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RELIGIÃO E MÍDIA: COMPREENSÕES NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Valdivino José Ferreira*1

RESUMO

O presente artigo com o tema Religião e Mídia: compreensões na sociedade


contemporânea nos remetem a entender, que as grandes demandas e tendências
religiosas do século XXI não podem ser abordadas e compreendidas sem atenção às
mídias. As mídias, neste contexto, tornam-se espaços de excelência para divulgar
com mais rapidez as novas ideias, tendências e expressões religiosas que vão
surgindo. A metodologia é bibliográfica que evidenciou os aspectos quali/quantitativo
e realizou-se uma análise descritiva por meio de livros e artigos científicos. A pesquisa
permitiu-nos entender que religião e mídia na contemporaneidade se autoconstroem
sempre num movimento de busca de entendimento integral dos fenômenos e numa
dinâmica de retroalimentação.

Palavras-Chaves: Religião. Mídia. Sociedade Contemporânea.

INTRODUÇÃO

A atual pesquisa propõe entender a temática “Religião e Mídia:


Compreensões na sociedade contemporânea” e descobrir seus processos de
autoconstrução por meio da análise das ideias de vários pensadores e, sobretudo da
chamada sociedade líquida pensada por Jaques Derrida e do pensamento da
desconstrução por Zygmunt Bauman.
Assim, pesquisar o objeto proposto é sobremaneira, interessar-se pelo
avanço científico das Ciências Humanas, Sociais e Aplicadas enquanto área da
Ciência da Religião. O intuito é analisar a partir os aportes teóricos elencados para
descobrir as alterações de percepção que provocaram mudanças no comportamento
das pessoas na sociedade contemporânea, sobretudo quando o foco é a discussão
sobre religião e mídia na atualidade.
Para averiguar o proposto, a metodologia usada é a pesquisa bibliográfica,
o método quali/quantitativo visando uma análise descritiva tendo como base para
coleta, as referências por de livros e de artigos científicos.

1
*Doutorando (Bolsista CAPES) e Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica
de Goiás (PUC-GO). Especialista em Administração Educacional e Língua Portuguesa pela ASOEC-
RJ. Graduado em Pedagogia pela UniEvangélica de Anápolis-GO.
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Inicialmente, expomos discussões sobre a temática: Religião e Mídia:


Compreensões na sociedade contemporânea, o significado de midiação e
midiatização, o lugar da mídia enquanto espaço ainda descuidado, a mistura de
religião e mídia e sua autoconstrução na sociedade contemporânea.
E por fim apresentam-se o relato de breves comentários sobre a pesquisa
e as considerações finais evidenciando o resultado da análise da literatura.

1 RELIGIÃO E MÍDIA: COMPREENSÕES NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Para uma análise mais compreensiva de religião e mídia no século XXI,


precisamente na chamada sociedade contemporânea, faz-se necessário entender a
mídia e suas interfaces, as quais promoveram uma nova religião por meio da interação
com a mídia moderna. Sabe-se que até a metade do século XX mídia e religião havia
tido certa estabilidade. Neste momento, o que se observa é a presença de alguns
meios de comunicação que dominava e uma quantidade pequena de instituições e
tradições religiosas que tendiam dominar (HOOVER, 2012).
Assim, Hoover diz-nos que o processo de secularização apontado pelo
evento do Iluminismo que profetizava o grande declínio da religião, parece se
confirmar, pois a religião “não parecia estar em declínio apenas dentro de suas
próprias fronteiras; sua influência em outras áreas, incluindo a política, a economia e
o local de trabalho também era vista como em declínio” (p. 47).
Este panorama iniciou suas mudanças de modo mais significativo no século
seguinte, notadamente por meio de dois acontecimentos importantes. O primeiro
marcado pela Revolução Islâmica no Irã e o segundo pelo surgimento nos Estados
Unidos e mais tarde em várias partes do mundo, bem como na Europa, por meio de
movimentos que hoje conhecemos como “neoevangelicalismo” e
“neopentecostalismo” (HOOVER, 2012, p. 48). O neoevangelicalismo tornou-se um
movimento importante e notório por “sua atuação na política, algo que era inteiramente
novo”, naquele contexto. Deste modo,

o neoevangelicalismo é o nome atribuído a um movimento surgido entre


protestantes americanos nos anos 1940, de crítica ao fundamentalismo,
portanto, com abertura ao liberalismo teológico e a uma leitura crítica da
Bíblia, aceitação do ecumenismo e com ênfase nas ações sociais
missionárias (CUNHA apud HOOVER, 2014, p. 43) [nota da tradutora].
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Por isso, entende-se que os Estados Unidos compartilhava uma tendência


do declínio da religião formal em outras nações. Assim, o que se percebe é “o
pertencimento, a identificação e a frequência à igreja sofrerem um declínio [...]”
(HOOVER, 2012, p. 48). Igualmente, o que se pode dizer sobre estas questões
ocorridas primeiramente nos Estados Unidos e posteriormente em outras partes do
mundo, tem a ver com o progresso e desenvolvimento da mídia. Para tanto, a
midiatização da religião “definiu a mudança religiosa, a reforma ou qualquer outro
ressurgimento da religião e do interesse religioso atualmente em curso [...]”.

1.1 MIDIAÇÃO E MIDIATIZAÇÃO

Para Hoover (2012) todas as expressões religiosas de alguma forma são


midiadas. Notadamente, as religiões “envolvem mídia impressa, histórica, sermões,
arte, dança ou rituais” (p. 49). Por isso, precisam ser “celebradas e comunicadas” por
meio de “várias linguagens” para garantir a sua existência.
Midiatização é diferente.

Significa que através do uso dos meios modernos de comunicação (e por


“moderno” me refiro a tudo o que veio de Gutenberg até hoje) algo
inteiramente novo é feito com a religião. Já não é o caso que a religião seja
simplesmente documentada ou a palavra transmitida adiante. A essência da
cosia “religião” é mudada através de sua interação com a mídia (HOOVER,
2012, p. 49).

O que nos remete a dizer que os Estados Unidos tornou-se importante


neste ponto é que ele é o protagonista de tais midiações da religião. Foi nos EUA o
grande celeiro do mercado de mídia com uma quantidade enorme de todas as formas
de mídia. Assim, todos os produtos midiáticos com suas linguagens específicas
espalham num mundo “cada vez mais globalizado e, portanto, são vistos, ouvidos,
consumidos e circulam pelo mundo todo” (Ibidem).
À medida que avançamos pelo século XXI, percebemos que a religião
desafia ideias históricas, ao contrário do que se pensava, ganha força e destaque no
mundo globalizado. Notamos o declínio da adesão religiosa entre cristãos e outras
como, por exemplo, as religiões abraâmicas. Assim, os acontecimentos que mudaram
o mundo, têm pelo menos algumas de suas origens na religião e por meio de uma
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complexidade de contextos, acontecimentos e ações históricas, persiste e continua a


dominar (HOOVER, 2014, p. 45).

1.2 O LUGAR DA MÍDIA

Hoje, observa-se que o lugar da mídia tem sido descuidado. Quanto mais
a mídia torna-se ‘onipresente’ no mundo, “ela tende a ser dada como certa em vez de
ter seu lugar reconhecido” (HOOVER, 2014, p. 45-48).
Este descuido é muito claro em vários setores da vida moderna. Mas, não
mais evidente do que na religião, “ainda que as religiões tenham sido sempre
mediadas e muitos movimentos religiosos tenham tido envolvimentos destacados nas
mídias modernas [...] desde o final no século XIX” (Ibidem).
O que ocorre é que as grandes demandas e tendências religiosas
importantes para a sociedade contemporânea, não podem ser “abordadas e
compreendidas sem atenção às mídias” (Ibidem). De fato, tais tendências surgidas
das várias expressões religiosas, estão de alguma forma, enraizadas nas mídias.
Assim, as mídias tornam-se lugares fundamentais de informação sobre as religiões,
sobre as tendências e ideias religiosas que vão aparecendo.
A religião está, portanto cada vez mais presente nos meios de
comunicação. Está presente em programas de entretenimento e na cultura popular. O
fato é que quando a televisão, por exemplo, iniciou a transmissão de temas religiosos
e espirituais em horários nobres nos Estados Unidos e mais tarde em todo o ocidente,
a programação de tais temas tendeu a crescer mais que no passado (Ibidem).
Assim, o que se percebe é que as mídias cobrem e representam a religião
que “na verdade, interagem com ela por maneiras que estão mudando tanto as a
mídias quanto à religião” (Ibidem). Contudo, não há outra análise se não esta de que
a mídia está alterando a concepção preconcebida de religião e vice-versa.
Deste modo, “desde o assassinato de Jonh Kennedy em 1963”, passando
pela “exploração da Challenger, a morte da princesa Diana, as bombas na cidade de
Oklahoma, os tiros na escola de Columbine” e os ataques de 11 de setembro, os
americanos, bem como todo o mundo “esperam que a televisão seja o contexto central
por meio do qual os públicos nacional e global experimentem, chorem e relembrem
eventos como esses” (HOOVER, 2014).
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Desta forma, quando dos eventos de 11 de setembro, por exemplo, o


mundo (mídia/público) já estava mais “preparado para que a televisão se tornasse um
tipo de espaço cívico-religioso que pudesse atrair tanto públicos quanto participantes
nacionais e internacionais” (Ibidem).
Eventos como esses em que a televisão noticiou retratam de modo especial
o lugar da mídia em nosso tempo. Assim,

as mídias podem ao mesmo tempo ser uma fonte de religião e de


espiritualidade, um indicador de mudança religiosa e espiritual e articulada
em tendências religiosas e espirituais – transformando a religião por meio
dessas interações e também sendo transformada por esse relacionamento
(Ibidem, p. 48).

Ademais, as mídias atuam cada vez mais enquanto mercado. E o que se


observa é uma grande demanda de religião e de espiritualidade. Assim, o
fornecimento das mídias tem aumentado de modo significativo. Entre outras
realidades, o aumento da religião mediada tem significado a diminuição da oferta da
religião formal, trazendo consequências no modo como se entende a religião
institucional (Ibidem).
Num primeiro momento, observa-se o enfraquecimento da autoridade de
líderes religiosos, das próprias instituições e de doutrinas centenárias. Este novo
comportamento antecipa uma menor atuação das instituições religiosas junto ao fiel
que determinavam sua crença e seu modo de viver. Hoje, religião e espiritualidade
são escolhas individuais. Talvez por exigência do processo de secularização. Talvez
pelo próprio sentimento de autonomia individual, aspectos herdados da modernidade
e das mídias.

1.3 RELIGIÃO E MÍDIA SE MISTURAM NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

Para Einstein (2012, p. 13) as instituições religiosas no passado mantinham


um controle repressor sobre o conteúdo religioso, usando uma fala paternalista, e uma
metodologia fortemente dedutiva, sobretudo em relação à forma de transmitir seu
anúncio e sua doutrina.
Na sociedade contemporânea, pode-se dizer que não há mais separação
entre mídia e religião. Quanto mais avançamos no século XXI, mais se misturam e se
coadunam. Assim sendo, dizemos que é por meio da mídia que as várias religiões e
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espiritualidades contemporâneas são mais facilmente conhecidas no mundo. “Os


campos da religião e da mídia já não podem ser [...] separados” (EINSTEIN, 2012, p.
13-14).
Quando se se trata de mídia e religião no sentido de discutir o viés de
integração entre ambas, pode-se dizer que o evento acontece em dois sentidos,
sendo: as instituições religiosas usam de vários subterfúgios para apresentar a fé e a
mídia secular associa ideias religiosas sempre com o objetivo de atrair e gerar
audiência (Ibidem).
Neste sentido, as instituições religiosas planejam mensagens com o intuito
claro de quem elas querem ser e qual o público quer em sua companhia. Para isso,
os líderes e as várias expressões religiosas, sobretudo neopentecostais, usam dos
vários formatos de mídia para comunicar-se com seus adeptos. Em contrapartida, as
empresas midiáticas

usam a religião mostrando representações de pessoas religiosas, e as


empresas de marketing usam a linguagem e as imagens religiosas para
enquadrar seus apelos publicitários, puxando as pessoas pelo coração e
tocando o seu senso de moralidade (EINSTEIN, 2012, p. 14).

A mídia da religião e/ou a mídia com cunho religioso criaram “um ambiente
no qual a interpretação e a manipulação da mensagem são intensificados para
conquistar (arrebatar) e o mesmo acontece com o nexo do poder – não entre a mídia
e religião, mas entre ambos e a audiência” (Ibidem).
A teoria da secularização tem demonstrado o aumento no uso do marketing
religioso em todo o mundo. Pois, a prática da religião tradicional está em baixa como
se pode verificar nos últimos índices percentuais medidos por instituições sérias do
país2. A queda na frequência aos serviços religiosos é instigada por vários fenômenos
e, sobretudo pelas mudanças na sociedade, iniciando pelo diálogo interreligioso até a
propagação da mídia (Ibidem).
Assim, o que se nota é a mídia religiosa ou não se posicionando enquanto
concorrência que ameaça “as instituições religiosas tradicionais porque ela é cada vez
mais [difundida]” (EINSTEIN, 2012, p. 16). Esta concorrência às instituições religiosas
tradicionais tem ocorrido por inúmeras razões, sendo: ela é mais “conveniente”, “ela

2Para maiores informações sobre o declínio do catolicismo e sobre o pentecostalismo nos países latino-
americanos cf. Allen (2009). Disponível em: http://www.nationmaster.com/country/br-brazil/real-religion.
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permite escolha”, “ela proporciona o anonimato” e “é democratizada”, ou seja,


acessível a todos. Ademais, não é exagero dizer que quando se olha para o espectro
que envolve mídia e religião, a demanda é sempre grande (Ibidem).
Para tanto, Allen (apud EINTEIN, 2012, p. 18) diz-nos que “secularização
então não é uma transição linear da fé para a incredulidade [...] Trata-se antes da
transição de um sistema religioso socialmente dominante para uma desconcertante
variedade de impulsos, movimentos e correntes”. O que se observa é um grande
número de práticas religiosas que podem ser configuradas como a “filiação ou não a
uma igreja, a fidelidade a uma única religião ou combinação de uma ou mais religiões
ou o fenômeno de sair para comprar uma fé e mudar de filiação até encontrar uma
igreja que caia bem ao usuário” (Ibidem).
Diante de tal situação, surgem perguntas tais como: O que as instituições
religiosas estão ou não fazendo para que os fieis migrem em busca desse conteúdo?
Este processo de midiatização seria responsabilidade da própria mídia? Ou seria das
religiões?

2 MÍDIA E RELIGIÃO NUMA SOCIEDADE LÍQUIDA

A contemporaneidade junto ao progresso tecnológico indica a mídia “como


caminho de sucesso para qualquer mercado, empreendimento e programação”
(BUDKE, 2005, p. 44).
O fato mais importante neste cenário é a necessidade de cada expressão
religiosa em manifestar sua espiritualidade e sua mensagem num contexto social com
grandes débitos sobre o mundo espiritual (Ibidem).
Enquanto categoria que domina o mercado, a preocupação é sempre
vender a mercadoria. Assim, as religiões demonstram interesse em divulgar a sua
filosofia de vida, o seu jeito de entender a pessoa de Deus e teorizar o melhor jeito
que garantisse sentido à vida (Ibidem).
Os especialistas em comunicação social afirmam que as religiões
buscaram transmitir seus conteúdos pela televisão e rádio com o intuito de divulgar a
sua espiritualidade. Todavia, encantados com o mundo da tecnologia muda seus
objetivos que agora desejam alcançar maior audiência e um número maior de fieis.
“Missão, proselitismo, lógica mercadológica?” (BURKE, 2005, p. 45).
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O mundo reconhece os protestantes enquanto pioneiros neste segmento.


No entanto, com a chegada dos pentecostais o interesse já não era de alugar espaços
na mídia para divulgarem suas religiões. Agora eles mesmos se firmam no mercado
e criam suas próprias emissoras, “tornando assim, os maiores utilizadores da
telecomunicação religiosa” no país (Ibidem).
Assim, alguns estudiosos dizem-nos que “a relação entre evangélicos e a
mídia consiste em elencar alguns fatores importantes” que são a fundação da IURD e
mais tarde a aquisição da Rede Record de Televisão; a presença da bancada
evangélica na Constituinte de 1988 e consequentemente o crescimento de políticos
evangélicos no Brasil; o declínio do catolicismo; a abertura de várias emissoras de TV
oferecendo seus programas em horários nobres (Ibidem).
Tudo isso favoreceu para a mudança de paradigmas e de valores pré-
concebidos das religiões tradicionais. Ademais, instigou a sociedade a pensar a
religião sem o viés da autoridade de uma liderança que conduzia seus fieis por meio
de uma instituição, suas doutrinas e seus dogmas. Todo este movimento traria
consequências ‘positivo-negativas’ para a religiosidade das pessoas? A fé estaria sob
um cisma e por isso poderia se acabar?
São questionamentos que nos induz a escrever sobre as mudanças
ocorridas nos últimos tempos, mais precisamente no século XXI, que nominamos
neste texto de sociedade contemporânea.
E para entendermos religião e mídia na sociedade contemporânea
recorremos a Bauman (apud PALLARES-BURKE, 2003, p. 2) que nos surpreende
quando diz-nos que

ser um pós-modernista significa ter uma ideologia, uma percepção do mundo,


uma determinada hierarquia de valores que, entre outras coisas, descarta a
ideia de um tipo de regulamentação normativa da comunidade humana e
assume que todos os tipos de vida humana se equivalem, que todas as
sociedades são igualmente boas ou más; enfim, uma ideologia que se recusa
a fazer julgamentos e a debater seriamente questões relativas a modos de
vida viciosos e virtuosos, pois, no limite, acredita que não há nada a ser
debatido. Isso é pós-modernismo.

Esta sociedade que Bauman (apud PALLARES-BURKE, 2003) contempla


é distinta da sociedade moderna precedente, a chamada modernidade sólida. A que
surge não compartilha com ideias de longa duração, com o intuito de sempre torná-la
melhor e novamente sólida. Tudo neste novo cenário tende a se desmontar a qualquer
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instante sem nenhuma perspectiva de duração inabalável. Tudo passa. É por esta
razão que Bauman “sugere a metáfora da ‘liquidez’ para caracterizar o estado da
sociedade moderna, que, como líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de
manter a forma”. Assim, as instituições religiosas que eram referências no modelo de
viver, crer e ter fé se transformam “antes que tenham tempo de se solidificar em
costumes, hábitos e verdades” (Ibidem).
É certo que a vida moderna foi desde sempre “desenraizadora” e “derretia
os sólidos e profanava o sagrado”. Enquanto no passado se fazia tudo para que as
coisas fossem enraizadas, no mundo contemporâneo, “empregos, relacionamentos,
[religião], etc., tendem a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis”
(Ibidem).
Hoje uma instituição religiosa pode significar muita coisa ou quase nada. A
religião midiática neste contexto de ‘liquidez’ tem provocado mudanças de
paradigmas, como dissemos anteriormente, na vida do fiel. Assim, a autoridade do
líder, a doutrina, o dogma da igreja já não representam modelos que garantam sentido
à vida.

2.1 MÍDIA E RELIGIÃO SE AUTOCONSTROEM

Inicialmente dizemos que mídia e religião se autoconstroem. A mídia tem


construído uma nova imagem das expressões religiosas, bem como as expressões
religiosas têm provocado mudanças significativas na mídia em todo o mundo. E para
entender esta fluidez entre mídia e religião recorremos ao pensamento da
desconstrução de Jaques Derrida.
Assim, Derrida (apud FONSECA, 2008, p. 12) em seu discurso sobre
filosofia nos faz entender que esta foi sempre “herdeira do legado cartesiano”. Logo,
Derrida quer nos convencer que se fosse correto, então a filosofia sempre manteria
um “ideal, um tipo de conhecimento claro, seguro, objetivo, supostamente
fundamentado em inferências estritamente lógicas”.
Contudo, ao ler Derrida (apud FONSECA, 2008) observa-se que ele não
queria o fim da metafísica. Não pensava a morte da filosofia. Ao contrário, ele
acreditava que era impossível a superação do pensamento metafísico dando lugar à
irracionalidade. Para ele, se se pensa desta forma, então cria-se outro sistema com a
mesma lógica do sistema anterior.
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Para Derrida o pensamento platonista cinge todo o pensamento no


ocidente, inviabilizando toda e qualquer subversão, transgressão; se isto nos
indicasse a criação além-metafísica. Por isso, segundo o pensador “nós não nos
instalamos jamais em uma transgressão, nós não habitamos jamais outro lugar”
(Ibidem). No pensamento de Derrida a metafísica estabelece condições de que os
ocidentais não conseguiriam fazer leituras fora do princípio da dualidade.
Nesta direção, surge a curiosidade de saber o lugar do pensamento de
Derrida. Assim, após análise de suas ideias, observa-se que o lugar de seu
pensamento “é, em última análise, de onde lugar nenhum é possível”. E isto significa
que a base do seu discurso é “movediço, diferencial, onde todo horizonte, todo centro,
todo eixo gravitacional, está fadado a fragmentar-se” (Ibidem). Em outras palavras
quer dizer que o objetivo do autor é provocar um movimento de quebra de paradigmas
modificando as bases que sustentam o discurso filosófico. Logo, o pensamento
derridiano propõe “desatar os nós que amarram os textos filosóficos a um significado
último” (Ibidem). A lógica é sempre descontruir para compreender.
Assim, mídia e religião se autoconstroem neste contexto contemporâneo.
Pois, além da liquidez da sociedade pensada por Bauman, o pensamento da
desconstrução de Derrida, permeia todos os meios de comunicação, bem como, todas
as expressões religiosas. Assim, a mídia constrói uma nova religião e vice-versa
sempre num movimento holístico e numa dinâmica de retroalimentação.

2.2 COMENTÁRIOS FINAIS

Para descobrir as alterações de pensamento que provocaram mudanças


na sociedade contemporânea, sobretudo quando o tema de discussão é ‘religião e
mídia’, fez-se necessário iniciar uma análise a partir da Revolução Islâmica no Irã e
do neoevangelicalismo e neopentecostalismo surgidos nos Estados Unidos no século
passado.
Deste modo, os Estados Unidos compartilha/va uma tendência sobre a
decadência da religião formal também para outros países. O que se percebe é “o
pertencimento, a identificação e a frequência à igreja sofrerem declínio” (HOOVER,
2012, p. 48) e os EUA tornar-se pioneiro de tais mediações religiosas.
À medida que adentramos pelo século XXI, percebemos que a religião
ganha força e destaque desafiando ideias históricas num mundo globalizado. Assim,
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é notório o enfraquecimento da procura e consequente adesão religiosa entre cristãos


e adeptos das religiões monoteístas em todo o mundo.
Neste contexto, constata-se que o lugar da mídia tem sido descuidado. E
este descuido se torna claro em vários setores da vida moderna. Isto posto, pode-se
dizer que não mais evidente do que na religião “ainda que as relações tenham sido
sempre mediadas e muitos movimentos religiosos tenham tido envolvimento
destacados nas mídias modernas desde o século XIX” (Ibidem).
Assim, o que ocorre é que as grandes demandas e tendências religiosas
importantes para a sociedade contemporânea não podem ser “abordadas e
compreendidas sem atenção às mídias”. As mídias, neste momento, tornam-se
espaços importantes de informação sobre as tendências, ideias e expressões
religiosas que vão surgindo. Logo, dizemos que as mídias cobrem e representam a
religião que por meio de uma interação mudam tanto a mídia quanto a religião. Então,
não há outra análise no momento, de que a mídia está alterando a concepção
preconcebida de religião e vice-versa (Ibidem).
Diante disso, as mídias estão atuando cada vez mais enquanto mercado.
E isto tem aumentado o fornecimento das mídias, pois quanto mais religião mediada,
mais diminuição da oferta da religião formal, trazendo várias consequências no modo
como se entende a religião institucional. Todo este movimento aponta para o
enfraquecimento da autoridade de líderes religiosos, das próprias instituições e de
doutrinas centenárias. E, consequentemente antecipa uma menor atuação das
instituições junto ao fiel que determinavam sua crença e o seu modo de viver.
Todavia, à medida que avançamos pela sociedade contemporânea, religião
e mídia cada vez mais se misturam e se coadunam, pois é por meio da mídia que as
religiões e as várias espiritualidades têm sido mais facilmente conhecidas pelo mundo.
E esta facilidade de difusão das religiões midiáticas pelos meios de comunicação,
prende-se ao fato de serem mais convenientes, permitirem melhores escolhas,
proporcionarem o anonimato e serem democratizadas, ou seja, mais acessíveis a
todos.
Deste modo, a contemporaneidade aliada ao desenvolvimento tecnológico
indica a mídia como o caminho de sucesso para qualquer demanda e/ou
empreendimento, independentemente se se trata de religião ou não. Em se tratando
de religião, o fato mais interessante neste contexto é a necessidade das religiões
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transmitirem seus misticismos num ambiente sedento de dimensão eminentemente


espiritual.
Mas, encantados com o mundo midiático os protestantes, por exemplo,
mudam o foco. Agora querem alcançar maior audiência e um número cada vez maior
de fieis. Isso seria missão, desejo de converter um número cada vez maior de adeptos
ou simples lógica de mercado? É certo que agora em vez de alugar espaços na mídia,
eles mesmos tornam-se proprietários e criam suas próprias emissoras, transformando
assim os maiores da telecomunicação religiosa do país.
Tudo isso abriu caminho e favoreceu a mudança de paradigmas e de
valores aprendidos com as religiões tradicionais. A sociedade havia mudado. Agora o
que surge não compartilha com ideias de longa duração, com o objetivo de torná-la
sempre melhor e sólida. Tudo agora tende a desmontar e isto a qualquer instante.
Tudo passa. A sociedade agora é liquida como aludiu Bauman. Assim, as instituições
religiosas que eram referências no modelo de viver, crer, ter fé se transformam antes
mesmo de se consagrarem em costumes, verdades.
Em nosso tempo uma expressão religiosa pode significar muita coisa ou
quase nada. Tudo agora é relativo. Tudo está dissolvido. Numa sociedade líquida as
mudanças são muito rápidas na vida do fiel. Pois, a autoridade do líder, a doutrina, o
dogma da igreja que antes era a âncora na vida do crente, agora não representam
mais os modelos que garantam sentido à vida, pois como dissemos, a religião
mediada é mais conveniente mais democratizada e acessível a todos.
Esta fluidez tem provocado mudanças tanto na religião como na mídia.
Assim, Derrida nos oferece aportes teóricos importantes por meio do pensamento da
desconstrução.
Inicialmente, o autor nos diz que a filosofia sempre herdou o legado
cartesiano e se isso fosse certo, então a filosofia sempre manteria um conhecimento
claro, seguro e objetivo, fundado em inferências lógicas. Contudo, Derrida não
pregava o fim da metafísica nem tampouco pensava a morte da filosofia. O que ele
acreditava era na impossibilidade da superação do pensamento metafísico para dar
lugar à irracionalidade.
Nesta direção, o que se pode dizer é que o lugar do pensamento derridiano
“é em última análise, de onde lugar nenhum é possível” (DERRIDA apud FONSECA,
2008, p. 13). E isto é o mesmo que dizer que a base do seu pensamento é “movediço,
13

diferente, onde todo horizonte do centro, todo eixo gravitacional, está fadado a
fragmentar-se”. Para ele a lógica é sempre desconstruir para compreender.
Portanto, religião e mídia se autoconstroem neste contexto. Pois, além da
liquidez social pensada por Bauman, o pensamento da desconstrução de Derrida
permeiam todos os anseios de comunicação, bem como todas as expressões
religiosas. Assim, a mídia constrói uma nova religião e religião constrói uma nova
mídia sempre num movimento holístico e numa dinâmica de retroalimentação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente pesquisa com o tema: “Religião e Mídia: Compreensões na


sociedade contemporânea” nos remetem a entender, que as grandes demandas e
tendências religiosas do século XXI não podem ser abordadas e compreendidas sem
atenção às mídias. As mídias, neste contexto, tornam-se espaços de excelência para
divulgar com mais rapidez as novas ideias, tendências e expressões religiosas que
vão surgindo.
Assim, as mídias fazem a cobertura e ao mesmo tempo representam a
religião e num movimento de integração mudam tanto mídia como religião. Por isso,
dizemos que não há outra análise no momento, de que a mídia está modificando a
concepção herdada das religiões históricas de forma recíproca. Todo este movimento
tem enfraquecido a autoridade de líderes religiosos e das instituições históricas, que
consequentemente antecipa uma menor atuação dessas categorias na vida do fiel.
De repente, a facilidade hoje para difundir as religiões por meio da mídia,
prende-se ao fato de serem mais convenientes, favorecerem escolhas,
proporcionarem o anonimato e serem mais democratizadas, e neste caso sendo mais
acessível a todos.
Contudo, há uma incógnita quanto se analisa o objetivo no oferecimento
das religiões através da mídia. Antes a preocupação seria a transmissão apenas de
suas espiritualidades num contexto sedento de tal dimensão. Mais adiante, mudam
de foco. Agora querem alcançar maior audiência e um número cada vez maior de
adeptos. Isto seria uma nova missão? Ou puro empenho de converter as pessoas a
uma determinada ideia, religião? Ou mesmo lógica mercadológica?
Mas, não podemos esquivar de que tudo isso favoreceu a mudança de
paradigmas e de valores aprendidos com as instituições tradicionais. A sociedade
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havia mudado. Agora o que está posto não compartilha com ideias de longa duração,
com o objetivo de torná-la sempre melhor e cada vez mais sólida. Tudo agora tende
a desmontar e isto a qualquer instante. Tudo passa. Tudo é relativo. A sociedade
agora é líquida como pensou Bauman. Assim, as expressões religiosas que antes
oferecia um modelo fixo de vida, de fé se dissolvem antes mesmo que se consagrem
em costumes, hábitos e/ou verdades.
Esta fluidez tem provocado mudanças profundas tanto na religião como na
mídia. Por isso, recorremos ao pensamento da desconstrução de Jaques Derrida.
Inicialmente, o pensador nos diz que sua intenção não é o fim da metafísica e/ou a
morte da filosofia. O que ele acreditava era na impossibilidade da superação do
pensamento metafísico para dar lugar à irracionalidade.
Assim, pode-se dizer que o lugar do pensamento derridiano “é em ultima
análise, de onde lugar nenhum é possível” (DERRIDA apud FONSECA, 2008, p. 13).
E isto é dizer que a base de sua teoria é “movediça, diferente” e podendo se desfazer
a qualquer momento. Para Derrida a lógica é desconstruir para compreender.
Portanto, religião e mídia se autoconstroem nesta realidade
contemporânea. Pois, além da liquidez da sociedade pensada por Bauman, o
pensamento da desconstrução de Derrida permeiam todos os anseios de
comunicação, bem como todas as expressões religiosas. Assim, a mídia constrói uma
nova religião e vice-versa sempre num movimento de busca de entendimento integral
dos fenômenos e numa dinâmica de retroalimentação.

ABSTRACT

Religion and the Media: Understanding contemporary society reminds us that the great
religious demands and trends of the 21st century can not be approached and
understood without attention to the media. The media, in this context, become spaces
of excellence to spread the new ideas, trends and religious expressions more quickly.
The methodology is bibliographical that evidenced the qualitative / quantitative aspects
and a descriptive analysis was carried out through books and scientific articles. The
research allowed us to understand that religion and media in the contemporary world
are always self-destructive in a search for an integral understanding of phenomena
and in a dynamic of feedback.

Key-words: Religion. Media. Contemporary Society.


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