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celani-fala-sobre-o-ensino-de-lingua-estrangeira

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 222, 01 de Maio | 2009

Prática Pedagógica

Antonieta Celani fala


sobre o ensino de Língua
Estrangeira
Pesquisadora brasileira alerta para a importância de
refletir sobre a prática em sala para substituir
definitivamente os "métodos milagreiros"
Daniela Almeida

A formação deficiente de professores em


faculdades sem qualidade que se proliferam
pelo país e a escassez de programas de
Educação continuada bem organizados são
apenas dois dos desafios enfrentados no
ensino de Língua Estrangeira. Outra questão,
somada a essas, torna o cenário ainda mais
desafiador: a ausência de uma política clara -
em nível nacional -, o que leva a disciplina a
uma posição secundária dentro do currículo.
Na avaliação da professora Antonieta Celani,
fundadora, em 1970, do Programa de Estudos
ANTONIETA CELANI "Já baseamos
Pós-Graduados em Linguística Aplicada - o
as aulas em tradução e em gramática, primeiro do gênero no Brasil - e atual
mas hoje sabemos que cabe ao professor
coordenadora do Programa de Formação
analisar a turma para atuar bem."
Contínua do Professor de Inglês da Pontifícia
Universidade Católica (PUC) de São Paulo,
existe uma descrença geral no meio educacional em relação à área.

Para ela, no entanto, a situação tende a se reverter com o fim da crença de


muitos educadores na existência do que costumam chamar de "o melhor
método". "Já baseamos as aulas em gramática e em tradução, por exemplo,
mas hoje sabemos que cabe ao professor analisar a turma para atuar bem",
afirma. Nesta entrevista, a pesquisadora explica por que acredita que a busca
por receitas só mudará com a formação reflexiva - a capacitação que prepara
cada docente para avaliar a realidade em que atua e aplicar princípios de
ensino e aprendizagem que funcionem para o grupo de estudantes que tem
em cada sala de aula.

O que mudou nas aulas de Língua Estrangeira no Brasil desde que o primeiro
curso de pós-graduação na área foi criado, em 1970?
Antes, o foco estava no ensino de línguas em si. Hoje, o
ANTONIETA CELANI

conceito de linguística aplicada, guarda-chuva do curso que ajudei a criar, é


muito mais amplo. Naquele tempo, a preocupação era o que e como ensinar.
Hoje há outras perguntas: para que crianças e jovens precisam do Inglês? Por
que ele é necessário no currículo?

Por quais concepções de ensino da disciplina o país já passou?


ANTONIETA Primeiro, tivemos aquela baseada em gramática e tradução. Depois,
caminhamos para o método audiolingual, embasado na repetição oral e com
orientação behaviorista. Daí em diante, apareceram iniciativas soltas: método
funcional (conteúdo determinado por funções, como pedir desculpas e
cumprimentar), método situacional (conteúdo pautado por eventos como "no
aeroporto", "na loja" etc.). Todos, no fundo, se tratavam de audiolinguais
disfarçados, já que a condução em sala também se dava pela repetição. Mais
tarde, surgiu a abordagem comunicativa, por meio da qual não se pode usar
a primeira língua, só a estrangeira. Essa foi a grande revolução do fim do
século 19.

Não houve a influência do sociointeracionismo?


ANTONIETA Sim, as ideias do psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky (1896-1934)
vieram paralelamente, focadas na questão do desenvolvimento e do ensino e
da aprendizagem como um processo único. Nesse contexto, são usadas
formas de mediação - pelo professor, pelo colega ou pelo próprio material
didático - para levar o outro a aprender.

E atualmente, como estamos?


ANTONIETA Hoje,atuamos em uma era que os especialistas chamam de pós-
método. Falamos em princípios e em diferentes possibilidades de
implementá-los. De certo modo, para a questão da formação docente, isso
complica a situacão, já que é muito mais fácil pegar uma receita e aplicá-la.
Agora, dependemos da análise do professor em relação ao que fazer diante
da realidade em que estão inseridos seus alunos.

O que cabe a ele, afinal?


ANTONIETAEle precisa dominar o contexto por meio de princípios básicos de
ensino e aprendizagem que independem de metodologia. Existem alguns nos
quais o professor acredita e aos quais é fiel. Se ele aposta na mediação, por
exemplo, não vai exigir que a garotada repita milhares de vezes uma palavra.
Não é possível falar, portanto, em um modelo que seja mais eficaz.
ANTONIETAExatamente. Não existe um método perfeito, até porque a eficácia
depende do objetivo da pessoa ao aprender um idioma. A saída agora é
entender por quê, para quê, como e o que ensinar - nessa exata ordem. A
primeira resposta pode ser: porque a língua confere uma formação global ao
indivíduo. Para quê? Até o 9º ano, ainda não há uma certeza. Então, a
formação deve ser básica para permitir direcionamentos específicos
posteriores. O como vai depender dos objetivos. Só então é possível definir
os conteúdos a ensinar.

É importante que esses conteúdos estejam relacionados às práticas sociais de leitura e


escrita?
ANTONIETA Sim. Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) de Língua
Estrangeira, lançados em 1998, do qual sou coautora, recomendamos a
ênfase em leitura e escrita, considerando as situações do contexto brasileiro.
Fomos massacrados. Diziam que a proposta era elitista, pois excluía a
possibilidade de acesso do estudante ao desenvolvimento das quatro
habilidades - ler, falar, escrever e compreender. Mas como, sem preparo, o
professor pode desenvolver a habilidade de fala com 50 crianças por classe
em duas horas semanais? Agora, justamente as práticas de leitura e escrita
aparecem como uma necessidade social.

Como levar esses dois conteúdos para a sala de aula?


ANTONIETALigando aquilo que acontece em classe com objetos de uso da
Língua Estrangeira que existem fora do ambiente escolar. Vale trabalhar com
textos de jornal (disponíveis inclusive na internet), rótulos de produtos, a
estampa de uma camiseta ou letras de música. Dessa forma, o professor
encontra um link com os jovens.

Com o desenvolvimento de novas mídias e tecnologias, como a internet e a TV a cabo,


mudam os conteúdos e a maneira de lecionar Inglês?
ANTONIETA Com certeza. Existem, aliás, iniciativas muito interessantes nesse
sentido, como a chamada You've Got Mail. Por meio desse programa, os
professores promovem a troca de e-mails entre alunos brasileiros e de outros
países. O computador é um recurso que deve ser usado para fazer tarefas
que despertem o interesse dos estudantes. Usar essas novas tecnologias é
outro meio de estabelecer um relação com a realidade.

Muitas escolas brasileiras ainda focam apenas a gramática e a decoreba. Como mudar
isso?
ANTONIETA Épreciso valorizar o segundo idioma, entender qual a importância
de aprendê-lo para a Educação do indivíduo - o que permite a ele entender o
outro e as diferenças e estar inserido no contexto mundial atual. E também, é
claro, dando formação inicial e continuada para os professores. Eles apenas
repetem o que aprendem.
Quais os problemas da formação docente nessa área?
ANTONIETA Primeiro, há a questão da licenciatura dupla em Português e Inglês,
por exemplo. Com o repertório proporcionado pela Educação Básica, não há
como dar conta das duas em tão pouco tempo. Além disso, hoje se proliferam
faculdades que não têm corpo docente adequado nem desenvolvem
pesquisa e dão cursos baseados na gramática. O ideal é que a graduação
ofereça a prática e o uso da língua, de várias maneiras, além de formação
reflexiva e não receitas.

Como os professores recém-formados chegam à escola?


ANTONIETA Elesse sentem perdidos, já que a própria instituição muitas vezes
desvaloriza a disciplina. Alguns se perguntam por que estão ensinando
aquilo. Eles não têm noção da capacidade de inclusão que o idioma tem.

O que é essencial numa boa aula?


ANTONIETA A
conversação. O único momento real de comunicação se dá com
ordens: abram seus livros. Em sala, continua-se falando em português e isso
acontece pela falta de naturalidade com o idioma. O medo de a turma não
entender não é desculpa. Senão vira um círculo vicioso. É possível usar os
dois idiomas, pelo menos, ou traduzir na primeira vez que empregar
determinados termos.

Que outras habilidades e conhecimentos o professor deve ter?


ANTONIETA Além de ser capaz de falar na língua que leciona em sala, ele precisa
escrever de maneira simples e correta sintaticamente, ler um artigo e
entender falantes nativos - que não devem ser encarados como modelo, nem
em relação à pronúncia. Mesmo porque essa ideia está superada hoje pela
falta de fronteiras proporcionada pelo avanço da tecnologia e por causa da
expansão do inglês. Afinal, quem é o falante, nesse caso, uma vez que os não-
nativos superam absolutamente os que o têm como primeira língua? O
princípio é se comunicar de forma correta e compreensível.

O que a formação continuada pode oferecer ao docente da área?


ANTONIETA Ele
precisa estar preparado para se enxergar e atuar como um
pesquisador da própria prática. A reflexão proporciona isso a ele. Um dos
grandes problemas do professor é a solidão. Muitas vezes, ele não tem
colegas com quem trocar experiências na escola. Por isso, é importante estar
sempre alerta para oportunidades em centros de recursos e usar a internet
para pesquisar e travar contato com o idioma.

Qual o currículo do programa de Educação continuada para professores de IngIês do


qual a senhora participa?
ANTONIETANo programa para formação gratuita de professores da PUC, em
parceria com a Cultura Inglesa, os educadores primeiro têm aulas de
aperfeiçoamento linguístico. Terminada essa etapa, eles fazem um curso de
extensão chamado Reflexão Sobre a Ação, durante o qual gravam suas aulas
e analisam o que funcionou ou não. Além de estudarem os aspectos didáticos
(a organização do sistema fonológico do inglês, a relação com textos etc.),
refletem sobre questões da prática em sala de aula. Depois, eles preparam
unidades didáticas e testam esse material nas escolas em que trabalham
porque a intenção é multiplicar a formação pelas escolas.

Como a rede pública encara o ensino de um segundo idioma?


ANTONIETA Como uma das últimas preocupações. Não há meios para que ele
avance porque não existe uma política nacional para a disciplina. Isso é
resultado da exclusão da Língua Estrangeira do núcleo comum na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1961. Na época, ela passou
a ser tratada como atividade. Depois, a LDB de 1996 menciona "uma Língua
Estrangeira". A escolha é da escola. Independentemente disso, um decreto do
governo, de 2005, estabeleceu a obrigatoriedade de a escola se oferecer o
Espanhol, apesar de ele ser optativo para os alunos. Só que na prática não
acontece nada. Mesmo porque ainda não existem professores suficientes
para preencher essas vagas.

Que resultados os estudantes colheriam se as aulas de um segundo idioma


fossem priorizadas?
ANTONIETA Elespassariam a entender as diferenças e a conviver melhor com
elas. Aprende-se isso por meio do contato com outras culturas. No aspecto
social, temos as questões do acesso ao mercado de trabalho e da inclusão e
da participação do sujeito no mundo. Hoje, quem não tem um nível de inglês
que permita entrar nessa grande roda está excluído. Bom ou ruim, esse é um
fato.

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Professores e Formadores em Mudança: Relato de um Processo de Reflexão e Transformação da Prática
Docente, Maria Antonieta Alba Celani, 232 págs., Ed. Mercado de Letras, tel. (19) 3241-7514, 46 reais
ESP in Brazil: 25 Years of Reflection and Evolution, Antonieta Alba Celani, Francis Deyes, John Leslie Holmes e
Michael Rowland Scott, 416 págs., Ed. Mercado de Letras, 45 reais

INTERNET
Informações sobre o programa de aprimoramento de inglês da Cultura Inglesa em parceria com a PUC.

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