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PANORAMA HISTÓRICO
O teatro chinês possui cerca de 5 mil anos de idade. Impérios e dinastias vieram e se
foram durante toda a história da China. Os primórdios do teatro de sombras datam do
período de domínio do imperador Wu-ti (140-87 a.C.), um amante das artes.
Na China existe uma lenda que conta o nascimento do teatro de sombras, revelando
aspectos interessantes desta arte de silhuetas:
O Imperador Wu Ti, da dinastia dos Han, teve o desgosto de perder sua dançarina
predileta. Havia vinte anos que ele governava com sabedoria e juízo o Império Celeste e
seu reinado era dos mais gloriosos de todos os tempos. Mas Wu Ti era muito
supersticioso e acreditava na arte de mágicas. Quando certa feita sua dançarina favorita
morreu, ele, desesperado, voltou-se para o mágico da corte, exigindo que fizesse voltar
à linda defunta do “Reino das sombras”. Caso contrário seria decapitado. Ameaçado o
mágico não perdeu a cabeça... O mago usou sua imaginação e através de uma pele de
peixe, cuidadosamente preparada para torná-la macia e transparente, recortou a silhueta
da dançarina, tão linda e graciosa como ela fora. Numa varanda do palácio imperial,
mandou esticar uma cortina branca em frente a um campo aberto. Com o Imperador e a
corte reunida na varanda, e à luz do sol que se filtrava através da cortina, ele fez evoluir
à sombra da dançarina, ao som de uma flauta e todos ficaram alucinados com a
semelhança.
A partir de 1966 com novas tecnologias a estética dos espetáculos foi alterada, as varas
de bambu foram trocadas por acrílico e a iluminação feita por lâmpadas fluorescentes.
Com a criação de academias especificas em 1970, aproximadamente, o ensino deixou de
ser restrito no aprendizado por tradição e hoje crianças aprendem na escola as técnicas
de silhuetas com reconhecidos professores.
Índia
A arte do teatro oriental sobrevive em Java graças às academias criadas pelo Estado e
pela ajuda dos últimos sultões. Podem ser vistas ainda hoje em vilarejos tendo o toca
fitas como substituto do trabalho de orquestra.
Turquia
A aparição do teatro de sombras turco ocorreu no século XIII após a invasão dos
mongóis na China que depois foram para a Turquia. Em Bursa, surgiu a forma mais
popular do teatro de sombras do mundo árabe, que tem como característica a critica
social–política, ele é chamado de teatro de Karagöz e realizado em feiras à noite cujo
espetáculo conta com um único manipulador que controla tudo: bonecos, texto e
sonoplastia.
Na Europa é incerto o período em que o teatro de sombras foi inserido. Ele é trabalhado
mais como espetáculo do que um ritual propriamente dito, como acontece no Oriente.
Dois grupos teatrais trabalham com o teatro de sombras sob um olhar contemporâneo:
Le Phospènes (França) dirigido por Jean Pierre Lescot e Teatro Gioco Vita (Itália)
dirigido por Fabrizio Montecchi. Jean Pierre Lescot trabalha com a linguagem de
sombra no teatro contemporâneo, descobriu este gênero teatral através de um espetáculo
balinês, em 1968 na cidade de Paris. Montou com a Cia. um espetáculo que trabalha a
mobilidade das silhuetas e joga com a cumplicidade da luz e transparência de tecidos
destacando a característica expressionista da imagem. Ele explora a imaterialidade e a
magia que a sombra remete, aproximando a linguagem a uma expressão relacionada a
sonhos. De acordo com o diretor teatral a sombra pode assumir várias características
quando ela se distancia ou se aproxima da tela, conseguindo vibrar, ondular,
desaparecer, ser opaca, translúcida, se deformar, ou ao contrario tornar-se nítida e
contrastante; e um espetáculo de sombras poderá promover um momento em que
sentiremos emoções reais se deixarmos de lado as nossas idéias pré-definidas diante das
coisas. Aqueles que assistem espetáculos de sombras darão significados e importâncias
subjetivas às coisas e perceberão que o ato de descobrir/redescobrir nunca será inocente.
O teatro Gioco Vita é um grupo teatral de animação que iniciou suas produções com
bonecos de vara, luvas e marionetes porém a partir de 1976 depois de um encontro com
o teatro de sombras de Jean-Pierre Lescot, num festival de Charleville-Mezières ,
passou a se dedicar exclusivamente as pesquisas referentes a linguagem das sombras.
Em seus espetáculos o grupo faz a luz variar sempre, seja em relação ao espaço, seja em
relação às qualidades técnicas dos focos de luminosos. As telas ou telões de luz de
projeção passaram a ser também móveis e com dimensões sempre surpreendentes.
Atenção especial foi dada a relação corpo do ator-manipulador, o boneco/ objetos e as
suas respectivas sombras.