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IAMSPE – 2006

IAMSPE – 2006
1- Paciente do sexo feminino com 12 anos, virgo, foi atendida com queixa clínica de corrimento vaginal
escuro de odor fétido e prurido. Após exame físico e laboratorial, foi identificada a presença de
Gardnerella vaginallis. Diante destas informações, assinale a alternativa correta:
a) trata-se de abuso sexual, pois a Gardnerella vaginallis é transmitida apenas sexualmente
b) paciente pode ser tratada com metronidazol ou amoxicilina
c) deve-se investigar as tubas, pois a Gardnerella vaginallis pode causar infecção ascendente com lesão da luz
tubária e eventual infertilidade
d) a paciente deve ser internada e medicada como doença inflamatória pélvica aguda
e) trata-se de contaminação no período neonatal por secreções maternas com sintomatologia tardia

1- Resposta B. A Gardnerella vaginallis não é encontrada na flora vaginal, devendo ser tratada sempre que
identificada na secreção vaginal. A escolha para tratamento desta bactéria é o metronidazol, sendo a amoxicilina
uma boa opção para seu tratamento. Não é considerada uma DST, sendo que a única vulvovaginite considerada
uma DST é a tricomoníase e que os dois agentes causadores de doença inflamatória pélvica (DIPA) são a
Chlamydia trachomatis e a Neisseria gonorrhoeae.

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2- A endometriose é uma das doenças mais prevalentes na mulher em idade reprodutiva. Uma das
formas de classificá-la é em endometriose superficial e profunda. Das alternativas, indique a que
melhor define este critério:
a) superficial é a do peritônio, a profunda é a ovariana é a do septo reto-vaginal
b) profunda quando ultrapassa a membrana basal da estrutura atingida
c) o critério de superficial e profunda é a penetração maior ou menor que 5 mm do foco de endometriose
d) profunda quando atinge a camada muscular, seja da bexiga, do intestino e do próprio útero
e) as lesões brancas e vermelhas são consideradas superficiais e as negras como profundas

2- Resposta C. A classificação utilizada para a endometriose baseia-se nos critérios da American Fertility Society
que quantifica as lesões endometrióticas peritoneais, ovarianas e as aderências pélvicas, por via laparoscópica.
Quando o foco endometrial apresenta uma penetração superior a 5 mm de profundidade, a endometriose é
chamada de profunda, e quando o foco da lesão mede menos que 5 mm de profundidade, temos a endometriose
superficial.

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3- Em pacientes portadoras de carcinoma mamário ductal não invasivo, vários critérios são utilizados
para melhor determinar o tipo de tratamento. A seguinte descrição: “presença de outra lesão
ocorrendo nó mesmo quadrante acometido, e distante pelo menos 5 mm uma da outra”, denomina se:
a) multifocalidade
b) multicentricidade
c) carcinoma tipo comedo
d) carcinoma extensivo
e) carcinoma cribiforme

3- Resposta A. Tumor multicêntrico é aquele em que a paciente apresenta dois ou mais quadrantes da mama
comprometidos. Já o tumor multifocal é a presença de mais de uma lesão tumoral num mesmo quadrante
mamário.

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4- Fator importante de prevenção do câncer é a identificação dos chamados fatores de risco. Em
relação ao câncer de endométrio, das alternativas a seguir, qual não deve ser considerada como fator
de risco?
a) menopausa tardia
b) síndrome dos ovários policísticos
c) uso de anticoncepcionais orais hormonais
d) diabete melito
e) estrogenioterapia abusiva

4- Resposta C. Todos os fatores de risco para o câncer de endométrio se associam com a exposição estrogênica
não-antagonizada pela progesterona. Isoladamente, o principal fator de risco para o câncer de endométrio é a
obesidade devido à produção de estrogênio no tecido adiposo periférico. Fatores como menarca precoce e
menopausa tardia, nuliparidade, síndrome dos ovários policísticos (SOP) provocam hiperestrogenismo ou
aumentam o tempo de exposição estrogênica. HAS e diabetes são fatores de risco pela associação com obesidade.
O uso de contraceptivos hormonais combinados (estrogênio com progesterona) é um fator de proteção contra o
adenocarcinoma de endométrio, uma vez que a progesterona dada junto com o estrogênio ocupa o receptor
estrogênico endometrial, impedindo a proliferação do endométrio.
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5- Sabe-se hoje da importância do papilomavírus humano (HPV) na gênese do câncer de colo do útero.
Em relação a esta afecção e o papel de vírus, assinale a alternativa correta:
a) a infecção por HPV não deve ser considerada como doença sexualmente transmissível
b) a junção escamo-colunar do colo uterino, por ter alta atividade celular, é o local mais suscetível a esta infecção
viral
c) para diagnóstico e caracterização do subtipo o de HPV, pode-se usar a hibridização, PCR, captura híbrida e
cultura celular com ATA
d) todas as lesões de colo uterino com confirmação etiológica de HPV devem ser estudadas histologicamente após
conização a frio
e) a remissão espontânea das lesões por HPV é muito rara (cerca de 5%) e, desta forma, todas as lesões devem
ser tratadas

5- Resposta B. A infecção pelo HPV é uma DST com alta taxa de transmissão, tem seu principal sítio de encontro
na fúrcula vaginal (devido ao maior contato com o pênis) e na junção escamo-colunar (JEC) cervical, devido à alta
atividade proliferativa. Seu tratamento é obrigatório, devido à alta taxa de transmissão, mesmo sabendo que a
remissão espontânea da lesão é grande, quando ocorre melhora do estado imunológico da paciente. Seu
diagnóstico definitivo e sorotipagem são feitos somente pela biologia molecular, seja pela hibridização, captura
híbrida ou PCR. O diagnóstico de sugestão é feito com a presença de coilocitose (halo claro perinuclear),
disceratose (excesso de queratina) e discariose (núcleo bi ou multipartido) na citologia oncológica e colposcopia.
Seu tratamento deve ser realizado por meio da cauterização química, elétrica ou cirurgia de alta freqüência.

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6- O tumor pélvico mais prevalente nas mulheres é o mioma do útero. Admite-se que sua incidência
está aumentando a cada ano. Em relação a este tipo de tumor, assinale a alternativa correta:
a) são fatores de risco para seu aparecimento a nuliparidade, obesidade e uso de anticoncepcional hormonal oral
b) os análogos do GNRH são contra-indicados em miomas submucosos pelo risco de necrose e infecção
c) se um mioma cresce 30% em três meses, é um forte indício de degeneração sarcomatosa
d) a progesterona pode aumentar o volume dos miomas pela possibilidade deste ter receptores de progesterona,
levando a um aumento do número de mitoses
e) os antiinflamatórios não-hormonais não diminuem a dismenorréia causada pelo mioma uterino em razão de
atuarem apenas na diminuição da síntese de prostaciclinas

6- Resposta D. O mioma uterino é um tumor estrogênio-dependente, com taxa de malignização (degeneração


sarcomatosa) baixa (0,5%). Todos os fatores que levam à maior exposição estrogênica são de risco para o
crescimento e aparecimento do mioma. Sua sintomatologia depende do seu local de encontro, os subserosos
cursam com quadro álgico por torção ou compressão de estruturas pélvicas, os intramurais provocam
hipermenorragia e os submucosos causam metrorragia e dor por aumentar a contratilidade uterina na tentativa de
expelir o mioma. Como medidas terapêuticas temos os antiinflamatórios; como medida paliativa até a escolha do
tratamento definitivo, que pode ser clínico ou cirúrgico (conservador ou radical). Dentro do tratamento clínico
temos como escolha os análogos do GnRh, que diminuem o tamanho do mioma, facilitando sua exérese nas
miomectomias. No entanto, podem fazer com que os pedículos dos miomas desapareçam, dificultando sua
exérese. A progesterona por anos foi considerada a droga de escolha para a miomatose uterina, já que bloqueia o
receptor estrogênico do mioma e este pára de crescer. Porém, estudos recentes mostram que os miomas podem
apresentar também receptores de progesterona, que ao serem ativados estimulam as mitoses, com aumento do
tamanho da lesão miomatosa.

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7- O teratoma maduro do ovário, também chamado cisto dermóide, constitui de 5% a 10% dos cistos
ovarianos. Seu conteúdo pode reproduzir tecidos das mais variadas naturezas. Em relação a este tipo e
tumor, é CORRETO afirmar que:
a) é um tumor de linhagem mista (epitelial e conjuntivo)
b) o teratoma imaturo ou embrionário é uma variante benigna deste tumor
c) a rotura deste tipo de tumor pode levar ao quadro clínico denominado pseudomixoma peritoneal
d) a bilateralidade do teratoma maduro é muito rara
e) o teratoma maduro com CA 125 elevado é contra-indicação para cirurgia laparoscópica

7- Resposta A. O teratoma ovariano é o tumor ginecológico mais freqüente na adolescência. Ele apresenta tecido
derivado dos três folhetos germinativos (ectoderma, mesoderma e endoderma), podendo apresentar no seu
interior qualquer tecido. Apresenta alta taxa de bilateralidade, podendo ser maligno (imaturo), benigno (maduro)
ou borderline. Seu tratamento é sempre cirúrgico e, pelo fato de ser um tumor derivado das células germinativas,
apresenta como principais marcadores tumorais a alfa-feto-proteína e o antígeno carcinoembrionário (CEA).

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8- Indique a contra-indicação para a videolaparoscopia:
a) abscesso pélvico
b) gravidez cornual
c) doença inflamatória pélvica em fase aguda
d) carcinoma in situ do colo do útero
e) gravidez tubária com hemorragia e choque
8- Resposta E. A laparoscopia tem sua grande indicação para os casos que necessitam de cirurgia pélvica
minimamente invasiva. Não poderá ser realizada nos casos de abdômen agudo hemorrágico, ou seja, quando há
sangue em grande quantidade na pelve, uma vez que impede a visualização da cavidade com maior risco de lesão
durante a introdução dos trocaters.

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9- A prevalência de doença inflamatória pélvica aguda (DIPA) vem aumentando acentuadamente.
Sobre a DIPA, é correto afirmar que:
a) são fatores de proteção: duchas freqüentes, uso de anticoncepcional hormonal oral combinado e utilização de
preservativos nas relações sexuais
b) relação sexual durante a menstruação é fator de risco em razão do refluxo menstrual
c) são microrganismos que causam a DIPA: gonococo, clamídia, trichomonas, micoplasma e ureaplasma
d) os espermatozóides podem ser vetores de transporte de bactérias presentes nos órgãos genitais masculino, na
vagina e no colo uterino
e) o gonococo, diferentemente da clamídia, não atinge a luz tubária e é apenas veículo para outras bactérias

9- Resposta D. Os agentes da DIPA são a clamídia e o gonococo, os quais apresentam como vetores para
ascender nos órgãos genitais internos os espermatozóides, que se movimentam graças à cauda, e os Trichomonas
vaginallis, que apresentam motilidade devido ao fato de possuírem flagelos. Junto com a endometriose, a DIPA é a
principal causa de infertilidade no Brasil por fator tuboperitoneal. Ao passo que os dois agentes ascedem até as
trompas e geram redução da motilidade tubárea e aderências pelo processo inflamatório local. Como fatores de
risco para a DIPA, temos: promiscuidade sexual, outras DSTs (principalmente tricomoníase), utilização de DIU nos
2 primeiros meses de uso (pois após esse tempo, a reação de corpo estranho no espaço intra-uterina impede a
ascensão dos agentes), uso de contraceptivo hormonal (pela maior liberalidade sexual), duchas vaginais (por
alteração na flora vaginal e estímulo à ascensão dos agentes da DIPA, pela direção do jato). Como fatores de
proteção temos a menstruação, maior resistência do peritônio pélvico feminino, muco cervical, que é rico em
macrófagos e age como barreira mecânica, e DIU após os 2 primeiros meses de uso.

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10- Dentre os locais mais freqüentes de desenvolvimento da endometriose estão os ovários que podem
levar à formação de endometriomas desde pequenos até muito volumosos. Em relação aos
endometriomas de ovário é correto afirmar que:
a) pacientes com endometriomas e infertilidade não devem realizar fertilização in vitro com punção folicular via
ultra-sonografia
b) o endometrioma é mais freqüente no ovário direito que no esquerdo, provavelmente pela presença do apêndice
cecal
c) respondem bastante ao tratamento clínico com análogos do GnRH, podendo inclusive apresentar atrofia
ovariana, que é reversível
d) uma das teorias quanto a sua gênese é a invaginação ovariana de tecido celomático com fenômeno de
metaplasia, originando células endometriais no interior do mesmo
e) quando maiores que 3 cm dão muita dor pélvica e deve-se fazer preferencialmente ooforectomia

10- Resposta D. Metade das mulheres portadoras de endometriose apresenta comprometimento ovariano.
Destas que apresentam a doença ovariana, metade tem o comprometimento dos 2 ovários. A lesão endometriótica
típica ovariana e o endometrioma que é uma lesão cística de paredes espessadas e conteúdo espesso e
achocolatado. Seu tratamento de eleição é o cirúrgico, com retirada somente dos endometriomas. Existem várias
teorias para explicar a endometriose, independente do seu sítio de encontro. E as teorias mais aceitas são a teoria
de Meyer ou metaplasia celômica (invaginação ovariana do tecido celomático metaplásico) e a teoria de Sampson
ou da menstruação retrograda.

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11- Paciente de 35 anos, negra, IV-gesta III-para, chegou à maternidade com gravidez de 38
semanas, feto vivo e com boa vitalidade, PA de 160 X 100 mmHg, edema de membros inferiores +++.
A fundoscopia mostrou aumento do reflexo dorsal das arteríolas da retina e alguns cruzamentos
patológicos com ingurgitamento venoso moderado. Dentro das várias possibilidades de uma síndrome
hipertensiva que acomete uma gestante e, com base no exame realizado, trata-se, possivelmente de
a) pré-eclâmpsia pura
b) hipertensão arterial crônica
c) hipertensão arterial crônica superajuntada a pré-eclâmpsia
d) pico de hipertensão arterial por problemas emocionais
e) hipertensão arterial transitória

11- Resposta B. A síndrome hipertensiva específica da gestação (SHEG) é caracterizada pela presença de
hipertensão arterial (PA> ou = 140X90 mmHg), edema generalizado e proteinúria, após 20 semanas de gestação.
O encontro apenas de hipertensão arterial associado a alterações oculares conseqüentes à hipertensão sugerem
cronicidade. Além da SHEG e da hipertensão arterial crônica (HAC), podemos encontrar como alteração pressórica
na gestação a hipertensão superajuntada (SHEG + HAC) e a hipertensão transitória da gestação (que aparece
após as 32 semanas de gestação, conseqüente ao pico da volemia, com resolução espontânea).
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12- Metanálise da Cochrane Library comparou um grupo de 2.409 pacientes que foram submetidas à
episiotomia de rotina com outro grupo de 2.441 pacientes submetidas à epsiotomia seletiva, isto é,
com indicação precisa para essa prática. No que se refere à dispareunia subseqüente, observou-se que
o risco relativo para tal ocorrência no grupo das intervenções restritivas em relação ao outro foi de
1,11, com intervalo de confiança entre 0,90 e 1,16. Isso significa que:
a) a presença de dispareunia no grupo de episiotomias restritivas foi significantemente maior, do ponto de vista
estatístico, do que entre as que tinham episiotomia de rotina
b) a presença de dispareunia foi 11 vezes maior no grupo das episiotomias restritivas em relação ao outro
c) a presença de dispareunia no grupo de episiotomias restritivas foi maior do que entre as que tinham
episiotomia de rotina, porém essa diferença não teve significância estatística
d) com os dados apresentados é impossível avaliar se há ou não diferença estatisticamente significante entre os
grupos
e) embora a significância estatística não possa ser aquilatada, pode-se afirmar que a presença de dispareunia foi
1,1% mais freqüente no grupo das episiotomias restritivas em relação ao outro

12- Resposta C. Se o Risco Relativo (RR) aferido pela comparação da incidência de dispareunia no grupo de
episiotomias seletivas com a incidência de dispareunia no grupo de episiotomias de rotina resultou 1,11, isto
significa, a princípio, antes da aplicação de qualquer teste estatístico, que o risco foi 11% maior no primeiro grupo
(que está no numerador da razão de riscos). O resultado, porém, como qualquer estimativa pontual que se origine
de amostras, pode ser produto de variação amostral ou acaso. Um teste estatístico deve, então, ser aplicado para
que se quantifique a participação do acaso. Isto resultará num valor de “p”; se este for menor do que 5% (0,05),
diz-se que há “significância estatística” na diferença observada. Melhor do que um simples valor de “p” é o
intervalo de confiança (IC) da estimativa pontual 1,11. No caso, o IC de 1,11 vai de 0,90 a 1,16. Pode, então, o
risco calculado tanto ser menor do que 1,0 (0,90) como maior do que 1,0 (1,16), podendo, inclusive, valer 1,0,
um valor que está contido no IC. Isso é o mesmo que dizer que o valor 1,11 não tem significância estatística.
Todas as outras alternativas trazem interpretações fantasiosas.

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13- Em uma cardiotocografia basal, a variabilidade da linha de base (flutuações da linha de base da
freqüência cardíaca fetal de dois ciclos por minuto ou mais) é chamada de moderada se as flutuações
estiverem uma amplitude
a) maior que 25 bpm
b) entre 5 e 18 batimentos por minuto (bpm)
c) entre 6 e 25 bpm
d) entre 10 e 20 bpm
e) entre 15 e 25 bpm

13- Resposta C. Numa cardiotocografia temos 4 parâmetros obrigatórios, a freqüência cardíaca fetal basal, que
deve estar entre 120 e 160 bpm, e a variabilidade definida como o quanto que varia de um batimento cardíaco
fetal a outro. É considerada uma variabilidade normal entre 10 a 25 bpm. Outro parâmetro é a ausência de
desacelerações (queda de 15 bpm ou mais por um período de 15 segundos ou mais) e a presença de acelerações
(aumento de 15 bpm ou mais por 15 segundos ou mais).

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14- Não é um sinal de anemia ferropriva:
a) alterações de pele e anexos
b) alterações gastrointestinais
c) perversões do apetite
d) queda do cabelo
e) maior índice de infecção

14- Resposta D. Embora o gabarito oficial seja D, tentamos na época anular esta questão já que não há
comprovação de que pacientes com anemia ferripriva tenham maior risco para infecção. “A relação entre
deficiência de ferro, anormalidades da imunidade e maior suscetibilidade a infecções é contraditória”, página 225,
Hematologia, Fundamentos e Prática, Editora Atheneu,2005.
Glossite, queilite e disfagia quando associada à síndrome de Plummer-Vinson ou Paterson-Kelly (membrana
esofageana, disfagia e anemia ferripriva), que é reconhecida como fator de risco para carcinoma epidermóide
esôfago. Perversão alimentar (pica), compulsão por gelo (pagofagia), que parece ser altamente específica da
carência de ferro e desaparece em alguns dias após o início do tratamento. O baço é palpável em
aproximadamente 10% dos pacientes e a sua patogênese é desconhecida.

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15- Paciente de seis meses apresenta-se febril há dois dias, com dificuldade respiratória e
taquicárdica. RX de tórax revela cardiomegalia e congestão pulmonar. Eletrocardiograma revela
taquicardia sinusal redução na voltagem do complexo QRS è alterações do segmenta ST. O diagnóstico
mais provável é:
a) miocardite
b) fibroelastose
c) cardiopatia complexa descompensada
d) pericardite
e) CIV com hipertensão pulmonar

15- Resposta A. O quadro clínico, radiológico e eletrocardiográfico é compatível com miocardite. A grande
maioria dos casos tem etiologia viral, e qualquer processo viral pode desencadear miocardite. No entanto, os
enterovírus são os principais agentes etiológicos da miocardite viral e apresentam transmissão fecal-oral.
Os principais indícios para se suspeitar de miocardite são: presença de taquicardia desproporcional ao quadro
febril; ausência de lesão cardíaca prévia; aparecimento súbito de arritmias ou distúrbio de condução; presença de
aumento da área cardíaca ou sintomas de insuficiência cardíaca congestiva sem causa aparente; dor torácica e
insuficiência cardíaca em pacientes jovens.
Os pacientes com miocardite são de faixa etária mais baixa, em relação àqueles com cardiomiopatia dilatada
idiopática. Tal fato é concordante com a predisposição das pessoas nesta faixa etária para adquirir infecção por
enterovírus. A incidência da miocardite viral vem aumentando na adolescência e no início da idade adulta.
Após instalação da miocardite, a manifestação clínica mais comum é a insuficiência cardíaca.
As arritmias podem ser as únicas manifestações de miocardite, com ou sem dilatação das câmaras cardíacas. Em
certo número de pacientes com taquicardia ventricular sem causa aparente, quando submetidos à biópsia
endomiocárdica, demonstra-se a presença de processo inflamatório. A miocardite deve ser vista como causa
potencial de morte súbita.
Os pacientes com quadro clínico de pericardite aguda, com dor precordial, atrito pericárdico e segmento ST
supradesnivelado recebem, em geral, o diagnóstico de pericardite viral e são tratados com antiinflamatórios.
Muitos desses pacientes, na verdade, são portadores de perimiocardite, que pode evoluir para dilatação cardíaca.
Como se vê, a apresentação clínica da miocardite viral é heterogênea, devendo haver sempre alto grau de
suspeição em diferentes condições clínicas.

Eletrocardiograma
As alterações eletrocardiografias descritas são: alterações da repolarização ventricular (100%), sobrecarga
ventricular esquerda (89,9%), sobrecarga atrial esquerda (83,3%), sobrecarga ventricular direita (13,9%),
sobrecarga atrial direita (19,4%), bloqueio atrioventricular (11, 1 %), bloqueio do ramo esquerdo (11,1 %),
bloqueio do ramo direito (2,8%), bloqueios divisionais (11,1%), taquicardia ventricular (5,6%), taquicardia
paroxística supraventricular (5,6%), fibrilação atrial (11, 1 %) e eletrocardiograma normal (2,8%).

Radiografia do Tórax
Na radiografia do tórax a silhueta cardíaca apresenta-se normal ou aumentada, em conseqüência de dilatação das
câmaras cardíacas. Podem estar presentes congestão pulmonar e derrames pleurais.

Marcadores Séricos
Anormalidades enzimáticas sugerem necrose miocárdica, estando presentes leucocitose e velocidade de
hemossedimentação elevada.
Pacientes com insuficiência cardíaca sem causa aparente e elevações de troponina sugerem a hipótese de lesão
miocárdica e possibilidade de miocardite. Outras causas de lesão, tais como isquemia, toxina e doenças
infiltrativas, podem elevar os valores de troponina, pois esse marcador não é específico para agressão miocárdica
inflamatória mediada. A troponina pode ser detectada até 14 dias após a agressão miocárdica.
O aumento de enzima CK MB esteve relacionado apenas a elevações do segmento ST durante o curso de
miocardite.

Ecocardiograma
O ecocardiograma pode detectar disfunção sistólica com diminuição da fração de ejeção do VE, dilatação de
câmaras ventriculares e atriais, insuficiências mitral e trictispide secundárias e, eventualmente, disfunção
diastólica. Outros achados são hipertrofia miocárdica, acinesia, discinesia, derrame pericárdico e trombose
intracardíaca.

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16- Um sopro pansistólico para-esternal esquerdo, alto, rude e mais audível na borda esternal
esquerda inferior e acompanhado de frêmito, sugere:
a) CIV
b) coarctação da aorta
c) CIA
d) PCA
e) CIA com estenose aórtica

16- Resposta A. Péssima questão, feita por examinador que, além de não saber nada de propedêutica, não sabe
descrever corretamente um sopro. Em primeiro lugar, é interessante se o sopro que ouvimos é regurgitativo ou
ejetivo. O sopro descrito pode ser uma CIV, uma CIA (que causa hiperfluxo pulmonar e assim um sopro sistólico
ejético em borda esternal) ou uma CIA com estenose aórtica (que dá um sopro bastante semelhante, mas que não
aumenta com a inspiração). A resposta consta como se fosse CIV, mas o examinador nem menciona a irradiação
em faixa típica da CIV. Não é possível haver uma resposta com os dados fornecidos pelo examinador.
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17- Quanto ao raquitismo, assinale a alternativa CORRETA:
a) a homeostase do cálcio é controlada pelo rim
b) a homeostase do fosfato é regulada no intestino
c) o raquitismo por deficiência de vitamina D é causado basicamente por síndrome de má absorção
d) o raquitismo por deficiência de vitamina D só ocorre em crianças após os dois anos de idade
e) o cálcio é normal ou baixo, o fósforo é baixo e a fosfatase alcalina está elevada

17- Resposta E. Os níveis de cálcio circulante são mantidos dentro de limites normais (1- 1,25 mmol/L) através
da ação combinada do PTH e dos metabólitos da vitamina D sobre o osso. O cálcio dietético não é necessário para
a manutenção do nível de cálcio circulante, levando-se em conta que o PTH e a vitamina D podem mobilizar o
cálcio a partir do ósseo (afirmação A errada!).
A homeostase do fosfato está sob a influência hormonal da 1,25-diidroxivitamina D (calcitriol) e do PTH. O PTH
atua nos túbulos renais proximais, aumentando a excreção de fosfato. O paratormônio também estimula a 1-alfa-
hidroxilação da vitamina D para formar calcitriol que, por sua vez, atua nas vias gastrintestinais para aumentar a
absorção de fosfato. O calcitriol também é um potente estimulador da reabsorção do fosfato ósseo nos estados
hipofosfatêmicos. O hormônio do crescimento também pode reforçar as capacidades reabsortivas de fosfato dos
rins (afirmação D errada).
A vitamina D, através de seus metabólitos, em especial do calcitriol (1,25-[OH]2 D) tem papel importante na
mineralização óssea, sendo a sua principal ação a manutenção das concentrações séricas de cálcio dentro da
normalidade. A deficiência em vitamina D causa a diminuição da absorção de cálcio e conseqüente
hiperparatireoidismo secundário. Durante séculos, a principal causa de raquitismo e osteomalácia tem
sido a deficiência de vitamina D, por privação nutricional ou falta de exposição ao sol, mas sua
incidência tem diminuído nos últimos anos nas regiões onde o leite e os alimentos são suplementados
com vitamina D. A síntese de vitamina D é deficiente nos indivíduos que utilizam filtro solar superior a
oito. Ao lado dos raros defeitos hereditários no metabolismo da vitamina D, há ainda algumas doenças
que nele interferem. A diminuição da absorção de vitamina D pode ocorrer no caso de doenças
intestinais e hepáticas e o uso de anticonvulsivantes pode levar à hidroxilação hepática do calciferol
com formação de metabólitos inativos. A produção diminuída de calcitriol, decorrente de perda
funcional renal, é a principal causa do raquitismo e da osteomalácia observada na insuficiência renal.
Raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X é a forma mais comum das doenças da mineralização
fosfopênicas. A hipofosfatemia deve-se à conservação deficiente de fosfato feita pelo co-transportador de Na e P
(NPT2) na borda em escova do túbulo contornado proximal renal. O gene PHEX (phosphate- Regulating gene with
homologies to endopeptidases on the X chromosome) codifica uma endopeptidase, a qual tem por função a
metabolização do fator de crescimento de fibroblastos 23 (FGF 23) (fibroblast growth factor 23) que, por sua vez,
tem efeito fosfatúrico. No raquitismo hipofosfatêmico ligado ao cromossomo X há deficiente formação da
endopeptidadse induzida pelo PHEX incapaz de degradar o FGF 23, dando origem à perda renal de fosfato. O FGF
23 participa também do metabolismo renal da 1,25-(OH) 2D por intermédio da inibição da enzima l-alfa-
hidroxilase. Assim, apesar da hipofosfatemia, que é um estímulo importante para a síntese do calcitriol, este se
mantém em concentrações "inadequadamente" normais nesse tipo de raquitismo.

A avaliação bioquímica pode permitir o diagnóstico de raquitismo e da osteomalácia e caracterizar sua etiologia.
A tríade bioquímica diagnóstica consiste em hipofosfatemia, fosfatase alcalina elevada e a calcemia
normal ou levemente diminuída. A hipofosfatemia é o dado bioquímico mais importante. A fosfatase
alcalina geralmente guarda relação com a intensidade da doença.
A avaliação bioquímica deve ser complementada pela excreção urinária de cálcio que está geralmente
abaixo do normal. O achado de cálcio urinário aumentado sugere o raquitismo hipofosfatêmico com
hipercalciúria.
A caracterização etiológica das duas principais causas de raquitismo e osteomalácia hipofosfatêmica e diminuída
atividade da vitamina D é feita pela presença do hiperparatireoidismo. A avaliação da função da paratireóide é
feita mediante dosagem do hormônio paratireóideo.
Nos portadores da deficiência da vitamina D, há o hiperparatireoidismo secundário. A determinação sangüínea dos
metabólitos da vitamina D, em especial a 25-OH D e 1,25-(OH)2D, caracterizará a causa do raquitismo ou
osteomalácia, nesses casos. Não havendo hiperparatireoidismo secundário, a presença de fosfato sérico diminuído
caracterizará o grupo hipofosfatêmico que pode ser avaliado por meio da função renal. A dosagem sérica do FGF
23 pode permitir o diagnóstico da osteomalácia oncogênica.
Em todos os pacientes com raquitismo ou osteomalácia por deficiência de vitamina D, deve-se solicitar a dosagem
anticorpo antiendomísio para excluir a doença celíaca (má absorção intestinal) como primeira manifestação da
doença óssea. A função renal também será analisada para afastar doença renal, com análise do pH urinário, para
excluir tubulopatia renal.

Diagnóstico Radiológico
O exame radiológico, além de diagnosticar o raquitismo, permite acompanhar o tratamento do processo raquítico
e avaliar a cura.
O diagnóstico de raquitismo é feito pelas alterações radiológicas observadas na placa de crescimento,
principalmente punho e joelho, por serem as zonas de esqueleto que crescem com rapidez. As alterações
radiológicas do raquitismo são observadas por alargamento da diáfise, desenhando a imagem em taça com a
concavidade para a articulação, a irregularidade da linha diafisoepifisária é conhecida como imagem em pente. Os
centros de calcificação estão reduzidos em tamanho e densidade, e a cortical apresenta-se com margens
indefinidas. Podem ser também encontrados o encurvamento diafisário e a presença de fratura em galho verde. O
diagnóstico diferencial radiológico de raquitismo deve ser feito com condrodisplasia metafisária (sem alterações
bioquímicas).
A osteomalácia pode ocorrer sem alterações radiológicas. A característica da osteomalácia é a pseudofratura,
também conhecida como zona de Looser. Ocorre geralmente em ossos que suportam peso, são múltiplas,
geralmente bilaterais e simétricas. Embora possa ocorrer em qualquer osso, são mais freqüentes no ramo do
púbis, colo do fêmur, borda externa da omoplata, costelas e metatarsos. A fratura e perpendicular à cortical e o
calo pouco calcificado costumam aparecer em osteomalácia acentuada e de longa duração. A cintilografia óssea é
um exame que também é capaz de detectar as pseudofraturas. As pseudofraturas não são patognomônicas de
osteomalácia.
A presença de reabsorção subperiostal, principalmente nas mãos e clavículas e na diáfise cortical, é indicativa da
presença de hiperparatireoidismo.
Em geral, na osteomalácia há uma rarefação óssea generalizada e o diagnóstico diferencial deve ser realizado com
as outras osteopenias: a osteoporose, o hiperparatireoidismo primário e a osteodistrofia renal. O exame de
densitometria óssea não permite diferenciar osteoporose da osteomalácia. Nas pacientes idosas com osteoporose,
sem hepatopatia, apresentando fosfatase alcalina com dosagens duas vezes maior que o valor de referência,
deve-se afastar a osteomalácia associada, ou quando a dosagem sérica da 25-OH D for inferior a 10ng/mL.

IAMSPE – 2006
18- Durante a fase aguda da doença reumática, o sopro cardíaco auscultado é provavelmente causado
por:
a) insuficiência tricúspide
b) insuficiência aórtica
c) estenose aórtica
d) insuficiência mitral
e) estenose mitral

18- Resposta D. O sopro mais comum na fase aguda da doença reumática é o de regurgitação mitral, seguido
pelos sopros de regurgitação aórtica. O sopro mais comum é o de insuficiência mitral, e o mais típico é o sopro de
Carey-Coombs. Mais uma questão mal formulada do Servidor... supomos que eles querem o sopro mais comum
da fase aguda da doença reumática...

IAMSPE – 2006
19- Lactente com quadro de infecção das vias aéreas superiores, com medicação sintomática, é
atendido em pronto-socorro, apresentando-se com hipotermia, bradicardia, pupilas dilatadas e com
dois episódios de apnéia nos últimos minutos. Feito o diagnóstico de intoxicação exógena, a
substância mais provável de estar envolvida é:
a) beladona
b) metoclopramida
c) organofosforado
d) organoclorado
e) nafazolina

19- Resposta E. A nafazolina pertence à classe de drogas imidazólicas, α-adrenérgicas. Outros exemplos são:
oximetazolina, tetrizolina e fenoxazolina. É utilizada como vasoconstrictor local principalmente nos
descongestinantes nasais e colírios, estando disponível sem receita médica. Apesar de não ser recomendada para
crianças abaixo de 12 anos, continua sendo largamente utilizada. Tem efeitos tóxicos principais de depressão do
SNC, depressão respiratória e cardiovascular.
A maioria das intoxicações é por ingestão acidental de descongestionantes nasais, porém pode ocorrer em
lactentes após aplicação nasal. A nafazolina é rapidamente absorvida e seus efeitos tóxicos surgem na primeira
hora após a exposição, com pico em 8 h e desaparecimento em 12 a 36 h geralmente.
Sua ação ocorre nos receptores α1 e α2–adrenérgicos. Seu efeito terapêutico de vasoconstricção acontece pela
estimulação α1 e α2 pós-sinápticos, porém seus efeitos tóxicos centrais são derivados da estimulação central dos
receptores α2 . Depressão do SNC é o sintoma dominante, variando de sonolência a coma. As pupilas geralmente
estão midriáticas pela ação α1 estimuladora. Ocorre também depressão respiratória, hipoventilação ou apnéia em
aproximadamente metade dos casos. Períodos alternantes de hiperatividade e comportamento excitado foram
reportados em crianças. Pela estimulação central α2–adrenérgica, pré-sináptica (contra- Regulação negativa),
pode ser reduzido o tônus simpático central, com predominância parassimpática e conseqüente bradicardia e
hipotensão. Nos tecidos periféricos há palidez e extremidades frias pela vasoconstricção α1 mediada e sudorese
pela estimulação das glândulas sudoríparas. Em casos severos pode predominar o efeito vasoconstrictor
periférico e causar hipertensão, reportada em 37% das crianças intoxicadas. Pode surgir ainda edema pulmonar
agudo devido à constricção de capilares distais pulmonares, aumento da pressão hidrostática e extravasamento de
líquido no espaço alveolar.
Devido à rápida absorção, bem como ao efeito depressor neurológico central, não é recomendada lavagem
gástrica depois de uma hora da ingestão, dado ao aumentado risco de aspiração. Dose isolada de carvão ativado
pode ser útil até uma hora após a ingestão, embora persista o risco de aspiração. O tratamento das manifestações
clínicas é basicamente sintomático e de suporte, incluindo a ventilação mecânica nos pacientes com depressão
respiratória grave.
A beladona é um derivado opióide que causaria depressão central e respiratória com miose. Os organofosforados
causariam uma síndrome colinérgica e a metoclopramida uma síndrome extrapiramidal.

IAMSPE-2006
20- Considerando um recém-nascido que apresentou peso de 3kg e comprimento de 50 cm, o peso e
estatura esperados ao completar um ano de idade será, respectivamente:
a) 6,5 kg e 69 cm
b) 7 kg e 70 cm
c) 9 kg e 75 cm
d) 11 kg e 78 cm
e) 8,5 kg e 76 cm

20- Resposta C. Comumente, temos como “regra prática” sobre o crescimento de crianças: “o peso de
nascimento duplica aos 4-5 meses e triplica aos 12 meses”. A velocidade de crescimento estatural no primeiro ano
de vida é de 25 cm/ano (15 cm no primeiro semestre e os demais 10cm no segundo semestre. Tendo o simples
conhecimento sobre a variável auxológica mais importante e a velocidade de crescimento, a questão já está
respondida.

IAMSPE-2006
21- Na doença de Kawasaki, um sinal ou sintoma NÃO consta dos critérios para o diagnóstico.
Assinale-o.
a) febre por mais de cinco dias, não responsiva ao tratamento antimicrobiano
b) congestão conjuntival bilateral
c) tosse seca e rouca
d) rash cutâneo
e) linfadenopatia

21- Resposta C. Sempre Kawasaki, leia tudo sobre esta vasculite na sua apostila de reumatologia. É uma
pergunta de todos os anos.

Critérios Clínicos
1. Febre de etiologia desconhecida por mais de cinco
dias consecutivos, sem resposta à ATB
2. Congestão de conjuntivas bilateralmente, não
exsudativa
3. Lábios vermelhos e secos, cavidade oral
exantemática, língua em “framboesa”
4. Linfonodomegalias não supurativas de cadeia
cervical
5. Exantema polimorfo de tronco sem vesículas ou
crostas
6. Exantema palmar e plantar, edema na fase aguda
e descamação na fase final.
Tabela – Diagnóstico: cinco dos seis critérios; ou quatro dos seis critérios mais aneurisma coronariano identificado
por ecocardiograma ou arteriografia coronariana.

IAMSPE – 2006
22- Qual sinal não costuma fazer parte da forma típica da dengue?
a) febre
b) dores generalizadas – musculoesqueléticas
c) aparecimento de exantema maculopapular
d) grande comprometimento de mucosas, inclusive ocular
e) pequenas hemorragias tais como petéquias e epistaxes

22- Resposta D. Clinicamente, a dengue é doença aguda, com febre alta, calafrios, cefaléia e astenia importantes
(daí o nome dengue), com eritema fugaz. A manifestação clínica é dependente da idade, sendo menos
pronunciada na infância, quando até 80% dos casos podem ser assintomáticos. Raramente, podem ocorrer
também sintomas de comprometimento das vias aéreas superiores, como dor de garganta, rinorréia aquosa e
tosse seca. Nos adultos, o início é abrupto, com calafrios, cefaléia intensa e dor retro-orbitária, progredindo
rapidamente para prostração com dor músculo-esquelética e abdominal intensas (conhecida como "febre quebra-
ossos"). Anorexia, náuseas e vômitos, com alteração de paladar (queixa característica de gosto metálico na boca)
são sintomas freqüentes. Entre três e cinco dias, no momento da defervescência, aparece exantema máculo-
papular que poupa as regiões palmo-plantares. Fenômenos hemorrágicos localizados, como petéquias, hematomas
e, eventualmente, sangramentos nasal ou da mucosa oral discretos podem ocorrer. Hepatite viral aguda, com
elevação das aminotransferases em até dez vezes o valor normal, pode ser observada em aproximadamente 10%
dos casos. Meningite asséptica também pode ocorrer. A convalescença é prolongada, com persistência das queixas
de fadiga, prostração e, ocasionalmente, depressão.
A dengue hemorrágica (DHF) caracteriza-se pelo aparecimento de fenômenos hemorrágicos e de exudação
tecidual com choque hipovolêmico, que são as manifestações principais desta forma grave da doença. A DHF
manifesta-se em diferentes graus de gravidade (nominados de I a IV), nos quais as manifestações clínicas
específicas variam de manifestações hemorrágicas cutâneas e mucosas localizadas (petéquias e hematomas
discretos -DHF-I) até sangramento gastrintestinal profuso, hemorragias em órgãos internos e manifestações de
choque hipovolêmico com exudação tecidual (ascite, derrame pleural e outros), que caracterizam a DHF-IV.
As manifestações clinicas da DHF grave são idênticas às da dengue clássica até o primeiro momento de
defervescência, por volta do sétimo dia de doença, quando se podem notar sinais clínicos de hipoperfusão
tecidual, como cianose central, desconforto intenso, respiração ofegante e pele e extremidades frias e pálidas.
Existe plaquetopenia importante, que se faz acompanhar de manifestações hemorrágicas, como petéquias
disseminadas e equimoses espontâneas acompanhadas de sangramento das superficies mucosas, do trato
gastrintestinal e dos sítios de punção venosa. Hepatoesplenomegalia ocorre em 75% dos casos; derrame pleural,
em até 80% e, quando acompanhado de elevação do hematócrito e hipoalbuminemia, constitui evidência objetiva
dos fenômenos exsudativos e associa-se às formas mais graves da doença. A síndrome do desconforto respiratório
do adulto, decorrente de exsudação e sangramento dos capilares alveolares, é complicação grave e po-
tencialmente fatal. O choque complica-se com disfunção miocárdica e diminuição da fração de ejeção, resultando
em acidose metabólica e falência de múltiplos órgãos. Complicações adicionais são as manifestações encefálicas
decorrentes de hemorragias parenquimatosas e hipertensão intracraniana, que podem provocar convulsões, coma
e óbito.

IAMSPE – 2006
23- Abaixo estão os sinais e sintomas relacionados à deficiência de ácido ascórbico. Indique a
alternativa correta.
a) neuropatia periférica
b) beribéri
c) sangramentos
d) xeroftalmia
e) pelagra

23- Resposta C. A vitamina C é um potente antioxidante envolvido em muitas reações de oxidorredução e


também é necessária à síntese do colágeno. As manifestações precoces da deficiência vitamínica são inespecíficas
e incluem indisposição e fraqueza. Em estágios mais avançados a característica típica é o aparecimento de
escorbuto. As manifestações incluem hemorragias perifoliculares, pápulas perifoliculares com hiperqueratose,
petéquias e púrpuras, hemorragia gengival, das juntas e subperióstea. Geralmente ocorre anemia, e a cicatrização
de feridas é prejudicada.Os estágios avançados são caracterizados por edema, oligúria, neuropatia, hemorragias
intracerebral e morte. Presença de hemartrose atraumática também é bastante característica. O diagnóstico pode
ser confirmado pelo decréscimo dos níveis de ácido ascórbico no plasma, tipicamente abaixo de 0,1 mg/dl.
Pelagra (deficiência de niacina) inicialmente se manifesta de forma inespecífica. As queixas comuns incluem
anorexia, fraqueza, irritabilidade, boca ferida, glossite, estomatite e emagrecimento. Os casos clássicos
apresentam a tríade da pelagra: dermatite, diarréia e demência. A dermatite é simétrica, afetando as áreas
expostas ao sol. As lesões da pele são escuras, secas e escamosas. A demência inicia-se com insônia, irritabilidade
e apatia e progride para a confusão, perda de memória, alucinação e psicose. A diarréia pode ser grave e provocar
má absorção por causa da atrofia das vilosidades intestinais. O estado avançado de pelagra pode provocar a
morte.
O beribéri (deficiência de tiamina) é vista em alcoólatras, nas disabsorções, na diálise e outras causas de
desnutrição calórico-protéica. As manifestações precoces incluem anorexia, câimbras, parestesias e irritabilidade.
A deficiência pronunciada afeta principalmente o sistema cardiovascular (beribéri úmido) ou sistema nervoso
(beribéri seco). O primeiro ocorre durante esforço físico intenso e ingestão de grande quantidade de carboidratos
acompanhada pela deficiência de tiamina enquanto o beribéri seco ocorre durante inatividade e baixa ingestão
calórica.
O beribéri úmido é caracterizado por marcada vasodilatação periférica que acarreta deficiência cardíaca traduzida
por dispnéia, taquicardia, cardiomegalia, edema pulmonar e periférico, com as extremidades aquecidas
mimetizando celulite.
O beribéri seco envolve tanto o SN periférico como o central. A neuropatia é tipicamente simétrica motora e
sensorial, provocando dores, parestesias e perda de reflexos. As pernas são mais afetadas do que os braços. O
envolvimento do SNC provoca a síndrome de Wernick-Korsakoff. A síndrome de Wernick consiste de nistagmo,
progredindo à oftalmoplegia, ataxia truncal e confusão. A síndrome de Korsakoff é caracterizada por amnésia e
comprometimento da comunicação e do aprendizado. O teste bioquímico mais utilizado para o diagnóstico é a
determinação da atividade da transcetolase eritrocitária e excreção urinária de tiamina. Um coeficiente de
atividade da transcetolase maior do que 15-20% sugere deficiência da vitamina.

IAMSPE – 2006
24- Criança de três meses, cuja mãe procura posto de saúde por dificuldade respiratória a mais ou
menos um mês, apresenta ao exame físico estridor inspiratório agravado pelo choro e em decúbito
dorsal. O diagnóstico mais provável é:
a) laringomalácia
b) bronquiolite
c) refluxo gastroesofágico
d) displasiabroncopulmonar
e) fístula traqueoesofágica
24- Resposta A. A laringomalácia congênita é a causa mais freqüente de estridor no recém-nascido e
corresponde a 60% das doenças laríngeas deste. A etiopatogenia parece ter maior flexibilidade ou incordenação
das cartilagens laríngeas, especialmente das aritenóides. Manifesta-se geralmente nas primeiras semanas de vida,
como estridor inspiratório que se intensifica com o choro, agitação, alimentação, posição supina e infecção do
trato respiratório. O refluxo gastroesofágico pode piorar o quadro obstrutivo. O diagnóstico é estabelecido pela
nasofibrolaringoscopia, evidenciando o colabamento das estruturas supraglóticas durante a inspiração devido ao
encurtamento das pregas ariepiglóticas e desabamento da epiglote. O tratamento é, na maioria das vezes,
expectante, sempre acompanhando de perto o desenvolvimento e crescimento da criança. Ao fim do primeiro ano
de vida tende a desaparecer. Aproximadamente 10% das crianças necessitam de intervenção cirúrgica devido à
gravidade do quadro. O procedimento cirúrgico que têm apresentado bons resultados é a ariepiglotoplastia
endoscópica, reservando a traqueostomia para casos graves.

IAMSPE – 2006
25- Em relação ao desenvolvimento psico-neuro-motor, indique a alternativa incorreta.
a) aos dois meses de idade, apresenta sorriso social
b) aos três meses de idade, sustenta a cabeça
c) aos seis meses de idade, senta com apoio e gira sobre o abdome
d) aos sete meses de idade, apresenta pinça digital
e) aos 10 meses de idade, engatinha e, aos 11 meses, fica em pé com apoio

25- Resposta D. Por volta dos nove meses, juntando o polegar ao indicador, os dedos funcionam como uma
pinça para pegar pequenos objetos. É um dado da evolução tão importante quanto a primeira palavra e o primeiro
passo. Aos sete meses, como foi relatado na alternativa, a criança ameaça e pega os objetos com a mão toda, já,
inclusive, passando-os de uma para a outra. Entretanto, o movimento mais fino de pinça é relativamente mais
tardio. Como todas as questões sobre desenvolvimento, esses testes são passíveis de crítica (em todas as
alternativas) por conta da variabilidade na cronologia das aquisições. Categoricamente não podemos afirmar que
em determinada idade as crianças demonstram essa ou outra habilidade. Entretanto, as demais alternativas
evidenciam funções mais apropriadas para o período referido. Há ressalvas também na alternativa E, visto que
existem crianças que não engatinham no período pré-marcha.

IAMSPE – 2006
26- Considerando as complicações mais freqüentes na cetoacidose diabétíca, todas as alternativas
abaixo estão corretas, exceto:
a) coma hiperosmolar e hiperfosfatemia
b) cetonemia e acidose metabólica
c) desidratação e hipocalemia
d) hipoglicemia na fase de tratamento
e) alterações do nível de consciência

26- Resposta A. Normalmente a complicação da CAD é a hipofosfatemia pela perda de fósforo urinária na diurese
osmótica. O fósforo pode ser reposto durante o tratamento quando da administração de potássio na forma de
fosfato de potássio. O coma hiperosmolar é uma complicação diferente no diabetes e representa diagnóstico
diferencial da cetoacidose. Os outros itens das alternativas são complicações possíveis.

IAMSPE – 2006
27- Com relação a Pertussis, assinale a alternativa correta:
a) precauções respiratórias devem ser tomadas até 10 dias após a introdução da eritromicina
b) eritromicina deve ser dada a todos os contactantes familiares, independendo da idade e do estado vacinal
c) o uso de eritromicina na fase paroxística altera o curso clínico da doença
d) imunoglobulina específica é recomendada na fase paroxística em lactentes jovens
e) a vacina anti-pertussis acelular confere imunidade permanente

27-Nula.

IAMSPE – 2006
28- Recém-nascido, com 10 dias de vida, vem apresentando recusa alimentar febre e hipoatividade à
12h. Foi colhido líqúor por punção lombar que revelou: 1.350 células (95% PMN e 5% LMN), proteínas
100mg%, glicose 6mg%. Bacterioscopia: em andamento. Sua conduta neste caso será
a) colher novo líquor com 12 horas, para excluir etiologia viril
b) aguardar bacterioscópico para iniciar antibioticoterapia
c) introduzir ampicilina + cefalosporina de 3ª geração
d) introduzir vancomicina + cefalosporina de 3ª geração
e) introduzir ampicilina + cloranfenicol

28- Resposta C. Frente ao caso de meningite no período neonatal devemos iniciar antibioticoterapia empírica de
amplo espectro para cobrir os principais agentes etiológicos envolvidos, que são: S. agalactie e gram negativos de
canal de parto. Logo, devemos prescrever ampicilina e cefalosporina de terceira geração.

IAMSPE – 2006
29- Lactente de 12 meses, com história de diarréia e vômitos há 18h, é levado à emergência por ter
tido crise convulsiva generalizada. Ao exame físico apresenta-se em estado pós comicial com sinais
clássicos de desidratação. Exames laboratoriais solicitados revelam: sódio - 115 mEq/L, potássio - 4,0
mEq/L, uréia - 55mEq/L, pH - 7,15, pCO2 - 18 torr, PO2 - 94 torr, bicarbonato - 6 mEq/L, Sat.O2 - 96%.
Sua conduta imediata será
a) expandir com soro glico-fisiológico 1:1
b) expandir com NaCl 0,9%
c) corrigir a natremia com NaCl 3%
d) corrigir o bicarbonato para 15 mEq/L
e) dar 20 mg/kg de ataque de fenobarbital

29- Resposta C. A hiponatremia sintomática (Na < 120mEq/L) trata-se de uma emergência eletrolítica;
a correção do sódio, independente da fase de expansão (reparação) deve ser prescrita. A correção é
realizada num período de 4 horas, até atingir-se o nível de 125 mEq/L, baseando-se na utilização da seguinte
fórmula: Na (mEq) = (125 – Naatual) x peso x 0,6. Utiliza-se uma solução de NaCl a 3%, onde cada ml contém
0,5 mEq de sódio.

IAMSPE – 2006
30- Considerando um estudo de coorte ao comparar a mortalidade entre pessoas obesas (14,7 por
100. 000) e em pessoas de peso normal (8,5 por 100. 000), o risco relativo e o risco atribuível das
pessoas obesas em relação às pessoas de peso normal são, respectivamente:
a) 6,7 e 1,73
b) 1,73 e 6,7
c) 6,7e 1,0
d) 1,73 e 2,0
e) não é possível calcular os riscos

30- Resposta B. Sem Resposta.

IAMSPE – 2006
31- Um ajudante geral numa fábrica de acumuladores se apresenta com cólicas abdominais, anorexia e
obstipação há três dias. Refere que trabalha nessa Indústria em ocupações variadas onde se expõe à
inalação de fumaças e poeiras. O exame físico mostrou abdome doloroso à palpação, no mesogástrio e
linha azuladas nas gengivas de alguns dentes. Para esclarecimento deste caso devem ser realiza casas
seguintes dosagens:
a) chumbo no sangue e ácido delta amino-levulínico na urina
b) chumbo no sangue e na urina
c) ácido delta amino-levulínico no sangue e na urina
d) ácido delta amino-levulínico no sangue e na urina
e) hemoglobina acompanhada da contagem de hemácias com ponteado basófilo

31- Resposta A. Embora a presença de hemácias com ponteados basofílicos esteja presente no sangue periférico
de pacientes com intoxicação pelo chumbo – situação clínica descrita neste caso – estes não são específicos,
podendo ser encontrados nas talassemias e intoxicação por arsênico. O diagnóstico definitivo se apóia no achado
de um levado nível de chumbo sanguíneo com ou sem sintomas. O nível de chumbo é o melhor texto isolado para
avaliar a intoxicação pelo chumbo, e níveis iguais ou superiores a 10 ug/dl são considerados tóxicos. Os níveis
elevados de delta amino-levulínico na urina também preenche critério laboratrial para o diagnóstico.

IAMSPE – 2006
32- "Quantas vezes mais provável são as pessoas expostas a um fator, de se tornarem doentes, em
relação às não expostas", refere-se a:
a) risco relativo
b) risco atribuível
c) fração atribuível
d) risco atribuível na população
e) fração atribuível na população

32- Resposta A. O enunciado refere-se a um número puro (“número de vezes que...”) que se origina de uma
relação, de uma comparação: a probabilidade de um evento (doença) vir a acontecer num grupo (“pessoas
expostas a um fator”) em relação à probabilidade de esse evento vir a acontecer (futuro) em outro grupo (“não-
expostas”). É o claro conceito de risco relativo. A palavra “atribuível” poderá atrair muitas opções, uma vez que
aparece nas quatro alternativas restantes, mas você não pode se enganar com isso. O risco atribuível para os
expostos, a fração atribuível para os expostos, o risco atribuível populacional e a fração atribuível populacional
têm outros significados, todos eles tangenciando a idéia de número de casos evitados ou prevenidos se for
eliminada a exposição, impacto ou benefício populacional de uma medida preventiva, proporção de casos evitados,
diferença de incidência ou risco quando comparados expostos a não-expostos etc.
IAMSPE – 2006
33- Os fatores que, com maior freqüência, levam a limitações do desempenho de sistemas de
vigilância epidemiológica são:
I- subnotificação;
II- baixo grau de oportunidade do sistema;
III- baixo grau de representatividade dos casos notificados
IV- inconsistência da definição de caso
Assinale a alternativa cujas afirmações estão CORRETAS.
a) I, III e IV
b) III e IV
c) I e IV
d) I, II, III e IV
e) II, III e IV

33- Resposta D. Esta questão pode ser respondida se você se reportar ao último “slide” do capítulo de Vigilância
Epidemiológica (VE), aquele que trata da Avaliação dos Sistemas de Vigilância Epidemiológica (SVE). Quando não
há “aceitabilidade” do sistema, é comum que as notificações deixem de ser realizadas (são subnotificadas); a
aceitabilidade diz respeito à população (aceitam ou não as medidas preventivas ou de controle) e aos
trabalhadores da saúde (notificam ou não os agravos). “Oportunidade” do sistema (afirmativa II) diz respeito ao
“timing”, a estar no local certo no tempo certo, hábil, sem perda de tempo. “Representatividade” (afirmativa III)
diz respeito à abrangência territorial do sistema de vigilância. Se falhar, se for bastante desenvolvido num local
mas em outro não, não haverá representatividade adequada, o que pode inviabilizar o trabalho de vigilância. Não
pode haver “claros”, “áreas silenciosas” sem informação. E quanto à afirmação IV, um dos primeiros trabalhos das
equipes de VE consiste em definir o que vem a ser caso (suspeito, provável ou confirmado), para que se possa
fazer a busca ativa de casos, para que se possa computá-los, estudá-los, investigando a transmissão, os fatores
de risco, as características pessoais para, enfim, propor as medidas de controle que são a finalidade maior da V.E.

IAMSPE – 2006
34- São critérios de prioridade a serem observados na identificação de agravos à saúde que deverão
ser contemplados com sistemas específicos de vigilância epidemiológica, exceto :
a) existência de medidas eficazes de profilaxia e controle (vulnerabilidade do dano às intervenções profiláticas e
terapêuticas)
b) anos de vida potencialmente perdidos
c) existência de fatores de risco ou fatores de prognóstico conhecidos
d) índices de produtividade, perdida (dias de incapacidade no leito, dias de trabalho perdidos)
e) magnitude do agravo na população (incidência, prevalência, mortalidade, letalidade)

34- Resposta C. Essa questão refere-se ao outro “slide” da aula de Vigilância Epidemiológica intitulado “Critérios
de Seleção das Doenças de Notificação Compulsória – DNC”. A alternativa A diz respeito à “vulnerabilidade”: há o
que fazer, em termos preventivos ou curativos, com a doença que vai ser notificada. A alternativa B refere-se a
“anos de vida potencialmente perdidos”; esta é uma medida de mortalidade interessante: o óbito de uma criança
pode significar 70 anos de vida perdidos, ao passo que o óbito de um idosos pode representar muito menos anos
de vida perdidos; assim, o óbito infantil teria maior magnitude na mortalidade, ou mesmo maior transcendência
pelo valor agregado a um número maior de anos de vida perdidos. A alternativa D considera a transcendência
(importância, relevância) econômica do agravo para que ele passe a integrar a lista de doenças de notificação. A
alternativa E cita a própria magnitude do agravo, em termos de suas medidas de freqüência ou ocorrência e
gravidade, um critério também bastante importante. A resposta correta (que seria a alternativa incorreta) é C:
agravos inusitados, incomuns, atípicos, duvidosos fazem parte da lista de agravos de notificação; eles muitas
vezes têm etiologia desconhecida; é justamente a notificação que permitirá a investigação etiológica do agravo (O
que está ocorrendo? Qual a fonte de infecção? Como controlar o evento?).

IAMSPE – 2006
35- A taxa de mortalidade perinatal é definida por:
a) número de nascidos mortos + número de óbitos de crianças menores de sete dias de vida em determinado
local e ano, dividido pelo número de nascidos mortos + número de nascidos vivos no mesmo local e ano,
multiplicado por 1000.
b) número de óbitos de crianças menores de sete dias de vida em determinado local e ano, dividido pelo número
de nascidos vivos no mesmo local e ano, multiplicado por 1 000.
c) número de óbitos de menores de 28 dias em determinado local e ano, dividido pelo número de nascidos vivos
no mesmo local e ano, multiplicado por 1000.
d) número de óbitos de crianças de 28 dias a menores de um ano, em determinado local e ano, dividido pelo nú-
mero de nascidos vivos no mesmo local e ano, multiplicado por 1 000.
e) número de nascidos mortos de determinado local e ano, dividido pelo número de nascidos mortos + número de
nascidos vivos no mesmo local e ano, multiplicado por 1 000.

35- Resposta A. À mortalidade perinatal interessam os óbitos ocorridos “em torno” do nascimento: pouco antes
ou pouco depois do mesmo. Consideram-se, no numerador da fração, os óbitos fetais (natimortos) e os óbitos na
primeira semana de vida; no denominador os nascidos vivos naquele local e naquele ano-calendário (o mesmo
numerador da Mortalidade Infantil e da Mortalidade Materna). Os natimortos são costumeiramente considerados
aqueles óbitos fetais que ocorreram após a 22ª semana de gestação; antes disso seriam simplesmente
abortamentos. Por vezes, no numerador da mortalidade perinatal incluem-se, além dos mortos na primeira
semana de vida, apenas os chamados óbitos fetais TARDIOS – os que ocorrem após a 28ª semana de gestação. O
Ministério da Saúde, porém, recomenda que se utilize, para este índice, a 22ª semana de gestação como ponto de
corte. A alternativa B é a Mortalidade Infantil (MI) Neonatal Precoce; a alternativa C a MI Neonatal (ou MI
Precoce); a alternativa C é a MI Pós-Neonatal ou MI Tardia; e a alternativa E refere-se à Natimortalidade.

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36- São caracteres epidemiológicos em relação ao tempo, exceto:
a) variação sazonal
b) variação cíclica
c) tendência secular
d) epidemia
e) variação interestadual

36- Resposta E. As alternativas A, B, C e D são variações da ocorrência das doenças em relação ao tempo. Uma
variação interestadual claramente é uma variação segundo o “espaço” ou “lugar”; esta é representada por mapas,
cartogramas, geralmente multicolores e, muitas vezes, trazendo informações ajustadas (padronizadas) por idade.
A variação sazonal reflete a variação da incidência segundo as estações do ano (os meses do mesmo, ou suas
semanas epidemiológicas, devem aparecer no eixo X dos gráficos ou na coluna-título das tabelas). A variação
cíclica assemelha-se a uma epidemia; de tempos em tempos, geralmente alguns poucos anos, há uma elevação
esperada (aqui há diferença com as epidemias, que são inesperadas) da incidência; explica-se pela “imunidade de
rebanho” (o balanço, equilíbrio entre suscetíveis e imunes, que vai se alterando com os nascimentos ao passar do
tempo). Tendência secular é a tendência (geralmente há o traçado de um segmento de reta), ascendente,
descendente ou estabilizada horizontalmente, da incidência de um agravo ao longo de algumas dezenas de anos
(no mínimo cerca de 20 anos para que se use este termo). Epidemia é uma elevação inesperada da incidência,
para além de um limite máximo calculado para aquela semana epidemiológica, tendo em vista a ocorrência
endêmica dos últimos (10 ou 20) anos. Algumas vezes, porém, por falta de melhores informações, considera-se
apenas a variação endêmica de alguns poucos anos anteriores (cinco a oito).

IAMSPE – 2006
37- Paciente de 65 anos refere dispnéia progressiva aos esforços há 4 anos. Exame físico: velcro
bibasais e saturação de O de 85%. Antecedentes: tabagista de 40 maços-ano hipertensão arterial e
adenocarcinoma de próstata. A radiografia de tórax revela infiltrado reticular não septal periférico,
predominante em lobos inferiores, volume pulmonar diminuído e área, cardíaca normal. O diagnóstico
mais provável é
a) doença intersticial pulmonar fibrosante
b) doença pulmonar obstrutiva crônica
c) bronquiectasias
d) insuficiência cardíaca congestiva
e) carcinomatose linfática

37- Resposta A. O quadro em questão é de uma provável fibrose pulmonar idiopática por quadro de evolução
progressiva, acima de 60 anos, estertores em velcro bibasais, hipoxemia e alterações com predomínio em bases,
além da ausência de achados de outras doenças que levem a doença intersticial pulmonar (colagenose,
ocupacional etc.). O achado radiológico de diminuição dos volumes pulmonares com opacidades periféricas e a
dissociação com o achado de Sat 85%, e a ausência de sinais e outros sintomas, torna menos provável o DPOC. A
citação de infiltrados reticulares não-septais afasta a linfangite carcinomatosas e a ICC. Bronquiectasia tem
quadros clínico e radiológico totalmente diversos do proposto.

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38- Quanto à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), pode-se afirmar que:
a) a limitação ao fluxo aéreo verificada na espirometria pode ser totalmente reversível
b) o único fator de risco é o tabagismo
c) a ausência de sintomas exclui o diagnóstico
d) o tratamento farmacológico não impede o declínio funcional da doença
e) a espirometria é um método diagnóstico menos sensível que a radiografia de tórax

38- Resposta D. No DPOC a limitação do fluxo aéreo é parcialmente reversível. Se for totalmente reversível, é
asma. Tem como fatores de risco, além do tabagismo, fatores ambientais e ocupacionais e deficiência de alfa-1-
antitripsina. Os estádios iniciais são, na sua maioria, assintomáticos ou pouco sintomáticos. O diagnóstico tem sua
maior sensibilidade na espirometria e a única medida que impede a piora funcional é a parada do tabagismo.

IAMSPE – 2006
39- A pneumonia adquirida na comunidade tem como características:
a) a radiografia de tórax normal afasta o diagnóstico
b) leucopenia (<4.000 leucócitos/mm3) sugere etiologia por bactérias gram-negativas
c) hemoculturas são positivas em 25% dos casos
d) uréia >50mg/dl e freqüência respiratória e 30rpm são achados comuns e não devem ser valorizados
e) nos casos de pneumonia por Legionella, a pesquisa do antígeno urinário será positiva na maioria dos casos
39- Resposta E. O RX de tórax normal tem pouca probabilidade de estar presente em quadros de pneumonia,
porém em idosos e desidratados podemos ter um quadro clínico compatível sem evidência radiológica (5%).
Durante muito tempo, a leucopenia estava associada a quadro graves ou por Gram. Este achado não é
consistente. Hemoculturas são positivas em menos de 20% dos casos. Uréia é um dos achados mais sensíveis
para gravidade de PAC. A pesquisa de antígeno para Legionella na urina é o melhor método de avaliação desta
etiologia.

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40- Num caso de dispepsia, é considerado um sintoma de alarme:
a) sensação de plenitude pós-prandial
b) pirose
c) eructação
d) saciedade precoce
e) regurgitação

40- Resposta D.

*DISPEFs: disfagia; icterícia; sangramento (ou anemia); perda de peso; exame físico alterado; sono prejudicado
pela queixa. Considera-se perda de peso a redução ponderal não-intencional superior a 3kg ou 5% do basal.

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41- No diagnóstico de doença celíaca, deve ser solicitada a pesquisa do anticorpo:
a) antimitocondria.
b) antitransglutaminase
c) antimúsculo liso
d) anti-saccharomyces cerevisiae (ASCA)
e) antifator intrínseco

41- Resposta B. Aproveite esta questão para guardar algumas informações a mais sobre doença celíaca.

Anticorpos Antigliadina
Os anticorpos antigliadina (AGA) são determinados por ensaio imunoabsorvente ligado à enzima
(ELISA, enzyme linked immunosorbent assay). Cada laboratório fornece os valores 6 próprios de referência.
Os primeiros testes foram dirigidos a antígenos externos - gliadinas. Os marcadores IgG são mais sensíveis (AGA
IgG), sensibilidade 62 a 96%; especificidade 63 a 97% e os IgA ° (AGA IgA) mais específicos (sensibilidade 46 a
92% e especificidade de 83 a 92%). Todavia, podem ser identificados em indivíduos normais, em doenças auto-
imunes, alergia alimentar, infecções e parasitoses intestinais.
O valor preditivo dos AGA diminui paulatinamente a partir dos 2 anos de idade, podendo inclusive se
negativar, apesar da mucosa estar alterada. Por outro lado, na população sadia, parece aumentar a positividade
perante AGA com a idade.

Anticorpos Antiendomísio
Anticorpos antiendomísio são anticorpos da classe IgA (EmA IgA) diretos contra a camada linear da
musculatura lisa dos primatas e correlacionam-se positivamente com a gravidade da lesão mucosa. Adsorvem-se
no componente amorfo adjacente a fibrilas finas de colágeno no tecido conjuntivo endomisial. Essas fibrilas
conectam células musculares lisas, feixes de músculo liso e tecido elástico vizinhos.
São detectados por imunofluorescência indireta em esôfago de macaco ou cordão umbilical humano. As vantagens
de usar esse último substrato são: ser comumente disponível; rico em fibrilas de reticulina; endomísio em torno
das fibrilas musculares lisas na parede da veia e das duas artérias; não contém IgA, evitando o problema de
reação imunológica cruzada

Anticorpos Antitransglutaminase
Recentemente foram descritos anticorpos antitransglutaminase tecidual (anti-tTG), detectados por
ELISA. A transglutaminase tecidual (tTG) pertence a uma família heterogênea de enzimas cálcio-dependentes que
cataliza a formação de enlaces entre proteínas. Está amplamente distribuída no organismo humano, associada às
fibras que rodeiam o músculo liso e as células endoteliais do tecido conectivo. A tTG interfere na matriz
extracelular e nos mecanismos de reparação tecidual, atuando a gliadina do trigo, na doença celíaca, como
substrato para essas reações. Em tecidos lesados, não só na doença celíaca, os níveis de tTG aumentam.
A tTG pode ser o principal, senão o único, auto-antígeno endomisial-alvo, reconhecendo gliadinas ricas em
glutamina como um de seus substratos. Cada laboratório fornece os valores considerados normais ou alterados,
dependendo do kit comercial utilizado. A desvantagem é que pode dar níveis considerados positivos em outras
doenças sistêmicas ou gastrointestinais.

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42- Em relação aos mecanismos fisiopatológicos de insuficiência renal aguda (IRA) associada a
drogas, assinale a alternativa INCORRETA:
a) rabdomiólise é um dos mecanismos predominantes da IRA causada pela lovastatina
b) as cefalosporinas podem causar nefrite instersticial aguda
c) a ciclosporina pode causar IRA devido à redução da perfusão renal ou síndrome hemolítico-urêmica
d) contrastes radiológicos podem levar à IRA por toxicidade tubular direta e/ou alterações hemodinâmicas renais
e) a cocaína pode levar à IRA por precipitação e obstrução intratubular

42- Resposta E. O mecanismo da IRA pela cocaína é o mesmo do etanol e da lovastatina: toxicidade tubular,
desencadeando rabdomiólise, que se apresenta com elevação de CK e miglobina, bem como hipercalemia,
hipocalcemia, hiperfosfatemia e hiperuricemia. Guarde as demais informações contidas nas demais opções, pois
estão corretas e valem possíveis perguntas futuras.

Mecanismos Fisiopatológicos de IRA associada a drogas


Mecanismo Predominante Droga
Ciclosporina, inibidores de enzima conversora,
Redução da perfusão renal e alterações
antiinflamatórios não-esteroidais, contrastes
na hemodinâmica renal
radiológicos, anfotericina B
Antibióticos aminoglicosídeos, contrastes radiológicos,
Toxicidade tubular direta cisplatina, ciclosporina, anfotericina B, solventes
orgânicos, metais pesados, pentamidina
Toxicidade tubular - rabdomiólise Cocaína, etanol, lovastatina
Obstrução intratubular - precipitação Aciclovir sulfonamidas, etilenoglicol, quimioterápicos
Penicilinas, cefalosporinas, sulfonamidas,
Nefrite intersticial alérgica ciprofloxacina, diuréticos tiazídicos, furosemida,
cimetidina, alopurinol
Síndrome hemolítico-urêmica Ciclosporina, mitomicina, cocaína, quinina

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43- Qual das causas abaixo não leva à hipercalemia na insuficiência renal crônica?
a) ciclosporina/ tacrolímus
b) rabdomiólise
c) síndrome de liso tumoral
d) Espironolactona/triantereno
e) Hiperaldosteronismo primário

43- Resposta E. Ciclosporina /tracolimus são drogas nefrotóxicas e podem acarretar microangiopatia renal com
IRA hiperpotassêmica. A rabdomiólise como causa de IRA se marca de níveis muito elevados de potássio. A
síndrome de lise tumoral se expressa laboratorialmente por: hiperuricemia, hiperpotassemia,hiperfosfatemia e
hipocalcemia.
Espironolactona e triantereno são diuréticos poupadores de potássio.
Hiperaldosteronismo primário se caracteriza por HAS hipocalêmica.

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44- Com relação à nefropatia diabética, assinale a alternativa incorreta.
a) a redução da hemoglobina glicosilada diminui complicações microvasculares e neuropatia no diabetes
b) a redução da hemoglobina glicosilada diminui o risco de infarto do miocárdio e morte cardiovascular
c) nos pacientes hipertensos com DM-tipo1 e qualquer grau de albuminúria o inibidor da enzima conversora da
angiotensina (IECA) reduzem a progressão da doença renal
d) em relação ao DM-tipo2, a microalbuminúria não é um preditor tão eficaz de nefropatia como no DM tipo1
e) percentual maior de pacientes com DM-tipo2 evolui para insuficiência renal crônica terminal em relação aos
com DM-tipo1
44- Resposta E. Todas as informações são corretas a respeito de nefropatia diabética, EXCETO a afirmação E,
uma vez que há um maior número de portadores de IRC em pacientes diabéticos tipo I, embora a população de
DM tipo II seja maior, estes morrem mais cedo em decorrência das complicações cardiovasculares.

IAMSPE – 2006
45- Hipercalemia no paciente diabético, insulino-dependente, pode ser exacerbada por, EXCETO:
a) uso de heparina
b) tratamento com betabloqueador
c) inibidor da enzima conversora
d) deficiência de magnésio
e) uso de trimetoprim

45- Resposta D. Na deficiência de magnésio encontramos hipocalemia. Existem diversos canais distintos de íons
potássio na membrana celular, ativados por diferentes voltagens, que são responsáveis pela manutenção do
potencial de membrana celular em seus níveis de repouso. A "retificação interna" dos canais de K permite que a
corrente de voltagem passe mais facilmente para o interior das células. O Mg citosólico bloqueia a passagem para
fora dos íons K através desses canais, facilitando o deslocamento para dentro dos íons. Nos estados de deficiência
de Mg, os canais de K dependentes de Mg perdem sua seletividade e permitem o movimento do K para fora a
partir das células. O movimento do K para fora a partir dos miócitos, através desses canais de K, aumenta o
potencial para alterações na propagação do potencial de ação.
Os medicamentos mais freqüentemente associados à hipercalemia são:
AINH; antagonistas dos receptores da angiotensina II; beta-bloqueadores, diuréticos poupadores de potássio,
inibidores da enzima conversora de angiotensinogênio, suplemento de potássio, succinilcolina, heparina,
trimetoprin em altas doses como no tratamento de pneumocistose, ciclosporina e pentamidina.

IAMSPE – 2006
46- Em relação ao anticoagulante lúpíco, assinale a reposta incorrreta:
a) é um anticorpo dirigido contra fosfolípides, importante na ativação da protrombinase
b) o teste laboratorial verifica-se o aumento de tempo de protrombina e de tempo de tromboplastina parcial
ativado
c) eventos tromboembólicos espontâneos são os dados clínicos mais importantes
d) pode afetar as plaquetas qualitativa ou quantitativamente
e) é detectado em mais de 80 % dos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico

46- Resposta B/E. O lúpus anticoagulante é um ensaio funcional da coagulação que se baseia na detecção de
um prolongamento no tempo de coagulação causado por um anticorpo inibidor. A permanência do prolongamento
na coagulação após adição de plasma humano normal controle contendo fatores de coagulação demonstra que a
anormalidade é provocada por inibidor, e não pela deficiência de fatores da coagulação. O teste é feito em três
etapas:
• Triagem demonstrando prolongamento de um teste de coagulação dependente de fosfolipídeo. Isso pode ser
feito pelo teste convencional do tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) ou com testes mais sensíveis,
como o tempo de coagulação com caolim (KCT) e com o veneno da víbora Russel (dRVVT). O aPTT é um teste
pouco sensível e não recomendado como triagem. O teste mais sensível é o dRVVT. Quando há forte suspeita
clínica de SAF e o primeiro teste de triagem é negativo, recomenda-se um segundo teste de triagem.
• Demonstração da presença de um inibidor. Após verificação de que existe prolongamento em um teste da
coagulação, adiciona-se-lhe plasma normal. Caso a anormalidade persista, constata-se que a anormalidade não é
causada pela deficiência de fatores da coagulação, mas sim por um inibidor.
• Demonstração da dependência de fosfolipídeos. Adicionam-se fosfolipídeos ao sistema. Os fosfolipídeos
adicionados serão, então, substrato para o inibidor e provocarão a normalização do prolongamento na coagulação.
Estima-se que cerca de 60% dos pacientes com SAAF apresentam anticorpos anticardiolipina e anticoagulante
lúpico positivos e que 40% dos pacientes apresentam apenas um dos testes positivos. (opção E errada)

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47- Homem com 40 anos se apresenta com hipertensão arterial sistêmica e sobrepeso. Refere que não
está fazendo tratamento com drogas. Os exames laboratoriais caracterizam-se pela presença de
hipocalemia e renina plasmática baixa. O diagnóstico mais provável é:
a) hipertensão arterial primária
b) hipertensão do renal crônico
c) o hiperaldosteronismo primário
d) feocromocitoma
e) secreção inadequada do hormônio antidiurético

47- Resposta C. HAS com hipocalemia associada à atividade de renina plasmática baixa tem como provável
etiologia Hiperaldosteronismo Primário, síndrome clínica que engloba um grupo de desordens caracterizadas pela
produção excessiva e autônoma de aldosterona (independente do sistema renina-angiotensina), supressão da
atividade plasmática de renina, presença de HAS, em cerca de 50% a 70% dos casos, hipocalemia e alcalose.
Atualmente o HAP parece ser a causa mais comum de HAS secundária.
Entre as etiologias, o adenoma produtor de aldosterona (APA) é a causa mais comum, enquanto que o
hiperaldosteronismo idiopático (HAI) é a segunda causa da síndrome.
O APA incide com mais freqüência na faixa etária de 30 a 50 anos, e é mais prevalente em mulheres, enquanto
que o HAI, acomete indistintamente ambos os sexos em uma idade mais avançada.
A maioria dos pacientes com HAP é assintomática, enquanto outros podem apresentar sintomas relacionados à
HAS, à hipocalemia (poliúria, nictúria, cãibras, tetania, parestesias, fraqueza muscular) ou ambas. Nos casos de
hipocalemia grave, fibrilação ventricular ou quadriparesia e rabdomiólise podem surgir, inclusive como
manifestação inicial do HAP. Sinais de Trousseau e/ou Chevostek podem também estar presentes, devido à
alcalose metabólica gerada pela grave depleção de potássio.
A despeito da produção elevada e contínua de aldosterona, caracteristicamente os pacientes com HAP não têm
edema, exceto se houver nefropatia ou insuficiência renal associadas. Isso provavelmente se deve a um “escape”
em que os efeitos retentores de sódio do excesso crônico de mineralocorticóides são contrabalançados pelo
aumento da produção do hormônio atrial natriurético. A hipertensão arterial (HAS) no HAP geralmente é de
moderada a grave. Os níveis pressóricos tendem a ser mais elevados em indivíduos com APA do que em casos de
HAI. Pacientes com HAP podem ser refratários ao tratamento com drogas hipotensoras, bem como apresentar
hipocalemia acentuada após a ingestão de diuréticos tiazídicos. Hipertensão acelerada ou maligna é extremamente
rara, assim como é raro HAP sem HAS. Retinopatia hipertensiva pode estar presente no HAP, na dependência da
duração e intensidade da hipertensão. Intolerância à glicose ou diabetes mellitus são encontrados em até 25% dos
casos, conseqüentes à redução da secreção e ação da insulina, induzida pela depleção intracelular de potássio.

As alterações bioquímicas clássicas do HAP são níveis séricos de potássio baixos (freqüentemente, entre 2,0 e 3,2
mEq/L) e de sódio na faixa normal alta, entre 142 e 145 mEq/L. Entretanto, hoje em dia, HAP normocalêmico tem
sido diagnosticado muito freqüentemente, representando mais de 50% dos casos. Normocalemia também é vista
em muitos pacientes com HASD. Para que hipocalemia clínica e manifesta possa efetivamente ser notada, decorre
um tempo mais longo - geralmente meses ou anos - do que o necessário para ocorrer expansão de volume e
supressão da renina (dias a meses), após o início do hiperaldosteronismo. Isso se deve ao fato de que o potássio,
por ser um íon predominantemente intracelular, tem uma reserva corporal substancial, capaz de manter seus
níveis sangüíneos normais por um tempo relativamente prolongado. Hipocalemia é menos comum no HAI do que
no APA porque neste último os níveis de aldosterona são geralmente mais elevados.
Para a dosagem do potássio sérico, recomenda-se o uso liberal de sal de cozinha (NaCl), já que sua restrição
dietética (recomendada para hipertensos) pode retardar a secreção de potássio pela redução da oferta de sódio
aos túbulos renais, mascarando concentrações limítrofes de potássio. O mesmo ocorre quando o paciente faz uso
continuado de suplemento oral de cloreto de potássio (KCl). Ao contrário, hipocalemia pode se manifestar mais
precocemente em pacientes que rotineiramente abusam da ingestão de sal na dieta.

IAMSPE – 2006
48- Paciente do sexo feminino com 35 anos de idade, após tratamento da doença de Graves, passou
bem por seis anos. Três meses após o último parto, voltou a apresentar sinais e sintomas sugestivos
da doença descrita. O diagnóstico mais provável é:
a) recidiva da doença de Graves se o TSH estiver elevado
b) recidiva da doença de Graves se os anticorpos anti-tireóide forem negativos
c) tireoidite pós-parto se a glândula captar muito iodo radioativo
d) tireoidite pós-parto se a glândula captar pouco iodo radioativo
e) tireoidite aguda

48- Resposta D. Caso haja recidiva de Graves, o esperado é que haja supressão de TSH com elevação de T4
livre, T4 total e T3 (opção A errada).
Graves pode cursar com anticorpos positivos, tanto antiperoxidase e antitireoglobulina em títulos baixos, como o
anticorpo mais específico que é TRAb excitatório (opção B errada!!). Tireoidite pós-parto cursa com RAIU
suprimido (opção C errada!), portanto opção D correta, uma vez que este quadro de hipertireoidismo que se
desencadeou três meses após o parto pode corresponder a uma tiroidite pós-parto desde que o padrão ouro seja
definido, RAIU suprimido.
Tiroidite aguda é de natureza infecciosa (bacteriana) e o quadro é de febre, toxemia, dor cervical, sinais flogísticos
com ou sem supuração.

IAMSPE – 2006
49- Paciente procura Pronto-Socorro com queixa de cefaléia, palpitações e sudorese há 2h. Vem
apresentando este quadro nos últimos seis meses. Está sem medicação. Ao exame físico, hipertensão e
taquicardia deitado, com hipotensão postural. À palpação tireoideana, nódulo de consistência
firme. Os exames laboratoriais revelam hipercalcemia. A biópsia tireoideana revelou, provavelmente:
a) bócio adenomatoso
b) carcinoma papilífero da tireóide
c) carcinoma folicular da tireóide
d) tíreoidite de Hashimoto
e) carcinoma medular da tireóide

49- Resposta E. Este paciente portador de HAS dá entrada no PS com quadro de cefaléia, palpitações e
sudorese, este episódio compreende a tríade clássica do paroxismo de feocromocitoma, que é o achado mais
característico, conseqüente à liberação de catecolaminas pelo tumor e subseqüente estimulação dos receptores
adrenérgicos. Embora o paroxismo seja a manifestação mais característrica, vale lembrar que a HAS é a
manifestação mais freqüente da doença, estando presente em 90% dos casos.
PAROXISMOS
Os paroxismos têm como tríade clássica cefaléia intensa (em 80%), palpitações (em 64%) e sudorese (em 57%),
de aparecimento súbito. Freqüentemente, eles se acompanham de elevação da pressão arterial (PA), tremor,
palidez, dor torácica ou abdominal e, menos comumente, de rubor facial.
Os paroxismos não ocorrem em todos os pacientes. Em algumas séries, um ou mais dos componentes da tríade
clássica estavam presentes em mais de 90% dos pacientes.
A freqüência dos paroxismos é bastante variável, podendo chegar a 30 vezes por dia, ou pode haver apenas um
único episódio a cada dois a três meses. Cerca de 75% dos pacientes apresentam um ou mais ataques semanais.
A duração dos paroxismos varia de poucos minutos a dias (em geral, 15 a 60 minutos).

HIPERTENSÃO ARTERIAL (HAS)


Pode ser paroxística ou, mais comumente, persistente (cerca de 60% dos casos). Tende a ser grave e/ou
refratária às drogas anti-hipertensivos e apresentar-se com grandes oscilações. De fato, pelo menos 50%
daqueles com HAS mantida têm picos hipertensivos intermitentes. Súbita elevação da pressão arterial (associada
ou não a outros sintomas) pode ocorrer durante manipulação abdominal, trabalho de parto, intubação, indução
anestésica, cirurgias ou outros procedimentos invasivos. Tal achado obriga-nos sempre a investigar a presença de
um feocromocitoma. Tumores secretores de noradrenalina (NA) são geralmente associados à HAS constante.
Aqueles que secretam quantidades relativamente grandes de NA e adrenalina (ADR) se acompanham de HAS
episódica. Em contrapartida, FEO produtores apenas de ADR podem cursar com hipotensão, em vez de HAS..
Nesses casos, o quadro clínico do paciente pode eventualmente ser um choque cardiogênico. Convém lembrar que
10% a 13% dos pacientes com FEO são normotensos.

DOENÇAS ASSOCIADAS
Até 24% dos FEO podem vir associados a síndromes familiares, como a neoplasia endócrina múltipla (MEN) tipos
2A (MEN 2A) e 2B (MEN 2B), doença de von Hippel-Lindau (DVHL) e neurofibromatose ou doença de von
Recklinghausen (DVR) . Em uma grande série, 14% dos FEO estavam associados a essas síndromes e a outras
endocrinopatias (p ex., síndrome de excesso de ACTH e hiperparatiroidismo).
Feocromocitoma é observado em aproximadamente 50% dos casos de MEN 2A (feocromocitoma, carcinoma
medular da tiróide e hiperparatiroidismo) e MEN 2B (feocromocitoma, carcinoma medular, neuromas mucosos e
características marfanóides). O tumor tende a surgir na meia-idade, quase sempre é intra-adrenal,
freqüentemente bilateral e raramente maligno (< 5%). A hipótese diagnóstica de MEN deve sempre ser
considerada em pacientes com FEO bilaterais. Hipertensão ou paroxismos ocorrem em cerca de 50% dos casos.
Feocromocitomas (FEO) podem estar presentes em cerca de 10% a 25% dos pacientes com a DVHL. Trata-se de
um distúrbio autossômico dominante, resultante de mutações no gene VHL, clonado no cromossomo 3p25-p26.
Suas manifestações principais incluem hemangioblastomas (retina, cerebelo e cordão medular), cistos e
carcinomas renais, cistos pancreáticos e cistoadenoma no epidídimo.
Até 5,7% dos pacientes com DVR podem se apresentar com um feocromocitoma. Entretanto, esse percentual
excede 30% nos casos com hipertensão. A DVR tem como manifestações mais características manchas café-com-
leite e neurofibromas. Trata-se de um distúrbio autossômico dominante, resultante de mutações inativadoras no
gene NF1, o qual foi mapeado no cromossomo 17q11.2 e codifica a neurofibromina. Outras causas de hipertensão
em pacientes com neurofibromatose são anomalias vasculares (coarctação da aorta e estenose ou aneurisma da
artéria renal) e secreção de NA pelos fibromas neurais. Entre 148 pacientes com DVR e feocromocitoma, 84%
tinham um tumor adrenal solitário, 9,6% doença adrenal bilateral e 6,1% paragangliomas.
Colelitíase, por motivos obscuros, acontece em 15% a 20% dos pacientes com feocromocitomas. Uma rara
associação do feocromocitoma é com os adenomas hipofisórios (sobretudo os secretores de GH). Também muito
raros são os casos de acromegalia decorrente de secreção de GHRH por um feocromocitoma. Recentemente foi
relatado o caso de um paciente com HAS grave (200/100 mmHg) que tinha a concomitância de um
feocromocitoma (tumor na adrenal esquerda) e hiperaldosteronismo primário (hiperplasia na adrenal direita).
Após essas considerações, vamos reconsiderar este paciente que é portador de feocromocitoma, apresenta nódulo
tireoidiano e hipercalcemia. Este último achado pode ser compreendido quando associamos todos estes dados em
um conceito síndrômico: Feocromocitoma, Hiperparatireoidismo primário e carcinoma medular da tireóide, ou
seja, SÍNDROME MEN 2A ou SIPLLE, de acordo com o que foi exposto no texto acima. Vale lembrar que as MENs
são perguntas freqüentes nos concursos de RM.

IAMSPE – 2006
50- Em relação ao adenocarcinoma de próstata, é correto afirmar:
a) é mais freqüente na raça branca e independe da história familiar
b) é mais freqüente nas zonas periféricas da próstata
c) na escala de Gleason (de zero a oito), quanto maior o valor, mais diferenciado ele é
d) os sítios metastáticos são gânglios, bexiga e, raramente, sistema nervoso central
e) é causa freqüente de insuficiência renal aguda, devido à hipercalciúria

50- Resposta B. O carcinoma de próstata é mais comum na raça negra e os riscos aumentam de 2,2 vezes
quando um parente de primeiro grau (pai ou irmão) é acometido pelo problema, 4 vezes quando dois parentes de
primeiro grau são portadores do tumor e 5 vezes quando três parentes de primeiro grau têm a doença. O principal
protoncogene causador do câncer de próstata, que foi denominado HPC1 (hereditary prostate câncer 1), está
localizado no braço longo do cromossomo 1.
A localização em 75% dos casos se faz na zona periférica, na zona transicional em aproximadamente em 25% dos
pacientes e na zona central em menos de 5% dos casos.
O sistema de graduação histológica mais utilizado é o de Gleason. Nesse sistema, os tumores são classificados em
cinco graus, denominando-se grau I as lesões mais diferenciadas e grau V as mais indiferenciadas.
As metástase acometem principalmente os ossos, na forma de lesões osteoblásticas no esqueleto axial e
linfonodos retroperitoneais, com alta morbidade. Metástases pulmonares são raras. Quando cursa com IR a causa
é obstrutiva.

IAMSPE – 2006
51- Com relação ao exame de urina, pode-se afirmar que:
a) urobilinogênio aumenta em doenças hemolíticas e obstruções biliares
b) o encontro de cilindros granulosos é fisiológico
c) presença de cilindros hemáticos indica lesão pós-glomerular
d) cilindros lipídicos ocorrem em necrose tubular aguda
e) a presença de cetona ocorre na cetoacidose diabética e na acidose respiratória

51-Nula - O urobilinogênio urinário não aumenta nas icterícias obstrutivas, já que não há esvaziamento biliar
para o intestino e, consequentemente, degradação em estercobilinogênio e urobilinogênio (opção A errada!!!); o
único cilindro fisiológico é o hialino (opção B errada!!!); cilindro hemático é igual a glomerulite (opção C errada!!);
cilindros lipídicos são vistos com síndrome nefrótica (opção D errada!!!); corpos cetônicos ocorrem em cetoacidose
diabética e na cetose de jejum (opção E errada!!!).

IAMSPE – 2006
52- Atribui-se grande importância à camada de ozônio porque:
a) absorve principalmente os raios UVA
b) como a concentração de ozônio aumenta em direção aos pólos terrestres, os raios UVB e UVC são menos
absorvidos
c) a diminuição da camada de ozônio não tem efeito significativo sobre o desenvolvimento do carcinoma espinoce-
lular, somente em relação ao carcinoma basocelular e melanoma maligno
d) a diminuição da camada de ozônio aumenta o risco de queimaduras solares e fotossensibilidades
e) a exemplo da neve, areia e vidro, que refletem cerca de 85% dos raios UVB, um nadador está protegido pela
água dos raios UVR

52- Resposta D. O Ozônio é uma forma triatômica de oxigênio (O3), possui três átomos de oxigênio ao invés de
dois. Nas camadas mais baixas da atmosfera (troposfera) o Ozônio também está presente, mas em concentrações
menores pois a maior parte da radiação UV de alta energia já foi filtrada pela Camada de Ozônio Estratosférica.
Em algumas regiões encontramos concentrações de Ozônio, ao nível do solo, resultantes da ação da luz solar
sobre hidrocarbonetos (HC) e óxidos de nitrogênio (NOx).
Forma-se naturalmente nos níveis superiores da atmosfera terrestre através da radiação ULTRAVIOLETA do sol. A
radiação quebra as moléculas de oxigênio (O2), liberando átomos livres (O), alguns dos quais se ligam com outras
moléculas de oxigênio para formar o Ozônio.
A Camada de Ozônio funciona como um filtro da radiação solar, não permitindo que cheguem à superfície grandes
quantidades de raios ULTRAVIOLETA B, que são prejudiciais a quase todas as formas de vida. Por absorver a
maior parte da radiação UV, antes que ela possa atingir a superfície da Terra, a Camada de Ozônio protege o
planeta dos efeitos nocivos da radiação. Afeta também a distribuição de temperatura da atmosfera, tendo assim
um papel na regulação do clima na Terra.

O espectro de radiação ULTRAVIOLETA tem comprimentos de onda menores que aqueles da luz visível (> 400
nanômetros, sendo 1 nanômetros = 1/1000 de mm) e é freqüentemente dividido em 3 faixas: UV-A, UV-B, UV-C e
na superfície da Terra encontramos principalmente os raios UV-A e uma pequena quantidade de raios UV-B.
Os raios UV-C (comprimentos de onda mais curtos) são totalmente absorvidos.
A radiação UV com comprimento de onda entre 280 a 315 km é chamada UV-B e é prejudicial a quase todas as
formas de vida na Terra.
Por absorver a maior parte da radiação UV antes de ela chegar à superfície da Terra, a Camada de Ozônio nos
protege dos efeitos nocivos da radiação.
Efeitos da Radiação ULTRAVIOLETA na:
Saúde:
Um dos efeitos mais óbvios da radiação UV-B é a queimadura solar (eritrema)
Causa danos ao material genético das células da pele, e o câncer não melanoma,
Sobre a pele:
segundo pesquisadores, tem sua ocorrência aumentada 2% a cada 1% de
decréscimo do Ozônio estratosférico.
Podem causar queratite actínica (inflamação dolorosa aguda da córnea) e catarata,
Sobre os olhos:
podendo levar o indivíduo até a cegueira.
A exposição ao UV-B poderá suprimir a resposta imunológica em seres humanos e
animais, reduzindo a resistência humana a várias doenças, incluindo cânceres,
alergias e algumas moléstias infecciosas. Nas regiões do mundo onde as
Sobre o organismo:
enfermidades como hanseníase, malária e herpes já são um sério problema uma
maior incidência de UV-B agrava a situação dessas doenças, contra as quais a
principal defesa está na pele.
Experimentos mostram que a maior exposição de plantações como arroz e soja ao
UV-B resulta em plantas menores e de baixo rendimento, podendo alterar também
quimicamente as plantas de cultivo, reduzindo potencialmente seu valor nutritivo ou
aumentando sua toxidade. Caso não seja impedida uma maior destruição do
Ozônio, será necessário que novas variedades de cultivo tolerantes ao UV-B sejam
Vegetação:
criadas. Verificam-se também efeitos indiretos nas plantas, tais como alteração da
forma, da alocação de biomassa nas partes da planta e produção de substâncias
que impedem o ataque de insetos no ecossistema, ou seja, mudanças no equilíbrio
competitivo entre plantas, animais que se alimentam das mesmas, pragas e
agentes patogênicos das plantas.

IAMSPE – 2006
53- Os fármacos relacionadas abaixo induzem ou agravam o lúpus eritematoso sistêmico, exceto:
a) hidralazina, carbamazepina, cimetidine
b) clorpromazina, lítio, estrógenos
c) quinidina, difenilhidantoína, betabloqueadores
d) betabloqueadores, estrógenos, hidralazina
e) carbamazepina, metildopa, propiltiouracil

53- Resposta. Sem resposta. Em cada opção temos drogas relacionadas com LE: hidralazina, metildopa,
estrógenos, fenitoína. Outros fármacos devem ser lembrados: procainamida, d-penicilamina, fenotiazinas e
isoniazida.

IAMSPE – 2006
54- A poliúria noturna no idoso apresenta vários componentes fisiopatológicos EXCETO:
a) redução da secreção renina-angiotensina-aldosterona
b) redução da secreção do hormônio antidiurético
c) diminuição da habilidade em conservar o sódio
d) perda da capacidade de concentração renal
e) perda do ritmo circadiano de secreção do hormônio antidiurético

54- Resposta B/E. A poliúria noturna observada em pacientes idosos, que é fisiológica, decorre da diminuição da
atividade no sistema justaglomerular (renina-angiotensina-aldosterona) e, consequentemente, diminuição da
capacidade da absorção renal de sódio. Um outro fator implicado é a perda da capacidade de concentração da
urina. Não há comprometimento da função e/ou secreção do ADH.

IAMSPE – 2006
55- O principal avanço na terapêutica da artrite reumatóide associado aos novos conhecimentos da
fisiopatologia da enfermidade foi o relacionado:
a) à terapêutica seletiva e específica anti-COX2
b) à ação anti-IL 1
c) à apoptose de CD 4
d) aos agentes imunobiológicos anti-TNFα
e) aos agentes antiinflamatórios anti-óxido nítrico (NO)

55- Resposta D. Agentes imunobiológicos anti-TNFα.


Etanercept
É uma proteína de fusão recombinante de receptor solúvel de TNF-alfa (p75) ligada à porção FC da IgG1 humana.
É utilizado na dose de 25 mg, por via subcutânea, duas vezes por semana. Reação no local da injeção como
eritema é descrito, prurido é freqüente e tolerável.
Infliximab
É um anticorpo monoclonal quimérico (humano/murino) anti-TNF-alfa que se une tanto à forma solúvel quanto à
transmembrana de TNF-alfa. É indicado na dose de 3 mg/kg por via intravenosa, diluído em soro fisiológico, na
semana 0, 2 e 6 e, posteriormente, a cada oito semanas. Deve ser aplicado em local onde possa contar com
atendimento médico, pois, embora rara, pode causar reação de hipersensibilidade, como urticária, dispnéia e
hipotensão durante a aplicação do medicamento. Deve ser utilizado sempre em associação com
metotrexato, para diminuir produção de anticorpos anti-infliximab e de outros auto-anticorpos (FAN,
anti-DNA).
Ambas são contra-indicadas em pacientes com infecção ativa ou câncer, devendo-se sempre investigar história
pregressa de tuberculose (Atenção!). Outro risco infeccioso relacionado a esta droga é o aumento da incidência de
infecção por listéria.

Anakinra
É um antagonista de receptor de interleucina-1 que, ao contrário do anti-TNF, apresenta uma vida média de 4 a 6
horas, sendo administrado diariamente por via subcutânea na dose de 100 mg/dia. Reações locais de leve a
moderada intensidade podem acontecer no primeiro mês de aplicação da medicação. Ainda não está disponível no
Brasil.

IAMSPE – 2006
56- No tratamento da nefropatia lúpica proliferativa difusa, o imunodepressor mais utilizado é:
a) azatioprina
b) micofenolato mofetil
c) altas doses de corticosteróides
d) ciclofosfamida
e) tacrolimus

56- Resposta D. Para os pacientes com nefrite lúpica das classes III e IV da OMS (glomerulonefrite proliferativa),
o glicocorticóide é a droga de escolha para a doença ativa, na dose de 1 a 1,5 mg/kg/dia de prednisona, por um
período de 6 a 8 semanas, seguindo-se sua redução progressiva até 0,25 mg/kg/dia. A pulsoterapia com
metilprednisolona está indicada para os casos mais graves, com disfunção renal aguda. A dose recomendada é de
500 a 1.000 mg/dia (15 a 20 mg/kg/), por três dias consecutivos, por via endovenosa.
Nas nefrites proliferativas está indicada a associação de GC com agentes imunossupressores citostáticos,
particularmente a ciclofosfamida, por via oral (1 a 2 mg/kg dia) ou endovenosa, sob a forma de pulsos (0,5 a
1g/m²/dose), inicialmente mensais (seis a oito pulsos) e, posteriormente, bimestrais ou trimestrais.
Alternativamente, drogas eficazes e menos tóxicas poderão ser indicadas nos casos sem disfunção renal
importante, tais como: micofenolato de mofetil, esquema seqüencial de dose baixa de ciclofosfamida e azatioprina
e imunoglobulina endovenosa. A despeito de algumas controvérsias, até o momento, a ciclofosfamida é
considerada a terapia mais efetiva para o tratamento inicial de nefrite lúpica grave, entretanto, como esta não é
capaz de controlar todos os casos, em razão de sua toxicidade, novos esquemas terapêuticos devem ser
avaliados.

IAMSPE – 2006
57- Associe corretamente o nervo craniano e o forame de saída do nervo do crânio.
A- nervo olfatório 1- forame estilomastoídeo
B- nervo oculomotor 2- lâmina crivosa do etmóide
C- nervo facial 3- fenda esfonidal
D- nervo glossofaríngeo 4- forame jugular
a) A-2, B-1, C-4, D-3
b) A-4, B-3, C-1, D-2
c) A-2, B-3, C-1, D-4
d) A-2, B-4, C-3, D-1
e) A-4, B-3, C-2, D-1

57- Resposta C. A questão analisa os conhecimentos do aluno em anatomia dos nervos cranianos, mais
especificamente as vias de entrada e saída do crânio desses nervos. O nervo olfatório (I par) nasce nas células
olfatórias nas fossas nasais, atravessa a lâmina crivosa do osso etmóide e termina no bulbo olfatório na base do
lobo frontal. O nervo oculomotor corresponde ao III par craniano. Ele inerva o músculo esfíncter da pupila e a
maioria dos músculos extrínsecos do olho, entrando na cavidade orbitária pela fissura orbital superior no osso
esfenóide. O forâmen estilomastóideo permite a passagem do nervo facial antes dele atravessar a glândula
parótida. O nervo glossofaríngeo (XII par), de origem bulbar, atravessa o forâmen jugular (juntamente com o
nervo vago, nervo acessório e a veia jugular interna) na base do crânio.
IAMSPE – 2006
58- O bloqueio dos canais de sódio é o principal mecanismo de ação antiepiléptica de alguns fármacos.
Indique o fármaco que preenche esses critérios.
a) Fenitoína
b) Felbamato
c) Gabapentina
d) Vigabatrina
e) Tiagabina

58- Resposta A. A ação das drogas antiepilépticas tem os seguintes mecanismos de ação:
Obs: Esses mecanismos não têm correlação com a ação do antiepiléptico na prática clínica (tipos de crises e
eficácia).

• Bloqueio de Canal de Sódio: Carbamazepina / Fenitoína / Oxcarbazepina / Lamotrigina


• Agonistas Gabaérgicos: Clobazam / Clonazepam / Fenobarbital
• Inibidores da Recaptação de GABA: Tiagabina
• Inibidores da GABA Transaminase (enzima conversora de GABA): Vigabatrina
• Drogas com provável ação Gabaérgica: Gabapentina / Valproato de Sódio
• Boqueadores de Glutamato: Felbamato / Topiramato

IAMSPE – 2006
59- São consideradas indicações para início da terapia antiretroviral, em pacientes soropositivos ao
HIV, exceto em pacientes:
a) sintomáticos ou com evidências de imunodeficiência grave
b) assintomáticos com contagem de CD4 <200 células/mm3, independente da carga viral quantitativa
c) assintomáticos com carga viral >50.000 cópias/ml, independente da contagem de CD4
d) assintomáticos com contagem de CD4 <100 células/mm3, e carga viral > 100. 0O0 copias/ml
e) gestantes assintomáticos após a 14º semana de gravidez

59- Resposta C. Nas pessoas assintomáticas infectadas pelo HIV o início do HAART tem como base o número de
LT-CD4+ no sangue, estando formalmente indicado quando esse número for igual ou inferior a 200 LT-
CD4+/mm3, já que se sabe que, nessa eventualidade, há risco significativo do desenvolvimento de infecções
oportunistas. Simultaneamente se deverá instituir a quimioprofilaxia das infecções oportunistas. Quando o número
de LT-CD4 + no sangue estiver entre 200 e 350/mm3 a necessidade de instituição do tratamento anti- Retroviral
deverá ser considerada.

IAMSPE – 2006
60- Paciente de 25 anos de idade, feminino, em uso de cefalexina há três dias para tratamento de
sinusite aguda, procura o PS com quadro de febre, cefaléia, vômitos e rigidez de nuca. Punção
liquórica lombar revelou 253 células, 59% de polimorfo - nucleares, 60mg/dl de proteínas e
bacterioscopia negativa. Assinale a alternativa correta com relação ao diagnóstico, agente etiológico
provável e terapêutica antimicrobiana, respectivamente:
a) meningite bacteriana aguda-N meningitidis-penicilina G cristalina
b) meningite bacteriana parcialmente tratada - N. meningitidis - ceftriaxona
c) meningite bacteriana aguda - S. pneumoniae - ceftriaxona
d) meningite bacteriana parcialmente tratada - S. pneumoniae - penicilina G cristalina
e) meningite viral - Herpes simplex - aciclovir

60- Resposta C. O S. pneumoniae é responsável por 47% de todas as meningites; a N. meningitidis por 25%; o
estreptococo do grupo B por 13%; a Listeria monocytogenes por 8% e o H. influenzae por 7%.
Meningites por pneumococos são freqüentemente acompanhadas por infecções pulmonares, otites, sinusites ou
lesão vascular cardíaca.
O tratamento de escolha é com ceftriaxona 2g 12/12 horas por 10 a 14 dias.

IAMSPE – 2006
61- Com relação à profilaxia do tétano, assinale a alternativa incorreta:
a) o tétano confere imunidade duradoura, portanto o paciente com diagnóstico de tétano não precisa ser vacinado
b) a vacinação básica compreende três doses de vacina tríplice ou tetravalente via intramuscular, em intervalos
de dois meses
c) nas gestantes não vacinadas ou com vacinação incompleta, recomendam-se três doses do toxóide tetânico ou
da vacina dupla a partir do quarto mês de gestação
d) pacientes com ferida tetanígena e cuja última dose de reforço contra tétano tenha sido feita há quatro anos
não necessitam receber dose adicional de vacina dT nem imunoglobulina específica
e) Pacientes vítima de mordedura animal em face e cuja última dose de reforço contra tétano tenha sido feita há
11 anos necessitam receber dose adicional de dT ou TT e imunoglobulina específica.

61- Resposta N.

IAMSPE – 2006
62- Quanto ao cor pulmonale, é incorreto afirmar que:
a) conseqüência da vasodilatação das arteríolas brônquicas, levando à hipertensão pulmonar
b) é comum nas fases avançadas do tabagismo
c) pneumoconioses podem causar hipertensão pulmonar
d) as taxas de imunoglobina e hematócrito usualmente estão elevadas
e) o tratamento com sildenafetil tem mostrado resultados positivos

62- Resposta A. O cor pulmolale é conseqüência da vasoconstrição das arteríolas brônquicas, levando à
hipertensão pulmonar e à falência de ventrículo direito, causando sintomas de insuficiência cardíaca direita, como
hepatomegalia, ascite e edema de MMII. As taxas de hemoglobina e hematócrito usualmente estão elevadas (pois
são portadores de DPOC), e o tratamento com sildenafil, embora experimental e em fase inicial de pesquisa, tem
mostrado resultados positivos.
O Cor pulmonale é comum nas fases avançadas do tabagismo ou outras doenças que evoluam com DPOC, como
pneumoconioses.

IAMSPE – 2006
63- Paciente com 16 anos apresentou quadro súbito de perda da consciência no momento em que
sofria punção venosa para exame hematológico. O diagnóstico mais provável é:
a) espasmo vascular cerebral transitório
b) hipotensão neuromediada
c) episódio de bradiarritmia cardíaca
d) quadro emocional conversivo
e) quadro de epilepsia juvenil

63- Resposta B. A ocorrência de desmaios ou síncopes em pacientes jovens, sem co-morbidades, principalmente
em situações de estresse ou dor é típica da chamada síncope vasovagal. Esta é a forma correta de chamar esta
entidade clínica, que realmente causa hipotensão quando o paciente tem dor ou, por exemplo, quando “vê
sangue”. O termo “hipotensão neuromediada” usado na questão está incorreto.

IAMSPE – 2006
64- Sobre a morte súbita em jovens e atletas, indique a alternativa incorreta.
a) as causas mais comuns são as arritmias ventriculares devido a cardiomiopatias
b) embora raras, as síndromes eletrogenéticas atingem indivíduos considerados normais é sem cardiopatia
estrutural evidente
c) nos esportes com contatos físicos corporais, a contusão torácica pode levar à morte súbita
d) um exame preventivo adequado impede totalmente a ocorrência da morte súbita
e) há fármacos não cardioativos que provocam aumento anormal do intervalo QT e podem levar à morte súbita

64- Resposta Nula. Morte súbita cardíaca (MSC) é a morte de causa cardíaca inesperada, que ocorre no período
de até 1 hora após início dos sintomas. MSC é responsável por 300 a 450 mil mortes por ano nos Estados Unidos,
sendo considerada a causa mais comum de morte nos países desenvolvidos. A incidência de MSC varia de um a
oito casos por mil indivíduos ao ano (população geral) e a etiopatogenia é ampla: doença arterial coronária (DAC -
80%), cardiomiopatia (CMP) hipertrófica, dilatada idiopática, chagásica, arritmogênica do VD e alterações
eletrofisiológicas primárias. Esse último grupo se destaca porque não apresenta cardiopatia estrutural, mas tem
comprovação de defeitos genéticos: síndrome do QT longo congênito, síndrome de Brugada, FV idiopática, BAV
congênito e TV catecolaminérgica. A estratificação de risco para MSC inclui avaliação de risco coronário (maioria),
ECG de repouso, CF de ICC, FEVE (ECO), Holter de 24 horas, ECG-AR, onda "T alternante", estudo eletrofisiológico
e os monitores de eventos implantáveis. O estudo genético, entretanto, parece ser o mais promissor e eminente
recurso para estratificação prognóstica desses pacientes. A prevenção primária de MSC exige, em primeira
instância, a profilaxia da DAC. Disfunção de VE e EV freqüente são preditores independentes de mortalidade em
pacientes com infarto prévio. A amiodarona (estudos CAMIAT, EMIAT GESICA) e β-bloqueadores (estudo BHAT)
são drogas consideradas úteis. Antiarrítmicos do grupo 1 (estudos CAST, IMPACT) e o sotalol (estudo SWORD)
pioram a taxa de mortalidade, e os bloqueadores dos canais de cálcio (estudo DIAMOND) não provocam impacto
sobre a mortalidade.

Causas de MSC em 387 atletas jovens


Registro do Instituto do Coração de
Minneapolis
N %
CMP hipertrófica 102 26,4
Trauma físico cardíaco 77 19,9
Anomalia de coronária 53 13,7
Hipertrofia de VE
29 7,5
(indeterminado)
Miocardite 20 5,2
Síndrome de Marfan 12 3,1
CMP AVD 11 2,8
Ponte miocárdica 11 2,8
EAO 10 2,6
DAC 10 2,6
CMP dilatada 9 2,3
PVM com degeneração 9 2,3
Asma brônquica 8 2,1
AVC 6 1,6
Abuso de drogas 4 1,0
Outras causas cardíacas 4 1,0
Síndrome de QT longo 4 0,8
Sarcoidose cardíaca 3 0,8
Trauma com lesão
3 0,8
cardíaca
Rotura de artéria cerebral 3 0,8
MSC = morte súbita cardíaca; CMP = cardiomiopatia; CMP AVD = cardiopatia arritmogênica do ventrículo direito;
EAO = estenose aórtica; DAC = doença arterial coronária; PVM = prolapso da valva mitral; AVC = acidente
vascular cerebral.

IAMSPE – 2006
65- Num paciente com quadro agudo de hemorragia cerebral, apresentando-se sonolento e níveis
pressóricos de 180 x 118 mmHg, a melhor conduta será:
a) reduzir rapidamente os níveis pressóricos com nitroprussiato de sódio
b) utilizar a nifedipina sublingual devido à rápida ação em redução dos níveis pressóricos e na vasodilatação
cerebral
c) reduzir os níveis pressóricos, não inferiores a 140 por 90 mmHg, com bloqueadores de canais de cálcio seme-
lhantes à anlodipina
d) reduzir os níveis pressóricos a valores inferiores a 120 por 80 mmHg, com qualquer tipo de medicamento anti-
hipertensivo, com a finalidade de reduzir o vasoespasmo cerebral
e) não tomar nenhuma conduta ativa medicamentosa para reduzir os níveis pressóricos

65- Resposta E. No AVCh, normalmente ocorre aumento pressórico, ficando difícil distinguir entre uma
exarcerbação de uma hipertensão prévia ou uma resposta fisiológica ao aumento de pressão intracranianana
secundária à hemorragia. Como regra geral, evitar variações bruscas na PA e não reduzi-la em mais de 80% do
valor inicial na admissão. Um valor de PAM entre 100 e 130 mmHg é um valor, como parâmetro geral, aceitável.
Lembrar que, na vigência de pico hipertensivo secundário à hipertensão intracraniana, abaixar a PA pode resultar
em falhas nos mecanismos regulatórios da circulação cerebral e piorar o quadro clínico do paciente.

IAMSPE – 2006
66- Paciente de 68 anos, hipertenso e diabético, chega ao Pronto-Socorro com 3h de dor precordial de
pequena intensidade, sem irradiação acompanhada de sudorese. O eletrocardiograma apresentava
3mm de supradesnivelamento do segmento ST em DII, DIII e aVF. Ao exame estava em bom estado
geral e com discreta palidez cutânea, PA=88x52mmHg P=64 bpm. Ausculta cardíaca e pulmonar sem
alterações. Nega cirurgias ou traumas recentes. Teve infarto há cerca de quatro meses quando
recebeu estreptoquinase. Qual o diagnóstico e o grupo correto pela classificação de Killip?
a) infarto anterior, grupo I
b) Infarto anterior, grupo II
c) Infarto inferior, grupo II
d) Infarto inferior, grupo IV
e) Para o diagnóstico de infarto é necessária a dosagem da troponina
66- Resposta D. Questão que parecia muito boa, mas totalmente subutilizada pelos examinadores do Servidor. O
paciente tem quadro compatível com infarto agudo do miocárdio, com sintomas de dor precordial (que no infarto
geralmente tem intensidade fraca a moderada) e supra-desnivelamento do segmento ST em derivações inferiores
(DII, DIII e avF), fazendo o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio em parede inferior. A classificação de Killip
consiste em:
Killlip I – Sem congestão pulmonar
Killlip II – Congestão em bases e/ou B3
Killip III – Congestão acima de 50% dos hemitórax ou edema agudo de pulmão
Killip IV – Choque cardiogênico
Aqui temos um aspecto interessante – Há um traçado eletrocardiográfico nesta questão, e o examinador não
menciona ou pergunta nada a respeito desse traçado eletrocardiográfico. E, ainda mais, o traçado mostra um
ritmo lento (Certamente com freqüência cardíaca menor que 64 bpm, como descrito no texto) e ondas P
dissociadas dos complexos QRS, fazendo o diagnóstico de bloqueio atrioventricular total. Em um IAM inferior, pode
ocorrer tal complicação, e é indicação de marca-passo transvenoso de urgência. Parece que esta questão
originalmente deveria ser escrita e/ou ter outras alternativas.
Em todo caso, este paciente NÃO está em choque cardiogênico. O diagnóstico de choque cardiogênico inclui
necessariamente a menção de hipoperfusão periférica (o que não está descrito) e, em geral, congestão pulmonar.
A descrição de palidez cutânea é comum em quadros de IAM e não define em forma alguma choque cardiogênico,
assim como a PA pode ser considerada normal, embora um pouco baixa para um hipertenso (repetindo – o
diagnóstico de choque cardiogênico NÃO se baseia em PA). Assim, a resposta correta seria IAM inferior Killip I.

IAMSPE – 2006
67- Após ter recebido vasodilatadores coronários, o paciente apresentou confusão mental, piora dos
níveis pressóricos e o traçado do monitor cardíaco acima. A conduta mais adequada será:
a) levar para sala de hemodinâmica para cateterismo de emergência
b) uso de atropina intravenosa como recurso inicial para aumentar a freqüência cardíaca
c) uso de drogas vasoativas, tais como a dobutamina e a dopamina
d) nitratos intravenosos
e) marca-passo externo transcutâneo

67- Resposta E. Em todo caso de IAM inferior devemos fazer quatro derivações eletrocardiográficas adicionais:
V3R e V4R, que, em caso de apresentarem supra desnivelamento de 1mm, fazem diagnóstico de IAM de ventrículo
direito (VD) e V7 e V8, que, em caso de supra, fazem diagnóstico de infarto dorsal. Em caso de IAM de VD, os
nitratos (incorretamente chamados nesta questão de vasodilatadores coronarianos – o maior mecanismo
antiisquêmico dos nitratos é a venodilatação, com conseqüente diminuição da pré-carga e melhora da isquemia
miocárdica) estão contra-indicados. O fato deste paciente instabilizar após nitrato sugere fortemente o diagnóstico
de IAM de ventrículo direito.
Há um traçado eletrocardiográfico, nesta questão, que mostra um ritmo lento, e ondas P dissociadas dos
complexos QRS, fazendo o diagnóstico de bloqueio atrioventricular total. Em um IAM inferior pode ocorrer tal
complicação, sendo indicação de marca-passo transcutâneo imediatamente e preparar para a passagem de um
marca-passo transvenoso de urgência.

IAMSPE – 2006
68- Com relação à cocaína, todas as afirmações são verdadeiras, exceto:
a) seu potencial aditivo é elevado
b) produz sintomas de abstinência leves
c) as convulsões estão associadas a uma epilepsia associada
d) infarto do miocárdio e arritmias são as complicações cardíacas mais comuns
e) na intoxicação aguda ocorre taquicardia, hipertensão e midríase

68- Resposta A/B.


Agentes simpaticomiméticos são análogos às catecolaminas, com a habilidade de ativar o sistema nervoso
simpático. Anfetaminas, efedrina, cocaína e análogos (inclusive o crack) são as principais drogas implicadas nesse
tipo de intoxicação. Intoxicação bastante freqüente em prontos-socorros de grandes cidades, especialmente o
abuso de cocaína. A via de intoxicação é bastante variável e inclui: oral, inalatória, nasal e parenteral. Muito
raramente, podem ser encontrados indivíduos que ingeriram pacotes de drogas para o tráfico, como forma de
transporte.
Anfetaminas e simpaticomiméticos estimulam a liberação e inibem o bloqueio na recaptação, tanto no SNC como
nas terminações simpáticas, de neurotransmissores, tais como: noradrenalina e dopamina. Esses agentes são
rapidamente absorvidos pelo trato gastrintestinal, com início de ação em trinta minutos e pico em duas a três
horas. A via parenteral e inalatória tem efeitos praticamente imediatos e o uso nasal com farmacocinética
intermediária entre a oral e a inalatória.
Quadro Clínico e Exames Complementares
A intoxicação resulta em efeitos, predominantemente, no SNC e no sistema cardiovascular. Manifestações típicas
incluem: náusea, vômitos, cefaléia, palpitações, ansiedade, nervosismo, agitação, confusão, delirium,
fasciculações, hiperventilação, tremores, convulsões e coma. Dessa forma, a intoxicação catecolaminérgica pode
ocasionar várias emergências cardiovasculares (taquiarritmias, hipertensão, dor precordial, infarto do miocárdio,
dissecção de aorta, acidente vascular encefálico e morte súbita). Com o uso crônico, há progressiva deterioração
neuropsicocomportamental, podendo-se evoluir para quadros psicóticos. A cocaína de longe tem maior gravidade
e pode levar a quadros mais dramáticos vistos em prontos-socorros, podendo ser confundida com hipertensão
maligna, feocromocitoma, hipertireoidismo, síndrome de abstinência e distúrbios psiquiátricos primários.
A cocaína tem rápida metabolização e apenas uma mínima quantidade é eliminada inalterada na urina. O início e a
duração dos efeitos variam com a dose, a forma de administração, a taxa de absorção, a eliminação e uma
tolerância individual. Após a administração intravenosa ou inalatória, em três a cinco minutos já inicia euforia, com
resposta cardiovascular após oito a doze minutos. Usuários crônicos podem tolerar grandes doses, até 10 g/dia,
sem reações tóxicas. As conseqüências mais graves se devem à estimulação adrenérgica excessiva (convulsões,
agitação e vasoconstrição).
Nas intoxicações leves a moderadas, os principais achados são: cefaléia, dor torácica, náuseas, vômitos, agitação
e ansiedade. O paciente pode manifestar taquicardia, hipertensão, sudorese e midríase. Nas formas graves,
podem surgir: convulsões, alucinações e instabilidade hemodinâmica.
Os exames complementares iniciais são:
• ECG: Pode mostrar taquiarritmias, TV, supra ou infradesnivelamento do segmento ST, alterações da
repolarização, distúrbios da condução, incluindo bloqueio de ramo esquerdo.
• Radiografia de tórax pode mostrar aumento da área cardíaca, vários graus de congestão e, até mesmo, edema
pulmonar cardiogênico.
• Screening qualitativo na urina é suficiente para confirmar o diagnóstico.
• Todos os pacientes com sintomas neurológicos persistentes devem ser submetidos a tomografia
computadorizada de crânio.

Tratamento
• O tratamento é de suporte cardiovascular; manter o paciente bem hidratado e não usar medicações
cardiovasculares de longa ação (após o efeito da cocaína, cerca de duas a quatro horas, o paciente costuma ter
hipotensão).
• Carvão ativado raramente é usado, em razão da intoxicação ocorrer por via parenteral ou inalatória, na maioria
das vezes.
• Como regra geral, o benzodiazepínico é o agente de escolha, não só para ansiedade, agitação, convulsões, mas
também para as síndromes coronarianas, taquicardia e para as emergências hipertensivas.
• Além de usar um benzodiazepínico, os seguintes agentes poderão ser associados:
1) Nitroglicerina: Associar em edema agudo de pulmão e nas síndromes coronarianas agudas.
2) Nitroprussiato de sódio: Em algumas emergências hipertensivas, como AVC, dissecção aguda de aorta.
3) Lidocaína: Antiarrítmico de eleição para TV
• Evite usar betabloqueadores isoladamente em emergências relacionadas à cocaína, pois podem,
paradoxalmente, piorar a vasoconstrição.
• Status epilepticus deve ser tratado agressivamente, com benzodiazepínico e fenobarbital.

IAMSPE – 2006
69- No transtorno do pânico, todas as afirmações são verdadeiras, exceto:
a) agorafobia não é freqüente
b) o ataque tem duração breve
c) 20% dos pacientes têm episódios de síncope durante os ataques
d) em geral tem evolução crônica e curso variável
e) o consumo excessivo de cafeína ou nicotina pode exacerbar os sintomas

69- Resposta A. Dentro dos quadros ansiosos, o transtorno de pânico destaca-se pela possibilidade de
manipulação experimental de seus sintomas. Já na década de 1960 observava-se que a infusão de lactato de
sódio era capaz de provocar ataques agudos de pânico em cerca de dois terços dos pacientes, da mesma forma
que a inalação de mistura de dióxido de carbono (CO2) a 5%. Essas observações levaram à hipótese de que os
ataques de pânico pudessem estar relacionados a anormalidades em quimiorreceptores que, no caso de ataques
espontâneos, estariam sendo ativados inadequadamente.
Dados mais recentes sugerem que o lactato possa ultrapassar a barreira hematoliquórica, atuando em estruturas
envolvidas na modulação de sintomas ansiosos pelo ácido gama-aminobutírico (GABA). Chama a atenção nesses
experimentos o fato de os pacientes apresentarem hiperventilação durante a infusão de lactato, sugerindo que a
resposta respiratória da ansiedade não possa ser inibida pela alcalose metabólica. Klein sugere a existência de um
sistema de alarme para sufocação como um monitor fisiológico para situações de asfixia e cuja resposta
comportamental final seria a indução de premência de fuga do local em que o indivíduo estaria.
Dentre os diferentes sistemas de neurotransmissores, importante papel tem sido postulado para a serotonina.
Drogas de ação serotonérgica têm mostrado ação bloqueadora dos ataques de pânico em doses inferiores às das
drogas menos seletivas. A possibilidade de se induzir ataques pela administração de m-clorofenilpiperazina
(mCPP), além do fato de pacientes com transtorno de pânico apresentarem hipersensibilidade a drogas
serotonérgicas durante o início do tratamento, a chamada piora inicial, têm sustentado a hipótese de que maior
sensibilidade dos receptores pós ou pré-sinápticos poderia também estar envolvida em sua fisiopatologia.
A hipótese de envolvimento do sistema noradrenégico na modulação dos ataques de pânico vem da observação de
que a ioimbina, antagonista de auto- Receptores alfa-2, é capaz de induzir a sintomas de crise, enquanto a
clonidina, com ação agonista sobre esses mesmos receptores, reduz a ansiedade em pacientes com pânico.
Mais recentemente, diversos agentes mostraram-se também capazes de desencadear ataques de pânico, como as
beta-cartolinas e os agonistas da colecistoquinina (CCK).

Critérios diagnósticos para ataque de pânico


Um período distinto de intenso temor ou desconforto, no qual quatro (ou mais)
dos seguintes sintomas se desenvolveram abruptamente e alcançaram pico em
10min:
• Palpitações ou ritmo cardíaco acelerado
• Sudorese
• Tremores ou abalos
• Sensações de falta de ar ou sufocamento
• Sensações de asfixia
• Dor ou desconforto torácico
• Náusea ou desconforto abdominal
• Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio
• Desrealização (sensações de irrealidade) ou
despersonalização (estar distanciado de si mesmo)
• Medo de perder o controle ou enlouquecer
• Medo de morrer
• Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento)
• Calafrios ou ondas de calor

IAMSPE – 2006
70- Em relação à anatomia do canal espinhal:
a) ao nascimento, a medula espinhal termina em S1
b) no adulto, a cauda eqüina estende-se de L4 a S2
c) a dura-máter estende-se de C3 a S2
d) o espaço peridural está entre a pia-máter, paredes ósseas e ligamentos
e) estende-se do forame magno até o hiato sacral

70- Resposta E. O limite caudal da medula espinhal situa-se na segunda vértebra lombar (L2). Em recém-
nascidos, esse limite pode ser um pouco mais alto. A cauda eqüina, porção final da medula, inicia-se em T12/L1 e
vai até o cóccix. A dura-máter recobre todo o sistema nervoso central, sendo formada pela dura-máter espinhal e
a dura-máter craniana. O espaço peridural (extradural ou epidural) corresponde à região externa adjacente a
dura-máter, entre esta e o periósteo do canal vertebral. É constituído de tecido adiposo e plexo venoso vertebral
interno. O canal espinhal recobre toda a medula espinhal desde o forâmen Magno até o hiato sacral, onde termina
o filamento terminal no cóccix.

IAMSPE – 2006
71- Fármacos capazes de reverter o aumento de tono do colédoco e do esfíncter de Oddi causado pela
morfina são:
a) naloxona e atropina
b) neostigmina e naloxona
c) metoclopramida e metoprolol
d) sevoflurano e midazolam
e) dexmedetomidina e nitroglicerina

71- Resposta A. Na verdade, estas drogas revertem os efeitos sistêmicos da morfina e, portanto, diminuem o
tônus e, portanto, diminuem o tônus do colédoco e do esfíncter de Oddi.

IAMSPE – 2006
72- A respeito da fratura de Monteggia no adulto, é correto afirmar que:
a) o tratamento é conservador
b) o nervo radial pode ser lesado
c) está associada à lesão do cabo longo do bíceps
d) não está associada à luxação da cabeça do rádio
e) a ulna não está fraturada

72- Resposta B. A fratura de Monteggia, fratura de diáfise da ulna e luxação da cabeça do radio podem
desencadear lesão do nervo radial.

IAMSPE – 2006
73- O sarcoma de Ewing é uma neoplasia maligna, que se origina de células do(a):
a) periósteo
b) cartilagem
c) medula óssea
d) gordura
e) músculo

73- Resposta C. O sarcoma de Ewing é um tumor maligno composto por células indiferenciadas pequenas e
redondas. Apresenta incidência máxima na primeira e segunda décadas de vida, sendo raro após a terceira, com
uma preponderância de 2:1 do sexo masculino sobre o feminino.
Há muita controvérsia quanto à célula de origem do sarcoma de Ewing; no entanto, estudos mais recentes
defendem a origem neuroectodérmica.
O tumor de Ewing acomete principalmente a região metafisária dos ossos tubulares longos e a pelve.
Macroscopicamente, a lesão óssea é caracterizada por um cinza esbranquiçado, de consistência mole. Este tumor
ultrapassa precocemente a cortical, causando a elevação do periósteo com formação subperiosteal de osso novo,
característico nessa doença, e fornecendo uma imagem radiográfica com aspecto de "casca de cebola".
O tratamento atual consiste em poliquimioterapia pré-operatória, cirurgia de ressecção da lesão seguida de
poliquimioterapia pós-operatória. No tratamento cirúrgico, após a ressecção da lesão, pode-se realizar a
reconstrução do segmento com endopróteses, enxerto ósseo de banco e enxerto autólogo.
A avaliação da resposta à quimioterapia pré-operatória orienta o tratamento, tem valor prognóstico e é feita com o
estudo do material ressecado na cirurgia. Essa avaliação é classificada em graus, a saber:

I - Até 50% de necrose tumoral.


II- Entre 50% e 90% de necrose tumoral
III- Acima de 90% de necrose tumoral
IV - Ausência de neoplasia histologicamente viável

Atualmente, com as excelentes respostas ao tratamento quimioterápico e às expectativas de "cura" da doença


(pacientes com mais de quinze anos de tratamento, vivos e clinicamente bem), procura-se sempre que possível
realizar tratamento cirúrgico com soluções biológicas, pois são definitivas e evitam as complicações decorrentes
das endopróteses ou enxertos de banco, cuja durabilidade é limitada.

IAMSPE – 2006
74- O primeiro sintoma da ototoxicidade costuma ser:
a) tontura
b) zumbido
c) perda auditiva
d) flutuação da audição
e) plenitude aural

74- Resposta B. A tríade cardinal da ototoxicidade é a surdez neurossensorial, o zumbido e a tontura num
paciente com história de exposição a drogas. Na cóclea as primeiras estruturas lesadas são as células ciliadas
externas e o dano progride com a lesão posterior nas células ciliadas internas (mais importantes na geração dos
potenciais auditivos). Geralmente acontece nas células ciliadas responsáveis pelas freqüências agudas (localizadas
na espira mais basal da cóclea) e, portanto, o zumbido e a surdez usualmente são mais claros para estas
freqüências (agudos). Como nem sempre a surdez nas freqüências agudas é percebida pelo paciente (a voz tem
uma freqüência mais grave) o zumbido tende a ser o sintoma mais precoce.

IAMSPE – 2006
75- O primeiro sintoma de um tumor laríngeo supraglótico costuma ser:
a) dor cervical
b) dispnéia
c) disfonia
d) disfagia
e) hemoptise

75- Resposta D. Os tumores laríngeos supraglóticos são bem mais incomuns do que os glóticos que têm
diagnóstico freqüentes graças a sintomatologia precoce de rouquidão. Nos casos do tumores supraglóticos os
sintomas mais precoces são disfagia, otalgia reflexa, sensação de bola na garganta e alterações da qualidade vocal
(abafamento). A rouquidão propriamente dita (disfonia) não é um sintoma precoce. Hemoptise, estridores
respiratórios e tosse e massas cervicais também são sintomas mais tardios.

IAMSPE – 2006
76- Não é complicação das sinusopatias:
a) osteomielite
b) menigite
c) otomastoidite
d) trombose de seio cavernoso
e) abscesso cerebral
76- Resposta C. As complicações de rinossinusites mais importantes são as intra-orbitárias (celulites
periorbitárias, celulites orbitárias, abscesso subperiosteal, abscesso orbitário e trombose de seio cavernoso), as
intracranianas (meningites, abscessos epidurais, subdurais e cerebrais), osteomielite (principalmente do osso
frontal) e a mucoceles (ou mucopioceles) nos casos crônicos. A otomastoidite é complicação de otites médias,
sejam elas agudas ou mesmo crônicas (supurativa e colesteatomatosa).

IAMSPE – 2006
77- Em relação às conjuntivites, indique a alternativa correta.
a) a principal via de transmissão da conjuntivite viral é a direta
b) a viral diferencia-se da bacteriana só péla secreção
c) o adenovírus responsável pelo quadro de hiperplasia linfóide pré-auricular são os 22 e 24
d) a Chlamydia trachomatis é parasita intracelular e não provoca seqüela ocular
e) conjuntivite alérgica tem como principais características dor e secreção

77- Resposta A. É uma doença comum que se apresenta em surtos epidêmicos, sendo bilateral em 80% dos
casos. O principal agente etiológico é o adenovírus que causa basicamente duas síndromes de conjuntivites: (1)
ceratoconjuntivite epidêmica (sorotipos 8, 11 e 19); (2) febre faringoconjuntival (sorotipos 3, 4 e 7). A
conjuntivite viral é altamente contagiosa e os surtos são comumente agudos e autolimitados. Os pacientes
apresentam hiperemia conjuntival, abundante secreção mucóide ou mucopurulenta e sensação de corpo estranho.
Ao exame biomicroscópio, observam-se ausência de reação de câmara anterior, presença de alterações
conjuntivais típicas (folículos) e graus variáveis de ceratite epitelial. O tratamento da conjuntivite viral é feito com
colírios lubrificantes, limpeza com soro fisiológico e orientações para evitar o contágio. A conjuntivite geralmente
não compromete de maneira importante a visão, quando isso ocorre deve-se procurar por infiltrados subepiteliais.
Os infiltrados subepiteliais acontecem em cerca de 1 a 3% dos pacientes com conjuntivites virais e requerem
tratamento específico e acompanhamento por especialista.
Conjuntivite que ocorre nas três primeiras semanas de vida denomina-se oftalmia neonatal. O agente causal mais
freqüente é a bactéria Chlamydia trachomatis, adquirida pelo recém-nascido durante a passagem pelo canal de
parto contaminado. O período de incubação varia de 5 a 12 dias, quando aparece exsudação moderadamente
purulenta, edema palpebral e, o que é bastante característico, pseudomembrana. Além da conjuntiva, outras
mucosas podem se contaminar: faringe, ouvido médio, trato gastrintestinal, vagina e pulmão. Esta conjuntivite
pode cronificar com seqüela, sendo o termo paratracoma utilizado para denominar esta conjuntivite de inclusão.
São causas de hiperplasia linfóide pré-auricular adenovírus, herpes simples e Chlamydia. A conjuntivite alérgica
não cursa com secreção.

IAMSPE – 2006
78- Quanto às uveítes, é incorreto afirmar:
a) a tuberculose pode afetar qualquer tecido ocular
b) a amiloidose é doença de tecido conectivo que pode provocar diminuição da visão
c) na espondilite anquilosante observa-se o sinal de Vongraef
d) citomegalovirose é a infecção retiniana mais freqüente no HIV
e) a sífilis primária não provoca uveíte

78- Resposta B.

Diagnósticos Diferenciais de Uveíte Anterior


Idiopática 52%
HLA-B27 (somente ocular) 36%
Espondilite anquilosante 8%
Síndrome de Reiter 3%
Artrite reumatóide juvenil < 1%
Iridociclites de Fuchs < 1%
Artrite psoriásica < 1%
Doença inflamatória intestinal < 1%
Nefrite intersticial aguda < 1%
Doença de Kawasaki < 1%
Síndrome de Posner-Schlossman (crises
< 1%
glaucomatocíclicas)
A uveíte anterior idiopática é provavelmente a forma mais
comum de inflamação no segmento anterior, sendo
responsável por > 50% dos casos.

As uveítes infecciosas podem ocorrer pela infecção direta dos tecidos oculares ou pela produção de toxinas e seus
efeitos no local. Dentre as doenças infecciosas sistêmicas que podem cursar com uveítes podem-se destacar
hanseníase, tuberculose, sífilis, toxocaríase, cisticercose, neurorretinite unilateral subaguda difusa (causada por
um nematódeo móvel no espaço sub- Retiniano) e a toxoplasmose.
A toxoplasmose é a causa mais comum de uveítes posteriores no Brasil. Em decorrência da gravidade das lesões
oculares e da alta morbidade, a doença deve ser reconhecida e tratada o mais rápido possível. Em geral, o
segmento anterior não é afetado no início da doença e o paciente pode apresentar olho calmo. Outras vezes, uma
inflamação granulomatosa com aumento da pressão intra-ocular é a forma de apresentação, especialmente na
doença recorrente.
Ao exame de fundo de olho é possível observar uma lesão branco-amarelada, quase sempre próxima a uma
cicatriz coriorretiniana antiga. O local preferencial de acometimento é o pólo posterior, e quando próximas ao
nervo óptico podem ser confundidas com papilite. Os vasos retinianos próximos à lesão podem apresentar
perivasculite e opacidades vítreas estão geralmente presentes.
A lesão característica de toxoplasmose ocular é uma retinite focal exsudativa. As camadas anteriores da retina são
o local preferencial de proliferação do organismo causal, o Toxoplasma gondii; contudo, existe também a forma
em que a retina profunda é afetada e a forma caracterizada por múltiplas pequenas lesões ponteadas na periferia,
conhecida como toxoplasmose ponteada externa.
O diagnóstico de toxoplasmose ocular é feito pela clínica (lesão típica no exame de fundo de olho - retinocoroidite
focal necrosante), títulos sorológicos positivos para T. gondii, e pela exclusão de outras causas de lesões
necrosantes (principalmente sífilis, citomegalovírus e fungo). O ensaio imunoabsorvente ligado à enzima (ELISA,
enzime-linked immunosorbent assay) é o que oferece maior sensibilidade e especificidade, mas se deve lembrar
que os títulos desses pacientes podem ser extremamente baixos em pacientes apenas com a doença ocular.
Qualquer título é significante se o paciente tem lesão compatível com toxoplasmose. A toxoplasmose ocular na
forma adquirida pode ser mais fulminante que os casos congênitos; a toxoplasmose adquirida é caracterizada por
títulos positivos de IgM.
Pequenas lesões na retina periférica, não associadas com baixa acuidade visual importante ou vitreíte, não
requerem tratamento; essas lesões tendem à cicatrização espontânea de três semanas a seis meses. Para outros
casos, o tratamento recomendado consiste em sulfadiazina 1 g, quatro vezes ao dia e pirimetamina (ataque de
150mg seguido de 25mg/dia) durante seis semanas. Atualmente, em alguns casos, utiliza-se sulfatrimetoprina por
causa do menor preço e da facilidade em sua obtenção. Ácido folínico 5mg, três vezes na semana previne
leucopenia e trombocitopenia, que podem ocorrer com o uso da pirimetamina. Contagem de plaquetas e leucócitos
deve ser feita semanalmente. Clindamicina 300mg, quatro vezes ao dia pode ser útil no tratamento de lesões
agudas quando usada em associação com outros agentes.
Corticóides devem ser usados com muita cautela e sempre com a administração concomitante da medicação
específica; estão indicados para casos de lesões maculares, nervo óptico, grandes arcadas e vitreíte grave.
Injeções perioculares de corticóides devem ser evitadas, pois podem causar proliferação incontrolável do parasita.

As uveítes anteriores são as uveítes auto-imunes mais comuns e ocorrem em cerca de 75% dos casos. Em 50%
dos casos são idiopáticas (uveíte anterior idiopática) e, algumas vezes, podem estar associadas ao HLA-B27
(uveíte anterior associada ao HLA-B27). Quando associadas ao HLA-B27, estão quase sempre relacionadas à
espondilite anquilosante, síndrome de Reiter, doença de Crohn e artrite psoriática. Entretanto, muitos pacientes
são HLA-B27 positivos e não apresentam doenças sistêmicas.
A artrite reumatóide juvenil é uma das artrites da infância que podem cursar com uveítes Algumas outras doenças
auto-imunes como sarcoidose, doenças de Vogt Koyanagi-Harada e de Behçet estão associadas a uveítes an-
teriores e posteriores.
A oftalmia simpática é uma uveíte difusa, granulomatosa, bilateral e rara que ocorre após o trauma de um dos
olhos, seguido por período de latência e desenvolvimento de doença inflamatória no olho contralateral (não
traumatizado). A intervenção cirúrgica precoce, por exemplo, em casos de perfuração ocular, com fechamento das
áreas expostas pode diminuir o risco para o desenvolvimento da doença. Uveíte bilateral seguindo qualquer
trauma ocular ou cirurgia pode ser sugestiva de oftalmia simpática. A inflamação ocular pode ocorrer a partir do
décimo dia pós-trauma até 50 anos após o evento, mas geralmente ocorre entre a quarta e a oitava semanas de
evolução. Seu curso é crônico, com freqüentes crises de exacerbação.
Outras uveítes auto-imunes incluem: ciclite heterocrômica de Fuchs, uveíte intermediária, coroidopatia
serpiginosa, retinocoroidopatia de Birdshot, síndrome dos múltiplos pontos evanescentes (MEWDS), panuveíte e
coroidite multifocal, epitelite aguda, epiteliopatia placóide multifocal posterior aguda, retinopatia externa aguda
multifocal (AZOOR, acure zonal occult outer retinopathy).

IAMSPE – 2006
79- Para o acompanhamento terapêutico da sífilis e para o diagnóstico da neurossífilis, o teste mais
indicado é:
a) teste cardiolipínico
b) FTA-abs
c) TPHA
d) Western blot
e) ELISA com antígeno treponêmico

79- Resposta A. As sorologias treponêmicas, de imunofluorescência (FTA-ABS) e de micro-hemaglutinação para


Treponema pallidum (M.H.ATP), são testes confirmatórios altamente sensíveis para o diagnóstico, mas não para
controle de cura, sendo o VDRL (teste cardiolipinico) o exame de escolha.

IAMSPE – 2006
80- Uma enfermeira sofreu um acidente com um material perfuro-cortante contaminado com sangue
de um paciente com hepatite D. No acompanhamento sorológico da acidentada, observou-se a
positividade para HBsAg, anti-HBc-IgM, anti-HDV-IgM, seguido de anti-HDV IgG. Esses dados sugerem
a) co-infecção HBV e HDV
b) superinfecção HBV e HDV
c) infecção cruzada HBV e HDV
d) reação cruzada entre os antígenos do HBV e HDV
e) interferência do HBV na detecção do HDV

80- Resposta A. Trata-se de co-infecção B e D. Observe que o paciente é IgM anti-HBc e IgM anti-HVD. Recorra
aos testes da prova sobre Hepatites Virais e considere os comentários pertinentes.

IAMSPE – 2006
81- O isolamento de bacilos gram-positivos no líquido céfaloraquidiano de recém-nascidos é sugestivo
de meningite por:
a) Listeria
b) Corynebacterium
c) Lactobacillus
d) Clostridium
e) S. agalactiae

81- Resposta A. Avalie com atenção a seguinte tabela.

Meningites Bacterianas Agudas


Agentes mais Esquema de Esquema
Idade Comentários
prováveis escolha alternativo
Ampicilina + Níveis baixos podem
Estrepto-B. Listeria. cloranfenicol +
< 3 meses ceftriaxone (ou ocorrer no LCR de RN de
E. coli, pneumococos gentamicina
cefotaxima) baixo peso
Acrescentar vancomicina
Meningococos,
3 meses a Ceftriaxone Meropenem ou em áreas com >2% de
pneumococos,
18 anos (ou cefotaxima) cloranfenicol pneumococos altamente
H. influenzae
resistentes
Acrescentar vancomicina
Pneumococos,
18 a 50 Ceftriaxone Meropenem ou em áreas com >2% de
meningococos,
anos (ou cefotaxima) cloranfenicol pneumococos altamente
influenzae
resistentes
Acrescentar vancomicina
em áreas com >2% de
Ampicilina +
pneumococos altamente
Pneumococos, Ampicilina + fluoroquinolona
resistentes; para tratar
> 50 anos Listeria, bacilos ceftriaxone (ciprofloxacina,
Listeria em pacientes
Gram-negativos (ou cefotaxima) levofloxacina ou
alérgicos a penicilina,
trovafloxacina)
usar trimetoprim-
sulfametoxazol

IAMSPE – 2006
82- A nefrotoxicidade induzida por contraste radiológico iodado está relacionada a todas as
alternativas abaixo, exceto:
a) diabete melito insulino-dependente tem sido mostrado como fator de risco, mas somente quando acompanhado
de insuficiência renal crônica
b) o grau de avaliação da creatinina na insuficiência renal crônica correlaciona com a severidade e duração da
lesão renal induzida por contraste
c) usualmente produz oligúria
d) é usualmente transitória
e) pode ocorrer após colangiografia

82- Resposta A/C. Incidência: 0 a 90%. O mecanismo de agressão se dá por ação direta à célula tubular e
vasoconstrição prolongada da arteríola aferente com queda da TFG e do fluxo plasmático renal. A lesão manifesta-
se por elevação da creatinina sérica 48 a 72 horas após injeção de contraste, com volta aos valores basais entre o
7º e o 10º dia pós exposição.
Fatores de Risco: nefropatia prévia, diabetes melitus, idosos e mieloma múltiplo.
Prevenção: uso de contraste iodado de baixa osmolalidade. A mais consistente é a expansão com solução salina
(50-100ml de NaCl 0,9% por hora) iniciada 12h antes do procedimento e mantida por aproximadamente 12 h
após a infusão de contraste. O uso de N-acetilcisteína que possui propriedades vasodilatadoras parece apresentar
efeito protetor. A associação de hidratação com SF e N-acetilcisteína 600mg duas vezes ao dia por dois dias,
iniciando no dia anterior ao exame, mostra ser protetora.
IAMSPE – 2006
83- Um exame ultra-sonográfico do hipocôndrio direito mostrando uma sombra densa na fossa da
vesícula biliar sem identificação de sua luz tem como alternativas diagnósticas todas as patologias
abaixo, exceto:
a) agenesia de vesícula biliar
b) colecistite crônica
c) colecistite enfisematosa
d) vesícula em porcelana
e) colesterolose difusa

83- Resposta E. A colesterolose é considerada uma doença de depósito na parede vesicular. Este depósito é
constituído de triglicerídeos precursores do colesterol e ésteres de colesterol, no epitélio e no estroma da parede
vesicular.
Existem dois tipos de colesterolose: plana e polipóide. A forma plana caracteriza-se por múltiplos pontos
hiperecogênicos na parede vesicular, geralmente acompanhados de reverberação sonora (artefato em "cauda de
cometa"). A forma polipóide consiste em pólipos de colesterol (pseudopólipos), que podem ser únicos ou
múltiplos, apresentando-se como estruturas ecogênicas fixas à parede, se projetando para a luz vesicular.

IAMSPE – 2006
84- Todas as alternativas abaixo podem ser verdadeiras em uma avaliação radiológica de lesão
traumática do tórax, exceto:
a) fratura dos três arcos costais superiores geralmente indica lesão intratorácica importante
b) pneumotórax é a mais comum anormalidade radiográfica encontrada na rotura traqueobrônquica
c) a resolução de um hematoma pode demorar semanas ou meses
d) a formação de pneumatocele implica superinfecção de lesão pulmonar, usualmente por S. aureaus
e) a raiz e istmo da aorta são os dois locais mais comuns da transecção aórtica

84- Resposta D. As primeiras costelas (1 a 3) são protegidas pela estrutura óssea dos membros superiores
(escápula, úmero e clavícula). Portanto, fraturas destas três costelas sugerem trauma de grande magnitude, com
alta possibilidade de lesões de grandes vasos, pulmões e medula.
Lesões de árvores traqueobrônquicas são lesões incomuns e potencialmente fatais, capazes de passar
despercebidas no exame inicial. As lesões traqueobrônquicas costumam se apresentar com hemoptise e enfisema
subcutâneo. A radiografia costuma mostrar a presença de pneumotórax, que não raro é hipertensivo.
Hematomas na região torácica podem demorar várias semanas até sua completa reabsorção e desaparecimento
das radiografias.
Pneumatocele é uma herniação pulmonar resultante de um defeito na parede torácica causado por
desenvolvimento anormal, trauma ou cirurgia. A maioria das pneumatoceles são torácicas, mas podem ocorrer
herniações cervicais (defeitos na fáscia de Sibson) e diafragmáticas.
A ruptura traumática da aorta é a lesão mais letal decorrente de trauma torácico fechado. A maioria dos pacientes
morre imediatamente após o trauma, chegando apenas cerca de 20% dos pacientes vivos à emergência, destes
pacientes vivos, a quase totalidade apresenta lesão no istmo da aorta. Outro local comum de transecção é a aorta
ascendente ao nível da raiz cardíaca.

IAMSPE – 2006
85- O principal objetivo do tratamento clínico na primeira semana do surto de pancreatite aguda é:
a) tratar agressivamente a infecção pancreática
b) instituir antibióticos para prevenção e tratamento da sepse, independente da gravidade
c) realizar a remoção da vesícula biliar
d) realizar somente o tratamento da coledocolitíase
e) tratar clinicamente as manifestações sistêmicas da doença

85- Resposta E. No tratamento inicial da pancreatite aguda leve, a reposição hídrica e a monitorização cuidadosa
são os dois componentes mais importantes do tratamento. A maioria dos pacientes com pancreatite leve tem
doença intersticial. A tomografia é importante para determinar o comprometimento pancreático e o ultra-som
revela cálculos em vias biliares que podem ser removidos por esfincterortomia endoscópica.
A utilização de antibióticos é recomendada em pacientes com necrose ou falência de órgãos, apresentando
pancreatite grave. A remoção da vesícula biliar em pancreatites biliares deve ser feita após estabilização do
quadro.

IAMSPE – 2006
86- Na realização da tomografia computadorizada para avaliação da pancreatite aguda, sem uso de
contraste endovenoso, o parâmetro com maior perda na qualidade da avaliação é:
a) definição diagnóstica da doença
b) da etiologia da doença
c) identificação de coleções
d) identificação de infecção
e) identificação de necrose
86- Resposta E. A TC é o método de diagnóstico por imagem que mais bem avalia a extensão do processo
inflamatório pela gordura adjacente, podendo identificar alterações nos diversos compartimentos abdominais. Nos
casos que evoluem para pancreatite aguda grave a grande característica de imagem é a identificação de necrose
do parênquima pancreático, que é mais bem reconhecido pela TC pós-contraste. Na falta de contraste a avaliação
da necrose está prejudicada. A TC contrastada dinâmica distingue pancreatite intersticial da necrotizante. Com
esta técnica, o contraste intravenoso (geralmente agente de contraste iodado a 60%) é rapidamente administrado
por bomba em velocidade constante (aproximadamente 3 ml/s) com volume total de 100-150 ml. A finalidade
deste contraste administrado por via intravenosa é distinguir pancreatite intersticial de necrotizante. A pancreatite
intersticial se caracteriza por microcirculação intacta e realce uniforme da glândula. A pancreatite necrotizante se
caracteriza por ruptura da microcirculação, de tal modo que grandes áreas não se contrastam. Conquanto
pequenas áreas de falta de contraste pudessem representar a presença de líquido intraparenquimatoso, grandes
áreas de falta de contrastamento indicam a presença de ruptura da microcirculação e necrose pancreática.

IAMSPE – 2006
87- No diagnóstico da pancreatite aguda pode-se afirmar que:
a) o raio X simples de abdome não tem valor
b) a ultrassonografia tem maior valor na detecção da causa do que a tomografia
c) a tomografia é o exame a ser realizado de imediato frente à suspeita clínica da doença
d) a amilasemia perde o valor diagnóstico após 24h do início da dor
e) o lavado peritoneal é o exame mais objetivo para confirmação do diagnóstico

87- Resposta B. Na suspeita clínica de uma pancreatite aguda (PA) a ultra-sonografia deve ser o primeiro
método de diagnóstico por exame a ser realizado, com dois objetivos primordiais: excluir outros diagnósticos
diferenciais, particularmente a colecistite aguda, e verificar se existe colecistolitíase, pois se um diagnóstico de PA
for estabelecido, haverá necessidade de se determinar a etiologia da pancreatite.
A USG apresenta limitações para o diagnóstico da PA, particularmente pela freqüente distensão gasosa que se
sobrepõe ao pâncreas. Além disso, mesmo reconhecendo complicações eventuais da PA, a USG não é um método
eficiente na classificação da gravidade da PA.

IAMSPE – 2006
88- Quanto à indicação da cirurgia de correção da hérnia inguinal com prótese de polipropileno, é
correto afirmar:
a) tem melhor resultado quanto à recidiva se for realizado por vídeo-laparoscopia
b) deve ser indicada principalmente em adultos com defeitos da parede posterior do canal inguinal ou nas hérnias
recidivadas
c) embora os índices de recidiva sejam os mesmos que a correção sem prótese, a dor no pós-operatório é menor
d) A técnica clássica de Linchestein (tela na parede posterior) não previne a formação de uma hérnia femoral
e) A técnica meticulosa de hemostasia é tão importante na cirurgia com prótese quanto sem prótese

88- Resposta C. A aplicação de técnicas minimamente invasivas para o reparo de hérnias inguinais tem ajudado
as discussões correntes sobre qual seria a “melhor” técnica de reparo destas hérnias. O reparo laparoscópico das
hérnias inguinais é outro método de reparo livre de tensão, baseado na abordagem pré-peritoneal. Os defensores
alegam a recuperação mais rápida, menos dor, melhor visualização anatômica, utilidade para fixação de todos os
defeitos das hérnias inguinais e diminuição dos sítios de infecção cirúrgica. Uma vez reduzida toda a hérnia, uma
tela de polipropileno de 10x15 cm é inserida através de um trocanter e desdobrada e adequadamente inserida
para cobrir os espaços direto, indireto e femoral e permanecer sobre os elementos do cordão.
A técnica de Linchestein consiste no reforço da parede posterior com tela de polipropileno, que deve possuir
dimensão inicial de 6cm x 10 cm. Entretanto, deve ser recortada de acordo com o formato da parede posterior do
canal inguinal a ser coberta por ela, devendo ser posicionada ligeiramente frouxa, porque haverá, após a fase de
fiborplasia, retração local em torno de 20%. O objetivo desse procedimento é evitar a formação de uma hérnia
femoral.

IAMSPE – 2006
89- Mulher de 60 anos deu entrada no pronto-socorro com quadro de dor abdominal tipo cólica,
associado a náuseas e vômitos há dois dias, sem co-morbidades e sem cirurgias prévias. Ao exame
físico tinha abdome um pouco distendido e com ruídos hidroaéreos aumentados. O residente notou
uma tumoração endurecida em região inguino-femoral esquerda pouco dolorosa. RX de abdome
mostrava níveis hidroaéreos. Assinale a alternativa em que a hipótese diagnóstica e o respectivo trata-
mento estejam corretos.
a) tumor metastático para região inguinal, devendo ser submetida à laparotomia exploradora
b) hérnia inguinal encarcerada, sendo indicada uma herniorrafia inguinal com tela, já que tem menor recidiva
c) abdome agudo obstrutivo devido ao provável tumor de colo, necessitando de laparotomia de urgência e retos-
sigmoidectomia
d) abdome agudo obstrutivo devido à hérnia femoral encarcerada, sendo indicada inguinotomia com correção da
hérnia e podendo necessitar de laparotomia se tiver sofrimento de alça intestinal
e) hérnia femoral encarcerada, devendo ser reduzida imediatamente e necessitando de tratamento cirúrgico
posteriormente de maneira eletiva
89- Resposta D. A hérnia femoral ocorre mais frequentemente em mulheres que em homens. Trata-se de um
defeito que ocorre através do canal femoral, um espaço limitado superiormente pelo trato ileopúbico,
inferiormente pelo ligamento de Cooper, lateralmente pela veia femoral e medialmente pela inserção do trato
ileopúbico no ligamento de Cooper. Devido ao seu pequeno e rígido orifício, esta hérnia é a que mais facilmente se
estrangula. O exame físico mostra uma massa abaixo do ligamento inguinal, normalmente irredutível. Não é
incomum a apresentação do quadro com um encarceramento e abdome agudo obstrutivo, como o descrito no
enunciado da questão. Neste caso a redução da massa está contra-indicada, sendo obrigatória a abordagem
cirúrgica imediata. A massa bem que poderia ser um nódulo inguinal metastático, mas tratar-se-ia de uma
apresentação menos freqüente.
IAMSPE – 2006
90- Paciente com quadro de icterícia progressiva há 20 dias, emagrecimento de 20Kg em 3 meses,
mal-estar e anorexia. Queixa-se também de uma dor lombar e no exame de rotina, há seis meses,
observou-se aumento da glicemia. É admitido apresentando icterícia 3+/4+, presença de uma massa
palpável no hipocôndrio D indolor, móvel à respiração e de superfície lisa. Indique a alternativa
correta.
a) trata-se de um provável tumor de vias biliares localizado na bifurcação dos duetos hepáticos, pois se palpa
massa abdominal
b) a hipótese mais provável é um tumor de cabeça de pâncreas e o sinal apresentado chama-se Courvoisier.
c) o melhor tratamento seria a ressecção com gastrodudenopancrearectomia, independente do estadiamento
d) O primeiro exame de imagem a ser solicitado para elucidação diagnóstica é a tomografia de abdome
e) deve-se fazer colangiorressonância em todos os casos de ictérica suspeitos de tumor
90- Resposta B. A presença de icterícia progressiva associada à perda de peso importante, anorexia e massa
palpável em HCD, indolor e móvel, sugere um tumor periampular, mais provavelmente um tumor de cabeça de
pâncreas. A queixa de dor lombar costuma definir uma doença avançada, pois denota infiltração tumoral. O sinal
de Courvoisier-Terrier é descrito em tumores periampulares (principalmente carcinoma de cabeça de pâncreas)
como a presença de vesícula palpável, distendida e indolor por quadro de icterícia obstrutiva devido ao tumor.
IAMSPE – 2006
91- Paciente de 62 anos tabagista crônico e portador de DPOC, admitido com quadro de náuseas e dor
abdominal difusa leve e inespecífica há 1 dia. Ao exame físico apresentava-se em bom estado geral e
seu abdome está levemente distendido, flácido, com dor à palpação profunda, mais em epigástrico,
sem sinais de irritação peritoneal. O RX de abdome mostrou imagem sugestiva de pneumatose
intestinal, que foi confirmada pela tomografia, que também revelou ar no ligamento falciforme. Não
havia evidências de pneumoperitônio ou ar no sistema nervoso central. A conduta mais adequada a ser
tomada será:
a) iniciar imediatamente nutrição parenteral, antibióticos e corticoterapia em altas doses
b) indicar laparotomia exploradora
c) manter sob observação clínica, com paciente em jejum, associando antibioticoterapia e cuidados respiratórios
para a pneumopatia
d) iniciar anticoagulação plena e realizar angiografia mesentérica
e) realizar angiorressonância imediatamente para definir a conduta a ser seguida
91- Resposta C. A pneumatose intestinal é uma afecção incomum que se caracteriza pela presença de gases na
parede dos intestinos. Na maioria dos casos, o curso clínico é benigno e autolimitado, mas em outros, pode
significar condição clínica grave, como isquemia intestinal, e exigir tratamento agressivo de emergência. A
sintomatologia envolve queixas abdominais vagas e inespecíficas, às vezes com diarréia, flatulência e distensão
abdominal. Quando há envolvimento de segmentos terminais de íleo e cólon, a ocorrência de diarréia é mais
freqüente e associada a sangramento, evacuação com muco e dor abdominal. Algumas vezes os pacientes pode se
apresentar com franco abdome agudo.
Para pacientes assintomáticos onde a pneumatose foi um achado ocasional, não há tratamento preconizado,
devendo-se fazer apenas observação.
Para os pacientes sintomáticos, o tratamento pode envolver uso de antibióticos e oxigenioterapia, mas os cuidados
devem fundamentalmente ser endereçados às moléstias associadas, que são eventualmente desencadeadoras da
pneumatose. Quando se trata de complicações de doença inflamatória intestinal ou infecciosa, a terapêutica deve
ser agressiva visando a causa, inclusive, com a remoção cirúrgica do segmento comprometido.
IAMSPE – 2006
92- Paciente de 45 anos, colecistectomizada há cinco anos, com antecedente de duas cesareanas
prévias, procura o pronto-socorro com queixa de dor abdominal em cólica associada a vários episódios
de vômitos com parada de eliminação de gases e fezes, há 24h. O RX de abdome revela distensão de
alças de delgado com níveis hidroaéreos. Levando em conta o diagnóstico etiológico mais provável
assinale a alternativa incorreta.
a) o gás que se acumula no intestino delgado proximalmente à obstrução, origina-se principalmente do ar de-
glutido
b) o tratamento é inicialmente realizado por meio de medidas clínicas
c) nas obstruções mais proximais, o distúrbio hidroeletrolítico mais comum é a acidose hipocalêmica
d) a colonoscopia não tem importância diagnóstica e nem terapêutica
e) a identificação, pela tomografia de alça ileal com redução de calibre em "bico de pena", sem espessamento da
parede, corrobora a principal suspeita etiológica
92- Resposta C. A principal hipótese diagnóstica para este quadro de obstrução intestinal alta (vômitos
freqüentes e precoces e sem evidência de grande distensão abdominal). A etiologia provável é brida, com
acometimento de alças do ID. Os gases intestinais provêm: 68% da deglutição e 22% do próprio organismo,
através da difusão gasosa e da fermentação bacteriana. Nas obstruções altas levam a perdas de grande
quantidade de radicais ácidos da secreção gástrica. Portanto, o distúrbio ácido-básico é ALCALOSE METABÓLICA,
enquanto que nas obstruções baixas ocorre acidose metabólica. Como se trata de OI alta, a colonoscopia não
contribui para o diagnóstico e, tão pouco, para a terapêutica. O tratamento inicialmente requer medidas clínicas de
ressuscitação volêmica e correção dos distúrbios hidroeletrolíticos.
A TC pode evidenciar a alça ileal acometida com espessamento da parede e redução do calibre com aspecto em
“bico de pena”.

IAMSPE – 2006
93- É indicação de cricotireoidostomia, exceto:
a) sangramento profuso na cavidade oral
b) obstrução total traqueal por corpo estranho
c) hematoma importante da região da epiglote.
d) trauma de face com deformidade anatômica da cavidade oral e mandíbula
e) edema de língua e glote

93- Resposta B. A indicação de cricotireoidostomia é feita em situações onde se necessita de uma via aérea
definitiva como nas situações abaixo:
• Apnéia;
• Impossibilidade de manutenção da via aérea pérvea por outros métodos;
• Necessidade de proteção das vias aéreas contra aspiração (vômitos e sangue);
• TCE com Glasgow ≤ 8;
• Incapacidade de manter oxigenação adequada sob máscara de oxigênio;
• Comprometimento iminente ou potencial das vias aéreas, como por exemplo nas lesões inalatórias, fraturas de
face, hematomas retrofaríngeos ou convulsões persistentes.
Todas as situações acima pedem uma via aérea definitiva por cricotireoidostomia, exceto a presença de corpo
estranho causando obstrução total da traquéia, já que, neste caso, como a obstrução está abaixo da cricóide, este
procedimento não seria efetivo. Nestas situações deve-se realizar uma fibrobroncoscopia de urgência para retirada
do corpo estranho. Na necessidade de uma via aérea definitiva, realiza-se uma traqueostomia e não a crico. A
traqueostomia nestes casos pode ser necessária em decorrência de edema de laringe após broncoscopia, para
assistência ventilatória, para introdução do broncoscópio e mesmo para a remoção de corpos estranhos
suficientemente volumosos, que não passem pela glote.

IAMSPE – 2006
94- Paciente com trauma abdominal fechado chega à emergência, hemodinamicamente instável.
Apresenta ainda, fratura e bacia bilateral e suspeita de fratura de vértebras lombares. Após a
administração de 2 litros de cristalóide, apresenta pressão de 80 x 20 mmHg. Qual dos exames abaixo
será melhor neste momento?
a) tomografia computadorizada, pois pode avaliar melhor o fígado, o baço e a coluna lombar, possibilitando even-
tual tratamento conservador
b) laparoscopia diagnóstica, que pode ser até terapêutica em alguns casos
c) lavado peritoneal e, se positivo, está indicada laparotomia
d) laparotomia exploradora de imediato, pois o paciente necessita de tratamento cirúrgico de qualquer modo
e) nenhum, pois só a observação clínica é suficiente, visto que o sangramento é proveniente das fraturas pélvicas
que não devem ser abordadas

94- Resposta C. De acordo com o descrito na questão, o paciente foi ressuscitado com volume inicial adequado
e, ainda assim, apresentava-se instável e com quadro de choque importante. Por mais que as fraturas de bacia
levem a sangramentos volumosos e determinem quadros de choque importante, há necessidade de se descartar a
presença de outras lesões que possam estar causando e mantendo o choque.
A laparoscopia no trauma vem ganhando bastante espaço, devido à disponibilidade da aparelhagem e experiência
dos cirurgiões com o método. As condições para sua utilização incluem a estabilidade hemodinâmica do paciente e
a existência de uma equipe treinada e disponível. A laparoscopia permite a visualização de penetração da
cavidade, avaliação do grau de hemoperitônio, evitando laparotomias desnecessárias e possibilitando inclusive a
realização de procedimentos.
Tomografia é um exame excelente para ver abdome, mas não deve ser realizado em pacientes instáveis.
A única contra-indicação absoluta de uma lavagem peritonial diagnóstica (LPD) é a indicação de laparotomia, que
não é o caso, já que se trata de um trauma fechado e não temos certeza se a instabilidade do doente é pela
fratura pélvica ou por alguma outra lesão. Assim, deve-se realizar uma LPD, de preferência supra-umbilical, para
reduzir a chance de confusão diagnóstica com um eventual hematoma retroperitonial.

IAMSPE – 2006
95- Os quelóides são tumores dérmicos fibrosos e benignos com as seguintes características, exceto:
a) apresentam produção excessiva de tecido conjuntivo
b) apresentam produção excessiva de colágeno
c) invadem tecido e são adjacente
d) jamais evoluem para cura espontânea
e) tendem a cura após excisão em nível de pele sã

95- Resposta E. Quelóides são definidos como cicatrizes que crescem além das margens da ferida original,
raramente regredindo com o tempo. A formação de quelóide é mais prevalente entre pacientes com pele escura,
ocorrendo em 15 a 20% dos afro-americanos, asiáticos e hispânicos. Parece existir uma predisposição genética. A
cicatriz do quelóide tende a ocorrer acima das clavículas no tronco, nos membros superiores e na face. Os
quelóides não podem ser prevenidos no momento e são refratários à intervenção médica e cirúrgica. As cicatrizes
hipertróficas, ao contrário, são cicatrizes elevadas que permanecem nos limites da ferida original e com freqüência
regridem espontaneamente. A cicatriz hipertrófica pode ocorrer em qualquer lugar do corpo. Estas cicatrizes
também diferem histologicamente das cicatrizes normais. Os quelóides e as cicatrizes hipertróficas têm feixes
estirados de colágeno alinhados no mesmo plano da epiderme, em oposição ao tecido cicatricial normal, em que
os feixes de colágeno são dispostos aleatoriamente e relaxados. As cicatrizes de quelóide também têm abundantes
feixes de colágeno mais espessos que formam estruturas acelulares semelhantes e nódulos na porção dérmica
profunda da lesão quelóide. O centro das lesões quelóides também contém uma escassez de células, comparado
ao da cicatriz hipertrófica, que possui ilhas compostas de agregados de fibroblastos, pequenos vasos e fibras de
colágeno em toda a derme.

IAMSPE – 2006
96- A artéria gástrica esquerda origina-se, mais freqüentemente, de:
a) artéria esplênica.
b) artéria hepática
c) tronco celíaco
d) diretamente da aorta
e) artéria renal esquerda

96- Resposta C. Anatomicamente, a artéria gástrica esquerda irriga a parte superior da pequena curvatura e
origina-se habitualmente do tronco celíaco, junto com a artéria esplênica e a artéria hepática.

IAMSPE – 2006
97- Homem com 22 anos chega ao PS com quadro de dor precordial súbita, de forte intensidade,
irradiada para o pescoço, acompanhada de dispnéia progressiva. Ao exame físico apresenta-se
descorado, taquicárdico, hipotenso, taquidispnéico, com abolição do murmúrio vesicular no HTE,
hipersonoridade à percussão e abafamento de bulhas cardíacas. Neste momento, em função do
diagnóstico, a conduta que seria a mais adequada é:
a) realizar radiografia de tórax, pois se trata provavelmente de pneumotórax hipertensivo
b) realizar eletrocardiograma, pois pode tratar-se de um evento cardiovascular (angina ou infarto do miocárdio).
c) realizar uma punção torácica esquerda com agulha grossa, para descomprimir o pneumotórax hipertensivo
d) colher sangue para realização de gasometria arterial, no sentido de avaliar a necessidade de ventilação
mecânica
e) devido à alta sensibilidade e especificidade, realizar a dosagem de troponina sérica, e curva enzimática
(CKMB), para afastar ou confirmar o diagnóstico de infarto ou angina. Medicar com analgésicos e oxigênio por
máscara ou cateter para alivio dos sintomas

97- Resposta C. O pneumotórax hipertensivo é causado por trauma fechado ou ocasionalmente penetrante. O
mecanismo responsável pela lesão é a penetração de ar na cavidade pleural sem saída do mesmo, oriundo do
pulmão, brônquios, traquéia ou pela parede torácica, levando a um deslocamento do mediastino para o hemitórax
contralateral e à conseqüente compressão do pulmão e dos grandes vasos devido ao aumento da pressão, por isso
é chamado de pneumotórax hipertensivo. O ar penetra na inspiração, mas não sai na expiração, comprimindo a
veia cava e deformando a junção cavo-atrial, levando a uma redução no enchimento diastólico do coração e à
diminuição do débito cardíaco. Estas alterações levam à instalação rápida de hipóxia, acidose e choque.
O diagnóstico é clínico com o paciente apresentando falta de ar e dor torácica como queixas mais comuns. O
estado geral do paciente é muito variável, desde aparentemente saudável até o cianótico, taquipnéico, agitado e
aparentemente muito grave. Os sinais e sintomas podem não corresponder ao tamanho do pneumotórax, o
murmúrio vesicular pode estar diminuído ou abolido, e o tórax pode estar hipertimpânico, assim como pode haver
enfisema subcutâneo.
Os pacientes encontram-se dispnéicos, agitados, inquietos, cianóticos, taquicárdicos e hipotensos, com alteração
progressiva do estado de consciência. Os principais sinais do pneumotórax hipertensivo são a taquicardia, a
turgência jugular e a ausência de murmúrio vesicular ipsilateral. A hipotensão não ocorre tão precocemente
quanto a hipóxia e pode representar um evento pré-terminal. O tratamento deve ser imediato, com inserção de
agulha calibrosa no espaço pleural, enquanto se realiza a drenagem torácica fechada no 5º/6º espaço intercostal.

IAMSPE – 2006
98- Em relação à disfunção erétil, é incorreto afirmar que:
a) o uso do sildenafil é seguro nos pacientes que estão utilizando vasodilatadores compostos por nitritos ou
nitratos
b) pode ser decorrente de alterações neurológicas
c) o uso dos inibidores da fosfodiasterase (PDE-5) é a primeira escolha nos casos de disfunção de origem
emocional
d) injeção intracavernosa de fentolamina + prostaglandina pode ser uma boa opção terapêutica em casos
selecionados
e) pode ocorrer na vigência do uso de anti-hipertensivos

98- Resposta A. A disfunção erétil acomete só nos EUA 30 milhões de indivíduos. Cerca de 80% dos casos de
impotência são de etiologia orgânica. A avaliação laboratorial de rotina inclui: glicemia de jejum, testosterona e
prolactina.
Drogas anti-hipertensivas (ex, alfametildopa) podem ser fator implicador.
A única contra-indicação dos inibidores da 5-fosfodiesterase é a associação com nitratos ou nitritos (opção A
errada!!).
Naturalmente, a via oral é a opção terapêutica mais adequada no tratamento da impotência. Os inibidores da 5-
fosfodiesterase são vasodilatadores. Essa nova classe de drogas tem apresentado cerca de 80% de sucesso no
tratamento da impotência de várias etiologias. Tais drogas agem impedindo que a 5-fosfodiesterase, presente no
corpo cavernoso, transforme o GMP cíclico em GMP, levando assim à ereção. O sildenafil (Viagra®) foi a primeira
droga desse tipo desenvolvida, com ótimos resultados e efeitos colaterais muito discretos. Contudo, deve ser
ingerido uma hora antes da relação sexual e sua meia-vida é relativamente curta, o que gera ansiedade e
insatisfação em alguns pacientes. Mais recentemente, foram desenvolvidos novos inibidores da 5-fosfodiesterase
mais específicos que o sildenafil e com algumas vantagens importantes de ordem prática. Embora, até o
momento, o índice de sucesso de todas essas drogas seja semelhante, o tempo para fazer efeito e a meia-vida
das drogas mais modernas são bastante diferentes do sildenafil. O vardenafil (Levitra®) deve ser ingerido meia-
hora antes da relação sexual, mas pode apresentar efeito até 7 ou 9 horas após sua ingestão. Da mesma forma, o
tadalafil (Cialis®) pode ser ingerido apenas 20 minutos antes da relação sexual e, graças à sua longa meia-vida de
17,5 horas, apresenta ótimos resultados até 36 ou 48 horas depois da sua ingestão. Com isso, a segurança e o
conforto do paciente em relação ao tratamento tende a ser maior com o tadalafil (Cialis®), além de aumentar
também a satisfação do casal.

Auto-injeção Intracavernosa de Drogas Vasoativas


Desde que Virag, em 1982, descobriu que a injeção intracavernosa de papaverina podia induzir uma ereção plena,
a auto-injeção deixou de ser um tratamento alternativo para transformar-se na primeira opção terapêutica da
impotência orgânica. Atualmente, a utilização da papaverina isolada foi abolida devido ao seu índice de
complicações, como o priapismo e efeitos sistêmicos. Todavia, seu efeito mais temível é a fibrose dos corpos
cavernosos, que pode ocorrer até mesmo após uma única injeção. Por outro lado, a prostaglandina E 1 tem-se
mostrado bastante eficaz, alcançando sucesso em 79% dos casos, independentemente da etiologia. O efeito
colateral mais importante da PGE 1 é a dor no local da sua aplicação, que ocorre em até 40% dos pacientes. Essa
dor de forte intensidade que pode durar até três horas após a aplicação, é a principal causa de abandono do
tratamento. Com o objetivo de aumentar o índice de sucesso da auto-injeção e reduzir o custo do tratamento,
várias associações de drogas foram desenvolvidas. A mais utilizada atualmente, conhecida como trimix ou solução
de Goldstein (Universidade de Boston), é a associação da PGE1, fentolamina e papaverina. Essa associação de
drogas vasodilatadoras e relaxantes do músculo liso cavernoso permitiu a utilização de doses muito pequenas de
cada droga, com sucesso superior a 95% dos casos de impotência de qualquer etiologia, estando praticamente
isenta de efeitos colaterais. O priapismo é inferior a 0,5% dos casos e praticamente não existe fibrose dos corpos
cavernosos. Além disso, essa associação não causa dor peniana.

IAMSPE – 2006
99- Em relação às derivações urinárias continentes, é possível afirmar que:
a) deve ser contra-indicada naqueles pacientes com creatinina sérica >2,5 mg/ml
b) o índice de incontinência urinária noturna é praticamente nulo
c) o distúrbio metabólico de maior ocorrência é a alcalose hiperclorêmica
d) não há necessidade de destubulizar o segmento intestinal para manter baixa a pressão no interior do
reservatório
e) é freqüente a ocorrência de tumores intestinais malignos no reservatório, quando se usa intestino delgado

99- Resposta Correta A.


b) A incontinência urinária noturna é regra nos primeiros meses depois da derivação. Após 6 meses da derivação,
entre 10 a 20% dos pacientes ainda apresentam perdas urinárias noturnas.
c) o distúrbio metabólico de maior ocorrência é a acidose hiperclorêmica.
d) a destubulização intestinal diminui a pressão dentro do reservatório, permitindo o uso de menores segmentos
intestinais para reservatórios de maior tamanho e menor pressão.
e) a chance de tumores malignos no intestino após a derivação é de 100 a 300 vezes mais alta que na população
geral. Esses tumores normalmente surgem na linha de transição entre o epitélio urinário e intestinal, após 10 anos
da derivação, e geralmente o tipo histológico mais freqüente é o adenocarcinoma.

IAMSPE – 2006
100- Em relação à apendicite aguda, na infância e adolescência, é correto afirmar, exceto:
a) a dor periumbilical inicial está relacionada à origem embriológica do ceco e apêndice, no intestino médio
b) os vômitos, quando presentes, geralmente precedem a dor abdominal
c) não faz parte do diagnóstico diferencial nas adolescentes hemoperitônio pélvica ou endometriose decorrentes
de menstruações retrógradas
d) o sinal de descompressão brusca pode ser substituído pela pesquisa de ao tossir ou pela percussão abdominal
e) a observação ativa no PS é consistente com baixo índice de apendicectomias negativas, sem aumentar a
incidência de perfuração

100- Resposta B/C. As características da apendicite aguda são iguais para qualquer grupo etário. Sabe-se que
as manifestações clínicas da dor abdominal nestes casos têm duas fases: a fase inicial de dor visceral (dor surda e
mal caracterizada por ser carreada por fibras nervosas não sensitivas, mas sim do sistema nervoso autônomo –
via nervos esplâncnicos maiores e menores, e estas fibras nervosas levam o estímulo nervoso ao corno posterior
na medula, que interpreta esta dor como uma sensação no dermátomo correspondente – por isso dor surda,
sentida na região epigástrica no intestino primitivo superior – da boca até duodeno, na região periumbilical no
intestino médio – do duodeno ao colón transverso, e na região do hipogastro no intestino primitivo inferior – até o
ânus). A PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO CLÍNICA DA APENDICITE AGUDA É A DOR ABDOMINAL, e não vômitos. A
acertiva C traz grande controvérsia, pois são situações que podem levar a quadros de dor abdominal e fazem
parte do diagnóstico diferencial, porém a endometriose não costuma afetar adolescentes precocemente. A irritação
peritonial pode ser sentida também na percussão dolorosa ou tosse. A conduta inicial, nos casos de evolução de
poucas horas, de observação clínica é adequado, evita laparotomias brancas, sem aumentar índice de perfuração.

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