Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
Direito Internacional:
1. Denominação – surgiu originalmente em 1780 por Betham (queria sinalizar que
estava mencionando o Direito responsável por regular as relações entre os
Estados – International Law). Ao longo do séc. XIX a expressão antiga Direito
das Gens, passa a ser substituída pela expressão Direito Internacional. Filosofia
positivista – somente as normas produzidas pelos Estados fazem parte do DI.
Estados como únicos sujeitos de DI.
2. Definição – É o conjunto de normas que regula as relações exteriores entre os
atores que compõem a Sociedade Internacional. (Celso Mello).
OBS.: Não somente as relações interestatais são governadas pelas normas
internacionais. Mas, até os dias de hoje, o DI preocupa-se fundamentalmente em
regular relações políticas, econômicas e militares entre os Estados.
Introdução:
Distinguem-se, normalmente, direito interno e direito internacional, onde um se
destinaria a reger as relações jurídicas no interior do sistema jurídico nacional e o outro,
as relações entre os diferentes sistemas nacionais (direito internacional público ou
simplesmente direito internacional) ou as relações entre particulares, revestidas de
elementos de estraneidade (direito internacional privado). No direito internacional estar-
se-á considerando a criação e a atuação da norma jurídica além dos limites do direito
interno, como convivência entre pares (relações entre Estados) ou convivência entre
sistemas.
A relação entre Estados se caracterizaram, durante séculos, pelo caráter pontual,
enfatizando a soberania, a independência, a não ingerência nos assuntos internos, antes
de dar lugar à configuração crescentemente institucional do contexto internacional, que
se esboça com a gênese e desenvolvimento das organizações internacionais, na segunda
metade do séc. XIX, e se cristaliza com a institucionalização dos fenômenos de
integração regional, criando novos modelos e parâmetros de atuação internacional do
Estado, com a tentativa de coroamento desse conjunto por normas visando regular a
convivência entre Estados, com “direitos e deveres” destes. Isto é bastante para deixar
claro como se altera estrutural e irreversivelmente o contexto internacional, passando o
direito internacional de regulação da convivência de Estados quase estanques entre si,
para a regulação institucionalizada de questões estruturais, mais e mais reconhecidas
como intrinsecamente internacionais.
Definição e Denominação:
A definição de direito internacional depende da fundamentação teórica
defendida pelos diversos estudiosos. A tendência de tomar por base do direito
internacional os Estados, posteriormente estendida a condição de sujeitos às
organizações intergovernamentais, levou ao imperativo reconhecimento da
personalidade jurídica internacional a entidades não estatais e ao homem, como
principio e fim ultimo de todo ordenamento legal.
Após a criação da Sociedade das Nações, passam a ser mencionadas também as
organizações internacionais como sujeitos de direito internacional. Estas passam a ser o
canal institucional das relações internacionais pós-modernas, e ocupam papel central no
sistema institucional e normativo internacional atual.
A condição jurídica do homem passa a ser objeto do direito internacional por
meio da proteção internacional dos direitos fundamentais.
Pode, assim, ser definido o direito internacional como o conjunto de normas
jurídicas que rege a comunidade internacional, determina direitos e obrigações dos
sujeitos, especialmente nas relações mutuas dos Estados e, subsidiariamente, das demais
pessoas internacionais, como determinadas organizações, bem como dos indivíduos.
A denominação “direito internacional” (international Law) surge com Jeremias
Bentham, em 1780, traduzida para as línguas latinas como direito internacional, a
expressão tem sido criticada, já que nação não tem o mesmo sentido de Estado, como
em inglês. Para alguns juristas, o mais correto seria falar em direito interestatal, mas
atualmente a expressão se acha consagrada, e modificá-la já não se justifica. Muitos
autores empregam a expressão direito de gentes (Law of nations), utilizada por Richard
Zouch (1650), melhor dito, jus inter gentes. Porém, tem o inconveniente de criar
confusão com o direito das gentes do direito romano (jus gentium), cujo objeto era
outro.
Fundamento do DIP:
Sistema jurídico autônomo, onde se ordenam as relações entre Estados
soberanos, o DIP repousa sobre o consentimento. As comunidades nacionais propendem
à autodeterminação, à regência de seu próprio destino. Organizam-se sob a forma de
Estados independentes e ingressam numa comunidade internacional carente de estrutura
centralizada. Tais as circunstâncias, é compreensível que os Estados não se subordinem
senão ao Direito que livremente reconheceram ou constituíram.
5. Sujeito de DI:
Indivíduos – claramente hoje são classificados com sujeitos de DI. Pode-se
constatar que os indivíduos possuem certas obrigações internacionais que
decorrem do costume internacional – indivíduo tem responsabilidade penal
internacional direta (normas dirigem-se aos indivíduos em relação a certos
crimes internacionais – crimes de genocídio; crimes contra a humanidade; guerra
– arts. 6º, 7º, 8º do Estatuto de Roma) – indivíduo responde diretamente perante
os tribunais internacionais.
OBS: crimes de agressão – ainda não estão em vigor.
Os indivíduos hoje possuem direito de ação (limitado) para promover
reclamações internacionais em situações nas quais seus direitos são objeto de
violação pelos Estados (aparece de forma mais intensa no campo dos Direitos
Humanos).
Os indivíduos, assim, têm direito de acesso a certos órgãos internacionais frente
aos Estados que celebraram tratados conferindo-lhes esse direito.
Ex.: Corte europeia de DH; Comissão e Corte africanas de DH; Comissão
Interamericana de DH. Âmbito internacional: Comitê de DH da ONU (o
indivíduo pode recorrer, quando esgotados todos os recursos internos).
Organizações Internacionais - Uma OI é uma entidade constituída por um
Tratado entre dois ou mais sujeitos de DI (normalmente Estados). Possui uma
constituição e órgãos próprios e desfruta de personalidade jurídica internacional
distinta daquela dos seus membros.
A finalidade dos instrumentos constitutivos das OIs, conforme já afirmou a CIJ,
é a de criar um novo sujeito de DI que desfrute de uma certa autonomia em
relação aos seus membros, e às quais esses últimos conferem a tarefa de alcançar
objetivos comuns.
Na sua atuação, as OIs perseguirão os objetivos coletivos que lhe são atribuídos
por seus membros.
Capacidades internacionais titularizadas pelas OIs: (serão menos
extensas do que aquelas que os Estados possuem).
Regidas pelo princípio da especialidade: A capacidade internacional
dos Estados é geral – personalidade jurídica internacional originária:
princípio da igualdade soberana – todos os Estados possuem os
mesmos direitos e obrigações internacionais. No caso da OI, a
personalidade jurídica é derivada, os direitos e obrigações de cada OI
lhes são conferidos por seus membros criadores, de forma a permitir que
aquela OI possa realizar as atividades necessárias ao desempenho de suas
finalidades (recebe os poderes e capacidades apenas necessários para o
desempenho de suas finalidades. Então, para cada OI existe um conjunto
de direitos e obrigações específicos para exercer suas atividades).
Finalidades que resultaram na criação de uma OI especificadas no
instrumento constitutivo.
1) Capacidade de celebrar tratados, inclusive com Estados não
membros;
2) Capacidade de desfrutar de imunidades e privilégios perante a
jurisdição doméstica dos Estados;
3) Capacidade de estender aos seus funcionários imunidades e
privilégios perante a jurisdição doméstica dos Estados;
4) Capacidade de formular reclamações internacionais para obter
reparações tanto por danos sofridos pela OI como por seus
funcionários (proteção funcional).
Guido Soares:
a) Instituição por tratado;
b) Possuem, em pelo menos um de seus órgãos, poderes para emitir
decisões sem a necessidade de participação de um Estado em
particular;
c) Regência do DI.
Situações particulares de sujeitos de DI - Personalidade jurídica internacional
derivada: a existência dessas situações particulares como sujeitos de DI depende
do seu reconhecimento ou aceitação pelos Estados.
Estados membros de um Estado federal – O Estado federal em si é sujeito de
DI; a discussão é saber se os Estados membros da federação também serão
sujeitos de DI. Em certas situações, esses Estados membros recebem algumas
competências internacionais, na medida em que isso estiver estabelecido na CF
desse país. Ex.: EUA, Suíça, Alemanha.
OBS: Brasil – CF/88 somente atribui personalidade jurídica internacional apenas
à República Federativa do Brasil (Estados membros não possuem capacidade
internacional) – Art. 52, V, CF: acordos internacionais de natureza financeira –
com chancela do Senado Federal – acordos! Não são tratados; são contratos
internacionais de DIPri.
Movimentos de Libertação Nacional – são movimentos representativos que
lutam pela independência de seu Estado face a dominação estrangeira. As raízes
jurídicas desses movimentos podem ser encontradas tanto no princípio da
autodeterminação dos povos quanto nas resoluções 1514 e 2625 da Assembleia
Geral da ONU.
Requisitos para reconhecimento de um MLN:
1) Esse movimento tem que ser o representante legítimo do povo –
aceito pela maior parte da população;
2) As finalidades desse movimento precisam estar dentro do espaço de
atuação de um MNL.
Grande exemplo: OLP (organização para libertação da Palestina) – res.
3120 (reconhecida pela Assembleia Geral da ONU) / res. 3237
(observador) – 1974.
Comunidades Beligerantes e comunidades insurgentes –
Beligerantes: são movimentos revolucionários de grande envergadura que
possuem tropas regulares e ocupam uma parte do território do Estado contra o
qual está lutando (guerra civil). No passado, havia a declaração de neutralidade
(reconhecimento). Hoje, o reconhecimento de comunidade beligerante está em
desuso, em razão do princípio da não intervenção. A mesma coisa acontece com
as comunidades insurgentes.
Insurgentes: movimento possui menor dimensão, não alcança proporção de
guerra civil.
Entidades “Sui Generis” –
1) Santa Sé: cúpula da Igreja Católica = Papa + Cúria Romana. Sujeito de DI.
E quanto ao Vaticano? Para Mello, Rezek, Guido, não é sujeito de DIP.
Apenas território onde a Santa Sé exerce soberania (falta elemento
teleológico – finalidade ≠ Estado), não há dimensão pessoal – nacionais.
Accioly, Mazzuoli – Vaticano é Estado (sujeito de DIP);
2) Taiwan: entidade territorial não estatal. Possui certas capacidades
internacionais – É sujeito de DI;
3) Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV): Finalidade – prestar
assistência às vítimas dos conflitos armados (1864). Desempenham
capacidades internacionais – Sujeito de DI.
Fontes do DI:
Conceito: São os modos pelos quais o DI se manifesta, ou seja, são as maneiras pelas
quais são criadas as normas internacionais. Constituem um arrolamento das formas de
expressão desse direito (Rezek); São os documentos e pronunciamentos a partir dos
quais surgem os direitos e deveres dos sujeitos de DI, e constituem os modos formais de
constatação desse direito (Accioly).
Apenas as formais: fontes que indicam os critérios ou procedimentos de elaboração em
virtude dos quais uma norma pode ser considerada válida, no sentido de obrigatória,
pelo DI (DI positivo).
Art. 38, Estatuto da CIJ – tratado que, junto com a Carta da ONU (art. 92, principal
órgão judicial – tribunal decide de acordo com DI), estabelece e disciplina o
funcionamento desse Tribunal.
I. Tratados ou Convenções internacionais;
II. Costume internacional;
III. Princípios gerais do Direito;
O Estatuto da CIJ é de 1945. Hoje, podemos, ainda, apontar a existência de duas outras
fontes:
IV. Atos unilaterais (Estados);
V. Decisões das organizações internacionais.
OBS: Não há hierarquia entre as fontes de DI! As normas produzidas em Tratados e
pelo Costume internacional, por exemplo, são tão válidas e obrigatórias quanto àquelas
que derivam dos Princípios gerais do Direito. Há, nesse contexto, a perfeita
permutabilidade entre as fontes do DI. Pode um tratado, por exemplo, vir a substituir
um costume e vice versa. Se houver conflito ou incompatibilidade entre as fontes de DI,
existem critérios a serem empregados para a solução de antinomias jurídicas:
1) Critério hierárquico – não serve para as fontes de DI (não são hierárquicas);
2) Critério da especialidade/especificidade – uma fonte mais especial prevalece
sobre as fontes mais gerais;
3) Critério cronológico/temporal – a fonte posterior prevalecerá sobre a fonte
anterior.
Estado:
1. Conceito: Uma entidade para poder ser qualificada como sendo um Estado, deve
preencher certos requisitos/condições.
2. Elementos constitutivos de um Estado: Hoje podem ser encontrados no
arrolamento promovido pelo art. 1º da Convenção de Montevidéu sobre os
Direitos e Deveres dos Estados, de 1933:
a) Ostentar uma população permanente;
b) Possuir território definido;
c) Ter um governo (próprio e efetivo);
d) Independência ou soberania (capacidade de estabelecer relações com
outros Estados).
o Território definido: o controle de um território está na essência do conceito de
Estado. É uma área geográfica controlada pelo Estado e que é separada de outras
áreas geográficas por limites (fronteira é toda região que se encontra ao redor da
linha imaginária que delimita os territórios – limites).
Não existe a possibilidade de criar Estado se não há o controle de uma área
geográfica sobre massa sólida territorial. O controle de um território é vital para
o Direito Internacional porque ele é a base da noção de soberania territorial, que
estabelece duas coisas: 1) Noção de soberania territorial – estabelece a
competência exclusiva dos Estados para tomar medidas jurídicas em seu
território (uso da força); 2) Essa noção proíbe os governos de outros Estados de
exercer sua autoridade no território de outros países (princípio da igualdade
soberana).
A extensão do território não é relevante. Hoje, mesmo Estados com territórios
bastante exíguos são reconhecidos como tal. O território de um Estado abrange
mais do que simplesmente sua massa terrestre (espaço aéreo subjacente e
subsolo subjacente; Estado costeiro – até 12 milhas de mar territorial adjacentes
à costa).
Território definido ≠ Limites definidos – Não se exige certeza absoluta sobre
onde passam os limites de um Estado. Deve haver uma comunidade política
efetiva e estável estabelecida sobre esse território. Essa comunidade política
deve controlar o núcleo suficiente do território (“consistent band”).
1) Deportação:
É uma forma de expulsão do estrangeiro do território nacional. Seja devido ao
seu ingresso irregular, seja devido ao fato de sua permanência ter se tornado
irregular, devido a violação de obrigação prevista a estrangeiro.
o Preocupa-se em retirar. Para seu país de origem, para qualquer que
queira recebê-lo, para seu país de nacionalidade. Não interessa para
onde.
o Nacional não pode ser deportado: BANIMENTO (proibido pelo DI e
CF).
o Competência das autoridades policiais federais (PF). Não precisa de
inquérito específico. É medida administrativa.
o Se há arbitrariedade, a pessoa pode impetrar habeas corpus.
o Legislação: ato discricionário. (Autoridade deporta se quiser, porém, não
pode ser regularizado o ilegal – somente com lei específica). Por ser ato
discricionário, não há obrigação de deportar, mas pode haver deportação
imediata.
o Autoridade policial pode convidar o estrangeiro a se retirar
voluntariamente do Brasil (art.57, dec. 86715/81): normal – 8 dias;
clandestino – 3 dias.
o Art. 64: tesouro nacional custeia a deportação, caso o deportado não
tenha condições. Porém, se este quiser voltar, deve pagar/retornar esse
valor.
2) Expulsão (Arts. 65 a 75, l.6815/80):
É uma forma de exclusão do estrangeiro do território nacional. Não é relevante
para onde o estrangeiro irá. Expulsar nacional é proibido (banimento).
o Diferentemente da deportação, haverá aqui a proibição de retorno do
estrangeiro ao território nacional. (Crime – art.338, CP).
o O decreto de expulsão deve ser promulgado pelo presidente da república.
Porém, desde o ano 2000, essa competência foi delegada ao ministério da
justiça (competente) – portaria ministerial de expulsão.
o O estrangeiro expulso, para retornar, deve ter o decreto/portaria de
expulsão revogado para que ele possa voltar ao país sem que esteja
cometendo um crime.
o Os motivos que autorizam a expulsão no Brasil: art.65.
o Sempre que as atividades do estrangeiro atentarem contra a segurança
nacional; ordem pública e social; a tranquilidade ou moralidade públicas;
e à economia popular. Quaisquer atividades que o tornem nocivo à
conveniência e aos interesses nacionais.
o Crime doloso – art.68 (MP manda informações a fim averiguar
condições para haver expulsão). A averiguação dos motivos que
permitem a expulsão no Brasil (art.70) é feita no âmbito do Ministério da
justiça por meio de inquérito.
o A não expulsão é ato discricionário. Só pode expulsar se houver a
presença de motivos para a expulsão.
o Hipóteses nas quais a expulsão do estrangeiro é proibida:
a) Deportação/Expulsão traduzem extradição dissimulada;
b) Cônjuge brasileiro (5 anos); filho brasileiro que dependa afetiva e
economicamente (fraude se é posterior ao fato que motiva a
expulsão). Em matéria de extradição não se aplicam.
3) Extradição:
Entrega de um indivíduo ao Estado requerente. Seja para responder a processo
penal, seja para cumprir pena por crime sobre o qual o Estado requerente possui
jurisdição.
o Nacional pode ser objeto de extradição (naturalizado).
o Deve haver, necessariamente, processo penal.
o Extradição instrutória – responder a processo penal; extradição
executória – cumprir pena.
o Extradição ativa – Estado requerente; extradição passiva – Estado
requerido.
o Para que possa prosperar um pedido de extradição é fundamental que ele
seja baseado em um fundamento jurídico específico (esse fundamento
varia em cada país). É o Estado que recebe o pedido de extradição quem
pode determinar quais fundamentos serão avaliados.
o Brasil – extradição passiva (art.76, l.6815/80): tratado de extradição ou
promessa de reciprocidade.
o Pedido de extradição (passiva): processo de extradição (3 fases):
a) Fase administrativa – há um envio, pelo Estado estrangeiro, de
pedido de extradição ao Brasil. Recebimento pelo MRE, que enviará
esse pedido para o Ministério da justiça.
1) Se há tratado de extradição – não cabe exame político quanto à
conveniência e oportunidade – já houve da celebração do tratado.
Encaminhará para o STF.
2) Promessa de reciprocidade – não está obrigado a aceitar essa
promessa. Cabe Exame político. Se não for conveniente, haverá
envio de mensagem ao país requerente afirmando
impossibilidade; se há conveniência, vai para o STF.
b) Fase judicial (STF) – art. 112, I, “g” – exame de legalidade. Não se
analisa o mérito da decisão judicial estrangeira. (contenciosidade
limitada) – art.85, §1º, l.6815/80: O STF examinará o tratado de
extradição aplicável (se houver), assim como a legislação brasileira.
Somente se presentes os requisitos especificados nesses tratados e na
nossa legislação, a extradição poderá ser concedida. Ex.: art. 5º, LI,
LII, CF (brasileiro nato; crimes políticos); l.6815/80, 77,78 (princípio
da dupla tipicidade); não estiver prescrito; pena não for igual ou
inferior a 1 ano (no Brasil). Se verificados todos os requisitos, o
Supremo concederá a extradição.
c) Fase administrativa (presidente) – o poder executivo verificará a
vontade do Estado requerente em comprometer-se às condições
estipuladas no art. 91, l. 6815/80. No Brasil, há a prisão do
extraditando durante todo o processo de extradição.
d) Detração – se há pena de morte/castigo, deve comutar.
e) OBS: STF extradição 1085 (Battisti) – ato discricionário. Se houver
tratado de extradição, ele tem que ser respeitado.
Sucessão de Estados:
1. Conceito: é o ramo do DIP que lida com as consequências jurídicas de uma
mudança de soberania sobre um território (não demanda
criação/desaparecimento de Estados). Em outras palavras, a sucessão de Estados
versa sobre a substituição de um Estado por outro na responsabilidade pelas
relações internacionais de um território. Ex.: Bolívia – Acre – Brasil.
Normas internacionais acerca da sucessão de Estados são, majoritariamente,
encontradas no costume internacional; todavia, há dois tratados responsáveis por
codificar principalmente esse tema:
a) Convenção de Viena (1978): sobre a sucessão de Estados em matéria de
tratados. Entrou em vigor em 1996. Conta com baixíssima aceitação.
Utilizado apenas entre Estados-partes, pois só obriga a eles.
b) Convenção de Viena (1983): Sobre a sucessão de Estados em matéria de
bens, arquivos e dívidas do Estado – não está em vigor.
2. Princípios: Sempre aplicáveis às hipóteses de sucessão de Estados, nunca
concomitantemente. Diametralmente opostos. Soluções por eles oferecidas são
completamente diferentes.
a) Princípio da continuidade – princípio da sucessão automática: finalidade
de assegurar o cumprimento das obrigações internacionais dos Estados. Nas
hipóteses em que esse princípio é empregado, os direitos e obrigações do
Estado sucedido serão transferidos ao Estado sucessor.
b) Princípio da tabula rasa – princípio da autodeterminação dos povos:
finalidade de assegurar aos Estados sucessores escolher, sem ingerência
externa, quais obrigações internacionais eles desejam observar. Nessas
situações, poderá haver a ruptura entre os direitos e obrigações do Estado
sucedido e do Estado sucessor. “Clean slate principle”).
3. Modalidades de sucessão de Estados:
a) SECESSAO: descolonização/emancipação.
A A B
Estado A continua a existir; uma parte de sua população, seu país, é
separada, forma um novo Estado. Abrange apenas o território de A que
se separou. Houve sucessão na parte separada. Ex.: Montenegro e Sérvia;
URSS/Rússia (as antigas repúblicas são novos Estados); Etiópia.
b) DISSOLUÇÃO OU DESMEMBRAMENTO:
A B C
A B C
Os Estados sucedidos vão desaparecer para dar lugar a um único Estado
sucessor. Ex. Iêmen.
d) INCORPORAÇAO/AGREGAÇAO/ANEXAÇAO TOTAL:
A A
A B A B
O fenômeno da sucessão ocorre no território que foi anexado. Os Estados
anteriores permanecem com suas personalidades jurídicas.
4. Sucessão de Estado em matéria de tratados:
Ponto de partida: Convenção de Viena de 1978 (codificou apenas parcialmente);
o costume internacional prevalece.
o Diferenciar os chamados tratados territoriais (localizados/reais) dos
demais tratados. Isso porque aqueles tratados, que geram direitos e
obrigações especificamente em relação a um território, não são jamais
afetados por uma sucessão de Estados. Esses tratados serão transmitidos,
juntamente com a aquisição do território onde operam, ao Estado
sucessor. São tratados que geram obrigações “in rem” (run with the land)
– quem tiver o território, terá de cumpri-lo.
Princípio da continuidade: “Uti possidetis iuris” (acordos de limites:
direitos de passagem; zonas desmilitarizadas)
o Acordos políticos: tratados que demandam determinada conjuntura
política para sua vigência. Princípio da tabula rasa – não interessa a
modalidade de sucessão. Estado sucessor pode decidir não mais
participar nesses tratados. Ex.: alianças militares; defesa militar.
o Tratados de Direitos Humanos – (discutível) – princípio da
continuidade – impedimento de regresso em matéria de DH.
o Nos demais tratados não há normas específicas – dependerão dos efeitos
de uma sucessão de Estados da modalidade de sucessão verificada em
cada caso.
CV 1978 Costume
Sucessão Art. 34 continuidade Tabula rasa
Descolonização Art. 16 tabula rasa Igual
Dissolução Art. 34 continuidade Igual
Unificação Art. 31 continuidade Igual
Incorporação Art. 31 continuidade Tabula rasa
Anexação parcial Art. 15 tabula rasa Igual
Reconhecimento de Estado:
1) Conceito: é um ato unilateral, pelo qual um sujeito de DI, normalmente um
outro Estado, constata presentes, em uma entidade, os elementos constitutivos de
um Estado.
b) O novo Estado não pode ter sido constituído mediante grave violação
de DI. Violações de normas imperativas de DI geral (JUS COGENS). Da
violação não podem surgir direitos (ex injuria ius non onitur).
DEC. 30 – Doutrina Stenson.
CSNU: diversas ocasiões, após 1945, impediu o reconhecimento de
novos Estados. Ex.: Rodésia do Sul (atual Zimbábue) – 1965 – apartheid
(res. 216/217); República Turca do Chipre do Norte – final da dec. 70 –
proibido até hoje (res. 541/1983); República SRPSICA (tentativa de
Sérvia e Bósnia de criar novo Estado na Bósnia, contrário à população
desta) – res. 784/1993 – Cap. III da Carta da ONU.
Reconhecimento de Governo:
É também um ato unilateral que, todavia, é necessário quando uma ruptura na ordem
política de um Estado, do gênero de uma revolução ou golpe de Estado, faz com que se
instaure nesse país um novo esquema de poder, à margem do regime constitucional até
então em vigor.
1. Requisitos:
Ex.: BRASIL:
Reconhecimento de Estado - 18822 (independência)
Reconhecimento de Governo - 1889 (república); 1930 (revolução de 30); 1964
(golpe militar)
Veja que 1937 não é considerado reconhecimento, pois, não houve uma
mudança de grupo político.
Hoje, praticamente não existem mais diferenças entre os efeitos produzidos por um
reconhecimento de fato ou de jure.
O ato de reconhecimento de governo hodiernamente é sempre considerado
definitivo e irrevogável.
Para que o reconhecimento possa ser retirado, há uma única possibilidade: o
governo deixar de ser efetivo. (Perde o controle do Estado, população).
Não pode haver a retirada do reconhecimento por razões políticas. Pode haver, sim,
o rompimento das relações diplomáticas.
O reconhecimento de governo de facto, bastante incomum hoje, ainda ocorre
quando há dúvidas sobre a permanência do novo governo no poder.
Reconhecimento de governo de jure sinaliza que não há dúvidas quanto à
efetividade do novo governo. Há a presunção de que os reconhecimentos, hoje, são
de governo de jure.
2. Tipos de Reconhecimento:
a) Expresso (ato formal. Em desuso);
b) Tácito (há uma prática de certo ato que denota a intenção de Estado em
reconhecer novos governos. Regra hoje. Mediante o estabelecimento ou
manutenção de relações diplomáticas).
4. Requisitos:
a) Efetividade: É o único requisito indispensável na atualidade para que
um novo governo possa ser reconhecido (effective control principle).
Viola o DI, o reconhecimento de governo não efetivo. O governo, para
ser efetivo, precisa comandar a máquina administrativa do Estado e
exercer controle sobre seu território e população. Não pode haver
resistência armada da população contra o novo governo em larga escala.
A legitimidade do novo governo não é requisito jurídico para que os
Estados possam reconhecer novos governos, o novo governo pode
exercer o poder exclusivamente com base na força. Como ato
discricionário, a ausência de legitimidade, politicamente falando, tornará
bastante difícil o reconhecimento de um novo governo. (Contexto de
certas OI's: cláusulas democráticas; carta a OEA, art.9º).
b) Cumprimento das obrigações internacionais do Estado: baseia-se no
princípio da continuidade do Estado. O governo pode ter mudado, mas o
Estado permanece. Suas obrigações internacionais devem ser honradas.
Pode o Estado reconhecer ainda assim.
c) Aparecimento conforme o DI: (Celso Mello). Esse requisito no passado
era utilizado para impedir o reconhecimento de novos governos
instalados no poder mediante intervenção estrangeira. Hoje, se esse
governo é efetivo, na prática, pode ser reconhecido. Ex.: Iraque.
Responsabilidade Internacional:
2. Modalidades:
a) Regra - costume internacional: Responsabilidade internacional por fatos
ilícitos internacionais - aplicável aos Estados em geral.
b) Exceção - previsão em tratado específico. Responsabilidade internacional
por atos não proibidos pelo DI. Somente aplicável aos Estados-partes em
tratados que versam sobre a mesma. Ex.: danos causados pela exploração
de energia nuclear.
Percebamos, aqui, que essas três preocupações estão refletidas nas três grandes
partes em que se divide o Projeto da Comissão de DI sobre a responsabilidade dos
Estados por fatos ilícitos internacionais de 2001. (Projeto de tratado - reflexo, em
grande parte, do atual costume internacional em matéria de responsabilidade).
Principais tratados:
o Imputabilidade / atribuição:
Regra art. 4º do Projeto de CDI de 2001: Todo fato ilícito internacional dos
agentes estatais pode ser atribuído ao seu Estado.
Essa responsabilidade independe da função desempenhada pelo agente/órgão
estatal (executivas, legislativas, judiciais).
Art. 7º - Atos Ultra Vires: o Estado também pode ser responsabilizado por atos
de seus agentes, mesmo quando esses excedem os seus poderes ou descumprem
as instruções recebidas. (Culpa in eligendo).
o Dano / Prejuízo:
Conteúdo da Responsabilidade:
Implementação da responsabilidade:
Sanções com caráter punitivo no DI: Para que possam ser admitidas, precisa
verificar-se no contexto de situação, na qual as relações não sejam horizontais,
mas sim, verticais entre as pessoas envolvidas. Relações de subordinação. Essas
relações verificam-se no contexto de certas organizações internacionais. Essa
possibilidade decorre da vontade dos próprios Estados-membros dessas
organizações. A possibilidade da vontade coletiva, tal como aferida em certos
órgãos dessa OI, poder prevalecer sobre a vontade individual. Exemplo
emblemático: Carta da ONU (art. 25 c/c cap. VII - sanções políticas,
econômicas, militares).
Jurisdição / Imunidade:
Jurisdição: Termo normalmente utilizado para designar os poderes que um Estado
possui sobre pessoas, bens, e fatos ou eventos. Decorre da soberania dos Estados.
Jurisdição legislativa, judicial e implementadora (monopólio de uso legítimo da força
física).
Em DI, é mais comum encontrarmos normas que limitam o poder dos Estados de fixar
jurisdição sobre determinados assunto. Soberania relativa (limites fixados pelo DI).
Dois grande limites:
1) DI exige que haja algum vínculo entre a situação e o Estado que deseja sobre ela
exercer jurisdição. Direito criminal: DI estipula alguns princípios de direito criminal
que precisam ser respeitados pelos Estados: Princípio Territorial (regra); Princípio
da Nacionalidade (ativa ou passiva); Princípio Protetivo (Estado pode julgar crimes
contra a soberania, contra o interesse nacional. Ex.: falsificação de moeda);
Princípio da Universalidade ou jurisdição universal (enquanto regra, é vedado pelo
DI. Em algumas situações específicas, o DI autoriza que esse princípio seja
invocado. Ex.: crime de pirataria; crimes de genocídio; contra a humanidade; e de
guerra)
2) Imunidades - há certas pessoas, segundo o DI, que desfrutam de imunidade perante
os tribunais internos de outros Estados. Imunidade somente se verifica perante
tribunais internos de outros Estados (não há imunidade perante tribunal
internacional).
Modalidades de imunidade:
a) Imunidade soberana ou estatal: normas: costume internacional. Protege o
próprio Estado soberano enquanto pessoa jurídica e os principais
representantes de um Estado (chefe de Estado; chefe de governo; e o
ministro das relações exteriores - proteção absoluta).
b) Imunidade diplomática: normas: convenção de Viena de 1961 sobre
relações diplomáticas. Protegem os membros da missão diplomática.
c) Imunidade consular: normas: convenção de Viena de 1963 sobre relações
consulares. Protegem os membros da repartição consular.
d) Imunidade das OI's: normas: tratados bilaterais; tratados multipartirias
relativos às OI. Ex.: acordos de sede; instrumentos constitutivos das OI's.
Protegem a própria OI, seus funcionários, e representantes dos Estados
perante a OI. (Quando representante diplomático não está em missão
diplomática em outro país, mas sim, como representante do Estado
perante a OI).
OBS: ONU - convenção geral sobre privilégios e Imunidades da ONU de 1946
(imunidade absoluta - até questões trabalhistas).
Art. 3º, § 2º: nada impede que a missão diplomática possa também desempenhar
funções consulares. Basta abrir um setor consular no contexto da sua missão
diplomática. A repartição consular, entretanto, não desempenha função
diplomática (pode desempenhar, mas é bastante incomum).
Art. 4º: chefe da missão diplomática - responsável por chefiar toda a missão
diplomática. É o principal representante do Estado acreditante no território do
Estado acreditado.
o Imunidades:
Art. 29: a pessoa do agente diplomático é inviolável. Não pode ser presa
nem detida por qualquer motivo. A única possibilidade de prender
(art.32): renúncia por parte do Estado acreditante.
o Privilégios:
A equiparação quanto aos privilégios resulta também do fato de que hoje cada vez é
mais comum os Estados reunirem em um único órgão seus serviços diplomático e
consular.
Brasil: Itamaraty.
o Terminologia:
a. Repartição consular (gênero). Espécies: consulados-gerais, consulados,
vice-consulados.
b. Chefe da repartição consular (gênero). Espécies: cônsul-geral, cônsul,
vice-cônsul, agente consular. (Art. 9º)
c. Estado quem envia / Estado receptor.
o Funções consulares:
Art. 10 e 12: após envio da carta patente, poderá haver ou não a concordância do
Estado receptor em relação à pessoa nomeada pelo Estado que envia. Havendo
essa concordância, há a concessão do exequatur.
o Locais consulares:
o Imunidades:
Art. 43: funcionários consulares e empregados consulares somente possuem
Imunidades penal, civil e administrativa em relação aos seus atos oficiais.
Imunidade "ratione materiae".
Para os funcionários consulares, em relação aos seus atos particulares, somente
podem ser presos preventivamente em caso de crime grave e mediante decisão
judicial.
o Privilégios:
Art. 46 a 50 e Art. 52: autorização de residência e permissão de trabalho. Os
demais, correspondem à convenção de 1961.
Os funcionários consulares de carreira possuem todos esses privilégios (se
estendem aos seus familiares diretos). Honorários: art. 65 a 67.
Os empregados consulares possuem todos esses privilégios, com exceção do art.
50, 3º (bagagem inspecionada).
Membros do pessoal de serviço só tem os privilégios do art. 47 e 48 e não pagam
IR.
Membros do pessoal privado só tem os privilégios do art. 47 e 48.
Art. 71: tudo muda se um desses é nacional ou tem residência permanente no
Estado receptor. Praticamente não haverá quase nenhum privilégio.
Art. 45: o Estado que envia também tem o poder de retirar as Imunidades das
pessoas anteriormente descritas. Jamais quem se beneficia pode renunciar.
DIDH:
As raízes/fundamentos das normas de Direitos Humanos do atual DIDH foram
lançadas pela Carta da ONU, em 1945, e pela Declaração Universal dos Direitos
do Homem, de 1948.
Não queremos com isso dizer que não existiam, em DI, normas de DIDH antes
de 1945. Ex.: proibição da escravidão em DI – séc. XIX; Criação da OIT
(direitos trabalhistas) – Tratado de Versalhes.
O que não existia no DIDH antes de 1945 era um conjunto sistemático de
normas de DH que protegesse de forma ampla e geral todo e qualquer indivíduo
pelo fato de constituir um ser humano. Carta da ONU de 1945 fornece o
primeiro conjunto sistemático de normas de DH no âmbito do DIDH.
Já no art. 1º, §3º da Carta da ONU, ao mencionar os principais objetivos dessa
OI, a Carta elenca a promoção e o estímulo ao respeito dos DH e liberdades
fundamentais para todos, sem distinção de raça, sexo, língua ou religião.
Dentre os demais artigos da Carta da ONU acerca do DIDH, os que melhor
complementam o art. 1º são os art. 55 e 56 (geram a obrigação tanto para a ONU
quanto para seus Estados-membros, de promover o respeito universal e efetivo
dos DH).
No entanto, as normas de DH na Carta da ONU são vagas e gerais. Não foram
identificados precisamente quais DH deveriam ser promovidos, nem
estabelecido qualquer mecanismo de monitoramento. Art. 2º, §7º, Carta da
ONU.
2. Sistema Interamericano:
Dois principais Tratados acerca da proteção regional do ser humano.
I. Carta da OEA – Art. 3º, “e”: menciona, entre os princípios
fundamentais, o de respeito aos DH. Atualmente, o art. 106 revê a
existência de órgão de monitoramento especifico nesse diapasão:
a Comissão Interamericana de Direitos Humanos – surge, em
verdade, em 1959, na 5º reunião de consulta dos Ministros da
relações exteriores do Estados-membros da OEA. Entra em
funcionamento em 1960. Somente com o Protocolo de Buenos
Aires, em 1967, a Comissão se torna órgão da OEA.
A Comissão Interamericana, em sua atividade de monitoramento,
recorre fundamentalmente (principal documento) frente aos
Estados-membros da OEA como um todo, à Declaração
americana sobre os direitos e deveres dos homens de 1948.
Este documento, quando surgiu, também não era um Tratado.
Somente possuía inicialmente força moral. Tal como a DUDH, a
Declaração Americana atualmente possui vários princípios
obrigatórios parar todos os Estados, em virtude do costume
internacional.
São esses princípios obrigatórios que a Comissão Interamericana
averigua se os Estados-membros da OEA estão respeitando, de
forma a cumprir o art. 3º, “e”, da Carta da OEA.
Porém, a Comissão Interamericana, tal como a antiga Comissão
europeia, somente formula recomendações, não podendo obrigar,
na prática, os países a seguirem essas recomendações.
3. Sistema Africano:
Principal Tratado: Carta Africana sobre os direitos dos homens e dos
povos, de 1981 (entra em vigor em 1986):
2. Cartas Rogatórias:
Histórico:
1) Tribunal de Nuremberg: criado logo após o final da 2ª guerra
mundial na Europa, com o Acordo de Londres. Finalidade de julgar os
criminosos de guerra nazistas. Potências originalmente responsáveis:
EUA, URSS, UK e França – ausência do consentimento da Alemanha e
de outros Estados que participaram do esforço de guerra. Posteriormente,
19 outros Estados aderiram ao Acordo de Londres.
Quando o Estatuto do Tribunal de Nuremberg foi criado, eram previstos
4 crimes: crimes contra a paz; crimes contra a humanidade; crimes de
guerra; crime de associação. Este último aparece apenas dessa vez no
contexto do Direito Internacional.
Existia, aqui, uma associação artificial. Pois, nesse momento, esses
crimes somente poderiam ser punidos se verificados no contexto de um
conflito armado.
Pena mais grave: pena de morte.
Críticas: este tribunal teria desrespeitado o princípio do juiz natural
(tribunal ex post facto); este tribunal teria desrespeitado o princípio da
legalidade (nullo crimen nulla puena sine lege) – fundamental que o
crime esteja tipificado no momento em que é perpetrado.
Respostas: embora não houvesse normas diretamente dirigidas aos
particulares, os tratados Brand-Kellogg e aqueles oriundos das
conferencias de Haia de 1899 e 1907 (IV Convenção de Haia sobre os
conflitos terrestres) teriam proibido as condutas praticadas pelos nazistas.
Esses tratados seriam prova irrefutável da ilegalidade, perante o DI, das
condutas desempenhadas; além disso, tanto o princípio da legalidade
quanto o do juiz natural são princípios de justiça (Kelsen). Esses
princípios não podem ser invocados para garantir que uma injustiça seja
realizada.
Art. 7º: versa sobre as pessoas que podem ser consideradas como representantes
de um Estado para a prática de atos relativos à celebração de um Tratado. Regra:
art. 7º, §1º: a pessoa que apresenta documento de plenos poderes
(plenipotenciário).
§2º, “a”: situações nas quais a pessoa sempre será considerada plenipotenciário
sem jamais precisar apresentar plenos poderes para concluir Tratados em nome
do seu Estado (dispensada a produção de uma carta ou instrumento de plenos
poderes). A pessoa, devido a importância da função desempenhada, jamais será
obrigada a apresentar plenos poderes: Chefe de Estado, Chefe de Governo e o
Ministro das Relações Exteriores. Eles são os responsáveis por conceder plenos
poderes a outras pessoas.
§2º e §3º: Tanto o chefe da missão diplomática quanto os representantes do
Estado perante uma OI ou conferência internacional, somente podem “adotar”
um tratado sem apresentar poderes para tal, pois é uma etapa bastante preliminar
no processo de criação de um Tratado. (Assinar, ratificar, aderir – precisam de
plenos poderes).
4. Gênese de um Tratado:
Existem obrigações que tratados que não criam para o Brasil obrigações
internacionais novas. Ex.: tratado que meramente interpreta acordo anterior.
Estes tratados não demandam aprovação parlamentar (Mazzuoli pensa
diferente). São tratados chamados Acordos executivos – “executive
agreements”.
Como a OIC nunca foi instituída, o GATT 1947 possuiu, ao longo da sua
existência, vigência meramente provisória. Além disso, o GATT nunca foi
concebido como instrumento constitutivo de uma OI. Todavia, devido ao não
surgimento da OIC, o GATT, em sua prática, foi adaptado para servir como
instrumento que pudesse regular o comércio internacional como uma OI. Para
sanar esses “defeitos de nascimento” do GATT 1947, decidiu-se na Rodada
Uruguai, criar uma autentica OI que pudesse, além de resolver os problemas
verificados no GATT, estabelecer um novo sistema de solução de controvérsias.
Surge, então, a OMC. Esta entra em funcionamento em 01/01/2007.