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Aula 01

Curso de Direito Civil p/ OAB (2 fase) XXIX Exame de Ordem -


Repescagem
Paulo H M Sousa

03078260070 - Eva Tainá Machado de Freitas


Paulo H M Sousa
Aula 01

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REVISÃO DE DIREITO CIVIL PROCESSUALIZADO


PARTE I

Sumário
Sumário.................................................................................................................1
Considerações iniciais...........................................................................................3
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TEORIA GERAL......................................................................................................4
I. Pessoas..............................................................................................................4
1. Pessoas naturais............................................................................................4
2. Pessoas jurídicas..........................................................................................12
3. Direitos da personalidade............................................................................19
II. Bens................................................................................................................21
1. Noções gerais..............................................................................................21
2. Classificação................................................................................................21
3. Bem de família.............................................................................................26
III. Teoria do fato jurídico....................................................................................26
1. Noções gerais..............................................................................................26
2. Classificação dos fatos jurídicos..................................................................27
3. Pré-excludentes de juridicização.................................................................28
4. Eficacização do negócio jurídico..................................................................29
5. Teoria das invalidades.................................................................................30
6. Caducidade..................................................................................................39
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES.................................................................................43
I. Teoria geral......................................................................................................43
1. Noções Gerais..............................................................................................43
2. A obrigação como processo.........................................................................43
3. Modalidades.................................................................................................44
II. Adimplemento.................................................................................................58
1. Teoria geral do pagamento..........................................................................58

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2. Meios alternativos de pagamento................................................................63


3. Teoria do adimplemento substancial...........................................................66
IV. Inadimplemento.............................................................................................67
1. Mora.............................................................................................................67
2. Perdas e danos............................................................................................67
3. Juros.............................................................................................................68
4. Correção monetária.....................................................................................68
5. Cláusula penal.............................................................................................68
6. Arras............................................................................................................68

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Considerações iniciais

E aí, galera! Agora vamos começar a “meter a mão na massa”, ou seja, hora de
ver o Direito Civil processualizado que vem na 2ª Fase do Exame da OAB.
Lembro, mais uma vez, que a aula anterior é FUNDAMENTAL!
Se você a pulou e está vindo direto para a aula de conteúdo, está fazendo o
errado... entender como estudar é mais importante que estudar em si. De nada
adianta ficar estudando feito louco sem entender os “paranauê” da prova de 2ª
Fase.
Agora, se você já está manjando essa etapa mais metodológica, por
assim dizer, está na hora de concentrar sua energia no conteúdo.
Lembro a você que meu objetivo aqui é ser super hiper mega sintético.
Se você quer e/ou precisa de um aprofundamento teórico sobre os conteúdos
de Direito Civil, Direito Processual Civil, Direito da Criança e do Adolescente
e/ou Direito do Consumidor, você tem acesso às aulas de 1ª Fase do Exame da
OAB do Estratégia OAB. Acesse!
Se você não tem tempo e/ou não acha relevante, os conteúdos desta aula
focam nos aspectos que são relevantes para a prova de 2ª Fase. Assim, temas
que não aparecem na prova serão solenemente ignorados. É sério!
E até mesmo temas que apareceram, mas de maneira muito superficial, ou que
sejam complexos demais para que eu apresente de maneira resumida, serão
deixados de lado. Eu me foco no núcleo duro meeesmo da prova!
Nessa primeira etapa eu me foco na Parte Geral e no Direito das Obrigações.
Lembro que me foco na análise dos temas a partir do Direito Material,
trazendo os aspectos processuais de maneira incidental. É uma
metodologia que vem funcionando demais desde que eu comecei a dar
aula no Estratégia OAB, lááá no XVIII Exame =)

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TEORIA GERAL

I. Pessoas

1. Pessoas naturais

1.1. Personalidade

A personalidade é “a possibilidade de alguém participar de relações


jurídicas decorrente de uma qualidade inerente ao ser humano, que o
torna titular de direitos e deveres”. Segundo Francisco Amaral, a
capacidade é, portanto, uma qualidade intrínseca da pessoa. O autor parte da
concepção naturalista.

Concepção naturalista

Personalidade

Ser humano Pessoa

Concepção formalista

Ser humano Personalidade Pessoa

Mas, e quando começa a personalidade da pessoa física, surgem três diferentes


teorias: a Teoria Natalista, a Teoria Concepcionista e a Teoria da Personalidade
Condicional ou Condicionada.
A Teoria Natalista é aquela à qual maior parte da
doutrina brasileira é adepta. Segundo ela, a
personalidade começa com o nascimento com vida,
daí o nome Teoria Natalista. É, em síntese, a previsão do
art. 2º do CC/2002:
A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo,
desde a concepção, os direitos do nascituro.

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Contrariamente, a Teoria Concepcionista, apesar de bem menos adeptos


possuir, encontra alguma escora no ordenamento. Segundo essa teoria, a
personalidade começa com a concepção. Assim, tão logo concebido o
nascituro, já é considerado pessoa para todos os fins, exceto
determinados direitos que dependem de seu nascimento com vida.

1.2. Capacidade

De outro lado temos a capacidade. É possível que alguém tenha


personalidade, mas não plena capacidade; ou, ao contrário, que
alguém tenha capacidade sem plena personalidade (em sua vertente
personalidade-valor, não personalidade-atributo, evidentemente).
No primeiro caso temos os menores de 16 anos, que têm personalidade, mas
não têm capacidade, segundo estabelece o art. 3º do CC/2002. Já no segundo
caso temos as pessoas jurídicas, que têm plena capacidade, mas não têm plena
personalidade, especialmente em relação aos direitos de personalidade que são
próprios das pessoas humanas (direito de disposição do corpo, direito de voz,
direito à liberdade religiosa etc.).
A capacidade é, assim, a medida da personalidade. Ou seja, a capacidade
é a aptidão genérica para ser titular de direitos e obrigações, como determina o
art. 1º do CC/2002.
A partir da Lei 13.146/2015, a Lei Brasileira de
Inclusão da Pessoa com Deficiência, ou Estatuto da
Pessoa com Deficiência – EPD, a incapacitação
absoluta tem como único critério a idade. Segundo o
art. 3º somente são absolutamente incapazes os menores de 16 anos.
No caso de incapacidade absoluta, há a representação do incapaz pelos pais,
tutores ou curadores, que exercem os atos em nome da pessoa.
Na incapacidade relativa, por outro lado, a limitação é parcial, pois se entende
que o discernimento é maior. Aqui, a limitação da capacidade não tem como
único critério a idade, mas também a “saúde”. O art. 4º, igualmente modificado
pelo EPD, estabelece quais são os casos de incapacidade relativa:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxicos;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade;
IV - os pródigos.
ATENÇÃO ESPECIAL!!! O inc. III do art. 4º fala daqueles que, por causa
transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade. Antes do EPD
essa situação se enquadrava na incapacidade
absoluta; agora se trata de uma causa de
incapacidade relativa! Ademais, não confunda:

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deficiência não significa que a pessoa não pode exprimir sua vontade!
Ou seja, A PESSOA COM DEFICIÊNCIA JAMAIS PODERÁ SER
CONSIDERADA INCAPAZ PELA DEFICIÊNCIA EM SI!!!
O Estatuto reconhece, em seu art. 6º, que a deficiência
não afeta a plena capacidade civil da pessoa. Para
deixar isso claro, o EPD estabelece que a deficiência não
afeta a capacidade da pessoa inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.
Para isso, é necessário avaliar a deficiência da pessoa em questão,
considerando, conforme estabelece o art. 2º do Estatuto:
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.
Apenas quando estritamente necessário for, a pessoa com deficiência
será submetida à curatela, nos termos do art. 84, §1º do EPD.
Os relativamente incapazes não são representados,
seja por tutor, seja por curador, como os
absolutamente incapazes. Eles são assistidos, o que
consiste na intervenção conjunta do assistente e do
assistido para a prática do ato.

1.3. Emancipação

A lei civil permite que o incapaz, em determinas situações, atinja a plena


capacidade ainda que se inclua no caso de incapacidade por idade, por se
entender que, atingiu maturidade suficiente. A emancipação, assim, é a
aquisição da plena capacidade antes da idade legal prevista, sem que
isso altere a menoridade do emancipado, evidentemente.
Quando isso ocorre? Segundo o art. 5º, parágrafo único, nas seguintes
hipóteses:

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I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento


público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego,
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.
Tenha em mente que, emancipação e menoridade são
coisas distintas. O menor emancipado continua
sendo menor, apesar de possuir plena capacidade
civil.

1.4. Presunção de morte e ausência

Em realidade, o fim da pessoa significa o fim de sua capacidade. De


acordo com o art. 6º do CC/2002, ela termina, no caso da pessoa natural, com a
morte. A extinção da pessoa jurídica tem regime próprio, evidentemente, pois a
pessoa jurídica não morre. Mais uma vez, assim como o termo ser humano, o
termo morte é um conceito que não pertence ao Direito.
Atualmente, a morte sempre deve ser provada mediante atestado de morte,
segundo o art. 9º, inc. I do CC/2002. Porém, nem sempre se poderá atestar a
morte de uma pessoa, inequivocamente, ou seja, há apenas uma presunção de
morte.
Quando haverá presunção de morte sem prévia
declaração de ausência? Em resumo, em situações em
que a morte é altamente provável, ainda que não
comprovada, segundo o art. 7º do CC/2002. Porém, para
tanto, nesses casos somente poderá ser requerida a decretação de morte
presumida depois de esgotadas as buscas e averiguações, devendo a sentença
fixar a data provável do falecimento:

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Presunção de morte
(sem decretação de
ausência)

Situações de morte
Guerra
provável

Em qualquer caso, a declaração de morte presumida – e também a


declaração de ausência – necessitam de sentença
judicial de natureza declaratória. A ausência é
estabelecida pelo art. 22 do CC/2002:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar-lhe os bens, o juiz,
a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
Em outras palavras, a ausência ocorre quando a pessoa desaparece do
domicílio sem deixar representante ou procurador, havendo dúvida
quanto à sua existência. Nesse caso, segundo tal artigo, instaura-se um
processo para que possa o juiz decretar a ausência. No entanto, mesmo que
tenha deixado mandatário, pode a pessoa ser considerada ausente.
Quando? O art. 23, na sequência, delimita essas hipóteses:
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus
poderes forem insuficientes.
Esse processo é regulado pelo CC/2002 e pelo CPC. Como?

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Desaparecimento Nomeação de Curador Arrecadação dos bens

Publicação de editais por 1 Se não reaparece, abertura da Citação dos herdeiros e do


ano Sucessão Provisória Curador

Se ninguém requisitar em 30
Sentença determinando a
dias a abertura do Inventário,
Habilitação dos herdeiros abertura da Sucessão
vira herança jacente (bens
Provisória (6 meses depois)
vagos)

Conversão em Sucessão
Definitiva: certeza de morte, Se não regressa, termina a
Se regressa nos 10 anos
10 anos da abertura da Sucessão Definitiva e não
seguintes, retoma os bens no
Provisória ou se o ausente for pode mais reclamar nada,
estado em que se encontram
maior de 80 anos e passados ainda que vivo esteja
5 anos do desaparecimento

1.5. Comoriência

Já a comoriência é a presunção de morte simultânea de pessoas


reciprocamente herdeiras (art. 8º do CC/2002). É importante observar três
pontos.
Primeiro, devem-se esgotar as possibilidades de averiguar fática e
cientificamente a precedência de quem morreu.
Segundo, em se visualizando a comoriência, a consequência daí extraída é que
os comorientes não são considerados herdeiros
entre si. Assim, se um casal é considerado comoriente, e
o regime de bens havido entre eles tutela direito
hereditário ao consorte, não herdam entre si.

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Por fim, veja que a comoriência tradicionalmente ocorre no caso de um único


acidente (casal morre num acidente automobilístico; pai e filho falecem na
queda de um avião). Nem sempre, porém. Pode haver comoriência mesmo
quando os óbitos não decorram de um único acidente. É o caso de dois irmãos
que, em cidades diferentes, veem pela televisão a morte da mãe e enfartam,
falecendo ambos. Eis aí um peculiar caso de comoriência.

1.6. Domicílio

O domicílio é a localização espacial da pessoa, ou seja, local onde ela


estabelece residência, com ânimo definitivo, como se extrai do art. 70. Daí
extraem-se os requisitos objetivo (residência) e subjetivo (animus manendi) do
domicílio. A residência é onde a pessoa se fixa, ainda que temporariamente e
mesmo que de maneira quase fugaz.
Como um atributo da personalidade, o domicílio é
considerado a sede jurídica da pessoa, seja ela pessoa
física/natural ou pessoa jurídica. Portanto, muda-se o
domicílio, transferindo a residência, com a intenção
manifesta de mudar.

REQUISITOS

Objetivo Residência

Subjetivo Ânimo definitivo

O domicílio segue três regras trazidas de maneira dispersa pelo CC/2002:

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Todos têm domicílio, ainda que residência não tenham (art. 73 do CC/2002). Ou
seja, o domicílio é necessário, sempre. O domicílio é obrigatório e mesmo os
que não têm residência têm domicílio, como os sem-teto ou os errantes, que se
deslocam constantemente. Em geral, como se fixa o domicílio dos que não têm
A. Necessidade residência? Utiliza-se o local onde for encontrada a pessoa como seu domicílio,
segundo o art. 73 do CC/2002.

O domicílio é fixo, apesar de se permitir mutabilidade (art. 74 do CC/2002). Por


isso, é possível ter domicílio e residência diferentes. Como? Imagine que,
terminada a faculdade, você resolva seguir a carreira policial e é aprovado num
Concurso de Delegado da Polícia Federal. Durante um semestre, você passará
B. um período em Brasília/DF, fazendo um curso de treinamento. Se você não é de
Fixidez Brasília, no período em que você estiver lá, seu domicílio continua sendo a sua
cidade de origem, mas a sua residência será, nesse caso, Brasília.

Toda pessoa tem apenas um domicílio. O Direito brasileiro admite pluralidade


de domicílios, excepcionalmente (art. 71 do CC/2002). Assim, o ator que tem
uma casa em São Paulo/SP, uma casa no Rio de Janeiro/RJ e outra casa em sua
C. cidade de origem, pode ter considerado quaisquer dessas residências como
Unidade domicílio seu.

Também se considera domicílio da pessoa natural, quanto às relações


concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. O parágrafo
único do art. 72 ainda estabelece que se a pessoa exercitar profissão em
lugares diversos, cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe
corresponderem.
O domicílio, como dito antes, fixa-se com a residência, em geral. A partir do CC/
2002 podemos estabelecer uma divisão do domicílio em dois:
A. Domicílio voluntário: em regra, o domicílio é voluntário. Ainda, por
contrato escrito, podem os contratantes especificar domicílio onde se
exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes.
B. Domicílio necessário/legal: é a situação em que a Lei determina um
domicílio mesmo que a pessoa queira ter outro. Quando isso acontece?
Vejamos:

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1. Pessoas itinerantes
Art. 73: “Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha
residência habitual, o lugar onde for encontrada”

2. Incapazes
Art. 76: “Tem domicílio necessário o incapaz”, que é "o do seu
representante ou assistente"

3. Servidores públicos
Art. 76: “Tem domicílio necessário o servidor público”, que é "o
lugar em que exercer permanentemente suas funções"

4. Militares do Exército
Art. 76: "Tem domicílio necessário o militar", que é "onde servir"

5. Militares da Marinha e Aeronáutica


Art. 76: "Tem domicílio necessário o militar", que é, "sendo da
Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se encontrar
imediatamente subordinado"

6. Marinha mercante
Art. 76: “Têm domicílio necessário o marítimo”, que é "onde o navio
estiver matriculado"

7. Presos
Art. 76: “Têm domicílio necessário o preso”, que é "o lugar em que
cumprir a sentença"
Segundo Pontes de Miranda, somente com o trânsito em julgado
torna-se esse lugar o domicílio necessário do preso; antes disso,
continua ele com o domicílio voluntário anteriormente fixado

8. Agentes diplomáticos
Art. 77: “O agente diplomático do Brasil, que, citado no estrangeiro,
alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, o seu
domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último
ponto do território brasileiro onde o teve”.

2. Pessoas jurídicas

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O que é pessoa jurídica? As pessoas jurídicas, coletivas, abstratas, fictas


ou mesmo morais, são entidades que conglobam pessoas, bens ou
ambos (pessoas + bens). Elas são aptas a titularizar relações jurídicas de
maneira bastante ampla e, por isso, as pessoas jurídicas têm personalidade
jurídica, como as pessoas físicas ou naturais.
A pessoa jurídica é, portanto, titular de direito e deveres na ordem civil, como
remete o art. 1º do CC/2002. Quais são as características da pessoa jurídica,
resumidamente?
Capacidade fática e jurídica

Estrutura organizativa

Objetivos comuns dos membros

Patrimônio próprio e independente

Publicidade de constituição

Como e quando essa pessoa jurídica terá essas características? Com a


personificação, processo por meio do qual se pode dotar a pessoa jurídica de
personalidade.

2.1. Personalidade

Diversas teorias foram criadas ao longo do tempo para justificar a pessoa


jurídica. Segundo a Teoria da Realidade Técnica, adotada pelo CC/2002,a
pessoa jurídica resulta de um processo técnico, a personificação, que
depende da lei. Assim, a pessoa jurídica é uma realidade, ainda que técnica,
produzida pelo Direito, a partir de uma forma jurídica.
Essa teoria, por conta do Positivismo Jurídico, é a teoria mais aceita.
Atualmente, ela se encontra no art. 45 do CC/2002, que assim dispõe:
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo.
Ou seja, cumpridos os atos exigidos por lei, a pessoa jurídica passa a
existir, como se pessoa fosse (no sentido de “ser humano”).
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A esse processo se dá o nome de personificação, que nada mais é do que dotar


de personalidade jurídica algo que não tem personalidade
ainda, para que esse “algo” possa se tornar uma pessoa.
Ou seja, a personificação constitui a pessoa jurídica.
As pessoas naturais não são classificadas, mas têm apenas
status diferentes. E as pessoas jurídicas? Estas sim, classificam-se, doutrinária e
legalmente. Como?

2.2. Classificação

Quais são as pessoas jurídicas trazidas pelo CC/2002? São duas classificações:

A. Pessoas jurídicas de direito público


Os arts. 41 e 42 do CC/2002 classificam as pessoas jurídicas de direito público
da seguinte forma:

PJ de Direito Público Interno PJ de Direito Público Externo

União Estados da comunidade internacional

Demais pessoas regidas pelo Direito


Estados
Internacional Público

Municípios

Distrito Federal

Territórios

Autarquias

Associações Públicas

Fundações Públicas

Demais entidades de caráter público


criadas por lei

C. Pessoas jurídicas de direito privado


O art. 44 do CC/2002 classifica as pessoas jurídicas de direito privado.
Atente porque, não é um rol taxativo, ou seja, existem outras previstas em leis
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especiais. Eis o rol das pessoas jurídicas de direito privado trazido pelo
Código e pelas leis especiais:

2. Sociedades (art. 44, inc. II)


1. Associações (art. 44, inc. I)
Reunião de pessoas e bens ou serviços com
Pessoas jurídicas de direito privado formadas para
objetivo econômico e partilha de resultados, ou
fins não econômicos
seja, têm natureza eminentemente lucrativa

4. Organizações religiosas (art. 44, inc. IV)


3. Fundações (art. 44, inc. III)
Têm por objetivo a união de leigos para o culto
Complexo de bens. Curiosamente, são pessoas
religioso, assistência ou caridade. Por isso, não
jurídicas sem quaisquer pessoas físicas/naturais
podem ter fim econômico, segundo estabelece o
em sua instituição
art. 53

5. Partidos políticos (art. 44, inc. V) 6. Empresas Individuais de Responsabilidade


Limitada - EIRELIs (art. 44, inc. VI)
Associações com ideologia política, cujos
membros se organizam para alcançar o poder Segundo o Enunciado 469 do CJF, a EIRELI não é
político e satisfazer os interesses de seus sociedade, mas novo ente jurídico personificado
membros

7. Sindicatos (art. 8º da CF/1988 e art. 511 da CLT)


8. Empresas públicas (art. 5º, inc. II do Decreto-
Associações de defesa e coordenação dos Lei 200/1967)
interesses econômicos e profissionais de
São empresas que sempre têm patrimônio
empregados, empregadores e trabalhadores
próprio e capital exclusivo da União
autônomos

10. Cooperativas (art. 1º da Lei 5.764/1971)


9. Sociedades de Economia Mista (art. 5º, inc. III
do Decreto-Lei 200/1967) São um conglomerado de pessoas que
reciprocamente se obrigam a contribuir com bens
Sociedades constituídas sob a forma de S.A. e
ou serviços para o exercício de uma atividade
com maioria do capital votante da União ou da
econômica, de proveito comum, sem objetivo de
Administração Indireta
lucro

Como disse mais acima, o nascimento da pessoa jurídica depende de um ato


formal, já que ela “naturalmente” não existe. Esse ato é o registro do ato
constitutivo, consoante regra do art. 45 do CC/2002. Mas o que é necessário

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para o registro? O art. 46 estabelece quais são os requisitos gerais do registro,


em seus incisos:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.
O Código detalha diversas espécies de pessoas jurídicas. Algumas delas, porém,
são próprias do estudo do Direito Empresarial, do Direito Administrativo, do
Direito do Trabalho e assim por diante. Por isso, não vou me deter nelas; são
relevantes aqui apenas as associações e as fundações.

2.3. Associações

As associações são pessoas jurídicas de direito privado


formadas para fins não econômicos, conforme
estabelece o art. 53 do CC/2002. Veja que nada impede
que as associações desenvolvam atividade
econômica, desde que não haja finalidade lucrativa, evidentemente.

2.4. Fundações

As fundações são um complexo de bens, ou seja, são pessoas jurídicas sem


quaisquer pessoas físicas/naturais quando de sua instituição.
Cria-se a fundação por escritura pública ou por testamento, dotando-a
o instituidor de bens livres, especificando o fim a que se destina, e
declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.

2.5. Desconsideração da personalidade jurídica

José Lamartine Corrêa de Oliveira Lyra apontou um fenômeno que ele chamou
de dupla crise da pessoa jurídica. Não é uma crise do conceito de pessoa
jurídica ou da própria noção de pessoa jurídica, mas da deformação causada
pelo formalismo. Esse formalismo atribui uma cisão absoluta entre a pessoa
jurídica e a pessoa física/natural.

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E esse apartamento absoluto é fonte de abuso pela pessoa física/natural,


que se aproveita disso para se utilizar da pessoa jurídica com fins diversos do
imaginado a ela. Mas o que caracteriza o abuso mencionado pela teoria?
Se configuraria no caso de abuso de direito, de fraude, de descumprimento de obrigações
contratuais e legais, de atos ilícitos praticados pela sociedade, de confusão patrimonial
entre o patrimônio pessoa do sócio e o patrimônio da pessoa jurídica, de desvio da
finalidade contratual prevista no Estatuto etc.

É preciso compreender duas diferentes teorias.


A primeira teoria é a chamada Teoria Maior, adotada pelo art. 50 do CC/2002:
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou
sócios da pessoa jurídica.
Em outras palavras, necessário é se verificar o abuso na utilização da
personalidade jurídica. Esse abuso deve se caracterizar pelo desvio de
finalidade OU pela confusão patrimonial.
Já a Teoria Menor é adotada pelo art. 28, §5º do CDC, que assim dispõe:
Também poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for,
de alguma forma, obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados aos consumidores.
O caput do art. 28 estabelece que pode haver a desconsideração em havendo
abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito, violação
dos estatutos ou contrato social, falência, estado de insolvência, encerramento
ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração, ou ainda, a
verificação genérica de dano ao consumidor.

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TEORIA MAIOR

previsão: art. 50 do CC

Requisitos:
abuso de personalidade +
desvio de finalidade ou
confusão patrimonial

Ao contrário, cabe também a chamada “desconsideração inversa da


personalidade jurídica”, quando a pessoa física se
utiliza da pessoa jurídica, indevidamente, para se
“blindar” de ataques contra seu patrimônio.
O fundamento é o mesmo: evitar o abuso no uso da
personalidade jurídica. Faz-se, nesse caso, uma interpretação teleológica
do art. 50, de modo a permitir que se busque o
patrimônio da pessoa física “escondido” atrás da pessoa
jurídica.
O STJ, igualmente, tem reiteradas decisões afirmando a
possibilidade da desconsideração inversa. Finalmente, a
desconsideração inversa passou a ser textualmente prevista no
CPC/2015, em seu art. 133, §2º:
§ 2º Aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da
personalidade jurídica.

2.6. Domicílio

Necessário localizar espacialmente a pessoa jurídica. Com relação à pessoa


jurídica, o CC/2002 fixa algumas regras a respeito do domicílio no art. 75. O
domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;

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III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;


IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos
constitutivos.
Além disso, caso a pessoa jurídica tenha diversos
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um
deles será considerado domicílio para os atos nele
praticados. Se a sede (administração ou diretoria)
ficar no exterior, o §2º estabelece que o domicílio da
pessoa jurídica será, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das
suas agências, o lugar do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela
corresponder.
Por fim, vale ressaltar que a regra do art. 78, que prevê a possibilidade de os
contratantes especificarem domicílio por meio de contratos escritos é de
especial relevo para as pessoas jurídicas.

3. Direitos da personalidade

3.1. Características

Quando adquire personalidade, a pessoa passa a ter uma série de


direitos oriundos dessa personalidade. São os chamados direitos de
personalidade, que têm por objeto os bens e valores essenciais da pessoa.
Os direitos da personalidade são direitos subjetivos e, portanto,
conferem à pessoa o poder de defender sua personalidade no aspecto
psicofísico amplo.
A base dos direitos de personalidade é o princípio reitor da CF/1988, o princípio
da dignidade da pessoa humana. O objetivo dos direitos de personalidade é a
adequada proteção e tutela da pessoa humana. São as características dos
direitos de personalidade, extraídas dos arts. 11 e ss. do CC/2002:
Absolutos, Indisponíveis, Irrenuciáveis, Imprescritíveis, Extrapatrimoniais e
Inatos.
Quanto a essa última característica, especificamente, o art.
12 estabelece que o interessado pode exigir que cesse
a ameaça ou a lesão a seu direito da personalidade.
Inclusive, pode ele reclamar perdas e danos, além das
outras sanções previstas em lei. Mas, e no caso do morto?
O parágrafo único, sanando essa dúvida, estabeleceu que
em se tratando de morto, a legitimidade para
requerer as medidas cabíveis recai sobre o cônjuge

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sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral até o


quarto grau.

3.2. Direitos da personalidade e o Código Civil

Primeiro, o art. 13 limita atos de disposição do próprio corpo, quando eles


importem diminuição permanente da integridade física, ou contrariarem os bons
costumes, às situações em que há exigência médica. Excetuam-se os casos
de transplante de órgãos (art. 13, parágrafo único) e
de disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou
em parte, para depois da morte, com objetivo
científico ou altruístico. Esses atos, porém, podem ser
livremente revogados a qualquer tempo.
Ainda quanto ao corpo, o art. 15 preceitua que não se pode constranger
alguém a se submeter, com risco de vida, a tratamento médico ou a
intervenção cirúrgica.
Quanto ao nome, o direito ao nome protege também o
prenome e o sobrenome (art. 16), além de apelidos ou
pseudônimos socialmente reconhecidos, desde que lícitos
(art. 19). Por isso, o nome da pessoa não pode ser
empregado por outrem em publicações ou
representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando
não haja intenção difamatória (art. 17). Do mesmo modo, sem
autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial
(art. 18).
Ultrapassadas as questões relativas ao nome, está na hora de voltar aos direitos
da personalidade. O art. 20 traz norma bastante restritiva em relação à
divulgação relativa a pessoa:
Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da
ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a
exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu
requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa
fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Nesses casos, ainda que morto ou ausente não cessa a proteção, já que o
parágrafo único permite que em se tratando de morto ou de ausente, são
partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os
ascendentes ou os descendentes.
Ao julgar a extensão da aplicação do art. 20, o STF, na
ADI 4815, julgou que não é necessária a autorização
de pessoa pública para a divulgação de biografia
sua, mas o biógrafo responde por eventuais danos, na
forma da lei.

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3.4. Direitos de personalidade da pessoa jurídica

De modo a afastar qualquer dúvida, o art. 52 do CC/2002 estende às pessoas


jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.
Obviamente, determinados direitos de personalidade não se aplicam à pessoa
jurídica, como o direito à liberdade sexual, à intimidade etc.

II. Bens

1. Noções gerais

Comum que se use, mesmo no Direito Civil, o conceito de coisa e de bem de


maneira equívoca. A doutrina se divide a respeito da distinção técnico-jurídica.
Uns estabelecem que bem é gênero, no qual se insere a espécie coisa, outros
porém, invertem a classificação.

2. Classificação

2.1. Corpóreos e incorpóreos

Bens corpóreos, também chamados de materiais ou tangíveis, são os


bens que têm existência material, física; são, portanto, palpáveis aos
sentidos humanos. Já os bens incorpóreos, chamados de imateriais ou
intangíveis, ao contrário, não têm existência material, física.

2.2. Móveis e imóveis

A noção de bens imóveis está no art. 79 do CC/2002: o solo e tudo quanto


se lhe incorporar natural ou artificialmente. Igualmente, ainda que não
sejam, na prática, imóveis, consideram-se imóveis para os efeitos legais
outros bens e direitos relativos a imóveis, segundo os arts. 80 e 81:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;

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II - o direito à sucessão aberta.


III - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
IV - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.
Já no conceito do art. 82 do CC/2002, são móveis os bens suscetíveis de
movimento próprio, ou de remoção por força alheia, sem alteração da
substância ou da destinação econômico-social.
Ademais, ainda que não sejam visivelmente móveis, consideram-se móveis
para os efeitos legais (bens móveis por força de lei), segundo os arts. 83
e 84:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
IV - os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis;
V - os materiais provenientes da demolição de algum prédio.

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Bens Móveis Bens Imóveis

Os bens suscetíveis de
movimento próprio, ou de O solo e tudo o que nele se
remoção por força alheia, incorporar
sem alteração da substância
ou da destinação econômico-
social
Os direitos reais sobre
As energias que tenham valor imóveis e as ações que os
econômico asseguram

Os direitos reais sobre objetos


móveis e as ações
correspondentes O direito à sucessão aberta

Os direitos pessoais de
caráter patrimonial e As edificações que, separadas
respectivas ações do solo, mas conservando a
sua unidade, forem
Os materiais destinados a removidas para outro local
alguma construção, enquanto
não forem empregados,
conservam sua qualidade de Os materiais provisoriamente
móveis separados de um prédio, para
nele se reempregarem

Os materiais provenientes da
demolição de algum prédio

2.3. Fungíveis e infungíveis

Na dicção do art. 85, são fungíveis os móveis que podem substituir-se por
outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Infungíveis, portanto,
serão aqueles que, ao contrário, possuem peculiaridades próprias que os
tornam únicos, insubstituíveis.
Atente, pois essa classificação vale somente para os bens móveis, dado
que os bens imóveis são, essencialmente, infungíveis, já que não permitem sua
substituição por outro de mesma espécie.

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2.4. Consumíveis e inconsumíveis

São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da


própria substância, segundo leciona o art. 86. Inconsumíveis
faticamente/fisicamente, por consequência, são os bens cuja fruição os mantém
hígidos, sem destruição, algo também próximo dos produtos duráveis do CDC.

2.5. Divisíveis e indivisíveis

Os bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua


substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que
se destinam, consoante o art. 87. Além disso, os bens naturalmente divisíveis
podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou por vontade das partes
(art. 88).
Pode-se classificar os bens indivisíveis da seguinte forma: a.
naturalmente indivisíveis (uma escultura); b. legalmente indivisíveis (a
herança); c. convencionalmente indivisíveis (uma carga específica).

2.6. Singulares e coletivos

A regra do art. 89 do CC/2002 estabelece que são singulares, ou individuais,


os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais. Já os bens coletivos ou universais são
os bens singulares – iguais ou diferentes – reunidos em um todo
individualizado.

2.7. Reciprocamente considerados

Segundo o CC/2002, os bens podem ser considerados de maneira recíproca, ou


seja, uns em relação aos outros. O art. 92 estabelece que principal é o bem
que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Exemplo é o solo, ou um
veículo automotor. Já o bem acessório é aquele cuja existência pressupõe a
existência do principal, como, por exemplo, a casa que se liga ao solo ou os
pneus do carro.
Relativamente aos bens reciprocamente considerados se
vê um princípio geral do Direito Civil: o acessório segue o
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principal. Trata-se do princípio da gravitação jurídica, que determina que


o bem acessório segue a sorte do principal, salvo disposição em
contrário.
São eles: a) Pertenças e b) Partes integrantes (Frutos, Produtos, Benfeitorias e
acessões).

Frutos
Derivam periodicamente do bem principal

Produtos
A obtenção reduz o valor do bem principal

Benfeitorias
Acréscimos num bem preexistente

Acessões
Criações - artificiais ou naturais - de bens

Pertenças
Destinadas de modo duradouro ao uso, serviço ou aformoseamento,
sem ser parte integrante

Partes integrantes
Ligados de tal modo ao principal que sua remoção tornaria ele
incompleto

2.8. Públicos e privados

São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas


jurídicas de direito público interno, segundo o art. 98 do CC/2002. Nesse
sentido, constituem bens públicos, na dicção do art. 99:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os
de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

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Por exclusão, todos os demais bens são particulares, seja qual for a
pessoa a que pertencerem.

3. Bem de família

Em resumo, o ordenamento jurídico deve assegurar um patrimônio mínimo a


todo cidadão, sem o qual se impede que qualquer potencialidade da pessoa seja
levada adiante. Numa sociedade de índole capitalista, a ausência de patrimônio
é praticamente uma contradição.
A Lei 8.009/1990 estabelece a impenhorabilidade do bem de família, assim,
entendido, segundo o art. 1°, como o imóvel residencial próprio do casal ou
da entidade familiar, limitado a uma única
residência utilizada pela entidade como residência
permanente, segundo o art. 5° da Lei. Se a entidade
familiar tiver mais de um imóvel, considera-se bem
de família o de menor valor, salvo se outro tiver sido
registrado junto ao Registro de Imóveis como o bem de família, por
meio de escritura pública, nos termos do art. 6° da Lei.
As exceções estão previstas no art. 3° da Lei:
II - pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do
respectivo contrato;
III – pelo credor da pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu
coproprietário que, com o devedor, integre união estável ou conjugal, observadas as
hipóteses em que ambos responderão pela dívida;
IV - para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
V - para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou
pela entidade familiar;
VI - por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
VII - por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.

III. Teoria do fato jurídico

1. Noções gerais

Essa parte da disciplina não costuma cair isoladamente nas provas, à exceção
dos chamados vícios de vontade e da prescrição e da decadência. Ainda assim,
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a compreensão adequada da Teoria do Fato Jurídico fará você compreender


com muito mais facilidade a sequência do Direito Civil. Por isso, é muito
importante retomarmos algumas noções gerais do fato jurídico.
Dentro do mundo fático, alguns fatos são adjetivados pela incidência
da norma jurídica e se tornam fatos especiais: são os fatos jurídicos. A
norma jurídica imputa efeitos a determinados fatos, portanto. Por isso,
um mesmo fato pode ter diferentes efeitos, a depender de certos fatores.

2. Classificação dos fatos jurídicos

Fato jurídico em sentido estrito (stricto sensu)

É todo fato que independe da conduta humana na composição do


suporte fático. Cuidado! A conduta humana pode estar presente, mas
ela não interessa. Por exemplo, a frutificação de uma árvore ou o nascimento
de uma criança, a maioridade e a morte.

Atos-fatos jurídicos (atos reais)

Outros fatos dependem de conduta humana para a concreção do suporte fático.


Nos fatos jurídicos em sentido estrito não existia conduta humana nenhuma;
aqui, existe conduta humana, mas a vontade
humana não é relevante, pelo que são considerados
condutas avolitivas (sem vontade ou com vontade
irrelevante).
O atos-fatos jurídicos podem ser:

Atos jurídicos em sentido amplo (lato sensu)

Conforme explica Marcos Bernardes de Mello, ato jurídico é


o fato jurídico cujo suporte fático tem como núcleo uma
exteriorização consciente de vontade, que tenha por
objeto obter um resultado juridicamente protegido
ou não proibido e possível.
Havendo tais elementos, o suporte fático se compõe, produzindo duas situações
distintas:

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1. Ato jurídico em sentido estrito (stricto sensu – ato não negocial)

O direito acolhe a manifestação de vontade e pré-


determina os efeitos que ela terá. Tais efeitos são
inafastáveis e invariáveis, ou seja, são efeitos
necessários, constituindo a chamada eficácia ex lege. Por
exemplo, o art. 304 do CC/2002:
Qualquer interessado na extinção da dívida pode pagá-la, usando, se o credor se opuser,
dos meios conducentes à exoneração do devedor.

2. Negócio jurídico (ato negocial)

A manifestação de vontade não é apenas elemento do


núcleo do suporte fático, mas se reconhece o poder de
autorregulamento, dentro de certos limites, de
modular os efeitos. São os chamados efeitos voluntários,
ou eficácia ex voluntatae.

3. Pré-excludentes de juridicização

Legítima defesa

O art. 188, inc. I, do CC/2002, prevê a legítima defesa na seara privada:


Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido.

Exercício regular de direito

O art. 188, inc. I, do CC/2002, prevê o exercício regular de direito na seara


privada:
Não constituem atos ilícitos os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de
um direito reconhecido.

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Estado de necessidade

O art. 188, inc. II do CC/2002 prevê o estado de necessidade :


Não constituem atos ilícitos a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a
pessoa, a fim de remover perigo iminente.

4. Eficacização do negócio jurídico

Eventualmente, há a subordinação de um negócio jurídico a um elemento


eficacial. A doutrina menos técnica chama esses elementos de elementos
acidentais do negócio jurídico. De modo sucinto, o CC/2002, introdutoriamente,
estabelece três elementos eficaciais que nos interessam: a condição, o termo e
o encargo. Mas, como distingui-los? Primeiro, a condição está claramente
disposta no Código:
Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das
partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.
Já o termo certus an incertus (incerto ou indeterminado) se verifica
quando o termo é certo quanto ao fato, mas incerto quanto à duração.
Exemplifico com a morte; a morte é certa, mas incerta quanto à ocorrência
específica.
O CC/2002, além de regular o termo, também regula os prazos. Segundo o art.
132, salvo disposição em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do
começo, e incluído o do vencimento:
§ 1o Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o
seguinte dia útil.
§ 2o Meado considera-se, em qualquer mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3o Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no
imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4o Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
O encargo, ou modo, fardo, ônus, por sua vez, impõe ao beneficiário de
uma liberalidade uma dada obrigação. Por exemplo, eu doarei meu
apartamento a você, desde que você cuide do cachorro da família até sua
morte; ou eu doarei um terreno para você para que seja edificado um museu;
ou eu doarei meu patrimônio a você com a obrigação de que você não derrube
a casa de meus pais.

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Encargo
Condição Termo
(DESDE
(SE) (QUANDO)
QUE)

5. Teoria das invalidades

Os elementos de existência estão presentes (uma pessoa assina um contrato e


a outra, após assinar, promete cumprir certa obrigação), mas é necessário
verificar se eles estão perfectibilizados. Se sim, o ato é válido; se não, se há um
deficit, o ato é inválido; validade, portanto, é sinônimo de perfeição do negócio
jurídico, em síntese.
Assim, a invalidade (nulidade ou anulabilidade) é
uma sanção àquele que infringe as normas
jurídicas, no plano privado. As normas que
invalidam o ato são classificadas como perfeitas,
segundo a doutrina.
Quais são os pressupostos de validade dos atos jurídicos em sentido amplo?
Dividem-se em três categorias, segundo estabelece o art. 104, incisos, do
CC/2002, que bem se adéqua à teoria do fato jurídico ponteana: I. Sujeito – a)
Capacidade de agir, b) Perfeição da manifestação; II. Objeto – licitude, a
determinabilidade e a possibilidade; III. Forma.

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Invalidades

Sujeito Objeto Forma

Capacidade de agir Licitude

Perfeição da
Possibilidade
manifestação

Determinabilidade

5.1. Nulidades

As nulidades têm por núcleo os arts. 166 e 167 do CC/2002. A ação para
nulificação de um ato jurídico em sentido amplo é uma ação declaratória, ou
seja, o ato já é nulo, mas necessário é declaração judicial a respeito. Por isso, as
ações que pretendem reconhecer a nulidade são imprescritíveis (rectius,
incaducáveis).
Como regra, as nulidades podem ser alegadas por
qualquer interessado, ou pelo Ministério Público,
quando lhe couber intervir, segundo dicção do art. 168. Por
isso, segundo o parágrafo único desse mesmo artigo, as
nulidades devem ser pronunciadas de ofício pelo juiz,
quando conhecer do negócio jurídico. Nem o juiz, nem as partes podem
suprir, assim, uma nulidade.

Não convalescem pelo decurso do tempo Nem o juiz nem as partes podem suprir
(prescrição e decadência)
NULIDADES
Devem ser pronunciadas de ofício pelo Podem ser alegadas por qualquer
juiz interessado e pelo MP

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Quais são as situações de nulidade previstas pelo CC/2002?

A. Incapaci- I. Má-fé e
dade iniquidade
1. Sujeito
B. Imperfeição
da II. Simulação
manifestação

III. Motivo
A. Ilicitude determinante
NULIDADES ilícito

B. Impossibi-
2. Objeto
lidade

C.
3. Forma Indeterminabi-
lidade

5.2. Anulabilidades

O núcleo das anulabilidades está no art. 171, mas ele é incompleto, pois
faltam as anulabilidades específicas, que estão determinadas na lei e por ela
espalhadas. Veja que mesmo antes do rol de anulabilidades do art. 171, o
CC/2002 já trouxe outras hipóteses.
As ações anulatórias são de natureza desconstitutiva. Por isso, sujeitam-se as
anulabilidades a prazos decadenciais, e não prescricionais.
Ao contrário das nulidades, as anulabilidades podem
ser alegadas somente pelos interessados, segundo o
art. 177. Por isso, segundo esse mesmo dispositivo, as
anulabilidades não podem ser pronunciadas de ofício
pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico.
Daí o negócio anulável poder ser confirmado pelas partes, salvo direito
de terceiros, segundo regra do art. 172. Essa confirmação, inclusive, nem
precisa ser expressa, quando o negócio já foi cumprido em parte pelo devedor,
ciente do vício que o inquinava, nos termos do art. 174. Com a confirmação

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extinguem-se todas as ações, ou exceções, de que contra ele dispusesse o


devedor, a rigor, pelo teor do art. 175 do CC/2002.

Convalescem pelo decurso do tempo Podem ser supridas


(prescrição e decadência)

ANULABILIDADES

Não podem ser pronunciadas de ofício pelo Não podem ser alegadas por qualquer
juiz interessado, apenas pelas próprias partes

Por isso, as anulabilidades caducam. O art. 178 do CC/


2002 estabelece 4 anos de prazo de decadência para
pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que
ela cessar;
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou
lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico;
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a
incapacidade.
Quando, porém, a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem
estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será o prazo de 2 anos,
a contar da data da conclusão do ato, segundo o art. 179. Quando for
anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes
dele se achavam. Se não for mais possível, serão indenizadas com o
equivalente, na regra do art. 182.
Por fim, em consonância com o princípio da conservação dos negócios jurídicos,
o art. 184 do CC/2002 estabelece que:
Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o
prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal
implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.

1. Sujeito

A vontade tem de ser exteriorizada. Se for interna,


não se fala em vício, considerando-se o caso de
reserva mental, conforme estabelece o art. 110.
Nessa situação, a manifestação de vontade subsiste
ainda que o seu autor haja feito a reserva mental de
não querer o que manifestou.

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Se, porém, a vontade é exteriorizada defeituosamente, será inválida, segundo o


art. 171, inc. II. Quais são os casos de anulação do ato por imperfeição de
manifestação? São os chamados “vícios de vontade”, ou seja, os casos nos
quais a manifestação de vontade está contaminada, viciada.

I. Erro

O erro, ou ignorância, nada mais é do que “a falsa


representação psicológica da realidade”, da situação
em face da qual a pessoa se encontra. Há, portanto,
uma distorção da vontade relativamente ao mundo
exterior.
O ato será anulável quando as declarações de vontade emanarem de erro
substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal,
em face das circunstâncias do negócio. O erro pode se dar de variados modos,
afiança Marcos Bernardes de Mello. Há erro quando não há paralelismo nas
manifestações, como no caso em que eu empresto minha caneta de ouro para
uma pessoa assinar um documento e ela acha que eu a doei. Também há erro
quando eu utilizo uma palavra plurívoca ou equívoca, como ocorre nas
malfadadas propagandas de carro “completão”.
Igualmente há erro quando minha vontade não é transmitida corretamente,
como, por exemplo, na declaração feita pelo representante num anúncio
incorreto. Erro, ainda, quando o objeto não corresponde ao que se negociou,
qualitativa ou quantitativamente, como no caso do brinco de ouro que é apenas
folheado, ou na aquisição de uma obra de arte que é apenas uma réplica do
trabalho original.
Erro, ainda, quando a pessoa não é ou não tem as qualidades imaginadas,
situação essa que só se aplica aos negócios intuitu personae, a exemplo da
contratação de um pianista para um recital de órgão. Por fim, verifica-se o erro
mesmo quando acabo negociando algo “errado”, no caso em que dito uma
coisa e a pessoa escreve errado e eu assino sem ler.
Mas, quando se verificará o erro, de acordo com o
CC/2002? Primeiro, há de se lembrar que o erro precisa ser
substancial, exige o art. 138. Quando há erro
substancial? Estabelece o art. 139 que o erro é
substancial quando:
I - interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das
qualidades a ele essenciais;
II - concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a
declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante;
III - sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou
principal do negócio jurídico.

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II. Dolo

Inicialmente, vale esclarecer que o dolo como elemento invalidante do ato


jurídico em sentido amplo nada tem a ver com o dolo caracterizado como
espécie de culpa em sentido amplo da responsabilidade civil ou do Direito
Penal. O dolo da responsabilidade civil não se liga a um ato jurídico lato sensu,
mas a ato ilícito (com repercussões tanto civis quanto criminais).
Dolo, aqui, significa engano, embuste, traição, trapaça. É a ação ou omissão em
induzir, fortalecer ou manter o outro na falsa representação da realidade para
beneficiar a si ou a outrem, de modo que o negócio não se realizaria de outra
maneira (dolus causam). Ou seja, o dolo nada mais é do
que “induzir alguém em erro”, resumidamente. Veja
que o dolo deve ser a causa eficiente do negócio,
conforme estabelece o art. 145.
No dolo, portanto, não se exige qualquer sofisticação,
basta “ajudar” o erro alheio que já se configura o dolo. Há linha tênue entre a
propaganda enganosa e a exaltação das qualidades do produto. A doutrina e a
jurisprudência entendem que o espalhafato e o exagero não são dolo (o
chamado dolus bonus, em oposição ao dolus malus).
Porém, o silêncio, a depender do caso, pode ser considerado igualmente dolo,
conforme estipula o art. 147. Por isso, nos negócios jurídicos bilaterais, o
silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade
que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se
que sem ela o negócio não se teria celebrado.
De qualquer forma, se o negócio se realizaria mesmo que eu soubesse que o
produto era mera réplica, mas não por aquele preço, há dolo
incidental/acidental. Nesse caso, não se anula o
negócio, apenas se indeniza o negociante prejudicado
pelas perdas e danos, consoante regra do art. 146.
Assim, se ambos sabiam do
defeito, não é dolo invalidante, mas se caracteriza o
dolo recíproco (bilateral), conforme o art. 150, pelo
que ninguém pode reclamar do negócio. Por exemplo,
se eu compro um produto que é réplica, sabendo que era uma réplica, para me
aproveitar do preço baixo, não posso alegar dolo da contraparte para receber
meu dinheiro de volta.

III. Coação

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A vontade, aqui é viciada pelo medo de dano a si, à


família, a outrem ou aos bens, a partir de uma
pressão física ou moral, segundo o art. 151. O
parágrafo único desse artigo diz que se a coação for
contra terceiro, não pertencente à família do paciente, o juiz, com base
nas circunstâncias, decidirá se houve coação.
O dano tem de ser considerável, mas isso depende da análise judicial. O medo é
igualmente relativo, pois varia de pessoa a pessoa, já que há mais fracos e mais
fortes para suportar tortura psicológica. Por isso, conforme estabelece o art.
152, ao apreciar a coação, deve-se ter em conta o sexo, a idade, a condição, a
saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que
possam influir na gravidade dela. Assim, a ameaça com arma de brinquedo é
coação, ainda que não seja suficiente para o aumento/qualificadora de pena do
roubo, no juízo criminal.
Há algumas situações que não caracterizam coação, ainda que
pareçam, conforme estabelece o art. 153: a ameaça do exercício
normal de um direito e o simples temor reverencial.

IV. Estado de perigo

O estado de perigo está previsto no art. 156:


Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou
a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação
excessivamente onerosa.
É o caso do pai que, vendo o filho ser atingido por um tiro em confronto policial
na rua, leva-o ao hospital, que exige soma excessiva para realizar a cirurgia.
Atente, porém, porque o termo “premente”, contido nesse dispositivo, significa
“sério”; ou seja, a necessidade de salvar a pessoa ou a si mesmo precisa ser
séria.
Para que o estado de perigo se verifique devo analisar 5 pressupostos:
1. Dano: deve ser pessoal, não patrimonial, por mais importante que seja, ao contrário da
coação;
2. Urgência e gravidade do dano/risco: que gera fundado temor, numa avaliação subjetiva
(elemento subjetivo), já que a ignorância e o desespero geralmente ocasionam temor
exagerado, como, p.ex., a mãe que vê o filho com muito sangue no rosto, mas são apenas
machucados na região do supercílio, que habitualmente sangra bastante;
3. Relação de causa e efeito entre o perigo e o negócio: fiz o negócio para evitar o perigo;
4. Dolo da contraparte: o outro tem que saber que eu farei o negócio a qualquer custo;
5. Excessiva onerosidade: avaliada pelo negócio em si, e não em relação ao patrimônio do
sujeito (elemento objetivo).

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V. lesão

A lesão, popularmente conhecida como “galinha morta” ou “negócio da China”,


já está presente no ordenamento jurídico brasileiro há tempos. O art. 4º da Lei
1.521/1951, que versa sobre a proteção da economia popular, veda a criminosa
conduta de cobrar juros elevados quando da premente necessidade ou
inexperiência do mutuário (boa e velha agiotagem). No CC/2002, a lesão está
prevista no art. 157 e tem dois pressupostos:
1. Prestação manifestamente desproporcional: valorada pelo juiz (elemento objetivo). Por
exemplo, vende a casa de 1 milhão por 100 mil;
2. O negócio se deu por estado de necessidade ou inexperiência (elemento subjetivo).

LESÃO ESTADO DE PERIGO


Independe do conhecimento Dolo da outra parte
da outra parte Pessoal, não patrimonial
Patrimonial, não pessoal Excessiva onerosidade na
Desproporcionalidade na prestação
prestação

2. Objeto

Juntamente com a simulação, a fraude contra credores é


classificada como um vício social. Diferentemente
dos vícios de consentimento, que são todos
anuláveis, a simulação, vício social, é causa de
nulidade; a fraude contra credores, outro vício social, por sua vez, é
anulável, como os vícios de consentimento.
São cinco os pressupostos de sua constituição:

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1. Ato de disposição: redução do patrimônio apto a saldar dívidas, por meio de quaisquer
negócios: doação, venda, dação em pagamento, pagamento de credor quirografário
antecipadamente, perdão de dívida, dar garantias a dívida e renúncia a direitos
hereditários, segundo os arts. 158 e 159;
2. Insolvência ou iminência de insolvência: mesmo grande redução patrimonial não leva à
insolvência, necessariamente, pois o objetivo aqui é assegurar os credores. Ademais,
mesmo que o estado de insolvência seja desconhecido do próprio devedor, fala-se em
fraude. A análise é puramente matemática, na dicção do art. 158;
3. Anterioridade do crédito: a dívida tem de ser anterior ao ato de disposição que leve à
insolvência, segundo o §2º do art. 158;
4. Eventus damni: o evento deve trazer prejuízo, dano, ao credor;
5. Consilium fraudis: o terceiro, envolvido na fraude, precisa estar a par da intenção
fraudatória. Há situações nas quais o conluio (ou colusão) é presumido, no entanto.

Quanto ao Direito Civil é importante mencionar a ação anulatória, também


chamada de ação revocatória ou ação pauliana. Sim, eu tenho uma
ação processual com o MEU NOME! E é a única ação no Direito Civil
com um nome =)
A Ação Pauliana independe de instauração de
procedimento falimentar. Assim, a prova da fraude
(consilium fraudis) ocorre na própria ação. Veja
também que essa ação se restringe aos credores
quirografários lesados. Se o credor tiver garantia
fidejussória ou real, não se fala em anulação do ato por
fraude contra credores.
Por fim, há de se destacar que a fraude contra credores não se confunde
com a fraude à execução (prevista no art. 792 do CPC). Nesta, exige-se a
existência de uma demanda, envolvendo credor e devedor, ao passo que na
fraude contra credores é irrelevante haver lide. Na fraude à execução é
desnecessário provar o elemento subjetivo (consilium fraudis, conluio ou
colusão), já que há presunção juris et de jure (absoluta) a esse respeito, desde
que já registrada a penhora do bem alienado (Súmula 375 do STJ).

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I. Menoridade
relativa (16 a 18
anos)

II. Vício em tóxicos


e embriaguez
habitual
A. Incapacidade

III. Expressão da
vontade maculada
==128806==

IV. Prodigalidade

1. Sujeito
I. Erro
Anulabilidades

II. Dolo

B. Imperfeição da
III. Coação
manifestação

Fraude contra IV. Estado de perigo


2. Objeto
credores

V. Lesão

6. Caducidade

Dormientibus non sucurrit jus! Uma das funções do Direito é precisamente a


pacificação social, seja ela fática ou meramente jurídica. Por isso, é necessário
que o ordenamento jurídico traga limites ao conflito social.

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6.1. Distinções entre prescrição e decadência

Vou tratar da caducidade a partir da noção de prescrição, de modo a diferenciá-


la da decadência. A prescrição atinge a pretensão material, a possibilidade
ainda que somente potencial de exigir. Por isso, segundo Agnelo Amorim Filho,
somente nos direitos em que há prestação se pode
falar em prescrição; nos direitos potestativos, que não
trazem em si uma prestação, não há prescrição. Portanto,
todas as ações condenatórias – e somente elas –
estão sujeitas à prescrição.
Todas as ações condenatórias
e somente elas

Todas as ações
mandamentais
Sujeitam-se à prescrição

Todas as ações executivas

* Os efeitos condenatórios
das ações declaratórias *

Quando será prescrição e Todas as ações constitutivas com


prazo fixado em lei e somente
quando será decadência? elas
Sujeitam-se à decadência
* Os efeitos constitutivos das
ações declaratórias *

Todas as ações declaratórias


Não se sujeitam à prescrição ou
decadência (“imprescritíveis”)
Todas as ações constitutivas sem
prazo fixado em lei

A decadência não se impede, não se interrompe, não


se suspende nem se renuncia. A prescrição, ao
contrário, se impede, se interrompe, se suspende e se
renuncia.

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Prescrição
Pode renunciar
Pode ser alegada apenas pelo
interessado
Pode ser conhecida de ofício Decadência
pelo juiz Irrenunciável
Admite suspensão e Pode ser alegada por outrem (MP)
interrupção
Deve ser conhecida de ofício pelo juiz
Não suspende nem interrompe

6.2. Impedimento, suspensão e interrupção da prescrição

A seguir, vou transcrever os incisos dos artigos do CC/2002 que tratam das
causas de impedimento e suspensão da prescrição, situados nos arts. 197 a
200. O que distingue o impedimento da suspensão? Leia esses artigos para
você ver se consegue reconhecer a diferença, antes que eu dela trate.
Estabelece o art. 197 que não corre a prescrição:
I - entre os cônjuges, na constância da sociedade conjugal;
II - entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar;
III - entre tutelados ou curatelados e seus tutores ou curadores, durante a tutela ou
curatela.
Atente também à leitura do inc. II, pois corre prescrição contra o menor
emancipado. Já o art. 198 prevê que também não corre a prescrição:
I - contra os incapazes de que trata o art. 3º;
II - contra os ausentes do País em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios;
III - contra os que se acharem servindo nas Forças Armadas, em tempo de guerra.
Continua o art. 199, estabelecendo que não corre igualmente a prescrição:
I - pendendo condição suspensiva;
II - não estando vencido o prazo;
III - pendendo ação de evicção.

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Por fim, o art. 200 dispõe que quando a ação se originar


de fato que deva ser apurado no juízo criminal, não
correrá a prescrição antes da respectiva sentença
definitiva.
Já o art. 202 traz a previsão das hipóteses de interrupção da prescrição,
que somente poderá ocorrer uma vez (uma segunda “interrupção” é,
portanto, absolutamente ineficaz):
I - por despacho do juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a
promover no prazo e na forma da lei processual;
II - por protesto, nas condições do inciso antecedente;
III - por protesto cambial;
IV - pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de
credores;
V - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor;
VI - por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do
direito pelo devedor.

Na suspensão, a contagem para e recomeça de onde parou. Na interrupção, a


contagem para e começa do zero novamente.

6.3. Regras especiais de decadência

Como dito anteriormente, salvo disposição legal em contrário, não se aplicam à


decadência as normas que impedem, suspendem ou
interrompem a prescrição, nos termos do art. 207 do
CC/2002. A exceção prevista no CC/2002fica por
conta dos incapazes, cujo prazo decadencial não
corre (situação de impedimento da decadência), por aplicação do art.
208:
Aplica-se à decadência o disposto nos arts. 195 e 198, inciso I.
O segundo adendo diz respeito ao art. 26, §2º, incs. I e III, do CDC. Segundo
esses dispositivos, obsta-se a decadênciaa respeito do direito de reclamar pelos
vícios aparentes ou de fácil constatação quando: a. da comprovada reclamação
feita pelo consumidor ao fornecedor de produtos e serviços até a resposta
negativa inequívoca; b. do encerramento de inquérito civil instaurado em
decorrência do evento. Ou seja, o CDC prevê duas hipóteses de suspensão
da decadência, de maneira extraordinária.

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DIREITO DAS OBRIGAÇÕES

I. Teoria geral

1. Noções Gerais

Obrigação e dever
A obrigação pode ser vista como “um vínculo que liga as partes a uma
prestação de conteúdo patrimonial para a satisfação do interesse do
credor”.

2. A obrigação como processo

Processo, num sentido mais genérico do termo, não no sentido meramente


judicial. Processo no sentido de desenvolvimento sequencial de atos cujo
andamento mira um fim predeterminado. Processo no sentido de algo que
se direciona a um fim, a um objetivo, que tem um escopo. Há um sentido
quase metafísico aqui.
A obrigação como processo exige que a obrigação seja vista de
maneira dinâmica, não mais estática. Essa dinâmica se explica pelo
movimento em direção ao fim. A relação jurídica obrigacional nasce para
morrer, curiosamente. Ela é pensada para desaparecer, não para se
perpetuar, contrariamente à relação jurídica real. Quando contrato um pintor, já
visualizo mentalmente o término da prestação de serviços.
Clóvis apontará que a relação jurídica obrigacional se encadeia em
direção ao seu fim, que é exatamente a “satisfação dos interesses do
credor”. Não se pode pensar em satisfação dos interesses do credor de
maneira subjetiva, no entanto.
Quando se diz satisfação dos interesses do credor se
quer dizer “adimplemento”. Assim, a relação jurídica
obrigacional é voltada ao adimplemento. Isso é
fundamental. Todos os institutos do Direito das
Obrigações são vistos com um único fim: o
adimplemento.

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3. Modalidades

A estrutura indica os modos de configuração dos elementos da relação jurídica


obrigacional, ou seja, como os sujeitos, os objetos e o vínculo relacionam-se
entre si. Como o direito das obrigações é muito amplo e tende ao
infinito, a relação jurídica obrigacional tem de ter maleabilidade
suficiente para se adaptar às diversas situações.

3.1. Quanto ao vínculo

Vínculo civil ou vínculo natural.

3.2. Quanto ao objeto

Vale lembrar que o objeto pode ser tomado em dois sentidos, como objeto
imediato (conjunto de situações jurídicas ativas e passivas de
titularidade das partes, consubstanciadas em uma prestação de dar,
fazer ou não fazer) ou mediato (que constituem os bens jurídicos cuja
titularidade, apropriação e disposição ocorre mediante o exercício das
posições jurídicas próprias, ou seja, a coisa).

3.2.1. Reciprocidade

A. Principais/essenciais
As obrigações principais ou essenciais trazem em si todos os elementos
essenciais da obrigação, sendo independentes de quaisquer outras relações
obrigacionais.

B. Acessórias
As obrigações acessórias constituem encargos ou garantias não
essenciais à obrigação principal, ou seja, não têm elas existência
autônoma.

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3.2.2. Finalidade

A. Meio
As obrigações de meio são aquelas em que não há um resultado
específico, mas tendente a tal resultado. É o que acontece, por exemplo,
com as obrigações assumidas por advogados ou médicos em geral.

B. Resultado
Já as obrigações de resultado são aquelas com objetivos já
predeterminados.

C. Garantia
Como uma categoria peculiar, há as obrigações de garantia, que são
aquelas que objetivam dar segurança a outro negócio, outra obrigação,
por isso são sempre acessórias. Por exemplo, o seguro habitacional ou a
fiança de uma locação.

3.2.3. Eficácia

A. Puras
As obrigações puras não dependem de qualquer condição outra que não a
própria obrigação para terem eficácia. É o caso da obrigação de entregar um
produto a alguém.

B. Impuras
As obrigações impuras dependem de “algo mais” para serem eficazes. As
obrigações impuras ligam-se ao elemento eficacial do negócio jurídico,
pelo que podem ser condicionais, modais ou a termo.

3.2.4. Conteúdo

A. Obrigações de dar

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A obrigação de dar consiste na entrega de determinada coisa a


alguém, de maneira absolutamente singela. A doutrina subdivide, em
geral, essa obrigação em duas:dar coisa certa e dar coisa incerta. Prefiro
subdividi-la em três, acrescentando uma, de modo tornar mais didáticas as
diferenças entre elas: dar coisa certa, restituir e dar coisa incerta.
A coisa, para ser certa, deve ser especificada, determinada e individualizada
das demais, de modo suficiente. A qualidade do bem, nesse caso, tem caráter
preponderante. Mas a coisa propriamente dita também está sujeita aos eventos
da vida, a modificações que alteram também a obrigação.
Essa disciplina apoia-se na chamada Teoria do Risco, consubstanciada na
clássica regra do res perit domino. Em caso de perecimento do bem, sem
culpa de quem deveria entregá-la, extingue-se a obrigação, sem
indenização para nenhuma das partes, nos termos do art. 234.
Inversamente, no caso de perda da coisa, com culpa de quem deveria
entregá-la, deve haver o pagamento de perdas e danos, além da
restituição do que eventualmente foi pago, consoante o mesmo art. 234:
Por outro lado, pode haver deterioração, degradação, estragos à coisa, que,
contudo, continua a ser aproveitável, como um carro batido, uma casa
parcialmente destelhada. No caso de perda parcial da coisa, sem culpa de
quem deveria entregá-la, pode haver, à escolha do credor a aceitação
com abatimento proporcional ou resolução. No caso de perda parcial da
coisa, com culpa de quem deveria entregá-la, a solução é praticamente
idêntica, mas são adicionadas as perdas e danos que sofrer (lucro
cessante e dano emergente), conforme art. 236.
Ao contrário, pode ser que a coisa venha a sofrer melhoramentos antes da
tradição, o que não é incomum. Nesses casos, o acréscimo pertence ao devedor
(e esse é outro lado do res perit domino), sendo que o credor passa a ter
duas opções:a. aceitar o acréscimo e pagar proporcionalmente por ele, nos
termos do art. 237, ou;b. resolver o negócio, sem indenização para nenhuma
das partes, segundo o mesmo artigo, na segunda parte.
Quanto aos frutos, o art. 237, no parágrafo único, estabelece regra
específica.

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Extinção da obrigação

Sem culpa
Aceitação +
abatimento
Deterioração
O b rig a çã o d e d a r coisa certa

Equivalente
(c/ perdas e danos)
Com culpa
Aceitação +
abatimento (c/ perdas
e danos)

Sem culpa Extinção da obrigação

Perecimento
Extinção da obrigação
Com culpa
(c/ perdas e danos)

Aceita + aumento

Com boa-fé

Extingue a obrigação
Melhoramento

Devedor perde o
Sem boa-fé
melhoramento

A obrigação de restituir ocorre quando o credor é dono da coisa,


entrega a outrem e tem o direito de, posteriormente, recebê-la de
volta, como na locação ou no comodato. Se houver perecimento, ou seja,
perda integral da coisa, sem culpa do devedor, haverá extinção da
obrigação com a perda para o credor (res perit domino). Se a perda ou
perecimento se dá com culpa do devedor, deverá ele arcar com o
prejuízo, ou seja, o equivalente pela deterioração, mais as perdas e
danos, consoante o art. 239, inversamente.
Se houver deterioração, ou seja, perda parcial, sem culpa do devedor, o credor
receberá a coisa no estado em que se encontra, sem direito de
indenização, consoante regra do art. 240. Se a deterioração se dá com
culpa do devedor, deverá ele arcar com o prejuízo, ou seja, o
equivalente pela deterioração, mais perdas e danos, segundo o mesmo
art. 240. A redação da parte final do art. 240 (“se por culpa do devedor,
observar-se-á o disposto no art. 239”) dá a entender que no caso de
deterioração culposa causada pelo devedor da coisa restituível, o credor tem
direito apenas a aceitar a coisa, recebendo o equivalente pela deterioração,
mais perdas e danos. Em caso de acréscimo ou melhoramento, segue a regra
dos arts. 241 e 242 do CC/2002.
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Sem culpa Recebe como está

Deterioração

Recebe como está


Com culpa
(c/ perdas e danos)
Obrigação de restituir

Extinção da
Sem culpa
obrigação

Perecimento

Extinção da
Com culpa obrigação (c/ perdas
e danos)

Boa-fé (úteis,
necessárias e
voluptuárias, se
aceitas)

Benfeitorias
Sem dispêndio
Má-fé (só
necessárias, sem
Melhoramento retenção)

Com dispêndio

Boa-fé (percebidos e
despesas de
produção)

Frutos

Má-fé (nenhum,
despesas de
produção

As obrigações de dar coisa incerta assemelham-se às de dar coisa certa,


valendo aqui o que foi dito anteriormente. O traço distintivo entre ambas é a
coisa, incerta neste caso. Mas e o que é coisa incerta?
Coisa incerta é algo que não está perfeitamente
considerado em sua individualidade dentro do
gênero ao qual pertence. Fala-se da coisa em seu
gênero e quantidade, sendo que a qualidade não é o
elemento mais importante da obrigação, ainda que o tenha.

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B. Obrigações de fazer

Fazer compreende uma ação intelectual ou física concretizada com o


dispêndio de energia do agente, cujo fim é a realização de um serviço
material ou imaterial. Juntamente com o fazer está, via de regra, também um
dar, já que as prestações são em geral materiais, mas não necessariamente.
Em regra, as obrigações de fazer são pessoais, ou seja, intuitu personae. Nesses
casos, determina o CC/2002 que:
Art. 247. Incorre na obrigação de indenizar perdas e danos o devedor que recusar a
prestação a ele só imposta, ou só por ele exequível.
Ao contrário, se a obrigação for “impessoal”, ela é exequível por
terceiro, sempre, obviamente, à custa do devedor que não cumpre a
prestação. A execução por terceiro não isenta o devedor moroso da indenização
por perdas e danos:
Art. 249. Será livre ao credor mandá-lo executar à custa do devedor, havendo recusa ou
mora deste, sem prejuízo da indenização cabível.
Em caso de inexecução, se for involuntária não gera dever de indenização,
desde que a obrigação seja pessoal, como, por exemplo, uma doença
incapacitante do escultor que eu contratei, nos termos do art. 248:
Art. 248. Se a prestação do fato tornar-se impossível sem culpa do devedor, resolver-se-á
a obrigação (...).
Se for impessoal a obrigação, deve ser substituída, nos termos do art.
249. Se a inexecução for voluntária, nesses casos, em regra, tratando-se de
obrigação pessoal, restam somente as perdas e danos, segundo o art. 247. Nos
casos em que a obrigação é impessoal, o credor pode obter a prestação
à custa do devedor, sendo que terceiro executará a obrigação,
consoante o art. 249.

Obrigação de fazer: descumprimento

Sem culpa Com culpa

Impessoal: Pessoal: perdas e Impessoal:


Pessoal: extingue
substitui danos substitui

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C. Obrigações de não fazer


.
A obrigação de não fazer origina-se da escolha, do comprometimento do
devedor em face do credor. Ou seja, a obrigação de não fazer trata da
abstenção de uma conduta que normalmente o indivíduo poderia tomar,
genericamente. Exige-se, portanto, uma omissão, e não uma ação. Realizada a
ação, o devedor descumpre a obrigação de maneira absoluta, já que descabe
falar em mora nessa situação.
De acordo com o art. 250, se tornar-se impossível ao devedor abster-se do ato,
fica extinta a obrigação, se sem culpa sua. Em geral, isso ocorrerá em razão de
caso fortuito ou força maior.
Se houver descumprimento, por culpa de devedor, o sujeito que deveria abster-
se do ato deverá desfazê-lo, ele mesmo ou terceiro, à sua custa, se possível. Se
possível o desfazimento ou não, cabem perdas e danos, em qualquer hipótese,
segundo o art. 251.

Obrigação de não fazer: descumprimento

Impossível se abster Possível se abster

Possível desfazer:
Impossível desfazer:
Extingue desfaz, mais perdas e perdas e danos
danos

3.2.5. Alternatividade

A. Cumulativas
As obrigações podem ser cumulativas, ou seja, todas as obrigações devem
ser cumpridas em sua totalidade. Podem ser alternativas, também
chamada de disjuntiva, onde a escolha de uma obrigação exclui a
outra, segundo estabelece o art. 252. Ou, ainda, podem ser Facultativas, que
consiste na entrega de um único objeto, no entanto, faculta-se o
devedor, à sua escolha, desde que pactuado previamente, substituir a
prestação quando do adimplemento.

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É o caso, por exemplo, de uma empreitada em que o construtor deve fazer a


terraplanagem do terreno, edificar as estruturas, pintar a residência etc.
Igualmente, o cerimonial de um casamento, que indica fornecedores aos noivos,
comparece a reuniões, organiza a lista de convidados, organiza as mesas,
recebe os fornecedores no dia da festa e entrega a lembrancinha ao final da
festa. O cumprimento da obrigação só se dá ao final, quando cada uma
das obrigações é satisfeita.

B. Alternativas
Já a obrigação alternativa, também chamada de disjuntiva, determina-
se no cumprimento, ou seja, a escolha de uma obrigação exclui a outra,
segundo estabelece o art. 252. Essa escolha pode ser feita a critério do credor,
do devedor ou de árbitro, ou caso o terceiro não aceitar a incumbência, ficará a
cargo do juiz, segundo o art. 252, §4º.
Em regra, porém, se não houver estipulação alguma
a respeito do tema, a escolha cabe ao devedor,
segundo regra clássica prevista no art. 252. De
novo, a “lógica” do Direito das Obrigações ilumina
esse raciocínio: a satisfação dos interesses do credor, guiada pelo
adimplemento.
Quem faz a escolha deve escolher uma das
alternativas integralmente, não podendo escolher parte
de uma ou de outra, consoante estabelece o art. 252, §1º
do CC/2002. No entanto, no caso de prestações periódicas,
a opção pode ser exercida a cada período, e não apenas no
primeiro ato de escolha, pela previsão do §2º.
A obrigação alternativa tem por peculiaridade sua manutenção, ainda
que haja perecimento de um dos objetos ou tenha ele se tornado
inexequível (art. 253). Se uma das obrigações se
torna impossível, sem culpa de quaisquer das
partes, a obrigação se concentra na restante,
independentemente de a quem caiba a escolha, na
dicção do art. 253.
Se uma das obrigações se torna impossível, por culpa do devedor, e o credor é
quem deveria escolher, opta pela remanescente ou pelo valor da outra,
segundo o art. 255, primeira parte. Se uma das obrigações se torna impossível,
por culpa do devedor, e o devedor mesmo é quem deveria escolher, ele cumpre
a remanescente, obviamente.
Se todas as obrigações se tornam impossíveis, sem culpa
do devedor, a obrigação se extingue, conforme o art. 256.
Se se tornam impossíveis com culpa do devedor,
deverá pagar pela que ao fim se impossibilitou, mais
perdas e danos, se ele deveria fazer a escolha (art.
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254); se o credor deveria fazer a escolha, pode escolher o valor de qual


preferiria, mais perdas e danos (art. 255).
De novo, vê-se a lógica de estabelecer a escolha ao devedor. Se uma coisa
perecer, ele simplesmente concentra a escolha na coisa remanescente. O
credor sai satisfeito e a obrigação se extingue. E qual a razão de o CC/2002
determinar que no caso de impossibilidade de ambas, competindo a escolha ao
devedor, ele indeniza o credor pelo equivalente da última prestação perdida? A
mesma. Perde-se uma, concentra-se na remanescente. Perde-se a segunda,
estava a escolha concentrada nela.

OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

CULPA do devedor? Perecimento: UM objeto

Escolha: CREDOR Escolha: DEVEDOR

Restante ou
SIM equivalente pela outra Concentra na restante
+ perdas e danos

NÃO Concentra na restante Concentra na restante

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OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS

CULPA do devedor? Perecimento: AMBOS os objetos

Escolha: CREDOR Escolha: DEVEDOR

Equivalente por Equivalente pela


SIM qualquer, à escolha + última + perdas e
perdas e danos danos

NÃO Extingue a obrigação Extingue a obrigação

C. Facultativas
Preste atenção, porém, para não confundir a
obrigação alternativa com a obrigação facultativa. É
comum que as provas tentem confundir você,
tomando uma pela outra! Fala-se que “na obrigação
alternativa é facultado ao...” ou que na obrigação
facultativa a alternativa é...” e por aí vai. O grande
problema é que o CC/2002 não trata da hipótese, sendo que se utiliza como
amparo a legislação comparada, notadamente o Código Civil argentino.
A obrigação facultativa é também chamada de
subsidiária, ou seja, consiste na entrega de um
único objeto. No entanto, faculta-se o devedor, à sua
escolha, desde que pactuado previamente,
substituir a prestação quando do adimplemento.
Pode-se facultar a escolha ao credor? Não, jamais, sob pena de se desfigurar a
obrigação facultativa.
Na obrigação alternativa, pode o credor, se assim se convencionou, escolher
qualquer das duas obrigações (uma ou outra); na obrigação facultativa, porém,
não pode ele escolher a obrigação subsidiária, pois tem direito apenas à
principal (uma ou outra, se não uma).
Trata-se de uma espécie obrigacional que se aproxima muito do direito
processual. Pode o juiz conhecer do pedido subsidiário se conhece do primário?
Não. Contrariamente, pode conhecer do pedido alternativo, ou seja, pode ele
escolher ou um ou outro. É a mesma lógica.

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Obrigação alternativa Obrigação facultativa

uma OU outra uma se + ou outra


Escolha: credor/devedor Escolha: devedor

3.2.6. Divisibilidade

A. Divisíveis
As obrigações divisíveis, em relação ao objeto imediato, podem ser fracionadas
em mais de um momento. As obrigações divisíveis são características das
obrigações de trato sucessivo, como a locação, ou a compra e venda parcelada.
Por outro lado, em relação ao objeto imediato, a coisa, trata-se da divisibilidade
a partir da ótica dos bens divisíveis/indivisíveis.
Quanto a indivisibilidade, assim estabelece o art. 258:
A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
determinante do negócio jurídico.
A indivisibilidade da obrigação pode ser natural, legal ou contratual,
respectivamente.

B. Indivisíveis
Assim estabelece o art. 258:
A obrigação é indivisível quando a prestação tem por objeto uma coisa ou um fato não
suscetíveis de divisão, por sua natureza, por motivo de ordem econômica, ou dada a razão
determinante do negócio jurídico.

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Ou seja, é inviável fracionar a obrigação das partes, seja pela própria natureza
da obrigação (natural), seja por imposição da lei (legal), seja pela vontade das
partes (contratual). A indivisibilidade da obrigação pode ser natural, legal
ou contratual, respectivamente.
No entanto, segundo estabelece o art. 263, perde a
qualidade de indivisível a obrigação que se resolver
em perdas e danos. Isso ocorrerá, por exemplo, quando,
numa obrigação, a prestação for de entregar um veículo,
mas o veículo, por alguma razão, deixar de existir; nesse caso, ela se resolve
em perdas e danos e a obrigação deixa de ser indivisível.
Nesse caso, se houver culpa de todos os devedores, responderão todos por
partes iguais, segundo o §1º do mesmo artigo. Se, porém, for de um só a culpa,
ficarão exonerados os outros, respondendo só esse pelas perdas e danos,
segundo o §2º.
No caso das obrigações indivisíveis, se houver dois ou
mais devedores, cada um será obrigado pela dívida
toda. Porém, segundo o parágrafo único do art. 259, o
devedor que paga a dívida sub-roga-se no direito do credor em relação aos
outros coobrigados.
Inversamente, se a pluralidade for dos credores, poderá cada um destes
exigir a dívida inteira, na dicção do art. 260. Nesse caso, o devedor ou
devedores se desobrigarão, pagando, segundo os incisos do artigo:
I - a todos conjuntamente;
II - a um, dando este caução de ratificação dos outros credores.
Ou seja, o devedor deve estar atento para não ter de pagar novamente (a boa e
velha regra, “quem paga mal, paga duas vezes” é uma das regras de ouro
quando se fala em adimplemento). Se pagar a um só, sem obter caução de
ratificação, ficará obrigado perante os demais (e terá de buscar restituição
contra o credor que recebeu por inteiro, de modo a evitar o enriquecimento sem
causa).

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Principais/essenciais
1. Reciprocidade
Acessórias
Meio
2. Finalidade Resultado
Garantia
objeto
ao objeto

Puras
3. Eficácia
Impuras
Coisa certa
Quanto ao

Dar Restituir
Quanto

4. Conteúdo Fazer Coisa incerta


Não fazer

Cumulativas
5. Alternatividade Alternativas
Facultativas

Divisíveis
6. Divisibilidade
Indivisíveis

3.3. Quanto ao sujeito

A. Singularidade

As obrigações singulares são também chamadas de simples ou únicas. Isso


porque, nessas obrigações, em cada polo subjetivo verifica-se apenas um
sujeito no polo ativo e um sujeito no polo passivo, ou seja, há apenas
um credor e um devedor.

B. Conjuntividade

As obrigações conjuntivas, também são chamadas de plurais, múltiplas ou


complexas. O polo credor ou devedor é integrado por dois ou mais
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sujeitos; ou mesmo em ambos há pluralidade, mais raramente. Essas


obrigações são subdividias em duas subespécies: obrigações conjuntas e
obrigações solidárias.

C. Solidariedade

ATENÇÃO! As obrigações solidárias correspondem à


principal exceção à presunção de que a obrigação é
conjunta. Por isso, a solidariedade, seja ativa, seja
passiva, nunca pode ser presumida, depende da
vontade ou da Lei, segundo o art. 265 do CC/2002.
Pela comunhão de interesses de credores e
devedores, estes são vistos como um só: qualquer
dos credores, individualmente, pode exigir a
integralidade da obrigação; e qualquer dos
devedores pode ser compelido a cumprir com a
obrigação inteira, na dicção do art. 264 do CC/2002.
sujeito
ao sujeito

Singulares/únicas
Conjuntas
Quanto ao

Plurais/múltiplas
Quanto

Solidárias

O importante na sua prova é a solidariedade passiva, já que a ativa não


aparece. Dividamos a solidariedade passiva em dois núcleos, numa perspectiva
externa e numa perspectiva interna.
Na perspectiva externa, o credor escolhe quais devedores podem ser
compelidos a cumprir a integralidade da obrigação. Isso não exonera os demais,
nem o próprio cumpridor, segundo o art. 275:
O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos
devedores, parcial ou totalmente, a dívida comum; se o
pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados solidariamente pelo resto.

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Na perspectiva interna, já não nos interessa mais o credor, dado que está ele
satisfeito, seja com o pagamento direto, realizado por um ou mais de um dos
codevedores obrigados, seja porque transacionou, renunciando à solidariedade
em favor de um dos devedores, seja simplesmente porque perdoou a um ou a
todos. Interessa aqui saber como o codevedor que adimpliu se relaciona com os
demais codevedores.
Quando um ou todos dos devedores solve/solvem a dívida, o credor é
satisfeito e se extingue a relação jurídica obrigacional em relação a
ele. A partir desse momento, a relação entre o credor e os devedores
solidários já não importa mais; interessam, então as relações internas
entre os devedores, entre o devedor que pagou e os demais devedores
solidários:
Art. 283. O devedor que satisfez a dívida por inteiro tem direito a exigir de cada um dos
codevedores a sua quota.
Assim, o codevedor adimplente tem direito de reembolsar-se, no limite
da cota-parte de cada um dos demais codevedores; é a chamada
pretensão de reembolso. Atente porque, quando o codevedor A cobra
dos demais (B, C e D), a obrigação não continua solidária, ou seja, deve
ele cobrar apenas a cota-parte de cada um dos demais, B, C e D.

II. Adimplemento

1. Teoria geral do pagamento

O pagamento em sentido estrito (stricto sensu), na linguagem ponteana,


chamado atecnicamente por boa parte da doutrina de “pagamento direto”,
trata da perspectiva comum do adimplemento pelo solvens (o devedor, na
linguagem geral) para o accipiens (o credor, na linguagem geral).

1.1. Sujeitos

A. Quem deve pagar


Obviamente, quem deve prestar é o devedor, mas, nesse sentido, ele não pode
ficar à mercê do credor. Em alguns casos, pessoa diversa da relação
obrigacional, um terceiro, pode cumprir a obrigação, mas sempre para facilitar o
adimplemento, a satisfação do credor.
O terceiro pode se apresentar de três modos distintos:

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A. Em nome e por conta B. Interessado, em C. Desinteressado, em


do devedor nome próprio nome próprio
De modo genérico, será Pode ser que o terceiro, a Não detém interesse
uma representação do despeito de alheio, tenha jurídico no cumprimento da
devedor (representante ou interesse jurídico na prestação, mas possui um
procurador) prestação interesse outro.
É o caso, por exemplo, do É o caso do pai que paga
fiador pelo prejuízo causado pelo
filho, já maior

Nos dois primeiros casos, o credor não pode se


negar a receber, sob pena de incorrer em mora,
passando, então, a caber a ação de consignação em
pagamento. Já no terceiro caso, mesmo que o credor
não aceite receber, a recusa não caracteriza mora do
credor. Assim, o devedor (ou o terceiro) não pode valer-se da consignação em
pagamento.
O terceiro juridicamente interessado que paga se sub-roga na posição
do credor na relação jurídica obrigacional (art. 346, inc. III). Ele tem,
portanto, todos os privilégios que o credor original tinha em relação ao
credor, exceto os pessoais na forma do art. 305.
Já o terceiro desinteressado tem direito, apenas e tão somente, àquilo
que pagou, ou seja, ele não se sub-roga na posição do credor e perde todos os
privilégios, garantias e preferências daquele, nos termos do mesmo artigo.
Inclusive, prevê o art. 305, parágrafo único, se ele fizer o pagamento antes
do vencimento da dívida, só poderá exigir o reembolso quando do
vencimento, de modo a não onerar o devedor.

B. A quem se deve pagar


Novamente, é óbvio que o pagamento é voltado ao credor, como é natural, nos
termos do art. 308. No entanto, o mais importante não é o óbvio, mas as
peculiaridades nem tão óbvias assim...
Se o credor morre, seus sucessores assumem sua posição.
Em relação aos incapazes, o art. 310 traça as linhas
gerais, estabelecendo que não se pode pagar a
quem se sabe incapaz de dar quitação, sob pena de
ineficácia.

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Porém, em se tratando de relativamente incapaz, não poderá alegar


incapacidade se ocultou sua idade, fazendo o devedor crê-lo capaz, na
regra do art. 180.
Portanto, em regra, o devedor deve pagar ao sujeito
a quem o pagamento será eficaz, ou seja, à pessoa
que detém o poder de quitação, segundo afiança o art.
311. A exceção, claro, fica por conta das circunstâncias
fáticas que contrariam essa presunção juris tantum.
Daí nasce a regra do art. 309, que estabelece que o pagamento feito a credor
putativo é eficaz, mesmo que se comprove não ser ele o verdadeiro credor.
Credor putativo é aquele que detém todas as características do credor,
embora não o seja. Aplica-se, então, a Teoria da Aparência.

1.2. Objeto

Vale lembrar, novamente, que o objeto de um Direito Obrigacional é tanto o


objeto imediato (a prestação) quanto o objeto mediato (a coisa). Três princípios
são importantes para a análise do objeto e sua prova:

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Exatidão da prestação

O credor não é obrigado a receber coisa diversa da devida,


ainda que esta seja mais valiosa, nos termos do art. 313.
Igualmente, não obstante o objeto da prestação ser
divisível, o credor não pode ser compelido a receber em
partes, parcelas, aquilo que não foi convencionado em
diferentes prestações, na regra do art. 314.

Nominalismo

Se há dever de prestar determinada quantia em dinheiro,


esse dever corresponde a quanto ali está nominalmente
escrito ou o valor correspondente àquela quantia indicada,
segundo o art. 315. Há duas exceções, adiante vistas.

Curso obrigatório da moeda nacional

São nulas as obrigações que estabelecem obrigação de


pagar em ouro ou moeda estrangeira, ou ainda a indexação
do valor a pagar em moeda estrangeira ou ouro, salvo
disposição legal em contrário, consoante regramento
específico do art. 318.

1.3. Lugar

O lugar do pagamento costuma ser deixado à escolha das partes, da lei,


ou mesmo da natureza da obrigação ou das circunstâncias do caso, conforme
manda o art. 327. Se não houver escolha, norma, ou não for da natureza da
obrigação nem se puder visualizar pelas circunstâncias do
caso, presume-se que o pagamento deve ser feito no
domicílio do devedor (obrigação quérable ou
quesível), segundo o mesmo dispositivo.
Contrariamente, se for reputado o pagamento no domicílio do credor, a
obrigação será portable (ou requerível).

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Regra

Domicílio do devedor

Exceções

Pluralidade de lugares: escolha cabe ao credor


Imóveis: local no qual se situa o imóvel

Alteração

Motivo grave e alheio ao devedor


Pagamento reiteradamente feito em lugar outro

1.4. Tempo

Podemos classificar as obrigações em:

Puras
Aquelas nas quais não se encontra fixado termo ou condição.

Impuras
São aquelas que estão sujeitas a termo ou condição (o mais comum
é o “prazo”).

1.5. Prova

A prova se dá pela quitação. Na hipótese de recusa


do credor a dar a quitação, pode inclusive o devedor
reter o pagamento ou consigná-lo, conforme
estabelecido pelo art. 319.Essa quitação sempre pode ser
feita por instrumento particular.

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Art. 324
A entrega do título faz presumir seu pagamento

Art. 321
A destruição do título faz presumir seu pagamento

Art. 322
Nas prestações periódicas, a quitação da última parcela faz
presumir a quitação das anteriores

Art. 323
Havendo quitação do capital sem reserva dos juros, presume-se
que estes foram pagos juntamente com o capital

Art. 325
As despesas com a quitação ficam a cargo do devedor, mesmo em
havendo aumento

Art. 326
Se o pagamento tiver que ser feito por medida ou peso, presume-
se a adoção da medida ou peso do lugar de execução da prestação

2. Meios alternativos de pagamento

2.1. Pagamento em consignação

Há situações nas quais o devedor quer pagar, mas é


impossibilitado, por empecilho criado pelo credor,
culposamente ou não. O direito de efetuar o pagamento
mediante consignação surge apenas a partir da recusa do
credor em receber, ou a partir de outros obstáculos alheios
ao devedor, reconhecido pelo direito como ensejadores de tal fato. O art. 335
descreve apenas de modo exemplificativo os casos em que cabe a consignação,
porém não os esgota. Em linhas gerais, cabe a consignação em
pagamento se (evidentemente que se trata de rol exemplificativo,
apenas):

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I - se o credor não puder, ou, sem justa causa, recusar receber o pagamento, ou dar
quitação na devida forma;
II - se o credor não for, nem mandar receber a coisa no lugar, tempo e condição devidos;
III - se o credor for incapaz de receber, for desconhecido, declarado ausente, ou residir em
lugar incerto ou de acesso perigoso ou difícil;
IV - se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento;
V - se pender litígio sobre o objeto do pagamento.
A consignação dá-se mediante depósito judicial (consignação de natureza
processual) ou extrajudicial (consignação de natureza material) da prestação
para liberação do devedor. Ou seja, há duas espécies de consignação distintas,
previstas no art. 334:

Só pode ser feita quando se tratar de


Extrajudicial obrigação de dar pecuniária

Tem aplicação para todas as obrigações de


Judicial dar e subsequentemente à consignação
extrajudicial recusada pelo credor

2.2. Pagamento com sub-rogação

Geralmente, o pagamento é realizado pelo próprio devedor. Não nesse caso.


Primeiro ocorre o pagamento feito por outrem e,
posteriormente, a sub-rogação deste no lugar do
credor. Nesses casos, o sujeito sub-roga-se, assume
a posição do credor, com todos os bônus da
assunção.
A sub-rogação pode ser de suas espécies, como regula o CC/2002, a Legal, art.
346, ou Convencional, art. 347.

2.3. Imputação

A imputação do pagamento tem aplicação nas situações em que o mesmo


devedor se encontra obrigado em diferentes relações jurídicas obrigacionais
perante o mesmo credor, conforme prevê o art. 352. Ou seja, possui ele várias
dívidas com o mesmo credor.

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Em princípio cabe ao devedor a escolha de qual obrigação ele está


cumprindo, conforme estabelece o art. 352. Nada impede, também,
que as partes escolham que será o credor a fazê-lo. Porém, se ele não o
fizer, e o credor der quitação de uma delas e o devedor aceitar, sem oposição, a
quitação torna-se perfeita. A exceção fica por conta da imputação feita com
violência (coação) ou dolo, que anula a quitação.

2.4. Dação

Já estudamos que o credor não é obrigado a receber coisa diversa da devida,


ainda que mais valiosa. Quando, entretanto, o devedor oferece coisa
diversa da devida e o credor aceita receber, para liberação total ou
parcial da obrigação, opera-se a dação em pagamento, segundo o art.
356.

2.5. Novação

A novação ocorre quando surge uma nova obrigação com o condão de


extinguir a anterior. Ou seja, a novação traz em si uma operação tríplice:
desfazimento da relação jurídica obrigacional original (1), para que com ânimo
de novar (2), constitua-se nova relação (3).

2.6. Compensação

É comum que as pessoas distintas tenham obrigações recíprocas. Em tese, cada


uma dessas obrigações deveria ser paga individualmente; porém, a
compensação visa a eliminar movimentações inúteis: se devo a alguém e
alguém me deve, nada mais fácil do se permitir que ninguém mais
deva nada ao outro, segundo o art. 368. É a lei do menor esforço.

2.7. Confusão

Trata-se da reunião das qualidades de credor e de devedor de uma


mesma obrigação em uma mesma pessoa, seja por ato inter vivos, seja
causa mortis, nos termos do art. 381. Ocorrerá confusão, por exemplo, quando
a Companhia A, que deve R$100 à Companhia B, é incorporada pela Companhia
B. Nesse caso, credor e devedor se tornaram a mesma pessoa.

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2.8. Remissão

A remissão é o acordo pelo qual o credor perdoa a dívida do devedor


com sua aceitação, conforme exige o art. 385. A remissão exige, portanto,
acordo entre credor e devedor para extinção da obrigação.

Extrajudicial
Consignação em pagamento
Judicial

Convencional
M odalid ades especiais

Pagamento com Sub-rogação


Legal
do pagam ento

Imputação ao pagamento

Dação em pagamento
Objetiva
Novação
Subjetiva
Compensação

Confusão

Remissão

3. Teoria do adimplemento substancial

No caso do descumprimento insignificante, de proporções mínimas, que não


afeta os efeitos do contrato, há relativização do art. 475 (a partir do qual se
permite a resolução, mais perdas e danos). Nesse caso, não pode haver
resolução, mas apenas a cobrança do valor devido.

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IV. Inadimplemento

1. Mora

A noção de mora é bastante ampla no Direito Civil. A mora não ocorre apenas
nos casos de obrigação pecuniária, verificando-se também nas obrigações de
fazer ou não fazer e nas obrigações de dar coisa diferente de dinheiro.
Mora, do mesmo modo, não equivale apenas à falta de pagamento no prazo, no
tempo certo, mas também no modo e no lugar devidos. Igualmente, a mora
pode ser tanto do devedor (mora solvendi, debitoris ou debendi) quanto do
credor (mora accipiendi, creditoris ou credendi), segundo o art. 394.
No caso de mora do devedor, a jurisprudência entende que uma vez
interpelado o devedor, judicial ou extrajudicialmente (mora ex
persona), para adimplir a obrigação, deve-se
conceder um prazo razoável para que isso seja feito,
não se considerando a mora desde o momento da
notificação.
Também é possível a mora de credor, ainda que a mora do devedor seja
amplamente mais comum, é verdade. A mora do credor se verificará quando ele
recusa receber a prestação no tempo, na forma ou no local devidos.
Nas situações de mora, seja da parte devedora, seja da parte credora, tem a
contraparte o direito de purgar a mora, ou seja, oferecer a prestação devida,
ou receber a prestação, respectivamente, arcando com as
consequências decorrentes da mora, na dicção do art. 401:
I - por parte do devedor, oferecendo este a prestação mais a importância dos prejuízos
decorrentes do dia da oferta;
II - por parte do credor, oferecendo-se este a receber o pagamento e sujeitando-se aos
efeitos da mora até a mesma data.
A purgação da mora visa a obstar maiores efeitos da mora, diminuindo os
prejuízos ao obrigado em mora.

2. Perdas e danos

Quando se imputa o inadimplemento ao devedor, além dos juros e da cláusula


penal, deve indenizar o credor pelas perdas e danos devidos. Essa indenização
por perdas e danos abrange duas espécies de prejuízos: O dano emergente
e o lucro cessante.

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No caso dos danos emergentes, verifica-se o valor objetivo da


obrigação (como os gastos com o conserto do carro batido) e no caso do
lucro cessante, faz-se estimativa (as diárias do motorista de aplicativo que
deixou de trabalhar por um período). Nesses casos, incidem sobre as perdas e
danos juros moratórios, atualização monetária, custas processuais e honorários
advocatícios, além de cláusula penal e indenização suplementar, se couber,
segundo o art. 404.

3. Juros

Os juros são prestações acessórias que se acoplam à obrigação principal.


Quanto à origem, você pode visualizar juros que nascem da lei (juros legais) ou
da vontade (juros convencionais).
Quanto à causa, podem ser de duas espécies: moratórios (a causa é a mora e
se fundamentam no ressarcimento) e compensatórios ou remuneratórios (a
causa é o capital e se fundamentam no rendimento).

4. Correção monetária

A correção monetária nada mais é do que a


recomposição do valor da moeda, que é
paulatinamente alterado pela variação inflacionária.

5. Cláusula penal

Também chamada de pena convencional, está tratada nos arts. 408 a 416.
Entende-se como a convenção de uma prestação acessória que é devida
nos casos de inadimplemento absoluto ou relativo ou ainda de
descumprimento de alguma cláusula específica, na dicção do art. 406.

6. Arras

No Direito das Obrigações, as arras significam a quantia ou coisa dada por


um dos contraentes ao outro como sinal de conclusão do contrato,
popularmente conhecida no meio imobiliário como sinal (sentido esse que
guarda estreita ligação com o outro).

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São duas as espécies de arras previstas no CC/2002, as arras confirmatórias e


as arras penitenciais. Ambas funcionam de maneira diferente, mas, ao mesmo
tempo, semelhante. Por isso, toda atenção é pouco!

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