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DISPEPSIA Colagenoses
Medicamentos (Antinflamatórios não
DEFINIÇÃO
esteroidais, Antibióticos, Xantinas, Alendronato)
Doenças psiquiátricas (Ansiedade, Depressão,
Grupo heterogêneo de sintomas presentes ou Pânico, Distúrbios alimentares)
recorrentes, localizados na região epigástrica.
Podem surgir em qualquer idade.
CLASSIFICAÇÃO
É uma síndrome definida como a presença de
desconforto na região epigástrica, crônica e recorrente, que
integra vários sintomas como dor, ardor, inchaço, De acordo com os padrões clínicos:
saciedade precoce, plenitude, náuseas ou arrotos. ► Dispepsia do tipo ulcerosa:
Não é um diagnóstico. Predomínio da dor epigástrica de caráter
periódico que eventualmente desperta o
Dor epigástrica: sensação subjetiva e desagradável que os paciente à noite, melhora com ingestão de
pacientes sentem quando está havendo lesão tecidual, restrita substâncias alcalinas e alimentos.
a região do epigástrio. ► Dispepsia do tipo dismotilidade:
Pirose epigástrica: sensação desagradável de queimação Predomínio de plenitude epigástrica,
limitada à região do epigástrio. empachamento, saciedade precoce, náusea,
Plenitude pós-prandial: sensação desagradável que a vômito, desconforto ou peso abdominal.
comida permanece prolongadamente no estômago. ► Dispepsia do tipo inespecífica:
Sintomas vagos.
Saciedade precoce: sensação que o estômago fica cheio logo
depois de iniciar a comer, desproporcional ao volume ingerido,
tanto que não se consegue terminar a refeição. De acordo com os Critérios de Roma III:
► Dispepsia não investigada/diagnosticada:
Quando sua possível causa ainda não foi
estudada. Ou seja, uma afecção com sintomas
EPIDEMIOLOGIA característicos clinicamente avaliados como
sendo originários do trato gastrointestinal
Cerca de 20 a 40% da população geral apresenta superior, mas que não foram recentemente
investigados pela endoscopia digestiva alta.
alguma queixa dispéptica. Entretanto, somente 30% desses
indivíduos procuram assistência médica. Os sintomas incluem dor ou queimação
epigástrica, saciedade precoce e
Constitui a causa de 3 a 5% das consultas ambulatoriais
de clínica geral, em um centro de atenção primária, e de 20 preenchimento pós-prandial, eructação,
distensão abdominal, náuseas ou desconforto
a 40% das consultas em gastroenterologia.
Prevalência: 30 a 40%. no abdome superior.
► Dispepsia orgânica:
Incidência: 1% ao ano.
Mais prevalente no sexo feminino. Quando lesões estruturais ou doenças
sistêmicas que explicam os sintomas já foram
Afeta 25-40% da população em algum momento da vida.
identificadas.
► Dispepsia funcional:
ETIOLOGIA Quando a síndrome não está associada a
lesões ou doenças detectáveis.
Causas de dispepsia: Refere-se a uma situação em que a endoscopia
► Digestivas pépticas: digestiva alta não revelou uma causa potencial
Dispepsia funcional para a dispepsia.
Doença de refl uxo gastro-esofágico Geralmente reservada para pacientes com
Úlcera Péptica endoscopia normal cujos sintomas não sugerem
► Digestivas não pépticas: doença do refluxo gastroesofágico
Gastropatias específicas (Tuberculose,
Citomegalovirose, Sarcoidose, Doença de
Crohn)
Neoplasias (Gástrica, Pancreática, de Cólon)
Síndromes de má absorção (Doença celíaca)
Colelitíase
► Não digestivas:
Doenças metabólicas (Diabete melito, Doenças
da tiróide, Hiperparatiroidismo, Distúrbios
eletrolíticos)
Doença coronariana
IESC IV | Isabela Alves
DISPEPSIA FUNCIONAL 5 QUADRO CLÍNICO
Apresenta evolução benigna: 50% dos pacientes
apresenta melhora ou desaparecimento de seus sintomas
1 DEFINIÇÃO com o passar do tempo.
É um transtorno gastroduodenal. Sintomas dispépticos:
O comitê de especialistas do último Consenso de Roma ► Plenitude pós-prandial.
define como uma síndrome clínica caracterizada pela ► Saciedade precoce.
presença de sintomas dispépticos recorrentes e crônicos, ► Dor epigástrica.
na ausência de lesões estruturais ou metabólicas ► Queima epigástrica.
subjacentes, capazes de justificar o quadro clínico. Estudos fisiopatológicos que investigaram o efeito da
A maioria dos pacientes com queixas dispépticas ingestão de refeição na geração de sintomas demonstraram
crônicas que se submetem a investigações laboratoriais, que não apenas plenitude pós-prandial e saciedade
endoscópicas e ultrassonográficas não apresenta qualquer precoce, mas também dor epigástrica ou queimação e
alteração que justifique os sintomas. náusea podem aumentar após a ingestão da refeição.
Portanto, eles podem se sobrepor.
A definição de PDS reconhece que além da plenitude
2 EPIDEMIOLOGIA pós-prandial e da saciedade precoce, os pacientes podem
É um dos distúrbios gastrointestinais funcionais mais perceber dor epigástrica e / ou queimação após as
frequentes da prática clínica. refeições.
É a causa mais frequente da dispepsia não investigada. Além disso, o inchaço, o arroto e a náusea podem estar
É considerada um problema sanitário e socioeconômico presentes tanto no PDS como no EPS, mas o vômito é
de grande relevância, tanto por sua alta prevalência como incomum.
por seu caráter crônico e ausência de tratamento Sinais e sintomas de alarme:
satisfatório. ► Emagrecimento inexplicado
A sintomatologia recidivante afeta de forma significativa ► Anemia
a qualidade de vida dos pacientes. ► Sangramento digestivo
► Disfagia progressiva
► Vômitos persistentes
3 CLASSIFICAÇÃO ► Cirurgia gástrica prévia
Classificada em subtipos de acordo com o sintoma ► Visceromegalia
predominante: ► Icterícia
Síndrome do desconforto pós-prandial: predominam ► Tumoração ou adenopatia abdominal
sintomas de empachamento pós-prandial e/ou saciedade ► Sintomas sistêmicos
precoce, distensão do abdome superior, náusea, eructação. ► Idade
Síndrome da dor epigástrica: predomina dor ou ► Uso de antiinflamatórios (sem gravidade, não
queimação epigástrica moderada a intensa, intermitente, considerar alarem).
não aliviada pela defecação ou eliminação de flatos.
Superposição de SDP e SDE: é caracterizada por ATENÇÂO!!! É importante salientar também a frequente
sintomas dispépticos induzidos pela refeição e dor ou sobreposição dos sintomas dispépticos com sintomas da
queimação epigástrica. doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) e da síndrome
Essa classificação é útil para selecionar o tratamento do intestino irritável (SII).
inicial: identificando os subtipos de dispepsia funcional
promove o reconhecimento de diferentes fatores
patofisiológicos subjacentes e, portanto, a necessidade de 6 DIAGNÓSTICO
um tratamento diferencial. Essencialmente clínico.
Sintomas dispépticos não podem distinguir com
segurança se sua origem é orgânica ou funcional.
4 FISIOPATOLOGIA
A fisiopatologia da DF permanece desconhecida. ATENÇÃO!!! O diagnóstico de dispepsia funcional pode ser
Vários fatores etiopatogênicos têm sido considerados: clinicamente suspeito pela aplicação da nova versão dos
► Hipersecreção ácida. critérios de Roma, mas permanece um diagnóstico de
► Dismotilidade gastrointestinal. exclusão que requer endoscopia.
► Hipersensibilidade visceral.
► Alteração da acomodação gástrica. Critério de Roma IV:
► Gastrite associada ao H. pylori. ► Síndrome do desconforto pós-prandial:
► Disfunção na integração do eixo cérebro-intestino. Plenitude pós-prandial
► Fatores psicossociais: depressão, alterações do Saciedade precoce
humor, tensão emocional, neuroses. 3x/semana
► Pós infecção. ► Síndrome da dor epigástrica:
► Genética: GN beta-3. Dor epigástrica
Queima epigástrica
Intermitente
1x/semana.
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Úlcera péptica.
Parasitas intestinais: giárdia, cryptosporidium.
Doença arterial coronariana.
Pancreatite.
8 TRATAMENTO
Ausência de tratamento satisfatório.
É essencial o estabelecimento de uma boa relação
médico-paciente.
Cerca de metade dos casos de dispepsia funcional são
recidivantes.
Tem por objetivo:
► Aliviar os sintomas (dor epigástrica e/ou do
desconforto pós-prandial).
► Melhorar a qualidade de vida.
Tratamento empírico:
É uma estratégia direcionada para pacientes dispépticos
jovens e sem sinais de alarme, que propõe um tratamento
Diagnóstico de exclusão: exames são solicitados para empírico.
excluir causas orgânicas. Realizado por 2 a 4 semanas.
► Endoscopia digestiva alta: CA gástrico, úlcera. Se melhorar: permanecer de 4 a 12 semanas.
► Teste não invasivo para pesquisa do H. pylori: Se não melhorar: investigar causa + IBP ou bloqueador
Teste respiratório. de H2 em dose máxima.
Antígeno fecal. ► Síndrome do desconforto pós-prandial:
Sorologia. IBP.
► Exame parasitológico de fezes: Se não melhorar: procinético.
Três amostras Baermann modificado por ► Síndrome de dor epigástrica:
Moraes. Procinético.
Exame direto das fezes. Se não melhorar: IBP.
► USG: doença pancreática, hepática ou de vias ► Casos refratários:
biliares. IBP dose dobrada.
► Testes para avaliação do tempo de esvaziamento Psicoterapia.
gástrico. Erradicar H. pylori.
► Testes para doença celíaca. Realizar tratamento experimental: uso de
► Teste para intolerância alimentar. agonistas da 5-hidroxitriptamina capazes de
► Avaliar a presença de cofatores psicológicos, relaxar o fundo gástrico.
ambientais e dietéticos. Sumatriptan:
► Avaliar uso de medicamentos. Buspirona:
Tratamento farmacológico:
► Antissecretores.
► Procinéticos.
► Antibióticos para erradicação do H. pylori.
► Antidepressivos.
A terapia antissecretora com inibidores da bomba de
prótons ou com antagonistas H2 é útil para o controle da
dor epigástrica.
Procinéticos são particularmente eficazes para o
controle dos sintomas associados à dispepsia de tipo
dismotilidade e náuseas, saciedade precoce e plenitude
pós-prandial. Sua eficácia a longo prazo é limitada pelos
efeitos colaterais da maioria deles.
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ANTISECRETORES ANTIDEPRESSIVOS TRICÍCLICOS
São bases fracas que reagem com o ácido clorídrico São eficazes como terapia de segunda linha na
gástrico, formando sal e água. dispepsia funcional, particularmente no controle da dor
Os antiácidos mais largamente utilizados consistem em abdominal. Em alguns casos, com ansiedade ou
misturas de hidróxido de alumínio e hidróxido de depressão associadas, pode ser considerada a primeira
magnésio. opção terapêutica. Evidência de melhora com ansiolíticos
Mecanismo de ação: o íon hidróxido reage com íons é insuficiente e inibidores da recaptação da serotonina
hidrogênio no estômago, formando água, enquanto o não são eficazes na dispepsia funcional.
magnésio e o alumínio reagem com bicarbonato nas ATENÇÃO!!! A terapia de combinação com anti-secretora
secreções pancreáticas e com fosfatos da dieta, formando e procinético ou a combinação de qualquer destes com
sais. antidepressivos é frequentemente utilizado na prática
Efeitos adversos: diarréia (magnésio) e obstipação clínica, mas não há estudos para apoiar a sua eficácia na
(alumínio, cálcio), hipofosfatemia (fraqueza, mal-estar e dispepsia funcional. A combinação de AH2 com
anorexia – antiácidos que contêm alumínio podem ligar-se procinéticos demonstrou menor eficácia quando
ao fosfato). comparado ao uso de inibidores de bomba de prótons.
SAL
CONSTITUINTE NEUTRALIZAÇÃO
FORMATO
EFEITO ADVERSO ANTI-SECRETORES
NaHCO3 Alta NaCl
Alcalose sistêmica, Antagonistas dos Receptores H2
retenção de líquidos
Hipercalemia,
Posologia:
nefrolitíase, Cimetidina:
CaCO3 Moderada CaCl2
síndrome de leite- Ranitidina:
alcalino.
Constipação, Famotidina:
Al(OH)3 Alta AlCl3
hipofosfatemia. Nizatidina:
Diarreia,
Mg(OH)2 Alta MgCl2
hipermagnesemia.
Mecanismo de ação: H2 inibem de modo reversível e
competitivamente a ligação da histamina aos receptores
H2, resultando em supressão da secreção gástrica de
PROCINÉTICOS ácido. Os antagonistas dos receptores H2 também
A eficácia a longo prazo é limitada por efeitos colaterais. diminuem indiretamente a secreção gástrica de ácido
induzida pela gastrina e pela acetilcolina.
Metoclopramida
Efeitos adversos: diarréia, cefaléia, dor muscular,
Posologia:
obstipação e fadiga.
Inibidores da bomba de prótons
Mecanismo de ação: antagonistas dos receptores
Eficazes no tratamento a curto prazo (4 a 8 semanas).
dopaminérgicos D2, que atuam bloqueando a dopamina São superiores na supressão da secreção de ácido e na
no sistema nervoso entérico com o consequente aumento
promoção da cicatrização de úlceras pépticas.
do esvaziamento gástrico e da motilidade. Também atua Posologia:
centralmente, suprimindo náuseas e vômitos.
Omeprazol:
Efeitos adversos: pode causar vários sintomas Esomeprazol:
extrapiramidais (distonia, acatisia, manifestações
Rabeprazol:
parkinsonianas) ao inibir o sistema dopaminérgico central. Lansoprazol:
A curto prazo, pode causar tremores ou reações
Pantoprazol:
distônicas agudas, hiperprolactinemia de médio prazo e Mecanismo de ação: compostos benzimidazois
galactorreia, e a médio e longo prazo pode causar efeitos
substituídos que inibem irreversivelmente a bomba de
potencialmente irreversíveis, como a discinesia tardia. prótons existente nas células parietais gástrica (H+/K-
Domperidona
ATPase).
Posologia: Efeitos adversos: cefaléia, náusea, distúrbio da função
intestinal e dor abdominal.
Mecanismo de ação: antagonistas dos receptores
dopaminérgicos D2, que atuam bloqueando a dopamina OUTRAS TERAPIAS
no sistema nervoso entérico com o consequente aumento Nenhuma melhora clínica foi demonstrada com
do esvaziamento gástrico e da motilidade. Também atua prebióticos, probióticos ou simbióticos no tratamento
centralmente, suprimindo náuseas e vômitos. da dispepsia funcional.
Efeitos adversos: hiperprolactinemia, os efeitos Observou-se melhora sintomática e da qualidade de
neuropsiquiátricos e extrapiramidais são raros (não vida na dispepsia funcional com o uso de alternativas de
atravessa a barreira hematencefálica em grau tratamento como acupuntura, eletroacupuntura e
significativo). estimulação elétrica transcutânea.
Eritromicina Uso de compostos fitoterápicos no tratamento da
Posologia: dispepsia:
■ Iberogast (STW5, composto de 9 ervas) melhora os
Mecanismo de ação: agonista da motilina. Aumenta a sintomas da dispepsia funcional, causando relaxamento
motilidade gastrintestinal pela sua ação nos receptores do fundo e favorecendo o esvaziamento gástrico.
para a motilina, um estimulante endógeno da atividade
■ Rikkunshito (constituído por 8 componentes entre ervas,
motora no jejum.
raízes, caules, frutos e um fungo) reduz os sintomas,
Efeitos adversos:
promovendo o relaxamento adaptativo gástrico e
aumentando o esvaziamento.
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De acordo com a atualização das diretrizes do American College of Gastroenterology (ACG) e da Associação
Canadense de Gastroenterologia (CAG) sobre dispepsia em uma diretriz conjunta de dispepsia ACG / CAG (2017).
IESC IV | Isabela Alves