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TECNOLOGIA SUL-RIO-GRANDENSE
SAPUCAIA DO SUL
2016
RAFAEL BASSO XAVIER
SAPUCAIA DO SUL
2016
RAFAEL BASSO XAVIER
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RESUMO
Este trabalho teve por objetivo investigar como os eventos do Programa Mais
Educação, desenvolvido pelo Ministério da Educação, têm contribuído para a formação
de estudantes da rede municipal de Sapucaia do Sul. Trata-se de uma pesquisa
qualitativa baseada em um estudo de caso. Os dados foram obtidos por meio de
entrevistas semiestruturadas. Nosso interesse é saber se este programa tem produzido
efeitos na formação dos alunos participantes. Esses efeitos são percebidos de que forma
na fala dos participantes? Os objetivos específicos do trabalho são identificar a relação
entre a percepção de professores e alunos participantes dos eventos e o desempenho
escolar dos alunos, bem como investigar os métodos utilizados na aplicação do
programa. Também pretende-se verificar que outros efeitos podem aparecer na
formação dos participantes em decorrência dos eventos do programa. O trabalho se
justifica pela necessidade de desenvolvermos um olhar mais amplo sobre a educação,
considerando os vários aspectos formativos envolvidos nesse processo. Essa concepção
está de acordo com a perspectiva contemporânea sobre educação, que não contempla
somente a educação acadêmica, mas todos os aspectos de formação do ser. O trabalho
também possibilita uma abertura para os rumos que o Mais Educação toma na cidade de
Sapucaia do Sul. A pesquisa também busca contribuir para ampliar a visão do que seria
um evento, trazendo exemplos de vários eventos que não possuem o mesmo olhar de
outros tipos conhecidos, como festas e cerimônias de casamento, por exemplo. Como
resultados da pesquisa foram encontrados uma série de efeitos tais como mudança de
comportamento, atitudes pró-ativas e de desempenho entre outros. Esse trabalho conta
com os aportes teóricos e metodológicos de Hermann (2009, 2008), Favaretto (2010),
Santos et al (2010), Pereira (2011), Flick (2004) e Silverman (2009).
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................8
2 JUSTIFICATIVA...................................................................................................12
3 METODOLOGIA..................................................................................................14
INTRODUÇÃO
Esta pesquisa foca-se na temática dos efeitos formativos que o programa Mais
Educação pode trazer para seus alunos. O interesse em realizar a pesquisa começou com
a vontade prévia do pesquisador em trabalhar e entender mais sobre educação, pois
experiências anteriores com a explicação de conteúdos para seus colegas despertaram o
interesse por entender um pouco mais sobre o assunto. Assim, foi-se à procura de uma
educação que não ocorresse, unicamente, dentro da sala de aula. O motivo dessa procura
se deu pela participação do pesquisador na monitoria de Introdução a Eventos, no ano
de 2014, quandoauxiliava os alunos com os conteúdos da disciplina. Outra questão que
foi relevante para procurar visualizar uma educação extraclasse foi a percepção do
pesquisador de que, em diversos momentos, os alunos se auxiliam mutuamente no
entendimento e compreensão de conteúdos que, por motivo ou outro, não se consegue
entender em sua totalidade dentro da sala. O pesquisador percebeu que muitas vezes o
ambiente externo à escola acaba ensinando conteúdos e esclarecendo conceitos das
disciplinas. Isso é condizente com a ideia de formação integral do homem, em que os
ambientes formativos vão além da sala de aula, numa dimensão de diálogo com o outro,
com o próximo eessa troca pode ser evidenciada pela ajuda de um grupo ou uma pessoa
no entendimento de um conteúdo. (HERMANN, 2008; TONET, 2006).
dele participam. A busca por essa compreensão utiliza como método de pesquisa a
análise da percepção dos alunos, professores e coordenadores do Programa. A ideia a
partir disso é explicitar esses efeitos e por que eles ocorrem.
2 JUSTIFICATIVA
A partir desses teóricos, entende-se como evento algo que seja fornecido a
algum público com certa periodicidade. Partindo dessa premissa, pode-se entender o
programa Mais educação como um evento, pela sua periodicidade, que é oferecido aos
seus participantes. Segundo Santos et al. (2010):
Pode-se entender evento, também, como uma atividade que possui organização
prévia e uma execução marcada (SANTOS, 2010).
A ideia de formação trazida por Hermann, vista como uma abertura de diálogo,
deve ser entendida como toda e qualquer experiência nas nossas vidas. Experiências
essas de diálogo, ou mediação na vida do outro, que acabam por gerar um resultado para
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ambos. Essas mudanças, mesmo que mínimas, são vistas como muitas vezes educativas,
pois formam integralmente o homem, em sua totalidade (TONET, 2006).
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3 METODOLOGIA
A partir daí, o próximo passo foi a visita às 8 escolas para uma produção de
dados inicial nas escolas visitadas. Foi encontrada a mesma estrutura de organização do
programa, que é sugerida em seu manual, iniciando as oficinas pelo horário das 9h e
terminando ao meio dia, horário de recesso em que os coordenadores programam
atividades como leitura de histórias e filmes para os alunos. Normalmente, essas
atividades são efetuadas nos dois turnos, pois o turno da manhã curricular termina às
12h. No turno da tarde, as atividades do Programa iniciam às 13h ou 13h30min,
dependendo da escola, pois há o momento de descanso depois do almoço.
Dentre as escolas que foram visitadas, além de sua organização estrutural, se viu
a proximidade de conteúdos e práticas nas oficinas oferecidas e os espaços em que são
realizadas. Em algumas escolas, as oficinas são realizadas dentro da quadra ou dentro de
uma sala que “está sobrando”, como dito pelas coordenadoras. Apenas uma escola
relatou que tem uma sala especial para o Mais Educação, adaptada para isso. Nas outras
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para a formação dos alunos de Sapucaia do Sul, viu-se a importância das narrativas de
vida e das relações sociais implícitas no campo de pesquisa deste trabalho.
Por exemplo, se você quer descobrir como as pessoas pretendem votar, então
um método quantitativo, como um levantamento social, pode parecer a
escolha mais adequada. Por outro lado, se está preocupado em explorar as
histórias de vida ou o comportamento cotidiano das pessoas, então podem ser
preferíveis os métodos qualitativos (SILVERMAN, 2009, p. 42).
ESCOLAR
Sim, eu percebo uma diferença que eles ficam, mais na escola e eles têm algumas
atividades que envolvem raciocínio no horário que eles ficam no turno inverso.
Fazem também temas que foram dados em sala de aula, então eles tão sempre
com o caderno em dia e também alguns professores dão reforço pra eles. Tem
oficinas de reforço e o pedagógico que ajuda eles, também tem as atividades com
jogos que ajuda bastante, por exemplo: a ter percepção e ter mais rapidez no
raciocínio (Pessoa A, Professora da escola A).
suficientemente claro dentro da sala de aula. Esses momentos auxiliam e têm efeitos que
são perceptíveis, como mostra o exemplo a seguir.
As atuações do programa têm tido efeitos formativos nesse sentido, pois têm
ajudado muitos alunos com dificuldade e até mesmo melhorado seu desempenho em
sala de aula, como apontam também os próximos capítulos deste trabalho.
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Outro ponto que pode ser ressaltado dentro dessas aberturas de relações são os
alunos que chegaram há pouco em uma escola, seja por transferência ou por qualquer
outro motivo. Os alunos mostram que o programa Mais Educação tem contribuído para
a sua ambientação na escola nova, com novos colegas, com diz a aluna:
Essa entrevistada havia chegado há 30 dias na escola, sendo esse tempo muito
recente, os professores a puseram no Mais Educação como um suporte, o que acabou
por resultar em um maior envolvimento da participante com os colegas, colaborando
para uma maior integração no ambiente escolar. Este ponto deve ser salientado, pois não
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é unicamente uma questão de desempenho escolar, mas, sim, uma questão de formação
integral, na mesma abertura de diálogo com outros, influindo na formação do ser, com
esse tipo de adaptação auxiliados pela participação Mais Educação.
Não, acho que gostam e muitos já se dão, eu vi que formaram parcerias, os que
estão na sala de aula são os mesmos que ficam no turno inverso. Por exemplo, se
estou mais próxima do beltraninho, então ele fica comigo no Mais Educação, já
fazem os trabalhos juntos, tem até uma aproximação melhor até no social,
entendeu? Eles se formam em grupos de afinidades, se tornam amigos, parcerias
assim... Enquanto na rua poderia estar com uma má influência, pelo menos aqui
estar com uma parceria legal, eu acho válido isso também. (Pessoa A, professora
de alunos da escola A).
Isso demonstra que os professores têm ciência desse movimento formativo que
ocorre com os alunos. Talvez isso se torne visível, como disse a professora acima, nas
relações de seus estudantes dentro da sala de aula, mas sabendo que essa relação não se
desenvolveu dentro e sim fora, nos espaços oportunizados pelo Mais Educação.
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Com certeza, um aluno que vem no turno inverso na escola, que não fica à mercê,
muitos deles sem um adulto cuidador no turno inverso da escola, com certeza eles
terão mais oportunidades que os demais alunos que não participam de um
programa como esse, com esse alcance(Pessoa M, Professora de aluno da escola
B).
E eu acho assim ó: já que vai ficar na rua e se a mãe não educa, trabalha o dia
todo e chega em casa e não dedica o tempo pro filho, pelo menos aqui ele vai ter
uma orientação também. Tanto de pedagógico e orientado mesmo na educação,
aqui ele vai ver que a postura não é a mesma(Pessoa A, professora de alunos da
escola A).
Muitas vezes, a resposta da questão acima é que o aluno fica nas ruas. Alguns
professores também percebem diferenças em relação ao comportamento e à atitude dos
alunos dentro da sala de aula, mais especificamente na compreensão da matéria ou até
por conseguirem estar mais centrados em suas atividades, benefício atribuído sempre ao
Mais Educação.
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Dos 7º anos eu percebo muito pouca diferença mas nos 9º anos eu percebo
bastante... Eu percebo neles o querer ajudar, “ai, vai carregar um livro de uma
sala pra outra, eles estão sempre dispostos a ajudar isso sim, com esses 2 do 9 ano
(Pessoa K, professora da escola A).
A sora me deu o papel e eu disse que não, porque, ia ser ruim acordar cedo. Daí
eu depois eu falei com o pai e eu resolvi vir um dia, daí eu vim (Pessoa Z, aluno da
escola B).
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A longo prazo tu vê, até ano passado, a gente já sentiu diferença, não vou te dizer
que era muito, mas a gente via. Às vezes tu tá no dia a dia tu não vê, mas a pessoa
que tá fora vê, o professor, a coordenação. Daí eu anunciei o programa que ia
começar em abril e eu praticamente fiz uma seleção, por aquilo que o programa
exige e o restante das vagas pelos outros. Mas muito bem aceito o programa
assim”(Pessoa O, coordenadora da escola B).
Esta sensação de diferença entre os alunos que participam e aqueles que não
participam do programa evidencia as percepções delas, primeiramente como
professoras, e, posteriormente, como coordenadoras do programa. Por mais que a
coordenação do programa aguce a visão para essas mudanças, elas as destacam não só
na condição de coordenadoras.
Inclusive ontem uma mãe relatou que como achava interessante que o aluno não
gostava de vir pra escola e agora ele gosta de vir pra escola e ela disse que não
precisa mandar ele abrir o caderno, ele abre pra fazer os temas, entendeu? Tu cria
hábitos, daí tu faz aquilo mesmo tu não gostando ou estando a fim (Pessoa O -
coordenadora da escola B).
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Outro ponto que se percebeu nas falas dos professores foi a preocupação deles
quanto ao ambiente de trabalho, onde as oficinas seriam executadas, se o espaço era
adequado para a sua realização e se a didática utilizada pelos monitores era correta,
como mostra a fala a seguir.
No, início foi meio conturbado assim, porque assim a escola não contempla pela
estrutura. Aqui nós temos uma sala disponível no turno da tarde e de manhã eles
se dispersaram pelo pátio e outros locais. Ali no refeitório as gurias tinham feito
uma sala, mas é provisória depois do ano passado e depois se estendeu assim. E
sempre é visto com maus olhos na escola porque é sempre aqueles alunos que
digamos que não estão funcionando ou que não estão tendo tão bons resultados. A
maioria dos que a gente põe é nessa perspectiva de não está dando certo na sala de
aula. Pra que lá ele consiga, com uma orientação, dar um resultado melhor. Só
que às vezes a gente pensa que vai dar certo, mas os pais não colaboram, nem
querem que o aluno vá né. Acham que vai lá pra ficar brincando, então fica em
casa dormindo. Ou às vezes acham que aqui é puxado, por que tem rotina, e eles
interpretam de outra forma “ah tô indo lá, é um saco, porque tem que fazer isso
tem que fazer aquilo” e em casa é mais “light” porque vai dormir, vai pro
cinema(Pessoa A, Professora de alunos da escola A).
Muitas vezes, o fato dos alunos se dispersarem pela escola causa problemas nas
aulas, como relatado acima, além de ser mais difícil de manter o foco na atividade
proposta. Esse excerto relata a visão de como a falta de estrutura das escolas pode ter
efeito nas atividades tanto do Mais Educação quanto nas atividades corriqueiras das
escolas.
Essa falta de estrutura não deve ser entendida aqui como um problema intrínseco
do programa, mas sim como uma consequência devido à falta de espaços nas escolas,
seja pela verba que não está em dia ou por outras questões como a construção das
escolas sem considerar as atividades fora da sala de aula e que possam gerar sons mais
altos ou outros tipos de movimento no espaço pedagógico.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entende-se que aqui, no contexto desta pesquisa, que o Mais Educação e seus
eventos também atingem seus objetivos junto ao público-alvo, pois podemos observar
ao longo da pesquisa que os estudantes auxiliados pelas oficinas de suporte pedagógico
acabam tendo um melhor desempenho e também em sala de aula como um todo, o que
contribuir para diminuir a defasagem escolar e aumentar a aprendizagem das escolas em
que o Programa foi implantado. Há também a diminuição de tempo de ócio de um aluno
que ficaria em casa ou exposto apossíveis violências nas ruas.
A questão da estrutura das escolas pesquisadas acaba por influir nas oficinas e
nos impactos dela no ambiente escolar. A falta de repasse de verba pode acabar
limitando as atividades do Mais Educação a um período do ano nas escolas em Sapucaia
inicialmente pesquisadas. Alguns professores sentem essa falta de estrutura e
identificam a falta de um olhar que valorize o programa.
Por tudo isso, entende-se que o Mais Educação possui efeitos formativos no seu
público-alvo, os estudantes. Os efeitos são variados, como apresentados acima e durante
todo o trabalho. O Mais Educação é um primeiro pensamento e prática do Estado
Brasileiro sobre educação integral em nível nacional que apresenta, em Sapucaia do Sul,
mais exatamente nas escolas investigadas, alguns efeitos coerentes com os objetivos
traçados pelo Programa e também efeitos que,mesmo não sendo o alvo principal,
também ocorrem, como demonstra a pesquisa.
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Dos alunos que participam, tu percebes alguma mudança neles em sala de aula ou nas
notas?
Se sim, quais?
Além da sala de aula, que outras mudanças tu podes notar em teus alunos que
participam do programa?
Em tua percepção, esse programa tem feito diferença na formação dos alunos?
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Tu acha que passou a te comportar melhor depois que entrou no mais educação?
Tu percebes alguma diferença entre os alunos que participam e que não participam do
Mais Educação?
Qual a principal diferença que tu notas nos alunos que participam e que não participam
do programa nas tuas turmas?
Em termos de desempenho dos teus alunos, tu achas que o programa tem algum efeito?
Além do desempenho, há alguma outra coisa que tu podes ver nos teus alunos que te
parece influência do programa?
Tu achas o programa importante para a escola? E para teus alunos? Por quê?
Por quê?
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Este trabalho tem por objetivo investigar como os eventos do Programa Mais Educação,
desenvolvido pelo Ministério da Educação, têm contribuído para a formação de estudantes da rede
municipal de Sapucaia do Sul. Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada em um estudo de caso. Os
dados serão obtidos por meio de entrevistas semiestruturadas. Nosso interesse é saber se este programa
tem produzido efeitos na formação dos alunos participantes. Esses efeitos são percebidos de que forma na
fala dos participantes? Os objetivos específicos do trabalho são identificar a relação entre a percepção de
professores e alunos participantes dos eventos e o desempenho escolar dos alunos, bem como investigar
os métodos utilizados na aplicação do programa. Também pretende-se verificar que outros efeitos podem
aparecer na formação dos participantes em decorrência dos eventos do programa. O trabalho se justifica
pela necessidade de desenvolvermos um olhar mais amplo sobre a educação, considerando os vários
aspectos formativos envolvidos nesse processo. Essa concepção está de acordo com a perspectiva
contemporânea sobre educação, que não contempla somente a educação acadêmica, mas todos os
aspectos de formação do ser. O trabalho também possibilita uma abertura para os rumos que o Mais
Educação toma na cidade de Sapucaia do Sul. A pesquisa também busca contribuir para ampliar a visão
do que seria um evento, trazendo exemplos de vários eventos que não possuem o mesmo olhar de outros
tipos conhecidos, como festas e cerimônias de casamento, por exemplo.
O pesquisador responsável por essa pesquisa é Rafael Basso Xavier, aluno do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense Campus Sapucaia do Sul. Ele se compromete a
esclarecer devida e adequadamente qualquer dúvida que eventualmente o participante venha a ter, neste
momento ou posteriormente, através do telefone (51) 8218.6251 ou pelo e-mail
rafaelbassoxavier@gmail.com.
Após ter sido informado de todos os aspectos sobre o desenvolvimento da pesquisa e de ter
esclarecido minhas dúvidas, eu _________________________________________ concordo em
participar dessa pesquisa.
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Assinatura do participante
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Assinatura do pesquisador