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UNIFEOB

Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos

CURSO DE HISTÓRIA

LAISSEZ FAIRE, LAISSEZ ALLER, LAISSEZ PASSER:


A VICISSITUDE DA REVOLUÇÃO BURGUESA

História Europeia do Século XIX


Prof. Rafael Pavani da Silva
Wagner Madeira da Silva, RA 611619

SÃO JOÃO DA BOA VISTA, SP


ABRIL, 2016
1

Nossos ídolos ainda são os mesmos


E as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer que eu tô por fora
Ou então que eu tô inventando...
Mas é você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem...
Minha dor é perceber
Que apesar de termos feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como os nossos pais...

(Elis Regina)

Breve histórico
Deixe-me trabalhar, deixa-me ir, deixe-me passar1. Laissez-nous faire é uma máxima
tradicionalmente atribuída ao comerciante Legendre abordando Colbert em algum momento no
final do século XVII, perguntando: “Que faut-il faire pour vous aider? (O que posso fazer para
ajudá-lo?). Legendre teria respondido Nous laisser faire (Deixe-me trabalhar) ”.
Quando cabeças pensantes no século XVII se debruçaram horas a fio, às noites, a base
de bebidas estimulantes como cafés e chás, elaborando ideias e projetos, uma centelha acendia-
se sobre a Europa e o restante do mundo. Chamas lumiaram as trevas da estática sociedade,
proporcionando um vislumbre sobre o futuro e uma perspectiva jamais esperada da
inquestionável vida que se reproduzia incansavelmente monótona por séculos.
O mercado transformou-se, os princípios e jurisdições territoriais aprimoraram-se
evoluindo para consagrar a propriedade privada, e para tal desobstruções foram feitas a fim de
garantir os direitos particulares de tais mentes que incansavelmente panejavam o devir
progressista.
A revolução, antes tida como aspecto puramente científico, metodológico e observável
por poucas pessoas e que tratava de conceber as voltas do planetarium no sistema solar, voltar-
se-ia, no século XIX sobre esta mesma época (séc. XVII, XVIII) para descrever o
funcionamento e os embates econômicos e sociais, como agora define o Dicionário Houaiss:

1
“laissez faire, laissez aller, laissez passer” é a expressão francesa para o liberalismo econômico.
2

Grande transformação, mudança sensível de qualquer natureza, seja de modo


progressivo, contínuo, seja de maneira repentina; movimento de revolta contra um
poder estabelecido, e que visa promover mudanças profundas nas instituições políticas,
econômicas, culturais e morais2
Estes embates, destravariam e sintetizar-se-iam no decorrer do que agora consolida-se
como dupla Revolução, ou melhor dizendo – a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
Ambas trataram de expropriar da monarquia os amplos “direitos divinos” e absolutos
que lhe pertenceram durante muitos anos e que foram os argumentos de dominação das classes
ditas inferiores, as burguesias e o campesinato plebeu (o Terceiro Estado), ambos súditos de
um modelo governamental em ampla decadência a partir de então – o ancien régime.
Logo, vê-se as ideias inovadoras e transformadoras sendo colocadas em prática nas
tecnologias da Agricultura, na economia e nas concepções filosóficas a respeito do Direito –
estes jamais serão ignorados.
Locke, Rousseau, Montesquieu, Voltaire, são não somente nomes da história em que se
fundamentaram a revolução intelectual e material na sociedade moderna, mas são eles próprios
revolucionários. Esse é o caso de Robespierre e das transformações políticas do Reino da França
em República através do jurisdicismo fomentado pelo desejo de emancipação de um povo
dividido em classes que mais parecem castas, mas que se unem sobre os pensamentos ideais
propagados por tal iluminista.

A vicissitude
No decorrer de todo esse tempo, vemos, como num dejavù, que os mesmos eventos se
repetem de forma inquestionavelmente semelhantes: Revolução Francesa, na Primavera dos
Povos, na Revolução Russa, na eleição do Partido Nacional Socialista Alemão, nas Revoluções
Socialistas/Comunistas latino-americanas, e assim sucessivamente, ao longo da história.
Homens e mulheres, jovens, crianças, velhos, pobres, bens-de-vida, ricos, juntam-se por uma
causa em comum ainda que visando os próprios interesses.
Koselleck, no início do seu livro Crítica e Crise, afirma que: “a atual crise mundial
resulta da história europeia. A história europeia expandiu-se em história mundial e cumpriu-se
nela, ao fazer com que o mundo inteiro ingressasse em um estado de crise permanente.3”
Keynes, anteriormente, em seu ensaio sobre The end of Laissez-faire, principiava em seu texto:
A disposição para assuntos públicos, que convenientemente resumimos como
individualismo e laissez-faire, proveu sustento a muitas e diferentes vertentes de

2
Dicionário Houaiss da língua portuguesa, Editora Objetiva;
3
Crítica e crise. Rio de Janeiro: UERJ, s/d;
3

pensamento e sentimentos nascentes. Por mais de cem anos nossos filósofos


governaram nossa causa, por um milagre, quase todos eles concordam ou parecem
concordar com uma mesma coisa. Nós, entretanto, não dançamos uma nova melodia.
Mas há uma mudança no ar. Ouvimos, mas indistintamente o que antes eram as vozes
mais claras e distintas que já ensinaram política à humanidade. A orquestra de
instrumentos diversos, de coro, de som articulado, está finalmente retrocedendo à
distância.
Koselleck também diz que a crise política da atualidade tem suas raízes no século XVIII.
A humanidade que fora o sujeito das filosofias históricas desse momento agora revela-se uma
unidade política partida. “Cada lado tão comprometido com o progresso quanto o outro, vive
do pretenso retrocesso do outro” (KOSELLECK, p.10); ou seja, por terem suas divisões, sejam
elas quais forem, e por buscar igualmente encaixar-se neste ideal político, econômico e cultural
progressivo, acabam por se sobrepor (os mais rápidos) aos que não acompanham este ritmo. O
que faz com que estes últimos sejam piores ou desfavoráveis na evolução social, justificando
assim a dominação (por quaisquer meios) de uns sobre outros.
Logo, as razões diversas das dicotomias atuais tem sua raiz na filosofia da história que
está nascendo de forma legítima com os pensadores do Dezoito. E, entenda-se por Filosofia da
História a utopia do século XVIII que discrimina a maneira pela qual a humanidade deveria
galgar, degrau a degrau, a escada do progresso rumo à perfeição da sociedade, sob o ideal de
Liberdade, Igualdade e Fraternidade, legando esse papel à burguesia – o papel de iluminar a
passagem. Mais que isso, a burguesia serviria como tutora neste processo. Como nas palavras
de Kant: “lluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado4.”.

“Pretérito Imperfeito”?
Existe uma conexão que possamos fazer entre o desdobrar das movimentações
republicanas, a crise política atual e o passado utópico no Dezoito? Se sim, qual é?
A conexão se encontra nas ideias e nas condições sociais. Onde o movimento das ideias
tem ligação direta com as condições sociais, ou seja, para que qualquer transformação tenha
início, seria necessário ao menos duas premissas: a primeira, deve partir de uma situação, um
fato social, algo que seja o ponto de partida para uma segunda premissa – uma contestação –
que se manifesta sob a forma de revolta; do conflito entre estas duas resulta uma revolução, ou
tende à isso. Podemos citar várias revoluções ao longo da história, a partir da Grande
Revolução: a Revolução liberal do Porto (1820); a Primavera dos Povos (1848); a Revolução

4
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: “O que é o Iluminismo? ”.
4

Russa de 1905 (que abriu caminho para – A Revolução Russa de 1917 e 1918); a Revolução
Mexicana (1915); Revolução Chinesa (dividida em três períodos – o primeiro em 1911, o
segundo em 1949, o terceiro chamado “Cultural” em 1966); a Revolução Ucraniana (1917-1921
– recentemente retomada); a Revolução Espanhola (1936-1939); a Revolução Egípcia (1952);
a Revolução Cubana (1953-1959); a Revolução Húngara (1956); a Revolução Iraquiana de 14
de Julho (1958); a Primavera de Praga (1968); a Revolução dos Cravos (1974); a Revolução de
Saur (1978); a Revolução Iraniana (1979); o Outono das Nações ou a Queda do Comunismo
(1989); a Revolução Bulldozer (2000); a Revolução Rosa (2003); a Revolução Laranja (2004-
2005); a Revolução das Tulipas (2004); a Primavera Árabe (2011 até a atualidade); a Primavera
Asiática ou Revolução dos Guarda-Chuvas (de 2014 até os dias atuais)5.

A experiência brasileira
Para além das revoluções internacionais estão as que se desenrolaram dentro da
jurisdição territorial brasileira. Elas também se baseiam no modelo francês e americano e são:
a Conjuração Carioca (1794-1795); a Conjuração Baiana (1796); a Revolução Pernambucana
(1817); a Revolução Farroupilha (1835-1845), sem contar outras experiências revoltosas em
menor escala. Estas mesmo não tiveram seu fim no século XIX, mas retornam sempre que as
condições sociais encontram terreno favorável para a proliferação das ideias, e estas últimas
quando aliadas às primeiras sedimentam ideologias partidárias e classistas, que no Brasil fazem
nascer constantemente novos partidos políticos com inclinações das mais diversas e sobre os
fundamentos mais absurdos.
A experiência republicana brasileira corrobora o aspecto da vicissitude revolucionária
burguesa em pleno século XXI, a partir das Manifestações do dia 20 de Junho de 2013, que
inicialmente surgiram para contestar os aumentos nas tarifas de transporte público
principalmente nas principais capitais. Foram as maiores mobilizações no país desde as
manifestações pelo impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello em 1992,
chegando a contar com até 84% de simpatia da população6. Em seu ápice, milhões de brasileiros
protestaram nas ruas não apenas pela redução das tarifas e a violência policial, mas também por
uma grande variedade de temas como os gastos públicos em grandes eventos esportivos

5
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_revolu%C3%A7%C3%B5es> Acesso em 10/04/2016;
6
"Manifestações agradam a 84% dos brasileiros, diz pesquisa Ibope". R7.
<http://noticias.r7.com/brasil/manifestacoes-agradam-a-84-dos-brasileiros-diz-pesquisa-ibope-06082013>.
Acesso em 10/04/2016;
5

internacionais, a má qualidade dos serviços públicos e a indignação com a corrupção política


em geral.
Como prenunciado pelo movimento anterior, ocorreram os protestos no Brasil contra a
Copa do Mundo de 2014, vulgarmente conhecido como “Não vai ter copa”, contra o gasto nas
construções de estádios e estruturas para abrigar a Copa do Mundo FIFA de 2014. Os protestos
tiveram como principal foco o abuso do gasto de dinheiro público, como com o estádio
Itaquerão, onde o valor dos gastos foi inicialmente de 820 milhões de reais subindo para 1,2
bilhões de reais, enquanto obras públicas em hospitais e escolas não tiveram o mesmo
investimento. Numa pesquisa feita pela Pew Research, 61% achavam que sediar a Copa teria
impactos negativos7.
Prosseguindo para os anos de 2015 e 2016, segue em curso os Protestos
Antigovernamentais, ocorrendo em diversas regiões do Brasil e tendo como principais objetivos
protestar contra o Governo de Dilma Rousseff e a corrupção, em 2015 reunindo milhões de
pessoas nos dias 15 de março, 12 de abril, 16 de agosto e 13 de dezembro, que, segundo a revista
Época8 e o jornal Folha de São Paulo9, foi a maior mobilização popular no país desde o início
da Nova República e que no presente ano, levou, segundo o site G110, 6,7 milhões de pessoas
às ruas em todos os estados do país no dia 12 (somente em Chapecó no Oeste Catarinense) e 13
de março de 2016, as quais segundo a Polícia Militar foram contabilizadas em 3,3 milhões de
pessoas, sendo este o maior ato sobre política na história do Brasil, superando as Diretas Já.
Desta forma segue a premissa primeira dos últimos protestos – o Impeachment da
Presidenta Dilma Vana Roussef. Esta premissa tem o apoio da população referida nos protestos
de 2015 e do presente ano. Um grande número de pequenos, médios e grandes empreendedores,
além de pessoas que não se enquadram na classe burguesa neoliberal, vestiam o verde-amarelo11
das camisetas da CBF, tendo o apoio (quando não lideradas) por partidos de Centro-Direita,
Direita e simpatizantes da Ultradireita, que desenvolveram várias alegações históricas (quando
se contextualiza a sociedade em seu tempo), quanto à corrupção instalada no partido governista
(Partido dos Trabalhadores/PT) divulgada por ações da Polícia Federal e sociológicas (quando

7
<http://www.pewglobal.org/2014/06/03/brazilian-discontent-ahead-of-world-cup/> Acesso em 10/04/2016;
8
<http://epoca.globo.com/tempo/noticia/2015/03/bmanifestacao-anti-dilmab-entra-para-historia.html> Acesso
em 10/04/2016;
9
"Paulista reúne maior ato político desde as Diretas-Já, diz Datafolha". Folha de S.Paulo. 15 de março de 2015.
<http://www1.folha.uol.com.br/poder/2015/03/1603271-paulista-reune-maior-ato-politico-desde-as-diretas-ja-
diz-datafolha.shtml> Acesso em 10/04/2016
10
<http://especiais.g1.globo.com/politica/mapa-manifestacoes-no-brasil/13-03-2016/contra/>
11
Vide o “O verde-amarelismo” na obra de Marilena Chauí “Brasil: mito fundador e sociedade autoritária”;
6

discute-se a atualidade), pela atual queda de crescimento econômico e do crédito, culminado


com crescimento dos juros e tarifas dos impostos. Esta é a Tese.
Sob a segunda premissa, seguem os opositores do Impeachment, que nos protestos
vestem o vermelho aludindo movimentos de Esquerda. Esta premissa tem o apoio
principalmente de sindicalistas da CUT (Central Única dos Trabalhadores), o MST (Movimento
dos Sem-Terra), a UNE (União Nacional dos Estudantes) além do Partido dos Trabalhadores
(PT); Além destes, outras aglomerações partidárias como o PSTU, PCO e outros partidos de
Esquerda, todos sustentando que a prática do impedimento da Presidente pelo crime de
Responsabilidade Fiscal juntamente com a divulgação pública de material investigativo pelo
Juiz da Polícia Federal seria um golpe tramado em conjunto com a mídia e os demais meios de
comunicação em massa como jornais, revistas e a internet, e portanto, um ato contra a
Democracia. Aqui está posta a Antítese.
Ambas frentes são generalistas no seu contexto ideológico, mas contém em si elementos
da oposição. Desta forma, o resultado das lutas entre ambos seria a Síntese para estes embates
antagônicos. Tal síntese consolidaria a ideia de revolução, mas não colocaria fim à luta de
classes, pelo contrário, poderia, à exemplo da Revolução Francesa, ser o pontapé inicial para o
Terror.
Sobre estas coisas, só o futuro dirá.

“Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade;
não a fazem sob circunstâncias de sua escolha e sim sob aquelas com que se defrontam
diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.” (MARX, 2011:6).

REFERENCIAS
FURET, François. A Revolução em debate. São Paulo: EDUSC, s/d;
KANT, Immanuel. Resposta à pergunta: “O que é o Iluminismo? ”. Königsberg na Prússia,
30 de Setembro de 1784.
KEYNES, John Maynard. The end of laissez-faire. 1926.
<http://www.panarchy.org/keynes/laissezfaire.1926.html>. Acesso em 10/04/2016;
KOSELLECK, Reinhardt. Crítica e crise: uma contribuição à patogênese do mundo
burguês. Rio de Janeiro: UERJ, d/d;
MARX, Karl. O 18 Brumário de Luís Bonaparte.
<https://www.marxists.org/portugues/marx/1852/brumario/cap01.htm> Acesso em
10/04/2016;

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