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EDUCATIVAS NO BRASIL
Resumo
O presente trabalho desenvolve uma análise das políticas educativas voltadas para
a EJA, com o objetivo de avaliar que consequências geram para o processo de
ensino nessa área. Para tal, buscou–se analisar a trajetória histórica da EJA no país,
verificando os diferentes movimentos do governo no sentido do atendimento a esta
população. O que se pode constatar, com essa análise histórica, é que a América
Latina, hoje, vive um processo de regulação de hibridismo, com a influência que os
organismos internacionais ligados à ONU têm na definição das políticas
educacionais. Nesse sentido, percebe–se o recuo do Estado no financiamento e na
oferta dos serviços sociais, o deslocamento da fronteira entre o público e o privado
e a disseminação de responsabilidades na sociedade, até então tarefas do governo.
Porém, a educação escolar permanece como importante instrumento de regulação
social, exercendo a gestão do trabalho e da pobreza, utilizando–se do regime de
parceria, que possibilita a constituição de espaços públicos não estatais de gestão
democrática de políticas sociais e oferece a possibilidade de ampliação do controle
da sociedade civil sobre o aparato político–administrativo e burocrático do Estado.
Ocorre, então, a filantropização das políticas sociais. Novos atores surgem:
empresariado, sindicatos, cooperativas de trabalhadores. O Estado deixa de ser o
agente de produção da educação de adultos, reservando–se o papel de
coordenação e controle de resultados. A reforma educacional dos anos 90, então,
se mostra eficiente em operar a descentralização da oferta e do financiamento do
ensino de jovens e adultos. O Governo passa a focalizar, com Programas de
Alfabetização de Adultos, as regiões com altos índices de pobreza, assumindo a
configuração de ações compensatórias de combate à pobreza, em vez da
construção de uma efetiva política pública de ensino.
Palavras-chave:
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS, POLÍTICAS EDUCATIVAS, REGULAÇÃO.
- Uma real preocupação dos políticos com a alfabetização de adultos, mas para
ampliação da base de votos.
Assim, muitas críticas foram sendo feitas às políticas educativas adotadas para a
população adulta a partir dessa Campanha. Deu-se, então, o declínio dessa
Campanha. No entanto, como resultado da 1ª Campanha, SOARES (1996) aponta a
criação de uma estrutura mínima de atendimento, apesar da não valorização do
magistério.
Assim, foi surgindo, entre os teóricos dessa área, a idéia de que o processo
educativo deveria interferir na estrutura social que produzia o analfabetismo,
através da educação de base, partindo de um exame crítico da realidade existencial
dos educandos.
A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E AS POLÍTICAS EDUCATIVAS A PARTIR DO
GOLPE MILITAR DE 64
As idéias de Paulo Freire se expandiram por todo o país e este foi sendo
reconhecido nacionalmente por seu trabalho com a educação popular e com a
educação de adultos. Em 1963, como consequência dessa mudança de paradigmas,
o Governo encerrou a 1ª Campanha e encarregou Freire de organizar e desenvolver
um Programa Nacional de Alfabetização de Adultos. Porém, em 1964, antes mesmo
que Freire conseguisse implementar nacionalmente sua proposta, deu-se o Golpe
Militar e, com este, a ruptura nesse trabalho, já que a conscientização proposta por
Freire passou a ser vista como ameaça à ordem instalada.
A partir daí e por esse motivo, deu-se o exílio de Freire e o Estado voltou-se para a
priorização de programas de alfabetização de adultos assistencialistas e
conservadores. Dentro desse contexto, em 1967, o Governo reassumiu o controle
da alfabetização de adultos, centralizando esse trabalho, com a criação do
Movimento Brasileiro de Alfabetização (MOBRAL), objetivando a alfabetização
funcional. Com isso, as políticas educativas para a EJA esvaziaram-se de todo
sentido crítico e problematizador proposto anteriormente por Freire (CUNHA, 1999).
Nos anos 80, com a abertura política, aquelas experiências que continuaram sendo
desenvolvidas após o Golpe Militar, paralelamente, de alfabetização de adultos
dentro de um formato mais crítico, puderam retomar visibilidade e ganhar corpo. O
MOBRAL foi extinto e foi criada, em seu lugar, a Fundação EDUCAR, que abria mão
de executar os projetos e passava a apoiar financeira e tecnicamente as iniciativas
existentes. Em seguida, em 1988, foi promulgada a Constituição, que ampliou o
dever do Estado para com a EJA, garantindo o ensino fundamental obrigatório e
gratuito para todos.
A UNESCO, então, chamou o Brasil para uma discussão nacional sobre o assunto,
envolvendo delegações de todo o país. Em 1996, ocorreu uma intensa mobilização,
incentivada oficialmente pelo MEC, mas apenas como forma de preparação para a V
CONFITEA. Nesse sentido, o MEC instituiu uma Comissão Nacional de EJA para
incrementar essa mobilização e a recomendação dada foi que cada Estado
realizasse um encontro para diagnosticar metas e ações de EJA.
Desde então, as instituições envolvidas, não aceitando que esse fosse um processo
apenas contingencial e circunstancial, decidiram dar prosseguimento a esses
encontros. Seguindo essa corrente de intercâmbios, Curitiba realizou um encontro,
patrocinado pela UNESCO, para a socialização da V CONFITEA. Como conseqüência
desse Encontro, veio a decisão de se iniciar uma série de encontros nacionais,
ocorrendo, em 1999, o 1º ENEJA, no Rio de Janeiro. Esse Encontro foi um estímulo
para o surgimento de fóruns. A partir dessa mobilização nacional, foram
organizados os Fóruns Estaduais de EJA, que vêm se expandindo em todo o país,
presentes, atualmente, em todos os estados brasileiros. Esses Fóruns de EJA
surgiram, então, como espaços de encontros e ações em parceria entre os
segmentos envolvidos com a área: o poder público, as universidades, os Sistemas
S, as ONG's, os movimentos sociais, os sindicatos, os grupos populares, os
educadores e os educandos. (SOARES, 2004).
Essa nova Lei surgiu como conseqUência do contexto social naquele momento no
país, onde se construía uma nova relação entre a sociedade civil e o Estado,
quando surgiam novos elementos de regulação, além das normas legais e sociais:
os dispositivos técnicos e as informações (DELVAUX, 2004). É o momento em que o
Estado já não tentava mais regular a sociedade apenas pela imposição, mas
também e principalmente pela utilização de estratégias indutoras da ação. É a
denominada "meta-regulação" (DELVAUX, 2004), onde o Estado passou a se
utilizar, para a regulação, de dispositivos técnicos institucionais e situacionais.
PIERRO (2001) argumenta que a reforma educacional dos anos 90 foi eficiente em
operar a descentralização da oferta e do financiamento do ensino básico de jovens
e adultos. O MEC reteve para si as funções de regulação e controle, mediante a
fixação de referenciais curriculares e criação de programas de formação de
educadores que, embora sejam apresentados formalmente como livre opção dos
estados e municípios, tornaram-se compulsórios na prática, à medida que a adesão
àqueles programas passou a condicionar as transferências de recursos federais para
as instâncias sub-nacionais de governo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise da trajetória histórica da EJA no país, desde o período colonial, até
os dias atuais, verificando os movimentos do governo, desenvolvidos nas diferentes
épocas, no sentido do atendimento a esta população, o que se pode constatar é
que o Estado tem atuado de forma descontínua em relação ao oferecimento de
educação para adultos, ora criando programas de alfabetização aligeirados, ora se
furtando à sua função de coordenador dessa modalidade de ensino. Porém, nos
anos 90, os organismos internacionais da ONU passam a exercer influência sobre os
novos desenhos de regulação social de países da América Latina, por meio de
orientações, ocorrendo diferentes processos de assimilação nos diversos países, de
acordo com o grau de mobilização de seus movimentos sociais e sindicais.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS