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Ruth Benedict
3a edição
Capítulo 1 – missão: Japão (apresentação do problema, dos métodos de estudo e os
objetivos.)
O “mas também”: a partir do contexto da guerra, a autora discorre a respeito das
contradições da cultura japonesa. A autora explica que recebeu o encargo de estudar o
Japão a fim de tentar entender os “hábitos japoneses de pensamento e emoção e os
padrões em que se enquandravam tais hábitos”. Para isso, a autora explica que
analisaria como os japoneses se comportavam durante a guerra não como um
problema militar, mas como um problema cultural, e que tanto na guerra quanto na
paz, “os japoneses revelavamse ao agir”. E, o fato dos países estarem em guerra
implicava em abrir mão da técnica de trabalho mais importante da antropologia: o
trabalho de campo. A partir deste problema, a autora nos conta que suas
possibilidades eram: se basear em pesquisas de campo já realizadas, e então ela cita
uma única pesquisa que até então fora realizada – Suya Mura, de John Embree, mas
que muitas das questões do Japão contemporâneo não haviam sido propostas em tal
estudo; interrogar os japoneses que viviam nos Estados Unidos, além de atentar aos
escritos sobre o Japão de ocidentais que haviam vivido lá e também dos próprios
japoneses, que segundo a autora, “ao contrário de muitos povos orientais, [os
correspondentes do Japão, poderia também através de comparação “obter indicações
do lugarcomum. “A conduta humana é descoberta na vida diária, seja numa tribo
primitiva ou numa nação na vanguarda da civilização”. Ou seja, todas as experiências
de uma pessoa, das mais banais às mais complexas, tem alguma relação com como
essa pessoa pensa ou se sente.
A autora continua explicando que, enquanto antropóloga cultural, ela parte da ideia de
que todos os aspectos de conduta possuem alguma relação sistemática entre si, e que
esses aspectos se inscrevem em padrões globais, pois as sociedades humanas preparam
para si mesmas um “projeto de vida”, que determina modos de enfrentar situações e de
mensurálas, e assim os integram criando um sistema de valores. Se esse sistema não
for suficientemente consistente, com motivações e algum fundamento lógico comum,
essa sociedade está fadada à ineficiência e ao caos.
Ou seja, economia, família, religião e política engrenamse entre si. Sendo que, por
essa necessidade de consistência, quando uma dessas áreas passa por mudanças mais
rapidamente, criase uma grande tensão a essas outras áreas. Ela cita então o exemplo
das nações civilizadas:
outras.” p. 18
Com isso, a autora defende que quanto mais o estudioso dispersar sua investigação
entre a economia, o sexo, a religião e da criação das crianças, melhor ele observará o
que está acontecendo na sociedade que estuda.
Assim ela esclarece que este não é um livro específico sobre a religião japonesa, ou a
vida econômica, política, nem sobre as relações familiares, mas sim sobre a condução
da vida pelos japoneses, ou em suas próprias palavras “o que faz do Japão uma nação
de japoneses”.
Outra questão levantada pela autora é que no século XX temos a desvantagem das
nações mal se compreenderem umas às outras. Não se davam a oportunidade de
descobrir quaisquer que fossem seus hábitos e valores. E ao mesmo tempo, não se pode
depender exclusivamente do que cada nação diz sobre si mesma, pois o modo como
cada uma se enxerga e enxerga a vida é subjetivo. A tarefa do cientista social então é a
de desvendar a “fórmula” de como cada nação se enxerga e enxerga a vida.
Para isso, afirma a autora, é necessário tanto uma firmeza quanto uma generosidade,
para asseguraremse de que as diferenças existam e sejam respeitadas, e para que
estejam seguros de suas convicções, abertos de forma generosa à cultura do Outro.
Mais uma vez a autora reafirma que este livro diz respeito aos hábitos “esperados e
consagrados no Japão”, e afirma que a autoridade ideal deste livro seria um desses
proverbiais homens da rua. Seria um qualquer. E que o objetivo de um estudo como
conduta”. E reconhece que “mesmo não o atingindo, este foi, sem dúvida, o seu ideal”.
Uma tarefa bem mais difícil do que validar estatísticamente o modo de vida do japonês
é relatar de forma intelígivel, por exemplo, para os americanos, que veem a vida de
uma perspectiva completamente diferente, “como essas práticas e julgamentos aceitos
tornamse as lentes através das quais o japonês contempla a existência”. Em outras
palavras, estrututar o pensamento o pensamento do japonês.
Por fim, a autora explicita a importância do estudo qualitativo sistemático dos hábitos
e convicções do povo do país estudado, o ponto de vista que está corporificado nos
costumes, nos herois nacionais, nos mitos a respeito da história nacional e nas
festividades nacionais, por exemplo. E assim a autora encera o capítulo dizendo que
chegou à conclusão de que uma vez verificada onde seus costumes ocidentais não se
enquadravam na visão de existência japonesa, obteve assim alguma ideia de
categorias e símbolos utilizados por eles, e muitas contradições que os ocidentais
acosturamse a ver no japonês passou a fazer sentido.
Síntese: neste capítulo a autora nos apresenta o problema que lhe fora apresentado,
discute os métodos para abordar este problema e explicita os objetivos que esperava
deste estudo.