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RESUMO
INTRODUÇÃO
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*Doutorando (Bolsista CAPES) e Mestre em Ciências da Religião pela Pontifícia Universidade Católica
de Goiás (PUC-GO). Especialista em Administração Educacional e Língua Portuguesa pela ASOEC-
RJ. Graduado em Pedagogia pela UniEvangélica de Anápolis-GO.
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Hoje, observa-se que o lugar da mídia tem sido descuidado. Quanto mais
a mídia torna-se ‘onipresente’ no mundo, “ela tende a ser dada como certa em vez de
ter seu lugar reconhecido” (HOOVER, 2014, p. 45-48).
Este descuido é muito claro em vários setores da vida moderna. Mas, não
mais evidente do que na religião, “ainda que as religiões tenham sido sempre
mediadas e muitos movimentos religiosos tenham tido envolvimentos destacados nas
mídias modernas [...] desde o final no século XIX” (Ibidem).
O que ocorre é que as grandes demandas e tendências religiosas
importantes para a sociedade contemporânea, não podem ser “abordadas e
compreendidas sem atenção às mídias” (Ibidem). De fato, tais tendências surgidas
das várias expressões religiosas, estão de alguma forma, enraizadas nas mídias.
Assim, as mídias tornam-se lugares fundamentais de informação sobre as religiões,
sobre as tendências e ideias religiosas que vão aparecendo.
A religião está, portanto cada vez mais presente nos meios de
comunicação. Está presente em programas de entretenimento e na cultura popular. O
fato é que quando a televisão, por exemplo, iniciou a transmissão de temas religiosos
e espirituais em horários nobres nos Estados Unidos e mais tarde em todo o ocidente,
a programação de tais temas tendeu a crescer mais que no passado (Ibidem).
Assim, o que se percebe é que as mídias cobrem e representam a religião
que “na verdade, interagem com ela por maneiras que estão mudando tanto as a
mídias quanto à religião” (Ibidem). Contudo, não há outra análise se não esta de que
a mídia está alterando a concepção preconcebida de religião e vice-versa.
Deste modo, “desde o assassinato de Jonh Kennedy em 1963”, passando
pela “exploração da Challenger, a morte da princesa Diana, as bombas na cidade de
Oklahoma, os tiros na escola de Columbine” e os ataques de 11 de setembro, os
americanos, bem como todo o mundo “esperam que a televisão seja o contexto central
por meio do qual os públicos nacional e global experimentem, chorem e relembrem
eventos como esses” (HOOVER, 2014).
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A mídia da religião e/ou a mídia com cunho religioso criaram “um ambiente
no qual a interpretação e a manipulação da mensagem são intensificados para
conquistar (arrebatar) e o mesmo acontece com o nexo do poder – não entre a mídia
e religião, mas entre ambos e a audiência” (Ibidem).
A teoria da secularização tem demonstrado o aumento no uso do marketing
religioso em todo o mundo. Pois, a prática da religião tradicional está em baixa como
se pode verificar nos últimos índices percentuais medidos por instituições sérias do
país2. A queda na frequência aos serviços religiosos é instigada por vários fenômenos
e, sobretudo pelas mudanças na sociedade, iniciando pelo diálogo interreligioso até a
propagação da mídia (Ibidem).
Assim, o que se nota é a mídia religiosa ou não se posicionando enquanto
concorrência que ameaça “as instituições religiosas tradicionais porque ela é cada vez
mais [difundida]” (EINSTEIN, 2012, p. 16). Esta concorrência às instituições religiosas
tradicionais tem ocorrido por inúmeras razões, sendo: ela é mais “conveniente”, “ela
2Para maiores informações sobre o declínio do catolicismo e sobre o pentecostalismo nos países latino-
americanos cf. Allen (2009). Disponível em: http://www.nationmaster.com/country/br-brazil/real-religion.
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instante sem nenhuma perspectiva de duração inabalável. Tudo passa. É por esta
razão que Bauman “sugere a metáfora da ‘liquidez’ para caracterizar o estado da
sociedade moderna, que, como líquidos, se caracteriza por uma incapacidade de
manter a forma”. Assim, as instituições religiosas que eram referências no modelo de
viver, crer e ter fé se transformam “antes que tenham tempo de se solidificar em
costumes, hábitos e verdades” (Ibidem).
É certo que a vida moderna foi desde sempre “desenraizadora” e “derretia
os sólidos e profanava o sagrado”. Enquanto no passado se fazia tudo para que as
coisas fossem enraizadas, no mundo contemporâneo, “empregos, relacionamentos,
[religião], etc., tendem a permanecer em fluxo, voláteis, desreguladas, flexíveis”
(Ibidem).
Hoje uma instituição religiosa pode significar muita coisa ou quase nada. A
religião midiática neste contexto de ‘liquidez’ tem provocado mudanças de
paradigmas, como dissemos anteriormente, na vida do fiel. Assim, a autoridade do
líder, a doutrina, o dogma da igreja já não representam modelos que garantam sentido
à vida.
diferente, onde todo horizonte do centro, todo eixo gravitacional, está fadado a
fragmentar-se”. Para ele a lógica é sempre desconstruir para compreender.
Portanto, religião e mídia se autoconstroem neste contexto. Pois, além da
liquidez social pensada por Bauman, o pensamento da desconstrução de Derrida
permeiam todos os anseios de comunicação, bem como todas as expressões
religiosas. Assim, a mídia constrói uma nova religião e religião constrói uma nova
mídia sempre num movimento holístico e numa dinâmica de retroalimentação.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
havia mudado. Agora o que está posto não compartilha com ideias de longa duração,
com o objetivo de torná-la sempre melhor e cada vez mais sólida. Tudo agora tende
a desmontar e isto a qualquer instante. Tudo passa. Tudo é relativo. A sociedade
agora é líquida como pensou Bauman. Assim, as expressões religiosas que antes
oferecia um modelo fixo de vida, de fé se dissolvem antes mesmo que se consagrem
em costumes, hábitos e/ou verdades.
Esta fluidez tem provocado mudanças profundas tanto na religião como na
mídia. Por isso, recorremos ao pensamento da desconstrução de Jaques Derrida.
Inicialmente, o pensador nos diz que sua intenção não é o fim da metafísica e/ou a
morte da filosofia. O que ele acreditava era na impossibilidade da superação do
pensamento metafísico para dar lugar à irracionalidade.
Assim, pode-se dizer que o lugar do pensamento derridiano “é em ultima
análise, de onde lugar nenhum é possível” (DERRIDA apud FONSECA, 2008, p. 13).
E isto é dizer que a base de sua teoria é “movediça, diferente” e podendo se desfazer
a qualquer momento. Para Derrida a lógica é desconstruir para compreender.
Portanto, religião e mídia se autoconstroem nesta realidade
contemporânea. Pois, além da liquidez da sociedade pensada por Bauman, o
pensamento da desconstrução de Derrida permeiam todos os anseios de
comunicação, bem como todas as expressões religiosas. Assim, a mídia constrói uma
nova religião e vice-versa sempre num movimento de busca de entendimento integral
dos fenômenos e numa dinâmica de retroalimentação.
ABSTRACT
Religion and the Media: Understanding contemporary society reminds us that the great
religious demands and trends of the 21st century can not be approached and
understood without attention to the media. The media, in this context, become spaces
of excellence to spread the new ideas, trends and religious expressions more quickly.
The methodology is bibliographical that evidenced the qualitative / quantitative aspects
and a descriptive analysis was carried out through books and scientific articles. The
research allowed us to understand that religion and media in the contemporary world
are always self-destructive in a search for an integral understanding of phenomena
and in a dynamic of feedback.