Tema da Web-Aula: Desafios para ação de esquerda e a transformação do estado brasileiro
Nome do entrevistado: Gabriel Medina, Psicólogo, (Ex-coordenador da juventude da
prefeitura de São Paulo 2013/2014, Ex-Secretário Nacional de Juventude 2014 a 2016 filiado a secretária Geral da Presidência)
Apresentação dos assuntos tratados: Desafios e tendências da esquerda e transformação do
estado brasileiro. Situação atual e pós do impeachment. Visão do futuro da juventude esquerdista e erros e acertos para análise de ações estruturais.
A entrevista de Gabriel Medina feita por Fernanda Estima do núcleo de
comunicação da Fundação Perseu Abramo teve como pergunta inicial o que é ser de esquerda com atuação política sendo diagnosticados vários assuntos como o posicionamento do militante de esquerda com: indignação com a opressão, injustiça sobre qualquer assunto, preconceito e suas variantes, desigualdades, conexão com a natureza e luta com as degradações ambientais implantadas pelo homem, anti-homofóbico, antirracista sem demagogia, ser libertário, saber se posicionar junto a política de drogas, defender o direito ao aborto, apoio ao casamento entre pessoas independente do sexo, indignação com a pobreza, morador de rua, situação de miséria. O avanço construído com a ocupação do Estado pelo governo Lula e Dilma com diversos avanços nas políticas sociais implantadas e seus efeitos assertivos, benéficos junto a classe trabalhadora, foram as principais causas de incomodo junto a elite culminando no pedido de impeachment em andamento. Porém mesmo com os programas de transferência de renda, priorização da diminuição da desigualdade e tantos outros não fomos capazes de mudar a cultura do Estado, que é excludente, burocrática que sempre prioriza mais as elites. A falta de ação na democratização do Estado, impulsionando principalmente as políticas de participação das massas, de controle social mais efetivo como exemplo: - as políticas nacionais mais estruturais de democratização do orçamento federal sinalizam a perda da oportunidade e a falta da responsabilidade de sua implantação. A concentração do poder gera muito mais desconforto em todos os setores do que a distribuição do poder através de instrumentos estruturais tangíveis. A falta de democratização dos veículos de comunicação, da reforma agrária, da reforma política (que tem o interesse expresso do capital financiador de campanhas eleitorais e seus níveis), da reforma tributária teve um impacto arrasador na atual situação do impeachment. O enfrentamento das ideias neoliberais o governo de esquerda do PT demonstrou, principalmente com o fortalecimento do Estado como indutor da economia através do PAC, valorização do salário mínimo, política de geração de emprego, inversão do modelo econômico, concurso publico, expansão do mercado de consumo com crédito, política educacional com duplicação de vagas, padronização do ENEM, criação de 240 escolas técnicas, SISU, política de cotas nas universidades federais, Pré-sal com regime de partilha com a educação e saúde (chave essencial do grande futuro de avanços imensuráveis), ampliação do SUS, CRAS, CREAS. Os fatos ocorridos em 2013 foram subestimados pelo governo, achando que um carro de som e alguns políticos influentes fossem criar uma conversão ideológica favorável com apoio irrestrito ao PT. E na realidade estava presente em todo país parte de uma classe emergente revoltada com o governo do PT e gritando as futuras necessidades não atendidas e outras necessidades geradas pela criação de uma nova classe média emergente (estimulada pelo governo e sua visão de mercado aquecido), porém com novos objetivos e metas sendo reprimidas por ações policiais às vezes truculentas. Iniciando a criminalização do PT com total e irrestrito apoio da mídia. Ali a direita brasileira cooptava e jogava suas ideias no turbilhão pré-aquecido, criando um sentido de unificação em prol de um só desejo muitas vezes nem muito bem entendido e sem teor “político”. Temos a vaga ideia de que: a construção da melhoria da cidadania e garantia pela CF de 1988, poderão ter uma agenda futura neoliberal, de desconstrução de direitos adquiridos, desmanche do Estado, com forte tendência de ser implantando em toda a América Latina. No impeachment a paralisia observada nas mobilizações populares foi avaliada como omissão e falta da informação do Estado, levando as comunidades carentes a ser abduzidas pela igreja neo-pentecostal e ou o PCC.
Reflexão crítica.
De todo o pensamento exposto na entrevista fica a visível a experiência positiva
das políticas sociais implantadas, impactos nas camadas mais necessitadas, retirada do país do mapa da pobreza e a visualização internacional do Brasil. A esquerda, no governo do PT, não conseguiu criar a unidade necessária dentro do Estado demonstrando o despreparo em alguns setores básicos dentre eles a governabilidade. Criar o vinculo de democratização ouvindo a voz da minoria e a leitura dos anseios dos movimentos sociais ficou esquecido em detrimento pela concentração do poder e manutenção deste poder. A juventude, a nova juventude, a velha guarda e o velho pensamento precisam se unificar e chegar a um acordo muito rápido, inclusive para a construção de uma agenda nova a partir da concretização do impeachment ou não. As novas tecnologias, os exemplos recentes da América Latina, tem que fazer parte deste aprendizado da nova agenda. O antigo pensamento do governo de para o povo e pelo povo tem que ser a Visão ou Missão e não os valores. Temos que aprender com os erros para as novas caminhadas. As ideias para novas agendas estão perto de todos necessitando apenas serem escutadas. Porque as novas gerações tendem a ser bem intolerantes e imediatistas e serão eles que estarão à frente de tudo.