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não as Universidades
gazetadopovo.com.br/instituto-politeia/3-razoes-universidades-educacao-basica/
May 15,
2019
O corte foi inferior ao praticado por Dilma, em 2015, de mais de 10 bilhões e que atingiu
10% do orçamento federal em educação; Lula também deixou de investir 20 bilhões em
educação, conforme matéria do Jornal O Globo de 2008; e o governador petista Rui Costa
da Bahia efetuou neste ano cortes em percentuais superiores nas universidades
estaduais baianas.
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meio a críticas sem apresentação de fundamentos claros às faculdades de humanas,
afirmação inicial de que cortaria apenas de algumas instituições sem critérios
transparentes, e anúncio do percentual de 30%, sem explicar que se referia apenas a
despesas discricionárias.
Por isso, apresentamos três razões pelas quais, ainda que haja o
descontingenciamento do MEC pelo Ministério da Economia, o Governo Federal
deve priorizar investimentos em educação básica, e não nas universidades.
Escola no interior do Amazonas. O estabelecimento teve de ser desativado por força da precariedade das
instalações. Um centro comunitário passou a funcionar no local. Foto disponível em:
“https://manausalerta.com.br/um-retrato-da-educacao-no-interior-do-amazonas-em-debate-em-manaus/”
Segundo dados da OCDE, “o Brasil gasta US$ 14,261 mil ao ano por cada aluno na
universidade“, cerca de 56 mil reais. Em número absolutos, estamos muito próximos da
média da OCDE, o “clube dos países desenvolvidos”. As informações são de 2015 e
constam do relatório de 2018 daquela instituição.
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“O Brasil está na 16ª posição de um total de 39 países, e gasta mais por aluno na
universidade do que Estônia, Espanha, Portugal, Itália, México e Irlanda.” Só que
Irlanda, por exemplo, possuía em 2015 um PIB per capita de mais de 60 mil dólares ;
Itália, cerca de 36 mil dólares; Espanha, 35 mil dólares. Já o Brasil: apenas 15 mil dólares.
Tudo isso levando em conta a paridade do poder de compra da moeda.
Ou seja, em relação à renda, o Brasil tem um gasto público com ensino estatal
universitário desproporcionalmente alto em comparação com outros países.
Bem outra é a realidade da educação básica. O Brasil gasta somente cerca de 4 mil
dólares por estudante, anualmente; enquanto a média da OCDE é mais do que o
dobro disso: cerca de 9,5 mil dólares anuais.
O resultado é que o Brasil é o país com a maior disparidade entre investimento público
no ensino superior em relação ao investimento na educação básica: gastamos 3,7 vezes
mais com cada universitário em relação às despesas com alunos da educação básica. A
média da OCDE é de apenas 1.6.
Os resultados disso podem ser constatados com facilidade: estrutura física e salários são
muito inferiores na educação básica. Todavia, a educação básica é o alicerce de todo o
sistema educacional. Se ela é abandonada, toda a construção do edifício educacional se
torna mais frágil. De fato, se o investimento se concentra nas universidades, em que
estado os alunos chegarão nesta fase do ensino? E aqueles que não alcançarem os
andares superiores, em qual situação serão enviados para o mercado de trabalho?
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Foto: Marcelo Andrade – Gazeta do Povo.
Para entender isso é necessário, inicialmente, ter em vista que o investimento do Estado
é quase sempre uma medida de transferência de recursos. O Estado tributa alguns, e
depois com os valores arrecadados presta serviços a outros.
Ocorre que os tributos são retirados de toda a população, inclusive pessoas de baixa
renda (atingindo também aqueles que sequer encerram o ensino fundamental e médio).
Quando com esses recursos, o Estado opta por priorizar investimentos em
universidades, ele acaba por beneficiar os que já atingiram o ensino superior, em
detrimento da educação básica.
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Disponível em: “https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/11/crise-faz-crescer-diferenca-salarial-por-anos-de-
estudo.ghtml”
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Disponível em: “http://mercadopopular.org/2016/05/como-as-universidades-publicas-no-brasil-perpetuam-a-
desigualdade-de-renda-fatos-dados-e-solucoes/”
Dentro dos 20% mais pobres da sociedade brasileiras, apenas 22% encerram o ensino
médio até os 19 anos, de modo que se torna quase inviável para eles alcançar os níveis
mais elevados do ensino. Será que não deveriam ser essas pessoas as prioridades do
gasto público?
É claro que nem todo estudante de universidades estatais pode ser enquadrado como
rico. Para esses é justificável o auxílio da sociedade por meio de serviços do Estado. Mas
lembrando que: mesmo essas pessoas estão numa condição mais favorável do que
quem sequer chega à universidade; e, o auxílio poderia ser proporcional à renda,
concentrando-se em quem é mais pobre. Nosso sistema, no entanto, mantém
exatamente a mesma política de abstenção de cobrança para todos os alunos.
Essa é uma péssima opção política. Num orçamento finito, quando se escolhe por alocar
um recurso no sistema universitário, isso implica em não investir o mesmo recurso na
educação básica. Quando se opta por alocar a maior parte dos valores nas
universidades, isso redundará em investir parcela minoritária dos recursos na educação
básica da rede pública.
Durante o julgamento, no inteiro teor dos votos, é possível perceber que vários
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ministros sinalizaram entendimento favorável à possibilidade de cobrança para alunos
de renda elevada também nos cursos de mestrado e doutorado.
Aliás, o MIT divulgou pesquisa que concluiu que a política de isenção de cobrança para
todos os alunos em universidade públicas pode prejudicar potenciais alunos de baixa
renda. A Gazeta do Povo publicou também uma matéria, demonstrando como um
sistema de cobrança que protegesse alunos carentes com bolsas reduziria a
desigualdade.
Por fim, é possível para as universidades ampliar o número de parcerias com a iniciativa
privada, seja no setor de pesquisa e inovação tecnológica, seja na manutenção de
museus, teatros ou centros de eventos.
Conclusão
Pelos motivos expostos acima, concluímos que o Governo deve priorizar a educação
básica.
Alguns poderiam concordar com essa conclusão, mas argumentar que deveria ocorrer
uma expansão do gasto público em educação, e não uma transferência do ensino
superior para o básico. A opção, todavia, parece-nos inviável e inconveniente. Inviável, ao
menos no curto e médio prazo, em virtude da condição econômica e fiscal do país.
Inconveniente, porque o Brasil já possui gastos totais elevados em proporção ao PIB.
Inclusive, superior ao dos países desenvolvidos. O Brasil gasta cerca de 6% do PIB com
educação, enquanto os países da OCDE cerca de 5,5%.
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