da turma de futsal do NESE (Núcleo
Esportivos Sócio Educativo) Jardim São Luiz - SP, a UD foi desenvolvida em 25 aulas, duas vezes por se-
mana com duração de 1 hora, o principal objetivo do projeto era fazer com que as crianças ampliassem
seu repertório cognitivo sobre o futsal e seus sistemas táticos.

27
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM

DIMENSÃO INDICADORES INSTRUMENTOS


1. Conhecer os siste- Nível de Conhecimento dos alunos seguindo Questionário inicial e final
mas táticos existentes os critérios de: 1. Conhecem todos os siste-
no futsal (1x3, 3x1, 1. Conhecem todos os sistemas táticos (Bom) mas táticos (Bom)
2x2 e 4x0) 2. Conhecem parcialmente os sistemas 2. Conhecem parcialmente os
táticos (Regular) sistemas táticos (Regular)
3. Não conhecem nenhum sistema tático 3. Não conhecem nenhum sis-
(Não Satisfatório) tema tático (Não Satisfatório)
CONCEITUAL

2. Identificar na ma- Número de alunos que escolheram sua fun- Tabela com as características
neira de jogar a qual ção no futsal, seguindo os critérios de: e funções de cada posição (ala
posições existentes no 1. Não escolheram posição porque não iden- esquerdo e direito, pivô, fixo e
futsal (ala direito, ala tificaram nenhuma habilidade nas funções goleiro)
esquerdo, pivô, fixo e existentes;
goleiro) eu me adapto 2. Escolheram a posição mas não identifica-
ram as funções que os desenvolvem melhor
na partida;
3. Escolheram uma ou mais de duas posições
identificando suas habilidades nas diversas
funções.

28
EXPECTATIVAS DE APRENDIZAGEM

DIMENSÃO INDICADORES INSTRUMENTOS


1. Praticar os sistemas táticos O desenvolvimento dos alunos referen- Número de jogos
PROCEDIMENTAL existentes no futsal (1x3, 3x1, 2x2 te sistemas táticos do futsal, seguindo praticados com o foco
e 4x0) os critérios: nos sistemas
1. Estão se posicionando e exercendo
2. Desenvolver as posições do Tabela com carac-
suas devidas funções
futsal de acordo com as caracte- terísticas e funções
2. Não estão se posicionando e com
rísticas necessárias para exercer de cada posição (ala
isso não se atentam as funções das
suas funções (ala esquerdo, ala esquerdo e direito, pivô
posições
direito, pivô, fixo e goleiro) e fixo)

Ter autonomia para exercer as A organização dos alunos em quadra, Diário de bordo
funções adequadas a minha seguindo os critérios: anotando diariamente
maneira de jogar atendendo as 1. Estão organizando-se nos sistemas a atuação dos alunos
ATITUDINAL

posições de alas, pivô, fixo e táticos escolhidos por eles na partida referente a sua esco-
goleiro, mantendo-se organizado 2. Não se organizam e mantém-se com lha de posição
nos devidos sistemas táticos do futsal “formiga”
futsal durante uma partida (1x3,
3x1, 2x2, 4x0)

29
ETAPAS DE TRABALHO

ETAPAS NÚMERO DE AULAS / LINHA DO TEMPO


DIAGNÓSTICO / MAPEAMENTO 1 2 3
• Pesquisas referente aos sistemas táticos existen-
tes no futsal
• Questionário inicial referente aos sistemas táticos,
contemplando 5 perguntas:
1. O que é sistema tático?
2. Quais sistemas táticos existem no futsal? X X
3. Qual o posicionamento dos atletas no futsal?
4. Quais as funções dos alas, pivô, fixo e goleiro?
5. Em qual posição do futsal você nesse momento
acredira jogar melhor? Por quê?

Uma aula onde os alunos praticam o futebol para


que o professor anote a organização dos alunos X X X
referente ao posicionamento em quadra

Apresentação dos sistemas táticos aos alunos para


juntos organizarmos as vantagens e desvantagens X X X
de todos os sistemas

30
ETAPAS DE TRABALHO

ETAPAS NÚMERO DE AULAS/LINHA DO TEMPO


DESENVOLVIMENTO 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
Jogo divisão no futebol, futebol 2x2, 3x3, 4x4, 5x5, Pega-Pega
futebol, jogos de marcação: indivivual e por zona; futdado
X X X X X X X X X X X X X

Apresentar aos alunos todos os sistemas táticos em forma


de desenho que eles podem utilizar para realizar uma X X X X X X
partida de futsal
Construir um painel com as características de cada posição
existente no futsal (ala esquerdo e direito, goleiro, pivô e
X
fixo) para que os alunos ao lerem identificar qual posição
exerce melhor
Filmar uma aula onde os alunos assistiram para fazer uma
leitura do futebol e compreender melhor se atuam nas posi- X
ções que escolheram jogar
Construir um Scoult para os alunos avaliarem no futsal com
base nas posições que eles exercem e característias que X
elas obtém
Roteiros para os alunos acompanharem a aula realizando
X
uma leitura dos jogos que praticam

31
ETAPAS DE TRABALHO

ETAPAS NÚMERO DE AULAS/LINHA DO TEMPO


FECHAMENTO 16 17 18 19 20
Uma aula onde os alunos somente jogaram e o professor vai
observar e anotar se os mesmo utilizam o aprendido e se já
tem autonomia para participar de um jogo organizado em
X
quadra
Torneio onde os times anotaram na sua ficha de inscrição o
sistema que irão jogar e os outros times observando os jogos, X X
irão jogo a jogo anotar o sistema de cada time do torneio

Painel onde os alunos anotaram todos os sistemas que


X X X
aprendemos em aula

Anotações no diário de bordo referente ao comportamento dos


X X X X X
alunos em aula nas questões de autonomia

32
Existem outras formas de se estruturar um planejamento, • Intenção: expectativas e objetivos a serem alcançados;
assim, apresentamos um modelo que denominamos Mini • Intervenções: estratégias e formas de se alcançar as ex-
Sequência Didática, com o propósito de partirmos do mais pectativas, e por fim, mas não menos importante as
“simples” para o complexo, quando falamos em elaboração • Indicações: que é como avaliar se as expectativas foram
e estruturação de um planejamento. Dividimos o instrumento alcançadas e também quais os “meios” para mensurar es-
em 3 eixos que são: tes resultados.

34
INTENÇÃO INTERVENÇÃO INDICAÇÃO
EXPECTATIVAS ESTRATÉGIAS / INDICADORES INSTRUMENTOS
TEMA
DE APRENDIZAGEM ATIVIDADES DE AVALIAÇÃO DE AVALIAÇÃO
Reconhecer • Visita aos diferentes espaços para Número de locais reconhecidos na Mapa dos pos-
diferentes locais a prática do futebol dentro da escola e na comunidade. síveis locais
para a prática de escola; (desenho de
futebol dentro e • Visita aos diferentes espaços para um croqui dos
fora da escola. a prática do futebol fora da escola. alunos).
Criar e praticar • Jogos propostos pelo professor (Fu- Número de criações de jogos. Cartilha de
diferentes jogos tebol Callejero, Futebol de botão, Jogos criados
em diferentes peteleco, Futebol de 7, etc.); Número de jogos praticados pelos e/ou modifica-
Futebol espaços. • Jogos de Futebol adaptados pelos alunos. dos (cons-
dominando alunos nos diferentes espaços; trução dos
o Mundo • Cartilha com as regras e locais alunos).
onde foram realizados.
Respeitas os • Criar regras específicas para ofen- Quantidade de ações ofensivas realiza- Diário de
colegas nas aulas, sas proferidas (ex.: cada palavrão das nos jogos: bordo do pro-
com foco no mo- contra um colega, deverá ser Bom Nível de Respeito: de 0 à 03 ações fessor (análise
mento do jogo. cobrado um pênalti para equipe Respeitam Parcialmente: de 04 à 07 aula-a-aula)
adversária); ações
• Quadro de auto-avaliação ao final Ainda Não Respeitam: acima de 08
da aula. ações

35
INTENÇÃO INTERVENÇÃO
Essa é a hora de responder a pergunta, o que eu quero Neste item pense em diversas estratégias para con-
que as crianças aprendam, elas serão capazes de que seguir acessar o interesse das crianças e também as
ao final do processo? Fundamental no processo de ensi- intenções traçadas. Dentro deste plano de ensino é
no-aprendizagem as intenções (ou expectativas) devem considerável que o professor pense em favorecer para
ser pensadas em comum com o grupo de crianças com que todos possam jogar juntos, meninos com meninas,
qual se vai trabalhar. Assim, dialogue com eles sobre alunos de diferentes níveis de habilidade, jogos e ativi-
suas necessidades e também exponha seu ponto de dades que propiciem a aprendizagem de forma motiva-
vista, assim, trará um maior significado para ambos. dora, aulas que possibilitem o sucesso aos envolvidos,
identificar e valorizar o esporte como forma de relacio-
DICAS namento e inserção social.

• Saiba aonde quer chegar, tenha clareza do que se DICAS


pretende ensinar.
• Apresente as metas aos alunos para que se sintam • Liste as tarefas a serem executadas;
desafiados no processo. • Divida as grandes tarefas em partes menores e mais
• Crie metas mensuráveis, em resultados possíveis gerenciáveis. Estimule as crianças a terem respon-
para todos. sabilidades em vários momentos das aulas.
• Adaptações das atividades para que as expectativas
de aprendizagem sejam atingidas.

36
INDICAÇÃO
É hora de checar se as intenções foram alcançadas.
Mais do que avaliar os avanços, a avaliação ajuda a
verificar o que deu certo e também o que deve ser de-
senvolvido no próximo planejamento.

DICAS

• Crie uma representação visual para o seu plano, uti-


lizando diferentes recursos como: filmagem, fotos,
registros no diário de bordo;
• Acompanhe as ações diariamente e verifique se elas
vão ao encontro das Intenções.

37
07 7 FILTROS E
A RELAÇÃO
COM O
PLANO DE
ENSINO

38
7 FILTROS E A RELAÇÃO COM O PLANO DE ENSINO

Os 7 FILTROS são apresentados como estratégias bem suce-


didas para apoiar a realização de atividades esportivas com
crianças. Criar e aplicar atividades adequadas ao nível de
desenvolvimento de cada faixa etária, levando em conta sua
intensidade e duração. Compreender o contexto em que as
crianças estão inseridas e quais atividades físicas se ade-
quam à sua realidade, são outros importantes fatores, assim
como planejar e aplicar atividades inclusivas, divertidas, mo-
tivadoras e favoráveis à obtenção do sucesso de todos.

Tudo isso em um contexto que valorize a atuação do professor/


treinador/profissional de Educação Física como o grande res-
ponsável em envolver, transmitir confiança e feedback cons-
tante às crianças. Os 7 filtros devem fazer parte e nortear todo o
processo de elaboração, execução e avaliação do planejamento.

39
DICAS DE COMO UTILIZAR OS 7 FILTROS PARA ELABORAR EXPERIÊNCIAS POSITIVAS COM O ESPORTE:

Envolva as crianças em todo o processo de elaboração e MAPEAMENTO, pense


em estratégias para incluir e valorizar as diferenças. O ponto principal é garan-
ACESSO
tir que toda criança sob a esfera de influência do professor, tenha a oportunida-
UNIVERSAL de de participar e aprender com o grupo. A DIVERSIDADE de atividades, espaços
e ações ajudam no processo de inclusão.

Planeje atividades físicas específicas para cada idade ou nível de desenvolvi-


IDADE mento dos participantes. Estabeleça objetivos específicos para potencializar o
APROPRIADA desenvolvimento de cada faixa etária. Tenha sempre como foco a variedade das
atividades e as INTENÇÕES registradas no seu planejamento.

É importante que seja determinado um numero de aulas para se atingir as suas


DOSAGEM intenções, os seus objetivos com as crianças. Esse numero de aulas não deve ser
E DURAÇÃO “engessado” podendo variar a medida que o professor verifica a necessidade de
ter mais ou menos aulas de acordo com o desenvolvimento da turma.

40
As atividades na fase das INTERVENÇÕES devem ser divertidas. Por isso, torne
sua aula prazerosa, compreenda os interesses das crianças e planeje atividades
DIVERSÃO lúdicas, divertidas e com significado para as crianças. É importante pesquisar
o universo das crianças para que se crie um interesse e significado pela aula.

Pensar em temas e conteúdos com SIGNIFICADO para as crianças – ao final o


INCENTIVOS que elas levarão como aprendizagem? Para que servem? Atividades significa-
E tivas podem motivar as crianças e desenvolver a autoestima e a confiança. As
MOTIVAÇÕES crianças devem ser motivadas a superar os desafios propostos e incentivadas
com frequência.

Na fase das INTENÇÕES comunique a turma sobre os objetivos e metas das


FEEDBACK próximas aulas. Tenha SIMPLICIDADE e FLEXIBILIDADE para as mudanças du-
PARA AS rante esse processo. Crianças de todas as idades ficam animadas para alcançar
CRIANÇAS conquistas pessoais e por contribuir com os objetivos do grupo. Crie momentos
dentro do processo para dar feedback individual e/ou coletivo.

O Educador tem papel fundamental na experiência da criança com a atividade


física. Uma atitude positiva pode melhorar a trajetória da vida das crianças.
ENSINAR/
Esteja atento a ORGANIZAÇÃO, para orientá-las em todos os momentos da exe-
TREINAR/ cução do planejamento, explicando e demonstrando as atividades. É importante
ORIENTAR que se tenha uma CONTINUIDADE a partir dos resultados alcançados com a tur-
ma. Lembre-se de que você é o modelo que serve de exemplo para as crianças.

41
08PLANEJAMENTO
COLETIVO

42
PLANEJAMENTO COLETIVO
DICAS DE COMPETÊNCIAS A SEREM
Os espaços de planejamento coletivo são importantes para DESENVOLVIDAS NOS ESPAÇOS DE FORMAÇÃO:
que o professor tenha um momento para identificar as ne- • Aprender estratégias e desenvolver habilidades
cessidades dos alunos e literalmente colocá-las no “papel”. para mediar os desafios e os conflitos pedagógicos
Há a necessidade de que os professores tenham suporte de presentes nos diferentes contextos de atuação e
pessoas envolvidas com questões pedagógicas (pedagogos, ensino do esporte
equipe multidisciplinar, coordenadores e etc.) para que pos-
• Utilizar os conhecimentos construídos para enfrentar
sam ampliar seu olhar e tornar seus planejamentos ainda
as situações novas e inesperadas que surgem no dia
mais assertivos. Construir juntos suas práticas, discutindo,
a dia da prática pedagógica e do ensino do esporte.
refletindo, analisando ideias, trocando informações e plane-
jando coletivamente, fortalece o oficio de ensinar e possibilita • Respeitar e valorizar a cultura local, atuando jun-
experiências positivas para as crianças. to à comunidade em busca do desenvolvimento, da
transformação e ressignificação do esporte.
Os espaços coletivos de planejamento e formação e a inte-
• Discutir e construir planos coletivamente, respei-
gração entre o conhecimento teórico, as vivências práticas
tando e valorizando a opinião dos colegas e tole-
e as experiências pessoais podem contribuir para levar os
rando a diversidade de ideias e conhecimento que
professores das Vilas Olímpicas ao aprimoramento e desen- o grupo apresenta.
volvimento de habilidades e competências.

43
09REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
E ANEXO

44
FREIRE, João B. Educação de Corpo Inteiro. Campinas, São Paulo: Scipione, 1989.

FREIRE, João B. Pedagogia do Futebol. Londrina: Midiograf, 2002.

ROSSETTO JÚNIOR, A.J; COSTA, C.M.; D’ANGELO, F. Práticas Pedagógicas Reflexivas: unidade didática
como instrumento de ensino e aprendizagem. 2.ed. Revisada. São Paulo: Phorte, 2012.

ZABALA, A. A Prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre: ArtMed, 1998.

MACEDO, L. Ensaios Pedagógicos: como construir uma escola para todos? Porto Alegre: ArtMed, 2004.

MOSER, A.; D’ANGELO, F. L.(Org.). O Guia da Prática Pedagógica - Oficinas do Esporte. Porto Alegre:
Mediação, 2014.

ROSSETO JUNIOR, A.J. et alii. Jogos Educativos: estrutura e organização da prática. 2. Ed. São Paulo:
Phorte, 2006.

BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em


<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituição.htm>.

45
ANEXO: MODELO DE PLANEJAMENTO DIDÁTICO

INTENÇÃO INTERVENÇÃO INDICAÇÃO


EXPECTATIVAS DE ESTRATÉGIAS / INDICADORES INSTRUMENTOS
TEMA
APRENDIZAGEM ATIVIDADES DE AVALIAÇÃO DE AVALIAÇÃO

46
EXEMPLO 1: PLANEJAMENTO DIDÁTICO PROFESSOR PAULO “CYPA” - VIDIGAL TURMA DE FUTEBOL ATÉ 12 ANOS
INTENÇÃO INTERVENÇÃO INDICAÇÃO
EXPECTATIVAS DE ESTRATÉGIAS / INDICADORES INSTRUMENTOS
TEMA
APRENDIZAGEM ATIVIDADES DE AVALIAÇÃO DE AVALIAÇÃO
1. Compreender os Roda de conversa/Questionamentos: O que é importante para o 1. Número de situações 1. Depoimento
espaços a serem bom desenvolvimento do jogo? O que é e como criar “boas situa- citadas pelos alunos, dos alunos e ficha
ocupados no campo; ções de jogo”? O que depende o sucesso da equipe? Por que é que criaram, ou ocu- de observação do
importante oferecer-se e orientar-se no jogo de futebol? param, ou perceberam professor
durante os jogos?
2. Realizar desloca- • Divisão de 4 mini campos reduzidos com golzinhos, todos 2. Números de boas 2. Depoimento dos
mentos e posiciona- com tamanhos diferentes e com 2 equipes em cada; situações realizadas alunos e ficha de
mento adequados • Cada campo com variação de números de jogadores 2x2 / pelos alunos atráves observação do pro-
para o sucesso do 3x3 / 4x4 / 4x5, com superioridade numérica; de movimentações / fessor; foto / vídeo
Oferecer-se jogo; • Cada campo com variação de bolas, de domínio, de finali- posicionamentos (com
e orientar-se zação (gestos), tamanho do golzinho e valor do gol diferente ou sem bola) no jogo
no jogo de (situações problemas);
futebol • Espaço para os alunos mudarem as regras e criarem esque-
mas táticos (ataque/defesa);
• Cada tempo determinado os alunos trocam de espaço, todos
jogam contra todos;
3. Ter atenção e auto- Roda de conversa: Qual a importância do jogo reduzido para 3. Números de boas 3. Depoimento
nomia nas ocupações jogo de futebol? O que mais difícil no campo reduzido? O que situações realizadas dos alunos e ficha
dos espaços para o mais foi trabalhado? O que mais aprenderam? Qual a impor- pelos alunos atráves de de observação do
bom desenvolvimento tância do oferecer-se e o orientar-se para o desenvolvimento e movimentações professor; vídeo
do jogo; sucesso do jogo? Foi divertido? O que mais gostaram?

47
EXEMPLO 2: PLANEJAMENTO DIDÁTICO PROF. EDSON (MESTRE PARANÁ) - VL. DO MATO ALTO TURMA DE CAPOEIRA ATÉ 12 ANOS
INTENÇÃO INTERVENÇÃO INDICAÇÃO
EXPECTATIVAS DE ESTRATÉGIAS / INDICADORES INSTRUMENTOS
TEMA
APRENDIZAGEM ATIVIDADES DE AVALIAÇÃO DE AVALIAÇÃO
1. Conhecer os • Roda de conversa para diagnosticar o que os alunos sabem e fazem 1. Número de instrumentos conhecidos 1. Ficha de
instrumentos que em relação às normas de aula (pontualidade, atenção na explicação do (manuseados / tocados) pelos alunos; observação do
fazem parte da professor, oganização dos calçados, levantar a mão na hora de falar, professor / fotos
musicalidade da esperar a sua vez na roda e para realização de golpes com professor); / filmagem;
Capoeira; • Roda de capoeira para ver o que os alunos conhecem sobre as chulas
(músicas) e sobre os movimentos da Capoeira;
• Aula instrumental, onde os alunos irão experimentar e aprender a tocar os
instrumentos (atabaque, berimas, ginga, médio, viola, pandeiro e agogô);
2. Vivenciar os • Realização de movimentos em conjunto, em dupla, individual e com o 2A. Números de alunos que executam 2. Ficha de
movimentos de professor para aprender os movimentos de ginga, ataque (martelo, meia- os movimentos ginga, de ataque observação e
ginga, de ataque lua, ponteira e armada) e defesa (“cocorinha”, defesa de rosto, esquiva); (martelo, meia-lua, ponteira e fotos
(martelo, meia- • Realização da roda de capoeira para fazer os movimentos de capoeira; armada) e defesa (“cocorinha”,
Conhecendo
lua, ponteira e • Roda de capoeira para aprender as chulas e trabalhar os movimentos da defesa de rosto, esquiva) com
a Capoeira
armada) e defesa capoeira; determinação;
(“cocorinha”, • Exercícios de força, alongamento e flexibilidade para desenvolver os 2B. Número de movimentos de defesa
defesa de rosto, fundamentos da Capoeira; e ataque que os alunos fazem na roda;
esquiva);
3. Respeitar as Roda de conversa (inicial e final) para apresentação das normas da aula, 3. Número de alunos que aprenderam 3. Ficha de
regras da aula de sobre o comportamento em casa e na escola; a respeitar as regras das aulas observação,
capoeira (pontualidade, atenção na explicação fotos e registro
do professor, organização dos de depoimentos
calçados, levantar a mão na hora de dos alunos
falar, não xingar o colega, esperar a
sua vez na roda e na realização de
golpes com professor)

48
PROJETO VILAS OLÍMPICAS
GUIA 4: “CONSTRUINDO EXPERIÊNCIAS POSITIVAS EM INICIAÇÃO
ESPORTIVA PARA CRIANÇAS”
01
INTRODUÇÃO
02 JORNADA DO
03
MODELO
PROJETO VILAS PEDAGÓGICO
OLÍMPICAS E SEUS
FUNDAMENTOS

2
04
EXEMPLO
05 CONSTRUINDO
06
ANOTAÇÕES
DE MODELO SEU MODELO
PEDAGÓGICO: PEDAGÓGICO
O MODELO DE
INICIAÇÃO
ESPORTIVA IEE

3
02 JORNADA DO
PROJETO VILAS
OLÍMPICAS

6
O projeto Vilas Olímpicas foi elaborado com a premissa e o nhado para o Movimento” (http://pt.designedtomove.org/) e os
objetivo de inspirar as crianças do Rio de Janeiro a serem 7 filtros – indicadores de boas práticas que orientam os profes-
mais ativas e apaixonadas por esporte, não somente hoje, sores interessados em oportunizar experiências positivas com
mas para o resto de suas vidas. O projeto atua com diversos o esporte para as crianças.
pilares. Um deles, é a qualificação das ações nas Vilas Olím-
picas, através do acompanhamento da prática pedagógica, No segundo treinamento, realizado no segundo semestre de
e é um dos pilares mais relevantes. Ela consiste de acom- 2016, o foco foi a utilização de Eventos como estratégia para
panhamento sistemático nas Vilas Olímpicas pela equipe de estimular experiências positivas com o esporte. Os eventos
campo do Instituto Esporte & Educação e de Treinamentos como ações que integram e mobilizam as comunidades, de-
de Professores realizados duas vezes ao ano com o intuito de vem fazer parte dos processos de planejamento dos profes-
qualificar os mais de 600 educadores que atuam nas 22 Vilas sores, principalmente como uma ferramenta de elevação de
Olímpicas da cidade do Rio de Janeiro. projetos pedagógicos. Bons eventos têm o potencial de auxi-
liar a comunicar, mobilizar e fidelizar os alunos e também a
Ao longo destes mais de dois anos de projeto já foram reali- comunidade do entorno das Vilas.
zados três treinamentos com temas relevantes sobre experi-
ências positivas com o esporte para crianças, que levam em Já o terceiro treinamento, realizado em novembro de 2017,
consideração a demanda destes profissionais, adequando os teve como foco a temática: Elaborar experiências positivas
conteúdos à realidade dos diferentes territórios. com o esporte para crianças. O objetivo foi estimular os
professores das Vilas Olímpicas ao processo reflexivo sobre
O primeiro treinamento, realizado em 2016, teve como principal a ação de sistematizar suas Intenções, Intervenções e Indi-
temática o estudo da plataforma “Design to Move” ou “Dese- cações, aspectos que compõem o planejamento pedagógico.

7
As temáticas abordadas nos três treinamentos já realizados se integram e fortalecem uma lógica pedagógica que favorece a
experiência positiva das crianças e jovens com o esporte. Os 7 filtros (estratégias e indicadores de apoio para realização de
atividades esportivas), os Eventos e as ações de Planejamento se configuram como aspectos importantes na estruturação de
referências e parâmetros que contribuem para que os professores possam organizar e sistematizar a sua prática pedagógica
dentro das Vilas.

8
No treinamento deste ano, a ideia é ampliar este proces-
so de sistematização e reflexão sobre a iniciação esportiva
para crianças e jovens. Vamos estudar e conversar sobre os
“Modelos Pedagógicos” que orientam a prática pedagógica
dos professores. O conceito de “Modelo Pedagógico” está
associado à visão de que uma boa prática pedagógica deve
contemplar valores, objetivos, conteúdos, intervenções, mo-
nitoramento e indicadores de qualidade sobre o ensino e a
aprendizagem do esporte.

Todos nós, professores, temos um modelo pedagógico de ini-


ciação esportiva. A oportunidade de conversar sobre o tema,
trazê-lo para a consciência, contribui para fortalecer o ensino
e, assim, promover experiência positivas com o esporte. Objeti-
vamos, com a escolha do tema, compartilhar as experiências já
desenvolvidas em cada uma das Vilas Olímpicas. Vamos iden-
tificar juntos as conquistas e os desafios que temos pela frente
para elevar os “Modelos Pedagógicos” que são aplicados pelos
diferentes educadores, nas diferentes modalidades.

9
03
MODELO
PEDAGÓGICO
E SEUS
FUNDAMENTOS

10
Quando falamos em Modelos Pedagógicos estamos abor- MODELOS PEDAGÓGICOS E SUAS CARACTERÍSTICAS
dando um referencial teórico metodológico que se traduz em
fundamentos capazes de orientar as ações educacionais com • O modelo deve definir os fundamentos pedagógicos (va-
foco na iniciação esportiva. Funciona como uma referência lores, pressupostos e princípios) que nortearão os métodos
que pode inspirar professores a sistematizar e aprimorar a (prática) educacionais a serem aplicados;
sua prática pedagógica.
• Modelos Pedagógicos são criados e desenvolvidos no campo
Modelos Pedagógicos de iniciação esportiva se orientam para de prática dos professores. Aprendemos a construir um “mo-
aquilo que desejamos que os alunos aprendam. Eles definem delo” na própria ação de ensinar o esporte; é na quadra, nos
os elementos que fazem parte de um plano de ação que con- campos, na piscina, nos pátios, nas salas e nas pistas que
templa aspectos como pressupostos, valores, princípios, me- definimos nosso jeito de ensinar.
todologias e os resultados de aprendizagem.
• Modelos Pedagógicos se caracterizam por cumprir com um
ciclo de desenvolvimento, testagem, refinamento e dissemi-
nação. É importante que os professores sejam autores e pro-
tagonistas do seu modelo pedagógico.

11
CICLO DE IMPLANTAÇÃO DO MODELO PEDAGÓGICO

DISSEMINAR
DESENVOLVER
(ESCALA)

MODELO
PEDAGÓGICO

REFINAR TESTAR

12
COMO SE ESTRUTURA UM MODELO PEDAGÓGICO?

O conceito de Modelo Pedagógico busca harmonizar melhor a relação entre professores, alunos e os conteúdos a serem ensina-
dos nos diferentes contextos de iniciação esportiva. O que caracteriza a arquitetura de um Modelo Pedagógico?

Para identificar um modelo, precisamos encontrar na sua arquitetura aspectos como tema central, elementos críticos e resul-
tados de aprendizagem.

ASPECTOS QUE COMPÕEM A ARQUITETURA DE UM MODELO PEDAGÓGICO DE ESPORTE

PRESSUPOSTOS
EXPECTATIVAS
VALORES
FINALIDADE
RESPONSABILIDADES
ELEMENTOS COMPORTAMENTO
(FOCO)
CRÍTICOS CONTEÚDO APRENDIDO
PRINCÍPIOS
TEMA METODOLOGIA RESULTADOS DE
CENTRAL CARIMBO/MARCA APRENDIZAGEM
REGISTRADA

13
O tema central refere-se à ideia em que o modelo foi conce-
bido, e sua seleção sugere os pressupostos, os valores e as
responsabilidades que irão orientar a prática.

Os elementos críticos declaram o DNA do programa, as suas


especificidades e aquilo que o distingue das outras propos-
tas. Eles são o carimbo, a marca registrada do modelo, e
auxiliam os gestores e professores na escolha do caminho a
ser percorrido. Sem esses elementos, o êxito do programa fica
mais vulnerável e sensível às interferências dos contextos e
ambientes onde são desenvolvidos.

Os resultados de aprendizagem revelam quais são as inten-


ções do modelo, suas expectativas e finalidades, e descrevem
o que um aluno deve conhecer, compreender ou ser capaz de
aprender durante a sua passagem pelo programa. A clareza
de onde se quer chegar é fundamental para qualificar a prá-
tica e definir os indicadores e instrumentos que permitirão
avaliar o impacto do modelo.

15
COMO SE AVALIA UM MODELO PEDAGÓGICO DE INICIAÇÃO ESPORTIVA?

Modelos Pedagógicos de iniciação esportiva devem ter como monitorar a coerência existente entre os elementos que com-
principal compromisso a aprendizagem das crianças. A pre- põem a arquitetura do Modelo Pedagógico. É a conexão entre
missa é: “Só existe ensino, se houver aprendizagem”. tema central, elementos críticos e os resultados de apren-
dizagem que garante a qualidade dos modelos focados na
A avaliação é um processo importante para que possamos iniciação esportiva das crianças e jovens.

PLANEJAR MODELOS PEDAGÓGICOS REGISTRAR

TEMA ELEMENTOS RESULTADOS DE


CENTRAL CRÍTICOS APRENDIZAGEM

OBSERVAÇÕES / MONITORAMENTO

AVALIAÇÃO
indicadores / instrumentos

QUALIFICAR

16
Planejar e registrar são ações relevantes que ajudam no pro-
cesso de qualificação do modelo e consequentemente da prá-
tica pedagógica. As observações dos professores no dia a dia
das aulas são importantes recursos de monitoramento que
podem dar origem a indicadores e instrumentos de avaliação.

Possíveis indicadores e instrumentos de avaliação de um Mo-


delo Pedagógico:

INDICADORES INSTRUMENTOS
• Qualidade da aprendizagem • Documentos orientadores
dos alunos dos programas
• Número de alunos que • Mini Sequencias Didáticas
aprendem • Planos de aula
• Diversidade do público • Listas das turmas
atendido • Relatórios de eventos
• Diversidade de modalidades • Registros dos professores
oferecidas • Quadro de modalidades e
• Efetivação dos valores faixas-etárias
e princípios na prática
pedagógica

17
04
EXEMPLO
DE MODELO
PEDAGÓGICO:
O MODELO DE
INICIAÇÃO
ESPORTIVA IEE

18
O Instituto Esporte & Educação (IEE) foi criado em 2001 pela
atleta e medalhista olímpica Ana Moser, com a missão de
ampliar o acesso das crianças e jovens à educação física e
esporte, contribuindo para a educação integral e o desenvol-
vimento humano.

No MODELO PEDAGÓGICO de Iniciação Esportiva concebido


pelo IEE, o esporte é o conteúdo base dos processos de en-
sino e aprendizagem, ou seja, o fator estruturante de uma
pedagogia comprometida com a integração entre o jogar para
aprender e o aprender para jogar.

JOGAR PARA APRENDER


OLHAR PARA O FUTURO
(Esporte como meio para a
Educação Integral)

APRENDER PARA JOGAR


OLHAR PARA O PRESENTE
(Esporte como fim nele mesmo -
O prazer de "jogar por jogar")

19
O modelo de iniciação esportiva (IEE) que imaginamos estar presente nas escolas, centros esportivos, vilas olímpicas e clubes,
entre outros ambientes possíveis, busca conectar o presente com o futuro e tem a sua arquitetura assim definida:

ARQUITETURA DO MODELO PEDAGÓGICO IEE

ESPORTE COMO DIREITO

ESPORTE EDUCACIONAL E
PRINCÍPIOS EDUCAÇÃO INTEGRAL

OBJETIVOS DE ENSINO ELEMENTOS ALFABETIZAÇÃO ESPORTIVA


CRÍTICOS E INSERÇÃO SOCIAL
TEMA
CENTRAL JOGO FUTURO PRATICANTE
DE ESPORTE
ORIENTAÇÃES DIDÁTICAS
E CRITÉRIOS DE ESCOLHA/ RESULTADOS DE
INTERVENÇÃO APRENDIZAGEM

ESTRUTURA DE AULA

20
AS PARTICULARIDADES DO MODELO PEDAGÓGICO IEE

TEMA CENTRAL:
ESPORTE COMO UM DIREITO
EDUCACIONAL PARTICIPAÇÃO

A INICIAÇÃO ESPORTIVA COMO UM DIREITO DAS CRIANÇAS E


ESPORTE
JOVENS AO ESPORTE EDUCACIONAL
O Modelo Pedagógico idealizado pelo IEE reconhece a dimen-
são do ESPORTE EDUCACIONAL como prioridade nas suas RENDIMENTO
ações de ensino e intervenção pedagógica. A ideia é que o
esporte, como um rico e relevante patrimônio cultural dos
brasileiros, seja difundido, disseminado e oportunizado a to- As dimensões do esporte educacional, esporte de partici-
das as pessoas. O esporte educacional é aquele que, do nosso pação e esporte de rendimento não são excludentes, muito
ponto de vista, pode tornar o esporte um efetivo direito de pelo contrário. Isso porque aqueles que praticam o esporte de
todos. Nas práticas de ensino não atuamos apenas para que participação provavelmente são oriundos do esporte educa-
as pessoas aprendam adequadamente os gestos esportivos, cional, podendo, inclusive, praticar o esporte de rendimento.
mas também para levar a cada praticante os conhecimentos Aliás, aqueles que chegam ao esporte de rendimento devem
necessários para que possam exercer seus direitos de cida- ser preparados de acordo com os princípios do esporte educa-
dão dentro e fora do “campo” esportivo. cional, pois, antes de serem atletas, precisam ser cidadãos.

21
CONSTITUIÇÃO
BRASILEIRA (BRASIL,
1988), ART. 217:

É DEVER DO ESTADO FOMENTAR


PRÁTICAS DESPORTIVAS
FORMAIS E NÃO FORMAIS,
COMO DIREITO DE CADA UM.

22
LEI PELÉ – 9615/1988 - ART. 2O:

O DESPORTO, COMO DIREITO INDIVIDUAL, TEM COMO BASE OS PRINCÍPIOS:

III - DA DEMOCRATIZAÇÃO, GARANTIDO EM CONDIÇÕES DE ACESSO ÀS


ATIVIDADES DESPORTIVAS SEM QUAISQUER DISTINÇÕES OU FORMAS DE
DISCRIMINAÇÃO;

V - DO DIREITO SOCIAL, CARACTERIZADO PELO DEVER DO ESTADO EM


FOMENTAR AS PRÁTICAS DESPORTIVAS FORMAIS E NÃO FORMAIS;

VIII - DA EDUCAÇÃO, VOLTADO PARA O DESENVOLVIMENTO INTEGRAL DO


HOMEM COMO SER AUTÔNOMO E PARTICIPANTE, E FOMENTADO POR MEIO DA
PRIORIDADE DOS RECURSOS PÚBLICOS AO DESPORTO EDUCACIONAL;

X - DA DESCENTRALIZAÇÃO, CONSUBSTANCIADO NA ORGANIZAÇÃO E


FUNCIONAMENTO HARMÔNICOS DE SISTEMAS DESPORTIVOS DIFERENCIADOS
E AUTÔNOMOS PARA OS NÍVEIS FEDERAL, ESTADUAL, DISTRITAL E MUNICIPAL.

23
TEMA CENTRAL:
O ESPORTE EDUCACIONAL E SEUS PRINCÍPIOS

O Esporte Educacional, atendendo ao propósito de promover


uma iniciação esportiva para todos, deve considerar em suas
intervenções alguns princípios norteadores. Eles contribuem
para uma experiência positiva com o esporte e refletem valo-
res universais como inclusão, respeito, colaboração, autono-
mia e protagonismo.

INCLUSÃO
DE TODOS

CONSTRUÇÃO
AUTONOMIA
PRINCÍPIOS COLETIVA
ESPORTE
EDUCACIONAL

EDUCAÇÃO RESPEITO À
INTEGRAL DIVERDIDADE

24
Criar condições e oportunidades para a participação de todas as crianças e jovens no aprendizado
INCLUSÃO
do Esporte, desenvolvendo habilidades e competências que lhes possibilitem compreender,
DE TODOS transformar, reconstruir e usufruir das diferentes práticas esportivas da cultura corporal.
Entender e transformar o ensino do Esporte em uma educação emancipatória que se
estrutura no conhecimento, no esclarecimento e na autorreflexão crítica, promovendo
BUSCA DA
a autonomia, ou seja, a capacidade dos alunos analisarem, avaliarem, decidirem,
AUTONOMIA promoverem e organizarem a sua participação e de outros nas diversas práticas esportivas
que acontecem dentro e fora da escola.
Buscar a participação ativa de todos os envolvidos na estruturação do processo de ensino
CONSTRUÇÃO e aprendizagem do Esporte, tornando alunos, professores e comunidade corresponsáveis e
COLETIVA cogestores do planejamento, da execução, da avaliação e da continuidade dos programas e
projetos relacionados à cultura de movimento.
Perceber, reconhecer e valorizar as diferenças entre as pessoas no que se refere à raça, à cor,
à religião, ao gênero, ao biotipo, aos níveis de habilidades, às crianças com necessidades
RESPEITO À
educacionais especiais, etc., entendendo a diversidade como uma oportunidade de aprender
DIVERSIDADE com as diferenças, diversificando as metodologias de ensino, favorecendo a convivência e a
aprendizagem compartilhada.
Compreender o Esporte como uma manifestação da cultura corporal que oportuniza a
EDUCAÇÃO aprendizagem nos campos cognitivo, psicomotor e socioafetivo, desenvolvendo ações
INTEGRAL pedagógicas que abordem conteúdos integradores das dimensões do fazer, do saber, do ser
e do conviver.

25
TEMA CENTRAL:
A INICIAÇÃO ESPORTIVA E OS OBJETIVOS DE ENSINO

O Modelo Pedagógico IEE assume a responsabilidade por ENSINAR ESPORTE


compatibilizar, na prática, o ensino do esporte com qualidade PARA TODOS
para todos, e por disseminar, através do esporte, os valores
que realizem a ideia de termos pessoas educadas para a ci-
dadania. Os objetivos de aprendizagem nos fazem caminhar
das belas intenções para a prática mais coerente e consis-
tente. O foco está no ensinar o esporte a todos, ensinar bem
ESPORTE
o esporte a todos, ensinar mais do que o esporte e ensinar a EDUCACIONAL
gostar de esporte.

ENSINAR MAIS ENSINAR BEM


ENSINAR O ESPORTE A TODOS DO QUE ESPORTE ESPORTE
O nosso projeto político-pedagógico não admite exclusão, PARA TODOS PARA TODOS
portanto, em nossas práticas esportivas, não há seleção. Não
nos furtamos à responsabilidade de que o esporte, como nos-
so objeto de ensino, deve ser ensinado com competência e ENSINAR A GOSTAR
DE ESPORTE
qualidade. Porém, quando partimos do pressuposto de que

26
o esporte é conteúdo a ser aprendido, devemos assumir o
compromisso de ensiná-lo a todos. O desafio está em romper
com modelos de ensino que, muitas vezes, acabam por dar
atenção somente àqueles que, por algum motivo, genético ou
ambiental, apresentam maiores habilidades. Entendemos a
importância de ampliar a educação cultural de um povo, po-
rém, o que está ao nosso alcance tem limites. Não podemos
dar conta de todo o leque de necessidades educacionais das
crianças e dos jovens. Lidamos com o esporte. Ele é nosso
instrumento, o tema gerador da pedagogia que pretende ser
forte. Mesmo considerando os limites de nossa atuação, na-
quilo que nos toca, o esporte será ensinado a todos, indepen-
dentemente de credos religiosos, de cor da pele, de gênero,
de opção sexual, de idade, de constituição física, ou qualquer
outra característica. O compromisso é com a inclusão e a par-
ticipação, e a nossa premissa está em acreditar que qualquer
pessoa possa aprender a praticar esportes dentro das suas
potencialidades e limitações.

27
ENSINAR BEM O ESPORTE A TODOS
No IEE o esporte é tratado como um direito de todos, mas
não basta que o cidadão tenha esse direito reconhecido ape-
nas como plateia. Ele deve ter o direito de aprender o esporte
para poder praticá-lo. O reconhecimento desse direito, porém,
para nós vai mais longe, além de aprendê-lo e praticá-lo, o
cidadão tem o direito de aprendê-lo bem, para praticá-lo com
qualidade. Não importa se em menor ou maior tempo, é pre-
ciso ter paciência e conhecer cada aluno, acreditando que
todos, dentro de suas limitações e das suas potencialidades
motoras, cognitivas e socioafetivas, podem fazer esporte com
qualidade e bom desempenho.

ENSINAR MAIS DO QUE O ESPORTE


De modo geral, onde quer que se ensine esporte, dá-se por
cumprida a missão quando as crianças mostram boas habili-
dades na prática esportiva. Entretanto, trata-se, ainda, apenas
de um bem fazer, um fazer com êxito, um exercício de habilida-
des que não ultrapassa os limites da própria prática. Cada aula
ministrada no IEE dever ir além, deve deixar uma herança para
a vida dos alunos. O papel do esporte educacional ultrapassa o

28
ensino dos seus fundamentos e técnicas e inclui os seus valo- imprevisibilidade, de mistério, que exercem forte atração nos
res subjacentes, ou seja, conteúdos relacionados às dimensões praticantes. Portanto, a pedagogia do esporte educacional
atitudinal e conceitual. A questão que se coloca é a seguinte: não pode tirar esse encanto, não pode transformar a educa-
Que conhecimentos os alunos deverão adquirir a respeito do ção esportiva numa rotina maçante. No IEE, os alunos apren-
esporte, a fim de se tornarem cada vez mais competentes para dem a praticar esporte gostando dele, mantendo, assim, o
enfrentar as exigências da vida social, exercitar a cidadania e seu encanto e a sua sedução. Vislumbramos o futuro com a
melhorar sua condição humana? Cada aula deve deixar uma visão de que a nossa missão não é tão difícil assim, afinal de
herança para a vida dos alunos. Quando um jovem aprende, por contas, uma vez que as crianças gostam tanto de brincar e
exemplo, o jogo da queimada, por melhor que o aprenda, caso praticar esportes, a nossa tarefa é que elas, quando maiores,
seu conhecimento seja exclusivamente técnico, nada restará continuem a gostar do esporte.
após o jogo. O conhecimento apenas técnico, prático, tornará o
aluno prisioneiro dessa técnica, sem condições de ir além dela.
Porém, se, ao aprender o jogo da queimada, ele puder com-
preender o que ocorre no jogo, talvez, como já mencionamos,
saia do jogo com uma herança de conhecimentos aplicáveis a
outras circunstâncias de vida.

ENSINAR A GOSTAR DO ESPORTE


O esporte possui componentes que por si só encantam. O
esporte é um jogo, um tipo de brincadeira de gente grande,
um faz de conta, uma simulação, que contém elementos de

29
ELEMENTOS CRÍTICOS:
O JOGO COMO MARCA REGISTRADA
DO MODELO
Quando pensamos na INICIAÇÃO ESPORTIVA para todos, o
ensino propõe a escolha de conteúdos que devem abranger,
sempre que possível, todas as manifestações esportivas/cor-
porais, incluindo jogos, esportes, atividades rítmicas/expres-
sivas e dança, lutas/artes marciais, ginásticas, com todas as
suas possíveis variações e combinações.

Nesse sentido, atendendo ao desenvolvimento integral e po-


tencializando o desenvolvimento dos indivíduos em suas di-
mensões física, motora, cognitiva, social e afetiva, definimos o
JOGO como um ELEMENTO CRÍTICO, uma referência na organi-
ENTENDEMOS O ESPORTE zação dos conteúdos a serem ensinados pelos professores nos
COMO UMA MANIFESTAÇÃO DO núcleos de atendimento direto de crianças e jovens. O jogo se
JOGO, ASSIM COMO TAMBÉM configura como o recurso pedagógico mais interessante para
SÃO A BRINCADEIRA, A LUTA, A iniciar esportivamente os alunos, oferecendo a oportunidade
DANÇA E A GINÁSTICA. para que tenham acesso às diferentes práticas que constituem
o que estamos chamando Cultura Corporal Esportiva.

30
Os jogos exercem um grande fascínio na nossa cultura. As suas diferentes formas de expressão envolvem emoções, conflitos,
resolução de desafios, construção de estratégias, tomada de decisões, convivência, cooperação, competição, enfim, diversas
situações e experiências que representam a complexidade do que é o ser “homem” no mundo. Entre as mais diversas expres-
sões do jogar, aqui nos interessa aquela que se relaciona ao enfoque educacional. Valorizamos a ideia do jogo como um recurso
pedagógico que mobiliza todas as dimensões da aprendizagem e do desenvolvimento humano. A imprevisibilidade, a unifica-
ção das regras, a inteligencia criativa, a imaginação e o símbolo, a curiosidade, o raciocínio lógico, todas características do
jogo, são também aspectos presentes nos esportes, nas danças, nas lutas e nas ginásticas.

NO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO ESPORTIVA QUE DESENVOLVEMOS PARA


AS CRIANÇAS, O JOGO É ESTRATÉGIA E TAMBÉM CONTEÚDO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM, PORQUE JOGAR COLOCA EM AÇÃO A POSSIBILIDADE DE, NO
TEMPO E NO ESPAÇO DAS AULAS, TRATAR A CRIANÇA COMO CRIANÇA.

“O ESPORTE É O JOGO DE GENTE GRANDE; AO CONTRÁRIO, A BRINCADEIRA É


O JOGO DE GENTE PEQUENA. OS PEQUENOS, AS CRIANÇAS, PODEM BRINCAR,
MAS NÃO CONSEGUEM FAZER ESPORTE; OS MAIORES, POR OUTRO LADO,
PODEM FAZER ESPORTE CONSERVANDO AS POSSIBILIDADES DO BRINCAR”.

JOÃO BATISTA FREIRE


(ARTIGO “O ESPORTE EDUCACIONAL” - 1998)

31
JOGO

ESPORTE BRINCADEIRA LUTAS GINÁSTICA DANÇA

O jogo é a “mãe” de todas as formas de expressão da Cultura


Corporal Esportiva. O esporte, a brincadeira, a dança, a luta
e a ginástica, considerados muitas vezes como os conteúdos
básicos da iniciação esportiva, são manifestações, em diferen-
tes contextos, do jogo, o fenômeno maior da Cultura Esportiva.
Uma experiência positiva com o esporte pressupões que todas
essas formas de expressão devem ser ensinadas através de
metodologias que valorizem a ludicidade, a criação, a imagi-
nação e a motivação, todos elementos presentes no JOGO.

33
ELEMENTOS CRÍTICOS:
OS CRITÉRIOS DE SELEÇÃO
E INTERVENÇÃO PARA O ENSINO
Os procedimentos pedagógicos de ensino dos jogos devem
estar acompanhados de uma avaliação sistemática para a
verificação dos resultados e uma preocupação com a qualida-
de da intervenção dos professores em aspectos como nível de
engajamento e participação, tempo de prática, motivação das
crianças, conteúdos aprendidos etc. No Modelo Pedagógico IEE
selecionamos alguns critérios de escolha e intervenção que
contribuem para o êxito do ensino dos jogos para as crianças.
De acordo com o nosso modelo, o bom jogo é aquele que:

A) oferece a possibilidade de todos participarem ativamente.


Durante o jogo, os jogadores devem estar sempre em movi-
mento. A palavra de ordem para um bom jogo é inclusão e o
cuidado está em evitar jogos nos quais as crianças tenham
que esperar muito tempo em filas por sua vez de jogar. Todos
os esforços do professor devem convergir para que a criança e
o adolescente participem efetivamente das atividades;

34
B) oferece a possibilidade de sucesso aos participantes. O Quando é necessária a intervenção constante do professor,
jogo não pode ser nem muito fácil nem muito difícil, mas, mesmo após algum tempo de prática, alguma coisa não vai
sim, desafiador. Uma intervenção qualificada do professor muito bem. A cada aula os alunos devem mostrar mais inde-
para o ensino de jogos parte do princípio de que uma ajuda pendência e autonomia no gerenciamento dos jogos.
adequada significa pensar sempre nas competências que os
alunos já possuem e naquelas que estão prestes a alcançar D) oferece a possibilidade de adaptação e de novas aprendi-
com a ajuda de terceiros. O bom jogo motiva os participantes zagens. Cabe ao professor criar condições para que os parti-
a investir energia na busca dos pontos, dos gols e da vitória. cipantes tenham tempo e espaço para experimentar e repetir
Jogos muito fáceis ou muito difíceis desmotivam os jogado- as habilidades motoras envolvidas no jogo, pois, como o dito
res. O bom jogo deixa sempre o gostinho de “quero mais”; popular, “é errando que se aprende”. Com o passar do tem-
po, as crianças devem sentir-se seguras para experimentar e
C) oferece a possibilidade de autogerenciamento do jogo pe- correr o risco de errar. A boa jogada, aquela em que o jogador
los participantes. Privilegiando-se as relações de troca entre demonstra ter aprendido a jogar e com competência faz o gol
as crianças e a construção coletiva, o jogo pode constituir-se ou marca o ponto, muitas vezes nasce dos erros e das tentati-
num espaço para o exercício da cooperação e autonomia. Com vas de acertar. Nesse constante ir e vir, entre acertos e erros,
o passar do tempo, o professor deve interferir o mínimo pos- o jogador atualiza seus esquemas de ação, faz as adaptações
sível no jogo dos alunos, que deverão aprender a gerenciar o necessárias e aprende a jogar.
espaço do jogo, desde a sua preparação até a ação de jogar.

35
E) oferece a possibilidade de manutenção da imprevisibili-
dade. Nos jogos em grupo, o professor deve estar atento à
formação das equipes para que haja equilíbrio. Só perder ou
só ganhar não tem graça, porque aquele que só ganha não se
sente desafiado e aquele que só perde tem a sua autoestima
comprometida. O bom jogo é aquele cujo rumo não pode ser
traçado com exatidão, menos ainda seus resultados.

POSSIBILITA
A TODOS
PARTICIPAÇÃO

POSSIBILITA
MANTÉM A O O SUCESSO
IMPREVISIBI- DE TODOS OS
LIDADE BOM PARTICIPANTES
JOGO

FAVORECE PERMITE O AUTO-


ADAPTAÇÕES GERENCIAMENTO
E NOVAS DOS JOGADORES
APRENDIZAGENS

36
ELEMENTOS CRÍTICOS: Ensinar é agir na urgência e decidir na incerteza. Isso quer
dizer a negação do planejamento antecipado e da sistema-
AS ORIENTAÇÕES DIDÁTICAS
PARA O ENSINO DE JOGOS tização de um método de ensino para a iniciação esportiva?
Não, muito pelo contrário. É nas funções mais valorizadas,
Como um guia de intervenção qualificada, os critérios acima entre elas a de professor, que geralmente se requer uma
compõem uma base de conteúdos que costumamos associar dupla qualificação: competências para antecipar e compe-
às orientações didáticas sugeridas para os professores que tência para improvisar cada vez que a antecipação não for
atuam nos programas de iniciação esportiva. Um dos maiores suficiente. Um professor só pode fazer tudo o que deve fazer
desafios nas propostas de iniciação esportiva é encontrar o se tomar decisões rápidas, às vezes, sem poder refletir o tem-
caminho para articular as intenções, no caso os princípios, po suficiente para ter a certeza de haver adotado a melhor
objetivos e conteúdos, com as ações, com um jeito de fazer opção. Portanto, é necessária uma competência profissional
que seja eficiente para que possamos alcançar bons resul- que exige perceber a urgência e os riscos para dosar a parcela
tados, nesse caso específico, a aprendizagem das crianças. de imediatismo e a parcela de reflexão.
São nossos procedimentos e nosso método que podem via-
bilizar a ligação entre a pretensão e o pretendido. Quando Investimos tempo e trabalho naquilo que chamamos de pre-
um professor ministra a sua aula, ele o faz seguindo algum venção didática, ou seja, a sugestão de caminhos que possam
plano ou método, seja de forma consciente ou não. É fato que nos ajudar a realmente tomar decisões assertivas e concretas
esse modo de fazer, esse caminho escolhido, não inclui ape- na busca de um ensino com qualidade. A isso chamamos de
nas as teorias, a visão de mundo e de educação do professor, método, um jeito de fazer apoiado nas teorias da pedagogia
o planejamento, mas também o ambiente, a qualidade dos do esporte e do jogo, que envolve provocar conflitos, produ-
recursos, a motivação, a sua personalidade etc. zir dúvidas e reflexões, chamar a atenção para a tomada de

37
consciência, fortalecer o pensamento e estabelecer relações
daquilo que se aprende no jogo/esporte com outras situações
de vida. Assim, definimos alguns procedimentos, ou melhor,
algumas orientações didáticas que, complementando os cri-
térios de intervenção apresentados acima, devem ser respei-
tadas pelos professores para qualificar os modelos de inicia-
ção esportiva. São elas:

A) Provocar o conflito e a contradição – O ensino de jogos não


deve apontar para aquilo que o aluno já conhece ou faz, nem
para os comportamentos que já domina, mas, sim, para o que
não conhece, não realiza ou não domina suficientemente. As
crianças devem ser constantemente incentivadas a buscar
novos conhecimentos através de intervenções pedagógicas
pautadas por diversificações.

B) Gerar interações – Olhar para as Oficinas do Esporte como


um espaço aberto de aprendizagem é romper com modelos fe-
chados de ensino. Sujeito e objeto de conhecimento são siste-

38
mas abertos, sempre interagindo entre si, constituindo-se mu-
tuamente, transformando-se e sempre em via de constituição.

C) Ensinar com significado – Uma intervenção qualifica-


da deve respeitar e valorizar os conhecimentos prévios das
crianças. Conhecê-las, conhecer seus interesses e necessi-
dades e diagnosticar o que já sabem sobre o jogo são pontos
de partida para planejar as estratégias e selecionar os jogos
mais adequados a cada grupo. A aprendizagem é mais signi-
ficativa quando a criança consegue estabelecer relações que
façam sentido entre o que já conhece e o novo conteúdo.

D) Construir coletivamente – Para educar atitudes e cons-


truir valores, é preciso criar um espaço de ajuda mútua, no
qual os conteúdos atitudinais sejam tratados como objetos
de conhecimento. Privilegiando-se as relações de troca entre
as crianças e a construção coletiva, o jogo pode constituir-se
num espaço para o exercício da cooperação, num valioso re-
curso pedagógico para que as crianças aprendam a cooperar.

39
ELEMENTOS CRÍTICOS:
O MODELO PEDAGÓGICO E A ESTRUTURA E ROTINA DAS AULAS DE INICIAÇÃO ESPORTIVA

1º MOMENTO: 2º MOMENTO:
RODA DE CONVERSA INICIAL OS JOGOS, AS PRÁTICAS E AS ATIVIDADES CORPORAIS

A sugestão é iniciarmos as aulas de iniciação esportiva com Neste momento da aula as crianças praticam, experimentam
uma roda de conversa. Esse é um espaço privilegiado para e jogam. É a parte central da aula, normalmente dominada
realizar combinados, explicar o que será realizado durante pelas práticas corporais.
a aula, ouvir opiniões, fortalecer as parcerias, estimular o
diálogo e sobretudo criar um ambiente positivo e seguro de DICA: Fique atento para que todas as crianças tenham as mes-
escuta e fala de professores e alunos. mas oportunidades de prática. Cuidado com as filas onde as
crianças ficam muito tempo esperando a sua vez para jogar. Di-
DICA: Valorize o diálogo, construa coletivamente, crie um versifique os espaços para que todos joguem ao mesmo tempo.
ambiente que favoreça o envolvimento de todos, valorize os
saberes dos alunos, promova bons desafios e conflitos, abra
espaço para a resolução de problemas por parte dos alunos,
favorecendo a autonomia. Esse é um bom espaço para exer-
citar as boas perguntas, mas tome cuidado com o tempo da
roda para que não fique cansativa.

40
3º MOMENTO:
RODA DE CONVERSA FINAL

Indicamos que a aula seja finalizada com uma roda de con-


versa. Esse é o momento de fazermos uma revisão de aprendi-
zagem com os alunos. Rever o que foi aprendido, os combina-
dos, os desafios individuais e coletivos, os avanços e também
projetar a próxima aula.

DICA: Fique atento para que todos tenham a oportunidade


de falar, reforce os desafios enfrentados e superados pelos
alunos, incentive-os a persistir. Evidencie que o erro é uma
oportunidade de aprender.

41
RESULTADOS DE APRENDIZAGEM:
ESPORTE PARA TODA A VIDA
INICIAÇÃO ESPORTIVA E EDUCAÇÃO INTEGRAL
Quando assumimos a responsabilidade de contribuir com o
desenvolvimento global das crianças que frequentam as au-
las de INICIAÇÃO ESPORTIVA, estamos referendando a educa-
ção integral como uma oportunidade para o desenvolvimento
pleno da pessoa que sugere a “INTEGRALIDADE”. Refletida na
ótica do sujeito que aprende, essa integralidade se processa
pelo equilíbrio entre os aspectos cognitivos, afetivos, psico-
motores e sociais, conectando a educação esportiva ao de-
senvolvimento das capacidades físicas, intelectuais, sociais
e afetivas de crianças e adolescentes.

A EDUCAÇÃO INTEGRAL CONSIDERA O SUJEITO EM SUA CONDIÇÃO MULTIDIMENSIONAL:


FÍSICA, COGNITIVA, INTELECTUAL, AFETIVA, SOCIAL E ÉTICA, INSERIDO NUM CONTEXTO
DE RELAÇÕES, ASSIM COMO O DESENVOLVIMENTO DE TODAS ESSAS DIMENSÕES HUMANAS
COMO CONDIÇÃO DE CIDADANIA, NUM PROJETO DEMOCRÁTICO DE SOCIEDADE.

(CENPEC, S/D.)

42
ESPORTE E EDUCAÇÃO INTEGRAL

ATITUDES

DIMENSÃO DIMENSÃO
AFETIVA SOCIAL/MORAL
SER CONVIVER
AFETIVIDADE SOCIALIZAÇÃO

SABER FAZER
DIMENSÃO CONHECER MOVIMENTO
DIMENSÃO
INTELECTUAL/ MOTORA
COGNITIVA

CONCEITOS PROCEDIMENTOS

43
OS RESULTADOS DE APRENDIZAGEM DE UMA EDUCAÇÃO ESPORTIVA QUE É INTEGRAL
As aulas de iniciação esportiva, pensadas sob a ótica da EDUCAÇÃO INTEGRAL, são espaços onde o movimento se constitui
como principal mobilizador de aprendizagens que se desenvolvem nas dimensões cognitiva, motora, afetiva, social e moral.
Agrupadas em 4 campos – do SER, do FAZER, do SABER e do CONVIVER –, essas aprendizagens permitem que alunos e alunas
vivam a experiência da integralidade.

44
CAMPOS E INDICADORES DE APRENDIZAGEM

DIMENSÕES A SEREM CAMPOS DE O QUE SE APRENDE?


DESENVOLVIDAS APRENDIZAGEM

Como lidar cada vez melhor com as próprias emoções, ado-


tando posturas de diálogo, respeito e tolerância para com
Afetiva/Atitudinal os outros nas soluções dos conflitos que ocorrem dentro e
ser fora da aula.

Enriquecimento do repertório motor, com liberdade de ex-


EDUCAÇÃO INTEGRAL

pressão na locomoção, manipulação e equilíbrio;


Motora Incorporação de uma cultura relacionada ao esporte, à dan-
fazer ça, às lutas, à ginástica e às manifestações populares.

Fortalecimento do pensamento e desenvolvimento das habi-


lidades do raciocínio lógico para resolver os problemas e os
desafios pertinentes ao espaço da prática corporal;
Cognitiva Reconhecimento e enfrentamento de dúvidas, críticas e re-
flexões como base para a compreensão e a tomada de cons-
ciência de que aquilo que acontece no espaço de prática
saber motora pode servir para outras situações da sua vida.

Reconhecimento e valorização da cooperação, de diálogos,


da construção coletiva de regras, das discussões e das to-
Social/Moral madas de decisão como valores e atitudes que contribuem
conviver para a boa convivência em grupo.

45
RESULTADOS DE APRENDIZAGEM: ESPORTE PARA TODA A VIDA
INICIAÇÃO ESPORTIVA É TAMBÉM UMA ALFABETIZAÇÃO ESPORTIVA
CAMINHO PARA A INSERÇÃO SOCIAL E A CIDADANIA
Quando as aulas de Esporte Educacional ocupam as quadras,
os campos, os pátios, os parques e as salas, dando vida ao
corpo em movimento, elas levam consigo a bandeira do di-
reito e da oportunidade que todas a crianças devem ter de se
educar corporalmente. Esse processo educativo que chama-
mos de Alfabetização Esportiva, oportuniza a transição do es-
tado de analfabetismo corporal para estágios cada vez mais
avançados de inteligência motora. Partimos do pressuposto
de que ninguém nasce mais ou menos alfabetizado corporal-
mente e que a motricidade é construída a partir das intera-
ções do sujeito com o meio ambiente. É a qualidade dessas
interações que vai determinar as habilidades e competências
e a inteligência motora que serão constituídas.

O conceito e a prática da Alfabetização Esportiva surgem


como possibilidade de compreensão e ampliação do que é ser
uma criança, jovem ou adulto inteligente corporalmente. No

46
processo de Alfabetização Esportiva os gestos são a maté- Os gestos, os movimentos, as habilidades motoras são as le-
ria-prima da inteligência motora, ou seja, os códigos de uma tras do alfabeto do corpo. Com elas, é possível escrever belos
linguagem corporal que, ao longo dos tempos, vai ganhando textos corporais e produzir cultura. Quem já brincou de amare-
cada vez mais sentido e significado na vida das crianças. As linha sabe muito bem do que estamos falando. Saltos, giros,
habilidades de manipulação, as de manutenção da postura arremessos, equilíbrios, coordenações, domínio do espaço e do
e as de locomoção formam o alfabeto corporal. Por exemplo, tempo são as palavras que se transformam em complexos tex-
quando observamos as crianças em movimento, elas se ex- tos corporais. É claro que esses códigos, esses textos são cria-
pressam corporalmente por meio de jogos, brincadeiras, es- dos em diferentes contextos, em diferentes culturas. A criança
portes, danças etc. Para nós, brincar de elástico, amarelinha, bem alfabetizada esportivamente é aquela que aprende e se
perna de pau, mãe da rua ou de bolinha de gude, entre outras apropria desse conhecimento; ela consegue escrever belos tex-
brincadeiras infantis, é dar sentido para os chamados códi- tos corporais que são legíveis e de possível compreensão pelos
gos da linguagem corporal. seus pares, nos diversos ambientes por onde circula.

47
DANÇAS ESPORTES

Habilidades de Habilidades de
Locomoção Estabilização
Alfabetização
LUTAS (Linguagem) GINÁSTICAS
Corporal

Habilidades de
Manipulação

BRINCADEIRAS

48
Nesse sentido, quem souber se comunicar corporalmente terá
mais possibilidade de inserção e participação social. Crianças
que se apropriam da linguagem implícita nas diferentes ma-
nifestações esportivas têm, na nossa visão, mais chance de
serem aceitas socialmente, participam ativamente da vida es-
colar e comunitária, têm a autoestima elevada e, principalmen-
te, têm o seu caminho facilitado para poder aprender de forma
crítica e criativa tudo aquilo que a escola e os adultos ensinam.
Isso tem relação direta com inclusão e cidadania. Para compre-
ender o que estamos dizendo, basta observar as crianças brin-
cando no pátio ou no parque. Quando o assunto é o corpo em
movimento e a prática de esportes, o mais importante para as
crianças é o aqui e o agora; elas sabem muito bem, ou melhor,
sentem que brincar bem é a melhor forma de se comunicar e
de se fazer entender. Os gestos, como recursos de comunicação
corporal, não são simples movimentos, mas a base estrutu-
ral de uma forma específica de linguagem que revela a nossa
identidade, a nossa cultura e nos faz mais humanos.

49
PELA MOTRICIDADE O HOMEM SE AFIRMA NO MUNDO, REALIZA-
SE, DÁ VAZÃO À VIDA. PELA MOTRICIDADE ELE DÁ REGISTRO
DE SUA EXISTÊNCIA E CUMPRE SUA CONDIÇÃO FUNDAMENTAL
DE EXISTÊNCIA. A MOTRICIDADE É O SINTOMA VIVO DO MAIS
COMPLEXO DE TODOS OS SISTEMAS: O CORPO HUMANO. É
PELA CORPOREIDADE QUE O HOMEM DIZ QUE É DE CARNE E
OSSO. ELA É A TESTEMUNHA CARNAL DA NOSSA EXISTÊNCIA.
A CORPOREIDADE INTEGRA TUDO O QUE O HOMEM É E PODE
MANIFESTAR NESTE MUNDO: ESPIRITO, ALMA, SANGUE, OSSOS,
NERVOS, CÉREBRO ETC. A CORPOREIDADE É MAIS DO QUE UM
HOMEM SÓ: É CADA UM E TODOS OS OUTROS. A MOTRICIDADE É
A MANIFESTAÇÃO VIVA DESSA CORPOREIDADE, É O DISCURSO DA
CULTURA HUMANA.

JOÃO BATISTA FREIRE


(“DE CORPO E ALMA: O DISCURSO DA MOTRICIDADE”, 1991)

50
O esporte educacional e os programas de iniciação esportiva
têm o mérito, nas comunidades, de mobilizar pessoas; gesto-
res, professores, pais para o reconhecimento de que lidamos
com gente que é vida, corpo em movimento no espaço e no
tempo. Gente que desde a infância é condenada pelas rela-
ções sociais, econômicas e políticas a formas precaríssimas
de vida. Assim, os programas de iniciação esportiva que ob-
jetivam a educação integral, devem ter como núcleo central
políticas afirmativas do direito da infância-adolescência à
vida, corpos, tempos-espaços de um digno e justo viver. Se é
pelo movimento que nos comunicamos corporalmente, deve-
ríamos aprender a ser corpo. Todas as vezes que temos esse
direito negado, a tendência é a exclusão, a marginalização e
a supressão da nossa identidade, daquilo que é o mais impor-
tante para cada um de nós, ou seja, a nossa individualidade.

Acreditamos no potencial educativo do esporte. Sonhar com


a cidadania é dar o direito a todo o ser humano de ser corpo,
ou seja, brincar e praticar esporte. Só pode ser cidadão quem
vive a experiência de ser corpo, de sentir-se pleno e inteiro nos
espaços de vida e convivência com os outros.

51
05 CONSTRUINDO
SEU MODELO
PEDAGÓGICO

52
Como mencionado nos outros capítulos deste guia, os modelos pedagógicos passam e/ou surgem da prática diária. Por
isso, é importante que você possa estruturar o seu modelo (ou modelo da Vila) para conseguir planejar com ainda mais
intenção e assertividade.

Como se estrutura o seu modelo? A partir do modelo que apresentamos no guia, organize-se seguindo os próximos passos e
preenchendo as lacunas abertas.

53
1º PASSO: ELEVE O TEMA CENTRAL DO SEU MODELO

TEMA CENTRAL

54
2º PASSO: COLOQUE OS PONTOS CHAVES (DNA) DO SEU MODELO

ELEMENTOS CRÍTICOS

55
3º PASSO: IDENTIFIQUE OS RESULTADOS DE APRENDIZAGENS

RESULTADOS DE
APRENDIZAGEM

56
4º PASSO: ORGANIZE SEU MODELO PEDAGÓGICO

ELEMENTOS
CRÍTICOS

TEMA
CENTRAL
RESULTADOS DE
APRENDIZAGEM

57
PROJETO VILAS OLÍMPICAS
GUIA 5: “EXPERIÊNCIAS POSITIVAS NO ENSINO DE ESPORTE
COLETIVO E INDIVIDUAL PARA CRIANÇAS”
01
INTRODUÇÃO
02 O ESPORTE
03
CARACTERÍSTICAS
04
O ENSINO
DOS ESPORTES DOS ESPORTES
COLETIVOS E COLETIVOS
INDIVIDUAIS E INDIVIDUAIS

2
05 CONCLUSÃO
06 ANEXOS
07 REFERÊNCIAS
08
ANOTAÇÕES
BIBIOGRÁFICAS

3
02 O ESPORTE

6
No guia anterior – CONSTRUINDO EXPERIÊNCIAS ESPORTIVAS
EM INICIAÇÃO ESPORTIVA PARA CRIANÇAS - foi abordada a te-
mática sobre modelos pedagógicos para iniciação esportiva, ENSINAR ESPORTE
onde um dos pilares trabalhados e referidos no nosso modelo PARA TODOS
foi: Ensinar esporte para todos; Ensinar além do esporte; En-
sinar bem esporte – tendo estes objetivos engajados em sua
realidade, os alunos certamente irão gostar (ainda mais) de
esportes.

Neste guia evidenciaremos um pouco mais sobre como ensi-


nar bem o esporte, que realmente não é uma tarefa tão sim-
ples, principalmente quando temos nas Vilas Olímpicas, au-
ENSINAR MAIS ENSINAR BEM
las com grupos bem heterogêneos. Porém algumas perguntas DO QUE ESPORTE ESPORTE
serão chaves neste processo, como: O que é esporte? O que se PARA TODOS PARA TODOS
quer dizer com ensinar bem o esporte? Como saber se o aluno
aprendeu bem o esporte? Assim, conseguiremos realmente
estabelecer uma cultura esportiva de jogadores inteligentes1 ENSINAR A GOSTAR
DE ESPORTE
e oportunizando uma experiencia mais positiva com esporte.

1
Entende-se como inteligente, o jogador que demonstra habilidades e competências para entender as dinâmicas complexas dos jogos esportivos. Realizando leitura de jogo e
adaptando-as as características individuais e coletivas do seu grupo/time.

7
O ESPORTE

O esporte como conhecemos atualmente, foi organizado no século XIX. É possível entendê-lo melhor quando assistimos, por
exemplo, aos Jogos Olímpicos e vemos as competições de atletismo, basquetebol, voleibol e outras. Além dos esportes olímpi-
cos existem outros, e a cada ano novas modalidades surgem.

Os esportes resultam de práticas populares muito antigas, que foram organizadas pelos europeus, mais particularmente os
ingleses, e apresentados durante os primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, 1896, em Atenas, na Grécia.

8
Práticas competitivas como o futebol, o basquetebol, o atle- A ideia de que o esporte como um patrimônio cultural, deve
tismo, a ginástica artística e o remo, entre outras, ganharam ser um direito de todos é recente e tem ganho terreno à custa
a denominação de esportes porque possuem um vocabulário de muita luta por parte de diversos grupos, como as mulhe-
motor e um conjunto de regras sociais que conseguem abar- res, os povos com menores índices de desenvolvimento huma-
car um largo universo, capazes de ultrapassar fronteiras ge- no, pessoas com deficiências, educadores e de organizações
ográficas, políticas e linguísticas. não governamentais, entre outros.

No início do esporte moderno (início do século XIX), quem o Em uma citação, Manoel Tubino em seu livro “O que é o espor-
praticava eram as elites europeias, ou seja, as classes so- te?”, 1993, destaca que:


ciais privilegiadas economicamente. O povo mantinha suas
práticas tradicionais, realizadas quando havia tempo livre, [...] A busca de um novo espírito esportivo, que contribua
porém, elas não eram reconhecidas como esporte. Dada à para o fortalecimento da ética no esporte da atualidade,
maneira como os esportes modernos foram configurados, sua a necessidade de um controle do aspecto comercial exa-
estrutura foi pensada a partir de determinada classe social, cerbado do esporte de rendimento, a substituição das ca-
do sexo masculino, das etnias que formavam o povo europeu, racterísticas do esporte de rendimento nos eventos de es-
e dos chamados “normais”, isto é, das pessoas que não pos- porte-educação, o combate ao doping e a procura de uma
suíam deficiências. fórmula para romper os “feudos” instalados nas entidades


dirigentes do esporte são apenas alguns dos grandes desa-
fios do mundo esportivo contemporâneo.

9
Isso nos mostra o potencial esportivo que temos para traba-
lhar nas Vilas Olímpicas e o quanto ele pode contribuir para
o desenvolvimento humano. Acreditar nisso, é acreditar que
temos o esporte como meio e não fim de um processo.

E uma destas premissas é entender que: “Um povo educado


esportivamente teria aumentadas suas chances de exercer
eticamente seus direitos e responsabilidades democráticas”.
Isso por que, o esporte envolve questões muito além do que os
seus gestos técnicos.

O esporte trabalha questões que vão além da reprodução


motora, é necessário entender que o esporte é um direito de
todos, garantido por diversas convenções e reforçado a par-
tir da Constituição Federal de 1988, porém, para que esse
direito seja realmente evidenciado é necessário que todas
as pessoas tenham OPORTUNIDADE de praticá-lo, apreci-
á-lo nas suas mais diferentes manifestações e, sobretudo,
incluí-lo na vida cotidiana.

10
Para nós, profissionais que estudam e aplicam métodos ca-
pazes de incluir as pessoas em práticas esportivas, o reco-
nhecimento desse direito vai além da participação: queremos
que além de aprender e praticá-lo, o cidadão tenha o direito
de aprendê-lo bem. Não importa se em menor ou maior tempo;
é preciso ter paciência e conhecer cada criança e adolescen-
te, acreditando que todos, dentro das suas potencialidades
motoras, cognitivas e socioafetivas, podem fazer ESPORTE
com qualidade e bom desempenho.

É possível apresentar o esporte como mais que uma modalida-


de esportiva técnica. Existem aspectos altamente relevantes
para o ensino-aprendizagem do esporte, é importante levar
em consideração aspectos biológicos, fisiológicos e sociais.

Nosso desejo é ensinar a todos, sem distinção de gênero,


raça, credo, habilidades para que se desenvolvam de manei-
ra prazerosa e divertida, respeitando as individualidades e as
mais diferentes formas de expressão e de movimento.

11
Ensinar bem está relacionado á evolução individual e coleti- • Diversificar para incluir:
va, ao desempenho técnico e tático, a incorporação no coti- Adequar jogos e esportes para que todos aprendam diversifi-
diano, ao prazer em fazer bem e com eficiência. cando regras, espaços, tempos, materiais, funções.

Acredita-se que se a criança ou adolescente aprimorar suas • Estimular as diferentes Preferências de Aprendizagem:
técnicas, desempenhar um bom papel no trabalho coletivo, Crianças e adolescentes aprendem vendo, ouvindo e fazendo
aumentar sua leitura e compreensão tática do jogo, ele estará e os professores devem utilizar ferramentas didáticas capa-
colaborando para praticar bem este esporte. zes de atender as diferentes preferências.

PRESSUPOSTOS DE UM PROGRAMA QUE SE • Planejar o processo de ensino e aprendizagem:


DEDICA A ENSINAR BEM O ESPORTE: Organizar a prática pedagógica partindo de uma Intenção,
Intervenção e Indicação (conhecido como os 3I’s).
Para tanto, partimos das seguintes premissas:
• Avaliar a aprendizagem a partir das seguintes indicações:
• Respeitar as individualidades: - “Eu comigo mesmo”
Todas as pessoas são diferentes e isso é uma rica oportunida- - “Eu com meu grupo”
de de trocas coletivas e aprendizagens mútuas. - “Eu com o que se espera de mim”.

13
03
CARACTERÍSTICAS
DOS ESPORTES
COLETIVOS
E INDIVIDUAIS

14
Neste capítulo, a intenção é abordar as principais semelhanças e diferenças entre os esportes coletivos e os esportes indivi-
duais, explorar as diferentes formas de ensiná-los, aprender sobre suas particularidades e como podemos organizar práticas
pedagógicas que ajudem crianças e adolescentes a aprendê-los bem.

15
OS ESPORTES COLETIVOS

Os esportes coletivos são muito valorizados na cultura brasi- Os esportes coletivos são caracterizados por algumas inva-
leira e amplamente divulgados na mídia. Futebol de campo, riantes: a utilização de um implemento (muitas vezes utili-
voleibol, basquete, handebol, entre outros, exercem muito za-se a bola); um espaço determinado ao jogo; parceiros com
fascínio entre as crianças e adolescentes. os quais se joga; adversários; um alvo a atacar e, de for-
ma complementar, um alvo a defender; e regras específicas.
Além disso, possuem outros aspectos comuns como: unidade
de jogo, a imprevisibilidade, ações cooperativas, rápidas to-
madas de decisões e participação de múltiplas inteligências.

“ O padrão organizacional dos jogos esportivos coletivos é


considerado um processo dinâmico e irreversível, de espi-
ral crescente, que acontece no interior das unidades com-
plexas (jogos), por meio da interação entre as estruturas


sistêmicas (condições externas, regras, jogadores e seus
esquemas motrizes), visando organizá-las.

SCAGLIA et al., 2011

16
Ao analisarmos esta colocação de um estudioso dos espor-
tes coletivos podemos entender que o esporte é dinâmico e
contínuo, ou seja, a tomada de decisão dos seus jogadores
irá interferir diretamente na continuidade do jogo, e esta
decisão pode ser positiva ou mesmo negativa para ação
contínua do jogo. Além disso, são altamente dependentes
das equipes envolvidas, como se fosse um “jogo de pergun-
tas e respostas”, interdependentes para o processo do de-
senvolvimento do jogo.

OS ESPORTES INDIVIDUAIS

Existe uma grande quantidade de modalidades esportivas in-


dividuais e cada uma dela traz consigo suas particularidades
e especificidades, e consequentemente processo pedagógicos
diferentes dos esportes coletivos. O que torna mais difícil
buscar generalizações, porém, quando falamos em ensino e
aprendizagem, temos diversas formas de contribuir com que
elas aconteçam nas distintas modalidades.

17
As principais características dos esportes individuais são: Os esportes individuais atuam no desenvolvimento da per-
sonalidade, pois, exigem uma preparação psicológica para
• Não tem parceiros/equipe; sua prática, o impacta na sua confiança, na sua motivação
interna/ intrínseca que são tão necessárias quanto a parte
• São centradas em provas – não há variável JOGO presente motora para seu desenvolvimento individual. Para isso, há
de forma visível na maioria destes esportes; uma necessidade de vários níveis de disciplina para conse-
guir um “comportamento adequado” para prática do esporte.
• Previsibilidades das ações motoras (dependendo da
modalidade);

• Proporcionam pouca interação entre os participantes;

• Possuem particularidades e especificidades técnicas.

Por isso, muitas vezes o rendimento no esporte individual é


isolado e é altamente dependente do seu praticante. Porém,
é possível pensar em habilidades e competências destes es-
portes específicos que são fundamentais para tantos outros
esportes individuais e coletivos, ou seja, as habilidades ne-
cessárias nos esportes individuais podem (e devem) ser utili-
zadas nos esportes coletivos.

18
Nos esportes individuais existem ainda duas características,
que são:

ESPORTES INDIVIDUAIS SEM INTERAÇÃO COM O OPONENTE:


são atividades motoras em que a atuação do sujeito não é
condicionada diretamente pela necessidade de colaboração
do colega nem pela ação direta do oponente – As provas de
atletismo são um bom exemplo.

ESPORTES INDIVIDUAIS COM INTERAÇÃO DE OPONENTE:


são aqueles em que os sujeitos se enfrentam diretamente,
tentando em cada ato alcançar os objetivos do jogo evitando
concomitantemente que o adversário o faça, porém sem a co-
laboração de um companheiro – como, por exemplo, as lutas:
Jiu-jitsu; Taekwondo; Esgrima entre outros.

Mediante a tantas diferenças é possível ensinar esporte indi-


vidual e coletivo de uma mesma forma?

19
SEMELHANÇAS (EXISTE UM CAMINHO DO MEIO?)

É possível perceber que existem grandes diferenças ao ensinar Como muitos estudiosos da área relatam em seus estudos, as
esportes coletivos de esportes individuais, porém, é notório que habilidades motoras são um ótimo alicerce para o provimento
alguns aspectos são evidenciados para ambos. Isso, nos faz de todas as práticas esportivas, assim, devemos evidenciar e
perceber o quanto é importante implementar uma cultura es- desenvolvê-las com máximo empenho.
portiva, onde crianças são “formadas” para os mais diferentes
esportes e podem assim adquirir o gosto pela prática esportiva. Ter jogadores “inteligentes” é difícil, vemos jogadores alta-
mente técnicos, enquanto outros são mais táticos e outros
Nosso papel como professor está em fomentar a pluralidade de até sabem trabalhar melhor em grupo nos jogos/esportes,
movimentos, atividades físicas e esportivas, para que no futuro estas são características individuais e em casos raros
tenhamos indivíduos com maior repertório motor e solucionado- quando um jogador/atleta tem todas estas competências
res de problemas. ele é denominado um craque. Assim, seria ideal ter um time,
um grupo, uma equipe cheia de craques, mas para isso, há
Se cada criança e/ou jovem puder experimentar diferentes passos importantes que devemos reestruturar no processo
esportes e dentre eles conseguir explorar as mais diferentes de ensino e de aprendizagem.
habilidades, conseguiremos atingir nos alunos um maior vo-
cabulário motor e assim, estas crianças serão “alfabetizadas”
corporalmente, onde for necessário ela terá respostas motoras
para auxiliar nas resoluções de problemas presentes nos jogos,
nos esportes e até mesmo no seu dia a dia.

21
Um processo importante e inicial para pensarmos está no en-
sino como mencionado supra, assim, professores e treinadores
que fragmentam ações técnicas das ações táticas ou mesmo
utilizam-se de treinos descaracterizados do esporte, terão uma
maior dificuldade de alcançar essas valências em seus alunos.

Em alguns casos, por exemplo, o aluno realiza exercícios técni-


cos contornando o cone e nem sempre esta ação será possível
transferir para o momento de jogo. Assim, juntos devemos pen-
sar em ações para solucionar esta fragmentação e que o aluno
possa realizar com qualidade uma leitura do jogo mais profun-
da, realizar técnicas assertivas, potencializar seu grupo para
evoluir e alcançar os objetivos comuns, sempre respeitando as
limitações e as potencialidades individuais e/ou do grupo.

22
Apontaremos pontos importantes para o ensino-aprendiza-
gem de ambas as categorias dos esportes:

• Ambos são alicerçados em habilidades motoras básicas –


reforce o trabalho nesta área;

• Podemos trabalhar as mesmas capacidades físicas – são


inerentes à qualquer modalidade esportiva;

• Em alguns casos podemos incluir relação de oposição – a


competição é saudável, porém sem ser exacerbada;

• Exigem confronto entre equipes– evidenciar a potencialida-


de individual e do grupo;

• Respeito às regras estabelecidas;

• Espaço físico delimitado.

23
COMO ENSINÁ-LOS? (...)

Com relação aos possíveis caminhos para o ensino de modalidades esportivas poderíamos destacar que é importante
respeitar os conteúdos das fases do processo de aprendizagem (sem especialização precoce), diversificar a aprendizagem
dentro da modalidade a ser ensinada e introduzir no processo o estímulo das habilidades motoras básicas.

Outro ponto é que o professor de educação física poderia estimular a aprendizagem por meio de processos que envolvam
todos os sentidos, incrementar o processo de ensino através de inteligência criativa e pautar o ensino do esporte na solução
de problemas, ou seja, numa prática com significado funcional.

24
DICAS

DIVERSIDADE DE SITUAÇOES- INTEGRAÇAO TÉCNICA INTELIGÊNCIA


MOVIMENTO PROBLEMA E TÁTICA CRIATIVA

Estimular várias Estimular diferentes Utilize-se de Promover o


habilidade nas aulas desafios motores jogos para maior protagonismo
para os alunos para compreensão e durante as aulas
Estimular movimentos tomada de decisão leitura do jogo
de Locomoção, Promover diversas
Manipulação e Promover desafios Promover a auto- formas de jogar
Estabilização “superáveis” regulação dos alunos

Diversos movimentos Relacionar de forma


dentro de uma mesma significativa em
habilidade motora situação de jogo

25
04
O ENSINO
DOS ESPORTES
COLETIVOS
E INDIVIDUAIS

26
Entendemos que as modalidades esportivas que tem seu en- É importante que o processo de ensino do esporte seja marca-
sino estruturado a partir da repetição de gestos e ensino de do pela variedade de estímulos e experimentações por parte
habilidades técnicas de forma mecânica e repetitiva, geram daqueles que aprendem a jogar bem e sendo assim, os pro-
pouco interesse para crianças e adolescentes. fessores devem promover diferentes jogos para que crianças
e adolescentes entrem em contato com uma diversidade de
O modelo tradicional de ensino, ou seja, repetitivo, monótono movimentos e pluralidade de situações-problema. Dessa
e altamente previsível reduz as possibilidades educacionais e forma a prática docente deve contribuir de maneira significa-
a complexidade do contexto que a iniciação esportiva envolve. tiva para a aquisição da técnica, compreensão das ações
Aprender a jogar bem qualquer esporte/jogo envolve aspectos táticas, superação de variadas situações-problema e busca
relacionados à percepção, a resolução de problemas, a toma- por respostas inteligentes e criativas.
da de decisão e capacidade de fornecer respostas precisas às
informações do ambiente.

INTELIGÊNCIA CRIATIVA

DIVERSIDADE DE MOVIMENTO ENSINAR BEM O ESPORTE INTEGRAÇAO TÉCNICA E TÁTICA

SITUAÇOES-PROBLEMA

27
Para tanto, entendemos que o planejamento e o ensino dos di-
ferentes jogos e esportes para crianças e adolescentes devem
valorizar os seguintes eixos:

1) DIVERSIDADE DO MOVIMENTO

Ao planejar as atividades motoras, o professor deve estar


atento aos movimentos de locomoção, manipulação e equilí-
brio que compõem e estruturam as modalidades esportivas a
serem ensinadas e aprendidas.

Os movimentos de locomoção permitem a exploração de todo


o ambiente e incluem atividades como andar, correr, saltar e
suas variações, além de todos os movimentos que deslocam
o corpo no espaço.

Os movimentos de manipulação envolvem o relacionamento


do indivíduo com os objetos que estão a sua volta e incluem,
também nesse grupo, atividades, como receber, pegar, arre-
messar, rebater, chutar entre outras.

28
Os movimentos de equilíbrio permitem ao indivíduo a manu- praticantes encestem muitas vezes e em diferentes contextos
tenção da postura do corpo no espaço e estão relacionados das mais diferentes formas e sempre mantendo critérios fun-
com a força que a gravidade exerce sobre o corpo. O equilíbrio damentais como: imprevisibilidade, ser coerente com o espor-
auxilia na coordenação do movimento durante a ação, como te a ser ensinado e ter a lógica do jogo preservada.
ficar em pé, sentar, correr, equilibrar-se etc.

Os movimentos, na sua diversidade, ganham sentido na


prática das modalidades esportivas individuais e coletivas.
Sendo assim, a proposta é que os gestos, também conhecidos
como fundamentos e/ou técnicas das modalidades sejam en-
sinados e aprendidos no próprio contexto de jogo. É jogando
que se aprende!!!

A partir do entendimento de como as habilidades básicas se


organizam nas práticas esportivas e como elas se combinam
produzindo gestos técnicos ou fundamentos, os professores
deve sempre propor uma variedade de jogos e brincadeiras
que permitam as crianças e adolescentes experimentar as di-
versidades de habilidades básicas, combinadas e que se or-
ganizam como fundamentos esportivos. Um jogo para apren-
der a encestar, deve sempre ser estruturado de modo que os

29
2) SITUAÇÃO PROBLEMA

As situações-problema são um aspecto importante na or- A importância no processo de ensino-vivência-aprendizagem,


ganização de procedimentos pedagógicos vinculados aos bem como o ensino através das situações problema permite a
processos de ensino, vivência e aprendizagem das modali- reflexão do “porque fazer”, para além das abordagens exclu-
dades esportivas. A valorização de uma pedagogia pautada sivamente analíticas que só satisfazem as perguntas do “o
nas situações-problema torna a aprendizagem do esporte que fazer” e “como fazer”.
mais significativa, pois provoca não só o desejo de saber no
aluno, mas também facilita que este se aproprie e transfor- Os indivíduos respondem de forma diferente a uma mesma
me o conhecimento. situação e isso não implica necessariamente que um indi-
víduo seja melhor do que o outro, mas que possuem com-
Uma situação-problema se dá quando crianças e adolescen- preensão diferente do próprio esporte/jogo e, consequen-
tes precisam mobilizar muitas competências e habilidades temente, lidam de maneiras distintas frente aos desafios
para superarem um obstáculo (situação de impasse) presen- do mesmo. A situação-problema é definida, neste contexto,
te no jogo ou esporte. A decisão de “o que fazer” se dá pelo como um momento de aprendizagem, diante de uma situa-
conhecimento e entendimento do esporte/ jogo e como preciso ção de impasse, na qual, a criança e o adolescente é convi-
mobilizar todas as minhas competências e habilidades, para dado a formular a melhor solução para si mesmo diante de
individualmente ou junto com minha equipe superá-las. um determinado desafio.

30
Considerando o fator da imprevisibilidade, inerente ao es-
porte/jogo, a relação pedagógica existente entre o esporte
e as situações-problema é relevante, pois estas podem ser
definidas como momentos de instabilidade tática que exigem
tomadas de decisão individual ou coletivas, sendo favoráveis
à reflexão e à tomada de consciência.

A prática pedagógica de ensino do esporte pautada por situ-


ações-problema dá espaço para a reflexão e possibilita um
aprofundamento e aperfeiçoamento de questões como o saber
fazer, tomar decisões, capacidade de antecipação e de encon-
trar razões e regularidades para as determinadas situações
que aparecerem durante a atividade.

Destacamos que o papel do profissional que trabalha nessa


perspectiva é o de educador, isto é, não basta a esse profissio-
nal ensinar a resposta pronta ao aluno, ou treiná-lo, mas sim
ajudar o aluno/atleta na identificação progressiva das estraté-
gias eficazes e estabilizar esse aprendizado, através, por exem-
plo, dos chamados feedbacks, ou momentos de reflexão peda-
gógica acerca das ações, juntamente com os alunos/atletas.

31
3) INTEGRAÇÃO DA TÁTICA COM A TÉCNICA

Pressupondo que os aspectos técnico-táticos são observáveis,


é de importância ímpar definir com clareza os termos apresen-
tados e relacioná-los ao contexto da observação dos esportes.

A tática é um conjunto de processos psíquico-cognitivo-mo-


tor que, em determinado espaço-tempo e situação, condu-
zem à tomada de decisão adequada a fim de cumprir certa
demanda do jogo.

É um sistema de planos de ação que conduzem a decisões


adequadas a determinada tarefa no esporte ou jogo.

A tática refere-se às alternativas de decisão ou planos de


ação que permitem resolver situações limitadas frente a um
ou mais adversários, garantindo assim o sucesso esportivo.

32
Definimos técnica como “a interpretação, no tempo, espaço e Esse conceito é fundamental quando abordarmos à fundo a
situação, adequados na solução de um determinado proble- função de análise de uma ação, uma vez que, estratégia é
ma motor”. Tal definição perpassa a ideia de que a técnica só produto e meio de uma situação intencional.
adquire importância se vinculada a uma situação especifica
que exige tomada de decisão.

Portanto, no caso dos ESPORTES está sempre atrelada ao


determinante tático, sendo este o item relevante a se levar
em consideração na elaboração de uma proposta em análise
técnico-tática de modalidades esportivas.

Integramos TÁTICA E TÉCNICA através do conceito que se ex-


pressa às auto regulações executadas por um indivíduo ou
equipe frente às regras primárias dos esportes.

Os sistemas de jogos ofensivos e defensivos, estratégias pré-


-determinadas por uma equipe, permitem ao aluno se orien-
tar em relação a como e onde deve se posicionar e se movi-
mentar permitindo que seu grupo seja capaz de desenvolver
um melhor desempenho, ao mesmo tempo em que limita as
possibilidades de intervenção do adversário.

33
4) INTELIGENCIA CRIATIVA

A criatividade é uma capacidade humana que pressupõe A criança e adolescente criativo parecem ser perfeccionistas,
um processo em que a pessoa, em determinadas condições, uma vez que dá importância à boa execução (elaboração) e
elabora um produto que é, pelo menos em algum aspecto, busca saber mais do que seus colegas (quer ir além), possuin-
novo e valioso. do mais recursos técnicos e utilizando-os em seu benefício ao
adaptá-los quando necessário (flexibilidade), em detrimento de
A originalidade (respostas inovadoras), a flexibilidade (rique- auxiliar ou transmitir a técnica a seus colegas de equipe (baixa
za das respostas), a fluidez (quantidade de respostas) e a porcentagem atribuída à categoria comunicação).
elaboração (número de detalhes) referem-se ao produto que o
sujeito apresenta e nos esclarecem sobre atitudes e compor- Acreditamos que os professores possam valorizar e buscar
tamentos da pessoa criativa. formas de aprimorar o desenvolvimento da inteligência cria-
tiva por parte dos seus alunos. Ao evidenciar os aspectos po-
O indivíduo reconstrói e reelabora os significados que são sitivos do comportamento e ao valorizar a experimentação, os
transmitidos pelo grupo a que pertence. Ao agir coletivamen- professores estimulam a inteligência criativa e contribuem
te, o aluno/atleta está mais suscetível e condicionado a se- para que os alunos joguem cada vez melhor, com mais de-
guir técnicas e táticas impostas tanto pelo grupo (adaptação sempenho e capacidade de compreensão e leitura de jogo.
ao estilo de jogo dos colegas) quanto pelo professor (tática,
posicionamento), e sua capacidade de livre criação (originali-
dade) ou combinação de movimentos (síntese) fica restrita às
situações oportunas, dependentes de fatores externos a ele.

35
05 CONCLUSÃO

36
Quando dialogamos sobre o ensino de esportes, seja ele, co- mento integral de cada criança e adolescente, favorecendo
letivo, individual, de aventura, alternativo, entre outros, po- em qualquer esfera esportiva, o direito ao esporte de forma
demos pensar sempre nas questões relacionadas às ações segura e inclusiva.
globais ou fragmentadas. Um equívoco é acreditar que tra-
balhar somente com ações de forma isolada, favorece no
ensino do esporte, uma vez o à situação do esporte requer do
praticante uma leitura ampla de questões para superar a si
e seus adversários. Assim, todo professor deve ficar atento
para que estas ações que compõem o ensino mais globa-
lizado sejam compostas de estímulos e respostas de situ-
ações que podem acontecer nas práticas destes esportes.

Para finalizar ensinar “bem” esporte é o ensino que trans-


cende a mera realização motora, e sim desenvolve no aluno
(crianças, jovens e adultos), a leitura de jogo, a ação cons-
ciente do movimento e da tática a partir da leitura situa-
cional do jogo ou da prova por meio de inteligência criativa.

Diante deste cenário, queremos orientar professores e pro-


fissionais de educação física para ensinar bem o esporte a
todos, garantindo condições essenciais para o desenvolvi-

37
06 ANEXOS

38
FICHA DE OBSERVAÇÃO DA AULA
Esportes: Individual ( ) Coletivo ( ) Modalidade:
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
Tema Central/foco da aula:
A atividade principal se configura como:
( ) desafio ou situação problema ( ) situação de exercício
( ) ritmos
( ) estafetas ou circuitos ( ) situação de jogo
Como o professor ensina as crianças nas atividades?
( ) Diversidade de movimentos ( ) Situação-Problema
( ) Integrando técnica e tática ( ) Inteligência Criativa
Como o professor facilita a construção de autonomia por parte dos alunos? Ele possibilita:
( ) escolhas ( ) autogerenciamento
( ) responsabilidade
( ) construções ( ) auto-organização
Quais são as principais premissas de ensinar “Bem” esporte apresentam-se na aula?
( ) Respeitar as Individualidade ( ) Estimular diferentes canais de apredizagem (VAC)
( ) Diversificar para incluir ( ) Planejar o ensino e aprendizagem (3 I’s)
Outros:

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FICHA DE OBSERVAÇÃO DA AULA
Esportes: Individual ( ) Coletivo ( ) Modalidade:
ROTEIRO DE OBSERVAÇÃO
Tema Central/foco da aula:
A atividade principal se configura como:
( ) desafio ou situação problema ( ) situação de exercício
( ) ritmos
( ) estafetas ou circuitos ( ) situação de jogo
Como o professor ensina as crianças nas atividades?
( ) Diversidade de movimentos ( ) Situação-Problema
( ) Integrando técnica e tática ( ) Inteligência Criativa
Como o professor facilita a construção de autonomia por parte dos alunos? Ele possibilita:
( ) escolhas ( ) autogerenciamento
( ) responsabilidade
( ) construções ( ) auto-organização
Quais são as principais premissas de ensinar “Bem” esporte apresentam-se na aula?
( ) Respeitar as Individualidade ( ) Estimular diferentes canais de apredizagem (VAC)
( ) Diversificar para incluir ( ) Planejar o ensino e aprendizagem (3 I’s)
Outros:

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FICHA - PLANO E RELATÓRIO DE AULA
Professor Responsável: Faixa Etária:
Tema da aula:
ESTRATÉGIAS (Jogos e/ou
ESTRUTURA DA AULA CONTEÚDO PLANEJADO MATERIAL
Exercícios planejados)
Parte principal da aula Eixo 1 (diversidade do
(objetivos): movimento):

Eixo 2 (situação proble-


ma):

Eixo 3 (integração técnica


e tática):

Eixo 4 (inteligência cria-


tiva):

41
AVALIAÇÃO DA AULA
DIFERENÇAS DE CONTEÚDO ASPECTOS DESAFIOS
TURMA
DESAFIOS EFETIVADO POSITIVOS FUTUROS
Quanto aos alunos
(individual):

Grupos (relação do
grupo):

Objetivos da aula:

42
TAREFA - TREINAMENTO DE PROFESSORES

DESCRIÇÃO: Nesta tarefa, você professor deverá inicialmente utilizar-se de recursos tecnológicos para registrar sua ação com
as crianças e jovens. Assim, você deverá confeccionar um vídeo (editado) no qual aparece um (ou mais) dos eixos apresenta-
dos no treinamento (diversidade de movimento, situação-problema, integração entre técnica e tática e inteligência criativa).

Este vídeo deve ser confeccionado com qualquer turma, deve ter no máximo 120 segundos (02 minutos).

O professor deve responder previamente e de forma breve as seguintes questões:

PERGUNTAS GERADORAS:
1. O que foi feito? – incluir qual o principal eixo trabalhado;
2. O que deu certo? – ressalte seu trabalho com os pontos positivos;
3. Quais os resultados alcançados? – micro ou macro;
4. O que se aprendeu com este trabalho? – relate o que você enquanto profissional aprendeu com isso.

LINK PARA POSTAGEM:


www...xxxxx....com.br (verificar com a agência)

43
07 REFERÊNCIAS
BIBIOGRÁFICAS

44
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 05 de outubro de 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm. Acesso em: 18/09/2018,
Seção III, Art. 217.

FONSECA, S. S. Educação física escolar e os esportes individuais: entre a realidade e as


possibilidades. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Educação Física) – Universidade
Estadual de Maringá – UEM, 2014.

FREIRE, J. B. Investigações Preliminares sobre o jogo. Tese (livre docência), p. 63 –101 –


Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2001.

FREIRE, J.B. Pedagogia do Futebol. Londrina: Midiograf, 2002.

GALATTI et. al. Pedagogia do Esporte: procedimentos pedagógicos aplicados aos jogos esportivos
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GALATTI, L.R. Pedagogia do Esporte: o livro didático como um mediador no processo de ensino e
aprendizagem de jogos esportivos coletivos. 139f. Dissertação (Mestrado em Educação Física) -
Faculdade de Educação Física. Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2006.

45
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47

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