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Descrédito geral

Uma pesquisa da CNT, Confederação Nacional dos Transportes, traz alguns dados fundamentais
para a compreensão do estado de coisas no Brasil de hoje.
O relatório completo está aqui, mas a tabela que reproduzo neste artigo (página 45 do relatório)
fala por si.
A pesquisa buscou averiguar, com uma amostragem significativa colhida em várias regiões do
país, quais as instituições em que o povo brasileiro mais e menos confia: igrejas, partidos
políticos, governo, mídia etc. É uma pergunta temível, que anuncia choro e ranger de dentes.
Entre mortos e feridos, a principal vítima foram as Forças Armadas. Semanas atrás, afirmei que,
tendo sido por décadas a instituição exibida em todas as pesquisas como a mais confiável do país,
elas logo perderiam esse estatuto e rastejariam na lama do descrédito junto com a mídia e os
políticos.

O motivo que me levou a esse prognóstico sombrio foi a longa série de hesitações, embromações
e desconversas pomposas com que os militares responderam ao clamor de seus admiradores
devotos por uma “intervenção militar” supostamente salvadora. A sucessão de vexames
entremeados de ostentações de patriotismo histriônico, que teve um ponto alto no ridículo desfile
de Sete de
Setembro em recinto fechado, chegou ao auge no show de puxassaquismo e concordância
ideológica oferecido pelos comandantes das três armas ao representante do Foro de São Paulo,
Aldo Rebelo.
Pois bem, a previsão já estava se cumprindo quando foi anunciada. A pesquisa, de julho, mas só
publicada agora, revela que o nível de confiança popular nas Forças Armadas baixou dos antigos
50 e tantos por cento para 15,5 por cento. Merecidamente.
Para meditação dos oficiais militares que ainda prezam um pouco a reputação das suas
corporações, relembro aqui o clássico haikai de Antonio Machado:
Cuan dificil es
Cuando todo baja
No bajar también.
Com toda a certeza, os oficiais empenhados em alinhar as suas instituições com a política do Foro
de São Paulo acreditaram que podiam continuar fazendo isso sem despertar suspeitas, protegidos
sob a redoma da tradicional confiabilidade militar, consolidada ao longo de décadas de pesquisas.
Mas nenhum capital acumulado resiste por muito tempo a um empenho sério e obstinado de
cultivar o prejuízo.
Se os bravos guerreiros não acordarem, daqui a pouco teremos Pixulekos fardados flutuando nas
praças, e os oficiais vistos de uniforme nas ruas ou nos restaurantes receberão o mesmo tratamento
dado ao sr. Adams e similares.
Com exceção das igrejas em geral, que 53,5% dos entrevistados consideraram maximamente
confiáveis, praticamente todas as demais instituições nacionais tiveram desempenhos tão baixos
que não há exagero nenhum em dizer que perderam por completo a confiança do povo: Justiça,
10,1%; polícia, 5%; imprensa, 4,8%; governo, 1,1%; Congresso Nacional, 0,8%; partidos
políticos, 0,1%.
Se um governo que permanece no poder desfrutando da confiança de apenas 1,1% já é a prova
contundente de que não existe mais nenhuma “democracia” a ser preservada, mais patético ainda
é que o Congresso, da qual tantos comentaristas de mídia esperam a cura miraculosa do descalabro
nacional, esteja abaixo dele na escala, com seus 0,8% de confiabilidade. Não é isso que as pessoas
chamam de pedir socorro para o bandido?
Como entender esse quadro, exceto como o retrato de uma quebra total da confiança, de uma
ruptura insanável entre o povo e a elite governante, de uma falência total do sistema, de um estado
de coisas, em suma, revolucionário?
Não é de estranhar que a minoria dominante se esforce acima de tudo para simular normalidade,
louvando como valores sacrossantos as “nossas instituições”, fazendo apelos ao fetiche da
“estabilidade”, repetindo infindavelmente o mantra de que o leão é manso e de que, se ele não
for, não se preocupem, porque “estamos preparados”.
Nem é de espantar que o partido menos confiável de todos, objeto do ódio ostensivo de mais de
90% da população, entre em delírio paranóico e, invertendo radicalmente o senso das proporções,
atribua tudo a uma “conspiração golpista das elites”, como se não fosse ele próprio a elite mais
golpista que já existiu neste país.
Já os 4,8% de confiabilidade atribuídos à mídia mostram que o povo está consciente de viver num
cenário fictício criado por aqueles cuja obrigação seria informá-lo da realidade.
Desde a longa e ominosa ocultação da existência do Foro de São Paulo até o atual empenho de
camuflar a tomada do poder continental por organizações comunistas (que poderia ter sido evitada
sem o manto de invisibilidade protetora lançado sobre o Foro de São Paulo), é evidente que a
classe jornalística no Brasil se tornou uma seita empenhada em defender os seus queridos mitos
de juventude – e os grupos que os personificam – contra toda interferência dos malditos fatos.
Nossos grandes jornais e canais de TV, com efeito, não medem esforços na sua missão anestésica,
modificando até o vocabulário da língua portuguesa para que nunca, em hipótese alguma, as
coisas pareçam o que são.
Vou citar só um caso entre milhares.
Uma recente pesquisa do Datafolha, confirmando brutalmente a da CNT, evidenciou a diferença
radical de opiniões entre os membros do Congresso e a população brasileira. Por exemplo, “55%
dos brasileiros disseram ser de direita, enquanto apenas 17% dos parlamentares concordaram que
seguem a mesma linha… Dos deputados e senadores ouvidos, 53% disseram que a lei deveria
reconhecer uma família com pessoas do mesmo sexo… Já para a população brasileira, 60%
afirmam que, por lei, uma família deve ser formada apenas entre homem e mulher”.
Os políticos, evidentemente, querem o contrário do que o eleitorado quer. Não o representam em
nenhum sentido substancial do termo.
Mas como foi que a Folha e a revista Época noticiaram esse resultado? Vejam o título: “Políticos
brasileiros são mais liberais do que o eleitorado, diz pesquisa”.
Liberais? Liberal, no vocabulário político brasileiro, quer dizer anti-socialista e partidário da
economia de mercado – alguém da direita, em suma. Como chamar de liberal um grupo em que
83% dos membros dizem que não são de direita de maneira alguma? O certo, obviamente, seria
dizer que os políticos são mais esquerdistas – não mais liberais – do que os seus eleitores.
Mas isso seria confessar que um povo acentuadamente conservador vive, contra a sua vontade
expressa, sob a hegemonia ditatorial de um grupo minoritário esquerdista, exatamente como
planejado pela estratégia de Antonio Gramsci adotada pelos partidos de esquerda desde há mais
de trinta anos.
E isso a Folha não poderia confessar de maneira alguma, tendo sido ela própria um dos
instrumentos principais para a implantação dessa hegemonia.
Qual o remédio encontrado? Apelar à língua inglesa falada nos EUA, onde a palavra “liberal”,
sem que em geral o povo brasileiro tenha disso a menor idéia, significa precisamente
“esquerdista” em oposição a “conservative”. Eis como a Folha, transmitindo a informação,
anestesia o leitor para que não a compreenda.
Usar as palavras corretas, descrevendo adequadamente a situação que a pesquisa evidencia, seria
reconhecer que há muito tempo o sistema representativo, a mais beatificada das nossas
“instituições”, já se tornou uma fraude completa, um jogo de cartas marcadas criado para dar
representatividade legal a um grupo manipulador desprovido de qualquer representatividade
substantiva.
É evidente que, sem essa máquina de ludibriar o povo, fenômenos como o Mensalão, o Petrolão,
ou qualquer dos outros inumeráveis crimes cometidos pelo governo com a cumplicidade da classe
política praticamente inteira, jamais teriam sido possíveis.
Mas reconhecer isso seria admitir a unidade solidária do esquema gramsciano com o roubo
organizado – e isto daria por terra com a gentil operação de gerenciamento de danos, com a qual,
não podendo negar totalmente os fatos delituosos, a mídia se esforça para apresentá-los como
meros delitos comuns, sem qualquer conexão com a estratégia comunista de dominação total.
Se isso não é cumplicidade com o crime, as palavras “crime” e “cumplicidade” também devem
ter mudado de significado.

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