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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE BELAS-ARTES

A QUESTÃO DA VISUALIDADE NA PINTURA

Eduardo Augusto Perissatto Meneghin 11605


Mestrado em PINTURA

Prof. Doutora Ana Sousa


2019
A questão da visualidade na pintura

A questão da visualidade na pintura é o que constitui o tema deste projeto. Para isso,
faremos uma pequena genealogia da imagem tendo como início a Grécia Antiga e os
modos como ela se transformou ao longo dos anos. Depois, passaremos à problemática
da visualidade da pintura e seus desdobramentos ao longo dos anos. A pintura é um
lugar de reflexão do visível ou apenas um locus onde as imagens são, por assim dizer,
fixadas para serem depois objetos de reflexão? A visualidade da pintura é criadora ou
apenas reprodutora do já visto? São essas perguntas que constituem a direção desse
trabalho.

Palavras-chave: Pintura; Visualidade; Imagem; Criação; Filosofia

Estado da Arte

A discussão a respeito da visualidade é muito vasta e atravessa, consequentemente, uma


discussão sobre a natureza da própria imagem. Do conceito grego e platônico de
imagem, ao papel central da visão atribuído por Aristóteles em sua Metafísica, dos
escritos de Pseudo-Dionísio Areopagita até os escritos do teórico renascentista Alberti,
da concepção inovadora dos impressionistas em relação às cores e a visão, até as teorias
mais recentes, a imagem e a visualidade consituem problemas para os quais ainda não
se vislumbrou uma solução. As definições de imagem e visualidade são, portanto, ainda
abertas e não conclusivas.

Na Grécia Antiga, imagem esteve associada à própria ideia, sendo a palavra eidos muito
utilizada por Platão para o desenvolvimento de sua filosofia idealista. Já seu discípulo
Aristóteles, considerava que a imagem era apenas a representação mental de um objeto
real. Temos então, a primeira oposição, surgida ainda na Antiguidade e que, até hoje, é
discutida quando se trata de pensar a visualidade.

No final do séc. V e início do séc. VI, Pseudo-Dionísio Areopagita, em suas obras


Hierarquia Celeste e Hierarquia Eclesiástica, defenderá a origem divina das imagens,
ampliando as filosofias platônicas e neo-platônicas e intercalando-as com a mística da
Igreja do Oriente (Cristianismo Ortodoxo).
Alberti em 1435, mais alinhado com a filosofia aristotélica, defenderá a pintura como
uma representação das coisas vistas, enquanto Giorgio Vasari fará uma defesa do
primado do desenho enquanto idéia, expressando assim sua admiração por Platão.

É somente no séc. XIX, com as descobertas dos impressionistas, que essa oposição
entre uma visão construída a partir da imagem enquanto ideia, e uma visão construída a
partir da natureza observada, por assim dizer, uma visão idealista versus uma visão
realista, ganhará novos contornos com uma visão mais fenomenológica, ou seja, uma
teoria da visão criada a partir das impressões de luz sobre a retina.

Em Baudelaire, temos uma defesa da imaginação em detrimento de uma pintura que


apenas expressa o já visto (realista) ou uma pintura de clara inspiração platônica e
aristotélica (o chamado Neoclassicismo). Suas teorias são fundamentais para se
compreender o nascimento de uma nova visualidade no início da modernidade.

Estudos de Aby Warburg, Gilbert Durand, Carlos Vidal e Tomás Maia tratam das
imagens e da visualidade relacionando-as com diversos outros campos do saber
humano, tais como a psicologia, a antropologia, a etnologia, a mitologia, a matemática e
até mesmo a biologia, lançando questões profundas a respeito das imagens e
consequentemente do papel da pintura no imaginário humano.

Tendo isso em consideração, nosso projeto propõe analisar de modo aprofundado cada
um dos autores citados, tornando claras as oposições em cada período e levantando
questões que sejam pertinentes para a nossa pesquisa.

Objetivos

Os objetivos deste trabalho podem ser descritos a partir de três eixos, que considero
fundamentais para o seu desenvolvimento:

Em primeiro lugar, uma recolha de material histórico a respeito da imagem e da


visualidade, passando pela etimologia das palavras em grego e latim e por imagens
relevantes. Essa recolha, será desenvolvida a partir de pesquisa, seleção e análise de
bibliografia relevante, que constituirá a fonte de nossa pesquisa.
Em segundo lugar, uma exposição dos conceitos levantados a partir da pesquisa e uma
devida contextualização histórica, organizada de forma a constituir a fonte para a
construção de uma narrativa, que se deseja em simultâneo sintética e representativa.

Em terceiro lugar, o levantamento das questões filosóficas propriamente ditas,


respeitando as compreensões obtidas a partir dos objetivos anteriores. Este objetivo
constitui o campo aberto de nossa pesquisa.

Com a realização e junção desses três eixos, acreditamos ser possível a estruturação de
um trabalho pertinente sobre a questão da visualidade na pintura, que é o
questionamento que nos move, e assim contribuir para o campo teórico em causa,
articulando aspectos históricos, etimológicos e conceptuais relevantes.

As questões que levantámos, como já expostas no Sumário, podem ser resumidas em


uma busca pela natureza da visualidade e sua relação com a pintura, ou seja, se a pintura
constitui-se como um lugar de reflexão do visível, seja enquanto prática ou enquanto
objeto, se esse lugar, caso exista, é um lugar privilegiado, se a visualidade da pintura é
criadora ou apenas reprodutora e, por fim, se há a possibilidade de uma invisualidade da
pintura.

Descrição detalhada

Tendo em vista a natureza vasta de nosso tema, e tendo já exposto o caráter


inconclusivo da questão, ou seja, o fato dela ser, até o momento, uma questão aberta, faz
com que nossa abordagem metodológica seja a estruturação de um mapa conceptual a
partir dos objetivos já expostos capaz de abarcar a complexidade do que pretendemos
desenvolver.

O mapa conceptual pode ser descrito como um método particular de organizar


conhecimento a partir das relações significativas entre as idéias. Eles permitem a
visualização fácil das relações entre conceitos, o que favorece a compreensão e a
revisão das matérias. Portanto, pretendemos construir nosso mapa conceptual
obedecendo aos objetivos propostos, ou seja, ele será realizado estritamente da seguinte
maneira:
Através da recolha de material histórico a respeito da imagem e da visualidade,
pretendemos, inicialmente, constituir uma base de dados de referências-chave que
abarquem as duas principais correntes de pensamento sobre a visualidade e a pintura,
isto é, a platônica e a aristotélica, tendo em vista que é a partir desse núcleo de
pensamento da Antiguidade que as principais teorias até o séc. XIX orbitam, sendo ora
atualizações, ora retomadas, ora ampliações do pensamento grego.

Essa recolha de material histórico poderá conter textos escritos, imagens relevantes ao
tema proposto e, por fim, um dos aspectos importantes para a compreensão filosófica, a
etimologia das palavras e o sentido que elas ocupam no pensamento de Platão e
Aristóteles.

Para isso, utilizaremos como fontes livros, revistas, jornais, internet e quaisquer outros
meios que possam contribuir de modo enriquecedor para a recolha.

Após esta recolha de material, teremos condições de realizar a exposição dos conceitos
levantados a partir da pesquisa, organizados de tal forma que possam vir a constituir
nossa narrativa. É nesse ponto que iniciaremos a construção de nossa constelação
conceptual, determinando o espaço em que os conceitos apreendidos irão se posicionar.
Isso nos conduzirá a uma etapa importante do trabalho, porque será a primeira
visualização das relações existentes entre as ideias e também a visualização dos
caminhos possíveis para a nossa narrativa. Utilizaremos nessa constelação tanto as
imagens quanto os conceitos, expondo-os mesmo numa constelação visual: um
diagrama imagético que estará acessível para nós até ao final do trabalho. Ele poderá ser
fixado em uma parede ou constituir-se como um cartaz em que os elementos poderão
ser adicionados ou subtraídos conforme a progressão da pesquisa.

Esse método tem suas raízes nos estudos de Aby Warburg, precisamente no seu Atlas
Mnemosyne, e permite que tenhamos uma visão abrangente das linhas de transmissão
das imagens e conceitos ao longo dos anos. Warburg criou painéis com centenas de
imagens e agrupou-as com pequenas anotações que expressavam uma suposta relação
entre as imagens. Julgamos que esse método oferece todas as condições para a
realização da pesquisa, muito embora nossa constelação venha a ser, provavelmente,
composta mais por textos e conceitos do que por imagens. A nossa afinidade pessoal, a
contribuição histórica do trabalho de Warburg e também sua reconhecida influência e
relevância nos campos das Artes Visuais, tornam-no uma referência importante para
nossa proposta.

Com a constelação conceptual realizada até essa etapa de nosso projeto, teremos
condições de fazer o levantamento das questões filosóficas, como apontámos nos
objetivos. A partir da pergunta já colocada sobre a pintura ser um lugar de reflexão do
visível ou apenas um locus onde as imagens são, por assim dizer, fixadas para depois
serem objetos de reflexão, da pergunta sobre a visualidade da pintura ser criadora ou
apenas reprodutora do já visto, teremos condições de iniciar uma possível narrativa a
partir do material de nossa recolha.

Nesse ponto de nosso trabalho, é natural que novas questões possam surgir, levando em
consideração que as relações entre as ideias serão mais evidentes para nós do que no
início da pesquisa. Se isso poderá constituir alguma dificuldade, é algo que não
sabemos. Porém, essas questões poderão ser anotadas e constituirem parte de nosso
trabalho, mas somente se a relevância delas não nos afastar dos objetivos iniciais. A
dificuldade é justamente definir esta relevância e permanecer centrado no que foi nossa
proposta primeira, sob o risco disso desviar demasiado nosso trabalho.

A partir disso, a construção de nossa narrativa – o texto propriamente dito – poderá dar
início. Tendo em mãos o nosso mapa e o levantamento das questões filosóficas, a
narrativa deverá ser realizada obedecendo a uma estrutura previamente definida para a
narrativa de uma tese, a saber: uma introdução, um desenvolvimento, e uma conclusão
(que não é necessariamente uma conclusão final sobre o tema, mas uma conclusão
dentro dos limites propostos, ou seja, há a possibilidade de nossa conclusão ser ainda
algo aberto e que permita um futuro desenvolvimento).

O tempo previsto para a execução de nosso trabalho, da etapa inicial até a conclusão,
seria em torno de seis meses, levando em consideração eventuais imprevistos e
dificuldades. Isso está detalhado no cronograma em anexo.
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