Questão: A desigualdade social nos dias de hoje é fruto da desigualdade social no passado?
Ao longo dos últimos anos, o Brasil se notabilizou por reduzir a pobreza e a
desigualdade de renda, entretanto, em, matéria do site G1.com, de 26.11.2018, com o título Desigualdade de renda para de cair no Brasil após 15 anos, e número de pobres cresce, aponta ONG (https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/11/26/desigualdade- de-renda-para-de-cair-no-brasil-apos-15-anos-e-numero-de-pobres-cresce-aponta- ong.ghtml), tal ideia passa a ser colocada em xeque, pois “a desigualdade de renda no Brasil ficou estagnada em 2017, pela primeira vez nos últimos 15 anos, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (26) pela Organização Não Governamental Oxfam. Com isso, o Brasil subiu um degrau no ranking mundial de desigualdade de renda, passando a ser o 9º país mais desigual. De acordo com a entidade, desde 2002 o índice de Gini da renda familiar per capita vinha caindo a cada ano, o que não foi observado entre 2016 e 2017, quando ficou estagnado. No relatório, intitulado “País Estagnado”, a Oxfam aponta ainda que entre 2016 e 2017 o Brasil se manteve no mesmo patamar do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), seguindo na 79ª posição em um ranking de 179 países. O indicador com maior impacto negativo foi o de renda, que registrou queda sobretudo nas menores faixas” Que fatores podem explicar a existência de desigualdades na sociedade? Desde quando elas existem? Desde quando elas são contestadas?
Fatores para a Desigualdade
Segundo Karl Marx, a desigualdade social explica-se pela divisão da sociedade em classes sociais, decorrente da separação entre proprietários e não proprietários dos meios de produção, conforme perguntado em questão de vestibular para a Universidade Federal da Paraíba.
Desde quando elas existem?
Para Jean Jacques Rousseau, suas origens remontam à vivência do homem primitivo. Para ele, as desigualdades entre os homens têm como base a noção de propriedade privada e a necessidade de um superar ao outro, em uma busca constante de poder e riquezas, para subjugar os seus semelhantes. Foi antes de Cristo, portanto, que tal problemática vivida nos dias atuais, teve sua origem. Desde quando elas são contestadas? A resposta a esta pergunta que melhor podemos dar é: desde sempre. Nenhuma sociedade, por mais rígida que fosse, absorveu de forma passiva e apática as desigualdades que lhe foram impostas. Todavia, nem sempre as formas de contestação adquirem características “revolucionárias”. A Revolução Francesa é um episódio importante para questionar a sociedade estamental ainda vigente na França e em boa parte da Europa Ocidental em pleno século XVIII. Contudo, nem sempre o homens e mulheres que nos antecederam se valeram dos mesmos instrumentos para isso. Mas o que especificamente a Revolução Francesa derrubou? Caracterização da Europa Moderna A Revolução Francesa é um dos marcos na historiografia para assinalar o fim da Idade Moderna. Em termos práticos, pouco se muda no exato momento em que a Bastilha é tomada, a 14 de julho de 1789. Todavia, ao longo dos anos que se seguiram a este episódio, muito foi modificado. A começar pelo fim do que se denominou O Antigo Regime. Caracterização do Antigo Regime Na Europa Ocidental, a partir do século XV, diversas mudanças passaram a ser sentidas e ficaram denominadas com o Antigo Regime. Em termos objetivos, ele pode ser caracterizado pela centralização do poder político nas mãos de um Rei (também chamado de Absolutismo), pelo intervencionismo do Estado na economia (Intervencionismo), tendo em vista o seu fortalecimento interno por meio da busca de uma balança comercial favorável (Superávit Comercial), inclusive com a exploração de colônias (Colonialismo) e do acumulo de metais preciosos (Metalismo). Diferença da Idade Média para a Idade Moderna Tal conjuntura de diferenciava bastante da Idade Média. Lá, o poder político encontrava-se descentralizado, a economia voltava-se em grande parte para a subsistência nos feudos e a sociedade encontrava-se, basicamente, dividida entre Clero, Nobreza e Servos. Os primeiros representavam o poder espiritual (a Igreja Católica, em grande parte), o segundo era composto pelos detentores de terras e o terceiro por aqueles que não pertenciam à elite econômica e nem detinham as fontes de riquezas. Presos em cada uma destas categorias, a ideia de mobilidade social, comum nos últimos anos do Brasil, não se fazia presente no período medieval, haja vista esta ser considerada uma sociedade estamental. Caracterização da Sociedade Estamental na Europa Estruturada em estamentos, a sociedade na Europa Moderna apresentou semelhanças e diferenças em relação ao período medieval. Se no Medievo o poder político encontrava-se descentralizado entre o clero e a nobreza, na modernidade o Rei passou a detê-lo e ocupar o topo da pirâmide social. Abaixo dele, ficaram seus súditos, mas que não estavam igualmente posicionados. O clero (também chamado aqui de Primeiro Estado) e a nobreza (também chamada aqui de Segundo Estado) , por exemplo, gozavam de benefícios que não se estendiam ao restante da população (Também chamada aqui de Terceiro Estado). A mobilidade social permanecia sendo exceção ante aos agentes sociais ali presentes Enfatizar fatores para início das mudanças Como dissemos anteriormente, nenhuma sociedade, por mais rígida que fosse, absorveu de forma passiva e apática as desigualdades que lhe foram impostas. Tal situação apresentou contornos mais evidentes na França no último quarto do século XVIII (1775-1799). Inserido em uma crise econômica, o país reinado por Luis XVI cobrava cada vez maiores impostos do Terceiro Estado, que equivalia a 95% da população, enquanto os Primeiro e Segundo Estado, que equivaliam a 5% da população. Tal situação se tornou insustentável na década de 1780 e foi um dos fatores determinantes para a eclosão da Revolução Francesa. Todavia, a busca por um tratamento mais isonômico por parte do Poder Público (Estado) da população não se encerrou aí. Até os dias de hoje, as desigualdades instituições existentes na Idade Moderna se refletem na Europa e nos territórios que tiveram contato com o Velho Mundo. O Brasil é um desses exemplos. O esforço estatal em garantir a manutenção das diferenças entre os Estamentos, como vimos acima, produziu reflexos que, só podem ser revertidos, por ações do Estado em sentidos contrários, pois, como em questão da Universidade Estadual de Pernambuco, a estrutura social atual nos permite conceber que as pessoas se diferem umas das outras pelo lugar ocupado por elas num sistema historicamente determinado de produção social, de relação com os meios de produção e por seu papel na organização social do trabalho.