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SECRETÁRIO DE ESTADO DAS FLORESTAS REVELA QUE OS DETENTORES DOS REBANHOS RECEBERÃO 200 MIL EUROS AO FINAL DE CINCO ANOS
Estatuto da Pequena Agricul- formação e informação próprios e de "rendimento, da dimensão da proprie- alto nível que, ao longo de três dias,
no programa
nós estamos a pagar uma compensação que vamos fazer. O pacote financeiro
ao produtor para ele fazer esta ativida- associado são dois milhões de euros.
de. No fundo, o pacote global são 5,5 mi-
lhões de euros.
VE - E há recetividade a estas me-
didas? VE - Como vê a polémica instalada
MF — Nós discutimos isto com as or- com algumas autarquias e a Associa-
ganizações de produtores, com os bal- ção Nacional de Municípios por causa
dios, com as associações de criadores, das novas regras da limpeza das flo-
portanto isto foi devidamente equa- restas?
cionado, os valores encontrados foram MF — Como sabe, essa é uma maté-
devidamente consensualizados com os ria da competência do Ministério da
diferentes agentes. E é de referir ainda Administração Interna. O Ministério da
isto: a cabra, que é sapadora, é o animal Agricultura defende a floresta. O Mi-
de referência, o símbolo deste progra- nistério da administração Interna tem
ma, mas ele pode estar associado a ou- competência naquilo que é a defesa
tro tipo de ruminantes, nomeadamente de pessoas e bens. De qualquer ma-
vacas, cavalos garranos, por exemplo, neira, nós achamos que todos têm de
ou ovelhas, que são roçadoras. fazer aquilo que é possível. Se todos
fizermos o que está ao nosso alcance,
VE - Estamos a falar de um projeto- conseguimos atingir o objetivo. Em se-
-piloto, certo? gundo lugar, nós definimos quais são as
MF — A ideia é ter um programa mui- grandes áreas prioritárias. Definimos 19
to flexível. Estamos a testar, a fazer isto regiões do país onde existe maior peri-
como projeto piloto em várias regiões. gosidade de incêndio. Definimos, aliás,
Vamos começar com Rio Maior, onde há quais são os concelhos e as freguesias.
um rebanho, na Serra da Estrela há outro, E fomos mais longe: definimos as 6400
em Gavião outro, no Nordeste algarvio aldeias que estarão em risco de incêndio
outro e Baião também apareceu agora este ano. E, ao defini-las, a primeira men-
como urna possibilidade. Acima de tudo sagem que passámos é que a primeira
vamos testar. Este programa, para além grande prioridade é defender as aldeias,
do apoio ao rebanho e à atividade, tem o coroamento das aldeias, os tais 100 me-
o apoio às raças autóctones, porque a tros à volta das aldeias, que é essencial.
maior parte das raças que fazem gestão A segunda prioridade tem a ver com a
de combustível são autóctones. proteção de áreas industriais, parques de
Mas, hoje mesmo também [19 de campismo, portanto, zonas onde tenham
fevereiro], abrimos outro programa as- atividades económicas importantes e que
sociado a este, que tem a ver com as sempre que há um incêndio o prejuízo
queimadas controladas. que está associado é muito elevado. Por
outro lado, atividaaes onde está muita
VE — Do que é que se trata? gente concentrada e é preciso proteger
MF — Qual é a ideia aqui? A maior as pessoas. Não é possível fazer tudo,
parte da pastorícia, antes de ser feita, mas é possível fazer alguma coisa.
implica que haja alguma mecanização
ou um fogo controlado para limpar a VE - Vai ser concedido algum incen-
maior parte da vegetação para depois tivo financeiro às câmaras para ajudar
os animais entrarem. E estamos a fa- a financiar estas novas competências?
zer um apoio às queimadas para poder MF — Sim. Há, por um lado, a ideia de
apoiar a silvicultura e a pastorícia, dan- que os proprietários têm a sua respon-
do prioridade às áreas baldias, porque sabilidade e devem fazê-lo. As autar-
é aí que normalmente existe alguma quias entrarão supletivamente e terão
incompatibilidade entre aquilo que são uma linha de financiamento de 50 mi-
os interesses dos compartes e gestores lhões de euros para apoiar essa ativida-
do território e dos pastores que fazem de. Isto está devidamente enquadrado.
transumância. Este programa procura O que as autarquias dizem é que, neste
resolver o conflito entre aqueles que fa- tempo, é difícil fazer tudo. É verdade.
zem a queimada, que são os pastores, Mas, não fazendo tudo, é possível fazer
controlando-os, isto é, ser capaz de ter escolhas. E as autarquias são as entida-
lá tecnicamente um controlo desse pro- des que conhecem melhor o território
cesso, e aquilo que são os pagamentos para fazer essas escolhas.
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VidaEconómica
GRUPO EDITORIAL
O condão
de mandar chover
( ---',,hove a cântaros em Portugal por estes
dias e neva com intensidade em algumas
.-,_.----->zonas do país, mas janeiro de 2018 foi o
décimo mês consecutivo com precipitação infe-
rior à normalidade climatológica (média 1971-
2000) e 56% do território continental estava em
seca severa, em especial a sul do Tejo e no inte-
rior Norte e Centro.
À margem de urna visita a Berlim, em feve-
reiro, à feira Fruit Logistica, para se inteirar da
dinâmica exportadora das empresas de frutas e
legumes, o secretário de Estado da Agricultura
disse o óbvio: "o Governo ainda não tem o con-
dão de mandar chover". Tem razão Luís Vieira. A
chuva é um fenómeno meteorológico sem apa-
rente intervenção humana e sobre o qual a ação
governativa nada pode.
Mas já não é tanto assim quanto à prevenção
e mitigação das alterações climáticas e da escas-
sez de pluviosidade e quanto às consequentes
dificuldades de acesso à água para a agricultura.
A UE começou a discutir esta semana o qua-
dro financeiro plurianual pós-'Brexit' (2021-2027)
e, em cima da mesa, há-de estar o futuro orça-
mento da PAC para o mesmo período. É, pois,
dever de Portugal intervir ativamente na discus-
são deste dossier, mas, sobretudo, zelar pelos
seus interesses, em articulação com os países do
Sul, tão ou mais atingidos pelas mudanças climá-
ticas que estão à vista.
Itália enfrenta uma das piores secas das últi-
mas décadas e, há escassas semanas, vimos
gôndolas encalhadas em Veneza e alguns canais
sem água. Em Espanha, há 22 anos que os re-
servatórios de água não eram tão baixos. A es-
cassez atípica de chuva levou a Confederação
Hidrográfica do Tejo a afirmar que o volume de
água armazenado na bacia do Tejo em Espanha
é "notavelmente inferior" à média dos últimos
5/10 anos.
Haja, pois, firmeza política e visão de longo
prazo para, cá dentro e na UE, acautelar o futuro
da agricultura e da economia do país.
Destaques
Apoios ao investimento
em agricultura biológica
já ultrapassam 38,5 milhões
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